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Observar
para ver
"'g Cotrtu11"""1e qu<lomt>ola 8PkJ l.'1~ra MA
!! RENATA M tlRELES 1: UMA OBSERVAOORA SEN·
e
• dh)' P1orsk1 e uma grande influencia no nosso olhando e tentando aprender como aconteciam

i SIVH E COMPEHNTE DO UN IVCRSO INFAN TIL.

Revista Avisa lá : Rcnat.:i, conte-nos sobre seu


olhar, um grande parceiro Ele tem um estudo
mU1to profundo sobre o 1magmtmo mfant1I e a
as brincadeiras Comecei a reg1strar em foto s e
em fita cassete. comece, a v1a1ar tambem . Quan-
CONHECER SUAS MOTIVA(ÔES, BASES TEôRlCAS
trabalho. Qual o seu per curso at é se tornar partir do olhar dele. ampliamos o nosso olhar. do 1a com os amigos em fénas para algum s1t10,
l DESCOBEITTAS VAJ AUXILIAR OS PROFISSIONAIS uma pesquisadora da mfancia? 1mensamente. O Gandhy e uma grande 1nfluen- eu estavd mais interessada nos fl lhos do caseiro
Renata Meireles: Eu sempre quis trabalhar oa no nosso trabalho . do que no churrasco dos amigos
DA (DUCA(ÀO A ü[SEN\.OLV[R UM OLHAR Dlf[·
com infanc,a, mas nao sabia ao certo a drea que Eu achei que mteressante sena ir m loco Meu olhar era como um 1ma para as cnanças

RENCIADO PARA O FAlER DAS CRJAN(,AS 1na trabalhar Acabei fa zendo muitos cursos fora mesmo , n3o hcar so na pesquisa b1bhograflca Eu era chamada por elas. pelo meu olhar. Eu sentia
da !acuidade {Educ.açao FisicaJ, com pessoas que Quando eu estava na fa culdade cheguei a ler, m- que meu corpo preosava aprender Por exem-
jtl e~ta~am fazendo pesqu1~ sobre a 111fánc1a, clusive. uma tese sobre bolinha de gude Achei plo, 1sso. a bolinha de gude, eu quena Jogar. en·
como Adriana Friedmann ' . e no Instituto Bnn muito bacana . mc1us1ve. o fato de ex1sur algo trar na partida para valer Então, eu aprendia no
canteJ. Esses foram grandes 1ncentiv05 pra mim . assim, mas o que eu quena era saber como as corpo, reg1str ava isso
naquilo que eu queria e nem sabia que e;,rnma crianças 1ogam a bo hnha de gude Nào da para Construí assim um caminho, uma ponte en -
Oue era pesquisar, estar mais perto de quem voe~ jogar bohnha de gude lendo uma tese tre as cn.anças e as demais pessoas Reproduzia
sao as m anças e de como elas atuam no seu di a o repertóno que as cnanças estavam fazendo em
a dia sem ficar muito na teori a. Pr1nc1palmen - Oue tipo de tese era, sobre a h1'itona do 1oeo1 ohc1nas no SESC . em escolas, em inst1tu1çôes
t e. ~ tar com elas e aprender com elas sobre Faz1a oflcinas de brinquedos e bn11cade1ras.
Nao, tinha a ori gem do Jogo . mas era mui-
mfanoa . Lydia Hortfllo.s e Adelsm• forneceram absolutamente prc'n1cas Claro que mcluía d1s
to sobre as relações sooa1s que se estabelecem
msp1raçôes pa,a começar essa pesqw sa Depois, cussões e reflexões
Contava perfeitamente como o Jogo acontece. as
muitos parc,e1ros e mestres cr uzaram meu can11 Depois disso eu conheo o David Reeks e a
regras. toda a dmt1m1ca, enhm , um trabalho m1
nho· Gabnela Romeu, M arcos Ferr eira Santos. gente criou Jun to o proJeto 81ra - Brmcade1ras
nu cioso do passo a passo do 1oeo M as é outra
Sandra Eckschm,dt. Sora 1a Chune Saura . entre Infantis da Ree1ao Ama zôn1ca. Com a entrada d o
coisa você estar no 1ogo e ler ~bre ele. E n.lo me
tanto,; outros Hoje em dia o pesquisador Gan
allmenta\·a s.o saber sobre o Jogo. eu precisava David na minha vida o projeto drnpl iou . abnu

estar nele, sentir E então, eu acho que isso foi o uma ouua porta . que foi a d os reg1stros de h!

grande mote para mim . a necessidade de apren - mes Ele n:io era documentansta quando a cem e
' Pfl,JWLJO(",<J d.i ML>C.-;.10 llldKa tOOI~• do f'lllPS/0 fNudro l •,tuck,\ ,. ~1.qu,w, l'1fl ',,rn/x,hwlO!> lrtfj ur i,
• 0,-,,,,nYOl~,m,,rlO} se conheceu . mas se lOrnou com o pro1eto 81ra
'1""•wtu8""<•1fllf' ( Uf 1ú •• Ãf l ~ dQ Bruo<,111!t 1,1,,, íáu,Mlo,,.., der com a criança A partir do ponto de v1sta dela
As cenas d<ts crianças brincando foram as pn
' I.I/IOtl'lll'IOIGIDC,,lo:"(U'~ PC"V1u1wtb1d.ituhuraa.,ur1a,·,.,- ,J Na década de J 990 em 1991 1992 come
•~(J,01\lltur,1d.o"'IIAIII
ce1 pesquisando de uma forma bem case1rd. so me1ras coisas que ele hlmou na vida Ddvld saiu
em viagem nesse projeto para aprender. e como
tinha um o lhar super bom , aprendeu fazendo . t;
dois. Quando volt amos, eles lmham seis e qua-
boni ta essa hlstona. E as cnanças toram dando
tro anos. Criamos o p1 01eto Pilra estar em fa . do voce vê. el.:,'> tmncam . e muito E.u acho que
tOdos os sinais e ele i;:i ouvindo e vendo O Da-
mnla, acompanhar de perto o crescimento dos tem um last10 de olhar que se rompeu O adulto
vid tem uma alma mfantil muito bonita. ele con- locado nas angustias do passado ou na ansiedade
nossos filho s. ao mesmo tempo que P<>deriamo<.
segui a se comunica r muito bem com a críanca de um futuro que nunc.J vem . n3o consegue per-
desenvolver um trabalho que eosttissemos, co-
atraves da c:i m era . Ele larga a càmera no meio ceber a man(,a que est.1 absolutamente no pre
nhecendo o potenc1al dele. A 1de1a 101 fi car dois
e começa a brincar. então , isso também criou sente H2J uma desconexoo Que bloqueia o olhar
anos. na estrada . percorrendo diferentes regiões
\/lnculos. o que é sempre necess.êlno. para consegu1r ver o que vem da criança hoJe
brasileiras. reg1strando as diferen tes expressões
O que queríamos era cnar vinculo com as das tantas mfãnc1as que existem no nosso pais
Focar no que ha de belo e pol ente ndo sig
crianças. Assim nasceu o projeto Bira . Nasceu nih<.a que es!,..Js crianças nao vivam grandes pro-
Criamos um roteiro com uma representa tivida•
completamente autônomo, sem incentivo ne- de region al e cultural que pudesse se apro,omar
blemas Aquele-=, menmos. e menina,; sao herô1s
Marcos Ferreira Santos, que foi m eu orientad or para nô>. nos apresentam um br incar absolu-
nhum . fo ram investimen tos pessoais. dessa diversidade que somos.
de fato , consegui o mergulho que precisava para tamente rico e potente. essas mesmas crianças
olhar as · Aguas Infantis da Amazõma ". minha Desenhamos uma proposta de parceria com
E como f oi? sofrem questões comphcadas no seu d1a a dia
escolas e em seguida nasce u a poss1 b1lidade de
pesquisa de mestrado . A partir dai, escrevi o Se a gente con tar você nem aued1ta
Saím os em 2001 . David e eu, com moc hila fazer uma correahzaç~o com o Instituo Alana '
Giramundo:.. editamos alguns curtas sobre isso Mas preferimos apres.cntar o lado que dá
nas costas e ca mera na m.lo . Tinhamas apoio de que ampliou muito a di mensão do proJeto e for-
e ganhamos vanos prêmios. Entao, percebemos sentido para a prôpna cnança. Nao se Lrata de
ONGs e instituições de lá que eu havia cantata · taleceu ainda mai s nossa proposta de pesqu1 ·
que o qu e tlnhamos na mão nao era sõ um so- mgenwdade. mas de deixar que as crianças nos
do d aqu i e que 1a trabalhavam com crianças. E sa e d1fusao da cullura da mr.inoa. Ho1e somos
nho ou encantamen to, mas algo que as pessoas gwem o olhar para as grandes transform.Jçôes.
foram essas p essoas que incentivaram o nosso uma equipe e agregamos esforços em diversas
estavam querendo saber. essas que pc1rtem de dentro para fora.
trabalho , que nos apresentaram às comunida- frentes de educaçao e cul tura Estamos coprodu· O que gostarTamos é que. de algum mOdo
d es. Eu fazia oficinas de brinquedos e brinca- zindo com a Maria Farmha Produtora (vmculada as pessoas conhassem mais na mfãnc1a. e nos
Por que você acha que as pessoas estavam queren-
deira s para o pessoal que trabalhava para eles, ao Instituto Alana) um filme de longa-metragem . potenc1a1s 1nlant1s. As cr1an(,as Ja fa.zem isso
do falar disso? Por que o foco nas brincadeiras?
para profiss1ona1s. de Secre taria de Educaç.lo. da séries para TV, site. enhm , ampliamos muito
Pois é. a brincadeira era meio margmahzada .
r ede p übhca. das. ONGs. Com idas e vindas., no Você vl uma relaçao entre essa vida d1flc1I e a
Aos poucos ela está ganhando um espaço cada
total. deu quase um ano de Amazõnia. Conte um pouco mais sobre essa questâo do brmcadeira . brincar como necessidade de se
vez mais nobre As pessoas estao entendendo o
Cnamos de fato um olhar mais aprofundado olhar Nós a consideramos como uma gr ande man ter S.3o 7
respeito que é preciso ter para com essa ativ1·
sobre a mfanc1a de 1a. Aprendemos o que e estar dade nnha uma coisa do não sério. Até mesmo
observadora das cr ianç as. da cultura d.1 m- Sem duvida. A brincadeira e o ar que a crian-
com a cri ança e reg1strar as suas atividades. Era fãncla . como 'IIOcê aprendeu a observar 7 ça respira. sem isso ela hca sufocada 1: onde a
mmha faml11a me questionava quando eu 1a fazer
um i ntercamb10 de brinquedos e brrncadeiras. Fique, sempre mwto focada em olhar o que criança é A brmcadeira é o espaco em que ela
uma coisa séria, "você vai fi car brincando?".
Toda vez que aprendiamos uma brincadeira , en · existe de mais potente na mf~111c1a. e a aprender e ela mesma, fora dali ha mwtas vezes questões
sm à vamos outra. a brincadeira brincando As pessoas conseguem bem d1ficeis para elas lidarem
Explique um pouco de onde nasceu e o que é
falar com mwto mais 1ranqu1l1dade sob re os
o Territ ór io do Brincar.
problemas da mfãnc1a do que sobre as poten-
Voe~ co nti nuo u a p esquisa aq ui em Sào Paulo O Projeto Territôrio do Brmcar6 nasceu por
c,ahdades e o 1mag1nãrio 1nfant1I Achei que era
tamb ém ? con ta dos filho s. Quando eu e o David nos vi-
pertinente apurar o olhar para o que ha de belo
Q uando termmou . o projeto virou disserta- mos com duas cria nças pequenas morando em
'~º d e m estrado. Eu consegul . ar . ter um olhar Sao Paulo fazendo coisas que não estavamas
De um modo geral . ouço muito dos adultos
que as crian ças n:io brincam mais E ao mesmo
com o a fasta mento necess.an o Em campo é mui- gostando. Pensamos em mudar para o in terior.
tempo, veio as cnanc;as mostrando um repert0no.
to diflol para m im ter uma re fl exao mais profun- mas resolvemos ir para a estrada com eles mos· uma d1spombihdade mtensa para O brincar Seia
da daquilo que estou vendo . Eu preciso sair do trando o que sablamos lazer. Quando saimos. no interior, numa comunidade quilombola. ou na
lugar. Pra mim funoona assim . Com o professor o ma,s velho tmha qua tro anos e o ma,s novo odade de s:io Paulo. onde for. a respoS ta e "hoie
em dta as cr,anças nao brmcam mais" E aí quan·

lnn,tuto que 1em cumo n115!>lo tlOfu-;,-,, ' "•'"P ... ~ .1l,lt1<1 ore bi
l NT R F VI S TA
•' .
11h' J...-... .

e re solvi faler essa brincadeira de war uma pe o fenómeno da brmcade1ra de casinha e como
Voce falou desses c rande s per!tOnagens e
quena poesia como se rosse um menu de res ela nascia onde era feita quando acontecia . en -
deve t er vivido mUttas emO{ÕC'i nessas ;md,:m-
t,1urante Realmente, era uma bnnc.ade1ra entre fim . dizer do esponU'mco do bnncar de cdsmha
ças pelo Brasil. Podena rnmpartllll.:ir conosco
adul tos e cnanças. um menu de restaurante com nadd além A gen te hcou um ano fazendo isso
uma s1tuaç:'lo que lhe impactou?
pratinhos de lama e flor Isso foi acontecendo No começo foi um pouco o exerctc10 de olhar o
Cada cnança toca em um lugar em mim Um
vtmos foram os temas que eu percebia durante que acontece de espontãneo dentro da escola E
exemplo de ern<x;do é a reraçdo que ttvf"mOS com
essas cnanças. por conta dos nossos hlhos esta \ a viagem do femtôr10 do Brincar e que foram as brincadeiras s,mbôhcas, como quer Que acon-
crescendo dentro de mim Um tema enor me. por teçam tém o espontãneo na sua essência li·
rem também no proJeto No pro1eto Bn a nào ti·
exemplo. é esse dos meninos caçadores Quem berdade na essência Se você educador esta em
nh.:1mos hlhos. mas no Terntôno do Bnncar isso Com..:tmllu //e Ni<ólf' lt/1~,. M am1 frl1,wdu o,.,.,.,m sao essas cnanças, o que é caçar na inl.1ncia 1 um ambiente e não está conseguindo entender
mudou muito Cada lugar onde chegávamos. nos- - m,uuoplO lH' Jaq"º'ºº R,n c,0,,011 dó Sul
de onde parte esse espontâneo . então tenta-se
sa casa passava a ser um lugar onde as cnanças
ta de 1m•entar coisas, partmdo do zero M eninas Pensa ndo nessas brmcade1ras de casinha de olhar onde est.3 o e,;pontãneo dentro da escola
quenam estar. Elas vmllam contmuar a brmcaC1e1-
que est:io vmculadas ds brincadeiras com mais caçador, gosta, 1a que falac;se um pouco do A essência da li berdade e qual ê a força disso
ra e hcar com os nossos hlhos. As nossas casas
eram centros culturais da 111fc'.snc1a. Às vezes eram potencia ou dehcadeza . Potenoa . por exemplo . Joeo simbólico e comove Isso na escola hoJe
ao pular elástico, pular corda Tem meninas que Sempre gosto de contar a partir da mmha Qual o papel do professor msso., Ele tem al-
15. 20 crianças, o dia mteiro Eu percebia que
fazem maestnas nessas brincadeiras experiência No Temtono do Bnncar. seis esco- guma p..,rt1c1paçào nessa bnncadeira 7
alguns deles vmham v1\·er uma fam1ha. e ,sso é
las• acompanhavam o projeto Tínhamos reuni - Na verdade o educador deve dar um pa,;so
muito emoc10nan1e para mim Cnanças com ques·
Você :is ve zes escolhe algu ns t ema s para dar ões mensais via s1'. ype para discutir o que eu pa ra tras nesse sentido. Dissemos que se ele
tões bem complicadas em casa ntio saiam do nos·
um zoom, como as e.asinhas e as comrd inhas, estava vivendo nesses lugares. e eu sempre le- montar a casinha. Jã est:t fazendo um convite que
so qumtal Teve um menino. por exemplo. que o
há algu ma r,nao especial para isso? vantava um tema . Era uma formação continuada parte dele. Queremos o contrário ver o dese10
pai e a mole estavam presos. uma vo que n~o dá
conta de cuidar. sem condições. Ele viveu dentro Nao sou eu que escolho. s,'.'to as coisas que durante esses dois anos de viagem Depois do mais hvre da criança

me escolhem . Esse li vro do cozinhando 8


eu não primeiro ano refletmdo e discut indo como olha- Qual sena. então. o papel do educador ne,;-
da nossa casa e eu basicamente o rne1 durante ,

os três meses que est1\'C: nessa comunidade. Você planeie• nada disso. Quando volte, depois de 21 mos para o brincar. sugeri aos educadores que se sentido. daquilo que é o mais espon t~neo.,

ena um vinculo enorme. Isso vai muito além do meses na estrada com o Terntõno do Bnncar. olhassem para dentro da escora Nasceu uma Ele deve estar presente. mas é uma presença

que é previsto dentro de uma pesquisa do bnncar. surgiu a poss1b1hdade de montar uma expos,çc'.'lo pesquisa coletwa de estudo e reg1s1ro sobre o de b.:1st1dores, o que precisa ê abnr o espaço e

para a Mostra Ciranda de Filmes. que pudes- brincar de casmha dentro e fora da escola Eles acreditar na criança e no bnncar Eu acredito es-

Entao. havia uma troca , ele trazia a brinc.adeira? se depois 1tmerar. Eu tive trés meses para cnar dentro e a gente fora da escola EnMo. duranle senetalmente nisso. o educador prensa de fato

Nossa. claro . é uma troca . Ele que na o tempo rsso ent~o. fui olhar o que eu lmha de imagem,. um ano. os educadores tenam que observar e acreC11tar mais ainda no potencial do b11ncar

tOdo mostrar o que sabia fazer As cnanças de fa zer uma curadona buscando temas E um dos reg1strar na escola as bnnc.adeiras de casinha. e Isso s1gn1hca acreditar no po1encral da vida A

um mOdo geral Querem muno isso Os adultos Lemas que veio forte foi o de brincar de easinhas eu faria o mesmo pelo mundo afora A un,ca e>-.1· ormcade1ra é o impulso mais genuíno da vida

em e,eraf dizem que elas n~o sabem nada e elas, Ao sepa1ar as fotos fu1 tentando selenonar as g~nc1a que fiz era que fosse respeitada a espon Sera que estamos conhando nisso., E5sas 1e-

ao c.ontrário, dizem ·Eu ser , eu sei isso. eu sei etapas da brmcadetra Tudo que era montar a 1açóes precisam e,;tar 1mplic1tas den1ro da esco-
tanetdade das cnanças.
aqu110· Elas estao absolutamente ávidas pa,a e.asinha. tudo que era cwdado. os bebes. o que E ai, em alguns casos. ficamos mwto tempo la, porque fora dela as cri anças 1a praticam isso

mostrar o que sabem , e sabem coisas incrive1s ar rumar dentro dil casa e. depois. tudo o que tentando chegar num acordo do que é espon-
Esse menino que come, antes. por exemplo. é era c.ozinhar. Nessa parte, eu me dei conta que tâneo. Alguns dmam ·a gente monta urna casi- Voce ach.:i qu~ o professor não t em entao que
um ex1m 10 CdÇador. Ele desaha a coragem Bnn- mconsc1entemente eu fotografei inumeros pra- nha e elas vao lã e se for brincar foi?" Eu falet montar um cenano prepar ..u a l.)ri nc.ldeira'
czi com pôlvora , btmca com os enormes desafios trnhos das rnanças. J.1 estava tã . fui reg1stran - Em formaçóe,;; sobr e o brincar ,is vezes mcen-
·nao , nao monta nada . não é para sugem nada .
da pipa, br inca com .armadrlhas para caçar As do tuClo porque meu olho estava ab,;olutamente simplesmente assm1 se brincar brincou. se nao tiv.imos isso
crianças busc.am dentro delas o que precisam encantado com a beleza de cada pratmho Mas bnncar nao brincou· Ca'iO criança nenhuma pro- Tem que senur qual o ob1et1vo de cada pro-
fazer Elas s,1bem do que precisam Ex1slem al- isso nao foi plane1ado. nem ti ve consc1enc1a de posta O nosso era falar do que parte de mais genu-
cure essa brincadeira então OK Se ninguém for
gumas bu~as em comum Existe aquele que é que eu estava faLendo aquilo Quando eu 1un brincar dtsso. tudo bem A proposta era apontar lno da criança. O que o Terntôno do Bnnc.ar faz
mais caçador. ou o que é rna1s inventor, que e,os- te1 tudo percebi que tmha mllmeros pratmhos

' "5.M",~ ,o;.cohi~ lmam l \/:olJ \ "'°'d' 10,agJn~ "' Pau1,~1., SPI Coltg,o S11ia rt.11Co1,.i SPJ [\Col.i Vera C.ri.1 (5.lo Po1i.lo SPJ
"C'Jt!r\Fl.inclo oo o u~1WI Rl'IIJ l.i i.t, u~le,, 5.lo Paulo l "•U•lfo Nom,· )Ol i, Colttia Qswald l\t>dr.idt' IS~o PJu lo SPt. ([I AIJn.1 !Slo Paulo SPI b colo1 Gal.l Am.1•t>lJ lllQ11JnôpoM S()
olhar o fenõm eno. como ele é. o Que est:t aconte-
cendo e nisso faz mu ito !.entido a eente convidar a gente estava cnando um jei to d e olhar Junto e

o ed ucado r a olhar o que esta acontecendo. M as esse era o desaho Eu sabia que aleum:is escolas
gosta m de propostas mais concretas e isso n~o concier obietos, a mé'lo, o 1r e vir do mistério n o
isso é o ob1et1vo desse pro1eto com esse olhar
existia, havia ali uma necessidade de fl ex1bi l1da- necessãno . prrnc1palmente para os pequenos. os
menorz1nhos.
É preciso d.Jr te m po para a cri,:,nça de para o novo, para o inesperado. pa ra o aber-

Cl aro. fal am os muito sobre o t empo_ Se a to "Olha, nao é uma coisa fechada. não temos
Pois é. e ainda enfrentamos muita resistCncia de
gente est .1 tal ando que a cn anc:;a ê do presente. ideia do que isso pode gerar·. A gente t em uma
algumas es.<.olas e creches em manter um tan-
vive o aq u1 e agora, ela precisa d esse espaço de estrutura de trabalho. mas aonde isso vai nos
que de areia por ca usa da sujeira , de bichos...
tem po para hdar com seus recursos Elabora, levar nao temos a menor ideia . Foi super baca-
Se acrechtassem e respeitassem essas coisas.
na a confiança dessas escolas. Vi abert ura para
o qu e ela t em disp onivel. Para essa quest :iio de certamente achanam formas para não ter bichos,
ofer ecer mat er iais, é p reciso ver o que elas têm romper com o pré-determinado. conseguir ouvi r
su1e1ra Se pnoriz.assem . achariam soluções.
o outro da forma como ele é. e querer trazer para
de rec ursos disponive1s. Como esses materia is
den tr o dos mu ros a vida que existe la fora. gmtirio da cnança . que sa i quebrando pedras.
sao? Jti indu ze m alguma coisa? S.10 mais livres. O que a gente pode fazer dentro dos peque-
jogando pedras. encontrando pedras preciosas,
ma,s a bertos? nos espaços? Você falou da nature1.a . mas
Fale mais sobre a quest~o do olhar Como se tesouros guardados com tanto ahnco Adoram
A cn ança pode criar muito mais com aqu ilo acha r as ped ras preciosas. ( olhar o simples e
den tro do espaço urbano exi stem. sim . es-
dese nvo lve essa competência?
ou s:to Já brinqued os com respostas dadas? colas sem nenhuma árvore, que não têm um
acreditar nele. Se a gente. por exemplo, confias-
Eu estou precisando refletir como poder d1 2er
se na im portãnc1a dessa relaçao da criança com
metro quadrado de terra . Como podema,; re - li
isso melhor. As pessoas est ao me perguntando o
Acha q u e conseguiram mudar o olhar do construir esse espaço nesses limites e qual o
como se aprende isso: ·você me ensina a olhar?".
o chão, não teriamas escolas com tanto concre- ;;
1
professor? papel das escolas 1
to Olhe o chao das escolas para ver o que acon-
Minha sugest ao é estar aberto e nao trazer suas Sabe quando você est.a na perilena obser-
Fizemos um h lme. atualmente sendo fin ali za- tece. isso diz tanto. O fato de nào ter árvore. ia
interferências. pré-conceitos, respostas. Nâo ter vando os espaços e pensa ·essa pessoa veio da
d o. que conta esse p rocesso . v , educadores que• dtz tanto sobre a escola.
respostas, nao t er expectativas, ansied ades o roc;a·? Sabe essa pessoa que consegue plantar

"
rend o sai r d e um lugar d e respostas prontas, de Sera que a gente de fa to sabe o que ê a crian-
que vem t em que ser respeitado. acreditado E um pê de milho num pequeno furo que tem. sei
cu mpnr um cur rk ulo e seus con teu dos. O edu- ça? Será que a gente conhece esse fenómeno
poder. tambem. assumir o que ex iste e o que lã. ali da casa dela? É esse ento: ·eu preciso ·~
cador est à muito ca nsado d o que vem d e fora.

j
que é infancia? E a gente esta respeitando isso
'ª acontece dentro do mundo da si mplicidade. Coi - disso· . ·1sso é prioridade". Nas creches existem
Nào foi d rfic1I . as pessoas estavam querendo. nao dentro da escola? Estamos propondo olhar para
sas aparentemente muito simples. A arvore, por muitas pessoas que compreendem isso . talvez só
houve res1stenc1a para esse processo de es.cuta os gestos mais genuínos das crianças. e tentan-
exemplo . Cnança tem um chama rrz. por tlrvore não conhem russo como uma questão. São pes- .14
da cr iança . Quando fu i levar o projeto para ases- do escuta r o que dizem esses gestos? N:lo ê uma soas que mu,to mais do que eu . sabem plantar.
absolutam ente incrlvel . Qual é a relação? E de
col as, que su bs1d1aram essa parce ria. d ei xei ela • teoria e muito menos um método. é um proces- sabem a 1mportánc1a de tudo isso . porque vive·
simplicidade. Ela esta sempre muito perto da
ro que era uma parce ria sem resposta defi nida : so apurado de escuta ram a expenéncta que ainda permanece dentro
arvore. Usa como sombra . usa os gal hos para
O que as cnanças expenenc1am em contato delas. Ent.ao é um pouco essa ret.içao de "olha .
construções. para fa zer algum brrnquedo. como
com a natureza , nao acontece de uma out ra for - traga isso· De varias pequenas formas. mas que
suporte d as casi nhas, é um espaco de gra ndes
ma. Se houver, den tro das escolas. por exemplo. de alguma forma se1a feito . tragam agua , areia .
desafios. de grandes aventuras. é um acolh imen-
um tanque de areia. isso e um oasis. sabe' Um lu· terra e pedra Toquinhos de madeira . gravetas.
to. A árvore esta la quieta, mas muito presen -
gar no qual brincam silenciosamente. Para m,m . cestos com fol has. sementes, coisas com as quais
te, acolhedora . sabe da importánc1a da sombra
o s1lénc10, a introspecçào . a int1m1dade, cnam as crr.inças possam acessar tudo ,sso. Tanque de
para o brincar acontecer.
espaços internos fundamen tais para todos nós. areia pode ser uma caixa de areia . um pouco de
O chao e como a criança se relaciona com
Cnança sem acesso ao isolamento , ao aquietar· agua (embora este1amos vivendo um momento
ele. Era preciso fazer um tratado da relaçao das
-se, a possibilidade de cnar e tentar sozinha . lica d1fic1I) Uma vez eu trabalhei numa creche e me
cr ianças com o chao. As invest igações que exis•
mais desconectada de s1 mesma. Dentro de todas dei conta de que as crianças nao tmham expe-
tem no chao. a necessidade de cavar, d e encon -
as coisas passiveis de um tanque de areia . 0 si- riênoél de corpo submerso. porque elas não ti ·
trar m1stén os debaixo da terra . achar crnsas. 11harn acesso à banhe1ra, -' piscina . rio ou mar.
lencio para mim e uma das coisas fu ndamentais.
as relações que estabelecem com as pedras. As Entt'to. eram crianças que nunca tinham t1do o
Eles podem bnncar quietos ali dentro. ESt abe-
ped ras têm uma relaçao viva com a criança . Elas corpo submerso na agua E as crianças prens"m
1ecem relações mwto profundas. Cav.ir preell ·
estabelecem uma relação vigorosa com o ,ma desse tipo de alimento para o seu 1mar,mano •
cher espaço. relacionar -se com miS t érios. es-

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