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Anatomia Humana Aplicada À Educação Física
Anatomia Humana Aplicada À Educação Física
HUMANA APLICADA
À EDUCAÇÃO FÍSICA
PROFESSORA
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
Impresso por:
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e Tiago Stachon, Diretoria de Design Educacional
Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Gerência de
Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey,
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo, Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard, Coordenador de Contéudo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico Jaime
de Marchi Junior e José Jhonny Coelho Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional
Maria Fernanda Vasconcelos, Ana Claudia Salvadego, Revisão Textual DanielaFerreira dos Santos,
Pedro Afonso Barth, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.
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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autora
Professora Doutora
Carmem Patrícia Barbosa
Tem Doutorado e Mestrado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual
de Maringá (UEM) na área de Concentração Biologia Celular, respectivamente
nos anos de 2002 e 2013. Especialização em Morfofisiologia Aplicada à Educação
Corporal e à Reabilitação pela UEM (2000). Possui graduação em Fisioterapia pela
Universidade Estadual de Londrina (UEL/1997). Desde 2002 é professora das
disciplinas de Anatomia Humana, Fisiologia Humana, Cinesiologia e Biomecânica,
Bases Neurofuncionais do Movimento no Centro de Ensino Superior de Maringá
(UniCesumar) e desde 2012 é professora na área de Anatomia Humana na UEM,
no Departamento de Ciências Morfológicas (DCM) e também no curso de espe-
cialização. Foi membro do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UniCesumar e
faz parte do corpo editorial da revista “Saúde e Pesquisa” da mesma instituição.
Iniciação Científica da UniCesumar e ArquiMudi da UEM. Tem experiência nos cur-
sos de Educação Física, Odontologia, Ciências Biológicas, Enfermagem, Nutrição,
Biomedicina, Fisioterapia e Estética.
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apresentação do material
Prezado(a) aluno(a), a palavra Anatomia é originária Vale ressaltar que os estudos da anatomia humana são
do grego e decorre da fusão de “ana” e “tomein”, que realizados no cadáver - nome dado ao corpo, após a
significam, respectivamente, “partes” e “cortar”. Assim, morte, enquanto, este ainda conserva parte de seus
é possível traduzir literalmente a palavra “Anatomia” tecidos. Esse termo, segundo a etimologia popular,
como cortar em partes. Essa palavra foi escolhida teve origem na expressão latina “caro data vermibus”
porque na Grécia antiga a atenção era dada exclu- que significa “a carne dada aos vermes”. Os etimolo-
sivamente ao ato de cortar o que estava implícito no gistas defendem que a palavra deriva da raiz “cado”,
conceito geral da anatomia. Tal fato explica, ao menos que significa “caído”. Estranho, não é? Esse termo
em parte, porque até mesmo nos dias de hoje muitas foi escolhido devido ao fato de que, como o estudo
pessoas se sentem incomodadas ou têm medo de es- anatômico era inicialmente proibido, aqueles que se
tudar anatomia. interessavam pela dissecação muitas vezes o faziam às
Enquanto ciência, a anatomia tem um significado escuras, violando sepulturas e dissecando corpos que
muito mais amplo, pois estuda macro e microscopi- já estavam em estado de putrefação.
camente a constituição e o desenvolvimento do ser Complementarmente, estudos realizados em animais
humano. Sua existência sempre esteve relacionada à originaram a anatomia comparativa por meio da qual
imensa curiosidade do homem em melhor compre- a compreensão da constituição do corpo era realizada
ender as estruturas que o formam e as diferenças que primeiramente em animais para posterior comparação
existem em relação a seus semelhantes, em termos de com seres humanos. Inclusive, a dissecação de animais
constituição e função. prenhes permitiu a observação de fetos e representou
O início dos estudos anatômicos foi difícil, pois princí- o início da embriologia como ciência.
pios éticos e religiosos da época impunham restrições A embriologia (estudo da formação dos órgãos e sis-
ao ato de expor o corpo humano, já que para desven- temas), a citologia (estudo das células) e a histologia
dar os mistérios desta fabulosa “máquina”, a simples (estudo dos tecidos) tiveram seus desenvolvimentos
observação superficial não era suficiente. Por isso, a fortemente marcados pelo surgimento do microscópio.
necessidade de aprofundar tal estudo foi posterior- Isto porque este instrumento possibilitou o estudo
mente saciada pela dissecação (ou dissecção). específico dos elementos constituintes dos seres orga-
A palavra dissecar tem origem latina e é produto da nizados. Vale ressaltar que embora todas estas ciências
fusão de “dis” (separar) mais “secare” (cortar). Assim, sejam consideradas especializações, são vistas como
por meio da dissecação, os órgãos do corpo podem ser ramos da anatomia.
expostos cirurgicamente, de maneira metódica, por Em relação aos principais aspectos históricos da ana-
meio de incisões adequadas que mantêm a organiza- tomia humana, sabe-se que os primeiros esboços ana-
ção natural do corpo. Dessa forma, é possível manter tômicos datam do período paleolítico e que os gregos
os órgãos separados, mas ao mesmo tempo em uma foram grandes responsáveis por seu desenvolvimento.
relação de dependência entre forma e função. No Brasil, a Bahia se destacou como “berço do ensi-
no médico” e, na mesma época, iniciou-se o ensino sistema cardiorrespiratório (composto pelos siste-
médico oficial no Rio de Janeiro. mas circulatório sanguíneo, circulatório linfático e
Atualmente, o estudo da anatomia ainda é realizado respiratório), o sistema digestório (responsável pelo
por meio da dissecação de cadáveres humanos con- processo da digestão), o sistema urogenital (composto
siderados normais, embora, possam existir variações pelos sistemas urinários do genital masculino e genital
anatômicas individuais e diferenças morfológicas em feminino) e sistema neuroendócrino (composto pelos
decorrência da passagem do estado vivo ao cadavéri- sistemas nervoso e endócrino).
co. No entanto, é possível aprender anatomia mesmo Em cada unidade, apresento uma INTRODUÇÃO
sem a dissecação por meio da observação do corpo sobre as generalidades de cada tema, um DESEN-
humano, por sua palpação e pelo estudo da anatomia VOLVIMENTO para apresentar o conteúdo progra-
de superfície (a qual avalia os relevos e depressões mático de cada sistema, CONSIDERAÇÕES FINAIS
que as estruturas anatômicas são capazes de formar). que resumirão o estudo teórico e prático do assunto
Por todo o exposto, pode-se concluir que esta tão bela abordado e ATIVIDADES DE ESTUDO para reforçar
e polêmica ciência se encarrega de estudar o corpo o conteúdo estudado.
humano em detalhes. Seu estudo pode ser feito de Desejo a você, um excelente aproveitamento desta tão
maneira regional, clínica ou sistêmica. Enquanto, no apaixonante ciência. Na verdade, ela sempre foi não
estudo regional (ou topográfico) são apresentados os só apaixonante, mas também intrigante. Prova disso
pormenores de uma determinada região do corpo, pode ser dada ao ler o texto do salmista (nos versos
no estudo clínico as estruturas e as funções são apre- 13 a 16 do capítulo 139) que, mesmo sem grandes
sentadas aos profissionais da área da saúde a fim de recursos tecnológicos ou científicos, não se conteve
habilitá-los a compreender o corpo em um contexto de tanta admiração ao analisar o milagre da criação e
clínico geral. do funcionamento do corpo humano.
No entanto, neste livro, estudaremos a anatomia sistê- Que você se encante conhecendo seu próprio cor-
mica, ou seja, os detalhes de cada sistema que compõe po e que a todo momento descubra as melhores
a fabulosa “máquina” chamada corpo humano. Para formas de favorecer seu desenvolvimento, tanto
tanto, estudaremos o aparelho locomotor (composto no adulto quanto na criança, por meio do pleno
pelos sistemas esquelético, articular e muscular), o conhecimento.
Bom estudo!
Prof.ª Carmem Patrícia.
sum ário
UNIDADE I UNIDADE IV
INTRODUÇÃO À ANATOMIA HUMANA SISTEMA UROGENITAL
E APARELHO LOCOMOTOR 152 Sistema Urinário
14 Anatomia Humana: 158 Sistema Genital Masculino
Conceito e Introdução ao Estudo
166 Sistema Genital Feminino
16 Divisões do Corpo Humano
174 Considerações Finais
17 Planos e Eixos do Corpo Humano
180 Referências
18 Sistema Esquelético
34 Sistema Articular
UNIDADE V
40 Sistema Muscular SISTEMA NEUROENDÓCRINO
57 Considerações Finais 186 Sistema Nervoso Central (SNC)
64 Referências 199 Sistema Nervoso Periférico (SNP)
209 Sistema Nervoso Autônomo (SNA)
UNIDADE II
212 Sistema Endócrino
SISTEMAS CARDIOVASCULAR
E RESPIRATÓRIO 221 Considerações Finais
UNIDADE III
SISTEMA DIGESTÓRIO
124 Função Geral e Divisão do
Sistema Digestório
125 Órgãos do Sistema Digestório
137 Órgãos Anexos
140 Considerações Finais
145 Referências
INTRODUÇÃO À ANATOMIA HUMANA
E APARELHO LOCOMOTOR
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Anatomia Humana: Conceito e introdução ao estudo
• Divisões do corpo humano
• Planos e eixos do corpo humano
• Sistema esquelético
• Sistema articular
• Sistema muscular
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar o conceito, a importância, os principais aspectos históricos da anatomia humana e
a nômina anatômica atualizada.
• Elucidar as principais subdivisões do corpo humano.
• Apresentar os planos de tangenciamento e de secção do corpo humano, bem como os eixos
de movimento.
• Estudar as generalidades sobre os ossos, as funções do esqueleto, as divisões do esqueleto,
os tipos de ossos quanto à forma, a constituição e a arquitetura dos ossos, o crescimento, a
nutrição e a inervação óssea, os processos de ossificação, fratura e reparo ósseo, os acidentes
anatômicos dos ossos e os principais ossos do corpo humano.
• Definir articulações e compreender suas funções, classificações, tipos, vascularização,
inervação, movimentos, fatores que afetam, envelhecimento e características das principais
articulações do corpo humano.
• Elucidar funções musculares, tipos de músculos, tipos de contração do músculo estriado
esquelético, vascularização e inervação muscular, classificação funcional do músculo estriado
esquelético, órgãos anexos, generalidades e principais músculos do corpo humano.
unidade
I
INTRODUÇÃO
Anatomia Humana:
Conceito e Introdução
ao Estudo
FATORES GERAIS DE VARIAÇÃO ANATÔMICA
O
termo “anatomia humana” é mal visto pinça fina, é ideal que o indivíduo tenha cinco dedos
por muitas pessoas. Talvez até para você, em cada uma delas. Já o conceito estatístico conside-
caro(a) aluno(a), isto porque muitos ra normal aquilo que a maioria dos indivíduos apre-
pensam que falar em anatomia é sinô- senta. Por exemplo, a maioria das pessoas tem cinco
nimo de falar de pessoas mortas ou mutiladas. Na dedos em cada mão, por isso, é normal ter cinco e
verdade, a anatomia não tem nada de assustador, não três ou quatro dedos (WATANABE, 2000).
muito pelo contrário. É uma ciência que muito nos Todavia, quando comparamos diferentes in-
tem esclarecido ao longo dos anos. divíduos em um pequeno grupo sempre podemos
A anatomia estuda a estrutura do ser humano e identificar a existência de pequenas diferenças mor-
as relações entre as partes que o formam. O termo fológicas entre eles (faça isso onde você estiver agora
“anatomia” deriva de duas palavras gregas, “ana” e perceba como as pessoas são mesmo diferentes).
e “temnein”, que significam, respectivamente, “em De acordo com Watanabe (2000), quando tais dife-
partes” e “cortar ou incisar”. Assim, esta ciência está renças não prejudicam a função desempenhada pela
amplamente embasada no ato de cortar o corpo hu- estrutura anatômica, diz-se que são apenas “varia-
mano pelo método da dissecção (ou dissecação) a ções anatômicas”. No entanto, quando tais diferen-
fim de melhor compreender sua estrutura externa e ças atrapalham a função da estrutura, elas são ditas
interna (FREITAS, 2004). “anomalias” e, inclusive, podem ser denominadas de
Na anatomia, estudamos o corpo humano consi- “monstruosidades” se impedirem que o indivíduo
derado “normal”, já que a patologia e outras ciências permaneça vivo.
se dedicam ao estudo das doenças que o acometem. Uma variação anatômica pode ser, por exemplo,
No entanto, para definir “normal” em anatomia, as diferentes tonalidades na cor dos olhos de dois ir-
é necessário considerar o conceito estatístico e o mãos. Uma anomalia pode ser a miopia que um deles
conceito idealístico. O idealístico considera normal apresenta. Uma monstruosidade pode ser exempli-
aquilo que é melhor para o desempenho da função ficada quando dois irmãos nascem grudados e um
da estrutura anatômica. Por exemplo, para que a mão deles tem que ser sacrificado para que o outro viva
consiga desempenhar adequadamente sua função de (é o que ocorre com gêmeos siameses ou xifópagos).
14
EDUCAÇÃO FÍSICA
Para que estes conceitos de “normal”, “variação Por fim, é importante destacar que o estudo da
anatômica”, “anomalia” e “monstruosidade” possam anatomia humana pode ser feito de diferentes for-
ser empregados, é necessário saber que alguns fato- mas conforme o objetivo do estudo. Por exemplo,
res podem causar variação. Isto ocorre, por exem- a anatomia pode ser estudada a partir dos sistemas
plo, com a idade do indivíduo, com seu sexo, grupo que compõem o corpo humano (esta é a anatomia
étnico, biótipo e entre outros. Por exemplo, é nor- sistêmica que aprenderemos aqui). Por outro lado,
mal que um bebê apresente os ossos do crânio se- seu estudo pode abranger regiões específicas e en-
parados, mas não é normal que isso ocorra em um tão passa a ser chamada de anatomia topográfica (a
adulto. É normal que uma mulher tenha os ossos da odontologia, por exemplo, estuda anatomia topo-
pelve mais abertos a fim de facilitar o parto pélvico, gráfica da cabeça). Além disso, seu estudo pode ser
mas não é normal que isso ocorra em um homem. É feito por meio de imagens (anatomia radiológica ou
normal que um indivíduo negro tenha a pele escura de imagem), em comparação a seres de outras es-
e os cabelos enrolados, mas não é normal em um ja- pécies (anatomia comparativa), com fins artísticos
ponês. É normal que um indivíduo longilíneo tenha (anatomia artística), em comparação aos diferentes
os membros longos em relação ao corpo, mas não é tipos raciais e morfológicos (anatomia antropológi-
em um indivíduo brevilíneo. ca e biotipológica) etc. (WATANABE, 2000).
NOMENCLATURA ANATÔMICA
Cientistas e profissionais da área da saúde usam uma tos e atualizados, os quais são traduzidos pelas socieda-
linguagem própria ao se referirem às estruturas do des de anatomia de cada país. No Brasil, a terminologia
corpo humano e à forma como a dissecção é feita. é traduzida pela Comissão de Terminologia Anatômica
Por isso, estar atualizado em relação à nomencla- da Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA) (CFTA,
tura utilizada é essencial ao estudante de anatomia 2001; FREITAS, 2004; TORTORA et al., 2010).
humana, bem como aos profissionais da saúde. Na Este conjunto de termos empregados fundamen-
anatomia, esta nomenclatura engloba termos gerais e ta-se na forma da estrutura ou em parte dela (como o
especiais originados da língua grega, latina e outras. músculo deltoide, por exemplo), sua situação (artéria
Em conjunto, a Nômina Anatômica, publicada com o vertebral), sua função (glândula lacrimal) e outras pe-
nome de Terminologia Anatômica, tem o objetivo de culiaridades. Vale destacar que a utilização de abre-
evitar que estruturas do corpo humano recebam dife- viações é permitida a fim de facilitar seu uso prático.
rentes denominações em diversos centros de estudos Assim, utiliza-se a. (para artéria), v. (para veia), n.
e pesquisas em anatomia no mundo (DI DIO, 2002). (para nervo), m. (para músculo), lig. (para ligamen-
Considerada um documento oficial que deve ser to), gl. (para glândula) e g. (para gânglio). O plural
obedecida por professores e alunos da disciplina de destes termos normalmente emprega a duplicação da
anatomia humana, a terminologia anatômica é consti- letra utilizada na abreviação, por exemplo, aa. (para
tuída por cerca de 6.000 termos esporadicamente revis- artérias), vv. (para veias) etc. (WATANABE, 2000).
15
ANATOMIA
Divisões do
Corpo Humano
A posição anatômica de descrição ou posição O pescoço é dividido em pescoço anterior (visce-
de referência foi instituída e se tornou de grande ral) e posterior (muscular), também denominado
valia para evitar erros na nomenclatura e no posi- nuca. Segundo Freitas (2004), o tronco também é
cionamento do corpo a ser estudado. Em tal posi- subdividido em tórax (limitado superiormente pela
ção, supõe-se que o cadáver está ereto, com a cabe- clavícula e inferiormente pelo músculo diafragma),
ça em nível horizontal, olhos voltados para frente, abdome (limitado superiormente pelo músculo dia-
pés plantados no chão e direcionados fragma e inferiormente pela abertura
para frente, membros superiores ao superior da pelve) e pelve (localizada
lado do corpo com as palmas das entre os ossos do quadril).
mãos voltadas para frente (MOO- Os membros superiores e inferiores
RE et al., 2014). também são subdivididos em
A partir da posição anatô- uma região conectada ao tron-
mica, as várias regiões do corpo co, denominada cíngulo (ou
são denominadas como cabeça, cintura) e uma parte livre. A
pescoço, tronco, membros su- raiz ou cíngulo do membro
periores e membros inferiores. superior é a cintura escapu-
A cabeça é subdividida em lar e sua parte livre inclui
crânio facial ou viscero- braço, antebraço e mão
crânio e crânio neural ou (sendo sua parte ante-
neurocrânio. Enquanto o rior denominada palma
crânio facial é anterior, menor, cons- e a posterior, dorso). A
tituído por 14 ossos, cujas funções raiz ou cíngulo do membro inferior
se relacionam a abrigar e proteger os é a cintura pélvica e sua parte livre
órgãos dos sentidos e possibilitar a inclui coxa, perna e pé (sendo sua
fonação e a mastigação, o crânio neu- parte superior denominada dorso
ral é posterior, maior, constituído por e a inferior, planta). Articulações
oito ossos os quais estão diretamente conectam as várias partes dos mem-
relacionados à proteção do sistema bros, por exemplo, as articulações do
nervoso localizado em seu interior ombro, cotovelo, quadril e joelhos
Figura 1 - Posição anatômica
de descrição (TORTORA et al.,2010). (FREITAS, 2004). Figura 2 - Partes do corpo humano
16
EDUCAÇÃO FÍSICA
Planos e Eixos do
Corpo Humano
De igual modo, a partir da posição anatômica de O plano coronal é uma secção longitudinal que
descrição, supõe-se a existência de planos imaginá- divide o corpo em porção anterior e posterior deno-
rios que tangenciam a superfície externa do corpo minadas paquímero anterior ou ventral, e paquíme-
a fim de facilitar a localização das estruturas cor- ro posterior ou dorsal. Por fim, o plano transversal
póreas. Tais planos são denominados superior ou divide o corpo em porção superior e inferior deno-
cranial, inferior ou podálico, lateral direito, lateral minadas metâmero superior ou cranial, e metâmero
esquerdo, anterior ou ventral, e posterior ou dorsal inferior ou podálico (FREITAS, 2004).
(MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Plano Sagital
Assim, pode-se afirmar que os olhos são estru-
turas superiores à cicatriz umbilical já que se loca- Plano Coronal
17
ANATOMIA
Um dos objetivos do estudo da anatomia humana mente, nesta unidade, pois são de extrema relevân-
é empregar os conhecimentos adquiridos também cia ao profissional de educação física.
no corpo vivo. Dessa forma, existem termos usa- Os movimentos sempre ocorrem em um dos pla-
dos para descrever os diferentes movimentos dos nos (sagital, coronal ou transversal) e por meio de
membros e outras partes corpóreas que podem ser linhas imaginárias denominadas eixos, os quais são
realizados nas articulações móveis do corpo. Tais perpendiculares aos planos. Assim, os movimentos
movimentos são descritos como pares de opostos, de flexão e extensão ocorrem no plano sagital a par-
ou seja, flexão e extensão, abdução e adução, ro- tir do eixo coronal; a abdução e a adução ocorrem
tação medial e lateral, supinação e pronação etc. no plano coronal a partir do eixo sagital; a rotação
(MOORE et al., 2014; TORTORA et al., 2010). To- medial e lateral ocorrem no plano transversal a par-
dos esses movimentos serão abordados, posterior- tir do eixo longitudinal (GRABINER et al., 1991).
Sistema
Esquelético
GENERALIDADES SOBRE OS OSSOS
Ossos são peças rígidas, com formatos variados. Eles no sacro e nos ossos do quadril. Além disso, você
são muito plásticos, ou seja, adaptam-se às estrutu- precisa saber que este número pode sofrer variações
ras vizinhas, inclusive permitindo que tais estrutu- de acordo com características individuais. Por exem-
ras lhes imprimam marcas em decorrência do con- plo, se a pessoa tiver um dedo ou uma costela a mais
tato. Isto pode ser visto, por exemplo, ao examinar a ou a menos. Além disso, esse número total de ossos
face interna da calota craniana. Nessa região aparece no indivíduo adulto também pode ser influenciado
claramente os sulcos venosos e arteriais, além das pelo critério de contagem que foi adotado.
impressões dos giros. Muitas vezes escuto pessoas dizendo que seus
A criança apresenta um total de 350 ossos, mas o pesos na balança não estão altos porque estão “aci-
indivíduo adulto tem este número reduzido para 206. ma do peso”, mas que seu peso está alto porque elas
Você pode se perguntar: “O que ocorre para este nú- têm os ossos largos e pesados. Sorrio quando ouço
mero reduzir tanto”? Na verdade, há uma fusão em isso porque tenho a impressão de que as pessoas se
vários ossos do corpo, por exemplo, no osso frontal, veem como o Wolverine e seus ossos de adamântio.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Acho que as pessoas imaginam que os ossos pesam extraordinária. Tais funções são prontamente per-
muito mais do que verdadeiramente pesam. Você cebidas quando imaginamos um osso fraturado (o
sabe qual é o peso real dos seus ossos? Na verdade, o fêmur, por exemplo) e temos a clara certeza de que
peso médio dos ossos de um homem adulto de cerca é impossível descarregar peso naquele membro in-
de 80 Kg é cerca de 12 Kg. Assim, não é tanto quanto ferior. Além disso, se você comparar a forma arre-
a maioria das pessoas julgam ser. dondada do seu crânio à forma alongada de seus
Por fim, gostaria de esclarecer que, além dos os- dedos terá clareza de que os ossos são os responsá-
sos convencionais conhecidos por nós desde a vida veis diretos por tais diferenças.
inteira, existem também alguns ossos especiais, por Quando os ossos protegem os órgãos internos,
exemplo, os ossos suturais (que ficam entre as sutu- armazenam íons essenciais, sintetizam células san-
ras do crânio) e os ossos heterotópicos que se for- guíneas e absorvem toxinas, certamente, concluímos
mam nos tecidos moles (como nas coxas de jóqueis que suas funções também são vitais. Ao observar-
em áreas onde a hemorragia se calcifica). mos, por exemplo, a importante ação das costelas e
do osso esterno envolvendo o coração e os pulmões,
e do crânio envolvendo o encéfalo, fica claro o quan-
FUNÇÕES DO ESQUELETO to os ossos nos são relevantes. Além disso, eles atu-
am como reservatórios de cálcio, fosfato e magnésio
Se você acha que a função dos ossos se restringe os quais são essenciais à transmissão sináptica e à
a possibilitar movimentos, você está muito enga- contração muscular.
nado. Na verdade, o esqueleto desempenha várias A síntese de células sanguíneas ocorre por meio
funções, inclusive algumas consideradas vitais da medula óssea vermelha que se localiza no interior
(MOORE et al., 2014). dos ossos (este assunto será esclarecido adiante). E,
De fato, os ossos se relacionam ao movimento por fim, eles são hábeis em absorver toxinas e metais
embora não os produzam. Isto porque quem faz o pesados da corrente sanguínea diminuindo os efei-
movimento acontecer são os músculos e, por isso, tos deletérios destes compostos em outros tecidos
estes são considerados os elementos ativos do movi- (principalmente no fígado e nos rins).
mento (por outro lado, ossos são elementos passivos
do movimento). Dessa forma, os ossos são tracio-
nados pelos músculos em um efeito de alavanca. É DIVISÕES DO ESQUELETO
o que ocorre, por exemplo, quando o músculo qua-
dríceps femoral traciona a tíbia e gera movimento de O esquelético pode ser dividido em duas partes fun-
extensão do joelho. cionais, porém interligadas: o esqueleto axial e o
Outras duas funções dos ossos podem ser esqueleto apendicular. O esqueleto axial é formado
identificadas quando observamos atentamente o pelos ossos localizados na região central do corpo,
corpo humano na posição bípede (em pé). A ha- como aqueles da cabeça (ossos do crânio), pescoço
bilidade dos ossos em suportar o peso corporal (osso hioide e vértebras cervicais) e no tronco (osso
e dar forma aos diferentes segmentos do corpo é esterno, costelas, vértebras e sacro).
19
ANATOMIA
20
EDUCAÇÃO FÍSICA
les. Todavia, algumas pessoas podem apresentar ossos Quando você observa atentamente um osso, é co-
sesamoides nas mãos e pés como variação anatômica. mum achar que se trata de um tecido inerte, seco e
Os ossos pneumáticos apresentam cavidades até sem vida. Todavia, muito pelo contrário, o tecido
contendo ar em seu interior. Localizam-se no crânio, ósseo é vivo, dinâmico e se desenvolve e cresce por
por exemplo, o osso frontal, a maxila, o esfenoide e o meio de um metabolismo muito ativo. Pra você ter
etmoide. Suas cavidades são revestidas por mucosa e uma ideia, os ossos são renováveis, em média, a cada
são chamadas de seios. Devido ao fato de drenarem dois anos. Isto significa que o fêmur ou o crânio que
seu conteúdo mucoso para a cavidade nasal podem você tem hoje, não são os mesmos que você tinha
ser chamados, em conjunto, de seios paranasais. há dois anos e nem serão os mesmos que você terá
daqui a dois anos. Fantástico, não?
A constituição do tecido ósseo também é fabulosa,
pois os ossos são constituídos a partir de três compo-
nentes principais: água, matriz óssea orgânica e matriz
óssea inorgânica (DANGELO; FATTINI, 2011).
A água representa cerca de 25% da estrutura
óssea. Todavia, é importante ressaltar que esta pro-
porção é maior em recém-nascidos e crianças, e vai
diminuindo à medida que o envelhecimento ocorre.
Por isso, o envelhecimento faz com que os ossos fi-
quem mais sujeitos a sofrerem faturas as quais, em
idosos, são chamadas de “fratura em galho seco”.
Crianças têm “fratura em galho verde”. Além disso,
ossos de idosos normalmente apresentam maior di-
ficuldade para consolidação de fraturas uma vez que
a quantidade de matriz orgânica diminui.
A matriz orgânica também representa cerca de
25% da estrutura óssea e é constituída por prote-
oglicanas e colágeno. Assim, esta matriz é rica em
proteínas que dão resistência à tensão e à tração às
quais os ossos estão sujeitos diariamente. Por isso,
a matriz orgânica está diretamente relacionada à
maleabilidade óssea, ou seja, sua ausência pode
Figura 5 – Comparação entre os tipos de ossos: a) exemplo de osso irregular,
causar doenças, por exemplo, a doença dos ossos
b) exemplo de osso sesamoide e c) exemplo de osso longo de vidro. Nesse caso, os ossos não resistem à tensão
21
ANATOMIA
e à tração que os músculos lhes impõem e se tor- esponjosos ou trabeculares. No osso compacto, as
nam fragilizados e quebradiços, mesmo aos meno- trabéculas ósseas estão justapostas e formam uma
res esforços. Sobre a matriz orgânica se deposita a estrutura pouco porosa e com alta capacidade de
matriz inorgânica. resistência para sustentação de peso. Assim, atuam
A matriz inorgânica representa cerca de 50% como colunas que suportam a descarga de peso.
da estrutura óssea. É constituída por sais minerais Em contrapartida, no osso esponjoso as tra-
(principalmente, fosfato de cálcio e carbonato de béculas ósseas não estão justapostas, mas deixam
cálcio) os quais formam a hidroxiapatita que dá ao espaços entre si os quais são preenchidos por ar.
osso resistência à compressão. Deficiência nos com- Essa disposição origina uma estrutura altamente
ponentes dessa matriz também pode tornar os ossos porosa e adaptada à absorção de impacto uma vez
fragilizados e quebradiços. que o ar presente em meio às trabéculas ósseas
O tecido ósseo pode se organizar em dois tipos funciona como um coxim aerífero que amortece
principais de ossos: os compactos ou corticais e os a descarga de peso.
22
EDUCAÇÃO FÍSICA
É importante que você saiba que a distribuição de cas possibilita a manutenção da saúde óssea minimi-
tecido ósseo compacto e esponjoso nos ossos não é zando o aparecimento de fraturas espontâneas.
uniforme, mas depende das solicitações biomecâni- A arquitetura dos ossos planos do crânio merece
cas impostas aos ossos, ou seja, varia de acordo com destaque, pois é adaptada à proteção do encéfalo alo-
a função exercida pelo osso, com a tração e com a jado em seu interior. Em tais ossos, uma camada de
pressão a que os ossos são submetidos. Assim, em- osso esponjoso, chamada díploe, fica interposta entre
bora todos os ossos tenham uma fina camada su- duas lâminas de osso compacto (uma lâmina externa
perficial de osso compacto ao redor de uma massa e outra interna). Assim, quando uma força é imposta
central de osso esponjoso, ossos longos adaptados à à lâmina externa de osso compacto, a díploe absorve
descarga de peso (como o fêmur, por exemplo) apre- parte desta força (uma vez que em seu interior existe ar
sentam maior quantidade de osso compacto próxi- interposto às trabéculas ósseas) minimizando as chan-
mo da parte média da diáfise onde tendem a se cur- ces da lâmina interna de osso compacto se fragmentar
var. O mesmo não acontece, por exemplo, nos ossos e lesionar o tecido nervoso adjacente. Na díploe, há
longos que não recebem grandes descargas de peso medula óssea vermelha e por ele passam as veias.
(por exemplo, úmero) ou nos ossos carpais e tarsais.
O efeito piezoelétrico explica parcialmente as
diferenças na arquitetura dos ossos submetidos ou
não à descarga de peso e à tração óssea. Embora
a descarga e a tração ocorram constantemente em
nosso dia a dia, normalmente elas são maiores ao Figura 7 - Díploe
23
ANATOMIA
Osteócito
Osteoblasto
Periósteo
Osteoclasto
Célula
osteoprogenitora
Figura 8 - Ósteon
24
EDUCAÇÃO FÍSICA
Além disso, no indivíduo com osteoporose, de- inferiores). Nos ossos longos, o osso esponjoso da
vido à atuação excessiva dos osteoclastos causando diáfise é substituído pela cavidade medular a qual
osteólise, o nível de cálcio no sangue pode subir abriga a medula óssea. Essa medula pode ser verme-
causando complicações como depósito do cálcio lha ou amarela. A vermelha é um órgão hematopoi-
nas articulações e rins, e hipercoagulação sanguínea ético, ou seja, produz células sanguíneas. A amarela
(causando embolia pulmonar, acidente vascular en- perde esta função em decorrência do próprio enve-
cefálico isquêmico etc.). lhecimento e se torna altamente gordurosa.
Vale lembrar que deficiência na ingestão de de- Uma medula óssea anormal ou cancerosa pode
terminados nutrientes pode enfraquecer os ossos. ser substituída por uma medula óssea vermelha sau-
É o caso, por exemplo, das proteínas (uma vez que dável a fim de reestabelecer as contagens normais de
aminoácidos são necessários para formar colágeno), células sanguíneas por meio de um transplante de
vitamina C (que estimula a síntese do colágeno), vi- medula óssea. A medula óssea vermelha saudável
tamina D (que é responsável pela absorção do cálcio pode ser fornecida por um doador do qual é retira-
e do fosfato do intestino; é ativada pela exposição da, sob anestesia, da crista ilíaca e injetada na veia
ao sol) e vitamina A (que ajuda a fazer com que os do receptor em um processo muito semelhante a
ossos respondam adequadamente à tensão). uma transfusão de sangue. Um procedimento mais
moderno envolve o transplante de células do cordão
SAIBA MAIS umbilical (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Estrutura óssea
Embora as vitaminas A e D sejam importantes
Medula óssea amarela
para os ossos, o excesso de vitamina A acelera Osso esponjoso
a ossificação causando cessação precoce do
Vasos sanguíneos
crescimento corporal. Além disso, deficiência de Cartilagem articular
vitamina D pode causar raquitismo na criança e
osteomalácia no adulto. Ambas são doenças ca-
racterizadas pela baixa absorção de cálcio pelo
intestino e má calcificação da matriz óssea cau-
sando amolecimento e deformação dos ossos.
Linha epifisial Periósteo
Fonte: Guyton e Hall (2011).
Figura 10 - Tipos de medula óssea
Ainda em relação à constituição e arquitetura dos Pericôndrio, endósteo e periósteo são camadas de
ossos, é importante estudarmos a medula óssea (alo- tecido conjuntivo fibroso que revestem os elemen-
jada no interior de alguns ossos), e as camadas de tos do esqueleto. O pericôndrio faz o revestimen-
revestimento dos ossos (o pericôndrio, o periósteo to das cartilagens nutrindo suas faces externas; o
e o endósteo). A medula óssea está presente em pra- endósteo reveste internamente a cavidade medular
ticamente todos os ossos do feto e em alguns ossos e contém uma única camada de células formadora
dos adultos (como costelas, osso esterno, ossos do de osso; o periósteo faz o revestimento externo dos
quadril, crânio e ossos dos membros superiores e ossos, é capaz de depositar mais osso (sobretudo
25
ANATOMIA
durante a consolidação de fraturas ou o crescimen- lheres e 21 anos para homens, ela se fecha, ou seja,
to ósseo), formar uma interface para fixação dos suas células param de se dividir e o osso substitui a
tendões e dos ligamentos, proteger o osso e ajudar cartilagem permanecendo apenas a linha epifisial. A
na nutrição do tecido ósseo. O periósteo se fixa ao clavícula é o último osso a parar de crescer.
osso subjacente pelas fibras perfurantes (de Shar-
Cartilagem articular Periósteo Cartilagem epifisial
pey) – feixes espessos de colágeno que se estende
Osso esponjoso Osso compacto
do periósteo até o interior da matriz óssea (MI-
RANDA NETO; CHOPARD, 2014).
26
EDUCAÇÃO FÍSICA
OSSIFICAÇÃO E FRATURA
Vasos sanguíneos e nervos responsáveis
pela irrigação, drenagem e inervação óssea
Você já se perguntou se os fetos têm ossos prontos?
Ou se todos os ossos dos fetos são de cartilagem?
Que tipo de substância pode originar osso?
Bom, para responder estas e outras perguntas,
primeiro é importante você saber que os ossos não
nascem prontos. Eles são gradativamente formados
por um processo contínuo chamado ossificação ou
osteogênese que se inicia na sexta semana de desen-
volvimento. A ossificação ocorre a partir de células
mesenquimais presentes no esqueleto do embrião,
no local onde os futuros ossos serão formados (MI-
RANDA NETO; CHOPARD, 2014).
Embora alguns ossos (como o esfenoide e o tem-
poral) tenham uma ossificação mista, normalmente,
ela ocorre de duas formas: a intramembranosa e a en-
docondral. Na ossificação intramembranosa o osso se
forma diretamente dentro do mesênquima, em uma
Figura 13 – Artérias ósseas região chamada centro de ossificação. Ela ocorre nos
ossos do crânio e na mandíbula, os quais são ditos
A drenagem venosa dos ossos é feita por veias que ossos conjuntivos. Já na ossificação endocondral, pri-
seguem trajetos muito semelhantes aos das arté- meiro células mesenquimais se aglomeram na forma
rias. Assim, as veias que drenam os ossos podem do futuro osso e se diferenciam formando um mode-
ser uma ou duas veias nutrícias (que acompanham lo de cartilagem hialina envolto por pericôndrio. Esse
as artérias na diáfise), veias metafisárias e epifisi- tipo de ossificação ocorre principalmente nos ossos
árias (que acompanham as artérias metafisárias e longos, os quais ditos ossos condrais.
epifisiárias) e veias periostais (que acompanham as Depois do osso formado pode haver, em casos
artérias periostais). de traumas ou doenças, a ruptura do osso caracteri-
De igual modo, os nervos dos ossos acompa- zando algum tipo de fratura. Elas são denominadas
nham os vasos sanguíneos que os suprem. Assim, o conforme a gravidade, a forma ou a posição da linha
periósteo é rico em nervos periostais sensitivos (al- de fratura. Assim, os tipos mais comuns são fratura
guns responsáveis pela dor) e nervos vasomotores exposta, fechada, cominutiva, em galho verde, im-
responsáveis pela vasoconstrição e vasodilatação pactada ou por estresse (fissuras microscópicas, sem
dos vasos regulando o fluxo de sangue para a me- ruptura visível). O reparo de uma fratura é um pro-
dula óssea. Vale lembrar que no periósteo também cesso relativamente lento e sua recuperação deve ser
tem vasos linfáticos. sempre acompanhada por um profissional habilita-
27
ANATOMIA
do que acompanhe todas as etapas descritas porque por meio dos movimentos da Articulação Temporo-
se elas não forem respeitadas, pode haver formação -Mandibular (ATM). (DANGELO; FATTINI, 2011).
de um osso defeituoso. O crânio tem um teto em forma de cúpula (cha-
mado de calvária) e um assoalho (chamado de base)
e é formado por 22 ossos que se articulam sendo
ACIDENTES ANATÔMICOS apenas um deles amplamente móvel, a mandíbula.
Vale lembrar que no interior de dois destes ossos
Os acidentes anatômicos constituem os elementos (os ossos temporais) estão presentes os ossículos da
descritivos para o estudo dos ossos. Eles surgem audição chamados de martelo, bigorna e estribo, os
onde há inserção de tendões, fixação de fáscias, liga- quais não entram nesta contagem (DI DIO, 2002).
mentos, onde artérias penetram os ossos etc. Podem Dos 22 ossos, 8 formam o crânio neural (osso
ser de vários tipos, por exemplo, saliências, depres- frontal, occipital, esfenoide, etmoide, parietais e
sões e aberturas. temporais) e 14 formam o crânio facial ou visceral
As saliências (como os processos, tubérculos, (mandíbula, vômer, nasais, palatinos, maxilas, zigo-
eminências, cristas, espinhas etc.) geralmente estão máticos, lacrimais e conchas nasais inferiores). Lem-
relacionadas a pontos de inserção de músculos e fás- bre-se de que a maxila e a mandíbula têm estruturas
cias. As depressões (como as fossas, sulcos, incisuras destinadas à sustentação dos dentes (processos alve-
etc.) geralmente servem para adaptação a estruturas olares) e por todo o crânio há muitos forames para a
vizinhas. Já as aberturas (como os forames, canais passagem de vasos e nervos.
etc.) geralmente servem para a passagem de estrutu-
ras como vasos e nervos (WATANABE, 2000).
28
EDUCAÇÃO FÍSICA
Exceto a articulação da mandíbula com o osso minuir o peso da cabeça sobre as vértebras cervicais
temporal (que é chamada de Articulação Tempo- e a amplificar o som da voz como uma caixa acústi-
ro-Mandibular ou ATM), as outras articulações do ca. A inflamação de tal mucosa é chamada de sinusi-
crânio ocorrem por meio de suturas (como a sagital, te (TORTORA et al., 2010).
a coronal, a lambdoidea, a escamosa, a internasal e
a intermaxilar). Ossos do pescoço
Estas suturas não estão presentes desde o nasci- Fazem parte dos ossos do pescoço o hioide, as vérte-
mento, pois, inicialmente, entre os ossos do crânio bras cervicais, o manúbrio do esterno (que será des-
existem espaços preenchidos com mesênquima não crito junto com o esqueleto do tórax) e as clavículas
ossificado chamados de fontículos (popularmente (que serão descritas junto ao esqueleto do membro
chamados de “moleiras”). Os fontículos permitem superior) (MOORE et al., 2014).
relativa flexibilidade e possibilidade de crescimento
ao crânio fetal. Os principais são o fontículo ante-
rior (entre o osso frontal e os parietais), o posterior
(entre os parietais e o occipital), os ântero-laterais
(entre frontal, parietal, esfenoide e temporal) e os
póstero-laterais (entre parietal, occipital e tempo-
ral). Esses sofrem ossificação e desaparecem durante
o crescimento do crânio.
Osso hioide
29
ANATOMIA
30
EDUCAÇÃO FÍSICA
31
ANATOMIA
carpais e cinco ossos metacarpais) e quatorze ossos músculos que agem sobre o braço, antebraço e mão.
nos dedos (cinco falanges proximais, cinco falanges Enquanto a ulna (o maior osso do antebraço)
distais e quatro falanges médias). Apenas os ossos tem localização medial, o rádio é o osso lateral do
carpais são classificados (quanto à forma) como cur- antebraço cuja extremidade distal se articula com
tos sendo os demais classificados como longos (MI- três ossos do carpo (semilunar, escafoide e pirami-
RANDA NETO; CHOPARD, 2014). dal) para formar a articulação radiocarpal. Rádio e a
ulna se articulam entre si pela membrana interóssea
Clavícula
do antebraço que serve como ponto de fixação de
alguns músculos profundos do antebraço.
Escápula
Os ossos da mão compreendem os ossos carpais
e metacarpais. Os carpais são oito ossos curtos inter-
ligados por ligamentos nas articulações intercarpais.
Úmero
Rádio São dispostos em duas fileiras com quatro ossos cada.
Na fileira proximal estão os ossos escafoide, semilu-
nar, piramidal e pisiforme; na fileira distal estão os
Ulna
ossos trapézio, trapezoide, capitato (maior) e hamato.
Os ossos metacarpais são cinco ossos longos nu-
Ossos carpais merados de I a V, a partir da posição lateral. Consis-
tem de uma base (proximal), um corpo (intermédio)
e uma cabeça (distal). Articulam-se proximalmente
Falanges
32
EDUCAÇÃO FÍSICA
região do joelho (patela), doze ossos no pé (sendo quanto, o cíngulo do membro superior não se articu-
sete ossos tarsais e cinco ossos metatarsais) e qua- la diretamente à coluna vertebral, o do membro in-
torze ossos nos dedos (cinco falanges proximais, ferior o faz pela articulação sacroilíaca. Além disso,
cinco falanges distais e quatro falanges médias). Os o encaixe na escápula para o úmero é raso e o fêmur
ossos do quadril e o sacro são irregulares, os tarsais no osso do quadril é profundo. Assim, enquanto o
são curtos, os metatarsais e as falanges são longos membro superior é adaptado a amplos movimentos,
(DANGELO; FATTINI, 2011). o membro inferior é adaptado ao suporte de peso e
à estabilidade articular (GRABINER, et al., 1991).
O fêmur é o maior, mais pesado e mais resisten-
Ossos do quadril
te osso do corpo. Sua extremidade proximal articu-
la-se com o acetábulo do osso do quadril e a distal
Fêmur articula-se com a tíbia e patela. Já a patela é um
osso triangular e sesamoide que se desenvolve no
tendão do músculo quadríceps femoral aumentan-
Patela
do a força de alavanca deste músculo, mantendo a
posição de seu tendão na flexão do joelho e prote-
Tíbia gendo a articulação.
Fíbula Enquanto, a tíbia é o osso medial e sustentador
de peso do membro inferior, a fíbula é paralela e la-
teral à tíbia. Superiormente, a tíbia se articula com o
fêmur e com a fíbula e inferiormente se articula com
Ossos tarsais o osso tálus e com a fíbula (pela membrana interós-
Ossos
metatarsais sea da perna; sindesmose tibiofibular).
Falanges
Os ossos do pé incluem os ossos tarsais e me-
Figura 20 - Ossos do membro inferior tatarsais. Os tarsais (tálus, calcâneo, navicular,
cuboide, cuneiforme lateral, cuneiforme medial e
O osso do quadril do recém-nascido é formado por cuneiforme intermédio) unem-se pelas articulações
três ossos separados por cartilagem: ílio, ísquio e pú- intertarsais. Os metatarsais apresentam uma base
bis. Eles se unem completamente por volta dos 23 (proximal), um corpo (intermédio) e uma cabeça
anos de idade e se articulam anteriormente na sínfi- (distal), e são numerados de I a V a partir da posição
se púbica e, posteriormente, unem-se ao sacro. As- medial. Articulam-se proximalmente com os ossos
sim, o anel ósseo completo formado pelos dois ossos tarsais e distalmente com as falanges.
do quadril e sacro fazem uma estrutura em forma de As falanges (proximal, média e distal) apresen-
bacia, chamada pelve óssea, que dá suporte à coluna tam base, corpo e cabeça, e as articulações que for-
vertebral e aos órgãos pélvicos. mam entre si são chamadas de interfalângicas. Vale
Como visto, existem importantes diferenças lembrar que o hálux (popularmente chamado de
entre o cíngulo do membro superior e inferior. En- “dedão”) apresenta apenas falanges proximal e distal.
33
ANATOMIA
Sistema
Articular
DEFINIÇÃO DE ARTICULAÇÃO
Quem nunca ouviu a vó ou o vô reclamando que tre os vários segmentos do esqueleto, ou seja, estão
está com dor nas “juntas”? Quem nunca ouviu di- mais relacionadas à postura e ao equilíbrio (MOO-
zer que se estalar o dedo engrossa as “juntas” ou se RE et al., 2014).
ficar muito tempo sem movimentar uma articulação Quando as articulações perdem suas funções em
a “junta” seca? Será que essas suposições são fato ou decorrência de doenças articulares graves (por exem-
boato? A fim de respondermos estas e tantas outras plo, artrite), um procedimento cirúrgico chamado de
questões sobre este tema tão complexo, vamos fazer artroplastia pode ser feito. Nele a articulação lesada é
um estudo completo sobre as articulações. substituída por uma articulação artificial.
Em primeiro lugar, você só pode chamar de
articulações ou junturas. Junta não! Em segun-
do lugar, elas são definidas como o conjunto de CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES
estruturas anatômicas que promovem a conexão
entre duas ou mais peças do esqueleto. Se a ar- As articulações podem ser classificadas segundo vá-
ticulação ocorrer entre apenas dois ossos ela é rios critérios, sendo os dois mais utilizados o critério
classificada como simples, mas se acontecer entre funcional (com base nos tipos de movimentos que
mais de dois ossos, ela é chamada de composta permitem) e o critério estrutural (baseado em carac-
(WATANABE, 2000). O restante, abordaremos terísticas anatômicas) (GRABINER, et al., 1991).
nos tópicos que seguem. A classificação funcional está relacionada ao
grau de movimento que a articulação permite. As-
sim, pode ser chamada de sinartrose (quando a arti-
FUNÇÕES DAS ARTICULAÇÕES culação é fixa, sem movimento), anfiartrose (quan-
do a articulação permite pouco movimento) ou
A maioria das articulações relaciona-se à produção diartrose (quando a articulação é muito móvel). Já
de movimentos uma vez que as peças ósseas são a classificação estrutural é baseada na presença ou
tracionadas pelos músculos (durante a contração) e ausência de um espaço (a cavidade articular) entre
se movem ao redor dos pontos de junturas entre os os ossos da articulação, e no tipo de tecido que une
ossos. Todavia, algumas articulações não são muito os ossos. Assim, a articulação pode ser fibrosa, carti-
móveis, mas dão estabilidade às zonas de união en- lagínea ou sinovial.
34
EDUCAÇÃO FÍSICA
A articulação fibrosa tem ossos unidos por processos alveolares da maxila e mandíbula. Vale
tecido conjuntivo fibroso rico em fibras coláge- ressaltar que, embora discretos, os movimentos dos
nas não tem cavidade articular entre os ossos e dentes existem e podem ser percebidos durante pe-
permitem apenas pequenos deslocamentos e mo- quenos rebaixamentos ao serem submetidos a for-
vimentos vibratórios. A articulação cartilagínea tes compreensões (servem para suavizar impactos e
tem ossos unidos por cartilagem hialina ou fibro- evitar que os dentes se partam). São funcionalmente
cartilagem, não tem cavidade articular entre os classificadas como sinartroses.
ossos e também permite apenas pequenos deslo- As articulações cartilagíneas podem ser do tipo
camentos e movimentos vibratórios. Em contra- sincondrose ou sínfise. A sincondrose apresenta
partida, a articulação sinovial tem ossos unidos cartilagem hialina entre os ossos e é funcionalmen-
por tecido conjuntivo denso não modelado em te classificada como sinartrose. Algumas podem ser
forma de cápsula articular, tem cavidade articular temporárias sofrendo ossificação no decorrer da
e apresenta alguns elementos articulares caracte- vida (como a sincondrose esfenocciptal e a lâmina
rísticos e outros especiais. epifisial) e outras podem ser permanentes (como as
As articulações fibrosas podem ser do tipo sutu- articulações entre o osso esterno e as dez primeiras
ra, sindesmose ou gonfose. As suturas são funcional- cartilagens costais).
mente classificadas como sinartroses, são encontra- A sínfise é uma articulação onde os ossos são uni-
das nos ossos do crânio e podem ser planas (quando dos por um disco de fibrocartilagem (por exemplo,
os ossos se encaixam de forma retilínea, como no sínfise púbica, manubrioesternal e intervertebral).
caso da sutura internasal), serrilhada (quando os os- São classificadas como anfiartroses. As articulações
sos se interdigitalizam um no outro, como na sutura sinoviais têm elementos característicos e especiais
sagital) ou escamosa (quando os ossos se sobrepõem que podemos citar: a superfície articular, cartilagem
um ao outro como ocorre entre o parietal e tempo- articular, cápsula articular e líquido sinovial.
ral). A ossificação das suturas geralmente inicia na A superfície articular é a porção de cada osso da
segunda década de vida e termina após 80 anos, re- articulação. Não tem periósteo, mas é coberta por
cebendo o nome de sinostose. cartilagem articular que é avascular (é nutrida pelo
Na sindesmose há uma distância maior entre líquido sinovial), é fina, lisa e escorregadia (a fim de
os ossos e, por isso, existe mais tecido conjuntivo reduzir o atrito entre os ossos e absorver impactos).
fibroso entre eles o qual pode estar disposto como A cápsula articular é uma membrana de tecido
um feixe (ligamento) ou como lâmina (membra- conjuntivo que envolve a articulação vedando-a e
na interóssea). Exemplo: membrana interóssea da unindo os ossos (fazendo coaptação articular). É
perna (sindesmose tibiofibular) e do antebraço amplamente vascularizada e inervada (tanto com
(sindesmose radioulnar). É funcionalmente classi- inervação dolorosa quanto proprioceptiva). É
ficada como anfiartrose. composta pela camada fibrosa (externa) e sinovial
A gonfose ocorre quando uma estrutura cunei- (interna). Enquanto a fibrosa é resistente, permite
forme se ajusta a uma concavidade. É o que ocorre, coaptação, mobilidade e resistência à tração, a si-
por exemplo, na união das raízes dos dentes com os novial sintetiza o líquido.
35
ANATOMIA
O líquido sinovial é viscoso, amarelo-claro, cons- fora da cavidade articular (intracapsulares - como o
tituído principalmente por ácido hialurônico, prote- ligamento cruzado anterior do joelho).
oglinas e glicosaminoglicanas. Ele reduz atrito (pois As bolsas são sacos de tecido conjuntivo revesti-
lubrifica a articulação), absorve impactos (pois man- dos por membrana sinovial e preenchidos por uma
tém os ossos levemente afastados) e elimina calor pequena quantidade de líquido semelhante ao líqui-
produzido nas articulações durante os movimentos. do sinovial. Localizam-se entre pele/osso, tendões/
Além disso, remove microrganismos e fragmen- osso, músculo/osso ou ligamento/osso. Reduzem o
tos resultantes do desgaste articular (pois contém atrito de articulações muito exigidas e sua inflama-
células fagocíticas), nutre e oxigena a cartilagem ar- ção é chamada de bursite. Por fim, bainhas tendíneas
ticular, assim como dela remove o CO2 e os resíduos são bolsas que envolvem tendões que sofrem atrito.
metabólicos. Como é produzido proporcionalmente
ao movimento articular, quando uma articulação
fica imobilizada por muito tempo (para consolidar TIPOS DE ARTICULAÇÕES SINOVIAIS
uma fratura, por exemplo), o líquido torna-se me-
nos abundante e viscoso. Por isso, as pessoas dizem As articulações sinoviais são nomeadas de acordo
que a “junta secou”. Todavia, produzido em excesso com os movimentos que permitem, os quais são in-
(por um processo inflamatório, por exemplo, sino- fluenciados pela forma dos ossos. Assim, conforme a
vite), deve ser aspirado a fim de diminuir a pressão configuração das faces articulares, as articulações si-
intra-articular e a dor (FREITAS, 2004). noviais podem ser do tipo plana, gínglimo, trocoide,
Os elementos especiais das articulações sinoviais elipsoide, selar ou esferoide (TORTORA et al., 2010).
incluem os lábios, os discos articulares, os meniscos, As articulações planas apresentam faces planas e
os ligamentos acessórios, as bolsas e as bainhas ten- permitem movimentos de deslizamento de uma super-
díneas. Os lábios são estruturas de fibrocartilagem fície sobre a outra. Isso ocorre entre os ossos carpais
localizadas em extremidades articulares, geralmen- e tarsais, na articulação sacroilíaca, acromioclavicular,
te côncavas, a fim de ampliar a cavidade e conferir esternoclavicular, esternocostais e vertebrocostais.
maior estabilidade à articulação. As articulações do tipo gínglimo têm superfícies
Os discos articulares e os meniscos são estru- ósseas cilíndricas apresentando depressão em carre-
turas de fibrocartilagem presentes em articulações tel em um osso e saliência correspondente no outro.
muito usadas, como a temporomandibular e o jo- As articulações interfalângicas, do cotovelo e do jo-
elho. Eles melhoram a coaptação articular, aumen- elho são alguns exemplos.
tam a estabilidade, reduzem o atrito e os danos As articulações trocoides têm faces ósseas semi-
causados por impactos, além de distribuírem me- cilíndricas completadas por ligamentos que possibili-
lhor o líquido sinovial. tam movimento de rotação. As articulações rádio-ul-
Os ligamentos acessórios aumentam a coaptação nar proximal e distal, e a articulação atlantoaxial são
articular e podem estar localizados por fora da cavi- exemplos. Já nas elipsoides, uma das superfícies ósseas
dade articular (extracapsulares - como os ligamentos é oval e convexa, e a outra é oval e côncava. As arti-
colaterais do joelho) ou por dentro da cápsula, mas culações radiocarpal e metatarsofalângica são assim.
36
EDUCAÇÃO FÍSICA
As selares têm superfície côncava em uma direção e As articulações sinoviais podem apresentar movi-
convexa em outra, com encaixe recíproco em outra su- mento do tipo deslizamento, angular, de rotação ou
perfície óssea. Ocorre, por exemplo, na articulação car- ainda movimentos especiais. No deslizamento, as
pometacarpal do polegar. Por fim, as articulações esfe- faces planas dos ossos se movimentam sem alterar
roides têm superfície esférica articulando-se em uma significativamente o ângulo entre eles. Assim, a am-
cavidade correspondente (como no quadril e ombro). plitude de movimento é limitada. Diferentemente,
nos movimentos angulares o ângulo entre os ossos
da articulação é alterado. Incluem flexão, exten-
são, flexão lateral, abdução, adução e circundução
(GRABINER, et al., 1991).
Flexão e extensão são movimentos opostos.
Na flexão ocorre redução do ângulo entre os os-
sos e na extensão ocorre aumento desse ângulo
(normalmente para voltar à posição anatômica).
Ocorrem no plano sagital, por meio do eixo co-
ronal (exceto a do polegar). Alguns autores con-
sideram a continuação da extensão para além da
posição anatômica como hiperextensão. Na flexão
lateral, o segmento corpóreo é deslocado em dire-
ção ao plano lateral. Ocorre no plano coronal por
meio do eixo sagital. Este movimento ocorre, por
exemplo, no tronco.
Abdução e adução são movimentos opostos. Na
abdução ocorre movimento do segmento corpóreo
para longe da linha mediana do corpo. Na adução,
o segmento corpóreo é deslocado em direção à li-
nha mediana do corpo (normalmente para voltar à
posição anatômica). Ocorrem no plano coronal por
meio do eixo sagital (exceto a do polegar). Para os
dedos, considera-se como ponto de referência uma
linha mediana que passa sobre o dedo médio da
mão e sobre o 2° dedo do pé. Na articulação radio-
carpal, a abdução pode ser chamada de desvio radial
Figura 21 - Tipos de articulações Sinoviais e a adução pode ser chamada de desvio ulnar.
37
ANATOMIA
38
EDUCAÇÃO FÍSICA
39
ANATOMIA
SISTEMA MUSCULAR
FUNÇÕES MUSCULARES
A função do músculo é realizar contração e a partir Quanto ao controle voluntário, o músculo pode
desta, vários outros eventos podem ser desencade- ser voluntário (se sua contração ocorrer de acordo
ados, como manutenção da postura (sustentação com a vontade do indivíduo) ou involuntário (se
estática), respiração, movimento cardíaco, movi- sua contração não depender do controle do indiví-
mento peristáltico e manutenção do tônus muscu- duo). Quanto à aparência estriada ou não de suas
lar. Além disso, os músculos dão forma ao corpo, fibras ao microscópio, o músculo pode ser do tipo
são fonte de calor e possibilitam movimentos vo- estriado (aquele que apresenta estrias transversais)
luntários sendo considerados os órgãos ativos da ou liso (sem estrias transversais). Por fim, quanto à
locomoção (MOORE et al., 2014). localização, o músculo pode ser somático (aquele
localizado na parede do corpo ou nos membros) ou
REFLITA visceral (aquele localizado nos órgãos ocos ou nos
vasos sanguíneos).
Você acha que todas as pessoas têm o mesmo Assim, considerando estes três critérios, os
número de músculos? músculos podem ser de três tipos: músculo estria-
Será que indivíduos hipertrofiados têm o mes- do esquelético (movem ou estabilizam ossos e ou-
mo número de músculos do que aqueles que
sofreram atrofia muscular, após terem apre- tras estruturas como os olhos; é somático e volun-
sentado uma lesão medular? tário), músculo estriado cardíaco (forma a maior
Até que ponto o sistema nervoso influencia parte das paredes do coração e dos grandes vasos;
no poder de contração muscular?
é visceral e involuntário) ou músculo liso (forma a
parede da maioria dos vasos sanguíneos e órgãos
ocos; é visceral e involuntário).
TIPOS DE MÚSCULOS Um caso especial ocorre com o músculo diafrag-
ma, pois embora seja involuntário, ele pode sofrer
Os músculos podem ser classificados consideran- breve influência voluntária permitindo períodos de
do diferenças relacionadas ao controle voluntário, à apneia (interrupção da respiração) ou hiperpneia
presença de estrias em suas fibras ao microscópio e à (aumento da frequência da respiração) de acordo
localização (FREITAS, 2004). com a vontade do indivíduo.
40
EDUCAÇÃO FÍSICA
Tipos de músculos
A maioria dos músculos estriados esqueléticos ou ventre), e extremidades brancas não contráteis
está fixada aos ossos, cartilagens, ligamentos ou (chamadas de tendões). Os tendões são compos-
fáscias. Todavia, alguns deles podem se fixar a ór- tos principalmente por feixes de colágenos e ser-
gãos (como os olhos), pele (como os músculos da vem para fixação dos músculos. Em alguns mús-
face) ou à mucosa (como os músculos intrínsecos culos aparecem como lâminas planas e passam a
da língua). Tais músculos têm porções carnosas, ser chamados de aponeurose (MIRANDA NETO;
avermelhadas e contráteis (chamadas de cabeça CHOPARD, 2014).
m. Trapézio m. Deltoide
m. Peitoral maior
m. Serrátil anterior
m. Bíceps braquial
m. Latíssimo
m. Reto do abdome do dorso
m. Oblíquo externo
do abdome
m. Glúteo
máximo
m. Reto femoral
m. Bíceps
femoral
m. Gastrocnêmio
41
ANATOMIA
Uma membrana de tecido conjuntivo denso, cha- As fixações dos músculos (seja por tendão ou apo-
mada epimísio, envolve todo o músculo. Dela par- neurose) costumam ser descritas como origem e in-
tem septos (o perimísio) para o interior do músculo serção. De uma forma geral, origem é a extremidade
os quais envolvem pequenos grupos de células ou proximal que permanece fixa durante a contração
fibras musculares (fascículos). Cada fibra muscular, muscular e a inserção é a extremidade distal que se
por sua vez, é envolvida por uma membrana delica- move durante a contração muscular. No entanto, em
da de tecido conjuntivo, o endomísio. Externamente, alguns movimentos específicos, os conceitos de ori-
os músculos são revestidos por mais uma camada gem e inserção podem ser modificados.
de tecido conjuntivo - a fáscia muscular. Epimísio,
perimísio e endomísio se prolongam além das fibras
musculares para formar os tendões musculares. TIPOS DE CONTRAÇÃO DO MÚSCULO
A fáscia muscular garante a sustentação do mús- ESTRIADO ESQUELÉTICO
culo bem como a preservação de sua anatomia funcio-
nal sustentando vasos e nervos, e permitindo o desli- Existem dois principais tipos de contração muscular
zamento entre músculos próximos. Além disso, forma fásica ou ativa: a isométrica e a isotônica (GRABI-
septos intermusculares que compartimentalizam os NER, 1991). Na contração isométrica, o compri-
músculos do corpo. Quando ocorre aderência entra as mento do músculo permanece igual (ou seja, não
fáscias (devido a processos inflamatórios ou traumas), há movimento), mas a força aumenta para resistir à
os músculos diminuem seu poder de contração. gravidade ou à outra força antagônica. Este tipo de
contração é importante para a manutenção da pos-
Cartilagem articular
tura quando os músculos atuam como fixadores.
Em contrapartida, na contração isotônica o
Tendão
músculo altera seu comprimento enquanto o movi-
mento ocorre. Ela pode ser do tipo concêntrica (o
movimento se dá junto ao encurtamento do múscu-
lo) ou excêntrica (quando o músculo é alongado ao
se contrair, ou seja, sofre um relaxamento gradual
Fáscia muscular e controlado enquanto exerce uma força contínua).
Músculo É importante destacar que a gravidade influencia
estriado esquelético no tipo de contração que o músculo exercerá. Assim,
Perimísio a flexão resistida do cotovelo com o indivíduo em pé
Epimísio é realizada por contração concêntrica dos músculos
Vasos flexores do cotovelo, mas o lento retorno à extensão
Fibras
musculares sanguíneos do cotovelo é feita pela contração excêntrica dos mes-
Fascículo mos músculos. Muitas pessoas imaginam que o re-
Endomísio Osso
torno seja feito pela contração concêntrica do tríceps
Figura 24 - Peri, epi e endomísio + fáscia muscular braquial que é o agonista da extensão do cotovelo.
42
EDUCAÇÃO FÍSICA
Todavia, não é. Isto porque o fato do movimento O agonista (ou motor primário) é o principal
ocorrer contra a ação da gravidade muda a partici- músculo que produz o movimento (como o músculo
pação do músculo no movimento. Assim, quando braquial na flexão do cotovelo). Já o antagonista, é o
o profissional de educação física precisar analisar músculo que se opõe à ação de outro músculo (como
biomecanicamente os músculos envolvidos na reali- o músculo tríceps braquial na flexão do cotovelo). O
zação de um determinado movimento, é necessário músculo sinergista complementa a ação do agonista
que ele faça antes uma avaliação da ação da gravida- (como o músculo braquiorradial na flexão do coto-
de sobre as fibras musculares. velo) ou fixa uma articulação intermediária quando
o agonista passa por mais de uma articulação (como
o músculo extensor dos dedos que é sinergista do
VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO MUS- flexor profundo dos dedos ao fixar em extensão to-
CULAR das as outras articulações pelas quais ele passa). Por
fim, o músculo fixador ou postural estabiliza partes
A vascularização sanguínea é abundante nos mús- proximais de um membro mediante contrações iso-
culos, pois dela depende a adequada oxigenação métricas, enquanto ocorrem movimentos nas partes
e nutrição muscular, bem como a drenagem de distais. O músculo deltoide, por exemplo, mantém o
gás carbônico e produtos residuais produzidos no ombro em abdução enquanto um movimento de pin-
próprio músculo. Sem vascularização eficiente, a ça fina é executado nas articulações interfalângicas.
contração muscular é inviável e, por isso, ela geral-
mente é múltipla, ou seja, o músculo é irrigado por
varias artérias adjacentes. ÓRGÃO ANEXOS DO SISTEMA MUSCULAR
De igual modo, a inervação do músculo é res-
ponsável pela contração e pelos estímulos sensiti- São estruturas que facilitam a ação dos músculos ou
vos dos mesmos (dolorosos e proprioceptivos). As- os mantêm íntegros. Os principais órgãos anexos são
sim, a coordenação motora depende da interação as bolsas sinoviais, as bainhas fibrosas e sinoviais, e
entre sistema muscular e sistema nervoso (MOO- os retináculos (FREITAS, 2004).
RE et al., 2014). As bolsas sinoviais são sacos fibrosos revestidos
de membrana sinovial, contendo líquido sinovial
em seu interior. Normalmente, ficam em regiões de
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DO MÚS- maior atrito entre um músculo e um osso, entre dois
CULO ESTRIADO ESQUELÉTICO músculos, entre o músculo e a pele suprajacente etc.
Quando inflamadas ou lesadas por esforço repetiti-
De acordo com o papel que o músculo desempenha vo ocorre edema e dor (bursite).
durante o movimento, ele pode ser clasificado como As bainhas fibrosas revestem tendões e fáscias de
agonista, antagonista, sinergista e fixador ou postu- revestimento. São constituídas por tecido conjuntivo e
ral (GRABINER, et al., 1991). se inserem nos ossos formando canais para manterem
43
ANATOMIA
em posição os tendões de músculos longos que passam eretor da espinha e músculo extensor dos dedos),
em seu interior. Já as bainhas sinoviais são encontradas ação e forma (músculo pronador quadrado e mús-
no interior nas bainhas fibrosas. São constituídas por culo adutor longo), ação e localização (músculo fle-
uma camada interna (intimamente aderida ao tendão) xor superior dos dedos e músculo flexor radial do
e uma camada externa (voltada à bainha fibrosa). carpo), origem e inserção (músculo esternocleido-
Sua função é produzir um líquido semelhante ao mastoideo), dentre outros.
líquido sinovial para facilitar o deslizamento dos ten- Além disso, os músculos também podem ser
dões durante a realização dos movimentos. São co- classificados de acordo com outros critérios, por
muns na região dos ossos carpais e tarsais. Por fim, os exemplo, direção das fibras musculares, sua aparên-
retináculos são espessamentos das fáscias. São cons- cia, localização, número de pontos de origem, nú-
tituídos por tecido conjuntivo e servem para manter mero de pontos inserção, número de ventres mus-
em posição os tendões que cruzam as articulações. culares e função.
Quanto à direção das fibras musculares, eles po-
dem ser de fibras paralelas (como o sartório) ou de
fibras oblíquas (como o glúteo máximo). Normal-
mente, músculos de fibras paralelas desenvolvem
Retináculo
bastante amplitude de movimento articular, mas
normalmente têm pouca força. Em contrapartida,
músculos de fibras oblíquas têm bastante força mus-
Retináculo cular, mas pouca amplitude de movimento. Com-
Tendões musculares
plementarmente, os músculos de fibras oblíquas
podem ser do tipo unipenados (como o extensor
longo dos dedos), bipenados (como o reto da coxa)
ou multipenados (como o deltoide).
Vale ressaltar que em alguns músculos, as fibras
convergem de uma larga origem para um estrei-
Figura 25 - Órgãos anexos do sistema muscular to e único tendão dando ao músculo uma arranjo
em forma de leque ou um aspecto triangular (é o
GENERALIDADES DO SISTEMA MUSCULAR que ocorre, por exemplo, com o músculo peitoral
maior). Quanto à aparência, os músculos podem ser
Segundo Moore et al. (2014), existem 656 músculos curtos (como os da mão), longos (em forma de fita;
estriados esqueléticos nominados no corpo huma- como o sartório), plano ou chato (presentes no ab-
no. A nomenclatura é baseada em vários critérios, dome e no dorso; como o trapézio), fusiforme (com
como forma (músculo deltóide e músculo trapézio), uma região central de maior diâmetro em relação às
localização (músculos intercostais e músculo subes- extremidades; como o bíceps braquial) ou circulares
capular), forma e localização (músculo quadrado da ou esfincterianos (que circudam aberturas ou orifí-
coxa e músculo orbicular da boca), ação (músculo cios do corpo; como o orbicular do olho).
44
EDUCAÇÃO FÍSICA
Músculo de
Músculo fusiforme fibras oblíquas
Músculo plano
Músculo de
fibras paralelas
Músculo longo
Músculo curto
Músculo de Músculo de
fibras oblíquas fibras paralelas
Figura 26 - Músculos de fibras paralelas e oblíquas, músculos longos, curtos, planos e fusiformes
Quanto à localização, eles podem ser superficiais A nomenclatura também pode considerar o núme-
(aqueles que ficam logo abaixo da pele têm pelo ro de pontos de origem (bíceps, tríceps e quadrí-
menos uma de suas inserções na derme, sendo ceps), o número de pontos de inserção (bicaudado
chamados de dérmicos; como os músculos da ex- e policaudado), de ventres musculares (digástrico
pressão facial) ou profundos (sem inserções na e poligástrico) ou a função exercida pelo músculo
derme; como músculos profundos do antebraço). (flexor, extensor, abdutor etc.)
45
ANATOMIA
Músculo tríceps
Músculo bíceps
Músculo quadríceps
Músculo
digástrico ou biventre
Músculo policaudado
Músculo
poligástrico ou poliventre
Figura 27 - Da esquerda para a direita: Músculos bíceps, tríceps, quadríceps, digástrico, poligástrico, bi e policaudado
46
EDUCAÇÃO FÍSICA
47
ANATOMIA
m. Occipitofrontal
m. Nasal
m. Zigomático menor
m. Zigomático maior
m. Risório
m. Abaixador do
m. Abaixador do ângulo da boca
lábio inferior
m. Mentual
Músculos
supra-hioideos
m. Masseter
Músculos
infra-hioideos
48
EDUCAÇÃO FÍSICA
Músculos Músculos
paravertebrais pós-vertebrais
Figura 32 - Músculos para (esquerda) e pós-vertebrais (direita)
49
ANATOMIA
m. Serrátil anterior
Músculos
intercostais externos
50
m. Oblíquo externo do abdome
EDUCAÇÃO FÍSICA
51
ANATOMIA
m. Trapézio m. Tríceps
Os músculos do braço são divididos em grupo braquial
anterior e posterior, os quais são separados pelo m. Latíssimo
do dorso
úmero. O grupo anterior é flexor do cotovelo (bí-
ceps braquial, braquial e coracobraquial) e o gru- Figura 37 - Músculos do braço
52
EDUCAÇÃO FÍSICA
do antebraço; o flexor radial do carpo faz a flexão e Principais músculos do membro inferior
abdução do punho; o palmar longo faz a flexão do Os músculos do membro inferior, além de movi-
punho; o flexor ulnar do carpo faz flexão e adução mentar as diversas articulações deste segmento cor-
do punho; o flexor superficial dos dedos flexiona as póreo, permitem a sustentação do peso do corpo e a
articulações interfalângicas proximais dos quatro manutenção da postura bípede em equilíbrio, pos-
dedos mediais; o flexor profundo dos dedos é o úni- sibilitando a marcha. Seu estudo pode ser realizado
co que pode flexionar as articulações interfalângica agrupando-os em grupo anterior da coxa, posterior
distais dos dedos mediais; o flexor longo do polegar da coxa, medial da coxa, músculos da região glútea,
faz a flexão das articulações do polegar; o pronador da região anterior da perna, da região posterior da
quadrado é o agonista da pronação do antebraço (é perna, da região lateral da perna e músculos do pé
auxiliado pelo pronador redondo) e ajuda a mem- (FREITAS, 2004).
brana interóssea a unir o rádio e a ulna. Na região anterior da coxa estão os flexores do
Os músculos extensores do antebraço podem quadril e/ou extensores do joelho e incluem o mús-
estender e abduzir ou aduzir a articulação do pu- culo pectíneo, sartório, iliopsoas, quadríceps femo-
nho (como o extensor radial longo do carpo, o ex- ral e articular do joelho.
tensor radial curto do carpo e o extensor ulnar do O pectíneo faz adução, flexão e ajuda na ro-
carpo) podem estender os quatro dedos mediais tação medial do quadril. O sartório é o músculo
(como o extensor dos dedos, o extensor do indica- mais longo do corpo, é superficial e parece uma
dor e o extensor do dedo mínimo) e podem esten- fita. Age sobre a articulação do quadril e do joe-
der ou abduzir o polegar (como o extensor longo lho fazendo a flexão de ambas. O iliopsoas é um
do polegar, o extensor curto do polegar e o abdutor músculo fixo à coluna vertebral, à pelve e ao fê-
longo do polegar). mur. É o principal flexor da coxa e, em contração
bilateral, faz flexão do tronco sobre o quadril e
aumenta a lordose lombar sendo ativo também na
caminhada em declive.
O quadríceps femoral dá o maior volume para
Músculos extensores
do carpo e dos dedos a região anterior da coxa e é um dos músculos mais
fortes do corpo. É constituído pelos músculos reto
femoral, vasto lateral, vasto intermédio e vasto late-
Figura 38 - Músculos do antebraço ral. Tais músculos se unem na parte distal da coxa
para formar um tendão único, o tendão do músculo
Os músculos da mão têm nomes que identificam quadríceps femoral, cuja continuação é o ligamento
suas funções. Incluem o músculo abdutor curto do da patela que se fixa à tuberosidade da tíbia. O mús-
polegar, flexor curto do polegar, oponente do pole- culo vasto medial e vasto lateral também ajudam a
gar, abdutor do dedo mínimo, flexor curto do dedo manter o alinhamento da patela.
mínimo, oponente do dedo mínimo, lumbricais, in- O reto femoral é biarticular e é mais eficiente em
terósseos e o adutor do polegar. movimentos que associam a flexão do quadril e a ex-
53
ANATOMIA
tensão do joelho a partir de uma posição de hiperex- joelho e se une a outros dois músculos biarticula-
tensão do quadril e flexão do joelho (como na posi- res (o sartório e o semitendíneo) para formar uma
ção preparatória para chutar uma bola de futebol). inserção tendínea chamada “pata de ganso”. Ele é si-
Todos eles agem em conjunto fazendo a extensão do nergista na flexão do joelho e na rotação medial da
joelho. Por fim, o músculo articular do joelho é de- perna quando o joelho está flexionado, e aumenta
rivado do músculo vasto intermédio. Ele é pequeno, a estabilidade do joelho estendido. O obturador ex-
plano e age tracionando a membrana sinovial na ex- terno é pequeno e profundo e atua também como
tensão da perna. rotador lateral da coxa (DI DIO, 2002).
Os músculos da região glútea incluem o mús-
culo glúteo máximo, glúteo médio, glúteo mínimo,
m. Tensor da tensor da fáscia lata, piriforme, obturador interno,
fáscia lata gêmeo superior, gêmeo inferior e quadrado femo-
m. Sartório ral. O glúteo máximo faz extensão e rotação lateral
Músculos adutores do quadril e sua paralisia, embora não afete a mar-
do quadril
cha em superfície plana, afeta a marcha em aclive
(principalmente ao subir escadas). Já o glúteo mé-
dio e o glúteo mínimo têm forma de leque e atuam
m. Reto femoral
estabilizando a pelve, aduzindo e fazendo rotação
medial da coxa.
O tensor da fáscia lata tensiona a fáscia lata e é
flexor do quadril. O piriforme, obturador interno,
gêmeo superior, gêmeo inferior e quadrado femoral
estabilizam a articulação do quadril e são rotadores
m. Vasto medial
laterais da coxa.
54
EDUCAÇÃO FÍSICA
Os músculos da região posterior da coxa são o Já os músculos da região lateral da perna são ever-
semitendíneo, semimembranáceo e o bíceps femo- sores do pé e podem contribuir para a flexão plantar
ral. Todos, menos a cabeça curta do bíceps femoral, do tornozelo. São eles o fibular longo e o fibular curto.
são extensores do quadril e flexores do joelho. A ca- Os músculos da região posterior da perna são o gas-
beça curta do bíceps femoral age apenas na flexão do trocnêmio, sóleo, plantar, poplíteo, flexor longo dos
joelho, pois é monoarticular (ou seja, só atravessa a dedos, flexor longo do hálux e tibial posterior. O gas-
articulação do joelho). trocnêmio forma a parte mais proeminente da pan-
turrilha. Tem duas cabeças (lateral e medial) as quais
se unem por um tendão comum, o tendão do calcâ-
neo, que se fixa ao calcâneo (é o mais forte e espesso
tendão do corpo humano). É biarticular (faz flexão
do joelho e plantiflexão do tornozelo). Todavia, o
músculo não pode exercer toda a sua força nas duas
articulações ao mesmo tempo. Assim, é mais eficaz
com o joelho estendido e é ativado ao máximo quan-
m. Semitendíneo do a extensão do joelho é associada à dorsiflexão.
m. Bíceps femoral
O sóleo é profundo ao gastrocnêmio e é conside-
rado o “burro de carga da flexão plantar”. Isso por-
que é monoarticular (não age sobre o joelho e por
isso atua sozinho na flexão plantar quando o joelho
m. Semimembranáceo está flexionado). Além disso, é antigravitacional atu-
ando na posição ortostática, na marcha e para man-
ter o equilíbrio. É forte, capaz de manter contração
por bastante tempo, mas é lento. Une-se às cabeças
do gastrocnêmio para formar o tríceps sural. Devido
às diferenças entre o gastrocnêmio e o sóleo, pode-se
Figura 41 - Músculos da região posterior da coxa afirmar que: “Se passeia com o sóleo, mas se ganha
o salto à distância com o gastrocnêmio” (MOORE et
Os músculos da região anterior da perna incluem o al., 2014, p. 592).
músculo tibial anterior, o extensor longo dos dedos, O plantar é pequeno, de ventre curto, tendão
extensor longo do hálux e fibular terceiro. O tibial longo e está ausente em torno de 10% das pessoas.
anterior é dorsiflexor da articulação talocrural e in- Atua com o gastrocnêmio. Todavia, é considerado
versor do pé. O extensor longo dos dedos estende um órgão de propriocepção, pois tem muitos fusos
os quatro dedos laterais e faz dorsiflexão do torno- neuromusculares. Além disso, seu tendão pode ser
zelo. O extensor longo do hálux estende o hálux e usado em enxertos (por exemplo, na reconstrução
faz dorsiflexão do tornozelo. O fibular terceiro faz dos tendões da mão), sendo que sua retirada não
dorsiflexão do tornozelo e auxilia na eversão do pé. causa incapacidade.
55
ANATOMIA
O poplíteo é insignificante como flexor do jo- Os músculos do pé localizam-se na face plantar (14
elho, mas durante a flexão, ele ajuda a tracionar o deles), no dorso (2 deles) ou são intermediários
menisco lateral posteriormente; quando em pé com (4 deles). Os músculos da planta estão organizados
o joelho parcialmente flexionado, ele se contrai para em camadas e atuam na fase de suporte da mar-
ajudar o ligamento cruzado posterior na prevenção cha mantendo os arcos do pé e produzindo supina-
do deslocamento anterior do fêmur; em pé com os ção e pronação para permitir que o pé se ajuste ao
joelhos estendidos, faz rotação lateral do fêmur libe- solo irregular. São eles o abdutor do hálux, adutor
rando o joelho para fazer flexão. do hálux, flexor curto do hálux, abdutor do dedo
O flexor longo do hálux e o flexor longo dos de- mínimo, flexor do dedo mínimo, flexor curto dos
dos são potentes flexores das articulações do hálux dedos, quadrado plantar, lumbricais, interósseos
e dos dedos. Já o tibial posterior é inversor do pé e dorsais e plantares. No dorso estão os músculos ex-
plantiflexor do tornozelo. tensor curto dos dedos e extensor curto do hálux.
A C
m. Tibial anterior
Músculos dorsais do pé
m. Gastrocnêmio
(cabeça medial)
B
m. Extensor longo
dos dedos
56
considerações finais
O
corpo humano é capaz de realizar movimentos graças ao sistema lo-
comotor formado por ossos, articulações e músculos. A atuação con-
junta destes sistemas, e em concordância com o comando do sistema
nervoso, garante o movimento voluntário harmônico e coordenado.
O sistema muscular é importante, pois representa o elemento ativo do mo-
vimento tracionando ossos que, como alavancas, movem passivamente articula-
ções às quais se conectam. Se qualquer um destes sistemas ou o controle nervoso
falhar, distúrbios motores podem surgir como hiper ou hipotonia muscular, pa-
ralisia, paresia, discinesia e outros.
Além disso, as funções destes sistemas também podem ser prejudicadas por
fraturas, osteoporose, inflamação, alteração imunológica, trauma e outros. Como
estas anormalidades podem comprometer uma atividade primordial do ser hu-
mano que é a deambulação, a saúde e integridade das estruturas anatômicas que
o formam é essencial.
Para garantir que as funções destes sistemas permaneçam adequadas, cuida-
dos simples podem ser assumidos. Uma dieta adequada, por exemplo, com inges-
tão de alimentos ricos em colágeno e cálcio (leite e derivados, brócolis, repolho,
camarão, salmão e ostras). Além disso, exercício físico regular e supervisionado,
alternado com repouso articular e muscular, faz toda a diferença. De igual modo,
reposição hormonal em mulheres pós-climatério, também é indicada.
Por fim, é essencial o pleno conhecimento anatômico e fisiológico das estru-
turas que compõem tais sistemas, pois por meio do conhecimento adequado,
procedimentos preventivos e curativos (como o fortalecimento e o alongamento
muscular, e até mesmo as intervenções cirúrgicas) poderão aperfeiçoar a atuação
destes sistemas tão importantes.
Vale ressaltar que o profissional de educação física, como parte da área da
saúde, deve conhecer profundamente estes sistemas, pois age diretamente mo-
dificando-os, seja ao predispor hipertrofia óssea ou muscular, ou ao manter a
integridade articular. Assim, boa capacitação a você.
57
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o artigo indicado, a seguir, que trata sobre os planos (ou cintura escapular) e a parte livre que inclui o braço,
que tangenciam e seccionam o corpo humano, os eixos antebraço e mão (sendo sua parte anterior denomina-
que permitem seus movimento e a segmentação do corpo da palma e a posterior, dorso); para o membro inferior
humano. Em seguida, faça a atividade prática proposta. tem-se a raiz ou cíngulo do membro inferior (ou cintu-
ra pélvica) e a parte livre que inclui a coxa, perna e pé
PRÁTICA DE LABORATÓRIO: MODELO DIDÁTICO APLI- (sendo sua parte superior denominada dorso e a infe-
CADO AO ESTUDO DE CONCEITOS INTRODUTÓRIOS À rior, planta). Articulações conectam as várias partes dos
ANATOMIA HUMANA membros, como por exemplo, as articulações do ombro,
[...] cotovelo, quadril e joelhos (SPENCE, 1991).
A partir da posição anatômica, as várias regiões do corpo A partir da posição anatômica de descrição, supõe-se a
são denominadas como cabeça, pescoço, tronco, mem- existência de planos imaginários que tangenciam a super-
bros superiores e membros inferiores. A cabeça é subdi- fície externa do corpo a fim de facilitar a localização das
vida em crânio facial ou viscerocrânio (anterior, menor, estruturas corpóreas. Tais planos são denominados como
constituído por 14 ossos, cujas funções se relacionam a superior ou cranial, inferior ou podálico, lateral direito, la-
teral esquerdo, anterior ou ventral e posterior ou dorsal
abrigar e proteger os órgãos dos sentidos e possibilitar
(MIRANDA NETO, 2006). Assim, pode-se afirmar que os
a fonação e a mastigação) e crânio neural ou neurocrâ-
olhos são estruturas superiores à cicatriz umbilical já que
nio (posterior, maior, constituído por oito ossos os quais
se localizam mais próximos ao plano superior ou cra-
estão diretamente relacionados à proteção do sistema
nial do que a cicatriz umbilical. De igual modo, pode-se
nervoso localizado em seu interior). A parte mais alta do
afirmar que as escápulas são estruturas posteriores em
neurocrânio é denominada calvária, abóbada ou calo-
relação ao osso esterno uma vez que este está mais
ta craniana. O pescoço é dividido em pescoço anterior
próximo do plano anterior do que aquela.
(visceral) e pescoço posterior (muscular), também deno-
Dessa forma, os planos convencionais tangentes à su-
minado nuca. Segundo Spence (1991) e Freitas (2004), o
perfície do corpo humano facilitam a compreensão
tronco também é subdividido em tórax (limitado supe-
dos termos relacionados com a posição e a direção
riormente pela clavícula e inferiormente pelo músculo
das partes constituintes do corpo, porém no estudo da
diafragma), abdome (limitado superiormente pelo mús-
Anatomia é necessário a visualização do corpo cortado
culo diafragma e inferiormente pela abertura superior
ou seccionado em vários planos de secção de referên-
da pelve) e pelve (localizada entre os ossos do quadril).
cia como o plano sagital, transversal (ou horizontal)
Os membros superiores e inferiores também são subdi-
e coronal (ou frontal). O plano sagital é uma secção
vididos em uma região conectada ao tronco, denomina-
longitudinal que divide o corpo ou qualquer uma de
da cíngulo (ou cintura), e uma parte livre. Para o membro
suas partes em porções direita e esquerda. [...].
superior tem-se a raiz ou cíngulo do membro superior
Fonte: Gomes, Perles e Lopes (2014, p. 5-6, on-line)1.
58
atividades de estudo
a. I e II.
b. II e III.
c. III e IV.
d. VI e V.
e. III e V.
59
atividades de estudo
II. Ao contrário do proposto, uma estrutura é dita mediana quando ela está
próxima ao plano anterior.
III. Uma estrutura é classificada como média quando se posiciona entre uma
estrutura lateral e outra estrutura medial.
IV. Uma estrutura é classificada como intermédia quando ela se posiciona en-
tre uma estrutura lateral e outra estrutura medial.
V. Ao contrário do proposto na afirmativa, uma estrutura é intermédia quan-
do ela se posiciona embaixo do plano sagital mediano.
a. I.
b. II.
c. III.
d. VI.
e. V.
60
atividades de estudo
a. I e II.
b. I e III.
c. II e III.
d. I e IV.
e. III e V.
a. F - F - V
b. V - F - V
c. F - V - F
d. V - F - F
e. F - V - V
61
atividades de estudo
a. I e III.
b. II e III.
c. III e IV.
d. IV e V.
e. II e V.
62
Material Complementar
A Teoria de Tudo
Ano: 2014
Sinopse:a história de Stephen Hawking é contada pela luz da genialidade e do
amor que não vê obstáculos. Quando Jane conhece Stephen, percebe que está
entrando para uma família diferente. Com grande sede de conhecimento, os
Hawking possuíam o hábito de levar material de leitura para o jantar, ir a óperas
e concertos e estimular o brilhantismo em seus filhos – entre eles aquele que
seria conhecido como um dos maiores gênios da humanidade, Stephen. Diag-
nosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) aos 21 anos, Hawking supe-
rou todas as expectativas dos médicos sobre suas chances de sobrevivência a
partir da perseverança de sua mulher. Mesmo ao descobrir que a condição de
Stephen apenas pioraria, Jane seguiu firme na decisão de compartilhar a vida
com aquele que havia lhe encantado.
Referências On-Line
1
Em: <http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi/article/view/24739/pdf_49>. Acesso em: 09
jun. 2016.
2
Em: <http://www.a�.bio.br/sustenta/sustenta1.asp>. Acesso em: 09 jun. 2016.
63
referências
64
gabarito
1. C
2. C
3. D
4. A
Verdadeira.
5. D
65
SISTEMAS CARDIOVASCULAR
E RESPIRATÓRIO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Sistema circulatório
• Sistema linfático
• Sistema respiratório
Objetivos de Aprendizagem
• Estudar, em relação aos aspectos morfológicos e funcionais, os principais
componentes deste sistema: sangue (definição, constituição e importância),
coração (características gerais, localização, constituição, câmaras cardíacas,
mecanismo valvular, tipos de circulação, ciclo cardíaco, bulhas e sopro
cardíaco e inervação do coração), vasos sanguíneos (caracterização,
diferenças entre eles e principais vasos do corpo humano).
• Estudar, em relação aos aspectos morfológicos e funcionais, os principais
componentes deste sistema: linfa, capilares, vasos e ductos linfáticos,
linfonodos, baço, timo, tonsilas, sistema linfático e disseminação do câncer,
linfangite, linfadenite e linfedema, sistema linfático e envelhecimento.
• Estudar: função principal do sistema respiratório; divisões do sistema
respiratório; órgãos do sistema respiratório e cavidade torácica e
mediastino.
unidade
II
INTRODUÇÃO
P
rezado(a) aluno(a), a vida depende de todos os sistemas do
corpo humano. No entanto, os sistemas cardiovascular, respi-
ratório e nervoso têm papel de destaque uma vez que deles
dependem a adequada oxigenação e nutrição das células, bem
como sua manutenção em homeostasia a partir da retirada dos materiais
residuais que elas produzem (como CO2 e resíduos metabólicos que po-
dem alterar o meio intracelular causando sua morte). Assim, cérebro,
coração e pulmões trabalham juntos.
O sistema cardiovascular pode ser chamado de sistema circulatório e é
composto pelo sistema cardiovascular sanguíneo (destinado à circulação do
sangue) e pelo sistema vascular linfático (destinado à circulação da linfa).
O sistema respiratório supre as células com O2 e retira do corpo o CO2
produzido pelo metabolismo celular. Por meio de órgãos condutores e do
pulmão enquanto órgão respiratório por excelência, tais gases são cam-
biados entre as células e o meio externo. Assim, a respiração consiste na
absorção de O2 do meio externo para utilização pelas células e na elimi-
nação do CO2 resultante de oxidações celulares para o meio externo. Esse
mecanismo é uma das características básicas dos seres vivos e depende da
eficácia do coração como bomba, do adequado retorno venoso e da quali-
dade do ar e do sangue como meio de transporte desses gases.
O texto a seguir será fundamentado em importantes autores como Dan-
gelo e Fattini (2011), Moore et al. (2014), Miranda Neto e Chopard (2014) e
outros autores. A nomenclatura utilizada está de acordo com a nômica atua-
lizada (CFTA, 2001), mas é necessário que você utilize um atlas de anatomia
como Narciso (2012), Rohen, Yokochi e Lütjen-Drecoll (2002) ou outros.
Nosso objetivo é descrever aspectos relevantes destes sistemas. Não
esqueça que o profissional de educação física deve ter conhecimento so-
bre eles, pois se falharem, não há ação neuronal nem contração muscu-
lar. Aproveite para conhecer estes sistemas, pois servirão de base para
seu estudo posterior em fisiologia.
ANATOMIA
Sistema
Circulatório
70
EDUCAÇÃO FÍSICA
O sangue, seus elementos constituintes e suas Aos poucos, esse equívoco foi sendo corrigi-
funções só começaram ser desvendados pela ci- do e a função de controle geral do funcionamento
ência a partir do século 17, sendo que atualmente do corpo foi atribuída ao cérebro. Mesmo assim,
a hematologia se encarrega de desvendar todos os ainda hoje poetas, músicos e, principalmente, os
seus “mistérios”. Sabemos hoje que o sangue apre- apaixonados associam funções emocionais ao co-
senta uma parte líquida, chamada plasma sanguí- ração. Não é à toa que dizemos que amamos “do
neo, e uma parte celular, cujas principais células fundo do coração” ou que não podemos ter o “co-
incluem as hemácias (eritrócitos ou, popular- ração peludo”, ou seja lá o que mais. Acho tudo
mente conhecidas como glóbulos vermelhos), os isso muito engraçado. Às vezes, até me pergunto
leucócitos (ou glóbulos brancos) e as plaquetas se as pessoas realmente conhecem a verdadeira es-
(ou trombócitos). trutura e função do coração.
As hemácias, de coloração avermelhada, apre- Na verdade, esse órgão tão simbólico ainda é
sentam como principal componente a hemoglobina considerado central em relação ao Sistema Cardio-
em cuja região central existem átomos de ferro (gru- vascular Sanguíneo (SCVS) é objeto de estudo da
po heme) habilitados ao transporte de gases (como cardiologia. Ele é ímpar, muscular, oco, com aproxi-
O2 e CO2). Os leucócitos são células que possibilitam madamente 12 cm de comprimento, 9 de largura e 6
a defesa imunológica do indivíduo, pois permitem a de espessura. Pesa cerca de 250 gramas nas mulheres
fagocitose ou a produção de substâncias (como as ci- e 300 gramas nos homens e ocupa o volume aproxi-
tocinas) capazes de destruir células invasoras (como mado de uma mão com os dedos fechados.
vírus, bactérias, células anômalas). Por sua vez, os Ele tem forma de pirâmide com o ápice (uma
trombócitos são células responsáveis pela coagula- extremidade pontiaguda) apontando para baixo, e a
ção do sangue. Doenças que atrapalhem a adequada base (uma parte larga oposta ao ápice) direcionada
produção ao funcionamento de tais células podem para cima e à direita. A base não tem uma localiza-
levar o indivíduo a óbito. É o caso, por exemplo, da ção muito nítida, pois os principais vasos sanguíne-
anemia, da leucemia, da hemofilia, dentre outras os do coração, os vasos da base, entram e saem por
(FREITAS, 2004). ela. Ao contrário, o ápice fica voltado à esquerda de
forma que cerca de 2/3 da massa do coração está à
Coração esquerda da linha mediana do corpo. Por isso e pelo
Generalidades fato de que no ápice as bulhas cardíacas são muito
Ah, o coração! Como as pessoas lhe atribuem fun- audíveis, a maioria das pessoas acha que o coração
ções que não são dele! O amor, o ódio, a amargu- fica do lado “esquerdo do peito”, mas não fica. Ele
ra, o bem querer, e tantas outras. Na verdade isso fica no centro da cavidade torácica, mas com o ápi-
sempre aconteceu, desde a antiguidade. Até mesmo ce apontando para a esquerda. Assim, o coração fica
os primeiros estudiosos em anatomia achavam que inclinado, com a base voltada medialmente e o ápi-
o coração era o responsável pelo controle geral do ce voltado lateralmente. Além disso, seu maior eixo
corpo e que os sentimentos de fato advinham dele (que vai da base ao ápice) forma 40º com o plano
(acreditavam na teoria cardiocêntrica). horizontal (DI DIO, 2002).
71
ANATOMIA
72
EDUCAÇÃO FÍSICA
cavidade do pericárdio, o qual é preenchido por lí- É importante destacar que no septo interatrial
quido pericárdico que facilita o deslizamento entre existe uma depressão chamada fossa oval. Ela é do
elas durante os movimentos do coração. Pode ter tamanho de uma impressão digital e é contornada
grande quantidade de gordura. por um relevo chamado limbo da fossa oval. Nela,
a parede interatrial é muito delgada e transparente,
Câmaras cardíacas pois, representa o resquício do forame oval o qual
A cavidade do coração é subdividida em quatro câ- permitia, no feto quando os pulmões ainda não
maras cardíacas: dois átrios e dois ventrículos. Os eram funcionantes, ampla comunicação entre o
átrios são superiores, menores e chamados de câ- átrio direito e o esquerdo. Normalmente esse forame
maras de recepção. Em contrapartida, os ventrícu- se fecha logo após o nascimento.
los são inferiores, maiores e chamados de câmaras Também é interessante salientar que o treina-
de ejeção. Na face anterior de cada átrio existe uma mento físico modifica a espessura do miocárdio
estrutura enrugada, a aurícula, a qual aumenta ligei- enquanto doenças podem modificar sua estrutura
ramente a capacidade de armazenamento de sangue exigindo, inclusive, transplante cardíaco.
do átrio (DANGELO; FATTINI, 2011).
A divisão das câmaras cardíacas é feita por meio
de projeções musculomembranosas do próprio mio-
cárdio, chamadas septos cardíacos. O septo atrioven-
tricular tem direção horizontal e divide o coração em
parte superior e inferior. O septo interatrial é vertical
e divide a porção superior do coração em átrio direi-
to e átrio esquerdo. O septo interventricular também
é vertical, mas divide a porção inferior do coração
em ventrículo direito e ventrículo esquerdo (ele tem
uma parte muscular e outra membranácea).
A face externa do coração apresenta, além de
uma quantidade variável de gordura, sulcos que
marcam o limite externo entre essas câmaras car-
díacas. O sulco coronário marca os limites entre
os átrios e ventrículos e é ocupado pelas artérias
coronárias e seus ramos, e pelas veias do coração.
O sulco interventricular anterior e interventricu- Figura 2 - Câmaras e septos cardíacos
73
ANATOMIA
valvas cardíacas. As principais são as valvas atrio- Todas as valvas do coração ficam inseridas no
ventricular direita, atrioventricular esquerda, valva esqueleto fibroso ou esqueleto cardíaco o qual é for-
do tronco pulmonar e valva da aorta. Tais estruturas, mado por quatro anéis de tecido conjuntivo, fun-
por sua vez, são constituídas por lâminas de tecido didos uns aos outros (anel fibroso atrioventricular
conjuntivo chamadas válvulas, folhetos ou cúspides direito, anel fibroso atrioventricular esquerdo, anel
(WATANABE, 2000). pulmonar e anel aórtico).
Na valva atrioventricular esquerda existem duas
válvulas (a anterior e a posterior) e na atrioventricu-
lar direita existem três (a válvula anterior, a poste- Valva átrioventricular
esquerda
rior e a septal). Por isso, elas eram antigamente cha-
madas de bicúspide e tricúspide, respectivamente. Já
no tronco pulmonar e na artéria aorta as três vál-
Valva átrioventricular
vulas são do tipo semilunares (no tronco pulmonar: direita
direita, esquerda e anterior; na artéria aorta: direita,
esquerda e posterior).
Cordas tendíneas
Você pode estar se perguntando como as val-
vas e as válvulas funcionam. Pois bem, vamos
entender. As valvas atrioventriculares se abrem Septo interventricular
quando a pressão dos átrios é maior do que a dos
ventrículos. Nesse momento, os músculos papila-
res estão relaxados e as cordas tendíneas frouxas. Músculos papilares
Quando os ventrículos se contraem, a pressão do Figura 3 - Valvas e válvulas cardíacas, músculos papilares e cordas tendíneas
74
EDUCAÇÃO FÍSICA
75
ANATOMIA
76
EDUCAÇÃO FÍSICA
aula ou nunca tinha ouvido falar nisso, pode acre- culo atrioventricular e os ramos direito e esquerdo.
ditar porque é verdade. O nodo sinoatrial localiza-se no átrio direito. Ele
Agora é possível que você esteja se perguntando: envia finas ramificações aos átrios sendo conside-
como isso é possível se aprendemos que o sistema rado o “marca-passo” do coração, pois, a excitação
nervoso é quem controla todo o funcionamento do cardíaca começa nele e é ele que determina o ritmo
corpo e quando retiramos o coração do tórax, cor- e o automatismo cardíaco. Seu mau funcionamento
tamos sua comunicação com esse sistema? Para en- causa arritmia cardíaca. Várias substâncias (como a
tendermos como isso é possível, em primeiro lugar noradrenalina) e algumas condições (como hipóxia,
você precisa saber que a inervação do coração é dife- drogas, cafeína e nicotina) atuam neste nodo e inter-
rente de outras regiões do corpo. Isto porque a iner- ferem no ritmo do coração. Assim, pode ser neces-
vação do músculo cardíaco ocorre de duas formas, a sário que outra área cardíaca possa funcionar como
extrínseca e a intrínseca. o marca-passo.
A inervação extrínseca é feita pelo Sistema Ner- O nodo atrioventricular fica acima da valva
voso Autônomo (SNA) por meio de seus compo- atrioventricular direita. Ele pode vir a ser o “marca-
nentes simpáticos (nervos cardíacos simpáticos) e -passo” do coração se o nodo sinoatrial for lesado,
parassimpáticos (nervo vago). Enquanto as fibras mas a frequência cardíaca passa a ser de 40 a 60 ba-
simpáticas causam taquicardia, as parassimpáticas timentos por minuto (bpm). Sua continuação até o
causam bradicardia. Ambas formam o plexo nervo- septo interventricular é o fascículo atrioventricular
so cardíaco, o qual é útil para as demandas do dia (feixe de His). Ele pode vir a ser o “marca-passo” do
a dia, pois as constantes modificações do ambiente coração se os nodos sinoatrial e atrioventricular fo-
são prontamente percebidas pelo SNA fazendo com rem lesados. Todavia, a frequência cardíaca cai para
que o coração se adapte e capacite o corpo a reagir 20 a 35 bpm, o que pode causar lesão neurológica
(WATANABE, 2000). necessitando implantar um marca-passo artificial
Já a inervação intrínseca, chamada de sistema de (um dispositivo que emite pequenas correntes elé-
condução do coração ou complexo estimulante do tricas que estimulam as contrações ventriculares).
coração, não é feita por elementos nervosos e sim O fascículo atrioventricular se bifurca em ramo
por fibras musculares estriadas cardíacas especiais, direito e ramo esquerdo, um para cada ventrícu-
com poucas estrias transversais, poucas miofibrilas, lo. Tais ramos penetram as paredes ventriculares,
de menor diâmetro e que formam o tecido nodal. ramificam-se ainda mais e constituem os ramos
Esse tecido por si só é capaz de gerar impulsos ele- subendocárdios (que ficam abaixo do endocárdio).
troquímicos que se propagam pelo coração causan- Suas fibras são conhecidas como Fibras de Purkinje
do a contração do miocárdio de forma rítmica e e permitem a propagação das contrações dos átrios
repetitiva. Ele só é encontrado no coração no qual para os ventrículos.
cerca de 1% das fibras musculares são células autor- Entendeu agora como é possível que o coração
rítmicas capazes de gerar potencial de ação. continue batendo mesmo fora do corpo? De forma
O sistema de condução do coração compreende bem simplificada, pode-se afirmar que, quando o co-
o nodo sinoatrial, o nodo atrioventricular, o fascí- ração é retirado da caixa torácica, de fato ele perde a
77
ANATOMIA
inervação extrínseca (aquela que vem do sistema ner- Na placenta, o sangue fetal capta O2 e nutrientes e
voso), mas a inervação intrínseca (aquela que existe no elimina CO2 e resíduos. O sangue oxigenado retorna
próprio tecido cardíaco) ainda continua a funcionar. da placenta pela veia umbilical que vai até o fígado
do feto. A placenta comunica-se com o sistema cir-
culatório materno por pequenos vasos sanguíneos
que emergem da parede do útero. Após o nascimen-
to, muitas mudanças vasculares fazem o sistema cir-
culatório fetal ficar como no adulto.
Vale lembrar que o envelhecimento causa alte-
rações no sistema circulatório tais como diminuição
da complacência arterial, redução no tamanho das
fibras musculares cardíacas, perda progressiva da
força muscular cardíaca, diminuição da frequência
cardíaca máxima e aumento da pressão sistólica.
Tais alterações podem ocasionar maior incidência
Figura 5 - Inervação intrínseca do coração
de doenças neste sistema. Todavia, o exercício físico
Um detalhe interessante é que a atividade elétrica é capaz de minimizar todas elas. Por isso, a sua prá-
do coração gera uma corrente elétrica que pode ser tica é aceita mundialmente como uma das melhoras
detectada na superfície do corpo e registrada por formas de prevenir as doenças cardiocirculatórias.
um exame chamado Eletrocardiograma (ECG).
Alterações no ECG são úteis para diagnosticar e Vasos sanguíneos
tratar doenças do coração que também podem ser Como já vimos, os vasos sanguíneos são habili-
identificadas ao avaliar a resposta do coração ao es- tados ao transporte do sangue, seja ele arterial
tresse causado pelo exercício físico por meio de um ou venoso. Os principais são as artérias e veias,
teste de esforço. mas também incluem as arteríolas, os capilares
e as vênulas (FREITAS, 2004). Tanto as artérias
Circulação fetal e envelhecimento quanto as veias possuem paredes formadas por
Os pulmões, rins e órgãos gastrintestinais só come- três camadas sobrepostas: a túnica adventícia ou
çam a funcionar após o nascimento. O feto obtém O2 externa (que dá resistência à parede do vaso), a
e nutrientes do sangue materno, onde também eli- túnica média (mais espessa devido o músculo liso
mina CO2 e resíduos. Normalmente não há mistura que permite vasoconstrição e vasodilatação sob o
direta entre o sangue materno e o fetal, pois as trocas controle do SNA), e a túnica íntima ou endotélio
ocorrem de maneira indireta por difusão por meio (formada por uma camada de células de revesti-
dos capilares da mãe e do feto (MOORE et al., 2014). mento que permitem o deslizamento do sangue).
O sangue passa do feto para a placenta pelas As paredes das artérias e das veias recebem nutri-
duas artérias umbilicais que ficam dentro do cordão ção e inervação por meio dos vasos e nervos dos
umbilical (são ramos das artérias ilíacas internas). vasos (vasa vasorum e nervi vasorum).
78
EDUCAÇÃO FÍSICA
Todavia, artérias e veias não são iguais. Você Na maioria das vezes, as artérias são menos nu-
acha que os vasos “esverdeados” que percebemos merosas, têm paredes mais espessas e com menor
em nosso antebraço ou mesmo nos membros infe- luz do que as veias. Como já visto, tais diferenças
riores são artérias ou veias? Quando vamos retirar se devem à pressão com que o sangue circula por
sangue para fazermos um exame ou mesmo para elas (assim, artérias têm que ter maior espessura
doá-lo, a coleta é feita em artérias ou veias? Estas de parede para que resistam à pressão do sangue e
e outras perguntas poderão ser respondidas assim não colabem).
que concluirmos o estudo. Outro ponto importante é que as artérias têm
Em primeiro lugar é importante que você sai- pulsação, pois, a força de contração do ventrículo
ba que as particularidades estruturais das artérias gera uma onda de grande pressão, conhecida como
e das veias estão correlacionadas às funções que pulso, que se propaga ao longo delas. Normalmente,
estes vasos desempenham na dinâmica circulató- a frequência do pulso é a mesma da frequência car-
ria. Por exemplo, de um modo geral, as veias têm díaca (de 70 a 80 vezes por minuto; no sono cai para
paredes menos espessas, mas luz vascular mais 60; no exercício, febre, distúrbios emocionais, hi-
ampla do que as artérias (luz vascular é o espaço pertireoidismo e outras condições específicas, pode
que existe para o sangue circular dentro do vaso). ultrapassar 100; no recém-nascido gira em torno de
Isto porque o mesmo volume de sangue que saiu 120 a 140 pulsações por minuto).
do coração pelas artérias, deve retomar ao coração Normalmente, elas são mais profundas do
pelas veias, quase sem pressão e passivamente (ou que as veias para ficarem protegidas e evitarem
seja, sem um órgão como o coração para mandá- que uma ruptura cause um fluxo ininterrupto de
-lo de volta). Além do que, o sangue do sistema sangue ou uma hemorragia. Também podem ser
arterial circula com maior pressão do que o san- acompanhadas por uma ou duas veias satélites, as
gue que circula no sistema venoso. Abordaremos quais chegam a fazer sulcos nos ossos. No entanto,
as principais diferenças entre os diversos vasos mesmo artérias profundas podem desenvolver par-
sanguíneos a seguir. te do trajeto superficialmente. É o caso da artéria
radial, por exemplo.
Artérias Em geral, artérias comunicam-se entre si por
Todas as artérias originam-se direita ou indire- intermédio de anastomoses, fornecendo rotas al-
tamente da artéria aorta ou do tronco pulmonar ternativas para que o sangue chegue a um deter-
(ambas são vasos de grande calibre que se rami- minado tecido. Todavia, também podem se rami-
ficam extensivamente). Elas são tubos cilíndricos, ficar emitindo ramos terminais (quando a artéria
elásticos, de direção centrífuga (porque saem do deixa de existir; a artéria braquial emite a artéria
coração), responsáveis pela irrigação sanguínea, radial e a ulnar como ramos terminais) ou ramos
pois transportam sangue rico em O2 e nutrientes colaterais (quando a artéria continua a existir,
para as células, tecidos ou órgãos (exceto as artérias mas emite um ramo com direção oblíqua ou a 90º;
pulmonares que conduzem sangue venoso aos pul- quando o ramo forma um ângulo obtuso, é cha-
mões) (DI DIO, 2002). mado de ramo recorrente).
79
ANATOMIA
As artérias geralmente começam de grande cali- Os capilares têm diâmetro microscópico e ligam
bre e vão diminuindo de diâmetro à medida que se as arteríolas às vênulas permitindo a microcircula-
ramificam. Artérias de grande calibre têm diâmetro ção. Na maioria das vezes, surgem das ramificações
interno de cerca de 7 mm e são chamadas de elásti- das arteríolas, mas em alguns casos (como no fígado
cas ou condutoras. Suas paredes acomodam o volu- e na glândula hipófise), originam-se da ramificação
me de sangue e ajudam a impulsioná-lo enquanto os de vênulas. Apresentam vasomotricidade (ou seja,
ventrículos relaxam. A aorta, o tronco pulmonar, a fazem vasodilatação e vasoconstrição) a qual é in-
carótida comum, a subclávia, a vertebral, a pulmonar fluenciada por substâncias químicas liberadas pelas
e a ilíaca comum são exemplos desse tipo de artéria. células endoteliais (por exemplo, o óxido nítrico).
Elas se ramificam em artérias de médio cali- São considerados os vasos mais numerosos do
bre as quais têm diâmetro interno de 2,5 a 7 mm corpo e formam redes ramificadas que aumentam a
e são chamadas de distribuidoras ou musculares. área de superfície para a troca de materiais. Todavia,
Estas têm paredes espessas e adaptadas à vaso- embora sejam encontrados próximos a quase todas
constrição e vasodilatação. A artéria braquial e a as células, seu número varia com a atividade me-
radial são exemplos deste tipo de artéria. Delas se tabólica do tecido. Por exemplo, músculos, fígado,
originam as artérias superficiais que se destinam à rins e SNC que têm alto metabolismo, têm muitos
pele. Posteriormente, artérias de médio calibre se capilares; tendões e ligamentos têm menos.
ramificam em artérias de pequeno calibre cujo di- Além disso, podem apresentar poros em sua
âmetro interno é de 0,5 a 2,5 mm das quais surgem parede (como os capilares fenestrados do rim, in-
as arteríolas, com diâmetro interno menor do que testino delgado e glândulas endócrinas), podem ter
0,5 mm e cuja função é levar sangue aos capilares interrupções na parede (como os capilares sinusoi-
arteriais. Assim, as arteríolas têm papel chave na des do fígado, baço, adenohipófise e glândulas para-
regulação do fluxo sanguíneo e, por isso, são co- tireoides) ou podem ter parede sem poros ou inter-
nhecidas como vasos de resistência. Alterações em rupções (como os capilares contínuos dos músculos,
seu diâmetro podem causar mudanças na pressão encéfalo, pulmões e tecido conjuntivo).
arterial (por nicotina, por exemplo).
Veias
Capilares sanguíneos As veias são tubos nos quais o sangue circula com
Os capilares sanguíneos têm paredes muito delga- direção centrípeta (ou seja, chegam ao coração).
das, constituídas na maioria das vezes, por uma úni- São responsáveis pela drenagem sanguínea ou re-
ca camada de células endoteliais e uma membrana torno venoso, pois, coletam o sangue rico em CO2
basal de tecido conjuntivo (não têm camada média e e metabólitos dos tecidos para o coração (exceto
adventícia). Por isso, permitem a passagem de subs- as veias pulmonares que conduzem sangue arterial
tâncias através de suas paredes, ou seja, as trocas en- para o coração). Elas se formam pelas sucessivas
tre sangue e tecidos por meio do líquido intersticial, confluências de vênulas e capilares venosos e vão
e vice-versa. Assim, são conhecidos como vasos de aumentando gradativamente de calibre (ao con-
troca (TORTORA et al., 2010). trário das artérias, lembra?). Assim, podem ser de
80
EDUCAÇÃO FÍSICA
pequeno, médio ou grande calibre (MIRANDA apresentam trajeto mais superficial do que as arté-
NETO; CHOPARD, 2014). rias. E qual vaso é puncionado na coleta de sangue?
Elas não têm pulsação e normalmente são menos Novamente a resposta é a veia, pois o sangue circula
espessas do que as artérias e, por isso, podem cola- com maior pressão nas artérias e perfurá-las rotinei-
bar (suas paredes podem ficar aderidas). Embora, à ramente não seria o melhor a fazer. Além do que,
semelhança das artérias, possam se dilatar no sen- artérias têm trajeto mais profundo, lembra? Como é
tido transversal (para conter maior volume de san- bom adquirir conhecimento, não acha?
gue) e longitudinal (para atender aos deslocamentos
dos segmentos corporais), não resistem a pressões
muito altas. Em contrapartida, têm maior luz e são
mais numerosas do que as artérias (o leito venoso é
praticamente o dobro do leito arterial; entretanto, o
pênis e o cordão umbilical são exceções, pois neles
há duas artérias acompanhando uma única veia).
As veias geralmente começam de pequeno ca-
libre e vão aumentando de diâmetro à medida que
se dirigem ao coração. Além disso, podem ser su-
perficiais ou profundas. As superficiais não acom-
panham as artérias e são chamadas de solitárias. As Figura 6 - Diferenças entre artérias e veias
81
ANATOMIA
trabalancear a queda na pressão arterial. As veias O coração é drenado, principalmente, por peque-
e vênulas do fígado, baço e da pele representam os nas veias cardíacas mínimas e por veias que se abrem
principais reservatórios de sangue do corpo. no seio coronário (seio coronário é a principal veia
do coração). Esse seio situa-se no sulco coronário e
Vascularização sistêmica desemboca no átrio direito. Antes, todavia, ele rece-
be como principais tributárias a veia cardíaca magna
Vascularização do coração (que drena áreas supridas pela artéria coronária es-
O pericárdio e o miocárdio são irrigados pelas arté- querda e fica localizada no sulco interventricular an-
rias coronárias, que são ramos da parte ascendente terior), a veia cardíaca média (que drena os ventrícu-
da artéria aorta. Elas correm no sulco coronário e los e fica no sulco interventricular posterior) e a veia
recebem o nome de coronárias porque circundam cardíaca parva (que drena átrio e ventrículo direitos e
o coração como uma coroa. O endocárdio é nutrido se posiciona no sulco coronário).
por microvascularização diretamente das câmaras
do coração (WATANABE, 2000). SAIBA MAIS
Geralmente, a artéria coronária esquerda é mais
calibrosa e tem maior área de distribuição. Ela passa
Se as artérias coronárias estiverem compro-
inferiormente à aurícula esquerda, fornece o ramo metidas ao ponto de não conseguirem suprir
interventricular anterior e o ramo circunflexo. O as necessidades de oxigenação e nutrição do
ramo interventricular anterior percorre o sulco in- miocárdio, pode ser necessária a realização de
um procedimento cirúrgico para revasculari-
terventricular anterior, desce até o ápice do coração, zação do miocárdio, popularmente conhecida
irriga os ventrículos e emite ramos interventricu- como “ponte de safena”. Essa cirurgia consiste
lares septais para o septo interventricular. O ramo na retirada de uma parte da veia safena lo-
calizada no membro inferior, para criar uma
circunflexo fica no sulco coronário, irriga o átrio e o
ponte por cima das artérias coronárias com-
ventrículo esquerdos, dirige-se, posteriormente, e se prometidas para tornar possível a passagem
anastomosa com a artéria coronária direita. sanguínea novamente. Tais artérias podem
ser afetadas, principalmente, por acúmulo
A artéria coronária direita dirige-se para à di-
de gordura (aterosclerose) ou cálcio em suas
reita do sulco coronário, emite ramos atriais e se paredes. Leia mais sobre o tema, pois grande
divide em ramo marginal (que irriga o ventrículo parte das causas de obstrução das artérias
direito) e ramo interventricular posterior que per- coronárias pode ser prevenida por meio da
prática regular do exercício físico.
corre o sulco interventricular posterior e irriga os
dois ventrículos. Também emite ramos interventri- Fonte: Tua Saúde (2013, on-line)3.
culares septais.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA
Vascularização do tórax
É feita pela parte torácica da artéria aorta a qual, antes de atravessar o
músculo diafragma pelo hiato aórtico, emite uma série de ramos visce-
rais e parietais, como as artérias esofágicas (que irrigam o esôfago), as
pericárdicas (que irrigam o pericárdio), as mediastinais (que irrigam as
estruturas do mediastino), as brônquiais (que irrigam os brônquios), as
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ANATOMIA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
A artéria radial é a continuação direta da arté- magna drena para a veia femoral. Outras veias im-
ria braquial. Ela é superficial na parte distal do an- portantes do membro inferior são a safena acessó-
tebraço onde pode ser palpada para verificar suas ria, a veia cutânea lateral, a veia cutânea anterior e
pulsações. As veias profundas do membro superior as veias perfurantes.
têm os mesmos nomes das artérias e seguem, em É importante ressaltar que as veias dos mem-
última instância, até a veia subclávia. As duas prin- bros inferiores drenam o sangue desfavoravelmen-
cipais veias superficiais do membro superior são a te em relação à gravidade e, por isso, suas paredes
veia cefálica e a basílica as quais desembocam na são ricas em fibras musculares lisas e em fibras
veia braquial. colágenas. Além disso, possuem numerosas valvas
que ajudam no direcionamento do sangue (as pro-
Vascularização do membro inferior fundas têm mais). Outros fatores que ajudam no
Recapitulando, a parte abdominal da artéria aorta retorno venoso são a ação de “esponja venosa” das
bifurca-se em artérias ilíacas comuns (direita e es- plantas dos pés, a ação massageadora dos múscu-
querda) que se bifurcam em artéria ilíaca interna los do membro inferior sobre os vasos, a pulsação
(que se dirige à pelve) e artéria ilíaca externa. A ex- das artérias adjacentes transmitindo o pulso para
terna atravessa o ligamento inguinal e passa a ser a parede da veia acompanhante (veia satélite) e o
chamada de artéria femoral. Esta passa, posterior- gradiente de pressão entre a cavidade torácica e a
mente, à região do joelho e recebe o nome de arté- abdominal durante a respiração.
ria poplítea. A poplítea se bifurca em artéria tibial Todavia, em pessoas que permanecem em pé por
anterior, tibial posterior e fibular (DI DIO, 2002). períodos prolongados, o sangue pode se acumular
As veias profundas do membro inferior acom- no interior das veias dos membros inferiores, resul-
panham as artérias, têm os mesmos nomes delas e tando em elevação da pressão, dilatação, insuficiên-
seguem, em última instância, até a veia femoral. As cia valvular e varizes. Isto gera um fluxo retrógrado
duas principais veias superficiais do membro infe- do sangue, estase sanguínea e migração de líquido
rior são a safena magna e a safena parva. A veia para o espaço intersticial causando edema.
safena parva drena para a veia poplítea e a safena
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ANATOMIA
Curiosidades
Como o coração se situa entre duas estruturas rígidas (a coluna vertebral e o osso esterno), sua compressão
pode ser útil para bombear o sangue dele para a circulação sistêmica. Assim, se ele parar subitamente de ba-
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EDUCAÇÃO FÍSICA
ter, a ressuscitação cardiopulmonar (compressão cardíaca associada à ventilação artificial dos pulmões) é útil
para manter o sangue oxigenado até que o coração volte a bater (FREITAS, 2004).
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ANATOMIA
Sistema Linfático
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ANATOMIA
A maior permeabilidade deve-se ao maior espa- neo. Eles drenam para os vasos linfáticos profun-
ço que existe entre suas células (são fenestrados), à dos que também recebem a drenagem dos órgãos
ausência de membrana basal e à posição das bordas internos. Assim, os vasos linfáticos tornam-se pro-
de suas células endoteliais. Estas estão frouxamente gressivamente maiores (sendo chamados de vasos
unidas e podem ser empurradas pela pressão do lí- coletores) e atravessam vários linfonodos antes de
quido intersticial de fora para dentro fazendo com desembocarem nos troncos linfáticos e permitirem
que o líquido penetre nos capilares linfáticos e uma que a linfa retorne à corrente sanguínea.
vez dentro, não retorne ao meio intersticial devido Os cinco principais troncos linfáticos são o
à pressão que força as bordas das células endoteliais intestinal (que recebe a linfa dos órgãos abdomi-
a se juntarem (como uma porta vaivém unidirecio- nais), o lombar (que drena o membro inferior e
nal). Além disso, existem filamentos de ancoragem alguns órgãos pélvicos), o subclávio (que drena
nos capilares linfáticos que fixam suas células endo- o membro superior, parte do tórax e do dorso),
teliais aos tecidos adjacentes. Quando ocorre ede- o jugular (que drena cabeça e pescoço) e o bron-
ma, estes filamentos são tracionados aumentando as comediastinal (que drenam o tórax). Os troncos
aberturas entre as células para que mais líquido flua linfáticos drenam para o ducto linfático direito ou
para o capilar linfático (FREITAS, 2004). para o ducto torácico. Posteriormente, a linfa é
Adicionalmente, esses pequenos vasos terminam direcionada às veias e passam a circular junto com
em fundo cego para permitir fluxo unidirecional da o plasma sanguíneo.
linfa em direção ao capilar sanguíneo, e apresentam O ducto linfático direito é um pequeno vaso
válvulas que ajudam a conduzir a linfa em direção ao (cerca de 1,0 cm de comprimento) formado pela
coração. Todavia, as mesmas os estreita dando-lhes união dos troncos subclávio, jugular e broncome-
aspecto irregular de “rosário” ou “colar de conta”. diastinal direito. Ele desemboca na junção da veias
Os capilares linfáticos estão presentes em quase subclávia direita e jugular interna direita.
todos os locais do corpo sendo abundantes na pele Já o ducto torácico mede aproximadamente 45
e nas mucosas, mas ausentes nos dentes, ossos, me- cm de comprimento. Ele recebe linfa dos troncos
dula óssea vermelha, sistema nervoso central, nos lombares e intestinal, atravessa o músculo diafrag-
tecidos avasculares (como cartilagem, epiderme e ma junto com a artéria aorta e recebe vasos linfáticos
córnea do bulbo) e nos músculos estriados esquelé- que drenam a metade esquerda do tórax. Posterior-
ticos (embora estejam presentes no tecido conjun- mente, recebe o tronco subclávio esquerdo e jugular
tivo que os envolve). esquerdo e desemboca na veia subclávia esquerda.
Os capilares se unem para formar os vasos linfá- Assim, recolhe a linfa de todo o corpo menos do
ticos os quais podem ser superficiais ou profundos. membro superior direito e da metade direita da ca-
Os superficiais anastomosam-se livremente e são beça, pescoço e tórax (esta é recolhida pelo ducto
mais numerosos do que as veias no tecido subcutâ- linfático direito).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Linfonodos
Os linfonodos são pequenas massas de tecido
Ductos linfáticos
linfoide dispostas ao longo do trajeto dos vasos
Válvulas dos capilares
linfáticos. Os cerca de 600 linfonodos dispersos linfáticos
pelo corpo reúnem-se em grupo superficial e pro-
fundo e atuam como órgãos filtrantes da linfa an-
tes que ela adentre o sistema venoso. Para tanto,
eles destroem microrganismos, toxinas, células
anômalas e partículas estranhas, por meio dos
macrófagos e linfócitos existentes em seu interior
(WATANABE, 2000).
A linfa penetra a face convexa do linfonodo por
meio de vasos linfáticos aferentes, os quais têm vál-
vulas que se abrem para o centro do linfonodo e não Capilares linfáticos
permitem que a linfa reflua. Então, ela é lentamen-
te filtrada por meio de canais irregulares, denomi- Linfonodos
nados seios, onde existem macrófagos, linfócitos e Figura 10 - Capilares, ductos linfáticos e linfonodos
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ANATOMIA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
gue extra para a circulação periférica a fim de suprir Linfócitos T necessitam do timo para amadure-
as necessidades dos músculos. Para liberar o sangue cer e, quando maduros, deixam o timo por meio do
contido nos seios venosos da polpa vermelha, os sangue e são transportados até os linfonodos, baço e
músculos lisos de sua cápsula se contraem gerando outros tecidos linfáticos. O timo também atua como
um incômodo percebido no local onde ele se localiza. glândula endócrina produzindo o hormônio timosi-
Para ele parar de incomodar, o ideal é prosseguir na que estimula o crescimento de linfócitos em to-
com o treinamento, pois, a continuidade do exercício dos os tecidos linfáticos do corpo.
gera mudanças na constituição do próprio sangue Ele está situado em parte na região inferior do
(aumentando, por exemplo, a quantidade de eritró- pescoço (anterior e lateralmente à traqueia) e em
citos e otimizando o transporte de O2 para os mús- parte na cavidade torácica (posteriormente, ao osso
culos). Ou seja, o jeito é continuar a treinar. Todavia, esterno, no mediastino). Esse órgão é maior na infân-
enquanto seu corpo ainda está sendo condicionado, cia, pois é gradativamente substituído por tecido con-
a melhor opção é respirar mais intensamente e, se juntivo e gordura. Contudo, algumas de suas células
a dor for muito intensa, diminuir a intensidade do continuam a se proliferarem durante toda a vida.
exercício. Sabendo de tudo isso, bom treino. Esse fato justifica o pouco conhecimento que a
maioria das pessoas tem a respeito do timo. Como
Timo ele vai sendo gradativamente substituído por tecido
A maioria das pessoas não sabe onde se localiza o conjuntivo e gordura, suas funções vão sendo assu-
timo, o que ele faz, e para piorar, algumas inclusive midas por outros órgãos, por isso, você, provavel-
não sabem nem se têm de fato um timo em seus cor- mente, nunca ouviu falar de alguém que morreu de
pos. Falo sempre que o timo é um órgão injustiçado problema no timo. Todavia, não podemos desprezar
porque ninguém se lembra dele. Mas por que será suas funções porque elas são importantes e essen-
que isso ocorre? Será que suas funções não são de ciais às diversas fases do desenvolvimento humano.
fato importantes?
O timo é formado por uma massa linfoide bi- Laringe
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ANATOMIA
Tonsilas
Tonsila
Tonsilas são pequenas massas de tecido linfoide lingual
relacionadas à imunidade, representando a pri-
meira defesa do organismo. Elas ficam localizadas Figura 13 - Tonsilas
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Por fim, é importante caracterizar o linfoma. Esse A linfangite é a inflamação secundária dos vasos
é considerado o câncer dos órgãos linfoides, espe- linfáticos. Já a linfadenite é a inflamação secundária
cialmente dos linfonodos. A maioria não tem causa dos linfonodos. É popularmente conhecido como
conhecida. Seu tratamento inclui radioterapia, qui- íngua e ocorre em casos de infecção ou inflamação.
mioterapia e transplante de medula óssea. Os dois Seu aparecimento pode fazer com que grupos de
principais tipos de linfomas são a doença de Hodgkin linfonodos fiquem sobrecarregados e aumentem de
que acomete pessoas entre 15 e 35 anos ou acima de 60 tamanho, tornando-se dolorosos e facilmente palpá-
anos de idade. Ocorre o aumento dos linfonodos que é veis na superfície do corpo.
comum no pescoço, tórax e axila. É mais comum em Por fim, linfedema é um tipo localizado de ede-
homens e curam em 90 a 95% dos casos e o não Ho- ma que ocorre quando a linfa não está sendo ade-
dgkin tipo mais comum ocorre em qualquer idade e quadamente drenada. Pode ser causada por um lin-
pode estar associado à esplenomegalia, anemia e mal fonodo infectado ou um vaso linfático bloqueado.
estar geral. Curam em cerca de 50% dos casos. Se não for minimizado, pode aumentar a pressão
sanguínea capilar local e agravar ainda mais o qua-
REFLITA dro clínico.
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ANATOMIA
Sistema
Respiratório
DEFINIÇÃO E FUNÇÃO DO SISTEMA RES- DIVISÃO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
PIRATÓRIO
Como você pôde perceber, o sistema respiratório é
O sistema respiratório é constituído por um conjun- essencial à vida e executa funções complexas que de-
to de estruturas anatômicas as quais, em conjunto, pendem das estruturas anatômicas que o compõem.
são responsáveis pela captação do ar do meio am- Assim, tais estruturas podem ser divididas, conforme
biente e transporte do mesmo até o órgão respirató- a função que desempenham, em porção de condução
rio para que a hematose seja possível (DANGELO; e porção de respiração. A porção de condução é for-
FATTINI, 2011). mada por órgãos tubulares cuja função é levar o ar
A hematose é um processo que implica em tro- inspirado até a porção respiratória e destes conduzi-lo
cas gasosas entre o ar atmosférico e o meio interno. de volta para ser expirado a fim de eliminar o CO2.
Nesse processo, o CO2 resultante do metabolismo Ela é composta pelo nariz, faringe, laringe, tra-
celular é trazido pelo sangue aos pulmões e se di- queia, brônquios e todas as suas ramificações. Já a
funde dos capilares teciduais para os alvéolos para porção de respiração é representada exclusivamente
ser eliminado juntamente com o ar expirado. Ao pelos pulmões, pois, representam o local onde efe-
mesmo tempo, o O2 do ar inspirado difunde-se dos tivamente as trocas gasosas ocorrem (hematose que
alvéolos para os capilares alveolares onde se combi- descrevemos anteriormente, lembra?).
na com a hemoglobina originando o sangue arterial. Além disso, as estruturas anatômicas do siste-
Posteriormente, o O2 difunde-se dos capilares ma respiratório também podem ser agrupadas em
teciduais para o líquido intersticial e deste para o in- via aérea superior e via aérea inferior. Enquanto a
terior das células. Dessa forma, o O2 vindo dos pul- via aérea superior compreende o nariz, a faringe e a
mões é distribuído a todas as células do corpo e o laringe, a via aérea inferior compreende a traqueia,
CO2 por elas produzido é eliminado evitando morte os brônquios e suas ramificações, e os pulmões
celular. Lindo, não é? (FREITAS, 2004).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA
A cavidade nasal pode ser dividida em vestíbu- Os seios paranasais ou da face são cavidades
lo, região respiratória e região olfatória. O vestíbulo existentes em alguns ossos do crânio (frontal, ma-
é anterior e apresenta pelos chamados de vibrissas. xila, esfenoide e etmoide) contendo ar e recobertas
As regiões respiratória e olfatória são posteriores e por mucosa respiratória. Tais ossos são chamados
ficam recobertas, respectivamente, por mucosa res- de pneumáticos e cada um deles apresenta seu pró-
piratória e olfatória. Enquanto a região respiratória é prio seio (seio frontal, seio maxilar, seio esfenoidal
maior e inferior, a região olfatória fica restrita à con- e seio ou células etmoidais). Eles tornam a cabeça
cha nasal superior e ao terço superior do septo nasal. mais leve, ajudam a aquecer e umidificar o ar, e estão
O septo nasal divide a cavidade nasal em por- relacionados à ampliação da voz.
ções direita e esquerda. Esse septo é constituído por Toda esta constituição interna do nariz é mui-
uma parte cartilagínea (a cartilagem do septo nasal) to importante porque permite que o ar inspirado
e uma parte óssea (lâmina perpendicular do osso et- seja adequadamente purificado, aquecido e umi-
moide e osso vômer). Assim, o termo cavidade nasal dificado. Assim, quando o ar percorre a cavidade
pode ser usado para toda a cavidade ou para cada nasal, ele é turbilhonado contra as saliências e re-
parte (direita e esquerda). entrâncias de suas paredes (devido às conchas na-
O osso etmoide, além da lâmina perpendicular, sais e meatos) o que aumenta o contato do ar com a
apresenta duas massas laterais constituídas de célu- mucosa respiratória a qual contém glândulas nasais
las pneumáticas denominadas seios etmoidais, dos (produtoras de secreção serosa) e células calicifor-
quais se projetam duas conchas nasais, a superior e mes (produtoras de muco).
a média (a concha nasal inferior é um osso separa- Essas secreções permitem que partículas de im-
do). Além disso, o etmoide também apresenta a lâ- purezas e microrganismos fiquem presos e, na mu-
mina crivosa que apresenta uma projeção chamada cosa olfatória, permitem a limpeza dos receptores
crista etmoidal e que é perfurada pelos neurônios olfativos habilitando-os a captar estímulos químicos
bipolares que saem da porção olfatória da cavida- que causam sensações olfativas. Além disso, a muco-
de nasal, formam o nervo olfatório e se dirigem ao sa respiratória possui células ciliadas que, por meio
giro reto do encéfalo. dos batimentos dos cílios, conduzem as impurezas e
As conchas nasais delimitam espaços denominados os microrganismos aprisionados até o meio externo.
meatos os quais aumentam a superfície mucosa da ca- Vale lembrar que em caso de gripe ou resfriado,
vidade nasal umedecendo e aquecendo o ar inspirado. o excesso de muco prejudica a limpeza dos recep-
Essa região é muito vascularizada e a ruptura de vasos tores olfativos e, juntamente, com a inflamação da
nessa região pode causar sangramento nasal (epistaxe). mucosa nasal, dificulta a chegada do ar até a área
Os seios paranasais desembocam nesses meatos. olfativa reduzindo o olfato.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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ANATOMIA
Faringe
É uma estrutura músculo-membranácea localizada
posteriormente à cavidade nasal, à cavidade oral e Na porção nasal da faringe existe um importante
à laringe de forma que apresenta três porções sem acidente anatômico chamado óstio faríngeo da tuba
limites precisos entre elas: a porção nasal (superior, auditiva, o qual é protegido pelo toro tubário. Esse
em comunicação com a cavidade nasal e com função óstio é uma abertura em forma de fenda que marca
respiratória), a oral (em comunicação com a cavida- a desembocadura da tuba auditiva, ou seja, a tuba
de oral e com função digestória) e a laríngea (inferior, auditiva comunica a parte nasal da faringe com a
em comunicação com a laringe e com função respi- cavidade timpânica da orelha média. Essa comuni-
ratória). Assim, a faringe está associada ao sistema cação serve para igualar a pressão do ar externo à
respiratório e digestório, pois é um canal comum à pressão daquele contido na própria cavidade timpâ-
passagem do ar e alimento (TORTORA et al., 2010). nica (percebemos claramente isso quando descemos
Em relação aos limites e correlações anatômicas a serra do mar e sentimos a pressão externa como
da faringe, é importante salientar que ela tem início um incômodo). Todavia, devido essa comunicação,
na base do crânio e término ao nível da 6ª vértebra uma infecção da faringe pode se propagar à orelha
cervical onde continua como o esôfago e mantém média (isso é muito comum em criança onde um
contato com a coluna vertebral. Ela é constituída quadro de tonsilite acaba evoluindo para um quadro
por três camadas sobrepostas. A interna tem cons- de otite). Além disso, o óstio também drena muco e
tituição mucosa, a externa ou adventícia é rica em perilinfa que existem nos canais semicirculares.
fibras conjuntivas, e a média é constituída por mús- Nas bordas do óstio faríngeo da tuba auditiva
culo estriado esquelético. Esses músculos realizam existem aglomerações linfáticas chamadas, em con-
os movimentos peristálticos da faringe e podem ser junto, de tonsila tubária. Além da tonsila tubária,
externos ou internos. Os externos são chamados de nesta parte da faringe existe ainda a tonsila faríngea
constritor superior, médio e inferior da faringe. Os a qual se aumentada passa a ser chamada de adenoi-
internos incluem o músculo palatofaríngeo, o estilo- de (como já visto no capítulo anterior).
faríngeo e o salpingofaríngeo.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Laringe
A laringe é um órgão tubular que se localiza no pla-
no mediano e anterior do pescoço, entre a terceira e
a sexta vértebras cervicais. Ela se posiciona anterior-
mente à faringe e dá continuidade à traqueia. Assim,
serve como via aerífera (pois, permite a passagem
do ar da faringe para a traqueia) e como órgão da
fonação (pois, dentro dela estão as pregas vocais)
(WATANABE, 2000).
Ela é constituída por um esqueleto cartilagíneo,
ligamentos, membranas e músculos estriados es-
queléticos que atuam sobre as pregas vocais ou na
movimentação da laringe durante a deglutição. Seu
esqueleto cartilagíneo é formado por nove cartila-
gens, sendo três ímpares e três pares, como descritas
a seguir:
1. As impares são: a cartilagem tireoidea é a
maior delas. Ela é constituída por duas lâmi-
nas que se unem anteriormente formando a
proeminência laríngea (popularmente co-
nhecida como “gogó” ou “pomo-de-Adão”).
Ela se fixa ao osso hioide (superiormente) e à
Figura 16 - Faringe
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ANATOMIA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
mado músculo traqueal que completa sua estrutu- dários) os quais ventilam os lobos pulmonares.
ra. Suas cartilagens dão rigidez para impedir o co- Por sua vez, os brônquios lobares se dividem em
labamento de suas paredes, mas ao mesmo tempo, brônquios segmentares (de terceira ordem ou ter-
por estarem unidas por tecido elástico, a traqueia ciários) os quais vão até os segmentos broncopul-
apresenta mobilidade e flexibilidade durante a res- monares, sofrem sucessivas divisões e terminam
piração e a deglutição. nos alvéolos pulmonares em ramificações conhe-
Apesar de ser uma estrutura mediana, antes de cidas como árvore brônquica.
dividir-se nos dois brônquios principais (direito e Como já visto, o brônquio direito é quase a
esquerdo), a traqueia sofre um leve desvio à direi- continuação da traqueia. Ele é mais vertical, mais
ta. Assim, o brônquio principal esquerdo tem maior calibroso e mais curto do que o esquerdo. Por isso,
comprimento do que o direito. Tal divisão é marca- corpos estranhos que passam pela traqueia em ge-
da internamente por uma crista chamada carina, a ral obstruem esse brônquio. Ele se divide em três
qual é um importante ponto de referência durante o brônquios lobares e dez brônquios segmentares. Já
exame chamado broncoscopia. o brônquio principal esquerdo se divide em dois
Internamente, a traqueia é revestida por muco- brônquios lobares e oito brônquios segmentares.
sa e tem células ciliadas que auxiliam na limpeza Os brônquios segmentares continuam como bron-
das vias aéreas. É importante ressaltar que o hábito quíolos terminais, bronquíolos respiratórios e sa-
do tabagismo faz com que as glândulas traqueais cos alveolares (onde aparecem pequenas expansões
se tornem hipessecretivas ao mesmo tempo em que chamadas alvéolos). É importante ressaltar que os
paralisam seus cílios. Isso faz com que o fumante alvéolos se desenvolvem, principalmente, até os
crônico tenha sempre secreção em abundância, oito anos de idade onde existem aproximadamente
mas não consiga fazer uma boa higiene traqueo- 300 milhões deles.
brônquica. Assim, parece que ele está sempre car- Laringe
Brônquios
Tem estrutura semelhante à da traqueia, porém, os
anéis cartilagíneos são substituídos por placas irre-
gulares de cartilagem (não em forma de anel como Pulmão esquerdo
(notar a subdivisão
é na traqueia). Sua função é atuar como via aerífera Pulmão direito em 2 lobos)
(notar a subdivisão
transportando ar (MOORE et al., 2014). em 3 lobos)
Logo, após sua origem, os brônquios são cha-
mados de principais (de primeira ordem ou pri-
mários). Estes iniciam um processo de ramifica-
ção, de forma que os brônquios dão origem aos
brônquios lobares (de segunda ordem ou secun- Figura 18 - Traqueia e brônquios
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ANATOMIA
Pulmão
In vivo, os pulmões são leves, esponjosos, macios e
elásticos. São considerados os principais órgãos da direito existe a fissura oblíqua e a fissura horizontal.
respiração uma vez que é em seu interior que a he- Já o pulmão esquerdo apresenta o lobo superior e o
matose ocorre. Por isso, ao nascimento ele é rosa, inferior os quais são separados apenas pela fissura
mas vai se tornado acinzentado e com manchas du- oblíqua. Vale destacar que no pulmão esquerdo exis-
rante a vida devido à inalação de várias partículas te uma projeção inferior do lobo superior chamada
(DI DIO, 2002). língula do pulmão.
Os pulmões estão contidos na cavidade torá-
cica ocupando-a quase totalmente. Entre eles há
uma região mediana, chamada mediastino, a qual
vai desde a abertura superior do tórax até o mús-
culo diafragma. No mediastino estão importantes
estruturas anatômicas como o coração e seus gran- Pulmão direito Pulmão esquerdo
108
EDUCAÇÃO FÍSICA
MECÂNICA RESPIRATÓRIA
Ambas as pleuras são contínuas entre si por O músculo diafragma é o principal músculo da
meio de um espaço, chamado cavidade pleural, respiração. Isso pode ser dito porque, em condi-
onde existe um líquido que permite o deslizamen- ções de repouso, ele é o único músculo a se con-
to entre elas durante os movimentos respiratórios. trair para gerar a respiração. Quando se contrai,
Todavia, em alguns lugares, a pleura pulmonar ele desce em direção ao abdome comprimindo as
se afasta da pleura parietal formando os recessos vísceras abdominais e aumentando a pressão nesta
pleurais (como o recesso costodiafragmático e o cavidade. Em contrapartida, a pressão no tórax é
costomediastinal). Vale salientar que na cavidade diminuída fazendo com que o ar flua, a favor do
pleural a pressão é subatmosférica a fim de favore- gradiente de pressão, de onde está em maior pres-
cer a mecânica respiratória. são (o meio externo) para onde a pressão é menor
(a cavidade torácica). Isso caracteriza a inspiração
(TORTORA et al., 2010).
Para que a expiração ocorra não é necessário
que nenhum músculo respiratório se contraia, pois,
a própria elasticidade do tecido pulmonar faz com
que o ar saia dele assim que a pressão interna e a
externa se igualarem. Todavia se a inspiração ou a
expiração forem forçadas outros músculos respira-
tórios passam a agir (é o que ocorre, por exemplo,
durante o exercício físico ou em caso doença respi-
ratória). Assim, os músculos intercostais externos e
alguns músculos do pescoço (como o esternocleido-
mastoideo e os escalenos) passam a atuar na inspi-
ração forçada, assim como os músculos intercostais
internos e os músculos abdominais passam a atuar
Figura 20 - Pleuras e cavidade pleural na expiração forçada.
109
ANATOMIA
110
considerações finais
E
imprescindível para vida o adequado funcionamento do sistema circu-
latório sanguíneo e linfático em atuação conjunta com o sistema respi-
ratório e o nervoso. Isso porque deles depende a adequada oxigenação e
nutrição tecidual, bem como a drenagem das células a fim de manter a
homeostasia celular e corpórea.
Doenças podem acometê-los como as doenças cardíacas, vasculares, linfáti-
cas, respiratórias, traumas, tumores ou acidentes vasculares no sistema nervoso.
Por isso, pesquisas científicas têm sido desenvolvidas, principalmente por profis-
sionais da saúde, a fim de encontrar soluções que previnam doenças ou garantam
a sobrevida dos portadores.
Para que tais pesquisas tenham sucesso e possam mudar prognósticos, o pré-
-requisito básico é o pleno conhecimento histológico, fisiológico e anatômico
desses sistemas. Assim, este estudo é imprescindível aos estudantes da área da
saúde, uma vez que sua adequada compreensão pode representar a real possibili-
dade de prevenção e tratamento adequado.
Além disso, o sistema cardiorrespiratório é imensamente modificado pelo
exercício físico. O coração, por exemplo, torna-se mais forte em bombear o san-
gue aumentando a quantidade de sangue ejetado por batimento cardíaco. Assim,
pode bater menos vezes por minuto e bombear a mesma quantidade de sangue.
As câmaras cardíacas de um atleta são modificadas (tornam-se mais espessas e
com maior capacidade contrátil). Ao contrário, sedentários têm maior frequên-
cia cardíaca para manter o volume de ejeção e têm miocárdio menos forte. O
exercício modifica o funcionamento do sistema vascular linfático (fluxo da linfa
é estimulado pelo movimento).
O sistema respiratório é melhorado pelo exercício. Isso pode ser percebido
ao analisar volumes e capacidades pulmonares (pela espirometria) do atleta em
comparação ao sedentário. Além disso, é sabido que o exercício fortalece os mús-
culos respiratórios em geral. Espero que tenha se convencido de que o bom pro-
fissional de educação física deve conhecer estes sistemas.
111
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o artigo indicado, a seguir, que trata sobre a influên- padrão respiratório. A análise de variáveis como volume
cia do exercício físico sobre os parâmetros respiratórios corrente (VC), tempo inspiratório (Ti), tempo expiratório
e os principais fatores que influenciam o desenvolvimen- (Te), tempo total do ciclo respiratório (Ttot), permitem
to deste sistema a partir da realização do exercício. dizer quem influencia o volume minuto (VM) ou ven-
tilação minuto e a frequência respiratória (FR) do padrão
PADRÃO RESPIRATÓRIO DURANTE O EXERCÍCIO respiratório. Milic-Emili e col27 introduziram o conceito de
O padrão respiratório, com todas as suas variáveis, tem pelo Ti de todo o ciclo respiratório (Ti /Ttot): VM = 60 (VC
sido investigado, ao longo dos anos, no repouso e du- / Ti) x (Ti/ Ttot), VM = 60 (VC / Ti) x (Ti/ Ttot), VM = 60 (VC /
rante as diferentes fases do exercício, principalmente Ti) x (Ti/ Ttot), VM = 60 (VC / Ti) x (Ti/ Ttot):
112
atividades de estudo
113
atividades de estudo
114
atividades de estudo
4. Leia as afirmações a seguir, e assinale a alter- 5. Observe a imagem, leia as afirmações a seguir,
nativa que contém proposições corretas: e assinale a alternativa que contém proposi-
I. O pulmão direito é maior do que o esquerdo ções corretas:
e apresenta mais lobos e fissuras. a. O número 1 representa a laringe.
II. Ao contrário do proposto acima, o pulmão es- b. O número 3 representa a laringe.
querdo é maior do que o direito. O esquerdo
c. O número 6 representa o pulmão.
apresenta três lobos (superior, médio e infe-
rior) e duas fissuras (oblíqua e horizontal). d. O número 3 representa a faringe.
a. I e II.
b. I e IV.
c. II e III.
d. II e V.
e. III e V.
115
Material Complementar
Um ato de coragem
Denzel Washington, Robert Duvall, James Woods
Ano: 2002
Sinopse: John Q. Archibald (Denzel Washington) é um homem comum, que
trabalha em uma fábrica e vive feliz com sua esposa Denise (Kimberly Elise) e
seu filho Michael (Daniel E. Smith). Até que Michael fica gravemente doente, ne-
cessitando com urgência de um transplante de coração para sobreviver. Sem
ter condições de pagar pela operação e com o plano de saúde de sua família
não cobrindo tais gastos, John se vê então numa luta contra o tempo pela so-
brevivência de seu filho. Em uma atitude desesperada, ele então decide tomar
como refém todo o setor de emergência de um hospital, passando a discutir
uma solução para o caso com um negociador da polícia (Robert Duvall) e com
um impaciente chefe de polícia (Ray Liotta), que deseja encerrar o caso o mais
rapidamente possível.
Comentário: É um filme emocionante que mostra como a sobrevivência do ser
humano depende totalmente do adequado funcionamento do sistema circula-
tório. Muito bom!
Referências On-line
1
Em: <http://www.prosangue.sp.gov.br/artigos/estudantes>. Acesso em: 09 jun. 2016.
2
EM: <HTTP://WWW.ARQUIVOSONLINE.COM.BR/2009/9303/PDF/9303015.PDF>. ACESSO EM: 10 JUN. 2016.
3
Em: <http://www.tuasaude.com/ponte-de-safena/>. Acesso em: 10 jun. 2016.
4
Em: < http://cesumar.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576050940/pages/167>.
Acesso em: 13 jun. 2016.
5
Em: <http://cesumar.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576050940/pages/165>.
Acesso em: 13 jun. 2016.
6
Em: <http://cesumar.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788576050940/pages/173>.
Acesso em: 13 jun. 2016.
116
referências
117
gabarito
1. B
2. D
3. C
4. E
5. B
118
UNIDADE
III
SISTEMA DIGESTÓRIO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Função geral e divisão do sistema digestório
• Órgãos do sistema digestório
• Órgãos anexos
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar os principais aspectos funcionais do sistema
digestório bem como suas subdivisões.
• Estudar, do ponto de vista morfológico e funcional, as
estruturas anatômicas que formam o tubo digestório e os
órgãos anexos.
unidade
III
INTRODUÇÃO
Como o próprio nome já diz, o sistema digestório tem meio externo por meio do ânus). Por isso, alguns au-
como principal função realizar a digestão suprindo os tores como Dangelo e Fattini (2011) salientam que o
seres vivos de nutrientes e realizando a eliminação de canal alimentar é aberto em suas duas extremidades
substâncias não úteis ao organismo (como os restos do (boca e ânus) de forma que a luz pela qual o alimento
metabolismo celular) (DANGELO; FATTINI, 2011). transita pode ser considerada parte do meio externo.
Não se esqueça de que, para isso, suas estruturas Já os órgãos anexos são estruturas nas quais o ali-
devem ser capazes de realizar apreensão do alimento mento não transita, mas que são essenciais ao proces-
(ou seja, colocar o alimento em contato com a primei- so de digestão uma vez que produzem secreções com
ra porção desse sistema - a boca), a mastigação (total- caráter digestivo. Eles incluem as glândulas salivares
mente dependente dos dentes superiores e inferiores), (que produzem saliva rica em amilase salivar, uma
a deglutição (da qual participam várias estruturas enzima que degrada amido), o fígado (que produz
como a língua que impulsiona o alimento e a faringe bile para degradação da gordura) e o pâncreas (que
que inicia os movimentos peristálticos), a digestão pro- produz o suco pancreático para degradar gordura).
priamente dita (que ocorre principalmente na boca, no
estômago e duodeno), a absorção dos nutrientes e da
água dos alimentos (da qual participa o intestino del-
gado e grosso), e a expulsão dos resíduos eliminados
sob a forma de fezes (função do intestino grosso).
124
EDUCAÇÃO FÍSICA
Órgãos do Sistema
Digestório
BOCA
A boca é a primeira porção do canal alimentar. Suas mente, ela se comunica com a parte oral da faringe
funções incluem apreensão do alimento, a mastiga- por meio de istmo da garganta. Assim, enquanto, os
ção, a deglutição, a percepção dos sabores dos ali- lábios representam seu limite anterior, o istmo da
mentos, a digestão e a fonação. Apreensão é de fato garganta representa seu limite posterior. Além disso,
responsabilidade da boca por meio dos lábios supe- as bochechas representam seu limite lateral, o palato
riores e inferiores. Já as outras funções, são exercidas duro e mole seu limite superior e os músculos do
indiretamente por ela. Por exemplo, a mastigação, assoalho da boca seu limite inferior.
embora ocorra na boca, depende da atuação dos Ela é dividida em duas porções, o vestíbulo da
dentes os quais, a partir de ação mecânica, modi- boca e a cavidade própria da boca ou cavidade oral.
ficam fisicamente os alimentos para diminuir seu O vestíbulo da boca é o espaço anterior da boca
tamanho e aumentar sua superfície para que os no qual você pode passar sua língua. Ele fica en-
alimentos fiquem expostos aos agentes da digestão tre lábios e bochechas (anteriormente), e gengiva
química (as enzimas). e dentes (posteriormente). Nessa região é possível
De igual modo, embora a deglutição ocorra a visualizar a face externa da gengiva e dos dentes
partir da boca, ela depende da ação da língua; a e, se você puxar os lábios, também dá para ver o
percepção dos sabores dos alimentos também de- freio do lábio superior, o freio do lábio inferior e os
pende das papilas da língua e a digestão só ocorre freios laterais (estes freios servem para restringir
a partir da atuação da amilase salivar. Além disso, a mobilidade dos lábios; algumas pessoas colocam
a boca é essencial à emissão da voz uma vez que piercing neles).
faz parte do aparelho fonador (MIRANDA NETO; Já a cavidade oral é constituída pelo restante da
CHOPARD, 2014). cavidade da boca, ou seja, é o espaço interno ocupa-
A boca comunica-se com o meio externo por do pela língua. Nesta região, além da língua, é possí-
meio da rima da boca (uma fenda anterior formada vel visualizar a face interna da gengiva e dos dentes.
pela junção dos lábios superior e inferior). Posterior- Nela as glândulas salivares lançam a saliva.
125
ANATOMIA
Lábio inferior
126
EDUCAÇÃO FÍSICA
contrário, sua região posterior é predominantemen- Não se preocupe em memorizar esses músculos por-
te muscular e com relativo movimento sendo assim que eles atuam na deglutição (elevando o palato para
chamada de palato mole. O palato duro é formado que o alimento não reflua em direção à cavidade na-
pela junção das maxilas (direita e esquerda) com os sal) e, por isso, são estudados, principalmente, pelos
ossos palatinos (direito e esquerdo). Esses quatro os- fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas.
sos se unem por meio de suturas (a sutura palatina Vale ressaltar que na região mediana do palato
mediana une as maxilas e a sutura palatina transver- mole projeta-se uma saliência chamada úvula pala-
sa une as maxilas aos ossos palatinos). tina (popularmente conhecida como “campainha”
Essa região tem coloração rósea devido à vascu- ou “sininho”) lateralmente à qual saem duas pregas
larização menos intensa do que a do palato mole (o (o arco palatoglosso e o arco palatofaríngeo). Entre
qual é mais avermelhado). Além disso, a mucosa que esses arcos há um espaço chamado fossa tonsilar o
reveste o palato duro fica intimamente em contato qual é ocupado pela tonsila palatina (popularmente
com o periósteo que reveste seus ossos, podendo in- conhecida como “amídala” ou “amígdala”).
clusive ser chamada de mucoperiósteo.
No palato duro, além dos processos alveolares
que alojam os dentes da maxila, localizam-se im-
portantes forames pelos quais artérias, veias e ner-
vos passam. O forame incisivo, por exemplo, fica
atrás dos incisivos centrais e permite a passagem
do nervo nasopalatino que inerva a região anterior
do palato. Esse forame ímpar é recoberto pela papi-
la incisiva (uma saliência bem perceptível ao passar Palato duro
a língua sobre ele).
Palato mole
Outros forames do palato duro incluem o fora-
me palatino maior (por onde passa o nervo pala-
tino maior que inerva a região posterior do palato
duro) e os forames palatinos menores (por onde
passam os nervos palatinos menores que inervam
o palato mole). Além disso, a região anterior do pa- Figura 4 - Palato duro e mole
127
ANATOMIA
128
EDUCAÇÃO FÍSICA
GENGIVA
Em corte transversal é possível identificar o A gengiva é formada por tecido fibroso coberto por
septo da língua (que divide sua estrutura em parte mucosa. Enquanto a gengiva alveolar (ou gengiva
direita e esquerda, e onde normalmente as pessoas livre) é vermelha, a gengiva propriamente dita (ou
furam piercing ou cortam a língua para que ela fi- gengiva aderida) é fixa aos processos alveolares da
que septada). Os músculos que a formam podem mandíbula e da maxila e tem coloração rósea. Pode
ser intrínsecos ou extrínsecos. Os intrínsecos dão ser chamada de gengiva lingual superior, gengiva
sua forma e os extrínsecos seus movimentos. São lingual inferior, gengiva labial maxilar e labial man-
eles o longitudinal superior, o longitudinal inferior, dibular (MADEIRA, 2001).
o transverso e o vertical (como intrínsecos), e o
hioglosso, o estiloglosso, o palatoglosso e o genio-
glosso (como extrínsecos).
Abaixo da língua estão importantes aciden-
tes anatômicos como o freio da língua (que limi-
ta sua mobilidade), a carúncula sublingual (onde
a glândula submandibular desemboca), a prega
sublingual (que protege o ducto da glândula sub-
mandibular), a prega franjada (que recobre a veia
profunda da língua) e vasos sublinguais os quais
possibilitam a rápida absorção de medicamentos Figura 7 - Gengiva
129
ANATOMIA
130
EDUCAÇÃO FÍSICA
a média formada por músculos estriados esqueléti- é muito comum em criança onde um quadro de
cos e a interna mucosa. Seus músculos estriados po- tonsilite acaba evoluindo para um quadro de otite).
dem ser externos ou internos e estão relacionados Além disso, o óstio também drena muco e perilinfa
aos movimentos peristálticos da faringe. Os exter- que existem nos canais semicirculares.
nos são os constritores (superior, médio e inferior) Nas bordas do óstio faríngeo da tuba auditiva
e os internos são o palatofaríngeo, estilofaríngeo e existem aglomerações linfáticas chamadas, em con-
salpingofaríngeo. junto, de tonsila tubária. Além da tonsila tubária,
nesta parte da faringe existe ainda a tonsila faríngea
a qual se aumentada passa a ser chamada de adenoi-
de (como já visto no capítulo anterior).
131
ANATOMIA
132
EDUCAÇÃO FÍSICA
133
ANATOMIA
INTESTINOS
Colo transverso
Colo ascendente.
Observe como o intestino Colo
grosso “emoldura” o descendente
intestino delgado
Figura 12 – Estômago Intestino delgado
Ceco
SAIBA MAIS
Colo sigmoide
Reto
O estômago pode apresentar algumas dis- Figura 13 - Intestino delgado e grosso
funções, por exemplo, gastrite e úlcera pép-
tica. Na úlcera, surgem lesões na camada
mais superficial da mucosa que reveste o Intestino delgado
estômago. Todavia, ela pode se manifestar O intestino delgado tem de 4 a 6 metros de com-
também no duodeno (a porção do intestino
delgado). Quando a úlcera surge no estô- primento uma vez que se estende do piloro até o
mago, ela é denominada úlcera gástrica; ceco (primeira porção do intestino grosso). É sub-
quando surge no duodeno, ela é chamada dividido em 3 segmentos: duodeno, jejuno, e íleo.
úlcera duodenal.
Embora, represente o principal local de absorção
Fonte: Pinheiro (2016, on-line)1. dos alimentos, ele também participa da digestão
(DANGELO; FATTINI, 2011).
134
EDUCAÇÃO FÍSICA
135
ANATOMIA
136
EDUCAÇÃO FÍSICA
Órgãos Anexos
FÍGADO
Fígado está localizado imediatamente abaixo do A bile é drenada pelos ductos hepáticos (direito e
diafragma e apresenta certa mobilidade durante os esquerdo) os quais se unem para formar o ducto
movimentos diafragmáticos e, em posição ereta fica hepático comum. Esse ducto se une ao ducto císti-
mais baixo devido à gravidade (WATANABE, 2000). co (que vem da vesícula biliar) formando o ducto
É considerado a maior glândula do corpo e, de- colédoco o qual se abre no duodeno.
pois da pele, o maior órgão (pesando aproximada- O fígado apresenta duas faces, a diafragmática
mente 1,5 kg). Ele está unido à parede abdominal e a visceral. A diafragmática é convexa, lisa e fica
anterior, ao estômago e ao duodeno. É considerado em contato com o músculo diagrama. A visceral
plástico, pois se adapta aos órgãos vizinhos os quais fica em contato com as vísceras abdominais (es-
lhe causam impressões. tômago, duodeno, omento menor, vesícula biliar,
Esse órgão desempenha importante papel nas flexura direita do colo, colo transverso, rim direi-
atividades vitais uma vez que interfere no meta- to e glândula suprarrenal direita). Nessa face está
bolismo de carboidrato, gordura e proteína, ar- a vesícula biliar, o sulco da veia cava inferior e a
mazena glicogênio, sintetiza vários compostos porta do fígado. Além disso, nessa face estão dois
orgânicos, metaboliza e excreta substâncias tóxi- lobos anatômicos (o direito e o esquerdo) e dois
cas endógenas ou exógenas (como medicamentos lobos acessórios (o quadrado e o caudado).
e alimentos), participa dos mecanismos de defesa
do corpo e secreta a bile (atuando como glân-
dula exócrina).
A bile é um líquido esverdeado, de gos-
to amargo, que vomitamos quando não
temos nada no estômago (ela é popular-
mente conhecida como fel). É produzida
de forma contínua pelo fígado e arma-
zenada na vesícula biliar (um órgão em
forma de saco que fica embaixo do fíga-
do). Tem ação detergente (emulsificante)
sobre gorduras e favorece a absorção de áci-
dos e vitaminas lipossolúveis (sem bile, cerca
de 40% da gordura seriam excretadas pelas
fezes assim como as vitaminas A, D, E e K). Figura 14 - Fígado
137
ANATOMIA
O pâncreas está situado profundamente na cavidade Como o próprio nome sugere, as glândulas saliva-
abdominal, atrás do estômago e é fixo à parede poste- res são responsáveis por produzir a saliva. Esta, por
rior do abdome (ou seja, é retroperitoneal e com peque- sua vez, é um líquido viscoso, transparente, insípi-
na mobilidade). É considerado a segunda maior glân- do e inodoro que previne contra as cáries, lubrifica
dula anexa do sistema digestório (depois do fígado) e é o bolo alimentar, facilita seu transporte sem irritar
classificado como glândula mista uma vez que secreta as paredes do tubo digestório e inicia a digestão do
insulina e glucagon (de maneira endócrina) e suco pan- amido. Além disso, a saliva mantém a cavidade oral
creático (de maneira exócrina) (FREITAS, 2004). limpa, permite que se possa sentir o sabor da maior
É dividido em cabeça (extremidade dilatada à parte dos alimentos, excreta algumas substâncias
direita emoldurada pelo duodeno), colo (entre a ca- como metais pesados e medicamentos, mantém
beça e o corpo, com cerca de 2 cm), corpo (em po- o pH da cavidade própria da boca, dentre outras
sição transversal sobre as duas primeiras vértebras (MADEIRA, 2001).
lombares) e cauda (extremidade afilada à esquerda Não sei se você já usou a expressão “dá água
situada perto do baço). na boca só de ouvir falar” quando se pensa em um
O suco pancreático é recolhido por dúctulos que alimento que você aprecia? Pois é! Este termo é
formam o ducto pancreático principal e o ducto pan- correto, pois considera que a salivação é antecipa-
creático acessório (inconstante). O ducto pancreático da à ingestão do alimento e começa a ser produzida
principal começa na cauda e termina na cabeça do antes da digestão (chamamos de fase cefálica da sa-
pâncreas, Na maioria das vezes, esse ducto se une ao livação, o mesmo se aplica quando se sente o cheiro
ducto colédoco e se abre no duodeno (como já visto). ou vê o tal alimento).
Existem dois subgrupos de glândulas salivares,
as maiores e as menores. As glândulas salivares me-
Fígado nores estão localizadas nas bochechas, lábios, palato
e mucosa da língua. As glândulas salivares maiores
são três pares: as glândulas parótidas, submandibu-
lares e sublinguais.
• A glândula parótida fica lateralmente na
face, anterior à orelha externa. Ela apresenta
um canal excretor, chamado ducto parotídeo,
Vesícula biliar
o qual perfura o músculo bucinador e se abre
na cavidade oral, ao nível do segundo molar
superior. Ela pode ser infectada por vírus
Duodeno Pâncreas
causando parotidite (popularmente conheci-
da como caxumba).
Figura 15 - Pâncreas
138
EDUCAÇÃO FÍSICA
139
considerações finais
140
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o artigo indicado, a seguir, que trata sobre uma doença relativamente comum do
sistema digestório: o refluxo gastroesofágico.
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), bem como Elevado número de consultas é originado a partir de
os demais sintomas oriundos do sistema digestório su- sintomas de DRGE. Na Inglaterra, em 1994, 8% das con-
perior são de alta frequência na prática clínica diária. Ain- sultas médicas em atenção primária à saúde e 11% da
da que suas complicações não sejam frequentes, cons- demanda espontânea foram ocasionadas por sintomas
tituem-se, pela elevada prevalência, tema de relevância do sistema digestório (3). Em Autumn, na Alemanha,
nas questões de saúde pública. As taxas de prevalência de em estudo realizado no ano de 2000, 81,7% dos indiví-
DRGE, caracterizada por presença de sintomas de pirose duos com sintomas de DRGE já haviam realizado pelo
e regurgitação ácida, são bastante variáveis mas, princi- menos uma gastroscopia para investigação de seus
palmente em países ocidentais, quase sempre elevadas. sintomas (14). Estudo realizado entre trabalhadores na
Na Espanha, estudo transversal publicado em 2004, iden- Itália, em 1999, mostrou que pelo menos 2,6% dos in-
tificou prevalência de 31,6% de DRGE ao ano (2). divíduos sintomáticos têm seu trabalho afetado pelos
Na Bélgica também é elevada, tendo sido de 28% em sintomas (13).
2002 (7). Em estudo realizado na Austrália em 1996, 56% Estudos de base populacional com baixos índices de per-
dos indivíduos relataram ter tido sintomas de DRGE pelo das ou recusas ainda são minoria entre as publicações
menos alguma vez em suas vidas, sendo que 37% os têm sobre este tema. Os estudos para investigar fatores de-
pelo menos uma vez a cada 4 meses (1). Na Dinamar- terminantes de DRGE são, em sua maioria, realizados em
ca, em 1994, a prevalência foi de 38% entre os homens serviços de saúde, podendo indicar fatores agravantes e
e 30% entre as mulheres (5). No Brasil, em 2001 foi de não necessariamente fatores de risco para os indivíduos
48,2% (10). Em estudo de revisão publicado em 1997, a da população que não procura ajuda médica para seus
variação da prevalência fica na faixa de 10% a 48% para sintomas.
pirose, 9% a 45% para regurgitação ácida e 21% a 59% Fonte: Oliveira et al. (2005).
para ambos os sintomas (4).
141
atividades de estudo
142
atividades de estudo
143
Material Complementar
Referências On-Line
1
Em: <http://www.mdsaude.com/category/gastroenterologia-2/doencas-do-estomag>. Acesso em: 14
jun. 2016.
2
Em: <http://www.minhavida.com.br/saude/temas/apendicite>. Acesso em: 14 jun. 2016.
144
referências
145
gabarito
1. A
2. B
3. C
4. D
5. E
146
UNIDADE
IV
SISTEMA UROGENITAL
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Sistema urinário
• Sistema genital masculino
• Sistema genital feminino
Objetivos de Aprendizagem
• Estudar a função geral do sistema urinário, bem como as funções do rim; Apresentar a
morfologia externa e interna, localização, função, irrigação, drenagem venosa, drenagem
linfática, inervação e principais acidentes anatômicos dos órgãos do sistema urinário: Rim,
ureter, bexiga urinária e uretra masculina e feminina.
• Estudar a função geral do sistema genital masculino; Subdividir os órgãos do sistema genital
masculino em órgãos internos e externos; Apresentar a morfologia externa e interna, localização,
função, irrigação, drenagem venosa, drenagem linfática, inervação e principais acidentes
anatômicos dos órgãos do sistema genital masculino: Testículo, epidídimo, ducto deferente,
próstata, ducto ejaculatório, glândulas bulbouretrais, glândulas seminais, uretra, pênis e bolsa
escrotal; Diferenciar os mecanismos que possibilitam a ereção e a ejaculação.
• Estudar a função geral do sistema genital feminino; Subdividir os órgãos do sistema genital feminino
em órgãos internos e externos; Apresentar a morfologia externa e interna, localização, função,
irrigação, drenagem venosa, drenagem linfática, inervação e principais acidentes anatômicos dos
órgãos do sistema genital feminino: Ovário, tuba uterina, útero, vagina e estruturas do pudendo
feminino (monte do púbis, lábio maior do pudendo, lábio menor do pudendo, vestíbulo da vagina,
bulbo do vestíbulo, óstio da vagina, glândula vestibular maior e glândulas vestibulares menores).
Elucidar os principais aspectos anatômicos do peritônio na cavidade pélvica, do períneo e das mamas.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
Sistema Urinário
FUNÇÕES DO SISTEMA UROGENITAL
Creio que se não todas, pelo menos a maioria das tem o encontro desses gametas (por meio da cópula)
pessoas sabe a principal função do sistema genital e produzem hormônios que garantem as caracterís-
masculino e feminino. Todavia, às vezes fico triste e ticas sexuais secundárias (testosterona no masculi-
preocupada com a visão que a maioria das pessoas no; estrógeno e progesterona no feminino). Adicio-
tem a respeito do sistema urinário. Para muitos esse nalmente, o genital feminino permite que o período
sistema tem apenas a função de “fabricar” urina. No gestacional seja cumprido, possibilita o trabalho de
entanto, a verdade é bem diferente. O sistema uri- parto e, se a fecundação não ocorrer, permite a dre-
nário é essencial à homeostasia corpórea e, portan- nagem dos produtos menstruais.
to, vital. Tal fato justifica o número de pessoas que
fazem hemodiálise no Brasil e no mundo, além do DIVISÕES DOS SISTEMAS GENITAIS
número expressivo de doentes renais que aguardam
nas filas de transplante de rim. Vamos entender me- Às vezes, quando vou iniciar uma aula sobre o siste-
lhor este tão importante sistema. ma urogenital, peço que alunos façam uma lista das
O sistema urinário é considerado um sistema estruturas anatômicas que formam cada um destes
osmorregulador que livra o organismo do excesso sistemas, e percebo muitas pessoas não conhecem
de água, sais minerais, toxinas, excretas nitrogena- seu próprio corpo. Por exemplo, quase sempre afir-
das (como ureia e acido úrico), produtos finais da mam que pênis e vagina fazem parte do sistema uri-
degradação da hemoglobina, ácido carbônico, me- nário (o que não é verdade, pois estes órgãos perten-
tabólitos de vários hormônios e outros. Assim, ele cem aos sistemas genitais).
atua na homeostase corpórea controlando o volume Para muitos, estruturas anatômicas como glân-
e a composição do líquido intracelular, extracelu- dula bulbouretral e o bulbo do vestíbulo são com-
lar e do sangue por meio da excreção de algumas pletamente desconhecidas. Além disso, há aqueles
substâncias e reabsorção de outras por meio de um que ao visualizar a vulva pensam estar vendo a vagi-
intenso processo de filtragem. Assim, se você con- na, a qual é um órgão interno.
siderar o fato de que ele atua indiretamente sobre o Tanto o sistema genital masculino quanto o femi-
volume de sangue, é fácil entender que ele também nino podem ser divididos em órgãos genitais internos
responde pelo controle indireto da pressão arterial e externos. Os internos ficam alojados na cavidade
(TORTORA et al., 2010). pélvica e incluem o testículo, epidídimo, ducto defe-
Já os sistemas genitais têm funções muito seme- rente, glândula seminal, ducto ejaculatório, próstata,
lhantes entre si. Ambos formam gametas, possibili- uretra e glândula bulbouretral (no sistema genital
tam a passagem dos mesmos pelos genitais, permi- masculino) e ovário, tuba uterina, útero e vagina (no
152
EDUCAÇÃO FÍSICA
sistema genital feminino). Os externos são visíveis Suas principais funções são filtrar o plasma san-
à superfície do corpo e incluem pênis e escroto (no guíneo e formar a urina (uropoiese), sintetizar a
sistema genital masculino) e as estruturas da vulva forma ativa da vitamina D, glicose em casos de je-
ou pudendo feminino (no sistema genital feminino) jum prolongado e eritropoetina (uma glicoproteína
(MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014). que atua na medula óssea estimulando a produção
Só para reforçar, nunca mais se esqueça de que de hemácias). Além disso, o rim também sintetiza
vagina é um órgão interno e não é visível na face renina que é uma enzima produzida por fibras mus-
externa do corpo em condições normais ou em po- culares lisas das paredes das artérias aferentes, cuja
sição anatômica. O que se vê externamente é a vulva. liberação para a corrente sanguínea ocorre quando a
pressão arterial cai.
ÓRGÃOS DO SISTEMA URINÁRIO Externamente, os rins apresentam duas faces (an-
terior e posterior), duas bordas ou margens (medial
Rim e lateral) e duas extremidades ou polos (superior e
O rim é o órgão central do sistema urinário. Ele é par, inferior). O polo superior é espesso, arredondado e
de cor avermelhada, em forma de feijão, situado na mais próximo da linha mediana. A margem lateral
cavidade abdominal (à direita e à esquerda da coluna é convexa e voltada à esquerda, a margem medial é
vertebral), um pouco acima da linha da cintura. No côncava no centro e convexa nas extremidades. Em
homem adulto pesa de 125 a 170 gramas e tem cer- sua parte central existe um fissura chamada hilo renal
ca de 10 cm de comprimento, 2 de espessura e 5 de que dá passagem às artérias e veias renais, nervos, va-
largura. O esquerdo tende a ser um pouco mais com- sos linfáticos e pelve renal formando o pedículo renal.
prido e estreito do que o rim direito, mas em contra- Um corte coronal no interior do rim permite
partida, o direito fica levemente mais baixo devido identificar, macroscopicamente, uma porção central
à posição do fígado (DANGELO; FATTINI, 2011). mais escura denominada medula renal e outra peri-
Externamente, o rim é revestido por uma fina férica mais pálida chamada córtex renal que se pro-
bainha de tecido conjuntivo fibroso (a cápsula fi- jeta em direção à medula formando colunas renais,
brosa), sobre a qual existe uma grande quantidade as quais separam porções cônicas da medula deno-
de tecido adiposo formando a cápsula adiposa ou minadas pirâmides renais. A pirâmide e o córtex que
gordura perirrenal. Tanto a cápsula fibrosa quanto a circunda são chamados de lobo renal.
a cápsula adiposa auxiliam na proteção e na fixação As pirâmides têm aspecto estriado (raios medu-
do rim à cavidade abdominal. lares) e têm as bases voltadas para a superfície do
Sobre eles está a glândula suprarrenal que per- órgão e os ápices voltados para a pelve renal (uma
tence ao sistema endócrino atuando como importan- porção dilatada que origina o ureter). Assim, elas se
te produtora de hormônios. Assim, rins, glândulas estreitam originando em seu ápice as papilas renais
suprarrenais e ureteres são retroperitoneais (portan- as quais apresentam os forames papilares que rece-
to, pouco móveis). Todavia, tais estruturas podem se bem a urina para lançá-la nos cálices renais meno-
movimentar cerca de 3 cm verticalmente durante os res (estes se encaixam nas papilas renais como uma
movimentos respiratórios e ao ficar em pé ou deitar. taça, por isso, o nome de cálices). Os cálices renais
153
ANATOMIA
menores se unem e formam o cálice renal maior e (sem proteínas) o qual cai no interior da cápsula glo-
estes se abrem na pelve renal. Dessa forma, cálices merular. A cápsula é um tecido conjuntivo que reco-
renais menores e maiores, pelve renal, vasos e ner- bre o glomérulo renal e que se prolonga originando o
vos renais ficam alojados em um espaço chamado túbulo contorcido proximal, reto e contorcido distal
seio renal onde existe o tecido adiposo do seio renal. por onde este filtrado circula. Por fim, o ducto coletor
recebe a urina formada nos túbulos e a encaminha
Vista externa do rim Vista interna do rim
ao interior dos cálices renais menores, de onde segue
Córtex renal
aos cálices renais maiores, à pelve e ao ureter. Assim,
os cerca de 1500 ml de urina produzidos por dia por
Ureter uma pessoa saudável chegam até a bexiga urinária.
Córtex
154
EDUCAÇÃO FÍSICA
Bexiga urinária
Figura 3 - Órgãos do sistema urinário Figura 4 - Ureter
155
ANATOMIA
Bexiga Urinária
A bexiga urinária é um órgão ímpar que fica locali-
zado, após a puberdade, na cavidade pélvica (no feto Ovário
Tuba uterina
e no recém-nascido ela se localiza na cavidade abdo-
minal). Embora seja oca, ela é constituída por fortes
paredes musculares que se distendem para permi- Útero
156
EDUCAÇÃO FÍSICA
Há diferenças entre a uretra masculina e femini- Enquanto a uretra intramural tem diâmetro e
na. A feminina é muito curta (aproximadamente 4 comprimento variáveis de acordo com o enchimen-
cm) e se destina apenas à passagem de urina. Ela se to da bexiga, a uretra prostática é completamente
abre para o meio externo por meio do óstio externo circundada pela próstata e dela recebe secreção (pe-
da uretra, um pequeno orifício localizado entre os los dúctulos prostáticos), além de receber o sêmen
lábios menores do pudendo, próximo ao clitóris e ao (pelos ductos ejaculatórios). A uretra membranácea
óstio da vagina. penetra a membrana do períneo e termina ao en-
Em contrapartida, a uretra masculina é longa trar no pênis. Próximo a esta parte da uretra estão
(aproximadamente 20 cm), sinuosa e se destina à as glândulas bulbouretrais (que serão estudadas em
passagem de urina e de sêmen durante a ejacula- breve ainda nesta unidade).
ção (assim, ela pertence tanto ao sistema urinário Por fim, a uretra esponjosa começa na extremi-
quanto ao sistema genital masculino). Por isso, ela é dade distal da uretra membranácea e termina no
dividida em quatro partes: uretra pré-prostática ou óstio externo da uretra (um pequeno orifício loca-
intramural, uretra prostática, uretra membranácea e lizado na região central da glande do pênis). Essa
uretra esponjosa. porção da uretra é longa e está envolvida pelo cor-
po esponjoso do pênis (por isso, recebe este nome).
Nela se abrem as glândulas bulbouretrais.
SAIBA MAIS
157
ANATOMIA
Sistema Genital
Masculino
ÓRGÃOS DO SISTEMA GENITAL
MASCULINO
Testículo
Os testículos são duas glândulas ovais, achatadas no cebido externamente como a rafe do escroto (uma
sentido látero-lateral, que produzem continuamen- espécie de “costura” mais escura visível na superfície
te, a partir da maturidade sexual, os gametas mascu- externa do escroto).
linos (os espermatozoides) e o hormônio testostero- Adicionalmente, a superfície do testículo é re-
na (MOORE et al., 2014). vestida por tecido conjuntivo muito resistente cha-
Na vida intrauterina, ele se desenvolve no inte- mado túnica albugínea, e por um saco seroso duplo
rior do abdome (próximo aos rins), mas à medida chamado túnica vaginal que emite septos para o in-
que a gestação avança, o testículo desce e se posi- terior do testículo dividindo-o em lóbulos onde se
ciona no interior do escroto onde é palpável ao encontra o parênquima do testículo. Os ápices dos
nascimento. É fundamental que esse processo de lóbulos convergem e formam o mediastino do testí-
migração se complete antes da puberdade para que culo que é uma massa de tecido fibroso.
os testículos fiquem alojados externamente à parede Nos lóbulos existem muitos ductos finos, longos,
da pelve, pois, a temperatura intra-abdominal (36 a sinuosos e de calibre quase capilar que são chama-
37°C) poderia comprometer a produção dos esper- dos de túbulos seminíferos contorcidos que formam
matozoides tornando o indivíduo estéril (pois para os espermatozoides. Esses túbulos convergem para o
a espermatogênese o ideal é 35°C). Por isso, a não mediastino do testículo e se anastomosam para for-
descida do testículo (chamada criptorquidia) pode mar os túbulos seminíferos retos, os quais se entre-
ser corrigida cirurgicamente. cruzam formando uma rede que desemboca em 15
Em geral, o testículo esquerdo é inferior ao di- a 20 dúctulos eferentes que se destinam à cabeça do
reito e eles são separados por um septo de tecido epidídimo. Assim, o espermatozoide produzido no
conjuntivo (chamado septo do escroto) que é per- testículo é encaminhado ao epidídimo.
158
EDUCAÇÃO FÍSICA
Anatomia do testículo
onde a espermatogênese ocorre. Dessa forma, a sen-
sibilidade faz com que os homens protejam todo o
Plexo pampiniforme
conteúdo da bolsa escrotal a fim de que os esperma-
Artéria testícular tozoides sejam bem formados e hábeis à fecundação
e geração de novos indivíduos saudáveis.
Epidídimo
Ducto deferente
Epidídimo
O epidídimo (que muitas pessoas desconhecem
onde fica e para que serve) é um órgão par, em for-
Testículo ma de tubo enovelado com aspecto de meia lua,
cuja função é o armazenamento temporário e a ma-
turação dos espermatozoides (MIRANDA NETO;
CHOPARD, 2014).
Ele se entende da borda posterior do testículo
até o ducto deferente e apresenta cabeça, corpo e
Figura 7 - Testículo cauda. A cabeça é uma região mais dilatada que
fica na extremidade superior do testículo; o corpo
Como o testículo se posiciona externamente à pa- é afilado e formado pelo ducto contorcido do epi-
rede da pelve e os outros órgãos do sistema genital dídimo; a cauda é sua parte inferior, contínua com
masculino estão no interior dela, várias estruturas o ducto deferente.
entram e saem do testículo formando o funículo
espermático que é envolto pela fáscia espermática
interna, fáscia espermática externa e pela fáscia cre-
mastérica. O funículo espermático percorre uma es-
pécie de túnel através da parede do abdome, o canal
inguinal, o qual pode apresentar hérnias inguinais.
Dentre as estruturas que o percorrem destacam-se
as veias testiculares cujo aparecimento de varizes
caracteriza uma condição patológica chamada va-
ricocele que leva ao acúmulo de sangue venoso no
testículo reduzindo a espermatogênese e podendo
causar infertilidade.
Assim, é importante salientar que na bolsa es-
crotal não fica apenas o testículo, mas também o
epidídimo, parte do ducto deferente e do funículo
espermático. É uma região extremamente inervada
e, portanto, muito sensível porque representa o local Figura 8 - Epidídimo
159
ANATOMIA
160
EDUCAÇÃO FÍSICA
mente, a extremidade da glândula seminal torna-se ejaculado e é fundamental para dar o odor carac-
estreita e ereta formando o ducto da glândula semi- terístico do sêmen.
nal, que como mencionado anteriormente, une-se Como a próstata é atravessada em toda a sua
ao ducto deferente formando o ducto ejaculatório extensão pela uretra, a secreção de suas glândulas é
dentro da próstata. Lembra? lançada diretamente na porção prostática da uretra
por meio de vários dúctulos prostáticos. Sua cápsula
Próstata e fibras musculares se contraem forçando o líquido
A próstata é considerada a maior glândula acessória prostático em direção à parte prostática da uretra.
do sistema genital masculino, pois tem cerca de 3 cm
de comprimento, 4 de largura e 2 de profundidade
ântero-posterior. Embora seja pouco desenvolvida
ao nascimento, ela cresce da puberdade até em tor-
no dos 30 anos de idade, e depois diminui após os 40
anos (DI DIO, 2002).
Ela tem dois lobos laterais (direito e esquerdo)
e um lobo mediano (o istmo da próstata). Localiza-
-se na pelve, em posição mediana, logo, abaixo da
bexiga urinária. Assim, apresenta uma base (voltada
à bexiga urinária), um ápice (voltada aos músculos
do períneo), uma face anterior muscular (separada
da sínfise púbica por gordura), duas faces ínferolate- Figura 11 - Próstata
sula fibrosa densa neurovascular e pela fáscia visceral perma ou sêmen (gameta mais líquido seminal).
161
ANATOMIA
162
EDUCAÇÃO FÍSICA
Pênis
O pênis é um órgão ímpar localizado na região pu-
denda. Sua principal função é possibilitar o coito
por meio da penetração na estrutura de cópula do
sistema genital feminino (a vagina) a fim de nela
lançar os espermatozoides (WATANABE, 2000).
Corpo do pênis.
Em sua constituição existem três longas massas Observe como a uretra
esponjosa percorre todo o
cilíndricas de tecido lacunar erétil que são os dois corpo esponjoso do pênis
corpos cavernosos e o corpo esponjoso. Os corpos
cavernosos são constituídos por muitas trabéculas
de tecido conjuntivo fibroso, fibras elásticas e mús-
culo liso revestido por células endoteliais que dei-
xam entre si espaços por onde passam as artérias
profunda e dorsal do pênis.
No plano mediano eles são fundidos um ao ou-
tro, mas, posteriormente, separam-se para formar
os ramos do pênis os quais fazem a fixação do pênis Figura 13 - Pênis
163
ANATOMIA
Escroto ou bolsa escrotal A bolsa escrotal possui várias camadas, sendo as prin-
O escroto é uma bolsa fibromuscular cutânea que cipais a pele, a túnica dartos e a túnica vaginal. A pele
fica situada inferiormente à sínfise púbica e, pos- é relativamente fina, muito pigmentada, com poucos
teriormente, ao pênis, permanecendo pendente na pelos e muitas glândulas sebáceas e sudoríferas cuja
região urogenital. Sua principal função é conter o sudorese ajuda a eliminar o calor. Ela é marcada ex-
testículo fora da cavidade pélvica cuja temperatu- ternamente por uma crista mediana chamada rafe do
ra (37ºC) é superior à temperatura ideal para a es- escroto a qual continua anteriormente com a rafe do
permatogênese (35ºC) (MIRANDA NETO; CHO- pênis e posteriormente com a rafe do períneo.
PARD, 2014). A túnica dartos é aderida à pele e formada por
Ele é dividido pelo septo do escroto em dois fibras musculares lisas fundamentais para a termor-
compartimentos, os quais contêm um testículo, um regulacão. Por exemplo, a contração das fibras deter-
epidídimo, a parte inferior do funículo espermáti- mina o aspecto enrugado da pele por influência do
co e seus envoltórios. Vale destacar que, embora o frio, exercício ou estímulo do músculo oblíquo inter-
testículo fique contido em seu interior, ele apresenta no do abdome. Além disso, sua contração ajuda os
relativa mobilidade dentro do escroto. músculos cremasteres a manterem os testículos mais
próximos do corpo para reduzir a perda de calor.
164
EDUCAÇÃO FÍSICA
Por fim, a túnica vaginal é uma serosa deri- do vasoconstrição arterial a fim de reduzir o fluxo
vada do peritônio que acompanha os testículos de sangue para os corpos cavernosos. Assim, a saída
durante sua migração do abdome para o escroto. de sangue pelas veias faz com que o pênis volte a seu
Embora o escroto também possa ser chamado de estado de flacidez (MOORE et al., 2014).
bolsa escrotal, ele não deve ser chamado de saco Vale destacar que problemas psicológicos, ten-
escrotal, está bem? sões emocionais e insuficiências vasculares (co-
muns em idosos, diabéticos, hipertensos, sedentá-
EREÇÃO rios e fumantes) podem causar impotência sexual.
Além disso, o fumo afeta diretamente a função
Estímulos físicos (como o toque) e psíquicos erétil devido seu efeito vasoconstritor e à predis-
(como um pensamento relacionado à sexualida- posição que causa às doenças degenerativas da pa-
de) desencadeiam uma resposta do sistema nervo- rede arterial.
so autônomo parassimpático a partir do segmento
sacral da medula espinal de onde partem fibras EJACULAÇÃO
nervosas até o pênis. Essas fibras, em contraste
com a maioria das fibras parassimpáticas, secre- A ejaculação é caracterizada como a eliminação do
tam óxido nítrico (NO) que causa relaxamento sêmen pelo óstio externo da uretra. Normalmente,
dos músculos lisos das artérias do pênis (vasodila- ela ocorre no momento do orgasmo ou durante o
tação) e da rede de trabéculas do tecido erétil dos sono (sendo chamada de polução noturna) e é de-
corpos cavernosos e esponjoso fazendo o sangue sencadeada por impulsos do sistema nervoso autô-
fluir rapidamente para enchê-lo. nomo simpático provenientes dos segmentos lom-
Concomitantemente, a túnica albugínea do pê- bares da medula espinal.
nis entra em tensão, comprime os espaços caverno- Assim, estímulos são enviados pelo nervo pu-
sos e bloqueia a saída do sangue pelas vênulas e veias dendo até à medula espinal a qual, em resposta, esti-
causando o completo enchimento dos lagos venosos mula os músculos estriados esqueléticos localizados
e o enrijecimento peniano. Além disso, a contração em torno do tecido erétil da raiz do pênis causando
reflexa do músculo isquiocavernoso ajuda a aumen- sua contração, compressão da uretra e possibilitan-
tar a pressão nos espaços cavernosos. do a ejaculação. Por isso, em casos de secção da me-
Posteriormente, o sistema nervoso autônomo dula espinal o indivíduo perde o controle da ejacu-
simpático age desencadeando a ejaculação e causan- lação (MOORE et al., 2014).
165
ANATOMIA
Sistema Genital
Feminino
ÓRGÃOS INTERNOS DO SISTEMA GENI-
TAL FEMININO
Ovário
De acordo com Dangelo e Fattini (2011), o ovário é O ovário passa por trás do ligamento largo do
um órgão par, de forma oval, que repousa na fossa útero que se prende. Na realidade, cada ovário é
ovárica. Ele tem cerca de 3 a 4 cm (embora, diminua suspenso por uma curta prega peritoneal, chamada
de tamanho com o envelhecimento) e apresenta con- mesovário que é uma subdivisão do ligamento lar-
sistência firme (que aumenta com a idade). Sua função go do útero. Todavia, outros ligamentos o mantém
é produzir, ao final da puberdade, gametas femininos em posição prendendo-o a formações vizinhas, com
(os ovócitos) e hormônios (estrógeno e progesterona). o ligamento útero-ovárico, ligamento suspensor do
É interessante ressaltar que, embora o ovário fi- ovário e ligamento próprio do ovário.
que suspenso na cavidade peritoneal pélvica, sua su-
perfície não é coberta pelo peritônio. Tal fato faz com
que o ovócito expelido durante a ovulação passe para
a cavidade peritoneal até ser aprisionado pelas fím-
brias do infundíbulo da tuba uterina e conduzido até
a ampola da tuba uterina onde poderá ser fertilizado.
Nas mulheres pré-púberes, a cápsula de tecido
conjuntivo (túnica albugínea do ovário) que forma
sua superfície é coberta por uma lâmina lisa de me- Vista interna do Vista externa do
ovário ovário
sotélio ovariano. Depois da puberdade, ocorrem fi-
brose e distorção progressiva do epitélio superficial
ovariano em razão das cicatrizes deixadas pelas su-
cessivas ovulações. Assim, o ovário se torna branco/
acinzentado e rugoso (antes da primeira ovulação
ele é liso e rosado). Figura 15 - Ovário
166
EDUCAÇÃO FÍSICA
167
ANATOMIA
quase sempre está deslocado à direita. Todavia, sua parto forçando o concepto em direção ao canal do
forma, tamanho, posição e estrutura podem variar colo do útero. Após o parto, ele continua a se con-
dependendo da idade, do estado gestacional e da va- trair para rearranjar seus componentes e voltar ao
cuidade da bexiga e do reto (DI DIO, 2002). tamanho aproximado do que tinha antes da gravi-
Sua função principal é alojar o embrião para dez. Tais contrações são importantes também para
que se desenvolva durante todo o período em- promover um pinçamento dos vasos sanguíneos
brionário. Todavia, ele também atua por meio de que se rompem durante o deslocamento da placen-
contrações musculares facilitando o parto por via ta impedindo quadros hemorrágicos.
vaginal (parto normal). O endométrio é a camada mucosa interna que
O útero apresenta duas partes essenciais, o cor- participa do ciclo menstrual. Mensalmente, ele se
po e o colo. O corpo é sua porção principal situa- prepara para receber o zigoto tornando-se espesso e
da entre as lâminas do ligamento largo através de rico em capilares. Todavia, não ocorrendo a fecun-
suas bordas direita e esquerda. Apresenta uma face dação, este espessamento do endométrio se descama
anterior ou vesical (separada da bexiga pela escava- eliminando sangue por meio do óstio da vagina (fe-
ção vésico-uterina) e uma face posterior ou intesti- nômeno conhecido como menstruação). Além dis-
nal (separada do reto pela escavação retouterina). so, sob a influência do estrógeno e da progesterona,
É móvel e se comunica lateralmente com as tubas o endométrio sofre modificações com as fases do
uterinas. A porção arredondada do corpo que fica período menstrual, uterino ou gravídico.
acima do ponto onde esta comunicação ocorre é Normalmente, o útero forma um ângulo de 90º
chamada de fundo do útero. No interior do corpo com a vagina (é antevertido) e se flete anteriormen-
do útero existe a cavidade uterina a qual é estreita te em relação ao colo (é antefletido). Seu posicio-
no período não grávido. namento é mantido por importantes ligamentos os
O colo do útero é dividido em porção vaginal quais, com o envelhecimento e em decorrência da
(que se projeta para a vagina e circunda o óstio do menopausa, podem se tornar menos resistentes e
útero) e porção supravaginal (acima da vagina). No flácidos. Tal fato é explicado em função da menor
colo, a cavidade uterina é estreita e passa a ser cha- produção de estrógeno e, consequentemente, redu-
mada de canal do colo do útero. Corpo e colo se ção na síntese de colágeno que os compõe. Com isso,
separam por meio do istmo do útero (uma região o útero pode migrar em direção a vagina (prolapso
inferior, curta e estreitada). uterino) e alterar a posição da bexiga e a angulação
A parede do corpo do útero apresenta três ca- da uretra podendo causar, dentre outros sinais, in-
madas: o perimétrio, o miométrio e o endométrio. continência urinaria.
O perimétrio é externo e representado pelo peri-
tônio. O miométrio fica interposto entre as outras Vagina
duas camadas e forma a maior parte da parede do O nome vagina significa bainha e lhe foi atribuído
útero. Ele é constituído por músculo liso o qual em decorrência do fato dela envolver o pênis duran-
permite o aumento do volume do útero durante te a penetração. Assim, sua principal função está re-
a gravidez e a contração que inicia o trabalho de lacionada à cópula, mas também participa como um
168
EDUCAÇÃO FÍSICA
169
ANATOMIA
170
EDUCAÇÃO FÍSICA
171
ANATOMIA
MAMAS
Na verdade, o períneo é caracterizado como um Muitas pessoas acham que as mamas pertencem ao
conjunto de partes moles que fecham inferiormente sistema genital feminino, mas isso não é verdade. As
a pelve óssea. É uma região losângica delimitada pela mamas pertencem ao sistema tegumentar (ou tegu-
margem anterior da arcada púbica, tuberosidade es- mento comum) o qual também estuda estruturas
quiática e ápice do cóccix. No sexo feminino, ele dá como pele e unha. Para não se esquecer disso, você
passagem à uretra, à vagina e ao reto, e no sexo mas- deve considerar que uma mulher mastectomizada
culino ele dá passagem à uretra e ao reto (DI DIO, bilateralmente (sem as duas mamas) pode perfeita-
2002). Pelo fato do períneo permitir parte da sus- mente gestar e dar à luz um filho.
tentação das vísceras pélvicas, é de grande relevân- Na verdade, a confusão está parcialmente asso-
cia que ele seja fortalecido a fim de que tais vísceras ciada ao fato de que as mamas têm relação com os
permaneçam sempre adequadamente posicionadas. hormônios produzidos pelo sistema genital femini-
Em ambos os sexos, ele é dividido em períneo no e ao fato de que elas se desenvolvem concomitan-
posterior ou região anal (ocupado por um grupo de temente aos órgãos da reprodução, ou seja, iniciam
músculos perineais denominados diafragma pélvico) seu desenvolvimento durante a puberdade.
e períneo anterior ou região urogenital (ocupado por Outro erro comum ao se referir às mamas é cha-
um grupo de músculos denominados diafragma uro- má-las de seios. Em anatomia, seio normalmente se
genital). Entre ambos, em uma posição central, há uma refere a uma depressão ou cavidade e não a uma sali-
área fibrosa chamada centro tendíneo do períneo onde ência como é o caso das mamas. Assim, o nome que
se fixam músculos e fáscias importantes na sustentação deve ser usado é mama por mais estranho que este
das vísceras pélvicas os quais agem na defecação, mic- termo possa parecer.
ção, ereção, ejaculação, no trabalho de parto e outros. Assim, após tais esclarecimentos, vamos definir
mamas como anexos de pele situados anteriormente
aos músculos da região peitoral, entre as camadas
superficial e profunda da tela subcutânea desta re-
gião. Elas são constituídas por parênquima de tecido
glandular, estroma de tecido conjuntivo e pele.
Observe a constituição O parênquima de tecido glandular apresenta
predominantemente
muscular do períneo glândulas cutâneas modificadas especializadas na
produção de leite após a gestação, o corpo da mama.
O estroma de tecido conjuntivo envolve o corpo da
mama e nele predomina tecido adiposo o qual é sus-
tentado por tecido conjuntivo denso (a quantidade
de tecido adiposo do estroma está diretamente rela-
cionada ao tamanho e a forma da mama). Sua pele
Figura 20 - Períneo apresenta muitas glândulas sebáceas e sudoríparas, e
172
EDUCAÇÃO FÍSICA
é consideravelmente fina de forma que, em pessoas Várias alterações ocorrem com as mamas du-
de pele clara, é possível inclusive notar algumas de rante a gravidez. Por exemplo, a aréola da mama
suas veias superficiais (TORTORA et al., 2010). se torna mais escura e esta cor tente a permanecer
Anatomicamente, as mamas apresentam dois aci- posteriormente à gestação e à amamentação. Além
dentes anatômicos principais que merecem ser men- disso, o volume da mama pode até triplicar em ra-
cionados, a papila mamária e a aréola da mama. A zão dos hormônios femininos liberados durante este
papila mamária é uma projeção composta principal- período (principalmente prolactina e ocitocina). No
mente de fibras musculares lisas onde desembocam de entanto, sucessivas gestações e o avançar da idade
15 a 20 ductos lactíferos. Ela é muito inerva e, devido (associado à diminuição do colágeno), podem fazer
a seus músculos, ela pode se tornar rija. A aréola da com que elas se tornem progressivamente peduncu-
mama fica ao redor da papila e nela existem pequenos ladas devido à perda da elasticidade das estruturas
tubérculos (umas saliências visíveis e palpáveis) que de sustentação do estroma causando ptose mamária
marcam o ponto de desembocadura dos ductos lac- (MOORE et al., 2014).
tíferos. Ela é bastante pigmentada e apresenta grande No homem, a mama é pouco desenvolvida em
número de glândulas sudoríparas e sebáceas. condições normais. Todavia, existe uma condição
patológica chamada ginecomastia onde as mamas
se desenvolvem e muitas vezes precisam ser remo-
Músculo peitoral vidas cirurgicamente, pois causam constrangimento
e desconforto.
Tecido adiposo
Lóbulos
Ductos
Aréola
Mamilo
Caixa torácica
Figura 21 - Mama
173
considerações finais
O
controle da composição dos fluidos corporais é um processo comple-
xo, pois seres humanos enfrentam problemas com a perda de subs-
tâncias para o meio que os cercam e com o acúmulo de substâncias
em seus corpos. Se eletrólitos se acumulam no sangue, a osmolarida-
de do sangue é aumentada causando difusão da água do líquido intersticial para
o sangue (o que pode aumentar a pressão sanguínea). Por outro lado, a intensa
eliminação de eletrólitos diminui a osmolaridade do sangue e, por difusão, a água
flui para o espaço intersticial acumulando-se nos tecidos e causando edema.
Assim, é fundamental que seja mantido o equilíbrio entre ingestão ou pro-
dução de sustâncias e eliminação da mesma a fim de que a homeostase seja
preservada. Este equilíbrio é possibilitado pelo sistema urinário e anormali-
dade ou disfunção dele podem causar morte. O sistema genital masculino e
o feminino agem em conjunto a fim de manter o número de indivíduos da
espécie. Todavia, apresentam considerável diferença entre si. O feminino, por
exemplo, é mais complexo do que o masculino, pois apresenta o órgão que
abriga o novo ser vivo em gestação. Em contrapartida, a função gametogênica
na mulher cessa precocemente.
Outro detalhe que não se pode esquecer é que a viabilidade da reprodução
depende da integridade das estruturas anatômicas que compõem tais sistemas.
Por isso, a má formação dos testículos, alterações hormonais, doenças vasculares
e outras disfunções podem prejudicar ou impedi-la. Além disso, micro-organis-
mos se desenvolvem nos genitais e podem ser disseminados por contato sexual.
A prevenção depende do conhecimento anatômico e fisiológico das estruturas
anatômicas destes sistemas.
Assim, o profissional de saúde deve aprofundar seu conhecimento a fim de ga-
rantir informação necessária para a prevenção de tais males. O profissional de edu-
cação física se destaca uma vez que no contexto escolar ele pode esclarecer sobre
doenças, gravidez indesejada e dar orientação quanto à viabilidade da reprodução.
174
LEITURA
COMPLEMENTAR
Leia o artigo indicado, a seguir, que trata de um assunto muito conhecido: Litíase renal
(popularmente conhecida como pedras no rim). Este artigo narra a definição e a fre-
quente incidência desta doença.
A litíase renal é uma afecção muito comum na prática clínica e múltiplos fatores estão
relacionados com sua etiopatogenia, embora não tenhamos encontrado estudo algum
sobre a epidemiologia da litíase no Brasil. O objetivo deste estudo foi avaliar a influên-
cia da idade, do sexo, da cor da pele e da lateralidade como fatores de risco para cálculo
renal. Para tanto, foram estudados 400 prontuários de pacientes com diagnóstico de
litíase urinária, nos Serviços de Nefrologia e Urologia do Hospital das Clínicas da Uni-
versidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Todos os diagnósticos foram
confirmados pela história clínica associada a métodos de imagem. Houve predomínio
de pacientes do sexo feminino (54,5 %) sobre o masculino com litíase renal. Os doentes
brancos constituíram a maioria (75%), seguidos pelos mulatos (23,3%) e, em uma muito
pequena proporção, pelos negros (1,8%). A idade média foi de 39,81, +- 15,61 anos.
Não houve diferenças quanto à lateralidade dos cálculos, mas os homens tiveram mais
cálculos bilaterais do que as mulheres. Na população estudada no presente trabalho,
o cálculo renal foi mais freqüente em adultos jovens, brancos e do sexo feminino, sem
diferenças quanto à lateralidade. Os resultados sugerem uma possível relação entre
nefrolitíase e cor da pele.
A análise de nossos dados mostra não existir diferença quanto à lateralidade no geral,
apesar de se constar um número pouco maior de cálculos à esquerda, nos homens, e à
direita, nas mulheres, porém sem significância estatística. Destaca-se, no entanto, que
os homens tiveram uma frequência de cálculos bilaterais significativamente maior do
que as mulheres. Apesar de não encontrarmos subsídios na literatura, consideramos
ser essa constatação importante sob aspecto de propedêutica. Talvez seja prudente
175
LEITURA
COMPLEMENTAR
176
atividades de estudo
177
atividades de estudo
1
5
178
Material Complementar
Referências On-Line
2016.
179
referências
180
gabarito
1. C
2. B
3. B
4. C
5. C
181
SISTEMA NEUROENDÓCRINO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Sistema Nervoso Central (SNC)
• Sistema Nervoso Periférico (SNP)
• Sistema Nervoso Autônomo (SNA)
• Sistema Endócrino
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar a função geral do SNC; Estudar, do ponto de vista morfológico e
funcional, as estruturas anatômicas que formam a medula espinal, tronco
encefálico (bulbo, ponte e mesencéfalo), cerebelo, diencéfalo, telencéfalo,
meninges, ventrículos encefálicos, líquido cerebrospinal e vascularização.
• Apresentar a função geral do SNP. Estudar, do ponto de vista morfológico
e funcional, as estruturas anatômicas que o formam os nervos espinais,
nervos cranianos, plexos nervosos, terminações nervosas, gânglios
nervosos e lesões nervosas.
• Apresentar a função geral do SNA. Estudar, do ponto de vista morfológico e
funcional, o SNA simpático e o SNA parassimpático.
• Apresentar a função geral do sistema endócrino. Estudar, do ponto de
vista morfológico e funcional, as principais glãndulas (hipófise, tireoide,
paratireoide, pineal, suprarrenal, pâncreas, testículo e ovário).
unidade
V
INTRODUÇÃO
P
rezado(a) aluno(a), o controle das funções orgânicas e a integração do
organismo ao ambiente depende da atuação do Sistema Nervoso (SN)
e do sistema endócrino que controlam todas as funções dos demais sis-
temas permitindo modificações a fim de manter a homeostasia.
O sistema endócrino age sob influência do SN cujas funções são voluntárias
ou involuntárias. A complexidade desses sistemas é maior com a complexidade
do organismo e atinge seu desenvolvimento máximo no homem uma vez que
respondem por fenômenos psíquicos altamente complexos (raciocínio, aprendi-
zado, memória e sono).
O endócrino age por meio de glândulas cuja secreção (hormônios) é lançada
no sangue. A hipófise é a “glândula-mestre”, pois produz hormônios que estimu-
lam o funcionamento de outras como tireoide, suprarrenais, ovários e testículos.
As funções do SN estão diretamente relacionadas às células que constituem o
próprio tecido nervoso: neurônios (células nervosas) e neuroglia (células gliais,
neurogliais ou neurogliócitos). Neurônios são unidades estruturais e funcionais
do SN, pois são especializados na rápida comunicação intercelular (sinapse). A
neuróglia, embora, cinco vezes mais abundante do que os neurônios, não é exci-
tável, mas sustenta, isola e nutre os neurônios.
Didaticamente, o SN pode ser dividido segundo critério anatômico, em-
briológico, segmentar e funcional. O critério embriológico considera seu de-
senvolvimento intrauterino, o segmentar considera a presença ou não de ner-
vos, o anatômico considera o local onde o sistema nervoso está localizado e o
funcional considera sua forma de atuação.
O texto será fundamentado em autores como Machado e Haertel (2014),
Afifi e Bergman (2008), Miranda Neto e Chopard (2014). A nomenclatura
está atualizada (CFTA, 2001) e é necessário que utilize atlas como Narciso
(2012), Rohen, Yokochi e Lütjen-Drecoll (2002) e outros. O objetivo é
descrever aspectos relevantes do SN e do endócrino, suas inter-relações e
a influência que exercem sobre os outros sistemas do corpo.
ANATOMIA
Sistema Nervoso
Central (SNC)
FUNÇÃO DO SNC
ESTRUTURAS DO SNC
Medula Espinal (ME)
O sistema nervoso central é organizado em encéfalo
e medula espinal. Enquanto, o encéfalo é protegido Com certeza você já ouviu falar de alguém que teve
pela cavidade craniana, a medula espinal é protegi- uma lesão na medula e ficou paraplégico ou tetra-
da pela coluna vertebral. Tanto o encéfalo quanto plégico. Nesses casos, muitas perguntas surgem, por
a medula apresentam em sua constituição corpos exemplo, será que estas pessoas conseguirão sentir
celulares e fibras nervosas. A substância cinzenta é seu corpo normalmente? Será que a paralisia pode-
formada predominantemente por corpos neuronais rá ser revertida? Como ficam as funções sexuais? E
e a branca por fibras nervosas que se aglomeram for- tantas outras dúvidas que para serem respondidas é
mando tratos. preciso entender melhor como a medula funciona.
Todavia, segundo Miranda Neto e Chopard Então, lá vamos nós.
(2014), enquanto, o encéfalo tem substância cinzen- Conforme Machado e Haertel (2014), a medu-
ta por fora da branca constituindo o córtex cerebral, la espinal é uma massa cilíndrica de tecido nervoso,
a substância cinzenta da medula espinal (que tem a ligeiramente achatada no sentido anteroposterior,
forma de uma borboleta ou da letra “H”) localiza-se que fica dentro do canal vertebral. Seu nome (me-
internamente à branca (que é formada por fibras que dula) significa miolo justamente pelo fato de sua lo-
sobem e descem na medula). calização protegida no interior deste canal.
186
EDUCAÇÃO FÍSICA
Seu calibre não é uniforme, pois apresenta duas dilatações (chamadas in-
tumescência cervical e intumescência lombossacral) onde as raízes nervosas
que formam o plexo braquial e o plexo lombossacral fazem conexão.
Esses plexos inervam os membros superiores e inferiores. Assim,
nas intumescências há maior quantidade de neurônios que en-
tram ou saem da medula espinal.
Esse fato tem apoio na anatomia comparada uma vez que
dinossauros com membros superiores pequenos não têm in-
tumescência cervical, mas a intumescência lombar tem o ta-
manho aproximado do encéfalo. Em contrapartida, a baleia que
não apresenta membros expressivos, tem a medula larga, mas
sem dilatações.
Superiormente, a medula espinal limita-se com o bulbo
(ao nível do forame magno do osso occipital) e, inferiormente,
termina afilando-se para formar o cone medular que continua
com um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal,
ao nível da segunda vértebra lombar. Assim, no adulto a me-
dula não ocupa todo o canal vertebral tendo aproximadamen-
te 45 cm no homem e 42 cm na mulher.
Tal fato tem importância clínica, pois, abaixo da segun-
da vértebra lombar o canal vertebral não tem medula, mas
contém apenas as meninges e as raízes nervosas dos últimos
nervos espinais que constituem a cauda equina. Isto decorre de ritmos
diferentes de crescimento entre medula e coluna vertebral. Por exemplo,
até o quarto mês de vida intrauterina ambas crescem no mesmo ritmo,
mas a partir de então, a coluna cresce mais do que a medula causando
como consequência o afastamento dos segmentos medulares das vérte-
bras correspondentes.
Além disso, caro aluno, a superfície da medula apresenta sulcos lon-
gitudinais (como o sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior) onde
se conectam os pequenos filamentos radiculares que se unirão para for-
mar as raízes ventral e dorsal dos nervos espinais. Considerando que estes
nervos trazem à medula informações sensitivas da periferia do corpo que
deverão ser conduzidas ao encéfalo, e que levam as ordens do encéfalo à
periferia do corpo, é possível entender porque uma lesão medular causa
perda sensitiva e motora as quais não serão revertidas se a lesão medu-
Figura 2 - Medula espinal e limites lar for completa.
187
ANATOMIA
Por isso, para maior proteção da medula, mem- a pressão do líquido, para introdução de substân-
branas fibrosas chamadas meninges fazem seu re- cias que aumentam o contraste nas radiografias
vestimento externo. A dura-máter é a mais externa, (mielografia) ou para introdução de anestésicos
espessa e resistente. Superiormente, a dura-máter es- nas anestesias raquidianas.
pinal continua com a dura-máter craniana e caudal- Por isso, para cirurgia das extremidades in-
mente termina ao nível da segunda vértebra sacral. feriores, períneo, cavidade pélvica e em algumas
Por sua vez, a pia-máter é a mais delicada e interna, cirurgias abdominais podem ser feitas anestesias
e adere intimamente ao tecido nervoso. Já a aracnoi- raquidianas ou epidurais (também chamadas de
de-máter se dispõe entre as outras duas formando peridurais). Na raquidiana, o anestésico é intro-
Medula espinal
um emaranhado de trabéculas aracnóideas. duzido no espaço subaracnóideo entre as vértebras
L2-L3, L3-L4 ou L4-L5 certificando-se de que a agu-
Medula Espinal
Substância cinzenta
lha atingiu o espaço subaracnoideo pela presença
Canal central da medula espinal Substância branca do líquido que goteja na extremidade da agulha.
Na peridural, o anestésico é introduzido no espa-
ço epidural onde se difunde e atinge as raízes dos
nervos espinais.
Pia-máter
Certifica-se de que a agulha atingiu o espaço
epidural após a perfuração do ligamento amarelo.
Aracnoide-máter
Meninges
espinais Embora, exija uma habilidade técnica muito maior,
Dura-máter não causa cefaleia em decorrência de vazamento do
líquido cerebrospinal.
Figura 3 - Sulcos da medula Espinal e meninges
Encéfalo
Assim, entre a medula e as meninges se formam três Tronco Encefálico (TE)
espaços. O epidural ou extradural fica entre o pe- O tronco encefálico interpõe-se entre a medula espi-
riósteo das vértebras e a dura-máter, contém tecido nal e o diencéfalo, ventralmente ao cerebelo. É cons-
adiposo e um grande número de veias. O espaço tituído por corpos de neurônios que se agrupam em
subdural fica entre a dura-máter e a aracnóide-má- núcleos e fibras que se agrupam em tratos, fascículos
ter e contém pequena quantidade de líquido para ou lemniscos os quais formam relevos ou depressões
evitar a aderência das paredes. em sua superfície.
Já o espaço subaracnóideo é o mais importan- Divide-se em bulbo (inferiormente), mesen-
te, pois contém maior quantidade de líquido ce- céfalo (superiormente) e ponte (entre ambos), e
rebrospinal. Vale ressaltar que abaixo da segunda apresenta 10 dos 12 pares de nervos cranianos, sen-
vértebra lombar não há perigo de lesão medular do por isso uma região extremamente importante.
sendo esta área ideal para a introdução de agulhas Todo o texto que segue será escrito a partir das con-
com a finalidade de coletar o líquido cerebrospinal siderações de Afifi e Bergman (2007) e Machado e
para fins terapêuticos ou diagnósticos, para medir Haertel (2014).
188
EDUCAÇÃO FÍSICA
Mesencéfalo
Ponte
Ponte
A ponte se localiza anteriormente ao cerebelo, en-
Mesencéfalo
tre o mesencéfalo e o bulbo. Lembra que a ponte e
Figura 4 - Visão Geral do Troco Encefálico o bulbo são separados pelo sulco bulbo-pontino?
Pois é! Desse sulco emergem, de cada lado a par-
Bulbo tir da linha mediana, os nervos abducente, facial e
O bulbo relaciona-se superiormente com a pon- vestíbulococlear (por isso, tumores nesta área cau-
te (por meio do sulco bulbo-pontino) e, inferior- sam a síndrome do ângulo ponto-cerebelar com
mente, com a medula espinal. Embora não haja muitos sintomas). Além disso, a ponte ajuda a for-
uma demarcação nítida entre bulbo e medula, mar o IV ventrículo.
considera-se que o limite entre eles é um plano Sua base (na região ventral) apresenta estrias
horizontal que passa acima do filamento radicular transversais em virtude de feixes de fibras transver-
mais cranial do primeiro nervo cervical ao nível sais que a percorrem as quais convergem, de cada
do forame magno. lado, para formar o pedúnculo cerebelar médio ou
Sua superfície é percorrida por sulcos contínuos braço da ponte. Esse pedúnculo penetra o cerebelo
aos sulcos da medula. Assim, de cada lado da fissura e é limitado em relação à ponte pela emergência do
mediana anterior existe uma eminência alongada, a nervo trigêmeo.
pirâmide, que é formada por um feixe de fibras ner-
vosas descendentes que ligam as áreas motoras do Mesencéfalo
cérebro aos neurônios motores da medula espinal. O mesencéfalo fica entre a ponte e o cérebro e é
Fibras desse trato cruzam obliquamente o plano me- atravessado em toda a sua extensão por um canal
diano e formam a decussação das pirâmides. Lesões estreito chamado aqueduto do mesencéfalo que
neste trato causam déficit motor contralateral à le- une o III ao IV ventrículo. Nele existe uma área
são. Em contrapartida, na área posterior do bulbo escura (chamada substância negra) que é formada
estão os fascículos grácil e cuneiforme os quais são por neurônios que contém melanina e se relacio-
constituídos por fibras nervosas ascendentes. nam ao movimento. Além disso, dele emerge os
Em relação às funções, o bulbo é um importante nervos oculomotor e troclear, e está relacionado às
centro nervoso, pois se relaciona à função respira- vias auditivas e visuais.
189
ANATOMIA
Ponte
Bulbo
190
EDUCAÇÃO FÍSICA
191
ANATOMIA
192
EDUCAÇÃO FÍSICA
Giro pré-central
Giro pós-central
Sulco central
Sulco lateral
Figura 10 - Telencéfalo (vista lateral). Note os sulco lateral e central, e os giros pré-central e pós-central
Dos cinco lobos cerebrais, quatro recebem sua de- eficiente de encefalização (K). O K aumenta à me-
nominação de acordo com os ossos do crânio com dida que se sobe na escala zoológica, sendo qua-
os quais se relacionam. Assim, são chamados de tro vezes maior no homem do que no chimpanzé.
lobo frontal, temporal, parietal e occipital. Todavia, No homem adulto brasileiro normal, ele pesa em
o quinto lobo situa-se profundamente e não se re- torno de 1300 gramas (1200 gramas na mulher).
laciona diretamente com os ossos do crânio sendo Além disso, saiba que o peso do encéfalo não tem
chamado de lobo da ínsula. Esse lobo, que se rela- relação com o estado cultural ou com a inteligência
ciona a funções autônomas, é o que menos cresce e, do indivíduo (o encéfalo do Einstein, por exemplo,
por isso, é recoberto pelos lobos vizinhos. Tem for- pesava 1230 gramas).
ma cônica e também apresenta sulcos e giros (como Por fim, o maior encéfalo humano registrado
o sulco circular da ínsula, o sulco central da ínsula, pesava 2850 gramas e o seu dono tinha um nível
os giros curtos e o giro longo da ínsula). normal de inteligência (tem bebês que não nascem
Você também precisa saber que o peso do en- com este peso, já pensou?) e se admite que o menor
céfalo depende do peso corporal do indivíduo e da encéfalo compatível com a inteligência normal deve
complexidade do encéfalo que é expressa pelo co- pesar cerca de 900 gramas.
193
ANATOMIA
Especificidades das diversas regiões do encéfalo parietal superior está envolvido na interação do in-
De agora em diante, estudaremos algumas das par- divíduo ao meio ambiente e, por isso, lesões, prin-
ticularidades mais interessantes do encéfalo. Vamos cipalmente, no hemisfério não dominante, causam
começar com aquilo que pode ser estudado na face negligência de partes do corpo. Nele existem dois gi-
súpero-lateral dele. ros, o supramarginal e o angular (ambos envolvidos
O lobo frontal apresenta o sulco pré-central, o na integração de diversas informações sensoriais
sulco frontal superior e sulco frontal inferior. En- quanto à fala e percepção e, por isso, lesões, princi-
tre o sulco central e o sulco pré-central está o giro palmente, no hemisfério dominante, causa distúrbio
pré-central onde se localiza a área motora primá- de compreensão da linguagem e reconhecimento de
ria do cérebro. Acima do sulco frontal superior e objetos). Já o lobo occipital apresenta pequenos sul-
continuando na face medial do cérebro localiza-se cos e giros inconstantes e irregulares.
o giro frontal superior. Entre o sulco frontal supe- Agora, estudaremos os principais aspectos ana-
rior e o inferior está o giro frontal médio e, abaixo, tômicos e funcionais da face medial do encéfalo.
do sulco frontal inferior está o giro frontal inferior Essa face é visível a partir de secção pelo plano sagi-
(este, do lado esquerdo do cérebro, é chamado de tal mediano e expõe o diencéfalo, o corpo caloso, o
giro de Broca e é onde se localiza o centro cortical fórnice e o septo pelúcido. O corpo caloso é a maior
da palavra falada, na maioria dos indivíduos). Já o comissura inter-hemisférica e aparece como uma lâ-
giro frontal superior e o médio estão relacionados mina branca arqueada. Ele é formado por um gran-
à cognição, ao raciocínio lógico e matemático, e à de número de fibras mielínicas que cruzam o plano
memória recente. mediano e penetram de cada lado no centro branco
O lobo temporal apresenta dois sulcos princi- medular do cérebro unindo áreas simétricas do cór-
pais: o temporal superior e o sulco temporal infe- tex cerebral de cada hemisfério. O fórnice emerge
rior. Entre o sulco lateral e o temporal superior está abaixo do corpo caloso e entre ele e o corpo caloso
o giro temporal superior onde está a área de Werni- estende-se o septo pelúcido que separa os dois ven-
cke envolvida na compreensão da linguagem falada. trículos laterais. Esse septo é constituído por duas
Entre o sulco temporal superior e o inferior está o delgadas lâminas de tecido nervoso que delimitam a
giro temporal médio. Abaixo do sulco temporal in- cavidade do septo pelúcido.
ferior localiza-se o giro temporal inferior (este está Ainda na face medial, podemos identificar dois
envolvido na percepção visual de cor e forma). Além sulcos que passam do lobo frontal para o parietal, o
disso, afastando-se os lábios do sulco lateral, apare- sulco do corpo caloso (que contorna o corpo caloso)
cem pequenos giros transversais dos quais o mais e o sulco do cíngulo (que é paralelo ao sulco do cor-
evidente e importante é o giro temporal transverso po caloso). Entre esses sulcos está o giro do cíngulo,
anterior, pois nele se localiza o centro cortical da au- que faz parte do sistema límbico e, por isso, afeta o
dição ou área acústica primária. funcionamento visceral, as emoções e o comporta-
O lobo parietal apresenta dois sulcos principais, mento. Além disso, o lobo occipital apresenta dois
o sulco pós-central e o sulco intraparietal (este sepa- sulcos importantes: o parietoccipital e o calcarino
ra o lóbulo parietal superior do inferior). O lóbulo entre os quais se situa um giro triangular chamado
194
EDUCAÇÃO FÍSICA
cúneo. Nas bordas do sulco calcarino está localizada É bem provável que você já ouviu falar desse lí-
a área visual primária. quido. Por exemplo, você já deve ter ouvido falar de
Por fim, na face inferior do encéfalo, o lobo fron- alguém que tenha tido que tirar um pouco dele para
tal apresenta apenas o sulco olfatório, medialmente saber se está com meningite ou já ouviu falar de al-
o qual se situa o giro reto (relacionado ao olfato) e guém que perdeu este líquido ao tomar uma anes-
lateralmente ao qual se situam os giros orbitários. Já tesia raquidiana e, por isso, teve dor de cabeça. Mas
o lobo temporal apresenta os sulcos occipito-tempo- você já parou para pensar para que ele serve e do que
ral, colateral e sulco do hipocampo. ele é composto?
O líquido cerebrospinal (ou líquor) é um fluido
Ventrículos encefálicos e líquido cerebrospinal aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnoideo
Por várias vezes, nesta unidade, falamos sobre ven- e os ventrículos. Ele dá proteção mecânica forman-
trículos e usamos os termos “III ventrículo”, “IV do um coxim líquido entre o sistema nervoso cen-
ventrículo” e “ventrículos laterais”. Mas você sabe o tral e os ossos reduzindo o risco de traumatismo.
que é um ventrículo? Além disso, como o espaço subaracnoideo envolve
Ventrículos são cavidades que existem dentro do todo o sistema nervoso central, este fica totalmente
nosso encéfalo. Temos quatro deles. Os ventrículos submerso no líquor de forma que se torna mais leve.
laterais (direito e esquerdo) são as cavidades dos he- Permite, por exemplo, que o encéfalo flutue impe-
misférios cerebrais. O III ventrículo é a cavidade do dindo que seu peso comprima as raízes dos nervos
diencéfalo e o IV ventrículo é a cavidade do rom- cranianos e os vasos sanguíneos contra a superfície
bencéfalo (fica entre o bulbo, a ponte e o cerebelo). interna do crânio.
Eles produzem líquido cerebrospinal, mas como Ele é ativamente formado pelos plexos coroides
os ventrículos laterais são maiores, eles produzem dos ventrículos, mas sua circulação é extremamente
maior quantidade deste líquido. No entanto, eles lenta sendo auxiliada pelo fato de sua produção ser
se comunicam entre si por meio de “ductos” e este em uma extremidade e sua absorção em outra. Além
líquido vai escoando e circulando. Por exemplo, o disso, a pulsação das artérias intracranianas a cada
líquido cerebrospinal deixa os ventrículos laterais e sístole aumenta a pressão liquórica empurrando-o
chega ao III ventrículo pelo forame interventricular. por meio das granulações aracnóideas. Seu volume
Depois, sai do III ventrículo e passa ao IV ventrí- total é de 400 a 500 ml/dia, renovando-se completa-
culo por meio do aqueduto do mesencéfalo. Do IV mente a cada oito horas.
ventrículo ele é drenado para o espaço subaracnoi- Algumas doenças podem interferir em sua pro-
deo por meio das aberturas laterais e da abertura dução, circulação e/ou absorção causando hidroce-
mediana do IV ventrículo. Por fim, o líquido sobe falia que se caracteriza por aumento da quantidade e
até a parte superior do encéfalo, é absorvido pelas da pressão do líquor levando a dilatação dos ventrí-
granulações aracnoideas e é drenado para as veias culos e à compressão do tecido nervoso com graves
que drenam o encéfalo. Dessa forma, o líquido se consequências. Essa doença pode ser corrigida por
mistura ao sangue e sofre os mesmos processos de meio de um procedimento cirúrgico que drena o lí-
filtragem que ele. quor por meio de um cateter desde os ventrículos
195
ANATOMIA
cerebrais até a veia jugular interna, ou ao átrio direi- interna). As de associação unem áreas corticais si-
to ou à cavidade peritoneal. tuadas em pontos diferentes (são o corpo caloso, a
Vale lembrar que o aumento do volume de qual- comissura do fórnice e a comissura anterior).
quer componente da cavidade craniana (por tumor,
hematoma ou hidrocefalia, por exemplo) causa au-
mento da pressão intracraniana podendo causar a
protrusão de tecido nervoso e graves sintomas como
perda de consciência, coma profundo ou morte por
lesão dos centros respiratório e vasomotor.
Núcleos da base
Já vimos que o encéfalo apresenta uma camada su-
perficial de substância cinzenta (o córtex cerebral)
que reveste um centro de substância branca (o cen-
tro branco medular do cérebro). No interior desse
centro existem massas de substância cinzenta cha-
madas de núcleos da base do cérebro os quais atuam,
principalmente, sobre o controle do movimento,
embora, tenham funções não motoras (como sele-
ção de informação sensitiva para o controle motor, Figura 11 - Núcleos da Base e Centro Branco Medular do Cérebro
196
EDUCAÇÃO FÍSICA
197
ANATOMIA
As veias do encéfalo não acompanham as arté- venoso superficial e profundo os quais se comuni-
rias, são maiores e mais calibrosas, têm paredes mui- cam por anastomoses e desembocam na veia jugular
to finas, não têm válvulas e são praticamente despro- interna a qual por sua vez, desemboca na veia sub-
vidas de musculatura. Elas se dispõem em sistema clávia e, posteriormente, no átrio direito do coração.
SAIBA MAIS
Na base do encéfalo existem várias artérias que, em conjunto, constituem o círculo arterial do encéfalo
(popularmente conhecido como polígono ou círculo de Willis, em homenagem ao médico inglês Tho-
mas Willis que o estudou). Esse círculo permite a troca de sangue entre as artérias que irrigam a região
anterior e posterior do encéfalo, em situações de emergência. Leia mais sobre o assunto no artigo
“Variações anatômicas na porção posterior do polígono de Willis” de Peixoto et al. (2015).
198
EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema Nervoso
Periférico (SNP)
FUNÇÃO DO SISTEMA NERVOSO PERI- Terminações nervosas
FÉRICO As terminações nervosas são originadas a partir das
ramificações das extremidades das fibras nervosas
Moore et al. (2014) afirmam que, de maneira geral, dos nervos. Elas podem ser sensitivas ou aferentes
o sistema nervoso periférico é responsável por con- (chamadas de receptores), e motoras ou eferentes
duzir os estímulos da periferia do corpo ao sistema (chamadas de junção neuroefetora). Os receptores,
nervoso central e por levar os comandos prove- quando estimulados por uma forma adequada de
nientes do sistema nervoso central aos órgãos efe- energia (calor, luz, pressão etc.), originam um im-
tores (os quais são representados pelos músculos e pulso nervoso que segue até atingir o sistema ner-
pelas glândulas). voso central e ser interpretado por áreas cerebrais
próprias (como o giro pós-central ou área 3, 2, 1
ESTRUTURAS DO SISTEMA NERVOSO PE- de Brodmann). As terminações nervosas motoras
RIFÉRICO trazem as ordens do sistema nervoso central até os
órgãos efetores desencadeando contração muscu-
O sistema nervoso periférico é formado por corpos lar ou secreção glandular.
celulares e fibras nervosas localizadas fora do sis- Os receptores podem ser classificados como
tema nervoso central que conduzem impulsos que especiais ou gerais. Os especiais são mais comple-
chegam ou saem do sistema nervoso central. De xos, pois estão ligados a um neuroepitélio (como
acordo com Miranda Neto e Chopard (2014), ele retina e o órgão de Corti) e assim, fazem parte dos
é organizado em 4 estruturas principais: a) nervos órgãos especiais dos sentidos (visão, audição, equi-
espinais e b) nervos cranianos que unem a parte líbrio, olfato e gustação). Os receptores gerais são
central do sistema nervoso às estruturas periféri- mais simples, estão espalhados por todo o corpo
cas do corpo), c) terminações nervosas que são es- (principalmente na pele) e podem ser livres ou en-
truturas especializadas em captar os estímulos da capsulados conforme tenham ou não uma cápsula
periferia do corpo e d) gânglios espinais ou autô- de tecido conjuntivo.
nomos que são constituídos por um conjunto de Os receptores gerais livres não têm uma cápsula
corpos celulares. Todo o texto que segue será es- de tecido conjuntivo que os envolva. São mais abun-
crito a partir das considerações de Afifi e Bergman dantes, ramificam-se na pele sendo que alguns estão
(2007) e Machado e Haertel (2014). relacionados ao tato (enrolam-se nos folículos pilo-
199
ANATOMIA
sos) e outros estão relacionados à sensibilidade tér- O FNM é um receptor proprioceptivo composto
mica e dolorosa. Os receptores gerais encapsulados por feixes de fibras musculares modificadas (as fibras
são mais complexos, pois ocorre uma intensa ramifi- intrafusais) contidas em uma cápsula fibrosa. Está
cação da extremidade do axônio no interior de uma disposto paralelamente às fibras musculares extra-
cápsula de tecido conjuntivo. fusais e se liga ao tendão do músculo. Ele responde
às variações no comprimento das fibras musculares
(estiramento ou contração). Ele é importante para
a manutenção do tônus muscular e para o reflexo
miotático o qual pode ser desencadeado artificial-
mente, por exemplo, na região patelar.
O OTG também é um receptor sensorial pro-
prioceptivo, mas fica localizado na inserção da fibra
muscular com o tendão do músculo esquelético (na
junção músculo-tendão). Ele permite ao sistema
nervoso central avaliar a força que o músculo está
exercendo e é muito sensível à alteração na tensão
do músculo, ao contrário do FNM que é mais sensí-
vel à alteração do comprimento muscular. Esses re-
ceptores serão melhor vistos no seu segundo ano de
graduação quando a relação sistema nervoso-movi-
mento for estudada.
Os receptores podem ser classificados de acor-
do com o tipo de estímulo que os ativa. Assim,
Figura 14 - Tipos de Receptores quimiorreceptores são ativados por estímulos quí-
micos como, por exemplo, os do olfato, gustação
São exemplos de receptores gerais encapsulados ao ór- e da artéria carótida; os osmorreceptores detectam
gão tendinoso de Golgi (OTG), o fuso neuromuscular variações na pressão osmótica; os fotorreceptores
(FNM) e os corpúsculos sensitivos da pele. Esses cor- são ativados por estímulos luminosos (como os co-
púsculos incluem o corpúsculo de Meissner (presente nes e bastonetes da retina); os termorreceptores são
principalmente na pele espessa das mãos e pés, atuam ativados por estímulos térmicos (como as termina-
como receptores de tato e pressão), o de Ruffini (tam- ções nervosas livres); os nociceptores são ativados
bém atuam como receptores de tato e pressão e está por estímulos nocivos (como as terminações ner-
presente principalmente na pele espessa das mãos e vosas livres); os mecanorreceptores são ativados
pés e parte pilosa do resto do corpo) e de Vater-Pacci- por estímulos mecânicos (como ocorre na audição,
ni (presente principalmente no tecido subcutâneo das equilíbrio, tato, pressão, vibração, nos barorrecep-
mãos e pés, septos intermusculares e periósteo atuan- tores da carótida, OTG e FNM).
do como receptores de sensibilidade vibratória).
200
EDUCAÇÃO FÍSICA
Além disso, os receptores também podem ser do esquelético formando a placa motora onde mui-
classificados de acordo com o local onde estão. tas vesículas sinápticas liberam o neurotransmissor
Assim, ínteroceptores ou vísceroceptores estão acetilcolina. As viscerais terminam no músculo liso,
localizados nas vísceras e nos vasos. Permitem estriado cardíaco ou nas glândulas e pertencem ao
sensações viscerais pouco localizadas como fome, sistema nervoso autônomo. Seu neurotransmissor
prazer sexual, sede e dor visceral. Os exterocep- pode ser a acetilcolina ou a noradrenalina.
tores estão na superfície externa do corpo e são
ativados pelo calor, frio, tato, pressão, luz e som. Gânglios
Já os proprioceptores estão nos músculos, tendões, Os gânglios são estruturas formadas por um con-
ligamentos e cápsulas articulares. Seus impulsos junto de corpos de neurônios localizados fora do
podem ser conscientes (como localizar partes do sistema nervoso central (se estivesse no sistema
corpo de olhos fechados) ou inconscientes (quan- nervoso central seria chamado de núcleo, lem-
do o cerebelo participa). bra?). Tais corpos neuronais são recobertos por
A terminação nervosa motora pode ser somática pequenas células chamadas células satélites as
ou visceral. A somática termina no músculo estria- quais os protegem.
Gânglio espinal
Figura 15 - Gânglios
201
ANATOMIA
Podem ser espinais ou autônomos. Os gânglios es- Os nervos são muito fortes, pois suas fibras
pinais são constituídos por um conjunto de neurô- nervosas são sustentadas e protegidas por três
nios sensitivos, do tipo pseudounipolares e estão membranas de tecido conjuntivo, as quais são mais
ligados à raiz dorsal do nervo espinal. Os gânglios espessas em nervos superficiais: o endoneuro en-
autônomos pertencem ao sistema nervoso autôno- volve cada fibra nervosa; o perineuro envolve um
mo e podem ser constituídos por corpos de neurô- fascículo de fibras nervosas; o epineuro circunda
nios simpáticos (gânglios simpáticos) e parassim- um feixe de fascículos, emite septos para seu in-
páticos (gânglios parasimpáticos). Enquanto os terior e tem tecido adiposo, vasos linfáticos e san-
gânglios simpáticos estão localizados predominan- guíneos. Eles têm uma origem real (onde estão os
temente na cavidade torácica e na abdominal, os corpos dos neurônios que o formam) e uma origem
gânglios parasimpáticos estão localizados princi- aparente (de onde eles emergem e são vistos). Al-
palmente no interior de órgãos e, por isso, são tam- guns autores também consideram uma origem apa-
bém denominados gânglios intramurais. rente no esqueleto.
A velocidade de condução do impulso nervo-
Nervos so varia de 1 a 120 m/s dependendo do calibre da
Nervos são cordões esbranquiçados formados por fibra nervosa. Fibras A presente nos nervos mistos
feixes de fibras nervosas e tecido conjuntivo fora do têm grande calibre, são mielinizadas e subdivididas
sistema nervoso central. Eles unem o sistema nervo- em α, β e g. Fibras B são pré-ganglionares do SNA e
so central aos órgãos periféricos de forma que sua têm médio calibre. Fibras C são pós-ganglionares do
função é conduzir impulsos nervosos do sistema SNA e têm pequeno calibre. Podem ser espinais ou
nervoso central à periferia do corpo (impulsos efe- cranianos conforme estejam ligados à medula espi-
rentes) e da periferia do corpo ao sistema nervoso nal ou ao encéfalo.
central (impulsos aferentes).
Alguns nervos são formados apenas por fibras Nervos cranianos
nervosas sensitivas (nervos sensitivos), outros por Existem 12 pares de nervos cranianos nominados in-
fibras nervosas motoras (nervos motores) e outros dividualmente e enumerados por algarismo romano
podem ter fibras nervosas sensitivas e motoras (ner- (de I a XII). Eles têm conexão com o encéfalo e saem
vos mistos). Geralmente nervos motores são pro- da cavidade craniana através de forames no crânio.
fundos e os sensitivos são superficiais. A maioria se conecta ao tronco encefálico (apenas os
Além disso, em um mesmo nervo podem existir nervos olfatório e óptico ligam-se, respectivamente
fibras inativas, pois elas têm funcionamento inde- ao telencéfalo e ao diencéfalo, e o nervo acessório se
pendente. Assim, eles podem se bifurcar ou se anas- origina na parte superior da medula). As fibras dos
tomosar por rearranjos de suas fibras e, próximo à nervos cranianos se unem centralmente aos núcleos
sua terminação, ramificam-se muito. São muito vas- dos nervos cranianos e sua classificação funcional
cularizados, mas são quase desprovidos de sensibi- está apresentada a seguir.
lidade (estímulos dolorosos causam dor no trajeto
do nervo e não no ponto onde foi feito o estímulo).
202
EDUCAÇÃO FÍSICA
Somáticas
Fibras aferentes
Viscerais
Viscerais
Os nervos olfatório (I par) e óptico (II par) são clas- O nervo trigêmeo (V par) é o maior nervo crania-
sificados como sensitivos, pois são responsáveis res- no. Ele emerge da face lateral da ponte por uma gran-
pectivamente, pelo olfato e pela visão. Já os nervos de raiz sensitiva e uma pequena raiz motora. Os pro-
oculomotor (III par), troclear (IV par) e abducente cessos periféricos dos neurônios sensitivos formam
(VI par) são classificados como motores, pois são três nervos: o oftálmico, o maxilar e o componente
responsáveis pelos movimentos dos músculos ex- sensitivo do nervo mandibular. As fibras da raiz mo-
trínsecos do bulbo do olho. tora são distribuídas por meio do nervo mandibular
203
ANATOMIA
fundindo-se com suas fibras (por isso é um nervo O nervo facial (VII par) emerge do sulco bul-
misto). De maneira geral, ele é responsável pela sen- bopontino como duas divisões, o nervo facial pro-
sibilidade exteroceptiva (temperatura, dor, pressão e priamente dito (raiz motora) e o nervo intermédio
tato) de grande parte da cabeça (face, dentes, boca, (raiz sensitiva e visceral que conduz fibras sensitivas
cavidade nasal e dura-máter craniana), sensibilidade somáticas, parassimpáticas e do paladar). Ele atra-
exteroceptiva e proprioceptiva dos músculos masti- vessa o forame estilomastoideo e a glândula paróti-
gatórios e da articulação temporomandibular. da, dá origem ao nervo petroso maior, nervo para o
Além disso, inerva movimentos mastigatórios, músculo estapédio, nervo corda do tímpano e ramo
milo-hioideo, ventre anterior do digástrico, tensor auricular posterior.
do véu palatino e tensor do tímpano. Assim, devido Na glândula parótida, ele forma o plexo intra-
sua vasta área de inervação, a nevralgia ou neuralgia parotídeo e dá origem aos cinco ramos motores
do trigêmeo é um distúrbio neuropático que causa terminais: temporal, zigomático, bucal, marginal da
episódios de dor intensa no couro cabeludo, man- mandíbula e cervical os quais inervam músculos da
díbula, fronte, olhos, nariz e lábios. Pode ser trata- expressão facial, da orelha, ventre posterior do digás-
da por termocoagulação controlada (procedimento trico, estilo-hioideo e músculo estapédio. Além disso,
que destrói parcialmente suas fibras nervosas). ele envia fibras para o gânglio pterigopalatino (para
O nervo oftálmico é exclusivamente sensitivo e inervar glândulas lacrimais) e para o gânglio sub-
seus principais ramos são os nervos frontal, nasoci- mandibular (para inervar as glândulas salivares su-
liar e lacrimal (os quais inervam regiões correspon- blingual e submandibular). Adicionalmente dá sensi-
dentes). O nervo maxilar sai da cavidade craniana bilidade gustativa dos dois terços anteriores da língua
pelo forame redondo é exclusivamente sensitivo e a e do palato mole e supre uma pequena área de pele da
região da maxila. Seus principais ramos são os ner- concha da orelha, perto do meato acústico externo.
vos infraorbital, alveolar superior anterior, médio e O nervo vestibulococlear (VIII par) é respon-
posterior, nasopalatino, palatino maior e palatinos sável pelo equilíbrio, orientação espacial e audição.
menores. O gânglio pterigopalatino está associado a Sua lesão pode causar enjoo, alteração de equilíbrio,
essa divisão do trigêmeo. nistagmo, vertigem e hipoacusia. Emerge do sulco
O nervo mandibular passa pelo forame oval e bulbopontino, entra no meato acústico interno e se
é considerado misto, pois, a raiz motora do trigê- divide nos nervos vestibular e coclear. Enquanto o
meo acompanha suas fibras sensitivas. Seus princi- nervo vestibular é sensível à aceleração linear e à
pais ramos incluem nervos sensitivos (como o lin- aceleração rotacional em relação à posição da cabe-
gual, alveolar inferior, mentual e aurículotemporal) ça, o nervo coclear está relacionado à audição.
e nervos motores (como os temporais profundos, O nervo glossofaríngeo (IX par) é misto, emerge
pterigoideos medial e lateral, bucal, massetérico e da face lateral do bulbo e deixa o crânio através do
milo-hioideo). Dois gânglios parassimpáticos rela- forame jugular. Ele permite movimento para o mús-
cionados à inervação das glândulas salivares, o ótico culo estilofaríngeo e emite alguns seguintes ramos
e o submandibular, estão associados a essa divisão sensitivos como o nervo timpânico, nervo do seio
do nervo trigêmeo. carótico, nervo faríngeo, tonsilar e lingual.
204
EDUCAÇÃO FÍSICA
205
ANATOMIA
Medula espinal
206
EDUCAÇÃO FÍSICA
Próximo do forame intervertebral, as raízes ventral O plexo braquial é formado pelos ramos ven-
(motora) e dorsal (sensitiva) se unem para formar o trais dos quatro últimos nervos cervicais e do
tronco do nervo espinal que funcionalmente é misto primeiro nervo torácico. Estende-se inferior e
e tem componentes somáticos e viscerais. O tronco lateralmente, passa abaixo da clavícula, entra na
sai do canal vertebral pelos forames intervertebrais região axilar e desce pelo membro superior. Já o
e se divide em um ramo dorsal e outro ventral (am- plexo lombar situa-se próximo ao músculo psoas
bos mistos). O ramo dorsal, geralmente menor do maior, ao lado da coluna vertebral. É formado pe-
que o ventral, dirige-se posteriormente à pele, aos los ramos ventrais dos três primeiros nervos lom-
músculos da região occipital, nuca, região dorsal do bares, pela maior parte do quarto nervo lombar
tronco e articulações sinoviais da coluna vertebral. (L1 a L4) e um ramo anastomótico de T12. Emite
São separados uns dos outros e não formam plexos vários nervos que se destinam aos músculos ab-
nervosos (são unissegmentares). dominais, regiões inguinal e púbica, e membros
Em contrapartida, o ramo ventral (que é pratica- inferiores.
mente a continuação do tronco do nervo espinal) se Por fim, o plexo sacral é formado pelo ramo
distribui à pele, músculos, ossos, articulações e vasos anastomótico de L4 unido a L5, pelos ramos ven-
da região ântero-lateral do pescoço, ao tronco e aos trais do primeiro ao terceiro nervos sacrais e parte
membros. Na região torácica tem trajeto paralelo às do quarto, e o restante do quinto nervo sacral unin-
costelas (são unissegmentares), mas em outras regiões do-se ao plexo coccígeo. Ele inerva as vísceras pél-
se anastomosam e formam plexos plurissegmentares vicas e o membro inferior, e emite seu ramo termi-
(com fibras de mais de um segmento medular). Os nal, o nervo isquiático. Esse nervo (popularmente
principais plexos formados são o cervical, braquial, conhecido como nervo ciático) é o mais calibroso
lombar e sacral (todos pares). No entanto, também é e longo do corpo humano (suas fibras descem até
descrito o plexo coccígeo que é uma pequena rede de os dedos dos pés). Ele não supre estruturas da re-
fibras nervosas formada pelos ramos anteriores de S4 e gião glútea, mas os músculos posteriores da coxa,
S5 e os nervos coccígeos. Ele supre a articulação sacro- todos os músculos da perna e do pé, e a pele da
coccígea, o músculo coccígeo e parte do levantador do maior parte da perna e do pé. Envia ramos articula-
ânus. Os nervos anococcígeos originados dele suprem res para todas as articulações do membro inferior.
uma pequena área de pele entre o cóccix e o ânus. Além dele, o plexo sacral emite vários outros ner-
Resumidamente, o plexo cervical é formado pe- vos (como os glúteos superior e inferior, o nervo
los ramos ventrais dos quatro primeiros nervos cer- pudendo, os nervos para os músculos obturatório
vicais. Inerva pele e músculos da cabeça, pescoço, interno e gêmeo superior, para o músculo pirifor-
ombro e tórax e tem um ramo de cada lado, o nervo me, para o quadríceps da coxa e gêmeo inferior e
frênico, que inerva o músculo diafragma. Alguns de esfíncter externo do ânus, o nervo cutâneo poste-
seus ramos se interconectam com alguns nervos cra- rior da coxa, o nervo cutâneo femoral posterior e
nianos (X, XI e XII pares). nervo para o músculo quadrado femoral).
207
ANATOMIA
LESÃO NERVOSA
208
EDUCAÇÃO FÍSICA
Sistema Nervoso
Autônomo (SNA)
Você se lembra que o sistema nervoso pode ser nos órgãos) e vão até o sistema nervoso central.
classificado de várias maneiras como, por exem- Esses neurônios sensitivos têm seus corpos nos
plo, de acordo com critérios anatômicos, embrio- gânglios sensitivos localizados ao lado da colu-
lógicos, segmentares e funcionais? Pois bem! A na vertebral. Já as vias motora do sistema nervo-
classificação anatômica (que estuda o sistema ner- so visceral levam as ordens dos centros nervosos
voso central e periférico) nós vimos no início desta para o músculo liso, para o músculo estriado car-
unidade. A classificação embriológica e segmentar díaco, para glândulas ou para os adipócitos possi-
nós só estudaremos no segundo ano da sua gra- bilitando ações involuntárias, como o batimento
duação quando uma abordagem mais pormenori- cardíaco, os movimentos peristálticos ou a secre-
zada sobre este sistema for feita. Já a classificação ção glandular.
funcional, divide o sistema nervoso em somático Tudo isso, nós já tínhamos estudado no início
(ou de vida de relação) e sistema nervoso visce- desta unidade. Não é novidade! Todavia, você sabe o
ral (ou de vida vegetativa). Estudaremos sistema que realmente é o sistema nervoso autônomo? Em-
nervoso autônomo de acordo as proposições de bora, eu creia que você já tenha ouvido falar dele, a
Miranda Neto e Chopard (2014), Moore e et al. maioria das pessoas faz uma certa confusão. Vamos
(2014) e Watanabe e Erhart (2009). entender, pois é bem fácil!
O sistema nervoso somático faz com que o or- O SNA nada mais é do que a via eferente do sis-
ganismo se relacione com o meio em que vive e, tema nervoso visceral. Assim, pode ser entendido
por isso, apresenta vias sensitivas e motoras. As como o conjunto de neurônios centrais e periféricos
vias sensitivas iniciam nos exteroceptores (recep- responsáveis pela inervação motora das vísceras, ou
tores sensitivos localizados na parte externa do seja, do músculo liso, do músculo estriado cardíaco
corpo) e levam informações da periferia do corpo e das glândulas. Ele é dividido em parte simpática,
ao sistema nervoso central. Já as vias motoras tra- parassimpática e sistema nervoso entérico. A via
zem os comandos do sistema nervoso central ao eferente da parte simpática e parassimpática apre-
músculo estriado esquelético possibilitando o mo- senta apenas dois neurônios, sendo que um deles
vimento voluntário. tem o corpo no sistema nervoso central (chamado
Por outro lado, no sistema nervoso visceral de neurônio pré-ganglionar), e o outro tem o corpo
as vias sensitivas iniciam nos ínteroceptores ou celular localizado em gânglios motores pertencentes
vísceroceptores (receptores sensitivos localizados ao sistema nervoso periférico.
209
ANATOMIA
A parte parassimpática é considerada cranios- mo, fechamento dos esfíncteres do tubo digestório,
sacral, pois seus neurônios pré-ganglionares locali- estimulação da secreção da glândula suprarrenal,
zam-se em núcleos do tronco encefálico, anexos aos aumento da contração da musculatura lisa do siste-
nervos cranianos (III, VII, IX e X pares) e na coluna ma genital masculino e feminino, e pela ejaculação.
lateral da substância cinzenta dos segmentos sacrais Vale ressaltar que o tabagismo e as diversas si-
da medula espinal (S1 a S4). Suas fibras pré-ganglio- tuações de estresse emocional (raiva, medo e ansie-
nares geralmente são muito longas e fazem sinapse dade) provocam grande estimulação do SNA sim-
com os neurônios pós-ganglionares integrantes dos pático predispondo à elevação da pressão arterial,
gânglios motores viscerais, localizados próximos ou impotência sexual e distúrbios do sistema digestório.
dentro das vísceras. Quando estimulados fazem as Por isso, quando sofremos um grande estresse emo-
glândulas lacrimais e salivares secretarem e causam cional (por exemplo, se uma pessoa bate em nosso
constrição da pupila e dos brônquios, acomodação carro ou recebemos uma notícia muito perturbado-
visual, bradicardia, ativação dos movimentos peris- ra), sentimos taquicardia, “frio na barriga”, dor no
tálticos, relaxamento dos esfíncteres do tubo diges- estômago, alterações na respiração e tantos outros
tório, estimulação da secreção das glândulas anexas sinais de ativação do SNA simpático. Se estes estí-
dos genitais e ereção. mulos forem persistentes ou frequentes, pode haver
Em contrapartida, a parte simpática é conside- sobrecarga em vários órgãos, inclusive no coração.
rada toracolombar, pois seus neurônios pré-ganglio- Portanto, tal fato é extremamente maléfico.
nares estão localizados nos segmentos torácicos (T1 Para finalizar o SNA simpático e parassimpáti-
a T12) e lombares (L1 a L5) da medula espinal. Suas fi- co, é importante pontuar que os neurônios centrais
bras pré-ganglionares geralmente são curtas e fazem do SNA constituem núcleos viscerais na medula
sinapse com neurônios pós-ganglionares localizados espinal e tronco encefálico, os quais são subordina-
em gânglios simpáticos vertebrais e pré-vertebrais. dos a centros superiores do diencéfalo, do cerebelo
Suas fibras pós-ganglionares, geralmente são longas e do córtex cerebral. Adicionalmente, os gânglios
e estendem-se até os órgãos efetores. O simpático é vertebrais dispõem-se ao lado da coluna vertebral,
responsável pela constrição dos vasos sanguíneos, são unidos entre si por feixes nervosos e formam o
dilatação da pupila, secreção das glândulas sudorí- tronco simpático (direito e esquerdo) que se ligam
paras, ereção dos pelos, aumento do ritmo cardíaco, aos nervos espinais através dos ramos comunican-
dilatação dos brônquios, diminuição do peristaltis- tes brancos e cinzentos.
210
EDUCAÇÃO FÍSICA
CHOPARD, 2014).
211
ANATOMIA
Sistema
Endócrino
GENERALIDADES
Todos nós já ouvimos falar que os hormônio são progesterona e gonadotropina, e o timo age sobre o
essenciais para o funcionamento do nosso corpo e metabolismo estimulando o crescimento corpóreo e
que se eles estiverem em alta ou baixa concentração, secreta hormônios relacionados à imunidade (vale
muitas disfunções podem aparecer. Por isso, um tu- mencionar que o mecanismo de sua ação ainda não
mor hipofisário, por exemplo, pode ser tão danoso é totalmente esclarecido). Ele fica atrás do osso es-
quanto um tumor encefálico. Vamos compreender terno, entre os pulmões (na porção superior do me-
melhor este sistema tão importante que atua em si- diastino) e é bem desenvolvido na primeira idade
nergia ao sistema nervoso. Para isso, faremos um sofrendo atrofia após a puberdade.
estudo do sistema endócrino de acordo as proposi-
ções de Miranda Neto e Chopard (2014), Moore et
al. (2014) e Watanabe e Erhart (2009).
Em primeiro lugar, você precisa ter claro que
o sistema endócrino é composto por glândulas en-
dócrinas macroscópicas. Essas glândulas não pos-
suem canais excretores, mas lançam seus produtos
(os hormônios) na corrente sanguínea fazendo com
que eles sejam distribuídos, em pouco tempo, para
todo o corpo. Assim, tais glândulas são considera-
das glândulas de secreção interna (são diferentes das
glândulas exócrinas que secretam para fora da cor-
rente sanguínea, como as glândulas lacrimais, sali-
vares, sudoríparas e sebáceas).
No corpo humano participam do sistema endó-
crino a glândula hipófise, a tireoide, as paratireoides,
as suprarrenais, a pineal e as porções endócrinas do
pâncreas e das gônadas. Todavia, a placenta e o timo
também podem ser incluídos dentre os órgãos deste
sistema. Isto, porque, a placenta produz estrógeno, Figura 22 - Estruturas Gerais do Sistema Endócrino
212
EDUCAÇÃO FÍSICA
Além desses órgãos, existem também inúmeras podem surgir pelo aumento ou diminuição de al-
glândulas endócrinas microscópicas representadas guns hormônios e as principais correlações com o
por células secretoras de hormônios isoladas ou exercício físico.
organizadas em pequenos agregados. Elas se distri-
buem por todo o corpo, por exemplo, na mucosa do PRINCIPAIS GLÂNDULAS DO SISTEMA
trato gastrointestinal. Alguns autores denominam ENDÓCRINO E SEUS HORMÔNIOS
estas glândulas endócrinas microscópicas de “siste- Glândula hipófise
ma neuroendócrino difuso”.
Os hormônios produzidos pelas glândulas en- A glândula hipófise é uma pequena glândula com
dócrinas são frequentemente considerados como cerca de 1 cm de diâmetro e 1 grama de peso. Ela
mensageiros químicos e participam da regulação de é encontrada na fossa hipofisial do osso esfenoide e
muitas atividades do organismo, atuando tanto no está ligada ao hipotálamo por meio do infundíbulo.
meio intra quanto extracelular. Assim, participam A íntima relação entre o sistema endócrino e o ner-
da regulação e integração corpórea num papel regu- voso pode ser vista ao constatar que quase todas as
lador muito semelhante ao do sistema nervoso. secreções da glândula hipófise são controladas por
Quando os hormônios agem sobre as células de sinais hormonais ou nervosos provenientes do hipo-
um grande número de órgãos, diz-se que há uma tálamo o qual recebe sinais de quase todas as regiões
regulação geral. Isso ocorre com a adrenalina, por do sistema nervoso.
exemplo, a qual quando liberada pelas glândulas su- Essa glândula pode ser dividida em lobo anterior
prarrenais sob situação de estresse, causa efeitos em (ou adeno-hipófise) e lobo posterior (ou neuro-hi-
praticamente todos os órgãos do corpo. Todavia, a pófise). A adeno-hipófise tem natureza glandular e
ação de um hormônio também pode ser bem espe- é controlada por hormônios hipotalâmicos de libe-
cífica afetando as células de um órgão em particular, ração ou de inibição (secretados pelo próprio hipo-
como é o caso do hormônio antidiurético liberado tálamo e transportados para a adeno-hipófise por
pela neuro-hipófise para aumentar a absorção de pequenos vasos sanguíneos). A neuro-hipófise tem
água nos néfrons. natureza nervosa, pois é controlada por sinais ner-
Alguns hormônios são esteroides derivados do vosos que partem do hipotálamo.
colesterol (como o cortisol), outros são proteicos Os hormônios da adeno-hipófise atuam nas fun-
(como a prolactina) e outros são derivados de ami- ções metabólicas do corpo. São eles o hormônio de
noácidos (como a epinefrina). Eles podem agir na crescimento (ou popularmente conhecido pela sigla
célula de várias maneiras (modificando a permeabi- GH), a corticotropina, a tireotropina, a prolactina, o
lidade da membrana, agindo sobre segundos men- hormônio folículo estimulante e o hormônio lutei-
sageiros, influenciando o material genético, agindo nizante. O hormônio de crescimento afeta a síntese
sobre enzimas etc.). de proteína e causa multiplicação e diferenciação ce-
Isso posto, vamos, a seguir, abordar as principais lular. A corticotropina controla a secreção de alguns
glândulas do sistema endócrino e seus hormônios. hormônios do córtex da glândula suprarrenal os
Também mencionaremos algumas disfunções que quais afetam o metabolismo da glicose, de proteínas
213
ANATOMIA
214
EDUCAÇÃO FÍSICA
A disfunção dessa glândula pode ser extrema- A melatonina é produzida a partir do aminoácido
mente maléfica levando inclusive o indivíduo a óbito. triptofano e está relacionada a quase todos os pro-
De igual modo, alterações na produção e liberação cessos fisiológicos do corpo, pois causa sono e regu-
de seus hormônios pode ser bastante prejudicial. É o la o ciclo sono-vigília. Assim, ela atua nos relógios
caso, por exemplo, do hipertireoidismo ou do hipo- circadianos (aqueles que ocorrem durante o dia) e
tireoidismo que resultam de anormalidades no hor- ajuda a modular os circuitos do tronco encefálico.
mônio do crescimento. Além disso, pode-se afirmar Segundo Miranda Neto e Chopard (2014),
que seus hormônios são determinantes para a boa para sincronizar o ciclo orgânico com o ciclo cla-
prática de atividades e exercícios físicos, pois se re- ro-escuro do ambiente, os organismos são dota-
lacionam ao metabolismo e à homeostasia corpórea. dos de sincronizadores chamados de “fotoagen-
tes arrastadores” que detectam as variações nos
Glândula pineal níveis de luz à medida que a noite se aproxima.
À semelhança da neuro-hipófise, a glândula pineal Esses receptores estão localizados na camada
está intimamente relacionada ao sistema nervoso externa da retina e deles partem neurônios que
central. Ela se localiza no epitálamo, pesa cerca de chegam ao núcleo supraquiasmático do hipotála-
150 mg, tem a forma de uma pequena pinha (por mo cuja ativação ativa neurônios que descem até
isso seu nome) e produz o hormônio melatonina. os neurônios pré-ganglionares simpáticos. Es-
ses neurônios modulam neurônios nos gânglios
Glândula pineal
(destacada em vermelho) cervicais simpáticos superiores dos quais partem
neurônios pós-ganglionares que se projetam à
glândula pineal.
Assim, esta ativação permite que a ativação
dos fotorreceptores da retina reduza a produção de
melatonina. Por outro lado, ao entardecer, com a
menor luminosidade e redução de ativação destes
fotorreceptores, a pineal aumenta a síntese e libe-
ração de melatonina na corrente sanguínea pro-
vocando sono (sua síntese atinge o nível máximo
entre 2 e 4 horas da manhã). Por isso, sua disfunção
pode causar, por exemplo, alteração do ciclo sono-
-vigília. Adicionalmente, vale destacar que a mela-
tonina tem relação direta com o exercício físico e
com o repouso após sua prática.
Figura 24 - Glândula Pineal
215
ANATOMIA
216
EDUCAÇÃO FÍSICA
Glândulas paratireoides
As glândulas paratireoides são quatro pequenas
glândulas embutidas na face posterior da glândula
tireoide. Elas produzem o hormônio paratireoidiano
(PTH) ou paratormônio o qual regula os níveis dos
íons cálcio e fósforo nos fluidos corporais. A secre-
ção deste hormônio não é controlada pela glândula
hipófise, mas sim pela concentração de cálcio nos
fluidos corporais de forma que uma diminuição de
cálcio faz aumentar a secreção de PTH e vice-versa.
Esse hormônio ativa os osteoclastos que retiram
cálcio dos ossos aumentando a concentração deste
mineral no plasma e diminuindo sua excreção na
urina. Além disso, promove a síntese da forma mais
ativa da vitamina D nos rins, a qual promove a ab-
sorção de cálcio no trato gastrointestinal.
É importante notar que o PTH e a calcitonina
têm efeitos contrários sobre a concentração de cál-
cio no sangue. Assim, enquanto, o PTH tira o cálcio
dos ossos aumentando sua concentração do plasma, Figura 26 - Glândula paratireoides
217
ANATOMIA
Córtex da
glândula suprarrenal
Medula da
glândula suprarrenal
A parte central da glândula é chamada de medula e a que permitem que o organismo se adapte a situações
periférica é o córtex. Cada uma destas regiões agem de emergência. Por isso, o sistema simpático-adre-
como se fossem glândulas independentes. A medu- nal é ativado em casos de hemorragia, hipoglicemia,
la, corresponde a 20% da glândula e representa uma hipóxia, dor, exercícios intensos, medo e raiva. Em
continuidade funcional do SNA simpático, secretan- contrapartida, o córtex da glândula suprarrenal se-
do epinefrina e noraepinefrina na corrente sanguí- creta mineralocorticoides, glicocorticoides e andro-
nea. Esses hormônios produzem efeitos semelhantes gênios. Todos sintetizados a partir do colesterol. Os
à estimulação direta do SNA simpático. mineralocorticoides controlam os eletrólitos dos
Assim, o SNA simpático e a medula da glândula líquidos extracelulares, principalmente o sódio e o
suprarrenal agem em conjunto para regular funções potássio. O principal deles é a aldosterona.
218
EDUCAÇÃO FÍSICA
Pâncreas
O pâncreas está localizado posteriormente ao estô-
mago, entre o baço e o duodeno. Ele é considerado
uma glândula mista, pois, secreta hormônios como
a insulina e o glucagon na corrente sanguínea, e o Pâncreas
suco pancreático no duodeno (como secreção exó-
crina). Sua parte endócrina é desempenhada pelas
ilhotas pancreática (um grupo de células especiais). Figura 28 - Pâncreas
219
ANATOMIA
A testosterona é formada pelas células inters- Após a puberdade eles aumentam e causam cres-
ticiais de Leydig e é responsável pelas caracte- cimento corporal e dos órgãos genitais. Todavia, re-
rísticas sexuais secundárias do corpo masculino duzem sua produção após a menopausa fazendo com
(pelos, aumento da laringe, espessura da pele e que a renovação dos tecidos seja reduzida, assim como
desenvolvimento ósseo e muscular). No feto, ela a síntese de colágeno. Tal fato causa o aparecimento
é essencial à formação do pênis, da bolsa escrotal, dos sinais de envelhecimento (perda do vigor da pele,
da próstata, das glândulas seminais e dos ductos da massa muscular e óssea etc.). Vale ressaltar que o
genitais masculinos, bem como pela descida dos tabagismo tem ação antiestrogênica e, por isso, ante-
testículos para a bolsa escrotal. Após a puberda- cipa e prolonga a menopausa agravando seus sinais e
de, faz aumentar o tamanho do pênis, da bolsa sintomas (MIRANDA NETO; CHOPARD, 2014).
escrotal e dos testículos. Os estrogênios causam Por fim, a progesterona promove alterações se-
proliferação celular e crescimento dos tecidos cretoras do endométrio durante a segunda metade
dos órgãos sexuais e de outros tecidos relaciona- do ciclo sexual preparando o útero para a implanta-
dos à reprodução. Além disso, estimula a síntese ção do blastocisto. Também estimula o desenvolvi-
de colágeno e a renovação dos tecidos epiteliais mento das mamas e aumenta a secreção no revesti-
da pele, das mucosas e dos tecidos conjuntivos mento mucoso das tubas uterinas (o que é necessário
de suporte. à nutrição do ovo em desenvolvimento).
Ovário
Testículo
Figura 29 - Ovários e testículos
REFLITA
Será que disfunções do sistema endócrino podem afetar a realização de exercícios físicos? Um atleta
com um tumor na glândula tireoide pode ser prejudicado em seu esporte?
220
considerações finais
P
or todo o exposto até aqui, vimos que as três principais partes do Sis-
tema Nervoso (SN) agem em conjunto para possibilitar o controle e
a integração das atividades sensitivas, motoras, viscerais, cognitivas e
comportamentais do indivíduo. Todavia, por mais excelência que estes
três sistemas possam ter, não haveria homeostasia corporal se o sistema endócri-
no não participasse desta regulação. Por isso, devido sua integração morfológica
e funcional, estes quatro sistemas podem ser agrupados com o nome de sistema
neuroendócrino.
O SN central (SNC) está localizado no esqueleto axial, ou seja, na cavidade
craniana (encéfalo) e no canal medular (medula espinal). É a porção que recebe
estímulos e desencadeia respostas. O SN periférico (SNP) é representado por vias
que conduzem estímulos ao SNC ou que levam comandos do SNC aos órgãos
efetores (músculos e glândulas). O SNP compreende nervos cranianos e espinais,
gânglios espinais e do SN autônomo, e terminações nervosas.
Enquanto o SN somático controla os músculos, o SN visceral controla fun-
cionamento dos órgãos (sua porção eferente é chamada de SN autônomo o qual
é subdividido em simpático e parassimpático). A elucidação da estrutura, da fun-
ção e da organização do sistema neuroendócrino, bem como sua conectividade
com os outros sistemas do corpo é essencial para a compreensão dos mecanismos
que possibilitam a manutenção da vida em condições adequadas.
Além disso, seu conhecimento específico e da inter-relação que apresentam, é
de extrema relevância para a prevenção, diagnóstico e tratamento eficaz de qual-
quer desordem que possa vir a acometê-lo. Por isso, este tema é relevante a você
enquanto profissional de educação física, uma vez que não pode haver movi-
mento, coordenação motora, equilíbrio, tônus muscular, aprendizagem motora
ou mesmo a vida sem a atuação conjunta destes dois sistemas. Dessa forma, seu
estudo histológico, anatômico e fisiológico é imprescindível a todo profissional
da saúde como você. Aproveite!
221
LEITURA
COMPLEMENTAR
A incidência do Acidente Vascular Encefálico (AVE) duplica a cada década de vida a partir
dos 55 anos, sendo a hemiparesia um déficit importante decorrente da lesão. Há várias
abordagens de reabilitação para a recuperação do controle motor e a reorganização
neural é o princípio básico que sustenta a maioria delas. Segundo Mudie e Matyas, as
particularidades da conexão neurofisiológica no sistema nervoso central (SNC) possi-
bilitam que a prática de movimentos bimanuais, alternados ou em sincronia, possa
resultar em efeitos de facilitação do membro superior hígido para o membro parético.
Entretanto, as observações clínicas sugerem que alguns profissionais de reabilitação
têm optado pela troca de lateralidade através de técnicas compensatórias nos progra-
mas de reabilitação de idosos com paresia do membro superior.
As estratégias compensatórias tornam-se hábitos que reforçam o não uso do membro
parético, podendo resultar em perdas irreversíveis para a capacidade funcional. A rea-
lização das atividades de vida diária (AVDs) com apenas um membro superior pode ser
uma maneira limitada de desempenho das atividades, resultando em síndromes do uso
excessivo, quadros álgicos e frustrações. A nível central, estudos clínicos indicam que as
modificações nas redes neurais seriam uso-dependentes, sugerindo que algumas téc-
nicas direcionadas às compensações poderiam inibir o processo de recuperação. Por-
tanto, parece não haver base científica para a troca de lateralidade exclusivamente pelo
critério de idade do paciente, conduta adotada em alguns programas de reabilitação.
O equívoco de que a plasticidade neural seria uma propriedade exclusiva dos cérebros
jovens distancia-se da afirmação de Pascual-Leone e seus colaboradores. Para esses
pesquisadores, a reorganização neural é uma propriedade do SNC que está presente
no curso de vida e ocorre independentemente de lesão.
Esse artigo indica as possibilidades de aplica- ção dos conhecimentos de neurobiologia
e de neurofisiologia nas práticas de reabilitação do controle motor após lesão cortical
decorrente de AVE em idosos, enfatizando que a idade não deve ser o único critério
para a troca de lateralidade nos pacientes com paresia do membro superior. Modifi-
222
LEITURA
COMPLEMENTAR
223
atividades de estudo
1. Cite qual parte do sistema nervoso é respon- ocasionar sobrecarga cardíaca e hipertensão
sável pelo controle dos processos de digestão, arterial. Tal fato inspira cuidados adicionais,
secreção e excreção. principalmente se ela um dia precisar de um
procedimento cirúrgico.
2. Uma senhora de 68 anos de idade, sedentária
IV. Devido à idade e ao fato dela estar na meno-
e sua menopausa iniciou aos 42 anos de ida-
pausa há algum tempo, pode-se afirmar que
de, deseja começar a praticar exercícios físicos. alguns hormônios estão em baixa concentra-
Suponha que ela te procure a fim de iniciar um ção, tais como o hormônio de crescimento
treinamento aeróbico e anaeróbico. Todavia, (GH), o luteinizante (LH), o folículo estimulante
na avaliação ela já te alerta que não faz e nunca (FSH) e os androgênios (produzidos pela glân-
fez terapia de reposição hormonal e que apre- dula supra-renal). A diminuição destes hormô-
senta várias alterações endócrinas. Analise as nios pode estar diretamente relacionada ao
afirmações, a seguir, e assinale a alternativa aumento na pressão arterial e à dificuldade
que contém apenas proposições verdadeiras na coagulação sanguínea.
sobre tais disfunções:
V. O paratormônio ou hormônio paratireoidiano
I. Uma das alterações endócrinas que a pacien-
(PTH) pode estar aumentado uma vez que é
te do caso descrito pode apresentar é um
responsável pelo aumento da calcemia com
quadro de hipertireoidismo. Isso pode ser
consequente reabsorção óssea e dentária.
dito considerando que a calcitonina (hormô-
Assim, a possibilidade de hiperparatireoidis-
nio tireoidiano) está predispondo descalcifi-
mo deve ser considerada.
cação óssea uma vez que tal hormônio ativa
osteoclastos e aumenta a calcemia a fim de
Assinale a alternativa correta:
manter a concentração fisiológica de cálcio
para os neurônios, para o miocárdio e para o a. I e IV.
diafragma. Assim, pode-se supor que esta se- b. II e V.
nhora tem severa osteoporose.
c. III e IV.
II. Outra disfunção possível dessa senhora se-
d. III e V.
ria o aumento na dosagem dos hormônios
das glândulas suprarrenais, principalmente e. IV e V.
do cortisol e da adrenalina. Isso pode ser dito
devido ao fato de que o excesso dos mesmos 3. Os nervos cranianos podem ser classificados
pode causar reabsorção óssea contínua. Tal como motores, sensitivos ou mistos e exer-
fato pode ser comprovado pelo aumento na cem funções específicas (MACHADO, 2014). A
dosagem do hormônio corticotrófico (ACTH) seguir, seguem os nomes de alguns pares de
produzido pela glândula hipófise. nervos cranianos. A partir de seu estudo sobre
este assunto, associe os nomes destes nervos
III. Ainda considerando um caso de hiperativa-
às definições referentes aos mesmos:
ção das glândulas suprarrenais, esta senho-
ra poderia manifestar sinais e sintomas rela- I. n. Glossofaríngeo
cionados ao sistema cardiovascular uma vez II. n. Trigêmeo
que o excesso dos hormônios desta glându-
III. n. Vago
la, principalmente cortisol e adrenalina, pode
IV. n. Acessório
224
atividades de estudo
5
4. Anos de pesquisa em neurologia têm mos-
trado que cada área do encéfalo desempe-
nha funções específicas, o que explica o fato
de que sintomas diferentes podem aparecer
em indivíduos que sofreram Traumatismo 5. O tecido nervoso apresenta células comuns
Crânio Encefálico (TCE) em diferentes regiões. ao sistema nervoso central (SNC) e/ou ao pe-
Alguns importantes pesquisadores como Paul riférico (SNP). Cite os nomes de todas as cé-
Pierre Broca, Karl Wernicke e Brodmann iden- lulas da glia do SNC e explique as principais
tificaram alguns dos vários centros nervosos funções de cada uma.
atualmente conhecidos. Preencha a tabela, a
seguir, com os nomes das áreas encefálicas
numeradas de 1 a 5 e explique suas principais
funções neurológicas:
3
2
1 4
5
225
Material Complementar
O óleo de Lorenzo
Ano:1992
Sinopse: Um garoto levava uma vida normal até que, quando tinha seis anos,
estranhas coisas aconteceram, pois, ele passou a ter diversos problemas de or-
dem mental que foram diagnosticados como adrenoleucodistrofia (ALD), uma
doença extremamente rara que provoca uma incurável degeneração no cére-
bro, levando o paciente à morte em no máximo dois anos. Os pais do menino
ficam frustrados com o fracasso dos médicos e a falta de medicamento para
uma doença desta natureza. Assim, começam a estudar e a pesquisar sozinhos,
na esperança de descobrir algo que possa deter o avanço da doença.
Comentário: É um filme lindo e emocionante que você não pode deixar de assis-
tir, pois, trata-se de uma valorosa lição de vida!
226
referências
227
gabarito
2. D
3. A sequência é: II – IV – III – I.
228
EDUCAÇÃO FÍSICA
conclusão geral
Prezado(a) aluno(a), sempre me encantei ao ver um No entanto, ainda não se sabe tudo sobre esta
mecânico abrindo o capô do carro, observando aten- extraordinária “máquina”. Por exemplo, muitas áreas
tamente seu motor, olhando cada detalhe daquele encefálicas permanecem sem a decodificação exata
monte de peças e fios que formam o que “dá vida ao de suas funções. Além disso, a cura de muitas doen-
carro”, o motor. Sempre pensei “Como deve ser di- ças (como o Alzheimer ou a esclerose lateral amio-
fícil desvendar com precisão onde está o problema! trófica) só será possível quando soubermos exata-
Como consertá-lo? Tem muita coisa ai dentro”! mente como intervir no funcionamento do corpo
Pois bem! Após o término da minha graduação, em nível celular ou molecular.
decidi estudar Anatomia Humana e imagine qual Desta forma, o estudo não pode parar. E você faz
foi a minha reação ao começar a estudar com mais parte disto. Enquanto profissional da área da saúde,
detalhes todas as artérias, veias, nervos, linfáticos e você não é apenas responsável por manter o corpo
tudo o mais que forma nosso corpo? Lembrei dos em perfeito funcionamento com ossos, articulações
mecânicos com admiração e pensei “se eles conse- e músculos saudáveis, mas também deve cuidar da
guem, eu também vou conseguir”. melhora na qualidade de vida de seus alunos e clien-
De fato, hoje considero o corpo humano de mui- tes. Além disso, enquanto profissional da educação,
to maior complexidade do que qualquer motor que também tem responsabilidade de divulgar o conhe-
o homem já possa ter inventado. Sempre que o estu- cimento específico a todos os interessados.
do (e olha que estudo muito), penso e digo a meus Você teve a oportunidade de conhecer todos os
alunos que, cada vez que compreendo algo novo so- sistemas do corpo e de inter-relacioná-los ao exer-
bre o corpo, não posso deixar de enfatizar a perfei- cício físico, o que é fabuloso. Espero que considere
ção da criação de Deus: o homem. isso para sempre e nunca pare de se aperfeiçoar.
229