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Índice

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFRN
•A ssistente em Administração
EDITAL Nº 005/2015

Língua Portuguesa

Organização do texto 1.1. Propósito comunicativo. 1.2. Tipos de texto (dialogal, descritivo, narrativo, injuntivo,
explicativo e argumentativo). 1.3. Gêneros discursivos. 1.4. Mecanismos coesivos. 1.5. Fatores de coerência textual. 1.6.
Progressão temática. 1.7. Paragrafação. 1.8. Citação do discurso alheio. 1.9. Informações implícitas. 1.10 Linguagem
denotativa e linguagem conotativa ............................................................................................................................................01
Conhecimento linguístico 2.1. Variação linguística. 2.2. Classes de palavras: usos e adequações. 2.3. Convenções da
norma padrão (no âmbito da concordância, da regência, da ortografa e da acentuação gráfca). 2.4. Organização do
período simples e do período composto. 2.5. Pontuação. 2.6. Relações semânticas entre palavras (sinonímia, antonímia,
hiponímia e hiperonímia) ...........................................................................................................................................................34
Produção de texto (Redação) 3.1. A Prova de Redação exigirá que o candidato produza um texto argumentativo em
prosa, segundo a norma padrão da língua portuguesa escrita, com base em uma situação comunicativa determinada, em
um dos seguintes gêneros: artigo de opinião ou carta argumentativa ...................................................................................83

Legislação

1. Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990 - Regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das
fundações públicas federais........................................................................................................................................................01
Índice
Conhecimentos Específcos

1. Conhecimentos Básicos em Administração: características básicas das organizações, natureza, fnalidade, evolução,
níveis e departamentalização .....................................................................................................................................................01
2. Funções do processo administrativo: planejamento, organização, direção e controle ..............................................04
3. Ferramentas administrativas: organograma, uxograma, cronogramas e manuais operacionais ..........................10
4. Conhecimentos básicos em Administração Financeira: fundamentos e técnicas; orçamento e controle de custos .........13
5. Conhecimentos básicos em Administração de Materiais e logística e serviços gerais ...............................................16

6. Técnicas
documentos de arquivo e controle de documentos: classifcação,
........................................................................................... codifcação, catalogação e arquivamento de
.......................................................................................21
7. Elementos de redação técnica: documentos ofciais, atas de reuniões, tratamento de correspondências, normas e
despachos de correspondências e uso de serviços postais ........................................................................................................22
8. Atendimento ao usuário: procedimentos, postura e tratamento adequado. ...................................................43
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Língua Portuguesa
Língua Portuguesa
Exemplos: texto de opinião, carta do leitor, carta de solicita-
1. ORGANIZAÇÃO DO T EXTO 1. 1. PROPÓSI- ção, deliberação informal, discurso de defesa e acusação (advo-
TO COMUNI CATIVO. 1 .2. TIPOS DE TEXTO cacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial.
(DIALOGAL, DESCRITIVO, NARRATIVO, Exposição: Apresenta informações sobre assuntos, expõe
ideias; explica, avalia, reete. (analisa ideias). Estrutura básica;
IN JU NT IV O, EX PLI CATI VO E ARG UM EN- ideia principal; desenvolvimento; conclusão. Uso de linguagem
TATIVO). 1.3. GÊNEROS DISCUR SIVOS. 1.4. clara. Ex: ensaios, artigos cientícos, exposições etc.
ME CAN IS MO S CO ESI VOS . 1.5. FATOR ES D E Injunção: Indica como realizar uma ação. É também utilizado
COERÊNCI A TEXTUAL. 1 .6. PROGRESSÃO para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza lingua-
TEMÁTICA. 1.7. PARAGRAFAÇÃO. 1.8. CI- gem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, emprega-
TAÇÃO DO DISCU RSO ALHEIO. 1.9. INFOR- dos no modo imperativo. Há também o uso do futuro do presente.
MAÇ ÕES IM PLÍ CI TAS. 1.10 LI NG UA GE M Ex: Receita de um bolo e manuais.
DE NO TATIVA E LIN GU AG EM C ON OTATI- Diálogo: é uma conversação estabelecida entre duas ou mais
VA. pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral, como pausas e
retomadas.
Entrevista: é uma conversação entre duas ou mais pessoas (o
entrevistador e o entrevistado), na qual perguntas são feitas pelo
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que tam- entrevistador para obter informação do entrevistado. Os repórteres
bém é transmitida através de guras, impregnado de subjetivismo. entrevistam as suas fontes para obter declarações que validem as
Ex: um romance, um conto, uma poesia... (Conotação, Figurado, informações apuradas ou que relatem situações vividas por per -
Subjetivo, Pessoal). sonagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que
contém informações que o ajudarão a construir a matéria. Além
Texto Não-Literário: preocupa-se em transmitir uma mensa- das informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado assim
gem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de como as fontes a serem entrevistadas. Antes da entrevista o repór-
jornal, uma bula de medicamento. (Denotação, Claro, Objetivo, ter costuma reunir o máximo de informações disponíveis sobre o
Informativo). assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será entrevistada. Mu-
O objetivo do texto é passar conhecimento para o leitor. Nesse nido deste material, ele formula perguntas que levem o entrevista-
tipo textual, não se faz a defesa de uma ideia. Exemplos de textos do a fornecer informações novas e relevantes. O repórter também
explicativos são os encontrados em manuais de instruções. deve ser perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou ma -
Informativo: Tem a função de informar o leitor a respeito de nipula dados nas suas respostas, fato que costuma acontecer prin -
algo ou alguém, é o texto de uma notícia de jornal, de revista, cipalmente com as fontes ociais do tema. Por exemplo, quando
folhetos informativos, propagandas. Uso da função referencial da o repórter vai entrevistar o presidente de uma instituição pública
linguagem, 3ª pessoa do singular. sobre um problema que está a afetar o fornecimento de serviços
Descrição: Um texto em que se faz um retrato por escrito de à população, ele tende a evitar as perguntas e a querer reverter a
um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de pala- resposta para o que considera positivo na instituição. É importante
vras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função que o repórter seja insistente. O entrevistador deve conquistar a
caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até des- conança do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por
crever sensações ou sentimentos. Não há relação de anteriorida- ele dominado. Caso contrário, acabará induzindo as respostas ou
de e posterioridade. Signica “criar” com palavras a imagem do perdendo a objetividade.
objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da As entrevistas apresentam com frequência alguns sinais de
personagem a que o texto se refere. pontuação como o ponto de interrogação, o travessão, aspas, re-
Narração: Modalidade em que se conta um fato, ctício ou ticências, parêntese e as vezes colchetes, que servem para dar ao
não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo
certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma leitor maior informações que ele supostamente desconhece. O títu-
relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predo- lo da entrevista é um enunciado curto que chama a atenção do lei-
minante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as que tor e resume a ideia básica da entrevista. Pode estar todo em letra
nos contam histórias infantis, como o “Chapeuzinho Vermelho” maiúscula e recebe maior destaque da página. Na maioria dos ca -
ou a “Bela Adormecida”, até as picantes piadas do cotidiano. sos, apenas as preposições cam com a letra minúscula. O subtítu-
Dissertação: Dissertar é o mesmo que desenvolver ou expli- lo introduz o objetivo principal da entrevista e não vem seguido de
car um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo ponto nal. É um pequeno texto e vem em destaque também. A fo-
pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto tograa do entrevistado aparece normalmente na primeira página
da entrevista e pode estar acompanhada por uma frase dita por ele.
de apresentaçãoEm
enciclopédico. cientíca,
princípio,o orelatório, o texto didático,
texto dissertativo não está opreocu-
artigo As frases importantes ditas pelo entrevistado e que aparecem em
pado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, destaque nas outras páginas da entrevista são chamadas de “olho”.
sendo, portanto, um texto informativo.
Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrário, têm Crônica: Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um
por nalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista gênero narrativo. Como diz a srcem da palavra (Cronos é o deus
do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou
também persuade o interlocutor e modica seu comportamento, trata de temas da atualidade. Mas não é só isso. Lendo esse texto,
temos um texto dissertativo-argumentativo. você conhecerá as principais características da crônica, técnicas de
sua redação e terá exemplos.

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Língua Portuguesa
Uma das mais famosas crônicas da história da literatura lu- De uma forma geral, passamos por diferentes níveis ou etapas
so-brasileira corresponde à denição de crônica como “narração até termos condições de aproveitar totalmente o assunto lido. Es-
histórica”. É a “Carta de Achamento do Brasil”, de Pero Vaz de sas etapas ou níveis são cumulativas e vão sendo adquiridas pela
Caminha”, na qual são narrados ao rei português, D. Manuel, o vida, estando presente em praticamente toda a nossa leitura.
descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os
marinheiros portugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretu- O Primeiro Nível é elementar e diz respeito ao período de
do, da crônica como gênero que comenta assuntos do dia a dia. alfabetização. Ler é uma capacidade cerebral muito sosticada e
Para começar, uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis: requer experiência: não basta apenas conhecermos os códigos, a
gramática, a semântica, é preciso que tenhamos um bom domínio
O nascimento da crônica da língua.

“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. O Segundo Nível é a pré-leitura ou leitura inspecional. Tem
É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando duas funções especícas: primeiro, prevenir para que a leitura pos-
as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sa- terior não nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance de
cudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmos- escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na verdade,
féricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras de nossa primeira impressão sobre o livro. É a leitura que comu-
sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace mente desenvolvemos “nas livrarias”. Nela, por meio do salteio de
est rompue está começada a crônica. (...) partes, respondem basicamente às seguintes perguntas:
(Machado de Assis. “Crônicas Escolhidas”. São Paulo: - Por que ler este livro?
Editora Ática, 1994) - Será uma leitura útil?
- Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?
Publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se
à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos. Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que se
A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da in- seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto de
formação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos. Se você se pro -
acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, puser a ler um livro sem interesse, com olhar crítico, rejeitando-o
mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por ou - antes de conhecê-lo, provavelmente o aproveitamento será muito
tro ângulo, singular. baixo.
O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um Ler é armazenar informações; desenvolver; ampliar horizon-
leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que tes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escrever me-
faz com
ção que, dentre do
aos problemas os assuntos
modo detratados, o cronista
vida urbano, dê maior
do mundo aten-
contem- lhor; relacionar-se melhor com o outro.
porâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas Pré-Leitura
grandes cidades. Nome do livro
Jornalismo e literatura: É assim que podemos dizer que a crô- Autor
nica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um recebe a ob- Dados Bibliográcos
servação atenta da realidade cotidiana e do outro, a construção da Prefácio e Índice
linguagem, o jogo verbal. Algumas crônicas são editadas em livro, Prólogo e Introdução
para garantir sua durabilidade no tempo.
O primeiro passo é memorizar o nome do autor e a edição do
Interpretação de Texto livro, fazer um folheio sistemático: ler o prefácio e o índice (ou
sumário), analisar um pouco da história que deu srcem ao livro,
O primeiro passo para interpretar um texto consiste em de- ver o número da edição e o ano de publicação. Se falarmos em ler
compô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas ou um Machado de Assis , um Júlio Verne, um Jorge Amado, já esta-
ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os con- remos sabendo muito sobre o livro. É muito importante vericar
ceitos denidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação estes dados para enquadrarmos o livro na cronologia dos fatos e na
fará com que o signicado do texto “salte aos olhos” do leitor. Ler atualidade das informações que ele contém. Verique detalhes que
é uma atividade muito mais complexa do que a simples interpre- possam contribuir para a coleta do maior número de informações
tação dos símbolos grácos, de códigos, requer que o indivíduo possível. Tudo isso vai ser útil quando formos arquivar os dados
seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o e incorpo- lidos no nosso arquivo mental. A propósito, você sabe o que seja
rando-o à sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o indivíduo um prólogo, um prefácio e uma introdução? Muita gente pensa que
mantenha um comportamento ativo diante da leitura. os três são a mesma coisa, mas não:
Prólogo: é um comentário feito pelo autor a respeito do tema
Os diferentes níveis de leitura e de sua experiência pessoal.
Prefácio: é escrito por terceiros ou pelo próprio autor, referin-
Para que isso aconteça, é necessário que haja maturidade para do-se ao tema abordado no livro e muitas vezes também tecendo
a compreensão do material lido, senão tudo cairá no esquecimento comentários sobre o autor.
ou cará armazenado em nossa memória sem uso, até que tenha- Introdução: escrita também pelo autor, referindo-se ao livro
mos condições cognitivas para utilizar. e não ao tema.

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Língua Portuguesa
O segundo passo é fazer uma leitura supercial. Pode-se, nes- mente exercícios físicos com o propósito de melhorar a aparência
se caso, aplicar as técnicas da leitura dinâmica. e a saúde. Pois bem, embora não tenhamos condições de ver com
o que se apresenta nossa mente, somos capazes de senti-la quando
O Terceiro Nível é conhecido como analítico. Depois de vas- melhoramos nossas aptidões como o raciocínio, a prontidão de in-
culharmos bem o livro na pré-leitura, analisamos o livro. Para isso, formações e, obviamente, nossos conhecimentos intelectuais. Vale
é imprescindível que saibamos em qual gênero o livro se enquadra: a pena se esforçar no início e criar um método de leitura eciente
trata-se de um romance, um tratado, um livro de pesquisa e, neste e rápido.
caso, existe apenas teoria ou são inseridas práticas e exemplos. No
caso de ser um livro teórico, que requeira memorização, procure Ideias Núcleo
criar imagens mentais sobre o assunto, ou seja, veja, realmente, o
que está lendo, dando vida e muita criatividade ao assunto. Note O primeiro passo para interpretar um texto consiste em de-
bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta fase, e a primeira coisa a compô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas ou
fazer é ser capaz de resumir o assunto do livro em duas frases. Já ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os con-
temos algum conteúdo para isso, pois o encadeamento das ideias já ceitos denidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação
é de nosso conhecimento. Procure, agora, ler bem o livro, do início fará com que o signicado do texto “salte aos olhos” do leitor.
ao m. Esta é a leitura efetiva, aproveite bem este momento. Fique Exemplo:
atento! Aproveite todas as informações que a pré-leitura ofereceu.
Não pare a leitura para buscar signicados de palavras em dicioná- “Incalculável é a contribuição do famoso neurologista aus-
rios ou sublinhar textos, isto será feito em outro momento. tríaco no tocante aos estudos sobre a formação da personalidade
humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes
O Quarto Nível de leitura é o denominado de controle. Tra- nas camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente
ta-se de uma leitura com a qual vamos efetivamente acabar com e subconsciente. Começou estudando casos clínicos de compor-
qualquer dúvida que ainda persista. Normalmente, os termos des- tamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em
conhecidos de um texto são explicitados neste próprio texto, à me- colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Es-
dida que vamos adiantando a leitura. Um mecanismo psicológico tudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obti-
fará com que quemos com aquela dúvida incomodando-nos até dos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje é usado pela
que tenhamos a resposta. Caso não haja explicação no texto, será psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos,
na etapa do controle que lançaremos mão do dicionário. estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente
Veja bem: a esta altura já conhecemos bem o livro e o ato de com o m de descobrir a fonte das perturbações mentais. Para
interromper a leitura não vai fragmentar a compreensão do assunto este caminho de regresso às srcens de um trauma, Freud se uti-
como um
tópicos todo. Será, se
importantes, também, nessaPara
necessário. etaparessaltar
que sublinharemos os-
trechos impor lizou especialmente
rando os sonhos comoda linguagem onírica
compensação dos pacientes,
dos desejos conside-
insatisfeitos na
tantes opte por um sinal discreto próximo a eles, visando principal- fase de vigília.
mente a marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o a Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo
xar a cronologia e a sequência deste fato importante, situando-o cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose
no livro. é de srcem sexual.”
Aproveite bem esta etapa de leitura. Para auxiliar no estudo, é (Salvatore D’Onofrio)
interessante que, ao nal da leitura de cada capítulo, você faça um
breve resumo com suas próprias palavras de tudo o que foi lido. Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição
do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a
Um Quinto Nível pode ser opcional: a etapa da repetição formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939)
aplicada. Quando lemos, assimilamos o conteúdo do texto, mas conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique
aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos prática, ou seja, humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto arma,
que tenhamos experiência do que foi lido na vida. Você só pode inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender
compreender conceitos que tenha visto em seu cotidiano. Nada os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente
como unir a teoria à prática. Na leitura, quando não passamos pela e subconsciente.
etapa da repetição aplicada, camos muitas vezes sujeitos àqueles
brancos quando queremos evocar o assunto. Para evitar isso, faça Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clí-
resumos. nicos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a aju-
Observe agora os trechos sublinhados do livro e os resumos da da hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e
de cada capítulo, trace um diagrama sobre o livro, esforce-se para Martin
os Charcot
resultados (Estudos
obtidos pelosobre a histeria,
hipnotismo, 1895).o Insatisfeito
inventou método quecom
até
traduzi-lo com suas próprias palavras. Procure associar o assunto
lido com alguma experiência já vivida ou tente exemplicá-lo com hoje é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias
algo concreto, como se fosse um professor e o estivesse ensinando e de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigi-
para uma turma de alunos interessados. É importante lembrar que das ao paciente com o m de descobrir a fonte das perturbações
esquecemos mais nas próximas 8 horas do que nos 30 dias poste- mentais.” A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a
riores. Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura e sua pesquisa estudando os comportamentos humanos anormais ou
ao retornarmos ao livro, consultamos os resumos. Não pense que doentios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou
é um exercício monótono. Nós somos capazes de realizar diaria- o das “livres associações de ideias e de sentimentos” .

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Língua Portuguesa
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso - Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior
às srcens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lin- clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o sig-
guagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como com- nicado;
pensação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está - Esclarecer o vocabulário;
explicitado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por - Entender o vocabulário;
meio da compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem me- - Viver a história;
tafórica dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a dia. - Ative sua leitura;
- Ver, perceber, sentir, apalpar o que se pergunta e o que se
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, pede;
que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação - Não se deve preocupar com a arrumação das letras nas al-
da tese de que toda neurose é de srcem sexual.” Por m, o tex-
to arma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, ar- ternativas;
- As perguntas são fáceis, dependendo de quem lê o texto ou
mando a novidade de que todo o trauma psicológico é de srcem como o leu;
sexual. - Cuidado com as opiniões pessoais, elas não existem;
- Sentir, perceber a mensagem do autor;
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpre- - Cuidado com a exatidão das questões em relação ao texto;
tação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte: - Descobrir o assunto e procurar pensar sobre ele;
- Todos os termos da análise sintática, cada termo tem seu
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; valor, sua importância;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitu- - Todas as orações subordinadas têm oração principal e as
ra, vá até o m, ininterruptamente; ideias se completam.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
menos umas três vezes; Vícios de Leitura
- Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; Por acaso você tem o hábito de ler movimentando a cabeça?
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; Ou quem sabe, acompanhando com o dedo? Talvez vocalizando
- Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor baixinho... Você não percebe, mas esses movimentos são alguns
compreensão; dos tantos que prejudicam a leitura. Esses movimentos são conhe-
- Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do tex-
cidos como vícios de linguagem.
to correspondente;
Movimentar a cabeça: procure perceber se você não está
-- Vericar, com os
Cuidado com atenção e cuidado,
vocábulos: destoao enunciado
(=diferentedede...),
cada não,
questão; movimentando a cabeça enquanto lê. Este movimento, ao nal
correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; de pouco tempo, gera muito cansaço além de não causar nenhum
palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dicultam a efeito positivo. Durante a leitura apenas movimentamos os olhos.
entender o que se perguntou e o que se pediu; Regressar no texto, durante a leitura: pessoas que têm dicul-
- Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a dade de memorizar um assunto, que não compreendem algumas
mais exata ou a mais completa; expressões ou palavras tendem a voltar na sua leitura. Este movi-
- Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamen- mento apenas incrementa a falta de memória, pois secciona a linha
to de lógica objetiva; de raciocínio e raramente explica o desconhecido, o que normal-
- Cuidado com as questões voltadas para dados superciais; mente é elucidado no decorrer da leitura. Procure sempre manter
- Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela respos- uma sequência e não que “indo e vindo” no livro. O assunto pode
ta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto; se tornar um bicho de sete cabeças!
- Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denun- Ler palavra por palavra: para escrever usamos muitas pala-
cia a resposta; vras que apenas servem como adereços. Procure ler o conjunto e
- Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo perceber o seu signicado.
autor, denindo o tema e a mensagem; Sub-vocalização: é o ato de repetir mentalmente a palavra.
- O autor defende ideias e você deve percebê-las; Isto só será corrigido quando conseguirmos ultrapassar a marca de
- Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são im- 250 palavras por minuto.
portantíssimos na interpretação do texto. Exemplos: Usar apoios: algumas pessoas têm o hábito de acompanhar a
leitura com réguas, apontando ou utilizando um objeto que salta
Ele morreu de fome. “linha a linha”. O movimento dos olhos é muito mais rápido quan -
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na do é livre do que quando o fazemos guiado por qualquer objeto.
realização do fato (= morte de “ele”).
Ele morreu faminto. Leitura Eciente
faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que “ele” se
encontrava quando morreu. Ao ler realizamos as seguintes operações:

- As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as - Captamos o estímulo, ou seja, por meio da visão, encami-
ideias estão coordenadas entre si; nhamos o material a ser lido para nosso cérebro.

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Língua Portuguesa
- Passamos, então, a perceber e a interpretar o dado sensorial - Ambiente: o ambiente de leitura deve ser preparado para ela.
(palavras, números etc.) e a organizá-lo segundo nossa bagagem Nada de ambientes com muitos estímulos que forcem a dispersão.
de conhecimentos anteriores. Para essa etapa, precisamos de moti- Deve ser um local tranquilo, agradável, ventilado, com uma cadei-
vação, de forma a tornar o processo mais otimizado possível. ra confortável para o leitor e mesa para apoiar o livro a uma altura
- Assimilamos o conteúdo lido integrando-o ao nosso “arqui- que possibilite postura corporal adequada. Quanto a iluminação,
vo mental” e aplicando o conhecimento ao nosso cotidiano. deve vir do lado posterior esquerdo, pois o movimento de virar a
página acontecerá antes de ter sido lida a última linha da página di-
A leitura é um processo muito mais amplo do que podemos reita e, de outra forma, haveria a formação de sombra nesta página,
imaginar. Ler não é unicamente interpretar os símbolos grácos, o que atrapalharia a leitura.
mas interpretar o mundo em que vivemos. Na verdade, passamos - Objetos necessários: para evitar que, durante a leitura, le-
todo o nosso tempo lendo!
O psicanalista francês Lacan disse que o olhar da mãe con- vantarmos para pegar
devemos colocar lápis,algum objeto eque
marca-texto julguemos
dicionário importante,
sempre à mão.
gura a estrutura psíquica da criança, ou seja, esta se vê a partir de Quanto sublinhar os pontos importantes do texto, é preciso apren-
como vê seu reexo nos olhos da mãe! O bebê, então, segundo der a técnica adequada. Não o fazer na primeira leitura, evitando
esta citação, lê nos olhos da mãe o sentimento com que é rece-
que os aspectos sublinhados parecem-se mais com um mosaico de
bido e interpreta suas emoções: se o que encontra é rejeição, sua
informações aleatórias.
experiência básica será de terror; se encontra alegria, sua expe-
riência será de tranquilidade, etc. Ler está tão relacionado com o Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por
fato de existirmos que nem nos preocupamos em aprimorar este nalidade a identicação de um leitor autônomo. Portanto, o can-
processo. É lendo que vamos construindo nossos valores e estes didato deve compreender os níveis estruturais da língua por meio
são os responsáveis pela transformação dos fatos em objetos de da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado.
nosso sentimento. As frases produzem signicados diferentes de acordo com o
Leitura é um dos grandes, senão o maior, ingrediente da ci- contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sem-
vilização. Ela é uma atividade ampla e livre, fato comprovado pre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto.
pela frustração de algumas pessoas ao assistirem a um lme, cuja Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas
história já foi lida em um livro. Quando lemos, associamos as in- por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedi-
formações lidas à imensa bagagem de conhecimentos que temos mento justica-se por um texto ser sempre produto de uma postura
armazenados em nosso cérebro e então somos capazes de criar, ideológica do autor diante de uma temática qualquer.
imaginar e sonhar.
É por meio da leitura que podemos entrar em contato com Como ler e interpretar uma charge
pessoas
ções distantes ouque
e descobertas do passado, observando suas
foram imortalizadas crenças,
por meio da convic-
escrita. Interpretar cartuns, charges ou quadrinhos exigem três habi-
Esta possibilita o avanço tecnológico e cientíco, registrando os lidades: observação, conhecimento do assunto e vocabulário ade-
conhecimentos, levando-os a qualquer pessoa em qualquer lugar quado. A primeira permite que o leitor “veja” todos os ícones pre-
do mundo, desde que saibam decodicar a mensagem, interpre- sentes - e dono da situação - dê início à descrição minuciosa, mas
tando os símbolos usados como registro da informação. A leitura que prioriza as relevâncias. A segunda requer um leitor “antenado”
é o verdadeiro elo integrador do ser humano e a sociedade em que com o noticiário mais recente, caso contrário não será possível es-
ele vive! tabelecer sentidos para o que vê. A terceira encerra o ciclo, pois,
O mundo de hoje é marcado pelo enorme uxo de informa- sem dar nome ao que vê, o leitor não faz a tradução da imagem.
ções oferecidas a todo instante. É preciso também tornarmo-nos Desse modo, interpretar charges - ou qualquer outra forma de
mais receptivos e atentos, para nos mantermos atualizados e com- expressão visual – exige procedimentos lógicos, atenção aos deta-
petitivos. Para isso, é imprescindível leitura que nos estimule cada lhes e uma preocupação rigorosa em associar imagens aos fatos.
vez mais em vista dos resultados que ela oferece. Se você pretende
acompanhar a evolução do mundo, manter-se em dia, atualizado e
bem informado, precisa preocupar-se com a qualidade da sua leitura.
Observe: você pode gostar de ler sobre esoterismo e uma pes-
soa próxima não se interessar por este assunto. Por outro lado, será
que esta mesma pessoa se interessa por um livro que fale sobre
História ou esportes? No caso da leitura, não existe livro interes -
sante, mas leitores interessados.
A pessoa que se preocupa com a qualidade de sua leitura e
com o resultado que poderá obter, deve pensar no ato de ler como
um comportamento que requerguns al cuidados, para ser realmente ecaz.

- Atitude: pensamento positivo para aquilo que deseja ler.


Manter-se descansado é muito importante também. Não adianta
um desgaste físico enorme, pois a retenção da informação será Benett. Folha de São Paulo, 15/02/2010
inversamente proporcional. Uma alimentação adequada é muito
importante.

5
Língua Portuguesa
Charges são desenhos humorísticos que se utilizam da ironia los meios de comunicação não apenas é inevitável, como também
e do sarcasmo para a constituição de uma crítica a uma situação pode vir a ser benéca no que tange ao processo da constituição
social ou política vigente, e contra a qual se pretende – ou ao me- de posicionamentos críticos e ideológicos no debate democrático.
nos se pretendia, na srcem desse fenômeno artístico, na Inglaterra Rearmando aquele lugar-comum, mas válido, do dramaturgo
do século XIX – fazer uma oposição. Diferente do cartoon, arte Nelson Rodrigues (do qual eu nunca encontrei a citação, confes-
também surgida na Inglaterra e que pretendia parodiar situações so), “toda unanimidade é burra”. Por isso, é preciso compreender
do cotidiano da sociedade, constituindo assim uma crítica dos e identicar a linha editorial do veículo de comunicação no qual a
costumes que ultrapassa os limites do tempo e projeta-se como charge foi publicada, pois esta revela a ideologia que inspira o foco
crítica de época, a charge é caracterizada especicamente por ser de parcialidade que este dá às suas notícias.
uma crônica, ou seja, narra ou satiriza um fato acontecido em de-
terminado momento, e que perderá sua carga humorística ao ser
desvencilhada do contexto temporal no qual está inserida. Toda-
via, a palavra cartunista acabou designando, na nossa linguagem
cotidiana, a categoria de artistas que produz esse tipo de desenho
humorístico (charges ou cartoons)
Na verdade, quatro passos básicos para uma boa interpretação
político-ideológica de uma charge. Anal, se a corrida eleitoral
para a Presidência da República já começou, não vai mal dar uma
boa olhada nas charges publicadas em cada jornal, impresso ou
eletrônico, para ver o que se passa na cabeça dos donos da grande
mídia sobre esse momento ímpar noprocesso democrático nacional…

Thiago Recchia. Gazeta do Povo, 01/04/2010


Passo 4: Compreenda qual o posicionamento ideológico fren-
te ao fato, do qual a charge quer te convencer: Assim como a
notícia vem, como já foi comentado, carregada de parcialidade
ideológica, a charge não está longe de ser um meio propício de co-
municação de um ponto de vista. E com um detalhe a mais: a char-
ge convence! Por seu efeito humorístico, a crítica proposta pela
charge permanece enraizada por tempo indeterminado em nossa
Amarildo. A Gazeta-ES, 12/04/2010 imaginação e, por decorrência, como vários autores da consagra-
da psicologia da imagem já demonstraram, nos processos incons-
cientes que podem inuenciar as decisões e escolhas que julgamos
Passo 1: Procure saber do que a charge está tratando: A char- serem estritamente voluntárias. Compreender a mensagem ideo-
ge geralmente está relacionada, por meio do uso de ANALOGIAS, lógica da qual é composta uma charge acaba tendo a função de
a uma notícia ou fato político, econômico, social ou cultural. Por- tornar conscientes estes processos, fazendo com que nossa decisão
tanto, a primeira tarefa de um “analista de charges” será compreen- seja fundamentada numa decisão mais racional e posicionada, e
der a qual fato ou notícia a charge em questão está relacionada. ao mesmo tempo menos ingênua e caricata da situação. Aí, sim,
a charge poderá auxiliar na formulação clara e cônscia de um po-
Passo 2: Entenda os elementos contidos na charge: Numa sicionamento perante os fatos e notícias apresentados por esses
charge de crítica política ou econômica, sempre há um protago- meios de comunicação!
nista e um antagonista da situação – ou seja, um personagem al-
vejado pela crítica do chargista e outro que faz a vez de porta-voz Exercícios
da crítica do chargista. Não necessariamente o antagonista aparece
na cena… O próprio cenário da charge, uma nota de rodapé ou a Atenção: As questões de números 1 a 5 referem-se ao texto
própria situação na qual o protagonista está inserido pode fazer a seguinte.
vez de antagonista. Já nas charges de caráter social ou cultural,
geralmente não há protagonistas e antagonistas, mas elementos do Fotograas
fato ou da notícia que são caricaturizados – isto é, retratados hu-
Toda fotograa é um portal aberto para outra dimensão: o
moristicamente – com vistas a trazer força à notícia representada
na charge. No caso das charges de crítica econômica e política, a passado.
po, A câmaraofotográca
transformando é uma
que é naquilo queverdadeira máquina
já não é mais, que-
dootem
porque
identicação dos papéis de protagonista e antagonista da situação temos diante dos olhos é transmudado imediatamente em passado
é fundamental para o próximo passo na interpretação desta charge. no momento do clique. Costumamos dizer que a fotograa con -
Passo 3: Identique a linha editorial do veículo de comunica- gela o tempo, preservando um momento passageiro para toda a
ção: Não é novidade para nenhum de nós que a imparcialidade da eternidade, e isso não deixa de ser verdade. Todavia, existe algo
informação é uma mera ilusão, da qual nos convenceram de tanto que descongela essa imagem: nosso olhar. Em francês, imagem e
repetir. Não existe imparcialidade nem nas ciências, quanto mais magia contêm as mesmas cinco letras: image e magie. Toda ima-
na imprensa! E por mais que a manipulação da notícia seja um ato gem é magia, e nosso olhar é a varinha de condão que descongela
moralmente execrável, a parcialidade na informação noticiada pe- o instante aprisionado nas geleiras eternas do tempo fotográco.

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Língua Portuguesa
Toda fotograa é uma espécie de espelho da Alice do País 5. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre
das Maravilhas, e cada pessoa que mergulha nesse espelho de pa- o texto:
pel sai numa dimensão diferente e vivencia experiências diversas, (A) Apesar de se ombrearem com outras artes plásticas, a fo-
pois o lado de lá é como o albergue espanhol do ditado: cada um tograa nos faz desfrutar e viver experiências de natureza igual-
só encontra nele o que trouxe consigo. Além disso, o signicado mente temporal.
de uma imagem muda com o passar do tempo, até para o mesmo (B) Na superfície espacial de uma fotograa, nem se imagine
observador. os tempos a que suscitarão essa imagem aparentemente congelada...
Variam, também, os níveis de percepção de uma fotograa. (C) Conquanto seja o registro de um determinado espaço, uma
Isso ocorre, na verdade, com todas as artes: um músico, por exem- foto leva-nos a viver profundas experiências de caráter temporal.
plo, é capaz de perceber dimensões sonoras inteiramente insus- (D) Tal como ocorrem nos espelhos da Alice, as experiências
peitas para os leigos. Da mesma forma, um fotógrafo prossional físicas de uma fotograa podem se inocular em planos temporais.
lê as imagens fotográcas de modo diferente daqueles que desco - (E)abrir
Nenhuma
nhecem a sintaxe da fotograa, a “escrita da luz”. Mas é difícil te para mão deimagem fotográca
implicâncias é congelada
semânticas sucientemen-
no plano temporal.
imaginar alguém que seja insensível à magia de uma foto.
(Adaptado de Pedro Vasquez, em Por trás daquela foto. Atenção: As questões de números 6 a 9 referem-se ao texto
São Paulo: Companhia das Letras, 2010) seguinte.

1. O segmento do texto que ressalta a ação mesma da percep- Discriminar ou discriminar?


ção de uma foto é:
(A) A câmara fotográca é uma verdadeira máquina do tempo. Os dicionários não são úteis apenas para esclarecer o sen-
(B) a fotograa congela o tempo.
tido de um vocábulo; ajudam, com frequência, a iluminar teses
(C) nosso olhar é a varinha de condão que descongela o ins-
controvertidas e mesmo a incendiar debates. Vamos ao Dicionário
Houaiss, ao verbete discriminar, e lá encontramos, entre outras,
tante aprisionado. estas duas acepções: a) perceber diferenças; distinguir, discernir ;
(D) o signicado de uma imagem muda com o passar do tempo. b) tratar mal ou de modo injusto, desigual, um indivíduo ou grupo
(E) Mas é difícil imaginar alguém que seja insensível à magia de indivíduos, em razão de alguma característica pessoal, cor da
de uma foto. pele, classe social, convicções etc.
Na primeira acepção, discriminar é dar atenção às diferen-
2. No contexto do último parágrafo, a referência aos vários ças, supõe um preciso discernimento; o termo transpira o senti-
níveis de percepção de uma fotograa remete do positivo de quem reconhece e considera o estatuto do que é
(A) à diversidade das qualidades intrínsecas de uma foto. diferente. Discriminar o certo do errado é o primeiro passo no
(B) às diferenças de qualicação do olhar dos observadores. caminho da ética. Já na segunda acepção, discriminar é deixar
(C) aos
(D) graus deque
às relações insensibilidade de algunscom
a fotograa mantém diante de uma
as outras foto.
artes. agir o preconceito, é disseminar o juízo preconcebido. Discrimi-
nar alguém: fazê-lo objeto de nossa intolerância.
(E) aos vários tempos que cada fotograa representa em si Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a de-
mesma. sigualdade. Nesse caso, deixar de discriminar (no sentido de dis-
cernir) é permitir que uma discriminação continue (no sentido de
3. Atente para as seguintes armações: preconceito). Estamos vivendo uma época em que a bandeira da
I. Ao dizer, no primeiro parágrafo, que a fotograa congela o discriminação se apresenta em seu sentido mais positivo: trata-se
tempo, o autor defende a ideia de que a realidade apreendida numa de aplicar políticas armativas para promover aqueles que vêm
foto já não pertence a tempo algum. sofrendo discriminações históricas. Mas há, por outro lado, quem
II. No segundo parágrafo, a menção ao ditado sobre o alber- veja nessas propostas armativas a forma mais censurável de dis-
gue espanhol tem por nalidade sugerir que o olhar do observador criminação... É o caso das cotas especiais para vagas numa uni-
não interfere no sentido próprio e particular de uma foto. versidade ou numa empresa: é uma discriminação, cujo sentido
III. Um fotógrafo prossional, conforme sugere o terceiro pa- positivo ou negativo depende da convicção de quem a avalia. As
rágrafo, vê não apenas uma foto, mas os recursos de uma lingua- acepções são inconciliáveis, mas estão no mesmo verbete do di-
gem especíca nela xados. cionário e se mostram vivas na mesma sociedade.
Em relação ao texto, está correto oque se arma SOMENTE em (Aníbal Lucchesi, inédito)
(A) I e II.
(B) II e III. 6. A armação de que os dicionários podem ajudar a incendiar
(C) I. debates conrma-se, no texto, pelo fato de que o verbete discri-
(D) II. minar
(E) III. (A) padece de um sentido vago e impreciso, gerando por isso
inúmeras controvérsias entre os usuários.
4. No contexto do primeiro parágrafo, o segmento Todavia, (B) apresenta um sentido secundário, variante de seu sentido
existe algo que descongela essa imagem pode ser substituído, sem principal, que não é reconhecido por todos.
prejuízo para a correção e a coerência do texto, por: (C) abona tanto o sentido legítimo como o ilegítimo que se
(A) Tendo isso em vista, há que se descongelar essa imagem. costuma atribuir a esse vocábulo.
(B) Ainda assim, há mais que uma imagem descongelada. (D) faz pensar nas diculdades que existem quando se trata de
(C) Apesar de tudo, essa imagem descongela algo. determinar a srcem de um vocábulo.
(D) Há, não obstante, o que faz essa imagem descongelar. (E) desdobra-se em acepções contraditórias que correspon-
dem a convicções incompatíveis.
(E) Há algo, outrossim, que essa imagem descongelará.

7
Língua Portuguesa
7. Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar
desigualdade. do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, to-
Da armação acima é coerente deduzir esta outra: dos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula.
(A) Os homens são desiguais porque foram tratados com o O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia cava
mesmo critério de igualdade. encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora
(B) A igualdade só é alcançável se abolida a xação de um teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com
mesmo critério para casos muito diferentes. ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se
(C) Quando todos os desiguais são tratados desigualmente, a começasse logo a repartir os bifes.
desigualdade denitiva torna-se aceitável. Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze
(D) Uma forma de perpetuar a igualdade está em sempre tratar minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria
os iguais como se fossem desiguais. voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de
(E) Critérios diferentes implicam desigualdades tais que os agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que
injustiçados são sempre os mesmos. anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua en-
tre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio.
8. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o Até que enm chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma
sentido de um segmento em: estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da e-
(A) iluminar teses controvertidas (1º parágrafo) = amainar cácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia reco-
posições dubitativas. lher a minha aição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva,
(B) um preciso discernimento (2º parágrafo) = uma arraigada
a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil,
dissuasão.
(C) disseminar o juízo preconcebido (2º parágrafo) = dissua-
à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na
areia diabólica da inação. A bordo, uma tripulação de camelôs
dir o julgamento predestinado.
(D) a forma mais censurável (3º parágrafo) = o modo mais anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo.
repreensível.
(E) As acepções são inconciliáveis (3º parágrafo) = as versões (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo)
são inatacáveis.
10. O cronista ressalta aspectoscontrastantes do caso de Sa-
9. É preciso reelaborar, para sanar falha estrutural, a redação quarema, tal como se observa na relação entre estas duas expressões:
da seguinte frase: (A) drama da baleia encalhada e três dias se debatendo na
(A) O autor do texto chama a atenção para o fato de que o areia.
desejo de promover a igualdade corre o risco de obter um efeito (B) em quinze minutos estava toda retalhada e foram disputa-
contrário. das as toneladas da vítima.
(B) Embora haja quem aposte no critério único de julgamento, (C) se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência e levar pas-
para se promover a igualdade, visto que desconsideram o risco do téis e empadinhas para vender com ágio.
contrário. (D) o lhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar e lá se
(C) Quem vê como justa a aplicação de um mesmo critério foi, espero que salva, a baleia de Saquarema.
para julgar casos diferentes não crê que isso rearme uma situação (E) Até que enm chegou uma traineira da Petrobrás e Logo
de injustiça. uma estatal, ó céus.
(D) Muitas vezes é preciso corrigir certas distorções aplican-
do-se medidas que, à primeira vista, parecem em si mesmas dis- 11. Atente para as seguintes armações sobre o texto:
torcidas. I. A analogia entre a baleia e a União Soviética insinua, entre
(E) Em nossa época, há desequilíbrios sociais tão graves que outros termos de aproximação, o encalhe dos gigantes.
tornam necessários os desequilíbrios compensatórios de uma ação II. As reações dos envolvidos no episódio da baleia encalhada
corretiva. revelam que, acima das diferentes providências, atinham-se todos
a um mesmo propósito.
Atenção: As questões de números 10 a 14 referem-se à crônica III. A expressão Tudo é símbolo prende-se ao fato de que o au-
abaixo.
tor aproveitou o episódio da baleia encalhada para também gurar
Bom para o sorveteiro o encalhe de um país imobilizado pela alta inação.
Em relação ao texto, está correto o que se arma em
Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a (A) I, II e III.
notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha (B) I e III, apenas.
cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Anal, (C) II e III, apenas.
depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela (D) I e II, apenas.
da televisão, o lhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. (E) III, apenas.
Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores espe-
cializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não 12. Foram irrelevantes para a salvação da baleia estes dois
acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela monta- fatores:
nha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um (A) o necrológio da União Soviética e os serviços da traineira
belo espetáculo. da Petrobrás.

8
Língua Portuguesa
(B) o prestígio dos valores ecológicos e o empenho no lúcido Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há neces-
objetivo comum. sidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a
(C) o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e o prestí- avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qual-
gio dos valores ecológicos. quer outra. A seleção e a classicação de prossionais devem ser
(D) o fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal e as iniciati- processos marcados pela transparência do método e pela adequa-
vas que couberam a uma traineira. ção aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação
(E) o aproveitamento comercial da situação e a força desco- de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o
munal empregada pela jubarte. desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre
a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profun-
13. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o
das de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento.
Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o
sentido de um segmento em: prestígio do “assembleísmo” surge como absoluto. Há quem pre-
(A) em necrológio eufórico(1º parágrafo) = em façanha mortal. tenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a “so-
(B) Comum, vírgula (2º parágrafo) = Geral, mas nem tanto. berania” que a qualica para a tomada de qualquer decisão. Não
(C) que se desse por perdida a batalha (2º parágrafo) = que se por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembran-
imaginasse o efeito de uma derrota. do a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a “meritocra-
(D) estabeleceu uma trégua entre todos nós (3º parágrafo) = cia”. Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a
derrogou uma imunidade para nós todos. legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento
da qualicação indispensável. Assim, não elegeremos deputado
(E) é preciso dar provas da ecácia (4º parágrafo) = convém alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que
explicitar os bons propósitos. deverá pilotar nosso avião.
(Júlio Castanho de Almeida, inédito)
14. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre
o último parágrafo do texto. 15. Deve-se presumir, com base no texto, que a razão do mé-
(A) Apesar de tratar do drama ocorrido com uma baleia, o rito e a razão do voto devem ser consideradas, diante da tomada
cronista não deixa de aludir a circunstâncias nacionais, como o de uma decisão,
impulso para as privatizações e os custos da alta inação. (A) complementares, pois em separado nenhuma delas satis-
faz o que exige uma situação dada.
(B) Mormente tratando de uma jubarte encalhado, o cronista (B) excludentes, já que numa votação não se leva em conta
não obsta em tratar de assuntos da pauta nacional, como a inação nenhuma questão de mérito.
ou o processo empresarial das privatizações. (C) excludentes, já que a qualicação por mérito pressupõe
(C) Vê-se que um cronista pode assumir, como aqui ocorreu, o que toda votação é ilegítima.
(D) conciliáveis, desde que as mesmas pessoas que votam se-
papel tanto de um repórter curioso como analisar fatos oportunos,
qual seja a escalada inacionária ou a privatização. jam as que decidam pelo mérito.
(D) O incidente da jubarte encalhado não impediu de que o (E) independentes, visto que cada uma atende a necessidades
de bem distintas naturezas.
cronista se valesse de tal episódio para opinar diante de outros fa-
tos, haja vista a inação nacional ou a escalada das privatizações. 16. Atente para as seguintes armações:
(E) Ao bom cronista ocorre associar um episódio como o da I. A argumentação do ministro, referida no primeiro parágrafo,
jubarte com a natureza de outros, bem distintos, sejam os da eco- é rebatida pelo autor do texto por ser falaciosa e escamotear os
nomia inacionada, sejam o crescente prestígio das privatizações. reais interesses de quem a formula.
II. O autor do texto manifesta-se francamente favorável à ra-
Atenção: As questões de números 15 a 18 referem-se ao texto zão do mérito, a menos que uma situação de real impasse imponha
abaixo. a resolução pelo voto.
III. A conotação pejorativa que o uso de aspas confere ao ter -
mo “assembleísmo” expressa o ponto de vista dos que desconsi-
A razão do mérito e a do voto deram a qualicação técnica.
Em relação ao texto, está correto SOMENTE oque se arma em
Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a (A) I.
campanha pelas eleições diretas para presidente da República, (B) II.
buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumen- (C) III.
to: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma (D) II
(E) I eeII.
III.
eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefe-
ririam conar no mérito do prossional mais abalizado? 17. Considerando-se o contexto, são expressões bastante pró-
A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma ximas quanto ao sentido:
função eminentemente técnica e uma função eminentemente polí- (A) fazer uma eleição e conar no mérito do prossional.
tica. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo (B) especialidade técnica e vocação política.
muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que (C) classicação de prossionais e escolha da liderança.
ninguém prosseguir no comando da nação. (D) avaliação do mérito e reconhecimento da qualicação.
(E) transparência do método e desejo da maioria.

9
Língua Portuguesa
18. Atente para a redação do seguinte comunicado: - é um tipo de texto gurativo;
- retrato de pessoas, ambientes, objetos;
Viemos por esse intermédio convocar-lhe para a assembleia - predomínio de atributos;
geral da próxima sexta-feira, aonde se decidirá os rumos do nos- - uso de verbos de ligação;
so movimento reivindicatório. - frequente emprego de metáforas, comparações e outras
guras de linguagem;
As falhas do texto encontram-se plenamente sanadas em: - tem como resultado a imagem física ou psicológica.
(A) Vimos, por este intermédio, convocá-lo para a assembleia
geral da próxima sexta-feira, quando se decidirão os rumos do Texto Dissertativo - a dissertação é um texto que analisa, in-
nosso movimento reivindicatório. terpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse tipo textual re-
quer reexão, pois as opiniões sobre os fatos e a postura crítica em
bleia(B) Viemos
geral por estesexta-feira,
da próxima intermédioonde
convocar-lhe
se decidirápara a assem-
os rumos do relação ao que se discute têm grande importância. O texto disserta-
tivo é temático, pois trata de análises e interpretações; o tempo ex-
nosso movimento reivindicatório. plorado é o presente no seu valor atemporal; é constituído por uma
(C) Vimos, por este intermédio, convocar-lhe para a assem- introdução onde o assunto a ser discutido é apresentado, seguido
bleia geral da próxima sexta-feira, em cuja se decidirão os rumos por uma argumentação que caracteriza o ponto de vista do autor
do nosso movimento reivindicatório. sobre o assunto em evidência. Nesse tipo de texto a expressão das
(D) Vimos por esse intermédio convocá-lo para a assembleia ideias, valores, crenças são claras, evidentes, pois é um tipo de
geral da próxima sexta-feira, em que se decidirá os rumos do nos- texto que propõe a reexão, o debate de ideias. A linguagem ex-
so movimento reivindicatório. plorada é a denotativa, embora o uso da conotação possa marcar
(E) Viemos, por este intermédio, convocá-lo para a assem- um estilo pessoal. A objetividade é um fator importante, pois dá
bleia geral da próxima sexta-feira, em que se decidirão os rumos ao texto um valor universal, por isso geralmente o enunciador não
do nosso movimento reivindicatório. aparece porque o mais importante é o assunto em questão e não
quem fala dele. A ausência do emissor é importante para que a
Respostas: 01-C / 02-B / 03-E / 04-D / 05-C / 06-E / 07-B / ideia defendida torne algo partilhado entre muitas pessoas, sendo
08-D / 09-B / 10-C / 11-B / 12-E / 13-B / 14-A / 15-E / 16-A / 17-D admitido o emprego da 1ª pessoa do plural - nós, pois esse não
/ 18-A descaracteriza o discurso dissertativo.
- expõe um tema, explica, avalia, classica, analisa;
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As únicas - é um tipo de texto argumentativo.
tipologias existentes são: narração, descrição, dissertação ou ex- - defesa de um argumento: apresentação de uma tese que será
posição, informação e injunção. É importante que não se confun- defendida; desenvolvimento
- predomínio ou argumentação;
da linguagem objetiva; fechamento;
da tipo textual com gênero textual.
- prevalece a denotação.
Texto Narrativo -tipo textual em que se conta fatos que ocor-
reram num determinado tempo e lugar, envolvendo personagens e Texto Argumentativo - esse texto tem a função de persuadir o
um narrador. Refere-se a objeto do mundo real ou ctício. Possui leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia imposta pelo texto. É o
uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal pre- tipo textual mais presente em manifestos e cartas abertas, e quando
dominante é o passado. também mostra fatos para embasar a argumentação, se torna um
- expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta an- texto dissertativo-argumentativo.
tes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente);
- é um tipo de texto sequencial; Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar uma
- relato de fatos; ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e com-
- presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo; portamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são,
- apresentação de um conito; na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota-se
- uso de verbos de ação; também o uso do innitivo e o uso do futuro do presente do modo
- geralmente, é mesclada de descrições; indicativo. Ex: Previsões do tempo, receitas culinárias, manuais,
- o diálogo direto é frequente. leis, bula de remédio, convenções, regras e eventos.

Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato por es - Narração

critopalavras
de de um lugar, uma pessoa,
mais utilizada umprodução
nessa animal oué oumadjetivo,
objeto. A classe
pela sua A Narração é um tipo de texto que relata uma história real,
ctícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo
função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espaço,
até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterio- organizados por uma narração feita por umnarrador. É uma série de
ridade e posterioridade. É fazer uma descrição minuciosa do obje- fatos situados em um espaço e no tempo, tendo mudança de um es -
to ou da personagem a que o texto refere. Nessa espécie textual as tado para outro, segundo relações de sequencialidade e causalidade,
coisas acontecem ao mesmo tempo. e não simultâneos como na descrição. Expressa as relações entre os
- expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma indivíduos, os conitos e as ligações afetivas entre esses indivíduos
visão; e o mundo, utilizando situações que contêm essa vivência.

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Língua Portuguesa
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narra- Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
dor acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocor - Resultado - previsível ou imprevisível.
reu o episódio. É por isso que numa narração predomina a ação: o Final - Fechado ou Aberto.
texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, a maioria dos
verbos que compõem esse tipo de texto são os verbos de ação. O Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de
conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a his- tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente, como
tória que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de enredo. simples exemplos de uma narração. Há uma relação de implica-
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas per- ção mútua entre eles, para garantir coerência e verossimilhança
sonagens, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio à história narrada. Quanto aos elementos da narrativa, esses não
que está sendo contado. As personagens são identicadas (nomea- estão, obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as
das) no texto narrativo pelos substantivos próprios. personagens ou o fato a ser narrado.
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem
querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar) as ações do Exemplo:
enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre
uma ação ou ações é chamado de espaço, representado no texto Porquinho-da-índia
pelos advérbios de lugar.
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer Quando eu tinha seis anos
“quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da narra- Ganhei um porquinho-da-índía.
tiva é o tempo, representado no texto narrativo através dos tempos Que dor de coração me dava
verbais, mas principalmente pelos advérbios de tempo. É o tempo Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor Levava ele pra sala
“como” o fato narrado aconteceu. Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
A história contada, por isso, passa por uma introdução (parte Ele não gostava:
inicial da história, também chamada de prólogo), pelo desenvolvi- Queria era estar debaixo do fogão.
mento do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o “miolo” Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
da narrativa, também chamada de trama) e termina com a conclu- - O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
são da história (é o nal ou epílogo). Aquele que conta a história
é o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu...) ou Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed.
impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele...). Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110.
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de
ação, porque
tantivos advérbios
nomeiamde as
tempo, por advérbios
personagens, deoslugar
que são e pelos
agentes subs-
do texto, çõesObserve que,ganhar
de situação: no texto
umacima, há um conjunto
porquinho-da-índia da situa--
de transforma
é passar
ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos ver- ção de não ter o animalzinho para a de tê-lo; levá-lo para a sala ou
bos, formando uma rede: a própria história contada. para outros lugares é passar da situação de ele estar debaixo do
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a fogão para a de estar em outros lugares; ele não gostava: “queria
história. era estar debaixo do fogão” implica a volta à situação anterior;
“não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender
Elementos Estruturais (I): que o menino passava de uma situação de não ser terno com o
animalzinho para uma situação de ser; no último verso tem-se a
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos. passagem da situação de não ter namorada para a de ter.
- Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam e Verica-se, pois, que nesse texto há um grande conjunto de
dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam-se por meio mudanças de situação. É isso que dene o que se chama o compo-
de características físicas ou psicológicas. Os personagens podem nente narrativo do texto, ou seja, narrativa é uma mudança de es-
ser lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais (trabalhador, tado pela ação de alguma personagem, é uma transformação de si-
estudante, burguês etc.) ou tipos humanos (o medroso, o tímido, o tuação. Mesmo que essa personagem não apareça no texto, ela está
avarento etc.), heróis ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas. logicamente implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou
- Narrador: é quem conta a história. um porquinho-da-índia, é porque alguém lhe deu o animalzinho.
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico. Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele em que al-
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o tem- guém recebe alguma coisa (o menino passou a ter o porquinho-da
po convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo inte- índia) e aquele alguém perde alguma coisa (o porquinho perdia, a
rior, subjetivo. cada vez que o menino o levava para outro lugar, o espaço confor-
tável de debaixo do fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas:
Elementos Estruturais (II): de aquisição e de privação.

Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista Existem três tipos de foco narrativo:


Acontecimento - O quê? Fato
Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato - Narrador-personagem: é aquele que conta a história na
Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa.

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Língua Portuguesa
- Narrador-observador: é aquele que conta a história como Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento dele.
alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a his- Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não no víamos desde muito
tória é contada em 3ª pessoa. tempo. (...)
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo e as Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matan-
personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos íntimos. ça dos leitões e no tiramento dos assados com couro.
Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece misturada (J. Simões Lopes Neto – Contrabandista)
com pensamentos dos personagens (discurso indireto livre).
- Em 3ª pessoa:
Estrutura:
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa.
- Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados Exemplo:
alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da história,
como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá. “Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia propria- de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E saiu à rua com ar
mente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, conduzindo menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha
ao clímax. de cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara à mostra,
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu sem máscara piedosa para disfarçar o sentimento impreciso de ri-
momento crítico, tornando o desfecho inevitável. dículo.”
- Desfecho: é a solução do conito produzido pelas ações dos (Ilka Laurito. Sal do Lírico)
personagens.
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como
Tipos de Personagens: sendo vista por uma câmara ou lmadora. Exemplo:

Os personagens têm muita importância na construção de um Festa


texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser principais ou se-
cundários, conforme o papel que desempenham no enredo, po- Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental olha o
dem ser apresentados direta ou indiretamente. crioulão de roupa limpa e remendada, acompanhado de dois meni-
nos de tênis branco, um mais velho e outro mais novo, mas ambos
A apresentação direta acontece quando o personagem aparece
com menos de dez anos.
de forma clara no texto, retratando suas características físicas e/ou
Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas resoluta-
psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando os persona-
mente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde há seis mesas
gens oaparecem
com aosdopoucos
desenrolar enredo,e oouleitor
seja,vai construindo
a partir de suas aações,
sua imagem
do que desertas.
O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O ho -
ela vai fazendo e do modo como vai fazendo. mem pergunta em quanto ca uma cerveja, dois guaranás e dois
pãezinhos.
- Em 1ª pessoa: __ Duzentos e vinte.
O preto concentra-se, aritmético, e conrma o pedido.
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a __Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
história e é o protagonista. Exemplo: __ Como?
__ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito mais gos-
“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o toso.
coração parecendo querer sair-me pela boca fora. Não me atrevia O homem olha para os meninos.
a descer à chácara, e passar ao quintal vizinho. Comecei a andar __ O preço é o mesmo – informa o rapaz.
de um lado para outro, estacando para amparar-me, e andava outra __ Está certo.
vez e estacava.” Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhestra, como
(Machado de Assis. Dom Casmurro) se o estivessem fazendo pela primeira vez na vida.
O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e, em se-
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar, guida, num pratinho, os dois pães com meia almôndega cada um.
eu estava lá e vi. Exemplo: O homem e (mais do que ele) os meninos olham para dentro dos
pães, enquanto o rapaz cúmplice se retira.
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene o copo de
Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de contrabandista cerveja até a boca, depois cada um prova o seu guaraná e morde o
que fez cancha nos banhados do Ibirocaí. primeiro bocado do pão.
Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a cruzar O homem toma a cerveja em pequenos goles, observando cri-
os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado da Lua, na teriosamente o menino mais velho e o menino mais novo absorvi-
escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda que dos com o sanduíche e a bebida.
chovesse reiúnos acolherados ou que ventasse como por alma de Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois meninos.
padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca desandou cru- E permanecem para sempre, humanos e indestrutíveis, sentados
zada!... naquela mesa.
(...) (Wander Piroli)

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Língua Portuguesa
Tipos de Discurso: Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher.
Sempre cam mulheres vagabundeando por ali, à noite. Pelo jardim,
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente para pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele seguiu. Igno-
o personagem, sem a sua interferência. Exemplo: rava a exatidão de seus cálculos, mas provavelmente faltava mais ou
menos uma hora para chegar em casa. Os bondes passavam.
Caso de Desquite (João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço)
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do per-
sonagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente recente.
__ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na boca). Surgiu com romancistas inovadores do século XX. Exemplo:
Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto casado. Agora
com mania de mulher. Todo velho é sem-vergonha. A Morte da Porta-Estandarte
__ Dobre
me pise, a língua,
co uma mulher. O hominho é muito bom. Só não
jararaca. Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus braços.
__ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão. Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é preciso se-
__ Essa aí tem lho emancipado. Criei um por um, está bom? gurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, se abriu... Esse
Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de mamar no primei- temporal assim é bom, porque Rosinha não sai. Tenham paciên-
ro mês. cia... Largar Rosinha ali, ele não larga não... Não! E esses tambo-
__Você desempregado, quem é que fazia roça? res? Ui! Que venham... É guerra... ele vai se espalhar... Por que
não está malhando em sua cabeça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da
__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui jo- cama... Ele está dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo
gado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no mundo sem do País... Abraçá-la no alto de uma colina...
ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e dia o hominho aqui (Aníbal Machado)
na carroça. Sempre o mais sacricado, está bom?
__ Se car doente, Severino, quem é que o atende? Sequência Narrativa:
__ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém morre só.
Sempre tem um cristão que enterra o pobre. Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: uma
__ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher... coordena-se a outra, uma implica a outra, uma subordina-se a ou-
__ Eu arranjo. tra.
__ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem dois A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de melhor. Vai me - uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um
dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo);
deixar sem nada? - uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma compe-
__ morrer.
deixou Você tinha amula
Tenho e a potranca.
culpa? Só queroApaz,
mulaum
vendeu
prato edea potranca,
comida e tência para fazer algo);
- uma em que a personagem executa aquilo que queria ou de-
roupa lavada. via fazer (é a mudança principal da narrativa);
__ Para onde foi a lavadeira? - uma em que se constata que uma transformação se deu e em
__ Quem? que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens (geral-
__ A mulata. mente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os maus).
(...)
(Dalton Trevisan – A guerra Conjugal) Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pres-
supõem logicamente. Com efeito, quando se constata a realização
de uma mudança é porque ela se vericou, e ela efetua-se porque
Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem diz, quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazê-la. Tomemos, por
sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo: exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se assina a
escritura, realiza-se o ato de compra; para isso, é necessário poder
Frio (ter dinheiro) e querer ou dever comprar (respectivamente, querer
deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido
O menino tinha só dez anos. despejado, por exemplo).
Quase meia hora andando. No começo pensou num bonde. Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem.
Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um bambu
afastou a idéia como se estivesse fazendo uma coisa errada. (Nos ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um carro, é preciso
bondes, àquela hora da noite, poderiam roubá-lo, sem que perce- antes conseguir o dinheiro.

besse; e depois?... Que é que diria a Paraná?) Narrativa e Narração


Andando. Paraná mandara-lhe não car observando as vitri-
nes, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia rme Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é
e esforçando-se para não pensar em nada, nem olhar muito para um componente narrativo que pode existir em textos que não são
nada. narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por exem-
__ Olho vivo – como dizia Paraná. plo, quando se diz “Depois da abolição, incentivou-se a imigra-
Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das ruas. Ele ção de europeus”, temos um texto dissertativo, que, no entanto,
ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas apresenta um componente narrativo, pois contém uma mudança
esquinas. O seu coraçãozinho se apertava. de situação: do não incentivo ao incentivo da imigração européia.

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Língua Portuguesa
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto, - Não quer que se carpa o quintal, moço?
o que é narração? Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face es-
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características: calavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do pas-
- é um conjunto de transformações de situação (o texto de Ma- sado, os olhos).”
nuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, preenche essa
condição); (Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mer-
- é um texto gurativo, isto é, opera com personagens e fatos cado Aberto, p. 5O)
concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche também esse
requisito); Exemplo - Espaço
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal que, Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza
entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e posterio- escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Não
ridade (no texto “Porquinho-da-índia” o fato de ganhar o animal é havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez.”
anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por sua vez é anterior (Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto
ao de o menino levá-lo para a sala, que por seu turno é anterior ao Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
de o porquinho-da-índia voltar ao fogão).
Exemplo - Tempo
Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre perti -
nente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear da tempo - “Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a mu-
ralidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no romance macha - lher lhe pediu que a chamasse cedo.”
diano Memórias póstumas de Brás Cubas, quando o narrador come- (Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)
ça contando sua morte para em seguida relatar sua vida, a sequência
temporal foi modicada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da Tipologia da Narrativa Ficcional:
leitura, as relações de anterioridade e de posterioridade.
Resumindo: na narração, as três características explicadas - Romance
acima (transformação de situações, guratividade e relações de - Conto
anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados) devem - Crônica
estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha só uma ou duas - Fábula
- Lenda
dessas características não é uma narração.
- Parábola
- Anedota
Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto narrativo: - Poema Épico
- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que Tipologia da Narrativa Não-Ficcional:
aconteceu, quando e onde.
- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos perso- - Memorialismo
nagens. - Notícias
- Desenvolvimento: detalhes do fato. - Relatos
- Conclusão: consequências do fato. - História da Civilização
Caracterização Formal: Apresentação da Narrativa:
Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto nar- - visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em qua-
rativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade, porquanto drinhos) e desenhos.
a criação e o colorido do contexto estão em função da individuali - - auditiva: narrativas radiofonizadas; tas gravadas e discos.
dade e do estilo do narrador. Dependendo do enfoque do redator, a - audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas.
narração terá diversas abordagens. Assim é de grande importância
saber se o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No Descrição
primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, há uma in-
ferência do último através da onipresença e onisciência. É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação
Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos acon- ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares
tecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo o aspecto ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que
linear e constituindo o que se denomina “ ashback”. O narrador seja apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras,
que usa essa técnica (característica comum no cinema moderno) em imagens. Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma
demonstra maior criatividade e srcinalidade, podendo observar as pessoa ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição.
ações ziguezagueando no tempo e no espaço. Não é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista
do observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa
Exemplo - Personagens forma, o que será importante ser analisado para um, não será para
outro. A vivência de quem descreve também inuencia na hora de
“Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, pes-
Amâncio não viu a mulher chegar. soa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.

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Língua Portuguesa
Exemplos: pronome oblíquo as é um anafórico que retoma ores, se alterar-
mos a ordem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas mudar a palavra ores para a primeira frase e retomá-la com o
a penumbra dos ramos cobria o atalho. anafórico elas na segunda.
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, peque- Por todas essas características, diz-se que o fragmento do
nas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado pelos instan- conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de texto em
tes já mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho pelo que se expõem características de seres concretos (pessoas, objetos,
qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo situações, etc.) consideradas fora da relação de anterioridade e de
era estranho, suave demais, grande demais.” posterioridade.
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector)
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplica- Características:
do, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aqui- - Ao fazer a descrição enumeramos características, compara-
lo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia ções e inúmeros elementos sensoriais;
com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a
- As personagens podem ser caracterizadas física e psicologi-
isso grande medo ao pai. Era uma criança na, pálida, cara doente;
raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava- camente, ou pelas ações;
-se antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco. - A descrição pode ser considerada um dos elementos consti-
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. tutivos da dissertação e da argumentação;
São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.) - É impossível separar narração de descrição;
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim
Esse texto traça o perl de Raimundo, o lho do professor da a capacidade de observação que deve revelar aquele que a realiza.
escola que o escritor frequentava. Deve-se notar: - Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo:
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo
mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os ou- desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea e
tros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que pare-
medo ao pai); cem conformados expressamente para esposas da multidão (...)”
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser conside- (Raul Pompéia – O Ateneu)
rada cronologicamente anterior a outra do ponto de vista do relato - Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não exis-
(no nível dos acontecimentos, entrar na escola é cronologicamente te relação de anterioridade e posterioridade entre seus enunciados.
anterior
duas a retirar-seé dela;
ocorrências no nívelodo
indiferente: querelato, porém,quer
o escritor a ordem dessas
é explicitar - Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que se
usem então as formas nominais, o presente e o pretério imperfeito
uma característica do menino, e não traçar a cronologia de suas do indicativo, dando-se sempre preferência aos verbos que indi-
ações); quem estado ou fenômeno.
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas - Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos
elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitância em adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de
1840, em que o escritor frequentava a escola da rua da Costa) e, A característica fundamental de um texto descritivo é essa ine-
portanto, não denota nenhuma transformação de estado; xistência de progressão temporal. Pode-se apresentar, numa descri-
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não correría- ção, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam sempre
mos o risco de alterar nenhuma relação cronológica - poderíamos simultâneos, não indicando progressão de uma situação anterior
mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar e ler o texto para outra posterior. Tanto é que uma das marcas linguísticas da
do m para o começo: O mestre era mais severo com ele do que
descrição é o predomínio de verbos no presente ou no pretérito
conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes...
imperfeito do indicativo: o primeiro expressa concomitância em
Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados relação ao momento da fala; o segundo, em relação a um marco
pode ser invertida, está-se pensando apenas na ordem cronológica, temporal pretérito instalado no texto.
pois, como veremos adiante, a ordem em que os elementos são Para transformar uma descrição numa narração, bastaria
descritos produz determinados efeitos de sentido. introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um estado
Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, para trans-
certas modicações no texto, pois este contém anafóricos (pala- formá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso grande medo
vras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele, etc. ou do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...
catafóricos (palavras que anunciam o que vai ser dito, como este,
etc.), que podem perder sua função e assim não ser compreendi- Características Linguísticas:
dos. Se tomarmos uma descrição como As ores manifestavam
todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao invertermos a O enunciado narrativo, por ter a representação de um aconte-
ordem das frases, precisamos fazer algumas alterações, para que o cimento, fazer-transformador, é marcado pela temporalidade, na
texto possa ser compreendido: O Sol fazia as ores brilhar. Elas relação situação inicial e situação nal, enquanto que o enunciado
manifestavam todo o seu esplendor . Como, na versão srcinal, o descritivo, não tendo transformação, é atemporal.

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Língua Portuguesa
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-se- A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
mânticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão:
- Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passa-
de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente no gem são apresentadas como realmente são, concretamente. Exem-
presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se, plo:
existir, car).
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é des- “Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética, om -
crito; bros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos ne-
gros e lisos”.
Exemplo:
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Exemplo:
“Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entala-
do num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alargan- “A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central
do até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de gui-
os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da lhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro
nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Telhado de
calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz
cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse cado,
Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despe- capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Caminho
gadas do crânio.” Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio) a qual ela se punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente
do alinhamento (...).”
- Emprego de guras (metáforas, metonímias, comparações, (Pedro Nava – Baú de Ossos)
sinestesias). Exemplo:
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da emo-
“Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito ção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são trans-
gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu gurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar ou expres-
corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que sar seus sentimentos. Exemplo:
lhe dava petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhi-
“Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao ho-
nhos de azougue.” mem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito como uma
couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anún-
(José de Alencar - Senhora)
cio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei...”
(“O Ateneu”, Raul Pompéia)
- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo:
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra es-
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa perança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par-de-
casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois você entrava -frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando por
tinha um jardinzinho; no nal tinha uma escadinha que devia ter lei, de sobregoverno.”
uns cinco degraus; aí você entrava na sala da frente; dali tinha um (Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
corredor comprido de onde saíam três portas; no nal do corredor
tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos
atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...” descritivos:
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão
Recursos: temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, uma
vez que eles indicam propriedades ou características que ocorrem
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. simultaneamente. No entanto, ela não é indiferente do ponto de
Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol. vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-
- UsarEx:
concretas. o vigor e relevo
As criaturas de palavras
humanas fortes, próprias,
transpareciam exatas,
um céu sereno, -versa, do detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos
de sentido distintos.
uma pureza de cristal. Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de Bo-
- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da cage:
natureza e a gura do homem. Ex: Era um verde transparente que
deslumbrava e enlouquecia qualquer um. Magro, de olhos azuis, carão moreno,
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto. bem servido de pés, meão de altura,
Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito triste de facha, o mesmo de gura,
crente. nariz alto no meio, e não pequeno.

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Língua Portuguesa
Incapaz de assistir num só terreno, - Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explica-
mais propenso ao furor do que à ternura; ção do que se vê ao longe).
bebendo em níveas mãos por taça escura - Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos
de zelos infernais letal veneno. do observador - explicação detalhada dos elementos que compõem
a paisagem, de acordo com determinada ordem.
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. 497. - Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca
da impressão que a paisagem causa em quem a contempla.
O poeta descreve-se das características físicas para as caracte-
rísticas morais. Se zesse o inverso, o sentido não seria o mesmo, Descrição de pessoas (I):
pois as características físicas perderiam qualquer relevo. - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar
uma cena. É como traçar com palavras o retrato de um objeto, aspecto de caráter geral. características físicas (altura, peso, cor da
- Desenvolvimento:
lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores, facil- pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).
mente identicáveis (descrição objetiva), ou suas características
- Desenvolvimento: características psicológicas (personali-
psicológicas e até emocionais (descrição subjetiva).
dade, temperamento, caráter, preferências, inclinações, postura,
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos,
também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado des- objetivos).
ta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu texto, - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou depois des- geral.
te um adjetivo ou uma locução adjetiva.
Descrição de pessoas (II):
Descrição de objetos constituídos de uma só parte: - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
aspecto de caráter geral.
- Introdução: observações de caráter geral referentes à proce- - Desenvolvimento: análise das características físicas, asso-
dência ou localização do objeto descrito. ciadas às características psicológicas (1ª parte).
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (comparação - Desenvolvimento: análise das características físicas, asso-
com guras geométricas e com objetos semelhantes); dimensões ciadas às características psicológicas (2ª parte).
(largura, comprimento, altura, diâmetro etc.) - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, cor/ geral.
brilho, textura.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti- A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma
lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto como estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predominam.
um todo. Porque toda técnica descritiva implica contemplação e apreen-
Descrição de objetos constituídos por várias partes: são de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa
- Introdução: observações de caráter geral referentes à proce- possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor capta o
dência ou localização do objeto descrito. mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrição
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
partes que compõem o objeto, associados à explicação de como as
partes se agrupam para formar o todo. Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo -literária ou literária. Na descrição não-literária, há maior preo-
(externamente) - formato, dimensões, material, peso, textura, cor cupação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular. Por
e brilho.
ser objetiva, há predominância da denotação.
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti-
lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto em sua
totalidade. Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é um
tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma lingua-
Descrição de ambientes: gem cientíca, precisa. Esse tipo de texto é usado para descrever
- Introdução: comentário de caráter geral. aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os compõem, para
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do descrever experiências, processos, etc. Exemplo:
ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e aro-
ma (se houver). Folheto de propaganda de carro
- Desenvolvimento: detalhes especícos em relação a obje-
tos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas ou Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir
quaisquer outros objetos. o espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando tran-
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no am- quilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Variant
biente. possuem direção hidráulica e ar condicionado de elevada capaci-
dade, proporcionando a climatização perfeita do ambiente.
Descrição de paisagens: Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacida-
- Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer de de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 litros, com o
outra referência de caráter geral. encosto do banco traseiro rebaixado.

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Língua Portuguesa
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em plás- Características:
tico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar a
deformação em caso de colisão. - ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é temático;
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação;
Textos descritivos literários: Na descrição literária predo- - ao contrário do texto narrativo, nele as relações de
mina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de associações anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm maior
conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições de importância - o que importa são suas relações lógicas: analogia,
pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; situações e coi- pertinência, causalidade, coexistência, correspondência, implica-
sas. Vale lembrar que textos descritivos também podem ocorrer ção, etc.
tanto em prosa como em verso. - a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de reda-
ção. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem característi-
cas próprias a cada tipo de texto.
Dissertação
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento /
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação de Conclusão.
uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema. Pres-
supõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, clareza, Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a
coerência, objetividade na exposição, um planejamento de traba- ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento.
lho e uma habilidade de expressão. É em função da capacidade Tipos:
crítica que se questionam pontos da realidade social, histórica e
psicológica do mundo e dos semelhantes. Vemos também, que a - Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos.
dissertação no seu signicado diz respeito a um tipo de texto em Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha
que a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita com de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...”
a nalidade de desenvolver um conteúdo cientíco, doutrinário ou - Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um
artístico. Exemplo: fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo
dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inação que a dé-
Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser pri- cada colecionou, agravou vários dos históricos problemas sociais
meiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência, como servir-se do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana, cuja es-
de uma pessoa, de uma lha ou de uma irmã; o segundo, como calada tem sido facilmente identicada pela população brasileira.”
- Proposição: o autor explicita seus objetivos.
trair ou solapar os predecessores; e o terceiro, como clamar, com
zelo furioso, contra a corrupção da corte. Mas um príncipe discreto coisa- apresentada
Convite: proposta
no texto.aoEx:
leitor
Vocêpara
querque participe
estar de Quer
“na sua”? alguma
se
prefere nomear os que se valem do último desses métodos, pois sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano! Faça
os tais fanáticos sempre se revelam os mais obsequiosos e sub - parte desse time de vencedores desde a escolha desse momento!
servientes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição - Contestação: contestar uma idéia ou uma situação. Ex: “É
todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros subordi- importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é a
nando a maioria do senado, ou grande conselho, e, anal, por via solução no combate à insegurança.”
de um expediente chamado anistia (cuja natureza lhe expliquei), - Características: caracterização de espaços ou aspectos.
garantem-se contra futuras prestações de contas e retiram-se da - Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex: “Em
vida pública carregados com os despojos da nação. 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com televisores.
Jonathan Swift. Viagens de Gulliver. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos recepto-
São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235. res instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257 emisso-
ras (aquelas capazes de gerar programas) e 2.624 repetidoras (que
Esse texto explica os três métodos pelos quais um homem apenas retransmitem sinais recebidos). (...)”
chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe discreto a - Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato.
escolhê-lo entre os que clamam contra a corrupção na corte e jus- - Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do
tica esse conselho. Observe-se que: texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra-se no
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade com fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras
conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem par - que denem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder,
escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusivamente de
ticular
homemeem dogeral
que faz
e depara chegar
todos a ser primeiro-ministro,
os métodos mas do
para atingir o poder); sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.”
- Defnição: desenvolve-se pela explicação dos termos que
- existe mudança de situação no texto (por exemplo, a mu- compõem o texto.
dança de atitude dos que clamam contra a corrupção da corte no - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a
momento em que se tornam primeiros-ministros); pergunta de praxe: anal de contas, todo esse entusiasmo pelo fu-
- a progressão temporal dos enunciados não tem importân- tebol não é uma prova de alienação?”
cia, pois o que importa é a relação de implicação (clamar contra a - Suspense: alguma informação que faça aumentar a curiosi-
corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação para dade do leitor.
primeiro-ministro). - Comparação: social e geográca.

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Língua Portuguesa
- Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à dis- Não é uma utopia?!
tância, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo das Um exemplo vivo são os bóias-frias que trabalham na colheita
massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades que da cana de açúcar que devido ao avanço tecnológico e a lei do go -
marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira doença do vernador Geraldo Alkmin, defendendo o meio ambiente, proibindo
século...” a queima da cana de açúcar para a colheita e substituindo-os então
- Narração: narrar um fato. pelas máquinas, desemprega milhares deles. (D)
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cursos de
Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, de forma cabeleleiro, marcenaria, eletricista, para não perderem o mercado
organizada e progressiva. É a parte maior e mais importante do de trabalho, aumentando, com isso, a classe de trabalhos informais.
texto. Podem ser desenvolvidos de várias formas: Como cam então aqueles trabalhadores que passaram à vida
estudando, se especializando, para se diferenciarem e ainda estão
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com desempregados?, como vimos no último concurso da prefeitura do
este tipo de abordagem. Rio de Janeiro para “gari”, havia até advogado na la de inscrição.
- Defnição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a idéia (E)
principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a denição. Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos têm
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país, que almeja
distintas. um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo de desní-
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos veis gritantes e criar soluções ecazes para combater a crise gene-
favoráveis e desfavoráveis. ralizada (F), pois a uma nação doente, miserável e desigual, não
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou des- compete a tão sonhada modernidade. (G)
crever uma cena.
- Cifras e Dados Estatísticos : citar cifras e dados estatísticos. 1º Parágrafo – Introdução
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis
resultados. A. Tema: Desemprego no Brasil.
- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve apre- Contextualização: decorrência de um processo histórico pro-
sentar questionamento e reexão. blemático.
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, va-
lores, juízos. 2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
- Causa e Consequência: estruturar o texto através dos por-
quês de uma determinada situação. B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que reme-

-- Exemplifcação
Oposição: abordar umexemplos.
: dar assunto de forma dialética. tem aC.uma análise do2:tema
Argumento em questão.a respeito de outro dado da
Considerações
realidade.
Conclusão: é uma avaliação nal do assunto, um fechamento D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de
integrado de tudo que se argumentou. Para ela convergem todas as quem propõe soluções.
ideias anteriormente desenvolvidas. E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição.

- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. 7º Parágrafo: Conclusão


- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um pen- F. Uma possível solução é apresentada.
samento ou faz uma proposta, incentivando a reexão de quem lê. G. O texto conclui que desigualdade não se casa com moder -
nidade.
Exemplo:
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar sobre
Direito de Trabalho o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos recursos
que permite uma segurança maior no momento de dissertar sobre
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes que favorecem o
modelo econômico: o capitalismo, que até o século XX agia por senso crítico, essencial no desenvolvimento de um texto disserta-
meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por meio tivo.
da exclusão. (A)
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o traba- Ainda temos:
lho automático, devido à evolução tecnológica e a necessidade de
qualicação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Outro Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o as-
fator que também leva ao desemprego de um sem número de tra - sunto que vai ser abordado.
balhadores é a contenção de despesas, de gastos. (B) Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discu-
Segundo a Constituição, “preocupada” com essa crise social tido.
que provém dessa automatização e qualicação, obriga que seja Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos
feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos trabalhado - com os quais a pessoa que escreve sustenta suas opiniões, de forma
res, de que, mesmo que as empresas sejam automatizadas, não per- a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos, ou seja,
derão eles seu mercado de trabalho. (C) razões a favor ou contra uma determinada tese.

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Língua Portuguesa
Estes assuntos serão vistos com mais anco posteriormente. 3-
- A Santa Missa em seu lar.
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são: - Terço Bizantino.
- Despertar da Fé.
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de - Palavra de Vida.
pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação; - Igreja da Graça no Lar.
- em consequência disso, impõem-se à delidade ao tema;
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação; 4-
- impõem-se sempre o raciocínio lógico; - Inúmeras são as diculdades com que se defronta o governo
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambi- brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios socioló-
guidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração do que se
quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, srcinal, nobre, correta gicos- eExistem
poluição.
várias razões que levam um homem a enveredar
gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal (evitar-se o uso pelos caminhos do crime.
da primeira pessoa).
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, porque
pode trazer muitas consequências indesejáveis.
O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar:
uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou mais - O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobrevivên-
frases que explicitem tal ideia. cia no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada (ideia - O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em vá-
central) porque oculta os problemas sociais realmente graves. rias categorias.
(ideia secundária)”.
Vejamos: Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através da
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida ur - comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e apresenta-
gentemente. -lhes a semelhança ou dessemelhança.
Exemplo:
Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser comba-
tida urgentemente, pois a alta concentração de elementos tóxicos “A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a ve-
põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo daquelas lhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente senti-
que sofrem de problemas respiratórios: mento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a felici-
dade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”.
- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado (Arthur Schopenhauer)
muita gente ao vício.
- A televisão é um dos mais ecazes meios de comunicação Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes, encon-
criados pelo homem. tra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato motivador)
- A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades e e, em outras situações, um segmento indicando consequências (fa-
hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvido apenas tos decorrentes).
pela polícia. Exemplos:
- O diálogo entre pais e lhos parece estar em crise atualmen-
te. - O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanidade que
- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a socie- abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas em ver as coisas
dade brasileira. imediatistas e lucrativas que o rodeiam.
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:
- O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de nós, de modo que hoje somos obrigados a viver numa sociedade
coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de características, fria e inamistosa.
funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemente
necessário à armação estabelecida na frase nuclear. Pode-se enu- Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam
merar, seguindo-se os critérios de importância, preferência, classi- temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos.
cação ou aleatoriamente. Exemplos:
Exemplo:
Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta
1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. Depois deu um
causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos signicado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escrita e só
e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos de muitos séculos mais tarde é que passou à comunicação de massa.
Televisão. Espaço - O solo é inuenciado pelo clima. Nos climas úmidos,
os solos são profundos. Existe nessas regiões uma forte decompo-
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o nú - sição de rochas, isto é, uma forte transformação da rocha em terra
mero de emissoras que dedicam parte da sua programação à veicu- pela umidade e calor. Nas regiões temperadas e ainda nas mais
lação de programas religiosos de crenças variadas. frias, a camada do solo é pouco profunda. (Melhem Adas)

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Língua Portuguesa
Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se conceituar, Tese, ou proposição, é a ideia que defendemos, necessaria-
exemplicar e aclarar as ideias para torná-las mais compreensí- mente polêmica, pois a argumentação implica divergência de opi-
veis. nião.
Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do Argumento tem uma srcem curiosa: vem do latim Argumen-
coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na tum, que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro é “fazer bri -
ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém san- lhar”, “iluminar”, a mesma raiz de “argênteo”, “argúcia”, “arguto”.
gue vermelho-vivo, recém oxigenado. Na artéria pulmonar, porém, Os argumentos de um texto são facilmente localizados: identica-
corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o coração da a tese, faz-se a pergunta por quê? Exemplo: o autor é contra a
remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar gás carbô- pena de morte (tese). Por que... (argumentos).
nico”. Estratégias argumentativas são todos os recursos (verbais e
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para im-
pressioná-lo, para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais fa-
delimitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser enfo - cilmente, para gerar credibilidade, etc.
cado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a questão
indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das seguintes ideias: A Estrutura de um Texto Argumentativo
- A violência contra os povos indígenas é uma constante na A argumentação Formal
história do Brasil.
- O surgimento de várias entidades de defesa das populações A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra “Comunica-
indígenas. ção em Prosa Moderna”. O autor, na mencionada obra, apresenta o
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasi- seguinte plano-padrão para o que chama de argumentação formal:
leiro. Proposição (tese): armativa sucientemente denida e limi-
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena. tada; não deve conter em si mesma nenhum argumento.
Análise da proposição ou tese: denição do sentido da propo-
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve sição ou de alguns de seus termos, a m de evitar mal-entendidos.
fazer a estruturação do texto. Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados estatís-
ticos, testemunhos, etc.
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
Conclusão.

Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida Observe o texto a seguir, que contém os elementos referidos
(geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por
do plano-padrão da argumentação formal.
isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois
itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento.
Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a Gramática e desempenho Linguístico
hipótese ou a tese a ser defendida.
Desenvolvimento: exposição de elementos que vão funda- Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo in-
mentar a ideia principal que pode vir especicada através da argu- tencional da gramática não traz benefícios signicativos para o
mentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da consequên- desempenho linguístico dos utentes de uma língua.
cia, das denições, dos dados estatísticos, da ordenação cronológi- Por “estudo intencional da gramática” entende-se o estudo de
ca, da interrogação e da citação. No desenvolvimento são usados denições, classicações e nomenclatura; a realização de análises
tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa expo- (fonológica, morfológica, sintática); a memorização de regras (de
sição da ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco concordância, regência e colocação) - para citar algumas áreas.
maneiras expostas acima. O “desempenho linguístico”, por outro lado, é expressão técnica
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve denida como sendo o processo de atualização da competência
aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi fun- na produção e interpretação de enunciados; dito de maneira mais
damentada durante o desenvolvimento da dissertação (um pará- simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições reais de
grafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o objetivo proposto comunicação.
na instrução, a conrmação da hipótese ou da tese, acrescida da A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem antiga;
argumentação básica empregada no desenvolvimento. na verdade, Denida
gramáticas. surgiu com
comoos gregos, quando
“arte”, “arte de surgiram
escrever”,aspercebe-se
primeiras
Texto Argumentativo que subjaz à denição a ideia da sua importância para a prática da
língua. São da mesma época também as primeiras críticas, como se
Texto Argumentativo é o texto em que defendemos uma pode ler em Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc. II a.C.:
ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos “Raça de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, estú-
os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela. pidas lagartas que sujais as grandes obras, ó agelo dos poetas que
Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese, mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ide para o diabo,
os argumentos e as estratégias argumentativas. percevejos que devorais os versos belos”.

21
Língua Portuguesa
Na atualidade, é grande o número de educadores, lólogos e realidade: Monteiro Lobato, quando estudante, foi reprovado em
linguistas de reconhecido saber que negam a relação entre o estudo língua portuguesa (muito provavelmente por desconhecer teoria
intencional da gramática e a melhora do desempenho linguístico gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramática declarou
do usuário. Entre esses especialistas, deve-se mencionar o nome que nada havia entendido; dicilmente um Luis Fernando Verís-
do Prof. Celso Pedro Luft com sus obra “Língua e liberdade: por simo saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos os
uma nova concepção de língua materna e seu ensino” (L&PM, nossos bons escritores seriam aprovados num teste de Português à
1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos problemas maneira tradicional (e, no entanto eles são os senhores da língua!).
da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação linguísti- Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como re-
ca, reúne numa mesma obra convincente fundamentação para seu cuperar linguisticamente os alunos, como promover um melhor
combate veemente contra o ensino da gramática em sala de aula. desempenho linguístico mediante o ensino-estudo da teoria gra-
Por oportuno,
“Quem sabe,umalendo
citação
esteapenas:
livro muitos professores talvez aban- matical. O caminho é seguramente outro.
donem a superstição da teoria gramatical, desistindo de querer en- Gilberto Scarton
sinar a língua por denições, classicações, análises inconsistentes
e precárias hauridas em gramáticas. Já seria um grande benefício”. Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:
Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, acima
referida suponha-se que se deva recuperar linguisticamente um Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia cla-
jovem estudante universitário cujo texto apresente preocupantes ramente a tese a ser defendida.
problemas de concordância, regência, colocação, ortograa, pon- Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se denem as
tuação, adequação vocabular, coesão, coerência, informatividade, expressões “estudo intencional da gramática” e “desempenho lin-
entre outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gra- güístico”, citadas na tese.
mática que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonolo- Terceiro Estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oi-
gia? Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta? O tavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos.
feminino de cupim? Como se chama quem nasce na Província de - Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argumentação.
Entre-Douro-e-Minho? Que é oração subordinada adverbial con- - Quarto parágrafo: argumento de autoridade.
cessiva reduzida de gerúndio? E decorasse regras de ortograa, - Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração hipo-
zesse lista de homônimos, parônimos, de verbos irregulares... e tética.
estudasse o plural de compostos, todas regras de concordância, re- - Sexto parágrafo: argumento com base em dados estatísticos.
gências... os casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo - Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em fatos.
de todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho do Quarto Estágio: último parágrafo, em que se apresenta a con-
jovem estudante na produção de um texto. A melhora seria, indubi- clusão.
tavelmente, pouco signicativa; uma pequena melhora, talvez, na
gramática da frase, mas o problema de coesão, de coerência, de in-
A Argumentação Informal
formatividade - quem sabe os mais graves - haveriam de continuar.
Quanto mais não seja porque a gramática tradicional não dá conta
A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já referi-
dos mecanismos que presidem à construção do texto.
da. A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:
Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é apenas hi -
potética e que, por isso, um argumento de pouco valor. Contra - Citação da tese adversária.
argumentar-se-ia dizendo que situação como essa ocorre de fato - Argumentos da tese adversária.
na prática. Na verdade, todo o ensino de 1° e 2° graus é grama- - Introdução da tese a ser defendida.
ticalista, descritivista, denitório, classicatório, nomenclaturista, - Argumentos da tese a ser defendida.
prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas dos ves- - Conclusão.
tibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram
estes no vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candi- Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson Flores
datos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou Lenz, Promotor de Justiça.
seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto que pode
ser considerado bom. Considerações sobre justiça e equidade
Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lembran-
do que são os gramáticos, os linguistas - como especialistas das Hoje, oresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico
línguas - as pessoas que conhecem mais a fundo a estrutura e o nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os caos concretos
funcionamento dos códigos linguísticos. Que se esperaria, de fato, que são apresentados perante os tribunais, deve nortear o seu pro-
se houvesse signicativa inuência do conhecimento teórico da ceder mais por critérios de justiça e equidade e menos por razões
língua sobre o desempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os de estrita legalidade, no intuito de alcançar, sempre, o escopo da
linguistas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática real pacicação dos conitos submetidos à sua apreciação.
isso realmente não acontece, ca provada uma vez mais a tese que Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reitera-
se vem defendendo. do, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistrados simplesmen-
Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse signi- te desprezarem ou desconsiderarem determinados preceitos de lei,
cativa, deveriam os melhores escritores conhecer - teoricamente fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inade-
- a língua em profundidade. Isso, no entanto, não se conrma na quação à realidade nacional.

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Língua Portuguesa
Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal Eis o esquema do texto em seus cinco estágios;
aos insignes juízes que se liam a esta corrente, alguns dos quais
reconhecidos como dos mais brilhantes do país, não nos furtamos, Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese
todavia, de tecer breves considerações sobre os perigos da genera- adversária.
lização desse entendimento. Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argu-
Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos mento da tese adversária “... fulminando ditos dilemas legais sob a
arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal contra os pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional”.
princípios da legalidade e da separação de poderes, esteio no qual Terceiro Estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese
se assenta toda e qualquer ideia de democracia ou limitação de a ser defendida.
atribuições dos órgãos do Estado. Quarto Estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apre-
sentam os argumentos.
IssoJosé
perável é o Alberto
que salientou, e com
dos Reis, a costumeira
o maior maestria,
processualista o insu-
português, Quinto Estágio: os últimos dois parágrafos, em que se conclui
ao armar que: “O magistrado não pode sobrepor os seus próprios o texto mediante armação que salienta o que cou dito ao longo
juízos de valor aos que estão encarnados na lei. Não o pode fazer da argumentação.
quando o caso se acha previsto legalmente, não o pode fazer mes-
mo quando o caso é omisso”. Texto Injuntivo/Instrucional
Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qual-
quer espécie de legalidade ou garantia de soberania popular prove- No texto injuntivo-instrucional, o leitor recebe orientações
niente dos parlamentos, até porque, na lúcida visão desse mesmo precisas no sentido de efetuar uma transformação. É marcado pela
processualista, o juiz estaria, nessa situação, se arvorando, de for- presença de tempos e modos verbais que apresentam um valor di-
ma absolutamente espúria, na condição de legislador. retivo. Este tipo de texto distingue-se de uma sequencia narrativa
A esta altura, adotando tal entendimento, estaria instituciona- pela ausência de um sujeito responsável pelas ações a praticar e
lizada a insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer pelo caráter diretivo dos tempos e modos verbais usado e uma se-
garantia, na medida em que tudo estaria ao sabor dos humores e quência descritiva pela transformação desejada.
amores do juiz de plantão. Nota: Uma frase injuntiva é uma frase que exprime uma or-
De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes in- dem, dada ao locutor, para executar (ou não executar) tal ou tal
ação. As formas verbais especícas destas frases estão no modo
dicados pelo povo não poderiam se valer de sua maior atribuição,
injuntivo e o imperativo é uma das formas do injuntivo.
ou seja, a prerrogativa de editar as leis.
Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportu -
Textos Injuntivo-Instrucionais: Instruções de montagem, re-
nidade política típicos dessas casas legislativas, na medida em que
sempre poderiam ser afastados por uma esfera revisora excepcional. ceitas,impõem
ação, horóscopos, provérbios,
regras; textos queslogans...
fornecemsão textos que
instruções. Sãoincitam
orienta-à
A própria independência do parlamento sucumbiria integral- dos para um comportamento futuro do destinatário.
mente frente à possibilidade de inobservância e desconsideração
de suas deliberações. Texto Injuntivo - A necessidade de explicar e orientar por es-
Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civi- crito o modo de realizar determinados procedimentos, manipular
lização. instrumentos, desenvolver atividades lúdicas e desempenhar algu-
Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete scali- mas funções prossionais, por exemplo, deu srcem aos chamados
zar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes textos injuntivos, nos quais prevalece a função apelativa da lin-
do Estado, praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando guagem, criando-se uma relação direta com o receptor. É comum
a eles, a todo momento, como proceder. aos textos dessa natureza o uso dos verbos no imperativo (Abra o
Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa caderno de questões) ou no innitivo (É preciso abrir o caderno
concepção. de questões, vericar o número de alternativas...). Não apresenta
Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem som- caráter coercitivo, haja vista que apenas induz o interlocutor a pro-
bra de dúvidas, o desconhecimento do próprio conceito de justiça, ceder desta ou daquela forma. Assim, torna-se possível substituir
incorrendo inclusive numa contradictio in adjecto. um determinado procedimento em função de outro, como é o caso
Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável do que ocorre com os ingredientes de uma receita culinária, por
Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é, no sistema da lega- exemplo. São exemplos dessa modalidade:
lidade, a justiça em sentido jurídico, isto é, no sentido mais aperta- - A mensagem revelada pela maioria dos livros de autoajuda;
do, mas menos incerto, da conformidade com o direito constituído, - O discurso manifestado mediante um manual de instruções;
independentemente da correspondente com a justiça social”. - As instruções materializadas por meio de uma receita culi-
Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concre - nária.
tos de efetivação da Justiça social compete, fundamentalmente, ao
Legislativo e ao Executivo, eis que seus membros são indicados Texto Instrucional -o texto instrucional é um tipo de texto in-
diretamente pelo povo. juntivo, didático, que tem por objetivo justamente apresentar orien-
Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, ade- tações ao receptor para que ele realize determinada atividade. Como
quando o proceder daqueles aos ditames da Constituição e da Le- as palavras do texto serão transformadas em ações visando a um ob -
gislação. jetivo, ou seja, algo deverá ser concretizado, é de suma importância
Luís Alberto Thompson Flores Lenz que nele haja clareza e objetividade. Dependendo do que se trata, é

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Língua Portuguesa
imprescindível haver explicações ou enumerações em que estejam “O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum de
elencados os materiais a serem utilizados, bem como os itens de anotações, que segurava na mão.”
determinados objetos que serão manipulados. Por conta dessas ca -
racterísticas, é necessário um título objetivo. Quanto à pontuação, Nesse período, o pronome relativo “que” estabelece conexão
frequentemente empregam-se dois pontos, vírgulas e pontos e vír - entre as duas orações. O iraquiano leu sua declaração num blo-
gulas. É possível separar as orientações por itens ou de modo coeso, quinho comum de anotações e segurava na mão , retomando na
por meio de períodos. Alguns textos instrucionais possuem subtítu- segunda um dos termos da primeira: bloquinho. O pronome relati-
los separando em tópicos as instruções, basta reparar nas bulas de vo é um elemento coesivo, e a conexão entre as duas orações, um
remédios, manuais de instruções e receitas. Pelo fato de o espaço fenômeno de coesão. Leia o texto que segue:
destinado aos textos instrucionais geralmente não ser muito extenso,
recomenda-se o uso de períodos. Leia os exemplos. Arroz-doce da infância
Texto organizado em itens:
Ingredientes
Para economizar nas compras 1 litro de leite desnatado
150g de arroz cru lavado
Quem deseja economizar ao comprar deve: 1 pitada de sal
- estabelecer um valor máximo para gastar; 4 colheres (sopa) de açúcar
- escolher previamente aquilo que deseja comprar antes de ir à 1 colher (sobremesa) de canela em pó
loja ou entrar em sites de compra;
- pesquisar os preços em diferentes lojas e sites, se possível; Preparo
- não se deixar levar completamente pelas sugestões dos ven- Em uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada de
dedores nem pelos apelos das propagandas; sal e mexa sem parar até cozinhar o arroz. Adicione o açúcar e
- optar pela forma de pagamento mais cômoda, sem se esque - deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em um recipiente,
cer de que o uso do cartão de crédito exige certa cautela e plane- polvilhe a canela. Sirva.
jamento. Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4.
Do mais, é só ir às compras e aproveitar! São Paulo, InCor, agosto de 1999, p. 42.
Texto organizado em períodos: Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingredientes
Para economizar nas compras e modo de preparar. As informações apresentadas na primeira são
retomadas na segunda. Nesta, os nomes mencionados pela primei-
Para economizar ao comprar, primeiramente estabeleça um ra vez na lista de ingredientes vêm precedidos de artigo denido,
valor máximo para gastar e então escolha previamente aquilo que o qual exerce, entre outras funções, a de indicar que o termo deter-
deseja comprar antes de ir à loja ou entrar em sites de compra. Se minado por ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica
possível, pesquise os preços em diferentes lojas e sites; não se dei- já zera menção.
xe levar completamente pelas sugestões dos vendedores nem pelos No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se adiciona o
apelos das propagandas e opte pela forma de pagamento mais cô- açúcar, o artigo citado na primeira parte. Se dissesse apenas adi-
moda: não se esqueça de que o uso do cartão de crédito exige certa cione açúcar, deveria adicionar, pois se trataria de outro açúcar,
cautela e planejamento. diverso daquele citado no rol dos ingredientes.
Do mais, aproveite as compras! Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: retomada
ou antecipação de palavras, expressões ou frases e encadeamento
Observe que, embora ambos os textos tratem do mesmo assun- de segmentos.
to, o segundo é uma adaptação do primeiro: tanto o modo verbal
quanto a pontuação sofreram alterações; além disso, algumas pala- Retomada ou Antecipação por meio de uma palavra gramatical
vras foram omitidas e outras acrescentadas. Isso ocorreu para que (pronome, verbos ou advérbios)
o aspecto instrucional, conferido pelos itens do primeiro exemplo,
não se perdesse no segundo texto, o qual, sem essas adaptações, “No mercado de trabalho brasileiro, ainda hoje não há total
passaria a impressão de ser um mero texto expositivo.
igualdade
que aquelesentre homensequivalentes.”
em cargos e mulheres: estas ainda ganham menos do
Coesão

Uma das propriedades que distinguem um texto de um amon- Nesse período, o pronome demonstrativo “estas” retoma o
toado de frases é a relação existente entre os elementos que os termo mulheres, enquanto “aqueles” recupera a palavra homens.
constituem. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre Os termos que servem para retomar outros são denominados
palavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele- anafóricos; os que servem para anunciar, para antecipar outros são
mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os chamados catafóricos. No exemplo a seguir, desta antecipa aban-
componentes do texto. Observe: donar a faculdade no último ano:

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Língua Portuguesa
“Já viu uma loucura desta, abandonar a faculdade no último - O artigo indenido serve geralmente para introduzir infor-
ano?” mações novas ao texto. Quando elas forem retomadas, deverão ser
São anafóricos ou catafóricos os pronomes demonstrativos, os precedidas do artigo denido, pois este é que tem a função de indi-
pronomes relativos, certos advérbios ou locuções adverbiais (nes- car que o termo por ele determinado é idêntico, em termos de valor
se momento, então, lá), o verbo fazer, o artigo denido, os prono - referencial, a um termo já mencionado.
mes pessoais de 3ª pessoa (ele, o, a, os, as, lhe, lhes), os pronomes
indenidos. Exemplos: “O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na sala
de espetáculos. Curiosamente, a carteira tinha muito dinheiro
“Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na dentro, mas nem um documento sequer.”
cátedra de Sociologia na Universidade de São Paulo.”
- Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois
O pronome relativo “quem” retoma o substantivo mestre. termos distintos, há uma ruptura de coesão, porque ocorre uma
ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal
“As pessoas simplicam Machado de Assis; elas o veem como forma que o leitor possa determinar exatamente qual é a palavra
um pensador cín iço e descrente do amor e da amizade.” retomada pelo anafórico.
O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o “Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por
pronome pessoal “o” retoma o nome Machado de Assis. causa da sua arrogância.”
“Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator
roupa escura.” quanto a diretor.
O numeral “ambos” retoma a expressão os dois homens. “André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que traba-
lha na mesma rma.”
“Fui ao cinema domingo e, chegando lá, quei desanimado
com a la.” Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo
amiga ou a ex-namorado. Permutando o anafórico “que” por “o
O advérbio “lá” recupera a expressão ao cinema. qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita.
“O governador vai pessoalmente inaugurar a creche dos fun- Retomada por palavra lexical
cionários do palácio, e o fará para demonstrar seu apreço aos
servidores.” (substantivo, adjetivo ou verbo)
Uma palavra pode ser retomada, que por uma repetição, quer
A forma verbal “fará” retoma a perífrase verbal vai inaugu- por uma substituição por sinônimo, hiperônimo, hipônimo ou an-
rar e seu complemento. tonomásia.
Sinônimo é o nome que se dá a uma palavra que possui o
- Em princípio, o termo a que o anafórico se refere deve estar
mesmo sentido que outra, ou sentido bastante aproximado: injúria
presente no texto, senão a coesão ca comprometida, como neste
exemplo: e afronta, alegre e contente.
Hiperônimo é um termo que mantém com outro uma relação
“André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há vários do tipo contém/está contido;
meses.” Hipônimo é uma palavra que mantém com outra uma relação
do tipo está contido/contém. O signicado do termo rosa está con-
A rigor, não se pode dizer que o pronome “la” seja um anafó- tido no de or e o de or contém o de rosa, pois toda rosa é uma
rico, pois não está retomando nenhuma das palavras citadas antes. or, mas nem toda or é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de
Exatamente por isso, o sentido da frase ca totalmente prejudica- rosa, e esta palavra é hipônimo daquela.
do: não há possibilidade de se depreender o sentido desse prono- Antonomásia é a substituição de um nome próprio por um
me. nome comum ou de um comum por um próprio. Ela ocorre, prin-
Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se rera a ne- cipalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma ca-
nhuma palavra citada anteriormente no interior do texto, mas que racterística notória ou quando o nome próprio de uma personagem
possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que famosa é usada para designar outras pessoas que possuam a mes-
se inscreve o texto. É o caso de um exemplo como este: ma característica que a distingue:

“O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava de- “O rei do futebol (=Pelé) som podia ser um brasileiro.”
sesperado, porque eram 21 horas e ela não havia comparecido.”
“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa
Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela” recente minissérie de tevê.”
é um anafórico que só pode estar-se referindo à palavra noiva.
Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado
pelo atraso da noiva (representada por “ela” no exemplo citado). pela liberdade na Europa e na América.

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Língua Portuguesa
“Ele é um hércules (=um homem muito forte). Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de Macha-
do de Assis:
Referência à força física que caracteriza o herói grego Hér -
cules. (...)
Mas a lua, tando o sol, com azedume:
“Um presidente da República tem uma agenda de trabalho
extremamente carregada. Deve receber ministros, embaixadores, “Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo momento Claridade imorta, que toda a luz resume!”
tomar graves decisões que afetam a vida de muitas pessoas; ne- Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, v.III,
cessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e no mundo. p. 151.
Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e termi-
nar sua jornada altas horas da noite.” Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo
que disse a lua, isto é, antes das aspas, ca subentendido, é omitido
A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o por ser facilmente presumível.
último período e o que vem antes dele. Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no
exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que vem elidido (ou apagado)
“Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os astros antes de sentiu e parou:
sempre o atraíram.
“Meu pai começou a andar novamente, sentiu a pontada no
Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros, peito e parou.”
que recupera os hipônimos estrelas, planetas, satélites.
Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que
“Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do ho- segue, aquela promoção é complemento tanto de querer quanto de
mem era regido por humores (uidos orgânicos) que percorriam, desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo:
ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso cor-
po. Eram quatro os humores: o sangue, a euma (secreção pulmo- “Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preferido. A -
nar), a bile amarela e a bile negra. E eram também estes quatro nal, queria muito, desejava ardentemente aquela promoção.”
uidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco), à
Água (úmido), ao Fogo (quente) e à Terra (frio), respectivamente.” Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm
Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18. regência diferente, a coesão é rompida. Por exemplo, não se deve
dizer “Conheço e gosto deste livro” , pois o verbo conhecer rege
Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma
se faz pela repetição da palavra humores; entre o terceiro e o se- o complemento inteiro, portanto teríamos uma preposição inde-
gundo se faz pela utilização do sinônimo uidos. vida: “Conheço (deste livro) e gosto deste livro”. Em “Implico
É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras, e dispenso sem dó os estranhos palpiteiros” , diferentemente, no
pois, se ela não for usada para criar um efeito de sentido de inten- complemento em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo
sicação, constituirá uma falha de estilo. No trecho transcrito a verbo implicar.
seguir, por exemplo, ca claro o uso da repetição da palavra vice Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é co-
e outras parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem), com a evidente locar o complemento junto ao primeiro verbo, respeitando sua
intenção de ridicularizar a condição secundária que um provável regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acres -
amenguista atribui ao Vasco e ao seu Vice-presidente: centando a preposição devida (Conheço este livro e gosto dele)
ou eliminando a indevida (Implico com estranhos palpiteiros e os
“Recebi por esses dias um e-mail com uma série de piadas dispenso sem dó).
sobre o pouco simpático Eurico Miranda. Faltam-me provas, mas
tudo leva a crer que o remetente seja um amenguista.” Coesão por Conexão
Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presiden-
te do clube, vice-campeão carioca e bi vice-campeão mundial. E Há na língua uma série de palavras ou locuções que são res -
isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete, ponsáveis pela concatenação ou relação entre segmentos do texto.
no Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discur-
que vicejam. Espero que não viciem. sivos. Por exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 08/03/2000, p. seja.
4-7. Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: es-
tabelecem entre elas relações semânticas de diversos tipos, como
A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Es-
ser facilmente recuperado pelo contexto. Também constitui um sas relações exercem função argumentativa no texto, por isso os
expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria operadores discursivos não podem ser usados indiscriminadamente.
repetido, e o preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado Na frase “O time apresentou um bom futebol, mas não alcan-
(=elíptico) exige, necessariamente, que se faça correlação com ou- çou a vitória”, por exemplo, o conector “mas” está adequadamen-
tros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que te usado, pois ele liga dois segmentos com orientação argumenta-
se desenrola a fala. tiva contrária.

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Língua Portuguesa
Se fosse utilizado, nesse caso, o conector “portanto”, o resul- porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da expo-
tado seria um paradoxo semântico, pois esse operador discursivo sição. Não teria cabimento usar operadores desse tipo para ligar
liga dois segmentos com a mesma orientação argumentativa, sen- dois segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e
do o segmento introduzido por ele a conclusão do anterior. escondeu o choro que tomou conta dele”.

- Gradação: há operadores que marcam uma gradação numa - Disjunção Argumentativa: há também operadores que in-
série de argumentos orientados para uma mesma conclusão. Divi- dicam uma disjunção argumentativa, ou seja, fazem uma conexão
dem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais entre segmentos que levam a conclusões opostas, que têm orienta-
forte de uma série: até, mesmo, até mesmo, inclusive, e os que ção argumentativa diferente: ou, ou então, quer... quer, seja... seja,
subentendem uma escala com argumentos mais fortes: ao menos, caso contrário, ao contrário.
pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito.
“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a
“Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem arti- briga, para que ele não apanhasse.”
culado, conhece bem o assunto de que fala e é até sedutor.” O argumento introduzido por ao contrário é diametralmente
oposto àquele de que o falante teria agredido alguém.
Toda a série de qualidades está orientada no sentido de com-
provar que ele é bom conferencista; dentro dessa série, ser sedutor - Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão
é considerado o argumento mais forte. em relação ao que foi dito em dois ou mais enunciados anteriores
(geralmente, uma das armações de que decorre a conclusão ca
“Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Che- implícita, por manifestar uma voz geral, uma verdade universal-
gará a ser pelo menos diretor da empresa.” mente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois (o pois é con-
clusivo quando não encabeça a oração).
Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo
sentido de ser ambicioso e ter grande capacidade de trabalho; por “Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao contro-
outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para com- le dos uxos mundiais de petróleo. Por conseguinte, não é moral -
provar que ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe mente defensável.”
(por exemplo, ser presidente da empresa) e que se está usando o
menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à arma-
de valor positivo. ção exposta no primeiro período.

“Ele não é bom aluno. No máximo vai terminar o segundo


grau.” - Comparação:
os que outroscomparação
estabelecem uma importantesdeoperadores
igualdade,discursivos são
superioridade
ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão
No máximo introduz um argumento orientado no mesmo sen- contrária ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como,
tido de ter muita diculdade de aprender; supõe que há uma escala mais... (do) que.
argumentativa (por exemplo, fazer uma faculdade) e que se está
usando o argumento menos forte da escala no sentido de provar a “Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves
armação anterior; no máximo e quando muito estabelecem liga- quanto maior for a corrupção entre os agentes penitenciários.”
ção entre argumentos de valor depreciativo.
O comparativo de igualdade tem no texto uma função argu-
mentativa: mostrar que o problema da fuga de presos cresce à me-
- Conjunção Argumentativa: há operadores que assinalam dida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por
uma conjunção argumentativa, ou seja, ligam um conjunto de ar - isso, os segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista
gumentos orientados em favor de uma dada conclusão: e, também, sintático, mas não o são do ponto de vista argumentativo, pois não
ainda, nem, não só... mas também, tanto... como, além de, a par há igualdade argumentativa proposta, “Tanto maior será a cor-
de. rupção entre os agentes penitenciários quanto mais grave for o
problema da fuga de presos”.
“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões
da escola, é muito respeitado pelos funcionários e também é muito opostas: Imagine-se, por exemplo, o seguinte diálogo entre o dire-
querido pelos alunos.” tor de um clube esportivo e o técnico de futebol:

Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlo- “__Precisamos promover atletas das divisões de base para
cutor quem pode tomar uma dada decisão. O último deles é intro- reforçar nosso time.
duzido por “e também”, que indica um argumento nal na mesma __Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os
direção argumentativa dos precedentes. do time principal.”
Esses operadores introduzem novos argumentos; não signi- Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção,
cam, em hipótese nenhuma, a repetição do que já foi dito. Ou seja, pois ele declara que qualquer atleta das divisões de base tem, pelo
só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que menos, o mesmo nível dos do time principal, o que signica que
representam uma progressão discursiva. É possível dizer “Dis- estes não primam exatamente pela excelência em relação aos ou-
farçou as lágrimas que o assaltaram e continuou seu discurso”, tros.

27
Língua Portuguesa
Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os seg- A diferença entre as adversativas e as concessivas, portanto, é
mentos na sua fala: de estratégia argumentativa. Compare os seguintes períodos:

“__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das “Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argu-
divisões de base.” mento mais fraco), a realidade mostrou-se mais complexa (argu-
mento mais forte).”
Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da pro- “O exército planejou minuciosamente a operação (argumen-
moção, pois ele estaria declarando que os atletas do time principal to mais fraco), mas a realidade mostrou-se mais complexa (argu-
são tão bons quanto os das divisões de base. mento mais forte).”
- Explicação ou Justicativa: há operadores que introduzem
uma explicação ou uma justicativa em relação ao que foi dito duzem- Argumento Decisivo:
um argumento hápara
decisivo operadores
derrubardiscursivos que intro-
a argumentação con-
anteriormente: porque, já que, que, pois.
trária, mas apresentando-o como se fosse um acréscimo, como se
“Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autori- fosse apenas algo mais numa série argumentativa: além do mais,
zação da ONU, devem arcar sozinhos com os custos da guerra.” além de tudo, além disso, ademais.

Já que inicia um argumento que dá uma justicativa para a “Ele está num período muito bom da vida: começou a namo-
tese de que os Estados Unidos devam arcar sozinhos com o custo rar a mulher de seus sonhos, foi promovido na empresa, recebeu
da guerra contra o Iraque. um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ga-
nhou uma bolada na loteria.”
- Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam
uma relação de contrajunção, isto é, que ligam enunciados com O operador discursivo introduz o que se considera a prova
orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversati- mais forte de que “Ele está num período muito bom da vida”; no
vas (mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém ) e as entanto, essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma.
concessivas (embora, apesar de, apesar de que, conquanto, ainda
que, posto que, se bem que). - Generalização ou Amplicação: existem operadores que
Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se assinalam uma generalização ou uma amplicação do que foi dito
tanto umas como outras ligam enunciados com orientação argu- antes: de fato, realmente, como aliás, também, é verdade que.
mentativa contrária?
Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento intro-
duzido pela conjunção. “O problema
de empregos. da erradicação
De fato, da pobreza
só o crescimento passa
econômico pela
leva aogeração
aumen-
“O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta to de renda da população.”
mais decidido a vencer.”
O conector introduz uma amplicação do que foi dito antes.
Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negati-
va sobre um processo ocorrido com o atleta, enquanto a começada “Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que
pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segun- atualmente militam no nosso futebol.
da orientação é a mais forte. O conector introduz uma generalização ao que foi armado:
Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é boni- não “ele”, mas todos os técnicos do nosso futebol são retranquei-
ta” com “Ela não é bonita, mas é simpática”. No primeiro caso, o ros.
que se quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza;
no segundo, que a falta de beleza perde relevância diante da sim- - Especicação ou Exemplicação: também há operadores
patia. Quando se usam as conjunções adversativas, introduz-se um que marcam uma especicação ou uma exemplicação do que foi
argumento com vistas a determinada conclusão, para, em seguida, armado anteriormente: por exemplo, como.
apresentar um argumento decisivo para uma conclusão contrária.
Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa “A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas
que predomina é a do segmento não introduzido pela conjunção.
entre as camadas mais pobres da população. Por exemplo, é cres-
“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramáti- cente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em
ca, trata-se de capacidades diferentes.” toda sorte de delitos, dos menos aos mais graves.”
A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação ar - Por exemplo assinala que o que vem a seguir especica,
gumentativa no sentido de que saber escrever e saber gramática exemplica a armação de que a violência não é um fenômeno
são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”.
argumentativa contrária.
Quando se utilizam conjunções concessivas, a estratégia ar - - Reticação ou Correção: há ainda os que indicam uma re-
gumentativa é a de introduzir no texto um argumento que, embo- ticação, uma correção do que foi armado antes: ou melhor, de
ra tido como verdadeiro, será anulado por outro mais forte com fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em
orientação contrária. outras palavras. Exemplo:

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Língua Portuguesa
“Vou-me casar neste nal de semana. Ou melhor, vou passar - Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a ordem
a viver junto com minha namorada.” dos assuntos numa exposição: primeiramente, em segunda, a se-
guir, nalmente, etc.
O conector inicia um segmento que retica o que foi dito an-
tes. “Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicialmente,
Esses operadores servem também para marcar um esclareci- das agruras por que passam as populações civis; em seguida, dis-
mento, um desenvolvimento, uma redenição do conteúdo enun- correrei sobre a vida dos soldados na frente de batalha; nalmen -
ciado anteriormente. Exemplo: te, exporei suas consequências para a economia mundial e, por-
tanto, para a vida cotidiana de todos os habitantes do planeta.”
“A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros nas
corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato, os interesses dos fabri- - Sequenciadores para Introdução: são os que, na conver-
cantes mais uma vez prevaleceram sobre os da saúde.” sação principalmente, servem para introduzir um tema ou mudar
de assunto: a propósito, por falar nisso, mas voltando ao assunto,
O conector introduz um esclarecimento sobre o que foi dito fazendo um parêntese, etc.
antes.
Servem ainda para assinalar uma atenuação ou um reforço do “Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas pes-
conteúdo de verdade de um enunciado. Exemplo: soas. A propósito, era um homem que sabia agradar às mulheres.”

“Quando a atual oposição estava no comando do país, não - Operadores discursivos não explicitados: se o texto for
fez o que exige hoje que o governo faça. Ao contrário, suas políti- construído sem marcadores de sequenciação, o leitor deverá in-
cas iam na direção contrária do que prega atualmente. ferir, a partir da ordem dos enunciados, os operadores discursivos
não explicitados na superfície textual. Nesses casos, os lugares dos
O conector introduz um argumento que reforça o que foi dito diferentes conectores estarão indicados, na escrita, pelos sinais de
antes. pontuação: ponto-nal, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos.

- Explicação: há operadores que desencadeiam uma explica- “A reforma política é indispensável. Sem a existência da de-
ção, uma conrmação, uma ilustração do que foi armado antes: lidade partidária, cada parlamentar vota segundo seus interesses
assim, desse modo, dessa maneira. e não de acordo com um programa partidário. Assim, não há ba-
ses governamentais sólidas.”
“O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto se Esse texto contém três períodos. O segundo indica a causa
processavam as negociações, atacou de surpresa.”
de a reforma
primeiro política
período está ser indispensável.
no lugar Portanto
de um porque . o ponto-nal do
O operador introduz uma conrmação do que foi armado
antes. A língua tem um grande número de conectores e sequencia-
dores. Apresentamos os principais e explicamos sua função. É pre-
Coesão por Justaposição ciso car atento aos fenômenos de coesão. Mostramos que o uso
inadequado dos conectores e a utilização inapropriada dos anafó-
É a coesão que se estabelece com base na sequência dos enun- ricos ou catafóricos geram rupturas na coesão, o que leva o texto a
ciados, marcada ou não com sequenciadores. Examinemos os prin- não ter sentido ou, pelo menos, a não ter o sentido desejado. Outra
cipais sequenciadores. falha comum no que tange a coesão é a falta de partes indispensá-
veis da oração ou do período. Analisemos este exemplo:
- Sequenciadores Temporais: são os indicadores de anterio-
ridade, concomitância ou posterioridade: dois meses depois, uma “As empresas que anunciaram que apoiariam a campanha de
semana antes, um pouco mais tarde, etc. (são utilizados predomi- combate à fome que foi lançada pelo governo federal.”
nantemente nas narrações). O período compõe-se de:
- As empresas
“Uma semana antes de ser internado gravemente doente, ele - que anunciaram (oração subordinada adjetiva restritiva da
esteve conosco. Estava alegre e cheio de planos para o futuro.” primeira oração)
- Sequenciadores Espaciais: são os indicadores de posição - que apoiariam a campanha de combate à fome (oração su-
relativa no espaço: à esquerda, à direita, junto de, etc. (são usados bordinada substantiva objetiva direta da segunda oração)
principalmente nas descrições). - que foi lançada pelo governo federal (oração subordinada
adjetiva restritiva da terceira oração).
“A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, represen-
tando o amor e a castidade, sustentam uma cúpula oval de forma Observe-se que falta o predicado da primeira oração. Quem
ligeira, donde se desdobram até o pavimento bambolins de cassa escreveu o período começou a encadear orações subordinadas e
níssima. (...) Do outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o “esqueceu-se” de terminar a principal.
dispensa nosso ameno clima uminense, ainda na maior força do Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em períodos
inverno.” longos. No entanto, mesmo quando se elaboram períodos curtos é
José de Alencar. Senhora. preciso cuidar para que sejam sintaticamente completos e para que
São Paulo, FTD, 1992, p. 77. suas partes estejam bem conectadas entre si.

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Língua Portuguesa
Para que um conjunto de frases constitua um texto, não bas- marcantes (a visita que se percebia na sala apropriada e o cami-
ta que elas estejam coesas: se não tiverem unidade de sentido, solão que se usava para dormir); a segunda é caracterizada por
mesmo que aparentemente organizadas, elas não passarão de um amores perdidos, de que não se quer mais falar; a terceira, pela
amontoado injusticado. Exemplo: formalidade e pela responsabilidade indicadas pela participação
formal do nascimento da lha; a última, pela condescendência
“Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem excelentes para com a traquinagem do neto (a quem cabe a vez de assumir
restaurantes. Ela tem bairros muito pobres. Também o Rio de Ja- a ação). A primeira parte é uma sucessão de palavras; a segunda,
neiro tem favelas.” uma frase em que falta um nexo sintático; a terceira, a participação
do nascimento de uma lha; e a quarta, uma oração completa, po-
Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade retoma o
rém aparentemente desgarrada das demais.
substantivo São Paulo, estabelecendo uma relação entre o segun-
do e o primeiro períodos. O pronome “ela” recupera a palavra Como
em seus se explica
múltiplos que sejamos
sentidos, apesarcapazes
da faltade
deentender essede
marcadores poema
coe-
cidade, vinculando o terceiro ao segundo período. O operador tam-
bém realiza uma conjunção argumentativa, relacionando o quar - são entre as partes?
to período ao terceiro. No entanto, esse conjunto não é um texto, A explicação está no fato de que ele tem uma qualidade indis-
pois não apresenta unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A pensável para a existência de um texto: a coerência.
coesão, portanto, é condição necessária, mas não suciente, para Que é a unidade de sentido resultante da relação que se esta -
produzir um texto. belece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreender a
outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma das
Coerência partes ganha sentido. No poema acima, os subtítulos “Infância”,
“Adolescência”, “Maturidade” e “Velhice” garantem essa unidade.
Infância Colocar a participação formal do nascimento da lha, por exem-
plo, sob o título “Maturidade” dá a conotação da responsabilida-
O camisolão de habitualmente associada ao indivíduo adulto e cria um sentido
O jarro unitário.
O passarinho Esse texto, como outros do mesmo tipo, comprova que um
O oceano conjunto de enunciados pode formar um todo coerente mesmo sem
A vista na casa que a gente sentava no sofá a presença de elementos coesivos, isto é, mesmo sem a presença
explícita de marcadores de relação entre as diferentes unidades lin-
Adolescência
guísticas. Em outros termos, a coesão funciona apenas como um
Aquele amor mecanismo auxiliar na produção da unidade de sentido, pois esta
depende, na verdade, das relações subjacentes ao texto, da não-
Nem me fale
contradição entre as partes, da continuidade semântica, em síntese,
Maturidade da coerência.
A coerência é um fator de interpretabilidade do texto, pois
O Sr. e a Sra. Amadeu possibilita que todas as suas partes sejam englobadas num único
Participam a V. Exa. signicado que explique cada uma delas. Quando esse sentido não
O feliz nascimento pode ser alcançado por faltar relação de sentido entre as partes,
De sua lha lemos um texto incoerente, como este:
Gilberta A todo ser humano foi dado o direito de opção entre a medio-
Velhice cridade de uma vida que se acomoda e a grandeza de uma vida
voltada para o aprimoramento intelectual.
O netinho jogou os óculos A adolescência é uma fase tão difícil que todos enfrentam. De
Na latrina repente vejo que não sou mais uma “criancinha” dependente do
Oswaldo de Andrade. Poesias reunidas. “papai”. Chegou a hora de me decidir! Tenho que escolher uma
4ª Ed. Rio de Janeiro prossão para me realizar e ser independente nanceiramente.
Civilização Brasileira, 1974, p. 160-161. No país em que vivemos, que predomina o capitalismo, o mais
Talvez o que mais chame a atenção nesse poema, ao menos à rico sempre é quem vence!
primeira vista, seja a ausência de elementos de coesão, quer reto- Apud: J. A. Durigan, M. B. M. Abaurre e Y. F. Vieira (orgs).
mando o que foi dito antes, quer encadeando segmentos textuais. A magia da mudança. Campinas, Unicamp, 1987, p. 53.
No entanto, percebemos nele um sentido unitário, sobretudo se
soubermos que o seu título é “As quatro gares”, ou seja, as quatro Nesses parágrafos, vemos três temas (direito de opção; adoles-
estações. cência e escolha prossional; relações sociais sob o capitalismo)
Com essa informação, podemos imaginar que se trata de a- que mantêm relações muito tênues entre si. Esse fato, prejudicando
shes de cada uma das quatro grandes fases da vida: a infância, a a continuidade semântica entre as partes, impede a apreensão do
adolescência, a maturidade e a velhice. A primeira é caracterizada todo e, portanto, congura um texto incoerente.
pelas descobertas (o oceano), por ações (o jarro, que certamente a Há no texto, vários tipos de relação entre as partes que o com-
criança quebrara; o passarinho que ela caçara) e por experiências põem, e, por isso, costuma-se falar em vários níveis de coerência.

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Língua Portuguesa
Coerência Narrativa Coerência Figurativa
A coerência narrativa consiste no respeito às implicações ló- A coerência gurativa refere-se à compatibilidade das guras
gicas entre as partes do relato. Por exemplo, para que um sujeito que manifestam determinado tema. Para que o leitor possa per -
realize uma ação, é preciso que ele tenha competência para tanto, ceber o tema que está sendo veiculado por uma série de guras
ou seja, que saiba e possa efetuá-la. Constitui, então, incoerên- encadeadas, estas precisam ser compatíveis umas com as outras.
cia narrativa o seguinte exemplo: o narrador conta que foi a uma Seria estranho (para dizer o mínimo) que alguém, ao descrever um
festa onde todos fumavam e, por isso, a espessa fumaça impedia jantar oferecido no palácio do Itamarati a um governador estran-
que se visse qualquer coisa; de repente, sem mencionar nenhuma geiro, depois de falar de baixela de prata, porcelana níssima, o-
mudança dessa situação, ele diz que se encostou a uma coluna e res, candelabros, toalhas de renda, incluísse no percurso gurativo
passou a observar as pessoas, que eram ruivas, loiras, morenas.
Se o narrador diz que não podia enxergar nada, é incoerente dizer guardanapos de papel.
que via as pessoas com tanta nitidez. Em outros termos, se nega a Coerência Temporal
competência para a realização de um desempenho qualquer, esse
desempenho não pode ocorrer. Isso por respeito às leis da coerên- Por coerência temporal entende-se aquela que concerne à su-
cia narrativa. Observe outro exemplo: cessão dos eventos e à compatibilidade dos enunciados do ponto
de vista de sua localização no tempo. Não se poderia, por exemplo,
“Pior fez o quarto-zagueiro Edinho Baiano, do Paraná Clu- dizer: “O assassino foi executado na câmara de gás e, depois,
be, entrevistado por um repórter da Rádio Cidade. O Paraná tinha condenado à morte”.
tomado um balaio de gols do Guarani de Campinas, alguns dias
antes. O repórter queria saber o que tinha acontecido. Edinho não Coerência Espacial
teve dúvida sobre os motivos:
__ Como a gente já esperava, fomos surpreendidos pelo ata- A coerência espacial diz respeito à compatibilidade dos enun-
que do Guarani.” ciados do ponto de vista da localização no espaço. Seria incoeren -
Ernâni Buchman. In: Folha de Londrina. te, por exemplo, o seguinte texto: “O lme ‘A Marvada Carne’
mostra a mudança sofrida por um homem que vivia lá no interior e
A surpresa implica o inesperado. Não se pode ser surpreendi- encanta-se com a agitação e a diversidade da vida na capital, pois
do com o que já se esperava que acontecesse.
aqui já não suportava mais a mesmice e o tédio” . Dizendo lá no
Coerência Argumentativa interior, o enunciador dá a entender que seu pronunciamento está
sendo feito de algum lugar distante do interior; portanto ele não
A coerência argumentativa diz respeito às relações de im- poderia usar o advérbio “aqui” para localizar “a mesmice” e “o
plicação ou de adequação entre premissas e conclusões ou entre tédio” que caracterizavam a vida interiorana da personagem. Em
armações e consequências. Não é possível alguém dizer que é a síntese, não é coerente usar “lá” e “aqui” para indicar o mesmo
favor da pena de morte porque é contra tirar a vida de alguém. Da lugar.
mesma forma, é incoerente defender o respeito à lei e à Constitui- Coerência do Nível de Linguagem Utilizado
ção Brasileira e ser favorável à execução de assaltantes no interior
de prisões. A coerência do nível de linguagem utilizado é aquela que con-
Muitas vezes, as conclusões não são adequadas às premissas. cerne à compatibilidade do léxico e das estruturas morfossintáti-
Não há coerência, por exemplo, num raciocínio como este: cas com a variante escolhida numa dada situação de comunicação.
Ocorre incoerência relacionada ao nível de linguagem quando, por
Há muitos servidores públicos no Brasil que são verdadeiros exemplo, o enunciador utiliza um termo chulo ou pertencente à
marajás. linguagem informal num texto caracterizado pela norma culta for -
O candidato a governador é funcionário público. mal. Tanto sabemos que isso não é permitido que, quando o faze-
Portanto o candidato é um marajá. mos, acrescentamos uma ressalva: com perdão da palavra, se me
permitem dizer. Observe um exemplo de incoerência nesse nível:
Segundo uma lei da lógica formal, não se pode concluir nada
com certeza baseado em duas premissas particulares. Dizer que “Tendo recebido a noticação para pagamento da chama -
muitos servidores públicos são marajás não permite concluir que da taxa do lixo, ouso dirigir-me a V. Exª, senhora prefeita, para
qualquer um seja. expor-lhe minha inconformidade diante dessa medida, porque o
A falta de relação entre o que se diz e o que foi dito anterior - IPTU foi aumentado, no governo anterior, de 0,6% para 1% do
mente também constitui incoerência. É o que se vê neste diálogo: valor venal do imóvel exatamente para cobrir as despesas da mu-
nicipalidade com os gastos de coleta e destinação dos resíduos só-
“__ Vereador, o senhor é a favor ou contra o pagamento de lidos produzidos pelos moradores de nossa cidade. Francamente,
pedágio para circular no centro da cidade? achei uma sacanagem esta armação da Prefeitura: jogar mais um
__ É preciso melhorar a vida dos habitantes das grandes ci- gasto nas costas da gente.”
dades. A degradação urbana atinge a todos nós e, por conseguin-
te, é necessário reabilitar as áreas que contam com abundante Como se vê, o léxico usado no último período do texto destoa
oferta de serviços públicos.” completamente do utilizado no período anterior.

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Língua Portuguesa
Ninguém há de negar a incoerência de um texto como este: À primeira vista, parece não haver nenhuma coerência na enu-
Saltou para a rua, abriu a janela do 5º andar e deixou um bilhe- meração desses elementos. Quando camos sabendo, no entanto,
te no parapeito explicando a razão de seu suicídio, em que há que eles fazem parte de um texto intitulado “100 motivos para
evidente violação da lei sucessivamente dos eventos. Entretanto gostar de São Paulo”, o que aparentemente era caótico torna-se
talvez nem todo mundo concorde que seja incoerente incluir guar - coerente:
danapos de papel no jantar do Itamarati descrito no item sobre
coerência gurativa, alguém poderia objetivar que é preconceito 100 motivos para gostar de São Paulo
considerá-los inadequados. Então, justica-se perguntar: o que, 1. Um chopps
anal, determina se um texto é ou não coerente? 2. E dois pastel
A natureza da coerência está relacionada a dois conceitos bá- (...)
sicos de enunciados.
entre os verdade: adequação à realidade e conformidade lógica 5. O polpettone do Jardim de Napoli
(...)
Vimos que temos diferentes níveis de coerência: narrativa, ar- 30. Cruzar a Ipiranga com a av. São João
gumentativa, gurativa, etc. Em cada nível, temos duas espécies (...)
diversas de coerência: 43. O “Parmera”
- extratextual: aquela que diz respeito à adequação entre o (...)
texto e uma “realidade” exterior a ele. 45. O “Curíntia”
- intratextual: aquela que diz respeito à compatibilidade, à (..)
adequação, à não-contradição entre os enunciados do texto. 59. Todo mundo estar usando cinto de segurança
(...)
A exterioridade a que o conteúdo do texto deve ajustar-se O texto apresenta os traços culturais da cidade, e todos con-
pode ser: vergem para um único signicado: a celebração da capital do esta-
- o conhecimento do mundo: o conjunto de dados referentes do de São Paulo no seu aniversário. Os dois primeiros itens de nos-
ao mundo físico, à cultura de um povo, ao conteúdo das ciências, so exemplo referem-se a marcas linguísticas do falar paulistano; o
etc. que constitui o repertório com que se produzem e se entendem terceiro, a um prato que tornou conhecido o restaurante chamado
textos. O período “O homem olhou através das paredes e viu onde Jardim de Napoli; o quarto, a um verso da música “Sampa”, de
os bandidos escondiam a vítima que havia sido sequestrada” é Caetano Veloso; o sexto e o sétimo, à maneira como os dois times
incoerente, pois nosso conhecimento do mundo diz que homens mais populares da cidade são denominados na variante linguística
não vêem através das paredes. Temos, então, uma incoerência - popular; o último à obediência a uma lei que na época ainda não
gurativa extratextual. vigorava no resto de
- A situação docomunicação:
país.
- os mecanismos semânticos e gramaticais da língua: o con-
junto dos conhecimentos sobre o código linguístico necessário à
codicação de mensagens decodicáveis por outros usuários da __A telefônica.
mesma língua. O texto seguinte, por exemplo, está absolutamente
__Era hoje?
sem sentido por inobservância de mecanismos desse tipo: Esse diálogo não seria compreendido fora da situação de in-
“Conscientizar alunos pré-sólidos ao ingresso de uma carrei- terlocução, porque deixa implícitos certos enunciados que, dentro
ra universitária informações críticas a respeito da realidade pro- dela, são perfeitamente compreendidos:
ssional a ser optada. Deve ser ciado novos métodos criativos nos
ensinos de primeiro e segundo grau: estimulando o aluno a forma- __ O empregado da companhia telefônica que vinha conser-
ção crítica de suas ideias as quais, serão a praticidade cotidiana. tar o telefone está aí.
Aptidões pessoais serão associadas a testes vocacionais sérios de __ Era hoje que ele viria?
maneira discursiva a analisar conceituações fundamentais.”
- O conhecimento de mundo:
Apud: J. A. Durigan et alii. Op. cit., p. 58.
31 de março / 1º de abril
Dúvida Revolucionária
Fatores de Coerência Ontem foi hoje?
Ou hoje é que foi ontem?
- O contexto: para uma dada unidade linguística, funcio-
na como contexto a unidade linguística maior que ela: a sílaba é Aparentemente, falta coerência temporal a esse poema: o que
contexto para o fonema; a palavra, para a sílaba; a oração, para a signica “ontem foi hoje” ou “hoje é que foi ontem?”. No entanto,
palavra; o período, para a oração; o texto, para o período, e assim as duas datas colocadas no início do poema e o título remetem a
por diante. um episódio da História do Brasil, o golpe militar de 1964, chama-
do Revolução de 1964. Esse fato deve fazer parte de nosso conhe -
“Um chopps, dois pastel, o polpettone do Jardim de Napo- cimento de mundo, assim como o detalhe de que ele ocorreu no dia
li, cruzar a Ipiranga com a avenida São João, o “Parmera”, o 1º de abril, mas sua comemoração foi mudada para 31 de março,
“Curíntia”, todo mundo estar usando cinto de segurança.” para evitar relações entre o evento e o “dia da mentira”.

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Língua Portuguesa
- As regras do gênero: Incoerência Proposital

“O homem olhou através das paredes e viu onde os bandidos Existem textos em que há uma quebra proposital da coerência,
escondiam a vítima que havia sido sequestrada.” com vistas a produzir determinado efeito de sentido, assim como
existem outros que fazem da não-coerência o próprio princípio
Essa frase é incoerente no discurso cotidiano, mas é comple- constitutivo da produção de sentido. Poderia alguém perguntar,
tamente coerente no mundo criado pelas histórias de super-heróis, então, se realmente existe texto incoerente. Sem dúvida existe: é
em que o Super-Homem, por exemplo, tem força praticamente aquele em que a incoerência é produzida involuntariamente, por
inabilidade, descuido ou ignorância do enunciador, e não usada
ilimitada; pode voar no espaço a uma velocidade igual à da luz;
funcionalmente para construir certo sentido.
quando ultrapassa essa velocidade, vence a barreira do tempo e Quando se trata de incoerência proposital, o enunciador dis-
pode transferir-se para outras épocas; seus olhos de raios X permi- semina pistas no texto, para que o leitor perceba que ela faz parte
tem-lhe ver através de qualquer corpo, a distâncias innitas, etc. de um programa intencionalmente direcionado para veicular de-
Nosso conhecimento de mundo não é restrito ao que efetiva- terminado tema. Se, por exemplo, num texto que mostra uma festa
mente existe, ao que se pode ver, tocar, etc.: ele inclui também os muito luxuosa, aparecem guras como pessoas comendo de boca
mundos criados pela linguagem nos diferentes gêneros de texto, aberta, falando em voz muito alta e em linguagem chula, osten-
cção cientíca, contos maravilhosos, mitos, discurso religioso, tando sua últimas aquisições, o enunciador certamente não está
etc., regidos por outras lógicas. Assim, o que é incoerente num querendo manifestar o tema do luxo, do requinte, mas o da vulga-
determinado gênero não o é, necessariamente, em outro. ridade dos novos-ricos. Para car no exemplo da festa: em lmes
como “Quero ser grande” (Big, dirigido por Penny Marshall em
- O sentido não literal: 1988, com Tom Hanks) e “Um convidado bem trapalhão” (The
party, Blake Edwards, 1968, com Peter Sellers), há cenas em que
“As verdes ideias incolores dormem, mas poderão explodir a os respectivos protagonistas exibem comportamento incompatível
com a ocasião, mas não há incoerência nisso, pois todo o enredo
qualquer momento.” converge para que o espectador se solidarize com eles, por sua
ingenuidade e falta de traquejo social. Mas, se aparece num texto
Tomando em seu sentido literal, esse texto é absurdo, pois, uma gura incoerente uma única vez, o leitor não pode ter certeza
nessa acepção, o termo ideias não pode ser qualicado por adjeti- de que se trata de uma quebra de coerência proposital, com vistas
vos de cor; não se podem atribuir ao mesmo ser, ao mesmo tempo, a criar determinado efeito de sentido, vai pensar que se trata de
as qualidades verde e incolor; o verbo dormir deve ter como sujei- contradição devida a inabilidade, descuido ou ignorância do enun-
to um substantivo animado. ciador.
No entanto, se entendermos ideias verdes em sentido não li- Dissemos também que há outros textos que fazem da inversão
teral, como concepções ambientalistas, o período pode ser lido da da realidade seu princípio constitutivo; da incoerência, um fator de
seguinte maneira: “As idéias ambientalistas sem atrativo estão la- coerência. São exemplos as obras de Lewis Carrol “Alice no país
tentes, mas poderão manifestar-se a qualquer momento.” das maravilhas” e “Através do espelho”, que pretendem apre-
sentar paradoxos de sentido, subverter o princípio da realidade,
- O intertexto: mostrar as aporias da lógica, confrontar a lógica do senso comum
com outras.
Falso diálogo entre Pessoa e Caeiro Reproduzimos um poema de Manuel Bandeira que contém
mais de um exemplo do que foi abordado:
__ a chuva me deixa triste...
__ a mim me deixa molhado. Teresa
José Paulo Paes. Op. Cit., p 79.
A primeira vez que vi Teresa
Muitos textos retomam outros, constroem-se com base em Achei que ela tinha pernas estúpidas
outros e, por isso, só ganham coerência nessa relação com o texto Achei também que a cara parecia uma perna
sobre o qual foram construídos, ou seja, na relação de intertextua-
lidade. É o caso desse poema. Para compreendê-lo, é preciso saber Quando vi Teresa de novo
que Alberto Caeiro é um dos heterônimos do poeta Fernando Pes- Achei que seus olhos eram muito mais velhos
[que o resto do corpo
soa;
líricaque heterônimo
distinta não é(opseudônimo,
da do autor maspara
ortônimo); que umaCaeiro
individualidade
o real é a (Os olhos nasceram e caram dez anos esperando
[que o resto do corpo nascesse)
exterioridade e não devemos acrescentar-lhe impressões subjeti-
vas; que sua posição é antimetafísica; que não devemos interpre - Da terceira vez não vi mais nada
tar a realidade pela inteligência, pois essa interpretação conduz a Os céus se misturaram com a terra
simples conceitos vazios, em síntese, é preciso ter lido textos de E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face
Caeiro. Por outro lado, é preciso saber que o ortônimo (Fernando [das águas.
Pessoa ele mesmo) exprime suas emoções, falando da solidão in- Poesias completas e prosa. Rio de Janeiro,
terior, do tédio, etc. Aguilar, 1986, p. 214.

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Língua Portuguesa
Para percebermos a coerência desse texto, é preciso, no míni-
mo, que nosso conhecimento de mundo inclua o poema:
2. CONHECIMEN TO LINGUÍ STICO 2.1. V A-
O Adeus de Teresa RI AÇÃ O L IN GU ÍS TI CA. 2.2. C LA SS ES DE
PALAVRAS : US OS E ADE QU AÇÕ ES. 2.3.
A primeira vez que tei Teresa, CONVENÇÕ ES DA NORMA P ADRÃO (NO
Como as plantas que arrasta a correnteza, ÂMB ITO DA CONC OR DÂN CI A, DA REG ÊN-
A valsa nos levou nos giros seus... CIA, DA ORTOGRAFIA E DA ACENTUAÇÃO
GRÁFICA). 2. 4. ORGANIZAÇÃO DO PERÍO-
Castro Alves DO SI MP LES E D O P ERÍ OD O C OM PO STO .
Para identicarmos a relação de intertextualidade entre eles; 2.5. PONTUA
TICAS ENT REÇÃO.
PALA2.6VRAS
. RELAÇÕES SEMÂN-
(SINON ÍMIA, AN-
que tenhamos noção da crítica do Modernismo às escolas literárias
precedentes, no caso, ao Romantismo, em que nenhuma musa se- TONÍMIA, HIPONÍMIA E HIPERONÍMIA).
ria tratada com tanta cerimônia e muito menos teria “cara”; que fa-
çamos uma leitura não literal; que percebamos sua lógica interna,
criada pela disseminação proposital de elementos que pareceriam
absurdos em outro contexto. “Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se
um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na or da idade;
se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador
Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras podem ser errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)”
empregadas no sentido próprio ou no sentido gurado. Exemplos:
- Construí um muro de pedra. (sentido próprio).
Todas as pessoas que falam uma determinada língua conhe-
- Ênio tem um coração de pedra. (sentido gurado).
- As águas pingavam da torneira, (sentido próprio). cem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento podem sofrer
- As horas iam pingando lentamente, (sentido gurado). variações devido à inuência de inúmeros fatores. Tais variações,
que às vezes são pouco perceptíveis e outras vezes bastantes evi-
Denotação e Conotação: Observe as palavras em destaque dentes, recebem o nome genérico de variedades ou variações lin-
nos seguintes exemplos: guísticas.
- Comprei uma correntinha de ouro. Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se
- Fulano
No nadava
primeiro em ouro
exemplo, .
a palavra ouro denota ou designa sim- que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes-
plesmente o conhecido metal precioso, tem sentido próprio, real, mo signicado dentro de um mesmo contexto. Suponham-se, por
denotativo. exemplo, os dois enunciados a seguir:
No segundo exemplo, ouro sugere ou evoca riquezas, poder,
glória, luxo, ostentação; tem o sentido conotativo, possui várias Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz tempo.
conotações (ideias associadas, sentimentos, evocações que irra- Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos.
diam da palavra). Qualquer falante do português reconhecerá que os dois enun-
ciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido, mas tam -
bém que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que o segundo é
de gente mais “estudada”.
Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber dar
grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem muitas
maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos chamam de
variações linguísticas.
As variações que distinguem uma variante de outra se mani-
festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico,
sintático e lexical.

Variações Fônicas

São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons constituin-


tes da palavra. Os exemplos de variação fônica são abundantes e,
ao lado do vocabulário, constituem os domínios em que se percebe
com mais nitidez a diferença entre uma variante e outra. Entre es -
ses casos, podemos citar:
- a queda do “r” nal dos verbos, muito comum na linguagem
oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô.

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Língua Portuguesa
- o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me - a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de”
hoje frequentes na fala caipira. com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a
- a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, ma- família dele (em vez de ...cuja família eu já conhecia ).
relo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem - a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando
oral coloquial. se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com
- a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró- você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua)
polis), fór (fósforo), porva (pólvora), todas elas formam típicas voz me irrita.
de pessoas de baixa extração social. - ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che-
- A pronúncia do “l” nal de sílaba como “u” (na maioria das gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): Variações Léxicas
quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.
- deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar,
É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do
estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa extração social. plano do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas
e caracterizam com nitidez uma variante em confronto com
Variações Morfológicas outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos possíveis de citar:
- a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. Nesse formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua-
domínio, as diferenças entre as variantes não são tão numerosas gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil;
quanto as de natureza fônica, mas não são desprezíveis. Como Esse amigo é um carinha maior esforçado.
exemplos, podemos citar: - as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às
- o uso do prexo hiper- em vez do suxo -íssimo para criar vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado
o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da lingua- a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no
gem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssi- Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de la no Brasil,
mo), uma prova hiper difícil (em vez de dicílima), um carro hiper em Portugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz
possante (em vez de possantíssimo). pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que cha-
- a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regu- mamos de suéter, malha, camiseta.
lares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver
(vir) o recado, quando ele repor (repuser). Designações das Variantes Lexicais:
- a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregula-
res: vareia (varia), negoceia (negocia). - Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por
- uso de substantivos masculinos como femininos ou vice- isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida. É
versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década de
champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da 60, o rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz gatinha ou
cal). forma semelhante), e um homem bonito era um pão; na linguagem
- a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e ad- antiga, médico era designado pelo nome físico; um bobalhão era
jetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usava-se gasosa;
indicado, as noite fria, os caso mais comum. algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa.
- o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o - Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de palavras
Brasil reete (reita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; recém-criadas, muitas das quais mal ou nem estraram para os di-
Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível cionários. A moderna linguagem da computação tem vários exem-
que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu. plos, como escanear, deletar, printar; outros exemplos extraídos
da tecnologia moderna são mixar (fazer a combinação de sons),
Variações Sintáticas robotizar, robotização.
Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. No - Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras empresta-
domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas as dife- das de outra língua, que ainda não foram aportuguesadas, preser-
renças entre uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar: vando a forma de srcem. Nesse caso, há muitas expressões lati -
- o uso de pronomes do caso reto com outra função que não a nas, sobretudo da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus
de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão (literalmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em
sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de liberdade”), ipso facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo”),
ti) e ele. ipsis litteris (textualmente, “com as mesmas letras”), grosso modo
- o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de (“de modo grosseiro”, “impreciso”), sic (“assim, como está escri-
“o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. to”), data venia (“com sua permissão”).
- a ausência da preposição adequada antes do pronome rela- As palavras de srcem inglesas são inúmeras: insight (com-
tivo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez preensão repentina de algo, uma percepção súbita), feeling (“sen-
de: de que) eu gosto muito; este é o melhor lme que (em vez de sibilidade”, capacidade de percepção), brieng (conjunto de in-
a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais formações básicas), jingle (mensagem publicitária em forma de
cono. música).

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Língua Portuguesa
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda não “Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.”
se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours (“fora de (frase 1)
concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête (palestra particu-
lar entre duas pessoas), esprit de corps (“espírito de corpo”, cor- Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos
porativismo), menu (cardápio), à la carte (cardápio “à escolha do caracterizá-la, por exemplo, pela sua prossão: um advogado? Um
freguês”), physique du rôle (aparência adequada à caracterização trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um garimpei-
de um personagem). ro? Um repórter de televisão?
E quem usaria a frase abaixo?
- Jargão: é o lexo típico de um campo profssional como a
medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. No jar- “Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.”
gão médico temos uso tópico (para remédios que não devem ser (frase 2)
ingeridos), apneia (interrupção da respiração), AVC ou acidente
vascular cerebral (derrame cerebral). No jargão jornalístico cha- Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a
ma-se de gralha, pastel ou caco o erro tipográco como a troca ou grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas
inversão de uma letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou, quando muito,
de uma notícia ou reportagem, onde se apresenta sucintamente o zeram-no em condições não adequadas.
assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é muito pro- Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que ti -
lixo, é chamado de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em primeira veram possibilidades socioeconômicas melhores e puderam, por
mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre os jor- isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura,
nalistas é comum o uso do verbo repercutir como transitivo direto: com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa forma,
__ Vá lá repercutir a notícia de renúncia! (esse uso é considerado “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua.
errado pela gramática normativa). Convém car claro, no entanto, que a diferenciação feita aci-
ma está bastante simplicada, uma vez que há diversos outros fa -
- Gíria: é o lexo especial de um grupo (srcinariamente de tores que interferem na maneira como o falante escolhe as palavras
marginais) que não deseja ser entendido por outros grupos ou que e constrói as frases. Por exemplo, a situação de uso da língua: um
pretende marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a advogado, num tribunal de júri, jamais usaria a expressão “tá na
gíria de grupos marginalizados, de grupos jovens e de segmen - cara”, mas isso não signica que ele não possa usá-la numa situa-
tos sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades ção informal (conversando com alguns amigos, por exemplo).
proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer língua: Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que as
ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo ou má sorte), ir condições sociais inuem no modo de falar dos indivíduos, geran-
pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-se irremediavel- do, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua.
mente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa), bicha (homossexual A elas damos o nome de variações socioculturais.
masculino), levar um lero (conversar).
- Geográca: é, no Brasil, bastante grande e pode ser facil-
- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico excessiva- mente notada. Ela se caracteriza pelo acento linguístico, que é o
mente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez de corrigir); conjunto das qualidades siológicas do som (altura, timbre, inten-
procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez de discordar); sidade), por isso é uma variante cujas marcas se notam principal-
cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em vez de obscurecer mente na pronúncia. Ao conjunto das características da pronúncia
ou embaçar); conúbio (em vez de casamento); chufa (em vez de de uma determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque mi-
caçoada, troça). neiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação geográ-
ca, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida no
- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso de vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferen-
um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de quem tes que algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do
diz, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou país.
(em vez de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de cheirar Leia, como exemplo de variação geográca, o trecho abaixo,
mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz). em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria a fala de
um típico sertanejo do centro-norte de Minas:
Tipos de Variação
“__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado
Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as va- Mangolô!].
riantes linguísticas um sistema de classicação que seja simples __ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não
e, ao mesmo tempo, capaz de dar conta de todas as diferenças que faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era moço,
caracterizam os múltiplos modos de falar dentro de uma comuni- isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras
dade linguística. O principal problema é que os critérios adotados, d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta de fa-
muitas vezes, se superpõem, em vez de atuarem isoladamente. zer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou percurando
As variações mais importantes, para o interesse do concurso é sossego...”
público, são os seguintes: - Histórica: as línguas não são estáticas, xas, imutáveis. Elas
se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de
- Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser percebido falar, mudam as palavras, a graa e o sentido delas. Essas altera-
com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase: ções recebem o nome de variações históricas.

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Língua Portuguesa
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. Estão reclamando, porque não citei a conotação, o conglo-
Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, mostra como a lín- merado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM, a IBM,
gua vai mudando com o tempo. No texto I, ele fala das palavras de o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra elétrica.
antigamente e, no texto II, fala das palavras de hoje. Olhe aí na la – quem? Embreagem, defasagem, barra tenso -
ra, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, lhotes de
Texto I bonicação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da gira -
fa, poluição.
Antigamente Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos s -
cais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrranhuras.
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super congelados.
todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam prima-
veras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, Viagens
Pow! pelo crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh!
Click!
faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas cavam longos
meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio era tirar Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás,
o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os mais ido- ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a apa-
sos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; recer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo
e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, geral. A enumeração caótica não é uma invenção crítica de Leo
esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chu- Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre palavras circula-
pando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os mos, vivemos, morremos, e palavras somos, nalmente, mas com
quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até que signicado?
em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua. (Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa,
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)
queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a
mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramon- - De Situação: aquelas que são provocadas pelas alterações
tana. A pessoa cheia de melindres cava sentida com a desfeita das circunstâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um
que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu lho era modo de falar compatível com determinada situação é incompatí-
artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo enca- vel com outra:
petados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas,
não: verdadeiros cromos, umas teteias. Ô mano, ta difícil de te entendê.
(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os me-
ninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam ceroulas,
Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em situação
bortinas a capa de
tas, e os cristãos goma
não (...). Não
morriam: havia fotógrafos, mas retratis-
descansavam. informal, não tem cabimento se o interlocutor é o professor em
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora. situação de aula.
Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme em
Texto II todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes da linguagem
culta, que servem invariavelmente de uma linguagem formal, sen-
Entre Palavras do, por isso mesmo, considerados excessivamente formais ou afe-
tados.
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – cir- São muitos os fatores de situação que interferem na fala de um
culamos. A maioria delas não gura nos dicionários de há trinta indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele discorre (em princípio
anos, ou gura com outras acepções. A todo momento impõe-se ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas como falaria
tornar conhecimento de novas palavras e combinações de. de um jogo de futebol ou de uma briga que tenha presenciado), o
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma ambiente físico em que se dá um diálogo (num templo não se usa
palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. Ama- a mesma linguagem que numa sauna), o grau de intimidade entre
nhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô; os falantes (com um superior, a linguagem é uma, com um colega
talvez ele não entenda o que você diz. de mesmo nível, é outra), o grau de comprometimento que a fala
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, implica para o falante (num depoimento para um juiz no fórum
a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática,
a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940? escolhem-se as palavras, num relato de uma conquista amorosa
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a para um colega fala-se com menos preocupação).
motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, As variações de acordo com a situação costumam ser chama-
o enfarte, a acumputura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apar- das de níveis de fala ou, simplesmente, variações de estilo e são
theid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura. classicadas em duas grandes divisões:
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, - Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reexão sobre
a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o o que se diz, bem como o estado de atenção e vigilância. É na lin-
mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem. guagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é mais tenso.
Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servo- - Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com
mecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia, a despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reexão sobre
homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e familiar que
Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU. esse estilo melhor se manifesta.

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Língua Portuguesa
Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um pequeno - Toda cidade / toda a cidade. Todo, toda designam qualquer,
trecho da gravação de uma conversa telefônica entre duas universi- cada.
tárias paulistanas de classe média, transcrito do livro Tempos Lin- Toda cidade pode concorrer (qualquer cidade).
guísticos, de Fernando Tarallo. AS reticências indicam as pausas. Todo o, toda a designam totalidade, inteireza.
Conheci toda a cidade (a cidade inteira).
Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem
dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara rachada? Fica No plural, usa-se todos os, todas as, exceto antes de numeral
assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um não seguido de substantivo.
menino lá que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis camo Todas as cidades vieram.
até duas hora da manhã ele me explicando toda a matéria de eco- Todos os cinco clubes disputarão o título.
nomia, das nove da noite. Todos cinco são concorrentes.
Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia - Tua decisão / a tua decisão. De maneira geral, é facultativo o
nem com a continuidade das ideias, nem com a escolha das pala- uso do artigo antes dos possessivos.
vras. Para exemplicar o estilo formal, eis um trecho da gravação Aplaudimos tua decisão.
de uma aula de português de uma professora universitária do Rio Aplaudimos a tua decisão.
de Janeiro, transcrito do livro de Dinah Callou. A linguagem falada
culta na cidade do Rio de Janeiro. As pausas são marcadas com Se o possessivo não vier seguido de substantivo explícito é
reticências. obrigatória a ocorrência do artigo.
Aplaudiram a tua decisão e não a minha.
...o que está ocorrendo com nossos alunos é uma fragmenta-
ção do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... e ca com - Decisões as mais oportunas / as mais oportunas decisões.
uma série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não sabe No superlativo relativo, não se usa o artigo antes e depois do subs-
vincular a realidade nenhuma de seu idioma... isto é válido tam- tantivo.
bém para a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série... de Tomou decisões as mais oportunas.
conceitos teóricos... que têm nomes bonitos e sofsticados... mas Tomou as decisões mais oportunas.
que... na hora de serem empregados... deixam muito a desejar... É errado: Tomou as decisões as mais oportunas.
Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau de - Faz uns dez anos. O artigo indenido, posto antes de um
formalidade e planejamento típico do texto escrito, mas trata-se de numeral, designa quantidade aproximada: Faz uns dez anos que
um estilo bem mais formal e vigiado que o da menina ao telefone. saí de lá.

Artigo - Em um / num. Os artigos denidos e indenidos contraem-se


com preposições: de + o= do, de + a= da, etc. As formas de + um e
Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para em + um podem-se usar contraídas (dum e num) ou separadas (de
determiná-los, indicando, ao mesmo tempo, gênero e número. um, em um). Estava em uma cidade grande. Estava numa cidade
Dividem-se os artigos em: defnidos: o, a, os, as e indefni- grande.
dos: um, uma, uns, umas.
Os denidos determinam os substantivos de modo preciso, Substantivo
particular: Viajei com o médico.
Os indenidos determinam os substantivos de modo vago, im- Substantivo é tudo o que nomeia as “coisas” em geral.
preciso, geral: Viajei com um médico. Substantivo é tudo o que pode ser visto, pego ou sentido.
Substantivo é tudo o que pode ser precedido de artigo .
- Ambas as mãos. Usa-se o artigo entre o numeral ambas e o
substantivo: Ambas as mãos são perfeitas. Classicação e Formação
- Estou em Paris / Estou na famosa Paris. Não se usa artigo
antes dos nomes de cidades, a menos que venham determinados Substantivo Comum: Substantivo comum é aquele que de-
por adjetivos ou locuções adjetivas. signa os seres de uma espécie de forma genérica. Por exemplo:
Vim de Paris pedra, computador, cachorro, homem, caderno.
Vim da luminosa Paris. Substantivo Próprio: Substantivo próprio é aquele que de-
signa um ser especíco, determinado, individualizando-o. Por
Mas com alguns nomes de cidades conservamos o artigo. exemplo: Maxi, Londrina, Dílson, Ester. O substantivo próprio
O Rio de Janeiro, O Cairo, O Porto. sempre deve ser escrito com letra maiúscula.

Pode ou não ocorrer crase antes dos nomes de cidade, confor - Substantivo Concreto: Substantivo concreto é aquele que de-
me venham ou não precedidos de artigo. signa seres que existem por si só ou apresentam-se em nossa ima-
Vou a Paris. ginação como se existissem por si. Por exemplo: ar, som, Deus,
Vou à Paris dos museus. computador, Ester.

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Língua Portuguesa
Substantivo Abstrato: Substantivo abstrato é aquele que de- Gêneros dos Adjetivos
signa prática de ações verbais, existência de qualidades ou sen-
timentos humanos. Por exemplo: saída (prática de sair), beleza Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e
(existência do belo), saudade. outra para o feminino. Por exemplo, mau e má, judeu e judia. Se o
adjetivo é composto e biforme, ele exiona no feminino somente
o último elemento. Por exemplo, o motivo sócio-literário e a causa
Formação dos substantivos sócio-literária. Exceção = surdo-mudo e surda-muda.
Substantivo Primitivo: É primitivo o substantivo que não Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como
se srcina de outra palavra existente na língua portuguesa. Por para o feminino. Por exemplo, homem feliz ou cruel e mulher fe-
exemplo: pedra, jornal, gato, homem. liz ou cruel. Se o adjetivo é composto e uniforme, ca invariável

Substantivo Derivado: É derivado o substantivo que provém no feminino. Por exemplo, conito político-social e desavença
político-social.
de outra palavra da língua portuguesa. Por exemplo: pedreiro,
jornalista, gatarrão, homúnculo. Número dos Adjetivos

Substantivo Simples: É simples o substantivo formado por Plural dos adjetivos simples: Os adjetivos simples exionam-
-se no plural de acordo com as regras estabelecidas para a exão
um único radical. Por exemplo: pedra, pedreiro, jornal, jorna- numérica dos substantivos simples. Por exemplo, mau e maus, fe-
lista. liz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Substantivo Composto: É composto o substantivo formado Plural dos adjetivos compostos: Os adjetivos compostos e-
por dois ou mais radicais. Por exemplo: pedra-sabão, homem-rã, xionam-se no plural de acordo com as seguintes regras:
passatempo. - os adjetivos compostos formados de adjetivo + adjetivo e-
xionam somente o último elemento. Por exemplo, luso-brasileiro
Substantivo Coletivo: É coletivo o substantivo no singular e luso-brasileiros. Exceções: surdo-mudo e surdos-mudos. E cam
que indica diversos elementos de uma mesma espécie. invariáveis os seguintes adjetivos compostos: azul-celeste e azul-
- abelha - enxame, cortiço, colmeia -marinho.
- os adjetivos compostos formados de palavra invariável +
- acompanhante - comitiva, cortejo, séquito adjetivo exionam também só o último elemento. Por exemplo,
- alho - (quando entrelaçados) réstia, enada, cambada mal-educado e mal-educados.
- aluno - classe - os adjetivos compostos formados de adjetivo + substantivo
- amigo - (quando em assembleia) tertúlia cam invariáveis. Por exemplo, carro(s) verde-canário.
- as expressões formadas de cor + de + substantivo também
Adjetivo cam invariáveis. Por exemplo, cabelo(s) cor-de-ouro.

É a classe gramatical de palavras que exprimem qualidade, Graus dos Adjetivos


defeito, srcem, estado do ser.
O adjetivo exiona-se em grau para indicar a intensidade da
Classicação dos Adjetivos qualidade do ser. Existem, para o adjetivo, dois graus:
Comparativo
Explicativo - exprime qualidade própria do se. Por exemplo, - de igualdade: tão (tanto, tal) bom como (quão, quanto).
neve fria. - de superioridade: analítico (mais bom do que) e sintético
Restritivo - exprime qualidade que não é própria do ser. Ex: (melhor que).
fruta madura. - de inferioridade: menos bom que (do que).
Primitivo - não vem de outra palavra portuguesa. Por exem -
plo, bom e mau. Superlativo
Derivado - tem srcem em outra palavra portuguesa. Por - absoluto: analítico (muito bom) e sintético (ótimo, erudito;
exemplo, bondoso ou boníssimo, popular).
Simples - formado de um só radical. Por exemplo, brasileiro. - relativo: de superioridade (o mais bom de) e de inferioridade
(o menos bom ).
Composto - formado de mais de um radical. Por exemplo,
franco-brasileiro. Somente seis adjetivos têm o grau comparativo de superiori-
Pátrio - é o adjetivo que indica a naturalidade ou a nacionali- dade sintético. Veja-os: de bom - melhor, de mau - pior, de grande
dade do ser. Por exemplo, brasileiro, cambuiense, etc. - maior, de pequeno - menor, de alto - superior, de baixo - inferior.
Para estes seis adjetivos, usamos a forma analítica do grau compa-
Locução Adjetiva rativo de superioridade, quando se comparam duas qualidades do
mesmo ser. Por exemplo, Ele é mais bom que inteligente. Usa-se
É toda expressão formada de uma preposição mais um a forma sintética do grau comparativo de superioridade, quando se
substantivo, equivalente a um adjetivo. Por exemplo, homens com comparam dois seres através da mesma qualidade. Por exemplo:
aptidão (aptos), bandeira da Irlanda (irlandesa). Ela é melhor que você.

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Língua Portuguesa
Numeral Pessoa (1ª/2ª/3ª)
Eu saí/Tu saíste/Ele saiu
É a classe de palavras que exprimem quantidade, ordem, Meu carro/Teu carro/Seu carro
divisão e multiplicação dos seres na natureza.
Função: O pronome tem duas funções fundamentais:
Classicação
Substituir o nome: Nesse caso, classica-se como pronome
Cardinais: indicam contagem, medida. Por exemplo, um, substantivo e constitui o núcleo de um grupo nominal. Ex.: Quan-
dois, três… do cheguei, ela se calou. (ela é o núcleo do sujeito da segunda ora-
ção e se trata de um pronome substantivo porque está substituindo
Ordinais: indicam a ordem do ser numa série dada. Por exem-
um nome)
plo, primeiro, segundo, terceiro…
Fracionários: indicam a divisão dos seres. Por exemplo, Referir-se ao nome: Nesse caso, classica-se como pronome
meio, terço, quarto, quinto … adjetivo e constitui uma palavra dependente do grupo nominal.
Multiplicativos: indicam a multiplicação dos seres. Por exem- Ex.: Nenhum aluno se calou. (o sujeito “nenhum aluno” tem como
plo, dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo … núcleo o substantivo “aluno” e como palavra dependente o prono -
me adjetivo “nenhum”)
um primeiro vinte vigésimo
dois segundo trinta trigésimo
Pronomes Pessoais: São aqueles que substituem os nomes e
representam as pessoas do discurso:
três terceiro cinquenta quinquagésimo 1ª pessoa - a pessoa que fala - eu/nós
quatro quarto sessenta sexagésimo 2ª pessoa - a pessoa com que se fala - tu/vós
cinco quinto setenta septuagésimo 3ª pessoa - a pessoa de quem se fala - ele/ela/eles/elas
seis sexto cem centésimo Pronomes pessoais retos: são os que têm por função principal
sete sétimo quinhentos quingentésimo representar o sujeito ou predicativo.
oito oitavo seiscentos sexcentésimo
Pronomes pessoais oblíquos: são os que podem exercer
nove nono mil milésimo função de complemento.
dez décimo milhão milionésimo

Faz-se a leitura do numeral cardinal, dispondo-se a palavra


“e” entre as centenas e as dezenas e entre as dezenas e unidades.
Por exemplo, 1.203.726 = um milhão duzentos e três mil setecen-
tos e vinte e seis.

Pronome

A palavra que acompanha (determina) ou substitui um nome é


denominada pronome. Ex.: Ana disse para sua irmã: - Eu preciso
do meu livro de matemática. Você nãoo encontrou? Ele estava
aqui em cima da mesa. Pronomes Oblíquos
- eu substitui “Ana” - Associação de pronomes a verbos: Os pronomes oblíquos
- meu acompanha “o livro de matemática” o, a, os, as, quando associados a verbos terminados em -r, -s, -z,
- o substitui “o livro de matemática” assumem as formas lo, la, los, las, caindo as consoantes. Ex.: Car-
- ele substitui “o livro de matemática” los quer convencer seu amigo a fazer uma viagem; Carlos quer
convencê-lo a fazer uma viagem.
Flexão: Quanto à forma, o pronome varia em gênero, número - Quando associados a verbos terminados em ditongo nasal
e pessoa: (-am, -em, -ão, -õe), assumem as formas no, na, nos, nas. Ex.: Fi-
zeram um relatório; Fizeram-no.
Gênero (masculino/feminino) - Os pronomes oblíquos podem ser reexivos e quando isso
Ele saiu/Ela saiu ocorre se referem ao sujeito da oração. Ex.: Maria olhou-se no
Meu carro/Minha casa espelho; Eu não consegui controlar-me diante do público.
- Antes do innitivo precedido de preposição, o pronome usa -
do deverá ser o reto, pois será sujeito do verbo no innitivo. Ex.:
Número (singular/plural)
O professor trouxe o livro paramim. (pronome oblíquo, pois é um
Eu saí/Nós saímos complemento); O professor trouxe o livro paraeu ler. (pronome reto,
Minha casa/Minhas casas pois é sujeito)

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Língua Portuguesa
Pronomes de Tratamento: São aqueles que substituem a terceira pessoa gramatical. Alguns são usados em tratamento cerimonioso e
outros em situações de intimidade. Conheça alguns:
- você (v.): tratamento familiar
- senhor (Sr.), senhora (Srª.): tratamento de respeito
- senhorita (Srta.): moças solteiras
- Vossa Senhoria (V.Sª.): para pessoa de cerimônia
- Vossa Excelência (V.Exª.): para altas autoridades
- Vossa Reverendíssima (V. Revmª.): para sacerdotes
- Vossa Eminência (V.Emª.): para cardeais
- Vossa Santidade (V.S.): para o Papa
- Vossa Majestade (V.M.): para reis e rainhas
- Vossa Majestade Imperial (V.M.I.): para imperadores
- Vossa Alteza (V.A.): para príncipes, princesas e duques

1- Os pronomes e os verbos ligados aos pronomes de tratamento devem estar na 3ª pessoa. Ex.: Vossa Excelência já terminou a audiên-
cia? (nesse fragmento se está dirigindo a pergunta à autoridade)
2- Quando apenas nos referimos a essas pessoas, sem que estejamos nos dirigindo a elas, o pronome “vossa” se transforma no posses -
sivo “sua”. Ex.: Sua Excelência já terminou a audiência? (nesse fragmento não se está dirigindo a pergunta à autoridade, mas a uma terceira
pessoa do discurso)

Pronomes Possessivos: São aqueles que indicam ideia de posse. Além de indicar a coisa possuí
da, indicam a pessoa gramatical possuidora.

Existem palavras que eventualmente funcionam como pronomes possessivos. Ex.: Ele afagou-lhe (seus) os cabelos.

Pronomes Demonstrativos: Os pronomes demonstrativos possibilitam localizar o substantivo em relação às pessoas, ao tempo, e sua
posição no interior de um discurso.

Pronomes Espaç o Tempo Adoito Enum e r aç ão


Perto de quem fala Presente Referente aquilo que ainda Referente ao último elemento
(1ª pessoa). não foi dito. citado em uma enumeração.
este, esta, isto,
estes, estas Ex.: Não gostei Ex.: Neste ano, tenho rea- Ex.: Esta armação me dei- Ex.: O homem e a mulher são
deste livro aqui. lizado bons negócios. xou surpresa: gostava de massacrados pela cultura atual,
química. mas esta é mais oprimida.
Perto de quem Passado ou futuro próxi- Referente aquilo que já foi
ouve (2ª pessoa). mos dito.
esse, essa, esses,
essas Ex.: Não gostei Ex.: Gostava de química. Essa
desse livro que está Ex.: Nesse último ano,
realizei bons negócios armação me deixou surpresa
em tuas mãos.
Perto da 3ª pessoa, Referente ao primeiro elemen-
distante dos inter- Passado ou futuro remotos to citado em uma enumeração.
aquele, aquela, locutores.
aquilo, aqueles, Ex.: O homem e a mulher são
aquelas Ex.: Não gostei Ex.: Tenho boas recorda- massacrados pela cultura atual,
daquele livro que a ções de 1960, pois naquele mas esta é mais oprimida que
Roberta trouxe. ano realizei bons negócios. aquele.

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Língua Portuguesa
Pronomes Indenidos: São pronomes que acompanham o Os pronomes relativos cujo, cuja sempre precedem a um
substantivo, mas não o determinam de forma precisa: algum, bas- substantivo sem artigo e possuem o signicado “ do qual”, “da
tante, cada, certo, diferentes, diversos, demais, mais, menos, muito qual”. Ex.: “O livro cujo autor não me recordo.”
nenhum, outro, pouco, qual, qualquer, quanto, tanto, todo, tudo, Os pronomes relativos quanto(s) e quanta(s) aparecem ge-
um, vários. ralmente precedidos dos pronomes indenidos tudo, tanto(s),
tanta(s), todos, todas. Ex.: “Você é tudo quanto queria na vida.”
Algumas locuções pronominais indenidas: cada qual, qual- O pronome relativo onde tem sempre como antecedente pa-
quer um, tal e qual, seja qual for, sejam quem for, todo aquele, lavra que indica lugar. Ex.: “A casa onde moro é muito espaçosa.”
quem (que), quer uma ou outra, todo aquele (que), tais e tais, tal O pronome relativo que admite diversos tipos de anteceden-
qual, seja qual for. tes: nome de uma coisa ou pessoa, o pronome demonstrativo ou
outro pronome. Ex.: “Quero agora aquilo que ele me prometeu.”
Uso de alguns pronomes indenidos: Os pronomes relativos, na maioria das vezes, funcionam como
conectivos, permitindo-nos unir duas orações em um só período.
Algum: Ex.: A mulher parece interessada. A mulher comprou o livro. (A
- quando anteposto ao substantivo da ideia de armação. “Al- mulher que parece interessada comprou o livro.)
gum dinheiro terá sido deixado por ela.”
- quando posposto ao substantivo dá ideia de negação. “Di- Pronomes Interrogativos: Os pronomes interrogativos levam
nheiro algum terá sido deixado por ela.” o verbo à 3ª pessoa e são usados em frases interrogativas diretas ou
indiretas. Não existem pronomes exclusivamente interrogativos e
O uso desse pronome indenido antes ou depois do verbo está sim que desempenham função de pronomes interrogativos, como
ligado à intenção do enunciador. por exemplo: que, quantos, quem, qual, etc. Ex.: “Quantos livros
teremos que comprar?”; “Ele perguntou quantos livros teriam que
Demais: Este pronome indenido, muitas vezes, é confun- comprar.”; “Qual foi o motivo do seu atraso?”
dido com o advérbio “demais” ou com a locução adverbial “de
mais”. Ex.: Advérbio
“Maria não criou nada de mais além de uma cópia do quadro
de outro artista.” (locução adverbial) Palavra invariável que modica essencialmente o verbo, ex-
“Maria esperou os demais.” (pronome indenido = os outros)
primindo uma circunstância.
“Maria esperou demais.” (advérbio de intensidade)

Todo: É usado como pronome indenido e também como Advérbio modicando um verbo ou adjetivo: Ocorre quan-
advérbio, no sentido de completamente, mas possuindo exão de adoeles
o advérbio modica umPor
uma circunstância. verbo ou um adjetivo
circunstância acrescentando
entende-se qualquer
gênero e número, o que é raro em um advérbio. Ex.:
“Percorri todo trajeto.” (pronome indenido) particularidade que determina um fato, ampliando a informação
“Por causa da chuva, a roupa estava toda molhada.” (advér- nele contida. Ex.: Antônio construiu seu arraial popular ali; Estra-
bio) das tão ruins.

Cada: Possui valor distributivo e signica todo, qualquer den- Advérbio modicando outro advérbio: Ocorre quando o ad-
tre certo número de pessoas ou de coisas. Ex.: “Cada homem tem vérbio modica um adjetivo ou outro advérbio, geralmente inten-
a mulher que merece”. Este pronome indenido não pode antece - sicando o signicado. Ex.: Grande parte da população adulta lê
der substantivo que esteja em plural (cada férias), a não ser que o muito mal.
substantivo venha antecedido de numeral (cada duas férias). Pode,
às vezes, ter valor intensicador: “Mário diz cada coisa idiota!” Advérbio modicando uma oração inteira: Ocorre quando
o advérbio está modicando o grupo formado por todos os outros
Pronomes Relativos: São aqueles que representam nomes elementos da oração, indicando uma circunstância. Ex.: Lamenta-
que já foram citados e com os quais estão relacionados. O nome velmente o Brasil ainda tem 19 milhões de analfabetos.
citado denomina-se antecedente do pronome relativo. Ex.: “A rua
onde moro é muito escura à noite.”; onde: pronome relativo que Locução Adverbial: É um conjunto de palavras que pode
representa “a rua”; a rua: antecedente do pronome “onde”. exercer a função de advérbio. Ex.: De modo algum irei lá.

Alguns pronomes que podem funcionar como pronomes re- Tipos de Advérbios
lativos: Masculino (o qual, os quais, quanto, quantos, cujo, cujos).
Feminino (a qual, as quais, quanta, quantas, cuja, cujas). Invariável - de modo: Ex.: Sei muito bem que ninguém deve passar ates-
(quem, que, onde). tado da virtude alheia. Bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
pressa, acinte, debalde, devagar, ás pressas, às claras, às cegas, à
O pronome relativo quem sempre possui como antecedente toa, à vontade, às escondas, aos poucos, desse jeito, desse modo,
uma pessoa ou coisas personicadas, vem sempre antecedido de dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor,
preposição e possui o signicado de “o qual”. Ex.: “Aquela me- em vão e a maior parte dos que terminam em -mente: calmamente,
nina de quem lhe falei viajou para Paris”. Antecedente: menina; tristemente, propositadamente, pacientemente, amorosamente, do-
Pronome relativo antecedido de preposição: de quem. cemente, escandalosamente, bondosamente, generosamente.

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Língua Portuguesa
- de intensidade: Ex.: Acho que, por hoje, você já ouviu bas- - Aproximação: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta
tante. Muito, demais, pouco, tão, menos, em excesso, bastante, de.
pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, assaz, que - Designação: Ex.: Eis nosso novo carro. Eis.
(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito, por - Exclusão: Ex.: Todos irão, menos ele. Apenas, salvo, menos,
completo,bem (quando aplicado a propriedades graduáveis). exceto, só, somente, exclusive, sequer, senão.
- de tempo: Ex.: Leia e depois me diga quando pode sair na - Explicação: Ex.: Viajaremos em julho, ou seja, nas férias.
gazeta. Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, amanhã, cedo, Isto é, por exemplo, a saber, ou seja.
dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante, nunca, en- - Inclusão: Ex.: Até ele irá viajar. Até, inclusive, também,
tão, ora, jamais, agora, sempre, já, enm, anal, amiúde, breve, mesmo, ademais.
constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, pro- - Limitação: Ex.: Apenas um me respondeu. Só, somente,
visoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã,
de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer unicamente,
- Realce:apenas.
Ex.: E você lá sabe essa questão? É que, cá, lá, não,
momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia. mas, é porque, só, ainda, sobretudo.
- Reticação: Ex.: Somos três, ou melhor, quatro. Aliás, isto
- de lugar: Ex.: A senhora sabe aonde eu posso encontrar esse é, ou melhor, ou antes.
pai-de-santo? Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, - Situação: Ex.: Anal, quem perguntaria a ele? Então, mas,
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde, se, agora, anal.
longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhu-
res, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distancia, à dis- Grau dos Advérbios: Os advérbios, embora pertençam à ca-
tancia de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao tegoria das palavras invariáveis, podem apresentar variações com
lado, em volta. relação ao grau. Além do grau normal, o advérbio pode-se apresen-
tar no grau comparativo e no superlativo.
- de negação : Ex.: De modo algum irei lá. Não, nem, nunca,
jamais, de modo algum, de forma nenhuma, tampouco, de jeito - Grau Comparativo: quando a circunstância expressa pelo
nenhum. advérbio aparece em relação de comparação. O advérbio não é e-
xionado no grau comparativo. Para indicar esse grau utilizam as
- de dúvida: Ex.: Talvez ela volte hoje. Acaso, porventura,
formas tão…quanto, mais…que, menos…que. Pode ser:
possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por
- comparativo de igualdade. Ex.: Chegarei tão cedo quanto
certo, quem sabe.
você.
- comparativo de superioridade. Ex.: Chegarei mais cedo que
- de armação:
te, realmente, decerto, Realmente eles
Ex.:efetivamente, sumiram.
certo, Sim, certamen-
decididamente, real- você.
mente, deveras, indubitavelmente. - comparativo de inferioridade. Ex.: Chegaremos menos cedo
que você.
- de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somen-
te, simplesmente, só, unicamente. - Grau Superlativo: nesse caso, a circunstância expressa pelo
advérbio aparecerá intensicada. O grau superlativo do advérbio
- de inclusão: Ex.: Emocionalmente o indivíduo também pode ser formado tanto pelo processo sintético (acréscimo de su-
amadurece durante a adolescência. Ainda, até, mesmo, inclusiva- xo), como pelo processo analítico (outro advérbio estará indicando
mente, também o grau superlativo).
- superlativo (ou absoluto) sintético: formado com o acrésci-
- de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente mo de suxo. Ex.: Cheguei tardíssimo.
- superlativo (ou absoluto) analítico: expresso com o auxilio
- de designação: Eis de um advérbio de intensidade. Ex.: Cheguei muito tarde.

- de interrogação: Ex.: E então? Quando é que embarca? Quando se empregam dois ou mais advérbios terminados em
onde? (lugar), como? (modo), quando? (tempo), porque? (causa), –mente, pode-se acrescentar o suxo apenas no ultimo. Ex.: Nada
quanto? (preço e intensidade), para que? (nalidade). omitiu de seu pensamento; falou clara, franca e nitidamente.
Quando se quer realçar o advérbio, pode-se antecipá-lo. Ex.:
Palavras Denotativas: Há, na língua portuguesa, uma série de Imediatamente convoquei os alunos.
palavras que se assemelham a advérbios. A Nomenclatura Grama-
tical Brasileira não faz nenhuma classicação especial para essas Preposição
palavras, por isso elas são chamadas simplesmente de palavras
denotativas. É uma palavra invariável que serve para ligar termos ou ora-
- Adição: Ex.: Comeu tudo e ainda queria mais. Ainda, além ções. Quando esta ligação acontece, normalmente há uma subor -
disso. dinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições
- Afastamento: Ex.: Foi embora daqui. Embora. são muito importantes na estrutura da língua pois estabelecem a
- Afetividade: Ex.: Ainda bem que passei de ano. Ainda bem, coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para
felizmente, infelizmente. a compreensão do texto.

43
Língua Portuguesa
Tipos de Preposição De + aí = daí
De + ali = dali
- Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamen- De + outro = doutro(s)
te como preposições. A, ante, perante, após, até, com, contra, de, De + outra = doutra(s)
desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro Em + este(s) = neste(s)
de, para com. Em + esta(s) = nesta(s)
- Preposições acidentais: palavras de outras classes gramati- Em + esse(s) = nesse(s)
cais que podem atuar como preposições. Como, durante, exceto, Em + aquele(s) = naquele(s)
fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto. Em + aquela(s) = naquela(s)
- Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como Em + isto = nisto
uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas. Abaixo Em + isso = nisso
de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, Em + aquilo = naquilo
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, graças a, junto A + aquele(s) = àquele(s)
a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de. A + aquela(s) = àquela(s)
A preposição, é invariável. No entanto pode unir-se a outras A + aquilo = àquilo
palavras e assim estabelecer concordância em gênero ou em núme- 1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal
ro. Ex: por + o = pelo; por + a = pela oblíquo e artigo. Como distingui-los?
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da - Caso o “a” seja um artigo, virá precedendo a um substanti-
preposição e sim das palavras a que se ela se une. Esse processo de vo. Ele servirá para determiná-lo como um substantivo singular e
junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir feminino.
de dois processos: - A dona da casa não quis nos atender.
- Como posso fazer a Joana concordar comigo?
- Combinação: A preposição não sofre alteração. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois ter-
preposição a + artigos denidos o, os mos e estabelece relação de subordinação entre eles.
a + o = ao - Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
preposição a + advérbio onde - Não queria, mas vou ter que ir a outra cidade para procurar
a + onde = aonde um tratamento adequado.
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ou
- Contração: Quando a preposição sofre alteração. a função de um substantivo.
Preposição + Artigos - Temos Maria como parte da família. / A temos como parte
De +
De + a(s)
o(s) == da(s)
do(s) da família.
- Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
De + um = dum Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
De + uns = duns
De + uma = duma 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das
De + umas = dumas preposições:
Em + o(s) = no(s) Destino: Irei para casa.
Em + a(s) = na(s) Modo: Chegou em casa aos gritos.
Em + um = num Lugar: Vou car em casa;
Em + uma = numa Assunto: Escrevi um artigo sobre adolescência.
Em + uns = nuns Tempo: A prova vai começar em dois minutos.
Causa: Ela faleceu de derrame cerebral.
Em + umas = numas
Fim ou nalidade: Vou ao médico para começar o tratamento.
A + à(s) = à(s) Instrumento: Escreveu a lápis.
Por + o = pelo(s) Posse: Não posso doar as roupas da mamãe.
Por + a = pela(s) Autoria: Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
Companhia: Estarei com ele amanhã.
- Preposição + Pronomes Matéria: Farei um cartão de papel reciclado.
De + ele(s) = dele(s) Meio: Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + ela(s) = dela(s) Origem: Nós somos do Nordeste, e você?
De + este(s) = deste(s) Conteúdo: Quebrei dois frascos de perfume.
De + esta(s) = desta(s) Oposição: Esse movimento é contra o que eu penso.
De + esse(s) = desse(s) Preço: Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + essa(s) = dessa(s)
De + aquele(s) = daquele(s) Interjeição
De + aquela(s) = daquela(s)
De + isto = disto É a palavra que expressa emoções, sentimentos ou pensamen-
De + isso = disso tos súbitos. Trata-se de um recurso da linguagem afetiva, em que
De + aquilo = daquilo não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as sen -
De + aqui = daqui tenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado

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Língua Portuguesa
da alma decorrente de uma situação particular, um momento ou 02. Assinale o item que só contenha preposições:
um contexto especíco. Exemplos: a) durante, entre, sobre
- Ah, como eu queria voltar a ser criança! (ah: expressão de b) com, sob, depois
um estado emotivo = interjeição) c) para, atrás, por
- Hum! Esse cuscuz estava maravilhoso! (hum: expressão de d) em, caso, após
um pensamento súbito = interjeição) e) após, sobre, acima

As sentenças da língua costumam se organizar de forma ló- 03. Observe as palavras grifadas da seguinte frase: “ Encami-
gica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui nhamos a V. Senhoria cópia autêntica do Edital nº 19/82.” Elas
em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por ou- são, respectivamente:
tro lado, são uma espécie de palavra-frase, ou seja, há uma idéia a)
b) verbo,
verbo, substantivo,
substantivo, substantivo
advérbio
expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locução
interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma sentença. c) verbo, substantivo, adjetivo
Observe: d) pronome, adjetivo, substantivo
- Bravo! Bravo! Bis! (bravo e bis: interjeição) ...[sentença e) pronome, adjetivo, adjetivo
(sugestão): “Foi muito bom! Repitam!”]
- Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... (ai: interjeição) ...[sentença 04. Assinale a opção em que a locução grifada tem valor ad -
(sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!”] jetivo:
a) “Comprei móveis e objetos diversos que entrei a utilizar
O signicado das interjeições está vinculado à maneira como com receio.”
elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita o senti- b) “Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos.”
do que a expressão vai adquirir em cada contexto de enunciação. c) “Pediu-me com voz baixa cinquenta mil réis.”
Exemplos: d) “Expliquei em resumo a prensa, o dínamo, as serras...”
- Psiu! ...(contexto: alguém pronunciando essa expressão na e) “Resolvi abrir o olho para que vizinhos sem escrúpulos
rua) ...[signicado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! não se apoderassem do que era delas.”
Ei, espere!”]
- Psiu! ...(contexto: alguém pronunciando essa expressão em 05. O “que” está com função de preposição na alternativa:
um hospital) ...[signicado da interjeição (sugestão): “Por favor, a) Veja que lindo está o cabelo da nossa amiga!
faça silêncio!”] b) Diz-me com quem andas, que eu te direi quem és.
- Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! ...( puxa: interjei- c) João não estudou mais que José, mas entrou na Faculdade.
d) O Fiscal teve que acompanhar o candidato ao banheiro.
ção) ...(tom da fala: euforia)
e) Não chore que eu já volto.
- Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! ...( puxa: interjeição)
...(tom da fala: decepção)
06. “Saberão que nos tempos do passado o doce amor era jul-
gado um crime.”
As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não sofrem va- a) 1 preposição
riação em gênero, número e grau como os nomes, nem de número, b) 3 adjetivos
pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. No entanto, c) 4 verbos
em uso especíco, algumas interjeições sofrem variação em grau. d) 7 palavras átonas
Deve-se ter claro, neste caso, que não se trata de um processo natu- e) 4 substantivos
ral dessa classe de palavra, mas tão só uma variação que a lingua-
gem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. 07. As expressões sublinhadas correspondem a um adjetivo,
exceto em:
Exercícios a) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
b) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
01. Assinale o par de frases em que as palavras sublinhadas c) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
são substantivo e pronome, respectivamente: d) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
a) A imigração tornou-se necessária. / É dever cristão praticar sem fm.

b).A Inglaterra é responsável por sua economia. / Havia muito


o bem e) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.
movimento na praça. 08. Em “__ como se tivéssemos vivido sempre juntos”, a for -
c) Fale sobre tudo o que for preciso. / O consumo de drogas ma verbal está no:
é condenável. a) imperfeito do subjuntivo;
d) Pessoas inconformadas lutaram pela abolição. / Pesca-se b) futuro do presente composto;
muito em Angra dos Reis. c) mais-que-perfeito composto do indicativo;
e) Os prejudicados não tinham o direito de reclamar. / Não d) mais-que-perfeito composto do subjuntivo;
entendi o que você disse. e) futuro composto do subjuntivo.

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Língua Portuguesa
09. Assinale a alternativa que completa adequadamente a fra- - Com o substantivo mais próximo:
se: “___ em ti, mas nem sempre ___ dos outros”. A Marinha e o Exército brasileiro estavam alerta.
a) creias - duvides; Músicos e bailarinas ciganas animavam a festa.
b) crê - duvidas; “...toda ela (a casa) cheirando ainda a cal, a tinta e a barro
c) creais - duvidas; fresco.” (Humberto de Campos)
d) creia - duvide; “Meu primo estava saudoso dos tempos da infância e falava
e) crê - duvides. dos irmãos e irmãs falecidas.” (Luís Henrique Tavares)
- Anteposto aos substantivos, o adjetivo concorda, em geral,
10. Se ele ____ (ver) o nosso trabalho _____ (fazer) um elo - com o mais próximo:
gio. “Escolhestes mau lugar e hora...” (Alexandre Herculano)
a) ver – fará; “...acerca do possível ladrão ou ladrões.” (Antônio Calado)
b) visse – fará; Velhas revistas e livros enchiam as prateleiras.
c) ver – fazerá; Velhos livros e revistas enchiam as prateleiras.
d) vir – fará;
e) vir – faria. Seguem esta regra os pronomes adjetivos: A sua idade, sexo e
prossão.; Seus planos e tentativas.; Aqueles vícios e ambições.;
Respostas: 01-E / 02-A / 03-C / 04-E / 05-D / 06-E / 07-B / Por que tanto ódio e perversidade?; “Seu Príncipe e lhos”. Mui-
08-D / 09-E / 10-D tas vezes é facultativa a escolha desta ou daquela concordância,
mas em todos os casos deve subordinar-se às exigências da eufo -
Concordância nia, da clareza e do bom gosto.

A concordância consiste no mecanismo que leva as palavras - Quando dois ou mais adjetivos se referem ao mesmo subs-
a adequarem-se umas às outras harmonicamente na construção
tantivo determinado pelo artigo, ocorrem dois tipos de constru-
ção, um e outro legítimos. Exemplos:
frasal. É o princípio sintático segundo o qual as palavras depen- Estudo as línguas inglesa e francesa.
dentes se harmonizam, nas suas exões, com as palavras de que Estudo a língua inglesa e a francesa.
dependem. Os dedos indicador e médio estavam feridos.
“Concordar” signica “estar de acordo com”. Assim, na con- O dedo indicador e o médio estavam feridos.
cordância, tanto nominal quanto verbal, os elementos que com-
põem a frase devem estar em consonância uns com os outros. - Os adjetivos regidos da preposição de, que se referem a
Essa concordância poderá ser feita de duas formas: grama- pronomes neutros indenidos (nada, muito, algo, tanto, que,
tical ou lógica (segue os padrões gramaticais vigentes); atrativa
ou ideológica (dá ênfase a apenas um dos vários elementos, com etc.), normalmente cam no masculino singular:
Sua vida nada tem de misterioso.
valor estilístico). Seus olhos têm algo de sedutor.
Todavia, por atração, podem esses adjetivos concordar com o
Concordância Nominal: adequação entre o substantivo e os substantivo (ou pronome) sujeito:
elementos que a ele se referem (artigo, pronome, adjetivo). “Elas nada tinham de ingênuas.” (José Gualda Dantas)
Concordância Verbal: variação do verbo, conformando-se ao
número e à pessoa do sujeito. Concordância do adjetivo predicativo com o sujeito: a con-
cordância do adjetivo predicativo com o sujeito realiza-se con-
Concordância Nominal soante as seguintes normas:
Concordância do adjetivo adjunto adnominal: a concordân- - O predicativo concorda em gênero e número com o sujeito
cia do adjetivo, com a função de adjunto adnominal, efetua-se de simples:
acordo com as seguintes regras gerais: A ciência sem consciência é desastrosa.
O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo Os campos estavam oridos, as colheitas seriam fartas.
a que se refere. Exemplo: O alto ipê cobre-se de ores amarelas. É proibida a caça nesta reserva.
O adjetivo que se refere a mais de um substantivo de gênero - Quando o sujeito é composto e constituído por substantivos
ou número diferentes, quando posposto, poderá concordar no mas- do mesmo gênero, o predicativo deve concordar no plural e no
culino plural (concordância mais aconselhada), ou com o substan- gênero deles:
tivo mais próximo. Exemplo: O mar e o céu estavam serenos.
- No masculino plural: A ciência e a virtude são necessárias.
“Tinha as espáduas e o colo feitos de encomenda para os ves- “Torvos e ferozes eram o gesto e os meneios destes homens
tidos decotados.” (Machado de Assis) sem disciplina,” (Alexandre Herculano)
“Os arreios e as bagagens espalhados no chão, em roda.”
(Herman Lima) - Sendo o sujeito composto e constituído por substantivos de
“Ainda assim, apareci com o rosto e as mãos muito marca- gêneros diversos, o predicativo concordará no masculino plural:
dos.” (Carlos Povina Cavalcânti) O vale e a montanha são frescos.
“...grande número de camareiros e camareiras nativos.” (Éri- “O céu e as árvores cariam assombrados.” (Machado de
co Veríssimo) Assis)

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Língua Portuguesa
Longos eram os dias e as noites para o prisioneiro. - Se anteposto ao objeto, poderá o predicativo, neste caso,
“O César e a irmã são louros.” (Antônio Olinto) concordar com o núcleo mais próximo:
É preciso que se mantenham limpas as ruas e os jardins.
- Se o sujeito for representado por um pronome de tratamen- Segue as mesmas regras o predicativo expresso pelos subs-
to, a concordância se efetua com o sexo da pessoa a quem nos tantivos variáveis em gênero e número: Temiam que as tomassem
referimos: por malfeitoras; Considero autores do crime o comerciante e sua
Vossa Senhoria carásatisfeito, eu lhe garanto. empregada.
“Vossa Excelência está enganado, Doutor Juiz.” (Ariano
Suassuna) Concordância do particípio passivo: Na voz passiva, o par -
Vossas Excelências, senhores Ministros, são merecedores de
ticípio concorda em gênero e número com o sujeito, como os ad-
nossa conança.
Vossa Alteza foibondoso. (com referência a um príncipe) jetivos:
Foi escolhida a rainha da festa.
O predicativo aparece às vezes na forma do masculino singu-
lar nas estereotipadas locuções é bom, é necessário, é preciso, etc., Foi feita a entrega dos convites.
embora o sujeito seja substantivo feminino ou plural: Os jogadores tinham sido convocados.
Bebida alcoólica não é bom para o fígado. O governo avisa que não serão permitidas invasões de pro-
“Água de melissa é muito bom.” (Machado de Assis) priedades.
“É preciso cautela com semelhantes doutrinas.” (Camilo Cas-
telo Branco) Quando o núcleo do sujeito é, como no último exemplo, um
“Hormônios, às refeições, não é mau.” (Aníbal Machado) coletivo numérico, pode-se, em geral, efetuar a concordância com
o substantivo que o acompanha: Centenas de rapazes foram vis-
Observe-se que em tais casos o sujeito não vem determinado tos pedalando nas ruas; Dezenas de soldados foram feridos em
pelo artigo e a concordância se faz não com a forma gramatical da combate.
palavra, mas com o fato que se tem em mente: Referindo-se a dois ou mais substantivos de gênero diferen-
Tomar hormônios às refeições não é mau. tes, o particípio concordará no masculino plural: Atingidos por
É necessário ter muita fé. mísseis, a corveta e o navio foram a pique; “Mas achei natural que
o clube e suas ilusões fossem leiloados.” (Carlos Drummond de
Havendo determinação do sujeito, ou sendo preciso realçar o Andrade)
predicativo, efetua-se a concordância normalmente:
É necessária a tua presença aqui. (= indispensável)
“Se eram necessárias obras, que se zessem e largamente.” Concordância do pronome com o nome:
(Eça de Queirós) - O pronome, quando se exiona, concorda em gênero e nú-
“Seriam precisos outros três homens.” (Aníbal Machado)
“São precisos também os nomes dos admiradores.” (Carlos mero com o substantivo a que se refere:
de Laet) “Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e
deitou-o no jazido de sua esposa”. (José de Alencar)
Concordância do predicativo com o objeto: A concordância “O velho abriu as pálpebras e cerrou-as logo.” (José de Alen-
do adjetivo predicativo com o objeto direto ou indireto subordina- car)
se às seguintes regras gerais:
- O pronome que se refere a dois ou mais substantivos de gê-
- O adjetivo concorda em gênero e número com o objeto neros diferentes, exiona-se no masculino plural:
quando este é simples: “Salas e coração habita-os a saudade”” (Alberto de Oliveira)
Vi ancorados na baía os navios petrolíferos. “A generosidade, o esforço e o amor, ensinaste-os tu em toda
“Olhou para suas terras e viu-as incultas e maninhas.” (Car- a sua sublimidade.” (Alexandre Herculano)
los de Laet) Conheci naquela escola ótimos rapazes e moças, com os quais
O tribunal qualicou de ilegais as nomeações do ex-prefeito. z boas amizades.
A noite torna visíveis os astros no céu límpido. “Referi-me à catedral de Notre-Dame e ao Vesúvio familiar-
mente, como se os tivesse visto.” (Graciliano Ramos)
- Quando o objeto é composto e constituído por elementos
do mesmo gênero, o adjetivo se exiona no plural e no gênero
dos elementos: Os substantivos sendo sinônimos, o pronome concorda com
A justiça declarou criminosos o empresário e seus auxiliares. o mais próximo: “Ó mortais, que cegueira e desatino é o nosso!”
Deixe bem fechadas a porta e as janelas. (Manuel Bernardes)

- Sendo o objeto composto e formado de elementos de gênero - Os pronomes um... outro, quando se referem a substantivos
diversos, o adjetivo predicativo concordará no masculino plural: de gênero diferentes, concordam no masculino:
Tomei emprestados a régua e o compasso. Marido e mulher viviam em boa harmonia e ajudavam-se um
Achei muito simpáticos o príncipe e sua lha. ao outro.
“Vi setas e carcásespedaçados”. (Gonçalves Dias) “Repousavam bem perto um do outro a matéria e o espíri-
Encontrei jogados no chão o álbum e as cartas. to.” (Alexandre Herculano)

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Língua Portuguesa
Nito e Sôniacasaram cedo:um por amor, ooutro, por interesse. O médico atendeu o maior número de pacientes possível.

A locução um e outro, referida a indivíduos de sexos diferen- - Adjetivos adverbiados. Certos adjetivos, como sério, claro,
tes, permanece também no masculino: “A mulher do colchoeiro caro, barato, alto, raro, etc., quando usados com a função de advér -
escovou-lhe o chapéu; e, quando ele [Rubião] saiu, um e outro bios terminados em – mente, cam invariáveis:
agradeceram-lhe muito o benefício da salvação do lho.” (Macha- Vamos falar sério. [sério = seriamente]
do de Assis) Penso que falei bem claro, disse a secretária.
Esses produtos passam a custar mais caro. [ou mais barato]
O substantivo que se segue às locuções um e outro e nem ou - Estas aves voam alto. [ou baixo]
tro ca no singular. Exemplos: Um e outro livro me agradaram;
Nem um nem outro livro me agradaram. Junto e direto ora funcionam como adjetivos, ora como ad-
vérbios:
Outros casos de concordância nominal: Registramos aqui “Jorge e Dante saltaram juntos do carro.” (José Louzeiro)
alguns casos especiais de concordância nominal: “Era como se tivessem estado juntos na véspera.” (Autram
Dourado).
- Anexo, incluso, leso. Como adjetivos, concordam com o “Elas moram junto há algum tempo.” (José Gualda Dantas)
substantivo em gênero e número: “Foram direto ao galpão do engenheiro-chefe.” (Josué Gui-
Anexa à presente, vai a relação das mercadorias. marães)
Vão anexos os pareceres das comissões técnicas.
Remeto-lhe, anexas, duas cópias do contrato. - Todo. No sentido de inteiramente, completamente, costuma-
Remeto-lhe, inclusa, uma fotocópia do recibo. se exionar, embora seja advérbio:
Os crimes de lesa-majestade eram punidos com a morte. Esses índios andam todos nus.
Ajudar esses espiões seria crime de lesa-pátria. Geou durante a noite e a planície cou toda (ou todo) branca.
As meninas iam todas de branco.
Observação: Evite a locução espúria em anexo. A casinha cava sob duas mangueiras, que a cobriam toda.

- A olhos vistos. Locução adverbial invariável. Signica visi- Mas admite-se também a forma invariável:
velmente. Fiquei com os cabelos todo sujos de terá.
“Lúcia emagrecia a olhos vistos”. (Coelho Neto) Suas mãos estavam todo ensangüentadas.
“Zito envelhecia a olhos vistos.” (Autren Dourado)

- Só. Como adjetivo, só [sozinho, único] concorda em número em estado de. vigilância)
- Alerta Pela sua srcem, alerta e,
é advérbio (=atentamente, de prontidão,
portanto, invariável:
com o substantivo. Como palavra denotativa de limitação, equiva- Estamos alerta.
lente de apenas, somente, é invariável. Os soldados caram alerta.
Eles estavam sós, na sala iluminada. “Todos os sentidos alerta funcionam.” (Carlos Drummond de
Esses dois livros, por si sós, bastariam para torná-los célebre. Andrade)
Elas só passeiam de carro. “Os brasileiros não podem deixar de estar sempre alerta.”
Só eles estavam na sala. (Martins de Aguiar)

Forma a locução a sós [=sem mais companhia, sozinho]: Es- Contudo, esta palavra é, atualmente, sentida antes como adje-
távamos a sós. Jesus despediu a multidão e subiu ao monte para tivo, sendo, por isso, exionada no plural:
orar a sós. Nossos chefes estão alertas. (=vigilantes)
Papa diz aos cristãos que se mantenham alertas.
- Possível. Usado em expressões superlativas, este adjetivo “Uma sentinela de guarda, olhos abertos e sentidosalertas, es-
ora aparece invariável, ora exionado: perando pelo desconhecido...” (Assis Brasil, Os Crocodilos, p. 25)
“A volta, esperava-nos sempre o almoço com os pratos mais
requintados possível.” (Maria Helena Cardoso) - Meio. Usada como advérbio, no sentido de um pouco, esta
“Estas frutas são as mais saborosas possível.” (Carlos Góis) palavra é invariável. Exemplos:
“A mania de Alice era colecionar os enfeites de louça mais A porta estava meio aberta.
grotescos possíveis.” (ledo Ivo) As meninas caram meio nervosas.
“... e o resultado obtido foi uma apresentação com movimen- Os sapatos eram meio velhos, mas serviam.
tos os mais espontâneos possíveis.” (Ronaldo Miranda)
- Bastante. Varia quando adjetivo, sinônimo de suciente:
Como se vê dos exemplos citados, há nítida tendência, no Não havia provas bastantes para condenar o réu.
português de hoje, para se usar, neste caso, o adjetivo possível no Duas malas não eram bastantes para as roupas da atriz.
plural. O singular é de rigor quando a expressão superlativa inicia
com a partícula o (o mais, o menos, o maior, o menor, etc.) Fica invariável quando advérbio, caso em que modica um
Os prédios devem car o mais afastados possível. adjetivo:
Ele trazia sempre as unhas o mais bem aparadas possível. As cordas eram bastante fortes para sustentar o peso.

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Língua Portuguesa
Os emissários voltaram bastante otimistas. 06. Como no exercício anterior.
“Levi está inquieto com a economia do Brasil. Vê que se apro- a) “Ele informou aos colegas de que havia perdido os docu-
ximam dias bastante escuros.” (Austregésilo de Ataíde) mentos cuja srcinalidade duvidamos.”
b) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia mais car no
- Menos. É palavra invariável: pátio do que continuar dentro da classe.”
Gaste menos água.
À noite, há menos pessoas na praça. 07. A frase em que a concordância nominal está correta é:
a) A vasta plantação e a casa grande caiados há pouco tempo
Exercícios era o melhor sinal de prosperidade da família.
b) Eles, com ar entristecidos, dirigiram-se ao salão onde se
01. Assinale a frase que encerra um erro de concordância no-
minal: encontravam
c) Não lheaspareciam
vítimas do
útilacidente.
aquelas plantas esquisitas que ele cul-
a) Estavam abandonadas a casa, o templo e a vila. tivava na sua pacata e linda chácara do interior.
b) Ela chegou com o rosto e as mãos feridas. d) Quando foi encontrado, ele apresentava feridos a perna e o
c) Decorrido um ano e alguns meses, lá voltamos. braço direitos, mas estava totalmente lúcido.
d) Decorridos um ano e alguns meses, lá voltamos. e) Esses livro e caderno não são meus, mas poderão ser impor-
e) Ela comprou dois vestidos cinza. tante para a pesquisa que estou fazendo.

02. Enumere a segunda coluna pela primeira (adjetivo pos- 08. Assinale a alternativa em que, pluralizando-se a frase, as
posto): palavras destacadas permanecem invariáveis:
(1) velhos a) Este é o meio mais exato para você resolver o problema:
(2) velhas estude só.
( ) camisa e calça. b) Meia palavra, meio tom - índice de sua sensatez.
( ) chapéu e calça. c) Estava só naquela ocasião; acreditei, pois em sua meia pro-
( ) calça e chapéu. messa.
( ) chapéu e paletó. d) Passei muito inverno só.
( ) chapéu e camisa. e) Só estudei o elementar, o que me deixa meio apreensivo.

a) 1-2-1-1-2 09. Aponte o erro de concordância nominal.


a) Andei por longes terras.
b) 2-1-1-1-1
c) 2-2-1-1-2 b) Ela chegou toda machucada.
c) Carla anda meio aborrecida.
d) 1-2-2-2-2
d) Elas não progredirão por si mesmo.
e) 2-1-1-1-2
e) Ela própria nos procurou.
03. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos 10. Assinale o erro de concordância nominal.
parênteses. a) – Muito obrigada, disse ela.
a) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ necessária) b) Só as mulheres foram interrogadas.
b) Quero que todos quem ____. (alerta/ alertas) c) Eles estavam só.
c) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/ bas- d) Já era meio-dia e meia.
tantes) e) Sós, caram tristes.
d) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios)
e) A dona do imóvel cou ____ desiludida com o inquilino. Respostas:
(meio/ meia) 01-A / 02-C
03. a) necessária b) alerta c) bastantes d) vazia e) meio
04. “Na reunião do Colegiado, não faltou, no momento em 04. a) “Na reunião do colegiado, não faltaram, no momento
que as discussões se tornaram mais violentas, argumentos e opi - em que as discussões se tornaram mais violentas, argumentos e
niões veementes e contraditórias.” No trecho acima, há uma infra- opiniões veementes e contraditórias.”
ção as normas de concordância. b) Concorda com o sujeito “argumentos e opiniões”.
a) Reescreva-o com devida correção. 05. a) “Receba, Vossa Excelência, os protestos de nossa esti-
b) Justique a correção feita. ma, pois não pode haver cidadãos conscientes sem a educação.”
b) A frase está correta.
05. Reescrever as frases abaixo, corrigindo-as quando neces- 06. a) “Ele informou aos colegas que havia perdido (ou: ele
sário. informou os colegas de que havia perdido os documentos de cuja
a) “Recebei, Vossa Excelência, os processos de nossa estima, srcinalidade duvidamos.”
pois não podem haver cidadãos conscientes sem educação.” b) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia car no
b) “Os projetos que me enviaram estão em ordem; devolvê-los pátio a continuar dentro da classe.”
-ei ainda hoje, conforme lhes prometi.” 07-E / 08-E / 09-D / 10-C

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Língua Portuguesa
Concordância Verbal Muitas vezes os escritores quebram a rigidez dessa regra:

O verbo concorda com o sujeito, em harmonia com as seguin- - Ora fazendo concordar o verbo com o sujeito mais próximo,
tes regras gerais: quando este se pospõe ao verbo:
“O que resta da felicidade passada és tu e eles.” (Camilo Cas-
- O sujeito é simples: O sujeito sendo simples, com ele con- telo Branco)
cordará o verbo em número e pessoa. Exemplos: “Faze uma arca de madeira; entra nela tu, tua mulher e teus
lhos.” (Machado de Assis)
Verbo depois do sujeito: - Ora preferindo a 3ª pessoa na concorrência tu + ele (tu +
“As saúvas eram uma praga.” (Carlos Povina Cavalcânti) ele = vocês em vez de tu + ele = vós):
“Tu não és inimiga dele, não? (Camilo Castelo Branco) “...Deus e tu são testemunhas...” (Almeida Garrett)
“Vós fostes chamados à liberdade, irmãos.” (São Paulo) “Juro que tu e tua mulher me pagam.” (Coelho Neto)

Verbo antes do sujeito: As normas que a seguir traçamos têm, muitas vezes, valor re-
lativo, porquanto a escolha desta ou daquela concordância depen-
Acontecem tantas desgraças neste planeta! de, freqüentemente, do contexto, da situação e do clima emocional
Não faltarão pessoas que nos queiram ajudar. que envolvem o falante ou o escrevente.
A quem pertencem essas terras?
- Núcleos do sujeito unidos por ou
- O sujeito é composto e da 3ª pessoa
Há duas situações a considerar:
O sujeito, sendo composto e anteposto ao verbo, leva geral-
mente este para o plural. Exemplos: - Se a conjunção ou indicar exclusão ou reticação, o verbo
“A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de Alencar) concordará com o núcleo do sujeito mais próximo:
“Poti e seus guerreiros o acompanharam.” (José de Alencar) Paulo ou Antônio será o presidente.
“Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma O ladrão ou os ladrões não deixaram nenhum vestígio.
fonte perene.” (Machado de Assis) Ainda não foi encontrado o autor ou os autores do crime.
- O verbo irá para o plural se a idéia por ele expressa se refe-
É licito (mas não obrigatório) deixar o verbo no singular: rir ou puder ser atribuída a todos os núcleos do sujeito:
- Quando o núcleo dos sujeitos são sinônimos: “Era tão pequena a cidade, que um grito ou gargalhada forte
“A decência e honestidade ainda reinava.” (Mário Barreto) a atravessavam de ponta a ponta.” (Aníbal Machado) (Tanto um
“A coragem
(Camilo e afoiteza com que lhe respondi, perturbou-o...”
Castelo Branco) grito“Naquela
como umacrise,
gargalhada atravessavam
só Deus a cidade.)
ou Nossa Senhora podiam acudir-
“Que barulho, que revolução será capaz de perturbar esta se- lhe.” (Camilo Castelo Branco)
renidade?” (Graciliano Ramos)
- Quando os núcleos do sujeito formam sequência gradativa: Há, no entanto, em bons autores, ocorrência de verbo no sin-
Uma ânsia, uma aição, uma angústia repentina começou a gular:
me apertar à alma. “A glória ou a vergonha da estirpe provinha de atos indivi-
duais.” (Vivaldo Coaraci)
Sendo o sujeito composto e posposto ao verbo, este poderá “Há dessas reminiscências que não descansam antes que a
concordar no plural ou com o substantivo mais próximo: pena ou a língua as publique.” (Machado de Assis)
“Um príncipe ou uma princesa não casa sem um vultoso
“Não fossem o rádio de pilha e as revistas, que seria de Eli-
dote.” (Viriato Correia)
sa?” (Jorge Amado)
“Enquanto ele não vinha, apareceram um jornal e uma vela.” - Núcleos do sujeito unidos pela preposição com: Usa-se
(Ricardo Ramos) mais frequentemente o verbo no plural quando se atribui a mesma
“Ali estavam o rio e as suas lavadeiras.” (Carlos Povina Ca- importância, no processo verbal, aos elementos do sujeito unidos
valcânti) pela preposição com. Exemplos:
... casa abençoada onde paravam Deus e o primeiro dos seus Manuel com seu compadre construíram o barracão.
ministros.” (Carlos de Laet) “Eu com outros romeiros vínhamos de Vigo...” (Camilo Cas-
Aconselhamos, nesse caso, usar o verbo no plural. telo Branco)
“Ele com mais dois acercaram-se da porta.” (Camilo Castelo
- O sujeito é composto e de pessoas diferentes Branco)
Se o sujeito composto for de pessoas diversas, o verbo se e - Pode se usar o verbo no singular quando se deseja dar relevân-
xiona no plural e na pessoa que tiver prevalência. (A 1ª pessoa cia ao primeiro elemento do sujeito e também quando o verbo vier
prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a 2ª prevale sobre a 3ª): antes deste. Exemplos:
“Foi o que fzemos Capitu e eu.” (Machado de Assis) (ela e O bispo, com dois sacerdotes, iniciou solenemente a missa.
eu = nós) O presidente, com sua comitiva, chegou a Paris às 5h da tarde.
“Tu e ele partireis juntos.” (Mário Barreto) (tu e ele = vós) “Já num sublime e público teatro se assenta o rei inglês com
Você e meu irmão não mecompreendem. (você e ele = vocês) toda a corte.” (Luís de Camarões)

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Língua Portuguesa
- Núcleos do sujeito unidos por nem: Quando o sujeito é for- - Núcleos do sujeito são innitivos: O verbo concordará no
mado por núcleos no singular unidos pela conjunção nem, usa-se, plural se os innitivos forem determinados pelo artigo ou expri-
comumente, o verbo no plural. Exemplos: mirem idéias opostas; caso contrário, tanto é lícito usar o verbo no
Nem a riqueza nem o poder o livraram de seus inimigos. singular como no plural. Exemplos:
Nem eu nem ele o convidamos. O comer e o beber são necessários.
“Nem o mundo, nem Deus teriam força para me constranger Rir e chorar fazem parte da vida
a tanto.” (Alexandre Herculano) Montar brinquedos e desmontá-losdivertiam muito o menino.
“Nem a Bíblia nem a respeitabilidade lhe permitem praguejar “Já tinha ouvido que plantar e colher feijão não dava traba-
alto.” (Eça de Queirós) lho.” (Carlos Povina Cavalcânti) (ou davam)
É preferível a concordância no singular:
- Sujeito oracional: Concorda no singular o verbo cujo sujeito
- Quando o verbo precede o sujeito: é uma oração:
“Não lhe valeu a imensidade azul, nem a alegria das ores, Ainda falta / comprar os cartões.
nem a pompa das folhas verdes...” (Machado de Assis) Predicado Sujeito Oracional
Não o convidei eu nem minha esposa.
“Na fazenda, atualmente, não se recusa trabalho, nem dinhei- Estas são realidades que não adianta esconder.
ro, nem nada a ninguém.” (Guimarães Rosa) Sujeito de adianta: esconder que (as realidades)

- Quando há exclusão, isto é, quando o fato só pode ser atri- - Sujeito Coletivo: O verbo concorda no singular com o sujei-
buído a um dos elementos do sujeito: to coletivo no singular. Exemplos:
Nem Berlim nem Moscou sediará a próxima Olimpíada. (Só A multidão vociferava ameaças.
uma cidade pode sediar a Olimpíada.) O exército dos aliados desembarcou no sul da Itália.
Nem Paulo nem João será eleito governador do Acre. (Só um Uma junta de bois tirou o automóvel do atoleiro.
candidato pode ser eleito governador.) Um bloco de foliões animava o centro da cidade.

- Núcleos do sujeito correlacionados: O verbo vai para o Se o coletivo vier seguido de substantivo plural que o espe-
cique e anteceder ao verbo, este poderá ir para o plural, quando
plural quando os elementos do sujeito composto estão ligados por
se quer salientar não a ação do conjunto, mas a dos indivíduos,
uma das expressões correlativas não só... mas também, não só
efetuando-se uma concordância não gramatical, mas ideológica:
como também, tanto...como, etc. Exemplos:
“Uma grande multidão de crianças, de velhos, de mulheres
Não só a nação mas também o príncipe estariam pobres.”
(Alexandre Herculano) penetraram na caverna...”
“Uma grande (Alexandre
vara de porcos que seHerculano)
afogaram de escantilhão
“Tanto a Igreja como o Estado eram até certo ponto inocen- no mar...” (Camilo Castelo Branco)
tes.” (Alexandre Herculano) “Reconheceu que era um par de besouros que zumbiam no
“Tanto Noêmia como Reinaldo só mantinham relações de ar.” (Machado de Assis)
amizade com um grupo muito reduzido de pessoas.” (José Condé) “Havia na União um grupo de meninos que praticavam esse
“Tanto a lavoura como a indústria da criação de gado não o divertimento com uma pertinácia admirável.” (Carlos Povina Ca-
demovem do seu objetivo.” (Cassiano Ricardo) valcânti)
- Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém: Quando o su- - A maior parte de, grande número de, etc: Sendo o sujei-
jeito composto vem resumido por um dos pronomes, tudo, nada, to uma das expressões quantitativas a maior parte de, parte de,
ninguém, etc. o verbo concorda, no singular, com o pronome re- a maioria de, grande número de, etc., seguida de substantivo ou
sumidor. Exemplos: pronome no plural, o verbo, quando posposto ao sujeito, pode ir
Jogos, espetáculos, viagens, diversões, nadapôde satisfazê-lo. para o singular ou para o plural, conforme se queira efetuar uma
“O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso, es - concordância estritamente gramatical (com o coletivo singular) ou
touvado, tudo isso me levou a fazer uma coisa única.” (Machado uma concordância enfática, expressiva, com a idéia de pluralidade
de Assis) sugerida pelo sujeito. Exemplos:
Jogadores, árbitro, assistentes, ninguém saiu do campo. A maior parte dos indígenas respeitavam os pajés.” (Gilberto
Freire)
- Núcleos do sujeito designando a mesma pessoa ou coisa: O “A maior parte dos doidos ali metidos estão em seu perfeito
verbo concorda no singular quando os núcleos do sujeito designam juízo.” (Machado de Assis)
a mesma pessoa ou o mesmo ser. Exemplos: “A maior parte das pessoas pedem uma sopa, um prato de
“Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o João-nin- carne e um prato de legumes.” (Ramalho Ortigão)
guém, agora é cédula de Cr$ 500,00!” (Carlos Drummond Andra- “A maior parte dos nomes podem ser empregados em sentido
de) denido ou em sentido indenido.” (Mário Barreto)
“Embora sabendo que tudo vai continuar como está, fca o
registro, o protesto, em nome dos telespectadores.” (Valério An- Quando o verbo precede o sujeito, como nos dois últimos
drade) exemplos, a concordância se efetua no singular. Como se vê dos
Advogado e membro da instituição afrma que ela é corrupta. exemplos supracitados, as duas concordâncias são igualmente legí-

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Língua Portuguesa
timas, porque têm tradição na língua. Cabe a quem fala ou escreve Ressalte-se porém, que nesse caso é preferível construir a fra-
escolher a que julgar mais adequada à situação. Pode-se, portanto, se de outro modo:
no caso em foco, usar o verbo no plural, efetuando a concordância Jairo é um empregado meu que não sabe ler.
não com a forma gramatical das palavras, mas com a ideia de plu - Dos meus empregados, só Jairo não sabe ler.
ralidade que elas encerram e sugerem à nossa mente. Essa concor-
dância ideológica é bem mais expressiva que a gramatical, como Na linguagem culta formal, ao empregar as expressões em
se pode perceber relendo as frases citadas de Machado de Assis, foco, o mais acertado é usar no plural o verbo da oração adjetiva:
Ramalho Ortigão, Ondina Ferreira e Aurélio Buarque de Holanda, O Japão é um dos países que mais investem em tecnologia.
e cotejando-as com as dos autores que usaram o verbo no singular. Gandhi foi um dos que mais lutaram pela paz.
O sertão cearense é uma das áreas que mais sofrem com as
- Um e outro, nem um nem outro: O sujeito sendo uma dessas
expressões, o verbo concorda, de preferência, no plural. Exemplos: secas.
Heráclito foi um dos empresários que conseguiram superar
“Um e outro gênero se destinavam ao conhecimento...” (Her- a crise.
nâni Cidade)
“Um e outro descendiam de velhas famílias do Norte.” (Ma- Embora o caso seja diferente, é oportuno lembrar que, nas ora-
chado de Assis) ções adjetivas explicativas, nas quais o pronome que é separado de
Uma e outra família tinham (ou tinha) parentes no Rio. seu antecedente por pausa e vírgula, a concordância é determinada
“Depois nem um nem outro acharam novo motivo para diá- pelo sentido da frase:
logo.” (Fernando Namora) Um dos meninos, que estava sentado à porta da casa, foi cha-
mar o pai. (Só um menino estava sentado.)
- Um ou outro: O verbo concorda no singular com o sujeito Um dos cinco homens, que assistiam àquela cena estupefatos,
um ou outro: soltou um grito de protesto. (Todos os cinco homens assistiam à
“Respondi-lhe que um ou outro colar lhe fcava bem.” (Ma- cena.)
chado de Assis)
“Uma ou outra pode dar lugar a dissentimentos.” (Machado - Mais de um: O verbo concorda, em regra, no singular. O plu-
de Assis) ral será de rigor se o verbo exprimir reciprocidade, ou se o numeral
“Sempre tem um ou outro que vai dando um vintém.” (Raquel
for superior a um. Exemplos:
de Queirós)
Mais de um excursionista já perdeu a vida nesta montanha.
Mais de um dos circunstantes se entreolharam com espanto.
- Um dos que, uma das que: Quando, em orações adjetivas
Devem ter fugido mais de vinte presos.
restritivas,
são verbo daque
análoga,o opronome vem adjetiva
oração antecedido de um dos
exiona-se, emouregra,
expres-
no
plural: - Quais de vós? Alguns de nós: Sendo o sujeito um dos prono-
“O príncipe foi um dos que despertaram mais cedo.” (Ale- mes interrogativos quais? quantos? Ou um dos indenidos alguns,
xandre Herculano) muitos, poucos, etc., seguidos dos pronomes nós ou vós, o verbo
“A baronesa era uma das pessoas que mais desconfavam de concordará, por atração, com estes últimos, ou, o que é mais lógi-
nós.” (Machado de Assis) co, na 3ª pessoa do plural:
“Areteu da Capadócia era um dos muitos médicos gregos que “Quantos dentre nós a conhecemos?” (Rogério César Cer-
viviam em Roma.” (Moacyr Scliar) queira)
Ele é desses charlatães que exploram a crendice humana. “Quais de vós sois, como eu, desterrados...?” (Alexandre Her -
culano)
Essa é a concordância lógica, geralmente preferida pelos es- “...quantos dentre vós estudam conscienciosamente o passa-
critores modernos. Todavia, não é prática condenável fugir ao rigor do?” (José de Alencar)
da lógica gramatical e usar o verbo da oração adjetiva no singular Alguns de nós vieram (ou viemos) de longe.
(fazendo-o concordar com a palavra um), quando se deseja desta-
car o indivíduo do grupo, dando-se a entender que ele sobressaiu Estando o pronome no singular, no singular (3ª pessoa) cará
ou sobressai aos demais: o verbo:
Ele é um desses parasitas que vive à custa dos outros. Qual de vós testemunhou o fato?
“Foi um dos poucos do seu tempo que reconheceu a srcinali - Nenhuma de nós a conhece.
dade e importância da literatura brasileira.” (João Ribeiro) Nenhum de vós a viu?
Qual de nós falará primeiro?
Há gramáticas que condenam tal concordância. Por coerência,
deveriam condenar também a comumente aceita em construções - Pronomes quem, que, como sujeitos: O verbo concordará,
anormais do tipo: Quais de vós sois isentos de culpa? Quantos de em regra, na 3ª pessoa, com os pronomes quem e que, em frases
nós somos completamente felizes? O verbo ca obrigatoriamente como estas:
no singular quando se aplica apenas ao indivíduo de que se fala, Sou eu quem responde pelos meus atos.
como no exemplo: Somos nós quem leva o prejuízo.
Jairo é um dos meus empregados que não sabe ler. (Jairo é o Eram elas quem fazia a limpeza da casa.
único empregado que não sabe ler.) “Eras tu quem tinha o dom de encantar-me.” (Osmã Lins)

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Língua Portuguesa
Todavia, a linguagem enfática justica a concordância com o As Valkírias mostram claramente o homem...
sujeito da oração principal: “Os Sertões são um livro de ciência e de paixão, de análise e
“Sou eu quem prendo aos céus a terra.” (Gonçalves Dias) de protesto.” (Alfredo Bosi)
“Não sou eu quem faço a perspectiva encolhida.” (Ricardo
Ramos) - Concordância do verbo passivo: Quando apassivado pelo
“És tu quem dás frescor à mansa brisa.” (Gonçalves Dias) pronome apassivador se, o verbo concordará normalmente com o
“Nós somos os galegos que levamos a barrica.” (Camilo Cas- sujeito:
telo Branco) Vende-se a casa e compram-se dois apartamentos.
Gataram-se milhões, sem que se vissem resultados concre-
A concordância do verbo precedido do pronome relativo que tos.
far-se-á obrigatoriamente com o sujeito do verbo (ser) da oração “Correram-se as cortinas da tribuna real.” (Rebelo da Silva)
principal, em frases do tipo: “Aperfeiçoavam-se as aspas, cravavam-se pregos necessá-
Sou eu que pago. rios à segurança dos postes...” (Camilo Castelo Branco)
És tu que vens conosco?
Somos nós que cozinhamos. Na literatura moderna há exemplos em contrário, mas que não
Eram eles que mais reclamavam. devem ser seguidos:
“Vendia-se seiscentos convites e aquilo cava cheio.” (Ricar-
Em construções desse tipo, é lícito considerar o verbo ser e a do Ramos)
palavra que como elementos expletivos ou enfatizantes, portanto “Em Paris há coisas que não se entende bem.” (Rubem Braga)
não necessários ao enunciado. Assim:
Sou eu que pago. (=Eu pago) Nas locuções verbais formadas com os verbos auxiliares po-
Somos nós que cozinhamos. (=Nós cozinhamos) der e dever, na voz passiva sintética, o verbo auxiliar concordará
Foram os bombeiros que a salvaram. (= Os bombeiros a sal- com o sujeito. Exemplos:
varam.) Não se podem cortar essas árvores. (sujeito: árvores; locução
Seja qual for a interpretação, o importante é saber que, neste verbal: podem cortar)
caso, tanto o verbo ser como o outro devem concordar com o pro- Devem-se ler bons livros. (=Devem ser lidos bons livros) (su-
nome ou substantivo que precede a palavra que. jeito: livros; locução verbal: devem-se ler)
“Nem de outra forma se poderiam imaginar façanhas me-
- Concordância com os pronomes de tratamento: Os prono- moráveis como a do fabuloso Aleixo Garcia.” (Sérgio Buarque de
mes de tratamento exigem o verbo na 3ª pessoa, embora se rera à
2ª pessoa do discurso: Holanda)
Vossa Excelênciaagiu com moderação. dizer“Em Santarém há antigas.”
verdadeiramente poucas casas particulares
(Almeida Garrett) que se possam
Vossas Excelências não fcarão surdos à voz do povo.
“Espero que V.Sª. não me faça mal.” (Camilo Castelo Branco)
“Vossa Majestade não pode consentir que os touros lhe matem Entretanto, pode-se considerar sujeito do verbo principal a
o tempo e os vassalos.” (Rebelo da Silva) oração iniciada pelo innitivo e, nesse caso, não há locução verbal
e o verbo auxiliar concordará no singular. Assim:
- Concordância com certos substantivos próprios no plural: Não se pode cortar essas árvores. (sujeito: cortar essas árvo-
Certos substantivos próprios de forma plural, como Estados Uni- res; predicado: não se pode)
dos, Andes, Campinas, Lusíadas, etc., levam o verbo para o plural Deve-se ler bons livros. (sujeito: ler bons livros; predicado:
quando se usam com o artigo; caso contrário, o verbo concorda no deve-se)
singular.
“Os Estados Unidos são o país mais rico do mundo.” (Eduar - Em síntese: de acordo com a interpretação que se escolher,
do Prado) tanto é lícito usar o verbo auxiliar no singular como no plural.
Os Andes se estendem da Venezuela à Terra do Fogo. Portanto:
“Os Lusíadas” imortalizaram Luís de Camões. Não se podem (ou pode) cortar essas árvores.
Campinas orgulha-se de ter sido o berço de Carlos Gomes. Devem-se (ou deve-se) ler bons livros.
Tratando-se de títulos de obras, é comum deixar o verbo no “Quando se joga, deve-se aceitar as regras.” (Ledo Ivo)
singular, sobretudo com o verbo ser seguido de predicativo no sin- “Concluo que não se devem abolir as loterias.” (Machado de
gular: Assis)
“As Férias de El-Rei é o título da novela.” (Rebelo da Silva)
“As Valkírias mostra claramente o homem que existe por de- - Verbos impessoais: Os verbos haver, fazer (na indicação do
trás do mago.” (Paulo Coelho) tempo), passar de (na indicação de horas), chover e outros que
“Os Sertões é um ensaio sociológico e histórico...” (Celso exprimem fenômenos meteorológicos, quando usados como im-
Luft) pessoais, cam na 3ª pessoa do singular:
“Não havia ali vizinhos naquele deserto.” (Monteiro Lobato)
A concordância, neste caso, não é gramatical, mas ideológica, “Havia já dois anos que nos não víamos.” (Machado de Assis)
porque se efetua não com a palavra (Valkírias, Sertões, Férias de “Aqui faz verões terríveis.” (Camilo Castelo Branco)
El-Rei), mas com a ideia por ela sugerida (obra ou livro). Ressalte- “Faz hoje ao certo dois meses que morreu na forca o tal mal-
se, porém, que é também correto usar o verbo no plural: vado...” (Camilo Castelo Branco)

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Língua Portuguesa
Observações: “A cama são umas palhas.” (Camilo Castelo Branco)
“A causa eram os seus projetos.” (Machado de Assis)
- Também ca invariável na 3ª pessoa do singular o verbo que “Vida de craque não são rosas.” (Raquel de Queirós)
forma locução com os verbos impessoais haver ou fazer: Sua salvação foram aquelas ervas.
Deverá haver cinco anos que ocorreu o incêndio.
Vai haver grandes festas. O sujeito sendo nome depessoa, com ele concordará o verbo ser:
Há de haver, sem dúvida, fortíssimas razões para ele não acei- Emília é os encantos de sua avó.
tar o cargo. Abílio era só problemas.
Começou a haver abusos na nova administração. Dá-se também a concordância no singular com o sujeito que:
“Ergo-me hoje para escrever mais uma página neste Diário
- o verbo chover, no sentido gurado (= cair ou sobrevir em que breve será cinzas como eu.” (Camilo Castelo Branco)
grande quantidade), deixa de ser impessoal e, portanto concordará
com o sujeito: - Quando o sujeito é uma palavra ou expressão de sentido
Choviam pétalas de ores. coletivo ou partitivo, e o predicativo um substantivo no plural:
“Sou aquele sobre quem mais têm chovido elogios e diatri- “A maioria eram rapazes.” (Aníbal Machado)
bes.” (Carlos de Laet) A maior parte eram famílias pobres.
“Choveram comentários e palpites.” (Carlos Drummond de O resto (ou o mais) são trastes velhos.
Andrade) “A maior parte dessa multidãosão mendigos.” (Eça de Queirós)
“E nem lá (na Lua) chovem meteoritos, permanentemente.”
(Raquel de Queirós) - Quando o predicativo é um pronome pessoal ou um substan-
tivo, e o sujeito não é pronome pessoal reto:
- Na língua popular brasileira é generalizado o uso de ter, “O Brasil, senhores, sois vós.” (Rui Barbosa)
impessoal, por haver, existir. Nem faltam exemplos em escritores “Nas minhas terras o rei sou eu.” (Alexandre Herculano)
modernos: “O dono da fazenda serás tu.” (Said Ali)
“No centro do pátio tem uma gueira velhíssima, com um “...mas a minha riqueza eras tu.” (Camilo Castelo Branco)
banco embaixo.” (José Geraldo Vieira)
“Soube que tem um cavalo morto, no quintal.” (Carlos Drum- Mas: Eu não sou ele. Vós não sois eles. Tu não és ele.
mond de Andrade)
Esse emprego do verbo ter, impessoal, não é estranho ao por -
tuguês europeu: “É verdade. Tem dias que sai ao romper de alva - Quando o predicativo é o pronome demonstrativo o ou a
e recolhe alta noite, respondeu Ângela.” (Camilo Castelo Branco) palavra coisa:
(Tem = Há) Divertimentos
“Os bastidores éé osóque nãome
o que lhetoca.”
falta. (Correia Garção)
- Existir não é verbo impessoal. Portanto: “Mentiras, era o que me pediam, sempre mentiras.” ( Fernan-
Nesta cidade existem ( e não existe) bons médicos. do Namora)
Não deviam (e não devia) existir crianças abandonadas. “Os responsórios e os sinos é coisa importuna em Tibães.”
(Camilo Castelo Branco)
- Concordância do verbo ser: O verbo de ligação ser concor-
da com o predicativo nos seguintes casos: - Nas locuções é muito, é pouco, é suciente, é demais, é mais
que (ou do que), é menos que (ou do que), etc., cujo sujeito expri-
- Quando o sujeito é um dos pronomes tudo, o, isto, isso, ou me quantidade, preço, medida, etc.:
aquilo: “Seis anos era muito.” (Camilo Castelo Branco)
“Tudo eram hipóteses.” (Ledo Ivo) Dois mil dólares é pouco.
“Tudo isto eram sintomas graves.” (Machado de Assis) Cinco mil dólares era quanto bastava para a viagem.
Na mocidade tudo são esperanças. Doze metros de o é demais.
“Não, nem tudo são dessemelhanças e contrastes entre Brasil
e Estados Unidos.” (Viana Moog) - Na indicação das horas, datas e distância , o verbo ser é
impessoal (não tem sujeito) e concordará com a expressão desig-
A concordância com o sujeito, embora menos comum, é tam- nativa de hora, data ou distância:
bém lícita: Era uma hora da tarde.
“Tudo é ores no presente.” (Gonçalves Dias) “Era hora e meia, foi pôr o chapéu.” (Eça de Queirós)
“O que de mim posso oferecer-lhe é espinhos da minha co - “Seriam seis e meia da tarde.” ( Raquel de Queirós)
roa.” (Camilo Castelo Branco) “Eram duas horas da tarde.” (Machado de Assis)

O verbo ser ca no singular quando o predicativo é formado Observações:


de dois núcleos no singular:
“Tudo o mais é soledade e silêncio.” (Ferreira de Castro) - Pode-se, entretanto na linguagem espontânea, deixar o ver-
bo no singular, concordando com a idéia implícita de “dia”:
- Quando o sujeito é um nome de coisa, no singular, e o predi- “Hoje é seis de março.” (J. Matoso Câmara Jr.) (Hoje é dia
cativo um substantivo plural: seis de março.)

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Língua Portuguesa
“Hoje é dez de janeiro.” (Celso Luft) Hajam vista os livros desse autor. (= tenham vista, vejam-se)
Haja vista os livros desse autor. (= por exemplo, veja)
- Estando a expressão que designa horas precedida da locu- Haja vista aos livros desse autor. (= olhe-se para, atente-se
ção perto de, hesitam os escritores entre o plural e o singular: para os livros)
“Eram perto de oito horas.” (Machado de Assis) A primeira construção (que é a mais lógica) analisa-se deste
“Era perto de duas horas quando saiu da janela.” (Machado modo.
de Assis) Sujeito: os livros; verbo hajam (=tenham); objeto direto: vista.
“...era perto das cinco quando saí.” (Eça de Queirós) A situação é preocupante; hajam vista os incidentes de sábado.
Seguida de substantivo (ou pronome) singular, a expressão,
- O verbo passar, referente a horas, ca na 3ª pessoa do sin - evidentemente, permanece invariável: A situação é preocupante;
haja vista o incidente de sábado.
gular,
horas. em frases como: Quando o trem chegou, passava das sete
- Bem haja. Mal haja: Bem haja e mal haja usam-se em fra-
- Locução de realce é que: O verbo ser permanece invariável ses optativas e imprecativas, respectivamente. O verbo concordará
na expressão expletiva ou de realce é que: normalmente com o sujeito, que vem sempre posposto:
Eu é que mantenho a ordem aqui. (= Sou eu que mantenho a “Bem haja Sua Majestade!” (Camilo Castelo Branco)
ordem aqui.) Bem hajam os promovedores dessa campanha!
Nós é que trabalhávamos. (= Éramos nós que trabalhávamos) “Mal hajam as desgraças da minha vida...” (Camilo Castelo
As mães é que devem educá-los. (= São as mães que devem Branco)
educá-los.)
Os astros é que os guiavam. (= Eram os astros que os guia- - Concordância dos verbos bater, dar e soar: Referindo-se
vam.) às horas, os três verbos acima concordam regularmente com o su-
jeito, que pode ser hora, horas (claro ou oculto), badaladas ou
Da mesma forma se diz, com ênfase: relógio:
“Vocês são muito é atrevidos.” (Raquel de Queirós) “Nisto, deu três horas o relógio da botica.” (Camilo Castelo
“Sentia era vontade de ir também sentar-me numa cadeira Branco)
“Bateram quatro da manhã em três torres a um tempo...”
junto do palco.” (Graciliano Ramos)
(Mário Barreto)
“Por queera que ele usava chapéu sem aba?” (Graciliano Ramos)
“Tinham batido quatro horas no cartório do tabelião Vaz Nu-
nes.” (Machado de Assis)
Observação: O verbo ser é impessoal e invariável em constru-
ções enfáticas como: “Deu uma e meia.” (Said Ali)
Era aqui onde se açoitavam os escravos. (= Aqui se açoitavam Pasar, com referência a horas, no sentido de ser mais de, é
os escravos.) verbo impessoal, por isso ca na 3ª pessoa do singular: Quando
Foi então que os dois se desentenderam. (= Então os dois se chegamos ao aeroporto, passava das 16 horas; Vamos, já passa
desentenderam.) das oito horas – disse ela ao lho.
- Era uma vez: Por tradição, mantém-se invariável a expres- - Concordância do verbo parecer: Em construções com o
são inicial de histórias era uma vez, ainda quando seguida de subs- verbo parecer seguido de innitivo, pode-se exionar o verbo pa-
tantivo plural: Era uma vez dois cavaleiros andantes. recer ou o innitivo que o acompanha:
As paredes pareciam estremecer. (construção corrente)
- A não ser: É geralmente considerada locução invariável, As paredes parecia estremecerem. (construção literária)
equivalente a exceto, salvo, senão. Exemplos:
Nada restou do edifício, a não ser escombros. Análise da construção dois: parecia: oração principal; as pare-
A não ser alguns pescadores, ninguém conhecia aquela praia. des estremeceram: oração subordinada substantiva subjetiva.
“Nunca pensara no que podia sair do papel e do lápis, a não Outros exemplos:
ser bonecos sem pescoço...” (Carlos Drummond de Andrade) “Nervos... que pareciam estourar no minuto seguinte.” (Fer-
Mas não constitui erro usar o verbo ser no plural, fazendo-o nando Namora)
concordar com o substantivo seguinte, convertido em sujeito da “Referiu-me circunstâncias que parece justifcarem o proce-
oração innitiva. Exemplos: dimento do soberano.” (Latino Coelho)
“As dissipações não produzem nada, a não serem dívidas e “As lágrimas e os soluços parecia não a deixarem prosse-
desgostos.” (Machado de Assis) guir.” (Alexandre Herculano)
“A não serem os antigos companheiros de mocidade, nin- “...quando as estrelas, em ritmo moroso, parecia caminha-
guém o tratava pelo nome próprio.” (Álvaro Lins) rem no céu.” (Graça Aranha)
“A não serem os críticos e eruditos, pouca gente manuseia
hoje... aquela obra.” (Latino Coelho) Usando-se a oração desenvolvida, parecer concordará no sin-
gular:
- Haja vista: A expressão correta é haja vista, e não haja visto. “Mesmo os doentes parece que são mais felizes.” (Cecília
Pode ser construída de três modos: Meireles)

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Língua Portuguesa
“Outros, de aparência acabadiça, parecia que não podiam “Um quinto dos bens cabe ao menino.” (José Gualda Dantas)
com a enxada.” (José Américo) Dois terços da população vivem da agricultura.
“As notícias parece que têm asas.” (Oto Lara Resende) (Isto
é: Parece que as notícias têm asas.) Não nos parece, entretanto, incorreto usar o verbo no plural,
quando o número fracionário, seguido de substantivo no plural,
Essa dualidade de sintaxe verica-se também com o verbo ver tem o numerador 1, como nos exemplos:
na voz passiva: “Viam-se entrar mulheres e crianças.” Ou “Via- Um terço das mortes violentas no campo acontecem no sul
se entrarem mulheres e crianças.” do Pará.
Um quinto dos homens eram de cor escura.
- Concordância com o sujeito oracional: O verbo cujo sujeito
é uma oração concorda obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular: - Concordância com percentuais: O verbo deve concordar
Parecia / que os dois homens estavam bêbedos. com o número expresso na porcentagem:
Verbo sujeito (oração subjetiva) Só 1% dos eleitores se absteve de votar.
Faltava / dar os últimos retoques. Só 2% dos eleitores se abstiveram de votar.
Verbo sujeito (oração subjetiva) Foram destruídos 20% da mata.
“Cerca de 40% do território fcam abaixo de 200 metros.”
Outros exemplos, com o sujeito oracional em destaque: (Antônio Hauaiss)
Não me interessa ouvir essas parlendas.
Anotei os livros que faltava adquirir. (faltava adquirir os li- Em casos como o da última frase, a concordância efetua-se,
vros) pela lógica, no feminino (oitenta e duas entre cem mulheres), ou,
Esses fatos, importa (ou convém) não esquecê-los. seguindo o uso geral, no masculino, por se considerar a porcenta-
São viáveis as reformas que se intenta implantar? gem um conjunto numérico invariável em gênero.
- Concordância com sujeito indeterminado: O pronome se, - Concordância com o pronome nós subentendido: O verbo
pode funcionar como índice de indeterminação do sujeito. Nesse concorda com o pronome subentendido nós em frases do tipo:
caso, o verbo concorda obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular. Todos estávamos preocupados. (= Todos nós estávamos
Exemplos; preocupados.)
Em casa, fca-se mais à vontade.
Os dois vivíamos felizes. (=Nós dois vivíamos felizes.)
Detesta-se (e não detestam-se) aos indivíduos falsos.
“Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” (Carlos
Acabe-se de vez com esses abusos!
Drummond de Andrade)
Para ir de São Paulo a Curitiba, levava-se doze horas.

- Concordância com os numerais milhão, bilhão e trilhão: - Não restam senão ruínas: Em frases negativas em que se-
Estes substantivos numéricos, quando seguidos de substantivo no não equivale a mais que, a não ser, e vem seguido de substantivo
plural, levam, de preferência, o verbo ao plural. Exemplos: no plural, costuma-se usar o verbo no plural, fazendo-o concordar
Um milhão de éis agruparam-se em procissão. com o sujeito oculto outras coisas. Exemplos:
São gastos ainda um milhão de dólares por ano para a manu - Do antigo templo grego não restam senão ruínas. (Isto é: não
tenção de cada Ciep. restam outras coisas senão ruínas.)
Meio milhão de refugiados se aproximam da fronteira do Irã. Da velha casa não sobraram senão escombros.
Meio milhão de pessoas foram às ruas para reverenciar os “Para os lados do sul e poente, não se viam senão edifícios
mártires da resistência. queimados.” (Alexandre Herculano)
“Por toda a parte não se ouviam senão gemidos ou clamores.”
Observações: (Rebelo da Silva)

- Milhão, bilhão e milhar são substantivos masculinos. Por Segundo alguns autores, pode-se, em tais frases, efetuar a con-
isso, devem concordar no masculino os artigos, numerais e pro- cordância do verbo no singular com o sujeito subentendido nada:
nomes que os precedem: os dois milhões de pessoas; os três mi- Do antigo templo grego não resta senão ruínas. (Ou seja: não
lhares de plantas; alguns milhares de telhas; esses bilhões de resta nada, senão ruínas.)
criaturas, etc. Ali não se via senão (ou mais que) escombros.
- Se o sujeito da oração for milhões, o particípio ou o adjeti- As duas interpretações são boas, mas só a primeira tem tradi-
vo podem concordar, no masculino, com milhões, ou, por atração, ção na língua.
no feminino, com o substantivo feminino plural: Dois milhões de
sacas de soja estão ali armazenados (ou armazenadas) no pró- - Concordância com formas gramaticais: Palavras no plu-
ximo ano. Foram colhidos três milhões de sacas de trigo. Os dois ral com sentido gramatical e função de sujeito exigem o verbo no
milhões de árvores plantadas estão altas e bonitas. singular:
“Elas” é um pronome pessoal. (= A palavra elas é um pronome
- Concordância com numerais fracionários: De regra, a con- pessoal.)
cordância do verbo efetua-se com o numerador. Exemplos: Na placa estava “veiculos”, sem acento.
“Mais ou menos um terço dos guerrilheiros fcou atocaiado “Contudo, mercadores não tem a força de vendilhões.” (Ma-
perto...” (Autran Dourado) chado de Assis)

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Língua Portuguesa
- Mais de, menos de: O verbo concorda com o substantivo que 07. A concordância verbal está correta na alternativa:
se segue a essas expressões: a) Ela o esperava já faziam duas semanas.
Mais de cem pessoas perderam suas casas, na enchente. b) Na sua bolsa haviam muitas moedas de ouro.
Sobrou mais de uma cesta de pães. c) Eles parece estarem doentes.
Gastaram-se menos de dois galões de tinta. d) Devem haver aqui pessoas cultas.
Menos de dez homens fariam a colheita das uvas. e) Todos parecem terem cado tristes.

Exercícios 08. É provável que ....... vagas na academia, mas não ....... pes-
soas interessadas: são muitas as formalidades a ....... cumpridas.
01. Indique a opção correta, no que se refere à concordância a) hajam - existem - ser
b) hajam - existe - ser
verbal, de acordo com a norma culta: c) haja - existem - serem
a) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. d) haja - existe - ser
b) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. e) hajam - existem - serem
c) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui.
d) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. 09. ....... de exigências! Ou será que não ....... os sacrifícios que
e) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. ....... por sua causa?
a) Chega - bastam - foram feitos
02. Assinale a frase em que há erro de concordância verbal: b) Chega - bastam - foi feito
a) Um ou outro escravo conseguiu a liberdade. c) Chegam - basta - foi feito
b) Não poderia haver dúvidas sobre a necessidade da imigração. d) Chegam - basta - foram feitos
c) Faz mais de cem anos que a Lei Áurea foi assinada. e) Chegam - bastam - foi feito
d) Deve existir problemas nos seus documentos.
e) Choveram papéis picados nos comícios. 10. Soube que mais de dez alunos se ....... a participar dos
jogos que tu e ele ......
03. Assinale a opção em que há concordância inadequada: a) negou – organizou
a) A maioria dos estudiosos acha difícil uma solução para o b) negou – organizastes
problema. c) negaram – organizaste
b) A maioria dos conitos foram resolvidos. d) negou – organizaram
c) Deve haver bons motivos para a sua recusa. e) negaram - organizastes
d) De casa à escola é três quilômetros. Respostas: (01-C) (02-D) (03-D) (04-D) (05-D) (06-D) (07-
e) Nem uma nem outra questão é difícil. C) (08-C) (09-A) (10-E)
04. Há erro de concordância em: Regência Nominal
a) atos e coisas más
b) diculdades e obstáculo intransponível Regência nominal é a relação de dependência que se estabele-
c) cercas e trilhos abandonados ce entre o nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e o termo por
d) fazendas e engenho prósperas ele regido. Certos substantivos e adjetivos admitem mais de uma
e) serraria e estábulo conservados regência. Na regência nominal o principal papel é desempenhado
pela preposição.
05. Indique a alternativa em que há erro: No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que
a) Os fatos falam por si sós. vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos
b) A casa estava meio desleixada. de que derivam. Conhecer o regime de um verbo signica, nesses
c) Os livros estão custando cada vez mais caro. casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo:
d) Seus apartes eram sempre o mais pertinentes possíveis. Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem
e) Era a mim mesma que ele se referia, disse a moça. complementos introduzidos pela preposição “a”.
Obedecer a algo/ a alguém.
06. Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal: Obediente a algo/ a alguém.

ram.a) Soava seis horas no relógio da matriz quando eles chega- Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da pre-
posição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e
b) Apesar da greve, diretores, professores, funcionários, nin- procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a
guém foram demitidos. algum verbo cuja regência você conhece.
c) José chegou ileso a seu destino, embora houvessem muitas
ciladas em seu caminho. - acessível a: Este cargo não é acessível a todos.
d) Fomos nós quem resolvemos aquela questão. - acesso a, para: O acesso para a região cou impossível.
e) O impetrante referiu-se aos artigos 37 e 38 que ampara sua - acostumado a, com: Todos estavam acostumados a ouvi-lo.
petição. - adaptado a: Foi difícil adaptar-me a esse clima.

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Língua Portuguesa
- afável com, para com: Tinha um jeito afável para com os Exercícios
turistas.
- aito: com, por. 01. O projeto.....estão dando andamento é incompatível.....tra-
- agradável a, de: Sua saída não foi agradável à equipe. dições da rma.
- alheio: a, de. a) de que, com as
- aliado: a, com. b) a que, com as
- alusão a: O professor fez alusão à prova nal. c) que, as
- amor a, por: Ele demonstrava grande amor à namorada. d) à que, às
- análogo: a. e) que, com as
- antipatia a, por: Sentia antipatia por ela.
- apto a, para: Estava apto para ocupar o cargo. 02. Quanto a amigos, prero João.....Paulo,.....quem sinto......
- atenção a, com, para com: Nunca deu atenção a ninguém. simpatia.
- aversão a, por: Sempre tive aversão à política. a) a, por, menos
- benéco a, para: A reforma foi benéca a todos. b) do que, por, menos
c) a, para, menos
- certeza de, em: A certeza de encontrá-lo novamente a ani-
d) do que, com, menos
mou.
e) do que, para, menos
- coerente: com.
- compatível: com. 03. Assinale a opção em que todos adjetivos podem ser segui-
- contíguo: a. dos pela mesma preposição:
- desprezo: a, de, por. a) ávido, bom, inconsequente
- dúvida em sobre: Anotou todas asdúvidassobre a questão dada. b) indigno, odioso, perito
- empenho: de, em, por. c) leal, limpo, oneroso
- equivalente: a. d) orgulhoso, rico, sedento
- favorável a: Sou favorável à sua candidatura. e) oposto, pálido, sábio
- fértil: de, em.
- gosto de, em: Tenho muito gosto em participar desta brin- 04. “As mulheres da noite,......o poeta faz alusão a colorir Ara-
cadeira. caju,........coração bate de noite, no silêncio”. A opção que comple-
- grato a: Grata a todos que me ensinaram a ensinar. ta corretamente as lacunas da frase acima é:
- horror a, de: Tinha horror a quiabo refogado. a) as quais, de cujo
- hostil: a, para com. b) a que, no qual
- impróprio para: O lme era impróprio para menores. c) de que, o qual
- inerente: a. d) às quais, cujo
- junto a, com, de: Junto com o material, encontrei este do- e) que, em cujo
cumento.
05. Assinale a alternativa correta quanto à regência:
- lento: em. a) A peça que assistimos foi muito boa.
- necessário a, para: A medida foi necessária para acabar com b) Estes são os livros que precisamos.
tanta dúvida. c) Esse foi um ponto que todos se esqueceram.
- passível de: As regras são passíveis de mudanças. d) Guimarães Rosa é o escritor que mais aprecio.
- preferível a: Tudo era preferível à sua queixa. e) O ideal que aspiramos é conhecido por todos.
- próximo: a, de.
- rente: a. 06. Assinale a alternativa que contém as respostas corretas.
- residente: em. I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involunta-
- respeito a, com, de, entre, para com, por: É necessário o riamente, prejudicou toda uma família.
respeito às leis. II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a rma a acei-
- satisfeito: com, de, em, por. tar qualquer ajuda do sogro.
- semelhante: a. III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de destaque,
- sensível: a. embora fosse tão humilde.
- sito em: O apartamento sito em Brasília foi vendido. IV. Aspirando o perfume das centenas de ores que enfeita -
- situado em: Minha casa está situadana Avenida Internacional. vam a sala, desmaiou.
- suspeito: de. a) II, III, IV
- útil: a, para. b) I, II, III
- vazio: de. e) I, III, IV
d) I, III
- versado: em.
e) I, II
- vizinho: a, de.

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Língua Portuguesa
07. Assinale o item em que há erro quanto à regência: Agradar: emprega-se com preposição no sentido de conten-
a) São essas as atitudes de que discordo. tar, satisfazer.(VTI): A banda Legião Urbana agrada aos jovens.
b) Há muito já lhe perdoei. (VTI); Emprega-se sem preposição no sentido de acariciar, mimar:
c) Informo-lhe de que paguei o colégio. Márcio agradou a esposa com um lindo presente. (VTD)
d) Costumo obedecer a preceitos éticos.
e) A enfermeira assistiu irrepreensivelmente o doente. Ajudar: emprega-se sem preposição; objeto direto de pessoa:
Eu ajudava-a no serviço de casa. (VTD)
08. Dentre as frases abaixo, uma apenas apresenta a regência Aludir: (=fazer alusão, referir-se a alguém), emprega-se com
nominal correta. Assinale-a: preposição: Na conversa aludiu vagamente ao seu novo projeto.
a) Ele não é digno a ser seu amigo. (VTI)
b) Baseado
c) A atitudelaudos
do Juizmédicos, concedeu-lhe
é isenta de a licença.
qualquer restrição. Ansiar: emprega-se sem preposição no sentido de causar mal
d) Ele se diz especialista para com computadores eletrônicos. -estar, angustiar: A emoção ansiava-me. (VTD); Emprega-se com
e) O sol é indispensável da saúde. preposição no sentido de desejar ardentemente por: Ansiava por
vê-lo novamente. (VTI)
Respostas: 01-B / 02-A / 03-D / 04-D / 05-D / 06-A / 07-C /
Aspirar: emprega-se sem preposição no sentido de respirar,
08-C cheirar: Aspiramos um ar excelente, no campo. (VTD) Emprega-
se com preposição no sentido de querer muito, ter por objetivo:
Regência Verbal Gincizinho aspira ao cargo de diretor da Penitenciária. (VTI)
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os Assistir: emprega-se com preposição a no sentido de ver, pre-
verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e obje- senciar: Todos assistíamos à novela Almas Gêmeas. (VTI) Nesse
tos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). O estudo da caso, o verbo não aceita o pronome lhe, mas apenas os pronomes
regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade expressiva, pessoais retos + preposição: O lme é ótimo. Todos querem as-
pois oferece oportunidade de conhecermos as diversas signica- sistir a ele. (VTI) Emprega-se sem / com preposição no sentido
ções que um verbo pode assumir com a simples mudança ou reti- de socorrer, ajudar: A professora sempre assiste os alunos com
rada de uma preposição. carinho. (VTD); A professora sempre assiste aos alunos com cari-
nho. (VTI) Emprega-se com preposição no sentido de caber, ter
direito ou razão: O direito de se defender assiste a todos. (VTI)
A mãe agrada o lho. (agradar signica acariciar, contentar) No sentido de morar, residir é intransitivo e exige a preposição
prazer”, satisfazer) ao
A mãe agrada lho. (agradar signica “causar agrado ou em: Assiste em Manaus por muito tempo. (VI)
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- Atender: empregado sem preposição no sentido de receber
dar a alguém”. alguém com atenção: O médico atendeu o cliente pacientemente.
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos (VTD) No sentido de ouvir, conceder: Deus atendeu minhas pre-
aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também ces.(VTD); Atenderemos quaisquer pedido via internet. Emprega-
nominal). As preposições são capazes de modicar completamente se com preposição no sentido de dar atenção a alguém: Lamento
o sentido do que se está sendo dito. não poder atender à solicitação de recursos. (VTI) Emprega-se
com preposição no sentido de ouvir com atenção o que alguém
diz: Atenda ao telefone, por favor; Atenda o telefone. (preferência
Cheguei ao metrô. brasileira)
Cheguei no metrô.
Avisar: avisar alguém de alguma coisa: O chefe avisou os
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo funcionários de que os documentos estavam prontos. (VTD); Avi-
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei saremos os clientes da mudança de endereço. (VTD ); Já tem tra-
no metrô”, popularmente usada a m de indicar o lugar a que se dição na língua o uso de avisar como OI de pessoa e OD de coisa;
vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é Avisamos aos clientes que vamos atendê-los em novo endereço.
muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, Bater: emprega-se com preposição no sentido de dar panca-
cotidiana de alguns verbos, e a regência culta. das em alguém: Os irmãos batiam nele (ou batiam-lhe) à toa; Ner -
voso, entrou em casa e bateu a porta.(fechou com força); Foi logo
batendo à porta. (bater junto à porta, para alguém abrir); Para que
Abdicar: renunciar ao poder, a um cargo, título desistir. Pode ele pudesse ouvir, era preciso bater na porta de seu quarto. (dar
ser intransitivo (VI não exige complemento) / transitivo direto pancadas)
(TD) ou transitivo indireto (TI + preposição): D. Pedro abdi-
cou em 1831. (VI); A vencedora abdicou o seu direto de rainha. Casar: Marina casou cedo e pobre. (VI não exige comple-
(VTD); Nunca abdicarei de meus direitos. (VTI) mento); Você é realmente digno de casar com minha lha. (VTI
com preposição); Ela casou antes dos vinte anos. (VTD sem pre-
Abraçar: emprega-se sem / sem preposição no sentido de posição. O verbo casar pode vir acompanhado de pronome ree-
apertar nos braços: A mãe abraçou-a com ternura. (VTD); Abra- xivo: Ela casou com o seu grande amor; ou Ela casou- se com seu
çou-se a mim, chorando. (VTI) grande amor.

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Língua Portuguesa
Chamar: emprega-se sem preposição no sentido de convo- Investir: emprega-se com preposição (com ou contra) no
car; O juiz chamou o réu à sua presença. (VTD) Emprega-se com sentido de atacar, é TI: O touro Bandido investiu contra Tião.
ou sem preposição no sentido de denominar, apelidar, construído Empregado como verbo transitivo direto e indireto, no sentido
com objeto + predicativo: Chamou-o covarde. (VTD) / Chamou-o de dar posse: O prefeito investiu Renata no cargo de assessora.
de covarde. (VID); Chamou-lhe covarde. (VTI) / Chamou-lhe de (VTDI) Emprega-se sem preposição no sentido também de em-
covarde. (VTI); Chamava por Deus nos momentos difíceis. (VTI) pregar dinheiro, é TD: Nós investimos parte dos lucros em pes-
quisas cientícas. (VTD)
Chegar: como intransitivo, o verbo chegar exige a preposi-
ção a quando indica lugar: Chegou ao aeroporto meio apressada. Morar: antes de substantivo rua, avenida, usase morar com
Como transitivo direto (VTD) e intransitivo (VI) no sentido de a preposição em: D. Marina Falcão mora na rua Dorival de Barros.
aproximar; Cheguei-me a ele.
Namorar: a regência correta deste verbo é namorar alguém e
Contentar-se: emprega-se com as preposições com, de, em: NÃO namorar com alguém: Meu lho, Paulo César, namora Cris-
Contentam-se com migalhas. (VTI); Contento-meem aplaudir da- tiane. Marcelo namora Raquel.
qui.

Custar: é transitivo direto no sentido de ter valor de, ser Necessitar: emprega-se com verbo transitivo direto ou indire-
caro. Este computador custa muito caro. (VTD) No sentido de ser to, no sentido de precisar: Necessitávamos o seu apoio; Necessi-
difícil é TI. É conjugado como verbo reexivo, na 3ª pessoa do távamos de seu apoio,(VTDI)
singular, e seu sujeito é uma oração reduzida de innitivo: Custou-
me pegar um táxi.(foi difícil); O carro custou-me todas as econo- Obedecer / Desobedecer: emprega-se com verbo transitivo
mias. É transitivo direto e indireto (TDI) no sentido de acarretar: direto e indireto no sentido de cumprir ordens: Obedecia às irmãs
A imprudência custou-lhe lágrimas amargas. (VTDI) e irmãos; Não desobedecia às leis de trânsito.

Ensinar: é intransitivo no sentido de doutrinar, pregar: Mi- Pagar: emprega-se sem preposição no sentido de saldar coi-
nha mãe ensina na FAI. É transitivo direto no sentido de educar: sa, é VTI): Cida pagou o pão; Paguei a costura. (VTD) Emprega-
Nem todos ensinam as crianças. É transitivo direto e indireto no se com preposição no sentido de remunerar pessoa, é VTI: Cida
sentido de dar instrução sobre: Ensino os exercícios mais difíceis pagou ao padeiro; Paguei à costureira., à secretária. (VTI) Empre-
aos meus alunos. ga-se como verbo transitivo direto e indireto, pagar alguma coisa
a alguém: Cida pagou a carne ao açougueiro. (VTDI) Por alguma
Entreter: empregado como divertir-se exige as preposições: coisa: Quanto pagou pelo carro? Sem complemento: Assistiu aos
a, com, em: Entretinham-nos em recordar o passado. jogos sem pagar.
Esquecer / Lembrar: estes verbos admitem as construções: Pedir: somente se usa pedir para, quando, entre pedir e o
Esqueci o endereço dele; Lembrei um caso interessante; Esqueci- para, puder colocar a palavra licença. Caso contrário, diz-se pedir
me do endereço dele; Lembrei-me de um caso interessante. Es- que; A secretária pediu para sair mais cedo. (pediu licença); A di-
queceu-me seu endereço; Lembra-me um caso interessante. Você reção pediu que todos os funcionários, comparecessem à reunião.
pode observar que no 1º exemplo tanto o verbo esquecer como
lembrar, não são pronominais, isto é, não exigem os pronomes Perdoar: emprega-se sem preposição no sentido de perdoar
me, se, lhe, são transitivos diretos (TD). Nos exemplos, ambos os coisa, é TD: Devemos perdoar as ofensas. (VTD ) Emprega-se
verbos, esquecer e lembrar, exigem o pronome e a preposição com preposição no sentido de conceder o perdão à pessoa, é TI:
de; são transitivos indiretos e pronominais. No exemplo o verbo Perdoemos aos nossos inimigos. (VTI) Emprega-se como verbo
esquecer está empregado no sentido de apagar da memória. e o transitivo direto e indireto, no sentido de ter necessidade: A mãe
verbo lembrar está empregado no sentido de vir à memória. Na
língua culta, os verbos esquecer e lembrar quando usados com a perdoou ao lho a mentira. (VTDI) Admite voz passiva: Todos se-
preposição de, exigem os pronomes. rão perdoados pelos pais.

Implicar: emprega-se com preposição no sentido de ter im- Permitir: empregado com preposição, exige objeto indire-
plicância com alguém, é TI: Nunca implico com meus alunos. to de pessoa: O médico permitiu ao paciente que falasse. (VTI)
(VTI) Emprega-se sem preposição no sentido de acarretar, en- Constrói-se com o pronome lhe e não o: O assistente permitiu-lhe
volver, é TD: A queda do dólar implica corrida ao poder. (VTE); que entrasse. Não se usa a preposição de antes de oração innitiva:
O desestímulo ao álcool combustível implica uma volta ao pas- Os pais não lhe permite ir sozinha à festa do Peão. (e não de ir
sado. (VTD) Emprega-se sem preposição no sentido de embara- sozinha)
çar, comprometer, é TD: O vizinho implicou-o naquele caso de
estupro. (VTD) É inadequada a regência do verbo implicar em: Pisar: é verbo transitivo direto VTD: Tinha pisado o conti-
Implicou em confusão. nente brasileiro. (não exige a preposição no)

Informar: o verbo informar possui duas construções, VTD Precisar: emprega-se com preposição no sentido de ter ne-
e VTI: Informei-o que sua aposentaria saiu. (VTD); Informei-lhe cessidade, é VTI: As crianças carentes precisam de melhor atendi-
que sua aposentaria. (VT); Informou-se das mudanças logo cedo. mento médico. (VTI) Quando o verbo precisar vier acompanhado
(inteirar-se, verbo pronominal) de infnitivo, pode-se usar a preposição de; a língua moderna ten-

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Língua Portuguesa
de a dispensá-la: Você é rico, não precisa trabalhar muito. Usa-se, Tocar: emprega-se no sentido de pôr a mão, tocar alguém,
às vezes na voz passiva, com sujeito indeterminado: Precisa-se tocar em alguém: Não deixava tocar o / no gato doente. Empre-
de funcionários competentes. (sujeito indeterminado) Emprega-se ga-se no sentido de comover, sensibilizar, usa-se com OD: O nas-
sem preposição no sentido de indicar com exatidão: Perdeu muito cimento do lho tocou-o profundamente. Emprega-se no sentido
dinheiro no jogo, mas não sabe precisar a quantia.(VTD) de caber por sorte, herança, é OI: Tocou-lhe, por herança, uma
linda fazenda. Emprega-se no sentido de ser da competência de,
Preferir: emprega-se sem preposição no sentido de ter prefe- caber: Ao prefeito é que toca deferir ou indeferir o projeto.
rência. (sem escolha): Prero dias mais quentes. (VTD) Preferir
VTDI, no sentido de ter preferência, exige a preposição a: Prero Visar: emprega-se sem preposição como VT13 no sentido de
dançar a nadar; Prero chocolate a doce de leite. Na linguagem apontar ou pôr visto: O garoto visou o inocente passarinho; O ge-
formal, culta, é inadequado usar este verbo reforçado pelas palavras
ou expressões: antes, mais, muito mais, mil vezes mais, do que
. rente
VTI novisou a correspondência.
sentido Emprega-se
de desejar, pretender com
: Todos preposição
visam como
ao reconheci-
mento de seus esforços.
Presidir: emprega-se com objeto direto ou objeto indireto,
com a preposição a: O reitor presidiu à sessão; O reitor presidiu Casos Especiais
a sessão.
Dar-se ao trabalho ou dar-se o trabalho? Ambas as constru-
Prevenir: admite as construções: A paciência previne dissa- ções são corretas. A primeira é mais aceita: Dava-se ao trabalho
bores; Preveni minha turma; Quero preveni-los; Prevenimo-nos de responder tudo em Inglês. O mesmo se dá com: dar-se ao / o
para o exame nal. incômodo; poupar-se ao /o trabalho; dar-se ao /o luxo.
Proceder: emprega-se como verbo intransitivo no sentido de Propor-se alguma coisa ou propor-se a alguma coisa? Pro-
ter fundamento: Sua tese não procede. (VI) Emprega-se com a por-se, no sentido de ter em vista, dispor-se a, pode vir com ou
preposição de no sentido de srcinar-se, vir de : Muitos males da sem a preposição a: Ela se propôs levá-lo/ a levá-lo ao circo.
humanidade procedem da falta de respeito ao próximo. Emprega-
se como transitivo indireto com a preposição a, no sentido de dar Passar revista a ou passar em revista? Ambas estão corretas,
início: Procederemos a uma investigação rigorosa. (VTI)
porém a segunda construção é mais frequente: O presidente passou
a tropa em revista.
Querer: emprega-se sem preposição no sentido de desejar:
Quero vê-lo ainda hoje.(VTD) Emprega-se com preposição no
Em que pese a - expressão concessiva equivalendo a ainda
sentido deVera
cunhadas gostar, ter afeto, amar: Quero muito bem às minhas
e Ceiça. que custe a, apesar de, não obstante: “Em que pese aos inimigos
do paraense, sinceramente confesso que o admiro.” (Graciliano
Residir: como o verbo morar, o verbo responder, constrói-se Ramos)
com a preposição em: Residimos em Lucélia, na Avenida Interna-
cional. Residente e residência têm a mesma regência de residir em. Observações Finais

Responder: emprega-se no sentido de responder alguma coi- Os verbos transitivos indiretos (exceção ao verbo obedecer),
sa a alguém: O senador respondeu ao jornalista que o projeto do não admitem voz passiva. Os exemplos citados abaixo são consi-
rio São Francisco estava no nal. (VTDI) Emprega-se no sentido derados inadequados.
de responder a uma carta, a uma pergunta: Enrolou, enrolou e não O lme foi assistido pelos estudantes; O cargo era visado
respondeu à pergunta do professor. por todos; Os estudantes assistiram ao lme; Todos visavam ao
cargo.
Reverter: emprega-se no sentido de regressar, voltar ao esta- Não se deve dar o mesmo complemento a verbos de regên-
do primitivo: Depois de aposentar-se reverteu à ativa. Emprega- cias diferentes, como: Entrou e saiu de casa; Assisti e gostei da
se no sentido de voltar para.a posse de alguém: As jóias reverterão peça. Corrija-se para: Entrou na casa e saiu dela; Assisti à peça
ao seu verdadeiro dono. Emprega-se no sentido de destinar-se: A e gostei dela.
renda da festa será revertida em benecio da Casa da Sopa. As formas oblíquas o, a, os, as funcionam como complemento
Simpatizar / Antipatizar: empregam-se com a preposição de verbos transitivos diretos, enquanto as formas lhe, lhes funcio-
com: Sempre simpatizei com pessoas negras; Antipatizei com ela nam como transitivos indiretos que exigem a preposição a. Con-
desde o primeiro momento. Estes verbos não são pronominais, isto videi as amigas. Convidei-as; Obedeço ao mestre. Obedeço-lhe.
é, não exigem os pronomes me, se, nos, etc: Simpatizei-me com
você. (inadequado); Simpatizei com você. ( adequado) Exercícios

Subir: Subiu ao céu; Subir à cabeça; Subir ao trono; Subir ao 01. Assinale a única alternativa que está de acordo com as
poder. Essas expressões exigem a preposição a. normas de regência da língua culta.
a) avisei-o de que não desejava substituí-lo na presidência,
Suceder: emprega-se com a preposição a no sentido de subs- pois apesar de ter sempre servido à instituição, jamais aspirei a
tituir, vir depois: O descanso sucede ao trabalho. tal cargo;

61
Língua Portuguesa
b) avisei-lhe de que não desejava substituí-lo na presidência, 07. Assinale a opção em que o verbo lembrar está empregado
pois apesar de ter sempre servido a instituição, jamais aspirei a tal de maneira inaceitável em relação à norma culta da língua:
cargo; a) pediu-me que o lembrasse a meus familiares;
c) avisei-o de que não desejava substituir- lhe na presidência, b) é preciso lembrá-lo o compromisso que assumiu conosco;
pois apesar de ter sempre servido à instituição, jamais aspirei tal c) lembrou-se mais tarde que havia deixado as chaves em casa;
cargo; d) não me lembrava de ter marcado médico para hoje;
d) avisei-lhe de que não desejava substituir-lhe na presidência, e) na hora das promoções, lembre-se de mim.
pois apesar de ter sempre servido à instituição, jamais aspirei a tal
cargo;
e) avisei-o de que não desejava substituí-lo na presidência, 08. O verbo sublinhado foi empregado corretamente,exceto em:
pois apesar de ter sempre servido a instituição, jamais aspirei tal a) aspiro à carreira militar desde criança;
cargo. b) dado o sinal, procedemos à leitura do texto.
c) a atitude tomada implicou descontentamento;
02. Assinale a opção em que o verbo chamar é empregado com d) prero estudar Português a estudar Matemática;
o mesmo sentido que apresenta em __ “No dia em que o chamaram e) àquela hora, custei a encontrar um táxi disponível.
de Ubirajara, Quaresma cou reservado, taciturno e mudo”:
a) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria; 09. Em qual das opções abaixo o uso da preposição acarreta
b) bateram à porta, chamando Rodrigo; mudança total no sentido do verbo?
c) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo Diabo; a) usei todos os ritmos da metricação portuguesa. /usei de
d) o chefe chamou-os para um diálogo franco; todos os ritmos da metricação portuguesa;
e) mandou chamar o médico com urgência. b) cuidado, não bebas esta água./ cuidado, não bebas desta
água;
03. Assinale a opção em que o verbo assistir é empregado com
o mesmo sentido que apresenta em “não direi que assisti às alvo - c) enraivecido, pegou a vara e bateu no animal./ enraivecido,
radas do romantismo”. pegou da vara e bateu no animal;
a) não assiste a você o direito de me julgar; d) precisou a quantia que gastaria nas férias./ precisou da
b) é dever do médico assistir a todos os enfermos; quantia que gastaria nas férias;
c) em sua administração, sempre foi assistido por bons con- e) a enfermeira tratou a ferida com cuidado. / a enfermeira
selheiros; tratou da ferida com cuidado.
d) não se pode assistir indiferente a um ato de injustiça;
e) o padre lhe assistiu nos derradeiros momentos. 10. Assinale o mau emprego do vocábulo “onde”:
a) todas as ocasiões onde nos vimos às voltas com problemas
04. Em todas as alternativas, o verbo grifado foi empregado no trabalho, o superintendente nos ajudou;
com regência certa, exceto em: b) por toda parte, onde quer que fôssemos, encontrávamos
a) a vista de José Dias lembrou-me o que ele me dissera. colegas;
b) estou deserto e noite, e aspiro sociedade e luz. c) não sei bem onde foi publicado o edital;
c) custa-me dizer isto, mas antes peque por excesso; d) onde encontraremos quem nos forneça as informações de
d) redobrou de intensidade, como se obedecesse a voz do má-
gico; que necessitamos;
e) quando ela morresse, eu lhe perdoaria os defeitos. e) os processos onde podemos encontrar dados para o relató-
rio estão arquivados
05. O verbo chamar está com a regência incorreta em:
a) chamo-o de burguês, pois você legitima a submissão das Respostas: 1-A / 2-A / 3-D / 4-B / 5-D / 6-B / 7-B / 8-E / 9-D
mulheres; / 10-B /
b) como ninguém assumia, chamei-lhes de discriminadores; Ortografa
c) de repente, houve um nervosismo geral e chamaram-nas de
feministas; A palavra ortograa é formada pelos elementos gregos orto
d) apesar de a hora ter chegado, o chefe não chamou às femi - “correto” e graa “escrita” sendo a escrita correta das palavras da
nistas a sua seção; língua portuguesa, obedecendo a uma combinação de critérios eti-
e) as mulheres foram para o local do movimento, que elas mológicos (ligados à srcem das palavras) e fonológicos (ligados
chamaram de maternidade. aos fonemas representados).
Somente a intimidade com a palavra escrita, é que acaba tra-
06. Assinale o exemplo, em que está bem empregada a cons- zendo a memorização da graa correta. Deve-se também criar o
trução com o verbo preferir: hábito de consultar constantemente um dicionário.
a) preferia ir ao cinema do que car vendo televisão; Desde o dia primeiro de Janeiro de 2009 está em vigor o Novo
b) preferia sair a car em casa; Acordo Ortográco da Língua Portuguesa, por isso temos até 2012
c) preferia antes sair a car em casa; para nos “habituarmos” com as novas regras, pois somente em
d) preferia mais sair do que car em casa; 2013 que a antiga será abolida.
e) antes preferia sair do que car em casa.

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Língua Portuguesa
Esse material já se encontra segundo o Novo Acordo Orto- Emprega-se a letra I:
gráco. - Na sílaba nal de formas dos verbos terminados em –air/–
oer /–uir: cai, corrói, diminuir, inui, possui, retribui, sai, etc.
Alfabeto - Em palavras formadas com o prexo anti- (contra): antiaé-
reo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc.
O alfabeto passou a ser formado por 26 letras. As letras “k”, - Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, artifício, ar-
“w” e “y” não eram consideradas integrantes do alfabeto (agora timanha, camoniano, Casimiro, chear, cimento, crânio, criar,
são). Essas letras são usadas em unidades de medida, nomes pró - criador, criação, crioulo, digladiar, displicente, erisipela, escárnio,
prios, palavras estrangeiras e outras palavras em geral. Exemplos: feminino, Filipe, frontispício, Igênia, inclinar, incinerar, inigualá-
km, kg, watt, playground, William, Kafka, kafkiano. vel, invólucro, lajiano, lampião, pátio, penicilina, pontiagudo, pri-
vilégio, requisito, Sicília (ilha), silvícola, siri, terebintina, Tibiriçá,
Vogais: a, e, b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,y,z.
Consoantes: i, o, u. Virgílio.
Alfabeto: a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z. Grafam-se com a letra O: abolir, banto, boate, bolacha, bole-
tim, botequim, bússola, chover, cobiça, concorrência, costume, en-
Emprego da letra H golir, goela, mágoa, mocambo, moela, moleque, mosquito, névoa,
Esta letra, em início ou m de palavras, não tem valor fonéti- nódoa, óbolo, ocorrência, rebotalho, Romênia, tribo.
co; conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e
da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, hoje, porque esta pala- Grafam-se com a letra U: bulir, burburinho, camundongo,
vra vem do latim hodie. chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume, cutucar, entupir, íngua,
jabuti, jabuticaba, lóbulo, Manuel, mutuca, rebuliço, tábua, tabua-
Emprega-se o H: da, tonitruante, trégua, urtiga.
- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia, he-
sitar, haurir, etc. Parônimos: Registramos alguns parônimos que se diferen-
- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: chave, bo- ciam pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/ e /u/. Fixemos a graa e
liche, telha, echa companhia, etc. o signicado dos seguintes:
- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, hum!, etc.
- Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, harmo- área = superfície
nia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério, heliporto, hematoma, ária = melodia, cantiga
hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipocrisia, homenagear, arrear = pôr arreios, enfeitar
hera, húmus; arriar = abaixar, pôr no chão, cair
comprido == longo
- Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha, baião, baianada, etc. cumprido particípio de cumprir
Não se usa H: comprimento = extensão
- No início de alguns vocábulos em que o h, embora etimoló- cumprimento = saudação, ato de cumprir
gico, foi eliminado por se tratar de palavras que entraram na língua costear = navegar ou passar junto à costa
por via popular, como é o caso de erva, inverno, e Espanha, res- custear = pagar as custas, nanciar
pectivamente do latim, herba, hibernus e Hispania. Os derivados
deferir = conceder, atender
diferir = ser diferente, divergir
eruditos, entretanto, grafam-se com h: herbívoro, herbicida, hispâ- delatar = denunciar
nico, hibernal, hibernar, etc. dilatar = distender, aumentar
descrição = ato de descrever
Emprego das letras E, I, O e U discrição = qualidade de quem é discreto
Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i/, /o/ emergir = vir à tona
e /u/ nem sempre é nítida. É principalmente desse fato que nascem imergir = mergulhar
as dúvidas quando se escrevem palavras como quase, intitular, má- emigrar = sair do país
goa, bulir, etc., em que ocorrem aquelas vogais. imigrar = entrar num país estranho
emigrante = que ou quem emigra
Escrevem-se com a letra E: imigrante = que ou quem imigra
- A sílaba nal de formas dos verbos terminados em –uar: con- eminente = elevado, ilustre
tinue, habitue, pontue, etc. iminente = que ameaça acontecer
recrear = divertir
- A sílaba
abençoe, magoe,nal de formas
perdoe, etc. dos verbos terminados em –oar: recriar = criar novamente
- As palavras formadas com o prexo ante– (antes, anterior): soar = emitir som, ecoar, repercutir
antebraço, antecipar, antedatar, antediluviano, antevéspera, etc. suar = expelir suor pelos poros, transpirar
sortir = abastecer
- Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Candeeiro, surtir = produzir (efeito ou resultado)
Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira, Desperdício, Destilar, sortido = abastecido, bem provido, variado
Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena, Irrequieto, Lacrimo- surtido = produzido, causado
gêneo, Mexerico, Mimeógrafo, Orquídea, Peru, Quase, Quepe, vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
Senão, Sequer, Seriema, Seringa, Umedecer. vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida de vadio

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Língua Portuguesa
Emprego das letras G e J - X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, proximi-
Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. Grafa- dade, trouxe, trouxer, trouxeram, etc.
se este ou aquele signo não de modo arbitrário, mas de acordo com - XC: exceção, excedente, exceder, excelência, excelente, excel-
a srcem da palavra. Exemplos: gesso (do grego gypsos), jeito (do so, excêntrico, excepcional, excesso, excessivo, exceto, excitar, etc.
latim jactu) e jipe (do inglês jeep).
Homônimos
Escrevem-se com G:
- Os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: gara- acento = inexão da voz, sinal gráco
gem, massagem, viagem, srcem, vertigem, ferrugem, lanugem. assento = lugar para sentar-se
Exceção: pajem acético = referente ao ácido acético (vinagre)
- As palavras terminadas em –ágio, - égio, - ígio, -ógio, - úgio: ascético = referente ao ascetismo, místico
contágio, estágio, egrégio, prodígio, relógio, refúgio. cesta
sexta == utensílio de vime aouseis
ordinal referente outro material
- Palavras derivadas de outras que se grafam com g: massa-
gista (de massagem), vertiginoso (de vertigem), ferruginoso (de círio = grande vela de cera
ferrugem), engessar (de gesso), faringite (de faringe), selvageria sírio = natural da Síria
(de selvagem), etc. cismo = pensão
- Os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, auge, es- sismo = terremoto
trangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete, ginete, gíria, giz, hegemonia, empoçar = formar poça
herege, megera, monge, rabugento, sugestão, tangerina, tigela. empossar = dar posse a
incipiente = principiante
Escrevem-se com J: insipiente = ignorante
- Palavras derivadas de outras terminadas em –já: laranja (la- intercessão = ato de interceder
ranjeira), loja (lojista, lojeca), granja (granjeiro, granjense), gorja interseção = ponto em que duas linhas se cruzam
(gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja (sarjeta), ce- ruço = pardacento
reja (cerejeira). russo = natural da Rússia
- Todas as formas da conjugação dos verbos terminados em
–jar ou –jear: arranjar (arranje), despejar (despejei), gorjear (gor- Emprego de S com valor de Z
jeia), viajar (viajei, viajem) – (viagem é substantivo). - Adjetivos com os suxos –oso, -osa: gostoso, gostosa, gra-
- Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j: laje cioso, graciosa, teimoso, teimosa, etc.
(lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso, enjeitar, projeção, rejeitar, - Adjetivos pátrios com os suxos – ês, -esa: português, portu-
sujeito, trajeto, trejeito). guesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa, etc.
- Substantivos e adjetivos terminados em – ês, feminino –esa:
- Palavras
ou africana: de srcem
canjerê, ameríndia
canjica, (principalmente
jenipapo, tupi-guarani)
jequitibá, jerimum, jiboia, burguês, burguesa, burgueses, camponês, camponesa, campone-
jiló, jirau, pajé, etc. ses, freguês, freguesa, fregueses, etc.
- As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajeste, - Verbos derivados de palavras cujo radical termina em –s:
cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias, Jericó, Jerônimo, jérsei, analisar (de análise), apresar (de presa), atrasar (de atrás), extasiar
jiu-jitsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjericão, ojeriza, (de êxtase), extravasar (de vaso), alisar (de liso), etc.
pegajento, rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje, varejista. - Formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: pus,
- Atenção: Moji palavra de srcem indígena, deve ser escrita pusemos, compôs, impuser, quis, quiseram, etc.
com J. Por tradição algumas cidades de São Paulo adotam a graa - Os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Baltasar,
com G, como as cidades de Mogi das Cruzes e Mogi Mirim. Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel, Isaura, Luís, Luísa,
Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás, Valdês.
Representação do fonema /S/ - Os seguintes vocábulos e seus cognatos: aliás, anis, arnês,
O fonema /s/, conforme o caso, representa-se por: ás, ases, através, avisar, besouro, colisão, convés, cortês, corte-
- C, Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, cimen- sia, defesa, despesa, empresa, esplêndido, espontâneo, evasiva,
to, dança, dançar, contorção, exceção, endereço, Iguaçu, maçarico, fase, frase, freguesia, fusível, gás, Goiás, groselha, heresia, hesitar,
maçaroca, maço, maciço, miçanga, muçulmano, muçurana, paço- manganês, mês, mesada, obséquio, obus, paisagem, país, paraíso,
ca, pança, pinça, Suíça, suíço, vicissitude. pêsames, pesquisa, presa, presépio, presídio, querosene, raposa,
- S: ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado, descan- represa, requisito, rês, reses, retrós, revés, surpresa, tesoura, tesou-
sar, descanso, diversão, excursão, farsa, ganso, hortênsia, preten- ro, três, usina, vasilha, vaselina, vigésimo, visita.
são, pretensioso, propensão, remorso, sebo, tenso, utensílio. Emprego da letra Z
- SS: acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar, car- - Os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita: ca-
rossel, cassino, concessão, discussão, escassez, escasso, essencial, fezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita, etc.
expressão, fracasso, impressão, massa, massagista, missão, neces- - Os derivados de palavras cujo radical termina em –z: cruzei-
sário, obsessão, opressão, pêssego, procissão, prossão, prossio - ro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar (de vazio), etc.
nal, ressurreição, sessenta, sossegar, sossego, submissão, sucessivo. - Os verbos formados com o suxo –izar e palavras cognatas:
- SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência, fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização, etc.
consciente, crescer, cresço, descer, desço, desça, disciplina, discí- - Substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e de-
pulo, discernir, fascinar, orescer, imprescindível, néscio, oscilar,
piscina, ressuscitar, seiscentos, suscetível, suscetibilidade, susci- notando qualidade física ou moral: pobreza (de pobre), limpeza
tar, víscera. (de limpo), frieza (de frio), etc.

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Língua Portuguesa
- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, amizade, - Grafam-se com x e não com s: expectativa, experiente, ex-
aprazível, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar, piar, expirar, expoente, êxtase, extasiado, extrair, fênix, texto, etc.
prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez. - Escreve-se x e não ch: Em geral, depois de ditongo: caixa,
baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc. Excetuam-
Suxo –ÊS e –EZ se caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recauchutagem.
- O suxo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes subs- Geralmente, depois da sílaba inicial en-: enxada, enxame, enxa-
tantivos) derivados de substantivos concretos: montês (de monte), mear, enxaguar, enxaqueca, enxergar, enxerto, enxoval, enxugar,
cortês (de corte), burguês (de burgo), montanhês (de montanha), enxurrada, enxuto, etc. Excepcionalmente, grafam-se com ch:
francês (de França), chinês (de China), etc. encharcar (de charco), encher e seus derivados (enchente, preen-
cher), enchova, enchumaçar (de chumaço), enm, toda vez que se
- O suxo –ez forma substantivos abstratos femininos deri-
vados de adjetivos: aridez (de árido), acidez (de ácido), rapidez trata do prexoouen-
gem indígena + palavra
africana: iniciada
abacaxi, por ch.caxambu,
xavante, Em vocábulos de ori-
caxinguelê,
(de rápido), estupidez (de estúpido), mudez (de mudo) avidez (de orixá, maxixe, etc. Nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar,
ávido) palidez (de pálido) lucidez (de lúcido), etc. faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico, puxar, rixa,
oxalá, praxe, vexame, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, xampu.
Suxo –ESA e –EZA
Usa-se –esa (com s): Emprego do dígrafo CH
- Nos seguintes substantivos cognatos de verbos terminados Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábulos: bu-
em –ender: defesa (defender), presa (prender), despesa (despen- cha, charque, charrua, chavena, chimarrão, chuchu, cochilo, facha-
der), represa (prender), empresa (empreender), surpresa (surpreen- da, cha, echa, mecha, mochila, pechincha, tocha.
der), etc.
- Nos substantivos femininos designativos de títulos nobiliár- Homônimos
quicos: baronesa, dogesa, duquesa, marquesa, princesa, consulesa,
prioresa, etc. Bucho = estômago
- Nas formas femininas dos adjetivos terminados em – ês: bur- Buxo = espécie de arbusto
guesa (de burguês), francesa (de francês), camponesa (de campo- Cocha = recipiente de madeira
nês), milanesa (de milanês), holandesa (de holandês), etc. Coxa = capenga, manco
- Nas seguintes palavras femininas: framboesa, indefesa, lesa, Tacha = mancha, defeito; pequeno prego; prego de cabeça lar-
mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, toesa, turquesa, etc. ga e chata, caldeira.
Usa-se –eza (com z): Taxa==planta
Chá imposto, preço de serviço público, conta, tarifa
da família das teáceas; infusão de folhas do chá
- Nos substantivos femininos abstratos derivados de adjetivos
ou de outras plantas
e denotado qualidades, estado, condição: beleza (de belo), fran-
Xá = título do soberano da Pérsia (atual Irã)
queza (de franco), pobreza (de pobre), leveza (de leve), etc.
Cheque = ordem de pagamento
Xeque = no jogo de xadrez, lance em que o rei é atacado por
Verbos terminados em –ISAR e -IZAR uma peça adversária
Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes corres -
pondentes termina em –s. Se o radical não terminar em –s, grafa- Consoantes dobradas
se –izar (com z): avisar (aviso + ar), analisar (análise + ar), alisar - Nas palavras portuguesas só se duplicam as consoantes C,
(a + liso + ar), bisar (bis + ar), catalisar (catálise + ar), improvisar R, S.
(improviso + ar), paralisar (paralisia + ar), pesquisar (pesquisa + - Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoantes soam
ar), pisar, repisar (piso + ar), frisar (friso + ar), grisar (gris + ar), distintamente: convicção, occipital, cocção, fricção, friccionar,
anarquizar (anarquia + izar), civilizar (civil + izar), canalizar (ca- facção, sucção, etc.
nal + izar), amenizar (ameno + izar), colonizar (colono + izar), - Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, intervocá-
vulgarizar (vulgar + izar), motorizar (motor + izar), escravizar (es- licos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante, respectiva-
cravo + izar), cicatrizar (cicatriz + izar), deslizar (deslize + izar), mente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quando a um elemento
matizar (matiz + izar). de composição terminado em vogal seguir, sem interposição do
Emprego do X hífen, palavra começada com /r/ ou /s/: arroxeado, correlação,
- Esta letra representa os seguintes fonemas: pressupor, bissemanal, girassol, minissaia, etc.
Ch – xarope, enxofre, vexame, etc. CÊ - cedilha
CS – sexo, látex, léxico, tóxico, etc. É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a ter som
Z – exame, exílio, êxodo, etc. de /S/: almaço, ameaça, cobiça, doença, eleição, exceção, força,
SS – auxílio, máximo, próximo, etc. frustração, geringonça, justiça, lição, miçanga, preguiça, raça.
S – sexto, texto, expectativa, extensão, etc. Nos substantivos derivados dos verbos: ter e torcer e seus de-
rivados: ater, atenção; abster, abstenção; reter, retenção; torcer,
- Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção, exceder, torção; contorcer, contorção; distorcer, distorção.
excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar, inexcedível, etc. O Ç só é usado antes de A,O,U.

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Língua Portuguesa
Emprego das iniciais maiúsculas -
Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há necessi
- A primeira palavra de período ou citação. Diz um provérbio dade de usar atrás, isto é um pleonasmo.
árabe: “A agulha veste os outros e vive nua”. No início dos versos
que não abrem período é facultativo o uso da letra maiúscula. Acerca de: equivale a (a respeito de): Falávamos acerca de
- Substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, uma solução melhor.
nomes sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes, Há cerca de: equivale a (faz tempo). Há cerca de dias resol-
Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Mi - vemos este caso.
nerva, Via-Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc. Ao encontro de: equivale (estar a favor de): Sua atitude vai ao
- Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas encontro da verdade.
religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da Independência De encontro a: equivale a (oposição, choque): Minhas opi-
do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc. niões vão de encontro àssuas.
- Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da Re - A fm de: locução prepositiva que indica(nalidade): Vou a
pública, etc.
fm de visitá-la.
- Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Na - Afm: é um adjetivo e equivale a(igual, semelhante): Somos
ção, Estado, Pátria, União, República, etc. almas afns.
- Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremia -
ções, órgãos públicos, etc: Rua do Ouvidor, Praça da Paz, Academia Ao invés de: equivale (ao contrário de): Ao invés de falar co-
Brasileira de Letras, Banco do Brasil, Teatro Municipal, Colégio meçou a chorar (oposição).
Santista, etc. Em vez de: equivale a (no lugar de): Em vez de acompanhar-
-
- Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, lite me, cou só.´
rárias e cientícas, títulos de jornais erevistas: Medicina, Arqui- Faça você a sua parte, ao invés de car me cobrando!
tetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário Geográco Brasileiro, Quantas vezes usamos “ao invés de” quando queremos dizer
Correio da Manhã, Manchete, etc. “no lugar de”!
- Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente, Contudo, esse emprego é equivocado, uma vez que “invés”
Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc. signica “contrário”, “inverso”. Não que seja absurdamente errado
- Nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os po - escrever “ao invés de” em frases que expressam sentido de “em
vos do Oriente, o falar do Norte. Mas: Corri o país de norte a sul. O lugar de”, mas é preferível optar por “em vez de”.
Sol nasce a leste. Observe: Em vez de conversar, preferiu gritar para a escola
- Nomes comuns, quando personicados ou individuados: o inteira ouvir! (em lugar de) Ele pediu que fosse embora ao invés
Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc. de car e discutir o caso. (ao contrário de)
Use “ao invés de” quando quiser o signicado de “ao contrá-
Emprego
- Nomes de dasmeses,
iniciaisdeminúsculas
festas pagãs ou populares, nomes gen - rio de”,
Use“em
“emoposição
vez de” a”, “avesso”,
quando quiser“inverso”.
um sentido de “no lugar de”
tílicos, nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval, ou “em lugar de”. No entanto, pode assumir o signicado de “ao
ingleses, ave-maria, um havana, etc. invés de”, sem problemas. Porém, o que ocorre é justamente o
- Os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando em - contrário, coloca-se “ao invés de” onde não poderia.
pregados em sentido geral: São Pedro foi o primeiro papa. Todos
amam sua pátria. A par: equivale a (bem informado, ciente): Estamos a par das
- Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográcos: o boas notícias.
rio Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc. Ao par: indica relação(de igualdade ou equivalência entre va-
- Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação -di lores nanceiros – câmbio): O dólar e o euro estão ao par.
reta: “Qual deles: ohortelão ou o advogado?”; “Chegam osmagos
do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra”. Aprender: tomar conhecimento de: O menino aprendeu a lição.
- No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a, com, de, Apreender: prender: O scal apreendeu a carteirinha do
em, sem, grafam-se com inicial minúscula. menino.
À toa: é uma locução adverbial de modo, equivale a(inutilmen-
Algumas palavras ou expressões costumam apresentar dicul- te, sem razão): Andava à toa pela rua.
dades colocando em maus lençóis quem pretende falar ou redigir À toa: é um adjetivo (refere-se a um substantivo), equiva -
português culto. Esta é uma oportunidade para você aperfeiçoar le a (inútil, desprezível). Foi uma atitude à toa e precipitada. (até
seu desempenho. Preste atenção e tente incorporar tais palavras 01/01/2009 era grafada: à-toa)
certas em situações apropriadas. Baixar: os preços quando não há objeto direto;os preços fun-
A anos: a indica tempo futuro: Daquia um ano iremos à Europa. cionam como sujeito: Baixaram os preços (sujeito) nos supermer-
Há anos: há indica tempo passado: não o vejo há meses. cados. Vamos: os
Abaixar comemorar, pessoal! com objeto direto: Os postos
preços empregado
“Procure o seu caminho (sujeito) de combustível abaixaram os preços (objeto direto) da
Eu aprendi a andar sozinho gasolina.
Isto foi há muito tempo atrás
Mas ainda sei como se faz Bebedor: é a pessoa que bebe: Tornei-me um grandebebedor
Minhas mãos estão cansadas de vinho.
Não tenho mais onde me agarrar.” Bebedouro: é o aparelho que fornece água. Este bebedouro
(gravação: Nenhum de Nós) está funcionando bem.

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Língua Portuguesa
Bem Vindo: é um adjetivo composto: Você é semprebem vin- forma, com um mesmo sentido. No entanto, quando falamos de
do aqui, jovem. gramática normativa, temos que ter cuidado, pois “a domicílio”
Benvindo: é nome próprio: Benvindo é meu colega de classe. não é aceita. Por quê? A regra estabelece que esta última locução
adverbial deve ser usada nos casos de verbos que indicam movi-
Boêmia/Boemia: são formas variantes (usadas normalmente): mento, como: levar, enviar, trazer, ir, conduzir, dirigir-se.
Vivia na boêmia/boemia. Portanto, “A loja entregou meu sofá a casa” não está correto.
Já a locução adverbial “em domicílio” é usada com os verbos sem
Botijão/Bujão de gás: ambas formas corretas: Comprei umbo- noção de movimento: entregar, dar, cortar, fazer.
tijão/bujão de gás. A dúvida surge com o verbo “entregar”: não indicaria movi-
mento? De acordo com a gramática purista não, uma vez que quem
Câmara: equivale ao local de trabalho onde se reúnem os ve- entrega, entrega algo em algum lugar.
readores, deputados: Ficaram todos reunidos naCâmara Municipal. Porém, há aqueles que armam que este verbo indica sim mo-
Câmera: aparelho que fotografa, tira fotos: Comprei umacâ- vimento, pois quem entrega se desloca de um lugar para outro.
mera japonesa. Contudo, obedecendo às normas gramaticais, devemos usar
“entrega em domicílio”, nos atentando ao fato de que a nalidade
Champanha/Champanhe (do francês): O champanha/ é que vale: a entrega será feita no (em+o) domicílio de uma pessoa.
champanhe está bem gelado. Espectador: é aquele que vê, assiste: Os espectadores se far-
Cessão: equivale ao ato de doar, doação: Foi conrmada aces- taram da apresentação.
são do terreno. Expectador: é aquele que está na expectativa, que espera algu-
Sessão: equivale ao intervalo de tempo de uma reunião: Ases- ma coisa: O expectador aguardava o momento da chamada.
são do lme durou duas horas.
Seção/Secção: repartição pública, departamento: Visitei hoje a Estada: permanência de pessoa (tempo em algum lugar): Aes-
seção de esportes. tada dela aqui foi graticante.
Estadia: prazo concedido para carga e descarga de navios ou
veículos: A estadia do carro foi prolongada por mais algumas se -
Demais: é advérbio de intensidade, equivale a muito, aparece manas.
intensicando verbos, adjetivos ou o próprio advérbio. Vocês falam Fosforescente: adjetivo derivado defósforo; que brilha no es-
demais, caras! curo: Este material éfosforescente.
Demais: pode ser usado comosubstantivo, seguido de artigo, Fluorescente: adjetivo derivado de úor, elemento químico,
equivale a os outros. Chamaram mais dez candidatos, osdemais refere-se a um determinado tipo de luminosidade: A luz branca do
devem aguardar. carro era uorescente.
De mais: é locução prepositiva, opõe-se a de menos, refere-se
sempre a um substantivo ou a um pronome: Não vejo nadade mais Haja - do verbo haver - É preciso que não haja descuido.
em sua decisão. Aja - do verbo agir - Aja com cuidado, Carlinhos.

Dia a dia: é um substantivo, equivale a cotidiano, diário, que Houve: pretérito perfeito do verbo haver, 3ª pessoa do singular
faz ou acontece todo dia. Meudia a dia é cheio de surpresas. (até Ouve: presente do indicativo do verbo ouvir, 3ª pessoa do
01/01/2009, era grafado dia a dia) singular
Dia a dia: é uma expressão adverbial, equivale a diariamente.
O álcool aumentadia a dia. Pode isso? Levantar: é sinônimo de erguer: Ginês, meu estimado cunha-
do, levantou sozinho a tampa do poço.
Descriminar: equivale a (inocentar, absolver de crime). O réu Levantar-se: pôr de pé : Luís e Diego levantaram-se cedo e,
foi descriminado; pra sorte dele. dirigiram-se ao aeroporto.
Discriminar: equivale a (diferençar, distinguir, separar). Era Mal: advérbio de modo, equivale a erradamente, é oposto de
impossível discriminar os caracteres do documento. Cumpredis- bem: Dormi mal. (bem). Equivale anocivo, prejudicial, enfermida-
criminar os verdadeiros dos falsos valores. /Os negros ainda são de; pode vir antecedido de artigo, adjetivo ou pronome: A comida
discriminados. fez mal para mim. Seu mal é crer em tudo. Conjunção subordinati-
Descrição: ato de descrever: A descrição sobre o jogador foi va temporal, equivale aassim que, logo que: Mal chegou começou
perfeita. a chorar desesperadamente.
Discrição: qualidade ou caráter de ser discreto, reservado: Mau: adjetivo, equivale a ruim, oposto de bom; plural=maus;
Você foi muito discreto. feminino=má. Você é um mau exemplo (bom). Substantivo: Os
Entrega emdomicílio: equivalelugar
a : Fiz aentrega emdomicílio. maus nunca vencem.
Entrega a domicílio com verbos de movimento: Enviou as Mas: conjunção adversativa (ideia contrária), equivale apo-
compras a domicílio. rém, contudo, entretanto: Telefonei-lhemas ela não atendeu.
Mais: pronome ou advérbio de intensidade, opõe-se a menos:
As expressões “entrega em domicílio” e “entrega a domicílio” Há mais ores perfumadas no campo.
são muito recorrentes em restaurantes, na propaganda televisa, no
outdoor, no folder, no paneto, no catálogo, na fala. Convivem Nem um: equivale a nem um sequer, nem um único; a palavra
juntas sem problemas maiores porque são entendidas da mesma um expressa quantidade:Nem umlho de Deus apareceu para ajudá-la.

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Língua Portuguesa
Nenhum: pronome indenido variável em gênero e número; Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalhovultoso aqui.
vem antes de um substantivo, é oposto de algum:Nenhum jornal Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face estávultuo-
divulgou o resultado do concurso. sa e deformada.

Obrigada: As mulheres devem dizer: muito obrigada, eu Exercícios


mesma, eu própria.
Obrigado: Os homens devem dizer: muito obrigado, eu 01. Observe a ortograa correta das palavras: disenteria; pro-
grama; mortadela; mendigo; benecente; caderneta; problema.
mesmo, eu próprio.
Empregue as palavras acima nas frases:
Onde: indica o (lugar em que se está); refere-se a verbos que a) O......teve.....porque comeu......estragada.
exprimem
Aondeestado,
: indicapermanência : Onde ca; aequivale
(ideia de movimento) farmácia(para
maisonde)
próxima?
so- b) O sua.......escolar
um.........: superpai protegeu demais
indicou seu aproveitamento.
péssimo lho e este lhe trouxe
mente com verbo de movimento desde que indique deslocamento, c) A festa......teve um bom.......e, por isso, um bom aprovei-
ou seja, a+onde. Aonde vão com tanta pressa? tamento.
“Pode seguir a tua estrada
o teu brinquedo de estar 02. Passe as palavras para o diminutivo:
fantasiando um segredo - asa; japonês; pai; homem; adeus; português; só; anel;
o ponto aonde quer chegar...” - beleza; rosa; país; avô; arroz; princesa; café;
(gravação: Barão Vermelho) - or; Oscar; rei; bom; casa; lápis; pé.

Por ora: equivale a (por este momento, por enquanto): Por ora 03. Passe para o plural diminutivo: trem; pé; animal; só; pa-
chega de trabalhar. pel; jornal; mão; balão; automóvel; pai; cão; mercadoria; farol;
Por hora: locução equivale a (cada sessenta minutos): Você rua; chapéu; or.
deve cobrar por hora.
04. Preencha as lacunas com as seguintes palavras: seção, ses-
Por que: escreve se separado; quando ocorre:preposição por+- são, cessão, comprimento, cumprimento, conserto, concerto
que - advérbio interrogativo(Por que você mentiu?); preposição a) O pequeno jornaleiro foi à.........do jornal.
por+que – pronome relativo pelo/a qual, pelos/as quais (A cidade b) Na..........musical os pequenos cantores apresentaram-se
por que passamos é simpática e acolhedora.) (=pela qual);prepo- muito bem.
sição por+que – conjunção subordinativa integrante; inicia oração c) O........do jornaleiro é amável.
subordinada
(=por substantiva
que motivo, razão) (Não seipor que tomaram esta decisão. d) O......do
e) O..... dassapato
roupascustou
é feitomuito
pela mãe
caro.do garoto.
Por quê: nal de frase, antes de um ponto nal, de interroga - f) Eu......meu amigo com amabilidade.
ção, de exclamação, reticências; o monossílabo que passa a ser -tô g) A.......de cinema foi um sucesso.
nico (forte), devendo, pois, ser acentuado: __O show foi cancelado h) O vestido tem um.........bom.
mas ninguém sabepor quê. (nal de frase); __Por quê? (isolado) i) Os pequenos violinistas participaram de um........ .
Porque: conjunção subordinativa causal: equivale a:pela cau-
sa, razão de que, pelo fato, motivo de que: Não fui ao encontropor- 05. Dê a palavra derivada acrescentando os suxos ESA ou
que estava acamado;conjunção subordinativa explicativa: equivale EZA: Portugal; certo; limpo; bonito; pobre; magro; belo; gentil;
a: pois, já que, uma vez que, visto que: “Mas a minha tristeza é duro; lindo; China; frio; duque; fraco; bravo; grande.
sossego porque é natural e justa.”; conjunção subordinativa nal
(verbo no subjuntivo, equivale a para que): “Mas não julguemos, 06. Forme substantivos dos adjetivos: honrado; rápido; escas-
porque não venhamos a ser julgados.” so; tímido; estúpido; pálido; ácido; surdo; lúcido; pequeno.
Porquê: funciona como substantivo; vem sempre acompanha-
do de um artigo ou determinante: Não foi fácil encontraro porquê 07. Use o H quando for necessário: alucinar; élice, umilde,
daquele corre-corre. esitar, oje, humano, ora, onra, aver, ontem, êxito, ábil, arpa, irôni-
co, orrível, árido, óspede, abitar.
Senão: equivale a (caso contrário, a não ser): Não fazia coisa 8. Complete as lacunas com as seguintes formas verbais: Hou-
nenhuma senão criticar. ve e Ouve.
Se não: equivale a (se por acaso não), em orações adverbiais a) O menino .....muitas recomendações de seu pai.
condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá des-
ta situação crítica. b) A
c) ........muita confusão professora
criança não.........a na cabeça do pequeno.
porque não a compreende.
Tampouco: advérbio, equivale a(também não): Não compare- d) Na escola........festa do Dia do Índio.
ceu, tampouco apresentou qualquer justicativa.
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nostão pou- 9. A letra X representa vários sons. Leia atentamente as pala -
co esta semana. vras oralmente: trouxemos, exercícios, táxi, executarei, exibir-se,
oxigênio, exercer, proximidade, tóxico, extensão, existir, experiên-
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios cia, êxito, sexo, auxílio, exame. Separe as palavras em três seções,
Traz - do verbo trazer conforme o som do X.

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Língua Portuguesa
- Som de Z; a) ......... uma bola atingiu o cenário e o derrubou.
- Som de KS; b) Bem...........o povo começou a se retirar.
- Som de S. c) O rei descobriu a verdade,..........cou irritado.
d) Faça sua tarefa............, para podermos ir ao dentista.
10. Complete com X ou CH: en.....er; dei.....ar; ......eiro; e) ......... de sua vestimenta real, o rei usava um manto.
e......a; ei.....o; frou.....o; ma.....ucar; .....ocolate; en.....ada; en..... 17. Forme novas palavras usando ISAR ou IZAR: análise;
ergar; cai......a; .....iclete; fai......a; .....u......u; salsi......a; bai.......a; pesquisa; anarquia; canal; civilização; colônia; humano; suave;
capri......o; me......erica; ria.......o; ......ingar; .......aleira; amei......a; revisão; real; nacional; nal; ocial; monopólio; sintonia; central;
......eirosos; abaca.....i. paralisia; aviso.
18. Haja ou aja. Use haja ou aja para completar as orações:
11. Completeque
a) Disseram com MAL passou......ontem.
Carlota ou MAU: a) ........ com atenção para que não ........ muitos erros.
b) Ele cou de......humor após ter agido daquela forma. b) Talvez ......... greve; é preciso que........... cuidado e atenção.
c) Desejamos que ........ fraternidade nessa escola.
c) O time se considera......preparado para tal jogo. d) ...... com docilidade, meu lho!
d) Carlota sofria de um..........curável.
e) O.......é se ter afeiçoado às coisas materiais. 19. A palavra MENOS não deve ser modicada para o femini-
f) Ele não é um........sujeito. no. Complete as frases com a palavra MENOS:
g) Mas o.......não durou muito tempo. a) Conheço todos os Estados brasileiros,.....a Bahia.
b) Todos eram calmos,.........mamãe.
12. Complete as frases com porque ou por que corretamente: c) Quero levar.........sanduíches do que na semana passada.
a) ....... você está chateada? d) Mamãe fazia doces e salgados........tortas grandes.
b) Cuidar do animal é mais importante........ele ca limpinho.
c) .......... você não limpou o tapete? 20. Use por que , por quê , porque e porquê:
d) Concordo com papai.............ele tem razão. a) ..........ninguém ri agora?
e) ..........precisamos cuidar dos animais de estimação. b) Eis........ ninguém ri.
c) Eis os princípios ............luto.
13. Preencha as lacunas com: mas = porém; mais = indica d) Ela não aprendeu, ...........?
quantidade; más = feminino de mau. e) Aproximei-me .........todos queriam me ouvir.
a) A mãe e o lho discutiram,.......não chegaram a um acordo. f) Você está assustado, ..........?
b) Você quer.......razões para acreditar em seu pai? g) Eis o motivo........errei.
c) Pessoas.........deveriam
bondade do que no ódio. fazer reexões para acreditar...... na h)O.......
i) Creio que vou de
é difícil melhorar.......estudei
ser estudado. muito.
d) Eu limpo,.........depois vou brincar. j) ........ os índios estão revoltados?
e) O frio não prejudica .........o Tico. k) O caminho ........viemos era tortuoso.
f) Infelizmente Tico morreu, ........comprarei outro cãozinho.
g) Todas as atitudes ......devem ser perdoadas,.......jamais ser 21. Uso do S e Z. Complete as palavras com S ou Z. A se -
repetidas, pois, quanto............se vive,.........se aprende. guir, copie as palavras na forma correta: pou....ando; pre....ença;
arte.....anato; escravi.....ar; nature.....a; va.....o; pre.....idente; fa.....
14. Preencha as lacunas com: trás, atrás e traz. er; Bra.....il; civili....ação; pre....ente; atra....ados; produ......irem;
a) ........... de casa havia um pinheiro. a....a; hori...onte; torrão....inho; fra....e; intru ....o; de....ejamos;
b) A poluição.......consigo graves consequências. po....itiva; podero....o; de...envolvido; surpre ....a; va.....io; ca....o;
c) Amarre-o por......... da árvore. coloni...ação.
d) Não vou....... de comentários bobos..
22. Complete com X ou S e copie as palavras com atenção:
15. Preencha as lacunas com: HÁ - indica tempo passado; A - e....trangeiro; e....tensão; e....tranho; e....tender; e....tenso; e....pon-
tempo futuro e espaço. tâneo; mi...to; te....te; e....gotar; e....terior; e....ceção; e...plêndido;
a) A loja ca ....... pouco quilômetros daqui. te....to; e....pulsar; e....clusivo.
b) .........instantes li sobre o Natal. 23. Tão Pouco / Tampouco
c) Eles não vão à loja porque ........ mais de dois dias a mer -
cadoria acabou. Complete as frases corretamente:
d) .........três
e) Esse dias que todos
fato aconteceu ....... se preparam
muito tempo.para a festa do Natal. a) Eu
b) tive ........oportunidades!
Tenho.......... alunos, que cabem todos naquela salinha.
f) Os alunos da escola dramatizarão a história do Natal daqui c) Ele não veio;.......virão seus amigos.
......oito dias. d) Eu tenho .........tempo para estudar.
g) Ele estava......... três passos da casa de André. e) Nunca tive gosto para dançar;......para tocar piano.
h) ........ dois quarteirões existe uma bela árvore de Natal. f) As pessoas que não amam,........são felizes.
g) As pessoas têm.....atitudes de amizade.
16. Atenção para as palavras: por cima; devagar; depressa; de h) O governo daquele país não resolve seus problemas,....... se
repente; por isso. Agora, empregue-as nas frases: preocupa em resolvê-los.

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Língua Portuguesa
Respostas 18. a) Aja haja b) haja haja c) haja d) Aja

01. a) mendigo disenteria mortadela b) problema caderneta c) 19. a) menos b) menos c) menos d) menos
benecente programa
20. a) Por que b) por que c) por que d) por quê e) porque f) por
02. quê g) por que h) porque i) porquê j) Por que k) por que
- asinha; japonesinho; paizinho; homenzinho; adeusinho; por -
tuguesinho; sozinho; anelzinho; 21. Pousando; Presença; Artesanato; Escravizar; Natureza;
- belezinha; rosinha; paisinho; avozinho; arrozinho; princesi- Vaso; Presidente; Fazer; Brasil; Civilização; Presente; Atrasados;
nha; cafezinho; Produzirem; Asa; Horizonte; Torrãozinho; Frase; Intruso; Deseja-
mos; Positiva; Poderoso; Desenvolvido; Surpresa; Vazio; Caso;
nho;-pezinho.
orzinha; Oscarzinho; reizinho; bonzinho; casinha; lapisi- Colonização.

03. trenzinhos; pezinhos; animaizinhos; sozinhos; papeizi- 22. estrangeiro; extensão; estranho; estender; extenso; Espon-
nhos; jornaizinhos; mãozinhas; balõezinhos; automoveisinhos; tâneo; Misto; Teste; Esgotar; Exterior; Exceção; Esplêndido; Tex-
paizinhos; cãezinhos; mercadoriazinhas; faroisinhos; ruazinhas; to; Expulsar; Exclusivo.
chapeuzinhos; orezinhas.
23. a) tão poucas b) tão poucos c) tampouco d) tão pouco e)
04. a) seção b) sessão c) cumprimento d) conserto e) conserto tampouco f) tampouco g) tão poucas h) tampouco
f) cumprimento g) sessão h) comprimento i) concerto.
Acentuação Gráca
05. portuguesa; certeza; limpeza; boniteza; pobreza; magreza;
beleza; gentileza; dureza; lindeza; Chinesa; frieza; duquesa; fra- Tonicidade
queza; braveza; grandeza.
Num vocábulo de duas ou mais sílabas, há, em geral, uma que
06. honradez; rapidez; escassez; timidez; estupidez; palidez; se destaca por ser proferida com mais intensidade que as outras: é a
acidez; surdez; lucidez; pequenez. sílaba tônica. Nela recai o acento tônico, também chamado acento
de intensidade ou prosódico. Exemplos: ca fé, ja nela, médico, es-
07. alucinar, ontem, hélice, êxito, humilde, hábil, hesitar, har- tômago, colecionador.
pa, hoje, irônico, humano, horrível, hora, árido, honra, hóspede,
haver, habitar. O acento tônico é um fato fonético e não deve ser confundido
com o acento gráco (agudo ou circunexo) que às vezes o assi -
08. a) ouve b) Houve c) ouve d) houve nala. A sílaba tônica nem sempre é acentuada gracamente. Exem-
plo: cedo, ores, bote, pessoa, senhor, caju, tatus, siri, abacaxis.
09. As sílabas que não são tônicas chamam-se átonas (=fracas),
Som de Z: exercícios, executarei, exibir-se, exercer, existir, e podem ser pretônicas ou postônicas, conforme estejam antes ou
êxito e exame. depois da sílaba tônica. Exemplo: montanha, facilmente, heroi-
Som de KS: táxi, oxigênio, tóxico e sexo. zinho.
Som de S: trouxemos, proximidade, extensão, experiência e auxílio. De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos com
mais de uma sílaba classicam-se em:
10. encher, deixar, cheiro, echa, eixo, frouxo, machucar, cho-
colate, enxada, enxergar, caixa, chiclete, faixa, chuchu, salsicha, Oxítonos: quando a sílaba tônica é a última: ca fé, ra paz, es-
baixa, capricho, mexerica, riacho, xingar, chaleira, ameixa, chei- critor, maracujá.
rosos, abacaxi. Paroxítonos: quando a sílaba tônica é a penúltima: mesa, lá-
pis, montanha, imensidade.
11. a) mal b) mau c) mal d) mal e) mau f) mau g) mal Proparoxítonos: quando a sílaba tônica é a antepenúltima: ár-
12. a) Por que b) porque c) Por que d) porque e) Porque vore, quilômetro, México.
13. a) mas b) más mais c) más d) mas e) mais f) mas g) más
mas mais mais Monossílabos são palavras de uma só sílaba, conforme a in -
tensidade com que se proferem, podem ser tônicos ou átonos.
14. a) Atrás b) traz c) trás d) atrás Monossílabos tônicos são os que têm autonomia fonética, sen-
15. a) a b) Há c) há d) Há e) há f) a g) a h) A do proferidos fortemente na frase em que aparecem: é, má, si, dó,
nó, eu, tu, nós, ré, pôr, etc.
16. a) De repente b) devagar c) por isso d) depressa e) Por cima Monossílabos átonos são os que não têm autonomia fonética,
sendo proferidos fracamente, como se fossem sílabas átonas do
17. analisar; pesquisar; anarquizar; canalizar; civilizar; coloni- vocábulo a que se apoiam. São palavras vazias de sentido como
zar; humanizar; suavizar; revisar; realizar; nacionalizar; nalizar; artigos, pronomes oblíquos, elementos de ligação, preposições,
ocializar; monopolizar; sintonizar; centralizar; paralisar; avisar. conjunções: o, a, os, as, um, uns, me, te, se, lhe, nos, de, em, e, que.

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Língua Portuguesa
Acentuação dos Vocábulos Proparoxítonos Acentuação dos Hiatos
Todos os vocábulos proparoxítonos são acentuados na vogal A razão do acento gráco é indicar hiato, impedir a ditonga-
tônica: ção. Compare: caí e cai, doído e doido, uído e uido.
- Com acento agudo se a vogal tônica for i, u ou a, e, o aber- - Acentuam-se em regra, o /i/ e o /u/ tônicos em hiato com vo-
tos: xícara, úmido, queríamos, lágrima, término, déssemos, lógico, gal ou ditongo anterior, formando sílabas sozinhos ou com s: saída
binóculo, colocássemos, inúmeros, polígono, etc. (sa-í-da), saúde (sa-ú-de), faísca, caíra, saíra, egoísta, heroína, caí,
- Com acento circunexo se a vogal tônica for fechada ou na - Xuí, Luís, uísque, balaústre, juízo, país, cafeína, baú, baús, Grajaú,
sal: lâmpada, pêssego, esplêndido, pêndulo, lêssemos, estômago, saímos, eletroímã, reúne, construía, proíbem, inuí, destruí-lo, ins-
sôfrego, fôssemos, quilômetro, sonâmbulo etc.
truí-la, etc.
Acentuação dos Vocábulos Paroxítonos - Não se acentua o /i/ e o /u/ seguidos de nh: rainha, fuinha,
moinho, lagoinha, etc; e quando formam sílaba com letra que não
Acentuam-se com acento adequado os vocábulos paroxítonos seja s: cair (ca-ir), sairmos, saindo, juiz, ainda, diurno, Raul, ruim,
terminados em: cauim, amendoim, saiu, contribuiu, instruiu, etc.

- ditongo crescente, seguido, ou não, de s: sábio, róseo, planí - Segundo as novas regras da Língua Portuguesa não se acen-
cie, nódua, Márcio, régua, árdua, espontâneo, etc. tua mais o /i/ e /u/ tônicos formando hiato quando vierem depois
- i, is, us, um, uns: táxi, lápis, bônus, álbum, álbuns, jóquei, de ditongo: baiúca, boiúna, feiúra, feiúme, bocaiúva, etc. Ficaram:
vôlei, fáceis, etc. baiuca, boiuna, feiura, feiume, bocaiuva, etc.
- l, n, r, x, ons, ps: fácil, hífen, dólar, látex, elétrons, fórceps,
etc. Os hiatos “ôo” e “êe” não são mais acentuados: enjôo, vôo,
- ã, ãs, ão, ãos, guam, guem: ímã, ímãs, órgão, bênçãos, enxá- perdôo, abençôo, povôo, crêem, dêem, lêem, vêem, relêem. Fi-
guam, enxáguem, etc. caram: enjoo, voo, perdoo, abençoo, povoo, creem, deem, leem,
veem, releem.
Não se acentua um paroxítono só porque sua vogal tônica é
aberta ou fechada. Descabido seria o acento gráco, por exemplo, Acento Diferencial
em cedo, este, espelho, aparelho, cela, janela, socorro, pessoa, do -
res, ores, solo, esforços. Emprega-se o acento diferencial como sinal distintivo de vo-
cábulos homógrafos, nos seguintes casos:
Acentuação dos Vocábulos Oxítonos
Acentuam-se com acento adequado os vocábulos oxítonos - pôr (verbo) - para diferenciar de por (preposição).
terminados em: - verbo poder (pôde, quando usado no passado)
- a, e, o, seguidos ou não de s: xará, serás, pajé, freguês, vovô, - é facultativo o uso do acento circunexo para diferenciar as
avós, etc. Seguem esta regra os innitivos seguidos de pronome: palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a
cortá-los, vendê-los, compô-lo, etc. frase mais clara. Exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?
- em, ens: ninguém, armazéns, ele contém, tu conténs, ele con-
vém, ele mantém, eles mantêm, ele intervém, eles intervêm, etc. Segundo as novas regras da Língua Portuguesa não existe
mais o acento diferencial em palavras homônimas (graa igual,
Acentuação dos Monossílabos som e sentido diferentes) como:

Acentuam-se os monossílabos tônicos: a, e, o, seguidos ou - côa(s) (do verbo coar) - para diferenciar de coa, coas (com
não de s: há, pá, pé, mês, nó, pôs, etc. + a, com + as);
- pára (3ª pessoa do singular do presente do indicativo do ver-
Acentuação dos Ditongos bo parar) - para diferenciar de para (preposição);
- péla (do verbo pelar) e em péla (jogo) - para diferenciar de
Acentuam-se a vogal dos ditongos abertos éi, éu, ói, quando pela (combinação da antiga preposição per com os artigos ou pro-
tônicos.
nomes a, as);
Segundo as novas regras os ditongos abertos “éi” e “ói” não - pêlo (substantivo)
(combinação e pélo (v. pelar)
da antiga preposição per com- para diferenciar
os artigos o, os);de pelo
são mais acentuados em palavras paroxítonas: assembléia, pla-
téia, idéia, colméia, boléia, Coréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio, - péra (substantivo - pedra) - para diferenciar de pera (forma
heróico, paranóico, etc. Ficando: Assembleia, plateia, ideia, col- arcaica de para - preposição) e pêra (substantivo);
meia, boleia, Coreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, para- - pólo (substantivo) - para diferenciar de polo (combinação
noico, etc. popular regional de por com os artigos o, os);
Nos ditongos abertos de palavras oxítonas terminadas em - pôlo (substantivo - gavião ou falcão com menos de um ano) -
éi, éu e ói e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, para diferenciar de polo (combinação popular regional de por com
anéis, papéis, troféu, céu, chapéu. os artigos o, os);

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Língua Portuguesa
Emprego do Til 06- Os dois vocábulos de cada item devem ser acentuado gra-
camente, exceto:
O til sobrepõe-se às letras “a” e “o” para indicar vogal nasal. a) herbivoro-ridiculo
Pode gurar em sílaba: b) logaritmo-urubu
- tônica: maçã, cãibra, perdão, barões, põe, etc; c) miudo-sacricio
- pretônica: romãzeira, balõezinhos, grã-no, cristãmente, etc; d) carnauba-germem
- átona: órfãs, órgãos, bênçãos, etc. e) Biblia-hieroglifo

Trema (o trema não é acento gráco) 07- “Andavam devagar, olhando para trás...” (J.A. de Almei-
da-Américo A. Bagaceira). Assinale o item em que nem todas as
Desapareceu
tuguês: Linguiça,oaverig
tremausobre o /u/uem
ei, delinq todas
ente, asupalavras
tranq ilo, lingdo por -
uístico. palavras
texto. são acentuadas pelo mesmo motivo da palavra grifada no
Exceto as de língua estrangeira: Günter, Gisele Bündchen, müle- a) Más – vês
riano. b) Mês – pás
c) Vós – Brás
Exercícios d) Pés – atrás
e) Dês – pés
01- O acento gráco de “três” justica-se por ser o vocábulo:
a) Monossílabo átono terminado em ES. 08- Indique a única alternativa em que nenhuma palavra é
b) Oxítono terminado em ES acentuada gracamente:
c) Monossílabo tônico terminado em S a) lapis, canoa, abacaxi, jovens,
d) Oxítono terminado em S b) ruim, sozinho, aquele, traiu
e) Monossílabo tônico terminado em ES c) saudade, onix, grau, orquídea
d) ores, açucar, album, virus,
02- Se o vocábulo concluiu não tem acento gráco, tal não e) voo, legua, assim, tenis
acontece com uma das seguinte formas do verbo concluir:
a) concluia 09- Nas alternativas, a acentuação gráca está correta em to-
b) concluirmos das as palavras, exceto:
c) concluem a) jesuíta, caráter
b) viúvo, sótão
d) concluindo c) baínha, raiz
e) concluas
d) Ângela, espádua
e) gráco, úor
03- Nenhum vocábulo deve receber acento gráco, exceto:
a) sururu
10- Até ........ momento, ........ se lembrava de que o antiquário
b) peteca tinha o ......... que procurávamos.
c) bainha a) Aquêle-ninguém-baú
d) mosaico b) Aquêle-ninguém-bau
e) beriberi c) Aquêle-ninguem-baú
d) Aquele-ninguém-baú
04- Todos os vocábulos devem ser acentuados gracamente, e) Aquéle-ninguém-bau
exceto:
a) xadrez Respostas: (1-E) (2-A) (3-E) (4-A) (5-A) (6-B) (7-
b) faisca D) (8-B) (9-C) (10-D)
c) reporter
d) Oasis Período: Toda frase com uma ou mais orações constitui um
e) proteina período, que se encerra com ponto de exclamação, ponto de inter-
rogação ou com reticências.
05- Assinale a opção em que o par de vocábulos não obedece O período é simples quando só traz uma oração, chamada ab-
à mesma regra de acentuação gráca. soluta; o período é composto quando traz mais de uma oração.
a) sosmático/ insondáveis Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração absolu-
b) automóvel/fácil ta.); Quero que você aprenda. (Período composto.)
c) tá/já
d) água/raciocínio Existe uma maneira prática de saber quantas orações há num
e) alguém/comvém período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num período ha-
verá tantas orações quantos forem os verbos ou as locuções verbais
nele existentes. Exemplos:

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Língua Portuguesa
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração) A doença vem a cavalo e volta a pé.
Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações) As pessoas não se mexiam nem falavam.
Está pegandofogo no prédio. (uma locução verbal, uma oração) “Não só ndaram as queixas contra o alienista, mas até ne-
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções nhum ressentimento fcou dos atos que ele praticara.” (Machado
verbais, duas orações) de Assis)
Há três tipos de período composto: por coordenação, por su-
bordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo tempo - Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém,
(também chamada de misto). todavia, contudo, entretanto, no entanto.
Estudei bastante / mas não passei no teste.
Período Composto por Coordenação. Orações Coordenadas OCA OCS Adversativa

Considere, por exemplo, este período composto: Observe idéia


que expressa que ade
2ª oposição
oração vem introduzida
à oração porouuma
anterior, seja,conjunção
por uma
conjunção coordenativa adversativa.
Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos
de infância. A espada vence, mas não convence.
1ª oração: Passeamos pela praia “É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles)
2ª oração: brincamos Tens razão, contudo não te exaltes.
3ª oração: recordamos os tempos de infância Havia muito serviço, entretanto ninguém trabalhava.

As três orações que compõem esse período têm sentido pró- - Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por
prio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática: elas isso, pois, logo.
são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de sentido, Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
mas, como já dissemos, uma não depende da outra sintaticamente. OCA OCS Conclusiva
As orações independentes de um período são chamadas de
orações coordenadas (OC), e o período formado só de orações Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
coordenadas é chamado de período composto por coordenação. que expressa idéia de conclusão de um fato enunciado na oração
As orações coordenadas são classicadas em assindéticas e anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.
sindéticas.
Vives mentindo; logo, não mereces fé.
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade.
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: Raimundo é homem são, portanto deve trabalhar.
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram.
OCA OCA OCA - Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou,
ora... ora, seja... seja, quer... quer.
“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de As- Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
sis) OCA OCS Alternativa
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” (An-
tônio Olavo Pereira) Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” (Coe- que estabelece uma relação de alternância ou escolha com refe-
lho Neto) rência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
alternativa.
- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm
introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo: Venha agora ou perderá a vez.
O homem saiu do carro / e entrou na casa. “Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de
OCA OCS Assis)
“Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço
As orações coordenadas sindéticas são classicadas de acor- muito caro.” (Renato Inácio da Silva)
do com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas que as “A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente .”
introduzem. Pode ser: (Luís Jardim)

- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... - Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque,
mas também, não só... mas ainda. pois, porquanto.
Saí da escola / e fui à lanchonete. Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
OCA OCS Aditiva OCA OCS Explicativa

Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção que
que expressa idéia de acréscimo ou adição com referência à oração expressa idéia de explicação, de justicativa em relação à oração
anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva. anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa explicativa.

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Língua Portuguesa
Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã. Resposta: B
“A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico Ve- Por isso – conjunção conclusiva.
ríssimo) Porque – conjunção explicativa.
“Qualquer que seja a tua infância, conquista-a, que te aben- Mas – conjunção adversativa.
çôo.” (Fernando Sabino) Portanto – conjunção conclusiva.
O cavalo estava cansado, pois arfava muito. Que – conjunção explicativa.
05. Reúna as três orações em um período composto por coor -
Exercícios denação, usando conjunções adequadas.
Os dias já eram quentes.
A água do mar ainda estava fria.
01. Relacione as orações coordenadas por meio de conjun- As praias permaneciam desertas.
ções:
a) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram. Resposta: Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda
b) Não durma sem cobertor. A noite está fria. estava fria, por isso as praias permaneciam desertas.
c) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los.
06. No período “Penso, logo existo”, oração em destaque é:
Respostas: a) coordenada sindética conclusiva
Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram. b) coordenada sindética aditiva
Não durma sem cobertor, pois a noite está fria. c) coordenada sindética alternativa
Quero desculpar-me, mais consigo encontrá-los. d) coordenada sindética adversativa
e) n.d.a
02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o maru-
lhar das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de: Resposta: A
a) causa
b) explicação 07. Por denição, oração coordenada que seja desprovida de
c) conclusão conectivo é denominada assindética. Observando os períodos se-
d) proporção guintes:
I- Não caía um galho, não balançava uma folha.
e) comparação II- O lho chegou, a lha saiu, mas a mãe nem notou.
III- O scal deu o sinal, os candidatos entregaram a prova.
Resposta: E Acabara o exame.
A conjunção como exercer a função comparativa. Os amplos
bocejos ouvidos são comparados à força do marulhar das ondas. Nota-se que existe coordenação assindética em:
a) I apenas
03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração b) II apenas
sublinhada pode indicar uma ideia de: c) III apenas
a) concessão d) I e III
b) oposição e) nenhum deles
c) condição
d) lugar Resposta: D
e) consequência
08. “Vivemos mais uma grave crise, repetitiva dentro do ci-
Resposta: C clo de graves crises que ocupa a energia desta nação. A frustra-
A condição necessária para procurar emprego é entrar na fa- ção cresce e a desesperança não cede. Empresários empurrados
culdade. à condição de liderança ocial se reúnem, em eventos como este,
para lamentar o estado de coisas. O que dizer sem resvalar para o
pessimismo, a crítica pungente ou a autoabsorvição?
04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem, en- É da história do mundo que as elites nunca introduziram mu-
tre as orações de cada item, uma correta relação de sentido. danças que favorecessem a sociedade como um todo. Estaríamos
nos enganando se achássemos que estas lideranças empresariais
1. Correu demais, ... caiu. aqui reunidas teriam motivação para fazer a distribuição de po-
2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz. deres e rendas que uma nação equilibrada precisa ter. Aliás, é in -
3. A matéria perece, ... a alma é imortal. genuidade imaginar que a vontade de distribuir renda passe pelo
4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com empobrecimento da elite. É também ocioso pensar que nós, de tal
detalhes. elite, temos riqueza suciente para distribuir. Faço sempre, para
5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde. meu desânimo, a soma do faturamento das nossas mil maiores e
melhores empresas, e chego a um número menor do que o fatura-
a) porque, todavia, portanto, logo, entretanto mento de apenas duas empresas japonesas. Digamos, a Mitsubishi
b) por isso, porque, mas, portanto, que e mais um pouquinho. Sejamos francos. Em termos mundiais so-
c) logo, porém, pois, porque, mas mos irrelevantes como potência econômica, mas o mesmo tempo
d) porém, pois, logo, todavia, porque extremamente representativos como população.”
e) entretanto, que, porque, pois, portanto (“Discurso de Semler aos empresários”, Folha de São Paulo)

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Língua Portuguesa
Dentre os períodos transcritos do texto acima, um é composto Irei à sua casa / se não chover.
por coordenação e contém uma oração coordenada sindética ad- OP OSA Condicional
versativa. Assinalar a alternativa correspondente a este período: Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos ofensores.
a) A frustração cresce e a desesperança não cede. Se o conhecesses, não o condenarias.
b) O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pun- “Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de
gente ou a autoabsorvição. Andrade)
c) É também ocioso pensar que nós, da tal elite, temos riqueza A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência te-
suciente para distribuir. nha êxito.
d) Sejamos francos.
e) Em termos mundiais somos irrelevantes como potência - Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração
econômica, mas ao mesmo tempo extremamente representativos
como população. principal,ainda
embora, sem, que,
no entanto, impedir
apesar de, se bemsuaque,
realização.
por mais Conjunções:
que, mesmo
Resposta E que.
Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
Período Composto por Subordinação OP OSA Concessiva
Observe os termos destacados em cada uma destas orações: Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que ou
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal) se bem que) não o conhecesse pessoalmente.
Todos querem sua participação. (objeto direto) Embora não possuísse informações seguras, ainda assim
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de causa) arriscou uma opinião.
Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando ou
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em ora- ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
ções com a mesma função sintática: Por mais que gritasse, não me ouviram.
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada com
função de adjunto adnominal) - Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com
Todos querem / que você participe. (oração subordinada com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
função de objeto direto)
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração subordina-
OP OSA Conformativa
da com função de adjunto adverbial de causa)
O homem age conforme pensa.
Emsintática
função todos esses períodos,à primeira,
em relação a segundasendo,
oraçãoportanto,
exerce uma certa
subordi- Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi .
nada a ela. Quando um período é constituído de pelo menos um Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.
conjunto de duas orações em que uma delas (a subordinada) de- O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação.
pende sintaticamente da outra (principal), ele é classicado como
período composto por subordinação. As orações subordinadas são - Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que
classicadas de acordo com a função que exercem: adverbiais, foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim que,
substantivas e adjetivas. logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).
Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
Orações Subordinadas Adverbiais OP OSA Temporal

As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas que Formiga, quando quer se perder, cria asas.
exercem a função de adjunto adverbial da oração principal (OP). “Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se esva-
São classicadas de acordo com a conjunção subordinativa que as ziam.” (Carlos Povina Cavalcânti)
introduz: “Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês
de Maricá)
- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração Enquanto foi rico, todos o procuravam.
principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que,
visto que. - Finais: Expressam a nalidade ou o objetivo do que foi
Não fui à escola / porque quei doente. enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a m de
OP OSA Causal que, porque (=para que), que.
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
O tambor soa porque é oco. OP OSA Final
Como não me atendessem, repreendi-os severamente.
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir. “O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.” (Mar-
“Faltou à reunião,visto que esteve doente.” (Arlindo de Sousa) quês de Maricá)
- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a Aproximei-me dele a m de que me ouvisse melhor.
ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, con- “Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que = para
tanto que, a menos que, a não ser que, desde que. que)

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Língua Portuguesa
“Instara muito comigo não deixasse de freqüentar as recep- Mariana esperou que o marido voltasse.
ções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse = para que não Ninguém pode dizer: Desta água não beberei.
deixasse) O scal vericou se tudo estava em ordem .
- Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enun-
ciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= por- - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É
que), pois que, visto que. aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração
A chuva foi tão forte / que inundou a cidade. principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
OP OSA Consecutiva Necessito / de que você me ajude.
OP OSS Objetiva Indireta
Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos. Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua
“A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José
J. Veiga) viagem.)
Aconselha-o a que trabalhe mais.
De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais . Daremos o prêmio a quem o merecer.
As notícias de casa eram boas, de maneira que pude prolon-
Lembre-se de que a vida é breve .
gar minha viagem.

- Comparativas: Expressam ideia de comparação com re- - Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que
ferência à oração principal. Conjunções: como, assim como, tal exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Observe:
como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com É importante sua colaboração. (sujeito)
menos ou mais). É importante / que você colabore.
Ela é bonita / como a mãe. OP OSS Subjetiva
OP OSA Comparativa
A oração subjetiva geralmente vem:
A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro .” - depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções
(Marquês de Maricá) do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É certo que
Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro . ele voltará amanhã.
Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram. - depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta-
Como a or se abre ao Sol , assim minha alma se abriu à luz se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade.
daquele olhar. - depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, ocor-
rer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e seguidos das
Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam clara- conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem da re-
mente o verbo, como no exemplo acima, em que está subentendido união.
o verbo ser (como a mãe é).
É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é neces-
- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona pro- sária.)
porcionalmente ao que foi enunciado na principal. Conjunções: à Parece que a situação melhorou.
medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto Aconteceu que não o encontrei em casa .
menos. Importa que saibas isso bem.
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia.
OSA Proporcional OP - Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É
aquela que exerce a função de complemento nominal de um termo
À medida que se vive, mais se aprende.
da oração principal. Observe: Estou convencido de sua inocência.
À proporção que avançávamos, as casas iam rareando.
(complemento nominal)
O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai dimi-
nuindo. Estou convencido / de que ele é inocente.
OP OSS Completiva Nominal
Orações Subordinadas Substantivas
Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão
As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas dele.)
que, num período, exercem funções sintáticas próprias de subs- Estava ansioso por que voltasses.
tantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções integrantes Sê grato a quem te ensina.
que e se. Elas podem ser: “Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo .”
(Graciliano Ramos)
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela
que exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal. - Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela
Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto) que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal,
O grupo quer / que você ajude. vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua
OP OSS Objetiva Direta felicidade. (predicativo)
O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O mestre O importante é / que você seja feliz.
exigia a presença de todos.) OP OSS Predicativa

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Língua Portuguesa
Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.) “Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário Ma-
Minha esperança era que ele desistisse. riano)
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz .
Não sou quem você pensa. - Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se re-
exerce a função de aposto de um termo da oração principal. Obser- ferem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem restrin-
ve: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício do país . gi-lo ou especicá-lo. Exemplo:
(aposto) O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do novo livro.
país. OP OSA Explicativa OP
OP OSS Apositiva
Deus, que é nosso pai, nos salvará.
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma coi- Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
sa: a sua felicidade) Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.
Só lhe peço isto: honre o nosso nome. Alguém, que passe por ali à noite , poderá ser assaltado.
“Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de
que virias a morrer...” (Osmã Lins) Orações Reduzidas
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo
oculto?” (Machado de Assis) Observe que as orações subordinadas eram sempre introdu-
zidas por uma conjunção ou pronome relativo e apresentavam o
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois verbo numa forma do indicativo ou do subjuntivo. Além desse tipo
-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à oração de orações subordinadas há outras que se apresentam com o ver-
principal. Exemplo: Seu desejo, que o flho recuperasse a saúde , bo numa das formas nominais (innitivo, gerúndio e particípio).
tornou-se realidade. Exemplos:
Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as ora- - Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês. (in-
ções substantivas podem ser introduzidas por outros conectivos,
nitivo)
tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
- Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio)
Não sei quando ele chegou.
- Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. (par-
Diga-me como resolver esse problema.
ticípio)
Orações Subordinadas Adjetivas
As orações subordinadas que apresentam o verbo numa das
As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a fun- formas nominais são chamadas de reduzidas.
ção de adjunto adnominal de algum termo da oração principal. Para classicar a oração que está sob a forma reduzida, de-
Observe como podemos transformar um adjunto adnominal em vemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: colocamos a
oração subordinada adjetiva: conjunção ou o pronome relativo adequado ao sentido e passamos
Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal) o verbo para uma forma do indicativo ou subjuntivo, conforme
Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada adjetiva) o caso. A oração reduzida terá a mesma classicação da oração
desenvolvida.
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas
por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês.
ser classicadas em: Quando entrei na escola, / encontrei o professor de inglês.
OSA Temporal
- Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quando Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial temporal,
restringem ou especicam o sentido da palavra a que se referem. reduzida de innitivo.
Exemplo:
O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar. Precisando de ajuda, telefone-me.
OP OSA Restritiva Se precisar de ajuda, / telefone-me.
OSA Condicional
Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especica o Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial condicio-
sentido do substantivo cantor, indicando que o público não aplau- nal, reduzida de gerúndio.
diu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar.
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.
Pedra que rola não cria limo. Assim que acabou o treino , / os jogadores foram para o ves-
Os animais que se alimentam de carne chamam-se carní- tiário.
voros. OSA Temporal
Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas es- Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal, re-
creveram. duzida de particípio.

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Língua Portuguesa
Observações: 03. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. Há
reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na realida-
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de de- de.” A oração sublinhada é:
senvolvimento. Há casos também de orações reduzidas xas, isto a) adverbial conformativa
é, orações reduzidas que não são passíveis de desenvolvimento. b) adjetiva
Exemplo: Tenho vontade de visitar essa cidade. c) adverbial consecutiva
- O innitivo, o gerúndio e o particípio não constituem orações d) adverbial proporcional
reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal. Exemplos: e) adverbial causal
Preciso terminar este exercício.
Ele está jantando na sala. 04. No seguinte grupo de orações destacadas:
Essa casa foi construída por meu pai. 1. É bom que você venha.
2. Chegados que fomos, entramos na escola.
- Uma oração coordenada também pode vir sob a forma redu- 3. Não esqueças que é falível.
zida. Exemplo:
O homem fechou a porta, saindo depressa de casa. Temos orações subordinadas, respectivamente:
O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração a) objetiva direta, adverbial temporal, subjetiva
coordenada sindética aditiva) b) subjetiva, objetiva direta, objetiva direta
Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de ge- c) objetiva direta, subjetiva, adverbial temporal
rúndio. d) subjetiva, adverbial temporal, objetiva direta
e) predicativa, objetiva direta, objetiva indireta
Qual é a diferença entre as orações coordenadas explicativas e
as orações subordinadas causais, já que ambas podem ser iniciadas 05. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir ora-
por que e porque? Às vezes não é fácil estabelecer a diferença ção subordinada substantiva objetiva direta) em qual das orações
entre explicativas e causais, mas como o próprio nome indica, as seguintes?
causais sempre trazem a causa de algo que se revela na oração a) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão.
principal, que traz o efeito. b) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo.
Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a ora- c) O aluno fez-se passar por doutor.
ção explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes, imperati-
d) Precisa-se de operários.
va, o que não acontece com a oração adverbial causal. Essa noção
de causa e efeito não existe no período composto por coordenação. e) Não sei se o vinho está bom.
Exemplo: Rosa chorou porque levou uma surra. Está claro que a
oração iniciada pela conjunção é causal, visto que a surra foi sem 06.sublinhada
oração “Lembro-meé: de que ele só usava camisas brancas .” A
dúvida a causa do choro, que é efeito. Rosa chorou, porque seus
olhos estão vermelhos. a) subordinada substantiva completiva nominal
O período agora é composto por coordenação, pois a oração b) subordinada substantiva objetiva indireta
iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se revelou c) subordinada substantiva predicativa
na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e efeito: o d) subordinada substantiva subjetiva
fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é causa de ela ter e) subordinada substantiva objetiva direta
chorado.
07. Na passagem: “O receio é substituído pelo pavor, pelo
Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto. respeito, pela emoção que emudece e paralisa .” Os termos sub-
OP OSA Comparativa SA Condicional linhados são:
a) complementos nominais; orações subordinadas adverbiais
Exercícios concessivas, coordenadas entre si
b) adjuntos adnominais; orações subordinadas adverbiais
01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que estava comparativas
para ser mãe”, a oração destacada é: c) agentes da passiva; orações subordinadas adjetivas, coor-
a) subordinada substantiva objetiva indireta denadas entre si
b) subordinada substantiva completiva nominal d) objetos diretos; orações subordinadas adjetivas, coordena-
c) subordinada substantiva predicativa das entre si
d) coordenada sindética conclusiva e) objetos indiretos; orações subordinadas adverbiais compa-
e) coordenada sindética explicativa rativas
02. A segunda oração do período? “Não sei no que pensas” , 08. Neste período “não bate para cortar” , a oração “para cor -
é classicada como: tar” em relação a “não bate” , é:
a) substantiva objetiva direta a) a causa
b) substantiva completiva nominal b) o modo
c) adjetiva restritiva c) a consequência
d) coordenada explicativa d) a explicação
e) substantiva objetiva indireta e) a nalidade

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Língua Portuguesa
09. Em todos os períodos há orações subordinadas substanti- - isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo: Ama-
vas, exceto em: nhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para
a) O fato era que a escravatura do Santa Fé não andava nas acertar a viagem.
festas do Pilar, não vivia no coco como a do Santa Rosa. - separar conjunções intercaladas: Não havia, porém, motivo
b) Não lhe tocara no assunto, mas teve vontade de tomar o para tanta raiva.
trem e ir valer-se do presidente. - separar o complemento pleonástico antecipado: A mim, nada
c) Um dia aquele Lula faria o mesmo com a sua lha, faria o me importa.
mesmo com o engenho que ele fundara com o suor de seu rosto. - isolar o nome de lugar na indicação de datas: Belo Horizon-
d) O ocial perguntou de onde vinha, e se não sabia notícias te, 26 de janeiro de 2011.
de Antônio Silvino. - separar termos coordenados assindéticos: “Lua, lua, lua, lua,
e) Era difícil para o ladrão procurar os engenhos da várzea, ou por um momento meu canto contigo compactua...” (Caetano Veloso)
meter-se para os lados de Goiana - marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo): Ela
prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)
10. Em - “Há enganos que nos deleitam”, a oração grifada é: Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem dis-
a) substantiva subjetiva pensam o uso da vírgula: Conversaram sobre futebol, religião e
b) substantiva objetiva direta política. Não se falavam nem se olhavam; Ainda não me decidi se
c) substantiva completiva nominal viajarei para Bahia ou Ceará. Entretanto, se essas conjunções apa -
d) substantiva apositiva recerem repetidas, com a nalidade de dar ênfase, o uso da vírgula
e) adjetiva restritiva passa a ser obrigatório: Não fui nem ao velório, nem ao enterro,
nem à missa de sétimo dia.
Respostas: (01-B) (02-E) (03-A) (04-D) (05-E) (06-B) (07-C)
(08-E) (09-C) (10-E) A vírgula entre orações
É utilizada nas seguintes situações:
Os sinais de pontuação são sinais grácos empregados na lín- - separar as orações subordinadas adjetivas explicativas: Meu
gua escrita para tentar recuperar recursos especícos da língua fa- pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.
lada, tais como: entonação, jogo de silêncio, pausas etc. - separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (ex-
ceto as iniciadas pela conjunção “e”: Acordei, tomei meu banho,
Ponto ( . ) comi algo e saí para o trabalho; Estudou muito, mas não foi apro-
- indicar o nal de uma frase declarativa: Lembro-me muito vado no exame.
bem dele.

-- separar períodos entre


nas abreviaturas: Av.; si:
V. Fica
Ex.ª comigo. Não vá embora. -Háquando
três casos em quecoordenadas
as orações se usa a vírgula antessujeitos
tiverem da conjunção:
diferentes:
Vírgula ( , ): É usada para marcar uma pausa do enunciado Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais
com a nalidade de nos indicar que os termos por ela separados, pobres.
apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam - quando a conjunção e vier repetida com a nalidade de dar
uma unidade sintática: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora úni- ênfase (polissíndeto): E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.
ca da Sena. - quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja
Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre da adição (adversidade, consequência, por exemplo): Coitada! Es-
termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula. Não tudou muito, e ainda assim não foi aprovada.
se separam por vírgula:
- predicado de sujeito; - separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou
- objeto de verbo; reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração prin-
- adjunto adnominal de nome; cipal: “No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda
- complemento nominal de nome; mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho.” (O selvagem
- predicativo do objeto do objeto; - José de Alencar)
- oração principal da subordinada substantiva (desde que esta - separar as orações intercaladas: “- Senhor, disse o velho, te-
não seja apositiva nem apareça na ordem inversa). nho grandes contentamentos em a estar plantando...”. Essas ora-
ções poderão ter suas vírgulas substituídas por duplo travessão:
A vírgula no interior da oração “Senhor - disse o velho - tenho grandes contentamentos em a estar
É utilizada nas seguintes situações: plantando...”
- separar o vocativo: Maria, traga-me uma xícara de café; A - separar as orações substantivas antepostas à principal: Quan-
educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país. to custa viver, realmente não sei.
- separar alguns apostos: Valdete, minha antiga empregada,
esteve aqui ontem. Ponto-e-Vírgula ( ; )
- separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado: Che- - separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição,
gando de viagem, procurarei por você; As pessoas, muitas vezes, de uma sequência, etc:
são falsas. Art. 127 – São penalidades disciplinares:
- separar elementos de uma enumeração: Precisa-se de pedrei- I- advertência;
ros, serventes, mestre de obras. II- suspensão;

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Língua Portuguesa
III- demissão; - indicar uma citação textual: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro
IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade; vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desz e
V- destituição de cargo em comissão; rez a mala”. (O prazer de viajar - Eça de Queirós)
VI- destituição de função comissionada. (cap. V das penalida- Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se zer neces-
des Direito Administrativo) sário a utilização de novas aspas, estas serão simples. ( ‘ ‘ )
- separar orações coordenadas muito extensas ou orações Parênteses ( () )
coordenadas nas quais já tenham tido utilizado a vírgula: “O rosto - isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e
de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, datas: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu inúmeras per -
era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no m da das humanas; “Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como
vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi se fora na véspera), acordara depois duma grande tormenta no m

transformando
inferior um tantoemtenso
opressora asma cardíaca;
(...)” (Visconde os lábios grossos, o
de Taunay) do verão”. (O milagre
Os parênteses das chuvas
também podemnosubstituir
nordeste- aGraça Aranha)
vírgula ou o tra-
Dois-Pontos ( : ) vessão.
- iniciar a fala dos personagens: Então o padre respondeu: Travessão ( __ )
- dar início à fala de um personagem: O lho perguntou: __
__Parta agora.
Pai, quando começarão as aulas?
- antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou - indicar mudança do interlocutor nos diálogos. __Doutor, o
sequência de palavras que explicam, resumem ideias anteriores: que tenho é grave? __Não se preocupe, é uma simples infecção. É
Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e Gilberto. só tomar um antibiótico e estará bom.
- antes de citação: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que - unir grupos de palavras que indicam itinerário: A rodovia
o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja innito Belém-Brasília está em péssimo estado.
enquanto dure.” Também pode ser usado em substituição à virgula em expres-
sões ou frases explicativas: Xuxa – a rainha dos baixinhos – é loira.
Ponto de Interrogação ( ? )
- Em perguntas diretas: Como você se chama? Parágrafo
- Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação: Quem Constitui cada uma das secções de frases de um escritor; co-
ganhou na loteria? Você. Eu?! meça por letra maiúscula, um pouco além do ponto em que come-
çam as outras linhas.
Ponto de Exclamação ( ! )
- Após vocativo: “Parte, Heliel!” ( As violetas de Nossa Sra.- Colchetes ( [] )
Humberto de Campos). Utilizados na linguagem cientíca.
- Após imperativo: Cale-se!
- Após interjeição: Ufa! Ai! Asterisco ( * )
Empregado para chamar a atenção do leitor para alguma nota
- Após palavras ou frases que denotem caráter emocional: Que
(observação).
pena!
Barra ( / )
Reticências ( ... ) Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviatu-
- indicar dúvidas ou hesitação do falante: Sabe...eu queria te ras.
dizer que...esquece.
- interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incom- Hífen (−)
pleta: Alô! João está? Agora não se encontra. Quem sabe se ligar Usado para ligar elementos de palavras compostas e para unir
mais tarde... pronomes átonos a verbos. Exemplo: guarda-roupa
- ao m de uma frase gramaticalmente completa com a inten-
ção de sugerir prolongamento de ideia: “Sua tez, alva e pura como Exercícios
um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...”
(Cecília- José de Alencar) 01. Assinale o texto de pontuação correta:
- indicar supressão de palavra (s) numa frase transcrita: a) Não sei se disse, que, isto se passava, em casa de uma co -
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - madre, minha avó.
b) Eu tinha, o juízo fraco, e em vão tentava emendar-me: pro-
Raimundo Fagner) vocava risos, muxoxos, palavrões.
Aspas ( “ ” ) c) A estes, porém, o mais que pode acontecer é que se riam
deles os outros, sem que este riso os impeça de conservar as suas
- isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta,
roupas e o seu calçado.
como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos d) Na civilização e na fraqueza ia para onde me impeliam
e expressões populares: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do muito dócil muito leve, como os pedaços da carta de ABC, tritu -
seu admirador; A festa na casa de Lúcio estava “chocante”; Con - rados soltos no ar.
versando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a e) Conduziram-me à rua da Conceição, mas só mais tarde no -
mim requerido. tei, que me achava lá, numa sala pequena.

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Língua Portuguesa
02. Das redações abaixo, assinale a que não está pontuada corretamente:
a) Os candidatos, em la, aguardavam ansiosos o resultado do concurso.
b) Em la, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resultado do concurso.
c) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em la, o resultado do concurso.
d) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do concurso, em la.
e) Os candidatos, aguardavam ansiosos, em la, o resultado do concurso.
Instruções para as questões de números 03 e 04: Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação, assinale a letra que corres -
ponde ao período de pontuação correta:

03.
a)
b) Pouco
Pouco depois, quando chegaram
depois quando chegaram,outras
outraspessoas
pessoasaareunião
reuniãocou
coumais
maisanimada.
animada.
c) Pouco depois, quando chegaram outras pessoas, a reunião cou mais animada.
d) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião, cou mais animada.
e) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião cou, mais animada.

04.
a) Precisando de mim procure-me; ou melhor telefone que eu venho.
b) Precisando de mim procure-me, ou, melhor telefone que eu venho.
c) Precisando, de mim, procure-me ou melhor, telefone, que eu venho.
d) Precisando de mim, procure-me; ou melhor, telefone, que eu venho.
e) Precisando, de mim, procure-me ou, melhor telefone que eu venho.

05. Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação. Assinale a letra que corresponde ao período de pontuação correta:
a) José dos Santos paulista, 23 anos vive no Rio.
b) José dos Santos paulista 23 anos, vive no Rio.
c) José dos Santos, paulista 23 anos, vive no Rio.
d) José dos Santos, paulista 23 anos vive, no Rio.
e) José dos Santos, paulista, 23 anos, vive no Rio.

06. A alternativa com pontuação correta é:


a) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capacidade de retenção é variável e muitas vezes inconscientemente, deturpamos
o que ouvimos.
b) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir: nossa capacidade de retenção é variável e, muitas vezes, inconscientemente, deturpamos
o que ouvimos.
c) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir! Nossa capacidade de retenção é variável e muitas vezes inconscientemente, deturpamos
o que ouvimos.
d) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir; nossa capacidade de retenção, é variável e - muitas vezes inconscientemente, deturpamos
o que ouvimos.
e) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capacidade de retenção é variável - e muitas vezes inconscientemente - deturpamos,
o que ouvimos.

Nas questões 07 a 10, os períodos foram pontuados de cinco formas diferentes. Leia-os todos e assinale a letra que corresponde ao
período de pontuação correta:

07.
a) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque, conhece pouco os deveres da hospitalidade.
b) Entra a propósito disse Alves, o seu moleque conhece pouco os deveres da hospitalidade.
c) Entra a propósito, disse Alves o seu moleque conhece pouco os deveres da hospitalidade.
d) Entra aa propósito,
e) Entra propósito, disse
disse Alves,
Alves, oo seu
seu moleque
moleque conhece
conhece pouco,
pouco os
os deveres
deveres da
da hospitalidade.
hospitalidade.

08.
a) Prima faça calar titio suplicou o moço, com um leve sorriso que imediatamente se lhe apagou.
b) Prima, faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso que imediatamente se lhe apagou.
c) Prima faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso que imediatamente se lhe apagou.
d) Prima, faça calar titio suplicou o moço com um leve sorriso que imediatamente se lhe apagou.
e) Prima faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso que, imediatamente se lhe apagou.

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Língua Portuguesa
09.
a) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gordo, sionomia insinuante, destas que mesmo sérias, trazem impresso cons-
tante sorriso.
b) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gordo, sionomia insinuante, destas que mesmo sérias trazem, impresso cons-
tante sorriso.
c) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gordo, sionomia insinuante, destas que, mesmo sérias, trazem impresso,
constante sorriso.
d) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gordo, sionomia insinuante, destas que, mesmo sérias trazem impresso cons-
tante sorriso.
e) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gordo, sionomia insinuante, destas que, mesmo sérias, trazem impresso
constante sorriso.

10.
a) Deixo ao leitor calcular quanta paixão a bela viúva, empregou na execução do canto.
b) Deixo ao leitor calcular quanta paixão a bela viúva empregou na execução do canto.
c) Deixo ao leitor calcular quanta paixão, a bela viúva, empregou na execução do canto.
d) Deixo ao leitor calcular, quanta paixão a bela viúva, empregou na execução do canto.
e) Deixo ao leitor, calcular quanta paixão a bela viúva, empregou na execução do canto.

Respostas: 01-C / 02-E / 03-C / 04-D / 05-E / 06-B / 07-D / 08-B / 09-E / 10-B

Sinonímia, Antonímia, Homonímia, Paronímia


Sinonímia é um processo muito utilizado por falantes de uma língua. Sabe quando não queremos repetir o mesmo termo ou palavra a
todo momento? Uma das maneiras de sanarmos esse problema é com uso de sinônimos. Por exemplo, se digo: “Passe um dia na minha casa.”
e quiser referir-me novamente ao termo sublinhado “casa”, posso lançar mão de um sinônimo para não o ter que repetir: “Passe um dia na
minha casa e verá como meu lar é aconchegante.”
Para saber se o candidato domina mais esse subterfúgio da Língua Portuguesa, a banca pede a ele que substitua palavras ou termos
retirados do texto e assinale em qual opção encontram-se aqueles que não alteram o sentido, ou os que alteram.
Para se resolver esse tipo de questão é importante que o candidato tenha um certo domínio lexical, ou seja, que conheça muitas palavras,
o que é possível conseguir por meio de muita, mas muita leitura. Pode-se ler de tudo. Jornais, revistas, livros, bulas de remédio, outdoors,
placas de trânsito… o fundamental é ser um leitor crítico, aquele que busca informação, que reete a respeito.
Antonímia nada mais é do que palavras que possuem signicados contrários, como largo e estreito, dentro e fora, grande e pequeno. O
importante, aqui, é saber que os signicados são opostos, ou seja, excluem-se.
Homonímia é a identidade fonética e/ou gráca de palavras com signicados diferentes. Existem três tipos de homônimos:
• Homônimos homógrafos – palavras de mesma graa e signicado diferente. Exemplo: jogo (substantivo) e jogo (verbo).
• Homônimos homófonos – palavras com mesmo som e graa diferente. Exemplo: cessão (ato de ceder), sessão (atividade), seção
(setor) e secção (corte).
• Homônimos homógrafos e homófonos – palavras com mesma graa e mesmo som. Exemplo: planta (substantivo) e planta (verbo);
morro (substantivo) e morro (verbo).

Paronímia é a semelhança gráca e/ou fonética entre palavras. É o caso dos pares de palavras anteriormente expostas.
Outros exemplos de parônimos: Acender (atear fogo) ascender (subir), acento(sinal gráco) assento (cadeira), acerca de (a respeito
de) a cerca de (distância aproximada) há cerca de (aproximadamente), afm (parente) a fm (para), ao invés de (ao contrário de) em vez de (em
lugar de), apreçar (tomar preço)apressar (dar pressa), asado (alado) azado (oportuno), assoar (limpar o nariz)assuar (vaiar), à-toa (ruim) à
toa (sem rumo), descriminar (inocentar discriminar (separar), despensa (depósito) dispensa (licença), agrante(evidente) fragran-
te (perfumoso), incipiente (principiante) insipiente(ignorante), incontinente (imoderado) incontinenti (imediatamente), mandado(ato de
mandar) mandato (procuração), paço (palácio) passo (marcha), ratifcar(validar) retifcar (corrigir), tapar (fechar) tampar (cobrir com
tampa), vultoso(volumoso) vultuoso (rosto vermelho e inchado).

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Língua Portuguesa
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
3. PRODUÇÃO DE TEXTO (REDAÇÃO)
3.1. A PROV A DE REDAÇÃO EXIGIRÁ QUE O A é igual a B.
CANDID ATO PRODUZA UM TEXTO ARGU- A é igual a C.
Então: C é igual a A.
ME NTATIV O EM PROS A, SE GU ND O A NO R-
MA PADR ÃO D A LÍN GU A POR TU GU ES A Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamen-
ES CRI TA, CO M BA SE EM U MA SI TU AÇÃ O te, que C é igual a A.
COMUNI CATIV A DETERMINADA, EM UM Outro exemplo:
DO S S EGU IN TES GÊ NER OS: AR TI GO DE
OPINIÃ O OU CARTA ARGUMEN TATIVA. Todo ruminante é um mamífero.
A vacaaévaca
Logo, um ruminante.
é um mamífero.

Argumentação Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão


também será verdadeira.
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma infor- No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
mação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja ad- sível. Se o Banco do Brasil zer uma propaganda dizendo-se mais
mitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, conável do que os concorrentes porque existe desde a chegada da
ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
faça o que ele propõe. banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso,
Se essa é a nalidade última de todo ato de comunicação, todo conável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argu-
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir mentativo na armação da conabilidade de um banco. Portanto é
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo provável que se creia que um banco mais antigo seja mais coná-
vel do que outro fundado há dois ou três anos.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
vista defendidos. impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a der bem como eles funcionam.
veracidade
acima, é umderecurso
um fato.
deOlinguagem
argumentoutilizado
é mais que
paraisso: como
levar se disse
o interlocu- Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o audi-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o tório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas cren-
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos ças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer um
de linguagem. auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que
voltar ao que diz Aristóteles, lósofo grego do século IV a.C., ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional.
se tem de escolher entre duas ou mais coisas”. Nos Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efei-
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- to, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Brasil. O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas é valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu- Tipos de Argumento
mento pode então ser denido como qualquer recurso que torna
uma coisa mais desejável que outra. Isso signica que ele atua no Já vericamos que qualquer recurso linguístico destinado a
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um ar -
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos - gumento. Exemplo:
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de Argumento de Autoridade
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
enunciador está propondo. É a citação, no texto, de armações de pessoas reconhecidas
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumenta- pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
ção. O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse re-
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre- curso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do pro -
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados dutor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e
mento de premissas e conclusões. verdadeira. Exemplo:

83
Língua Portuguesa
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual
a C”, “então A é igual a C” , estabelece-se uma relação de identi-
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para dade lógica. Entretanto, quando se arma “Amigo de amigo meu é
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há co- meu amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma iden-
nhecimento. Nunca o inverso. tidade provável.
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
Alex José Periscinoto. aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 correm para desqualicar o texto do ponto de vista lógico: fugir
do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor-
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, fundamentam nos dados apresentados, ilustrar armações gerais
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generaliza-
oumenunciador cita ummundial
físico de renome dos maisdisse
célebres
isso, cientistas do mundo.
então as pessoas Se
devem ções indevidas.
acreditar que é verdade.
Argumento do Atributo
Argumento de Quantidade
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú - daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior raro é melhor que o comum, o que é mais renado é melhor que o
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento que é mais grosseiro, etc.
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
largo uso do argumento de quantidade. lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
Argumento do Consenso tende a associar o produto anunciado com atributos da celebridade.
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
em armações que, numa determinada época, são aceitas como língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- em que se pode conar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não dizer dá conabilidade ao que se diz.
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
armações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que de uma
ras personalidade
indicadas pública.
abaixo, mas Ele poderia
a primeira fazê-lo das duas
seria innitamente manei-
mais ade-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao
conar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
carentes de qualquer base cientíca.
- Para aumentar a conabilidade do diagnóstico e levando
Argumento de Existência em conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica
houve por bem determinar o internamento do governador pelo pe-
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar ríodo de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hos-
argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na pital por três dias.
mão do que dois voando”.
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas con-
cretas, que tornam mais aceitável uma armação genérica. Duran- tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
te a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exér- ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
cito americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa deseja-se inuenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
armação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser texto tem sempre uma orientação argumentativa.
vista como propagandística. No entanto, quando documentada A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
navios, etc., ganhava credibilidade. homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
Argumento quase lógico O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios outras, etc. Veja:
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias en- “O clima da festa era tão pacíco que até sogras e noras
tre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, trocavam abraços afetuosos.”

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Língua Portuguesa
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras lha dos dados levantados, a maneira de expô-los no texto já reve-
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse lam uma “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, dissertação, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos.
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser denida como discus-
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- são, debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensa-
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: mento, a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão liberdade de questionar é fundamental, mas não é suciente para
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu con- organizar um texto dissertativo. É necessária também a exposição
trário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode dos fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto
ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem de vista.
ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
ambiente, injustiça, corrupção). curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
- Uso de armações tão amplas, que podem ser derrubadas Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
por um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
destruir o argumento. zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
- Emprego de noções cientícas sem nenhum rigor, fora do essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
contexto adequado, sem o signicado apropriado, vulgarizando aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
-as e atribuindo-lhes uma signicação subjetiva e grosseira. É o ver as seguintes habilidades:
caso, por exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
não permite que outras crescam”, em que o termo imperialismo ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total -
é descabido, uma vez que, a rigor, signica “ação de um Estado mente contrária;
visando a reduzir outros à sua dependência política e econômica”. - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais
os argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresen-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- taria contra a argumentação proposta;
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, oposta.
o assunto, etc).
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com ma- A argumentação tem a nalidade de persuadir, portanto, ar-
nifestaçõesoudecom
mentir...) sinceridade do autor
declarações (comoexpressas
de certeza eu, que não costumo
em fórmulas gumentarcomo
válidas, consiste em estabelecer
se procede no métodorelações para
dialético. tirar conclusões
O método dialético
feitas (como estou certo, creio rmemente, é claro, é óbvio, é evi- não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
dente, armo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
deve construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. Descartes (1596-1650), lósofo e pensador francês, criou o
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, come-
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui çando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio de
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- deduções, a conclusão nal. Para a linha de raciocínio cartesiana,
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo os conceitos, simplicando-os, enumerar todos os seus elementos
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
convencer os outros, de modo a inuenciar seu pensamento e seu A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
comportamento. argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão válida, regras básicas que constituem um conjunto de reexos vitais, uma
expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou propo- série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
sição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio da verdade:
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em - evidência;
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- - divisão ou análise;
tais, com o emprego de “apelações”, como a inexão de voz, a - ordem ou dedução;
mímica e até o choro. - enumeração.
Alguns autores classicam a dissertação em duas modalida-
des, expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
apresenta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a esco- encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.

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Língua Portuguesa
A forma de argumentação mais empregada na redação aca- Indução
dêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (par -
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a ticular)
conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premis- Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
sa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (ge-
não caracteriza a universalidade. ral – conclusão falsa)
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (si- Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão
logística), que parte do geral para o particular, e a indução, que pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
vai do particular para o geral. A expressão formal do método de- fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden -
dutivo é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou
baseia-se em uma conexão descendente (do geral para o particular) infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou aná-
que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias lise supercial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos,
baseados nos sentimentos não ditados pela razão.
gerais, de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou deter-
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não funda-
minação de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai mentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da
da causa para o efeito. Exemplo: verdade: análise, síntese, classicação e denição. Além desses,
existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
Fulano é homem (premissa menor = particular) realidade particular. Pode-se armar que cada ciência tem seu mé-
Logo, Fulano é mortal (conclusão) todo próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise,
a síntese, a classicação a denição são chamadas métodos siste-
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- máticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nes - sistematizar a pesquisa.
se caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, Análise e síntese são dois processos opostos, mas interliga-
parte de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desco- dos; a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes
nhecidos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo,
Exemplo: uma depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, en-
quanto a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se,
O calor dilata o ferro (particular) porém, que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se
O calor dilata o bronze (particular) alguém reunisse todas as peças de um relógio, não signica que
O ferro,
O calor dilata o cobre
o bronze, (particular)
o cobre são metais reconstruiu
Só o relógio,
reconstruiria todo sepois fez apenas
as partes um amontoado
estivessem dedevida-
organizadas, partes.
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) mente combinadas, seguida uma ordem de relações necessárias,
funcionais, então, o relógio estaria reconstruído.
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido e Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas tam- meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
bém o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, po- junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
de-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclusão que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
falsa. Tem-se, desse modo, o sofsma. Uma denição inexata, uma sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes.
divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são al - As operações que se realizam na análise e na síntese podem ser
assim relacionadas:
gumas causas do sosma. O sosma pressupõe má fé, intenção
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sosma não tem Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples
de sosma no seguinte diálogo: A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha
- Lógico, concordo. dos elementos que farão parte do texto.
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
- Claro que não! informal. A análise formal pode ser cientíca ou experimental; é
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... característica das ciências matemáticas, físico-naturais e experi-
mentais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discer-
Exemplos de sosmas: nir” por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos
de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
Dedução A análise decompõe o todo em partes, a classicação estabe-
Todo professor tem um diploma (geral, universal) lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Fulano tem um diploma (particular) partes. Análise e classicação ligam-se intimamente, a ponto de se
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
análise é decomposição e classicação é hierarquisação.

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Língua Portuguesa
Nas ciências naturais, classicam-se os seres, fatos e fenôme- É muito comum formular denições de maneira defeituosa,
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
a classicação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou tes. Esse tipo de denição é gramaticalmente incorreto; quando é
menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
são empregados de modo mais ou menos convencional. A classi- forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-
cação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, te é saber formular uma denição, que se recorre a Garcia (1973,
gêneros e espécies, é um exemplo de classicação natural, pelas p.306), para determinar os “requisitos da denição denotativa”.
características comuns e diferenciadoras. A classicação dos va- Para ser exata, a denição deve apresentar os seguintes requisitos:
riados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é ar - - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
ticial. que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, cami- realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
nhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, ou instalação”;
relógio, sabiá, torradeira. - o gênero deve ser sucientemente amplo para incluir todos
os exemplos especícos da coisa denida, e sucientemente restri-
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. to para que a diferença possa ser percebida sem diculdade;
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. - deve ser obrigatoriamente armativa: não há, em verdade,
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. denição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
denição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
Os elementos desta lista foram classicados por ordem alfabé- não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
tica e pelas anidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de - deve ser breve (contida num só período). Quando a deni-
classicação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, ção, ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de perío-
é uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimen- dos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também denição
to de uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato expandida;d
mais importante para o menos importante, ou decrescente, primei- - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo)
ro o menos importante e, no nal, o impacto do mais importante; + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjun-
é indispensável que haja uma lógica na classicação. A elaboração tos (as diferenças).
do plano compreende a classicação das partes e subdivisões, ou
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
As denições dos dicionários de língua são feitas por meio
(Garcia, 1973, p. 302304.)
de paráfrases denitórias, ou seja, uma operação metalinguística
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
introdução, os termos e conceitos sejam denidos, pois, para ex- que consiste
palavra e seusem estabelecer uma relação de equivalência entre a
signicados.
pressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e
racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as jus- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
ticam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e a Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira
posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
os pontos de vista sobre ele. com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional
A denição tem por objetivo a exatidão no emprego da lin - do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma fun-
guagem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma damentação coerente e adequada.
ideia, palavra ou objeto. Denir é classicar o elemento conforme Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
a espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julga-
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. mento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara
Entre os vários processos de exposição de ideias, a denição e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações;
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se de modo
denição cientíca ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preci-
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou so aprender a reconhecer os elementos que constituem um argu-
metafórica emprega palavras de sentido gurado. Segundo a ló- mento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, vericar se
gica tradicional aristotélica, a denição consta de três elementos: tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o
- o termo a ser denido; argumento está expresso corretamente; se há coerência e adequa-
- o gênero ou espécie; ção entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso é que se
- a diferença especíca. aprende os processos de raciocínio por dedução e por indução. Ad-
mitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento
O que distingue o termo denido de outros elementos da mes- é um tipo especíco de relação entre as premissas e a conclusão.
ma espécie. Exemplo:
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimen-
Na frase: O homem é um animal racionalclassica-se: tos argumentativos mais empregados para comprovar uma arma-
ção: exemplicação, explicitação, enumeração, comparação.

Elemento especie diferença Exemplicação: Procura justicar os pontos de vista por


a ser denido especíca meio de exemplos, hierarquizar armações. São expressões co-

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Língua Portuguesa
muns nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
a, de maior relevância que. Empregam-se também dados estatís- um fato ou armação pode ser comprovada por meio de dados
ticos, acompanhados de expressões: considerando os dados; con- concretos, estatísticos ou documentais.
forme os dados apresentados. Faz-se a exemplicação, ainda, pela
apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de. causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
esse objetivo pela denição, pelo testemunho e pela interpretação. julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opi-
Na explicitação por denição, empregamse expressões como: quer niões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprova-
dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou da, e só os fatos provam. Em resumo toda armação ou juízo que
melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, se- expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
gundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, -argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
assim, desse ponto de vista. gumentação:
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração Refutação pelo absurdo: refuta-se uma armação demons-
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são -
trando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, mentação do cordeiro, na conhecida fábula“O lobo e o cordeiro”;
depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, dadeira;
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... Desqualicação do argumento: atribui-se o argumento à opi-
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de dade da armação;
se estabelecer a comparação, com a nalidade de comprovar uma
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mes- Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: con-
ma forma, tal
estabelecer como, tanto
contraste, quanto, assim
empregam-se como, igualmente.
as expressões: mais que, Para
me- siste em refutar um argumento empregando os testemunhos de au-
toridade que contrariam a armação apresentada;
nos que, melhor que, pior que.
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar o Desqualicar dados concretos apresentados: consiste em de-
poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes .
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade Por exemplo, se na argumentação armou-se, por meio de dados
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma ar - estatísticos, que “o controle demográco produz o desenvolvimen-
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi- to”, arma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para con-
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na é que gera o controle demográco” .
linha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar
ou justicar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
mais caráter conrmatório que comprobatório. desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
Apoio na consensualidade: Certas armações dispensam ex- da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
plicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido elaboração de um Plano de Redação.
por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural.
Nesse caso, incluem-se Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evo-
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, lução tecnológica
mortal, aspira à imortalidade);
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postu - - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, respon-
lados e axiomas); der a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de na- resposta, justicar, criando um argumento básico;
tureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ain- que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualicá-la
da que parece absurdo). (rever tipos de argumentação);

88
Língua Portuguesa
- Reetir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias podem ser
listadas livremente ou organizadas como causa e consequência);
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o argumento básico;
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em argu -
mentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argumento básico;
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às partes
principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou menos a seguinte:

Introdução

- função social da ciência e da tecnologia;


- denições de ciência e tecnologia;
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.

Desenvolvimento
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvolvimento tecnológico;
- como o desenvolvimento cientíco-tecnológico modicou as condições de vida no mundo atual;
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países subdesenvolvi -
dos;
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do passado; apontar semelhanças e diferenças;
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros urbanos;
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar mais a sociedade.

Conclusão
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequências malécas;
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos apresentados.

Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de redação: é um dos possíveis.

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Legislação
Legislação
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa cientíca e tec-
LEI 8.112, DE 11 DE DE ZEM BRO DE 1990 nológica federais poderão prover seuscargos com professores, técni-
- REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES cos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedi-
PÚ BLI COS CI VI S D A UNI ÃO, DAS mentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº9.515, de 20.11.97)
AUTA RQU IAS E DA S FU ND AÇÕ ES
PÚB LI CAS FED ERA IS. Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato
da autoridade competente de cada Poder.

Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá composse.


a

LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 Art. 8o São formas deprovimento de cargo público:
I - nomeação;
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da II - promoção;
União, das autarquias e dasfundações públicas federais. III - ;(Revogado pela Lei nº 9.527, de10.12.97)
IV - transferência; (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Título I V - readaptação;
Capítulo Único VI - reversão;
Das Disposições Preliminares VII - aproveitamento;
VIII - reintegração;
Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públi- IX - recondução.
cos Civis da União, dasautarquias, inclusive as em regime especial, e
das fundações públicas federais. Seção II
Da Nomeação
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente
investida em cargo público. Art. 9o A nomeação far-se-á:
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provi-
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabili- mento efetivo ou de carreira;
dades previstas na estrutura organizacional que devem sercometidas II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos
a um servidor. de conança vagos.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os bra- Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou
sileiros,
pago sãocofres
pelos criados por lei,para
públicos, com denominação
provimento própriaefetivo
em caráter e vencimento
ou em de natureza
mente, especial
em outro poderá
cargo ser nomeado
de conança, sem para terexercício,
prejuízo interina-
das atribuições do
comissão. que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remunera-
ção de um deles durante o período da interinidade. (Redação dada pela
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os ca- Lei nº 9.527, de 10.12.97)
sos previstos em lei.
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de
Título II provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso públi-
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substi- co de provas ou de provas etítulos, obedecidos a ordem de classica -
tuição ção e o prazo de sua validade.
Capítulo I Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de-
Do Provimento senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão
Seção I estabelecidos pela lei que xar as diretrizes do sistema de carreira na
Disposições Gerais Administração Pública Federal e seus regulamentos.(Redação dada
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:
I - a nacionalidade brasileira; Seção III
II - o gozo dos direitos políticos; Do Concurso Público
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, po-
V - a idade mínima de dezoito anos; dendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o
VI - aptidão física e mental. regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscri-
§ 1o As atribuições do cargo podem justicar a exigência de ou - ção do candidato ao pagamento do valor xado no edital, quando
tros requisitos estabelecidos em lei. indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção
§ 2o Às pessoas portadoras de deciência é assegurado o direito nele expressamente previstas.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas 10.12.97) (Regulamento)
atribuições sejam compatíveis com a deciência de que são portado -
ras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das Art. 12. O concurso público et rá validade de até 2 (dois ) anos,
vagas oferecidas noconcurso. podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.

1
Legislação
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua rea- Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que
lização serãoxados em edital, que será publicado no Diário Ocial é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de pu-
da União e em jornal diário de grande circulação. blicação do ato que promover o servidor. (Redação dada pela Lei nº
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato 9.527, de 10.12.97)
aprovado em concurso anterior com prazode validade não expirado.
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município
Seção IV em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou
Da Posse e do Exercício posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo,
trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retomada
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no do efetivo desempenho das atribuições docargo, incluído nesse prazo
qual deverão constar as atribuições, os deveres, asresponsabilidades e o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede.(Redação
os direitos inerentes ao cargo ocupado, que nãopoderão ser alterados dada pela Lei nº 9.527, de10.12.97)
unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos deofício § 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afasta-
previstos em lei. do legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a partir
§ 1 A posse ocorrerá no prazo detrinta dias contados da pu-
o
do término do impedimento.(Parágrafo renumerado e alterado pela
blicação do ato de provimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de Lei nº 9.527, de 10.12.97)
10.12.97)
§ 2o Em se tratando deservidor, que esteja na datade publicação § 2 o É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos
do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e V do art. no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas «a»,
«b», «d», «e» e «f», IX e X do art. 102, o prazo será contado do tér- Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho xada em
mino do impedimento.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a
§ 3o A posse poderá dar-semediante procuração especíc a. duração máxima do trabalho semanal dequarenta horas e observados
§ 4o Só haverá posse nos casos deprovimento de cargo por no- os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, respec-
meação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) tivamente. (Redação dada pela Lei nº8.270, de 17.12.91)
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e § 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de conança
valores que constituem seu patrimônio edeclaração quanto ao exercí- submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado o
cio ou não de outro cargo, emprego ou função pública. disposto no art. 120, podendo serconvocado sempre que houver inte-
§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse não resse da Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de10.12.97)
ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo. § 2 o O disposto neste artigo não se aplica a duração de traba-
lho estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270, de
Art.ocial.
médica 14. A posse em cargopúblico dependerá de prévia inspeção 17.12.91)
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julga- Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo
do apto física e mentalmente para o exercício do cargo. de provimento efetivo cará sujeito a estágio probatório por período
de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual asua aptidão e capacidade
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do serão objeto de avaliação para odesempenho do cargo, observados os
cargo público ou da função de conança.(Redação dada pela Lei nº seguinte fatores: (Vide EMC nº 19)
9.527, de 10.12.97) I - assiduidade;
§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em car- II - disciplina;
go público entrar em exercício, contados da data da posse.(Redação III - capacidade de iniciativa;
dada pela Lei nº 9.527, de10.12.97) IV - produtividade;
§ 2 o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem V- responsabilidade.
efeito o ato de sua designação para função de conança, se não entrar
§ 1o 4 (quatro) meses antes de ndo o período do estágio proba-
em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o disposto
no art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) tório, será submetida à homologação da autoridade competente a ava-
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade para onde for liação do desempenho doservidor, realizada por comissão constituída
nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.(Reda- para essa nalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o regula-
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) mento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade
§ 4o O início do exercício de função de conança coincidirá com de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a Vdo caput deste
a data de publicação doato de designação, salvo quando o servidor es- artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008
tiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese § 2 o O servidor não aprovado no estágio probatório será exo-
em que recairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado,
que não poderá exceder a trinta dias da publicação.(Incluído pela Lei observado o disposto no parágrafo único do art. 29.
nº 9.527, de 10.12.97) § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer
cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chea ou
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exer
- assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente poderá
cício serão registrados no assentamento individual do servidor. ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Nature-
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresentar á za Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
ao órgão competente os elementos necessários ao seu assentamento Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalen-
individual. tes. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

2
Legislação
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser con- d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à so-
cedidas as licenças e osafastamentos previstos nos arts. 81, incisos I a licitação; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar de curso de for- e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45,
mação decorrente de aprovação em concurso paraoutro cargo na Ad- de 4.9.2001)
ministração Pública Federal. (Incluído pela Lei nº 9.527,de 10.12.97) § 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante
§ 5o O estágio probatório cará suspenso durante as licenças e os de sua transformação. (Incluído pela Medida Provisória nº2.225-45,
afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim na hi- de 4.9.2001)
pótese de participação em curso de formação, e será retomado a partir § 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será consi-
do término do impedimento.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) derado para concessão daaposentadoria. (Incluído pela Medida Pro-
visória nº 2.225-45, de4.9.2001)
Seção V § 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o ser-
Da Estabilidade vidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de
vaga. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de4.9.2001)
Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossa- § 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da admi-
do em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço nistração perceberá, em substituição aos proventos daaposentadoria,
público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (prazo 3 anos a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com as van-
- vide EMC nº 19) tagens de natureza pessoal quepercebia anteriormente à aposentado-
ria. (Incluído pela Medida Provisória nº2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de § 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os proven-
sentença judicial transitada em julgado ou deprocesso administrativo tos calculados com base nasregras atuais se permanecer pelo menos
disciplinar no qual lhe sejaassegurada ampla defesa. cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45,
de 4.9.2001)
Seção VI § 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste arti-
Da Transferência go. (Incluído pela Medida Provisória nº2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 26. A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul-
Art. 23. (Execução suspensa pela RSF nº 46, de1997) tante de sua transformação.
§ 1° A(Execução suspensa pela RSF nº 46, de 1997) Parágrafo único. . (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-
§ 2° (Revogado pela Lei nº9.527, de 10.12.97) 45, de 4.9.2001)

Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver completa-


Seção VII do 70 (setenta) anos de idade.
Da Readaptação
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de Seção IX
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que te- Da Reintegração
nha sofrido em sua capacidade física ou mental vericada em inspe -
ção médica. Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transfor-
será aposentado. mação, quando invalidada a sua demissão pordecisão administrativa
§ 2o A readaptação será efetivada emcargo de atribuições ans, ou judicial, com ressarcimento de todasas vantagens.
respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência § 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor cará em
de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o ser - disponibilidade, observado o disposto nosarts. 30 e 31.
vidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de § 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante
vaga.(Redação dada pela Lei nº9.527, de 10.12.97) será reconduzido ao cargo de srcem, sem direito à indenização ou
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, postoem disponibilidade.
Seção VIII
Da Reversão Seção X
(Regulamento Dec. nº 3.644, de 30.11.2000) Da Recondução
Art. 25. Reversão é oretorno à atividade deservidor aposenta- Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
do: (Redação dada pelaMedida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) anteriormente ocupado e decorrerá de:
I - por invalidez, quando junta médica ocial declarar insubsis- I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
tentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela Medida Provi- II - reintegração do anterior ocupante.
sória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de srcem, o
II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela Me- servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30.
dida Provisória nº 2.225-45, de4.9.2001)
a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida Provisória Seção XI
nº 2.225-45, de 4.9.2001) Da Disponibilidade e do Aproveitamento
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade
c) estável quando na atividade; (Incluído pela Medida Provisória far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições
nº 2.225-45, de 4.9.2001) e vencimentos compatíveis com oanteriormente ocupado.

3
Legislação
Art. 31. O órgãoCentral do Sistema de Pessoal Civil determinará Parágrafo único. Para ns do disposto neste artigo, entende-se
o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga por modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública 10.12.97)
Federal. I - de ofício, no interesse da Administração;(Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o ser- 9.527, de 10.12.97)
vidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabili- II - a pedido, a critério da Administração;(Incluído pela Lei nº
dade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração 9.527, de 10.12.97)
Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro órgão III - a pedido, para outra localidade, independentemente do in-
ou entidade. (Parágrafo incluído pela Lei nº9.527, de 10.12.97) teresse da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servi-
dor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos
Art. 32. Será
disponibilidade se otornado semnão
servidor efeito o aprove
entrar itamentonoeprazo
em exercício cassada a
legal, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no
salvo doença comprovada por junta médica ocial. interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou
dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento
Capítulo II funcional, condicionada à comprovação por junta médica ocial;(In-
Da Vacância cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: que o número de interessados for superior ao número de vagas, de
I - exoneração; acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que
II - demissão; aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - promoção;
IV - ascensão; (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Seção II
V - transferência(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Da Redistribuição
VI - readaptação;
VII - aposentadoria; Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento
VIII - posse em outro cargo inacumulável; efetivo, ocupado ou vago no âmbito doquadro geral de pessoal, para
IX - falecimento. outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação do
Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do ser- órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos:(Reda-
vidor, ou de ofício. ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: I - interesse da administração;(Incluído pela Lei nº 9.527, de
I - quando não satisfeitas as condições doestágio probatório; 10.12.97)
II - quando, tendo tomado posse, oservidor não entrar em exercí- II - equivalência de vencimentos;(Incluído pela Lei nº 9.527, de
cio no prazo estabelecido. 10.12.97)
III - manutenção da essência das atribuições do cargo;(Incluído
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e dispensa
a de pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
função de conança dar-se-á:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de IV - vinculação entre osgraus de responsabilidade e complexida-
10.12.97) de das atividades;(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - a juízo da autoridade competente; V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação
II - a pedido do próprio servidor. prossional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. O afastamento do servidor de função de direção, VI - compatibilidade entre as atribuições docargo e as nalidades
institucionais do órgão ou entidade.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
chea e assessoramento dar-se-á:
10.12.97)
I - a pedido;
§ 1o A redistribuição ocorreráex ofcio para ajustamento de lota-
II - mediante dispensa, nos casos de: ção e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos
a) promoção; casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade. (In-
b) cumprimento de prazo exigido para rotatividade na função; cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
c) por falta de exação no exercício de suas atribuições, segundo § 2 A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante
o
o resultado do processo de avaliação, conforme estabelecido em lei e ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidades
regulamento; da Administração Pública Federal envolvidos.(Incluído pela Lei nº
d) afastamento de que trata o art. 94. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
9.527, de 10.12.97) § 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou enti-
dade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou
Capítulo III entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado
Da Remoção e da Redistribuição em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e
Seção I 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Da Remoção § 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado em disponi-
bilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, pedido
a ou de SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu
ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou semmudança de sede. adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

4
Legislação
Capítulo IV Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) (Vide Lei nº
Da Substituição 9.624, de 2.4.98)

Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção Art. 44. O servidor perderá:
ou chea e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão substi - I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
tutos indicados no regimento interno ou, nocaso de omissão, previa- justicado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. (Re- II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos,
dação dada pela Lei nº 9.527, de10.12.97) ausências justicadas, ressalvadas as concessões de quetrata o art. 97,
§ 1o O substituto assumirá automática e cumulativamente, sem e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário,
prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função de di- até o mês subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chea
reção ou chea e os de Natureza Especial, nos afastamentos, impe - imediata. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dimentos legais ou regulamentares do titular ena vacância do cargo, Parágrafo único. As faltas justicadas decorrentes de caso for-
hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um deles durante tuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da chea
o respectivo período.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício. (Incluído
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ou função de direção ou chea oude cargo de Natureza Especial, nos
casos dos afastamentos ouimpedimentos legais do titular, superiores Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado uj dicial, ne-
a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva subs- nhum descontoincidirá sobrea remuneração ouprovento. (Vide De-
tituição, que excederem oreferido período.(Redação dada pela Lei nº creto nº 1.502, de 1995) (Vide Decreto nº 1.903, de 1996) (Vide
9.527, de 10.12.97) Decreto nº 2.065, de 1996) (Regulamento) (Regulamento)
§ 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver consignação
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da adminis-
unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. tração e com reposição de custos, na forma denida em regulamen -
to. (Redação dadapela MedidaProvisória nº681, de 2015)
Título III § 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1º não
Dos Direitos e Vantagens excederá trinta e cinco por cento daremuneração mensal, sendo cinco
Capítulo I por cento reservados exclusivamente para a amortização de despesas
Do Vencimento e da Remuneração contraídas por meio de cartão de crédito (Incluído pela Medida Pro-
visória nº 681, de 2015)
Art. 40. Vencimento é aretribuição pecuniária pelo exercício de
cargoParágrafo
público, com
únicovalor xado servido
. Nenhum em lei.r receberá, a título de venci- 30 deArt. 46.deAs1994,
junho reposições e indenizaçõcomunicadas
serão previamente es ao erário, atualizadas
ao servidor até
ati-
mento, importância inferior aosalário-mínimo. (Revogado pela Me- vo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo máximo
dida Provisória nº 431, de 2008). (Revogado pela Lei nº 11.784, de de trinta dias, podendo serparceladas, a pedido do interessado. (Reda-
2008) ção dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 1o O valor de cada parcela não poderáser inferior ao corres-
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acresci- pondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão. (Re-
do das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. dação dada pela MedidaProvisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 1o A remuneração do servidor investido em função ou cargo em § 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês an-
comissão será paga na forma prevista no art. 62. terior ao do processamento da folha, a reposição será feita imediata-
§ 2 o O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou mente, em uma única parcela. (Redação dada pela Medida Provisória
entidade diversa da de sua lotação receberá aremuneração de acordo nº 2.225-45, de 4.9.2001)
com o estabelecido no § 1o do art. 93. § 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cumpri -
§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de mento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que venha a
caráter permanente, é irredutível. ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a data dareposi-
§ 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de atri- ção. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
buições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores
dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as
relativas à natureza ou ao local de trabalho. Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido,
§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário exonerado ou que tiver sua aposentadoria oudisponibilidade cassada,
mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber,mensalmente, a título Parágrafo único. A não quitação dodébito no prazo previsto
de remuneração, importância superior à soma dosvalores percebidos implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela Medida
como remuneração, em espécie, a qualquer título, no âmbito dosres- Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
pectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do Con-
gresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão
Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as vanta- objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos casos de prestação
gens previstas nos incisos II a VII do art.61. de alimentos resultante de decisão judicial.

5
Legislação
Capítulo II Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. 93,
Das Vantagens a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível.

Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as Art. 57. O servidor cará obrigado a restituir a ajuda de custo
seguintes vantagens: quando, injusticadamente, não se apresentar na nova sede no prazo
I - indenizações; de 30 (trinta) dias.
II - graticações;
III - adicionais. Subseção II
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento ou pro- Das Diárias
vento para qualquer efeito.
§ 2o As graticações e os adicionais incorpo
ram-se ao vencimen- Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter
to ou provento, nos casos econdições indicados em lei. eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para
o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as par-
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem celas de despesas extraordinária com pousada,alimentação e locomo-
acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acréscimos ção urbana, conforme dispuser em regulamento.(Redação dada pela
pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento. Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida
Seção I pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da sede,
Das Indenizações ou quando a União custear, por meio diverso, asdespesas extraordiná-
rias cobertas por diárias.(Redação dada pela Lei nº9.527, de 10.12.97)
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: § 2o Nos casos em que o deslocamento da sede consti tuir exigên-
I - ajuda de custo; cia permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
II - diárias; § 3 Também não fará jus a diárias oservidor que se deslocar
o

III - transporte. dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou mi-


IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) crorregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente
instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e ser -
a III do art. 51, assim como ascondições para a sua concessão, serão vidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver pernoite
estabelecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº11.355, de fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as xa -
2006) das para os afastamentos dentro do território nacional.(Incluído pela
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Subse
Da Ajuda ção I o
de Cust Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede,
por qualquer motivo, ca obrigado a restituí-las integralmente, no pra-
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de zo de 5 (cinco) dias.
instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exercí- Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em
cio em nova sede, com mudança de domicílio emcaráter permanente, prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as
vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso diárias recebidas em excesso, no prazoprevisto nocaput.
de o cônjuge ou companheiro que detenha também a condição deser-
vidor, vier a ter exercício na mesma sede. (Redação dada pela Lei nº Subseção III
9.527, de 10.12.97) Da Indenização de Transporte
§ 1o Correm por conta da administração as despesas de transpor-
te do servidor e de sua família, compreendendo passagem, bagagem Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que
e bens pessoais. realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede são assegura- a execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do
dos ajuda de custo e transporte para a localidade de srcem, dentro do cargo, conforme se dispuser em regulamento.
prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
§ 3o Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de remoção Subseção IV
previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36. (Incluído Do Auxílio-Moradia
pela Lei nº 12.998, de 2014) (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 54. A ajuda de custo écalculada sobre a remuneração do Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das
servidor, conforme se dispuser em regulamento, nãopodendo exceder despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel
a importância correspondente a 3 (três)meses. de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa
hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se servidor. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
afastar do cargo, ou reassumi-lo, emvirtude de mandato eletivo.
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se aten-
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo didos os seguintes requisitos: (Incluído pela Leinº 11.355, de 2006)
servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mu- I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servi-
dança de domicílio. dor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)

6
Legislação
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel fun- I - retribuição pelo exercício defunção de direção, chea e asses-
cional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) soramento;(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha II - graticação natalina;
sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promitente III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, in- IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
cluída a hipótese de lote edicado sem averbação de construção, nos ou penosas;
doze meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela Lei nº V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
11.355, de 2006) VI - adicional noturno;
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba au- VII - adicional de férias;
xílio-moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) VIII - outros, relativos ao local ou ànatureza do trabalho.
V - o servidor tenha se mudado dolocal de residência para ocupar
cargo em comissão ou função de conança do Grupo-Direção e As - IX11.314
Lei nº - graticação
de 2006)por encargo de curso ou concurso.
(Incluído pela
sessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial,
de Ministro de Estado ou equivalentes;(Incluído pela Lei nº 11.355,
Subseção I
de 2006)
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Chefa e
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função
de conança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, §o3, em relação Assessoramento
ao local de residência ou domicílio do servidor;(Incluído pela Lei nº (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
11.355, de 2006)
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em fun-
Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo em ção de direção, chea ou assessoramento, cargo de provimento em
comissão ou função de conança, desconsiderando-se prazo inferior comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seuexer-
a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº 11.355, cício.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de 2006) Parágrafo único. Lei especíca estabelecerá a remuneração dos
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de cargos em comissão de que trata o inciso II do art.o9. (Redação dada
lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº11.355, pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de 2006)
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006. (In- Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nominal-
cluído pela Lei nº 11.490, de 2007) mente Identicada - VPNI a incorporação da retribuição pelo exercí
-
Parágrafo único. Para ns do inciso VII, não será considerado o cio de função de direção, chea ou assessoramento, cargo de provi
-
prazo no qualnoo inciso
relacionado servidor
V.estava ocupando
(Incluído outro
pela Lei cargo em
nº 11.355, decomissão
2006) mento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem os arts.
3º e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art.o 3da Lei
no 9.624, de 2 de abril de 1998. (Incluído pela Medida Provisória nº
Art. 60-C. (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014) 2.225-45, de 4.9.2001)
Parágrafo único( (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014) Parágrafo único. A VPNI de quetrata ocaput deste artigo so-
mente estará sujeita àsrevisões gerais de remuneração dos servidores
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% públicos federais. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
(vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função co- 4.9.2001)
missionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado. (Incluído pela
Lei nº 11.784, de 2008 Subseção II
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte Da Gratifcação Natalina
e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. (Incluído
pela Lei nº 11.784, de 2008
Art. 63. A graticação natalina corresponde a 1/12 (um doze
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão ou fun-
ção comissionada, ca garantido a todos os que preencherem os - re avos) da remuneração a que o servidor zer jus no mês de dezembro,
quisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil eoitocentos por mês de exercício no respectivo ano.
reais). (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias
será considerada como mês integral.
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de
imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o Art. 64. A graticação será paga atéo dia 20 (vinte) do mês de
auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.(Incluído pela dezembro de cada ano.
Lei nº 11.355, de 2006) Parágrafo único. (VETADO).

Seção II Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua graticação natali-


Das Gratifcações e Adicionais na, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a re-
muneração do mês da exoneração.
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei,
serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, graticações Art. 66. A graticação natalina não seráconsiderada para cálculo
e adicionais: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de qualquer vantagempecuniária.

7
Legislação
Subseção III Subseção VI
Do Adicional por Tempo de Serviço Do Adicional Noturno

Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº2.225-45, de 2001, Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido
respeitadas as situações constituídas até8.3.1999) entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia se-
Parágrafo único. (Revogado pela Medida Provisória nº2.225-45, guinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
de 2001, respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999) computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta -se
gundos.
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o
Subseção IV acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração pre-
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Ativida- vista no art. 73.
des Penosas
Subseção VII
Art. 68. Os servidores que trabalhem comhabitualidade em lo- Do Adicional de Férias
cais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas,
radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servi-
vencimento do cargo efetivo. dor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um
§ 1o O servidor que zer jus aos adicionais de insalubridade e de terço) da remuneração do período das férias.
periculosidade deverá optar por um deles. Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de di-
§ 2 o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade reção, chea ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a
cessa com a eliminação das condições oudos riscos que deram causa respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de que
a sua concessão. trata este artigo.

Subseção VIII
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores Da Gratifcação por Encargo de Curso ou Concurso
em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou perigo- (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
sos.
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada, Art. 76-A. A Graticação por Encargo de Curso ouConcurso
enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais pre- é devida ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído pela Lei nº
vistos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e em 11.314 de 2006) (Regulamento)
serviço não penoso e não perigoso. I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvi-
mento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito daadmi-
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de nistração pública federal; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situações esta- II - participar de banca examinadora ou de comissão para exames
belecidas em legislação especíca. orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas, para
elaboração de questões de provas ou para julgamento de recursos in-
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servido- tentados por candidatos; (Incluído pela Lei nº11.314 de 2006)
III - participar da logística de preparação e derealização de con-
res em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas con- curso público envolvendo atividades de planejamento, coordenação,
dições de vida o justiquem, nos termos, condições e limites xados supervisão, execução e avaliação deresultado, quando tais atividades
em regulamento. não estiverem incluídas entre as suas atribuições permanentes; (In-
cluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com IV - participar da aplicação, scalizar ou avaliar provas de exa -
Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle per- me vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas ativida-
manente, de modo que asdoses de radiação ionizante não ultrapassem des. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
o nível máximo previsto nalegislação própria. § 1o Os critérios de concessão e os limites da graticação de que
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão trata este artigo serãoxados em regulamento, observados os seguin -
submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. tes parâmetros: (Incluído pela Lei nº11.314 de 2006)
I - o valor da graticação será calculado em horas, observadas a
Subseção V natureza e a complexidade da atividade exercida; (Incluído pela Lei
nº 11.314 de 2006)
Do Adicional por Serviço Extraordinário II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120
(cento e vinte) horas detrabalho anuais, ressalvada situação de excep-
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acrés- cionalidade, devidamente justicada e previamente aprovada pelaau-
cimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal de tra - toridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autorizar o acrésci-
balho. mo de até 120 (cento e vinte) horas detrabalho anuais; (Incluído pela
Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos se-
atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite guintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da
máximo de 2 (duas) horas por jornada. administração pública federal: (Incluíd o pela Lei nº 11.314 de 2006)

8
Legislação
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando Parágrafo único. O restante do período interrompido será gozado
de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo; (Reda- de uma só vez, observado o disposto noart. 77.(Incluído pela Lei nº
ção dada pela Lei nº 11.501, de 2007) 9.527, de 10.12.97)
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando de Capítulo IV
atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo. (Redação Das Licenças
dada pela Lei nº 11.501, de 2007) Seção I
§ 2o A Graticação por Encargo de Curso ou Concurso somente
será paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste artigo Disposições Gerais
forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que o ser-
vidor for titular, devendo ser objeto de compensação de carga horária Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do§ I - por motivo de doença em pessoa da família;
4o do art. 98 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
§ 3o A Graticação por Encargo deCurso ou Concurso não se III - para o serviço militar;
incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito e IV - para atividade política;
não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer outras V - para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
vantagens, inclusive para ns de cálculo dos proventos da aposenta - 10.12.97)
doria e das pensões. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) VI - para tratar de interesses particulares;
VII - para desempenho de mandato classista.
Capítulo III
Das Férias § 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem como
cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame porperícia
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser médica ocial, observado o disposto no art. 204 desta Lei.(Redação
acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de necessidade dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação especí - § 2o (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ca. (Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) (Férias de Ministro § 3 o É vedado o exercício de atividade remunerada durante o
- Vide) período da licença prevista no inciso I deste artigo.
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos
12 (doze) meses de exercício. Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do tér-
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. mino de outra da mesma espécie será considerada como prorrogação.
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até rtês etapas, desde
que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração
Seção II
pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado
até 2 (dois) dias antes doinício do respectivo período, observando -se Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de
o disposto no § 1o deste artigo. (Férias de Ministro - Vide) doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos lhos, do padras -
§ 2° (Revogado pela Lei nº9.527, de 10.12.97) to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas
§ 3 o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por
perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver direito perícia médica ocial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de efeti - § 1o A licença somente será deferida se a assistência direta do
vo exercício, ou fração superior aquatorze dias.(Incluído pela Lei nº servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente
8.216, de 13.8.91)
§ 4o A indenização será calculada combase na remuneração do com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, na
mês em que for publicado o ato exoneratório.(Incluído pela Lei nº forma do disposto no inciso II do art. 44.(Redação dada pela Lei nº
8.216, de 13.8.91) 9.527, de 10.12.97)
§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor § 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
adicional previsto no inciso XVII do art. o7 da Constituição Fede- poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes con-
ral quando da utilização do primeiro período.(Incluído pela Lei nº dições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
9.525, de 10.12.97) I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a re-
muneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remune-
Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecu-
tivos de férias, por semestre de atividade prossional, proibida em ração.§ 3(Incluído
o pela
O início doLei
intenrstício
º 12.269,
de de
122010)
(doze) meses será contado a
qualquer hipótese aacumulação.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) partir da data do deferimento da primeira licença concedida. (Incluído
pela Lei nº 12.269, de 2010)
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por motivo § 4o A soma das licenças remuneradas e daslicenças não re-
de calamidade pública, comoção interna, convocação parajúri, servi- muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em um
ço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § o3,
autoridade máxima do órgão ou entidade.(Redação dada pela Lei nº não poderá ultrapassar os limites estabel ecidos nos incisos I e II do §
9.527, de 10.12.97)(Férias de Ministro -Vide) 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)

9
Legislação
Seção III Seção VII
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acom- Art. 91. A critério daAdministração, poderão ser concedidas ao
panhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio
do território nacional, para o exterior oupara o exercício de mandato probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo
eletivo dos Poderes Executivo eLegislativo. de até três anos consecutivos, sem remuneração.(Redação dada pela
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração. Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro Parágrafo único. A licença poderá serinterrompida, a qualquer
também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Pode- tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. (Redação dada
res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pode-
rá haver exercício provisório emórgão ou entidade da Administração pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que parao exercício Seção VIII
de atividade compatível com o seu cargo. (Redação dada pela Lei nº Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista
9.527, de 10.12.97)
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem remu-
Seção IV
Da Licença para o Serviço Militar neração para o desempenho de mandato em confederação, federação,
associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será con- categoria ou entidade scalizadora da prossão ou, ainda, para parti-
cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe- cipar de gerência ou administração em sociedade cooperativa consti -
cíca. tuída por servidores públicos para prestar serviços a seus membros,
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei,
30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício docargo. conforme disposto em regulamento e observados os seguintes limi-
tes: (Redação dada pela Lei nº 11.094, de 2005)
Seção V I - para entidades com até5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois)
Da Licença para Atividade Política servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trin-
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, du- ta mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada pela Lei nº
rante o período que mediar entre a sua escolha em convenção parti- 12.998, de 2014)
dária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua III - para entidades com maisde 30.000 (trinta mil) associados, 8
candidatura perante a JustiçaEleitoral. (oito) servidores. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde § 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chea, as - cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, des-
sessoramento, arrecadação ou scalização, dele seráafastado, a partir de que cadastradas no órgão competente. (Redação dada pela Lei nº
do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça 12.998, de 2014)
Eleitoral, até o décimo dia seguinte aodo pleito. (Redação dada pela § 2o A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser re-
Lei nº 9.527, de 10.12.97) novada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de
§ 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguin- 2014)
te ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os venci-
mentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses. (Reda- Capítulo V
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Dos Afastamentos
Seção I
Seção VI Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade
Da Licença para Capacitação
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro
Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distri-
poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do car- to Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: (Redação dada
go efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, para pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) (Regulamento) (Vide Decreto nº
participar de curso de capacitação prossional.(Redação dada pela Lei 4.493, de 3.12.2002) (Regulamento)
nº 9.527, de 10.12.97) I - para exercício de cargo em comissão ou função de conan -
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata ocaput não ça; (Redação dada pela Lei nº 8.270, de17.12.91)
são acumuláveis.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) II - em casos previstos em leis especícas.
(Redação dada pela Lei
nº 8.270, de 17.12.91)
Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou enti-
dades dos Estados, do Distrito Federal ou dosMunicípios, o ônus da
Art. 89. (Revogado pela Lei nº9.527, de 10.12.97) remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido o ônus
para o cedente nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de
Art. 90. (VETADO). 17.12.91)

10
Legislação
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou so- § 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e ndamissãoa
ciedade de economia mista, nos termos das respectivas normas, op- ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida nova au-
tar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo sência.
efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo emcomissão, § 2o Ao servidor beneciado pelo disposto neste artigo não será
a entidade cessionária efetuará o reembolso das despesas realizadas concedida exoneração ou licença para tratar deinteresse particular an-
pelo órgão ou entidade de origem. (Redação dada pela Lei nº 11.355, tes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipóte-
de 2006) se de ressarcimento dadespesa havida com seu afastamento.
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário-O § 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da car-
cial da União.(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) reira diplomática.
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da República, § 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de que
o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro órgão da trata este artigo, inclusive noque se refere à remuneração do servidor,
Administração Federal direta que não tenha quadro próprio de pes- serão disciplinadas em regulamento.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
soal, para m determinado e a prazo certo. (Incluído pela Lei nº 8.270, 10.12.97)
de 17.12.91)
§ 5º Aplica-se à União, em setratando de empregado ou servidor Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo
por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo. (Reda- internacional de que o Brasil participe ou com oqual coopere dar-se-á
ção dada pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002) com perda total da remuneração. (Vide Decreto nº 3.456,de 2000)
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública oude socie-
dade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Nacional Seção IV
para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de pessoal, (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
independem das disposições contidas nos incisos I e IIe §§ 1º e 2º des- Do Afastamento para Participação em Programa
te artigo, cando o exercício do empregado cedido condicionado a de Pós-Graduação Stricto Sensu no País
autorização especíca do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em comissão ou fun- Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração, e
ção graticada.(Incluído pela Lei nº10.470, de 25.6.2002) desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com o
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com a exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar-se
nalidade de promover a composição da forçade trabalho dos órgãos do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para
e entidades da Administração Pública Federal, poderá determinar a
participar em programa de pós-graduação stricto sensu em instituição
lotação ou o exercício de empregado ou servidor, independenteme nte
de ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
da observância do constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste ar-
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade denirá, em
tigo. (Incluído pela Leinº 10.470, de25.6.2002) (Vide Decreto nº
5.375, de 2005) econformidade com participação
os critérios para a legislação vigente, os programas
em programas de capacitação
de pós-graduação no
Seção II País, com ou sem afastamento do servidor, que serão avaliados por
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo um comitê constituído para este m.(Incluído pela Lei nº 11.907, de
2009)
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se as § 2o Os afastamentos para realização de programas de mestrado
seguintes disposições: e doutorado somente serãoconcedidos aos servidores titulares de car-
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, cará gos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos 3 (três)
afastado do cargo; anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído o pe-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, sen- ríodo de estágio probatório, que não tenham se afastado por licença
do-lhe facultado optar pela suaremuneração; para tratar de assuntos particulares para gozo de licença capacitação
III - investido no mandato de vereador: ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens da solicitação de afastamento. (Incluído pela Lei nº11.907, de 2009)
de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; § 3o Os afastamentos para realização de programas de pós-dou-
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do car- torado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos
go, sendo-lhe facultado optar pela suaremuneração. efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos quatro anos,
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servid or contribuirá para incluído o período de estágio probatório, e que não tenham seafastado
a seguridade social como seem exercício estivesse. por licença para tratar de assuntos particulares ou com fundamento
§ 2 O servidor investido em mandato eletivo ou classista não
o neste artigo, nos quatro anos anteriores àdata da solicitação de afasta-
poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa mento. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
daquela onde exerce omandato. § 4o Os servidores beneciados pelos afastamentos previstos nos
§§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício de suas
Seção III funções após o seu retorno por um período igual ao do afastamento
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior concedido. (Incluído pela Lei nº 11.907, de2009)
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência previsto
ou missão ocial, sem autorização do Presidente da República, Pre- no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade, na forma
sidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos com
Tribunal Federal. seu aperfeiçoamento. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)

11
Legislação
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justicou Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº9.527, de 10.12.97)
seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no §5o deste
artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de caso for- Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são
tuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade. (Incluído considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude
pela Lei nº 11.907, de 2009) de:
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós-graduação no I - férias;
Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, odisposto nos §§ II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou
1o a 6o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Distrito
Federal;
Capítulo VI III - exercício de cargo ou função de governo ou administração,
Das Concessões em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presidente
da República;
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se IV - participação em programa de treinamento regularmente
do serviço: (Redação dada pela Medida provisória nº 632, de 2013)
instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País,
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - pelo período comprovadamente necessário para alistamento conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº11.907,
ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2 (dois) de 2009)
dias; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de : ou do Distrito Federal, excetopara promoção por merecimento;
a) casamento; VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou pa- VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afasta-
drasto, lhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos. mento, conforme dispuser o regulamento;(Redação dada pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante, VIII - licença:
quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e oda a) à gestante, à adotante e àpaternidade;
repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a compen- meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público prestado à
sação de horário no órgão ouentidade que tiver exercício, respeitada União, em cargo de provimento efetivo;(Redação dada pela Lei nº
a duração semanal dotrabalho. (Parágrafo renumerado e alterado pela 9.527, de 10.12.97)
Lei nº 9.527, de 10.12.97) c) para o desempenho de mandato classista ou participação de
§ 2o Também será concedido horário especial ao servidor porta- gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por
dorocial,
ca de deciência, quando comprovada
independentemente a necessidade
de compensação por junta
de horário. médi
-
(Incluído servidores
de promoção paraporprestar serviços a(Redação
merecimento; seus membros, exceto
dada pela Lei para efeito
nº 11.094,
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de 2005)
§ 3 As disposições do parágrafo anterior são extensivas ao ser-
o
d) por motivo de acidente em serviço oudoença prossional;
vidor que tenha cônjuge, lho ou dependente portador de deciência e) para capacitação, conforme dispuser oregulamento; (Redação
física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de horário na dada pela Lei nº 9.527, de10.12.97)
forma do inciso II do art. 44.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) f) por convocação para o serviço militar;
§ 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado à IX - deslocamento para a nova sede deque trata o art. 18;
compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um)ano, ao X - participação em competição desportiva nacional ou convo-
servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e IIdo caput cação para integrar representação desportiva nacional, no País ou no
do art. 76-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
exterior, conforme disposto em lei especíca;
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse XI - afastamento para servir emorganismo internacional de que
da administração é assegurada, na localidade da nova residência ou o Brasil participe ou como qual coopere. (Incluído pela Lei nº9.527,
na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em de 10.12.97)
qualquer época, independentemente de vaga.
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e dis-
ou companheiro, aos lhos, ou enteados do servidor que vivam na sua ponibilidade:
companhia, bem como aos menores sob suaguarda, com autorização I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios
judicial. e Distrito Federal;
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família do
Capítulo VII servidor, com remuneração, que exceder a30 (trinta) dias em período
Do Tempo de Serviço de 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº12.269, de 2010)
III - a licença para atividade política, no caso doart. 86, § 2o;
Art. 100. É contado para todos os efeitos o et mpo de serviço IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato eletivo
público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso no servi-
ço público federal;
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Previ-
serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezentos e dência Social;
sessenta e cinco dias. VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;

12
Legislação
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que Art. 111. O pedido dereconsideração e o recurso, quando cabí-
exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art. veis, interrompem aprescrição.
102. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será contado Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser rele-
apenas para nova aposentadoria. vada pela administração.
§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às For-
ças Armadas em operações de guerra. Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço pres- vista do processo ou documento, narepartição, ao servidor ou a pro-
tado concomitantemente em mais de um cargo ou função deórgão ou curador por ele constituído.
entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal e Município,
autarquia, fundação pública, sociedade de economia mista eempresa Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer tem-
pública. po, quando eivados de ilegalidade.

Capítulo VIII Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos


Do Direito de Petição neste Capítulo, salvo motivo de força maior.

Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Po- Título IV


deres Públicos, em defesa dedireito ou interesse legítimo. Do Regime Disciplinar
Capítulo I
Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade competente Dos Deveres
para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver
imediatamente subordinado orequerente. Art. 116. São deveres doservidor:
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que hou- II - ser leal às instituições a que servir;
ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo ser III - observar as normas legais e regulamentares;
renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010) IV - cumprir as ordens superiores, exceto quandomanifestamen-
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração te ilegais;
de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no prazo V - atender com presteza:
de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias. a) ao público em geral, prestando asinformações requeridas, res-
salvadas as protegidas por sigilo;

IArt.
- do107. Caberá recurso:
indeferimento (Vide
do pedido Leinº 12.300,ão;
dereconsideraç de 2010) b) à expedição
esclareciment de certidões
o de situações requeridas
de interesse para defesa de direito ou
pessoal;
II - das decisões sobre osrecursos sucessivamente interpostos. c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente superior VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do car
-
à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessivamente, go ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspei-
em escala ascendente, às demaisautoridades. ta de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade com-
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade a petente para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527, de 2011)
que estiver imediatamente subordinado orequerente. VII - zelar pela economia do material e a conservação do patri-
mônio público;
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconsidera- VIII - guardar sigilosobre assunto da repartição;
ção ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da IX - manter conduta compatível com a moralidade administra-
ciência, pelo interessado, da decisão recorrida.(Vide Lei nº 12.300, tiva;
de 2010) X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
juízo da autoridade competente. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsi- encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior
deração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando
impugnado. ampla defesa.

Art. 110. O direitode requererprescreve: Capítulo II


I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassação Das Proibições
de aposentadoria ou disponibilidade, ouque afetem interesse patrimo-
nial e créditos resultantes das relações de trabalho; Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide MedidaProvisória nº
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando 2.225-45, de 4.9.2001)
outro prazo for xado em lei. I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia auto-
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data da rização do chefe imediato;
publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interessado, II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qual
-
quando o ato não for publicado. quer documento ou objeto darepartição;

13
Legislação
III - recusar fé a documentos públicos; § 3 o Considera-se acumulação proibida a percepção de venci-
IV - opor resistência injusticada ao andamento de documento e mento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da ina-
processo ou execução de serviço; tividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunera-
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto ções forem acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
da repartição; 10.12.97)
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabi- Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em co-
missão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art.o,9nem ser
lidade ou de seu subordinado; remunerado pela participação em órgão de deliberação coletiva. (Re-
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de liarem-se a dação dada pela Lei nº 9.527, de10.12.97)
associação prossional ou sindical, ou apartido político; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remune-
VIII - cônjuge,
conança, manter sob sua cheaou
companheiro imediata, emocargo
parente até ougrau
segundo função
civil;de ração devida pela
das empresas participação
públicas em conselhos
e sociedades de administração
de economia mista, suasesubsi-
scal
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, diárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em
em detrimento da dignidade dafunção pública; que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capi-
X - participar de gerência ou administração de sociedade priva - tal social, observado o que, a respeito, dispuser legislação especí
-
da, personicada ou não personicada, exercer o comércio, exceto na ca. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
qualidade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação dada pela
Lei nº 11.784, de 2008 Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acu-
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto arepartições mular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assis- provimento em comissão, cará afastado de ambos os cargos efetivos,
salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local
tenciais de parentes até o segundo grau,e de cônjuge ou companheiro; com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual- dos órgãos ou entidades envolvidos. (Redação dada pela Lei nº
quer espécie, em razãode suas atribuições; 9.527, de 10.12.97)
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão deestado estrangei-
ro; Capítulo IV
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; Das Responsabilidades
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em ser- Art. 121. O servidor responde civil, penale administrativamente
viços ou atividades particulares; pelo exercício irregular de suas atribuições.
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou
com o exercício do cargo ou função ecom o horário de trabalho; a terceiros.
§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solici- somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de outros
tado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste § 2o Tratando-se de dano causadoa terceiros, responderá o servi-
artigo não se aplica nosseguintes casos: (Incluído pela Lei nº 11.784, dor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
de 2008 § 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e
I - participação nos conselhos de administração e scal de em - contra eles será executada, até o limite do valor daherança recebida.
presas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente,
participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes contra-
e
para prestar serviços a seus membros; e (Incluído pela Lei nº 11.784, venções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
de 2008
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na for- Art. 124. A responsabilidade civil-administrati
va resulta de ato
ma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conito de inte - omissivo ou comissivo praticado no desempenho docargo ou função.
resses. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão
cumular-se, sendo independentes entre si.
Capítulo III Art. 126. A responsabilidade administrativa doservidor será
Da Acumulação afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do
fato ou sua autoria.
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na
Constituição, é veda-
da a acumulação remunerada de cargos públicos. Art. 126-A. Nenhum servidor poderáser responsabilizado civil,
§ 1o A proibição de acumular estende-se cargos,
a empregos e penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior
funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, socie- ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, aoutra autoridade
dades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, competente para apuração de informação concernente à prática decri-
dos Territórios e dos Municípios. mes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decor-
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, ca condicionada rência do exercício de cargo, emprego ou função pública. (Incluído
à comprovação da compatibilidade de horários. pela Lei nº 12.527, de 2011)

14
Legislação
Capítulo V XI - corrupção;
Das Penalidades XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi-
cas;
Art. 127. São penalidadesdisciplinares: XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
I - advertência;
II - suspensão; Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de
III - demissão; cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere o
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; art. 143 noticará o servidor, por intermédio de sua chea imediata,
V - destituição de cargo em comissão; para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias, contados
VI - destituição de função comissionada. da data da ciência e, nahipótese de omissão, adotará procedimen
to su-

Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natu- mário para adisciplinar
ministrativo sua apuração e regularização
se desenvolverá nasimediata,
seguintescujo processo
fases: ad-
(Re-
reza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem dação dada pela Lei nº 9.527, de10.12.97)
para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comis-
antecedentes funcionais. são, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente
Parágrafo único. O ato de imposição dapenalidade mencionará indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto da apura-
sempre o fundamentolegal e a causa da sanção disciplinar. (Incluí- ção; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
do pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e rela-
tório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de § 1o A indicação da autoria de que trata inciso
o I dar-se-á pelo
inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos
norma interna, que não justique imposição de penalidade mais- gra cargos, empregos ou funções públicas em situação deacumulação ile-
ve. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) gal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do
horário de trabalho e docorrespondente regime jurídico. (Redação
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das dada pela Lei nº 9.527, de10.12.97)
faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições § 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato
que não tipiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não- po que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as in-
dendo exceder de 90 (noventa) dias. formações de que trata o parágrafo anterior, bem como promoverá a
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) diasservidor
o citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chea
que, injusticadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica imediata, para, no prazo decinco dias, apresentar defesa escrita, asse-
determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da pena- gurando-se-lhe vista do processo na repartição, observado o disposto
lidade uma vez cumprida a determinação. nos arts. 163 e 164. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, apenalidade de § 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório con-
suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta clusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que
por cento) por dia de vencimento ou remuneração, cando o servidor resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude da acu-
obrigado a permanecer em serviço. mulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e remeterá
o processo à autoridade instauradora, para julgamento. (Incluído
Art. 131. As penalidades de advertência de
e suspensão terão seus pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de § 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro-
efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse pe- cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se,
ríodo, praticado nova infração disciplinar. quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167. (Incluído pela Lei
Parágrafo único. O cancelamento dapenalidade não surtirá efei- nº 9.527, de 10.12.97)
tos retroativos. § 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa
congurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automatica -
Art. 132. A demissãoserá aplicada nos seguintes casos: mente em pedido de exoneração do outro cargo. (Incluído pela Lei
I - crime contra a administração pública; nº 9.527, de 10.12.97)
II - abandono de cargo; § 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, apli-
III - inassiduidade habitual; car-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de aposentadoria
IV - improbidade administrativa; ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou funções pú-
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; blicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou
VI - insubordinação grave em serviço; entidades de vinculação serãocomunicados. (Incluído pela Lei nº
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em 9.527, de 10.12.97)
legítima defesa própria ou de outrem; § 7o O prazo para a conclusão do processo administrativo disci-
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; plinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, contados
IX - revelação de segredo do qual sepropriou
a em razão do cargo; da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacio- sua prorrogação por até quinze dias,quando as circunstâncias o exigi-
nal; rem. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

15
Legislação
§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamen-
artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente, as te inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se tratar
disposições dos Títulos IV e V desta Lei. (Incluído pela Lei nº de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
9.527, de 10.12.97) III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos deadvertência ou
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do de suspensão de até 30 (trinta) dias;
inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a de- IV - pela autoridade que houver feito anomeação, quando se tra-
missão. tar de destituição decargo em comissão.
Art. 135. A destituição de cargoem comissão exercido por não Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
ocupante de cargo efetivo será aplicada noscasos de infração sujeita I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão,
às penalidades de suspensão
Parágrafo único. e de demissão.
Constatada a hipótese de que trata este artigo, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo
em comissão;
a exoneração efetuada nos termos do art.35 será convertida em desti- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
tuição de cargo em comissão. III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo emcomissão, se tornou conhecido.
nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indispo- § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às
nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação infrações disciplinares capituladas também como crime.
penal cabível. § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo dis-
ciplinar interrompe a prescrição, até a decisão nal proferida por au
-
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo emcomissão, toridade competente.
por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex- § 4 Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
o
servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo correr a partir do dia emque cessar a interrupção.
de 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal Título V
o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por Do Processo Administrativo Disciplinar
infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
Capítulo I
Art. 138. Congura abandono de cargo a ausência intencional do Disposições Gerais
servidor ao serviço por maisde trinta dias consecutivos.
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no- ser
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao servi- viço
te público é obrigada
sindicância a promover
ou processo a suaapuração
administrativo imediata,
disciplinar, median-ao
assegurada
ço, sem causa justicada, por sessenta dias,interpoladamente, durante
o período de doze meses. acusado ampla defesa.
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade § 1 (Revogado pela Leinº 11.204, de2005)
o

habitual, também será adotado o procedimento sumário a que serefe- § 2o (Revogado pela Leinº 11.204, de2005)
re o art. 133, observando-se especialmente que: (Redação dada pela § 3o A apuração de que trata ocaput, por solicitação da autori-
Lei nº 9.527, de 10.12.97) dade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão
I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularidade,
9.527, de 10.12.97) mediante competência especíca para tal nalidade, delegada em ca -
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do ráter permanente ou temporário pelo Presidente da República, pelos
período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a trin- presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e
ta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do respectivo Poder,
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de órgão ou entidade, preservadas as competências para o julgamento
falta ao serviço sem causa justicada, por período igual ou superior que se seguir à apuração. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze me-
ses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará relató- apuração, desde que contenham a identicação e o endereço do- de
rio conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, nunciante e sejam formuladas porescrito, conrmada a autenticidade.
em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o respectivo Parágrafo único. Quando o fato narrado não congurar evid ente
dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por
intencionalidade da ausência ao serviço superior a trinta dias eremete- falta de objeto.
rá o processo à autoridade instauradora para julgamento . (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
I - arquivamento do processo;
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do 30 (trinta) dias;
Poder Legislativo e dosTribunais Federais e pelo Procurador-Geral da III - instauração de processo disciplinar.
República, quando se tratar de demissão e cassação deaposentadoria Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não ex-
ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, cederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a
ou entidade; critério da autoridade superior.

16
Legislação
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a § 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que deve-
imposição de penalidade de suspensão por mais de 30(trinta) dias, de rão detalhar as deliberações adotadas.
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destitui-
ção de cargo em comissão, será obrigatória a instauração de processo Seção I
disciplinar. Do Inquérito

Capítulo II Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do


Do Afastamento Preventivo contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utilização
dos meios e recursos admitidos em direito.
Art. 147. Como medida cautelar e a m de que oservidor não
venha a inuir na apuração da irregularidade, a autoridade instaura- Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo discipli-
dora do processo disciplinar poderá determinar oseu afastamento do nar, como peça informativa da instrução.
exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância con-
da remuneração. cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, inde-
pendentemente da imediata instauração do processo disciplinar.
prazo, ndo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído
o processo. Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada
de depoimentos, acareações, investigações ediligências cabíveis, ob-
Capítulo III jetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos
Do Processo Disciplinar e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a apu- Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o
rar responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e
suas atribuições, ou que tenha relação comas atribuições do cargo em reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular
que se encontre investido. quesitos, quando se tratar deprova pericial.
§ 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos conside-
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão rados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse
composta de três servidores estáveis designados pela autoridade com - para o esclarecimento dos fatos.
petente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará, dentre § 2o Será indeferido o pedidode prova pericial, quando acom-
eles, o seu presidente, que deverá serocupante de cargo efetivo supe- provação do fato independer de conhecimento especial de perito.
riordoouindiciado.
ao de mesmo nível, outerdada
(Redação nívelpela
de escolaridade
Lei nº 9.527,igual ou superior
de 10.12.97) Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante man-
§ 1o A Comissão terá como secretário servidor designado pelo dado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segunda via,
seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus membros. com o ciente do interessado, ser anexado aos autos.
§ 2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou de in- Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expe-
quérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consangüíneo dição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da re-
ou am, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau. partição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para
inquirição.
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com independên -
cia e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
fato ou exigido pelo interesse da administração. termo, não sendo lícito àtestemunha trazê-lo por escrito.
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente.
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões terão
§ 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se inr-
caráter reservado. mem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fa- Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
ses: promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedimentos
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comis- previstos nos arts. 157 e 158.
são; § 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações sobre
e relatório; fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles.
III - julgamento. § 2o O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório,
bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado interferir
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por
excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato intermédio do presidente da comissão.
que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo,
quando as circunstâncias o exigirem. Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
§ 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo integral acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja
aos seus trabalhos, cando seus membros dispensados do ponto, até a submetido a exame por junta médica ocial, da qual participe pelo
entrega do relatório nal. menos um médico psiquiatra.

17
Legislação
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será process
ado § 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, o
em auto apartado e apenso ao processo principal, após a expedição do julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da pena
laudo pericial. mais grave.
§ 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de apo-
Art. 161. Tipicada a infração disciplinar, seráformulada a in- sentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autoridades de
diciação do servidor, com a especicação dos fatos a ele imputados e que trata o inciso I do art. 141.
das respectivas provas. § 4o Reconhecida pela comissão ainocência do servidor, aau-
§ 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo presi- toridade instauradora do processo determinará o seu arquivamento,
dente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10(dez) salvo se agrantemente contrária à prova dos autos. (Incluído pela
dias, assegurando-se-lhe vista do processona repartição. Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de
20 (vinte) dias. Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
§ 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para quando contrário às provas dosautos.
diligências reputadasindispensáveis. Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as
§ 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente,
citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em termo agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar oservidor de res-
próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a assinatura ponsabilidade.
de (2) duas testemunhas.
Art. 169. Vericada a ocorrência de vício insanável, a autoridade
Art. 162. O indiciado que mudar de residência ca obrigado a que determinou a instauração do processo ou outra de hierarquia su-
comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado. perior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo
ato, a constituição de outra comissão para instauração denovo proces-
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, so. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
será citado por edital, publicado no Diário Ocial da União e em jor
- § 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do
nal de grande circulação na localidade do último domicílio conhecido, processo.
para apresentar defesa. § 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo IV
será de 15 (quinze) dias apartir da última publicação do edital.
do Título IV.
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade jul-
citado, não apresentar defesa no prazolegal.
§ 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e gadora
do determinará o registro do fato nos assentamentos individuais
servidor.
devolverá o prazo para a defesa.
§ 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do
processo designará um servidor como defensor dativo, que deverá ser Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o
ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, outer nível de processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para instau-
escolaridade igual ou superior ao doindiciado. (Redação dada pela ração da ação penal, cando trasladado na repartição.
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só po-
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório mi- derá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após a
nucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará as conclusão do processo e ocumprimento da penalidade, acaso aplica-
provas em que se baseou para formar a sua convicção. da.
§ 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o parágra-
responsabilidade do servidor. fo único, inciso I do art. 34, oato será convertido em demissão, se for
§ 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão in- o caso.
dicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como as
circunstâncias agravantes ou atenuantes. Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede de
Art. 166. O processo disciplinar,com o relatório da comissão, sua repartição, na condição detestemunha, denunciado ou indiciado;
será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obrigados
julgamento. a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de missão
essencial ao esclarecimento dosfatos.
Seção II
Do Julgamento Seção III
Da Revisão do Processo
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento
do processo, a autoridade julgadora proferirá asua decisão. Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer
§ 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori- tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou
dade instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade circunstâncias suscetíveis de justicar a inocência dopunido ou a ina-
competente, que decidirá em igual prazo. dequação da penalidade aplicada.

18
Legislação
§ 1o Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do ainda que contribua para regime de previdência social noexterior, terá
servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do pro- suspenso o seu vínculo com o regime do Plano deSeguridade Social
cesso. do Servidor Público enquanto durar o afastamento ou a licença, não
§ 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será lhes assistindo, neste período, os benefícios domencionado regime de
requerida pelo respectivo curador. previdência.(Incluído pela Lei nº10.667, de 14.5.2003)
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem re-
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re- muneração a manutenção da vinculação ao regime doPlano de Segu-
querente. ridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento mensal
da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido pelos ser-
Art. 176. A simples alegação deinjustiça da penalidade não vidores em atividade, incidente sobre a remuneração total do cargo
constitui fundamento para a revisão, que requerelementos novos, ain- a que faz jus no exercício de suas atribuições, computando-se, para
da não apreciados no processo srcinário. esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais. (Incluído pela Lei nº
10.667, de 14.5.2003)
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido § 4o O recolhimento de que trata o §o 3deve ser efetuado até
ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar a o segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos
revisão, encaminhará o pedido ao dirigente doórgão ou entidade onde servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e
se srcinou o processo disciplinar. execução dos tributos federais quando não recolhidas na data deven-
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente cimento. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149.
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo srcinário. riscos a que estão sujeitos o servidor esua família, e compreende um
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora conjunto de benefícios e açõesque atendam às seguintes nalidades:
para a produção de provas e inquirição das testemunhas que arrolar. I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invali
-
dez, velhice, acidente emserviço, inatividade, falecimento e reclusão;
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a con- II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
clusão dos trabalhos. III - assistência à saúde.
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos e
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que condições denidos em regulamento, observadas asdisposições desta
couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do processo Lei.
disciplinar.

Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pena- Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servi-
dor compreendem:
lidade, nos termos do art. 141. I - quanto ao servidor:
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, a) aposentadoria;
contados do recebimento do processo, no curso do qual a autoridade b) auxílio-natalidade;
julgadora poderá determinar diligências. c) salário-família;
d) licença para tratamento desaúde;
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos doservidor, f) licença por acidente em serviço;
exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será con- g) assistência à saúde;
vertida em exoneração. h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho sa-
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar tisfatórias;
agravamento de penalidade. II - quanto ao dependente:
a) pensão vitalícia etemporária;
Título VI b) auxílio-funeral;
Da Seguridade Social do Servidor c) auxílio-reclusão;
Capítulo I d) assistência à saúde.
Disposições Gerais § 1o As aposentadorias e pensões serãoconcedidas e mantidas
pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os servi-
Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o dores, observado o disposto nos arts. 189 e 224.
servidor e sua família. § 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude,
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem
simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivona adminis- prejuízo da ação penal cabível.
tração pública direta, autárquica e fundacional não terá direito aos be-
nefícios do Plano de Seguridade Social, com exceção da assistência à
saúde. (Redação dada pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem di-
reito à remuneração, inclusive para servir emorganismo ocial inter-
nacional do qual o Brasil sejamembro efetivo ou com oqual coopere,

19
Legislação
Capítulo II § 5o A critério da Administração, o servidor em licença para tra-
Dos Benefícios tamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser convocado
Seção I a qualquer momento, para avaliação das condições que ensejaram o
Da Aposentadoria afastamento ou a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº 11.907, de
2009)
Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da Cons-
tituição) Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com ob-
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quan- servância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma data e
do decorrente de acidente emserviço, moléstia prossional ou doença proporção, sempre que se modicar a remuneração dos servidores em
grave, contagiosa ou incurável, especicada em lei, e proporcionais atividade.
nos demais casos; Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer benefí-
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos cios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores emativi-
proporcionais ao tempo de serviço; dade, inclusive quando decorrentes de transformação ou reclassica
-
III - voluntariamente: ção do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30
(trinta) se mulher, comproventos integrais; Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional ao
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de magis- tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias especica -
tério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com proventos das no § 1o do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for considerado
integrais; inválido por junta médica ocial passará aperceber provento integral,
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e calculado com base nofundamento legal de concessão da aposentado-
cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo; ria. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos 60 Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento
(sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de ser- não será inferior a 1/3 (um terço) daremuneração da atividade.
viço.
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, Art.192.(Vetado).
a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa, alienação
mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao
Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de
Parkinson, paralisia irreversível eincapacitante, espondiloartrose an-
quilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal dePaget (os- Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a graticação na-
teíte deformante), Síndrome deImunodeciência Adquirida - AIDS, e talina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao
outras que a lei indicar, com base na medicina especializada. respectivo provento, deduzido oadiantamento recebido.
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas insalu-
bres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art. 71, a apo- Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado
sentadoria de que trata o inciso III, «a» e«c», observará o disposto em de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos
lei especíca. da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida aposen-
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à junta tadoria com provento integral, aos 25 (vinte ecinco) anos de serviço
médica ocial, que atestará a invalidez quando caracterizada a incapa - efetivo.
cidade para o desempenho dasatribuições do cargo ou aimpossibili-
dade de se aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela Lei nº 9.527, Seção II
de 10.12.97) Do Auxílio-Natalidade

Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e decla- Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo
rada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em que o de nascimento de lho, emquantia equivalente ao menor vencimento
servidor atingir a idade-limite de permanência no serviçoativo. do serviço público, inclusive no casode natimorto.
§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de 50%
Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a (cinqüenta por cento), por nascituro.
partir da data da publicação do respectivo ato. § 2 o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor
§ 1 A aposentadoria por invalidez será precedida de licença para
o público, quando a parturiente não for servidora.
tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte equatro)
meses. Seção III
§ 2o Expirado o período de licença e não estando em condições Do Salário-Família
de reassumir o cargo oude ser readaptado, o servidor será aposentado.
§ 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da licen- Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao ina-
ça e a publicação do ato da aposentadoria será considerado como de tivo, por dependente econômico.
prorrogação da licença. Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos para
§ 4o Para os ns do disposto no §1o deste artigo, serão conside- efeito de percepção do salário-família:
radas apenas as licenças motivadas pela enfermidade ensejadora da I - o cônjuge ou companheiro e os lhos, inclusive os enteados
invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído pela Lei nº 11.907, até 21 (vinte e um) anosde idade ou, se estudante, até 24 (vinte equa-
de 2009) tro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;

20
Legislação
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autorização Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão
judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do inativo; ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões pro-
III - a mãe e o pai sem economia própria. duzidas por acidente em serviço, doença prossional ou qualquer das
doenças especicadas no art. 186, § 1o.
Art. 198. Não se congura a dependência econômica quando o
beneciário do salário-família perceber rendimento do trabalho ou de Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas
qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento daaposentadoria, ou funcionais será submetido ainspeção médica.
em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médic os perió-
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e vi- dicos, nos termos e condições denidos em regulamento. (Incluído
pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento).
verem em comum,
separados, será pagooasalário-família
um e outro, deserá
acordopago
coma um deles; quando
a distribuição dos Parágrafo único. Para os ns do disposto no caput, a União e
dependentes. suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: (Incluído pela Lei
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a ma- nº 12.998, de 2014)
drasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes. I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo órgão
ou entidade à qual seencontra vinculado o servidor; (Incluído pela Lei
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, nº 12.998, de 2014)
nem servirá de base paraqualquer contribuição, inclusive para a Pre- II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parceria
vidência Social. com os órgãos e entidades da administração direta, suas autarquias e
fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo,sem remuneração, não III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistência
acarreta a suspensão do pagamento dosalário-família. à saúde, organizadas na modalidade deautogestão, que possuam au-
torização de funcionamento do órgão regulador, na forma do art. 230;
Seção IV ou (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
Da Licença para Tratamento de Saúde IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato ad-
ministrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de 21 de junho de
1993, e demais normas pertinentes. (Incluído pela Lei nº 12.998, de
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento de
2014)
saúde, a pedido ou deofício, com base em perícia médica, sem prejuí-
zo da remuneração a que zer jus.
Seção V
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei
será concedi- Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Paternidade
da com base em perícia ocial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por
de 2009) 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remunera-
§ 1 o Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada ção. (Vide Decreto nº 6.690, de 2008)
na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se § 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de
encontrar internado. gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
§ 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde se § 2 o No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor, e não partir do parto.
se congurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art. 230, será § 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do evento,
aceito atestado passado por médico particular. (Redação dada pela Lei a servidora será submetida a exame médico, ese julgada apta, reassu-
nº 9.527, de 10.12.97) mirá o exercício.
§ 3 No caso do § 2 deste artigo, o atestado somente produzirá
o o
§ 4o No caso de aborto atestado por médico ocial, aservidora
efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos humanos do terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
órgão ou entidade. (Redação dadapela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias no Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de lhos, o servidor terá
período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afastamento direito à licença-paternidade de 5 (cinco) diasconsecutivos.
será concedida mediante avaliação por juntamédica ocial. (Reda-
ção dada pela Lei nº 11.907, de 2009) Art. 209. Para amamentar o próprio lho, até a idade de seis
§ 5 o A perícia ocial para concessão da licença de que trata o meses, a servidora lactante terá direito, durante ajornada de trabalho,
caput deste artigo, bem como nosdemais casos de perícia ocial pre- a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois períodos
vistos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hipóteses de meia hora.
em que abranger o campo de atuação da odontologia. (Incluídopela
Lei nº 11.907, de 2009) Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de
criança até 1 (um) ano deidade, serão concedidos 90 (noventa) dias de
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15 (quin- licença remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008)
ze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perícia o
- Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de crian-
cial, na forma denida em regulamento. (Redação dada pela Lei nº ça com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo
11.907, de 2009) será de 30 (trinta) dias.

21
Legislação
Seção VI V - a mãe e opai que comprovem dependência econômica do
Da Licença por Acidente em Serviço servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor econômica do servidor e atenda aum dos requisitos previstos no inci-
acidentado em serviço. so IV. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 1o A concessão de pensão aos beneciários de que tratam os
Art. 212. Congura acidente em serviço o dano físico ou men- incisos I a IV docaput exclui os beneciários referidos nos incisos V
tal sofrido pelo servidor, que serelacione, mediata ou imediatamente, e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de2015)
com as atribuições docargo exercido. § 2o A concessão de pensão aos beneciários de que trata o inciso
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano: V do caput exclui o beneciário referido no inciso VI.(Redação dada
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor pela Lei nº 13.135, de 2015)
no exercício do cargo;
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho evice-versa. Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários ittulares à pensão, o
seu valor será distribuído em partes iguais entre osbeneciários habi-
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de litados. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada, à § 1o (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
conta de recursos públicos. § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
ocial constitui medida de exceção e somente seráadmissível quando Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, pres-
inexistirem meios e recursos adequados em instituição pública. crevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 5 (cinco)
anos.
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) dias, Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova posterior
prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. ou habilitação tardia que implique exclusão debeneciário ou redução
de pensão só produzirá efeitos a partir da data emque for oferecida.
Seção VII
Da Pensão Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: (Redação dada pela
Art. 215. Por morte doservidor, osdependentes, nas hipóteses Lei nº 13.135, de 2015)
legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito, observado o limite I - após o trânsito em julgado, o beneciário condenado pela prá
-
estabelecido no inciso XI docaput do art. 37 da Constituição Fede- tica de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do servi-
ral e no art. 2o da Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004. (Redação dor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
dada pela Lei nº 13.135, de2015) II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se comprova-
da, a qualquer tempo, simulação ou fraude nocasamento ou na união
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015) estável, ou a formalização desses com o m exclusivo de constituir
§ 1o (Revogado pelaLei nº 13.135, de2015) benefício previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será
§ 2o (Revogado pelaLei nº 13.135, de2015) assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. (Incluído pela
Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 217. São beneciários das pensões:
I - o cônjuge; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte presumida
a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) do servidor, nos seguintes casos:
b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária competente;
c) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) acidente não caracterizado como em serviço;
e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) III - desaparecimento no desempenho dasatribuições do cargo ou
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, em missão de segurança.
com percepção depensão alimentícia estabelecida judicialment e; (Re- Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em vita-
dação dada pela Lei nº 13.135, de2015) lícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos de sua
a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor, hipótese
b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) em que o benefício será automaticamente cancelad o.
c) Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneciário:
III - o companheiro ou companheira que comprove união estável I - o seu falecimento;
como entidade familiar; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a
IV - o lho de qualquer condição que atenda a um dos seguintes concessão da pensão aocônjuge;
requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.135,de 2015) III - a cessação da invalidez, em setratando de beneciário invá
-
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº lido, o afastamento da deciência, em se tratando de beneciário com
13.135, de 2015) deciência, ou o levantamento da interdição, em setratando de bene-
b) seja inválido; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) ciário com deciência intelectual ou mental que o torne absoluta ou
c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência) relativamente incapaz, respeitados os períodos mínimos decorrentes
d) tenha deciência intelectual ou mental, nos termos do regula- da aplicação das alíneas “a” e “b” do inciso VI I; (Redação dada pela
mento; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Lei nº 13.135, de 2015)

22
Legislação
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo lho Art. 224. As pensões serão automaticamente atualiza das na mes-
ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de2015) ma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos dos
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único doart. 189.
VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº 13.135,
de 2015) Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção
VII - em relação aos beneciários de que tratam os incisos I a III cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou companhei-
do caput do art. 217: (Incluído pela Leinº 13.135, de 2015) ro ou companheira e de mais de 2(duas) pensões. (Redação dada pela
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o ser- Lei nº 13.135, de 2015)
vidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casa-
mento ou a união estável tiverem sido iniciados emmenos de 2 (dois) Seção VIII
anos antes do óbito doservidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Do Auxílio-Funeral
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo
com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois de ver- Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor fale-
tidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos cido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da
após o início do casamento ou da união estável:(Incluído pela Lei nº remuneração ou provento.
13.135, de 2015) § 1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de ida - somente em razão do cargo de maior remuneração.
de; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) § 2o (VETADO).
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26(vinte e seis) anos de § 3o O auxílio será pagono prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família que hou-
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos ver custeado o funeral.
de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro,este será indeni-
idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) zado, observado o disposto no artigo anterior.
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43(quarenta e três)
anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de2015) Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de ida- local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte do
de. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou fundação
§ 1o A critério da administração, o beneciário de pensão cuja pública.
preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou por de-
ciência
das poderá
referidas ser convocado
condições. (Incluídoa pela
qualquer
Lei nºmomento
13.135, depara avaliação
2015) Seçã
Do Auxí o IX
lio-R eclusão
§ 2o Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no inciso
III ou os prazos previstos na alínea “b”do inciso VII, ambos docaput, Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão,
se o óbito do servidor decorrer de acidente de qualquer natureza ou nos seguintes valores:
de doença prossional ou dotrabalho, independentemente do recolhi- I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de
mento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de prisão, em agrante ou preventiva, determinada pela autoridade com-
2 (dois) anos de casamento ou de união estável. (Incluído pela Lei nº petente, enquanto perdurar a prisão;
13.135, de 2015) II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude
§ 3o Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que de condenação, por sentença denitiva, a pena que não determine a
nesse período se verique o incremento mínimo de um ano inteiro perda de cargo.
na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à ex- § 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá
pectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão ser direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
xadas, em números inteiros, novas idades para os ns previstos na § 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
alínea “b” do inciso VII docaput, em ato do Ministro de Estado do imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda que
Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado o acréscimo na compa- condicional.
ração com as idades anteriores ao referido incremento. (Incluído pela § 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão será
Lei nº 13.135, de 2015) devido, nas mesmas condições dapensão por morte, aosdependentes
§ 4o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência do segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei nº13.135, de 2015)
Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS)
será considerado na contagem das18 (dezoito) contribuições mensais Capítulo III
referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput. (Incluído pela Da Assistência à Saúde
Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de
Art. 223. Por morte ouperda da qualidade debeneciário, a res- sua família compreende assistência médica, hospitalar, odontológica,
pectiva cota reverterá para os cobeneciários. (Redação dada pela Lei psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica o implemento de
nº 13.135, de 2015) ações preventivas voltadas para a promoção da saúde e será prestada
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de2015) pelo Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou en-
II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de2015) tidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou

23
Legislação
contrato, ou ainda naforma de auxílio, mediante ressarcimento parcial Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
do valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus dependen-
tes ou pensionistas com planos ou seguros privados de assistência à Título VIII
saúde, na forma estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei Capítulo Único
nº 11.302 de 2006) Das Disposições Gerais
§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida pe-
rícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou junta Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte e
médica ocial, para a sua realização o órgão ou entidade celebrará, oito de outubro.
preferencialmente, convênio com unidades de atendimento do sistema
público de saúde, entidades sem ns lucrativos declaradas de utilidade Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Execu-
pública, ou com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. (In- tivo, Legislativo e Judiciário, osseguintes incentivos funcionais,além
cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) daqueles já previstos nos respectivos planos decarreira:
§ 2o Na impossibilidade, devidamente justicada, da aplicação I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos que
do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promoverá a favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos ope-
contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica, que cons- racionais;
tituirá junta médica especicamente para esses ns, indicando os II - concessão de medalhas, diplomas dehonra ao mérito, conde-
nomes e especialidades dos seus integrantes, com acomprovação de coração e elogio.
suas habilitações e de que não estejam respondendo a processo disci-
plinar junto à entidade scalizadora da prossão. (Incluído pela Lei nº Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em dias
9.527, de 10.12.97) corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do venci-
§ 3o Para os ns do disposto no caput deste artigo, cam a União mento, cando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o prazo
e suas entidades autárquicas e fundacionaisautorizadas a: (Incluí- vencido em dia em que nãohaja expediente.
do pela Lei nº 11.302 de 2006)
I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação de ser- Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção lo-
viços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados sóca ou política, o servidor não poderá serprivado de quaisquer dos
ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos seus direitos, sofrer discriminação em suavida funcional, nem eximir-
grupos familiares denidos, com entidades de autogestão por elas se do cumprimento de seus deveres.
patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente cele-
brados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam au-
Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da
torização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo que os
Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os se-
convênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo na
forma da regulamentação especíca sobre patrocínio de autogestões, guintes direitos,
a) de entre outros,
ser representado delasindicato,
pelo decorrentes:
inclusive como substituto
a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no prazo de 180 (cento
e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas também aplicáveis processual;
aos convênios existentes até 12 defevereiro de 2006; (Incluído pela b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o
Lei nº 11.302 de 2006) nal do mandato, exceto se a pedido;
II - contratar, mediante licitação,na forma da Lei no 8.666, de 21 c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de assis- que for liado, o valor dasmensalidades e contribuições denidas em
tência à saúde que possuam autorização de funcionamento do órgão assembléia geral dacategoria.
regulador; (Incluído pela Lei nº 11.302 de2006) d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) e) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
§ 5o O valor do ressarcimento ca limitado ao total despendido Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do cônjuge
pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de e lhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e constem do
assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº11.302 de 2006) seu assentamento individual.
Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou com-
Capítulo IV panheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
Do Custeio Art. 242. Para os ns desta Lei, considera-se sede o município
onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercício,
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99) em caráter permanente.

Título VII Título IX


Capítulo Único Capítulo Único
Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse Público Das Disposições Transitórias e Finais

Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por
esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos Pode-
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) res da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as em regi-
me especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de
Art. 234.. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da

24
Legislação
União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo De- Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer,
creto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, exceto os contratados por dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposentadoria
prazo determinado, cujos contratos não poderão ser prorrogados após nos termos do inciso II do art. 184 doantigo Estatuto dos Funcionários
o vencimento do prazode prorrogação. Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 deoutubro de 1952, apo-
§ 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no regime sentar-se-á com a vantagem prevista naquele dispositivo. (Mantido
instituído por esta Lei cam transformados em cargos, nadata de sua pelo Congresso Nacional)
publicação.
§ 2o As funções de conança exercidas por pessoas não integran
- Art. 251.. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
tes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm exercício
cam transformadas em cargos em comissão, e mantidas enquanto Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publ
icação, com
não
ma daforlei.
implantado o plano de cargos dos órgãos ou entidades na for- efeitos nanceiros a partir doprimeiro dia do mês subseqüente.
§ 3o As Funções deAssessoramento Superior - FAS, exercidas Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de
por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, cam extintas 1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais dis-
na data da vigência desta Lei. posições em contrário.
§ 4o (VETADO).
§ 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários da Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169
o
da Independência e
Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber. 102o da República.
§ 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade FERNANDO COLLOR
no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade brasi- Jarbas Passarinho
leira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo órgão ou
entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de carreira LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
aos quais se encontrem vinculados os empregos. Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da
§ 7o Os servidores públicos deque trata ocaput deste artigo, não União, das autarquias e dasfundações públicas federai
amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais Tran- Partes vetadas pelo Presidente da República e mantidas pelo
sitórias, poderão, no interesse da Administração econforme critérios Congresso Nacional, do Projeto que se transformou na Lei n.°8.112,
estabelecidos em regulamento, ser exonerados mediante indenização de 11 de dezembro de 1990, que “dispõe sobre oRegime Jurídico dos
de um mês de remuneração por ano de efetivo exercício no serviço
Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e das fundações
público federal.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
públicas federais”.
§ 8o Para ns de incidência do imposto de renda na of nte e na
declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações
O PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL:
isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista no
parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL manteve, e eu,
§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto no MAURO BENEVIDES, Presidente do Senado Federal, nos termos
§ 7o poderão ser extintos peloPoder Executivo quando considerados do § 7° do art. 66 da Constituição, promulgo as seguintes partes da Lei
desnecessários.(Incluído pela Lei nº9.527, de 10.12.97) n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990:
«Art. 87 ........................................................................................
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos aos .....................................
servidores abrangidos por esta Lei, camtransformados em anuênio. § 1° ..............................................................................................
Art. 245. A licença especial disciplin
ada pelo art. 1 6 da Lei nº ....................................
1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, ca transformada em -li § 2° Os períodos de licença-prêmio já adquiridos e não gozados
cença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 a90. pelo servidor que vier a falecer serão convertidos em pecúnia, em fa-
vor de seus beneciários da pensão.
Art. 246. (VETADO).
Art. 192. O servidor quecontar tempo de serviço para aposenta-
Art. 247. Para efeito do disposto noTítulo VI desta Lei, haverá doria com provento integral será aposentado:
ajuste de contas com aPrevidência Social, correspondente ao período I - com a remuneração do padrão declasse imediatamente supe-
de contribuição por parte dosservidores celetistas abrangidos pelo art. rior àquela em que se encontra posicionado;
243. (Redação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91) II - quando ocupante da última classe da carreira, com a remune-
ração do padrão correspondente, acrescida da diferença entre esse e o
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência des
- padrão da classe imediatamente anterior.
ta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de srcem do
servidor. Art. 193. O servidor que tiver exercido função de direção, chea,
assessoramento, assistência ou cargo em comissão, por período de 5
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os servi- (cinco) anos consecutivos, ou 10 (dez) anosinterpolados, poderá apo-
dores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nospercentuais sentar-se com a graticação da função ou remuneração do cargo em
atualmente estabelecidos para o servidor civil daUnião conforme re- comissão, de maior valor, desde que exercido por um período mínimo
gulamento próprio. de 2 (dois) anos.

25
Legislação
§ 1° Quando o exercício da função ou cargo em comissão de maior valor não corresponder ao período de 2 (dois) anos, será incorporada a
graticação ou remuneração da função oucargo em comissão imediatamente inferior dentre os exercidos.
§ 2° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens previstas no
art. 192, bem como a incorporação de que tratao art. 62, ressalvado
o direito de opção.

Art. 231. ...........................................................................................................................


§ 1° ..................................................................................................................................
§ 2º O custeioda aposentadoria éde responsabilidade integral do Tesouro Nacional.
Art. 240. ...........................................................................................................................
a) .....................................................................................................................................
b) .....................................................................................................................................
c) .....................................................................................................................................
d) de negociaçãocoletiva;
e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frenteà Justiçado Trabalho, nos termosda Constituição Federal.

Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ouvier a satisfazer, dentro de 1 (um)ano, as condições necessárias para aaposentadoria nos termos
do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a
vantagem prevista naqueledispositivo.”
Senado Federal, 18 de abril de 1991. 170° daIndependência e 103° da República.

Questões
1 (TJ/SP 2013 - VUNESP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO) Com relação ao processo por Abandono do Cargo ou Função e por
Inassiduidade, pode-se armar que:
a) será instaurado processo para apurarabandono de cargo ou função, mesmose o servidor tiver pedido exoneração.
b) não será extinto o processo instaurado exclusivamente para apurar a inassiduidade, se o indiciado pedir exoneração até a data designada
para o interrogatório.
c) não será instaurado processo para apurar abandono de cargo ou função se o servidor tiver pedido exoneração.
d) não será extinto o processo instaurado exclusivamente para apurar abandono de cargo ou função, se o indicia
do pedir exoneração até a data designada para o interrogatório, ou por ocasião deste.
e) será instaurado
Resposta: processo
Alternativ
aC para apurara inassiduidade, mesmo se oservidor tiver pedido exoneração.
2. ( CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PROGRAMAÇÃO DE SISTEMAS)
A respeito de controle e responsabilização da administração pública, julgue os itens subsequentes.
Cabe ao presidente daRepública aplicar a penalidade de demissão aoservidor público, sendo essa competência não delegável.

CERTO - ERRADO

Resposta: ERRADO

3. (TRT 9ª 2013 - FCC - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA)


Carlos, servidor público federal ocupante de cargo efetivo, estável, casado
é com Ana, também servidora pública, e ambos possuema mesma
localidade de exercício funcional. Ocorre que Ana foi deslocada para outra cidade, no
interesse da Administração. De acordo com as disposições
da Lei no 8.112/90, Carlos

a) pode ser removido a pedido, nointeresse da Administração, desde que Ana tenha ingressado no serviçopúblico antes dele.
b) possui direito à remoção a pedido, a critério da Administração, desde que Ana seja servidora federal.
c) pode ser removido de ofício, independentemente do interesse da Administra ção.
d) possui direito à remoção a pedido, mesmo que Ana sejaservidora estadual ou municipal.
e) não pode ser removido apedido, mas apenas de ofício e desde que conte commais de cinco anos de serviço público.

Resposta: Alternativa D

4 (TRT 9ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Saulo, ocupante de cargo efetivo do Poder Executivo - fede
ral, foi informado que seu cargo fora deslocado para outro órgão da Administração direta federal, no qual deveria passar a atuar. De acordo com as
disposições da Lei no8.112/90, trata-se do instituto da
a) remoção, que somente podeocorrer de ofício porinequívoca necessidade de serviço e observada aequivalência de vencimentos.
b) remoção de ofício, que pressupõe, entre outros requisitos, o mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação prossional.
c) redistribuição, que pressupõe, entre outros requisitos, a manutenção da
essência das atribuições do cargo.

26
Legislação
d) redistribuição, que, todavia, somente pode ser aplicada em re-
lação a cargos vagos, assegurando a Saulo o direito depermanecer no
órgão de srcem.
e) redistribuição do servidor,que pode ser a pedido ou de ofício,
pressupondo, entre outros requisitos, a compatibilidade de atribuições.

Resposta: AlternativaC

5 ( TRT 1ª 2013 - FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA


ADMINISTRATIVA) Ana, servidora pública ocupante de cargo efe-
tivo e com função comissionada de chea em órgão da Administração
pública federal recusou-se, injusticadamente, a atualizar seus dados
cadastrais na forma regularmente solicitada pelo órgão de pessoal.
Diante de tal conduta, sujeita-se à penalidade disciplinar de

A) advertência, aplicada por escrito.


B) suspensão, com prazo máximo de 15 (quinze) dias.
C) destituição da função comissionada.
D) suspensão da função comissionada, pelo prazo máximo de 15
(quinze) dias.
E) suspensão ou, no caso de reincidência, demissão.

Resposta: Alternativa A

27
Conhecimentos Específicos
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Para solucionar a questão do relacionamento empregado
1. CONHECIMENTOS BÁSICOS EM ADMI- x empregador, Taylor propõe quatro “grandes princípios”: 1) O
NIS TRA ÇÃO: CAR ACT ERÍ STI CAS BÁS ICA S desenvolvimento de uma verdadeira ciência do trabalho, em que
DA S O RG ANI ZAÇ ÕES , NATU REZ A, seria necessária uma investigação cientíca para se chegar a uma
FINALIDADE, EVOLUÇÃO, NÍVEIS jornada de trabalho justa. Neste caso, o empregador saberia qual a
E DE PARTAME NTAL IZ AÇÃ O. quantidade de trabalho ideal a ser realizada pelo trabalhador, e este
receberia uma alta taxa de pagamento, já que este busca a “maxi-
mização de seus ganhos”; 2) A seleção cientíca e o desenvolvi-
mento progressivo do trabalhador. Aqui caberia à administração da
organização desenvolver os trabalhadores, buscando garantir que
estes se tornem altamente produtivos, ou seja, de “primeira linha”;
O aprofundamento da Revolução Industrial a partir da segun- 3) A conexão da ciência do trabalho e trabalhadores cienticamen-
da metade do século XIX gerou inúmeras consequências para a te selecionados e treinados; 4) A constante e íntima cooperação de
sociedade, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento
gestores e trabalhadores. Esta cooperação eliminaria os conitos,
e aumento da complexidade das organizações empresariais. O apa-
recimento exponencial de novas tecnologias, invenções, inovações já que os gestores e operários estariam cientes de suas responsabi-
técnicas e sociais, e a tendência de concentração do capital, ocasio- lidades e funções.
nou o surgimento de grandes fábricas responsáveis por empregar O trabalho de Taylor visou resolver a problemática da depen-
- em um só local – centenas e às vezes milhares de seres humanos dência do capital frente ao trabalho vivo. Para isso, a administra-
que só tinham a força de trabalho a oferecer aos detentores dos ção deveria entender, sistematizar e normatizar a execução das ta-
meios de produção. refas dentro da organização, visando a máxima produtividade por
Dentro desse contexto de grandes mudanças econômicas, so- meio das ferramentas adequadas.
ciais e demográcas, muitos estudiosos e prossionais começaram O Taylorismo, esclarecendo que este se caracteriza como uma
a perceber o quão difícil se tornava a organização e o controle forma de controle do capital sobre os processos de trabalho, atra-
dessas grandes empresas, as quais precisavam lidar com diversas vés do controle de todos os tempos e movimentos do trabalhador,
variáveis, ao mesmo tempo em que buscavam garantir o lucro ne- ou seja, do trabalho vivo.
cessário à manutenção do empreendimento e a remuneração do A Teoria Clássica da Administração de Henri Fayol surgia
capital investido. No início do século XX, grandes empresários, logo depois dos primeiros estudos e resultados de Taylor realiza-
como Ford, Rockefeller dentre outros, estavam com bastantes dos nos Estados Unidos. Pode-se dizer que o ponto de partida foi
problemas em seus conglomerados, principalmente no que tange em 1916, com a primeira publicação do trabalho de Fayol, inti-
à gestão dos empregados. Dessa forma, foram nas duas primeiras tulado Administration Industrielle et Générale – Prévoyance, Or-
décadas
ritos do século passado
da indústria”, os quais que apareceram os
apresentaram-se acadêmicos
oferecendo e “pe-
ajuda aos ganisation, Comandement,
Administração Cientíca, aCoordination, Controle.
Teoria Clássica Assim como
se caracterizava tam-a
empresários americanos e europeus. bém pela busca da eciência organizacional, porém com um foco
Como havia a necessidade de produção em massa, devido à diferenciado: a estrutura da organização e as funções gerenciais.
demanda sempre crescente e a exploração de novos mercados, a Fayol estabeleceu a denição de gerência, como compreen-
relação empregado x empregador parecia ser a mais complexa. Os dendo cinco elementos: 1) Planejar, diz respeito ao “olhar para
principais problemas podem ser assim enumerados: 1) altíssimas o futuro”, preparando-se para ele. Sobre essa função, a gerência
taxas de rotatividade da mão-de-obra; 2) pressão por produtivi- deveria levar em conta os objetivos de cada unidade e alinha-
dade por meio de atitudes muitas vezes agressivas e injustas; 3) mento aos objetivos organizacionais; utilizar previsões de curto e
baixa qualicação dos empregados; 4) necessidade de adaptação longo prazo; ter exibilidade para adaptações do plano; ser capaz
às novas tecnologias, como a linha de montagem; 5) modelos de
remuneração capazes de gerar motivação e produtividade. de prognosticar os cursos das ações. 2) Organizar, referindo-se a
Surge, então, neste momento, no despontar do século XX, elaboração de uma estrutura material e humana onde as ativida-
os primeiros trabalhos de cunho cientíco na administração. Os des poderão ser desenvolvidas de forma otimizada. 3) Comando,
expoentes dessa fase cientíca foram dois engenheiros: Frederick que signica manter as pessoas em atividade, buscando, através
Winslow Taylor, responsável pelo desenvolvimento da Escola da da liderança e relacionamento, o melhor desempenho dos cola-
Administração Cientíca, e Henri Fayol, criador da Teoria Clássi- boradores. 4) Coordenação, em que o gestor busca harmonizar e
ca. Dessa forma, a chamada Abordagem Clássica da Administra- unicar todos os esforços e atividades, a m de que os objetivos
ção é formada pelas duas abordagens construídas por esses dois das unidades estejam alinhados com os objetivos estratégicos da
engenheiros pesquisadores. organização. 5) Controle, responsável pela vericação do desem-
Os trabalhos de Taylor podem ser considerados como a pri- penho de todos os elementos anteriores. O controle deve se certi-
meira tentativa de fundar uma “ciência da administração”. O pes- car que as atividades estão sendo realizadas de acordo com o plano
quisador era engenheiro, e teve a possibilidade de atuar em vários estabelecido.
cargos dentro uma fábrica, desde operário até engenheiro-chefe.
Após alguns anos como empregado, Taylor passou a trabalhar Fayol também desenvolveu alguns princípios gerais da admi-
como consultor, aperfeiçoando suas pesquisas e ideias sobre ges- nistração, os quais são a base de sua teoria. São alguns deles: divi-
tão. O aspecto fundamental de sua teoria é a busca do aumento da são do trabalho (a especialização torna o indivíduo mais produti-
eciência da organização, por meio da racionalização do trabalho vo); unidade de comando, em que Fayol estabelece que o empre-
e da obtenção de métodos mais ecientes de controle dos traba - gado deve ter somente um chefe, para evitar conitos de comando;
lhadores. remuneração, como importante fator de motivação; cadeia escalar,

1
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
em que se diz que a hierarquia é necessária, porém a comunicação Quanto maior o nível de estrutura maior a distância social.
lateral também é importante, desde que os superiores sejam infor-
mados a respeito daquilo que está sendo tratado; espírito de equi- • Organização funcional.
pe, equidade e justiça na condução da empresa; ordem material, Baseada no tipo de trabalho a ser feito. Na subdivisão do tra-
social e estabilidade de pessoal, para minimização dos custos com balho.
desenvolvimento da equipe. Status de função. Fonte de conito. (mesma linha hierárquica,
Apesar das criticas à visão minimalista do ser humano (homo importância do trabalho)
economicus) ou talvez a uma “falta de humanidade” dos princí-
pios tayloristas, que levariam o homem a comportar-se como uma • Organização do estado-maior.
máquina, as contribuições de Taylor e Fayol foram de essencial Fundamentada na especialização.
importância para o desenvolvimento posterior da administração, Posição de aconselhamento – não possuem autoridade na or-
servindo de base para várias áreas, tais como a engenharia indus- ganização.
trial, gestão de processos, qualidade, modelos de gestão e aperfei- Podem ser integradas na organização em linha.
çoamento das funções gerenciais.
FRAQUEZAS NA TEORIA DA ORGANIZAÇÃO FOR-
ORGANIZAÇÃO FORMAL
MAL
Hierarquia ocial como ela se apresenta no papel. Piramidal. • Problemas de coordenação - deciências na comunicação
devido ao fator tempo, espaço e as divisões naturais da estrutura .
Status • Tempo - pouco contato entre turnos e pessoas, problemas são
•Diferença entre operários e pessoal do escritório. deixados para o outro turno, vagas trocas de informações.
•Status medido pela opulência do escritório. Cada um em sua • Espaço - unidades podem estar amplamente separadas, quan-
posição. to maior a separação maior diculdade de coordenação. Distância
•Pessoas do mesmo departamento, juntas. espacial tende a levar distância social.
• Divisões da estrutura - funções diferentes, vários departa-
Autoridade e Poder: mentos na mesma linha horizontal – difícil o membros de um nível
• de cima para baixo apreciar o trabalho de outro nível.
A organização formal não pode ser eliminada; é inevitável e
Ordens para baixo e informações para cima. essencial, pois nenhuma organização pode ser compreendida sem
As informações sempre são relativas à produção e nunca em o conhecimento da organização formal, é quase impossível tam-
relação aos problemas humanos e ressentimentos. bém compreendê-la apenas nessa base.
Informações
de cochichos. (nãorelativas
ociais)a assuntos pessoais circulam em forma nos -Vantagem
solução dedaproblemas,
grande empresa - resolver
esquemas os problemas
de participação, huma-
benécos,
Comitês – tratar assuntos emocionais, pessoais e técnicos. etc, dando segurança aos trabalhadores.
Limitam-se a tratar de assuntos e queixas triviais e formais. Desvantagem – sua natureza impessoal, diculdade de comu-
Ressentimentos se manifestam: greves, sabotagens, absente- nicação.
ísmo, etc. A estrutura de uma rma e sua organização inuenciam o
comportamento dos indivíduos e grupos. Assim como os atos in-
Firma do tipo autoritário leva o trabalhador a um estado de dividuais só podem ser compreendidos em relação ao grupo e o
civilidade e disciplina supercial. comportamento de grupo só pode ser compreendido num contexto
Trabalham na presença do “chefe”. Atmosfera de medo. de um grupo maior ao qual pertencem.
Para se estudar pequenos grupos faz-se necessário o conheci-
Promoção
mento das estruturas maiores. O grupo sofre inuências de fatores
Gerentes promovem pessoas bem adaptadas ou que adotem
seu ponto de vista. “Escolhidas” do gerente. vindos de fora do mesmo.

Características das organizações formais DEPARTAMENTALIZAÇÃO


1. deliberadamente impessoal; É uma divisão do trabalho por especialização dentro da estru-
2. baseada em relações ideais; tura organizacional da empresa.
3. baseada na “hipótese da gentalha” sobre a natureza hu- Ou Departamentalização é o agrupamento, de acordo com um
mana. (a competição leva a máxima eciência, luta de cada um por critério especíco de homogeneidade, das atividades e correspon-
si leva a servir aos melhores interesses do grupo, homem unidade dente recursos (humanos, nanceiros, materiais e equipamentos)
isolada que podem ser deslocadas de um trabalho para o outro...) em unidades organizacionais.
iguala o bem da organização com o bem dos indivíduos que a com- Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organiza-
põem. ções decidem sobre a conguração organizacional que será usada
para agrupar as várias atividades. O processo organizacional de
Estrutura de trabalho determinar como as atividades devem ser agrupadas chama-se De-
• Organização em linha. partamentalização.
Divisão básica na estrutura de trabalho – baseada na autorida- Formas de Departamentalizar:
de – função denida (cada um tem um chefe e é responsável por 1- Função
chear). 2- Produto ou serviço

2
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
3- Território • A coordenação de funções ao nível da divisão de produto
4- Cliente torna-se melhor.
5- Processo • Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lucro.
6- Projeto • Facilita a coordenação de resultados.
7- Matricial • Propicia a alocação de capital especializado para cada grupo
8- Mista de produto.
• Propicia condições favoráveis para a inovação e criatividade.
Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações
usam uma abordagem da contingência à Departamentalização: Desvantagens:
isto é, a maioria usará mais de uma destas abordagens usadas em • Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí re-
algumas das maiores organizações. A maioria usa a abordagem sultar duplicação desnecessária de recursos e equipamento.
funcional na cúpula e outras nos níveis mais baixos. • Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades de
atividade nos vários grupos de produtos.
• Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos se
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR FUNÇÕES
tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura da
A Departamentalização funcional agrupa funções comuns ou empresa.
atividades semelhantes para formar uma unidade organizacional.
Assim todos os indivíduos que executam funções semelhantes - DEPARTAMENTALIZAÇÃO TERRITORIAL
cam reunidos, todo o pessoal de vendas, todo o pessoal de contabi- Algumas vezes mencionadas como regional, de área ou geo-
lidade, todo o pessoal de secretaria, todas as enfermeiras, e assim gráca. É o agrupamento de atividades de acordo com os lugares
por diante. onde estão localizadas as operações. Uma empresa de grande porte
A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer pode agrupar suas atividades de vendas em áreas do Brasil como
nível e é normalmente encontrada muito próximo à cúpula. a região Nordeste, região Sudeste, e região Sul. Muitas vezes as
Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional liais de bancos são estabelecidas desta maneira.
são: As vantagens e desvantagens da Departamentalização terri-
• Mantém o poder e o prestígio das funções principais torial são semelhantes às dadas para a Departamentalização de
• Cria eciência através dos princípios da especialização. produto. Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as neces-
• Centraliza a perícia da organização. sidades singulares de sua área, mas exige coordenação e controle
• Permite maior rigor no controle das funções pela alta admi- da administração de cúpula em cada região.
nistração.
• Segurança na execução de tarefas e relacionamento de co - DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR CLIENTE
legas.• Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de A Departamentalização
atividades de cliente
de tal modo que elas consiste
focalizem em agruparuso
um determinado as
produtos. do produto ou serviço. A Departamentalização de cliente é usada
principalmente no grupamento de atividade de vendas ou serviços.
Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na abor- As lojas de departamentos, por exemplo, podem ter uma seção
dagem funcional. para o grupo dos catorze aos vinte anos, uma seção para gestan-
• Entre elas podemos dizer: tes ou uma seção de roupas masculinas sociais, sem mencionar os
• A responsabilidade pelo desempenho total está somente na departamentos para bebês e crianças. Em cada caso, o esforço de
cúpula. vendas pode concentrar-se nos atributos e necessidades especicas
• Cada gerente scaliza apenas uma função estreita. do cliente.
A principal vantagem da Departamentalização de cliente é a
• O treinamento de gerentes para assumir a posição no topo é adaptabilidade uma determinada clientela.
limitado. As desvantagens são:
• A coordenação entre as funções se torna complexa e mais • Diculdade de coordenação.
difícil quanto à organização em tamanho e amplitude. • Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes
• Muita especialização do trabalho. para concessões especiais em benefício de seus próprios clientes.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE PRODUTO DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROCESSO OU
É feito de acordo com as atividades inerentes a cada um dos EQUIPAMENTO
produtos ou serviços da empresa. É o agrupamento de atividades que se centralizam nos pro-
Exemplos de Departamentalização de produto: cessos de produção ou equipamento. É encontrada com mais fre-
1- Lojas de departamentos quência em produção. As atividades de uma fábrica podem ser
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, Mer- grupadas em perfuração, esmerilamento, soldagem, montagem e
cury e Lincoln Continental. acabamento, cada qual em seu departamento.
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados, Você perceberá uma modicação deste agrupamento organi-
como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana. zacional quando comprar um hamburguer em um restaurante de
Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização serviço rápido. Note que algumas pessoas estão assando a carne,
de produtos são: outras estão fritando as batatas, e outras preparando a bebida. Usu-
• Pode-se dirigir atenção para linhas especicas de produtos almente há um anotador de pedidos que também recebe o paga-
ou serviços. mento e compõe o pedido.

3
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Vantagens: Outro critério básico para departamentalização está baseado
• Maior especialização de recursos alocados. na diferenciação e na integração, os princípios são:
• Possibilidade de comunicação mais rápida de informações • Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades
técnicas. diferentes devem car em departamentos separados. A diferencia-
ção ocorre quando:
Desvantagens: • O fator humano é diferente,
• Possibilidade de perda da visão global do andamento do pro- • A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes,
cesso. • Os ambientes externos são diferentes,
• Flexibilidade restrita para ajustes no processo. • Os objetivos e as estratégias são diferentes.

DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETO A integração – Quanto mais atividades trabalham integradas,


Aqui as pessoas recebem atribuições temporárias, uma vez maior razão para carem no mesmo departamento.
que o projeto tem data de inicio e término. Terminado o projeto as Fatores de integração são:
pessoas são deslocadas para outras atividades. • Necessidade de coordenação.
Por exemplo: uma rma contábil poderia designar um sócio
(como administrador de projeto), um contador sênior, e três con- DEPARTAMENTALIZAÇÃO MISTA
tadores juniores para uma auditoria que está sendo feita para um É o tipo mais frequente, cada parte da empresa deve ter a es-
cliente. trutura que mais se adapte à sua realidade organizacional.
Uma empresa manufatureira, um especialista em produção,
um engenheiro mecânico e um químico poderiam ser indicados
para, sob a chea de um administrador de projeto, completar o
projeto de controle de poluição. 2. FUNÇÕES DO PROCESSO ADMINISTRA-
Em cada um destes casos, o administrador de projeto seria TIVO: PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO,
designado para chear a equipe, com plena autoridade sobre seus DI REÇ ÃO E CO NT ROL E.
membros para a atividade especíca do projeto.

DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE MATRIZ
A Departamentalização de matriz é semelhante à de projeto, Planejamento
com uma exceção principal. No caso da Departamentalização de
matriz, o administrador de projeto não tem autoridade de linha A partir de agora falaremos sobre o princípio do Planejamento
sobre os membros
administrador da equipe.
de projeto Em lugaraos
é sobreposta disso, a organização
vários do
departamentos e tudo
Seoprestarmos
que ocorre em função“Planejar”
atenção, dele. é algo muito comum em
funcionais, dando a impressão de uma matriz. nossa rotina. Planejamos nosso dia, nossos compromissos, nossas
A organização de matriz proporciona uma hierarquia que res- compras, nossas prioridades, nossas ações, enm, o planejamento
ponde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é tipica- está presente em quase toda situação.
mente encontrada em organização de orientação técnica, como a Nas organizações também não poderia ser diferente, inclusive,
Boeing, General Dynamics, NASA e GE onde os cientistas, enge- planejamento dentro da gestão é elemento vital.
nheiros, ou especialistas técnicos trabalham em projetos ou pro- Planejamento é a primeira das funções administrativas, e está
gramas sosticados. Também é usada por empresas com projetos relacionada com tudo aquilo que a organização pretende fazer, exe-
de construção complexos. cutar, alcançar.
Vantagens: Permitem comunicação aberta e coordenação de Podemos considerar o planejamento como “o ato de determinar
atividades entre os especialistas funcionais relevantes. Capacita a as metas da organização e os meios para alcançá-las”.
organização a responder rapidamente à mudança. São abordagens Dentro do conceito Planejamento, encontramos alguns princí-
orientadas para a tecnologia. pios, abaixo uma conceituação feita por Djalma de Oliveira, para
Desvantagens: Pode haver choques resultantes das priorida- melhor entendermos esses princípios.
des.
Princípio da precedência: corresponde a uma função adminis-
A MELHOR FORMA DE DEPARTAMENTALIZAR trativa que vem antes das outras (organização, direção e controle).
Para evitar problemas na hora de decidir como departamenta- Na realidade é difícil separar e sequenciar as funções administra-
lizar, pode-se seguir certos princípios: tivas, mas pode-se considerar que, de maneira geral, o planeja-
• Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso mento “do que
cesso. Como é e como vaio ser
consequência, feito” aparece
planejamento na ponta
assume umado pro-
situação
de uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição.
• Principio do maior interesse – o departamento que tem maior de maior importância no processo administrativo.
interesse pela atividade deve supervisioná-la. Princípio da contribuição aos objetivos: o planejamento
• Principio da separação e do controle – As atividades do con- deve, sempre, visar aos objetivos máximos da empresa. No pro-
trole devem estar separadas das atividades controladas. cesso de planejamento devem-se hierarquizar os objetivos es-
• Principio da supressão da concorrência – Eliminar a con- tabelecidos e procurar alcançá-los em sua totalidade, tendo em
corrência entre departamentos, agrupando atividades correlatas no vista a interligação entre eles.
mesmo departamento.

4
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Princípio da universalidade: prevê que abrange toda a orga- Planejamento Operacional – pode ser considerado como a for-
nização e pode provocar mudança em todas suas esferas. malização, principalmente através de documentos escrito das meto-
dologias de desenvolvimento e implantações estabelecidas. Portan-
Princípio da maior eciência, ecácia e efetividade : O pla- to, nesta situação, tem-se basicamente os planos de ação, ou planos
nejamento deve procurar maximizar os resultados e minimizar operacionais.
as deciências. Através desses aspectos, o planejamento procu - Os planejamentos operacionais correspondem a um conjunto
ra proporcionar a empresa uma situação de eciência, ecácia e de partes homogêneas do planejamento tático, e devem conter com
efetividade. detalhes: os recursos necessários a seu desenvolvimento e implanta-
ção; os procedimentos básicos a serem adotados; os produtos ou re-
Partes d o Planeja mento sultados nais esperados; os prazos estabelecidos e os responsáveis
pela sua execução e implantação.
• Planejamento dos fns – especicação do estado futuro
desejado: a visão, missão, os propósitos, os objetivos, os objeti- Ciclo básico dos três tipos de planejamento
vos setoriais, os desaos e as metas
• Planejamento dos meios - proposição de caminhos
para a empresa chegar ao estado futuro desejado
• Planejamento organizacional – esquematização dos
requisitos organizacionais para poder realizar os meios propostos
• Planejamento dos recursos – dimensionamento de re-
cursos humanos, tecnológicos e materiais. Estabelece-se progra-
mas, projetos e planos de ação necessários ao alcance do futuro
desejado.
• Planejamento da implantação e do controle – corres-
ponde à atividade de planejar o acompanhamento da implantação
do empreendimento

Na prática, podem-se distinguir três tipos de planejamento:

Planejamento Estratégico – é conceituado como um proces-


so gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser Em resumo:
seguido pela empresa com o seu ambiente.

açõesRelaciona-se a objetivos
par alcançá-los, de longo
que afetam prazocomo
a empresa e com
ummaneiras
todo. e O PLANEJAMENTO
lacionamento ADMINISTRATIVO
e da integração interna cuida do re-
da organização (atribuição de
Recursos Humanos e de Finanças).
Planejamento Tático – relaciona-se a objetivos de curto pra- • O PLANEJAMENTO OPERACIONAL cuida das opera-
zo, e com maneiras e ações que, geralmente, afetam somente uma ções da empresa (atribuição de Compras, Vendas e Produção).
parte da empresa.
Tem como eixo central otimizar determinadas áreas de re- Organização
sultados, e não a empresa como um todo. Portanto, trabalha com
decomposição dos objetivos e políticas estabelecidas no planeja- Comportamento organizacional
mento estratégico. As organizações possuem aspectos formais, tais como organo-
grama, normas, relatórios, logotipo, símbolos, relações denidas de
Desenvolvimento de planejamentos táticos chea.
As pessoas, porém, são complexas, pouco previsíveis, e seus
comportamentos são inuenciados por uma innidade de variáveis.
É este o objeto de estudo do comportamento organizacional: a
dinâmica da organização e suas inuências sobre o comportamento
humano. Com o estudo sistemático do comportamento humano nas
organizações, podemos identicar elementos que inuenciam tal
comportamento. Entre as principais variáveis estudadas neste cam-

po da
ça, administração,
trabalho podemos
em equipe, culturacitar temasorganizacional.
e clima como motivação, lideran-

Motivação
Trata-se de processos psíquicos que a pessoa tem que a impul-
siona à ação. Existe uma inuência tanto individual como pelo con
-
texto em que essa pessoa se encontre. Indivíduos motivados tendem
a ter um melhor desempenho, o que faz com que a organização in-
vista em estímulos para promover essa motivação.

5
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem dúvida, O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas: uma neces-
a solução inovadora para que se pudesse compreender melhor o sidade rompe o estado de equilíbrio do organismo, causando um es-
comportamento humano na sua variedade. Um mesmo indivíduo tado de tensão, insatisfação, desconforto e desequilíbrio. Esse estado
ora persegue objetivos que atendem a uma necessidade, ora busca de tensão leva o indivíduo a um comportamento ou ação, capaz de
satisfazer outras. Tudo depende da sua carência naquele momento. descarregar a tensão ou livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio.
Duas pessoas não perseguem necessariamente o mesmo objetivo no Se o comportamento ‘for ecaz o indivíduo encontrará a satisfação
mesmo momento. O problema das diferenças individuais assume da necessidade e, portanto, a descarga da tensão provocada por ela’.
importância preponderante quando falamos de motivação. Satisfeita a necessidade, o organismo volta ao estado de equilíbrio
O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar-se e anterior e à sua forma de ajustamento ao ambiente.
alcançar seus objetivos.Podemos identicar os seguintes tipos de As necessidades ou motivos não são estáticos, pelo contrario,
motivação: são
Comforças dinâmicas eepersistentes
a aprendizagem a repetiçãoque provocam
(reforço comportamentos.
positivo), os compor-
• Motivação Externa: a pessoa realiza determinadas tarefas por tamentos tornam-se gradativamente mais ecazes na satisfação, de
ser “obrigada”, ou seja, são impostas determinações para que essa certas necessidades. E quando uma necessidade é satisfeita ela não
pessoa cumpra. É a forma mais “primitiva” de motivação, basea- é mais motivadora de comportamento já que não causa tensão ou
da na hierarquia e normalmente utilizando as punições como fator desconforto.
principal de motivação. Trata-se de “fazer o ordenado para não ser O ciclo motivacional pode alcançar vários níveis de resolução
punido”, “cumprir ordens”. da tensão: uma necessidade pode ser satisfeita, frustrada (quando a
satisfação é impedida ou bloqueada) ou compensada (a satisfação é
• Pressão Social: a pessoa cumpre as atividades porque outras transferida para objeto). Muitas vezes a tensão provocada pelo sur-
pessoas também o fazem. Ela não age por si, mas sim, para acom- gimento da necessidade encontra uma barreira ou obstáculo para a
panhar um grupo e cumprir as expectativas de outras pessoas. Aqui, sua liberação. Não encontrando a saída normal, a tensão represada
estamos falando de “fazer o que os outros fazem para ser aceito, no organismo procura um meio indireto de saída, seja por via psico-
fazer parte do grupo”. lógica (agressividade, descontentamento, tensão emocional, apatia,
indiferença etc.) seja por via siológica (tensão nervosa, insônia, -re
• Automotivação: a pessoa automotivada age por iniciativa percussões cardíacas ou digestivas etc.). Outras vezes, a necessidade
própria, em função de objetivos que escolheu. A automotivação é a não é satisfeita nem frustrada, mas é transferida ou compensada. Isto
convicção que a pessoa tem de que deseja os frutos das suas ações. se dá quando a satisfação de outra necessidade reduz ou aplaca a
É “fazer o que creio ser adequado aos meus objetivos”. intensidade de uma necessidade que não pode ser satisfeita.
Não existe motivação “certa”. Em situações de emergência, por A satisfação de alguma necessidade é temporal e passageira,
exemplo, provavelmente a simples obediência seja a ação mais indi- ou seja, a motivação humana é cíclica e orientada pelas diferentes
cada. O sucesso de uma ação coletiva pode depender da conformida- necessidades. O comportamento é quase um processo de resolução
de das ações individuais à orientação do grupo. Por outro lado, uma de problemas, de satisfação de necessidade, à medida que elas vão
pessoa pode ser fortemente auto motivada a objetivos destrutivos, surgindo.
como uma ambição excessiva. O conceito de motivação – ao nível individual – conduz ao de
O ideal seria o alinhamento de todos estes tipos de motivação; clima organizacional – ao nível da organização. Os seres humanos
pessoas auto motivadas atuando em grupos coesos, com orientação estão continuamente engajados no ajustamento a uma variedade
clara, sólida e coerente. de situações, no sentido de satisfazer suas necessidades e manter
um equilíbrio emocional. Isto pode ser denido com um estado de
O Ciclo Motivacional ajustamento. Tal ajustamento não se refere somente à satisfação das
necessidades de pertencer a um grupo social de estima e de autor-
realização. É a frustração dessas necessidades que causa muitos dos
problemas de ajustamento. Como a satisfação dessas necessidades
superiores depende muito de outras pessoas, particularmente daque-
las que estão em posições de autoridade, torna-se importante para a
administração compreender a natureza do ajustamento e do desajus-
tamento das pessoas.
O ajustamento – assim como a inteligência ou as aptidões – varia
de uma pessoa para outra e dentro do mesmo indivíduo de um mo-
mento para outro. Varia dentro de um continuum e pode ser denido
em vários graus, mas do que em tipos. Um bom ajustamento denota
“saúde mental”. Uma das maneiras de se denir saúde mental é des -
crever as características de pessoas mentalmente sadias. As caracte-
rísticas básicas de saúde mental são:
- As pessoas sentem-se bem consigo mesmas;
- As pessoas sentem-se bem em relação às outras pessoas;
- As pessoas são capazes de enfrentar por si as demandas da vida.

6
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Existem algumas teorias mais clássicas sobre motivação que são naturalmente preguiçosos, não gostam de trabalhar, precisam
veremos abaixo: ser guiados, orientados e controlados para realizarem a contento os
trabalhos. A teoria Y é o oposto: diz que os indivíduos são auto-
ü Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow : motivados, gostam de assumir desaos e responsabilidades e irão
Organiza as necessidades humanas em cinco categorias hie- contribuir criativamente para o processo se tiverem sucientes opor
-
rárquicas: necessidades siológicas, necessidades de segurança, tunidades de participação.
necessidades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de
autorrealização. Liderança
Liderança é uma habilidade que o indivíduo tem para inuen -
ü Teoria ERC de Alderfer: ciar os outros, levando-os a fazerem aquilo que ele deseja.
Tentou aperfeiçoar a hierarquia das necessidades de Maslow, A Liderança é necessária em todos os tipos de organização hu-
criando três categorias:Existência (necessidades siológicas e de mana, principalmente nas empresas, onde uma boa liderança pode
segurança), Relacionamento (dividiu a estima em duas partes: o gerar satisfação num grupo de pessoas envolvidas pelo líder, assim
componente externo da estima (social) e o componente interno da como uma má liderança pode gerar separação do grupo não atingin-
estima (autoestima) incluindo nessa categoria as necessidades so- do o mesmo objetivo da organização.
ciais e o componente externo da estima) e Crescimento (incluindo Liderança é uma questão de redução de incertezas do grupo,
aqui autoestima e a necessidade de autorrealização). pois o indivíduo que passa a contribuir mais com orientações e assis-
tência ao grupo (auxiliando para tomada de decisões ecazes) tem
ü Teoria dos dois fatores de Herzberg: maiores possibilidades de ser considerado seu líder. Assim, a Lide-
Herzberg descobriu que há dois grandes blocos de necessidade rança é uma questão de tomada de decisões do grupo.
humanas: os fatores de higiene (extrínsecos) e os fatores motiva- A Liderança é uma inuência interpessoal, a inuência envolve
cionais (intrínsecos). Os fatores de Higiene são fatores extrínsecos conceitos como poder e autoridade, abrangendo todas as maneiras
ou exteriores ao trabalho. Para Herzberg, eles podem causar a in - pelas quais se introduzem mudanças no comportamento de pessoas
satisfação e desmotivação se não atendidos, mas, se atendidos, não ou de grupos de pessoas. A importância da Liderança, sobretudo nas
necessariamente causarão a motivação. Exemplos: segurança, sta- empresas, é bastante visível nos dias de hoje, pois se a liderança é
tus, relações de poder, vida pessoal, salário, condições de trabalho, uma inuência interpessoal, que modica o comportamento, esta,
supervisão, política e administração da empresa. Os fatores motiva- deve ser dirigida à aumentar a satisfação na conquista de determina-
dores são os fatores intrínsecos, internos ao trabalho. Estes fatores da meta e na diminuição dos riscos.
podem causar a satisfação e a motivação. Exemplos: crescimento, O líder apresenta traços marcantes pôr meio dos quais pode in-
progresso, responsabilidade, o próprio trabalho, o reconhecimento uenciar o comportamento das pessoas, passando para elas parte das
e a realização.
suas ações,
com pessoasa temperamentais,
maneira de agir em
enmdeterminada situação,
alguns líderes comotraços
possuem lidar
ü Teoria da determinação de metas: tão marcantes que pode até inuenciar a missões importantes como
Considera que a determinação de metas motiva os trabalha- religião ou uma missão militar.
dores. A equipe deve participar na denição das metas (construção
Hoje em dia o espírito de Liderança é muito valorizado, tanto
conjunta), que devem ser claras, desaadoras mas alcançáveis.
no âmbito prossional como no pessoal, ser Líder não é ser o “che -
ü Teoria da equidade: fe” ou o “gerente”, é muito diferente disto. Os Líderes autênticos
Também conhecida como teoria da comparação social. A mo- são pessoas que já absorveram a verdade fundamental da existência:
tivação seria inuenciada fortemente pela percepção de igualdade e que não é possível fugir das contradições inerentes à vida. A men-
justiça existente no ambiente prossional . te de Liderança é ampla. O comportamento de Liderança envolve
ü Teoria da expectativa (ou expectância) de Victor Vroom: funções como planejar, dar informações, avaliar, arbitrar, controlar,
Construída em função da relação entre três variáveis: Valência, recompensar, estimular, punir etc., deve ajudar o grupo a satisfazer
força (instrumentalidade) e expectativa, referentes a um determina- suas necessidades. Um líder inato pode ser facilmente reconhecido
do objetivo. Valência, ou valor, é a orientação afetiva em direção a perante o grupo, pois sua capacidade de coordenar, direcionar, con-
resultados particulares. Pode-se traduzi-la como a preferência em duzir o grupo a atingir seus objetivos cam evidentes e o tornam
direção, ou não, a determinados objetivos. Valência positiva atrai o uma espécie de guia representativo do grupo.
comportamento em sua direção, valência zero é indiferente e valên- A liderança está baseada no prestígio pessoal do administrador
cia negativa é algo que o indivíduo prefere não buscar. Expectati- e na aceitação pelos dirigidos ou subordinados. Três fatores, pelo
va é o grau de probabilidade que o indivíduo atribui a determinado menos, inuem no poder de liderança de um administrador:
· posição hierárquica (status) - decorrente de sua função de au-
evento,
no emefunção
evento da relação
o resultado que seentre
buscao alcançar.
esforço que vai ser
Força, ou despendido
instrumen- toridade (direito de mandar e de se fazer obedecer);
talidade, por sua vez, é o grau de energia que o indivíduo irá ter que ·competência funcional - resultante de seus conhecimentos ge-
gastar em sua ação para alcançar o objetivo. rais e especializados (cultura geral e técnica).
·personalidade dinâmica - produto de suas características e qua-
ü Teorias X e Y: lidades pessoais (aspecto físico, temperamento, caráter, etc.).
McGregor armava que havia duas abordagens principais de Os estilos de liderança determinam o tipo de relação dos líderes
motivação e liderança: as teorias X e Y. A teoria X apresentava uma com os grupos, dependendo da diversidade da situação e das diver-
visão negativa da natureza humana: pressupunha que os indivíduos sas forças que afetam a conduta dos liderados.
A liderança autocráticaé aquela em que as decisões são toma-

7
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
das unicamente pelo líder, sem a participação da equipe. BENEFÍCIOS
A liderança liberalé aquela que praticamente não conta com a Quando um programa de avaliação é bem planejado, coorde-
participação do líder. nado e desenvolvido, traz benefícios a curto, médio e longo prazo.
Na liderança democrática, o líder participa e estimula na equi-
pe os comportamentos desejados, mas a equipe possui relativa auto- 1. Benefícios para o chefe:
nomia para, com apoio do líder, decidir. • melhor avaliar o desempenho e o comportamento dos subor-
A liderança situacionaldepende da relação entre líder, lidera- dinados, contando com uma avaliação que elimina a subjetividade.
dos e situação, não estando sujeita a um único estilo. • propor medidas e providências no sentido de melhorar o pa
-
drão de comportamento de seus subordinados.
Avaliação de Desempenho: objetivos, métodos, vantagens e •comunicar-se com seus subordinados, fazendo-os compreen -
desvantagens. der a mecânica da avaliação do desempenho como um sistema ob-
A Avaliação de Desempenho é uma importante ferramenta de jetivo.
Gestão de Pessoas que corresponde a uma análise sistemática do de-
sempenho do prossional em função das atividades que realiza, das 2. Benefícios para o subordinado:
metas estabelecidas, dos resultados alcançados e do seu potencial de • aprendem quais são os aspectos de comportamento e de de -
desenvolvimento. O objetivo nal da Avaliação de Desempenho é sempenho que a empresa mais valoriza em seus funcionários.
contribuir para o desenvolvimento das pessoas na organização. • ca conhecendo quais as expectativas de seu chefe a respeito
A Avaliação do Desempenho é um procedimento que avalia de seu desempenho e seus pontos fortes e fracos, segundo a avalia-
e estimula o potencial dos funcionários na empresa. Seu caráter é ção do chefe.
fundamentalmente orientador, uma vez que redireciona os desvios, • conhece as providências tomadas por seu chefe quanto à me-
aponta para as diculdades e promove incentivos em relação aos lhoria de seu desempenho (programa de treinamento, estágios, etc.)
pontos fortes. e as que ele próprio deverá tomar (auto correção, maior capricho,
mais atenção no trabalho, cursos por conta própria, etc.).
Avaliação de desempenho é um momento formal no qual o • condições para fazer avaliação e crítica para o seu próprio
funcionário recebe uma nota ou um conceito que classicará seu desenvolvimento e controle.
desempenho em determinado período. Ocorre a comparação entre
os resultados alcançados e os esperados e identicam-se as causas 3. Benefícios para a organização:
• mais condições para avaliar seu potencial humano a curto, mé
-
para eventuais dissonâncias. dio e longo prazo e denir a contribuição de cada empregado.
• identicação dos empregados que necessitam de reciclagem e/
Os objetivos fundamentais da avaliação de desempenho:
ou aperfeiçoamento em determinadas áreas de atividade e selecionar
ü Permitir condições de medição do potencial humano no
sentido de determinar plena aplicação. os empregados com condições
• pode dinamizar de promoção
sua política de recursosouhumanos,
transferências.
oferecendo
ü Permitir o tratamento dos Recursos Humanos como um oportunidades aos empregados (não só de promoções, mas princi-
recurso básico da organização e cuja produtividade pode ser desen- palmente de crescimento e desenvolvimento pessoal), estimulando a
volvida indenidamente, dependendo, obviamente, da forma de ad - produtividade e melhorando o relacionamento humano no trabalho.
ministração.
ü Fornecer oportunidades de crescimento e condições de MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
efetiva participação a todos os membros da organização, tendo em A avaliação de desempenho humano pode ser efetuada por in-
vista, de um lado, os objetivos organizacionais e, de outro, os obje- termédio de técnicas que podem variar intensamente, não de uma
tivos individuais.Denir o grau de contribuição de cada funcionário organização para outra, mas dentro da mesma organização quer se
para a organização; trate de níveis diferentes de pessoal ou áreas de atividades diver-
ü Identicar funcionários que necessitam de treinamento; sas. Geralmente a sistemática avaliação de desempenho humano
ü Dar suporte para a tomada de decisão acerca de promoção, atende a determinados objetivos, traçados com base uma política
remuneração, remanejamento, atribuição de novas responsabilida- de RH. Assim, como as políticas de RH variam conforme a orga-
des, dispensa e identicação de talentos; nização, não é de se estranhar que cada organização desenvolva a
ü Promover o autoconhecimento e o autodesenvolvimento dos sua própria sistemática para medir a conduta de seus empregados.
ü Empregados; Como, de maneira geral, a aplicação do pessoal é denida confor-
ü Estimular a produtividade. me o nível e as posições dos cargos, geralmente as organizações
utilizam mais de uma avaliação de desempenho. E relativamente
APLICAÇÃO
A Avaliação de Desempenho é uma sistemática apreciação do comum encontrar organizações que desenvolvem sistemáticas es-
pecícas conforme o nível e as áreas de distribuição de seu pes-
comportamento das pessoas
uma responsabilidade nosé cargos
de linha que ocupam.
uma função de Staff,Apesar de ser
em algumas soal. Cada sistemática atende a determinados objetivos especícos
empresas, a avaliação do desempenho pode ser um encargo do su- e a determinadas características das várias categorias de pessoal.
pervisor direto do próprio empregado, ou ainda de uma comissão A quem diga que a avaliação de desempenho no fundo não passa
de avaliação, dependendo dos objetivos da avaliação. A avaliação de uma boa sistemática de comunicações, atuando no sentido ho-
com o empregado avaliado constitui o ponto principal do sistema: a rizontal e vertical da organização. As avaliações de desempenho
comunicação que serve de retroação e que reduz as distâncias entre para serem ecazes devem basear-se inteiramente nos resultados
o superior e o subordinado. das atividades do homem no trabalho e nunca apenas em suas ca-
racterísticas de personalidade.

8
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Abaixo uma síntese das principais técnicas e métodos de ava- As frases são selecionadas por meio de um procedimento es-
liação de desempenho tradicionais, com suas vantagens e desvan- tatístico que visa vericar a adequação do funcionário à empresa.
tagens: Vantagem:
a) Relatório: considerado o procedimento mais simples de 1. Propicia resultados mais conáveis e isentos de inuen -
avaliação de desempenho. Têm lugar quando os chefes são solici- cias subjetivas e pessoais, pois elimina o efeito da estereotipação
tados a dar seu parecer sobre a eciência de cada empregado sob (hallo effect);
sua responsabilidade. 2. Sua aplicação e simples e não exige preparo intenso ou
sosticado dos avaliadores.
Vantagens: rapidez, favorece a livre expressão e deixam docu- Desvantagem:
mentada a opinião emitida. 1. Sua elaboração e montagem são complexas, exigindo um
Desvantagens: são incompletos, favorecem o subjetivismo, planejamento muito cuidadoso e demorado;
podem deixar dúvida quanto ao signicado dos termos emprega-
dos e dicultam a tabulação dos dados obtidos. 2. eÉapresenta
nativo um método fundamentalmente
resultados comparativo
globais; Discrimina e discrimi-
apenas empre-
b) Escalas gráfcas: É um formulário de dupla entrada, no gados bons, médios e fracos, sem informações maiores;
qual as linhas representam os fatores que estão sendo avaliados 3. Quando utilizado para ns de desenvolvimento de RH ne -
e as colunas o grau de avaliação. Os fatores correspondem às ca- cessita de uma complementação de informações de necessidade
racterísticas que se deseja avaliar em cada funcionário e devem de treinamento, potencial de desenvolvimento etc.
ser denidos de maneira clara, sintética e objetiva. Os graus de 4. Deixa o avaliador sem noção alguma do resultado da ava -
variação indicam quão satisfatório é o desempenho do empregado liação que faz a respeito de seus subordinados.
em relação a cada um dos fatores. e) Comparação binária : método em que cada indivíduo do
Vantagens: método simples, não exige treinamento intenso grupo é comparado com cada um dos outros elementos do grupo
em relação a diversos fatores de desempenho.
dos avaliadores, fácil tabulação, apresenta mais objetividade que Vantagem: aplicação simples.
os relatórios. Desvantagens: muito baseado em comparação, esclarece
Desvantagens: Apenas classica os funcionários em bons, pouco a respeito dos comportamentos que caracterizam as dife-
médios ou fracos, sem oferecer maiores esclarecimentos acerca renças individuais no trabalho.
das necessidades de treinamento e potencial de desenvolvimento. f) Autoavaliação : é o método pelo qual o empregado ava-
c) Pesquisa de campo: é desenvolvida com base em entrevis- lia seu próprio desempenho. Pode assumir a forma de relatórios,
tas feitas por especialistas em gestão de pessoas aos supervisores. escalas grácas e até frases descritivas. Só apresenta validade
A partir delas avalia-se o desempenho dos subordinados e procu- quando aplicado a grupos com notório grau de maturidade pro-
ra-se identicar as causas do desempenho deciente, bem como ssional.
propor ações corretivas. g) Incidentes críticos: consiste no destaque de característi-
Vantagens:
avaliação é um métodocom
a um entrosamento bastante abrangente,
treinamento, poisdeconduz
planos carreiraa desempenhos
cas ou comportamentos
altamente extremos
positivos (incidentes
ou negativos.
críticos),
O métodoque não
são
e outros processos de gestão de pessoas. leva em conta o desempenho normal, preocupa-se apenas com os
excepcionais, sejam eles bons ou ruins. Assim, os pontos fortes
Desvantagem: custo elevado para manutenção dos especialis- e fracos de cada funcionários são levantados a partir de seus in-
tas que realizam as entrevistas e lentidão do procedimento. cidentes críticos.
d) Método da Escolha Forçada: Desenvolvido durante a h) Avaliação 360º: Nos métodos de avaliação tradicionais
Segunda Guerra Mundial para a escolha de ociais a serem pro - o funcionário é avaliado apenas pelo seu chefe imediato. Quando
movidos. Esse método, aplicado experimentalmente, possibilitou muito, ocorre também uma autoavaliação. Já a avaliação 360 graus
resultados amplamente satisfatórios, sendo posteriormente adap- inclui, além da autoavaliação, a avaliação dos pares, subordinados e
tado e implantado em várias empresas. Ele consiste em avaliar o superiores. O funcionário costuma ser avaliado também por pessoas
desempenho dos indivíduos por intermédio das frases descritivas externas à organização, como os clientes, fornecedores e parceiros.
de determinadas alternativas de tipos de desempenho individual. Direção
Em cada bloco, ou conjunto composto de duas, quatro ou mais Podemos dividir essa função em duas subfunções:
frases, o avaliador deve escolher obrigatoriamente apenas uma
ou duas que mais se aplicam ao desempenho do avaliado. Comandar
a) Dentro de cada bloco há duas frases de signicado posi - É a função administrativa que consiste basicamente em:
tivo e duas de signicado negativo. O avaliador escolhe a frase
que mais se aplica e a que menos se aplica ao desempenho do Decidir a respeito de “que” (como, onde, quando, com que,
avaliado. com quem) fazer, tendo em vista determinados objetivos a serem
b) Em cada bloco há quatro frases de signicado apenas po- conseguidos.
sitivo.
nho doSão escolhidas
avaliado. as frases que
No formulário commais se aplicam
blocos ao desempe-
de signicados posi - Determinar as pessoas, as tarefas que tem que executar.
tivo e negativo, o avaliador localiza as frases que possivelmente É fundamental para quem comanda desfrutar de certo poder:
contam pontos, podendo assim, distorcer o resultado da avalia- •Poder de decisão.
ção. No entanto, no formulário com blocos de signicado apenas •Poder de determinação de tarefas a outras pessoas.
positivo, a presença de frases com um único sentido diculta a •Poder de delegar – a possibilidade de conferir á outro parte
avaliação dirigida, levando o avaliador a reetir e ponderar sobre do próprio poder.
cada bloco, escolhendo a frase mais descritiva do desempenho •Poder de propor sanções àqueles que cumpriram ou não ás
do avaliado. determinações feitas.

9
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Coordenar Em síntese, dentro do modelo atual temos:
É a função administrativa que visa ligar, unir, harmonizar to-
dos os atos e todos os esforços coletivos através da qual se esta- Planejamento - consiste em denir objetivos para traçar me-
belece um conjunto de medidas, que tem por objetivo harmonizar tas, assim identicando forças, fraquezas, oportunidades e amea-
recursos e processos. Dois tipos de Coordenação: ças. Interpretam-se dados, analisam-se recursos. O planejamento
•Vertical/Hierárquico: É aquela que se faz com as pessoas ocorre com base em muito estudo, muita pesquisa, antes da im-
sempre dentro de uma rigorosa observância das linhas de coman- plantação de qualquer coisa, ele pode durar meses ou até anos.
do (ou escalões hierárquicos estabelecidos). Organização - signica preparar processos a m de obter os
•Horizontal : É aquela que se estabelece entre as outras pes- resultados planejados.
soas sem observância dos níveis hierárquicos dessas mesmas Direção - neste procedimento decisões são necessárias, paraque
os objetivos relacionados no planejamento continuem alinhados.
pessoas.
pessoas deEssa coordenação
vários possibilita
departamentos a comunicação
e de diferentes entre as
níveis hierárqui- Controle - aqui é possível vislumbrar todo o processo de pla-
cos. Risco Básico: Desmoralização ou destruição das linhas de nejar, organizar e direcionar. Liderar e discernir se o resultado foi
comando ou hierarquia. o almejado. Assim é possível recomeçar um novo ciclo com mais
planejamento e suas etapas subsequentes.
Controle
A administração assim como suas funções sofreram cons-
tantes mudanças, muito visíveis no último século. Com a chegada
de novas tecnologias, novas formas de produção, vendas, logística 3. FERRAMENTAS ADMIN ISTRATIVAS:
e mudanças na parte contábil e nanceira as teorias assim como a ORGANOG RAMA, FLUXOGRA MA, CRONO-
prática precisaram adaptar-se a uma nova realidade administrativa. GRAMAS E MANUAIS OPERACIONAIS.
Das funções da administração de Henri Fayol (precursor
dessa teoria), podemos encontrar as seguintes que são demonstra-
das como PO3C: A primeira delas é:
Planejar, isso signica que você terá que criar planos para
o futuro de sua organização. Nesse momento começamos a pro- Procedimento Operacional Padrão
gramar o que estava no planejamento com o objetivo, claro, de é uma descrição detalhada de todas as operações necessárias
colocar em prática o que está no papel, e é durante esse passo da para a realização de uma atividade, ou seja, é um roteiro padroni-
programação que vemos a estrutura organizacional, a situação da zado para realizar uma atividade.
empresa e das pessoas que compõe ela. O Procedimento Operacional Padrão pode ser aplicado,
A segunda função da administração é Organizar. Anal, qual por exemplo, numa empresa cujos colaboradores trabalhem em
o sentido de ser uma pessoa organizada? É aquela que sabe onde, três turnos, sem que os trabalhadores desses turnos se encontrem e
sicamente, se encontra o que é necessário no momento certo, que, por isso, executem a mesma tarefa de modo diferente.
que transforma o ambiente/local de trabalho dela em um ambiente A maioria das empresas que empregam este tipo de formulá-
de fácil entendimento para qualquer um encontrar o que precisa? rio possui um Manual de Procedimentos que é srcinado a partir
Também, mas no sentido que Fayol dene é que as empresas são do uxograma da organização.
feitas de pessoas e estrutura física, essa função administrativa uti-
liza da parte material e social da empresa. Instruções de trabalho
A terceira função é Comandar. Essa função serve para orien- Consideradas como o instrumento mais simples do rol das
tar a organização, dirigir também. Se a empresa está rumo a um informações técnicas e gerenciais da área da qualidade, as Instru-
caminho e encontra obstáculos, caberá ao administrador dirigir, ções de Trabalho – IT - também conhecidas como NOP (Nor-
se for preciso, ou orientar a organização para traçar o objetivo, às ma Operacional Padrão) ou POP (Procedimento Operacional
vezes é preciso intervir e tomar as rédeas da organização e orien- Padrão), têm uma importância capital dentro de qualquer proces-
tá-la e dirigi-la. so funcional cujo objetivo básico é o de garantir, mediante uma
A quarta função é Coordenar. Sem dúvidas, essa é uma fun- padronização, os resultados esperados por cada tarefa executada
ção primordial para motivar as pessoas que estão em um ambiente (Colenghi, 2007).
de trabalho, tanto para aprender cada vez mais quanto ao que tem Quando da elaboração de uma IT, mais importante do que a
relação em se esforçarem com o objetivo de cumprirem metas e, forma é essencial colocar todas as informações necessárias ao bom
de forma coletiva, alcançar objetivos traçados pelo administrador desempenho da tarefa, e não deve ser ignorado que a Instrução é
da empresa. um instrumento
ou seja, destinado
o operador. a quem realmente
Preferencialmente, vai executar
as IT deverão a tarefa,
ser “elabora-
E por último, a quinta função administrativa é Controlar.
Uma organização sem normas e regras, certamente, terá menos das” pelos próprios operadores, executores de cada tarefa.
desempenho que uma. Segundo Fayol, essas cinco funções admi-
nistrativas conduzem a uma administração ecaz das atividades Itens
da organização. Mas, com o passar do tempo, as funções Coman- • Procedimentos de segurança para realizar a atividade
do e Coordenação formaram uma só função, a de Direção. Então • A seleção e uso adequado de recursos e ferramentas
as funções de POCCC passaram para PODC (Planejar, Organizar, • Condições para assegurar a repetição do desempenho
Dirigir e Controlar). dentro das variações previstas ao longo do tempo

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Os principais passos para se elaborar um POP, são : Em setores (setorial, setograma) - são elaborados por meio de
1. Nome do POP (nome da atividade/processo a ser trabalha- círculos concêntricos, os quais representam os diversos níveis de
do) autoridade a partir do círculo central, onde localiza-se a autoridade
2. Objetivo do POP (A quê ele se destina, qual a razão da sua maior da empresa.
atual existência e importância) Radial (solar, circular) - o seu objetivo é mostrar o macrossis-
3. Documentos de referência (Quais documentos poderão ser tema das empresas componentes de um grande grupo empresarial.
usados ou consultados quando alguém for usar ou seguir o POP ? Lambda - apresentam, apenas, grupos de órgãos que possuam
Podem ser Manuais, outros POP’s, Códigos, etc) características comuns.
4. Local de aplicação (Aonde se aplica aquele POP? Ambiente Bandeira - apresentam grupos de órgãos que possuem uma
ou Setor ao qual o POP é destinado) missão especíca e bem denida na estrutura organizacional, nor -
5. Siglas
de todas : DT =(Caso siglas
Diretor sejam; usadas
Técnico no POP,dadar
MQ = Manual a explicação
Qualidade, etc) malmente em quatroLinear
Organograma níveis. de Responsabilidade (OLR) - possui
6. Descrição das etapas da tarefa com os executantes e res- um diferenciador em relação aos demais organogramas, pois a
ponsáveis. sua preocupação não é apresentar o posicionamento hierárquico,
Há um detalhe muito importante. Executante é uma coisa, res- mas sim o inter-relacionamento entre diversas atividades e os res-
ponsável é outra. Pode acontecer que o executante seja a mesma ponsáveis por cada uma delas.
pessoa responsável, mas nem sempre isso acontece. Informativo - apresenta um máximo de informações de di-
7. Se existir algum uxograma relativo a essa tarefa, como um versas naturezas relacionadas com cada unidade organizacional da
todo, ele pode ser agregado nessa etapa. empresa.
8. Informar o local de guarda do documento ; aonde ele vai Dial de Wyllie - na forma de um disco separado por círculos
car guardado e o responsável pela guarda e atualização. concêntricos conforme o grau hierárquico e, dentro de tais sessões,
9. Informar freqüência de atualização (Digamos, de 12 em 12 órgãos representados por círculos menores, cuja posição relativa
meses ) aos órgãos representados em sessões mais próximas ao centro in-
dicam sua subordinação hierárquica.[2] O organograma Dial de
10. Informar em quais meios ele será guardado (Eletrônico ou
Wyllie tem por objetivo representar organizações de hierarquia
computador ou em papel) dinâmica, com vinculações variando conforme o desenvolvimento
11. Gestor do POP (Quem o elaborou) de novos projetos interdepartamentais.
12. Responsável por ele.
Cargo, tarefa ou função
ORGANOGRAMA O conceito de cargo é abrangente, baseando-se em diferentes
noções fundamentais, tais como tarefa, atribuição, função e cargo.
Organograma é um gráco que representa a estrutura formal A noção de tarefa consiste nas actividades individuais executadas
de uma organização. pelo titular do cargo e é atribuída, normalmente, a cargos bastante
Os organogramas mostram como estão dispostas unidades simples. A noção de atribuição caracteriza-se por ser uma
funcionais, a hierarquia e as relações de comunicação existentes actividade individual, executada pelo titular respectivo, referindo-
entre estes. se a cargos que envolvem actividades mais diferenciadas. A função
Os órgãos são unidades administrativas com funções bem de- já é um conceito de maior abrangência, porquanto se refere ao
nidas. Exemplos de órgãos: Tesouraria, Departamento de Com- conjunto de tarefas que são executadas, de uma forma sistemática,
pras, Portaria, Biblioteca, Setor de Produção, Gerência Adminis- pelo ocupante do cargo. Por último, a denição de cargo, integra
trativa, Diretoria Técnica, Secretaria, etc. Os órgãos possuem um um conjunto de funções com uma posição denida na estrutura
responsável, cujo cargo pode ser chefe, supervisor, gerente, coor- organizativa, isto é, no organograma da empresa.
denador, diretor, secretário, governador, presidente, etc. Normal-
mente tem colaboradores (funcionários) e espaço físico denido.
Num organograma, os órgãos são dispostos em níveis que
representam a hierarquia existente entre eles. Em um organograma
vertical, quanto mais alto estiver o órgão, maior a autoridade e a
abrangência da atividade.
Tipos de organogramas
Clássicos - O organograma clássico também é chamado de
vertical. É o mais comum tipo de organograma, elaborado com
retângulos que representam os órgãos e linhas que fazem a ligação
hierárquica e de comunicação entre eles.
Não clássicos - São todos os demais tipos como abaixo:
Em barras - representados por intermédio de longos retân-
gulos a partir de uma base vertical, onde o tamanho do retângulo
é diretamente proporcional à importância da autoridade que o re-
presenta.

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração

FLUXOGRAMAS

O uxograma é um gráco que demonstra a sequência operacional do desenvolvimento de um processo, o qual caracteriza: o trabalho
que está sendo realizado, o tempo necessário para sua realização, a distância percorrida pelos documentos, quem está realizando o trabalho
e como ele ui entre os participantes deste processo.
Como existe uma parafernália de tipos e denominações de uxogramas diferentes, discorremos sobre o que se acredita ser o mais
eciente e ecaz na solução dos problemas processuais vivenciados nas empresas: o FAP - Fluxograma de Análise de Processos. Este
uxograma srcinou-se a partir do aperfeiçoamento do diagrama de blocos e do uxograma utilizado na área de processamento de dados.
Como instrumento de múltiplas funções, o FAP, mediante sua representação gráca, permite visualizar e compreender melhor os
processos de trabalho em execução, as diversas fases operacionais, a interligação com outros processos e todos os documentos envolvidos.
A partir de uma visão sistêmica, possibilitará ao analista um conhecimento mais íntimo e profundo da situação atual, permitindo,
também, uma análise técnica mais acurada e conável, possibilitando como resultado uma proposta mais racional, mais coerente e com
melhor qualidade.
A elaboração de uxograma de um processo integral, descendo até o nível das tarefas individuais, forma o embasamento da análise e
do aperfeiçoamento do processo. A atribuição de partes do processo a membros especícos da equipe acelera a execução das tarefas, que,
de outra forma, demandaria muito tempo.
Toda situação e/ou processo apresentará problemas especícos de mapeamento. Por exemplo, a documentação disponível raramente
é suciente para mapear todas as atividades e tarefas, sem falar nas pessoas que executam essas tarefas. Tenha cuidado com aquilo que a
documentação determina como deve ser feito e como as coisas são feitas na realidade.
Há muitos tipos diferentes de uxograma. Cada um para cada aplicação especíca. Você precisa entender pelo menos quatro destas
técnicas para ser ecaz. São elas:
1. Diagrama de blocos que fornece uma rápida noção do processo;
2. O uxograma padrão da American National Standards Institute (ANSI), que analisa os inter-relacionamentos detalhados de um
processo;
3. Fluxogramas funcionais, que mostram o uxo do processo entre organizações ou áreas;
4. Fluxogramas geográcos, que mostram o uxo do processo entre localidades.

Outros uxogramas:
FLUXOGRAMA FUNCIONAL: constitui um outro tipo de uxograma. Ele retrata o movimento entre as diferentes áreas de trabalho,
uma dimensão adicional que se torna particularmente útil quando o tempo de ciclo é um problema. Um uxograma funcional pode ser
elaborado com blocos quanto com símbolos padrões.

12
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
FLUXO-CRONOGRAMA: apresenta além do uxograma Função Técnica
padrão, a indicação do tempo de processamento de cada atividade Toda e qualquer organização tem uma determinada nalidade.
e do tempo de ciclo para cada atividade. Esse tipo de uxograma Trata esta função dos ns da empresa. Assim, numa empresa fabril
permite algumas conclusões preciosas, quando se faz uma análise a nalidade é a transformação das matérias-primas em produtos.
de custo da deciência da qualidade, para determinar quanto Portanto, numa fábrica a Função Técnica se localiza no setor de
dinheiro a organização está perdendo, pelo fato de o processo não produção.
ser ecaz e eciente. Agregar a dimensão do tempo às funções já
denidas, que interagem no processo facilita a identicação das Numa empresa de transportes a Função Técnica é a remoção
áreas de desperdício de tempo e que provocam atrasos. de coisas e pessoas. Numa escola, o ensino.

FLUXOGRAMA GEOGRÁFICO: um uxograma Função


Tem porFinanceira
nalidade prover a empresa dos meios monetários
geográco, ou superposto ao layout físico, analisa o uxo físico
das atividades. Ele ajuda o tempo desperdiçado entre o trabalho imprescindíveis à liquidação dos compromissos assumidos; ao pa-
realizado e os recursos envolvidos dentro das atividades. gamento dos salários e encargos do pessoal; dos recursos necessá-
rios à expansão dos negócios; etc..
CRONOGRAMA
Nada se faz sem sua intervenção. A moeda é necessária para
o pagamento de salários, para a aquisição de imóveis, utensílios e
Cronograma é uma ferramenta de gestão de atividades nor- matérias-primas, para o pagamento de dividendos, para realização
malmente em forma de tabela, que também contempla o tempo em de melhorias. É indispensável uma hábil gestão nanceira a m de
que as atividades vão se realizar. tirar o melhor partido possível das disponibilidades e evitar aplica-
O cronograma é uma representação gráca do tempo investi- ções imprudentes de capital.
do em uma determinada tarefa ou projeto, segundo as tarefas que
devem ser executadas no âmbito desse projeto. É uma ferramenta Muitas empresas que poderiam ter tido vida próspera, morre-
que ajuda a controlar e visualizar o progresso do trabalho. A utili- ram porque em determinado momento lhes faltou dinheiro.
zação de cronogramas é bastante comum em projetos de pesquisa.
No contexto empresarial o cronograma é um auxílio impor- Nenhuma reforma, nenhuma melhoria é possível sem disponi-
tante, já que através dele é possível determinar os custos de um bilidades ou sem crédito.
projeto, determinando assim se a realização desse projeto será pro-
veitosa para a empresa. Função de Segurança
Alguns estudantes recorrem a cronogramas para controlarem Sua missão é a de proteger os bens e as pessoas contra o roubo,
melhor quanto tempo devem dedicar a cada matéria. Muitas vezes o incêndio, a inundação, acidentes pessoais, controlar as greves, os
esses cronogramas são parecidos com um horário ou calendário. atentados e todos os obstáculos de ordem social que possam com-
Muitos cronogramas são feitos com o suporte do programa prometer o progresso e mesmo a vida da empresa.
informático Excel, em uma das suas planilhas.
Um cronograma também pode ser uma data com numeração É, de modo geral, toda medida que dá à empresa e ao pessoal
romana, espalhadas em um texto. O registro de um cronógrafo a segurança e a tranquilidade que tanto precisam.
também pode ser designado como cronograma.
Função Contábil
Constitui o órgão de visão das empresas e deve revelar a qual-
quer momento a posição e o rumo do Negócio. Deve dar informa-
4. CONHECIMENTOS BÁSICOS EM ADMI- ções exatas, claras e precisas sobre a situação econômica e nan-
NI ST RAÇ ÃO F IN ANC EI RA: F UN DA MEN - ceira da empresa.
TOS E TÉCNICAS; ORÇAMENTO
E CO NT RO LE D E CU STO S. Uma boa contabilidade, simples e clara, que dê idéia exata das
condições da empresa é poderoso meio de direção.

Esta função foi denominada “Contábil” por Henry Fayol. En-


tretanto como ela abrange atos e fatos de natureza não contábil,
AS FUNÇÕES ESSENCIAIS DAS EMPRESAS alguns especialistas da matéria passaram a denominá-la de “Fun-
ção Burocrática”.
Até o advento de Henry Fayol, supunha-se que existiam inú-
meras funções nas empresas. São elementos desta função:
a) o serviço de Registro de Atos e Fatos Administrativos
Deve-se a Fayol a descoberta de que existem apenas seis fun- b) o serviço de Documentação compreendendo: arquivo, bi-
ções essenciais, quer se trate de empresas grandes ou pequenas, blioteca, lmoteca, etc.;
simples ou complexas, públicas ou privadas. Todas as demais divi- c) o serviço de Apuração e Demonstração dos Resultados;
sões e nomenclaturas são apenas elementos dessas funções. d) o serviço de Estatística.

13
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Função Administrativa O chefe encarregado de um comando deve:
Cabe a esta função o encargo de formular o programa geral da 1º) Ter um conhecimento profundo de seu pessoal;
empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os esfor- 2º) Eliminar os incapazes;
ços, de harmonizar os atos. 3º) Bem conhecer os convênios que regem as relações entre a
Compõe-se esta função de seis elementos os quais obedecem empresa e seus agentes;
a uma ordem inalterável, a saber: a) Previsão; b) Planejamento; c) 4º) Dar bom exemplo;
Organização; d)Comando; e) Coordenação; f) Controle. 5º) Fazer inspeções periódicas do corpo social;
6º) Reunir seus principais colaboradores em conferências
a) Previsão onde se preparam a Unidade de Direção e a convergência dos
A Previsão consiste em perscrutar o futuro e prever com apro- esforços;
ximação os acontecimentos do porvir.
7º) Não se deixar
8º) Incentivar absorver
no pessoal pelos detalhes;
a atividade, a iniciativa e o devota-
A máxima - “governar é prever”- dá uma ideia da importância
que se atribui à previsão no mundo dos negócios e é verdade que mento.
se a previsão não é todo o governo é dele pelo menos uma parte
essencial. e) Coordenação
Coordenar é estabelecer a harmonia entre todos os atos de
A sua base se assenta no seguinte: “Tudo que foi constante no uma empresa, de modo a facilitar seu funcionamento e garantir-
passado, sob determinadas circunstâncias, é provável no futuro, lhe bom êxito. Melhor seria substituir o verbo por sua forma pri-
sob idênticas circunstâncias.” mitiva: ordenar, visto que tal atividade se encaminha a por ordem
Toda tendência, ascendente ou descendente, registrada no pas- (na melhor ordem possível) os diversos agentes da produção, de
sado, é provável no futuro, a menos que ocorram novas circunstân- modo a obter aquela harmonia capaz de eliminar os atritos entre os
cias, que alterem aquelas tendências. vários órgãos da empresa, permitindo-lhe funcionamento perfeito
e , consequentemente, elevado rendimento.
Por conseguinte, conhecendo-se o passado e observando as
circunstâncias do presente, poderemos prever o futuro de maneira Na ordenação dos elementos componentes da empresa proce-
bastante aproximada. dem-se dois critérios:
b) Planejamento
Planejar é elaborara o programa de ação, o programa de traba- 1) coordenando os elementos que estão no mesmo nível, de
lho. É uma decorrência da Previsão. modo que ambos,

Efetuadas as previsões, conhecidas as tendências e a capacida- 2) desenvolvendo um trabalho simultâneo ou sucessivo, con-
corram para a obtenção do resultado desejado e;
de de consumo do mercado, estará a empresa em condições, então, 3) subordinando uns a outros os elementos que se encontram
de organizar o programa de trabalho os quais se exteriorizam em em níveis diferentes, submetendo-os a uma adequada hierarquia.
forma de orçamentos, de grácos, de esquemas, de mapas, de or-
dens especícas ou de caráter geral, aplicáveis a todos os setores
da organização. f) Controle
Fiscalizar ou controlar é, nalmente, vericar se tudo se reali-
c) Organização za conforme o programa adotado. Tal atividade tem por nalidade
Organizar uma empresa é dotá-la de todos os elementos ne- assinalar as falhas e os erros, a m de que possam ser corrigidos
cessários ao seu funcionamento: maquinismos, utensílios, matérias ou evitados. Estende-se a toda organização da empresa e ao seu
-primas, pessoal habilitado (atualmente chamaríamos com grande funcionamento, abrangendo, pois, as coisas, as pessoas e os atos.
ênfase de “sistemas”, que não são nada mais nada menos que as
denominadas “combinações” de Fayol, ou seja, as maneiras como Todas as funções da empresa caem sob a atividade de controle, de
esses elementos podem ser ordenados). modo que a scalização se faz sob o ponto de vista administrativo
de todas as funções.
Por duas divisões se podem distribuir todos esses elementos:
1) o organismo material, compreendendo todos os bens materiais Sob o ponto de vista Administrativo, é preciso assegurar-se
em que está investido o capital da empresa e; 2) o organismo so- que o programa existe, que é aplicado e que está em dia, que o
cial, que compreende o conjunto de pessoas encarregadas da exe- organismo social está completo, que os quadros sinópticos do pes-
cução das várias tarefas realizadas na empresa.
soal são usados, que o comando é exercido segundo os princípios,
d) Comando que as conferências de coordenação se realizam etc.
Uma vez constituído o corpo social, é mister fazê-lo funcio-
nar. Esta é a missão compreendida na função de comando. Esta Do ponto de vista Comercial, é necessário assegurar-se que os
missão se reparte entre os diversos chefes da empresa, cabendo materiais entrados e saídos são exatamente considerados no que toca
a cada um os encargos e a responsabilidade de sua unidade. Para à quantidade, à qualidade e ao preço; que os inventários são bem
cada chefe a nalidade de mando é obter, no interesse da empresa, feitos, que os contratos e acordos são perfeitamente cumpridos.
o maior proveito possível dos agentes que formam sua unidade. A Do ponto de vista Técnico, é preciso observar a marcha das
arte de mandar repousa sobre certas qualidades pessoais e sobre operações, seus resultados, suas desigualdades, o estado de conser-
conhecimentos dos princípios gerais de administração. vação das máquinas, o funcionamento do pessoal.

14
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Do ponto de vista Financeiro, o controle estende-se aos livros e Para lidar com essa realidade, o poder público pode contar
à caixa, aos recursos e às necessidades, ao emprego dos fundos, etc.. com o uso de tecnologias da informação, modernização da estrutu-
ra normativa, organizacional e de pessoal.
Do ponto de vista da Segurança, é necessário assegurar-se que Mudança organizacional não é tarefa fácil no setor privado,
os meios adotados para proteger os bens e as pessoas estão em bom não haveria de ser no setor público. No entanto, se o servidor pú-
estado de funcionamento e cumprirão sua função no momento da blico e a sociedade puderem entender o signicado do que é pú-
necessidade. blico, as organizações públicas poderão repensar seus objetivos e
rever suas estruturas e processos para o alcance do desempenho
Finalmente do ponto de vista da Contabilidade, é preciso cons- desejado.
tatar que os documentos necessários chegam rapidamente, que
eles proporcionam uma visão clara da situação da empresa, que o As organizações privadas constituem seu quadro de colabo-
radores por meio das ações estabelecidas pela Administração de
controle
elementosencontra nos livros,
de vericação nasnão
e que estatísticas e nos diagramas
existe nenhum elemento debons
es- recursos humanos e departamento de pessoal.
tatística inútil, além de atender plenamente as exigências legais. Uma organização não conseguiria sobreviver somente com os
seus recursos materiais, como máquinas, equipamentos e instala-
Fonte:canizarestreinamentos.blogspot.com.br/p/funcoes-es- ções. Uma vez que o capital humano ou intelectual pode garantir
senciais.html o sucesso da mesma. Através de seu trabalho, de suas ideias, de
sua inteligência e de seu entusiasmo estimulado no meio organi-
Pessoal zacional e social.
As empresas públicas são motivadas pela capacidade de cum- Os indivíduos e as organizações estão engajados em um contí-
prir seu dever de fornecer serviços ou produtos de qualidade à nuo e interativo processo de atrair uns aos outros. Da mesma forma
sociedade. Os funcionários do setor público diferentemente das como os indivíduos atraem e selecionam as organizações, infor-
empresas privadas são contratados a partir de concursos públi- mando-se e formando opiniões a respeito deles para decidir sobre
cos. Com as grandes transformações e reforma na Administração o interesse de admiti-los ou não.
Pública foram criadas políticas de gestão de pessoas que visam Há um conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair
motivar os funcionários, prepará-los por meios de treinamentos candidatos potencialmente qualicados e capazes de ocupar car -
esperando assim obter um melhor desempenho no serviço ofere- gos dentro da organização. É inicialmente um sistema de informa-
cido ao cidadão e a coletividade. A área de gestão de pessoas tem ção, através do qual a organização divulga e oferece ao mercado
a responsabilidade de exercer práticas de gerenciamento, planeja-
mento, avaliação e recompensas, criando e mantendo um ambiente de recursos humanos as oportunidades de emprego que pretende
prossional e positivo na organização. Embora esta política esteja preencher, e a função do recrutamento é a de suprir a seleção de
presente na Administração Pública, nem todas as áreas e órgãos pessoal de grau de relevância básico e primordial para o seu fun-
públicos exercem políticas de gestão de pessoas. cionamento adequado.
Um gerente deve ter em mente de forma muito clara que
A gestão de pessoas não pode car distanciada da missão da
organização. Para tanto, torna-se necessário um comportamento empregados e empresa têm interesses obviamente desiguais, di-
dos dirigentes, no tocante de saber cumprir a missão organizacio- vergentes e até antagônicos. Isso pode ser considerado natural.
nal através do trabalho e da atividade em conjunto. Enquanto o interesse pessoal do empregado é prioritariamente
As organizações privadas atuam em um mercado globalizado receber da mesma empresa o máximo possível de contrapartida
extremamente competitivo, por isso, buscar a satisfação dos clien- pelo seu trabalho, em termos de remuneração e segurança (salá-
tes é palavra de ordem. A estratégia que a empresa adotar seja por rio, benefícios, estabilidade, entre outros), a empresa preocupa-se
meio da diferenciação (alta qualidade), baixo custo ou por uma muito mais em fazer cumprir os seus objetivos de produtividade,
estratégia combinada de diferenciação e baixo custo e a forma que qualidade e lucratividade acima de tudo (MARRAS, 2000).
organizar seus recursos para conquistar os clientes pode trazer A admissão de pessoas começa com o recrutamento. O re-
vantagens competitivas. crutamento pode ser interno e externo, no interno normalmente
A sociedade evoluiu e os clientes caram mais exigentes. As ocorre a promoção e/ou transferência de pessoas da própria or-
novas formas de gestão experimentadas e aperfeiçoadas no setor ganização para a vaga que se encontra em aberto, propiciando
privado, também foram inseridas no setor público devido à de-
manda da sociedade por serviços de qualidade e atuação voltada motivação e possibilidade de ascensão dentro de uma única em-
para o alcance de resultados. A prática da melhor relação custo-be- presa, enquanto que o externo seria a captação de candidatos que
nefício não satisfaz os cidadãos se os resultados almejados não se encontram no mercado de recursos humanos para participarem
forem alcançados ou se não atenderem necessidades legítimas da do processo seletivo. Diferente do recrutamento interno, o externo
população. se utiliza de algumas técnicas para atrair os candidatos, são elas,
Os usuários dos serviços públicos são os clientes do governo, anúncios em jornais; agências de recrutamento; contatos com es-
e os órgão e entidades da administração pública devem adequar os colas, universidades e organizações; cartazes ou anúncios em lo-
serviços públicos às necessidades dos cidadãos para apresentar um cais visíveis; apresentação de candidatos por indicações de funcio-
bom desempenho. nários; consulta aos arquivos dos funcionários; cadastros on-line;
A gestão privada apoia-se na redução de custos para aumentar e banco de dados. Uma tendência da atualidade é o recrutamento
sua margem de lucro, mas não pode deixar de seguir princípios éti- on-line, já existem inúmeras páginas voltadas à oferta e à busca de
cos. A gestão pública também deve seguir os princípios de transpa- novos horizontes.
rência, ética, eciência, ecácia e descentralização para lidar com O processo de captação externa deve ser iniciado a partir da
a escassez de recursos em todas as esferas e para aproximar-se do identicação da necessidade de uma competência à empresa, a qual
usuário. deve ser analisada já que a mesma pode estar disponível dentro

15
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
do público interno (ZACCARELLI; TEIXEIRA; HANASHIRO, em aberto, enquanto que na situação de oferta as oportunidades
2008). O processo de seleção é precedido pelo de recrutamento são menores que as vagas, estando as organizações diante de um
com a função de identicar o candidato mais apto a desenvolver as recurso fácil e abundante, que são o grande número de pessoas em
atividades propostas pelo cargo em questão, já competência é um busca de um emprego. Hoje, também ocorre toda uma evolução do
conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes transformadas perl do prossional, porque anteriormente o grande número de
em resultados. empregos se relacionavam as indústrias e atualmente se localiza
O primeiro passo no processo de agregar pessoas é o recruta- na economia informal.
mento, ou seja, é a divulgação das oportunidades disponibilizadas O processo de demissão pode ocorrer quando um funcionário
pelas empresas para que as pessoas que possuam o perl possam pede para sair da empresa (é o chamado “pedido de demissão”), ou
se encaminhar para a seleção.
Cabe à empresa divulgar o processo seletivo de recrutamento quando o empregador demite o funcionário.
no local, o qual aquele candidato possa ser encontrado mais facil- saldoQuando um funcionário
do salário, indenizaçãopede
dasdemissão, tem direito
férias integrais de recebere
não gozadas
mente, reduzindo os custos.
É válido ressaltar que encontrar um candidato talentoso que proporcionais, mais 1/3 sobre as mesmas e 13º proporcional aos
preencha os requisitos estabelecidos pela empresa exigirá técnica e meses de trabalho. Caso não cumpra o aviso prévio, o mesmo de-
conhecimentos de marketing. Ademais, não há um método perfeito verá pagar indenização a empresa, salvo em casos de acordo.
para contratar pessoas, mas há um modo que adapte as melhores Quando um empregador demite funcionário e o contrato é por
condições para selecionar aqueles requisitos necessários. tempo determinado, o empregador paga uma indenização para o
Portanto pode-se concluir que dentre todas as ferramentas uti- empregado.
lizadas para critérios de agregar pessoas, tais como os testes de
personalidade, entrevistas de seleção, provas de conhecimento ou Demissão sem justa causa: demissão normal em que o empre-
capacidade, comportamento e análise de conhecimento de cada gado sai da empresa com todos os seus direitos assegurados.
participante é de inteira responsabilidade da empresa em visar re-
sultado satisfatório com valores tangíveis. Direitos do Trabalhador: aviso prévio, saldo do salário, inde-
A seleção se congura como a escolha certa da pessoa certa nização de férias (não gozadas e proporcionais, acrescidas de 1/3
para o lugar certo, ou seja, seria a busca, entre os candidatos que sobre as mesmas), 13º salário proporcional e 40% do FGTS, se-
foram recrutados, daqueles que são mais adequados aos cargos dis- guro-desemprego, mais adicional de um salário mensal, caso seja
poníveis, com o objetivo de manter ou de aumentar a eciência ou dispensado 30 dias antes da data-base da categoria;
o desempenho do pessoal, bem como a ecácia. A seleção seria um
processo decisório entre os requisitos do cargo a ser preenchido e
o perl das características dos candidatos que foram selecionados, Demissão com justa causa: o empregador tem motivos para
demitir o funcionário sem que ele possa receber a remuneração.
e a partir
mais destas considerações
se aproxime tenta-se encontrar
do “ideal de qualicações”. o candidato
Se não houvessequeas
diferenças individuais e se todas as pessoas fossem iguais e reunis-
sem as mesmas condições para aprender a trabalhar, a seleção de 5. CONHECIMENTOS BÁSICOS
pessoas seria totalmente desnecessária.
Acontece que a variabilidade humana é enorme: as diferenças EM AD MI NI ST RAÇ ÃO DE M ATER IA IS
individuais entre as pessoas, tanto no plano físico (como estatura, E LO GÍ ST ICA E SER VI ÇO S G ERA IS .
peso, compleição física, força, acuidade visual e auditiva, resistên-
cia a fadiga, etc.) como no plano psicológico (como temperamen-
to, caráter, inteligência, aptidões, habilidades mentais, etc.) levam
os seres humanos a se comportar diferentemente, a perceber situa- A Administração de Recursos Materiaisé denida como sendo
ções de maneira diversa e a se desempenhar de maneira distinta, um conjunto de atividades desenvolvidas dentro de uma empresa, de
com maior ou menor sucesso nas organizações. forma centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas unidades,
Podem-se denir três modelos de escolha do candidato ou com os materiais necessários ao desempenho normal das respectivas
processo decisório, seria o Modelo de Colocação (onde só há uma atribuições. Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovi-
vaga e um único candidato para preenchê-la), o Modelo de Seleção sionamento, inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos
(onde há uma vaga e vários candidatos para preencher esta) e o materiais, o fornecimento dos mesmos aos órgãos requisitantes, até
Modelo de Classicação (onde existem várias vagas para respecti-
vamente vários candidatos). as operações gerais de controle de estoques etc.
A entrevista pessoal é uma das ferramentas que mais inuên- A Administração de Materiais destina-se a dotar a administra-
cia a tomada de decisão. Ocorre um reconhecimento por parte do ção dos meios necessários ao suprimento de materiais imprescin-
entrevistador a saber se o candidato tem potencial e perl da em - díveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno, na
presa. Quando bem utilizada pelo gestor de recursos humanos no- quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo.
vos talentos são descobertos. A oportunidade, no momento certo para o suprimento de ma-
O Mercado seria o espaço onde ocorre a oferta e a procura teriais, inui no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do mo
-
dos produtos, englobando assim, o Mercado de trabalho que se mento oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima das ne-
constitui das ofertas de trabalho oferecidas pelas organizações, e cessidades imediatas da organização. Por outro lado, a providência
também por estas. O Mercado de Trabalho esta em situação de pro- do suprimento após esse momento poderá levar a falta do material
cura quando as empresas estão frente a uma escassez de pessoal, necessário ao atendimento de determinada necessidade da adminis-
isto é, as pessoas são insucientes para o preenchimento das vagas tração.

16
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
São tarefas da Administração de Materiais: Controle da produ- • Especicação
ção; Controle de estoque; Compras; Recepção; Inspeção das entra- Aliado a uma simplicação é necessária uma especicação do
das; Armazenamento; Movimentação; Inspeção de saída e Distri- material, que é uma descrição minuciosa para possibilitar melhor
buição. entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de
material a ser requisitado.
⇒ CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS. • Normalização
A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utili-
Sem o estoque de certas quantidades de materiais que atendam zados os materiais em suas diversas nalidades e da padronização e
regularmente às necessidades dos vários setores da organização, não identicação do material, de modo que o usuário possa requisitar e o
se pode garantir um bom funcionamento e um padrão de atendimen- estoquista possa atender os itens utilizando a mesma terminologia. A
to desejável. Estes materiais, necessários à manutenção, aos serviços normalização é aplicada também no caso de peso, medida e formato.
administrativos e à produção de bens e serviços, formam grupos ou • Codicação
classes que comumente constituem a classicação de materiais. Es - É a apresentação de cada item através de um código, com as
tes grupos recebem denominação de acordo com o serviço a que se informações necessárias e sucientes, por meio de números e/ou
destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à natureza dos materiais letras. É utilizada para facilitar a localização de materiais armaze-
que neles são relacionados (tintas, ferragens, etc.), ou do tipo de de- nados no estoque, quando a quantidade de itens é muito grande. Em
manda, estocagem, etc. função de uma boa classicação do material, poderemos partir para
Classicar um material então é agrupá-lo segundo sua forma, a codicação do mesmo, ou seja, representar todas as informações
dimensão, peso, tipo, uso etc. A classicação não deve gerar confu - necessárias, sucientes e desejadas por meios de números e/ou -le
são, ou seja, um produto não poderá ser classicado de modo que tras. Os sistemas de codicação mais comumente usados são: o -al
seja confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A classica - fabético (procurando aprimorar o sistema de codicação, passou-se
ção, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de material a adotar de uma ou mais letras o código numérico), alfanumérico e
ocupe seu respectivo local. Por exemplo: produtos químicos pode- numérico, também chamado “decimal”. A escolha do sistema uti-
rão estragar produtos alimentícios se estiverem próximos entre si. lizado deve estar voltada para obtenção de uma codicação clara
Classicar material, em outras palavras, signica ordená-lo se - e precisa que não gere confusão e evite interpretações duvidosas a
gundo critérios adotados, agrupando-o de acordo com a semelhança, respeito do material. Este processo cou conhecido como “código
sem, contudo, causar confusão ou dispersão no espaço e alteração alfabético”. Entre as inúmeras vantagens da codicação está a de
na qualidade.
afastar todos os elementos de confusão que porventura se apresenta-
Um sistema de classicação e codicação de materiais é funda -
mental para que existam procedimentos de armazenagem adequa- rem na pronta identicação de um material.
dos, um controle eciente dos estoques e uma operacionalização O sistema classicatório permite identicar e decidir priorida
-
correta do estoque. des referentes
estoques, em quea suprimentos
os materiais na empresa. ao
necessários Uma eciente gestão
funcionamento de
da em-
O objetivo da classicação de materiais é denir uma cataloga -
ção, simplicação, especicação, normalização, padronização e co - presa não faltam, depende de uma boa classicação dos materiais.
dicação de todos os materiais componentes do estoque da empresa. Deve considerar os atributos para classicação de materiais:
O sistema de classicação é primordial para qualquer Depar - Abrangência, a Flexibilidade e Praticidade.
tamento de Materiais, pois sem ele não poderia existir um controle • Abrangência: deve tratar de um conjunto de característi-
eciente dos estoques, armazenagem adequada e funcionamento cas, em vez de reunir apenas materiais para serem classicados;
correto do almoxarifado. • Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos
O princípio da classicação de materiais está relacionado à: tipos de classicação de modo que se obtenha ampla visão do ge -
• Catalogação renciamento do estoque;
A Catalogação é a primeira fase do processo de classicação de • Praticidade: a classicação deve ser simples e direta.
materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um conjunto Para atender às necessidades de cada empresa,é necessária uma
de dados relativos aos itens identicados, codicados e cadastrados, divisão que norteie os vários tipos de classicação.
de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas da empresa.
Simplicar material é, por exemplo, reduzir a grande diver - Materiais Permanentes e de Consumo
sidade de um item empregado para o mesmo m. Assim, no caso A classicação de um bem como permanente ou de consumo
de haver duas peças para uma nalidade qualquer, aconselha-se a é, predominantemente, uma classicação contábil, pois é referente
simplicação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simpli - à Natureza de Despesa, no âmbito do Sistema Integrado de Admi-
carmos um material, favorecemos sua normalização, reduzimos as nistração Financeira do Governo Federal (SIAFI). De modo geral,
podemos traçar as seguintes denições:
despesas
capa, ou evitamos
número queeelas
de folhas oscilem.
formato Por exemplo,
idênticos cadernos
contribuem para com
que
haja a normalização. Ao requisitar uma quantidade desse material, o Material de Consumo
usuário irá fornecer todos os dados (tipo de capa, número de folhas e • É aquele que, em razão de seu uso corrente, perde normalmen -
formato), o que facilitará sobremaneira não somente sua aquisição, te sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos.
como também o desempenho daqueles que se servem do material,
pois a não simplicação (padronização) pode confundir o usuário Material Permanente
do material, se este um dia apresentar uma forma e outro dia outra • É aquele que, em razão de seu uso corrente, não perde sua
forma de maneira totalmente diferente. identidade física, mesmo quando incorporado a outro bem, e/ou
apresenta uma durabilidade superior a dois anos.

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
A Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda, - Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser tra-
através do artigo 3º de sua Portaria nº 448/2002, apresenta 5(cinco) balhados com uma atenção especial pela administração. Os dados
condições excludentes para a classicação de um bem como perma - aqui classicados correspondem, em média, a 80% do valor mone -
nente. De acordo com essa norma, é material de consumo aquele que tário total e no máximo 20% dos itens estudados (esses valores são
se enquadrar em um ou mais dos seguintes quesitos: orientativos e não são regra).
“Art. 3º - Na classicação da despesa serão adotados os seguin - - Classe B: São os itens intermediários que deverão ser tratados
tes parâmetros excludentes, tomados em conjunto, para a identica - logo após as medidas tomadas sobre os itens de classe A; são os se-
ção do material permanente:
I - Durabilidade, quando o material em uso normal perde ou gundos em importância. Os dados aqui classicados correspondem
tem reduzidas as suas condições de funcionamento, no prazo máxi- em média, a 15% do valor monetário total do estoque e no máximo
mo de dois anos; 30% dos itens estudados (esses valores são orientativos e não são
II - Fragilidade, cuja estrutura esteja sujeita a modicação, por regra).
- Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de
ser quebradiço ou deformável, caracterizando-se pela irrecuperabili-
dade e/ou perda de sua identidade; movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gerarem
III - Perecibilidade, quando sujeito a modicações (químicas custo de manter estoque. Deverão ser tratados, somente, após todos
ou físicas) ou que se deteriora ou perde sua característica normal os itens das classes A e B terem sido avaliados. Em geral, somente
de uso; 5% do valor monetário total representam esta classe, porém, mais de
IV - Incorporabilidade, quando destinado à incorporação a ou- 50% dos itens formam sua estrutura (esses valores são orientativos
tro bem, não podendo ser retirado sem prejuízo das características e não são regra).
do principal; e A Curva ABC é muito usada para a administração de estoques,
V - Transformabilidade, quando adquirido para m de trans -
formação.” para a denição de políticas de vendas, para estabelecimento de
prioridades, para a programação da produção.
Existe uma redação mais atual destes critérios é apresentada Analisar em profundidade milhares de itens num estoque é uma
pelo Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (Portaria tarefa extremamente difícil e, na grande maioria das vezes, desne-
Conjunta STN/SOF nº 01/11): “Um material é considerado de con - cessária. É conveniente que os itens mais importantes, segundo al-
sumo caso atenda um, e pelo menos um, dos critérios a seguir: gum critério, tenham prioridade sobre os menos importantes. Assim,
- Critério da Durabilidade (...); economiza-se tempo e recursos.
- Critério da Fragilidade (...); Para simplicar a construção de uma curva ABC, separamos o
- Critério da Perecibilidade (...); processo em 6 etapas a seguir:
- Critério da Incorporabilidade (...);
- Critério da Transformabilidade (...)”
Usualmente, este conteúdo é cobrado de forma simples em con-
cursos. De qualquer modo, vale a pena decorar os (cinco) critérios
acima.

A curva de experiência ABC, também conhecida como Análise


de Pareto, ou Regra 80/20, é um estudo que foi desenvolvido por
Joseph Moses Juran, um importante consultor da área da qualidade
que identicou que 80% dos problemas são geralmente causados
por 20% dos fatores. O nome “Pareto” vem de uma homenagem ao
economista italiano Vilfredo Pareto, que em seu estudo observou
que 80% da riqueza da Itália estava na mão de 20% da população. E
boa parte do entendimento da Curva ABC se deve à análise desen-
volvida por Pareto.

A Curva ABC recebeu este nome em decorrência da metodolo- 1º) Denir a variável a ser analisada: A análise dos estoques
gia utilizada, veja a explicação detalhada abaixo: pode ter vários objetivos e a variável deverá ser adequada para cada
um deles. No nosso caso, a variável a ser considerada é o custo do
Classe A: de maior importância, valor ou quantidade, corres- estoque médio, mas poderia ser: o giro de vendas, omark-up, etc.
pondendo a 20% do total;
Classe B: com importância, quantidade ou valor intermediário, 2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são: quan-
correspondendo a 30% do total;
Classe C: de menor importância, valor ou quantidade, corres- tidade de cada item em estoque e o seu custo unitário. Com esses
pondendo a 50% do total. dados obtemos o custo total de cada item, multiplicando a quantida-
Aqui é importante ressaltar que os parâmetros descritos acima de pelo custo unitário.
não podem ser encarados como uma regra matematicamente xa e
exata. Estes itens podem variar de organização para organização nos 3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é
percentuais descritos. Por isso, é preciso muita atenção na hora de preciso organizá-los em ordem decrescente de valor, como mostra
realizar a análise. a tabela a seguir:

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Custo total Ordem
Item Quant.Médiaemestoque(A) Custounitário(B)
(A x B)
Unidades R$/unid. R$
Apontador 5 2.000,00 10.000,00 3º
Bola 10 70,00 700,00 10º
Caixa 1 800,00 800,00 9º
Dado 100 50,00 5.000,00 5º
Esquadro 5000 1,50 7.500,00 4º
Faca 800 100,00 80.000,00 1º
Giz 40 4,00 160,00 11º
Herói 50 20,00 1.000,00 8º
Isqueiro 4 30,00 120,00 12º
Jarro 240 150,00 36.000,00 2º
Key 300 7,50 2.250,00 6º
Livro 2000 0,60 1.200,00 7º
TOTAL 144.730,00

4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados foram organizados pela coluna “Ordem” e calcula-se
o custo total acumulado e os
percentuais do custo total acumulado de cada item em relação ao total.

Quant. Média Custo unitário Custo total (A Custo total


O r de m It e m Percentuais %
em estoque (A) (B) x B) acumulado
U nidade s R $/unid. R$
1º F ac a 800 100,00 80.000,00 80.000,00 55,3
2º Jarro 240 150,00 36.000,00 116.000,00 80,1
3º A pont ador 5 2.000,00 10.000,00 126.000,00 87,1
4º Esquadro 5000 1,50 7.500,00 133.500,00 92,2
5º D ado 100 50,00 5.000,00 138.500,00 95,7
6º Key 300 7,50 2.250,00 140.750,00 97,3
7º Livro 2000 0,60 1.200,00 141.950,00 98,1
8º H e r ói 50 20,00 1.000,00 142.950,00 98,8
9º Caixa 1 800,00 800,00 143.750,00 99,3
10º Bola 10 70,00 700,00 144.450,00 99,8
11º G iz 40 4,00 160,00 144.610,00 99,9
12º Isqueiro 4 30,00 120,00 144.730,00 100,0
TOTAL 144.730,00

5º) Construir a curva ABC


Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são distribuídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo total acumu-
lado.

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
6º) Análise dos resultados

Os itens em estoque devem ser analisados segundo o critério ABC. Na verdade, esse critério é qualitativo, mas a tabela abaixo mostra
algumas indicações para sua elaboração:

C lasse %itens Valoracumulado Importância


A 20 80% Grande
B 30 15% Intermediária
C 50 5% Pequena

Pelo nosso exemplo, chegamos à seguinte distribuição:

C lasse N º it e ns % it e ns Valor acumulado It e ns e m e st oque


A 2 16,7% 80,1% Faca, Jarro
B 3 25,0% 15,6% Apontador, Esquadro, Dado
C 7 58,3% 4,3% Key,Livro,Herói,Caixa,Bola,Giz,Isqueiro.

A aplicação prática dessa classicação ABC pode ser vista quando, por exemplo, reduzimos 20% do valor em estoque dos itens A (apenas
2 itens), representando uma redução de 16% no valor total, enquanto que uma redução de 50% no valor em estoque dos itens C (sete itens),
impactará no total em apenas 2,2%. Logo, reduzir os estoques do grupo A, desde que calculadamente, seria uma ação mais rentável para a
empresa do nosso exemplo.
Quanto à importância operacional: Esta classicação leva em conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de diculdade para se obter o
material.
Os materiais são classicados em materiais:
- Materiais X: materiais de aplicação não importante, com similares na empresa;
- Materiais Y: materiais de média importância para a empresa, com ou sem similar;
- Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção.
Quando ocorre a falta no estoque de materiais classicados como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais e podem colo-
car em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo. Os materiais classicados
como “Y” são também imprescindíveis para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmente substituídos em curto prazo. Os
itens “X” por sua vez são aqueles que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à segurança das pessoas, ao ambiente ou ao
patrimônio da organização e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são fáceis de serem encontrados.
Para a identicação dos itens críticos devem ser respondidas as seguintes perguntas: O material é imprescindível à empresa? Pode ser
adquirido com facilidade? Existem similares? O material ou seu similar podem ser encontrados facilmente?
Ainda em relação aos tipos de materiais temos;
Materiais Críticos: São materiais de reposição especíca, cuja demanda não é previsível e a decisão de estocar tem como base o risco. Por
serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, devem permanecer estocados até sua utilização, não estando, portanto, sujeitos ao
controle de obsolescência.

20
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
- Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressupri- jurídica), institução e, em última instância, da sociedade como um
mento, ou seja, é um material não de estoque. todo. Ocupa-se, ainda, da recuperação da informação e da elabo-
• Difculdade de aquisição:Os materiais podem ser classi- ração de instrumentos de pesquisa, observando as três idades dos
cados por suas diculdades de compra em materiais de difícil aqui
- arquivos: corrente, intermediária e permanente.
sição e materiais de fácil aquisição. As diculdades podem advir de: O arquivista atua desenvolvendo planejamentos, estudos e
Fabricação especial: envolve encomendas especiais com cronogra- técnicas de organização sistemática e conservação de arquivos, na
ma de fabricação longo; Escassez no mercado: há pouca oferta no elaboração de projetos e na implantação de instituições e sistemas
mercado e pode colocar em risco o processo produtivo; Sazonalida- arquivísticos, no gerenciamento da informação e na programação e
de: há alteração da oferta do material em determinados períodos do organização de atividades culturais que envolvam informação do-
ano; Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um único cumental produzida pelos arquivos públicos e privados. Uma gran-
fornecedor; Logística
difícil acesso; sosticada:
Importações: material sofrer
os materiais de transporte
entravesespecial, ou
burocráti- de
seusdiculdade é que muitas organizações
arquivos, desconhecendo não se preocupam
ou desqualicando com
o trabalho deste
cos, liberação de verbas ou nanciamentos externos. prossional, delegando a outros prossionais as atividades espe-
• Mercado fornecedor:Esta classicação está intimamen- cícas do arquivista. Isto provoca problemas quanto à qualidade
te ligada à anterior e a complementa. Assim temos: Materiais do do serviço e de tudo o que, direta ou indiretamente, depende dela.
mercado nacional: materiais fabricados no próprio país; Materiais Arquivo é um conjunto de documentos criados ou recebidos
do mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país; Materiais por uma organização, rma ou indivíduo, que os mantém ordena-
em processo de nacionalização: materiais aos quais estão desenvol- damente como fonte de informação para a execução de suas ati-
vendo fornecedores nacionais. vidades. Os documentos preservados pelo arquivo podem ser de
A principal meta de uma empresa é obter o maior lucro sobre o vários tipos e em vários suportes. As entidades mantenedoras de
capital investido em instalações, equipamentos e em estoques. Mas arquivos podem ser públicas (Federal, Estadual Distrital, Munici-
com frequência, a empresa não consegue responder rapidamente a pal), institucionais, comerciais e pessoais.
aumentos bruscos da demanda, havendo necessidade de estoques de Um documento (do latim documentum, derivado de docere
produtos acabados para atender a esses aumentos; em outras oca- “ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo gráco, que
siões, a entrega de matérias-primas não acompanha as necessidades comprove a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de uma
da produção, pelo que também se justicam seus estoques. armação etc. No meio jurídico, documentos são frequentemente
sinônimos de atos, cartas ou escritos que carregam um valor pro-
batório.
Documento arquivístico: Informação registrada, independen-
6. TÉCNICAS
DE DO CU MENDE ARQUIVO
TOS : CL AS SIEFICONTROLE
CAÇ ÃO, C O- te da forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer da
atividade de uma instituição ou pessoa e que possui conteúdo, con-
DI FI CAÇ ÃO, C ATALOG AÇÃ O E AR QU IVA- texto e estrutura sucientes para servir de prova dessa atividade.
ME NTO DE DO CUM EN TOS . Desde o desenvolvimento da Arquivologia como disciplina, a
partir da segunda metade do século XIX, talvez nada tenha sido tão
revolucionário quanto o desenvolvimento da concepção teórica e
dos desdobramentos práticos da gestão.
Arquivologia
PRINCÍPIOS:

A arquivística ou arquivologia é uma ciência que estuda as Os princípios arquivísticos constituem o marco principal da
funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem diferença entre a arquivística e as outras “ciências” documentárias.
observados durante a atuação de um arquivista sobre os arquivos. São eles:
É a Ciência e disciplina que objetiva gerenciar todas as informa-
ções que possam ser registradas em documentos de arquivos. Para Princípio da Proveniência: Fixa a identidade do documento,
tanto, utiliza-se de princípios, normas, técnicas e procedimentos relativamente a seu produtor. Por este princípio, os arquivos de-
diversos, que são aplicados nos processos de composição, coleta, vem ser organizados em obediência à competência e às atividades
análise, identicação, organização, processamento, desenvolvi- da instituição ou pessoa legitimamente responsável pela produção,
mento, utilização, publicação, fornecimento, circulação, armaze- acumulação ou guarda dos documentos. Arquivos srcinários de
namento e recuperação
O arquivista é umdeprossional
informações.
de nível superior, com for- uma instituição ou de uma pessoa devem manter a respectiva in-
dividualidade, dentro de seu contexto orgânico de produção, não
mação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo Estado. devendo ser mesclados a outros de srcem distinta.
Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros
de documentação, arquivos privados ou públicos, instituições Princípio da Organicidade: As relações administrativas or-
culturais etc. É o responsável pelo gerenciamento da informação, gânicas se reetem nos conjuntos documentais. A organicidade
gestão documental, conservação, preservação e disseminação da é a qualidade segundo a qual os arquivos espelham a estrutura,
informação contida nos documentos. Também tem por função a funções e atividades da entidade produtora/acumuladora em suas
preservação do patrimônio documental de um pessoa (física ou relações internas e externas.

21
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Princípio da Unicidade: Não obstante, forma, gênero, tipo 4. Motivo - O motivo ou a causa é a situação de direito ou de
ou suporte, os documentos de arquivo conservam seu caráter úni- fato que determina ou autoriza a realização do ato administrati-
co, em função do contexto em que foram produzidos. vo. O motivo como elemento integrante da perfeição do ato, pode
vir expresso em lei, como pode ser deixado a critério do adminis-
Princípio da Indivisibilidade ou integridade: Os fundos de trador. Em se tratando de motivo vinculado pela lei, o agente da
arquivo devem ser preservados sem dispersão, mutilação, aliena- administração, ao praticar o ato, ca na obrigação de justicar a
ção, destruição não autorizada ou adição indevida. existência do motivo, sem o qual o ato será inválido ou pelo menos
invalidável por ausência da motivação.
Princípio da Cumulatividade: O arquivo é uma formação
progressiva, natural e orgânica. 5. Objeto - O objeto do ato administrativo é a criação, a mo-
A redação ocial é a maneira de redigir as correspondências, dicação ou a comprovação de situações jurídicas concernentes a
processos e documentos afetos à administração pública. pessoas, coisas ou atividades sujeitas à atuação do Poder Público.
Assim, a correta redação dos atos administrativos é necessária Neste sentido, o objeto identica-se com o conteúdo do ato e por
e algumas características devem ser observadas na elaboração dos meio dele a administração manifesta o seu poder e a sua vontade
textos ociais. Tais como: ou atesta simplesmente situações pré-existentes.
Objetividade e clareza - Dar a impressão exata das palavras,
visando facilitar a compreensão da informação, evitando o supér-
uo, a linguagem técnica.
A linguagem culta deve nortear a formalidade do texto. 7. ELEMENTOS DE REDAÇÃO TÉCNICA:
Correção - Uso das regras gramaticais, segundo os padrões e DO CU MEN TOS OF ICI AI S, ATAS DE REU NI -
normas do idioma. ÕES, TRAT AMENTO DE CORRESPO NDÊN-
Impessoalidade - O emissor do documento não é a pessoa que
o assina, mas a Instituição que ele representa. CIAS, NORMAS E DESPACHOS DE COR-
As comunicações ociais devem tratar os assuntos públicos RES PO ND ÊNC IA S E U SO DE SE RVI ÇO S
de forma impessoal, ou seja, sem impressões pessoais sobre o as- PO STAI S.
sunto tratado.
Esta recomendação não tem relação direta com a pessoa gra-
matical do verbo relativo ao emissor que tanto pode ser empregado
na 1ª pessoa do singular (ex: Comunico, Solicito), quanto na 1ª do
plural (ex: Comunicamos, Solicitamos). Conceito

Concisão - Consiste em apresentar uma ideia com poucas Entende-se por Redação Ocial o conjunto de normas e prá-
palavras, sem, no entanto, comprometer a clareza. Uma redação ticas que devem reger a emissão dos atos normativos e comuni-
concisa evita-se adjetivação desnecessária, períodos extensos e cações do poder público, entre seus diversos organismos ou nas
redundância. relações dos órgãos públicos com as entidades e os cidadãos.
Polidez - É o resultado nal de uma redação, apresentando-se A Redação Ocial inscreve-se na conuência de dois univer -
um texto agradável para ser lido e no tratamento respeitoso, digno sos distintos: a forma rege-se pelas ciências da linguagem (morfo-
e apropriado do emissor. Devem ser evitadas a ironia, as gírias e logia, sintaxe, semântica, estilística etc.); o conteúdo submete-se
a irreverência. aos princípios jurídico-administrativos impostos à União, aos Es-
tados e aos Municípios, nas esferas dos poderes Executivo, Legis-
Os atos administrativos são compostos pelos seguintes ele- lativo e Judiciário.
mentos: Pertencente ao campo da linguagem escrita, a Redação Ocial
deve ter as qualidades e características exigidas do texto escrito
1. Competência - É a condição primeira para a validade do ato destinado à comunicação impessoal, objetiva, clara, correta e e-
administrativo. Nenhum ato pode ser realizado validamente sem caz.
que o agente disponha de poder legal para praticá-lo. Por ser “ocial”, expressão verbal dos atos do poder público,
essa modalidade de redação ou de texto subordina-se aos princí-
2. Finalidade - É o objetivo de interesse público a atingir. Não pios constitucionais e administrativos aplicáveis a todos os atos da
se compreende ato administrativo sem m público. administração pública, conforme estabelece o artigo 37 da Cons-
tituição Federal:
3. Forma - A forma em que se deve exteriorizar o ato adminis-
trativo constitui elemento vinculado e indispensável à sua perfei- “A administração pública direta e indireta de qualquer dos
ção. A inexistência da forma induz à inexistência do ato adminis- Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
trativo. A forma normal do ato administrativo é a escrita, embora nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
atos existam consubstanciados em ordens verbais, e até mesmo moralidade, publicidade e eciência ( ... )”.
em sinais convencionais, como ocorre com as instruções momen-
tâneas de superior a inferior hierárquico, com as determinações A forma e o conteúdo da Redação Ocial devem convergir na
da polícia em casos de urgência e com a sinalização do trânsito. produção dos textos dessa natureza, razão pela qual, muitas vezes,
No entanto, a rigor, o ato escrito em forma legal não se exporá à não há como separar uma do outro. Indicam-se, a seguir, alguns
invalidade. pressupostos de como devem ser redigidos os textos ociais.

22
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Padrão culto do idioma - de regência: os comerciantes visam apenas “o lucro” em vez
de ao lucro.
A redação ocial deve observar o padrão culto do idioma - de colocação: “não tratava-se” de um problema sério em vez
quanto ao léxico (seleção vocabular), à sintaxe (estrutura grama- de não se tratava.
tical das orações) e à morfologia (ortograa, acentuação gráca
etc.). - Ambiguidade: Duplo sentido não intencional. Ex.: O desco-
Por padrão culto do idioma deve-se entender a língua refe- nhecido falou-me de sua mãe. (Mãe de quem? Do desconhecido?
rendada pelos bons gramáticos e pelo uso nas situações formais Do interlocutor?)
de comunicação. Devem-se excluir da Redagão Ocial a erudição
minuciosa e os preciosismos vocabulares que criam entraves inú- - Cacófato: Som desagradável, resultante da junção de duas
ou mais palavras da cadeia da frase. Ex.: Darei um prêmio por
teis à compreensão
tório” do signicado.
em lugar de “supercial” Não faz sentido
ou “doesto” em vez usar “perfunc-
de “acusação” cada eleitor que votar em mim (por cada e porcada).
ou “calúnia”. São descabidos também as citações em língua es-
trangeira e os latinismos, tão ao gosto da linguagem forense. Os - Pleonasmo: Informação desnecessariamente redundante.
Exemplos: As pessoas pobres, que não têm dinheiro, vivem na
manuais de Redação Ocial, que vários órgãos têm feito publicar,
miséria; Os moralistas, que se preocupam com a moral, vivem vi-
são unânimes em desaconselhar a utilização de certas formas sa- giando as outras pessoas.
cramentais, protocolares e de anacronismos que ainda se leem em
documentos ociais, como: “No dia 20 de maio, do ano de 2011 do A Redação Ocial supõe, como receptor, um operador linguís-
nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”, que permanecem nos tico dotado de um repertório vocabular e de uma articulação ver-
registros cartorários antigos. bal minimamente compatíveis com o registro médio da linguagem.
Não cabem também, nos textos ociais, coloquialismos, neo- Nesse sentido, deve ser um texto neutro, sem facilitações que in-
logismos, regionalismos, bordões da fala e da linguagem oral, bem tentem suprir as deciências cognitivas de leitores precariamente
como as abreviações e imagens sígnicas comuns na comunicação alfabetizados.
eletrônica. Como exceção, citam-se as campanhas e comunicados des-
Diferentemente dos textos escolares, epistolares, jornalísticos tinados a públicos especícos, que fazem uma aproximação com
ou artísticos, a Redação Ocial não visa ao efeito estético nem à o registro linguístico do público-alvo. Mas esse é um campo que
srcinalidade. Ao contrário, impõe uniformidade, sobriedade, cla- refoge aos objetivos deste material, para se inserir nos domínios e
reza, objetividade, no sentido de se obter a maior compreensão técnicas da propaganda e da persuasão.
possível com o mínimo de recursos expressivos necessários. Porta- Se o texto ocial não pode e não deve baixar ao nível de com-
rias lavradas sob forma poética, sentenças e despachos escritos em preensão de leitores precariamente equipados quanto à lingua-
versos rimados pertencem ao “folclore” jurídico-administrativo e gem, ca evidente o falo de que a alfabetização e a capacidade
são práticas inaceitáveis nos textos ociais. São também inacei- de apreensão de enunciados são condições inerentes à cidadania.
táveis nos textos ociais os vícios de linguagem, provocados por Ninguém é verdadeiramente cidadão se não consegue ler e com-
descuido ou ignorância, que constituem desvios das normas da preender o que leu. O domínio do idioma é equipamento indispen-
língua-padrão. Enumeram-se, a seguir, alguns desses vícios: sável à vida em sociedade.

- Barbarismos: São desvios: Impessoalidade e Objetividade


- da ortograa: “advinhar” em vez de adivinhar; “excessão”
em vez de exceção. Ainda que possam ser subscritos por um ente público (fun-
- da pronúncia: “rúbrica” em vez de rubrica. cionário, servidor etc.), os textos ociais são expressão do poder
- da morfologia: “interviu” em vez de interveio. público e é em nome dele que o emissor se comunica, sempre nos
termos da lei e sobre atos nela fundamentados.
- da semântica: desapercebido (sem recursos) em vez de des-
Não cabe na Redação Ocial, portanto, a presença do “eu”
percebido (não percebido, sem ser notado). enunciador, de suas impressões subjetivas, sentimentos ou opi-
- pela utilização de estrangeirismos: galicismo (do francês): niões. Mesmo quando o agente público manifesta-se em primeira
“mise-en-scène” em vez de encenação; anglicismo (do inglês): pessoa, em formas verbais comuns como: declaro, resolvo, deter-
“delivery” em vez de entrega em domicílio. mino, nomeio, exonero etc., é nos termos da lei que ele o faz e é
em função do cargo que exerce que se identica e se manifesta.
- Arcaísmos: Utilização de palavras ou expressões anacrôni- O que interessa é aquilo que se comunica, é o conteúdo, o
cas, fora de uso. Ex.: “asinha” em vez de ligeira, depressa. objeto da informação. A impessoalidade contribui para a necessá-
ria padronização, reduzindo a variabilidade da linguagem a certos
- Neologismos: Palavras novas que, apesar de formadas de padrões, sem o que cada texto seria suscetível de inúmeras inter-
acordo com o sistema morfológico da língua, ainda não foram in- pretações.
corporadas pelo idioma. Ex.: “imexível” em vez de imóvel, que Por isso, a Redação Ocial não admite adjetivação. O adje -
não se pode mexer; “talqualmente” em vez de igualmente. tivo, ao qualicar, exprime opinião e evidencia um juízo de valor
pessoal do emissor. São inaceitáveis também a pontuação expres-
- Solecismos: São os erros de sintaxe e podem ser: siva, que amplia a signicação (! ... ), ou o emprego de interjeições
- de concordância: “sobrou” muitas vagas em vez de sobra- (Oh! Ah!), que funcionam como índices do envolvimento emocio-
ram. nal do redator com aquilo que está escrevendo.

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Se nos trabalhos artísticos, jornalísticos e escolares o estilo Ocial, mas da própria literatura. Basta observar o estilo “enxuto”
individual é estimulado e serve como diferencial das qualidades de Graciliano Ramos, de Carios Drummond de Andrade, de João
autorais, a função pública impõe a despersonalização do sujeito, Cabral de Melo Neto, de Dalton Trevisan, mestres da linguagem
do agente público que emite a comunicação. São inadmissíveis, altamente concentrada.
portanto, as marcas individualizadoras, as ousadias estilísticas, a Não têm mais sentido os imensos “prolegômenos” e “exór-
linguagem metafórica ou a elíptica e alusiva. A Redação Ocial dios” que se repetiam como ladainhas nos textos ociais, como o
prima pela denotação, pela sintaxe clara e pela economia vocabu- exemplo risível e caricato que segue:
lar, ainda que essa regularidade imponha certa “monotonia buro-
crática” ao discurso. “Preliminarmente, antes de mais nada, indispensável se faz
Rearma-se que a intermediação entre o emissor e o recep-
que nos valhamos do ensejo para congratularmo-nos com Vossa
tor nas Redações Ociais é o código linguístico, dentro do padrão
culto do idioma; uma linguagem “neutra”, referendada pelas gra- Excelência pela oportunidade da medida proposta à apreciação
máticas, dicionários e pelo uso em situações formais, acima das de seus nobres pares. Mas, quem sou eu, humilde servidor público,
diferenças individuais, regionais, de classes sociais e de níveis de para abordar questões de tamanha complexidade, a respeito das
escolaridade. quais divergem os hermeneutas e exegetas.
Entrementes, numa análise ainda que perfunctória das cau-
Formalidade e Padronização sas primeiras, que fundamentaram a proposição tempestivamen-
te encaminhada por Vossa Excelência, indispensável se faz uma
As comunicações ociais impõem um tratamento polido e res- abordagem preliminar dos antecedentes imediatos, posto que estes
peitoso. Na tradição ibero-americana, afeita a títulos e a tratamen- antecedentes necessariamente antecedem os consequentes”.
tos reverentes, a autoridade pública revela sua posição hierárquica
por meio de formas e de pronomes de tratamento sacramentais. Observe que absolutamente nada foi dito ou informado.
“Excelentíssimo”, “Ilustríssimo”, “Meritíssimo”, “Reverendíssi-
mo” são vocativos que, em algumas instâncias do poder, torna- As Comunicações Ofciais
ram-se inevitáveis. Entenda-se que essa solenidade tem por consi-
deração o cargo, a função pública, e não a pessoa de seu exercente. A redação das comunicações ociais obedece a preceitos de
Vale lembrar que os pronomes de tratamento são obrigato- objetividade, concisão, clareza, impessoalidade, formalidade, pa-
riamente regidos pela terceira pessoa. São erros muito comuns dronização e correção gramatical.
construções como “Vossa Excelência sois bondoso(a)”; o correto é Além dessas, há outras características comuns à comunica-
“Vossa Excelência é bondoso(a)”.
ção ocial, como o emprego de pronomes de tratamento, o tipo de
A ociais
textos utilização da segunda
procuravam pessoa do
revestir-se de plural
um tom(vós), com
solene que os
e cerimo- fecho (encerramento) de uma correspondência e a forma de iden-
nioso no passado, é hoje incomum, anacrônica e pedante, salvo em ticação do signatário, conforme dene o Manual de Redação da
algumas peças oratórias envolvendo tribunais ou juizes, herdeiras, Presidência da República. Outros órgãos e instituições do poder
no Brasil, da tradição retórica de Rui Barbosa e seus seguidores. público também possuem manual de redação próprio, como a Câ-
Outro aspecto das formalidades requeridas na Redação Ocial mara dos Deputados, o Senado Federal, o Ministério das Relações
é a necessidade prática de padronização dos expedientes. Assim, Exteriores, diversos governos estaduais, órgãos do Judiciário etc.
as prescrições quanto à diagramação, espaçamento, caracteres ti-
pográcos etc., os modelos inevitáveis de ofício, requerimento, Pronomes de Tratamento
memorando, aviso e outros, além de facilitar a legibilidade, ser-
vem para agilizar o andamento burocrático, os despachos e o ar- A regra diz que toda comunicação ocial deve ser formal e
quivamento. polida, isto é, ajustada não apenas às normas gramaticais, como
É também por essa razão que quase todos os órgãos públicos também às normas de educação e cortesia. Para isso, é fundamen-
editam manuais com os modelos dos expedientes que integram tal o emprego de pronomes de tratamento, que devem ser utili-
sua rotina burocrática. A Presidência da República, a Câmara dos zados de forma correta, de acordo com o destinatário e as regras
Deputados, o Senado, os Tribunais Superiores, enm, os poderes gramaticais.
Executivo, Legislativo e Judiciário têm os próprios ritos na elabo- Embora os pronomes de tratamento se reram à segunda pes-
ração dos textos e documentos que lhes são pertinentes. soa (Vossa Excelência, Vossa Senhoria), a concordância é feita em
terceira pessoa.
Concisão e Clareza

Houve um tempo em que escrever bem era escrever “difícil”. Concordância verbal:
Períodos longos, subordinações sucessivas, vocábulos raros, in- Vossa Senhoria falou muito bem.
versões sintáticas, adjetivação intensiva, enumerações, gradações, Vossa Excelência vai esclarecer o tema.
repetições enfáticas já foram considerados virtudes estilísticas. Vossa Majestade sabe que respeitamos sua opinião.
Atualmente, a velocidade que se impõe a tudo o que se faz, inclu-
sive ao escrever e ao ler, tornou esses recursos quase sempre obso- Concordância pronominal:
letos. Hoje, a concisão, a economia vocabular, a precisão lexical, Pronomes de tratamento concordam com pronomes possessi-
ou seja, a ecácia do discurso, são pressupostos não só da Redação vos na terceira pessoa.

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Vossa Excelência escolheu seu candidato. (e não “vosso...”). A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal
Concordância nominal: Juiz de Direito da l0ª Vara Cível
Os adjetivos devem concordar com o sexo da pessoa a que se Rua ABC, nº 123
refere o pronome de tratamento. 01010-000 - São Paulo. SP
Vossa Excelência cou confuso. (para homem)
Vossa Excelência cou confusa. (para mulher) Conforme o Manual de Redação da Presidência, “em comuni-
Vossa Senhoria está ocupado. (para homem) cações ociais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD)
Vossa Senhoria está ocupada. (para mulher) às autoridades na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que
se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida
Sua Excelência - de quem se fala (ele/ela). evocação”.
Vossa Excelência - com quem se fala (você)
Vossa Senhoria: É o pronome de tratamento empregado para
Emprego dos Pronomes de Tratamento as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é:
Senhor Fulano de Tal / Senhora Fulana de Tal.
As normas a seguir fazem parte do Manual de Redação da
Presidência da República. No envelope, deve constar do endereçamento:
Ao Senhor
Vossa Excelência: É o tratamento empregado para as seguin-
Fulano de Tal
Rua ABC, nº 123
tes autoridades:
70123-000 – Curitiba.PR
- Do Poder Executivo - Presidente da República; Vice-presi- Conforme o Manual de Redação da Presidência, em comu-
denIe da República; Ministros de Estado; Governadores e vice-go- nicações ociais “ca dispensado o emprego do superlativo Ilus-
vernadores de Estado e do Distrito Federal; Ociais generais das tríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa
Forças Armadas; Embaixadores; Secretários-executivos de Minis- Senhoria e para particulares. É suciente o uso do pronome de
térios e demais ocupantes de cargos de natureza especial; Secretá- tratamento Senhor. O Manual também esclarece que “doutor não
rios de Estado dos Governos Estaduais; Prefeitos Municipais. é forma de tratamento, e sim título acadêmico”. Por isso, reco-
- Do Poder Legislativo - Deputados Federais e Senadores; menda-se empregá-lo apenas em comunicações dirigidas a pessoas
Ministro do Tribunal de Contas da União; Deputados Estaduais e que tenham concluído curso de doutorado. No entanto, ressalva-se
Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Presi- que “é costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os
dentes das Câmaras Legislativas Municipais.
- Do Poder Judiciário - Ministros dos Tribunais Superiores; bacharéis
Vossaem Direito e em Medicina”.
Magnicência: É o pronome de tratamento dirigido a
Membros de Tribunais; Juizes; Auditores da Justiça Militar. reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo: Magníco
Vocativos Reitor.
Vossa Santidade: É o pronome de tratamento empregado em
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é:
chefes de poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec- Santíssimo Padre.
tivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; Excelentís-
simo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Excelentíssimo Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima: São os
Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. pronomes empregados em comunicações dirigidas a cardeais. Os
As demais autoridades devem ser tratadas com o vocativo Se- vocativos correspondentes são: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
nhor ou Senhora, seguido do respectivo cargo: Senhor Senador / Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal.
Senhora Senadora; Senhor Juiz/ Senhora Juiza; Senhor Ministro
/ Senhora Ministra; Senhor Governador / Senhora Governadora. Nas comunicações ociais para as demais autoridades ecle-
siásticas são usados: Vossa Excelência Reverendíssima (para arce-
Endereçamento bispos e bispos); Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reve-
rendíssima (para monsenhores, cônegos e superiores religiosos);
De acordo com o Manual de Redação da Presidência, no en- Vossa Reverência (para sacerdotes, clérigos e demais religiosos).
velope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autorida-
des tratadas por Vossa Excelência,deve ter a seguinte forma: Fechos para Comunicações

A Sua Excelência o Senhor De acordo com o Manual da Presidência, o fecho das comu-
Fulano de Tal nicações ociais “possui, além da nalidade óbvia de arrematar o
Ministro de Estado da Justiça texto, a de saudar o destinatário”, ou seja, o fecho é a maneira de
70064-900 - Brasília. DF quem expede a comunicação despedir-se de seu destinatário.
Até 1991, quando foi publicada a primeira edição do atual
A Sua Excelência o Senhor Manual de Redação da Presidência da República, havia 15 pa-
Senador Fulano de Tal drões de fechos para comunicações ociais. O Manual simplicou
Senado Federal a lista e reduziu-os a apenas dois para todas as modalidades de
70165-900 - Brasília. DF comunicação ocial. São eles:

25
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive o - Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:
presidente da República.
Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia ou de Assunto: Produtividade do órgão em 2010.
hierarquia inferior. Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.

“Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a - Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida
autoridades estrangeiras, que atenderem a rito e tradição próprios, a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído também o
devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério endereço.
das Relações Exteriores”, diz o Manual de Redação da Presidên-
cia da República. - Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento
A utilização dos fechos “Respeitosamente” e “Atenciosamen-
te” é recomendada para os mesmos casos pelo Manual de Reda - de documentos,
Introdução:oque
expediente devecom
se confunde conter a seguintedeestrutura:
o parágrafo abertura, na
ção da Câmara dos Deputados e por outros manuais ociais. Já os qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o
fechos para as cartas particulares ou informais cam a critério do
uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cum-
remetente, com preferência para a expressão “Cordialmente”, para
pre-me informar que”,empregue a forma direta;
encerrar a correspondência de forma polida e sucinta.
Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o texto
Identifcação do Signatário
contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas
em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
Conforme o Manual de Redação da Presidência do Repúbli - Conclusão: em que é rearmada ou simplesmente reapresen-
ca, com exceção das comunicações assinadas pelo presidente da tada a posição recomendada sobre o assunto.
República, em todas as comunicações ociais devem constar o
nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo de sua assina- Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos ca-
tura. A forma da identicação deve ser a seguinte: sos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtí-
tulos.
(espaço para assinatura)
Nome Quando se tratar de mero encaminhamento de documentos, a
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República estrutura deve ser a seguinte:
Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que
(espaço para assinatura) solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver
Nome sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu-
Ministro de Estado da Justiça nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos
do documento encaminhado (tipo, data, srcem ou signatário, e
“Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado,
em página isolada do expediente. Transra para essa página ao segundo a seguinte fórmula:
menos a última frase anterior ao fecho”, alerta o Manual.
“Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de 2011,
Padrões e Modelos encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2010, do
Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do
O Padrão Ofício servidor Fulano de Tal.”
O Manual de Redação da Presidência da República lista três
ou
tipos de expediente que, embora tenham nalidades diferentes,
possuem formas semelhantes: Ofício, Aviso e Memorando. A
“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia
diagramação proposta para esses expedientes é denominada pa-
drão ofício. do telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do Presidente da
O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as seguintes Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de
partes: modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”

- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer
que o expede. Exemplos: algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode-
rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário,
Of. 123/2002-MME não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero
Aviso 123/2002-SG encaminhamento.
Mem. 123/2002-MF
- Fecho.
- Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à - Assinatura.
direita. Exemplo: - Identifcação do Signatário

Brasília, 20 de maio de 2011 Forma de Diagramação

26
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin-
forma de apresentação: tes informações do remetente:
- nome do órgão ou setor;
- deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo - endereço postal;
12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; - telefone e endereço de correio eletrônico.
- para símbolos não existentes na fonte Times New Roman,
poder-se-ão utilizar as fontes symbol e Wíngdings; Obs: Modelo no nal da matéria.
- é obrigatório constar a partir da segunda página o número
da página; Memorando ou Comunicação Interna
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres-
sos em ambas
e direita as distâncias
terão as faces do papel. Nestenas
invertidas caso, as margens
páginas esquerda
pares (“margem O Memorando
administrativas é a mesmo
de um modalidade deque
órgão, comunicação
podem estar entre unidades
hierarquica-
espelho”); mente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto,
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân- de uma forma de comunicação eminentemente interna.
cia da margem esquerda; Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni- para a exposição de projetos, ideias, diretrizes etc. a serem adota-
mo 3,0 cm de largura; dos por determinado setor do serviço público.
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela
6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desneces-
comportar tal recurso, de uma linha em branco; sário aumento do número de comunicações, os despachos ao me-
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, morando devem ser dados no próprio documento e, no caso de fal-
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer ta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do formar uma espécie de processo simplicado, assegurando maior
documento; transparência a tomada de decisões, e permitindo que se historie o
- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel andamento da matéria tratada no memorando.
branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para grácos Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão
e ilustrações;
ofício, com a diferença de que seu destinatário deve ser menciona-
- todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser im-
do pelo cargo que ocupa. Exemplos:
pressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
- deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
Rich Text nos documentos de texto;
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos.
- dentro do possível, todos os documentos elaborados devem
ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro-
veitamento de trechos para casos análogos; Obs: Modelo no nal da matéria.
- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser
formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do Exposição de Motivos
documento + palavras-chave do conteúdo. Exemplo:
É o expediente dirigido ao presidente da República ou ao vice-
“Of. 123 - relatório produtivida- -presidente para:
de ano 2010” - informá-lo de determinado assunto;
- propor alguma medida; ou
Aviso e Ofício (Comunicação Externa) - submeter a sua consideração projeto de ato normativo.

São modalidades de comunicação ocial praticamente idênti- Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da
cas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclu- República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto
sivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos
hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais deverá ser assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, por
autoridades. Ambos têm como nalidade o tratamento de assuntos essa razão, chamada de interministerial.
ociais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso Formalmente a exposição de motivos tem a apresentação do
do ofício, também com particulares. padrão ofício. De acordo com sua nalidade, apresenta duas for -
Quanto a sua forma, Aviso e Ofício seguem o modelo do pa- mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclu-
drão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário, sivamente informativo e outra para a que proponha alguma medida
seguido de vírgula. Exemplos: ou submeta projeto de ato normativo.
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simples-
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, mente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da Re-
Senhora Ministra, pública, sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão
Senhor Chefe de Gabinete, ofício.

27
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre- - permitir a adequada reexão sobre o problema que se busca
sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada resolver;
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo, embora sigam - ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro-
também a estrutura do padrão ofício, além de outros comentários blema e dos defeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição
julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, apon- do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas
tar: na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe-
- na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da cutivo (v. 10.4.3.)
medida ou do ato normativo proposto; - conferir perfeita transparência aos atos propostos.
- no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas
eventuais alternativas existentes para equacioná-lo;
- na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou na elaboração
o texto de atos de
da exposição normativos
motivos enoseu
âmbito
anexodocomplementam-se
Poder Executivo,
qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema. e formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação
profunda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição
de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema
de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte
a ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efei-
modelo previsto no Anexo II do Decreto nº 4.1760, de 28 de março
de 2010. tos e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição
Anexo à exposição de motivos do (indicar nome do Ministério de motivos ca, assim, reservado à demonstração da necessidade
ou órgão equivalente) nº ______, de ____ de ______________ de da providência proposta: por que deve ser adotada e como resol-
201_. verá o problema.
Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (no-
- Síntese do problema ou da situação que reclama providên- meação, promoção, ascenção, transferência, readaptação, rever-
cias; são, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exone-
- Soluções e providências contidas no ato normativo ou na ração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é
medida proposta; necessário o encaminhamento do formulário de anexo à exposição
- Alternativas existentes às medidas propostas. Mencionar: de motivos. Ressalte-se que:
- se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; - a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico não
- se há projetos sobre a matéria no Legislativo; dispensa o encaminhamento do parecer completo;
- outras possibilidades de resolução do problema. - o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos
-- Custos. Mencionar:
se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça- pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos
comentários a serem alí incluídos.
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;
- se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça- Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la; atenção aos requisitos básicos da Redação Ocial (clareza, conci-
- valor a ser despendido em moeda corrente; são, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão
- Razões que justicam a urgência (a ser preenchido somente culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos
se o ato proposto for medida provisória ou projeto de lei que deva é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da
tramitar em regime de urgência). Mencionar: República pelos Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser
- se o problema congura calamidade pública; encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário
- por que é indispensável a vigência imediata; ou, ainda, ser publicada no Diário Ocial da União, no todo ou
- se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te- em parte.
nham sido previstos;
- se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já
Mensagem
prevista.
- Impacto sobre o meio ambiente (somente que o ato ou medi-
da proposta possa vir a tê-lo) É o instrumento de comunicação ocial entre os Chefes dos
- Alterações propostas. Texto atual, Texto proposto; Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe
- Síntese do parecer do órgão jurídico. do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato
da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida propo- da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
sa à luz das questões levantadas no ítem 10.4.3. matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar
A falta ou insuciência das informações prestadas pode acar- veto; enm, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja
retar, a critério da Subchea para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, de interesse dos poderes públicos e da Nação.
a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios
exame ou se reformule a proposta. à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação
O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de nal.
motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a edição As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso
de ato normativo tem como nalidade: Nacional têm as seguintes nalidades:

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
- Encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen- - Encaminhamento de atos de concessão e renovação de
tar ou fnanceira: Os projetos de lei ordinária ou complementar concessão de emissoras de rádio e TV: A obrigação de submeter
são enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de ur- tais atos à apreciagão do Congresso Nacional consta no inciso XII
gência (Constituição, art. 64, §§ 1º a 4º). Cabe lembrar que o pro- do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a
jeto pode ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso
objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência. Nacional (Constituição, art. 223, § 3º). Descabe pedir na mensa-
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do gem a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o §
Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da 1º do art. 223 já dene o prazo da tramitação.
Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro Secretário Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensa-
da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua tramitação gem o correspondente processo administrativo.

(Constituição,
Quanto aosart. 64, caput).
projetos de lei nanceira (que compreendem pla-
no plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e cré- - Encaminhamento das contas referentes ao exercício ante-
ditos adicionais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se rior: O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após
aos membros do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacio-
endereçados ao Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é nal as contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art.
que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual so- 84, XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista permanente
bre as leis nanceiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na (Constituição, art. 166, § 1º), sob pena de a Câmara dos Deputados
forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso realizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedi-
Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. mento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
57, § 5º), que comanda as sessões conjuntas. - Mensagem de abertura da sessão legislativa: Ela deve con-
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvi- ter o plano de governo, exposição sobre a situação do País e soli-
do no âmbito do Poder Executivo, que abrange minucioso exame citação de providências que julgar necessárias (Constituição, art.
técnico, jurídico e econômico-nanceiro das matérias objeto das 84, XI).
proposições por elas encaminhadas. O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presi-
Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos ór- dência da República. Esta mensagem difere das demais porque vai
gãos interessados no assunto das proposições, entre eles o da Ad- encadernada e é distribuída a todos os congressistas em forma de
vocacia Geral da União. Mas, na srcem das propostas, as análises livro.
necessárias constam da exposição de motivos do órgão onde se
geraram, exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem de
- Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos):
encaminhamento ao Congresso. Esta mensagem
encaminhada poré Aviso
dirigidaaoaos membros
Primeiro do Congresso
Secretário da CasaNacional,
onde se
srcinaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a
- Encaminhamento de medida provisória: Para dar cumpri- lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos,
mento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presidente da Re- nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de
pública encaminha mensagem ao Congresso, dirigida a seus mem- sanção.
bros, com aviso para o Primeiro Secretário do Senado Federal, jun-
tando cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação - Comunicação de veto: Dirigida ao Presidente do Senado
de Documentação da Presidência da República. Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a
decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e
- Indicação de autoridades: As mensagens que submetem ao as razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário O-
Senado Federal a indicação de pessoas para ocuparem determina- cial da União, ao contrário das demais mensagens, cuja publicação
dos cargos (magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.
TCU, Presidentes e diretores do Banco Central, Procurador-Geral
da República, Chefes de Missão Diplomática etc.) têm em vista - Outras mensagens: Também são remetidas ao Legislativo
que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela com regular frequência mensagens com:
Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a - encaminhamento de atos internacionais que acarretam encar-
indicação. O currículum vitae do indicado, devidamente assinado, gos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
acompanha a mensagem. - pedido de estabelecimento de alíquolas aplicáveis às opera-
ções e prestações interestaduais e de exportação (Constituição, art.
- Pedido de autorização para o presidente ou o vice-presi- 155, § 2º, IV);
dente da República se ausentarem do País por mais de 15 dias: - proposta de xação de limites globais para o montante da
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
83), e a autorização é da competência privativa do Congresso Na- - pedido de autorização para operações nanceiras externas
cional. (Constituição, art. 52, V); e outros.
O presidente da República, tradicionalmente, por cortesia,
quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comuni- Entre as mensagens menos comuns estão as de:
cação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idên- - convocação extraordinária do Congresso Nacional (Consti-
ticas. tuição, art. 57, § 6º);

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
- pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da Fax
República (art. 52, XI, e 128, § 2º);
- pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi- O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma
lização nacional (Constituição, art. 84, XIX); forma de comunicação que está sendo menos usada devido ao de-
- pedido de autorização ou referendo para celebrara paz senvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de men-
(Constituição, art. 84, XX); sagens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo
- justicativa para decretação do estado de defesa ou de sua conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
prorrogação (Constituição, art. 136, § 4º); documento por meio eletrônico. Quando necessário o srcinal, ele
- pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons- segue posteriormente pela via e na forma de praxe.
tituição, art. 137); Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xe-

- relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio rox do fax e não
se deteriora com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos,
rapidamente.
ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura
- proposta de modicação de projetas de leis nanceiras que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o
(Constituição, art. 166, § 5º); documento principal, de folha de rosto, isto é, de pequeno formu-
- pedido de autorização para utilizar recursos que carem sem lário com os dados de identicação da mensagem a ser enviada.
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re-
jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, Correio Eletrônico
§ 8º);
- pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi- O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e cele-
cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1º); etc. ridade, transformou-se na principal forma de comunicação para
As mensagens contêm: transmissão de documentos.
- a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon- Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
talmente, no início da margem esquerda: exibilidade. Assim, não interessa denir forma rígida para sua
estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompa-
Mensagem nº tível com uma comunicação ocial.
O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensa-
- vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo gem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização docu-
do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda: mental tanto do destinatário quanto do remetente.
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que enca-
minha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu
conteúdo.
- o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de conrma-
- o local e a data, verticalmente a 2 cm do nal do texto, e ção de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da mensa-
horizontalmente fazendo coincidir seu nal com a margem direita. gem pedido de conrmação de recebimento.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de
República, não traz identicação de seu signatário. correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa
ser aceita como documento srcinal, é necessário existir certica-
Obs: Modelo no nal da matéria. ção digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabe-
lecida em lei.
Telegrama
Apostila
Com o to de uniformizar a terminologia e simplicar os pro-
cedimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda É o aditamento que se faz a um documento com o objetivo
comunicação ocial expedida por meio de telegraa, telex etc. Por de reticação, atualização, esclarecimento ou xar vantagens,
se tratar de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos evitando-se assim a expedição de um novo título ou documento.
e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegra- Estrutura:
ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio - Título: APOSTILA, centralizado.
- Texto: exposição sucinta da reticação, esclarecimento,
eletrônico
bém em razãoou fax
deeseu
quecusto
a urgência justique
elevado, sua utilização
esta forma e, tam -
de comunicação atualização ou xação da vantagem, com a menção, se for o caso,
onde o documento foi publicado.
deve pautar-se pela concisão. - Local e data.
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura - Assinatura: nome e função ou cargo da autoridade que cons-
dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu tatou a necessidade de efetuar a apostila.
sítio na Internet.
Não deve receber numeração, sendo que, em caso de docu-
Obs: Modelo no nal da matéria. mento arquivado, a apostila deve ser feita abaixo dos textos ou no
verso do documento.

30
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Em caso de publicação do ato administrativo srcinário, a O fecho da carta segue, em geral, o padrão da correspondência
apostila deve ser publicada com a menção expressa do ato, núme- ocial, mas outros fechos podem ser usados, a exemplo de “Cor -
ro, dia, página e no mesmo meio de comunicaçao ocial no qual dialmente”, quando se deseja indicar relação de proximidade ou
o ato administrativo foi srcinalmente publicado, a m de que se igualdade de posição entre os correspondentes.
preserve a data de validade.
Obs: Modelo no nal da matéria.
Obs: Modelo no nal da matéria.
Declaração
ATA
É o documento em que se informa, sob responsabilidade, algo
É o instrumento
e deliberações utilizado
ocorridos parareunião,
em uma o registrosessão
expositivo dos fatos
ou assembleia. sobre- Título:
pessoa ou acontecimento.centralizado.
DECLARAÇÃO, Estrutura:
Estrutura: - Texto: exposição do fato ou situação declarada, com na-
- Título - ATA. Em se tratando de atas elaboradas sequen- lidade, nome do interessado em destaque (em maiúsculas) e sua
cialmente, indicar o respectivo número da reunião ou sessão, em relação com a Câmara nos casos mais formais.
caixa-alta. - Local e data.
- Texto, incluindo: Preâmbulo - registro da situação espacial - Assinatura: nome da pessoa que declara e, no caso de autori-
e temporal e participantes; Registro dos assuntos abordados e de dade, função ou cargo.
suas decisões, com indicação das personalidades envolvidas, se for
o caso; Fecho - termo de encerramento com indicação, se neces- A declaração documenta uma informação prestada por autori-
sário, do redator, do horário de encerramento, de convocação de dade ou particular. No caso de autoridade, a comprovação do fato
nova reunião etc. ou o conhecimento da situação declarada deve serem razão do car-
A ATA será assinada e/ou rubricada portodos os presentes à go que ocupa ou da função que exerce.
reunião ou apenas pelo presidente e relator, dependendo das exi- Declarações que possuam características especícas podem
gências regimentais do órgão. receber uma qualicação, a exemplo da “declaração funcional”.
A m de se evitarem rasuras nas atas manuscritas, deve-se,
em caso de erro, utilizar o termo “digo”, seguido da informação
Obs: Modelo no nal da matéria.
correta a ser registrada. No caso de omissão de informações ou de
Despacho
erros constatados após a redação, usa-se a expressão “Em tempo”
ao nal da ATA, com o registro das informações corretas.
É o pronunciamento de autoridade administrativa em petição
Obs: Modelo no nal da matéria. que lhe é dirigida, ou ato relativo ao andamento do processo. Pode
ter caráter decisório ou apenas de expediente. Estrutura:
Carta - Nome do órgão principal e secundário.
- Número do processo.
É a forma de correspondência emitida por particular, ou au- - Data.
toridade com objetivo particular, não se confundindo com o me- - Texto.
morando (correspondência interna) ou o ofício (correspondência - Assinatura e função ou cargo da autoridade.
externa), nos quais a autoridade que assina expressa uma opinião
ou dá uma informação não sua, mas, sim, do órgão pelo qual res- O despacho pode constituir-se de uma palavra, de uma expres-
ponde. Em grande parte dos casos da correspondência enviada por são ou de um texto mais longo.
deputados, deve-se usar a carta, não o memorando ou ofício, por
estar o parlamentar emitindo parecer, opinião ou informação de Obs: Modelo no nal da matéria.
sua responsabilidade, e não especicamente da Câmara dos Depu-
tados. O parlamentar deverá assinar memorando ou ofício apenas Ordem de Serviço
como titular de função ocial especíca (presidente de comissão
ou membro da Mesa, por exemplo). Estrutura: É o instrumento que encerra orientações detalhadas e/ou pon-
- Local e data. tuais para a execução de serviços por órgãos subordinados da Ad-
- Endereçamento, com forma de tratamento, destinatário, car- ministração. Estrutura:
go e endereço. - Título: ORDEM DE SERVIÇO, numeração e data.
- Vocativo. - Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade
- Texto. que expede o ato (em maiúsculas) e citação da legislação perti-
- Fecho. nente ou por força das prerrogativas do cargo, seguida da palavra
- Assinatura: nome e, quando necessário, função ou cargo. “resolve”.
- Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido
Se o gabinete usar cartas com frequência, poderá numerá-las. em itens, incisos, alíneas etc.
Nesse caso, a numeração poderá apoiar-se no padrão básico de - Assinatura: nome da autoridade competente e indicação da
diagramação. função.

31
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
A Ordem de Serviço se assemelha à Portaria, porém possui - Título - RELATÓRIO ou RELATÓRIO DE...
caráter mais especíco e detalhista. Objetiva, essencialmente, a - Texto - registro em tópicos das principais atividades desen-
otimização e a racionalização de serviços. volvidas, podendo ser indicados os resultados parciais e totais,
com destaque, se for o caso, para os aspectos positivos e negativos
Obs: Modelo no nal da matéria. do período abrangido. O cronograma de trabalho a ser desenvolvi-
do, os quadros, os dados estatísticos e as tabelas poderão ser apre-
Parecer sentados como anexos.
- Local e data.
É a opinião fundamentada, emitida em nome pessoal ou de - Assinatura e função ou cargo do(s) funcionário(s) relator(es).
órgão administrativo, sobre tema que lhe haja sido submetido para
análise e competente pronunciamento. Visa fornecer subsídios No caso de Relatório de Viagem, aconselha-se registrar uma
para tomada de decisão. Estrutura: descrição sucinta da participação do servidor no evento (seminá-
- Número de ordem (quando necessário). rio, curso, missão ocial e outras), indicando o período e o tre-
- Número do processo de srcem. cho compreendido. Sempre que possível, o Relatório de Viagem
- Ementa (resumo do assunto). deverá ser elaborado com vistas ao aproveitamento efetivo das
- Texto, compreendendo: Histórico ou relatório (introdução); informações tratadas no evento para os trabalhos legislativos e ad-
Parecer (desenvolvimento com razões e justicativas); Fecho opi- ministrativos da Casa.
nativo (conclusão). Quanto à elaboração de Relatório de Atividades, deve-se aten-
- Local e data. tar para os seguintes procedimentos:
- Assinatura, nome e função ou cargo do parecerista. - abster-se de transcrever a competência formal das unidades
administrativas já descritas nas normas internas;
Além do Parecer Administrativo, acima conceituado, existe o - relatar apenas as principais atividades do órgão;
Parecer Legislativo, que é uma proposição, e, como tal, denido - evitar o detalhamento excessivo das tarefas executadas pelas
no art. 126 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. unidades administrativas que lhe são subordinadas;
O desenvolvimento do parecer pode ser dividido em tantos - priorizar a apresentação de dados agregados, grandes metas
itens (e estes intitulados) quantos bastem ao parecerista para o m realizadas e problemas abrangentes que foram solucionados;
de melhor organizar o assunto, imprimindo-lhe clareza e didatis- - destacar propostas que não puderam ser concretizadas, iden-
mo. ticando as causas e indicando as prioridades para os próximos
anos;
Obs: Modelo no nal da matéria.
Portaria - gerar um relatório nal consolidado, limitado, se possível, ao
máximo
to de dezequivalente.
ou unidade páginas para o conjunto da Diretoria, Departamen-
É o ato administrativo pelo qual a autoridade estabelece re-
gras, baixa instruções para aplicação de leis ou trata da organiza-
ção e do funcionamento de serviços dentro de sua esfera de com- Obs: Modelo no nal da matéria.
petência. Estrutura: Requerimento (Petição)
- Título: PORTARIA, numeração e data.
- Ementa: síntese do assunto. É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma
- Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade autoridade administrativa um direito do qual se julga detentor. Es-
que expede o ato e citação da legislação pertinente, seguida da trutura:
palavra “resolve”. - Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja,
- Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido da autoridade competente.
em artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens. - Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente
- Assinatura: nome da autoridade competente e indicação do (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualicação: nacio-
cargo. nalidade, estado civil, prossão, documento de identidade, idade
(se maior de 60 anos, para ns de preferência na tramitação do
Certas portarias contêm considerandos, com as razões que processo, segundo a Lei 10.741/03), e domicílio (caso o requerente
justicam o ato. Neste caso, a palavra “resolve” vem depois deles. seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à qualica-
A ementa justica-se em portarias de natureza normativa. ção civil deve ser colocado o número do registro funcional e a
Em portarias de matéria rotineira, como nos casos de nomea- lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os fun-
ção e exoneração, por exemplo, suprime-se a ementa. damentos legais do requerimento e os elementos probatórios de
natureza fática.
Obs: Modelo no nal da matéria. - Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
- Local e data.
Relatório - Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.

É o relato exposilivo, detalhado ou não, do funcionamento Quando mais de uma pessoa zer uma solicitação, reivindica-
de uma instituição, do exercício de atividades ou acerca do de- ção ou manifestação, o documento utilizado será um abaixo-assi-
senvolvimento de serviços especícos num determinado período. nado, com estrutura semelhante à do requerimento, devendo haver
Estrutura: identicação das assinaturas.

32
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
A Constituição Federal assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defe-
sa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 51, XXXIV, “a”), sendo que o exercício desse direito se instrumentaliza por meio
de requerimento. No que concerne especicamente aos servidores públicos, a lei que institui o Regime único estabelece que o requerimento
deve ser dirigido à autoridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediatamente subordinado
o requerente (Lei nº 8.112/90, art. 105).

Obs: Modelo no nal da matéria.

Protocolo

O registro de protocolo (ou simplesmente “o protocolo“) é o livro (ou, mais atualmente, o suporte informático) em que são transcritos
progressivamente os documentos e os atos em entrada e em saída de um sujeito ou entidade (público ou privado). Este registro, se obedece-
rem a normas legais, têm fé pública, ou seja, tem valor probatório em casos de controvérsia jurídica.
O termo protocolo tem um signicado bastante amplo, identicando-se diretamente com o próprio procedimento. Por extensão de sen-
tido, “protocolo” signica também um trâmite a ser seguido para alcançar determinado objetivo (“seguir o protocolo”).
A gestão do protocolo é normalmente conada a uma repartição determinada, que recebe o material documentário do sujeito que o
produz em saída e em entrada e os anota num registro (atualmente em programas informáticos), atruibuindo-lhes um número e também uma
posição de arquivo de acordo com suas características.
O registro tem quatro elementos necessários e obrigatórios:
- Número progressivo.
- Data de recebimento ou de saída.
- Remetente ou destinatário.
- Regesto, ou seja, breve resumo do conteúdo da correspondência

33
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Exemplo de Ofício

(Ministério)
(Secretaria/Departamento/Setor/Entidade)
(Endereço para correspondência)
(Endereço – continuação)
(Telefone e Endereço de Correio Eletrônico)

Ofício nº 524/1991/SG-PR

Brasília, 20 de maio de 2011

A Sua Excelência o Senhor


Deputado (Nome)
Câmara dos Deputados
70160-900 – Brasília – DF
3 cm 297 mm
1,5 cm
Assunto: Demarcação de terras indígenas

Senhor Deputado,

1. Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama nº 154, de


24 de abril último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em
sua carta nº 6708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas
pelo procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas instituído
pelo Decreto nº 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia anexa).
2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que –
na definição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideração
as características sócio-econômicas regionais.
3. Nos termos do Decreto nº 22, a demarcação de terras indígenas
deverá ser precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto
no art. 231, § 1º, da Constituição Federal. Os estudos deverão incluir os aspectos
etno-históricos, sociol ógicos, cartográficos e fundiários. O exame deste ú ltimo
aspecto deverá ser feito conjuntamente com o órgão federal ou estadual
competente.
4. Os ór gãos pú blicos federais, estaduais e municipais deverão
encaminhas as informações que julgarem pertinent es sobre a área em estudo. É
igualmente assegurada a manifestação de entidades representativas da sociedade
civil.
5. Os estud os técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio
serão publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e
das entidades civis acima mencionadas.
6. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecido
assegura que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre os
limites e a demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos
necessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessária
transparência e agilidade.

Atenciosamente,

(Nome)
(cargo)

210 mm

34
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Exemplo de Aviso

Aviso nº 45/SCT-PR

Brasília, 27 de fevereiro de 2011

A Sua Excelência o Senhor


(Nome e cargo)
297 mm

3 cm
1,5 cm
Assunto: Seminário sobre o uso de energia no setor público

Senhor Ministro,

Convido Vossa Excelência a participar da sessão de abertura do Primeiro


Seminário Regional sobre o Uso Eficiente de Energia no Setor Público, a ser
realizado em 5 de março próximo, às 9 horas, no auditório da Escola Nacional de
Administração Pública – ENAP, localizada no Setor de Áreas Isoladas, nesta
capital.
O Seminário mencionado inclui-se nas atividades do Programa Nacional das
Comissões Internas de Conservação de Energia em Órgãos Públicos, instituído
pelo Decreto nº 99.656, de 26 de outubro de 1990.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)
(cargo do signatário)

210 mm

35
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a Vossa


Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal
seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos
e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo
da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia j á
manifestouseu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste
Departa-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,
sobretudo, uma melhoria na qualidade do s serviçosprestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

210 mm

36
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a Vossa


Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal
seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos
e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo
da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia j á
manifestouseu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste
Departa-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,
sobretudo, uma melhoria na qualidade do s serviçosprestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

210 mm

37
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Exemplo de Mensagem

5 cm

Mensagem nº 118

4 cm

297 mm

Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,

2 cm 1,5 cm

3 cm

Comunico a Vossa Excelência o recebimento das mensagens SM nºs


106 a 110, de 1991, nas quais informo a promulgação dos Decretos Legislativos
nºs 93 a 97, de 1991, relativos à exploração de serviços de radiodifusão.

Brasília, 28 de março de 2011

210 mm

38
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Exemplo de Telegrama

[órgão Expedidorl
[setor do órgão expedidor]
[endereço do órgão expedidor]

Destinatário: _________________________________________________________
Nº do fax de destino: _________________________________ Data: ___/___/_____
Remetente: __________________________________________________________
Tel. p/ contato: ____________________Fax/correio eletrônico: ________________
Nº de páginas:_________________________________________________________
Observações: esta + ______Nº do documento: _____________________________
_____________________________________________________________________

Exemplo de Apostila

APOSTILA

A Diretora da Coordenação de Secretariado Parlamentar do Departamento de Pessoal declara que


o servidor José da Silva, nomeado pela Portaria CDCC-RQ001/2004, publicada no Suplemento ao Boletim
Administrativo de 30 de março de 2004, teve sua situação funcional alterada, de Secretário Parlamentar
Requisitado, ponto n. 123, para Secretário Parlamentar sem vínculo efetivo com o serviço público, ponto n.
105.123, a partir de 11 de abril de 2004, em face de decisão contida no Processo n. 25.001/2004.

Brasília, em 26/5/2011

Maria da Silva
Diretora

Exemplo de ATA
CAMARA DOS DEPUTADOS
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
Coordenação de Publicações

ATA

As 10h15min, do dia 24 de maio de 2011, na Sala de Reunião do Cedi, a Sra. Maria da Silva, Diretora
da Coordenação, deu início aos trabalhos com a leitura da ala da reunião anterior, que foi aprovada, sem
alterações. Em prosseguimento, apresentou a pauta da reunião, com a inclusão do item “Projetos Concluídos”,
sendo aprovada sem o acréscimo de novos itens. Tomou a palavra o Sr. José da Silva, Chefe da Seção de
Marketing, que apresentou um breve relato das atividades desenvolvidas no trimestre, incluindo o lançamento
dos novos produtos. Em seguida, o Sr. Mário dos Santos, Chefe da Tipograa, ressaltou que nos últimos
meses os trabalhos enviados para publicação estavam de acordo com as normas estabelecidas, parabenizando
a todos pelos resultados alcançados. Com relação aos projeXos concluídos, a Diretora esclareceu que todos
mantiveram-se dentro do cronograma de trabalho preestabelecido e que serao encaminhados à gráca na
próxima semana. Às 11h45min a Diretora encerrou os trabalhos, antes convocando reunião para o dia 2 de
junho, quarta-feira, às 10 horas, no mesmo local. Nada mais havendo a tratar, a reunião foi encerrada, e eu,
Ana de Souza, lavrei a presente ata que vai assinada por mim e pela Diretora.

Diretora

Secretária

39
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Exemplo de Despacho

CÂMARA DOS DEPUTADOS


PRIMEIRASECRETARIA

Processo n . .........
Em .... / .... /200 ...

Ao Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, por força do disposto no inciso I do art. 70 do Regimento
do Cefor, c/c o art. 95, da Lei n. 8.112/90, com parecer favorável desta Secretaria, nos termos das informações e
manifestações dos órgãos técnicos da Casa.

Deputado José da Silva


PrimeiroSecretário

Exemplo de Ordem de Serviço

CÂMARA DOS DEPUTADOS


CONSULTORIA TÉCNICA

ORDEM DE SERVIÇO N. 3, DE 6/6/2010

O DIRETOR DA CONSULTORIA TÉCNICA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso de suas


atribuições, resolve:
1. As salas 3 e 4 da Consultoria Técnica cam destinadas a reuniões de trabalho com deputados,
consultores e servidores dos setores de apoio da Consultoria Técnica.
2. As reuniões de trabalho serão agendadas previamente pela Diretoria da Coordenação de Serviços
Gerais.
................................................................................................................................
6. Havendo mais de uma solicitação de uso para o mesmo horário, será adotada a seguinte ordem de
preferência:
1 reuniões de trabalho com a participação de deputados;
11 reuniões de trabalho da diretoria;
111 reuniões de trabalho dos consultores;
IV . ..................................................................................................................................
V . ....................................................................................................................................
7. O cancelamento de reunião deverá ser imediatamente comunicado à Diretoría da Coordenação de
Serviços Gerais.

José da Silva
Diretor

40
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Exemplo de Parecer

PARECER JURÍDICO

De: Departamento Jurídico


Para: Gerente Administrativo

Senhor Gerente,

Com relação à questão sobre a estabilidade provisória por gestação, ou não, da empregada Fulana de Tal, passamos
a analisar
O oartigo
assunto.
10, letra “b”, do ADCT, assegura estabilidade à empregada gestante, desde a conrmação da gravidez até
cinco meses após o parto.
Nesta hipótese, existe responsabilidade objetiva do empregador pela manutenção do emprego, ou seja, basta
comprovar a gravidez no curso do contrato para que haja incidência da regra que assegura a estabilidade provisória no
emprego. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à maternidade e à infância, ou seja, proteger a gestante e o
nascituro, assegurando a dignidade da pessoa humana.
A conrmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-se à armativa médica do estado gestacional
da empregada e não exige que o empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez. Neste sentido tem sido as
reiteradas decisões do C. TST, culminando com a edição da Súmula n. 244, que assim disciplina a questão:
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização
decorrente da estabilidade. (art. 10, II, “b” do ADCT). (ex-OJ nº 88 – DJ 16.04.2004).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do
contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. (ex-Súmula nº
244 – Res 121/2003, DJ 19.11.2003).
III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de
experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa arbitrária ou
sem justa causa. (ex-OJ nº 196 - Inserida em 08.11.2000).
No caso colocado em análise, percebe-se que não havia conrmação da gestação antes da dispensa. Ao contrário,
diante da suspeita de gravidez, a empresa teve o cuidado de pedir a realização de exame laboratorial, o que foi feito, não
tendo sido conrmada a gravidez. A empresa só dispensou a empregada depois que lhe foi apresentado o resultado negativo
do teste de gravidez. A conrmação do estado gestacional só veio após a dispensa.
Assim, para solução da questão, importante indagar se gravidez conrmada no curso aviso prévio indenizado
garante ou não a estabilidade.
O TST tem decidido (Súmula 371), que a projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão de aviso
prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. Este entendimento
exclui a estabilidade provisória da gestante, quando a gravidez ocorre após a rescisão contratual.
A gravidez superveniente à dispensa, durante o aviso prévio indenizado, não assegura a estabilidade. Contudo, na
hipótese dos autos, embora a gravidez tenha sido conrmada no curso do aviso prévio indenizado, certo é que a empregada
já estava grávida antes da dispensa, como atestam os exames trazidos aos autos. A conclusão da ultrossonograa obstétrica
arma que em 30 de julho de 2009 a idade gestacional ecograca era de pouco mais de 13 semanais, portanto, na data do
afastamento a reclamante já contava com mais de 01 mês de gravidez.
Em face do exposto, considerando os fundamentos jurídicos do instituto da estabilidade da gestante, considerando
que a responsabilidade do empregador pela manutenção do emprego é objetiva e considerando que o desconhecimento do
estado gravídico não impede o reconhecimento da gravidez, conclui-se que:
a) não existe estabilidade quando a gravidez ocorre na vigência do aviso prévio indenizado;
b) ca assegurada a estabilidade quando, embora conrmada no período do aviso prévio indenizado, a gravidez
ocorre antes da dispensa.
De acordo com tais conclusões, entendemos que a empresa deve proceder a reintegração da empregada diante da
estabilidade provisória decorrente da gestação.
É o parecer.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).


(assinatura)
(nome)
(cargo)

41
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Exemplo de Portaría

CÂMARA DOS DEPUTADOS


DIRETORIAGERAL

PORTARIA N. 1, de 13/1/2010

Disciplina a utilização da chancela eletrônica nas requisições de


passagens aéreasnoeâmbito
administrativos diáriasda
deCâmara
viagens,dos
autorizadasem
Deputados e processos
assinadas
pelo DiretorGeral.

O DIRETORGERAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso das atribuições que lhe confere o
artigo 147, item XV, da Resolução n. 20, de 30 de novembro de 1971, resolve:
Art. 11 Fica instituído o uso da chancela eletrônica nas requisições de passagens aéreas e diárias de
viagens, autorizadas em processos administrativos pela autoridade competente e assinadas pelo DiretorGeral, para
parlamentar, servidor ou convidado, no âmbito da Câmara dos Deputados.
Art. 21 A chancela eletrônica, de acesso restrito, será válida se autenticada mediante código de segurança
e acompanhada do atesto do Chefe de Gabinete da DiretoriaGeral ou do seu primeiro substituto.
Art. 31 Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida


DiretorGeral

Modelo de Relatório

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ÓRGÃO PRINCIPAL
órgão Secundário

RELATÓRIO

Introdução
Apresentar um breve resumo das temáticas a serem abordadas. Em se tratando de relatório de viagem,
indicar a denominação do evento, local e período compreendido.

Tópico 1
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
........................................................................................................................

Tópico 1.1
Havendo subdivisões, os assuntos subseqüentes serão apresentados hierarquizados à temática geral.
................................................................................. ...

Tópico 2
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
.........................................................................................................................
3. Considerações nais
.........................................................................................................................

Brasília, ........................... de de 201...

Nome
Função ou Cargo

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Modelo de Requerimento

CÂMARA DOS DEPUTADOS


ÓRGÃO PRINCIPAL
Órgão Secundário

(Vocativo)
(Cargo ou função e nome do destinatário)

.................................... (nome do requerente, em maiúsculas) ..........................


.......................................................... (demais dados de qualicação), requer .................
............................................................................................................................................

Nestes termos,
Pede deferimento.

Brasília, ....... de .................. .......................................................... de 201.....

Nome
Cargo ou Função

8. ATENDIMENTO AO USUÁRIO: PROCE-


DI ME NTO S, P OS TU RA E TR ATAMEN TO
AD EQU ADO .

ATENDIMENTO E QUALIDADE
A globalização, os desaos do desenvolvimento tecnológico e cultural e a competição entre as organizações trazem como conse -
quência o interesse pela qualidade de seus produtos e serviços.
Esse interesse não se restringe às empresas privadas e se estende, também, ao setor público.
Assim, vemos que ₋ Os empresários buscam aperfeiçoar o desempenho em suas áreas de atuação (produtos ou serviços) e o rela-
cionamento com os seus clientes.
₋ O setor público enfrenta os desaos de melhorar a qualidade de seus serviços, aumentar a satisfação dos usuários e instituir um
atendimento de excelência ao público.
Os clientes
de melhor e usuários
qualidade. Assim,dasa organizações públicas
relação com estes e privadas
clientes também
e usuários passaseser
mostram mais
um novo exigentes
foco na escolha
de preocupação de serviços
e demanda e produtos
esforços para
sua melhoria.

QUALIDADE
O conceito de qualidade é amplo e suscita várias interpretações. As mais expressivas se referem, por um lado, à denição de qua -
lidade como busca da satisfação do cliente, e, por outro, à busca da excelência para todas as atividades de um processo.
Na mesma vertente, a qualidade é também considerada como fator de transformação no modo como a organização se relaciona com
seus clientes, agregando valor aos serviços a ele destinados.

43
Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Em face dessa diversidade de signicados, cabe às organizações identicar os atributos ou indicadores de qualidade dos seus pro -
dutos e serviços do ponto de vista dos seus usuários. Entre estes, podem ser destacados a eciência, a ecácia, a ética prossional, a
agilidade no atendimento, entre outros.
No Brasil, a questão da qualidade na área pública vem sendo abordada pelo Programa de Qualidade no Serviço Público que tem por
objetivos elevar o padrão dos serviços prestados e tornar o cidadão mais exigente em relação a esses serviços. Para tanto, o Programa
visa a transformação das organizações e entidades públicas no sentido de valorizar a qualidade na prestação de serviços ao público,
retirando o foco dos processos burocráticos.
O programa estabelece que o cidadão como principal foco de atenção de qualquer órgão público federal. Dene padrões de qua -
lidade do atendimento e prevê a avaliação de satisfação do usuário por todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal
direta, indireta e fundacional que atendem diretamente ao cidadão.
Nesse sentido considera-se que o serviço público deve ter as seguintes características:
₋ Adequado: realizado na forma prevista em lei devendo atender ao interesse público;
₋ Eciente: alcança o melhor resultado com menor consumo de recursos;
₋ Seguro: não coloca em risco a vida, a saúde, a segurança, o patrimônio ou os direitos materiais e imateriais do cidadão-usuário;
₋ Contínuo: oferecido sem risco de interrupção, sendo obrigatório o planejamento e a adoção de medidas de prevenção para evitar a des-
continuidade.

Usuários/ Clientes
Existem dois tipos de usuários ou clientes de uma organização:
•externos - recebem serviços ou produtos na sua versão nal.
•internos –fazem parte da organização, de seus setores, grupos e atividades.
Para identicar esses tipos de usuários, as pessoas da organização devem responder o seguinte:
₋ Com que pessoas mantenho contato enquanto trabalho?
₋ Quem recebe o resultado do meu trabalho?
₋ Qual o nível de satisfação das pessoas que dependem do resultado dos serviços executados por mim?

Princípios para o bom atendimento na gestão da qualidade


1. Foco no Cliente. Nas empresas privadas, a importância dada a esse princípio se deve principalmente ao fato de que o sucesso da venda
(lucro nanceiro) depende da satisfação do cliente com a qualidade do produto e também com o tratamento recebido e com o resultado da
própria negociação.
No setor público, este princípio se relaciona sobretudo aos conceitos de cidadania, participação, transparência e controle social.
Para cumprir este princípio é necessário ter atenção com dois aspectos:
₋ vericar se o que é estabelecido como qualidade atende a todos os usuários, inclusive aos mais exigentes;
₋ fazer bem feito o serviço e, depois, checar os passos necessários para a sua execução.
Deve se lembrar que tais atitudes levam em conta tanto o atendimento do usuário quanto as atividades e rotinas que envolvem o serviço.

2. O serviço ou produto deve atender a uma real necessidade do usuár


io. Este princípio se relaciona à dimensão da validade
, isto é, o serviço
ou produto deve ser exatamente como o usuário espera, deseja ou necessita que ele seja.

3. Manutenção da qualidade. O padrão de qualidade mantido ao longo do tempo é que leva à conquista da conabilidade.
A atuação com base nesses princípios deve ser orientada por algumas ações que imprimem qualidade ao atendimento, tais como:
₋ identicar as necessidades dos usuários;
₋ cuidar da comunicação (verbal e escrita);
₋ evitar informações conitantes;
₋ atenuar a burocracia;
₋ cumprir prazos e horários;
₋ desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade;
₋ divulgar os diferenciais da organização;
₋₋ fazer
imprimir
uso qualidade à relação atendente/usuário;
da empatia;
₋ analisar as reclamações;
₋ acatar as boas sugestões.
Essas ações estão relacionadas a indicadores que podem ser percebidos e avaliados de forma positiva pelos usuários, entre eles: compe-
tência, presteza, cortesia, paciência, respeito.
Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciência, desrespeito, imposição de normas ou exibição de poder tornam o atendente into-
lerável, na percepção dos usuários. No conjunto dessas ações deve ainda ser ressaltada a empatia como um fator crucial para a excelência no
atendimento ao público. A utilização adequada dessa ferramenta no momento em que as pessoas estão interagindo é fundamental. No bom

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
atendimento é importante a utilização de frases como “Bom-dia”, Barreiras e ruídos
“Boa-tarde”, “Sente-se por favor”, ou “Aguarde um instante, por No atendimento é preciso cuidado para evitar ruídos na comu-
favor”, que, ditas com suavidade e cordialidade, podem levar o nicação, ou seja, é necessário reconhecer os elementos que podem
usuário a perceber o tratamento diferenciado que algumas organi- complicar ou impedir o perfeito entendimento das mensagens. Às
zações já conseguem oferecer ao seu público-alvo. vezes, uma pessoa fala e a outra não entende exatamente o que foi
dito. Ou, então, tendo em vista a subjetividade presente na mensa-
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO gem, muitas vezes, o emissor tem uma compreensão diferente da
São elementos do processo de comunicação: que foi captada pelo receptor.
• emissor – o que emite ou envia a mensagem Além dessas diculdades, existem outras que interferem no
• receptor – o que recebe a mensagem processo de comunicação, entre elas, as barreiras tecnológicas,
•• canal
mensagem – 0 de
– o meio quecomunicação
se quer comunicar
pelo qual se transmite a men- psicológicas e de linguagem. Essas barreiras são verdadeiros ru-
ídos na comunicação.
sagem As barreiras tecnológicas resultam de defeitos ou interferên-
• ruídos –tudo aquilo que pode atrapalhar a comunicação . cias dos canais de comunicação. São de natureza material, ou seja,
resultam de problemas técnicos, como o do telefone com ruído.
O processo de comunicação é o centro de todas as atividades
As barreiras de linguagem podem ocorrer em razão das gírias,
humanas. No entanto, além de usar palavras corretas e adequadas
ao contexto, o emissor deve transmitir à outra pessoa, o receptor, regionalismos, diculdades de verbalização, diculdades ao escre-
informações, ideias, percepções, intenções, desejos e sentimentos, ver, gagueira, entre outros. As barreiras psicológicas provêm das
ou seja, a mensagem do processo de comunicação. Ao mesmo tem- diferenças individuais e podem ter srcem em aspectos do compor-
po, para que a comunicação ocorra, não basta transmitir ou receber tamento humano, tais como:
bem as mensagens. É preciso, sobretudo, que haja troca de enten- ₋ seletividade: o emissor só ouve o que é do seu interesse ou o
dimentos. Para tanto, as palavras são importantes, mas também o que coincida com a sua opinião;
são as emoções, as ideias, as informações não-verbais. ₋ egocentrismo: o emissor ou o receptor não aceita o ponto de
vista do outro ou corta a palavra do outro, demonstrando resistên-
Comunicação verbal e não verbal cia para ouvir;
A comunicação verbal realiza-se oralmente ou por meio da ₋ timidez: a inibição de uma pessoa em relação a outra pode
escrita. São exemplos de comunicações orais: ordens, pedidos, de- causar gagueira ou voz baixa, quase inaudível;
bates, discussões, tanto face-a-face quanto por telefone, rádio, te- ₋ preconceito: a percepção indevida das diferenças sociocul-
levisão ou outro meio eletrônico. Cartas, jornais, impressos, revis- turais, raciais, religiosas, hierárquicas, entre outras;
tas, cartazes, entre outros, fazem parte das comunicações escritas. ₋ descaso: indiferença às necessidades do outro.
A comunicação não-verbal realiza-se por meio de gestos e ex-
pressões faciais e corporais que podem reforçar ou contradizer o ATENDIMENTO TELEFÔNICO
que está sendo dito. Cruzar os braços e as pernas, por exemplo, é Na comunicação telefônica, é fundamental que o interlocutor
um gesto que pode ser interpretado como posição de defesa. se sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se trata da utiliza-
ção de um canal de comunicação a distância. É preciso, portanto,
Colocar a mão no queixo, coçar a cabeça ou espreguiçar-se que o processo de comunicação ocorra da melhor maneira possível
na cadeira podem indicar falta de interesse no que a outra pessoa para ambas as partes (emissor e receptor) e que as mensagens se-
tem a dizer. jam sempre acolhidas e contextualizadas, de modo que todos pos-
Também são gestos interpretados como forma de demonstrar sam receber bom atendimento ao telefone.
desinteresse durante a comunicação: ajeitar papéis que se encon- Alguns autores estabelecem as seguintes recomendações para
trem sobre a mesa, guardar papéis na gaveta, responder perguntas o atendimento telefônico:
com irritação ou deixar de respondê-las. • não deixar o cliente esperando por um tempo muito longo.
A linguagem é um código utilizado pelos indivíduos para pro-
É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo e retornar a
cessar pensamentos, ideias e diálogos interiores, ou comunicar-se
ligação em seguida;
com outros. A linguagem pode ser representada por uma língua ou
pela não-verbalização. • o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário tem de
É importante observar que algumas palavras assumem dife- se empenhar em explicar corretamente produtos e serviços;
rentes signicados para cada pessoa. • atender às necessidades do cliente; se ele desejar algo que o
Palavras como amor, solidariedade, fraternidade, igualdade, atendente
• agirnão
com possa fornecer,
cortesia. é importantecom
Cumprimentar oferecer alternativas;ou
um “bom-dia”
entre outras, servem de rótulos para experiências universais, mas
têm signicados particulares para cada indivíduo. A realidade “boa-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou instituição são
subjetiva de cada pessoa é formada pelo seu sistema de valores, atitudes que tornam a conversa mais pessoal. Perguntar o nome
pelas suas crenças, pelos seus objetivos pessoais e pela sua visão do cliente e tratá-lo pelo nome transmitem a ideia de que ele é im-
de mundo. Daí a importância de checarmos a linguagem utilizada portante para a empresa ou instituição. O atendente deve também
no processo de comunicação e adaptarmos nossa mensagem ao esperar que o seu interlocutor desligue o telefone. Isso garante que
vocabulário, aos interesses e às necessidades da pessoa a quem ele não interrompa o usuário ou o cliente. Se ele quiser comple-
transmitimos alguma informação. mentar alguma questão, terá tempo de retomar a conversa.

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal ₋ receptividade - demonstrar paciência e disposição para ser-
para garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso que vir, como, por exemplo, responder às dúvidas mais comuns dos
o atendente saiba ouvir o interlocutor e responda a suas deman- usuários como se as estivesse respondendo pela primeira vez. Da
das de maneira cordial, simples, clara e objetiva. O uso correto da mesma forma é necessário evitar que interlocutor espere por res-
língua portuguesa e a qualidade da dicção também são fatores im- postas;
portantes para assegurar uma boa comunicação telefônica. É fun- ₋ atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, dizer
damental que o atendente transmita a seu interlocutor segurança, palavras como “compreendo”, “entendo” e, se necessário, anotar a
compromisso e credibilidade. mensagem do interlocutor);
Além das recomendações anteriores, são citados, a seguir, ₋ empatia - para personalizar o atendimento, pode-se pronun-
procedimentos para a excelência no atendimento telefônico: ciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, expressões
• identicar
de falar com um einterlocutor
utilizar o nome do interlocutor:
desconhecido, ninguém
por isso, gosta
o atendente como “meu bem”, “meu querido, entre outras);
₋ concentração – sobretudo no que diz o interlocutor (evitar
da chamada deve identicar-se assim que atender ao telefone. Por distrair-se com outras pessoas, colegas ou situações, desviando-se
outro lado, deve perguntar com quem está falando e passar a tratar do tema da conversa, bem como evitar comer ou beber enquanto
o interlocutor pelo nome. Esse toque pessoal faz com que o inter- se fala);
locutor se sinta importante; ₋ comportamento ético na conversação – o que envolve tam-
• assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa que aten- bém evitar promessas que não poderão ser cumpridas.
de ao telefone deve considerar o assunto como seu, ou seja, com-
prometer-se e, assim, garantir ao interlocutor uma resposta rápida. ATENDIMENTO PRESENCIAL
Por exemplo: não deve dizer “Não sei”, mas “Vou imediatamente Nessa modalidade de atendimento devem ser incorporados
saber” ou “Daremos uma resposta logo que seja possível”. Se não alguns princípios relativos ao atendimento telefônico, além de ou-
for mesmo possível dar uma resposta ao assunto, o atendente de- tros especícos a serem abordados a seguir.
verá apresentar formas alternativas para o fazer, como: fornecer o Por se tratar de uma modalidade de comunicação de grande
número do telefone direto de alguém capaz de resolver o problema impacto junto ao usuário, o atendente deve sempre demonstrar
rapidamente, indicar o e-mail ou o número do fax do responsável simpatia, competência e prossionalismo e ter atenção com as ex-
procurado. A pessoa que ligou deve ter a garantia de que alguém pressões do rosto, da voz, dos gestos, do vocabulário e de aparên-
conrmará a recepção do pedido ou chamada;
cia. E da mesma forma, considerar os seguintes princípios.
• não negar informações: nenhuma informação deve ser nega-
da, mas há que se identicar o interlocutor antes de a fornecer, para
Princípios para a qualidade ao atendimento presencial:
conrmar a seriedade da chamada. Nessa situação, é adequada a
seguinte frase: Vamos anotar esses dados e depois entraremos em
contato com o senhor. • Competência - O usuário espera que cada pessoa que o aten-
• não apressar a chamada: é importante dar tempo ao tempo, da detenha informações detalhadas sobre o funcionamento da or-
ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a dizer e mostrar que ganização e do setor que ele procurou.
o diálogo está sendo acompanhado com atenção, dando feedback, • Legitimidade - O usuário deve ser atendido com ética, res-
mas não interrompendo o raciocínio do interlocutor; peito, imparcialidade, sem discriminações, com justiça e colabo-
• sorrir: um simples sorriso reete-se na voz e demonstra que ração.
o atendente é uma pessoa amável, solícita e interessada; • Disponibilidade - O atendente representa, para o usuário, a
• ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser catastró- imagem da organização. Assim, deve haver empenho para que o
ca: as más palavras difundem-se mais rapidamente do que as boas; usuário não se sinta abandonado, desamparado, sem assistência. O
• manter o cliente informado: como, nessa forma de comuni- atendimento deve ocorrer de forma personalizada, atingindo-se a
cação, não se estabelece o contato visual, é necessário que o aten- satisfação do cliente.
dente, se tiver mesmo que desviar a atenção do telefone durante • Flexibilidade - O atendente deve procurar identicar cla-
alguns segundos, peça licença para interromper o diálogo e, de- ramente as necessidades do usuário e esforçar-se para ajudá-lo,
pois, peça desculpa pela demora. Essa atitude é importante porque orientá-lo, conduzi-lo a quem possa ajudá-lo adequadamente.
poucos segundos podem parecer uma eternidade para quem está do
outro lado da linha; Para que o cliente ou usuário possa se sentir bem atendido,
• ter as informações à mão: um atendente deve conservar a in- existem, também, algumas estratégias verbais, não-verbais e am-
formação importante perto de si e ter sempre à mão as informações bientais.
Estratégias verbais
mais signicativas de seu setor. Isso permite aumentar a rapidez de
resposta e demonstra o prossionalismo do atendente; ₋ Reconhecer, o mais breve possível, a presença das pessoas;
• estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga: ₋ pedir desculpas se houver demora no atendimento;
quem atende a chamada deve denir quando é que a pessoa deve ₋ se possível, tratar o usuário pelo nome;
voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou instituição ₋ Demonstrar que quer identicar e entender asnecessidades do
vai retornar a chamada. usuário;
Todas estas recomendações envolvem as seguintes atitudes no ₋ Escutar atentamente, analisar bem a informação, apresentar
atendimento telefônico: questões;

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
Estratégias não-verbais 03. (CESPE/MCTI/2012/ASSISTENTE EM C&T)A eciên-
₋ Olhar para a pessoa diretamente e demonstrar atenção; cia do servidor público na realização de suas tarefas caracteriza-se
₋ Prender a atenção do receptor; pela qualidade do serviço prestado ao cidadão ou do produto a ele
₋ Não escrever enquanto estiver falando com o usuário; entregue, não importando o tempo que o servidor despendeu para
₋ Prestar atenção à comunicação não-verbal; tanto.
A. CORRETA
Estratégias ambientais B. INCORRETA
₋ Manter o ambiente de trabalho organizado e limpo;
04. (FCC/2010/SERGIPE GÁS S.A/ ASSISTENTE ADMI-
₋ Assegurar acomodações adequadas para ousuário;
NISTRATIVO) Expressões adequadas no atendimento telefônico
₋ Evitar pilhas de papel, processos e documentos desorganizado
s são:
sobre a mesa. a) vou transferir a ligação; pêra aí; meu amor.
b) alô; chuchu; espere um pouquinho.
Atendimento e tratamento c) fofa; um momento, por favor; heim.
O atendimento está diretamente relacionado aos negócios deuma d) bom dia; às ordens; à disposição.
organização, suas nalidades, produtos e serviços, de acordo com e) anjo; oi; por favor.
suas normas e regras. O atendimento estabelece, dessa forma, uma 05. (CESPE/MCTI/2012/ASSISTENTE EM C&T) Um as-
relação entre o atendente, a organização e o cliente. sistente administrativo que trabalha no atendimento ao público
A qualidade do atendimento, de modo geral, é determinada por deve comunicar-se por meio do jargão técnico, de forma a de-
indicadores percebidos pelo próprio usuário relativamente a: monstrar seu conhecimento do assunto aos cidadãos que atende e
• competência – recursos humanos capacitados e recursos tecno - transmitir-lhes segurança.
lógicos adequados; A. CORRETA
• conabilidade – cumprimento de prazos e horários estabeleci - B. INCORRETA
dos previamente;
• credibilidade – honestidade no serviçoproposto; 06. (FCC/2010/AL-SP/AGENTE LEGISLATIVO DE SER-
VIÇOS TÉCNICOS) Um dos fatores de qualidade no atendimento
• segurança – sigilo das informações pessoais;
ao público é a empatia. Empatia é:
• facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pessoal de a) a capacidade de transmitir sinceridade, competência e con-
contato; ança ao público.
• comunicação – clareza nas instruções deutilização dos serviços. b) a capacidade de cumprir, de modo conável e exato, o que
O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige ao clien-
te e interage com ele, orientando-o, conquistando sua simpatia. Está foi prometido ao cuidado
c) o grau de público. e atenção individual que o atendente de-
relacionada a: monstra para com o público, colocando-se em seu lugar para um
₋ presteza – demonstração do desejo de servir, valorizando pron- melhor entendimento do problema.
tamente a solicitação do usuário; d) a intimidade que o atendente manifesta ao ajudar pronta-
₋ cortesia – manifestação de respeito ao usuário e decordialida- mente o cidadão.
de; e) a habilidade em denir regras consensuais para o efetivo
₋ exibilidade – capacidade de lidar comsituações não-previstas. atendimento.

EXERCÍCIOS 07. (CESPE/MCTI/2012/ASSISTENTE EM C&T) As de-


monstrações de cortesia do servidor público manifestam-se não só
01. (CESPE/2005/TRT-16/ANALISTA JUDICIÁRIO/ ÁREA por meio da educação, como também da urbanidade.
JUDICIÁRIA) Alexandre, gerente de atendimento de um órgão do A. CORRETA
Poder Judiciário, pauta sua gestão nos princípios de conabilidade B. INCORRETA
e dedignidade da informação, atenção e cortesia nas relações -in
terpessoais, discrição e objetividade no tratamento das necessidades 08. (CESPE/MCTI/2012/ASSISTENTE EM C&T) O servi-
dos clientes e rapidez no atendimento. Nessa situação, é correto ar
- dor público mostra eciência ao realizar simultaneamente a tarefa
mar que os princípios que norteiam a conduta de Alexandre, como de atendimento ao cidadão e a consulta ao sistema de dados.
gestor, conferem eciência e ecácia no atendimento ao público. A. CORRETA
A. CORRETA B. INCORRETA
B. INCORRETA
09. (TÉCNICO EM ARQUIVOS- 2012- UFFS- MÉDIO)
02. (CESPE/MCTI/2012/ASSISTENTE EM C&T)Ainda que Denominam-se documentos correntes:
a solicitação de um cidadão não tenha sido atendida, por não estar de A. aqueles já arquivados e microlmados e que não necessi-
acordo com a legislação, o servidor público deve ser paciente com tam de consultas frequentes.
ele e ouvir sua queixa. B. aqueles que não apresentam movimentação e que poderão
receber consultas públicas.
A. CORRETA
C. aqueles em curso ou que, mesmo sem movimentação, cons-
B. INCORRETA
tituam de consultas frequentes.

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
D. aqueles já arquivados ou que, mesmo sem movimentação, V. A gestão arquivística de documentos é composta pela de-
constituam de consultas públicas. nição da política arquivística e pela designação de responsabili-
E. aqueles já arquivados denitivamente ou que, mesmo sem dades.
movimentação, constituam de consultas públicas. Assinale a alternativa CORRETA
A. Estão corretas todas as alternativas.
10. (TÉCNICO EM ARQUIVOS- 2012- UFFS- MÉDIO) B. Estão erradas Todas as alternativas.
Denominam-se documentos intermediários: C. Os itens III, III e V estão corretos.
A. aqueles de uso corrente nos órgãos produtores, e que por D. Os itens II e III estão errados.
razões de interesse administrativo, aguardam a reativação proces- E. Os itens I e IV estão corretos.
sual.
B. aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos pro- 13. (ESAF - 2002 - TJ-CE - AUXILIAR JUDICIÁRIO) En-
dutores, por razões de interesse administrativo, aguardam a sua tre os itens abaixo, não é função do arquivo:
eliminação ou recolhimento para guarda permanente. a) preservar os documentos.
C. aqueles de uso corrente nos órgãos produtores, e que por b) organizar os documentos.
razões de interesse administrativo, aguardam a sua eliminação ou c) classicar os documentos.
recolhimento para guarda permanente. d) proporcionar consulta.
D. aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos produ- e) doar os documentos.
tores, por razões de interesse administrativo, estão ainda em trami- 14. Analise:
tação administrativa. 1. Atendendo à solicitação contida no expediente acima re-
E. aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos produto- ferido, vimos encaminhar a V. Sª. as informações referentes ao
res, por razões de interesse administrativo, estão em tramitação na andamento dos serviços sob responsabilidade deste setor.
esfera judiciária ou na esfera legislativa. 2. Esclarecemos que estão sendo tomadas todas as medidas
necessárias para o cumprimento dos prazos estipulados e o atin-
11. (ADMINISTRAÇÃO GERAL- ARQUIVOLOGIA-
gimento das metas estabelecidas.
INPI- 2013) Em relação à gestão de documentos, julgue os itens
que se seguem.
I. O programa de gestão de documentos gerencia os documen- A redação do documento acima indica tratar-se
tos nas fases corrente e permanente e o centro de documentação (A) do encaminhamento de uma ata.
gerencia os documentos na fase intermediária. (B) do início de um requerimento.
II. A análise e a revisão do uxo de documentos é uma tarefa (C) de trecho do corpo de um ofício.
fundamental
de que deve ser executada no planejamento do programa
gestão de documentos. (D) da fecho
(E) do introdução
de umdememorando.
um relatório.
III. O dicionário de termos controlados é considerado um ins-
trumento obrigatório em um programa de gestão de documentos. 15. A redação inteiramente apropriada e correta de um docu-
IV. A avaliação de documentos faz parte da fase de utilização
mento ocial é:
e conservação do programa de gestão de documentos.
V. A gestão arquivística de documentos é composta pela de- (A) Estamos encaminhando à Vossa Senhoria algumas rei-
nição da política arquivística e pela designação de responsabili- vindicações, e esperamos poder estar sendo recebidos em vosso
dades. gabinete para discutir nossos problemas salariais.
Assinale a alternativa CORRETA (B) O texto ora aprovado em sessão extraordinária prevê a
A. Estão corretas todas as alternativas. redistribuição de pessoal especializado em serviços gerais para
B. Estão erradas Todas as alternativas. os departamentos que foram recentemente criados.
C. Os itens III, III e V estão corretos. (C) Estou encaminhando a presença de V. Sª. este jovem,
D. Os itens II e III estão errados. muito inteligente e esperto, que lhe vai resolver os problemas do
E. Os itens I e IV estão corretos. sistema de informatização de seu gabinete.
(D) Quando se procurou resolver os problemas de pessoal
12. (ADMINISTRAÇÃO GERAL- ARQUIVOLOGIA-
INPI- 2013) Em relação à gestão de documentos, julgue os itens aqui neste departamento, faltaram um número grande de servido-
que se seguem. res para os andamentos do serviço.
I. O programa de gestão de documentos gerencia os documen- (E) Do nosso ponto de vista pessoal, ca difícil vos informar

tos nas fases


gerencia corrente e na
os documentos permanente e o centro de documentação
fase intermediária. de quais
são providências
que foi vão
criado pelos ser tomadas para resolver essa confu-
manifestantes.
II. A análise e a revisão do uxo de documentos é uma tarefa
fundamental que deve ser executada no planejamento do programa 16. A frase cuja redação está inteiramente correta e apropria-
de gestão de documentos. da para uma correspondência ocial é:
III. O dicionário de termos controlados é considerado um ins- (A) É com muito prazer que encaminho à V. Exª. Os convites
trumento obrigatório em um programa de gestão de documentos. para a reunião de gala deste Conselho, em que se fará homena-
IV. A avaliação de documentos faz parte da fase de utilização gens a todos os ilustres membros dessa diretoria, importantíssi-
e conservação do programa de gestão de documentos.
ma na execução dos nossos serviços.

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
(B) Por determinação hoje de nosso Excelentíssimo Chefe d) É dispensável a licitação para obras e serviços de en-
do Setor, nos dirigimos a todos os de vosso gabinete, para infor- genharia de valor correspondente a até 20% do limite de R$
mar de que as medidas de austeridade recomendadas por V. Sa. já 150.000,00.
está sendo tomadas, para evitar-se os atrasos dos prazos. e) O instrumento do contrato não é obrigatório nos casos de
(C) Estamos encaminhando a V. Sa. os resultados a que che- concorrência e de tomada de Preços.
garam nossos analistas sobre as condições de funcionamento
deste setor, bem como as providências a serem tomadas para a 20. O Presidente de uma autarquia federal recém instituída
consecução dos serviços e o cumprimento dos prazos estipula- precisa criar uma logomarca para a entidade. Com tal nalidade,
dos. pretende escolher trabalho artístico, mediante a instituição de
(D) As ordens expressas a todos os funcionários é de que se prêmio ou remuneração ao vencedor. Nessa hipótese, a modali-
possa
tornar estar
nossotomando as medidas
departamento mais donaque
mais eciente, importantes
agilização dos trâpara- dadea)licitatória a ser observada pela autarquia é a(o):
concorrência.
mites legais dos documentos que passam por aqui. b) audiência pública.
(E) Peço com todo o respeito a V. Exª., que tomeis providên- c) tomada de preços.
cias cabíveis para vir novos funcionários para esse nosso setor, d) convite.
que se encontra em condições difíceis de agilizar todos os docu- e) concurso.
mentos que precisamos enviar. 21. No caso de licitação na modalidade de concurso, o jul-
17. A respeito dos padrões de redação de um ofício , é IN- gamento será feito:
CORRETO armar que: a) por uma comissão especial integrada por pessoas de repu-
(A) Deve conter o número do expediente, seguido da sigla tação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame,
servidores públicos ou não.
do órgão que o expede.
b) por um colegiado permanente, composto de pessoas da área
(B) Deve conter, no início, com alinhamento à direita, o lo- especíca dos licitantes, sendo que os integrantes avaliadores de-
cal de onde é expedido e a data em que foi assinado. vem ser servidores públicos.
(C) Deverá constar, resumidamente, o teor do assunto do c) pela mais elevada autoridade do órgão público, não sendo
documento. imprescindível ter conhecimento completo da matéria, mas deven-
(D) O texto deve ser redigido em linguagem clara e direta, do ser titular de cargo efetivo.
respeitando-se a formalidade que deve haver nos expedientes d) por qualquer diretor ou assessor qualicado do órgão públi-
ociais. co interessado, mas que tenha conhecimento da matéria em exame
(E) O fecho deverá caracterizar-se pela polidez, como por e esteja na Administração há mais de dois anos.
exemplo: Agradeço a V . Sª. a atenção dispensada . e) porsomente
integrada uma comissão designada
por particulares pelaatuem
e que autoridade
na áreacompetente,
em exame
18. Haveria coerência com as ideias do texto e respeitaria as há mais de cinco anos.
normas de redação de documentos ociais se o texto apresenta -
do fosse incluído como parágrafo inicial em um ofício comple- 22. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição
haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em paga-
mentado pelo parágrafo nal e os fechos apresentados a seguir. mento, poderão ser alienados por ato da autoridade competente,
observadas, dentre outras regras, a de adoção de procedimento li-
Solicita-se, portanto, a divulgação desses dados junto aos citatório, sob a modalidade de:
órgãos competentes. a) leilão ou convite e consulta pública sobre a viabilidade.
b) tomada de preços ou concorrência e preço razoável do imó-
Atenciosamente, vel.
Pedro Santos c) pregão ou tomada de preços e interesse da Administração.
d) convite ou pregão e vantagens imobiliárias para a Admi-
Pedro Santo s nistração.
Secret ário d o Cons elho e) concorrência ou leilão e avaliação dos bens alienáveis.

23. A Prefeitura do Município Águas Azuladas pretende con-


19. A respeito de licitações e contratos, assinale a opção tratar uma empresa para reformar o estádio de futebol da cidade,
com serviços de implantação de canaletas, execução de cobertura
correta. em estrutura metálica e melhorias de acesso com execução de pa-
a) A licitação deve observar o princípio constitucional da vimentação em concreto e piso em concreto. O valor estimado da
isonomia. Dessa forma, em igualdade de condições, não é per- obra é de R$ 120.000,00. Considerando que não ocorreu nenhuma
mitida a preferência aos bens e serviços produzidos por Empre- obra anteriormente e que o gestor pretende receber as propostas no
sas brasileiras de capital nacional. menor prazo possível, a licitação deverá ocorrer na modalidade de:
b) São modalidades de licitação: a concorrência, a tomada a) concorrência.
de preços, o convite, o leilão e o concurso, somente. b) tomada de preço.
c) As modalidades de licitação concorrência, tomada de pre- c) convite.
ços e convite são determinadas em função de limites dos valores d) concurso.
estimados da contratação. e) leilão.

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Conhecimentos Específcos/Assistente em Administração
24. Ainda no que se refere a licitações, marque alternativa I. Casos de guerra ou grave perturbação da ordem.
correta: II. Quando não acudirem interessados à licitação anterior e
a) Tomada de preços é a modalidade de licitação entre inte- esta, justicadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para
ressados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições prees-
escolhidos e convidados, em número mínimo de três, pela unidade tabelecidas.
administrativa, a qual axará, em local apropriado, cópia do ins- III. Contratação de prossional de qualquer setor artístico,
trumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que con-
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com
antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas. sagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
b) Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer in- Estas hipóteses correspondem, respectivamente, a casos de:
a) inexigibilidade, dispensa e dispensa.
teressados
mediante a para escolhadedeprêmios
instituição trabalho
outécnico, cientíco
remuneração ou artístico,
aos vencedores, b) dispensa inexigibilidade e dispensa.
conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa o- c) dispensa, dispensa e dispensa.
cial com antecedência mínima de 45 dias. d) inexigibilidade, inexigibilidade e dispensa.
c) De acordo com a Lei n.º 8.666/1993, é lícita a criação de e) dispensa, dispensa e inexigibilidade.
outras modalidades de licitação, bem como a combinação das 28. A diferença básica entre a dispensa e a inexigibilidade
modalidades já existentes. de licitação:
d) É inexigível a licitação referente a compras ou contrata- a) encontra-se em suas hipóteses, sendo que na primeira, estas
ções de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, visam a um objeto único e singular, enquanto que na segunda são
unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando divididas em categorias, em razão do objeto, de pessoas e de situa-
em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou lo- ções excepcionais.
calidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação b) consiste no fato de que na primeira não há possibilidade de
operacional ou de adestramento. competição, enquanto que na segunda há possibilidade de competi-
e) É inexigível a licitação na contratação de fornecimento ção que justique a licitação.
ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessioná- c) está no fato de que na primeira há possibilidade de com-
rio, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legisla- petição que justique a licitação, enquanto que na segunda não há
ção especíca. possibilidade de competição.
d) tem a ver ou não com o valordo objeto, sendo que na primei-
25. Sobre as modalidades de licitação, bem como exceções, ra não se cogita de qualquer quantum em relação ao valor, enquanto
é correto armar que na Lei no 8.666, de 1993, estão: que na segunda é relevante o pequeno valor para tornar a licitação
inexigível.
a) previstas as modalidades de leilão, convite, concorrência,
e) vem expressa ao prever que a alienação de bens imóveis me-
concurso, pregão e tomada de preço, bem como todos os casos de diante dação em pagamento e doação, entre outros, resulta em inexi-
dispensa e inexigibilidade. gibilidade, e a contratação de prossionais ou de empresa de notória
b) previstas as modalidades de leilão, convite, concorrência, especialização, entre outros, caracteriza a licitação dispensada.
concurso, pregão e tomada de preço, bem como parte dos casos
de dispensa e inexigibilidade. 29. (ESAF/Fiscal RN/2005) A licitação, conforme previsão
c) previstas as modalidades de tomada de preço, leilão, con- expressa na Lei nº 8.666/93, destina-se à observância do princípio
vite, concurso e concorrência, bem como todos os casos de dis- constitucional da isonomia e, em relação à Administração Pública, a
pensa e inexigibilidade. selecionar a proposta que lhe:
d) traçadas as normas gerais de licitação, incluindo a discri- a) ofereça melhores condições.
minação exaustiva de modalidades e parte dos casos de dispensa b) seja mais conveniente.
e inexigibilidade. c) seja mais vantajosa.
e) traçadas as normas gerais de licitação, incluindo a discri- d) proporcione melhor preço.
minação de algumas modalidades e todos os casos de dispensa e e) atenda nas suas necessidades.
inexigibilidade.
30. (ESAF/Procurador DF/2004)São modalidades de licita-
26. São modalidades de licitação: ção:
a) menor preço, melhor técnica e técnica e preço. a) concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão.
b) apenas a concorrência e a tomada de preços. Os demais mé-
b) maior lance ou oferta, concurso e tarefa.
todos não se inserem no conceito de licitação.
c) concorrência, homologação, consulta e pregão.
c) concorrência, nos limites em que é obrigatória.
d) concorrência, tomada de preços, convite e pregão. d) concorrência, tomada de preços, convite, concurso, leilão e
e) concorrência, tomada de preços, convite e adjudicação. outros métodos criados em decreto regulamentar.
e) concorrência, tomada de preços, convite, concurso, leilão e
27. Sobre dispensa e inexigibilidade de licitação, considere outras modalidades resultantes da combinação destes métodos.
as hipóteses abaixo, previstas na Lei de Licitações:

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