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APONTAMENTOS DE DIREITO DO TRABALHO – 2019-1

CURSO DE GESTÃO HOSPITALAR

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO - UNICID

Prof. Emérito Eduardo Ganymedes Costa


ClT – DINÂMICA – TRT02: http://www.trtsp.jus.br/legislacao/leis-decretos-e-codigos

EDITORA SARAIVA
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO
CLT Acadêmica e Constituição Federal – Mini
18ª. EDIÇÃO - 2019

EMENTA:
Introdução às noções gerais do direito do trabalho, enfocando a evolução histórica, as fontes do direito
e os princípios informadores com ênfase nas relações de trabalho, contrato individual de trabalho, alteração
das condições do contrato individual de trabalho, força maior, fato do príncipe, aviso prévio e extinção do
contrato de trabalho com foco nas figurar da justa causa.
OBJETIVOS:
COGNITIVOS:
Adquirir conhecimentos básicos de direito do trabalho, que propicie analisar a legislação, a
jurisprudência e a doutrina. Desenvolver um raciocínio crítico sobre o direito do trabalho e sua relação com a
realidade do dia a dia.
HABILIDADES:
- Desenvolver habilidade na vida prática associadas ao conceito teórico.
- Exercitar a argumentação baseada em textos legislativos e na jurisprudência.
- Fazer a reflexão necessária para distinguir a diferença entre textos legislativos e a prática do Judiciário.
- Associar os conhecimentos adquiridos na disciplina em relação às demais áreas do Direito,
notadamente o direito das obrigações, direito contratual e responsabilidade civil.
-Refletir sobre a aplicação do direito teórico em casos práticos.
ATITUDES:
-Valorizar o estudo e a pesquisa, como instrumentos para aquisição do saber jurídico.
-Adquirir segurança, agilidade, perspicácia, pontualidade e organização.
-Assumir e preservar uma conduta ética, responsável, disciplinar, crítica tanto pessoal, coletiva e
profissional.
-Aptidão para explorar idéias em publico e preocupação com a apresentação pessoal.
-Desenvolver a reflexão e consciência critica diante das situações e problemas.

CONTEÚDO
I – APRESENTAÇÃO DO PLANO DE ENSINO: bibliografia; conteúdo a ser ministrado; sistema de
avaliação; atividades em sala e extra-sala; orientação geral; regras de comportamento e interação em sala de
aula para o vértice da melhor adequação do binômio ensino e aprendizado e parte introdutória de noções
gerais de direito.
II – Princípios de Direito do Trabalho, Síntese da História do Direito do Trabalho e Figuras da Relação de
Emprego (artigos 1º ao 12º da CLT).

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III – Contrato de Trabalho (artigos 442 a 456); Alteração das Condições de Trabalho (artigos 468 a 470);
Força Maior (artigo 501 a 504); Fato do Príncipe (artigo 486) e Interrupção e Suspensão do Contrato Individual
de Trabalho (artigo 471 a 476-A).
IV – Aviso Prévio (artigo 487 a 491) e Lei 12.506/2011.
V – Extinção do Contrato de Trabalho, com foco na Justa Causa do Empregado e do Empregador
(Rescisão Indireta).

ESTRATÉGIA DE ENSINO:
Apresentar o conteúdo programático por meio de aulas expositivas, para as quais serão apresentados
casos práticos para alinhamento com a teoria, suscitando no discente o senso crítico com vista a possibilitar sua
reflexão quanto à ciência do Direito em uma unidade indissociável.

MATERIAL OBRIGATÓRIO EM SALA DE AULA


- CLT ACADÊMICA
- Os presentes apontamentos de Direito do Trabalho.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
 MARTINS, S. P. Direito do Trabalho, ___. ed., São Paulo: Atlas, 20____.
 NASCIMENTO, A. M., Curso de Direito do Trabalho. __ ed. São Paulo: Saraiva, 20___.
 NASCIMENTO, A. M., Iniciação do Direito do Trabalho. ____ ed., São Paulo: Saraiva, 20__.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
 GARCIA, G. F. B., Curso de Direito do Trabalho, 7ª ed., Rio de Janeiro: Grupo Gen. (e-book).
 GOMES, O; GOTTSCHALK, Curso de Direito do Trabalho. 19ª. ed. Rio de Janeiro: Grupo Gen (e-book).
 NASCIMENTO, A. M., Iniciação do Direito do Trabalho. ____ ed., São Paulo: Saraiva, 20__.
 MACHADO, A. C. da C. CLT interpretada artigo por artigo, parágrafo por parágrafo., 2ª ed., Barueri: Manole,
2009. (e-book).
 MARTINEZ, L., Curso de Direito do Trabalho., 3ª. ed., São Paulo: Saraiva, 2012. (e-book).
 ZAINAGHI, D. S., Curso de Legislação Social: Direito do Trabalho. 13ª ed., São Paulo: Atlas, 2012. (e-book)

BIBLIOGRAFIA – ACOMPANHAMENTO BÁSICO DAS AULAS


 MARTINS, S. P. Fundamentos de Direito do Trabalho, 18ª. ed., São Paulo: Atlas, 2017 (ou edição mais
atualizada).

ORIENTAÇÃO GERAL

SISTEMA DE AVALIAÇÃO
O sistema de avaliação é igual para todos os alunos da universidade e se consiste:

A1 – PROVA REGIMENTAL
Avaliação institucional a ser realizada por meio exclusivo de avaliação escrita (prova), com ou sem consulta, a
critério de cada professor responsável pela disciplina, em calendário a ser fixado pela Pró-Reitoria de
Graduação – PROGRAD, valendo até 5,0 (cinco) pontos.

A2 – ATIVIDADES AVALIATIVAS
Conjunto de atividades avaliativas atribuído pelo professor da disciplina, no mínimo de duas atividades
(avaliação escrita, seminário, pesquisas, fichas de esboço e outras), valendo estas até (dois) pontos e uma

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avaliação escrita individual, com o sem consulta, a critério do professor da disciplina, valendo até 3,0 (três)
pontos. A soma das atividades e avaliação escrita será de até 5,0 pontos.

A Nota Final (NF) corresponde à soma aritmética da A1 e A2, sendo a nota mínima para aprovação 6,0 (seis),
com no mínimo 75% (setenta e cinco por cento) de frequência.

AF – AVALIAÇÃO FINAL
Avaliação escrita final, com ou sem consulta, a critério do professor da disciplina, a ser designada por ato da
Pró-Reitoria de Graduação, valendo 5,0 (cinco) pontos. Está nota substituirá, se maior, a menor das notas
obtidas nas avaliações A1 (Regimental) ou A2 (avaliações continuadas - resultado final).

Esta avaliação é facultada somente aos discentes com nota inferior à aprovação na disciplina e com frequência
mínima exigida.

O regime de exceção estará atrelado às disposições legais pertinentes (na A1 e AF), mediante protocolo e
procedimentos da IES, sendo que na avaliação A2 fica à critério do professor da disciplina a forma da aplicação
(oral, escrita etc.).

Anota-se que, na eventualidade de não realização de avaliação A2 (valendo 2 ou 3 pontos), a justificativa


deverá ser realizada na forma expressa escrita e devidamente entregue para o professor da disciplina, na aula
seguinte à da aplicação da prova, para a devida análise. A data/hora/local de nova oportunidade será fixada
para o final do semestre, podendo ser na pré-aula ou pós-aula. Somente será permitida uma única avaliação
em caráter de reposição. A avaliação de reposição poderá ser determinada na forma oral.

Anota-se mais e ainda, que para as avaliações e atividades, o discente deve estar preparado para realizá-la com
consulta à legislação não comentada ou anotada (legislação seca), sendo vedado: (i) o empréstimo de qualquer
tipo de material e (ii) utilização de qualquer tipo de material eletro-eletrônico (celular, smart-phone,
computador, tablet e outros).

Relembra-se que a permanência em sala de aula nas avaliações será de, no mínimo, 30 (trinta) minutos,
conforme determinação do professor.

ATIVIDADES

COMPLEMENTO DE ESTUDO
<> TERMOS DA ORAÇÃO - QUADRO – PORTUGUÊS – QUADRO 1
<> ANÁLISE SINTÁTICA – QUADRO 2 (http://www.interaula.com/portugues/an.lisesint.tica.defini..o.htm)A
<> MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO – QUADRO 3 (http://direitonovobrasil.blogspot.com.br/2011/01/quem-fez-o-que-quando-como-
onde-e-por.html)

ESTUDOS DE CASOS, LEITURAS COMPLEMENTARES E TRABALHOS

As atividades “extra-sala” (Estudos de Casos, Leituras complementares com ficha de esboço, Leituras de
Sentenças ou Acórdãos, com os devidos resumos ou Fichas de Esboço), orientadas ao longo do semestre, com
determinação de prazo de entrega, com folha de rosto, na forma manuscrita, em papel almaço, serão acolhidas
como facultativas e servirão tão somente, na sua integralidade, como base para a avaliação final do discente

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na em análise final (PF), com o devido alinhamento da frequência – não superior a 8 (oito) faltas ao longo do
semestre.

RESUMO DA HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL


Base: Livro de Sérgio Pinto Martins, Direito do Trabalho.
TRABALHO 1: Resumo da história do Direito do Trabalho no Brasil

LEITURA E SÍNTESE
TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO II – DOS DIREITOS SOCIAIS
(Artigos 6º ao 11 da Constituição Federal)
TRABALHO 2: Leitura e síntese do artigo 6º ao 11 da Constituição Federal.

ANEXO A
SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO
RELAÇÃO DE EMPREGO
TRABALHO 3: Com base na leitura dos artigos 1º a 11 da CLT, bem como da Súmula 331 do TST, realizar resumo
da fundamentação da relação de emprego acolhida na sentença de piso e, ainda, a caracterização da nulidade
da terceirização.

ANEXO 1
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO: Com base na leitura dos artigos 2º, 3º e 466 da CLT analisar o caso em concreto:

ANEXO 2
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO: Estudo de Caso - Relação de Emprego

ANEXO 3
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO: Estudo de Caso – Justa Causa

ANEXO 4
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO: Estudo de Caso – Justa Causa

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PARTE INTRODUTÓRIA

(*) Costa, Eduardo Ganymedes. Instituições de Direito/Eduardo Ganymedes Costa – Curitiba: IESD Brasil S.A,
2007, ISBN 978-85-7638-750-3.

Introdução ao estudo do Direito1

Objetivo

Introduzir o estudante na ciência do Direito, para sua compreensão e inserção no mundo social, não
somente sob o aspecto da lei em si, mas como instrumento da realização da Justiça e da pacificação dos
indivíduos em sociedade, quer nas relações individuais, quer na relação com o Estado Democrático de Direito.

Definição

O Direito é inerente a existência da sociedade organizada, com regras de convivência pacifica entre os
componentes dessa união, submissos aos poderes constituídos para a garantia de sua existência.

Para bem entender a ciência do Direito, é necessário atentar-se para os vários sentidos da palavra
direito.

Muitas são as definições de direito, mas aqui lança mão da elaborada pelo ilustre Miguel Reale, em
Curso de Filosofia do Direito (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 28): “Direito é a vinculação bilateral
atributiva da conduta para a realização ordenada dos valores de convivência”.

Ordenamento jurídico

IMPÉRIO DA VONTADE IMPÉRIO DA LEI

norma
PODE SER DEVE SER
liberdade indisponível

de =
CIVIL TRIBUTÁRIO

escolha razão
TRABALHISTA PROCESSUAL

cogente
COMERCIAL

(vontade das partes) (vontade da lei)


TRABALHISTA PENAL

ADMINISTRATIVO

RELAÇÃO CONSUMO
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COSTA, Eduardo Ganymedes. Instituições de Direito/Eduardo Ganymedes Costa – Curitiba: IESDE Brasil S.A, 2007, ISBN: 978-85-7638-750-3: É proibida a
reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem a autorização do autor e dos detentores dos direitos autorais (IESDE).

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A norma de conduta pode ser positiva ou negativa, sob o aspecto dos direitos fundamentais do ser
social, expressos no artigo 5.o da Constituição Federal (CF de 1988), que se pode resumir em direitos
individuais, de propriedade e de atividade.

Para facilitar o entendimento, vale observar que essa indicação positiva ou negativa encontra vértice no
artigo 5.o, II, da CF:

Art. 5.o [...]


II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; [...]

Impõe-se anotar que o império da lei deve se colocar a serviço da sociedade, regrando ações e
omissões de conduta, visando ao bem comum e a convivência pacifica dos indivíduos do grupamento social.

Em exercício de reflexão sobre o tema, considere-se a seguinte situação:

“Observando seu direito fundamental de ir e vir, um individuo utilizando um veiculo automotor, ao


longo de seu trajeto, encontra um sinal (farol ou semáforo) vermelho e, em um outro ponto, um
verde”. Em quais das situações estará diante de norma de conduta social negativa? E positiva? O
desrespeito da norma posta, em ambos os casos, ira lhe causar a sanção de multa pela autoridade
competente?”

Comentário: a conduta em ambos os casos é cogente (obrigatória), baixo a sanção de multa. No


caso do farol vermelho, é negativa ao direito de ir e vir; no caso do farol verde, é positiva ao direito
de ir e vir.

O regramento ora abordado sofre constantes alterações com base na evolução da própria sociedade,
principalmente da efervescente interação do ser humano no seio social, com a aquisição de conhecimento do
mundo que o rodeia e oriundo da evolução tecnológica, que altera comportamentos e facilita a inserção do
homem na vida social.

Quem de nós, há 30 anos, poderia imaginar que fatos ocorridos em terras longínquas seriam quase que
instantaneamente conhecidos pela quase totalidade dos indivíduos do Planeta?

Essa efervescência, por outro lado, tem interferido nos limites dos direitos fundamentais dos
indivíduos, impondo condicionamentos e restrições a esses direitos. As restrições limitam os direitos
fundamentais, sendo certo, porem, que as condições postas não inibem o exercício desses direitos, mas o
normatizam, em beneficio do coletivo, sob o poder estatal de polícia administrativa, em regra.

Para a consolidação do quanto posto, vale refletir sobre as seguintes situações sob o crivo dos direitos
fundamentais, para perfeita identificação da condição e da restrição.

Exercício de fixação 1: um individua, que possui o direito de transitar em todo o território


nacional, por diferentes modos (a pé, de bicicleta, de automóvel), toma a direção de seu veiculo e

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vai a uma cidade distante 80 quilômetros de onde se encontra. Na utilização desse direito, o
individuo deve possuir Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e, embora seu veículo tenha a
capacidade de desenvolver 250 quilômetros por hora, em uma estrada estadual ele tem que
observar a velocidade máxima de 120 quilômetros por hora.

Comentário: a condição ao direito de ir e vir dirigindo um veículo automotor é a obtenção da


Carteira Nacional de Habilitação e a restrição é a limitação da velocidade, o regramento de
estacionar etc.

Exercício de fixação 2: ao quitar o preço correspondente à aquisição de um terreno, localizado em


um grande centro urbano, com 10 metros de testada e 50 de fundos, o individuo “A”, observado
seus direitos fundamentais de propriedade e de construir, resolve erigir uma casa plana, com uma
área de 500 metros quadrados (utilizando todo o terreno). Entretanto, é alertado pelo engenheiro
da inviabilidade da construção, diante das leis de posturas municipais e de zoneamento. Referido
profissional – em resposta ao questionamento da inviabilidade de utilização da propriedade em
sua totalidade –, informa a necessidade de haver um recuo mínimo de 5 metros na frente, como
reserva para eventual desapropriação, bem como de 1,5 metros de cada lado e, ainda, de uma
área nos fundos do terreno, para insolação e aeração natural; dessa forma, é possível realizar-se
uma construção assobradada de área de 200 metros quadrados, com início mediante autorização
da autoridade competente (alvará de construção) e apresentação de uma série de documentos
(planta baixa, perfil e fachada, rede elétrica e hidráulica, escritura ou documento de posse, cédula
de identidade etc.).

Comentário: a condição é a obtenção do alvará de construção, com a apresentação de uma série


de documentos, plantas e todo o mais exigido pela legislação; a restrição está nos limites do
construir, tudo a depender da Lei de Postura Municipal e Código de Obras.

Repita-se a lição de Rudolf von Lhering: o Direito “é um conjunto de normas, coativamente garantidas
pelo poder publico” (apud SIQUEIRA JUNIOR, 2003, p. 11).

Assim, o Direito visa a realização da justiça por meio de princípios de conduta social, com obrigação
coercitiva.

Quando esses princípios são sustentados em afirmações teóricas, temos a Ciência Jurídica, em cuja
cúpula encontra-se a Filosofia do Direito.

Quando esses princípios são concretizados em normas jurídicas, temos o Direito Positivo, expresso na
legislação

A sistematização dos princípios em normas legais constitui a Ordem Jurídica, ou seja, o sistema legal
adotado para assegurar a existência do Estado e a coexistência pacifica dos indivíduos na comunidade. Dai a
existência de duas ordens jurídicas: a interna e a internacional.

Direito objetivo, subjetivo, elementos e relação de Direito

Direito objetivo: “Direito norma”

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O Direito, objetivamente considerado, é o conjunto de normas de conduta social coativamente imposta


pelo Estado.

Segundo Roberto de Ruggiero (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 28):

O Direito objetivo pode definir-se como o complexo das regras impostas aos indivíduos nas suas
relações externas, com caráter de universalidade, emanadas dos órgãos competentes segundo a constituição e
tornadas obrigatórias mediante a coação.

Direito subjetivo: “Direito faculdade”

O Direito subjetivo, segundo Lhering e “o interesse juridicamente protegido”(apud PINHO;


NASCIMENTO, 2004, p. 28).

Clovis Bevilacqua, em seu livro Teoria Geral do Direito, ensina que “o Direito subjetivamente
considerado é o poder de ação assegurado pela ordem jurídica”(apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 28).

A diferença entre Direito objetivo e Direito subjetivo pode ser facilmente compreendida quando
observamos as palavras do inesquecível Jose Cretella Junior (1987), que define o Direito objetivo como “o
conjunto de regras obrigatórias, em vigor no país, numa dada época”, e o Direito subjetivo como “a faculdade
ou possibilidade que tem uma pessoa de fazer prevalecer em juízo a sua vontade, consubstanciada num
interesse”. Assim podemos tomar como exemplo a locação de imóvel urbano para fins residenciais: há norma
dispondo sobre a matéria (a Lei do Inquilinato que, como lei, compõe o Direito objetivo).

No momento em que duas pessoas – locador e locatário – firmam o contrato de locação, esse pacto
esta sob a luz de norma jurídica expressa; se uma das partes deixa de cumprir com o contratado, a outra pode
ingressar em juízo e, invocando os preceitos normativos que a amparam, exigir do outro a satisfação de sua
obrigação e/ou a imposição de uma sanção (Direito subjetivo).

Elementos e relação de Direito

Em linhas gerais, o Direito compreende um sujeito, um objeto e uma relação (que assim é o “elemento
de ligação” entre os outros).

Os sujeitos do Direito são as pessoas naturais e jurídicas; logo, o sujeito do Direito é a pessoa em sua
posição ativa.

O objeto do Direito é o bem ou vantagem sobre o qual o sujeito exerce o poder conferido pela ordem
jurídica, como (PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 19): os modos de ser da própria pessoa na vida social (v.g. a
existência, a liberdade, a honra etc.); as ações humanas; as coisas corpóreas e incorpóreas.

Assim, objeto é o bem tangível ou intangível sobre o qual recai a manifestação da vontade.

A relação de Direito é o elo entre o objeto e o sujeito. Para tratarmos dela, observando sua constituição
e seus efeitos, adequado se faz conceituarmos esse tipo de relação. Dessa forma, mister se faz colacionarmos o
que preleciona Edvaldo Brito (1999, p. 105), como segue:

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Na sua vida social, os homens travam certas relações ou sofrem as consequências de certos fatos
ocorridos na sociedade, que precisam ser ordenados, regulados, disciplinados, para que se torne possível a
coexistência social. Essa regulamentação de tais relações se faz através de normas jurídicas. [...] A relação
jurídica é, portanto, uma relação de caráter social que adquire substancia jurídica, exatamente porque é
regulada pela ordem jurídica.

Vários doutrinadores ensinam que a relação de Direito somente se dá entre as pessoas; outros fazem
distinção entre a atuação sobre objetos naturais e a ligação de pessoas entre si, a qual denominam de direitos
de dominação, que impõem deveres diretos a outras pessoas.

Por seu turno, Nelson Palaia (2005, p. 18) ensina:

Relação jurídica é a vinculação direta ou indireta de duas ou mais pessoas a circunstancia de fato, ou a
um bem da vida, disciplinada pela norma jurídica positiva. As pessoas se relacionam em função das atividades
sociais, profissionais e pessoais, em razão de seus mútuos interesses e visando certas finalidades. Tais relações,
enquanto de cunho meramente pessoal, envolvendo fatos não controvertidos e sem envolver pretensões ou
interesses atuais ou futuros, podem ser consideradas meras relações sociais. Se, contudo, tais relações sociais
envolverem interesses pessoais ou reais, vantagens, prerrogativas, faculdades, deveres ou obrigações,
disciplinados pela norma jurídica, estaremos diante de uma relação jurídica.

Assim, um simples “ola” ao dono da mercearia é um ato de relação social; porém, se há a aquisição de
mercadoria, contra o pagamento de determinado preço, aperfeiçoa-se uma operação de compra e venda, uma
relação jurídica, um contrato de compra e venda, que tem previsão e regulação em norma jurídica.

Exercício de fixação 1: refletir e indicar o Direito objetivo, o subjetivo e os sujeitos

“A”, mediante pagamento em parcela única, liquidada por meio de cheque nominal, adquire da
Casa Comercial “X” um aparelho de som da marca “Z”, com tradição imediata. Ao chegar a sua
residência, efetua atenta leitura do manual de instalação e uso para, apos, ligá-lo corretamente.
Verifica, então, que o aparelho está com defeito. Imediatamente volta a Casa Comercial, visando a
troca. Para tanto, leva a nota fiscal, na qual estava consignada a garantia de substituição, em caso
de defeito, no prazo de 7 (sete) dias da compra. Entretanto, a troca lhe foi negada pelo gerente da
loja, que se limitou a dizer que o aparelho deveria ser levado a uma oficina de assistência técnica
autorizada pelo fabricante para conserto, sem custo de mão-de-obra e peças. Não concordando
com a postura da Casa Comercial, "A” propõe uma reclamação perante o Procon exigindo a troca
do bem ou a devolução do preço pago com juros e correção monetária.

Base legal: Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990)


Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados
ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas.

§1º Não sendo o vicio sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e a sua escolha:

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I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais


perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§2º Poderão partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior,
não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias.

Nos contratos de adesão a clausula de prazo devera ser convencionada em separado, por meio de
manifestação expressa do consumidor. [...]

Comentário: o Direito objetivo é a própria previsão legal de troca do bem e o direito subjetivo é a
faculdade de exigir aquilo que está posto no ordenamento jurídico. Note que, no caso, “A”
poderia, por qualquer razão, ter preferido levar e custear o conserto em uma oficina especializada
ou ir à assistência técnica.
Não é uma obrigação, mas uma faculdade que deve ser exercida em um determinado tempo, sob
pena de incidência da prescrição ou decadência.

Exercício de fixação 2: refletir e indicar o direito objetivo, o subjetivo e os sujeitos

“B”, viúvo, por meio de Escritura Publica, constitui usufruto vitalício de um de seus bens
consistente no apartamento 105-A do Edifício “N” (que lhe tocou individualmente após o
inventario dos bens de sua falecida mulher) para a sua progenitora,com encargo de mantença no
estado recebido, pagamento de impostos,taxas, contribuições de melhoria e taxas condominiais
(ordinárias e extraordinárias).Sobrevindo o falecimento de “B”, a nua-propriedade do referido
imóvel coube, observada a quota-parte, aos seus 4 (quatro) filhos. Passados 18 (dezoito) meses do
término do inventário, os detentores da nua-propriedade foram notificados de débitos de IPTU
pela prefeitura e, logo em seguida, foram citados de ação executiva de débitos condominiais. Com
base em tais fatos, os detentores da nua-propriedade propõem ação de desconstituição de
usufruto pelo não cumprimento das obrigações pela usufrutuária, cuja omissão esta a colocar o
bem em perigo iminente.

Base legal: Código Civil (Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002):

Art. 1.403. Incumbem ao usufrutuário:


I - as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu;
II - as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimentos da coisa usufruída.

Comentário: o Direito objetivo é a norma que impõe o pagamento das despesas pela usufrutuária,
sendo que o Direito subjetivo é a faculdade de exigir o cumprimento da obrigação. No caso, um
dos detentores da nua-propriedade (ou todos em concurso) poderia ter decidido em quitar as
obrigações em aberto em respeito e solidariedade à ascendente usufrutuaria.

Direito e moral

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A moral é interna (unilateral), e impõe ao sujeito uma escolha entre ações que pode praticar, mas diz
respeito ao próprio sujeito, não impondo regras imperativas nem sanção legal, e sim a da própria consciência
(SIQUEIRA JUNIOR, 2003, p. 5).

O Direito é bilateral e impõe conduta (ação ou omissão) para a convivência pacífica entre os indivíduos
em sociedade, sendo imperativa e impondo sanção e repressão externa e objetiva (SIQUEIRA JUNIOR, 2003, p.
5).

Ramos do Direito

O Direito é uno, mas com o passar do tempo e com base em princípios peculiares, sofreu ramificações,
sem, entretanto perder de vista a sua unicidade, sendo isso um fato de extrema relevância para podermos
proceder ao seu estudo.

Para a visualização dos ramos do Direito, remetemos o aluno para o quadro que segue:

(segue folha seguinte o quadro)

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DIREITO
NATURAL POSITIVO
(norma que antecede a lei,
(lei regulamentando as
observando a natureza das coisas)
relações entre as pessoas)
PÚBLICO
NACIONAL INTERNACIONAL (leis e tratados
OU (lei entre países) internacionais)
INTERNO PRIVADO
(esfera contratual

entre empresas
PRIVADO
PÚBLICO

PENAL
COMERCIAL
(estuda os crimes
(estuda as relações CIVIL
entre as sociedades (estuda a relação
empresariais, entre as pessoas, PROCESSUAL PENAL
pessoas jurídicas e notadamente no
(encerra o elenco de
físicas equiparadas) concernente à sua
capacidade e normas e rito aplicáveis
TRABALHISTA
(estuda a relação liberdade de agir, no exercício da
de proceder e
PROCESSUAL CIVIL
emprego/capital x contratar, sob a
trabalho, com proteção de
(encerra as normas e
grande incidência normas públicas
rito aplicáveis no
de normas de que visam manter
exercício da jurisdição
ordem pública na
proteção do CONSTITUCIONAL
FINANCEIRO/TRIBUTÁRIO
hipossuficiente) (estuda as finanças do estado (estuda a
quanto a arrecadação, constituição desde a
gerenciamento e despesas) sua formação

ADMINISTRATIVO
(estuda o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os
agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e
imediatamente os fins desejados pelo Estado)

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Fontes do Direito

A palavra fonte significa o lugar de onde provém alguma coisa.

Edgar Magalhães Noronha (apud PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 39) esclarece: é o lugar onde
perenemente nasce água. Em sentido figurado é sinônimo de origem, princípio e causa.

Por ser uma criação social, a origem do Direito está na própria sociedade, fato que enseja que a
pesquisa das fontes do Direito se estriba no estudo da origem da norma jurídica.

Assim, as fontes do direito, são: lei; costumes; doutrina; jurisprudência.

Além dessas, temos as formas de integração da norma jurídica: analogia, equidade e princípios gerais
de Direito.

Lei

Para São Tomas de Aquino, a lei “é uma ordenação ou prescrição da razão ao bem comum, promulgada
por aquele que tem a seu cargo o cuidado da comunidade.”

Em Direito, a palavra lei tem dois sentidos:

<>formal – é a disposição cogente emanada da autoridade competente (função legislativa);

<>material – é toda disposição geral e abstrata pertinente a uma disposição de Direito objetivo.

Para a eficácia da lei, é necessária a existência de uma sanção (privação de liberdade, multa
administrativa, embargo de atividade, interdição etc.).

Costumes

A grosso modo, podemos definir costume como a postura normalmente aceita e adotada pela
sociedade, em grau de consciente coletivo, perante determinada situação; é a norma jurídica criada na e pela
própria sociedade, de forma espontânea e apta a gerar uma prática geral. Os costumes podem ser: contra
legem (quando há comum e reiterada desobediência a um comando legal, na crença da inefetividade da lei);
praeter legem (com a adoção de conduta ou prática que não tem previsão nem proibição na lei); e secundum
legem (quando constituem prática com previsão na lei, que remete ao costume a solução do caso).

Outrora, sem lei positiva nesse sentido, pelo costume, em nossa sociedade havia o hábito de o homem
render homenagem a mulher, dando-lhe o direito de preferência para tomar assento em coletivos. Hoje, no
sistema de transporte coletivo do município de São Paulo, por exemplo, o costume passou para o ordenamento
jurídico, que determina, destacando-se com cor diferenciada, a reserva de assento para uso preferencial de
mulheres em gestação, pessoas com crianças de colo, idosos etc.

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Jurisprudência

Vale notar que a expressão jurisprudência vem de iurisprudentia, do latim, onde ius é direito, iuris é do
direito, e prudentia (para nos, prudência) significa circunspecção.

Então, quando determinada ação chega aos tribunais, a matéria nela encerrada é submetida a uma
criteriosa apreciação, dando-se uma decisão que, na interpretação dos membros do tribunal, obedece a melhor
exegese do texto legal aplicado aos fatos; um só julgado em certo sentido constitui precedente; na medida em
que cresce o número de ações tratando da mesma matéria e os feitos vão sendo apreciados e decididos pela
mesma forma, sempre no mesmo sentido, esse elenco de decisões forma uma orientação, denominada
jurisprudência.

É a reiteração de decisões proferidas em um mesmo sentido pelo Poder Judiciário, em processos


diversos envolvendo a mesma matéria. Conforme se vê do Novo Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda
Ferreira (1995), jurisprudência é a “interpretação reiterada que os tribunais dão a lei, nos casos concretos
submetidos ao seu julgamento.”

Importante observar que, como dito, esse elenco de julgados compõe uma orientação, servindo para
nortear a todos os operadores do Direito (juízes, advogados, promotores etc.). Mas, como o cerne da
jurisprudência é a interpretação (ou seja: a forma pela qual se entende melhor aplicável a lei ao fato concreto),
a jurisprudência não compõe regra obrigatória e inflexível.

Ao longo do tempo, o sentido dos julgados varia, adequando o Direito as mudanças sociais.

Doutrina

Doutrina é o conjunto de princípios que servem de base para um sistema jurídico, compondo-se das
obras escritas, dos preceitos, opiniões ou ensinamentos dos diversos autores e estudiosos das Ciências jurídicas
e sociais, na produção ou elaboração de conceitos, teses e explicações dos institutos jurídicos.

E, portanto, o estudo reflexivo do sistema jurídico (normas e princípios) elaborado pelos juristas.

Formas de integração do Direito

Analogia

Diz-se da existência de elementos de semelhança entre coisas diversas entre si. Juridicamente, é o
processo lógico que autoriza o juiz a adaptar a um caso concreto, não previsto pelo legislador, uma norma que
possua o mesmo fundamento. Pode-se dizer, ainda, que analogia é a operação pela qual se aplica a um caso
não previsto, norma que diz respeito a uma situação prevista, havendo entre elas identidade de razoes, de
causas ou de fins. Sua finalidade e suprir lacunas da lei; dai porque não se refere a interpretação jurídica em si,
mas a integração da lei (GUIMARAES, 1995, p. 68).

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Equidade

Conjunto de princípios imutáveis de justiça, fundados na igualdade perante a lei, na boa razão e na
ética, que conduzem o juiz a um critério de moderação ao proferir a sentença, para suprir a imperfeição da lei
ou modificar o seu rigor, tornando-a mais humana e amoldada a circunstancia ocorrente.

É a aplicação ideal da norma no caso concreto, sem o excessivo apelo a letra da lei (GUIMARAES, 1995,
p. 297).

Princípios gerais de Direito

São critérios maiores, muitas vezes não escritos, que estão presentes em cada ramo do Direito
(GUIMARAES, 1995 p. 451). Por outro lado, “são idéias fundamentais do ordenamento jurídico”, e “segundo o
jurisconsulto romano Ulpiano, são preceitos do Direito: viver honestamente, não lesar a outrem e dar a cada
um o que lhe pertence.” (PINHO; NASCIMENTO, 2004, p. 51)

A lei e sua formação

Lei é a norma geral e abstrata, emanada do poder competente e provida de forca obrigatória.

A força obrigatória da lei é condição de sua eficácia; a lei possui a propriedade de ser genérica, na
medida em que obriga todos os membros do grupo social a que estende sua eficácia, e é abstrata na medida
em que não visa a situações particulares ou concretas.

A formação e a consumação da lei compreendem três fases distintas:

- iniciativa;
- aprovação;
- execução.

Iniciativa

É a faculdade de se propor um projeto de lei, sendo atribuída a uma pessoa ou a um órgão de forma
geral ou especial. Como diz a CF de 1988 em seu artigo 61:

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República,
ao Superior Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

Aprovação

É a fase de estudo e de deliberação da norma jurídica, por meio de debates, emendas e discussões dos
representantes do povo, visando transformar o projeto em regra obrigatória.

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Execução

É a fase de elaboração da lei complementar destinada a formalização da proposição, compreendendo a


sanção ou veto, a promulgação e a publicação.

Esses institutos são entendidos como segue:

 sanção é o ato de concordância do Poder Executivo com o projeto de lei; pode ser expressa ou tácita;

 veto é a oposição do Executivo, devendo ser expresso, retornando o projeto de lei ao Legislativo para
sua aceitação ou rejeição;

 promulgação é a declaração do chefe do Executivo ou do presidente do Congresso da incorporação da


lei ao Direito Positivo;

 publicação é o meio de se tornar a lei conhecida e vigente.

Hierarquia das normas

As leis possuem estratificação de importância conforme a natureza da matéria:

a) leis constitucionais federais;

b) leis ordinárias federais;

c) leis constitucionais estaduais;

d) leis ordinárias estaduais;

e) leis municipais.

A noção de hierarquia deve vir, no sistema federativo brasileiro, acompanhada do estudo das
competências de cada ente administrativo, na medida em que nosso país possui a forma de Republica
Federativa, com três níveis de governo (União, Estados e Municípios), com três Poderes distintos (Executivo,
Legislativo e Judiciário). Como se vê na CF de 1988:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

[...]

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

Por outro lado, de modo genérico, a lei tem estratificação em graus verticais, observada, no caso, a
forma federativa, com três poderes, distintos e harmônicos entre si, em três níveis de governo (CF, art. 59):

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a) Constituição;
b) emendas constitucionais;
c) leis complementares;
d) leis ordinárias;
e) leis delegadas;
f) medidas provisórias;
g) decretos legislativos;
h) decretos;
i) resoluções.

Vigência da lei

A eficácia de uma lei é sedimentada no seu vigor e abrangência no tempo e no espaço.

Segundo disposições da Constituição Federal (CF) e do Código Civil (CC), a lei começa a vigorar 45 dias
depois de oficialmente publicada, salvo se o legislador fixar outro prazo; a vacatio legis é o lapso temporal
contado da data de publicação da lei até a data em que essa lei entra efetivamente em vigor. Nesse intervalo, a
lei já existe, mas fica dormente, em estado de vacância, não tendo aplicação enquanto não transcorrer o prazo
nela própria previsto, indicado expressamente. É um prazo destinado a “facilitar” a vida do cidadão, que assim
tem a oportunidade (“tempo suficiente”) para conhecer a lei (texto e objetivos), preparando-se para dar-lhe o
adequado e devido cumprimento.

Cessação da obrigatoriedade da lei

A lei, em regra, tem duração indeterminada e só deixa de existir na ocorrência de revogação expressa
(lei nova estabelece a cessação) ou tácita (a lei nova é incompatível com as disposições da anterior).

Irretroatividade da lei

A lei é expedida para disciplinar fatos futuros, havendo exceções (v.g. aplicação de lei penal
superveniente, se mais benéfica).

Ampliando seus conhecimentos –

Norma jurídica (LISBOA, 2003, p. 150)

Vicente Ráo observa que toda norma jurídica deve conter as seguintes características: utilidade,
clareza, possibilidade, brevidade, honestidade e justiça.

A norma jurídica deve regular as relações sociais. Para tanto, deve ser justa, mantendo a igualdade
entre os seus destinatários, observado o princípio da justiça distributiva.

O abandono da igualdade meramente formal e do critério de justiça comutativa e por demais


satisfatórios para a sociedade, devendo-se pugnar para que a lei prestigie o asseguramento da proteção da
dignidade da pessoa humana e a solidariedade social.

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Desse modo, mesmo os pobres poderão ter o asseguramento de seus direitos, garantindo-se em favor
deles o patrimônio mínimo de subsistência, e assim o Direito civil alcançará a sua real finalidade (proteger a
pessoa, e não o patrimônio).

A lei não deve conter qualquer elemento contrário à moral permanente, que é vislumbrada pelo
elaborador da norma conforme a média social.

A lei deve ser útil ao interesse da coletividade em geral (prevalência dos interesses sociais sobre os
meramente individuais ou egoísticos). O assunto por ela regulado deve ser de factível cumprimento, sob pena
de anomia ou desuso do dispositivo. O conteúdo da norma deve ser claro e preciso em seus termos.

Além disso, a quantidade de leis em um ordenamento jurídico deve ser reduzida, a fim de que não gere
insegurança social. A grande quantidade de normas jurídicas e perfeitamente explicável nos sistemas legais de
origem romano-germânica, porém a normatização excessiva tem o óbice de gerar a intranquilidade pelo não
conhecimento real da lei. Em que pese a ignorância da existência de várias leis (ninguém as conhece em sua
totalidade), prevalece o princípio da inescusabilidade da lei. Segundo ele, ninguém pode deixar de cumprir lei,
alegando que a desconhece.

Atividades de aplicação

1) Verifique as seguintes situações e informe quando se tratar de condição ou restrição aos direitos
fundamentais do individuo.

a)Para a obtenção da cédula de identidade, o cidadão deve apresentar à autoridade competente (Delegado de
Identificação Civil e Criminal) diversos documentos (certidão de nascimento, formulário devidamente
preenchido etc.).
b)Para estacionar na denominada zona azul, por determinado período (de uma hora ou duas horas), o cidadão
deve expor o formulário, devidamente preenchido.
c)A placa de sinalização indicando a proibição de circulação de veículos por certa via publica, ainda que só em
determinados dias e/ou horários.
d)Sabe-se, por um lado, que, para desenvolver regularmente uma atividade comercial, é necessária a obtenção
de alvará de funcionamento de atividade comercial, e, por outro lado, que o município disciplina o uso da
ocupação do solo, e, através da lei de zoneamento, demarca áreas comerciais, de indústria, uso misto etc., em
beneficio do coletivo; nessa conformidade, normatizando e disciplinando construções e atividades, o município
estabelece determinada(s) área(s) como de uso estritamente residencial.

2. Como classificar de forma sintética os ramos do Direito?

3. “É a fase de estudo e deliberação da norma jurídica por meio dos debates, emendas e discussões dos
representantes do povo, visando transformar o projeto de lei em regra obrigatória”. Tal assertiva define:

a) A iniciativa da formação da lei.


b) A execução.
c) A aprovação.
d) A sanção.

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LEGISLAÇÃO TRABALHISTA – 2019-1

SÍNTESE DA HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO

<1> EVOLUÇÃO MUNDIAL


- trabalho vem do Latim – “tripalium” – instrumento de tortura de três paus ou uma canga que pesava
sobre os animais.

- a primeira forma de trabalho foi a escravidão – sem nenhum direito.

- servidão – época do feudalismo – os servos tinham que entregar parte da produção rural ao senhor
feudal em troca de proteção e do uso da terra.

- a revolução francesa reconheceu o direito ao trabalho.

- a revolução industrial transformou o trabalho em emprego – trabalho por salário.

- Constituição Mexicana (1917) – jornada de 8 horas; proibição de labor aos menores de 12 anos;
proteção à maternidade; salário mínimo etc.

- OIT (Organização Internacional do Trabalho) (1919) – proteção das relações laborais no âmbito
internacional.

- Itália – “Carta Del Lavoro” (1927) – interferência do Estado nas relações laborais.

<2> Evolução no Brasil

- - Lei Áurea (1888): aboliu a escravatura

- Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio: criado em 1930

- Constituição de 1934 – primeira CF a tratar especificamente do Direito do Trabalho: liberdade sindical;


salário mínimo; jornada de 8 horas; férias etc.

- Constituição de 1937 – intervenção do Estado – corporativismo - (golpe de Getúlio Vargas) inspirada


na “Carta Del Lavoro” de 1927.

- Justiça do Trabalho: criação em 1939.

- Decreto-Lei n. 5.452, de 01/05/1943: criação da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho (intuito de
consolidar as leis esparsas existentes).

- Constituição de 1946: norma democrática – outros direitos (estabilidades etc.)

- Constituição de 1988: Direitos trabalhistas (artigos 7º a 11º)

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PRINCÍPIOS DE DIREITO DO TRABALHO

CONCEITO DE PRINCÍPIO: É o início, a origem, o começo, a causa. Segundo José Cretella Jr. “princípios de
uma ciência são as proposições básicas fundamentais, típicas, que condicionam todas as estruturações
subsequentes". São, portanto, os princípios as proposições básicas que fundamentam as ciências. (Sérgio Pinto
Martins).

<1> PRINCÍPIO PROTETOR: Esse princípio é a viga mestra do direito do trabalho. A ideia principal do
direito do trabalho, notadamente no Brasil, é dar proteção ao hipossuficiente (o empregado), que necessita da proteção do
Estado. Por essa razão, as normas de direito do trabalho são em geral imperativas e de ordem pública, não podendo ser
alteradas pela vontade das partes. O princípio protecionista é um princípio geral, que abrange todos os demais. É
dividida, por alguns doutrinadores, na regra da condição mais benéfica, regra da norma mais favorável e na
regra do “in dúbio pro misero”. Assim, pode-se dizer que este princípio orienta o direito do trabalho e a proteção
para o trabalhador em face da superioridade econômica do empregador dando ao empregado equivalência
jurídica. Divide-se em 3 (três).

<1.1> IN DUBIO PRO OPERARIO: Na dúvida, deve-se aplicar a regra mais favorável ao trabalhador;
na dúvida decide-se a favor do empregado. Por esse princípio, o intérprete, entre duas ou mais interpretações viáveis,
optam pela que seja mais favorável ao empregado, por ser na relação de trabalho a parte presumivelmente mais fraca.
Entretanto, não se aplica esse princípio quando se tratar de matéria de prova, que tem suas regras próprias. Em caso de
prova, deve-se resolver a questão contra a parte que tenha o ônus da prova e dela não se desincumba, exististindo casos
específicos da inversão do ônus da prova.

<1.2> DA NORMA MAIS FAVORÁRIO: deve-se aplicar a norma mais favorável ao trabalhador – v.g.
quando o adicional de horas extras em uma norma coletiva for mais favorável do que o estipulado na CF.
Independente de sua colocação na escala hierárquica, por esse princípio prevalece a aplicação da norma que é
mais favorável ao empregado. Para a aplicação da norma mais favorável, há duas teorias: a da acumulação e a do
conglobamento. Na primeira aplica-se a norma mais benéfica através da fragmentação das diversas normas, retirando-se
delas as condições singulares mais benéficas, consistindo na somatória das vantagens existentes nas diversas normas.
Pela segunda, do conglobamento, aplica-se a norma mais favorável em seu conjunto. Essa teoria tem importância nos
conflitos de normas estabelecidas em negociações coletivas. No conflito entre uma Convenção Coletiva de Trabalho e um
Acordo Coletivo, prevalece o mais favorável ao empregado (art. 620 da CLT), sob prisma de considerar favorável em seu
todo (conglobamento) o prisma da consideração da norma mais favorável.

<1.3> DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA AO TRABALHADOR: A condição mais benéfica ao


trabalhador deve ser entendida como o fato de que vantagens já conquistadas, que são mais benéficas ao
trabalhador, não podem ser modificadas para pior – aplicação da regra do direito adquirido (art. 5°, XXXVI, da
CF). Na relação de trabalho, deve prevalecer aquela condição que seja mais benéfica ao empregado. No conflito de
normas que regulamentam o contrato de trabalho, contratos, leis constitucionais, etc., deve prevalecer aquela que
estabelece a condição mais benéfica ao empregado. Esse princípio a outros e tem aplicação às relações de trabalho;
também esse princípio não se aplica em relação a uma norma geral e outra específica.

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<2> PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DE DIREITOS: Impossibilidade do trabalhador de


privar-se voluntariamente de um direito trabalhista – Ex: renunciar às férias. Principio protetor do hipossuficiente, na
medida em que é vedada ou sem efeito a renúncia de direitos esculpidos na lei com a caracterização de norma de ordem
pública (a vontade da lei).

<3> PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE: O que vale na Justiça do Trabalho é o que ocorre
na prática e não do que emerge de documentos. Os fatos são mais importantes do que os documentos. Por esse
princípio, a verdade real prevalece sobre a verdade formal. No conflito entre o que realmente ocorre na realidade prática e
aquilo que ocorre na realidade formal, deve prevalecer a realidade efetivamente vivida entre as partes – a verdade real dos
fatos. O artigo 85 do Código Civil encerra esse princípio, na medida em que ordena que nas declarações de vontade se
atenda mais a sua intenção que ao sentido literal da linguagem.

<4> PRINCÍPIO DA BOA-FÉ: Cumprir de forma honesta as obrigações contratuais (art. 422, do
Código Civil). No contrato de emprego, desenvolve-se uma relação de confiança entre as partes, sendo
imprescindível que nessa relação impere a confiança e a boa-fé. A conduta das partes deve ser digna, justa e
de colaboração mútua.

<5> PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: (artigo 1°, III e IV, da CF) – o trabalhador
não pode exercer suas funções de forma degradante. Ex: assédio moral e sexual; exame médico capaz de
discriminar o empregado, tais como: gravidez, doença etc.

<6> Princípio da integralidade ou da intangibilidade: Esse princípio visa proteger o salário de


descontos abusivos. Não pode o salário do empregado sofrer descontos a não ser aqueles autorizados por lei.

<7> Princípio da impenhorabilidade dos salários: O salário é impenhorável segundo o disposto


no Código de Processo Civil (art. 833, IV), salvo para pagamento de prestação alimentícia, observado o caráter
duplamente alimentar de sustento da prole e afins necessitados.

<8> Princípio da não-discriminação: Por esse princípio é proibida a diferença de critério de


admissão, de exercício de funções e de salário, por motivos de sexo, idade, cor ou estado civil (art. 7º XXX, da
CF); proibição de critério de admissão e de salário em razão de deficiência física (art. 7º, XXXI da CF); é
proibida a distinção na aplicação das normas gerais entre o trabalho manual, o técnico e o intelectual ou entre
os respectivos profissionais (art. 7º XXXII da CF).

<9> Princípio da irredutibilidade do salário: Por esse princípio o salário do empregado não pode
sofrer alteração para menos. É um princípio Constitucional expresso no artigo 7º inciso VI da CF.

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RELAÇÃO DE EMPREGO – FIGURAS DA RELAÇÃO DE EMPREGO

EMPREGADO
Definição: Toda pessoa física que presta serviço de natureza não eventual a empregador, sob dependência
deste e mediante salário (art. 3º da CLT).

Características: pessoa física; pessoalidade; não eventual; subordinação; onerosidade (salário).

EMPREGADOR

Definição: A empresa individual ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
e dirige a prestação pessoal do serviço (art. 2º da CLT).

Características: assunção de riscos; comando.

De forma sintética, vale consignar:

 SUJEITOS: empregado e empregador

 EMPREGADO: definição (artigo 3°, da CLT)

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(O empregado deve ser pessoa física e não jurídica, trabalhando de forma contínua, permanente, sob a
dependência e subordinação do empregador).
 REQUISITOS:

EMPREGADO

a) Pessoalidade (intuito personae) – não pode se fazer substituir

b) Pessoa física

c) Não eventual – trabalho contínuo, de trato sucessivo, com habitualidade

d) Onerosidade – recebe salários pela contraprestação dos serviços prestados ao empregador

e) Subordinação – A subordinação advém do poder de direção do empregador, para determinar o modo


de execução da prestação do trabalho, dando ordens de serviço: v.g., como trabalhar, em que horário e em que
local.

EMPREGADOR

a) COMANDO: dirige a atividade do empregado, podendo até instituir normas disciplinares.

b) RISCO: assume o risco da atividade – arca com os lucros e perdas do empreendimento, mas não
pode repassar os prejuízos ao empregado (ex: falência etc.)

OBS: Art. 41 DA CLT: Em todas as atividades será obrigatório para o empregador o registro dos respectivos
trabalhadores, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico, conforme instruções a serem
expedidas pelo Ministério do Trabalho.

Parágrafo único: Além da qualificação civil ou profissional de cada trabalhador, deverão ser anotados todos os
dados relativos à sua admissão no emprego, duração e efetividade do trabalho, a férias, acidentes e demais
circunstâncias que interessem à proteção do trabalhador.

“Art. 47. O empregador que mantiver empregado não registrado nos termos do art. 41 desta Consolidação ficará
sujeito a multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) por empregado não registrado, acrescido de igual valor
em cada reincidência.

o
§ 1 Especificamente quanto à infração a que se refere o caput deste artigo, o valor final da multa aplicada será
de R$ 800,00 (oitocentos reais) por empregado não registrado, quando se tratar de microempresa ou empresa
de pequeno porte.

“Art. 47-A. Na hipótese de não serem informados os dados a que se refere o parágrafo único do art. 41 desta
Consolidação, o empregador ficará sujeito à multa de R$ 600,00 (seiscentos reais) por empregado prejudicado.”

o
Art. 634, § 2 : Os valores das multas administrativas expressos em moeda corrente serão reajustados
anualmente pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, ou pelo índice que vier a
substituí-lo.

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CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

O contrato individual de trabalho é o acordo bilateral, comutativo, celebrado livremente entre partes capazes, na forma
tácita ou expressa, por prazo certo ou indeterminado, correspondente a uma relação de emprego (trabalho subordinado).
Para o surgimento de um contrato válido e eficaz necessário se faz emergirem os seguintes requisitos:
[] vontade [] capacidade jurídica [] objeto lícito [] forma [] comutatividade

Vale acrescer e melhor esclarecer:

CONCEITO: artigo 442, da CLT

REQUISITOS:

a) Bilateral - por ser celebrado apenas entre duas pessoas – empregado e empregador;

b) Sinalagmático - por ter obrigações recíprocas;

c) Consensual - por haver um consenso entre as partes;

d) Oneroso, pois o empregado recebe uma remuneração pelos serviços prestados ao


empregador;

e) Trato sucessivo, pois há continuidade na prestação de serviços.

f) Pessoalidade – intuito personae.

g) Objeto lícito – artigo 104 do Código Civil.

e) Capacidade jurídica das partes (é proibido o trabalho do menor de 16 anos, salvo na condição
de aprendiz, a partir dos 14 anos; dos 16 aos 18 anos – somente com autorização do representante legal e a
partir dos 18 anos a pessoa é absolutamente capaz.). Importante é verificar os artigos 1º ao 5º do Código Civil.

OBS. O contrato de trabalho não é exclusivo.

O contrato de trabalho pode ser acordado na forma expressa verbal ou expressa escrita (art. 443, da
CLT) – obs.; em certos casos, a lei determina que o CIT deve ser na forma escrita – ex: Aprendizagem (art. 428,
da CLT).

ATENÇÃO: também pode ser acordado na forma tácita (advém da simples tolerância de alguém permitir
e usufruir do trabalho alheio, pois o CIT dispensa formalidades)

PRAZO: indeterminado ou determinado (as partes ajustam antecipadamente seu término).

Art. 442-A: Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de
experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade.

Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem
o
exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3 desta
Consolidação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

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Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por
escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente.

§ 3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação,
não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados
em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para
os aeronautas, regidos por legislação própria.

Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificamente o
valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo ou àquele devido aos
demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

o
§ 1 O empregador convocará, por qualquer meio de comunicação eficaz, para a prestação de serviços,
informando qual será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antecedência. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)

o
§ 2 Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil para responder ao chamado, presumindo-
se, no silêncio, a recusa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

o
§ 3 A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação para fins do contrato de trabalho intermitente.

o
§ 4 Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que descumprir, sem justo motivo, pagará à
outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração que seria devida,
permitida a compensação em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

o
§ 5 O período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador, podendo o trabalhador
prestar serviços a outros contratantes. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

o
§ 6 Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato das
seguintes parcelas: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

I - remuneração; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)


II - férias proporcionais com acréscimo de um terço; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
III - décimo terceiro salário proporcional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
IV - repouso semanal remunerado; e (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
V - adicionais legais. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

o
§ 7 O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores pagos relativos a cada uma das parcelas
o
referidas no § 6 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

o
§ 8 O empregador efetuará o recolhimento da contribuição previdenciária e o depósito do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço, na forma da lei, com base nos valores pagos no período mensal e fornecerá ao empregado
comprovante do cumprimento dessas obrigações. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

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o
§ 9 A cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos doze meses subsequentes, um mês de
férias, período no qual não poderá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo empregador. (Incluído pela
Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 444: As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em
tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam
aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.

Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art.
611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no
caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a
duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho
dos respectivos empregados.

Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta
Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam
para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor.

Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada
fraude na transferência.

CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

CONTRATO DE EXPERIÊNCIA - Parágrafo 2°, do artigo 443, da CLT:

Obs. Esse contrato serve para que o empregador conheça o empregado e vice-versa, sendo um
verdadeiro teste para ambas as partes.

ARTIGO 445, parágrafo único, da CLT: 90 dias para o contrato de experiência

ARTIGO 451, DA CLT: permite 1 (uma) prorrogação.

ARTIGO 479, DA CLT – paga a metade a que teria direito até o final do contrato.

DIREITOS:

a) Extinção automática: saldo de salário; FGTS sem a multa de 40%; 13° salário proporcional; férias
proporcionais + 1/3 constitucional.

b) Por iniciativa do empregador: saldo de salário; FGTS com a multa de 40%; 13° salário proporcional; férias
proporcionais + 1/3 constitucional; indenização do art. 479 da CLT.

c) Por iniciativa do empregado: saldo de salário, férias proporcionais, 13° salário proporcional e indenização do
artigo 480 da CLT.

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27

Obs.: o artigo 29, da CLT dispõe que as condições especiais de trabalho sejam anotadas na CTPS do
empregado – Assim, o contrato de experiência deve ser anotado na CTPS do trabalhador.

ALTERAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo
consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob
pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

o
§ 1 Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado
reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017)

o o
§ 2 A alteração de que trata o § 1 deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empregado o direito
à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorporada, independentemente do
tempo de exercício da respectiva função. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que
resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu
domicílio.

§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança e
aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de
real necessidade de serviço.

§ 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado.

§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para localidade diversa
da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um
pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia
naquela localidade, enquanto durar essa situação.

Art. 470 - As despesas resultantes da transferência correrão por conta do empregador.

INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

Artigos 471 a 476-A da CLT.

AVISO PRÉVIO

CONCEITO: art. 487, caput, da LT: comunicação que a parte que quer rescindir o CIT - sem justa causa – deve
fazer à outra.

27
28

DURAÇÃO: Lei 12.506, de 11/10/2011

o
Art. 1 O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
o o
aprovada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos
empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado
na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.

o
Art. 2 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Obs. mínimo de 30 dias (artigo 487, I e II, da CLT: a CLT prevê dois prazos – a CF revogou o inciso I, da
CLT)

Obs. contratos a prazo indeterminado – inexigível nos contratos a prazo determinado.

Obs. período em que o empregado ainda ficará trabalhando na empresa ou receberá em dinheiro, no
caso do aviso prévio indenizado.

Artigo 487, § 6°, da CLT: reajuste salarial coletivo – o aviso prévio indenizado integra o tempo de serviço para
todos os efeitos legais.

Artigo 487, § 4°, da CLT: devido também na rescisão indireta.

Efeitos: a) projeta o CIT – integra o contrato para todos os efeitos.


b) súmula 276, do TST: direito irrenunciável (novo emprego).

Não concessão do aviso prévio:

a) artigo 487, § 2°, da CLT: pelo empregado (o empregador terá o direito de reter o saldo do seu salário no valor
correspondente ao número de dias do AP não concedido).

b) artigo 487, § 1°, da CLT: pelo empregador (paga o salário)

Artigo 489, e parágrafo único, da CLT: reconsideração – o CIT terá o seu curso normal.

Artigo 488, e parágrafo único, da CLT: redução da jornada

Súmula 230, do TST: não pode substituir.

c) Artigos 490 e 491, da CLT: justa causa e rescisão indireta do contrato de trabalho.

Art. 391-A da CLT: A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que
durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade
provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
(Incluído pela Lei nº 12.812, de 2013)

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29

EXTINÇÃO DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

Artigo 7°, I, da CF: despedida arbitrária ou sem justa causa nos termos de lei Complementar.

Obs. artigo 10, I, da ADCT: 40% sobre o FGTS (multa) – citada lei foi revogada pela Lei n° 8.036/90
(FGTS) – art. 18, § 1°.

Arbitrária: ato praticado pelo empregador – não precisa motivar – ex: crise econômica.

PEDIDO DE DEMISSÃO:

a) não tem forma prevista em lei – na praxe é escrita.

b) Art. 20, da Lei 8036/90: não saca o FGTS.

JUSTA CAUSA: a) ato do empregado – ação ou omissão

b) sistema taxativo (deve estar contido na lei)

Requisitos: a) culpa do empregado – agir com dolo ou existência de cláusula pela responsabilidade mesmo
que somente na figura da culpa em sentido subjetivo.

b) gravidade do comportamento

c) imediatismo para não caracterizar perdão tácito

d) causalidade (nexo de causa entre a Justa Causa e a dispensa)

e) singularidade (é vedada a dupla punição – “non bis in idem”)

LOCAL: dentro ou fora da empresa (o empregado pode praticar a JC na função externa – se exercer função
interna pode ter um comportamento externo incompatível – ex: concorrência desleal; divulgação de segredos da
empresa etc.)

FIGURAS DA JUSTA CAUSA: artigo 482, da CLT

a) Ato de improbidade: ato lesivo contra a empresa – ex: furto; roubo; falsidade de documentos etc.

b) Incontinência de conduta ou mau procedimento: 1) incontinência de conduta (comportamento irregular do


empregado – incompatível com a moral sexual – ex: assédio sexual; 2) mau procedimento: comportamento
incompatível com o senso comum da pessoa média – ato infringente da norma ética – ex: tráfico de drogas.

c) Negociação habitual: praticar ato de comércio – ato de concorrência inadequada – exercício paralelo de
comércio – ex: concorrência desleal.

d) Condenação criminal sem sursis: sursis significa suspensão da pena – o sujeito é condenado, mas por
causa dos seus antecedentes ou natureza do ato, o juiz suspende a execução da pena.

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Obs. quando o trabalhador cumpre pena privativa de liberdade – não pode continuar a prestar serviços
na empresa – nesse caso, não há a necessidade do fato estar relacionado ao serviço.

e) desídia: desempenhar as funções com negligência – ex: faltas injustificadas ao serviço etc.

f) Embriaguez habitual ou em serviço: resultante do álcool ou do tóxico.

Obs. o Código Civil (art. 4°, CC) considera relativamente incapaz os ébrios habituais e os viciados em
tóxicos – se for doença, o empregado deve ser afastado para tratamento médico.

g) Violação de segredo da empresa: ex: divulgação não autorizada de patente de invenção; fórmulas etc. (de
uso exclusivo da empresa)

h) Ato de indisciplina ou de insubordinação: a) indisciplina: descumprimento de ordem geral de serviço – ex:


determinações contidas em circulares, instruções etc.; b) insubordinação: descumprimento de ordem pessoal de
serviço.

i) Abandono de emprego: ausência continuada do empregado com ânimo de não mais trabalhar.

Obs. Súmula 32, do TST – 30 dias

SUM-32 ABANDONO DE EMPREGO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Presume-se o
abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no prazo de 30 (trinta) dias após a cessação
do benefício previdenciário nem justificar o motivo de não o fazer. Histórico: Redação original - RA 57/1970,
DO-GB 27.11.1970 Nº 32 Configura-se o abandono de emprego quando o trabalhador não retornar ao serviço
no prazo de 30 dias após a cessação do benefício previdenciário, nem justificar o motivo de não o fazer.

j) Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensa física praticada contra qualquer pessoa, salvo em caso de
legítima defesa – ex: difamação etc.

k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensa física praticada contra o empregador ou superior hierárquico,
salvo em caso de legítima defesa.

l) Prática constante de jogos de azar – ex: jogo do bicho; rifas; apostas etc. – obs.: necessidade de
habitualidade.

m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em


decorrência de conduta dolosa do empregado.

OUTROS MOTIVOS DE JUSTA CAUSA:

b) Artigo 158, parágrafo único, b, da CLT: E.P.I (ato faltoso é equivalente à justa causa).

Obs.: Súmula 289, do TST – empregado – obrigatoriedade da utilização do E.P.I.

c) Artigo 7°, § 3°, do Decreto n° 95.247/87: vale transporte (“a declaração falsa ou o uso indevido do VT
constituem falta grave”).

30
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RESCISÃO INDIRETA:

CONCEITO: rescisão do CIT por decisão do empregado, haja vista justa causa que o atingiu praticada pelo
empregador.

Artigo 483, da CLT: ruptura do vínculo – não tem forma para o ato – o mais comum é pela JT.

Artigo 487, § 4°, da CLT: devido o aviso prévio.

FIGURAS (art. 483, da CLT):

a) serviços superiores (ex: carregar peso excessivo); defesos por lei (ex: trabalho noturno ao menor de 18
anos); contrários aos bons costumes ou; alheios ao contrato.

b) rigor excessivo – ex: ordens somente para um empregado com o intuito de forçar esse trabalhador a pedir
demissão.

c) perigo manifesto de mal considerável - ex: ordens para o empregado praticar alguma ação de risco, sem que
esse risco faça parte da sua função.

d) não cumprir com as obrigações do CIT – ex: atraso no pagamento de salário (mora salarial).

e) ato lesivo da honra e boa fama – ex: difamação

f) ofensa física, salvo legítima defesa.

g) redução de peça ou tarefa: afeta o ganho do empregado

PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS:

Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de
Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das
verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.

o
§ 1 (Revogado).

§ 2º - O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do
contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor,
sendo válida a quitação, apenas, relativamente às mesmas parcelas. (Redação dada pela Lei nº 5.584, de
26.6.1970)

o
§ 3 (Revogado).

o
§ 4 O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado:

I - em dinheiro, depósito bancário ou cheque visado, conforme acordem as partes; ou

II - em dinheiro ou depósito bancário quando o empregado for analfabeto.

31
32

§ 5º: Qualquer compensação no pagamento de que trata o parágrafo anterior não poderá exceder o equivalente
a um mês de remuneração do empregado.

o
§ 6 A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos
competentes bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recibo de quitação
deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato.

o
§ 7 (Revogado).

§ 8º: A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador,
bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente
corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.

§ 10: A anotação da extinção do contrato na Carteira de Trabalho e Previdência Social é documento hábil para
requerer o benefício do seguro-desemprego e a movimentação da conta vinculada no Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço, nas hipóteses legais, desde que a comunicação prevista no caput deste artigo tenha sido
realizada.

Art. 477-A: As dispensas imotivadas individuais, plúrimas ou coletivas equiparam-se para todos os fins, não
havendo necessidade de autorização prévia de entidade sindical ou de celebração de convenção coletiva ou
acordo coletivo de trabalho para sua efetivação.

Art. 477-B: Plano de Demissão Voluntária ou Incentivada, para dispensa individual, plúrima ou coletiva, previsto
em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, enseja quitação plena e irrevogável dos direitos
decorrentes da relação empregatícia, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes.

EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO POR ACORDO ENTRE AS PARTES

Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador, caso em que
serão devidas as seguintes verbas trabalhistas:

I - por metade:

a) o aviso prévio, se indenizado; e

o o
b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevista no § 1 do art. 18 da Lei n
8.036, de 11 de maio de 1990;

II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas.

o
§ 1 A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a movimentação da conta vinculada do
o
trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei n 8.036, de 11
de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos.

o
§ 2 A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo não autoriza o ingresso no Programa de
Seguro-Desemprego.

32
33

CLÁUSULA DE ARBITRAGEM

Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo
estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula
compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância
o
expressa, nos termos previstos na Lei n 9.307, de 23 de setembro de 1996.

QUITAÇÃO ANUAL

Art. 507-B. É facultado a empregados e empregadores, na vigência ou não do contrato de emprego, firmar o
termo de quitação anual de obrigações trabalhistas, perante o sindicato dos empregados da categoria.

Parágrafo único. O termo discriminará as obrigações de dar e fazer cumpridas mensalmente e dele constará a
quitação anual dada pelo empregado, com eficácia liberatória das parcelas nele especificadas.

ESTABILIDADES

CONCEITO: direito do empregado de continuar no emprego, mesmo contra a vontade do empregador, desde
que inexista uma causa objetiva a determinar sua despedida.

DISPENSA – REGRA: justa causa.

ESTABILIDADE: a) legal

b) voluntária (prevista no C.I.T)

c) coletiva (prevista em Norma Coletiva de Trabalho)

Obs. o empregado perde o direito a estabilidade se: pedir demissão; justa causa; PDV (plano de
demissão voluntária)

1) DIRIGENTE SINDICAL:

Objetivo: evitar represálias por parte do empregador, pois ele postula direitos para a categoria.

Estabilidade: artigo 8°, VIII, da CF – do registro da candidatura até um ano após o mandato (salvo falta grave –
artigo 482, da CLT).

Extinção da empresa: Súmula 369, IV, do TST: perde a garantia de emprego.

2) MEMBROS DA C.I.P.A (Comissão Interna de prevenção de acidentes)

Obs. verifica as normas dentro da empresa relativas à segurança do trabalho.

Artigo 163, da CLT: constituição da CIPA.

Artigo 165 e parágrafo único, da CLT: garantia no emprego e reintegração.

33
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Artigo 10, II, a, da ADCT (ato das disposições constitucionais transitórias): estabilidade – do registro da sua
candidatura até um ano após o final de seu mandato.

SÚMULA 339, I, do TST: a garantia vale também para o suplente.

SÚMULA 339, II, do TST: extinção da empresa (perde a estabilidade)

3) ACIDENTE DE TRABALHO:

Artigo 118, da Lei 8.213/91: 1 (um) ano após seu retorno a empresa.

SÚMULA 378, II, do TST: pressupostos para a concessão da estabilidade.

Obs: para a garantia no emprego não há a necessidade de haver sequelas, nem redução da capacidade
laborativa.

SUM-378 ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI


Nº 8.213/1991. (inserido o item III) - Res. 185/2012 – DEJT divulgado em 25, 26 e
27.09.2012 I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito
à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença
ao empregado acidentado. (ex-OJ nº 105 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997) II - São
pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a
conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a
despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do
contrato de emprego. (primeira parte - ex-OJ nº 230 da SBDI-1 - inserida em
20.06.2001). III – O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo
determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de acidente de
trabalho prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91. Histórico: Redação original (conversão
das Orientações Jurisprudenciais nºs 105 e 230 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005 N.º 378 Estabilidade provisória. Acidente do Trabalho. Art. 118 da Lei nº
8.213/1991. Constitucionalidade. Pressupostos (conversão das Orientações
Jurisprudenciais nºs 105 e 230 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

AVISO PRÉVIO TRABALHADO: computa-se como tempo de serviço – assim, se o acidente ocorrer no período
do aviso prévio, o empregado terá direito a estabilidade.

4) GESTANTE:

Estabilidade: artigo 10, II, b, da ADCT – da confirmação da gravidez até 5 meses após o parto.

SÚMULA 244, I e II, do TST: desconhecimento do estado gravídico; reintegração. Contrato de experiência –
estabilidade.

Art. 391-A da CLT: A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que
durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade
provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
(Incluído pela Lei nº 12.812, de 2013)

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35

OBJETIVO DA ESTABILIDADE: direito ao emprego para proteção do nascituro

LICENÇA MATERNIDADE (art. 7°, XVIII, da CF): duração de cento e vinte dias. [Obs: aviso prévio
trabalhado ou indenizado (integra o tempo de serviço – art. 487, § 1°, da CLT)]

SALÁRIO E REMUNERAÇÃO

REMUNERAÇÃO: indica recompensa

SALÁRIO: SAL (forma de pagamento das legiões romanas)

Artigo 457, da CLT: termo remuneração – o salário + as gorjetas (pagamento de terceiro)

GORJETAS: forma de retribuição do cliente ao empregado que o serviu bem (artigo 457, § 3°, da CLT -
pagamento feito por terceiro)

§ 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado,


como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado
à distribuição aos empregados. (Redação dada pela Lei nº 13.419, de 2017)

REMUNERAÇÃO: é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo empregado decorrente do Contrato


Individual de Trabalho.

PODE SER: a) fixo (estipulado em quantia certa – invariável)

b) variável (estabelecido de acordo com a produção do empregado – pode ser por peça;
comissão etc)

c) misto (parte fixa, parte variável)

SALÁRIO (por unidade de tempo): fixa o salário por hora, dia, semana, mês etc.

OBS: não se confunde com o pagamento do salário – Ex: o horista pode receber no final do mês.

TIPOS ESPECIAIS DE SALÁRIOS:

Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido
e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.

o
§ 1 Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo
empregador. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

o
§ 2 As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu
pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado,
não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista
e previdenciário. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

35
36

§ 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como
também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição
aos empregados. (Redação dada pela Lei nº 13.419, de 2017)

o
§ 4 Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor
em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente
esperado no exercício de suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 458, § 5º - O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio ou não,
inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses,
despesas médico-hospitalares e outras similares, mesmo quando concedido em diferentes modalidades de
planos e coberturas, não integram o salário do empregado para qualquer efeito nem o salário de contribuição,
para efeitos do previsto na alínea q do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.

1) HORAS EXTRAS: artigo 7°, XVI, da CF (50% sobre a hora normal)

2) ADICIONAL NOTURNO:

a) trabalhador urbano (das 22:00 às 05:00 – art. 73, § 2°, da CLT) – (adicional de 20% - art. 73, caput, da CLT)

b) trabalhador rural (das 21:00 às 05:00 na lavoura e das 20:00 às 04:00 na pecuária – artigo 7°, da Lei
5.889/73) – adicional de 25% (parágrafo único, do art. 7°, da Lei)

OBS: adicional noturno pago com habitualidade integra o salário para todos os efeitos (Enunciado 60, do TST).

OBS: Enunciado 60, II, do TST – prorrogada a jornada – devido o adicional noturno.

OBS: se o empregado for transferido para o período diurno perde o direito ao adicional noturno - SÚMULA 265
DO TST

3) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE:

Artigo 189, da CLT: conceito – prejudicial à saúde, que dá causa à doença.

Artigo 190, da CLT: Ministério do Trabalho e Emprego (quadro das atividades ou operações insalubres)

Artigo 192, da CLT: percentual – 40%, 20% e 10% sobre o salário mínimo.

Artigo 191, da CLT: o fornecimento do EPI – equipamento de proteção individual – exclui o recebimento do
adicional.

Súmula 289, do TST: o empregador tem que fornecer o EPI e obrigar o empregado a utilizá-lo. Caso haja
recusa, o empregador poderá dispensar o empregado por justa causa (art. 158 da CLT)

SÚMULAS: 80; 248; 293; 448 do TST.

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37

Art. 394-A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o valor do adicional de insalubridade, a
empregada deverá ser afastada de: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

I - atividades consideradas insalubres em grau máximo, enquanto durar a gestação; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
II - atividades consideradas insalubres em grau médio ou mínimo, quando apresentar atestado de saúde,
emitido por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a gestação; (Incluído pela
Lei nº 13.467, de 2017)
III - atividades consideradas insalubres em qualquer grau, quando apresentar atestado de saúde, emitido
por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a lactação. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)

o
§ 3 Quando não for possível que a gestante ou a lactante afastada nos termos do caput deste artigo exerça
suas atividades em local salubre na empresa, a hipótese será considerada como gravidez de risco e ensejará a
o
percepção de salário-maternidade, nos termos da Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991, durante todo o período
de afastamento. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

4) ADICIONAL DE PERICULOSIDADE:

Artigo 193, da CLT:

São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em
virtude de exposição permanente do trabalhador a: (Redação dada pela Lei nº 12.740, de 2012)

I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012)

II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou
patrimonial. (Incluído pela Lei nº 12.740, de 2012)

§ 4º - São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta. (Incluído pela Lei nº
12.997, de 2014)

Súmula 39, do TST: posto de gasolina – direito ao adicional de periculosidade.

Artigo 193, § 1°, da CLT: adicional de 30% sobre o salário, sem acréscimo de gratificações, prêmios etc.

Artigo 194, da CLT: o direito ao recebimento do adicional cessa com eliminação do risco.

SÚMULA 191, I, DO TST: incidência sobre o salário base.

5) ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA: devido quando o empregado for transferido provisoriamente (artigo 469,
§ 3, da CLT)

Obs: percentual de 25% sobre o salário – não devido para a transferência definitiva – perdura o adicional
enquanto existir o fato gerador, que é a transferência provisória.

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38

6) GRATIFICAÇÃO: latim – “gratificatio” que significa graças / reconhecimento – pagamento de valores por
liberalidade do empregador.

FINALIDADE: a) prêmio – recompensa pelos serviços prestados

b) estimulante: para o empregado produzir mais e melhor.

Artigo 457, § 1°, da CLT: a gratificação integra o salário.

7) GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO: devida pela maior responsabilidade atribuída ao empregado pela função
exercida (artigo 62, parágrafo único, da CLT)

Artigo 224, § 2°, da CLT – Bancário – função de direção – gratificação de 1/3 a mais do salário do cargo
efetivo.

8) GRATIFICAÇÃO NATALINA (13° SALÁRIO):

- Lei 4090/62 – instituiu o 13° salário (compulsório)

ARTIGO 7°, VIII, da CF: 13° salário – tem por base a remuneração.

Lei 4749/65: dividiu o pagamento do 13° salário em duas parcelas – A 1° parcela (de fevereiro a 30 de
novembro) e a 2° parcela até 20/12.

LEI 4090/62, art. 3°: rescisão sem justa causa – tem direito ao 13° salário proporcional e integral.

SÚMULA 157, do TST: também devida no caso de pedido de demissão.

Obs: na justa causa – o empregado não tem direito ao 13° salário

JORNADA DE TRABALHO

Artigo 7°, XIII, da CF: duração da jornada (8 horas diárias e 44 horas semanais)

Artigo 57 a 75, da CLT: contém regras gerais sobre jornada; períodos de descanso; trabalho noturno etc.

EXEMPLO DE REGRAS ESPECIAIS: a) bancários (artigos 224 a 226, da CLT)

Norma Coletiva de Trabalho: pode fixar adicional de horas extras acima do legal; jornadas específicas para
algumas categorias etc.

PRORROGAÇÃO DE HORAS (art. 59, da CLT):

a) 2 horas por dia, com acréscimo de 50% (art. 7, XVI, da CF).

Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas,
por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.

§ 1º A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal.

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SÚMULA 376 DO TST.

COMPENSAÇÃO DE HORAS (art. 59, § 2°, da CLT):

a) Acordo pelo qual as horas extras prestadas num dia são deduzidas em outros dias ou as horas não
trabalhadas são futuramente repostas.

b) módulo: período a ser considerado para a totalização das horas – 1 ano, salvo norma mais favorável: ex.
CCT.

Rescisão do CIT: a) se o trabalhador for credor de horas, o empregador paga as excedentes, calculadas sobre
o valor da remuneração da data da rescisão (art. 59, § 3°, da CLT).

FORMA: a) artigo 7, XIII, da CF (admite a compensação de horas por NCT)

§ 3º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada
extraordinária, na forma dos §§ 2º e 5º deste artigo, o trabalhador terá direito ao pagamento das horas extras
não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.

§ 4º (Revogado).

§ 5º O banco de horas de que trata o § 2º deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde
que a compensação ocorra no período máximo de seis meses.

§ 6º É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a
compensação no mesmo mês.

Art. 59-B. O não atendimento das exigências legais para compensação de jornada, inclusive quando
estabelecida mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada
normal diária se não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional.

Parágrafo único. A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de
jornada e o banco de horas.

NECESSIDADE IMPERIOSA (art. 61, da CLT): nesses casos a Lei permite a realização de horas extras
excedentes a 2 horas diárias.

a) Força maior (art. 501, da CLT): acontecimento imprevisível, inevitável, para qual o empregador não
concorreu – ex: incêndio; inundação etc.

b) Serviços inadiáveis: devem ser concluídos na mesma jornada de labor – ex: trabalho com produtos
perecíveis – há a necessidade imperiosa da continuidade da jornada para a conclusão do serviço iniciado.

Art. 61, § 1º O excesso, nos casos deste artigo, pode ser exigido independentemente de convenção coletiva ou
acordo coletivo de trabalho.

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40

EMPREGADOS EXCLUÍDOS DO RECEBIMENTO DAS HORAS EXTRAS:

Artigo 62, da CLT: atividade externa (ex: vendedor externo); cargos de gestão (ex: gerentes, chefes, diretores
etc).

Artigo 62, parágrafo único, da CLT: gratificação de função - 40%

Art. 62, III - os empregados em regime de teletrabalho.

INTERVALOS

a) Artigo 66, da CLT: Interjornada (entre duas jornadas – mínimo de 11 horas)

b) Artigo 71, caput, § 1° e 2°, da CLT: Intrajornada (não são computados na duração do trabalho, salvo os
especiais)

Artigo 74, § 2°, da CLT e SÚMULA 338 do TST: empresas com mais de 10 empregados – obrigatoriedade de
controle de horário.

Art. 71, § 4º A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e
alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do
período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal
de trabalho.

TEMPO A DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR

Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do

empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.

§ 1º Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos


em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de acidente do
trabalho.

§ 2º Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período
extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1º
do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de
insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas
dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras:

I - práticas religiosas;
II - descanso;
III - lazer;
IV - estudo;
V - alimentação;

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41

VI - atividades de relacionamento social;


VII - higiene pessoal;
VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa.

JORNADA “IN ITINERE”

Art. 58, § 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de
trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo
empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador.

TRABALHO EM REGIME DE TEMPO PARCIAL

Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas
semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a
vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais.

§ 1º - O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em
relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral.

§ 3º As horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50%
(cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal.

§ 4º Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de tempo parcial ser estabelecido em número inferior a
vinte e seis horas semanais, as horas suplementares a este quantitativo serão consideradas horas extras para
fins do pagamento estipulado no § 3º, estando também limitadas a seis horas suplementares semanais.

§ 5º As horas suplementares da jornada de trabalho normal poderão ser compensadas diretamente até a
semana imediatamente posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua quitação na folha de pagamento
do mês subsequente, caso não sejam compensadas.

§ 6º É facultado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial converter um terço do período de férias
a que tiver direito em abono pecuniário.

§ 7º As férias do regime de tempo parcial são regidas pelo disposto no art. 130 desta Consolidação.

JORNADA 12 X 36

Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo
individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze
horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para
repouso e alimentação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência)

JORNADA EXTRAORDINÁRIA EM ATIVIDADES INSALUBRES

Art. 60 - Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos quadros mencionados no capítulo
"Da Segurança e da Medicina do Trabalho", ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do

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42

Trabalho, quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades
competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos necessários
exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de
autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento para tal fim.

Parágrafo único. Excetuam-se da exigência de licença prévia as jornadas de doze horas de trabalho por trinta e
seis horas ininterruptas de descanso.

FÉRIAS

FÉRIAS: direito irrenunciável – visa proporcionar descanso ao trabalhador, após certo período de labor.

Obs: estudam revelam que o trabalho sem férias é prejudicial ao organismo – ajuda na saúde física e mental
do trabalhador.

Artigo 129, da CLT: direito

Artigo 130, da CLT: PA (período aquisitivo) – período que o trabalhador adquire o direito às férias – após 12
meses de labor – proporção com relação as faltas injustificadas.

Artigo 134, da CLT: PC (período concessivo) – 12 meses subsequentes à data em que o empregado tenha
adquirido o direito – período de gozo ou fruição.

Art. 134, § 1º Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três
períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser
inferiores a cinco dias corridos, cada um.

§ 3º É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal
remunerado.

Artigo 136, da CLT: o empregador fixa a data da concessão das férias

Artigo 136, § 2°, da CLT: estudante menor de 18 anos

Comunicação das Férias (art. 135, da CLT): por escrito, com antecedência de, no mínimo, 30 dias, mediante
recibo.

Artigo 145, da CLT: pagamento até dois antes do início das férias.

Artigo 138, da CLT: ATENÇÃO: durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a outro
empregador.

Artigo 137, da CLT: férias após o PC – pagas em dobro – a dobra é da remuneração, pois não são devidos 60
dias de férias.

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43

SÚMULA 81, do TST: Ex: (20 dias gozados dentro do período concessivo – somente os 10 dias restantes serão
devidos em dobro)

FÉRIAS COLETIVAS (ART. 139 a 141, da CLT)

Art. 139, da CLT: todos os empregados da empresa ou de um setor.

- no final do ano; diminuição da produção ou da procura de seus produtos (ex: indústria automobilística)

- o empregador é quem verifica se as férias coletivas serão necessárias – não precisa consultar os empregados.

REMUNERAÇÃO NAS FÉRIAS

Artigo 7°, XVII, da CF: 1/3 a mais do que o salário normal.

Artigo 142, da CLT: remuneração

Súmula 328, do TST: O terço é devido quando as férias são gozadas; indenizadas; integrais ou proporcionais.

Artigo 142, § 3°, da CLT: Salário pago por percentagem ou comissão: apura-se a média recebida nos últimos
12 meses.

ABONO DE FÉRIAS

Artigo 143, da CLT: o empregado pode converter 1/3 das férias em abono pecuniário – é uma opção
assegurada ao empregado.

Artigo 143, § 1°, da CLT: Requisição: 15 dias antes do término do período aquisitivo e não 15 dias antes do
início das férias.

DO TELETRABALHO

Art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio
do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de
emprego.

Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para
fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho
alheio.

Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em regime de teletrabalho observará o disposto neste
Capítulo.

Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do
empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se
constituam como trabalho externo.

Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades


específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de
teletrabalho.

43
44

Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato
individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado.

§ 1º Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo
entre as partes, registrado em aditivo contratual.

§ 2º Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do
empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo
contratual.

Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos
equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem
como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito.

Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo não integram a remuneração do empregado.

Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às
precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho.

Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as


instruções fornecidas pelo empregador.

DO DANO EXTRAPATRIMONIAL

Art. 223-A. Aplicam-se à reparação de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho
apenas os dispositivos deste Título.

Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou
existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação.

Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer
e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física. (Incluído pela Lei nº 13.467,
de 2017)

Art. 223-D. A imagem, a marca, o nome, o segredo empresarial e o sigilo da correspondência são bens
juridicamente tutelados inerentes à pessoa jurídica.

Art. 223-E. São responsáveis pelo dano extrapatrimonial todos os que tenham colaborado para a ofensa ao bem
jurídico tutelado, na proporção da ação ou da omissão.

Art. 223-F. A reparação por danos extrapatrimoniais pode ser pedida cumulativamente com a indenização por
danos materiais decorrentes do mesmo ato lesivo.

§ 1º Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir a decisão, discriminará os valores das indenizações a
título de danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza extrapatrimonial.

§ 2º A composição das perdas e danos, assim compreendidos os lucros cessantes e os danos emergentes, não
interfere na avaliação dos danos extrapatrimoniais.

44
45

Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará:

I - a natureza do bem jurídico tutelado;


II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação;
III - a possibilidade de superação física ou psicológica;
IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão;
V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa;
VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral;
VII - o grau de dolo ou culpa;
VIII - a ocorrência de retratação espontânea;
IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa;
X - o perdão, tácito ou expresso;
XI - a situação social e econômica das partes envolvidas;
XII - o grau de publicidade da ofensa.

o
§ 1 Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um
dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido. (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 2º Se o ofendido for pessoa jurídica, a indenização será fixada com observância dos mesmos parâmetros
estabelecidos no § 1º deste artigo, mas em relação ao salário contratual do ofensor.

o
§ 3 Na reincidência entre partes idênticas, o juízo poderá elevar ao dobro o valor da indenização. (Incluído pela
Lei nº 13.467, de 2017)

DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL

Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo
estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.

o
§ 1 Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a
mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não
seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos.

o
§ 2 Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de
carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação coletiva, plano de cargos e
salários, dispensada qualquer forma de homologação ou registro em órgão público.

45
46

o o
§ 3 No caso do § 2 deste artigo, as promoções poderão ser feitas por merecimento e por antiguidade, ou por
apenas um destes critérios, dentro de cada categoria profissional.

§ 4º - O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão
competente da Previdência Social não servirá de paradigma para fins de equiparação salarial. (Incluído pela Lei
nº 5.798, de 31.8.1972)

o
§ 5 A equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos no cargo ou na função, ficando
vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem
em ação judicial própria.

o
§ 6 No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o juízo determinará, além do
pagamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor do empregado discriminado, no valor de 50%
(cinquenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

DA VESTIMENTA DO EMPREGADO

Art. 456-A. Cabe ao empregador definir o padrão de vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a
inclusão no uniforme de logomarcas da própria empresa ou de empresas parceiras e de outros itens de
identificação relacionados à atividade desempenhada.

Parágrafo único. A higienização do uniforme é de responsabilidade do trabalhador, salvo nas hipóteses em que
forem necessários procedimentos ou produtos diferentes dos utilizados para a higienização das vestimentas de
uso comum.

TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS E TRABALHO TEMPORÁRIO

MOTIVO: especialização; melhor gestão dos negócios; aumento de produtividade e redução de custo.
CONCEITO: processo de descentralização das atividades da empresa.

OBS: VER LEI 6019 DE 1974, ALTERADA PELAS LEIS 13.429 e 13.467 de 2017

1) TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS

o
Art. 4 -A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de
quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora
de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução.

o
§ 1 A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho realizado por seus trabalhadores,
ou subcontrata outras empresas para realização desses serviços.

o
§ 2 Não se configura vínculo empregatício entre os trabalhadores, ou sócios das empresas prestadoras de
serviços, qualquer que seja o seu ramo, e a empresa contratante.

46
47

o
Art. 4 -B. São requisitos para o funcionamento da empresa de prestação de serviços a terceiros:

I - prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ);


II - registro na Junta Comercial;
III - capital social compatível com o número de empregados, observando-se os seguintes parâmetros:

a) empresas com até dez empregados - capital mínimo de R$ 10.000,00 (dez mil reais);
b) empresas com mais de dez e até vinte empregados - capital mínimo de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais);
c) empresas com mais de vinte e até cinquenta empregados - capital mínimo de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco
mil reais);
d) empresas com mais de cinquenta e até cem empregados - capital mínimo de R$ 100.000,00 (cem mil reais);
e
e) empresas com mais de cem empregados - capital mínimo de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais).

o o
Art. 4 -C. São asseguradas aos empregados da empresa prestadora de serviços a que se refere o art. 4 -A
desta Lei, quando e enquanto os serviços, que podem ser de qualquer uma das atividades da contratante, forem
executados nas dependências da tomadora, as mesmas condições:
I - relativas a:

a) alimentação garantida aos empregados da contratante, quando oferecida em refeitórios;


b) direito de utilizar os serviços de transporte;
c) atendimento médico ou ambulatorial existente nas dependências da contratante ou local por ela designado;
d) treinamento adequado, fornecido pela contratada, quando a atividade o exigir.

II - sanitárias, de medidas de proteção à saúde e de segurança no trabalho e de instalações adequadas à


prestação do serviço.

o
§ 1 Contratante e contratada poderão estabelecer, se assim entenderem, que os empregados da contratada
farão jus a salário equivalente ao pago aos empregados da contratante, além de outros direitos não previstos
neste artigo.

o
§ 2 Nos contratos que impliquem mobilização de empregados da contratada em número igual ou superior a
20% (vinte por cento) dos empregados da contratante, esta poderá disponibilizar aos empregados da contratada
os serviços de alimentação e atendimento ambulatorial em outros locais apropriados e com igual padrão de
atendimento, com vistas a manter o pleno funcionamento dos serviços existentes.

o
Art. 5 -A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa de prestação de serviços
relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal.

o
§ 1 É vedada à contratante a utilização dos trabalhadores em atividades distintas daquelas que foram objeto do
contrato com a empresa prestadora de serviços.

o
§ 2 Os serviços contratados poderão ser executados nas instalações físicas da empresa contratante ou em
outro local, de comum acordo entre as partes.

47
48

o
§ 3 É responsabilidade da contratante garantir as condições de segurança, higiene e salubridade dos
trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas dependências ou local previamente convencionado em
contrato.

o
§ 4 A contratante poderá estender ao trabalhador da empresa de prestação de serviços o mesmo atendimento
médico, ambulatorial e de refeição destinado aos seus empregados, existente nas dependências da contratante,
ou local por ela designado.

o
§ 5 A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período
em que ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o
o
disposto no art. 31 da Lei n 8.212, de 24 de julho de 1991.

o
Art. 5 -B. O contrato de prestação de serviços conterá:

I - qualificação das partes;


II - especificação do serviço a ser prestado;
III - prazo para realização do serviço, quando for o caso;
IV - valor.

o o
Art. 5 -C. Não pode figurar como contratada, nos termos do art. 4 -A desta Lei, a pessoa jurídica cujos titulares
ou sócios tenham, nos últimos dezoito meses, prestado serviços à contratante na qualidade de empregado ou
trabalhador sem vínculo empregatício, exceto se os referidos titulares ou sócios forem aposentados.

o
Art. 5 -D. O empregado que for demitido não poderá prestar serviços para esta mesma empresa na qualidade
de empregado de empresa prestadora de serviços antes do decurso de prazo de dezoito meses, contados a
partir da demissão do empregado.

2) TRABALHO TEMPORÁRIO

o
Art. 1 As relações de trabalho na empresa de trabalho temporário, na empresa de prestação de serviços e nas
respectivas tomadoras de serviço e contratante regem-se por esta Lei.

o
Art. 2 Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho
temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de
substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços.

o
§ 1 É proibida a contratação de trabalho temporário para a substituição de trabalhadores em greve, salvo nos
casos previstos em lei.

o
§ 2 Considera-se complementar a demanda de serviços que seja oriunda de fatores imprevisíveis ou, quando
decorrente de fatores previsíveis, tenha natureza intermitente, periódica ou sazonal.

Art. 3º - É reconhecida a atividade da empresa de trabalho temporário que passa a integrar o plano básico do
enquadramento sindical a que se refere o art. 577, da Consolidação da Leis do Trabalho.

o
Art. 4 Empresa de trabalho temporário é a pessoa jurídica, devidamente registrada no Ministério do Trabalho,
responsável pela colocação de trabalhadores à disposição de outras empresas temporariamente.

48
49

o
Art. 5 Empresa tomadora de serviços é a pessoa jurídica ou entidade a ela equiparada que celebra contrato de
o
prestação de trabalho temporário com a empresa definida no art. 4 desta Lei.

o
Art. 6 São requisitos para funcionamento e registro da empresa de trabalho temporário no Ministério do
Trabalho:

I - prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), do Ministério da Fazenda;


II - prova do competente registro na Junta Comercial da localidade em que tenha sede;
III - prova de possuir capital social de, no mínimo, R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Parágrafo único. A empresa infratora do presente artigo poderá ter o seu funcionamento suspenso, por ato do
Diretor Geral do Departamento Nacional de Mão-de-Obra, cabendo recurso ao Ministro de Estado, no prazo de
dez dias, a contar da publicação do ato no Diário Oficial da União.

o
Art. 9 O contrato celebrado pela empresa de trabalho temporário e a tomadora de serviços será por escrito,
ficará à disposição da autoridade fiscalizadora no estabelecimento da tomadora de serviços e conterá:

I - qualificação das partes;


II - motivo justificador da demanda de trabalho temporário;
III - prazo da prestação de serviços;
IV - valor da prestação de serviços;
V - disposições sobre a segurança e a saúde do trabalhador, independentemente do local de realização do
trabalho.

o
§ 1 É responsabilidade da empresa contratante garantir as condições de segurança, higiene e salubridade dos
trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas dependências ou em local por ela designado.

o
§ 2 A contratante estenderá ao trabalhador da empresa de trabalho temporário o mesmo atendimento médico,
ambulatorial e de refeição destinado aos seus empregados, existente nas dependências da contratante, ou local
por ela designado.

o
§ 3 O contrato de trabalho temporário pode versar sobre o desenvolvimento de atividades-meio e atividades-fim
a serem executadas na empresa tomadora de serviços.

Art. 10. Qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços, não existe vínculo de emprego entre ela e
os trabalhadores contratados pelas empresas de trabalho temporário.

o
§ 1 O contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, não poderá exceder ao prazo de
cento e oitenta dias, consecutivos ou não.

o
§ 2 O contrato poderá ser prorrogado por até noventa dias, consecutivos ou não, além do prazo estabelecido
o
no § 1 deste artigo, quando comprovada a manutenção das condições que o ensejaram.

o
§ 4 Não se aplica ao trabalhador temporário, contratado pela tomadora de serviços, o contrato de experiência
previsto no parágrafo único do art. 445 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1o de maio de 1943.

49
50

o o o
§ 5 O trabalhador temporário que cumprir o período estipulado nos §§ 1 e 2 deste artigo somente poderá ser
colocado à disposição da mesma tomadora de serviços em novo contrato temporário, após noventa dias do
término do contrato anterior.

o o
§ 6 A contratação anterior ao prazo previsto no § 5 deste artigo caracteriza vínculo empregatício com a
tomadora.

o
§ 7 - A contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que
ocorrer o trabalho temporário, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art.
31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.

Art. 11 - O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada um dos assalariados
colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será, obrigatoriamente, escrito e dele deverão
constar, expressamente, os direitos conferidos aos trabalhadores por esta Lei.

Parágrafo único. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proibindo a contratação do trabalhador
pela empresa tomadora ou cliente ao fim do prazo em que tenha sido colocado à sua disposição pela empresa
de trabalho temporário.

Art. 12 - Ficam assegurados ao trabalhador temporário os seguintes direitos:

a) remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria da empresa tomadora ou


cliente calculados à base horária, garantida, em qualquer hipótese, a percepção do salário mínimo regional;
b) jornada de oito horas, remuneradas as horas extraordinárias não excedentes de duas, com acréscimo de
20% (vinte por cento); Obs: ver artigo 7º da CF – adicional de 50%
c) férias proporcionais;
e) adicional por trabalho noturno;
f) indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato, correspondente a 1/12 (um doze
avos) do pagamento recebido;
g) seguro contra acidente do trabalho;
h) proteção previdenciária nos termos do disposto na Lei Orgânica da Previdência Social, com as alterações
introduzidas pela Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973 (art. 5º, item III, letra "c" do Decreto nº 72.771, de 6 de
setembro de 1973).

§ 1º - Registrar-se-á na Carteira de Trabalho e Previdência Social do trabalhador sua condição de temporário.

§ 2º - A empresa tomadora ou cliente é obrigada a comunicar à empresa de trabalho temporário a ocorrência de


todo acidente cuja vítima seja um assalariado posto à sua disposição, considerando-se local de trabalho, para
efeito da legislação específica, tanto aquele onde se efetua a prestação do trabalho, quanto a sede da empresa
de trabalho temporário.

Art. 13 - Constituem justa causa para rescisão do contrato do trabalhador temporário os atos e circunstâncias
mencionados nos artigos 482 (justa causa) e 483 (rescisão indireta), da Consolidação das Leis do Trabalho,
ocorrentes entre o trabalhador e a empresa de trabalho temporário ou entre aquele e a empresa cliente onde
estiver prestando serviço.

50
51

Art. 14 - As empresas de trabalho temporário são obrigadas a fornecer às empresas tomadoras ou clientes, a
seu pedido, comprovante da regularidade de sua situação com o Instituto Nacional de Previdência Social.

Art. 15 - A Fiscalização do Trabalho poderá exigir da empresa tomadora ou cliente a apresentação do contrato
firmado com a empresa de trabalho temporário, e, desta última o contrato firmado com o trabalhador, bem como
a comprovação do respectivo recolhimento das contribuições previdenciárias.

Art. 16 - No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora ou cliente é


solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao tempo em que o
trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao mesmo período, pela remuneração e
indenização previstas nesta Lei.

Art. 17 - É defeso às empresas de prestação de serviço temporário a contratação de estrangeiros com visto
provisório de permanência no País.

Art. 18 - É vedado à empresa do trabalho temporário cobrar do trabalhador qualquer importância, mesmo a título
de mediação, podendo apenas efetuar os descontos previstos em Lei.
Parágrafo único. A infração deste artigo importa no cancelamento do registro para funcionamento da empresa
de trabalho temporário, sem prejuízo das sanções administrativas e penais cabíveis.

Art. 19 - Competirá à Justiça do Trabalho dirimir os litígios entre as empresas de serviço temporário e seus
trabalhadores.

Art. 19-A. O descumprimento do disposto nesta Lei sujeita a empresa infratora ao pagamento de multa.

Art. 19-B. O disposto nesta Lei não se aplica às empresas de vigilância e transporte de valores, permanecendo
as respectivas relações de trabalho reguladas por legislação especial, e subsidiariamente pela Consolidação
o o
das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943.

Art. 19-C. Os contratos em vigência, se as partes assim acordarem, poderão ser adequados aos termos desta
Lei.

FORÇA MAIOR E FATO DO PRÍNCIPE

Artigos 501 e 486 da CLT

Para a verificação destes artigos, importe é a análise lastreada na Teoria da Imprevisão e seus
elementos básicos.

Neste ponto do estudo, é interessante analisar hipóteses em que o ressarcimento não é devido, mesmo
ocorrendo dano.

Na área contratual, o inadimplemento da obrigação (não cumprimento) enseja perdas e danos, além de
juros e atualização monetária segundo os índices oficiais, bem como honorários advocatícios. O mesmo ocorre
na responsabilidade extracontratual, desde o evento danoso até a data do efetivo ressarcimento.

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A teoria da imprevisão se baseia em fatos externos, alheios à vontade das partes, que por sua
imprevisibilidade e inevitabilidade inibem o cumprimento contratual (ou na área extracontratual) gerando dano,
se, é claro, a isto não se obrigou expressamente; tais fatos são denominados de força maior ou caso fortuito.
Essa teoria possui sede na área contratual, extracontratual e na responsabilidade civil do Estado.
Assim, o evento danoso ocorre, mas a indenização não é devida; segundo o CC:

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não
era possível evitar ou impedir.

Em resumo, para o marco da Teoria da imprevisão, segundo Hely Lopes Meirelles, necessário:

FATO SUPERVENIENTE
Imprevisível
Imprevisto
Inevitável

Do citado autor, transcreve-se especificamente:

Força maior: É o evento humano que, por sua imprevisibilidade e inevitabilidade, cria para o contratado
impossibilidade intransponível de regular execução do contrato (v.g. greve que paralise os transportes ou a
fabricação de um produto de que depende a execução do contrato).

Caso fortuito: É o evento da natureza que, por sua imprevisibilidade e inevitabilidade, cria para o contratado
impossibilidade intransponível de regular execução do contrato (v.g. tufão, inundação).

NORMA COLETIVA DO TRABALHO

CONCEITO: Norma coletiva é o negócio jurídico de caráter normativo e natureza coletiva, de modo a
regulamentar temporariamente as condições de trabalho, no intuito de evitar o conflito entre empregadores e
trabalhadores.
Obs. é uma fonte do direito do trabalho, pois cria normas e condições aplicáveis ao contrato de

trabalho.

ACORDOS E CONVENÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO:

Obs. aplicam-se a todos os membros da categoria e não só aos sócios.

Artigo 7°, XXVI, da CF: reconhece a ACT e a CCT

Artigo 8°, VI da CF: participação obrigatória dos sindicatos nas negociações coletivas.

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Convenção Coletiva de Trabalho:

Instrumento em nível de categoria – seus efeitos alcançam todas as empresas representadas pelo

sindicato da categoria - resolve problemas da categoria – matéria geral

Acordo Coletivo de Trabalho:

Ajuste entre sindicato dos trabalhadores e uma ou mais empresas – não se aplica para toda a categoria

- resolve problemas na empresa – matéria específica.

Obs: Ver Súmula 277 do TST

OBS: DIREITO COLETIVO DO TRABALHO – LEI 13.467 DE 2017

1) Art. 8º, §3 – exame da CCT pela JT


2) Art. 510-A / 510-E – representação dos empregados nas empresas
3) Art. 545 / 609 – contribuição sindical
4) Art. 611-A – prevalência da CCT sobre a Lei + contrapartidas + redução de salário e jornada etc.
5) Art. 611-B – objeto ilícito de CCT (supressão ou redução de direitos)
6) Art. 614, §3 – validade de CCT (dois anos) + ACT prevalecer sobre CCT

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DE OLIVEIRA, Nélson Custódio, Português ao Alcance de Todos, com ilustrações de João Guilherme C. Ribeiro, 7a. edição, 1966.

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QUADRO 2

Análise sintática é uma técnica empregada no estudo da estrutura sintática de uma língua. Ela é útil
quando se pretende:
1. descrever as estruturas sintáticas possíveis ou aceitáveis da língua; ou
2. decompor o texto em unidades sintáticas a fim de compreender a maneira pela qual os elementos
sintáticos são organizados na sentença.

A compreensão dos vários mecanismos inerentes em uma língua é facilitada pelo procedimento
analítico, através do qual buscam-se nas unidades menores (por exemplo, a sentença) as razões para certos
fenômenos detectados nas unidades maiores (por exemplo, o texto). Dessa forma, a Gramática Normativa
(aquela que prescreve as normas da língua culta) sempre se ocupou em decompor algumas unidades
estruturais da língua para tornar didática a compreensão de certos fenômenos. No âmbito da fonologia, tem-se
a análise fonológica, em que a estrutura sonora das palavras é decomposta em unidades mínimas do som
(os fonemas); em morfologia, tem-se a análise morfológica, da qual se depreendem das palavras as suas
unidades mínimas dotadas de significado (os morfemas).

A análise sintática ocupa um lugar de destaque em muitas gramáticas da língua portuguesa, porque
grande parte das normas do bem dizer e do bem escrever recaem sobre a estrutura sintática, isto é, sobre
a organização das palavras na sentença. Para compreender o uso dos pronomes relativos, a colocação
pronominal, as várias relações de concordância, por exemplo, é importante, antes, promover uma análise
adequada da sintaxe apresentada pela sentença em questão. Nenhuma regra de conduta da língua culta tem
sentido sem uma análise sintática da sentença que se estuda. Por isso, antes que se aplique qualquer norma
gramatical é preciso compreender de que forma os elementos sintáticos estão dispostos naquela sentença
especial. Isso se dá porque os elementos sintáticos também não são fixos na língua. Por exemplo: uma palavra
pode funcionar como sujeito em uma sentença e, em outra, funcionar como agente da passiva. Somente a
análise sintática poderá determinar esse comportamento específico das palavras no contexto da sentença.
Sendo a análise sintática uma aplicação estritamente voltada para a sentença, parte-se dessa unidade maior
para alcançar os seus constituintes - os sintagmas – que, por sua vez, são rotulados através das categorias
sintáticas. Como se vê, é um exercício de decomposição da sentença. Vejamos um exemplo de análise
sintática:
Teu pai quer que você estuda antes de brincar.
...[há três orações]
...[1ª oração: teu pai quer = oração principal]
...[na 1ª oração: sintagma nominal = teu pai; sintagma verbal = quer]
...[sintagma verbal da 1ª oração: formado por um verbo modal]
...[2ª oração: que você estuda = oração subordinada objetiva direta]
...[na 2ª oração: sintagma nominal = você; sintagma verbal = estuda]
...[2ª oração: introduzida pelo pronome relativo que]
...[3ª oração: antes de brincar = oração subordinada adverbial reduzida de infinitivo]
...[sintagma adverbial: locução adverbial de tempo: antes de]
...[sintagma verbal: brincar]

Através da análise que desenvolvemos pudemos depreender as várias unidades menores do período,
isto é, as três orações (ou sentenças), e, além disso, identificamos as funções dos elementos sintáticos

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presentes em cada oração (tipo de verbo, qualidade do pronome, tipos de sintagmas, tipo de advérbio). A
partir desses resultados é possível verificar um problema de concordância verbal existente na segunda oração.
Trata-se da norma gramatical que nos informa o seguinte: "se houver uma oração subordinada objetiva direta
introduzida pelo pronome que e, se essa oração complementa um verbo modal, então o verbo dessa oração
subordinada deve estar no modo subjuntivo". Pela análise sintática vemos que esse é o caso do nosso período.
Assim, conseguimos compreender a necessidade de alteração da forma verbal, derivando a sentença abaixo.
Teu pai quer que você estude antes de brincar.
Para promovermos essa análise, enfim, foi exigido que conhecêssemos alguns elementos fundamentais da
sintaxe:
o período
a frase
a oração
os termos das orações

A análise sintática, assim como as outras referentes à língua, é um exercício muito próximo da
matemática, pois envolve um raciocínio lógico do tipo: "se você encontrar tal elemento, então admita que esse
elemento é um objeto tal". Promover esse tipo de raciocínio no estudo das sentenças é desenvolver
uma análise formal, porque as categorias sintáticas são formas que não dependem do conteúdo que
expressam. Em outros níveis de análise - a análise semântica, a análise discursivae análise estilística - esse tipo
de raciocínio lógico é bastante complicado, porque envolve elementos cuja representação e estrutura não são
fixas. Em todo caso, grande parte das correções gramaticais se aplica ao nível de adequação sintática do texto,
por isso a chamada revisão gramatical.

fonte: http://www.interaula.com/portugues/an.lisesint.tica.defini..o.htm

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QUADRO 3

Quem fez o que, quando, como, onde e por quê?

Quem fez o que, quando, como, onde e por quê?

Juliano de Camargo, Bacharel em direito, pós-graduando em direito público, concursando.

Diante de uma pergunta dissertativa, escrita, oral, ou mesmo na necessidade de resolução de um


problema prático, especialmente jurídico, ao tomar decisões, logo de início, a mente pode ficar confusa,
tentando encontrar os pontos que convirjam para a resposta. Nessa hora é preciso organizar os pensamentos e
uma dica prática são os 6W (prática usual no jornalismo investigativo).

W, porque vem das palavras em inglês:

WHO, WHAT, WHEN, HOW, WHERE, WHY;

ou melhor esclarecendo: QUEM, O QUE, QUANDO, COMO, ONDE, POR QUÊ

No trabalho, nos estudos dirigidos, nas provas, tente identificar estas respostas. São indagações
importantíssimas que focam o pensamente e podem conduzir à solução do problemas ou simplesmente pode
ajudar a fixar melhor o conteúdo estudado.

Destaco que tais perguntas nunca serão respondidas com sim ou não; é preciso pensamento e abstração.

· Sobre quem estou tratando, ou quem escreveu, ou quem são as partes?

· O que é isso, ou o que devo buscar?

· Quando ocorreram os fatos, quando foi escrito, quando é aplicável?

· Como se usa, como se aplica, como é o processo ou procedimento?

· Onde fica, onde ocorreram os fatos, onde está na lei?

· Por que disseram isso, por que ocorreu dessa maneira, por que seguiu assim e não de outro jeito?

Os grandes retóricos gregos Platão, Aristóteles e Protágoras foram quem condensaram a idéia
da persuasão e argumentação retórica, expondo fatos, demonstrando-os e concluindo, com aspectos
essenciais: brevidade, clareza e verossimilhança. Mas foi o romano Cícero, em De Inventione, quem explicitou
os aspectos essenciais de um texto compreensível a todos:

· quis/persona – quem;

· quid/factum – o que;

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· ubi/locus – onde;

· quem admodum/modus – como;

· quando/tempus – quando;

· quibus adminiculis/facultas – com que meios;

· cur/causa – por quê.

Fonte: http://direitonovobrasil.blogspot.com.br/2011/01/quem-fez-o-que-quando-como-onde-e-por.html

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ANEXO 1

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO: Com base na leitura dos artigos 2º, 3º e 466 da CLT analisar o caso em concreto:

Joaquim de tal (brasileiro, solteiro, maior, vendedor) é contratado pela empresa “Venda Moleza”, do ramos de
seguimento de insumos para a indústria de panificação, em 04.08.2015, mediante salário misto (fixo mais
comissões). Em seu contrato de trabalho, na modalidade experiência de 90 dias, estão pactuadas as seguintes
condições: (i) jornada de segunda-feira à sexta-feira, em regime de compensação (jornada de quatro horas aos
sábados) das 08h às 17h48, com uma hora de intrajornada (descanso e alimentação); (ii) vale refeição de R$
32,00 por dia efetivo de trabalho; (iii) vale alimentação, correspondente à cesta básica de 50 quilos, com itens
variados; (iv) assistência médica, com custo empresarial correspondente a 70 %, com várias categorias de livre
escolha do empregado e (v) salário fixo mensal de R$ 2.500,00, com recebimento no quinto dia útil do mês
subsequente à prestação do serviço e, variável, correspondente a 2% do bruto de todas as vendas realizadas.
Vale acrescer que, em referido contrato, consignado está que o salário variável somente será devido e pago no
quinto dia útil do mês subsequente ao pagamento da fatura pelos clientes da empresa contratante
correspondentes às vendas realizadas por Joaquim de tal. Desta feita, análise as condições do contrato e, de
modo fundamentado, indique a correção ou não da forma do pagamento do salário variável.

ANEXO 2

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO: Estudo de Caso - Relação de Emprego


“A”, brasileiro, casado, mediante contrato de trabalho temporário celebrado com a W Time Serviços
Temporários, presta serviço na empresa “B”, do ramo comercial – loja de varejo, estabelecida em um Shopping
Center, no período de 20.11.2009 a 05.01.2010, nas atividades (funções) de caixa suplementar, em virtude do
aumento do volume de vendas no final de ano, sob orientação do Gerente da Loja, mediante a retribuição de
R$ 7,00 reais por hora, com jornada das 14h15 / 22h30h, com uma hora intrajornada (almoço e refeição), de
segunda a sábado. Ao término do contrato, reclama vínculo de emprego, com pedidos conseqüentes de 13º
salário proporcional de 2006 e 2007, férias proporcionais com terço constitucional e FGTS, além de horas extras
exigidas em 3 domingos por mês durante o vínculo. Está correto o entendimento de “A” pertinente ao
reconhecimento de vínculo de emprego?

ANEXO 3

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO: Estudo de Caso – Justa Causa


“A”, maior, operador de máquina Extrusora, admitido em 13.09.2005 pela empresa “B”, com salário
atual de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos reais) por mês, além das utilidades de assistência médica
familiar com participação de 5% (cinco por cento), vale alimentação (cesta de 50 quilos) e refeição de
R$ 8,00 (oito reais) por dia efetivo de trabalho, com jornada de 12 x 36, observada a permissão em
norma coletiva de trabalho (Convenção Coletiva de Trabalho) com base e força no artigo 7º, XIII, e 8º,
III, ambos da Constituição de 1988, com retorno de auxílio doença aos 10.05.2009 (sob o nexo de
causa de traumatismo craniano em virtude de um acidente de veículo em passeio com a família no
dia X - domingo de folga – novembro de 2008), a partir de janeiro de 2010 passa a se comportar
estranhamente e a negar-se a utilizar os equipamentos de proteção individual – EPI (óculos de
proteção, protetores auriculares, bota de segurança e outros) fornecidos pelo empregador, dentro da
legislação vigente. Na quinta ocorrência, em 12.03.2010, precedida de duas advertências por escrito
e duas suspensões - de um e três dias, é dispensado por justa causa, por meio de carta de dispensa
por justa causa. Designado o dia e hora para recebimento dos haveres finais perante a DRT nega-se

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a assinar o TRCT sob o argumento de não concordância com a justa causa sob o argumento de estar
acometido de estresse pós-traumático e daí o seu comportamento na realização de suas atividades
laborais. Logo após a data da homologação dos haveres finais, propõe reclamação trabalhista com o
objeto de descaracterização da justa causa e retorno ao trabalho em virtude de estar com estresse
pós-traumático, embora não acolhido pelo INSS. O feito é julgado improcedente, tendo em vista a
prova efetiva, por testemunhas, das negativas de utilização dos equipamentos de proteção individual
e ausência de acolhimento de doença (estresse pelo órgão previdenciário). Considerado que,
efetivamente, “A” não cumpriu as normas de segurança (não utilização de EPI), não obstante a sua
justificativa. Considerado como verdadeiros os fatos e fundamentos expostos, está correto o
entendimento de “A” no tocante à relação de emprego? Justificar a resposta.

ANEXO 4

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO: Estudo de Caso – Justa Causa


“S”, maior, Engenheiro de Campo, admitido em 29.04.2001 pela empresa de perfuração de poços artesianos
NGK, em serviço na cidade X, presta contas de despesas de locomoção, estadia e alimentação pertinentes ao
mês de agosto de 2010. A empresa recepciona a prestação de contas no início de setembro de 2010 e
desconfiando de gastos com alimentação realiza diligência nos estabelecimentos e descobre o
superfaturamento da alimentação (em torno de cinqüenta por cento), em virtude da aquisição de cigarros,
bebidas alcoólicas e outros itens. De posse da prova do superfaturamento, em data de 11.09.2010 dispensa “S”
por justa causa

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ANEXO A

SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO

RELAÇÃO DE EMPREGO

TRABALHO 3: Com base na leitura dos artigo 1º a 11º da CLT, bem como da Súmula 331 do TST, realizar resumo
da fundamentação da relação de emprego colhida na sentença de piso e, ainda, a caracterização da nulidade da
terceirização

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região 50ª Vara do Trabalho de São Paulo Processo nº [...]
Reclamante(s): [...] Reclamada(s): [...]

Aos 29 dias de janeiro de 2015, pelo MM. Juiz do Trabalho Substituto, Dr. FÁBIO MOTERANI, à análise a presente ação, prolatou-se a
seguinte sentença:

I. RELATÓRIO. O reclamante postula reconhecimento de vínculo em período sem registro, consectários legais e verbas rescisórias, multas
dos artigos 467 e 477 da CLT, adicional de insalubridade, licença paternidade, indenização por danos materiais e morais e multa
normativa. A defesa alega prescrição e impugna as pretensões. Réplica (fls. 112/116). Laudo pericial às fls. 136/142. Instrução com
depoimentos das partes e de uma testemunha (fls. 144/145). Razões finais pelas partes. Nova proposta de conciliação rejeitada.

II. FUNDAMENTAÇÃO.

PRESCRIÇÃO. São inexigíveis, por prescritas, as parcelas anteriores a 03/04/2008, nos termos do art. 7º, XXIX, da CRF, exceto no tocante
às providências declaratórias (art. 11, § 1º, da CLT).

VÍNCULO DE EMPREGO. PEJOTIZAÇÃO. A configuração de uma relação de emprego exige vinculação da pessoa física à atividade, com um
mínimo de fidúcia; intenção contraprestativa, ainda que em mora salarial; permanência da relação no tempo (trato sucessivo), com
ressalva quando contrato a prazo. Em especial, a subordinação, seja na forma tradicional de submissão jurídica, ou mais diluída, ante a
maior intensificação da iniciativa pessoal do trabalhador, desde que inserido nos fins do empreendimento ou na organização
empresarial (ciclo produtivo), submetendo-se a sanções e recebimento de salário, a critério do tomador dos serviços. No caso dos autos,
o reclamante foi registrado, passando a prestar serviços por meio de pessoa jurídica depois da rescisão contratual, sem solução de
continuidade, o que reforça a tese da inicial.

É patente que a atividade desenvolvida pelo reclamante (médico) inseria-se na atividade fim da reclamada (hospital). A única
testemunha ouvida confirmou que a reclamada contava com alguns médicos registrados e outros que trabalhavam por meio da
“pejotização”, não havendo qualquer diferença entre a dinâmica de trabalho destes e daqueles. Afirmou ainda que todos os médicos se
reportavam ao diretor clínico e que o hospital elaborava e repassava a cada médico, individualmente, a sua grade de horários,
comprovando a existência de subordinação. A pessoalidade também restou demonstrada, já que não era possível que o médico enviasse
alguém para o hospital no seu lugar, conforme prova testemunhal.

Portanto, nos termos do art. 9º da CLT, declaro a nulidade da relação jurídica estabelecida entre a reclamada e a pessoa jurídica
constituída pelo reclamante e reconheço o vínculo de emprego postulado no período. Dessa forma, a reclamada deverá retificar o
registro na CTPS do reclamante, fazendo constar a rescisão contratual em 31/08/2010, no prazo de 5 (cinco) dias após a juntada do
documento aos autos e intimação para tanto, após trânsito em julgado, sob pena de multa de R$200,00 por dia de descumprimento,
limitada a trinta dias, caso em que caberá à Secretaria da Vara fazê-lo, observando-se o art. 39/CLT. Os valores pagos ao reclamante
quitam em seu bojo o DSR. Indefiro.

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VERBAS RESCISÓRIAS
Decorrente do ônus da informalidade que se enveredou a reclamada e inexistentes provas em contrário, adoto o princípio da
continuidade da relação de emprego para pressupor a dispensa sem justo motivo, de iniciativa do empregador. Para efeito de cálculo
dos haveres trabalhistas, adoto o valor de R$ 8.000,00, com base no valor médio das notas de serviço e no número de sócios da pessoa
jurídica. Observe-se que tal valor coincide com o valor médio indicado pelo reclamante na inicial. Considerando o reconhecimento de
vínculo e o período imprescrito, defiro: aviso prévio (45 dias, conforme norma coletiva), férias simples de 2008/2009 e proporcionais
(10/12), todas com o terço constitucional; 13º salário proporcional de 2008 (9/12), integral de 2009 e proporcional de 2010 (9/12); FGTS
com multa de 40%. Defiro a multa do art. 477 da CLT, pois a ilicitude reconhecida em juízo não pode acarretar condição jurídica mais
benéfica em comparação àquele que registrou devidamente seu empregado. Indefiro a multa do artigo 467, tendo em vista a
inexistência de verbas incontroversas.

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
O laudo pericial constatou a existência de insalubridade em grau máximo nas atividades do reclamante, em decorrência da exposição
permanente a agentes biológicos, devido ao contato físico com pacientes portadores de doenças infectocontagiosas e objetos de uso
dos mesmos, com base na NR 15, anexo 14, que dispõe especificamente sobre contato com pacientes, circunstância inerente à profissão
do reclamante. Procede o pedido de adicional de insalubridade em grau máximo, de 40% sobre o salário mínimo (súmula vinculante n. 4
do STF, parte final), com reflexos sobre: aviso prévio, férias mais 1/3; 13º salário e depósitos fundiários mais multa de 40%. A título de
honorários periciais, fixo a importância de R$ 2.000,00, a cargo da reclamada, sucumbente na pretensão objeto da perícia.

LICENÇA- PATERNIDADE
A pretensão encontra-se abrangida pela prescrição, tendo em vista que o nascimento da filha do autor se deu em 1999.

INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS


Não há lugar para a responsabilidade civil a título de dano material não demonstrado. Tratando-se de pessoa jurídica “de fachada”,
desconsidero os demonstrativos de despesas com luz, telefone, condomínio, aluguel e outras, que, além do mais, consistem em
documentos unilaterais. Em relação aos tributos, houve compensação pelo fato de que o reclamante, à época, se beneficiou de
pagamento a menor de imposto de renda. O autor não juntou contrato de honorários de contador, nem sequer afirmou o valor
supostamente gasto. Indefiro. Por sua vez, o assédio moral trata de conduta que causa constrangimento psicológico à pessoa, de forma
repetida e prolongada, capaz de causar ofensa à personalidade, dignidade e integridade psíquica, e que tem por efeito excluir a posição
da vítima no emprego ou deteriorar o ambiente de trabalho. No caso dos autos, o reclamante admitiu, em depoimento, que sempre
teve uma boa relação com Kenji, e que nunca houve tratamento desrespeitoso entre eles. O dano moral exige alguma gravidade e
relevante repercussão na vida do ofendido, ou que seja intenso e duradouro a ponto de romper seu equilíbrio psicológico, sob pena de
confundir o instituto com meros aborrecimentos ou dissabores inerentes à vida, e, assim, desvirtuar a finalidade conferida ao instituto
pelo art. 5º, X, da CR. Indefiro.

MULTA NORMATIVA
O reclamante não aponta quais cláusulas do instrumento normativo teriam deixado de ser observadas, fazendo menção, entre outras,
ao não pagamento de verbas que sequer fazem parte da presente ação. Indefiro.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PERDAS E DANOS. DESPESAS COM ADVOGADO.


Ausente a necessária assistência sindical, condição prevista no art. 14 da lei 5.584/70, não há lugar para a condenação em verba
honorária. Súmulas 219 e 329 do C. TST. Ademais, com base na jurisprudência sedimentada nas súmulas acima citadas, as despesas
assumidas pelo vencedor, no tocante à contratação de advogado, resultam de sua faculdade, não lhe sendo possível pleitear o
ressarcimento junto ao vencido.

JUSTIÇA GRATUITA

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A remuneração percebida pelo reclamante é muito superior ao dobro do mínimo legal, afastando qualquer presunção de miserabilidade
apta a justificar o acolhimento do pedido de justiça gratuita, sob pena de desvirtuar o instituto. Indefiro.

DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS
O reclamante, mesmo na condição de empresário, estava possibilitado de promover os recolhimentos previdenciários. Eventuais
diferenças serão analisadas pelo Órgão Previdenciário, depois de sua ciência do teor da presente decisão. Sem prejuízo, observando-se o
entendimento contido na Súmula 368/TST e, nos termos do art. 832, § 3º, da CLT e art. 28 da Lei 8.212/91, a contribuição previdenciária
incidirá sobre 13º salário e adicional de insalubridade, com seus reflexos em 13º salário. Assim, com base no artigo 43 da Lei 8.212/91, a
reclamada deverá efetuar os recolhimentos previdenciários, mas autorizada a dedução dos valores cabíveis ao reclamante, porque o art.
33, § 5º, da Lei 8.212/91 não repassa ao empregador a responsabilidade pelo pagamento do valor relativo ao empregado, mas tão
somente a responsabilidade pelo recolhimento (Súmula 368 do TST e OJ 363 da SDI-1).

DESCONTOS FISCAIS. PESSOA JURÍDICA.


A nulidade da prestação de serviços como empresário acarreta ônus fiscal ao reclamante. Nessa condição, recolheu imposto de renda
com alíquota diferenciada. Com sua nulidade, deverá promover o correto recolhimento sobre as quantias recebidas, considerando a
tabela progressiva e os valores lançados na nota de serviço. Oficie-se à Receita Federal do Brasil, para as providências que entender
cabíveis.

Sem prejuízo, sobre os valores da condenação, o art. 12-A da Lei n. 7.713/88, inserido pela Lei n. 12.350/10, dispõe sobre a
obrigatoriedade de retenção do imposto sobre o montante dos rendimentos pagos, fazendo uso de tabela progressiva. Portanto, trata
da tributação de rendimentos do trabalho e proventos de aposentadoria recebidos acumuladamente. A Secretaria da Receita Federal do
Brasil regulamentou citado dispositivo legal (Instrução Normativa n.º nº 1127/2011). Reforçou sua redação, por força do que dispôs em
seu art. 3º. Estabelece a tributação pelo regime de competência (mês a mês), observando-se a tabela progressiva do imposto de renda.
Assim, o cálculo do imposto de renda observa o regime de competência. Quanto à base de cálculo, deve ser observado o disposto no
artigo 46, § 2°, da Lei 8.541/92, combinado com artigo 6° da Lei n. 7.713/88, no qual se excluem verbas indenizatórias e previdenciárias,
assim como valores relativos ao FGTS. Não há tributação sobre as férias indenizadas, conforme entendimento sedimentado na S. 125 do
C. STJ. O mesmo no tocante à sua incidência sobre os juros, tendo em vista sua natureza jurídica indenizatória, ainda que oriundos de
condenação em pecúnia deferida em sentença (OJ nº 400 da SDI-1).

JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA


Os juros de mora serão de 1% ao mês e incidirão a partir do ajuizamento da ação, pro rata die, nos termos do artigo 883 da CLT,
combinado com artigo 39 da Lei 8.177/91, observando-se o disposto na Súmula 200 do C. TST. A correção monetária será aplicada de
acordo com o índice de atualização dos créditos trabalhistas em geral, observando-se a época própria de cada verba e os termos da
Súmula 381 do TST. Os honorários periciais serão corrigidos na forma do art. 1º da Lei 6.899/1981, conforme OJ 198 da SDI-1.

EMBARGOS DECLARATÓRIOS
O acentuado volume de trabalho agrava-se com medidas desnecessárias em descuido ao correto tratamento legal na condução do
processo. Por essa razão, vale lembrar: 1. Não há prequestionamento em primeira instância; 2. Os embargos declaratórios não se
prestam ao fim de discutir a justiça do julgado, a exigir recurso próprio; 3. O magistrado não está obrigado a afastar, rebater ou
responder um a um os argumentos das partes, quando já tenha formado suficiente convicção para embasar a decisão, tendo em vista
que não fica adstrito aos fundamentos declinados pelas partes, bastando que a decisão seja devidamente fundamentada, como ocorreu
no caso concreto; 4. Não se prestam a rebater argumentos ou servem de instrumento de dialeticidade da sentença. Para o controle de
eventual injustiça que entende sofrer há recurso próprio. Portanto, exceto se visam a aclarar a decisão, quando presentes omissão ou
contradição, não serão conhecidos embargos, caso em que não interromperá o prazo para recurso ordinário, além de aplicação dos
artigos 14 e 17, ambos do CPC.

III. CONCLUSÃO.

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Pelo exposto, acolho a prescrição das verbas anteriores a 03/04/2008 e julgo PARCIALMENTE PROCEDENTES as pretensões de [...] contra
[...], para: – reconhecer a fraude e declarar a nulidade da relação jurídica estabelecida entre a reclamada e a pessoa jurídica constituída
pelo reclamante; - reconhecer o vínculo empregatício no período sem registro indicado na inicial. A reclamada deverá retificar o registro
na CTPS do reclamante, fazendo constar a rescisão contratual em 31/08/2010, no prazo de 5 (cinco) dias após a juntada do documento
aos autos e intimação para tanto, após trânsito em julgado, sob pena de multa de R$200,00 por dia de descumprimento, limitada a
trinta dias, caso em que caberá à secretaria da vara fazê-lo (art. 39/CLT); – arbitrar a título de honorários periciais a importância de
R$2.000,00, a cargo da reclamada, sucumbente na pretensão objeto da perícia; – condenar a reclamada ao pagamento dos seguintes
créditos: a) aviso prévio (45 dias, conforme norma coletiva), férias simples de 2008/2009 e proporcionais (10/12), todas com o terço
constitucional; 13º salário proporcional de 2008 (9/12), integral de 2009 e proporcional de 2010 (9/12); FGTS com multa de 40%; b)
multa do artigo 477 da CLT; c) adicional de insalubridade em grau máximo e reflexos. Os valores serão apurados em regular liquidação
de sentença, conforme fundamentação, autorizando o abatimento das importâncias pagas sob o mesmo título das verbas ora deferidas.

Os juros serão contados a partir da distribuição da ação e observado o índice de 1% ao mês, pro rata die (CLT, artigo 883, artigo 39 da Lei
n. 8.177/91 e Súmula 200 do C. TST). Correção monetária, observando-se a época própria de cada verba e os termos da Súmula 381 do
TST, conforme fundamentação. O desconto previdenciário respeitará a cota do trabalhador, o salário de contribuição e o teto (Súmula
368, III, do TST e OJ n. 363 da SDI-1), observando-se o regime de competência, conforme fundamentação. Com vistas ao cumprimento
do disposto do artigo 832, § 3º, da CLT, as contribuições previdenciárias incidirão sobre 13º salário e adicional de insalubridade, com
seus reflexos em 13º salário. Autoriza-se a retenção do Imposto de Renda. A tributação observará o regime de competência (mês a
mês), observando-se a tabela progressiva do imposto de renda, conforme fundamentação. Base de cálculo de acordo com artigo 46, §
2°, da Lei 8.541/92, combinado com artigo 6° da Lei n. 7.713/88, e entendimentos sedimentados nas Súmulas 125/STJ e OJ 400 da SDI-1.
Oficie-se à Receita Federal do Brasil, conforme fundamentação. Custas a cargo da reclamada, sobre R$150.000,00, no importe de
R$3.000,00. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se. Data supra.

FÁBIO MOTERANI Juiz do Trabalho

Documento elaborado e assinado em meio digital. Validade legal nos termos da Lei n. 11.419/2006. Disponibilização e verificação de autenticidade no
site www.trtsp.jus.br. Código do documento: 3189516 Data da assinatura: 05/02/2015, 06:15 PM.Assinado por: FABIO MOTERANI

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