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Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, A ira, Deusa, celebra do Peleio Aquiles,
levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul.
o irado desvario, que aos Aqueus tantas penas
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
trouxe, e incontáveis almas arrojou no Hades
de valentes, de heróis, espólio para os cães,
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas
pasto de aves rapaces: fez-se a lei de Zeus;
de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de
desde que por primeiro a discórdia apartou
seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu
o Atreide, chefe de homens, e o divino Aquiles.
fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. Que Deus, posto entre ambos, provocou a rixa?
O filho de Latona e Zeus. Irou-o o rei.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando,
A peste então lavrou no exército: ruína
pediu ao pai: — Me ajuda a olhar! cai sobre o povo! A Crises ultrajara o Atreide,
ao sacerdote, o qual viera até as naus
GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre: velozes dos Aqueus remir com dons a filha
L&PM, 2002, p.12. nas mãos portando os nastros do certeiro Apolo
presos ao cetro de ouro e a todos implorava,
mormente aos dois Atreides, comandantes de homens:
Atreides e outros mais Aqueus de belas cnêmides,
que a vós os deuses deem, habitantes do Olimpo,
derruída a priâmea urbe, um bom retorno à casa;
mas a filha querida resgatai-me, e os dons
guardai, temendo Apolo, deus flechicerteiro.
Então, uniconcordes, os Aqueus clamaram:
Se atenda o sacerdote e as galas do resgate
se aceitem! Disse não, Agamêmnon, o Atreide.
Brutal, refuga o velho com palavras duras:
Que eu nunca mais te aviste junto às naves côncavas,
agora demorando ou de volta, mais tarde.
Inúteis o teu cetro e esses nastros divinos,
nunca a libertarei, até que fique velha
em Argos, no meu paço, além, longe da pátria,
nos trabalhos do tear, ou servindo-me ao leito.
Foge da minha ira, vai-te, põe-te a salvo.
Não-coisa A serpente
pura — e iluminá-la. seja com quem for: teu pai, essa cretina da Guida, uma
amiga, ou coisa que o valha, venho aqui e te dou seis
Toda coisa tem peso: tiros. E quando estiveres no chão, morta, ainda te piso a
uma noite em seu centro. cara e ninguém reconhecerá a cara que eu pisei.
O poema é uma coisa
que não tem nada dentro, (Décio a esbofeteia. Lígia cai de joelhos com um fundo
soluço. Décio apanha a mala)
a não ser o ressoar
de uma imprecisa voz DÉCIO (Num gesto largo) Vai-te pra puta que te pariu!
que não quer se apagar
— essa voz somos nós. (Décio sai. Logo entra Guida, irmã de Lígia).
GULLAR, Ferreira. Não-coisa. In: ___. Toda poesia (1950- RODRIGUES, Nélson. A serpente. 3. ed. Rio de Janeiro:
1999). 11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001, p. 450- Nova Fronteira, 2012, p. 8-10.
452.
Texto 5:
Luz da inspiração
Sinto-me em delírio
Luz da inspiração
Acordes musicais
Invadiram o meu ser
Sem querer
Me elevam ao infinito da paz
Sinto-me vazio
No ar a flutuar
Eu já nem sei quem sou
A mente se une a alma
A calma reflete o amor