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SOBREVIVENDO NA CIÊNCIA
Um pequeno manual para a jornada do cientista
Fora os 15 anos nos ensinos infantil, fundamental e médio, é preciso investir no mínimo
mais 10 anos da sua vida adulta (graduação + mestrado + doutorado) para se tornar um
cientista e começar de fato sua carreira independente, fora das asas de um orientador,
sendo capaz de ter o seu próprio grupo de pesquisa, conseguir verbas, orientar alunos
etc. Preste atenção: esse é o tempo mínimo! Na prática, como há cada vez mais e mais
doutores sendo jogados no mercado todos os anos e o número de empregos para
cientistas não cresce proporcionalmente, a competição está cada vez mais brutal e a
Jornada do Cientista costuma ser longa e dura. Isso é especialmente crítico nos
melhores centros da ciência brasileira e mundial, para onde a maioria quer ir.
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01/09/2017 Pense duas vezes antes de virar cientista – Sobrevivendo na Ciência
Uma coisa é certa: há muito mais vagas para professores universitários no Brasil do
que em outros países, mesmo os desenvolvidos. Mas as condições de trabalho por aqui
variam enormemente entre as regiões ou mesmo entre universidades de uma mesma
região; então conseguir um emprego não signi ca necessariamente que você vai
continuar tendo condições de fazer pesquisas minimamente relevantes.
No caso dos cientistas com família, ainda deve-se levar em conta que quase sempre é
necessário mudar de cidade, estado ou país pelo menos algumas vezes, porque as
oportunidades nem sempre aparecem onde a gente quer; isso costuma ser altamente
estressante para cônjuges e lhos. Por isso, antes de embarcar nessa aventura, pense
bem se será capaz de resistir a tanta pressão e frustração, lutando por um objetivo
maior a muitos e muitos anos de distância.
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Fonte: A Vida de
Biólogo.
Seguir a manada é o que faz a maioria das pessoas, mas este não deve ser o
comportamento de um cientista. O que é bom para um colega que você admira pode
não ser bom para você. Como diz o provérbio, quem anda apenas por caminhos
conhecidos só vai aonde os outros já estiveram. Sempre tenha em mente o que você
quer da ciência e o que você pode oferecer a ela. Planeje bem onde você quer estar, em
termos intelectuais e pro ssionais, daqui a um, cinco e dez anos, e determine que
passos precisa dar para vencer cada etapa até o seu sonho. Pergunte-se ao menos
uma vez por semana: minhas atividades estão me colocando mais perto ou mais longe
das minhas metas?
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Se você trabalhar duro e respeitar o seu orientador e os seus colegas, pode vir a se
tornar um bom cientista. Não espere resultados milagrosos sem sangue, suor e
lágrimas. Além disso, a maioria dos bons orientadores investe em cada aluno de
maneira proporcional ao quanto ele investe em si mesmo: aqueles que mostram
interesse e esforço recebem cada vez mais e mais atenção; os outros vão cando para
trás. Orientador não é babá, confessor ou terapeuta. O trabalho do cientista muitas
vezes requer mais do que 40 horas semanais, logo sacrifícios e escolhas são
necessários (é claro que tentando manter o equilíbrio com a vida pessoal),
especialmente na pós-graduação, a fase crítica da carreira na qual temos que observar
a Regra das Dez Mil Horas.
Você pode ter opiniões pessoais sobre assuntos variados e manter quaisquer crenças
de natureza política ou religiosa na esfera pessoal, além de seguir as leis do seu país e o
código de ética do seu ramo pro ssional. Mas não misture as suas visões políticas ou
religiosas com a sua prática cientí ca, pois isso sempre resulta em má ciência. Além
disso, busque sempre a melhor resposta para cada pergunta, independente do
resultado nal. Às vezes a melhor resposta não é agradável e vai deixar alguém
chateado com você.
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cursos cientí cos, faça apenas os melhores, porque o mais importante para um
cientista é estudar e aprender por conta própria.
A lenda diz que cientistas brilhantes trabalham sozinhos em porões escuros fazendo as
mais loucas descobertas. Quem tem um mínimo de experiência na Academia sabe o
quanto a realidade está longe disso. Para fazer boa ciência, não apenas hoje em dia,
como desde sempre, é preciso interagir com seus pares, ler os trabalhos que eles
escrevem, participar de conferências e fazer visitas a outros laboratórios. Um bom
networking permite não apenas que você tenha acesso em primeira mão a novidades
cientí cas, como também pode alavancar a sua carreira. É frequentando congressos
que você torna seus artigos conhecidos; uma coisa alimenta a outra. Além disso, no seu
dia a dia, ajude os seus colegas de laboratório e você receberá ajuda quando precisar.
Uma boa publicação pode ser um artigo em uma revista cientí ca revisada por pares,
um livro ou uma patente, dependendo do foco do seu estudo e dos costumes na sua
área. Monogra as, TCCs, dissertações e teses, meras formalidades burocráticas, são
apenas o começo do m. E, além de publicar o seu estudo decentemente, você tem
que almejar relevância: ele precisa ser lido, citado, usado, aplicado etc.
Se você quiser ser tratado como pro ssional desde cedo, vá para fora
Apesar de haverem no Brasil pessoas preocupadas com a situação precária dos pós-
graduandos, que, mesmo sendo difamadas por quem deveria aplaudi-las, fazem
propostas concretas para tentar melhorar as condições de trabalho deles, a
mentalidade dominante é retrógrada e avessa a mudanças. Portanto, se você quiser
receber um excelente treinamento de cientista e, ao mesmo tempo, ter direitos
trabalhistas como férias, décimo terceiro, aviso prévio etc., vá cursar o seu mestrado
ou doutorado fora do Brasil, de preferência nos países ricos da Europa. Na Alemanha,
por exemplo, mestrandos e doutorandos têm três opções para se sustentar: (i) ganhar
uma bolsa acadêmica de uma agência de fomento governamental, ONG, OI, projeto ou
universidade; (ii) receber um contrato de pesquisador (“CLT”) através de uma agência
de fomento, projeto ou universidade; (iii) não ganhar nada e terem que manter um
emprego paralelo à pós-graduação para pagar as contas. Enquanto o Brasil não acorda
para o século XXI e abandona velhas manias, considere seriamente a alternativa de
estudar fora.
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Conselho nal
O sucesso vem do trabalho duro, até mesmo para os supostos “gênios” (leia o livro
Outliers, escrito por M. Gladwell).
Quesitos de um cientista
Os cinco traços de personalidade cruciais para se tornar um cientista pro ssional
Porque os jovens pro ssionais da geração Y estão infelizes
Você quer mesmo ser cientista?
12 guidelines for surviving science
Crushing hopes and dreams since 2013
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Razão e emoção
Os terríveis dois anos do mestrado
Advice: how I almost quit science
Es gibt keine Sicherheit
“I must go down to the seas again, to the lonely sea and the sky”
The growing competition in Brazilian science: rites of passage, stress and burnout
In the academic job market, will you be competitive?
On being a successful graduate student in the sciences
Following the law
Some modest advice for graduate students
Reply to Stearns
Don’t become a scientist
Não seja professor
0 easy ways to fail a Ph.D
3 qualities of successful Ph.D. students: Perseverance, tenacity and cogency
A thesis proposal is a contract
Advice: on choosing your own path in science
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