O filme retrata a história do professor de música Gleen Holland na década de 60,

anos esses marcados pela ascensão do ​Rock ​e por conflitos sociais e socioeconômicos.
Mr. Holland tinha a ideia de lecionar como uma das últimas opções de trabalho e assim
iniciou seu trabalho no colégio John F. Kennedy com o intuito de conseguir renda e
tempo extra para focar nas composições de suas músicas, porém, é surpreendido pelas
suas obrigações enquanto professor logo nos primeiros dias. Isso é um reflexo da
desvalorização do trabalho do professor na sociedade, vemos que Holland, assim como a
maioria das pessoas do nosso âmbito social, não vê o magistério como algo de peso ou
de grande importância, esse descaso fica evidente quando olhamos para a afirmação de
Mr. Holland em conversa com a diretora Hellen Jakobson: ​‘’Eu só tirei o diploma para
ter uma ocupação. Agora eu tenho.’​’Mr. Holland, no início do filme, acredita que ser
professor se resume apenas aos conteúdos ministrados em sala de aula, sem laços com
os alunos e sem sentimento pela profissão. Assim como o professor de língua
portuguesa, Mr. Holland leciona um conteúdo denso e complicado. Sendo assim, passá-lo
de forma conservadora e arcaica, sem que haja uma relação amistosa entre professor e
aluno, acaba atingindo os dois lados de formas negativas.

Os indícios das mudanças do Mr. Holland começaram a surgir quando ele

percebeu algumas adversidades de uma aluna, Gertrude Lang. Com dificuldades de
desenvolver seus talentos para tocar um instrumento, ​Holland mostrou para Gertrude
que não se deve desistir de aprender. Lang já sabia tocar, todavia devido a autocobrança
e a comparação com os membros da sua família, ela não conseguia manter o foco e
sempre cometia erros. Segundo a personagem, todos da sua família eram destaque em
suas respectivas áreas, menos ela. Isso a atrapalhava muito, mas Holland ajudou-a a
manter a calma, recuperar sua confiança e seguir tocando. Enquanto o professor, Mr.
Holland, se mostrava desinteressado, nada prestativo e com o foco em outra coisa, nesse
caso, suas composições, os alunos retribuíam com total indiferença nas suas aulas, mas
quando o Mr. Holland se preocupou com o que os alunos gostam e percebeu que seu
método de ensino não estava beneficiando ninguém, algumas mudanças começam a
acontecer no comportamento do professor, que observa a necessidade não só de
transmitir conteúdos baseado em música clássica, mas também de relacionar com
estilos musicais populares na época como, por exemplo, o ​Rock and Roll​. Isso fez com
que os seus alunos começassem a se interessar e sentir prazer pela música, pois, o
ambiente da sala de aula mudou, começou a existir amizade, foco, progresso e as aulas
passaram a ser menos formais e mais produtivas. Além disso, contribuiu também para
essa mudança, o fato que Mr. Holland seria pai. Iris, sua esposa, estava grávida e agora
da perspectiva de pai seu objetivo como professor havia mudado, ele não mais estava
ensinando a só alunos e talvez ele tenha visto cada um ali como um filho.

Com o desenvolvimento do seu filho, Holland tem uma quebra de expectativa,

pois seu filho nasce com apenas 10% de audição e isso o desestabiliza. Sendo assim,
Holland começa a passar por dificuldades para manter um bom relacionamento em casa,
pois não conseguia se comunicar direito com o filho e também se negava a aceitar que o
filho precisaria de tratamentos especiais. Dessa forma, Mr. Holland começa a focar
totalmente no seu trabalho como professor e esquece em alguns momentos da família.
Quanto mais prestativo ele ficava com os alunos, menos ficava com a família. Depois da
aceitação, Mr. Holland continuou longe, e mesmo quando seu filho e sua esposa
aprendiam Libras ele não entendia completamente, pois ainda estava exacerbadamente
focado no trabalho.​Só depois de vários problemas familiares, ele percebeu que incluir
seu filho era importante. E a partir daí, adquiriu métodos de inclusão nos concertos,
colocando luzes, e estudou libras.

Outro acontecimento que marcou a trajetória de Mr. Holland como professor, foi
quando seu colega, professor de educação física, pede que ele ensine um jogador a tocar
qualquer instrumento. Essas situações ajudaram Holland a melhorar seu convívio tanto
com professores quanto com alunos, pois graças à gravidez de Iris, ele mudou sua visão
quanto a seus alunos, além de que, como o filho dele nasceu com deficiência auditiva, o
que o ajudou a entender mais sobre inclusão social. Já a experiência da banda marcial
foi o que melhorou sua relação com Bill, pois ele precisava que os alunos aprendessem a
marchar, porém, não conseguia ensiná-los, porém, Bill o ajudou, mas em troca de
ensinar um de seus alunos que era jogador a tocar um instrumento do zero e participe
da banda, assim ele receberia crédito e conseguiria jogar pelo time. Trabalhando em prol
do outro, eles conseguiram desenvolver um relacionamento mais amigável. Diante
dessas situações percebe-se que ser professor necessita de empenho e força de vontade
para transmitir conhecimento, e requer interação com os alunos como no caso de
Holland que gradualmente permite uma aproximação com os alunos. Ao se incomodar
com o fato de não conseguir fazer da música algo interessante aos ouvidos dos
estudantes, Holland vai de música clássica ao ​rock ​para conseguir se conectar com os
jovens e ensiná-los sobre música e, simultaneamente, descobre os prazeres de lecionar.
Apesar de encontrar grande resistência aos seus métodos, pois o filme se passa nos anos
60, quando o ​rock ​ainda carregava uma imagem muito negativa, Holland deixa de
cumprir um papel de professor tradicional e puramente técnico para contribuir de
forma significativa na formação.

Os acontecimentos no dia a dia de Holland são acompanhados também por

mudanças sociais como: a guerra no Vietnã, ascensão da cultura ​hippie ​e dos Beatles,
luta pelos direitos civis americanos e contra o ​apartheid ​no continente africano. Estas
mudanças no cenário mundial são sentidas pelo professor na sala de aula e na própria
música, como a intervenção da direção ao vê-lo utilizando exemplos do ​rock ​para dar
suas aulas. Não “apenas” isso, já que em 1980 houve uma mudança significativa nos EUA,
pois foi a época da eleição de Ronald Reagan e a instauração do neoliberalismo, o que
impacta a economia dos EUA, e uma das medidas que acharam para resolver esse
problema foi diminuir o custeio das escolas públicas, o que levou Gene, novo diretor da
escola de Holland, a cortar os programas de música, artes e teatro. Corte esse que reflete
um pouco da sociedade e seu descaso com as artes, pois de todas as coisas, foi preferido
tirar esses cursos.

Durante o filme, percebe-se a mudança de visão da escola e dos alunos sobre as

aulas de música devido ao trabalho do professor que se envolve com toda a quebra do
paradigma que era estabelecido à época de que não pode haver uma relação de
confiança e cumplicidade entre os alunos e os professores. Mr. Holland mostra que, com
esse envolvimento mais próximo, os alunos deixam de se sentir desmotivados e passam
a se sentir mais confiantes para se envolverem mais profundamente também com a
música.