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ambiente digital
Introdução
A digitalização e o desenvolvimento da internet têm transformado as formas do jornalismo
contar histórias. Depois de passar por diferentes fases de aprimoramento, a ambiência digital
estabelece um novo ciclo de inovação para formatos e linguagens jornalísticas. Gêneros e
formatos jornalísticos tradicionais, como a reportagem e a notícia, são chamados a se reinventar.
Para saber navegar pelas possibilidades criativas da internet, o jornalista precisa entender o que
são gêneros jornalísticos e como eles se configuram. Além disso, precisa conhecer as fases do
jornalismo on-line e saber reconhecer seus formatos de conteúdo, para que possa planejar seus
próprios produtos jornalísticos. Neste capítulo, você vai estudar os principais gêneros
jornalísticos.
Também vai conhecer as fases do jornalismo on-line e sua dinâmica de desenvolvimento,
além de e estudar os formatos do jornalismo on-line.
1 Os gêneros jornalísticos
Para começar os estudos deste capítulo, vamos explorar o que são gêneros jornalísticos e
como eles se configuram na prática do jornalismo. O conceito de gênero jornalístico vem dos
estudos da linguagem e é utilizado para se referir à estrutura de algum texto. Para o filósofo
Mikhail Bakhtin (2003), utilizado como referência quando o assunto é gênero discursivo, os
gêneros são formas-padrão relativamente estáveis de enunciados, usadas em situações
comunicacionais. Eles aparecem vinculados, então, a atividades e práticas profissionais
específicas. Podemos classificar os textos gerados a partir da prática de edição jornalística em
gêneros específicos, ou seja, textos que compartilham de algumas propriedades entre si. Para
Melo e Assis (2016), os gêneros jornalísticos fazem parte do universo de gêneros midiáticos e,
por isso, compartilham algumas características com outros textos produzidos pela mídia. Sua
identidade peculiar, seu reconhecimento pelos seus produtores e consumidores, sua função
informativa ou de entretenimento e sua permanência ao longo do tempo são algumas dessas
propriedades compartilhadas. Quando falamos sobre gêneros jornalísticos, é comum nos
referirmos à classificação estabelecida por José Marques de Melo, que, após anos de observação
empírica de jornais brasileiros, chegou a uma lista de cinco categorias de gêneros jornalísticos
(MELO, 2009 apud MELO; ASSIS, 2016):
O gênero informativo
O gênero informativo refere-se ao universo da informação e tem como função principal o
relato de fatos da maneira mais objetiva possível (MEDINA, 2001). Constitui a base do
jornalismo que conhecemos hoje, cuja função é informar seu leitor sobre acontecimentos sociais.
Segundo Melo (2010), seu surgimento remonta ao século XVII, ou seja, é o mais antigo dos
gêneros jornalísticos estudados. Como formatos atuais, ele abriga a nota, a notícia, a reportagem
e a entrevista. Segundo Lage (2001a), os textos jornalísticos do gênero informativo têm como
base a veracidade da informação, a objetividade e a imparcialidade. São relatos de fatos reais a
partir do uso de técnicas jornalísticas objetivas.
A notícia é considerada um formato básico desse gênero discursivo. Trata-se de um relato
de uma série de fatos organizado a partir do fato mais importante ao menos importante (LAGE,
2001a). Além de se relacionar com a verdade, esse formato também tem relação com o conceito
de interesse humano. Os jornalistas escolhem transformar em notícia fatos que interessam a
sociedade ou seu potencial público, ou seja, que sigam critérios de noticiabilidade (PENA, 2006).
Para Melo (2003 apud PENA, 2006), a diferença entre a notícia, a nota e a reportagem consiste
na progressão dos acontecimentos relatados. Enquanto a nota tem um caráter textual mais breve,
pois refere-se a acontecimentos que ainda estão acontecendo, a notícia consiste no relato integral
de um fato que já aconteceu. A reportagem, por outro lado, engloba a cobertura da repercussão
de um fato social, ou seja, é mais densa. Enquanto a notícia prima pelo fato em si, a reportagem
contextualiza e aprofunda as informações relativas a ele (PENA, 2006).
O gênero opinativo
Os gêneros opinativos são gêneros autorais que expressam a visão de mundo de seus
autores. Para Beltrão (1980 apud ASSIS, 2010), esse gênero, que surgiu no século XVIII,
materializa a opinião pública que circula na sociedade. É interessante notar que esse gênero tem
uma relação com os textos informativos: os comentários e opiniões de seus autores são avaliações
subjetivas geradas a partir da observação dos fatos relatados nas notícias. Segundo Gradim (2000),
a opinião difere da notícia por não trazer informações novas. Ao querer esclarecer o público sobre
determinada tema, esse gênero acaba chamando a atenção para aspectos das notícias que
passariam despercebidos dos leitores e que não podem ser tratados no âmbito do texto informativo
(GRADIM, 2000).
O gênero opinativo abrange os formatos editorial, artigo, comentário, coluna, caricatura,
carta e crônica. Segundo Melo e Assis (2016) comentam, esses formatos distinguem-se entre si
não apenas na sua estrutura textual, mas também nas suas práticas de construção e autor. O
editorial, por exemplo, representa a voz da empresa jornalística sobre algum assunto, enquanto o
artigo e o comentário vêm assinados por sujeitos específicos. O artigo é produzido por um
especialista de determinada área, que tece opiniões sobre algum acontecimento polêmico. O
comentário, por sua vez, é produzido por jornalistas experientes que analisam fatos e conjunturas
específicas e seus possíveis desdobramentos.
O gênero interpretativo
O gênero interpretativo tem a função de buscar uma explicação para os fatos, suas causas
e consequências. Ele é caracterizado pelo aprofundamento, explicação e análise da informação.
Segundo Melo (2010), esse gênero surgiu nos Estados Unidos no período da Segunda Guerra
Mundial, quando o público passou a demandar dos jornais análises e previsões sobre o conflito.
Ele é classificado por Melo (2010) como um gênero complementar. Os formatos de análise, perfil,
enquete, dossiê e cronologia fazem parte desse gênero jornalístico. Muitas vezes, o formato
reportagem também é incluído como gênero interpretativo por alguns pesquisadores, já que sua
principal função consiste em contextualizar o acontecimento (ASSIS, 2010). Por entender essa
natureza complexa do formato, decidimos inclui-la, ao mesmo tempo, como gênero informativo
e interpretativo.
Lage (2001a) comenta que toda reportagem pressupõe investigação e interpretação. Por
isso, esse subgênero poderia classificado no escopo do jornalismo interpretativo e investigativo.
A reportagem se caracteriza por ter predominância da forma narrativa, humanização do relato,
texto de natureza impressionista e objetividade dos fatos narrados. O Quadro 1 apresenta uma
comparação entre o formato reportagem e o
formato informativo das notícias:
O gênero diversional
O gênero diversional tem como função oferecer diversão e lazer para o seu leitor (MELO;
ASSIS, 2016). Ele se desdobra nos formatos história de interesse humano e história colorida, que
compartilham a característica de serem relatos literários sobre a realidade. Esse gênero
complementar teria surgido no século XX e seria uma forma do jornalismo se adaptar a uma
sociedade acostumada à forma de consumo hedonista, que valoriza cada vez mais as emoções
(ASSIS, 2016). Com ele, a imprensa incorporaria também a lógica de entreter seu público.
O gênero utilitário
O gênero utilitário também se configura como um dos tipos complementares surgidos no
final do século XX. Tem uma função pragmática de auxiliar o leitor a tomar decisões cotidianas
(MELO; ASSIS, 2016) e, nesse sentido, pode ser chamado também de jornalismo de serviços.
Seu surgimento se dá numa sociedade povoada por cidadãos consumidores que precisam de
informação para tomar decisões rápidas sobre sua vida ou o mundo financeiro. Assim, esse gênero
se desdobra nos formatos: indicadores econômicos e meteorologia; cotação, com dados frios e
precisos, etc.; roteiros, com informações ligadas ao consumo de produtos; e serviços, com
informações de serviços e atendimentos públicos.
A primeira geração do jornalismo on-line refere-se aos primórdios desse tipo de jornalismo,
em que ocorria a migração de jornais impressos para plataformas on-line (MIELNICZUK, 2003).
Nesse período, chamado por Mielniczuk (2003) de fase da transposição, as redações jornalísticas
aproveitavam-se da nova plataforma para disponibilizar conteúdos e produtos jornalísticos
digitalizados do meio impresso. Não havia qualquer adaptação de linguagem nem espaço para a
concepção de um produto que se aproveitasse das potencialidades tecnológicas que estavam
surgindo com o novo meio. Além do conteúdo, as rotinas de produção jornalísticas também
estavam fortemente baseadas nas rotinas do jornal impresso. Assim, as páginas da internet
acompanhavam o tempo de fechamento desses jornais, sendo atualizadas a cada 24 horas. No
final dos anos 1990, o jornalismo on-line passa para uma segunda geração, chamada por
Mielniczuk (2003) de fase da metáfora.
Esse momento dá vazão à exploração de algumas possibilidades ofertadas pela plataforma
internet. A comunicação por e-mail entre jornalista e leitor e o uso de links nas matérias são alguns
dos elementos explorados. Mesmo assim, Mielniczuk (2003) comenta que o modelo de jornalismo
on-line dessa fase continua atrelado ao modelo do jornal impresso. Um exemplo é o fato da
rentabilidade das empresas jornalísticas de então ainda depender da venda de jornais impressos.
A internet era usada apenas como mais um espaço de disponibilização de conteúdo.
O desenvolvimento de uma linguagem própria do jornalismo on-line se dá somente na sua
terceira geração. Mielniczuk (2003) afirma que, nesse momento, inicia-se a verdadeira exploração
dos recursos da plataforma, como a interatividade e a multimidialidade, como forma de enriquecer
a narrativa jornalística. Mais do que afetar o produto, esses recursos tecnológicos oferecidos pela
internet afetam a rotina de produção dos veículos, que passam a manter notícias atualizadas a cada
minuto. Nessa fase, vão surgir veículos de comunicação nativos da web, ou seja, que não possuem
uma versão impressa correspondente. Para Barbosa ([2008]), nessa terceira geração as tecnologias
digitais começam a se tornar constitutivas da prática jornalística. A principal tecnologia
mencionada aqui são as bases de dados. Inseridas nas redações jornalísticas na década de 1970,
como forma de armazenamento de informação e conteúdo, com a digitalização das redações nas
décadas posteriores essas bases passaram a estruturar todo o processo de produção jornalística —
desde o armazenamento até a disponibilização do conteúdo (BARBOSA, [2008]).
Com as bases de dados, a dinâmica de evolução tecnológica do jornalismo on-line chega a
uma quarta geração, chamada por Barbosa ([2008]) de jornalismo de base de dados. Nesse etapa,
os jornalistas começam a criar modelos de narrativa mais autênticos e a explorar formatos
jornalísticos nativos da web. Também temos a emergência da produção em múltiplas plataformas,
voltada para dispositivos móveis como smartphones e tablets (BARBOSA, 2013). Ainda na
quarta fase, as redações jornalísticas sofreram um processo de especialização de suas equipes.
Jornalistas treinados em análise de dados e em gerenciamento de sistemas de gestão de conteúdos
complexos são um exemplo desse aprimoramento tecnológico das redações.
Além disso, a automatização de processos também chega às rotinas produtivas jornalísticas.
Produtos criados e mantidos de forma automatizada são uma realidade nesse novo cenário
tecnológico. Por fim, chegamos à quinta geração do jornalismo on-line. Para Barbosa (2013), essa
fase se caracteriza pela horizontalidade dos processos e fluxos de informações entre plataformas
e pela integração de processos e produtos num continuum multimídia. Os smartphones e tablets
são os agentes de inovação do jornalismo, e passam a reconfigurar a produção, a publicação, a
distribuição e o consumo de conteúdo jornalístico. Uma das marcas dessa fase é a produção de
conteúdo e de formatos jornalísticos para consumo exclusivo nesses dispositivos. Como podemos
ver, a terceira, a quarta e a quinta gerações têm em comum as narrativas inovadoras e a presença
de bases de dados (Figura 1)
• multimidialidade/convergência;
• interatividade;
• hipertextualidade
• customização do conteúdo/personalização;
• memória;
• instantaneidade e atualização contínua.
SAIBA MAIS
A estrutura hipertextual da web modifica o modo de organização da notícia.
Canavilhas (2006) comenta que esse formato passa a seguir uma estruturação
diferenciada da pirâmide invertida típica do jornalismo, que se baseia na ordem
do fato mais importante para o menos importante. Antes de hierarquizar os fatos, a
narrativa da notícia é quebrada em diversos módulos autônomos interconectados
entre si. O usuário pode decidir seu próprio percurso como leitor. Assim, a
navegabilidade dinâmica entre os hipertextos da notícia cria diversas narrativas A
customização do conteúdo ou personalização remete ao fato da internet
possibilitar a produção de conteúdos direcionados a interesses individuais dos
seus leitores (PALÁCIOS, 2002). A memória, por outro lado, refere-se ao modo de
acumulação de informações na web. A tecnologia da plataforma permite que essa
acumulação seja feita de forma volumosa e barata (PALÁCIOS, 2002). Assim, a
memória dos conteúdos jornalísticos também vai afetar o modo de construção de
seus formatos. Por sua vez, a instantaneidade remete ao fato da informação na
web estar sendo atualizada constantemente. Palácios (2002) comenta que essa
propriedade confere ao leitor a possibilidade de acompanhar os assuntos
jornalísticos à medida que eles vão se desdobrando. Após esse resgate das
propriedades da web que repercutem na conformação de seus formatos, vejamos a
seguir as características peculiares de alguns formatos do jornalismo on-line.
A infografia multimídia
A infografia multimídia é um dos formatos mais inovadores do jornalismo on-line.
Segundo Salaverría e Cores (2005), ela aproveita de forma primorosa as possibilidades
hipertextuais e multimídia da internet, propondo formas inovadoras e dinâmicas de apresentação
da informação. Os mesmos pesquisadores classificam-na como um formato de gênero
interpretativo, já que tem uma função explicativa, além de informativa. Antes de mostrarmos
exemplos de infográficos multimídia, é interessante lembrarmos porque consideramos a
infografia um formato jornalístico propriamente dito. Teixeira (2007) lança luz sobre essa questão
ao comentar que esse produto jornalístico tem uma autonomia discursiva em relação a outros
formatos. Isso quer dizer que a infografia precisa se completar em si mesma em nível de
informação. Ao ler uma infografia, o leitor encontra todas as informações que precisa naquele
produto, sem ter de recorrer a outros lugares. Nesse sentido, Teixeira (2007) comenta que a forma
narrativa da infografia “[...] cumpre função jornalística semelhante à de uma notícia ou
reportagem, por exemplo, a depender de sua complexidade” (TEIXEIRA, 2007, documento on-
line). A infografia multimídia tem como elemento essencial a interatividade com o público leitor.
Assim, ele pode navegar por toda a estrutura hipertextual do infográfico por meio de cliques. Por
essa razão, Ribas (2006) classifica esse formato como um formato dialógico do jornalismo on-
line
LINK
No link a seguir, você tem acesso ao projeto Discovery na Escola, que desenvolve
infografias interativas multimídia sobre temas científicos.
https://qrgo.page.link/uPgxN
A reportagem multimídia
A reportagem renovou-se no ambiente digital, adquirindo uma estrutura hipertextual,
multimidiática e interativa (URETA, 2009). Ela é capaz de explorar de forma primordial as
potencialidades da web na sua composição. Para Ureta (2009), as funcionalidades da reportagem,
de ser um relato ampliado do acontecimento por meio da interpretação e da pesquisa especializada
(KUNSCH, 2000; LAGE, 2001b), são revigoradas no ambiente digital. A principal característica
desse formato é a de ser multimídia, ou seja, de combinar dois ou mais tipos de linguagem em um
mesmo produto (SALA-VERRÍA, 2014).
Essa combinação envolve uma integração harmônica entre os diferentes códigos, de modo
que formem uma unidade comunicativa. Essa referência à integração também é comentada por
Longhi (2010), para quem o multimídia tem em si o potencial de gerar um formato novo, superior
à soma dos elementos que o compõem. A estrutura hipertextual da internet possibilita uma
expansão desse for-mato jornalístico, por meio da inserção de gêneros, linguagens e também de
outros formatos da comunicação em rede na sua composição, como fóruns, jogos interativos, entre
outros. Por essa razão, Longhi (2010) vislumbra a reportagem multimídia como um gênero
expressivo do ciberjornalismo, cujas potencialidades criativas ainda estão em evolução.
Partindo de Longhi (2014), podemos observar que o desenvolvimento da reportagem
multimídia se faz em três momentos:
anos 2000 — aparecimento dos primeiros especiais multimídia, uso de linguagem HTML
básica e construção de reportagens estáticas;
de 2002 a 2011 — desenvolvimento de especiais multimídia mais elaborados, baseados
no programa Flash;
2012 em diante — uso da tecnologia HTML5 e de bibliotecas específicas e consolidação
da reportagem multimídia como gênero do jornalismo on-line.
Longhi (2014) refere-se ao último momento como um ponto de virada dos formatos
noticiosos multimídia, caracterizados pelo uso de interfaces mais dinâmicas e de estratégias
narrativas imersivas. Um dos exemplos desse formato é a reportagem em 360°, que permite ao
leitor presenciar as cenas e situações narradas como se estivesse fisicamente presente
LINK
No link a seguir, você pode conferir o especial Baía 360°, série de videorreportagens feita
em realidade virtual pela Agência Pública. A série leva o usuário a explorar a Baía da
Guanabara, sua natureza exuberante e a história de seus pescadores locais.
https://qrgo.page.link/aX5D
A reportagem longform
O jornalismo longform vem ganhando popularidade nos últimos anos como formato do
jornalismo on-line. Trata-se de uma narrativa estendida, cuja navegação é verticalizada, feita por
meio da barra de rolagem ou scrolling (LONGHI, 2014). Segundo Longhi (2014), esse modelo
aposta em uma narrativa imersiva e personalizada e usa fotografias estendidas, espaços em branco
e textos longos. Além disso, tem design responsivo, ou seja, seu desenho se adapta à tela de vários
suportes.
O formato de reportagem longform contraria a fragmentação textual típica dos produtos
jornalísticos da internet ao apostar em uma narrativa mais consistente e densa. Além da estrutura
vertical, existe também a possibilidade de se adotar dimensões horizontais para a narrativa,
desenvolvendo-a em capítulos ou seções (LONGHI; WINQUES, 2015). Segundo comentam
Longhi e Winques (2015), a publicação da reportagem “Snow Fall”, pelo jornal The New York
Times, em 2012, consolidou o formato de reportagem multimídia longform. O texto da matéria
descreve uma avalanche de neve ocorrida em Washington em 2012. Em seis capítulos, essa
narrativa reconstituiu a tragédia com uso de gráficos interativos, vídeos, textos com biografias
das pessoas envolvidas e áudios. O sucesso da reportagem, que teve 2,9 milhões de visitas e 3,5
milhões de visualizações nos seis primeiros dias de publicação (AMADO, 2013 apud LONGHI;
WINQUES, 2015), mostra que o formato tem espaço e aceitação do público da internet. Jornais
como o próprio The New York Times e o The Guardian exploram o longform também em artigos
diários (LONGHI; WINQUES, 2015).