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01/03/2019 Pesquisa Jurisprudência

Acórdão:
1431/2017 - Plenário

Data da sessão :
05/07/2017

Relator:
VITAL DO RÊGO

Área:
Contrato Administrativo

Tema:
Equilíbrio econômico-financeiro

Subtema:
Avaliação

Outros indexadores:
Justificativa, Teoria da imprevisão, Variação cambial, Consulta, Preço global

Tipo do processo:
CONSULTA

Enunciado:
Cabe ao gestor, ao aplicar o reequilíbrio econômico-financeiro por meio da recomposição,
fazer constar do processo análise que demonstre, inequivocamente, os seus pressupostos, de
acordo com a teoria da imprevisão, juntamente com análise global dos custos da avença,
incluindo todos os insumos relevantes e não somente aqueles sobre os quais tenha havido a
incidência da elevação da moeda estrangeira, de forma que reste comprovado que as
alterações nos custos estejam acarretando o retardamento ou a inexecução do ajustado na
avença, além da comprovação de que, para cada item de serviço ou insumo, a contratada
contraiu a correspondente obrigação em moeda estrangeira, no exterior, mas recebeu o
respectivo pagamento em moeda nacional, no Brasil, tendo sofrido, assim, o efetivo impacto
da imprevisível ou inevitável álea econômica pela referida variação cambial.

Resumo:
O TCU apreciou consulta formulada pelo Ministro do Turismo relativa à “aplicação da teoria da
imprevisão e da possibilidade de recomposição do equilíbrio contratual em razão de variações
cambiais ocorridas devido a oscilações naturais dos fatores de mercado e respectivos impactos
na contratação de serviços a serem executadas no exterior no âmbito do Ministério do Turismo”.
Sobre o tema, o relator entendeu que a variação do câmbio, para ser considerada um fato
apto a ocasionar uma recomposição nos contratos, deve: “a) constituir-se em um fato com
consequências incalculáveis, ou seja, cujas consequências não sejam passíveis de previsão pelo
gestor médio quando da vinculação contratual; b) ocasionar um rompimento severo na equação
econômico-financeira impondo onerosidade excessiva a uma das partes. Para tanto, a variação
cambial deve fugir à flutuação cambial típica do regime de câmbio flutuante; e c) não basta que

o contrato se torne oneroso, a elevação nos custos deve retardar ou impedir a execução do
ajustado, como prevê o art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993”. Mencionou, ainda que, em
todos os casos a recomposição deve estar lastreada em documentação que analise o seu
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todos os casos, a recomposição deve estar lastreada em documentação que analise o seu
custo global. Entre outros questionamentos, foi apresentado, pelo consulente, o seguinte
ponto: “considerando a natureza da Embratur, de não atuar em ambiente competitivo, como
poderia o gestor aferir, com a desejável prudência e segurança, a aplicação da teoria da
imprevisão?”. Ao final, o Colegiado, anuindo à proposição do relator, conheceu da consulta e
respondeu ao consulente, especificamente quanto à aludida questão, que: “9.2.5. cabe ao
gestor, agindo com a desejável prudência e segurança, ao aplicar o reequilíbrio econômico-
financeiro por meio da recomposição, fazer constar dos autos do processo, análise que
demonstre, inequivocamente, os seus pressupostos, de acordo com a teoria da imprevisão,
juntamente com análise global dos custos da avença, incluindo todos os insumos relevantes e
não somente aqueles sobre os quais tenha havido a incidência da elevação da moeda
estrangeira, de forma que reste comprovado que as alterações nos custos estejam acarretando o
retardamento ou a inexecução do ajustado na avença, além da comprovação de que, para cada
item de serviço ou insumo, a contratada efetivamente contraiu a correspondente obrigação em
moeda estrangeira, no exterior, mas recebeu o respectivo pagamento em moeda nacional, no
Brasil, tendo sofrido, assim, o efetivo impacto da imprevisível ou inevitável álea econômica pela
referida variação cambial”.

Excerto:
Voto:

Trata-se de consulta formulada pelo Exmo. Sr. Ministro do Turismo Marx Beltrão (peça 1) ,
relacionada à a aplicação da teoria da imprevisão e da possibilidade de recomposição do
equilíbrio contratual em razão de variações cambiais ocorridas devido a oscilações naturais
dos fatores de mercado e respectivos impactos na contratação de serviços a serem executadas
no exterior no âmbito do Ministério do Turismo. O consulente anexou à sua consulta o Parecer
8/2016/GABINETE/PF/EMBRATUR/PGF/AGU (peça 1, p. 28-34) , a Nota Técnica 6/2016 (peça 1,
p. 35-44) e o Parecer 259/2016/CONJUR-MTur/CGU/AGU (peça 1, 45-50) .

[...]

31.Diante do exposto, na linha do que sustentou a Selog, entendo que a variação do câmbio,
para ser considerada um fato apto a ocasionar uma recomposição nos contratos, deve:

a) constituir-se em um fato com consequências incalculáveis, ou seja, cujas consequências não


sejam passíveis de previsão pelo gestor médio quando da vinculação contratual,

b) ocasionar um rompimento severo na equação econômico-financeira impondo onerosidade


excessiva a uma das partes. Para tanto, a variação cambial deve fugir à flutuação cambial típica

do regime de câmbio flutuante; e

c) não basta que o contrato se torne oneroso, a elevação nos custos deve retardar ou impedir
a execução do ajustado, como prevê o art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993.

32.Vale mencionar que, em todos os casos, a recomposição deve estar lastreada em


documentação que analise o seu custo global, conforme consignado no Acórdão 1.466/2013-
TCU-Plenário de relatoria da Ministra Ana Arraes Entretanto no caso de contratos que
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TCU Plenário, de relatoria da Ministra Ana Arraes. Entretanto, no caso de contratos que
tenham por objeto principal a prestação de serviços, firmados em real e executados no
exterior, a variação cambial severa e significativa poderá ser suficiente para fundamentar a
concessão do reequilíbrio econômico-financeiro, em relação, apenas, aos insumos humanos e
materiais adquiridos na localidade de prestação dos serviços, constituindo em fato de
consequências incalculáveis, desde que frustre a execução contratual, o que deve ser
devidamente demonstrado pelo contratado no caso concreto. Observo, entretanto, que o
reequilíbrio não deve alcançar itens da planilha de custos do contrato precificados a partir de
índices ou percentuais sobre outros itens da planilha de custo (a exemplo da taxa de
administração) que incidam sobre os serviços executados e bens fornecidos no exterior.

33.Quanto aos questionamentos complementares formulados em tese no âmbito do Parecer


8/2016, acompanho, com pequenos ajustes, as conclusões da Selog para responder ao
consulente o que se segue:

a) A Administração, já tendo realizado o reequilíbrio com a aplicação do reajuste previsto


contratualmente poderia, ainda, presentes os requisitos da teoria da imprevisão, realizar a
recomposição?

R: O reajuste e a recomposição possuem fundamentos distintos. O reajuste, previsto no art. 40,


XI, e 55, III, da Lei 8.666/1993, visa remediar os efeitos da inflação. A recomposição, prevista no
art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993, tem como fim manter equilibrada a relação
jurídica entre o particular e a Administração Pública quando houver desequilíbrio advindo de
fato imprevisível ou previsível com consequências incalculáveis. Assim, ainda que a
Administração tenha aplicado o reajuste previsto no contrato, justifica-se a aplicação da
recomposição sempre que se verificar a presença de seus pressupostos.

b) Caso positivo, como poderia ser aferido o desequilíbrio da equação econômico-financeira


na conjugação dessas duas formas de reequilíbrio?

R: O reequilíbrio contratual decorrente da recomposição deve levar em conta os fatos


imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
impeditivos da execução do ajustado, que não se confundem com os critérios de reajuste
previstos contratualmente. Portanto a recomposição, concedida após o reajuste, deverá
recuperar o equilíbrio econômico-financeiro apenas aos fatos a ela relacionados. Caso o
reajuste seja aplicado após ter sido concedida eventual recomposição, a Administração deverá
ter o cuidado de avaliar a necessidade, ou não, da aplicação dos índices inicialmente
avençados em virtude da possibilidade de a recomposição já ter procedido ao reajuste de

determinados insumos. Colocando de outra maneira, será preciso expurgar do reajuste a ser
concedido o impacto causado pelos fatores que motivaram a recomposição, para evitar a
dupla concessão com o mesmo fundamento, o que causaria o desequilíbrio em prejuízo da
contratante.

c) Considerando a natureza da Embratur, de não atuar em ambiente competitivo, como


poderia o gestor aferir, com a desejável prudência e segurança, a aplicação da teoria da
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imprevisão?

R: Caberia ao gestor, agindo com a desejável prudência e segurança, ao aplicar o reequilíbrio


econômico-financeiro por meio da recomposição, fazer constar dos autos do processo, análise
que demonstre, inequivocamente, os seus pressupostos, de acordo com a teoria da
imprevisão, juntamente com análise global dos custos da avença, incluindo todos os insumos
relevantes e não somente aqueles sobre os quais tenha havido a incidência da elevação da
moeda estrangeira, de forma que reste comprovado que as alterações nos custos estejam
acarretando o retardamento ou a inexecução do ajustado na avença.

Acórdão:

9.1.conhecer da presente consulta, uma vez que se encontram satisfeitos os requisitos de


admissibilidade previstos no art. 264, inciso VI, §§ 1º e 2º, e art. 265 do Regimento Interno;

9.2. nos termos do art. 1º, inciso XVII, da Lei 8.443/1992, responder ao consulente que, em
atendimento ao Ofício 63/2016/GM/MTur:

9.2.1. a variação da taxa cambial (para mais ou para menos) não pode ser considerada
suficiente para, isoladamente, fundamentar a necessidade de reequilíbrio econômico-
financeiro do contrato. Para que a variação do câmbio seja considerada um fato apto a
ocasionar uma recomposição nos contratos, considerando se tratar de fato previsível, deve
culminar consequências incalculáveis (consequências cuja previsão não seja possível pelo
gestor médio quando da vinculação contratual) , fugir à normalidade, ou seja, à flutuação
cambial típica do regime de câmbio flutuante e, sobretudo, acarretar onerosidade excessiva no
contrato a ponto de ocasionar um rompimento na equação econômico-financeira, nos termos
previstos no art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993;

9.2.2. especificamente nos casos de contratos que tenham por objeto principal a prestação de
serviços firmados em real e executados no exterior, a variação cambial inesperada, súbita e
significativa poderá ser suficiente para fundamentar a concessão do reequilíbrio econômico-
financeiro, em relação apenas aos insumos humanos e materiais adquiridos na localidade de
prestação dos serviços desde que possa retardar ou impedir a execução do contrato. Nesse
caso, a recomposição não deve incidir sobre itens da planilha de custos da contratada
precificados por meio de índices ou percentuais aplicados sobre outros itens de serviços (a
exemplo da taxa de administração) que incidam sobre os insumos executados no exterior;

9.2.3. o reajuste e a recomposição possuem fundamentos distintos. O reajuste, previsto no art.


40, XI, e 55, III, da Lei 8.666/1993, visa remediar os efeitos da inflação. A recomposição,
prevista no art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993, tem como fim manter equilibrada a
relação jurídica entre o particular e a Administração Pública quando houver desequilíbrio
advindo de fato imprevisível ou previsível com consequências incalculáveis. Assim, ainda que a
Administração tenha aplicado o reajuste previsto no contrato, justifica-se a aplicação da
recomposição sempre que se verificar a presença de seus pressupostos;

9.2.4. o reequilíbrio contratual decorrente da recomposição deve levar em conta os fatos


í í é ê á
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imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis, retardadores ou


impeditivos da execução do ajustado, que não se confundem com os critérios de reajuste
previstos contratualmente. Portanto, a recomposição concedida após o reajuste deverá
recuperar o equilíbrio econômico-financeiro apenas aos fatos a ela relacionados. Na hipótese
de ser possível um futuro reajuste após concedida eventual recomposição, a Administração
deverá estabelecer que esta recomposição vigorará até a data de concessão do novo reajuste,
quando então deverá ser recalculada, de modo a expurgar da recomposição a parcela já
contemplada no reajuste e, assim, evitar a sobreposição de parcelas concedidas, o que
causaria o desequilíbrio em prejuízo da contratante.

9.2.5. cabe ao gestor, agindo com a desejável prudência e segurança, ao aplicar o reequilíbrio
econômico-financeiro por meio da recomposição, fazer constar dos autos do processo, análise
que demonstre, inequivocamente, os seus pressupostos, de acordo com a teoria da
imprevisão, juntamente com análise global dos custos da avença, incluindo todos os insumos
relevantes e não somente aqueles sobre os quais tenha havido a incidência da elevação da
moeda estrangeira, de forma que reste comprovado que as alterações nos custos estejam
acarretando o retardamento ou a inexecução do ajustado na avença, além da comprovação de
que, para cada item de serviço ou insumo, a contratada efetivamente contraiu a
correspondente obrigação em moeda estrangeira, no exterior, mas recebeu o respectivo
pagamento em moeda nacional, no Brasil, tendo sofrido, assim, o efetivo impacto da
imprevisível ou inevitável álea econômica pela referida variação cambial;

Publicado:

Informativo de Licitações e Contratos nº 326 de 25/07/2017


Boletim de Jurisprudência nº 180 de 24/07/2017

Paradigmático:
Este enunciado foi classificado como paradigmático por tratar-se de resposta a consulta

Enunciados relacionados:

Quando a equação econômico-financeira inicial se assenta em bases antieconômicas,


ocorre violação ao princípio da economicidade desde a origem contratual. Nesse caso, não
há que se falar em ato jurídico perfeito nem em direito adquirido à manutenção de
situação lesiva aos cofres públicos.
A variação da taxa cambial, para mais ou para menos, não pode ser considerada suficiente
para, isoladamente, fundamentar a necessidade de reequilíbrio econômico-financeiro do
contrato. Para que a variação do câmbio seja considerada um fato apto a ocasionar uma
recomposição nos contratos, considerando se tratar de fato previsível, deve culminar
consequências incalculáveis (consequências cuja previsão não seja possível pelo gestor
médio quando da vinculação contratual) , fugir à normalidade, ou seja, à flutuação cambial
típica do regime de câmbio flutuante e, sobretudo, acarretar onerosidade excessiva no
contrato a ponto de ocasionar um rompimento na equação econômico-financeira, nos
termos previstos no art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993.
Nos contratos firmados em real que tenham por objeto principal a prestação de serviços
i i ã bi l i d úbi i ifi i d fi i
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no exterior, a variação cambial inesperada, súbita e significativa pode ser suficiente para
fundamentar a concessão de reequilíbrio econômico-financeiro, mas apenas em relação
aos insumos humanos e materiais adquiridos na localidade de prestação dos serviços,
desde que possa retardar ou impedir a execução do contrato.
Na hipótese de ser possível um futuro reajuste após concedida recomposição, a
Administração deverá estabelecer que esta vigorará até a data de concessão do novo
reajuste, quando então deverá ser recalculada, de modo a se expurgar da recomposição a
parcela já contemplada no reajuste e, assim, evitar a sobreposição de parcelas concedidas,
o que causaria o desequilíbrio em prejuízo da contratante.
Ainda que a Administração tenha aplicado o reajuste previsto no contrato, justifica-se a
aplicação da recomposição sempre que se verificar a presença de seus pressupostos, uma
vez que o reajuste e a recomposição possuem fundamentos distintos. O reajuste, previsto
nos arts. 40, inciso XI, e 55, inciso III, da Lei 8.666/1993, visa remediar os efeitos da inflação.
A recomposição, prevista no art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993, tem como fim
manter equilibrada a relação jurídica entre o particular e a Administração Pública quando
houver desequilíbrio advindo de fato imprevisível ou previsível com consequências
incalculáveis.
O reequilíbrio econômico-financeiro de contrato deve estar lastreado em documentação
que comprove, de forma inequívoca, que a alteração dos custos dos insumos do contrato
tenha sido de tal ordem que inviabilize sua execução. Além disso, deve a alteração ter sido

causada pela ocorrência de uma das hipóteses previstas expressamente no art. 65, inciso II,
alínea “d”, da Lei 8.666/1993.
Notas fiscais de fornecedores da contratada são insuficientes, por si sós, para caracterizar
qualquer uma das hipóteses legais para o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato
(fatos imprevisíveis ou previsíveis, mas de consequências incalculáveis, retardadores ou
impeditivos da execução ou, ainda, caso de força maior, caso fortuito ou fato de príncipe) ,
que deve estar demonstrada por meio da quantificação dos efeitos que extrapolaram as
condições normais de execução e prejudicaram o equilíbrio global do contrato.
Alegações genéricas de aumento de preços e de exclusividade no fornecimento de
material são insuficientes para comprovar qualquer uma das hipóteses legais de
reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Não há óbice à concessão de reequilíbrio econômico-financeiro visando à revisão (ou
recomposição) de preços de itens isolados, com fundamento no art. 65, inciso II, alínea "d",
da Lei 8.666/1993, desde que estejam presentes a imprevisibilidade ou a previsibilidade de
efeitos incalculáveis e o impacto acentuado na relação contratual (teoria da imprevisão) ; e
que haja análise demonstrativa acerca do comportamento dos demais insumos relevantes
que possam impactar o valor do contrato.
A mera variação de preços ou flutuação cambial não é suficiente para a realização de
reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, sendo essencial a presença de uma das
hipóteses previstas no art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993, associada à
demonstração objetiva de que ocorrências supervenientes tornaram a execução contratual
excessivamente onerosa para uma das partes.
A subavaliação dos preços do orçamento base da licitação não pode favorecer a
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licitante/contratada em prejuízo da Administração, pois a proposta apresentada deve estar


de acordo com o que esta conhece sobre o mercado. Não cabe alegar locupletamento do
erário após a efetiva prestação do serviço quando a empresa não apresenta proposta
compatível com os preços praticados no mercado.
Para que possa ser promovido o reequilíbrio econômico-financeiro, de um contrato é
necessária a ocorrência de fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências
incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, força maior,
caso fortuito ou fato do príncipe, que configure álea econômica extraordinária e
extracontratual.
É juridicamente inadmissível a revisão de preços sob o argumento de compatibilizá-los aos
praticados em outros contratos da entidade contratante, já que a adoção de preços
diferentes em contratos distintos não implica ruptura do equilíbrio econômico-financeiro
da proposta vencedora da licitação.
O valor do contrato abaixo do de mercado não é causa suficiente para justificar seu
reequilíbrio econômico-financeiro, uma vez que essa situação pode decorrer, por exemplo,
de estratégia empresarial, de condições oferecidas na licitação ou de aumento de custos
provocado pela variação normal de mercado, não se inserindo na álea econômica
extraordinária e extracontratual exigida pelo art. 65, inciso II, alínea d, da Lei 8.666/1993.
O desequilíbrio econômico-financeiro do contrato não pode ser constatado a partir da
variação de preços de apenas um serviço ou insumo, devendo, ao contrário, resultar de um

exame global da variação de preços de todos os itens da avença.


O desequilíbrio econômico-financeiro do contrato é caracterizado pela comprovação,
inequívoca, de alteração nos custos dos insumos do contrato. Essa alteração deve ser em
montante de tal ordem que inviabilize a execução do contrato, em decorrência de fatos
imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis, retardadores ou
impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou
fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual.
A concessão do benefício de participação nos lucros e resultados a empregados de
empresas que prestam serviços continuados à Administração não pode ser invocada como
justificativa para promoção de reequilíbrio econômico-financeiro do respectivo contrato.
Aumentos de custos, tais como insumos e mão de obra decorrente de dissídio coletivo,
não configuram álea econômica extraordinária e extracontratual, requisitos essenciais para
que se justifique a concessão de reequilíbrio econômico-financeiro.
A falta de conformidade entre a metodologia de execução de determinado serviço,
adotada no orçamento e no contrato, e a efetivamente empregada na obra justifica a
conformação do preço unitário pactuado ao preço de referência, calculado com base na
forma de execução do serviço.
O reajuste objetiva compensar os efeitos da desvalorização da moeda nos custos de
produção ou dos insumos utilizados, reposicionando os valores reais originais pactuados. A
revisão destina-se a corrigir distorções geradas por ocorrências imprevisíveis ou previsíveis
com consequências inestimáveis. Na ocorrência de eventos previsíveis, o contrato deve ser
reajustado e não revisto.
A diminuição significativa de custos incorridos por empresa contratada para execução de
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obras rodoviárias, como a severa redução da distância média de transporte do insumo


cimento, impõe a repactuação do contrato, com o intuito de que se reestabeleça o
equilíbrio econômico-financeiro da avença, em face do que dispõe o comando contido no
art. 65, II, 'd', da Lei 8.666/1993.
Reajuste salarial não é situação para reequilíbrio econômico-financeiro contratual.
Há presunção relativa de desequilíbrio econômico-financeiro do contrato na alteração
contratual sem caracterização do 'jogo de planilha'.
A mera variação cambial, em regime de câmbio flutuante, constitui risco do negócio e não
configura causa excepcional de mutabilidade dos contratos administrativos. A variação
diária dos índices não autoriza pleitos de recomposição de preços, dada a sua ampla
previsibilidade.
É indevida a concessão de reequilíbrio econômico-financeiro a contratos com base no
dissídio coletivo da categoria profissional a que se referem os serviços contratados.
É indevida alteração contratual para o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro
fundamentada em variação cambial, quando não presentes as premissas autorizativas para
referida concessão (fato imprevisível ou fato previsível de conseqüências incalculáveis) .
É aplicável a teoria da imprevisão e a possibilidade de recomposição do equilíbrio
contratual em razão de valorização cambial.
Somente se admite a recomposição de preços quando o desequilíbrio decorre de fato:
superveniente; imprevisível, ou previsível, mas de consequências incalculáveis; alheio à

vontade das partes; e que provoque grande desequilíbrio ao contrato. A elevação anormal
do preço de venda do produto, decorrente do acréscimo inesperado dos custos de
produção, pode motivar a revisão do preço registrado, se observados todos os
pressupostos legais. Tal situação deve ser objetiva e exaustivamente demonstrada.
Reequilíbrio econômico é o reestabelecimento da relação contratual inicialmente ajustada
pelas partes, por conta da ocorrência de álea extraordinária, superveniente ao
originalmente contratado. O reajuste de preços é a reposição da perda do poder aquisitivo
da moeda por meio do emprego de índices de preços prefixados no contrato
administrativo. A repactuação, referente a contratos de serviços contínuos, ocorre a partir
da variação dos componentes dos custos do contrato, devendo ser demonstrada
analiticamente, de acordo com a Planilha de Custos e Formação de Preços.
Dada a natureza genérica de tributos como Cofins e CPMF, as majorações desses encargos
inserem-se na álea empresarial ordinária, a não ser que, além dos requisitos da
involuntariedade e da imprevisibilidade do fato, reste evidenciada a onerosidade excessiva
da execução contratual original em decorrência do incremento da carga tributária.
A revisão contratual com o fim de recomposição do equilíbrio econômico-financeiro da
avença, desde que presentes as condições justificadoras para tanto, não constitui ofensa
aos institutos do direito adquirido e do ato jurídico perfeito.
As cláusulas de reajuste contratual podem e devem ser revistas a qualquer tempo, em
respeito à prevalência da garantia de manutenção da equação econômico-financeira do
contrato. Deve-se, assim, rejeitar a vinculação ‘cega’ ao ato convocatório, à vista da
preponderância do princípio do equilíbrio contratual em conjunto com o princípio da
vedação de enriquecimento sem causa.
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Simples alterações da forma de recolhimento de tributos, as quais não repercutem nos


preços contratados, não se enquadram nas hipóteses de alteração contratual que
justifiquem o reequilíbrio econômico financeiro da avença.
É aplicável a teoria da imprevisão e a possibilidade de recomposição do equilíbrio
contratual, em razão de valorização cambial.
O aumento salarial, ainda que a título de abono, a que está obrigada a contratada por
força de dissídio coletivo, não é fato imprevisível capaz de autorizar o reequilíbrio
econômico-financeiro de contrato de prestação de serviços de natureza contínua.
Os incrementos dos custos de mão-de-obra ocasionados pela data-base de cada categoria
profissional nos contratos de prestação de serviços de natureza contínua não constituem
fundamento para a alegação de desequilíbrio econômico-financeiro.

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