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Joana Costa Lopes

Assistente Convidada

§ Esquema - Competência Internacional – Parte II

Regulamento 1215/2012
Critérios de Competência Legais e Convencionais

1. 2.
Critério geral de competência
legal: Domicílio do Réu (Cf. artigo Critério especial de competência legal
4.º do Reg.)
1. Os critérios especiais de competência legal,
estabelecidos na Secção II do Capítulo II,
concorrem com o critério do domicílio do
O artigo 4.º do Reg. 1215/2012 determina que, sem réu;
prejuízo do disposto no Regulamento (artigo 5.º, 18.º, 21.º,
24.º e 25.º), as pessoas domiciliadas num Estado- 2. Neste sentido, os critérios que constam no
Membro devem ser demandadas, artigo 7.º concorrem/ou são alternativos
independentemente da sua nacionalidade, nos ao critério do domicílio do réu. Significa isto
tribunais desse Estado. que para uma mesma ação, existem vários
tribunais internacionalmente competentes. O
autor pode escolher onde intentar a ação.
Desvios à regra geral: que estabelecem que as
pessoas domiciliadas num Estado-Membro só 3. Em matéria contratual estabelece-se como
podem ser demandadas perante tribunais de critério especial de competência o lugar onde
OUTRO Estado-Membro quando se verifique: a obrigação em questão foi ou deva ser
cumprida (artigo 7.º, n.º 1, alínea a) do Reg.).
i) Um critério especial de
competência (artigo 5.º); 4. Em matéria extracontratual, estabelece-se
como critério especial de competência “o
ii) Uma competência legal lugar onde ocorreu ou poderá ocorrer o facto
exclusiva (artigo 24.º); danoso”. (artigo 7.º, n.º2 do Reg)

iii) Uma competência O critério de competência aplica-se não só aos casos


convencional (artigo 25.º); em que ocorreu um facto danoso, mas também
naqueles em que o facto pode ocorrer.

Ratio: este critério especial de competência é


Dupla Funcionalidade – Posição MTS justificado pela proximidade do foro do lugar onde
ocorreu o facto danoso relativamente às provas, e visa
MTS: alguns preceitos do Reg. 1215 são dotados de permitir ao requerente (autor) a fácil identificação do
uma dupla funcionalidade, dado que aferem tribunal a que se pode dirigir e ao requerido (réu)
simultaneamente o tribunal internacional e prever razoavelmente aquele perante o qual pode ser
territorialmente competente: artigo 7.º, 12.º, 13.º, 18.º1 demandado.
e 21/al.b) .
3. 4.

Critérios atributivos de competência legal Competência Convencional (art. 25.º e


exclusiva (artigo 24.º do Reg.) art. 26.º do Reg. )
- A competência exclusiva dos tribunais de um Estado- - A competência é convencional quando é
Membro afasta: atribuída por convenção das partes. (artigo 25.º do
Reg.)
i) O critério geral do domicílio do réu;
(artigo 4.º do Reg.) - A convenção sobre a jurisdição nacional
ii) Os critérios especiais de competência competente constitui um pacto de jurisdição.
legal; (artigo 5.º do Reg)
- O pacto de jurisdição é suscetível de ter um efeito
- A competência exclusiva também não pode ser atributivo de competência e um efeito privativo
derrogada nem: de competência.
i) Por um pacto de atributivo de competência; i) Efeito atributivo: quando o pacto
artigo 25/4.º do Reg. fundamenta a competência dos tribunais
de um Estado que não seriam
ii) Nem por uma extensão tácita de competentes por aplicação dos critérios
competência; artigo 26.º Reg. da competência legal;
O tribunal de um Estado-Membro, perante o qual tiver ii) Efeito privativo: quando o pacto
sido proposta, a título principal, uma ação relativamente suprime a competência a competência
à qual tenha competência exclusiva de um tribunal de dos tribunais de um Estado que seriam
outro Estado-Membro deve declarar-se competentes por aplicação dos critérios
oficiosamente incompetente (artigo 27.º do Reg. ) da competência legal.

- As partes podem designar um tribunal estadual


Se não o fizer, verifica-se um fundamento de recusa de como exclusivamente competente ou como
reconhecimento ou execução, nos outros Estados- concorrentemente competente.
Membros, da decisão que proferir (artigo 45.º, n.º1,
alínea e), ii) e artigo 46.º do Reg); - Os pactos de jurisdição são ineficazes quando em
matéria que esteja abrangida por uma competência
legal exclusiva (artigo 25/4.º do Reg. + 24.º do Reg.)
NOTA: a competência exclusiva dos tribunais de um
Estado-Membro não depende de o réu estar - A competência convencional também pode
domiciliado no território de um Estado-Membro. resultar da propositura da ação no tribunal de um
Estado-Membro que não seja, em princípio
competente, seguida a comparência do requerido
Ratio da norma: (segundo LIMA PINHEIRO): os critérios (réu), nos termos do artigo 26.º do Reg.
de competência exclusiva coincidem tendencialmente
com os elementos de conexão relevantes para a - A competência convencional resulta neste caso de
aplicação dos regimes imperativos desse Estado- um acordo tácito no decurso do processo.
Membro;
Quando o réu não tem domicílio num Estado-Membro (artigo 6.º do Reg)
➢ Aplica-se o disposto no artigo 6.º/1 do Reg. " Se o requerido não tiver domicílio num Estado-
Membro (no caso de ter domicílio no Brasil, por exemplo) a competência dos tribunais de cada
Estado-Membro é, sem prejuízo do artigo 18.º, n.º 1, do artigo 21.º, n.º 2, e dos artigos 24.º e
25.º, regida pela lei desse Estado-Membro.

➢ MTS: significa que a competência é em princípio regulada, pela lei interna do Estado do foro (ou
seja, onde o autor intentar a ação);

➢ Nota (MTS): contra um Réu “demandado com domicílio num Estado terceiro podem ser
invocadas quaisquer regras de competência vigentes na ordem interna do Estado do foro, mesmo
que elas sejam consideradas exorbitantes e não possam ser invocadas contra demandados com
domicílio num dos Estados-Membros (artigo 6.º, n.º 2 do Reg.).

Assim,

i) Se não se estiver perante matéria de consumo (artigo 18.º/1 Reg.), nem de contratos
de trabalho (artigo 21.º, n.º 2 Reg.);
ii) Se não existir matéria de competência exclusiva (artigo 24.º do Reg.)
iii) Se não existir a celebração de um pacto de jurisdição (artigo 25.º do Reg).

ENTÃO O REGULAMENTO NÃO SE APLICA.

Neste sentido, se o Regulamento não se aplica, se a ação que tem por objeto um conflito plurilocalizado
e se é intentada nos tribunais portugueses, então é necessário averiguar se os Tribunais Portugueses são
internacionalmente competentes:

i) A competência internacional dos tribunais portugueses é regulada pelo disposto nos


artigos 59.º, 62.º, 63.º, e 94.º do CPC.

ii) MTS: assim, para que um tribunal português seja competente para apreciar um litígio, é
necessário que entre o litígio e a ordem jurídica portuguesa haja um elemento de conexão
considerado pela lei suficientemente relevante para justifica o julgamento desse litígio.

Esses elementos de conexão aferem-se segundo 4 critérios:

➢ Critério da coincidência (artigo 62.º al. a) – regras da competência territorial


(artigos 70.º e ss do CPC – atenção ao artigo 71.º do CPC (foro obrigacional –
artigos 772-776.º do Código Civil) e artigo 63.º - competência exclusiva);
➢ Critério da causalidade (artigo 62.º, al. b));
➢ Critério da necessidade (artigo 62.º, al. c))
➢ Critério da vontade das partes (artigo 94.º);

MTS: “estes critérios são alternativos: basta a verificação de um deles para os tribunais portugueses serem internacionalmente
competentes”

Se não existir elemento de conexão os tribunais portugueses não são competentes LOGO
há uma exceção dilatória nos termos do artigo 96.º, 99.º, 576.º, 577/a) do CPC que se for
procedente dá azo à absolvição do réu da instância nos termos do artigo 278/1/al.a) do CPC.

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