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Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco, Ovidio Lopes da Cruz Netto, Bruna Pinotti, Rodrigo Gonçalves

Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro

PC-RJ
Inspetor de Polícia de 6ª Classe
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com base no edital anterior, para
que o aluno antecipe seus estudos.

FV037-19
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OBRA

PC - RJ - Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro

Inspetor de Polícia de 6ª Classe

Concurso Público para Investigador Policial - 2005

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Conhecimentos Básicos de Informática - Profº Ovidio Lopes da Cruz Netto
Conhecimentos de Direito Constitucional - Profª Bruna Pinotti
Conhecimentos de Direito Administrativo - Profª Bruna Pinotti
Conhecimentos de Direito Penal e Leis Penais Especiais - Profº Rodrigo Gonçalves
Conhecimentos de Direito Processual Penal - Profº Rodrigo Gonçalves

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Erica Duarte
Karina Fávaro

DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Thais Regis
Danna Silva

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

www.novaconcursos.com.br

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SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA
Leitura e análise de textos............................................................................................................................................................................................ 01
Estruturação do texto e dos parágrafos................................................................................................................................................................. 03
Articulação do texto: pronomes e expressões referenciais, nexos operadores sequenciais.............................................................. 04
Significação contextual de palavras e expressões.............................................................................................................................................. 13
Interpretação: pressuposições e inferências, implícitos e subentendidos................................................................................................ 22
Variedades de texto e adequação de linguagem................................................................................................................................................ 24
Equivalência e transformação de estruturas......................................................................................................................................................... 26
Discurso direto e indireto............................................................................................................................................................................................. 26
Sintaxe: processos de coordenação e subordinação. ...................................................................................................................................... 27
Emprego de tempos e modos verbais. .................................................................................................................................................................. 39
Pontuação........................................................................................................................................................................................................................... 52
Estrutura e formação de palavras. ........................................................................................................................................................................... 56
Funções das classes de palavras................................................................................................................................................................................ 58
Flexão nominal e verbal................................................................................................................................................................................................ 79
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. ............................................................................................................................. 81
Concordância nominal e verbal. ............................................................................................................................................................................... 81
Regência nominal e verbal........................................................................................................................................................................................... 88
Ocorrência de crase. ...................................................................................................................................................................................................... 96
Ortografia oficial............................................................................................................................................................................................................100
Acentuação gráfica.......................................................................................................................................................................................................104

CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA


Sistema Operacional Windows XP e Windows 7................................................................................................................................................. 01
Microsoft Word 2010; ................................................................................................................................................................................................... 01
Microsoft Excel 2010; .................................................................................................................................................................................................... 01
Microsoft PowerPoint 2010; ....................................................................................................................................................................................... 01
Conceitos de organização e de gerenciamento de arquivos, pastas e programas; ............................................................................. 48
Conceitos, serviços e tecnologias relacionados a intranet, internet e a correio eletrônico; 7) Internet Explorer 9 e Microsoft
Outlook 2010; .................................................................................................................................................................................................................. 54
Noções relativas a softwares livres........................................................................................................................................................................... 64
Noções de hardware e de software para o ambiente de microinformática............................................................................................. 64
Conceitos e procedimentos de proteção e segurança para segurança da informação; .................................................................... 76
Procedimentos, aplicativos e dispositivos para armazenamento de dados e para realização de cópia de segurança (ba-
ckup)..................................................................................................................................................................................................................................... 76

CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Direito Constitucional: natureza, conceito e objeto........................................................................................................................................... 01
Poder Constituinte.......................................................................................................................................................................................................... 02
Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade................................................................................................................... 05
Regimes políticos e formas de governo................................................................................................................................................................. 15
A repartição de competência na Federação......................................................................................................................................................... 23
Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, da nacionalidade, direitos
SUMÁRIO

políticos e dos partidos políticos.............................................................................................................................................................................. 23


Organização político-administrativa da União, dos Estados Federados, dos Municípios e do Distrito Federal........................ 39
Da Administração Pública............................................................................................................................................................................................ 39
Do Poder Legislativo: fundamento, atribuições e garantias de independência...................................................................................... 53
Do Poder Executivo: forma e sistema de governo, Chefia de Estado e Chefia de Governo, atribuições e responsabilidades
do Presidente da República......................................................................................................................................................................................... 61
Do Poder Judiciário: fundamento, atribuições e garantias............................................................................................................................. 65
Das Funções Essenciais à Justiça............................................................................................................................................................................... 78
Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas: do Estado de Defesa, do Estado de Sítio, das Forças Armadas, da
Segurança Pública........................................................................................................................................................................................................... 82
Da Ordem Social: base e objetivos da ordem social, da seguridade social, da educação, da cultura, do desporto, da ciência
e tecnologia, da comunicação social, do meio ambiente, da família, da criança, do adolescente, do idoso e dos índios... 87

CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Direito Administrativo: conceito, fontes, princípios........................................................................................................................................... 01
Conceito de Estado, elementos, poderes e organização................................................................................................................................. 05
Governo e Administração Pública: conceitos....................................................................................................................................................... 11
Administração Pública: natureza, elementos, poderes e organização, natureza, fins e princípios; administração direta e
indireta; planejamento, coordenação, descentralização, delegação de competência e controle;.................................................. 11
Poderes administrativos: poder vinculado, poder discricionário, poder hierárquico, poder disciplinar, poder regulamentar,
poder de polícia. Do uso e do abuso do poder.................................................................................................................................................. 16
Atos administrativos: conceito e requisitos; atributos; invalidação; classificação; espécies............................................................... 21
Agentes públicos: espécies e classificação; direitos, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e funções públicas; regime
jurídico único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; diretos e vantagens; regime disciplinar; res-
ponsabilidade civil, criminal e administrativa....................................................................................................................................................... 25
Serviços públicos: conceito, classificação, regulamentação e controle; forma, meios e requisitos; Delegação: concessão,
permissão, autorização. Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle
legislativo; responsabilidade civil do Estado......................................................................................................................................................... 30
Mandado de Segurança (Lei nº 12.016/09)........................................................................................................................................................... 53
Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92)..................................................................................................................................................... 56
Regime jurídico peculiar aos funcionários civis do serviço policial do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro (Decreto-
-Lei nº 218/1975)............................................................................................................................................................................................................. 66
Regulamento do Estatuto dos Policiais Civis do estado do Rio de Janeiro (aprovado pelo Decreto nº 3044/80)................... 75
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro (Decreto-Lei nº 220/1975);....101
Regulamento do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado do Rio de Janeiro (aprovado pelo Decreto nº
2479/79)............................................................................................................................................................................................................................109

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Princípios Constitucionais do Direito Pena;........................................................................................................................................................... 01
A Lei Penal no tempo..................................................................................................................................................................................................... 04
A Lei Penal no espaço.................................................................................................................................................................................................... 05
Interpretação da Lei Penal............................................................................................................................................................................................ 07
SUMÁRIO
Infração penal: elementos, espécies......................................................................................................................................................................... 08
Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal................................................................................................................................................ 09
Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade................................................................................................................................................ 10
Excludentes de ilicitude e de culpabilidade.......................................................................................................................................................... 11
Erro de tipo e erro de proibição................................................................................................................................................................................ 12
Imputabilidade penal..................................................................................................................................................................................................... 13
Concurso de Pessoas...................................................................................................................................................................................................... 14
Penas: espécies, circunstâncias agravantes e atenuantes e concurso de crimes.................................................................................... 15
Dos crimes contra a pessoa......................................................................................................................................................................................... 24
Dos crimes contra o patrimônio................................................................................................................................................................................ 25
Dos crimes contra a propriedade imaterial........................................................................................................................................................... 35
Dos crimes contra a organização do trabalho..................................................................................................................................................... 35
Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos............................................................................................. 37
Dos crimes contra os costumes................................................................................................................................................................................. 37
Dos crimes contra a família......................................................................................................................................................................................... 37
Dos crimes contra a incolumidade pública........................................................................................................................................................... 39
Dos crimes contra a paz pública................................................................................................................................................................................ 40
Dos crimes contra a fé pública................................................................................................................................................................................... 40
Dos crimes contra a Administração Pública.......................................................................................................................................................... 43
Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003).............................................................................................................................................. 50
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/1990)................................................................................................................................................................... 55
Crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor (Lei nº 7.716/1989)............................................................................................. 58
Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898/1965)............................................................................................................................................................. 59
Crimes de Tortura (Lei nº 9.455/1997)..................................................................................................................................................................... 60
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990)............................................................................................................................. 61
Crimes no Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003)............................................................................................................................................. 62
Crime Organizado (Lei nº 9.034/1995).................................................................................................................................................................... 73
Interceptação Telefônica (Lei nº 9.296/1996)....................................................................................................................................................... 77
Corrupção de Menores (Lei nº 12.015/2009)....................................................................................................................................................... 78
Crimes Eleitorais (Lei nº 4.737/1965)....................................................................................................................................................................... 80
Crimes de Trânsito (Código de Trânsito Brasileiro - Lei nº 9.503/1997)..................................................................................................... 84
Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95 – Capítulo III).......................................................................................................................... 85
Juizados Especiais Federais (Lei nº 10.259/2001)................................................................................................................................................ 90
Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica e Contra as Relações de Consumo (Lei nº 8.137/1990)...................................... 92
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher “Lei Maria da Penha” (Lei nº 11.340/2006)............................................................ 94
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Lei nº 11.343/2006)...........................................................................................103
Crimes contra as Relações de Consumo (Título II da Lei nº 8.078/1990)................................................................................................106
Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/1941).........................................................................................................................108
Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente (Lei nº 9.605/1998)......................................................................................................................116

CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Sistemas processuais...................................................................................................................................................................................................... 01
Da Investigação Criminal.............................................................................................................................................................................................. 01
Do inquérito policial....................................................................................................................................................................................................... 01
Da ação penal: espécies................................................................................................................................................................................................ 04
Da jurisdição e competência....................................................................................................................................................................................... 06
Da prova.............................................................................................................................................................................................................................. 09
Do Juiz, do Ministério Público, do acusado e seu defensor, dos assistentes e auxiliares da justiça.............................................. 16
Da prisão e da liberdade provisória......................................................................................................................................................................... 18
Da prisão temporária (Lei nº 7.960/1989).............................................................................................................................................................. 22
SUMÁRIO

Das citações e intimações............................................................................................................................................................................................ 23


Das nulidades.................................................................................................................................................................................................................... 24
Do processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos.................................................................... 25
Procedimentos dos Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95)............................................................................................................. 26
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA
Leitura e análise de textos....................................................................................................................................................................................................01
Estruturação do texto e dos parágrafos.........................................................................................................................................................................03
Articulação do texto: pronomes e expressões referenciais, nexos operadores sequenciais......................................................................04
Significação contextual de palavras e expressões......................................................................................................................................................13
Interpretação: pressuposições e inferências, implícitos e subentendidos........................................................................................................22
Variedades de texto e adequação de linguagem........................................................................................................................................................24
Equivalência e transformação de estruturas.................................................................................................................................................................26
Discurso direto e indireto.....................................................................................................................................................................................................26
Sintaxe: processos de coordenação e subordinação. ..............................................................................................................................................27
Emprego de tempos e modos verbais. ..........................................................................................................................................................................39
Pontuação...................................................................................................................................................................................................................................52
Estrutura e formação de palavras. ...................................................................................................................................................................................56
Funções das classes de palavras........................................................................................................................................................................................58
Flexão nominal e verbal........................................................................................................................................................................................................79
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. .....................................................................................................................................81
Concordância nominal e verbal. .......................................................................................................................................................................................81
Regência nominal e verbal...................................................................................................................................................................................................88
Ocorrência de crase. ..............................................................................................................................................................................................................96
Ortografia oficial................................................................................................................................................................................................................... 100
Acentuação gráfica.............................................................................................................................................................................................................. 104
O narrador afirma...
LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS.
2.Erros de interpretação

• Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do


Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- contexto, acrescentando ideias que não estão no
cionadas entre si, formando um todo significativo capaz texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi- pela imaginação.
ficar e decodificar). • Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ção apenas a um aspecto (esquecendo que um
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com texto é um conjunto de ideias), o que pode ser
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para insuficiente para o entendimento do tema desen-
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- volvido.
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento • Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões
de seu contexto original e analisada separadamente, po- equivocadas e, consequentemente, errar a questão.
derá ter um significado diferente daquele inicial.
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- Observação:
rências diretas ou indiretas a outros autores através de Muitos pensam que existem a ótica do escritor e a
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A que o autor diz e nada mais.
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou funda-
mentações), as argumentações (ou explicações), que levam Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
• Identificar os elementos fundamentais de uma ar- pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
gumentação, de um processo, de uma época (nes- que se vai dizer e o que já foi dito.
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os
quais definem o tempo). São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles,
• Comparar as relações de semelhança ou de dife- está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblí-
renças entre as situações do texto. quo átono. Este depende da regência do verbo; aquele, do
• Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com seu antecedente. Não se pode esquecer também de que os
uma realidade. pronomes relativos têm, cada um, valor semântico, por isso
• Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. a necessidade de adequação ao antecedente.
• Parafrasear = reescrever o texto com outras pala- Os pronomes relativos são muito importantes na inter-
vras. pretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coe-
são. Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe
1. Condições básicas para interpretar um pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber:
que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- te, mas depende das condições da frase.
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- qual (neutro) idem ao anterior.
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- quem (pessoa)
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
e de síntese; capacidade de raciocínio. o objeto possuído.
como (modo)
Interpretar/Compreender onde (lugar)
quando (tempo)
Interpretar significa: quanto (montante)
Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. Exemplo:
Através do texto, infere-se que... Falou tudo QUANTO queria (correto)
É possível deduzir que... Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
O autor permite concluir que... aparecer o demonstrativo O).
Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
LÍNGUA PORTUGUESA

3. Dicas para melhorar a interpretação de textos


Compreender significa
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito. • Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do
O texto diz que... assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos can-
É sugerido pelo autor que... didatos na disputa, portanto, quanto mais informa-
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma- ção você absorver com a leitura, mais chances terá de
ção... resolver as questões.

1
• Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa c) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de ida-
a leitura. de e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
• Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas ao Metrô-DF.
forem necessárias. d) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm
conclusão). acesso livre ao Metrô-DF.
• Volte ao texto quantas vezes precisar. e) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com até
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
do autor. acesso livre ao Metrô-DF.
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor
compreensão. Resposta: Letra C. Dentre as alternativas apresenta-
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de das, a única que condiz com as informações expostas
cada questão. no texto é “Somente crianças com, no máximo, cinco
• O autor defende ideias e você deve percebê-las. anos de idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm
• Observe as relações interparágrafos. Um parágra- acesso livre ao Metrô-DF”.
fo geralmente mantém com outro uma relação de
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- 2. (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – SUPERIOR
que muito bem essas relações. - FGV/2014 - adaptada) “Se alguém que é gay procura
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja, Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá‐lo?”
a ideia mais importante. a declaração do Papa Francisco, pronunciada duran-
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou te uma entrevista à imprensa no final de sua visita ao
“incorreto”, evitando, assim, uma confusão na Brasil, ecoou como um trovão mundo afora. Nela existe
hora da resposta – o que vale não somente para mais forma que substância – mas a forma conta”. (...)
Interpretação de Texto, mas para todas as demais (Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
questões!
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi- O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como
um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
mesma dois sentidos, que são
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.,
a) o barulho e a propagação.
chamados vocábulos relatores, porque remetem a
b) a propagação e o perigo.
outros vocábulos do texto.
c) o perigo e o poder.
d) o poder e a energia. 
e)  a energia e o barulho.  
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta: Letra A. Ao comparar a declaração do Papa
Francisco a um trovão, provavelmente a intenção do
1. (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO
autor foi a de mostrar o “barulho” que ela causou e
PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM
sua propagação mundo afora. Você pode responder
ELETRÔNICA – MÉDIO - IADES/2014)
à questão por eliminação: a segunda opção das alter-
nativas relaciona-se a “mundo afora”, ou seja, que se
Gratuidades
propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a alternativa
a!
Crianças com até cinco anos de idade e adultos com mais
de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF. Para
3. (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO
os menores, é exigida a certidão de nascimento e, para
PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM
os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar um
CONTABILIDADE – MÉDIO - IADES/2014 - adaptada)
documento de identificação aos funcionários posiciona-
dos no bloqueio de acesso.
Concha Acústica
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adapta-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de Clu-
ções.
bes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de Bra-
sília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada por
Conforme a mensagem do primeiro período do texto, as-
Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969 e
sinale a alternativa correta.
LÍNGUA PORTUGUESA

doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje


Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre.
a) Apenas as crianças com até cinco anos de idade e os
Foi o primeiro grande palco da cidade.
adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa-cul-
Metrô-DF.
tura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, com
b) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os adultos
adaptações.
com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF.

2
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem 2. Desenvolvimento
compatível com o texto.
A maior parte do texto está inserida no desenvolvi-
a) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Oscar mento, que é responsável por estabelecer uma ligação
Niemeyer, está localizada às margens do Lago Para- entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
noá, no Setor de Clubes Esportivos Norte. elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
b) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF em tentam e dão base às explicações e posições do autor.
1969. É caracterizado por uma “ponte” formada pela organi-
c) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que hoje é zação das ideias em uma sequência que permite formar
a Secretaria de Cultura do DF. uma relação equilibrada entre os dois lados.
d) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura do O autor do texto revela sua capacidade de discutir
DF. um determinado tema no desenvolvimento, e é através
e) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília. desse que o autor mostra sua capacidade de defender
seus pontos de vista, além de dirigir a atenção do leitor
Resposta: Letra A. Recorramos ao texto: “Localizada para a conclusão. As conclusões são fundamentadas a
às margens do Lago Paranoá, no Setor de Clubes Es- partir daqui.
portivos Norte (ao lado do Museu de Arte de Brasília Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o
– MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada por escritor já deve ter uma ideia clara de como será a con-
Oscar Niemeyer”. As informações contidas nas demais clusão. Daí a importância em planejar o texto.
alternativas são incoerentes com o texto. Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido
em capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apre-
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁ- sentar-se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
GRAFOS. Os principais erros cometidos no desenvolvimento
são o desvio e a desconexão da argumentação. O primei-
ro está relacionado ao autor tomar um argumento se-
cundário que se distancia da discussão inicial, ou quando
ESTRUTURA TEXTUAL se concentra em apenas um aspecto do tema e esquece
o seu todo. O segundo caso acontece quando quem re-
Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a
dige tem muitas ideias ou informações sobre o que está
capacidade que temos de pensar. Por meio do pensa-
sendo discutido, não conseguindo estruturá-las. Surge
mento, elaboramos todas as informações que recebemos
também a dificuldade de organizar seus pensamentos e
e orientamos as ações que interferem na realidade e or-
definir uma linha lógica de raciocínio.
ganização de nossos escritos. O que lemos é produto de
um pensamento transformado em texto.
3. Conclusão
Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
sar, quando escrevemos sempre procuramos uma ma-
Considerada como a parte mais importante do texto,
neira organizada do leitor compreender as nossas ideias.
é o ponto de chegada de todas as argumentações ela-
A finalidade da escrita é direcionar totalmente o que
boradas. As ideias e os dados utilizados convergem para
você quer dizer, por meio da comunicação.
essa parte, em que a exposição ou discussão se fecha.
Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma
dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão.
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou
Todos eles devem ser organizados de maneira equilibra-
seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve
da.
ser encerrada com argumentos repetitivos, como por
exemplo: “Portanto, como já dissemos antes...”, “Con-
1. Introdução cluindo...”, “Em conclusão...”.
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve
Caracterizada pela entrada no assunto e a argumen- ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das
tação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa características de textos bem redigidos.
etapa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. Os seguintes erros aparecem quando as conclusões
O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo o tex- ficam muito longas:
to. Porém, em textos mais curtos, essa proporção não é - O problema aparece quando não ocorre uma ex-
equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio tí- ploração devida do desenvolvimento, o que gera
tulo. Já nos textos mais longos, em que o assunto é ex- uma invasão das ideias de desenvolvimento na
LÍNGUA PORTUGUESA

posto em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um conclusão.


capítulo ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa - Outro fator consequente da insuficiência de funda-
situação, pode ter vários parágrafos. Em redações mais mentação do desenvolvimento está na conclusão
comuns, que em média têm de 25 a 80 linhas, a introdu- precisar de maiores explicações, ficando bastante
ção será o primeiro parágrafo. vazia.

3
- Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no -lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
texto em que o autor fica girando em torno de dessa característica, os pronomes apresentam uma for-
ideias redundantes ou paralelas. ma específica para cada pessoa do discurso.
- Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita- Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
mente dispensáveis. [minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
- Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu- Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
são, o autor acaba se perdendo na argumentação [tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
final. fala]
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Em relação à abertura para novas discussões, a con- [dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguin- se fala]
tes fatores:
- Para não influenciar a conclusão do leitor sobre Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
temas polêmicos, o autor deixa a conclusão em variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em nú-
aberto. mero (singular ou plural). Assim, espera-se que a refe-
- Para estimular o leitor a ler uma possível continui- rência através do pronome seja coerente em termos de
dade do texto, o autor não fecha a discussão de gênero e número (fenômeno da concordância) com o
propósito. seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no
- Por apenas apresentar dados e informações sobre enunciado.
o tema a ser desenvolvido, o autor não deseja con- Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da
cluir o assunto. nossa escola neste ano.
- Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o au- [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân-
tor enumera algumas perguntas no final do texto. cia adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordân-
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o cia adequada]
autor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técni- [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con-
ca é um roteiro, em que estão presentes os planejamen- cordância inadequada]
tos. Naquele devem estar indicadas as melhores sequên-
cias a serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
enxuto possível. demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.

SITE 1. Pronomes Pessoais


Disponível em: <http://producao-de-textos.info/
mos/view/Caracter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Tex- São aqueles que substituem os substantivos, indican-
to/> do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
ARTICULAÇÃO DO TEXTO: PRONOMES E referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
EXPRESSÕES REFERENCIAIS, NEXOS OPE- Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
RADORES SEQUENCIAIS. ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
ou do caso oblíquo.

PRONOME A) Pronome Reto


Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom- tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma flores.
forma. Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
O homem julga que é superior à natureza, por isso o nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
homem destrói a natureza... principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim con-
superior à natureza, por isso ele a destrói... figurado:
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter- 1.ª pessoa do singular: eu
mos (homem e natureza).
2.ª pessoa do singular: tu
3.ª pessoa do singular: ele, ela
LÍNGUA PORTUGUESA

Grande parte dos pronomes não possuem significa-


1.ª pessoa do plural: nós
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação
2.ª pessoa do plural: vós
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a
3.ª pessoa do plural: eles, elas
referência exata daquilo que está sendo colocado por
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex-
Esses pronomes não costumam ser usados como
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de-
mais pronomes têm por função principal apontar para as complementos verbais na língua-padrão. Frases como
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu

4
até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser B.2 Pronome Oblíquo Tônico
evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for- Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi-
mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon- dos por preposições, em geral as preposições a, para, de
dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram- e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a
-me até aqui”. função de objeto indireto da oração. Possuem acentua-
Frequentemente observamos a omissão do pronome ção tônica forte.
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias Lista dos pronomes oblíquos tônicos:
formas verbais marcam, através de suas desinências, as 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
boa viagem. (Nós) 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
B) Pronome Oblíquo 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas
sentença, exerce a função de complemento verbal
(objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob- Observe que as únicas formas próprias do pronome
jeto indireto) tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do
Observação: caso reto.
O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função As preposições essenciais introduzem sempre prono-
diversa que eles desempenham na oração: pronome reto mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
variação de acordo com a acentuação tônica que pos- forma:
suem, podendo ser átonos ou tônicos. Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
B.1 Pronome Oblíquo Átono Não há nenhuma acusação contra mim.
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não Não vá sem mim.
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
nica fraca: Ele me deu um presente. Há construções em que a preposição, apesar de sur-
Lista dos pronomes oblíquos átonos gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma
1.ª pessoa do singular (eu): me oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o ver-
2.ª pessoa do singular (tu): te bo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro-
3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe nome, deverá ser do caso reto.
1.ª pessoa do plural (nós): nos Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
2.ª pessoa do plural (vós): vos Não vá sem eu mandar.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
FIQUE ATENTO! A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
Os pronomes o, os, a, as assumem formas mim!
especiais depois de certas terminações ver- A combinação da preposição “com” e alguns prono-
bais: mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
o pronome assume a forma lo, los, la ou las, frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
ao mesmo tempo que a terminação verbal de companhia: Ele carregava o documento consigo.
é suprimida. Por exemplo: A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
fiz + o = fi-lo Ela veio até mim, mas nada falou.
fazeis + o = fazei-lo Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
dizer + a = dizê-la inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
prova, até eu! (= inclusive eu)
2. Quando o verbo termina em som nasal, o
pronome assume as formas no, nos, na, nas. As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
Por exemplo: por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
LÍNGUA PORTUGUESA

viram + o: viram-no soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
repõe + os = repõe-nos próprios, todos, ambos ou algum numeral.
retém + a: retém-na Você terá de viajar com nós todos.
tem + as = tem-nas Estávamos com vós outros quando chegaram as más
notícias.
Ele disse que iria com nós três.

5
B.3 Pronome Reflexivo Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun- nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em-
cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”,
sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em-
a ação expressa pelo verbo. pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a
forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega-
Lista dos pronomes reflexivos: da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica,
1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me ultraformal ou literária.
lembro disso.
2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo. Observações:
3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
lherme já se preparou. 1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Ela deu a si um presente. tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega-
Antônio conversou consigo mesmo. dos em relação à pessoa com quem falamos: Es-
pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este
1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio. encontro.
2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
com esta conquista. 2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
conheceram. / Elas deram a si um dia de folga. que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli-
ca, agiu com propriedade.

3. Os pronomes de tratamento representam uma for-


#FicaDica
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo-
O pronome é reflexivo quando se refere à cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex-
mesma pessoa do pronome subjetivo (sujei- celência, por exemplo, estamos nos endereçando à
to): Eu me arrumei e saí. excelência que esse deputado supostamente tem
É pronome recíproco quando indica recipro- para poder ocupar o cargo que ocupa.
cidade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo-
-nos calados. 4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à
O “se” pode ser usado como palavra exple- 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
tiva ou partícula de realce, sem ser rigoro- com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes
samente necessária e sem função sintática: possessivos e os pronomes oblíquos empregados
Os exploradores riam-se de suas tentativas. em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa.
/ Será que eles se foram? Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

C) Pronomes de Tratamento 5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos


São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri- ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por- ao longo do texto, a pessoa do tratamento esco-
tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira lhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começa-
pessoa. Alguns exemplos: mos a chamar alguém de “você”, não poderemos
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, ver-
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais bo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli-
giosos em geral Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe- teus cabelos. (errado)
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores,
professores de curso superior, ministros de Estado e de Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
te da República (sempre por extenso)
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universida- ou
des
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi- teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
LÍNGUA PORTUGUESA

ciais até a patente de coronel, chefes de seção e funcio-


nários de igual categoria Pronomes Possessivos
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
de direito São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
cerimonioso (coisa possuída).
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus

6
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do singular)

NÚMERO PESSOA PRONOME


singular primeira meu(s), minha(s)
singular segunda teu(s), tua(s)
singular terceira seu(s), sua(s)
plural primeira nosso(s), nossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s)
plural terceira seu(s), sua(s)

Note que:
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto
possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento difícil.

Observações:
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu
José.

2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. Podem ter outros empregos, como:
A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 anos.
C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.

3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência
trouxe sua mensagem?

4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
anotações.

5. Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os
passos. (= Vou seguir seus passos)

6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, próprio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para que
não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos lugares.

2. Pronomes Demonstrativos

São utilizados para explicitar a posição de certa palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.

A) Em relação ao espaço:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da pessoa que fala:
Este material é meu.

Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da pessoa com quem se fala:
Esse material em sua carteira é seu?
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem se
fala:
Aquele material não é nosso.
Vejam aquele prédio!

B) Em relação ao tempo:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em relação à pessoa que fala:
LÍNGUA PORTUGUESA

Esta manhã farei a prova do concurso!


Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, porém relativamente próximo à época em que se situa a pessoa
que fala:
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!

Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamento no tempo, referido de modo vago ou como tempo remoto:
Naquele tempo, os professores eram valorizados.

7
C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
falará ou escreverá): em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se fa- que estava vendo. (no = naquilo)
lará:
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, 3. Pronomes Indefinidos
ortografia, concordância.
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: quantidade indeterminada.
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja- Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
mos! -plantadas.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes-
Este e aquele são empregados quando se quer fazer soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar
termo referido em primeiro lugar e este para o referido um ser humano que seguramente existe, mas cuja iden-
por último: tidade é desconhecida ou não se quer revelar. Classifi-
cam-se em:
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
Paulo], aquele [Palmeiras]) lugar do ser ou da quantidade aproximada de se-
res na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano,
ou beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda?
Quem avisa amigo é.
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
Paulo], aquele [Palmeiras])
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s),
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
certa(s).
invariáveis, observe:
Cada povo tem seus costumes.
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
Certas pessoas exercem várias profissões.
la(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo. Note que:
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
Também aparecem como pronomes demonstrativos: nomes indefinidos adjetivos:
• o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui-
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
aquilo. nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disses- qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal,
te.) tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te vários, várias.
indiquei.) Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco.
• mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va- Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riam em gênero quando têm caráter reforçativo: riáveis e invariáveis. Observe:
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem. • Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vá-
Eu mesma refiz os exercícios. rio, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda,
Elas mesmas fizeram isso. muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer,
Eles próprios cozinharam. quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos,
Os próprios alunos resolveram o problema. vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quan-
• semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. tas.
• tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
• Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
LÍNGUA PORTUGUESA

algo, cada.
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
(ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo
à mencionada em primeiro lugar.
plural é feito em seu interior).
2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:

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Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
Trabalho todo dia. (= todos os dias)

São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja
quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
Cada um escolheu o vinho desejado.

4. Pronomes Relativos

São aqueles que representam nomes já mencionados anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as
orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = oração subordinada adjetiva).

O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso.
Quem casa, quer casa.

Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.

Note que:
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)

O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou
encantado: o sítio ou minha tia?).
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-se
o qual / a qual)
O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente
(o ser possuído, com o qual concorda em gênero e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equivale
a do qual, da qual, dos quais, das quais.
Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)

Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)

“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
LÍNGUA PORTUGUESA

Emprestei tantos quantos foram necessários.


(antecedente)
Ele fez tudo quanto havia falado.
(antecedente)

O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre precedido de preposição.


É um professor a quem muito devemos.
(preposição)

9
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
onde morava foi assaltada.

Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.

Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras:


• como (= pelo qual) – desde que precedida das palavras modo, maneira ou forma:
Não me parece correto o modo como você agiu semana passada.

• quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.

Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa só frase.


O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste esporte.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente
que conversava, (que) ria, observava.

Pronomes Interrogativos

São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações),
quanto (e variações).
Com quem andas?
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe ajudar.

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).

Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos de preposição.
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava fazendo.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que eu estava fazendo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira You-
sseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo: Saraiva, 2002.

SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42.php>

COLOCAÇÃO PRONOMINAL;
LÍNGUA PORTUGUESA

Colocação Pronominal trata da correta colocação dos pronomes oblíquos átonos na frase.

10
• Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
#FicaDica era minha intenção machucá-la.
• Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun- inicia período com pronome oblíquo).
ção de complemento verbal (objeto). Por isso, Vou-me embora agora mesmo.
memorize: Levanto-me às 6h.
OBlíquo = OBjeto!
• Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- • Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- posta fazendo-se de desentendida.
vem ser observadas na linguagem escrita.
Colocação pronominal nas locuções verbais
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
A próclise é usada:
• Após verbo no particípio = pronome depois do ver-
bo auxiliar (e não depois do particípio):
• Quando o verbo estiver precedido de palavras que
Tenho me deliciado com a leitura!
atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
Eu tenho me deliciado com a leitura!
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
Eu me tenho deliciado com a leitura!
jamais, etc.: Não se desespere!
B) Advérbios: Agora se negam a depor.
C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli- • Não convém usar hífen nos tempos compostos e
quem tudo! nas locuções verbais:
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es- Vamos nos unir!
forçou. Iremos nos manifestar.
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportunida-
de. • Quando há um fator para próclise nos tempos com-
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. postos ou locuções verbais: opção pelo uso do
pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não
• Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos pre-
lhe disse isso? ocupar”).
• Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
se ofendem! Emprego de o, a, os, as
• Orações que exprimem desejo (orações optativas):
Que Deus o ajude. • Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os
• A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome pronomes: o, a, os, as não se alteram.
reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o material Chame-o agora.
amanhã. / Tu sabes cantar? Deixei-a mais tranquila.
• Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
verbo. A mesóclise é usada: (Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam • Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em,
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em no, na, nos, nas.
prol da paz no mundo. Chamem-no agora.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea- Põe-na sobre a mesa.
lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma
palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece-
ria. Veja: Não se realizará... #FicaDica
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia Dica da Zê!
nessa viagem. Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que
(com presença de palavra que justifique o uso de pró- significa “antes”! Pronome antes do verbo!
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa- Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end,
LÍNGUA PORTUGUESA

nharia nessa viagem). em Inglês – que significa “fim, final!). Pronome


depois do verbo!
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do ver-
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. bo
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:
• Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Quando eu avisar, silenciem-se todos.

11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS No trecho “perde-se o dinheiro e o amigo”, a colocação do
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa pronome átono em destaque está de acordo com a nor-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ma-padrão da língua portuguesa. O mesmo ocorre em:
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform. a) Não se perde nem o dinheiro nem o amigo.
– São Paulo: Saraiva, 2010. b) Perderia-se o dinheiro e o amigo.
c) O dinheiro e o amigo tinham perdido-se.
SITE d) Se perdeu o dinheiro, mas não o amigo.
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra- e) Se o amigo que perdeu-se voltasse, ficaria feliz.
matica/colocacao-pronominal-.html>
Resposta: Letra A. Em “a”: Não se perde = correta (ad-
vérbio atrai o pronome = próclise)
EXERCÍCIOS COMENTADOS Em “b”: Perderia-se = verbo no futuro do pretérito: per-
der-se-ia (mesóclise)
Em “c”: O dinheiro e o amigo tinham perdido-se = ti-
1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES-
nham se perdido
GRANRIO-2018)
Em “d”: Se perdeu = não se inicia período com prono-
O ano da esperança me oblíquo/partícula apassivadora (Perdeu-se)
Em “e”: Se o amigo que perdeu-se = o “que” atrai o
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos pronome (próclise): que se perdeu
desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás
do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações de 2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinhei- GRANRIO-2018) Segundo as exigências da norma-pa-
ro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, com a drão da língua portuguesa, o pronome destacado foi utili-
consciência de que era uma doação. A situação foi pio- zado na posição correta em:
rando. Os argumentos também. No início era para pagar
a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes. a) Os jornais noticiaram que alguns países mobilizam-se
Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso. Ajudava para combater a disseminação de notícias falsas nas
um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que so- redes sociais.
freu um acidente e não tinha como pagar a fisioterapia. b) Para criar leis eficientes no combate aos boatos, sempre
Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações, deve-se ter em mente que o problema de divulgação
remédios. A situação piorando, eu já estava encomen- de notícias falsas é grave e muito atual.
dando missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico, c) Entre os numerosos usuários da internet, constata-se
no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso gratuitamen- um sentimento generalizado de reprovação à prática
te. Surpresa! O doente não aparecia para a consulta. Até de divulgação de inverdades.
que o coloquei contra a parede. Ou se consultava ou eu d) Uma nova lei contra as fake news promulgada na Ale-
não ajudava mais. manha não aplica-se aos sites e redes sociais com me-
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita nos de 2 milhões de membros.
de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca co- e) Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo mais
nheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter caído eficaz para que adote-se a conduta correta em relação
na história. Só que esse rapaz havia perdido o emprego à reputação das celebridades.
após o suposto acidente. Foi por isso que me deixei en-
ganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde também Resposta: Letra C. Em “a”: Os jornais noticiaram que
a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As pessoas alguns países mobilizam-se = se mobilizam
buscam vagas nos mercados em expansão. Se a indústria Em “b”: Para criar leis eficientes no combate aos boa-
automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar. tos, sempre deve-se = sempre se deve
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos Em “c”: Entre os numerosos usuários da internet, cons-
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão surgir. tata-se um sentimento = correta
Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça de Em “d”: Uma nova lei contra as fake news promulgada
velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova cons- na Alemanha não aplica-se = não se aplica
ciência para votar. Como? Num mundo em que as notícias Em “e”: Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo
são plantadas pela internet, em que muitos sites servem mais eficaz para que adote-se = que se adote
a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram cada his-
tória a meu respeito que nem sei o que dizer. Já inventa- 3. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI-
LÍNGUA PORTUGUESA

ram casos de amor, tramas nas novelas que escrevo. Pior. TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Se substituíssemos
Depois todo mundo me pergunta por que isso ou aquilo os complementos dos verbos abaixo por pronomes pes-
não aconteceu na novela. Se mudei a trama. Respondo: — soais oblíquos enclíticos, a única forma INADEQUADA
Nunca foi para acontecer. Era mentira da internet. seria:
Duvidam. Acham que estou mentindo.
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. 2017, a) impregna a vida cotidiana / impregna-a;
p.97. Adaptado. b) entender os debates / entendê-los;

12
c) ganha destaque / ganha-o; 6. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
d) supõe um conhecimento / supõe-lo; VUNESP-2013) Considerando a substituição da expres-
e) marcaram sua história / marcaram-na. são em destaque por um pronome e as normas da co-
locação pronominal, a oração – … que abrem a cabeça
Resposta: Letra D. Em “a”: impregna a vida cotidiana … – equivale, na norma-padrão da língua, a:
/ impregna-a = correta
Em “b”: entender os debates / entendê-los = correta a) que abrem-a.
Em “c”: ganha destaque / ganha-o = correta b) que abrem-na.
Em “d”: supõe um conhecimento / supõe-lo = supõe- c) que a abrem.
-no d) que lhe abrem.
Em “e”: marcaram sua história / marcaram-na = cor- e) que abrem-lhe.
reta
Resposta: Letra C. Primeiramente: o “que” atrai o pro-
4. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL – nome oblíquo, então teremos que + pronome. Resta-
VUNESP-2014) Considerando-se o uso do pronome e -nos identificar se o pronome é objeto direto (a) ou
a colocação pronominal, a expressão em destaque no indireto (lhe). Voltemos ao verbo: abrir. Quem abre,
trecho – ... que cercam o sentido da existência huma- abre algo... abre o quê? Sem preposição! Portanto: ob-
na... – está corretamente substituída pelo pronome, de jeto direto = que a abrem.
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, na
alternativa:
SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALA-
a) ... que cercam-lo... VRAS E EXPRESSÕES.
b) ... que cercam-no...
c)... que o cercam...
d) ... que lhe cercam... Semântica é o estudo da significação das palavras e
e) ... que cercam-lhe... das suas mudanças de significação através do tempo ou
em determinada época. A maior importância está em dis-
Resposta: Letra C. Correções à frente: tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e
Em “a”: que cercam-lo = o “que” atrai o pronome (que homônimos e parônimos (homonímia / paronímia).
o cercam)
1. Sinônimos
Em “b”: que cercam-no = que o cercam (“no” está cor-
reta – caso não tivéssemos o “que”, pois, devido a sua
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabe-
presença, teremos próclise, não ênclise)
to - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar -
Em “c”: que o cercam = correta
abolir.
Em “d”: que lhe cercam = a posição está correta, mas
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são
o pronome está errado (“lhe” é para objeto indireto =
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara
a ele/ela)
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quan-
Em “e”: que cercam-lhe = que o cercam
do, ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela
outra, em deteminado enunciado (aguadar e esperar).
5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014)
Considerando apenas as regras de regência e de coloca-
ção pronominal da norma-padrão da língua portuguesa, Observação:
a expressão destacada em – Ainda assim, 60% afirmam A contribuição greco-latina é responsável pela exis-
que raramente ou nunca têm informações sobre o im- tência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
pacto ambiental do produto ou do comportamento da antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo;
empresa. – pode ser corretamente substituída por contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo;
transformação e metamorfose; oposição e antítese.
a) ... nunca informam-se sob o impacto...
b)... nunca se informam o impacto... Antônimos
c) ... nunca informam-se ao impacto...
d) ... nunca se informam do impacto... São palavras que se opõem através de seu significado:
e)... nunca informam-se no impacto... ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar;
mal - bem.
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra D. Por eliminação: o advérbio “nunca”


Observação:
atrai o pronome, teremos próclise (nunca se). Ficamos
A antonímia pode se originar de um prefixo de sen-
com B e D. Agora vamos ao verbo: quem se informa,
tido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático e
informa-se sobre algo = precisa de preposição. A al-
antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo
ternativa que tem preposição presente é a D (do =
e inativo; esperar e desesperar; comunista e anticomunista;
de+o). Teremos: nunca se informam do impacto.
simétrico e assimétrico.

13
Homônimos e Parônimos AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: li-
teratura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
• Homônimos = palavras que possuem a mesma grafia XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua
ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
Podem ser
SITE
A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- Disponível em: <http://www.coladaweb.com/portu-
rentes na pronúncia: gues/sinonimos,-antonimos,-homonimos-e-paronimos>
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
(subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e de- POLISSEMIA
nuncia (verbo); providência (subst.) e providencia (verbo).
B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
ferentes na escrita: multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmoni- um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
zar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (ar- mas que abarca um grande número de significados dentro
reio); censo (recenseamento) e senso (juízo); paço (palácio) de seu próprio campo semântico.
e passo (andar). Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pro- algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se
núncia: em consideração as situações de aplicabilidade. Há uma
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e cedo infinidade de exemplos em que podemos verificar a ocor-
(adv.); livre (adj.) e livre (verbo). rência da polissemia:
O rapaz é um tremendo gato.
• Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po- O gato do vizinho é peralta.
rém de formas relativamente próximas. São palavras
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
parecidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptá-
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
culo de vime; cesta de basquete/esporte) e sesta
sobrevivência
(descanso após o almoço), eminente (ilustre) e imi-
O passarinho foi atingido no bico.
nente (que está para ocorrer), osso (substantivo) e
ouço (verbo), sede (substantivo e/ou verbo “ser” no
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
imperativo) e cede (verbo), comprimento (medida) e
computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co-
cumprimento (saudação), autuar (processar) e atuar
(agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), defe- mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de
rir (atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
soar (emitir som), aprender (conhecer) e apreender que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
(assimilar; apropriar-se de), tráfico (comércio ilegal) “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
e tráfego (relativo a movimento, trânsito), mandato formato quadriculado que têm.
(procuração) e mandado (ordem), emergir (subir à Polissemia e homonímia
superfície) e imergir (mergulhar, afundar).
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
Hiperonímia e Hiponímia comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem quando duas ou mais palavras com origens e significados
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hi- distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
pônimo uma palavra de sentido mais específico; o hiperô- monímia.
nimo, mais abrangente. A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô- significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
nimo, criando, assim, uma relação de dependência se- polissemia porque os diferentes significados para a pala-
mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi- vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra
peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabe-
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. to, o texto de uma canção ou a caligrafia de um determi-
Veículos é um hiperônimo de carros. nado indivíduo. Neste caso, os diferentes significados es-
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em tão interligados porque remetem para o mesmo conceito,
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili- o da escrita.
zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita
Polissemia e ambiguidade
LÍNGUA PORTUGUESA

a repetição desnecessária de termos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na


interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar
específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
- Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. – São
uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Paulo: Saraiva, 2010.

14
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen-
temente são felizes.
Neste caso podem existir duas interpretações diferen- EXERCÍCIOS COMENTADOS
tes:
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli- 1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) Um
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada. ex-governador do estado do Amazonas disse o seguinte:
“Defenda a ecologia, mas não encha o saco”. (Gilberto
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela Mestrinho) O vocábulo sublinhado, composto do radi-
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma inter- cal-logia (“estudo”), se refere aos estudos de defesa do
pretação. Para fazer a interpretação correta é muito im- meio ambiente; o vocábulo abaixo, com esse mesmo ra-
portante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
dical, que tem seu significado corretamente indicado é:
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo,
a) Antropologia: estudo do homem como representante
comicidade. Repare na figura abaixo:
do sexo masculino;
b) Etimologia: estudo das raças humanas;
c) Meteorologia: estudo dos impactos de meteoros sobre
a Terra;
d) Ginecologia: estudo das doenças privativas das mu-
lheres;
e) Fisiologia: estudo das forças atuantes na natureza.

Resposta: Letra D. Em “a”: Antropologia: Ciência que


se dedica ao estudo do homem (espécie humana) em
sua totalidade
Em “b”: Etimologia: Ciência que investiga a origem das
palavras procurando determinar as causas e circuns-
(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- tâncias de seu processo evolutivo
-cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). Em “c”: Meteorologia: Estudo dos fenômenos atmosfé-
ricos e das suas leis, principalmente com a intenção de
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, prever as variações do tempo.
mas duas seriam: Em “d”: Ginecologia: estudo das doenças privativas das
mulheres = correta
Corte e coloração capilar Em “e”: Fisiologia: Ciência que trata das funções orgâ-
ou nicas pelas quais a vida se manifesta
Faço corte e pintura capilar
2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Na verdade, todos os
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- anos a imprensa nacional destaca os inaceitáveis números
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. da violência no país”. O vocábulo “inaceitáveis” equivale
– São Paulo: Saraiva, 2010. ao “que não se aceita”. A equivalência correta abaixo in-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa dicada é:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a) tinta indelével / que não se apaga;
SITE b) ação impossível / que não se possui;
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama- c) trabalho inexequível / que não se exemplifica;
tica/polissemia.htm> d) carro invisível / que não tem vistoria;
e) voz inaudível / que não possui audiência.

Resposta: Letra A Em “a”: tinta indelével / que não se


apaga = correta
Em “b”: ação impossível = que não é possível
Em “c”: trabalho inexequível = que não se executa
Em “d”: carro invisível = que não se vê
Em “e”: voz inaudível = que não se ouve
LÍNGUA PORTUGUESA

15
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis
pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela origem de uma série de mazelas, algumas das quais proibidas
por lei ou consideradas crimes. É o caso do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas sociedades subdesen-
volvidas, mas também viceja onde o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga crianças e adolescentes a
participarem do processo de produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem e nas economias ditas avançadas. E
ainda é, nos dias de hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o
trabalho infantil foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, ele continua sendo grave problema nos países
mais pobres.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).

A palavra “chaga”, empregada com o sentido de ferida social, refere-se, na estrutura sintática do parágrafo, a “pobreza”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado (...) É o caso do trabalho infantil. A chaga encontra terreno = refere-se a “trabalho infantil”.

4. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CARGO 33 – TÉCNICO ADMINISTRATIVO - Nível Médio – CES-
PE-2013)
Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a edição de biografias à autorização do biografado ou descendentes.
As consequências da norma são negativas. Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar para a posteridade
a vida de personagens importantes na formação do país, em qualquer ramo de atividade. Permite-se a interdição de
registros de época, em prejuízo dos historiadores e pesquisadores do futuro.
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o relato da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores Mário de
Andrade e Guimarães Rosa. Tanto no jornalismo quanto na literatura não pode haver censura prévia. Publicada a re-
portagem (ou biografia), os que se sentirem atingidos que recorram à justiça. É preciso seguir o padrão existente em
muitos países, em que há biografias “autorizadas” e “não autorizadas”.
Reclamações posteriores, quando existem, são encaminhadas ao foro devido, os tribunais.
O alegado “direito à privacidade” é argumento frágil para justificar o veto a que a historiografia do país seja enri-
quecida, como se não bastasse o fato de o poder de censura concedido a biografados e herdeiros ser um atentado à
Constituição.
O Globo, 23/9/2013 (com adaptações).

A palavra “sonegado” está sendo empregada com o sentido de reduzido, diminuído.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado (...) Permite-se a interdição de registros de época, em prejuízo dos historiadores e pesquisadores do
futuro.
Dessa forma, tem sido sonegado, por exemplo, o relato da vida do poeta Manoel Bandeira e dos escritores Mário de
Andrade e Guimarães Rosa = o sentido é o de “impedido”.

5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014) O termo destacado na passagem do primeiro parágrafo – Mesmo
com tantas opções, ainda há resistência na hora da compra. – tem sentido equivalente a

a) impetuosidade.
b) empatia.
c) relutância.
d) consentimento.
e) segurança.

Resposta: Letra C. Mesmo com tantas opções, ainda há resistência na hora da compra.
Em “a”: impetuosidade (força) = incorreto
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “b”: empatia = incorreto


Em “c”: relutância (resistência).
Em “d”: consentimento (aceitação) = incorreto
Em “e”: segurança = incorreto
A substituição que manteria o sentido do período é “ainda há relutância”.

16
FIGURA DE LINGUAGEM, PENSAMENTO E CONSTRUÇÃO

Disponível em: <http://www.terapiadapalavra.com.br/figuras-de-linguagem-na-escrita-literaria/> Acesso abr,


2018.

A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja
por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. São
construções que transformam o significado das palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem
nova.

Tipos de Figuras de Linguagem

Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”

Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos faziam
blem, blem, blem.

Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em palavras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos
Lyra)

Figuras de Palavras ou de Pensamento

Metáfora

Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em
virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da
palavra fora de seu sentido normal.

Observação:
Toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
LÍNGUA PORTUGUESA

Seus olhos são como luzes brilhantes.


O exemplo acima mostra uma comparação evidente, através do emprego da palavra como.
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, qua-
lidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me. Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta é
a verdadeira metáfora.

17
Outros exemplos: Catacrese
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pes-
soa) Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí-
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando,
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio por falta de um termo específico para designar um con-
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando ceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a
a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.). empregar algumas palavras fora de seu sentido original.
Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar al- rosto”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do aba-
gum. caxi”.
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na fra-
se acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão Perífrase ou Antonomásia
que indica uma alma rústica e abandonada (e angustia-
damente inútil), há uma comparação subentendida: Mi- Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
nha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma vés de alguma de suas características ou atributos, ou de
estrada de terra que leva a lugar algum. um fato que o celebrizou. É a substituição de um nome
por outro ou por uma expressão que facilmente o iden-
A Amazônia é o pulmão do mundo. tifique:
Em sua mente povoa só inveja. A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
atraindo visitantes do mundo todo.
Metonímia (ou sinédoque) A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão)
É a substituição de um nome por outro, em virtude de
existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição Observação:
pode acontecer dos seguintes modos: Quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o
nome de antonomásia. Exemplos:
Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati-
Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis). cando o bem.
Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito
As lâmpadas iluminam o mundo). jovem.
Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
cruz. (= Não te afastes da religião).
Sinestesia
Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso
Havana. (= Fumei um saboroso charuto).
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen-
Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócra-
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
tes tomou veneno).
cruzamento de sensações distintas.
Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito =
trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
auditivo; áspero = tátil)
duzo).
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte-
Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual)
Bebeu todo o líquido que estava no cálice). Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil)
Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones
foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás Antítese
dos jogadores).
Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressada- Consiste no emprego de palavras que se opõem
mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente). quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve,
Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos en-
nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse volvidos que não se conseguiria com a exposição isolada
mundo). dos mesmos. Observe os exemplos:
Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram O corpo é grande e a alma é pequena.
chamadas, não apenas uma mulher). “Quando um muro separa, uma ponte une.”
Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Não há gosto sem desgosto.
Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone).
Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Al-
LÍNGUA PORTUGUESA

Paradoxo ou oximoro
guns astronautas foram à Lua).
Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá É a associação de ideias, além de contrastantes, con-
para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). traditórias. Seria a antítese ao extremo.
Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
Ouvimos as vozes do silêncio.

18
Eufemismo Gradação (ou clímax)

É o emprego de uma expressão mais suave, mais no- Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen-
áspera, desagradável ou chocante. dente (anticlímax). Observe este exemplo:
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se- Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
nhor. (= morreu) com seus olhos claros e brincalhões...
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu) O objetivo do narrador é mostrar a expressividade
Faltar à verdade. (= mentir) dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se
refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
Ironia seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em
ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos:
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do “Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
que as palavras ou frases expressam, geralmente apre- amor”. (Olavo Bilac)
sentando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à
desejada pelo emissor. Elipse
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota
mínima. Consiste na omissão de um ou mais termos numa
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos oração e que podem ser facilmente identificados, tanto
que estão por perto. por elementos gramaticais presentes na própria oração,
O governador foi sutil como um elefante. quanto pelo contexto.
A catedral da Sé. (a igreja catedral)
Hipérbole Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es-
tádio)
É a expressão intencionalmente exagerada com o in-
tuito de realçar uma ideia. Zeugma
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
O concurseiro quase morre de tanto estudar! a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
Prosopopeia ou Personificação português)
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só
É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani- modernos. (só havia móveis)
mados a seres inanimados, ou características humanas a Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
seres não humanos. Observe os exemplos:
As pedras andam vagarosamente. Silepse
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um
cego que guia. A silepse é a concordância que se faz com o termo
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido.
Chora, violão. É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz
com um termo oculto, facilmente identificado. Há três ti-
Figuras de Construção ou de Sintaxe pos de silepse: de gênero, número e pessoa.

Apóstrofe Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e fe-


minino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân-
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
coisa personificada, de acordo com o objetivo do dis-
curso, que pode ser poético, sagrado ou profano. Carac- A) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o
teriza-se pelo chamamento do receptor da mensagem, calor intenso.
seja ele imaginário ou não. A introdução da apóstrofe Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
interrompe a linha de pensamento do discurso, desta- com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
LÍNGUA PORTUGUESA

cando-se assim a entidade a que se dirige e a ideia que ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo
se pretende pôr em evidência com tal invocação. Reali- (a cidade de Porto Velho).
za-se por meio do vocativo. Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? B) Vossa Excelência está preocupado.
“Pai Nosso, que estais no céu” O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
Deus, ó Deus! Onde estás? soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vos-
sa Excelência.

19
Silepse de Número - Os números são singular e Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o
plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da pronome “lo” classificado como objeto direto pleonástico.
oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da Outro exemplo:
oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos: Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto
de Salvador.
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto. Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo-
Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e nástico.
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
tos das orações (que se encontram no singular, procissão Observação:
e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está O pleonasmo só tem razão de ser quando confere
contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um pleonasmo
isso que os verbos estão no plural. vicioso:
Vi aquela cena com meus próprios olhos.
Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Vamos subir para cima.
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles Ele desceu pra baixo.
(as três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há
um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não Anáfora
concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa
que está inscrita no sujeito. Exemplos: É a repetição de uma ou mais palavras no início de
O que não compreendo é como os brasileiros persista- várias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de
mos em aceitar essa situação. coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em cau-
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho. sa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jar- determinado elemento textual. Os termos anafóricos po-
dins públicos.” (Machado de Assis) dem muitas vezes ser substituídos por pronomes.
Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te co-
Observe que os verbos persistamos, temos e somos nhecia.
não concordam gramaticalmente com os seus sujeitos “Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
(brasileiros, agricultores e cariocas, que estão na terceira ba.” (Padre Vieira)
pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós, os
brasileiros, os agricultores e os cariocas). Anacoluto

Polissíndeto / Assíndeto Consiste na mudança da construção sintática no meio


da frase, ficando alguns termos desligados do resto do
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- período. É a quebra da estrutura normal da frase para a
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre introdução de uma palavra ou expressão sem nenhuma
período composto. No período composto por coordena- ligação sintática com as demais.
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
oração coordenada ligada por uma conjunção (conecti- Morrer, todo haveremos de morrer.
vo) é sindética; a oração que não apresenta conectivo é Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
assindética. Recordado esse conceito, podemos definir as
duas figuras de construção: A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
A) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela re- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
petição enfática dos conectivos. Observe o exem- interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não
plo: O menino resmunga, e chora, e grita, e ninguém exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto tam-
faz nada. bém é chamado de “frase quebrada”, pois corresponde
B) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela au- a uma interrupção na sequência lógica do pensamento.
sência, pela omissão das conjunções coordenati-
vas, resultando no uso de orações coordenadas Observação:
assindéticas. Exemplos: O anacoluto deve ser usado com finalidade expressi-
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. va em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
“Vim, vi, venci.” (Júlio César)
Hipérbato / Inversão
Pleonasmo
LÍNGUA PORTUGUESA

É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da


Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é sujeito venha depois do predicado:
realçar a ideia, torná-la mais expressiva. Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. amor venceu ao ódio)
Nesta oração, os termos “o problema da violência” Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. Eu cuido dos meus problemas)

20
#FicaDica
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já que, na ordem direta, teríamos: “As margens plácidas
do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico”.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIO-


TECONOMIA SUPERIOR – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, faz-se o uso de um tipo
de linguagem figurada denominada

a) metonímia.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.

Resposta: Letra D. A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e trans-
portá-la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma simila-
ridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)

2. (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – SUPERIOR - CONPASS/2014)


Identifique a figura de linguagem presente na tira seguinte:

a) metonímia
b) prosopopeia
c) hipérbole
d) eufemismo
e) onomatopeia

Resposta: Letra D. “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para
comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas
vidas por nós” no lugar de “que morreram por nós”.

3. (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE – SUPERIOR - COPEVE/UFAL/2014)


Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.
LÍNGUA PORTUGUESA

O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, horário
do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a
65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: 22 jan. 2014.
O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de lingua-
gem. O autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?

21
a) Eufemismo. mas a inclusão do advérbio ainda estabelece esse implí-
b) Hipérbole. cito. Não diz também com explicitude que há oposição
c) Paradoxo. entre Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista
d) Metonímia. de contar com tempo para evoluir. A escolha do conector
e) Hipérbato. “mas” entre a segunda e a primeira oração só é possível
levando em conta esse dado implícito. Como se vê, há
Resposta: Letra B. A expressão é um exagero! Ela ser- mais significados num texto do que aqueles que apa-
ve apenas para representar o calor excessivo que está recem explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é
fazendo. A figura que é utilizada “mil vezes” (!) para aquela capaz de depreender tanto um tipo de significado
atingir tal objetivo é a hipérbole. quanto o outro, o que, em outras palavras, significa ler
nas entrelinhas. Sem essa habilidade, o leitor passará por
cima de significados importantes ou, o que é bem pior,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS concordará com ideias e pontos de vista que rejeitaria se
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa os percebesse.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Os significados implícitos costumam ser classificados
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- em duas categorias: os pressupostos e os subentendidos.
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. Pressupostos: são ideias implícitas que estão impli-
– São Paulo: Saraiva, 2010. cadas logicamente no sentido de certas palavras ou ex-
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, pressões explicitadas na superfície da frase. Exemplo:
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – “André tornou-se um antitabagista convicto.”
São Paulo: Saraiva, 2002.
A informação explícita é que hoje André é um anti-
SITES tabagista convicto. Do sentido do verbo tornar-se, que
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- significa “vir a ser”, decorre logicamente que antes An-
coes/estil/estil8.php> dré não era antitabagista convicto. Essa informação está
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- pressuposta. Ninguém se torna algo que já era antes. Se-
coes/estil/estil5.php> ria muito estranho dizer que a palmeira tornou-se um
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- vegetal.
coes/estil/estil2.php>
“Eu ainda não conheço a Europa.”

A informação explícita é que o enunciador não tem


INTERPRETAÇÃO: PRESSUPOSIÇÕES E conhecimento do continente europeu. O advérbio ainda
INFERÊNCIAS, IMPLÍCITOS E SUBEN- deixa pressuposta a possibilidade de ele um dia conhe-
TENDIDOS. cê-la.
As informações explícitas podem ser questionadas
pelo receptor, que pode ou não concordar com elas. Os
Texto:
pressupostos, porém, devem ser verdadeiros ou, pelo
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um
menos, admitidos como tais, porque esta é uma condi-
desses craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e
ção para garantir a continuidade do diálogo e também
Pelé), mas ainda tem um longo caminho a trilhar (...).”
para fornecer fundamento às afirmações explícitas. Isso
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15.
significa que, se o pressuposto é falso, a informação ex-
plícita não tem cabimento. Assim, por exemplo, se Ma-
Esse texto diz explicitamente que:
ria não falta nunca a aula nenhuma, não tem o menor
sentido dizer “Até Maria compareceu à aula de hoje”. Até
I – Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são
estabelece o pressuposto da inclusão de um elemento
craques;
inesperado.
II – Neto não tem o mesmo nível desses craques;
Na leitura, é muito importante detectar os pressu-
III – Neto tem muito tempo de carreira pela frente.
postos, pois eles são um recurso argumentativo que visa
O texto deixa implícito que:
a levar o receptor a aceitar a orientação argumentati-
I – Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-
va do emissor. Ao introduzir uma ideia sob a forma de
-se dos craques citados;
pressuposto, o enunciador pretende transformar seu in-
II – Esses craques são referência de alto nível em sua
terlocutor em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta
especialidade esportiva;
em discussão, e todos os argumentos explícitos só contri-
LÍNGUA PORTUGUESA

III – Há uma oposição entre Neto e esses craques no


buem para confirmá-la. O pressuposto aprisiona o recep-
que diz respeito ao tempo disponível para evoluir.
tor no sistema de pensamento montado pelo enunciador.
A demonstração disso pode ser feita com as “verda-
Todos os textos transmitem explicitamente certas
des incontestáveis” que estão na base de muitos discur-
informações, enquanto deixam outras implícitas. Por
sos políticos, como o que segue:
exemplo, o texto acima não explicita que existe a pos-
sibilidade de Neto se equiparar aos quatro futebolistas,

22
“Quando o curso do rio São Francisco for mudado, Brasil indústria automobilística nacional.
será resolvido o problema da seca no Nordeste.” II – Você conferiu o resultado da loteria?
Hoje não.
O enunciador estabelece o pressuposto de que é A negação precedida de um advérbio de tempo de
certa a mudança do curso do São Francisco e, por con- âmbito limitado estabelece o pressuposto de que
sequência, a solução do problema da seca no Nordeste. apenas nesse intervalo (hoje) é que o interrogado
O diálogo não teria continuidade se um interlocutor não não praticou o ato de conferir o resultado da loteria.
admitisse ou colocasse sob suspeita essa certeza. Em ou-
tros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo 4. Orações adjetivas
se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:
I – Os brasileiros, que não se importam com a cole-
“Mas quem disse que é certa a mudança do curso do tividade, só se preocupam com seu bem-estar e, por
rio?” isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se
A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emis- importam com a coletividade.
sor permite levar adiante o debate; sua negação compro- II – Os brasileiros que não se importam com a cole-
mete o diálogo, uma vez que destrói a base sobre a qual tividade só se preocupam com seu bem-estar e, por
se constrói a argumentação, e daí nenhum argumento isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc.
tem mais importância ou razão de ser. Com pressupostos Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasilei-
distintos, o diálogo não é possível ou não tem sentido. ros não se importam com a coletividade.
A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo,
pode ser embaraçosa ou não, dependendo do que está é restritiva. As explicativas pressupõem que o que elas
pressuposto em cada situação. Para alguém que não faz expressam se refere à totalidade dos elementos de um
segredo sobre a mudança de emprego, não causa o me- conjunto; as restritivas, que o que elas dizem concerne
nor embaraço uma pergunta como esta: apenas a parte dos elementos de um conjunto. O produ-
“Como vai você no seu novo emprego?” tor do texto escreverá uma restritiva ou uma explicativa
O efeito da mesma pergunta seria catastrófico segundo o pressuposto que quiser comunicar.
se ela se dirigisse a uma pessoa que conseguiu um se- Subentendidos: são insinuações contidas em uma
gundo emprego e quer manter sigilo até decidir se aban- frase ou um grupo de frases. Suponhamos que uma pes-
dona o anterior. O adjetivo novo estabelece o pressupos- soa estivesse em visita à casa de outra num dia de frio
to de que o interrogado tem um emprego diferente do glacial e que uma janela, por onde entravam rajadas de
anterior. vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse “Que frio
terrível”, poderia estar insinuando que a janela deveria
ser fechada.
MARCADORES DE PRESSUPOSTOS Há uma diferença capital entre o pressuposto e o su-
bentendido. O primeiro é uma informação estabelecida
1. Adjetivos ou palavras similares modificadoras como indiscutível tanto para o emissor quanto para o
do substantivo receptor, uma vez que decorre necessariamente do sen-
tido de algum elemento linguístico colocado na frase. Ele
Exemplo: pode ser negado, mas o emissor coloca o implicitamente
I – Julinha foi minha primeira filha; para que não o seja. Já o subentendido é de responsa-
“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que bilidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás
as outras nasceram depois de Julinha. do sentido literal das palavras e negar que tenha dito
II – Destruíram a outra igreja do povoado. o que o receptor depreendeu de suas palavras. Assim,
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma no exemplo dado acima, se o dono da casa disser que é
igreja além da usada como referência. muito pouco higiênico fechar todas as janelas, o visitante
pode dizer que também acha e que apenas constatou a
2. Certos verbos intensidade do frio.
O subentendido serve, muitas vezes, para o emis-
I – Renato continua doente; sor se proteger, para transmitir a informação que deseja
O verbo “continua” indica que Renato já estava do- dar a conhecer sem se comprometer. Imaginemos, por
ente no momento anterior ao presente. exemplo, que um funcionário recém promovido numa
II – Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra empresa ouvisse de um colega o seguinte:
copydesk;
LÍNGUA PORTUGUESA

O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de “Competência e mérito continuam não valendo nada
que copidesque não existia em português. como critério de promoção nesta empresa...”

3. Certos advérbios Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita:

I – A produção automobilística brasileira está total- “Você está querendo dizer que eu não merecia a pro-
mente nas mãos das multinacionais; moção?”
O advérbio totalmente pressupõe que não há no

23
Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um B) Variações regionais: São os chamados dialetos,
subentendido, poderia responder: que são as marcas determinantes referentes a di-
ferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra
“Absolutamente! Estou falando em termos gerais.” mandioca que, em certos lugares, recebe outras
nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Fi-
gurando também esta modalidade estão os sota-
ques, ligados às características orais da linguagem.
VARIEDADES DE TEXTO E ADEQUAÇÃO
DE LINGUAGEM. C) Variações sociais ou culturais: Estão diretamente
ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e
também ao grau de instrução de uma determinada
pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jar-
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
gões e o linguajar caipira.
A linguagem é a característica que nos difere dos de-
As gírias pertencem ao vocabulário específico de
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar
certos grupos, como os surfistas, cantores de rap, ta-
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opi-
tuadores, entre outros. Os jargões estão relacionados
nião frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano
ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técni-
e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio
co. Representando a classe, podemos citar os médicos,
social. Dentre os fatores que a ela se relacionam desta-
advogados, profissionais da área de informática, dentre
cam-se os níveis da fala, que são basicamente dois: o ní-
outros.
vel de formalidade e o de informalidade.
Vejamos um poema sobre o assunto:
O padrão formal está diretamente ligado à lingua-
gem escrita, restringindo-se às normas gramaticais de
Vício na fala
um modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da
mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante
Para dizerem milho dizem mio
para a que a mesma pudesse exercer total soberania so-
Para melhor dizem mió
bre as demais.
Para pior pió
Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o
Para telha dizem teia
estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem ge-
Para telhado dizem teiado
rado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez
E vão fazendo telhados.
que, para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve
Oswald de Andrade
de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se
desta forma um estigma.
SITE
Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as
tica/variacoes-linguisticas.htm>
quais representam as variações de acordo com as con-
dições sociais, culturais, regionais e históricas em que é
utilizada. Dentre elas destacam-se:
A) Variações históricas: Dado o dinamismo que a
NÍVEIS DE LINGUAGEM
língua apresenta, a mesma sofre transformações
A língua é um código de que se serve o homem para
ao longo do tempo. Um exemplo bastante repre-
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica-
sentativo é a questão da ortografia, se levarmos
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
em consideração a palavra farmácia, uma vez que
funcionais:
a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à
A) a língua funcional de modalidade culta, língua
linguagem dos internautas, a qual se fundamenta
culta ou língua-padrão, que compreende a lín-
pela supressão dos vocábulos. Analisemos, pois, o
gua literária, tem por base a norma culta, forma
fragmento exposto:
linguística utilizada pelo segmento mais culto e
influente de uma sociedade. Constitui, em suma,
Antigamente
a língua utilizada pelos veículos de comunicação
de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais,
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de
e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam
serem aliados da escola, prestando serviço à socie-
anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os ja-
dade, colaborando na educação;
notas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes,
B) a língua funcional de modalidade popular; lín-
LÍNGUA PORTUGUESA

arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do


gua popular ou língua cotidiana, que apresenta
balaio.”
gradações as mais diversas, tem o seu limite na gí-
Carlos Drummond de Andrade
ria e no calão.
Comparando-o à modernidade, percebemos um vo-
cabulário antiquado.

24
Norma culta transgressões da norma culta na pena ou na boca de
jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve
A norma culta, forma linguística que todo povo ci- refletir serviço à causa do ensino.
vilizado possui, é a que assegura a unidade da língua O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
nacional. E justamente em nome dessa unidade, tão im- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
portante do ponto de vista político--cultural, que é ensi- Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
nada nas escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
espontânea e criativa, a língua popular afigura-se mais de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta
expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exem- o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico
plificação: registro de linguagem definitivamente consagrado pelo
Estou preocupado. (norma culta) uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
Tô preocupado. (língua popular) Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir)
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
Não basta conhecer apenas uma modalidade de dispersar e Não vamos dispersar-nos)
língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho
espontaneidade, expressividade e enorme criatividade, de sair daqui bem depressa)
para viver; urge conhecer a língua culta para conviver. O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das seu posto)
normas da língua culta.
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos
O conceito de erro em língua impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
exemplos também de transgressões ou “erros” que se
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje por-
casos de ortografia. O que normalmente se comete são que a maioria viu tais verbos como derivados de pedir,
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bas-
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele tou para se arcaizarem as formas então legítimas impido,
falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans- despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-es-
gride a norma culta. colarizada tem coragem de usar.
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare- escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis- rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
ta, numa praia, vestido de fraque e cartola. deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que da língua popular para a língua culta”.
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi- conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a
deradas perfeitamente normais construções do tipo: norma culta.
Eu não vi ela hoje.
Ninguém deixou ele falar. Língua escrita e língua falada - Nível de linguagem
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse! A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. falada.
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos,
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda-
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor-
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções mações e a evoluções.
se alteram: Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor-
Eu não a vi hoje. tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar
Ninguém o deixou falar. a língua falada com base na língua escrita, considerada
LÍNGUA PORTUGUESA

Deixe-me ver isso! superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as


Eu te amo, sim, mas não abuses! emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe. trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida-
Considera-se momento neutro o utilizado nos veí- de ou inferioridade, que em verdade inexiste.
culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal,
revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou

25
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na se estivessem falando no exato momento da leitura. Esse
língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação tipo de discurso pode ser apresentado das seguintes ma-
de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de neiras:
dialetos, consequência natural do enorme distanciamen-
to entre uma modalidade e outra. I – Após dois pontos, sem o verbo dicendi (sem o
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela- verbo “e disse:”);
borada que a língua falada, porque é a modalidade que
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a Exemplo:
que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Ne- Numa tarde ensolarada, Isabel encontrou Lúcio. Am-
nhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível bos miraram-se com cautela, num pequeno espanto:
sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo,
processam-se lentamente e em número consideravelmen- “Você ainda é um homem bonito”. Lúcio riu com a
te menor, quando cotejada com a modalidade falada. ironia, qualidade tóxica de Isabel.
Importante é fazer o educando perceber que o nível
da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo II – Após dois pontos, introduzido pelo verbo dicendi;
com a situação em que se desenvolve o discurso. Numa tarde ensolarada, Isabel encontrou Lúcio. Am-
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- bos miraram-se com cautela, num pequeno espanto.
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pro- Isabel encarou Lúcio e diz: “Você ainda é um homem
núncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um bonito”. Lúcio riu com a ironia, qualidade sempre tó-
padre não fala com uma criança como se estivesse em xica daquela mulher.
uma missa, assim como uma criança não fala como um
adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso, III – Após dois pontos com travessão;
ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedrei- Isabel sabia do que Lúcio ria, afinal, ele sempre foi
ros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível sua melhor vítima. A garota sabia que o comentário
de fala no recesso do lar e na sala de aula. fora infeliz e, tentando ser mais amigável, completou:
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre “Fiquei sabendo que estava estudando em Boston.
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co- Privilégio para poucos”.
tidiano, a que já fizemos referência. IV – Após ponto final, sem verbo dicendi;
Lúcio percebeu rapidamente a tentativa da mulher
que agora se ruborizava. Isabel, além de irônica, era
péssima na arte da diplomacia. “Recuso sua polidez,
EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE você é a mulher mais bruta que conheço”.
ESTRUTURAS. V – Após ponto final, com verbo dicendi ao fim da
fala;
Isabel mordeu os lábios frente ao golpe direto de seu
“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado ex-noivo. A total educação transformava-se, agora,
no decorrer da matéria” num acerto de contas, infindável, como sempre. “Sou
a mulher mais bruta que conheceste, e quem sabe
você seja o homem mais covarde que conheci”, res-
pondeu, com amargura.
DISCURSO DIRETO E INDIRETO VI – Inserido na narração, sem pontuação específica;
Durante poucos segundos, voltaram a se encararem.
Dez anos haviam se passado e as dores permaneciam
Narrativas são textos que apresentam histórias de intactas. Dizem que o tempo cura tudo, mas não o
personagens num tempo e espaço específico. Aqui são abandono de Lúcia, nem a frieza de “Isabel, aquela
apresentados seus dramas, aventuras, pensamentos e que nunca perde o gelo nos lindos olhos azuis”. A
também as suas falas. São chamados de discursos os mo- garota não acreditava no que ouvia, agora tinha cer-
mentos da narrativa em que temos acesso aos diálogos teza: Lúcio ainda a amava.
das personagens. Inicialmente eram-nos apresentadas
diretamente suas falas, como se fazia num teatro. Entre- 2. Discurso Indireto
tanto, o gênero narrativo foi evoluindo, distanciando-se
cada vez mais do gênero dramático (teatral) e os escri- Nesse tipo de discurso, as falas das personagens não
tores descobriram formas mais modernas de inserir as são apresentadas diretamente. Surgem filtradas pela voz
vozes de suas criações nas histórias. Hoje, há três formas do narrador, intermediário entre o leitor e o diálogo:
LÍNGUA PORTUGUESA

de inserção da fala das personagens numa narrativa: dis- Discurso Direto: O rapaz notou a descoberta de Isa-
curso direto, discurso indireto e discurso indireto livre. bel. Os anos tornaram-na ainda mais bonita. Declarou,
sem medo: “Você é a mulher mais bela que já vi”.
1. Discurso direto Discurso Indireto: O rapaz notou a descoberta de Isa-
bel. Os anos tornaram-na ainda mais bonita. Olhou-a nos
Meio através do qual são reproduzidas diretamente olhos e disse, sem medo, que ela era ainda a mulher mais
as falas das personagens. Advindo do gênero teatral, o bela que já vira.
discurso direto presentifica a voz dos tipos criados, como

26
Percebe-se que na passagem no discurso direto para A) frases interrogativas = o emissor da mensagem for-
o indireto a voz da personagem foi transporta para a do mula uma pergunta: Que dia é hoje?
narrador. E tal procedimento produziu uma transforma- B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz
ção nos verbos presentes na fala do diálogo. O verbo ser, um pedido: Dê-me uma luz!
no tempo presente no discurso direto (é), passou para o C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um esta-
pretérito imperfeito (era). Além do mais, o verbo ver, que do afetivo: Que dia abençoado!
no diálogo direto estava no pretérito perfeito (vi), no dis- D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
curso indireto surge no pretérito mais que perfeito (vira). prova será amanhã.
Ou seja, no discurso indireto já não é possível tomar
a fala das personagens como realizada no momento da Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
emissão. O filtro do narrador arrasta suas vozes para um (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
tempo mais distante, o que pressupõe uma adaptação de sujeito e predicado.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
tempo e lugar no momento do narrar:
em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
Discurso Direto: As pessoas que ali passavam enten-
tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
diam o que acontecia. Todos sabiam da história da noiva
frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
abandonada. Todo reencontro é terrível, por melhor que
que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
seja. Ciente disso, Isabel encarou o chão e pronunciou a declaração do que se atribui ao sujeito.
muito baixo: “Não imaginei revê-lo, aqui, logo aqui.” Quando o núcleo da declaração está no verbo (que in-
Discurso Indireto: As pessoas que ali passavam en- dique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo sig-
tendiam o que acontecia. Todos sabiam da história da nificativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo es-
noiva abandonada. Todo reencontro é terrível, por me- tiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um
lhor que seja. Ciente disso, Isabel encarou o chão e pro- predicado nominal (os verbos deste tipo de predicado
nunciou, muito baixo, que não imaginava vê-lo, ali, logo são os que indicam estado, conhecidos como verbos de
ali”. ligação):
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
3. Discurso Indireto Livre (predicado verbal)
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
Técnica mais sofisticada do que as anteriores, a voz cleo é “fácil” (predicado nominal)
do narrador se confunde com a das personagens, sem
nenhuma pontuação que os diferencie. Tal procedimento Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
surge como modo de a narração ser confundida com os por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
pensamentos da personagem, pensamentos estes inter- tido completo. O período pode ser simples ou composto.
rompidos pela sua voz, que surge sem aviso:
O que afinal ele quer de mim? Luísa tentava de al- Período simples é aquele constituído por apenas uma
gum modo sair daquela situação. Além da humilhação oração, que recebe o nome de oração absoluta.
de anos atrás, agora isso, esse reencontro inesperado, Chove.
A existência é frágil.
em meio a uma multidão de testemunhas. Espero que
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
esse seja o último de nossos reencontros, apesar de ser o
primeiro de muitos. Lúcio a encarou com desdém. Sabia Período composto é aquele constituído por duas ou
da mágoa provocada. Sabia que não podia evitar aquela mais orações:
fúria que agora surgia. Também espero que não tenha- Cantei, dancei e depois dormi.
mos de passar por isso novamente. Tudo tem um limite. Quero que você estude mais.
Tudo tem um limite, concordou Luísa, apesar de sentir
que ainda o amava desesperadamente. 1. Termos da Oração

1.1. Termos essenciais


SINTAXE: PROCESSOS DE COORDENA-
ÇÃO E SUBORDINAÇÃO.. O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem orações
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para formadas exclusivamente pelo predicado. O que define a
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo que
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato- estabelece concordância com o verbo.
LÍNGUA PORTUGUESA

riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou O candidato está preparado.
muito ontem à noite. Os candidatos estão preparados.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
(sem a presença de verbos), feita a partir de seus elemen- to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
tos constituintes, elas podem ser classificadas a partir de minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
seu sentido global: estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
no singular: candidato = está).

27
A função do sujeito é basicamente desempenhada Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
por substantivos, o que a torna uma função substantiva nado de duas maneiras:
da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer
outras palavras substantivadas (derivação imprópria) tam- A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
bém podem exercer a função de sujeito. o sujeito não tenha sido identificado anteriormen-
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, substantivo) te:
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- Bateram à porta;
plo: substantivo) Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
nistro.
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos:
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
sujeito. ou composto:
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden-
Os meninos bateram à porta. (simples)
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
possível identificar claramente a que se refere a concor- B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não in- cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
teressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. ca dos verbos que não apresentam complemento
Estão gritando seu nome lá fora. direto:
Trabalha-se demais neste lugar. Precisa-se de mentes criativas.
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- Vivia-se bem naqueles tempos.
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Trata-se de casos delicados.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai- Sempre se está sujeito a erros.
xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos:
Nós estudaremso juntos. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
A humanidade é frágil. indeterminação do sujeito.
Ninguém se move.
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
derivação imprópria, tranformando-o em substantivo) dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
As crianças precisam de alimentos saudáveis. mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
pais casos de orações sem sujeito com:
O sujeito composto é o sujeito determinado que
apresenta mais de um núcleo. • os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Alimentos e roupas custam caro. Amanheceu.
Ela e eu sabemos o conteúdo. Está trovejando.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
• os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o tempo em geral:
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo Está tarde.
do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido Já são dez horas.
pela desinência verbal ou pelo contexto. Faz frio nesta época do ano.
Abolimos todas as regras. = (nós) Há muitos concursos com inscrições abertas.
Falaste o recado à sala? = (tu)
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado
pronomes não estejam explícitos. é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex-
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci- ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que
to na desinência verbal “-mos” difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de- Chove muito nesta época do ano.
sinência verbal “-ais” Houve problemas na reunião.

Mas: Em ambas as orações não há sujeito, apenas predicado.


LÍNGUA PORTUGUESA

Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós Na segunda oração, “problemas” funciona como objeto di-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós reto.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer - As questões estavam fáceis!


ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito simples = as questões
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = estavam fáceis
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.

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Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado nominal)
ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar também se as palavras que formam o predicado referem-se apenas
ao verbo ou também ao sujeito da oração.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião.


Predicado

O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se ligam direta
ou indiretamente ao verbo.
A cidade está deserta.
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento de
ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo do sujeito).

O predicado verbal é aquele que tem como núcleo significativo um verbo:


Chove muito nesta época do ano.
Estudei muito hoje!
Compraste a apostila?

Os verbos acima são significativos, isto é, não servem apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos.

O predicado nominal é aquele que tem como núcleo significativo um nome; este atribui uma qualidade ou estado ao
sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da oração por
meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao predicativo,
indicando circunstâncias referentes ao estado do sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como elemento
de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas.
A função de predicativo é exercida, normalmente, por um adjetivo ou substantivo.

O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No predicado
verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significativo, indicando processos. É também sempre por intermédio
do verbo que o predicativo se relaciona com o termo a que se refere.
O dia amanheceu ensolarado;
As mulheres julgam os homens inconstantes.

No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de ligação.
Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um verbal e outro nominal.
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.

No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.

Termos integrantes da oração

Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o complemento nominal são chamados termos integrantes da
oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos verbos transitivos, com eles formando unidades significativas. Estes
verbos podem se relacionar com seus complementos diretamente, sem a presença de preposição, ou indiretamente, por
intermédio de preposição.
O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao verbo.
Houve muita confusão na partida final.
Queremos sua ajuda.
LÍNGUA PORTUGUESA

O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:

A) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes a pessoas:


Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomina-se: objeto direto preposicionado)

29
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a
Vossa Senhoria.

C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica a
crise)

O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
Gosto de música popular brasileira.
Necessito de ajuda.

Objeto Pleonástico

É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.


Normalmente, as frases em que ocorrem objetos pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o objeto,
antecipado para o início da oração; em seguida, ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repetição que se
dá o nome de objeto pleonástico.

“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçalves Dias)

objeto pleonástico

Ao traidor, nada lhe devemos.

O termo que integra o sentido de um nome chama-se complemento nominal, que se liga ao nome que completa
por intermédio de preposição:
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra “necessária”
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”

Termos acessórios da oração e vocativo

Os termos acessórios recebem este nome por serem explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o adjunto
adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo – este, sem relação sintática com outros temos da oração.

O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma circunstância do processo verbal ou intensifica o sentido
de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais exercerem
o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a pé àquela velha praça.

O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, especifica ou explica um substantivo. É uma função
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predicativo
do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: adjunto adnominal)

O poeta português deixou uma obra inacabada.


O poeta deixou-a inacabada.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do objeto)

Enquanto o complemento nominal se relaciona a um substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se rela-
ciona apenas ao substantivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um termo
que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira passei o dia mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na oração, em:

30
A) explicativo: A linguística, ciência das línguas humanas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo.
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas coisas: amor, arte, ação.
C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo forma o carnaval.
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.

O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo relação
sintática com outro termo da oração. A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes substantivos, nu-
merais e palavras substantivadas esse papel na linguagem.
João, venha comigo!
Traga-me doces, minha menina!
Períodos Compostos

Período Composto por Coordenação

O período composto se caracteriza por possuir mais de uma oração em sua composição. Sendo assim:
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma oração)
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas orações)
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três orações).

Há dois tipos de relações que podem se estabelecer entre as orações de um período composto: uma relação de coor-
denação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de informa-
ções, marcado pela pontuação final), mas têm, ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Período Composto)
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar.
2. Irei à praia.

Separando as duas, vemos que elas são independentes. Tal período é classificado como Período Composto por Coor-
denação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas.

A) Coordenadas Assindéticas
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas.
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.

B) Coordenadas Sindéticas
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coorde-
nativa, que dará à oração uma classificação. As orações coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: aditivas,
adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!


• Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas principais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
só... como, assim... como.
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
Comprei o protetor solar e fui à praia.

• Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi!

• Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
seja...seja.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.


• Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por conse-
guinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
Passei no concurso, portanto comemorarei!
A situação é delicada; devemos, pois, agir.

Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade,
pois (anteposto ao verbo).

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Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo.
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.

Período Composto Por Subordinação

Quero que você seja aprovado!


Oração principal oração subordinada

Observe que na oração subordinada temos o verbo “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular do pre-
sente do subjuntivo, além de ser introduzida por conjunção. As orações subordinadas que apresentam verbo em qualquer
dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por conjunção, chamam-se
orações desenvolvidas ou explícitas.

Podemos modificar o período acima. Veja:


Quero ser aprovado.
Oração Principal Oração Subordinada

A análise das orações continua sendo a mesma: “Quero” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração subordina-
da “ser aprovado”. Observe que a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso, a conjunção
“que”, conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge numa das formas
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implícitas (como no exemplo acima).

Observação:
As orações reduzidas não são introduzidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, intro-
duzidas por preposição.

A) Orações Subordinadas Substantivas


A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante (que, se).

Não sei se sairemos hoje.


Oração Subordinada Substantiva

Temos medo de que não sejamos aprovados.


Oração Subordinada Substantiva

Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também introduzem as orações subordinadas substantivas, bem como
os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como).

O garoto perguntou qual seu nome.


Oração Subordinada Substantiva

Não sabemos quando ele virá.


Oração Subordinada Substantiva

Classificação das Orações Subordinadas Substantivas

Conforme a função que exerce no período, a oração subordinada substantiva pode ser:

1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do verbo da oração principal:


É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito

É fundamental que você compareça à reunião.
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
LÍNGUA PORTUGUESA

FIQUE ATENTO!
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, temos
um período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.

32
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal:

• Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa.

• Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.

• Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer - acontecer


Convém que não se atrase na entrevista.

Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do
singular.

2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do verbo da oração principal:

Todos querem sua aprovação no concurso.


Objeto Direto

Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso)


Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta

As orações subordinadas substantivas objetivas diretas (desenvolvidas) são iniciadas por:


• Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
• Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
• Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu não
sei por que ela fez isso.

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.

Meu pai insiste em meu estudo.


Objeto Indireto

Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste nisso)


Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

Observação:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

4. Completiva Nominal = completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por pre-
posição.
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal

Sentimos orgulho de que você se comportou. (= Sentimos orgulho disso.)


Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal

As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações
subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é ne-
cessário levar em conta o termo complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal:
LÍNGUA PORTUGUESA

o primeiro complementa um verbo; o segundo, um nome.



5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do verbo
ser.

Nosso desejo era sua desistência.


Predicativo do Sujeito

33
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa

6. Apositiva = exerce função de aposto de algum termo da oração principal.


Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
Aposto

Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!


Oração subordinada substantiva apositiva reduzida de infinitivo

(Fernanda tinha um grande sonho: isso)

Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )

B) Orações Subordinadas Adjetivas


Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.

Esta foi uma redação bem-sucedida.


Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:

Esta foi uma redação que fez sucesso.


Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma fun-
ção sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso, “redação”
é sujeito, então o “que” também funciona como sujeito).

FIQUE ATENTO!
Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser subs-
tituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Forma das Orações Subordinadas Adjetivas

Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.

No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo
“que” e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adje-
tiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas

Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de
LÍNGUA PORTUGUESA

duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do termo a que se referem, individuali-
zando-o. Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem tam-
bém orações que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra suficientemente
definido. Estas orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.

34
Exemplo 1:

Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que passava naquele momento.
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva

No período acima, observe que a oração em destaque restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra-
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos os homens,
mas sim àquele que estava passando naquele momento.

Exemplo 2:

O homem, que se considera racional, muitas vezes age animalescamente.


Oração Subordinada Adjetiva Explicativa

Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explicita
uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de “homem”.

Saiba que:
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da oração principal por uma pausa que, na escrita, é represen-
tada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as orações explicativas
das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.

C) Orações Subordinadas Adverbiais


Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a função de adjunto adverbial do verbo da oração prin-
cipal. Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida,
vem introduzida por uma das conjunções subordinativas (com exclusão das integrantes, que introduzem orações su-
bordinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como
acontece com as coordenadas sindéticas).
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
Oração Subordinada Adverbial

A oração em destaque agrega uma circunstância de tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adverbial
temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que indicam uma circunstância referente, via de regra, a um
verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da exata compreensão da circunstância que exprime.
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha vida.
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de minha vida.

No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No
segundo período, este papel é exercido pela oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordinada ad-
verbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando) e apresenta
uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, obtendo-se:
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha vida.

A oração em destaque é reduzida, apresentando uma das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Observação:
A classificação das orações subordinadas adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos ad-
verbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela oração.

Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais

A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do que
LÍNGUA PORTUGUESA

se declara na oração principal. Principal conjunção subordinativa causal: porque. Outras conjunções e locuções
causais: como (sempre introduzido na oração anteposta à oração principal), pois, pois que, já que, uma vez que,
visto que.
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Já que você não vai, eu também não vou.

35
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a Embora fizesse calor, levei agasalho.
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon- Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse /
teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre- embora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
qual ela se subordina. Repare: E) Comparativa= As orações subordinadas adver-
1. Faltei à aula porque estava doente. biais comparativas estabelecem uma comparação
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. com a ação indicada pelo verbo da oração princi-
pal. Principal conjunção subordinativa comparati-
Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa) va: como.
que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
estar doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a Você age como criança. (age como uma criança age)
oração sublinhada relata um fato que aconteceu depois,
já que primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram
• geralmente há omissão do verbo.
vermelhos.
F) Conformativa = indica ideia de conformidade,
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
ou seja, apresenta uma regra, um modelo adota-
cia, é efeito do que se declara na oração principal.
São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, do para a execução do que se declara na oração
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas principal. Principal conjunção subordinativa con-
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. formativa: conforme. Outras conjunções confor-
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que mativas: como, consoante e segundo (todas com o
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) mesmo valor de conforme).
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou Fiz o bolo conforme ensina a receita.
concretizando-os. Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu- direitos iguais.
zida de Infinitivo)
G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe que se declara na oração principal. Principal conjunção
como necessário para a realização ou não de um subordinativa final: a fim de. Outras conjunções finais:
fato. As orações subordinadas adverbiais condi- que, porque (= para que) e a locução conjuntiva para
cionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que.
que se realize - ou deixe de se realizar - o fato Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
expresso na oração principal. Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
Principal conjunção subordinativa condicional: se.
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des- H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). principal. Principal locução conjuntiva subordina-
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-
certamente o melhor time será campeão. ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
Caso você saia, convide-me. passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
(maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo (maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
da oração principal, isto é, admitem uma contra- (mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
dição ou um fato inesperado. A ideia de conces- (mais), quanto menos...(menos).
são está diretamente ligada ao contraste, à quebra À proporção que estudávamos mais questões acertá-
de expectativa. Principal conjunção subordinativa vamos.
concessiva: embora. Utiliza-se também a con- À medida que lia mais culto ficava.
junção: conquanto e as locuções ainda que, ainda
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao
de que. fato expresso na oração principal, podendo expri-
Só irei se ele for. mir noções de simultaneidade, anterioridade ou
posterioridade. Principal conjunção subordinativa
A oração acima expressa uma condição: o fato de
temporal: quando. Outras conjunções subordina-
“eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
tivas temporais: enquanto, mal e locuções conjun-
Compare agora com:
LÍNGUA PORTUGUESA

tivas: assim que, logo que, todas as vezes que, antes


Irei mesmo que ele não vá.
que, depois que, sempre que, desde que, etc.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
irei de qualquer maneira, independentemente de sua
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
ida. A oração destacada é, portanto, subordinada adver-
bial concessiva.
Observe outros exemplos:

36
Orações Reduzidas 2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Ou seja, foi usada
As orações subordinadas podem vir expressas como para criar uma desigualdade social...”; se modificarmos a
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas oração reduzida de infinitivo por uma oração desenvolvi-
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem co- da, a forma adequada seria:
nectivo subordinativo que as introduza.
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo a) para a criação de uma desigualdade social;
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- b) para que se criasse uma desigualdade social;
sença do conectivo) c) para que se crie uma desigualdade social;
d) para a criatividade de uma desigualdade social;
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam e) para criarem uma desigualdade social.
“desenvolvidas” – como no exemplo acima.
É preciso estudar = oração subordinada substantiva Resposta: Letra B. Em “b”: para que se criasse uma
subjetiva reduzida de infinitivo desigualdade social;
É preciso que se estude = oração subordinada subs- Em “c”: para que se crie uma desigualdade social;
tantiva subjetiva Desenvolvida = tem conjunção. Ambas têm. A dife-
rença é o tempo verbal. A ação aconteceu (foi usada
Orações Intercaladas para criar): Ou seja, foi usada para que se criasse uma
desigualdade social.
São orações independentes encaixadas na sequên-
cia do período, utilizadas para um esclarecimento, um 3. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou – FGV-2017) Uma manchete do Estado de São Paulo,
travessões. 10/04/2017, dizia o seguinte: “Atentados contra cristãos
Nós – continuava o relator – já abordamos este as- matam 44 no Egito e país decreta emergência”. As duas
orações desse período mantêm entre si a seguinte rela-
sunto.
ção lógica:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
a) causa e consequência;
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
b) informação e comprovação;
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
c) fato e exemplificação;
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
d) afirmação e explicação;
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
e) tese e argumentação.
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002.
Resposta: Letra A Atentados contra cristãos matam
44 no Egito e país decreta emergência = devido aos
SITE
atentados (causa), o país decretou emergência (con-
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/au-
sequência).
las/portugues/frase-periodo-e-oracao>
4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO –
FGV-2017) “Com as novas medidas para evitar a absten-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ção, o governo espera uma economia vultosa no Enem”.
A oração reduzida “para evitar a abstenção” pode ser
adequadamente substituída pela seguinte oração desen-
1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018)
volvida:
“Talvez um dia seja bom relembrar este dia”. (Virgílio) A
forma de oração desenvolvida adequada corresponden-
a) para que se evitasse a abstenção;
te à oração sublinhada acima é:
b) a fim de que a abstenção fosse evitada;
c) para que se evite a abstenção;
a) relembrarmos este dia;
d) a fim de evitar-se a abstenção;
b) a relembrança deste dia;
e) evitando-se a abstenção.
c) que relembremos este dia;
d) que relembrássemos este dia;
Resposta: Letra C. Em “a”: para que se evitasse a abs-
e) uma nova lembrança deste dia.
tenção;
Em “b”: a fim de que a abstenção fosse evitada;
Resposta: Letra C. Em “c”: que relembremos este dia;
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “c”: para que se evite a abstenção;


Em “d”: que relembrássemos este dia;
Desenvolvida tem conjunção. O período traz “para evi-
Em uma oração desenvolvida há a presença de con-
tar a abstenção” = hipótese. A forma correta é: “com as
junção. Ambos os itens têm, mas temos que fazer a
novas medidas para que se evite a abstenção”.
correlação verbal com o período da oração reduzida
(o verbo nos dá uma hipótese – talvez seja bom relem-
brar). Portanto, a forma correta é: Talvez um dia seja
bom que relembremos este dia.

37
5. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – 8. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR-
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) Assinale a opção em que MÁTICA – FCC-2014)
o termo sublinhado funciona como sujeito. Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava
uma sala...
a) “Em um regime de liberdades, há sempre o risco de O verbo que exige complemento tal como o sublinhado
excessos”. acima está em:
b) “Sempre há, também, o oportunismo político-ideoló-
gico para se aproveitar da crise”. a) A capacidade de computação duplicou a cada 18 me-
c) “Não faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, ...”. ses nos últimos 20 anos ...
d) “A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias b) ... que deriva da informação.
de suprimento que mantêm o sistema produtivo fun- c) ... que reduz as barreiras ao acesso.
cionando”. d) ... do que era nos anos 70.
e) “Numa democracia, é livre a expressão”.
e) ... atualmente, 200 gigabytes cabem no bolso de uma
camisa.
Resposta: Letra C. Em “a”: há sempre o risco de ex-
cessos = objeto direto
Resposta: Letra C. “Ocupava uma sala” = transitivo
Em “b”: “Sempre há, também, o oportunismo político-
-ideológico = objeto direto direto
Em “c”: “Não faltam, também, os arautos do quanto Em “a”: A capacidade de computação duplicou = ver-
pior, melhor = sujeito bo intransitivo
Em “d”: que mantêm o sistema produtivo funcionando Em “b”: que deriva da informação = transitivo indireto
= objeto direto Em “c”: que reduz as barreiras = transitivo direto
Em “e”: é livre a expressão = predicativo do sujeito Em “d”: do que era nos anos 70 = verbo de ligação
Em “e”: atualmente, 200 gigabytes cabem = verbo in-
6. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO JUDICI- transitivo
ÁRIA – IBFC-2017 - ADAPTADA) “A resposta que lhe
daria seria: ‘Essa estória não aconteceu nunca para que 9. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) “Tenho
aconteça sempre... ’” O pronome destacado cumpre papel comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da
coesivo, mas também sintático na oração. Assim, sintati- internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação
camente, ele deve ser classificado como: específica que coíba não somente os usos mas os abusos
deste importante e eficaz veículo de comunicação”. Sobre
a) adjunto adnominal. as ocorrências do vocábulo que, nesse segmento do tex-
b) objeto direto. to, é correto afirmar que:
c) complemento nominal.
d) objeto indireto. a) são pronomes relativos com o mesmo antecedente;
e) predicativo. b) exemplificam classes gramaticais diferentes;
c) mostram diferentes funções sintáticas;
Resposta: Letra D. O verbo “dar” é bitransitivo (tran- d) são da mesma classe gramatical e da mesma função
sitivo direto e indireto): Quem dá, dá algo (direto) a sintática;
alguém (indireto). No caso: resposta (objeto direto) / e) iniciam o mesmo tipo de oração subordinada.
lhe (objeto indireto = a ele[a])
Resposta: Letra D. “Tenho comentado aqui na Folha
7. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
em diversas crônicas, os usos da internet, que (= a qual)
TRATIVA – AOCP-2015) Em “Ele diz que vota desde os
se ressente ainda da falta de uma legislação específica
18, quando ainda era jovem e morava em Minas Gerais,
sua terra natal...”, a expressão em destaque que (= a qual) coíba não somente os usos mas os abu-
sos deste importante e eficaz veículo de comunicação”
a) exerce função de vocativo e não pode ser excluída da = ambos podem ser substituídos por “a qual”, portan-
oração por tratar-se de um termo essencial. to são pronomes relativos (pertencem à mesma classe
b) exerce função de aposto e pode ser excluída da oração gramatical); o 1.º inicia uma oração subordinada adje-
por tratar-se de um termo acessório. tiva explicativa; o 2.º, adjetiva restritiva.
c) exerce função de aposto e não pode ser excluída da
oração por tratar-se de um termo essencial. 10. (TRE-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
d) exerce função de adjunto adnominal, portanto é um TRATIVA – CONSULPLAN-2017) Analise as afirmações
termo acessório. apresentadas a seguir.
e) exerce função de adjunto adverbial, portanto é um ter- I. Em “Existe alguma hora que não seja de relógio?”, a
LÍNGUA PORTUGUESA

mo acessório. oração sublinhada é uma oração subordinada adjetiva


explicativa.
Resposta: Letra B. A expressão destacada exerce a II. Em “[...] tem surgido, cada vez mais frequente, o dimi-
função de aposto – uma informação a mais sobre o nutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua como
termo citado anteriormente (no caso, Minas Gerais). É sujeito da locução verbal “ter surgido”.
um termo acessório, podendo ser retirado do período III. “Não pense que para por aí [...]”, a oração sublinhada
sem prejudicar a coerência. é uma oração subordinada substantiva objetiva direta.

38
IV. Em “[...] se te chamarem de ‘queridinho’, querem é
que você exploda.”, a oração destacada é uma oração FIQUE ATENTO!
subordinada adverbial causal. O verbo pôr, assim como seus derivados
Estão corretas apenas as afirmativas (compor, repor, depor), pertencem à 2.ª
conjugação, pois a forma arcaica do verbo
a) I e II. pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver
b) II e III. desaparecido do infinitivo, revela-se em al-
c) III e IV. gumas formas do verbo: põe, pões, põem,
d) I, II e IV. etc.

Resposta: Letra B. Em “I” - “Existe alguma hora que


não seja de relógio?”, a oração sublinhada é uma 1. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
oração subordinada adjetiva explicativa = substituin-
do “que” por “a qual”, continua com sentido, então Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
é pronome relativo – presente nas adjetivas, mas no dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
período em questão temos uma restritiva = incorreta bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-
Em “II” - tem surgido, cada vez mais frequente, o di- to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo,
minutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico
como sujeito da locução verbal “ter surgido” = correta não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do
Em “III” - “Não pense que para por aí [...]”, a oração radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
sublinhada é uma oração subordinada substantiva ob-
jetiva direta = correta 2. Classificação dos Verbos
Em “IV” - se te chamarem de ‘queridinho’, a oração
destacada é uma oração subordinada adverbial causal Classificam-se em:
= adverbial condicional (“se”) = incorreta A) Regulares: são aqueles que apresentam o radical
inalterado durante a conjugação e desinências idênti-
cas às de todos os verbos regulares da mesma conju-
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VER- gação. Por exemplo: comparemos os verbos “cantar”
BAIS. e “falar”, conjugados no presente do Modo Indicativo:

canto falo
VERBO
cantas falas
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número, canta falas
tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o cantamos falamos
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre cantais falais
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme- cantam falam
no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).

Estrutura das Formas Verbais


#FicaDica
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar Observe que, retirando os radicais, as desi-
os seguintes elementos: nências modo-temporal e número-pessoal
A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi- mantiveram-se idênticas. Tente fazer com ou-
ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal- tro verbo e perceberá que se repetirá o fato
-ava; fal-am. (radical fal-) (desde que o verbo seja da primeira conjuga-
B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que ção e regular!). Faça com o verbo “andar”, por
indica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo. Substitua o radical “cant” e coloque
exemplo: fala-r. São três as conjugações: o “and” (radical do verbo andar). Viu? Fácil!
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
C) Desinência modo-temporal: é o elemento que B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alte-
designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: rações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei,
LÍNGUA PORTUGUESA

falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicati- fizesse.


vo) / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjun-
tivo) Observação:
D) Desinência número-pessoal: é o elemento que Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
número (singular ou plural): corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
(indica a 3.ª pessoa do plural.) permanece inalterado.

39
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação completa. Os principais são adequar, precaver, compu-
tar, reaver, abolir, falir.
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
principais verbos impessoais são:

1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou fazer (em orações temporais).
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)

2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)


Faz invernos rigorosos na Europa.
Era primavera quando o conheci.
Estava frio naquele dia.

3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, ama-
nhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido
figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal,
ou seja, terá conjugação completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.

6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência
a sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como
hipotético, tornando-se, tais verbos, pessoais.

7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
São unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais
(cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).

Os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

• Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

• Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
LÍNGUA PORTUGUESA

Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

40
Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular
Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escre-
ver/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso
numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
LÍNGUA PORTUGUESA

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Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é
foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós
formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós
fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles
forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles
LÍNGUA PORTUGUESA

42
ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.


estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver

estejas estivesses estiveres
está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares

estar
estarmos
estardes

estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei
haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão
haveriam
LÍNGUA PORTUGUESA

43
HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver

hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
• Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
LÍNGUA PORTUGUESA

abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia re-
flexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):

44
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem

• Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de subs-
tantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
LÍNGUA PORTUGUESA

Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!

45
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.

A) Tempos do Modo Indicativo


Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
Ele estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

B) Tempos do Modo Subjuntivo


Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)
LÍNGUA PORTUGUESA

46
Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativ

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM v endeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
LÍNGUA PORTUGUESA

cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS


cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

47
Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM v enderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.
LÍNGUA PORTUGUESA

48
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

49
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

• No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
• O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

• O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

• O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.] - Português: novas palavras: literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php>

VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
vozes verbais:
LÍNGUA PORTUGUESA

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)

B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:


O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

50
C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)

Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
• O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a prepo-
sição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.

• Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.

• A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação
das frases seguintes:
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz ativa)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)


O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

• Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido
do pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.

Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto

A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz Passiva)


Sujeito da Passiva Agente da Passiva
LÍNGUA PORTUGUESA

Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres.

Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim.

51
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Preju-
dicaram-me. / Fui prejudicado.

Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva, por-
que o sujeito não pode ser visto como agente, paciente ou agente paciente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php>

PONTUAÇÃO.

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem para compor a coesão e a coerência textual, além de
ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Um texto escrito adquire diferentes significados quando pontuado de
formas diversificadas. O uso da pontuação depende, em certos momentos, da intenção do autor do discurso. Assim, os
sinais de pontuação estão diretamente relacionados ao contexto e ao interlocutor.

Principais funções dos sinais de pontuação

A) Ponto (.)
• Indica o término do discurso ou de parte dele, encerrando o período.
• Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Companhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de período, este
não receberá outro ponto; neste caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim de período. Exemplo: Estudei
português, matemárica, constitucional, etc. (e não “etc..”)
• Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
• Os números que identificam o ano não utilizam ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem como os números
de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.

B) Ponto e Vírgula (;)


• Separa várias partes do discurso, que têm a mesma importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
• Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, montanhas,
frio e cobertor.
• Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos, decreto de lei, etc.
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola;
Caminhada na praia;
Reunião com amigos.

C) Dois pontos (:)


• Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
• Antes de um aposto = Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
• Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a rotina de
sempre.
• Em frases de estilo direto
LÍNGUA PORTUGUESA

Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?

D) Ponto de Exclamação (!)


• Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me casar com você!
• Depois de interjeições ou vocativos
Ai! Que susto!

52
João! Há quanto tempo!

E) Ponto de Interrogação (?)


Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)
F) Reticências (...)
• Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis, canetas, cadernos...
• Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
• Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este mal... pega doutor?
• Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa, depois, o coração falar...

G) Vírgula (,)

Não se usa vírgula


Separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se diretamente entre si:

1. Entre sujeito e predicado:


Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

2. Entre o verbo e seus objetos:


O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.

Usa-se a vírgula:

1. Para marcar intercalação:


A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância, vem caindo de preço.
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
C) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não que-
rem abrir mão dos lucros altos.

2. Para marcar inversão:


A) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fecha-
das.
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio de 1982.

3. Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em enumeração):


Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

5. Para isolar:
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um trânsito caótico.
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.

Observações:
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria dispen-
sável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc.
predecido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc.

As perguntas que denotam surpresa podem ter combinados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você falou
isso para ela?!
LÍNGUA PORTUGUESA

Temos, ainda, sinais distintivos:


• a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), separação de siglas (IOF/UPC);
• os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção aos
parênteses, principalmente na matemática;
• o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um nome
que não se quer mencionar.

53
No texto 1, os termos inseridos nos parênteses – na Ale-
manha imperial de Bismarck e na Itália fascista de Mussolini
EXERCÍCIOS COMENTADOS – têm a finalidade textual de:

1. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018) a) enumerar os sistemas políticos fechados do passado;


O enunciado em que a vírgula foi empregada em desa- b) destacar os sistemas onde se originaram os regimes tra-
cordo com as regras de pontuação é balhista e previdenciário;
c) criticar o atraso político de alguns sistemas da História;
a) Como esse metal é limitado, isso garantia que a pro- d) condenar nossos regimes trabalhista e previdenciário
dução de dinheiro fosse também limitada. por serem muito antigos;
b) Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão- e) exemplificar alguns dos nossos erros do passado.
-ouro.
c) Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é Resposta: Letra B. Arquitetados de início em sistemas
criado assim, inventado em canetaços a partir da con- políticos fechados (na Alemanha imperial de Bismarck e
cessão de empréstimos. na Itália fascista de Mussolini) = os termos entre parên-
d) Assim, o sistema monetário atual funciona com uma teses servem para se referir aos sistemas políticos fecha-
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. dos, exemplificando-os.
e) Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e abun- Em “a”, enumerar os sistemas políticos fechados do pas-
dante porque é gerada pela simples manipulação de sado = incorreta
bancos de dados. Em “b”, destacar os sistemas onde se originaram os re-
gimes trabalhista e previdenciário = correta
Resposta: Letra E. O enunciado pede a alternativa Em “c”, criticar o atraso político de alguns sistemas da
em desacordo: História = incorreta
Em “a”, Como esse metal é limitado, isso garantia que Em “d”, condenar nossos regimes trabalhista e previden-
a produção de dinheiro fosse também limitada = cor- ciário por serem muito antigos = incorreta
reta Em “e”, exemplificar alguns dos nossos erros do passado
Em “b”, Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o = incorreta
padrão-ouro = correta
Em “c”, Praticamente todo o dinheiro que existe no 3. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE DA-
mundo é criado assim, inventado em canetaços a par- DOS – FGV-2010) Assinale a alternativa em que a vírgula
tir da concessão de empréstimos = correta está corretamente empregada.
Em “d”, Assim, o sistema monetário atual funciona
com uma moeda que é ao mesmo tempo escassa e a) O jeitinho, essa instituição tipicamente brasileira pode
abundante = correta ser considerado, sem dúvida, um desvio de caráter.
Em “e”, Escassa porque só banqueiros podem criá-la, b) Apareciam novos problemas, e o funcionário embora
(X) e abundante porque é gerada pela simples mani- competente, nem sempre conseguia resolvê-los.
pulação de bancos de dados = incorreta - a vírgula c) Ainda que os níveis de educação estivessem avançando,
pode ser utilizada antes da conjunção “e”, desde que o sentimento geral, às vezes, era de frustração.
haja mudança de sujeito, por exemplo (o que não d) É claro, que se fôssemos levar a lei ao pé da letra, muitos
acontece na questão) sofreriam sanções diariamente.
e) O tempo não para as transformações sociais são urgen-
2. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO tes mas há quem não perceba esse fato, que é evidente.
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018)
Resposta: Letra C. Indiquei com (X) os lugares inade-
Texto 1 quados e acrescentei a pontuação que faltou:
Em “a”, O jeitinho, essa instituição tipicamente brasilei-
Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, 19/3/2018, ra , pode ser considerado, sem dúvida, um desvio de
com o nome Erros do passado, o articulista Paulo Gue- caráter.
des escreve o seguinte: “Os regimes trabalhista e pre- Em “b”, Apareciam novos problemas , (X) e o funcionário
videnciário brasileiros são politicamente anacrônicos, , embora competente, nem sempre conseguia resolvê-
economicamente desastrosos e socialmente perversos. -los.
Arquitetados de início em sistemas políticos fechados Em “c”, Ainda que os níveis de educação estivessem
(na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista de avançando, o sentimento geral, às vezes, era de frustra-
Mussolini), e desde então cultivados por obsoletos pro- ção.= correta
gramas socialdemocratas, são hoje armas de destruição Em “d”, É claro , (X) que se fôssemos levar a lei ao pé da
LÍNGUA PORTUGUESA

em massa de empregos locais em meio à competição letra, muitos sofreriam sanções diariamente.
global. Reduzem a competitividade das empresas, fabri- Em “e”, O tempo não para , as transformações sociais
cam desigualdades sociais, dissipam em consumo cor- são urgentes , mas há quem não perceba esse fato, que
rente a poupança compulsória dos encargos recolhidos, é evidente.
derrubam o crescimento da economia e solapam o valor
futuro das aposentadorias”. (adaptado)

54
4. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da língua portugue-
sa, a pontuação está corretamente empregada em:

a) O conjunto de preocupações e ações efetivas, quando atendem, de forma voluntária, aos funcionários e à comuni-
dade em geral, pode ser definido como responsabilidade social.
b) As empresas que optam por encampar a prática da responsabilidade social, beneficiam-se de conseguir uma melhor
imagem no mercado.
c) A noção de responsabilidade social foi muito utilizada em campanhas publicitárias: por isso, as empresas precisam
relacionar-se melhor, com a sociedade.
d) A responsabilidade social explora um leque abrangente de beneficiários, envolvendo assim: a qualidade de vida o
bem-estar dos trabalhadores, a redução de impactos negativos, no meio ambiente.
e) Alguns críticos da responsabilidade social defendem a ideia de que: o objetivo das empresas é o lucro e a geração
de empregos não a preocupação com a sociedade como um todo.

Resposta: Letra A. Assinalei com (X) as inadequações e destaquei as inclusões:


Em “a”: O conjunto de preocupações e ações efetivas, quando atendem, de forma voluntária, aos funcionários e à
comunidade em geral, pode ser definido como responsabilidade social = correta
Em “b”: As empresas que optam por encampar a prática da responsabilidade social, (X) beneficiam-se de conseguir
uma melhor imagem no mercado.
Em “c”: A noção de responsabilidade social foi muito utilizada em campanhas publicitárias: (X) ; por isso, as empresas
precisam relacionar-se melhor, (X) com a sociedade.
Em “d”: A responsabilidade social explora um leque abrangente de beneficiários, envolvendo , assim: (X) , a qualida-
de de vida , o bem-estar dos trabalhadores, (X) e a redução de impactos negativos, (X) no meio ambiente.
Em “e”: Alguns críticos da responsabilidade social defendem a ideia de que: (X) o objetivo das empresas é o lucro e
a geração de empregos , não a preocupação com a sociedade como um todo.

5. (PC-SP - Investigador de Polícia – Vunesp-2014)

(Folha de S.Paulo, 03.01.2014. Adaptado)

De acordo com a norma-padrão, no primeiro quadrinho, na fala de Hagar, deve ser utilizada uma vírgula, obrigatoria-
mente,

a) antes da palavra “olho”.


b) antes da palavra “e”.
c) depois da palavra “evitar”.
d) antes da palavra “evitar”.
e) depois da palavra “e”.
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra C. “Não posso evitar doutor” = no diálogo, Hagar fala com o doutor (vocativo); portanto, presença
obrigatória de vírgula após o verbo “evitar”.

55
6. (TJ-RS – JUIZ DE DIREITO – SUBSTITUTO – VU- B) Afixos – elementos que se juntam ao radical antes
NESP-2018) No trecho do primeiro parágrafo do texto (os prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo:
– Nas escolas da Catalunha, a separação da Espanha tem beleza (sufixo), prever (prefixo), infiel (prefixo).
apoio maciço. É uma situação que contrasta com outros
lugares de Barcelona, uma cidade que vive hoje em C) Desinências - Quando se conjuga o verbo amar,
duas dimensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas, obtêm-se formas como amava, amavas, amava,
que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade, … amávamos, amáveis, amavam. Estas modificações
–, empregam-se as vírgulas para separar as expressões ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexio-
destacadas porque elas nado em número (singular e plural) e pessoa (pri-
meira, segunda ou terceira). Também ocorrem se
a) acrescem às informações precedentes comentários modificarmos o tempo e o modo do verbo (ama-
que lhes ampliam o sentido. va, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
b) sintetizam as ideias centrais das informações prece- concluir que existem morfemas que indicam as fle-
dentes. xões das palavras. Estes morfemas sempre surgem
c) apresentam informações que se opõem às informa- no fim das palavras variáveis e recebem o nome de
ções precedentes. desinências. Há desinências nominais e desinên-
d) retificam as informações precedentes, dando-lhes o cias verbais.
correto matiz semântico.
e) estabelecem certas restrições de sentido às informa- C.1 Desinências nominais: indicam o gênero e o
ções precedentes. número dos nomes. Para a indicação de gênero,
o português costuma opor as desinências -o/-a:
Resposta: Letra A. É uma situação que contrasta com garoto/garota; menino/menina. Para a indicação
outros lugares de Barcelona, uma cidade que vive de número, costuma-se utilizar o morfema –s, que
hoje em duas dimensões. De um lado, há a Barcelona indica o plural em oposição à ausência de morfe-
dos turistas, que se cotovelam nos pontos turísticos ma, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
da cidade garotas; menino/meninos; menina/meninas. No
Os períodos destacados acrescentam informações aos caso dos nomes terminados em –r e –z, a desi-
termos citados anteriormente. nência de plural assume a forma -es: mar/mares;
revólver/revólveres; cruz/cruzes.

C.2 Desinências verbais: em nossa língua, as desi-


ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS. nências verbais pertencem a dois tipos distintos.
Há desinências que indicam o modo e o tempo
(desinências modo-temporais) e outras que indi-
ESTRUTURA DAS PALAVRAS cam o número e a pessoa dos verbos (desinência
número-pessoais):
As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vis-
ta de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividi- cant-á-va-mos:
mos em seus menores elementos (partes) possuidores de cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência
sentido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituí- modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do in-
da por três elementos significativos: dicativo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a
In = elemento indicador de negação primeira pessoa do plural)
Explic – elemento que contém o significado básico da
palavra cant-á-sse-is:
Ável = elemento indicador de possibilidade cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência
modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do
Estes elementos formadores da palavra recebem o subjuntivo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza
nome de morfemas. Através da união das informações a segunda pessoa do plural)
contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não D) Vogal temática
tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge
claro”. sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o radical
Morfemas = são as menores unidades significativas às desinências, é chamado de vogal temática. Sua fun-
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido. ção é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É
Classificação dos morfemas ao tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as
LÍNGUA PORTUGUESA

desinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam


A) Radical, lexema ou semantema – é o elemento vogais temáticas. No caso dos verbos, a vogal temática in-
portador de significado. É através do radical que dica as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e (da
podemos formar outras palavras comuns a um 2.ª conjugação = escrever) e –i (3.ª conjugação = partir).
grupo de palavras da mesma família. Exemplo:
pequeno, pequenininho, pequenez. O conjunto de D.1 Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quan-
palavras que se agrupam em torno de um mesmo do átonas finais, como em mesa, artista, perda, es-
radical denomina-se família de palavras. cola, base, combate. Nestes casos, não poderíamos

56
pensar que essas terminações são desinências indi- C) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acrés-
cadoras de gênero, pois mesa e escola, por exemplo, cimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassín-
não sofrem esse tipo de flexão. É a estas vogais te- tese formam-se principalmente verbos.
máticas que se liga a desinência indicadora de plu- En trist ecer
ral: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados Prefixo radical sufixo
em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exem-
plo) não apresentam vogal temática. En tard ecer
prefixo radical sufixo
D.2 Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que
caracterizam três grupos de verbos a que se dá o Há dois casos em que a palavra derivada é formada
nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
temática é -a pertencem à primeira conjugação; regressiva e a derivação imprópria.
aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à se-
gunda conjugação e os que têm vogal temática -i Derivação
pertencem à terceira conjugação.
• Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
E) Interfixos redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na
São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- formação de substantivos derivados de verbos.
tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes- janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por (substantivo) – deriva de pescar (verbo)
exemplo:
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. • Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento. obtida pela mudança de categoria gramatical da
palavra primitiva. Não ocorre, pois, alteração na for-
Formação das Palavras ma, mas somente na classe gramatical.
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê”
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva- deriva da conjunção porque)
das, palavras simples, palavras compostas. Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva
A) Palavras primitivas: aquelas que, na língua portu- do verbo olhar).
guesa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
B) Palavras derivadas: aquelas que, na língua portu-
guesa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricul- #FicaDica
tura. A derivação regressiva “mexe” na estrutura
C) Palavras simples: aquelas que possuem um só ra- da palavra, geralmente transforma verbos
dical: azeite, cavalo. em substantivos: caça = deriva de caçar, sa-
D) Palavras compostas: aquelas que possuem mais que = deriva de sacar
de um radical: couve-flor, planalto. A derivação imprópria não “mexe” com a
palavra, apenas faz com que ela pertença a
As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
uma classe gramatical “imprópria” da qual
mentos ligados por hífen.
ela realmente, ou melhor, costumeiramente
faz parte. A alteração acontece devido à pre-
Processos de Formação de Palavras
sença de outros termos, como artigos, por
exemplo:
Na Língua Portuguesa há muitos processos de forma-
O verde das matas! (o adjetivo “verde” pas-
ção de palavras. Entre eles, os mais comuns são a deriva-
sou a funcionar como substantivo devido à
ção, a composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibri-
dismo. presença do artigo “o”)

Derivação por Acréscimo de Afixos


Composição
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (deri-
vadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A deri- Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
vação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de
A) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida composição: justaposição e aglutinação.
por acréscimo de prefixo. A) Justaposição: ocorre quando os elementos que
formam o composto são postos lado a lado, ou
LÍNGUA PORTUGUESA

In feliz / des leal


Prefixo radical prefixo radical seja, justapostos: para-raios, corre-corre, guarda-
-roupa, segunda-feira, girassol.
B) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida B) Composição por aglutinação: ocorre quando os
por acréscimo de sufixo. elementos que formam o composto aglutinam-se e
Feliz mente / leal dade pelo menos um deles perde sua integridade sonora:
Radical sufixo radical sufixo aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto),
pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre).

57
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.

Abreviação – é a redução de palavras até o limite SITE


permitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramati-
(pneumático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). ca/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm

Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,


limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini-
ciais: p. ou pág. (para página), Sr. (para senhor). FUNÇÕES DAS CLASSES DE PALAVRAS.

Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se


reduzem locuções substantivas próprias às suas letras 1ADJETIVO
iniciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas im-
puras), que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas É a palavra que expressa uma qualidade ou caracte-
puras); DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (si- rística do ser e se relaciona com o substantivo, concor-
glas impuras). dando com este em gênero e número.
As praias brasileiras estão poluídas.
Hibridismo: é a palavra formada com elementos Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
oriundos de línguas diferentes: automóvel (auto: grego; (plural e feminino, pois concordam com “praias”).
móvel: latim); sociologia (socio: latim; logia: grego); sam-
bódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego). Locução adjetiva

Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-


EXERCÍCIOS COMENTADOS cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mes-
ma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição +
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu-
1. (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN- ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por
CIA SOCIAL – SUPERIOR - CEPERJ/2014) A palavra “in- exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio
fraestrutura” é formada pelo seguinte processo: (paixão desenfreada).
Observe outros exemplos:
a) sufixação
b) prefixação
c) parassíntese de águia aquilino
d) justaposição de aluno discente
e) aglutinação
de anjo angelical
Resposta: Letra B. Infra = prefixo + estrutura – temos de ano anual
a junção de um prefixo com um radical, portanto: de- de aranha aracnídeo
rivação prefixal (ou prefixação).
de boi bovino
2. (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG – de cabelo capilar
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – MÉDIO
de cabra caprino
- IBFC/2014) O vocábulo “entristecido” é um exemplo
de: de campo campestre ou rural
a) palavra composta de chuva pluvial
b) palavra primitiva
c) palavra derivada de criança pueril
d) neologismo de dedo digital
de estômago estomacal ou gástrico
Resposta: Letra C. en + triste + ido (com consoante
de ligação “c”) = ao radical “triste” foram acrescidos o de falcão falconídeo
prefixo “en” e o sufixo “ido”, ou seja, “entristecido” é de farinha farináceo
palavra derivada do processo de formação de palavras
de fera ferino
chamado de: prefixação e sufixação. Para o exercício,
basta “derivada”! de ferro férreo
LÍNGUA PORTUGUESA

de fogo ígneo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa de garganta gutural
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de gelo glacial
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
de guerra bélico
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. de homem viril ou humano

58
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial
de sonho onírico
de velho senil
de vento eólico
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico

Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série.
/ O muro de tijolos caiu.

Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

Adjetivo Pátrio (ou gentílico)

Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

59
África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:

A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano,
a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

Número dos Adjetivos

A) Plural dos adjetivos simples


Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos subs-
tantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará,
então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

B) Adjetivo Composto
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o
último elemento concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso um
dos elementos que formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará in-
variável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento,
LÍNGUA PORTUGUESA

funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substan-
tivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja:
Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.

60
Observação: B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre seres. Apresenta-se nas formas:
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, • Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
vestidos cor-de-rosa. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. • Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
Grau do Adjetivo Observe alguns superlativos sintéticos:

Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in- benéfico - beneficentíssimo


tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad- bom - boníssimo ou ótimo
jetivo: o comparativo e o superlativo.
comum - comuníssimo
A) Comparativo cruel - crudelíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica difícil - dificílimo
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte-
rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser doce - dulcíssimo
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade. fácil - facílimo
fiel - fidelíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
de um ser é intensificada em relação a um conjun-
No comparativo de igualdade, o segundo termo da to de seres. Essa relação pode ser:
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou • De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
quão. todas.
• De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de to-
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su- das.
perioridade
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In- dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
ferioridade antepostos ao adjetivo.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe- tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
rior, grande/maior, baixo/inferior. -íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
a popular é constituída do radical do adjetivo português
Observe que: + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
• As formas menor e pior são comparativos de supe- Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi-
mau, respectivamente. nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
• Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas – cheíssimo.
(melhor, pior, maior e menor), porém, em compa-
rações feitas entre duas qualidades de um mesmo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
elemento, deve-se usar as formas analíticas mais CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
exemplo: – São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
elementos. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
duas qualidades de um mesmo elemento.
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In- SITE
LÍNGUA PORTUGUESA

ferioridade Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-


Sou menos passivo (do) que tolerante. coes/morf/morf32.php>
B) Superlativo
O superlativo expressa qualidades num grau muito
elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
tivo e apresenta as seguintes modalidades:

61
ADVÉRBIO A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
Compare estes exemplos: perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
O ônibus chegou. fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
O ônibus chegou ontem. aquém, embaixo, externamente, a distância, à dis-
tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o esquerda, ao lado, em volta.
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
do próprio advérbio. antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio temente, entrementes, imediatamente, primeira-
(bem) mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
jetivo (claros) quando, de quando em quando, a qualquer mo-
mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- dia.
centar ideia de: C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
Tempo: Ela chegou tarde. pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla-
Lugar: Ele mora aqui. ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Modo: Eles agiram mal. poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
Negação: Ela não saiu de casa. geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
Dúvida: Talvez ele volte. vão e a maior parte dos que terminam em “-men-
te”: calmamente, tristemente, propositadamente,
Flexão do Advérbio pacientemente, amorosamente, docemente, escan-
dalosamente, bondosamente, generosamente.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efe-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, tivamente, certo, decididamente, deveras, indubitavel-
porém, admitem a variação em grau. Observe: mente.
E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
A) Grau Comparativo de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro-
modo que o comparativo do adjetivo: vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
• de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- quem sabe.
nato fala tão alto quanto João. G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
• de inferioridade: menos + advérbio + que (do cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
que): Renato fala menos alto do que João. quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
• de superioridade: nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato extremamente, intensamente, grandemente, bem
fala mais alto do que João. (quando aplicado a propriedades graduáveis).
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
fala melhor que João. mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo:
Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
B) Grau Superlativo I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
O superlativo pode ser analítico ou sintético: bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re- durante a adolescência.
nato fala muito alto. J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
de modo aos meus amigos por comparecerem à festa.
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala al-
tíssimo. Saiba que:
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
Observação: ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível.
LÍNGUA PORTUGUESA

comuns na língua popular.


Maria mora pertinho daqui. (muito perto) Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente,
A criança levantou cedinho. (muito cedo) em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
calma e respeitosamente.
Classificação dos Advérbios

De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


bio pode ser de:

62
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido

Há palavras como muito, bastante, que podem aparecer como advérbio e como pronome indefinido.
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.

#FicaDica
Como saber se a palavra bastante é advérbio (não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia,
sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” por “muito”, estamos diante de um advérbio;
se der para substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja:
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei muitos capítulos) = pronome indefinido

Advérbios Interrogativos

São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes às
circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:

Interrogação Direta Interrogação Indireta


Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava.
Por que choras? Não sei por que choras.
Aonde vai? Perguntei aonde ia.
Donde vens? Pergunto donde vens.
Quando voltas? Pergunto quando voltas.

Locução Adverbial

Quando há duas ou mais palavras que exercem função de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expressar
as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinariamente por uma preposição. Veja:
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para dentro, por aqui, etc.
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em geral, frente a frente, etc.
D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje em dia, nunca mais, etc.

A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:


Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
De repente correram para a rua. (verbo)

Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advérbio: Cheguei primeiro.

Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução adverbial desempenham na oração a função de adjunto
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstâncias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio.
Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto adverbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
LÍNGUA PORTUGUESA

Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensidade e de tempo, respectivamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

63
SITE Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
coes/morf/morf75.php> Roma.

Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria


ARTIGO sairá agora?
Exceção: O senhor vai à festa?
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
-se como o termo variável que serve para individualizar Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse
ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê- é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can-
nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural). didato cuja nota foi a mais alta.
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
“uma”[s] e “uns]).
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
A) Artigos definidos – São usados para indicar se-
– São Paulo: Saraiva, 2010.
res determinados, expressos de forma individual: O
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
muito. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
da! Umas candidatas foram aprovadas! char - Português linguagens: volume 1– 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
SITE
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con- tica/artigo.htm>
teúdo.
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de CONJUNÇÃO
Janeiro, Veneza, A Bahia...
Quando indicado no singular, o artigo definido pode Além da preposição, há outra palavra também inva-
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. riável que, na frase, é usada como elemento de ligação:
No caso de nomes próprios personativos, denotando a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso palavras de mesma função em uma oração:
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
Pedro é o xodó da família. São Paulo.
No caso de os nomes próprios personativos estarem A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas... Morfossintaxe da Conjunção
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Classificação da Conjunção
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa-
dos. (qualquer classe) De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa- vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já
ter é uns vinte anos. no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
O artigo também é usado para substantivar palavras conjunção depende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por- Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
quê de tudo isso. / O bem vence o mal.
LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos separá-las por ponto:


Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
Há casos em que o artigo definido não pode ser usa- Temos acima um exemplo de conjunção (e, consequen-
do: temente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”. Já
em:
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas Espero que eu seja aprovada no concurso!
conhecidas: O professor visitará Roma.

64
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração elas introduzida completa ou integra o sentido da prin-
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te- cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos,
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas:
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração que, se.
principal). Quero que você volte. (Quero sua volta)

Conjunções Coordenativas Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exer-


ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo
São aquelas que ligam orações de sentido completo e com a circunstância que expressam, classificam-se em:
independente ou termos da oração que têm a mesma fun- A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
ção gramatical. Subdividem-se em: ocorrência da oração principal. São elas: porque,
que, como (= porque, no início da frase), pois que,
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde que,
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e etc.
não), não só... mas também, não só... como também, Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
bem como, não só... mas ainda.
A sua pesquisa é clara e objetiva. B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
Não só dança, mas também canta. ideia contrária à da principal, sem, no entanto, im-
pedir sua realização. São elas: embora, ainda que,
B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que,
pressando ideia de contraste ou compensação. São posto que, conquanto, etc.
elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no en- Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
tanto, não obstante.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. C) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
hipótese ou a condição para ocorrência da principal.
C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que, desde que, a menos que, sem que, etc.
que se realizam separadamente. São elas: ou, ou... Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez...
talvez.
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. #FicaDica
Você deve ter percebido que a conjunção
D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
condicional “se” também é conjunção inte-
que expressa ideia de conclusão ou consequência.
grante. A diferença é clara ao ler as orações
São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
que são introduzidas por ela. Acima, ela nos
conseguinte, por isso, assim.
dá a ideia da condição para que recebamos
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não
um telefonema (se for preciso ajuda). Já na
ficou nervosa.
oração: Não sei se farei o concurso. = Não há
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
ideia de condição alguma, há? Outra coisa: o
verbo da oração principal (sei) pede comple-
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
mento (objeto direto, já que “quem não sabe,
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São
não sabe algo”). Portanto, a oração em desta-
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.
que exerce a função de objeto direto da ora-
Não demore, que o filme já vai começar.
ção principal, sendo classificada como oração
Falei muito, pois não gosto do silêncio!
subordinada substantiva objetiva direta.
Conjunções Subordinativas
D) Conformativas: introduzem uma oração que expri-
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas me a conformidade de um fato com outro. São elas:
dependente da outra. A oração dependente, introduzida conforme, como (= conforme), segundo, consoante,
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de oração etc.
subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado O passeio ocorreu como havíamos planejado.
quando ela chegou.
LÍNGUA PORTUGUESA

O baile já tinha começado: oração principal E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração
ela chegou: oração subordinada principal. São elas: para que, a fim de que, que, por-
que (= para que), que, etc.
As conjunções subordinativas subdividem-se em inte- Toque o sinal para que todos entrem no salão.
grantes e adverbiais:

65
F) Proporcionais: introduzem uma oração que expres- INTERJEIÇÃO
sa um fato relacionado proporcionalmente à ocor-
rência do expresso na principal. São elas: à medida Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
que, à proporção que, ao passo que e as combi- ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
nações quanto mais... (mais), quanto menos... (me- guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
nos), quanto menos... (mais), quanto menos... (me- maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas
nos), etc. sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma
O preço fica mais caro à medida que os produtos es- decorrente de uma situação particular, um momento ou
casseiam. um contexto específico. Exemplos:
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
Observação: ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
São incorretas as locuções proporcionais à medida Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
em que, na medida que e na medida em que. hum: expressão de um pensamento súbito = inter-
jeição
G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen-
ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na O significado das interjeições está vinculado à ma-
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as- em que for utilizada. Exemplos:
sim que), etc.
A briga começou assim que saímos da festa. Psiu!
contexto: alguém pronunciando esta expressão na
H) Comparativas: introduzem uma oração que ex- rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
pressa ideia de comparação com referência à ora- mando! Ei, espere!”
ção principal. São elas: como, assim como, tal como,
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do Psiu!
contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com-
nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên-
binado com menos ou mais), etc.
cio!”
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres-
puxa: interjeição; tom da fala: euforia
sa a consequência da principal. São elas: de sorte
que, de modo que, sem que (= que não), de forma
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
que, de jeito que, que (tendo como antecedente na puxa: interjeição; tom da fala: decepção
oração principal uma palavra como tal, tão, cada,
tanto, tamanho), etc. As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
exame. gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
sante!
FIQUE ATENTO! B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da
minha frente.
Muitas conjunções não têm classificação
única, imutável, devendo, portanto, ser As interjeições podem ser formadas por:
classificadas de acordo com o sentido que • simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
apresentam no contexto (destaque da Zê!). • palavras: Oba! Olá! Claro!
• grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
Deus! Ora bolas!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Classificação das Interjeições
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- Comumente, as interjeições expressam sentido de:
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
– São Paulo: Saraiva, 2010. Atenção! Olha! Alerta!
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!


D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
SITE E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- Ânimo! Adiante!
coes/morf/morf84.php> F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen-
te! Essa não! Chega! Basta!

66
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei- CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa
ra Deus! - Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
J) Desculpa: Perdão! – volume único – 3.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! SITE
M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! coes/morf/morf89.php>
N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
Puxa! Pô! Ora!
O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! NUMERAL
P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Deus! numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio! soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter-
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa! minada sequência.

Saiba que: Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme-


As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so- ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex-
frem variação em gênero, número e grau como os no- pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e trata de numerais, mas sim de algarismos.
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al- Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata a ideia expressa pelos números, existem mais algumas
de um processo natural desta classe de palavra, mas tão palavras consideradas numerais porque denotam quan-
só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem- tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. década, dúzia, par, ambos(as), novena.

Locução Interjetiva Classificação dos Numerais

Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla- século, par, dúzia, década, bimestre.
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
análise dos termos que a compõem: Macacos me mor- ou alguma coisa ocupa numa determinada sequ-
dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera! ência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté- As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por final e penúltimo também indicam posição dos se-
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe) res, mas são classificadas como adjetivos, não or-
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é dinais.
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
classes gramaticais podem aparecer como inter- ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! quintos, etc.
Francamente! (Advérbios) D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra- dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio!
Fique quieto! Flexão dos numerais
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique- uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
-taque! Quá-quá-quá!, etc. duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo «ó» quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
com a sua homônima «oh!», que exprime admira- variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois cardinais são invariáveis.
LÍNGUA PORTUGUESA

do «oh!» exclamativo e não a fazemos depois do Os numerais ordinais variam em gênero e número:
«ó» vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie-
dosa e pura!” (Olavo Bilac) primeiro segundo milésimo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS primeira segunda milésima
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa primeiros segundos milésimos
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
primeiras segundas milésimas

67
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e
conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas
do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas
terças partes.
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego e Leitura dos Numerais

Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de cente-
nas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um ponto:
8.234.456 ou 8 234 456.
Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem conhe-
cida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
LÍNGUA PORTUGUESA

lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

68
Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avo
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
LÍNGUA PORTUGUESA

milhão milionésimo - milionésimo


bilhão bilionésimo - bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.

69
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Irei à festa sozinha.
SITE Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é ar-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- tigo; o segundo, preposição.
coes/morf/morf40.php>
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
PREPOSIÇÃO lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
apostila. = Nós a trouxemos.
Preposição é uma palavra invariável que serve para
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas
normalmente há uma subordinação do segundo termo por meio das preposições:
em relação ao primeiro. As preposições são muito im-
portantes na estrutura da língua, pois estabelecem a Destino = Irei a Salvador.
coesão textual e possuem valores semânticos indispen- Modo = Saiu aos prantos.
sáveis para a compreensão do texto. Lugar = Sempre a seu lado.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tipos de Preposição Tempo = Chegarei em instantes.
Causa = Chorei de saudade.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Fim ou finalidade = Vim para ficar.
clusivamente como preposições: a, ante, perante, Instrumento = Escreveu a lápis.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Posse = Vi as roupas da mamãe.
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Autoria = livro de Machado de Assis
com. Companhia = Estarei com ele amanhã.
B) Preposições acidentais: palavras de outras clas- Matéria = copo de cristal.
ses gramaticais que podem atuar como preposi- Meio = passeio de barco.
ções, ou seja, formadas por uma derivação impró- Origem = Nós somos do Nordeste.
pria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, Conteúdo = frascos de perfume.
segundo, senão, visto. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va- Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
lendo como uma preposição, sendo que a última
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de, Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, prepositiva por trás de.
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por
cima de, por trás de. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
outras palavras e, assim, estabelecer concordância em
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por +
– São Paulo: Saraiva, 2010.
a = pela.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
Essa concordância não é característica da preposição,
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com ou-
SITE
tra palavra pode se dar a partir dos processos de:
Disponível em: <http://www.infoescola.com/portu-
• Combinação: união da preposição “a” com o artigo gues/preposicao/>
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos.
Os vocábulos não sofrem alteração.
• Contração: união de uma preposição com outra SUBSTANTIVO
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo-
nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos, Substantivo é a classe gramatical de palavras variá-
de + aquele = daquele, em + isso = nisso. veis, as quais denominam todos os seres que existem,
• Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi- sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vo- fenômenos, os substantivos também nomeiam:
gal do pronome “aquilo”).
LÍNGUA PORTUGUESA

• lugares: Alemanha, Portugal


• sentimentos: amor, saudade
O “a” pode funcionar como preposição, pronome • estados: alegria, tristeza
pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” • qualidades: honestidade, sinceridade
seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servin- • ações: corrida, pescaria
do para determiná-lo como um substantivo singular e
feminino: A matéria que estudei é fácil!

70
Morfossintaxe do substantivo

Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo do
sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcionar como
núcleo do complemento nominal ou do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como núcleo do
vocativo. Também encontramos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos adverbiais - quando
essas funções são desempenhadas por grupos de palavras.

Classificação dos Substantivos

A) Substantivos Comuns e Próprios


Observe a definição:

Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em oposição aos bairros).

Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada ci-
dade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
homem, mulher, país, cachorro.
Estamos voando para Barcelona.

O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele que
designa os seres de uma mesma espécie de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.

B) Substantivos Concretos e Abstratos


B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe, independentemente de outros seres.
Observação:
Os substantivos concretos designam seres do mundo real e do mundo imaginário.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma.

B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que dependem de outros para se manifestarem ou existi-
rem. Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode ser observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa
ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo
abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abs-
traídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).

• Substantivos Coletivos

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais
outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substantivo no
singular (enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie (abelhas).
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres da
mesma espécie.

Substantivo coletivo Conjunto de:


assembleia pessoas reunidas
alcateia lobos
LÍNGUA PORTUGUESA

acervo livros
antologia trechos literários selecionados
arquipélago ilhas
banda músicos
bando desordeiros ou malfeitores

71
banca examinadores
batalhão soldados
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra
enxoval roupas
falange soldados, anjos
fauna animais de uma região
feixe lenha, capim
flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus
girândola fogos de artifício
horda bandidos, invasores
junta médicos, bois, credores, examinadores
júri jurados
legião soldados, anjos, demônios
leva presos, recrutas
malta malfeitores ou desordeiros
manada búfalos, bois, elefantes,
matilha cães de raça
molho chaves, verduras
multidão pessoas em geral
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
penca bananas, chaves
pinacoteca pinturas, quadros
quadrilha ladrões, bandidos
ramalhete flores
rebanho ovelhas
repertório peças teatrais, obras musicais
réstia alhos ou cebolas
romanceiro poesias narrativas
revoada pássaros
sínodo párocos
talha lenha
LÍNGUA PORTUGUESA

tropa muares, soldados


turma estudantes, trabalhadores
vara porcos

72
Formação dos Substantivos A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
se faz mediante a utilização das palavras “macho”
A) Substantivos Simples e Compostos e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a macho e o jacaré fêmea.
terra. B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes
O substantivo chuva é formado por um único ele- a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste-
mento ou radical. É um substantivo simples. munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in-
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um divíduo.
único elemento. C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros:
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é compos- a artista.
to.
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por Substantivos de origem grega terminados em ema
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, pas- ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
satempo. sintoma, o teorema.

B) Substantivos Primitivos e Derivados • Existem certos substantivos que, variando de gêne-


B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva ro, variam em seu significado:
de nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
O substantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se (líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e
originou a partir da palavra limão. a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca-
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au-
de outra palavra. mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con-
clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública);
Flexão dos substantivos o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora).

O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
exemplo, pode sofrer variações para indicar: Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - alu-
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: na.
meninão / Diminutivo: menininho • Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
ao masculino: freguês - freguesa
A) Flexão de Gênero • Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão - sul-
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e tana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti-
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. • Substantivos terminados em -or:
Veja estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
Um Natal inesquecível
Os reis da praia • Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que / duque - duquesa / conde - condessa / profeta -
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: profetisa
A história sem fim • Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Uma cidade sem passado final por -a: elefante - elefanta
As tartarugas ninjas • Substantivos que têm radicais diferentes no mascu-
lino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes • Substantivos que formam o feminino de maneira
LÍNGUA PORTUGUESA

especial, isto é, não seguem nenhuma das regras


1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen- anteriores: czar – czarina, réu - ré
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita Formação do Feminino dos Substantivos Unifor-
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única mes
forma, que serve tanto para o masculino quanto
para o feminino. Classificam-se em: Epicenos:
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.

73
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. ma, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o ecze-
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma ma, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tracoma, o
forma para indicar o masculino e o feminino. hematoma.
Alguns nomes de animais apresentam uma só for- Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce-
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro
palavras macho e fêmea. Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale-
A cobra macho picou o marinheiro. gre. / Uma Londres imensa e triste.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.

Sobrecomuns: Gênero e Significação


Entregue as crianças à natureza.
Muitos substantivos têm uma significação no mascu-
lino e outra no feminino. Observe:
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai
nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi-
à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bas-
ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: tão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
A criança chorona chamava-se João. proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do
A criança chorona chamava-se Maria. corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma
(ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a
Outros substantivos sobrecomuns: cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a ca-
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma pital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (ca-
boa criatura. beleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado
Marcela faleceu na administração da crisma e de outros sacramentos), a
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a
Comuns de Dois Gêneros: cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou-
tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves),
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun-
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen-
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo-
A distinção de gênero pode ser feita através da análi- ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética),
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs- o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; -fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a
repórter francês - repórter francesa pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
(aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador),
A palavra personagem é usada indistintamente nos a voga (moda).
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se
B) Flexão de Número do Substantivo
acentuada preferência pelo masculino: O menino desco-
briu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.
Em português, há dois números gramaticais: o singu-
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino:
lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
O problema está nas mulheres de mais idade, que não que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte-
aceitam a personagem. rística do plural é o “s” final.
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Plural dos Substantivos Simples

Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e


(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
proclama, o pernoite, o púbis. Exceção: cânon - cânones.
LÍNGUA PORTUGUESA

Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a em “ns”: homem - homens.
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
São geralmente masculinos os substantivos de origem
grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma,
o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o telefone-

74
Atenção:

O plural de caráter é caracteres.

Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; caracol
– caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e cônsules.
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas maneiras:
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.

Observação:
A palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).

Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas maneiras:


1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.

Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural de três maneiras.


1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos

Observação:
Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam dois – e até três – plurais:
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião – anciões/anciães/anciãos
charlatão – charlatões/charlatães corrimão – corrimãos/corrimões
guardião – guardiões/guardiães vilão – vilãos/vilões/vilães

Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o látex - os látex.

Plural dos Substantivos Compostos

A formação do plural dos substantivos compostos depende da forma como são grafados, do tipo de palavras que
formam o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se como
os substantivos simples: aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmequeres.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

A) Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:


substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras

B) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando formados de:


verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos

C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando formados de:


substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colônia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como determinante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espada
LÍNGUA PORTUGUESA

- peixes-espada.

D) Permanecem invariáveis, quando formados de:


verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas

75
Casos Especiais Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor-
do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes,
o louva-a-deus e os louva-a-deus os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os
réquiens.
o bem-te-vi e os bem-te-vis Observe o exemplo: Este jogador faz gols toda vez que
o bem-me-quer e os bem-me-queres joga.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
Plural com Mudança de Timbre
Plural das Palavras Substantivadas
Certos substantivos formam o plural com mudança
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um
classes gramaticais usadas como substantivo, apresen-
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico).
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves. Singular Plural
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos. corpo (ô) corpos (ó)
Observação:
Numerais substantivados terminados em “s” ou “z” esforço esforços
não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos fogo fogos
seis e alguns dez. forno fornos
Plural dos Diminutivos fosso fossos
imposto impostos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi- olho olhos
nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
osso (ô) ossos (ó)
pãe(s) + zinhos = pãezinhos ovo ovos
animai(s) + zinhos = animaizinhos poço poços
botõe(s) + zinhos = botõezinhos porto portos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos posto postos
farói(s) + zinhos = faroizinhos tijolo tijolos
tren(s) + zinhos = trenzinhos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
colhere(s) + zinhas = colherezinhas sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros,
flore(s) + zinhas = florezinhas etc.
mão(s) + zinhas = mãozinhas Observação:
papéi(s) + zinhos = papeizinhos Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas molho (ó) = feixe (molho de lenha).

funi(s) + zinhos = funizinhos Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o


túnei(s) + zinhos = tuneizinhos norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
pai(s) + zinhos = paizinhos
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
pé(s) + zinhos = pezinhos Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
pé(s) + zitos = pezitos singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida-
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Plural dos Nomes Próprios Personativos Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural: Aqui morreu muito negro.
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
sempre que a terminação preste-se à flexão. improvisadas.
Os Napoleões também são derrotados.
LÍNGUA PORTUGUESA

As Raquéis e Esteres. C) Flexão de Grau do Substantivo

Plural dos Substantivos Estrangeiros Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside-
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (ex- rado normal. Por exemplo: casa
ceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama-
os jazz. nho do ser. Classifica-se em:

76
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de aumento. Por exemplo: casarão.

3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser. Pode ser:


Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de diminuição. Por exemplo: casinha.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira You-
sseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo: Saraiva, 2002.

SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php>

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO ESPECIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO TRABALHO –
FCC/2012) Aos poucos, contudo, fui chegando à constatação de que todo perfil de rede social é um retrato ideal
de nós mesmos.
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra alteração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser substituído
por:

a) ademais.
b) conquanto.
c) porquanto.
d) entretanto.
e) apesar.

Resposta: Letra D. Contudo é uma conjunção adversativa (expressa oposição). A substituição deve utilizar outra de
mesma classificação, para que se mantenha a ideia do período. A correta é entretanto.

2. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA- FCC-2016)


... para quem Manoel de Barros era comparável a São Francisco de Assis...
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da frase acima está em:

a) Dizia-se um “vedor de cinema”...


b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no espaço...
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire.
d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Barros na literatura...
e) ... para depois casá-las...

Resposta: Letra A. “Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicativo. Procuremos nos itens:
Em “a”, Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
Em “b”, Porque não seria = futuro do pretérito do Indicativo
Em “c”, Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfeito do Indicativo
Em “d”, Quase meio século separa = presente do Indicativo
Em “e”, para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar elas)

3. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC-2016)


Precisamos de um treinador que nos ajude a comer...
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o sublinhado acima está também sublinhado em:
LÍNGUA PORTUGUESA

a) ... assim que conseguissem se virar sem as mães ou as amas...


b) Não é por acaso que proliferaram os coaches.
c) ... país que transformou a infância numa bilionária indústria de consumo...
d) E, mesmo que se esforcem muito...
e) Hoje há algo novo nesse cenário.

77
Resposta: Letra D. que nos ajude = presente do Sub- Resposta: Letra D Os verbos das frases citadas estão
juntivo no Modo Imperativo (expressam ordem). Vamos aos
Em “a”, que conseguissem = pretérito do Subjuntivo itens:
Em “b”, que proliferaram = pretérito perfeito (e também Em “a”, ... o acesso rápido e a quantidade de textos fa-
mais-que-perfeito) do Indicativo zem = presente do Indicativo
Em “c”, que transformou = pretérito perfeito do Indi- Em “b”, Na internet, basta um clique = presente do In-
cativo dicativo
Em “d”, que se esforcem = presente do Subjuntivo Em “c”, ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
Em “e”, há algo novo nesse cenário = presente do In- = presente do Indicativo
dicativo Em “d”, Pense rápido: = Imperativo
Em “e”, É o que mostra também uma pesquisa = pre-
4. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - Técnico Judiciário – FCC- sente do Indicativo
2016) Empregam-se todas as formas verbais de acordo
com a norma culta na seguinte frase: 6. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
VUNESP-2014) Assinale a alternativa em que a palavra
a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento em destaque na frase pertence à classe dos adjetivos (pa-
não poderia receber qualquer tipo de retificação. lavra que qualifica um substantivo).
b) Os documentos com assinatura digital disporam de al-
goritmos de criptografia que os protegeram. a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu-
c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam tanásia...
contar com a proteção de uma assinatura digital. b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
d) Quem se propor a alterar um documento criptografado c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
deve saber que comprometerá sua integridade. a morte.
e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
comprometer a integridade dos documentos.
e) E como seria a verdadeira boa morte?
Resposta: Letra E. Em “a”, Para que se mantesse (man-
Resposta: Letra E. Em “a”, Existe grande confusão =
tivesse) sua autenticidade, o documento não poderia
substantivo
receber qualquer tipo de retificação.
Em “b”, o médico ou alguém causa ativamente a morte
Em “b”, Os documentos com assinatura digital dispo-
= pronome
ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os
Em “c”, prolonga o processo de morrer procurando dis-
protegeram.
Em “c”, Arquivados eletronicamente, os documentos tanciar a morte = substantivo
poderam (puderam) contar com a proteção de uma as- Em “d”, Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
sinatura digital. Em “e”, E como seria a verdadeira boa morte? = ad-
Em “d”, Quem se propor (propuser) a alterar um docu- jetivo
mento criptografado deve saber que comprometerá
sua integridade. 7. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA DE
Em “e”, Não é possível fazer as alterações que convie- DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE –
rem sem comprometer a integridade dos documentos SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010)
= correta

5. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO -


SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) Considere
as seguintes frases:
Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!

Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos


empregados nessas frases está em destaque em:

a) ... o acesso rápido e a quantidade de textos fazem com


que o cérebro humano não considere útil gravar esses
dados...
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-


-número de informações.
c) ... após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele... Disponível em: http://www.acharge.com.br/index.htm (aces-
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em so: 03/03/2010)
que morou quando era criança?
e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu- A palavra “oposição”, da charge, é classificada morfologi-
zida pela empresa de segurança digital Kaspersky... camente como:

78
a) Substantivo concreto. IX – Plural com metafonia (ô - ó). Algumas palavras,
b) Substantivo abstrato. quando vão ao plural, abrem o timbre da vogal “o”, ou-
c) Substantivo coletivo. tras não. Com metafonia singular (ô) plural (ó): coro/
d) Substantivo próprio. coros; corvo/corvos; destroço/destroços. Sem metafo-
e) Adjetivo. nia singular (ô) plural (ô): adorno/adornos; bolso/bolsos;
transtorno/transtornos.
Resposta: Letra B. O termo “oposição” é classificado X – Casos especiais: aval/avales e avaiscal; cales/cais-
– morfologicamente – como substantivo abstrato, pois cós; coses/cós; fel/feles e féis; mal/males; cônsul/
não existe por si só – depende de outro ser para “se cônsules.
concretizar”.
XI – Os dois elementos variam. Quando os compostos
são formados por substantivo mais palavra variável
FLEXÃO NOMINAL E VERBAL. (adjetivo, substantivo, numeral, pronome): amor-
-perfeito/amores-perfeitos; couve-flor/couves-flo-
res; segunda-feira/segundas-feiras.
FLEXÃO NOMINAL - Só o primeiro elemento varia. Quando há prepo-
sição no composto, mesmo que oculta: pé-de-moleque
Flexão de número − pés-de-moleque; cavalo-vapor − cavalos-vapor (de ou
a vapor). Quando o segundo substantivo determina o
primeiro (fim ou semelhança): banana-maçã − bananas-
Os nomes (substantivo, adjetivo etc.), de modo geral, -maçã (semelhante a maçã); navio-escola − navios-esco-
admitem a flexão de número: singular e plural: animal/ la (a finalidade é a escola).
animais. Alguns autores admitem a flexão dos dois elemen-
I – Na maioria das vezes, acrescenta-se S: ponte/pon- tos. É uma situação polêmica: mangas-espada (preferível)
tes; bonito/bonitos; ou mangas-espadas. Quando dizemos (e isso vai ocorrer
II – Palavras terminadas em R ou Z: acrescenta-se ES: outras vezes) que é uma situação polêmica, discutível,
éter/éteres; avestruz/avestruzes. O pronome qual- convém ter em mente que a questão do concurso deve
quer faz o plural no meio: quaisquer; ser resolvida por eliminação, ou seja, analisando bem as
III – Palavras oxítonas terminadas em S: acrescenta-se outras opções.
ES: ananás/ananases. As paroxítonas e as proparo- XII – Apenas o último elemento varia. Quando os ele-
xítonas são invariáveis: o pires/os pires, o ônibus/ mentos são adjetivos: hispano-americano/hispa-
os ônibus; no-americanos. A exceção é surdo-mudo, em que
IV – Palavras terminadas em IL: átono: trocam IL por os dois adjetivos se flexionam: surdos-mudos. Nos
EIS: fóssil/fósseis; compostos em que aparecem os adjetivos grão,
tônico: trocam L por S: funil/funis. grã e bel: grão-duque/grão-duques; grã-cruz/grã-
V – Palavras terminadas em EL: -cruzes; bel-prazer/bel-prazeres. Quando o com-
átono: plural em EIS: nível/níveis. posto é formado por verbo ou qualquer elemento
tônico: plural em ÉIS: carretel/carretéis. invariável (advérbio, interjeição, prefixo etc.) mais
VI – Palavras terminadas em X são invariáveis: o clí- substantivo ou adjetivo: arranha-céu/arranha-céus;
max/os clímax. sempre-viva/sempre-vivas; super-homem/super-
Há palavras cuja sílaba tônica avança: júnior/juniores; -homens. Quando os elementos são repetidos ou
caráter/caracteres. A palavra onomatopaicos (representam sons): reco-reco/re-
Caracteres é plural tanto de caractere quanto de ca- co-recos; pingue-pongue/pingue-pongues; bem-
ráter. -te-vi/bem-te-vis.
VII – Palavras terminadas em ão fazem o plural em
ãos, ães e ões. Como se vê pelo segundo exemplo, pode haver al-
Em ões: balões, corações, grilhões, melões, gaviões. guma alteração nos elementos, ou seja, não serem iguais.
Em ãos: pagãos, cristãos, cidadãos, bênçãos, órgãos. Se forem verbos repetidos, admite-se também pôr os
Os paroxítonos, como os dois últimos, sempre fazem o dois no plural: pisca-pisca/pisca-piscas ou piscas-piscas.
plural em ãos. XIII – Nenhum elemento varia. Quando há verbo
Em ães: escrivães, tabeliães, capelães, capitães, ale- mais palavra invariável: O cola-tudo/os cola-tudo.
mães. Quando há dois verbos de sentido oposto: o per-
Em ões ou ãos: corrimões/corrimãos; verões/verãos; de-ganha/os perde-ganha. Nas frases substantivas
anões/anãos. (frases que se transformam em substantivos): O
Em ões ou ães: charlatões/charlatães; guardiões/
LÍNGUA PORTUGUESA

maria-vai-com-as-outras/os maria-vai-com-as-
guardiães; cirugiões/cirurgiães. -outras.
Em ões, ãos ou ães: anciões/anciãos/anciães; ermi-
tões/ermitãos/ermitães. São invariáveis arco-íris, louva-a-deus, sem-vergo-
VIII – Plural dos diminutivos com a letra z. Coloca-se nha, sem-teto e sem-terra: Os sem-terra apreciavam os
a palavra no plural, corta-se o S e acrescenta-se zinhos arco-íris. Admitem mais de um plural: pai-nosso/pais-
(ou zinhas): coraçãozinho/corações/corações/coraçõezi- -nossos ou pai-nossos, padre-nosso/padres-nossos ou
nhos. padre-nossos; terra-nova/terras-novas ou terra-novas;

79
salvo-conduto/salvos-condutos ou salvo-condutos; xe- João é tão forte quanto André. (ou como)
que-mate/xeques-mates ou xeques-mate; fruta-pão/ VI – Superlativo: Absoluto: sintético: João é fortíssimo;
frutas-pães ou frutas-pão; guarda-marinha/guardas- analítico: João é muito forte (bastante forte, forte
-marinhas ou guardas-marinha. Casos especiais: pala- demais etc.);
vras que não se encaixam nas regras: o bem-me-quer/ Relativo: de superioridade: João é o mais forte da
os bem-me-queres; o joão-ninguém/os joões-ninguém; turma; de inferioridade: João é o menos forte da turma.
o lugar-tenente/os lugar-tenentes; o mapa-múndi/os O grau superlativo absoluto corresponde a um au-
mapas-múndi. mento do adjetivo. Pode ser expresso por um sufixo (íssi-
mo, érrimo ou imo) ou uma palavra de apoio, como mui-
Flexão de Gênero to, bastante, demasiadamente, enorme etc. As palavras
maior, menor, melhor, e pior constituem sempre graus
Os substantivos e as palavras que o acompanham de superioridade: O carro é menor que o ônibus; menor
na frase admitem a flexão de gênero: masculino e femini- (mais pequeno): comparativo de superioridade. Ele é o
no: Meu amigo diretor recebeu o primeiro salário. Minha pior do grupo; pior (mais mau): superlativo relativo de
amiga diretora recebeu a primeira prestação. A flexão de superioridade.
feminino pode ocorrer de duas maneiras. Alguns superlativos absolutos sintéticos que podem
I – Com a troca de O ou E por a: lobo – loba; mestre apresentar dúvidas. Acre/acérrimo, amargo/amaríssimo;
– mestra; amigo/amicíssimo; antigo/antiquíssimo; cruel/crudelís-
II – Por meio de diferentes sufixos nominais de gêne- simo; doce/dulcíssimo; fácil/facílimo; feroz/ferocíssimo;
ro, muitas vezes com alterações do radical: ateu/ fiel/fidelíssimo; geral/generalíssimo; humilde/humílimo;
ateia, bispo/episcopisa, conde/condessa, duque/ magro/macérrimo; negro/nigérrimo; pobre/paupérrimo;
duquesa, frade/freira; ilhéu/ilhoa; judeu/judia; ma- sagrado/sacratíssimo; sério/seriíssimo; soberbo/super-
rajá/marani; monge/ monja; pigmeu/pigmeia; pí- bíssimo.
ton/pitonisa; sandeu/sandia; sultão/sultana.
Alguns substantivos são uniformes quanto ao gêne- Flexão Verbal
ro, ou seja, possuem uma única forma para masculino e
feminino. Podem ser: As flexões verbais são expressas por meio dos tem-
Sobrecomuns: admitem apenas um artigo, podendo pos, modo e pessoa da seguinte forma: O tempo indica
designar os dois sexos: a pessoa, o cônjuge, a testemu- o momento em que ocorre o processo verbal; O modo
nha. indica a atitude do falante (dúvida, certeza, impossibili-
Comuns de dois gêneros: admitem os dois artigos, dade, pedido, imposição, etc.); A pessoa marca na forma
podendo então ser masculinos ou femininos: o estudan- do verbo a pessoa gramatical do sujeito.
te/a estudante; o cientista/a cientista; o patriota/a patrio- Tempos: Há tempos do presente, do passado (preté-
ta. rito) e do futuro.
Epicenos: admitem apenas um artigo, designando os
animais: O jacaré, a cobra, o polvo; Modo
O feminino de elefante é elefanta e não elefoa. Aliá
é correto, mas designa apenas uma espécie de elefanta. Modo Indicativo: Indica uma certeza relativa do fa-
Mamão, para alguns gramáticos, deve ser considerado lante com referência ao que o verbo exprime; pode ocor-
epiceno. É algo discutível. rer no tempo presente, passado ou futuro:
Há substantivos de gênero duvidoso, que as pessoas Presente: Processo simultâneo ao ato da fala, fato
costumam trocar: champanha aguardente, dó, alface, corriqueiro, habitual: Compro livros nesta livraria. Usa-se
eclipse, calformicida, cataplasma, grama (peso), grafite, também o presente com o valor de passado, passado
milhar libido, plasma, soprano, mousse, suéter, preá, te- histórico (nos contos, narrativas)
lefonema. Tempos do Pretérito (passado): Exprimem processos
Existem substantivos que admitem os dois gêneros: anteriores ao ato da fala. São eles:
diabetes (ou diabete), laringe, usucapião etc. - Pretérito Imperfeito: Exprime um processo habitu-
al, ou com duração no tempo: Naquela época eu
Flexão de Grau cantava como um pássaro.
- Pretérito Perfeito: Exprime uma ação acabada: Paulo
Grau do substantivo quebrou meu violão de estimação.
I – Normal ou Positivo: sem nenhuma alteração. - Pretérito Mais-que-Perfeito: Exprime um processo
II – Aumentativo: Sintético: chapelão. anterior a um processo acabado: Embora tivera
Analítico: chapéu grande, chapéu enorme etc. deixado a escola, ele nunca deixou de estudar.
III – Diminutivo: Sintético: chapeuzinho. Analítico:
LÍNGUA PORTUGUESA

chapéu pequeno, chapéu reduzido etc. Um grau é Tempos do Futuro: Indicam processos que irão acon-
sintético quando formado por sufixo; analítico, por tecer:
meio de outras palavras. - Futuro do Presente: Exprime um processo que ainda
Grau do adjetivo não aconteceu: Farei essa viagem no fim do ano.
IV – Normal ou Positivo: João é forte. - Futuro do Pretérito: Exprime um processo posterior
V – Comparativo: de superioridade: João é mais forte a um processo que já passou: Eu faria essa viagem
que André. (ou do que); de inferioridade: João é se não tivesse comprado o carro.
menos forte que André. (ou do que); de igualdade:

80
Modo Subjuntivo: Expressa incerteza, possibilidade ou dúvida em relação ao processo verbal e não está ligado com
a noção de tempo. Há três tempos: presente, imperfeito e futuro. Quero que voltes para mim; Não pise na grama; É
possível que ele seja honesto; Espero que ele fique contente; Duvido que ele seja o culpado; Procuro alguém que seja
meu companheiro para sempre; Ainda que ele queira, não lhe será concedida a vaga; Se eu fosse bailarina, estaria na
Rússia; Quando eu tiver dinheiro, irei para as praias do nordeste.
Modo Imperativo: Exprime atitude de ordem, pedido ou solicitação: Vai e não voltes mais.
Pessoa: A norma da língua portuguesa estabelece três pessoas: Singular: eu, tu, ele, ela. Plural: nós, vós, eles, elas.
No português brasileiro é comum o uso do pronome de tratamento você (s) em lugar do tu e vós.

PRONOMES: EMPREGO, FORMAS DE TRATAMENTO E COLOCAÇÃO.

“Prezado Candidato, o tópico acima foir abordado no decorrer da matéria”

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL.

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL.

Os concurseiros estão apreensivos.


Concurseiros apreensivos.

No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, os
concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreensivos” está concordando em gênero (masculino) e número (plu-
ral) com o substantivo a que se refere: concurseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gênero se
correspondem. A correspondência de flexão entre dois termos é a concordância, que pode ser verbal ou nominal.

Concordância Verbal

É a flexão que se faz para que o verbo concorde com seu sujeito.

Sujeito Simples - Regra Geral

O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa. Veja os exemplos:

A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.


3.ª p. Singular 3.ª p. Singular

Os candidatos à vaga chegarão às 12h.


3.ª p. Plural 3.ª p. Plural

Casos Particulares

A) Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a
maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode
ficar no singular ou no plural.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram proposta.

Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos dos coletivos, quando especificados: Um bando de vândalos
destruiu / destruíram o monumento.
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação:
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque aos
elementos que formam esse conjunto.

B) Quando o sujeito é formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de, perto
de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o substantivo.
Cerca de mil pessoas participaram do concurso.

81
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenida- Os 30% da produção de soja serão exportados.
de. Esses 2% da prova serão questionados.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
mas Olimpíadas. F) O pronome “que” não interfere na concordância; já
o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
Observação: singular.
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver- Fui eu que paguei a conta.
bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Fomos nós que pintamos o muro.
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende- És tu que me fazes ver o sentido da vida.
ram um ao outro) Sou eu quem faz a prova.
Não serão eles quem será aprovado.
C) Quando se trata de nomes que só existem no
plural, a concordância deve ser feita levando-se G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu-
em conta a ausência ou presença de artigo. Sem mir a forma plural.
artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encanta-
no plural, o verbo deve ficar o plural. ram os poetas.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades. Este candidato é um dos que mais estudaram!
Estados Unidos possui grandes universidades.
Alagoas impressiona pela beleza das praias. • Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
As Minas Gerais são inesquecíveis. que, nem um dos que -, não aceita o verbo no sin-
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira. gular:
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou Nem uma das que me escreveram mora aqui.
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou • Quando “um dos que” vem entremeada de substanti-
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro vo, o verbo pode:
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pronome pessoal. o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio que
Quais de nós são / somos capazes? faça o mesmo).
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino-
luídos (noção de que existem outros rios na mesma
vadoras.
condição).
Observação:
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz
Vossa Excelência está cansado?
ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize-
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso Vossas Excelências renunciarão?
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti- acordo com o numeral.
ver no singular, o verbo ficará no singular. Deu uma hora no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Deram cinco horas no relógio da sala.
Algum de vós fez isso. Soam dezenove horas no relógio da praça.
Baterão doze horas daqui a pouco.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação:
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
deve concordar com o substantivo. torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do Soa quinze horas o relógio da matriz.
prefeito.
1% do eleitorado aceita a mudança. J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% dos alunos faltaram à prova. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer in-
• Quando a expressão que indica porcentagem não é dicando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da na-
tureza. Exemplos:
LÍNGUA PORTUGUESA

seguida de substantivo, o verbo deve concordar com


o número. Havia muitas garotas na festa.
25% querem a mudança. Faz dois meses que não vejo meu pai.
1% conhece o assunto. Chovia ontem à tarde.

• Se o número percentual estiver determinado por ar-


tigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á
com eles:

82
Sujeito Composto Drummond ou Bandeira representam a essência da
poesia brasileira.
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver- Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
bo, a concordância se faz no plural:
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi-
Pai e filho conversavam longamente. ção”. Já em:
Sujeito Juca ou Pedro será contratado.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpíada.
Pais e filhos devem conversar com frequência.
Sujeito Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
no singular.
B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da • Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem
seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós) outro”, a concordância costuma ser feita no singular.
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por Um ou outro compareceu à festa.
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja: Nem um nem outro saiu do colégio.
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Primeira Pessoa do Plural (Nós) • Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no
singular: Um e outro farão/fará a prova.
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós) • Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos rece-
Pais e filhos precisam respeitar-se. bem um mesmo grau de importância e a palavra
Terceira Pessoa do Plural (Eles) “com” tem sentido muito próximo ao de “e”.
O pai com o filho montaram o brinquedo.
Observação: O governador com o secretariado traçaram os planos
Quando o sujeito é composto, formado por um ele- para o próximo semestre.
mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é O professor com o aluno questionaram as regras.
possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
de “tomaríeis”. a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
O pai com o filho montou o brinquedo.
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, O governador com o secretariado traçou os planos para
passa a existir uma nova possibilidade de concor- o próximo semestre.
dância: em vez de concordar no plural com a tota- O professor com o aluno questionou as regras.
lidade do sujeito, o verbo pode estabelecer con-
cordância com o núcleo do sujeito mais próximo. Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
Faltaram coragem e competência. composto. O sujeito é simples, uma vez que as expressões
Faltou coragem e competência. “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos adver-
Compareceram todos os candidatos e o banca. biais de companhia. Na verdade, é como se houvesse uma
Compareceu o banca e todos os candidatos. inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor- “O governador traçou os planos para o próximo semes-
dância é feita no plural. Observe: tre com o secretariado.”
Abraçaram-se vencedor e vencido. “O professor questionou as regras com o aluno.”
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. Casos em que se usa o verbo no singular:

Casos Particulares Café com leite é uma delícia!


O frango com quiabo foi receita da vovó.
• Quando o sujeito composto é formado por núcle-
os sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
singular. pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
Descaso e desprezo marca seu comportamento. somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
A coragem e o destemor fez dele um herói.
o verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
LÍNGUA PORTUGUESA

• Quando o sujeito composto é formado por núcleos


Nordeste.
dispostos em gradação, verbo no singular:
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
do me satisfaz. notícia.

• Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Quando os elementos de um sujeito composto são
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
de acordo com o valor semântico das conjunções: é feita com esse termo resumidor.

83
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apa- Quando o sujeito ou o predicativo for:
tia.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo
na vida das pessoas. SER concorda com a pessoa gramatical:
Ele é forte, mas não é dois.
Outros Casos Fernando Pessoa era vários poetas.
A esperança dos pais são eles, os filhos.
O Verbo e a Palavra “SE”
B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há no plural, o verbo SER concordará, preferencial-
duas de particular interesse para a concordância verbal: mente, com o que estiver no plural:
A) quando é índice de indeterminação do sujeito; Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros!
B) quando é partícula apassivadora.
Quando o verbo SER indicar
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
• horas e distâncias, concordará com a expressão nu-
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na mérica:
terceira pessoa do singular: É uma hora.
Precisa-se de funcionários. São quatro horas.
Confia-se em teses absurdas. Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô-
metros.
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha
verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e in- • datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
diretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nes- estar expressa ou subentendida:
se caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração. Hoje é dia 26 de agosto.
Exemplos: Hoje são 26 de agosto.
Construiu-se um posto de saúde.
Construíram-se novos postos de saúde. • Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e
Aqui não se cometem equívocos for seguido de palavras ou expressões como pouco,
Alugam-se casas. muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no
singular:
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
#FicaDica Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Duas semanas de férias é muito para mim.
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
ou índice de indeterminação do sujeito, tente • Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
transformar a frase para a voz passiva. Se a for pronome pessoal do caso reto, com este con-
frase construída for “compreensível”, estare- cordará o verbo.
mos diante de uma partícula apassivadora; No meu setor, eu sou a única mulher.
se não, o “se” será índice de indeterminação. Aqui os adultos somos nós.
Veja:
Precisa-se de funcionários qualificados. Observação:
Tentemos a voz passiva: Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
Funcionários qualificados são precisados (ou sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des- o pronome sujeito.
tacado é índice de indeterminação do sujeito. Eu não sou ela.
Agora: Ela não é eu.
Vendem-se casas.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção • Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi- titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva. verbo SER concordará com o predicativo.
Repare em meu destaque. Percebeu seme- A grande maioria no protesto eram jovens.
lhança? Agora é só memorizar!). O resto foram atitudes imaturas.
LÍNGUA PORTUGUESA

O Verbo “Ser” O Verbo “Parecer”

O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução


A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o
verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordân-
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân-
cias:
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo
• Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
do sujeito.
o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.

84
• A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água é
sofre flexão: bom para saúde.
As crianças parece gostarem do desenho. O adjetivo concorda com o substantivo, se este for
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho modificado por um artigo ou qualquer outro determinati-
aas crianças) vo: Esta água é boa para saúde.

Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER fica no D) O adjetivo concorda em gênero e número com os
singular. Por exemplo: As paredes parece que têm ouvidos. pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-
(Parece que as paredes têm ouvidos = oração subordina- trou-as muito felizes.
da substantiva subjetiva).
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
Concordância Nominal neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição
DE + adjetivo, este último geralmente é usado no
A concordância nominal se baseia na relação entre masculino singular: Os jovens tinham algo de mis-
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se terioso.
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de função adjetiva e concorda normalmente com o
um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adno- nome a que se refere:
minal. Cristina saiu só.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as Cristina e Débora saíram sós.
seguintes regras gerais:
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando Observação:
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
denunciavam o que sentia. nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, Eles só desejam ganhar presentes.
a concordância pode variar. Podemos sistematizar
essa flexão nos seguintes casos:
• Adjetivo anteposto aos substantivos: #FicaDica
O adjetivo concorda em gênero e número com o
substantivo mais próximo. Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. Se a frase ficar coerente com o primeiro,
Encontramos caída a roupa e os prendedores. trata-se de advérbio, portanto, invariável; se
Encontramos caído o prendedor e a roupa. houver coerência com o segundo, função de
adjetivo, então varia:
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa- Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. Ele está só descansando. (apenas descansan-
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. do) - advérbio
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.

• Adjetivo posposto aos substantivos: Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansan-
se houver substantivo feminino e masculino). do)
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. G) Quando um único substantivo é modificado por
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. das as construções:
• O substantivo permanece no singular e coloca-se o
Observação: artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, espanhola e a portuguesa.
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos • O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
no plural masculino, que é o gênero predominante quan- portuguesa.
do há substantivos de gêneros diferentes.
LÍNGUA PORTUGUESA

Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad- Casos Particulares


jetivo fica no singular ou plural.
A beleza e a inteligência feminina(s). É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
O carro e o iate novo(s). mitido
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
O adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo

85
• Estas expressões, formadas por um verbo mais um Os concurseiros estão sempre alerta.
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se Não queira menos matéria!
referem possuir sentido genérico (não vier prece-
dido de artigo).
É proibido entrada de crianças.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Em certos momentos, é necessário atenção.
No verão, melancia é bom.
É preciso cidadania. 1. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
Não é permitido saída pelas portas laterais. CESGRANRIO-2018) A forma verbal em destaque está
empregada de acordo com a norma-padrão em:
• Quando o sujeito destas expressões estiver determi-
nado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o a) Atualmente, comercializa-se diferentes criptomoedas
verbo como o adjetivo concordam com ele. mas a bitcoin é a mais conhecida de todas as moedas
É proibida a entrada de crianças. virtuais.
Esta salada é ótima. b) A especulação e o comércio ilegal, de acordo com al-
A educação é necessária. guns analistas, pode tornar as bitcoins inviáveis.
São precisas várias medidas na educação. c) As notícias informam que até hoje, em nenhuma par-
te do mundo, se substituíram totalmente as moedas
Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui- reais pelas virtuais.
te d) De acordo com as regras do mercado financeiro, criou-
-se apenas 21 milhões de bitcoins nos últimos anos.
Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú- e) O valor dos produtos comercializados seriam determi-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem. nados por uma moeda virtual se a real fosse abolida.
Seguem anexas as documentações requeridas.
Resposta: Letra C. Em “a”: Atualmente, comercializam-
A menina agradeceu: - Muito obrigada.
-se diferentes criptomoedas mas a bitcoin é a mais co-
Muito obrigadas, disseram as senhoras.
nhecida de todas as moedas virtuais.
Seguem inclusos os papéis solicitados.
Em “b”: A especulação e o comércio ilegal, de acordo
Estamos quites com nossos credores.
com alguns analistas, podem tornar as bitcoins inviáveis.
Bastante - Caro - Barato - Longe
Em “c”: As notícias informam que até hoje, em nenhuma
parte do mundo, se substituíram totalmente as moedas
Estas palavras são invariáveis quando funcionam como
reais pelas virtuais. = correta
advérbios. Concordam com o nome a que se referem Em “d”: De acordo com as regras do mercado financeiro,
quando funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, criaram-se apenas 21 milhões de bitcoins nos últimos
ou numerais. anos.
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) Em “e”: O valor dos produtos comercializados seria de-
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. terminado por uma moeda virtual se a real fosse abolida.
(pronome adjetivo)
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) 2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL I – CES-
As casas estão caras. (adjetivo) GRANRIO-2018) A concordância da palavra destacada atende
Achei barato este casaco. (advérbio) às exigências da norma-padrão da língua portuguesa em:
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
a) Alimentos saudáveis e prática constante de exercícios
Meio - Meia são necessárias para uma vida longa e mais equilibrada.
b) Inexistência de esgoto em muitas regiões e falta de tra-
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, tamento adequado da água são causadores de doen-
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi ças.
meia porção de polentas. c) Notícias falsas e boatos perigosos não deveriam ser re-
Quando empregada como advérbio permanece inva- produzidas nas redes sociais da forma como acontece
riável: A candidata está meio nervosa. hoje.
d) Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos da Re-
gião Nordeste foram elogiados por suas propriedades
#FicaDica alimentares.
e) Profissionais dedicados e pesquisas constantes precisam
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim ser estimuladas para que se avance na cura de algumas
saberei que se trata de um advérbio, não de doenças.
LÍNGUA PORTUGUESA

adjetivo: “A candidata está um pouco nervo-


sa”. Resposta: Letra D. Em “a”: Alimentos saudáveis e práti-
ca constante de exercícios são necessárias (necessários)
Alerta - Menos para uma vida longa e mais equilibrada.
Em “b”: Inexistência de esgoto em muitas regiões e falta
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem de tratamento adequado da água são causadores (cau-
sempre invariáveis. sadoras) de doenças.

86
Em “c”: Notícias falsas e boatos perigosos não deveriam b) os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plural por
ser reproduzidas (reproduzidos) nas redes sociais da for- referirem-se a dois substantivos;
ma como acontece hoje. c) na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’ se re-
Em “d”: Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos da fere a ‘imprensa’;
Região Nordeste foram elogiados por suas propriedades d) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está correta-
alimentares = correta mente no plural por referir-se a ‘empresas’;
Em “e”: Profissionais dedicados e pesquisas constantes e) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria estar
precisam ser estimuladas (estimulados) para que se no singular por referir-se ao substantivo ‘conteúdo’.
avance na cura de algumas doenças.
Resposta: Letra D. 1. A democracia reclama um jorna-
3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- lismo vigoroso e independente.
GRANRIO-2018) A concordância do verbo destacado foi 2. A agenda pública é determinada pela imprensa tra-
realizada de acordo com as exigências da norma-padrão dicional.
da língua portuguesa em: 3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de con-
teúdo independentes.
a) Com a corrida desenfreada pelas versões mais atuais dos
smartphones, evidenciou-se atitudes agressivas e vio-
Em “a”: os dois adjetivos da frase (1) referem-se, respec-
lentas por parte dos usuários.
tivamente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’;
b) Devido à utilização de estratégias de marketing, de-
A democracia reclama um jornalismo vigoroso e inde-
senvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que a posse
pendente = apenas a “jornalismo”
de novos aparelhos eletrônicos é garantia de sucesso.
c) É necessário que se envie a todas as escolas do país ví- Em “b”: os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plural
deos educacionais que permitam esclarecer os jovens por referirem-se a dois substantivos;
sobre o vício da tecnologia. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e inde-
d) É preciso educar as novas gerações para que se redu- pendente = a um substantivo (jornalismo)
za os comportamentos compulsivos relacionados ao
uso das novas tecnologias. Em “c”: na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’
e) Nos países mais industrializados, comprovou-se os se refere a ‘imprensa’;
danos psicológicos e o consumismo exagerado causa- A agenda pública é determinada pela imprensa tradi-
dos pelo vício da tecnologia. cional = refere-se ao termo “agenda pública”

Resposta: Letra B. Em “a”: Com a corrida desenfrea- Em “d”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está cor-
da pelas versões mais atuais dos smartphones, eviden- retamente no plural por referir-se a ‘empresas’;
ciou-se (evidenciaram-se) atitudes agressivas e violen- Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de conteú-
tas por parte dos usuários. do independentes = correta
Em “b”: Devido à utilização de estratégias de marketing,
desenvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que a posse Em “e”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria
de novos aparelhos eletrônicos é garantia de sucesso estar no singular por referir-se ao substantivo ‘conteúdo’
= correta = incorreta (refere-se a “empresas”)
Em “c”: É necessário que se envie (enviem) a todas as
escolas do país vídeos educacionais que permitam es- 5. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015)
clarecer os jovens sobre o vício da tecnologia.
Em “d”: É preciso educar as novas gerações para que Texto I
se reduza (reduzam) os comportamentos compulsivos
relacionados ao uso das novas tecnologias. Na organização do poder político no Estado moderno, à
Em “e”: Nos países mais industrializados, comprovou- luz da tradição iluminista, o direito tem por função a pre-
-se (comprovaram-se) os danos psicológicos e o con- servação da liberdade humana, de maneira a coibir a de-
sordem do estado de natureza, que, em virtude do risco
sumismo exagerado causados pelo vício da tecnologia.
da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige a
existência de um poder institucional. Mas a conquista da
4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO –
liberdade humana também reclama a distribuição do po-
FGV-2017) Observe os seguintes casos de concordância der em ramos diversos, com a disposição de meios que
nominal retirados do texto 1: assegurem o controle recíproco entre eles para o advento
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e inde- de um cenário de equilíbrio e harmonia nas sociedades es-
pendente. tatais. A concentração do poder em um só órgão ou pes-
LÍNGUA PORTUGUESA

2. A agenda pública é determinada pela imprensa tradi- soa viria sempre em detrimento do exercício da liberdade.
cional. É que, como observou Montesquieu, “todo homem que
3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de conte- tem poder tende a abusar dele; ele vai até onde encontra
údo independentes. limites. Para que não se possa abusar do poder, é preciso
A afirmação correta sobre essas concordâncias é: que, pela disposição das coisas, o poder limite o poder”.
Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza as
a) os dois adjetivos da frase (1) referem-se, respectiva- esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se con-
mente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’; cebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua se-

87
paração; ninguém se arriscava a apresentar, sob a forma = falsa (o período em análise não nos transmite tal in-
de sistema coerente, as consequências de conceitos di- formação, apenas afirma que usuários constantes têm
versos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu um risco 27% maior que os demais)
situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo de
origem baconiana, não abandonando o rigor das certezas Em: ( ) O risco de alunos usuários de redes sociais de-
matemáticas em suas certezas morais. Porém, refugindo senvolverem depressão constante extrapola o índice
às especulações metafísicas que, no plano da idealidade, dos 27%.
serviram aos filósofos do pacto social para a explicação = Falsa (“depressão constante” altera o sentido do pe-
dos fundamentos do Estado ou da sociedade civil, ele pro- ríodo)
curou ingressar no terreno dos fatos.
Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Mi- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
nistério Público em função da proteção dos direitos hu- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
manos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9. char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações). – São Paulo: Saraiva, 2010.
A flexão plural em “eram identificadas” decorre da con- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
cordância com o sujeito dessa forma verbal: “as esferas Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
de abrangência dos poderes políticos”. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
( ) CERTO ( ) ERRADO
SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
Resposta: Certo. (...) Até Montesquieu, não eram iden-
coes/sint/sint49.php>
tificadas com clareza as esferas de abrangência dos
poderes políticos = passando o período para a ordem
direta (sujeito + verbo), temos: Até Montesquieu, as es-
feras de abrangência dos poderes políticos não eram REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL.
identificadas com clareza.

6. (PC-RS – ESCRIVÃO e Inspetor de Polícia – Funda- Dá-se o nome de regência à relação de subordina-
tec-2018 - adaptada) Sobre a frase “Esses alunos que ção que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um
são usuários constantes de redes sociais têm um risco 27% nome (regência nominal) e seus complementos.
maior de desenvolver depressão”, avalie as assertivas que
seguem, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado para o
singular, outras quatro palavras deveriam sofrer ajustes A regência verbal estuda a relação que se estabele-
para fins de concordância. ce entre os verbos e os termos que os complementam
( ) Mais da metade dos alunos que usam redes sociais (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
podem ficar deprimidos. juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
regência, o que corresponde à diversidade de significa-
( ) O risco de alunos usuários de redes sociais desenvol-
dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
verem depressão constante extrapola o índice dos 27%.
contexto em que forem empregados.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
cima para baixo, é: contentar.
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
a) V – V – V. agrado ou prazer”, satisfazer.
b) F – V – F. Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
c) V – F – F. “agradar a alguém”.
d) F – F – V.
e) F – F – F. O conhecimento do uso adequado das preposições
é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
Resposta: Letra C. Esses alunos que são usuários cons- verbal (e também nominal). As preposições são capazes
tantes de redes sociais têm um risco 27% maior de de- de modificar completamente o sentido daquilo que está
senvolver depressão sendo dito.
Em: ( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado Cheguei ao metrô.
LÍNGUA PORTUGUESA

para o singular, outras quatro palavras deveriam sofrer Cheguei no metrô.


ajustes para fins de concordância. No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
Esse aluno que é usuário constante de redes sociais tem segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
um risco 27% maior de desenvolver depressão
A voluntária distribuía leite às crianças.
= (verdadeira = haveria quatro alterações)
A voluntária distribuía leite com as crianças.
Em: ( ) Mais da metade dos alunos que usam redes
sociais podem ficar deprimidos.

88
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (objeto
indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial).

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um fato
absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas em frases distintas.

A) Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.

Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
indicar destino ou direção são: a, para.

Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar

Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último jogo.

B) Verbos Transitivos Diretos


Os verbos transitivos diretos são complementados por objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais
terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes
são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admi-
rar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender, eleger,
estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o verbo amar:
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Amo aquela moça. / Amo-a.
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.

Observação:
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adno-
minais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)

C) Verbos Transitivos Indiretos


Os verbos transitivos indiretos são complementados por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem
uma preposição para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pes-
soa que podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes
o, os, a, as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não representam pessoas,
usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.

Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:


Consistir - Tem complemento introduzido pela preposição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos
LÍNGUA PORTUGUESA

iguais para todos.

Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos introduzidos pela preposição “a”:


Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Eles desobedeceram às leis do trânsito.

Responder - Tem complemento introduzido pela preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
quem” ou “ao que” se responde.

89
Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.

Observação:
O verbo responder, apesar de transitivo indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
analítica:
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.

Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos introduzidos pela preposição “com”.


Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam para uma minoria privilegiada.

D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos

Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque,
nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto
indireto relacionado a pessoas.

Agradeço aos ouvintes a audiência.


Objeto Indireto Objeto Direto

Paguei o débito ao cobrador.


Objeto Direto Objeto Indireto

O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com particular cuidado:
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

Informar
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos preços)

Na utilização de pronomes como complementos, veja as construções:


Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre eles)
Observação:
A mesma regência do verbo informar é usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.

Pedir
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
pessoa.

Pedi-lhe favores.
LÍNGUA PORTUGUESA

Objeto Indireto Objeto Direto

Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.


Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta

A construção “pedir para”, muito comum na linguagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta.
No entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver subentendida.

90
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.

Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo
(para ir entregar-lhe os catálogos em casa).

Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus.

Observação:
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um
milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).

Mudança de Transitividade - Mudança de Significado

Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, apresentam mudança de significado. O conhecimento
das diferentes regências desses verbos é um recurso linguístico muito importante, pois além de permitir a correta inter-
pretação de passagens escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:

Agradar
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
Aquele comerciante agrada os clientes.

Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introdu-
zido pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou.

O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: O cantor desagradou à plateia.

Aspirar
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)

Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspiráva-
mos a ele)

Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são utiliza-
das, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam
a ela)

Assistir
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar assistência a, auxiliar.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.

Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, estar presente, caber, pertencer.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.

No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar
introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada cidade.
LÍNGUA PORTUGUESA

Chamar
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá chamá-la.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.

Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
preposicionado ou não.

91
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.

Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal: Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.

Custar
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas
e verduras não deveriam custar muito.

No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração redu-
zida de infinitivo.

Muito custa viver tão longe da família.


Verbo Intransitivo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

Custou-me (a mim) crer nisso.


Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

A Gramática Normativa condena as construções que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pes-
soa: Custei para entender o problema.
= Forma correta: Custou-me entender o problema.

Implicar
Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes implicavam um firme propósito.
B) ter como consequência, trazer como consequência, acarretar, provocar: Uma ação implica reação.

Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões econô-
micas.

No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.

Namorar
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois anos.

Obedecer - Desobedecer
Sempre transitivo indireto:
Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.

Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.

Proceder
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa segun-
da acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.

Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
LÍNGUA PORTUGUESA

O delegado procederá ao inquérito.

Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.

92
Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.

No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alte-
ração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

Importante:
A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).
LÍNGUA PORTUGUESA

93
Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php>
LÍNGUA PORTUGUESA

94
Resposta: Letra C. Em “a”: Podemos esperar para um
futuro melhor = podemos esperar o quê?
EXERCÍCIOS COMENTADOS Em “b”: Podemos esperar com um futuro melhor = po-
demos esperar o quê?
1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES- Em “c”: Podemos esperar um futuro melhor = correta
GRANRIO-2018) Em “d”: Podemos esperar porquanto um futuro me-
lhor = sentido de “porque”
O ano da esperança Em “e”: Podemos esperar todavia um futuro melhor =
conjunção adversativa (ideia contrária à apresentada
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos anteriormente)
desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás do A única frase correta – e coerente - é podemos esperar
outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações de amizade. um futuro melhor.
Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinheiro e o ami-
go. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, com a consciência 2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
de que era uma doação. A situação foi piorando. Os argu- GRANRIO-2018) Considere a seguinte frase: “Os lança-
mentos também. No início era para pagar a escola do filho. mentos tecnológicos a que o autor se refere podem re-
Depois vieram as mães e avós doentes. Lamentavelmente, sultar em comportamentos impulsivos nos consumidores
aprendi a não ser generoso. Ajudava um rapaz, que não co- desses produtos”. A utilização da preposição destacada
nheço pessoalmente. Mas que sofreu um acidente e não a é obrigatória para atender às exigências da regência
tinha como pagar a fisioterapia. Comecei pagando a físio. do verbo “referir-se”, de acordo com a norma-padrão da
Vieram sucessivas internações, remédios. A situação pioran- língua portuguesa. É também obrigatório o uso de uma
do, eu já estava encomendando missa de sétimo dia. Falei preposição antecedendo o pronome que destacado em:
com um amigo médico, no Rio de Janeiro. Ele aceitou tra-
tar o caso gratuitamente. Surpresa! O doente não aparecia a) Os consumidores, ao adquirirem um produto que qua-
para a consulta. Até que o coloquei contra a parede. Ou se se ninguém possui, recém-lançado no mercado, pas-
consultava ou eu não ajudava mais. sam a ter uma sensação de superioridade.
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita b) Muitos aparelhos difundidos no mercado nem sempre
de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca trazem novidades que justifiquem seu preço elevado
conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter em relação ao modelo anterior.
caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o em- c) O estudo de mapeamento cerebral que o pesquisador
prego após o suposto acidente. Foi por isso que me dei- realizou foi importante para mostrar que o vício em
xei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde
novidades tecnológicas cresce cada vez mais.
também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As
d) O hormônio chamado dopamina é responsável por
pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a
causar sensações de prazer que levam as pessoas a se
indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar.
sentirem recompensadas.
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos
e) As pessoas, na maioria das vezes, gastam muito mais
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur-
do que o seu orçamento permite em aparelhos que
gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça
elas não necessitam.
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova
consciência para votar. Como? Num mundo em que as
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites Resposta: Letra E. Em “a”: Os consumidores, ao ad-
servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram quirirem um produto que (= o qual) quase ninguém
cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já possui, recém-lançado no mercado, passam a ter uma
inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre- sensação de superioridade.
vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso Em “b”: Muitos aparelhos difundidos no mercado nem
ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama. sempre trazem novidades que (= as quais) justifiquem
Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da seu preço elevado em relação ao modelo anterior.
internet. Em “c”: O estudo de mapeamento cerebral que (= o
Duvidam. Acham que estou mentindo. qual) o pesquisador realizou foi importante para mos-
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. 2017, trar que o vício em novidades tecnológicas cresce
p.97. Adaptado. cada vez mais.
Em “d”: O hormônio chamado dopamina é responsá-
Considere o trecho “Podemos esperar por um futuro me- vel por causar sensações de prazer que (= as quais)
lhor”. Respeitando-se as regras da norma-padrão e con- levam as pessoas a se sentirem recompensadas.
servando-se o conteúdo informacional, o trecho acima Em “e”: As pessoas, na maioria das vezes, gastam mui-
LÍNGUA PORTUGUESA

está corretamente reescrito em: to mais do que o seu orçamento permite em apare-
lhos de que (= das quais) elas não necessitam.
a) Podemos esperar para um futuro melhor
b) Podemos esperar com um futuro melhor
c) Podemos esperar um futuro melhor
d) Podemos esperar porquanto um futuro melhor
e) Podemos esperar todavia um futuro melhor

95
3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010) 5. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA)
A pobreza é um dos fatores mais comumente respon- Na passagem – ... e ausência de candidatos para preen-
sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano chê-las. –, substituindo-se o verbo preencher por concor-
e pela origem de uma série de mazelas, algumas das rer e atendendo-se à norma-padrão, obtém-se:
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas a) … e ausência de candidatos para concorrer a elas.
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde b) … e ausência de candidatos para concorrer à elas.
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga c) … e ausência de candidatos para concorrer-lhes.
crianças e adolescentes a participarem do processo de d) … e ausência de candidatos para concorrê-las.
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem e) … e ausência de candidatos para lhes concorrer.
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do Resposta: Letra A. Vamos por exclusão: “à elas” está
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil errada, já que não temos acento indicativo de crase
foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, antes de pronome pessoal; quando temos um verbo
ele continua sendo grave problema nos países mais po- no infinitivo, podemos usar a construção: verbo + pre-
bres. posição + pronome pessoal. Por exemplo: Dar a eles
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações). (ao invés de “dar-lhes”).

O emprego de preposição em “a participarem” é exigido


pela regência da forma verbal “obriga”.
OCORRÊNCIA DE CRASE.
( ) Certo ( ) Errado

Resposta: Certo. (...) o capitalismo, em seu ambien- A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
te mais selvagem, obriga crianças e adolescentes a idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
participarem = quem obriga, obriga alguém (crianças o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro-
e adolescentes – objeto direto) a algo (a participarem nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com
– objeto indireto: com preposição – no caso, uma ora- o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
ção com a função de objeto indireto). Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo
acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às
4. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2013) quais.
Considerando as regras de regência verbal, assinale a al- O uso do acento indicativo de crase está condiciona-
ternativa correta. do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
a) Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o amigo regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
comentou de que o livro estava acabando. que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
b) Enquanto seu amigo continua encomendando livros termo regido é aquele que completa o sentido do termo
de papel, o autor aderiu o livro digital. regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
c) Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer seria sair Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
para jantar. contratada recentemente.
d) As estantes que o autor aludiu foram projetadas para Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
armazenar livros e CDs. dos entre parênteses), temos:
e) O único detalhe do apartamento que o amigo se ateve Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata-
foi o número de estantes. da recentemente.

Resposta: Letra C. Em “a”: Ao ver a quantidade ex- O verbo referir, de acordo com sua transitividade,
cessiva de prateleiras, o amigo comentou de (X) que classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos
= comentou que referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi-
Em “b”: Enquanto seu amigo continua encomendando ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a +
livros de papel, o autor aderiu o = aderiu ao o pronome demonstrativo aquela (àquela).
Em “c”: Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer
seria sair para jantar = correta Observações importantes:
Em “d”: As estantes que o autor aludiu = às quais/a Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
que confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “e”: O único detalhe do apartamento que o amigo


se ateve = ao qual/ a que • Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
crase está confirmada.
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor.

96
• No caso de nomes próprios geográficos, substitui- Casos passíveis de nota:
-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resul-
te na expressão “voltar da”, há a confirmação da • A crase é facultativa diante de nomes próprios femi-
crase. ninos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Faremos uma visita à Bahia. • Também é facultativa diante de pronomes posses-
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirma- sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
da) empresa.
• Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja fi-
Não me esqueço da viagem a Roma. cará aberta até as (às) dezoito horas.
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja- • Constata-se o uso da crase se as locuções prepositi-
mais vividos. vas à moda de, à maneira de apresentarem-se im-
plícitas, mesmo diante de nomes masculinos: Tenho
compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à moda
FIQUE ATENTO! de Luís XV)
Nas situações em que o nome geográfico • Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
se apresentar modificado por um adjunto verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, ob-
adnominal, a crase está confirmada. servamos a queima de fogos a distância.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades
de suas praias. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes-
vou A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: tre foi arremessado à distância de cem metros.
Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
(crase pra quê?) • De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) -, faz-se necessário o emprego da crase.
Ensino à distância.
Ensino a distância.
Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor- • Em locuções adverbiais formadas por palavras repe-
rerá crase. Veja: tidas, não há ocorrência da crase.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo Ela ficou frente a frente com o agressor.
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” Eu o seguirei passo a passo.
Irei à Salvador de Jorge Amado.
Casos em que não se admite o emprego da crase:
A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo Antes de vocábulos masculinos.
regente exigir complemento regido da preposição “a”. As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Esta caneta pertence a Pedro.
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo)
Antes de verbos no infinitivo.
Ele estava a cantar.
Iremos àquela reunião.
Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)
Antes de numeral.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
O número de aprovados chegou a cem.
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
Faremos uma visita a dez países.
(preposição + pronome demonstrativo)

A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad- Observações:


verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento • Nos casos em que o numeral indicar horas – fun-
grave: cionando como uma locução adverbial feminina –
• locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezenove
pressas, à vontade... horas.
• locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura • Diante de numerais ordinais femininos a crase está
de... confirmada, visto que estes não podem ser empre-
• locuções conjuntivas: à proporção que, à medida gados sem o artigo: As saudações foram direciona-
das à primeira aluna da classe.
LÍNGUA PORTUGUESA

que.
• Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem essa não se apresentar determinada: Chegamos to-
a função de locuções não ocorrerá crase. Repare: dos exaustos a casa.
Eu adoro a noite!
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
preposição. exaustos à casa de Marcela.

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• Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa 2. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017)
indicar chão firme: Quando os navegantes regressa- Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
ram a terra, já era noite. mente, as lacunas do texto a seguir.
Contudo, se o termo estiver precedido por um de- Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendi-
terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. mento _____ presos da Casa de Detenção, em São Paulo,
Paulo viajou rumo à sua terra natal. o médico oncologista Drauzio Varella chega ao fim de
O astronauta voltou à Terra. uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de “Es-
tação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
• Não ocorre crase antes de pronomes que requerem daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
o uso do artigo. e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que tra-
Os livros foram entregues a mim. balham no sistema prisional, Varella agora faz um retrato
Dei a ela a merecida recompensa. das detentas da Penitenciária Feminina da Capital, tam-
bém na capital paulista, onde cumprem pena mais de
duas mil mulheres.
• Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos à
(https://oglobo.globo.com. Adaptado)
senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
a) à … às … a
uso da crase está confirmado no “a” que os antece-
b) a … as … a
de, no caso de o termo regente exigir a preposição.
c) a … às … a
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
d) à … às … à
e) a … as … à
• Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado
em sentido genérico ou indeterminado:
Resposta: Letra B. Quase 30 anos depois de iniciar
Estamos sujeitos a críticas.
um trabalho de atendimento a (preposição – regência
Refiro-me a conversas paralelas.
nominal de “atendimento”, mas sem acento grave por
estar diante de palavra masculina) presos da Casa de
Detenção, em São Paulo, o médico oncologista Drau-
EXERCÍCIOS COMENTADOS zio Varella chega ao fim de uma trilogia com o livro
“Prisioneiras”. Depois de “Estação Carandiru” (1999),
que mostra as (objeto direto do verbo “mostrar”) entra-
1. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO -
nhas daquela que foi a (artigo definido) maior prisão
SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) O acento
da América Latina, e de “Carcereiros” (2012), sobre os
indicativo de crase está empregado corretamente em:
funcionários que trabalham no sistema prisional, Va-
rella agora faz um retrato das detentas da Penitenciária
a) O personagem evita considerar à internet responsável
Feminina da Capital, também na capital paulista, onde
por suas atitudes.
cumprem pena mais de duas mil mulheres.
b) O personagem reconheceu que já tinha uma propen-
Teremos: a / as / a.
são à jogar o tempo fora.
c) O personagem tinha um comportamento indiferente à
3. (CÂMARA MUNICIPAL DE DOIS CÓRREGOS-SP -
qualquer influência da internet.
OFICIAL DE ATENDIMENTO E ADMINISTRAÇÃO – VU-
d) O personagem refere-se à uma maneira de se portar
NESP-2018) Assinale a alternativa em que o acento indi-
com relação ao tempo.
cativo de crase está empregado corretamente.
e) O personagem revelou à pessoa com quem conversa-
va que jogava o tempo fora.
a) Algumas pessoas com supermemória chegam à sofrer
com dores de cabeça.
Resposta: Letra E. Aos itens:
b) Há lembranças tão vivas que nos fazem voltar à episó-
Em “a”, evita considerar à internet = a internet (objeto
dios de nosso passado.
direto)
c) Lembrar-se do passado pode ser uma tarefa muito di-
Em “b”, tinha uma propensão à jogar = a jogar (sem
fícil à determinadas pessoas.
acento grave indicativo de crase antes de verbo no in-
d) Ela referiu-se à vontade de esquecer completamente
finitivo)
os momentos dolorosos.
Em “c”, tinha um comportamento indiferente à qual-
e) Ao nos atermos à uma experiência ruim, desconsidera-
quer influência = a qualquer (antes de pronome in-
mos o que ela traz de bom.
definido)
Em “d”, refere-se à uma maneira = a uma (antes de
Resposta: Letra D. Aos itens:
artigo indefinido)
Em “a”, chegam à sofrer = a sofrer (antes de verbo no
Em “e”, O personagem revelou à pessoa com quem
LÍNGUA PORTUGUESA

infinitivo não se usa acento grave)


conversava que jogava o tempo fora = revelou o quê?
Em “b”, que nos fazem voltar à episódios = a episódios
que jogava o tempo fora; revelou a quem? à pessoa
(palavra masculina e no plural)
(objeto indireto, com preposição) = correta.
Em “c”, pode ser uma tarefa muito difícil à determina-
das = a determinadas (palavra no plural e presença só
da preposição)
Em “d”, Ela referiu-se à vontade = correta (quem se re-
fere, refere-se a algo ou a alguém)

98
Em “e”, Ao nos atermos à uma experiência = a uma Resposta: Letra E. Vamos aos trechos:
(antes de artigo indefinido) a rápida industrialização nos Estados Unidos deu
origem a algumas das maiores fortunas = antes de
4. (IPSM-SP - ASSISTENTE DE GESTÃO MUNICIPAL pronome indefinido
- VUNESP-2018) De acordo com a norma- -padrão, o e passaram a ostentar sua riqueza = antes de verbo
acento indicativo da crase está corretamente empregado no infinitivo
em: e de negócios ligados à tecnologia = regência nominal
de “ligados” pede preposição
a) O leitor aludiu à escrita como se ela fosse questão de
talento: quem não tem, não vai nunca aprender. 6. (CÂMARA MUNICIPAL DE COTIA-SP – CONTADOR -
b) A escrita deve levar o texto à uma riqueza, marcada pela VUNESP-2017) Assinale a alternativa correta quanto ao
clareza e precisão, afastando o leitor da confusão ou té- emprego do acento indicativo da crase.
dio.
c) De parte à parte, o texto precisa organizar-se como um a) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
tecido coeso e claro, instigando, assim, o leitor. chegam à um grande público devido à rapidez da in-
d) Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões se- ternet, é favorável à formação de ondas de credulida-
melhantes, no entanto elas seguem pelo lado oposto. de.
e) Também não estamos falando só de correção gramati- b) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
cal e ortográfica. Estamos nos referindo à pensamento. chegam à muitas pessoas devido a rapidez da internet,
favorece que se formem ondas de credulidade.
Resposta: Letra A. Em “a”, O leitor aludiu à escrita = c) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
correta (regência do verbo “aludir” pede preposição) chegam a muitas pessoas devido à rapidez da internet,
Em “b”, A escrita deve levar o texto à uma riqueza = a é favorável à formação de ondas de credulidade.
uma (antes de artigo indefinido) d) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
Em “c”, De parte à parte = parte a parte (entre pala- chegam a um grande número de pessoas devido à ra-
vras repetidas) pidez da internet, é favorável as ondas de credulidade
Em “d”, Existem aquelas pessoas que chegam à con- que se formam.
e) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
clusões = a conclusões (antes de palavra no plural e
chegam a muitas pessoas devido a rapidez da internet,
o “a” está “sozinho” = somente preposição)
favorece à formação de ondas de credulidade.
Em “e”, Estamos nos referindo à pensamento = a pen-
samento (palavra masculina) Resposta: Letra C Acertos entre parênteses:
Em “a”, as quais chegam à um (a um) grande público
5. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MOGI DAS CRUZES- devido à rapidez (ok) da internet, é favorável à for-
-SP - AUXILIAR DE APOIO ADMINISTRATIVO - VU- mação (ok)
NESP-2018) Em “b”, às quais (as quais) chegam à muitas (a muitas)
No começo do século 20, a rápida industrialização nos pessoas devido a rapidez (à rapidez) da internet
Estados Unidos deu origem _______ algumas das maiores Em “c”, as quais chegam a muitas pessoas devido à
fortunas que o mundo já viu. Famílias como os Vander- rapidez da internet, é favorável à formação = correta
bilt e os Rockefeller investiram em ferrovias, petróleo e Em “d”, às quais (as quais) chegam a um (ok) grande
aço, obtendo um grande retorno, e passaram _________ número de pessoas devido à rapidez (ok) da internet,
ostentar sua riqueza. O período ficou conhecido como é favorável as ondas (às ondas)
Era Dourada. A desigualdade nunca foi tão grande – até Em “e”, às quais (as quais) chegam a muitas (ok) pes-
agora. É o que mostra um relatório da UBS, companhia soas devido a rapidez (à rapidez) da internet, favorece
de serviços financeiros, feito em parceria com a consul- à formação (a formação)
tora PwC. Observação: quanto à regência verbal de “favorecer”
= pede complemento verbal direto (favorece o quê?
Para os autores do documento, a primeira Era Dourada
favorece quem?); já a regência nominal de “favorá-
aconteceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a atual co-
vel” pede preposição (favorável a quem? a quê?).
meçou em 1980 e deve se estender pelos próximos 10
a 20 anos, prolongada pelo desempenho econômico da REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ásia e de negócios ligados ________ tecnologia. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
(IstoÉ, 15.11.2017. Adaptado) Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform.
LÍNGUA PORTUGUESA

texto devem ser preenchidas, respectivamente, com: – São Paulo: Saraiva, 2010.
a) a … a … a
b) à … à … à SITE
c) a … à … à Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra-
d) à … à … a matica/o-uso-crase-.html>
e) a … a … à

99
B) O fonema z
ORTOGRAFIA OFICIAL São escritos com S e não Z
• Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: fre-
guês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
ORTOGRAFIA
• Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, meta-
morfose.
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor-
• Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
quiseste.
devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
• Nomes derivados de verbos com radicais terminados
língua são grafados segundo acordos ortográficos.
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreen-
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-
der - empresa / difundir – difusão.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
• Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
• Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
• Verbos derivados de nomes cujo radical termina com
etimologia (origem da palavra).
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pes-
quisar.
Regras ortográficas
São escritos com Z e não S
A) O fonema S
• Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje-
São escritas com S e não C/Ç
tivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza.
• Palavras substantivadas derivadas de verbos com
• Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori-
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
gem não termine com s): final - finalizar / concreto
- pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
– concretizar.
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
• Consoante de ligação se o radical não terminar com
submergir - submersão / divertir - diversão / im-
“s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir
Exceção: lápis + inho – lapisinho.
- repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
sentir - sensível / consentir – consensual.
C) O fonema j
São escritas com G e não J
São escritos com SS e não C e Ç
• Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
• Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi-
gesso.
nem em gred, ced, prim ou com verbos termina-
• Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim.
dos por tir ou -meter: agredir - agressivo / imprimir
• Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
- impressão / admitir - admissão / ceder - cessão /
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
exceder - excesso / percutir - percussão / regredir
bege, foge.
- regressão / oprimir - opressão / comprometer -
Exceção: pajem.
compromisso / submeter – submissão.
• Quando o prefixo termina com vogal que se junta
• Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, lití-
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
gio, relógio, refúgio.
trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
• Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir,
• No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
mugir.
Exemplos: ficasse, falasse.
• Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur-
gir.
São escritos com C ou Ç e não S e SS
• Depois da letra “a”, desde que não seja radical termi-
• Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
nado com j: ágil, agente.
• Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
Juçara, caçula, cachaça, cacique.
São escritas com J e não G
• Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
• Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça,
• Palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia,
caniço, esperança, carapuça, dentuço.
manjerona.
• Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção /
• Palavras terminadas com aje: ultraje.
deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
• Após ditongos: foice, coice, traição.
D) O fonema ch
LÍNGUA PORTUGUESA

• Palavras derivadas de outras terminadas em -te,


São escritas com X e não CH
to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab-
• Palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi,
sorto – absorção.
xucro.
• Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, lagar-
tixa.
• Depois de ditongo: frouxo, feixe.
• Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.

100
Exceção: quando a palavra de origem não derive de 3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) Ignoro o motivo por que ele se demitiu.

São escritas com CH e não X POR QUÊ (separado e com acento)

• Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi, Usos:


mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha. 1. como pronome interrogativo, quando colocado no
fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
E) As letras “e” e “i” Você faltou. Por quê?
• Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com 2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
“i”, só o ditongo interno cãibra. quê?
• Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escreve- PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)
mos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer
e -uir: trai, dói, possui, contribui. Usos:
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
Há palavras que mudam de sentido quando substituí- a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escrita
mos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária (melo- (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto final)
dia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir (vir à = Compre agora, porque há poucas peças.
tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda a 2. como conjunção subordinativa causal, substituível
pé), pião (brinquedo). por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à ortografia que se antecipou.
de uma palavra, há a possibilidade de consultar o Vocabu-
lário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)
pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de referên-
cia até mesmo para a criação de dicionários, pois traz a
Usos:
grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na Inter-
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “razão”
net, o endereço é www.academia.org.br.
ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Ge-
Informações importantes ralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê
da discussão. É uma pessoa cheia de porquês.
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
núncias diferentes para palavras com a mesma significa- ONDE / AONDE
ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze,
dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, infar- Onde = empregado com verbos que não expressam a
to/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, relam- ideia de movimento = Onde você está?
pejar/relampear/relampar/relampadar.
Os símbolos das unidades de medida são escritos sem Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plural, que expressam movimento = Aonde você vai?
sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
120km/h. MAU / MAL
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um mau
haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min, elemento.
14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
quatro segundos). Mal = pode ser usado como
O símbolo do real antecede o número sem espaço: 1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra “logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
vertical ($). 2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
mal na prova?
Alguns Usos Ortográficos Especiais 3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
POR QUE / POR QUÊ / PORQUÊ / PORQUE não compensa.
LÍNGUA PORTUGUESA

POR QUE (separado e sem acento) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
É usado em: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. interrogações diretas (longe do ponto de interroga- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
ção) = Por que você não veio ontem? char - Português linguagens: volume 1. – 7.ª ed. Reform.
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale a – São Paulo: Saraiva, 2010.
“qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
que faltara à aula ontem. teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.

101
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Saraiva, 2002.
#FicaDica
SITE
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/au- Ao separar palavras na translineação (mu-
las/portugues/ortografia> dança de linha), caso a última palavra a ser
escrita seja formada por hífen, repita-o na
HÍFEN próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in-
flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
para ligar os elementos de palavras compostas (como (hífen em ambas as linhas). Devido à diagra-
ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto- mação, pode ser que a repetição do hífen na
nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente translineação não ocorra em meus conteú-
para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de dos, mas saiba que a regra é esta!
uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
compa-/nheiro). B) Não se emprega o hífen:
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma Or- termina em vogal e o segundo termo inicia-se em
“r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas
tográfica:
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom,
1. Em palavras compostas por justaposição que for-
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
que se unem para formam um novo significado:
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu-
-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,
cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri-
arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” ini-
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde. cial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme- o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
ro, recém-casado. coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi-
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al- ção, coexistir, etc.
gumas exceções continuam por já estarem con- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, paraquedista, etc.
queima-roupa, deus-dará. 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben-
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte feito, benquerer, benquerido, etc.
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas
combinações históricas ou ocasionais: Áustria- Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
-Hungria, Angola-Brasil, etc. dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina-
per- quando associados com outro termo que é do, pressuposto, propor.
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
-racional, etc. so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-dire- -humano, super-realista, alto-mar.
tor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestauran-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, te, ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antiví-
etc. rus, autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se,
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
10. Nas formações em que o prefixo tem como se- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
LÍNGUA PORTUGUESA

gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
semi-hospitalar, super-homem. SITE
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo- Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
prefixo termina com a mesma vogal do segundo aulas/portugues/ortografia>
elemento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno,
auto-observação, etc.

102
3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR –
CESGRANRIO-2018) Obedecem às regras ortográficas
EXERCÍCIOS COMENTADOS da língua portuguesa as palavras

1. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) a) admissão, paralisação, impasse


Assinale a alternativa em que as palavras estão grafadas b) bambusal, autorização, inspiração
corretamente. c) consessão, extresse, enxaqueca
d) banalisação, reexame, desenlace
a) Extrovertido – extroverção. e) desorganisação, abstração, cassação
b) Disponível – disponibilisar.
c) Determinado – determinassão. Resposta: Letra A. Em “a”: admissão / paralisação /
d) Existir – existência. impasse = corretas
e) Característica – caracterizasão. Em “b”: bambusal = bambuzal / autorização / inspi-
ração
Resposta: Letra D. Em “a”: Extrovertido / extroverção Em “c”: consessão = concessão / extresse = estresse /
= extroversão enxaqueca
Em “b”: Disponível / disponibilisar = disponibilizar Em “d”: banalisação = banalização / reexame / desen-
Em “c”: Determinado / determinassão = determinação lace
Em “d”: Existir / existência = corretas Em “e”: desorganisação = desorganização / abstração
Em “e”: Característica / caracterizasão = caracterização / cassação

2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL 4. (MPU – ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA –


I – CESGRANRIO-2018) O termo destacado está grafado ESAF-2004-ADAPTADA) Na questão abaixo, baseada
de acordo com as exigências da norma-padrão da língua em Manuel Bandeira, escolha o segmento do texto que
portuguesa em: não está isento de erros gramaticais e de ortografia, con-
siderando-se a ortodoxia gramatical.
a) O estagiário foi mal treinado, por isso não desempe-
nhava satisfatoriamente as tarefas solicitadas pelos a) Descoberta a conspiração, enquanto os outros não
seus superiores. procuravam outra coisa se não salvar-se, ele revelou
b) O time não jogou mau no último campeonato, apesar a mais heróica força de ânimo, chamando a si toda a
de enfrentar alguns problemas com jogadores des-
culpa.
controlados.
b) Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da profissão
c) O menino não era mal aluno, somente tinha dificul-
que lhe valera o apelido.
dade em assimilar conceitos mais complexos sobre os
c) Não obstante, foi ele talvez o único a demonstrar fé,
temas expostos.
entusiasmo e coragem na aventura de 89.
d) Os funcionários perceberam que o chefe estava de
d) A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da Cos-
mal humor porque tinha sofrido um acidente de carro
ta, Alvarenga eram homens requintados, letrados, a
na véspera.
quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sempre
e) Os participantes compreendiam mau o que estava
lutara pela subsistência.
sendo discutido, por isso não conseguiam formular
e) Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, enfren-
perguntas.
tou a pena última.
Resposta: Letra A. Mal = advérbio (antônimo de
Resposta: Letra A. Em “a”: Descoberta a conspira-
“bem”) / mau = adjetivo(antônimo de “bom”). Para sa-
ção, enquanto os outros não procuravam outra coisa
ber quando utilizar um ou outro, a dica é substituir
se não salvar-se (senão se salvar) , ele revelou a mais
por seu antônimo. Se a frase ficar coerente, saberemos
heróica (heroica) força de ânimo, chamando a si toda
qual dos dois deve ser utilizado. Por exemplo: Cigarro
a culpa.
faz mal/mau à saúde = Cigarro faz bem à saúde. A
Em “b”: Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da
frase ficou coerente – embora errada em termos de
profissão que lhe valera o apelido = correta
saúde! Então, a maneira correta é “Cigarro faz mal à
Em “c”: Não obstante, foi ele talvez o único a demons-
saúde”.
trar fé, entusiasmo e coragem na aventura de 89 =
Vamos aos itens:
correta
Em “a”: O estagiário foi mal (bem) treinado = correta
Em “d”: A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da
Em “b”: O time não jogou mau (bem)no último cam-
Costa, Alvarenga eram homens requintados, letrados,
peonato = mal
LÍNGUA PORTUGUESA

a quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sem-


Em “c”: O menino não era mal (bom) aluno = mau
pre lutara pela subsistência = correta
Em “d”: Os funcionários perceberam que o chefe esta-
Em “e”: Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim,
va de mal (bom) humor = mau
enfrentou a pena última = correta
Em “e”: Os participantes compreendiam mau (bem) o
que estava sendo discutido = mal

103
5. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA
INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017) ACENTUAÇÃO GRÁFICA.
Estabeleça a associação correta entre a 1.ª coluna e a 2.ª
considerando o emprego do por que / porque.
Quanto à acentuação, observamos que algumas pa-
(1) “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora
mulheres [...].” se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
(2) “Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque Por isso, vamos às regras!
são mulheres.”
Regras básicas
( ) Faltei _____________ você estava doente.
( ) Todos sabem _____________ não poderei estar presente. A acentuação tônica está relacionada à intensida-
( ) Não se sabe ____________realizou tal procedimento. de com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
( ) Este ponto de vista é _________não há manifestação de Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
outro pensamento. como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
com menos intensidade, são denominadas de átonas.
A sequência está correta em: De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
cadas como:
a) 1, 1, 1, 2 Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
b) 1, 2, 1, 2 a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju –
c) 2, 1, 1, 2 papel
d) 2, 2, 2, 1 Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
Resposta: Letra C. Faltei porque você estava doente. Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
= conjunção causal ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
Todos sabem por que não poderei estar presente. = dá
para substituir por “a causa pela qual” Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
Não se sabe por que realizou tal procedimento. =
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quan-
substituir por “a causa”
do tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó
Este ponto de vista é porque não há manifestação de
- ré.
outro pensamento. = conjunção causal
Teremos: 2, 1, 1, 2
Os acentos
6. (TJ-SC – TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR – FGV-
A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”
2018) “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele
só usava meias vermelhas”. Nesse segmento do texto 1 e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas
há um erro gramatical, que é: letras representam as vogais tônicas de palavras
como pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indi-
a) empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe cercaram”; ca, além da tonicidade, timbre aberto: herói – céu
b) haver vírgula após a expressão “Um dia”; (ditongos abertos).
c) usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o pergunta- B) acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras
ram”; “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
d) grafar-se “porque” em vez de “por que”; fechado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs .
e) escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”. C) acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
Resposta: Letra D. “Um dia, o cercaram e lhe pergun- D) trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi to-
taram porque ele só usava meias vermelhas” talmente abolido das palavras. Há uma exceção: é
Em “a”: empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe utilizado em palavras derivadas de nomes próprios
cercaram”; = está correto, pois o “o” funciona como estrangeiros: mülleriano (de Müller)
objeto direto (sem preposição) E) til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam
Em “b”: haver vírgula após a expressão “Um dia”; = vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
está correto, pois separa o advérbio no início do pe-
ríodo Regras fundamentais
Em “c”: usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o per-
guntaram”; = está correto (o “lhe” é objeto indireto A) Palavras oxítonas:acentuam-se todas as oxítonas
– perguntaram o que a quem) terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “d”: grafar-se “porque” em vez de “por que”; do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
Em “e”: escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”. Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
= correto, pois se invertermos haverá mudança de Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”,
sentido (ele usava só meias, nenhuma outra peça de seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
roupa). Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
A incorreção está no uso de “porque” no lugar de “por seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
que”, já que se trata de uma pergunta indireta.

104
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas que saibamos se se trata de um verbo ou preposição. Os
terminadas em: demais casos de acento diferencial não são mais utilizados:
i, is: táxi – lápis – júri para (verbo), para (preposição), pelo (substantivo), pelo (prepo-
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum sição). Seus significados e classes gramaticais são definidos
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – pelo contexto.
fórceps Polícia para o trânsito para que se realize a operação
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou junção (com relação de finalidade).
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
#FicaDica
#FicaDica Quando, na frase, der para substituir o “por”
por “colocar”, estaremos trabalhando com
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare um verbo, portanto: “pôr”; nos demais ca-
que esta palavra apresenta as terminações sos, “por” é preposição: Faço isso por você.
das paroxítonas que são acentuadas: L, I N, / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
U (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO.
Assim ficará mais fácil a memorização!
Regra do Hiato

C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quan- Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
do a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
Quanto à regra de acentuação: todas as proparoxí- acento: saída – faísca – baú – país – Luís
tonas são acentuadas, independentemente de sua Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
terminação: árvore, paralelepípedo, cárcere. do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
Regras especiais Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
verem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie-
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman-
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí-
palavras paroxítonas.
tonas):

FIQUE ATENTO! Antes Agora


Se os ditongos abertos estiverem em uma bocaiúva bocaiuva
palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu)
feiúra feiura
ainda são acentuados: dói, escarcéu.
Sauípe Sauipe

O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abo-


Antes Agora lido:
assembléia assembleia
idéia ideia Antes Agora
geléia geleia crêem creem
jibóia jiboia lêem leem
apóia (verbo apoiar) apoia vôo voo
paranóico paranoico enjôo enjoo

Acento Diferencial

Representam os acentos gráficos que, pelas regras de


acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
LÍNGUA PORTUGUESA

diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala-


vras e/ou tempos verbais. Por exemplo: Pôr (verbo) X por
(preposição) / pôde (pretérito perfeito do Indicativo do
verbo “poder”) X pode (presente do Indicativo do mesmo
verbo).
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas: ter-
minada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada, mas
nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se, para

105
Resposta: Letra B. “Bíblia” = esta é acentuada por ser
#FicaDica uma paroxítona terminada em ditongo.
Em “a”, íris = paroxítona terminada em i(s)
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os Em “b”, estórias = paroxítona terminada em ditongo
verbos que, no plural, dobram o “e”, mas Em “c”, queríamos = proparoxítona
que não recebem mais acento como antes: Em “d”, aí = regra do hiato
CRER, DAR, LER e VER. Em “e”, páginas = proparoxítona
Repare:
O menino crê em você. / Os meninos creem 2. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – FADESP-2018)
em você. A sequência de palavras cujos acentos são empregados
Elza lê bem! / Todas leem bem! pelo mesmo motivo é
Espero que ele dê o recado à sala. / Espera-
mos que os garotos deem o recado! a) público, função, dói.
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! b) burocráticos, próximo, século.
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / c) será, aí, é, está.
Eles vêm à tarde! d) glória, exercício, publicação.
e) hábito, bancário, poética.

As formas verbais que possuíam o acento tônico na Resposta: Letra B. Em “a”, público = proparoxítona
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de / função = o til tem função de nasalizar (indicar som
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: fechado) / dói = monossílabo formado por ditongo
aberto
Antes Depois Em “b”, burocráticos = proparoxítona / próximo = pro-
paroxítona / século = proparoxítona
apazigúe (apaziguar) apazigue Em “c”, será = oxítona terminada em ‘a” / aí = regra do
averigúe (averiguar) averigue hiato / é = (verbo) monossílabo tônico terminado em
“e” / está = (verbo) oxítona terminada em “a”
argúi (arguir) argui
Em “d”, glória = paroxítona terminada em ditongo /
exercício = paroxítona terminada em ditongo / publi-
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes-
cação = o til indica nasalização (som fechado)
soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm
Em “e”, hábito = (substantivo) proparoxítona / ban-
(verbo vir). A regra prevalece também para os verbos
cário = paroxítona terminada em ditongo / poética =
conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm,
proparoxítona
ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
– eles convêm.
3. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR
– CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) O em-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
prego do acento gráfico nas palavras “metálica”, “acú-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
mulo” e “imóveis” justifica-se com base na mesma regra
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
de acentuação.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. ( ) CERTO ( ) ERRADO

SITE Resposta: Errado. O emprego do acento gráfico nas


Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama- palavras “metálica”, “acúmulo” e “imóveis” justifica-se
tica/acentuacao.htm> com base na mesma regra de acentuação.
metálica = proparoxítona / acúmulo = proparoxítona /
imóveis = paroxítona terminada em ditongo
EXERCÍCIOS COMENTADOS 4. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES-
GRANRIO-2018) A palavra que precisa ser acentuada
1. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – EXATUS-2015) graficamente para estar correta quanto às normas em
Assinale a alternativa em que a palavra é acentuada pela vigor está destacada na seguinte frase:
mesma razão que “Bíblia”:
a) Todo escritor de novela tem o desejo de criar um per-
LÍNGUA PORTUGUESA

a) íris. sonagem inesquecível.


b) estórias. b) Os telespectadores veem as novelas como um espelho
c) queríamos. da realidade.
d) aí. c) Alguns novelistas gostam de superpor temas sociais
e) páginas. com temas políticos.
d) Para decorar o texto antes de gravar, cada ator rele
sua fala várias vezes.

106
e) Alguns atores de novela constroem seus personagens fazendo pesquisa.

Resposta: Letra D. Em “a”: Todo escritor de novela tem = singular (não acentuado)
Em “b”: Os telespectadores veem = correta - plural dobra o “e” (perdeu o acento com o Acordo)
Em “c”: Alguns novelistas gostam de superpor = correta
Em “d”: Para decorar o texto antes de gravar, cada ator rele = relê (oxítona)
Em “e”: Alguns atores de novela constroem = correta

5. (TJ-SP - ANALISTA EM COMUNICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE DADOS JUDICIÁRIO – VUNESP/2012) Seguem


a mesma regra de acentuação gráfica relativa às palavras paroxítonas:

a) probatório; condenatório; crédito.


b) máquina; denúncia; ilícita.
c) denúncia; funcionário; improcedência.
d) máquina; improcedência; probatório.
e) condenatório; funcionário; frágil.

Resposta: Letra C. Vamos a elas:


Em “a”: probatório = paroxítona terminada em ditongo / condenatório = paroxítona terminada em ditongo / crédito
= proparoxítona.
Em “b”: máquina = proparoxítona / denúncia = paroxítona terminada em ditongo / ilícita = proparoxítona.
Em “c”: Denúncia = paroxítona terminada em ditongo / funcionário = paroxítona terminada em ditongo / improce-
dência = paroxítona terminada em ditongo
Em “d”: máquina = proparoxítona / improcedência = paroxítona terminada em ditongo / probatório = paroxítona
terminada em ditongo
Em “e”: condenatório = paroxítona terminada em ditongo / funcionário = = paroxítona terminada em ditongo / Frágil
= paroxítona terminada em “l”

6. (TJ-AC – TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CESPE/2012) As palavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria” são


acentuadas de acordo com a mesma regra de acentuação gráfica.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. “Conteúdo” = regra do hiato / calúnia = paroxítona terminada em ditongo / injúria = paroxítona
terminada em ditongo.

7. (TRE-AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre as frases que seguem, a única correta é:

a) Ele se esqueceu de que?


b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-lo entre os presentes.
c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas críticas.
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos funcionários.
e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.

Resposta: Letra E.
Em “a”: Ele se esqueceu de que? = quê?
Em “b”: Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
Em “c”: Embora devêssemos (devêssemos), não fomos excessivos nas críticas.
Em “d”: O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindicações dos funcionários.
Em “e”: Não sei por que ele mereceria minha consideração.
LÍNGUA PORTUGUESA

107
1. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2017) Segundo o texto, são aspectos
HORA DE PRATICAR! desfavoráveis ao trabalho em espaços abertos compar-
tilhados
(TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO
- VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para res- a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restri-
ponder às questões de 1 a 7. ção à criatividade.
b) a dificuldade de propor soluções tecnológicas e a
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executi- transferência de atividades para o lar.
vos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu c) a dispersão e a menor capacidade de conservar con-
sua equipe para um chamado escritório aberto, sem pa- teúdos.
redes e divisórias. d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele colegas e chefes.
queria que todos estivessem juntos, para se conectarem e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância
e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi- constante dos chefes.
cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro.
Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove 2. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a
chefe. nova redação dada ao seguinte trecho do primeiro pará-
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para grafo apresenta concordância de acordo com a norma-
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um -padrão: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es- executivos no setor de tecnologia já tinham feito.
paço, com portas e tudo.
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni- para o chamado escritório aberto, como feito por
dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram Chris Nagele.
ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas. b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equi-
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até pes para escritórios abertos, o que só aconteceu com
15% da produtividade, desenvolver problemas graves Chris Nagele fazem mais de quatro anos.
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar c) O que muitos executivos fizeram, transferindo suas
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que equipes para escritórios abertos, também foi feito por
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de Chris Nagele, faz cerca de quatro anos.
organização. d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans-
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi
já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir transferido por muitos executivos.
falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o
gente concorda – simplesmente não aguentam o escri- que já tinham sido feitos por outros executivos do se-
tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é tor.
preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele.
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em 3. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão
de Nagele e voltando aos espaços privados. – até então –, em destaque no início do segundo pará-
Há uma boa razão que explica por que todos adoram um grafo, expressa um limite, com referência
espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade
é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo a) temporal ao momento em que se deu a transferência
tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco da equipe de Nagele para o escritório aberto.
por até 20 minutos. b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava a
Retemos mais informações quando nos sentamos em um equipe de Nagele antes da mudança para locais aber-
local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e tos.
design de interiores. c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o exem-
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos podem plo de outros executivos, e espacial ao tipo de escri-
ser ruins para funcionários.” Disponível em:<www1.fo- tório que adotou.
lha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adaptado) d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do
setor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias.
e) espacial ao novo tipo de ambiente de trabalho, e tem-
LÍNGUA PORTUGUESA

poral às mudanças favoráveis à integração.

108
4. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- 8. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão DIO - VUNESP – 2017)
– contudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece O problema de São Paulo, dizia o Vinicius, “é que você
uma relação de sentido com o parágrafo anda, anda, anda e nunca chega a Ipanema”. Se tomar-
mos “Ipanema” ao pé da letra, a frase é absurda e cômi-
a) anterior, confirmando com estatísticas o sucesso das ca. Tomando “Ipanema” como um símbolo, no entanto,
empresas que adotaram o modelo de escritórios aber- como um exemplo de alívio, promessa de alegria em
tos. meio à vida dura da cidade, a frase passa a ser de um tris-
b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção te realismo: o problema de São Paulo é que você anda,
do modelo de escritórios abertos. anda, anda e nunca chega a alívio algum. O Ibirapuera, o
c) anterior, atestando a eficiência do modelo aberto com parque do Estado, o Jardim da Luz são uns raros respiros
base em resultados de pesquisas. perdidos entre o mar de asfalto, a floresta de lajes bati-
d) anterior, introduzindo informações que se contra- das e os Corcovados de concreto armado.
põem à visão positiva acerca dos escritórios abertos. O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere
e) posterior, contestando com dados estatísticos o for- estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois
mato tradicional de escritório fechado. metros quadrados de chão. É o que vemos nas aveni-
das abertas aos pedestres, nos fins de semana: basta li-
5. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- berarem um pedacinho do cinza e surgem revoadas de
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a frase do texto em que patinadores, maracatus, big bands, corredores evangé-
se identifica expressão do ponto de vista do próprio au- licos, góticos satanistas, praticantes de ioga, dançarinos
tor acerca do assunto de que trata. de tango, barraquinhas de yakissoba e barris de cerveja
artesanal.
a) “Nunca se consegue terminar as coisas e é preciso levar Tenho estado atento às agruras e oportunidades da ci-
mais trabalho para casa”, diz ele. (6.º parágrafo). dade porque, depois de cinco anos vivendo na Granja
b) Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório Viana, vim morar em Higienópolis. Lá em Cotia, no fim da
aberto... (4.º parágrafo). tarde, eu corria em volta de um lago, desviando de patos
c) Retemos mais informações quando nos sentamos em e assustando jacus. Agora, aos domingos, corro pela Pau-
um local fixo, afirma Sally Augustin... (último parágra- lista ou Minhocão e, durante a semana, venho testando
fo). diferentes percursos.
d) Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas Corri em volta do parque Buenos Aires e do cemitério da
ele queria que todos estivessem juntos... (2.º parágra- Consolação, ziguezagueei por Santa Cecília e pelas en-
fo). costas do Sumaré, até que, na última terça, sem querer,
e) É improvável que o conceito de escritório aberto caia descobri um insuspeito parque noturno com bastante
em desuso... (7.º parágrafo). gente, quase nenhum carro e propício a todo tipo de ati-
vidades: o estacionamento do estádio do Pacaembu.
6. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- (Antonio Prata. “O paulistano não é de jogar a toa-
DIO - VUNESP – 2017) Na frase – É improvável que o lha. Prefere estendê-la e deitar em cima.” Disponível
conceito de escritório aberto caia em desuso... (7.º pará- em:<http://www1.folha.uol.com.br/colunas>. Acesso em:
grafo) – a expressão em destaque tem o sentido de 13.04.2017. Adaptado)

a) sofra censura. É correto afirmar que, do ponto de vista do autor, o pau-


b) torne-se obsoleto. listano
c) mostre-se alterado.
d) mereça sanção. a) busca em Ipanema o contato com a natureza exube-
e) seja substituído. rante que não consegue achar em sua cidade.
b) sabe como vencer a rudeza da paisagem de São Paulo,
7. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- encontrando nesta espaços para o lazer.
DIO - VUNESP – 2017) O trecho destacado na passagem c) se vê impedido de realizar atividades esportivas, no
– Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove mar de asfalto que é São Paulo.
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio d) tem feito críticas à cidade, porque ela não oferece ati-
chefe.– tem sentido de: vidades recreativas a seus habitantes.
e) toma Ipanema como um símbolo daquilo que se pode
a) até mesmo o próprio chefe. alcançar, apesar de muito andar e andar.
b) apesar do próprio chefe.
LÍNGUA PORTUGUESA

c) exceto o próprio chefe.


d) diante do próprio chefe.
e) portanto o próprio chefe.

109
9. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- 10. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2015) DIO - VUNESP – 2015) No final do último parágrafo, a au-
tora caracteriza a gentileza como “ato de pura desobediên-
Ser gentil é um ato de rebeldia. Você sai às ruas e insis- cia civil”; isso permite deduzir que
te, briga, luta para se manter gentil. O motorista quase
te mata de susto buzinando e te xingando porque você a) assumir a prática da gentileza é rebelar-se contra códigos
usou a faixa de pedestres quando o sinal estava fechado de comportamento vigentes, mesmo que não declara-
para ele. Você posta um pensamento gentil nas redes so- dos.
ciais apesar de ler dezenas de comentários xenofóbicos, b) é inviável, em qualquer época, opor-se às práticas e aos
homofóbicos, irônicos e maldosos sobre tudo e todos. protocolos sociais de relacionamento humano.
Inclusive você. Afinal, você é obviamente um idiota gentil. c) é possível ao sujeito aderir às ideias dos mais fortes, sem
Há teorias evolucionistas que defendem que as socieda- medo de ver atingida sua individualidade, no contexto ge-
des com maior número de pessoas altruístas sobrevive- ral.
ram por mais tempo por serem mais capazes de manter d) há, nas sociedades modernas, a constatação de que a
a coesão. Pesquisadores da atualidade dizem, baseados vulnerabilidade de alguns está em ver a felicidade como
em estudos, que gestos de gentileza liberam substâncias ato de rebeldia.
que proporcionam prazer e felicidade. e) obedecer às normas sociais gera prazer, ainda que isso
Mas gentileza virou fraqueza. É preciso ser macho pacas signifique seguir rituais de incivilidade e praticar a into-
para ser gentil nos dias de hoje. Só consigo associar a lerância.
aversão à gentileza à profunda necessidade de ser – ou
parecer ser – invencível e bem-sucedido. Nossas fragili- 11. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTATÍS-
dades seriam uma vergonha social. Um empecilho à car- TICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em rela-
reira, ao acúmulo de dinheiro. ção à ortografia dos pares.
Não ter tempo para gentilezas é bonito. É justificável
diante da eterna ambivalência humana: queremos ser a) Atenção – atenciozo.
bons, mas temos medo. Não dizer bom-dia significa que b) Aprender – aprendizajem.
você é muito importante. Ou muito ocupado. Humilhar c) Simples – simplissidade.
os que não concordam com suas ideias é coisa de gente d) Fúria – furiozo.
forte. E que está do lado certo. Como se houvesse um e) Sensação – sensacional.
lado errado. Porque, se nenhum de nós abrir a boca, nin-
guém vai reparar que no nosso modelo de felicidade tem 12. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
alguém chorando ali no canto. Porque ser gentil abala As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam di-
sua autonomia. Enfim, ser gentil está fora de moda. Estou ferentes graus de dificuldade ortográfica e estão correta-
sempre fora de moda. Querendo falar de gentileza, ima- mente grafadas. Assinale a alternativa em que a grafia da
ginem vocês! Pura rebeldia. Sair por aí exibindo minhas palavra sublinhada está igualmente correta.
vulnerabilidades e, em ato de pura desobediência civil,
esperar alguma cumplicidade. Deve ser a idade. a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial.
(Ana Paula Padrão, Gentileza virou fraqueza. Disponível b) A paralização da equipe técnica demorou bastante.
em: <http://www.istoe.com.br>. Acesso em: 27 jan 2015. c) O funcionário reinvindicou suas horas extras.
Adaptado) d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial.
e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista.
É correto inferir que, do ponto de vista da autora, a genti-
leza 13. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as palavras
a) é prerrogativa dos que querem ter sua importância re- estão grafadas de acordo com a norma-padrão da língua
conhecida socialmente. portuguesa é:
b) é uma via de mão dupla, por isso não deve ser pratica-
da se não houver reciprocidade. a) admissão, infração, renovação
c) representa um hábito primitivo, que pouco afeta as b) diversão, excessão, sucessão
relações interpessoais. c) extenção, eleição, informação
d) restringe-se ao gênero masculino, pois este represen- d) introdução, repreção, intenção
ta os mais fortes. e) transmissão, conceção, omissão
e) é uma qualidade desvalorizada em nossa sociedade
nos dias atuais. 14. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e eco-
LÍNGUA PORTUGUESA

nômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em um só


vocábulo, a forma adequada será
a) sociais-econômicos.
b) social-econômicos.
c) sociais-econômico.
d) socioeconômicos.
e) socioseconômicos.

110
15. (IBGE – ANALISTA CENSITÁRIO – AGRONOMIA – FGV-2017) “É preciso levar em conta questões econômicas e
sociais”; se juntássemos os adjetivos sublinhados em forma de adjetivo composto, a forma correta, no contexto, seria:

a) econômicas-sociais;
b) econômico-social;
c) econômica-social;
d) econômico-sociais;
e) econômicas-social.

6. (PC-RS – ESCRIVÃO E INSPETOR DE POLÍCIA – FUNDATEC-2018 - ADAPTADA) Sobre os vocábulos expansível,


fácil, considerável, artificial, multiplicável e acessível, afirma-se que:
I. Todos são flexionados da mesma forma quando no plural.
II. Apenas um assume forma diferente dos demais quando flexionado no plural.
III. Todos devem ser acentuados em sua forma plural.
Quais estão corretas?

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

17. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO POLICIAL


MILITAR – VUNESP-2010)

__________ moro fora do Brasil. Sou baiana e, cada vez que volto a Salvador, fico chocada, constrangida e enojada com
essa prática _________ e, _________ não dizer, machista dos meus conterrâneos – não se veem mulheres fazendo xixi na
rua. Mas, antes de prender os___________, tente encontrar um banheiro público em Salvador. Se encontrar, tente entrar –
normalmente estão trancados –, e tente então não passar __________. Vamos copiar a Europa na proibição, mas também
na infraestrutura.
(Seção “Leitor”, Veja, 14.07.2010. Adaptado)

Os espaços do texto devem ser preenchidos, correta e respectivamente, com:

a) A dez anos … sub-desenvolvida … por quê … cidadões … mau


b) Há dez anos … subdesenvolvida … por que … cidadãos … mal
c) Fazem dez anos que … subdesenvolvida … porque … cidadões … mau
d) São dez anos que … sub desenvolvida … porquê … cidadãos … mal
e) Faz dez anos que … sub-desenvolvida … porque … cidadães … mau

18. (PM-SP - TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO POLICIAL MILITAR – VUNESP-2014) Leia a tira de Hagar, por Chris
Browne, e assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, em conformidade com as regras de
ortografia.

(Folha de S.Paulo, 08.02.2014, http://zip.net/bdmBgf)


LÍNGUA PORTUGUESA

a) porque ... por que ... porque ... atraz


b) por que ... por quê ... por que ... atraz
c) por que ... por que ... porque ... atráz
d) porque ... porquê ... por que ... atrás
e) por que ... por quê ... porque ... atrás

111
19. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) ( ) “Não há prisão pior [...]”
( ) “O lugar de estudo era isso.”
( ) “E o olho sem se mexer [...]”
( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]”
( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me espan-
tou.”

A sequência está correta em

a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2
b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4
c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3

22. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)


Assinale a alternativa em que o termo destacado é um
A frase do menino na charge – “naum eh verdade” – mos- pronome indefinido.
tra uma característica da linguagem escrita de internau-
tas que é: a) “Ele não exige fatos...”.
b) “Era um ídolo para mim.”.
a) a sintetização exagerada; c) “Discordo dele.”.
b) o desrespeito total pela norma culta; d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”.
c) a criação de um vocabulário novo; e) “O bom humor está disponível a todos...”.
d) a tentativa de copiar a fala;
e) a grafia sem acentos ou sinais gráficos. 23. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”,
20. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013) os termos destacados são, respectivamente,
A Polícia Militar prendeu, nesta semana, um homem de
37 anos, acusado de ____________ de drogas e ____________ a) artigo e pronome.
à avó de 74 anos de idade. Ele foi preso em __________ b) artigo e preposição.
com uma pequena quantidade de drogas no bairro Ira- c) preposição e artigo.
puá II, em Floriano, após várias denúncias de vizinhos. De d) pronome e artigo.
acordo com o Comandante do 3.º BPM, o acusado era e) preposição e pronome.
conhecido na região pela atuação no crime.
(www.cidadeverde.com/floriano. Acesso em 23.06.2013. 24. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
Adaptado) – FGV-2017)
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo-
as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectiva- roso e independente. A agenda pública é determinada
mente, com:
pela imprensa tradicional. Não há um único assunto re-
levante que não tenha nascido numa pauta do jornalis-
a) tráfico … mal-tratos … flagrante
mo de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam
b) tráfego … maltratos … fragrante
as redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem
c) tráfego … maus-trato … flagrante
d) tráfico … maus-tratos … flagrante assim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial
e) tráfico … mau-trato … fragrante é sempre das empresas de conteúdo independentes”.
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017)
21. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS
DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto
com seu significado, o conjunto de características for- de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos
mais e sua posição estrutural no interior da oração, as por locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
palavras podem pertencer à mesma classe de palavras
ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a a) independente = com dependência;
b) pública = de publicidade;
seguir considerando tais aspectos (considere as palavras
c) relevante = de relevância;
LÍNGUA PORTUGUESA

em destaque).
d) sociais = de associados;
e) mobilizador = de motivação.
(1) advérbio
(2) pronome
(3) conjunção
(4) substantivo

112
25. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014) 29. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) A
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica frase em que se deveria usar a forma EU em lugar de MIM é:
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme-
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é a) Um desejo de minha avó fez de mim um artista;
um adjetivo. b) Há muitas diferenças entre mim e a minha futura
mulher;
a) ... um câncer de boca horroroso, ... c) Para mim, ver filmes antigos é a maior diversão;
b) Ele tem dezesseis anos... d) Entre mim viajar ou descansar, prefiro o descanso;
c) Eu queria que ele morresse logo, ... e) Separamo-nos, mas sempre de mim se lembra.
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa-
mílias. 30. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
e) E o inferno não atinge só os terminais. GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018-ADAPTADA) O
segmento em que a substituição do termo sublinhado
26. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI- por um pronome pessoal foi feita de forma adequada é:
NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo
“que” em destaque funciona como pronome relativo. a) “deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência” / dei-
xou de ser-lhe;
a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente b) “podemos definir violência” / podemos defini-la;
tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”. c) “Hoje, esse termo denota, além de agressão física, di-
b) “Ele diz que vota desde os 18...”. versos tipos de imposição” / denota-los;
c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”. d) “Consideremos o surgimento das desigualdades” /
d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode consideremos-lo;
influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”. e) “ao nos referirmos à violência” / ao nos referirmo-la.
e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a
votar”. 31. (MPU – Conhecimentos Básicos para os Cargos de
11 a 26 – CESPE-2013)
27. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR- Recordar algo nunca ocorrido é comum e pode aconte-
MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro cer com pessoas de qualquer idade. Muitos indivíduos
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis sequer percebem que determinadas lembranças foram
creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e criadas, pois as cenas e até os sons evocados pelo cé-
das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome rebro surgem com a mesma nitidez e o mesmo grau de
relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo detalhamento das memórias reais.
como ocorre em: De acordo com alguns neurocientistas, quando a pes-
soa se recorda de uma sequência de eventos, o cérebro
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos reconstrói o passado juntando os “tijolos” de dados,
espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura. mas somente o ato de acessar as lembranças já modifi-
b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem ca e distorce a realidade.
que índio não sabe nada. Um neurocientista de uma equipe que pesquisa esse as-
c) O branco está preocupado que não chove mais em sunto afirma que se busca reforçar a ideia de que a me-
alguns lugares. mória não pode ser considerada um papel carbono, ou
d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria seja, de que ela não reproduz fielmente um acontecimen-
trajetória. to. “Nossa esperança é que, ao propor uma explicação
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono. neural para o processo de geração das falsas memórias,
haja aplicações práticas nas cortes de justiça, por exem-
28. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM- plo”, diz o cientista. “Jurados e magistrados precisam de
BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) De acordo com evidências de que, por mais real que aparente ser, um
as normas da linguagem padrão, a colocação pronominal fato recordado por uma testemunha pode não ser verda-
está INCORRETA em: deiro. A memória humana não é como uma memória de
computador, não está certa o tempo todo.”
a) Virgínia encontrava-se acamada há semanas. O neurocientista relatou que quase três quartos dos pri-
b) A ferida não se curava com os remédios. meiros 250 americanos que tiveram suas condenações
c) A benzedeira usava uma peruca que não favorecia-a. penais anuladas graças ao exame de DNA haviam sido
d) Imediatamente lhe deram uma caneta-tinteiro verme- vítimas de falso testemunho ocular. Um psicólogo en-
lha. trevistado afirmou que, dependendo de como se conduz
uma acareação, ela pode confundir a pessoa interrogada.
LÍNGUA PORTUGUESA

e) Enquanto se rezavam Ave-Marias, a ferida era circun-


dada. Correio Braziliense, 26/7/2013 (com adaptações).

O trecho “a memória não pode ser considerada um papel


carbono” poderia ser corretamente reescrita da seguinte
forma: não pode-se considerá-la papel carbono.

( ) CERTO ( ) ERRADO

113
32. (PC-MS – DELEGADO DE POLÍCIA – FAPEMS-2017) e) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma tendên-
De acordo com os padrões da língua portuguesa, assina- cia natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
le a alternativa correta.
35. (CONCURSO INTERNO DE SELEÇÃO PARA O CUR-
a) A frase: “Ela lhe ama” está correta visto que “amar” SO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS - PM/2014) A fra-
se classifica como verbo transitivo direto, pois quem se – Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto.
ama, ama alguém. – está corretamente reescrita quanto à flexão verbal, à
b) Em: “Sou te fiel”, o pronome oblíquo átono desem- pontuação e à colocação pronominal em:
penha função sintática de complemento nominal por
complementar o sentido de adjetivos, advérbios ou a) Se remordia, o amigo, no seu canto, sem que nada
substantivos abstratos, além de constituir emprego de visse.
ênclise. b) O amigo, sem que nada vesse, se remordia no seu canto.
c) No exemplo: “Demos a ele todas as oportunidades”, o c) Remordia-se, no seu canto, o amigo, sem que nada visse.
termo em destaque pode ser substituído por “Demo d) Se remordia no seu canto o amigo, sem que nada vesse.
lhes” todas as oportunidades”, tendo em vista o em-
prego do pronome oblíquo como complemento do 36. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017-
verbo. ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o trecho está
d) Em: “Não me ..incomodo com esse tipo de barulho”, reescrito conforme a norma-padrão da língua portugue-
te.mos.um clássico emprego de mesóclise. sa, com a expressão destacada substituída pelo pronome
e) Na frase: “Alunos, aquietem-se! “, o termo destacado correspondente.
exemplifica o uso de próclise.
a) ... o prazer de contar aquelas histórias... → ... o prazer
33. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU- de contar-nas...
NESP-2014) b) ... meio século sem escrever livros. → ... meio século
sem escrevê-los.
Compras de Natal
c) ... puxo a mesinha... → ... puxo-lhe...
d) ... livro que reúne entrevistas e textos de Ernest He-
A cidade deseja ser diferente, escapar às suas fatalidades.
mingway... → ... livro que reúne-as...
__________ de brilhos e cores; sinos que não tocam, balões
e) O médico que atendia pacientes... → O médico que
que não sobem, anjos e santos que não __________ , estre-
lhe atendia...
las que jamais estiveram no céu.
As lojas querem ser diferentes, fugir à realidade do ano
inteiro: enfeitam-se com fitas e flores, neve de algodão 37. (TRE-PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
de vidro, fios de ouro e prata, cetins, luzes, todas as coi- NISTRATIVA – FCC-2017) A substituição do elemento
sas que possam representar beleza e excelência. sublinhado pelo pronome correspondente, com os ne-
Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em po- cessários ajustes no segmento, foi realizada de acordo
bres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil com a norma padrão em:
anos, num abrigo de animais, em Belém.
(Cecília Meireles, Quatro Vozes. Adaptado) a) quem considera o amor abstrato = quem lhe consi-
dera abstrato
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, b) consideram o amor algo ingênuo e pueril = conside-
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res- ram-lhe algo ingênuo e pueril
pectivamente, com: c) parece que inviabiliza o amor = parece que inviabiliza-
-lhe
a) Se enche … movem-se d) o ressentimento é cego ao amor = o ressentimento
b) Se enchem … se movem lhe é cego
c) Enchem-se … se move e) o amor não vê a hipocrisia = o amor não lhe vê
d) Enche-se … move-se
e) Enche-se … se movem 38. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
34. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) As- GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018)
sinale a alternativa correta quanto à colocação prono-
minal, de acordo com a norma-padrão da língua portu- Texto 1 – Guerra civil
guesa. Renato Casagrande, O Globo, 23/11/2017

a) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação O 11.º Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pú-
blica, mostrando o crescimento das mortes violentas no
LÍNGUA PORTUGUESA

de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.


b) O homem se indignou quando propuseram-lhe que Brasil em 2016, mais uma vez assustou a todos. Foram
abrisse a bolsa que encontrara. 61.619 pessoas que perderam a vida devido à violência.
c) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos Outro dado relevante é o crescimento da violência em
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. alguns estados do Sul e do Sudeste.
d) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. os inaceitáveis números da violência no país. Todos se
assustam, o tempo passa, e pouca ação ocorre de fato.

114
Tem sido assim com o governo federal e boa parte das ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores
demais unidades da Federação. Agora, com a crise, o ar- de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e
gumento é a incapacidade de investimento, mas, mesmo de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de
em períodos de economia mais forte, pouco se viu da im- procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de
plementação de programas estruturantes com o objetivo procurador da Fazenda (defensor do fisco).
de enfrentar o crime. Contratação de policiais, aquisição A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi-
de equipamentos, viaturas e novas tecnologias são medi- nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à
das essenciais, mas é preciso ir muito além. Definir metas Justiça. Define as funções institucionais, as garantias e as
e alcançá-las, utilizando um bom método de trabalho, vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui-
deve ser parte de um programa bem articulado, que per- ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade
mita o acompanhamento das ações e que incentive o brasileira.
trabalho integrado entre as forças policiais do estado, da Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações).
União e das guardas municipais.
No período “A sua história é marcada por processos que
O segmento do texto 1 em que a conjunção E tem valor culminaram”, o termo “que” introduz oração de natureza
adversativo (oposição) e NÃO aditivo (adição) é: restritiva.

a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul ( ) CERTO ( ) ERRADO


e do Sudeste”;
b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação de-
corre de fato”; 42. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR-
c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte GO 33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA - NÍVEL
das demais unidades da Federação”; MÉDIO – CESPE-2013)
d) “...viaturas e novas tecnologias”; Uma legislação que tenha hoje 70 anos de vigência en-
e) “Definir metas e alcançá-las...”. trou em vigor muito antes do lançamento do primeiro
computador pessoal e do início da histórica revolução
39. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – AR- imposta pela tecnologia digital. Isso não seria proble-
QUITETURA – FGV-2017) “... implica poder decifrar as ma se esse não fosse o caso da Consolidação das Leis
referências cristãs...”; a forma reduzida sublinhada fica do Trabalho (CLT), destinada a regular um dos universos
convenientemente substituída por uma oração em forma mais impactados por esta revolução, o das relações tra-
desenvolvida na seguinte opção: balhistas.
Instituída por Getúlio Vargas para outro Brasil — ainda
a) a possibilidade de decifrar as referências cristãs; agrário, com indústria e serviços incipientes —, a CLT tem
b) a possibilidade de decifração das referências cristãs; sido defendida por sindicatos em nome da “preservação
c) que se pudessem decifrar as referências cristãs; dos direitos do trabalhador”.
d) que possamos decifrar as referências cristãs; Na vida real, longe das ideologias, a CLT, em função dos
e) a possibilidade de que decifrássemos as referências cris- custos que impõe ao empregador, é, na verdade, eficien-
tãs. te instrumento de precarização do próprio trabalhador.
O Globo, Editorial, 22/8/2013 (com adaptações).
40. (COMPESA-PE – ANALISTA DE GESTÃO – ADMI-
NISTRADOR – FGV-2018) “... mas já conhecem a brutal A conjunção “se” tem valor condicional na oração em
realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar frontei- que está inserida.
ras para sobreviver.” A forma reduzida de “para sobre-
viver” pode ser nominalizada de forma conveniente na ( ) CERTO ( ) ERRADO
seguinte alternativa:
43. (PC-RS – DELEGADO DE POLÍCIA – FUNDA-
a) para que sobrevivam. TEC-2018 - ADAPTADA) Observe a frase: “com o gover-
b) a fim de que sobrevivessem. no criando leis e começando a punir quem agride o meio
c) para sua sobrevida. ambiente” e avalie as afirmações seguintes:
d) no intuito de sobreviverem. I. O sujeito das formas verbais criando e começando é
e) para sua sobrevivência. o mesmo.
II. O sujeito de punir é inexistente.
41. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- III. O sujeito de agride é representado pelo pronome in-
GO 33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA - NÍVEL definido, portanto, classifica-se como indeterminado.
LÍNGUA PORTUGUESA

MÉDIO – CESPE-2013)
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es- Quais estão corretas?
tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada
por processos que culminaram na sua formalização insti- a) Apenas I.
tucional e na ampliação de sua área de atuação. b) Apenas II.
No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito c) Apenas III.
lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. d) Apenas I e II.
Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena- e) Apenas II e III.

115
44. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA mento e desaparecer. Cultura é diversão, e o que não é
DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE divertido não é cultura.
– SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010) A frase: (Adaptado de: VARGAS LLOSA, M. A civilização do espe-
“Começa vacinação contra gripe A.”, só não está correta- táculo. Rio de Janeiro, Objetiva, 2013, formato ebook)
mente analisada em:
Possuem os mesmos tipos de complemento os verbos
a) O sujeito é classificado como simples grifados em:
b) O núcleo do sujeito é vacinação.
c) O verbo é classificado como intransitivo. a) ... nossa época produz milagres todos os dias. // ... o
d) Vacinação é um substantivo abstrato. mito de que as humanidades humanizam.
e) O objeto direto é vacinação contra gripe A. b) Essa “cultura de massas” nasce com o predomínio... //
Um deles é o de Gilles Lipovetski...
45. (TRF-4.ª REGIÃO – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – c) A pós-modernidade destruiu o mito de que... // ... nos-
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC-2014) sa época produz milagres todos os dias.
d) Essa cultura de massas nasce com o predomínio... // ...
No campo da técnica e da ciência, nossa época produz e nem sempre contribui para...
milagres todos os dias. Mas o progresso moderno tem e) ... as ciências podem prosperar nas proximidades... //
amiúde um custo destrutivo, por exemplo, em danos ir- A pós-modernidade destruiu o mito de que...
reparáveis à natureza, e nem sempre contribui para re-
duzir a pobreza. 46. (TRF-2.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA
A pós-modernidade destruiu o mito de que as humani- ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017)
dades humanizam. Não é indubitável aquilo em que acre-
ditam tantos filósofos otimistas, ou seja, que uma educa- Internet e as novas mídias: contribuições para a proteção
ção liberal, ao alcance de todos, garantiria um futuro de do meio ambiente no ciberespaço
liberdade e igualdade de oportunidades nas democracias
modernas. George Steiner, por exemplo, afirma que “bi-
A sociedade passou por profundas transformações em
bliotecas, museus, universidades, centros de investigação
que a realidade socioeconômica modificou-se com ra-
por meio dos quais se transmitem as humanidades e as
pidez junto ao desenvolvimento incessante das econo-
ciências podem prosperar nas proximidades dos campos
mias de massas. Os mecanismos de produção desenvol-
de concentração”. “O que o elevado humanismo fez de
veram-se de tal forma a adequarem-se às necessidades
bom para as massas oprimidas da comunidade? Que uti-
e vontades humanas. Contudo, o homem não mediu as
lidade teve a cultura quando chegou a barbárie?”
Numerosos trabalhos procuraram definir as característi- possíveis consequências que tal desenvolvimento pudes-
cas da cultura no contexto da globalização e da extraordi- se causar de modo a provocar o desequilíbrio ao meio
nária revolução tecnológica. Um deles é o de Gilles Lipo- ambiente e a própria ameaça à vida humana.
vetski e Jean Serroy, A cultura-mundo. Nele, defende-se Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é
a ideia de uma cultura global − a cultura-mundo − que questionada, sendo centro de tomada de decisões, diante
vem criando, pela primeira vez na história, denominado- da grave problemática que ameaça romper com o equilí-
res culturais dos quais participam indivíduos dos cinco brio ecológico do Planeta. E não apenas nos tradicionais
continentes, aproximando-os e igualando-os apesar das meios de comunicação, tais como jornais impressos, rá-
diferentes tradições e línguas que lhes são próprias. dio, televisão, revistas, dentre outros, como também nos
Essa “cultura de massas” nasce com o predomínio espaços virtuais de interatividade, por meio das novas
da imagem e do som sobre a palavra, ou seja, com a mídias, as quais representam novos meios de comuni-
tela. A indústria cinematográfica, sobretudo a partir de cação, tem-se o debate sobre a problemática ambiental.
Hollywood, “globaliza” os filmes, levando-os a todos os O capitalismo foi reestruturado e a partir das transforma-
países, a todas as camadas sociais. Esse processo se ace- ções científicas e tecnológicas deu-se origem a um novo
lerou com a criação das redes sociais e a universalização estabelecimento social, em que por meio de redes e da
da internet. cultura da virtualidade, configura-se a chamada socieda-
Tal cultura planetária teria, ainda, desenvolvido um indi- de informacional, na qual a comunicação e a informação
vidualismo extremo em todo o globo. Contudo, a publi- constituem-se ferramentas essenciais da Era Digital.
cidade e as modas que lançam e impõem os produtos As novas mídias, por meio da utilização da Internet, estão
culturais em nossos tempos são um obstáculo a indiví- sendo consideradas como novos instrumentos de prote-
duos independentes. ção do meio ambiente, na medida em que proporcionam
O que não está claro é se essa cultura-mundo é cultura a expansão da informação ambiental, de práticas susten-
em sentido estrito, ou se nos referimos a coisas com- táveis, de reivindicações e ensejo de decisões em prol do
meio ambiente.
LÍNGUA PORTUGUESA

pletamente diferentes quando falamos, por um lado, de


uma ópera de Wagner e, por outro, dos filmes de Hi- No ciberespaço, devido à conectividade em tempo real, é
tchcock e de John Ford. possível promover debates de inúmeras questões como
A meu ver, a diferença essencial entre a cultura do passa- a construção da hidrelétrica de Belo Monte, o Novo Có-
do e o entretenimento de hoje é que os produtos daque- digo Florestal, Barra Grande, dentre outras, as quais en-
la pretendiam transcender o tempo presente, continuar sejam por tomada de decisões políticas, jurídicas e so-
vivos nas gerações futuras, ao passo que os produtos ciais. [...]
deste são fabricados para serem consumidos no mo-

116
Vislumbra-se que a Internet é um meio que aproxima b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que
pessoas e distâncias, sendo utilizada por um número ili- os usuários compartilham informações com as quais
mitado de pessoas, a custo razoável e em tempo real. concordam: pois não verificam as fontes antes.
De fato, a Internet proporciona benefícios, pois, além de c) As informações enganosas são mais difundidas do
promover a circulação de informações, a curto espaço de que as verdadeiras: de acordo com estudo recente
tempo, muitos debates virtuais produzem manifestações feito por um instituto de pesquisa.
sociais. Assim sendo, tem-se a democratização das in- d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o
formações através dos espaços virtuais, como blogs, we- uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo
bsites, redes sociais, jornais virtuais, sites especializados, é quase impossível.
sites oficiais, dentre outros, de modo a expandir conheci- e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não
mentos, promover discussões e, por vezes, influenciando entre em sites desconhecidos e não compartilhe no-
nas tomadas de decisões dos governantes e na prolife- tícias sem fonte confiável.
ração de movimentos sociais. Desse modo, os cidadãos
acabam participando e exercendo a cidadania de forma 48. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRA-
democrática no ciberespaço. [...] NEL I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada
Faz-se necessária a execução de ações concretas em prol corretamente em:
do meio ambiente, com adaptação e intermédio do novo
padrão de democracia participativa fomentado pelas no- a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên-
vas mídias, a fim de enfrentar a gestão dos riscos am- cias reais desastrosas: prejuízos, financeiros e cons-
bientais, dentre outras questões socioambientais. Ainda, trangimentos às empresas.
são necessárias discussões aprofundadas sobre a com- b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao sepa-
plexidade ambiental, agregando a interdisciplinaridade rar quem está conectado de quem não faz parte do
para escolhas sustentáveis e na difusão do conhecimen- mundo digital.
to. E, embora haja inúmeros desafios a percorrer com a c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações
utilização das tecnologias de comunicação e informação que confirmam aquilo que corresponde, às suas
(novas TIC’s), entende-se que a atuação das novas mídias crenças.
é de suma importância, pois possibilita a expansão da d) Os jornalistas devem verificar as fontes citadas, cruzar
informação, a práxis ambiental, o debate e as aspirações dados e checar se as informações refletem a realida-
dos cidadãos, contribuindo, dessa forma, para a proteção de.
do meio ambiente. e) Os consumidores de notícias não agem como cientis-
(SILVA NUNES, Denise. Internet e as novas mídias: contri- tas porque não estão preocupados em conferir, pon-
buições para a proteção do meio ambiente no ciberespa- tos de vista alternativos.
ço. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 115, ago. 2013.
Disponível em: http://ambito - juridico.com.br/site/?n_ 49. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13051&revista_ GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada
caderno=17. Acesso em: jan. 2017. Adaptado.) de acordo com as exigências da norma-padrão da lín-
Analise os trechos a seguir. gua portuguesa em:
I. “[...] adequarem-se às necessidades e vontades huma-
nas.” (1º§) a) A conexão é feita por meio de uma plataforma especí-
II. “Contudo, o homem não mediu as possíveis consequ- fica, e os conteúdos, podem ser acessados pelos dis-
ências [...]” (1º§) positivos móveis dos passageiros.
III. “Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito
questionada, [...]” (2º§) grande, porém não é capaz de absorver uma presença
IV. “[...] por meio das novas mídias, as quais representam maior de produtos vindos do exterior.
novos meios de comunicação, [...]” (2º§) c) Depois de chegarem às telas dos computadores e ce-
Os verbos que, no contexto, exigem o mesmo tipo de lulares, as notícias estarão disponíveis em voos inter-
complemento verbal, foram empregados em apenas nacionais.
d) Os últimos dados mostram que, muitas economias
a) I e II. apresentam crescimento e inflação baixa, fazendo
b) I, III e IV. com que os juros cresçam pouco.
c) II e IV. e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im-
d) II, III e IV. portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e
ver, se a importação vale a pena.
47. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRA-
LÍNGUA PORTUGUESA

NEL I – CESGRANRIO-2018) O sinal de dois-pontos (:)


está empregado de acordo com a norma-padrão da lín-
gua portuguesa em:

a) A diferença entre notícias falsas e verdadeiras é maior


no campo da política: é menor nas publicações rela-
cionadas às catástrofes naturais.

117
50. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- c) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde
PE-2010) partem os humanistas, uma vez que é nela que se es-
Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e tabelecem, não apenas as relações de sentido, mas
traficantes que possam ser encontrados em uma rua es- também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as
cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os escolhas produzidas pelo escritor.
danos que tais criminosos causam são minúsculos quan- d) Para Edward Said a linguagem é o terreno, de onde
do comparados com os de criminosos respeitáveis, que partem os humanistas, uma vez que é nela que se
vestem colarinho branco e trabalham para as organiza- estabelecem não apenas as relações de sentido mas,
ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca- também, o desafio de o leitor divisar, e compartilhar
das por violações das leis antitrust — apenas um item as escolhas produzidas pelo escritor.
de uma longa lista dos principais crimes do colarinho e) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde
branco — sejam maiores que todas as perdas causadas partem os humanistas, uma vez que é nela que se
pelos crimes notificados à polícia em mais de uma dé- estabelecem não apenas as relações de sentido, mas
cada, e as relativas a danos e mortes provocadas por também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as
esse crime apresentam índices ainda maiores. A ocul- escolhas produzidas pelo escritor.
tação, pela indústria do asbesto (amianto), dos perigos
representados por seus produtos provavelmente custou 53. (TRF-3.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
tantas vidas quanto as destruídas por todos os assassi- ADMINISTRATIVA – FCC-2016-ADAPTADA) Sem que
natos ocorridos nos Estados Unidos da América durante se altere o sentido da frase, todas as vírgulas podem ser
uma década inteira; e outros produtos perigosos, como substituídas por travessão, EXCETO em:
o cigarro, também provocam, a cada ano, mais mortes
do que essas. a) Não se trata de defender a tradição, família ou
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São propriedade...
Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações). b) Fiquei um pouco desconcertado pela atitude do meu
amigo, um homem...
Não haveria prejuízo para o sentido original do texto c) Mas, como eu ia dizendo, estava voltando da Europa...
nem para a correção gramatical caso a expressão “a d) ... como precipitada, entre nós, de que estaria morto...
cada ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, e) Mas a música brasileira, ao contrário de outras artes, já
para imediatamente depois de “e”. traz...

54. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR-


( ) CERTO ( ) ERRADO MÁTICA – FCC-2014-ADAPTADA)
51. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VU- ... a resposta a um problema que sempre atormentou ad-
NESP-2014) Assinale a alternativa cuja frase está correta ministradores: o recrutamento e a retenção de talentos.
quanto à pontuação. O segmento introduzido pelos dois-pontos apresenta
sentido
a) O médico, solidário e comovido, apertou minha mão
e entendeu o pedido de minha mãe. a) restritivo.
b) A diferença entre parada cardíaca e morte, não é en- b) explicativo.
sinada, aos médicos nas faculdades. c) conclusivo.
c) Prof. Alvariz, chefe da clínica sabia qual a diferença d) comparativo.
entre, parada cardíaca e morte. e) alternativo.
d) O aborto de fetos anencéfalos motivo de muita revol-
55. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
ta, foi bastante contestado.
DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
e) Iniciei assim que o velhinho teve uma parada cardíaca,
- SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010 - ADAP-
os processos de reanimação.
TADA) “– Mas não é minha cabeça que eles querem de-
golar a cada jogo, François.” O uso da vírgula destacada
52. (TRF-4.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA neste trecho tem a função de:
ADMINISTRATIVA – FCC-2014) Quanto à pontuação, a
frase inteiramente correta é: a) Separar o aposto.
b) Delimitar o sujeito.
a) Para Edward Said, a linguagem, é o terreno de onde c) Delimitar uma nova oração.
partem os humanistas uma vez que, é nela, que se d) Separar o vocativo.
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas e) Marcar uma pausa forte.
LÍNGUA PORTUGUESA

também o desafio de o leitor divisar e compartilhar,


as escolhas produzidas pelo escritor.
b) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde
partem os humanistas uma vez que é nela, que se
estabelecem não apenas as relações de sentido, mas
também o desafio, de o leitor divisar e compartilhar,
as escolhas produzidas pelo escritor.

118
56. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- a) 2 – 1 – 3 – 4 – 2 – 1 – 4
GO 33 – NÍVEL MÉDIO – CESPE-2013) b) 1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 1 – 4
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es- c) 4 – 1 – 1 – 2 – 2 – 3 – 2
tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada d) 2 – 2 – 3 – 4 – 2 – 1 – 3
por processos que culminaram na sua formalização insti-
tucional e na ampliação de sua área de atuação. 59. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR –
No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito CESGRANRIO-2018) Em conformidade com o Acordo
lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. Ortográfico da Língua Portuguesa vigente, atendem às
Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena- regras de acentuação todas as palavras em:
ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores
de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e a) andróide, odisseia, residência
de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de b) arguição, refém, mausoléu
procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de c) desbloqueio, pêlo, escarcéu
procurador da Fazenda (defensor do fisco). d) feiúra, enjoo, maniqueísmo
A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi- e) sutil, assembléia, arremesso
nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à
Justiça. Define as funções institucionais, as garantias e as 60. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI-
vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui- TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Entre as palavras
ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, aquela que só existe
brasileira. com acento gráfico é:
Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações).
a) história;
Em “No período colonial, o Brasil foi orientado”, a vírgula b) evidência;
após “colonial” é utilizada para isolar aposto. c) até;
d) país;
( ) CERTO ( ) ERRADO e) humanitárias.

61. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL


57. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS E TRANSPORTE – CESPE-2015) A palavra “cível” recebe
DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) “Os astrô- acento gráfico em decorrência da mesma regra que de-
nomos eram formidáveis. Eu, pobre de mim, não desven- termina o emprego de acento em amável e útil.
daria os segredos do céu. Preso à terra, sensibilizar-me-ia
com histórias tristes [...]”. Nas alternativas a seguir, os vo- ( ) CERTO ( ) ERRADO
cábulos acentuados do trecho anterior foram colocados
em pares com palavras também acentuadas graficamen-
te. Dentre os pares formados, indique o que apresenta 62. (PC-RS – DELEGADO DE POLÍCIA – FUNDA-
igual justificativa para tal evento. TEC-2018 - ADAPTADA) Sobre acentuação gráfica de
palavras, afirma-se que:
a) céu / avô I. sustentável, climáticas e reciclá-los são acentuados
b) astrônomos / álibi em virtude da mesma regra.
c) histórias / balaústre II. A regra que determina o acento gráfico em país e con-
d) formidáveis / ínterim tribuído é diferente da que justifica o acento gráfico em
resíduos e início.
58. (MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERO- III. O vocábulo viés é acentuado por ser um monossílabo
NÁUTICA ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁU- tônico terminado em e – acrescido de s.
TICA EXAME DE ADMISSÃO AO CFS-B 1-2/2014) Rela- Quais estão corretas?
cione as colunas quanto às regras de acentuação gráfica, a) Apenas I.
sabendo que haverá repetição de números. Em seguida, b) Apenas II.
assinale a alternativa com a sequência correta. c) Apenas III.
(1) Põe-se acento agudo no i e no u tônicos que formam d) Apenas I e II.
hiato com a vogal anterior. e) Apenas II e III.
(2) Acentua-se paroxítona terminada em i ou u seguidos
ou não de s. 63. (PC-RS – ESCRIVÃO E INSPETOR DE POLÍCIA –
(3) Todas as proparoxítonas devem ser acentuadas. FUNDATEC-2018 - ADAPTADA) Relacione a Coluna 1
(4) Oxítona terminada em e ou o, seguidos ou não de s, e a Coluna 2, associando os vocábulos às respectivas re-
é acentuada. gras de acentuação gráfica.
LÍNGUA PORTUGUESA

( ) íris Coluna 1
( ) saída 1. Monossílabo tônico terminado em -o, -e, -a, seguidos
( ) compraríamos
ou não de s.
( ) vendê-lo
2. Proparoxítona.
( ) bônus
3. Oxítona terminada em -o, -e, -a, -em, seguidos ou não
( ) viúvo
( ) bisavôs de s.
4. Regra do hiato.

119
Coluna 2 67. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
( ) Atrás. NESP/2013) Assinale a alternativa com as palavras acen-
( ) Último. tuadas segundo as regras de acentuação, respectivamen-
( ) Irá. te, de intercâmbio e antropológico.
( ) Três.
( ) Também. a) Distúrbio e acórdão.
( ) Está. b) Máquina e jiló.
( ) Conteúdo. c) Alvará e Vândalo.
d) Consciência e características.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de e) Órgão e órfãs.
cima para baixo, é:
68. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI-
CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015)
a) 1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 2 – 2.
Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do
b) 3 – 1 – 2 – 3 – 4 – 3 – 2.
aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à
c) 1 – 2 – 2 – 1 – 1 – 4 – 1.
escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação
d) 3 – 3 – 1 – 1 – 4 – 3 – 4.
ao emprego do acento utilizado nos termos destacados.
e) 3 – 2 – 3 – 1 – 3 – 3 – 4.
a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
64. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR-PI – CURSO supressão do advérbio “a” com o pronome feminino
DE OFICIAIS – ENGENHEIRO CIVIL – NUCEPE-2014- “a” que acompanha os substantivos “relação” e “es-
-ADAPTADA) No trecho: “material altamente inflamável cola”.
e tóxico”, as palavras destacadas recebem acento gráfico. b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
Também devem receber esse acento as palavras: nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti-
vos “relação” e “escola”.
a) tórax e rúbrica. c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi-
b) revólver e púdico. nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti-
c) alí e cadáver. vos “relação” e “escola”.
d) cajú e cálice. d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
e) bíceps e fétido. supressão da preposição “a” com o artigo feminino “a”
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
65. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017) A junção da preposição “a” com o artigo feminino “a”
sequência de vocábulos: “Islâmico, vitória, até, público” que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
pode ser empregada para demonstrar exemplos de três
regras de acentuação gráfica diferentes. Indique a seguir 69. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO
o grupo de palavras que apresenta palavras cuja acen- DE DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar
tuação tenha as mesmas justificativas das palavras do a postura brasileira apenas à ausência de educação
grupo anteriormente apresentado (considere a mesma adequada” foi corretamente empregado o acento indi-
ordem da sequência apresentada). cativo de crase.
Assinale a alternativa em que o acento indicativo de cra-
se está corretamente empregado.
a) atípica, aparência, é, vítimas
b) típico, província, será, Nínive
a) O memorando refere-se à documentos enviados na
c) famílias, público, diários, várias
semana passada.
d) violência, próprios, já, violência
b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên-
cia urgente.
66. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018-ADAP-
c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar com
TADA) Duas palavras que obedecem à mesma regra de
pessoas já desestimuladas.
acentuação gráfica são:
d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
a) indébita / também; consta na lista.
b) história / veículo; e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
c) crônicas / atribuídos; flexível e são responsáveis.
d) coíba / já;
e) calúnia / plágio. 70. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
LÍNGUA PORTUGUESA

De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor-


bitante carga tributária a que estão submetidas as empre-
sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase,
devendo ocorrer o mesmo na frase:

a) Entregue o currículo as assistentes do diretor.


b) Recorra a esta empresa sempre que precisar.
c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência.

120
d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da com- 74. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-
panhia. NESP-2014)
e) Transmita confiança aqueles que observam seu de- A cada ano, ocorrem cerca de 40 mil mortes; segundo
sempenho. especialistas, quase metade delas está associada _____
bebidas alcoólicas. Isso revela a necessidade de um com-
71. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO bate efetivo _____ embriaguez ao volante.
– CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e
da língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase respectivamente, com:
deve ser empregado na palavra destacada em:
a) às … a
a) A intenção da entrevista com o diretor estava relacio- b) as … à
nada a programação que a empresa pretende desen- c) à … à
volver. d) às … à
b) As ações destinadas a atrair um número maior de e) à … a
clientes são importantes para garantir a saúde finan-
ceira das instituições. 75. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) De
c) As instituições financeiras deveriam oferecer condi- acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o
ções mais favoráveis de empréstimo a quem está fora acento indicativo de crase está corretamente empregado
do mercado formal de trabalho. em:
d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas
financeiras consideram que vale a pena investir na a) A população, de um modo geral, está à espera de que,
nova moeda virtual. com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
e) Os participantes do seminário sobre mercado finan- b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa-
ceiro foram convidados a comparar as importações e rem a sua postura.
as exportações em 2017. c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à puni-
ções muito mais severas.
72. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida
CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo dos demais motoristas e de pedestres.
de crase está de acordo com a norma-padrão em: e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da
nova lei para que ela possa funcionar.
a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens
à esmo. 76. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017)
b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia. Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou mente, as lacunas do texto a seguir.
à prazo.
d) Devido à interferências do público, pode haver mu- Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendi-
danças na trama. mento _____ presos da Casa de Detenção, em São Paulo,
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse o médico oncologista Drauzio Varella chega ao fim de
à emissora. uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de “Es-
tação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
73. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
GRANRIO-2018) De acordo com a norma- -padrão e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que tra-
da língua portuguesa, o acento grave indicativo da crase balham no sistema prisional, Varella agora faz um retrato
deve ser empregado na palavra destacada em: das detentas da Penitenciária Feminina da Capital, tam-
bém na capital paulista, onde cumprem pena mais de
a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam, duas mil mulheres.
em geral, pequena variação de funções quando com- (https://oglobo.globo.com. Adaptado)
parados a versões anteriores.
b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa a) à … às … a
junto a crianças do ensino fundamental para ver como b) a … as … a
elas se comportam no ambiente virtual. c) a … às … a
c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor- d) à … às … à
mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme e) a … as … à
o depoimento de professores.
LÍNGUA PORTUGUESA

d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho-


ras na fila para serem os primeiros que comprarão os
novos lançamentos.
e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão
de crédito para não serem surpreendidas com valores
muito altos.

121
77. (TRF-4.ª REGIÃO – TÉCNICO ADMINISTRATIVO 80. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AM-
– ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC-2014-ADAPTADA) BIENTE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018)
Substituindo-se o elemento grifado pelo que se encontra
entre parênteses, o sinal indicativo de crase deverá ser Texto I
acrescentado em:
Portugueses no Rio de Janeiro
a) ... que uma educação liberal, ao alcance de todos...
(dispor de todos) O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu-
b) ... por meio dos quais se transmitem as humanidades... guesa até meados dos anos cinquenta do século passa-
− (ciências humanas) do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do
c) ... a todas as camadas sociais. − (qualquer classe social) mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo
d) ... se nos referimos a coisas completamente diferen- de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam-
tes... − (uma coisa completamente diferente) -se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis,
e) ... são um obstáculo a indivíduos independentes. (cria- como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos,
ção de indivíduos independentes) além de outros ramos, como os das papelarias e lojas
de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais
78. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN- variadas profissões, como atividades domésticas ou as de
RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa- barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais
drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor- afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
retamente empregado em: construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
bebidas.
a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metró- A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
poles importante papel no desenvolvimento da eco- de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
nomia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
da hierarquia urbana.
zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
b) Conforme o grau de influência e importância interna-
cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
cional, classificou-se as 50 maiores cidades em três
significativo de patrícios e algumas associações de por-
diferentes classes, a maior parte delas na Europa.
te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a
Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
responsabilidade de motor propulsor do desenvolvi-
de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
mento e a condição de lugar privilegiado para os ne-
da colônia, se localizam outras associações portuguesas,
gócios e a cultura.
como a Casa de Portugal e um grande número de casas
d) Em centros com grandes aglomerações populacionais,
realiza-se negócios nacionais e internacionais, além regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros
de um atendimento bastante diversificado, como jor- periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente
nais, teatros, cinemas, entre outros. formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as ci- bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri-
dades globais como verdadeiros polos de influência vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
internacional, devido à presença de sedes de grandes área nobre da cidade a partir da década de cinquenta,
empresas transnacionais e importantes centros de preferida pelos mais abastados.
pesquisas. PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza-
ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES,
79. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio
I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado.
exigências de concordância da norma-padrão da língua
portuguesa em: O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es-
tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse
a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários pa- papel gramatical está repetido corretamente em:
íses as notícias falsas.
b) A recomendação de testar a veracidade das notícias a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem
precisam ser seguidas, para não prejudicar as pesso- da cidade.
as. b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fi-
c) O propósito de conferir grandes volumes de dados re- cariam ricos.
sultaram na criação de serviços especializados. c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências
na cidade.
LÍNGUA PORTUGUESA

d) Os boatos causam efeito mais forte do que as notícias


reais porque vem acompanhados de títulos chamati- d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam
vos. empregos.
e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais
e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que
ofertas de trabalho.
67% das pessoas consultam os jornais diariamente.

122
81. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR 84. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL
– CESGRANRIO-2018) A concordância da forma verbal – VUNESP-2014) Assinale a alternativa que preenche,
destacada foi realizada de acordo com as exigências da correta e respectivamente, as lacunas da frase, de acordo
norma-padrão da língua portuguesa em: com a norma-padrão da língua portuguesa.
_________ situações _________ a batalha contra as doenças
a) Com o crescimento da espionagem virtual, é neces- torna-se um fracasso.
sário que se promova novos estudos sobre mecanis-
mos de proteção mais eficazes. a) Existe ... em que
b) O rastreamento permanente das invasões cibernéti- b) Existem ... em que
cas de grande porte permite que se suspeitem dos c) Existem ... a qual
hackers responsáveis. d) Existem ... em cuja
c) Para atender às demandas dos usuários de celulares, e) Existe ... as quais
é preciso que se destinem à pesquisa tecnológica
muitos milhões de dólares. 85. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-
d) Para detectar as consequências mais prejudiciais da NESP-2014) Assinale a alternativa correta quanto à con-
guerra virtual pela informação, necessitam-se de es- cordância.
tudos mais aprofundados.
e) Se o crescimento das redes sociais assumir uma pro- a) Como as pessoas não são obrigado a produzir provas
porção incontrolável, é aconselhável que se estabe- contra si mesmo, aquelas que recusasse os procedi-
leça novas restrições de utilização pelos jovens. mentos dificilmente seria condenada.
b) Como as pessoas não são obrigadas a produzir provas
82. (PC-AP – DELEGADO DE POLÍCIA – FCC-2017) As contra si mesmo, aquelas que recusasse os procedi-
normas de concordância e a adequada articulação entre mentos dificilmente seriam condenadas.
tempos e modos verbais estão plenamente observadas c) Como as pessoas não é obrigada a produzir provas
contra si mesmas, aquelas que recusasse os procedi-
na frase:
mentos dificilmente seria condenada.
d) Como as pessoas não são obrigadas a produzir provas
a) É comum que se assinale numa crônica os aspectos
contra si mesmas, aquelas que recusassem os proce-
do cotidiano que o escritor resolvesse analisar e in-
dimentos dificilmente seriam condenadas.
terpretar, apesar das dificuldades que encerram tal
e) Como as pessoas não são obrigada a produzir provas
desafio.
contra si mesma, aquelas que recusassem os procedi-
b) Se às crônicas de Rubem Braga viessem a faltar sua
mentos dificilmente seriam condenada.
marca autoral inconfundível, elas terão deixado de
constituir textos clássicos desse gênero. 86. (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR-PI – CURSO DE
c) Caso um dia venham a surgir, simultaneamente, ta- OFICIAIS – ENGENHEIRO CIVIL – NUCEPE-2014) Assi-
lentos à altura de um Rubem Braga, esse gênero terá nale a alternativa em que as regras da concordância fo-
alcançado uma relevância jamais vista. ram cumpridas.
d) Não seria fácil, de fato, que venha a se equilibrar, na
cabeça de um jovem cronista de hoje, os valores de a) Se houvessem mais bombeiros, certamente o número
sua experiência pessoal com os de sua comunidade. de incêndios diminuiria.
e) Tanto uma padaria como um banheiro poderiam ofe- b) A maioria dos incêndios é provocada por falta de cui-
recer matéria para uma boa crônica, desde que não dado das pessoas.
falte ao cronista recursos de grande imaginação. c) Sem dúvida, no Brasil, falta condições para que os
bombeiros possam trabalhar dignamente.
83. (PC-BA – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP-2018) d) Não existe soluções fáceis para a precariedade das
A concordância está em conformidade com a norma- condições de trabalho dos bombeiros.
-padrão na seguinte frase: e) Já fazem muitos anos que se sabe das péssimas condi-
ções de trabalho dos bombeiros!
a) São comuns que a adaptação de livros para o cinema
suscitem reações negativas nos fãs do texto escrito. 87. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
b) Cabem aos leitores completar, com a imaginação, as NESP-2018) Assinale a alternativa em que, ao contrário
lacunas que fazem parte da estrutura significativa do da construção “aquela rapaz”, segue-se a lei fundamental
texto literário. da concordância, de acordo com a norma-padrão.
c) Aos esforços envolvidos na leitura soma-se a imagina-
ção, a que a linguagem literária apela constantemente. a) Quando o despacho chegou, a primeira coisa que o
d) Algumas pessoas mantém o hábito de só assistirem à
LÍNGUA PORTUGUESA

advogado fez foi conferir os documentos anexos.


adaptação de uma obra depois de as terem lido, para
b) Era um dia ensolarado, e não se sabe como foi atrope-
não ser influenciadas.
lado aquela mulher em uma avenida tranquila.
e) Há livros que dispõe de uma infinidade de adaptações
c) Parece-me que este ano está chovendo muito, mas
para o cinema, as quais tende a compor seu repertório
ainda assim há menas chuvas do que em anos ante-
de leituras.
riores.
d) As crianças brincavam no jardim, colhendo flores colo-
rida e presenteando-se num gesto emocionante.

123
e) Quando entraram na casa abandonada, uma cobra es- 92. (INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS – SE-
tava escondido ali. Assustaram-se, pois era um bicho CRETÁRIA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia trechos da
perigoso. letra da música dos compositores José Carlos Figueiredo,
Antônio Carlos Marques Pinto e José Ubaldo Avila para
88. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- responder à questão.
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que
a substituição dos trechos destacados na passagem – O Você abusou
paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere Me magoa, maltrata e quer desculpa
estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois Me retruca, me trai e quer perdão
metros quadrados de chão. – está de acordo com a nor- Me ofende, me fere e não tem culpa
ma-padrão de crase, regência e conjugação verbal.
Jesus Cristo, eu não sei quem tem razão.
a) prefere mais estendê-la do que desistir – põe à dis- Esse fogo, essa farsa, essa desgraça
posição. Me corrompe e corrói meu coração
b) prefere estendê-la à desistir – ponham a disposição. Há momentos que eu paro e acho graça
c) prefere estendê-la a desistir – põe a disposição.
d) prefere estendê-la do que desistir – põem a disposi- Procuro, e não acho a solução.
ção. Você abusou,
e) prefere estendê-la a desistir – ponham à disposição.
Tirou partido de mim, abusou
89. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO - SP – FARMA- Mas não faz mal
CÊUTICO - SUPERIOR - VUNESP – 2017 - adaptada) É tão normal ter desamor
Leia as frases. É tão cafona sofrer dor
As previsões alusivas ............. aumento da depressão são Que eu já não sei
alarmantes. Se é meninice ou cafonice o meu amor.
Os sentimentos de tédio ou de tristeza são inadequada-
mente convertidos .......... estados depressivos. Que me perdoem, se eu insisto neste tema
Qualquer situação que possa ser um obstáculo ............ feli-
cidade é considerada doença. Se o quadradismo dos meus versos,
Vai de encontro aos intelectos,
Para que haja coerência com a regência nominal estabe- Que não usam o coração,
lecida pela norma-padrão, as lacunas das frases devem Como expressão...
ser preenchidas, respectivamente, por:
Quanto à regência verbal ou nominal, assinale a alternati-
a) ao … com … na va que apresenta uma frase da letra da música, reescrita,
b) ao … em … à de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
c) do … com … na
d) com o … em … para a) A dor que ele se refere é a da traição.
e) com o … para … à b) Ela traiu aquele que merecia seu verdadeiro amor.
c) Ele tem esperança que seja encontrada solução para
90. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – seu caso amoroso.
2014) Assinale a assertiva cuja regência verbal está cor- d) Muitos casos amorosos o perdão não deve ser nega-
reta: do.
e) Algumas pessoas têm convicção que sofrer por amor
a) Ela queria namorar com ele. é cafonice.
b) Já assisti a esse filme.
c) O caminhoneiro dormiu no volante. 93. (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
d) Quando eles chegam em Campo Grande? RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR -
e) A moça que ele gosta é aquela ali. IADES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos des-
tacados no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no
91. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – elevador”, fossem empregados, respectivamente, Esque-
2014) A regência nominal está correta em: cer e gostar, a nova redação, de acordo com as regras
sobre regência verbal e concordância nominal prescritas
a) É preferível um inimigo declarado do que um amigo pela norma-padrão, deveria ser
falso.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) As meninas têm aversão de verduras. a) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
c) Aquele cachorro é hostil para com desconhecidos. b) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
d) O sentimento de liberdade é inerente do ser humano. c) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no elevador.
e) Construiremos portos acessíveis de qualquer navio. d) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no elevador.
e) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.

124
94. (PETROBRAS – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA Ao compararem os padrões de compartilhamento des-
TODOS OS CARGOS – NÍVEL SUPERIOR – CESGRAN- sas milhares de “cascatas”, os pesquisadores observaram
RIO/2014 - adaptada) No trecho “podemos utilizar essa que os rumores “falsos” se espalharam com mais rapidez,
mesma abordagem no nosso organismo, sem necessaria- aumentando o número de “degraus” da cascata - e com
mente nos limitarmos a meios tradicionais, como edu- maior abrangência do que os considerados verdadeiros.
cação e desenvolvimento cultural.”, o verbo limitar, no A tendência também se manteve, independentemente
sentido de restringir, exige a presença da preposição “a”. do tema geral que os rumores abordassem, mas foi mais
Essa exigência de preposição também se observa na re- forte quando versavam sobre política do que os demais,
gência da forma verbal destacada em: na ordem de frequência: lendas urbanas; negócios; terro-
rismo e guerras; ciência e tecnologia; entretenimento; e
a) A eliminação de doenças consideradas incuráveis re- desastres naturais.
presenta a principal meta da tecnologia moderna. Uma surpresa provocada pelo estudo revelou o perfil
b) A tentativa de criação de seres humanos superdota- de quem mais compartilha rumores falsos: usuários com
dos confirma a nova perspectiva da ciência atual. poucos seguidores e novatos nas redes.
c) As pesquisas sobre o futuro da humanidade condu- — Vivemos inundados por notícias e muitas vezes as
zem a descobertas inimagináveis há poucos anos. pessoas não têm tempo nem condições para verificar
d) Os desafios éticos acompanham a possibilidade de se elas são verdadeiras — afirma um dos pesquisado-
programar filhos capazes de se tornarem gênios. res. Isso não quer dizer que as pessoas são estúpidas. As
e) Os novos tempos resgatam a crença de que haverá redes sociais colocam todas as informações no mesmo
invenções importantes para prevenir as doenças. nível, o que torna difícil diferenciar o verdadeiro do falso,
uma fonte confiável de uma não confiável.
95. (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUN- BAIMA, Cesar. Na internet, mentiras têm pernas longas.
CAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue O Globo. Sociedade. 09 mar. 2018. Adaptado.
a norma culta da língua quanto à regência verbal.
a) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. No trecho “independentemente do tema geral que os ru-
b) Eu esqueci do seu nome. mores abordassem”, a palavra que pode substituir rumo-
c) Você assistiu à cena toda? res, por ter sentido equivalente, é:
d) Ele chegou na oficina pela manhã.
e) Sempre obedeço as leis de trânsito. a) assuntos
b) boatos
96. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS/AL – c) debates
TÉCNICO DE LABORATÓRIO – ANATOMIA E NECROP- d) diálogos
SIA – COPEVE/2014) Considere o trecho sublinhado e) temas
em: “Apenas trinta e cinco pessoas assistiram à projeção
de dez filmes de dois minutos de duração cada um, no dia 98. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) O
28/12/1895” (História Viva, janeiro/2005). período abaixo em que os dois termos sublinhados NÃO
Nas reescritas abaixo, em qual alternativa ocorreu danos podem trocar de posição é:
à norma culta?
a) A arte é a mais bela das mentiras;
a) compareceram a projeção de dez filmes. b) O importante na obra de arte é o espanto;
b) viram a projeção de dez filmes. c) A forma segue a emoção;
c) assistiram aos dez filmes. d) A obra de arte: uma interrupção do tempo;
d) foram assistir à projeção de dez filmes. e) Na arte não existe passado nem futuro.
e) presenciaram a projeção de dez filmes.
99. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL
97. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL E TRANSPORTE – CESPE-2015)
I – CESGRANRIO-2018)
TEXTO II
Na internet, mentiras têm pernas longas
A partir de uma ação do Ministério Público Federal
Diz o velho ditado que “a mentira tem pernas curtas”, (MPF), o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2)
mas nestes tempos de internet parece que a situação se determinou que a Google Brasil retirasse, em até 72 ho-
inverteu, pelo menos no mundo digital. Pesquisadores ras, 15 vídeos do YouTube que disseminam o preconcei-
mostram que rumores falsos “viajam” mais rápido e mais to, a intolerância e a discriminação a religiões de matriz
“longe”, com mais compartilhamentos e alcançando um africana, e fixou multa diária de R$ 50.000,00 em caso de
LÍNGUA PORTUGUESA

maior número de pessoas, nas redes sociais, do que in- descumprimento da ordem judicial. Na ação civil pública,
formações verdadeiras. a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/
Foram reunidos todos os rumores nas redes sociais - fal- RJ) alegou que a Constituição garante aos cidadãos não
sos, verdadeiros ou “mistos”. Esses rumores foram acom- apenas a obrigação do Estado em respeitar as liberdades,
panhados, chegando a um total de mais de 4,5 milhões mas também a obrigação de zelar para que elas sejam
de postagens feitas por cerca de 3 milhões de pessoas, respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas.
formando “cascatas” de compartilhamento. Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos vídeos

125
da Internet restauraria a dignidade de tratamento, que, 101. (CONCURSO INTERNO DE SELEÇÃO PARA O
nesse caso, foi negada às religiões de matrizes africanas. CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS PM/2014)
Corroborando a visão do MPF, o TRF2 entendeu que a Leia a tira.
veiculação de vídeos potencialmente ofensivos e fomen-
tadores do ódio, da discriminação e da intolerância con-
tra religiões de matrizes africanas não corresponde ao
legítimo exercício do direito à liberdade de expressão.
O tribunal considerou que a liberdade de expressão não
se pode traduzir em desrespeito às diferentes manifesta-
ções dessa mesma liberdade, pois ela encontra limites no
próprio exercício de outros direitos fundamentais.
Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações).

No trecho “adulterar ou destruir dados”, a palavra “adul-


terar” está sendo empregada com o sentido de alterar
prejudicando.

( ) CERTO ( ) ERRADO

100. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO


BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO PO-
LICIAL MILITAR – VUNESP-2010) Analise a charge.

(Folha de S.Paulo, 13.09.2013)

No plano da linguagem verbal, o efeito de humor da


charge decorre do emprego com duplo sentido da pa-
lavra
a) Amor.
b) você.
c) parar.
d) impulso.
102. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO JUDI-
CIÁRIA – IBFC-2017)
(www.arionaurocartuns.com.br)

A palavra só, presente na fala do personagem, tem o


mesmo sentido em:
a) Só vence quem concorre.
b) Mariana veio só, infelizmente.
c) Pedro estava só, quando cheguei.
d) A mulher, por estar só, sentiu-se amedrontada.
e) O marujo, só, resolveu passear pela praia.

O humor do texto orienta-se pela relação entre os ele-


mentos verbais e não-verbais. Quanto aos primeiros,
destaca-se a ambiguidade, ou seja, a possibilidade de
mais de uma interpretação do seguinte termo:
LÍNGUA PORTUGUESA

a) “claro”.
b) “chefe”.
c) “fiz”.
d) “retirada”.
e) “sustentável”.

126
103. (TRE-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
NISTRATIVA – FCC-2017-ADAPTADA) O Centro de Me-
mória Eleitoral do TRE-SP foi criado em agosto de 1999 e GABARITO
tem por objetivo a execução de ações... O segmento su-
blinhado estará corretamente substituído, com o sentido 1 C
preservado, por:
2 C
a) visa à 3 A
b) propõe-se da
4 D
c) promove à
d) reivindica à 5 E
e) promulga a 6 B
7 A
104. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018)
8 B
TEXTO - Ressentimento e Covardia 9 E

Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os 10 A


usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma 11 E
legislação específica que coíba não somente os usos mas 12 E
os abusos deste importante e eficaz veículo de comu-
nicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros 13 A
meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da 14 D
imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem 15 D
como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros
recursos de apropriação indébita. 16 B
No fundo, é um problema técnico que os avanços da in- 17 B
formática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposi- 18 E
ção dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas
vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está 19 E
em sua pré-história. 20 D
21 A
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na 22 E
internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e 23 A
escritores em geral, os mais comuns são os textos atri-
24 C
buídos ou deformados que circulam por aí e que não
podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso. 25 A
Um jornal ou revista é processado se publicar sem au- 26 A
torização do autor um texto qualquer, ainda que em ci-
tação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou 27 D
difamação, também. E em caso de falsear a verdade pro- 28 C
positadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar 29 D
espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei 30 B
do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais 31 ERRADO
expressão de ressentidos e covardes do que de liberda- 32 B
de, da verdadeira liberdade.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – 33 E
adaptado) 34 D
35 C
A internet tem produzido uma série de neologismos se-
mânticos, ou seja, vocábulos antigos a que foram acopla- 36 B
dos sentidos novos; NÃO está nesse caso: 37 D
LÍNGUA PORTUGUESA

38 B
a) sítio;
b) navegar; 39 D
c) deletar; 40 E
d) arquivo;
e) provedor. 41 CERTO
42 CERTO

127
43 A 88 E
44 E 89 B
45 C 90 B
46 C 91 C
47 E 92 B
48 D 93 E
49 C 94 C
50 CERTO 95 C
51 A 96 A
52 E 97 B
53 A 98 C
54 B 99 CERTO
55 D 100 A
56 ERRADO 101 D
57 B 102 E
58 A 103 A
59 B 104 C
60 E
61 CERTO
62 B
63 E
64 E
65 B
66 E
67 D
68 E
69 D
70 B
71 A
72 E
73 E
74 D
75 A
76 B
77 E
78 C
79 E
80 E
81 C
82 C
LÍNGUA PORTUGUESA

83 C
84 B
85 D
86 B
87 A

128
ÍNDICE

CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA


Sistema Operacional Windows XP e Windows 7........................................................................................................................................... 01
Microsoft Word 2010; ............................................................................................................................................................................................. 01
Microsoft Excel 2010; .............................................................................................................................................................................................. 01
Microsoft PowerPoint 2010; .................................................................................................................................................................................. 01
Conceitos de organização e de gerenciamento de arquivos, pastas e programas; ....................................................................... 48
Conceitos, serviços e tecnologias relacionados a intranet, internet e a correio eletrônico; 7) Internet Explorer 9 e Micro-
soft Outlook 2010; .................................................................................................................................................................................................... 54
Noções relativas a softwares livres..................................................................................................................................................................... 64
Noções de hardware e de software para o ambiente de microinformática....................................................................................... 64
Conceitos e procedimentos de proteção e segurança para segurança da informação; .............................................................. 76
Procedimentos, aplicativos e dispositivos para armazenamento de dados e para realização de cópia de segurança (ba-
ckup)............................................................................................................................................................................................................................... 76
/bin - Comandos utilizados durante o boot e por
SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS XP usuários comuns.
E WINDOWS 7,MICROSOFT WORD 2010; /sbin - Como os comandos do /bin, só que não são
MICROSOFT EXCEL 2010; MICROSOFT utilizados pelos usuários comuns.
POWERPOINT 2010; Por esse motivo, o diretório sbin é chamado de su-
perusuário, pois existem comandos que só podem ser
utilizados nesse diretório. É como se quem estivesse no
Conceitos básicos sobre Linux e Software Livre diretório sbin fosse o administrador do sistema, com per-
missões especiais de inclusões, exclusões e alterações.
O Linux é um sistema operacional inicialmente basea- wgráfica baseada em diálogos
do em comandos, mas que vem desenvolvendo ambien- - kill - manda um sinal para um processo. Os sinais
tes gráficos de estruturas e uso similares ao do Windows. sIG- TErm e sIGKILL encerram o processo
Apesar desses ambientes gráficos serem cada vez mais - kill -9 xxx – mata o processo de número xxx
adotados, os comandos do Linux ainda são largamen- - killall - manda um sinal para todos os processos
te empregados, sendo importante seu conhecimento e - less - mostra o conteúdo de um arquivo de texto
estudo. com controle
Outro termo muito usado quando tratamos do Linux - ls - listar o conteúdo do diretório
é o kernel, que é uma parte do sistema operacional que - ls -alh - mostra o conteúdo detalhado do diretório
faz a ligação entre software e máquina, é a camada de - ls - ltr - mostra os arquivos no formado longo (l) em
software mais próxima do hardware, considerado o nú- ordem inversa (r) de data (t)
cleo do sistema. O Linux teve início com o desenvolvi- - man - mostra informações sobre um comando
mento de um pequeno kernel, desenvolvido por Linus - mkdir - cria um diretório. É um comando utilizado
Torvalds, em 1991, quando era apenas um estudante fin- na raiz do Linux para a criação de novos diretórios.
landês. Ao kernel que Linus desenvolveu, deu o nome de
Linux. Como o kernel é capaz de fazer gerenciamentos Na imagem a seguir, no prompt ftp, foi criado o
primários básicos e essenciais para o funcionamento da diretório chamado “myfolder”.
máquina, foi necessário desenvolver módulos específicos
para atender várias necessidades, como por exemplo um
módulo capaz de utilizar uma placa de rede ou de vídeo
lançada no mercado ou até uma interface gráfica como a
que usamos no Windows.
Uma forma de atender a necessidade de comunicação
entre kernel e aplicativo é a chamada do sistema (System
Call), que é uma interface entre um aplicativo de espaço
de usuário e um serviço que o kernel fornece.
Como o serviço é fornecido no kernel, uma chamada
direta não pode ser executada; em vez disso, você deve Figura 78: Prompt “ftp”
utilizar um processo de cruzamento do limite de espaço
do usuário/kernel. - mount - montar partições em algum lugar do sistema.
No Linux também existem diferentes run levels de - mtr - mostra rota até determinado IP
operação. O run level de uma inicialização padrão é o de - mv - move ou renomeia arquivos e diretórios
número 2. - nano - editor de textos básico
Como o Linux também é conhecido por ser um sis- - nfs - sistema de arquivos nativo do sistema opera-
tema operacional que ainda usa muitos comandos digi- cional Linux, para o compartilhamento de recur-
tados, não poderíamos deixar de falar sobre o Shell, que sos pela rede
é justamente o programa que permite ao usuário digitar - netstat - exibe as portas e protocolos abertos no sistema
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

comandos que sejam inteligíveis pelo sistema operacio- - nmap - lista as portas de sistemas remotos/locais
nal e executem funções. atrás de portas abertas
No MS DOS, por exemplo, o Shell era o command.
- nslookup - consultas a serviços DNs
com, através do qual podíamos usar comandos como o
- ntsysv - exibe e configura os processos de inicialização
dir, cd e outros. No Linux, o Shell mais usado é o Bash,
- passwd - modifica senha (password) de usuários
que, para usuários comuns, aparece com o símbolo $, e
- ps - mostra os processos correntes
para o root, aparece com o símbolo #.
- ps - aux - mostra todos os processos correntes no
Temos também os termos usuário e superusuário. En-
sistema
quanto ao usuário é dada a permissão de utilização de
- ps - e - lista os processos abertos no sistema
comandos simples, ao superusuário é permitido configurar
- pwd - exibe o local do diretório atual. O prompt
quais comandos os usuários podem usar, se eles podem
apenas ver ou também alterar e gravar diretórios, ou seja, padrão do Linux exibe apenas o último nome do
ele atua como o administrador do sistema. O diretório pa- caminho do diretório atual. Para exibir o caminho
drão que contém os programas utilizados pelo superusuá- completo do diretório atual digite o comando
rio para o gerenciamento e a manutenção do sistema é o pwd. Linux@fedora11 – é a versão do Linux que
/sbin. está sendo usada. help pwd – é o comando que

1
nos mostrará o conteúdo da ajuda sobre o pwd. A diversas interfaces gráficas, baseadas principalmente no
informação do help nos mostra que pwd imprime servidor de janelas XFree. Entre as mais de vinte interfa-
o nome do diretório atual. ces gráficas criadas para o Linux, vamos citar o KDE.
- reboot - reiniciar o computador.
- recode - recodifica um arquivo ex: recode iso-8859-
15.. utf8 file_to_change.txt
- rm - remoção de arquivos (também remove diretó-
rios)
- rm -rf - exclui um diretório e todo o seu conteúdo
- rmdir - exclui um diretório (se estiver vazio)
- route - mostra as informações referentes às rotas
- shutdown - r now - reiniciar o computador
- split - divide um arquivo
- smbpasswd - No sistema operacional Linux, na ver-
são samba, smbpasswd permite ao usuário alterar
sua senha criptografada smb que é armazenada
no arquivo smbpasswd (normalmente no diretório
privado sob a hierarquia de diretórios do samba). Figura 79: Menu K, na versão Suse – imagem obtida
os usuários comuns só podem executar o coman- de http://pt.wikibooks. org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_
do sem opções. Ele os levará para que sua senha interface_gr%C3%A1fica_KDE
velha smb seja digitada e, em seguida, pedir-lhes
sua nova senha duas vezes, para garantir que a Um dos motivos que ainda desestimula várias pes-
senha foi digitada corretamente. Nenhuma senha soas a adotarem o Linux como seu sistema operacional é
será mostrada na tela enquanto está sendo digi- a quantidade de programas compatíveis com ele, o que
tada. vem sendo solucionado com o passar do tempo. Sua in-
- su - troca para o superusuário root (é exigida a senha) terface familiar, semelhante ao do Windows, tem ajuda-
-su user - troca para o usuário especificado em ‘user’ do a aumentar os adeptos ao Linux.
(é exigida a senha) Distribuição Linux é um sistema operacional que utiliza
o núcleo (kernel) do Linux e outros softwares. Existem
- tac - semelhante ao cat, mas inverte a ordem
várias versões do Linux (comerciais ou não): Ubuntu, De-
- tail - o comando tail mostra as últimas linhas de um
bian, Fedora, etc. Cada uma com suas vantagens e des-
arquivo texto, tendo como padrão as 10 últimas li-
vantagens. O que torna a escolha de uma distribuição
nhas. Sua sintaxe é: tail nome_do_arquivo. Ele pode
bem pessoal.
ser acrescentado de alguns parâmetros como o -n
que mostra o [numero] de linhas do final do arqui-
vo; o – c [numero] que mostra o [numero] de bytes #FicaDica
do final do arquivo e o – f que exibe continuamen-
te os dados do final do arquivo à medida que são Distribuições são criadas, normalmen-
acrescentados. te, para atender razões específicas. Por
- tcpdump sniffer - sniffer é uma ferramenta que exemplo, existem distribuições para rodar
“ouve” os pacotes em servidores, redes - onde a segurança
- top - mostra os processos do sistema e dados do é prioridade - e, também, computadores
processador. pessoais.
- touch touch foo.txt - cria um arquivo foo.txt vazio; Assim, não é possível dizer qual é a melhor
também altera data e hora de modificação para distribuição. Pois, depende da finalidade
agora do seu computador.
- traceroute - traça uma rota do host local até o desti-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

no mostrando os roteadores intermediários


- umount - desmontar partições
- uname - a - informações sobre o sistema operacio- Sistema de arquivos: organização e gerenciamento
nal de arquivos, diretórios e permissões no Linux
- userdel - remove usuários Dependendo da versão do Linux é possível encontrar
- vi - editor de ficheiros de texto gerenciadores de arquivos diferentes. Por exemplo, no
-vim - versão melhorada do editor supracitado Linux Ubuntu, encontramos o Nautilus, que permite a
- which - mostra qual arquivo binário está sendo cha- cópia, recorte, colagem, movimentação e organização
mado pelo shell quando chamado via linha de co- dos arquivos e pastas. No Linux, vale lembrar que os
mando dispositivos de armazenamento não são nomeados por
- who - informa quem está logado no sistema letras.
Por exemplo, no Windows, se você possui um HD na
Não são só comandos digitados via teclado que po- máquina, ele recebe o nome de C. Se possui dois HDs,
demos executar no Linux. Várias versões foram desenvol- um será o C e o outro o E. Já no Linux, tudo fará parte de
vidas e o kernel evoluiu muito. Sobre ele rodam as mais um mesmo sistema da mesma estrutura de pastas.w

2
Manipulação de hardware e dispositivos

A manipulação de hardware e dispositivos pode ser


feita no menu Locais, Computador, através do qual aces-
samos a lista de dispositivos em execução. A maioria dos
dispositivos de hardware instalados no Linux Ubuntu são
simplesmente instalados. Quando se trata de um pen
drive, após sua conexão física, aparecerá uma janela do
gerenciador de arquivos exibindo o conteúdo do dispo-
sitivo. É importante, porém, lembrar-se de desmontar
corretamente os dispositivos de armazenamento e ou-
tros antes de encerrar seu uso. No caso do pen drive,
Figura 80: Linux – Fonte: O Livro Oficial do Ubuntu podemos clicar com o botão direito do mouse sobre o
ícone localizado na área de trabalho e depois em Des-
As principais pastas do Linux são: montar.
/etc - possui os arquivos gerais de configuração do
sistema e dos Agendamento de tarefas
programas instalados.
/home – cada conta de usuário possui um diretório O agendamento de tarefas no Linux Ubuntu é realiza-
salvo na pasta home do pelo agendador de tarefas chamado cron, que permi-
/boot – arquivos de carregamento do sistema, in-
cluindo configuração do gerenciador de boot e o kernel te estipular horários e intervalos para que tarefas sejam
/dev – onde ficam as entradas das placas de disposi- executadas. Ele permite detalhar comandos, data e hora
tivos como rede, som, impressoras que ficam em um arquivo chamado crontab, arquivo de
/lib – bibliotecas do sistema texto que armazena a lista de comandos a serem aciona-
/media – possui a instalação de dispositivos como dos no horário e data estipulados.
drive de CD, pen drives e outros
/opt – usado por desenvolvedores de programas Administração de usuários e grupos no Linux
/proc – armazena informações sobre o estado atual Antes de iniciarmos, entendamos dois termos:
do sistema
/root – diretório do superusuário - superusuário: é o administrador do sistema. Ele tem
acesso e permissão para executar todos os comandos.
O gerenciamento de arquivos e diretórios, ou seja, - usuário comum: tem as permissões configuradas
copiar, mover, recortar e colar pode ser feito, julgando
que estamos usando o Nautilus, da seguinte forma: pelo superusuário para o grupo em que se encontra.

- Copiar: clique com o botão direito do mouse sobre o Um usuário pode fazer parte de vários grupos e um
arquivo ou diretório. O conteúdo será movido para a área grupo pode ter vários usuários. Dessa forma, podemos
de transferência, mas o original permanecerá no local. atribuir permissões aos grupos e colocar o usuário que
- Recortar: clique com o botão direito do mouse desejamos que tenha determinada permissão no grupo
sobre o arquivo ou diretório. O conteúdo será movido correspondente.
para a área de transferência, sendo removido do seu lo- Comandos básicos para grupos
cal de origem. - Para criar grupos: sudo groupadd nomegrupo
- Colar: clique com o botão direito do mouse no - Para criar um usuário no grupo: sudo useradd –g
local desejado e depois em colar. O conteúdo da área nomegrupo nomeusuario
de transferência será colado. - Definir senha para o usuário: sudo password no-
Outra forma é deixar a janela do local de origem
do arquivo aberta e abrir outra com o local de destino. meusuario
Pressionar o botão esquerdo do mouse sobre o arquivo - Remover usuário do sistema: sudo userdel nomeusua-
desejado e movê-lo para o destino. rio
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Instalar, remover e atualizar programas Permissões no Linux

Para instalar ou remover um programa, consideran- Vale lembrar que apenas o superusuário (root) tem
do o Linux Ubuntu, podemos utilizar a ferramenta Adi- acesso irrestrito aos conteúdos do sistema. Os outros de-
cionar/Remover Aplicações, que possibilita a busca de pendem de sua permissão para executar comandos. As
drives pela Internet. Esta ferramenta é encontrada no
menu Aplicações, Adicionar/Remover. permissões podem ser sobre tipo do arquivo, permissões
Na parte superior da janela encontramos uma linha do proprietário, permissões do grupo e permissões para
de busca, na qual podemos digitar o termo do aplicativo os outros usuários.
desejado. Ao lado da linha de pesquisa temos a con- Diretórios são designados com a letra ‘d’ e arquivos
figuração de mostrar apenas os itens suportados pelo comuns com o ‘-‘.
Ubuntu. Alguns dos comandos utilizados em permissões são:
O lado esquerdo lista todas as categorias de progra- ls – l Lista diretórios e suas permissões rw- permissões
mas. Quando uma categoria é selecionada sua descrição do proprietário do grupo
é mostrada na parte de baixo da janela. Como exemplos r- permissões do grupo ao qual o usuário pertence
de categorias podemos citar: Acessórios, Educacionais, r- -permissão para os outros usuários
Jogos, Gráficos, Internet, entre outros.

3
As permissões do Linux são: leitura, escrita e execução. Windows
- Leitura: (r, de Read) permite que o usuário apenas
veja, ou seja, leia o arquivo. O Windows assim como tudo que envolve a informá-
- Gravação, ou escrita: (w, de Write) o usuário pode tica passa por uma atualização constante, os concursos
criar e alterar arquivos. públicos em seus editais acabam variando em suas ver-
- Execução: (x, de eXecution) o usuário pode executar sões, por isso vamos abordar de uma maneira geral tanto
arquivos. as versões do Windows quanto do Linux.
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um
Quando a permissão é acompanhada com o ‘-‘, signi- software, um programa de computador desenvolvido por
fica que ela não é atribuída ao usuário. programadores através de códigos de programação. Os
Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares,
Compactação e descompactação de arquivos são considerados como a parte lógica do computador,
Comandos básicos para compactação e descompac- uma parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada
tação de arquivos: apenas quando o computador está em funcionamento. O
gunzip [opções] [arquivos] descompacta arquivos Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é
compactados com gzip. o primeiro a ser instalado na máquina.
gzexe [opções] [arquivos] compacta executáveis. Quando montamos um computador e o ligamos pela
gunzip [opções] [arquivos] descompacta arquivos. zcat primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas algu-
[opções] [arquivos] descompacta arquivos. mas rotinas presentes nos chipsets da máquina. Para uti-
lizarmos todos os recursos do computador, com toda a
qualidade das placas de som, vídeo, rede, acessarmos a
#FicaDica Internet e usufruirmos de toda a potencialidade do hard-
ware, temos que instalar o SO.
Comandos básicos para backups Após sua instalação é possível configurar as placas
tar agrupa vários arquivos em somente um. para que alcancem seu melhor desempenho e instalar
compress faz a compressão de arquivos pa- os demais programas, como os softwares aplicativos e
drão do Unix. utilitários.
uncompress descomprime arquivos compac- O SO gerencia o uso do hardware pelo software e ge-
tados pelo compress. rencia os demais programas.
zcat permite visualizar arquivos compactados A diferença entre os Sistemas Operacionais de 32 bits
pelo compress. e 64 bits está na forma em que o processador do com-
putador trabalha as informações. O Sistema Operacional
de 32 bits tem que ser instalado em um computador que
tenha o processador de 32 bits, assim como o de 64 bits
tem que ser instalado em um computador de 64 bits.
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows,
segundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar mais
memória que as versões de 32 bits do Windows. “Isso
ajuda a reduzir o tempo despendido na permuta de pro-
cessos para dentro e para fora da memória, pelo arma-
zenamento de um número maior desses processos na
memória de acesso aleatório (RAM) em vez de fazê-lo
no disco rígido. Por outro lado, isso pode aumentar o
desempenho geral do programa”.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 81: Centro de controle do KDE imagem obtida


de http://pt.wikibooks.org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_
interface_gr%C3%A1fica_KDE
Como no Painel de controle do Windows, temos o
centro de controle do KDE, que nos permite personalizar
toda a parte gráfica, fontes, temas, ícones, estilos, área
de trabalho e ainda Internet, periféricos, acessibilidade,
segurança e privacidade, som e configurações para o ad-
ministrador do sistema.

4
Windows XP tornar icônico. Os usuários poderiam ainda travar a barra
de tarefas e evitar que houvesse mudanças das configu-
O Windows XP foi lançado em 2001 e ele era um sis- rações no espaço.
tema operacional bastante completo e confiável, por isso O XP foi apresentado ainda em diferentes edições,
pode-se dizer que ele foi uma versão muito bem suce- além de estar disponível em 32 e 64 bits. A versão Home
dida, importante mencionar que o encerramento do seu Edition era voltada para o uso doméstico e trazia ferra-
suporte foi em abril de 2014. mentas mais simples para o usuário comum. Já a edição
Professional tinha como público empresas e usuários
com conhecimentos avançados. Houve ainda uma ver-
são Media Center Edition, mas esta nunca foi colocada à
venda e era entregue somente sob encomenda.
Em relação as funcionalidades, o grande destaque foi
o suporte a dispositivos Plug and Play, famoso plugar e
usar que acabou com etapas burocráticas de instalação,
não exigindo que o computador fosse desligado ao re-
mover um dispositivo externo, como um pendrive.
Outra novidade na funcionalidade foi a tecnologia
ClearType, que facilitava a visualização de textos em tela
LCD, novidades na época. Além disso, ele melhorou o
consumo de energia para a utilização em dispositivos
móveis como notebook e tablets, e incluiu a possibilida-
de de inicializar a máquina mais rapidamente e hibernar.
Além disso, passou a dar suporte às redes Wireless
e DSL, melhorando a alternância entre contas de usuá-
rios, permitindo que o indivíduo acesse outra conta sem
Figura 8: Tela de login do Windows XP fechar seus programas abertos. Além disso, introduziu a
funcionalidade de assistência remota, o que possibilitou
que pessoas conectadas à Internet pudessem assumir o
controle da máquina para realizar suporte técnico ou au-
xiliar uma tarefa.
Quanto as atualizações e até mesmo o encerramento
do suporte, pode-se dizer que o XP teve três grandes
atualizações, que ficaram conhecidas como Service Packs.
O primeiro foi lançado no dia 9 de setembro de 2002,
adicionando o suporte ao formato USB 2.0 e a possibili-
dade de definir padrões de programas. O SP2 chegou em
6 de agosto de 2004 com foco na segurança do sistema.
Já o SP3 foi distribuído em 6 de maio de 2008 com corre-
ções de segurança e melhoras no desempenho.
No dia 8 de abril de 2014, a Microsoft encerrou o su-
porte ao Windows XP SP3, não oferecendo mais atualiza-
ções ou correções de segurança para o sistema.

Comparando o Windows XP com o Windows 7


Figura 9: Desktop do Windows XP
Estabilidade
Ele foi sucessor de uma versão considerada fracassa-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

da que foi o Windows Me (Millennium Edition), lançado O Windows 7 é muito mais estável do que o Windows
em 2000, e é considerado por muitos o principal respon- XP, e isso acontece por diversos motivos. Inicialmente ele
sável em recuperar a confiança dos clientes Microsoft. foi desenvolvido para dar maior proteção à memória, iso-
Seu lançamento foi dia 25 de outubro de 2001 e chamou lando-a de problemas externos. Exemplo clássico: você
a atenção por trazer uma nova interface gráfica e elimi-
nar os problemas de estabilidade encontrados no ME. instala um novo driver de placa de vídeo, e ele trava pois
A interface gráfica do Windows XP ficou conhecida tem um bug. Enquanto o Windows XP trava por completo
por ser muito mais intuitiva e agradável, afinal as janelas (ou o computador é reiniciado), o Windows 7 se recupera
cinzas, e barras quadradas foram substituídas por uma normalmente do travamento utilizando um driver padrão
interface colorida, com padrão azul, e botões mais arre- de vídeo, e isso não afeta os demais programas abertos.
dondados e visíveis. Outra grande novidade foi o botão O Windows 7 vem com o Monitor de Confiabilidade.
iniciar, que ficou maior, com mais atalhos e possibilida- Ele monitora constantemente o computador, salvando
des de fixar programas, mudança essa que permaneceu informações importantes quando há alguma falha de
até o Windows 7. aplicativo ou do Windows, e com isso o usuário tem um
Outros aspectos visuais trazidos pelo Windows XP, panorama geral que permite concluir que aplicativo ou
foram as novas camadas e efeitos para o desktop, além driver está causando problemas. Isso é possível pois ele
de apresentar um papel de parede padrão que viria a se

5
monitora a data de instalação de drivers e programas, Entre elas estão ASLR, PatchGuard, UAC, PMIE e outras
execução de aplicativos, updates do Windows, travamen- tecnologias que bloqueiam e impedem ataques externos
to de programas, e tudo mais que possa afetar a estabili- por vias desconhecidas. Além disso, o antivírus gratuito
dade do sistema operacional - e com isso é fácil concluir da Microsoft (MSE – Microsoft Security Essentials) pode
quando um novo programa ou driver está causando pro- ser utilizado por qualquer pessoa que tenha Windows
blemas no sistema operacional. O Monitor de Confiabi- Original, protegendo-a contra malwares.
lidade também tem a opção de verificar soluções para
todos os problemas listados. Hardware e performance
Além disso, o Windows 7 também vem com a opção
de restauração de sistema e drivers, permitindo que você Atualmente muitos computadores e notebooks vêm
retorne a um status ou driver anterior ao atual caso este com 4GB de memória RAM ou mais - e o Windows XP
apresente algum problema. não aproveita isso.
Por fim, o NTFS (tipo de partição) do Windows 7 é Tanto o Windows XP quanto o Windows 7 “enxergam”
mais completo e avançado do que o do Windows XP, até 4GB RAM nas suas versões 32-bits - mas ao contrário
pois é o mesmo utilizado no Windows Server 2008. do XP, o Windows 7 tem versões 64-bits perfeitamente
Quando ocorre algum problema em disco ou na partição utilizáveis, isto é, o mercado lançou programas e perifé-
do Windows XP, por exemplo, o sistema operacional ten- ricos que funcionam perfeitamente no Windows 7, mas
ta corrigi-lo (às vezes durante horas) via chkdsk no pró- não para o Windows XP.
ximo boot. O NTFS do Windows 7, por outro lado, utiliza Embora exista uma versão 64-bits do Windows XP,
o self-healing (auto-correção) e o problema é reparado praticamente ninguém a usa pois não há drivers para pe-
imediatamente sem que o usuário sequer saiba disso. riféricos nem programas que aproveitam o seu potencial.
Além disso, ele permite corrigir problemas em arquivos E um detalhe que poucos sabem é que o limite de
de sistema (como o Win32k.sys) - algo que o Windows 4GB de memória se aplica à soma da memória RAM +
XP não consegue. Neste item Windows 7 x Windows XP, memória da placa de vídeo + memória dos periféricos
o Windows 7 ganha. PCI + ACPI + tudo mais que esteja instalado no compu-
tador que utilize memória (exceto pendrive, disco rígido
Usabilidade e cartões de memória, obviamente).
Isso significa que se você utiliza  uma poderosa pla-
O Windows 7 facilita o dia-a-dia das pessoas com no- ca de vídeo de 2GB de memória (algo relativamente co-
vidades que tornam as tarefas mais rápidas e eficientes. mum) no Windows XP, este acessará menos de 2GB de
Entre elas estão: memória RAM independentemente da quantidade de
- Central de Contas do Usuário (UAC) que protege o memória RAM instalada no computador. E quanto me-
usuário sem incomodá-lo nos memória RAM, menos performance o computador
- Pesquisa integrada ao sistema operacional terá. A solução é utilizar um sistema operacional comple-
- Bibliotecas, que organizam os arquivos e facilitam o to de 64-bits como o Windows 7.
seu uso em rede local
- Aero Snap, que ao arrastar uma janela para a late- Custo Benefício
ral da tela, esta é automaticamente expandida e ocupa
metade da tela (ou tela cheia se for arrastada para cima) O Windows XP foi inaugurado em 2001, ou seja,
- Aero Peek, que torna as janelas transparentes para para hardwares equivalentes da época, os requisitos
você visualizar ou acessar rapidamente o desktop mínimos do Windows XP são inferiores até mesmo aos
- Aero Shake, que ao chacoalhar uma janela faz com smartphones mais simples de hoje em dia: Pentium 233
que todas as demais sejam automaticamente minimizadas MHz, 64MB RAM e 1,5GB de espaço em disco! É preciso
dizer mais?
Essas melhorias na usabilidade não devem ser des-
consideradas ou vistas como “frescura”, pois elas podem O Windows 7 funciona muito bem até mesmo em
economizar dezenas de horas de trabalho por ano! Mais hardware limitado, como netbooks com 1GB RAM e
uma vantagem para o Windows 7 na comparação Win- processador de 1GHz, além de estar preparado para
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

dows 7 x Windows XP. utilizar todo potencial das tecnologias atuais:  proces-
sadores multi-core, muita memória RAM, discos SSD,
Segurança
drive de Blu-Ray, USB 3.0, placas de vídeo caseiras que
Há um mundo de diferença entra a segurança do processam 3 trilhões de cálculos por segundo (quatro
Windows XP e a do Windows 7. Embora algumas pes- placas dessas trabalhando juntas superam o total de
soas achem que basta instalar um navegador atual para cálculos por segundo do supercomputador mais rápido
se manter seguro na web, nada mais ilusório: estes mes- do planeta de 2001 - e ele tinha 8.192 processadores!),
mos navegadores não conseguem proteger o usuário se e tecnologias que utilizamos atualmente e que seriam
eles estão sendo executados em um sistema operacional consideradas coisas de ficção científica quando o Win-
com capacidade de proteção limitada. O navegador não dows XP foi criado.
impede ataques remotos nem ataques que utilizam vul- Na prática não existem motivos razoáveis para um
nerabilidades existentes no sistema operacional. computador utilizar o Windows XP ao invés do Windows 7.
Além disso, vulnerabilidades no Windows 7 são mui-
to menos perigosas do que a mesma vulnerabilidade no
Windows XP, pois o Windows 7 tem diversas proteções
adicionais que diminuem o poder de ação dos malwares.

6
Windows 7 - Clique na partição que você quiser alterar, clique na
opção de formatação desejada e siga as instruções.
Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta: - Quando a formatação terminar, clique em avançar.
1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito - Siga as instruções para concluir a instalação do Win-
em computador e clique em Propriedades. dows 7, inclusive a nomenclatura do computador e a
2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema. configuração de uma conta do usuário inicial.

“Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7, Conceitos de organização e de gerenciamento de in-
você precisará de um processador capaz de executar formações; arquivos, pastas e programas.
uma versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um
sistema operacional de 64 bits ficam mais claros quan- Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar
do você tem uma grande quantidade de RAM (memória arquivos, ícones ou outras pastas.
de acesso aleatório) no computador, normalmente 4 GB Arquivos – são registros digitais criados e salvos por
ou mais. Nesses casos, como um sistema operacional de meio de programas aplicativos. Por exemplo, quando
64 bits pode processar grandes quantidades de memó- abrimos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a sal-
ria com mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema vamos no computador, estamos criando um arquivo.
de 64 bits poderá responder melhor ao executar vários Ícones – são imagens representativas associadas a
programas ao mesmo tempo e alternar entre eles com programas, arquivos, pastas ou atalhos.
frequência”. Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais
Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.
reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
caso, é possível instalar: Criação de pastas (diretórios)

- Sobre o Windows XP;


- Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista (Win
Vista), também 32 bits;
- Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
- Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
- Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
- Win 7 em um computador e formatar o HD durante
a insta- lação;
- Win 7 em um computador sem SO;

Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual


tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
chave do produto, que é um código que será solicitado
durante a instalação.
Vamos adotar a opção de instalação com formatação
de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft Cor-
poration:
- Ligue o seu computador, de forma que o Windows
seja inicializado normalmente, insira do disco de instala- Figura 64: Criação de pastas
ção do Windows 7 ou a unidade flash USB e desligue o
seu computador.
- Reinicie o computador.
- Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer
isso, e siga as instruções exibidas. #FicaDica
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

- Na página de Instalação Windows, insira seu idioma Clicando com o botão direito do mouse
ou outras preferências e clique em avançar. em um espaço vazio da área de trabalho
- Se a página de Instalação Windows não aparecer e o ou outro apropriado, podemos encontrar
programa não solicitar que você pressione alguma tecla, a opção pasta.
talvez seja necessário alterar algumas configurações do Clicando nesta opção com o botão es-
sistema. Para obter mais informações sobre como fazer querdo do mouse, temos então uma for-
isso, consulte. Inicie o seu computador usando um disco ma prática de criar uma pasta.
de instalação do Windows 7 ou um pen drive USB.
- Na página Leia os termos de licença, se você acei-
tar os termos de licença, clique em aceito os termos de
licença e em avançar.
- Na página que tipo de instalação você deseja? cli-
que em Personalizada.
- Na página onde deseja instalar Windows? clique em
opções da unidade (avançada).

7
Figura 65: Criamos aqui uma pasta chamada “Traba- Por meio do botão Iniciar, também podemos:
lho”. - desligar o computador, procedimento que encerra
o Sistema Operacional corretamente, e desliga efe-
tivamente a máquina;
- colocar o computador em modo de espera, que re-
duz o consumo de energia enquanto a máquina
estiver ociosa, ou seja, sem uso. Muito usado nos
casos em que vamos nos ausentar por um breve
período de tempo da frente do computador;
- reiniciar o computador, que desliga e liga automa-
ticamente o sistema. Usado após a instalação de
alguns programas que precisam da reinicialização
do sistema para efetivarem sua instalação, durante
congelamento de telas ou travamentos da máqui-
na.
- realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com
nome e senha de outro usuário, tendo assim um
ambiente com características diferentes para cada
usuário do mesmo computador.
Figura 66: Tela da pasta criada

Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la


e agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o
procedimento: botão direito, Novo, Pasta.

Área de trabalho:

Figura 67: Área de Trabalho Figura 69: Menu Iniciar – Windows 7


A figura acima mostra a primeira tela que vemos Na figura acima temos o menu Iniciar, acessado com
quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome um clique no botão Iniciar.
de área de trabalho, pois a ideia original é que ela sir- 2) Ícones de inicialização rápida: São ícones colo-
va como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e cados como atalhos na barra de tarefas para serem aces-
documentos para dar início ou continuidade ao trabalho. sados com facilidade.
Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra 3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

de tarefas, que traz uma série de particularidades, como: idioma que está sendo usada pelo teclado.
4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones
são configurados para entrar em ação quando o com-
putador é iniciado. Muitos deles ficam em execução o
tempo todo no sistema, como é o caso de ícones de pro-
Figura 68: Barra de tarefas gramas antivírus que monitoram constantemente o sis-
tema para verificar se não há invasões ou vírus tentando
1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato ser executados.
com todos os outros programas instalados, programas 5) Propriedades de data e hora: Além de mostrar o
que fazem parte do sistema operacional e ambientes de relógio constantemente na sua tela, clicando duas vezes,
configuração e trabalho. Com um clique nesse botão, com o botão esquerdo do mouse nesse ícone, acessa-
abrimos uma lista, chamada Menu Iniciar, que contém mos as Propriedades de data e hora.
opções que nos permitem ver os programas mais aces-
sados, todos os outros programas instalados e os recur-
sos do próprio Windows. Ele funciona como uma via de
acesso para todas as opções disponíveis no computador.

8
Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho
muito grande, são excluídos sem irem antes para a Li-
xeira. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma
mensagem, ou perguntando se realmente deseja enviar
aquele item para a Lixeira, ou avisando que o que foi se-
lecionado será permanentemente excluído. Outra forma
de excluir documentos ou pastas sem que eles fiquem
armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shif-
t+Delete.
A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro
cantos da tela para proporcionar melhor visualização de
outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão
esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e
com ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado
(canto direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).
Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
Figura 70: Propriedades de data e hora que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
está marcada.
Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora,
determinarmos qual é o fuso horário da nossa região e
especificar se o relógio do computador está sincronizado
automaticamente com um servidor de horário na Inter-
net. Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe,
que vimos na figura 26. Quando ele começa a mostrar
um horário diferente do que realmente deveria mostrar,
na maioria das vezes, indica que a bateria da placa mãe
deve precisar ser trocada. Esse horário também é sincro-
nizado com o mesmo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas, po-
demos clicar com o botão direito do mouse sobre eles e
depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar uma
vez sobre o objeto desejado e depois pressionar o botão
delete, no teclado. Esses dois procedimentos enviarão
para lixeira o que foi excluído, sendo possível a restaura-
ção, caso haja necessidade. Para restaurar, por exemplo,
um arquivo enviado para a lixeira, podemos, após abri-la,
restaurar o que desejarmos. Figura 72: Bloqueio da Barra de Tarefas

Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar: Por


meio do clique com o botão direito do mouse na barra de
tarefas e do esquerdo em “Propriedades”, podemos aces-
sar a janela “Propriedades da barra de tarefas e do menu
iniciar”. CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 71: Restauração de arquivos enviados para a lixeira


A restauração de objetos enviados para a lixeira pode
ser feita com um clique com o botão direito do mouse
sobre o item desejado e depois, outro clique com o es-
querdo em “Restaurar”. Isso devolverá, automaticamente
o arquivo para seu local de origem.

#FicaDica
Outra forma de restaurar é usar a opção
“Restaurar este item”, após selecionar o
objeto.

9
Painel de controle

O Painel de Controle é o local onde podemos alte-


rar configurações do Windows, como aparência, idioma,
configurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele
é possível personalizar o computador às necessidades do
usuário.
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Bo-
tão Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encon-
tramos as seguintes opções:

- Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do sis-


tema e da segurança”, permite a realização de backups e
restauração das configurações do sistema e de arquivos.
Possui ferramentas que permitem a atualização do Siste-
ma Operacional, que exibem a quantidade de memória
RAM instalada no computador e a velocidade do proces-
sador. Oferece ainda, possibilidades de configuração de
Firewall para tornar o computador mais protegido.
Figura 73: Propriedades da barra de tarefas e do - Rede e Internet: mostra o status da rede e possibi-
menu iniciar lita configurações de rede e Internet. É possível também
definir preferências para compartilhamento de arquivos
Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros: e computadores.
- Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela - Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover
seja posicionada em outros cantos da tela que não seja o hardwares como impressoras, por exemplo. Também
inferior, ou seja, impede que seja arrastada com o botão permite alterar sons do sistema, reproduzir CDs automa-
esquerdo do mouse pressionado. ticamente, configurar modo de economia de energia e
- Ocultar automaticamente a barra de tarefas – ocul- atualizar drives de dispositivos instalados.
ta (esconde) a barra de tarefas para proporcionar maior - Programas: através desta opção, podemos realizar a
aproveitamento da área da tela pelos programas abertos, desinstalação de programas ou recursos do Windows.
e a exibe quando o mouse é posicionado no canto infe- - Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui al-
rior do monitor. teramos senhas, criamos contas de usuários, determina-
mos configurações de acesso.
- Aparência: permite a configuração da aparência da
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela, menu
iniciar e barra de tarefas.
- Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para
alterar data, hora, fuso horário, idioma, formatação de
números e moedas.
- Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o com-
putador às necessidades visuais, auditivas e motoras do
usuário.

Computador
Figura 74: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu Ini-
ciar #FicaDica
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Pela figura acima podemos notar que é possível a Através do “Computador” podemos con-
aparência e comportamento de links e menus do menu sultar e acessar unidades de disco e outros
Iniciar. dispositivos conectados ao nosso compu-
tador.

Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em


Computador. A janela a seguir será aberta:

Figura 21: Barra de Ferramentas 3.

10
Charms Bar

O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa


e esse recurso possibilita “esconder” algumas configura-
ções e aplicações. É uma barra localizada na lateral que
pode ser acessada colocando o mouse no canto direito e
inferior da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows +
C. Essa função substitui a barra de ferramentas presente
no sistema e configurada de acordo com a página em
que você está.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na bus-
ca em configurações. Depois escolha a opção tela inicial e
em seguida escolha a cor da tela. O usuário também pode
selecionar desenhos durante a personalização do papel de
parede.

Figura 76: Computador Redimensionar as tiles

Observe que é possível visualizarmos as unidades de Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os ou-
disco, sua capacidade de armazenamento livre e usada. tros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão di-
Vemos também informações como o nome do computa- reito na divisão entre eles e optando pela opção menor.
dor, a quantidade de memória e o processador instalado Você pode deixar maior os aplicativos que você quiser
na máquina. destacar no computador.

Windows 8 Grupos de Aplicativos

É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o Pode-se criar divisões e grupos para unir programas
Windows 7 em tablets, computadores, notebooks, celu- parecidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos
lares, etc. Ele trouxe diversas mudanças, principalmente podem ser renomeados.
no layout, que acabou surpreendendo milhares de usuá-
rios acostumados com o antigo visual desse sistema. Visualizar as pastas
A tela inicial completamente alterada foi a mudança
que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas A interface do programas no computador podem ser
as aplicações do computador que ficavam no Menu Ini- vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado
ciar e também é possível visualizar previsão do tempo, a lado. Para passar de um painel para outro é necessário
cotação da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as usar a barra de rolagem que fica no rodapé.
pequenas miniaturas que aparecem em sua tela inicial
para ter acesso aos programas que mais utiliza. Compartilhar e Receber
Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro
de uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer Comando utilizado para compartilhar conteúdo, en-
um painel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizando viar uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na opção
uma das pastas e não encontre algum comando, clique Compartilhar e depois escolha qual meio vai usar. Há
com o botão direito do mouse para que esse painel apa- também a opção Dispositivo que é usada para receber
reça. e enviar conteúdos de aparelhos conectados ao compu-
A organização de tela do Windows 8 funciona como tador.
o antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico com
imagens animadas. Cada mosaico representa um aplica- Alternar Tarefas
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

tivo que está instalado no computador. Os atalhos dessa


área de trabalho, que representam aplicativos de versões Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os
anteriores, ficam com o nome na parte de cima e um pe- programas abertos no desktop e os aplicativos novos do
queno ícone na parte inferior. Novos mosaicos possuem SO. Com o atalho Windows + Tab é possível abrir uma
tamanhos diferentes, cores diferentes e são atualizados lista na lateral esquerda que mostra os aplicativos mo-
automaticamente. dernos.
A tela pode ser customizada conforme a conveniên-
cia do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela, Telas Lado a Lado
mas podem ser encontrados clicando com o botão direito
do mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que um Esse sistema operacional não trabalha com o conceito
desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique com de janelas, mas o usuário pode usar dois programas ao
o botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar na mesmo tempo. É indicado para quem precisa acompa-
Tela Inicial. nhar o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da tela do
computador.

11
Visualizar Imagens Windows 10 Pro

O sistema operacional agora faz com que cada vez Além dos recursos da versão de entrada, fornece pro-
que você clica em uma figura, um programa específico teção de dados avançada e criptografada com o BitLoc-
abre e isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar ker, permite a hospedagem de uma Conexão de Área de
isso é preciso ir em Programas – Programas Default – Se- Trabalho Remota em um computador, trabalhar com má-
lecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this quinas virtuais, e permite o ingresso em um domínio para
Program as Default. realizar conexões a uma rede corporativa.

Imagem e Senha Windows 10 Enterprise

O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao Baseada na versão 10 Pro, é disponibilizada por meio
invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso, do Licenciamento por Volume, voltado a empresas.
acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo
em seguida clique em More PC settings. Acesse a opção Windows 10 Education
Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com
imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você Baseada na versão Enterprise, é destinada a atender
colocar sua senha e redirecionará para uma tela com um as necessidades do meio educacional. Também tem seu
pequeno texto e dando a opção para escolher uma foto. método de distribuição baseado através da versão aca-
Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a dêmica de licenciamento de volume.
imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você
terá que desenhar três formas em touch ou com o mou- Windows 10 Mobile
se: uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois, finalize
o processo e sua senha estará pronta. Na próxima vez, Embora o Windows 10 tente vender seu nome fanta-
repita os movimentos para acessar seu computador. sia como um sistema operacional único, os smartphones
com o Windows 10 possuem uma versão específica do
Internet Explorer no Windows 8 sistema operacional compatível com tais dispositivos.

Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da pá- Windows 10 Mobile Enterprise


gina inicial, você terá acesso ao software sem a barra de
ferramentas e menus. Projetado para smartphones e tablets do setor cor-
porativo. Também estará disponível através do Licencia-
Windows 10 mento por Volume, oferecendo as mesmas vantagens do
Windows 10 Mobile com funcionalidades direcionadas
O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 para o mercado corporativo.
que veio para tentar manter o monopólio da Microsoft
no mundo dos Sistemas Operacionais, uma das suas mis- Windows 10 IoT Core
sões é ficar com um visual mais de smart e touch.
IoT vem da expressão “Internet das Coisas” (Internet
of Things). A Microsoft anunciou que haverá edições do
Windows 10 baseadas no Enterprise e Mobile Enterprise
destinados a dispositivos como caixas eletrônicos, ter-
minais de autoatendimento, máquinas de atendimento
para o varejo e robôs industriais. Essa versão IoT Core
será destinada para dispositivos pequenos e de baixo
custo.
Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Micro-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

soft indica como requisitos básicos dos computadores:

• Processador de 1 Ghz ou superior;


• 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para
64bits);
Figura 77: Tela do Windows 10 • Até 20GB de espaço disponível em disco rígido;
O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes ver- • Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600
sões (com destaque para as duas primeiras): ou maior.
Windows 10

É a versão de “entrada” do Windows 10, que possui a


maioria dos recursos do sistema. É voltada para Desktops
e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Surface 3.

12
não “travar”), e não uma redução de consumo de
EXERCÍCIO COMENTADO memória RAM em uso, visto que esta opção foi proje-
tada para ajudar quando a memória RAM do PC for in-
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Considere suficiente para a execução de demasiados programas.
que o usuário de um computador com sistema opera-
cional Windows 7 tenha permissão de administrador e 4. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Tanto no siste-
deseje fazer o controle mais preciso da segurança das ma operacional Windows quanto no Linux, cada arquivo,
conexões de rede estabelecidas no e com o seu compu- diretório ou pasta encontra-se em um caminho, podendo
tador. Nessa situação, ele poderá usar o modo de segu- cada pasta ou diretório conter diversos arquivos que são
rança avançado do firewall do Windows para especificar gravados nas unidades de disco nas quais permanecem
precisamente quais aplicativos podem e não podem fa- até serem apagados. Em uma mesma rede é possível ha-
zer acesso à rede, bem como quais serviços residentes ver comunicação e escrita de pastas, diretórios e arquivos
entre máquinas com Windows e máquinas com Linux.
podem, ou não, ser externamente acessados.

( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo.
Resposta: Certo. O sistema Linux e o sistema Windows conseguem
Um firewall (em português: Parede de fogo) é um dis- compartilhar diretórios/pastas entre si pois utilizam se
positivo de uma rede de computadores que tem por do protocolo, o SMB.CIFS.
objetivo aplicar uma política de segurança a um de-
terminado ponto da rede. O firewall pode ser do tipo 5. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
filtros de pacotes, proxy de aplicações, etc. Os firewalls Windows, não há possibilidade de o usuário interagir
são geralmente associados a redes TCP/IP. com o sistema operacional por meio de uma tela de
Este dispositivo de segurança existe na forma de sof- computador sensível ao toque.
tware e de hardware, a combinação de ambos é cha-
mada tecnicamente de “appliance”. A complexidade
( ) CERTO ( ) ERRADO
de instalação depende do tamanho da rede, da polí-
tica de segurança, da quantidade de regras que con-
Resposta: Errado.
trolam o fluxo de entrada e saída de informações e do As versões mais recentes do Windows existe este re-
grau de segurança desejado. curso. Para usá-lo há a necessidade de que a tela seja
sensível ao toque.
2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) A instalação e
a atualização de programas na plataforma Linux a serem 6. (AGENTE – CESPE – 2014) Comparativamente a
efetuadas com o comando aptget, podem ser acionadas computadores com outros sistemas operacionais, com-
por meio das opções install e upgrade, respectivamente. putadores com o sistema Linux apresentam a vantagem
Em ambos os casos, é indispensável o uso do comando de não perderem dados caso as máquinas sejam desliga-
sudo, ou equivalente, se o usuário não for administrador das por meio de interrupção do fornecimento de energia
do sistema. elétrica.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Resposta: Errado.


O comando para a atualização é “sudo apt-get up- Nenhum sistema operacional possui a vantagem de
grade”. O comando para instalar pacotes é “sudo apt- não perder dados caso a máquina seja desligada por
-get install nome_do_pacote”. O comando é “apt-get” meio de interrupção do fornecimento de energia elé-
e não “aptget”. O comando sudo realmente permite trica.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

a usuários comuns obter privilégios de outro usuário


como o administrador 7. (AGENTE – CESPE – 2014) As rotinas de inicialização
GRUB e LILO, utilizadas em diversas distribuições Linux,
3. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Em compu- podem ser acessadas por uma interface de linha de co-
tadores com sistema operacional Linux ou Windows, o mando.
aumento da memória virtual possibilita a redução do
consumo de memória RAM em uso, o que permite exe- ( ) CERTO ( ) ERRADO
cutar, de forma paralela e distribuída, no computador,
uma quantidade maior de programas. Resposta: Certo.
É possível acessar as rotinas de inicialização GRUB e
( ) CERTO ( ) ERRADO LILO para realizar a sua configuração, assim como é
possível alterar as opções de inicialização do Windows
Resposta: Errado. (em Win+Pause, Configurações Avançadas do Sistema,
O que torna esta alternativa mais eficaz é o uso da Propriedades do Sistema, Inicialização e Recuperação).
memória em um dispositivo alternativo (para o PC

13
8. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Considere que um usuário de login joao_jose esteja usando o Windows
Explorer para navegar no sistema de arquivos de um computador com ambiente Windows 7. Considere ainda que,
enquanto um conjunto de arquivos e pastas é apresentado, o usuário observe, na barra de ferramentas do Windows
Explorer, as seguintes informações: Bibliotecas > Documentos > Projetos. Nessa situação, é mais provável que tais ar-
quivos e pastas estejam contidos no diretório C:\Bibliotecas\Documentos\Projetos que no diretório C:\Users\joao_jose\
Documents\Projetos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado.
O correto é “C:\Users\joao_jose\Documents\Projetos”. Há possibilidade das pastas estarem em outro diretório, se
forem feitas configurações customizadas pelo usuário. Mesmo na configuração em português o diretório dos do-
cumentos do usuário continua sendo nomeado em inglês: “documents”. Portanto, a afirmação de que o diretório
seria “C:\biblioteca\documentos\projetos” não está correta. O item considera o comportamento padrão do sistema
operacional Windows 7, e, portanto, a afirmação não pode ser absoluta, devido à flexibilidade inerente a este sistema
software. A premissa de que a informação fosse apresentada na barra de ferramentas não compromete o entendi-
mento da questão.”

9. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No ambiente Linux, é possível utilizar comandos para copiar arqui-
vos de um diretório para um pen drive.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo.
No ambiente Linux, é permitida a execução de vários comandos por meio de um console. O comando “cp” é utilizado
para copiar arquivos entre diretórios e arquivos para dispositivos.

10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se clicar a opção , será exibida uma janela por meio da
qual se pode verificar diversas propriedades do arquivo, como o seu tamanho e os seus atributos.
Em computadores do tipo PC, a comunicação com periféricos pode ser realizada por meio de diferentes interfaces.
Acerca desse assunto, julgue os seguintes itens.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo.
Dentre as diversas opções que podem ser consultadas ao se ativar as propriedades de um arquivo estão as opções:
tamanho e os seus atributos.

EDITOR DE TEXTO

O Microsoft Word é um processador de texto que cria textos de diversos tipos e estilos, como por exemplo, ofícios,
relatórios, cartas, enfim, todo conteúdo de texto que atende às necessidades de um usuário doméstico ou de uma
empresa.
O Microsoft Word é o processador de texto integrante dos programas Microsoft Office: um conjunto de softwares
aplicativos destinados a uso de escritório e usuários domésticos, desenvolvidos pela empresa Microsoft.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Os softwares da Microsoft Office são proprietários e compatíveis com o sistema operacional Windows.

14
Word 2003

As versões do Microsoft Word era quase sempre a mesma, e todas elas oriundas do WordPad, a versão 2003 foi a
última versão a moda antiga, vamos dizer assim, ela era formada por menus e uma barra de ferramentas fixa mais vol-
tada para a parte de formatação de texto, e as demais funções ficavam dívidas em menus, conforme mostra a figura 4.

Figura 4: Tela do Microsoft Word 2003

Também é possível personalizar a sua barra de ferramentas clicando com o botão direito e selecionando novos
painéis, que vão desde Contagem de Palavras e Desenho até Visual Basic e Formulários. O problema é que, conforme
você adiciona novas funções, a interface começa a ficar cada vez mais carregada e desorganizada.
Uma das características foi a mudança do logotipo do Office duas ferramentas que estrearam no Office 2003, fo-
ram: InfoPath e o OneNote. O OneNote é uma caderneta eletrônica de anotações e organizador que toma notas como
aplicação do texto, notas manuscritas ou diagramas, gráficos e de áudio gravado, o Office 2003 foi a primeira versão a
usar cores e ícones do Windows XP.

Word 2007

O Word 2007 certamente é um marco nas atualizações, pois ele trouxe a grande novidade das abas, e consequen-
temente o fim dos menus, e ao clicar em cada aba, abre uma barra de ferramenta pertinente a aquela aba, a figura 5
mostra a guia início e suas respectivas ferramentas, diferente de antes que tínhamos uma barra de ferramentas fixa.
Devido ao costume das outras versões no início a versão 2007 foi muito criticada, outra mudança significativa foi a
mudança da extensão do arquivo que passou de DOC para DOCX.

Figura 5: Guia Início do Microsoft Word 2007

Na guia início é onde se encontra a maioria das funções da antiga interface do Microsoft Word. Ou seja, aqui você
pode mudar a fonte, o tamanho dela, modificar o texto selecionado (com negrito, itálico, sublinhado, riscado, sobre-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

posto etc.), deixar com outra cor, criar tópicos, alterar o espaçamento, mudar o alinhamento e dar estilo. Tudo isso
agora é dividido em grandes painéis.

#FicaDica
Definitivamente, a versão do Microsoft Word 2007 trouxe muito mais organização e padrões em relação
as versões anteriores. Todas as ficaram categorizadas e mais fáceis de encontrar, bastando se acostumar
com a interface.
A melhor parte é que não fica tudo bagunçado, e que as ferramentas mudam conforme as escolhas das
abas.

15
Word 2010, 2013 e detalhes gerais

Figura 6: Tela do Microsoft Word 2010

As guias foram criadas para serem orientadas por tarefas, já os grupos dentro de cada guia criam subtarefas para as
tarefas, e os botões de comando em cada grupo possui um comando.
As extensões são fundamentais, desde a versão 2007 passou a ser DOCX, mas vamos analisar outras extensões que
podem ser abordadas em questões de concursos na Figura 7.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 7: Extensões de Arquivos ligados ao Word

#FicaDica
As guias envolvem grupos e botões de comando, e são organizadas por tarefa. Os Grupos dentro de
cada guia quebram uma tarefa em subtarefas. Os Botões de comando em cada grupo possuem um co-
mando ou exibem um menu de comandos.

Existem guias que vão aparecer apenas quando um determinado objeto aparecer para ser formatado. No exemplo
da imagem, foi selecionada uma figura que pode ser editada com as opções que estiverem nessa guia.

16
Figura 8: Indicadores de caixa de diálogo

Indicadores de caixa de diálogo – aparecem em alguns grupos para oferecer a abertura rápida da caixa de diálogo
do grupo, contendo mais opções de formatação.
As réguas orientam na criação de tabulações e no ajuste de parágrafos, por exemplo.
Determinam o recuo da primeira linha, o recuo de deslocamento, recuo à esquerda e permitem tabulações esquer-
da, direita, centralizada, decimal e barra.
Para ajustar o recuo da primeira linha, após posicionar o cursor do mouse no parágrafo desejado, basta pressionar
o botão esquerdo do mouse sobre o “Recuo da primeira linha” e arrastá-lo pela régua.
Para ajustar o recuo à direita do documento, basta selecionar o parágrafo ou posicionar o cursor após a linha dese-
jada, pressionar o botão esquerdo do mouse no “Recuo à direita” e arrastá-lo na régua.
Para ajustar o recuo, deslocando o parágrafo da esquerda para a direita, basta selecioná-lo e mover, na régua, como
explicado anteriormente, o “Recuo deslocado”.
Podemos também usar o recurso “Recuo à esquerda”, que move para a esquerda, tanto a primeira linha quanto o
restante do parágrafo selecionado.
Com a régua, podemos criar tabulações, ou seja, determinar onde o cursor do mouse vai parar quando pressionar-
mos a tecla Tab.

Figura 9: Réguas

Grupo edição

Permite localizar palavras em um documento, substituir palavras localizadas por outras ou aplicar formatações e
selecionar textos e objetos no documento.
Para localizar uma palavra no texto, basta clicar no ícone Localizar , digitar a palavra na linha do localizar e clicar no
botão Localizar Próxima.
A cada clique será localizada a próxima palavra digitada no texto. Temos também como realçar a palavra que dese-
jamos localizar para facilitar a visualizar da palavra localizada.
Na janela também temos o botão “Mais”. Neste botão, temos, entre outras, as opções:
- Diferenciar maiúscula e minúscula: procura a palavra digitada na forma que foi digitada, ou seja, se foi digitada
em minúscula, será localizada apenas a palavra minúscula e, se foi digitada em maiúscula, será localizada apenas
e palavra maiúscula.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

- Localizar palavras inteiras: localiza apenas a palavra exatamente como foi digitada. Por exemplo, se tentarmos
localizar a palavra casa e no texto tiver a palavra casaco, a parte “casa” da palavra casaco será localizada, se essa
opção não estiver marcada. Marcando essa opção, apenas a palavra casa, completa, será localizada.
- Usar caracteres curinga: com esta opção marcada, usamos caracteres especiais. Por exemplo, é possível usar o
caractere curinga asterisco (*) para procurar uma sequência de caracteres (por exemplo, “t*o” localiza “tristonho”
e “término”).

Veja a lista de caracteres que são considerados curinga, retirada do site do Microsoft Office:

Para localizar digite exemplo


Qualquer caractere único ? s?o localiza salvo e sonho.
t*o localiza tristonho e térmi-
Qualquer sequência de caracteres *
no.

17
<(org) localiza
organizar e organização,
O início de uma palavra <
mas não localiza desorganiza-
do.
(do)> localiza medo e cedo,
O final de uma palavra >
mas não localiza domínio.
Um dos caracteres especificados [] v[ie]r localiza vir e ver
[r-t]ã localiza rã e sã.
Qualquer caractere único neste intervalo [-] Os intervalos devem estar em
ordem crescente.
Qualquer caractere único, exceto os caracteres no F[!a-m]rro localiza forro, mas
[!x-z]
intervalo entre colchetes não localiza ferro.
Exatamente n ocorrências do caractere ou expressão ca{2}tinga localiza caatinga,
{n}
anterior mas não catinga.
Pelo menos n ocorrências do caractere ou expressão ca{1,}tinga localiza catinga e
{n,}
anterior caatinga.
De n a m ocorrências do 10{1,3} localiza 10,
{n,m}
caractere ou expressão anterior 100 e 1000.
Uma ou mais ocorrências do caractere ou expressão ca@tinga localiza
@
anterior catinga e caatinga.

O grupo tabela é muito utilizado em editores de texto, como por exemplo a definição de estilos da tabela.

Figura 10: Estilos de Tabela

Fornece estilos predefinidos de tabela, com formatações de cores de células, linhas, colunas, bordas, fontes e de-
mais itens presentes na mesma. Além de escolher um estilo predefinido, podemos alterar a formatação do sombrea-
mento e das bordas da tabela.
Com essa opção, podemos alterar o estilo da borda, a sua espessura, desenhar uma tabela ou apagar partes de uma tabela
criada e alterar a cor da caneta e ainda, clicando no “Escolher entre várias opções de borda”, para exibir a seguinte tela:
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 11: Bordas e sombreamento

18
Na janela Bordas e sombreamento, no campo “Defi- Grupo Links:
nição”, escolhemos como será a borda da nossa tabela:
- Nenhuma: retira a borda; Inserir hyperlink: cria um link para uma página da
Web, uma imagem, um e – mail. Indicador: cria um indi-
- Caixa: contorna a tabela com uma borda tipo caixa; cador para atribuir um nome a um ponto do texto. Esse
- Todas: aplica bordas externas e internas na tabe- indicador pode se tornar um link dentro do próprio do-
la iguais, conforme a seleção que fizermos nos demais cumento.
campos de opção; Referência cruzada: referência tabelas.
- Grade: aplica a borda escolhida nas demais opções Grupo cabeçalho e rodapé:
Insere cabeçal
da janela (como estilo, por exemplo) ao redor da tabela e hos, rodapés e números de páginas.
as bordas internas permanecem iguais.
- Estilo: permite escolher um estilo para as bordas Grupo texto:
da tabela, uma cor e uma largura.
- Visualização: através desse recurso, podemos definir
bordas diferentes para uma mesma tabela. Por exemplo,
podemos escolher um estilo e, em visualização, clicar na
borda superior; escolher outro estilo e clicar na borda in-
ferior; e assim colocar em cada borda um tipo diferente de
estilo, com cores e espessuras diferentes, se assim dese-
jarmos.
A guia “Borda da Página”, desta janela, nos traz re-
cursos semelhantes aos que vimos na Guia Bordas. A di- Figura 13: Grupo Texto
ferença é que se trata de criar bordas na página de um
documento e não em uma tabela. 1 – Caixa de texto: insere caixas de texto pré-forma-
Outra opção diferente nesta guia, é o item Arte. Com tadas. As caixas de texto são espaços próprios para
inserção de textos que podem ser direcionados
ele, podemos decorar nossa página com uma borda que exatamente onde precisamos. Por exemplo, na fi-
envolve vários tipos de desenhos. gura “Grupo Texto”, os números ao redor da figura,
Alguns desses desenhos podem ser formatados do 1 até o 7, foram adicionados através de caixas
com cores de linhas diferentes, outros, porém não per- de texto.
mitem outras formatações a não ser o ajuste da largura. 2 – Partes rápidas: insere trechos de conteúdos reuti-
lizáveis, incluindo campos, propriedades de docu-
Podemos aplicar as formatações de bordas da página mentos como autor ou quaisquer fragmentos de
no documento todo ou apenas nas sessões que desejar- texto pré-formado.
mos, tendo assim um mesmo documento com bordas 3 – Linha de assinatura: insere uma linha que serve
em uma página, sem bordas em outras ou até mesmo como base para a assinatura de um documento.
bordas de página diferentes em um mesmo documento. 4 – Data e hora: insere a data e a hora atuais no do-
cumento.
5 – Insere objeto: insere um objeto incorporado.
Grupo Ilustrações: 6 – Capitular: insere uma letra maiúscula grande no
início de cada parágrafo. É uma opção de forma-
tação decorativa, muito usada principalmente, em
livros e revistas. Para inserir a letra capitular, bas-
ta clicar no parágrafo desejado e depois na opção
“Letra Capitular”. Veja o exemplo:

Neste parágrafo foi inserida a letra capitular

Guia revisão

Grupo revisão de texto


CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 12: Grupo Ilustrações

1 – Inserir imagem do arquivo: permite inserir no teto


uma imagem que esteja salva no computador ou
em outra mídia, como pendrive ou CD.
2 – Clip-art: insere no arquivo imagens e figuras
que se encontram na galeria de imagens do Word.
3 – Formas: insere formas básicas como setas, cubos,
elipses e outras.
4 – SmartArt: insere elementos gráficos para co- Figura 14: Grupo revisão de texto
municar informações visualmente.
5 – Gráfico: insere gráficos para ilustrar e comparar 1 – Pesquisar: abre o painel de tarefas viabilizando
dados. pesquisas em materiais de referência como jornais, enci-
clopédias e serviços de tradução.

19
2 – Dica de tela de tradução: pausando o cursor sobre
algumas palavras é possível realizar sua tradução #FicaDica
para outro idioma.
3 – Definir idioma: define o idioma usado para realizar Por exemplo, a palavra informática. Se clicar-
a correção de ortografia e gramática. mos com o botão direito do mouse sobre ela,
4 – Contar palavras: possibilita contar as palavras, os um menu suspenso nos será mostrado, nos
caracteres, parágrafos e linhas de um documento. dando a opção de escolher a palavra informá-
5 – Dicionário de sinônimos: oferece a opção de alte- tica. Clicando sobre ela, a palavra do texto será
rar a palavra selecionada por outra de significado substituída e o texto ficará correto.
igual ou semelhante.
6 – Traduzir: faz a tradução do texto selecionado para Grupo comentário:
outro idioma.
7 – Ortografia e gramática: faz a correção ortográfica Novo comentário: adiciona um pequeno texto que
e gramatical do documento. Assim que clicamos serve como comentário do texto selecionado, onde é
na opção “Ortografia e gramática”, a seguinte tela possível realizar exclusão e navegação entre os comen-
será aberta: tários.

Grupo controle:

Figura 16: Grupo controle

1 – Controlar alterações: controla todas as alterações


feitas no documento como formatações, inclusões,
exclusões e alterações.
2 – Balões: permite escolher a forma de visualizar as
alterações feitas no documento com balões no
Figura 15: Verificar ortografia e gramática próprio documento ou na margem.
3 – Exibir para revisão: permite escolher a forma de
A verificação ortográfica e gramatical do Word, já exibir as alterações aplicadas no documento.
busca trechos do texto ou palavras que não se enqua- 4 – Mostrar marcações: permite escolher o tipo de
drem no perfil de seus dicionários ou regras gramaticais marcação a ser exibido ou ocultado no documen-
e ortográficas. Na parte de cima da janela “Verificar orto- to.
grafia e gramática”, aparecerá o trecho do texto ou pa- 5 – Painel de revisão: mostra as revisões em uma tela
lavra considerada inadequada. Em baixo, aparecerão as separada.
sugestões. Caso esteja correto e a sugestão do Word não
se aplique, podemos clicar em “Ignorar uma vez”; caso a Grupo alterações:
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

regra apresentada esteja incorreta ou não se aplique ao


trecho do texto selecionado, podemos clicar em “Ignorar
regra”; caso a sugestão do Word seja adequada, clicamos
em “Alterar” e podemos continuar a verificação de orto-
grafia e gramática clicando no botão “Próxima sentença”.
Se tivermos uma palavra sublinhada em vermelho,
indicando que o Word a considera incorreta, podemos
apenas clicar com o botão direito do mouse sobre ela e
verificar se uma das sugestões propostas se enquadra.

Figura 17: Grupo alterações

1 – Rejeitar: rejeita a alteração atual e passa para a


próxima alteração proposta.

20
2 – Anterior: navega até a revisão anterior para que as de número 2, assim por diante, ou se desejamos que
seja aceita ou rejeitada. a segunda cópia só saia depois que todas as páginas da
3 – Próximo: navega até a próxima revisão para que primeira forem impressas.
possa ser rejeitada ou aceita.
4 – Aceitar: aceita a alteração atual e continua a nave- #FicaDica
gação para aceitação ou rejeição.
Perguntas de intervalos de impressão são
constantes em questões de concurso!
Para imprimir nosso documento, basta clicar no bo-
tão do Office e posicionar o mouse sobre o ícone “Im-
primir”. Este procedimento nos dará as seguintes opções: Word 2013
- Imprimir – onde podemos selecionar uma impresso-
ra, o número de cópias e outras opções de configuração Vejamos abaixo alguns novos itens implementados
antes de imprimir. na plataforma Word 2013:
- Impressão Rápida – envia o documento diretamente Modo de leitura: o usuário que utiliza o software para
para a impressora configurada como padrão e não abre a leitura de documentos perceberá rapidamente a dife-
opções de configuração. rença, pois seu novo Modo de Leitura conta com um mé-
- Visualização da Impressão – promove a exibição do todo que abre o arquivo automaticamente no formato
documento na forma como ficará impresso, para que de tela cheia, ocultando as barras de ferramentas, edição
possamos realizar alterações, caso necessário. e formatação. Além de utilizar a setas do teclado (ou o
toque do dedo nas telas sensíveis ao toque) para a troca
e rolagem da página durante a leitura, basta o usuário
dar um duplo clique sobre uma imagem, tabela ou gráfi-
co e o mesmo será ampliado, facilitando sua visualização.
Como se não bastasse, clicando com o botão direito do
mouse sobre uma palavra desconhecida, é possível ver
sua definição através do dicionário integrado do Word.
Documentos em PDF: agora é possível editar um do-
cumento PDF no Word, sem necessitar recorrer ao Adobe
Acrobat. Em seu novo formato, o Word é capaz de conver-
ter o arquivo em uma extensão padrão e, depois de edita-
do, salvá-lo novamente no formato original. Esta façanha,
contudo, passou a ser de extensa utilização, pois o uso de
arquivos PDF está sendo cada vez mais corriqueiro no am-
biente virtual.
Interação de maneira simplificada: o Word trata nor-
malmente a colaboração de outras pessoas na criação de
um documento, ou seja, os comentários realizados neste,
como se cada um fosse um novo tópico. Com o Word
2013 é possível responder diretamente o comentário de
outra pessoa clicando no ícone de uma folha, presente
no campo de leitura do mesmo. Esta interação de usuá-
rios, realizada através dos comentários, aparece em for-
ma de pequenos balões à margem documento.
Compartilhamento Online: compartilhar seus docu-
mentos com diversos usuários e até mesmo enviá-lo por
e-mail tornou-se um grande diferencial da nova plata-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 18: Imprimir forma Office 2013. O responsável por esta apresentação
online é o Office Presentation Service, porém, para isso,
As opções que temos antes de imprimir um arqui-
você precisa estar logado em uma Conta Microsoft para
vo estão exibidas na imagem acima. Podemos escolher
acessá-lo. Ao terminar o arquivo, basta clicar em Arquivo
a impressora, caso haja mais de uma instalada no com-
putador ou na rede, configurar as propriedades da im- / Compartilhar / Apresentar Online / Apresentar Online e
pressora, podendo estipular se a impressão será em alta o mesmo será enviado para a nuvem e, com isso, você
qualidade, econômica, tom de cinza, preto e branca, en- irá receber um link onde poderá compartilhá-lo também
tre outras opções. por e-mail, permitindo aos demais usuários baixá-lo em
Escolhemos também o intervalo de páginas, ou seja, formato PDF.
se desejamos imprimir todo o documento, apenas a pá- Ocultar títulos em um documento: apontado como
gina atual (página em que está o ponto de inserção), ou uma dificuldade por grande parte dos usuários, a rola-
um intervalo de páginas. Podemos determinar o número gem e edição de determinadas partes de um arquivo
de cópias e a forma como as páginas sairão na impres- muito extenso, com vários títulos, acabou de se tornar
são. Por exemplo, se forem duas cópias, determinamos uma tarefa mais fácil e menos desconfortável. O Word
se sairão primeiro todas as páginas de número 1, depois 2013 permite ocultar as seções e/ou títulos do documen-

21
to, bastando os mesmos estarem formatados no estilo Títulos (pré-definidos pelo Office). Ao posicionar o mouse sobre
o título, é exibida uma espécie de triângulo a sua esquerda, onde, ao ser clicado, o conteúdo referente a ele será ocul-
tado, bastando repetir a ação para o mesmo reaparecer.
Enfim, além destas novidades apresentadas existem outras tantas, como um layout totalmente modificado, focado
para a utilização do software em tablets e aparelhos com telas sensíveis ao toque. Esta nova plataforma, também, abre
um amplo leque para a adição de vídeos online e imagens ao documento. Contudo, como forma de assegurar toda
esta relação online de compartilhamento e boas novidades, a Microsoft adotou novos mecanismos de segurança para
seus aplicativos, retornando mais tranquilidade para seus usuários.
O grande trunfo do Office 2013 é sua integração com a nuvem. Do armazenamento de arquivos a redes sociais, os
softwares dessa versão são todos conectados. O ponto de encontro deles é o SkyDrive, o HD na internet da Microsoft. 
A tela de apresentação dos principais programas é ligada ao serviço, oferecendo opções de login, upload e down-
load de arquivos. Isso permite que um arquivo do Word, por exemplo, seja acessado em vários dispositivos com seu
conteúdo sincronizado. Até a página em que o documento foi fechado pode ser registrada. 
Da mesma maneira, é possível realizar trabalhos em conjunto entre vários usuários. Quem não tem o Office instala-
do pode fazer edições na versão online do sistema. Esses e outros contatos podem ser reunidos no Outlook.
As redes sociais também estão disponíveis nos outros programas. É possível fazer buscas de imagens no Bing ou
baixar fotografias do Flickr, por exemplo. Outro serviço de conectividade é o SharePoint, que indica arquivos a serem
acessados e contatos a seguir baseado na atividade do usuário no Office.
O Office 365 é um novo jeito de usar os tão conhecidos softwares do pacote Office da Microsoft. Em vez de comprar
programas como Word, Excel ou PowerPoint, você agora pode fazer uma assinatura e desfrutar desses aplicativos e de
muitos outros no seu computador ou smartphone.
A assinatura ainda traz diversas outras vantagens, como 1 TB de armazenamento na nuvem com o OneDrive, mi-
nutos Skype para fazer ligações para telefones fixos e acesso ao suporte técnico especialista da Microsoft. Tudo isso
pagando uma taxa mensal, o que você já faz para serviços essenciais para o seu dia a dia, como Netflix e Spotify. Porém,
aqui estamos falando da suíte de escritório indispensável para qualquer computador.
Veja abaixo as versões do Office 365

Figura 19: Versões Office 365

LibreOffice Writer

O LibreOffice (que se chamava BrOffice) é um software livre e de código aberto que foi desenvolvido tendo como
base o OpenOffice. Pode ser instalado em vários sistemas operacionais (Windows, Linux, Solaris, Unix e Mac OS X), ou
seja, é multiplataforma. Os aplicativos dessa suíte são:
• Writer - editor de texto;
• Calc - planilha eletrônica;
• Impress - editor de apresentações;
• Draw - ferramenta de desenho vetorial;
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

• Base - gerenciador de banco de dados;


• Math - editor de equações matemáticas.

-  O LibreOffice trabalha com um formato de padrão aberto chamado Open Document Format for Office Appli-
cations (ODF), que é um formato de arquivo baseado na linguagem XML. Os formatos para Writer, Calc e Impress
utilizam o mesmo “prefixo”, que é “od” de “Open Document”. Dessa forma, o que os diferencia é a última letra. Writer
→ .odt (Open Document Text); Calc → .ods (Open Document Spreadsheet); e Impress → .odp (Open Document Presen-
tations).
Em relação a interface com o usuário, o LibreOffice utiliza o conceito de menus para agrupar as funcionalidades
do aplicativo. Além disso, todos os aplicativos utilizam uma interface semelhante. Veja no exemplo abaixo o aplicativo
Writer.

22
Figura 20: Tela do Libreoffice Writer
 
O LibreOffice permite que o usuário crie tarefas automatizadas que são conhecidas como macros (utilizando a lin-
guagem LibreOffice Basic). 
 O Writer é o editor de texto do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odt (Open Document Text). As
principais teclas de atalho do Writer são:
Destacar essa tabela devido a recorrência em cair atalhos em concurso

CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 21: Atalhos Word x Writer

23
Utilização dos editores de planilhas (Microsoft Excel e LibreOffice Calc)

O Excel é uma poderosa planilha eletrônica para gerir e avaliar dados, realizar cálculos simples ou complexos e
rastrear informações. Ao abri-lo, é possível escolher entre iniciar a partir de documento em branco ou permitir que um
modelo faça a maior parte do trabalho por você.
Na tela inicial do Excel, são listados os últimos documentos editados (à esquerda), opção para criar novo documento
em branco e ainda, são sugeridos modelos para criação de novos documentos (ao centro).
Ao selecionar a opção de Pasta de Trabalho em Branco você será direcionado para a tela principal, composta pelos
elementos básicos apontados na figura 106, e descritos nos tópicos a seguir.

Excel 2003

No começo da sua vida, o Excel tornou-se alvo de um processo judicial de marca registrada por outra empresa que
já vendia um pacote de software chamado “Excel” na indústria financeira. Como resultado da disputa, a Microsoft foi
solicitada a se referir ao programa como “Microsoft Excel” em todas as press releases formais e documentos legais.
Contudo, com o passar do tempo, essa prática foi sendo ignorada, e a Microsoft resolveu a questão quando ela com-
prou a marca registrada reservada ao outro programa. Ela também encorajou o uso das letras XL como abreviação
para o programa; apesar dessa prática não ser mais comum, o ícone do programa no Windows ainda é formado por
uma combinação estilizada das duas letras, e a extensão de arquivo do formato padrão do Excel até a versão 11 (Excel
2003) é .xls, sendo .xlsx a partir da versão 12, acompanhando a mudança nos formatos de arquivo dos aplicativos do
Microsoft Office.
Foi a última versão ao modo antigo com menus e uma caixa de ferramenta fixa como podemos ver na Figura 22.

Figura 22: Tela Excel 2003


CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

#FicaDica
Uma inovação marcante do Excel 2003 são as células em forma de lista: com elas fica mais fácil analisar e
gerenciar dados relacionados, ordenando-os como preferir com um simples clique do mouse. Para transfor-
mar qualquer intervalo de células em uma lista.

Excel 2007

Poder utilizar um formato XML padrão para o Office Excel 2007 foi uma das principais mudanças do Excel 2007, além
das mudanças visuais em relações as abas e os grupos de trabalho já citados na versão 2003 do Word.
Esse novo formato é o novo formato de arquivo padrão do Office Excel 2007. O Office Excel 2007 usa as seguintes
extensões de nome de arquivo: *.xlsx, *.xlsm *.xlsb, *.xltx, *.xltm e *.xlam. A extensão de nome de arquivo padrão do
Office Excel 2007 é *.xlsx.
Essa alteração permite consideráveis melhoras em: interoperabilidade de dados, montagem de documentos, con-
sulta de documentos, acesso a dados em documentos, robustez, tamanho do arquivo, transparência e recursos de
segurança.

24
O Excel 2007 permite que os usuários abram pastas de trabalho criadas em versões anteriores do Excel e trabalhem
com elas. Para converter essas pastas de trabalho para o novo formato XML, basta clicar no Botão do Microsoft Office
e clique em Converter Você pode também converter a pasta de trabalho clicando no Botão do Microsoft Office e em
Salvar Como – Pasta de Trabalho do Excel. Observe que o recurso Converter remove a versão anterior do arquivo, en-
quanto o recurso Salvar Como deixa a versão anterior do arquivo e cria um arquivo separado para a nova versão.
As melhoras de interface que podem ser destacadas são:
• Economia de tempo, selecionando células, tabelas, gráficos e tabelas dinâmicas em galerias de estilos predefi-
nidos.
• Visualização e alterações de formatação no documento antes de confirmar uma alteração ao usar as galerias de
formatação.
• Uso da formatação condicional para anotar visualmente os dados para fins analíticos e de apresentação.
• Alteração da aparência de tabelas e gráficos em toda a pasta de trabalho para coincidir com o esquema de estilo
ou a cor preferencial usando novos Estilos Rápidos e Temas de Documento.
• Criação de um tema próprio para aplicar de forma consistente as fontes e cores que refletem a marca da empresa
que atua.
• Novos recursos de gráfico que incluem formas tridimensionais, transparência, sombras projetadas e outros efei-
tos.

Em relação a usabilidade as fórmulas passaram a ser redimensionáveis, sendo possível escrever mais fórmulas com
mais níveis de aninhamento do que nas versões anteriores.
Passou a existir o preenchimento automático de fórmula, auxiliando muito com as sintaxes, as referências estrutu-
radas: além de referências de célula, como A1 e L1C1, o Office Excel 2007 fornece referências estruturadas que fazem
referência a intervalos nomeados e tabelas em uma fórmula.

Acesso fácil aos intervalos nomeados: usando o gerenciador de nomes do Office Excel 2007, podendo organizar,
atualizar e gerenciar vários intervalos nomeados em um local central, as tabelas dinâmicas são muito mais fáceis de usar
do que nas versões anteriores. Além do modo de exibição normal e do modo de visualização de quebra de página, o
Office Excel 2007 oferece uma exibição de layout de página para uma melhor experiência de impressão.
A classificação e a filtragem aprimoradas que permitem filtrar dados por cores ou datas, exibir mais de 1.000 itens
na lista suspensa Filtro Automático, selecionar vários itens a filtrar e filtrar dados em tabelas dinâmicas.
O Excel 2007 tem um tamanho maior que permite mais de 16.000 colunas e 1 milhão de linhas por planilha, o núme-
ro de referências de célula aumentou de 8.000 para o que a memória suportar, isso ocorre porque o gerenciamento de
memória foi aumentado de 1 GB de memória no Microsoft Excel 2003 para 2 GB no Excel 2007, permitindo cálculos em
planilhas grandes e com muitas fórmulas, oferecendo inclusive o suporte a vários processadores e chipsets multithread.

Excel 2010, 2013 e detalhes gerais

CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 23: Tela Principal do Excel 2013

25
Barra de Títulos:

A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da pasta de trabalho na janela. Ao iniciar o programa
aparece Pasta 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções:

Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções. Os co-
mandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade e,
para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Figura 24: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido:


A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela e pode ser configurada com os botões
de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.

Figura 25: Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Adicionando e Removendo Componentes:


Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas de acesso rápido podemos clicar com o botão
direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será exibida uma janela com a opção de Adicionar
à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido. Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta bar-
ra, clicando na seta lateral. Na janela apresentada temos várias opções para personalizar a barra, além da opção Mais
Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do Excel.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 26: Adicionando componentes à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Para remoção do componente, selecione-o, clique com o botão direito do mouse e escolha Remover da Barra de
Ferramentas de Acesso Rápido.

26
Barra de Status:
Localizada na parte inferior da tela, a barra de status exibe mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas
teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom e os botões de “Modos de Exibição”.

Figura 27: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.

Figura 28: Personalizar Barra de Status

Barras de Rolagem: Nos lados direito e inferior da região de texto estão as barras de rolagem. Clique nas setas para
cima ou para baixo para mover a tela verticalmente, ou para a direita e para a esquerda para mover a tela horizontal-
mente, e assim poder visualizar toda a sua planilha.
Planilha de Cálculo: A área quadriculada representa uma planilha de cálculos, na qual você fará a inserção de dados
e fórmulas para colher os resultados desejados.
Uma planilha é formada por linhas, colunas e células. As linhas são numeradas (1, 2, 3, etc.) e as colunas nomeadas
com letras (A, B, C, etc.). CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 29: Planilha de Cálculo

27
Cabeçalho de Coluna: Cada coluna tem um cabeçalho, que contém a letra que a identifica. Ao clicar na letra, toda
a coluna é selecionada.

Figura 30: Seleção de Coluna

Ao dar um clique com o botão direito do mouse sobre o cabeçalho de uma coluna, aparecerá o menu pop-up, onde
as opções deste menu são as seguintes:
-Formatação rápida: a caixa de formatação rápida permite escolher a formatação de fonte e formato de dados, bem
como mesclagem das células (será abordado mais detalhadamente adiante).
-Recortar: copia toda a coluna para a área de transferência, para que possa ser colada em outro local determinado
e, após colada, essa coluna é excluída do local de origem.
-Copiar: copia toda a coluna para a área de transferência, para que possa ser colada em outro local determinado.
-Opções de Colagem: mostra as diversas opções de itens que estão na área de transferência e que tenham sido
recortadas ou copiadas.
-Colar especial: permite definir formatos específicos na colagem de dados, sobretudo copiados de outros aplicati-
vos.
-Inserir: insere uma coluna em branco, exatamente antes da coluna selecionada.
-Excluir: exclui toda a coluna selecionada, inclusive os dados nela contidos e sua formatação.
-Limpar conteúdo: apenas limpa os dados de toda a coluna, mantendo a formatação das células.
-Formatar células: permite escolher entre diversas opções para fazer a formatação das células (tal procedimento
será visto detalhadamente adiante).
-Largura da coluna: permite definir o tamanho da coluna selecionada.
-Ocultar: oculta a coluna selecionada. Muitas vezes uma coluna é utilizada para fazer determinados cálculos, neces-
sários para a totalização geral, mas desnecessários na visualização. Neste caso, utiliza-se esse recurso.
-Re-exibir: reexibe colunas ocultas.

Cabeçalho de Linha: Cada linha tem também um cabeçalho, que contém o número que a identifica. Clicando no
cabeçalho de uma linha, esta ficará selecionada.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 31: Cabeçalho de linha

28
#FicaDica
Célula: As células, são as combinações entre linha e colunas. Por exemplo, na coluna A, linha 1, temos a célula
A1. Na Caixa de Nome, aparecerá a célula onde se encontra o cursor.

Sendo assim, as células são representadas como mostra a tabela:

Figura 32: Representação das Células

Caixa de Nome: Você pode visualizar a célula na qual o cursor está posicionado através da Caixa de Nome, ou, ao
contrário, pode clicar com o mouse nesta caixa e digitar o endereço da célula em que deseja posicionar o cursor. Após
dar um “Enter”, o cursor será automaticamente posicionado na célula desejada.
Guias de Planilhas: Em versões anteriores do Excel, ao abrir uma nova pasta de trabalho no Excel, três planilhas já
eram criadas: Plan1, Plan2 e Plan3. Nesta versão, somente uma planilha é criada, e você poderá criar outras, se ne-
cessitar. Para criar nova planilha dentro da pasta de trabalho, clique no sinal + ( ). Para alternar entre as
planilhas, basta clicar sobre a guia, na planilha que deseja trabalhar.
Você verá, no decorrer desta lição, como podemos cruzar dados entre planilhas e até mesmo entre pastas de traba-
lho diferentes, utilizando as guias de planilhas.
Ao posicionar o mouse sobre qualquer uma das planilhas existentes e clicar com o botão direito aparecerá um menu
pop up.

CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 33: Menu Planilhas

As funções deste menu são as seguintes:


-Inserir: insere uma nova planilha exatamente antes da planilha selecionada.
-Excluir: exclui a planilha selecionada e os dados que ela contém.
-Renomear: renomeia a planilha selecionada.
-Mover ou copiar: você pode mover a planilha para outra posição, ou mesmo criar uma cópia da planilha com todos
os dados nela contidos.
-Proteger Planilha: para impedir que, por acidente ou deliberadamente, um usuário altere, mova ou exclua dados
importantes de planilhas ou pastas de trabalho, você pode proteger determinados elementos da planilha (pla-
nilha: o principal documento usado no Excel para armazenar e trabalhar com dados, também chamado planilha

29
eletrônica. Uma planilha consiste em células organizadas em colunas e linhas; ela é sempre armazenada em uma
pasta de trabalho.) ou da pasta de trabalho, com ou sem senha (senha: uma forma de restringir o acesso a uma
pasta de trabalho, planilha ou parte de uma planilha. As senhas do Excel podem ter até 255 letras, números, es-
paços e símbolos. É necessário digitar as letras maiúsculas e minúsculas corretamente ao definir e digitar senhas.).
É possível remover a proteção da planilha, quando necessário.
-Exibir código: pode-se criar códigos de programação em VBA (Visual Basic for Aplications) e vincular às guias de
planilhas (trata-se de tópico de programação avançada, que não é o objetivo desta lição, portanto, não será
abordado).
-Cor da guia: muda a cor das guias de planilhas.
-Ocultar/Re-exibir: oculta/reexibe uma planilha.
-Selecionar todas as planilhas: cria uma seleção em todas as planilhas para que possam ser configuradas e impres-
sas juntamente.

Selecionar Tudo: Clicando-se na caixa Selecionar tudo, todas as células da planilha ativa serão selecionadas.

Figura 34: Caixa Selecionar Tudo

Barra de Fórmulas: Na barra de fórmulas são digitadas as fórmulas que efetuarão os cálculos.
A principal função do Excel é facilitar os cálculos com o uso de suas fórmulas. A partir de agora, estudaremos várias
de suas fórmulas. Para iniciar, vamos ter em mente que, para qualquer fórmula que será inserida em uma célula, temos
que ter sinal de “=” no seu início. Esse sinal, oferece uma entrada no Excel que o faz diferenciar textos ou números
comuns de uma fórmula.
Somar: Se tivermos uma sequência de dados numéricos e quisermos realizar a sua soma, temos as seguintes formas
de fazê-lo:

Figura 35: Soma simples

Usamos, nesse exemplo, a fórmula =B2+B3+B4.


CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Após o sinal de “=” (igual), clicar em uma das células, digitar o sinal de “+” (mais) e continuar essa sequência até o último
valor.
Após a sequência de células a serem somadas, clicar no ícone soma, ou usar as teclas de atalho Alt+=.
A última forma que veremos é a função soma digitada. Vale ressaltar que, para toda função, um início é fundamental:
= nome da função (

1 - Sinal de igual.
2 – Nome da função.
3 – Abrir parênteses.

30
Após essa sequência, o Excel mostrará um pequeno lembrete sobre a função que iremos usar, e nele é possível clicar
e obter ajuda, também. Usaremos, no exemplo a seguir, a função = soma(B2:B4).
Lembre-se, basta colocar a célula que contém o primeiro valor, em seguida os dois pontos (:) e por último a célula
que contém o último valor.
Subtrair: A subtração será feita sempre entre dois valores, por isso não precisamos de uma função específica.
Tendo dois valores em células diferentes, podemos apenas clicar na primeira, digitar o sinal de “-” (menos) e depois
clicar na segunda célula. Usamos na figura a seguir a fórmula = B2-B3.
Multiplicar: Para realizarmos a multiplicação, procedemos de forma semelhante à subtração. Clicamos no primeiro
número, digitamos o sinal de multiplicação que, para o Excel é o “*” asterisco, e depois, clicamos no último valor. No
próximo exemplo, usaremos a fórmula =B2*B3.
Outra forma de realizar a multiplicação é através da seguinte função:
=mult(B2;c2) multiplica o valor da célula B2 pelo valor da célula C2.
Dividir: Para realizarmos a divisão, procedemos de forma semelhante à subtração e multiplicação. Clicamos no
primeiro número, digitamos o sinal de divisão que, para o Excel é a “/” barra, e depois, clicamos no último valor. No
próximo exemplo, usaremos a fórmula =B3/B2.
Máximo: Mostra o maior valor em um intervalo de células selecionadas. Na figura a seguir, iremos calcular a maior
idade digitada no intervalo de células de A2 até A5. A função digitada será = máximo(A2:A5).
Onde: “= máximo” – é o início da função; (A2:A5) – refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver qual é
o maior valor. No caso a resposta seria 10.
Mínimo: Mostra o menor valor existente em um intervalo de células selecionadas.
Na figura a seguir, calcularemos o menor salário digitado no intervalo de A2 até A5. A função digitada será = mí-
nimo (A2:A5).
Onde: “= mínimo” – é o início da função; (A2:A5) – refere-se ao endereço dos valores onde você deseja ver qual é o
maior valor. No caso a resposta seria R$ 622,00.
Média: A função da média soma os valores de uma sequência selecionada e divide pela quantidade de valores dessa
sequência.
Na figura a seguir, foi calculada a média das alturas de quatro pessoas, usando a função = média (A2:A4)
Foi digitado “= média )”, depois, foram selecionados os valores das células de A2 até A5. Quando a tecla Enter for
pressionada, o resultado será automaticamente colocado na célula A6.
Todas as funções, quando um de seus itens for alterado, recalculam o valor final.
Data: Esta fórmula insere a data automática em uma planilha.

Figura 36: Exemplo função hoje

Na célula C1 está sendo mostrado o resultado da função =hoje(), que aparece na barra de fórmulas.
Inteiro: Com essa função podemos obter o valor inteiro de uma fração. A função a ser digitada é =int(A2). Lembra-
mos que A2 é a célula escolhida e varia de acordo com a célula a ser selecionada na planilha trabalhada.
Arredondar para cima: Com essa função, é possível arredondar um número com casas decimais para o número mais
distante de zero.
Sua sintaxe é: = ARREDONDAR.PARA.CIMA(núm;núm_dígitos)
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Onde:
Núm: é qualquer número real que se deseja arredondar.
Núm_dígitos: é o número de dígitos para o qual se deseja arredondar núm.

Figura 37: Início da função arredondar para cima

Veja na figura, que quando digitamos a parte inicial da função, o Excel nos mostra que temos que selecionar o num,
ou seja, a célula que desejamos arredondar e, depois do “;” (ponto e vírgula), digitar a quantidade de dígitos para a
qual queremos arredondar.

31
Na próxima figura, para efeito de entendimento, deixaremos as funções aparentes, e os resultados dispostos na
coluna C:
A função Arredondar.para.Baixo segue exatamente o mesmo conceito.
Resto: Com essa função podemos obter o resto de uma divisão. Sua sintaxe é a seguinte:
= mod (núm;divisor)
Onde:
Núm: é o número para o qual desejamos encontrar o resto.
divisor: é o número pelo qual desejamos dividir o número.

Figura 38: Exemplo de digitação da função MOD


Os valores do exemplo a cima serão, respectivamente: 1,5 e 1.
Valor Absoluto: Com essa função podemos obter o valor absoluto de um número. O valor absoluto, é o número sem
o sinal. A sintaxe da função é a seguinte:
=abs(núm)
Onde: aBs(núm)
Núm: é o número real cujo valor absoluto você deseja obter.

Figura 39: Exemplo função abs

Dias 360: Retorna o número de dias entre duas datas com base em um ano de 360 dias (doze meses de 30 dias).
Sua sintaxe é:
= DIAS360(data_inicial;data_final)
Onde:
data_inicial = a data de início de contagem.
Data_final = a data a qual quer se chegar.
No exemplo a seguir, vamos ver quantos dias faltam para chegar até a data de 14/06/2018, tendo como data inicial
o dia 05/03/2018. A função utilizada será =dias360(A2;B2)
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 40: Exemplo função dias360

Vamos usar a Figura abaixo para explicar as próximas funções (Se, SomaSe, Cont.Se)

32
Figura 41: Exemplo (Se, SomaSe, Cont.se)
Função SE: O SE é uma função condicional, ou seja, verifica SE uma condição é verdadeira ou falsa.
A sintaxe dessa função é a seguinte:
=SE(teste_lógico;“valor_se_verdadeiro”;“valor_se_falso”)
=: Significa a chamada para uma fórmula/função
SE: função SE
teste_lógico: a pergunta a qual se deseja ter resposta
“valor_se_verdadeiro”: se a resposta da pergunta for verdadeira, define o resultado “valor_se_falso” se a resposta da
pergunta for falsa, define o resultado.
Usando a planilha acima como exemplo, na coluna ‘E’ queremos colocar uma mensagem se o funcionário recebe um
salário igual ou acima do valor mínimo R$ 724,00 ou abaixo do valor mínimo determinado em R$ 724,00.
Assim, temos a condição:
SE VALOR DE C3 FOR MAIOR OU IGUAL a 724, então ESCREVA “ACIMA”, senão ESCREVA “ABAIXO” MOSTRA O
RESULTADO NA CÉLULA E3
Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Resultado: será mostrado na célula C3, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Teste lógico: C3>=724
Valor_se_verdadeiro: “Acima”
Valor_se_falso: “Abaixo”
Assim, com o cursor na célula E3, digitamos:
=SE(C3>=724;”Acima”;”Abaixo”)
Para cada uma das linhas, podemos copiar e colar as fórmulas, e o Excel, inteligentemente, acertará as linhas e co-
lunas nas células. Nossas fórmulas ficarão assim:
E4 ↑ =SE(C4>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E5 ↑ =SE(C5>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E6 ↑ =SE(C6>=724;”Acima”;”Abaixo”)
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

E7 ↑ =SE(C7>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E8 ↑ =SE(C8>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E9 ↑ =SE(C9>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E10 ↑ =SE(C10>=724;”Acima”;”Abaixo”)
Função SomaSE: A SomaSE é uma função de soma condicionada, ou seja, SOMA os valores, SE determinada condi-
ção for verdadeira. A sintaxe desta função é a seguinte:
=SomaSe(intervalo;“critérios”;intervalo_soma)
=Significa a chamada para uma fórmula/função
SomaSe: função SOMASE
intervalo: Intervalo de células onde será feita a análise dos dados
“critérios”: critérios (sempre entre aspas) a serem avaliados a fim de chegar à condição verdadeira
intervalo_soma: Intervalo de células onde será verificada a condição para soma dos valores
Exemplo: usando a planilha acima, queremos somar os salários de todos os funcionários HOMENS e mostrar o re-
sultado na célula D16. E também queremos somar os salários das funcionárias mulheres e mostrar o resultado na célula
D17. Para isso precisamos criar a seguinte condição:

33
HOMENS:
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MASCULINO, ENTÃO
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO INTERVALO D3 ATÉ D10
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D16
Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Resultado: será mostrado na célula D16, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: “MASCULINO”
Intervalo para soma: D3:D10

Assim, com o cursor na célula D16, digitamos:


=SOMASE(D3:D10;”masculino”;C3:C10)
MULHERES:
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR FEMININO, ENTÃO
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO INTERVALO D3 ATÉ D10
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D17
Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Resultado: será mostrado na célula D17, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: “FEMININO”
Intervalo para soma: D3:D10
Assim, com o cursor na célula D17, digitamos:
=SomaSE(D3:D10;”feminino”;C3:C10)
Função CONT.SE: O CONT.SE é uma função de contagem condicionada, ou seja, CONTA a quantidade de registros,
SE determinada condição for verdadeira. A sintaxe desta função é a seguinte:
=CONT.SE(intervalo;“critérios”)
= : significa a chamada para uma fórmula/função
CONT.SE: chamada para a função CONT.SE
intervalo: intervalo de células onde será feita a análise dos dados
“critérios”: critérios a serem avaliados nas células do “intervalo”
Usando a planilha acima como exemplo, queremos saber quantas pessoas ganham R$ 1.200,00 ou mais, e mostrar
o resultado na célula D14, e quantas ganham abaixo de R$1.200,00 e mostrar o resultado na célula D15. Para isso pre-
cisamos criar a seguinte condição:

R$ 1.200,00 ou MAIS:
SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MAIOR OU IGUAL A 1.200,00, ENTÃO
CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D14

Traduzindo a condição em variáveis teremos:


Resultado: será mostrado na célula D14, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: >=1200
Assim, com o cursor na célula D14, digitamos:
=CONT.SE(C3:C10;”>=1200”)
MENOS DE R$ 1.200,00:
SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MENOR QUE 1200, ENTÃO
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10


MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D15

Traduzindo a condição em variáveis teremos:


Resultado: será mostrado na célula D15, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: <1200
Assim, com o cursor na célula D15, digitamos:
=CONT.SE(C3:C10;”<1200”)

Observações: fique atento com o > (maior) e < (menor), >= (maior ou igual) e <=(menor ou igual). Se tivéssemos
determinado a contagem de valores >1200 (maior que 1200) e <1200 (menor que 1200), o valor =1200 (igual a 1200)
não entraria na contagem.
Formatação de Células: Ao observar a planilha abaixo, fica claro que não é uma planilha bem formatada, vamos
deixar ela de uma maneira mais agradável.

34
Figura 42: Planilha sem Formatação

Vamos utilizar os 3(três) passos apontados na Figura abaixo:

Figura 43: Formatando a planilha

O primeiro passo é mesclar e centralizar o título, para isso utilizamos o botão Mesclar e Centralizar, entre outras
opções de alinhamento, como centralizar, direção do texto, entre outras.

CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 44: Formatando a planilha (Passo 1)

Em seguida, vamos colocar uma borda no texto digitado, vamos escolher a opção “Todas as bordas”, podemos
mudar o título para negrito, mudar a cor do fundo e/ou de uma fonte, basta selecionar a(s) célula(s) e escolher as for-
matações.

Figura 45: Formatando a planilha (Passo 2)

35
Para finalizar essa etapa vamos formatar a coluna C para moeda, que é o caso desse exemplo, porém pode ser rea-
lizado vários outros tipos de formatação, como, porcentagem, data, hora, científico, basta clicar no dropbox onde está
escrito geral e escolher.

Figura 46: Formatando a planilha (Passo 3)

O resultado final nos traz uma planilha muito mais agradável e de fácil entendimento:

Figura 47: Planilha Formatada

Ordenando os dados: Você pode digitar os dados em qualquer ordem, pois o Excel possui uma ferramenta muito
útil para ordenar os dados.
Ao clicar neste botão, você tem as opções para classificar de A a Z (ordem crescente), de Z a A (ordem decrescente)
ou classificação personalizada.
Para ordenar seus dados, basta clicar em uma célula da coluna que deseja ordenar, e selecionar a classificação cres-
cente ou decrescente. Mas cuidado! Se você selecionar uma coluna inteira, nas versões mais antigas do Excel, você irá
classificar os dados dessa coluna, mas vai manter os dados das outras colunas onde estão. Ou seja, seus dados ficarão
alterados. Nas versões mais novas, ele fará a pergunta, se deseja expandir a seleção e dessa forma, fazer a classificação
dos dados junto com a coluna de origem, ou se deseja manter a seleção e classificar somente a coluna selecionada.
Filtrando os dados: Ainda no botão temos a opção FILTRO. Ao selecionar esse botão, cada uma das colunas da nossa
planilha irá abrir uma seta para fazer a seleção dos dados que desejamos visualizar. Assim, podemos filtrar e visualizar
somente os dados do mês de Janeiro ou então somente os gastos com contas de consumo, por exemplo.
Grupo ferramentas de dados:

- Texto para colunas: separa o conteúdo de uma célula do Excel em colunas separadas.
- Remover duplicatas: exclui linhas duplicadas de uma planilha - Validação de dados: permite especificar valores
inválidos para uma planilha. Por exemplo, podemos especificar que a planilha não aceitará receber valores menores
que 10.
- Consolidar: combina valores de vários intervalos em um novo intervalo.
- Teste de hipóteses: testa diversos valores para a fórmula na planilha.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Gráficos: Outra forma interessante de analisar os dados é utilizando gráficos. O Excel monta os gráficos rapida-
mente e é muito fácil. Na Guia Inserir da Faixa de Opções, temos diversas opções de gráficos que podem ser utilizados.

Figura 48: Gráficos

36
Utilizando a planilha da Concessionária Grupo Nova, teremos o seguinte gráfico escolhido

Figura 49: Gráfico de Colunas – 3D

Redimensione o gráfico clicando com o mouse nas bordas para aumentar de tamanho. Reposicione o gráfico na
página, clicando nas linhas e arrastando até o local desejado.

#FicaDica
Importante mencionar que o conceito do Excel 365 é o mesmo apontado no Word, ou seja, fazem parte do
Office 365, que podem ser comprados conforme figura 39. CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

LibreOffice Calc

O Calc é o software de planilha eletrônica do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .ods (Open Docu-
ment Spreadsheet).
O Calc trabalha de modo semelhante ao Excel no que se refere ao uso de fórmulas. Ou seja, uma fórmula é iniciada
pelo sinal de igual (=) e seguido por uma sequência de valores, referências a células, operadores e funções.
Algumas diferenças entre o Calc e o Excel:
Para fazer referência a uma interseção no Calc, utiliza-se o sinal de exclamação (!). Por exemplo, “B2:C4!C3:C6” retor-
nará a C3 e C4 (interseção entre os dois intervalos). No Excel, isso é feito usando um espaço em branco (B2:C4 C3:C6).

37
Figura 50: Exemplo de Operação no Calc

Para fazer referência a uma célula que esteja em outra planilha, na mesma pasta de trabalho, digite “nome_da_pla-
nilha + . + célula. Por exemplo, “Plan2.A1” faz referência a célula A1 da planilha chamada Plan2. No Excel, isso é feito
usando o sinal de exclamação ! (Plan2!A1).

Menus do Calc
Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF.
Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substituir,
Cortar, Copiar e Colar.
Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Tela Inteira e Navegador.
Inserir - contém comandos para inserção de novos elementos no documento como células, linhas, colunas, plani-
lhas, gráficos.
Formatar - contém comandos para formatar células selecionadas, objetos e o conteúdo das células no documento.
Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Atingir meta, Rastrear erro, etc.
Dados - contém comandos para editar os dados de uma planilha. É possível classificar, utilizar filtros, validar, etc.
Janela - contém comandos para manipular e exibir janelas no documento.
Ajuda - permite acessar o sistema de ajuda do LibreOffice.

Utilização do Microsoft PowerPoint.

PowerPoint 2003

Na tela do PowerPoint 2003 o usuário tem a sua disposição: - barra de título, barra de menu, barra de ferramenta,
painel de anotações, painel do slide, barra de status, painel de estrutura de tópicos. Confira a tela do PowerPoint na
figura 75:
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 51: Tela do PowerPoint 2003

38
1. Aqui aparecerá o título do PowerPoint e o nome da apresentação que está sendo editada. Caso o arquivo não te-
nha nome, aparecerá o nome e o número das apresentações, como no exemplo da figura acima apresentação 1.
2. Esta é a principal ferramenta do PowerPoint, nela você encontrará vários menus. Para acessá-los é só clicar sobre
a mesma, ou por meio do teclado pressionando a tecla ALT junto com a letra do nome do comando no referido
menu. Exemplo: para acessar o menu arquivo, pressione ALT e a letra A que se encontra sublinhada.
3. A barra de ferramentas possui vários botões que servem para acelerar a execução de alguns recursos do Power-
Point.
4.Este é o local de trabalho no qual o texto é digitado.
5.Este painel permite adicionar anotações ou informações e até mesmo, elementos gráficos que você deseja com-
partilhar com o público.
6.Com este painel você poderá organizar e desenvolver o conteúdo da apresentação, assim, inserir fotos, desenhos,
clip-arts e muito mais, para que sua apresentação seja mostrada da melhor maneira. Você só tem a ganhar com
os recursos que o PowerPoint dispõe, principalmente para apresentação de trabalhos escolares e trabalhos pes-
soais.
7. Esta fornece o número de slides, o tipo de visualização e o idioma.
Como existiu a mudança de formato, a versão 2003 foi a última a ser PPT, para poder abrir apresentações feitas na
versão 2007 ou superior, você pode baixar o pacote de compatibilidade do Microsoft gratuitos para Word, Excel
e PowerPoint. Seus conversores ajudam que seja possível abrir, editar e salvar uma apresentação que você criou
em versões mais recentes do Office.

Depois que você instalar as atualizações e conversores, todas as apresentações de versões do PowerPoint mais re-
centes que 2003 são convertidos automaticamente quando você abri-los, para que você possa editar e salvá-los.

PowerPoint 2007

A versão 2007 passa a ter o formato PPTX, diferente das anteriores que eram PPT, essa nova versão lida muito me-
lhor com vídeos e imagens. Um documento em branco do PowerPoint 2003 (formato PPT) apenas com uma imagem
de 1 MB chega a ocupar 5 MB, já no formato PPTX, este mesmo arquivo ocupa cerca de 1,1 MB.
O PowerPoint 2007 trouxe uma importante opção que se encarrega de compactar imagens automaticamente a fim
de reduzir o tamanho total do documento. Para tal, abra a aba Formatar do programa e clique na opção Compactar
Imagens.
Neste momento, o usuário escolhe se deseja compactar uma única imagem da apresentação ou se pretende aplicar
o efeito a todas as figuras. Clique em Opções para acessar escolher o nível de qualidade e compactação das imagens
de seu arquivo, além disso foi possível começar a tratar imagens.
O PowerPoint 2007 passou a oferecer mais gráficos tridimensionais, permitindo apresentações com melhor visual,
diferentemente do seu antecessor 2003, PowerPoint 2007 utiliza o Microsoft Office Fluent interface de usuário (UI). Esta
UI categoriza grupos e guias relacionados, tornando mais fácil para os usuários a encontrar os comandos e recursos
do PowerPoint. Além disso, a Fluent UI inclui uma função de visualização ao vivo, para rever alterações de formatação
antes de finalizá-los, bem como galerias de efeitos pré-definidos, layouts, temas e “Estilos Rápidos”.
Os temas do PowerPoint 2007 possuem características de “Estilos Rápidos”, estilos esses que não existem no Power-
Point 2003, com o PowerPoint 2003, a formatação de um documento exige a escolha de estilo e opções de cores para
gráficos, textos, fundos e até mesmo tabelas.
A versão 2007 do PowerPoint 2007 possuem opções de compartilhamentos mais flexíveis do que as de seu anteces-
sor de 2003. Um exemplo claro disso é que na versão 2007 os usuários podem acessar o Microsoft Office SharePoint
Server 2007 para integrar as apresentações com o Outlook 2007, bem como o compartilhamento de apresentações
utilizando o que chamamos de “Bibliotecas de Slides”.
Em relação as tabelas e gráficos, ao contrário do PowerPoint 2003, a versão 2007 armazena as informações dos
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

gráficos no Excel 2007, ao invés de armazenar esses dados em folhas de dados do gráfico.

PowerPoint 2010, 2013 e detalhes gerais

Na tela inicial do PowerPoint, são listadas as últimas apresentações editadas (à esquerda), opção para criar nova
apresentação em branco e ainda, são sugeridos modelos para criação de novas apresentações (ao centro).
Ao selecionar a opção de Apresentação em Branco você será direcionado para a tela principal, composta pelos
elementos básicos apontados na figura abaixo, e descritos nos tópicos a seguir.

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Figura 52: Tela Principal do PowerPoint 2013

Barra de Títulos: A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da apresentação na janela. Ao ini-
ciar o programa aparece Apresentação 1 porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.
Faixa de Opções: Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de
Opções. Os comandos são organizados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo
de atividade e, para melhorar a organização, algumas são exibidas somente quando necessário.

Figura 53: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido: A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela
e pode ser configurada com os botões de sua preferência, tornando o trabalho mais ágil.
Adicionando e Removendo Componentes: Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas de
acesso rápido podemos clicar com o botão direito no componente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

exibida uma janela com a opção de Adicionar à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.

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Figura 54: Adicionando itens à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. É aberto o
menu Personalizar Barra de Ferramentas de Acesso Rápido, que apresenta várias opções para personalizar a barra, além
da opção Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do PowerPoint.
Para remoção do componente, no mesmo menu selecione-o. Se preferir, clique com o botão direito do mouse sobre
o ícone que deseja remover e escolha Remover da Barra de Ferramentas de Acesso Rápido.
Barra de Status: Localizada na parte inferior da tela, a barra de status permite incluir anotações e comentários na
sua apresentação, mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas. Nela encontramos o recurso de Zoom
e os botões de ‘Modos de Exibição’.

Figura 55: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela pode-
mos ativar ou desativar vários componentes de visualização.
Durante uma apresentação, os slides do PowerPoint vão sendo projetados no monitor do computador, lembrando
os antigos slides fotográficos.
O apresentador pode inserir anotações, observações importantes, que deverão ser abordadas durante a apresenta-
ção. Estas anotações serão visualizadas somente pelo apresentador quando, durante a apresentação, for selecionado
o Modo de Exibição do Apresentador (basta clicar com o botão direito do mouse e selecionar esta opção durante a
apresentação).
Modelos e Temas Online: Algumas vezes parece impossível iniciar uma apresentação. Você nem mesmo sabe como
começar. Nestas situações pode-se usar os modelos prontos, que fornecem sugestões para que você possa iniciar a
criação de sua apresentação. A versão PowerPoint 2013 traz vários modelos disponíveis online divididos por temas (é
necessário estar conectado à internet). CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 56: Modelos e temas online

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Para utilizar um modelo pronto, selecione um tema. Em nosso exemplo, vamos selecionar ‘Negócios’. Aparecerão
vários modelos prontos que podem ser utilizados para a criação de sua apresentação, conforme mostra a figura abaixo.

Figura 57: Apresentações Modelo ‘Negócios’

Procure conhecer os modelos, clicando sobre eles. Utilize as barras de rolagem para rolar a tela, visualizar as possi-
bilidades, e possivelmente escolher um modelo, dentre as inúmeras possibilidades fornecidas, para criar apresentações
profissionais com muita agilidade.
Ao escolher um modelo, clique no botão ‘Criar’ e aguarde o download do arquivo. Será criado um novo arquivo em seu
computador, que você poderá salvar onde quiser. A partir daí, basta customizar os dados e utilizá-lo como SUA APRESEN-
TAÇÃO.
Tanto o layout como o padrão de formatação de fontes, poderão ser alterados em qualquer momento, para atender
às suas necessidades.

Apresentação de Slides:

Antes de começarmos a trabalhar em um novo slide, ou nova apresentação, vamos entender um pouco melhor
como funciona uma apresentação. Escolha um modelo pronto qualquer, faça o download, e inicie a apresentação,
assim:
Na barra ‘Modos de exibição de slides’, localizada na barra de status, clique no botão ‘Modo de Apresentação de
Slides’.
Dê cliques com o mouse para seguir ao próximo slide. Ao clicar na apresentação, são exibidos botões de navegação,
que permitem que você siga para o próximo slide ou volte ao anterior, conforme mostrado abaixo. Além dos botões de
navegação você também conta com outras ferramentas durante sua apresentação.

Figura 58: Botões de Navegação e Outras Ferramentas


CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Exibição de Slides: Vamos agora começar a personalizar nossa apresentação, tendo como base o modelo criado. Se
ainda estiver com uma apresentação aberta, termine a apresentação, retornando à estrutura. Clique, na faixa de opções,
no menu ‘EXIBIÇÃO’.

Alternando entre os Modos de Exibição

Modo Normal: No modo de exibição ‘Normal’, você trabalha em um slide de cada vez e pode organizar a estrutura
de todos os slides da apresentação.

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Figura 59: Modo de Exibição ‘Normal’.

#FicaDica
Para mover de um slide para outro clique sobre o slide (do lado esquerdo) que deseja visualizar na tela, ou
utilize as teclas ‘PageUp’ e ‘PageDown’.

Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: Este modo de visualização é interessante principalmente durante a cons-
trução do texto da apresentação. Você pode ir digitando o texto do lado esquerdo e o PowerPoint monta os slides pra
você.
Classificação de Slides: Este modo permite ver seus slides em miniatura, para auxiliar na organização e estruturação
de sua apresentação. No modo de classificação de slides, você pode reordenar slides, adicionar transições e efeitos de
animação e definir intervalos de tempo para apresentações eletrônicas de slides.

CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Figura 60: Classificação de Slides

Para alterar a sequência de exibição de slides, clique no slide e arraste até a posição desejada. Você também pode
ocultar um slide dando um clique com o botão direito do mouse sobre ele e selecionando ‘Ocultar Slide’.

Alterando o Design:

O design de um slide é a apresentação visual do mesmo, ou seja, as cores nele utilizadas, tipos de fontes, etc. O
PowerPoint disponibiliza vários temas prontos para aplicar ao design de sua apresentação.
Para inserir um Tema de design pronto nos slides acesse a guia ‘Design’ na Faixa de Opções. Clique na seta lateral
para visualizar todos os temas existentes.

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Clique no tema desejado, para aplicar ao slide selecionado. O tema será aplicado em todos os slides.
Variantes -> Cores e Variantes -> Fontes: ainda na guia ‘Design’ podemos aplicar variações dos temas, alterando
cores e fontes, criando novos temas de cores. Clique na seta da caixa ‘Variantes’ para abrir as opções. Passe o mouse
sobre cada tema para visualizar o efeito na apresentação. Após encontrar a variação desejada, dê um clique com o
mouse para aplicá-la à apresentação.

Figura 61: Variantes de Temas de Design

Variantes -> Efeitos: os efeitos de tema especificam como os efeitos são aplicados a gráficos SmartArt, formas e
imagens. Clique na seta do botão ‘Efeitos’ para acessar a galeria de Efeitos. Aplicando o efeito alteramos rapidamente
a aparência dos objetos.

Layout de Texto:

O primeiro slide criado em nossa apresentação é um ‘Slide de título’. Nele não deve ser inserido o conteúdo da
palestra ou reunião, mas apenas o título e um subtítulo pois trata-se do slide inicial.
Clique no quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adicionar um título’, e escreva o título de sua apresentação.
A apresentação que criaremos será sobre ‘Grupo Nova”.
No quadro onde está indicado ‘Clique aqui para adicionar um subtítulo’ coloque seu nome ou o nome da empresa
em que trabalha, ou mesmo um subtítulo ligado ao tema da apresentação.
Formate o texto da forma como desejar, selecionando o tipo da fonte, tamanho, alinhamento, etc., clicando sobre a
‘Caixa de Texto’ para fazer as formatações.
Clique no botão novo slide da guia ‘PÁGINA INICIAL’. Será criado um novo slide com layout diferente do anterior.
Isso acontece porque o programa entende que o próximo slide não é mais de título, e sim de conteúdo, e assim suces-
sivamente para a criação da sua apresentação.
Layouts de Conteúdo:
Utilizando os layouts de conteúdo é possível inserir figura ou cliparts, tabelas, gráficos, diagramas ou clipe de mídia
(que podem ser animações, imagens, sons, etc.).
A utilização destes recursos é muito simples, bastando clicar, no próprio slide, sobre o recurso que deseja utilizar.
Salve a apresentação atual como ‘Ensino a Distância’ e, sem fechá-la, abra uma nova apresentação. Vamos ver a
utilização dos recursos de Conteúdo.
Na guia ‘Início’ da Faixa de Opções, clique na seta lateral da caixa Layout. Será exibida uma janela com várias opções.
Selecione o layout ‘Título e conteúdo’.
Aparecerá a caixa de conteúdo no slide como mostrado na figura a seguir. A caixa de conteúdos ao centro do slide possui
diversas opções de tipo de conteúdo que se pode utilizar.
As demais ferramentas da ‘Caixa de Conteúdo’ são:

• Escolher Elemento Gráfico SmartArt


Inserir Imagem
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA


• Inserir Imagens Online
• Inserir Vídeo

Explore as opções, utilize os recursos oferecidos para enriquecer seus conhecimentos e, em consequência, criar
apresentações muito mais interessantes. O funcionamento de cada item é semelhante aos já abordados.
Agora é com você!
Exercite: crie diversos slides de conteúdo, procurando utilizar todas as opções oferecidas para cada tipo de conteú-
do. Desta forma, você estará aprendendo ainda mais utilizar os recursos do PowerPoint e do Office.
Animação dos Slides: A animação dos slides é um dos últimos passos da criação de uma apresentação. Essa é uma
etapa importante, pois, apesar dos inúmeros recursos oferecidos pelo programa, não é aconselhável exagerar na utili-
zação dos mesmos, pois além de tornar a apresentação cansativa, tira a atenção das pessoas que estão assistindo, ao
invés de dar foco ao conteúdo da apresentação, passam a dar foco para as animações.
Transições: A transição dos slides nada mais é que a mudança entre um slide e outro. Você pode escolher entre
diversas transições prontas, através da faixa de opções ‘TRANSIÇÕES’. Selecione o primeiro slide da nossa apresentação
e clique nesta opção.

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Escolha uma das transições prontas e veja o que acontece. Explore os diversos tipos de transições, apenas clicando
sobre elas e assistindo os efeitos que elas produzem. Isso pode ser bastante divertido, mas dependendo do intuito da
apresentação, o exagero pode tornar sua apresentação pouco profissional.
Ainda em ‘TRANSIÇÕES’ escolha como será feito o avanço do slide, se após um tempo pré-definido ou ‘Ao Clicar
com o Mouse’, dentro da faixa ‘INTERVALO’. Você também pode aplicar som durante a transição.

Animações: As animações podem ser definidas para cada caixa de texto dos slides. Ou seja, durante sua apresenta-
ção você pode optar em ir abrindo o texto conforme trabalha os assuntos.
Neste exemplo, selecionaremos o Slide 3 de nossa apresentação para enriquecer as explicações. Clique um uma das
caixas de texto do slide, e na opção ‘ANIMAÇÕES’ abra o ‘PAINEL DE ANIMAÇÃO’.

Figura 62: Animações

Escolheremos a opção ‘Flutuar para Dentro’, mas você pode explorar as diversas opções e escolher a que mais te
agradar. Clique na opção escolhida. No Painel de Animação, abra todas as animações clicando na seta para baixo.

Figura 63: Abrindo a lista do Painel de Animações

Cada parágrafo de texto pode ser configurado, bastando que você clique no parágrafo desejado e faça a opção
de animação desejada. O parágrafo pode aparecer somente quando você clicar com o mouse, ou juntamente com o
anterior. Pode mantê-lo aberto na tela enquanto outros estão fechados, etc.
Em nosso exemplo, vamos animar da seguinte forma: os textos da caixa de texto do lado esquerdo vão aparecer
juntos após clicar. Os textos da caixa do lado direito permanecem fechados. Ao clicar novamente, os dois parágrafos
aparecerão ao mesmo tempo na tela.
Passo a passo:
Com a caixa de texto do lado esquerdo selecionada, clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo, mostrado no Painel
de Animações;
selecione o 2º parágrafo e selecione ‘Iniciar com anterior’;
selecione a caixa de texto do lado direito e aplique uma animação;
no Painel de Animações clique em ‘Iniciar ao clicar’ no 1º parágrafo da caixa de texto
selecione o 2º parágrafo da caixa de texto e selecione ‘Iniciar com anterior’.

Impress
É o editor de apresentações do LibreOffice e o seu formato de arquivo padrão é o .odp (Open Document Presen-
tations).
- O usuário pode iniciar uma apresentação no Impress de duas formas:
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

• do primeiro slide (F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do primeiro slide.
• do slide atual (Shift + F5) - Menu Apresentação de Slides -> Iniciar do slide atual.

- Menu do Impress:

• Arquivo - contém comandos que se aplicam ao documento inteiro como Abrir, Salvar e Exportar como PDF;
• Editar - contém comandos para editar o conteúdo documento como, por exemplo, Desfazer, Localizar e Substi-
tuir, Cortar, Copiar e Colar;
• Exibir - contém comandos para controlar a exibição de um documento tais como Zoom, Apresentação de Slides,
Estrutura de tópicos e Navegador;
• Inserir - contém comandos para inserção de novos slides e elementos no documento como figuras, tabelas e
hiperlinks;
• Formatar - contém comandos para formatar o layout e o conteúdo dos slides, tais como Modelos de slides, La-
yout de slide, Estilos e Formatação, Parágrafo e Caractere;
• Ferramentas - contém ferramentas como Ortografia, Compactar apresentação e Player de mídia;
• Apresentação de Slides - contém comandos para controlar a apresentação de slides e adicionar efeitos em ob-
jetos e na transição de slides.

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4. (AGENTE – CESPE – 2014) No Word 2013, a partir
de opção disponível no menu Inserir, é possível inserir
EXERCÍCIOS COMENTADOS em um documento uma imagem localizada no próprio
computador ou em outros computadores a que o usu-
1. (ESCRIVÃO – DE POLÍCIA – CESPE 2013) Título, as- ário esteja conectado, seja em rede local, seja na Web.
sunto, palavras-chave e comentários de um documen-
to são metadados típicos presentes em um documento
produzido por processadores de texto como o BrOffice e ( ) CERTO ( ) ERRADO
o Microsoft Office.
Resposta: CERTO.
A opção Inserir, Ilustrações, Imagem possibilita a in-
( ) CERTO ( ) ERRADO serção de imagens no documento, sejam elas arma-
zenadas no computador, na rede ou na Internet (no
Resposta: CERTO. 2013 é possível na opção Imagens on-line, no 2010
Quando um determinado documento de texto pro- não).
duzido tanto pelo BrOffice quanto pelo Microsoft
Office ele fica armazenado em forma de arquivo em
5. (AGENTE – CESPE – 2014) Para criar um documento
uma memória especificada no momento da gravação
no Word 2013 e enviá-lo para outras pessoas, o usuário
deste. Ao clicar como botão direito do mouse no ar-
deve clicar o menu Inserir e, na lista disponibilizada, sele-
quivo de texto armazenado e clicar em propriedades é
cionar a opção Iniciar Mala Direta.
possível por meio da guia Detalhes perceber os meta-
dados “Título, assunto, palavras-chave e comentários”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere que Resposta: ERRADO.
um usuário disponha de um computador apenas com Li- A mala direta é usada para criar correspondências em
nux e BrOffice instalados. Nessa situação, para que esse massa que podem ser personalizadas para cada des-
computador realize a leitura de um arquivo em formato tinatário. É possível adicionar elementos individuais a
de planilha do Microsoft Office Excel, armazenado em qualquer parte de uma etiqueta, carta, envelope, ou
um pendrive formatado com a opção NTFS, será neces- e-mail, desde a saudação até o conteúdo do docu-
sária a conversão batch do arquivo, antes de sua leitura mento, inclusive imagens. O Word preenche automati-
com o aplicativo instalado, dispensando-se a montagem camente os campos com as informações do destinatá-
do sistema de arquivos presente no pendrive. rio e gera todos os documentos individuais. Contudo,
não envia um arquivo a outros usuários como diz a
questão.
( ) CERTO ( ) ERRADO
6. (AGENTE – CESPE – 2014) No Word 2013, ao se se-
Resposta: ERRADO. lecionar uma palavra, clicar sobre ela com o botão direito
Um pendrive formatado com o sistema de arquivos do mouse e, na lista disponibilizada, selecionar a opção
NTFS será lido normalmente pelo Linux, sem necessi- definir, será mostrado, desde que estejam satisfeitas to-
dade de conversão de qualquer natureza. E o fato do das as configurações exigidas, um dicionário contendo
suposto arquivo estar em formato Excel (xls ou xlsx) é significados da palavra selecionada.
indiferente também, já que o BrOffice é capaz de abrir
ambos os formatos. ( ) CERTO ( ) ERRADO
3. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) O BrOffice 3, Resposta: CERTO.
que reúne, entre outros softwares livres de escritório, o A inclusão do dicionário no botão direito na versão
editor de texto Writer, a planilha eletrônica Calc e o edi- Word 2013 é novidade, mas já é antiga no Word pelo
tor de apresentação Impress, é compatível com as pla- comando Shift + F7(dicionário de sinônimos).
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

taformas computacionais Microsoft Windows, Linux e


MacOS-X

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: CERTO.
O BrOffice 3 faz parte de um conjunto de aplicativos
para escritório livre multiplataforma chamado OpenO-
ffice.org.
Distribuída para Microsoft Windows, Unix, Solaris, Li-
nux e Mac OS X, mantida pela Apache Software Foun-
dation.

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9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Para en-
contrar todas as ocorrências do termo “Ibama” no docu-
mento em edição, é suficiente realizar o seguinte proce-
dimento: aplicar um clique duplo sobre o referido termo;
clicar sucessivamente o botão .

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: ERRADO.
O botão mostrado na questão não deve ser utilizado
para encontrar ocorrências de um determinado termo
no documento que se está editando, tal recurso pode
ser conseguido através do botão Localizar ou do ata-
lho CTRL+L.

Considerando a figura acima, que ilustra uma jane-


la do Word 2000 contendo parte de um texto extraído
e adaptado do sítio http://www.funai.gov.br, julgue os
itens subsequentes.

7. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Conside-


re o seguinte procedimento: selecionar o trecho “Funai,
(...) Federal”; clicar a opção
A figura acima mostra uma janela do Excel 2002 com
Estilo no menu ; na janela decorrente dessa ação,
uma planilha em processo de edição. Com relação a essa
marcar o campo todas em maiúsculas; clicar OK. Esse
figura e ao Excel 2002, e considerando que apenas a célu-
procedimento fará que todas as letras do referido trecho
la C2 está formatada como negrito, julgue o item abaixo.
fiquem com a fonte maiúscula.
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) É possí-
( ) CERTO ( ) ERRADO vel aplicar negrito às células B2, B3 e B4 por meio da se-
guinte sequência de ações, realizada com o mouse: clicar
Resposta: ERRADO. a célula C2; clicar ; posicionar o ponteiro sobre o centro
O procedimento correto é: selecionar o trecho “Funai, da célula B2; pressionar e manter pressionado o botão
(...) Federal”; clicar a opção FONTE no menu FORMA- esquerdo; posicionar o ponteiro no centro da célula B4;
TAR na janela decorrente dessa ação, marcar o campo liberar o botão esquerdo.
Todas em maiúsculas; clicar OK. Em um computador cujo sistema operacional é o Win-
dows XP, ao se clicar, com o botão direito do mouse,
8. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) As infor- o ícone , contido na área de trabalho e referente a
mações contidas na figura mostrada permitem concluir determinado arquivo, foi exibido o menu mostrado na
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

que o documento em edição contém duas páginas e, figura ao lado. A respeito dessa figura e do Windows XP,
caso se disponha de uma impressora devidamente ins- julgue os itens a seguir.
talada e se deseje imprimir apenas a primeira página do
documento, é suficiente realizar as seguintes ações: clicar
a opção Imprimir no menu ; na janela aberta em
decorrência dessa ação, assinalar, no campo apropriado,
que se deseja imprimir a página atual; clicar OK.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: CERTO.
A opção para imprimir documentos assim como para
efetuar as devidas configurações da impressão podem
ser feitas através do Menu Arquivo / Imprimir ou utili-
zando-se do atalho CTRL+P. ( ) CERTO ( ) ERRADO

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Com o botão “Pincel” é possível copiar toda a forma- As pastas também podem ser armazenadas em ou-
tação de uma célula para outra célula, e o procedi- tras pastas. Uma pasta dentro de uma pasta é chamada
mento correto foi descrito na questão. subpasta. Você pode criar quantas subpastas quiser, e
cada uma pode armazenar qualquer quantidade de ar-
quivos e subpastas adicionais.

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GE- 2. Usando bibliotecas para acessar arquivos e pas-


RENCIAMENTO DE ARQUIVOS, PASTAS E tas
PROGRAMAS
Quando se trata de se organizar, não é necessário co-
meçar do zero. Você pode usar bibliotecas, um novo re-
curso desta versão do Windows, para acessar arquivos e
TRABALHANDO COM ARQUIVOS E PASTAS pastas e organizá-los de diferentes maneiras. Esta é uma
lista das quatro bibliotecas padrão e para que elas são
Um arquivo é um item que contém informações, por usadas normalmente:
exemplo, texto, imagens ou música. Quando aberto, um Biblioteca Documentos. Use essa biblioteca para or-
arquivo pode ser muito parecido com um documento de ganizar documentos de processamento de texto, plani-
texto ou com uma imagem que você poderia encontrar lhas, apresentações e outros arquivos relacionados a tex-
na mesa de alguém ou em um arquivo convencional Em to. Para obter mais informações, consulte Gerenciando
seu computador, os arquivos são representados por íco- seus contatos.
nes; isso facilita o reconhecimento de um tipo de arquivo Por padrão, os arquivos movidos, copiados ou salvos
bastando olhar para o respectivo ícone. Veja a seguir al- na biblioteca Documentos são armazenados na pasta
guns ícones de arquivo comuns: Meus Documentos.
Biblioteca Imagens. Use esta biblioteca para organi-
zar suas imagens digitais, sejam elas obtidas da câmera,
do scanner ou de emails recebidos de outras pessoas.
Por padrão, os arquivos movidos, copiados ou salvos na
biblioteca Imagens são armazenados na pasta Minhas
Imagens.
Biblioteca Músicas. Use esta biblioteca para organi-
zar suas músicas digitais, como as que você copia de um
CD de áudio ou as baixadas da Internet. Por padrão, os
arquivos movidos, copiados ou salvos na biblioteca Mú-
sicas são armazenados na pasta Minhas Músicas.
Biblioteca Vídeos. Use esta biblioteca para organizar
e arrumar seus vídeos, como clipes da câmera digital ou
1. Ícones de alguns tipos de arquivo da câmera de vídeo, ou arquivos de vídeo baixados da
Internet. Por padrão, os arquivos movidos, copiados ou
Uma pasta é um contêiner que pode ser usado para salvos na biblioteca Vídeos são armazenados na pasta
armazenar arquivos. Se você tivesse centenas de arquivos Meus Vídeos.
em papel em sua mesa, seria quase impossível encontrar Para abrir as bibliotecas Documentos, Imagens ou
um arquivo específico quando você dele precisasse. É por Músicas, clique no botão Iniciar, em seguida, em Docu-
isso que as pessoas costumam armazenar os arquivos em mentos, Imagens ou Músicas.
papel em pastas dentro de um arquivo convencional. As
pastas no computador funcionam exatamente da mesma
forma. Veja a seguir alguns ícones de pasta comuns:
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Uma pasta vazia (à esquerda); uma pasta contendo


arquivos (à direita)

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É possível abrir bibliotecas comuns a partir do menu
Iniciar

3. Trabalhando com bibliotecas

Nas versões anteriores do Windows, o gerenciamento


de arquivos significava organizá-los em pastas e subpas-
tas diferentes. Nesta versão do Windows, você pode usar
também bibliotecas para organizar e acessar arquivos,
independentemente de onde eles estejam armazenados.

5. Painel de navegação
Painel de navegação, mostrando a biblioteca de ima-
gens com três pastas incluídas Use o painel de navegação para acessar bibliotecas,
Uma biblioteca reúne arquivos de diferentes locais e pastas, pesquisas salvas ou até mesmo todo o disco rígi-
os exibe em uma única coleção, sem os mover de onde do. Use a seção Favoritos para abrir as pastas e pesquisas
estão armazenados. mais utilizadas. Na seção Bibliotecas, é possível acessar
Seguem algumas ações que podem ser executadas suas bibliotecas. Você também pode usar a pasta Com-
com bibliotecas: putador para pesquisar pastas e subpastas. Para obter
Criar uma nova biblioteca. Existem quatro bibliotecas mais informações, consulte Trabalhando com o painel de
padrão (Documentos, Músicas, Imagens e Vídeos), mas navegação.
você pode criar novas bibliotecas para outras coleções.
Organizar itens por pasta, data e outras proprieda- 6. Botões Voltar e Avançar
des. Os itens em uma biblioteca podem ser organizados
de diferentes maneiras, usando o menu Organizar por, Use os botões Voltar e Avançar para navegar para
localizado no painel de bibliotecas (acima da lista de ar- outras pastas ou bibliotecas que você já tenha aberto,
quivos) de qualquer biblioteca aberta. Por exemplo, você sem fechar, na janela atual. Esses botões funcionam jun-
pode organizar sua biblioteca de músicas por artista para tamente com a barra de endereços. Depois de usar a bar-
encontrar rapidamente uma música de um determinado ra de endereços para alterar pastas, por exemplo, você
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

artista. pode usar o botão Voltar para retornar à pasta anterior.


Incluir ou remover uma pasta. As bibliotecas reúnem
conteúdo a partir das pastas incluídas ou dos locais de 7. Barra de ferramentas
bibliotecas.
Alterar o local de salvamento padrão. O local de sal- Use a barra de ferramentas para executar tarefas co-
vamento padrão determina onde um item é armazenado muns, como alterar a aparência de arquivos e pastas, co-
quando é copiado, movido ou salvo na biblioteca. piar arquivos em um CD ou iniciar uma apresentação de
slides de imagens digitais. Os botões da barra de ferra-
4. Compreendendo as partes de uma janela mentas mudam para mostrar apenas as tarefas que são
relevantes. Por exemplo, se você clicar em um arquivo
Quando você abre uma pasta ou biblioteca, ela é exi- de imagem, a barra de ferramentas mostrará botões di-
bida em uma janela. As várias partes dessa janela foram ferentes daqueles que mostraria se você clicasse em um
projetadas para facilitar a navegação no Windows e o arquivo de música.
trabalho com arquivos, pastas e bibliotecas. Veja a seguir
uma janela típica e cada uma de suas partes:

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8. Barra de endereços 14. Painel de visualização

Use a barra de endereços para navegar para uma pas- Use o painel de visualização para ver o conteúdo da
ta ou biblioteca diferente ou voltar à anterior. Para obter maioria dos arquivos. Se você selecionar uma mensagem
mais informações, consulte Navegar usando a barra de de e-mail, um arquivo de texto ou uma imagem, por
endereços. exemplo, poderá ver seu conteúdo sem abri-lo em um
programa. Caso não esteja vendo o painel de visualiza-
9. Painel de biblioteca ção, clique no botão Painel de visualização na barra de
ferramentas para ativá-lo.
O painel de biblioteca é exibido apenas quando você
está em uma biblioteca (como na biblioteca Documen- 15. Exibindo e organizando arquivos e pastas
tos). Use o painel de biblioteca para personalizar a biblio-
teca ou organizar os arquivos por propriedades distintas. Quando você abre uma pasta ou biblioteca, pode al-
Para obter mais informações, consulte Trabalhando com terar a aparência dos arquivos na janela. Por exemplo,
bibliotecas. talvez você prefira ícones maiores (ou menores) ou uma
exibição que lhe permita ver tipos diferentes de informa-
10. Títulos de coluna ções sobre cada arquivo. Para fazer esses tipos de alte-
rações, use o botão Modos de Exibição na barra de
Use os títulos de coluna para alterar a forma como os ferramentas.
itens na lista de arquivos são organizados. Por exemplo, Toda vez que você clica no lado esquerdo do botão
você pode clicar no lado esquerdo do cabeçalho da co- Modos de Exibição, ele altera a maneira como seus arqui-
luna para alterar a ordem em que os arquivos e as pastas vos e pastas são exibidos, alternando entre cinco modos
são exibidos ou pode clicar no lado direito para filtrar os de exibição distintos: Ícones grandes, Lista, um modo de
arquivos de maneiras diversas. (Observe que os cabeça- exibição chamado Detalhes, que mostra várias colunas
lhos de coluna só estão disponíveis no modo de exibição de informações sobre o arquivo, um modo de exibição
Detalhes. Para aprender como alternar para o modo de de ícones menores chamado Lado a lado e um modo de
exibição Detalhes, consulte ‘Exibindo e organizando ar- exibição chamado Conteúdo, que mostra parte do con-
quivos e pastas’ mais adiante neste tópico). teúdo de dentro do arquivo.
Se você clicar na seta no lado direito do botão Mo-
11. Lista de arquivos dos de Exibição, terá mais opções. Mova o controle des-
lizante para cima ou para baixo para ajustar o tamanho
É aqui que o conteúdo da pasta ou biblioteca atual é dos ícones das pastas e dos arquivos. Você poderá ver os
exibido. Se você usou a caixa de pesquisa para localizar ícones alterando de tamanho enquanto move o controle
um arquivo, somente os arquivos que correspondam deslizante.
a sua exibição atual (incluindo arquivos em subpastas)
serão exibidos.

12. A caixa de pesquisa

Digite uma palavra ou frase na caixa de pesquisa para


procurar um item na pasta ou biblioteca atual. A pes-
quisa inicia assim que você começa a digitar. Portanto,
quando você digitar B, por exemplo, todos os arquivos
cujos nomes iniciarem com a letra B aparecerão na lista
de arquivos. Para obter mais informações, consulte Loca-
lizar um arquivo ou uma pasta.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

13. Painel de detalhes

Use o painel de detalhes para ver as propriedades


mais comuns associadas ao arquivo selecionado. Pro- 16. As opções do botão Modos de Exibição
priedades do arquivo são informações sobre um arquivo,
tais como o autor, a data da última alteração e qualquer Em bibliotecas, você pode ir além, organizando seus
marca descritiva que você possa ter adicionado ao ar- arquivos de diversas maneiras. Por exemplo, digamos
quivo. Para obter mais informações, consulte Adicionar que você deseja organizar os arquivos na biblioteca Mú-
marcas e outras propriedades a arquivos. sicas por gênero (como Jazz e Clássico):
Clique no botão Iniciar e, em seguida, clique em Mú-
sicas.
No painel da biblioteca (acima da lista de arquivos),
clique no menu próximo a Organizar por e em Gênero.

50
17. Localizando arquivos

Dependendo da quantidade de arquivos que você


tem e de como eles estão organizados, localizar um ar-
quivo pode significar procurar dentre centenas de arqui-
vos e subpastas; uma tarefa nada simples. Para poupar
tempo e esforço, use a caixa de pesquisa para localizar
o arquivo.

Para copiar ou mover um arquivo, arraste-o de uma


janela para outra

Ao usar o método arrastar e soltar, note que algumas


vezes o arquivo ou a pasta é copiado e, outras vezes, ele é
18. A caixa de pesquisa movido. Se você estiver arrastando um item entre duas pas-
tas que estão no mesmo disco rígido, os itens serão movidos
A caixa de pesquisa está localizada na parte superior para que duas cópias do mesmo arquivo ou pasta não sejam
de cada janela. Para localizar um arquivo, abra a pasta ou criadas no mesmo local. Se você estiver arrastando o item
biblioteca mais provável como ponto de partida para sua para um pasta que esteja em outro local (como um local de
pesquisa, clique na caixa de pesquisa e comece a digitar. rede) ou para uma mídia removível (como um CD), o item
A caixa de pesquisa filtra o modo de exibição atual com será copiado.
base no texto que você digita. Os arquivos serão exibi-
dos como resultados da pesquisa se o termo de pesquisa 20. Dicas
corresponder ao nome do arquivo, a marcas e a outras
propriedades do arquivo ou até mesmo à parte do texto A maneira mais fácil de organizar duas janelas na área
de um documento. de trabalho é usar Ajustar.
Se você estiver pesquisando um arquivo com base Se você copiar ou mover um arquivo ou pasta para
em uma propriedade (como o tipo do arquivo), poderá uma biblioteca, ele será armazenado no local de salva-
refinar a pesquisa antes de começar a digitar. Basta clicar mento padrão da biblioteca.
na caixa de pesquisa e depois em uma das propriedades Outra forma de copiar ou mover um arquivo é arras-
exibidas abaixo dessa caixa. Isso adicionará um filtro de tando-o da lista de arquivos para uma pasta ou biblioteca
pesquisa (como “tipo”) ao seu texto de pesquisa, forne- no painel de navegação. Com isso, não será necessário
cendo assim resultados mais precisos. abrir duas janelas distintas.
Caso não esteja visualizando o arquivo que está pro-
curando, você poderá alterar todo o escopo de uma pes- 21. Criando e excluindo arquivos
quisa clicando em uma das opções na parte inferior dos
resultados da pesquisa. Por exemplo, caso pesquise um O modo mais comum de criar novos arquivos é usan-
arquivo na biblioteca Documentos, mas não consiga en- do um programa. Por exemplo, você pode criar um docu-
contrá-lo, você poderá clicar em Bibliotecas para expan- mento de texto em um programa de processamento de
dir a pesquisa às demais bibliotecas. Para obter mais in- texto ou um arquivo de filme em um programa de edição
formações, consulte Localizar um arquivo ou uma pasta. de vídeos.
Alguns programas criam um arquivo no momento
19. Copiando e movendo arquivos e pastas em que são abertos. Quando você abre o WordPad, por
exemplo, ele inicia com uma página em branco. Isso re-
De vez em quando, você pode querer alterar o lo- presenta um arquivo vazio (e não salvo). Comece a digitar
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

cal onde os arquivos ficam armazenados no computa- e quando estiver pronto para salvar o trabalho, clique no
dor. Por exemplo, talvez você queira mover os arquivos botão Salvar no WordPad. Na caixa de diálogo exibida,
para outra pasta ou copiá-los para uma mídia removível digite um nome de arquivo que o ajudará a localizar o
(como CDs ou cartões de memória) a fim de compartilhar arquivo novamente no futuro e clique em Salvar.
com outra pessoa. Por padrão, a maioria dos programas salva arquivos em
A maioria das pessoas copiam e movem arquivos pastas comuns, como Meus Documentos e Minhas Ima-
usando um método chamado arrastar e soltar. Comece gens, o que facilita a localização dos arquivos na próxima
abrindo a pasta que contém o arquivo ou a pasta que vez.
deseja mover. Depois, em uma janela diferente, abra a Quando você não precisar mais de um arquivo, po-
pasta para onde deseja mover o item. Posicione as jane- derá removê-lo do computador para ganhar espaço e
las lado a lado na área de trabalho para ver o conteúdo impedir que o computador fique congestionado com
de ambas. arquivos indesejados. Para excluir um arquivo, abra a res-
Em seguida, arraste a pasta ou o arquivo da primeira pectiva pasta ou biblioteca e selecione o arquivo. Pres-
pasta para a segunda. Isso é tudo. sione Delete no teclado e, na caixa de diálogo Excluir
Arquivo, clique em Sim.

51
Quando você exclui um arquivo, ele é armazenado josa, pois até então, só era possível a existência de textos.
temporariamente na Lixeira. Pense nela como uma rede Para garantir a comunicação entre o remetente e o
de segurança que lhe permite recuperar pastas ou arqui- destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido
vos excluídos por engano. De vez em quando, você deve como o pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que
esvaziar a Lixeira para recuperar o espaço usado pelos são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMIS-
arquivos indesejados no disco rígido. SION CONTROL PROTOCOL (Protocolo de Controle de
Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo
22. Abrindo um arquivo existente de Internet) são conjuntos de regras que tornam possível
tanto a conexão entre os computadores, quanto ao en-
Para abrir um arquivo, clique duas vezes nele. Em ge- tendimento da informação trocada entre eles.
ral, o arquivo é aberto no programa que você usou para A internet funciona o tempo todo enviando e rece-
criá-lo ou alterá-lo. Por exemplo, um arquivo de texto bendo informações, por isso o periférico que permite a
será aberto no seu programa de processamento de texto. conexão com a internet chama MODEM, porque que ele
Mas nem sempre é o caso. O clique duplo em um ar- MOdula e DEModula sinais, e essas informações só po-
quivo de imagem, por exemplo, costuma abrir um visua- dem ser trocadas graças aos protocolos TCP/IP.
lizador de imagens. Para alterar a imagem, você precisa
usar um programa diferente. Clique com o botão direito Protocolos Web
do mouse no arquivo, clique em Abrir com e no nome do
programa que deseja usar. Já que estamos falando em protocolos, citaremos ou-
tros que são largamente usados na Internet:
Conceitos de tecnologias relacionadas à Internet - HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de
e Intranet, busca e pesquisa na Web, mecanismos de transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para
busca na Web. trocar informações na Internet. Quando digitamos um
site, automaticamente é colocado à frente dele o http://
O objetivo inicial da Internet era atender necessida- Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br
des militares, facilitando a comunicação. A agência nor-
Onde:
te-americana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PRO-
JECTS AGENCY e o Departamento de Defesa americano, http:// → Faz a solicitação de um arquivo de hipermí-
na década de 60, criaram um projeto que pudesse conec- dia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode conter
tar os computadores de departamentos de pesquisas e texto, som, imagem, filmes e links.
bases militares, para que, caso um desses pontos sofres- - URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão
se algum tipo de ataque, as informações e comunicação de recursos, serve para endereçar um recurso na web,
não seriam totalmente perdidas, pois estariam salvas em é como se fosse um apelido, uma maneira mais fácil de
outros pontos estratégicos. acessar um determinado site.
O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma co- Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde:
nexão a longa distância e possibilitava que as mensagens
fossem fragmentadas e endereçadas ao seu computador
de destino. O percurso entre o emissor e o receptor da Faz a solicitação de um arquivo de
http://
informação poderia ser realizado por várias rotas, assim, hiper mídia para a Internet.
caso algum ponto no trajeto fosse destruído, os dados Estipula que esse recurso está na
poderiam seguir por outro caminho garantindo a entre- rede mundial de computadores
ga da informação, é importante mencionar que a maior www
(veremos mais sobre www em um
distância entre um ponto e outro, era de 450 quilôme-
próximo tópico).
tros. No começo dos anos 80, essa tecnologia rompeu as
barreiras de distância, passando a interligar e favorecer É o endereço de domínio. Um
a troca de informações de computadores de universi- endereço de domínio representará
dades dos EUA e de outros países, criando assim uma novaconcursos
sua empresa ou seu espaço na
rede (NET) internacional (INTER), consequentemente seu Internet.
nome passa a ser, INTERNET.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

A evolução não parava, além de atingir fronteiras Indica que o servidor onde esse site
continentais, os computadores pessoais evoluíam em está
.com
forte escala alcançando forte potencial comercial, a Inter- hospedado é de finalidades
net deixou de conectar apenas computadores de univer- comerciais.
sidades, passou a conectar empresas e, enfim, usuários
.br Indica queo servidor está no Brasil.
domésticos. Na década de 90, o Ministério das Comu-
nicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil
trouxeram a Internet para os centros acadêmicos e co- Encontramos, ainda, variações na URL de um site,
merciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando conta que demonstram a finalidade e organização que o criou,
de todos os setores sociais até atingir a amplitude de sua como:
difusão nos tempos atuais. .gov - Organização governamental
.edu - Organização educacional
.org - Organização
Um marco que é importante frisar é o surgimento do .ind - Organização Industrial
WWW que foi a possibilidade da criação da interface grá- .net - Organização telecomunicações
fica deixando a internet ainda mais interessante e vanta- .mil - Organização militar

52
.pro - Organização de profissões Provedor
.eng – Organização de engenheiros
E também, do país de origem: O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
.it – Itália oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces-
.pt – Portugal sário conectar-se com um computador que já esteja na In-
.ar – Argentina ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per-
.cl – Chile mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet.
.gr – Grécia No Brasil, a maioria dos provedores está conectada
à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros
Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
que se trata de um site hospedado em um servidor dos que é a conexão física que interliga o provedor de aces-
Estados Unidos. so com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida
como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet
no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse
- HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Seme-
uma avenida de três pistas e os links como se fossem as
lhante ao HTTP, porém permite que os dados sejam
ruas que estão interligadas nesta avenida. Tanto o link
transmitidos através de uma conexão criptografa-
como o backbone possui uma velocidade de transmis-
da e que se verifique a autenticidade do servidor e são, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados.
do cliente através de certificados digitais. Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo).
- FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de transferên- Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso,
cia de arquivo, é o protocolo utilizado para poder que fornecerá um nome de usuário, uma senha de aces-
subir os arquivos para um servidor de internet, so e um endereço eletrônico na Internet.
seus programas mais conhecidos são, o Cute FTP,
FileZilla e LeechFTP, ao criar um site, o profissio- Home Page
nal utiliza um desses programas FTP ou similares
e executa a transferência dos arquivos criados, o Pela definição técnica temos que uma Home Page é
manuseio é semelhante à utilização de gerencia- um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de com-
dores de arquivo, como o Windows Explorer, por putadores rodando um Navegador (Browser), que per-
exemplo. mite o acesso às informações em um ambiente gráfico
- POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto dos e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de
Correios permite, como o seu nome o indica, recu- informações dentro das Home Pages.
perar o seu correio num servidor distante (o servi-
dor POP). É necessário para as pessoas não ligadas #FicaDica
permanentemente à Internet, para poderem con-
sultar os mails recebidos offline. Existem duas ver- O endereço de Home Pages tem o seguinte
sões principais deste protocolo, o POP2 e o POP3, formato:
aos quais são atribuídas respectivamente as portas http://www.endereço.com/página.html
109 e 110, funcionando com o auxílio de coman- Por exemplo, a página principal do meu
dos textuais radicalmente diferentes, na troca de projeto de mestrado:
e-mails ele é o protocolo de entrada. http://www.youtube.com/canaldoovidio
- IMAP (Internet Message Access Protocol): É um pro-
tocolo alternativo ao protocolo POP3, que ofere-
ce muitas mais possibilidades, como, gerir vários
Plug-ins
acessos simultâneos e várias caixas de correio,
além de poder criar mais critérios de triagem.
Os plug-ins são programas que expandem a capaci-
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protocolo dade do Browser em recursos específicos - permitindo,
padrão para envio de e-mails através da Internet. por exemplo, que você toque arquivos de som ou veja
Faz a validação de destinatários de mensagens. Ele
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

filmes em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas


que verifica se o endereço de e-mail do destinatá- de software vêm desenvolvendo plug-ins a uma veloci-
rio está corretamente digitado, se é um endereço dade impressionante. Maiores informações e endereços
existente, se a caixa de mensagens do destinatário sobre plug-ins são encontradas na página:
está cheia ou se recebeu sua mensagem, na troca http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/
de e-mails ele é o protocolo de saída. Software/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/
-UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua Indices/
na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP). Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
Permite que a aplicação escreva um datagrama en- temos uma relação de alguns deles:
capsulado num pacote IP e transportado ao des- - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTi-
tino. É muito comum lermos que se trata de um me, etc.).
protocolo não confiável, isso porque ele não é im- - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
plementado com regras que garantam tratamento - Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
de erros ou entrega. PCX, etc.).
- Negócios e Utilitários.
- Apresentações.

53
Objetivo de construir uma Intranet
CONCEITOS, SERVIÇOS E TECNOLOGIAS
RELACIONADOS A INTRANET, INTERNET Organizações constroem uma intranet porque ela é
E A CORREIO ELETRÔNICO; INTERNET EX- uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficien-
PLORER 9 E MICROSOFT OUTLOOK 2010 te para economizar tempo, diminuir as desvantagens da
distância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de
capital com conhecimentos das operações e produtos da
empresa.
INTRANET
Aplicações da Intranet
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de co-
municações corporativas em uma intranet dá para sim-
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes
plificar o trabalho, pois estamos virtualmente todos na
de comunicação internas baseadas na tecnologia usada
mesma sala. De qualquer modo, é cedo para se afirmar
na Internet. Como um jornal editado internamente, e que onde a intranet vai ser mais efetiva para unir (no sentido
pode ser acessado apenas pelos funcionários da empre- operacional) os diversos profissionais de uma empresa.
sa. Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais exemplo:
e departamentos, mesclando (com segurança) as suas - Marketing e Vendas - Informações sobre produ-
informações particulares dentro da estrutura de comuni- tos, listas de preços, promoções, planejamento de
cações da empresa. eventos;
O grande sucesso da Internet, é particularmente da - Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na Trabalho), planejamentos, listas de responsabilida-
evolução da informática nos últimos anos. des de membros das equipes, situações de proje-
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos tos;
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa- - Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões),
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democrati- manuais de qualidade;
zaram o acesso à informação através de redes de com- - Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, aposti-
putadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca las, políticas da companhia, organograma, opor-
base de usuários, já familiarizados com conhecimentos tunidades de trabalho, programas de desenvolvi-
básicos de informática e de navegação na Internet. Fi- mento pessoal, benefícios.
nalmente, surgiram muitas ferramentas de software de
custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer orga- Para acessar as informações disponíveis na Web cor-
nização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede” porativa, o funcionário praticamente não precisa ser trei-
e começar a acessar e colocar informação. O resultado nado. Afinal, o esforço de operação desses programas se
inevitável foi a impressionante explosão na informação resume quase somente em clicar nos links que remetem
disponível na Internet, que segundo consta, está dobran- às novas páginas. No entanto, a simplicidade de uma in-
tranet termina aí. Projetar e implantar uma rede desse
do de tamanho a cada mês.
tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de pro-
Assim, não demorou muito a surgir um novo concei-
fissionais especializados. Essa dificuldade aumenta com
to, que tem interessado um número cada vez maior de o tamanho da intranet, sua diversidade de funções e a
empresas, hospitais, faculdades e outras organizações quantidade de informações nela armazenadas.
interessadas em integrar informações e usuários: a intra-
net. Seu advento e disseminação promete operar uma A intranet é baseada em quatro conceitos:
revolução tão profunda para a vida organizacional quan-
to o aparecimento das primeiras redes locais de compu- - Conectividade - A base de conexão dos computa-
tadores, no final da década de 80. dores ligados por meio de uma rede, e que podem
transferir qualquer tipo de informação digital entre
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

O que é Intranet? si;


- Heterogeneidade - Diferentes tipos de computado-
O termo “intranet” começou a ser usado em meados res e sistemas operacionais podem ser conectados
de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se de forma transparente;
referirem ao uso dentro das empresas privadas de tecno- - Navegação - É possível passar de um documento
logias projetadas para a comunicação por computador a outro por meio de referências ou vínculos de
entre empresas. Em outras palavras, uma intranet consis- hipertexto, que facilitam o acesso não linear aos
te em uma rede privativa de computadores que se baseia documentos;
nos padrões de comunicação de dados da Internet pú- - Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
blica, baseadas na tecnologia usada na Internet (páginas acesso ou manipulação na intranet só podem ocor-
HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo rer graças à execução de programas aplicativos,
muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão que podem estar no servidor, ou nos microcompu-
o custo de implantação relativamente baixo e a facilida- tadores que acessam a rede (também chamados
de de uso propiciada pelos programas de navegação na de clientes, daí surgiu à expressão que caracteriza
Web, os browsers. a arquitetura da intranet: cliente-servidor).
- A vantagem da intranet é que esses programas são
ativados através da WWW, permitindo grande fle-

54
xibilidade. Determinadas linguagens, como Java, filetype:tipo
assumiram grande importância no desenvolvimen-
to de softwares aplicativos que obedeçam aos três Retorna as buscas em que o resultado tem o tipo de
conceitos anteriores. extensão especificada. Por exemplo, em uma busca fi-
letype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da palavra
Mecanismos de Buscas chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os tipos
de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, PPT,
Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno DOC.
exatamente o que você queria pode trazer algumas ho-
ras de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os palavra_chave_01 * palavra_chave_02
algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem
de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça, Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o *
lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados
otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha em que os termos inicial e final aparecem, independente
acesso a resultados mais relevantes. do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do tipo fa-
Os mecanismos de buscas contam com operadores cebook * msn e veja o resultado na prática.
para filtro de conteúdo. A maior parte desse filtros, no
entanto, pode não interessar a você, caso não seja um Áudio e Vídeo
praticante de SEO. Contudo, alguns são realmente úteis
e estão listados abaixo. Realize uma busca simples e de- A popularização da banda larga e dos serviços de
pois aplique os filtros para poder ver o quanto os resul- e-mail com grande capacidade de armazenamento está
tados podem ser mais especializados em relação ao que aumentando a circulação de vídeos na Internet. O pro-
você procura. blema é que a profusão de formatos de arquivos pode
tornar a experiência decepcionante.
-palavra_chave A maioria deles depende de um único programa para
rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você vai neces-
Retorna uma busca excluindo aquelas em que a pa- sitar do QuickTime, da Apple. Outros, além de um player
lavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma busca de vídeo, necessitam do “codec” apropriado. Acrônimo
por computação, provavelmente encontrarei na relação de “COder/DECoder”, codec é uma espécie de comple-
dos resultados informaçõe sobre “Ciência da computa- mento que descomprime - e comprime - o arquivo. É o
ção“. Contudo, se eu fizer uma busca por computação caso do MPEG, que roda no Windows Media Player, des-
-ciência, os resultados que tem a palavra chave ciência de que o codec esteja atualizado - em geral, a instalação
serão omitidos. é automática.
Com os três players de multimídia mais populares -
+palavra_chave Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você
dificilmente encontrará problemas para rodar vídeos,
Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada de tanto offline como por streaming (neste caso, o down-
uma palavra chave nos resultados. De maneira análoga load e a exibição do vídeo são simultâneos, como na TV
ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do tipo com- Terra).
putação, terei como retorno uma gama mista de resul- Atualmente, devido à evolução da internet com os
tados. Caso eu queira filtrar somente os casos em que mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais,
ciências aparece, e também no estado de SP, realizo uma há uma grande demanda por programas para trabalhar
busca do tipo computação + ciência SP. com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta a
isso, também há no mercado uma ampla gama de ferra-
“frase_chave” mentas existentes que fazem algum tipo de tratamento
ou conversão de imagens.
Retorna uma busca em que existam as ocorrências Porém, muitos destes programas não são o que se
dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia exa- pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

tas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma busca em seu uso ou na manipulação dos recursos existentes.
do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta da pa- Caso o que você precise seja apenas um programa para
lavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica foi visualizar imagens e aplicar tratamentos e efeitos simples
empregada. ou montar apresentações de slides, é sempre bom dar
uma conferida em alguns aplicativos mais leves e com re-
palavras_chave_01 OR palavra_chave_02 cursos mais enxutos como os visualizadores de imagens.
Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos
Mostra resultado para pelo menos uma das palavras deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis
chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por de se utilizar dos editores, para você que não precisa de
exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um trata-
relevantes sobre pelo menos um dos dois temas - nes- mento especial para as suas mais variadas imagens.
se caso, como as duas palavras chaves são populares, os O Picasa está com uma versão cheia de inovações que
dois resultados são apresentados em posição de desta- faz dele um aplicativo completo para visualização de fo-
que. tos e imagens. Além disso, ele possui diversas ferramen-
tas úteis para editar, organizar e gerenciar arquivos de
imagem do computador.

55
As ferramentas de edição possuem os métodos mais no diretório raiz da árvore de diretórios. Dentre os mais
avançados para automatizar o processo de correção de comuns estão: pub, etc, outgoing e incoming. O segundo
imagens. No caso de olhos vermelhos, por exemplo, o tipo de conexão envolve uma autenticação, e portanto, é
programa consegue identificar e corrigir todos os olhos indispensável que o usuário possua um username e uma
vermelhos da foto automaticamente sem precisar sele- password que sejam reconhecidas pelo sistema, quer di-
cionar um por um. Além disso, é possível cortar, endirei- zer, ter uma conta nesse servidor. Neste caso, ao esta-
tar, adicionar textos, inserir efeitos, e muito mais. belecer uma conexão, o posicionamento é no diretório
Um dos grandes destaques do Picasa é sua poderosa criado para a conta do usuário – diretório home, e dali
biblioteca de imagens. Ele possui um sistema inteligen- ele poderá percorrer toda a árvore do sistema, mas só
te de armazenamento capaz de filtrar imagens que con- escrever e ler arquivos nos quais ele possua.
tenham apenas rostos. Assim você consegue visualizar Assim como muitas aplicações largamente utilizadas
apenas as fotos que contém pessoas. hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no sistema
Depois de tudo organizado em seu computador, você operacional UNIX, que foi o grande percursor e respon-
pode escolher diversas opções para salvar e/ou compar- sável pelo sucesso e desenvolvimento da Internet.
tilhar suas fotos e imagens com amigos e parentes. Isso
pode ser feito gravando um CD/DVD ou enviando via Algumas dicas
Web. O programa possui integração com o PicasaWeb, o
qual possibilita enviar um álbum inteiro pela internet em 1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam o
poucos segundos. número de conexões simultâneas para evitar uma
O IrfanView é um visualizador de imagem muito leve sobrecarga na máquina. Uma outra limitação pos-
e com uma interface gráfica simples porém otimizada e sível é a faixa de horário de acesso, que muitas
fácil de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade vezes é considerada nobre em horário comercial,
com este tipo de programa. Ele também dispõe de al- e portanto, o FTP anônimo é temporariamente de-
guns recursos simples de editor. Com ele é possível fazer sativado.
2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites
operações como copiar e deletar imagens até o efeito
espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site
de remoção de olhos vermelhos em fotos. O programa
sendo acessado.
oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e
3. Antes de realizar a transferência de qualquer arquivo
alteração de cores em sua imagem por meio de apenas
verifique se você está usando o modo correto, isto
um clique.
é, no caso de arquivos-texto, o modo é ASCII, e no
Além disso sempre é possível a visualização de ima-
caso de arquivos binários (.exe, .com, .zip, .wav, etc.),
gens pelo próprio gerenciador do Windows.
o modo é binário. Esta prevenção pode evitar perda
de tempo.
Transferência de arquivos pela internet 4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um servi-
dor de FTP em seu computador. Isto pode permitir
FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferên- que um amigo seu consiga acessar o seu compu-
cia de Arquivos) é uma das mais antigas formas de inte- tador como um servidor remoto de FTP, bastando
ração na Internet. Com ele, você pode enviar e receber que ele tenha acesso ao número IP, que lhe é atri-
arquivos para, ou de computadores que se caracterizam buído dinamicamente.
como servidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito
de arquivo texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos não Grupos de Discussão e Redes Sociais
texto (Binários – código 8 bits). Há uma diferença interes-
sante entre enviar uma mensagem de correio eletrônico São espaços de convivências virtuais em que grupos
e realizar transferência de um arquivo. A mensagem é de pessoas ou empresas se relacionam por meio do en-
sempre transferida como uma informação textual, en- vio de mensagens, do compartilhamento de conteúdo,
quanto a transferência de um arquivo pode ser caracteri- entre outras ações.
zada como textual (ASCII) ou não-textual (binário). As redes sociais tiveram grande avanço devido a evo-
Um servidor FTP é um computador que roda um pro- lução da internet, cujo boom aconteceu no início do mi-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

grama que chamamos de servidor de FTP e, portanto, é lênio. Vejamos como esse percurso aconteceu:
capaz de se comunicar com outro computador na Rede Em 1994 foi lançado o GeoCities, a primeira comuni-
que o esteja acessando através de um cliente FTP. dade que se assemelha a uma rede social. O GeoCities
FTP anônimo versus FTP com autenticação existem que, no entanto, não existe mais, orientava as pessoas
dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada, para que elas próprias criassem suas páginas na internet.
é a conexão anônima, na qual não é preciso possuir um Em 1995 surge o The Globe, que dava aos internautas
username ou password (senha) no servidor de FTP, bas- a oportunidade de interagir com um grupo de pessoas.
tando apenas identificar-se como anonymous (anônimo). No mesmo ano, também surge uma plataforma que
Neste caso, o que acontece é que, em geral, a árvore de permite a interação com antigos colegas da escola, o Clas-
diretório que se enxerga é uma sub-árvore da árvore do smates.
sistema. Isto é muito importante, porque garante um Já nos anos 2000, surge o Fotolog, uma plataforma
nível de segurança adequado, evitando que estranhos que, desta vez, tinha como foco a publicação de foto-
tenham acesso a todas as informações da empresa. grafias.
Quando se estabelece uma conexão de “FTP anônimo”, Em 2002 surge o que é considerada a primeira verda-
o que acontece em geral é que a conexão é posicionada deira rede social, o Friendster.

56
No ano seguinte, é lançado o LinkedIn, a maior rede
social de caráter profissional do mundo. #FicaDica
E em 2004, junto com a maior de todas as redes, o
Facebook, surgem o Orkut e o Flickr. Por ser algo muito atual, tem caído muitas ques-
Há vários tipos de redes sociais. A grande diferença tões de redes sociais nos concursos atualmente.
entre elas é o seu objetivo, os quais podem ser:

• Estabelecimento de contatos pessoais (relações de


amizade ou namoro).
• Networking: partilha e busca de conhecimentos EXERCÍCIOS COMENTADOS
profissionais e procura emprego ou preenchimen-
to de vagas.
• Partilha e busca de imagens e vídeos. 1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma
• Partilha e busca de informações sobre temas varia- impressora estiver compartilhada em uma intranet por
dos. meio de um endereço IP, então, para se imprimir um ar-
• Divulgação para compra e venda de produtos e ser- quivo nessa impressora, é necessário, por uma questão
viços. de padronização dessa tecnologia de impressão, indicar
• Jogos, entre outros. no navegador web a seguinte url:
, em
Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais conheci- que deve estar acessível via rede e
das, destacamos:
• Facebook: interação e expansão de contatos. deve ser do tipo PDF.
• Youtube: partilha de vídeos.
• Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e cha-
madas de voz.
• Instagram: partilha de fotos e vídeos. ( ) CERTO ( ) ERRADO
• Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais
são conhecidas como “tweets”. Resposta: Errado.
• Pinterest: partilha de ideias de temas variados. Pelo comando da questão, esta afirma que somente
• Skype: telechamada. arquivos no formato PDF, poderiam ser impressos, o
• LinkedIn: interação e expansão de contatos profis- que torna o item errado, o comando para impressão
sionais. não verifica o formato do arquivo, tão somente o local
• Badoo: relacionamentos amorosos. onde está o arquivo a ser impresso.
• Snapchat: envio de mensagens instantâneas.
• Messenger: envio de mensagens instantâneas.
2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se, em
• Flickr: partilha de imagens.
• Google+: partilha de conteúdos. uma intranet, for disponibilizado um portal de informa-
• Tumblr: partilha de pequenas publicações, seme- ções acessível por meio de um navegador, será possível
lhante ao Twitter. acessar esse portal fazendo-se uso dos protocolos HTTP
ou HTTPS, ou de ambos, dependendo de como esteja
Vantagens e Desvantagens configurado o servidor do portal.

Existem várias vantagens em fazer parte de redes


sociais e é principalmente por isso que elas tiveram um
crescimento tão significativo ao longo dos anos.
Isso porque as redes sociais podem aproximar as pes-
soas. Afinal, elas são uma maneira fácil de manter as re-
lações e o contato com quem está distante, propiciando,
assim, a possibilidade de interagir em tempo real.
As redes também facilitam a relação com quem está
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

mais perto. Em decorrência da rotina corrida do dia a dia,


nem sempre há tempo para que as pessoas se encon-
trem fisicamente.
Além disso, as redes sociais oferecem uma forma rá-
pida e eficaz de comunicar algo para um grande número
de pessoas ao mesmo tempo.
Podemos citar como exemplo o fato de poder avisar
um acontecimento, a preparação de uma manifestação
ou a mobilização de um grupo para um protesto.
No entanto, em decorrência de alguns perigos, as re-
des sociais apresentam as suas desvantagens. Uma delas
é a falta de privacidade. Com base na figura acima, que ilustra as configurações
Por esse motivo, o uso das redes sociais tem sido da rede local do navegador Internet Explorer (IE), versão
cada vez mais discutido, inclusive pela polícia, que alerta 9, julgue os próximos itens.
para algumas precauções.
( ) CERTO ( ) ERRADO

57
Resposta: Certo. 5. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere que
HTTP (Hyper Text Transfer Protocol) é um protocolo, um usuário necessite utilizar diferentes dispositivos com-
ou seja, uma determinada regra que permite ao seu putacionais, permanentemente conectados à Internet,
computador trocar informações com um servidor que que utilizem diferentes clientes de e-mail, como o Ou-
abriga um site. Isso significa que, uma vez conecta- tlook Express e Mozilla Thunderbird. Nessa situação, o
dos sob esse protocolo, as máquinas podem receber usuário deverá optar pelo uso do protocolo IMAP (Inter-
e enviar qualquer conteúdo textual – os códigos que net message access protocol), em detrimento do POP3
resultam na página acessada pelo navegador. (post office protocol), pois isso permitirá a ele manter o
O problema com o HTTP é que, em redes Wi-Fi ou ou- conjunto de e-mails no servidor remoto ou, alternativa-
tras conexões propícias a phishing (fraude eletrônica) mente, fazer o download das mensagens para o compu-
e hackers, pessoas mal-intencionadas podem atraves- tador em uso.
sar o caminho e interceptar os dados transmitidos com
relativa facilidade. Portanto, uma conexão em HTTP é
insegura. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Nesse ponto entra o HTTPS (Hyper Text Transfer Pro-
tocol Secure), que insere uma camada de proteção na Resposta: Certo.
transmissão de dados entre seu computador e o ser- Em clientes de correios eletrônicos o padrão é utilizar
vidor. Em sites com endereço HTTPS, a comunicação o Protocolo POP ou POP3 que tem a função de baixar
é criptografada, aumentando significativamente a se- as mensagens do servidor de e-mail para o computa-
gurança dos dados. É como se cliente e servidor con- dor que o programa foi configurado. Quando o POP é
versassem uma língua que só as duas entendessem, substituído pelo IMAP, essas mensagens são baixadas
dificultando a interceptação das informações. para o computador do usuário só que apenas uma có-
Para saber se está navegando em um site com crip- pia delas, deixando no servidor as mensagens origi-
tografia, basta verificar a barra de endereços, na qual nais; quando o acesso é feito por outro computador
será possível identificar as letras HTTPS e, geralmente, essas mensagens que estão no servidor são baixadas
um símbolo de cadeado que denota segurança. Além para este outro computador, deixando sempre a ori-
disso, o usuário deverá ver uma bandeira com o nome ginal no servidor.
do site, já que a conexão segura também identifica pá- 6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Twitter, Orkut,
ginas na Internet por meio de seu certificado. Google+ e Facebook são exemplos de redes sociais que
utilizam o recurso scraps para propiciar o compartilha-
3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se o ser- mento de arquivos entre seus usuários
vidor proxy responder na porta 80 e a conexão passar
por um firewall de rede, então o firewall deverá permitir
( ) CERTO ( ) ERRADO
conexões de saída da estação do usuário com a porta 80
de destino no endereço do proxy.
Resposta: Errado.
Scrap é um recado e sua função principal é enviar
( ) CERTO ( ) ERRADO mensagens e não o compartilhamento de arquivos.
Ainda que algumas redes permitam o compartilha-
Resposta: Certo. mento de fotos e gifs animados, o objetivo não é o
E muitas redes LAN o servidor proxy e o firewall es- compartilhamento de arquivos e nem todas as redes
tão no mesmo servidor físico/virtual, porém isso não citadas na questão permitem.
é uma regra, ou seja, os dois serviços podem aparecer
eventualmente em servidores físicos/virtuais separa- 7. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Nas
dos. Para que uma estação de usuário (que utiliza pro- versões recentes do Mozilla Firefox, há um recurso que
xy na porta 80) possa “sair” da rede LAN para o mundo mantém o histórico de atualizações instaladas, no qual
exterior “WAN” é necessário que o firewall permita co- são mostrados detalhes como a data da instalação e o
nexões de saída na mesma porta em que o proxy está usuário que executou a operação.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

respondendo, ou seja, a porta 80.

4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) A opção ( ) CERTO ( ) ERRADO


de usar um servidor proxy para a rede local faz que o IE Reposta: Errado.
solicite autenticação em toda conexão de Internet que Esse recurso existe nas últimas versões do Firefox,
for realizada. contudo o histórico não contém o usuário que execu-
tou a operação. Este recurso está disponível no menu
Firefox – Opções – Avançado – Atualizações – Históri-
( ) CERTO ( ) ERRADO co de atualizações.

Resposta: Errado.
Somente é solicitado a autenticação se o servidor as-
sim estiver configurado, do contrário nenhuma senha
é solicitada, além de que foi definido para a rede Inter-
na e não para acesso à Internet.

58
8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No 11. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Caso o
Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Sugeridos, acesso à Internet descrito tenha sido realizado mediante
o usuário pode registrar os sítios que considera mais im- um provedor de Internet acessível por meio de uma co-
portantes e recomendá-los aos seus amigos. nexão a uma rede LAN, à qual estava conectado o com-
putador do delegado, é correto concluir que as informa-
( ) CERTO ( ) ERRADO ções obtidas pelo delegado transitaram na LAN de modo
criptografado.

Resposta: Errado.
O recurso Sites Sugeridos é um serviço online que o ( ) CERTO ( ) ERRADO
Internet Explorer usa para recomendar sítios de que
o usuário possa gostar, com base nos sítios visitados Resposta: Errado.
com frequência. Para acessá-lo, basta clicar o menu Pela barra de endereço se verifica que o protocolo uti-
Ferramentas-Arquivo- Sites Sugeridos. lizado é o HTTP; dessa forma se conclui que não há
Considere que um delegado de polícia federal, em uma criptografia, se fosse o protocolo HTTPS, poderia
uma sessão de uso do Internet Explorer 6 (IE6), obteve se aferir que haveria algum tipo de criptografia do tipo
a janela ilustrada acima, que mostra uma página web SSL.
do sítio do DPF, cujo endereço eletrônico está indica-
do no campo . A partir dessas informações, 12. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Por
julgue os itens de 09 a 12. meio do botão , o delegado poderá obter, desde que
disponíveis, informações a respeito das páginas previa-
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O conte- mente acessadas na sessão de uso do IE6 descrita e de
údo da página acessada pelo delegado, por conter dados outras sessões de uso desse aplicativo, em seu computa-
importantes à ação do DPF, é constantemente atualizado dor. Outro recurso disponibilizado ao se clicar nesse bo-
por seu webmaster. Após o acesso mencionado acima, o tão permite ao delegado realizar pesquisa de conteúdo
delegado desejou verificar se houve alteração desse con- nas páginas contidas no diretório histórico do IE6.
teúdo.
Nessa situação, ao clicar no botão , o delegado terá
( ) CERTO ( ) ERRADO
condições de verificar se houve ou não a alteração men-
cionada, independentemente da configuração do IE6,
Resposta: Certo.
mas desde que haja recursos técnicos e que o IE6 esteja
É possível através do botão descrito, o botão de histó-
em modo online.
rico, que se encontre informações das páginas acessa-
das anteriormente, e também permite que se pesquise
( ) CERTO ( ) ERRADO a respeito de conteúdos nas páginas contidas no di-
retório do IE6.
Resposta: Certo.
O botão atualizar (F5) efetua uma nova consulta ao Noções básicas de ferramentas e aplicativos de
servidor WEB, recarregando deste modo o arquivo no- navegação e correio eletrônico
vamente, se houver alterações, estas serão exibidas,
caso contrário o arquivo será reexibido sem alterações. Um browser ou navegador é um aplicativo que opera
através da internet, interpretando arquivos e sites web
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O ar- desenvolvidos com frequência em código HTML que
mazenamento de informações em arquivos denomina- contém informação e conteúdo em hipertexto de todas
dos cookies pode constituir uma vulnerabilidade de um as partes do mundo.
sistema de segurança instalado em um computador. Para
reduzir essa vulnerabilidade, o IE6 disponibiliza recursos Navegadores: Navegadores de internet ou browsers
para impedir que cookies sejam armazenados no com- são programas de computador especializados em vi-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

putador. Caso o delegado deseje configurar tratamentos sualizar e dar acesso às informações disponibilizadas na
referentes a cookies, ele encontrará recursos a partir do web, até pouco tempo atrás tínhamos apenas o Internet
uso do menu . Explorer e o Netscape, hoje temos uma série de navega-
dores no mercado, iremos fazer uma breve descrição de
( ) CERTO ( ) ERRADO cada um deles, e depois faremos toda a exemplificação
utilizando o Internet Explorer por ser o mais utilizado em
Resposta: Certo. todo o mundo, porém o conceito e usabilidade dos ou-
No navegador Internet Explorer 11, a seguinte sequ- tros navegadores seguem os mesmos princípios lógicos.
ência de ação pode ser usada para fazer o bloqueio Chrome: O Chrome é o navegador do Google e con-
de cookies: Clicar no botão Ferramentas, depois em sequentemente um dos melhores navegadores existen-
Opções da Internet, ativar guia Privacidade e, em Con- tes. Outra vantagem devido ser o navegador da Google
figurações, mover o controle deslizante até em cima é o mais utilizado no meio, tem uma interface simples
para bloquear todos os cookies e, em seguida, clicar muito fácil de utilizar.
em OK.

59
Figura 1: Símbolo do Google Chrome
Figura 5: Símbolo do Internet Explorer
#FicaDica
Ultimamente tem caído perguntas relaciona-
das a guia anônima que não deixa rastro (se- #FicaDica
nhas, auto completar, entre outros), e é aces- Glossário interessante que abordam internet e
sado com o atalho CTRL+SHIFT+N correio eletrônico
Anti-spam: Ferramenta utilizada para filtro de
Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente mensagens indesejadas.
navegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de não Browser: Programa utilizado para navegar na
ter uma interface tão amigável, porém é um dos navega- Web, também chamado de navegador. Exem-
dores mais rápidas e com maior segurança contra hac- plo: Mozilla Firefox.
kers. Cliente de e-mail: Software destinado a geren-
ciar contas de correio eletrônico, possibilitan-
do a composição, envio, recebimento, leitura
e arquivamento de mensagens. A seguir, uma
lista de gerenciadores de e-mail (em negrito
os mais conhecidos e utilizados atualmente):
Microsoft Office Outlook, Microsoft Outlook
Express, Mozilla Thunderbird, Eudora,
Figura 2: Símbolo do Mozilla Firefox
Pegasus Mail, Apple Mail (Apple), Kmail (Linux)
e Windows Mail.
Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande
desempenho, porém especialistas em segurança o consi-
dera o navegador com menos segurança.
Outros pontos importantes de conceitos que podem
ser abordado no seu concurso são:
MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions –
Extensões multiuso do correio da Internet): Provê me-
canismos para o envio de outros tipo sde informações
por e-mail, como imagens, sons, filmes, entre outros.
MTA (Mail Transfer Agent – Agente de Transferên-
cia de Correio): Termo utilizado para designar os servi-
Figura 3: Símbolo do Opera dores de Correio Eletrônico.
MUA (Mail User Agent – Agente Usuário de Cor-
Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo reio): Programas clientes de e-mail, como o Mozilla
navegador considerado pelos especialistas e possui uma Thunderbird, Microsoft Outlook Express etc.
interface bem bonita, apesar de ser um navegador da POP3 (Post Office Protocol Version 3 - Protocolo
Apple existem versões para Windows. de Agência de Correio “Versão 3”): Protocolo padrão
para receber e-mails. Através do POP, um usuário trans-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

fere para o computador as mensagens armazenada sem


sua caixa postal no servidor.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol - Protocolo
de Transferência Simples de Correio): É um protocolo
de envio de e-mail apenas. Com ele, não é possível que
um usuário descarregue suas mensagens de umservidor.
Esse protocolo utiliza a porta 25 do protocolo TCP.
Spam: Mensagens de correio eletrônico não autori-
Figura 4: Símbolo do Safari zadas ou não solicitadas pelo destinatário, geralmente
de conotação publicitária ou obscena, enviadas em larga
Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o nave- escala para uma lista de e-mails, fóruns ou grupos de
gador padrão do Windows. Como o próprio nome diz, é discussão.
um programa preparado para explorar a Internet dando
acesso a suas informações. Representado pelo símbolo
do “e” azul, é possível acessá-lo apenas com um duplo
clique em seu símbolo.

60
Um pouco de história Já o IMAP também é um protocolo padrão que per-
mite acesso a mensagens nos servidores de e-mail. Ele
A internet é uma rede de computadores que liga os possibilita a leitura de arquivos dos e-mails, mas não per-
computadores a redor de todo o mundo, mas quando ela mite que eles sejam baixados. O IMAP é ideal para quem
começou não era assim, tinham apenas 4 computadores acessa o e-mail de vários locais diferentes.
e a maior distância entre um e outro era de 450 KM. No
fim da década de 60, o Departamento de Defesa norte-a-
mericano resolveu criar um sistema interligado para tro- #FicaDica
car informações sobre pesquisas e armamentos que não Um e-mail hoje é um dos principais meios de
pudesse chegar nas mãos dos soviéticos. Sendo assim, comunicação, por exemplo:
foi criado o projeto Arpanet pela Agência para Projeto canaldoovidio@gmail.com
de Pesquisa Avançados do Departamento de Defesa dos Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba quer
EUA. dizer na, o gmail é o servidor e o .com é a ti-
Ao ganhar proporções mundiais, esse tipo de cone- pagem.
xão recebeu o nome de internet e até a década de 80
ficou apenas entre os meios acadêmicos. No Brasil ela
chegou apenas na década de 90. É na internet que é exe- Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrô-
cutada a World Wide Web (www), sistema que contém nicas em um único computador, sem necessariamente
milhares de informações (gráficos, vídeos, textos, sons, estarmos conectados à Internet no momento da criação
etc) que também ficou conhecido como rede mundial. ou leitura do e-mail, podemos usar um programa de cor-
Tim Berners-Lee na década de 80 começou a criar um reio eletrônico. Existem vários deles. Alguns gratuitos,
projeto que pode ser considerado o princípio da World como o Mozilla Thunderbird, outros proprietários como
o Outlook Express. Os dois programas, assim como vá-
Wide Web. No início da década de 90 ele já havia elabora-
rios outros que servem à mesma finalidade, têm recursos
do uma nova proposta para o que ficaria conhecido como
similares. Apresentaremos os recursos dos programas de
WWW. Tim falava sobre o uso de hipertexto e a partir disso
correio eletrônico através do Outlook Express que tam-
surgiu o “http” (em português significa protocolo de trans- bém estão presentes no Mozilla Thunderbird.
ferência de hipertexto). Vinton Cerf também é um persona- Um conhecimento básico que pode tornar o dia a dia
gem importante e inclusive é conhecido por muitos como com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos
o pai da internet. de teclado para a realização de diversas funções dentro
do Outlook. Para você começar os seus estudos, anote
#FicaDica alguns atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta
URL: Tudo que é disponível na Web tem seu apertar Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada
próprio endereço, chamado URL, ele facilita a mensagem aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso
navegação e possui características específicas em consideração inclua os atalhos de teclado na sua ro-
como a falta de acentuação gráfica e palavras tina de estudos e vá preparado para o concurso com os
maiúsculas. Uma url possui o http (protocolo), principais na cabeça.
www (World Wide Web), o nome da empresa Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para
profissionais que compartilham uma mesma área é o
que representa o site, .com (ex: se for um site
compartilhamento de calendário entre membros de uma
governamental o final será .gov) e a sigla do
mesma equipe.
país de origem daquele site (no Brasil é usado
Por isso mesmo é importante que você tenha o co-
o BR). nhecimento da técnica na hora de fazer uma prova de
concurso que exige os conhecimentos básicos de infor-
Correios Eletrônicos mática, pois por ser uma função bastante utilizada tem
maiores chances de aparecer em uma ou mais questões.
Os correios eletrônicos se dividem em duas formas: O calendário é uma ferramenta bastante interessante
os agentes de usuários e os agentes de transferência de do Outlook que permite que o usuário organize de for-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

mensagens. Os agentes usuários são exemplificados pelo ma completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas,
Mozilla Thunderbird e pelo Outlook. Já os agentes de compromissos e reuniões de maneira organizada por dia,
de forma a ter um maior controle das atividades que de-
transferência realizam um processo de envio dos agentes
vem ser realizadas durante o seu dia a dia.
usuários e servidores de e-mail.
Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permite
Os agentes de transferência usam três protoco-
que você compartilhe em detalhes o seu calendário ou
los:  SMTP (Simple Transfer Protocol), POP (Post Office parte dele com quem você desejar, de forma a permitir
Protocol) e IMAP (Internet Message Protocol). O SMTP que outra pessoa também tenha acesso a sua rotina, o
é usado para transferir mensagens eletrônicas entre os que pode ser uma ótima pedida para profissionais den-
computadores. O POP é muito usado para verificar men- tro de uma mesma equipe, principalmente quando um
sagens de servidores de e-mail quando ele se conecta ao determinado membro entra de férias.
servidor suas mensagens são levadas do servidor para o Para conseguir utilizar essa função basta que você en-
computador local. Pode ser usado por quem usa conexão tre em Calendário na aba indicada como Página Inicial.
discada. Feito isso, basta que você clique em Enviar Calendário
por E-mail, que vai fazer com que uma janela seja aberta
no seu Outlook.

61
Nessa janela é que você vai poder escolher todas as Assunto: campo onde será inserida uma breve des-
informações que vão ser compartilhadas com quem você crição, podendo reservar-se a uma palavra ou uma frase
deseja, de forma que o Outlook vai formular um calen- sobre o conteúdo da mensagem. É um campo opcional,
dário de forma simples e detalhada de fácil visualização mas aconselhável, visto que a falta de seu preenchimento
para quem você deseja enviar uma mensagem. pode levar o destinatário a não dar a devida importância
Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que tra- à mensagem ou até mesmo desconsiderá-la.
balha dentro de uma empresa tem uma assinatura pró- Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é
pria para deixar os comunicados enviados por e-mail equivalente à folha onde será digitada a mensagem.
com uma aparência mais profissional. A mensagem, após digitada, pode passar pelas for-
Dessa forma, é considerado um conhecimento básico matações existentes na barra de formatação do Outlook:
saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias
este conteúdo pode ser cobrado em alguma questão open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation
dentro de um concurso público. (mesma criadora do Mozilla Firefox).
Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que
seus estudos do conteúdo básico de informática para a não necessita de instalação no computador do usuário, já
sua preparação para concurso. Ao contrário do que muita que funciona como uma página de internet, bastando o
gente pensa, a verdade é que todo o processo de criar usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com
uma assinatura é bastante simples, de forma que perder seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha mobili-
pontos por conta dessa questão em específico é perder dade já que não necessita estar na máquina em que um
pontos à toa. cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail.
Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta
que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão
de Opções. Lá você vai encontrar o botão para E-mail e #FicaDica
logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde você Segmentos do Outlook Express
deve clicar. Feito isso, você vai conseguir adicionar as suas Painel de Pastas: permite que o usuário salve
assinaturas de maneira rápida e prática sem maiores pro- seus e-mails em pastas específicas e dá a pos-
blemas. sibilidade de criar novas pastas;
No Outlook Express podemos preparar uma mensa- Painel das Mensagens: onde se concentra a
gem através do ícone Criar e-mail, demonstrado na fi- lista de mensagens de determinada pasta e
gura acima, ao clicar nessa imagem aparecerá a tela a quando se clica em um dos e-mails o conte-
seguir: údo é disponibilizado no painel de conteúdo.
Painel de Conteúdo: esse painel é onde irá
aparecer o conteúdo das mensagens enviadas.
Painel de Contatos: nesse local se concentram
as pessoas que foram cadastradas em sua lista
de endereço.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (TJ-ES – CBNM1-01 – NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2011)


UM PROGRAMA DE CORREIO ELETRÔNICO VIA WEB
(WEBMAIL) é uma opção viável para usuários que este-
jam longe de seu computador pessoal. A partir de qual-
quer outro computador no mundo, o usuário pode, via
Figura 6: Tela de Envio de E-mail Internet, acessar a caixa de correio armazenada no próprio
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

computador cliente remoto e visualizar eventuais novas


mensagens.

#FicaDica ( ) CERTO ( ) ERRADO


Para: deve ser digitado o endereço eletrônico
ou o contato registrado no Outlook do desti- Resposta: Errado.
O programa WebMail irá acessar o servidor de e-mail,
natário da mensagem. Campo obrigatório.
e não a máquina dousuário (computador cliente remoto).
Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico ou
o contato registrado no Outlook do destina-
tário que servirá para ter ciência desse e-mail. 2. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) No MS-Ou-
Cco: Igual ao Cc, porém os destinatários ficam tlook 2010, em sua configuração padrão, quando uma
ocultos. mensagem está sendo preparada, o usuário pode indicar
aos destinatários que a mensagem precisa de atenção
utilizando a marca de _________________. Esse recurso pode
ser encontrado no grupo Marcas, da guia Mensagem.

62
Assinale a alternativa que apresenta a opção que preen- beu 2 mensagens, sendo, a primeira, sem anexo, e a
che corretamente a lacuna do enunciado. segunda, com o anexo.
Alternativa “E” está incorreta, pois é possível enviar
a) SPAM. mais de uma mensagem, com mesmo assunto e mes-
b) Alta Prioridade. mo destinatário.
c) Baixa Prioridade.
d) Assinatura Personalizada. 4. (SOLDADO – PM DE 2ª CLASSE – VUNESP – 2017)
e) Arquivo Anexado. João recebeu uma mensagem de correio eletrônico com
as seguintes características:
Resposta: Letra B. De: Pedro
É possível sinalizar a mensagem como sendo de alta Para: João; Marta
prioridade quando se deseja que as pessoas saibam Cc: Ricardo; Ana
que a mensagem precisa de atenção urgente. Se a
Usando o Microsoft Outlook 2010, em sua configuração
mensagem é apenas um informativo ou se está en-
padrão, ele usou um recurso para responder a mensa-
viando um e-mail sobre um tema que não precisa ser
gem que manteve apenas Pedro na lista de destinatários.
priorizado, defina o indicador de baixa prioridade.
A maioria dos clientes de e-mail, os destinatários veem Isso significa que João usou a opção:
um indicador específico na lista de mensagens ou nos
cabeçalhos. a) Responder.
Na faixa de opções, é possível saber quando a priori- b) Arquivar.
dade foi definida, pois o botão fica realçado. c) Marcar como não lida.
d) Responder a todos.
3. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP – 2017) Um usuário e) Marcar como lida
preparou uma mensagem de correio eletrônico usando o
Microsoft Outlook 2010, em sua configuração padrão, e Resposta: Letra A.
enviou para o destinatário. Porém, algum tempo depois, Se o João deseja “responder” ao e-mail recebido de
percebeu que esqueceu de anexar um arquivo. Esse mes- Pedro, e deseja responder apenas ao remetente já se
mo usuário preparou, então, uma nova mensagem com pode eliminar as alternativas “B”, “C” e “E” por não te-
o mesmo assunto, e enviou para o mesmo destinatário, rem correspondência com a função “Resposta”.
agora com o anexo. Assinale a alternativa correta. Tem-se então, apenas duas alternativas, “A” e “D”, mas
como o João deseja responder apenas para Pedro ele
a) A mensagem original, sem o anexo, foi automatica- deve escolher a opção “Responder”, pois se escolhes-
mente apagada no computador do destinatário e se “Responder a todos”, Marta, Ricardo e Ana também
substituída pela segunda mensagem, uma vez que receberiam a mensagem.
ambas têm o mesmo assunto e são do mesmo reme-
tente. 5. (AGENTE POLICIAL – VUNESP – 2013) Observe o ar-
b) Como as duas mensagens têm o mesmo assunto, a se- gumento de busca que o usuário fará utilizando o Goo-
gunda mensagem não foi transmitida, permanecendo gle, na ilustração apresentada a seguir.
no computador do destinatário apenas a primeira men-
sagem.
c) A segunda mensagem não pode ser transmitida e fica
bloqueada na caixa de saída do remetente, até que a
primeira mensagem tenha sido lido pelo destinatário.
d) O destinatário recebeu 2 mensagens, sendo, a primei-
ra, sem anexo, e a segunda, com o anexo.
e) O remetente não recebeu nenhuma das mensagens,
pois não é possível transmitir mais de uma mensagem
com o mesmo assunto e mesmo remetente. Com base na figura e no que foi digitado, assinale a al-
ternativa correta.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Resposta: Letra D.
Alternativa “A” está incorreta, pois todas mensagens a) Será pesquisado o conjunto exato de palavras.
enviadas são armazenadas de forma independente, b) A pesquisa trará como resultados o que encontrar
como antônimo do que foi digitado.
novas mensagens com mesmo assunto ou ainda idên-
ticas a anteriores não influenciam em mensagens já
c) O conjunto de palavras será excluído dos resultados
enviadas. pesquisados.
Alternativa “B” está incorreta, pois é perfeitamente d) A pesquisa trará somente as imagens e vídeos não re-
possível enviar mensagens com mesmo assunto ou lacionados ao argumento digitado.
ainda idênticas, sem prejuízo algum de mensagens e) Além das palavras digitadas, a pesquisa também trará
anteriores. os seus sinônimos
Alternativa “C” está incorreta, pois Todas as mensa-
gens serão enviadas, independentemente do destina- Resposta: Letra A.
tário ler as anteriores. O comando “entre aspas” durante uma busca, efetua
Alternativa “D” está correta, pois o destinatário rece- a busca pela ocorrência exata de tudo que está en-
tre as aspas, agrupado da mesma forma, desta forma,

63
para esta questão será retornado o resultado da ocor-
rência “garota de Ipanema”. NOÇÕES RELATIVAS A SOFTWARES LIVRES
Obs.: As pesquisas com aspas podem excluir resulta-
dos relevantes. Por exemplo, uma pesquisa por “Ale-
xander Bell” excluirá páginas que se referem a Alexan-
der G. Bell. “Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado
no decorrer da matéria”
6. (ENGENHEIRO CIVIL – VUNESP – 2018) Considere a
imagem a seguir, extraída do Internet Explorer 11, em sua
configuração padrão. A página exibida no navegador foi
NOÇÕES DE HARDWARE E DE SOFTWARE
completamente carregada.
PARA O AMBIENTE DE MICROINFORMÁTICA

A Informática é um meio para diversos fins, com isso


acaba atuando em todas as áreas do conhecimento. A
sua utilização passou a ser um diferencial para pessoas e
empresas, visto que, o controle da informação passou a
ser algo fundamental para se obter maior flexibilidade no
mercado de trabalho. Logo, o profissional, que melhor
integrar sua área de atuação com a informática, atingi-
rá, com mais rapidez, os seus objetivos e, consequente-
mente, o seu sucesso, por isso em quase todos editais de
concursos públicos temos Informática.

#FicaDica
Informática pode ser considerada como sig-
nificando “informação automática”, ou seja, a
Ao pressionar o botão F5 do teclado, a página exibida utilização de métodos e técnicas no tratamen-
será to automático da informação. Para tal, é preci-
so uma ferramenta adequada: O computador.
a) imediatamente fechada. A palavra informática originou-se da junção de
b) enviada para impressão. duas outras palavras: informação e automática.
c) atualizada. Esse princípio básico descreve o propósito es-
d) enviada por e-mail. sencial da informática: trabalhar informações
e) aberta em uma nova aba. para atender as necessidades dos usuários de
maneira rápida e eficiente, ou seja, de forma
Resposta: Letra C. automática e muitas vezes instantânea.
a) Imediatamente fechada.
۰ Alt + F4 = fecha todas as guias
۰ Ctrl + F4 = fecha só guia atual 1. O que é um computador?
b) Enviada para impressão.
۰ Ctrl + P O computador é uma máquina que processa dados,
c) Atualizada. orientado por um conjunto de instruções. Ele é destina-
۰ F5 do a produzir resultados completos, com um mínimo de
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

d) Enviada por e-mail. intervenção humana. Entre vários benefícios, podemos


۰ CTRL + Enter (MS Outlook) citar:
e) Aberta em uma nova aba. : grande velocidade no processamento e disponibili-
۰ Ctrl + T = abre uma nova aba zação de informações;
۰ Ctrl + N = abre um novo comando : precisão no fornecimento das informações;
: propicia a redução de custos em várias atividades
: próprio para execução de tarefas repetitivas;

Como ele funciona?


Em informática, e mais especialmente em computa-
dores, a organização básica de um sistema será na forma
de:

64
#FicaDica
Android é um Sistema Operacional desenvol-
vido pelo Google para funcionar em dispositi-
vos móveis, como Smartphones e Tablets. Sua
Figura 1: Etapas de um processamento de dados. distribuição é livre, e qualquer pessoa pode
ter acesso ao seu código-fonte e desenvolver
Vamos observar agora, alguns pontos fundamentais aplicativos (apps) para funcionar neste Sistema
para o entendimento de informática em concursos pú- Operacional.
blicos. iOS, é o sistema operacional utilizado pelos
Hardware, são os componentes físicos do computa- aparelhos fabricados pela Apple, como o iPho-
dor, ou seja, tudo que for tangível, ele é composto pelos ne e o iPad.
periféricos, que podem ser de entrada, saída, entrada-
-saída ou apenas saída, além da CPU (Unidade Central de
Processamento). 1. Conceitos básicos de Hardware (Placa mãe, me-
Software, são os programas que permitem o funcio- mórias, processadores (CPU) e disco de armazena-
namento e utilização da máquina (hardware), é a parte mento HDs, CDs e DVDs)
lógica do computador, e pode ser dividido em Sistemas
Operacionais, Aplicativos, Utilitários ou Linguagens de Os gabinetes são dotados de fontes de alimentação
Programação. de energia elétrica, botão de ligar e desligar, botão de re-
O primeiro software necessário para o funcionamen- set, baias para encaixe de drives de DVD, CD, HD, saídas
to de um computador é o Sistema Operacional (Sistema de ventilação e painel traseiro com recortes para encaixe
Operacional). Os diferentes programas que você utiliza de placas como placa mãe, placa de som, vídeo, rede,
em um computador (como o Word, Excel, PowerPoint cada vez mais com saídas USBs e outras.
etc) são os aplicativos. Já os utilitários são os programas
No fundo do gabinete existe uma placa de metal
que auxiliam na manutenção do computador, o antivírus
onde será fixada a placa mãe. Pelos furos nessa placa é
é o principal exemplo, e para finalizar temos as Lingua-
possível verificar se será possível ou não fixar determi-
gens de Programação que são programas que fazem ou-
nada placa mãe em um gabinete, pois eles têm que ser
tros programas, como o JAVA por exemplo.
Importante mencionar que os softwares podem ser proporcionais aos furos encontrados na placa mãe para
livres ou pagos, no caso do livre, ele possui as seguintes parafusá-la ou encaixá-la no gabinete.
características:
• O usuário pode executar o software, para qualquer #FicaDica
uso.
• Existe a liberdade de estudar o funcionamento do Placa-mãe, é a placa principal, formada por
programa e de adaptá-lo às suas necessidades. um conjunto de circuitos integrados (“chip
• É permitido redistribuir cópias. set“) que reconhece e gerencia o funciona-
• O usuário tem a liberdade de melhorar o programa mento dos demais componentes do com-
e de tornar as modificações públicas de modo que putador.
a comunidade inteira se beneficie da melhoria.
Se o processador pode ser considerado o “cérebro” do
Entre os principais sistemas operacionais pode-se computador, a placa-mãe (do inglês motherboard) representa
destacar o Windows (Microsoft), em suas diferentes ver- a espinha dorsal, interligando os demais periféricos ao proces-
sões, o Macintosh (Apple) e o Linux (software livre criado sador.
pelo finlandês Linus Torvalds), que apresenta entre suas O disco rígido, do inglês hard disk, também conhe-
versões o Ubuntu, o Linux Educacional, entre outras. cido como HD, serve como unidade de armazenamento
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

É o principal software do computador, pois possibilita permanente, guardando dados e programas.


que todos os demais programas operem. Ele armazena os dados em discos magnéticos que
mantêm a gravação por vários anos, se necessário.
Esses discos giram a uma alta velocidade e tem seus
dados gravados ou acessados por um braço móvel com-
posto por um conjunto de cabeças de leitura capazes de
gravar ou acessar os dados em qualquer posição nos dis-
cos.
Dessa forma, os computadores digitais (que traba-
lham com valores discretos) são totalmente binários.
Toda informação introduzida em um computador é con-
vertida para a forma binária, através do emprego de um
código qualquer de armazenamento, como veremos
mais adiante.

65
A menor unidade de informação armazenável em energia. Por isso permite que os conectores USB sejam
um computador é o algarismo binário ou dígito binário, usados por carregadores, luzes, ventiladores e outros
conhecido como bit (contração das palavras inglesas bi- equipamentos.
narydigit). O bit pode ter, então, somente dois valores: A fonte de energia do computador ou, em inglês, PSU
0 e 1. (Power Supply Unit — Unidade de Alimentação de Ener-
Evidentemente, com possibilidades tão limitadas, o gia), é responsável por converter a voltagem da energia
bit pouco pode representar isoladamente; por essa ra- elétrica, que chega pelas tomadas, em voltagens meno-
zão, as informações manipuladas por um computador res, capazes de serem suportadas pelos componentes do
são codificadas em grupos ordenados de bits, de modo a computador.
terem um significado útil. Monitor de vídeo
O menor grupo ordenado de bits representando uma Normalmente um dispositivo que apresenta informa-
informação útil e inteligível para o ser humano é o byte ções na tela de LCD, como um televisor atual.
(leia-se “baite”). Outros monitores são sensíveis ao toque (chamados
Como os principais códigos de representação de de touchscreen), nestes podemos escolher opções to-
caracteres utilizam grupos de oito bits por caracter, os cando em botões virtuais, apresentados na tela.
conceitos de byte e caracter tornam-se semelhantes e as Impressora
palavras, quase sinônimas. Muito popular e conhecida por produzir informações
É costume, no mercado, construírem memórias cujo impressas em papel.
acesso, armazenamento e recuperação de informações Atualmente existem equipamentos chamados im-
são efetuados byte a byte. Por essa razão, em anúncios pressoras multifuncionais, que comportam impressora,
de computadores, menciona-se que ele possui “512 scanner e fotocopiadoras num só equipamento.
mega bytes de memória”; por exemplo, na realidade, em Pen drive é a mídia portátil mais utilizada pelos usuá-
face desse costume, quase sempre o termo byte é omiti- rios de computadores atualmente.
do por já subentender esse valor. Ele não precisa recarregar energia para manter os da-
Para entender melhor essas unidades de memórias, veja dos armazenados. Isso o torna seguro e estável, ao con-
a imagem abaixo: trário dos antigos disquetes. É utilizado através de uma
porta USB (Universal Serial Bus).
Cartões de memória, são baseados na tecnologia
flash, semelhante ao que ocorre com a memória RAM
do computador, existe uma grande variedade de formato
desses cartões.
São muito utilizados principalmente em câmeras
fotográficas e telefones celulares. Podem ser utilizados
também em microcomputadores.

#FicaDica
BIOS é o Basic Input/Output System, ou Siste-
Figura 2: Unidade de medida de memórias ma Básico de Entrada e Saída, trata-se de um
mecanismo responsável por algumas ativida-
Em resumo, a cada degrau que você desce na Figura des consideradas corriqueiras em um compu-
3 é só você dividir por 1024 e a cada degrau que você tador, mas que são de suma importância para
sobe basta multiplicar por 1024. Vejamos dois exemplos o correto funcionamento de uma máquina.
abaixo:
Destacar essa tabela
Se a BIOS para de funcionar, o PC também para! Ao
iniciar o PC, a BIOS faz uma varredura para detectar e
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Transformar 16422282522 identificar todos os componentes de hardware conecta-


Transformar 4 gigabytes kilobytes em terabytes: dos à máquina.
em kilobytes: 16422282522 / 1024 = Só depois de todo esse processo de identificação é
16037385,28 megabytes que a BIOS passa o controle para o sistema operacional e
4 * 1024 = 4096 mega- o boot acontece de verdade.
bytes 16037385,28 / 1024 = Diferentemente da memória RAM, as memórias ROM
4096 * 1024 = 4194304 15661,51 gigabytes (Read Only Memory – Memória Somente de Leitura) não
kilobytes. 15661,51 / 1024 = 15,29 são voláteis, mantendo os dados gravados após o desli-
terabytes. gamento do computador.
As primeiras ROM não permitiam a regravação de seu
conteúdo. Atualmente, existem variações que possibili-
USB é abreviação de “Universal Serial Bus”. É a porta tam a regravação dos dados por meio de equipamentos
de entrada mais usada atualmente. especiais. Essas memórias são utilizadas para o armaze-
Além de ser usado para a conexão de todo o tipo namento do BIOS.
de dispositivos, ele fornece uma pequena quantidade de

66
O processador que é uma peça de computador que therboard. Geralmente, esse fato implica na redução da
contém instruções para realizar tarefas lógicas e mate- velocidade, mas hoje essa redução é pouco considerada,
máticas. O processador é encaixado na placa mãe atra- uma vez que é aceitável para a maioria dos usuários.
vés do socket, ele que processa todas as informações do No entanto, quando se pretende ter maior potência
computador, sua velocidade é medida em Hertz e os fa- de som, melhor qualidade e até aceleração gráfica de
bricantes mais famosos são Intel e AMD. imagens e uma rede mais veloz, opta-se pelas placas off
O processador do computador (ou CPU – Unidade board. Vamos conhecer mais sobre esse termo e sobre as
Central de Processamento) é uma das partes principais placas de vídeo, som e rede:
do hardware do computador e é responsável pelos cál- Placas de vídeo são hardwares específicos para traba-
culos, execução de tarefas e processamento de dados. lhar e projetar a imagem exibida no monitor. Essas placas
Contém conjuntos restritos de células de memória podem ser onboard, ou seja, com chipset embutido na
chamados registradores que podem ser lidos e escritos placa mãe, ou off board, conectadas em slots presentes
muito mais rapidamente que em outros dispositivos de na placa mãe. São considerados dispositivos de saída de
memória. Os registradores são unidades de memória dados, pois mostram ao usuário, na forma de imagens,
que representam o meio mais caro e rápido de arma- o resultado do processamento de vários outros dados.
zenamento de dados. Por isso são usados em pequenas Você já deve ter visto placas de vídeo com especi-
quantidades nos processadores. ficações 1x, 2x, 8x e assim por diante. Quanto maior o
Em relação a sua arquitetura, se destacam os modelos número, maior será a quantidade de dados que passarão
RISC (Reduced Instruction Set Computer) e CISC (Com- por segundo por essa placa, o que oferece imagens de
plex Instruction Set Computer). Segundo Carter [s.d.]: vídeo, por exemplo, com velocidade cada vez mais próxi-
... RISC são arquiteturas de carga-armazenamento, ma da realidade. Além dessa velocidade, existem outros
enquanto que a maior parte das arquiteturas CISC per- itens importantes de serem observados em uma placa de
mite que outras operações também façam referência à vídeo: aceleração gráfica 3D, resolução, quantidade de
memória. cores e, como não poderíamos esquecer, qual o padrão
de encaixe na placa mãe que ela deverá usar (atualmente
Possuem um clock interno de sincronização que de-
seguem opções de PCI ou AGP). Vamos ver esses itens
fine a velocidade com que o processamento ocorre. Essa
um a um:
velocidade é medida em Hertz. Segundo Amigo (2008):
Placas de som são hardwares específicos para tra-
Em um computador, a velocidade do clock se refere
balhar e projetar sons, seja em caixas de som, fones de
ao número de pulsos por segundo gerados por um osci-
ouvido ou microfone. Essas placas podem ser onboard,
lador (dispositivo eletrônico que gera sinais), que deter-
ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou offboard,
mina o tempo necessário para o processador executar
conectadas em slots presentes na placa mãe. São disposi-
uma instrução. Assim para avaliar a performance de um
tivos de entrada e saída de dados, pois tanto permitem a
processador, medimos a quantidade de pulsos gerados
inclusão de dados (com a entrada da voz pelo microfone,
em 1 segundo e, para tanto, utilizamos uma unidade de por exemplo) como a saída de som (por meio das caixas de
medida de frequência, o Hertz. som, por exemplo).
Placas de rede são hardwares específicos para inte-
grar um computador a uma rede, de forma que ele possa
enviar e receber informações. Essas placas podem ser on-
board, ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou
offboard, conectadas em slots presentes na placa mãe.

#FicaDica
Alguns dados importantes a serem observa-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

dos em uma placa de rede são: a arquitetura


de rede que atende os tipos de cabos de rede
suportados e a taxa de transmissão.

Figura 3: Esquema Processador 2. Periféricos de computadores


Na placa mãe são conectados outros tipos de placas, Para entender o suficiente sobre periféricos para con-
com seus circuitos que recebem e transmitem dados curso público é importante entender que os periféricos
para desempenhar tarefas como emissão de áudio, co- são os componentes (hardwares) que estão sempre liga-
nexão à Internet e a outros computadores e, como não dos ao centro dos computadores.
poderia faltar, possibilita a saída de imagens no monitor. Os periféricos são classificados como:
Essas placas, muitas vezes, podem ter todo seu hard- Dispositivo de Entrada: É responsável em transmitir a
ware reduzido a chips, conectados diretamente na placa informação ao computador. Exemplos: mouse, scanner,
mãe, utilizando todos os outros recursos necessários, que microfone, teclado, Web Cam, Trackball, Identificador
não estão implementados nesses chips, da própria mo- Biométrico, Touchpad e outros.

67
Dispositivos de Saída: É responsável em receber a in- 2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Ao se cli-
formação do computador. Exemplos: Monitor, Impresso- car no ícone , será mostrado, no Resumo
ras, Caixa de Som, Ploter, Projector de Vídeo e outros. das Funções do Dispositivo, em que porta USB o disposi-
Dispositivo de Entrada e Saída: É responsável em tivo está conectado.
transmitir e receber informação ao computador. Exem-
plos: Drive de Disquete, HD, CD-R/RW, DVD, Blu-ray, mo- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dem, Pen-Drive, Placa de Rede, Monitor Táctil, Dispositivo
de Som e outros.
Resposta: Certo
Ao se clicar no ícone citado será demonstrada uma janela
#FicaDica com informações/propriedades do dispositivo em ques-
tão, uma das informações que aparecem na janela é a
Periféricos sempre podem ser classifica- porta em que o dispositivo USB foi/está conectado.
dos em três tipos: entrada, saída e entrada
e saída. 3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Um clique
duplo em fará que seja
disponibilizada uma janela contendo funcionalidades
para a formatação do dispositivo USB.
EXERCÍCIO COMENTADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado
O Clique duplo para o caso da ilustração fará abrir a
janela de propriedades do dispositivo.

A respeito de tipos de computadores e sua arquitetura


de processador, julgue os itens subsequentes

4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Diferen-


temente de um processador de 32 bits, que não suporta
programas feitos para 64 bits, um processador de 64 bits
é capaz de executar programas de 32 bits e de 64 bits.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo
Se o programa for especialmente projetado para a ver-
são de 64 bits do Windows, ele não funcionará na ver-
são de 32 bits do Windows. (Entretanto, a maioria dos
programas feitos para a versão de 32 bits do Windows
funciona com uma versão de 64 bits do Windows.)
Considerando a figura acima, que ilustra as propriedades
5. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Um pro-
de um dispositivo USB conectado a um computador com
cessador moderno de 32 bits pode ter mais de um núcleo
sistema operacional Windows 7, julgue os itens a seguir
por processador.

1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) As infor- ( ) CERTO ( ) ERRADO


mações na figura mostrada permitem inferir que o dis-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

positivo USB em questão usa o sistema de arquivo NTFS, Resposta: Certo


porque o fabricante é Kingston. O processador pode ter mais de um núcleo (CORE), o
que gera uma divisão de tarefas, economizando ener-
gia e gerando menos calor. EX. dual core (2 núcleos).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Os tipos de processador podem ser de 32 bits e 64 bits

Resposta: Errado 6. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma


Por padrão os pendrives (de baixa capacidade) são solução de armazenamento embasada em hard drive ex-
formatados no sistema de arquivos FAT, mas a marca terno de estado sólido usando USB 2.0 for substituída
do dispositivo ou mesmo a janela ilustrada não apre- por uma solução embasada em cloud storage, ocorre-
senta informações para afirmar sobre qual sistema rá melhoria na tolerância a falhas, na redundância e na
de arquivos está sendo utilizado. acessibilidade, além de conferir independência frente aos
provedores de serviços contratados.

( ) CERTO ( ) ERRADO

68
Resposta: Errado Resposta: Certo
Não há “maior independência frente aos provedores A interface serial ou porta serial, também conhecida
de serviço contratados”, pois o acesso aos dados de- como RS-232 é uma porta de comunicação utilizada
penderá do provedor de serviços de nuvem no qual para conectar pendrives, modems, mouses, algumas
seus dados ficarão armazenados, qualquer que seja impressoras, scanners e outros equipamentos de har-
a nuvem. Independência para mudar de fornecedor, dware. Na interface serial, os bits são transferidos em
quando existente, não implica em dizer que o usuário
fila, ou seja, um bit de dados de cada vez.
fica independente do fornecedor que esteja usando
no momento.
Segurança da informação: procedimentos de se-
7. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Diferentemen- gurança
te dos computadores pessoais ou PCs tradicionais, que A Segurança da Informação refere-se às proteções
são operados por meio de teclado e mouse, os tablets, existentes em relação às informações de uma determi-
computadores pessoais portáteis, dispõem de recurso nada empresa, instituição governamental ou pessoa. Ou
touchscreen. Outra diferença entre esses dois tipos de seja, aplica-se tanto às informações corporativas quanto
computadores diz respeito ao fato de o tablet possuir às pessoais.
firmwares, em vez de processadores, como o PC. Entende-se por informação todo e qualquer conteú-
do ou dado que tenha valor para alguma corporação ou
pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou ex-
( ) CERTO ( ) ERRADO
posta ao público para consulta ou aquisição.

Resposta: Errado
O uso dos processadores era algo que até um tempo
#FicaDica
atrás ficava restrito a desktops, notebooks e, em uma
maior escala, a servidores, mas com a popularização Antes de proteger, devemos saber:
de smartphones e tablets esse cenário mudou. Gran- - O que proteger;
des players como Samsung, Apple e NVIDIA passaram - De quem proteger;
a fabricar seus próprios modelos, conhecidos como - Pontos frágeis;
SoCs (System on Chip), que além da CPU incluem me- - Normas a serem seguidas.
mória RAM, placa de vídeo e muitos outros compo-
nentes.
A Segurança da Informação se refere à proteção
8. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se existente sobre as informações de uma determinada
clicar na opção , será executado um programa que empresa ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informa-
permitirá a realização de operações de criptografia no ções corporativas quanto aos pessoais. Entende-se por
arquivo para protegê-lo contra leitura indevida. informação todo conteúdo ou dado que tenha valor para
alguma organização ou pessoa. Ela pode estar guardada
para uso restrito ou exibida ao público para consulta ou
( ) CERTO ( ) ERRADO
aquisição.
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não
Resposta: Errado de ferramentas) para definir o nível de segurança que há
WinZip é um dos principais programas para com- e, com isto, estabelecer as bases para análise de melho-
pactar e descompactar arquivos de seu computador. rias ou pioras de situações reais de segurança. A seguran-
Perfeito para organizar e economizar espaço em seu ça de certa informação pode ser influenciada por fatores
disco rígido. comportamentais e de uso de quem se utiliza dela, pelo
ambiente ou infraestrutura que a cerca ou por pessoas
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) A co- mal-intencionadas que têm o objetivo de furtar, destruir
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

municação entre a CPU e o monitor de vídeo é feita, na ou modificar tal informação.


grande maioria dos casos, pela porta serial. A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availabi-
lity) — Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade
( ) CERTO ( ) ERRADO — representa as principais características que, atualmen-
te, orientam a análise, o planejamento e a implementa-
Resposta: Errado ção da segurança para um certo grupo de informações
As portas de vídeo mais comuns são: VGA, DVI e HDMI. que se almeja proteger. Outros fatores importantes são
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Alguns a irrevogabilidade e a autenticidade. Com a evolução do
tipos de mouse se comunicam com o computador por comércio eletrônico e da sociedade da informação, a pri-
meio de porta serial. vacidade é também uma grande preocupação.

( ) CERTO ( ) ERRADO

69
Portanto as características básicas, de acordo com os - Honeypot: É uma ferramenta que tem a função
padrões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as se- proposital de simular falhas de segurança de um siste-
guintes: ma e obter informações sobre o invasor enganando-o,
- Confidencialidade – especificidade que limita o e fazendo-o pensar que esteja de fato explorando uma
acesso a informação somente às entidades autên- fraqueza daquele sistema. É uma espécie de armadilha
ticas, ou seja, àquelas autorizadas pelo proprietário para invasores. O HoneyPot não oferece forma alguma
da informação. de proteção.
- Protocolos seguros: Uso de protocolos que garan-
tem um grau de segurança e usam alguns dos mecanis-
- Integridade – especificidade que assegura que a in-
mos citados.
formação manipulada mantenha todas as caracte-
Mecanismos de encriptação
rísticas autênticas estabelecidas pelo proprietário
da informação, incluindo controle de mudanças e
garantia do seu ciclo de vida (nascimento, manu- #FicaDica
tenção e destruição).
- Disponibilidade – especificidade que assegura que A criptografia vem, originalmente, da fu-
a informação esteja sempre disponível para o uso são entre duas palavras gregas:
legítimo, ou seja, por aqueles usuários que têm au- • CRIPTO = ocultar, esconder.
torização pelo proprietário da informação. • GRAFIA= escrever
- Autenticidade – especificidade que assegura que
a informação é proveniente da fonte anunciada Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em
e que não foi alvo de mutações ao longo de um códigos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam
processo. uma mensagem ininteligível, e permite apenas que o
- Irretratabilidade ou não repúdio – especificidade destinatário que saiba a chave de encriptação possa de-
que assegura a incapacidade de negar a autoria criptar e ler a mensagem com clareza.
em relação a uma transação feita anteriormente. Permitem a transformação reversível da informação
de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se
Mecanismos de segurança para isso, algoritmos determinados e uma chave secreta
para, a partir de um conjunto de dados não encriptados,
O suporte para as orientações de segurança pode ser produzir uma continuação de dados encriptados. A ope-
encontrado em: ração inversa é a desencriptação.
Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave
Controles físicos: são barreiras que limitam o contato
privada.
ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que A chave pública é usada para codificar as informa-
assegura a existência da informação) que a suporta. ções, e a chave privada é usada para decodificar.
Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para
limitam o acesso à informação, que está em ambien- ‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não
te controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o
modo, ficaria exibida a alteração não autorizada por ele- emissor e receptor original possui.
mento mal-intencionado. Hoje, a criptografia pode ser considerada um método
Existem mecanismos de segurança que sustentam os 100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e
controles lógicos: proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes
- Mecanismos de cifração ou encriptação: Permitem a e tentativas de invasão.
modificação da informação de forma a torná-la ininteli- Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’
gível a terceiros. Utiliza-se para isso, algoritmos determi- são usados para expressar o tamanho da chave, ou seja,
quanto mais bits forem utilizados, mais segura será essa
nados e uma chave secreta para, a partir de um conjunto
criptografia.
de dados não criptografados, produzir uma sequência de Um exemplo disso é se um algoritmo usa uma chave
dados criptografados. A operação contrária é a decifra- de 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

ção. decodificar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a


- Assinatura digital: Um conjunto de dados criptogra- 256. Assim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas
fados, agregados a um documento do qual são função, de combinações e decodificar a mensagem, que mes-
garantindo a integridade e autenticidade do documento mo sendo uma tarefa difícil, não é impossível. Portanto,
associado, mas não ao resguardo das informações. quanto maior o número de bits, maior segurança terá a
- Mecanismos de garantia da integridade da informa- criptografia.
ção: Usando funções de “Hashing” ou de checagem, é Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves
garantida a integridade através de comparação do resul- simétricas e as chaves assimétricas
tado do teste local com o divulgado pelo autor. Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que é
- Mecanismos de controle de acesso: Palavras-chave, usada para a codificação e decodificação. Entre os algo-
ritmos que usam essa chave, estão:
sistemas biométricos, firewalls, cartões inteligentes.
- DES (Data Encryption Standard): Faz uso de cha-
- Mecanismos de certificação: Atesta a validade de ves de 56 bits, que corresponde à aproximadamente 72
um documento. quatrilhões de combinações. Mesmo sendo um número
- Integridade: Medida em que um serviço/informação extremamente elevado, em 1997, quebraram esse algo-
é autêntico, ou seja, está protegido contra a entrada por ritmo através do método de ‘tentativa e erro’, em um de-
intrusos. safio na internet.

70
- RC (Ron’s Code ou RivestCipher): É um algoritmo Você já sabe que um firewall atua como uma espécie
muito utilizado em e-mails e usa chaves de 8 a 1024 bits. de barreira que verifica quais dados podem passar ou
Além disso, ele tem várias versões que diferenciam uma não. Esta tarefa só pode ser feita mediante o estabele-
das outras pelo tamanho das chaves. cimento de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo
- EAS (Advanced Encryption Standard): Atualmente é usuário.
um dos melhores e mais populares algoritmos de cripto- Em um modo mais restritivo, um firewall pode ser
grafia. É possível definir o tamanho da chave como sendo configurado para bloquear todo e qualquer tráfego no
de 128 bits, 192 bits ou 256 bits. computador ou na rede. O problema é que esta condi-
- IDEA (International Data Encryption Algorithm): É ção isola este computador ou esta rede, então pode-se
um algoritmo que usa chaves de 128 bits, parecido com criar uma regra para que, por exemplo, todo aplicativo
o DES. Seu ponto forte é a fácil execução de software. aguarde autorização do usuário ou administrador para
As chaves simétricas não são absolutamente seguras ter seu acesso liberado. Esta autorização poderá inclusive
quando referem-se às informações extremamente valio- ser permanente: uma vez dada, os acessos seguintes se-
sas, principalmente pelo emissor e o receptor precisa- rão automaticamente permitidos.
rem ter o conhecimento da mesma chave. Dessa forma, Em um modo mais versátil, um firewall pode ser con-
a transmissão pode não ser segura e o conteúdo pode figurado para permitir automaticamente o tráfego de de-
chegar a terceiros. terminados tipos de dados, como requisições HTTP (veja
Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a mais sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear outras,
pública. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave como conexões a serviços de e-mail.
pública para codificar e a chave privada para decodificar, Perceba, como estes exemplos, tem políticas de um
firewall que são baseadas, inicialmente, em dois princí-
considerando-se que a chave privada é secreta. Entre os
pios: todo tráfego é bloqueado, exceto o que está expli-
algoritmos utilizados, estão:
citamente autorizado; todo tráfego é permitido, exceto o
- RSA (Rivest, Shmirand Adleman): É um dos algorit-
que está explicitamente bloqueado.
mos de chave assimétrica mais usados, em que dois nú- Firewalls mais avançados podem ir além, direcionan-
meros primos (aqueles que só podem ser divididos por 1 do determinado tipo de tráfego para sistemas de segu-
e por eles mesmos) são multiplicados para obter um ter- rança internos mais específicos ou oferecendo um refor-
ceiro valor. Assim, é preciso fazer fatoração, que significa ço extraem procedimentos de autenticação de usuários,
descobrir os dois primeiros números a partir do terceiro, por exemplo.
sendo um cálculo difícil. Assim, se números grandes fo- O trabalho de um firewall pode ser realizado de várias
rem utilizados, será praticamente impossível descobrir o formas. O que define uma metodologia ou outra são fa-
código. A chave privada do RSA são os números que são tores como critérios do desenvolvedor, necessidades es-
multiplicados e a chave pública é o valor que será obtido. pecíficas do que será protegido, características do siste-
- El Gamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é ma operacional que o mantém, estrutura da rede e assim
um problema matemático que o torna mais seguro. É por diante. É por isso que podemos encontrar mais de
muito usado em assinaturas digitais. um tipo de firewall. A seguir, os mais conhecidos.
Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primeiras
Segurança na internet; vírus de computadores; soluções de firewall surgiram na década de 1980 basean-
Spyware; Malware; Phishing; Worms e pragas virtu- do-se em filtragem de pacotes de dados (packetfiltering),
ais e Aplicativos para segurança (antivírus, firewall e uma metodologia mais simples e, por isso, mais limitada,
antispyware) embora ofereça um nível de segurança significativo.
Firewall é uma solução de segurança fundamentada Para compreender, é importante saber que cada pa-
em hardware ou software (mais comum) que, a partir de cote possui um cabeçalho com diversas informações a
um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego seu respeito, como endereço IP de origem, endereço IP
de rede para determinar quais operações de transmissão do destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Fi-
ou recepção de dados podem ser realizadas. “Parede de rewall então analisa estas informações de acordo com as
fogo”, a tradução literal do nome, já deixa claro que o regras estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja
firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defe- para sair ou para entrar na máquina/rede), podendo tam-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

bém executar alguma tarefa relacionada, como registrar


sa. A sua missão, consiste basicamente em bloquear trá-
o acesso (ou tentativa de) em um arquivo de log.
fego de dados indesejados e liberar acessos desejados.
O firewall de aplicação, também conhecido como
Para melhor compreensão, imagine um firewall como
proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma
sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é neces- solução de segurança que atua como intermediário entre
sário obedecer a determinadas regras, como se identifi- um computador ou uma rede interna e outra rede, exter-
car, ser esperado por um morador e não portar qualquer na normalmente, a internet. Geralmente instalados em
objeto que possa trazer riscos à segurança; para sair, não servidores potentes por precisarem lidar com um grande
se pode levar nada que pertença aos condôminos sem a número de solicitações, firewalls deste tipo são opções
devida autorização. interessantes de segurança porque não permitem a co-
Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de municação direta entre origem e destino.
ações maliciosas: um malware que utiliza determinada A imagem a seguir ajuda na compreensão do concei-
porta para se instalar em um computador sem o usuário to. Perceba que em vez de a rede interna se comunicar
saber, um programa que envia dados sigilosos para a in- diretamente com a internet, há um equipamento entre
ternet, uma tentativa de acesso à rede a partir de compu- ambos que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e
tadores externos não autorizados, entre outros. entre o proxy e a internet. Observe:

71
Limitações dos firewalls

#FicaDica
Firewalls têm lá suas limitações, sendo que
estas variam conforme o tipo de solução
e a arquitetura utilizada. De fato, firewalls
são recursos de segurança bastante impor-
tantes, mas não são perfeitos em todos os
sentidos.

Seguem abaixo algumas dessas limitações:


- Um firewall pode oferecer a segurança desejada,
mas comprometer o desempenho da rede (ou mesmo de
Figura 91: Proxy um computador). Esta situação pode gerar mais gastos
para uma ampliação de infraestrutura capaz de superar
Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar o problema;
pelo proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, esta- - A verificação de políticas tem que ser revista perio-
belecer regras que impeçam o acesso de determinados dicamente para não prejudicar o funcionamento
endereços externos, assim como que proíbam a comu-
de novos serviços;
nicação entre computadores internos e determinados
serviços remotos. - Novos serviços ou protocolos podem não ser devi-
Este controle amplo também possibilita o uso do pro- damente tratados por proxies já implementados;
xy para tarefas complementares: o equipamento pode - Um firewall pode não ser capaz de impedir uma ati-
registrar o tráfego de dados em um arquivo de log; con- vidade maliciosa que se origina e se destina à rede
teúdo muito utilizado pode ser guardado em uma espé- interna;
cie de cache (uma página Web muito acessada fica guar- - Um firewall pode não ser capaz de identificar uma
dada temporariamente no proxy, fazendo com que não atividade maliciosa que acontece por descuido do
seja necessário requisitá-la no endereço original a todo usuário - quando este acessa um site falso de um
instante, por exemplo); determinados recursos podem
ser liberados apenas mediante autenticação do usuário; banco ao clicar em um link de uma mensagem de
entre outros. e-mail, por exemplo;
A implementação de um proxy não é tarefa fácil, haja - Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou ata-
visto a enorme quantidade de serviços e protocolos exis- cantes experientes podem tentar descobrir ou ex-
tentes na internet, fazendo com que, dependendo das plorar brechas de segurança em soluções do tipo;
circunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou exija - Um firewall não pode interceptar uma conexão que
muito trabalho de configuração para bloquear ou autori- não passa por ele. Se, por exemplo, um usuário
zar determinados acessos. acessar a internet em seu computador a partir de
Proxy transparente: No que diz respeito a limitações,
é conveniente mencionar uma solução chamada de pro- uma conexão 3G (justamente para burlar as res-
xy transparente. O proxy “tradicional”, não raramente, trições da rede, talvez), o firewall não conseguirá
exige que determinadas configurações sejam feitas nas interferir.
ferramentas que utilizam a rede (por exemplo, um na-
vegador de internet) para que a comunicação aconteça Sistema antivírus
sem erros. O problema é, dependendo da aplicação, este
trabalho de ajuste pode ser inviável ou custoso. Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus,
O proxy transparente surge como uma alternativa spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca
para estes casos porque as máquinas que fazem parte
da rede não precisam saber de sua existência, dispensan- precisou formatar seu computador?
do qualquer configuração específica. Todo acesso é feito Os vírus representam um dos maiores problemas
normalmente do cliente para a rede externa e vice-ver- para usuários de computador. Para poder resolver esses
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

sa, mas o proxy transparente consegue interceptá-lo e problemas, as principais desenvolvedoras de softwares
responder adequadamente, como se a comunicação, de criaram o principal utilitário para o computador, os an-
fato, fosse direta. tivírus, que são programas com o propósito de detectar
É válido ressaltar que o proxy transparente também e eliminar vírus e outros programas prejudiciais antes ou
tem lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «nor- depois de ingressar no sistema.
mal» é capaz de barrar uma atividade maliciosa, como
um malware enviando dados de uma máquina para a Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de pro-
internet; o proxy transparente, por sua vez, pode não gramas de software que são implementados sem o con-
bloquear este tráfego. Não é difícil entender: para con- sentimento (e inclusive conhecimento) do usuário ou
seguir se comunicar externamente, o malware teria que proprietário de um computador e que cumprem diver-
ser configurado para usar o proxy «normal» e isso geral- sas funções nocivas para o sistema. Entre elas, o roubo e
mente não acontece; no proxy transparente não há esta perda de dados, alteração de funcionamento, interrup-
limitação, portanto, o acesso aconteceria normalmente. ção do sistema e propagação para outros computadores.
Os antivírus são aplicações de software projetadas
como medida de proteção e segurança para resguardar
os dados e o funcionamento de sistemas informáticos

72
caseiros e empresariais de outras aplicações conhecidas Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br
comumente como vírus ou malware que tem a função de - Possui versão de teste.
alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Pos-
computadores. sui versão de teste.
Um programa de proteção de vírus tem um funcio- AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga
namento comum que com frequência compara o código e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun-
de cada arquivo que revisa com uma base de dados de cionalidades).
códigos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoft-
determinar se trata de um elemento prejudicial para o ware.com.br - Possui versão de teste.
É importante frisar que a maioria destes desenvolve-
sistema. Também pode reconhecer um comportamento
dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a re-
ou padrão de conduta típica de um vírus. Os antivírus mover vírus específicos. Geralmente, tais softwares são
podem registrar tanto os arquivos encontrados dentro criados para combater vírus perigosos ou com alto grau
do sistema como aqueles que procuram ingressar ou in- de propagação.
teragir com o mesmo.
Como novos vírus são criados de maneira quase
constante, sempre é preciso manter atualizado o pro-
grama antivírus de maneira de que possa reconhecer as
novas versões maliciosas. Assim, o antivírus pode perma-
necer em execução durante todo tempo que o sistema
informático permaneça ligado, ou registrar um arquivo
ou série de arquivos cada vez que o usuário exija. Nor-
malmente, o antivírus também pode verificar e-mails e
sites de entrada e saída visitados.
Um antivírus pode ser complementado por outros
aplicativos de segurança, como firewalls ou anti-spywa-
res que cumprem funções auxiliares para evitar a entrada
de vírus. Figura 92: Principais antivírus do mercado atual
Então, antivírus são os programas criados para man-
ter seu computador seguro, protegendo-o de programas Tipos de Vírus
maliciosos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar
dados de seu computador. Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia”
Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre es- (Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permi-
colha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers es- tem a invasão de um computador alheio com espanto-
tão usando este mercado para enganar pessoas com fal- sa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso
artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. Um
sos softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa
“amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de
seu computador vulnerável aos ataques.
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo
E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado o executa, o programa atua de forma diferente do que
ao baixar programas de segurança em sites desconheci- era esperado.
dos, e divulgue, para que ninguém seja vítima por falta Ao contrário do que é erroneamente informado na
de informação. mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele
Os vírus que se anexam a arquivos infectam também não se reproduz e não tem nenhuma comparação com
todos os arquivos que estão sendo ou e serão execu- vírus de computador, sendo que seu objetivo é total-
tados. Alguns às vezes recontaminam o mesmo arquivo mente diverso. Deve-se levar em consideração, também,
tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classi-
espaço considerável (que é sempre muito precioso) em ficam como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, ex-
seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre clusivamente, como definição para programas que cap-
os espaços do programa original, para não dar a menor turam dados sem o conhecimento do usuário. O Cavalo
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

pista de sua existência. de Tróia é um programa que se aloca como um arquivo


Cada vírus possui um critério para começar o ataque no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar
propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa- informações como passwords, logins e quaisquer dados,
gados, o micro começa a travar, documentos que não sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando
a máquina contaminada por um Trojan conectar-se à In-
são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mos-
ternet, poderá ter todas as informações contidas no HD
tram mensagens chatas, outros mais elaborados fazem
visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Estas
estragos muito grandes.
visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve
Existe uma variedade enorme de softwares antivírus dentro de um computador alheio sabe as possibilidades
no mercado. Independente de qual você usa, mantenha- oferecidas.
-o sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos Worms (vermes) podem ser interpretados como um
todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência tipo de vírus mais inteligente que os demais. A princi-
deles para proteger seu sistema operacional. pal diferença entre eles está na forma de propagação:
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços os worms podem se propagar rapidamente para outros
de atualização automática. Abaixo há uma lista com os computadores, seja pela Internet, seja por meio de uma
antivírus mais conhecidos: rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de ma-

73
neira discreta e o usuário só nota o problema quando o A Política de Segurança da Informação é um docu-
computador apresenta alguma anormalidade. O que faz mento que contém um conjunto de normas, métodos e
destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de procedimentos, que obrigatoriamente precisam ser co-
propagação. O worm pode capturar endereços de e-mail municados a todos os funcionários, bem como analisado
em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema e revisado criticamente, em intervalos regulares ou quan-
de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio do mudanças se fizerem necessárias.
que permita a contaminação de computadores (normal- Para se elaborar uma Política de Segurança da Infor-
mente milhares) em pouco tempo. mação, deve se levar em consideração a NBR ISO/IEC
Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não se- 27001:2005, que é uma norma de códigos de práticas
rem necessariamente vírus, estes três nomes também
para a gestão de segurança da informação, na qual po-
representam perigo. Spywares são programas que ficam
dem ser encontradas as melhores práticas para iniciar,
«espionando» as atividades dos internautas ou capturam
informações sobre eles. Para contaminar um computa- implementar, manter e melhorar a gestão de segurança
dor, os spywares podem vir embutidos em softwares da informação em uma organização.
desconhecidos ou serem baixados automaticamente Importante mencionar que conforme a ISO/IEC
quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso. 27002:2005(2005), a informação é um conjunto de dados
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem que representa um ponto de vista, um dado processado
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, é o que gera uma informação. Um dado não tem valor
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado. antes de ser processado, a partir do seu processamento,
O objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas. ele passa a ser considerado uma informação, que pode
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram» gerar conhecimento, logo, a informação é o conheci-
navegadores de Internet, principalmente o Internet Ex- mento produzido como resultado do processamento de
plorer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página ini- dados.
cial do browser e impede o usuário de mudá-la, exibe De fato, com o aumento da concorrência de mercado,
propagandas em pop-ups ou janelas novas, instala bar- tornou-se vital melhorar a capacidade de decisão em to-
ras de ferramentas no navegador e podem impedir aces- dos os níveis. Como resultado deste significante aumen-
so a determinados sites (como sites de software antivírus, to da interconectividade, a informação está agora expos-
por exemplo). ta a um crescente número e a uma grande variedade de
Os spywares e os keyloggers podem ser identifica-
ameaças e vulnerabilidades.
dos por programas anti-spywares. Porém, algumas des-
Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17799:2005 (2005, p.ix),
tas pragas são tão perigosas que alguns antivírus podem
ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus. “segurança da informação é a proteção da informação de
No caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma vários tipos de ameaças para garantir a continuidade do
ferramenta desenvolvida especialmente para combater negócio, minimizar o risco ao negócio, maximizar o re-
aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar torno sobre os investimentos e as oportunidades de ne-
no sistema operacional de uma forma que nem antivírus gócio, para isso é muito importante a confidencialidade,
nem anti-spywares conseguem “pegar”. integridade e a disponibilidade, onde:
Hoaxes: São boatos espalhados por mensagens de A confidencialidade é a garantia de que a informa-
correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de ção é acessível somente por pessoas autorizadas a terem
computador. Uma mensagem no e-mail alerta para um acesso (NBR ISO/IEC 27002:2005). Caso a informação
novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na seja acessada por uma pessoa não autorizada, intencio-
rede e que infectará o micro do destinatário enquanto a nalmente ou não, ocorre a quebra da confidencialidade.
mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar A quebra desse sigilo pode acarretar danos inestimáveis
em determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem hoax para a empresa ou até mesmo para uma pessoa física.
normalmente costuma dizer que a informação partiu de Um exemplo simples seria o furto do número e da senha
uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e que tal do cartão de crédito, ou até mesmo, dados da conta ban-
vírus poderá danificar a máquina do usuário. Desconsidere
cária de uma pessoa.
a mensagem.
A integridade é a garantia da exatidão e completeza
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Política de segurança da Informação da informação e dos métodos de processamento (NBR


ISO/IEC 27002:2005) quando a informação é alterada,
Hoje as informações são bens ativos da empresa, falsificada ou furtada, ocorre à quebra da integridade. A
imagine uma Universidade perdendo todos os dados integridade é garantida quando se mantém a informação
dos seus alunos, ou até mesmo o tornar públicos, com no seu formato original.
isso pode-se dizer que a informação se tornou o ativo A disponibilidade é a garantia de que os usuários
mais valioso das organizações, podendo ser alvo de uma autorizados obtenham acesso à informação e aos ati-
série de ameaças com a finalidade de explorar as vulne- vos correspondentes sempre que necessário (NBR ISO/
rabilidades e causar prejuízos consideráveis. A informa- IEC 27002:2005). Quando a informação está indisponível
ção é encarada, atualmente, como um dos recursos mais para o acesso, ou seja, quando os servidores estão inope-
importantes de uma organização, contribuindo decisiva- rantes por conta de ataques e invasões, considera-se um
mente para a uma maior ou menor competitividade, por incidente de segurança da informação por quebra de
isso é necessária a implementação de políticas de segu- disponibilidade. Mesmo as interrupções involuntárias de
rança da informação que busquem reduzir as chances de sistemas, ou seja, não intencionais, configuram quebra
fraudes ou perda de informações. de disponibilidade.

74
Trata-se de uma teoria da aprendizagem e da me- Reposta: Errado
mória, segundo o modelo de funcionamento do com- Sky Driver é serviço de armazenamento na nuvem.
putador a aprendizagem e a recordação baseiam-se no Com ele é possível usar Office Web Apps que são fer-
fluxo de informação que atravessa o indivíduo a infor- ramentas de produtividade e colaboração.
mação que é recebida pelos receptores sensoriais e alvo
de atenção é codificada, armazenada e processada de 3. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) A fim de se
forma a poder ser recuperada e trabalhada codificação proteger do ataque de um spyware - um tipo de vírus
– envolve a construção de traços de memória que cons- (malware) que se multiplica de forma independente nos
tituem abstrações baseadas nos aspectos mais salientes
programas instalados em um computador infectado e re-
da informação; refere-se ainda à representação mental
colhe informações pessoais dos usuários - o usuário deve
de objetos ou acontecimentos externos de armazena-
mento – corresponde à memória interna, à persistência instalar softwares antivírus e antispywares, mais eficien-
da informação no tempo recuperação (output) – utiliza- tes que os firewalls no combate a esse tipo de ataque.
ção da informação armazenada (disponível e acessível).
( ) CERTO ( ) ERRADO

#FicaDica Resposta: Errado


Um spyware é um programa espião. Ele não é um vírus
Toda informação segue o ciclo de entrada,
de computador e não se multiplica de forma indepen-
processamento e saída, que passa por uma
dente. O objetivo do spyware é espionar as ativida-
realimentação.
des do usuário e enviar os dados captados, acerca do
comportamento do usuário, a um destinatário que,
em tese, usará estes dados com fins de direcionar pro-
pagandas e coisas do gênero.
EXERCÍCIO COMENTADO
4. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) As senhas, para
1. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) IPTables e serem seguras ou fortes, devem ser compostas de pelo
Windows Firewall são exemplos de firewalls utilizados menos oito caracteres e conter letras maiúsculas, minús-
nas plataformas Linux e Windows, respectivamente. Am- culas, números e sinais de pontuação. Além disso, reco-
bos os sistemas são capazes de gerenciar a filtragem menda-se não utilizar como senha nomes, sobrenomes,
de pacotes com estado (statefull) na entrada e na saída números de documentos, placas de carros, números de
de rede, de fazer o nateamento de endereços e de criar telefones e datas especiais.
VPNs.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo.
Resposta: Certo.
Quanto maior a senha, mais difícil de quebrar via um
Porém a resposta “Certo” é passível de contestação,
pois: processo chamado ?força bruta? (tentativa e erro).
Em primeiro lugar o IPTables não é um firewall utili- Além disso, é importante que a senha não seja uma
zado pelo GNU/Linux, o firewall se chama NetFilter, palavra conhecida em alguma língua, para dificultar o
o IPTables é um software comumente associado ao ataque de dicionário. Finalmente, usar dados pesso-
NetFilter. ais em senhas é facilitar o trabalho de quem deseja
Existe um erro na grafia da questão, e não se pode descobrir a tal senha. Geralmente, são as primeiras
presumir que foi de propósito, o correto é “stateful” e tentativas.
não “statefull” como aparece.
Quem faz o ‘nateamento’ dos endereços é o serviço 5. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Uma boa prá-
de roteamento. E quem faz o serviço de roteamen- tica para a salvaguarda de informações organizacionais
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

to, não é o firewall, mas o RRAS (Remote and Router é a categorização das informações como, por exemplo,
Access Service no Windows) ou IP Tables + IP Router os registros contábeis, os registros de banco de dados
(básico e avançado, no Linux). ‘Nateamento’ é a tradu- e os procedimentos operacionais, detalhando os perío-
ção dos endereços IP internos (como 192.168.0.0) para dos de retenção e os tipos de mídia de armazenagem
acessar a Internet com um IP válido (externo). O IP Ta- e mantendo as chaves criptográficas associadas a essas
bles + IP Router fazem isso no Linux, mas o firewall do informações em segurança, disponibilizando-as somente
Windows não.
para pessoas autorizadas.

2. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) O Microsoft


Office Sky Driver é uma suíte de ferramentas de produti-
vidade e colaboração fornecida e acessada por meio de ( ) CERTO ( ) ERRADO
computação em nuvem (cloud computing).
Reposta: Certo.
Os dados importantes, que não devem se perder, ou
( ) CERTO ( ) ERRADO “cair em mãos erradas” devem ser protegidos com

75
criptografia, e estas devem ser armazenadas em local
totalmente confiável e disponibilizada à pessoas que CONCEITOS E PROCEDIMENTOS DE PROTE-
possuem privilégios de utilização. Regras como essa ÇÃO E SEGURANÇA PARA SEGURANÇA DA
devem ser descritas na Política de Segurança da Infor- INFORMAÇÃO; PROCEDIMENTOS, APLICA-
mação da organização.
TIVOS E DISPOSITIVOS PARA ARMAZENA-
6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Uma caracterís- MENTO DE DADOS E PARA REALIZAÇÃO DE
tica desejada para o sistema de backup é que ele permita CÓPIA DE SEGURANÇA (BACKUP).
a restauração rápida das informações quando houver in-
cidente de perda de dados. Assim, as mídias de backup
devem ser mantidas o mais próximo possível do sistema Procedimentos de backup
principal de armazenamento das informações.
O Backup ajuda a proteger os dados de exclusão
( ) CERTO ( ) ERRADO acidentais, ou até mesmo de falhas, por exemplo se os
dados originais do disco rígido forem apagados ou subs-
Resposta: Errado. tituídos acidentalmente ou se ficarem inacessíveis devido
Uma das premissas do backup é guardar as mídias em a um defeito do disco rígido, você poderá restaurar facil-
local seguro e distante do sistema principal de arma- mente os dados usando a cópia arquivada.
zenamento, ou seja, em outro local físico, ou na nú-
vem. Tipos de Backup
]
7. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Os sistemas IDS Fazer um backup é simples. Basta copiar os arqui-
(intrusion detection system) e IPS (intrusion prevention vos que você usa para outro lugar e pronto, está feito o
system) utilizam metodologias similares na identificação backup. Mas e se eu alterar um arquivo? E se eu excluir
de ataques, visto que ambos analisam o tráfego de rede acidentalmente um arquivo? E se o arquivo atual corrom-
em busca de assinaturas ou de conjunto de regras que peu? Bem, é aí que a coisa começa a ficar mais legal. É
possibilitem a identificação dos ataques. nessa hora que entram as estratégias de backup.
Se você perguntar a alguém que não é familiarizado
( ) CERTO ( ) ERRADO com backups, a maioria pensará que um backup é so-
mente uma cópia idêntica de todos os dados do com-
Resposta: Certo putador. Em outras palavras, se um backup foi criado na
O IDS (Intrusion Detection Systems) procura por ata- noite de terça-feira, e nada mudou no computador du-
ques já catalogados e registrados, podendo, em al- rante o dia todo na quarta-feira, o backup criado na noite
guns casos, fazer análise comportamental do sistema. de quarta seria idêntico àquele criado na terça. Apesar
O IPS – Intrusion Prevention System é uma ferramenta de ser possível configurar backups desta maneira, é mais
para detecção e prevenção de atividades suspeitas na provável que você não o faça. Para entender mais sobre
rede. É a evolução do IDS e pode ser configurado para este assunto, devemos primeiro entender os tipos dife-
que ao perceber a “invasão” uma ação seja tomada rentes de backup que podem ser criados. Estes são:
(gerar um alerta, bloquear o atacante, dropar o paco- • Backups completos;
te…). Deve ficar inline na rede.
• Backups incrementais;
Os sniffers são ferramentas que interceptam e anali-
• Backups diferenciais;
sam o trafego de uma rede, com ele você pode des-
• Backups delta;
cobrir quais sites estão sendo acessados na rede,
quais tipos de protocolos estão sendo usados (http,
FTP, POP3, SMTP, etc) e até mesmo capturar senhas O backup completo é simplesmente fazer a cópia de
de sites com autenticação, como redes sociais, painéis todos os arquivos para o diretório de destino (ou para os
administrativos, emails, etc. dispositivos de backup correspondentes), independente
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

de versões anteriores ou de alterações nos arquivos des-


8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Um de o último backup. Este tipo de backup é o tradicional
dos objetivos da segurança da informação é manter a in- e a primeira ideia que vêm à mente das pessoas quan-
tegridade dos dados, evitando-se que eles sejam apaga- do pensam em backup: guardar TODAS as informações.
dos ou alterados sem autorização de seu proprietário. Outra característica do backup completo é que ele é o
ponto de início dos outros métodos citados abaixo. To-
dos usam este backup para assinalar as alterações que
( ) CERTO ( ) ERRADO deverão ser salvas em cada um dos métodos.
Este tipo consiste no backup de todos os arquivos
Resposta: Certo. para a mídia de backup. Conforme mencionado anterior-
Integridade de dados refere-se à consistência dos mente, se os dados sendo copiados nunca mudam, cada
dados. A segurança da informação visa protegê-la, backup completo será igual aos outros. Esta similaridade
garantindo que esses dados não sejam apagados ou ocorre devido ao fato que um backup completo não ve-
alterados por terceiros. rifica se o arquivo foi alterado desde o último backup;
copia tudo indiscriminadamente para a mídia de backup,

76
tendo modificações ou não. Esta é a razão pela qual os O armazenamento deve ser sempre levado em con-
backups completos não são feitos o tempo todo. Todos sideração, onde o administrador desses backups deve se
os arquivos seriam gravados na mídia de backup. Isto sig- preocupar em encontrar um equilíbrio que atenda ade-
nifica que uma grande parte da mídia de backup é usada quadamente às necessidades de todos, e também asse-
mesmo que nada tenha sido alterado. Fazer backup de gurar que os backups estejam disponíveis para a pior das
100 gigabytes de dados todas as noites quando talvez situações.
10 gigabytes de dados foram alterados não é uma boa Após todas as técnicas de backups estarem efetivadas
prática; por este motivo os backups incrementais foram deve-se garantir os testes para que com o passar do tem-
criados. po não fiquem ilegíveis.
Já os backups incrementais primeiro verificam se o Recomendações para proteger seus backups
horário de alteração de um arquivo é mais recente que o Fazer backups é uma excelente prática de seguran-
horário de seu último backup, por exemplo, já atuei em ça básica. Agora lhe damos conselhos simples para que
uma Instituição, onde todos os backups eram programa- você esteja a salvo no dia em que precisar deles:
dos para a quarta-feira. 1. Tenha seus backups fora do PC, em outro escritório,
A vantagem principal em usar backups incrementais e, se for possível, em algum recipiente à prova de
é que rodam mais rápido que os backups completos. A incêndios, como os cofres onde você guarda seus
principal desvantagem dos backups incrementais é que documentos e valores importantes.
para restaurar um determinado arquivo, pode ser neces- 2. Faça mais de uma cópia da sua informação e as
sário procurar em um ou mais backups incrementais até mantenha em lugares separados.
encontrar o arquivo. Para restaurar um sistema de ar- 3. Estabeleça uma idade máxima para seus backups,
quivo completo, é necessário restaurar o último backup é melhor comprimir os arquivos que já sejam mui-
completo e todos os backups incrementais subsequen- to antigos (quase todos os programas de backup
tes. Numa tentativa de diminuir a necessidade de procu- contam com essa opção), assim você não desper-
rar em todos os backups incrementais, foi implementada diça espaço útil.
uma tática ligeiramente diferente. Esta é conhecida como
4. Proteja seus backups com uma senha, de maneira
backup diferencial.
que sua informação fique criptografada o suficien-
Os backups diferenciais, também só copiam arquivos
te para que ninguém mais possa acessá-la. Se sua
alterados desde o último backup, mas existe uma dife-
informação é importante para seus entes queridos,
rença, eles mapeiam as alterações em relação ao último
implemente alguma forma para que eles possam
backup completo, importante mencionar que essa téc-
saber a senha se você não estiver presente.
nica ocasiona o aumento progressivo do tamanho do
arquivo.
Os backups delta sempre armazenam a diferença en- VPN
tre as versões correntes e anteriores dos arquivos, co-
meçando a partir de um backup completo e, a partir daí, É o acrônimo de (Virtual Private Network), que signifi-
a cada novo backup são copiados somente os arquivos ca Rede Particular Virtual, que define-se como a conexão
que foram alterados enquanto são criados hardlinks para de dois computadores utilizando uma rede pública (In-
os arquivos que não foram alterados desde o último ternet), imagine uma empresa que quer ligar suas filiais,
backup. Esta é a técnica utilizada pela Time Machine da esse é um caso clássico, ou também pensando na mo-
Apple e por ferramentas como o rsync. dalidade de trabalho homeoffice, em que o funcionário
pode, da casa dele, acessar todos seus arquivos e softwa-
Mídias res específicos da empresa.
A palavra tunelamento é algo normal ao se trabalhar
A fita foi o primeiro meio de armazenamento de da- com VPNs, é como se criasse um túnel para que os dados
dos removível amplamente utilizado. Tem os benefícios possam ser enviados sem que outros usuários tenham
de custo baixo e uma capacidade razoavelmente boa de acesso.
armazenamento. Entretanto, a fita tem algumas desvan-
tagens. Ela está sujeita ao desgaste e o acesso aos dados Para criar uma rede VPN não é preciso mais do que
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

na fita é sequencial por natureza. Estes fatores significam dois (ou mais) computadores conectados à Internet e um
que é necessário manter o registro do uso das fitas (apo- programa de VPN instalado em cada máquina. O proces-
sentá-las ao atingirem o fim de suas vidas úteis) e tam- so para o envio dos dados é o seguinte:
bém que a procura por um arquivo específico nas fitas • Os dados são criptografados e encapsulados.
pode ser uma tarefa longa. • Algumas informações extras, como o número de
Ultimamente, os drives de disco nunca seriam usados IP da máquina remetente, são adicionadas aos da-
como um meio de backup. No entanto, os preços de ar- dos que serão enviados para que o computador
mazenamento caíram a um ponto que, em alguns casos, receptor possa identificar quem mandou o pacote
usar drives de disco para armazenamento de backup faz de dados.
sentido. A razão principal para usar drives de disco como • O pacote contendo todos os dados é enviado por
um meio de backup é a velocidade. Não há um meio de meio do “túnel” criado até o computador de des-
armazenamento em massa mais rápido. A velocidade tino.
pode ser um fator crítico quando a janela de backup do • A máquina receptora irá identificar o computador
seu centro de dados é curta e a quantidade de dados a remetente por meio das informações anexadas ao
serem copiados é grande. pacote de dados.

77
• Os dados são recebidos e desencapsulados. A assinatura digital, portanto, busca resolver dois
• Finalmente os dados são descriptografados e ar- problemas não garantidos apenas com uso da criptogra-
mazenados no computador de destino. fia para codificar as informações: a Integridade e a Pro-
cedência.
Computação na nuvem (cloud computing) Ela utiliza uma função chamada one-way hash func-
tion, também conhecida como: compression function,
Ao utilizar e acessar arquivos e executar tarefas pela cryptographic checksum, message digest ou fingerprint.
internet, o usuário está utilizando o conceito de compu- Essa função gera uma string única sobre uma informa-
tação em nuvens, não há a necessidade de instalar apli- ção, se esse valor for o mesmo tanto no remetente quan-
cativos no seu computador para tudo, pois pode acessar to destinatário, significa que essa informação não foi al-
diferentes serviços online para fazer o que precisa, já que terada.
os dados não se encontram em um computador específi- Mesmo assim isso ainda não garante total integrida-
co, mas sim em uma rede, um grande exemplo disso é o de, pois a informação pode ter sido alterada no seu envio
Google com o Google Docs, Planilhas, e até mesmo porta e um novo hash pode ter sido calculado.
aquivos como o Google Drive, ou de outras empresas Para solucionar esse problema, é utilizada a cripto-
como o One Drive. grafia assimétrica com a função das chaves num sentido
Uma vez devidamente conectado ao serviço online, é inverso, onde o hash é criptografado usando a chave pri-
possível desfrutar suas ferramentas e salvar todo o tra- vada do remetente, sendo assim o destinatário de posse
balho que for feito para acessá-lo depois de qualquer da chave pública do remetente poderá decriptar o hash.
lugar — é justamente por isso que o seu computador Dessa maneira garantimos a procedência, pois somente
estará nas nuvens, pois você poderá acessar os aplicati- o remetente possui a chave privada para codificar o hash
vos a partir de qualquer computador que tenha acesso que será aberto pela sua chave pública. Já o hash, gerado
à internet. a partir da informação original, protegido pela criptogra-
fia, garantirá a integridade da informação.
#FicaDica
Mecanismos de garantia da integridade da infor-
Basta pensar que, a partir de uma conexão mação
com a internet, você pode acessar um ser-
vidor capaz de executar o aplicativo deseja- Usando funções de “Hashing” ou de checagem, con-
do, que pode ser desde um processador de sistindo na adição.
textos até mesmo um jogo ou um pesado
editor de vídeos. Enquanto os servidores Mecanismos de controle de acesso
executam um programa ou acessam uma
determinada informação, o seu computa- Palavras-chave, sistemas biométricos, firewalls, car-
dor precisa apenas do monitor e dos perifé- tões inteligentes.
ricos para que você interaja.
Mecanismos de certificação

Mecanismos de encriptação Atesta a validade de um documento. O Certificado


Digital, também conhecido como Certificado de Identi-
A criptografia vem, na sua origem, da fusão de duas dade Digital associa a identidade de um titular a um par
palavras gregas: de chaves eletrônicas (uma pública e outra privada) que,
• CRIPTO = ocultar, esconder. usadas em conjunto, fornecem a comprovação da identi-
• GRAFIA = escrever dade. É uma versão eletrônica (digital) de algo parecido a
Criptografia é arte ou ciência de escrever em cifra ou uma Cédula de Identidade - serve como prova de identi-
em códigos. É então um conjunto de técnicas que tornam dade, reconhecida diante de qualquer situação onde seja
uma mensagem incompreensível permitindo apenas que necessária a comprovação de identidade.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

o destinatário que conheça a chave de encriptação possa


decriptar e ler a mensagem com clareza. O Certificado Digital pode ser usado em uma gran-
Permitem a transformação reversível da informação de variedade de aplicações, como comércio eletrônico,
de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se groupware (Intranets e Internet) e transferência eletrôni-
para tal, algoritmos determinados e uma chave secreta ca de fundos.
para, a partir de um conjunto de dados não encriptados, Dessa forma, um cliente que compre em um shopping
produzir uma sequência de dados encriptados. A opera- virtual, utilizando um Servidor Seguro, solicitará o Certi-
ção inversa é a desencriptação. ficado de Identidade Digital deste Servidor para verificar:
a identidade do vendedor e o conteúdo do Certificado
por ele apresentado. Da mesma forma, o servidor poderá
solicitar ao comprador seu Certificado de Identidade Di-
Assinatura digital
gital, para identificá-lo com segurança e precisão.
Caso qualquer um dos dois apresente um Certifica-
Um conjunto de dados encriptados, associados a um
do de Identidade Digital adulterado, ele será avisado do
documento do qual são função, garantindo a integridade
fato, e a comunicação com segurança não será estabe-
do documento associado, mas não a sua confidenciali-
lecida.
dade.

78
O Certificado de Identidade Digital é emitido e assi- forma os e-mails não podem ser lidos ou adulterados
nado por uma Autoridade Certificadora Digital (Certifi- por terceiros durante o seu trânsito entre a máquina do
cate Authority). Para tanto, esta autoridade usa as mais remetente e a do destinatário. Além disso, o destinatário
avançadas técnicas de criptografia disponíveis e de pa- tem a garantia da identidade de quem enviou o e-mail.
drões internacionais (norma ISO X.509 para Certificados O Form Signing é uma tecnologia que permite que os
Digitais), para a emissão e chancela digital dos Certifica- usuários emitam recibos online com seus certificados di-
dos de Identidade Digital. gitais. Por exemplo: o usuário acessa o seu Internet Ban-
Podemos destacar três elementos principais: king e solicita uma transferência de fundos. O sistema
- Informação de atributo: É a informação sobre o ob- do banco, antes de fazer a operação, pede que o usuário
jeto que é certificado. No caso de uma pessoa, isto assine com seu certificado digital um recibo confirmando
pode incluir seu nome, nacionalidade e endereço a operação. Esse recibo pode ser guardado pelo banco
e-mail, sua organização e o departamento da or- para servir como prova, caso o cliente posteriormente
ganização onde trabalha. negue ter efetuado a transação.
- Chave de informação pública: É a chave pública da O Authenticode e o Object Signing são tecnologias
entidade certificada. O certificado atua para as- que permitem que um desenvolvedor de programas de
sociar a chave pública à informação de atributo, computador assine digitalmente seu software. Assim, ao
descrita acima. A chave pública pode ser qualquer baixar um software pela Internet, o usuário tem certeza
chave assimétrica, mas usualmente é uma chave da identidade do fabricante do programa e que o soft-
RSA. ware se manteve íntegro durante o processo de down-
- Assinatura da Autoridade em Certificação (CA): A CA load. Os certificados digitais se dividem em basicamente
assina os dois primeiros elementos e, então, adi- dois formatos: os certificados de uso geral (que seriam
ciona credibilidade ao certificado. Quem recebe o equivalentes a uma carteira de identidade) e os de uso
certificado verifica a assinatura e acreditará na in- restrito (equivalentes a cartões de banco, carteiras de
formação de atributo e chave pública associadas se clube etc.). Os certificados de uso geral são emitidos di-
acreditar na Autoridade em Certificação. retamente para o usuário final, enquanto que os de uso
restrito são voltados basicamente para empresas ou go-
Existem diversos protocolos que usam os certificados verno.
digitais para comunicações seguras na Internet: Integridade: Medida em que um serviço/informação
• Secure Socket Layer ou SSL; é genuino, isto é, esta protegido contra a personificação
• Secured Multipurpose Mail Extensions - S/MIME; por intrusos.
• Form Signing; Honeypot: É o nome dado a um software, cuja fun-
• Authenticode / Objectsigning. ção é detectar ou de impedir a ação de um cracker, de
um spammer, ou de qualquer agente externo estranho
O SSL é talvez a mais difundida aplicação para os cer- ao sistema, enganando-o, fazendo-o pensar que esteja
tificados digitais e é usado em praticamente todos os de fato explorando uma vulnerabilidade daquele sistema.
sites que fazem comércio eletrônico na rede (livrarias, lo-
jas de CD, bancos etc.). O SSL teve uma primeira fase de CERTIFICAÇÃO E ASSINATURA DIGITAL
adoção onde apenas os servidores estavam identificados
com certificados digitais, e assim tínhamos garantido, Um conjunto de dados encriptados, associados a um
além da identidade do servidor, o sigilo na sessão. En- documento do qual são função, garantindo a integridade
tretanto, apenas com a chegada dos certificados para os do documento associado, mas não a sua confidenciali-
browsers é que pudemos contar também com a identifi- dade.
cação na ponta cliente, eliminando assim a necessidade
do uso de senhas e logins.
A assinatura digital, portanto, busca resolver dois
O protocolo TLS foi criado como o sucessor do SSL. É problemas não garantidos apenas com uso da criptogra-
mais frequentemente usado como uma configuração nos fia para codificar as informações: a Integridade e a Pro-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

programas de e-mail, mas assim como o SSL, o TLS pode cedência.


ter um papel em qualquer transação cliente-servidor. Ela utiliza uma função chamada one-way hash func-
As diferenças entre o SSL e o TLS são muito peque- tion, também conhecida como: compression function,
nas e técnicas, porém eles possuem normas diferentes. O cryptographic checksum, message digest ou fingerprint.
TLS tem a capacidade de trabalhar em portas diferentes Essa função gera uma string única sobre uma informa-
e usa algoritmos de criptografia mais fortes como o ke- ção, se esse valor for o mesmo tanto no remetente quan-
yed-Hashing for Message Authentication Code (HMAC) to destinatário, significa que essa informação não foi al-
enquanto o SSL apenas Message Authentication Code terada.
(MAC). Além do que, a versão 1.0 do TLS não interopera Mesmo assim isso ainda não garante total integrida-
com a versão 3.0 do SSL. O TLS pode ser utilizado por de, pois a informação pode ter sido alterada no seu envio
uma autoridade intermediária, não sendo sempre neces- e um novo hash pode ter sido calculado.
sário recorrer à raiz de uma Autoridade de Certificação. Para solucionar esse problema, é utilizada a cripto-
O S/Mime é também um protocolo muito popular, grafia assimétrica com a função das chaves num sentido
pois permite que as mensagens de correio eletrônico tra- inverso, onde o hash é criptografado usando a chave pri-
feguem encriptadas e/ou assinadas digitalmente. Desta vada do remetente, sendo assim o destinatário de posse

79
da chave pública do remetente poderá decriptar o hash. - Assinatura da Autoridade em Certificação (CA): A CA
Dessa maneira garantimos a procedência, pois somente assina os dois primeiros elementos e, então, adi-
o remetente possui a chave privada para codificar o hash ciona credibilidade ao certificado. Quem recebe o
que será aberto pela sua chave pública. Já o hash, gerado certificado verifica a assinatura e acreditará na in-
a partir da informação original, protegido pela criptogra- formação de atributo e chave pública associadas se
fia, garantirá a integridade da informação. acreditar na Autoridade em Certificação.

Mecanismos de garantia da integridade da infor- Existem diversos protocolos que usam os certificados
mação digitais para comunicações seguras na Internet:
• Secure Socket Layer ou SSL;
Usando funções de “Hashing” ou de checagem, con- • Secured Multipurpose Mail Extensions - S/MIME;
sistindo na adição. • Form Signing;
• Authenticode / Objectsigning.
Mecanismos de controle de acesso
O SSL é talvez a mais difundida aplicação para os cer-
Palavras-chave, sistemas biométricos, firewalls, car-
tificados digitais e é usado em praticamente todos os
tões inteligentes.
sites que fazem comércio eletrônico na rede (livrarias, lo-
Mecanismos de certificação jas de CD, bancos etc.). O SSL teve uma primeira fase de
adoção onde apenas os servidores estavam identificados
Atesta a validade de um documento. O Certificado com certificados digitais, e assim tínhamos garantido,
Digital, também conhecido como Certificado de Identi- além da identidade do servidor, o sigilo na sessão. En-
dade Digital associa a identidade de um titular a um par tretanto, apenas com a chegada dos certificados para os
de chaves eletrônicas (uma pública e outra privada) que, browsers é que pudemos contar também com a identifi-
usadas em conjunto, fornecem a comprovação da identi- cação na ponta cliente, eliminando assim a necessidade
dade. É uma versão eletrônica (digital) de algo parecido a do uso de senhas e logins.
uma Cédula de Identidade - serve como prova de identi- O S/Mime é também um protocolo muito popular,
dade, reconhecida diante de qualquer situação onde seja pois permite que as mensagens de correio eletrônico tra-
necessária a comprovação de identidade. feguem encriptadas e/ou assinadas digitalmente. Desta
O Certificado Digital pode ser usado em uma gran- forma os e-mails não podem ser lidos ou adulterados
de variedade de aplicações, como comércio eletrônico, por terceiros durante o seu trânsito entre a máquina do
groupware (Intranets e Internet) e transferência eletrôni- remetente e a do destinatário. Além disso, o destinatário
ca de fundos. tem a garantia da identidade de quem enviou o e-mail.
Dessa forma, um cliente que compre em um shopping O Form Signing é uma tecnologia que permite que os
virtual, utilizando um Servidor Seguro, solicitará o Certi- usuários emitam recibos online com seus certificados di-
ficado de Identidade Digital deste Servidor para verificar: gitais. Por exemplo: o usuário acessa o seu Internet Ban-
a identidade do vendedor e o conteúdo do Certificado king e solicita uma transferência de fundos. O sistema
por ele apresentado. Da mesma forma, o servidor poderá do banco, antes de fazer a operação, pede que o usuário
solicitar ao comprador seu Certificado de Identidade Di- assine com seu certificado digital um recibo confirmando
gital, para identificá-lo com segurança e precisão. a operação. Esse recibo pode ser guardado pelo banco
Caso qualquer um dos dois apresente um Certifica-
para servir como prova, caso o cliente posteriormente
do de Identidade Digital adulterado, ele será avisado do
negue ter efetuado a transação.
fato, e a comunicação com segurança não será estabe-
O Authenticode e o Object Signing são tecnologias
lecida.
que permitem que um desenvolvedor de programas de
O Certificado de Identidade Digital é emitido e assi-
nado por uma Autoridade Certificadora Digital (Certifi- computador assine digitalmente seu software. Assim, ao
cate Authority). Para tanto, esta autoridade usa as mais baixar um software pela Internet, o usuário tem certeza
avançadas técnicas de criptografia disponíveis e de pa- da identidade do fabricante do programa e que o soft-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

drões internacionais (norma ISO X.509 para Certificados ware se manteve íntegro durante o processo de down-
Digitais), para a emissão e chancela digital dos Certifica- load. Os certificados digitais se dividem em basicamente
dos de Identidade Digital. dois formatos: os certificados de uso geral (que seriam
Podemos destacar três elementos principais: equivalentes a uma carteira de identidade) e os de uso
- Informação de atributo: É a informação sobre o ob- restrito (equivalentes a cartões de banco, carteiras de
jeto que é certificado. No caso de uma pessoa, isto clube etc.). Os certificados de uso geral são emitidos di-
pode incluir seu nome, nacionalidade e endereço retamente para o usuário final, enquanto que os de uso
e-mail, sua organização e o departamento da or- restrito são voltados basicamente para empresas ou go-
ganização onde trabalha. verno.
- Chave de informação pública: É a chave pública da Integridade: Medida em que um serviço/informação
entidade certificada. O certificado atua para as- é genuino, isto é, esta protegido contra a personificação
sociar a chave pública à informação de atributo, por intrusos.
descrita acima. A chave pública pode ser qualquer
chave assimétrica, mas usualmente é uma chave
RSA.

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Honeypot: É o nome dado a um software, cuja fun-
ção é detectar ou de impedir a ação de um cracker, de
um spammer, ou de qualquer agente externo estranho EXERCÍCIO COMENTADO
ao sistema, enganando-o, fazendo-o pensar que esteja
de fato explorando uma vulnerabilidade daquele sistema. 1. (TRE-PE - Conhecimentos Gerais - Cargo 6 - CESPE
/2017)
Aspectos legais O mecanismo de embaralhamento ou codificação utiliza-
A Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de do para proteger a confidencialidade de dados transmiti-
2001 define as regras para a criação da ICP-Brasil e da dos ou armazenados denomina-se:
DPC associada bem como a utilização de certificados
digitais no Brasil, aspectos legais e aspectos necessários a) assinatura digital.
para uma entidade se tornar uma AC Intermediária e as- b) certificação digital.
sim emitir certificados digitais para outras entidades ga- c) biometria.
rantindo autenticidade, integridade, não repúdio e vali- d) criptografia.
dade jurídica de trâmites eletrônicos por essas entidades e) proxy.
realizados.
A Lei 11.419 de 19 de dezembro de 2006 fundamenta Resposta: Letra D
os processos judiciais eletrônicos no Brasil. Nela, existe o Criptografia é o estudo (e ultilização) dos princípios
artigo 20 do capítulo 4, que altera o artigo 38 do Código e técnicas pelas quais a informação pode ser trans-
de Processo Civil (Lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973) de formada da sua forma original para outra ilegível, de
forma que a autenticação por certificados digitais tam- forma que possa ser conhecida apenas por seu desti-
bém seja legalmente válida. natário.

Criando um certificado digital


A entidade que deseja emitir o certificado gera um 2. (TRE-BA - Técnico Judiciário – Programação de Sis-
par de chaves criptográficas (uma chave pública e uma temas - CESPE /2017)
chave privada). Para atender aos requisitos de segurança, uma assinatura
Em seguida a entidade gera um arquivo chamado digital deve:
Certificate Signing Request (CSR) composto pela chave
pública da entidade e mais algumas informações que a a) ser de difícil reconhecimento e verificação.
AC requer sobre a entidade e é assinado digitalmente b) ser armazenável de forma digital.
pela chave privada da própria entidade e envia o CSR
c) independer da mensagem que será assinada.
cifrado pela chave pública da AC.
d) ser de difícil produção.
Então é necessário o comparecimento físico de um
e) conter apenas informações não exclusivas do emissor.
indivíduo responsável por aquela identidade em uma
Autoridade de Registro (AR) (em alguns casos a AR vai
Resposta: Letra B
até o cliente) para confirmação dos dados contidos no
Só existe assinatura digital armazenada em formato
CSR e se necessário o acréscimo de mais algum dado
digital (ou seja, não é nem um requisito de segurança,
do responsável pelo certificado e emissão do certificado.
mas da sua própria definição
Finalmente o CSR é “transformado” em um certificado
digital assinado pela AC e devolvido ao cliente.
Então o browser/aplicativo de gerência de certifica-
dos combina o certificado + a chave privada criando o
conceito de “Identidade digital”, normalmente salvando
a chave privada em um cofre protegido por uma frase
senha que será necessária para o posterior acesso a cha-
ve privada.
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

Os browsers existentes hoje em dia como Internet


Explorer, Firefox e Opera, conhecidos como o sistema
FIOPEX, FI de FIrefox, OP de OPera, e Ex de Internet EX-
plorer fazem a parte do processo que depende do cliente
(até o momento de enviar o CSR à AC) automaticamente.
O processo também pode ser feito manualmente usan-
do alguma biblioteca criptográfica como o OpenSSL por
exemplo.

81
A Informática é um meio para diversos fins, com isso Hardware, são os componentes físicos do computa-
acaba atuando em todas as áreas do conhecimento. A dor, ou seja, tudo que for tangível, ele é composto pelos
sua utilização passou a ser um diferencial para pessoas e periféricos, que podem ser de entrada, saída, entrada-saí-
empresas, visto que, o controle da informação passou a da ou apenas saída, além da CPU (Unidade Central de Pro-
ser algo fundamental para se obter maior flexibilidade no cessamento).
mercado de trabalho. Logo, o profissional, que melhor Software, são os programas que permitem o funciona-
integrar sua área de atuação com a informática, atingi- mento e utilização da máquina (hardware), é a parte lógica
rá, com mais rapidez, os seus objetivos e, consequente- do computador, e pode ser dividido em Sistemas Opera-
mente, o seu sucesso, por isso em quase todos editais de cionais, Aplicativos, Utilitários ou Linguagens de Progra-
concursos públicos temos Informática. mação.
O primeiro software necessário para o funcionamen-
to de um computador é o Sistema Operacional (Sistema
#FicaDica Operacional). Os diferentes programas que você utiliza
Informática pode ser considerada como sig- em um computador (como o Word, Excel, PowerPoint
nificando “informação automática”, ou seja, etc) são os aplicativos. Já os utilitários são os programas
a utilização de métodos e técnicas no trata- que auxiliam na manutenção do computador, o antivírus
mento automático da informação. Para tal, é é o principal exemplo, e para finalizar temos as Lingua-
preciso uma ferramenta adequada: O com- gens de Programação que são programas que fazem ou-
putador. tros programas, como o JAVA por exemplo.
A palavra informática originou-se da junção Importante mencionar que os softwares podem ser
de duas outras palavras: informação e au- livres ou pagos, no caso do livre, ele possui as seguintes
tomática. Esse princípio básico descreve o características:
propósito essencial da informática: trabalhar
informações para atender as necessidades • O usuário pode executar o software, para qualquer
dos usuários de maneira rápida e eficiente, uso.
ou seja, de forma automática e muitas vezes • Existe a liberdade de estudar o funcionamento do
instantânea. programa e de adaptá-lo às suas necessidades.
• É permitido redistribuir cópias.
• O usuário tem a liberdade de melhorar o programa
O que é um computador? e de tornar as modificações públicas de modo que
a comunidade inteira se beneficie da melhoria.
O computador é uma máquina que processa dados,
orientado por um conjunto de instruções. Ele é destina- Entre os principais sistemas operacionais pode-se
do a produzir resultados completos, com um mínimo de destacar o Windows (Microsoft), em suas diferentes ver-
intervenção humana. Entre vários benefícios, podemos sões, o Macintosh (Apple) e o Linux (software livre criado
citar: pelo finlandês Linus Torvalds), que apresenta entre suas
versões o Ubuntu, o Linux Educacional, entre outras.
: grande velocidade no processamento e disponibili- É o principal software do computador, pois possibilita
zação de informações; que todos os demais programas operem.
: precisão no fornecimento das informações;
: propicia a redução de custos em várias atividades
: próprio para execução de tarefas repetitivas; #FicaDica
Android é um Sistema Operacional desen-
Como ele funciona?
volvido pelo Google para funcionar em
dispositivos móveis, como Smartphones e
Em informática, e mais especialmente em computa-
Tablets. Sua distribuição é livre, e qualquer
dores, a organização básica de um sistema será na forma
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

pessoa pode ter acesso ao seu código-fonte


de:
e desenvolver aplicativos (apps) para funcio-
nar neste Sistema Operacional.
iOS, é o sistema operacional utilizado pelos
aparelhos fabricados pela Apple, como o
iPhone e o iPad.

Figura 1: Etapas de um processamento de dados.

Vamos observar agora, alguns pontos fundamentais


para o entendimento de informática em concursos pú-
blicos.

82
Conceitos básicos de Hardware (Placa mãe, me- É costume, no mercado, construírem memórias cujo
mórias, processadores (CPU) e disco de armazena- acesso, armazenamento e recuperação de informações
mento HDs, CDs e DVDs) são efetuados byte a byte. Por essa razão, em anúncios
de computadores, menciona-se que ele possui “512
Os gabinetes são dotados de fontes de alimentação mega bytes de memória”; por exemplo, na realidade, em
de energia elétrica, botão de ligar e desligar, botão de re- face desse costume, quase sempre o termo byte é omiti-
set, baias para encaixe de drives de DVD, CD, HD, saídas do por já subentender esse valor.
de ventilação e painel traseiro com recortes para encaixe Para entender melhor essas unidades de memórias,
de placas como placa mãe, placa de som, vídeo, rede, veja a imagem abaixo:
cada vez mais com saídas USBs e outras.
No fundo do gabinete existe uma placa de metal
onde será fixada a placa mãe. Pelos furos nessa placa é
possível verificar se será possível ou não fixar determi-
nada placa mãe em um gabinete, pois eles têm que ser
proporcionais aos furos encontrados na placa mãe para
parafusá-la ou encaixá-la no gabinete.

#FicaDica
Placa-mãe, é a placa principal, formada por
um conjunto de circuitos integrados (“chip Figura 2: Unidade de medida de memórias
set“) que reconhece e gerencia o funciona-
mento dos demais componentes do com- Em resumo, a cada degrau que você desce na Figura
putador. 3 é só você dividir por 1024 e a cada degrau que você
sobe basta multiplicar por 1024. Vejamos dois exemplos
Se o processador pode ser considerado o “cérebro”
abaixo:
do computador, a placa-mãe (do inglês motherboard)
representa a espinha dorsal, interligando os demais peri-
Destacar essa tabela
féricos ao processador.
O disco rígido, do inglês hard disk, também conhe-
cido como HD, serve como unidade de armazenamento
permanente, guardando dados e programas. Transformar 16422282522
Ele armazena os dados em discos magnéticos que Transformar 4 gigabytes kilobytes em terabytes:
mantêm a gravação por vários anos, se necessário. em kilobytes: 16422282522 / 1024 =
Esses discos giram a uma alta velocidade e tem seus 4 * 1024 = 4096 mega- 16037385,28 megabytes
dados gravados ou acessados por um braço móvel com- bytes 16037385,28 / 1024 =
posto por um conjunto de cabeças de leitura capazes de 4096 * 1024 = 4194304 15661,51 gigabytes
gravar ou acessar os dados em qualquer posição nos dis- kilobytes. 15661,51 / 1024 = 15,29
cos. terabytes.
Dessa forma, os computadores digitais (que traba-
lham com valores discretos) são totalmente binários.
Toda informação introduzida em um computador é con-
vertida para a forma binária, através do emprego de um USB é abreviação de “Universal Serial Bus”. É a porta
código qualquer de armazenamento, como veremos de entrada mais usada atualmente.
mais adiante. Além de ser usado para a conexão de todo o tipo
de dispositivos, ele fornece uma pequena quantidade de
A menor unidade de informação armazenável em
energia. Por isso permite que os conectores USB sejam
um computador é o algarismo binário ou dígito binário,
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

usados por carregadores, luzes, ventiladores e outros


conhecido como bit (contração das palavras inglesas bi-
equipamentos.
narydigit). O bit pode ter, então, somente dois valores:
A fonte de energia do computador ou, em inglês, PSU
0 e 1.
(Power Supply Unit — Unidade de Alimentação de Ener-
Evidentemente, com possibilidades tão limitadas, o
gia), é responsável por converter a voltagem da energia
bit pouco pode representar isoladamente; por essa ra- elétrica, que chega pelas tomadas, em voltagens meno-
zão, as informações manipuladas por um computador res, capazes de serem suportadas pelos componentes do
são codificadas em grupos ordenados de bits, de modo a computador.
terem um significado útil.
O menor grupo ordenado de bits representando uma Monitor de vídeo
informação útil e inteligível para o ser humano é o byte
(leia-se “baite”). Normalmente um dispositivo que apresenta informa-
Como os principais códigos de representação de ções na tela de LCD, como um televisor atual.
caracteres utilizam grupos de oito bits por caracter, os Outros monitores são sensíveis ao toque (chamados
conceitos de byte e caracter tornam-se semelhantes e as de touchscreen), nestes podemos escolher opções to-
palavras, quase sinônimas. cando em botões virtuais, apresentados na tela.

83
Impressora que representam o meio mais caro e rápido de arma-
zenamento de dados. Por isso são usados em pequenas
Muito popular e conhecida por produzir informações quantidades nos processadores.
impressas em papel.
Atualmente existem equipamentos chamados im- Em relação a sua arquitetura, se destacam os modelos
pressoras multifuncionais, que comportam impressora, RISC (Reduced Instruction Set Computer) e CISC (Com-
scanner e fotocopiadoras num só equipamento. plex Instruction Set Computer). Segundo Carter [s.d.]:
Pen drive é a mídia portátil mais utilizada pelos usuá- ... RISC são arquiteturas de carga-armazenamento,
rios de computadores atualmente. enquanto que a maior parte das arquiteturas CISC per-
Ele não precisa recarregar energia para manter os da- mite que outras operações também façam referência à
dos armazenados. Isso o torna seguro e estável, ao con- memória.
trário dos antigos disquetes. É utilizado através de uma Possuem um clock interno de sincronização que de-
porta USB (Universal Serial Bus). fine a velocidade com que o processamento ocorre. Essa
Cartões de memória, são baseados na tecnologia velocidade é medida em Hertz. Segundo Amigo (2008):
flash, semelhante ao que ocorre com a memória RAM Em um computador, a velocidade do clock se refere
do computador, existe uma grande variedade de formato ao número de pulsos por segundo gerados por um osci-
desses cartões. lador (dispositivo eletrônico que gera sinais), que deter-
São muito utilizados principalmente em câmeras mina o tempo necessário para o processador executar
fotográficas e telefones celulares. Podem ser utilizados uma instrução. Assim para avaliar a performance de um
também em microcomputadores. processador, medimos a quantidade de pulsos gerados
em 1 segundo e, para tanto, utilizamos uma unidade de
medida de frequência, o Hertz.
#FicaDica
BIOS é o Basic Input/Output System, ou Sis-
tema Básico de Entrada e Saída, trata-se de
um mecanismo responsável por algumas
atividades consideradas corriqueiras em
um computador, mas que são de suma im-
portância para o correto funcionamento de
uma máquina.

Se a BIOS para de funcionar, o PC também para! Ao


iniciar o PC, a BIOS faz uma varredura para detectar e
identificar todos os componentes de hardware conecta-
dos à máquina.
Só depois de todo esse processo de identificação é Figura 3: Esquema Processador
que a BIOS passa o controle para o sistema operacional e
o boot acontece de verdade. Na placa mãe são conectados outros tipos de placas,
Diferentemente da memória RAM, as memórias ROM com seus circuitos que recebem e transmitem dados
(Read Only Memory – Memória Somente de Leitura) não para desempenhar tarefas como emissão de áudio, co-
são voláteis, mantendo os dados gravados após o desli- nexão à Internet e a outros computadores e, como não
gamento do computador. poderia faltar, possibilita a saída de imagens no monitor.
As primeiras ROM não permitiam a regravação de seu Essas placas, muitas vezes, podem ter todo seu hard-
conteúdo. Atualmente, existem variações que possibili- ware reduzido a chips, conectados diretamente na placa
tam a regravação dos dados por meio de equipamentos mãe, utilizando todos os outros recursos necessários, que
especiais. Essas memórias são utilizadas para o armaze- não estão implementados nesses chips, da própria mo-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

namento do BIOS. therboard. Geralmente, esse fato implica na redução da


O processador que é uma peça de computador que velocidade, mas hoje essa redução é pouco considerada,
contém instruções para realizar tarefas lógicas e mate- uma vez que é aceitável para a maioria dos usuários.
máticas. O processador é encaixado na placa mãe atra- No entanto, quando se pretende ter maior potência
vés do socket, ele que processa todas as informações do de som, melhor qualidade e até aceleração gráfica de
computador, sua velocidade é medida em Hertz e os fa- imagens e uma rede mais veloz, opta-se pelas placas off
bricantes mais famosos são Intel e AMD. board. Vamos conhecer mais sobre esse termo e sobre as
O processador do computador (ou CPU – Unidade placas de vídeo, som e rede:
Central de Processamento) é uma das partes principais Placas de vídeo são hardwares específicos para traba-
do hardware do computador e é responsável pelos cál- lhar e projetar a imagem exibida no monitor. Essas placas
culos, execução de tarefas e processamento de dados. podem ser onboard, ou seja, com chipset embutido na
Contém conjuntos restritos de células de memória placa mãe, ou off board, conectadas em slots presentes
chamados registradores que podem ser lidos e escritos na placa mãe. São considerados dispositivos de saída de
muito mais rapidamente que em outros dispositivos de dados, pois mostram ao usuário, na forma de imagens,
memória. Os registradores são unidades de memória o resultado do processamento de vários outros dados.

84
Você já deve ter visto placas de vídeo com especi-
ficações 1x, 2x, 8x e assim por diante. Quanto maior o EXERCÍCIO COMENTADO
número, maior será a quantidade de dados que passarão
por segundo por essa placa, o que oferece imagens de
vídeo, por exemplo, com velocidade cada vez mais próxi-
ma da realidade. Além dessa velocidade, existem outros
itens importantes de serem observados em uma placa de
vídeo: aceleração gráfica 3D, resolução, quantidade de
cores e, como não poderíamos esquecer, qual o padrão
de encaixe na placa mãe que ela deverá usar (atualmente
seguem opções de PCI ou AGP). Vamos ver esses itens
um a um:
Placas de som são hardwares específicos para traba-
lhar e projetar sons, seja em caixas de som, fones de ou-
vido ou microfone. Essas placas podem ser onboard, ou
seja, com chipset embutido na placa mãe, ou offboard,
conectadas em slots presentes na placa mãe. São dispo-
sitivos de entrada e saída de dados, pois tanto permitem
a inclusão de dados (com a entrada da voz pelo micro-
fone, por exemplo) como a saída de som (por meio das
caixas de som, por exemplo).
Placas de rede são hardwares específicos para inte-
grar um computador a uma rede, de forma que ele possa
enviar e receber informações. Essas placas podem ser on-
board, ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou Considerando a figura acima, que ilustra as proprie-
offboard, conectadas em slots presentes na placa mãe. dades de um dispositivo USB conectado a um computa-
dor com sistema operacional Windows 7, julgue os itens
a seguir
#FicaDica
Alguns dados importantes a serem observa- 1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) As infor-
dos em uma placa de rede são: a arquitetura mações na figura mostrada permitem inferir que o dis-
positivo USB em questão usa o sistema de arquivo NTFS,
de rede que atende os tipos de cabos de
porque o fabricante é Kingston.
rede suportados e a taxa de transmissão.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Periféricos de computadores
Resposta: Errado. Por padrão os pendrives (de baixa
Para entender o suficiente sobre periféricos para con- capacidade) são formatados no sistema de arquivos
curso público é importante entender que os periféricos FAT, mas a marca do dispositivo ou mesmo a janela
são os componentes (hardwares) que estão sempre liga- ilustrada não apresenta informações para afirmar so-
dos ao centro dos computadores. bre qual sistema de arquivos está sendo utilizado.
Os periféricos são classificados como:
Dispositivo de Entrada: É responsável em transmitir a 2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Ao se cli-
informação ao computador. Exemplos: mouse, scanner, car no ícone , será mostrado, no Resumo
microfone, teclado, Web Cam, Trackball, Identificador das Funções do Dispositivo, em que porta USB o disposi-
Biométrico, Touchpad e outros. tivo está conectado.
Dispositivos de Saída: É responsável em receber a in-
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

formação do computador. Exemplos: Monitor, Impresso- ( ) CERTO ( ) ERRADO


ras, Caixa de Som, Ploter, Projector de Vídeo e outros.
Dispositivo de Entrada e Saída: É responsável em Resposta: Certo. Ao se clicar no ícone citado será de-
transmitir e receber informação ao computador. Exem- monstrada uma janela com informações/propriedades
plos: Drive de Disquete, HD, CD-R/RW, DVD, Blu-ray, do dispositivo em questão, uma das informações que
modem, Pen-Drive, Placa de Rede, Monitor Táctil, Dis- aparecem na janela é a porta em que o dispositivo
positivo de Som e outros. USB foi/está conectado.

#FicaDica 3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Um clique


Periféricos sempre podem ser classificados duplo em fará que seja
disponibilizada uma janela contendo funcionalidades
em três tipos: entrada, saída e entrada e sa- para a formatação do dispositivo USB.
ída.

( ) CERTO ( ) ERRADO

85
Resposta: Errado. 7. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Diferentemen-
O Clique duplo para o caso da ilustração fará abrir a te dos computadores pessoais ou PCs tradicionais, que
janela de propriedades do dispositivo. são operados por meio de teclado e mouse, os tablets,
A respeito de tipos de computadores e sua arquitetura computadores pessoais portáteis, dispõem de recurso
de processador, julgue os itens subsequentes touchscreen. Outra diferença entre esses dois tipos de
4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Diferen- computadores diz respeito ao fato de o tablet possuir
temente de um processador de 32 bits, que não suporta firmwares, em vez de processadores, como o PC.
programas feitos para 64 bits, um processador de 64 bits
é capaz de executar programas de 32 bits e de 64 bits. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado.


O uso dos processadores era algo que até um tempo
Resposta: Certo. atrás ficava restrito a desktops, notebooks e, em uma
Se o programa for especialmente projetado para a maior escala, a servidores, mas com a popularização
versão de 64 bits do Windows, ele não funcionará na de smartphones e tablets esse cenário mudou. Gran-
versão de 32 bits do Windows. (Entretanto, a maioria
dos programas feitos para a versão de 32 bits do Win- des players como Samsung, Apple e NVIDIA passaram
dows funciona com uma versão de 64 bits do Windo- a fabricar seus próprios modelos, conhecidos como
ws.) SoCs (System on Chip), que além da CPU incluem me-
mória RAM, placa de vídeo e muitos outros compo-
5. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Um pro- nentes.
cessador moderno de 32 bits pode ter mais de um núcleo
por processador. 8. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se
clicar na opção , será executado um programa que
( ) CERTO ( ) ERRADO permitirá a realização de operações de criptografia no
arquivo para protegê-lo contra leitura indevida.

Resposta: Certo.
O processador pode ter mais de um núcleo (CORE), o ( ) CERTO ( ) ERRADO
que gera uma divisão de tarefas, economizando ener-
gia e gerando menos calor. EX. dual core (2 núcleos).
Os tipos de processador podem ser de 32 bits e 64 bits Resposta: Errado.
WinZip é um dos principais programas para com-
6. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma pactar e descompactar arquivos de seu computador.
solução de armazenamento embasada em hard drive ex- Perfeito para organizar e economizar espaço em seu
terno de estado sólido usando USB 2.0 for substituída disco rígido.
por uma solução embasada em cloud storage, ocorre-
rá melhoria na tolerância a falhas, na redundância e na 9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) A co-
acessibilidade, além de conferir independência frente aos
provedores de serviços contratados. municação entre a CPU e o monitor de vídeo é feita, na
grande maioria dos casos, pela porta serial.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado.
Não há “maior independência frente aos provedores Resposta: Errado.
de serviço contratados”, pois o acesso aos dados de- As portas de vídeo mais comuns são: VGA, DVI e HDMI.
penderá do provedor de serviços de nuvem no qual
seus dados ficarão armazenados, qualquer que seja 10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Alguns
a nuvem. Independência para mudar de fornecedor, tipos de mouse se comunicam com o computador por
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

quando existente, não implica em dizer que o usuário meio de porta serial.
fica independente do fornecedor que esteja usando
no momento.
Acerca de conceitos de hardware, julgue o item se- ( ) CERTO ( ) ERRADO
guinte.
Resposta: Certo.
A interface serial ou porta serial, também conhecida
como RS-232 é uma porta de comunicação utilizada
para conectar pendrives, modems, mouses, algumas
impressoras, scanners e outros equipamentos de har-
dware. Na interface serial, os bits são transferidos em
fila, ou seja, um bit de dados de cada vez.

86
6. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA –
ÁREA 8 – CESPE – 2018) Julgue o item seguinte, acerca
HORA DE PRATICAR! de tecnologias de redes locais.
As redes LANs (local area network) permitem o compar-
1. (SEDF – PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA – IN- tilhamento de recursos e a troca de informações e po-
FORMÁTICA –CESPE – 2018) Julgue o item a seguir, a dem ser distinguidas de outros tipos de redes pelo seu
respeito de banco de dados, organização de arquivos, tamanho, por sua tecnologia de transmissão e por sua
métodos de acesso e banco de dados textuais. topologia.
Sistemas de gerenciamento de banco de dados exigem
que as linguagens de definição de dados sejam embuti- ( ) CERTO ( ) ERRADO
das nos programas que manipulam os dados.
7. (EBSERH – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – CESPE –
2018) No que diz respeito às redes LANs e WANs e aos
( ) CERTO ( ) ERRADO
protocolos e serviços de redes de computadores, julgue
o item subsecutivo.
2. (EBSERH – ANALISTA DE TECNOLOGIA DA IN-
Nas redes WANs, o atraso de propagação, definido como
FORMAÇÃO – CESPE – 2018) Com relação a banco de
a distância entre dois roteadores dividida pela velocida-
dados, julgue o item seguinte.
de de propagação, é da ordem de milissegundos.
Após um banco de dados ser criado, o administrador
executa uma série de tarefas para dar permissão de aces-
( ) CERTO ( ) ERRADO
so aos usuários que necessitam ler e gravar informações
na base de dados. A responsabilidade de gerir os acessos
ao banco de dados é do sistema gerenciador de banco
de dados (SGBD).
8. (EBSERH – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – CESPE –
( ) CERTO ( ) ERRADO 2018) No que diz respeito às redes LANs e WANs e aos
protocolos e serviços de redes de computadores, julgue
3. (EBSERH – ANALISTA DE TECNOLOGIA DA IN- o item subsecutivo.
FORMAÇÃO – CESPE – 2018) Com relação a banco de A maioria das WANs, por serem redes de longa distân-
dados, julgue o item seguinte. cia, não utiliza roteadores conectados entre as linhas de
Diferentemente dos bancos de dados transacionais, a transmissão, uma vez que esses equipamentos são de di-
modelagem de bancos de dados multidimensionais é fícil configuração e tornam as redes mais lentas.
caracterizada pelo uso de tabelas fato e tabelas perifé-
ricas, que armazenam, respectivamente, a transação e as ( ) CERTO ( ) ERRADO
dimensões.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (EBSERH – ANALISTA DE TECNOLOGIA DA IN-


FORMAÇÃO – CESPE – 2018) Com relação a banco de
dados, julgue o item seguinte. GABARITO
As soluções de big data focalizam dados que já existem,
descartam dados não estruturados e disponibilizam os
dados estruturados.
1 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO 2 CERTO
3 CERTO
CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

5. (CGM DE JOÃO PESSOA-PB – AUDITOR MUNICI-


4 ERRADO
PAL DE CONTROLE INTERNO – DESENVOLVIMEN-
TO DE SISTEMAS – CESPE – 2018) A respeito de ban- 5 ERRADO
cos de dados, julgue o item a seguir. 6 CERTO
Um banco de dados é uma coleção de dados que são
7 CERTO
organizados de forma randômica, sem significado implí-
cito e de tamanho variável, e projetados para atender a 8 ERRADO
uma proposta específica de alta complexidade, de acor-
do com o interesse dos usuários.

( ) CERTO ( ) ERRADO

87
ANOTAÇÕES

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CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INFORMÁTICA

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ÍNDICE

CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Direito Constitucional: natureza, conceito e objeto...................................................................................................................................................01
Poder Constituinte..................................................................................................................................................................................................................02
Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade...........................................................................................................................05
Regimes políticos e formas de governo.........................................................................................................................................................................15
A repartição de competência na Federação.................................................................................................................................................................23
Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, da nacionalidade, direitos políticos
e dos partidos políticos.........................................................................................................................................................................................................23
Organização político-administrativa da União, dos Estados Federados, dos Municípios e do Distrito Federal................................39
Da Administração Pública....................................................................................................................................................................................................39
Do Poder Legislativo: fundamento, atribuições e garantias de independência..............................................................................................53
Do Poder Executivo: forma e sistema de governo, Chefia de Estado e Chefia de Governo, atribuições e responsabilidades do
Presidente da República.......................................................................................................................................................................................................61
Do Poder Judiciário: fundamento, atribuições e garantias.....................................................................................................................................65
Das Funções Essenciais à Justiça.......................................................................................................................................................................................78
Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas: do Estado de Defesa, do Estado de Sítio, das Forças Armadas, da Segu-
rança Pública.............................................................................................................................................................................................................................82
Da Ordem Social: base e objetivos da ordem social, da seguridade social, da educação, da cultura, do desporto, da ciência e
tecnologia, da comunicação social, do meio ambiente, da família, da criança, do adolescente, do idoso e dos índios...............87
- Constituição no sentido político
DIREITO CONSTITUCIONAL NATUREZA, Carl Schmitt3 propõe que o conceito de Constituição
CONCEITO E OBJETO não está na Constituição em si, mas nas decisões polí-
ticas tomadas antes de sua elaboração. Sendo assim, o
conceito de Constituição será estruturado por fatores
Direito Constitucional: natureza, conceito e objeto: como o regime de governo e a forma de Estado vigentes
no momento de elaboração da lei maior. A Constituição
O Direito Constitucional é ramo complexo e essen- é o produto de uma decisão política e variará conforme
cial ao jurista no exercício de suas funções, afinal, a partir o modelo político à época de sua elaboração.
dele que se delineia toda a estrutura do ordenamento
jurídico nacional. Basicamente, é um ramo do Direito Pú- - Constituição no sentido material
blico apto a expor, interpretar e sistematizar os princípios Pelo conceito material de Constituição, o que define
e normas fundamentais do Estado. Pode-se dizer, ainda, se uma norma será ou não constitucional é o seu conteú-
que é a ciência positiva das constituições. do e não a sua mera presença no texto da Carta Magna.
Embora, para o operador do Direito brasileiro, a Cons- Em outras palavras, determinadas normas, por sua na-
tituição Federal de 1988 seja o aspecto fundamental do tureza, possuem caráter constitucional. Afinal, classica-
estudo do Direito Constitucional, impossível compreen- mente a Constituição serve para limitar e definir questões
dê-la sem antes situar a referida Carta Magna na teoria estruturais relativas ao Estado e aos seus governantes.
do constitucionalismo, conforme estudado nos últimos
dois tópicos. - Constituição no sentido formal
O objeto do direito constitucional é a Constituição A Constituição no sentido formal é definida exclusiva-
Política do Estado. Por isso mesmo, a principal noção mente pelo modo como a norma é inserida no ordena-
que cerca esse objeto constitucional é a de supremacia mento jurídico, isto é, tudo o que constar na Constituição
da Constituição. Federal em sua redação originária ou for inserido poste-
Para entender qual objeto do direito constitucional, riormente por emenda constitucional é norma constitu-
é preciso estudar os conceitos possíveis de Constituição, cional, independentemente do conteúdo.
que é delicado, pois de forma pacífica a doutrina com-
preende que este conceito pode ser visto sob diversas
- Constituição no sentido jurídico
perspectivas. Sendo assim, Constituição é muito mais do
Corresponde à noção relacionada ao conceito de su-
que um documento escrito que fica no ápice do ordena-
premacia constitucional, que será aprofundado adiante.
mento jurídico nacional estabelecendo normas de limi-
Quanto às fontes do Direito Constitucional, podem
tação e organização do Estado, mas tem um significado
ser apontadas:
intrínseco sociológico, político, cultural e econômico.
- DIREITO NATURAL, que é fonte legitimadora de
todo e qualquer preceito de direito positivo.
- Constituição no sentido sociológico
O sentido sociológico de Constituição foi definido
por Ferdinand Lassale, segundo o qual toda Constituição - CONSTITUIÇÃO POLÍTICA, a qual representa a
que é elaborada tem como perspectiva os fatores reais vontade soberana do povo manifestada através do po-
de poder na sociedade. Neste sentido, aponta Lassale1: der constituinte, constituindo a fonte direta e principal,
“Colhem-se estes fatores reais de poder, registram-se em no campo da positividade jurídica.
uma folha de papel, [...] e, a partir desse momento, incor-
porados a um papel, já não são simples fatores reais do - COSTUMES E TRADIÇÕES, que são as regras firma-
poder, mas que se erigiram em direito, em instituições das no decorrer da evolução social, servindo como rotei-
jurídicas, e quem atentar contra eles atentará contra a lei ro necessário ao legislador constituinte.
e será castigado”. Logo, a Constituição, antes de ser nor-
ma positivada, tem seu conteúdo delimitado por aqueles - JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS, que é muito
importante nos países de Constituição escrita, onde o
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

que possuem uma parcela real de poder na sociedade.


Claro que o texto constitucional não explicitamente tra- mais alto órgão do Poder Judiciário exerce a função de
rá estes fatores reais de poder, mas eles podem ser de- intérprete máximo e guardião da Constituição.
preendidos ao se observar favorecimentos implícitos no
texto constitucional. - DOUTRINA, correspondente ao pensamento dos
-Carl Schmitt2 propõe que o conceito de Constituição juristas, que tem desempenhado papel de alta relevância
não está na Constituição em si, mas nas decisões políticas na formação e na transformação do direito em geral.
tomadas antes de sua elaboração. Sendo assim, o
conceito de Constituição será estruturado por fatores O Direito Constitucional se relaciona com outros
como o regime de governo e a forma de Estado vigentes ramos do Direito principalmente porque é o ponto de
no momento de elaboração da lei maior. A Constituição partida de todos eles, devido à sua supremacia. Ao longo
é o produto de uma decisão política e variará conforme
o modelo político à época de sua elaboração. da Constituição, estão normas que servem de base
para inúmeras áreas jurídicas: penal, civil, administrativo,
1 LASSALLE, Ferdinand. A Essência da Constituição. 6. ed. Rio de trabalhista, tributário, etc.
Janeiro: Lumen Juris, 2001
2 SCHMITT, Carl. Teoría de La Constitución. Presentación de Fran- 3 SCHMITT, Carl. Teoría de La Constitución. Presentación de Fran-
cisco Ayala. 1. ed. Madrid: Alianza Universidad Textos, 2003. cisco Ayala. 1. ed. Madrid: Alianza Universidad Textos, 2003.

1
#FicaDica PODER CONSTITUINTE
O direito constitucional é o ramo do Direito
Público apto a expor, interpretar e sistemati-
zar os princípios e normas fundamentais do
Segundo a Prof. Nathalia Masson, “o poder consti-
Estado.
tuinte é a força política que se funda em si mesma, a
Seu objeto é a Constituição política do Es- expressão sublime da vontade de um povo em estabele-
tado. cer e disciplinar as bases organizacionais da comunidade
política”.
Suas fontes são o direito natural, a Constitui- O poder constituinte é, portanto, aquele poder res-
ção Política, os costumes, a jurisprudência e ponsável por dar origem ao regramento do Estado. É
a doutrina. graças a esse poder que serão definidas a estrutura de
É ponto de partida de todos ramos do Direi- jurídicas e políticas do novo ordenamento que está sur-
to, que devem obedecê-lo. gindo. Esse poder normalmente nasce junto com o pró-
prio estado, ou seja, o povo em conjunto estabelece as
regras que regerão aquela nova unidade.
O poder constituinte é aquele que também cria os
demais poderes, que apresenta o regramento, seus limi-
EXERCÍCIO COMENTADO tes e suas atribuições. Tem enorme importância no pro-
cesso de formação do novo estado, pois, graças a ele
1. (PGE/PI - Procurador do Estado Substituto - CES- será possível dar vida ao novo ordenamento.
PE/2014) Existem duas correntes que definem a natureza do
Acerca das fontes normativas integrantes do ordenamen- poder constituinte. São elas: corrente jusnaturalista e cor-
to jurídico do Estado brasileiro, assinale a opção correta. rente juspositivista. A primeira, considerada que o poder
constituinte é uma espécie de poder de direito, pois para
a) Conflitos entre leis ordinárias e leis complementares autores como Sieyés o direito natural precede ao novo
têm de ser resolvidos necessariamente em favor das Estado em surgimento, uma espécie de poder de direito
leis complementares. nascido antes do Estado com a tarefa de organizar essa
b) Embora as leis orgânicas municipais estejam sujeitas nova sociedade. A segunda corrente defende que não há
às constituições dos respectivos estados-membros, como existir regramentos (direitos) precedentes ao Es-
estas últimas não têm o poder de disciplinar assunto tado, posto que estes surgem a partir do momento que
considerado de interesse local. o povo decide se organizar em sociedade; estar-se-ia,
c) Decreto autônomo do governador de um estado fede- portanto, diante de um poder de fato, um poder político
rado deve ater-se aos limites do poder regulamentar. fruto das forças sociais que o criam.
d) Conflitos entre leis estaduais e leis municipais têm de
ser sanados necessariamente em favor das leis esta-
duais. #FicaDica
e) Todas as normas da CF são de observância obrigatória Jusnaturalista – poder de fato: o poder
para estados e municípios, devendo ser necessaria- constituinte é anterior ao estado. Tem
mente observadas pelas respectivas leis fundamentais. natureza jurídica, por isso apto a organizar
uma constituição.
Resposta: Alternativa B. Juspositivista – poder de direito: é um
Nos termos do artigo 30, I, CF, “Compete aos Municí- poder político, fruto da vontade do povo
pios: I - legislar sobre assuntos de interesse local”. Tra- que legitima a construção de um novo
ta-se de competência legislativa dos municípios que documento formal.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

se submetem à Constituição estadual, mas que não


podem por ela serem regulamentadas. Por seu turno,
“A” está incorreta porque não há hierarquia entre leis - Classificação
complementares e leis ordinárias, tudo é uma questão 1. Quanto ao momento de manifestação (surgimen-
de matéria reservada a casa qual; “C” está incorreta to):
porque o decreto autônomo não se sujeita aos limi- - Fundacional: é o poder que produz a primeira cons-
tes do poder regulamentar; “D” está incorreta porque tituição do Estado.
conflitos entre leis estaduais e leis municipais devem - Pós-fundacional: por conta de ruptura da ordem vi-
ser resolvidos em matéria de competência legislativa; gente, necessário elaborar novo texto.
“E” está incorreta porque a relação de compatibilidade
não é absoluta. 2. Quanto às dimensões
- Material: marca os “valores” que serão prestigiados
pela constituição.
- Formal: formaliza a criação do estado, exprimindo a
ideia de direito convencionada.

2
- Características
- Inicial: é considerado inicial, pois não existe nada antes dele. O poder constituinte elabora um documento que
inaugura um novo Estado.
- Ilimitado: não está subordinado a nenhum outro regramento.
- Incondicionado: atua livremente, não está adstrito a condições previamente estipuladas.
- Autônomo: possibilidade do poder definir o conteúdo da nova constituição.
- Permanente: não se esgota. Rompendo sistema vigente, apto a elaborar nova constituição.

#FicaDica

- Poderes Constituídos
Os poderes constituídos são aqueles criados pelo poder constituinte originário. Os poderes constituídos são, por-
tanto, derivados do poder constituinte originário e podem ser divididos nas seguintes espécies:
- Poder Constituído Derivado reformador: tem por escopo alterar a constituição de modo a adequá-la as transfor-
mações decorrentes de novas dinâmicas sociais. No Brasil esse poder é exprimido pelas Emendas Constitucionais.
O poder derivado reformador tem enorme importância para o direito constitucional, posto que é por ele que a
Constituição se adequa as transformações proporcionadas pelo tempo, ou seja, para se evitar a confecção de um novo
texto constitucional sempre que for necessária sua adequação aos novos contornos da sociedade, utiliza-se do poder
reformador.
Vale ressaltar que nossa CF/88 é classificada como uma constituição rígida, não podendo ser mudada a qualquer
tempo e por qualquer modo. Apesar da possibilidade de sua modificação, para que isso ocorra necessário respeitar um
procedimento rigoroso, também previsto pela própria Constituição.
Um dos enfrentamos que se coloca à frente do legislador é a percepção correto daquilo que de fato precisa ser
mudado e do tempo em que aquilo deve ser mudado. Do contrário, estar-se-ia diante da fragilização do texto cons-
titucional já que intenções controvertidas podem prejudicar a estabilidade do texto. Por conta disso a própria CF/88
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

trouxe em seu texto alguns limites à possibilidade de reforma; essas limitações se dividem em implícitas e expressas.
As expressas, por sua vez, podem ser divididas em: temporais, materiais, circunstanciais e formais. Iniciaremos com o
estudo das limitações expressas.

Limitações expressas

A -Temporais: referidas limitações não constam no texto da CF/88. Portanto, inexistentes em nossa legislação qual-
quer restrição temporal para sua mudança. Salvo nas hipóteses vedadas pela própria CF/88, poderá sofrer mudanças
a qualquer tempo.

B – Materiais: como o próprio nome já explica, são matérias previstas na CF/88 que não podem sofrer alteração, não
podem ser reformadas. Segundo o art. 60 §4º (cláusulas pétreas), não poderá ser objeto de deliberação a proposta de
emenda constitucional tendente a abolir a:
- forma federativa de Estado,
- o voto direto, secreto, universal e periódico,
- a separação dos Poderes e
- os direitos e as garantias individuais.

3
C – Circunstanciais: em determinadas situações, ou - Poder Constituído Derivado decorrente: é o poder
seja, sob determinadas “circunstâncias” a CF/88 não po- recebido pelos estados-membros do poder cons-
derá ser alterada. Nos termos do art. 60 §1º, a CF/88 não tituinte originário para que estes possam elaborar
poderá ser alterada na vigência do estado de sítio, do sua própria constituição. No Brasil, referida possi-
estado de defesa e da intervenção federal. Importante bilidade vem expressa no art. 25 da CF/88.
lembrar que essas 03 situações trazidas pelo artigo da
Constituição são momentos de crise no país e, por conta Limites ao Poder Decorrente
disso, a impossibilidade de reforma do texto. Não obstante, pelo princípio da simetria, terem rece-
D – Formais (procedimentos): em se tratando de uma bido do poder constituinte originário a possibilidade de
constituição considerada rígida, qualquer mudança em criarem suas próprias constituições, os estados-membros
seu texto deverá passar por rigoroso procedimento. Em encontram algumas limitações ao exercício desta liberali-
primeiro, não é qualquer “pessoa” que pode requerer dade. A justificativa reside no fato de que, sendo a cons-
a mudança do texto constitucional; em segundo, essa tituição federal a lei maior, nada poderá dela destoar.
mudança deve obedecer a um procedimento específico, Assim, apesar da permissão constitucional de elabo-
também rigoroso e complexo para evitar que a constitui- rarem seu próprio texto constitucional, ao fazê-los os es-
ção seja alterada a qualquer momento. tados-membros devem guardar observância a algumas
restrições impostas pela lei maior. As limitações são as
- Limitação formal subjetiva: rol de legitimados a pro- seguintes:
porem projetos de emenda à constituição (art. 60) 1 – Princípios Constitucionais sensíveis: são os funda-
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara mentos da organização constitucional do país. No caso,
dos Deputados ou do Senado Federal; estão dispostos no art. 34 VII da CF/88. Ao elaborarem
II - do Presidente da República; suas próprias constituições os estados-membros devem
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas observar:
das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma - forma republicana,
delas, pela maioria relativa de seus membros.
- sistema representativo e ao regime democrático,
- Limitação formal objetiva: procedimento que deve
- direitos da pessoa humana,
ser adotado para alteração do texto constitucional (art.
- autonomia municipal,
60 §2º). A proposta será:
- prestação de contas da administração pública, dire-
I - discutida e votada em cada Casa do Congresso
ta e indireta,
Nacional,
- aplicação do mínimo exigido da receita resultante
II - em dois turnos,
de impostos estaduais na manutenção e desen-
III - considerando-se aprovada se obtiver, em ambos,
três quintos dos votos dos respectivos membros. volvimento do ensino e nos serviços públicos de
saúde.
Portanto, a proposta de emenda constitucional de-
verá ser discutida e votada nas duas casas do Congresso #FicaDica
Nacional (executivo e legislativo). Essa votação deverá A não observância dos princípios constitu-
ser aprovada por no mínimo 3/5 dos integrantes da res- cionais sensíveis ensejam a possibilidade
pectiva casa. de intervenção federal pelo Presidente da
Assim, certos de que na Câmara dos Deputados te- República, nos termos do art. 36 III da CF/88
mos 513 Deputados Federais e no Senado Federal 81 Se-
nadores, para aprovação de uma emenda, necessário a
anuência de 308 deputados e 49 Senadores. 2 – Princípios Constitucionais Extensíveis: trata-se
de normas de organização da federação extensíveis aos
Por fim, importante lembrar que essa votação deverá estados-membros, Distrito Federal e municípios. Estas
ser realizada duas vezes e, nestas duas situações deverá normas podem estar explícitas ou implícitas no texto da
Constituição.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

alcançar o mesmo número de votantes.

Exemplificando:
#FicaDica Explícitas: regras eleitorais. O sistema eleitoral previs-
Limites a possibilidade de reforma do texto to para a eleição do chefe do executivo federal (Presiden-
constitucional: te da República) deve ser o mesmo para eleição do chefe
- matérias, circunstâncias e procedimentos do executivo estadual. Em outras palavras, no que tange
ao sistema eleitoral a CF/88 explicita as regras e estas
devem ser aplicadas aos demais entes da federação.
Limitações Implícitas
São aquelas limitações que não se encontram grafa- Implícitas: requisitos para a Criação de Comissão par-
das no texto da constituição, mas que orientam a refor- lamentares de Inquérito. Apesar de estarem previstas no
ma constitucional, como por exemplo: art. 58 §3º da CF/88 a sua criação, as regras para isso fo-
- Impossibilidade de mudança do art. 60. ram definidas por leis infraconstitucionais. Deste modo,
- Poder reformador não pode mudar a titularidade. referidas regras se estendem aos demais entes.
- Impossibilidade de extirpar os fundamentas da Re-
pública, insculpidos no art. 1º.

4
#FicaDica c) inicial, pois sua obra é a base da ordem jurídica.
d) insubordinado, pois está limitado apenas por princí-
São chamados de princípios extensíveis, pois pios não escritos.
devem ser observados pelos demais entes da e) incondicionado, pois não está sujeito a qualquer for-
federação, independente de estarem explíci- ma prefixada para manifestar sua vontade.
tos ou implícitos na Lei Maior
Resposta: Letra B
O poder constituinte derivado se divide em reforma-
dor e decorrente. Ambos são limitados, posto que atuam
EXERCÍCIO COMENTADO sob a orientação e dentro dos limites do poder consti-
tuinte originário.
1. APLICADA EM: 2018 BANCA: CONSULPLAN ÓR-
GÃO: CÂMARA DE BELO HORIZONTE - MGPRO-
VA: COORDENADOR DO PROCESSO LEGISLATIVO.
O poder constituinte compreende o poder responsável SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO E CON-
pela criação, modificação ou mesmo extinção de normas TROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
constitucionais. O poder constituinte se divide em duas
espécies. A respeito das espécies de poder constituinte,
assinale a alternativa correta.
a) A ordem jurídica começa com o poder constituinte ori- Conforme artigo científico da lavra de Ênio Moraes
ginário. da Silva,
b) O poder constituinte remanescente é ilimitado e in- “Para que o intérprete possa validar as suas conclu-
condicionado. sões a respeito do alcance e sentido das normas cons-
c) O poder constituinte decorrente é responsável pela titucionais, mister se faz admitir como soberana a regra
modificação das normas da Constituição Federal. básica da supremacia da Constituição. Vale dizer, toda
d) O poder constituinte secundário reformador é respon-
e qualquer interpretação do texto constitucional somen-
sável pela elaboração das Constituições Estaduais.
te terá validade se a Carta Magna for reconhecida como
Resposta: Letra A o documento jurídico de maior autoridade no ordena-
O poder constituinte originário é aquele que tem por mento jurídico brasileiro. Nesse caso, estamos tratando
objetivo estabelecer, elaborar uma nova ordem constitu- de um postulado básico da ciência jurídica. “Postulado é
cional, criar uma nova Constituição. É um poder ilimitado, um comando, uma ordem mesma, dirigida à todo aquele
autônomo e incondicionado. que pretende exercer a atividade interpretativa. Os pos-
tulados precedem a própria interpretação, e se quiser, a
2. APLICADA EM: 2018BANCA: CESPEÓRGÃO: PC- própria Constituição.”
-MAPROVA: DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL. O poder Adverte ainda, referido autor que “o postulado da
constituinte originário supremacia da Constituição, portanto, garante, primeiro,
o reconhecimento do texto constitucional como norma
a) é fático e soberano, incondicional e preexistente à or- hierarquicamente superior sobre todas as demais nor-
dem jurídica. mas jurídicas e, segundo, que toda interpretação jurídica
b) é reformador, podendo emendar e reformular. deve iniciar-se pela Constituição e nunca a partir da pró-
c) é decorrente e normativo, subordinado e condiciona- pria lei ordinária, ou seja, a interpretação deve ser dar
do aos limites da própria Constituição. sempre de cima para baixo e nunca de baixo para cima”.
d) é atuante junto ao Poder Legislativo comum, com cri- Para o Autor, “esse escalonamento do ordenamento
térios específicos e de forma contínua.
jurídico é proposição bem antiga, defendida e desenvol-
e) é derivado e de segundo grau, culminando em ativi-
dade diferida. vida por Hans Kelsen, que colocava a Constituição como
fundamento de validade das demais normas jurídicas.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Resposta: Letra A Dizia ele: “Devido ao caráter dinâmico do direito, uma


Trata-se de um poder de fato, posto que preexistente norma vale porque e até ser produzida através de outra
à ordem jurídica. Logo, não foi criado pela ordem ju- norma, isto é, através de outra determinada norma, re-
rídica para ser chamado de poder de direito. No mais, presentando esta o fundamento da validade para aquela.
é incondicional. O fato de ser precedente a ordem ju- O escalonamento (stufenbau) do ordenamento jurídico
rídica, não guarda nenhuma restrição em sua atuação. – e com isso se pensa apenas no ordenamento jurídico
estatal único – pode ser representado talvez esquemati-
3. APLICADA EM: 2017BANCA: FCC ÓRGÃO: PRO- camente da seguinte maneira: o pressuposto da norma
CON-MA PROVA: FISCAL DE DEFESA DO CONSU- fundamental coloca a Constituição na camada jurídico-
MIDOR. O Poder Constituinte derivado tem como carac- -positiva mais alta – tomando-se a Constituição no sen-
terística, dentre outras, ser: tido material da palavra – cuja função essencial consiste
em regular os órgãos e o procedimento da produção ju-
a) autônomo, pois o seu titular é o povo e, por isso, não rídica geral, ou seja, da legislação
está limitado pelo direito. Conclui Ênio Moraes da Silva que “o princípio da su-
b) limitado, pois sua obra é limitada por regras estabele- premacia da Constituição é o primeiro e indispensável
cidas pelo Constituinte originário. elemento a ser considerado em todo e qualquer pro-

5
cesso de interpretação das normas jurídicas. A aplicação § 1º O Procurador-Geral da República deverá ser pre-
desse postulado elementar deve encimar o trabalho de- viamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade
senvolvido pelo exegeta. “A supremacia da Constituição e em todos os processos de competência do Supremo
é pressuposto de todo o Direito Constitucional moderno, Tribunal Federal.
e deve orientar fundamentalmente toda a interpretação § 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão
do ordenamento jurídico constitucional e infraconstitu- de medida para tornar efetiva norma constitucional,
cional”. será dada ciência ao Poder competente para a adoção
das providências necessárias e, em se tratando de ór-
gão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a
EXERCÍCIO COMENTADO inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da
União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
1. APLICADA EM: 2017BANCA: CESPEÓRGÃO: DPU-
§ 4º (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucional
PROVA: DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL. A respeito
nº 3, de 1993 e revogado pela Emenda Constitucional
da evolução histórica do constitucionalismo no Brasil,
nº 45, de 2004)
das concepções e teorias sobre a Constituição e do sis-
tema constitucional brasileiro, julgue o item a seguir. A Objetivo
CF goza de supremacia tanto do ponto de vista material O controle de constitucionalidade serve para assegu-
quanto do formal. rar a supremacia da Constituição. O controle só existe
graças a um escalonamento normativo (escalonamento
( ) CERTO ( ) ERRADO hierárquico), isto é, quando há uma norma em posição
hierarquicamente superior dando fundamento de valida-
Resposta: Letra A de para as demais.
Segundo Marcelo Alexandrino, “a supremacia formal As normas constitucionais possuem um nível máximo
decorre da rigidez constitucional, isto é, da existên- de eficácia, obrigando os atos inferiores a guardar uma
cia de um processo legislativo distinto, mais laborioso, relação de compatibilidade vertical para com elas. Se não
para elaboração da norma constitucional. Uma norma for compatível, o ato será inválido (nulo), daí a inconstitu-
constitucional é dotada de supremacia formal pelo cionalidade ser a quebra da relação de compatibilidade.
fato de ter sido elaborada mediante um processo le-
gislativo especial, mais rígido, que a diferencia das de- Conceito
mais leis do ordenamento”. Controle de constitucionalidade é a verificação de
Ainda pelo magistério do mesmo doutrinador, “a su- compatibilidade ou adequação entre um ato jurídico
premacia material decorre do conteúdo da norma qualquer (atos normativos e entre eles a lei) e a Consti-
constitucional. Uma norma constitucional é dotada de tuição, no aspecto formal e material.
supremacia material em virtude da natureza do seu
conteúdo, isto é, por tratar de matéria substancial- Requisitos para o controle de constitucionalidade:
mente constitucional, que diga respeito aos elemen- a) Supremacia formal da constituição
tos estruturantes da organização do Estado”. b) Rigidez constitucional
c) órgão capacitado a executar o controle
O sistema legislativo brasileiro
Bloco de constitucionalidade
Trata-se do paradigma utilizado para se aferir a cons-
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, pre-
titucionalidade de uma lei ou de um ato normativo. O
cipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: confronto deve ser feito perante a constituição: sejam
I - processar e julgar, originariamente: por princípios implícitos ou explícitos.
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato Ex: explícitos – art. 5 / Art. 37 / Implícitos: princípios.
normativo federal ou estadual e a ação declaratória
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

E atualmente? EC 45 – Art. 5 § 3 Os tratados e conven-


de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; ções internacionais sobre direitos humanos que forem
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucio- aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
nalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
I - o Presidente da República; membros, serão equivalentes às emendas constitucio-
II - a Mesa do Senado Federal; nais. Tratado com status de constituição violado por lei
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; – lei inconstitucional.
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Incorporação de Tratados Internacionais de Direi-
Legislativa do Distrito Federal; tos Humanos – antes status de lei, após a EC45 – Status
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; constitucional se previsto na forma do §3 do art. 5. E se
VI - o Procurador-Geral da República; não passar por esse procedimento? Esta acima da lei (SU-
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do PRALEGAL – Pacto San José da Costa Rica) mas abaixo da
Brasil; Constituição.
VIII - partido político com representação no Congresso
Nacional; Inconstitucionalidade
IX - confederação sindical ou entidade de classe de Teoria da nulidade da norma (americana) aplicada no
âmbito nacional. Brasil.

6
Subjetiva: O vício encontra-se no poder de iniciativa.
Ex: Segundo o artigo 61, I da Constituição Federal, é de
iniciativa do Presidente da República as leis que fixem
ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas. Se um
Deputado Federal apresentar este projeto de lei, haverá
vicio formal.
Objetiva: O vício não se encontra no poder de inicia-
tiva, mas sim nas demais fases do processo legislativo.
Ex: Lei complementar votada por um quórum de maioria
- Existência: preenchimento do ciclo regular de for- relativa. Possui um vício formal objetivo, pois deveria ser
mação. Precisa de um sujeito que vai elaborar o ato, res- votada por maioria absoluta.
peito a determinada forma (ex: lei ordinária) e um objeto Ausência dos pressupostos objetivos: Exemplo Medi-
(conteúdo). da Provisória (relevância e urgência) – ausente um des-
- Validade: está ou não de acordo com seus requi- ses, a MP será inconstitucional.
sitos. O sujeito deve ser competente, a forma deve ser Inconstitucionalidade Formal Orgânica: desobediên-
adequada/regular e o objeto deve ser lícito e possível. cia a regra de competência para produção de um ato.
- Eficácia: relacionada a produção de efeitos. Pode Ex: Estado-membro edita norma cuja competência era da
ser jurídica (aplicabilidade – aptidão para produzir efei- União.
tos) ou social (efetividade – na prática produziu os efeitos Inconstitucionalidade material (substanciais): A nor-
desejados). ma é elaborada em conformidade com as regras de pro-
cedimento, mas o seu conteúdo está em desconformi-
#FicaDica dade com a Constituição, isto é, a matéria está tratada
A norma inconstitucional é invalidade e de forma diversa da Constituição. Também é conhecida
nula, incapaz de produzir efeitos desde como nomoestática. (Ex: Lei que impeça alguém de exer-
seu nascimento. (não há que se falar em cer sua religião).
inexistente ou mesmo ineficácia). Efeitos 3 – Quanto ao momento
retroativos (ex tunc) Originária: desde quando entrou em vigência já apre-
sentou vício de constitucionalidade.
Superveniente: após passar a produzir efeitos reve-
Exceção a regra da Teoria da Nulidade (mitigação) lou-se inconstitucional
Teoria da Modulação Temporal dos efeitos da decla- 4 – Quanto ao alcance
ração de inconstitucionalidade (Art. 27 Lei 9868/99 – Lei Total: não se aproveita nada da norma, nenhum tre-
Adin e ADEcon) cho sequer.
Parcial: atingir apenas trechos específicos do diploma.
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo, e tendo em vista razões de segurança
jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Observação doutrinária
Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços Inconstitucionalidade por Vício de decoro (Pedro
de seus membros, restringir os efeitos daquela decla- Lenza): deputados receberam propinas para aprovação
ração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de de projetos de lei. Conteúdo e forma constitucionais,
seu trânsito em julgado ou de outro momento que ve- mas aprovados mediante corrupção. (Ex: mensalão) Teo-
nha a ser fixado. ria minoritária. (Se a lei passou por todos os procedimen-
tos e conteúdo adequado, a lei não pode ser considerada
Exemplo: recolhimento de impostos inconstitucionais inconstitucional).
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

/ declarando direitos para grupo de aposentados


Para ocorrer a modulação é necessário anuência de Momento do controle de constitucionalidade
2/3 do STF – 8 ministros.

Espécies de Inconstitucionalidade
1 – Inconstitucionalidade quanto ao tipo de conduta
Ação: ação positiva do legislador que, por ato seu,
criou lei inconstitucional.
Omissão: o legislador deveria praticar determinado
ato e deixa de fazê-lo.
2 – Inconstitucionalidade quanto a norma constitu-
cional violada.

Inconstitucionalidade formal propriamente dita: há


um defeito na formação do ato, por desobediência às Controle preventivo ou prévio: É aquele exercido no
prescrições constitucionais referentes ao trâmite legisla- momento de formação do ato, antes que o processo se
tivo adequado para sua feitura. complete.

7
Classicamente deveria ser feito pelo Poder Legislativo Tipos:
e pelo Poder Executivo, mas a CF/ 88, o Poder Judiciário
também poderá fazer o controle prévio desde que pro- - Concentrado (austríaco)
vocado por algum membro da Casa, normalmente atra- - Difuso (americano)
vés de mandado de segurança. - Misto
Ex: Comissão de Constituição e Justiça dá um parecer 1) Concentrado
negativo, acarretando o arquivo do projeto de lei; Chefe - Existência de uma corte constitucional composta
do Poder Executivo veta o projeto de lei, por ser incons- por membros vitalícios ou detentores de mandato
titucional (veto jurídico). (prazo alargado);
Controle repressivo ou posterior: É aquele exercido - Ações individuais para defesa de constitucionalida-
após a formação, isto é, após existência do ato no mundo de (posições subjetivas);
jurídico. - Eficácia ex-nunc;
Ex: Controle pelo judiciário da lei que entrou no mun- 2) Difuso
do jurídico. - Valoração do interesse público em sentido amplo;
Classicamente feito pelo Poder Judiciário, mas com a - Efeito vinculante, ex tunc
CF/88, o controle posterior também pode ser feito pelo - Órgão judicial incumbido de aplicar a lei a um caso
Poder Legislativo. concreto.
Ex: Cabe ao Congresso Nacional sustar os atos nor- - Caso Marbury x Madison
mativos do Poder Executivo que exorbitem o poder re- 3) Misto (modelo brasileiro)
gulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. - Congrega os dois modelos anteriormente apresen-
49, V da CF). tados.
Poder Judiciário no controle preventivo: Controle Difuso de Constitucionalidade
A interferência do Poder judiciário no controle pre- Características Gerais
ventivo não representa uma violação do Princípio da se-
paração dos poderes, pois o Supremo Tribunal Federal a) Competência: Qualquer órgão do Poder Judiciário
tem a função de guardar a Constituição e, portanto, as- (Juiz ou Tribunal), pois se trata de controle difuso.
sim que violada a regra constitucional, irá intervir e para- b) Objeto: Qualquer ato normativo do poder público:
lisar o processo de formação. seja municipal, estadual, distrital ou federal. Na via
Ex: Membros do poder legislativo provocam o Poder
de ação, só pode recair sobre ato normativo fede-
Judiciário para paralisar uma emenda constitucional que
ral e estadual, mesmo que já tenha sido revogado.
fosse tendente a abolir os bens protegidos pela cláusula
c) Legitimidade (ampla): Qualquer pessoa que tenha
pétrea.
um direito seu lesado (Sujeito passivo ou sujeito
Entretanto, se o Supremo Tribunal Federal fizesse um
ativo) e até mesmo pelo próprio Juiz de ofício, pois
controle do regimento interno da Câmara dos Deputa-
envolve matéria de ordem pública (a forma que o
dos, haveria violação do Princípio da Separação dos Po-
Juiz decidir a prejudicial decidirá o mérito); tercei-
deres, pois tal matéria é interna corporis.
ros e Ministério Público.
Poder Legislativo no controle posterior ou repres- d) Efeito da sentença: “inter partes” e “ex tunc”.
sivo:
Poder legislativo pode fazer o controle repressivo do
regulamento que importar em abuso regulamentar: O #FicaDica
regulamento expedido pelo Poder Executivo existe para Cláusula de reserva de plenário (full bench).
garantir a fiel execução da lei, assim se violá-la, carac- A inconstitucionalidade só poderá der
terizará abuso do poder regulamentar e o regulamento declarada se atingida a maioria absoluta do
será inconstitucional, pela quebra da relação vertical de respectivo tribunal. Trata-se de pressuposto
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

compatibilidade. de validade do ato

Modelos Jurisdicionais de controle de constitucio-


nalidade Objetivo: - evitar decisão por fração do tribunal
Em regra, o controle de constitucionalidade é exer- - evitar controvérsia entre órgão fracionário.
cido preventivamente dentro do Poder Legislativo por Procedimento:
meio das Comissões de Constituição e Justiça do Senado - Recebida a questão pelo Relator, este deverá en-
Federal e da Câmara dos Deputados, no Poder Executivo, caminhar para órgão fracionário, também chamado de
por meio do veto; de forma repressiva, o controle será turma. Se considerar a norma constitucional, julgará essa
exercido pelo Poder Judiciário, tendo no cenário federal questão e também o mérito da demanda. Se entender
o STF como guardião da Constituição Federal. por inconstitucional, encaminha um acórdão provisório
- Controle Jurisdicional (exercido por órgão do Poder indicando os fundamentos de inconstitucionalidade para
Judiciário ou Corte Constitucional) o pleno resolver tão somente essa questão.

Exceção à regra – Órgão fracionário declarando a in-


constitucionalidade

8
“Os órgãos fracionários dos tribunais não submete- Controle difuso nos Tribunais
rão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de in- Em regra o juiz poderá resolver a questão monocrati-
constitucionalidade, quando já houver pronunciamento camente, ou seja, individualmente. No entanto, por meio
destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal so- de recurso de apelação a questão poderá ser levada ao
bre a questão”. Os órgãos fracionários dos Tribunais não Tribunal ad quem para que este dê a posição final.
submeterão ao Plenário a arguição de inconstitucionali-
dade de processos de mesma tese jurídica, caso já exista
decisão do Plenário sobre tal matéria. Assim, a Câmara #FicaDica
declarará a inconstitucionalidade se reportando a deci- Cláusula de reserva de plenário (full bench).
são da tese jurídica já tomada pelo Pleno. Até mesmo A inconstitucionalidade só poderá der
o Juízo monocrático pode se reportar à decisão tomada declarada se atingida a maioria absoluta do
pelo Supremo e declarar a inconstitucionalidade. respectivo tribunal. Trata-se de pressuposto
Efeitos da decisão de validade do ato
- Aspecto temporal: a norma é considerada nula. A
decisão tem efeito declaratório e retroage a data de sua
edição Objetivo: - evitar decisão por fração do tribunal
- Aspecto subjetivo: a decisão proferida opera efeitos - evitar controvérsia entre órgão fracionário.
apenas para as partes envolvidas; inclusive se a decisão Procedimento:
for proferida pelo STF em recurso extraordinário. - Recebida a questão pelo Relator, este deverá en-
- Participação do Senado Federal caminhar para órgão fracionário, também chamado de
Em se tratando de decisão definitiva no controle di- turma. Se considerar a norma constitucional, julgará essa
fuso o Senado Federal poderá por meio de resolução questão e também o mérito da demanda. Se entender
suspender a execução de lei, ampliando os efeitos da de- por inconstitucional, encaminha um acórdão provisório
cisão para terceiros não integrantes da relação. Em ocor- indicando os fundamentos de inconstitucionalidade para
rendo, a decisão passa ser erga omnes. o pleno resolver tão somente essa questão.
Atenção!
- A comunicação deve ser feita pelo STF; Exceção à regra – Órgão fracionário declarando a in-
- O Senado Federal somente participará no controle constitucionalidade
difuso; “Os órgãos fracionários dos tribunais não submete-
- A atuação do Senado Federal é discricionária – não rão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de in-
está obrigado a ampliar os efeitos da decisão; constitucionalidade, quando já houver pronunciamento
- Não há prazo para o Senado Federal cumprir a de- destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal so-
cisão. bre a questão”. Os órgãos fracionários dos Tribunais não
- Atuação do Senado Federal é nacional, indepen- submeterão ao Plenário a arguição de inconstitucionali-
dente de onde originou a decisão. dade de processos de mesma tese jurídica, caso já exista
- A suspensão da norma pelo Senado Federal é irre- decisão do Plenário sobre tal matéria. Assim, a Câmara
tratável. declarará a inconstitucionalidade se reportando a deci-
são da tese jurídica já tomada pelo Pleno. Até mesmo
Controle Concentrado de Constitucionalidade o Juízo monocrático pode se reportar à decisão tomada
A modalidade de controle de constitucionalidade pelo Supremo e declarar a inconstitucionalidade.
chamado de concentrado recebe essa nomencatura pelo Efeitos da decisão
fato de que todos os atos são concentrados em um único - Aspecto temporal: a norma é considerada nula. A
tribunal. As leis federais, se concentram no STF e as leis decisão tem efeito declaratório e retroage a data de sua
estaduais nos Tribunais Estaduais. edição
- Aspecto subjetivo: a decisão proferida opera efeitos
apenas para as partes envolvidas; inclusive se a decisão
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

FIQUE ATENTO! for proferida pelo STF em recurso extraordinário.


Atenção! Nessa via de controle, o juízo de - Participação do Senado Federal
verificação da compatibilidade da norma Em se tratando de decisão definitiva no controle di-
com o texto constitucional não é a ques- fuso o Senado Federal poderá por meio de resolução
tão principal (objeto da ação), mas, questão suspender a execução de lei, ampliando os efeitos da de-
prejudicial, a ser resolvida antes de se passar cisão para terceiros não integrantes da relação. Em ocor-
a questão principal. O escopo principal do rendo, a decisão passa ser erga omnes.
processo não é o de tutelar a ordem cons- Atenção!
titucional objetiva, ao contrário, a finalidade - A comunicação deve ser feita pelo STF;
é proteger direitos subjetivos afetados pela - O Senado Federal somente participará no controle
norma que se pretende impugnar. difuso;

- A atuação do Senado Federal é discricionária – não


está obrigado a ampliar os efeitos da decisão;
- Não há prazo para o Senado Federal cumprir a de-
cisão.

9
- Atuação do Senado Federal é nacional, indepen- Legitimidade:
dente de onde originou a decisão. Ao contrário do controle difuso onde identificávamos
- A suspensão da norma pelo Senado Federal é irre- partes, no controle concentrado fala-se em LEGITIMA-
tratável. DOS, ou seja, rol de pessoas (sentido lato) aptas a mane-
jarem essa modalidade de ação. Os legitimados dos inci-
Controle Concentrado de Constitucionalidade sos I ao VII do art. 103 possuem capacidade postulatória,
A modalidade de controle de constitucionalidade o que implica afirmar que não precisam de advogado
chamado de concentrado recebe essa nomencatura pelo para manejarem essa ação. Por outra banda, os demais
fato de que todos os atos são concentrados em um único precisam da atuação de um advogado. Tal rol não pode
tribunal. As leis federais, se concentram no STF e as leis ser restringido e nem ampliado. São eles:
estaduais nos Tribunais Estaduais. I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
#FicaDica IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara
Fundamento legal Legislativa do Distrito Federal;
- Constituição federal: art. 102 E 103 V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
- Lei 9.868/99: Dispõe sobre o processo VI - o Procurador-Geral da República;
e julgamento da ação direta de VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados
inconstitucionalidade e da ação declaratória do Brasil;
de constitucionalidade perante o supremo VIII - partido político com representação no Congres-
tribunal federal. so Nacional.

Legitimados universais (também chamados de


Modalidades de Ações neutros):
Característica: os legitimados universais podem im-
pugnar qualquer ato independente de sua matéria. Não
precisam demonstrar pertinência temática.
- Presidente da República (art. 103, I da CF).
- Mesa do Senado Federal: órgão diretivo (art. 103,
II da CF).
- Mesa da Câmara dos Deputados: órgão diretivo
(art. 103, III da CF).
- Procurador-Geral da República (art. 103, VI da CF).
- Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil (art. 103, VII da CF).
- Partido Político com representação no Congresso
Nacional (art. 103, VIII da CF)

Legitimados especiais (também chamados de in-


teressados ou temáticos):
Característica: Os legitimados especiais só podem
impugnar atos que tenham pertinência temática com os
interesses específicos dos legitimados.
- Governador do Estado ou do Distrito Federal (art.
103, V da CF): Para que o Governador tenha perti-
nência temática, basta que o ato normativo este-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ja prejudicando o seu Estado, pouco importando


quem expediu o ato normativo.
- Mesa da Assembleia Legislativa ou Câmara Legisla-
tiva do Distrito Federal (art. 103, IV da CF).
- Confederação Sindical (art. 103, IX da CF)

1. ADIn
Competência: a competência é originária do Supremo FIQUE ATENTO!
Tribunal Federal. O que é uma confederação sindical? É a re-
- Objeto: A Ação Direta de Inconstitucionalidade tem união de três Federações (art. 533 da CLT).
por objeto a análise de lei ou ato normativo federal ou Já a federação é a reunião de no mínimo
estadual que possivelmente estejam em desacordo com cinco sindicatos.
o sistema constitucional.
- Entidade de classe de âmbito nacional (art. 103, IX
da CF): A entidade de classe precisa ter base social e ser
de âmbito nacional. Exige-se que haja filiados em pelo
menos nove unidades da federação.

10
Ex: A Associação Paulista do Ministério Público não Não podem ser objeto de ADI
pode propor ADIN, pois não é de âmbito nacional. - Proposta de emendas constitucionais ou projetos
de lei.
- Leis e atos editados anteriormente a CF invocada.
#FicaDica - Leis e atos editados pelo DF na condição de mu-
Pertinências temática: assuntos cuja nicípio.
impugnação são de interesse de algum - Leis declaradas inconstitucionais pelo STF em deci-
legitimado são definitiva.
- Súmulas de jurisprudência: Não cabe ADI para sú-
mulas, pois não possuem o grau de normatividade
Principais modalidades que podem ser objeto de ADI qualificada (obrigatoriedade).
- Leis: todas as espécies normativas do artigo 59 da - Regulamentos de execução ou decreto (ato norma-
Constituição Federal, isto é, emendas à constituição, leis tivo do Executivo): Não podem ser objeto de ADIN,
complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas pois não têm autonomia. Trata-se de questão de
provisórias, decretos legislativos e resoluções. Será apre- legalidade e não de constitucionalidade.
ciado pelo STF leis e demais atos normativos federais e - Lei municipal: Não cabe ADIN para lei municipal,
estaduais. pois a Constituição Federal previu apenas para lei
federal e estadual. Porém, quando em confronto
lei municipal com a Constituição Federal é prevista
FIQUE ATENTO! a ADPF - arguição de descumprimento de preceito
As medidas provisórias como o próprio fundamental.
nome propõe, tem prazo de duração dentro
do ordenamento jurídico. Expirando o prazo, Procedimento previsto para a ADI
ou a mesma é prorrogada, convertida em lei Fase instrutória
ou perde seu objeto pelo decurso do tempo. Propositura da inicial: autoria de um dos legitimados
pela CF/88.
Requisitos da petição inicial:
A petição inicial indicará o dispositivo de lei ou do
#FicaDica ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do
Legitimados neutros ou universais pedido (o julgamento pelo STF não se vincula exclusiva-
Art. 103 I, ii, iii, vi, vii, viii mente ao que foi pedido, sendo a causa de pedir consi-
Legitimados interessados ou especiais derada aberta), bem como o pedido e suas especifica-
Art. 103 Iv, v e ix ções (art. 3º, I e II da Lei 9868/99).
Quando subscrita por advogado, deverá vir acompa-
nhada de instrumento de procuração e será apresentada
Caso a medida provisória seja convertida em lei, ou em 02 vias, devendo conter cópias da lei ou do ato nor-
perca a sua eficácia, a ADIN será prejudicada pela perda mativo impugnado e dos documentos necessários para
do objeto. comprovar a impugnação (art. 3º, parágrafo único da Lei
- Atos normativos: podem ser entendidos como: 9868/99).
a) resoluções administrativas dos tribunais;
b) atos estatais de conteúdo meramente derrogató- Desistência e transação da ação: Uma vez proposta
rio, como as resoluções administrativas, desde que inci- a ADI o requerente não poderá desistir ou fazer acordo,
dam sobre atos de caráter normativo. pois vigora o princípio da indisponibilidade da instância
e o processo não é subjetivo (art. 5º da Lei 9868/99).
Demais modalidades
- Tratados Internacionais incorporados no ordena- Indeferimento
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mento jurídico: Os tratados internacionais são celebra- O Relator poderá indeferir liminarmente a ADI quan-
dos pelo Presidente da República. Contudo, para serem do (art. 4º da Lei 9868/99):
incorporados ao ordenamento jurídico nacional, depen- - a inicial inepta;
dem de referendo do Congresso Nacional. Importante - não estiver fundamentada;
lembrar que tratados sobre direitos humanos aprova- - manifestamente improcedente.
dos por 3/5 dos membros do congresso nacional em 2 Obs: da decisão que indefere a petição inicial, cabe
turnos, equivalem a emendas constitucionais; sem esse agravo de instrumento.
quórum, são equivalentes a leis ordinárias. Outros trata- Fase de conhecimento
dos de natureza diversa, após aprovados, também rece- - O Relator pedirá informações aos órgãos ou auto-
bem status de lei ordinária. Logo, em ambas as moda- ridades das quais emanou a lei ou ato normativo impug-
lidades são possíveis o controle de constitucionalidade. nado (art. 6º da Lei 9868/99). Prazo: 30 dias
- O regimento interno do Tribunal: pode ser objeto - Após a apresentação de informações, serão ouvi-
de ADIN, pois são normas estaduais, genéricas, abstratas dos, sucessivamente (art. 8º da Lei 9868/99):
e autônomas. 1º Advogado-Geral da União
2º Procurador-Geral da República (custus legis)
Prazo: 15 dias para cada

11
Citação Efeitos da decisão: “erga omnes”, “ex tunc”.
O Advogado-Geral da União é citado para defender o
ato como constitucional. 2. ADC ou ADECON
Art. 103 § 3º Quando o Supremo Tribunal Federal
apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma
Conceito
legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advo-
gado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto Busca-se por meio dessa ação declarar a constitucio-
impugnado. nalidade de lei ou ato normativo federal. A presunção de
constitucionalidade da lei é relativa (juris tantum). Logo,
Custus legis admite-se prova em contrário, declarando-se, quando
O Procurador-Geral da República é um dos legitima- necessário, através dos mecanismos da ADI genérica ou
dos à propositura da ADI. Quando não estiver nessa ca- do controle difuso, a inconstitucionalidade da lei ou ato
tegoria atuará como custos legis no processo normativo.
Art. 103 § 1º O Procurador-Geral da República deverá
ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalida-
Objeto
de e em todos os processos de competência do Supremo
Tribunal Federal. O objeto da referida ação é lei ou ato normativo fe-
Fase de saneamento (nomenclatura utilizada mera- deral. Atenção! Apenas lei e ato em âmbito FEDERAL, não
mente para fazer alusão ao processo cível). cabível para ato ou lei estadual.
Vencidos os prazos, o Relator lançará o relatório, com Competência: a competência é originária do Supremo
cópia a todos os Ministros e pedirá dia para julgamento Tribunal Federal.
(art. 9º da Lei 9868/99). Legitimados: os mesmos da ADI.
I - o Presidente da República;
Perícia
II - a Mesa do Senado Federal;
Nos termos do art. 9º, §1º da Lei 9868/99 “Em caso de
necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstân- III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
cia de fato ou de notória insuficiência das informações IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara
existentes nos autos, poderá o relator requisitar informa- Legislativa do Distrito Federal;
ções adicionais, designar perito ou comissão de peritos V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
para que emita parecer sobre questão, ou fixar data para, VI - o Procurador-Geral da República;
em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados
com experiência e autoridade na matéria” do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congres-
Demais provas/informações
so Nacional;
Conforme disposto no art. 9º, §2º da Lei 9868/99 “O
Relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais IX - confederação sindical ou entidade de classe de
Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais esta- âmbito nacional.
duais acerca da aplicação da norma impugnada no âm-
bito de sua jurisdição” Procedimento:
O procedimento é basicamente o mesmo da ADIN
Fase de conclusão genérica, só que aqui o Advogado-Geral da União não
No prazo de 30 dias poderá o relator solicitar as infor- será citado, visto que não há ato ou texto impugnado.
mações, perícias e audiências a que se referem os pará-
grafos apontados no artigo 9º da Lei 9868/99.
Requisito obrigatório da ação
Encerramento / “Sentença” Nos termos do art. 14, III da Lei 9868/99 é requisito
A Declaração de inconstitucionalidade, cumpridos os obrigatório a demonstração de controvérsia relevante
requisitos abaixo, declara o ato nulo, impossibilitado de sobre a norma objeto da demanda.
produzir efeitos; logo, não poderá ser convalidado.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Encerramento / “Sentença”
Requisitos A decisão da ADC, por maioria absoluta dos membros
- Maioria absoluta dos membros do STF (pleno) do STF, também produz efeitos “erga omnes”, “ex tunc”.
- Presença do quórum de instalação (08 ministros)
Tendo em vista que quando o Supremo Tribunal Fe-
Comunicação deral decide a Ação Direta de Constitucionalidade decide
Julgada a ação, far-se-á a comunicação à autoridade também a prejudicial em todos os processos concretos,
ou ao órgão responsável pela expedição do ato (art. 25 haverá diversidades processuais nos processos concre-
da Lei 9868/99). tos:
- Se o juiz não tinha decidido: Não decidirá mais,
Recurso irá se reportar ao que o STF já decidiu, julgando a
Importante destacar que a decisão que declara a ação improcedente.
constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de lei ou
- Se o juiz tinha decidido pela inconstitucionalidade e
ato normativo em ação direta ou em ação declaratória É
transitou: O efeito vinculante não tem força capaz
IRRECORRÍVEL, exceto embargos declaratórios. De igual
de rescindir automaticamente a sentença transi-
modo, a decisão não compreende o uso da ação resci-
sória. tada em julgado, mas pode servir de fundamento
para ação rescisória e cabe liminar.

12
- Se o juiz já tinha decidido pela constitucionalidade, Mas o que é preceito fundamental?
mas não transitou. Houve recurso e a decisão do O STF não definiu o que se enquadra como precei-
STF sobre a prejudicial foi pela constitucionalidade: to fundamental. Existem duas causas para ser tal termo
O Tribunal confirma a decisão do Juiz, aplicando a indeterminado. A primeira é que não houve de parte do
decisão do STF no recurso da parte. legislador, a conceituação do que viria a ser preceito fun-
- Se o juiz tinha decidido pela inconstitucionalidade, damental na lei 9.882/99; a segunda é que se torna inviá-
mas não transitou. Houve recurso e a decisão do vel a definição em apenas um artigo algo tão amplo – tal
STF sobre a prejudicial foi pela constitucionalidade: delimitação seria impossível.
O Tribunal irá desfazer a decisão do juiz. Por tal razão, não se tem uma definição concreta
do que vem a ser preceito fundamental. Cabe ao STF,
Decisão definitiva na análise do caso concreto, identificar se a lesão violou
A decisão produz eficácia erga omnes, efeito vincu- “preceito fundamental”.
lante e retroativo (ex tunc, em regra), sendo admissível a A ADPF 33 é emblemática. Nessa ADPF ficou em
modulação dos efeitos temporais quando houver a de- aberto o que viria ser “preceito fundamental”; sobre o
claração de inconstitucionalidade da norma (isco é, de tema, Gilmar Mendes registrou que “é muito difícil indi-
improcedência do pedido). car, a priori, os preceitos fundamentais da Constituição
passíveis de lesão tão grave que justifique o processo e o
3. ADPF julgamento da arguição de descumprimento”.

Conceito No entanto, a doutrina bem definiu e especificou


Modalidade de ação voltada ao controle concentrado quais são os preceitos fundamentais. A saber:
de constitucionalidade cujos efeitos produzidos são vin- - Art. 1º ao 4º (princípios fundamentais)
culantes e erga omnes. “A ADPF tanto pode dar ensejo - Art. 5º ao 17 (direitos e garantias fundamentais)
à impugnação ou questionamento direto de lei ou ato - Art. 34 VII (princípios constitucionais sensíveis)
normativo federal, estadual ou municipal, como pode - Art. 60 §4º (cláusulas pétreas)
acarretar uma provocação a partir de situações concre-
tas, que levem à impugnação de lei ou ato normativo”. Competência: STF
Dessa definição podemos extrair duas situações: a
primeira, quando há o questionamento de lei ou ato nor- Legitimados
mativo federal, estadual ou municipal estamos falando São legitimados os mesmos do rol do art. 103 I a IX.
de uma arguição direta, típica do controle concentrado; a O art. 2º inciso II da Lei 9.882/99 permitia que qualquer
segunda, quando levado em consideração situações con- pessoa lesada ou ameaçada se legitimasse a propositura
cretas, estão falando de uma arguição indireta, própria da ação. No entanto, referido artigo foi vetado. No en-
do controle difuso de constitucionalidade. tanto, qualquer pessoa pode ainda, por meio de Repre-
Contata-se, então, que a ADPF tem duplo caráter: sentação ao Procurador Geral da República, requerer a
preventivo evitando que a lei cause lesão a preceito fun- propositura da ADPF. Deve ser observada a pertinência
damental e repressivo, quando a mesma já está produ- temática.
zindo efeitos que afronte a lei maior.
Procedimento
Objeto Devem ficar expressos os seguintes temas:
- Atos do Poder Público, que violem ou ameacem a) indicação do preceito fundamental que se consi-
violar preceito fundamental. dera violado;
- leis de âmbito federal, estadual, municipal, além de b) a indicação do ato questionado;
decretos, regulamentos, todos, ainda que sancionados c) a prova da violação do preceito fundamental;
antes da CF/88. d) o pedido, com suas especificações;
e) se for o caso, a comprovação da existência de con-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Basta para tanto lesão a preceitos fundamentais. A trovérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito
saber: fundamental que se considera violado.
- Direito pré constitucional
- Direito Municipal Efeitos da decisão
- Direito pós constitucional já revogado Julgada a ação, far-se-á comunicação às autoridades
ou órgãos responsáveis pela prática dos atos questiona-
Preceitos fundamentais dos, fixando-se as condições e o modo de interpretação
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino nos explica que e aplicação do preceito fundamental. A decisão é imedia-
a palavra preceito guarda semelhança com a palavra tamente autoaplicável, na medida em que o presidente
princípio. No entanto, os idealizadores da ADPF preferi- do STF determinará o imediato cumprimento da decisão,
ram a utilização da palavra preceito para dar um sentido lavrando-se o acórdão posteriormente.
mais amplo as possibilidades de manejo dessa ação. Se
no lugar fosse utilizada a palavra princípio, poderia indu-
zir a erro que a ADPF serviria apenas para questionar a
afronta dos princípios fundamentais introduzidos entre
os artigos 1º a 4º da CF/88.

13
4. ADO Legitimados
Ativos: rol do art. 103.
Objetivo Passiva: órgãos responsáveis pela edição da medida
Combater a “síndrome de inefetividade das normas que irá efetivar o texto constitucional.
constitucionais”. O que se busca é tornar efetiva norma
constitucional destituída de efetividade, ou seja, somente Procedimento
as normas constitucionais de eficácia limitada! Conforme art. 12 – B da Lei 9868/99, a petição ini-
A violação à Constituição pode resultar de uma atua- cial, acompanhada de instrumento de procuração, se for
ção escacai, hipótese em que a inconstitucionalidade de- o caso, será apresentada em duas vias, devendo conter
riva de um comportamento ativodo Poder Público, seja cópias dos documentos necessários para comprovar a
porque este faz o que o documento constitucional não alegação de omissão e indicará:
lhe autoriza, seja, ainda, porque confecciona normas em - a omissão inconstitucional total ou parcial quanto
dissonância, no aspecto formal ou no conteúdo, com ao cumprimento de dever constitucional de legislar ou
aquilo que determina a Constituição. Essa conduta esta- quanto à adoção de providência de índole administrativa;
tal, que importa em um fazer (um agir), gera a inconstitu- - o pedido, com suas especificações.
cionalidade por ação.
Por outro lado, a displicência governamental em ado- Efeitos da decisão
tar as medidas imprescindíveis à realização concreta das Em se tratando de equilíbrio dos poderes, não é per-
diretrizes constitucionais, mantendo-se inerte diante do mitido ao judiciário legislar. No entanto, a sentença pro-
dever de cumprir as determinações que a Constituição ferida em sede de ADO, contudo, tem caráter manda-
impõe, ocasiona a inequívoca violação negativa do Texto mental, constituindo em mora o poder competente que
constitucional. deveria elaborar a lei e não o fez.

Espécies de omissões

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. APLICADA EM: 2018BANCA: CESPEÓRGÃO:
ABINPROVA: OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA
- ÁREA 2. No que se refere ao controle de constitucio-
nalidade, julgue o item subsequente. A decisão de ór-
gão fracionário de tribunal de justiça que deixa de apli-
car lei por motivo de inconstitucionalidade não precisa
observar a regra da reserva de plenário, caso se baseie
em jurisprudência consolidada do plenário do Supremo
Omissão parcial propriamente dita: existe uma lei que Tribunal Federal.
regula de forma ineficiente o texto constitucional. Ex: sa-
lário mínimo – existe regulamento, mas o valor do salário ( ) CERTO ( ) ERRADO
não é suficiente para os anseios mínimos.
Omissão parcial relativa: a lei regula determinado be- Resposta: Certo
nefício para uma parte, mas deixa de outorgar o benefí- A reserva do plenário (full bench) é necessária somen-
cio para outro. Ex: aumento para servidores públicos da te para a declaração de inconstitucionalidade das nor-
parte do judiciário. mas. Se a norma já foi declarada inconstitucional pelo
STF, desnecessária observância de tal regra.
Objeto
Omissão dos poderes ou de órgão administrativo em 2. APLICADA EM: 2017BANCA: VUNESPÓRGÃO:
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

fazer algo. Segundo Luis Roberto Barroso, “são impugná- TCE-SPPROVA: AGENTE DE FISCALIZAÇÃO. No que
veis, no controle abstrato da omissão, a inércia legislativa diz respeito às espécies de controle de constitucionali-
em editar quaisquer dos atos normativos primários sus- dade, é correto afirmar que o sistema brasileiro não con-
cetíveis de impugnação em ação direta de inconstitucio- templa o controle:
nalidade... O objeto aqui, porém, é mais amplo: também
caberá a fiscalização da omissão inconstitucional em se a) político repressivo.
tratando de atos normativos secundários, como regula- b) político preventivo.
mentos ou instruções, de competência do Executivo, e c) legislativo repressivo.
até mesmo, eventualmente, de atos próprios dos órgãos d) judicial preventivo concentrado
judiciários”. e) preventivo por parte do Poder Executivo.

Competência: STF. Resposta: Letra D


Legitimidade: São legitimados os mesmos do rol do O controle de constitucionalidade pode ser preventi-
art. 103 I a IX. Deve ser observada a pertinência temática. vo quando a lei ainda não passou a produzir efeitos.
Poderá ocorrer dentro das Comissões de Constituição
e Justiça ou mesmo com o veto do Presidente da Re-

14
pública. Também poderá ser repressivo, quando a lei 2. Antecedentes históricos
já produzindo efeitos apresentar vício de constitucio- 2.1 Da Sociedade
nalidade; nessa hipótese o controle será exercido pelo Feitas tais considerações preliminares, passamos a
Poder Judiciário. Portanto, em regra o judiciário não identificar aquilo que comumente chamamos de socie-
exercerá o controle concentrado preventivo, podendo dade.
apenas atuar no controle preventivo quando impul- Uma vez que o homem tem a necessidade de se
sionado por meio de um Mandado de Segurança pro- agrupar com outros, torna-se evidente a preocupação
posto por um parlamentar. em como os mesmos irão se organizar. Por isso, algumas
teorias foram desenvolvidas sobre esse tema.
REGIMES POLÍTICOS E FORMAS DE Pelo fato do vocábulo sociedade ter sido emprega-
GOVERNO do de maneira genérica, cumpre destacar duas corren-
tes que a interpretam: os mecanicistas e os organicistas.
Para os mecanicistas, sociedade pode ser reconhecida
TEORIA GERAL DO ESTADO. como “o grupo derivado de um acordo de vontades,
de membros que buscam, mediante o vínculo associa-
1. Introdução tivo, um interesse comum impossível de obter-se pelos
esforços isolados dos indivíduos”. Para os organicistas,
1.1 Objeto da Ciência Política sociedade pode ser definida como “o conjunto de rela-
Estudo dos mais variados aspectos que envolvem o ções mediante as quais vários indivíduos vivem e atuam
funcionamento das instituições responsáveis pela socie- solidariamente em ordem a formar uma entidade nova e
dade. Ou seja, estudo do Estado, governo, democracia, superior” (Definição extraída da obra de Paulo Bonavides
legitimidade, poder entre outros. Importante lembrar – referência ao final).
que todos esses aspectos se desenvolvem durante o
tempo – são mutáveis. Portanto, disciplina de estudo 2.1.1 Diferenças fundamentais
constante posto que em constante transformação. - Indivíduo x sociedade
Definição (segundo Norberto Bobbio): ciência do ho- Mecanicistas: prioridade ao indivíduo em relação a
mem e do comportamento humano.
sociedade.
Importância da Ciência Política: instrumento apto a
intervir na realidade que se vive. A compreensão possibi- Organicistas: prioridade a sociedade em relação ao
lita interpretar a complexidade que envolve o Estado, o indivíduo.
poder, a política, a democracia e o direito (e suas conse- Frase: interesse comum inatingível individualmente.
quências para a Sociedade). Por isso, é necessário enten- Vínculo associativo.
der que a Ciência Política guarda uma inexorável relação - Objetivos
com os demais ramos da ciência estudados pelo homem, Mecanicistas: estabelecer garantias individuais / ve-
que, de um modo ou de outro, produzem realidade(s), dação a arbitrariedade do Estado
como o direito, a economia, a história, a psicologia, a so- Organicistas: propostas sociais, voltadas ao bem co-
ciologia, a filosofia etc. mum.
Frase: formar uma entidade nova e superior.
1.2 Objeto da Teoria Geral do Estado Vínculo solidário.
Pretende estudar o Estado, sua estrutura e seu funcio-
namento, bem como sua relação com o sistema jurídico,
o qual é apresentado e se pretende o locus privilegiado #FicaDica
de emanação da normatividade, e, como objeto, tanto a
Mecanicistas: indivíduo / organicistas: socie-
sua realidade quanto a sua idealidade.
dade
1.3 Centro gravitacional: HOMEM.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Características do “homem”
1) Animal Teleológico: serve de coisas úteis para 2.1.2 Elementos de uma sociedade
obter seus objetivos, nem sempre declarados e muitas Podemos destacar três elementos:
vezes inconscientes. a) Finalidade social
2) Animal Simbólico: comunicação através de sím- b) Manifestações de conjuntos ordenadas
bolos, em especial a linguagem. c) Poder social
3) Animal Ideológico: utiliza de valores vigentes no - Finalidade ou valor social
sistema em que está inserido. Qual a finalidade de uma sociedade?
Obviamente quando se pensa na necessidade do
1.4 Estado agrupamento entre homens se torna inevitável ques-
Questões reflexivas: tionar os motivos, a finalidade pela qual os mesmos se
O que é o Estado? reúnem. Em tese, presume-se que o homem é livre para
Por que as pessoas se agrupam? escolher, para definir seus objetivos. Porém algumas teo-
Por que as pessoas abdicam de parte da liberdade rias necessitam ser observadas:
para viver em sociedade? Deterministas: para os deterministas os homens não
teriam opção de escolha, não poderiam manifestar sua
O que faz com que o homem permaneça nesse status? vontade. Para eles, o homem estaria submetido a um

15
conjunto de leis naturais (princípio da causalidade, ou 2.2.1 - Aristóteles (Séc. IV a.C)
seja, uma sucessão de fatos acontecidos anteriormente Aristóteles foi o primeiro a concluir que “o homem é
justificariam os fatos atuais) Ex: economia, geografia. naturalmente um ser político”. Para o filósofo, apenas um
Problema: já que está tudo predestinado, não haveria ser que fosse dotado de tamanha superioridade que o
motivação para que os homens buscassem mudar seu aproximasse de um Deus ou demasiadamente vil que o
status inicial. Não seriam orientados por objetivos já que reputasse a pior das criaturas, poderia permanecer isola-
os fatores predestinados iriam acontecer e o homem não do, sem estar em conjunto com outros homens.
poderia se esquivar. Ex: determinado povo que vive pró-
ximo a um vulcão em atividade. 2.2.2 - Cícero (Séc. I a.C)
Finalistas: para estes o homem pode manifestar sua Para o filósofo romano, o homem se agrupa com ou-
vontade, existe uma finalidade social. O homem tem tros de sua raça não pela sua debilidade, ou seja, pela sua
consciência da necessidade da vida em sociedade e deve impossibilidade de conquistar aquilo que almeja, mas
buscar uma finalidade condizente com suas necessida- sim pela necessidade de receber apoio de seus pares e
des fundamentais, aquilo que lhe pareça mais valioso. por não ter nascido para o isolamento.
Problema: se cada deve buscar aquilo que lhe pare-
ça mais valioso, estaríamos diante de inúmeros objeti- 2.2.3 - São Tomás de Aquino
vos, cada qual com seu valor em condição de igualdade. Seguindo pelas linhas históricas, o frade italiano res-
Como atender aos desejos da sociedade? A primeira op- peitado por suas belas obras, especialmente a chamada
ção é a escolha por um bem que seja comum a todos. E “Suma Teológica”, influenciado pelos ideais religiosos da
o que é um bem comum? época e conhecido admirador de Aristóteles afirmava
Papa João XXIII: “O bem comum consiste no conjunto que o homem que vivesse de forma solitária poderia ser
de todas as condições de vida social que consintam e considerado uma exceção, já que existe uma série de fa-
favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade tores naturais que o homem procure se associar com os
humana”. outros homens, uma forma normal de vida. “O homem,
por natureza, animal social e político vivendo em multi-
- Ordem social e jurídica dão ainda mais que todos os outros animais, o que se
A finalidade de uma sociedade deve sempre reiterar evidencia pela natural necessidade”.
a necessidade pela busca de um bem comum a todos. Constata-se de imediato que, independente dos ob-
No entanto, essa manifestação de vontade não é sufi- jetivos individuais de cada homem, é fato que eles têm a
necessidade de estarem em sociedade, de estabelecerem
ciente sendo necessário que os homens se manifestem
relação de convivência com seus pares, buscando satis-
num determinado sentido, almejando uma ação harmô-
fazer suas necessidades; não há que se falar em necessi-
nica que preserve a liberdade de todos sem ferir limites
dade de organização. Para os autores acima, chamados
individuais.
de naturalistas, os homens ao se agrupares estariam em
estado de natureza.
- Poder social
Podemos destacar outros autores que buscando ex-
Eis uma das maiores preocupação da história no que
plicar a convivência entre os homens chegam a conclu-
tange a organização e funcionamento da sociedade. De
são que os mesmos estabelecem acordos de vontade
plano, sabe-se da dificuldade de se alcançar um tipo
entre si; uma espécie de contrato hipotético. Tais autores
modelo de poder. No entanto, alguns pontos devem ser são chamados de contratualistas. Nessa linha apresenta-
observados. O primeiro, é que o poder é um fenôme- mos Thomas Hobbes, John Locke, Montesquieu e Jean
no social, não pode ser explicado pela simples existência Jacques Rousseau.
de fatores individuais. O segundo é aceitar a necessária
bilateralidade: sempre haverá uma correlação de duas 2.2.4 - Hobbes (Séc. XVII)
ou mais vontades e inevitavelmente uma ira predomi- Antes de apresentar sua teoria, Thomas Hobbes de-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nar. Por fim, para que o poder exista e seja respeitado, é finiu que o estado de natureza é uma situação em que
necessário que o indivíduo entenda que suas vontades não se identifica um governo, um ente criador de regras
deverão ser submetidas a alguém. Ex: governo. Ou seja, capaz de proferir ordens. Para o autor, essa condição de
nem sempre terá autonomia para escolher o que deseja estado de natureza defendida pelos naturalistas não era
fazer ou não. justificativa plausível para explicar o agrupamento entre
os homens. E mais, Hobbes acreditava que esse estado
2.2 Do Estado de natureza era extremamente grave, uma vez que os
Iniciando nossa caminhada com o objetivo de chegar homens nesse estado, sem regras estabelecidas, tornam-
ao processo de formação do Estado Moderno, busca- -se egoístas, inclinados a satisfazer suas vontades a qual-
remos os primeiros antecedentes históricos onde o ho- quer custo.
mem passa a ser visto como um ser que pode e/ou deve Para Hobbes, o homem “apesar de suas paixões más,
viver em coletividade. é um ser racional e descobre os princípios que deve se-
guir para superar o estado de natureza e estabelecer o
“estado social”. Para isso, formula duas leis fundamentais
da natureza: (extraído da obra de Dalmo de Abreu Dalla-
ri, referência ao final)

16
a) cada homem deve esforçar-se pela paz, enquanto tiver a esperança de alcançá-la; e quando não puder obtê-la,
deve buscar e utilizar todas as ajudas e vantagens da guerra;
b) cada um deve consentir, se os demais também concordam, e enquanto se considere necessário para a paz e
a defesa de si mesmo, em renunciar ao seu direito a todas as coisas, e a satisfazer-se, em relação aos demais homens,
com a mesma liberdade que lhe for concedida com respeito a si próprio.

A índole má do ser humano o deixaria predisposto a guerrear com seus pares a todo instante. Por essa razão o
homem necessitava se organizar, elegendo um representante (no caso um soberano) para reger as relações entre os
indivíduos. Eis a justificativa para a formação de uma sociedade.

Conclusão do pensamento de Hobbes:


“Uma vez estabelecida uma comunidade, por acordo, por conquista, ou por qualquer outro meio, esta deve ser
preservada a todo custo por causa da segurança que ela dá aos homens”.

2.2.5 - Locke (Séc. XVII)


Ao contrário de Hobbes, John Locke não defendia o absolutismo. Para ele, o homem não se organizava em socieda-
de com o intuito de evitar que guerreassem entre si. Porém, motivado pelas questões religiosas (cristã) que o circunda-
va, o homem não era totalmente livre para aceitar um contrato social, apesar deste ser imprescindível. As orientações
religiosas interfeririam absurdamente na conduta humana. Em suas palavras:
“Tendo Deus feito o homem criatura tal que, conforme julgava, não seria conveniente para o próprio homem ficar
só, colocou-o sob fortes obrigações de necessidade, conveniência e inclinação para arrastá-lo à sociedade, provendo-o
igualmente de entendimento e linguagem para que continuasse a gozá-la”.

2.2.6 - Montesquieu
Para referido autor existem algumas leis da natureza que levam o homem a se reunir em sociedade. São elas: (ex-
traídas da obra de Dallari)
a) o desejo de paz;
b) o sentimento das necessidades, experimentado principalmente na procura de alimentos;
c) a atração natural entre os sexos opostos, pelo encanto que inspiram um ao outro e pela necessidade recíproca;
d) o desejo de viver em sociedade, resultante da consciência que os homens têm de sua condição e de seu esta-
do.

2.2.7 - Rousseau
Para Rousseau, “a ordem social é um direito sagrado que serve de base a todos os demais, mas que esse direito
não provém da natureza, encontrando seu fundamento em convenções. Assim, portanto, é a vontade, não a natureza
humana, o fundamento da sociedade”.
Rousseau é reconhecido pela sua teoria contratualista; ideais amplamente difundidos na Revolução Francesa. Destes
ideais insurge a seguinte questão: por qual motivo os homens se unem em sociedade? O que busca o contratualismo?
Respondendo com suas palavras:
“Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado, de qualquer
força comum; e pela qual cada um, unindo-se a todos, não obedeça, portanto, senão a si mesmo, ficando, assim, tão
livre como dantes”.

Conclusão (Dalmo de Abreu Dallari)


“Predomina, atualmente, a aceitação de que a sociedade é resultante de uma necessidade natural do homem, sem
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

excluir a participação da consciência e da vontade humanas. E inegável, entretanto, que o contratualismo exerceu e
continua exercendo grande influência prática, devendo-se mesmo reconhecer sua presença marcante na idéia contem-
porânea de democracia”.

Introdução
Por que nasce a figura do Estado?
Qual a importância do Estado?

#FicaDica
O surgimento do Estado faz ruptura entre a civilização e a barbáne e passa a atender novos anseios, como
por exemplo o “Estado Democrático de direito”

17
1) Períodos de transição (formas estatais pré-modernas)

Período Medieval
Queda do período romano (entre os séculos V e XV). Período também conhecido como idade das trevas graças a
pouca liberdade (e seu cerceamento) além de restrição ao pensamento – as ideias. No entanto, não se pode sistemati-
zar que idade média significa apenas um período sombrio na história da humanidade, posto que nessa época identifi-
camos o florescimento da cultura, da arquitetura (romana) e também das artes. Também nesse período é possível ver
os filósofos tentando conciliar a religião com a filosofia grega e também formatar a organização jurídico-político do
Estado sem destoar da organização da Igreja Católica – este período fortificou essa igreja.

A imagem faz alusão ao modelo teocrático do Estado. Nesse período o governante era reconhecido como ser ilu-
minado, escolhido à ocupar aquela posição pelo aceite divino.
Principais elementos desse período:
- Cristianismo: toda a humanidade deveria se tornar cristã;
Problemas enfrentados: - múltiplos centros de poder e,
- Recusa do Imperador à autoridade da Igreja.
- Invasões bárbaras: os invasores estimulavam as regiões invadidas a se tornarem unidades políticas independentes
da igreja.
- Feudalismo: organização militar de acordo com situação patrimonial. Logo, aquele com maior patrimônio detém
mais poder.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Conclusão desse período segundo Lênio Luís Streck (características):


1 - permanente instabilidade política, econômica e social;
2 - distinção e choque entre poder espiritual e poder temporal;
3 - fragmentação do poder, mediante a infinita multiplicação de centros internos de poder político, distribuídos aos
nobres, bispos, universidades, reinos, corporações, etc.;

18
4 - sistema jurídico consuetudinário embasado em soais provém da natureza, como dádiva de Deus, e estão
regalias nobiliárquicas; longe de dissolver-se no pacto social”. Em síntese, “o li-
5 - relações de dependência pessoal, hierarquia de beralismo significou uma limitação da autoridade, bem
privilégios. como uma divisão da autoridade, sendo que o governo
popular se formula a partir do sufrágio e da representa-
Período Pré-moderno ção restritos a cidadãos prósperos”.
- Teocrático: família, religião, o Estado e a organiza-
ção econômica formavam um conjunto confuso, sem
diferenciação aparente. Não se distingue o pensamento
político da religião, da moral, da filosofia.
Características: - ausência de divisão interior;
- religiosidade;
- a autoridade de um governante era expressão de
um poder divino.
- Pólis Grega (cidades-estado)
Características: - a “cidade” era autossuficiente;
- participação da elite nas decisões;
- restrição a autonomia de vontade.
- Civitas romana
Características: Elementos constitutivos do Estado
- organizada na estrutura familiar; Introdução
- restrição ao povo; São diversas as teorias que apontam os elementos
- magistrados como governantes. constitutivos do Estado. No entanto, a mais tradicional
aponta para a existência de 03 elementos básicos: go-
verno, povo e território. A descoberta de tais elementos
é fundamental para compreensão da atuação do Estado
na vida do indivíduo. Por conta do pós guerra outro ele-
mento surge no processo de compreensão do Estado, a
chamada soberania.

O Estado Moderno (Elementos)


- Território: local que se fixará o elemento humano;
onde será exercido o poder de organizar, de fazer fun-
cionar, de oferecer serviços públicos. No território iden-
tifica-se duas funções: positiva e negativa. Positiva: tudo
e todos que se encontram nos seus limites ficam sujeitos
a uma autoridade; Negativa: exclusão de toda e qualquer
autoridade diversa daquele Estado.
Composição: solo, subsolo, espaço aéreo, plataforma
2) O Estado Moderno submarina e mar territorial.
O Estado moderno se volta ao contratualismo. O pen- Fronteiras:
samento contratualista pretende estabelecer, ao mesmo - Terrestre: linha imaginária, descrição geográfica.
tempo, a origem do Estado e o fundamento do poder - Terreno de embaixadas e consulados: jurisdição de
político a partir de um acordo de vontades, tácito ou ex- sua bandeira.
presso, que ponha fim ao estágio pré-político (estado de - Rios: linha média entre margens.
natureza) e dê início à sociedade política (estado civil). O - Marítima: 100 milhas
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

contrato pode então ser considerado o instrumento de - Navios comerciais / guerra: jurisdição de sua ban-
legitimação do Estado. deira.
Características do Estado Moderno
- Plena soberania do Estado. Total independência em Caracterização do Território
relação a outros poderes. - Povo: antes da compreensão do que vem a ser o
- Distinção entre Estado e Sociedade Civil. povo, necessário distinguir a palavra “povo” da palavra
- O Estado não é propriedade do soberano. “população”. Faz parte da população todos aqueles que
- Versões do Estado Moderno habitam o território, independente de desejar manter
- Estado Absolutista: a ideia de soberania está ligada vínculo com o Estado ou não; permanece no território
a concentração máxima de poderes, ou seja, nas mãos ainda que temporariamente. Faz parte do “povo” todos
do monarca. As monarquias se apropriaram do Estado – aqueles que mantêm um vínculo jurídico com o Estado –
finalidade exclusiva de assegurar o poder (absolutismo conceito puramente constitucional.
diferente de tirania). Nação: grupo de pessoas que se identificam com o
- Estado Moderno: segundo Locke o contratualismo li- Estado por conta da identidade, interesses, costumes. Ex:
beral burguês representou a apoteose do direito natural Brasil – país do futebol.
no sentimento individualista moderno; “os direitos pes-

19
Portanto: Povo ≠ População ≠ Nação

#FicaDica

- Soberania / governo
Segundo Miguel Reale, soberania “é o poder que tem uma nação de organizar-se juridicamente e de fazer valer
dentro de seu território a universalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência”. É a plena eficácia
do poder.
Características
- Una: superior a todos os demais.
- Indivisível: apesar de possível separação de funções (legislativo, executivo, judiciário), o poder não se divide.
- Inalienável: não se pode vender, trocar, substituir.
- Imprescritível: sem prazo de duração.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

20
- Finalidade e Funções do Estado
Objetivos: papel do Estado no desenvolvimento da EXERCÍCIO COMENTADO
humanidade; teorias difundidas com o cristianismo.
Subjetivos: desejo de realização de inúmeros fins par-
1. APLICADA EM: 2015BANCA: VUNESPÓRGÃO:
ticulares.
PREFEITURA DE SÃO PAULO - SP PROVA: ANALIS-
Expansivos: crescimento desmesurado, anulação do
TA DE POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNA-
indivíduo. MENTAL - CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS.
O que inicia e constitui realmente qualquer sociedade
O poder do Estado política nada mais é senão o assentimento de qualquer
Poder: elemento essencial constitutivo do Estado; número de homens livres e capazes de maioria em se
faculdade de tomar decisões em nome da coletividade. unirem e incorporarem a tal sociedade. E isto, e somente
Tem por objetivo conservar a comunidade humana uni- isto, deu ou poderia dar origem a qualquer governo no
da, coesa e solidária. mundo.
- Poder de fato: aquele que repousa unicamente na (John Locke, Dois Tratados sobre o Governo. Adaptado)
força; a sociedade, por sua vez, identifica no governo ca- John Locke foi um importante filósofo inglês do século
racterísticas de dominação, vítima do uso frequente de XVII. Esse trecho, destacado de um dos textos do autor,
meios violentos para impor obediência; demonstra apa- discute um aspecto fundamental da ciência política con-
rente solidez. temporânea, o conceito de:
- Poder de direito: repousa no consentimento, na
competência. Eis a demonstração do poder de direito, a) conflito.
posto que distante da utilização de métodos coercitivos. b) dominação.
O Estado moderno resume basicamente o processo de c) hegemonia.
despersonalização do poder, a saber, a passagem de um d) soberania.
poder de pessoa a um poder de instituições. e) legitimidade.

Resposta: Letra E.
#FicaDica A legitimidade é o elemento que garante ao gover-
nante o apoio do povo que ele precisa para governar.
Poder de Fato ≠ Poder de Direito É o reconhecimento de que suas ações estão referen-
dada por aqueles (maioria) que o escolheu para lá es-
tar.
Força, poder e autoridade
- Força: capacidade material de comandar interna e
externamente.
- Poder: disciplinar a organização jurídica da força. TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO
- Autoridade: consentimento; reconhecimento do po-
der. A disciplina de direito constitucional é talvez a mais
Em suma: importante de todo o ordenamento jurídico, em especial
- Quanto mais consentimento, mais legitimidade; do brasileiro posto que todas as demais normas devem
quanto mais legitimidade, mais autoridade. estar de acordo com a Constituição Federal.
Traços do Poder Estatal Segundo Nathália Masson, “Direito Constitucional é
um dos ramos do Direito Público, a matriz que funda-
- Imperatividade: todo indivíduo, inserido numa so- menta e orienta todo o ordenamento jurídico. Surgiu
ciedade estatal, deverá dela participar; tem caráter inab- com os ideais liberais atentando-se, a princípio, para a
dicável, obrigatório. Atua o Estado, por conseguinte, na organização estrutural do Estado, o exercício e transmis-
ambiência coletiva, quando necessário, com a máxima são do poder e a enumeração de direitos e garantias fun-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

imperatividade e firmeza, formando aquele vasto círculo damentais dos indivíduos. Atualmente, preocupa-se não
de segurança e ação no qual se movem outros círculos somente com a limitação do poder estatal na esfera par-
menores dele dependentes ou a ele acomodados, que ticular, mas também com a finalidade das ações estatais
são os grupos e indivíduos, cuja existência ganha ali cer- e a ordem social, democrática e política”.
teza e personificação jurídica. A constituição, por sua vez, é o documento que alicer-
- A importância da distinção de governantes e go- ça os fundamentos do Estado para a qual ela foi delinea-
vernados. da. Também é possível utilizar outros sinônimos como
constituir, delimitar, organizar; enfim, a Constituição tem
- Capacidade de auto-organização: existência de po-
essa finalidade: organizar e estruturar o Estado.
der financeiro, policial e militar com capacidade organi-
Portanto, podemos definir constituição como um
zadora e regulativa.
conglomerado de normas de caráter fundamental e su-
- Unidade e indivisibilidade do poder: somente pode
premo, escritas ou alicerçadas nos costumes, responsá-
haver um único titular desse poder. Possibilidade, ainda,
veis pela criação, estruturação e organização do Estado
de manifestação desse poder por outros órgãos.
– uma espécie de estatuto do poder.
O estudo da disciplina de direito constitucional pode
ser feito tomando por base três perspectivas: a primeira,
direito constitucional geral, fica adstrita as normas ge-

21
rais para o direito constitucional; a segunda perspectiva, ções vigentes no estado e não se furtar de regras ultra-
direito constitucional específico, estuda o direito cons- passadas ou mesmo caídas no desuso, posto que se as-
titucional específico de um estado e, por fim, a terceira sim fosse, não passaria de um simples pedaço de papel.
perspectiva, direito constitucional comparado, analisa a Do ponto de vista político, Carl Schimtt entende que a
influência das constituições de outros estados e sua par- constituição deve ser o produto de uma decisão da von-
ticipação no tempo e espaço no decorrer da história. tade que se impõe ao ordenamento; é resultante de uma
decisão fundamental oriunda de poder originário, apto a
criar aquele texto.
FIQUE ATENTO! Para Hans Kelsen, precursor da concepção jurídica,
a constituição é a lei maior, nada acima dela; todas as
Entendemos que o edital utilizou o termo
demais leis devem obediência obrigatória ao texto cons-
“perspectiva” neste tópico de forma equi-
titucional. Trata-se da chamada Teoria Pura do Direito,
vocada. Referido termo cabível apenas para
por onde Kelsen coloca a Constituição no topo de uma
justificar as três formas de estudo do direito
pirâmide, e na sequência as demais normas possíveis.
constitucional, conforme explicado acima. No
As constituições podem ser classificadas por diversos
entanto, a classificação sociológica, política
ângulos. Quanto ao conteúdo uma constituição pode ser
ou jurídica referente a constituição – portan-
classificada como material ou formal. Será considerada
to, cabível no tópico a seguir e, tecnicamente,
formal, nas palavras de Nathália Masson, “assuntos im-
ao invés de perspectiva, mais apropriado se-
prescindíveis à organização política do Estado. Em outros
ria a palavra “concepção”, ou seja, concepção
termos, são constitucionais os preceitos que compõe o
sociológica, concepção filosófica ou concep-
documento constitucional, ainda que o conteúdo de al-
ção jurídica.
guns desses preceitos não possa ser considerado mate-
rialmente constitucional”. Nas constituições classificadas
Perspectiva sociológica como materiais, considera-se constitucional toda norma
Ferdinand Lassale foi o idealizador desta teoria. Para de cunho constitucional ainda que não esteja inserida na
ele “a constituição nada mais é do que a soma dos fato- constituição.
res reais de poder que regem a sociedade”, ou seja, para
Lassale a constituição é o reflexo da sociedade.
#FicaDica
Perspectiva política Material: não importa se a norma está inse-
Esta concepção foi idealizada por Carl Schmitt que rida no texto da constituição. Será conside-
sintetizava a constituição como um documento que sin- rada constitucional se o seu conteudo for
tetizava unicamente as decisões políticas do Estado. Para de natureza constitucional. Formal: para ser
o Autor, necessário a constituição conter decisões polí- considerada constitucional deverá a norma
ticas fundamentais, posto que do contrário estaríamos compor o texto da constituição
diante de um lei formal/comum qualquer.
Perspectiva Jurídica Idealizada por Hans Kelsen, a Também é possível classificar uma constituição quan-
constituição seria fruto da vontade racional de um povo to a sua finalidade. Poderá ser classificada como cons-
e não a realidade social; é uma norma pura, positivada tituição garantia que tem por característica a restrição
e suprema. Para Kelsen, a constituição seria o ápice da do poder estatal, ou seja, núcleos de direitos que não
pirâmide, e todas as demais leis, devem estar em conso- poderão sofre interferência do Estado. Uma constituição
nância com ela. com essa característica é aquela que se preocupa com a
manutenção de direitos já conquistados, ou seja, prote-
Fontes formais ge-se aquilo que se conquistou impedindo a ingerência
O direito constitucional se instrui em diversas fontes. do Estado. Ainda quanto a finalidade, poderá uma cons-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Podem ser consideradas fontes formais do direito cons- tituição ser chamada de constituição dirigente que, ao
titucional a própria Constituição do estado, as emendas contrário da garantia, ocupa-se de um plano futuro para
constitucionais e os tratados internacionais de direitos a conquista de direitos. Na realidade essas constituições
humanos. estabelecem uma meta a ser alcançada pelos Estados.

#FicaDica
Nossa constituição segue a perspectiva de #FicaDica
hans kelsen, chamada de jurídica A constituição federal de 1988, em vigência, é
classificada quanto ao conteúdo como formal
e quanto a finalidade como dirigente
A Constituição sob o prisma sociológico está direta-
mente ligada a teoria elaborada por Ferdinand Lassale.
Segundo o autor a constituição seria o reflexo das re-
lações de poder vigentes em determinada comunidade
política, ou seja, a constituição deveria exprimir as rela-

22
Normas Constitucionais
Classificação quanto a aplicabilidade A REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA NA FE-
- Normas de eficácia plena: tem aplicabilidade ime- DERAÇÃO
diata. Desde sua entrada em vigor já começa a
produzir efeitos. Não precisa de outra norma para
regulamenta-la. Poderá até tê-la, mas desnecessá- “Prezado Candidato, o tópico acima será abordado
ria do ponto de vista de sua aplicabilidade. na íntegra em: Organização político-administrativa da
- Normas de eficácia contida: possuem aplicabilidade União, dos Estados Federados, dos Municípios e do Dis-
imediata, direta, mas não integral, posto que su- trito Federal; Da Administração Pública”
jeito a restrições que limitem sua eficácia e aplica-
bilidade. Segundo José Afonso da Silva, Para José
Afonso da Silva, “as normas de eficácia contida são
as que possuem atributos imperativos, positivos DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS:
ou negativos que limitam o Poder Público. Geral- DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLE-
mente estabelecem direitos subjetivos de indivídu- TIVOS, DIREITOS SOCIAIS, DA NACIONALI-
os e entidades privadas ou públicas”. DADE, DIREITOS POLÍTICOS E DOS PARTI-
- Normas de eficácia limitada: são normas constitu- DOS POLÍTICOS
cionais que dependem de uma norma, infraconsti-
tucional, para que dê aplicabilidade a norma.
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETI-
VOS
EXERCÍCIO COMENTADO
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
1. APLICADA EM: 2018BANCA: MPE-MSÓRGÃO: qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
MPE-MSPROVA: PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTI- estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
TUTO. Leia os enunciados a seguir acerca de concepções reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
sobre o termo “constituição”. propriedade, nos termos seguintes:
I. Para Ferdinand Lassalle, que a entende no sentido I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
sociológico, a constituição de um país é, em essên- ções, nos termos desta Constituição;
cia, a soma dos fatores reais do poder que regem II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
esse país, sendo esta a constituição real e efetiva, alguma coisa senão em virtude de lei;
não passando a constituição escrita de “uma folha III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
de papel”. mento desumano ou degradante;
II. Carl Schimitt empresta também um sentido so- IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
ciológico à constituição, considerando-a como dado o anonimato;
decisão política fundamental, decisão concreta de V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
conjunto sobre o modo e a forma de existência da ao agravo, além da indenização por dano material,
unidade política, não fazendo distinção entre cons- moral ou à imagem;
tituição e leis constitucionais. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
III. Uma corrente, liderada por Hans Kelsen, vê a sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
constituição apenas no sentido jurídico, sendo a e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
constituição considerada norma pura, puro dever- culto e a suas liturgias;
-ser, sem qualquer pretensão à fundamentação VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
sociológica. assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva;
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Assinale a alternativa correta. VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
a) Somente a assertiva I está correta.
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
b) Somente a assertiva II está correta.
nativa, fixada em lei;
c) Somente a assertiva III está correta.
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
d) As assertivas I e III estão corretas.
tica, científica e de comunicação, independentemente
e) Todas as assertivas estão corretas.
de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
Resposta: Letra D. ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
Para Lassale, a constituição não passa de uma “folha denização pelo dano material ou moral decorrente de
de papel” pelo fato de ser uma norma escrita e não sua violação;
revelar os fatores reais de poder; a teoria de Kelsen se XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
fundamentou no sentido lógico jurídico e o jurídico nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
positivo. dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi-
nação judicial;

23
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co- XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus-
municações telegráficas, de dados e das comunicações triais privilégio temporário para sua utilização, bem
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, como proteção às criações industriais, à propriedade
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
fins de investigação criminal ou instrução processual distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
penal; volvimento tecnológico e econômico do País;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou XXX - é garantido o direito de herança;
profissão, atendidas as qualificações profissionais que XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
a lei estabelecer; País será regulada pela lei brasileira em benefício do
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao seja mais favorável a lei pessoal do de cujus ;
exercício profissional; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
XV - é livre a locomoção no território nacional em do consumidor;
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi-
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus cos informações de seu interesse particular, ou de in-
bens; teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar- zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
mas, em locais abertos ao público, independentemente aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
de autorização, desde que não frustrem outra reunião sociedade e do Estado;
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; do pagamento de taxas:
XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci- a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa
tos, vedada a de caráter paramilitar; de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
a de cooperativas independem de autorização, sendo para defesa de direitos e esclarecimento de situações
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
ciário lesão ou ameaça a direito;
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci-
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
jurídico perfeito e a coisa julgada;
em julgado;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
permanecer associado;
organização que lhe der a lei, assegurados:
XXI - as entidades associativas, quando expressamen- a) a plenitude de defesa;
te autorizadas, têm legitimidade para representar seus b) o sigilo das votações;
filiados judicial ou extrajudicialmente; c) a soberania dos veredictos;
XXII - é garantido o direito de propriedade; d) a competência para o julgamento dos crimes dolo-
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; sos contra a vida;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa- XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou nem pena sem prévia cominação legal;
por interesse social, mediante justa e prévia indeniza- XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta o réu;
Constituição; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida- dos direitos e liberdades fundamentais;
de competente poderá usar de propriedade particular, XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
houver dano;
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

da lei;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce-
em lei, desde que trabalhada pela família, não será tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
objeto de penhora para pagamento de débitos decor- ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
os meios de financiar o seu desenvolvimento; dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de evitá-los, se omitirem;
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: ordem constitucional e o Estado democrático;
a) a proteção às participações individuais em obras XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condena-
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre-
inclusive nas atividades desportivas; tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô- estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
mico das obras que criarem ou de que participarem até o limite do valor do patrimônio transferido;
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre- XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado-
sentações sindicais e associativas; tará, entre outras, as seguintes:

24
a) privação ou restrição da liberdade; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido
b) perda de bens; quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
c) multa; sem fiança;
d) prestação social alternativa; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
e) suspensão ou interdição de direitos; responsável pelo inadimplemento voluntário e ines-
XLVII - não haverá penas: cusável de obrigação alimentícia e a do depositário
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos infiel;
termos do art. 84, XIX; LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
b) de caráter perpétuo; guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
c) de trabalhos forçados; ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
d) de banimento; lidade ou abuso de poder;
e) cruéis; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos proteger direito líquido e certo, não amparado por
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade habeas corpus ou habeas data , quando o responsá-
e o sexo do apenado; vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida- pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
de física e moral; atribuições do poder público;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
que possam permanecer com seus filhos durante o pe- petrado por:
ríodo de amamentação; a) partido político com representação no Congresso
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu- Nacional;
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
da naturalização, ou de comprovado envolvimento ção legalmente constituída e em funcionamento há
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
forma da lei; membros ou associados;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
que a falta de norma regulamentadora torne inviável
crime político ou de opinião;
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera-
pela autoridade competente;
nia e à cidadania;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
LXXII - conceder-se-á habeas data :
bens sem o devido processo legal;
a) para assegurar o conhecimento de informações re-
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administra-
lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
tivo, e aos acusados em geral são assegurados o con- ou bancos de dados de entidades governamentais ou
traditório e a ampla defesa, com os meios e recursos de caráter público;
a ela inerentes; b) para a retificação de dados, quando não se prefira
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administra-
por meios ilícitos; tivo;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
em julgado de sentença penal condenatória; ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
LVIII - o civilmente identificado não será submetido nio público ou de entidade de que o Estado participe,
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
em lei; patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal-
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
pública, se esta não for intentada no prazo legal; ônus da sucumbência;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re-


resse social o exigirem; cursos;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju-
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi- diciário, assim como o que ficar preso além do tempo
ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi- fixado na sentença;
litar ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se bres, na forma da lei:
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz a) o registro civil de nascimento;
competente e à família do preso ou à pessoa por ele b) a certidão de óbito;
indicada; LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os habeas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada exercício da cidadania.
a assistência da família e de advogado; LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon- são assegurados a razoável duração do processo e os
sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
pela autoridade judiciária; fundamentais têm aplicação imediata.

25
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui- coletividade, mas por alusão ao termo justiça social. Os
ção não excluem outros decorrentes do regime e dos titulares são os próprios indivíduos singularizados, apesar
princípios por ela adotados, ou dos tratados interna- dos mesmos poderem se voltar a coletividade.
cionais em que a República Federativa do Brasil seja - 3ª Geração de direitos: direitos de titularidade difu-
parte. sa. Proteção do homem em sua forma coletiva, grupos,
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di- não mais individualmente.
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa Característica: proteção do homem em grupos. Ex:
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin- direito ao meio ambiente equilibrado, direito a paz.
tos dos votos dos respectivos membros, serão equiva-
lentes às emendas constitucionais. Conclusão
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal A visão dos direitos fundamentais em termos de
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. gerações indica a evolução desses direitos no tempo.
Cada direito de cada geração interage com os das outras
Histórico e, nesse processo, dá-se à compreensão.
- Direitos Fundamentais Características dos direitos fundamentais
Normas obrigatórias: os direitos fundamentais não - Universais e absolutos
são sempre os mesmos em todas as épocas. Porém devem - A questão da universalidade: direito previsto para
constar obrigatoriamente em textos constitucionais todo homem, ainda que nem todo homem o exerça.
considerados democráticos; constando referidos direitos - Absoluto: os direitos fundamentais não são abso-
podem anuir que aquela constituição está alicerçada nos lutos, apesar de gozarem de prioridade absoluta sobre
pilares da democracia. qualquer outro direito.
Dignidade humana: foi impulsionada pelo - Historicidade
cristianismo, uma vez que segundo essa religião o
homem era feito a imagem e semelhança de Deus.
Os direitos fundamentais são um conjunto de
Sendo assim, ganhou uma proteção especial no texto da
faculdades e instituições que somente faz sentido num
Constituição. Importante lembrar que falar em dignidade
determinado contexto histórico. A história permite
humana é falar em garantir o direito do indivíduo ter
entender a existência de cada um dos direitos.
direitos – iguais entre seres humanos.
A história explica que os direitos possam ser
Positivação dos direitos fundamentais: Bill of
Rights, Declaração da Virgínia, Declaração Francesa. apregoados em certa época, desaparecendo em outras,
Tais documentos trataram de positivar direitos que ou se modificam no tempo. Verifica-se, portanto, a
naturalmente são inerentes ao homem. evolução dos direitos fundamentais.
Regra geral: indivíduos têm primeiro direitos, depois
deveres e os direitos que o Estado tem sobre o indivíduo - Inalienabilidade e Indisponibilidade
estão ordenados de modo a melhor cuidar de seus Inalienável: o titular do direito não pode impossibilitar
cidadãos. É a demonstração clara do pacto social firmado o exercício para si mesmo. Encontra fundamento no valor
entre os indivíduos e o Estado – é a cessão de parte de da dignidade humana. A indisponibilidade gera nulidade
suas liberdades, entregando-as ao Estado de modo que de qualquer disposição contratual feita.
este, em contrapartida, devolva algo que seja positivo – Podem, tais direitos, terem seu exercício. Ex.:
como, por exemplo, proíbe-se (exceto as possibilidade manifestação religiosa em templo religioso diverso do
previstas na lei) da autotutela (exercício da autodefesa) seu.
entregando essa função ao Estado para que este exerça - Direitos humanos são direitos postulados em bases
a tutela da segurança do indivíduo. jusnaturalistas, contam índole filosófica e não possuem
como característica básica a positivação numa ordem ju-
Geração de Direitos Fundamentais rídica particular.
- Direitos Fundamentais: é reservada aos direitos rela-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- 1ª Geração de direitos: são postulados de abstenção


dos governantes se obrigando a não intervir na vida pes- cionados com posições básicas das pessoas, inscritos em
soal de cada indivíduo. Indispensável a todos os homens. diplomas normativos de cada Estado. São direitos que
Como por exemplo, direito a vida, ou seja, salvo em si- vigem numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, ga-
tuações específicas, o Estado não privará o indivíduo de rantidos e limitados no espaço e no tempo.
seguir sua vida.
Característica: universal; não ocasiona desigualdade - Vinculação dos Poderes Públicos
social. Ex: liberdade, O fato de os direitos fundamentais estarem
- 2ª Geração de direitos: surge com a necessidade do previstos na Constituição torna-os parâmetros de
povo de não apenas ter liberdade, mas outros direitos organização e de limitação dos poderes constituídos. A
que o conduzem a exercer a liberdade, seguir sua vida, constitucionalização dos direitos fundamentais impede
com dignidade. São os valores sociais variados, impor- que sejam considerados meras autolimitações dos
tando intervenção ativa do Estado na vida econômica poderes constituídos - dos Poderes Executivo, Legislativo
com o viés de proporcionar justiça social. e Judiciário -, passíveis de serem alteradas ou suprimidas
Característica: Liberdade real e igual para todos. Ex: ao talante destes.
igualdade – saúde, educação, trabalho entre outros. São
chamados de direitos sociais não por serem direitos da

26
- Aplicabilidade imediata dos pela mesma proteção de direitos fundamentais. Tan-
As normas que definem direitos fundamentais to é verdade que, na hipótese de um estrangeiro em solo
são normas de caráter preceptivo, e não meramente brasileiro, cujo país adote a prisão perpétua, tenha sua
programático. Explicita-se, além disso, que os direitos extradição requerida, esta só poderá ocorrer se garanti-
fundamentais se fundam na Constituição, e não na lei - do um prazo máximo de prisão e não a perpétua, posto
com o que se deixa claro que é a lei que deve mover-se que nossa legislação não permite que alguém seja con-
no âmbito dos direitos fundamentais, não o contrário. siderado culpado para o resto de sua vida. No entanto, a
A Constituição brasileira de 1988 filiou-se a essa ten- participação política encontra diferenciações. Apesar de
dência, conforme se lê no §1º do art. 5º do Texto, em que garantidos direitos fundamentais, os políticos estão pre-
se diz que “as normas definidoras dos direitos e garantias vistos apenas para brasileiros (nato / naturalizado).
fundamentais têm aplicação imediata”. O texto se refere
aos direitos fundamentais em geral, não se restringindo 3. Aplicada em: 2018Banca: FCCÓrgão: DPE-AMPro-
apenas aos direitos individuais.
va: Analista Jurídico de Defensoria - Ciências Jurídi-
cas. Considere:
I. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
EXERCÍCIO COMENTADO lesão ou ameaça a direito.
II. A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurí-
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: STJProva: dico perfeito e a coisa julgada.
Conhecimentos Básicos - Cargo: 1. A respeito dos di- III. Não haverá juízo ou tribunal de exceção.
reitos e garantias fundamentais, julgue o item que se se- IV. A lei penal não retroagirá.
gue, tendo como referência a jurisprudência do Supremo V. A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
Tribunal Federal. direitos e liberdades individuais.
O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição
Federal de 1988 é taxativo, isto é, o Brasil adota um siste- Nos termos previstos no artigo 5° da Constituição Fede-
ma fechado de direitos fundamentais. ral, há exceção constitucionalmente expressa ao disposto
APENAS em:

( ) CERTO ( ) ERRADO a) IV e V.
b) IV.
Resposta: Letra B c) I e III.
A Constituição Federal elenca no art. 5º um rol de di- d) I, II e III.
reitos fundamentos. Porém, esse rol é exemplificativo e) V.
e ao contrário do afirmado na questão, não se trata
de um rol taxativo. Referidos direitos não podem ser Resposta: Letra B
reunidos em um elenco fixo, razão pela qual dentro da Dentre os direitos fundamentais elencados, o único
própria CF/88 podem constar no texto outros direitos que apresenta exceção é o referente a retroatividade
tidos por fundamentais. da lei penal. Caso a lei posterior altere a lei vigente
com o viés de beneficiar o réu, ou seja, se tornar mais
2.Aplicada em: 2018Banca: FGVÓrgão: TJ-ALProva: benéfica, poderá retroagir para alcançar aqueles que
Analista Judiciário - Área Judiciária. Jean, nacional estão sob a égide da lei penal mais gravosa. Portanto,
francês residente no território brasileiro, procurou um se for para benefício do réu, a lei penal poderá retroa-
advogado e solicitou que fosse esclarecido que direitos gir. Eis a exceção de que trata esta questão.
a ordem jurídica brasileira lhe assegurava, mais especifi-
camente se possuía direitos fundamentais e direitos po-
líticos. DOS DIREITOS SOCIAIS
À luz da sistemática constitucional, o advogado deve
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

afirmar que Jean:


Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
a) possui direitos políticos e fundamentais idênticos aos
dos brasileiros naturalizados; a segurança, a previdência social, a proteção à ma-
b) não possui direitos políticos e fundamentais de qual- ternidade e à infância, a assistência aos desampara-
quer natureza; dos, na forma desta Constituição. (Artigo com redação
c) possui direitos fundamentais em extensão inferior aos dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
dos brasileiros, mas não direitos políticos; Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
d) possui direitos fundamentais idênticos aos dos brasi- além de outros que visem à melhoria de sua condição
leiros, mas direitos políticos inferiores; social:
e) possui direitos políticos e fundamentais em extensão I - relação de emprego protegida contra despedida
inferior aos dos brasileiros. arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com-
plementar, que preverá indenização compensatória,
Resposta: Letra C dentre outros direitos;
Os estrangeiros recebem uma tratativa especial nesta II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in-
questão. Os direitos fundamentais não diferem nacionais voluntário;
de estrangeiros. Todos em solo brasileiro estão ampara- III - fundo de garantia do tempo de serviço;

27
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente uni- anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o li-
ficado, capaz de atender às suas necessidades vitais mite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, balho;
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte a) (Alínea revogada pela Emenda Constitucional nº
e previdência social, com reajustes periódicos que lhe 28, de 2000)
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin- b) (Alínea revogada pela Emenda Constitucional nº
culação para qualquer fim; 28, de 2000)
V - piso salarial proporcional à extensão e à comple- XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
xidade do trabalho; de funções e de critério de admissão por motivo de
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em sexo, idade, cor ou estado civil;
convenção ou acordo coletivo; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, a salário e critérios de admissão do trabalhador porta-
para os que percebem remuneração variável; dor de deficiência;
VIII - décimo terceiro salário com base na remunera- XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
ção integral ou no valor da aposentadoria; técnico e intelectual ou entre os profissionais respec-
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do tivos;
diurno; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou in-
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo salubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho
crime sua retenção dolosa; a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu- aprendiz, a partir de quatorze anos;
lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa- XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
ção na gestão da empresa, conforme definido em lei; vínculo empregatício permanente e o trabalhador
XII - salário-família pago em razão do dependente do avulso.
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra-
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
a compensação de horários e a redução da jornada, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condi-
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; ções estabelecidas em lei e observada a simplificação
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado do cumprimento das obrigações tributárias, principais
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego- e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
ciação coletiva; peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdên-
aos domingos; cia social. (Parágrafo único com redação dada pela
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, Emenda Constitucional nº 72, de 2013)
no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob-
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo servado o seguinte:
menos, um terço a mais do que o salário normal; I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e a fundação de sindicato, ressalvado o registro no ór-
do salário, com a duração de cento e vinte dias; gão competente, vedadas ao poder público a interfe-
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; rência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me- sindical, em qualquer grau, representativa de catego-
diante incentivos específicos, nos termos da lei; ria profissional ou econômica, na mesma base territo-
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, rial, que será definida pelos trabalhadores ou empre-
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; gadores interessados, não podendo ser inferior à área
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por de um Município;
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

meio de normas de saúde, higiene e segurança; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
XXIII - adicional de remuneração para as atividades ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; questões judiciais ou administrativas;
XXIV - aposentadoria; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes se tratando de categoria profissional, será desconta-
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em da em folha, para custeio do sistema confederativo da
creches e pré-escolas; representação sindical respectiva, independentemente
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co- da contribuição prevista em lei;
letivos de trabalho; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
XXVII - proteção em face da automação, na forma da filiado a sindicato;
lei; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo negociações coletivas de trabalho;
do empregador, sem excluir a indenização a que este VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; tado nas organizações sindicais;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das re- VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado
lações de trabalho, com prazo prescricional de cinco a partir do registro da candidatura a cargo de direção

28
ou representação sindical e, se eleito, ainda que su- Saúde – direito de todos / dever do Estado: redução
plente, até um ano após o final do mandato, salvo se do risco de doenças e acesso universal aos serviços de
cometer falta grave nos termos da lei. saúde. Ver art. 196
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- - SUS – Art. 200: atendimento integral, com priorida-
-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de para atividades preventivas.
de pescadores, atendidas as condições que a lei esta- - Judicialização do direito a saúde. (problemas de
belecer. gestão)
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo Alimentação – Comissão de Direitos Humanos da
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de ONU (1993). EC 64/2010. Direito a alimentação adequa-
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio da, ou seja, inerente a dignidade da pessoa humana e
dele defender. indispensável.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e Trabalho – instrumento para assegurar uma existência
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiá- digna. Governo, política econômica não recessiva, possi-
veis da comunidade. bilitando a busca por empregos.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às Moradia - promover programas de construção de
penas da lei. moradias e melhoria das condições habitacionais e de
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores saneamento básico. Princípios: intimidade, privacidade,
e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos inviolabilidade de domicílio.
em que seus interesses profissionais ou previdenciários
sejam objeto de discussão e deliberação. Impenhorabilidade do bem de família
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empre- Regra geral: impenhorabilidade.
gados, é assegurada a eleição de um representante Exceções: fiador em contrato de aluguel, devedor de
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o IPTU, pagamento de débitos trabalhistas aos trabalhado-
entendimento direto com os empregadores. res domésticos do imóvel. E imóvel de maior valor?
Lazer – função urbanística do Estado. O lazer interfere
Direitos sociais em espécie (11 espécies): os direitos nas condições de trabalho e de vida do ser humano.
sociais “disciplinam situações subjetivas pessoais ou gru- Segurança: também presente no artigo 5. Porém, lá
pais de caráter concreto”. Tratam-se de prestações posi- com as características de garantia individual. Já como so-
tivas do Estado a serem implementadas, no sentido de cial, volta-se a segurança pública.
possibilitar busca por melhores condições de vida. São Previdência social: direitos relacionados com a se-
irrenunciáveis. Ao contrário dos direitos individuais que guridade social. Erradicar a pobreza e a marginalização,
se apresentam pelo “não fazer” do Estado, no que tange reduzir as desigualdades sociais e promover o bem de
aos direitos sociais, estes demandam o “agir” do Estado. todos.
Proteção a maternidade e a infância: dois aspectos:
Rol de direitos sociais Direito previdenciário: assistência pelo afastamento,
- Art. 6 desoneração do empregador.
- Art. 7 a 11 Direito assistencial: estatuto da juventude.
- Art. 193 a 232 (Da ordem Social) Assistência aos desamparados: ver art. 203 V – LOAS.
Garantir o sustento, provisório ou permanente, dos que
Cláusula pétrea? Art. 60 §4 IV não têm condições para tanto. Não significa estabelecer
Destinatários dos direitos sociais: todos os indivíduos, boas condições de vida, mas condições suficientes para
especialmente os hipossuficientes. Aqueles que necessi- manutenção de sua dignidade.
tam da ação positiva do Estado. Transporte: transporte público tem influência direta
Modalidades do artigo 6º (círculo virtuoso) (rol exem- em outros aspectos da vida dos cidadãos. Ex: evasão es-
plificativo) colar; trabalho; bem estar.
5 - Educação
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2 – Saúde (art. 196 a 200)


3 - Alimentação
7 - Trabalho
4 - moradia
11 - Lazer
10 - Segurança
9 - Previdência Social
1 - Proteção a maternidade e a infância
8 - Assistência aos desamparados (art. 194 e 195)
6 - Transportes

Educação – direito de todos / dever do Estado e da


família: exercício da cidadania e qualificação para o tra-
balho. Ver art. 205 a 214.
- Educação de baixa qualidade = reflexos políticos ne-
gativos. Ex: referendo / plesbicito.

29
DIREITOS RELATIVOS AOS TRABALHADORES Participação de trabalhadores em colegiados de ór-
gãos públicos em assuntos de interesse da categoria.
- direito de representação classista.

Empresas com mais de 200 empregados podem ele-


ger um representante para estabelecer diálogo com em-
pregadores.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. Aplicada em: 2018Banca: FCCÓrgão: ALESEProva:


Técnico Legislativo - Técnico-Administrativo:
É direito dos trabalhadores urbanos e rurais, assegurado
na Constituição Federal:

a) a duração do trabalho normal não superior a doze


horas diárias e quarenta e oito semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, me-
Quem é empregado? Pessoa física presta serviços de diante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
natureza não eventual para um empregador mediante b) a participação nos lucros, ou resultados, vinculada à
salário. Como se identificar um contrato de trabalho? Ca- remuneração, e, excepcionalmente, a participação na
ráter personalíssimo, subordinação, remuneração e per-
gestão da empresa, conforme definido em lei.
manência de vínculo.
c) o reconhecimento das convenções e acordos coletivos
de trabalho.
Art. 7 cabível para empregado urbano ou rural que
d) a remuneração do trabalho diurno superior à do no-
preencha as características acima.
turno.
Direitos das relações individuais de trabalho (exem-
e) a proteção do salário na forma da lei, constituindo cri-
plos)
- Proteção contra dispensa arbitrária, sem justa cau- me sua retenção culposa.
sa.
- Seguro desemprego Resposta: Letra C.
- Fundo de garantia O erro da alternativa “a” refere-se a carga horária má-
- Salário mínimo fixado em lei. xima diária, que ao invés de 12 é de 8 horas. Na alter-
- Piso salarial nativa “b” o erro está na palavra vinculada, já que a
- 13 Salário participação nos lucros é desvinculada da remunera-
- remuneração trabalho noturno ção do empregado. A alternativa “d” traz uma inver-
- repouso semanal são na remuneração maior, uma vez que o trabalho
- Férias noturno deve ser remunerado de forma diferenciada
- Licença gestante e majorada, ao contrário do que relata a questão. Por
fim, será considerado crime a retenção dolosa do sa-
Atenção para o Art. 7 parágrafo único: empregado lário, ou seja, intencional. A culposa não é considerada
doméstico. crime.

Direitos das relações coletivas 2. APLICADA EM: 2018BANCA: FUNRIO ÓRGÃO:


CGE-ROPROVA: AUDITOR DE CONTROLE INTERNO.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- direito de associação profissional ou sindical;


A Emenda Constitucional 90, de 15 de setembro de 2015,
Vedado impedir a criação instituiu um novo direito social no texto constitucional
Liberdade de ser associado ou não consistente no direito ao:
Possibilidade de cobranças para custos
Vedação de dispensa de empregado sindicalizado a) alimento.
- direito de greve; b) transporte.
c) lazer.
Cabe aos empregados decidir o momento oportuno d) trabalho.
e a pauta de reinvindicações. Alguns serviços são consi- e) auxílio.
derados essenciais, necessários. Nesse caso, a lei definirá
que tipo de serviço será considerado essencial. Resposta: Letra B.
- direito de substituição processual; Trata-se da última alteração feita pelo legislador no rol
dos direitos sociais. Além daqueles já previstos pelo
Legitimidade dos sindicatos para a representação dos art. 6º, foi acrescentado o direito ao transporte como
empregados sindicalizados. mais uma modalidade neste rol.
- direito de participação;

30
CAPÍTULO III DIREITOS DE NACIONALIDADE
DA NACIONALIDADE
Introdução
Art. 12. São brasileiros: Conceitos importantes: segundo Nathália Masson,
I - natos: entende-se por nacionalidade o “vínculo jurídico-político
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que liga o indivíduo a um determinado Estado, coman-
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam do-o um componente do povo, o que o capacita a exi-
a serviço de seu país; gir a proteção estatal, a fruição de prerrogativas ínsitas
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de à condição de nacional, bem como o sujeita ao cumpri-
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a ser- mento de deveres. Referida associação - entre indivíduo
viço da República Federativa do Brasil; e Estado é que determina e permite a identificação dos
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de sujeitos que compõe a dimensão pessoal do Estado, um
mãe brasileira, desde que sejam registrados em repar- dos seus elementos constitutivos básicos”. Trata-se de
tição brasileira competente ou venham a residir na direito previsto no artigo 15 da Declaração Universal dos
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer Direitos do Homem.
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacio- - Elementos do Estado: território, soberania e povo.
nalidade brasileira; - Vínculo político e social: nacionalidade. (obs: nacio-
II - naturalizados: nalidade ≠ nação).
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países de língua Modalidades de aquisição da nacionalidade
portuguesa apenas residência por um ano ininterrup- - Primária: nascimento do indivíduo.
to e idoneidade moral; - Secundário: obtida voluntariamente pelo indivíduo
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residen- – Ex: casamento.
tes na República Federativa do Brasil há mais de quin-
ze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde Critérios para determinar nacionalidade
que requeiram a nacionalidade brasileira. - Jus soli: indivíduo nascido em território específico.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no - jus sanguinis: prioriza laços familiares, filiação.
País, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros,
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, sal- Apátridas: conhecidos por serem aqueles que não de-
vo os casos previstos nesta Constituição. têm pátria por não se enquadrarem no critério previsto
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasi- para aquisição da nacionalidade. Os poliapátridas são
leiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos aqueles que preenchem tanto os critérios para aquisição
nesta Constituição. de nacionalidade do Estado que nasceu como no Estado
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: de origem dos pais.
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; Exemplo: nascido em território estrangeiro que adota
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; com exclusividade o critério jus sanguinis; ou ainda pelo
III - de Presidente do Senado Federal; cancelamento da naturalização cujo país não admite du-
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; pla naturalização. Atualmente os países adotam critérios
V - da carreira diplomática; mistos.
VI - de oficial das Forças Armadas;
VII – de Ministro de Estado da Defesa. 1) Espécies de nacionalidade
- Originária: é aquela que se adquire pela ocorrência
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do bra- do fato natural (nascimento). Trata-se de um meio invo-
sileiro que: luntário.
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença - Secundária: trata-se, normalmente, de ato voluntá-
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse rio. A naturalização decorre da vontade do interessado
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nacional; de compor o povo de um Estado específico.


II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária
pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estran-
geira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu território ou
para o exercício de direitos civis;
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Re-
pública Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
derão ter símbolos próprios.

31
Hipóteses de aquisição

- Originária

- Critério jus soli


Trata-se de critério territorial. Será considerado nato o indivíduo nascido em território nacional; independe da na-
cionalidade de seus ascendentes. O que faz parte do território nacional?

Território nacional:
- Terras delineadas pelos limites geográficos do país
- rios, baías, golfos, ilhas, bem como o espaço aéreo e o mar territorial;

FIQUE ATENTO!
É o ato de reconhecer como parte do território nacional os navios e as aeronaves públicos (ou requisita-
dos) brasileiros, onde quer que se encontrem, assim como os navios privados brasileiros em alto mar, as
aeronaves privadas brasileiras em voo sobre o alto mar e as embarcações privadas estrangeiras em mar
(ou espaço aéreo) brasileiro.

Obs: se o nascido for filhos de estrangeiros a serviço do seu país de origem, não haverá o reconhecimento da nacio-
nalidade. Ex: casal de suíços a serviço da Suíça (o mesmo não se pode falar daqueles a serviço de empresa privada ou
outro país) concebem seu filho em solo brasileiro – o filho, ainda que nascido em território no Brasil não será brasileiro.
No exemplo acima, caso um dos genitores seja brasileiro, o fato do outro cônjuge estar a serviço de seu país, será o
nascido brasileiro.
- Critério jus sanguinis
Trata-se de uma espécie de mitigação do critério territorial com a finalidade de se evitar a existência de apátridas.
Oportuno registrar que esse critério não se resume sozinho. Sempre dependerá da conjugação com alguns elementos:
- Critério funcional: um dos pais brasileiros (ou ambos) a serviço do Brasil. Ex: nascido em território estrangeiro, filho
de um dos pais (ou ambos) brasileiro, estando este a serviço do país. Mesmo não nascendo em território brasileiro, será
considerado brasileiro não.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Registro em repartição brasileira: criança nascida no estrangeiro, filho de brasileiro (ou ambos), com registro de
nascimento feito em repartição brasileira competente, como por exemplo, embaixada ou consulado. Em tempo, esse
direito foi suprimido e posteriormente reinserido no texto em 2007.

32
- Opção após maioridade: nascido no estrangeiro, filho de pai ou mãe (ou ambos) brasileiro, resolve residir, após a
maioridade, no Brasil. Esta poderá fazer a opção de se registrar como brasileira.

- Secundária
- Tácita: países com número de nacionais inferior ao desejado; caso não declare o estrangeiro sua intenção de per-
manecer estrangeiro, automaticamente se torna nacional daquele país. (não aceito no Brasil).
- Expressa (duas formas: ordinária / extraordinária).
Ordinária
- Estatuto do Estrangeiro:
Residência permanente por mais de 04 anos
Capacidade Civil
Domínio da língua
Exercício da profissão
Bons procedimentos
Boa saúde.
- Países de língua Portuguesa:
Residência permanente por no mínimo 01 ano
Demais condições apontadas acima.
- Radicação precoce:
vem residir no Brasil antes de completar 05 anos.
Necessário requerimento de naturalização
Prazo: 02 anos a partir da maioridade (18 anos).

- Presidente da República e Vice-Presidente da República,


- Presidente da Câmara dos Depurados, Presidente do Senado Federal e Ministro do STF,
- Membro da carreira diplomática,
- Oficial das Forças Armadas e
- Ministro de Estado da Defesa.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

EXERCÍCIO COMENTADO
1. Aplicada em: 2018Banca: COPESE - UFTÓrgão: Câmara de Palmas - TOProva: Assistente Administrativo. Assi-
nale a alternativa CORRETA. Nos termos da Constituição Federal de 1988, são brasileiros natos:

a) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes em países de língua portuguesa há mais de cinco anos.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
c) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.
d) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço
de seu país.

Resposta: Letra D.
Pela nossa CF/88 ter adotado o critério misto para aquisição da nacionalidade originária, ou seja, critério jus solis e
jus sanguinis, o simples fato de nascer em solo brasileiro, ainda que filho de estrangeiros, confere a nacionalidade
brasileira. Exceção à regra reside na hipótese do nascimento ter ocorrido no país, filho de estrangeiros à serviço de

33
seu país de origem. Neste caso, como a estada no Bra- II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre-
sil destes estrangeiros não é voluntária, posto que a gado pela autoridade superior e, se eleito, passará
mando do seu país de origem, não há que se falar em automaticamente, no ato da diplomação, para a ina-
aquisição da nacionalidade brasileira originária pelo tividade.
critério jus solis. § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
proteger a probidade administrativa, a moralidade
CAPÍTULO IV para o exercício do mandato, considerada a vida pre-
DOS DIREITOS POLÍTICOS gressa do candidato, e a normalidade e legitimidade
das eleições contra a influência do poder econômico
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá- ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor na administração direta ou indireta.
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
I - plebiscito; Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
II - referendo; diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
III - iniciativa popular. poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma
II - facultativos para: da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
a) os analfabetos; Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
b) os maiores de setenta anos; perda ou suspensão só se dará nos casos de:
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. I - cancelamento da naturalização por sentença tran-
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangei- sitada em julgado;
ros e, durante o período do serviço militar obrigatório, II - incapacidade civil absoluta;
os conscritos. III - condenação criminal transitada em julgado, en-
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: quanto durarem seus efeitos;
I - a nacionalidade brasileira; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
II - o pleno exercício dos direitos políticos; prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
III - o alistamento eleitoral; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; § 4º.
V - a filiação partidária; Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
VI - a idade mínima de: em vigor na data de sua publicação, não se aplican-
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden- do à eleição que ocorra até um ano da data de sua
te da República e Senador; vigência.
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
Estado e do Distrito Federal; Trata-se de prerrogativa do direito de nacionalidade.
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado É assegurado a determinado grupo de pessoas chama-
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de dos de cidadãos. São os meios pelo qual o povo exerce
paz; sua soberania, ou seja, a soberania popular. É a exteriori-
d) dezoito anos para Vereador. zação da vontade do povo na condução da coisa pública.
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. Nacionalidade ≠ Cidadania: segundo José Afonso da
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Silva, “a nacionalidade é o vínculo ao território estatal por
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os nascimento ou por naturalização, tem status político”;
houver sucedido ou substituído no curso dos manda- cidadania “qualifica os participantes da vida do Estado,
tos poderão ser reeleitos para um único período sub- é atributo das pessoas integradas na sociedade estatal,
sequente. atributo político decorrente do direito de participar no
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente governo e direito de ser ouvido pela representação polí-
da República, os Governadores de Estado e do Distrito tica”. E continua:
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos “Cidadão, no direito brasileiro, é o indivíduo que seja
mandatos até seis meses antes do pleito. titular dos direitos políticos de votar e ser votado e suas
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do ti- consequências. Nacionalidade é o conceito mais amplo
tular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, do que cidadania, e é pressuposto desta, uma vez que só
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da o titular da nacionalidade brasileiro poder ser cidadão”.
República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substi- 1. Regime democrático
tuído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo - Democracia direta: exercício do poder diretamente
se já titular de mandato eletivo e candidato à reelei- pelo povo, sem intermediários.
ção. - Democracia representativa: povo elege seus repre-
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguin- sentantes.
tes condições: - Democracia participativa: sistema híbrido; parte
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá exercida diretamente pelo povo e parte pelos represen-
afastar-se da atividade; tantes eleitos pelo povo.

34
Modelo brasileiro: democracia participativa – CF Art. - Alistamento eleitoral: qualificação e inscrição da
1º par. Único e Art. 14. pessoa como eleitor perante a Justiça Eleitoral (título de
eleitor)
Democracia direta (institutos) - Nacionalidade brasileira (excluídos os estrangeiros)
- Plesbicito, referendo, participação popular e ação - Idade mínima de 16 anos
popular. Facultativo: entre 16 e 18 anos; acima de 70 anos.
Obrigatório: entre 18 e 70 anos.
Plesbicito e referendo: ambos são formas de consulta - Não ser conscrito (serviço militar obrigatório): o
ao povo de matéria de extrema relevância (ex: sistema de conscrito não poderá votar. E se por acaso o conscrito se
governo; desarmamento). O que os difere é o momento engajar no serviço miltar permanente? São obrigados a
em que essa consulta é feita. se alistarem como eleitores
- Plesbicito (consulta prévia): primeiro ocorre a con- - Soberania Popular: exercida pelo sufrágio universal
sulta popular para só então ser tomada a decisão políti- e pelo voto direto e secreto. É possível classificar a sobe-
ca. Ex: sistema de governo. rania como: una, indivisível, inalienável e imprescritível.
- Referendo (consulta a posteriori): primeiro é tomada - Sufrágio: direito que o cidadão possui de participar
a decisão política para então ser levada a apreciação do da organização política estatal. É a permissão para eleger
povo que poderá ratificar ou rejeitar. Ex: desarmamento. e/ou ser eleito. Sufrágio universal: “quando se outorga
- Iniciativa popular: apresentação de projeto de lei o direito de votar a todos os nacionais de um país, sem
para a Câmara dos Deputados, subscrito por no mínimo restrições derivadas das condições de nascimento, de
1% do eleitorado brasileiro, distribuídos por no mínimo fortuna e capacidade especial”.
5 estados com não menos de 0,3% dos eleitores de cada - Direito de voto e escrutínio: o voto é uma das for-
um deles. mas do exercício do sufrágio; é o instrumento pelo qual
- Ação popular: Lei 4.717/65 se exterioriza sua vontade. Tem por características: direto,
secreto, Periódico e universal.

Uma vez proclamado o resultado do plesbicito ou No Brasil, tem por característica ser personalíssimo
do referendo, seria possível sua alteração por meio de e obrigatório. A obrigatoriedade do voto é cláusula pé-
Emenda Constitucional ou Lei? Não. Tais medidas seriam trea? Não, nos termos do art. 60 §4º II.
inconstitucionais. Logo, a democracia direta prevalece
sobre a representativa. Sua mudança poderia ocorrer #FicaDica
apenas após nova consulta popular.
Conceitos (Teoria Geral do Estado) Características do voto: direto, secreto, uni-
Cidadania: capacidade de possuir direitos políticos, versal e periódico.
votar e ser votado.
Sufrágio: direito de votar e ser votado.
- Direto: o eleitor vota diretamente no candidato.
Voto: modo pelo qual se exerce o sufrágio.
Obs: eleição indireta – possível. Vacância do cargo de
Escrutínio: modo pelo qual se exercita o voto. presidente e vice presidente nos dois últimos anos de
mandato – eleição realizada pelo Congresso nacional.
2. Classificação dos Direitos Políticos - Secreto: veda-se a publicidade do voto. Votação
parlamentar: aberta. O sigilo do voto deverá ser assegu-
Memorizar: rado e, adotadas as seguintes providências:
- Isolamento em cabine indevassável
- Verificação documental e sua autenticidade
- urna que assegure a inviolabilidade.
- Universal: direcionada a qualquer cidadão, sem dis-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

criminação de natureza econômica, social, racial.


- Periódica: posto que o mandato é por prazo deter-
minado.

Eleitorado: conjunto de todos aqueles que detém o


direito ao sufrágio. A organização brasileira é da seguinte
forma:
- Circunscrições eleitorais: nas eleições presidenciais
2.1 Positivos (liberdade do cidadão participar a circunscrição será o país; nas eleições federais e esta-
ativamente da vida pública) duais a circunscrição será o estado e nas municipais o
próprio município.
Ativo: direito de votar, capacidade de ser eleitor, alis- - Zonas eleitorais: unidades territoriais de natureza ju-
tabilidade. risdicional sob a titularidade de um juiz de direito.
Passivo: direito de ser votado, elegibilidade. - Seções eleitorais (de 300 a 400 eleitores)
- Ativa (pressupostos para votar) – Palavra chave: alis- - Passiva (pressupostos para ser votado) – Palavra
tabilidade (capacidade de ser eleitor). chave: elegibilidade

35
Condições de elegibilidade (capacidade de ser eleito)
- Nacionalidade: brasileira
- Pleno exercício dos direitos políticos
- Alistamento eleitoral
- Domicílio eleitoral na circunscrição (onde for concorrer ao mandato)
- Filiação partidária
- Idade Mínima:
35 – Presidente, vice, senador.
30 – Governador e vice.
21 – Deputados estaduais e federais prefeito e vice.
18 – Vereador.

#FicaDica

2.2 Direitos Políticos Negativos

Podem ser definidas como as suspensões e/ou privações de direitos políticos. Atenção! Segundo Nathália Masson,
“importante, desde já, deixar firmado que a cassação dos direitos políticos, consistente na retirada arbitrária dos direi-
tos, engendrada por perseguições ideológicas, tão típicas dos períodos de hiato constitucional (antidemocráticos), é
vedada pela atual Constituição
- Inelegibilidade (Art. 14 §4º a 8º)
Absolutas: impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo, taxativamente previstas na CF/88.
- Inalistável: se não pode ser eleitor, não pode se eleger (estrangeiros e conscritos).
- Analfabeto: pode se alistar, mas não pode ser eleito.
- Relativas: impedimento eleitoral para algum cargo eletivo ou mandato, em função de situações em que se encon-
tre o cidadão candidato, previstas na CF/88 ou lei complementar.
- Em razão da função exercida:
- Referente ao mesmo cargo: - Chefes do executivo nas 03 esferas, não podem ser eleitos para um terceiro mandato.
(subsequente e sucessivo).
- Referente a outro cargo (desincompatibilização).
- Prefeito profissional: cumpre dois mandatos, transfere seu domicílio para concorrer ao terceiro. Impossibilidade
tanto para o próprio município como para diverso.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Desincompatibilização: afastamento das funções por 06 meses para concorrer a outros cargos. Ex: é deputado,
quer concorrer para prefeito.
- Grau de parentesco
- cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau. (presidente, governador e prefeito).
- Conhecida como inelegibilidade reflexa, haja vista incidir sobre terceiros, isto é, “refletir” em indivíduos em razão
do parentesco, da afinidade ou da condição de cônjuge que possuem freme a um chefe do Poder Executivo.
- Candidato for militar
- Menos de 10 anos de atividade: afastamento definitivo.
- Mais de 10 anos: afastamento temporário. Se eleito, inatividade.
- Outras inelegibilidades previstas pela LC 64/90
- probidade administrativa
- Moralidade
- Normalidade e legitimidade das eleições.

36
3. Perda dos direitos políticos
Definitiva.
- Cancelamento da naturalização EXERCÍCIO COMENTADO
- Recusa de cumprir obrigação imposta a maioria
- Perda da nacionalidade em razão de ter adquirido 1. Aplicada em: 2018Banca: IBADEÓrgão: SEDURB-
outra. -PBProva: Agente de Controle Urbano. Nos termos da
Constituição Federal vigente, o alistamento eleitoral e o
4. Suspensão dos direitos políticos voto são facultativos para:
Temporária.
- Incapacidade civil absoluta a) maiores de sessenta anos.
- Condenação criminal definitiva. b) maiores de quatorze anos.
- Improbidade administrativa. c) maiores de sessenta e cinco anos.
- Exercício de direitos políticos em outro país. Pode d) maiores de dezoito anos.
votar em Portugal, suspende o direito de votar no Brasil. e) analfabetos.

Gabarito: E.
#FicaDica O voto é obrigatório, eis a regra. Não entanto, com-
porta algumas exceções tornando-o facultativo para
Não Existe “Cassação” De Direitos Políticos. os analfabetos, maiores de 70 anos e aqueles cuja
Ou Poderá Ocorrer A Perda Ou Mesmo A idade esteja entre 16 e 18 anos. Importante lembrar
Suspensão. O Termo Cassação Pressupõe que os conscritos no serviço militar obrigatório não
Ato Unilateral Em Contraditório E Ampla De- podem se alistar como eleitores.
fesa, Ferindo Os Alicerces Da Democracia.
2. Aplicada em: 2017. Banca: Quadrix Órgão: COFE-
CI Prova: Auxiliar Administrativo. À luz da CF, julgue
5. Das Eleições o item que se segue acerca dos direitos e dos partidos
Segundo José Afonso da Silva, “as eleições são pro- políticos. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
cedimentos técnicos para a designação de pessoas para universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
um cargo (outras maneiras de designação são a suces- para todos, e, nos termos da lei, mediante plebiscito, re-
são, a cooptação, a nomeação, a aclamação) ou para a ferendo e iniciativa popular.
formação de assembleias. Eleger significa, geralmente,
expressar uma preferência entre alternativas, realizar um ( ) CERTO ( ) ERRADO
ato formal de decisão”.
Reeleição: “possibilidade que a Constituição reco- Resposta: Letra A.
nhece ao titular de um mandato eletivo de pleitear sua O poder é do povo, eis a justificativa para afirmar que
própria eleição para um mandato sucessivo ao que está a soberania é popular. O sufrágio, ou seja, o direito a
desempenhando”. manifestação política do indivíduo exteriorizado pelo
voto é um direito universal. O voto será direto, secre-
to, universal e periódico; esta manifestação se deve a
adoção da democracia participativa onde o indivíduo
exerce diretamente seu direito político ou por meio de
seus representantes eleitos democraticamente. Além
do voto, também são formas de manifestação do in-
divíduo o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Majoritário: “a representação, em dado território,
cabe ao candidato ou candidatos que obtiveram a maio- Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extin-
ria (absoluta/relativa) dos votos. O Brasil consagra o sis- ção de partidos políticos, resguardados a soberania
tema majoritário por maioria absoluta (com dois turnos nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo,
se preciso) para a eleição de Presidenta e Vice-Presidente os direitos fundamentais da pessoa humana e obser-
da República, de Governador e Vice-governador de esta- vados os seguintes preceitos:
do e de Prefeito e Vice-Prefeito municipal e por maioria I - caráter nacional;
relativa para a eleição de Senadores”. II - proibição de recebimento de recursos financeiros
Proporcional: utilizado para as eleições de deputados de entidade ou governo estrangeiros ou de subordi-
federais, estaduais e para vereadores. nação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia
para definir sua estrutura interna e estabelecer regras

37
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos das para cercos fins políticos, que se esforçam para rea-
permanentes e provisórios e sobre sua organização e lizar”. Em regra, esses grupos têm por base concepções
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e políticas ou interesses políticos comuns.
o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, A lei 9.096/95, também chamada de “Lei dos Partidos
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, Políticos” também tratou de conceituar os partidos polí-
sem obrigatoriedade de vinculação entre as candida- ticos no Brasil. Nos termos do art. 1º desta lei, “o partido
turas em âmbito nacional, estadual, distrital ou mu- político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a
nicipal, devendo seus estatutos estabelecer normas assegurar, no interesse do regime democrático, a auten-
de disciplina e fidelidade partidária. (Parágrafo com ticidade do sistema representativo e a defender os direi-
redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de tos fundamentais definidos na Constituição Federal”.
2017)
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem persona- Natureza Jurídica
lidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus Pessoa Jurídica de Direito Privado. Sua organização
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. está prevista no texto da Constituição Federal, lhes as-
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo parti- segurando autonomia, liberdade de criação, fusão, in-
dário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na for- corporação e extinção, além de resguardar a soberania
ma da lei, os partidos políticos que alternativamente: nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os
(“Caput” do parágrafo com redação dada pela Emen- direitos fundamentais. Essa pessoa jurídica deve ser re-
da Constitucional nº 97, de 2017) gistrada em Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas e
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputa- os estatutos do partido registrados no TSE.
dos, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, - Requisitos a serem observados quando de sua cria-
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da ção
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) - Caráter Nacional: evitar partidos com projetos re-
dos votos válidos em cada uma delas; ou (Inciso acres- gionais ou mesmo municipais.
- Critério: 0,5% dos votos válidos nas últimas eleições
cido pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
para a Câmara dos Deputados, distribuídos no mínimo
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Fe-
entre 1/3 dos estados-membros (9 estados) e, em cada
derais distribuídos em pelo menos um terço das uni-
estado, 1/10 dos eleitores daquele estado.
dades da Federação. (Inciso acrescido pela Emenda
- Proibição de recebimento de recursos financeiros de
Constitucional nº 97, de 2017)
entidades ou governos estrangeiros ou de subordinação
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de
Vedado receber qualquer recurso de entidade ou go-
organização paramilitar.
verno estrangeiro, pois o aceite poderia tornar o partido
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os re-
subordinado a estes apoiadores. É uma forma indireta de
quisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o também proteger a soberania nacional.
mandato e facultada a filiação, sem perda do manda- - Prestação de constas à Justiça Eleitoral
to, a outro partido que os tenha atingido, não sendo Com o propósito de afastar o abuso do poder econô-
essa filiação considerada para fins de distribuição dos mico, tudo aquilo que for recebido deve ser apresentado
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao em forma de prestação de contas para a justiça eleito-
tempo de rádio e de televisão. (Parágrafo acrescido ral. Esta prestação vem disciplinada pela lei 9.504/97 em
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) seus arts. 17 a 27.

Instrumento indispensável no regime democrático Características dos Partidos Políticos


por ser responsável pela organização da vontade popular
na busca de realização de projetos comuns. Vale lembrar Autonomia: o Estado evitará intervir em qualquer par-
que o exercício da cidadania não se faz exclusivamen- tido político, posto que os mesmos possuem liberdade
te através de partidos políticos; no entanto, o exercício para definir sua estrutura, organização e funcionamento.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

desse mister quando estivermos diante da elegibilidade, Por esta razão as coligações eleitorais são possíveis.
a filiação partidária se torna obrigatória – requisito indis- Fidelidade Partidária: sua não observância acarreta a
pensável. perda do mandato de Deputado Federal e de Senador se
Atualmente o Brasil tem 35 partidos políticos regis- estes trocarem de partido sem justa causa. Sobre a fide-
trados no Tribunal Superior Eleitoral, sendo o PMDB o lidade partidária, importante consignar que:
partido mais antigo, registrado em 30/06/1981, seguido - a vaga do titular do mandato parlamentar pertence
neste mesmo ano pelos Partidos PTB (03/11/81) e PDT à coligação e não ao partido político.
(10/11/1981) e o partido político mais jovem é o PMB - Reconhecida a justa causa, afastamento da perda do
(Partido da Mulher Brasileira) registrado em 29/09/2015. mandato eletivo.

Conceito
A Professora Nathália Masson, destaca em sua obra
conceito de Georg Jellinek, segundo o qual os partidos
políticos podem ser definidos como “grupos políticos
formados sob a influência de convicções comuns volta-

38
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATI-
EXERCÍCIO COMENTADO VA DA UNIÃO, DOS ESTADOS FEDERADOS,
DOS MUNICÍPIOS E DO DISTRITO FEDERAL;
1. Aplicada em: 2018Banca: MS CONCURSOS Órgão: DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
SAP-SP Prova: Analista Administrativo. É livre a cria-
ção, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,
resguardados a soberania nacional, o regime democráti- Título III
co, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pes- Da organização do estado
soa humana e observados os seguintes preceitos: Capítulo I
I - Caráter nacional. Da organização político-administrativa
II - Proibição de recebimento de recursos financeiros
de entidade ou governo estrangeiros ou de subor- Art. 18. A organização político-administrativa da Re-
dinação a estes. pública Federativa do Brasil compreende a União, os
III - Prestação de contas à Justiça Eleitoral. Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô-
IV - Funcionamento parlamentar de acordo com a lei. nomos, nos termos desta Constituição.
§ 1ºBrasília é a Capital Federal.
De acordo com o art. 17 da Constituição Federal, é certo § 2ºOs Territórios Federais integram a União, e sua
afirmar: criação, transformação em Estado ou reintegração ao
Estado de origem serão reguladas em lei complemen-
a) Apenas o item I está incorreto. tar.
b) Somente o item IV está correto. § 3ºOs Estados podem incorporar-se entre si, subdivi-
c) I e III são os únicos corretos. dir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros,
d) Apenas o item I está correto. ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
e) Todos os itens estão corretos. mediante aprovação da população diretamente inte-
ressada, através de plebiscito, e do Congresso Nacio-
Resposta: Letra E nal, por lei complementar.
Os itens apresentados pela questão são todos os pre- § 4ºA criação, a incorporação, a fusão e o desmem-
ceitos pertinentes aos partidos políticos insculpidos bramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
no art. 17 da CF/88. dentro do período determinado por Lei Complementar
Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
2. Aplicada em: 2017Banca: CESPE Órgão: TRE-TO plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos,
Prova: Técnico Judiciário - Área Administrativa. Os após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
partidos políticos: apresentados e publicados na forma da lei.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fe-
a) são pessoas jurídicas de direito privado. deral e aos Municípios:
b) dependem de autorização do Congresso Nacional I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio-
para estruturar seu funcionamento. ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
c) podem ministrar instrução militar ou paramilitar. com eles ou seus representantes relações de depen-
d) adquirem personalidade jurídica com o registro do es- dência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a cola-
tatuto social no TSE. boração de interesse público;
e) devem submeter sua estrutura interna para aprovação II - recusar fé aos documentos públicos;
do TSE. III - criar distinções entre brasileiros ou preferências
entre si.
Resposta: Letra A.
Capítulo II
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Os partidos políticos não dependem de autorização


do Congresso Nacional para funcionar. Deverão ad- Da união
quirir personalidade jurídica e após registrarem seus
estatutos no TSE. A aquisição da personalidade jurí- Art. 20. São bens da União:
dica não é concedida pelo TSE, este apenas registrará I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie-
o estatuto. Em se tratando de uma democracia, com rem a ser atribuídos;
governo único, não se admite instrução militar ou pa- II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
ramilitar. Por fim, não cabe ao TSE aprovar a estrutura fronteiras, das fortificações e construções militares,
interna do partido, posto que estes gozam de autono- das vias federais de comunicação e à preservação am-
mia nesta questão. biental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se es-
tendam a território estrangeiro ou dele provenham,
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas

39
e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a c)a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura
sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao aeroportuária;
serviço público e a unidade ambiental federal, e as d)os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
Constitucional nº 46, de 2005) transponham os limites de Estado ou Território;
V - os recursos naturais da plataforma continental e e)os serviços de transporte rodoviário interestadual e
da zona econômica exclusiva; internacional de passageiros;
VI - o mar territorial; f)os portos marítimos, fluviais e lacustres;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
VIII - os potenciais de energia hidráulica; tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; Defensoria Pública dos Territórios;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar- XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia mili-
queológicos e pré-históricos; tar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal,
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. bem como prestar assistência financeira ao Distrito
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Federal para a execução de serviços públicos, por meio
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos de fundo próprio;
da administração direta da União, participação no re- XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta-
sultado da exploração de petróleo ou gás natural, de tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
recursos hídricos para fins de geração de energia elé- nacional;
trica e de outros recursos minerais no respectivo terri- XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
tório, plataforma continental, mar territorial ou zona diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
econômica exclusiva, ou compensação financeira por XVII - conceder anistia;
essa exploração. XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de tra as calamidades públicas, especialmente as secas e
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada as inundações;
como faixa de fronteira, é considerada fundamental XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
para defesa do território nacional, e sua ocupação e recursos hídricos e definir critérios de outorga de direi-
utilização serão reguladas em lei. tos de seu uso; XX - instituir diretrizes para o desen-
Art. 21. Compete à União: volvimento urbano, inclusive habitação, saneamento
I - manter relações com Estados estrangeiros e partici- básico e transportes urbanos;
par de organizações internacionais; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
II - declarar a guerra e celebrar a paz; nacional de viação;
III - assegurar a defesa nacional; XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero-
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, portuária e de fronteiras;
que forças estrangeiras transitem pelo território na- XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de
cional ou nele permaneçam temporariamente; qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamen-
intervenção federal; to, a industrialização e o comércio de minérios nuclea-
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de res e seus derivados, atendidos os seguintes princípios
material bélico; e condições:
VII - emitir moeda; a)toda atividade nuclear em território nacional so-
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis- mente será admitida para fins pacíficos e mediante
calizar as operações de natureza financeira, espe- aprovação do Congresso Nacional;
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem b)sob regime de permissão, são autorizadas a comer-
como as de seguros e de previdência privada; cialização e a utilização de radioisótopos para a pes-
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais quisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de ordenação do território e de desenvolvimento eco- c)sob regime de permissão, são autorizadas a produ-
nômico e social; ção, comercialização e utilização de radioisótopos de
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; meia-vida igual ou inferior a duas horas;
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, d)a responsabilidade civil por danos nucleares inde-
concessão ou permissão, os serviços de telecomunica- pende da existência de culpa;
ções, nos termos da lei, que disporá sobre a organiza- XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do tra-
ção dos serviços, a criação de um órgão regulador e balho;
outros aspectos institucionais; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exer-
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, cício da atividade de garimpagem, em forma associa-
concessão ou permissão: tiva.
a)os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e ima- Art. 22. Compete privativamente à União legislar so-
gens; bre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
aproveitamento energético dos cursos de água, em ar- II - desapropriação;
ticulação com os Estados onde se situam os potenciais III - requisições civis e militares, em caso de iminente
hidroenergéticos; perigo e em tempo de guerra;

40
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e V -proporcionar os meios de acesso à cultura, à
radiodifusão; educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à
V - serviço postal; inovação;(Redação dada pela Emenda Constitucional
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garan- nº 85, de 2015)
tias dos metais; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferên- em qualquer de suas formas;
cia de valores; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - comércio exterior e interestadual; VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
IX - diretrizes da política nacional de transportes; abastecimento alimentar;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma- IX - promover programas de construção de moradias
rítima, aérea e aeroespacial; e a melhoria das condições habitacionais e de sanea-
XI - trânsito e transporte; mento básico;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e meta- X - combater as causas da pobreza e os fatores de
lurgia; marginalização, promovendo a integração social dos
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; setores desfavorecidos;
XIV - populações indígenas; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e ex- direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
pulsão de estrangeiros; e minerais em seus territórios;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e XII - estabelecer e implantar política de educação para
condições para o exercício de profissões; a segurança do trânsito.
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas
Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pú- para a cooperação entre a União e os Estados, o Dis-
blica dos Territórios, bem como organização adminis- trito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilí-
trativa destes; brio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de nacional.
geologia nacionais; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
Federal legislar concorrentemente sobre:
poupança popular;
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
mico e urbanístico;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material
II - orçamento;
bélico, garantias, convocação e mobilização das polí-
III - juntas comerciais;
cias militares e corpos de bombeiros militares;
IV - custas dos serviços forenses;
XXII - competência da polícia federal e das polícias
V - produção e consumo;
rodoviária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
XXV - registros públicos; do meio ambiente e controle da poluição;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artísti-
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em co, turístico e paisagístico;
todas as modalidades, para as administrações públicas VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estéti-
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no co, histórico, turístico e paisagístico;
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec-
de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Reda-
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa ção dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
marítima, defesa civil e mobilização nacional; X - criação, funcionamento e processo do juizado de
pequenas causas;
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XXIX - propaganda comercial.


Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar XI - procedimentos em matéria processual;
os Estados a legislar sobre questões específicas das XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
matérias relacionadas neste artigo. XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, XIV - proteção e integração social das pessoas porta-
do Distrito Federal e dos Municípios: doras de deficiência;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das XV - proteção à infância e à juventude;
instituições democráticas e conservar o patrimônio XVI - organização, garantias, direitos e deveres das
público; polícias civis.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção § 1ºNo âmbito da legislação concorrente, a competên-
e garantia das pessoas portadoras de deficiência; cia da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de § 2ºA competência da União para legislar sobre nor-
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as mas gerais não exclui a competência suplementar dos
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; Estados.
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza- § 3ºInexistindo lei federal sobre normas gerais, os Es-
ção de obras de arte e de outros bens de valor históri- tados exercerão a competência legislativa plena, para
co, artístico ou cultural; atender a suas peculiaridades.

41
§ 4ºA superveniência de lei federal sobre normas ge- § 1ºPerderá o mandato o Governador que assumir ou-
rais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for tro cargo ou função na administração pública direta
contrário. ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso
público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V. (R
Capítulo III § 2ºOs subsídios do Governador, do Vice-Governador
Dos estados federados e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de
iniciativa da Assembléia Legislativa, observado o que
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153,
Constituições e leis que adotarem, observados os prin- § 2º, I.
cípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que Capítulo IV
não lhes sejam vedadas por esta Constituição. Dos municípios
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me-
diante concessão, os serviços locais de gás canalizado, Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, vo-
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória tada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
para a sua regulamentação. dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câ-
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, mara Municipal, que a promulgará, atendidos os prin-
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba- cípios estabelecidos nesta Constituição, na Constitui-
nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos ção do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
de municípios limítrofes, para integrar a organização, I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Verea-
o planejamento e a execução de funções públicas de dores, para mandato de quatro anos, mediante pleito
interesse comum. direto e simultâneo realizado em todo o País;
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, primeiro domingo de outubro do ano anterior ao tér-
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na mino do mandato dos que devam suceder, aplicadas
forma da lei, as decorrentes de obras da União; as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti- de duzentos mil eleitores;
verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
da União, Municípios ou terceiros; janeiro do ano subseqüente ao da eleição;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
União; observado o limite máximo de:
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as a)9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
da União. (quinze mil) habitantes;
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legis- b)11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
lativa corresponderá ao triplo da representação do Es- 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta
tado na Câmara dos Deputados e, atingido o número mil) habitantes;
de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem c)13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
os Deputados Federais acima de doze. 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cin-
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados quenta mil) habitantes;
Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Consti- d)15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
tuição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imuni- 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oi-
dades, remuneração, perda de mandato, licença, im- tenta mil) habitantes;
pedimentos e incorporação às Forças Armadas. e)17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000
por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na ra- (cento e vinte mil) habitantes;
zão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele f)19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 160.000 (cento sessenta mil) habitantes;
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. g)21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais
de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até
§ 3º Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre 300.000 (trezentos mil) habitantes;
seu regimento interno, polícia e serviços administrati- h)23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais
vos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos. de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no proces- (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;
so legislativo estadual. i)25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes
de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;
no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, j)27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de
e no último domingo de outubro, em segundo turno, mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até
se houver, do ano anterior ao do término do mandato 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes;
de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro k)29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e
mais, o disposto no art. 77. de até 900.000 (novecentos mil) habitantes;

42
l)31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de c)em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil
mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes; ponderá a quarenta por cento do subsídio dos Depu-
m)33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de tados Estaduais;
mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habi- d)em Municípios de cem mil e um a trezentos mil ha-
tantes e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres-
habitantes; ponderá a cinqüenta por cento do subsídio dos Depu-
n)35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de tados Estaduais;
mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habi- e)em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos
tantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
cinquenta mil) habitantes; corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos
o)37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de Deputados Estaduais;
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) ha- f)em Municípios de mais de quinhentos mil habitan-
bitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos tes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
mil) habitantes; a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados
p)39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de Estaduais;
mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) ha- VII - o total da despesa com a remuneração dos Ve-
bitantes e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos readores não poderá ultrapassar o montante de cinco
mil) habitantes; por cento da receita do Município;
q)41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões,
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habi- palavras e votos no exercício do mandato e na cir-
tantes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos cunscrição do Município;
mil) habitantes; IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
r)43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta
mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) Constituição para os membros do Congresso Nacional
habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habi- e na Constituição do respectivo Estado para os mem-
tantes; ( bros da Assembléia Legislativa;
s)45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Jus-
mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de tiça; (
até 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes; XI - organização das funções legislativas e fiscalizado-
t)47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de ras da Câmara Municipal;
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de XII - cooperação das associações representativas no
até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; planejamento municipal;
u)49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de específico do Município, da cidade ou de bairros, atra-
até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes; (Incluída vés de manifestação de, pelo menos, cinco por cento
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) do eleitorado;
v)51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de art. 28, parágrafo único.
até 7.000.000 (sete milhões) de habitantes; Art.29-A.O total da despesa do Poder Legislativo Mu-
nicipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluí-
w)53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de dos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os
mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de seguintes percentuais, relativos ao somatório da recei-
até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e ta tributária e das transferências previstas no § 5o do
x)55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado
mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; no exercício anterior:
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secre- I - 7% (sete por cento) para Municípios com população
tários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câ- de até 100.000 (cem mil) habitantes;
mara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37,
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; II - 6% (seis por cento) para Municípios com popula-
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respec- ção entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil)
tivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a habitantes;
subseqüente, observado o que dispõe esta Constitui- III - 5% (cinco por cento) para Municípios com popu-
ção, observados os critérios estabelecidos na respecti- lação entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000
va Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: (quinhentos mil) habitantes;
a)em Municípios de até dez mil habitantes, o subsí- IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento)
dio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por para Municípios com população entre 500.001 (qui-
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; nhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de ha-
b)em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil ha- bitantes;
bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres- V - 4% (quatro por cento) para Municípios com popu-
ponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados lação entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000
Estaduais; (oito milhões) de habitantes;

43
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Capítulo V
Municípios com população acima de 8.000.001 (oito Do distrito federal e dos territórios
milhões e um) habitantes. Seção I
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de seten- Do distrito federal
ta por cento de sua receita com folha de pagamento,
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Mu-
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito nicípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois
Municipal: turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprova-
I - efetuar repasse que supere os limites definidos nes- da por dois terços da Câmara Legislativa, que a pro-
te artigo; mulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; Constituição.
ou § 1ºAo Distrito Federal são atribuídas as competências
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
na Lei Orçamentária. § 2ºA eleição do Governador e do Vice-Governador,
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presiden- observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Dis-
te da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste tritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados
artigo. Estaduais, para mandato de igual duração.
Art. 30. Compete aos Municípios: § 3ºAos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa
I - legislar sobre assuntos de interesse local; aplica-se o disposto no art. 27.
II - suplementar a legislação federal e a estadual no § 4ºLei federal disporá sobre a utilização, pelo Gover-
que couber; no do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên- corpo de bombeiros militar.
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balance- Seção II
tes nos prazos fixados em lei;
Dos territórios
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a
legislação estadual;
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administra-
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
tiva e judiciária dos Territórios.
concessão ou permissão, os serviços públicos de inte-
§ 1ºOs Territórios poderão ser divididos em Municí-
resse local, incluído o de transporte coletivo, que tem
pios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto
caráter essencial;
no Capítulo IV deste Título.
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da
União e do Estado, programas de educação infantil e § 2ºAs contas do Governo do Território serão subme-
de ensino fundamental; tidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da Tribunal de Contas da União.
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde § 3ºNos Territórios Federais com mais de cem mil ha-
da população; bitantes, além do Governador nomeado na forma des-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen- ta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira
to territorial, mediante planejamento e controle do e segunda instância, membros do Ministério Público
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul- eleições para a Câmara Territorial e sua competência
tural local, observada a legislação e a ação fiscaliza- deliberativa.
dora federal e estadual.
Capítulo VI
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Da intervenção
Poder Legislativo Municipal, mediante controle exter-
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

no, e pelos sistemas de controle interno do Poder Exe-


cutivo Municipal, na forma da lei. trito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
§ 1ºO controle externo da Câmara Municipal será II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Es- Federação em outra;
tados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
de Contas dos Municípios, onde houver. pública;
§ 2ºO parecer prévio, emitido pelo órgão competente IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
sobre as contas que o Prefeito deve anualmente pres- nas unidades da Federação;
tar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
dos membros da Câmara Municipal. que:
§ 3ºAs contas dos Municípios ficarão, durante sessen- a)suspender o pagamento da dívida fundada por
ta dias, anualmente, à disposição de qualquer contri- mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força
buinte, para exame e apreciação, o qual poderá ques- maior;
tionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. b)deixar de entregar aos Municípios receitas tributá-
§ 4ºÉ vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou ór- rias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos es-
gãos de Contas Municipais. tabelecidos em lei;

44
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão Capítulo VII
judicial; Da administração pública
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios Seção I
constitucionais: Disposições gerais
a)forma republicana, sistema representativo e regime
democrático; Art. 37. A administração pública direta e indireta de
b)direitos da pessoa humana; qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
c)autonomia municipal; trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
d)prestação de contas da administração pública, dire- de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
ta e indireta. de e eficiência e, também, ao seguinte:
e)aplicação do mínimo exigido da receita resultante I - os cargos, empregos e funções públicas são aces-
de impostos estaduais, compreendida a proveniente síveis aos brasileiros que preencham os requisitos es-
de transferências, na manutenção e desenvolvimento tabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. forma da lei;
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, II - a investidura em cargo ou emprego público de-
nem a União nos Municípios localizados em Território pende de aprovação prévia em concurso público de
Federal, exceto quando: provas ou de provas e títulos, de acordo com a nature-
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por za e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
dois anos consecutivos, a dívida fundada; prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da em comissão declarado em lei de livre nomeação e
lei; exoneração;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da re- III - o prazo de validade do concurso público será de
ceita municipal na manutenção e desenvolvimento do até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a represen- de convocação, aquele aprovado em concurso público
tação para assegurar a observância de princípios in- de provas ou de provas e títulos será convocado com
dicados na Constituição Estadual, ou para prover a prioridade sobre novos concursados para assumir car-
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. go ou emprego, na carreira;
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Le- por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos
gislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, em comissão, a serem preenchidos por servidores de
ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
coação for exercida contra o Poder Judiciário; previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judi- direção, chefia e assessoramento;
ciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do VI - é garantido ao servidor público civil o direito à
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior livre associação sindical;
Eleitoral; VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de limites definidos em lei específica;
representação do Procurador-Geral da República, na VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
de lei federal. (Redação dada pela Emenda Constitu- definirá os critérios de sua admissão;
cional nº 45, de 2004) IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de tempo determinado para atender a necessidade tem-
2004) porária de excepcional interesse público;
§ 1ºO decreto de intervenção, que especificará a am- X - a remuneração dos servidores públicos e o sub-
plitude, o prazo e as condições de execução e que, se sídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

couber, nomeará o interventor, será submetido à apre- ser fixados ou alterados por lei específica, observada a
ciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Le- iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão
gislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
§ 2ºSe não estiver funcionando o Congresso Nacional de índices;
ou a Assembléia Legislativa, far-se-á convocação ex- XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
traordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. cargos, funções e empregos públicos da administra-
§ 3ºNos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, ção direta, autárquica e fundacional, dos membros
dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
suspender a execução do ato impugnado, se essa me- mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
dida bastar ao restabelecimento da normalidade. proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
§ 4ºCessados os motivos da intervenção, as autorida- percebidos cumulativamente ou não, incluídas as van-
des afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo tagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
impedimento legal. poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se
como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e

45
nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio servidores de carreiras específicas, terão recursos prio-
dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po- ritários para a realização de suas atividades e atuarão
der Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do de forma integrada, inclusive com o compartilhamen-
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte to de cadastros e de informações fiscais, na forma da
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em lei ou convênio.
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, § 1ºA publicidade dos atos, programas, obras, serviços
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores educativo, informativo ou de orientação social, dela
e aos Defensores Públicos; não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo que caracterizem promoção pessoal de autoridades
e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos ou servidores públicos.
pagos pelo Poder Executivo; § 2ºA não observância do disposto nos incisos II e III
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais- implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
quer espécies remuneratórias para o efeito de remu- responsável, nos termos da lei.
neração de pessoal do serviço público; § 3ºA lei disciplinará as formas de participação do
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servi- usuário na administração pública direta e indireta, re-
dor público não serão computados nem acumulados gulando especialmente:
para fins de concessão de acréscimos ulteriores; I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de públicos em geral, asseguradas a manutenção de ser-
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalva- viços de atendimento ao usuário e a avaliação perió-
do o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos dica, externa e interna, da qualidade dos serviços; (II
arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; - o acesso dos usuários a registros administrativos e a
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos informações sobre atos de governo, observado o dis-
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de posto no art. 5º, X e XXXIII;
horários, observado em qualquer caso o disposto no III - a disciplina da representação contra o exercício
inciso XI: negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função
a)a de dois cargos de professor; na administração pública.
b)a de um cargo de professor com outro técnico ou § 4ºOs atos de improbidade administrativa importa-
científico; rão a suspensão dos direitos políticos, a perda da fun-
c)a de dois cargos ou empregos privativos de profissio- ção pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci-
nais de saúde, com profissões regulamentadas; mento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos sem prejuízo da ação penal cabível.
e funções e abrange autarquias, fundações, empresas § 5ºA lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilí-
públicas, sociedades de economia mista, suas subsi- citos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
diárias, e sociedades controladas, direta ou indireta- que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respec-
mente, pelo poder público; tivas ações de ressarcimento.
§ 6ºAs pessoas jurídicas de direito público e as de di-
XVIII - a administração fazendária e seus servidores reito privado prestadoras de serviços públicos respon-
fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
jurisdição, precedência sobre os demais setores admi- causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
nistrativos, na forma da lei; contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
XIX – somente por lei específica poderá ser criada au- § 7ºA lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao
tarquia e autorizada a instituição de empresa pública, ocupante de cargo ou emprego da administração di-
de sociedade de economia mista e de fundação, ca- reta e indireta que possibilite o acesso a informações
bendo à lei complementar, neste último caso, definir privilegiadas.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

as áreas de sua atuação; § 8ºA autonomia gerencial, orçamentária e financeira


XX - depende de autorização legislativa, em cada dos órgãos e entidades da administração direta e in-
caso, a criação de subsidiárias das entidades mencio- direta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
nadas no inciso anterior, assim como a participação firmado entre seus administradores e o poder público,
de qualquer delas em empresa privada; que tenha por objeto a fixação de metas de desempe-
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, nho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor
as obras, serviços, compras e alienações serão con- sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
tratados mediante processo de licitação pública que 1998)
assegure igualdade de condições a todos os concor- I - o prazo de duração do contrato;
rentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de II - os controles e critérios de avaliação de desempe-
pagamento, mantidas as condições efetivas da pro- nho, direitos, obrigações e responsabilidade dos diri-
posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as gentes;
exigências de qualificação técnica e econômica indis- III - a remuneração do pessoal.”
pensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. § 9ºO disposto no inciso XI aplica-se às empresas pú-
XXII - as administrações tributárias da União, dos Es- blicas e às sociedades de economia mista, e suas subsi-
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades diárias, que receberem recursos da União, dos Estados,

46
do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento ticipação nos cursos um dos requisitos para a promo-
de despesas de pessoal ou de custeio em geral. ção na carreira, facultada, para isso, a celebração de
§ 10.É vedada a percepção simultânea de proventos convênios ou contratos entre os entes federados.
de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. § 3ºAplica-se aos servidores ocupantes de cargo públi-
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou co o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI,
função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabe-
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os car- lecer requisitos diferenciados de admissão quando a
gos em comissão declarados em lei de livre nomeação natureza do cargo o exigir.
e exoneração. § 4ºO membro de Poder, o detentor de mandato ele-
§ 11.Não serão computadas, para efeito dos limites re- tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
muneratórios de que trata o inciso XI do caput deste e Municipais serão remunerados exclusivamente por
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo
em lei. de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
§ 12.Para os fins do disposto no inciso XI do caput des- verba de representação ou outra espécie remunera-
te artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Fede- tória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art.
ral fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respec- 37, X e XI.
tivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, § 5ºLei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e a menor remuneração dos servidores públicos, obe-
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos decido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se apli- § 6ºOs Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
cando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos blicarão anualmente os valores do subsídio e da re-
Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. muneração dos cargos e empregos públicos.)
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, § 7ºLei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
autárquica e fundacional, no exercício de mandato dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos or-
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: çamentários provenientes da economia com despesas
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual aplicação no desenvolvimento de programas de quali-
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou dade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
função; modernização, reaparelhamento e racionalização do
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar prêmio de produtividade.
pela sua remuneração; § 8ºA remuneração dos servidores públicos organiza-
III - investido no mandato de Vereador, havendo com- dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
patibilidade de horários, perceberá as vantagens de Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili- cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é asse-
dade, será aplicada a norma do inciso anterior; gurado regime de previdência de caráter contributivo
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para e solidário, mediante contribuição do respectivo ente
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço público, dos servidores ativos e inativos e dos pensio-
será contado para todos os efeitos legais, exceto para nistas, observados critérios que preservem o equilíbrio
promoção por merecimento; financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de § 1ºOs servidores abrangidos pelo regime de previ-
afastamento, os valores serão determinados como se dência de que trata este artigo serão aposentados, cal-
no exercício estivesse. culados os seus proventos a partir dos valores fixados
na forma dos §§ 3º e 17:
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Seção II I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-


Dos servidores públicos porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor-
rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da
Municípios instituirão conselho de política de adminis- lei;
tração e remuneração de pessoal, integrado por servi- II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
dores designados pelos respectivos Poderes. ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
§ 1ºA fixação dos padrões de vencimento e dos demais idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na
componentes do sistema remuneratório observará: forma de lei complementar;
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a comple- III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí-
xidade dos cargos componentes de cada carreira; nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço pú-
II - os requisitos para a investidura; blico e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
III - as peculiaridades dos cargos. aposentadoria, observadas as seguintes condições:
§ 2ºA União, os Estados e o Distrito Federal manterão a)sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui-
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoa- ção, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e
mento dos servidores públicos, constituindo-se a par- trinta de contribuição, se mulher;

47
b)sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessen- de inatividade com remuneração de cargo acumulável
ta anos de idade, se mulher, com proventos proporcio- na forma desta Constituição, cargo em comissão de-
nais ao tempo de contribuição. clarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de
§ 2ºOs proventos de aposentadoria e as pensões, por cargo eletivo.
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a re- § 12Além do disposto neste artigo, o regime de previ-
muneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em dência dos servidores públicos titulares de cargo efe-
que se deu a aposentadoria ou que serviu de referên- tivo observará, no que couber, os requisitos e critérios
cia para a concessão da pensão. fixados para o regime geral de previdência social.
§ 3ºPara o cálculo dos proventos de aposentadoria, § 13Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as em comissão declarado em lei de livre nomeação e
remunerações utilizadas como base para as contribui- exoneração bem como de outro cargo temporário ou
ções do servidor aos regimes de previdência de que de emprego público, aplica-se o regime geral de pre-
tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. vidência social.
§ 4ºÉ vedada a adoção de requisitos e critérios dife- § 14A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
renciados para a concessão de aposentadoria aos pios, desde que instituam regime de previdência com-
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, res- plementar para os seus respectivos servidores titulares
salvados, nos termos definidos em leis complementa- de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das apo-
res, os casos de servidores: sentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime
I - portadores de deficiência; de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido
II - que exerçam atividades de risco; para os benefícios do regime geral de previdência so-
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições cial de que trata o art. 201.
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade § 15.O regime de previdência complementar de que
física. trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do res-
§ 5ºOs requisitos de idade e de tempo de contribuição pectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.
202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto
de entidades fechadas de previdência complementar,
no§ 1º, III, “a”, para o professor que comprove exclu-
de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
sivamente tempo de efetivo exercício das funções de
participantes planos de benefícios somente na moda-
magistério na educação infantil e no ensino funda-
lidade de contribuição definida.
mental e médio.
§ 16Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
§ 6ºRessalvadas as aposentadorias decorrentes dos
disposto nos§§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é
que tiver ingressado no serviço público até a data da
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à publicação do ato de instituição do correspondente re-
conta do regime de previdência previsto neste artigo. gime de previdência complementar.
§ 7ºLei disporá sobre a concessão do benefício de pen- § 17.Todos os valores de remuneração considerados
são por morte, que será igual: para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão de-
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor vidamente atualizados, na forma da lei.
falecido, até o limite máximo estabelecido para os be- § 18.Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
nefícios do regime geral de previdência social de que sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da par- trata este artigo que superem o limite máximo esta-
cela excedente a este limite, caso aposentado à data belecido para os benefícios do regime geral de previ-
do óbito; ou dência social de que trata o art. 201, com percentual
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor igual ao estabelecido para os servidores titulares de
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o cargos efetivos.
limite máximo estabelecido para os benefícios do regi- § 19.O servidor de que trata este artigo que tenha com-
me geral de previdência social de que trata o art. 201, pletado as exigências para aposentadoria voluntária
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permane-


este limite, caso em atividade na data do óbito. cer em atividade fará jus a um abono de permanência
§ 8ºÉ assegurado o reajustamento dos benefícios para equivalente ao valor da sua contribuição previdenci-
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, ária até completar as exigências para aposentadoria
conforme critérios estabelecidos em lei. compulsória contidas no § 1º, II.
§ 9ºO tempo de contribuição federal, estadual ou mu- § 20.Fica vedada a existência de mais de um regime
nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o próprio de previdência social para os servidores titu-
tempo de serviço correspondente para efeito de dis- lares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade
ponibilidade. gestora do respectivo regime em cada ente estatal,
§ 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma de ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
contagem de tempo de contribuição fictício. § 21.A contribuição prevista no § 18 deste artigo in-
§ 11Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma cidirá apenas sobre as parcelas de proventos de apo-
total dos proventos de inatividade, inclusive quando sentadoria e de pensão que superem o dobro do limite
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos máximo estabelecido para os benefícios do regime ge-
públicos, bem como de outras atividades sujeitas a ral de previdência social de que trata o art. 201 desta
contribuição para o regime geral de previdência so- Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei,
cial, e ao montante resultante da adição de proventos for portador de doença incapacitante.

48
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercí- União ≠ Federação: união é a congregação dos esta-
cio os servidores nomeados para cargo de provimento dos-membros. Federação é a reunião dos entes federa-
efetivo em virtude de concurso público. dos, leia-se, união, estados-membros, municípios e DF.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: -Estados-membros: resultado da descentralização do
I - em virtude de sentença judicial transitada em jul- poder político; são partes autônomas do Estado Fede-
gado; ral. Podem ter sua própria constituição, desde que ana-
II - mediante processo administrativo em que lhe seja lisados os limites traçados pelo texto da lei maior. Cada
assegurada ampla defesa; estado-membro tem competência para estruturar seus
III - mediante procedimento de avaliação periódica de poderes – sem interferência federal. A saber:
desempenho, na forma de lei complementar, assegu- -Legislativo: art. 27 / - Executivo: art. 28 / - Judiciário:
rada ampla defesa. art. 125
§ 2ºInvalidada por sentença judicial a demissão do -Municípios: passaram a integrar a estrutura da fe-
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual deração com a CF/88 que lhes garantiu plena autono-
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo mia. Alguns pontos merecem análise no tocante a par-
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em ticipação dos municípios na estrutura da federação. O
outro cargo ou posto em disponibilidade com remune- primeiro ponto é que nenhuma federação fez esse tipo
ração proporcional ao tempo de serviço. de inclusão; o segundo ponto é a ausência de partici-
§ 3ºExtinto o cargo ou declarada a sua desnecessida- pação nacional, uma vez que vereadores não participam
de, o servidor estável ficará em disponibilidade, com das assembleias legislativas. Por fim, caso afrontem a in-
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até dissolubilidade do pacto federativo, não poderão sofrer
seu adequado aproveitamento em outro cargo. intervenção federal, apenas estadual.

§ 4ºComo condição para a aquisição da estabilidade, -Forma de organização: Lei Orgânica – votada em
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por dois turnos com interstício de 10 dias com aprovação de
2/3 da Câmara Municipal. O legislativo, composto por
comissão instituída para essa finalidade.
vereadores, tem a quantidade prevista na CF/88. A faixa
de habitantes no município corresponderá ao número de
Introdução
vereadores.
-Princípio Federativo: descentralização do poder.
-Distrito Federal: local no qual os órgãos do Poder
Uma ordem jurídica central e outras ordens jurídicas par-
Federal possam se estabelecer e apresentar as diretrizes
ciais, de forma que a primeira abarca todos os indivíduos
governamentais ora pertinentes a toda a federação, ora
que se encontrem no território do Estado Nacional, e as
relacionadas somente à União. É um ente federativo au-
outras, os sujeitos que se achem na circunscrição dos en-
tônomo, com capacidade de auto-organização. Possui
tes federados. atribuições legislativas (tanto de estado-membro como
de município) e judiciárias.
Estado Federado -Territórios federais: antes da CF/88 eram assemelha-
-Segundo Jellinek, citado por Nathália Masson, fede- dos aos estados-membros. Com a novel constituição os
ralismo por ser entendido como a unidade na pluralida- antigos territórios se tornaram estados-membros (Rorai-
de. É a reunião, feita por uma constituição, de entidades ma e Amapá). Atualmente não existem territórios; mas,
políticas autônomas unidas por um vínculo indissolúvel. se criados fossem, não passaram de unidades descentra-
lizadas de administração.
Características -Formação de novos estados-membros e municípios
- Descentralização no exercício do poder político; -Inadmissibilidade do direito à secessão
- Auto-organização -Formação de novos estados-membros (possibilida-
- Auto-governo des):
- Auto-administração
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Indissolubilidade do vínculo federativo; Requisitos para incorporação, subdivisão ou des-


- Rigidez Constitucional; membramento:
- Existência de um Tribunal Constitucional -Consulta a população interessada (plebiscito): tanto
da população da área desmembrada como da área re-
Federalismo pelo CF/88 manescente. Somente a manifestação da maioria permi-
É o primeiro princípio da CF/88. Trata-se, inclusive, de tirá que o processo dê sequência;
cláusula pétrea. Compreende a seguinte divisão: União, -Oitiva assembleias legislativas envolvidas (parecer
estados-membros, Distrito Federal e municípios. opinativo – não vincula o CN): fornecimento de detalha-
-União: “União é o ente central da federação, possui mento técnico;
total autonomia em relação às demais entidades federa- -Aprovação do Congresso Nacional expedindo-se Lei
das e concentra um grande volume de atribuições admi- complementar;
nistrativas, legislativas e tributárias enunciadas ao longo -Formação de novos municípios (possibilidades):
do texto constitucional”. Presença de duas personalida- -Edição de lei complementar federal fixando o perío-
des: ambas representadas pelo Pres. da República: a pri- do em que poderá ocorrer a mudança;
meira como chefe de Estado e a segunda como chefe de -Aprovação de Lei ordinária apresentando a viabili-
governo. Trata-se de um ente autônomo e central. dade municipal;

49
-Consulta a população interessada (plebiscito), não podendo ser substituída por outra espécie de consulta;
-Aprovação de lei ordinária estadual.
-Vedações Constitucionais
-Estabelecer cultos religiosos ou embaraçar o funcionamento de igrejas.
-Entes federados não podem adotar oficialmente uma religião.
-Repartição de competências

Trata-se de elemento fundamental do federalismo. A descentralização propõe que cada ente federado pode disci-
plinar determinados comandos e, por conta disso, necessária a repartição de competências. A temática se alicerça ao
princípio da preponderância dos interesses.
- Técnicas de Repartição
Sistema Americano: (modelo adotado no Brasil) – prevê competências taxativas da União e os remanescentes ao
estado; como nossos municípios também são entes autônomos, estes também recebem atribuições.
Sistema canadense: a atribuição taxativa fica voltada aos estados, reservados aqueles da União.
Sistema indiano: enumeração exaustiva de atribuições para todos os entes da federação. Constituição robusta,
prolixa ao extremo. Muitos artigos.
Técnicas de efetivação
-Repartição horizontal: Constituição Federal delega a cada ente atribuições que lhe sejam próprias, particulares.
Distribui, portanto, a cada um, o que é seu; a cada entidade, matéria específica de sua competência. (competências
privativas e exclusivas)
-Repartição vertical: distribuição de competências exercidas em conjunto. (competências comuns e concorrentes).
-Das competências

As competências podem ser divididas em duas espécies. São as chamadas competências não legislativas (são com-
petências políticas e administrativas) e as legislativas (autorização para legislar). A saber, em formato esquematizado:

#FicaDica

- Da união: - exclusivas: art. 21


- privativas: art. 22 (cunho legislativo)
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- comuns: art. 23 (dispostas para todos os entes da federação)


- concorrentes: art. 24
Competências exclusivas (art. 21) dão a ideia da necessidade de fazer algo (organizar / administrar). Estão todas
organizadas em verbos. Por serem indelegáveis (intransferíveis), devem ser necessariamente prestadas pela União. Ex:
“organizar”, “manter”, “emitir”, “conceder”.
Obs: dos incisos I ao V do art. 21 apresentam-se as competências pelas quais a União representa o Estado brasileiro
internacionalmente. Exemplo:
- Manter relações com Estados estrangeiros.
- Assegurar a defesa nacional.
- Declarar guerra e celebrar a paz.
Outros destaques (segundo Nathália Masson) das competências mais importantes:
Inciso I – União representa a República Federativa no Brasil na esfera internacional. Porém, União e RFB são pessoas
jurídicas distintas. A primeira, de direito público interno; a segunda, de direito público externo.
Inciso X – compete a União a manutenção do serviço postal e correio aéreo nacional.
Inciso XI – disciplinar e prestar serviços de telecomunicação.
Inciso XII “a” – obrigatoriedade de irradiação da voz do Brasil.

50
Competências privativas (art. 22): se tratam de temas em que a União irá legislar. Os incisos iniciam sempre com
substantivos. Ao contrário das exclusivas, estas podem ser delegáveis, inclusive com autorização expressa no art. 22,
parágrafo único. Importante aduzir que essa modalidade de competência pode ser transferida e não cedida pela União;
é possível aos estados-membros legislarem sobre temas dentre os assuntos principais de competência da União, sem-
pre que a estes forem feitas delegações.
Exemplo:
-Estado do Maranhão edita lei estadual dando prioridade no andamento processual em litígios que apresente
mulher vítima de violência doméstica. Referida lei foi declarada inconstitucional por vício formal, já que invadida com-
petência privativa da União.
-Estado do Paraná editou lei que obrigava empresas comerciantes de GLP a pesarem os botijões na frente do consu-
midor e abater eventual irregularidade. Referida lei julgada inconstitucional pelo STF, por vício formal, já que compete
privativamente a União legislar sobre recursos energéticos.

-Estado de Santa Catarina teve lei estadual declarada inconstitucional, pois proibia veiculação de propaganda de
medicamentos. Como a competência para legislar sobre propaganda comercial é privativa da União, não poderia ter o
estado-membro legislado.
-Requisitos para delegação:
-Formal: apenas a União pode efetuar a delegação por meio de lei complementar.
-Material: a delegação não será voltada para legislar sobre toda a matéria, mas sim alguns temas afetos ao tema.
-Implícito: a delegação não pode privilegiar um ou outro ente da federação; a delegação deverá ser para todos –
princípio da isonomia.

Competências comuns (art. 23) serão cumpridas pela União e demais entes federados. São atribuições exercitadas
por todos os entes concomitantemente; podem ser intituladas “cumulativas”, uma vez que não há limites prévios es-
tipulados para o cumprimento delas, isto é, a atuação de um ente não inviabiliza ou restringe a atuação dos demais.
Por conta de serem comuns, ideal que se faça pelo legislativo federal a normatização das matérias que podem ser
alvo de conflitos entre os entes. Em havendo o conflito, o STF irá analisar mediante os critérios de preponderância dos
interesses.
Exemplos:
-Zelar pela guarda da Constituição e das leis, das instituições democráticas e patrimônio público.
-Cuidar da saúde, da assistência pública.
-Proteger documentos, obras e outros bens de valor histórico.
-Proteger o meio ambiente e combater a poluição.
-Preservar as florestas, fauna, flora.
Competência concorrente (art. 24) – verificação explícita do chamado federalismo de cooperação (marble cake):
verifica-se para a União competências legislativas concorrentes, pertencentes ao ente em estudo em concorrência com
os Estados-membros e o Distrito Federal. Ao contrário das “comuns” que são cumulativas, a competência concorrente é
“não cumulativa”, pois existem limitações expressas à atuação dos entes, ou seja, as tarefas são previamente definidas.
A União deverá fazer a normatização geral e os estados-membros fazer a sua complementação (competência com-
plementar), adequando-a a sua realidade. Se a União não fizer, os estados poderão fazer (competência suplementar).
Caso o estado-membro tenha feito pela inércia da União e esta depois resolva fazer, prevalecerá a norma da união
pela superveniência da norma geral federal; isso não significa que a lei estadual será revogada, mas sim suspensa a sua
eficácia no que for contrária a lei federal.
Exemplos:
-Legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza. Em âmbito federal presente a Lei dos Crimes
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ambientais (Lei 9605/98) e no âmbito estadual, como no Rio Grande do Sul, lei dispondo sobre essa temática.
-Dos estados-membros

51
Competem aos estados-membros e DF as atribuições que não são reservadas, posto que vedadas à União. Confor-
me doutrina, trata-se de uma atuação bastante esvaziada em virtude da existência de diversas atribuições já previstas
para a União.
-Materiais exclusivos (art. 25§1º) são as matérias remanescentes; aquelas não enumeradas pelo art. 21 e/ou de
interesse local.
-Legislativas privativas: poderão legislar sobre matérias que não tenham sido previstos nem para a União nem para
os municípios, ou que sejam vedadas pela CF/88.
-Atenção! Competência legislativa tributária expressa: art. 155. Tratam-se dos impostos com possibilidade de regu-
lamentação pelos estados-membros e DF.
Municípios
Competência não legislativa: - Comum (art.23)
- Exclusiva (art. 30 III a IX)
Competência legislativa: - Elaborar Lei Orgânica (art. 29 caput)
-Legislar assunto de interesse local (art. 30 I)
-Suplementar (art. 30 II)
-Elaborar plano diretor (art. 182 §1º)
-Tributária (art. 156).
-Competência do Distrito Federal: este ente da federação acumula competências voltadas aos estados-membros
e aos municípios, posto que não é apenas reconhecido como estado ou como município. Ao ente serão atribuídas
as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios (art. 32, § 1°, CF/88) e a competência tributária dos
Municípios (art. 147 CF/88).

Competências (Nathália Masson)


(i) editar sua própria Lei Orgânica;
(ii) exercer a competência legislativa remanescente (e as eventuais enumeradas) dos Estados-membros;
(iii) exercer a eventual competência legislativa delegada pela União;
(iv) exercer a competência legislativa concorrente-suplementar (complementar e supletiva) com os Estados-mem-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

bros;
(vi) exercer a competência legislativa enumerada dos Municípios; e
(vii) exercer a competência legislativa suplementar dos Municípios.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. APLICADA EM: 2018BANCA: VUNESP ÓRGÃO: PC-BAPROVA: INVESTIGADOR DE POLÍCIA. Imagine que a
Câmara Municipal da Cidade X aprovou projeto de lei dispondo sobre interesses das comunidades indígenas localiza-
das em seu território. Nesse caso, partindo das regras constitucionais sobre a repartição de competências, é correto
afirmar que a lei é

a) inconstitucional sob o prisma formal, já que se trata de competência legislativa concorrente entre União, Estados
e Distrito Federal a regulamentação de qualquer matéria relativa às populações indígenas.
b) inconstitucional sob o prisma formal, já que se trata de competência legislativa privativa da União tratar sobre as
populações indígenas.

52
c) inconstitucional sob o prisma formal, já que a ma- 4. APLICADA EM: 2018BANCA: CESPE ÓRGÃO: PGM
téria é de competência exclusiva dos Estados membros e - MANAUS - AM PROVA: PROCURADOR DO MU-
Distrito Federal. NICÍPIO. Conforme regras e interpretação da CF, julgue
d) constitucional, uma vez que, por se tratar de nítido o item subsequente, relativo a autonomia municipal e
interesse local, a competência é privativa dos Municípios. intervenção de estado-membro em município.Da capa-
e) constitucional, já que se trata de interesse local e cidade de auto-organização municipal decorre a cons-
regional, de modo que compete aos Estados membros, tatação de que o estado-membro não pode ingerir na
Distrito Federal e Municípios, de forma comum, legislar autonomia organizatória do município, o que confere a
sobre a questão. este a possibilidade de ordenar internamente, inclusive
por meio de lei orgânica, sem a necessidade de anuência
Resposta: Letra B. do respectivo governo estadual.
Nos termos do art. 22 XIV, compete privativamente à
União legislar sobre populações indígenas. ( ) CERTO ( ) ERRADO

2. APLICADA EM: 2018BANCA: VUNESPÓRGÃO: Resposta: Certo.


PREFEITURA DE BAURU - SPPROVA: PROCURADOR Os entes da federação são independentes e autôno-
JURÍDICO mos entre si. Tem por característica auto-organização,
Considerando as competências dos Municípios previstas autogoverno e auto-administração. É o que dispõe o
na Constituição Federal, é correto afirmar que seria in- art. 18 e também o art. 29, segundo o qual, Municí-
constitucional a Lei do Município que: pio reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos,
com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
a) fixasse o horário de funcionamento dos estabeleci- dois terços dos membros da Câmara Municipal, que
mentos comerciais, o que não abrangeria os bancos. a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
b) estabelecesse alíquotas progressivas para o Imposto nesta Constituição, na Constituição do respectivo Es-
Predial e Territorial Urbano – IPTU, destinadas a asse- tado e os seguintes preceitos.
gurar o cumprimento da função social da propriedade
urbana.
c) desvinculasse o reajuste dos servidores públicos muni-
cipais dos índices federais de correção monetária. DO PODER LEGISLATIVO: FUNDAMENTO,
d) instituísse contribuição, na forma de respectiva lei mu- ATRIBUIÇÕES E GARANTIAS DA
nicipal, para o custeio do serviço de iluminação pú- INDEPENDÊNCIA
blica.
e) impedisse a instalação de estabelecimentos comerciais
Capítulo I
do mesmo ramo em uma determinada área.
Do poder legislativo
Seção I
Resposta: Letra E.
Do congresso nacional
A ordem econômica, fundada na valorização do tra-
balho humano e na livre iniciativa, tem por fim asse- Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso
gurar a todos existência digna, conforme os ditames Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e
da justiça social, observados, dentre outros, o seguinte do Senado Federal.
princípio: livre concorrência. Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de
quatro anos.
3. APLICADA EM: 2018BANCA: CESPE ÓRGÃO: Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de re-
EMAP PROVA: CONHECIMENTOS BÁSICOS - CAR- presentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcio-
GOS DE NÍVEL MÉDIO. No que se refere à organiza- nal, em cada Estado, em cada Território e no Distrito
ção dos poderes, julgue o item que segue. A criação de
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Federal.
cargo público federal é matéria que cabe ao Congresso § 1º O número total de Deputados, bem como a repre-
Nacional dispor, mas depende da sanção do presidente sentação por Estado e pelo Distrito Federal, será es-
da República. tabelecido por lei complementar, proporcionalmente à
população, procedendo-se aos ajustes necessários, no
( ) CERTO ( ) ERRADO ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas
unidades da Federação tenha menos de oito ou mais
Resposta: Certo. de setenta Deputados.
Nos termos do art. 48 X, Cabe ao Congresso Nacional, § 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
com a sanção do Presidente da República, não exigida Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representan-
esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor tes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o
sobre todas as matérias de competência da União, es- princípio majoritário.
pecialmente sobre criação, transformação e extinção § 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Se-
de cargos, empregos e funções públicas, observado o nadores, com mandato de oito anos.
que estabelece o art. 84, VI, b. § 2º A representação de cada Estado e do Distrito Fe-
deral será renovada de quatro em quatro anos, alter-
nadamente, por um e dois terços.

53
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes. IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção fede-
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, ral, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer
as deliberações de cada Casa e de suas comissões se- uma dessas medidas;
rão tomadas por maioria dos votos, presente a maio- V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que
ria absoluta de seus membros. exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa;
Seção II VI - mudar temporariamente sua sede;
Das atribuições do congresso nacional VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Fede-
rais e os Senadores, observado o que dispõem os arts.
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
do Presidente da República, não exigida esta para o VIII – fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presi-
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas dente da República e dos Ministros de Estado, observa-
as matérias de competência da União, especialmente do o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153,
sobre: III, e 153, § 2º, I;
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Pre-
rendas; sidente da República e apreciar os relatórios sobre a
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça- execução dos planos de governo;
mento anual, operações de crédito, dívida pública e X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer
emissões de curso forçado; de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Ar- os da admin
madas; istração indireta;
IV - planos e programas nacionais, regionais e seto- XI - zelar pela preservação de sua competência le-
riais de desenvolvimento; gislativa em face da atribuição normativa dos outros
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marí- Poderes;
timo e bens do domínio da União; XII - apreciar os atos de concessão e renovação de
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de concessão de emissoras de rádio e televisão;
áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de
Assembléias Legislativas; Contas da União;
VII - transferência temporária da sede do Governo Fe- XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes
deral; a atividades nucleares;
VIII - concessão de anistia; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
IX - organização administrativa, judiciária, do Minis- XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e
tério Público e da Defensoria Pública da União e dos o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e
Territórios e organização judiciária e do Ministério Pú- lavra de riquezas minerais;
blico do Distrito Federal; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão
X – criação, transformação e extinção de cargos, em- de terras públicas com área superior a dois mil e qui-
pregos e funções públicas, observado o que estabelece nhentos hectares.
o art. 84, VI, b; Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Fede-
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da ad- ral, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar
ministração pública; Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos
XII - telecomunicações e radiodifusão; diretamente subordinados à Presidência da Repúbli-
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, insti- ca para prestarem, pessoalmente, informações sobre
tuições financeiras e suas operações; assunto previamente determinado, importando crime
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da de responsabilidade a ausência sem justificação ade-
dívida mobiliária federal. quada.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tri- § 1ºOs Ministros de Estado poderão comparecer ao
bunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § Senado Federal, à Câmara dos Deputados ou a qual-
4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. quer de suas comissões, por sua iniciativa e mediante
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Na- entendimentos com a Mesa respectiva, para expor as-
cional: sunto de relevância de seu Ministério.
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou § 2ºAs Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
atos internacionais que acarretem encargos ou com- Federal poderão encaminhar pedidos escritos de infor-
promissos gravosos ao patrimônio nacional; mação a Ministros de Estado ou a qualquer das pes-
II - autorizar o Presidente da República a declarar soas referidas no caput deste artigo, importando em
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças es- crime de responsabilidade a recusa, ou o nãoatendi-
trangeiras transitem pelo território nacional ou nele mento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação
permaneçam temporariamente, ressalvados os casos de informações falsas.
previstos em lei complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
pública a se ausentarem do País, quando a ausência
exceder a quinze dias;

54
Seção III VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão
Da câmara dos deputados de garantia da União em operações de crédito externo
e interno;
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos De- IX - estabelecer limites globais e condições para o
putados: montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a ins- Federal e dos Municípios;
tauração de processo contra o Presidente e o Vice-Pre- X - suspender a execução, no todo ou em parte, de
sidente da República e os Ministros de Estado; lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
II - proceder à tomada de contas do Presidente da Supremo Tribunal Federal;
República, quando não apresentadas ao Congresso XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto,
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da Repú-
sessão legislativa; blica antes do término de seu mandato;
III - elaborar seu regimento interno; XII - elaborar seu regimento interno;
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, po- XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento,
lícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, polícia, criação, transformação ou extinção dos car-
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de gos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa
lei para fixação da respectiva remuneração, observa- de lei para fixação da respectiva remuneração, obser-
dos os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes vados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias; orçamentárias;
V - eleger membros do Conselho da República, nos XIV - eleger membros do Conselho da República, nos
termos do art. 89, VII. termos do art. 89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sis-
Seção IV tema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
Do senado federal componentes, e o desempenho das administrações tri-
butárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
dos Municípios.
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e
da República nos crimes de responsabilidade, bem
II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
como os Ministros de Estado e os Comandantes da
Federal, limitando-se a condenação, que somente será
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
proferida por dois terços dos votos do Senado Federal,
mesma natureza conexos com aqueles;
à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tri-
o exercício de função pública, sem prejuízo das demais
bunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, sanções judiciais cabíveis.
o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral
da União nos crimes de responsabilidade; Seção V
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argui- Dos deputados e dos senadores
ção pública, a escolha de:
a)magistrados, nos casos estabelecidos nesta Consti- Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, ci-
tuição; vil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, pa-
b)Ministros do Tribunal de Contas da União indicados lavras e votos.
pelo Presidente da República; § 1ºOs Deputados e Senadores, desde a expedição do
c)Governador de Território; diploma, serão submetidos a julgamento perante o
d)presidente e diretores do Banco Central; Supremo Tribunal Federal.
e)Procurador-Geral da República;
f)titulares de outros cargos que a lei determinar; § 2ºDesde a expedição do diploma, os membros do
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em


IV - aprovar previamente, por voto secreto, após ar- flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos
guição em sessão secreta, a escolha dos chefes de mis- serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
são diplomática de caráter permanente; respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
V - autorizar operações externas de natureza finan- membros, resolva sobre a prisão.
ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito § 3ºRecebida a denúncia contra o Senador ou Deputa-
Federal, dos Territórios e dos Municípios; do, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, li- Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que,
mites globais para o montante da dívida consolidada por iniciativa de partido político nela representado e
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a
nicípios; decisão final, sustar o andamento da ação.
VII - dispor sobre limites globais e condições para as § 4ºO pedido de sustação será apreciado pela Casa
operações de crédito externo e interno da União, dos respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
autarquias e demais entidades controladas pelo poder § 5ºA sustação do processo suspende a prescrição, en-
público federal; quanto durar o mandato.

55
§ 6ºOs Deputados e Senadores não serão obrigados § 3ºNos casos previstos nos incisos III a V, a perda será
a testemunhar sobre informações recebidas ou pres- declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou
tadas em razão do exercício do mandato, nem sobre mediante provocação de qualquer de seus membros
as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam in- ou de partido político representado no Congresso Na-
formações. cional, assegurada ampla defesa.
§ 7ºA incorporação às Forças Armadas de Deputados § 4ºA renúncia de parlamentar submetido a proces-
e Senadores, embora militares e ainda que em tempo so que vise ou possa levar à perda do mandato, nos
de guerra, dependerá de prévia licença da Casa res- termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as
pectiva. deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º.
§ 8ºAs imunidades de Deputados ou Senadores subsis- Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Se-
tirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspen- nador:
sas mediante o voto de dois terços dos membros da I - investido no cargo de Ministro de Estado, Gover-
Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do nador de Território, Secretário de Estado, do Distrito
recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatí- Federal, de Território, de Prefeitura de capital ou chefe
veis com a execução da medida. de missão diplomática temporária;
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de do-
I - desde a expedição do diploma: ença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse
a)firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de particular, desde que, neste caso, o afastamento não
direito público, autarquia, empresa pública, socieda- ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
de de economia mista ou empresa concessionária de § 1ºO suplente será convocado nos casos de vaga, de
serviço público, salvo quando o contrato obedecer a investidura em funções previstas neste artigo ou de
cláusulas uniformes; licença superior a cento e vinte dias.
b)aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remu- § 2ºOcorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á
nerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nu- eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze
tum , nas entidades constantes da alínea anterior; meses para o término do mandato.
II - desde a posse: § 3ºNa hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador
poderá optar pela remuneração do mandato.
a)ser proprietários, controladores ou diretores de em-
presa que goze de favor decorrente de contrato com
Seção VI
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer fun-
Das reuniões
ção remunerada;
b)ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmen-
nutum , nas entidades referidas no inciso I, a ;
te, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho
c)patrocinar causa em que seja interessada qualquer e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
das entidades a que se refere o inciso I, a ; § 1ºAs reuniões marcadas para essas datas serão
d)ser titulares de mais de um cargo ou mandato pú- transferidas para o primeiro dia útil subseqüente,
blico eletivo. quando recaírem em sábados, domingos ou feriados.
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: § 2ºA sessão legislativa não será interrompida sem a
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentá-
no artigo anterior; rias.
II - cujo procedimento for declarado incompatível com § 3ºAlém de outros casos previstos nesta Constituição,
o decoro parlamentar; a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legis- -se-ão em sessão conjunta para:
lativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a I - inaugurar a sessão legislativa;
que pertencer, salvo licença ou missão por esta auto-
rizada; II - elaborar o regimento comum e regular a criação
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de serviços comuns às duas Casas;


V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-
previstos nesta Constituição; -Presidente da República;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença tran- IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
sitada em julgado. § 4ºCada uma das Casas reunir-se-á em sessões pre-
§ 1ºÉ incompatível com o decoro parlamentar, além paratórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano
dos casos definidos no regimento interno, o abuso das da legislatura, para a posse de seus membros e eleição
prerrogativas asseguradas a membro do Congresso das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos,
Nacio vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição
nal ou a percepção de vantagens indevidas. imediatamente subseqüente.
§ 2ºNos casos dos incisos I, II e VI, a perda do man- § 5ºA Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo
dato será decidida pela Câmara dos Deputados ou Presidente do Senado Federal, e os demais cargos se-
pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante rão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de
provocação da respectiva Mesa ou de partido político cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no
representado no Congresso Nacional, assegurada am- Senado Federal.
pla defesa. (Parágrafo com redação dada pela Emen- § 6ºA convocação extraordinária do Congresso Nacio-
da Constitucional nº 76, de 2013) nal far-se-á:

56
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de de- § 4ºDurante o recesso, haverá uma comissão repre-
cretação de estado de defesa ou de intervenção fede- sentativa do Congresso Nacional, eleita por suas Ca-
ral, de pedido de autorização para a decretação de sas na última sessão ordinária do período legislativo,
estado de sítio e para o compromisso e a posse do com atribuições definidas no regimento comum, cuja
Presidente e do Vice-Presidente da República; composição reproduzirá, quanto possível, a proporcio-
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes nalidade da representação partidária.
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a
requerimento da maioria dos membros de ambas as Organização: bicameralismo federativo (Congres-
Casas, em caso de urgência ou interesse público rele- so Nacional)
vante, em todas as hipóteses deste inciso com a apro- Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso
vação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do
Congresso Nacional. Senado Federal.
§ 7ºNa sessão legislativa extraordinária, o Congresso - Câmara dos Deputados: representação do povo.
Nacional somente deliberará sobre a matéria para a - Senado Federal: representação dos Estados.
qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º des-
te artigo, vedado o pagamento de parcela indenizató- Estrutura do Poder Legislativo
ria, em razão da convocação.
§ 8ºHavendo medidas provisórias em vigor na data
de convocação extraordinária do Congresso Nacional,
serão elas automaticamente incluídas na pauta da
convocação.

Seção VII
Das comissões

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão co-


missões permanentes e temporárias, constituídas na
forma e com as atribuições previstas no respectivo re-
gimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 1ºNa constituição das Mesas e de cada comissão,
é assegurada, tanto quanto possível, a representação
proporcional dos partidos ou dos blocos parlamenta-
Composição das Casas Legislativas
res que participam da respectiva Casa. - Câmara dos Deputados
§ 2ºÀs comissões, em razão da matéria de sua com- - Representantes do povo.
petência, cabe: - Eleitos pelo sistema proporcional.
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na for-
ma do regimento, a competência do plenário, salvo se Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de re-
houver recurso de um décimo dos membros da Casa; presentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional,
II - realizar audiências públicas com entidades da so- em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
ciedade civil; -Quantidade: 513 deputados (máximo – cf. LC nº
78/1993).
III - convocar Ministros de Estado para prestar infor- -Mínimo: 08 deputados / - Máximo: 70 Deputados.
mações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou Art. 45 §1º O número total de Deputados, bem como
queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

das autoridades ou entidades públicas; estabelecido por lei complementar, proporcionalmente


V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no
cidadão; ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de
regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles setenta Deputados.
emitir parecer. -Mandato: 04 anos, possibilidade de reeleição de for-
§ 3ºAs comissões parlamentares de inquérito, que te- ma ilimitada.
rão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das Art. 44 Parágrafo único. Cada legislatura terá a dura-
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos De- ção de quatro anos.
putados e pelo Senado Federal, em conjunto ou se- -Requisitos de elegibilidade:
paradamente, mediante requerimento de um terço de -Nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado – ex-
seus membros, para a apuração de fato determinado ceção para o cargo de presidente da casa)
e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, -Idade mínima: 21 anos.
encaminhadas ao Ministério Público, para que promo- -Alistamento Eleitoral: capacidade eleitoral ativa
va a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. -Ausência de impedimentos por inelegibilidade.

57
-Suplência: (afastamento, renúncia ou morte) próximo candidato com melhor votação da coligação
-Atribuições : art. 51; exercidas em regra por resolução (dispensa sanção ou veto)

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:


I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da
República e os Ministros de Estado;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro
de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos
e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

- Senado Federal
Composição: 81 senadores.
Eleitos pelo sistema majoritário.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o prin-
cípio majoritário.
Suplência: cada Senador será eleito com dois suplentes.
Art. 46 §3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Mandato: 8 anos (renovação 1/3 x 2/3)
Art. 46 §2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alterna-
damente, por um e dois terços.
-Requisitos:
-Nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado – exceção para o cargo de presidente da casa)
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

-Idade mínima: 35 anos.


-Alistamento Eleitoral: capacidade eleitoral ativa
-Ausência de impedimentos por inelegibilidade.
-Suplência: (afastamento, renúncia ou morte) próximo candidato com melhor votação da coligação.
-Atribuições: art. 53.
Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza
conexos com aqueles;
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do
Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes
de responsabilidade;
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:
a)Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b)Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c)Governador de Território;

58
d)Presidente e diretores do banco central;
e)Procurador-Geral da República;
f)titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplo-
mática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e
interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo
Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República
antes do término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empre-
gos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes,
e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal,
limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo,
com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

Câmara dos Deputados Senado Federal


Parlamentares 513 (Mínimo 08 / Máximo 70 por estado) 81 (03 por estado)
Composição Representantes do povo Representantes dos Estados e DF
Representação Proporcional Paritário
Mandato 01 Legislatura 02 Legislaturas
Renovação Total Parcial
Idade 21 anos 35 anos
Nato ou naturalizado (Presidência apenas Nato ou naturalizado (Presidência apenas
Nacionalidade
nato) nato)
Sistema Eleitoral Proporcional Majoritário
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Suplência Candidato mais votado coligação Cada senador com 02 suplentes

- Assembleia Legislativa
- Autonomia dos estados-membros.
- Eleitos pelo sistema proporcional.
- Mandato: 04 anos.
- Número de integrantes: proporcional ao número de deputados federais.
- Regra: art. 27

Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na
Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados
Federais acima de doze.

§ 1ºSerá de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-sê-lhes as regras desta Constituição sobre
sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação
às Forças Armadas.

59
§ 2ºO subsídio dos Deputados Estaduais será fixado Possibilidade de convocação em período de recesso:
por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na ra- sessões extraordinárias (art. 57 §6º a 8º).
zão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele Obs: as convocações extraordinárias não são remune-
estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, radas a parte ou de maneira especial.
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, Formato da sessão
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. -câmara dos deputados: pequeno expediente (+/- 60
§ 3ºCompete às Assembleias Legislativas dispor sobre min), grande expediente (+/- 50 minutos) e ordem do dia
seu regimento interno, polícia e serviços administrati- (+/- 120 min) para deliberações.
vos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos. -senado federal: expediente (+/- 120 min) e ordem
§ 4ºA lei disporá sobre a iniciativa popular no processo do dia (+/-150 min)
legislativo estadual. -Início (instalação) da sessão:câmara dos deputados:
quórum mínimo presente de 10%.
Explicando: Senado Federal: quórum mínimo presente de 5%.
-Nº deputados federais (08 a 12) = Nº deputados fe- Tipos de sessões
derais x 3. 1 -Preparatórias: 1º/02 do início de cada legislatura.
Exemplo: MT (08 deputados federais). 8 x 3 = 24 de- Tem por objetivoa posse de seus membros e a eleição
putados estaduais das respectivas mesas.
-Nº deputados federais (13 a 70) = Nº deputados fe- Eleição das mesas diretoras (art. 57 §4º)
derais + 24 Art. 57 § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em ses-
Exemplo: SP (70 deputados federais) = 70 + 24 = 94 sões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primei-
deputados estaduais ro ano da legislatura, para a posse de seus membros e
eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois)
anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na elei-
#FicaDica ção imediatamente subsequente.
Não existe impedimento direto quanto a
nacionalidade para os cargos de senador ou - Mesa do Congresso Nacional
deputado federal. No entanto, para assumir (1) Presidente do Senado;
a presidência da casa necessário ser brasilei- (2) 1° Vice-Presidente da Câmara;
ro nato, uma vez que estes constam da lista (3) 2° Vice-Presidente do Senado;
de sucessão do presidente da república. (4) 1° secretário da Câmara;
(5) 2° secretário do Senado;
(6) 3° secretário da Câmara;
- Câmara Legislativa do Distrito Federal 2 –Sessão Conjunta (art. 57 § 3º): regra é o funciona-
Número Deputados Federais: 8. Estaduais: 8 x 3 = 24. mento de cada casa separadamente.
-Câmaras Municipais: (Regra prevista no art. 29 IV -Inaugurar sessão legislativa.
CF/88) -Elaborar regimento comum e criação de serviços co-
muns.
-Receber compromisso do Presidente da República
-Conhecer e deliberar sobre o veto.
3 – Das Comissões Parlamentares
Órgãos colegiados de natureza técnica integrante da
estrutura do Congresso Nacional e de suas casas legisla-
tivas. Tem por função primordial o estudo inaugural das
proposições, mas também podem ser criadas com fina-
lidade investigativa, representativa e de fiscalização da
gestão da coisa pública.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Classificação das comissões


-Exclusiva (formada por membros de apenas uma das
casas) / - mista: mescla das duas casas.
-Permanentes (sem prazo máximo de funcionamento)
/ temporárias: previsão de duração.
Tipos de comissões
-Comissão Representativa do Congresso Nacional:
tem por finalidade representar o Congresso durante os
intervalos da sessão legislativa.
-Comissão Parlamentar de Inquérito
Requisitos para criação
- Funcionamento -Subscrição de requerimento: 1/3 dos membros de
Sessão legislativa: 02/02 a 17/07 e 01/08 a 22/12 (or- cada casa se forem em conjunto ou 1/3 dos membros da
dinária). casa se forem separado.
Recesso: 18/07 a 31/07 e 23/12 a 31/12. -Indicação de fato determinado a ser investigado.
Legislatura: duração de quatro anos -Prazo certo para apuração de referido fato.

60
Portanto, para abertura do inquérito parlamentar Resposta: Letra C
basta o preenchimento destas 03 condições. Válido tam- As reuniões das comissões permanentes, aquelas que
bém para os estados e municípios. Atenção! As minorias não estão vinculadas a assuntos específicos que de-
também se veem representadas amparando sua preten- mandam criação de comissões temporárias, são cha-
são no direito de oposição. madas de ordinárias e extraordinárias.
Poderes e limites da atuação da CPI.
As CPIs possuirão os poderes instrutórios rotineiros 2. Aplicada em: 2018 Banca: FUNRIO Órgão: AL-RR
dos magistrados, salvo aqueles que se submetem à esfe- Prova: Assessor Técnico Legislativo. A sessão do Con-
ra única de decisão dos juízes. gresso Nacional em que Deputados e Senadores se reú-
nem para debater determinado assunto e, ao final, votam
Limites na atuação simultaneamente, mas cuja deliberação é tomada de for-
1)Reserva de Jurisdição: ficam reservados atos que ma separada, é conhecida como sessão:
somente podem ser determinados por juízes ou tribu-
nais. Portanto, vedado: a) bicameral.
-Determinar busca e apreensão domiciliar b) unicameral.
-Determinar quebra do sigilo das comunicações te- c) conjunta.
lefônicas d) plenária.
-Decretar a prisão
2)Direitos fundamentais: a atuação das CPI estão limi- Resposta: Letra C
tadas ao respeito dos direitosfundamentais. Deste, verifi- Segundo previsto no art. 57, § 3º além de outros casos
camos os seguintes desdobramentos: previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados
- Ficar em silêncio / não autoincriminação. e o Senado Federal reunir-se-ão em SESSÃO CONJUN-
- Assistência de um advogado. TA para:
- Sigilo Profissional I - inaugurar a sessão legislativa;
3)Separação de Poderes: os poderes das CPIs devem II - elaborar o regimento comum e regular a criação de
estar amparados pelas atribuições do Poder Legislativo. serviços comuns às duas Casas;
Portanto: III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-
- Não podem promover a responsabilização. -Presidente da República;
- Anular atos de outros poderes. IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
-Convocar magistrado para investigar sua atuação ju-
risdicional.
-Subverter, revogar, cassar, alterar decisões judiciais.
4)Pacto Federativo: em respeito a autonomia dos de- DO PODER EXECUTIVO: FORMA E SISTE-
mais entes, é vedado as CPIs instaladas em âmbito fede- MA DE GOVERNO, CHEFIA DE ESTADO
ral investigar assuntos de interesse regional ou local, que E CHEFIA DE GOVERNO, ATRIBUIÇÕES
não tenha impacto digno de destaque no plano nacional. E RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE
DA REPUBLICA
Poderes
1) Busca e apreensão NÃO domiciliar.
2) Quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados. Do poder executivo
-Bancário: medida excepcional com prazo de dura- Seção I
ção. Do presidente e do vice-presidente da república
-Telefônico: divulgação dos números de telefone, mas
não interceptação telefônica. Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente
-Fiscal: quando necessária a investigação por crimes da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
fiscais. Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

da República realizar-se-á, simultaneamente, no pri-


meiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no
último domingo de outubro, em segundo turno, se
EXERCÍCIO COMENTADO houver, do ano anterior ao do término do mandato
presidencial vigente.
1. Aplicada em: 2018Banca: FUNRIO Órgão: AL-RR § 1ºA eleição do Presidente da República importará a
Prova: Assistente Legislativo. do Vice-Presidente com ele registrado.
As reuniões das Comissões Permanentes são denomina- § 2ºSerá considerado eleito Presidente o candidato
das: que, registrado por partido político, obtiver a maioria
absoluta de votos, não computados os em branco e
a) Ordinárias e especiais. os nulos.
b) Comuns e especiais. § 3ºSe nenhum candidato alcançar maioria absoluta
c) Ordinárias e extraordinárias. na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vin-
d) Comuns e extraordinárias. te dias após a proclamação do resultado, concorrendo
os dois candidatos mais votados e considerando-se
eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.

61
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer b)extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
morte, desistência ou impedimento legal de candi- gos;
dato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
maior votação. ditar seus representantes diplomáticos;
§ 5ºSe, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema- VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli- X - decretar e executar a intervenção federal;
ca tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
prestando o compromisso de manter, defender e cum- gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le-
prir a Constituição, observar as leis, promover o bem gislativa, expondo a situação do País e solicitando as
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integri- providências que julgar necessárias;
dade e a independência do Brasil. XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército
este será declarado vago. e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedi- nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal,
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tri-
além de outras atribuições que lhe forem conferidas bunais Superiores, os Governadores de Territórios, o
por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre Procurador-Geral da República, o presidente e os di-
que por ele convocado para missões especiais. retores do Banco Central e outros servidores, quando
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do determinado em lei;
Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos,
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi-
serão sucessivamente chamados ao exercício da Pre-
nistros do Tribunal de Contas da União;
sidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes-
Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
ta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presi-
XVII - nomear membros do Conselho da República,
dente da República, far-se-á eleição noventa dias de-
nos termos do art. 89, VII;
pois de aberta a última vaga.
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
§ 1ºOcorrendo a vacância nos últimos dois anos do
período presidencial, a eleição para ambos os cargos Conselho de Defesa Nacional;
será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Con- XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
gresso Nacional, na forma da lei. autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
§ 2ºEm qualquer dos casos, os eleitos deverão comple- por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le-
tar o período de seus antecessores. gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de parcialmente, a mobilização nacional;
quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
ano seguinte ao da sua eleição. Congresso Nacional;
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli- XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
ca não poderão, sem licença do Congresso Nacional, XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen-
ausentar-se do País por período superior a quinze dias, tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
sob pena de perda do cargo. nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
Seção II nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento previstas nesta Constituição;
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Das atribuições do presidente da república


XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re- dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le-
pública: gislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a na forma da lei;
direção superior da administração federal; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos termos do art. 62;
previstos nesta Constituição; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem Constituição.
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel Parágrafo único. O Presidente da República poderá
execução; delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI,
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
VI – dispor, mediante decreto, sobre: Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral
a)organização e funcionamento da administração fe- da União, que observarão os limites traçados nas res-
deral, quando não implicar aumento de despesa nem pectivas delegações.
criação ou extinção de órgãos públicos;

62
Seção III Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Mi-
Da responsabilidade do presidente da república nistérios e órgãos da administração pública.

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Pre- Função: administrar a coisa pública, por meio de aros
sidente da República que atentem contra a Constitui- de chefia de Estado, chefia de Governo e da administra-
ção Federal e, especialmente, contra: ção. A saber:
I - a existência da União; -Chefia de Estado: representação internacional do
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju- país, demonstração de soberania.
diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitu- -Chefia de Governo: organiza a vida política interna
cionais das unidades da Federação; do Estado com vistas a efetivar políticas públicas.
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e so- -Chefia da administração: prestação de serviços úteis
ciais; à população.
IV - a segurança interna do País; Atribuições:
V - a probidade na administração; -Função Típica: administração da coisa pública. Exer-
VI - a lei orçamentária; cício da chefia de estado, de governo e adminis-
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. tração.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei -Função atípica
especial, que estabelecerá as normas de processo e -Legislativa: editar Medida Provisória e Leis Delega-
julgamento. das.
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da -Jurisdicional: dirimir o contencioso administrativo.
República, por dois terços da Câmara dos Deputados,
será ele submetido a julgamento perante o Supremo Sistemas de governo: presidencialismo e parla-
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou pe- mentarismo.
rante o Senado Federal, nos crimes de responsabili- Poder Executivo – CF/88 (características)
- Unipessoal (monocrático)
dade.
-Auxílio por ministros de estado (nato / naturalizado
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
– exceto ministro de Estado da Defesa; idade: mínimo 21)
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún-
Atribuições (art.87): I - exercer a orientação, coorde-
cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
nação e supervisão dos órgãos e entidades da adminis-
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração
tração federal na área de sua competência e referendar
do processo pelo Senado Federal.
os atos e decretos assinados pelo Presidente da Repú-
§ 2ºSe, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o jul-
blica;
gamento não estiver concluído, cessará o afastamento
II - expedir instruções para a execução das leis, decre-
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimen- tos e regulamentos;
to do processo. III - apresentar ao Presidente da República relatório
§ 3ºEnquanto não sobrevier sentença condenatória, anual de sua gestão no Ministério;
nas infrações comuns, o Presidente da República não IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que
estará sujeito a prisão. lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da
§ 4ºO Presidente da República, na vigência de seu República.
mandato, não pode ser responsabilizado por atos es-
tranhos ao exercício de suas funções. Obs: decreto presidencial sem referendo do ministro
da respectiva pasta. Teoria dominante: referenda ministe-
Seção IV rial não é uma obrigação.
Dos ministros de estado
Crimes praticados:
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre -Comuns: regra STF (art. 102 I, c)
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício -Crimes de responsabilidade: regra art. 102 I, C, se co-
dos direitos políticos. metido com o Pres. República ou Vice, julgamento
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além pelo Senado Federal (art. 52 I)
de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição -Vice Presidente da República: art. 79 parágrafo único
e na lei: (segue os mesmos requisitos do Presidente).
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos -Eleição e mandato
órgãos e entidades da administração federal na área -Nacionalidade originária
de sua competência e referendar os atos e decretos -Alistamento Eleitoral
assinados pelo Presidente da República; -Exercício pleno dos direitos políticos
II - expedir instruções para a execução das leis, decre- -Filiação partidária
tos e regulamentos; -Idade mínima de 35 anos (comprovadas na data da
III - apresentar ao Presidente da República relatório posse – Lei 9504/97 art. 11§2º)
anual de sua gestão no Ministério; -Não incidência de alguma causa de inelegibilidade
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe (art. 14 §§ 4º ao 9º)
forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da
República.

63
#FicaDica
Eleição (possibilidade de dois turnos) Primeiro e último domingo do mês de outubro da última sessão
legislativa da atual legislatura. O presidente elege consigo o vice presidente. Serão eleitos pelo sistema
majoritário.

Posse: 01º de janeiro subsequente as eleições. Sessão do Congresso Nacional – prestar juramento e compromisso
de manter, defender e cumprir a CF.
Não comparecimento do PR e Vice: após 10 dias, cargo declarado vago, salvo motivo justificado. Declarado vago,
convocação pelo Congresso Nacional de novas eleições diretas. Comparecendo o vice, assume interinamente se por
motivo justificado ou definitivo se imotivado.
Regras do quociente eleitoral e quociente partidário (colorido partidário – poder legislativo)
-Quociente eleitoral = Nº votos válidos ÷ nº cadeiras a preencher
-Quociente partidário = Nº de votos obtidos pelo partido ÷ quociente eleitoral
Segundo Nathália Masson, serão chamados a compor o Poder Legislativo os candidatos individualmente mais vo-
tados do partido (ou da coligação) até o limite do quociente partidário. Em outras palavras: se o partido (ou coligação
partidária) obteve um número total de votos que corresponda a quatro vezes o quociente eleitoral, terá um quociente
partidário equivalente a quatro, o que significa que ele terá conquistado quatro vagas na Casa Legislativa, que serão
ocupadas, sucessivamente, pelos quatro candidatos mais votados do partido (ou da coligação partidária).
- Impossibilidade de exercício do cargo: vacância (impossibilidade de exercer o cargo definitivamente) e impedi-
mento (ausência temporária).

#FicaDica
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

64
-Substituição nos demais entes. 2. Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: EMAP Pro-
-Estados: impedimento simultâneo do Governador va: Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Médio.
e do Vice, ou quando há vacância de ambos os cargos, No que se refere à organização dos poderes, julgue o
chamamento sucessivo do Presidente da Assembleia Le- item que segue. A Constituição Federal de 1988 prevê
gislativa e do Presidente do Tribunal de Justiça local. que atos do presidente da República contra probidade
-Municípios: o impedimento simultâneo do Prefeito e na administração são crimes de responsabilidade.
do Vice, ou quando há vacância de ambos os cargos, exi-
giria o chamamento do Presidente da Câmara Municipal. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Como este também pode estar impossibilitado, convém
que a Lei Orgânica do Município inclua, na sequência, Resposta: Certo.
o Vice-Presidente da Câmara Municipal. Nunca o Presi- Nos termos do art. 85, são crimes de responsabilida-
dente do TJ, pois este em âmbito estadual e inexistente de os atos do Presidente da República que atentem
judiciário local para essa substituição. contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
-Atribuições do Presidente da República (art. 84 – di- I - a existência da União;
visões feitas pela Profª Natália Masson) II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju-
-Chefia de Estado: art. 84, VII, VIII, XVIII, 2ª parte (con- diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitu-
vocar e presidir o Conselho de Defesa Nacional), XIV cionais das unidades da Federação;
(apenas no que se refere à nomeação de Minisrros do III - o exercício dos direitos políticos, individuais e so-
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, por ciais;
ser função de magistratura suprema), XV (nomeação de IV - a segurança interna do País;
um terço dos membros do TCU - órgão não executivo - V - a probidade na administração;
nomeação sujeita ao controle do Senado, por isso ato VI - a lei orçamentária;
nem da chefia do Governo, nem da chefia da Administra- VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
ção), XVI, 1 ª parte (nomeação de magisrrados: TRF, TRT,
TRE, órgão de outro Poder), XlX, XX, XXl, e XX.
-Chefia de Governo: no are. 84, l , l l l, IV, V, IX, X, Xl, XlI DO PODER JUDICIÁRIO: FUNDAMENTO,
(“conceder anistia e comunicar pena” é atribuição de ma- ATRIBUIÇÕES E GARANTIAS
gistratura suprema da Nação, sempre encarnada no Che-
fe de Escado, mas a Constituição autorizou sua delega-
ção, o que a desqualifica para mera função de Governo),
Xlll, XlV (menos quanto a nomear membros do conselho
DO PODER JUDICIÁRIO
da República, não cargo de mera chefia da Administração
porque alguns são eleitos pelo Senado e pela Câmara de Seção I
Depurados), XVIII, primeira parte (convocar e presidir o Disposições Gerais
Conselho da República), XXlII, XXlV e XXVII.
- Chefia da administração federal: no cumprimento Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
dessa outra tarefa devem ser agrupadas, segundo José I - o Supremo Tribunal Federal;
Afonso da Silva, as “ matérias previstas no are. 84, II, VI, I-A - o Conselho Nacional de Justiça;
XVI, segunda parce (nomeação do Advogado-Geral da II - o Superior Tribunal de Justiça;
União, órgão do Poder Executivo), XXlV (também é em II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Inciso acresci-
cerco sentido aro de adminiscração) e XXV. do pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016)
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
EXERCÍCIO COMENTADO VI - os Tribunais e Juízes Militares;
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito


1. Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: EMAP Pro- Federal e Territórios.
va: Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Médio. § 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacio-
No que se refere à organização dos poderes, julgue o nal de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na
item que segue. A concessão de indulto é competência Capital Federal.
indelegável do presidente da República. § 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Su-
periores têm jurisdição em todo o território nacional.
( ) CERTO ( ) ERRADO Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magis-
Resposta: Errado. tratura, observados os seguintes princípios:
Nos termos do art. 84, compete privativamente ao I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de
Presidente da República, conceder indulto e comutar juiz substituto, mediante concurso público de provas e
penas, com audiência, se necessário, dos órgãos ins- títulos, com a participação da Ordem dos Advogados
tituídos em lei. do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel
em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica
e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classi-
ficação;

65
II - promoção de entrância para entrância, alternada- advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
mente, por antiguidade e merecimento, atendidas as preservação do direito à intimidade do interessado no
seguintes normas: sigilo não prejudique o interesse público à informação;
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por X - as decisões administrativas dos tribunais serão
três vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista motivadas e em sessão pública, sendo as disciplina-
de merecimento; res tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos membros;
de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco
a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com
salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco mem-
lugar vago; bros, para o exercício das atribuições administrativas
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal
e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade
no exercício da jurisdição e pela frequência e aprovei- e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;
tamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aper- XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo
feiçoamento; vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de se-
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente gundo grau, funcionando, nos dias em que não houver
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto funda- expediente forense normal, juízes em plantão perma-
mentado de dois terços de seus membros, conforme nente; XIII - o número de juízes na unidade jurisdicio-
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, nal será proporcional à efetiva demanda judicial e à
repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; respectiva população;
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente,
retiver autos em seu poder além do prazo legal, não XIV - os servidores receberão delegação para a prática
podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despa- de atos de administração e atos de mero expediente
cho ou decisão; sem caráter decisório;
III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se- XV - a distribuição de processos será imediata, em to-
-á por antiguidade e merecimento, alternadamente, dos os graus de jurisdição.
apurados na última ou única entrância; Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regio-
IV - previsão de cursos oficiais de preparação, aper- nais Federais, dos tribunais dos Estados, e do Distrito
feiçoamento e promoção de magistrados, constituindo Federal e Territórios será composto de membros do
etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a par- Ministério Público, com mais de dez anos de carreira,
ticipação em curso oficial ou reconhecido por escola e de advogados de notório saber jurídico e de reputa-
nacional de formação e aperfeiçoamento de magis- ção ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
trados; profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores de representação das respectivas classes.
corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal
mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo,
Federal e os subsídios dos demais magistrados serão que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de
fixados em lei e escalonados, em nível federal e esta- seus integrantes para nomeação.
dual, conforme as respectivas categorias da estrutu- Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
ra judiciária nacional, não podendo a diferença entre I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adqui-
uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior rida após dois anos de exercício, dependendo a perda
a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a
cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais que o juiz estiver vinculado e, nos demais casos, de
Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto sentença judicial transitada em julgado;
nos arts. 37, XI, e 39, § 4º; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de blico, na forma do art. 93, VIII;


seus dependentes observarão o disposto no art. 40; III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto
VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
autorização do tribunal; 2º, I.
VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentado- Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
ria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo
em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo ou função, salvo uma de magistério;
tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegu- II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
rada ampla defesa; participação em processo;
VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta de magis- III - dedicar-se a atividade político-partidária.
trados de comarca de igual entrância atenderá, no que IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
couber, ao disposto nas alíneas a, b, c e e do inciso II; contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciá- privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
rio serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se
sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presen- afastou, antes de decorridos três anos do afastamento
ça, em determinados atos, às próprias partes e a seus do cargo por aposentadoria ou exoneração.

66
Art. 96. Compete privativamente: Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
I - aos tribunais: administrativa e financeira.
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regi- § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamen-
mentos internos, com observância das normas de pro- tárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
cesso e das garantias processuais das partes, dispondo com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamen-
sobre a competência e o funcionamento dos respecti- tárias.
vos órgãos jurisdicionais e administrativos; § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os ou-
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e tros tribunais interessados, compete:
os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo
exercício da atividade correicional respectiva; Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os car- aprovação dos respectivos tribunais;
gos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal
d) propor a criação de novas varas judiciárias; e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça,
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas com a aprovação dos respectivos tribunais.
e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem
único, os cargos necessários à administração da justi- as respectivas propostas orçamentárias dentro do pra-
ça, exceto os de confiança assim definidos em lei; zo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus Poder Executivo considerará, para fins de consolidação
membros e aos juízes e servidores que lhes forem ime- da proposta orçamentária anual, os valores aprovados
diatamente vinculados; na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Supe- os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.
riores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le- § 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este
gislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: artigo forem encaminhadas em desacordo com os li-
a) a alteração do número de membros dos tribunais mites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo
inferiores; procederá aos ajustes necessários para fins de consoli-
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dação da proposta orçamentária anual.
dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem § 5º Durante a execução orçamentária do exercício,
vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus não poderá haver a realização de despesas ou a as-
membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferio- sunção de obrigações que extrapolem os limites es-
res, onde houver; tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; se previamente autorizadas, mediante a abertura de
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; créditos suplementares ou especiais.
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas
e do Distrito Federal e Territórios, bem como os mem- Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais,
bros do Ministério Público, nos crimes comuns e de em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusi-
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça vamente na ordem cronológica de apresentação dos
Eleitoral. precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibi-
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de da a designação de casos ou de pessoas nas dotações
seus membros ou dos membros do respectivo órgão orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para
especial poderão os tribunais declarar a inconstitucio- este fim.
nalidade de lei ou ato normativo do poder público. § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proven-
e os Estados criarão: tos, pensões e suas complementações, benefícios pre-
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou videnciários e indenizações por morte ou por invali-
togados e leigos, competentes para a conciliação, o dez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de
julgamento e a execução de causas cíveis de menor sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos
com preferência sobre todos os demais débitos, exceto
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

complexidade e infrações penais de menor potencial


ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssi- sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo.
mo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a tran- § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titula-
sação e o julgamento de recursos por turmas de juízes res, originários ou por sucessão hereditária, tenham
de primeiro grau; 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos doença grave, ou pessoas com deficiência, assim de-
eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com man- finidos na forma da lei, serão pagos com preferência
dato de quatro anos e competência para, na forma sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente
da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no §
face de impugnação apresentada, o processo de habi- 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa
litação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter finalidade, sendo que o restante será pago na ordem
jurisdicional, além de outras previstas na legislação. cronológica de apresentação do precatório.
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à
especiais no âmbito da Justiça Federal. expedição de precatórios não se aplica aos pagamen-
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados exclu- tos de obrigações definidas em leis como de pequeno
sivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtu-
específicas da Justiça. de de sentença judicial transitada em julgado.

67
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fi- § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efei-
xados, por leis próprias, valores distintos às entidades tos após comunicação, por meio de petição protoco-
de direito público, segundo as diferentes capacidades lizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora.
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei com-
benefício do regime geral de previdência social. plementar a esta Constituição Federal poderá estabe-
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das enti- lecer regime especial para pagamento de crédito de
dades de direito público, de verba necessária ao paga- precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios,
mento de seus débitos, oriundos de sentenças transita- dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida
das em julgado, constantes de precatórios judiciários e forma e prazo de liquidação.
apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamen- § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União
to até o final do exercício seguinte, quando terão seus poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de
valores atualizados monetariamente. Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos -os diretamente.
serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, § 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a de- nicípios aferirão mensalmente, em base anual, o com-
cisão exequenda determinar o pagamento integral e prometimento de suas respectivas receitas correntes
autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente líquidas com o pagamento de precatórios e obrigações
para os casos de preterimento de seu direito de pre- de pequeno valor.
cedência ou de não alocação orçamentária do valor § 18. Entende-se como receita corrente líquida, para os
necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da fins de que trata o § 17, o somatório das receitas tri-
quantia respectiva. butárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato contribuições e de serviços, de transferências correntes
comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a e outras receitas correntes, incluindo as oriundas do
liquidação regular de precatórios incorrerá em crime § 1º do art. 20 da Constituição Federal, verificado no
de responsabilidade e responderá, também, perante o período compreendido pelo segundo mês imediata-
Conselho Nacional de Justiça. mente anterior ao de referência e os 11 (onze) meses
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complemen-
precedentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas:
tares ou suplementares de valor pago, bem como o
I – na União, as parcelas entregues aos Estados, ao
fracionamento, repartição ou quebra do valor da exe-
Distrito Federal e aos Municípios por determinação
cução para fins de enquadramento de parcela do total
constitucional;
ao que dispõe o § 3º deste artigo.
II – nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, in-
por determinação constitucional;
dependentemente de regulamentação, deles deverá
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos
ser abatido, a título de compensação, valor correspon-
dente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não Municípios, a contribuição dos servidores para custeio
em dívida ativa e constituídos contra o credor origi- de seu sistema de previdência e assistência social e
nal pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas as receitas provenientes da compensação financeira
vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja referida no § 9º do art. 201 da Constituição Federal.
execução esteja suspensa em virtude de contestação (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucional nº
administrativa ou judicial. 94, de 2016)
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal § 19. Caso o montante total de débitos decorrentes
solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta de condenações judiciais em precatórios e obrigações
em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ul-
de abatimento, informação sobre os débitos que pre- trapasse a média do comprometimento percentual da
encham as condições estabelecidas no § 9º, para os receita corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediata-
fins nele previstos. mente anteriores, a parcela que exceder esse percen-
tual poderá ser financiada, excetuada dos limites de
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em


lei da entidade federativa devedora, a entrega de cré- endividamento de que tratam os incisos VI e VII do
ditos em precatórios para compra de imóveis públicos art. 52 da Constituição Federal e de quaisquer outros
do respectivo ente federado. limites de endividamento previstos, não se aplicando
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitu- a esse financiamento a vedação de vinculação de re-
cional, a atualização de valores de requisitórios, após ceita prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição
sua expedição, até o efetivo pagamento, independen- Federal. (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitu-
temente de sua natureza, será feita pelo índice oficial cional nº 94, de 2016)
de remuneração básica da caderneta de poupança, § 20. Caso haja precatório com valor superior a 15%
e, para fins de compensação da mora, incidirão juros (quinze por cento) do montante dos precatórios apre-
simples no mesmo percentual de juros incidentes so- sentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze
bre a caderneta de poupança, ficando excluída a inci- por cento) do valor deste precatório serão pagos até
dência de juros compensatórios. o final do exercício seguinte e o restante em parcelas
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, iguais nos cinco exercícios subsequentes, acrescidas
seus créditos em precatórios a terceiros, independen- de juros de mora e correção monetária, ou mediante
temente da concordância do devedor, não se aplican- acordos diretos, perante Juízos Auxiliares de Conci-
do ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. liação de Precatórios, com redução máxima de 40%

68
(quarenta por cento) do valor do crédito atualizado, n) a ação em que todos os membros da magistratura
desde que em relação ao crédito não penda recurso sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela
ou defesa judicial e que sejam observados os requi- em que mais da metade dos membros do tribunal de
sitos definidos na regulamentação editada pelo ente origem estejam impedidos ou sejam direta ou indire-
federado. (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitu- tamente interessados;
cional nº 94, de 2016) o) os conflitos de competência entre o Superior Tribu-
nal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais
Seção II Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
Do Supremo Tribunal Federal p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de
inconstitucionalidade;
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de q) o mandado de injunção, quando a elaboração da
onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais norma regulamentadora for atribuição do Presiden-
de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
te da República, do Congresso Nacional, da Câmara
idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
dos Deputados, do Senado Federal, da Mesa de uma
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da
Federal serão nomeados pelo Presidente da República,
depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio
do Senado Federal. Supremo Tribunal Federal;
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, pre- r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e
cipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: contra o Conselho Nacional do Ministério Público.
I - processar e julgar, originariamente: II - julgar, em recurso ordinário:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato a) o habeas corpus , o mandado de segurança, o habe-
normativo federal ou estadual e a ação declaratória as data e o mandado de injunção decididos em única
de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da Re- decisão;
pública, o Vice-Presidente, os membros do Congresso b) o crime político;
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Ge- III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
ral da República; decididas em única ou última instância, quando a de-
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de res- cisão recorrida:
ponsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandan- a) contrariar dispositivo desta Constituição;
tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressal- b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
vado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais federal;
Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
chefes de missão diplomática de caráter permanente; em face desta Constituição.
d) o habeas corpus , sendo paciente qualquer das pes- d) julgar válida lei local contestada em face de lei fe-
soas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de deral.
segurança e o habeas data contra atos do Presidente § 1º A argüição de descumprimento de preceito fun-
da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e damental, decorrente desta Constituição, será apre-
do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, ciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
do Procurador-Geral da República e do próprio Supre- § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo
mo Tribunal Federal;
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de in-
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo in-
constitucionalidadee nas ações declaratórias de cons-
ternacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou
titucionalidade, produzirão eficácia contra todos e
o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do
a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, Poder Judiciário e à administração pública direta e in-
inclusive as respectivas entidades da administração direta, nas esferas federal, estadual e municipal.
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; demonstrar a repercussão geral das questões consti-
h) (Revogada pela Emenda Constitucional nº 45, de tucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim
2004) de que o Tribunal examine a admissão do recurso, so-
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Supe- mente podendo recusá-lo pela manifestação de dois
rior ou quando o coator ou o paciente for autoridade terços de seus membros.
ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucio-
à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate nalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única I - o Presidente da República;
instância; II - a Mesa do Senado Federal;
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julga- III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
dos; IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara
l) a reclamação para a preservação de sua competên- Legislativa do Distrito Federal;
cia e garantia da autoridade de suas decisões; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
m) a execução de sentença nas causas de sua compe- VI - o Procurador-Geral da República;
tência originária, facultada a delegação de atribuições VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
para a prática de atos processuais; Brasil;

69
VIII - partido político com representação no Congresso VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indi-
Nacional; cado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Supe-
âmbito nacional. rior do Trabalho;
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser pre- X - um membro do Ministério Público da União, indi-
viamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade cado pelo Procurador-Geral da República;
e em todos os processos de competência do Supremo XI - um membro do Ministério Público estadual, es-
Tribunal Federal. colhido pelo Procurador-Geral da República dentre os
§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de nomes indicados pelo órgão competente de cada ins-
medida para tornar efetiva norma constitucional, será tituição estadual;
dada ciência ao Poder competente para a adoção das XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal
providências necessárias e, em se tratando de órgão da Ordem dos Advogados do Brasil;
administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputa-
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a
ção ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato
e outro pelo Senado Federal.
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Su-
União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
§ 4º (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucional premo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impe-
nº 3, de 1993 e revogado pela Emenda Constitucional dimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal
nº 45, de 2004). Federal.
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de § 2º Os demais membros do Conselho serão nomea-
ofício ou por provocação, mediante decisão de dois dos pelo Presidente da República, depois de aprovada
terços dos seus membros, após reiteradas decisões a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações pre-
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efei- vistas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tri-
to vinculante em relação aos demais órgãos do Poder bunal Federal.
Judiciário e à administração pública direta e indireta, § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação
nas esferas federal, estadual e municipal, bem como administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma es- cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, ca-
tabelecida em lei. bendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpre- conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
tação e a eficácia de normas determinadas, acerca das I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo
ou entre esses e a administração pública que acarrete expedir atos regulamentares, no âmbito de sua com-
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação petência, ou recomendar providências;
de processos sobre questão idêntica. II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula administrativos praticados por membros ou órgãos do
poderá ser provocada por aqueles que podem propor Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou
a ação direta de inconstitucionalidade. fixar prazo para que se adotem as providências neces-
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que
sárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente
competência do Tribunal de Contas da União;
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Fe-
III - receber e conhecer das reclamações contra mem-
deral que, julgando-a procedente, anulará o ato ad-
bros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra
ministrativo ou cassará a decisão judicial reclamada,
e determinará que outra seja proferida com ou sem a seus serviços auxiliares, serventias e órgãos presta-
dores de serviços notariais e de registro que atuem
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

aplicação da súmula, conforme o caso.


Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe- por delegação do poder público ou oficializados, sem
-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) prejuízo da competência disciplinar e correicional dos
anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: tribunais, podendo avocar processos disciplinares em
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indi- a aposentadoria com subsídios ou proventos propor-
cado pelo respectivo tribunal; cionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, in- administrativas, assegurada ampla defesa;
dicado pelo respectivo tribunal; IV - representar ao Ministério Público, no caso de cri-
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indica- me contra a administração pública ou de abuso de
do pelo Supremo Tribunal Federal; autoridade;
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal V - rever, de ofício ou mediante provocação, os pro-
Federal; cessos disciplinares de juízes e membros de tribunais
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado julgados há menos de um ano;
pelo Superior Tribunal de Justiça; VI - elaborar semestralmente relatório estatístico so-
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal bre processos e sentenças prolatadas, por unidade da
de Justiça; Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;

70
VII - elaborar relatório anual, propondo as providên- c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for
cias que julgar necessárias, sobre a situação do Poder qualquer das pessoas mencionadas na alínea a, ou
Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição,
deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do
Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacio- Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência
nal, por ocasião da abertura da sessão legislativa. da Justiça Eleitoral;
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exer- d) os conflitos de competência entre quaisquer tribu-
cerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído nais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o , bem como
da distribuição de processos no Tribunal, competindo- entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre
-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas juízes vinculados a tribunais diversos;
pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes: e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus
I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer julgados;
interessado, relativas aos magistrados e aos serviços
f) a reclamação para a preservação de sua competên-
judiciários;
cia e garantia da autoridade de suas decisões;
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspe-
g) os conflitos de atribuições entre autoridades admi-
ção e de correição geral;
III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes nistrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades
atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribu- judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou
nais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territó- do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
rios. h) o mandado de injunção, quando a elaboração da
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral norma regulamentadora for atribuição de órgão, en-
da República e o Presidente do Conselho Federal da tidade ou autoridade federal, da administração direta
Ordem dos Advogados do Brasil. ou indireta, excetuados os casos de competência do
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Terri- Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Mi-
tórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para litar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da
receber reclamações e denúncias de qualquer interes- Justiça Federal;
sado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, i) a homologação de sentenças estrangeiras e a con-
ou contra seus serviços auxiliares, representando dire- cessão de exequatur às cartas rogatórias;
tamente ao Conselho Nacional de Justiça. II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última
Seção III instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
Do Superior Tribunal de Justiça tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão for denegatória;
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, b) os mandados de segurança decididos em única
no mínimo, trinta e três Ministros. instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, quando denegatória a decisão;
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro
de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e ou organismo internacional, de um lado, e, do outro,
reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas,
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Fe-
em única ou última instância, pelos Tribunais Regio-
derais e um terço dentre desembargadores dos Tribu-
nais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Dis-
nais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada
pelo próprio Tribunal; trito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vi-
membros do Ministério Público Federal, Estadual, do gência;
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Distrito Federal e dos Territórios, alternadamente, in-


dicados na forma do art. 94. b) julgar válido ato de governo local contestado em
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: face de lei federal;
I - processar e julgar, originariamente: c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e haja atribuído outro tribunal.
do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribu-
os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Es- nal de Justiça:
tados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento
de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções,
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e pro-
Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou moção na carreira;
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exer-
Público da União que oficiem perante tribunais; cer, na forma da lei, a supervisão administrativa e or-
b) os mandados de segurança e os habeas data con- çamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo
tra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da graus, como órgão central do sistema e com poderes
Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.
Tribunal;

71
Seção IV IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas
Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Fe- em detrimento de bens, serviços ou interesse da União
derais ou de suas entidades autárquicas ou empresas públi-
cas, excluídas as contravenções e ressalvada a compe-
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: tência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
I - os Tribunais Regionais Federais; V - os crimes previstos em tratado ou convenção inter-
II - os Juízes Federais. nacional, quando, iniciada a execução no País, o resul-
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se tado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possí- reciprocamente;
vel, na respectiva região e nomeados pelo Presidente V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se
da República dentre brasileiros com mais de trinta e refere o § 5º deste artigo;
menos de sessenta e cinco anos, sendo: VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos
I - um quinto dentre advogados com mais de dez casos determinados por lei, contra o sistema financei-
anos de efetiva atividade profissional e membros do ro e a ordem econômico-financeira;
Ministério Público Federal com mais de dez anos de VII - os habeas corpus , em matéria criminal de sua
carreira; competência ou quando o constrangimento provier de
II - os demais, mediante promoção de juízes federais autoridade cujos atos não estejam diretamente sujei-
com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade tos a outra jurisdição;
e merecimento, alternadamente. VIII - os mandados de segurança e os habeas data
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de ju- contra ato de autoridade federal, excetuados os casos
ízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará de competência dos tribunais federais;
sua jurisdição e sede. IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aerona-
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justi- ves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
ça itinerante, com a realização de audiências e demais X - os crimes de ingresso ou permanência irregular
funções da atividade jurisdicional, nos limites territo-
de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o
riais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipa-
exequatur , e de sentença estrangeira, após a homolo-
mentos públicos e comunitários.
gação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcio-
a respectiva opção, e à naturalização;
nar descentralizadamente, constituindo Câmaras re-
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
gionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdi-
§ 1º As causas em que a União for autora serão afo-
cionado à justiça em todas as fases do processo.
radas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente: parte.
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluí- § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser
dos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o
crimes comuns e de responsabilidade, e os membros autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que
do Ministério Público da União, ressalvada a compe- deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa,
tência da Justiça Eleitoral; ou, ainda, no Distrito Federal.
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julga- § 3º Serão processadas e julgadas na Justiça estadual,
dos seus ou dos juízes federais da região; no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários,
c) os mandados de segurança e os habeas data contra as causas em que forem parte instituição de previdên-
ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; cia social e segurado, sempre que a comarca não seja
d) os habeas corpus , quando a autoridade coatora for sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa con-
juiz federal; dição, a lei poderá permitir que outras causas sejam
também processadas e julgadas pela Justiça estadual.
e) os conflitos de competência entre juízes federais § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso ca-
bível será sempre para o Tribunal Regional Federal na
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pe- área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
los juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos hu-
da competência federal da área de sua jurisdição. manos, o Procurador-Geral da República, com a fi-
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e jul- nalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
gar: decorrentes de tratados internacionais de direitos hu-
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou manos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
empresa pública federal forem interessadas na condi- perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer
ção de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto fase do inquérito ou processo, incidente de desloca-
as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas mento de competência para a Justiça Federal.
à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; tituirá uma seção judiciária, que terá por sede a res-
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo pectiva capital, e varas localizadas segundo o estabe-
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou lecido em lei.
residente no País; Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão
União com Estado estrangeiro ou organismo interna- aos juízes da Justiça local, na forma da lei.
cional;

72
Seção V II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;
Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais III - as ações sobre representação sindical, entre sindi-
Regionais do Trabalho e dos Juízes do Trabalho catos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindi-
catos e empregadores;
(Denominação da Seção com redação dada pela IV - os mandados de segurança, habeas corpus e ha-
Emenda Constitucional nº 92, de 2016) beas data, quando o ato questionado envolver maté-
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: ria sujeita à sua jurisdição;
I - o Tribunal Superior do Trabalho; V - os conflitos de competência entre órgãos com ju-
II - os Tribunais Regionais do Trabalho; risdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102,
III - Juizes do Trabalho. I, o;
§ 1º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de VI - as ações de indenização por dano moral ou patri-
2004) monial, decorrentes da relação de trabalho;
§ 2º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de VII - as ações relativas às penalidades administrativas
2004) impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscaliza-
§ 3º (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de ção das relações de trabalho;
2004) VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor- previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais,
-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre bra- decorrentes das sentenças que proferir;
sileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de IX - outras controvérsias decorrentes da relação de
sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e repu- trabalho, na forma da lei.
tação ilibada, nomeados pelo Presidente da Repúbli- § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes pode-
ca após aprovação pela maioria absoluta do Senado rão eleger árbitros.
Federal, sendo: (“Caput” do artigo com redação dada § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação
pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza
de efetiva atividade profissional e membros do Minis- econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
tério Público do Trabalho com mais de dez anos de conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de
efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do anteriormente.
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indi- § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com
cados pelo próprio Tribunal Superior. possibilidade de lesão do interesse público, o Ministé-
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Su- rio Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coleti-
perior do Trabalho. vo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Tra- Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho com-
balho: põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quan-
I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamen- do possível, na respectiva região, e nomeados pelo
to de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre Presidente da República dentre brasileiros com mais
outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
ingresso e promoção na carreira; I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, ca- de efetiva atividade profissional e membros do Minis-
bendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão ad- tério Público do Trabalho com mais de dez anos de
ministrativa, orçamentária, financeira e patrimonial efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, II - os demais, mediante promoção de juízes do traba-
como órgão central do sistema, cujas decisões terão lho por antiguidade e merecimento, alternadamente.
efeito vinculante. § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho pro- a justiça itinerante, com a realização de audiências
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cessar e julgar, originariamente, a reclamação para a e demais funções de atividade jurisdicional, nos limi-
preservação de sua competência e garantia da autori- tes territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
dade de suas decisões. equipamentos públicos e comunitários.
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, po- § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão fun-
dendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdi- cionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
ção, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do juris-
o respectivo Tribunal Regional do Trabalho. dicionado à justiça em todas as fases do processo.
Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidu- Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será
ra, jurisdição, competência, garantias e condições de exercida por um juiz singular.
exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. (Revogado pela Emenda Constitucio-
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e nal nº 24, de 1999)
julgar: Art. 117. (Revogado pela Emenda Constitucional nº
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangi- 24, de 1999)
dos os entes de direito público externo e da adminis-
tração pública direta e indireta da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios;

73
Seção VI III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de
Dos Tribunais e Juízes Eleitorais diplomas nas eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: mandatos eletivos federais ou estaduais;
I - o Tribunal Superior Eleitoral; V - denegarem habeas corpus, mandado de seguran-
II - os Tribunais Regionais Eleitorais; ça, habeas data ou mandado de injunção.
III - os juízes eleitorais;
IV - as Juntas Eleitorais. Seção VII
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no Dos Tribunais e Juízes Militares
mínimo, de sete membros, escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto: Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal I - o Superior Tribunal Militar;
Federal;
II - os Tribunais e juízes militares instituídos por lei.
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de
de Justiça;
quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presiden-
II - por nomeação do Presidente da República, dois
te da República, depois de aprovada a indicação pelo
juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico
e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da
Federal. Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército,
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da
seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco den-
do Supremo Tribunal Federal, e o corregedor eleitoral tre civis.
dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na ca- pelo Presidente da República dentre brasileiros maio-
pital de cada Estado e no Distrito Federal. res de trinta e cinco anos, sendo:
§ 1º Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: I - três dentre advogados de notório saber jurídico e
I - mediante eleição, pelo voto secreto: conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva ati-
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribu- vidade profissional;
nal de Justiça; II - dois, por escolha paritária, dentre juízes-auditores
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos e membros do Ministério Público da Justiça Militar.
pelo Tribunal de Justiça; Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede os crimes militares definidos em lei.
na capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o
havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, funcionamento e a competência da Justiça Militar.
pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de Seção VIII
dois juízes dentre seis advogados de notável saber ju- Dos Tribunais e Juízes dos Estados
rídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de
Justiça. Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, obser-
§ 2º O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presi- vados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
dente e o Vice-Presidente dentre os desembargadores.
§ 1º A competência dos tribunais será definida na
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organiza-
Constituição do Estado, sendo a lei de organização ju-
ção e competência dos Tribunais, dos juízes de direito
diciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
e das Juntas Eleitorais.
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação
§ 1º Os membros dos Tribunais, os juízes de direito
e os integrantes das Juntas Eleitorais, no exercício de de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos
estaduais ou municipais em face da Constituição es-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de


plenas garantias e serão inamovíveis. tadual, vedada a atribuição da legitimação para agir
§ 2º Os juízes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo a um único órgão.
justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do
por mais de dois biênios consecutivos, sendo os subs- Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, consti-
titutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo tuída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos
processo, em número igual para cada categoria. Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio
§ 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar
Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição nos Estados em que o efetivo militar seja superior a
e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de vinte mil integrantes.
segurança. § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e
§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
somente caberá recurso quando: definidos em lei e as ações judiciais contra atos dis-
I - forem proferidas contra disposição expressa desta ciplinares militares, ressalvada a competência do júri
Constituição ou de lei; quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal compe-
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre tente decidir sobre a perda do posto e da patente dos
dois ou mais Tribunais Eleitorais; oficiais e da graduação das praças.

74
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar DIVISÕES EM INSTÂNCIAS
processar e julgar, singularmente, os crimes militares 1ª Instância (1º grau – órgãos singulares): juízes sin-
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos gulares. Exercem a jurisdição – apenas 01 juiz pode “dizer
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, o direito”.Decisão individual.
sob 2ª Instância (2º grau – órgão colegiado) podem ser
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descen- divididos internamente. Ex: STF – 02 turmas. Outros casos
tralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim podem depender do plenário. Decisão colegiada.
de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça
em todas as fases do processo. SEQUÊNCIA DO PROCESSO
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, O andamento processual não obedece a uma sequen-
com a realização de audiências e demais funções da cia predeterminada. Ex: começa em primeira instância e
atividade jurisdicional, nos limites territoriais da res- encerra no STF. Eu posso ter processos que podem iniciar
pectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públi- direto no STF face a competência originária.
cos e comunitários. Regra: Os órgãos do judiciário são órgãos federais,
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal da união; exceto Tribunais de Justiça e Juízes de direito
de Justiça proporá a criação de varas especializadas, (estaduais). TJ/DF embora competência de tribunal esta-
com competência exclusiva para questões agrárias. dual, é mantido pela união.
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente
prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no lo- JUSTIÇA ESPECIALIZADA
cal do litígio. Tribunais específicos – Justiça especializada.
TRE / TSE – TRT / TST – STM (jurisdição em território
GARANTIAS DO JUDICIÁRIO nacional)

Institucionais: - SEDE E JURISDIÇÃO


- Autonomia orgânico administrativa: eleger seus ór- Sede dos Tribunais Superiores / STF e CNJ: sede na
gãos de direção / elaborar regimento interno / organizar capital federal. Atenção: CNJ não exerce jurisdição. O CNJ
a administração interna. é um órgão de controle interno do poder judiciário. Tem
- Autonomia financeira: elaborarão suas próprias pro- a função de controlar a atuação administrativa e finan-
postas financeiras, desde que compatíveis com os limites ceira do poder judiciário e fiscalizar a atuação dos juízes
estipulados pela Lei. – não haverá julgamento de litígios, mas sim fiscalizar
administração, despesas e atuação funcional.
Funcionais: TJ – Jurisdição estadual
- Independência os órgãos: TRE / TST / Justiça Federal: divididos em regiões.
- Vitaliciedade: somente perderá o cargo por senten-
ça transitada em julgado. Estabilidade adquirida após 02 COMPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS
anos (estágio probatório).
1º grau – vitaliciedade após 02 anos COMPOSIÇÃO TRIBUNAIS SUPERIORES
Tribunais – após a posse no cargo superior
- Inamovibilidade: impossibilidade de remoção sem STF – membros: 11 ministros
anuência do juiz, exceto por interesse público, sendo Brasileiros natos, mais de 35 e menos de 65, notável
essa decisão aprovada e votada por 2/3 do TJ ou do CNJ. saber jurídico, reputação ilibada.
- Irredutibilidade de subsídios: salário não pode ser Indicação do presidente / aprovação do Senado
reduzido, garantindo livre exercício profissional. Federal (sabatina) maioria absoluta / nomeação Pres.
- Garantia de imparcialidade (vedações que possam República. Vontades complexas. Necessário ser juiz de
prejudicar a imparcialidade) carreira? Não. Basta a indicação e aprovação do Senado.
A doutrina pacificou a necessidade do curso de direito.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 95 parágrafo único STJ – membros: mínimo 33 ministros


- exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou Brasileiro nato ou naturalizado
função, salvo uma de magistério; 1/3 juízes dos TRF
1/3 desembargadores TJ
- receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou par- 1/6 dentre advogados; e
ticipação em processo; 1/6 dentre membros do MP
- dedicar-se à atividade político-partidária;
- receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou TST – membros: 27 ministros
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou 4/5 juízes do TRT
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (EC n. 1/5 advogados e membros do MP
45/2004);
- exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se TSE – membros: 07 ministros
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do 03 ministros do STF (eleitos entre si por voto secreto)
cargo por aposentadoria ou exoneração (EC n. 45/2004 — 02 ministros do STJ (eleitos entre si por voto secreto)
a assim denominada quarentena de saída). 02 advogados indicados em lista sêxtupla pelo STF e
Art.92 – Órgãos do poder judiciário nomeado pelo Pres. República.

75
STM – membros: 15 ministros
03 oficiais da marinha
03 da aeronáutica
04 do exercito
03 advogados + 10 anos profissão
02 membros do MP da justiça militar
Nomenclatura: ministros.

COMPOSIÇÃO TRIBUNAIS 2º GRAU

TRF / TRT / TRE: repetir o menor número de membros: 07


TJ: cada estado define o seu
Tribunal Militar: em caso de guerra pode ser criado.
Juízes: conforme a demanda.
Todos os membros dos tribunais superiores e cnj são indicados. Nomeados pelo presidente com aprovação do
Senado. Estaduais: chefe do executivo

REGRA DO QUINTO CONSTITUCIONAL

APENAS PARA TJ- TRF - TRT - -TST


Quinto constitucional: TJ / TRF / TRT / TST – 1/5 dos membros vem de advogado e membros do MP indicados. Ar-
redonda pra cima. (Art. 94)
Regra: OAB e representativo do MP propõem uma lista sêxtupla e submete ao Tribunal para que dentro os 06 es-
colha 03. Os 03 escolhidos serão levados a conhecimento do chefe do executivo que fará a escolha final e nomeação.
STJ: regra do terço: 1/3 advogados e membros do MP

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

CNJ: 15 membros – Art. 103B mandato de 02 anos (uma recondução)


CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

76
09 membros do Judiciário.
- 01 STF – Presidente. - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (art. 105)
- 01 STJ – indicado pelo próprio Tribunal Guardião da Lei infraconstitucional
- 01 TRF – indicado pelo STJ - Competências originárias: art. 105 I
- 01 Juiz federal – indicado pelo STJ - Competências recursais: Recurso Ordinário (Art. 105
- 01 TST – indicado pelo próprio Tribunal II) e Recurso Especial (Art. 105 III)
- 01 TRF – indicado pelo TST
- JUSTIÇA TRABALHISTA (ART. 113 E 114) em re-
- 01 Juiz Trabalho indicado pelo TST
- 01 Desembargador indicado pelo STF gra as relações regidas pela CLT, excetuando as relações
- 01 Juiz estadual indicado pelo STF estatutárias.
- JUSTIÇA ELEITORAL (ART. 121 E CÓDIGO ELEI-
E os demais? TORAL)
02 – 02 – 02 - JUSTIÇA MILITAR (ART. 124 E DL 1001/96)
02 Advogados – indicados pelo Conselho Federal - JUSTIÇA FEDERAL E TRF (ART. 109 E 108)
OAB - JUSTIÇA ESTADUAL (competência residual – de-
02 Ministério Público: 01 MPU indicado pelo PGR / 01 finida pela Constituição do Estado)
MP estados (26: escolhido pelo PGR.
02 cidadãos: notável saber jurídico e reputação iliba-
da: 01 indicado pela Câmara e outro pelo Senado Federal.
Exceto presidente e vice presidente do STF, os demais EXERCÍCIO COMENTADO
serão indicados e nomeados pelo Presidente da Repú-
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: STJProva:
blica.
Presidente do CNJ: Presidente do STF e na ausência Conhecimentos Básicos - Cargo: 9.
o vice. A respeito do que dispõe a Constituição Federal de 1988
Ministro Corregedor: Ministro do STJ (CF) sobre o regime jurídico da administração pública e o
Controle dos atos do CNJ: STF / CNJ controla STF? Poder Judiciário, julgue o item seguinte. Um quinto das
Não vagas de magistrados de todos os tribunais superiores
é destinado a membros da advocacia, eleitos por meio
ESTATUTO DA MAGISTRATURA de lista tríplice indicada pela Ordem dos Advogados do
Estatuto da magistratura – art. 93 (aprovado por Lei Brasil.
Complementar – maioria absoluta) – Lei ordinária (maio-
ria simples) Projeto de Iniciativa do STF – Câmara vota e ( ) CERTO ( ) ERRADO
aprova, senado vota e aprovada – Presidente promulga.
- Ingresso na carreira Resposta Letra B.
Art. 93 I
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
Concurso público – provas e títulos – participação da
OAB em todas as fases. Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal
Bacharel em Direito, mínimo de 03 experiência jurí- e Territórios será composto de membros, do Ministério
dica. Público, com mais de dez anos de carreira, e de advo-
Entra como juiz substituto. (Residência) após, promo- gados de notório saber jurídico e de reputação ilibada,
ção para juiz titular. com mais de dez anos de efetiva atividade profissional,
- Promoção (antiguidade e merecimento) indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representa-
Art. 93 II – Promoção entrância para entrância / clas- ção das respectivas classes.
sificação de comarcas diferente de instância. 1ª entrância Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal for-
(vara única) 2ª entrância (mais de uma vara) Entrância mará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que,
especial (Ex: capital ou grandes cidades) nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus inte-
Critério: alternadamente 7 - por antiguidade ou me- grantes para nomeação.
recimento.
Promoção por antiguidade: juiz mais antigo; salvo se
2. Aplicada em: 2017Banca: CESPEÓrgão: TRE-TOPro-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2/3 recusarem. TJ
Promoção por merecimento: 02 anos na entrância / 1ª va: Analista Judiciário - Área Administrativa. É permi-
quinta parte tido ao magistrado
Merecimento: desempenho, atualização em cursos.
Promoção obrigatória: aparecer 03 x consecutivas lis- a) receber contribuições de entidades privadas a título
ta tríplice ou 5 alternadas. Não serão promovidos aqueles gratuito.
que obstaculizarem o desenvolvimento processual. b) exercer qualquer outro cargo, caso tenha disponibili-
dade durante o exercício da magistratura.
COMPETÊNCIAS DO PODER JUDICIÁRIO c) receber participação em processo no qual tenha atua-
do em substituição a juiz que se encontrava no gozo
- SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ART. 102 E 103) de férias.
Guardião da CF – controle de constitucionalidade d) advogar perante juízo do qual tenha sido afastado por
- Competências originárias: art. 102 I
exoneração, desde que decorridos três anos do afas-
- Competências recursais: Recurso Ordinário (Art. 102
tamento.
II) e Extraordinário (Art.102 III) – Repercussão geral para
e) envolver-se em atividades político-partidárias, desde
o extraordinário (recusar apreciação pela votação de 2/3
que comunique à presidência do respectivo tribunal.
dos membros)

77
Resposta: Letra D criação e extinção de seus cargos e serviços auxilia-
Art. 95 Parágrafo único. Aos juízes é vedado: res, provendo-os por concurso público de provas ou de
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo provas e títulos, a política remuneratória e os planos
ou função, salvo uma de magistério; de carreira; a lei disporá sobre sua organização e fun-
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou cionamento.
participação em processo; § 3º O Ministério Público elaborará sua proposta or-
III - dedicar-se à atividade político-partidária. çamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de
IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou diretrizes orçamentárias.
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas § 4º Se o Ministério Público não encaminhar a res-
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; pectiva proposta orçamentária dentro do prazo esta-
V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se belecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento Executivo considerará, para fins de consolidação da
do cargo por aposentadoria ou exoneração. proposta orçamentária anual, os valores aprovados
na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com
3,Aplicada em: 2017Banca: CESPEÓrgão: TRE-PEPro- os limites estipulados na forma do § 3º.
va: TécnicoJudiciário – Área Administrativa. De acordo § 5º Se a proposta orçamentária de que trata este arti-
com a CF, ao juiz go for encaminhada em desacordo com os limites esti-
pulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá
a) é garantida a inamovibilidade, ainda que haja motivo aos ajustes necessários para fins de consolidação da
de interesse público que recomende sua remoção. proposta orçamentária anual.
b) é permitido dedicar-se à atividade político-partidária, § 6º Durante a execução orçamentária do exercício,
desde que ele esteja em disponibilidade. não poderá haver a realização de despesas ou a as-
c) que esteja em disponibilidade é permitido exercer sunção de obrigações que extrapolem os limites es-
qualquer outro cargo público. tabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto
d) é permitido receber custas em processo judicial, desde se previamente autorizadas, mediante a abertura de
que ele esteja em disponibilidade. créditos suplementares ou especiais.
e) é garantida a vitaliciedade, que, no primeiro grau, será Art. 128. O Ministério Público abrange:
adquirida após dois anos de exercício. I - o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
Resposta: Letra D. b) o Ministério Público do Trabalho;
Os juízes gozam das seguintes garantias: c) o Ministério Público Militar;
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adqui- d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
rida após dois anos de exercício, dependendo a perda II - os Ministérios Públicos dos Estados.
do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de Procurador-Geral da República, nomeado pelo Pre-
sentença judicial transitada em julgado; sidente da República dentre integrantes da carreira,
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú- maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de
blico, na forma do art. 93, VIII; seu nome pela maioria absoluta dos membros do Se-
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nado Federal, para mandato de dois anos, permitida
nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. a recondução.
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República,
por iniciativa do Presidente da República, deverá ser
precedida de autorização da maioria absoluta do Se-
DAS FUNÇÕES ESSECIAIS À JUSTIÇA nado Federal.
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito
Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre in-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tegrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para


CAPÍTULO IV escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois
SEÇÃO I anos, permitida uma recondução.
DO MINISTÉRIO PÚBLICO § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito
Federal e Territórios poderão ser destituídos por deli-
Art. 127. O Ministério Público é instituição perma- beração da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
nente, essencial à função jurisdicional do Estado, in- forma da lei complementar respectiva.
cumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja
democrático e dos interesses sociais e individuais in- iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-
disponíveis. -Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições
§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público e o estatuto de cada Ministério Público, observadas,
a unidade, a indivisibilidade e a independência fun- relativamente a seus membros:
cional. I - as seguintes garantias:
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não po-
funcional e administrativa, podendo, observado o dendo perder o cargo senão por sentença judicial
disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a transitada em julgado;

78
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pú- assegurada a participação da Ordem dos Advogados
blico, mediante decisão do órgão colegiado competen- do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel
te do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica
de seus membros, assegurada ampla defesa; e observando-se, nas nomeações, a ordem de classi-
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. ficação.
39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o
150, II, 153, III, 153, § 2º, I; disposto no art. 93.
II - as seguintes vedações:a) receber, a qualquer título § 5º A distribuição de processos no Ministério Público
e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou será imediata.
custas processuais; Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
b) exercer a advocacia; Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; seção pertinentes a direitos, vedações e forma de in-
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer ou- vestidura.
tra função pública, salvo uma de magistério; Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Públi-
e) exercer atividade político-partidária; co compõe-se de quatorze membros nomeados pelo
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou Presidente da República, depois de aprovada a esco-
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou lha pela maioria absoluta do Senado Federal, para
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. um mandato de dois anos, admitida uma recondução,
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o sendo:
disposto no art. 95, parágrafo único, V. I o Procurador-Geral da República, que o preside;
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú- II quatro membros do Ministério Público da União, as-
blico: segurada a representação de cada uma de suas car-
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na reiras;
forma da lei; III três membros do Ministério Público dos Estados;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Fe-
dos serviços de relevância pública aos direitos asse- deral e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
gurados nesta Constituição, promovendo as medidas V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
necessárias a sua garantia; Ordem dos Advogados do Brasil;
III - promover o inquérito civil e a ação civil públi- VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação
ca, para a proteção do patrimônio público e social, do ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e
meio ambiente e de outros interesses difusos e cole- outro pelo Senado Federal.
tivos; § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério
Público serão indicados pelos respectivos Ministérios
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou re- Públicos, na forma da lei.
presentação para fins de intervenção da União e dos § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Pú-
Estados, nos casos previstos nesta Constituição; blico o controle da atuação administrativa e financei-
V - defender judicialmente os direitos e interesses das ra do Ministério Público e do cumprimento dos deve-
populações indígenas; res funcionais de seus membros, cabendo lhe:
VI - expedir notificações nos procedimentos adminis- I zelar pela autonomia funcional e administrativa do
trativos de sua competência, requisitando informações Ministério Público, podendo expedir atos regulamen-
e documentos para instruí-los, na forma da lei com- tares, no âmbito de sua competência, ou recomendar
plementar respectiva; providências;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício
na forma da lei complementar mencionada no artigo ou mediante provocação, a legalidade dos atos ad-
anterior; ministrativos praticados por membros ou órgãos do
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instau- Ministério Público da União e dos Estados, podendo
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ração de inquérito policial, indicados os fundamentos desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se
jurídicos de suas manifestações processuais; adotem as providências necessárias ao exato cumpri-
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, mento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribu-
desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe nais de Contas;
vedada a representação judicial e a consultoria jurídi- III receber e conhecer das reclamações contra mem-
ca de entidades públicas. bros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem
civis previstas neste artigo não impede a de tercei- prejuízo da competência disciplinar e correicional da
ros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta instituição, podendo avocar processos disciplinares em
Constituição e na lei. curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser aposentadoria com subsídios ou proventos proporcio-
exercidas por integrantes da carreira, que deverão re- nais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções ad-
sidir na comarca da respectiva lotação, salvo autoriza- ministrativas, assegurada ampla defesa;
ção do chefe da instituição. IV rever, de ofício ou mediante provocação, os proces-
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far- sos disciplinares de membros do Ministério Público da
-se-á mediante concurso público de provas e títulos, União ou dos Estados julgados há menos de um ano;

79
V elaborar relatório anual, propondo as providências SEÇÃO III
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério DA ADVOCACIA
Público no País e as atividades do Conselho, o qual
deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. Art. 133. O advogado é indispensável à administração
da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifesta-
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um ções no exercício da profissão, nos limites da lei.
Corregedor nacional, dentre os membros do Minis-
tério Público que o integram, vedada a recondução, SEÇÃO IV
competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem DA DEFENSORIA PÚBLICA
conferidas pela lei, as seguintes:
I receber reclamações e denúncias, de qualquer inte- Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanen-
ressado, relativas aos membros do Ministério Público te, essencial à função jurisdicional do Estado, incum-
e dos seus serviços auxiliares; bindo-lhe, como expressão e instrumento do regime
II exercer funções executivas do Conselho, de inspeção democrático, fundamentalmente, a orientação jurídi-
e correição geral; ca, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em
III requisitar e designar membros do Ministério Públi- todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos in-
co, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores dividuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos
de órgãos do Ministério Público. necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Constituição Federal.
Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. § 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pú-
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias blica da União e do Distrito Federal e dos Territórios e
do Ministério Público, competentes para receber re- prescreverá normas gerais para sua organização nos
clamações e denúncias de qualquer interessado contra Estados, em cargos de carreira, providos, na classe
membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive inicial, mediante concurso público de provas e títulos,
contra seus serviços auxiliares, representando direta- assegurada a seus integrantes a garantia da inamo-
mente ao Conselho Nacional do Ministério Público. vibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das
atribuições institucionais.
SEÇÃO II § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são assegura-
DA ADVOCACIA PÚBLICA das autonomia funcional e administrativa e a inicia-
tiva de sua proposta orçamentária dentro dos limites
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e su-
que, diretamente ou através de órgão vinculado, re- bordinação ao disposto no art. 99, § 2º.
presenta a União, judicial e extrajudicialmente, caben-
do -lhe, nos termos da lei complementar que dispuser § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públi-
sobre sua organização e funcionamento, as ativida- cas da União e do Distrito Federal.
des de consultoria e assessoramento jurídico do Poder § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pú-
Executivo. blica a unidade, a indivisibilidade e a independência
§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o funcional, aplicando-se também, no que couber, o dis-
Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo posto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Consti-
Presidente da República dentre cidadãos maiores de tuição Federal.
trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e repu- Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disci-
tação ilibada. plinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remu-
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da nerados na forma do art. 39, § 4º.
instituição de que trata este artigo far-se-á mediante
concurso público de provas e títulos. As funções essenciais à justiça são todas aquelas ati-
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza tribu- vidades (públicos e privadas) profissionais sem as quais o
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tária, a representação da União cabe à Procuradoria- poder judiciário não funcionaria, ou funcionaria mal, tem
-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em o objetivo de dinamizar a atividade jurisdicional, chama-
lei. das de funções essenciais à justiça. É a mola propulso-
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Fe- ra do judiciário, lembrando que a atividade judiciária é
deral, organizados em carreira, na qual o ingresso de- inerte. Apesar de extrema importância, tais funções não
penderá de concurso público de provas e títulos, com integram o poder judiciário.
a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em
todas as suas fases, exercerão a representação judi- 1 - Ministério Público (Art. 127 A 130-A)
cial e a consultoria jurídica das respectivas unidades
federadas. Definição: O Ministério Público é instituição perma-
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste nente, essencial à função jurisdicional do Estado, incum-
artigo é assegurada estabilidade após três anos de bindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime demo-
efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho crático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
perante os órgãos próprios, após relatório circunstan- Parte da doutrina fala em quarto poder, no entanto,
ciado das corregedorias. (Redação dada pela Emenda essa classificação não é unânime, já que a CF não prevê
Constitucional nº 19, de 1998) um quarto poder, apenas o legislativo, executivo e ju-

80
diciário. Em suma, o Ministério Público foi, pela Consti- Vitaliciedade (após 02 anos)
tuição de 1988, “arquitetado para atuar desinteressada- Irredutibilidade de subsídios (submetido ao teto / SFT)
mente na persecução dos valores mais encarecidos da Resumo das garantias:
ordem constitucional”.
Vedações
- receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,
#FicaDica honorários, percentagens ou custas processuais.
- exercer a advocacia
Natureza jurídica: instituição independente - participar de sociedade comercial
e autônoma, que não se inclui na estrutura - exercer função pública, salvo uma de magistério.
de nenhum dos poderes tradicionais. - exercer atividade político partidário.
- receber qualquer forma de auxílio ou contribuição
de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, exceto
Princípios nas situações autorizadas em lei.
- Unidade (existência de uma divisão orgânica, todas
sob a chefia do Procurador Geral de Justiça). Estrutura do Ministério Público
- Indivisibilidade (possibilidade de um ser substituí- Procurador Geral da República
do por outro; o promotor não se vincula pessoalmente - Membro da carreira
a causa). - Mais de 35 anos
- Independência funcional (membros do MP não se - Aprovação do nome pela maioria absoluta do Se-
subordinam as convicções de outrem). nado Federal.
- Mandato: 02 anos.
Funções do MP (competências exemplificativas, po- - Possibilidade de várias reconduções.
dendo ser ampliadas).
Procurador Geral de Justiça (estadual)
- Defesa da Ordem Jurídica
- Lista tríplice dos membros da carreira
- Defesa do Regime Democrático
- Nomeação pelo Chefe do Executivo.
- Defesa dos interesses sociais e individuais indispo-
- Mandato de 02 anos, uma única recondução.
níveis.
Obs: proteção e fiscalização.
CONAMP (CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉ-
RIO PÚBLICO)
Ingresso (concurso público) – art. 129 § 3º
-Bacharelado em direito
Composição
- Ocuparão as funções do MP apenas membros de 01 PGR (presidente)
carreira. 01 membro MPF
- Mínimo de 03 anos de atividade jurídica (documen- 01 membro MPT
tada e formalizada) 01 membro MPM
- Observância da classificação. 01 membro MPDF
Regulamentação 06 membros de outras carreiras
Nacional: Lei 8.625/93 02 Advogados
Federal: LC 75/93 02 Cidadãos (01 Câmara / 01 Senado)
Estaduais: cada estado elabora sua respectiva lei or- 02 Juízes (01 STF / 01 STJ)
gânica
2 – Advocacia Geral da União (art. 131)
Garantias Natureza
Institucionais (ligadas ao órgão) - Representação da União extra ou judicialmente.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Princípios Institucionais (Art. 127 §1º) - Consultoria e assessoria jurídica do Poder Executivo.
Unidade
Indivisibilidade Organização
Independência Ingresso nas classes iniciais
- Autonomia (Art. 127 §2º) Concurso público de provas e títulos. Não tem vitali-
Financeira ciedade, mas sim estabilidade após 03 anos.
Funcional Chefe da Instituição (advogado-geral da União)
Administrativa Livre nomeação e exoneração pelo Presidente da Re-
Funcionais (ligadas ao membro do MP) pública dentre cidadãos:
+ de 35 anos
- Independência (art. 128 §5º I) Reputação ilibada.
Inamovibilidade Atenção: não precisa de autorização do senado.
Exceção: por motivo de interesse público, mediante Obs: tem status de Ministro. STF – julga por crime co-
decisão, por maioria absoluta de votos, do órgão cole- mum / Senado – julga por crimes de responsabilidade.
giado competente (que é o Conselho Nacional do Minis-
tério Público), assegurada ampla defesa.

81
3 – Advocacia Privada – Art. 133 SEÇÃO I
DO ESTADO DE DEFESA
- Habilitação perante a Ordem dos Advogados do
Brasil Art. 136, CF. O Presidente da República pode, ouvi-
- Declarado constitucional em 2011 pelo plenário do dos o Conselho da República e o Conselho de Defesa
STF Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou
- Capacidade postulatória (participação facultativa prontamente restabelecer, em locais restritos e deter-
em algumas ações) minados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas
- Inviolabilidade da advocacia por grave e iminente instabilidade institucional ou
Imunidade material: imune aos crimes de injuria e di- atingidas por calamidades de grandes proporções na
famação. natureza.
Obs: a imunidade não vale para calúnia. § 1º O decreto que instituir o estado de defesa deter-
- Direitos do advogado: Código de Ética Profissional. minará o tempo de sua duração, especificará as áreas
a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites
4 – Defensorias Públicas – art. 134 da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as
seguintes:
- Gozam de autonomia funcional e administrativa I - restrições aos direitos de:
- Regidas pelos mesmos princípios do Ministério Pú- a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
blico b) sigilo de correspondência;
- Unidade c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
- Indivisibilidade II - ocupação e uso temporário de bens e serviços pú-
- Independência funcional blicos, na hipótese de calamidade pública, responden-
- Ingresso: concurso público do a União pelos danos e custos decorrentes.
- Garantias e prerrogativas: § 2º O tempo de duração do estado de defesa não será
superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma
Inamovibilidade
vez, por igual período, se persistirem as razões que
Independência funcional
justificaram a sua decretação.
Irredutibilidade de subsídios
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
Estabilidade
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada
- Vedações
pelo executor da medida, será por este comunicada
Exercício da advocacia fora dos limites da instituição.
imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se
não for legal, facultado ao preso requerer exame de
corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração,
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUI- pela autoridade, do estado físico e mental do detido
ÇÕES DEMOCRÁTICAS: DO ESTADO DE DE- no momento de sua autuação;
FESA, DO ESTADO DE SÍTIO, DAS FORÇAS III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não po-
ARMADAS, DA SEGURANÇA PÚBLICA derá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada
pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação,
No título V, aborda-se a defesa do Estado e das ins- o Presidente da República, dentro de vinte e quatro
tituições democráticas, com outros institutos relevantes horas, submeterá o ato com a respectiva justificação
para evitar impacto na organização do Estado. O título ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria ab-
V, intitulado “Da Defesa do Estado e Das Instituições De- soluta.
mocráticas”, trabalha em seu capítulo I com o Estado de § 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será
Defesa e o Estado de Sítio.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco


Estado de defesa e estado de sítio são duas situações dias.
excepcionais decretadas pelo Chefe do Executivo Fede- § 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto den-
ral, cumpridos determinados requisitos, visando preser- tro de dez dias contados de seu recebimento, devendo
var o próprio Estado e suas instituições democráticas. continuar funcionando enquanto vigorar o estado de
O estado de defesa é decretado para preservar ou defesa.
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem § 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o esta-
pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente do de defesa.
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades
de grandes proporções na natureza. Da disciplina do Estado de Defesa no artigo 136, CF
O estado de sítio é decretado quando estado de de- podem ser extraídos alguns aspectos relevantes.
fesa não resolveu o problema, quando o problema atin- Primeiro, a finalidade do Estado de Defesa, que é a
ge todo o país, ou em casos de guerra. preservação ou restabelecimento em locais restritos e
A disciplina se encontra do artigo 136, CF ao artigo determinados a ordem pública e a paz social que este-
141, C jam ameaçados por grave instabilidade institucional ou
F, que seguem. calamidade de grande proporção.

82
Ainda, a especificidade que se percebe pela exigência IV - suspensão da liberdade de reunião;
de determinação do local e do prazo de vigência (que V - busca e apreensão em domicílio;
não pode exceder 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias), VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
bem como pela delimitação de medidas. VII - requisição de bens.
Nota-se que a natureza das medidas cabíveis ora se Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inci-
voltam ao estado de defesa por instabilidade institucio- so III a difusão de pronunciamentos de parlamentares
nal (casos do inciso I do §1º, restringindo certos sigilos e efetuados em suas Casas Legislativas, desde que libe-
o direito de reunião) e ora se voltam ao estado de defesa rada pela respectiva Mesa.
por calamidade (caso do inciso II do §1º, com uso tempo-
rário de bens e serviços públicos). No Estado de Sítio também é necessária a oitiva do
Por fim, destaca-se que a decretação do Estado de Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacio-
Defesa, embora seja feita pelo Presidente da República, nal, bem como a aprovação pelo Congresso Nacional. As
não é um ato arbitrário porque ele deve ouvir a opinião hipóteses são de grave comoção nacional, ineficácia do
do Conselho da República e do Conselho de Defesa Na- estado de defesa e estado de guerra. Também há requisi-
cional e depois submeter o decreto para aprovação pelo tos de especificidade quanto ao tempo, áreas abrangidas
Congresso Nacional por maioria absoluta. e medidas coercitivas a serem aplicados no Estado de
Sítio. Entre as medidas coercitivas cabíveis no Estado de
SEÇÃO II Sítio, estão as enumeradas no artigo 139, CF.
DO ESTADO DE SÍTIO
SEÇÃO III
Art. 137, CF. O Presidente da República pode, ouvi- DISPOSIÇÕES GERAIS
dos o Conselho da República e o Conselho de Defesa
Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização Art. 140, CF. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos
para decretar o estado de sítio nos casos de: os líderes partidários, designará Comissão composta
 I - comoção grave de repercussão nacional ou ocor- de cinco de seus membros para acompanhar e fisca-
rência de fatos que comprovem a ineficácia de medida lizar a execução das medidas referentes ao estado de
tomada durante o estado de defesa; defesa e ao estado de sítio.
II - declaração de estado de guerra ou resposta a Art. 141, CF. Cessado o estado de defesa ou o estado
agressão armada estrangeira. de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo
Parágrafo único. O Presidente da República, ao soli- da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus
citar autorização para decretar o estado de sítio ou executores ou agentes.
sua prorrogação, relatará os motivos determinantes Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou
do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigên-
maioria absoluta. cia serão relatadas pelo Presidente da República, em
Art. 138, CF. O decreto do estado de sítio indicará mensagem ao Congresso Nacional, com especificação
sua duração, as normas necessárias a sua execução e justificação das providências adotadas, com relação
e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, nominal dos atingidos e indicação das restrições apli-
e, depois de publicado, o Presidente da República de- cadas.
signará o executor das medidas específicas e as áreas
abrangidas. O Congresso Nacional, mediante Comissão específi-
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não pode- ca, exerce atividade fiscalizatória das medidas coercitivas.
rá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorro- Praticados atos atentatórios serão punidos mesmo após
gado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, cessado o estado de defesa ou de sítio.
poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a
guerra ou a agressão armada estrangeira. O capítulo II do título V aborda as forças armadas,
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de que exercem a defesa do Estado.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do


Senado Federal, de imediato, convocará extraordina- CAPÍTULO II
riamente o Congresso Nacional para se reunir dentro DAS FORÇAS ARMADAS
de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funcio- Art. 142, CF. As Forças Armadas, constituídas pela Ma-
namento até o término das medidas coercitivas. rinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado nacionais permanentes e regulares, organizadas com
com fundamento no art. 137, I, só poderão ser toma- base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
das contra as pessoas as seguintes medidas: suprema do Presidente da República, e destinam-se
I - obrigação de permanência em localidade determi- à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitu-
nada; cionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou da ordem.
condenados por crimes comuns; § 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon- a serem adotadas na organização, no preparo e no
dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de in- emprego das Forças Armadas.
formações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições
televisão, na forma da lei; disciplinares militares.

83
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denomina- As Forças Armadas são compostas por Marinha, Exér-
dos militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem cito e Aeronáutica e o chefe delas é o Presidente da Re-
a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:  pública. Por terem a finalidade de defender a pátria, a
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a Constituição, a lei e a ordem, são permanentes, regulares
elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da Re- e hierarquizadas, além de terem vedações como o direito
pública e asseguradas em plenitude aos oficiais da ati- de greve e o direito de sindicalização, bem como de filia-
va, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os ção a partidos políticos. Pela natureza diversa dos crimes
títulos e postos militares e, juntamente com os demais praticados por estes militares, serão julgados por órgão
membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;  próprio e perdem a garantia do habeas corpus. O alista-
II - o militar em atividade que tomar posse em car- mento militar é obrigatório, ainda que seja dispensado,
go ou emprego público civil permanente, ressalvada a caso em que ficará como reservista. A mulher não precisa
hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, será prestar o serviço militar obrigatório, mas pode ser convo-
transferido para a reserva, nos termos da lei;  cada para a prestação de outros serviços para o Estado,
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar assim como os eclesiásticos.
posse em cargo, emprego ou função pública civil tem- Por fim, o terceiro capítulo do título aborda a segu-
porária, não eletiva, ainda que da administração indi- rança pública.
reta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso
XVI, alínea ‘c’, ficará agregado ao respectivo quadro CAPÍTULO III
e somente poderá, enquanto permanecer nessa situa- DA SEGURANÇA PÚBLICA
ção, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe
o tempo de serviço apenas para aquela promoção Art. 144, CF. A segurança pública, dever do Estado, di-
e transferência para a reserva, sendo depois de dois reito e responsabilidade de todos, é exercida para a
anos de afastamento, contínuos ou não, transferido preservação da ordem pública e da incolumidade das
para a reserva, nos termos da lei;  pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
[...]
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; 
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode es-
A segurança tem um duplo aspecto na Constituição
tar filiado a partidos políticos;
Federal, a saber, o aspecto de direito e garantia indivi-
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for jul-
dual e coletivo, por estar prevista no caput, do artigo 5º,
gado indigno do oficialato ou com ele incompatível,
da Constituição Federal (ao lado do direito à vida, da li-
por decisão de tribunal militar de caráter permanente,
berdade, da igualdade, e da propriedade), bem como o
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo
aspecto de direito social, por estar prevista no artigo 6º,
de guerra; da Constituição Federal. A segurança do caput, do artigo
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar 5º, CF, todavia, se refere à “segurança jurídica”. Já a segu-
a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por rança do artigo 6º, CF, se refere à “segurança pública”, a
sentença transitada em julgado, será submetido ao qual encontra disciplinamento no artigo 144, da Consti-
julgamento previsto no inciso anterior;  tuição da República.
Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria precei-
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, inci- tua que a educação e a saúde são “direitos de todos e
sos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos dever do Estado”, fala, por outro lado, que a segurança
XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com pública, antes mesmo de ser direito de todos, é um “de-
prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, ver do Estado”. Com isso, isto é, ao colocar a segurança
alínea ‘c’;    pública antes de tudo como um dever do Estado, e só
IX -  (Revogado) depois como um direito de todos, denota o compromis-
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, so dos agentes estatais em prevenir a desordem, e, con-
os limites de idade, a estabilidade e outras condições sequentemente, evitar a justiça por próprias mãos.
de transferência do militar para a inatividade, os di-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Fe-


reitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e deral, se afirma que “a segurança pública, dever do Esta-
outras situações especiais dos militares, consideradas do, direito e responsabilidade de todos, é exercida para
as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas a preservação da ordem pública e da incolumidade das
cumpridas por força de compromissos internacionais pessoas e do patrimônio [...]”. Conforme enumera o pró-
e de guerra.  prio artigo 144, CF em seus incisos, os órgãos responsá-
Art. 143, CF. O serviço militar é obrigatório nos termos veis pela garantia da segurança pública, compondo sua
da lei. estrutura, são: polícia federal; polícia rodoviária federal;
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, polícia ferroviária federal; polícias civis; e polícias milita-
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, res e corpos de bombeiros militares.
após alistados, alegarem imperativo de consciência, Os parágrafos do artigo 144 regulamentam cada um
entendendo-se como tal o decorrente de crença reli- destes órgãos que devem garantir a segurança pública,
giosa e de convicção filosófica ou política, para se exi- com suas respectivas competências:
mirem de atividades de caráter essencialmente militar. 
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do Artigo 144, § 1º, CF. A polícia federal, instituída por lei
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, como órgão permanente, organizado e mantido pela
porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.  União e estruturado em carreira, destina-se a:

84
I - apurar infrações penais contra a ordem política e a preservação da ordem pública e da incolumidade
social ou em detrimento de bens, serviços e interesses das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: 
da União ou de suas entidades autárquicas e empre- I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
sas públicas, assim como outras infrações cuja prática de trânsito, além de outras atividades previstas em lei,
tenha repercussão interestadual ou internacional e que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade ur-
exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; bana eficiente; e 
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Fede-
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes ral e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entida-
e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem des executivos e seus agentes de trânsito, estruturados
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públi- em Carreira, na forma da lei.
cos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportu- Destaca-se o papel da polícia federal (artigo 144, § 1o,
ária e de fronteiras; IV, CF) e das polícias civis (artigo 144, § 4o, CF) de exercer
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia a política judiciária. Segundo Nucci, “o nome polícia ju-
judiciária da União. diciária tem sentido na medida em que não se cuida de
Artigo 144, § 2º, CF. A polícia rodoviária federal, órgão uma atividade policial ostensiva (típica da Polícia Militar
permanente, organizado e mantido pela União e es- para a garantia da segurança nas ruas), mas investiga-
truturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao tória, cuja função se volta a colher provas para o órgão
patrulhamento ostensivo das rodovias federais. acusatório e, na essência, para que o Judiciário avalie no
Artigo 144, § 3º, CF. A polícia ferroviária federal, órgão futuro”. Cabe à Polícia Judiciária investigar infrações pe-
permanente, organizado e mantido pela União e es- nais pelos instrumentos que a lei oferecer, como o termo
truturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao circunstanciado e o inquérito policial, fornecendo funda-
patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.  mentos para a persecução penal dos delitos.
Artigo 144, § 4º, CF. Às polícias civis, dirigidas por de-
legados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judiciária #FicaDica
e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
Artigo 144, § 1º, CF. Às polícias militares cabem a po- Estado de defesa – serve para preservação
lícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos ou restabelecimento em locais restritos e
corpos de bombeiros militares, além das atribuições determinados da ordem pública e da paz
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de social que estejam ameaçados por grave
defesa civil. instabilidade institucional ou calamidade de
Artigo 144, § 6º, CF. As polícias militares e corpos de grande proporção;
bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Estado de sítio – serve para casos de gra-
Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias ve comoção nacional, ineficácia do estado
civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Fede- de defesa e estado de guerra. Há requisitos
ral e dos Territórios”. Sendo que, nos termos do artigo de especificidade quanto ao tempo, áreas
42, CF, “os membros das Polícias Militares e Corpos abrangidas e medidas coercitivas que po-
de Bombeiros Militares, instituições organizadas com dem ser adotadas.
base na hierarquia e disciplina, são militares dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Territórios. § 1º Aplicam- Forças Armadas – possuem a finalidade de
-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos defender a pátria, a Constituição, a lei e a or-
Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as dem, sendo compostas por Marinha, Exérci-
disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. to e Aeronáutica.
142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dis- Segurança Pública – exercida para a preser-
por sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

vação da ordem pública e da incolumidade


as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos das pessoas e do patrimônio.
governadores. § 2º Aos pensionistas dos militares dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se
o que for fixado em lei específica do respectivo ente
estatal.
Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização e
o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segu- EXERCÍCIO COMENTADO
rança pública, de maneira a garantir a eficiência de
suas atividades. 1. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014)
Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão consti- Consoante o art. 144 da Constituição Federal, “a seguran-
tuir guardas municipais destinadas à proteção de seus ça pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. de todos, é exercida para a preservação da ordem públi-
Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores po- ca e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”.
liciais integrantes dos órgãos relacionados neste arti- Nesse sentido, todas as alternativas estão corretas, ex-
go será fixada na forma do § 4º do art. 39.  ceto a:
Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para

85
a) Entre as funções da polícia federal, instituída por lei § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros milita-
como órgão permanente, está a de exercer, com ex- res, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-
clusividade, as funções de polícia judiciária da União. -se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores
b) Os Municípios poderão constituir guardas municipais dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
destinadas à proteção de seus bens, serviços e instala- § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamen-
ções, conforme dispuser a lei. to dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de
c) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da § 8º Os Municípios poderão constituir guardas muni-
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de cipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
infrações penais, inclusive as militares. instalações, conforme dispuser a lei.
d) A segurança pública é exercida através da polícia fe- § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes
deral, da polícia rodoviária federal, polícia ferroviária dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na for-
federal, polícias civis, polícias militares e corpos de ma do § 4º do art. 39.
bombeiros militares. § 10. A segurança viária, exercida para a preservação
e) Aos corpos de bombeiros militares, além das atribui- da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
ções definidas em lei, incumbe a execução de ativida- seu patrimônio nas vias públicas:
des de defesa civil. I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
de trânsito, além de outras atividades previstas em lei,
Resposta: Letra C. que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urba-
”Vale colacionar o inteiro teor do artigo 144, CF: “A se- na eficiente; e
gurança pública, dever do Estado, direito e responsabili- II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
dade de todos, é exercida para a preservação da ordem e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em
através dos seguintes órgãos: Carreira, na forma da lei”. Conforme grifo, as infrações
I - polícia federal; penais militares não se incluem na competência da po-
II - polícia rodoviária federal; lícia civil, restando a alternativa “C” incorreta.
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis; 2. (Prefeitura de Cuiabá/MT - Procurador Municipal
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. - FCC/2014)
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão per- Dentre as medidas passíveis de adoção na vigência do
manente, organizado e mantido pela União e estrutu- estado de sítio decretado em caso de comoção grave de
rado em carreira, destina-se a: repercussão nacional, NÃO se inclui a possibilidade de
I - apurar infrações penais contra a ordem política e
social ou em detrimento de bens, serviços e interesses a) restrições relativas à inviolabilidade da correspondên-
da União ou de suas entidades autárquicas e empresas cia, ao sigilo das comunicações, à prestação de infor-
públicas, assim como outras infrações cuja prática te- mações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e te-
nha repercussão interestadual ou internacional e exija levisão.
repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; b) restrição relativa à difusão de pronunciamentos de
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e parlamentares, efetuados em suas casas legislativas,
drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem preju- ainda que tenha sido liberada pela mesa respectiva.
ízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas c) busca e apreensão em domicílio.
respectivas áreas de competência; d) detenção em edifício não destinado a acusados ou
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportu- condenados por crimes comuns.
ária e de fronteiras; I e) suspensão da liberdade de reunião.
V - exercer, com exclusividade, as funções de polícia ju-
diciária da União. Resposta: Letra B”. Quanto às medidas que podem
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, ser adotadas na vigência de estado de sítio, prevê a
organizado e mantido pela União e estruturado em Constituição: “Art. 139, CF. Na vigência do estado de sí-
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento tio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão
ostensivo das rodovias federais. ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, I - obrigação de permanência em localidade determi-
organizado e mantido pela União e estruturado em nada;
carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento II - detenção em edifício não destinado a acusados ou
ostensivo das ferrovias federais. condenados por crimes comuns;
§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon-
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de in-
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de formações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e
infrações penais, exceto as militares. televisão, na forma da lei;
§ 5º às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a IV - suspensão da liberdade de reunião;
preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros V - busca e apreensão em domicílio;
militares, além das atribuições definidas em lei, incum- VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
be a execução de atividades de defesa civil. VII - requisição de bens.

86
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso
III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efe- DA ORDEM SOCIAL: BASE E OBJETIVOS DA
tuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada ORDEM SOCIAL, DA SEGURIDADE SOCIAL,
pela respectiva Mesa”. Com efeito, pelo que se denota DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA, DO DESPOR-
dos grifos, as hipóteses descritas nas alternativas “A”, TO, DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, DA COMU-
“C”, “D” e “E” encontram disciplina nos incisos II a V do
NICAÇÃO SOCIAL, DO MEIO AMBIENTE, DA
artigo 139, CF, ao passo que a hipótese da alternati-
FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE,
va “B” é expressamente vedada no parágrafo único do
mesmo. DO IDOSO E DOS ÍNDIOS

3. (TJ/PA - Juiz de Direito Substituto - VUNESP/2014)


Segundo o que estabelece o texto constitucional em re-
lação às forças armadas, é correto afirmar que TÍTULO VIII
DA ORDEM SOCIAL
a) o oficial condenado na justiça comum ou militar a CAPÍTULO I
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por DISPOSIÇÃO GERAL
sentença transitada em julgado, será submetido a jul-
gamento por Tribunal Militar e só perderá o posto e Art. 193. A ordem social tem como base o primado
a patente se for julgado indigno do oficialato ou com do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça
ele incompatível. sociais.

b) o oficial condenado na justiça comum ou militar a Ordem social é a expressão que se refere à organiza-
pena privativa de liberdade superior a um ano, por ção da sociedade, proporcionando o bem-estar e a justi-
sentença transitada em julgado, será submetido a jul- ça social. Neste sentido, invariavelmente seus vetores se
gamento por Tribunal Militar e só perderá o posto e ligam aos direitos econômicos, sociais e culturais, bem
a patente se for julgado indigno do oficialato ou com como aos direitos difusos e coletivos (notadamente am-
ele incompatível. biental).
c) a sindicalização é direito do militar, sendo vedada a
greve. CAPÍTULO II
d) o militar, mesmo em serviço ativo, pode estar filiado DA SEGURIDADE SOCIAL
a partidos políticos, exceto os Comandantes da Mari- SEÇÃO I
nha, Exército e Aeronáutica. DISPOSIÇÕES GERAIS
o oficial condenado na justiça comum, por senten- O título VIII, que aborda a ordem social, traz este
ça trane) sitada em julgado, perderá automaticamente o tripé no capítulo II, intitulado “Da Seguridade So-
posto e a patente.
cial”: saúde, previdência e assistência social.
Resposta: “Letra A”. Consoante ao artigo 142, §3º,
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto
VI, CF, “o oficial só perderá o posto e a patente se for
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos
julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível,
por decisão de tribunal militar de caráter permanente, e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos re-
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo lativos à saúde, à previdência e à assistência social.
de guerra”; ainda, o 142, §3º, VII, CF: “o oficial conde- Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos ter-
nado na justiça comum ou militar a pena privativa de mos da lei, organizar a seguridade social, com base
liberdade superior a dois anos, por sentença transitada nos seguintes objetivos:
em julgado, será submetido ao julgamento previsto no I - universalidade da cobertura e do atendimento;
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

inciso anterior”. II - uniformidade e equivalência dos benefícios e servi-


ços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos
benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - equidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
VII - caráter democrático e descentralizado da admi-
nistração, mediante gestão quadripartite, com partici-
pação dos trabalhadores, dos empregadores, dos apo-
sentados e do Governo nos órgãos colegiados. 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda
a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da
lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
cípios, e das seguintes contribuições sociais:

87
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das
equiparada na forma da lei, incidentes sobre:  contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II
a) a folha de salários e demais rendimentos do traba- deste artigo, para débitos em montante superior ao
lho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa fixado em lei complementar. 
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo em- § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica
pregatício;  para os quais as contribuições incidentes na forma dos
b) a receita ou o faturamento;  incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. 
c) o lucro;  § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese
II - do trabalhador e dos demais segurados da previ- de substituição gradual, total ou parcial, da contribui-
dência social, não incidindo contribuição sobre apo- ção incidente na forma do inciso I, a, pela incidente
sentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de sobre a receita ou o faturamento. 
previdência social de que trata o art. 201; 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. SEÇÃO II
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou DA SAÚDE
de quem a lei a ele equiparar. 
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Esta-
Municípios destinadas à seguridade social constarão do, garantido mediante políticas sociais e econômicas
dos respectivos orçamentos, não integrando o orça- que visem à redução do risco de doença e de outros
mento da União. agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
será elaborada de forma integrada pelos órgãos res-
ponsáveis pela saúde, previdência social e assistência Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços
social, tendo em vista as metas e prioridades estabele- de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos ter-
cidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a mos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e
cada área a gestão de seus recursos. controle, devendo sua execução ser feita diretamente
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou
seguridade social, como estabelecido em lei, não po- jurídica de direito privado.
derá contratar com o Poder Público nem dele receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde inte-
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a gram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons-
garantir a manutenção ou expansão da seguridade tituem um sistema único, organizado de acordo com
social, obedecido o disposto no art. 154, I. as seguintes diretrizes:
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social I - descentralização, com direção única em cada esfera
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a cor- de governo;
respondente fonte de custeio total. II - atendimento integral, com prioridade para as ati-
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo vidades preventivas, sem prejuízo dos serviços assis-
só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias tenciais;
da data da publicação da lei que as houver instituído III - participação da comunidade.
ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos
art. 150, III, «b». termos do art. 195, com recursos do orçamento da
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade so- seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito
cial as entidades beneficentes de assistência social que Federal e dos Municípios, além de outras fontes. 
atendam às exigências estabelecidas em lei. § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário cípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços pú-
rurais e o pescador artesanal, bem como os respecti- blicos de saúde recursos mínimos derivados da aplica-
vos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime ção de percentuais calculados sobre: 
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de economia familiar, sem empregados permanentes, I – no caso da União, a receita corrente líquida do res-
contribuirão para a seguridade social mediante a apli- pectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior
cação de uma alíquota sobre o resultado da comer- a 15% (quinze por cento);  
cialização da produção e farão jus aos benefícios nos II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produ-
termos da lei.  to da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159,
caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que
cálculo diferenciadas, em razão da atividade econô- forem transferidas aos respectivos Municípios; 
mica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do por- III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o
te da empresa ou da condição estrutural do mercado produto da arrecadação dos impostos a que se refere
de trabalho.  o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de re- 159, inciso I, alínea b e § 3º.
cursos para o sistema único de saúde e ações de assis- § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo me-
tência social da União para os Estados, o Distrito Fede- nos a cada cinco anos, estabelecerá:
ral e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do
observada a respectiva contrapartida de recursos.  § 2º;  

88
II – os critérios de rateio dos recursos da União vin- vimento científico e tecnológico e a inovação;
culados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas
seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva e águas para consumo humano;
redução das disparidades regionais;  VII - participar do controle e fiscalização da produção,
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle transporte, guarda e utilização de substâncias e pro-
das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, dutos psicoativos, tóxicos e radioativos;
distrital e municipal;  VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde po- compreendido o do trabalho.
derão admitir agentes comunitários de saúde e agen-
tes de combate às endemias por meio de processo Com certeza, um dos direitos sociais mais invocados
seletivo público, de acordo com a natureza e comple- e que mais necessitam de investimento estatal na atuali-
xidade de suas atribuições e requisitos específicos para dade é o direito à saúde. Não coincidentemente, a maior
sua atuação. parte dos casos no Poder Judiciário contra o Estado en-
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso volvem a invocação deste direito, diante da recusa do
salarial profissional nacional, as diretrizes para os Poder público em custear tratamentos médicos e cirúr-
Planos de Carreira e a regulamentação das atividades gicos. Em que pese a invocação da reserva do possível,
de agente comunitário de saúde e agente de comba- o Judiciário tem se guiado pelo entendimento de que
te às endemias, competindo à União, nos termos da devem ser reservados recursos suficientes para fornecer
lei, prestar assistência financeira complementar aos um tratamento adequado a todos os nacionais.
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o
cumprimento do referido piso salarial. O direito à saúde, por seu turno, não tem apenas o
aspecto repressivo, propiciando a cura de doenças, mas
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e também o preventivo. Sendo assim, o Estado deve de-
no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor senvolver políticas sociais e econômicas para reduzir o
que exerça funções equivalentes às de agente comuni- risco de doenças e agravos, bem como para propiciar o
tário de saúde ou de agente de combate às endemias acesso universal e igualitário aos serviços voltado ao seu
poderá perder o cargo em caso de descumprimento tratamento. (art. 196, CF).
dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu A terceirização e a colaboração de agentes privados
exercício.  nas políticas de saúde pública é autorizada pela Cons-
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa pri- tituição, sem prejuízo da atuação direta do Estado (art.
vada. 197, CF). Sendo assim, ou o próprio Estado implementará
§ 1º As instituições privadas poderão participar de as políticas ou fiscalizará, regulamentará e controlará a
forma complementar do sistema único de saúde, se- implementação destas por terceiros.
gundo diretrizes deste, mediante contrato de direito O artigo 198, CF aborda o sistema único de saúde,
público ou convênio, tendo preferência as entidades uma rede hierarquizada e regionalizada de ações e ser-
filantrópicas e as sem fins lucrativos. viços públicos de saúde, devendo seguiras seguintes di-
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para retrizes: “descentralização, com direção única em cada
auxílios ou subvenções às instituições privadas com esfera de governo”, de forma que haverá direção do
fins lucrativos. SUS nos âmbitos municipal, estadual e federal, não se
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de concentrando o sistema numa única esfera; “atendimen-
empresas ou capitais estrangeiros na assistência à to integral, com prioridade para as atividades preventi-
saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. vas, sem prejuízo dos serviços assistenciais”, do que se
depreende que a prevenção é a melhor saída para um
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos
sistema eficaz, não havendo prejuízo para as atividades
que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substân-
repressivas; e “participação da comunidade”. Com efeito,
cias humanas para fins de transplante, pesquisa e tra-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

busca-se pela descentralização a abrangência ampla dos


tamento, bem como a coleta, processamento e trans-
serviços de saúde, que devem em si também ser amplos
fusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo
– preventivos e repressivos, sendo que todos agentes
tipo de comercialização.
públicos e a própria comunidade devem se envolver no
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de
processo.
outras atribuições, nos termos da lei: O direito à saúde encontra regulamentação no âm-
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e bito da seguridade social, que também abrange a previ-
substâncias de interesse para a saúde e participar da dência e a assistência social, sendo financiado com este
produção de medicamentos, equipamentos, imuno- orçamento, nos moldes do artigo 198, §1º, CF. 
biológicos, hemoderivados e outros insumos; A questão orçamentária de incumbência mínima de
II - executar as ações de vigilância sanitária e epide- cada um dos entes federados tem escopo nos §§ 2º e 3º
miológica, bem como as de saúde do trabalhador; do artigo 198, CF. 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área Correlato à participação da comunidade no SUS, tem-
de saúde; -se o artigo 198, §§ 4º, 5º e 6º, CF. 
IV - participar da formulação da política e da execu- Não há prejuízo à atuação da iniciativa privada no
ção das ações de saneamento básico; campo da assistência à saúde, questão regulamentada
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvol- no artigo 199, CF. Do dispositivo depreende-se uma das

89
questões mais polêmicas no âmbito do SUS, que é a e para os que exerçam suas atividades em regime de
complementaridade do sistema por parte de instituições economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o
privadas, mediante contrato ou convênio, desde que sem garimpeiro e o pescador artesanal. 
fins lucrativos por parte destas instituições. Em verdade, § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do pará-
é muito comum que hospitais de ensino de instituições grafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o
particulares com cursos na área de biológicas busquem professor que comprove exclusivamente tempo de efe-
este convênio, encontrando frequentemente entraves tivo exercício das funções de magistério na educação
que não possuem natureza jurídica, mas política. infantil e no ensino fundamental e médio. 
Finalizando a disciplina do direito à saúde na Consti- § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a
tuição, que vem a ser complementada no âmbito infra- contagem recíproca do tempo de contribuição na ad-
constitucional pela Lei nº 8.080 de 19 de setembro de ministração pública e na atividade privada, rural e
1990, prevê o artigo 200 as atribuições do SUS. urbana, hipótese em que os diversos regimes de previ-
dência social se compensarão financeiramente, segun-
SEÇÃO III do critérios estabelecidos em lei.
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL § 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente
do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo re-
Art. 201. A previdência social será organizada sob a gime geral de previdência social e pelo setor privado. 
forma de regime geral, de caráter contributivo e de § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer
filiação obrigatória, observados critérios que preser- título, serão incorporados ao salário para efeito de
vem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos contribuição previdenciária e consequente repercus-
termos da lei, a:  são em benefícios, nos casos e na forma da lei. 
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte
e idade avançada;  § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;  previdenciária para atender a trabalhadores de baixa
III - proteção ao trabalhador em situação de desem-
renda e àqueles sem renda própria que se dediquem
prego involuntário; 
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os depen-
sua residência, desde que pertencentes a famílias de
dentes dos segurados de baixa renda; 
baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
valor igual a um salário-mínimo. 
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado
§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de
o disposto no § 2º. 
que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios di- inferiores às vigentes para os demais segurados do re-
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos gime geral de previdência social. 
beneficiários do regime geral de previdência social, Art. 202. O regime de previdência privada, de cará-
ressalvados os casos de atividades exercidas sob con- ter complementar e organizado de forma autônoma
dições especiais que prejudiquem a saúde ou a inte- em relação ao regime geral de previdência social, será
gridade física e quando se tratar de segurados por- facultativo, baseado na constituição de reservas que
tadores de deficiência, nos termos definidos em lei garantam o benefício contratado, e regulado por lei
complementar.  complementar. 
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de con- § 1° A lei complementar de que trata este artigo asse-
tribuição ou o rendimento do trabalho do segurado gurará ao participante de planos de benefícios de en-
terá valor mensal inferior ao salário mínimo.  tidades de previdência privada o pleno acesso às infor-
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados mações relativas à gestão de seus respectivos planos. 
para o cálculo de benefício serão devidamente atuali- § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e
zados, na forma da lei.  as condições contratuais previstas nos estatutos, re-
gulamentos e planos de benefícios das entidades de
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para


preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, previdência privada não integram o contrato de tra-
conforme critérios definidos em lei. balho dos participantes, assim como, à exceção dos
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdên- benefícios concedidos, não integram a remuneração
cia social, na qualidade de segurado facultativo, de dos participantes, nos termos da lei. 
pessoa participante de regime próprio de previdência.  § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de pre-
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensio- vidência privada pela União, Estados, Distrito Federal
nistas terá por base o valor dos proventos do mês de e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas
dezembro de cada ano.  públicas, sociedades de economia mista e outras en-
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de tidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador,
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as se- situação na qual, em hipótese alguma, sua contribui-
guintes condições:  ção normal poderá exceder a do segurado. 
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e § 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a
trinta anos de contribuição, se mulher;  União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclu-
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessen- sive suas autarquias, fundações, sociedades de eco-
ta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o nomia mista e empresas controladas direta ou indi-
limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos retamente, enquanto patrocinadoras de entidades

90
fechadas de previdência privada, e suas respectivas Se uma pessoa contribuir a dois regimes diversos em
entidades fechadas de previdência privada.  períodos diferentes de sua vida contributiva, estes regi-
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo an- mes se compensarão, ou seja, o tempo de um se acres-
terior aplicar-se-á, no que couber, às empresas priva- cerá no outro (artigo 201, §9º, CF).
das permissionárias ou concessionárias de prestação
de serviços públicos, quando patrocinadoras de enti- A questão de verba destinada à cobertura do risco
dades fechadas de previdência privada.  de acidente de trabalho é disciplinada no §10 do artigo
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste 201, CF. Atualmente, a Lei nº 6.367/1976 dispõe sobre o
artigo estabelecerá os requisitos para a designação seguro de acidentes do trabalho a cargo do INPS e dá
dos membros das diretorias das entidades fechadas outras providências.
de previdência privada e disciplinará a inserção dos Quanto à incorporação de ganhos habituais ao sa-
participantes nos colegiados e instâncias de decisão lário, prevê o §11 do artigo 201, CF pela incorporação
para efeito de contribuição previdenciária e consequente
em que seus interesses sejam objeto de discussão e
repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.
deliberação. 
Sobre o sistema especial de inclusão previdenciária, é
a disciplina do artigo 201, §§ 12 e 13, CF.
A previdência social e a assistência social se diferen- Por seu turno, o artigo 202, CF volta-se ao regime de
ciam principalmente porque a previdência social volta-se previdência privada, que pode se organizar de forma au-
ao pagamento de aposentadoria e benefícios aos seus tônoma e possui caráter complementar e facultativo.
contribuintes, ao passo que a assistência social tem por Com efeito, a Lei Complementar nº 109, de 29 de
foco a oferta de amparo mínimo aos que não contribuí- maio de 2001, dispõe sobre o Regime de Previdência
ram para a seguridade social. Complementar e dá outras providências.
O artigo 201, CF, trabalha com a organização da pre-
vidência social em regime geral, de caráter contributivo SEÇÃO IV
e filiação obrigatória, sendo que devem ser adotados cri- DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
térios de preservação de equilíbrio financeiro e atuarial.
Nota-se que todos os trabalhadores ficarão vinculados Art. 203. A assistência social será prestada a quem
ao regime e prestarão contribuição a ele, não havendo dela necessitar, independentemente de contribuição à
a opção de dele se desvincular. No mais, são previstas seguridade social, e tem por objetivos:
como campos de atendimento pela previdência: “I - co- I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
bertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade adolescência e à velhice;
avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
gestante;  III - proteção ao trabalhador em situação de III - a promoção da integração ao mercado de traba-
desemprego involuntário; IV - salário-família e auxílio- lho;
-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portado-
renda; V - pensão por morte do segurado, homem ou ras de deficiência e a promoção de sua integração à
mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, ob- vida comunitária;
servado o disposto no § 2º” (ou seja, não se aceitando V - a garantia de um salário mínimo de benefício
valor inferior ao salário mínimo). mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso
Os critérios para a concessão de aposentadoria são que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, con-
unitários, em regra, conforme o §1º do artigo 201, CF.
forme dispuser a lei.
O valor mínimo de benefício com caráter substitutivo
Art. 204. As ações governamentais na área da as-
de salário de contribuição ou rendimento é de 1 salário
sistência social serão realizadas com recursos do or-
mínimo (artigo 201, §2º, CF). çamento da seguridade social, previstos no art. 195,
Os salários de contribuição serão atualizados (artigo além de outras fontes, e organizadas com base nas
201, §3º, CF) e os benefícios serão devidamente reajusta- seguintes diretrizes:
dos (artigo 201, §4º, CF), tudo com vistas à preservação
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - descentralização político-administrativa, cabendo


do valor real da contribuição e do benefício. a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a
Integrante de regime próprio de previdência não coordenação e a execução dos respectivos programas
pode se vincular como segurado facultativo, prestando às esferas estadual e municipal, bem como a entida-
contribuições autônomas, ao regime geral (artigo 201, des beneficentes e de assistência social;
§5º, CF), o que geraria uma indevida cumulação de be- II - participação da população, por meio de organiza-
nefícios. ções representativas, na formulação das políticas e no
Aposentados e pensionistas também fazem jus ao controle das ações em todos os níveis.
décimo terceiro salário, denominado gratificação natali- Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distri-
na, a ser calculado com base no valor dos proventos do to Federal vincular a programa de apoio à inclusão e
mês de dezembro de cada ano (artigo 201, §6º, CF).  promoção social até cinco décimos por cento de sua
O §7º do artigo 201, CF fixa as condições para a apo- receita tributária líquida, vedada a aplicação desses
sentadoria pelo regime geral de previdência social. Pro- recursos no pagamento de: 
fessor de ensino infantil, fundamental e médio, que te- I - despesas com pessoal e encargos sociais; 
nha exclusivamente desempenhado estas funções, tem o II - serviço da dívida; 
tempo de contribuição reduzido em 5 anos (30 anos para III - qualquer outra despesa corrente não vinculada
homem e 25 anos para mulher). diretamente aos investimentos ou ações apoiados. 

91
A disciplina da assistência social se dá nos artigos 203 III - seletividade e distributividade na prestação dos
e 204 da Constituição. Resta evidente o caráter não con- benefícios e serviços;
tributivo do sistema, que se guia pelo princípio da frater- IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
nidade, fazendo com que os que possuem melhores con- V - eqüidade na forma de participação no custeio;
dições de contribuir o façam e que os que não possuem VI - diversidade da base de financiamento;
recebam a partir da contribuição destes um tratamento VII - caráter democrático e descentralizado da admi-
digno mínimo de suas necessidades. nistração, mediante gestão quadripartite, com partici-
Do disposto, destaque para o inciso IV do artigo 204, pação dos trabalhadores, dos empregadores, dos apo-
CF, que aborda o Benefício de Prestação Continuada – sentados e do Governo nos órgãos colegiados.
BPC, “instituído pela Constituição Federal de 1988 e re- Art. 195. A seguridade social será financiada por toda
gulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social – a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da
LOAS, Lei nº 8.742/1993; pelas Leis nº 12.435/2011 e nº lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos
12.470/2011, que alteram dispositivos da LOAS e pelos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
Decretos nº 6.214/2007 e nº 6.564/2008. cípios, e das seguintes contribuições sociais:
O BPC é um benefício da Política de Assistência So- I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
cial, que integra a Proteção Social Básica no âmbito do equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
Sistema Único de Assistência Social – SUAS e para aces- a) a folha de salários e demais rendimentos do traba-
sá-lo não é necessário ter contribuído com a Previdência lho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
Social. É um benefício individual, não vitalício e intrans- física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo em-
ferível, que assegura a transferência mensal de 1 (um) pregatício;
salário mínimo ao idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos b) a receita ou o faturamento;
ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer idade, c) o lucro;
com impedimentos de longo prazo, de natureza física, II - do trabalhador e dos demais segurados da previ-
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação dência social, não incidindo contribuição sobre apo-
com diversas barreiras, podem obstruir sua participação
sentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
previdência social de que trata o art. 201;
com as demais pessoas. Em ambos os casos, devem com-
III – sobre a receita de concursos de prognósticos;
provar não possuir meios de garantir o próprio sustento,
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou
nem tê-lo provido por sua família. A renda mensal fa-
de quem a lei a ele equiparar.
miliar per capita deve ser inferior a 1/4 (um quarto) do
§ 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos
salário mínimo vigente.
Municípios destinadas à seguridade social constarão
A gestão do BPC é realizada pelo Ministério do De-
senvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), por dos respectivos orçamentos, não integrando o orça-
intermédio da Secretaria Nacional de Assistência Social mento da União.
(SNAS), que é responsável pela implementação, coorde- § 2º A proposta de orçamento da seguridade social
nação, regulação, financiamento, monitoramento e ava- será elaborada de forma integrada pelos órgãos res-
liação do Benefício. A operacionalização é realizada pelo ponsáveis pela saúde, previdência social e assistência
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). social, tendo em vista as metas e prioridades estabele-
Os recursos para o custeio do BPC provêm da Segu- cidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a
ridade Social, sendo administrado pelo MDS e repassado cada área a gestão de seus recursos.
ao INSS, por meio do Fundo Nacional de Assistência So- § 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da
cial (FNAS). Atualmente são 3,6 milhões (dados de março seguridade social, como estabelecido em lei, não po-
de 2012) beneficiários do BPC em todo o Brasil, sendo 1,9 derá contratar com o poder público nem dele receber
milhões pessoas com deficiência e 1,7 idosos”4. benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a
garantir a manutenção ou expansão da seguridade
social, obedecido o disposto no art. 154, I.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

CAPÍTULO II
DA SEGURIDADE SOCIAL § 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social
Seção I poderá ser criado, majorado ou estendido sem a cor-
Disposições Gerais respondente fonte de custeio total.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias
integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da data da publicação da lei que as houver instituído
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relati- ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no
vos à saúde, à previdência e à assistência social. art. 150, III, b .
Parágrafo único. Compete ao poder público, nos ter- § 7º São isentas de contribuição para a seguridade so-
mos da lei, organizar a seguridade social, com base cial as entidades beneficentes de assistência social que
nos seguintes objetivos: atendam às exigências estabelecidas em lei.
I - universalidade da cobertura e do atendimento; § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e servi- rurais e o pescador artesanal, bem como os respecti-
ços às populações urbanas e rurais; vos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime
de economia familiar, sem empregados permanentes,
4 http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/
contribuirão para a seguridade social mediante a apli-
bpc

92
cação de uma alíquota sobre o resultado da comer- 15% (quinze por cento); (Inciso acrescido pela Emenda
cialização da produção e farão jus aos benefícios nos Constitucional nº 29, de 2000, com redação dada pela
termos da lei. Emenda Constitucional nº 86, de 2015, publicada no
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do DOU de 18/3/2015, em vigor na data de publicação,
caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de produzindo efeitos a partir da execução orçamentária
cálculo diferenciadas, em razão da atividade econô- do exercício de 2014) (Vide art. 2º da Emenda Consti-
mica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do por- tucional nº 86, de 2015)
te da empresa ou da condição estrutural do mercado II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produ-
de trabalho. to da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de re- 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159,
cursos para o sistema único de saúde e ações de assis- inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que
tência social da União para os Estados, o Distrito Fede- forem transferidas aos respectivos Municípios;
ral e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o
observada a respectiva contrapartida de recursos. produto da arrecadação dos impostos a que se refere
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e
contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II 159, inciso I, alínea b e § 3º.
deste artigo, para débitos em montante superior ao § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo me-
fixado em lei complementar. nos a cada cinco anos, estabelecerá:
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do §
para os quais as contribuições incidentes na forma dos 2º; (Inciso acrescido pela Emenda Constitucional nº 29,
incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. de 2000, com redação dada pela Emenda Constitucio-
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese nal nº 86, de 2015, publicada no DOU de 18/3/2015,
de substituição gradual, total ou parcial, da contribui- em vigor na data de publicação, produzindo efeitos a
ção incidente na forma do inciso I, a, pela incidente partir da execução orçamentária do exercício de 2014)
sobre a receita ou o faturamento. II – os critérios de rateio dos recursos da União vin-
culados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
SEÇÃO II Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a
DA SAÚDE seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva
redução das disparidades regionais;
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Esta- III – as normas de fiscalização, avaliação e controle
do, garantido mediante políticas sociais e econômicas das despesas com saúde nas esferas federal, estadual,
que visem à redução do risco de doença e de outros distrital e municipal;
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e IV – (Inciso acrescido pela Emenda Constitucional nº
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 29, de 2000, e revogado pela Emenda Constitucional
nº 86, de 2015)
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde po-
de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos ter- derão admitir agentes comunitários de saúde e agen-
mos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e tes de combate às endemias por meio de processo
controle, devendo sua execução ser feita diretamente seletivo público, de acordo com a natureza e comple-
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou xidade de suas atribuições e requisitos específicos para
jurídica de direito privado. sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde inte- salarial profissional nacional, as diretrizes para os
gram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons- Planos de Carreira e a regulamentação das atividades
tituem um sistema único, organizado de acordo com de agente comunitário de saúde e agente de comba-
as seguintes diretrizes: te às endemias, competindo à União, nos termos da
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - descentralização, com direção única em cada esfera lei, prestar assistência financeira complementar aos
de governo; Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o
II - atendimento integral, com prioridade para as ati- cumprimento do referido piso salarial.
vidades preventivas, sem prejuízo dos serviços assis- § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no
tenciais;
III - participação da comunidade. § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos que exerça funções equivalentes às de agente comuni-
termos do art. 195, com recursos do orçamento da tário de saúde ou de agente de combate às endemias
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito poderá perder o cargo em caso de descumprimento
Federal e dos Municípios, além de outras fontes. dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- exercício.
cípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços pú-
blicos de saúde recursos mínimos derivados da aplica- Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa pri-
ção de percentuais calculados sobre: vada.
I – no caso da União, a receita corrente líquida do res-
pectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a

93
§ 1º As instituições privadas poderão participar de § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios di-
forma complementar do sistema único de saúde, se- ferenciados para a concessão de aposentadoria aos
gundo diretrizes deste, mediante contrato de direito beneficiários do regime geral de previdência social,
público ou convênio, tendo preferência as entidades ressalvados os casos de atividades exercidas sob con-
filantrópicas e as sem fins lucrativos. dições especiais que prejudiquem a saúde ou a inte-
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para gridade física e quando se tratar de segurados por-
auxílios ou subvenções às instituições privadas com tadores de deficiência, nos termos definidos em lei
fins lucrativos. complementar.
§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de em- § 2º Nenhum benefício que substitua o salário de con-
presas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde tribuição ou o rendimento do trabalho do segurado
no País, salvo nos casos previstos em lei. terá valor mensal inferior ao salário mínimo.
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos § 3º Todos os salários de contribuição considerados
para o cálculo de benefício serão devidamente atuali-
que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substân-
zados, na forma da lei.
cias humanas para fins de transplante, pesquisa e tra-
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
tamento, bem como a coleta, processamento e trans-
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
fusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo conforme critérios definidos em lei.
tipo de comercialização. § 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdên-
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de cia social, na qualidade de segurado facultativo, de
outras atribuições, nos termos da lei: pessoa participante de regime próprio de previdência.
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e § 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensio-
substâncias de interesse para a saúde e participar da nistas terá por base o valor dos proventos do mês de
produção de medicamentos, equipamentos, imuno- dezembro de cada ano.
biológicos, hemoderivados e outros insumos; § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de
II - executar as ações de vigilância sanitária e epide- previdência social, nos termos da lei, obedecidas as se-
miológica, bem como as de saúde do trabalhador; guintes condições:
III - ordenar a formação de recursos humanos na área I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e
de saúde; trinta anos de contribuição, se mulher;
IV - participar da formulação da política e da execu- II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessen-
ção das ações de saneamento básico; ta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvol- limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos
vimento científico e tecnológico e a inovação; (Inciso e para os que exerçam suas atividades em regime de
com redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o
de 2015, republicada no DOU de 3/3/2015) garimpeiro e o pescador artesanal.
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do pará-
o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas grafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o
e águas para consumo humano; professor que comprove exclusivamente tempo de efe-
VII - participar do controle e fiscalização da produção, tivo exercício das funções de magistério na educação
transporte, guarda e utilização de substâncias e pro- infantil e no ensino fundamental e médio.
dutos psicoativos, tóxicos e radioativos; § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a
contagem recíproca do tempo de contribuição na ad-
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
ministração pública e na atividade privada, rural e
compreendido o do trabalho.
urbana, hipótese em que os diversos regimes de previ-
dência social se compensarão financeiramente, segun-
Seção III do critérios estabelecidos em lei.
Da Previdência Social § 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente
do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo re-
Art. 201. A previdência social será organizada sob a
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

gime geral de previdência social e pelo setor privado.


forma de regime geral, de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados critérios que preser- § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer
vem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos título, serão incorporados ao salário para efeito de
termos da lei, a: contribuição previdenciária e conseqüente repercus-
são em benefícios, nos casos e na forma da lei.
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão
e idade avançada; previdenciária para atender a trabalhadores de baixa
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; renda e àqueles sem renda própria que se dediquem
III - proteção ao trabalhador em situação de desem- exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de
prego involuntário; sua residência, desde que pertencentes a famílias de
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os depen- baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de
dentes dos segurados de baixa renda; valor igual a um salário-mínimo.
§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado inferiores às vigentes para os demais segurados do re-
o disposto no § 2º. gime geral de previdência social.

94
Art. 202. O regime de previdência privada, de cará- Art. 204. As ações governamentais na área da as-
ter complementar e organizado de forma autônoma sistência social serão realizadas com recursos do or-
em relação ao regime geral de previdência social, será çamento da seguridade social, previstos no art. 195,
facultativo, baseado na constituição de reservas que além de outras fontes, e organizadas com base nas
garantam o benefício contratado, e regulado por lei seguintes diretrizes:
complementar. I - descentralização político-administrativa, cabendo
§ 1° A lei complementar de que trata este artigo asse- a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a
gurará ao participante de planos de benefícios de en- coordenação e a execução dos respectivos programas
tidades de previdência privada o pleno acesso às infor- às esferas estadual e municipal, bem como a entida-
mações relativas à gestão de seus respectivos planos. des beneficentes e de assistência social;
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e II - participação da população, por meio de organiza-
as condições contratuais previstas nos estatutos, re- ções representativas, na formulação das políticas e no
gulamentos e planos de benefícios das entidades de controle das ações em todos os níveis.
previdência privada não integram o contrato de tra- Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distri-
balho dos participantes, assim como, à exceção dos to Federal vincular a programa de apoio à inclusão e
benefícios concedidos, não integram a remuneração promoção social até cinco décimos por cento de sua
dos participantes, nos termos da lei. receita tributária líquida, vedada a aplicação desses
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de pre- recursos no pagamento de:
vidência privada pela União, Estados, Distrito Federal I - despesas com pessoal e encargos sociais;
e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas II - serviço da dívida;
públicas, sociedades de economia mista e outras en- III - qualquer outra despesa corrente não vinculada
tidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
situação na qual, em hipótese alguma, sua contribui-
ção normal poderá exceder a do segurado. 1. Conceito
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclu-
A seguridade social é o conjunto de interesses des-
sive suas autarquias, fundações, sociedades de eco-
tinados a proteção dos direitos relacionados à saúde, à
nomia mista e empresas controladas direta ou indi-
previdência e à assistência social. São ações que devem
retamente, enquanto patrocinadoras de entidades
ser motivadas pelo Poder Público. A Seguridade com-
fechadas de previdência privada, e suas respectivas
preende três grandes grupos, a saber:
entidades fechadas de previdência privada.
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo an-
terior aplicar-se-á, no que couber, às empresas priva- 2. Objetivos
das permissionárias ou concessionárias de prestação
de serviços públicos, quando patrocinadoras de enti- I - universalidade da cobertura e do atendimento; (to-
dades fechadas de previdência privada. das as pessoas, independente de nacionais ou estran-
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste geiras serão atendidas na medida de sua necessidade,
artigo estabelecerá os requisitos para a designação já que é um tratamento universal).
dos membros das diretorias das entidades fechadas II - uniformidade e equivalência dos benefícios e ser-
de previdência privada e disciplinará a inserção dos viços às populações urbanas e rurais; (a prestação da
participantes nos colegiados e instâncias de decisão seguridade social não estabelecerá diferenças em face
em que seus interesses sejam objeto de discussão e da localidade onde a pessoa residir).
deliberação. III - seletividade e distributividade na prestação dos
benefícios e serviços; (cabe ao legislador selecionar os
SEÇÃO IV serviços que serão prestados, sempre buscando aten-
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL der a demanda dos mais carentes)
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios (preservar
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 203. A assistência social será prestada a quem o poder aquisitivo do segurado);
dela necessitar, independentemente de contribuição à V - eqüidade na forma de participação no custeio
seguridade social, e tem por objetivos: (aquele tem melhores condições financeiras contribui
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à com mais e vice-versa);
adolescência e à velhice; VI - diversidade da base de financiamento;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; VII - caráter democrático e descentralizado da admi-
III - a promoção da integração ao mercado de traba- nistração, mediante gestão quadripartite, com partici-
lho; pação dos trabalhadores, dos empregadores, dos apo-
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portado- sentados e do Governo nos órgãos colegiados.
ras de deficiência e a promoção de sua integração à
vida comunitária; 3. Financiamento
V - a garantia de um salário mínimo de benefício
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso O financiamento da seguridade social é feito direta-
que comprovem não possuir meios de prover à própria mente pelos contribuintes e indiretamente pelo paga-
manutenção ou de tê-la provida por sua família, con- mento de todos os demais tributos pela sociedade. Os
forme dispuser a lei. recursos são provenientes:

95
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela III – sobre a receita de concursos de prognósticos;
equiparada na forma da lei, incidentes sobre: IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou
a) a folha de salários e demais rendimentos do traba- de quem a lei a ele equiparar.
lho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa § 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo em- Municípios destinadas à seguridade social constarão
pregatício; dos respectivos orçamentos, não integrando o orça-
b) a receita ou o faturamento; mento da União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social
será elaborada de forma integrada pelos órgãos res-
ponsáveis pela saúde, previdência social e assistência
DA ORDEM SOCIAL: BASE E OBJETIVOS DA social, tendo em vista as metas e prioridades estabele-
ORDEM SOCIAL, DA SEGURIDADE SOCIAL, cidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA, DO DESPOR- cada área a gestão de seus recursos.
TO, DA CIENCIA E TCNOLOGIA, DA COMU- § 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da
NICAÇÃO SOCIAL, DO MEIO AMBIENTE, DA seguridade social, como estabelecido em lei, não po-
FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, derá contratar com o poder público nem dele receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
DO IDOSO E DOS ÍNDIOS.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a
garantir a manutenção ou expansão da seguridade
social, obedecido o disposto no art. 154, I.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social
SEGURIDADE SOCIAL poderá ser criado, majorado ou estendido sem a cor-
respondente fonte de custeio total.
Seção I § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo
Disposições Gerais
só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias
da data da publicação da lei que as houver instituído
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto
ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no
integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e
art. 150, III, b .
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relati-
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade so-
vos à saúde, à previdência e à assistência social.
cial as entidades beneficentes de assistência social que
Parágrafo único. Compete ao poder público, nos ter-
atendam às exigências estabelecidas em lei.
mos da lei, organizar a seguridade social, com base
nos seguintes objetivos: § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário
I - universalidade da cobertura e do atendimento; rurais e o pescador artesanal, bem como os respecti-
vos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e servi- de economia familiar, sem empregados permanentes,
ços às populações urbanas e rurais; contribuirão para a seguridade social mediante a apli-
III - seletividade e distributividade na prestação dos cação de uma alíquota sobre o resultado da comer-
benefícios e serviços; cialização da produção e farão jus aos benefícios nos
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; termos da lei.
V - eqüidade na forma de participação no custeio; § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do
VI - diversidade da base de financiamento; caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de
VII - caráter democrático e descentralizado da admi- cálculo diferenciadas, em razão da atividade econô-
nistração, mediante gestão quadripartite, com partici- mica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do por-
pação dos trabalhadores, dos empregadores, dos apo- te da empresa ou da condição estrutural do mercado
sentados e do Governo nos órgãos colegiados. de trabalho.
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de re-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda


a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da cursos para o sistema único de saúde e ações de assis-
lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos tência social da União para os Estados, o Distrito Fede-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- ral e os Municípios, e dos Estados para os Municípios,
cípios, e das seguintes contribuições sociais: observada a respectiva contrapartida de recursos.
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das
equiparada na forma da lei, incidentes sobre: contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II
a) a folha de salários e demais rendimentos do traba- deste artigo, para débitos em montante superior ao
lho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa fixado em lei complementar.
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo em- § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica
pregatício; para os quais as contribuições incidentes na forma dos
b) a receita ou o faturamento; incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas.
c) o lucro; § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese
II - do trabalhador e dos demais segurados da previ- de substituição gradual, total ou parcial, da contribui-
dência social, não incidindo contribuição sobre apo- ção incidente na forma do inciso I, a, pela incidente
sentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de sobre a receita ou o faturamento.
previdência social de que trata o art. 201;

96
Seção II III – as normas de fiscalização, avaliação e controle
Da Saúde das despesas com saúde nas esferas federal, estadual,
distrital e municipal;
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Esta- IV – (Inciso acrescido pela Emenda Constitucional nº
do, garantido mediante políticas sociais e econômicas 29, de 2000, e revogado pela Emenda Constitucional
que visem à redução do risco de doença e de outros nº 86, de 2015)
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde po-
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. derão admitir agentes comunitários de saúde e agen-
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços tes de combate às endemias por meio de processo
de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos ter- seletivo público, de acordo com a natureza e comple-
mos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e xidade de suas atribuições e requisitos específicos para
controle, devendo sua execução ser feita diretamente sua atuação.
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
jurídica de direito privado. salarial profissional nacional, as diretrizes para os
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde inte- Planos de Carreira e a regulamentação das atividades
gram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons- de agente comunitário de saúde e agente de comba-
tituem um sistema único, organizado de acordo com te às endemias, competindo à União, nos termos da
as seguintes diretrizes: lei, prestar assistência financeira complementar aos
I - descentralização, com direção única em cada esfera Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o
de governo; cumprimento do referido piso salarial.
II - atendimento integral, com prioridade para as ati- § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e
vidades preventivas, sem prejuízo dos serviços assis- no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor
tenciais; que exerça funções equivalentes às de agente comuni-
III - participação da comunidade. tário de saúde ou de agente de combate às endemias
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos
poderá perder o cargo em caso de descumprimento
termos do art. 195, com recursos do orçamento da
dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito
exercício.
Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa pri-
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
vada.
cípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços pú-
§ 1º As instituições privadas poderão participar de
blicos de saúde recursos mínimos derivados da aplica-
forma complementar do sistema único de saúde, se-
ção de percentuais calculados sobre:
I – no caso da União, a receita corrente líquida do res- gundo diretrizes deste, mediante contrato de direito
pectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a público ou convênio, tendo preferência as entidades
15% (quinze por cento); (Inciso acrescido pela Emenda filantrópicas e as sem fins lucrativos.
Constitucional nº 29, de 2000, com redação dada pela § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para
Emenda Constitucional nº 86, de 2015, publicada no auxílios ou subvenções às instituições privadas com
DOU de 18/3/2015, em vigor na data de publicação, fins lucrativos.
produzindo efeitos a partir da execução orçamentária
do exercício de 2014) (Vide art. 2º da Emenda Consti- § 3º É vedada a participação direta ou indireta de em-
tucional nº 86, de 2015) presas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produ- no País, salvo nos casos previstos em lei.
to da arrecadação dos impostos a que se refere o art. § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos
155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substân-
inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que cias humanas para fins de transplante, pesquisa e tra-
forem transferidas aos respectivos Municípios; tamento, bem como a coleta, processamento e trans-
fusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o


produto da arrecadação dos impostos a que se refere tipo de comercialização.
o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de
159, inciso I, alínea b e § 3º. outras atribuições, nos termos da lei:
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo me- I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
nos a cada cinco anos, estabelecerá: substâncias de interesse para a saúde e participar da
I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § produção de medicamentos, equipamentos, imuno-
2º; (Inciso acrescido pela Emenda Constitucional nº 29, biológicos, hemoderivados e outros insumos;
de 2000, com redação dada pela Emenda Constitucio- II - executar as ações de vigilância sanitária e epide-
nal nº 86, de 2015, publicada no DOU de 18/3/2015, miológica, bem como as de saúde do trabalhador;
em vigor na data de publicação, produzindo efeitos a III - ordenar a formação de recursos humanos na área
partir da execução orçamentária do exercício de 2014) de saúde;
II – os critérios de rateio dos recursos da União vin- IV - participar da formulação da política e da execu-
culados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito ção das ações de saneamento básico;
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvol-
seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva vimento científico e tecnológico e a inovação; (Inciso
redução das disparidades regionais; com redação dada pela Emenda Constitucional nº 85,

97
de 2015, republicada no DOU de 3/3/2015) § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do pará-
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido grafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o
o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas professor que comprove exclusivamente tempo de efe-
e águas para consumo humano; tivo exercício das funções de magistério na educação
VII - participar do controle e fiscalização da produção, infantil e no ensino fundamental e médio.
transporte, guarda e utilização de substâncias e pro- § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a
dutos psicoativos, tóxicos e radioativos; contagem recíproca do tempo de contribuição na ad-
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele ministração pública e na atividade privada, rural e
compreendido o do trabalho. urbana, hipótese em que os diversos regimes de previ-
dência social se compensarão financeiramente, segun-
Seção III do critérios estabelecidos em lei.
Da Previdência Social § 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente
do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo re-
Art. 201. A previdência social será organizada sob a gime geral de previdência social e pelo setor privado.
forma de regime geral, de caráter contributivo e de § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer
filiação obrigatória, observados critérios que preser- título, serão incorporados ao salário para efeito de
vem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos contribuição previdenciária e conseqüente repercus-
termos da lei, a: são em benefícios, nos casos e na forma da lei.
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão
e idade avançada; previdenciária para atender a trabalhadores de baixa
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; renda e àqueles sem renda própria que se dediquem
III - proteção ao trabalhador em situação de desem- exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de
prego involuntário; sua residência, desde que pertencentes a famílias de
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os depen- baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de
dentes dos segurados de baixa renda;
valor igual a um salário-mínimo.
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado
que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências
o disposto no § 2º.
inferiores às vigentes para os demais segurados do re-
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios di-
gime geral de previdência social.
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos
beneficiários do regime geral de previdência social,
Art. 202. O regime de previdência privada, de cará-
ressalvados os casos de atividades exercidas sob con-
ter complementar e organizado de forma autônoma
dições especiais que prejudiquem a saúde ou a inte-
gridade física e quando se tratar de segurados por- em relação ao regime geral de previdência social, será
tadores de deficiência, nos termos definidos em lei facultativo, baseado na constituição de reservas que
complementar. garantam o benefício contratado, e regulado por lei
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de con- complementar.
tribuição ou o rendimento do trabalho do segurado § 1° A lei complementar de que trata este artigo asse-
terá valor mensal inferior ao salário mínimo. gurará ao participante de planos de benefícios de en-
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados tidades de previdência privada o pleno acesso às infor-
para o cálculo de benefício serão devidamente atuali- mações relativas à gestão de seus respectivos planos.
zados, na forma da lei. § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para as condições contratuais previstas nos estatutos, re-
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, gulamentos e planos de benefícios das entidades de
conforme critérios definidos em lei. previdência privada não integram o contrato de tra-
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdên- balho dos participantes, assim como, à exceção dos
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cia social, na qualidade de segurado facultativo, de benefícios concedidos, não integram a remuneração
pessoa participante de regime próprio de previdência. dos participantes, nos termos da lei.
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensio- § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de pre-
nistas terá por base o valor dos proventos do mês de vidência privada pela União, Estados, Distrito Federal
dezembro de cada ano. e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de públicas, sociedades de economia mista e outras en-
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as se- tidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador,
guintes condições: situação na qual, em hipótese alguma, sua contribui-
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e ção normal poderá exceder a do segurado.
trinta anos de contribuição, se mulher; § 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessen- União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclu-
ta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o sive suas autarquias, fundações, sociedades de eco-
limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos nomia mista e empresas controladas direta ou indi-
e para os que exerçam suas atividades em regime de retamente, enquanto patrocinadoras de entidades
economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o fechadas de previdência privada, e suas respectivas
garimpeiro e o pescador artesanal. entidades fechadas de previdência privada.

98
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas per-
missionárias ou concessionárias de prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras de entidades fechadas de
previdência privada.
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste artigo estabelecerá os requisitos para a designação dos membros
das diretorias das entidades fechadas de previdência privada e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados
e instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação.

Seção IV
Da Assistência Social

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade
social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comu-
nitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que compro-
vem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da segu-
ridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:
I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coorde-
nação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes
e de assistência social;
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle
das ações em todos os níveis.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção
social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento
de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.

1. Conceito

A seguridade social é o conjunto de interesses destinados a proteção dos direitos relacionados à saúde, à previ-
dência e à assistência social. São ações que devem ser motivadas pelo Poder Público. A Seguridade compreende três
grandes grupos, a saber:

CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2. Objetivos

I - universalidade da cobertura e do atendimento; (todas as pessoas, independente de nacionais ou estrangeiras


serão atendidas na medida de sua necessidade, já que é um tratamento universal).
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; (a prestação da segurida-
de social não estabelecerá diferenças em face da localidade onde a pessoa residir).
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; (cabe ao legislador selecionar os serviços
que serão prestados, sempre buscando atender a demanda dos mais carentes)

99
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios (preservar II - executar as ações de vigilância sanitária e epide-
o poder aquisitivo do segurado); miológica, bem como as de saúde do trabalhador;
V - eqüidade na forma de participação no custeio III - ordenar a formação de recursos humanos na área
(aquele tem melhores condições financeiras contribui de saúde;
com mais e vice-versa); IV - participar da formulação da política e da execu-
VI - diversidade da base de financiamento; ção das ações de saneamento básico;
VII - caráter democrático e descentralizado da admi- V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvol-
nistração, mediante gestão quadripartite, com participa- vimento científico e tecnológico e a inovação;
ção dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposen-
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido
tados e do Governo nos órgãos colegiados.
o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e
3. Financiamento águas para consumo humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produção,
O financiamento da seguridade social é feito direta- transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
mente pelos contribuintes e indiretamente pelo paga- psicoativos, tóxicos e radioativos;
mento de todos os demais tributos pela sociedade. Os VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
recursos são provenientes: compreendido o do trabalho.

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela


equiparada na forma da lei, incidentes sobre: #FicaDica
a) a folha de salários e demais rendimentos do traba- Apesar de ser uma obrigação do estado, a
lho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física iniciativa privada poderá participar de forma
que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; complementar do sus, respeitando as dire-
b) a receita ou o faturamento;
trizes estabelecidas pela constituição.
c) o lucro;

II - do trabalhador e dos demais segurados da previ-


dência social, não incidindo contribuição sobre aposen-
6. Previdência Social
tadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previ-
dência social de que trata o art. 201;
III – sobre a receita de concursos de prognósticos; Conceito: é o seguro social daquele que contribui
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou para o organismo da previdência social. É de caráter
de quem a lei a ele equiparar. contributivo, ou seja, tem direito ao seguro aquele que
contribui para isso; porém, a filiação é obrigatória. Tem
4. Saúde por finalidade preservar o equilíbrio financeiro e atuarial.
Deve oferecer os seguintes benefícios:
Conceito: direito de todos e dever do Estado, garan- I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte
tido mediante políticas sociais e econômicas que visem e idade avançada;
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao II - proteção à maternidade, especialmente à gestan-
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua te;
promoção, proteção e recuperação. III - proteção ao trabalhador em situação de desem-
prego involuntário;
5. SUS – Serviço Único de Saúde IV - salário-família e auxílio-reclusão para os depen-
dentes dos segurados de baixa renda;
5.1. Diretrizes V - pensão por morte do segurado, homem ou mu-
lher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, obser-
I - descentralização, com direção única em cada esfe-
vado o disposto no § 2º.
ra de governo;
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - atendimento integral, com prioridade para as ati-


vidades preventivas, sem prejuízo dos serviços assisten- #FicaDica
ciais;
III - participação da comunidade. A previdência privada é autorizada no orde-
namento jurídico, mas considerada de cará-
5.2. Financiamento ter de complementar. Logo, não desobriga
a filiação no regime geral da previdência
O financiamento será feito com recursos do orçamen- social.
to da seguridade social, da União, dos Estados, do Distri-
to Federal e dos Municípios, além de outras fontes. 7. Assistência Social

5.3. Atribuições A assistência social será prestada a quem dela neces-


sitar, independentemente de contribuição à seguridade
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos social. Comprovada a condição de miserabilidade, por
e substâncias de interesse para a saúde e participar da critério definido em lei infraconstitucional, o indivíduo
produção de medicamentos, equipamentos, imunobio- será beneficiário desta prestação ofertada pelo Estado.
lógicos, hemoderivados e outros insumos;

100
7.1. Objetivo V - valorização dos profissionais da educação escolar,
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
7.1.2. A assistência social tem por objetivo garan- ingresso exclusivamente por concurso público de pro-
tir: vas e títulos, aos das redes públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à da lei;
adolescência e à velhice; VII - garantia de padrão de qualidade.
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; VIII - piso salarial profissional nacional para os pro-
III - a promoção da integração ao mercado de tra- fissionais da educação escolar pública, nos termos de
balho; lei federal.
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portado- Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de
ras de deficiência e a promoção de sua integração trabalhadores considerados profissionais da educação
à vida comunitária; básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração
V - a garantia de um salário mínimo de benefício ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao ido- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
so que comprovem não possuir meios de prover à nicípios.
própria manutenção ou de tê-la provida por sua Art. 207. As universidades gozam de autonomia didá-
família, conforme dispuser a lei. tico-científica, administrativa e de gestão financeira e
patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissocia-
7.2. Diretrizes bilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
§ 1º É facultado às universidades admitir professores,
I - descentralização político-administrativa, cabendo técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
a coordenação e as normas gerais à esfera federal § 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições
e a coordenação e a execução dos respectivos pro- de pesquisa científica e tecnológica.
gramas às esferas estadual e municipal, bem como Art. 208. O dever do Estado com a educação será efe-
a entidades beneficentes e de assistência social; tivado mediante a garantia de:
II - participação da população, por meio de organiza- I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua-
ções representativas, na formulação das políticas e tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada in-
no controle das ações em todos os níveis. clusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não
tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gra-
#FicaDica tuito;
A Lei Orgânica da Seguridade Social (LOAS) III - atendimento educacional especializado aos por-
estabelece ser a assistência social um direito tadores de deficiência, preferencialmente na rede re-
do cidadão e dever do Estado, que provê os gular de ensino;
mínimos sociais, para garantir o atendimen- IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às
to às necessidades básicas dos indivíduos. crianças até 5 (cinco) anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes-
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de
cada um;
CAPÍTULO III VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO condições do educando;
Seção I VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
Da Educação educação básica, por meio de programas suplementa-
res de material didático-escolar, transporte, alimenta-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Es- ção e assistência à saúde.
tado e da família, será promovida e incentivada com § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desen- público subjetivo.
volvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da § 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo
cidadania e sua qualificação para o trabalho. poder público, ou sua oferta irregular, importa respon-
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos se- sabilidade da autoridade competente.
guintes princípios: § 3º Compete ao poder público recensear os educan-
I - igualdade de condições para o acesso e permanên- dos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e
cia na escola; zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar à escola.
o pensamento, a arte e o saber; Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendi-
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, das as seguintes condições:
e coexistência de instituições públicas e privadas de I - cumprimento das normas gerais da educação na-
ensino; cional;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimen- II - autorização e avaliação de qualidade pelo poder
tos oficiais; público.

101
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o en- Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às es-
sino fundamental, de maneira a assegurar formação colas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comu-
básica comum e respeito aos valores culturais e artís- nitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em
ticos, nacionais e regionais. lei, que:
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, cons- I - comprovem finalidade não lucrativa e apliquem
tituirá disciplina dos horários normais das escolas pú- seus excedentes financeiros em educação;
blicas de ensino fundamental. II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao
língua portuguesa, assegurada às comunidades indí- poder público, no caso de encerramento de suas ati-
genas também a utilização de suas línguas maternas vidades.
e processos próprios de aprendizagem.
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser
Municípios organizarão em regime de colaboração destinados a bolsas de estudo para o ensino funda-
seus sistemas de ensino. mental e médio, na forma da lei, para os que demons-
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino trarem insuficiência de recursos, quando houver falta
e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino de vagas e cursos regulares da rede pública na locali-
públicas federais e exercerá, em matéria educacional, dade da residência do educando, ficando o poder pú-
função redistributiva e supletiva, de forma a garantir blico obrigado a investir prioritariamente na expansão
equalização de oportunidades educacionais e padrão de sua rede na localidade.
mínimo de qualidade do ensino mediante assistência § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estí-
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e mulo e fomento à inovação realizadas por universi-
aos Municípios; dades e/ou por instituições de educação profissional
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Po-
fundamental e na educação infantil. der Público. (Parágrafo com redação dada pela Emen-
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão priorita- da Constitucional nº 85, de 2015, republicada no DOU
riamente no ensino fundamental e médio.
de 3/3/2015)
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de edu-
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
cação, de duração decenal, com o objetivo de articular
definirão formas de colaboração, de modo a assegurar
o sistema nacional de educação em regime de cola-
a universalização do ensino obrigatório.
boração e definir diretrizes, objetivos, metas e estraté-
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritaria-
gias de implementação para assegurar a manutenção
mente ao ensino regular.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis,
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Muni- etapas e modalidades por meio de ações integradas
cípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita dos poderes públicos das diferentes esferas federativas
resultante de impostos, compreendida a proveniente que conduzam a:
de transferências, na manutenção e desenvolvimento I - erradicação do analfabetismo;
do ensino. II - universalização do atendimento escolar;
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida III - melhoria da qualidade do ensino;
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- IV - formação para o trabalho;
nicípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, V - promoção humanística, científica e tecnológica do
não é considerada, para efeito do cálculo previsto nes- País.
te artigo, receita do governo que a transferir. VI - estabelecimento de meta de aplicação de recur-
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no caput sos públicos em educação como proporção do produto
deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino interno bruto.
federal, estadual e municipal e os recursos aplicados
na forma do art. 213. Seção II
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará Da Cultura


prioridade ao atendimento das necessidades do ensi-
no obrigatório, no que se refere a universalização, ga- Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício
rantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura na-
do plano nacional de educação. cional, e apoiará e incentivará a valorização e a difu-
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e são das manifestações culturais.
assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão fi- § 1º O Estado protegerá as manifestações das cultu-
nanciados com recursos provenientes de contribuições ras populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de
sociais e outros recursos orçamentários. outros grupos participantes do processo civilizatório
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicio- nacional.
nal de financiamento a contribuição social do salário- § 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemora-
-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. tivas de alta significação para os diferentes segmentos
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação étnicos nacionais.
da contribuição social do salário-educação serão dis- § 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura,
tribuídas proporcionalmente ao número de alunos de duração plurianual, visando ao desenvolvimento
matriculados na educação básica nas respectivas re- cultural do País e à integração das ações do poder pú-
des públicas de ensino. blico que conduzem à:

102
I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasi- III - fomento à produção, difusão e circulação de co-
leiro; nhecimento e bens culturais;
II - produção, promoção e difusão de bens culturais; IV - cooperação entre os entes federados, os agentes
III - formação de pessoal qualificado para a gestão da públicos e privados atuantes na área cultural;
cultura em suas múltiplas dimensões; V - integração e interação na execução das políticas,
IV - democratização do acesso aos bens de cultura; programas, projetos e ações desenvolvidas;
V - valorização da diversidade étnica e regional. VI - complementaridade nos papéis dos agentes cul-
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os turais;
bens de natureza material e imaterial, tomados indi- VII - transversalidade das políticas culturais;
vidualmente ou em conjunto, portadores de referência VIII - autonomia dos entes federados e das instituições
à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos da sociedade civil;
formadores da sociedade brasileira, nos quais se in- IX - transparência e compartilhamento das informa-
cluem: ções;
I - as formas de expressão; X - democratização dos processos decisórios com par-
II - os modos de criar, fazer e viver; ticipação e controle social;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; XI - descentralização articulada e pactuada da gestão,
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e de- dos recursos e das ações;
mais espaços destinados às manifestações artístico- XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos
-culturais; orçamentos públicos para a cultura.
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, § 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cul-
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, tura, nas respectivas esferas da Federação:
ecológico e científico. I - órgãos gestores da cultura;
§ 1º O poder público, com a colaboração da comu- II - conselhos de política cultural;
nidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural III - conferências de cultura;
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilân- IV - comissões intergestores;
cia, tombamento e desapropriação, e de outras formas V - planos de cultura;
de acautelamento e preservação. VI - sistemas de financiamento à cultura;
§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, VII - sistemas de informações e indicadores culturais;
a gestão da documentação governamental e as pro- VIII - programas de formação na área da cultura; e
vidências para franquear sua consulta a quantos dela IX - sistemas setoriais de cultura.
necessitem. § 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do
§ 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o Sistema Nacional de Cultura, bem como de sua arti-
conhecimento de bens e valores culturais. culação com os demais sistemas nacionais ou políticas
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão setoriais de governo.
punidos, na forma da lei. § 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios or-
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios ganizarão seus respectivos sistemas de cultura em leis
detentores de reminiscências históricas dos antigos próprias.
quilombos.
§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vin- Educação
cular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco
décimos por cento de sua receita tributária líquida, É direito de todos e dever do Estado e da família, será
para o financiamento de programas e projetos cultu- promovida e incentivada com a colaboração da socie-
rais, vedada a aplicação desses recursos no pagamen- dade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
to de: preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
I - despesas com pessoal e encargos sociais; para o trabalho. Importante destacar que a educação é
II - serviço da dívida; um:
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

diretamente aos investimentos ou ações apoiados. a) Direito fundamental de todos


Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organi- b) Dever da família
zado em regime de colaboração, de forma descentra- c) Dever do Estado (deve ser prestada em todos os
lizada e participativa, institui um processo de gestão entes da federação).
e promoção conjunta de políticas públicas de cultu-
ra, democráticas e permanentes, pactuadas entre os 1. Princípios
entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo
promover o desenvolvimento humano, social e econô- I - igualdade de condições para o acesso e permanên-
mico com pleno exercício dos direitos culturais. cia na escola;
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divul-
na política nacional de cultura e nas suas diretrizes, gar o pensamento, a arte e o saber;
estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógi-
pelos seguintes princípios: cas, e coexistência de instituições públicas e priva-
I - diversidade das expressões culturais; das de ensino;
II - universalização do acesso aos bens e serviços cul-
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimen-
turais;
tos oficiais;

103
V - valorização dos profissionais da educação escolar, IV - democratização do acesso aos bens de cultura;
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com V - valorização da diversidade étnica e regional.
ingresso exclusivamente por concurso público de
provas e títulos, aos das redes públicas; 6. Patrimônio Cultural Brasileiro
VI - gestão democrática do ensino público, na forma
da lei; Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de
VII - garantia de padrão de qualidade. natureza material e imaterial, tomados individualmente
VIII - piso salarial profissional nacional para os pro- ou em conjunto, portadores de referência à identidade,
fissionais da educação escolar pública, nos termos à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
de lei federal. sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
2. Garantias II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
2.1. O Estado deverá garantir: IV - as obras, objetos, documentos, edificações e de-
mais espaços destinados às manifestações artísti-
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua- co-culturais;
tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológi-
não tiveram acesso na idade própria; co, ecológico e científico.
II - progressiva universalização do ensino médio gra-
tuito; 7. Sistema Nacional de Cultura
III - atendimento educacional especializado aos por-
tadores de deficiência, preferencialmente na rede 7.1. Finalidade
regular de ensino;
IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às Instituir um processo de gestão e promoção conjunta
crianças até 5 (cinco) anos de idade; de políticas públicas de cultura, democráticas e perma-
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- nentes, pactuadas entre os entes da Federação e a so-
quisa e da criação artística, segundo a capacidade ciedade.
de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às 7.2. Objetivos
condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas Promover o desenvolvimento humano, social e eco-
da educação básica, por meio de programas suple- nômico com pleno exercício dos direitos culturais.
mentares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde. 7.3. Princípios

3. Ensino Privado I - diversidade das expressões culturais;


II - universalização do acesso aos bens e serviços cul-
É livre o ensino privado, desde que respeitadas as se- turais;
guintes condições: III - fomento à produção, difusão e circulação de co-
I - cumprimento das normas gerais da educação na- nhecimento e bens culturais;
cional; IV - cooperação entre os entes federados, os agentes
II - autorização e avaliação de qualidade pelo poder públicos e privados atuantes na área cultural;
público. V - integração e interação na execução das políticas,
programas, projetos e ações desenvolvidas;
4. Cultura VI - complementaridade nos papéis dos agentes cul-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

turais;
O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos di- VII - transversalidade das políticas culturais;
reitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e VIII - autonomia dos entes federados e das institui-
apoiará e incentivará a valorização e a difusão das mani- ções da sociedade civil;
festações culturais. IX - transparência e compartilhamento das informa-
ções;
5. Plano Nacional de Cultura X - democratização dos processos decisórios com
participação e controle social;
Tem duração plurianual e visa o desenvolvimento cul- XI - descentralização articulada e pactuada da gestão,
tural do País e à integração das ações do poder público dos recursos e das ações;
que conduzem à: XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos
I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasi- orçamentos públicos para a cultura.
leiro;
II - produção, promoção e difusão de bens culturais;
III - formação de pessoal qualificado para a gestão da
cultura em suas múltiplas dimensões;

104
7.4. Estrutura (composição)

I - órgãos gestores da cultura;


II - conselhos de política cultural;
III - conferências de cultura;
IV - comissões intergestores;
V - planos de cultura;
VI - sistemas de financiamento à cultura;
VII - sistemas de informações e indicadores culturais;
VIII - programas de formação na área da cultura; e
IX - sistemas setoriais de cultura.

#FicaDica
O Estado tem o dever constitucional de proteger as manifestações das culturas populares, em especial
as indígenas e afro-brasileiras, além daquelas provenientes de outros grupos participantes da forma-
ção do povo brasileiro.

Seção III
Do Desporto

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos,
para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as
instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir
decisão final.
§ 3º O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social.

8. Desporto

É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, ou seja, o Estado
deve proporcionar atividades voltadas ao esporte, independente da modalidade ou do tipo de prática. No entanto,
para execução de tal dever constitucional deverá observar:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos,
para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional. CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

#FicaDica
A Lei 9.615/98, Também chamada de “lei pele” é um dos instrumentos legais que regulam práticas des-
portivas formais.

105
CAPÍTULO IV Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e
DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO os Municípios poderão firmar instrumentos de coope-
(Denominação do capítulo com redação dada pela ração com órgãos e entidades públicos e com entida-
Emenda Constitucional nº 85, de 2015, republicada des privadas, inclusive para o compartilhamento de
no DOU de 3/3/2015) recursos humanos especializados e capacidade insta-
lada, para a execução de projetos de pesquisa, de de-
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desen- senvolvimento científico e tecnológico e de inovação,
volvimento científico, a pesquisa, a capacitação cien- mediante contrapartida financeira ou não financeira
tífica e tecnológica e a inovação. (“Caput” do artigo assumida pelo ente beneficiário, na forma da lei. (Ar-
com redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, tigo acrescido pela Emenda Constitucional nº 85, de
de 2015, republicada no DOU de 3/3/2015) 2015, republicada no DOU de 3/3/2015)
§ 1º A pesquisa científica básica e tecnológica rece- Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia
berá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista
e Inovação será organizado em regime de colabora-
o bem público e o progresso da ciência, tecnologia e
ção entre entes, tanto públicos quanto privados, com
inovação. (Parágrafo com redação dada pela Emenda
vistas a promover o desenvolvimento científico e tec-
Constitucional nº 85, de 2015, republicada no DOU
de 3/3/2015) nológico e a inovação.
§ 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderan- § 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do Sis-
temente para a solução dos problemas brasileiros e tema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
para o desenvolvimento do sistema produtivo nacio- § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios le-
nal e regional. gislarão concorrentemente sobre suas peculiaridades.
§ 3º O Estado apoiará a formação de recursos huma- (Artigo acrescido pela Emenda Constitucional nº 85,
nos nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e ino- de 2015, republicada no DOU de 3/3/2015)
vação, inclusive por meio do apoio às atividades de
extensão tecnológica, e concederá aos que delas se 9. Ciência, tecnologia e inovação
ocupem meios e condições especiais de trabalho. (Pa-
rágrafo com redação dada pela Emenda Constitucio- O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento
nal nº 85, de 2015, republicada no DOU de 3/3/2015) científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnoló-
§ 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que in- gica e a inovação. Segundo Nathália Masson, “a ciência
vistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada refere-se ao conjunto de informações organizadas e sis-
ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos tematizadas, adquiridas em certa área do conhecimento
humanos e que pratiquem sistemas de remuneração - sempre de maneira metódica e rigorosa -, que podem
que assegurem ao empregado, desvinculada do salá- ser transmitidas por um processo pedagógico de ensino.
rio, participação nos ganhos econômicos resultantes Já a tecnologia, pane da aplicação prática das informa-
da produtividade de seu trabalho. ções teóricas reunidas pela ciência, associa novas pesqui-
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vin- sas (científicas e tecnológicas), com o intuito de produzir
cular parcela de sua receita orçamentária a entidades e criar”.
públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica
e tecnológica. 10. Proposta do Estado
§ 6º O Estado, na execução das atividades previstas
no caput, estimulará a articulação entre entes, tanto
- A pesquisa científica básica e tecnológica receberá
públicos quanto privados, nas diversas esferas de go-
tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem
verno. (Parágrafo acrescido pela Emenda Constitucio-
público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação.
nal nº 85, de 2015, republicada no DOU de 3/3/2015)
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no - A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderante-
exterior das instituições públicas de ciência, tecnolo- mente para a solução dos problemas brasileiros e para
gia e inovação, com vistas à execução das atividades o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e re-
gional.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

previstas no caput. (Parágrafo acrescido pela Emenda


Constitucional nº 85, de 2015, republicada no DOU - O Estado apoiará a formação de recursos humanos
de 3/3/2015) nas áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, in-
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio na- clusive por meio do apoio às atividades de extensão tec-
cional e será incentivado de modo a viabilizar o de- nológica, e concederá aos que delas se ocupem meios e
senvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-es- condições especiais de trabalho.
tar da população e a autonomia tecnológica do País,
nos termos de lei federal. 11. Iniciativa Privada (incentivos governamentais)
Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o
fortalecimento da inovação nas empresas, bem como A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam
nos demais entes, públicos ou privados, a constituição em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País,
e a manutenção de parques e polos tecnológicos e de formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos
demais ambientes promotores da inovação, a atua- e que pratiquem sistemas de remuneração que assegu-
ção dos inventores independentes e a criação, absor- rem ao empregado, desvinculada do salário, participação
ção, difusão e transferência de tecnologia. (Parágrafo nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de
único acrescido pela Emenda Constitucional nº 85, de seu trabalho.
2015, republicada no DOU de 3/3/2015)

106
12. Sistema Nacional de Tecnologia e Inovação II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo
à produção independente que objetive sua divulgação;
12.1. Organização III - regionalização da produção cultural, artística e
jornalística, conforme percentuais estabelecidos em
Será organizado em regime de colaboração entre en- lei;
tes, tanto públicos quanto privados IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e
da família.
12.2. Objetivo Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de
radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa
Promover o desenvolvimento científico e tecnológico de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez
e a inovação. anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sede no País.
§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cen-
#FicaDica to do capital total e do capital votante das empresas
jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e ima-
A promoção, que se refere a constituição, re- gens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a bra-
fere-se a atuação estatal direta em subsidiar sileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos,
pequisas e na atuação indireta, fomentando que exercerão obrigatoriamente a gestão das ativida-
recursos para a prática desta atividade. des e estabelecerão o conteúdo da programação.
§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de se-
leção e direção da programação veiculada são priva-
CAPÍTULO V tivas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL dez anos, em qualquer meio de comunicação social.
§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica, in-
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a dependentemente da tecnologia utilizada para a
expressão e a informação, sob qualquer forma, pro- prestação do serviço, deverão observar os princípios
cesso ou veículo não sofrerão qualquer restrição, ob- enunciados no art. 221, na forma de lei específica, que
servado o disposto nesta Constituição. também garantirá a prioridade de profissionais brasi-
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa cons- leiros na execução de produções nacionais.
tituir embaraço à plena liberdade de informação jor- § 4º Lei disciplinará a participação de capital estran-
nalística em qualquer veículo de comunicação social, geiro nas empresas de que trata o § 1º.
observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. § 5º As alterações de controle societário das empresas
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso
política, ideológica e artística. Nacional.
§ 3º Compete à lei federal: Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e reno-
I - regular as diversões e espetáculos públicos, caben- var concessão, permissão e autorização para o serviço
do ao poder público informar sobre a natureza deles, de radiodifusão sonora e de sons e imagens, obser-
as faixas etárias a que não se recomendem, locais e vado o princípio da complementaridade dos sistemas
horários em que sua apresentação se mostre inade- privado, público e estatal.
quada; § 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no pra-
II - estabelecer os meios legais que garantam à pes- zo do art. 64, §§ 2º e 4º, a contar do recebimento da
soa e à família a possibilidade de se defenderem de mensagem.
programas ou programações de rádio e televisão que § 2º A não-renovação da concessão ou permissão de-
contrariem o disposto no art. 221, bem como da pro- penderá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do
paganda de produtos, práticas e serviços que possam Congresso Nacional, em votação nominal.
ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. § 3º O ato de outorga ou renovação somente produzi-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas al- rá efeitos legais após deliberação do Congresso Nacio-
coólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará nal, na forma dos parágrafos anteriores.
sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do § 4º O cancelamento da concessão ou permissão, an-
parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, tes de vencido o prazo, depende de decisão judicial.
advertência sobre os malefícios decorrentes de seu § 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez
uso. anos para as emissoras de rádio e de quinze para as
§ 5º Os meios de comunicação social não podem, de televisão.
direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou Art. 224. Para os efeitos do disposto neste Capítulo, o
oligopólio. Congresso Nacional instituirá, como órgão auxiliar, o
§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
independe de licença de autoridade.
Art. 221. A produção e a programação das emissoras Comunicação Social
de rádio e televisão atenderão aos seguintes princí-
pios: A manifestação do pensamento, a criação, a expressão
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, cul- e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo
turais e informativas; não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto

107
nesta Constituição. Nenhuma lei poderá embaraçar a li- CAPÍTULO VI
berdade de informação jornalística em qualquer tipo de DO MEIO AMBIENTE
veículo de comunicação social. É vedada toda e qualquer
censura de natureza política, ideológica e artística. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
Importante lembrar que esta liberdade de imprensa, gicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
apesar de direito fundamental, encontra restrições no e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
que tange justamente a afronta dos direitos e garan- poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
tias individuais. Assim, informações que não tenham o preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
condão instrutório e agridam a vida privada, honra ou § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incum-
mesmo intimidade, não se encontram acobertadas pela be ao poder público:
constituição. I - preservar e restaurar os processos ecológicos es-
senciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas;
1. Censura de idade
II - preservar a diversidade e a integridade do patri-
mônio genético do País e fiscalizar as entidades dedi-
Compete à lei federal regular as diversões e espetá-
cadas à pesquisa e manipulação de material genético;
culos públicos, cabendo ao poder público informar sobre III - definir, em todas as unidades da Federação, es-
a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomen- paços territoriais e seus componentes a serem espe-
dem, locais e horários em que sua apresentação se mos- cialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
tre inadequada. permitidas somente através de lei, vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atribu-
2. Objetivo do Estado tos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra
Estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e ou atividade potencialmente causadora de significa-
à família a possibilidade de se defenderem de programas tiva degradação do meio ambiente, estudo prévio de
ou programações de rádio e televisão que contrariem o impacto ambiental, a que se dará publicidade;
disposto no art. 221, bem como da propaganda de pro- V - controlar a produção, a comercialização e o em-
dutos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saú- prego de técnicas, métodos e substâncias que com-
de e ao meio ambiente. portem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
3. Propagandas específicas (tipos – restrições) VI - promover a educação ambiental em todos os ní-
veis de ensino e a conscientização pública para a pre-
A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoóli- servação do meio ambiente;
cas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma
a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência ecológica, provoquem a extinção de espécies ou sub-
sobre os malefícios decorrentes de seu uso. metam os animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obri-
4. Emissoras de rádio e televisão (princípios) gado a recuperar o meio ambiente degradado, de
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, cul-
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao
turais e informativas;
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
II - promoção da cultura nacional e regional e estímu-
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, in-
lo à produção independente que objetive sua divulgação; dependentemente da obrigação de reparar os danos
III - regionalização da produção cultural, artística e causados.
jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlân-
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a


da família. Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utiliza-
ção far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que
Obs: a propriedade de empresa jornalística e de ra- assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
diodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de quanto ao uso dos recursos naturais.
brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecada-
ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras das pelos Estados, por ações discriminatórias, necessá-
e que tenham sede no País. rias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão
#FicaDica ter sua localização definida em lei federal, sem o que
não poderão ser instaladas.
Compete ao poder executivo outorgar e re- § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII
novar concessão, permissão e autorização do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práti-
para o serviço de radiodifusão sonora e de cas desportivas que utilizem animais, desde que sejam
sons e imagens. manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215
desta Constituição Federal, registradas como bem de
natureza

108
imaterial integrante do patrimônio cultural brasilei- CAPÍTULO VII
ro, devendo ser regulamentadas por lei específica que DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO
assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Pará- JOVEM E DO IDOSO.
grafo acrescido pela Emenda Constitucional nº 96, de
2017) Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial
proteção do Estado.
Meio Ambiente
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à da lei.
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para a união estável entre o homem e a mulher como en-
as presentes e futuras gerações. tidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão
em casamento.
1. Princípios § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a
comunidade formada por qualquer dos pais e seus
I - preservar e restaurar os processos ecológicos es- descendentes.
senciais e prover o manejo ecológico das espécies § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade con-
e ecossistemas; jugal são exercidos igualmente pelo homem e pela
II - preservar a diversidade e a integridade do patri- mulher.
mônio genético do País e fiscalizar as entidades § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divór-
dedicadas à pesquisa e manipulação de material cio.
genético; § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa
III - definir, em todas as unidades da Federação, es- humana e da paternidade responsável, o planeja-
paços territoriais e seus componentes a serem es- mento familiar é livre decisão do casal, competindo
pecialmente protegidos, sendo a alteração e a su- ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos
pressão permitidas somente através de lei, vedada para o exercício desse direito, vedada qualquer forma
qualquer utilização que comprometa a integridade coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
dos atributos que justifiquem sua proteção; § 8º O Estado assegurará a assistência à família na
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou pessoa de cada um dos que a integram, criando me-
atividade potencialmente causadora de significa- canismos para coibir a violência no âmbito de suas
tiva degradação do meio ambiente, estudo prévio relações.
de impacto ambiental, a que se dará publicidade; Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
V - controlar a produção, a comercialização e o em- assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
prego de técnicas, métodos e substâncias que absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à ali-
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e mentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
o meio ambiente; à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
VI - promover a educação ambiental em todos os ní- convivência familiar e comunitária, além de colocá-los
veis de ensino e a conscientização pública para a a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
preservação do meio ambiente; exploração, violência, crueldade e opressão.
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da § 1º O Estado promoverá programas de assistência in-
lei, as práticas que coloquem em risco sua função tegral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou admitida a participação de entidades não governa-
submetam os animais a crueldade. mentais, mediante políticas específicas e obedecendo
aos seguintes preceitos:
2. Patrimônio Nacional I - aplicação de percentual dos recursos públicos desti-
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nados à saúde na assistência materno-infantil;


A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a II - criação de programas de prevenção e atendimento
Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Cos- especializado para as pessoas portadoras de defici-
teira. ência física, sensorial ou mental, bem como de inte-
gração social do adolescente e do jovem portador de
deficiência, mediante o treinamento para o trabalho
#FicaDica e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e
serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos ar-
As condutas e atividades consideradas le- quitetônicos e de todas as formas de discriminação.
sivas ao meio ambiente sujeitarão os infra- § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos
tores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções logradouros e dos edifícios de uso público e de fa-
penais e administrativas, independentemen- bricação de veículos de transporte coletivo, a fim de
te da obrigação de reparar os danos causa- garantir acesso adequado às pessoas portadoras de
dos. Nesse sentido, oportuna leitura da lei deficiência.
9.605/98 – Lei dos crimes ambientais. § 3º O direito a proteção especial abrangerá os se-
guintes aspectos:

109
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao Da família, da criança, do adolescente, do jovem
trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; e do idoso
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e Família: base da sociedade, gozando de proteção do
jovem à escola; estado.
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atri-
buição de ato infracional, igualdade na relação pro- 1. Aspectos importantes:
cessual e defesa técnica por profissional habilitado, O casamento é civil e gratuita a celebração. O casa-
segundo dispuser a legislação tutelar específica; mento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. Para
efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união es-
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcio- tável entre o homem e a mulher como entidade fami-
nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em liar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer Nesse sentido, oportuno lembrar que deve ser feita uma
leitura não reducionista, posto que a família pode ser
medida privativa da liberdade;
formada que não pelo casamento civil – foi o que deci-
diu o STF ao reconhecer a plena legitimidade jurídica de
VI - estímulo do poder público, através de assistência
uniões homoafetivas.
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da
lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança
ou adolescente órfão ou abandonado; #FicaDica
VII - programas de prevenção e atendimento especia-
Atualmente, para o stf e consequentemente
lizado à criança, ao adolescente e ao jovem dependen-
para o ordenamento jurídico, pouco importa
te de entorpecentes e drogas afins. os moldes de como se constituiu a família,
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a se de uma relação formal ou informa, ou se
exploração sexual da criança e do adolescente. envolvendo casais hetero ou homoafetivos.
§ 5º A adoção será assistida pelo poder público, na
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de
sua efetivação por parte de estrangeiros. 2. Espécies de família
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamen-
to, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifi- I – Formal: oriunda da união entre homem e mulher
cações, proibidas quaisquer designações discriminató- assentada no casamento, seja civil ou religioso.
rias relativas à filiação. II – Informal: união entre homem e mulher ou pessoas
do mesmo sexo.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do ado-
III – Monoparental: formada por um dos genitores e
lescente levar-se-á em consideração o disposto no art.
seus descendentes.
204.
§ 8º A Lei estabelecerá: 3. Criança, adolescente e jovens
I – o estatuto da juventude, destinado a regular os di-
reitos dos jovens; É dever da família, da sociedade e do Estado assegu-
II – o plano nacional de juventude, de duração dece- rar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
nal, visando à articulação das várias esferas do poder prioridade:
público para a execução de políticas públicas. - o direito à vida,
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de - à saúde,
dezoito anos, sujeitos às normas da legislação espe- - à alimentação,
cial. - à educação,
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar - ao lazer,
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de - à profissionalização,


ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou en- - à cultura,
fermidade. - à dignidade,
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever - ao respeito,
de amparar as pessoas idosas, assegurando sua parti- - à liberdade e
- à convivência familiar e comunitária.
cipação na comunidade, defendendo sua dignidade e
bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
Obs: Deverá também colocá-los a salvo de toda for-
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão execu-
ma de negligência, discriminação, exploração, violência,
tados preferencialmente em seus lares. crueldade e opressão.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida Nesse sentido, oportuno conhecimento do art. 2º do
a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que dispõe:

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a


pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
aquela entre doze e dezoito anos de idade.

110
4. Idoso são partes legítimas para ingressar em juízo em defe-
sa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério
A família, a sociedade e o Estado têm o dever de am- Público em todos os atos do processo.
parar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e Dos Índios
garantindo-lhes o direito à vida.
São reconhecidos aos índios sua organização social,
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos ori-
#FicaDica ginários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer res-
Os programas de amparo aos idosos serão peitar todos os seus bens.
executados preferencialmente em seus lares.
1. Das terras

CAPÍTULO VIII As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios


DOS ÍNDIOS destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização lagos nelas existentes. São terras tradicionalmente ocu-
social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os di- padas pelos índios as por eles habitadas em caráter per-
reitos originários sobre as terras que tradicionalmente manente, as utilizadas para suas atividades produtivas,
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais
fazer respeitar todos os seus bens. necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua re-
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos ín- produção física e cultural, segundo seus usos, costumes
dios as por eles habitadas em caráter permanente, as e tradições.
utilizadas para suas atividades produtivas, as impres-
cindíveis à preservação dos recursos ambientais ne-
cessários a seu bem-estar e as necessárias a sua repro- #FicaDica
dução física e cultural, segundo seus usos, costumes e As terras de que trata este artigo são ina-
tradições. lienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios elas, imprescritíveis.
destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
lagos nelas existentes. 2. Remoção de grupos indígenas
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluí-
dos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas
riquezas minerais em terras indígenas só podem ser terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional, em
efetivados com autorização do Congresso Nacional, caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua
ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes asse- população, ou no interesse da soberania do País, após
gurada participação nos resultados da lavra, na forma deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qual-
da lei. quer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis
e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas FIQUE ATENTO!
terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional, São nulos e extintos, não produzindo efei-
em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em tos jurídicos, os atos que tenham por objeto
risco sua população, ou no interesse da soberania do
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a ocupação, o domínio e a posse das terras


País, após deliberação do Congresso Nacional, garan- a que se refere este artigo, ou a exploração
tido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo das riquezas naturais do solo, dos rios e dos
que cesse o risco. lagos nelas existentes, ressalvado relevante
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos ju- interesse público da União, segundo o que
rídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o dispuser lei complementar.
domínio e a posse das terras a que se refere este arti-
go, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos
rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante
interesse público da União, segundo o que dispuser lei
complementar, não gerando a nulidade e a extinção
direito a indenização ou a ações contra a União, salvo,
na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da
ocupação de boa-fé.
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no
art. 174, §§ 3º e 4º.
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações

111
EXERCÍCIO COMENTADO HORA DE PRATICAR!

1. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – TAQUIGRAFIA –


1. (PGE-BA – PROCURADOR – CESPE – 2014) Consi- CESPE – 2017) À luz da Constituição Federal, processo
derando o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF) disciplinar em face de magistrado poderá:
a respeito dos índios, dos idosos e da cultura, julgue o I. ser revisto, de ofício, pelo Conselho Nacional de
item a seguir. Justiça, desde que julgado há menos de um ano.
A CF assegura a gratuidade dos transportes coletivos ur- II. acarretar a perda do cargo, nos três primeiros anos
banos aos maiores de sessenta e cinco anos. de exercício, mediante deliberação do Tribunal a
que o juiz estiver vinculado.
( ) CERTO ( ) ERRADO III. acarretar sua aposentadoria, por interesse público,
Resposta: Certo. mediante decisão por voto da maioria absoluta do
Colaciona o §2º do artigo 220, CF: “aos maiores de respectivo Tribunal ou do Conselho Nacional de
sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos Justiça.
transportes coletivos urbanos”.
Está correto o que consta APENAS em
2. (PGE-BA – PROCURADOR – CESPE – 2014) Consi-
derando o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF) a) I.
a respeito dos índios, dos idosos e da cultura, julgue o b) II.
item a seguir. c) I e III.
Aplica-se ao Sistema Nacional de Cultura o princípio da d) I e II.
complementaridade nos papéis dos agentes culturais. e) II e III.

( ) CERTO ( ) ERRADO
2. (TCM-BA – AUDITOR ESTADUAL DE INFRAES-
Resposta: Certo. TRUTURA – CESPE – 2018) No que se refere às funções
Disciplina o artigo 216-A, §1º que o Sistema Nacio- essenciais à justiça, é correto afirmar que:
nal de Cultura fundamenta-se na política nacional de
cultura e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano a) a defesa dos denominados interesses sociais e indivi-
Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguintes prin- duais indisponíveis cabe à advocacia pública.
cípios”, enumerando no inciso VI como princípio a b) o Ministério Público dos estados é integrante do Mi-
“complementaridade nos papéis dos agentes cultu- nistério Público da União.
rais”. c) a Advocacia-Geral da União é a instituição responsável
pela representação judicial da União, não possuindo
3. (PGE-BA – PROCURADOR – CESPE – 2014) Consi- competência para representá-la extrajudicialmente.
derando o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF) d) os procuradores dos estados são servidores públicos
a respeito dos índios, dos idosos e da cultura, julgue o concursados incumbidos da função de representação
item a seguir. judicial e consultoria jurídica às respectivas unidades
Os índios detêm o usufruto exclusivo das riquezas do federadas.
solo, do subsolo, dos rios e dos lagos existentes nas ter- e) a Defensoria Pública, por estar vinculada à procura-
ras por eles tradicionalmente ocupadas. doria estadual, encontra-se sujeita às mesmas regras
funcionais e administrativas estabelecidas pelo procu-
( ) CERTO ( ) ERRADO rador-geral.
CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Resposta: “Errado”. 3. (EFAZ-RS – AUDITOR DO ESTADO-BLOCO II –


O item praticamente reproduz o teor do artigo 231, CESPE – 2018) A ação constitucional que tem o cidadão
§2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos ín- como legitimado ativo e que objetiva defender interes-
dios destinam-se a sua posse permanente, cabendo- se difuso para anular ato lesivo ao patrimônio público, à
-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patri-
rios e dos lagos nelas existentes”. No entanto, o usu- mônio histórico e cultural denomina-se:
fruto exclusivo não abrange o subsolo, razão pela qual
está incorreto. a) mandado de segurança.
b) habeas data.
c) habeas corpus.
d) ação civil pública.
e) ação popular.

112
4. (TRE-BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
NISTRATIVA – CESPE – 2017) A Constituição Federal ANOTAÇÕES
de 1988 estabelece que “todo o poder emana do povo”,
que pode exercê-lo diretamente. Nesse sentido, o instru-
mento constitucional que materializa uma consequência ________________________________________________
advinda do princípio invocado é o(a):
_________________________________________________
a) plebiscito.
_________________________________________________
b) filiação partidária.
c) greve. _________________________________________________
d) alistamento militar.
e) livre expressão da atividade intelectual. _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
GABARITO _________________________________________________

_________________________________________________
1 C _________________________________________________
2 D
_________________________________________________
3 E
_________________________________________________
4 A
_________________________________________________

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_________________________________________________ CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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113
ANOTAÇÕES

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CONHECIMENTOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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114
ÍNDICE

CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Direito Administrativo: conceito, fontes, princípios...................................................................................................................................................01
Conceito de Estado, elementos, poderes e organização.........................................................................................................................................05
Governo e Administração Pública: conceitos...............................................................................................................................................................11
Administração Pública: natureza, elementos, poderes e organização, natureza, fins e princípios; administração direta e indireta;
planejamento, coordenação, descentralização, delegação de competência e controle;............................................................................11
Poderes administrativos: poder vinculado, poder discricionário, poder hierárquico, poder disciplinar, poder regulamentar, po-
der de polícia. Do uso e do abuso do poder................................................................................................................................................................16
Atos administrativos: conceito e requisitos; atributos; invalidação; classificação; espécies.......................................................................21
Agentes públicos: espécies e classificação; direitos, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e funções públicas; regime jurídico
único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; diretos e vantagens; regime disciplinar; responsabilidade
civil, criminal e administrativa.............................................................................................................................................................................................25
Serviços públicos: conceito, classificação, regulamentação e controle; forma, meios e requisitos; Delegação: concessão, permis-
são, autorização. Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo;
responsabilidade civil do Estado.......................................................................................................................................................................................30
Mandado de Segurança (Lei nº 12.016/09)...................................................................................................................................................................53
Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92).............................................................................................................................................................56
Regime jurídico peculiar aos funcionários civis do serviço policial do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro (Decreto-Lei
nº 218/1975)..............................................................................................................................................................................................................................66
Regulamento do Estatuto dos Policiais Civis do estado do Rio de Janeiro (aprovado pelo Decreto nº 3044/80)...........................75
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro (Decreto-Lei nº 220/1975);........... 101
Regulamento do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado do Rio de Janeiro (aprovado pelo Decreto nº
2479/79)......................................................................................................................................................................................................................... 109
As exigências do §1° servem para evitar denúncias
DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITOS, irresponsáveis e coibir acusações levianas. Somente o
FONTES, PRINCÍPIOS. Ministério Público poderá instaurar procedimento para
apurar uma denúncia anônima.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a au-
Para que uma pessoa tome posse e exerça o cargo de toridade determinará a imediata apuração dos fatos
agente público deve apresentar declaração de bens que que, em se tratando de servidores federais, será pro-
deverá ser renovada anualmente (§2°) sob pena de de- cessada na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei
missão (§3°). Assim, trata-se de condição para o exercício nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratan-
das atribuições de agente público. do de servidor militar, de acordo com os respectivos
A finalidade é a de assegurar que o agente público regulamentos disciplinares.
não receba vantagens indevidas, possuindo instrumento
para fiscalizá-lo caso o faça. O §3° remete à existência de regras próprias do pro-
Os bens abrangidos pela declaração não são apenas cesso administrativo disciplinar para as diferentes cate-
os do agente público, mas também os de seus depen- gorias de servidores. Por exemplo, aos servidores públi-
dentes. Por isso, não adiantará nada o agente colocar os cos federais será aplicada a Lei n° 8.112/90.
bens decorrentes do enriquecimento ilícito em nome de Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao
pessoas que dele dependam, e não em seu nome. Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Con-
tas da existência de procedimento administrativo para
apurar a prática de ato de improbidade.
Capítulo V Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou
Do procedimento administrativo e do processo ju- Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
dicial representante para acompanhar o procedimento ad-
ministrativo.
Desde logo, destaca-se que o procedimento na via
administrativa não tem idoneidade para ensejar a apli- A lei fala em comissão processante, mas o órgão en-
cação de sanções de improbidade. Após o encerramen- carregado do processo de investigação pode receber ou-
to do processo administrativo, deverá ser ajuizada ação tra nomenclatura conforme o sistema funcional de cada
de improbidade administrativa. Na sentença judicial será entidade2.
possível aplicar as sanções da lei de improbidade admi- O importante é saber que este órgão terá que in-
nistrativa.1 formar ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas a
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autori- existência do procedimento administrativo apurando o
dade administrativa competente para que seja instau- ato de improbidade, que poderão designar representan-
rada investigação destinada a apurar a prática de ato te para acompanhá-lo. O objetivo da lei foi contribuiu
de improbidade. para a formação da convicção dos representantes destes
órgãos desde logo.
O artigo 14 repete um direito assegurado na Cons- Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilida-
tituição Federal, qual seja o direito de representação, de, a comissão representará ao Ministério Público ou
previsto no art. 5°, XXXIV, a: “são a todos assegurados, à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo
independentemente do pagamento de taxas: a) o direito competente a decretação do seqüestro dos bens do
de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente
ou contra ilegalidade ou abuso de poder; [...]”. Logo, se o ou causado dano ao patrimônio público.
art. 14 não existisse, ainda seria possível que o particular § 1º O pedido de sequestro será processado de acordo
representasse o agente público. com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Pro-
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a cesso Civil.
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investiga-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

termo e assinada, conterá a qualificação do represen-


tante, as informações sobre o fato e sua autoria e a ção, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e
indicação das provas de que tenha conhecimento. aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no ex-
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a represen- terior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
tação, em despacho fundamentado, se esta não conti-
ver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. Se existirem indício veementes da prática do ato de
A rejeição não impede a representação ao Ministério improbidade administrativa, a comissão processante po-
Público, nos termos do art. 22 desta lei. derá representar ao Ministério Público ou ao órgão jurí-
dico da pessoa lesada para que estes postulem o seques-
O §1° delimita o conteúdo da representação que, se não tro/arresto de bens do terceiro ou agente que tenham
respeitado, será rejeitado pela autoridade administrativa enriquecido ilicitamente.
(§2°). Ainda assim, em caso de rejeição, será possível repre- O arresto parece ser uma medida mais adequada
sentar ao Ministério Público. Supondo, por exemplo, que (arts. 813 a 821, CPC), por ser uma garantia geral dos
a pessoa não queira se identificar - a representação será credores, ou seja, por ser mais abrangente.
rejeitada, mas o Ministério Público poderá apurar o fato.
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito 2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

1
Vale lembrar a possibilidade prevista no art. 7° desta A pessoa jurídica de direito público ou de direito pri-
lei no sentido de representar ao Ministério Público para vado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abs-
postular a indisponibilidade de bens. ter-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do
Este artigo e o artigo 7° abrem possibilidade para que autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público,
seja tomada qualquer medida cautelar que vise impedir a a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.
deterioração e a dilapidação do patrimônio do causador Significa que é possível inverter a legitimidade, sendo
do dano, assegurando sua reparação futura. que a pessoa jurídica inicia o processo como legitimado
passivo, mas, como é invertido o interesse processual,
O procedimento administrativo se encontra discipli- passa para o polo ativo. No entanto, como pessoa jurídi-
nado dos artigos 14 a 16, encerrando-se neste ponto. A ca não figura como ré de ação de improbidade adminis-
partir daqui, trata-se da ação de improbidade adminis- trativa, somente cabe a aplicação do dispositivo no sen-
trativa que deve tramitar na via judicial (artigos 17 e 18). tido de autorizar que a pessoa jurídica reforce o pedido
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será de reconhecimento de improbidade e de aplicação de
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídi- sanções ao lado do Ministério Público.
ca interessada, dentro de trinta dias da efetivação da § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo
medida cautelar. como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da
lei, sob pena de nulidade.
“Ação de improbidade administrativa é aquela que
pretende o reconhecimento judicial de condutas de im- A atuação do Ministério Público nos processos judi-
probidade da Administração, perpetradas por adminis- ciais pode ser como parte, quando ajuizar a ação, e como
tradores públicos e terceiros, e a consequente aplicação fiscal da lei, quando outro legitimado o fizer. No caso,
das sanções legais, com o escopo de preservar o princí- como também a pessoa jurídica de direito público preju-
pio da moralidade administrativa. Sem dúvida, cuida-se dicada pode ajuizar a ação, se o fizer, o Ministério Público
de poderoso instrumentos de controle judicial sobre atos atuará como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
que a lei caracteriza como de improbidade”3. § 5o  A propositura da ação prevenirá a jurisdição do
Caso tenha sido postulada alguma medida cautelar, juízo para todas as ações posteriormente intentadas
que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo
o prazo para que seja ajuizada a ação de improbidade
objeto.
administrativa é de 30 dias, sob pena de perda da eficácia
da medida (bens e verbas são desbloqueados).
Tornar o juízo prevento é assegurar que todas as
A legitimidade ativa é concorrente, porque a ação
ações que sejam propostas com mesma causa de pedir
pode ser proposta tanto pelo Ministério Público quanto
(fatos e fundamentos jurídicos) ou mesmo objeto sejam
pela pessoa jurídica interessada.
julgadas pelo mesmo juízo. Será prevento o juízo em que
A legitimidade passiva é daquele que cometeu o ato primeiro for proposta a ação.
de improbidade. § 6o  A ação será instruída com documentos ou
No pedido, se postulará, primeiro, o reconhecimento justificação que contenham indícios suficientes da
do ato de improbidade administrativa, depois, a aplica- existência do ato de improbidade ou com razões
ção das sanções cabíveis. fundamentadas da impossibilidade de apresentação
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas de qualquer dessas provas, observada a legislação
ações de que trata o caput. vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a
18 do Código de Processo Civil.
Não é permitido fazer acordos porque a apuração do
ato de improbidade administrativa é de interesse públi- A ação de improbidade administrativa será instruída
co, sobre o qual não se pode transacionar. Seria absurdo com provas do ato de improbidade administrativa prati-
alguém prejudicar o erário e se livrar da condenação ju- cado, geralmente o processo administrativo que trami-
dicial apenas por ter aceitado um acordo quando desco- tou anteriormente. Todas estas provas serão explicadas,
berto seu ato. fundamentando porque restou caracterizado o ato de
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§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá improbidade.


as ações necessárias à complementação do ressarci- § 7o  Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará
mento do patrimônio público. autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para
oferecer manifestação por escrito, que poderá ser
Caso não tenha sido totalmente recomposto o patri- instruída com documentos e justificações, dentro do
mônio com a ação de improbidade, a Fazenda Pública prazo de quinze dias.
ajuizará ação própria.
§ 3°  No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Se a petição inicial preencher os requisitos do pará-
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto grafo anterior e os demais requisitos processuais civis, o
no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de requerido será notificado para se manifestar por escrito
1965. e, se quiser, apresentar documentos.
Dispõe o art. 6°, §3° da Lei n° 4.717/65:
§ 8o   Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta
dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se
convencido da inexistência do ato de improbidade, da
3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

2
§ 9o  Recebida a petição inicial, será o réu citado para Na verdade, este dispositivo apenas lembra algumas
apresentar contestação. das sanções que poderão ser aplicadas na sentença da
ação de improbidade administrativa. Não significa que as
Se o juiz se convencer com as informações da mani- demais sanções previstas nesta lei não sejam aplicáveis.
festação do requerido, rejeitará a ação; se não, receberá
definitivamente a petição inicial e determinará a citação Capítulo VI
do réu para contestar a ação. Das disposições penais
§ 10  Da decisão que receber a petição inicial, caberá
agravo de instrumento. Art. 19. Constitui crime a representação por ato de
improbidade contra agente público ou terceiro bene-
Agravo de instrumento é o recurso interposto contra ficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
decisões que não colocam fim no processo. Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
§ 11 Em qualquer fase do processo, reconhecida a ina- Parágrafo único. Além da sanção penal, o denuncian-
dequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o te está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos
processo sem julgamento do mérito. materiais, morais ou à imagem que houver provocado.

Durante o processo o juiz pode perceber que a ação A legislação pretende que as denúncias de atos de
de improbidade administrativa não deveria ter sido acei- improbidade administrativas sejam sérias e fundamen-
ta, caso em que a extinguirá. tadas, não levianas. O art. 19 introduz um tipo penal, ele
§ 12.  Aplica-se aos depoimentos ou inquirições não faz parte exatamente das outras penalidades da lei,
realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto por isso exatamente que está apartado das demais.
no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal. Este crime será denunciado e apurado perante um
Dispõem o artigo 221, caput e §1° do CPP: juízo criminal, fora da ação de improbidade administra-
tiva. O artigo 19 é um crime a ser denunciado em ação
penal pública proposta pelo Ministério Público, único le-
O Presidente e o Vice-Presidente da República, os se-
gitimado.
nadores e deputados federais, os ministros de Estado, os
Na verdade, ele não passa de uma forma específica
governadores de Estados e Territórios, os secretários de
da denunciação caluniosa do Código Penal.
Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios,
Art. 339, CP. Dar causa à instauração de investigação
os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os
policial, de processo judicial, instauração de investiga-
membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos
ção administrativa, inquérito civil ou ação de impro-
Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito
bidade administrativa contra alguém, imputando-lhe
Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inqui- crime de que o sabe inocente. Pena - reclusão de 2 a
ridos em local, dia e hora previamente ajustados entre 8 anos e multa.
eles e o juiz. Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos
§ 1° O Presidente e o Vice-Presidente da República, direitos políticos só se efetivam com o trânsito em jul-
os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos gado da sentença condenatória.
Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão Parágrafo único. A autoridade judicial ou administra-
optar pela prestação de depoimento por escrito, caso tiva competente poderá determinar o afastamento do
em que as perguntas, formuladas pelas partes e agente público do exercício do cargo, emprego ou fun-
deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. ção, sem prejuízo da remuneração, quando a medida
se fizer necessária à instrução processual.
Percebe-se que os dispositivos tratam da tomada de
depoimentos de determinados agentes públicos. Não cabe, em regra, tomar medida cautelar para sus-
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera pender direitos políticos e determinar a perda da função
pessoa jurídica interessada o ente tributante que pública. O máximo que é possível, visando garantir a ins-
figurar no polo ativo da obrigação tributária de que
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trução processual, é afastar o agente público do exercício


tratam o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Comple- do cargo sem prejuízo da remuneração enquanto tramita
mentar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela a ação de improbidade administrativa.
Lei Complementar nº 157, de 2016) Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei in-
depende:
O §4º do artigo 3º mencionado foi vetado. Interpre- I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio públi-
tando o artigo 8º-A, entende-se ser legitimada para pro- co, salvo quanto à pena de ressarcimento;
positura da ação a pessoa jurídica de direito público que II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão
seria beneficiada pela alíquota que deveria ter sido reco- de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de
lhida na esfera de seu município pois nele que o presta- Contas.
dor se encontrava.
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil Não importa se o ato praticado pelo agente não cau-
de reparação de dano ou decretar a perda dos bens sou dano ao erário, tanto que existem os atos da catego-
havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a ria mais leve (artigo 11).
reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pes- Também é irrelevante se o Tribunal de Contas apro-
soa jurídica prejudicada pelo ilícito. vou ou rejeitou as contas prestadas pelo agente, embora
isto sirva de elemento de prova.

3
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, Resposta: Certo - A conduta é especificada no rol do
o Ministério Público, de ofício, a requerimento de au- artigo 11, III, Lei nº 8.429/1992: “Constitui ato de impro-
toridade administrativa ou mediante representação bidade administrativa que atenta contra os princípios
formulada de acordo com o disposto no art. 14, po- da administração pública qualquer ação ou omissão
derá requisitar a instauração de inquérito policial ou que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
procedimento administrativo. legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
[...] III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência
O Ministério Público poderá requisitar a instauração em razão das atribuições e que deva permanecer em
de inquérito policial ou procedimento administrativo de segredo”.
ofício, a pedido da autoridade administrativa ou median-
te representação. 2. (STM - Cargos de Nível Superior - Conhecimentos
Básicos - CESPE/2018) À luz da Lei de Improbidade Ad-
Capítulo VII ministrativa – Lei nº 8.429/1992 –, julgue o item a seguir.
Da prescrição É imprescindível a ocorrência de dolo para a tipificação,
como ato de improbidade administrativa, da conduta de
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as san- agente público que cause prejuízo ao erário.
ções previstas nesta lei podem ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de man-
dato, de cargo em comissão ou de função de confian- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ça; Resposta: Errado - Os atos de improbidade admi-
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei espe- nistrativa que causam prejuízo ao erário podem ser
cífica para faltas disciplinares puníveis com demissão dolosos ou culposos, conforme artigo 10, caput, Lei
a bem do serviço público, nos casos de exercício de nº 8.429/1992: “Constitui ato de improbidade admi-
cargo efetivo ou emprego. nistrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patri-
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do monial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dila-
direito de acionar judicialmente. pidação dos bens ou haveres das entidades referidas
A ação de improbidade administrativa não poderá ser no art. 1º desta lei, e notadamente [...]”.
proposta se: a) prescrição no caso de cargo provisório
- passados 5 anos após o término do exercício de man-
3. (STM - Analista Judiciário - Área Administrativa -
dato, cargo em comissão ou função de confiança pelo
CESPE/2018) À luz da Lei de Improbidade Administrativa
réu; b) prescrição no caso de cargo definitivo - dentro do
prazo prescricional previsto em lei específica para faltas – Lei nº 8.429/1992 –, julgue o item a seguir.
disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço Além dos servidores públicos, são considerados sujeitos
público (por exemplo, na esfera federal, o prazo é de 5 ativos de atos de improbidade administrativa os notários
anos a contar da data em que o fato se tornou conheci- e registradores, que podem sofrer as penalidades previs-
do). tas na lei em apreço.

Capítulo VIII ( ) CERTO ( ) ERRADO


Das disposições finais

Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publi- Resposta: Certo - Vale observar o conceito de agente
cação. público nos termos do artigo 2°, Lei nº 8.429/1992:
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de “Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
demais disposições em contrário. ou sem remuneração, por eleição, nomeação, desig-
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Indepen-
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nação, contratação ou qualquer outra forma de inves-


dência e 104° da República.
tidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função
nas entidades mencionadas no artigo anterior”. Neste
sentido, o artigo anterior, isto é, o artigo 1o da lei, pre-
EXERCÍCIOS COMENTADOS vê: “os atos de improbidade praticados por qualquer
agente público, servidor ou não, contra a administra-
ção direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
1. (STJ - Analista Judiciário - Administrativa - CES-
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
PE/2018) Em relação aos princípios aplicáveis à adminis-
dos Municípios, de Território, de empresa incorporada
tração pública, julgue o próximo item.
O servidor público que revelar a particular determinado ao patrimônio público ou de entidade para cuja cria-
fato sigiloso de que tenha ciência em razão das atribui- ção ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
ções praticará ato de improbidade administrativa atenta- com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da
tório aos princípios da administração pública. receita anual, serão punidos na forma desta lei”. Não
há dúvidas que os notários e registradores desempe-
( ) CERTO ( ) ERRADO nham típica função do Estado, mediante concessão
de serviço público, razão pela qual são extensão do

4
próprio Estado. Assim, seus agentes podem ser res- - é conjunto de órgãos a serviço do poder político e
ponsabilizados por atos que configurem improbidade das atividades administrativas.
administrativa.  
Organização Administrativa
4. (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos É imputada a diversas entidades governamentais au-
- Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) Com relação aos prin- tônomas, daí porque temos:
cípios aplicáveis à administração pública e ao enriqueci- - A Adm. Pública Federal (da União)
mento ilícito por agente público, julgue o item a seguir. - A Adm. Públìca Estadual (de cada Estado)
A pretensão estatal de ressarcimento do erário em face - A Adm. Pública municipal ou local (do DF e de cada
de agente que tenha enriquecido ilicitamente no exercí- Município).
cio de suas funções prescreverá em cinco anos.
Cada uma delas pode descentralizar-se formando:
( ) CERTO ( ) ERRADO a) ADMINISTRAÇÃO DIRETA (centralizada) conjun-
to de órgãos subordinados diretamente ao respec-
tivo poder executivo;
Resposta: Errado - Sobre a prescrição, disciplina o ar- b) ADMINISTRAÇÃO INDIRETA (descentralizada)
tigo 23 da Lei nº 8.429/92: “As ações destinadas a levar com órgãos integrados nas muitas entidades
a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser pro- personalizadas de prestação de serviços ou ex-
postas: I - até cinco anos após o término do exercício ploração de atividades econômicas. Formam a
de mandato, de cargo em comissão ou de função de Adm. indireta:
confiança; II - dentro do prazo prescricional previsto - autarquias
em lei específica para faltas disciplinares puníveis com - empresas públicas (e suas subsidiárias)
demissão a bem do serviço público, nos casos de exer- - sociedades de economia mista (e suas subsidiárias)
cício de cargo efetivo ou emprego; III - até cinco anos - fundações públicas (fundações instituídas ou manti-
da data da apresentação à administração pública da das pelo poder público)
prestação de contas final pelas entidades referidas no
parágrafo único do art. 1o desta Lei”. Contudo, o arti- As autarquias são alongamentos do Estado. Pos-
go 37, § 5o, CF, prevê: “A lei estabelecerá os prazos de suem personalidade de direito público e só realizam ser-
prescrição para ilícitos praticados por qualquer agen- viços típicos, próprios do Estado. A lei 7032/82 autoriza
te, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, o Poder Executivo a transformar autarquia em empresa
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”. pública.
Significa que para as ações civis de ressarcimento o As empresas públicas e sociedades de economia
prazo prescricional do artigo 23 da LIA não se aplica. mista são pessoas jurídicas de direito privado, criadas
Estas ações de reparação, aliás, são consideradas im- por lei (vide art. 37, XIX e XX, CF). O que as diferencia é a
prescritíveis. formação e a administração do capital. Na empresa pú-
blica este capital é 100% público. Na sociedade de eco-
nomia mista há participação do Poder Público e de parti-
CONCEITO DE ESTADO, ELEMENTOS PODE- culares na formação do capital e na sua administração. O
RES E ORGANIZAÇÃO controle acionário é sempre público (a maioria das ações
com direito a voto deve pertencer ao poder público).
Tanto uma como outra explora atividades econômicas
ORGANIZAÇÃO GOVERNAMENTAL BRASILEIRA ou presta serviços de interesse coletivo, outorgado ou
delegado pelo Estado (vide art. 173, § 1o, CF). Elas estão
O Estado se manifesta por seus órgãos que são: sujeitas a regime jurídico próprio das empresas privadas
a) supremos (constitucionais) – a estes incumbe o ex- (inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias)
ercício do poder político. Formam o governo ou e não podem gozar de privilégios fiscais não extensivos
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os órgãos governamentais. São estudados pelo Di- ao setor privado (vide art. 173, § 2o, CF).
reito Constitucional. As fundações públicas, pessoas jurídicas de direito
b) dependentes (administrativos) – formam a Admin- privado, são universalidades de bens, personalizada, em
istração Pública. São estudados pelo Direito Ad- atenção a fins não lucrativos e de interesse da coletivida-
ministrativo. de (educação, cultura, pesquisa científica etc.). Ex.: Funai,
Fundação Getúlio Vargas, Fundação de Amparo à Pes-
Principais Conceitos quisa do Estado de São Paulo, Febem etc. A instituição
de fundações públicas também depende de lei (vide art.
Administração Pública
37, XIX, CF).4
Estudo acerca da formação do Estado, sua Adminis-
“É o conjunto de meios institucionais, materiais, fi-
tração Pública e a concretização do interesse público por
nanceiros e humanos preordenados à execução das de-
meio dos instrumentos legais e institucionais disponíveis.
cisões políticas”.
Conclui-se assim que:
- ela é subordinada ao poder político
- é meio (e não fim)
4 Texto de Prof. Raul de Mello Franco Júnior

5
Desenvolvimento jurídicas instituídas ou autorizadas a se constituírem por
O estudo da Administração Pública tem como ponto lei ou se constituem de autarquias, ou de fundações, em-
de partida o conceito de Estado. A partir daí é que se vis- presas públicas, ou entidades paraestatais. Ou seja, estas
lumbram as considerações a respeito das competências últimas são as componentes da Administração centrali-
de prestação de serviços públicos aos seus cidadãos. zada e descentralizada.
A organização da Administração ocorre em um mo-
Estado de Direito mento posterior à do Estado. No Brasil, após a definição
Predominantemente vive-se hoje em Estados de Di- dos três Poderes que integram o Governo, é realizada a
reito, ou seja, em Estados juridicamente organizados que organização da Administração, ou seja, são estruturados
obedecem às suas próprias leis. legalmente as entidades e os órgãos que realizarão as
funções, por meio de pessoas físicas chamadas de agen-
Administração Pública tes públicos. Tal organização se dá comumente por lei.
É necessário que se compreenda o significado de ad- Ela somente se dará por meio de decreto ou de normas
ministração pública para o bom entendimento a respeito inferiores quando não implicar na criação de cargos ou
do que se pretende estudar neste momento. aumento da despesa pública.
De Plácido e Silva define Administração Pública, lato O direito administrativo estabelece as regras jurídi-
sensu, como uma das manifestações dopoder públicona cas que organizam e fazem funcionar os órgãos do com-
gestão ou execução de atos ou de negócios políticos. A plexo estatal.
Administração Pública se confundiria, assim, com a pró- Medauar indica que a Administração Pública é o obje-
pria função política do poder público, expressando um to precípuo do direito administrativo e se encontra inserida
sentido de governo que se entrelaçaria com o da admi- no Poder Executivo. Dois são os ângulos em que a mesma
nistração e lembrando-se que a política pode ser com- pode ser considerada, funcional ou organizacional.
preendida como a ciência de bem governar um povo No sentido funcional, Administração Pública re-
constituído sob a forma de um Estado. presenta uma série de atividades que trabalham como
Administração pública seria, então, simples direção auxiliares das instituições políticas mais importantes no
ou gestão de negócios ou serviços públicos, realizados exercício de funções de governo. Aqui são organizadas
por suas entidades ou órgãos especializados, para pro- as prestações de serviços públicos, bens e utilidades para
mover o interesse público. a população. Em face da dificuldade de se caracterizar
A administração pública federal cuida dos interesses objetivamente a Administração Pública, autores distintos
da União, a Estadual dos Estados, a municipal dos inte- fazem sua identificação de modo residual, ou seja, as ati-
resses dos municípios e a distrital dos mesmos assuntos vidades administrativas seriam aquelas que não são nem
do governo do Distrito Federal, sede da Capital Federal. legislativas, nem judiciárias.

Governo e Administração Já sob o aspecto organizacional, por Administração


O próprio Hely Lopes Meirelles tinha dificuldades em Pública pode-se entender o conjunto de órgãos e entes
distinguir governo e de administração. Todavia, demons- estatais responsáveis pelo atendimento das necessida-
trava que o governo significava a totalidade de órgãos des de interesse público. Aqui a Administração Pública é
representativos da soberania e a administração pública, vista como ministérios, secretarias, etc.
complexo de funções que esse órgão exercitava no de- José Cretella Jr utiliza o critério residual para definir
sempenho de atividades, que interessam ao Estado e ao a Administração Pública por aquilo que ela não é. A Ad-
seu povo”. ministração Pública seria toda a atividade do Estado que
não seja legislar ou julgar.
Organização do Estado Já pelo critério subjetivo, formal ou orgânico a Admi-
A organização do Estado é matéria constitucional. nistração seria o conjunto de órgãos responsáveis pelas
São tratados sob este tema a divisão política do terri- funções administrativas. Administração seria uma rede
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tório nacional, a estruturação dos Poderes, a forma de que fornece serviços públicos, aparelhamento adminis-
Governo, a investidura dos governantes e os direitos e as trativo, sede produtora de serviço.
garantias dos governados.Realizada a organização polí- O critério objetivo ou material considera a Adminis-
tica do Estado soberano, nasce por meio de legislação tração uma atividade concreta desempenhada pelos ór-
complementar e ordinária, a organização administrativa gãos públicos e destinada à realização das necessidades
das entidades estatais, das autarquias e empresas esta- coletivas, direta e imediatamente.
tais que realizarão de forma desconcentrada e descen- O mesmo autor, em seu livroDireito Administrativo
tralizada os serviços públicos e as demais atividades de Brasileiro,utiliza a opinião de Laband e relembra não se
interesse coletivo. poder esquecer que Administração, no campo do direito
O Estado Federal brasileiro compreende a União, os público, tem o significado perfeito de “gerenciamento de
Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. serviços públicos”.
Estas são, assim, as entidades estatais brasileiras que Os três elementos do Estado são o povo, o território
possuem autonomia para fazer as suas próprias leis (au- e o governo soberano.O povo pode ser entendido como
tonomia política), para ter e escolher governo próprio o componente humano de cada Estado. Já o território
(autonomia administrativa) e auferir e administrar a sua pode ser concebido como a base física sobre a qual se
renda própria (autonomia financeira). As demais pessoas estabelece o próprio Estado.

6
Governo soberano, por sua vez, é o elemento con- Já a definição de Estado envolve, necessariamente,
dutor do Estado. Ele detém e exerce o poder absoluto o aspecto de organização jurídica desse conjunto de
de autodeterminação e auto-organização emanado do pessoas (sociedade).
povo. Essa distinção explica por que uma nação surge an-
A chamadavontade estatalse apresenta e se manifes- tes do próprio Estado e por que nações podem subsistir
ta por meio dos Poderes de Estado. sem o Estado (como a nação judaica antes da criação do
Estado de Israel). Também é possível que várias nações
Poderes/organização estejam reunidas sob mesmo Estado (Estado “plurinacio-
Poderes de Estadosão os três conhecidos como Le- nal”), assim como o Reino Unido e como sucedia na anti-
gislativo, Executivo e Judiciário. A sua ação deve ser har- ga União Soviética. E há ainda nações divididas entre dois
mônica e independente. Eles são imanentes e estruturais ou mais Estados, tais quais a nação alemã na época da
ao próprio Estado. Cada um dos mesmos realiza de for- divisão entre as antigas Alemanhas Ocidental e Oriental;
ma precípua uma função. a nação coreana, ainda separada entre as Coreias do Sul
O Poder Legislativo realiza a função normativa da- e a do Norte. É diretriz do direito internacional, porém, a
quele Estado. O Executivo administra, ou seja, realiza a de que cada nação faz jus a constituir um Estado próprio.
função administrativa de converter a lei em ato individual
e concreto. O Poder Judiciário realiza a função judicial. ELEMENTOS DO ESTADO
Entretanto, é de se ressaltar que todos os poderes
praticam atos administrativos, ainda que restritos à sua Entre as tentativas de conceituar o que seja Estado,
organização e funcionamento. figuram três elementos básicos:
O Poder estatal é uno e indivisível. O que há, na ver- 1. território: base física do Estado;
dade é a distribuição das três funções estatais precípuas 2. povo: associação humana;
entre órgãos independentes e harmônicos. 3. governo: comando por parte de autoridade so-
Charles Louis de Secondat, o barão de Montesquieu, berana.
ao escrever, em 1748, “O Espírito das Leis” previu oequi-
líbrio entre os Poderese não a separação ou divisão dos Território
mesmos. É a base física sobre a qual se fixa o povo e se exerce
O governo é a resultante da interação dos três Pode- o poder estatal. Cuida-se da esfera territorial de valida-
res de Estado. de da ordem jurídica nacional (KELSEN).

“A administração pública compreende, em seu sentido Povo


mais restrito, o conjunto dos órgãos destinados à execução Conjunto das pessoas dotadas de capacidade jurí-
direta dos serviços públicos e das leis e órgãos permanen- dica para exercer os direitos políticos assegurados pela
tes do Estado e por ele mantidos, em seu sentido mais lato, organização estatal.
o conjunto de organismos afetados à execução dos servi- Difere-se da população, cujo conceito envolve as-
ços públicos, direta ou indiretamente, isto é, também dos pectos meramente estatísticos do número total de indi-
serviços delegados ou concedidos”. víduos que se sujeitam ao poder do Estado, incluindo,
A atividade da Administração Pública, para Meirelles, por exemplo, os estrangeiros, apátridas e os visitantes
é a de tratar, gerir, cuidar dos interesses próprios e de temporários.
terceiros que com ela mantêm relações e dependências. Povo também não se confunde com “nação”. Embora
o conceito de nação esteja ligado ao conceito de povo,
CONCEITO DE ESTADO contém um sentido político próprio: a nação é o povo
que já adquiriu a consciência de si mesmo.
Estado é a entidade político-social juridicamente O povo é o titular da soberania (art. 1º, parágrafo
organizada para executar os objetivos da soberania na- único, da CF/88). É aos componentes do povo que se re-
servam os direitos inerentes à cidadania. No Brasil, con-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cional. O primeiro autor que introduziu o termo Estado,


no sentido próximo do atual, foi Maquiavel, na obra “O tudo, a regra de que os direitos políticos são reservados
Príncipe”. somente a quem pertença ao povo comporta exceção,
por causa do regime de equiparação entre brasileiros e
Estado vs. Nação portugueses, quando houver reciprocidade (art. 12, § 1º,
Não são sinônimas as expressões “Estado” e “nação”. da CF/88).
O conceito de nação envolve a existência de vínculos co-
muns entre os habitantes de determinado local. Em- Governo
bora possuam inegável sentido político, caracterizam-se É o conjunto das funções necessárias à manutenção
tais vínculos, principalmente, por relações qualificadas da ordem jurídica e da administração pública.
por fatores subjetivos que decorrem das mais diferentes Deve ser soberano, ou seja, absoluto, indivisível e
origens (racial, geográficas, religiosas, culturais). Trata-se incontestável no âmbito de validade do ordenamento
do conjunto homogêneo de pessoas que se consideram jurídico estatal. Todavia, existem formas estatais organi-
ligadas entre si por vínculos de “sangue”, idioma, religião, zadas sob dependência substancial de outras (exemplos:
cultura, ideias, objetivos. Nação é comunidade que se ca- San Marino, Mônaco, Andorra, Porto Rico), que por isso
racteriza por sentimentos relativamente uniformes. não podem ser chamadas de Estado perfeito. Ou seja, a
soberania é uma qualidade do poder que mantém estrei-

7
ta ligação com o âmbito de validade e eficácia da ordem Na explicação de SAHID MALUF, trata-se de uma
jurídica. Trata-se da característica de que se reveste o po- pluralidade de Estados, perante o direito interno, mas
der absoluto e originário do governo, que é exercitado que se projeta na esfera jurídica internacional como uma
em nome do povo. unidade. Podem assumir as seguintes modalidades:
No plano interno, o poder soberano não encontra A) uniões pessoais: quando a junção de dois ou mais
limites jurídicos. Mas parte da doutrina entende que a Estados distintos ocorre pela ascensão ao governo
soberania estatal é restringida por princípios de direito de um único monarca.
natural, além de limites ideológicos (crenças e valores Exemplo clássico: a união de Portugal e Espanha sob
nacionais) e limites estruturais da sociedade (sistema o reinado de Filipe II;
produtivo, classes sociais). Já no plano internacional, a B) uniões reais: junção “íntima e definitiva de dois
soberania estatal encontra limites no princípio da coe- ou mais Estados, conservando cada um a sua au-
xistência pacífica das soberanias estatais. tonomia administrativa, a sua existência própria,
mas formando uma só pessoa jurídica de direito
Soberania vs. autonomia público internacional” (SAHID MALUF, 1988, p.
1) A soberania representa um plus em relação à auto- 162). Exemplo: o extinto Império Austro-Húngaro;
nomia, no que diz respeito ao grau de independên- C) uniões incorporadas: união de dois ou mais Es-
cia e desprendimento com que é exercido o poder. tados distintos para a formação de uma nova uni-
2) Segundo MARCELLO CAETA NO, a soberania é dade, com extinção dos Estados originais. Exem-
poder político supremo, porque não está limitado plo: o Reino Unido;
por nenhum outro poder na ordem interna; e é D) confederações: ligas de Estados soberanos, ba-
poder político independente, porque na sociedade seadas em tratado internacional, mediante as quais
internacional não tem de acatar regras que não se- cada Estado conserva sua personalidade jurídica de
jam voluntariamente aceitas. direito público internacional nos assuntos não al-
3) Segundo correntes positivistas, a soberania é ju- cançados pelo pacto confederativo. Trata-se tam-
bém de modalidade especial de Estado complexo
ridicamente ilimitada no âmbito territorial do Esta-
ou agrupado, que merecerá maiores detalhes no
do; segundo correntes jusnaturalistas, a soberania
item a seguir.
encontra barreiras: a) no direito natural;
b) na coexistência das nações; e c) nas próprias finali-
No plano do direito constitucional
dades do Estado. Já a autonomia observa limites
No plano do direito constitucional, a tipologia dos
mais severos: é limitada ainda pela capacidade de
Estados varia conforme a organização interna disciplina-
disposição de poder conferido pelo ente soberano.
da nas respectivas constituições.
naquele que representa a soberania. Diferencia-se daquela traçada no âmbito do direito
5) A soberania permite o exercício da autonomia, mas internacional, pois o Estado é visto “por dentro”, e não
cuida de restringi-lo a certas distribuições de com- como simples projeção exterior.
petência. O que define a forma de um Estado no âmbito do di-
6) O poder soberano, como fonte originária da or- reito público interno é o grau de centralização dos po-
dem normativa, estabelece e regula os termos do deres estatais. Nesse sentido, considera-se centralizado
poder autônomo. um Estado se a prestação de serviços estatais ocorre de
7) A soberania é nota caracterizadora do Estado na forma direta, sem deslocamento do centro de compe-
ordem internacional, enquanto a autonomia inter- tências, tampouco delegação de funções estatais para
essa à ordem interna somente. entidades diversas. O poder político é exercido exclusiva-
mente por único ente estatal, não havendo sobreposição
O STF adota a respeito a corrente positivista, não re- de poderes nem delegação de poderes a outros centros
conhecendo limites impostos à soberania por parte do de competência. Por outro lado, um Estado é considera-
direito natural (ADInMC 3.300/DF). do descentralizado quando as atividades estatais são
distribuídas a vários núcleos ou centros detentores de
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

FORMA DE ESTADO competências, cada qual dotado de personalidade jurídi-


ca própria no âmbito do direito interno.
Plano do direito público internacional A descentralização poderá ser: (a) administrativa
No plano do direito público internacional, os Estados (limitada à criação de normas individuais); (b) legislati-
são vistos ou como entidade unitária (Estado unitário) va (quando se confere capacidade de edição de normas
ou como uniões estatais (Estados compostos). Nesses abstratas) ou; (c) política (que engloba a administrativa e
termos, Estados unitários são aquelas formas estatais a legislativa).
clássicas, em que se identificam grupos populacionais e Portanto, a depender do nível de centralização es-
território tradicionais, com governo nacional único, não tatal, os Estados se dividem entre unitários e comple-
importando o grau de descentralização interna dos ór- xos. Nos Estados unitários, a descentralização, quan-
gãos que o constituem. Exemplos: Brasil, Argentina, Itália. do existente, é incompleta. Está sujeita ao critério do
Já os Estados compostos são formados por dois ou poder central, o qual poderá suprimi-la, ampliá-la ou
mais Estados, com esferas distintas de poder governa- restringi-la. Embora possa haver deslocamento compe-
mental, conforme regime jurídico especial, cuja persona- tências para entidades inferiores, estas não possuem
lidade de direito público internacional é atribuída a uma autonomia político-constitucional, pois se qualificam,
entidade única (união). no máximo, como autarquias territoriais.

8
Os centros parciais de competência (províncias, terri- tempo da confederação, segundo a fórmula: os Es-
tórios, regiões administrativas, não importa a nomencla- tados não foram feitos para o acordo, mas o acordo
tura) exercem poderes políticos delegados ou atribuídos. para os Estados. Exemplos: alianças pan-helênicas
Exemplos: França, Bélgica, Portugal, Holanda e o Estado da Grécia antiga; a Alemanha e os Estados Uni-
brasileiro estruturado pela Constituição de 1824. dos, em datas pretéritas; a Confederação Helvética
Nos Estados complexos, convivem entes estatais (Suíça); Sérvia e Montenegro nos dias atuais.
dotados de competências políticas próprias, que não
podem ser alteradas pela simples vontade de alguma en- Divisão de poderes
tidade superior. A descentralização completa, porque A ideia da divisão de poderes é princípio geral de
a distribuição de competências é conservada por força direito constitucional.
de normas constitucionais ou de tratados internacio- Também chamada de sistema de freios e contrape-
nais. Numa base territorial comum, exercem sobreposta sos (checks and balances system), a divisão tripartida de
e simultaneamente poderes políticos tanto a entidade poderes foi sugerida por Aristóteles, John Locke e Rous-
central (União) quanto cada entidade parcial (Estados- seau, mas é a Montesquieu que se deve sua definição e
-membros). Este tipo de figura estatal divide-se em dois divulgação. Foi positivada, primeiramente, nas Constitui-
principais subtipos: Estado federal e Estado confederal. ções das ex-colônias inglesas na América.
São pressupostos de existência do Estado federal, Num sentido técnico, a se considerar que o Poder
segundo MICHEL TEMER: Político é uno, indivisível e indelegável, não se poderia
I) descentralização política que parte da própria falar em “separação de poderes”, mas em distinção de
constituição (repartição constitucional de com- funções ou divisão funcional de poder.
petências), impedindo a livre ingerência por parte Assim, surge a seguinte divisão:
do poder central; 1) Função legislativa: consiste, principalmente:
II) participação das ordens jurídicas parciais (Esta- I) na edição de normas gerais e abstratas, que ino-
dos-membros) na vontade criadora da ordem ju- vem a ordem jurídica: as leis em sentido material;
rídica nacional, por meio de órgão representativo II) na fiscalização e controle dos atos praticados no
próprio (Senado); exercício da função executiva.
III) auto-organização assegurada aos Estados- 2) Função executiva: com atuação nos fins direta-
membros, mediante constituições estaduais mente inerentes à administração do Estado (em sentido
(poder constituinte decorrente); e IV) princípio da amplo), incluindo a economia, a arrecadação e a defesa.
indissociabilidade (ou indissolubilidade) dos Es- Possui três missões básicas: intervenção, fomento e ser-
tados-membros, que não possuem soberania para viço público.
separarem-se do ente federalizado. 3) Função judiciária: tem por escopo, basicamente,
a aplicação ou a revisão da aplicação das normas jurídi-
Pela Constituição de 1988, a indissolubilidade da cas aos casos concretos, em caráter definitivo (garantia
federação é considerada fundamento para intervenção do monopólio judicial da última palavra), com o objeti-
federal (art. 34, I) e a forma federativa de Estado é consi- vo de compor litígios ou, pelo menos, de evitar que se
derada cláusula pétrea (art. 60, § 4º, I). propaguem.

São pressupostos de manutenção do Estado fede- A administração interna feita pelo Judiciário e Legis-
ral: lativo é função atípica desses Poderes, mas não constitui
I) a rigidez constitucional; e uma exceção ao princípio da divisão, e sim um pressu-
II) a existência de órgão, criado pela constituição, posto da separação, qual seja, a independência recípro-
para realizar o controle de constitucionalidade ca. Nesse sentido, para o STF, tanto o autogoverno
das leis e decidir conflitos de competências entre quanto a existência de espaços variáveis de autonomia
as entidades federativas. financeira e orçamentária fazem parte da independência
dos Poderes (ADIn 135/PB).
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Os Estados federalizados formam-se por agregação Ademais, a divisão não é absoluta. No Brasil, por
ou por segregação. exemplo, a Constituição Federal estabelece hipóteses de
No primeiro caso, Estados pré-existentes renunciam interferência recíproca entre as funções estatais, que
à própria soberania para aglomerarem-se sob nova for- servem para garantir que o poder não se exerça sem
mação comum, que passará a ser detentora única da per- qualquer controle. Todavia, é princípio geral aplicável ao
sonalidade de direito público externo. Exemplos: EUA e assunto, a nenhum dos “Poderes” é dado delegar atri-
Alemanha. No segundo caso, o Estado é formado pela buições a agentes de outros “Poderes”.
descentralização de um Estado unitário em vários cen- Mais sobre o assunto, cf. item 8.1.2 do Capítulo VI.
tros de competência autônomos. Exemplos: Brasil, Méxi-
co e Argentina. Forma de governo
B) Estado confederal: caracteriza-se pela reunião É a definição abstrata de um modo de atribuição
permanente de Estados independentes e sobera- do poder.
nos, geralmente com a finalidade de defesa exter-
na e paz interna. A reunião é precedida por trat- Classificação de Aristóteles
ado internacional, reservando-se a cada um dos Segundo ARISTÓTELES, as formas de governo divi-
Estados a prerrogativa de desligamento a qualquer diam-se entre normais e anormais.

9
A) Normais: aquelas cujo objetivo era o bem da co-
munidade. Subdividiam-se em: FIQUE ATENTO!
A.1) Monarquia: o governo de uma só pessoa; O termo “Ditadura” veio da Antiguidade
A.2) Aristocracia: o governo de uma classe restrita; e clássica e, durante séculos, teve conotação
A.3) Democracia: o governo de todos os cidadãos. positiva, no que se diferenciava da Tirania e
B) Anormais: aquelas que visavam somente a vanta- do Despotismo.
gens para os governantes, a saber: Isso porque remetia às famosas ditaduras
B.1) Tirania: forma corrompida de monarquia. Seg- romanas, que eram formas temporárias de
undo MARIA HELENA DINIZ (1998, p. 565), gov- estados de exceção. Porém, após a Primeira
erno legítimo, mas cruel, por ser injusto; governo Grande Guerra, generalizou-se o costume
que não respeita princípios constitucionais; exercí- de chamar de “ditaduras” todos os governos
cio despótico do poder. não-democráticos, de modo que “o termo
tecnicamente mais correto ‘autocracia’ aca-
B.2) Oligarquia: forma corrompida de aristocracia. bou por ser relegado nos manuais de direito
Governo em que o poder fica concentrado em público” (NORBERTO BOBBIO, 2001, p. 158).
mãos de uma classe aristocrática ou de alguma
família ou, ainda, de um pequeno grupo de pes-
soas pertencente ao mesmo partido; regime políti- B) Governo da maioria, com uma só espécie:
co em que o grupo do governante busca, arbitrari- b.1) República: caracterizada pela exigência de ren-
amente, consecução de seus próprios interesses, ovação do governo por meio de eleições periódi-
agindo em seu benefício (cf. MARIA HELENA DI- cas: o governo deve ser temporário e eletivo. Um
NIZ, 1998, p. 436). governo republicano está baseado nas seguintes
B.3) Demagogia: forma corrompida de democracia. premissas: (i) a temporariedade: o governo deve
Estado corrupto da democracia e que se realiza ser exercido por tempo determinado, ainda que
pela força do número, não representando nem tra- admissível a renovação do prazo; (ii) a eletivi-
duzindo uma convivência cívica ou o pensamento dade: a sucessão governamental exige eleições
do governo (cf. MARIA HELENA DINIZ, 1998, p. 50). periódicas, afastada a sucessão por simples vín-
culos hereditários; (iii) a responsabilidade dos
Classificação de Maquiavel agentes públicos: devem responder por seus atos
MAQUIAVEL concebeu somente duas formas de go- tanto os governantes quanto de todos os demais
verno: governo da minoria e governo da maioria. agentes públicos: legisladores, magistrados e ad-
A) Governo da minoria: dividido em: ministradores; e (iv) a representatividade popu-
a.1) Monarquia: forma de governo que se caracteri- lar: o exercício da função pública e os poderes a
za pela presença dos seguintes fatores: ele inerentes têm base na soberania popular.
(I) a vitaliciedade do governante;
(II) a hereditariedade como mecanismo de sucessão
governamental;
(III) a irresponsabilidade do monarca pelos atos que
FIQUE ATENTO!
praticar; e O STF já confirmou pelo menos duas dessas
(IV) para alguns autores, a ausência de representati- características no regime republicano brasi-
vidade popular. Subdivide-se em: leiro, a saber: a temporariedade (Plenário,
MS 27.593/ DF) e a responsabilidade dos
A.1.1) Monarquia absoluta: em que os poderes agentes públicos (MC no MS 24.458/DF e
reais são ilimitados; MC no MS 27.141/DF)
A.1.2) Monarquia de estamentos (ou monarquia de
braços): na qual o poder é descentralizado e del-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

egado; e #FicaDica
A.1.3) Monarquia constitucional: aquela em que o
monarca só exerce funções limitadas, geralmente Pela Constituição de 1988, somente a for-
restritas ao âmbito do Poder Executivo. ma de Estado (forma federativa de Estado)
A.2) Ditadura: governo desenvolvido por gov- é considerada cláusula pétrea expressa (art.
ernante que reúne em si amplos poderes públicos, 60, § 4º, I).
exercendo arbitrária e absolutamente o Executivo
e o Legislativo e, excepcionalmente, também o Ju-
diciário (MARIA HELENA DINIZ).

10
Também podemos dividir, na acepção material, em
administração pública lato sensu e stricto sensu. Em senti-
EXERCÍCIO COMENTADO
do amplo, abrange não somente a função administrativa,
como também a função política, incluindo-se nela os ór-
1) (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI- gãos governamentais. Em sentido estrito, administração
VA – CESPE/2018). Tendo em vista as convergências e pública envolve apenas a função administrativa em si.
divergências entre a gestão pública e a gestão privada,
julgue o item que se segue.
Tanto na gestão pública quanto na gestão privada é líci- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: NATUREZA,
to fazer tudo que a lei não proíbe. ELEMENTOS, PODERES E ORGANIZAÇÕES,
FINS E PRINCÍPIOS; ADMINISTRAÇÃO DI-
( ) CERTO ( ) ERRADO
RETA E INDIRETA, PLANEJAMENTO, COOR-
Resposta: Errado. Na gestão privada vigora o princí- DENAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, DELEGA-
pio da legalidade amplo, o que significa que o particu- ÇÃO DE COMPETENCIA, CONTROLE.
lar pode fazer tudo que a lei não proíba. Já na gestão
pública, devido aos interesses perseguidos pelo Estado,
vigora o princípio da legalidade estrito, o que implica
que o Administrador apenas pode fazer aquilo que a lei
NATUREZA
expressamente permite.
Encargo de defesa, conservação, preservação, apri-
moramento dos bens, serviços e interesse da coletivida-
2)(SEDF - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGO
2 - CESPE/2017) Acerca de administração pública, or- de, na qual, impõe ao administrador público o dever de
ganização do Estado e agentes públicos, julgue o item cumprir fielmente os preceitos estabelecidos pelo Direito
a seguir. Administrativo.
Não há exclusividade no exercício de suas funções típicas
pelos poderes de Estado. ELEMENTOS

Os elementos são as pessoas jurídicas de direito pú-


( ) CERTO ( ) ERRADO blico e de direito privado por delegação, também os ór-
gãos e agentes públicos que exercem a função adminis-
Resposta: Certo. Dentro dos três Poderes típicos do trativa. Em outras palavras, são poderes da Administração
Estado – Executivo, Legislativo e Judiciário, existem fun- Pública: vinculado ou regrado, discricionário, hierárquico,
ções típicas, isto é, o Executivo administra, o Legislativo disciplinar, regulamentar e o de polícia.
legisla, o Judiciário julga. Em casos excepcionais é pos-
sível observar o exercício de funções atípicas dentro de FINS E PRINCÍPIOS
cada um dos Poderes.
O LIMPE é uma combinação interessante de
letras, formada por alguns princípios encontrados na
Constituição Federal da República Federativa do Brasil.
GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:- São eles, respectivamente, os princípios:
CONCEITOS Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
CONCEITO DE GOVERNO Publicidade
Eficiência
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Entende-se por Governo, o conjunto dos poderes e


instituições públicas, considerado sobretudo pelo “co- Esses apresentados, são referentes à Administração
mando” destes. O Governo é quem conduz os negócios Pública e estão presentes no artigo 37 da Constituição
públicos, estabelecendo linhas-mestras de atuação.
Federal de 1988. Através dele, todas as pessoas que
fazem parte dessa administração devem se pautar, em
CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
obediência à Constituição Brasileira. É importante ressal-
tar, que os princípios citados não são os únicos, mas há
Administração Pública é uma expressão que pode
referência de outros princípios em leis esparsas e espe-
comportar pelo menos dois sentidos: na sua acepção
cíficas.
subjetiva e formal, a Administração Pública confunde-se
com a pessoa de seus agentes, órgãos, e entidades públi-
Princípio da Legalidade
cas que exercem a função administrativa. Já na acepção
objetiva e material da palavra, podemos definir a admi- A Legalidade está no alicerce do Estado de Direito,
nistração pública (alguns doutrinadores preferem colo- no princípio da autonomia da vontade. É um dos mais
car a palavra em letras minúsculas para distinguir melhor importantes para a Administração Pública. Baseia-se no
suas concepções), como a atividade estatal de promover Art. 5º da CF, que diz que “ninguém será obrigado a fazer
concretamente o interesse público. ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”,

11
pressuposto de que tudo o que não é proibido, é permi- A administração direta é formada por um conjunto de
tido por lei. Mas o administrador público deve fazer as núcleos de competências administrativas, os quais já fo-
coisas sob a regência da lei imposta. ram tidos como representantes do poder central (teoria
da representação) e como mandatários do poder central
Princípio da Impessoalidade (teoria do mandato).
A imagem de administrador público não deve ser Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke, se-
identificada quando a Administração Pública estiver gundo a qual os órgãos e agentes são apenas núcleos
atuando. Outro fator é que o administrador não pode administrativos criados e extintos exclusivamente por lei,
fazer sua própria promoção, tendo em vista seu cargo, mas que podem ser organizados por decretos autôno-
pois esse atua em nome do interesse público. E mais, ao mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de
representante público é proibido o privilégio de pessoas personalidade jurídica própria.
específicas. Todos devem ser tratados de forma igual. Assim, os órgãos da Administração direta não pos-
suem patrimônio próprio; e não assumem obrigações
Princípio da Moralidade em nome próprio e nem direitos em nome próprio (não
Esse princípio tem a junção de Legalidade com Fina- podem ser autor nem réu em ações judiciais, exceto para
lidade, resultando em Moralidade. Ou seja, o administra- fins de mandado de segurança – tanto como impetrante
dor deve trabalhar com bases éticas na administração, como quanto impetrado).
lembrando que não pode ser limitada na distinção de Já que não possuem personalidade, atuam apenas no
bem ou mal. Não se deve visar apenas esses dois as- cumprimento da lei, não atuando por vontade própria.
pectos, adicionando a ideia de que o fim é sempre será Logo, órgãos são impessoais quando agem no estrito
o bem comum. A legalidade e finalidade devem andar cumprimento de seus deveres, não respondendo dire-
juntas na conduta de qualquer servidor público, para o tamente por seus atos e danos – o órgão central, com
alcance da moralidade. personalidade, que responderá.
Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res-
Princípio da Publicidade ponsabilidade a agentes ou órgãos públicos que estejam
Na Publicidade, o gerenciamento deve ser feito de exercendo atribuições da Administração direta é deno-
forma legal, não oculta. A publicação dos assuntos é im- minada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke, que
portante para a fiscalização, o que contribui para ambos institui o princípio da impessoalidade.
os lados, tanto para o administrador quanto para o pú- - Órgãos Públicos: teorias
blico. Porém, a publicidade não pode ser usada de forma “Várias teorias surgiram para explicar as relações do
errada, para a propaganda pessoal, e, sim, para haver um Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do
verdadeiro controle social. mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí-
dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado,
Princípio da Eficiência que não tem vontade própria, pode outorgar o manda-
O administrador tem o dever de fazer uma boa ges- to”5. A origem desta teoria está no direito privado, não
tão. É o que esse princípio afirma. O representante deve tendo como prosperar porque o Estado não pode outor-
trazer as melhores saídas, sob a legalidade da lei, bem gar mandato a alguém, afinal, não tem vontade própria.
como mais efetiva. Com esse princípio, o administrador Num momento seguinte, adotou-se a teoria da re-
obtém a resposta do interesse público e o Estado possui presentação: “Posteriormente houve a substituição dessa
maior eficácia na elaboração de suas ações. Esse princí- concepção pela teoria da representação, pela qual a von-
pio anteriormente não estava previsto na Constituição e tade dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade
foi inserido após a Emenda Constitucional nº 19/98, rela- do Estado, como ocorre na tutela ou na curatela, figuras
tivo a Reforma Administrativa do Estado. jurídicas que apontam para representantes dos incapa-
zes. Ocorre que essa teoria, além de equiparar o Estado,
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa
jurídica dotada de capacidade plena), não foi suficiente
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Administração Direta para alicerçar um regime de responsabilização da pessoa


Administração Pública direta é aquela formada pelos jurídica perante terceiros prejudicados nas circunstâncias
entes integrantes da federação e seus respectivos ór- em que o agente ultrapassasse os poderes da represen-
gãos. Os entes políticos são a União, os Estados, o Dis- tação”6. Criticou-se a teoria porque o Estado estaria sen-
trito Federal e os Municípios. À exceção da União, que é do visto como um sujeito incapaz, ou seja, uma pessoa
dotada de soberania, todos os demais são dotados de que não tem condições plenas de manifestar, de falar,
autonomia. de resolver pendências; bem como porque se o repre-
Dispõe o Decreto nº 200/1967: sentante estatal exorbitasse seus poderes, o Estado não
Art. 4° A Administração Federal compreende: poderia ser responsabilizado.
I - A Administração Direta, que se constitui dos servi-
ços integrados na estrutura administrativa da Presi-
dência da República e dos Ministérios. 5 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23.
ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.
6 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo – esque-
matizado, completo, atualizado, temas polêmicos, conteú-
do dos principais concursos públicos. 3. ed. São Paulo: Atlas
editora, 2013.

12
Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giër- d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
ke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos admi- deles com plena subordinação administrativa. Ex.:
nistrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas órgãos que executam trabalho de campo, policiais
que podem ser organizados por decretos autônomos do federais, fiscais do MTE.
Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de perso-
nalidade jurídica própria. Com efeito, o Estado brasileiro FIQUE ATENTO!
responde pelos atos que seus agentes praticam, mesmo O Ministério Público, os Tribunais de Contas e
se estes atos extrapolam das atribuições estatais conferi- as Defensorias Públicas não se encaixam nesta
das, sendo-lhe assegurado o direito de regresso. estrutura, sendo órgãos independentes consti-
A teoria da imputação objetiva, derivada da teoria do tucionais. Em verdade, para Canotilho e outros
órgão, também de Otto Giërke, impõe que o órgão central constitucionalistas, estes órgãos não perten-
da Administração, por ser o único dotado de personalida- cem nem mesmo aos três poderes.
de jurídica, responderá por danos praticados em seus ór-
gãos. despersonalizados e por seus agentes. Não significa Conforme Carvalho Filho7, “a noção de Estado, como
que os agentes ficarão impunes, mas caberá à Administra- visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es-
ção buscar contra ele o direito de regresso, retomando o tado, na verdade, é considerado um ente personalizado,
que foi obrigada a indenizar. Ex.: se uma pessoa é vítima seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando
de dano numa delegacia estadual por parte de um delega- se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, por-
do da polícia civil, ajuizará demanda indenizatória contra que além da pessoa jurídica central existem outras inter-
a Fazenda Pública do Estado, a qual poderá exercer direito nas que compõem o sistema político. Sendo uma pessoa
de regresso contra o agente público, delegado causador jurídica, o Estado manifesta sua vontade através de seus
do dano. Repare que a Administração não se exime de agentes, ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus
indenizar mesmo que seu agente seja culpado. quadros. Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, com-
põe o Estado um grande número de repartições internas,
necessárias à sua organização, tão grande é a extensão
#FicaDica que alcança e tamanha as atividades a seu cargo. Tais
Teoria do mandato e teoria da representação: repartições é que constituem os órgãos públicos”.
ultrapassadas. Apresenta-se, detalhes, a classificação dos órgãos:
Teoria do órgão: adotada. a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais,
distritais e municipais.
A teoria da imputação objetiva deriva da teoria b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são
do órgão. Ambas são de autoria de Otto Giërke. aqueles que detêm condição de comando e de di-
reção, e os subordinados, incumbidos das funções
- Órgãos Públicos: classificações rotineiras de execução.
Quanto se faz desconcentração da autoridade central c) Quanto à composição: singulares, quando integra-
– chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara dos em um só agente, e os coletivos, quando com-
com diversos níveis de órgãos, que podem ser classifica- postos por vários agentes.
dos em simples ou complexos (simples se possuem ape- d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem
nas uma estrutura administrativa, complexos se possuem atribuições em todo o território nacional, estadual,
uma rede de estruturas administrativas) e em unitários distrital e municipal, e os locais, que atuam em par-
ou colegiados (unitário se o poder de decisão se concen- te do território.
tra em uma pessoa, colegiado se as decisões são toma- e) Quanto à posição estatal: são os que representam
das em conjunto e prevalece a vontade da maioria): os poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e
a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou es- o Judiciário.
trutura do Estado, gozando de independência para f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e com-
postos. Os órgãos compostos são constituídos por
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

agir e não se submetendo a outros órgãos. Cabe a


eles definir as políticas que serão implementadas. É vários outros órgãos.
o caso da Presidência da República, órgão comple-
xo composto pelo gabinete, pela Advocacia-Geral Planejamento
da União, pelo Conselho da República, pelo Conse-
lho de Defesa, e unitário (pois o Presidente da Repú- A avaliação de políticas públicas tem por finalidade
blica é o único que toma as decisões). examinar as intervenções públicas, sob diversos aspec-
b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do tos, e pode ser realizada por meio de diferentes me-
poder, com autonomia funcional, porém subordi- todologias, inserindo-se num contexto mais amplo e
nados politicamente aos independentes. É o caso compreendendo o estudo das etapas de formulação das
de todos os ministérios de Estado. políticas públicas. Trata-se de um processo político, que
c) Órgãos superiores – são desprovidos de autono- contempla a ação de grupos de interesse.
mia ou independência, sendo plenamente vincula-
dos aos órgãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional
do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e
Emprego; Departamento da Polícia Federal, vincu- 7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
lado ao Ministério da Justiça. administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

13
1. Conceitos básicos de planejamento. casos, a intensificação da participação popular possui a
capacidade de reformular o relacionamento entre Estado
e sociedade, estabelecendo fundamentalmente a noção
O planejamento e implementação de políticas públi-
de parceria. Esse tipo de visão tem trazido importantes
cas busca gerar solução a um problema; mediante um
ganhos de produtividade e aperfeiçoamento da adminis-
conjunto articulado de ações que assegurem a consecu-
tração pública. Neste contexto, politicas publicas podem
ção dos objetivos. Política pública, neste contexto, não
ser entendidas como produtos ou outputs da atividade
é sinônimo de política estatal. A palavra “pública”, que
política, compreendendo o conjunto das ações estrategi-
acompanha a palavra “política”, não tem identificação
camente selecionadas para implementar as decisões to-
exclusiva com o Estado, mas sim com o que em latim se
madas. O planejamento de políticas públicas, neste con-
expressa como res publica, isto é, a “coisa de todos” e,
texto, inscreve-se numa estrutura de poder que informa
por isso, algo que compromete simultaneamente o Esta-
possibilidades e formas de interação entre os atores.
do e a sociedade.
O planejamento pode, ainda, ser categorizado em três
Políticas públicas são ações coletivas que tem por
tipos: estratégico, tático e operacional. O planejamento
função concretizar direitos sociais, demandas da socie-
estratégico se refere a organização como um todo, sen-
dade e previstos nas Leis. São, assim, conjuntos de pro-
do responsabilidade dos ocupantes dos cargos estratégi-
gramas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado,
cos da organização. E um planejamento de longo prazo.
diretamente ou indiretamente, com a participação de
entes públicos ou privados, que visam assegurar deter- Já o planejamento tático traduz os objetivos e pla-
minado direito, de forma difusa ou para determinado se- nos estratégicos definidos anteriormente em objetivos e
guimento social, cultural, étnico ou econômico. planos mais específicos. Ele, em suma, decompõe os ob-
jetivos amplos e apresenta objetivos concretos e planos
Como parte da formulação das políticas públicas, po-
específicos para o atingimento das metas.
demos definir o planejamento como uma das primeiras
etapas de sua implementação, caracterizada pela delimi- Temos, ainda, o planejamento operacional, aquele
tação dos problemas averiguados pela população local, que, em suma, aplica os dois planejamentos anteriores,
bem como da construção de uma agenda demarcando definindo os procedimentos necessários para sua ope-
tais problemas e como os mesmos serão abordados. Mas racionalização. Os três tipos de planejamento, portanto,
o planejamento é um conceito mais abrangente, estando vão de forma mais ampla, genérica, longo prazo e teóri-
presente também no planejamento governamental e no ca, para planejamentos mais específicos, de curto prazo,
planejamento normativo, isso é, a criação de normas go- e implementados na pratica.
vernamentais que em conjunto com a adoção de políti-
É importante ainda destacar que cada um destes
cas públicas propiciem maior controle social, econômico
planejamentos dará origem a um documento, a um re-
e financeiro das atividades administrativas do Estado.
sultado. O planejamento estratégico, mais amplo, dará
O ponto de partida dessa nova fase da implementa- origem a um “Plano”, que está definido por postulados
ção de políticas públicas se deu em 1988, quando a nova gerais desagregados. O planejamento operacional dará
Constituição Federal, em seu artigo 165, cria o Plano Plu- origem a um “Programa”, que e um aprofundamento
rianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e do “Plano”, estabelecendo objetivos setoriais que cons-
unifica os orçamentos anuais (fiscal, seguridade social truirão os objetivos gerais do Plano, criando diretrizes e
e de investimento das estatais) no Orçamento Geral da metas para tal fim. E, por último, o planejamento ope-
União (OGU). A Constituição Federal de 1988 impulsio- racional dará origem a um “Projeto”, o documento que
nou e formalizou um processo de descentralização que, sistematiza e estabelece o traçado previamente estabele-
grosso modo, logrou ampliar a autonomia administrati- cido das operações. É, portanto, uma unidade elementar
va, política e financeira dos Municípios, buscando equa- do processo de racionalização das decisões, definindo o
cionar, quase que de forma independente, os desafios emprego de técnicas determinadas e com objetivos prá-
impostos pelas necessidades de desenvolvimento social, ticos definidos.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

político e econômico.
Em suma, conclui-se que o processo de tomada de
Com o PPA, o governo passa a ter a responsabilidade decisões começa com postulados gerais que, depois, são
de planejar um orçamento e demarcar corretamente o cada vez mais desagregados, setorizados e especificados.
repasse de recursos para as suas áreas de atuação, nisso
incluindo os recursos repassados aos órgãos encarrega-
2. Aspectos administrativos, técnicos, econômicos
dos da implementação de políticas públicas. Apesar das
e financeiros.
grandes mudanças institucionais, o grupo que ascendia
ao poder era formado basicamente por pessoas sem ex- Tratamos, a seguir, do conceito de indicadores em
periência em administração publica e governamental: políticas públicas.
predominavam empresários, acadêmicos e pessoas de
confiança do Presidente da República. Em políticas públicas, os indicadores são instrumen-
tos que permitem: 1) identificar e medir aspectos relacio-
É possível dizer que parte considerável dessas políti- nados a um determinado conceito, fenômeno, problema
cas públicas inovadoras traz como marca uma orientação ou resultado de uma intervenção na realidade 2) tradu-
para uma maior incorporação da participação popular no zir, de forma mensurável, determinado aspecto de uma
processo de gestão e de tomada de decisão. Em muitos realidade dada (situação social) ou construída (ação de

14
governo), de maneira a tornar operacional a sua obser- Essas quatro pessoas integrantes da Administração
vação e avaliação, 3) constituir um retrato aproximado de indireta serão criadas para a prestação de serviços públi-
determinadas dimensões da realidade social vivenciada. cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômi-
cas, como no caso das empresas públicas e sociedades
Indicadores são, assim, expressões numéricas que re-
de economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar
fletem diferentes aspectos da ação e da realidade, utili-
o grau de especialidade e eficiência da prestação do ser-
zados como acima exposto. Assumem diversos aspectos,
viço público ou, quando exploradoras de atividades eco-
como se verifica a seguir.
nômicas, visando atender a relevante interesse coletivo e
A) Aspectos administrativos: Análise documen- imperativos da segurança nacional.
tal, exame de documentos, textos e relatórios de Com efeito, de acordo com as regras constantes do
cunho administrativo, etc. artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só
B) Aspectos técnicos: informações técnicas, pericias, poderá explorar atividade econômica a título de exceção,
relatórios elaborados por especialistas, etc. em duas situações, conforme se colhe do caput do refe-
C) Aspectos econômicos e financeiros: avaliação do rido artigo, a seguir reproduzido:
ambiente econômico interno e externo, consumo
de recursos e custos de projeto, eficiência econô- Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
mica do projeto, avaliação econômica de alterna- tituição, a exploração direta de atividade econômica
tivas, etc. pelo Estado só será permitida quando necessária aos
Ao avaliar um programa de governo, é necessário lan- imperativos de segurança nacional ou a relevante in-
çar mão de critérios cuja observação confirmará, teresse coletivo, conforme definidos em lei.
ou não, a obtenção de resultados. Assim, quando
se deseja verificar se um programa produziu efei- Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras
tos (positivos ou negativos) no ambiente externo constitucionais e em razão dos fins desejados pelo Es-
em que interveio, em termos administrativos, eco- tado, ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tare-
nômicos, técnicos, socioculturais, institucionais ou fa esta deferida ao setor privado. Assim, apenas explora
ambientais, deve-se usar o critério da efetividade. atividades econômicas nas situações indicadas no artigo
173 do Texto Constitucional. Quando atuar na econo-
mia, concorre em grau de igualdade com os particulares,
Administração Indireta e sob o regime do artigo 170 da Constituição, inclusi-
ve quanto à livre concorrência, submetendo-se ainda a
A Administração Pública indireta pode ser definida todas as obrigações constantes do regime jurídico de
como um grupo de pessoas jurídicas de direito público direito privado, inclusive no tocante às obrigações civis,
ou privado, criadas ou instituídas a partir de lei específi- comerciais, trabalhistas e tributárias.
ca, que atuam paralelamente à Administração direta na
prestação de serviços públicos ou na exploração de ativi-
dades econômicas. #FicaDica
“Enquanto a Administração Direta é composta de Administração indireta: autarquias (inclui
órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se agências reguladoras e agências executivas),
compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de fundações públicas, empresas públicas e so-
entidades”8. Em que pese haver entendimento diverso ciedades de economia mista.
registrado em nossa doutrina, integram a Administração
indireta do Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a Não compõem a Administração indireta: con-
cessionárias e permissionárias, além de enti-
saber: as Autarquias, as Fundações, as Sociedades de Eco- dades paraestatais (terceiro setor).
nomia Mista e as Empresas Públicas.
Dispõe o Decreto nº 200/1967:
COORDENAÇÃO
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 4° A Administração Federal compreende:


II - A Administração Indireta, que compreende as se- “Destinado a viabilizar o seu avanço com a maior se-
guintes categorias de entidades, dotadas de personali- gurança possível [...]. Mobilizando, motivando e condicio-
dade jurídica própria: nando colaboradores para atingir um elenco de objetivos
a) Autarquias; previamente estabelecidos”.
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista. Dessa maneira, a implementação abrange a coordena-
d) fundações públicas. ção e a integração de todas as áreas do planejamento de
um processo, precisa da colaboração, da competência téc-
Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que nica e gerencial de todos os envolvidos para a resolução
prestam serviços públicos por delegação, embora não das problemáticas, assim faz-se necessário a articulação e
integrem os quadros da Administração, quais sejam, os interdisciplinaridade para que haja a implementação das
permissionários, os concessionários e os autorizados. soluções.

8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito


administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

15
DESCENTRALIZAÇÃO a verificação dos pontos de controle, a correção dos
possíveis desafios e a reflexão contínua do processo
Descentralizar envolve a delegação de interesses es- em análise.
tatais para fora da estrutura da Administração direta, o Mesmo que por algum motivo o planejador social
que é possível porque não se refere a essencialidades, venha a se desviar de seus propósitos iniciais há que
ou seja, a atos administrativos que somente possam ser se voltar atrás, avaliar o refletir cautelosamente a res-
praticados pela Administração direta porque se referem peito das decisões tomadas a respeito de seu trabalho,
a interesses estatais diversos previstos ou não na CF. para que futuras falhas e erros não impeçam o contí-
Descentralizar é uma delegação sem relação de hierarquia, nuo andamento desse processo que deve ser dinâmico
pois é uma delegação de um ente para outro (não há su- e responsável em todas as esferas da vida social dos
bordinação nem mesmo quanto ao chefe do Executivo, há cidadãos que dele necessitarem.
apenas uma espécie de tutela ou supervisão por parte dos Contudo, o planejamento é um importante aliado
Ministérios – se trata de vínculo e não de subordinação). ao exercício do trabalho profissional, pois permite an-
Basicamente, se está diante de um conjunto de pes- tecipar possíveis e certas mudanças do ambiente exter-
soas jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para no em que a sociedade está inserida continuamente.
prestarem serviços de interesse do Estado. Possuem pa- O planejamento deve ser tratado como um processo
trimônio próprio e são unidades orçamentárias autôno- primordial ao trabalho profissional, pois é um méto-
mas. Ainda, exercem em nome próprio direitos e obriga- do aplicado para a intervenção profissional, ou seja, o
ções, respondendo pessoalmente por seus atos e danos. profissional deve investigar e analisar a realidade para
Existem duas formas pelas quais o Estado pode efetuar assim propor uma intervenção eficaz.
a descentralização administrativa: outorga e delegação. Para o profissional de serviço social o planejamento
A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade deixa de ser um método de estudo e passa a ser um
e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado procedimento importante para a profissão, torna-se
serviço público e é conferida, em regra, por prazo inde- instrumento essencial para compreender a profissão
terminado. Isso é o que acontece quanto às entidades da que trabalha com e na realidade, profissão esta que
Administração Indireta prestadoras de serviços públicos. precisa repensar suas práticas para atender as mais di-
Neste sentido, o Estado descentraliza a prestação dos versas realidades e expressões da questão social que
serviços, outorgando-os a outras entidades criadas para surgem no cotidiano profissional.
prestá-los, as quais podem tomar a forma de autarquias,
empresas públicas, sociedades de economia mista e fun- Fonte: VIEIRA, R. C.
dações públicas.
A delegação ocorre quando o Estado transfere, por
contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço,
PODERES ADMINISTRATIVOS (PODER VIN-
para que o ente delegado o preste ao público em seu
próprio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do
CULADO, PODER DISCRICIONÁRIO, PODER
Estado. A delegação é geralmente efetivada por prazo HIERÁRQUICO, PODER DISCIPLINAR, PO-
determinado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de DER REGULAMENTAR, PODER DE POLÍCIA,
concessão ou nos atos de permissão, pelos quais o Es- DO USO E ABUSO DE PODER
tado transfere aos concessionários e aos permissionários
apenas a execução temporária de determinado serviço.
PODER HIERÁRQUICO
DELEGAÇÃO E COMPETÊNCIA
Poder hierárquico é o poder que dispõe o Execu-
A delegação ocorre quando o Estado transfere, por tivo para organizar e distribuir as funções de seus
contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço, órgãos, bem como ordenar e rever a atuação de seus
para que o ente delegado o preste ao público em seu agentes, estabelecendo uma relação de subordina-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

próprio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do ção entre os servidores do seu quadro de pessoas.
Estado. A delegação é geralmente efetivada por prazo As relações de hierarquia são características únicas,
determinado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de existem somente no âmbito do Poder Executivo, isso é,
concessão ou nos atos de permissão, pelos quais o Es- não existe hierarquia entre órgãos do Poder Legislativo
tado transfere aos concessionários e aos permissionários e do Judiciário. Além disso, importante frisar que não
apenas a execução temporária de determinado serviço. existe poder hierárquico entre membros da Adminis-
tração Indireta, pois estes são entidades autônomas,
Controle que não se subordinam aos entes que o criaram. Pela
hierarquia, há a imposição ao subalterno da estrita
A avaliação é o caminho onde o planejador poderá obediência às ordens e instruções legais superiores,
aferir a efetividade e o impacto que sua ação e decisão além de definir a responsabilidade de cada um de seus
tiveram sobre as outras etapas do processo. Por ser este agentes e órgãos públicos.
processo dinâmico e contínuo deve ser pautado sempre Quanto às suas características, diz-se que o poder
na reflexão. Já o controle é o instrumento que verifica o hierárquico é interno e permanente. Interno é o poder
que já foi previsto e o que está acontecendo. O controle que atinge apenas os próprios membros da Adminis-
define os parâmetros de avaliação, o estabelecimento e tração, não tem o condão de atingir as relações dos

16
particulares. É também um poder permanente, porque dação. É somente possível a revisão de atos praticados
não é exercido de modo esporádico e episódico, como pelos órgãos públicos e agentes subordinados hierarqui-
o que acontece no poder disciplinar. camente.
Do poder hierárquico são decorrentes certas faculda- Para as entidades da Administração Indireta, existe
des implícitas ao superior, tais como dar ordens e fis- apenas uma forma de controle fiscalizatório e finalístico
calizar o seu cumprimento, delegar e avocar atribuições, de seus atos, o qual denomina-se supervisão ministerial,
bem como rever atos de seus inferiores. que não tem relação com o poder hierárquico. A supervi-
são ministerial não admite a revisão dos atos praticados
pelas autarquias, fundações, e demais entidades da Ad-
#FicaDica ministração Indireta.
A Lei nº 9.784/1999 dispõe sobre a delegação
e a avocação. A delegação traduz-se numa
distribuição temporária de competências para EXERCÍCIO COMENTADO
um subalterno, representando um movimento
centrífugo. As delegações devem ser feitas nos
(PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP –
casos em que as atribuições forem genéricas e 2018)
não fixadas como privativas de certo executor. Os poderes de comando, de fiscalização e revisão de atos
A avocação, por sua vez, concentra (absorve) as administrativos, assim como os poderes de delegação e
competências em um único agente, caracteri- avocação de competências são expressão do poder admi-
zando um movimento centrípeto. Para melhor nistrativo:
recordação:
a) de autotutela.
Delegação = Distribuição de competências b) hierárquico.
Avocação = Absorção de competências c) disciplinar.
d) de polícia judiciária.
e) de polícia.
A delegação é a transferência temporária de com- Resposta: Letra B. Alternativa A está errada pois a
petência administrativa de seu titular, a outro órgão ou autotutela não é poder, mas uma característica pró-
agente público subordinado à autoridade outorgante pria da Administração Pública de rever os próprios
(delegação vertical), ou fora da sua linha hierárquica (de- atos sem a necessidade de intervenção judicial. Alter-
legação horizontal). O art. 12 da Lei nº 9.784/1999 dispõe nativa C está incorreta pois poder disciplinar sempre
do mesmo modo: “Um órgão administrativo e seu titular pressupõe a prática de uma infração por um agente
poderão, se não houver impedimento legal, delegar par- público (característica sancionadora). Alternativas D e
te da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda E estão incorretas porque o poder de polícia é, em
que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, regra, exercido contra os particulares, e não dentro da
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de esfera da Administração. Lembre-se que a delegação
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial”. e a avocação são elementos característicos do poder
Essa transferência de competência é sempre provisória, o hierárquico.
que significa que pode ser revogada a qualquer tempo.
A regra geral é sempre a delegabilidade das compe-
tências. Todavia, a própria legislação (art. 13 da Lei nº PODER DISCIPLINAR
9.784/1999) assevera três matérias que não podem ser
delegadas. Assim, são indelegáveis: a edição de ato de O poder disciplinar consiste na faculdade da Ad-
caráter normativo, pois constituem-se em regras gerais ministração de punir seus agentes, nas hipóteses em
aplicáveis a todos os órgãos, incompatível com a dele- que estes tenham cometido alguma infração de or-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

gação; a decisão em recursos administrativos, para evitar dem funcional. Correlato com o poder hierárquico, mas
que a mesma autoridade possa julgar o mesmo processo não se confunde com o mesmo. No poder hierárquico,
mais de uma vez pela delegação; e as matérias que fo- a Administração Pública distribui e escalona as suas fun-
rem consideradas de competência exclusiva do órgão ou ções executivas. Já no uso do poder disciplinar, a Ad-
autoridade. ministração simplesmente controla o desempenho de
A avocação encontra-se disposta no art. 15 da Lei funções e a conduta de seus servidores, responsabilizan-
nº 9.784/1999. Consiste na possibilidade da autorida- do-os pelas faltas porventura cometidas.
de competente de chamar para si a competência de Em relação as suas características, o poder disci-
um agente ou órgão subordinado. Trata-se de medida plinar é interno, não-permanente ou temporário, .
excepcional e temporária, e somente pode ser realizada Assim como o poder hierárquico, a imposição de san-
dentro da mesma linha hierárquica, o que significa que a ções pela Administração não se aplica aos particulares,
avocação só pode ser vertical, não se admite a avocação somente a seus próprios servidores, salvo as hipóteses
horizontal. destes serem contratados pela Administração Pública.
Por fim, a revisão é a capacidade de rever os atos Todavia, distingue-se do poder hierárquico na medida
dos inferiores hierárquicos, apreciando todos os seus em que é não-permanente, isso é, só será aplicado ape-
aspectos para a análise de sua manutenção ou invali- nas se e quando o servidor cometer infração funcional.

17
Percebe-se, então, que o poder disciplinar apresenta ca- PODER DE POLÍCIA
ráter punitivo e sancionador, enquanto o poder hierár-
quico advém da simples obediência dos subalternos para A expressão “poder de polícia” pode ser interpretada
com a entidade detentora deste poder. A discricionarie- de duas maneiras: em um sentido amplo, corresponde a
dade do poder disciplinar traduz-se na possibilidade da qualquer limitação estatal à liberdade e propriedade pri-
Administração em poder escolher qual a punição mais vada, de origem administrativa ou legislativa. Há também
apropriada para cada caso, isso é, ela possui certa mar- o poder de polícia em sentido restrito, mais utilizado pela
gem de liberdade para o seu exercício. doutrina, que engloba apenas as restrições impostas pe-
Os servidores públicos que cometerem qualquer las limitações administrativas, excluindo as limitações de
infração no exercício de suas funções estão sujeitos às ordem legal. Em sentido restrito, envolve atividades ad-
seguintes penalidades, dispostas no art. 127 da Lei nº ministrativas de fiscalização e condicionamento da esfera
8.112/1990: advertência; suspensão; demissão; cassa- privada de interesses, em prol da coletividade.
ção de aposentadoria ou disponibilidade; destituição de O poder de polícia tem grande destaque no exercí-
cargo em comissão; e destituição de função comissio- cio das funções da Administração moderna, junto com
nada. A aplicação de qualquer uma dessas penalidades a prestação de serviços públicos e o fomento à iniciati-
depende de prévio processo administrativo, respeitada va privada. Porém, essas duas funções representam uma
a garantia de contraditório e ampla defesa, sob pena de atuação estatal ampliativa, enquanto que o poder de po-
nulidade da sanção. lícia representa uma atuação restritiva do Estado, limi-
tando a liberdade e a propriedade individual em favor do
interesse público.
O art. 78 do Código Tributário Nacional (CTN) tem seu
EXERCÍCIO COMENTADO conceito legal de poder de polícia:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da


(PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – NUCEPE –
administração pública que, limitando ou disciplinan-
2018) do direito, interesse ou liberdade, regula a prática de
Para que a Administração Pública possa exercer suas fun- ato ou abstenção de fato, em razão de interesse públi-
ções, se faz necessário que seja dotada de poderes, a fim de co concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
que organize e cumpra o seu planejamento. Assim, marque costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
a alternativa CORRETA em relação aos Poderes Administra- exercício de atividades econômicas dependentes de
tivos: concessão ou autorização do Poder Público, à tran-
quilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
a) Poder hierárquico ocorre quando há a faculdade de direitos individuais ou coletivos.
punir internamente as infrações funcionais dos servi-
dores. Diante de tudo que foi exposto, podemos conceituar po-
b) Poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo para der de polícia como a atividade da Administração Pública,
organizar e distribuir as funções de seus órgãos, esta- com fundamento na lei e na supremacia geral, que consiste
belecendo a relação de subordinação entre os servi- na imposição de limites à liberdade e à propriedade dos par-
dores do seu quadro de pessoal. ticulares, regulando a prática desses atos, ou a abstenção dos
c) Poder regulamentar tem como objetivo ordenar, coor- mesmos, manifestando-se por meio de atos normativos ou
denar, controlar e corrigir as atividades administrati- concretos, tudo isso em benefício do interesse público.
vas, no âmbito interno da Administração Pública. Ao dizer que se trata de atividade da Administração Públi-
d) Poder Revisional é o poder de avocar, delegar ou con- ca, procuramos enfatizar a concepção stricto sensu do poder
ferir a outrem, da própria Administração Pública, seus de polícia, que não se confunde com as limitações à liberdade
poderes originais. e ao direito de propriedade impostas pelo legislador. Por ser
e) Poder hierárquico deve detalhar a lei para sua correta atividade da Administração, deve ser exercido, respeitando os
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

execução, ou de expedir decretos autônomos sobre princípios da razoabilidade e proporcionalidade.


matéria de sua competência ainda não disciplinada A fundamentação legal é outro aspecto importante do
por lei. É um poder inerente do Chefe do Executivo. poder de polícia, uma vez que a lei condiciona o exercício de
determinadas atividades à obtenção de licenças ou concessões
Resposta: Letra B. Alternativa A está errada, pois na pelo Poder Público. O legislador deve, então, elaborar os re-
verdade ela descreve hipótese do poder disciplinar. quisitos necessários para o exercício do poder de polícia pelo
Alternativa C está incorreta porque ela descreve as ca- Estado.
O poder de polícia tem por objeto a imposição de limi-
racterísticas do poder hierárquico. Alternativa D está
tações à liberdade e propriedade dos particulares, insti-
incorreta pois o poder revisional diz respeito à capa-
tuindo condições capazes de compatibilizar seu exercício às
cidade da Administração de rever seus próprios atos,
necessidades de interesse público. Tais imposições também
é intrínseco ao poder hierárquico. Alternativa E está
podem ser aplicadas ao Estado. Isso significa que até mesmo
incorreta pois, na verdade, descreve as características o Poder Público pode ter suas liberdades e propriedades limi-
do poder regulamentar. tadas em detrimento das necessidades do interesse público.
Para o seu exercício, a Administração Pública deve regu-
lar a prática dos atos ou a abstenção de fatos. Em regra, o
poder de polícia manifesta-se em obrigações negativas, ou

18
de não fazer, impostas aos particulares, limitando a esfera de e materialidade do crime. Sua razão de ser é a punição
atuação dos seus direitos. Excepcionalmente, pode também dos infratores. Rege-se pelas regras de Direito Processual
manifestar-se mediante obrigações positivas ou de fazer, Penal. Ela incide sobre pessoas, ao contrário da polícia ad-
como é o caso da imposição da função social da propriedade ministrativa, que age sobre a atividade das pessoas. A po-
ao dono do imóvel, disposta no art. 5º, XXII, da CF/1988. lícia judiciária é exercida pelas corporações especializadas,
O poder de polícia se manifesta pela expedição de atos denominadas Polícia Civil e Polícia Federal.
normativos, como é o caso das regras sobre o direito de
construir, ou por meio de atos concretos, como a obtenção
de licença para a reforma de um imóvel, cujo interesse é ex-
clusivo do particular (proprietário do imóvel, no caso).
EXERCÍCIO COMENTADO
Por fim, convém ressaltar a finalidade do poder de polícia,
qual seja, agir em prol do interesse público. Por isso, o Es- (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV – 2018)
tado deve conciliar os direitos individuais, com o interesse da Poder de polícia pode ser conceituado como uma atividade
coletividade. Tal finalidade é típica da Administração Pública, da Administração Pública que se expressa por meio de seus
pois tem como fundamento o princípio sistêmico da primazia atos normativos ou concretos, com fundamento na supre-
do interesse público sobre o privado. macia geral do interesse público para, na forma da lei, con-
dicionar a liberdade e a propriedade individual, mediante
1. Natureza jurídica do poder de polícia ações fiscalizadoras preventivas e repressivas.
De acordo com ensinamentos da doutrina de Direito Ad-
Quanto a sua natureza jurídica, é entendimento majori- ministrativo, são características ou atributos do poder de
tário que o poder de polícia é discricionário. Na doutrina, polícia:
muitos autores costumam definir poder de polícia, utilizan-
do-se a expressão “faculdade que o Estado possui de impor a) a hierarquia, a disciplina e a legalidade.
limites...”. Isso quer dizer que não apresenta características de b) a imperatividade, a delegabilidade e a imprescritibi-
obrigação legal, mas de uma permissão. A escolha sobre qual lidade.
método utilizar para o exercício do referido poder, e quando, c) a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coerci-
compete somente à própria Administração Pública. bilidade.
Porém, vale ressaltar as hipóteses de obtenção de licen- d) a indelegabilidade, a hierarquia e o respeito às forças
ça. A licença é ato administrativo relacionado ao poder de de segurança pública.
polícia, que apresenta previsão legal para a sua obtenção, e) a imposição da força policial, a voluntariedade e a dis-
tratando-se por isso, de ato vinculado. Com isso, podemos ciplina.
afirmar que a manifestação do poder de polícia pode ocorrer
mediante a expedição de atos no exercício da competência Resposta: Letra C. Lembre-se que, como regra ge-
discricionária da Administração, ou por meio de atos vincula- ral, o poder de polícia é função da Administração que
dos, com a devida previsão legal. O poder de polícia também atinge os particulares, o que a diferencia do poder
é indelegável, uma vez que pressupõe a posição de supe-
hierárquico e disciplinar. O poder de polícia não pre-
rioridade de quem o exerce, não podendo ser transferido a
cisa de prévia autorização do Poder Judiciário (autoe-
particulares (art. 4º, III, da Lei nº 11.079/2004).
xecutoriedade). Não há relação de hierarquia, embora
o Poder Público utilize-se de força física (coercibili-
2. Polícia administrativa e polícia judiciária
dade) para impor limitações aos direitos e liberdades
dos particulares. A Administração possui margem de
A concepção do poder de polícia abrange muito mais
liberdade para escolher a melhor forma de impor tais
do que a simples promoção de segurança pública. Toda-
limites (discricionariedade).
via, imprescindível destacar as atividades estatais de pre-
venção e repressão da criminalidade sob a ótica do poder
de polícia. Assim, costuma-se dividir a atuação do Estado
O USO E DO ABUSO DE PODER
para promoção da segurança pública em duas categorias
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Quando o poder se manifesta numa forma vinculada


de “polícias” distintas: a polícia administrativa, e a polícia
não há qualquer liberdade quanto à atividade que deva
judicial.
ser praticada, cabendo ao administrador se sujeitar por
A polícia administrativa tem um caráter preventivo.
completo ao mandamento da lei. Nos atos vinculados,
Isso significa que a sua atuação deve ocorrer antes da prá-
o agente apenas reproduz os elementos da lei. Afinal, o
tica do crime, tendo por finalidade evitar a sua ocorrência.
administrador se encontra diante de situações que com-
Submete-se às regras de Direito Administrativo. No Bra-
portam solução única anteriormente prevista por lei. Por-
sil, a polícia administrativa é exercida pela Polícia Militar e
tanto, não há espaço para que o administrador faça um
os vários órgãos de fiscalização de diversas áreas, como
juízo discricionário, de conveniência e oportunidade. Ele
saúde, educação, trabalho, previdência e assistência social.
é obrigado a praticar o ato daquela forma, porque a lei
A polícia administrativa protege os interesses primordiais
assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória
da sociedade ao impedir comportamentos individuais que
por servidor que já completou 70 anos; pedido de licença
possam causar prejuízos maiores à coletividade.
para prestar serviço militar obrigatório.
A polícia judiciária, por sua vez, apresenta caráter re-
pressivo. Sua atuação ocorre após a constatação do cri-
me. Após a ocorrência do crime, deve a polícia judiciária
abrir um processo de investigação em busca da autoria

19
Forma discricionária/poder discricionário e no segundo, com ‘desvio de poder’”11. Basicamente,
havendo abuso de poder é possível que se caracterize
Existem situações em que o próprio agente tem a
excesso de poder ou desvio de poder. No excesso de po-
possibilidade de valorar a sua conduta. Logo, quando o
der, o agente nem teria competência para agir naquela
exercício do poder se manifesta na forma discricionária o
questão e o faz. No abuso de poder, o agente possui
administrador não está diante de situações que compor-
competência para agir naquela questão, mas não o faz
tam solução única. Possui, assim, um espaço para exercer
em respeito ao interesse público, ou seja, desvirtua-se
um juízo de valores de conveniência e oportunidade.
do fim que deveria atingir o seu ato, por isso o desvio
A discricionariedade pode ser exercida tanto quando
de poder também é denominado desvio de finalidade. A
o ato é praticado quanto, num momento futuro, na cir-
conduta abusiva é passível de controle, inclusive judicial.
cunstância de sua revogação.
“Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de
Uma das principais limitações à discricionariedade é
poder se configura como ilegalidade. Não se pode con-
a adequação, correspondente à adequação da conduta
ceber que a conduta de um agente, fora dos limites de
escolhida pelo agente à finalidade expressa em lei. O se-
sua competência ou despida da finalidade da lei, pos-
gundo limite é o da verificação dos motivos9. Neste sen-
sa compatibilizar-se com a legalidade. É certo que nem
tido, discricionariedade não pode se confundir com arbi-
toda ilegalidade decorre de conduta abusiva; mas todo
trariedade – a última é uma conduta ilegítima e quanto
abuso se reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à
a ela caberá controle de legalidade perante o Poder Ju-
revisão administrativa ou judicial”12.
diciário.
Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro
“O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extre-
que a legislação não apenas confere poderes ao adminis-
mo de admitir que o juiz se substituta ao administrador.
trador, mas também estabelece deveres.
Vale dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei
reservou aos agentes da Administração, perquirindo os
critérios de conveniência e oportunidade que lhe inspi- #FicaDica
raram a conduta. A razão é simples: se o juiz se atém
Excesso de poder = incompetência / além do
ao exame da legalidade dos atos, não poderá questio-
permitido na legislação
nar critérios que a própria lei defere ao administrador.
[...] Modernamente, os doutrinadores têm considerado Abuso de poder = competência = desvio de
os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade finalidade / motivos diversos dos legalmente
como valores que podem ensejar o controle da discri- previstos
cionariedade, enfrentando situações que, embora com
aparência de legalidade, retratam verdadeiro abuso de
poder. [...] A exacerbação ilegítima desse tipo de controle
reflete ofensa ao princípio republicano da separação dos EXERCÍCIO COMENTADO
poderes”10. 1. (STJ - Conhecimentos Básicos - Cargos: 10 e 12 -
Há quem diga que, por haver tal liberdade, não existe CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativos aos pode-
o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui, res da administração pública.
mais que nunca, o dever de motivar se faz presente, de- O desvio de poder ocorre quando o ato é realizado por
monstrando que não houve arbítrio na decisão tomada agente público sem competência para a sua prática.
pelo administrador. Basicamente, não é porque o ad-
ministrador tem liberdade para decidir de outra forma
que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça, ( )CERTO ( )ERRADO
incidirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os
parâmetros da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal, Resposta: Errado - O excesso de poder ocorre quando
não obstante a discricionariedade seja uma prerrogativa o ato é realizado por agente público sem competência
da administração, o seu maior objetivo é o atendimento para a sua prática, não o desvio de poder.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

aos interesses da coletividade.


Havendo poderes, naturalmente será possível o abu- 2. (STJ - Analista Judiciário - Administrativa - CES-
so deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por PE/2018) No que se refere aos poderes administrativos,
parte dos administradores das prerrogativas a eles con- julgue o item que se segue.
feridas no âmbito dos poderes da administração, por vio- Não configurará excesso de poder a atuação do servidor
lação expressa ou tácita da lei. público fora da competência legalmente estabelecida
“A conduta abusiva dos administradores pode decor- quando houver relevante interesse social.
rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de
sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua
competência, afasta-se do interesse público que deve ( )CERTO ( )ERRADO
nortear todo o desempenho administrativo. No primeiro
caso, diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’

9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito 12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

20
Resposta: Errado - Caracteriza-se excesso de poder jus- 2.1 Competência
tamente quando o servidor atua fora dos limites da lei e
ingressa na esfera de competência de outrem, indepen- Competência diz respeito à capacidade do agente pú-
dentemente de justificativa com base em interesse social. blico para o exercício dos atos administrativos. É requisito
de validade, haja vista que, no Direito Administrativo, a lei é
3. (STJ - Analista Judiciário - Administrativa - CES- quem estabelece as competências atribuídas a seus agen-
PE/2018) No que se refere aos poderes administrativos, tes para o desempenho de suas funções. Quando o agente
julgue o item que se segue. atua fora dos limites da lei, diz-se que cometeu ato nulo
O abuso de poder pode ocorrer tanto na forma comissiva por excesso de poder. É, por isso, sempre um ato vinculado.
quanto na omissiva, uma vez que, em ambas as hipóte- A competência possui certas características próprias,
ses, é possível afrontar a lei e causar lesão a direito indi- a saber: obrigatória, intransferível, irrenunciável, imodi-
vidual do administrado. ficável, imprescritível e improrrogável. Obrigatória por-
que representa um dever do agente público. Irrenun-
( )CERTO ( )ERRADO ciável porque o agente público não pode abrir mão de
sua competência. Imprescritível, porque a competência
perdura ao longo do tempo, ela não caduca. Improrro-
Resposta: Certo - O abuso de poder pode acontecer
gável significa dizer que se é competente hoje, continua-
tanto por ação quanto por omissão. A omissão pode
rá sendo sempre, exceto por previsão legal expressa em
se caracterizar por inércia da administração ou recusa
sentido contrário. Intransferível, ou inderrogável, é a im-
injustificada.
possibilidade de se transferir a competência de um para
outro, por interesse das partes.
No entanto, essas características não vedam a possi-
ATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITOS E bilidade de delegação ou avocação, quando prevista em
REQUISITOS, ATRIBUTOS INVALIDAÇÃO, lei. Por isso, pode-se dizer também que a delegabilidade
CLASSIFICAÇÃO, ESPÉCIES é outra característica da competência. Porém, atente-se
ao disposto no art. 13 da Lei nº 9.784/1999: “Não podem
ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter
1. Conceito de ato administrativo normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III
- as matérias de competência exclusiva do órgão ou au-
Tudo que praticamos nas nossas vidas podem ser toridade”. Alguns atos, então, não podem ser delegados
considerados atos. Mas, para o Direito, os atos são aque- a outras autoridades, principalmente se tais atos são de
les capazes de produzir efeitos jurídicos. E, assim como competência exclusiva do agente público.
as pessoas na vida privada, a Administração Pública tam-
bém pratica atos, que são capazes de produzir efeitos 2.2 Objeto
jurídicos diversos.
Os atos administrativos são as manifestações de von- Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que pre-
tade da Administração Pública que objetivam adquirir, tende ser almejado pela prática do ato administrativo. Todo
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direi- ato administrativo tem por objeto a criação, modificação,
tos ou impor obrigações aos particulares ou a si própria. ou comprovação de situações jurídicas concernentes a
Isso significa que a Administração, antes mesmo de iniciar pessoas, bens, ou atividades sujeitas ao exercício do Poder
sua atuação, deve expedir uma declaração que exprime a Público. É através dele que a Administração exerce seu po-
sua vontade de realizar o referido ato. der, concede um benefício, aplica uma sanção, declara sua
Importante frisar o caráter infra legal dos atos administrati- vontade, estabelece um direito do administrado, etc.
vos, pois imprescindível é a submissão da Administração Pública, O objeto pode não estar previsto expressamente na
seus agentes e órgãos à soberania popular. O ato administrativo, legislação, cabendo ao agente competente a opção que
dessa forma, deve estar previsto em lei, e seu conteúdo não pode seja mais oportuna e conveniente ao interesse público.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ser contrário à lei (contra legem), mas complementar a ela, isso é, A definição de objeto do ato administrativo trata-se, por
deve estar conforme a lei (secundum legem). isso, de ato discricionário.

2. Requisitos dos atos administrativos 2.3 Forma

Os requisitos ou elementos dos atos administrativos A forma é o modo através do qual se exterioriza o
é matéria com grande divergência doutrinária. A maioria ato administrativo, é seu revestimento. O desrespeito à
dos concursos públicos ainda adota a concepção mais forma do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de ato
clássica dos requisitos dos atos administrativos e, por vinculado, quando exigida por Lei, e discricionário quan-
isso, daremos maior destaque a ela. De modo geral, a do a sua escolha couber ao próprio agente público.
corrente clássica, defendida por autores como Hely Lo- Em regra, os atos administrativos são sempre exterio-
pes Meirelles, tende a atribuir aos atos administrativos rizados por escrito, mas podem também ser orais, ges-
cinco requisitos para a sua formação, utilizando como tuais, ou até mesmo expedidos por máquinas. O art. 22
inspiração o preceito legal disposto no art. 2º da Lei nº da Lei nº 9.784/1999 determina que “os atos do processo
4.717/1965. São eles: a) competência, b) objeto, c) forma, administrativo não dependem de forma determinada se-
d) motivo, e e) finalidade. não quando a lei expressamente a exigir”.

21
2.4 Motivo 3.1 Presunção de legitimidade e veracidade

O motivo é a circunstância de fato ou de direito que Também pode ser denominado presunção de legali-
determina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situação dade, significa que todo ato administrativo é considera-
fática que justifica a realização do ato. Situação de fato do válido no âmbito jurídico, até surgir prova em contrá-
é o conjunto de circunstâncias que motivam a realização rio. Se, pelo princípio da legalidade, ao Administrador só
do ato; questões de direito é a previsão legal que leva à cabe fazer o que a lei permite, então presume-se que o
realização do ato. fez respeitando a lei.
O motivo pode ser tanto requisito vinculado como Nosso Direito admite duas formas de presunção:
discricionário, dependendo do comando legal imposto presunção juris et de jure que significa “de direito e por
aos agentes. O motivo será vinculado quando a lei ex- direito”, é presunção absoluta, que não admite prova
pressamente obrigar o agente a agir de um certo modo, em contrário. Temos também a presunção juris tantum,
como na hipótese de lançamento tributário (o fiscal da resultante do próprio direito e, embora por ele estabe-
Receita não tem direito de escolha, se deve ou não fazer lecida com verdadeira, admite prova em contrário. A pre-
o lançamento). Situação diversa é a do pedido de demis- sunção dos atos administrativos é juris tantum. Trata-se,
são de servidor público no caso de incontinência públi- então, de presunção relativa. Cabe ao particular que ale-
ca (art. 132, V, da Lei nº 8.112/1990), hipótese em que a gou a ilegalidade do ato administrativo provar a carência
autoridade competente tem maior liberdade para avaliar de legitimidade do mesmo.
se a demissão é realmente ato necessário ou não, depen- A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles
dendo do caso concreto. praticados pela Administração com base no direito pri-
Não se confunde motivo com motivação. Esta é a jus- vado. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Admi-
tificativa para a realização de determinado ato. O moti- nistração Pública, será presumidamente legítimo e ver-
vo ocora expedição do ato, ocorre sempre em momento dadeiro.
posterior. Assim, todo o ato tem seu motivo, mas nem
sempre é expedido adjunto com a motivação, que nada 3.2 Imperatividade
mais é do que a exteriorização dos motivos.
Compreendida também como coercibilidade, os atos
2.5 Finalidade administrativos se impõem aos destinatários, indepen-
dentemente de sua concordância, outorgando-lhes de-
Finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática veres e obrigações. A imperatividade garante ao Poder
daquele ato administrativo. Em muitos casos, o objetivo Público a capacidade de produzir atos que geram conse-
almejado é a proteção do interesse público. Sempre que quências perante terceiros.
o ato for praticado tendo em vista o interesse alheio, será A justificativa da criação unilateral, ainda que contra a
nulo por desvio de finalidade. vontade dos administrados, dos atos administrativos é o
Além dessa concepção clássica, há também uma clas- Poder coercitivo do Estado, também denominado Poder
sificação mais moderna dos requisitos dos atos admi- Extroverso. Esse não é um atributo comum a todos os
nistrativos, elaborada por autores como Celso Antônio atos, mas tão somente aos que impõem obrigações aos
Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada em concursos administrados. Assim, não têm essa característica os atos
públicos, observaremos apenas os pontos essenciais e que outorgam direitos (autorização, permissão, licença),
didáticos da referida classificação. bem como aqueles meramente administrativos (certidão,
Para essa concepção moderna, são requisitos dos parecer).
atos administrativos: a) sujeito; b) motivo; c) requisitos
procedimentais; d) finalidade; e) causa e f) formalização. 3.3 Exigibilidade
Sujeito, requisitos procedimentais e causa são os requi-
sitos vinculados, enquanto que o motivo, a finalidade e a Consiste no atributo que permite à Administração
formalização são requisitos discricionários. Pública aplicar sanções aos particulares por violação da
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer ao proces-


3. Atributos dos atos administrativos so judicial, que é demasiado longo e repleto de soleni-
dades. A exigibilidade permite ao Administrador aplicar
Atributos são as características dos atos administra- as sanções administrativas, como multas, advertências, e
tivos, que os distinguem dos demais atos jurídicos, pois interdição de estabelecimentos comerciais.
estão sub metidos ao regime jurídico administrativo. Es-
sas características traduzem em prerrogativas concedi- 3.4 Autoexecutoriedade
das à Administração Pública para que ela possa atender
de maneira adequada às necessidades da população. A autoexecutoriedade permite que a Administração
A doutrina mais moderna faz referência a cinco atri- Pública possa realizar a execução material de seus atos. A
butos distintos: a) presunção de legitimidade e veracida- expressão “auto” advém do fato de que o Poder Público
de; b) imperatividade; c) exigibilidade; d) autoexecutorie- não necessita de autorização judicial para desconstituir
dade; e e) tipicidade. a situação irregular e violadora da ordem jurídica, o que
a difere da exigibilidade, que não tem o condão de, por
si só, desconstituir a irregularidade do ato, apenas pune
o infrator. Para tanto, necessita da presença de dois re-

22
quisitos: a previsão legal, como nos casos de Poder de tos, o ato extingue-se automaticamente, pois perdeu a
Polícia; e o caráter de urgência, a fim de preservar o in- sua utilidade. As pessoas “desaparecem” com seu fale-
teresse coletivo. cimento, como a morte de servidor público que recebe-
ria promoção; e as coisas com a sua ruína ou destruição,
3.5 Tipicidade como o desabamento de prédio que recebeu licença
para a sua reforma.
A tipicidade diz respeito à necessidade de respeitar Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio be-
as finalidades específicas delimitadas pela lei, para cada neficiário abre mão da situação proporcionada pelo ato
espécie de ato administrativo. Dependendo da finalidade administrativo. É o caso da exoneração de cargo público
que o Poder Público almeja, existe um ato definido em a pedido do seu ocupante.
lei. A lei deve sempre estabelecer os tipos de atos e suas Retirada do ato: é a forma mais importante de extin-
consequências, promovendo ao particular a garantia de ção dos atos administrativos, para os concursos públicos.
que a Administração Pública não fará uso de atos inomi- É a extinção que se dá pela expedição de um segundo
nados, sem tipificação, que impõe obrigações cuja previ- ato, elaborado para extinguir ato administrativo anterior
são legal não existe. É um atributo que deriva do próprio a ele. Comporta cinco modalidades, que serão vistas com
princípio da legalidade. maiores detalhes: revogação, anulação, cassação, caduci-
dade, e contraposição.
#FicaDica
5. Classificação
A tipicidade é característica marcante da ex-
propriação de bens particulares pelo Poder
a) Classificação quanto ao seu alcance:
Público. É o caso de desapropriação adminis-
1) Atos internos: praticados no âmbito interno da
trativa, hipótese em que o Poder Público tem
Administração, incidindo sobre órgãos e agentes
a prerrogativa de tirar da esfera de alguma
administrativos.
pessoa física a titularidade sobre bem imó-
2) Atos externos: praticados no âmbito externo da
vel, transformando-o em bem público. Para
Administração, atingindo administrados e contra-
tanto, deve realizar um procedimento envol-
tados. São obrigatórios a partir da publicação.
vendo aspectos mais complexos, como a de-
claração de utilidade ou necessidade pública
b) Classificação quanto ao seu objeto:
(art. 5º, XXIV, da CF/1998), bem como a ne-
1) Atos de império: praticados com supremacia em
cessidade de prévia indenização ao particular
relação ao particular e servidor, impondo o seu
que teve seu bem expropriado, em pecúnia
obrigatório cumprimento.
(art. 182, § 3º, da CF/1988).
2) Atos de gestão: praticados em igualdade de con-
dição com o particular, ou seja, sem usar de suas
4. Invalidação dos atos administrativos prerrogativas sobre o destinatário.
3) Atos de expediente: praticados para dar andamen-
Os atos administrativos possuem um ciclo de vida. to a processos e papéis que tramitam internamen-
Eles são criados, começam a produzir efeitos, e depois te na administração pública. São atos de rotina
de um tempo, desaparecem. Vamos analisar com mais administrativa.
detalhes justamente o desaparecimento dos atos admi-
nistrativos, embora seja preferível utilizar o termo “extin- c) Classificação dos atos quanto à formação (processo
ção” (ou “invalidação”) dos atos administrativos. de elaboração):
Para melhor compreensão do tema, a doutrina utili- 1) Ato simples: nasce por meio da manifestação de
za-se de uma sistematização das formas de extinção dos vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou
atos administrativos. A principal divisão que deve ser fei- agente da Administração.
ta é em relação a produção de efeitos: existem atos ad- 2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ministrativos eficazes, e atos ineficazes. Quando ineficaz, de mais de um órgão ou agente administrativo.
o ato pode ser extinto pela retirada, ou pela sua recusa 3) Ato composto: nasce da manifestação de vontade
pelo beneficiário. Tratando-se de atos eficazes, há quatro de um órgão ou agente, mas depende de outra
formas de distinção dos atos administrativos: vontade que o ratifique para produzir efeitos e tor-
Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efeitos: é a nar-se exequível.
extinção que ocorre pelo cumprimento integral dos efei-
tos do ato administrativo. É a extinção natural esperada d) Classificação quanto à manifestação da vontade:
por todo ato administrativo. Pode ocorrer mediante: a.1) 1) Atos unilaterais: São aqueles formados pela ma-
esgotamento do conteúdo, como a vacinação de enfer- nifestação de vontade de uma única pessoa. Ex.:
mos após expedição de ordem de entrega das vacinas; Demissão - Para Hely Lopes Meirelles, só existem
a.2) execução da ordem, como o guinchamento de veí- os atos administrativos unilaterais.
culo; a.3) implemento de condição resolutiva ou termo 2) Atos bilaterais: São aqueles formados pela mani-
final, como o prazo final para renovação da CNH. festação de vontade de duas pessoas.
Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da pessoa 3) Atos multilaterais: São aqueles formados pela von-
ou objeto: os atos administrativos podem dizer respeito tade de mais de duas pessoas.
a pessoas, ou coisas. Desaparecendo um desses elemen- Ex.: Contrato administrativo.

23
e) Classificação quanto ao destinatário: Surge neste ponto a discussão sobre Decretos autô-
1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, com nomos. A Constituição Federal prevê a competên-
finalidade normativa, atingindo uma gama de pes- cia do Presidente da República para dispor sobre
soas que estejam na mesma situação jurídica nele a organização e o funcionamento da administra-
estabelecida. O particular não pode impugnar, pois ção pública federal, conforme art. 84, IV e VI da
os efeitos são para todos. Constituição Federal: “IV - sancionar, promulgar e
2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter- fazer publicar as leis, bem como expedir decretos
minada, criando situações jurídicas individuais. O e regulamentos para sua fiel execução; [...] VI -
particular atingido pode impugnar. dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e
funcionamento da administração federal, quando
e) Classificação quanto ao seu regramento: não implicar aumento de despesa nem criação ou
1)Atos vinculados: são os que possuem todos os pres- extinção de órgãos públicos; b) extinção de fun-
supostos e elementos necessários para sua prática ções ou cargos públicos, quando vagos”. Assim o
e perfeição previamente estabelecidos em lei que Executivo desempenha seu poder regulamentar:
autoriza a prática daquele ato. O administrador é regulando para buscar a fiel execução de uma lei
um “mero cumpridor de leis”. Também se denomi- específica ou para organizar a administração sem
na ato de exercício obrigatório. ônus (no último caso, estaríamos diante dos cha-
2) Atos discricionários: são os atos que possuem par- mados decretos autônomos14).
te de seus pressupostos e elementos previamente 2) Atos ordinatórios: disciplinam o funcionamento
fixados pela lei autorizadora. No mínimo, a com- da Administração e a conduta de seus agentes.
petência, a finalidade e a forma estão previamen- Possuem, assim, um caráter interno.
te fixados na lei – são os pressupostos vinculados. Se ligam ao aspecto do poder hierárquico, notada-
Aquilo que está em branco ou indefinido na lei será mente, os poderes de ordenar, comandar, fisca-
preenchido pelo administrador. Tal preenchimento lizar e corrigir as condutas. Tais atos envolvem
deve ser feito motivadamente com base em fatos e delegação de competência, avocação de compe-
circunstâncias que somente o administrador pode tência, expedição de ordem de serviço e instru-
escolher. Contudo, tal escolha não é livre, os fatos ções específicas (de caráter não normativo).
e circunstâncias devem ser adequados (razoáveis e São exemplos: instruções, circulares, avisos, porta-
proporcionais) aos limites e intenções da lei. rias, ofícios, despachos administrativos, decisões
administrativas.
Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos 3) Atos negociais: são aqueles estabelecidos entre
administrativos se classificam em vinculados ou discri- Administração e administrado em consenso. Em
cionários. “Os atos vinculados são aqueles que tem o suma, o particular solicita e a Administração res-
procedimento quase que plenamente delineados em lei, ponde – daí haver uma certa bilateralidade, que,
enquanto os discricionários são aqueles em que o dispo- contudo, se difere da típica bilateralidade de negó-
sitivo normativo permite certa margem de liberdade para cios jurídicos de natureza civil, pois não existe uma
a atividade pessoal do agente público, especialmente no relação de contraprestação usual nos contratos.
que tange à conveniência e oportunidade, elementos Como são solicitados pelo particular, estes atos não
do chamado mérito administrativo. A discricionariedade são dotados do atributo da imperatividade. Geral-
como poder da Administração deve ser exercida con- mente, o poder público terá discricionariedade em
soante determinados limites, não se constituindo em op- atender ou não a solicitação (mas a negativa deve
ção arbitrária para o gestor público, razão porque, desde ser razoável).
há muito, doutrina e jurisprudência repetem que os atos São exemplos: licenças, autorizações, permissões, apro-
de tal espécie são vinculados em vários de seus aspectos, vações, vistos, dispensa, homologação, renúncia.
tais como a competência, forma e fim”13. 4) Atos enunciativos: são aqueles em que a Adminis-
tração certifica ou atesta um fato sem vincular ao
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

6. Atos administrativos em espécie seu conteúdo. São atos administrativos apenas no


sentido formal, pois não manifestam uma vontade
1) Atos normativos: são atos gerais e abstratos vi- da Administração, mas sim apenas declaram certa
sando a correta aplicação da lei. São exemplos: informação. Não possuem conteúdo decisório.
decretos, regulamentos, regimentos, resoluções, São exemplos: atestados, certidões, pareceres.
deliberações, entre outros. 5) Atos punitivos: são aqueles que emanam punições
A Administração, por intermédio da autoridade que aos servidores. Se insere no campo do poder dis-
tem o poder de editá-los, elabora normativas ciplinar. São exemplos: advertências, suspensões,
buscando explicar e especificar um comando já cassações e destituições.
contido em lei. Não cabe inovar nestas norma-
tivas, pois não cabe ao Executivo legislar. Caso o
Executivo transcenda seus poderes, o Legislativo
poderá sustar o ato.

13 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_ 14 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São


link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3741 Paulo: Saraiva, 2011.

24
Parecer: responsabilidade do emissor 2. (CGM de João Pessoa-PB - Conhecimentos Básicos
- CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo a atribu-
Para entender a controvérsia, basta pensar que se, por tos, espécies e anulação dos atos administrativos.
um lado, se os atos administrativos são apenas aqueles Regulamento e ordem de serviço são exemplos, respec-
que exteriorizam uma declaração de vontade do Estado, tivamente, de ato administrativo normativo e de ato ad-
estariam em regra excluídos os atos de juízo, conhecimen- ministrativo ordinatório.
to e opinião; por outro lado, se os atos administrativos
abrangem toda declaração do Estado, teoricamente po- ( ) CERTO ( ) ERRADO
deriam ser englobados os atos de juízo, conhecimento e
opinião. Os pareceres nada mais são do que atos que ex- Resposta: Certo. Regulamento tem por fim discipli-
teriorizam juízos, conhecimentos ou opiniões. nar o cumprimento de uma lei, possuindo generalida-
É possível classificar os pareceres em: parecer facultati- de e abstração, sendo assim um ato normativo. Já a
vo, quando faculta algo a alguém (geralmente autoridade ordem de serviço visa determinar a um servidor que
superior a inferior), não sendo obrigatória nem a sua soli- exerça determinada atividade de sua alçada, caracte-
citação e nem que se siga a opinião emanada; parecer téc- rizando-se por sua especificidade e pela relevância no
nico, que se diferencia do facultativo apenas no aspecto exercício do poder hierárquico pela Administração,
de emanar de um agente especializado, com habilidade sendo assim um ato ordinatório.
técnica específica, sem relação de hierarquia; parecer obri-
gatório, cuja lei obriga a sua solicitação, mas não há obri-
gação em se seguir a opinião emanada; parecer normati- AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES E
vo, cujo caráter se torna genérico e abstrato como uma lei; CLASSIFICAÇÃO; DIREITOS, DEVERES E
parecer vinculante, que nada mais é do que um parecer PRERROGATIVAS; CARGO, EMPREGO E
de solicitação obrigatória e cuja opinião necessariamente FUNÇÕES PÚBLICAS; REGIME JURÍDI-
deve ser seguida. CO ÚNICO: PROVIMENTO, VACÂNCIA,
Quanto à responsabilização daquele que emitiu o pa- REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E SUBS-
recer, deverá ser considerada a natureza do parecer para
TITUIÇÃO; DIREITOS E VANTAGENS;
determinar se há ou não responsabilidade solidária. No
caso em que o parecer não vincula o administrador, po- REGIME DISCIPLINAR ; RESPONSABILI-
dendo este praticar o ato seguindo ou não o posiciona- DADE CIVIL, CRIMINAL E ADMINISTRA-
mento defendido e sugerido por quem emitiu o parecer, TIVA
este não pode ser considerado responsável solidariamen-
te com o agente que possui a competência e atribuição
Conceito
para o ato administrativo decisório. Contudo, no caso de
parecer vinculante, há responsabilidade solidária15.
Agente público é expressão que engloba todas as
pessoas lotadas na Administração, isto é, trata-se daque-
les que servem ao Poder Público. “A expressão agente
EXERCÍCIOS COMENTADOS público tem sentido amplo, significa o conjunto de pes-
soas que, a qualquer título, exercem uma função públi-
ca como prepostos do Estado. Essa função, é mister que
1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018) se diga, pode ser remunerada ou gratuita, definitiva ou
Julgue o item a seguir, relativo aos atos administrativos. transitória, política ou jurídica. O que é certo é que, quan-
São exemplos de atos administrativos normativos os de- do atuam no mundo jurídico, tais agentes estão de algu-
cretos, as resoluções e as circulares. ma forma vinculados ao Poder Público. Como se sabe, o
Estado só se faz presente através das pessoas físicas que
( ) CERTO ( ) ERRADO em seu nome manifestam determinada vontade, e é por
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

isso que essa manifestação volitiva acaba por ser imputa-


Resposta: Errado. Os atos normativos são aqueles da ao próprio Estado. São todas essas pessoas físicas que
que tem por objetivo definir os parâmetros de execu- constituem os agentes públicos”16.
ção da lei e, como ela, possuem generalidade e abs- Neste sentido, o artigo 2º da Lei nº 8.429/92 (Lei de
tração. Consideram-se atos normativos os decretos e Improbidade Administrativa):
as resoluções. Contudo, as circulares, cujo propósito Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
é circular uma informação interna importante ao de- todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
sempenho das funções do órgão, orientando seus sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
servidores, carecem de generalidade e abstração, contratação ou qualquer outra forma de investidura
inserindo-se na categoria de atos ordinatórios, cujo ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas enti-
propósito é viabilizar o exercício do poder hierárqui- dades mencionadas no artigo anterior.
co, disciplinando o funcionamento da administração Quanto às entidades as quais o agente pode estar
e a atuação dos agentes. vinculado, tem-se o artigo 1º da Lei nº 8.429/92:
15 CRISTóVAM, José Sérgio da Silva; MICHELS, Charliane. O parecer
jurídico e a atividade administrativa: Aspectos destacados acerca
da natureza jurídica, espécies e responsabilidade do parecerista. 16 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 101, jun. 2012. trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

25
Os atos de improbidade praticados por qualquer agen- Natureza jurídica da relação de emprego público
te público, servidor ou não, contra a administração dire-
ta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes O servidor público de sociedade de economia mista e
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Muni- de empresa pública não se sujeita a Estatuto, mas sim à
cípios, de Território, de empresa incorporada ao pa- Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Em suma, não
trimônio público ou de entidade para cuja criação ou são estatutários e sim celetistas. Logo, a natureza jurídi-
custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais ca da relação de emprego público é contratual, embo-
de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, ra o vínculo tenha natureza pública. Inclusive, eventuais
serão punidos na forma desta lei. conflitos trabalhistas são resolvidos perante a justiça do
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades trabalho.
desta lei os atos de improbidade praticados contra o Apesar disso, são contratados mediante concurso pú-
patrimônio de entidade que receba subvenção, ben- blico de provas ou provas e títulos, pois mesmo as em-
efício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão públi- presas públicas e as sociedades de economia mista são
co bem como daquelas para cuja criação ou custeio obrigadas a respeitar um núcleo obrigatório mínimo, que
o erário haja concorrido ou concorra com menos de envolve o dever de contratar apenas por concurso.
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita an-
ual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à #FicaDica
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
públicos. Empregado público é celetista – Sujeita-se à
CLT – Relação contratual
Espécies e classificação; cargo, emprego e função Servidor público é estatutário – Sujeita-se à
respectiva lei especial – Relação estatutária
Os agentes públicos subdividem-se em:
a) agentes políticos – “são os titulares dos cargos es-
truturais à organização política do País [...], Presi- REGIME JURÍDICO ÚNICO: PROVIMENTO, VA-
dente da República, Governadores, Prefeitos e res- CANCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E SUBS-
pectivos vices, os auxiliares imediatos dos chefes TITUIÇÃO
de Executivo, isto é, Ministros e Secretários das di-
versas pastas, bem como os Senadores, Deputados
Federais e Estaduais e os Vereadores”17. O agente 3. Ausência de competência: agente de fato
político é aquele detentor de cargo eletivo, eleito
por mandatos transitórios. O agente precisa estar legitimamente investido num
b) servidores públicos, que se dividem em funcioná- cargo para praticar um ato administrativo, isto é, deve
rio público, empregado público e contratados em ter competência para tanto. Contudo, existe a situação
caráter temporário. Os servidores públicos formam do agente de fato, que é aquele em relação ao qual a
a grande massa dos agentes do Estado, desenvol- investidura está maculada de um defeito.
vendo variadas funções. O funcionário público é o Di Pietro18 exemplifica tal situação: “falta de requisito
tipo de servidor público que é titular de um cargo, legal para investidura, como certificado de sanidade ven-
se sujeitando a regime estatutário (previsto em es- cido; inexistência de formação universitária para função
tatuto próprio, não na CLT). O empregado público que a exige, idade inferior ao mínimo legal; o mesmo
é o tipo de servidor público que é titular de um ocorre quando o servidor está suspenso do cargo, ou
emprego, sujeitando-se ao regime celetista (CLT). exerce funções depois de vencido o prazo de sua contra-
Tanto o funcionário público quanto o emprega- tação, ou continua em exercício após a idade-limite para
do público somente se vinculam à Administração aposentadoria compulsória”.
mediante concurso público, sendo nomeados em Essa ilegalidade gera efeitos na competência do ato
caráter efetivo. Contratados em caráter temporário administrativo, mas não pode ser confundida com o cri-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

são servidores contratados por um período certo e me de usurpação de função (art. 328, CP), no qual o su-
determinado, por força de uma situação de excep- jeito exerce uma atribuição de cargo, emprego ou função
cional interesse público, não sendo nomeados em pública, sem ocorrer nenhuma forma de investidura. No
caráter efetivo, ocupando uma função pública. caso do agente de fato, há investidura, mas ela se deu
c) particulares em colaboração com o Estado – são sem os devidos requisitos.
agentes que, embora sejam particulares, executam Quanto aos atos praticados pelo agente de fato, a
funções públicas especiais que podem ser qualifi- doutrina majoritária considera-os válidos, por causa da
cadas como públicas. Ex.: mesário, jurado, recruta- aparência de conformidade com a lei e em preservação
dos para serviço militar. da boa-fé dos administrados. Entretanto, será necessá-
rio ponderar no caso concreto, utilizando como vetores
a segurança jurídica e a boa-fé da população, bem como
observando se a falta de competência não poderia ser
facilmente detectada.

17 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administra- 18 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed.
tivo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. São Paulo: Atlas editora, 2010.

26
3.1. Exigência de concurso público para investidu- tos ali previstos, exceto os de natureza previdenciária; se
ra em cargo ou emprego público for celetista, seguirá as normas da CLT e terá os mesmos
direitos ali assegurados, inclusive FGTS.
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego
público depende de aprovação prévia em concurso
público de provas ou de provas e títulos, de acordo #FicaDica
com a natureza e a complexidade do cargo ou empre- Servidor que ocupe cargo em comissão ja-
go, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomea- mais adquire estabilidade.
ções para cargo em comissão declarado em lei de Pode ser exonerado a qualquer tempo.
livre nomeação e exoneração. Não se sujeita a regime estatutário – contri-
Neste sentido, preconiza o artigo 10 da Lei nº bui pelo INSS e se sujeita à CLT.
8.112/1990:
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de
carreira ou cargo isolado de provimento efetivo de- 4.1. Servidor efetivo e vitalício: garantias
pende de prévia habilitação em concurso público de
provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de O servidor público efetivo, aquele que foi provido
classificação e o prazo de sua validade. em cargo mediante nomeação seguida da aprovação em
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso concurso público, está apto a adquirir estabilidade, nos
e o desenvolvimento do servidor na carreira, median- moldes do artigo 41, CF, após três anos de efetivo exer-
te promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as cício.
diretrizes do sistema de carreira na Administração Pú- Os primeiros 3 anos de serviço correspondem ao es-
blica Federal e seus regulamentos. tágio probatório, período em que o servidor deverá ser
submetido a uma avaliação especial de desempenho.
No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos Nos moldes do artigo 41, §1º, CF, o servidor apenas
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua perderá o cargo em virtude de sentença judicial transita-
atividade profissional também é considerado. da em julgado, mediante processo administrativo em que
Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não lhe seja assegurada ampla defesa ou mediante procedi-
exige concurso público, sendo exceção à regra geral. mento de avaliação periódica de desempenho, na forma
Em todas outras situações, a administração direta e de lei complementar, assegurada ampla defesa. Logo, é
indireta é obrigada a prover seus cargos, empregos e possível a perda do cargo mesmo após adquirir a estabi-
funções por meio de concursos públicos. Inclusive, por lidade, mas há garantias quanto à forma como isso pode
mais que empresas públicas e sociedades de economia ocorrer.
mista sejam pessoas jurídicas de direito privado, devem Além das hipóteses citadas, existe mais uma possibi-
respeitar o núcleo mínimo de imposições ao poder pú- lidade de perda de cargo (sem caráter punitivo), mesmo
blico, inclusive a obrigação de prover seus empregos por que o seu detentor seja estável no serviço público. Tra-
meio de concurso público. ta-se da perda de cargo para adequação dos gastos do
Estado à Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF.
A Constituição Federal inicialmente impõe que os en-
#FicaDica tes federativos, no caso de extrapolação dos limites de
Todas entidades da administração direta e gastos previstos na LRF, reduzam as despesas com servi-
indireta devem realizar concurso público para dores públicos comissionados e não estáveis, conforme
contratar funcionários públicos. art. 169, §3º, CF. Mas se as medidas previstas no §3º do
Exceção: cargo em comissão, baseado em art. 169 não forem suficientes para adequar e controlar
confiança. as despesas públicas, a CF/88 prevê, em seu §4º, a perda
do cargo até mesmo na hipótese em que o seu ocupante
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

detenha estabilidade no serviço público. Se ocorrer esta


4. Servidor ocupante de cargo em comissão hipótese, o servidor estável que perder o cargo terá direi-
to a indenização correspondente a 1 mês de remuneração
Os cargos em comissão são de nomeação livre, dis- por ano de serviço público.
pensando concurso público. Existem alguns servidores públicos efetivos que não
O ocupante de cargo em comissão não precisa ser possuem apenas estabilidade, mas sim vitaliciedade. São
titular de cargo efetivo. eles os membros do Poder Judiciário e do Ministério Pú-
Serve para cargos de chefias, assessoramento e dire- blico (artigo 95, I, CF; artigo 128, §5º, I, “a”, CF).
ção, notadamente, cargos de confiança. O prazo para a aquisição da vitaliciedade é diferente
Os servidores que ocupam cargo em comissão po- do prazo para aquisição da estabilidade, sendo adquirida
dem ser exonerados a qualquer tempo, pois não adqui- após 2 anos de serviço público. Durante esse período,
rem estabilidade e nem as garantias que dela decorrem também é submetido o servidor a “estágio probatório”,
(exonerado “ad nutum”). chamado de processo de vitaliciamento.
Quanto ao regime de trabalho, será o mesmo dos de-
mais servidores do órgão em que ocupa o cargo – se for
estatutário, seguirá o mesmo estatuto e fará jus aos direi-

27
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exer-
#FicaDica cer quaisquer cargos de provimento em comissão
Apenas o servidor público efetivo pode se ou funções de direção, chefia ou assessoramento no
tornar estável. órgão ou entidade de lotação, e somente poderá ser
A estabilidade depende de aprovação no cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos
estágio probatório, cujo período é de 3 anos. de Natureza Especial, cargos de provimento em co-
missão do Grupo-Direção e Assessoramento Superi-
ores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente
Estágio probatório poderão ser concedidas as licenças e os afastamen-
tos previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96,
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a bem assim afastamento para participar de curso de
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: formação decorrente de aprovação em concurso
para outro cargo na Administração Pública Federal.
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
exercício os servidores nomeados para cargo de licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84,
provimento efetivo em virtude de concurso públi- § 1º, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação
co. em curso de formação, e será retomado a partir do
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: término do impedimento.
I -  em virtude de sentença judicial transitada em
julgado; O estágio probatório pode ser definido como um lap-
II -  mediante processo administrativo em que lhe so de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor
seja assegurada ampla defesa; serão avaliadas de acordo com critérios de assiduidade,
III -  mediante procedimento de avaliação periódica disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade e res-
de desempenho, na forma de lei complementar, as- ponsabilidade. O servidor não aprovado no estágio pro-
segurada ampla defesa. batório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao
§ 2º  Invalidada por sentença judicial a demissão do cargo anteriormente ocupado. Não existe vedação para um
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual servidor em estágio probatório exercer quaisquer cargos de
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em assessoramento no órgão ou entidade de lotação.
outro cargo ou posto em disponibilidade com remu- Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a dis-
neração proporcional ao tempo de serviço. ciplina do estágio probatório mudou, notadamente au-
§ 3º  Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi- mentando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista
dade, o servidor estável ficará em disponibilidade, que a norma constitucional prevalece sobre a lei federal,
com remuneração proporcional ao tempo de serviço, mesmo que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir
até seu adequado aproveitamento em outro cargo. o disposto no artigo 41 da Constituição Federal.
§ 4º  Como condição para a aquisição da estabilidade, Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató-
é obrigatória a avaliação especial de desempenho rio, o servidor público somente poderá ser exonerado
por comissão instituída para essa finalidade. nos casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal,
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o notadamente: em virtude de sentença judicial transitada
servidor nomeado para cargo de provimento efetivo em julgado; mediante processo administrativo em que
ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 lhe seja assegurada ampla defesa; ou mediante procedi-
(vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão mento de avaliação periódica de desempenho, na forma
e capacidade serão objeto de avaliação para o desem- de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo
penho do cargo, observados os seguinte fatores: esta lei complementar ainda inexistente no âmbito fe-
I - assiduidade; deral).
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - disciplina;
III - capacidade de iniciativa; Formas de provimento e vacância dos cargos pú-
IV - produtividade; blicos
V - responsabilidade.
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do es- Provimento é o preenchimento do cargo público; ao
tágio probatório, será submetida à homologação da passo que vacância é a sua desocupação.
autoridade competente a avaliação do desempenho
do servidor, realizada por comissão constituída para O provimento pode se dar de forma originária ou de-
essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou rivada.
o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem De forma originária, o provimento pressupõe que não
prejuízo da continuidade de apuração dos fatores exista uma relação jurídica anterior entre servidor público
enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo. e Administração.
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório A única forma de provimento originário é a nomea-
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo ção, que pode ser em caráter efetivo (mediante aprova-
anteriormente ocupado, observado o disposto no ção em concurso) ou em comissão (tratando-se de cargo
parágrafo único do art. 29. de confiança).

28
De forma derivada, o provimento pressupõe que exis-
ta uma relação jurídica anterior entre servidor público e EXERCÍCIOS COMENTADOS
Administração.
Pode se dar de diversas formas: promoção, readap-
1.(EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018)
tação, reversão, aproveitamento, reintegração e recon-
Acerca do regime jurídico dos servidores públicos fede-
dução.
rais, julgue o item a seguir.
Promoção é a elevação de um servidor de uma classe
A promoção não constitui forma de provimento em car-
para outra dentro de uma mesma carreira.
go público.
Readaptação é a passagem do servidor para outro
cargo compatível com a deficiência física que ele venha
( ) CERTO ( ) ERRADO
a apresentar.
Reversão é o retorno ao serviço ativo do servidor
Resposta: Errado - A promoção é uma forma deriva-
aposentado por invalidez quando insubsistentes os mo-
da de provimento do cargo público, acessível àqueles
tivos da aposentadoria.
que estão na carreira e vão galgar novo degrau em
Aproveitamento é o retorno ao serviço ativo do ser-
cargo de nível superior ao ocupado no momento.
vidor que se encontrava em disponibilidade e foi apro-
veitado em cargo semelhante àquele anteriormente ocu-
2. (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - CES-
pado.
PE/2018)
Reintegração é o retorno ao serviço ativo do servi-
Julgue o seguinte item de acordo com as disposições
dor que fora demitido, quando a demissão for anulada
constitucionais e legais acerca dos agentes públicos.
administrativamente ou judicialmente, voltando para o
A investidura em cargo, emprego ou função pública exi-
mesmo cargo que ocupava anteriormente.
ge a prévia aprovação em concurso público de provas ou
Recondução é o retorno ao cargo anteriormente ocu-
de provas e títulos, na forma prevista em lei.
pado, do servidor que não logrou êxito no estágio pro-
batório de outro cargo para o qual foi nomeado decor-
( ) CERTO ( ) ERRADO
rente de outro concurso.
Obs.: São consideradas formas inconstitucionais de
Resposta: Errado - A função pública é exercida por
provimento a transferência, que era a passagem de um
servidores contratados temporariamente com base no
servidor de um quadro para outro dentro de um mesmo
artigo 37, IX, CF, não dependendo de concurso. Des-
poder, e a ascensão, que significava a passagem de uma
taca-se que o artigo 37, II, CF, prevê: “a investidura
carreira para outra.
em cargo ou emprego público depende de aprovação
Em relação às formas de vacância, que ocorre quando
prévia em concurso público de provas ou de provas e
o cargo púbico anteriormente ocupado fica livre, colo-
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
cam-se: falecimento, aposentadoria, promoção, demis-
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressal-
são, exoneração, readaptação, posse em outro cargo cuja
vadas as nomeações para cargo em comissão declara-
acumulação seja vedada.
do em lei de livre nomeação e exoneração”.

3. (STM - Técnico Judiciário - Administrativa - CES-


#FicaDica PE/2018)
Acerca do direito administrativo, dos atos administrati-
Vacância = liberação do cargo que antes se
vos e dos agentes públicos, julgue o item a seguir.
encontrava ocupado/provido.
Em que pese ocuparem cargos eletivos, as pessoas físi-
Provimento = preenchimento do cargo vago,
cas que compõem o Poder Legislativo são consideradas
podendo ser originário ou derivado.
agentes públicos. CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

( ) CERTO ( ) ERRADO
Direitos, deveres e responsabilidades dos servido-
res públicos civis
Resposta: Certo - Existem três espécies de agentes
públicos: agentes políticos, agentes administrativos
No âmbito federal, são objeto da Lei nº 8.112/1990,
(entram aqui os servidores e empregados públicos)
que institui o regime jurídico dos servidores públicos ci-
e particulares em colaboração com o Estado. Aqueles
vis federais.
que ocupam cargo eletivo, exercendo assim manda-
to, são agentes políticos, espécie do gênero agente
público.

29
No que tange as formas de prestação de serviços, há
SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO, CLAS- quatro, que são: forma centralizada, descentralizada, ou-
SIFICAÇÃO, REGULAMENTAÇÃO E CON- torga, delegação e forma desconcentrada.
TROLE; FORMA, MEIOS E REQUISITOS,
DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, PERMISSÃO, Delelgação - Concessão, permissão, autorização e
AUTORIZAÇÃO. CONTROLE E RESPONSA- delegação; serviços delegados.
BILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO: CON-
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
TROLE ADMINISTRATIVO; CONTROLE
diretamente ou sob regime de concessão ou permis-
JUDICIAL; CONTROLE LEGISLATIVO; RES- são, sempre através de licitação, a prestação de ser-
PONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO viços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permis-
CONCEITO
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as con-
Segundo Hely Lopes Meirelles “serviço público é todo
dições de caducidade, fiscalização e rescisão da con-
aquele prestado pela Administração ou por seus delega-
cessão ou permissão;
dos, sob normas e controles estatais, para satisfazer ne-
II - os direitos dos usuários;
cessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou
III - política tarifária;
simples conveniência do Estado”. São exemplos de ser-
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
viços públicos: o ensino público, o de polícia, o de saúde
pública, o de transporte coletivo, etc.
O referido artigo dispõe que a prestação dos serviços
públicos é de titularidade da Administração Pública, po-
CLASSIFICAÇÃO:
dendo ser centralizada ou descentralizada. Sempre que
• de utilidade pública;
a prestação do serviço público for descentralizada, por
• próprios do Estado;
meio de concessão ou permissão, deverá ser precedida
• impróprios do Estado;
de licitação. As duas figuras, concessão ou permissão,
• administrativos;
surgem como instrumentos que viabilizam a descentrali-
• industriais;
zação dos serviços públicos, atribuindo-os para terceiros,
• gerais;
são reguladas pela Lei nº 8.987/95.
• individuais.
Assim, a titularidade de um serviço público é sempre
da Administração Pública, que possui competência para
REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE:
fixar as regras de execução do serviço e para fiscalizar o
cumprimento das mesmas, aplicando sanções em caso
A regulamentação e o controle do serviço público ca-
de descumprimento.
bem sempre ao Poder Público, o qual tem a possibilida-
A Administração Pública pode decidir executar ela
de de modificação unilateral das cláusulas da concessão,
mesma um serviço público através de órgãos que inte-
permissão ou autorização. Há um poder discricionário de
gram a sua Administração direta; ou então fazê-lo através
revogar a delegação, respondendo, conforme o caso, por
de uma pessoa que integre a sua Administração indireta
indenização.
(autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
mista e fundações públicas); além de poder resolver que
FORMAS, MEIOS E REQUISITOS
a execução do serviço público será transferida a particu-
lares, cabendo escolher quem deles reúne a melhor con-
São os requisitos do serviço e direito dos usuários. O
dição por meio de licitação, isto é, permissão, concessão
primeiro deles é a permanência, que impõe a continuida-
e autorização de serviço.
de do serviço. Em seguida o requisito da generalidade,
Os particulares, no máximo, assumem a execução do
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

segundo ele, os serviços devem ser prestado igualmente


serviço, mediante delegação do poder público. Logo, a
para toda a coletividade. Logo após, vem o requisito da
prestação pode ser centralizada quando a própria Admi-
eficiência, que exige a atualização do serviço. Há ainda
nistração Pública executa os serviços, ou descentralizada
a modicidade, segunda a qual, as tarifas cobradas dos
quando a Administração Pública passa a execução para
usuários deve ser de valor razoável e por último a cor-
terceiros. Esses terceiros podem estar dentro ou fora da
tesia, segundo tal requisito, o tratamento com o público
Administração Direta.
deve ser oferecido com presteza.
Em caso de descumprimento de um dos requisitos
supra mencionado, o usuário do serviço tem o direito de
recorrer ao Judiciário e exigir a correta prestação. Nes-
te diapasão, destaca-se greve de servidores não pode
suplantar o direito dos usuários dos serviços essenciais,
que são aqueles que por sua natureza, colocam a vida,
sobrevivência ou segurança da população em risco se
ausentes.

30
Subconcessão
#FicaDica
Forma direta – próprio Estado; Conforme artigo 26, é a transferência do objeto da con-
Forma indireta – delegação por contrato: cessão para terceiros, sujeitando-se aos seguintes limites:
Concessão; autorização ou concordância do poder constituinte, previ-
Permissão; são contratual e licitação. Ocorre a sub-rogação de direitos
Autorização; e obrigações perante a Administração Pública. A subcon-
Forma indireta – delegação legal (empresas cessão pode ser parcial.
públicas e sociedades de economia mista).
Conceito de serviço público

Serviços indelegáveis Serviço público é todo aquele prestado pela administra-


ção ou por particulares debaixo de regras de direito público
Existem serviços próprios do Estado, que são aque- para a preservação dos interesses da coletividade. A titula-
les que se relacionam intimamente com as atribuições ridade da prestação de um serviço público sempre será da
do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde Administração Pública, somente podendo ser transferido
públicas etc.) e para a execução dos quais a Administra- a um particular a execução do serviço público. As regras
ção usa da sua supremacia sobre os administrados, os serão sempre fixadas unilateralmente pela Administração,
quais não podem ser delegados a particulares. Tais servi- independentemente de quem esteja executando o servi-
ços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou ço público. Qualquer contrato administrativo aos olhos do
particular é contrato de adesão.
de baixa remuneração.
Com efeito, quem presta o serviço público pode ser a
Todos os serviços públicos que não são próprios do
Administração ou um particular, fazendo-o sob regras de
Estado são delegáveis.
direito público e com vistas a preservar o interesse público.
Descentralização: concessão e permissão (art. 2º,
Caracteres jurídicos
Lei nº 8.987/95)
Somente por regras de direito público é possível prestar
Concessão de Serviço Público: é a delegação da pres- serviços públicos. Para distinguir quais serviços são públi-
tação do serviço público feita pelo poder concedente, cos e quais não, deve-se utilizar as regras de competência
mediante licitação na modalidade concorrência, à pes- dispostas na Constituição Federal. Sempre que não houver
soa jurídica ou consórcio de empresas que demonstrem definição constitucional a respeito, devem-se observar as
capacidade de desempenho por sua conta e risco, com regras que incidem sobre aqueles serviços, bem como o re-
prazo determinado. Essa capacidade de desempenho é gime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo regras
averiguada na fase de habilitação da licitação. Qualquer de direito público, será serviço público; sendo regras de di-
prejuízo causado a terceiros, no caso de concessão, será reito privado, será serviço privado.
de responsabilidade do concessionário – que responde
de forma objetiva (art. 37, § 6.º, da CF) tendo em vista a Classificação
atividade estatal desenvolvida, respondendo a Adminis-
tração Direta subsidiariamente. Trata-se de uma espécie Meirelles19 apresenta a seguinte classificação dos servi-
de contrato administrativo. ços públicos:
Permissão de Serviço Público: é a delegação a título
precário, mediante licitação feita pelo poder concedente a) Quanto à essencialidade:
à pessoa física ou jurídica que demonstrem capacidade - serviços públicos propriamente ditos – são aqueles
de desempenho por sua conta e risco. Trata-se de um ato prestados diretamente pela Administração para a
administrativo precário, que pode ser desfeito a qualquer comunidade, por reconhecer a sua essencialidade e
momento.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

necessidade de grupo social. São privativos do Poder


Público.
Responsabilidade civil - serviços de utilidade pública – são os que a Admi-
nistração, reconhecendo a sua conveniência para
Nos termos do artigo 25, quem responde é o conces- a coletividade, presta-os diretamente ou aquiesce
sionário/permissionário. Responde por danos causados que sejam prestados por terceiros.
ao poder concedente, aos usuários e a terceiros. Deve-se
privilegiar a atividade que causou o dano (serviço públi- b) Quanto aos destinatários:
co), independente da vítima ser ou não usuária do servi- - serviços gerais ou uti universi – são aqueles que
ço. Em regra, a responsabilidade é objetiva, não cabendo a Administração presta sem ter usuários determi-
provar a culpa ou dolo, bastando a prova do nexo de nados para atender à coletividade no seu todo.
causalidade, do dano e da ação (artigo 37, §6º, CF), à ex- Ex.: iluminação pública. São indivisíveis, isto é, não
ceção dos casos de omissão, em que a responsabilidade mensuráveis. Daí por que devem ser mantidos por
é subjetiva. tributo, e não por taxa ou tarifa.

19 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasilei-


ro. São Paulo: Malheiros, 1993.

31
- serviços individuais ou uti singuli – são os que oportunidade de pagamento antes da interrupção,
possuem usuários determinados e utilização par- bem como de defesa, alegando que não deve, que
ticular e mensurável para cada destinatário. São deve menos ou que precisa parcelar).
remunerados por taxa ou tarifa.
Tarifa módica é aquela acessível ao usuário comum
Princípios aplicáveis do serviço.
O art. 22 do Código de Defesa do Consumidor dis-
a) Princípio da adaptabilidade: impõe a atualização e põe que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
modernização na prestação do serviço público; concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
b) Princípio da universalidade: significa que os servi- forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
ços devem ser estendidos a todos administrados; serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
c) Princípio da impessoalidade: determina a vedação essenciais, contínuos”. Tem-se, então, um conflito entre
de discriminações entre os usuários; a Lei n. 8.987/95 e o Código de Defesa do Consumidor
d) Princípio da continuidade: impossibilidade de in- (Lei n. 8.078/90). Se fossem seguidas as regras de inter-
terrupção; pretação, a Lei n. 8.987/95 prevaleceria sobre o Código
e) Princípio da modicidade das tarifas: impõe tarifas de Defesa do Consumidor por ser posterior e especial. Os
módicas aos usuários; Tribunais, entretanto, entendem que se o serviço é essen-
f) Princípio da cortesia: prevê que os usuários devem cial, a prestação deve ser contínua, prevalecendo, então,
ser tratados com urbanidade; o disposto no art. 22 do Código de Defesa do Consumi-
g) Princípio da eficiência: estabelece que o serviço dor. Assim, os serviços essenciais não podem ser inter-
público deve ser prestado de maneira satisfatória rompidos por inadimplemento.
ao usuário;
h) Princípio da segurança: o serviço não pode ser pres- Política tarifária
tado de forma que coloque em risco a vida dos
usuários. A tarifa surge como a principal fonte de arrecadação
do concessionário/permissionário. É através dela que se
Continuidade da Prestação do Serviço Público garante a margem de lucro. Tarifa não é tributo, se o fos-
se, sobre ela incidiriam todos os princípios constitucio-
Entre as regras do regime jurídico público, destaca- nais tributários, o que não ocorre.
-se o princípio da continuidade de sua prestação. Ninguém fixa o valor inicial, é automático e pré-es-
Num contrato administrativo, quando o particular tabelecido na licitação. O poder público que autoriza o
descumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se é aumento, mas o aumento não pode permitir que o valor
a Administração, entretanto, que descumpre suas obri- deixe de ser módico.
gações, o particular não pode rescindir o contrato, tendo
em vista o princípio da continuidade da prestação. Usuário do serviço público

Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar O art. 7.º estabelece um rol de seis situações que tra-
à Administração Pública uma prerrogativa que não exis- tam dos direitos e obrigações do usuário sem prejuízo
te para o particular, colocando-a em uma posição supe- dos previstos no Código de Defesa do Consumidor. É um
rior em razão da supremacia do interesse público. rol exemplificativo, incluindo-se outros, como: direito do
Quanto à continuidade da prestação do serviço públi- consumidor (artigo 5º, XXXII, CF); direito de obter dos ór-
co e o direito de greve, destaca-se que apesar da previ- gãos públicos informações de interesse particular, coleti-
são constitucional de que somente lei específica poderia vo ou geral (artigo 5º, XXXIII, CF); mandado de segurança
definir os termos e limites deste direito no setor público para proteger direito líquido e certo em caráter residual
e afins, diante da ausência de previsão, deve-se aplicar a (artigo 5º, LXIX, CF).
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lei geral que regula o direito de greve. Contudo, a greve


total é inconstitucional, devendo-se manter serviços mí- Extinção
nimos à população.
As causas de extinção estão descritas no artigo 35:
termo, que é o término do prazo descrito; encampação,
Prestação de serviço adequado
que é a extinção por razões de interesse público; cadu-
cidade, que é a extinção por descumprimento de obri-
O serviço deve ser regular, contínuo, eficaz, seguro,
gações pelo concessionário; rescisão, que é a extinção
módico, atual e cortês. O princípio básico é o da con-
durante a vigência pelo descumprimento das obrigações
tinuidade dos serviços públicos; entretanto, a prestação
pelo poder público; anulação, que é a extinção por força
poderá ser interrompida em duas hipóteses (art. 6.º, § 3º): da configuração de ilegalidade; falência, que é a extinção
- em situação de emergência, como no caso de atos por conta de falta de condições financeiras para conti-
de vandalismo de terceiros; nuar arcando com as obrigações do contrato; e morte,
- com aviso prévio, por razões de ordem técnica ou que é o falecimento da parte contratada em contrato
de segurança das instalações e em caso de inadim- personalíssimo.
plemento do usuário (no caso de inadimplemen-
to, o usuário deve ser notificado, conferindo-se a

32
Reassunção e reversão quaisquer obras de interesse público, delegada pelo po-
Reassunção, que é a retomada da execução de um der concedente, mediante licitação, na modalidade de
serviço público pelo poder público uma vez extinta a concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empre-
concessão. sas que demonstre capacidade para a sua realização,
Reversão, que é a transferência de bens utilizados du- por sua conta e risco, de forma que o investimento da
rante a concessão para o patrimônio público a partir da concessionária seja remunerado e amortizado median-
extinção da concessão. te a exploração do serviço ou da obra por prazo deter-
minado;
Permissão e autorização IV - permissão de serviço público: a delegação, a
título precário, mediante licitação, da prestação de
Serviços concedidos são aqueles que o particular exe- serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa
cuta em seu nome, por sua conta e risco, remunerados por física ou jurídica que demonstre capacidade para seu de-
tarifa. A concessão dá-se por meio de contrato. sempenho, por sua conta e risco.
Os serviços permitidos são aqueles aos quais a Admi- Art. 3º As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fis-
nistração estabelece os requisitos para a sua prestação ao calização pelo poder concedente responsável pela
público e, por ato unilateral (termo de permissão), comete delegação, com a cooperação dos usuários.
a execução aos particulares que demonstrarem capacidade Art. 4º A concessão de serviço público, precedida ou
para seu desempenho. A permissão é unilateral, precária e não da execução de obra pública, será formalizada me-
discricionária. Serve para serviços de utilidade pública. diante contrato, que deverá observar os termos desta
Por fim temos os serviços autorizados que são aqueles Lei, das normas pertinentes e do edital de licitação.
que o Poder Público, por ato unilateral, precário e discri- Art. 5º O poder concedente publicará, previamente ao
cionário, consente na sua execução pelo particular para edital de licitação, ato justificando a conveniência da
atender a interesses coletivos instáveis ou a emergência outorga de concessão ou permissão, caracterizando
transitória. seu objeto, área e prazo.

Capítulo II
LEI Nº 8.987, DE 13 DE FEVEREIRO DE 1995 Do serviço adequado

Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a
prestação de serviço adequado ao pleno atendi-
prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Cons-
mento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei,
tituição Federal, e dá outras providências.
nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
regularidade, continuidade, eficiência, segurança,
atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação
Capítulo I e modicidade das tarifas.
Das disposições preliminares § 2º A atualidade compreende a modernidade das téc-
nicas, do equipamento e das instalações e a sua con-
Art. 1º As concessões de serviços públicos e de obras pú- servação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
blicas e as permissões de serviços públicos reger-se-ão § 3º Não se caracteriza como descontinuidade do
pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, por serviço a sua interrupção em situação de emergência
esta Lei, pelas normas legais pertinentes e pelas cláusu- ou após prévio aviso, quando:
las dos indispensáveis contratos. I - motivada por razões de ordem técnica ou de segu-
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal rança das instalações; e,
e os Municípios promoverão a revisão e as adapta- II - por inadimplemento do usuário, considerado o in-
ções necessárias de sua legislação às prescrições teresse da coletividade.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

desta Lei, buscando atender as peculiaridades das di-


versas modalidades dos seus serviços. Capítulo III
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: Dos direitos e obrigações dos usuários
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Fe-
deral ou o Município, em cuja competência se encon- Art. 7º Sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de 11
tre o serviço público, precedido ou não da execução de de setembro de 1990, são direitos e obrigações dos
obra pública, objeto de concessão ou permissão; usuários:
II - concessão de serviço público: a delegação de sua I - receber serviço adequado;
prestação, feita pelo poder concedente, mediante licita- II - receber do poder concedente e da concessionária in-
ção, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica formações para a defesa de interesses individuais
ou consórcio de empresas que demonstre capacidade ou coletivos;
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de esco-
para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
lha entre vários prestadores de serviços, quando for o
determinado;
caso, observadas as normas do poder concedente.
III - concessão de serviço público precedida da exe-
IV - levar ao conhecimento do poder público e da conces-
cução de obra pública: a construção, total ou parcial,
sionária as irregularidades de que tenham conhe-
conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de cimento, referentes ao serviço prestado;

33
V - comunicar às autoridades competentes os atos Capítulo V
ilícitos praticados pela concessionária na prestação Da licitação
do serviço;
VI - contribuir para a permanência das boas condi- Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedida
ções dos bens públicos através dos quais lhes são ou não da execução de obra pública, será objeto de
prestados os serviços. prévia licitação, nos termos da legislação própria e
Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de com observância dos princípios da legalidade, mo-
direito público e privado, nos Estados e no Distrito ralidade, publicidade, igualdade, do julgamento
Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor por critérios objetivos e da vinculação ao instru-
e ao usuário, dentro do mês de vencimento, o mento convocatório.
mínimo de seis datas opcionais para escolherem Art. 15. No julgamento da licitação será considerado
os dias de vencimento de seus débitos. um dos seguintes critérios:
I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser
Capítulo IV prestado;
Da política tarifária
II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder
Art. 8º (VETADO) concedente pela outorga da concessão;
Art. 9º A tarifa do serviço público concedido será fixa- III - a combinação, dois a dois, dos critérios referi-
da pelo preço da proposta vencedora da licitação dos nos incisos I, II e VII;
e preservada pelas regras de revisão previstas nes- IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no
ta Lei, no edital e no contrato. edital;
§ 1º A tarifa não será subordinada à legislação V - melhor proposta em razão da combinação dos
específica anterior e somente nos casos expres- critérios de menor valor da tarifa do serviço público
samente previstos em lei, sua cobrança poderá ser a ser prestado com o de melhor técnica;
condicionada à existência de serviço público alternati- VI - melhor proposta em razão da combinação
vo e gratuito para o usuário. dos critérios de maior oferta pela outorga da con-
§ 2º Os contratos poderão prever mecanismos de cessão com o de melhor técnica; ou
revisão das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio VII - melhor oferta de pagamento pela outorga
econômico-financeiro. após qualificação de propostas técnicas.
§ 3º Ressalvados os impostos sobre a renda, a cria- § 1º A aplicação do critério previsto no inciso III só
ção, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou será admitida quando previamente estabelecida no
encargos legais, após a apresentação da proposta, edital de licitação, inclusive com regras e fórmulas
quando comprovado seu impacto, implicará a re- precisas para avaliação econômico-financeira.
visão da tarifa, para mais ou para menos, conforme § 2º Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV,
o caso. V, VI e VII, o edital de licitação conterá parâmetros
§ 4º Em havendo alteração unilateral do contrato e exigências para formulação de propostas técnicas.
que afete o seu inicial equilíbrio econômico-finan- § 3º O poder concedente recusará propostas mani-
ceiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo, festamente inexequíveis ou financeiramente incom-
concomitantemente à alteração. patíveis com os objetivos da licitação.
Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do § 4º Em igualdade de condições, será dada preferên-
contrato, considera-se mantido seu equilíbrio eco- cia à proposta apresentada por empresa brasileira.
nômico-financeiro. Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não
Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada terá caráter de exclusividade, salvo no caso de
serviço público, poderá o poder concedente prever, em inviabilidade técnica ou econômica justificada no
favor da concessionária, no edital de licitação, a pos- ato a que se refere o art. 5º desta Lei.
sibilidade de outras fontes provenientes de recei- Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tas alternativas, complementares, acessórias ou que, para sua viabilização, necessite de vantagens
de projetos associados, com ou sem exclusividade, ou subsídios que não estejam previamente auto-
com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, ob- rizados em lei e à disposição de todos os concor-
servado o disposto no art. 17 desta Lei. rentes.
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste § 1º Considerar-se-á, também, desclassificada a pro-
artigo serão obrigatoriamente consideradas para a posta de entidade estatal alheia à esfera político-
aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do -administrativa do poder concedente que, para sua
contrato. viabilização, necessite de vantagens ou subsídios do
Art. 12. (VETADO) poder público controlador da referida entidade.
Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em fun- § 2º Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que
ção das características técnicas e dos custos es- trata este artigo, qualquer tipo de tratamento tri-
pecíficos provenientes do atendimento aos distintos butário diferenciado, ainda que em consequência
segmentos de usuários. da natureza jurídica do licitante, que comprometa a
isonomia fiscal que deve prevalecer entre todos os
concorrentes.

34
Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo com a proposta classificada em segundo lugar, e as-
poder concedente, observados, no que couber, os cri- sim sucessivamente, até que um licitante classificado
térios e as normas gerais da legislação própria sobre atenda às condições fixadas no edital;
licitações e contratos e conterá, especialmente: IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto
I - o objeto, metas e prazo da concessão; será adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e
II - a descrição das condições necessárias à presta- econômicas por ele ofertadas.
ção adequada do serviço; Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participa-
III - os prazos para recebimento das propostas, julga- ção de empresas em consórcio, observar-se-ão as
mento da licitação e assinatura do contrato; seguintes normas:
IV - prazo, local e horário em que serão forneci- I - comprovação de compromisso, público ou particu-
dos, aos interessados, os dados, estudos e projetos lar, de constituição de consórcio, subscrito pelas con-
necessários à elaboração dos orçamentos e apresen- sorciadas;
tação das propostas; II - indicação da empresa responsável pelo consórcio;
V - os critérios e a relação dos documentos exigidos III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos
para a aferição da capacidade técnica, da idoneidade V e XIII do artigo anterior, por parte de cada consor-
financeira e da regularidade jurídica e fiscal; ciada;
VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, IV - impedimento de participação de empresas con-
complementares ou acessórias, bem como as pro- sorciadas na mesma licitação, por intermédio de mais
venientes de projetos associados; de um consórcio ou isoladamente.
VII - os direitos e obrigações do poder concedente e § 1º O licitante vencedor fica obrigado a promover,
da concessionária em relação a alterações e expan- antes da celebração do contrato, a constituição e
sões a serem realizadas no futuro, para garantir a registro do consórcio, nos termos do compromisso
continuidade da prestação do serviço; referido no inciso I deste artigo.
VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa; § 2º A empresa líder do consórcio é a responsável
IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâme- perante o poder concedente pelo cumprimento do
tros a serem utilizados no julgamento técnico e eco- contrato de concessão, sem prejuízo da responsabi-
nômico-financeiro da proposta; lidade solidária das demais consorciadas.
Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que
X - a indicação dos bens reversíveis;
previsto no edital, no interesse do serviço a ser conce-
XI - as características dos bens reversíveis e as
dido, determinar que o licitante vencedor, no caso
condições em que estes serão postos à disposição, nos
de consórcio, se constitua em empresa antes da ce-
casos em que houver sido extinta a concessão anterior;
lebração do contrato.
XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus
Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos,
das desapropriações necessárias à execução do ser-
projetos, obras e despesas ou investimentos já efe-
viço ou da obra pública, ou para a instituição de servi-
tuados, vinculados à concessão, de utilidade para a
dão administrativa; licitação, realizados pelo poder concedente ou com
XIII - as condições de liderança da empresa res- a sua autorização, estarão à disposição dos inte-
ponsável, na hipótese em que for permitida a partici- ressados, devendo o vencedor da licitação ressarcir os
pação de empresas em consórcio; dispêndios correspondentes, especificados no edital.
XIV - nos casos de concessão, a minuta do respectivo Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção
contrato, que conterá as cláusulas essenciais referi- de certidão sobre atos, contratos, decisões ou pa-
das no art. 23 desta Lei, quando aplicáveis; receres relativos à licitação ou às próprias concessões.
XV - nos casos de concessão de serviços públicos pre-
cedida da execução de obra pública, os dados relati- Capítulo VI
vos à obra, dentre os quais os elementos do projeto Do contrato de concessão
básico que permitam sua plena caracterização, bem
assim as garantias exigidas para essa parte específica
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de


do contrato, adequadas a cada caso e limitadas ao concessão as relativas:
valor da obra; I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão;
XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato II - ao modo, forma e condições de prestação do ser-
de adesão a ser firmado. viço;
Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da or- III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros
dem das fases de habilitação e julgamento, hipó- definidores da qualidade do serviço;
tese em que: IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos
I - encerrada a fase de classificação das propostas ou para o reajuste e a revisão das tarifas;
o oferecimento de lances, será aberto o invólucro com V - aos direitos, garantias e obrigações do poder con-
os documentos de habilitação do licitante mais bem cedente e da concessionária, inclusive os relaciona-
classificado, para verificação do atendimento das con- dos às previsíveis necessidades de futura alteração
dições fixadas no edital; e expansão do serviço e consequente modernização,
II - verificado o atendimento das exigências do edital, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das
o licitante será declarado vencedor; instalações;
III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção
analisados os documentos habilitatórios do licitante e utilização do serviço;

35
VII - à forma de fiscalização das instalações, dos equi- Art. 27. A transferência de concessão ou do contro-
pamentos, dos métodos e práticas de execução do servi- le societário da concessionária sem prévia anuência
ço, bem como a indicação dos órgãos competentes para do poder concedente implicará a caducidade da
exercê-la; concessão.
VIII - às penalidades contratuais e administrativas a
que se sujeita a concessionária e sua forma de apli- § 1º Para fins de obtenção da anuência de que trata
cação; o caput deste artigo, o pretendente deverá:
IX - aos casos de extinção da concessão; I - atender às exigências de capacidade técnica, ido-
X - aos bens reversíveis; neidade financeira e regularidade jurídica e fiscal ne-
XI - aos critérios para o cálculo e a forma de paga- cessárias à assunção do serviço; e
mento das indenizações devidas à concessionária, II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do
quando for o caso; contrato em vigor.
XII - às condições para prorrogação do contrato; § 2º (Revogado).
XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da § 3º (Revogado).
prestação de contas da concessionária ao poder con- § 4º (Revogado).
cedente; Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato
XIV - à exigência da publicação de demonstrações fi- de concessão, o poder concedente autorizará a as-
nanceiras periódicas da concessionária; e sunção do controle ou da administração tempo-
XV - ao foro e ao modo amigável de solução das diver- rária da concessionária por seus financiadores e
gências contratuais. garantidores com quem não mantenha vínculo
Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de societário direto, para promover sua reestruturação
serviço público precedido da execução de obra pú- financeira e assegurar a continuidade da presta-
blica deverão, adicionalmente: ção dos serviços.
I - estipular os cronogramas físico-financeiros de exe- § 1º Na hipótese prevista no caput, o poder conce-
cução das obras vinculadas à concessão; e dente exigirá dos financiadores e dos garantidores
II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela conces- que atendam às exigências de regularidade jurídica e
sionária, das obrigações relativas às obras vinculadas fiscal, podendo alterar ou dispensar os demais requi-
à concessão. sitos previstos no inciso I do parágrafo único do art.
Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o
27.
emprego de mecanismos privados para resolução de
§ 2º A assunção do controle ou da administração
disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, in-
temporária autorizadas na forma do caput deste arti-
clusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em
go não alterará as obrigações da concessionária e de
língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307, de 23
seus controladores para com terceiros, poder conce-
de setembro de 1996.
dente e usuários dos serviços públicos.
Art. 24. (VETADO)
§ 3º Configura-se o controle da concessionária, para
Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do ser-
os fins dispostos no caput deste artigo, a proprieda-
viço concedido, cabendo-lhe responder por todos
os prejuízos causados ao poder concedente, aos de resolúvel de ações ou quotas por seus financiado-
usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exer- res e garantidores que atendam os requisitos do art.
cida pelo órgão competente exclua ou atenue essa res- 116 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
ponsabilidade. § 4º Configura-se a administração temporária da
§ 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se refe- concessionária por seus financiadores e garantido-
re este artigo, a concessionária poderá contratar com res quando, sem a transferência da propriedade de
terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, ações ou quotas, forem outorgados os seguintes po-
acessórias ou complementares ao serviço concedido, deres:
bem como a implementação de projetos associados. I - indicar os membros do Conselho de Administração,
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º Os contratos celebrados entre a concessionária a serem eleitos em Assembleia Geral pelos acionistas,
e os terceiros a que se refere o parágrafo anterior re- nas sociedades regidas pela Lei nº 6.404, de 15 de de-
ger-se-ão pelo direito privado, não se estabelecendo zembro de 1976; ou administradores, a serem eleitos
qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder pelos quotistas, nas demais sociedades;
concedente. II - indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem
§ 3º A execução das atividades contratadas com ter- eleitos pelos acionistas ou quotistas controladores em
ceiros pressupõe o cumprimento das normas regula- Assembleia Geral;
mentares da modalidade do serviço concedido. III - exercer poder de veto sobre qualquer proposta
Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos pre- submetida à votação dos acionistas ou quotistas da
vistos no contrato de concessão, desde que expressa- concessionária, que representem, ou possam represen-
mente autorizada pelo poder concedente. tar, prejuízos aos fins previstos no caput deste artigo;
§ 1º A outorga de subconcessão será sempre prece- IV - outros poderes necessários ao alcance dos fins
dida de concorrência. previstos no caput deste artigo.
§ 2º O subconcessionário se sub-rogará todos os § 5º A administração temporária autorizada na forma
direitos e obrigações da subconcedente dentro dos deste artigo não acarretará responsabilidade aos fi-
limites da subconcessão. nanciadores e garantidores em relação à tributação,

36
encargos, ônus, sanções, obrigações ou compromis- II - aplicar as penalidades regulamentares e contra-
sos com terceiros, inclusive com o poder concedente tuais;
ou empregados. III - intervir na prestação do serviço, nos casos e con-
§ 6º O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo dições previstos em lei;
da administração temporária. IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta
Art. 28. Nos contratos de financiamento, as conces- Lei e na forma prevista no contrato;
sionárias poderão oferecer em garantia os direi- V - homologar reajustes e proceder à revisão das ta-
tos emergentes da concessão, até o limite que não rifas na forma desta Lei, das normas pertinentes e do
comprometa a operacionalização e a continuidade da contrato;
prestação do serviço. VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regula-
Art. 28-A. Para garantir contratos de mútuo de lon- mentares do serviço e as cláusulas contratuais da con-
go prazo, destinados a investimentos relacionados a cessão;
contratos de concessão, em qualquer de suas moda- VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apu-
lidades, as concessionárias poderão ceder ao mu- rar e solucionar queixas e reclamações dos usuários,
tuante, em caráter fiduciário, parcela de seus cré- que serão cientificados, em até trinta dias, das provi-
ditos operacionais futuros, observadas as seguintes dências tomadas;
condições: VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários
I - o contrato de cessão dos créditos deverá ser regis- à execução do serviço ou obra pública, promovendo
trado em Cartório de Títulos e Documentos para ter as desapropriações, diretamente ou mediante outorga
eficácia perante terceiros; de poderes à concessionária, caso em que será desta a
responsabilidade pelas indenizações cabíveis;
II - sem prejuízo do disposto no inciso I do caput deste IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para
artigo, a cessão do crédito não terá eficácia em re- fins de instituição de servidão administrativa, os bens
lação ao Poder Público concedente senão quando for necessários à execução de serviço ou obra pública,
este formalmente notificado; promovendo-a diretamente ou mediante outorga de
III - os créditos futuros cedidos nos termos deste artigo poderes à concessionária, caso em que será desta a
serão constituídos sob a titularidade do mutuante, in- responsabilidade pelas indenizações cabíveis;
dependentemente de qualquer formalidade adicional; X - estimular o aumento da qualidade, produtividade,
IV - o mutuante poderá indicar instituição financei- preservação do meio-ambiente e conservação;
ra para efetuar a cobrança e receber os pagamentos XI - incentivar a competitividade; e
dos créditos cedidos ou permitir que a concessioná- XII - estimular a formação de associações de usuários
ria o faça, na qualidade de representante e deposi- para defesa de interesses relativos ao serviço.
tária; Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder conce-
dente terá acesso aos dados relativos à adminis-
V - na hipótese de ter sido indicada instituição finan-
tração, contabilidade, recursos técnicos, econômi-
ceira, conforme previsto no inciso IV do caput deste
cos e financeiros da concessionária.
artigo, fica a concessionária obrigada a apresentar a
Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita
essa os créditos para cobrança;
por intermédio de órgão técnico do poder concedente
VI - os pagamentos dos créditos cedidos deverão ser
ou por entidade com ele conveniada, e, periodicamen-
depositados pela concessionária ou pela instituição
te, conforme previsto em norma regulamentar, por
encarregada da cobrança em conta corrente bancá-
comissão composta de representantes do poder con-
ria vinculada ao contrato de mútuo;
cedente, da concessionária e dos usuários.
VII - a instituição financeira depositária deverá trans-
ferir os valores recebidos ao mutuante à medida que Capítulo VIII
as obrigações do contrato de mútuo tornarem-se Dos encargos da concessionária
exigíveis; e
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VIII - o contrato de cessão disporá sobre a devolu- Art. 31. Incumbe à concessionária:
ção à concessionária dos recursos excedentes, sendo I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta
vedada a retenção do saldo após o adimplemento Lei, nas normas técnicas aplicáveis e no contrato;
integral do contrato. II - manter em dia o inventário e o registro dos bens
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, serão con- vinculados à concessão;
siderados contratos de longo prazo aqueles cujas III - prestar contas da gestão do serviço ao poder conce-
obrigações tenham prazo médio de vencimento su- dente e aos usuários, nos termos definidos no contrato;
perior a 5 (cinco) anos. IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as
cláusulas contratuais da concessão;
Capítulo VII V - permitir aos encarregados da fiscalização livre
Dos encargos do poder concedente acesso, em qualquer época, às obras, aos equipamen-
tos e às instalações integrantes do serviço, bem como
Art. 29. Incumbe ao poder concedente: a seus registros contábeis;
I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar per- VI - promover as desapropriações e constituir servi-
manentemente a sua prestação; dões autorizadas pelo poder concedente, conforme
previsto no edital e no contrato;

37
VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à § 3º A assunção do serviço autoriza a ocupação das
prestação do serviço, bem como segurá-los adequa- instalações e a utilização, pelo poder concedente, de
damente; e todos os bens reversíveis.
VIII - captar, aplicar e gerir os recursos financeiros ne- § 4º Nos casos previstos nos incisos I e II deste arti-
cessários à prestação do serviço. go, o poder concedente, antecipando-se à extinção
Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão- da concessão, procederá aos levantamentos e ava-
-de-obra, feitas pela concessionária serão regidas pe- liações necessários à determinação dos montantes
las disposições de direito privado e pela legislação tra- da indenização que será devida à concessionária, na
balhista, não se estabelecendo qualquer relação entre forma dos arts. 36 e 37 desta Lei.
os terceiros contratados pela concessionária e o poder Art. 36. A reversão no advento do termo contratual
concedente. far-se-á com a indenização das parcelas dos inves-
timentos vinculados a bens reversíveis, ainda não
Capítulo IX amortizados ou depreciados, que tenham sido realiza-
Da intervenção dos com o objetivo de garantir a continuidade e atua-
lidade do serviço concedido.
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na con- Art. 37. Considera-se encampação a retomada do
cessão, com o fim de assegurar a adequação na serviço pelo poder concedente durante o prazo da
prestação do serviço, bem como o fiel cumpri- concessão, por motivo de interesse público, me-
mento das normas contratuais, regulamentares e
diante lei autorizativa específica e após prévio paga-
legais pertinentes.
mento da indenização, na forma do artigo anterior.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do po-
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato
der concedente, que conterá a designação do interventor,
acarretará, a critério do poder concedente, a decla-
o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.
Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente ração de caducidade da concessão ou a aplicação
deverá, no prazo de trinta dias, instaurar procedi- das sanções contratuais, respeitadas as disposições
mento administrativo para comprovar as causas deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas
determinantes da medida e apurar responsabili- entre as partes.
dades, assegurado o direito de ampla defesa. § 1º A caducidade da concessão poderá ser declara-
§ 1º Se ficar comprovado que a intervenção não ob- da pelo poder concedente quando:
servou os pressupostos legais e regulamentares será I - o serviço estiver sendo prestado de forma inade-
declarada sua nulidade, devendo o serviço ser ime- quada ou deficiente, tendo por base as normas, crité-
diatamente devolvido à concessionária, sem prejuízo rios, indicadores e parâmetros definidores da qualida-
de seu direito à indenização. de do serviço;
§ 2º O procedimento administrativo a que se refere o II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais
caput deste artigo deverá ser concluído no prazo de ou disposições legais ou regulamentares concernentes
até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se à concessão;
inválida a intervenção. III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer
Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de
concessão, a administração do serviço será de- caso fortuito ou força maior;
volvida à concessionária, precedida de prestação IV - a concessionária perder as condições econômi-
de contas pelo interventor, que responderá pelos atos cas, técnicas ou operacionais para manter a adequada
praticados durante a sua gestão. prestação do serviço concedido;
V - a concessionária não cumprir as penalidades im-
Capítulo X postas por infrações, nos devidos prazos;
Da extinção da concessão VI - a concessionária não atender a intimação do po-
der concedente no sentido de regularizar a prestação
Art. 35. Extingue-se a concessão por:
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do serviço; e
I - advento do termo contratual;
VII - a concessionária não atender a intimação do po-
II - encampação;
der concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias,
III - caducidade;
apresentar a documentação relativa a regularidade
IV - rescisão;
V - anulação; e fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da
VI - falência ou extinção da empresa concessioná- Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
ria e falecimento ou incapacidade do titular, no caso § 2º A declaração da caducidade da concessão deve-
de empresa individual. rá ser precedida da verificação da inadimplência da
§ 1º Extinta a concessão, retornam ao poder conce- concessionária em processo administrativo, assegu-
dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios rado o direito de ampla defesa.
transferidos ao concessionário conforme previsto no § 3º Não será instaurado processo administrativo
edital e estabelecido no contrato. de inadimplência antes de comunicados à conces-
§ 2º Extinta a concessão, haverá a imediata assunção sionária, detalhadamente, os descumprimentos con-
do serviço pelo poder concedente, procedendo-se tratuais referidos no § 1º deste artigo, dando-lhe um
aos levantamentos, avaliações e liquidações neces- prazo para corrigir as falhas e transgressões aponta-
sários. das e para o enquadramento, nos termos contratuais.

38
§ 4º Instaurado o processo administrativo e compro- ção, terão validade máxima até o dia 31 de dezembro
vada a inadimplência, a caducidade será declarada por de 2010, desde que, até o dia 30 de junho de 2009,
decreto do poder concedente, independentemente de tenham sido cumpridas, cumulativamente, as seguintes
indenização prévia, calculada no decurso do processo. condições:
§ 5º A indenização de que trata o parágrafo anterior, I - levantamento mais amplo e retroativo possível dos
será devida na forma do art. 36 desta Lei e do contra- elementos físicos constituintes da infra-estrutura de
to, descontado o valor das multas contratuais e dos bens reversíveis e dos dados financeiros, contábeis e
danos causados pela concessionária. comerciais relativos à prestação dos serviços, em di-
§ 6º Declarada a caducidade, não resultará para o mensão necessária e suficiente para a realização do
poder concedente qualquer espécie de responsabili- cálculo de eventual indenização relativa aos investi-
dade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou mentos ainda não amortizados pelas receitas emer-
compromissos com terceiros ou com empregados da gentes da concessão, observadas as disposições legais
concessionária. e contratuais que regulavam a prestação do serviço ou
Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido a ela aplicáveis nos 20 (vinte) anos anteriores ao da
por iniciativa da concessionária, no caso de descum- publicação desta Lei;
primento das normas contratuais pelo poder conce- II - celebração de acordo entre o poder concedente e
dente, mediante ação judicial especialmente intentada o concessionário sobre os critérios e a forma de in-
para esse fim. denização de eventuais créditos remanescentes de in-
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste vestimentos ainda não amortizados ou depreciados,
artigo, os serviços prestados pela concessionária não apurados a partir dos levantamentos referidos no inci-
poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão so I deste parágrafo e auditados por instituição espe-
judicial transitada em julgado. cializada escolhida de comum acordo pelas partes; e
III - publicação na imprensa oficial de ato formal de
Capítulo XI autoridade do poder concedente, autorizando a pres-
Das permissões tação precária dos serviços por prazo de até 6 (seis)
meses, renovável até 31 de dezembro de 2008, me-
Art. 40. A permissão de serviço público será forma- diante comprovação do cumprimento do disposto nos
lizada mediante contrato de adesão, que observará incisos I e II deste parágrafo.
os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e § 4º Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do
do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade § 3º deste artigo, o cálculo da indenização de inves-
e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder timentos será feito com base nos critérios previstos
concedente. no instrumento de concessão antes celebrado ou,
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto na omissão deste, por avaliação de seu valor eco-
nesta Lei. nômico ou reavaliação patrimonial, depreciação e
amortização de ativos imobilizados definidos pelas
Capítulo XII legislações fiscal e das sociedades por ações, efetua-
Disposições finais e transitórias da por empresa de auditoria independente escolhida
de comum acordo pelas partes.
Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à conces- § 5º No caso do § 4º deste artigo, o pagamento de
são, permissão e autorização para o serviço de radio- eventual indenização será realizado, mediante ga-
difusão sonora e de sons e imagens. rantia real, por meio de 4 (quatro) parcelas anuais,
Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas iguais e sucessivas, da parte ainda não amortizada
anteriormente à entrada em vigor desta Lei consi- de investimentos e de outras indenizações relaciona-
deram-se válidas pelo prazo fixado no contrato ou no das à prestação dos serviços, realizados com capital
ato de outorga, observado o disposto no art. 43 desta próprio do concessionário ou de seu controlador, ou
Lei. originários de operações de financiamento, ou obti-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato dos mediante emissão de ações, debêntures e outros
de outorga, o serviço poderá ser prestado por órgão títulos mobiliários, com a primeira parcela paga até o
ou entidade do poder concedente, ou delegado a ter- último dia útil do exercício financeiro em que ocorrer
ceiros, mediante novo contrato. a reversão.
§ 2º As concessões em caráter precário, as que estive- § 6º Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que
rem com prazo vencido e as que estiverem em vigor trata o § 5º deste artigo ser paga mediante receitas
por prazo indeterminado, inclusive por força de legis- de novo contrato que venha a disciplinar a prestação
lação anterior, permanecerão válidas pelo prazo ne- do serviço.
cessário à realização dos levantamentos e avaliações Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de ser-
indispensáveis à organização das licitações que prece- viços públicos outorgadas sem licitação na vigên-
derão a outorga das concessões que as substituirão, cia da Constituição de 1988.
prazo esse que não será inferior a 24 (vinte e quatro) Parágrafo único. Ficam também extintas todas as
meses. concessões outorgadas sem licitação anteriormente à
§ 3º As concessões a que se refere o § 2º deste artigo, Constituição de 1988, cujas obras ou serviços não te-
inclusive as que não possuam instrumento que as for- nham sido iniciados ou que se encontrem paralisados
malize ou que possuam cláusula que preveja prorroga- quando da entrada em vigor desta Lei.

39
Art. 44. As concessionárias que tiverem obras que se IX - tratamento favorecido para as empresas brasilei-
encontrem atrasadas, na data da publicação des- ras de capital nacional de pequeno porte.
ta Lei, apresentarão ao poder concedente, dentro de
cento e oitenta dias, plano efetivo de conclusão das Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercí-
obras. cio de qualquer atividade econômica, independente-
Parágrafo único. Caso a concessionária não apresente mente de autorização de órgãos públicos, salvo nos
o plano a que se refere este artigo ou se este plano não casos previstos em lei.
oferecer condições efetivas para o término da obra, o
poder concedente poderá declarar extinta a conces- Pela leitura do dispositivo constitucional, percebe-se
são, relativa a essa obra. que a ordem econômica rege-se pelas normas de direi-
Art. 45. Nas hipóteses de que tratam os arts. 43 e 44 to privado, mais especificamente pelas regras de Direito
desta Lei, o poder concedente indenizará as obras Civil e Direito Empresarial, em respeito às liberdades in-
e serviços realizados somente no caso e com os dividuais garantida a todos os cidadãos. Todavia, essas
recursos da nova licitação. liberdades também podem sofrer restrições, principal-
Parágrafo único. A licitação de que trata o caput deste mente se acabarem partindo de encontro contra aspec-
artigo deverá, obrigatoriamente, levar em conta, para tos sociais, ou contra interesses difusos, como a proteção
fins de avaliação, o estágio das obras paralisadas ou ao meio ambiente, aos direitos do consumidor, a fun-
atrasadas, de modo a permitir a utilização do crité- ção social da propriedade, etc. O Estado brasileiro não é
rio de julgamento estabelecido no inciso III do art. 15 uma figura ausente e passiva, devendo agir e intervir na
desta Lei. medida em que o exercício descontrolado da atividade
Art. 46. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- econômica possa causar danos irreparáveis contra a so-
cação. ciedade.
Art. 47. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 13 de fevereiro de 1995; 174º da Independên-
cia e 107º da República.
EXERCÍCIO COMENTADO
6. Intervenção do Estado no domínio econômico:
1. (PC-AP – Agente de Polícia – FCC – 2017) Quando o
A Constituição Federal de 1988 trouxe uma grande Estado atua no domínio econômico pode fazê-lo:
inovação, ao estabelecer claramente quais atividades es-
tariam dentro do campo de atuação do Estado, caracte- a) diretamente, por meio de empresas públicas ou socie-
rizando-se como “serviços públicos”, e qual seria o domí- dades de economia mista, pessoas jurídicas de direito
nio das atividades econômicas, de competência da livre público que integram a Administração pública indire-
iniciativa. Na medida em que o ordenamento define uma ta mas atuam no mercado em regime de competição
tarefa como serviço público, retirando-a do domínio eco- com o setor privado.
nômico, seu exercício passa a ser vedado à livre iniciativa b) por meio de intervenção direta, seja na propriedade
dos particulares, salvo se o Estado delegar a prestação do privada, seja regulando o mercado em seus diversos
serviço por meio de delegações, concessões, permissões setores, não podendo, contudo, submeter-se a regime
ou autorizações. jurídico de direito privado quando envolver emprego
Entende-se por domínio econômico o conjunto de de recursos públicos.
atividades constitucionalmente reservadas à iniciativa c) diretamente ou indiretamente, neste caso admitida a
privada. Não se confunde com ordem econômica, que é modalidade de fomento, incentivando o fortalecimen-
o complexo de princípios e normas jurídicas que discipli- to ou desenvolvimento de determinados segmentos,
nam as atividades econômicas. categorias ou setores de mercado conforme o interes-
Para melhor compreender como o Estado pode in- se público, afastada, contudo, qualquer possibilidade
fluenciar a iniciativa privada no domínio econômico, im- de favorecimento.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

prescindível é conhecer os princípios e normas gerais da d) preferencialmente de forma direta em alguns setores
ordem econômica, que se encontram dispostas no art. da economia, criando pessoas jurídicas de direito pú-
170 da CF/1988: blico e privado para atuarem em regime de concor-
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização rência ou parceria com a iniciativa privada.
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim e) por meio da prestação de serviços públicos de forma
assegurar a todos existência digna, conforme os dita- direta, seja pela Administração direta, seja pela indire-
mes da justiça social, observados os seguintes princí- ta, não se incluindo na atuação a delegação dos refe-
pios: ridos serviços, hipótese em que o Estado transfere ao
I - soberania nacional; particular a responsabilidade pela atuação no domínio
II - propriedade privada; econômico.
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência; Resposta: Letra C. Letra A está incorreta pois as
V - defesa do consumidor; empresas públicas e sociedades de economia mista
VI - defesa do meio ambiente; são pessoas jurídicas de direito privado. Letra B está
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; incorreta pois a intervenção da empresa pública e
VIII - busca do pleno emprego; sociedade de economia mista na exploração de ati-

40
vidade econômica importa em sujeição às regras de 6.1.3 Fomento a setores econômicos:
direito privado. Letra D está incorreta, pois os casos
de intervenção direta do Estado são apenas excep- A terceira atividade de intervenção estatal no domí-
cionais, preferencialmente ele deve intervir de forma nio econômico são as atividades administrativas de fo-
indireta (art. 173 da CF/1988). Letra E está incorreta mento, pelas quais são promovidas ações e programas
pois, no caso, não há que se falar em prestação de de incentivo a setores específicos da economia.
serviço público, e sim em exploração de atividade Entidade encarregada do fomento em diversos se-
econômica. tores econômicos que merece destaque é o Banco Na-
cional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
6.1 Formas de intervenção estatal: Trata-se de uma empresa pública federal instituída com a
finalidade de promover o desenvolvimento nacional sus-
Sobre a atividade estatal na ordem econômica, pres- tentável, mediante a geração de empregos e redução das
creve o art. 174 da CF/1988: “Como agente normativo desigualdades sociais e regionais.
e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá,
na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor pú-
blico e indicativo para o setor privado”. Pela utilização EXERCÍCIOS COMENTADOS
dos termos “agente normativo” e “regulador”, percebe-
-se que o dispositivo constitucional faz expressa menção 1. (DPE-SC – Defensor Público – FCC – 2017) A respei-
aos Poderes Legislativo e Executivo. to do regime jurídico estabelecido para a Ordem Econô-
As formas de intervenção do Estado no domínio eco- mica na Constituição Federal de 1988, considere:
nômico desdobram-se em três espécies de atividades es-
tatais: a) exploração da atividade econômica; b) fisca- I. A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à
lização de agentes econômicos pelo Poder de Polícia; dominação dos mercados, à eliminação da concorrência
c) fomento aos setores econômicos. e ao aumento arbitrário dos lucros.
II. Como agente normativo e regulador da atividade eco-
6.1.1 Exploração direta da atividade econômica: nômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este indi-
A exploração direta de atividade econômica pelo Es- cativo para o setor público e determinante para o setor
tado somente é permitida nos casos de imperativo da privado.
segurança nacional, ou havendo relevante interesse co- III. A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras
letivo, conforme dispõe o caput do art. 173 da CF/1988. formas de associativismo.
São casos excepcionais pelo fato de que a exploração livre IV. As empresas públicas e as sociedades de economia
por um ente público, com todas as vantagens e benefícios mista poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos
inerentes a sua pessoa, pode colocar em risco a competiti- às do setor privado.
vidade do mercado específico objeto da intervenção. Está correto o que se afirma apenas em:
Sobre os entes públicos que podem explorar ativida-
de econômica, somente as pessoas jurídicas de direito a) III e IV.
privado integrantes da Administração Indireta poderão b) II e III.
fazê-lo, isso é, somente as empresas públicas e socieda- c) I e III.
des de economia mista, como Caixa Econômica Federal, d) II, III e IV.
o Banco do Brasil, a Petrobras, etc. Importante ressaltar e) I, II e III.
que essas entidades sujeitam-se ao regime jurídico priva-
do quanto a direitos e obrigações civis, trabalhista, tribu- Resposta: Letra C. A frase I está correta, é o texto do
tários, etc, sendo também vedada garantia de imunidade art. 173, §4º, da CF/1988. A frase II está incorreta, pois
tributária, característica das pessoas jurídicas de direito o planejamento será determinante para o setor públi-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

público (art. 173, § 1º, I e II, e § 2º, da CF/1988). co e indicativo para o setor privado (art. 174, idem).
A frase III está correta, é o texto do art. 174, § 2º, da
6.1.2 Poder de Polícia Fiscalizador: CF/1988. A frase IV está incorreta, pois As empresas
públicas e as sociedades de economia mista não po-
A segunda forma de intervenção do Estado na econo- derão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do
mia consiste no desenvolvimento das tarefas de limita- setor privado (art. 173, §2º, idem).
ção, fiscalização e sanção sobre agentes econômicos de
mercados específicos. Duas importantes entidades apre-
sentam-se como polícia da economia: o Banco Central, e
o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O Banco Central (Bacen) é uma autarquia federal
criada com a finalidade de executar as orientações do
Conselho Monetário Nacional, bem como garantir o po-
der de compra da moeda nacional. Percebe-se o caráter
fiscalizador e limitador do Banco Central pela leitura de
seus objetivos

41
2. (PGM/AM - Procurador do Município - CESPE/2018) Resposta: Certo. A responsabilidade é objetiva, con-
Julgue o item que se segue, relativo a serviços públicos e forme a normativa constitucional e infraconstitucional.
aos direitos dos usuários desses serviços. Neste sentido: “Art. 37, § 6º, CF. As pessoas jurídicas de
De acordo com o STJ, o princípio da continuidade do direito público e as de direito privado prestadoras de
serviço público autoriza que o poder público promova serviços públicos responderão pelos danos que seus
a retomada imediata da prestação do serviço no caso de agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, asse-
extinção de contrato de concessão por decurso do prazo gurado o direito de regresso contra o responsável nos
de vigência ou por declaração de nulidade, desde que tal casos de dolo ou culpa. Art. 25, Lei nº 8.987/95. Incumbe
poder realize previamente o pagamento de indenizações à concessionária a execução do serviço concedido, ca-
devidas. bendo-lhe responder por todos os prejuízos causados
ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem
( ) CERTO ( ) ERRADO que a fiscalização exercida pelo órgão competente ex-
clua ou atenue essa responsabilidade”.
Resposta: Errado. Nos termos do informativo 546, STJ,
declarada a nulidade de permissão outorgada sem li-
citação pública, mesmo antes da Constituição de 1988 Controle da Administração Pública é o exercício de vi-
exigi-la, é possível ao magistrado estabelecer, inde- gilância, orientação e revisão sobre a conduta funcional,
pendentemente de eventual direito a indenização do exercido por um poder, órgão ou autoridade pública com
permissionário, prazo máximo para o termo final do relação a outro.
contrato de adesão firmado precariamente; sendo que “O controle do Estado pode ser exercido através de
a retomada do serviço pela administração não depen- duas formas distintas, que merecem ser desde logo dife-
de do prévio pagamento de eventual indenização, que renciadas. De um lado, temos o controle político, aquele
deverá ser pleiteada pela empresa nas vias ordinárias. que tem por base a necessidade de equilíbrio entre os
Poderes estruturais da República – o Executivo, o Legisla-
3. (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos tivo e o Judiciário. Nesse controle, cujo delineamento se
- Cargos: 1, 2 e 3 – CESPE/2018) encontra na Constituição, pontifica o sistema de freios e
A respeito de concessão administrativa, julgue o item contrapesos, nele se estabelecendo normas que inibem o
subsecutivo. crescimento de qualquer um deles em detrimento de outro
Em caso de inadimplemento do usuário, o fornecimento e que permitem a compensação de eventuais pontos de
de serviço público pode ser interrompido pelo concessio- debilidade de um para não deixá-lo sucumbir à força de
nário, sendo desnecessária a notificação. outro. São realmente freios e contrapesos dos Poderes po-
líticos. [...] O que ressalta de todos esses casos é a demons-
( ) CERTO ( ) ERRADO tração do caráter que tem o controle político: seu objetivo
é a preservação e o equilíbrio das instituições democráti-
Resposta: Errado. É exigida a notificação prévia do cas do país. O controle administrativo tem linhas diversas.
usuário, conforme artigo 6°, § 3º, da Lei nº 8.987/95: Nele não se procede a nenhuma medida para estabilizar
“Não se caracteriza como descontinuidade do serviço poderes políticos, mas, ao contrário, se pretende alvejar os
a sua interrupção em situação de emergência ou após órgãos incumbidos de exercer uma das funções do Esta-
prévio aviso, quando: I - motivada por razões de ordem do – a função administrativa. Enquanto o controle político
técnica ou de segurança das instalações; e, II - por ina- se relaciona com as instituições políticas, o controle admi-
dimplemento do usuário, considerado o interesse da nistrativo é direcionado às instituições administrativas. [...]
coletividade”. Podemos denominar de controle da Administração Pública
o conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos por
4. (TRF 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Adminis- meio dos quais se exerce o poder de fiscalização e de re-
trativa - CESPE/2017) Alguns meses após a assinatura de visão da atividade administrativa em qualquer das esferas
contrato de concessão de geração e transmissão de ener-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de Poder”20.
gia elétrica, a falta de chuvas comprometeu o nível dos re- O princípio da legalidade e o princípio das políticas ad-
servatórios, o que deteriorou as condições de geração de ministrativas, juntos, fundamentam o Controle da Adminis-
energia, elevando os custos da concessionária. A agência tração Pública. Neste sentido, “mais precisamente, a ideia
reguladora promoveu, então, alterações tarifárias visando central, quando se fala em controle da Administração Pú-
restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro firmado no blica, reside no fato de que o titular do patrimônio público
contrato. Todavia, sem que houvesse culpa ou dolo da con-
(material e imaterial) é o povo, e não a Administração, razão
cessionária, o fornecimento do serviço passou a ser inter-
pela qual ela se sujeita, em toda a sua atuação, sem qual-
mitente, o que provocou danos em eletrodomésticos de
quer exceção, ao princípio da indisponibilidade do interesse
usuários de energia elétrica.
público”21.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item que
se segue.
A concessionária deverá ser responsabilizada pelos danos
causados a usuários.
20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis-
( ) CERTO ( ) ERRADO trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
21 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo
Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.

42
autotutela, que a permite invalidar ou revogar suas
#FicaDica condutas de ofício (súmulas 346 e 473, STF).
Controle da Administração é: b) Provocado: ocorre mediante provocação de terceiro,
- Faculdade de vigilância, orientação e postulando a revisão do ato administrativo dito ile-
correção que um poder, órgão ou autoridade gal ou inconveniente.
exerce sobre a conduta funcional de outro;
- Regulamentado por diversos atos - Conforme a origem ou a extensão do controle
normativos, os quais trazem regras, a) Controle interno: é aquele realizado pelas autori-
modalidades e instrumentos para sua dades no âmbito do próprio órgão ou entidade em
organização; que atuam no âmbito da administração. Exemplo:
- O que assegura que a Administração vá chefe que na repartição controla os seus subordina-
atuar de acordo com princípios jurídicos, dos; corregedoria que faz inspeção em um fórum.
previstos no artigo 37, caput, CF – legalidade, Basicamente, sempre se está diante de controle in-
impessoalidade, moralidade, publicidade e terno quando um Poder exerce controle sobre ele
eficiência. mesmo, isto é, Judiciário fiscalizando Judiciário, Le-
gislativo fiscalizando Legislativo e Executivo fiscali-
Elementos e natureza jurídica do controle zando Executivo.
Quando, no exercício do controle interno, uma au-
Segundo Carvalho Filho22, dois são os elementos bási- toridade ocultar uma irregularidade ou ilegalidade
cos do controle: a fiscalização e a revisão. “A fiscalização da entidade responsável pelo controle externo, no-
e a revisão são os elementos básicos do controle. A fis- tadamente um Tribunal de Contas, haverá responsa-
calização consiste no poder de verificação que se faz so- bilidade solidária entre a autoridade que praticou a
bre a atividade dos órgãos e dos agentes administrativos, ocultação e a autoridade que praticou o ilícito.
bem como em relação à finalidade pública que deve servir b) Controle externo: é aquele realizado por um Poder
que é diferente do Poder fiscalizado, exteriorizando
de objetivo para a Administração. A revisão é o poder de
um sistema de freios e contrapesos. É o caso do con-
corrigir as condutas administrativas, seja porque tenham
trole de atos do Executivo por decisões do Poder Ju-
vulnerado normas legais, seja porque haja necessidade de
diciário, ou mesmo da sustação de ato normativo do
alterar alguma linha das políticas administrativas para que
Executivo pelo Legislativo, além do julgamento de
melhor seja atendido o interesse coletivo”.
contas do Presidente da República pelo Congresso
Para o autor, a natureza jurídica do controle é de princí-
Nacional, e de auditorias do Tribunal de Contas da
pio fundamental da administração pública, conforme teor
União quanto ao Executivo federal.
do próprio Decreto-lei nº 200/1967, que assegura também
c) Controle externo popular: realizado pelo contribuin-
que o controle deve ser exercido em todos níveis e em to-
te pelo acesso das contas públicas (artigo 31, §3º, CF;
dos órgãos.
artigo 74, §2º, CF).
- Conforme o momento a ser exercido
Classificação das formas de controle
a) Controle prévio ou preventivo: exercido antes do
início da prática ou antes da conclusão do ato ad-
“O poder-dever de controle é exercitável por todos os
ministrativo.
Poderes da República, estendendo-se a toda a atividade
b) Controle concomitante: exercido durante a realiza-
administrativa (vale lembrar, há atividade administrativa
ção do ato, verificando a sua validade enquanto ele
em todos os Poderes) e abrangendo todos os seus agen-
é praticado.
tes. Por esse motivo, diversas são as formas pelas quais o
c) Controle posterior ou corretivo: busca rever os
controle se exercita, sendo, destarte, inúmeras as denomi-
atos já praticados, corrigindo, desfazendo ou con-
nações adotadas” 23.
firmando. Envolve atos como os de aprovação, ho-
mologação, anulação, revogação ou convalidação.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Conforme o âmbito da administração


- Conforme a amplitude ou a natureza do controle
a) Por subordinação: exercido por meio dos patamares
a) Controle de legalidade: verifica se o ato foi prati-
de hierarquia dentro da mesma Administração. Tra-
cado em conformidade com a lei. O controle pode
ta-se de controle tipicamente interno.
ser interno ou externo. O resultado final é a confir-
b) Por vinculação: exercido por uma pessoa a qual são
mação ou a rejeição do ato, anulando-o.
atribuídos poderes de fiscalização e revisão em rela-
b) Controle de mérito: visa verificar a oportunidade e a
ção a pessoa diversa. Trata-se de controle tipicamen-
conveniência administrativas do ato controlado. Tra-
te externo.
ta-se do controle sobre a atuação discricionária da
Administração Pública, mantendo-o ou revogando-
- Conforme a iniciativa
-o. Diz-se que o Judiciário não pode fazer este con-
a) De ofício: executado pela própria Administração
trole, o que é verdade, em termos: o Judiciário não
quando está regularmente exercendo as suas fun-
pode controlar a atividade discricionária que é legíti-
ções. Afinal, a Administração tem a prerrogativa da
ma, mas se ela exceder parâmetros de razoabilidade
22 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Adminis- e proporcionalidade pode fazê-lo. Nesta questão se
trativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. insere a polêmica sobre o controle judicial de políti-
23 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo
cas públicas.
Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.

43
àquela que praticou o ato), revisão (solicitação de
#FicaDica
alteração em punição aplicada pela Administração
- Quanto ao órgão que o exerce no exercício do poder disciplinar diante do surgi-
Executivo mento de fatos novos).
Legislativo - Controle social: é aquele exercido pela própria so-
Judiciário ciedade, em demanda emanada de grupos sociais,
- Quanto ao fundamento no exercício da atividade democrática que tem
Hierárquico amparo constitucional notadamente na garantia
Finalístico pelo artigo 37, §3º, CF de edição de lei que regule
- Conforme a origem formas de participação do usuário na administra-
Interno ção direta e indireta. Entre as formas que já são
Externo trazidas por algumas leis, como a Lei nº 9.784/1999
Popular sobre o processo administrativo federal, estão as
- Quanto à atividade administrativa audiências e consultas públicas. Neste âmbito do
Legalidade controle social, é possível fixar uma divisão entre
Mérito controle natural, feito pela população em si, e con-
- Quanto ao momento de exercício trole institucional, feito por órgãos em atuação por
Preventivo legitimidade extraordinária, como o Ministério Pú-
Concomitante blico e a Defensoria Pública.
Corretivo
- Recurso de administração
Recursos administrativos são meios hábeis que po-
Controle exercido pela administração pública/ dem ser utilizados para provocar o reexame do ato ad-
controle administrativo ministrativo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
Conforme conceitua Carvalho Filho24, “são os meios
É o controle exercido pela Administração quanto formais de controle administrativo, através dos quais o
aos seus próprios atos. Ou seja, é o exercido pelo Poder interessado postula, junto a órgãos da Administração, a
Executivo, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciá- revisão de determinado ato administrativo”. É necessário,
rio quanto aos seus próprios atos, tanto no que tange à para recorrer, que o interessado tenha tido a sua preten-
legalidade quanto em relação à conveniência. É sempre são contrariada pela administração, logo, é da essência
um controle interno, que deriva do poder-dever de au- do recurso a manifestação de inconformismo, retratando
totutela. ilegalidade ou abuso do poder público.
Entre os meios de controle, destacam-se: Os principais recursos de administração são os se-
- Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é guintes: representação, em que se faz denúncia de irre-
inerente ao poder hierárquico, ocorrendo o exercí- gularidades feita perante o poder público; reclamação,
cio dos órgãos superiores em relação aos inferio- em que há oposição expressa a atos da administração
res; que afetam direitos ou interesses legítimos do interes-
- Controle ou Supervisão Ministerial: aplicável nas sado; pedido de reconsideração, em que se solicita ree-
entidades de administração indireta vinculadas a xame à mesma autoridade que praticou o ato; recurso
um Ministério, não havendo subordinação; hierárquico próprio, que se dirige à autoridade ou ins-
- Recursos Administrativos: serve para provocar o tância superior do mesmo órgão administrativo em que
reexame do ato administrativo pela própria Admi- foi praticado o ato; recurso hierárquico impróprio, que se
nistração Pública. dirige à autoridade ou órgão estranho à repartição que
- Direito de petição: é um direito fundamental con- expediu o ato recorrido, mas com competência julgadora
ferido a toda pessoa de defender seus direitos e expressa; e revisão, em que se busca a alteração de pu-
noticiar ilegalidades e abusos (artigo 5º, XXXIV, nição aplicada pela Administração no exercício do poder
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CF). Pode ser exercido por diversas vias, como re- disciplinar diante do surgimento de fatos novos, abrin-
presentação (denúncia de irregularidade perante a do-se novo processo.
Administração, Tribunal de Contas ou outro órgão Outra classificação relevante é a que separa os recur-
de controle), reclamação administrativa (oposição sos mencionados em duas categorias: recursos inciden-
expressa a ato administrativo que ofenda direito tais, que são interpostos quando o processo administra-
ou interesse legítimo, podendo ser interposta pe- tivo está em curso e o inconformismo é contra um ato
rante o Supremo Tribunal Federal se o ato adminis- nele praticado (enquadram-se aqui o pedido de reconsi-
trativo contrariar súmula vinculante), pedido de re- deração, o recurso hierárquico próprio e o recurso hierár-
consideração (solicitação de mudança da decisão quico impróprio); recursos deflagradores ou autônomos,
pela própria autoridade que praticou um ato), re- que são aqueles que formalizam a própria abertura de
curso hierárquico próprio (solicitação de mudança processo (enquadram-se aqui a reclamação, a represen-
da decisão por autoridade hierarquicamente supe- tação e a revisão).
rior àquela que praticou o ato), recurso hierárquico
impróprio (solicitação de mudança da decisão por
autoridade diversa, com competência especifica-
24 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito
da em lei, porém não hierarquicamente superior
Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

44
Vale apontar sobre os efeitos dos recursos adminis- forem reclamados ou o fato de não promover o anda-
trativos: em regra, terão apenas efeito devolutivo, pois mento do feito judicial ou do processo administrativo
os atos administrativos têm em seu favor a presunção de durante os prazos respectivamente estabelecidos para
legitimidade; excepcionalmente, caso concedido pela au- extinção do seu direito à ação ou reclamação.
toridade competente, terá efeito suspensivo. Vale desta- Art. 6º O direito à reclamação administrativa, que
car que caso o recurso tenha efeito suspensivo, também não tiver prazo fixado em disposição de lei para ser
o prazo prescricional ficará suspenso, enquanto que se o formulada, prescreve em um ano a contar da data do
efeito for apenas devolutivo irá continuar correndo. ato ou fato do qual a mesma se originar.
Súmula 429, STF. A existência de recurso administrati- Entretanto, a reclamação se torna um instrumento
vo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado mais usual com a fixação em lei da possibilidade de
de segurança contra omissão da autoridade. sua apresentação ao Supremo Tribunal Federal se o
Ressalta-se, complementando o teor da súmula, que ato administrativo contrariar súmula vinculante. As
nada impede o uso simultâneo das esferas administrativa hipóteses de reclamação são ampliadas pelo Código
e judicial, considerando que são independentes entre si. de Processo Civil de 2015:
Aliás, apenas existem duas hipóteses em que o esgota- Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou
mento dos recursos administrativos é imposto: trata-se do Ministério Público para:
de demanda perante a justiça desportiva, conforme o I - preservar a competência do tribunal;
artigo 217, §1º, CF; se ocorre contrariedade de súmula II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
vinculante na via administrativa e o administrado preten- III – garantir a observância de enunciado de súmula
de invoca-la mediante reclamação, conforme artigo 7º, vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal
§1º, Lei nº 11.417/2006. Em todos os demais casos, tal em controle concentrado de constitucionalidade;
exigência é proibida. IV – garantir a observância de acórdão proferido em
Outra questão que merece ser abordada no campo julgamento de incidente de resolução de demandas re-
dos recursos administrativos é a da reformatio in pejus, petitivas ou de incidente de assunção de competência;
ou seja, da reforma da decisão tomada pela administra- § 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer
ção de modo a agravar a situação do administrado. Devi- tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicio-
do a previsão expressa na Lei nº 9.784/1999, a reformatio nal cuja competência se busca preservar ou cuja autori-
in pejus em recurso administrativo modificando a decisão dade se pretenda garantir.
recorrida é permitida, mas o recorrente deverá ter opor- § 2o A reclamação deverá ser instruída com prova docu-
tunidade de manifestar-se antes dele ocorrer; já em se mental e dirigida ao presidente do tribunal.
tratando de reformatio in pejus em processo de revisão, § 3o Assim que recebida, a reclamação será autuada e
há vedação. Quanto à possibilidade de gravame na pri- distribuída ao relator do processo principal, sempre que
meira hipótese, a doutrina afirma que apenas é permi- possível.
tida a reformatio in pejus caso o ato inferior tenha sido § 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a
praticado em desconformidade com a lei, considerados aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplicação
critérios objetivos, sendo assim proibida a reformatio in aos casos que a ela correspondam.
pejus caso seja feita apenas nova avaliação subjetiva. § 5º É inadmissível a reclamação:
Último ponto que se coloca tange à coisa julgada ad- I – proposta após o trânsito em julgado da decisão re-
ministrativa, que basicamente é uma “situação jurídica clamada;
pela qual determinada decisão firmada pela Administra- II – proposta para garantir a observância de acórdão de
ção não mais pode ser modificada na via administrati- recurso extraordinário com repercussão geral reconheci-
va”25, embora o possa na via judicial; diferenciando-se da da ou de acórdão proferido em julgamento de recursos
coisa julgada jurisdicional, cujo caráter definitivo impede extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgo-
a rediscussão da matéria em qualquer via. tadas as instâncias ordinárias.
§ 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso in-
- Reclamação terposto contra a decisão proferida pelo órgão reclama-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Segundo Di Pietro26, “a reclamação administrativa é o do não prejudica a reclamação.


Art. 989.  Ao despachar a reclamação, o relator:
ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor
I - requisitará informações da autoridade a quem for
público, deduz uma pretensão perante a Administração
imputada a prática do ato impugnado, que as prestará
Pública, visando obter o reconhecimento de um direito ou
no prazo de 10 (dez) dias;
a correção de um erro que lhe cause lesão ou ameaça de
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou
lesão”.
do ato impugnado para evitar dano irreparável;
A primeira referência à reclamação no ordenamento
III - determinará a citação do beneficiário da decisão
está no Decreto nº 20.910/1932, que fixa o prazo de 1
impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para
ano para que ocorra a prescrição: apresentar a sua contestação.
Art. 5º Não tem efeito de suspender a prescrição a Art. 990.  Qualquer interessado poderá impugnar o pe-
demora do titular do direito ou do crédito ou do seu dido do reclamante.
representante em prestar os esclarecimentos que lhe Art. 991.  Na reclamação que não houver formulado,
25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito o Ministério Público terá vista do processo por 5 (cinco)
Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. dias, após o decurso do prazo para informações e para
26 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato
São Paulo: Atlas editora, 2010. impugnado.

45
Art. 992.  Julgando procedente a reclamação, o tribunal No pedido de reconsideração, será a própria autori-
cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determi- dade que praticou um ato, reconsiderando nestes mol-
nará medida adequada à solução da controvérsia. des a decisão que foi tomada.
Art. 993.  O presidente do tribunal determinará o ime- No recurso hierárquico próprio, será a autoridade
diato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão hierarquicamente superior àquela que praticou o ato,
posteriormente. tratando-se de clássico exercício do poder hierárquico
inerente à estrutura escalonada da administração. Esta
Logo, a reclamação é uma forma bastante diferenciada é a forma típica de se recorrer da decisão administrativa.
de controle da administração porque é exercido tipicamen- No recurso hierárquico impróprio, será autoridade di-
te por órgão externo sem superioridade hierárquica, nota- versa, com competência especificada em lei, porém não
damente, tribunal que componha o Poder Judiciário. Por hierarquicamente superior àquela que praticou o ato. Na
isso, autores como Carvalho Filho27 afirmam que se trata verdade, a reclamação administrativa perante o STF pode
mais de controle jurisdicional do que de controle adminis- ser enquadrada nesta categoria.
trativo.
- Prescrição administrativa
- Pedido de reconsideração e recurso hierárquico pró- Significa perda de prazo para apresentar uma preten-
prio e impróprio são perante a Administração. No caso, o administrado
Todos são espécies do gênero direito de petição, que não perde o direito, o que ocorre na decadência, mas
confere o direito fundamental de toda pessoa buscar pe- sim a pretensão de postulá-lo. Pode ocorrer nos casos
rante a administração a alteração de um ato administrativo de perda de prazo para recorrer de decisão tomada ou
ou representar a prática de ato ilegal ou abusivo. revisá-la (prescrição correndo contra o administrado e a
favor da administração, convalidando seus atos), caso em
Art. 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen- que se segue a regra da prescrição quinquenal (5 anos)
dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de prevista no artigo 1º do Decreto nº 20.910; ou na hipóte-
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou se de perda do prazo para o exercício do poder punitivo
contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção (prescrição correndo a favor do administrado e contra a
de certidões em repartições públicas, para defesa de administração, que não mais poderá aplicar a punição),
direitos e esclarecimento de situações de interesse pes- que é a típica prescrição administrativa, e de perda de
soal. prazo para que seja adotada determinada providência
administrativa (prescrição correndo a favor do adminis-
O direito de petição deve resultar em uma manifesta- trado e contra a administração, que não mais poderá
ção do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma anular seus próprios atos dos quais decorram efeitos be-
questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo néficos aos administrados, salvo prova de má-fé).
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam - Poder punitivo de polícia – 5 anos (Lei nº
a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a apre- 9.873/1999);
ciação de um pedido que um cidadão quer apresentar” - Poder disciplinar funcional – no âmbito federal, 5
(muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “de- anos (infração grave), 2 anos (infração média) ou
mora para responder aos pedidos formulados” (adminis- 180 dias (infração leve), a contar do conhecimento
trativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restri- de sua prática (Lei nº 8.112/1990);
ções e/ou condições para a formulação de petição”, traz - Adoção de providência administrativa – 5 anos (Lei
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e nº 9.784/1999).
faz proliferar as desigualdades e as injustiças. - Representação e reclamação administrativas
Dentro do espectro do direito de petição se insere,
por exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de As representações e as reclamações administrativas
solicitar cópias reprográficas e certidões, bem como de são ambas formas de se exercer o direito de petição (art.
ofertar denúncias de irregularidades. Contudo, o consti- 5º, XXXIV, CF). Em sentido genérico são, ao lado dos re-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tuinte, talvez na intenção de deixar clara a obrigação dos cursos hierárquicos e do pedido de representação, espé-
Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a letra b) cies de recursos administrativos, mas que se diferenciam
do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido daqueles por serem autônomos e não incidentais.
do direito de obter certidões ser dissociado do direito de Assim, trata-se de exercício deste direito de forma
petição. originária (recurso deflagrador), isto é, o ato administrati-
Nas hipóteses de pedido de reconsideração, recur- vo ilegal ou abusivo foi praticado e será denunciado pelo
so hierárquico próprio e recurso hierárquico impróprio administrado. Será a primeira vez que a estão será levada
denota-se que o processo administrativo ainda está em à administração para a devida apreciação.
curso, pois uma autoridade tomou uma decisão admi- Na representação é feita uma denúncia de irregulari-
nistrativa da qual se pretende recorrer (logo, trata-se de dade, ilegalidade ou abuso de poder perante a Adminis-
recurso incidental). A diferença entre as três modalidades tração, Tribunal de Contas ou outro órgão de controle,
está na autoridade que apreciará o pedido de alteração como o Ministério Público.
da decisão administrativa. Na reclamação administrativa se dá uma oposição
expressa a ato administrativo que ofenda direito ou inte-
resse legítimo.
27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

46
- Sistemas de controle jurisdicional da administração V - assistir a autoridade assessorada no controle in-
pública: contencioso administrativo e sistema da jurisdi- terno da legalidade administrativa dos atos a serem
ção uma por ela praticados ou já efetivados, e daqueles ori-
Sistema administrativo é o regime que um Estado undos de órgão ou entidade sob sua coordenação
adota para controlar os atos administrativos ilegais ou jurídica;
ilegítimos praticados pela Administração em seus di- VI - examinar, prévia e conclusivamente, no âmbito do
versos níveis, podendo ser de duas espécies: francês, Ministério, Secretaria e Estado-Maior das Forças Arma-
também conhecido como sistema do contencioso ad- das:
ministrativo; e inglês, também denominado sistema do a) os textos de edital de licitação, como os dos re-
controle judicial, judiciário ou da jurisdição una. spectivos contratos ou instrumentos congêneres, a
O sistema francês se caracteriza por excluir os atos serem publicados e celebrados;
administrativos da apreciação judicial, sujeitando-os a b) os atos pelos quais se vá reconhecer a inexigibi-
uma jurisdição especial do contencioso administrativo lidade, ou decidir a dispensa, de licitação.
que é composta por tribunais de caráter administrativo.
Neste sistema, se evidencia a dualidade de jurisdição,
havendo a jurisdição comum composta pelos órgãos do #FicaDica
Poder Judiciário que resolve os litígios não abrangidos Controle administrativo é o controle que o
pelo contencioso administrativo e a jurisdição especial Executivo e os órgãos internos do Legislativo
composta apenas por tribunais de natureza administra- e do Judiciário exercem sobre suas próprias
tiva. atividades, buscando mantê-las conforme a
lei.
Já o sistema inglês se caracteriza pela intervenção Se exerce por:
do Poder Judiciário no controle dos atos administrati- Fiscalização hierárquica – Dos órgãos
vos. Deste modo, a jurisdição é una e apenas o Judiciário superiores em relação aos inferiores,
possui competência para resolver todos os litígios, tanto corrigindo as atividades dos agentes;
os administrativos quanto os estritamente privados. As Recursos administrativos – Meios que
decisões do Judiciário, por sua vez, são protegidas pela permitem que os administrados provoquem
força da coisa julgada, que impede a rediscussão de ma- o reexame de decisões internas.
térias já decididas em juízo em seu mérito.
No Brasil adota-se o sistema inglês.
Controle judicial e controle legislativo
- Advocacia pública administrativa
No âmbito federal, as atividades de advocacia pública O controle judicial é exercido pelo Judiciário sobre
consultiva são prestadas pela Advocacia-Geral da União, os atos administrativos praticados pelo Poder Executivo,
conforme artigo 3º da Lei Complementar nº 73/93. Ele irá pelo Poder Legislativo ou pelo próprio Poder Judiciá-
assessorar o chefe do Executivo federal em assuntos de rio, quando realiza atividades administrativas. Por ele, é
natureza jurídica, elaborando pareceres e estudos, sendo possível se decretar a anulação de um ato. Não cabe a
tal vinculação de caráter exclusivo. Logo, a AGU presta revogação, porque significaria análise de mérito, que o
consultoria apenas para o Presidente da República. Os Judiciário não pode fazer.
Ministérios, Secretarias e Forças Armadas solicitam con- “O controle judicial sobre atos da Administração é
sultoria para as Consultorias Jurídicas: exclusivamente de legalidade. Significa dizer que o Judi-
ciário tem o poder de confrontar qualquer ato adminis-
Art. 11. Às Consultorias Jurídicas, órgãos administra- trativo com a lei ou com a Constituição e verificar se há
tivamente subordinados aos Ministros de Estado, ao ou não compatibilidade normativa. Se o ato for contrário
Secretário-Geral e aos demais titulares de Secretarias à lei ou à Constituição, o Judiciário declarará a sua invali-
da Presidência da República e ao Chefe do Estado- dação de modo a não permitir que continue produzindo
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Maior das Forças Armadas, compete, especialmente: efeitos ilícitos. [...] O que é vedado ao Judiciário, como
I - assessorar as autoridades indicadas no caput correntemente têm decidido os Tribunais, é apreciar o
deste artigo; que se denomina normalmente de mérito administrativo,
II - exercer a coordenação dos órgãos jurídicos dos vale dizer, a ele é interditado o poder de reavaliar os cri-
respectivos órgãos autônomos e entidades vincula- térios de conveniência e oportunidade dos atos, que são
das; privativos do administrador público”, sob pena de se vio-
III - fixar a interpretação da Constituição, das leis, lar a cláusula fundamental da separação dos Poderes28.
dos tratados e dos demais atos normativos a ser uni- Quanto ao momento em que o controle judicial deverá
formemente seguida em suas áreas de atuação e co- ocorrer, a regra impõe que seja feito de forma posterior,
ordenação quando não houver orientação normativa quando os atos administrativos já estão produzindo efeitos
do Advogado-Geral da União; no mundo jurídico. Em situações excepcionais o controle
IV - elaborar estudos e preparar informações, por pode ser prévio, por exemplo, quando a lei autoriza a con-
solicitação de autoridade indicada no caput deste cessão de liminar diante de fumus boni iuris e periculum in
artigo; mora.
28 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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Existem atos que se sujeitam a controle especial, são timado passivo é o ente da Administração Pública,
eles: direta ou indireta, ou então a pessoa jurídica que
de algum modo lide com a coisa pública. A regula-
a) Atos políticos: não são atos tipicamente adminis- ção está na Lei nº 4.717/65.
trativos, mas verdadeiros atos de governo, ema- b) Ação civil pública (artigo 129, III, CF): Busca prote-
nados da cúpula política do país, no exercício de ger o patrimônio público e social, o meio ambiente
competências organizacionais-administrativas e outros direitos difusos e coletivos. A legitimidade
constitucionais. A peculiaridade é que o Judiciário ativa é do Ministério Público, da Defensoria Públi-
não pode controlar os critérios governamentais ca, das pessoas jurídicas da administração direta e
que direcionam a edição de atos políticos. Contu- indireta e de associação constituída há pelo menos
do, o controle de legalidade e o controle de cons- 1 ano em área de pertinência temática. A legitimi-
titucionalidade são possíveis. dade passiva é de qualquer pessoa, física ou jurí-
b) Atos legislativos típicos: todos os atos que ema- dica, que tenha cometido dano ou tenha colocado
nam do Poder Legislativo com caráter genérico, sob ameaça o patrimônio público e social, o meio
abstrato e geral são passíveis de controle. Entre- ambiente e outros direitos difusos e coletivos. A
tanto, se trata de controle de constitucionalidade, regulação está na Lei nº 7.437/85.
que se sujeita a regras específicas. O sistema brasi- c) Habeas corpus (artigo 5º, LXXVII, CF): ação que
leiro adota duas vias de realização de tal controle, serve para proteger a liberdade de locomoção.
a via da exceção, com caráter difuso, exercida inci- Apenas serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito
dentalmente sem ação específica; e a via da ação, de ir e vir. Trata-se de ação constitucional de cunho
com caráter concentrado, exercida por meio de predominantemente penal, pois protege o direito
ações específicas – ação direta de inconstituciona- de ir e vir e vai contra a restrição arbitrária da liber-
lidade, ação direta de constitucionalidade, arguição dade. Pode ser preventivo, para os casos de amea-
de descumprimento de preceito fundamental. ça de violação ao direito de ir e vir, conferindo-se
c) Atos interna corporis: são os atos praticados den- um “salvo conduto”, ou repressivo, para quando
tro da competência interna e exclusiva dos diversos ameaça já tiver se materializado. Legitimado ati-
órgãos do Legislativo e do Judiciário; por exemplo, vo é qualquer pessoa pode manejá-lo, em próprio
as competências de elaboração de regimentos in- nome ou de terceiro, bem como o Ministério Pú-
ternos. blico (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa
com a ação e paciente é aquele que está sendo
Como os atos são internos e exclusivos, não é possível vítima da restrição à liberdade de locomoção. As
fazer o controle sobre as razões que levaram à ela- duas figuras podem se concentrar numa mesma
boração. Contudo, o controle de vícios de ilegalida- pessoa. Legitimado passivo é pessoa física, agente
de e de inconstitucionalidade é plenamente válido. público ou privado. Está regulamentado nos arti-
gos 647 a 667 do Código de Processo Penal.
Conforme prevê o próprio artigo 5º, XXXV, CF, “a lei d) Habeas data (artigo 5º, LXXII, CF): serve para pro-
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou teção do acesso a informações pessoais constantes
ameaça a direito”. Logo, toda ofensa ou ameaça de ofensa de registros ou bancos de dados de entidades go-
a direitos dos administrados é passível de controle judicial. vernamentais ou de caráter público, para o conhe-
Ciente disso, o legislador cria inúmeros mecanismos espe- cimento ou retificação (correção). Trata-se de ação
cíficos para que tal controle seja realizado, como mandado constitucional que tutela o acesso a informações
de segurança, ação popular, ação civil pública, manda- pessoais. Legitimado ativo é pessoa física, brasilei-
do de injunção, habeas data, habeas corpus e as próprias ra ou estrangeira, ou por pessoa jurídica, de direito
ações do controle de constitucionalidade. Entretanto, não público ou privado, tratando-se de ação persona-
se trata de rol taxativo de formas pelas quais é possível líssima – os dados devem ser a respeito da pessoa
exercer tais pretensões contra a Administração, porque em que a propõe. Legitimados passivos são entidades
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tese é possível utilizar qualquer tipo de ação judicial que governamentais da Administração Pública Direta
venha a socorrer adequadamente à inibição de violação e Indireta nas três esferas, bem como instituições,
ou ameaça a direito pela Administração. Sobre os meios órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas
específicos, aponta-se: prestadores de serviços de interesse público que
possuam dados relativos à pessoa do impetrante.
a) Ação popular (artigo 5º, LXXIII, CF): é instrumento Está regulado pela Lei nº 9.507, de 12 de novembro
de exercício direto da democracia, permitindo ao de 1997.
cidadão que busque a proteção da coisa pública, e) Mandado de segurança individual (artigo 5º, LXIX,
ou seja, que vise assegurar a preservação dos in- CF): Trata-se de remédio constitucional com natu-
teresses transindividuais. Trata-se de ação consti- reza subsidiária pelo qual se busca a invalidação
tucional, que visa anular ato lesivo ao patrimônio de atos de autoridade ou a suspensão dos efei-
público ou de entidade de que o Estado participe, tos da omissão administrativa, geradores de lesão
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso
ao patrimônio histórico e cultural. O legitimado ati- de poder. São protegidos todos os direitos líqui-
vo deve ser cidadão, ou seja, aquele nacional que dos e certos à exceção da proteção de direitos hu-
esteja no pleno gozo dos direitos políticos. O legi- manos à liberdade de locomoção e ao acesso ou

48
retificação de informações relativas à pessoa do mado ativo é qualquer pessoa, nacional ou estran-
impetrante, constantes de registros ou bancos de geira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que ti-
dados de entidades governamentais ou de caráter tularize direito fundamental não materializável por
público, ambos sujeitos a instrumentos específicos. omissão legislativa do Poder público, bem como
A natureza é de ação constitucional de natureza o Ministério Público na defesa de seus interesses
civil, independente da natureza do ato impugnado institucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de
(administrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, tra- pessoas jurídicas de direito público. Regulamenta-
balhista). Pode ser preventivo, quando se estiver na do pela Lei nº 13.300/2016.
iminência de violação a direito líquido e certo, ou
reparatório, quando já consumado o abuso/ilegali-
dade. Fundamenta-se na existência de direito líqui- #FicaDica
do e certo, que é aquele que pode ser demonstra- Controle judiciário é o controle exercido pelos
do de plano mediante prova pré-constituída, sem órgãos do Poder Judiciário sobre os atos
a necessidade de dilação probatória, isto devido à administrativos dos Três Poderes (inclusive do
natureza célere e sumária do procedimento. A legi- próprio Judiciário) no que tange a atividades
timidade ativa é a mais ampla possível, abrangen- administrativas.
do não só a pessoa física como a jurídica, nacional Verifica-se a legalidade e a legitimidade do
ou estrangeira, residente ou não no Brasil, bem ato impugnado.
como órgãos públicos despersonalizados e uni- Abrange ações específicas constitucionalmente
versalidades/pessoas formais reconhecidas por lei. previstas, denominadas remédios constitucionais.
Legitimado passivo é a autoridade coatora deve
ser autoridade pública ou agente de pessoa jurí-
dica no exercício de atribuições do Poder Público. Controle legislativo
Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, precei-
tua que “considera-se autoridade coatora aquela Controle parlamentar ou legislativo é a prerrogativa
que tenha praticado o ato impugnado ou da qual atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar a Administra-
emane a ordem para a sua prática”. Encontra-se ção Pública sob os critérios político e financeiro. Deve
regulamentada pela Lei nº 12.016, de 07 de agosto se ater às hipóteses previstas na Constituição. Pode ser
de 2009. exercido quanto ao Executivo e ao Judiciário.
Entre os meios de controle, destacam-se:
f) Mandado de segurança coletivo (artigo 5º, LXX,
CF): Visa a preservação ou reparação de direito - Controle Político: tem por base a possibilidade de fis-
líquido e certo relacionado a interesses transin- calização sobre atos ligados à função administrativa
dividuais (individuais homogêneos ou coletivos), e organizacional. Conforme artigo 49, X, CF, com-
e devido à questão da legitimidade ativa, perten- pete exclusivamente ao Congresso Nacional “fisca-
cente a partidos políticos e determinadas associa- lizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de
ções. Trata-se de ação constitucional de natureza suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os
civil, independente da natureza do ato, de caráter da administração indireta”. Do poder genérico de
coletivo. A legitimidade ativa é de partido político controle podem ser depreendidos outros poderes,
com representação no Congresso Nacional, bem como o poder convocatório, que permite à Câmara
como de organização sindical, entidade de classe ou Senado convocar Ministro de Estado ou auto-
ou associação legalmente constituída e em funcio- ridade relacionada ao Presidente (artigo 50, CF); o
namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de poder de sustação, que permite ao Congresso Na-
direitos líquidos e certos que atinjam diretamente cional “sustar os atos normativos do Poder Execu-
seus interesses ou de seus membros. Encontra-se tivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
regulamentado pelo artigo 22 da Lei nº 12.016/09, limites de delegação legislativa” (artigo 49, V, CF); e
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que regulamenta o mandado de segurança indivi- o controle das Comissões Parlamentares de Inquéri-
dual. to – CPI (artigo 58, §3º, CF).
g) Mandado de injunção (artigo 5º, LXXI, CF): os dois - Controle Financeiro: a fiscalização contábil, finan-
requisitos constitucionais para que seja proposto ceira, orçamentária, operacional e patrimonial da
o mandado de injunção são a existência de norma União e das entidades da administração direta e
constitucional de eficácia limitada que prescreva indireta, quanto à legalidade, legitimidade, econo-
direitos, liberdades constitucionais e prerrogativas micidade, aplicação das subvenções e renúncia de
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidada- receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
nia; além da falta de norma regulamentadores, im- mediante controle externo, e pelo sistema de con-
possibilitando o exercício dos direitos, liberdades e trole interno de cada Poder.
prerrogativas em questão. Assim, visa curar o há-
bito que se incutiu no legislador brasileiro de não Quanto às áreas fiscalizadas, enquadram-se: contábil,
regulamentar as normas de eficácia limitada para financeira, orçamentária, operacional e patrimonial no
que elas não sejam aplicáveis. Trata-se de ação que se refere a legalidade, legitimidade, economicidade,
constitucional que objetiva a regulamentação de subvenções e renúncia de receitas.
normas constitucionais de eficácia limitada. Legiti- - Tribunal de Contas da União

49
O Tribunal de Contas da União é órgão integrante do IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
Congresso Nacional que tem a função de auxiliá-lo no as providências necessárias ao exato cumprimen-
controle financeiro externo da Administração Pública. No to da lei, se verificada ilegalidade;
âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que couber, X - sustar, se não atendido, a execução do ato im-
aos respectivos Tribunais e Conselhos de Contas, as nor- pugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
mas sobre fiscalização contábil, financeira e orçamentá- Deputados e ao Senado Federal;
ria. XI - representar ao Poder competente sobre irregula-
As atribuições de controle do Tribunal de Contas da ridades ou abusos apurados.
União encontram-se descritas no artigo 71 da Constitui- § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será
ção, envolvendo notadamente o auxílio ao Congresso adotado diretamente pelo Congresso Nacional,
Nacional no controle externo (tanto é assim que o Tribu- que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as me-
nal não susta diretamente os atos ilegais, mas solicita ao didas cabíveis.
Congresso Nacional que o faça): § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previs-
Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Con- tas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
gresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tri- § 3º As decisões do Tribunal de que resulte impu-
bunal de Contas da União, ao qual compete: tação de débito ou multa terão eficácia de título
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo executivo.
Presidente da República, mediante parecer prévio que § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu trimestral e anualmente, relatório de suas ativida-
recebimento; des.
II - julgar as contas dos administradores e demais
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da - Controle da atividade financeira do Estado
administração direta e indireta, incluídas as fundações O controle financeiro é uma das espécies de controle
parlamentar ou legislativo, ao lado do controle político.
e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Públi-
No controle financeiro o objeto se relaciona às receitas,
co federal, e as contas daqueles que derem causa a
às despesas e à gestão dos recursos públicos, enfim, toda
perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
matéria que abranja finanças públicas.
prejuízo ao erário público;
Quanto às formas de controle, pode se dar em con-
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
trole interno, sendo que cada Poder possui órgãos inter-
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
nos destinados à verificação dos recursos do erário; ou
administração direta e indireta, incluídas as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas em controle externo, sendo o tipo de controle no âmbito
as nomeações para cargo de provimento em comis- federal feito pelo Congresso Nacional e pelo Tribunal de
são, bem como a das concessões de aposentadorias, Contas da União.
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias pos- As áreas fiscalizadas são: contábil (registro de receitas
teriores que não alterem o fundamento legal do ato e despesas), financeira (depósitos bancários, empenhos,
concessório; pagamentos e recebimento de valores), orçamentário
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos (orçamento e fiscalização dos registros), operacional
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica (atividades administrativas em geral) e patrimonial (bens
ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza públicos).
contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial, nas unidades administrativas dos Po- Em relação à natureza do controle, cabe fixar:
deres Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais
entidades referidas no inciso II; a) Quanto à legalidade: verificação do cumprimento da
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas su- lei;
pranacionais de cujo capital social a União partici- b) Quanto à legitimidade: trata-se de controle exter-
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pe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado no de mérito, consistente em verificação ao respei-
constitutivo; to aos princípios jurídicos da boa administração;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos c) Quanto à economicidade: verificação do custo-be-
repassados pela União mediante convênio, acordo, nefício dos gastos da administração;
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, d) Quanto à aplicação de subvenções: verificação so-
ao Distrito Federal ou a Município; bre a correta destinação das verbas previstas no
VII - prestar as informações solicitadas pelo Con- orçamento;
gresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por e) Quanto à renúncia de receitas: verificação da vali-
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscaliza- dade da postura de renúncia a receitas que o go-
ção contábil, financeira, orçamentária, operacional e verno deveria receber, devendo sempre ser justifi-
patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspe- cada.
ções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalida-
de de despesa ou irregularidade de contas, as san-
ções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado
ao erário;

50
Resposta: Certo. As classificações básicas do controle
#FicaDica se referem a: órgão que o exerce (Executivo, Legislati-
Controle legislativo é aquele exercido pelo vo, Judiciário); fundamento (hierárquico ou finalístico);
Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal origem (interno, externo, popular); atividade adminis-
de Contas, com relação às atividades trativa (legalidade ou mérito); momento de exercício
administrativas do Executivo e do Judiciário. (preventivo, concomitante, corretivo).
Classifica-se em controle político ou
financeiro. Responsabilidade civil do estado

Conceito
EXERCÍCIOS COMENTADOS Nos dias atuais, temos a total compreensão da ideia
de responsabilidade civil e extracontratual do Estado.
1. (STJ - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avalia- Significa dizer que ao Estado é imputado o dever de res-
dor Federal - CESPE/2018) Acerca dos princípios e dos sarcir particulares pelos prejuízos praticados na conduta
poderes da administração pública, da organização admi- de seus agentes, independente de qualquer acordo ou
nistrativa, dos atos e do controle administrativo, julgue o pacto estabelecido. Todavia, essa concepção que temos
item a seguir, considerando a legislação, a doutrina e a atualmente não “brotou da terra”: ela foi o resultado de
jurisprudência dos tribunais superiores. uma longa evolução histórica sobre a forma de atuação
Cabe ao Poder Legislativo o poder-dever de controle fi- do Poder Público na esfera privada. Por isso, importante
nanceiro das atividades do Poder Executivo, o que impli- analisar a evolução histórica da responsabilidade estatal,
ca a competência daquele para apreciar o mérito do ato tendo como foco os países ocidentais, sobretudo o Brasil.
administrativo sob o aspecto da economicidade.
Evolução histórica da responsabilidade do Estado
( ) CERTO ( ) ERRADO
De modo geral, pode-se afirmar que a responsabi-
Resposta: Certo. O controle feito pelo Poder Legis- lidade civil da Administração passou por três grandes
lativo atinge atos administrativos do Executivo e do fases. A primeira fase, denominada Teoria da Irresponsa-
Judiciário. Sendo assim, o Legislativo controla o Exe- bilidade, adveio na época dos Estados Absolutistas, onde
cutivo tanto no aspecto da legalidade quanto no do havia uma concentração do poder político nas mãos de
mérito do ato administrativo, de modo que se o Exe- uma única pessoa. O Monarca, assim, praticava atos que
cutivo praticar um ato contrário à economicidade o jamais poderiam ensejar a reparação pelos danos, uma
Legislativo poderá exercer controle sobre ele. vez que o Monarca fazia a sua vontade ter força de lei.
A fundamentação dessa soberania dos reis absolutistas
2. (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos era baseada na teoria político-teológica de que eles eram
- Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) Acerca do controle da representantes de Deus na terra, investidos desse Poder
atividade financeira do Estado e do controle exercido pe- por obra divina. Tal teoria seria superada com o advento
los tribunais de contas, julgue o próximo item. do Estado de Direito francês, sobretudo do julgamento
Compete ao Tribunal de Contas da União, entre outras pelo Tribunal de Conflitos da França, denominado Aresto
atribuições, representar ao poder competente sobre irre- Blanco, no ano de 1873. O julgamento consistia na im-
gularidades ou abusos apurados. putação ao Estado do dever de reparar danos causados
por um vagão da Companhia Nacional de Manufatura
( ) CERTO ( ) ERRADO do Fumo, que havia atropelado uma menina enquanto
brincava na rua.
Resposta: Certo. Neste sentido, preconiza o artigo A Teoria da Responsabilidade Subjetiva foi a primeira
71, XI, CF: “O controle externo, a cargo do Congresso
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tentativa de explicar a imputação ao Estado do dever de


Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de reparar os danos patrimoniais e demais prejuízos causa-
Contas da União, ao qual compete: [...] XI – representar dos pela conduta de seus agentes. Por essa corrente teó-
ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos rica, o Estado passaria a adquirir uma segunda personali-
apurados”. dade denominada “fisco”, sendo esta uma personalidade
patrimonial, capaz de ressarcir os particulares. Tem seu
3. (CGM de João Pessoa/PB - Técnico Municipal de fundamento ligado às noções de responsabilidade no
Controle Interno - Geral - CESPE/2018) Julgue o item âmbito do Direito Civil, o que significa que, para o Estado
a seguir, referente a conceitos, tipos e formas de controle ser considerado responsável, deve haver a comprovação
na administração pública. de que este agiu com culpa lato sensu, abrangendo as
Os tipos e as formas de controle da atividade adminis- hipóteses de dolo (intenção de lesar), bem como as de
trativa variam segundo o poder, o órgão ou a autoridade negligência, imprudência e imperícia (culpa stricto sensu).
que o exercita ou o fundamenta. Essa era a grande dificuldade dessa teoria: pelo fato da
relação entre a Administração Pública e o particular ser
( ) CERTO ( ) ERRADO desigual, a vítima muitas vezes não possuía meios sufi-
cientes para comprovar a conduta dolosa ou culposa do
Estado. No Brasil, adotamos a teoria subjetiva no Direito

51
Público, excepcionalmente, nos casos de omissão da Ad- b) Dano específico: é aquele que atinge uma certa
ministração, ou na possibilidade de ação regressiva desta pessoa, ou uma certa categoria de pessoas. Des-
perante seus agentes. sa forma, se o ato da Administração é capaz de
A terceira teoria, denominada Teoria da Responsabi- causar danos de modo geral, para toda a cole-
lidade Objetiva, surge nos meados de 1946. Consiste no tividade, não se caracteriza dano indenizável. Por
afastamento da necessidade de comprovação de dolo ou exemplo: não é considerado dano indenizável o
culpa do agente público, tendo por fundamento do dever aumento da tarifa do transporte público, haja vis-
de indenizar a concepção de risco administrativo. Quem ta que todos as pessoas daquela cidade sofrerão
presta um serviço público, assume o risco dos prejuízos com tal medida.
que eventualmente causar a outrem. Não cabe, dessa for-
ma, a discussão sobre aspectos subjetivos da responsa- Danos por ação e danos por omissão
bilidade estatal, exceto nas hipóteses de ação regressiva.
A Constituição Federal de 1988 adotou a teoria da O Estado pode causar danos aos particulares por
responsabilidade objetiva, na variação de risco adminis- ação ou por omissão. Quando o fato administrativo é
trativo, que admite algumas excludentes ao dever de inde- comissivo, não há questionamento acerca da culpa do
nizar, conforme se depreende da leitura do art. 37, § 6º, da Estado em sua conduta. Nesse caso a responsabilidade
CF/1988: “As pessoas jurídicas de direito público e as de objetiva do Estado se dará pela presença dos seus pres-
direito privado prestadoras de serviços públicos responde- supostos: o fato administrativo, o dano, e o nexo causal
rão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, cau- existente entre os dois.
sarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra Todavia, quando a conduta estatal for omissiva, será
o responsável nos casos de dolo ou culpa”. Observe que o preciso distinguir se a omissão constitui ou não fato ge-
texto constitucional imputa as pessoas jurídicas de direito rador da responsabilidade civil do Estado. Isso significa
privado, como sociedades de economia mista e empresas que nem toda conduta omissiva caracteriza-se em um
públicas, o dever de reparar na mesma modalidade que as dever de indenizar. Somente quando o Estado se omitir
pessoas da Administração Direta. A Lei nº 8.112/1990, que diante do dever legal de impedir a ocorrência do dano
dispõe sobre o regime dos servidores públicos, apresenta é que será civilmente responsável. Observe que em tais
uma seção sobre responsabilidades dos agentes públicos, casos, há uma análise subjetiva da conduta do Poder
colocando em destaque a responsabilidade objetiva. Pres- Público. Assim, o entendimento mais correto é de que
creve o art. 112 da referida Lei: “A responsabilidade civil a responsabilidade civil do Estado, no caso de condu-
decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, ta omissiva, só ocorrerá quando presentes os elementos
que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros”. que caracterizam a culpa.

O dever estatal de indenizar os particulares possui Causas excludentes e atenuantes da responsabili-


dois fundamentos distintos: a legalidade, e a igualdade. dade
Na hipótese do Poder Público praticar um ato ilícito, cau-
sador de danos patrimoniais para a coletividade, o dever Dentro do âmbito da teoria objetiva da responsabili-
de indenizar advém do princípio da legalidade, uma vez dade estatal, existem duas vertentes distintas. A primeira,
que a atuação do agente público deve ser feita sempre denominada risco integral, dispõe que o Estado possui o
de acordo com a lei (secundum legem). Há, também, ca- dever de indenizar todo e qualquer dano causado pela
sos em que a Administração pratique atos lícitos, mas prática de seus atos, não admitindo nenhuma excluden-
que também podem causar prejuízos especiais ao parti- te. Trata-se de uma variação radical, em que a Adminis-
cular. Nessas hipóteses, o dever de indenizar advém do tração se transforma em um indenizador universal. Não
princípio da isonomia, que pressupõe a igual repartição é adotado em nenhum país, sendo adotado no Brasil so-
dos encargos sociais. mente como exceção em alguns casos específicos, como
nos acidentes de trabalho, na indenização coberta pelo
Características do dano indenizável seguro obrigatório para automóveis (DPVAT), etc.
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Para que haja a configuração da responsabilidade ci- A segunda vertente, denominada teoria do risco ad-
vil do Estado, importante a presença de três elementos: ministrativo, é a adotada como regra geral no direito
a) um ato do agente público, b) dano ao particular, c) brasileiro. Tal teoria reconhece algumas excludentes da
nexo de casualidade entre o dano e o ato praticado. Em responsabilidade do Estado. Excludentes são circunstân-
relação ao segundo elemento, a doutrina costuma apon- cias que, como o próprio nome diz, afastam o dever de
tar quais são os danos que ensejam o dever de indenizar, indenizar durante a sua ocorrência. São, ao todo, três
isso é, quais são os denominados danos indenizáveis. modalidades:
Assim, considera-se dano indenizável: a) Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que
a) Dano anormal: é o dano que ultrapassa os incon- o prejuízo é consequência da intenção delibera-
venientes naturais e esperados da vida em socie- da da própria vítima. O prejudicado, ao utilizar o
dade. A vida em sociedade é caracterizada pelo referido serviço público, acaba sofrendo danos por
advento de certos incômodos normais e toleráveis uma ação tomada por ela mesma, não havendo
a todos os cidadãos. Tais desconfortos só enseja- qualquer relação com as condutas do Poder Públi-
ram o dever de indenizar se forem considerados co. É o caso, por exemplo, de pessoa que se joga
intoleráveis. Assim, por exemplo, a feira colocada na frente de viatura policial para ser atropelada.
em rua residencial não enseja dever de indenizar. Não se confunde com a culpa concorrente, que se

52
traduz no dano causado pela conduta recíproca público causador do dano pertence. Conforme dispõe o
do Estado e da própria vítima. Neste caso, há uma art. 206, § 3º, V, do Código Civil, o prazo prescricional
análise pericial para determinar os diferentes graus para a propositura de ação indenizatória é de três anos,
de culpa de cada agente, ensejando reparação. contados da ocorrência do evento danoso.
b) Força maior: é o evento imprevisível e involuntário
que rompe o nexo de casualidade entre o ato da
Administração e o prejuízo sofrido pela vítima. Ger- EXERCÍCIO COMENTADO
almente são causados pela força da natureza. É o
caso, por exemplo, do desabamento de terras que 1. (UNIFAP – Administrador – DEPSEC – 2018) Sobre a
arruínam as casas de um bairro, devido às fortes responsabilidade do servidor público federal, de acordo
chuvas. Não se confunde com o caso fortuito, em com a Lei 8.112/90, julgue os itens seguintes em verda-
que o dano decorre de ato humano, ou da própria deiro (V) ou falso (F) e assinale a alternativa correta.
Administração, como o desabamento de uma es- ( ) A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
trada. O caso fortuito enseja o dever de respon- comissivo, praticado unicamente na forma dolosa, que
sabilidade somente se tal evento for causado pelo resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.
agente público. ( ) Em respeito à independência das esferas cível, penal
c) Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuízo e administrativa, a responsabilidade administrativa do
é atribuído a pessoa estranha aos quadros da Ad- servidor não será afastada no caso de absolvição criminal
ministração Pública. Dessa forma, não há como o que negue a existência do fato ou sua autoria.
Estado ser imputado responsável por atos pratica- ( ) A responsabilidade penal abrange as infrações penais
dos por pessoas que não fazem parte de sua com- imputadas ao servidor, nessa qualidade.
posição.
a) V, F, V.
#FicaDica b) V, V, F.
c) F, V, V.
Curioso é o caso dos danos causados pelas d) F, F, V.
enchentes, sobretudo em cidades onde o e) F, F, F.
escoamento das águas é precário, como
ocorre em algumas regiões da cidade de Resposta: Letra D. A primeira frase é falsa, pois a re-
São Paulo. Como regra geral, o Estado não sponsabilidade civil abrange não só os atos dolosos como
se responsabiliza por prejuízos causados também os atos culposos (art. 122 da Lei nº 8.112/1990).
pelas enchentes. A 3º Câmara de Direito A segunda frase é também falsa, somente na parte final:
Público do TJ/SP negou provimento à AC as esferas penais, civil e administrativas são independ-
nº 0170440220058260602 interposta por entes entre si (art. 127 da Lei nº 8.112/1990), mas a ab-
três proprietários de imóveis afetados pelas solvição de servidor público na esfera penal, em caso de
fortes chuvas do início do ano de 2012, que inexistência do fato ou negativa de autoria, são motivos
pleiteavam pedido de indenização pelos excepcionais para a sua absolvição também nas demais
danos causados pelas chuvas, pois as galerias esferas. A terceira frase é verdadeira (art. 123 da Lei nº
pluviais de seu bairro não eram suficientes 8.112/1990).
para escoar toda a água, caracterizando-se
em falta no serviço público. Segundo voto
do relator, porém, não havia qualquer prova
que defina a ocorrência de qualquer falta de MANDADO DE SEGURANÇA (LEI Nº
serviço que possa ser atribuída ao Município 12.016/09)
e que tenha sido causa concorrente para o
evento.
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LEI Nº 12.016, DE 7 DE AGOSTO DE 2009

Todo aquele que se sentir prejudicado por conduta A Constituição da República Federativa do Brasil pos-
comissiva ou omissiva de agente público pode pleitear, sui dispositivos que são denominados pela doutrina de
pela via administrativa ou judicial, a devida reparação pe- Remédios Constitucionais. Isso significa que se há algum
los danos causados. Na via administrativa, basta que o “problema” podemos nos socorrer de um destes “remé-
prejudicado formule o pedido a autoridade competente, dios”. Do mesmo modo que para a saúde do corpo, de-
que instaurará processo administrativo para apurar a res- ve-se utilizar o remédio correto.
ponsabilidade e o pagamento de indenização.
Porém, é preferível que a vítima utilize a via judicial, A Lei nº 12.106/2009, trata deste Remédio: o Manda-
hipótese mais comum haja vista o direito de petição, que do de Segurança.
caracteriza-se no dever do Poder Judiciário de atender Logo no art. 1º, da Lei nº 12.016/2009, dispõe que
todas as demandas feitas pelos cidadãos. O direito à in- será concedido Mandado de Segurança para proteger
denização da vítima se instrumentaliza pela ação indeni- direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
zatória. A ação indenizatória, dessa forma, é aquela pro- ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso
posta pela vítima contra a pessoa jurídica à qual o agente de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer viola-

53
ção ou houver justo receio de sofrê-la por parte de auto- Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira
ridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as for a própria coatora, a ordem será feita no próprio ins-
funções que exerça.  trumento da notificação. 
Considera-se autoridade coatora aquela que tenha
Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem
Lei que estudamos: para a sua prática.
• os representantes ou órgãos de partidos políticos Denega-se o mandado de segurança nos casos sem
• os administradores de entidades autárquicas resolução do mérito.
• os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas O pedido de mandado de segurança poderá ser reno-
naturais no exercício de atribuições do poder vado dentro do prazo decadencial, se a decisão denega-
público, somente no que disser respeito a essas tória não lhe houver apreciado o mérito. 
atribuições.  Ao despachar a inicial, o juiz ordenará, na seguinte
sequência: 
Quando o direito ameaçado ou violado couber a vá- • que se notifique o coator do conteúdo da petição
rias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada
de segurança.  com as cópias dos documentos, a fim de que, no
Será considerado federal a autoridade coatora se as prazo de 10 (dez) dias, preste as informações; 
consequências de ordem patrimonial do ato contra o • que se dê ciência do feito ao órgão de represen-
qual se requer o mandado houverem de ser suportadas tação judicial da pessoa jurídica interessada, en-
pela União ou entidade por ela controlada.  viando-lhe cópia da inicial sem documentos, para
O titular de direito líquido e certo decorrente de direi- que, querendo, ingresse no feito; 
to, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar • que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido,
mandado de segurança a favor do direito originário, se o quando houver fundamento relevante e do ato
seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quan- impugnado puder resultar a ineficácia da medida,
do notificado judicialmente.  caso seja finalmente deferida, sendo facultado
O exercício do direito supracitado submete-se ao exigir do impetrante caução, fiança ou depósito,
prazo de 120 (cento e vinte) dias, contado da notificação.  com o objetivo de assegurar o ressarcimento à
Em caso de urgência, é permitido, observados os pessoa jurídica. 
requisitos legais, impetrar mandado de segurança por
telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou
autenticidade comprovada.  denegar a liminar caberá agravo de instrumento.
Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autori- Não será concedida medida liminar que tenha por
dade por telegrama, radiograma ou outro meio que as- objeto a compensação de créditos tributários, a entrega
segure a autenticidade do documento e a imediata ciên- de mercadorias e bens provenientes do exterior, a re-
cia pela autoridade.  classificação ou equiparação de servidores públicos e a
O texto original da petição deverá ser apresentado concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
nos 5 (cinco) dias úteis seguintes. Essa regra para ser pagamento de qualquer natureza. 
aplicada tem que observar que em se tratando de do- Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou
cumento eletrônico, serão observadas as regras da Infra cassada, persistirão até a prolação da sentença. 
Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.  E, se deferida a medida liminar, o processo terá prio-
Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:  ridade para julgamento. 
• de ato do qual caiba recurso administrativo com As vedações relacionadas com a concessão de limi-
efeito suspensivo, independentemente de caução;  nares aqui previstas se estendem à regra da tutela an-
• de decisão judicial da qual caiba recurso com efei- tecipada.
to suspensivo;  Será decretada a perempção ou caducidade da me-
• de decisão judicial transitada em julgado.  dida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Público quando, concedida a medida, o impetrante criar


A petição inicial, que deverá preencher os requisitos obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar
estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as
(duas) vias com os documentos que instruírem a primeira diligências que lhe cumprirem. 
reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade As autoridades administrativas, no prazo de 48 (qua-
coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha renta e oito) horas da notificação da medida liminar, re-
vinculada ou da qual exerce atribuições.  meterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordi-
No caso em que o documento necessário à prova do nadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a
alegado se ache em repartição ou estabelecimento pú- representação judicial da União, do Estado, do Município
blico ou em poder de autoridade que se recuse a forne- ou da entidade apontada como coatora cópia autenti-
cê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preli- cada do mandado notificatório, assim como indicações
minarmente, por ofício, a exibição desse documento em e elementos outros necessários às providências a serem
original ou em cópia autêntica e marcará, para o cum- tomadas para a eventual suspensão da medida e defesa
primento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder. 
extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda
via da petição. 

54
A inicial será desde logo indeferida, por decisão mo- É cabível também o pedido de suspensão quando
tivada, quando não for o caso de mandado de segurança negado provimento a agravo de instrumento interposto
ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando de- contra a liminar. 
corrido o prazo legal para a impetração. A interposição de agravo de instrumento contra limi-
  nar concedida nas ações movidas contra o poder público
Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau e seus agentes não prejudica nem condiciona o julga-
caberá apelação e, quando a competência para o julga- mento do pedido de suspensão. 
mento do mandado de segurança couber originariamen- O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido
te a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a
para o órgão competente do tribunal que integre.  plausibilidade do direito invocado e a urgência na con-
O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido cessão da medida. 
após o despacho da petição inicial.  As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser
Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartó- suspensas em uma única decisão, podendo o presidente
rio corra o feito juntará aos autos cópia autêntica dos do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares
ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representa- supervenientes, mediante simples aditamento do pedido
ção judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a original. 
prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los Nos casos de competência originária dos tribunais,
ou dar recibo e, no caso de urgência, a comprovação da caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegu-
remessa.  rada a defesa oral na sessão do julgamento do mérito ou
Findo o prazo de 10 (dez) dias, o juiz ouvirá o repre- do pedido liminar.
sentante do Ministério Público, que opinará, dentro do Da decisão do relator que conceder ou denegar a
prazo improrrogável, também, de 10 (dez) dias.  medida liminar caberá agravo ao órgão competente do
Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos tribunal que integre. 
serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser Nas decisões proferidas em mandado de segurança e
necessariamente proferida em 30 (trinta) dias.  nos respectivos recursos, quando não publicado, no pra-
Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, zo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o
por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, me- acórdão será substituído pelas respectivas notas taqui-
diante correspondência com aviso de recebimento, o in- gráficas, independentemente de revisão. 
teiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa Das decisões em mandado de segurança proferidas
jurídica interessada.  em única instância pelos tribunais cabe recurso especial e
Em caso de urgência, poderá o juiz observar que extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso
é permitido, dentro dos requisitos legais, impetrar ordinário, quando a ordem for denegada. 
mandado de segurança por telegrama, radiograma, A sentença ou o acórdão que denegar mandado de
fax ou outro meio eletrônico de autenticidade segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o re-
comprovada.  querente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os
Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, respectivos efeitos patrimoniais. 
cabe apelação.  Os processos de mandado de segurança e os respec-
Concedida a segurança, a sentença estará sujeita tivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judi-
obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.  ciais, salvo habeas corpus. 
Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.  Na instância superior, deverão ser levados a julga-
A sentença que conceder o mandado de segurança mento na primeira sessão que se seguir à data em que
pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em forem conclusos ao relator. 
que for vedada a concessão da medida liminar.  O prazo para a conclusão dos autos não poderá exce-
O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniá- der de 5 (cinco) dias. 
rias assegurados em sentença concessiva de mandado O mandado de segurança coletivo pode ser impetra-
de segurança a servidor público da administração direta do por:
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ou autárquica federal, estadual e municipal somente será • partido político com representação no Congresso
efetuado relativamente às prestações que se vencerem a Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
contar da data do ajuizamento da inicial.  relativos a seus integrantes ou à finalidade parti-
Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito dária;
público interessada ou do Ministério Público e para evi- • por organização sindical, entidade de classe ou
tar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à econo- associação legalmente constituída e em funciona-
mia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o mento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de
conhecimento do respectivo recurso suspender, em deci- direitos líquidos e certos da totalidade;
são fundamentada, a execução da liminar e da sentença, • de parte, dos seus membros ou associados, na
dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no forma dos seus estatutos e desde que pertinentes
prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na às suas finalidades, dispensada, para tanto, autori-
sessão seguinte à sua interposição.  zação especial. 
Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agra-
vo acima referido, caberá novo pedido de suspensão ao
presidente do tribunal competente para conhecer de
eventual recurso especial ou extraordinário. 

55
Os direitos protegidos pelo mandado de segurança Resposta: Letra D. Deve ter atenção na definição dos
coletivo podem ser:  remédios constitucionais, pois será concedido habeas
• coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, data nos casos de: 1 para assegurar o conhecimen-
os transindividuais, de natureza indivisível, de que to de  informações relativas à pessoa do impetrante,
seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas constantes de registros ou bancos de dados de enti-
entre si ou com a parte contrária por uma relação dades governamentais ou de caráter público; 2 para
jurídica básica;  a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
• individuais homogêneos, assim entendidos, para por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum
e da atividade ou situação específica da totalidade
ou de parte dos associados ou membros do im-
petrante.  IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI Nº
8.429/92);
No mandado de segurança coletivo, a sentença fará
coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou
categoria substituídos pelo impetrante. 
O mandado de segurança coletivo não induz litispen- LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992
dência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa
julgada não beneficiarão o impetrante a título individual A Lei n° 8.429/92 trata da improbidade administrativa,
se não requerer a desistência de seu mandado de se- que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo
gurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
comprovada da impetração da segurança coletiva.  lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
No mandado de segurança coletivo, a liminar só po- do estritamente pelo servidor público. O agente ímpro-
derá ser concedida após a audiência do representante bo sempre será um violador do princípio da moralidade,
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá pelo qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé,
se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.  sinceridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”29.
O direito de requerer mandado de segurança extin-
guir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada
da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.  devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes
Não cabem, no processo de mandado de segurança, do serviço público que se intensificavam com a ineficá-
a interposição de embargos infringentes e a condenação cia do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41.
ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo Decorreu, assim, da necessidade de acabar com os atos
da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.  atentatórios à moralidade administrativa e causadores de
Constitui crime de desobediência (art. 330, do CP) o prejuízo ao erário público ou ensejadores de enriqueci-
não cumprimento das decisões proferidas em mandado mento ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
de segurança, sem prejuízo das sanções administrativas
e da aplicação da Lei dos crimes de responsabilidade, Lei Com o advento da Lei nº 8.429/92, os agentes públi-
no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis.  cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos
Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as leis atos de improbidade administrativa descritos nos artigos
de organização judiciária deverão ser adaptadas às dis- 9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A existên-
posições desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, cia de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal
contado da sua publicação.  e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que,
ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em-
bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização
1. (AL-RO – Consultor Legislativo – FGV – 2018) em esferas distintas do Direito.
João almejava ter conhecimento das informações de
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ordem tributária, relativas aos tributos municipais A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de
que pagou na condição de contribuinte, as quais se improbidade administrativa em três categorias:
encontravam em poder do Município Alfa. Para tan- a) Ato de improbidade administrativa que importe
to, formulou requerimento endereçado ao Secretá- enriquecimento ilícito;
rio Municipal de Fazenda, que o denegou, por escrito, b) Ato de improbidade administrativa que importe
sob o argumento de se tratar de informação sigilosa. lesão ao erário;
Irresignado com o indeferimento, João procurou seu ad- c) Ato de improbidade administrativa que atente
vogado, o qual informou que o instrumento constitucio- contra os princípios da administração pública.
nal, previsto no rol dos direitos e garantias fundamentais,
adequado à solução do seu problema, é Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito
a) o mandado de segurança. passivo) e daqueles que podem praticar os atos de im-
b) o mandado de injunção. probidade administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a
c) o direito de petição. reparação do dano ao lesionado e o ressarcimento ao
d). o habeas data.
29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esque-
e) a reclamação.
matizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

56
patrimônio público; após, traz a tipologia dos atos de im- O agente público pode ser ou não um servidor públi-
probidade administrativa, isto é, enumera condutas de co. O conceito de agente público é melhor delimitado no
tal natureza; seguindo-se à definição das sanções aplicá- artigo seguinte.
veis; e, finalmente, descreve os procedimentos adminis- Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição
trativo e judicial. ou órgão que desempenhe diretamente o interesse do
Estado. Assim, estão incluídos todos os integrantes da
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públi-
administração direta, indireta e fundacional, conforme o
cos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma en-
mandato, cargo, emprego ou função na administra- tidade privada que desempenhe tais fins, desde que a
ção pública direta, indireta ou fundacional e dá outras verba de criação ou custeio tenha sido ou seja pública
providências. em mais de50% do patrimônio ou receita anual.
O preâmbulo da lei em estudo já traz alguns elemen- Caso a verba pública que tenha auxiliado uma enti-
tos importantes para a sua boa compreensão: dade privada a qual o Estado não tenha concorrido para
a) o agente público pode estar exercendo mandato, criação ou custeio, também haverá sujeição às penalida-
quando for eleito para tanto; cargo, no caso de des da lei. Em caso de custeio/criação pelo Estado que
um conjunto de atribuições e responsabilidades seja inferior a 50% do patrimônio ou receita anual, a le-
gislação ainda se aplica. Entretanto, nestes dois casos, a
conferido a um servidor submetido a regime es-
sanção patrimonial se limitará ao que o ilícito repercutiu
tatutário (é o caso do ingresso por concurso); em- sobre a contribuição dos cofres públicos. Significa que se
prego público, se o servidor se submeter a regime o prejuízo causado for maior que a efetiva contribuição
celetista (CLT); função pública, que corresponde por parte do poder público, o ressarcimento terá que ser
à categoria residual, valendo para o servidor que buscado por outra via que não a ação de improbidade
tenha tais atribuições e responsabilidades mas administrativa.
não exerça cargo ou emprego público. Percebe-se Basicamente, o dispositivo enumera os principais su-
que o conceito de agente público que se sujeita à jeitos passivos do ato de improbidade administrativa, di-
lei é o mais amplo possível. vidindo-os em três grupos: a) pessoas da administração
direta, diretamente vinculados a União, Estados, Distrito
b) o exercício pode se dar na administração direta, Federal ou Municípios; b) pessoas da administração in-
indireta ou fundacional. A administração pública direta, isto é, autarquias, fundações públicas, empresas
apresenta uma estrutura direta e outra indireta, públicas e sociedades de economia mista; c) pessoa cuja
com seus respectivos órgãos. Por exemplo, são criação ou custeio o erário tenha contribuído com mais
órgãos da administração direta os ministérios e de 50% do patrimônio ou receita naquele ano.
secretarias, isto é, os órgãos que compõem a es- No parágrafo único, a lei enumera os sujeitos passi-
trutura do Executivo, Legislativo ou Judiciário; vos secundários, que são: a) entidades que recebam sub-
são integrantes da administração indireta as au- venção, benefício ou incentivo creditício pelo Estado; b)
tarquias, fundações públicas, empresas públicas pessoa cuja criação ou custeio o erário tenha contribuído
e sociedades de economia mista. com menos de 50% do patrimônio ou receita naquele
ano.
Capítulo I
Das disposições gerais Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos des-
ta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoria-
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qual- mente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
quer agente público, servidor ou não, contra a admi- designação, contratação ou qualquer outra forma de
nistração direta, indireta ou fundacional de qualquer investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
dos Municípios, de Território, de empresa incorporada Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que
ao patrimônio público ou de entidade para cuja cria- couber, àquele que, mesmo não sendo agente público,
ção ou custeio o erário haja concorrido ou concorra induza ou concorra para a prática do ato de improbi-
com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da dade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta
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receita anual, serão punidos na forma desta lei. ou indireta.


Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalida-
des desta lei os atos de improbidade praticados contra Os sujeitos ativos do ato de improbidade administra-
o patrimônio de entidade que receba subvenção, be- tiva se dividem em duas categorias: os agentes públicos,
nefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão pú- definidos no art. 2°, e os terceiros, enumerados no art. 3°.
blico bem como daquelas para cuja criação ou custeio “Denomina-se sujeito ativo aquele que pratica o ato
o erário haja concorrido ou concorra com menos de de improbidade, concorre para sua prática ou dele extrai
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anu- vantagens indevidas. É o autor ímprobo da conduta. Em
al, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à alguns casos, não pratica o ato em si, mas oferece sua
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres colaboração, ciente da desonestidade do comportamen-
públicos. to, Em outros, obtém benefícios do ato de improbidade,
“Sujeito passivo é a pessoa que a lei indica como ví- muito embora sabedor de sua origem escusa”31.
tima do ato de improbidade administrativa”. A lei adota
uma noção ampla, pela qual são abrangidas entidades
que, sem integrarem a Administração, possuem alguma administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
espécie de conexão com ela.30 31 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
30 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

57
A ampla denominação de agentes públicos conferida ou material, econômico e não econômico). É a este ins-
pela lei de improbidade administrativa apenas tem efeito tituto que se relacionam as sanções da perda de bens e
para os fins desta lei, ou seja, visando a imputação dos valores e de ressarcimento integral do dano.
atos de improbidade administrativa. Percebe-se a ampli- O tipo de dano que é causado pelo agente ao Estado
tude pelos elementos do conceito: é o material. No caso, há um correspondente financeiro
a) Tempo: exercício transitório ou definitivo; direto, de modo que a condenação será no sentido de
b) Remuneração: existente ou não; pagar ao Estado o equivalente ao prejuízo causado.
c) Espécie de vínculo: por eleição, nomeação, desig- O agente público e o terceiro que com ele concor-
nação, contratação ou qualquer outra forma de in- ra responderão pelos danos causados ao erário público
vestidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou com seu patrimônio. Inclusive, perderão os valores patri-
função; moniais acrescidos devido à prática do ato ilícito. O dano
d) Local do exercício: em qualquer entidade que pos- causado deverá ser ressarcido em sua totalidade.
sa ser sujeito passivo. Por exemplo, o funcionário
de uma ONG criada pelo Estado é considerado Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao
agente público para os efeitos desta lei. patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito,
caberá a autoridade administrativa responsável pelo
O terceiro, por sua vez, é aquele que pratica as con- inquérito representar ao Ministério Público, para a in-
dutas de induzir ou concorrer em relação ao agente pú- disponibilidade dos bens do indiciado.
blico, ou seja, incentivando-o ou mesmo participando Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o
diretamente do ilícito. Este terceiro jamais será pessoa caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o
jurídica, deve necessariamente ser pessoa física. integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hie-
rarquia são obrigados a velar pela estrita observância Será oferecida representação ao Ministério Público
dos princípios de legalidade, impessoalidade, morali- para que ele postule a indisponibilidade dos bens do in-
dade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são diciado, de modo a garantir que ele não aliene seu pa-
afetos. trimônio para não reparar o ilícito. Por indisponibilidade
entende-se bloquear os bens para que não sejam vendi-
Trata-se de referência expressa aos princípios do art. dos ou deteriorados, garantindo que o dano possa ser
37, caput, CF. Não se menciona apenas o princípio da efi- reparado quando da condenação judicial.
ciência, o que não significa que possa ser desrespeitado, A indisponibilidade será suficiente para dar integral
afinal, ele é abrangido indiretamente. ressarcimento ao dano ou retirar todo o acréscimo patri-
monial resultante do ilícito.
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por
ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patri-
terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano. mônio público ou se enriquecer ilicitamente está su-
jeito às cominações desta lei até o limite do valor da
Integral ressarcimento do dano é a devolução corrigi- herança.
da monetariamente de todos os valores que foram retira-
dos do patrimônio público. No entanto, destaca-se que a Caso o sujeito ativo faleça no curso da ação de impro-
lei garante não só o integral ressarcimento, mas também bidade administrativa, os herdeiros arcarão com o dever
a devolução do enriquecimento ilícito: mesmo que a pes- de ressarcir o dano, claro, nos limites dos bens que ele
soa não cause prejuízo direto ao erário, mas lucre com deixar como herança.
um ato de improbidade administrativa, os valores devem
ir para os cofres públicos. Capítulo II
Dos atos de improbidade administrativa
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o


agente público ou terceiro beneficiário os bens ou va- Como não é possível ser desonesto sem saber que se
lores acrescidos ao seu patrimônio. está agindo desta forma, o elemento comum a todas as
hipóteses de improbidade administrativa é o dolo, que
Estabelece o artigo 186 do Código Civil: “aquele que, consiste na intenção do agente em praticar o ato deso-
por ação ou omissão voluntária, negligência ou impru- nesto (alguns entendem como inconstitucionais todas as
dência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que referências a condutas culposas - inclusive parte do STJ).
exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo Os atos de improbidade administrativa foram dividi-
central do instituto denominado responsabilidade civil, dos, originalmente, em três grupos, nos artigos 9°, 10 e
que tem como elementos: ação ou omissão voluntária 11, conforme a gravidade do ato, indo do grupo mais
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), grave ao menos grave. Em seguida, foi inserido um novo
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer grupo no artigo 10-A. A cada grupo é aplicada uma es-
uma violação de direito e culpa é a falta de diligência), pécie diferente de sanção no caso de confirmação da
nexo causal (relação de causa e efeito entre a ação/omis- prática do ato apurada na esfera administrativa.
são e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido
pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral

58
Nos três grupos originais do capítulo II, enquanto o Entende Carvalho Filho34 que no caso do art. 9° o re-
caput traz as condutas genéricas, os incisos delimitam quisito é o enriquecimento ilícito, ao passo que “o pres-
condutas específicas, que nada mais são do que exem- suposto exigível do tipo é a percepção de vantagem pa-
plos de situações do caput, logo, os incisos são uma re- trimonial ilícita obtida pelo exercício da função pública
lação meramente exemplificativa32, sendo suficiente bem em geral. Pressuposto dispensável é o dano ao erário”. O
compreender como encontrar os requisitos genéricos elemento subjetivo é o dolo, pois fica difícil imaginar que
para fins de provas. No grupo acrescido posteriormen- um servidor obtenha vantagem indevida por negligência,
te, o legislador não discriminou em incisos as condutas imprudência ou imperícia (culpa). Da mesma forma, é in-
praticáveis. compatível com a conduta omissiva, aceitando apenas a
comissiva (ação).

#FicaDica FIQUE ATENTO!


Todos os atos de improbidade descritos nos todas as condutas descritas abaixo são meros
artigos 9o, 10 e 11 contam com um rol de exemplos de condutas compostas pelos ele-
condutas que se enquadram nos elementos mentos genéricos da cabeça do artigo. Com
do caput. Contudo, basta o enquadramento efeito, estando eles presentes, não importa a
no caput para se caracterizar o ato de impro- ausência de dispositivo expresso no rol abaixo.
bidade administrativa. Significa dizer que o
rol é apenas exemplificativo em cada um dos
artigos. I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco-
nômica, direta ou indireta, a título de comissão, per-
centagem, gratificação ou presente de quem tenha
Seção I interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
Dos atos de improbidade administrativa que im- amparado por ação ou omissão decorrente das atri-
portam enriquecimento ilícito buições do agente público;

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa Significa receber qualquer vantagem econômica, in-
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer clusive presentes, de pessoas que tenham interesse dire-
tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do to ou indireto em que o agente público faça ou deixe de
exercício de cargo, mandato, função, emprego ou ati- fazer alguma coisa.
vidade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei,
e notadamente: II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
O grupo mais grave de atos de improbidade adminis- móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento entidades referidas no art. 1° por preço superior ao
+ ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial valor de mercado;
indevida + em razão do exercício de cargo, mandato, III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
emprego, função ou outra atividade nas entidades do para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem
artigo 1°: público ou o fornecimento de serviço por ente estatal
a) O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado por preço inferior ao valor de mercado;
não se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que
obedeça aos ditames morais, notadamente no de- Tratam-se de espécies da conduta do inciso anterior,
sempenho de função de interesse estatal. na qual o fim visado é permitir a aquisição, alienação, tro-
b) Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo- ca ou locação de bem móvel ou imóvel por preço diverso
nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamen- ao de mercado. Percebe-se um ato de improbidade que
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

te tenha ocorrido dano aos cofres públicos (por causa prejuízo direto ao erário.
exemplo, quando um policial recebe propina pra- No inciso II, o Estado que compra, troca ou aluga bem
tica ato de improbidade administrativa, mas não móvel ou imóvel para sua utilização acima do preço de
atinge diretamente os cofres públicos). mercado; no inciso III, um bem móvel ou imóvel perten-
c) É preciso que a conduta se consume, ou seja, que cente ao Estado é vendido, trocado ou alugado em preço
realmente exista o enriquecimento ilícito decor- inferior ao de mercado.
rente de uma vantagem patrimonial indevida.
d) Como fica difícil imaginar que alguém possa se en- IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
riquecer ilicitamente por negligência, imprudência máquinas, equipamentos ou material de qualquer na-
ou imperícia, todas as condutas configuram atos tureza, de propriedade ou à disposição de qualquer
dolosos (com intenção). das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem
e) Não cabe prática por omissão.33 como o trabalho de servidores públicos, empregados
ou terceiros contratados por essas entidades;
32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
33 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São 34 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
Paulo: Método, 2011. administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

59
Todo aparato dos órgãos públicos serve para atender IX - perceber vantagem econômica para intermediar a
ao Estado e, consequentemente, à preservação do bem liberação ou aplicação de verba pública de qualquer
comum na sociedade. Logo, quando um servidor públi- natureza;
co utiliza esta estrutura material ou pessoal para atender
aos seus próprios interesses, causa prejuízo direto aos Para que as verbas públicas sejam liberadas ou aplica-
cofres públicos e obtém uma vantagem indevida (a na- das há todo um procedimento estabelecido em lei, não
tural vantagem decorrente do uso de algo que não lhe cabendo ao servidor violá-lo e muito menos receber van-
pertence). tagem por tal violação. Há improbidade, por exemplo, na
V - receber vantagem econômica de qualquer nature- fraude em licitação.
za, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a
prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, X - receber vantagem econômica de qualquer nature-
de contrabando, de usura ou de qualquer outra ativi- za, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício,
dade ilícita, providên cia ou declaração a que esteja obrigado;
Nenhum ato administrativo pode ser praticado ou
omitido para facilitar condutas como lenocínio (explorar, A percepção de vantagem econômica para omitir
estimular ou facilitar a prostituição), narcotráfico (envol- qualquer ato que seja obrigado a praticar caracteriza ato
ver-se em atividades no mundo das drogas, como venda de improbidade administrativa.
e distribuição), contrabando (importar ou exportar mer-
cadoria proibida), usura (agiotagem, fornecer dinheiro XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio
a juros absurdos) ou qualquer outra atividade ilícita. Se, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acer-
ainda por cima, se obter vantagem indevida pela tole- vo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1°
rância da prática do ilícito, resta caracterizado um ato de desta lei;
improbidade administrativa da espécie mais grave, ora XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
descrita neste art. 9° em estudo. valores integrantes do acervo patrimonial das entida-
VI - receber vantagem econômica de qualquer nature- des mencionadas no art. 1° desta lei.
za, direta ou indireta, para fazer declaração falsa so-
bre medição ou avaliação em obras públicas ou qual- Como visto, todo o aparato material e financeiro pro-
quer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, piciado para o desempenho das funções públicas perten-
qualidade ou característica de mercadorias ou bens cem à máquina estatal e devem servir ao bem comum,
fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no não cabendo a utilização em proveito próprio, o que
gera uma natural vantagem econômica, sob pena de in-
art. 1º desta lei;
cidir em improbidade administrativa.
Da mesma forma, é vedado o recebimento de vanta- Seção II
gens para fazer declarações falsas na avaliação de obras Dos atos de improbidade administrativa que cau-
e serviços em geral. sam prejuízo ao erário
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, des-
evolução do patrimônio ou à renda do agente público; vio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos
bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º des-
A desproporção entre o rendimento percebido no ta lei, e notadamente:
exercício das funções e o patrimônio acumulado é um
forte indício da percepção indevida de vantagens. Claro, O grupo intermediário de atos de improbidade admi-
se comprovada que a desproporção se deu por outros nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao
motivos lícitos, não há ato de improbidade administrati-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo-


va (por exemplo, ganhar na loteria ou receber uma boa nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como
herança). o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e os
incisos algumas atitudes específicas que exemplificam o seu
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade conteúdo.35
de consultoria ou assessoramento para pessoa física a) Perda patrimonial é o gênero, do qual são espé-
ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingi- cies: desvio, que é o direcionamento indevido;
do ou amparado por ação ou omissão decorrente das apropriação, que é a transferência indevida para
atribuições do agente público, durante a atividade; a própria propriedade; malbaratamento, que sig-
nifica desperdício; e dilapidação, que se refere a
O agente público não pode trabalhar em funções in- destruição.36
compatíveis com as que desempenha para o Estado, no-
tadamente quando isso influenciar nas atitudes por ele
tomadas no exercício das funções públicas. Afinal, acei-
tando uma posição que comprometa sua imparcialidade, 35 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
o agente prejudicará o interesse público. Paulo: Método, 2011.
36 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

60
b) É preciso que seja causado dano a uma das pesso- nenhuma vantagem por seu ato (havendo enriquecimen-
as do art. 1° da lei. No entanto, o enriquecimento to ilícito, está presente um ato do art. 9°, categoria mais
ilícito é dispensável. grave).
c) O crime pode ser praticado por ação ou omissão. Aliás, nem ao menos importa se o ato é benéfico, por
exemplo, uma doação. O patrimônio público deve ser
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio preservado e sua transmissão/utilização deve obedecer
público, em todos seus bens e valores. O pressuposto a legislação vigente.
exigível é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujei-
tos passivos. IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou lo-
Este artigo admite expressamente a variante culposa,
cação de bem integrante do patrimônio de qualquer
o que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no
REsp n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da incons- das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a
titucionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do prestação de serviço por parte delas, por preço inferior
STJ consolidou a tese de que é indispensável a existência ao de mercado;
de dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou loca-
menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o ção de bem ou serviço por preço superior ao de mer-
dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo com o cado;
ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando
o agente não pretende atingir o resultado danoso, mas Incisos diretamente correlatos aos incisos II e III do
atua com negligência, imprudência ou imperícia (REsp artigo anterior, exceto pelo fato do sujeito ativo não per-
n° 1.127.143)”37. Para Carvalho Filho38, não há inconsti-
ceber vantagem indevida pela sua conduta. Aliás, é exa-
tucionalidade na modalidade culposa, lembrando que é
possível dosar a pena conforme o agente aja com dolo tamente pela falta deste elemento que o ato se enquadra
ou culpa. na categoria intermediária, e não mais grave, dentro da
O ponto central é lembrar que neste artigo não se classificação das improbidades.
exige que o sujeito ativo tenha percebido vantagens in-
devidas, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vanta- VI - realizar operação financeira sem observância das
gem indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não normas legais e regulamentares ou aceitar garantia
percepção da vantagem indevida, os tipos exemplifica- insuficiente ou inidônea;
dos se aproximam muito dos previstos nos incisos do art. VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
9°. observância das formalidades legais ou regulamenta-
res aplicáveis à espécie;
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a in-
corporação ao patrimônio particular, de pessoa física A realização de operações financeiras, como a libe-
ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores inte- ração de verbas e o investimento destas, e a concessão
grantes do acervo patrimonial das entidades mencio- de benefícios são papéis muito importantes desempe-
nadas no art. 1º desta lei; nhados pelo agente público, que deverá cumprir estrita-
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou mente a lei.
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valo-
res integrantes do acervo patrimonial das entidades VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de
mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância processo seletivo para celebração de parcerias com
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevi-
à espécie; damente;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou as- Processo licitatório é aquele em que se realiza a li-
sistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimô- citação, procedimento detalhado prescrito em lei pelo
nio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º qual o Estado contrata serviços, adquire produtos, aliena
desta lei, sem observância das formalidades legais e bens, etc. A finalidade de cumprir o procedimento legal
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

regulamentares aplicáveis à espécie; de forma estrita é garantir a preservação do interesse da


sociedade, não cabendo ao agente público passar por
Todos os bens, rendas, verbas e valores que integram cima destas regras (Lei n° 8.666/93).
a estrutura da administração pública somente devem ser
utilizados por ela. Por isso, não cabe a incorporação de IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não
seu patrimônio ao acervo de qualquer pessoa física ou autorizadas em lei ou regulamento;
jurídica e mesmo a simples utilização deve obedecer aos
ditames legais. Quem agir, aproveitando da função pú- Todas as despesas que podem ser assumidas pelo Po-
blica, de modo a permitir tais situações, incide em ato der Público encontram respectiva previsão em alguma lei
de improbidade administrativa, ainda que não receba ou diretriz orçamentária.
37 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade admi-
nistrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou
Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publica- renda, bem como no que diz respeito à conservação
cao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103422>. Aces- do patrimônio público;
so em: 26 mar. 2013.
38 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

61
A arrecadação de tributos é essencial para a manuten- entidades privadas mediante celebração de parcerias,
ção da máquina estatal, não podendo o agente público ser sem a observância das formalidades legais ou regula-
negligente (se omitir, deixar de ser zeloso) no que tange ao mentares aplicáveis à espécie;
levantamento desta renda. XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
XI - liberar verba pública sem a estrita observância jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
das normas pertinentes ou influir de qualquer forma públicos transferidos pela administração pública a en-
para a sua aplicação irregular; tidade privada mediante celebração de parcerias, sem
a observância das formalidades legais ou regulamen-
Para que as verbas públicas sejam aplicadas é preciso tares aplicáveis à espécie;
obedecer o procedimento previsto em lei, preservando o XVIII - celebrar parcerias da administração pública
interesse estatal. com entidades privadas sem a observância das forma-
Dos incisos VI a XI resta clara a marca desta catego- lidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
ria intermediária de atos de improbidade administrativa: XIX - frustrar a licitude de processo seletivo para ce-
que seja causado prejuízo ao erário, sem que o agen- lebração de parcerias da administração pública com
te responsável pelo dano receba vantagem indevida. A entidades privadas ou dispensá-lo indevidamente;
questão é preservar o interesse estatal, garantindo que XX - agir negligentemente na celebração, fiscaliza-
os bens e verbas públicas sejam corretamente utilizados, ção e análise das prestações de contas de parcerias
arrecadados e investidos. firmadas pela administração pública com entidades
privadas;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela ad-
se enriqueça ilicitamente; ministração pública com entidades privadas sem a es-
Como visto, quanto o agente público obtém vanta- trita observância das normas pertinentes ou influir de
gem própria, direta ou indireta, incide nas hipóteses mais qualquer forma para a sua aplicação irregular.
graves do artigo anterior. Caso concorde com o enri-
quecimento ilícito de terceiro, por exemplo, seu superior Seção II-A
hierárquico, ou colabore para que ele ocorra, também Dos atos de improbidade administrativa decorren-
cometerá ato de improbidade administrativa, embora de tes de concessão ou aplicação indevida de benefí-
menor gravidade. cio financeiro ou tributário
(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço par-
ticular, veículos, máquinas, equipamentos ou material Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrati-
de qualquer natureza, de propriedade ou à disposi- va qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar
ção de qualquer das entidades mencionadas no art. ou manter benefício financeiro ou tributário contrário
1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
empregados ou terceiros contratados por essas enti- Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.
dades. Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Ser-
viços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento).
Não se deve permitir que terceiros utilizem do apa- § 1º
O imposto não será objeto de concessão de
rato da máquina estatal, tanto material quanto pessoal, isenções, incentivos ou benefícios tributários ou
mesmo que não se obtenha vantagem alguma com tal financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou
concessão. de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer
outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que te- carga tributária menor que a decorrente da aplicação
nha por objeto a prestação de serviços públicos por da alíquota mínima estabelecida no caput, exceto
meio da gestão associada sem observar as formalida- para os serviços a que se referem os subitens 7.02, 7.05
des previstas na lei; e 16.01 da lista anexa a esta Lei Complementar.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público


sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou
observar as formalidades previstas na lei. evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municí-
pios, fixando-se a alíquota mínima em 2%.
A celebração de contratos de qualquer natureza com- Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro
promete diretamente o orçamento público, causando de sua competência constitucional alíquotas inferiores a
prejuízo ao erário. Por isso, deve-se obedecer as pres- 2% para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo
crições legais que disciplinam a celebração de contra- fiscal), prejudicando os municípios vizinhos.
tos administrativos, deliberando com responsabilidade Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
a respeito das contratações necessárias e úteis ao bem administrativa a eventual concessão do benefício abaixo
comum. da alíquota mínima.

XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para


a incorporação, ao patrimônio particular de pessoa
física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores
públicos transferidos pela administração pública a

62
Seção III É possível perceber, no rol exemplificativo de condu-
Dos atos de improbidade administrativa que aten- tas do artigo 11, que o agente público que pratique qual-
tam contra os princípios da administração pública quer ato contrário aos ditames da ética, notadamente os
originários nos princípios administrativos constitucionais,
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa pratica ato de improbidade administrativa.
que atenta contra os princípios da administração pú- Com efeito, são deveres funcionais: praticar atos vi-
blica qualquer ação ou omissão que viole os deveres sando o bem comum, agir com efetividade e rapidez,
de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade manter sigilo a respeito dos fatos que tenha conheci-
às instituições, e notadamente: mento devido a sua função, tornar públicos os atos ofi-
ciais, zelar pela boa realização de atos administrativos em
geral (como a realização de concurso público), prestar
O grupo mais ameno de atos de improbidade admi- contas, entre outros.
nistrativa se caracteriza pela simples violação a princípios
da administração pública, ou seja, aplica-se a qualquer Capítulo III
atitude do sujeito ativo que viole os ditames éticos do Das penas
serviço público. Isto é, o legislador pretende a preserva-
ção dos princípios gerais da administração pública.39 Art. 12.  Independentemente das sanções penais, civis
a) O objeto de tutela são os princípios constitucio- e administrativas previstas na legislação específica,
nais; está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às
b) Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dis- seguintes cominações, que podem ser aplicadas isola-
pensáveis o enriquecimento ilícito e o dano ao erá- da ou cumulativamente, de acordo com a gravidade
rio; do fato:
c) Somente é possível a prática de algum destes atos I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores
com dolo (intenção); acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento
d) Cabe a prática por ação ou omissão. integral do dano, quando houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalida- anos, pagamento de multa civil de até três vezes o va-
de para não permitir a caracterização de abuso de poder, lor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar
diante do conteúdo aberto do dispositivo. com o Poder Público ou receber benefícios ou incenti-
Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ain-
se aplica quando o ato de improbidade administrativa da que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
não tiver gerado obtenção de vantagem indevida ou sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
dano ao erário. II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regula- dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamen-
mento ou diverso daquele previsto, na regra de com- te ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, per-
petência; da da função pública, suspensão dos direitos políticos
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até
de ofício; duas vezes o valor do dano e proibição de contratar
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência com o Poder Público ou receber benefícios ou incenti-
em razão das atribuições e que deva permanecer em vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ain-
segredo; da que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
IV - negar publicidade aos atos oficiais; sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
V - frustrar a licitude de concurso público; III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado dano, se houver, perda da função pública, suspensão
a fazê-lo; dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de multa civil de até cem vezes o valor da remune-
de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ração percebida pelo agente e proibição de contratar


de medida política ou econômica capaz de afetar o com o Poder Público ou receber benefícios ou incenti-
preço de mercadoria, bem ou serviço. vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ain-
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fis- da que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
calização e aprovação de contas de parcerias firmadas sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
pela administração pública com entidades privadas. IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a
acessibilidade previstos na legislação. 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor
X - transferir recurso a entidade privada, em razão da do benefício financeiro ou tributário concedido. (Inclu-
prestação de serviços na área de saúde sem a prévia ído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
celebração de contrato, convênio ou instrumento con- Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta
gênere, nos termos do parágrafo único do art. 24 da lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado,
Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 (Lei do SUS). assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

As sanções da Lei de Improbidade Administrativa são


39 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São de natureza extrapenal e, portanto, têm caráter civil.
Paulo: Método, 2011.

63
Como visto, no caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente obtém um enriquecimento ilícito (vantagem econô-
mica indevida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá não só reparar eventual dano causado mas também
colocar nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu
indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou
deixou de ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual
será reparado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Já
no artigo 11, o máximo que pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarcimento. Na hipótese do artigo 10-A,
não se denota nem enriquecimento ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de guerra fiscal pode gerar
Em todos os casos há perda da função pública.
Nas três categorias iniciais, são estabelecidas sanções de suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de
contratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme a gravidade do ato, enquanto que na quarta categoria
apenas se prevê a suspensão de direitos políticos e a multa.
Vale lembrar a disciplina constitucional das sanções por atos de improbidade administrativa, que se encontra no
art. 37, § 4º, CF:
Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
cabível.

#FicaDica
A única sanção que se encontra prevista na LIA mas não na CF é a de multa. (art. 37, §4°, CF). Não há ne-
nhuma inconstitucionalidade disto, pois nada impediria de o legislador infraconstitucional ampliasse a
relação mínima de penalidades da Constituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a lei é o
instrumento adequado para tanto1.

1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

Carvalho Filho40 tece considerações a respeito de algumas das sanções:

a) Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se
alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
derivar de origem ilícita”.
b) Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mone-
tária e juros de mora.
c) Perda de função pública: “se o agente é titular de mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassação.
Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido-
res trabalhistas e temporários), a perda da função pública se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa
do empregado. No caso de exercer apenas uma função pública, fora de tais situações, a perda se dará pela revo-
gação da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades se sujeitam a procedimento especial para perda
da função pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa.
d) Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados
nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato de
improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração do agente).
A natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter indenizatório, mas punitivo.
e) Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao menos
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sócio majoritário da instituição vitimada.


f) Proibição de contratar: o agente punido não pode participar de processos licitatórios.

40 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

64
#FicaDica
Artigo 9° Artigo 10 Artigo 10-A Artigo 11
Suspensão de
8 a 9 anos 5 a 8 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos
direitos políticos
Até 3X o valor
Até 3X o enrique- do benefício Até 100X o valor
Até 2X o dano
Multa cimento experi- financeiro ou da remuneração
causado.
mentado tributário con- do agente
cedido
Vedação de con-
tratação ou van- 10 anos 5 anos – 3 anos
tagem

Capítulo IV
Da declaração de bens

Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores
que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de
bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores pa-
trimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do
declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público deixar o exercício do man-
dato, cargo, emprego ou função.
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.

Para que uma pessoa tome posse e exerça o cargo de agente público deve apresentar declaração de bens que
deverá ser renovada anualmente (§2°) sob pena de demissão (§3°). Assim, trata-se de condição para o exercício das
atribuições de agente público.
A finalidade é a de assegurar que o agente público não receba vantagens indevidas, possuindo instrumento para
fiscalizá-lo caso o faça.
Os bens abrangidos pela declaração não são apenas os do agente público, mas também os de seus dependentes.
Por isso, não adiantará nada o agente colocar os bens decorrentes do enriquecimento ilícito em nome de pessoas que
dele dependam, e não em seu nome.

Capítulo V
Do procedimento administrativo e do processo judicial
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Desde logo, destaca-se que o procedimento na via administrativa não tem idoneidade para ensejar a aplicação de
sanções de improbidade. Após o encerramento do processo administrativo, deverá ser ajuizada ação de improbidade
administrativa. Na sentença judicial será possível aplicar as sanções da lei de improbidade administrativa.41

Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instaurada inves-
tigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.

O artigo 14 repete um direito assegurado na Constituição Federal, qual seja o direito de representação, previsto no
art. 5°, XXXIV, a: “são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; [...]”. Logo, se o art. 14 não existisse,
ainda seria possível que o particular representasse o agente público.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do representante, as
informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta não contiver as for-

41 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

65
malidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejei- § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investiga-
ção não impede a representação ao Ministério Públi- ção, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e
co, nos termos do art. 22 desta lei. aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no ex-
terior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
O §1° delimita o conteúdo da representação que, se Se existirem indício veementes da prática do ato de
não respeitado, será rejeitado pela autoridade adminis- improbidade administrativa, a comissão processante po-
trativa (§2°). Ainda assim, em caso de rejeição, será pos- derá representar ao Ministério Público ou ao órgão jurí-
sível representar ao Ministério Público. Supondo, por dico da pessoa lesada para que estes postulem o seques-
exemplo, que a pessoa não queira se identificar - a repre- tro/arresto de bens do terceiro ou agente que tenham
sentação será rejeitada, mas o Ministério Público poderá enriquecido ilicitamente.
apurar o fato. O arresto parece ser uma medida mais adequada
As exigências do §1° servem para evitar denúncias (arts. 813 a 821, CPC), por ser uma garantia geral dos
irresponsáveis e coibir acusações levianas. Somente o credores, ou seja, por ser mais abrangente.
Ministério Público poderá instaurar procedimento para Vale lembrar a possibilidade prevista no art. 7° desta
apurar uma denúncia anônima. lei no sentido de representar ao Ministério Público para
postular a indisponibilidade de bens.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a au- Este artigo e o artigo 7° abrem possibilidade para que
toridade determinará a imediata apuração dos fatos seja tomada qualquer medida cautelar que vise impedir a
que, em se tratando de servidores federais, será pro- deterioração e a dilapidação do patrimônio do causador
cessada na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei do dano, assegurando sua reparação futura.
nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratan- O procedimento administrativo se encontra discipli-
do de servidor militar, de acordo com os respectivos nado dos artigos 14 a 16, encerrando-se neste ponto. A
regulamentos disciplinares. partir daqui, trata-se da ação de improbidade adminis-
trativa que deve tramitar na via judicial (artigos 17 e 18).
O §3° remete à existência de regras próprias do pro-
cesso administrativo disciplinar para as diferentes cate-
gorias de servidores. Por exemplo, aos servidores públi-
cos federais será aplicada a Lei n° 8.112/90. REGIME JURÍDICO PECULIAR AOS FUN-
CIONÁRIOS CIVIS DO SERVIÇO POLI-
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao CIAL DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Con- DO RIO DE JANEIRO (DECRETO LEI Nº
tas da existência de procedimento administrativo para 218/1975)
apurar a prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou
Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar DECRETO-LEI Nº 218, DE 18 DE JULHO DE 1975.
representante para acompanhar o procedimento ad-
ministrativo. Dispõe Sobre O Regime Jurídico Peculiar Aos Funcio-
nários Civis Do Serviço Policial Do Poder Executivo Do Rio
A lei fala em comissão processante, mas o órgão en- De Janeiro E Da Outras Providências.
carregado do processo de investigação pode receber ou-
tra nomenclatura conforme o sistema funcional de cada O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEI-
entidade42. RO , no uso das atribuições que lhe confere o § 1º do art.
O importante é saber que este órgão terá que in- 2º da Lei Complementar nº 20, de 1º de julho de 1974.
formar ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas a
existência do procedimento administrativo apurando o DECRETA:
ato de improbidade, que poderão designar representan- Título I
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

te para acompanhá-lo. O objetivo da lei foi contribuiu DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES


para a formação da convicção dos representantes destes
órgãos desde logo. Art. 1º - São policiais, abrangidos por este Decreto-
-Lei, os funcionários legalmente investidos em cargos
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilida- do serviço policial.
de, a comissão representará ao Ministério Público ou Parágrafo único – Para os efeitos deste Decreto-Lei, é
à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo considerado funcionário policial o ocupante do cargo
competente a decretação do seqüestro dos bens do em comissão ou função gratificada com atribuições e
agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente responsabilidades de natureza policial.
ou causado dano ao patrimônio público.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo CAPÍTULO I
com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Pro- DO INGRESSO
cesso Civil.
Art. 2º - A nomeação será feita:
I – em caráter efetivo, mediante concurso público;
42 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito II – em comissão.
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

66
Art. 3º - São requisitos para o ingresso no cargo efetivo: Art. 8º - Caracteriza a função policial o exercício de
I – ser de nacionalidade brasileira; atividades específicas desempenhadas pela autorida-
II – ter no mínimo 18 (dezoito) anos completos e no de, seus agentes e auxiliares, para assegurar o cum-
máximo 35 (trinta e cinco) anos completos à data do primento da lei, manutenção da ordem pública, a pro-
encerramento das inscrições; teção de bens e pessoas, a prevenção da prática dos
III – estar em gozo dos direitos políticos; ilícitos penais e atribuições de polícia judiciária.
IV – estar quite com as obrigações militares e eleitorais; Art. 9º - A função policial, fundada na hierarquia e na
V – possuir condições sociais e familiares compatíveis disciplina, é incompatível com qualquer outra ativida-
com a função policial; de, salvo as exceções previstas em lei.
VI – gozar de boa saúde, comprovada em inspeção Parágrafo único – Os círculos hierárquicos são âmbitos
médica; de convivência entre os policiais de mesma classe e têm
VII – possuir aptidão física e psíquica para o exercício a finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem,
da função policial;
em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do res-
VIII  – ter sido habilitado e classificado, previamente,
peito mútuo.
em concurso pú blico de provas ou de provas e títulos,
realizado pela Academia de Polícia.
§ 1º - Dependendo da natureza do cargo a ser provido, Título II
o limite máximo de idade previsto no inciso II deste Capítulo Único
artigo poderá ser reduzido para até 25 (vinte e cinco) DO CÓDIGO DE ÉTICA POLICIAL
anos completos.
Art. 4º - O período de validade dos concursos ficará a Art. 10 – O policial manterá observância, tanto mais
critério do Secretário de Segurança Pública, assegu- rigorosa quanto mais elevado for o grau hierárquico,
rando-se o provimento dos cargos vagos pelos candi- dos seguintes preceitos de ética:
datos para esse fim habilitados em concurso, obedeci- I – servir à sociedade como obrigação fundamental;
da a ordem de classificação. II – proteger vidas e bens;
Art. 5º - Aos candidatos nomeados será ministrado III – defender o inocente e o fraco contra o engano e
curso profissionalizante na Academia de Polícia, sem a opressão;
prejuízo do serviço, de acordo com a conveniência da IV – preservar a ordem, repelindo a violência;
atividade policial. V – respeitar os direitos e garantias individuais;
Art. 6º - Estágio Probatório é o período de 02 (dois) VI – jamais revelar tibieza ante o perigo e o abuso;
anos de efetivo exercício, a contar da data de início VII – exercer a função policial com probidade, discrição
deste, durante o qual são apurados os requisitos ne- e moderação, fazendo observar as leis com lhaneza
cessários à confirmação do funcionário policial ao car- VIII – não permitir que sentimentos ou animosidades
go efetivo para o qual foi nomeado. pessoais possam influir em suas decisões;
§ 1º - Os requisitos de que trata este artigo são os IX – ser inflexível, porém justo, no trato com os delin-
seguintes: quentes;
1) aprovação em curso de profissionalização na Aca- X – respeitar a dignidade da pessoa humana;
demia de Polícia; XI – preservar a confiança e o apreço de seus concida-
2) idoneidade moral; dã os pelo exemplo de uma conduta irrepreensível na
3) assiduidade; vida pública e na particular;
4) disciplina;
XII – cultuar o aprimoramento técnico profissional;
5) eficiência.
XIII – amar a verdade e a responsabilidade como fun-
§ 2º - Não Esta sujeito a novo estágio probatório o
damentos da ética do serviço policial;
funcionário que, nomeado para cargo do serviço po-
licial, já tenha adquirido estabilidade, sendo, porém, XIV – obedecer às ordens superiores, exceto quando
requisito indispensável à primeira promoção na série manifestamente ilegais;
de classes a aprovação em curso de profissionalização. XV – não abandonar o posto em que deva ser substitu-
ído sem a chegada do substituto;
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3º - Trimestralmente, o responsável pelo órgão ou


unidade administrativa em que esteja lotado o funcio- XVI – respeitar e fazer respeitar a hierarquia do serviço
nário policial sujeito a estágio probatório, encaminha- policial;
rá ao órgão de pessoal, em boletim próprio, a aprecia- XVII – prestar auxílio, ainda que não esteja em hora
ção sobre o comportamento do estagiário. de serviço:
§ 4º - Quando o funcionário policial em estágio pro- 1 – a fim de prevenir ou reprimir perturbação da or-
batório não preencher quaisquer dos requisitos nume- dem pública;
rados no § 1º deste artigo, deverá o chefe imediato 2 – quando solicitado por qualquer pessoa carente de
comunicar o fato ao órgão de pessoal, para o proce- socorro policial, encaminhando-a à autoridade com-
dimento na forma da lei. petente, quando insuficientes as providências de suas
alçada.
Capítulo II Art. 11 – O policial ao se apresentar ao seu chefe, em
DO CARGO E DA FUNÇÃO sua primeira lotação, prestará o compromisso seguin-
te:
Art. 7º - O exercício de cargo de natureza policial é
privativo dos funcionários abrangidos por este Decre-
to-Lei.

67
Prometo observar e fazer observar rigorosa obe- XIX – participar de atividade comercial ou industrial
diência às leis, desempenhar as minhas funções com exceto como acionista, quotista ou comanditário;
desprendimento e probidade, considerando inerentes XX – deixar de tratar os superiores hierárquicos e os
à minha pessoa a reputação e honorabilidade do órgão subordinados com a deferência e urbanidade devidas;
policial a que agora passo a servir. XXI – coagir ou aliciar subordinados com objetivos
políticos-partidários;
XXII – praticar usura em qualquer de suas formas;
Título III XXIII – apresentar parte, queixa ou representação in-
DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES fundadas contra superiores hierárquicos;
Capítulo I XXIV – indispor funcionários contra seus superiores
DA RESPONSABILIDADE hierárquicos ou provocar, velada ou ostensivamente,
animosidade entre funcionários;
Art. 12 – Pelo exercício irregular de suas atribuições
XXV – insubordinar-se ou desrespeitar superior hierárquico;
o funcionário policial responde civil, penal e adminis-
XXVI – empenhar-se em atividades que prejudiquem o
trativamente.
fiel desempenho da função policial;
Art. 13 – As cominações civis, penais e disciplinares
XXVII – utilizar, ceder, ou permitir que outrem use
poderão cumular-se, sendo umas e outras indepen-
objetos arrecadados, recolhidos ou apreendidos pela
dentes entre si, bem assim as instâncias civil, penal e
polícia;
administrativa.
XXVIII – entregar-se à prática de jogos proibidos, ou
Art. 14 – São transgressões disciplinares:
ao vício da embriaguez, ou qualquer outro vício de-
I – falta de assiduidade ou impontualidade habituais;
gradante;
II – interpor ou traficar influência alheia para solicitar
XXIX – portar-se de modo inconveniente em lugar pú-
acesso, remoção, transferência ou comissionamento;
blico ou acessível ao público;
III – dar informações inexatas, alterá-las ou desfigurá-
XXX – esquivar-se, na ausência de autoridade compe-
-las;
tente, de atender a ocorrências passíveis de interven-
IV – usar indevidamente os bens do Estado ou de ter-
ção policial que presencie ou de que tenha conheci-
ceiros sob sua guarda ou não;
mento imediato, mesmo fora de escala de serviço;
V – divulgar notícias sobre serviços ou tarefas em de-
XXXI – cometer opiniões ou conceitos desfavoráveis
senvolvimento ou realizadas pela repartição, ou con-
aos superiores hierárquicos;
tribuir para que sejam divulgadas ou ainda, conceder
XXXII – cometer a pessoa estranha à Organização Po-
entrevista sobre as mesmas sem autorização da auto-
licial, fora dos casos previstos em lei, o desempenho
ridade competente;
de encargos próprios ou da competência de seus su-
VI – dar, ceder insígnias ou carteira de identidade fun-
bordinados;
cional;
XXXIII – desrespeitar ou procrastinar o cumprimento
VII – deixar habitualmente de saldar dívidas legítimas
de decisão judicial ou criticá-la;
ou de pagar com regularidade pensões a que esteja
XXXIV – eximir-se do cumprimento de suas obrigações
obrigado por decisão judicial;
funcionais;
VIII – manter relações de amizade ou exibir-se em pú-
XXXV – violar o Código de Ética Policial.
blico, habitualmente, com pessoas de má reputação,
Art. 15 – As transgressões disciplinares são classifica-
exceto em razão de serviço;
das como:
IX – permutar o serviço sem expressa autorização de
I – leves;
autoridade competente;
II – médias;
X – ingerir bebidas alcoólicas quando em serviço;
III – graves.
XI – afastar-se do município onde exerce suas ativida-
§ 1º - São de natureza leve as transgressões enumera-
des, sem autorização superior;
das nos incisos I a XII do artigo anterior.
XII – deixar, sem justa causa, de submeter-se à ins-
§ 2º - São de natureza média as transgressões enume-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

peção médica determinada em lei ou por autoridade


radas nos incisos XIII a XXI do artigo anterior.
competente;
§ 3º - São de natureza grave as transgressões enume-
XIII – valer-se do cargo com o fim ostensivo ou velado
radas nos incisos XXII a XXXV do artigo anterior.
de obter proveito de natureza político-partidária, para
§ 4º - A autoridade competente para decidir a punição
si ou para outrem;
poderá agravar a classificação atribuída às transgres-
XIV – simular doença para esquivar-se do cumprimen-
sões atendendo às peculiaridades e consequências do
to do dever;
caso concreto.
XV – agir, no exercício da função, com displicência,
deslealdade ou negligências;
Capítulo III
XVI – intitular-se funcionário ou representante de re-
DAS PENAS DISCIPLINARES
partição ou unidade policial a que não pertença;
XVII – maltratar preso sob sua guarda ou usar de vio-
Art. 16 – São penas disciplinares:
lência desnecessária no exercício da função policial;
I – advertência;
XVIII – deixar de concluir, nos prazos legais ou regu-
II – repreensão;
lamentares, sem motivos justos, inquéritos policiais,
III – suspensão;
sindicâncias, atos ou processos administrativos;
VI – demissão;

68
VII – cassação de aposentadoria ou disponibilidade. Art. 23 – São competentes para aplicação das penas
Art. 17 – Na aplicação das penas disciplinares serão disciplinares previstas nesse Estatuto:
considerados: * I - o Governador do Estado, em qualquer caso e pri-
I – repercussão do fato; vativamente nos casos dos incisos VI e VI!, do artigo
II – danos decorrentes da transgressão ao serviço pú- 16, em relação aos delegados de polícia;
blico; * Nova redação dada pela Lei nº 4236/2003. 
III – causas de justificação; * II - O Secretário de Estado de Segurança Pública, em
IV – circunstâncias atenuantes; qualquer caso, e, privativamente, nos casos dos incisos
V – circunstâncias agravantes; VI e VII do artigo 16, em relação aos demais servidores
VI – a classificação da gravidade estabelecida no artigo 15. policiais e suspensão acima de 60 (sessenta) dias;
§ 1º - São causas de justificação: * Nova redação dada pela Lei nº 4236/2003. 
1) motivo de forçam maior plenamente comprovado; * III - o Chefe da Polícia Civil, nos casos dos incisos I
2) ter sido cometida a transgressão na prática de ação e II, do artigo 16, e suspensão até 60 (sessenta) dias;
meritória, no interesse do serviço, da ordem ou da se- * Nova redação dada pela Lei nº 4236/2003. 
gurança pública. * IV - o Corregedor da Policia Civil, nos casos dos incisos
§ 2º - São circunstâncias atenuantes: I e II, do artigo 16, e suspensão até 50 (cinquenta) dias;
1)boa conduta funcional; * Nova redação dada pela Lei nº 4236/2003. 
2)relevância dos serviços prestados; * V - os dirigentes de unidade de polícia administrati-
3)ter sido cometida a transgressão em defesa de direi- va e judiciária da Policia Civil, nos casos dos incisos I a
tos próprios ou de terceiros, ou para evitar mal maior. III, do artigo 16, aos servidores policiais que lhes forem
§ 3º - São circunstâncias agravantes: subordinados, limitada a pena de suspensão ao prazo
1) má conduta funcional; de 30 (trinta) dias.
2) prática simultânea ou conexão de duas ou mais * Nova redação dada pela Lei nº 4236/2003. 
* Parágrafo único - Quando para qualquer transgres-
transgressões;
são, for prevista mais de uma pena disciplinar, a au-
3) reincidência;
toridade competente, atenta às circunstâncias de cada
4) ser praticada a transgressão em conluio por duas
caso, decidirá qual a aplicável.
ou mais pessoas, durante a execução do serviço, em
* Nova redação dada pela Lei nº 4236/2003. 
presença de subordinados ou em público;
* Art. 24 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
5) ter sido praticada a transgressão com premeditação
I - da transgressão disciplinar sujeita à pena de advertên-
ou com abuso de autoridade hierárquica ou funcional.
cia, repreensão ou suspensão no prazo de 02 (dois) anos;
§ 4º - Não haverá punição quando, no julgamento da II - da transgressão disciplinar sujeita á pena de de-
transgressão, for reconhecida uma das causas de jus- missão, cassação de aposentadoria ou de disponibili-
tificação previstas. dade no prazo de 05 (cinco) anos;
Art. 18 – A pena de advertência será aplicada em par- III - da transgressão disciplinar prevista na Lei como
ticular e verbalmente, nos casos de falta leve. infração penal, juntamente com o crime;
Art. 19 – A pena de repreensão será aplicada, por es- § 1º - O curso do prazo prescricional começa a correr
crito, nos casos de falta leve. da data em que o fato se tornou conhecido pela Ad-
* Art. 20 - A pena de suspensão, que não poderá exce- ministração Pública.
der a 90 (noventa) dias, será aplicada: § 2º - O curso do prazo prescricional interrompe-se
I - de 1 (um) a 15 (quinze) dias, nos casos de falta leve; com a instauração da sindicância ou do processo ad-
II - de 16 (dezesseis) a 40 (quarenta) dias, nos casos ministrativo disciplinar, até decisão final proferida por
de falta média; autoridade competente.
III - de 41 (quarenta e um) a 90 (noventa) dias, nos § 3º - o curso do prazo prescricional não corre:
casos de falta grave. I - enquanto sobrestados a sindicância ou o processo ad-
Parágrafo único - Quando houver conveniência para o ministrativo disciplinar para aguardar decisão judicial;
serviço policial, a pena de suspensão poderá ser con- II - enquanto insubsistente o vinculo funcional que ve-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cen- nha a ser restabelecido.
to) por dia de vencimento ou remuneração, obrigado, * Nova redação dada pela Lei nº 4236/2003. 
nesse caso, o policial a permanecer no serviço, cum- * Art. 25 - A autoridade que tiver ciência de irregula-
prindo sua carga horária de trabalho normal. ridade no serviço público é obrigada a promover sua
* Nova redação dada pela lei nº 1693/1990. apuração imediata, mediante sindicância ou processo
Art. 21 – A pena de prisão disciplinar até 30 (trinta) administrativo disciplinar, assegurados ao acusado o
dias poderá ser aplicada nos casos de faltas médias contraditório e a ampla defesa.
ou graves. * Nova redação dada pela Lei nº 4236/2003. 
Parágrafo único – O cumprimento da pena de prisão * Art. 25-A - A apuração das infrações, cuja natureza
disciplinar deverá ser efetuada em local previamen- autoriza a aplicação das penalidades previstas nos in-
te designado pelo Secretário de Segurança Pública e cisos 1 a III, do ad. 16, será feita mediante sindicância
importa na perda de 50% dos vencimentos correspon- administrativa disciplinar, limitada a penalidade de
dentes aos dias de prisão. suspensão a 60 (sessenta) dias.
Art. 22 – A pena de demissão, cassação de aposenta- § 1º - A sindicância administrativa disciplinar será
doria ou disponibilidade será aplicada nos casos pre- concluída no prazo de 60 (sessenta) dias, contados a
vistos no Estatuto dos Funcionários Públicos Civis. partir de sua instauração.

69
§ 2º- Após concluída a sindicância administrativa dis- II - quando a medida se impuser no interesse da or-
ciplinar deverá ser encaminhada á autoridade compe- dem pública;
tente para decisão. III - quando houver necessidade do afastamento para
§ 3º - Não sendo possível a conclusão da sindicância que o servidor não venha a influir na apuração da fal-
administrativa disciplinar, no prazo de 60 (sessenta) ta.
dias, a autoridade sindicante encaminhará, sob pena Parágrafo único - O afastamento de que trata este ar-
de responsabilidade funcional, no prazo de 10 (dez) tigo é medida acautelatória e não constitui pena.
dias, ao chefe imediato, relatório circunstanciado indi- * Artigo acrescido pela Lei nº 4236/2003. 
cando as diligências faltantes e solicitando prazo para * Art. 25-D – As autoridades competentes terão 10 (dez)
a sua conclusão, que não poderá exceder a 30 (trinta) dias, após recebidas as conclusões das Comissões de
dias. Sindicâncias e Processos Administrativos, para proferir
§ 4º - Excepcionalmente, não sendo concluída a sindi- a decisão referente ao servidor, sob pena de responsa-
cância administrativa disciplinar no prazo total de 90 bilidade.
(noventa) dias, a autoridade sindicante, no prazo de * Artigo acrescido pela Lei nº 4236/2003. 
10 (dez) dias, justificadamente, sob pena de responsa- Art. 26 – Para as recompensas e punições, o policial
bilidade funcional, encaminhará relatório circunstan- terá seu comportamento classificado em:
ciado ao chefe imediato que, em igual prazo abrirá I – excepcional;
vista ao Chefe da Policia Civil com a indicação das II – ótimo;
diligências faltantes e a solicitação do prazo necessá- III – bom;
rio à sua conclusão. IV – regular;
* Artigo acrescido pela Lei nº 4236/2003.  V – mau.
* Art. 25-B - Quando à transgressão disciplinar for § 1º - Ao ingressar no serviço público o servidor terá
cominada pena superior a 60 (sessenta) dias de sus- o conceito bom.
pensão, demissão, cassação de aposentadoria ou de § 2º - Os policiais que tiverem anotação de suspensão
disponibilidade, os autos serão encaminhados ao superior a 10 (dez) dias no período anterior à elabo-
Chefe da Polícia Civil, que os remeterá ao Secretário ração do Boletim de Merecimento, serão incluídos no
de Estado de Segurança Pública para instauração de conceito do inciso V e no inciso IV, se tais fatos se re-
processo administrativo disciplinar, por distribuição a gistraram no período de 02 (dois) anos.
uma das Comissões Permanentes de Inquérito Admi- § 3º - O servidor policial somente será incluído nos
nistrativo — CPIAs. incisos I e II se não tiver sofrido pena disciplinar de
§ 1º - O processo administrativo disciplinar deverá ser qualquer espécie, nos períodos, respectivamente, de
ultimado pela Comissão respectiva, presidida por de- 10 (dez) e 05 (cinco) anos que antecederem a elabora-
legado de polícia, no prazo de 90 (noventa) dias, con- ção dos respectivos Boletins de Merecimento.
tados a partir da sua instauração. § 4º - decorrido o prazo de 10 (dez) anos sem anota-
§ 2º - Não sendo possível a conclusão do processo ad- ção de penas disciplinares, o policial poderá requerer
ministrativo disciplinar no prazo de 90 (noventa) dias, o cancelamento das anotações anteriores, o que será
as comissões encaminharão, sob pena de responsabili- concedido a crité rio do Secretário de Segurança Pú-
dade funcional, no prazo de 10 (dez) dias, ao órgão de blica.
supervisão, relatório indicando as diligências faltantes
e solicitando prazo para sua conclusão, que não pode- Título IV
rá exceder a 90 (noventa) dias. DOS DIREITOS E VANTAGENS
§ 3º - Na hipótese de o indiciado ser delegado de polí- Capítulo I
cia, o processoadministrativo disciplinar será presidido DOS DIREITOS
obrigatoriamente por outro de nível igual ou superior.
§ 4º - Excepcionalmente, não concluído o processo ad- Art. 27 – São direitos pessoais decorrentes do exercício
ministrativo disciplinar no prazo total de 180 (cento e da função policial:
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

oitenta) dias, o órgão de supervisão encaminhará, sob I – garantia do uso do título em toda a sua plenitude,
pena de responsabilidade funcional, no prazo de 10 com as vantagens e prerrogativas a ele inerentes;
(dez) dias, II – estabilidade, nos termos da legislação em vigor;
ao Secretário de Estado de Segurança Pública relatório III – uso das designações hierárquicas;
circunstanciado elaborado pelas comissões, indicando IV – desempenho de cargos e funções correspondentes
as diligências faltantes e solicitando o prazo necessá- à condição hierárquica;
rio á sua conclusão.
* Artigo acrescido pela Lei nº 4236/2003.  V – percepção de vencimento correspondente ao padrão
* Art. 25-C - O servidor integrante do Quadro de Pes- fixado em lei e de vantagens pecuniárias;
soal da Polícia Civil poderá ser afastado do exercício VI – percepção de salário família, diárias e ajuda de cus-
do cargo ou da função, sem perda de vencimentos, por to;
prazo não superior a 30 (trinta) dias, a critério do Se- VII – carteira funcional
cretário de Estado de Segurança Pública, nas seguintes VIII – promoções regulares e por bravura, inclusive post
hipóteses: mortem, ascensões regulares, inclusive post mortem;
I -  quando existam indícios suficientes da prática de IX – medalhas Mérito Policial e Mérito Especial e outras
transgressão disciplinar grave; condecorações previstas em lei;

70
X – assistência médica, hospitalar, social e quando feri- § 1º - O policial será aposentado com limites de idade
do, ou acidentado em serviço, ou em razão da função, e tempo de serviço que vierem a ser fixados em lei.
submetido a processo em decorrência do estrito cumpri- § 2º - A aposentadoria por invalidez será sempre pro-
mento do dever legal. cedida de licença por período não inferior a 24 meses,
XI – aposentadoria nos termos da lei, com proventos in- salvo quando o laudo médico concluir, anteriormente
tegrais, independente de tempo de serviço, quando for àquele prazo, pela incapacidade definitiva para o ser-
reconhecida a invalidez permanente por motivo de aci- viço policial.
dente em serviço ou em consequência dele. Art. 34 – O aposentado receberá provento integral:
XII – trânsito quando desligado de uma sede para assu- I – no caso do incido II do artigo anterior;
mir exercício em outra, situada em município diferente; II – quando a invalidez for em consequência de aci-
XIII – auxílio funeral; dente no exercício de suas atribuições ou em virtude
XIV – prisão domiciliar por tempo de serviço; de doença profissional;
XV – férias e licenças previstas em lei; III – quando acometido de tuberculose ativa, alienação
XVI – gratificação adicional por tempo de serviço; mental, neoplasia maligna, cegueira, lepra, paralisia
XVII – acesso e transferência regulamentares; irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, estados
XVIII – garantias devidas ao resguardo da integridade adiantados de Paget (osteíte deformante), com base
física do policial em caso de cumprimento de pena em nas conclusões da medicina especializada.
estabelecimento penal, conquanto sujeito ao sistema § 1º - Considera-se acidente o evento que causar me-
disciplinar penitenciário; diata ou imediatamente, ao policial, dano decorren-
XIX – quando aposentado, porte de arma. te do exercício das atribuições inerentes ao cargo ou
Art. 28 - Aos beneficiários do policial falecido, em con- função.
sequência de agressão sofrida no desempenho de suas § 2º - A autoridade policial competente fará registro
atribuições ou, ainda, em consequência de acidente circunstanciado do fato, no qual deverá consignar as
ocorrido em serviço ou de moléstia nele adquirida, provas colhidas, em caso de acidente de serviço.
será concedida pensão equivalente ao vencimento § 3º - As servidor ocupante de cargo policial em co-
mais as vantagens percebidas por ocasião do óbito. missão, aplicar-se-á o disposto neste artigo, quando
§ 1º - a prova das circunstâncias do falecimento será enquadrado nos termos do inciso II.
feita de acordo com a legislação em vigor. Art. 35 – A aposentadoria voluntária mantém o fun-
§ 2º - O valor da pensão será sempre revisto, nas mes- cionário em exercício até a publicação do respectivo
mas bases em que se modificarem os valores dos ven- ato, salvo quando já afastado do cargo.
cimentos dos funcionários em atividade. Art. 36 – O aumento de vencimento que for concedido
ao servidor policial da ativa será dado na mesma pro-
Capítulo II porção ao inativo.
DAS FÉRIAS Art. 37 – recompensa é o reconhecimento dos bons
serviços prestados pelo servidor policial.
Art. 29 – O funcionário gozará, obrigatoriamente, 30 Art. 38 – São recompensas:
(trinta) dias de férias por ano, concedidas de acordo I – agraciamento com as Medalhas Mérito Poli-
com escala organizada pelo chefe imediato. cial e Mérito Especial, na forma instituída em lei;
Art. 30 – É proibida a acumulação de férias, salvo por II – elogios individuais e coletivos;
imperiosa necessidade de serviço e pelo máximo de 02 III – dispensa total do serviço até 10 (dez) dias;
(dois) períodos. IV – cancelamento de pena disciplinar.
Art. 31 – O funcionário ao entrar em férias, participará Art. 39 – São competentes para conceder a dispensa
ao chefe imediato seu endereço eventual. total do serviço:
Art. 32 – Mediante convocação do Secretário de Se- I – até 10 (dez) dias: O Secretário de Segurança Pú-
gurança Pública, o funcionário policial será obrigado a
blica;
interromper suas férias em situação de emergente ne-
II – até 05 (cinco) dias: chefes de órgãos subordinados
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cessidade da segurança nacional ou para manutenção


diretamente ao Secretário de Segurança Pública;
da ordem pública.
III – até 02 (dois) dias: os titulares de Delegacias.
Parágrafo único – O funcionário terá direito a reno-
Art. 40 – O cancelamento de pena disciplinar, além
var o gozo do período assim interrompido, em época
da hipótese prevista no § 4º do artigo 27, pode ser
oportuna, sempre a critério da administração.
concedido, como recompensa, em razão de relevantes
serviços prestados à segurança pública, por decisão do
Título V
Secretário de Estado da Polícia Civil.
DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS
Art. 41 – A requisição do funcionário policial para ter
Capítulo I
exercício em outra unidade administrativa, respeita-
DA APOSENTADORIA
dos os casos previstos em lei, somente será permitida
quando houver compatibilidade e correlação entre as
Art. 33 – O servidor policial será aposentado:
atribuições típicas do cargo com as dos serviços da
I – compulsoriamente;
unidade, sempre com expressa autorização do Gover-
II – voluntariamente;
nador, sujeitando-se o servidor a perda das vantagens
III – por invalidez.
decorrentes estritamente da função policial.

71
Art. 42 – Aquele que, comprovadamente, se revelar § 3°  No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
inapto para o exercício da função policial, sem cau- Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto
sa que justifique sua demissão ou aposentadoria, será no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de
readaptado em outra função, mais compatível com a 1965.
sua capacidade, sem que essa readaptação lhe traga
qualquer prejuízo financeiro. Dispõe o art. 6°, §3° da Lei n° 4.717/65:
Art. 43 – Aplicam-se aos servidores policiais as disposi- A pessoa jurídica de direito público ou de direito priva-
ções do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis e de- do, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se
de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor,
mais normas de pessoal, naquilo que não colidir com desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo
este Decreto-Lei. do respectivo representante legal ou dirigente.
Art. 44 – O Poder Executivo, no prazo de 90 (noventa) Significa que é possível inverter a legitimidade, sendo
dias, baixará o Regulamento deste diploma legal. que a pessoa jurídica inicia o processo como legitimado
Art. 45 – Este Decreto-Lei entrará em vigor na data de passivo, mas, como é invertido o interesse processual,
sua publicaç ão, revogadas as disposições em contrá- passa para o polo ativo. No entanto, como pessoa jurídi-
rio. ca não figura como ré de ação de improbidade adminis-
trativa, somente cabe a aplicação do dispositivo no sen-
tido de autorizar que a pessoa jurídica reforce o pedido
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será de reconhecimento de improbidade e de aplicação de
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídi- sanções ao lado do Ministério Público.
ca interessada, dentro de trinta dias da efetivação da
medida cautelar. § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo
“Ação de improbidade administrativa é aquela que como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da
pretende o reconhecimento judicial de condutas de im- lei, sob pena de nulidade.
probidade da Administração, perpetradas por adminis-
tradores públicos e terceiros, e a consequente aplicação A atuação do Ministério Público nos processos judi-
das sanções legais, com o escopo de preservar o princípio ciais pode ser como parte, quando ajuizar a ação, e como
da moralidade administrativa. Sem dúvida, cuida-se de fiscal da lei, quando outro legitimado o fizer. No caso,
poderoso instrumentos de controle judicial sobre atos como também a pessoa jurídica de direito público preju-
que a lei caracteriza como de improbidade”43. dicada pode ajuizar a ação, se o fizer, o Ministério Público
Caso tenha sido postulada alguma medida cautelar, atuará como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
o prazo para que seja ajuizada a ação de improbidade
administrativa é de 30 dias, sob pena de perda da eficácia § 5o  A propositura da ação prevenirá a jurisdição do
da medida (bens e verbas são desbloqueados). juízo para todas as ações posteriormente intentadas
A legitimidade ativa é concorrente, porque a ação que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo
pode ser proposta tanto pelo Ministério Público quanto objeto.
pela pessoa jurídica interessada.
A legitimidade passiva é daquele que cometeu o ato Tornar o juízo prevento é assegurar que todas as
de improbidade. ações que sejam propostas com mesma causa de pedir
No pedido, se postulará, primeiro, o reconhecimento (fatos e fundamentos jurídicos) ou mesmo objeto sejam
do ato de improbidade administrativa, depois, a aplica- julgadas pelo mesmo juízo. Será prevento o juízo em que
ção das sanções cabíveis. primeiro for proposta a ação.

§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas § 6o  A ação será instruída com documentos ou
ações de que trata o caput. justificação que contenham indícios suficientes da
existência do ato de improbidade ou com razões
Não é permitido fazer acordos porque a apuração do fundamentadas da impossibilidade de apresentação
ato de improbidade administrativa é de interesse públi- de qualquer dessas provas, observada a legislação
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co, sobre o qual não se pode transacionar. Seria absurdo vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a
alguém prejudicar o erário e se livrar da condenação ju- 18 do Código de Processo Civil.
dicial apenas por ter aceitado um acordo quando desco-
berto seu ato. A ação de improbidade administrativa será instruída
com provas do ato de improbidade administrativa prati-
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá cado, geralmente o processo administrativo que trami-
as ações necessárias à complementação do ressarci- tou anteriormente. Todas estas provas serão explicadas,
mento do patrimônio público. fundamentando porque restou caracterizado o ato de
improbidade.
Caso não tenha sido totalmente recomposto o patri-
mônio com a ação de improbidade, a Fazenda Pública § 7o  Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará
ajuizará ação própria. autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para
oferecer manifestação por escrito, que poderá ser
instruída com documentos e justificações, dentro do
prazo de quinze dias.
43 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

72
Se a petição inicial preencher os requisitos do pará- O §4º do artigo 3º mencionado foi vetado. Interpre-
grafo anterior e os demais requisitos processuais civis, o tando o artigo 8º-A, entende-se ser legitimada para pro-
requerido será notificado para se manifestar por escrito positura da ação a pessoa jurídica de direito público que
e, se quiser, apresentar documentos. seria beneficiada pela alíquota que deveria ter sido reco-
lhida na esfera de seu município pois nele que o presta-
§ 8o  Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dor se encontrava.
dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se
convencido da inexistência do ato de improbidade, Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil
da improcedência da ação ou da inadequação da via de reparação de dano ou decretar a perda dos bens
eleita.
havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a
§ 9o  Recebida a petição inicial, será o réu citado para
reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pes-
apresentar contestação.
soa jurídica prejudicada pelo ilícito.
Se o juiz se convencer com as informações da mani-
Na verdade, este dispositivo apenas lembra algumas
festação do requerido, rejeitará a ação; se não, receberá das sanções que poderão ser aplicadas na sentença da
definitivamente a petição inicial e determinará a citação ação de improbidade administrativa. Não significa que as
do réu para contestar a ação. demais sanções previstas nesta lei não sejam aplicáveis.

§ 10  Da decisão que receber a petição inicial, caberá Capítulo VI


agravo de instrumento. Das disposições penais

Agravo de instrumento é o recurso interposto contra Art. 19. Constitui crime a representação por ato de
decisões que não colocam fim no processo. improbidade contra agente público ou terceiro bene-
ficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
§ 11 Em qualquer fase do processo, reconhecida a ina- Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
dequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o Parágrafo único. Além da sanção penal, o denuncian-
processo sem julgamento do mérito. te está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos
materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
Durante o processo o juiz pode perceber que a ação
de improbidade administrativa não deveria ter sido acei- A legislação pretende que as denúncias de atos de
ta, caso em que a extinguirá. improbidade administrativas sejam sérias e fundamen-
tadas, não levianas. O art. 19 introduz um tipo penal, ele
§ 12.  Aplica-se aos depoimentos ou inquirições não faz parte exatamente das outras penalidades da lei,
realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto por isso exatamente que está apartado das demais.
no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal. Este crime será denunciado e apurado perante um
juízo criminal, fora da ação de improbidade administra-
Dispõem o artigo 221, caput e §1° do CPP: tiva. O artigo 19 é um crime a ser denunciado em ação
O Presidente e o Vice-Presidente da República, os se- penal pública proposta pelo Ministério Público, único le-
nadores e deputados federais, os ministros de Estado, os gitimado.
governadores de Estados e Territórios, os secretários de Es- Na verdade, ele não passa de uma forma específica
tado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os da denunciação caluniosa do Código Penal.
deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os mem-
bros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais Art. 339, CP. Dar causa à instauração de investigação poli-
de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem cial, de processo judicial, instauração de investigação admi-
como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, nistrativa, inquérito civil ou ação de improbidade adminis-
dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. trativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe
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inocente. Pena - reclusão de 2 a 8 anos e multa.


Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direi-
§ 1° O Presidente e o Vice-Presidente da República,
tos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos sentença condenatória.
Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
optar pela prestação de depoimento por escrito, caso competente poderá determinar o afastamento do agente
em que as perguntas, formuladas pelas partes e público do exercício do cargo, emprego ou função, sem
deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer neces-
sária à instrução processual.
Percebe-se que os dispositivos tratam da tomada de
depoimentos de determinados agentes públicos. Não cabe, em regra, tomar medida cautelar para sus-
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera pender direitos políticos e determinar a perda da função
pessoa jurídica interessada o ente tributante que pública. O máximo que é possível, visando garantir a ins-
figurar no polo ativo da obrigação tributária de que trução processual, é afastar o agente público do exercício
tratam o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Comple- do cargo sem prejuízo da remuneração enquanto tramita
mentar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela a ação de improbidade administrativa.
Lei Complementar nº 157, de 2016)

73
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei in-
depende: EXERCÍCIOS COMENTADOS
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio públi-
co, salvo quanto à pena de ressarcimento; 1. (STJ - Analista Judiciário - Administrativa - CES-
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão PE/2018) Em relação aos princípios aplicáveis à adminis-
de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de tração pública, julgue o próximo item.
Contas. O servidor público que revelar a particular determinado
fato sigiloso de que tenha ciência em razão das atribui-
Não importa se o ato praticado pelo agente não cau- ções praticará ato de improbidade administrativa atenta-
sou dano ao erário, tanto que existem os atos da catego- tório aos princípios da administração pública.
ria mais leve (artigo 11).
Também é irrelevante se o Tribunal de Contas apro- ( )CERTO ( )ERRADO
vou ou rejeitou as contas prestadas pelo agente, embora
isto sirva de elemento de prova. Resposta: Certo - A conduta é especificada no rol do
artigo 11, III, Lei nº 8.429/1992: “Constitui ato de impro-
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, bidade administrativa que atenta contra os princípios
o Ministério Público, de ofício, a requerimento de au- da administração pública qualquer ação ou omissão
toridade administrativa ou mediante representação que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
formulada de acordo com o disposto no art. 14, po- legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
derá requisitar a instauração de inquérito policial ou [...] III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência
procedimento administrativo. em razão das atribuições e que deva permanecer em
segredo”.
O Ministério Público poderá requisitar a instauração
de inquérito policial ou procedimento administrativo de 2. (STM - Cargos de Nível Superior - Conhecimentos
ofício, a pedido da autoridade administrativa ou median- Básicos - CESPE/2018) À luz da Lei de Improbidade Ad-
te representação. ministrativa – Lei nº 8.429/1992 –, julgue o item a seguir.
É imprescindível a ocorrência de dolo para a tipificação,
Capítulo VII como ato de improbidade administrativa, da conduta de
Da prescrição agente público que cause prejuízo ao erário.

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as san- ( )CERTO ( )ERRADO


ções previstas nesta lei podem ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de man- Resposta: Errado - Os atos de improbidade adminis-
dato, de cargo em comissão ou de função de confian- trativa que causam prejuízo ao erário podem ser do-
ça; losos ou culposos, conforme artigo 10, caput, Lei nº
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei espe- 8.429/1992: “Constitui ato de improbidade administra-
cífica para faltas disciplinares puníveis com demissão tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou omis-
a bem do serviço público, nos casos de exercício de são, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,
cargo efetivo ou emprego. desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação
dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do desta lei, e notadamente [...]”.
direito de acionar judicialmente.
A ação de improbidade administrativa não poderá ser 3. (STM - Analista Judiciário - Área Administrativa -
proposta se: a) prescrição no caso de cargo provisório CESPE/2018) À luz da Lei de Improbidade Administrativa
- passados 5 anos após o término do exercício de man- – Lei nº 8.429/1992 –, julgue o item a seguir.
dato, cargo em comissão ou função de confiança pelo
Além dos servidores públicos, são considerados sujeitos
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réu; b) prescrição no caso de cargo definitivo - dentro do


prazo prescricional previsto em lei específica para faltas ativos de atos de improbidade administrativa os notários
disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço e registradores, que podem sofrer as penalidades previs-
público (por exemplo, na esfera federal, o prazo é de 5 tas na lei em apreço.
anos a contar da data em que o fato se tornou conheci-
do). ( )CERTO ( )ERRADO

Capítulo VIII Resposta: Certo - Vale observar o conceito de agen-


Das disposições finais te público nos termos do artigo 2°, Lei nº 8.429/1992:
“Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publi- todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
cação. sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e
demais disposições em contrário. vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas enti-
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Indepen- dades mencionadas no artigo anterior”. Neste sentido,
dência e 104° da República. o artigo anterior, isto é, o artigo 1o da lei, prevê: “os atos
de improbidade praticados por qualquer agente públi-

74
co, servidor ou não, contra a administração direta, indi- DECRETA:
reta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Ter- Art. 1º - Fica aprovado o Regulamento do Estatuto dos
ritório, de empresa incorporada ao patrimônio público Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro, a que se re-
ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário fere o artigo 44 do decreto –lei nº 218, de 18 de julho
haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por de 1975, o qual acompanha o presente Decreto.
cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos Art. 2º - Este Decreto entrará em vigor na data de sua
na forma desta lei”. Não há dúvidas que os notários publicação, revogadas as disposições em contrário.
e registradores desempenham típica função do Estado,
mediante concessão de serviço público, razão pela qual Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 1980.
são extensão do próprio Estado. Assim, seus agentes A.de P. Chagas Freitas
podem ser responsabilizados por atos que configurem Edmundo Adolfo Murgel
improbidade administrativa.

4. (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos REGULAMENTO DO ESTATUTO DOS POLICIAIS CI-
- Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) Com relação aos prin- VIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
cípios aplicáveis à administração pública e ao enriqueci-
mento ilícito por agente público, julgue o item a seguir. Título I
A pretensão estatal de ressarcimento do erário em face DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
de agente que tenha enriquecido ilicitamente no exercí-
cio de suas funções prescreverá em cinco anos. Art. 1º - São policiais civis, abrangidos por este Decre-
to, os funcionários legalmente investidos em cargos de
( )CERTO ( )ERRADO provimento efetivo do quadro do serviço policial civil.

Resposta: Errado - Sobre a prescrição, disciplina o ar- Parágrafo único – Para os efeitos deste Decreto, é
tigo 23 da Lei nº 8.429/92: “As ações destinadas a levar considerado policial o ocupante de cargo isolado de
a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser pro- provimento em comissão ou função gratificada, com
postas: I - até cinco anos após o término do exercício atribuições e responsabilidades de natureza policial.
de mandato, de cargo em comissão ou de função de
confiança; II - dentro do prazo prescricional previsto em CAPÍTULO I
lei específica para faltas disciplinares puníveis com de- DO INGRESSO
missão a bem do serviço público, nos casos de exercício
de cargo efetivo ou emprego; III - até cinco anos da data Art. 2º - A nomeação será feita:
da apresentação à administração pública da prestação I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de
de contas final pelas entidades referidas no parágrafo classe inicial de série de classe;
único do art. 1o desta Lei”. Contudo, o artigo 37, § 5o, CF, II – em comissão, quando se tratar de cargo que em
prevê: “A lei estabelecerá os prazos de prescrição para virtude de lei, assim deva ser provido;
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, Art. 3º - O ingresso nos cargos de provimento efetivo
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respecti- exige:
vas ações de ressarcimento”. Significa que para as ações I – nacionalidade brasileira;
civis de ressarcimento o prazo prescricional do artigo II – idade-limite na forma estabelecida em lei;
23 da LIA não se aplica. Estas ações de reparação, aliás, III – gozo dos direitos políticos, comprovado através
são consideradas imprescritíveis. de documento fornecido pelas entidades públicas, res-
ponsáveis pelo controle desses direitos;
IV – certificado expedido por repartição militar com-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

petente e título eleitoral que comprovem, respectiva-


REGULAMENTO DO ESTATUTO DOS PO- mente, a quitação das obrigações militares e eleitorais;
LICIAIS CIVIS DO ESTADO DO RIO DE V – condições sociais familiares compatíveis com a
JANEIRO (APROVADO PELA DECRETO Nº função policial, a serem apuradas mediante sindicân-
3044/80) cia reservada;
VI – boa saúde, comprovada através de inspeção mé-
dica, realizada pelo Departamento de Perícias Médi-
DECRETO Nº 3.044 DE 22 DE JANEIRO DE 1980 cas da Secretaria de Estado da Administração;
VII – aptidão física e psíquica para o exercício da fun-
Aprova O Regulamento Do Estatuto Dos Policiais Do ção policial, apurada por profissionais capacitados;
Estado Do Rio De Janeiro VIII – habilitação prévia, em concurso público de provas
ou de prova e títulos, realizada na Academia de Polícia;
O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEI- IX – classificação do habilitado dentre o número de
RO, no uso de suas atribuições legais  vagas existentes na classe inicial da série de classes.
§ 1º - Os exames e provas práticas, previstas no inciso
VI e VII, terão caráter eliminatório e precederão à rea-
lização das provas mencionadas no inciso VIII.

75
§ 2º - Quando o número de inscritos for elevado, ex- § 1º - O requisito de que trata este artigo são os se-
cepcionalmente os exames e provas práticas previstos guintes:
nos incisos VI e VII poderão ser realizados “a posterio- 1 – aprovação no curso de formação profissional, na
ri”, somente para os aprovados, a critério do Secretário Academia de Polícia;
de Estado de Polícia Civil. 2 – idoneidade moral – conduta do policial apurada
§ 3º - Além dos requisitos enunciados nos incisos I e através de pesquisa de seus antecedentes, sob aspec-
IX deste artigo, será exigido dos candidatos a cargos tos sociais e funcionais;
policiais por ocasião da inscrição no concurso público, 3 – assiduidade – dever do policial de comparecer à
o seguinte grau de escolaridade: repartição onde trabalha, no horário preestabelecido
a) Delegado de Polícia – diploma de bacharel em di- e, a qualquer hora, quando convocado;
reito, devidamente registrado; 4 – disciplina – rigorosa observância e acatamento in-
b) Escrivão de Polícia – certificado de segundo grau tegral às leis, regulamentos, normas e disposições que
escolar ou equivalente; fundamentam o organismo policial e coordenam seu
c) Detetive – certificado de segundo grau escolar ou funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se no
equivalente e carteira de habilitação de motorista pro- perfeito cumprimento do dever;
fissional; 5 – eficiência – desempenho com acerto dos encargos
d) Perito Criminal – diploma de curso superior, devida- inerente à função policial 
mente registrado nos conselhos respectivos, nas espe- § 2º - O policial que já tenha adquirido estabilidade no
cialidades inerentes ao cargo; serviço público não estará sujeito a novo estágio pro-
e) Perito Legista – diploma de médico, devidamente batório quando nomeado, reclassificado, transferido,
registrado no Conselho Regional de Medicina; transposto ou transformado sob qualquer forma legal
ou judicial, para cargo no serviço policial, sendo, po-
f) Piloto Policial – certificado de segundo grau escolar rém obrigatório e requisito indispensável, à primeira
ou equivalente e carta de piloto comercial expedida promoção, aprovação no Curso de Formação Profis-
sional da Academia de Polícia.
pelo Departamento de Aviação Civil (D.A.C.);
§ 3º - O dirigente do órgão ou unidade administrativa
g) Papiloscopista – certificado de segundo grau escolar
em que esteja lotado o policial, sujeito a estágio pro-
ou equivalente;
batório, encaminhará ao órgão central de pessoal da
h) Técnico de Necropsia, Fotógrafo Policial, Inspetor
Secretaria de Estado da Polícia Civil, trimestralmente,
de Salvamento – certificado de primeiro grau escolar
em boletim próprio, apreciação e respeito do compor-
ou equivalente;
tamento do estagiário, para anotações e providências
i) Auxiliar Técnico de Comunicações de Segurança e
legais que se fizerem necessárias.
Operador de Telecomunicações de Segurança – certi- Art. 7º - Os cargos em comissão destinam-se a atender
ficado de primeiro grau ou equivalente e habilitação a encargos de direção e assessoramento superiores e
técnica inerente ao cargo; serão providos, através de livre escolha do Governador,
j) Motorista Policial – conclusão da quarta série do pri- por indicação do Secretário de Estado da Polícia Civil,
meiro grau escolar ou equivalente e habilitação técni- dentre os policiais e pessoas que possuam aptidões
ca inerente ao cargo; técnicas e reúnem as condições necessárias à investi-
l) Servente de Necropsia – conclusão da quarta série dura no serviço público.
do primeiro grau escolar ou equivalente; Parágrafo único – Aquele que for indicado para exer-
m) Guarda vidas – conclusão de quinta série do pri- cer cargo em comissão, além dos requisitos dos incisos
meiro grau escolar ou equivalente; I, III, IV, V e VI do artigo 3º, deverá:
n) Engenheiro de Telecomunicações de Segurança – 1 – Ter aptidão intelectual necessária ao cargo, com-
diploma de curso de engenharia, devidamente regis- provada pela apresentação de diploma de curso de
trado, nas especialidades inerentes ao cargo; nível superior;
o) Técnico de Telecomunicações de Segurança – certi- 2 – Ter aptidão profissional comprovada através da
ficado de segundo grau escolar ou equivalente e habi-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

correlação entre os encargos típicos do cargo em co-


litação técnica inerente ao cargo; missão e os do cargo efetivo, civil ou militar ou em se
Art. 4º - O prazo de validade dos concursos será fixa- tratando de policial inativo, de sua atividade de natu-
do no edital de inscrição assegurando-se o provimento reza privada.
dos cargos vagos aos candidatos habilitados, obedeci-
da a ordem de classificação e o disposto nos § 3º e § Capítulo II
4º, do artigo 87, da Constituição Estadual. DO CARGO E DA FUNÇÃO
Art. 5º - O policial, nomeado na forma do inciso I do
artigo 2º, será matriculado “ex-ofício” no curso de for- Art. 8º - O exercício de cargo de natureza policial é
mação profissional na Academia de Polícia, com ou privativo dos funcionários abrangidos por este Decreto
sem prejuízo do serviço, de acordo com a conveniência e integrantes do quadro do serviço policial civil.
da atividade policial. Art. 9º - Caracteriza a função policial o exercício de
Art. 6º  - O policial ficará sujeito a estágio probató- atividades específicas desempenhadas pela autori-
rio correspondente ao período de dois anos de efetivo dades, seus agentes e auxiliares, para assegurar o
exercício, a contar da data do início deste e durante o cumprimento da lei, manutenção da ordem pública,
qual serão apurados os requisitos indispensáveis a sua proteção de bens e pessoas, prevenção da prática dos
confirmação no cargo. ilícitos penais e atribuições de polícia judiciária.

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Art. 10 – A função policial, fundada na hierarquia e na Título III
disciplina, é incompatível com qualquer outra ativida- DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
de, salvo as exceções previstas em lei. Capítulo I
Parágrafo único – Os círculos hierárquicos são âmbi- DA RESPONSABILIDADE
tos da convivência entre policiais da mesma classe e
têm a finalidade de desenvolver o espírito de camara- Art. 13 – Cabe ao policial a responsabilidade integral
dagem em ambiente de estima e confiança, sem pre- pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e
juízo do respeito mútuo. pelos atos que praticar.
Art. 14 – Pelo exercício irregular de suas atribuições o
Título II policial responde civil, penal e administrativamente.
Capítulo Único Art. 15 – As cominações civis, penais e disciplinares
DO CÓDIGO DE ÉTICA POLICIAL poderão acumular-se, sendo umas e outras indepen-
dentes entre si, bem assim as instâncias civil, penal e
Art. 11 – O policial manterá observância, tanto mais administrativa.
rigorosa quanto mais elevado for o grau hierárquico § 1º - A responsabilidade civil decorre de procedi-
dos seguintes preceitos de ética: mento doloso ou culposo, que importe em prejuízo à
I – servir à sociedade como obrigação fundamental; fazenda Estadual ou a terceiros.
II – proteger vidas e bens; § 2º - O prejuízo causado à Fazenda Estadual pode-
III – defender o inocente e o fraco contra o engano e rá ser ressarcido mediante desconto em prestações
a opressão; mensais não excedentes da décima parte do venci-
IV – preservar a ordem, repelindo a violência; mento ou remuneração à falta de outros bens que
V – respeitar os direitos e as garantias individuais; respondam pela indenização.
VI – jamais revelar tibieza ante o perigo e o abuso;
VII – exercer a função policial com probidade, discrição § 3º - Tratando-se de danos causados a terceiro, res-
e moderação, fazendo observar as leis com clareza; ponderá o policial perante a Fazenda Estadual em
VIII – não permitir que sentimentos ou animosidades
ação regressiva proposta depois de transitar em jul-
pessoais possa influir em suas decisões; gado a decisão que houver condenado a Fazenda a
IX – ser inflexível, porém justo, no trato com os de- indenizar o terceiro prejudicado.
linquentes; § 4º - A responsabilidade penal abrange os crimes e
X – respeitar a dignidade da pessoa humana; contravenções imputados ao policial nessa qualidade.
XI – preservar a confiança e o apreço de seus conci- § 5º - A responsabilidade administrativa resulta de
dadãos pelo exemplo de uma conduta irrepreensível atos praticados ou omissões ocorridas no desempe-
na vida pública e na particular; nho do cargo ou fora dele, quando comprometedores
XII – cultuar o aprimoramento técnico-profissional; de dignidade e do decoro da função pública.
XIII – amar a verdade e a responsabilidade, como § 6º - Mesmo absolvido criminalmente o policial res-
fundamentos da ética do serviço policial; ponderá disciplinarmente se, na espécie, existir falta
XIV – obedecer às ordens superiores, exceto quando administrativa residual.
manifestamente ilegais;
XV – não abandonar o posto em que deva ser substi- Capítulo II
tuído sem a chegada do substituto; DA TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
XVI – respeitar e fazer respeitar a hierarquia do ser-
viço policial; Art. 16 – São transgressões disciplinares:
XVII – prestar auxílio, ainda que não esteja em hora I – falta de assiduidade ou impontualidade habituais;
de serviço: II – interpor ou traficar influência alheia para solicitar
1 – a fim de prevenir ou reprimir perturbação da or- ascensão, remoção, transferência ou comissionamen-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dem pública; to;


2 – quando solicitado por qualquer pessoa carente III – dar informações inexatas, alterá-las ou desfigu-
de socorro policial, encaminhando-se à autoridade rá-las:
competente, quando insuficientes as providências de IV – usar indevidamente os bens do Estado ou de ter-
sua alçada. ceiro, sob sua guarda ou vigilância;
Art. 12 – O policial ao se apresentar ao seu chefe, V – divulgar notícia sobre serviços ou tarefas em de-
em sua primeira lotação, prestará o compromisso se- senvolvimento realizadas pela repartição, ou contri-
guinte: buir para que sejam divulgadas, ou ainda, conceder
entrevistas sobre as mesmas sem autorização da au-
“Prometo observar e fazer observar rigorosa obe- toridade competente;
diência às leis, desempenhar as minhas funções com VI – dar, ceder ou emprestar arma, insígnias ou car-
desprendimento e probidade, considerando inerentes teira de identidade funcional;
à minha pessoa a reputação e honorabilidade do órgão VII – deixar habitualmente de saldar dívidas legítimas
policial que agora passo a servir.” ou de pagar regularmente pensões a que esteja obri-
gado por decisão judicial;

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VIII – manter relações de amizade ou exibir-se em pú- XXXIV – eximir-se do cumprimento de suas obrigações
blico, habitualmente, com pessoas de má reputação, funcionais 
exceto em razão de serviço; XXXV – violar o código de ética policial.
IX – permutar o serviço sem expressa autorização Art. 17 – As transgressões disciplinares são classifica-
competente; das como:
X – ingerir bebidas alcoólicas quando em serviço; I – leves;
XI – afastar-se do município onde exerce suas ativida- II – médias;
des, sem autorização superior; III – graves.
XII – deixar, sem justa causa, de submeter-se à ins- § 1º - São de natureza leve as transgressões enumera-
peção médica determinada em lei ou por autoridade das nos incisos I e XII do artigo anterior;
competente; § 2º - São de natureza média as transgressões enume-
XIII – valer-se do cargo com o fim ostensivo ou velado radas nos incisos XIII e XXI do artigo anterior;
de obter proveito de natureza político partidária, para § 3º - São de natureza grave as transgressões enume-
si ou para outrem; radas nos incisos XXII e XXXV do artigo anterior;
XIV – simular doença para esquivar-se ao cumpri- § 4º - A autoridade competente para decidir a punição
mento do dever; poderá agravar a classificação atribuída às transgres-
XV – agir, no exercício da função, com displicência, sões disciplinares, atendendo às peculiaridades e con-
deslealdade ou negligência; sequências do caso concreto.
XVI – intitular-se funcionário ou representante de re- § 5º - O agravamento previsto no parágrafo anterior
partição ou unidade policial a que não pertença; não ocorrerá nos casos em que já houver sido imposta
XVII – maltratar preso sob sua guarda ou usar de vio- penalidade aos transgressores, salvo se de mera ad-
lência desnecessária no exercício da função policial; vertência ou repreensão.
XVIII – deixar de concluir, nos prazos legais ou regu-
lamentares, sem motivos justos, inquéritos policiais, DAS PENAS DISCIPLINARES
sindicâncias ou processo administrativos;
XIX – participar de atividade comercial ou industrial Art. 18 – São penas disciplinares:
exceto como acionista, quotista ou comanditário; I – advertência;
XX – deixar de tratar os superiores hierárquicos e os II – repreensão;
subordinados com a deferência e a urbanidade devida; III – suspensão;
XXI – coagir ou aliciar subordinados com objetivos IV – afastamento do serviço, do cargo ou função;
político-partidários; V – prisão disciplinar;
XXII – praticar usura em qualquer de suas formas; (Inciso V revogado pelo Art. 5º, inciso LXI da C.F.)
XXIII – apresentar parte, queixa ou representação in- VI – demissão;
fundada contra superiores hierárquicos; VII – Cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
XXIV – indispor funcionários contra seus superiores Art. 19 – Na aplicação das penas disciplinares serão
hierárquicos ou provocar, velada ou ostensivamente, considerados:
animosidade entre funcionários; I – repercussão do fato;
XXV – insubordinar-se ou desrespeitar superior hierár- II – danos decorrentes da transgressão ao serviço pú-
quico; blico;
XXVI – empenhar-se em atividades que prejudiquem o III – causas de justificação;
fiel desempenho da função policial; IV – circunstâncias atenuantes;
XXVII – utilizar, ceder ou permitir que outrem use ob- V – circunstâncias agravantes;
jetos arrecadados, recolhidos ou apreendidos pela po- VI – a classificação da gravidade estabelecida no ar-
lícia; tigo 17.
XXVIII – entregar-se a prática de jogos proibidos ou § 1º - São causas de justificação:
ao vício da embriaguez, ou qualquer outro vício de- 1 – motivo de força maior, plenamente comprovado;
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

gradante; 2 – Ter sido cometida a transgressão na prática de


XXIX – portar-se de modo inconveniente em lugar pú- ação meritória, no interesse do serviço, da ordem ou
blico ou acessível ao público; da segurança pública;
XXX – esquivar-se, na ausência da autoridade com- § 2º - São circunstâncias atenuantes:
petente, de atender a ocorrências passíveis de inter- 1 – boa conduta funcional;
venção policial que presencie ou de que tenha conhe- 2 – relevância de serviços prestados;
cimento imediato, mesmo fora da escala de serviço; 3 – Ter sido cometida a transgressão em defesa de
XXXI – emitir opiniões ou conceitos desfavoráveis aos direitos próprios ou de terceiros ou para evitar mal
superiores hierárquicos; maior;
XXXII – cometer a pessoa estranha à organização po- § 3º - São circunstâncias agravantes:
licial, fora dos casos previstos em lei, o desempenho 1 – má conduta funcional;
de encargos próprios ou da competência de seus su- 2 – prática simultânea de duas ou mais transgressões;
bordinados; 3 – reincidência;
XXXIII – desrespeitar ou procrastinar o cumprimento 4 – ser praticada a transgressão, em conluio, por duas
de decisão judicial ou criticá-la depreciativamente. ou mais pessoas, durante a execução de serviço, em
presença de subordinados ou em público;

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5 – ter sido praticada a transgressão com premedita- III – Os dirigentes de unidades administrativas direta-
ção ou abuso de autoridade hierárquica ou funcional. mente subordinadas ao Secretário, nos casos dos incisos
§ 4º - Não haverá punição, quando, na apreciação da I a III do artigo 18, aos policiais que lhes forem subordi-
falta, for reconhecida uma das causas de justificação nados e desde que a pena de suspensão não ultrapasse
prevista no § 1º. cinquenta dias.
Art. 20 – A pena de advertência será aplicada em par- IV – Os dirigentes de departamentos não subordinados
ticular e verbalmente, nos casos de falta leve. diretamente ao Secretário, diretores de divisão e titu-
Art. 21 – A pena de repreensão será aplicada, por es- lares de delegacia policial, nos casos dos incisos I a III
crito, nos casos de falta leve, em caráter reservado. do artigo 18, aos policiais que lhes forem subordinados
Art. 22 – A pena de suspensão não excederá de noven- desde que a pena de suspensão não ultrapasse a vinte
ta dias, implicando em perda total dos vencimentos dias.
correspondentes aos dias e era aplicada: Parágrafo único – Quando, para qualquer transgressão,
I – de um a quinze dias, nos casos de faltas leves; for prevista mais de uma pena disciplinar, a autoridade
II – de dezesseis a quarenta dias, nos casos de faltas competente, atenta às circunstâncias de cada caso, de-
médias; cidirá qual a aplicável.
III – de quarenta e um a noventa dias, nos casos de Art. 28 – Prescrevem:
faltas graves. I – Em dois anos as faltas sujeitas às penas de advertên-
Art. 23 – O policial poderá ser afastado do serviço ou cia, repreensão, suspensão, afastamento do serviço, do
do exercício do cargo ou de função, sem perda de ven- cargo ou função e prisão disciplinar;
cimentos, por prazo não superior a trinta dias, a crité- II – Em cinco anos, as faltas sujeitas às penas de de-
rio do Secretário de Estado de Polícia Civil, desde que missão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
tenha cometido infração disciplinar ou criminal, cuja § 1º - A falta prevista como crime na lei penal prescre-
natureza ou circunstância do fato gerador se constitua verá juntamente com este.
em motivo de desonra para a Secretaria de Estado da § 2º - Prescrita a punição, se ainda houver prejuízo
Polícia Civil ou quando a medida se impuser ao interes- material decorrente do ato punível, o infrator ficará
se de ordem pública. sujeito a reparação do dano, na forma da legislação
Parágrafo único – O policial, ainda, será afastado do civil vigente.
exercício de seu cargo, nas seguintes situações: § 3º - O curso da prescrição começa a fluir da data da
I – preso preventivamente, pronunciado, denunciado prática do evento punível disciplinarmente e interrom-
por crime funcional, ou condenado por crime inafian- pe-se pela abertura de sindicância, apuração sumária
çável em processo no qual não haja pronúncia, até de- ou inquérito administrativo.
cisão transitada em julgado;
II – condenado por sentença definitiva à pena que não Capítulo IV
determine demissão, enquanto durar seu cumprimento. DA APURAÇÃO DAS TRANSGRESSÕES
Art. 24 – Revogado pelo artigo 5º, inciso LXI da C.F. DISCIPLINAR
Parágrafo único – Revogado pelo artigo 5º, inciso LXI,
da C.F. Art. 29 – A aplicação das penas disciplinares de sus-
Art. 25 – A aplicação das penas previstas nos incisos III, pensão, afastamento do serviço, do cargo ou função e
IV e V do art. 18, será sempre divulgada em Boletim de prisão disciplinar será sempre antecedida de sindicân-
Serviço, de circulação restrita aos órgãos da Secretaria cia ou apuração sumária da transgressão cometida
de Estado da Polícia Civil. pelo policial, ressalvado o preceituado no artigo 32.
Parágrafo único – Qualquer que seja o resultado do Art. 30 – A investigação a que se refere o artigo an-
procedimento disciplinar instaurado, será obrigatoria- terior será ultimada no prazo de dez dias pelo chefe
mente comunicado à Corregedoria Geral de Polícia e à imediato do transgressor, que em seu relatório fará
Divisão de Pessoal para fins de registro e anotação na consignar:
pasta de assentamentos funcionais do servidor. 1 – data, modo e circunstâncias em que teve notícia
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 25 e parágrafo único com redação dada pelo De- ou ciência do fato;
creto nº 10.543, de 29-10-87. O artigo 2º do mesmo 2 – versão do fato na forma por que teve conheci-
Decreto determina que em todos os dispositivos deste mento:
Regulamento as expressões “Secretário ou Secretaria de 3 – elemento de prova ou indício colhido ou constata-
Segurança Pública”, estejam substituídas por “Secretá- do e informação das testemunhas;
rio ou Secretaria de Estado da Polícia Civil.” 4 – defesa do acusado;
Art. 26 – A pena de demissão, cassação de aposentado- 5 – conclusão;
ria ou disponibilidade será aplicada nos casos previstos 6 – decisão, quando for o caso;
no Estatuto dos Funcionários Públicos Civis. Parágrafo único – Ocorrerá o arquivamento da inves-
Art. 27 – São competentes para aplicação das penas tigação quando:
disciplinares previstas neste Decreto: a) existir causa de justificação;
I – O Governador do Estado, em qualquer caso e, priva- b) existir dúvida ou prova insuficiente sobre a autoria;
tivamente, nos casos de demissão, cassação da aposen- c) Ter fluído o prazo prescricional;
tadoria ou disponibilidade; d) Não restar provada a existência do fato;
II – O Secretário de Estado da Polícia Civil, nos casos dos e) Não ter o sindicato concorrido para a irregularidade
incisos III a V do artigo 18; administrativa;

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f) Não haver na forma típica adequação para a irre- VI – Percepção de salário-família, diárias e ajuda de
gularidade. custo, na forma da legislação em vigor;
Parágrafo acrescentado pelo Decreto no 13.573, de 22 VII – Carteira funcional e insígnia na forma estabele-
de setembro de 1989. cida em legislação própria;
Art. 31 – Na hipótese de o chefe imediato do trans- VIII – Promoções regulares e por bravura, inclusive
gressor ser incompetente para aplicação da pena dis- post-mortem, ascensões regulares, inclusive post-
ciplinar cabível, os autos serão imediatamente reme- -mortem.
tidos à autoridade superior, dentro de quarenta e oito IX – Medalhas “Mérito Policial” e “Mérito Especial” e
horas, sob pena de conivência. outras condecorações, na forma prevista em lei, com
Art. 32 – Ocorrendo tratar-se de infração prevista nes- anotações na folha de assentamentos funcionais;
te Regulamento e no Estatuto do Funcionamento Pú- X – Assistência médico-hospitalar, social e judiciária,
blicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de quando ferido ou acidentado em serviço ou em razão
Janeiro, instituído pelo Decreto-Lei nº 220, de 18 de da função, submetido a processo em decorrência do
julho de 1975, a que seja cominada pena disciplinar estrito cumprimento do dever legal;
superior a cinquenta dias de suspensão ou demissão, XI – Aposentadoria nos termos da lei, com proventos
ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade, os integrais, independentemente de tempo de serviço,
autos da sindicância serão conclusos ao Secretário de quando for reconhecida a invalidez permanente, por
Estado da Polícia Civil com proposição de instauração motivo de acidente em serviço, ou em razão da fun-
de inquérito administrativo a ser distribuído a uma ção, ou ainda, em caso de moléstia grave adquirida
das comissões permanentes de inquérito administrati- em serviço ou em consequência dele;
vo, da Secretaria Estadual de Administração. XII – Trânsito: o período correspondente a cinco dias
Art. 33 – Para as recompensas e punições, o policial de afastamento total do serviço, concedido ao poli-
terá o seu comportamento classificados em: cial civil, quando desligado de uma sede para assumir
I – excepcional; exercício em outra situada em município diferente e se
II – ótimo; destina a preparativos e à realização de viagem;
III – bom; XIII – Concessão de auxílio-funeral;
IV – regular;
V- mau. XIV – Prisão domiciliar cumprida na residência do in-
Art. 34 – O policial terá conceito bom ao ingressar no frator;
serviço público; XV – Prisão domiciliar cumprida na residência do in-
§ 1º - Os policiais que tiverem anotação de suspensão frator;
superior a dez dias, no período de um ano, anterior XVI – Férias e licenças previstas em lei;
ao calendário das promoções, serão classificados no XVII – Gratificação adicional por tempo de serviço, na
conceito “mau”; e no conceito “regular”, se tais faltas forma prevista no art. 90 e seus parágrafos;
se registrarem no período de dois anos. XVIII – Ascensão e transferência, na forma da legis-
§ 2º - O policial somente será classificado nos concei- lação;
tos “excepcional” e “ótimo”, se não tiver sofrido pena XIX – Garantias devidas ao resguardo da integridade
disciplinar de qualquer espécie, nos períodos, respecti- física do policial em caso de cumprimento de pena em
vamente, de dez a cinco anos que antecedam o calen- estabelecimento penal; conquanto sujeito ao sistema
dário das promoções. disciplinar penitenciário;
Art. 35 – Decorrido o prazo de dez anos sem anota- XX – Portar arma, com discrição, mesmo quando apo-
ção de penas disciplinares, o policial poderá requerer sentado.
o cancelamento das anotações anteriores, que será Parágrafo único – O policial, vinte e quatro horas após
concedido a critério do Secretário de Estado de Polícia o último dia do período de trânsito, deverá apresentar-
Civil. -se à unidade policial para a qual foi designado.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 37  – Aos beneficiários do policial falecido, em


Título IV consequência da agressão sofrida no desempenho de
DOS DIREITOS E VANTAGENS suas atribuições, em serviço ou fora dele, em razão
Capítulo I de acidente nele ocorrido ou ainda, de moléstia nele
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS adquirida, será concedida pensão equivalente ao ven-
cimento, acrescida de todas as vantagens percebidas
Art. 36 – São direitos pessoais decorrentes do exercício por ocasião do óbito.
da função policial; § 1º - A prova das circunstâncias do falecimento será
I – Garantia de uso do título em toda a sua plenitude, feita de acordo com a legislação em vigor.
com as vantagens prerrogativas a ele inerentes; § 2º - O valor da pensão será sempre revisto, nas mes-
II – Estabilidade, nos termos da legislação em vigor; mas bases em que se modificarem os valores dos ven-
III – Uso das designações hierárquicas; cimentos dos policiais em atividade.
IV – Desempenho dos cargos e funções corresponden-
tes à condição hierárquica;
V – Percepção de vencimento correspondente ao pa-
drão fixado em lei e das vantagens pecuniárias;

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Capítulo II § 2º - Nas licenças dependentes de inspeção médica,
DOS DIREITOS expirado o prazo deste artigo e ressalvada a hipótese
Seção I referida no parágrafo anterior, o policial será subme-
DAS FÉRIAS tido a nova inspeção, que concluirá pela sua volta ao
serviço, pela sua readaptação, ou pela aposentadoria,
Art. 38 – O policial gozará, obrigatoriamente, trinta se for julgado definitivamente inválido para o serviço
dias de férias por ano, concedida de acordo com escala público policial.
organizada pelo dirigente da unidade administrativa Art. 49 – As licenças previstas nos incisos I, II e III do
a que estiver subordinada e comunicada ao órgão artigo 47 serão concedidas pelo órgão médico oficial
central de pessoal da Secretaria de Estado da Polícia ou por outros, aos quais aquele transferir ou delegar
Civil, para fins de publicação e controle. atribuições, e pelo prazo indicado nos repetidos lau-
Art. 39 – é proibido a acumulação de férias, salvo por dos.
imperiosa necessidade de serviço e pelo máximo de § 1º - estando o policial ou pessoa de sua família ab-
dois períodos. solutamente impossibilitado de locomover-se e não
Art. 40 – O policial, ao entrar em férias, participará ao havendo na localidade qualquer dos órgãos referidos
chefe imediato seu endereço eventual. neste artigo, poderá ser admitido laudo expedido por
Art. 41 – Mediante convocação do Secretário de Estado da órgão médico de outra entidade pública e, na falta,
Polícia Civil, o policial será obrigado a interromper suas atestado passado por médico particular com firma re-
férias, em situação de emergente necessidade de segu- conhecida.
rança nacional ou para manutenção de ordem pública. § 2º - Nas hipóteses referidas no parágrafo anterior,
Parágrafo único – O policial terá direito a retornar às o laudo ou atestado deverá ser encaminhado ao ór-
férias interrompidas, em época oportuna, sempre a gão médico competente, no prazo máximo de três
dias contados da primeira falta ao serviço médico; a
critério da administração.
licença respectiva somente será considerada concedi-
Art. 42 – A escala de férias poderá ser alterada, de
da com a homologação do laudo ou atestado, a qual
acordo com as necessidades do serviço, por iniciativa
será sempre publicada.
do superior ao qual estiver imediatamente subordina-
§ 3º - Será facultado ao órgão competente, em caso de
do, comunicada a alteração ao órgão competente, in-
dúvida razoável, exigir nova inspeção por outro médi-
clusive para efeito de acumulação de períodos.
co ou junta oficial.
Art. 43 – Somente depois do primeiro ano de efetivo
§ 4º - No caso de o laudo ou atestado não ser homolo-
exercício, adquirirá o policial direito a férias, as quais cor-
gado, o policial será obrigado a reassumir o exercício
responderão ao ano em que se completar esse período.
do cargo, dentro de três dias contados de publicação
Art. 44 – é vedado levar à conta de férias qualquer
do despacho ou ciência nos autos, sendo considerados
falta ao trabalho.
Art. 45 – Excepcionalmente, em razão da natureza como de efetivo exercício os dias em que deixou de
do serviço, serão concedidas férias, com início em um comparecer ao serviço por esse motivo.
exercício e término no seguinte, bem como parceladas § 5º - Se, na hipótese do parágrafo anterior, a não ho-
em períodos de dez e quinze dias. mologação decorrer de falsa afirmativa por parte do
Art. 46 – Obrigatoriamente, quando ocorrer movi- médico atestante, os dias de ausência do funcionário
mentação do servidor, deverá ser comunicada a seu serão tidos como falta ao serviço, sujeitos, um e ou-
novo chefe a sua situação sobre o período de férias. tro, a processo administrativo disciplinar, que apurará
e definirá responsabilidade; caso o médico atestante
Seção II não esteja vinculado ao Estado, para fins disciplina-
DAS LICENÇAS res este comunicará o fato ao Ministério Público ou a
Subseção I Conselho Regional de Medicina em que seja inscrito.
DAS DISPOSIÇÕES EM GERAIS Art. 50 – A licença poderá ser prorrogada “ex-ofício”
ou a pedido.
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Art. 47 – Conceder-se-á licença: § 1º - O pedido de prorrogação deverá ser apresen-
I – Para tratamento de saúde; tado antes de findo o prazo de licença; se indeferido,
II – Por motivo de doença em pessoa da família; contar-se-á como de licença o período compreendido
III – Para repouso à gestante; entre a data do término e a da publicação do despa-
IV – Para serviço militar; cho.
V – Para acompanhar o cônjuge; § 2º - A licença concedida dentro de sessenta dias,
VI – A título de prêmio; contados do término da anterior, será, a critério médi-
VII – Para desempenho de mandato legislativo ou exe- co, considerada como sua prorrogação.
cutivo. Art. 51 – Ressalvada a hipótese de faltas por motivo de
Art. 48 – Salvo os casos previstos nos incisos IV, V e VII doença comprovada, inclusive em pessoa da família,
do artigo anterior, o policial não poderá permanecer até o máximo de três, durante o mês, o tempo ne-
em licença por prazo superior a vinte quatro meses; cessário à inspeção médica será considerado como de
§ 1º - Excetua-se do prazo estabelecido neste artigo, licença.
a licença para tratamento de saúde, quando o policial § 1º - Considerando apto o policial ou pessoas de sua
for considerado recuperável a juízo da junta médica. família, reassumirá ele o exercício, sob pena de serem
computados como faltas os dias de ausência ao serviço.

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§ 2º  - Se da inspeção ficar constatada simulação do Art. 61 – Quando a licença para tratamento de saúde
policial, as ausências serão havidas como faltas ao for concedida em decorrência de acidente em serviço
serviço e o fato será comunicado ao órgão de pessoal, ou de doença profissional, esta circunstância se fará
para as providências disciplinares cabíveis. expressamente consignada.
Art. 52 – Ao policial provido em comissão, ou desig- Art. 62 – Considera-se acidente em serviço, para os
nado para função gratificada, não concederão, nesta efeitos deste Regulamento, aquele que ocorra com po-
qualidade, as licenças referidas nos incisos IV, V, VI e licial civil da ativa, quando:
VII do artigo 47. I – No exercício de suas atribuições policiais, duran-
Art. 53 – No processamento das licenças dependentes te o expediente normal, ou quando determinado por
de inspeção médica, será observado o devido sigilo so- autoridade competente, em sua prorrogação ou an-
bre os respectivos laudos e atestados. tecipação;
Art. 54 – A licença superior a noventa dias, para trata- II – No decurso de viagens em objetivo de serviço, pre-
mento de saúde e por motivo de doença em pessoa da visto em regulamentos, programas de cursos ou auto-
família, dependerá a inspeção por junta médica. rizadas por autoridade competente;.
§ 1º - No curso das licenças a que se refere este artigo III – No cumprimento de ordem emanada de autorida-
o policial abster-se-á de qualquer atividade remune- de competente;
rada, sob pena de interrupção de licença, com perda IV – No decurso de viagens impostas por remoções;
total do vencimento e demais vantagens, até que re- V – No deslocamento entre a sua residência e o órgão
assuma o exercício do cargo. em que estiver lotado ou local de trabalho, ou naquele
em que sua missão deva ter início ou prosseguimento e
§ 2º - Os dias correspondentes à perda de vencimento,
vice-versa; bem como o dano resultante da agressão não
de que trata o parágrafo anterior, serão considerados
provocada, sofrida pelo policial no desempenho do cargo
como faltas ao serviço.
ou em razão dele;
Art. 55 – O policial licenciado comunicará ao chefe VI – Em ocorrência policial, na defesa e manutenção
imediato o local onde pode ser encontrado. da ordem pública mesmo sem determinação explícita;
VII – No exercício dos deveres previstos em leis, regu-
Subseção II lamentos ou instruções baixadas por autoridade com-
LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE petente.
§ 1º - Aplica-se o disposto neste artigo ao policial que,
Art. 56 – A licença para tratamento de saúde será embora aguardando a aposentadoria, esteja, com-
concedida, ou prorrogada, “ex-ofício” ou a pedido do provadamente, transmitindo o exercício de suas fun-
policial ou de seu representante, quando não possa ções ao seu substituto, bem como ao policial inativo,
ele fazê-lo. quando retorne à atividade.
§ 1º - Em qualquer dos casos é indispensável a inspe- § 2º - Considera-se também acidente em serviço, para
ção médica que será realizada, sempre que necessária, os fins estabelecidos na legislação vigente, os ocorri-
no local onde se encontrar o policial. dos nas situações do § 1º, ainda quando não sejam
§ 2º - Incumbe à chefia imediata promover a apresen- eles a causa única e exclusiva da morte ou da perda
tação do policial à inspeção médica, sempre que este ou redução da capacidade do policial, desde que, entre
a solicitar. o acidente e a morte ou incapacidade para o serviço
Art. 57 – O policial não reassumirá o exercício do policial, haja relação de causa e efeito.
cargo, sem nova inspeção médica, quando a licença § 3º - Considera-se acidente em serviço todo aquele
concedida assim o tiver exigido; realizada esta nova que se verifique pelo exercício das atribuições do car-
inspeção, o respectivo atestado ou laudo médico con- go, provocando, direta ou indiretamente lesão corpo-
cluirá pela volta ao serviço, pela prorrogação da licen- ral, perturbações funcional ou doença que determine a
ça, pela readaptação do policial ou pela sua aposen- morte; a perda total ou parcial permanente ou tempo-
tadoria. rária, da capacidade física ou mental para o trabalho.
Art. 58 – Em caso de doença grave, contagiosa ou não,
§ 4º - Não se aplica o disposto no presente Regula-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que imponha cuidados permanentes, poderá a junta


mento quando o acidente for resultado de transgres-
médica, se considerar o doente irrecuperável, deter-
são disciplinar, imprudência ou desídia do policial aci-
minar, como resultado da inspeção, sua imediata apo-
dentado ou de subordinado seu, com sua aquiescência.
sentadoria.
§ 5º - A autoridade policial competente, nos casos
Parágrafo Único – A inspeção, para os efeitos deste
previstos neste artigo, fará registro minucioso do fato,
artigo, será realizado obrigatoriamente por um junta
no qual deverá consignar todas as provas colhidas,
composta de pelo menos três médicos.
Art. 59 – O policial que se recusar à inspeção médica encaminhando expediente relativo ao apurado do ór-
ficará impedido do exercício de seu cargo, até que se gão de pessoal da Secretaria, para fim de instauração
verifique a inspeção. de sindicância, a ser concluída no prazo de oito dias,
Parágrafo Único – Os dias em que o policial, por força prorrogável por igual período, quando as circunstân-
do disposto neste artigo, ficar impedido do exercício cias o exigirem.
do cargo, serão tidos como faltas ao serviço. § 6º - Ao policial ocupante de cargo em comissão ou
Art. 60 – No curso da licença, poderá o policial reque- função gratificada aplicar-se-á o disposto neste artigo.
rer inspeção médica, caso se julgue em condições de Art. 63 – A licença para tratamento de saúde será con-
reassumir o exercício ou de ser aposentado. cedida sempre com vencimentos e vantagens integrais.

82
Subseção III Subseção VI
LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA LICENÇA PARA ACOMPANHAR O CÔNJUGE
DA FAMÍLIA
Art. 72 – O policial casado terá direito à licença sem
Art. 64 – O policial poderá requerer licença por moti- vencimento, quando seu cônjuge for exercer mandato
vo de doença na pessoa de ascendente, descendente, eletivo ou, sendo militar ou servidor da administração
colateral, consanguíneo ou afins, até o 2º grau civil, direta, de autarquia, de empresa pública, de sociedade
cônjuge do qual não esteja legalmente separado, ou de economia mista ou de fundação instituída pelo Po-
pessoa que viva às suas expensas e conste do respecti- der Público, for mandado servir, “ex-ofício”, em outro
vo assentamento individual, desde que prove ser indis- ponto do território estadual, nacional ou no exterior.
pensável sua assistência pessoal e esta não possa ser Parágrafo único – Existindo no novo local de residên-
prestada simultaneamente com o exercício do cargo. cia órgão estadual, o policial nele será lotado, haven-
Art. 65 – A licença referida no artigo anterior poderá do claro, ou não havendo poderá ser-lhe concedida,
ser prorrogada, a pedido do policial. em caso de interesse de administração, permissão de
Art. 66 – A licença de que trata esta subseção não po- exercício, enquanto ali durar sua permanência.
derá exceder de vinte e quatro meses e será concedida Art. 73 – A licença dependerá de pedido devidamen-
com vencimentos e vantagens integrais nos primeiros te instruído, que deverá ser renovada de dois em dois
doze meses e com dois terços nos outros doze meses anos; finda a sua causa, o policial deverá reassumir
subsequentes. o exercício, dentro de trinta dias, a partir dos quais a
sua ausência será computada como falta ao trabalho.
Subseção IV Art. 74 – Independentemente do regresso do cônju-
LICENÇA PARA REPOUSO GESTANTE ge, o policial poderá reassumir o exercício a qualquer
tempo, não podendo, neste caso, renovar o pedido de
Art. 67 – À policial gestante será concedida licença pelo licença senão depois de dois anos da data da reassun-
ção, salvo se o cônjuge for transferido novamente.
prazo de quatro meses.
Art. 75 – As normas desta subseção aplicam-se aos
Parágrafo único – Salvo prescrição médica em contrá-
policiais que vivam maritalmente, desde que haja im-
rio, a licença será concedida a partir do oitavo mês de
pedimento legal ao casamento e convivência por mais
gestação.
de cinco anos.
Art. 68 – À policial gestante, quando em serviço in-
compatível com seu estado, serão cometidos encargos
Subseção VII
diversos daqueles que estiver exercendo, respeitadas
LICENÇA A TÍTULO DE PRÊMIO
as atribuições da série de classes e que pertencer.
Art. 69 – A licença de que trata esta subseção será
Art. 76 – Após cada quinquênio de efetivo exercício
concedida com vencimentos e vantagens integrais.
prestado ao Estado, ao policial que a requerer, conce-
der-se-á licença-prêmio de três meses com todos os
Subseção V
direitos e vantagens de seu cargo efetivo.
LICENÇA PARA SERVIÇO MILITAR
§ 1º - Não será concedida licença-prêmio se houver
policial, no quinquênio correspondente:
Art. 70 – Ao policial que for convocado para serviço
militar ou outro encargo de segurança nacional, será 1 – sofrido pena de suspensão ou de multa;
concedida licença pelo prazo que durar a sua incorpo- 2 – faltado ao serviço, salvo se abonada a falta;
ração ou convocação. 3 – gozado as licenças para tratamento de saúde, por
§ 1º - A licença será concedida à vista de documento motivo de doença em pessoa da família e por motivo
oficial que comprove a incorporação ou convocação. de afastamento do cônjuge, por prazo superior a no-
§ 2º - Do vencimento descontar-se-á a importância venta dias, em cada caso.
que o policial percebe na qualidade de incorporado, § 2º - Suspender-se-á, até o limite de noventa dias, em
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

salvo se optar pelas vantagens do serviço militar. cada uma das licenças referidas no item 3 do pará-
§ 3º - Ao policial desincorporado ou desconvocado grafo anterior, a contagem do tempo de serviço para
conceder-se-á prazo , não excedente de trinta dias efeito de licença-prêmio. 
para que reassuma o exercício, sem perda de venci- § 3º - O gozo da licença para repouso à gestante não
mento. prejudicará contagem do tempo de serviço para efeito
Art. 71 – Ao policial oficial da reserva das Forças Ar- da licença-prêmio.
madas será também concedida a licença referida no § 4º - Para apuração do quinquênio, computar-se-á,
artigo anterior durante os estágios previstos pelos re- também, o tempo de serviço prestado anteriormente
gulamentos militares. em outro cargo estadual, desde que entre um e outro
Parágrafo Único – Quando o estágio for remunerado, não haja interrupção do exercício.
assegurar-se-lhe-á o direito de opção. Art. 77 – O direito à licença-prêmio não tem prazo
para ser exercitado.
Art. 78 – A competência para a concessão de licença-
-prêmio é do Diretor do Departamento de Administra-
ção da Secretaria de Estado da Polícia Civil.

83
Art. 79 – O policial investido em cargo de provimen- Art. 88 – Investido o policial no mandato de vereador
to em comissão ou função gratificada será licenciado e havendo compatibilidade de horários, perceberá o
com o vencimento e vantagens do cargo de que seja vencimento e as vantagens de seu cargo, sem prejuízo
ocupante efetivo. dos subsídios a que faz juz; inexistindo compatibili-
Art. 80 – Quando o policial ocupar em comissão ou dade, ficará afastado do exercício de seu cargo, sem
função gratificada por mais de cinco anos, apurados percepção do vencimento e vantagens.
na forma do art. 76, assegurar-se-lhe-á, no gozo da
licença, importância igual à que venha percebendo Capítulo III
pelo exercício no cargo em comissão ou da função DAS VANTAGENS
gratificada. Seção I
Parágrafo único – Adquirido o direito à licença-prê- DISPOSIÇÕES GERAIS
mio, de acordo com o estabelecido neste artigo, a ul-
terior exoneração do cargo em comissão ou dispensa Art. 89 – Além do vencimento, poderá o policial per-
da função gratificada, não prejudicará a forma de re- ceber as seguintes vantagens pecuniárias:
muneração nele adotada, quando do efetivo gozo da I – adicional por tempo de serviço;
licença pelo policial. II – gratificações;
Art. 81 – Em caso de acumulação de cargos, a licença- III – ajuda de custo e transporte ao policial mandado
-prêmio será concedida em relação a cada um deles, servir em nova sede;
simultânea ou separadamente. IV – diárias àquele que, em objeto de serviço, se des-
Parágrafo Único – Se independente o cômputo do quin- locar eventualmente da sede.
quênio em relação a cada um dos cargos acumulados.
Art. 82 – A licença-prêmio poderá ser gozada integral- Seção II
mente, ou em períodos de um a dois meses. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO
Parágrafo único – Se a licença for gozada em períodos
parcelados, deve ser observado intervalo obrigatório Art. 90 – O adicional por tempo de serviço é o per-
de um ano entre o término de um período e o início centual calculado sobre o vencimento-base de cargo
de outro. efetivo, a que faz jus o policial, por quinquênio de efe-
Art. 83 - O policial poderá, a qualquer tempo, reas- tivo exercício, decorrente de antiguidade no serviço
sumir o exercício do seu cargo, condicionado o gozo público, apurado na forma do título IX.
dos dias restantes da licença à regra contida no artigo § 1º - A cada quinquênio de efetivo exercício, cor-
anterior.
responderá um grau de progressão horizontal até o
Parágrafo único – Se, na interrupção da licença, se
limite de sete graus.
verificar que o policial gozou período não conforme
§ 2º - O regime de quinquênio prevalecerá somente
o disposto no artigo 82, o prazo restante da licença,
referente ao mesmo quinquênio, qualquer que seja para o ingresso de novos servidores na carreira poli-
ele, ficará insuscetível de gozo, sendo computável em cial.
dobro apenas para efeito de aposentadoria.
Art. 84 – é vedado descontar de licença-prêmio, faltas § 3º - Ficam assegurados os direitos adquiridos pelos
ao serviço ou qualquer licença concedida ao policial. policiais ao recebimento de triênios ou de quinquê-
nios, segundo o Estado de origem, quando ainda per-
Subseção VIII cebidos na data da entrada em vigor do novo regime
LICENÇA PARA DESEMPENHO DE MANDATO LE- de adicional de tempo de serviço.
GISLATIVO OU EXECUTIVO § 4º - A cada triênio de efetivo exercício corresponderá
um grau de progressão horizontal até o limite de nove
Art. 85 – O policial será licenciado sem vencimentos graus.
ou vantagens de seu cargo efetivo, para desempenho § 5º - O percentual correspondente a cada quinquênio
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de mandato eletivo, federal ou estadual. ou triênio será de 5% do vencimento-base do policial


Parágrafo único – A licença a que se refere este artigo até o limite máximo de 35% ou 50%, respectivamente,
será concedida a partir da diplomação do eleito, pela de conformidade com o § § 2º e 3º deste artigo.
Justiça Federal e perdurará pelo prazo do mandato. § 6º - A progressão horizontal é devida a partir do dia
Art. 86 – O policial investido no mandato eletivo de imediato àquele em que o policial completar o triênio
prefeito ficará licenciado desde a diplomação pela ou quinquênio e será concedido independentemente
Justiça Eleitoral até o término do mandato, sendo-lhe de requerimento do interessado.
facultado optar pela percepção do vencimento e van-
tagens de seu cargo efetivo. Obs.:  O regime hoje em vigor é o de triênios para
Art. 87 – Quando o policial for nomeado governador todo o funcionalismo e a Lei nº 1600, de 15-01-90, esta-
de território federal, interventor ou prefeito de Capi- beleceu o percentual de 60% como limite.
tal ou Município de área de Segurança Nacional ou
estância hidromineral, ficará, desde a posse, licencia- Seção III
do sem vencimento e vantagens do seu cargo efetivo, GRATIFICAÇÕES
ressalvado, para âmbito Municipal, o direito de opção
pela remuneração do cargo efetivo. Art. 91 – Conceder-se-á gratificação:

84
I – de função; § 1º  - O valor global da gratificação será aprovado
II – pelo exercício de cargo em comissão; pelo Governador, ouvida a Secretaria de Planejamento
III – de representação de Gabinete; e Coordenação Geral quanto aos aspectos orçamentá-
IV – pelo participação em órgão de deliberação cole- rios e financeiros.
tiva; § 2º - O valor individual da gratificação será fixado em
a) encargo auxiliar ou membro de banca ou comissão tabela aprovada pelo Secretário de Estado da Polícia
examinadora de concurso; Civil, não podendo exceder a 50% do cargo efetivo do
b) encargo de auxiliar ou professor em curso oficial- policial.
mente instituído. Art. 98 – A gratificação de representação de gabinete
não será suspensa nos afastamentos seguintes:
Subseção I I – férias;
GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO II – casamento;
III – luto;
Art. 92 – A gratificação de função de chefia, assistên- IV – júri e outros serviços obrigatórios por lei;
cia intermediária e secretariado é aquela definida no V – licença para tratamento de saúde e repouso à ges-
parágrafo único do artigo 9 (deste Regulamento e cor- tante;
respondente ao exercício de função gratificada, insti- VI – falta até o máximo de três dias durante o mês, por
tuída e remunerada na forma que se dispuser em lei. motivo de doença comprovada, inclusive quando em
Art. 93  – A gratificação será mantida nos casos de pessoa da família.
afastamentos previstos nos incisos I, II, VII, VIII, X, XI,
XII, XIII, XIV, XV, XVII, exceto convocação para o serviço Subseção IV
militar, e XIX, todos do artigo 259. GRATIFICAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO EM ÓRGÃO DE
Parágrafo único – Na hipótese do afastamento do DELIBERAÇÃO COLETIVA
inciso VI do artigo 259, obedecer-se-á, quando for o
caso, ao disposto no artigo 80. Art. 99 – A gratificação pela participação em órgão de
Art. 94 – Além do exercício de função gratificada re- deliberação coletiva destina-se a remunerar a presen-
gularmente instituída, poderá ser atribuída, na forma ça dos componentes dos órgãos colegiados regular-
de regulamentação específica, gratificação de função mente instituídos.
a funcionários que desempenhem atividades especiais § 1º - A gratificação de que trata este artigo será fixa-
ou excedentes às atribuições do seu cargo, vedado o da por Resolução, em base percentual, calculada sobre
seu recebimento cumulativo com as gratificações es- o valor do símbolo de cargo efetivo ou em comissão
pecíficas das funções de confiança. ou função gratificada, e paga por dia de presença às
sessões do órgão colegiado.
Subseção II § 2º - Não serão remuneradas as sessões que excede-
DA GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO EM rem o número de 12 por mês. 
COMISSÃO Art. 100 – é vedada a participação do policial em mais
de um órgão de deliberação coletiva, salvo quando na
condição de membro nato.
Art. 95 – A gratificação pelo exercício de cargo em co-
Parágrafo único – Quando o policial for membro nato
missão é aquela definida no art. 7º deste Regulamento
de mais de um órgão de deliberação coletiva, poderá
e correspondente a 70% do valor fixado para o cargo
optar pela gratificação de valor mais elevado.
em comissão, que será paga juntamente com o venci-
Art. 101 – A gratificação pela participação em órgão
mento e vantagens do cargo efetivo, quando o policial
de deliberação coletiva é acumulável com quaisquer
não optar pelo vencimento deste.
outras vantagens pecuniárias atribuídas ao policial.
§ 1º - Quando a opção não recair sobre o vencimento Parágrafo único – Durante os afastamentos legais do
do cargo efetivo, perceberá o policial integralmente o titular, apenas o suplente perceberá a gratificação pela
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

valor correspondente ao símbolo do cargo em comis- participação em órgão de deliberação coletiva.


são.
§ 2º - À gratificação de que trata este artigo, aplica-se Subseção V
o disposto no parágrafo único do artigo 122. GRATIFICAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO EM BANCA
EXAMINADORA DE CONCURSO OU PROFESSOR
Subseção III EM CURSO OFICIALMENTE INSTITUÍDO
DA GRATIFICAÇÃO DE REPRESENTAÇÃO DE GABI-
NETE Art. 102 – Pelo exercício de encargo de auxiliar ou
membro de banca ou comissão examinadora de con-
Art. 96 – A gratificação de representação de gabinete curso ou de atividade temporária de auxiliar ou pro-
é a que tem por fundamento a compensação de des- fessor de curso oficialmente instituído, ao policial será
pesas de apresentação inerentes ao local do exercício atribuída gratificação conforme o estabelecido nesta
ou à remuneração de encargos especiais. subseção.
Art. 97  – A gratificação será concedida aos policiais Art. 103 – Entende-se como encargo de membro de
em exercícios no gabinete do Secretário de Estado da banca ou comissão examinadora de concurso a tarefa
Polícia Civil que, a critério deste, assim devam ser re- desempenhada, por designação de autoridade compe-
munerados.

85
tente, no planejamento, organização e aplicação da Art. 112 – Não se concederá ajuda de custo:
provas, correção e apuração dos resultados, revisão I – ao policial que, em virtude de mandato legislativo
e decisão dos recursos interpostos, até a classificação ou executivo, deixar ou reassumir o exercício do cargo;
definitiva, nos concursos, provas de seleção ou de ha- II – ao policial posto a serviço de qualquer outra enti-
bilitação e ascensão pela Academia de Polícia, para dade do direito público;
provimento de cargos, preenchimentos de empregos III – quando a designação para a nova sede se der a
ou admissão a cursos oficialmente instituídos. pedido.
Art. 104 – Professor de curso oficialmente instituído é Art. 113 – O policial restituirá a ajuda de custo:
o designado pela autoridade competente, para exercer I – quando não se transportar para a nova sede ou
atividade temporária de magistério nas áreas de trei- local da missão, nos prazos determinados;
namento e aperfeiçoamento de pessoa. III – quando antes de decorridos três meses do des-
Art. 105 – Somente policiais civis (ativos e inativos) e, locamento ou do término da incumbência, regressar,
excepcionalmente, os membros do Ministério Público, pedir exoneração ou abandonar o serviço;
Magistratura e Técnicos, de reconhecido saber, poderão § 1º - A restituição é de exclusiva responsabilidade do
ser designados para exercer atividades temporárias de policial e não poderá ser feita parceladamente.
auxiliar de ensino ou professor e membro de banca ou § 2º - O policial que houver percebido ajuda de custo
comissão examinadora de concurso. não entrará em gozo de licença-prêmio antes de de-
Art. 106 – A gratificação pelo exercício de atividade corridos noventa dias de exercício na nova sede, ou e
temporária de auxiliar ou professor de curso oficial- finda a missão.
mente instituído somente será atribuída ao policial, § 3º - Não haverá obrigação de restituir:
se o trabalho for realizado além das horas de expe- 1 – quando o regresso do policial for determinado “ex-
diente a que está sujeito. -ofício” ou decorrer de doença comprovada ou de mo-
Art. 107 – As gratificações de que trata esta subseção tivo de força maior.
serão arbitradas, em cada caso, pelo Governador, pro- 2 – quando o pedido de exoneração for apresentado
posta pelo Secretário de Estado da Polícia Civil.
após noventa dias de exercício na nova sede ou local
Art. 108 – A concessão das gratificações de que trata
da missão.
esta subseção não prejudicará a percepção cumula-
Art. 114 – Independentemente da ajuda de custo, con-
tiva de outras vantagens pecuniárias atribuídas ao
cedida ao policial, a este será assegurado transporte
Policial.
para a nova sede, inclusive para seus dependentes.
§ 1º - O policial que utilizar condução própria no des-
Seção IV locamento para a nova sede fará jus, para indenização
DA AJUDA DE CUSTO E TRANSPORTE da despesa de transporte, à percepção da importância
integral correspondente ao valor da tarifa rodoviária
Art. 109 – Será concedida ajuda de custo, a título de no mesmo percurso, acrescida de 50% do referido valor
compensação das despesas de viagens, mudanças e por dependente que o acompanhe até o máximo de
instalação, ao policial que, em razão de remoção, te- três.
nha que deslocar efetivamente sua residência. § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, a administra-
Parágrafo único – Considerar-se-á necessária a trans- ção fornecerá passagens para o transporte rodoviário
ferência de residência quando o policial for removido dos dependentes que comprovadamente não viajem
para unidade distante mais de 100KM de sua atual em companhia do policial.
residência. Art. 115 – Nos deslocamentos a que se refere o art. 109
Art. 110 – A ajuda de custo será arbitrada pelo Se- serão assegurados, ao policial removido para a nova
cretário de Estado da Polícia Civil e nunca inferior a sede, transporte do mobiliário e bagagens, inclusive de
uma e nem superior a três vezes a importância corres- seus dependentes, assim considerados:
pondente ao vencimento do policial, salvo quando se I – o cônjuge ou a companheira legalmente equipa-
tratar de missão exterior. rada;
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§ 1º - No arbitramento da ajuda de custo serão leva- II – o filho de qualquer condição ou enteado, bem as-
dos em conta o vencimento do cargo do policial designa- sim o menor que, mediante autorização judicial, viva
do para nova sede ou missão no exterior, as despesas a sobre a guarda e o sustento do policial;
serem por ele realizadas, bem como as condições de vida III – os pais, sem economia própria, que vivam às ex-
no local do novo exercício ou no desempenho de missão. pensas do policial;
§ 2º - Compete ao Governador arbitrar a ajuda de IV – em empregado, doméstico, desde que comprovada
custo a ser paga ao policial designado par missão no esta condição.
exterior. § 1º - Atingida a maioridade, os referidos no inciso II
Art. 111 – Sem prejuízo das diárias que lhe coube- deste artigo perdem a condição de dependente, exceto
rem o policial obrigado a permanecer fora da sede de a filha que se conservar solteira sem economia própria,
sua unidade administrativa, em objeto de serviço, por o filho inválido e, até completar vinte e quatro anos
mais de trinta dias, perceberá ajuda de custo corres- quem for estudante, sem exercer qualquer atividade
pondente a um mês do vencimento do seu cargo. lucrativa.
Parágrafo único – A ajuda de custo será calculada so- § 2º - Para efeito do disposto neste artigo, sem econo-
bre o valor atribuído ao símbolo do cargo em comissão, mia própria significa não perceber rendimento em im-
quando o seu ocupante não for também de cargo efetivo. portância igual ou superior ao valor do salário mínimo
vigente na região em que resida.

86
Art. 116 – Em face da peculiaridade do serviço, poderá I – durante o período de trânsito;
ser concedido o pagamento da indenização de despesa II – quando o deslocamento se constitui em exigência
de transporte aos policiais que tenham assegurado o permanente do exercício do cargo ou da função;
direito ao uso individual de viaturas oficiais e que utili- III – quando o município para o qual se deslocar o
zarem veículo próprio no desempenho de suas funções, policial seja contíguo ao da sua sede, constituindo-se,
conforme faixas de remuneração a serem definidas em em relação a este, em unidade urbana e apresentado
Resolução do Secretário de Estado da Polícia Civil. facilidade de transporte, ressalvada a hipótese da alí-
Art. 117 – A autorização para utilização de veículos nea “c” do inciso II do artigo 123.
de propriedade do policial a serviço do Estado será de Art. 126 – Ao regressar a sede, o policial restituirá,
competência do Secretário de Estado da Polícia Civil, dentro do prazo de quarenta e oito horas, as impor-
por intermédio do Departamento de Administração. tâncias recebidas em excesso.
Art. 118 – Concedida a autorização, o Estado não se Parágrafo único – O descumprimento do disposto nes-
responsabilizará por danos causados a terceiros ou ao te artigo ocasionará o desconto em folha da impor-
veículo ainda que a ocorrência se verifique em serviço. tâncias recebidas em excesso pelo policial, sem prejuí-
Art. 119 – Quando convier, o Estado cancelará, em zo das sanções disciplinares aplicáveis à espécie.
qualquer época, a retribuição da indenização de des- Art. 127 – A concessão indevida de diárias sujeitará a
pesas de transporte, cuja concessão não gerará qual- autoridade que as conceder à reposição da importân-
quer direto à continuidade da respectiva percepção. cia correspondente, aplicando-se-lhe, e ao policial que
Art. 120 – É vedado o uso de viatura oficial por quem já as receber, as cominações estatutárias pertinentes.
seja portador de autorização para utilização de veículo
particular a serviço do Estado. Título V
Parágrafo único – A infração do disposto neste artigo DAS CONCESSÕES
sujeita o policial às penalidades cabíveis, cancelando- Capítulo I
-se, ainda, a autorização concedida em seu favor. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 121 – Ao receber a autorização para utilização de
veículo próprio, em serviço, o usuário assinará termo
Art. 128 – Sem prejuízo do vencimento, direitos e van-
de compromisso no Departamento de Administração
tagens, o policial poderá faltar ao serviço até oito dias
da Secretaria de Estado da Polícia Civil submetendo-se consecutivos, por motivo de:
aos preceitos regulamentares da matéria. I – casamento;
II – falecimento do cônjuge, pais, filhos ou irmãos;
Seção V Parágrafo único – Computar-se-á, para efeitos deste
DAS DIÁRIAS artigo, os sábados, domingos e feriados compreendi-
dos no período.
Art. 122 – Ao policial que se deslocar, temporariamen-
Art. 129 – Ao licenciado para tratamento de saúde em
te, em objeto de serviço, da localidade onde estiver
virtude de acidente em serviço ou doença profissional,
sediada sua unidade administrativa, conceder-se-á,
que deva ser deslocado de sua sede para qualquer
além de transporte, diária a título de compensação
ponto do território nacional, por exigência do laudo
das despesas de alimentação e pousada, ou, somente,
médico, será concedido transporte à conta dos cofres
de alimentação.
estaduais, inclusive para acompanhante.
Parágrafo único – A vantagem de que trata este artigo
§ 1º - Será, ainda, concedido transporte à família do
poderá também ser concedida ao servidor contratado,
policial falecido no desempenho do serviço, fora da
no exercício de função gratificada, bem como estagi-
sede de seus trabalhos, inclusive quando no exterior.
ário.
§ 2º - Correrão, também, por conta do Estado, as des-
Art. 123 – Será concedida diária:
pesas com a remoção e com o sepultamento do poli-
I – de alimentação e pousada, nos deslocamentos su-
cial falecido no desempenho do serviço.
periores a 100 km de distância da sede, desde que o
Art. 130 – Ao policial estudante matriculado em es-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pernoite se realize por exigência do serviço:


tabelecimento de ensino de qualquer grau, oficial ou
II – de alimentação nos deslocamentos inferiores a
reconhecido, será permitido faltar ao serviço, sem
100 km e superiores a 50 km de distância da sede;
prejuízo de seu vencimento ou de quaisquer direito e
III – em qualquer outro caso:
vantagens, nos dias de provas ou de exames, median-
a) de alimentação e pousada quando o afastamento
te apresentação de atestado fornecido pelo respectivo
da sede for inferior a oito horas;
estabelecimento.
b) de alimentação, quando o afastamento da sede for
Art. 131 – Ao estudante que necessitar mudar de do-
inferior a 18 (dezoito) e superior a 8 (oito) horas;
micílio para passar a exercer o cargo ou função públi-
A alínea “C”, constante do texto original foi revogada
ca, será assegurada transferência do estabelecimento
pela Lei nº 330, de 30-06-80.
de ensino que estiver cursando, para outro de sua
Art. 124 – O valor da diária resultará da incidência de
nova residência onde será matriculado em qualquer
percentual sobre o valor básico da UFERJ, atendida a
época, independentemente de vaga, se integrante do
tabela que for expedida por ato do Governador, ob-
sistema estadual de ensino.
servados, em sua elaboração, a natureza, o local, as
Art. 132 – Os atos que deslocarem “ex-ofício” os po-
condições de serviços e o vencimento do policial.
liciais estudantes de uma para outras cidades ficarão
Art. 125 – Não se concederá diárias:
suspensos se, na nova sede ou em localidade pró-

87
xima, não existir estabelecimento congênere, oficial, § 2º - O disposto no inciso VIII deste artigo somente
reconhecido ou equiparado àquele em que o interes- se aplica ao policial desquitado ou divorciado quando
sado esteja matriculado. este não tenha o encargo de alimentar a ex-esposa.
§ 1º - Efetivar-se-á o deslocamento se o policial con- § 3º - A cada dependente relacionado neste artigo
cluir o curso, for reprovado, ou deixar de renovar sua corresponderá a cota de salário-família.
matrícula. Art. 138 – Quando o pai e mãe forem policiais na ati-
§ 2º - Anualmente o interessado deverá fazer prova, va ou inativos, ou um for policial e outro funcionário
perante o órgão setorial de pessoa a que esteja subor- estadual e viverem em comum, o salário-família será
dinado, de que está matriculado. concedido exclusivamente ao pai.
Art. 133 – O policial estudante matriculado em es- § 1º - Se não viverem em comum, será concedido ao
tabelecimento de ensino que não possua curso no- que tiver os dependentes sob sua guarda; se ambos
turno, poderá, sempre que possível, ser aproveitado os tiverem, de acordo com a distribuição dos depen-
em serviços cujo horário não colida com o relativo ao dentes.
período das aulas. § 2º - Quando pai e mãe forem ambos funcionários
Parágrafo único – Sendo impossível o aproveitamento ou servidores, um do Estado do Rio de Janeiro e outro
a que se refere o presente artigo, poderá o estudante, de entidade diversa, o Estado pagará o salário-família
com assentimento do respectivo chefe, iniciar o ser- ao seu funcionário ainda que o outro o perceba da
viço uma hora depois do expediente ou dele se reti- entidade a que estiver vinculado.
rar uma hora antes do seu término, conforme o caso, Art. 139 – Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto e
desde que a compense, prorrogando ou antecipando a madrasta e, na falta destes, os representantes legais
o expediente normal. dos incapazes ou os que, mediante autorização judi-
Art. 134 – O policial terá preferência, para sua mora- cial, tenham sob sua guarda os dependentes a que se
dia, na locação de imóvel pertencente ao Estado. refere o artigo 137.
Art. 135 – As concessões estabelecidas neste título Art. 140 – A cota de salário-família por filho inválido
aplicam-se: corresponderá ao triplo da cota normalmente paga
I – aos servidores contratados no exercício de função aos demais dependentes.
gratificada, as constantes dos artigos 128, 129 e 130. Art. 141 – O salário-família será pago independente-
II – aos estagiários as dos artigos 128 e 129. mente da frequência do policial e não poderá sofrer
qualquer desconto, nem ser objeto de transação ou
Capítulo II consignação em folha de pagamento.
SALÁRIO-FAMÍLIA Parágrafo único – O salário-família não está, também,
sujeito a qualquer imposto ou taxa, nem servirá de
Art. 136 – Salário-família é o auxílio pecuniário conce- base para qualquer contribuição, ainda que de finali-
dido pelo Estado ao policial na ativa ou inativo, como dade previdenciária e assistencial.
contribuição ao custeio das despesas de manutenção Art. 142 – O salário-família será pago mesmo nos ca-
de sua família. sos em que o policial na ativa ou inativo deixar de
Parágrafo único – A cada dependente relacionado no receber o respectivo vencimento ou provento.
artigo seguinte corresponderá uma cota de salário- Art. 143 – Nos casos de acumulação legal de cargos,
-família. o salário-família será pago somente em relação a um
Art. 137 – Conceder-se-á salário-família: deles.
I – por filho menor de vinte e um anos, que não exerça Parágrafo único – No caso de acumulação de cargo
atividade remunerada; público, emprego ou provento de servidor da Admi-
II – por filho inválido; nistração centralizada ou descentralizada estadual,
III – por filha solteira sem economia própria; exceto fundações, com idênticas situações de natureza
IV – por filha estudante que frequente curso médio ou federal, de outros Estados, ou municipal, o salário-fa-
superior e que não exerça atividade lucrativa, até a mília não deixará de ser pago pelo Estado do Rio de
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

idade de 24 anos; Janeiro ainda que a outra entidade a que se vincule o


V – pelo ascendente, sem rendimento próprio, que viva servidor também o pague.
às expensas do policial; Art. 144 – Em caso de falecimento do policial, na ativa
VI – pela esposa que não exerça atividade remune- ou inativo, o salário-família continuará a ser pago aos
rada; seus beneficiários.
VII – pelo esposo que não exerça atividade remunera- Parágrafo único – Se o policial, na ativa ou inativo,
da por motivo de invalidez permanente; falecido, não se houver habilitado ao salário-família,
VIII – pela companheira, mulher solteira, viúva, des- a Administração, mediante requerimento de seus be-
quitada ou divorciada que não exerça atividade remu- neficiários, providenciará o seu pagamento, desde que
nerada, que com ele coabite há mais de cinco anos, ou atendidos os requisitos necessários à concessão desse
benefício.
que com ele tenha filho que comprovadamente tenha
Art. 145 – O cancelamento do salário-família, será fei-
direito a alimentação.
to de ofício nos casos de implemento de idade pelo
§ 1º - Compreende-se neste artigo o filho de qualquer
dependente, salvo se o policial, na ativa ou inativo,
condição, enteado, o adotivo e o menor que compro-
no caso de filho estudante que não exerça atividade
vadamente viva sob a guarda e o sustento do policial
remunerada apresentar comprovação de frequência
.
em curso secundário ou superior, até trinta dias antes

88
de completar vinte e um anos, anualmente, por oca- Art. 151 – Nos casos de acumulação legal de cargos, o
sião da matrícula escolar, até que atinja vinte e quatro auxílio-doença devido será pago somente em relação
anos. a um deles, e calculado sobre o de maior vencimento,
Parágrafo único – O cancelamento será feito, a re- se ambos forem estaduais.
querimento do interessado, nos casos de exercício de
atividade remunerada, falecimento, abandono de lar, Capítulo IV
casamento, separação judicial ou divórcio do depen- DO AUXÍLIO-FUNERAL
dente, respondendo o policial na ativa ou inativo, civil,
penal e administrativamente pela omissão ou inexati- Art. 152 – À família do policial ativo ou inativo faleci-
dão de suas declarações. do será concedido auxílio-funeral.
Art. 146 – O salário-família, relativo a cada depen- § 1º - O auxílio será pago:
dente, será devido a partir do mês em que tiver ocor- 1 – no valor correspondente a dez UFERJ, quando o do
rido o fato que lhe deu origem, embora verificado no vencimento e vantagens ou proventos do falecido for
último dia do mês. igual ou inferior a esse quantitativo;
Parágrafo único – Deixará de ser devido o salário- 2 – O valor correspondente a vinte UFERJ, nos demais
-família, relativo cada dependente, no mês seguinte em casos.
que se retificou o ato ou fato que haja determinado a § 2º - A despesa com auxílio-funeral correrá à conta
sua supressão, embora ocorrido no primeiro dia do mês. de dotação orçamentária própria.
Art. 147 – Não será concedido salário-família por es- Art. 153 – Aplica-se ao auxílio-funeral a norma esta-
posa desquitada ou divorciada, sem percepção de ali- belecida no art. 151.
mentos, nem quando o valor do benefício não estiver § 1º - Se as despesas do funeral não ocorreram às ex-
incluído na sentença judicial que condenou o policial à pensas da família do policial ativo ou inativo, o res-
pensão alimentícia, transitada em julgado. pectivo auxílio será pago a quem se tiver comprova-
§ 1º - Na hipótese de a pessoa desquitada ou divorcia- damente realizado.
da vir, qualquer tempo, a obter judicialmente, a per- § 2º - O pagamento do auxílio-funeral obedecerá a
cepção de salário-família, deixará ele de ser pago pela processo sumaríssimo, concluído no prazo de quaren-
nova esposa ou companheira. ta e oito horas da apresentação da certidão de óbito e
§ 2º - No caso de cancelamento na forma deste artigo documentos que comprovem a satisfação da despesa
e parágrafo anterior, se ocorrer o falecimento da espo- pelo requerente incorrendo em pena de suspensão o
sa desquitada ou divorciada em o requerendo a parte responsável pelo retardamento.
interessada e desde que persistam os motivos de sua
primeira concessão, será o benefício restabelecido. Capítulo V
DO AUXÍLIO-MORADIA
Capítulo III
DO AUXÍLIO-DOENÇA Art. 154 – Será concedido auxílio-moradia ao policial
que for designado “ex-ofício” para ter exercício defini-
Art. 148 – Após cada período de doze meses conse- tivo em nova sede e nesta não vier a residir em imóvel
cutivos de licença para tratamento de saúde, o poli- pertencente ao Poder Público.
cial terá direito a um mês de vencimento, a título de Parágrafo Único – Ao auxílio previsto neste artigo
auxílio-doença. aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 109.
§ 1º - Quando ocorrer o falecimento do policial, o au- Art. 155 – O auxílio-moradia corresponderá a 20% do
xílio-doença a que tiver feito jus será pago de acordo vencimento base do policial. 
com as normas que regulam o pagamento de venci- Art. 156 – O pagamento do auxílio-moradia é devido
mento não recebido. a partir da data em que o policial passar a ter exercício
§ 2º - O auxílio-doença não sofrerá descontos de qualquer na nova sede e cessará:
espécie, ainda que para fins de assistência e previdência. I – quando completar um ano na nova sede;
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 149 – O tratamento do policial acidentado em II – quando passar a residir em imóvel pertencente ao
serviço, acometido de doença profissional ou interna- Poder Público.
do compulsoriamente para tratamento psiquiátrico, Art. 157 – O auxílio-moradia, pago mensalmente, jun-
correrá integralmente por conta dos cofres do Estado, to com o vencimento do policial, será suspenso nas hi-
e será realizado, sempre que possível, em estabeleci- póteses previstas nos incisos III, IV e XX do artigo 259.
mento estadual de assistência médica. 1 – exercer mandato legislativo ou executivo, federal
§ 1º - Ainda que o policial venha a ser aposentado em ou estadual;
decorrência de acidente em serviço, de doença profis- 2 – exercer mandato municipal e neste importar no
sional ou de internação compulsória para tratamento afastamento do policial do exercício de seu cargo;
psiquiátrico, as despesas previstas neste artigo conti- 3 – for convocado para prestação de serviço militar.
nuarão a correr pelos cofres do Estado. Art. 158 – O período de um ano e que se refere o inciso
§ 2º - Nas hipóteses deste artigo não será devido ao I do artigo 156 começa a ser contado a partir da data
policial o pagamento do auxílio-doença. em que o policial iniciar o exercício em nova sede, re-
Art. 150 – O Titular do órgão competente para conces- começando a contagem do prazo a cada nova desig-
são de licença médica ao policial do Estado decidirá nação.
sobre os pedidos de pagamento do auxílio-doença e
do tratamento a que se refere o artigo anterior.

89
Capítulo VI Art. 169 – As séries de classes de detetive e detetive-
DA PENSÃO ESPECIAL -inspetor, passam a ser consideradas uma série de
classes, a fim de que, na promoção por bravura, de
Art. 159  – Aos beneficiários do policial falecido em detetive de 1ª classe para detetive-inspetor de 3ª clas-
consequência de acidente ocorrido em serviço ou do- se, não sejam exigidos, excepcionalmente, os requisi-
ença nele adquirida, é assegurada uma pensão men- tos de:
sal equivalente ao vencimento mais as vantagens per- I – certificado de 2º grau escolar ou equivalente;
cebidas em caráter permanente, por ocasião do óbito. II – interstício de setecentos e trinta dias, na 1ª classe;
Art. 160 – A prova das circunstâncias do falecimento III – habilitação em curso específico, ministrado pela
será feita por junta médica oficial, que se valerá, se Academia de Polícia, sempre procedido de prova de
necessário, de laudo médico-legal, além da comprova- seleção.
ção a que se refere o (5º do art. 62, quando for o caso). § 1º - O promovido, a que se refere este artigo, somen-
Art. 161 – Revogado pela Lei nº 330, de 30-06-80. te poderá beneficiar-se de outra promoção regular se
Parágrafo único – Revogado pela Lei nº 330, de 30- preencher os requisitos da lei.
06-80. § 2º - Quando for o caso, o promovido por bravura,
Art. 162 – O disposto neste capítulo aplica-se, tam- ou por outra via legal, inclusive por força de decisão
bém, aos beneficiários do inativo, quando o evento judicial, o nomeado, o transposto, o reclassificado, o
morte for consequência direta de acidente em serviço transformado e o aproveitado deverão requerer ao
ou doença profissional. Diretor da Academia de Polícia, independentemente
de quaisquer exigências, matrícula no primeiro curso
Capítulo VII específico pertinente, que deverá ser realizado den-
DO PRÊMIO POR SUGESTÕES DE INTERESSE DA tro do período de 02 (dois) anos.
ADMINISTRAÇÃO Art. 170 – As promoções por antiguidade e por mere-
cimento obedecerão obrigatória e alternativamente
Art. 163 – A administração estimulará a apresentação, à proporção de uma vaga de antiguidade para uma
por parte de policiais, de sugestões e trabalhos que vaga de merecimento e ao interstício; mínimo de se-
visem ao aumento da produtividade e à redução de tecentos e trinta dias.
custos operacionais do serviço público, de trabalhos Parágrafo único – A promoção para a última classe
técnico-científicos de natureza policial ou jurídico- de cada categoria funcional será feita à razão de uma
-penais, julgados do interesse da Secretaria de Estado vaga por antiguidade e duas vagas por merecimento.
da Polícia Civil.
Art. 164 – Serão estabelecidos três prêmios anuais, em Art. 171 – Qualquer outra forma de provimento de
importância a ser fixada pelo Governador, destinados vaga, mesmo aquela por via judicial, não interrom-
ao trabalho que melhor se ajustarem às finalidades perá a sequência dos critérios de que trata o artigo
de sua instituição nos termos de regulamentação anterior.
própria a ser baixada pelo Secretário de Estado da Parágrafo único – Para cumprimento de decisão judi-
Polícia Civil. cial o Poder Executivo criará, em quadro suplementar,
Art. 165 – Caberá a uma comissão, composta de cin- cargo que se extinguirá com a sua vacância, ressalvada
co membros, de reconhecida competência em técnica reintegração.
de administração policial, avaliar e julgar os traba- Art. 172 – As promoções serão realizadas obrigatoria-
lhos recebidos. mente, no dia 29 de setembro de cada ano, desde que
§ 1º - Anualmente será designada a comissão por ato verificada a existência de vagas e na forma das linhas
do Secretário de Estado da Polícia civil, que indicará de progressão estabelecidas na legislação vigente.
seu presidente. Art. 173 – Não poderá haver promoção para a classe
§ 2º - O julgamento da comissão será irrecorrível. em que existir cargo excedente, ressalvado o disposto
Art. 166 – Aos autores dos trabalhos premiados se
no parágrafo único do artigo 171 e no artigo 220.
reconhecerá a relevância do serviço e os respectivos
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 174 – Para efeito de promoção, o tempo de serviço


prêmios serão entregues em ato solene no dia 29 de
será contado em anos, meses e dias.
setembro.
Art. 175 – A antiguidade na classe e o interstício deve-
Art. 167 – Não serão distribuídos os prêmios no ano
rão ser apurados, improrrogavelmente, até o dia 10 de
em que os trabalhos apresentados forem julgados in-
julho de cada ano.
satisfatórios pela comissão.
§ 1º - A lista de antiguidade dos policiais civis, em
cada classe será publicada no Diário Oficial do Estado,
Título VI
o qual conterá, em anos, meses e dias, o tempo de ser-
DA PROMOÇÃO
viço na classe, na categoria funcional, no serviço po-
Capítulo I
licial, no serviço público estadual e no serviço público
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
em geral e o computado para efeito de aposentadoria
e disponibilidade.
Art. 168 – A promoção é a passagem de uma classe
§ 2º - A lista de antiguidade poderá ser contestada até
para classe imediatamente superior, da mesma cate-
10 (dez) dias de sua publicação. Após a apreciação dos
goria funcional no serviço policial civil, e será efetuada
recursos oferecidos pelos interessados será republica-
pelos critérios de antiguidade e merecimento e, ainda,
da de forma definitiva. 
por bravura e “post-mortem”.

90
Art. 176 – Verificada a vaga originária em uma clas- Art. 184 – As vagas ou quaisquer alterações da folha
se, serão consideradas abertas todas as decorrentes de funcional do policial, que ocorrerem após o último dia
seu preenchimento, dentro de sua respectiva série de do semestre anterior à data da promoção, serão com-
classes. putadas para progressão horizontal seguinte.
Parágrafo único – A vaga originária ocorrerá na data: Parágrafo único – excetuam-se da regra deste artigo
1 – do falecimento do ocupante do cargo; as vagas decorrentes dos atos da agregação.
2 – da publicação do decreto de aposentadoria, exone- Art. 185 – Não poderá integrar o Quadro de Promoção
ração ou demissão; (QPM), o policial civil que:
3 – da vigência do decreto de promoção, ascensão e I – Não obtiver o grau de merecimento igual, pelo
do ato de agregação; menos, à metade do máximo atribuído ao primeiro
4 – da posse, no caso de nomeação ou transferência classificado;
para outro cargo; II – Houver sido punido com suspensão acima de 15
5 – da publicação do ato que criar o cargo; (quinze) dias na classe concorrente, por transgressão
Art. 177 – Será considerado promovido, para todos os disciplinar apurada através de procedimento adminis-
efeitos, o policial civil que vier a falecer ou for aposen- trativo regular;
tado, sem que tenha sido decretada, no prazo legal, a III – Estiver sendo submetido a qualquer procedimento
promoção que lhe cabia por antiguidade. disciplinar decorrente de falta de natureza média ou
Art. 178 – Em benefício do policial, a quem direito ca- grave, ou policial ou judicial penal por infração dolo-
bia a promoção, será declarado sem efeito o ato que sa, exceto se houver indícios veementes de ação em
houver decretado indevidamente. estrito cumprimento do dever legal comprovados pelo
§ 1º - O policial promovido indevidamente não ficará interessado perante à SECOP.
obrigado a devolver o que a mais houver recebido. IV – Houver sido condenado por crime doloso, inclu-
§ 2º - O policial a quem cabia a promoção será in- sive, em sentença não transitada em julgado, ou esti-
denizado de uma só vez, da diferença de padrão de ver no gozo de sursis, enquanto não for decretada a
vencimento e vantagens a que tiver direito. extinção da punibilidade, salvo desclassificação para
Art. 179 – O policial civil que estiver prestando serviço excesso culposo.
fora do organismo da Secretaria de Estado da Polícia Parágrafo único – Ressalvado os incisos III e IV, o dis-
Civil, bem como em exercício de mandato eletivo fe- posto neste artigo não se aplica ao policial civil, em
deral, estadual ou municipal, somente poderá ser pro- condições de ser promovido por antiguidade (QPA),
movido por antiguidade, exceto quando no desempe- reservando-se, porém, a respectiva vaga até a decisão
nho de cargo em comissão ou função gratificada, em final do inquérito administrativo ou o trânsito em jul-
órgãos considerados de interesse policial e nos casos gado de ação penal.
previstos em lei.
Capítulo III
Capítulo II DA PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE
DO QUADRO DE PROMOÇÃO
Art. 186 – À promoção por antiguidade recairá no po-
Art. 180 – O policial para ser promovido por antigui- licial civil que tiver maior tempo de efetivo exercício
dade ou merecimento deverá integrar o Quadro de na classe, apurado até o último dia de cada semestre.
Promoção (QPA ou QPM), respectivamente. Art. 187 – A antiguidade será determinada pelo tem-
Art. 181  – Verificada a vaga originária, a indicação po líquido de exercício do policial civil na classe a que
para integrar o Quadro de Promoção (QPM ou QPA) pertencer.
deverá recair nos policiais civis mais antigos, compre-
Parágrafo único – Será apenas computado como anti-
endidos nos primeiros dois terços do número de car-
guidade no serviço público o tempo líquido de exercí-
gos da classe concorrente a que pertencerem, fixado
cio interino, continuado ou não, em cargo de mesma
em lei e na conformidade de apuração estabelecida
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

denominação e para o qual tenha o policial civil sido


neste Regulamento.
nomeado em razão de concurso.
Parágrafo único – Para os efeitos deste artigo, os
Art. 188 – quando houver fusão de classes do mes-
quantitativos de cargos fixados em lei, serão sempre
mo padrão de vencimentos, os policiais contarão, na
acrescidos dos excedentes resultantes de promoção
nova classe, a antiguidade que tiverem na sua classe
por ato de bravura, se houver.
Art. 182 – O policial indicado para integrar o Quadro anterior, à data de fusão dos cargos, observados os
de Promoção (QP) não sendo promovido por mere- quadros e as carreiras a que pertencerem.
cimento ou antiguidade, retornará à sua posição na Parágrafo único – O disposto neste artigo é aplicável
lista de antiguidade. aos casos de transposição, reclassificação, transfor-
Art. 183 – O Quadro de Promoção (QPA ou QPM) será mação, aproveitamento ou qualquer outra alteração
publicado no órgão de divulgação oficial do Estado, na denominação de cargos de uma série de classe ou
para efeito de contestação, no prazo de 10 (dez) dias, de uma classe singular, verificada após 15 de março
publicando-se, entretanto, apenas, no Boletim Infor- de 1975.
mativo (BI), o resultado dos eventuais recursos inter- Art. 189 – quando houver fusão de classes de padrões
postos, para mera ciência dos interessados. de vencimentos diversos, a antiguidade dos policiais
na nova classe que resultar da fusão será contada do
seguinte modo: 

91
I – Se a fusão de cargos se verificar numa mesma sé- nal, por nomeação do Presidente da República ou ser-
rie de classes, dever-se-á manter a posição que cada viço prestado à Presidência da República em virtude
um ocupava na escala hierárquica funcional, antes de de requisição oficial;
fusão dos cargos; VIII – desempenho de função federal, estadual ou mu-
II – Se a fusão de cargos se verificar entre séries de nicipal;
classes de denominações diversas, ou entre classes IX – licença prêmio;
singulares, ou, ainda, entre estas e a aquelas, preva- X – licença para tratamento de saúde;
lecerá o critério do padrão de vencimento mais ele- XI – missão ou estudo de interesse e natureza policial,
vados para o estabelecimento da hierarquia na nova no estrangeiro ou qualquer parte do Território Nacio-
classe, respeitado o tempo na classe originária.  nal, quando o afastamento tiver sido autorizado pelo
Art. 190 – A antiguidade na classe será contada: Governador do Estado e pelo Secretário de Estado de
I – nos casos de nomeação, readmissão, reintegração, Polícia Civil, respectivamente, e não perdurar por tem-
reversão ou aproveitamento a partir da data em que po superior a um ano;
o policial entrar em exercício do cargo; XII – exercício em comissão de cargos de direção em
II – nos casos de transferência, ascensão, promoção e sociedade de economia mista, empresas públicas, ou
readaptação a partir da vigência do ato respectivo ou em fundações instituídas pelo Poder Público.
da sua publicação. XIII – faltas até o máximo de três dias durante o mês
Art. 191  – quando ocorrer empate na classificação por motivo de doença comprovada na forma regula-
por antiguidade terá preferência, sucessivamente, o mentar;
policial civil: XIV – expressa determinação legal, em outros casos.
I – de maior tempo de serviço policial;
II – de maior tempo de serviço público estadual; Capítulo IV
III – de maior tempo de serviço público; DA PROMOÇÃO POR MERECIMENTO
IV – de maior prole;
V – mais idoso. Art. 193 – A promoção por merecimento dar-se-á por
§ 1º - Quando se tratar de classe inicial, o primeiro de- escolha entre os policiais civis que integrarem o qua-
sempate será feito pela classificação extraída da mé- dro de promoção por merecimento (QPM) obedecendo
dia aritmética das notas finais da 1ª fase do concurso a feitura deste à ordem rigorosa de classificação por
público externo e do respectivos curso de formação pontos obtidos.
profissional, e das notas finais da prova de seleção e Parágrafo único – O número de integrantes do Q.P.M.
do curso específico, quando se tratar de concurso in- corresponderá ao dobro dos cargos vagos a serem pre-
terno. enchidos, devendo, porém, ser publicado no B.S. em
§ 2º - Como tempo de serviço público estadual, será ocasião julgada oportuna pela SECOP, a relação dos
computado o exercício interrompido ou não, em qual- concorrentes, que embora não hajam figurado no alu-
quer cargo ou função nos órgãos estaduais da admi- dido Quadro, alcançarem um total razoável de pontos.
nistração direta ou indireta e fundações instituídas Art. 194 – O merecimento do policial civil será apu-
pelo Poder Público. rado em pontos positivos e negativos, levando-se em
§ 3º - Será computado como tempo de serviço público conta os fatores seguintes:
o que tenha sido prestado à União, Estados, Distrito I – eficiência revelada no desempenho do cargo ou
Federal, Territórios e Municípios, em cargo ou função função policial e administração policial no seu nível
civil ou militar, ininterruptamente ou não, em órgão hierárquico;
de administração direta ou indireta e fundações insti- II – procedimento em sua vida pública, particular e o
tuídas pelo Poder Público, apurado à vista de certidões conceito que goza na organização policial;
expedidas pelos registros de frequência, folha de pa- III – contribuição à organização e à melhoria dos ser-
gamento ou dos elementos regularmente averbados viços policiais;
no assentamento individual do então servidor.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV – aprimoramento de sua cultura geral específica,


Art. 192 – Na apuração do tempo líquido do efetivo através de cursos especializados;
exercício para determinação da antiguidade na classe, V – ingresso no serviço policial ou na série de classes
bem como de desempate previsto no artigo anterior, a que concorre por promoção, mediante concurso pú-
serão incluídos os períodos de afastamento decorren-
blico ou ascensão, ambos de provas escritas de conhe-
tes de:
cimentos;
I – férias;
VI – período de curso de formação profissional ou
II – casamento;
III – luto; equivalente em estabelecimento de ensino policial,
IV – exercício de outro cargo de governo, ou de dire- quando do ingresso no serviço policial ou na série de
ção, de provimento de comissão, ou em substituição, classes, a que concorre por promoção;
nos órgãos estaduais da administração direta ou indi- VII – exercício em:
reta e fundações instituídas pelo Poder Público: a) cargo efetivo;
V – convocação para o serviço militar; b) direção, chefia, assessoramento, assistência e secre-
VI – júri e outros serviços obrigatórios por lei; tariado;
VII – no exercício de função ou cargo de governo ou
administração em qualquer parte do território nacio-

92
Art. 195  – A eficiência no desempenho da função Art. 207 – A impontualidade horária será determinada
policial civil será mensurada, através do Boletim de pelo número de entradas tardias e saídas antecipadas.
Merecimento (BM), considerando-se a qualidade do § 1º - A entortadas tardias ou saídas antecipadas se-
trabalho, a auto-suficiência, a iniciativa, o tirocínio, a rão adicionadas umas às outras, computando-se um
colaboração, a ética profissional, o conhecimento do ponto negativo para cada grupo de três, sendo des-
trabalho e o aperfeiçoamento profissional. prezadas as que não atingirem aquele número dentro
Art. 196 – A qualidade do trabalho será considerada do semestre.
tendo em vista o grau de exatidão, precisão e apre- § 2º - Os Boletins de Merecimento (BM) serão obri-
sentação. gatoriamente, por quem de direito, encaminhados
Art. 197 – Auto-suficiência é a capacidade demonstra- à SECOP, entre os dias 11 e 30 dos meses de janeiro
da pelo policial para desempenhar as tarefas de que e de julho de cada ano com os esclarecimentos em
foi incumbido, sem necessidade de assistência ou su- apenso, sob pena de responsabilização administrativa,
das reais atividades desempenhadas pelo policial nos
pervisão permanente de outrem.
últimos seis meses, inclusive, se for o caso, no órgão
Art. 198 – Iniciativa é a capacidade de pensar e agir
de onde veio removido, para fins preconizados neste
com senso comum, na falta de normas e de processos
capítulo.
de trabalho previamente determinados, assim como o
Art. 208 – A indisciplina será apurada tendo em vista
de apresentar sugestões ou idéias tendentes ao aper- as penalidades de advertência, repreensão, suspensão,
feiçoamento do serviço. afastamento do serviço, do cargo ou de função e pri-
Art. 199 – Tirocínio é a capacidade demonstrada pelo são disciplinar, impostas ao policial.
policial para avaliar e discernir a importância das de- Parágrafo único – Serão considerados os seguintes
cisões que deve tomar. pontos negativos para grupo de três penalidades:
I – três advertências – um ponto negativo;
Art. 200 – Colaboração é qualidade demonstrada pelo II – duas advertências e uma repreensão – um ponto
policial de cooperar com a chefia e com os colegas, na negativo;
realização dos trabalhos afetos ao órgão em que tem III – uma advertência e duas repreensões – dois pontos
exercício. negativos;
Art. 201 – Ética profissional é a capacidade de discri- IV – três repreensões – dois pontos negativos;
ção demonstrada pelo policial no exercício de sua ati- V – suspensão, afastamento ou prisão domiciliar – por
vidade, ou em razão dela, modo de agir com cortesia dia de penalidade – um ponto negativo.
e polidez no trato com os colegas e as partes, na sua Art. 209 – O procedimento do policial em sua vida
apresentação pessoal e na rigorosa observância dos particular será apurado em investigação reservada,
preceitos contidos no Código de Ética. atribuindo-se, ao final, se for o caso, conceito devida-
Art. 202 – Conhecimento do trabalho é a capacidade mente justificado que variará de zero a cinco pontos
demonstrada pelo policial para realizar as atribuições negativos.
inerentes ao cargo, com pleno conhecimento dos mé- Parágrafo único – O candidato não integrará o QF
todos e técnicas de trabalho utilizados. respectivo, se lhe for atribuído o conceito negativo – 5
Art. 203 – Aperfeiçoamento funcional é a comprova- (menos cinco).
ção, pelo policial, de capacidade para melhor desem- Art. 210 – O conceito de que goza o policial na or-
penho das atividades normais do cargo e para rea- ganização deverá ser apurado na classe concorrente,
lização de atribuições superiores, relacionadas com atribuindo-se a cada fator, abaixo relacionado, valora-
aquelas atividades. rão que variará de zero a dois pontos:
Art. 204 – A Secretaria Executiva da Comissão de Pro- I – encargos e missões desempenhadas, entre outros,
moção atribuirá ao policial, na apuração dos pontos os que visem ao aumento de produtividade e à redu-
de que trata o artigo 195, um conceito, devidamente ção de custos operacionais dos serviços públicos;
justificado, que variará de um a cinco pontos, por fator II – Elogios decorrentes do exercício da função policial
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de avaliação, consoante informações prestadas pelo e emanados de autoridade judiciária ou administrati-


superior imediato do policial. va competente;
Parágrafo único – Considera-se superior imediato aque- III – medalhas e condecorações;
le ao qual está diretamente subordinado o policial, desde IV – serviços relevantes prestados a outros órgãos;
o mais baixo nível da escala hierárquica administrativa. V – atos de bravura;
Art. 205 – O procedimento do policial na vida pública VI – zelo dos policiais, componentes de Equipe de
será apurado através de informação do seu superior Plantão, na vigilância de presos custodiados nos xa-
imediato, tendo em vista a assiduidade, a pontualida- drezes das unidades policiais, em cada período de 6
de e a disciplina consignadas no verso do BM, e, ainda, (seis) meses, sem ocorrência de fuga.
os assentamentos funcionais. § 1º - Nos casos de crimes de homicídio, roubo, ex-
Parágrafo único – Para prestar as informações referi- torsão mediante sequestro e tráfico de entorpecentes,
das neste artigo e no anterior, será vedada a eventual será atribuído 0,5 (meio) ponto ao agente policial que,
subordinação interpares, cabendo essa tarefa ao chefe
em efetiva atividade operacional, efetuar prisão em
hierárquico do policial.
flagrante, realizada com absoluta observância dos
Art. 206 – A falta de assiduidade será determinada
princípios constitucionais e legais que a autorizam.
pela ausência injustificada do policial ao serviço, com-
Nos demais casos criminais, o agente policial receberá
putando-se um ponto negativo para cada falta.

93
0,25 (um quarto) de ponto. Se o policial sofrer lesão - 01 (um) ponto por curso, até o limite de 05 (cinco)
corporal de natureza grave, ser-lhe-á concedido 05 pontos.
(cinco) pontos. III - ingresso no serviço policial ou na série de classes
§ 2º - Ao detetive ou Detetive-Inspetor, sem cujo a que concorre por promoção, mediante concurso pú-
empenho ou capacidade de iniciativa não teria sido blico ou ascensão, ambos de provas escritas de conhe-
possível o cumprimento de mandado de prisão, será cimento em que foi exigida:
concedido 0,25 (um quarto) de ponto. Se, porém, o a) escolaridade de nível superior: cinco pontos;
executor sofrer lesão corporal de natureza grave, ser- b) escolaridade de nível técnico ou 2º grau: três pontos;
-lhe-á aplicado o disposto no parágrafo anterior. c) escolaridade de nível de 1º grau: dois pontos;
§ 3º - Na apreciação de sindicância Sumária por ato d) escolaridade de nível de 1º grau até a 4ª série: um
de bravura, a Comissão de Promoção, se entendê-lo ponto.
não tipificado, poderá conceder ao policial 05 (cinco) IV – período de duração do curso de formação profis-
pontos de merecimento. sional ou equivalente em estabelecimento de ensino
§ 4º - Os pontos preconizados nos parágrafos deste policial, quando ingresso no serviço policial ou na sé-
artigo, serão aplicáveis aos eventos ocorridos a par- rie de classes a que concorre por promoção: um ponto
tir de 1º de janeiro de 1989, sendo aproveitáveis na por trimestre ou por tempo igual ou superior a qua-
promoção seguinte, se implicar em qualquer eventual renta e cinco dias, até o limite de cinco pontos.
retardamento de processo protecional em curso. § 1º - Os cursos de cultura geral, não integrantes dos
§ 5º - Caberá à Secretaria Executiva de Comissão de requisitos essenciais para o ingresso na série de clas-
Promoção a confirmação do enquadramento previsto ses, serão computados em toda a trajetória da vida
nos parágrafos anteriores. funcional do titular, desde que sua duração tenha
Art. 211 – Os incisos III, IV, V e VI do artigo 194 serão sido igual ou superior a 240 horas.
mensurados através dos assentamentos funcionais de § 2º - Os incisos III e IV desde artigo, só serão con-
curriculum vitae, atribuindo-se ao policial civil concei- siderados na série inicial de classes. O artigo 211, o
to na classe concorrente, em cada inciso, que variará inciso I e alíneas, as alíneas “a” e “b” e os parágrafos
na forma abaixo: 1º e 2º têm a redação dada pelo Decreto no 9.460, de
I – contribuição à organização e à melhoria dos serviços 10-12-86.
policiais, com mensurarão máxima de um ponto por ano; Art. 212 – O exercício em cargo efetivo, em direção,
a) por publicação de trabalhos técnicos policiais em li- chefia, 0assessoramento, assistência, secretariado ou
vros ou revistas ou aqueles que resultarem ou venham magistério policial será mensurado da seguinte forma:
resultar em Lei, Decreto ou Resolução, desde que com- I – Pelo exercício em cargo efetivo, na classe concor-
provada sua autoria pela Administração Policial: 0,5 rente, por ano de atividade contínua:
(meio) ponto por trabalho publicado, até o limite de Inciso com redação dada pelo Decreto nº 9.460, de
03 (três) pontos; 10-12-86.
b) edição de livros, manuais, coletâneas de natureza a) em Delegacias Policiais:
policial: 0,5 (meio) ponto por obra editada, até o má- - Dos Municípios da Capital e de Niterói, 02 (dois) pontos;
ximo de 03 (três) pontos; - Dos demais Municípios, distantes até 150 (cento e
c) edição de apostilas de natureza policial: 0,25 (um cinquenta) km da Capital, 04 (quatro) pontos, mais 01
quarto) de ponto por apostila, até o máximo de 01 (um) ponto se o servidor tiver domicílio no mesmo Mu-
(um) ponto; nicípio:
d) Comissões Administrativas, instituídas por ato de Alínea com redação dada pelo Decreto nº 11.664, de
dirigente de unidade, a nível departamental, excluí- 02-08-88.
das as Comissões de Sindicância e as designações por II – pelo exercício em Direção, Chefia, Assessoramento,
apuração sumária e investigação de caráter discipli- Assistência ou secretariado, no cargo ou função desem-
nar ou policial: penhada durante 01 (um) ano:
- como presidente ou membro: 0,5 (meio) ponto por Inciso com redação dada pelo Decreto no 9.460, de 10-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

participação, até o limite de 03 (três) pontos; 12-86.


- como secretário: 0,25 (um quarto) de ponto por par- a) de direção superior até o nível de divisão ou delega-
ticipação, até o limite de 02 (dois) pontos. cia: 04 (quatro) pontos até o limite de 12 (doze) pontos;
e) membro de órgão de deliberação coletiva de natu- b) de assessoramento ou assistência superior: 03 (três)
reza policial civil: 01 (um) ponto por designação, até o pontos até o limite de 09 (nove) pontos;
limite de 03 (três) pontos. c) de chefia de serviço ou assistência intermediária: 02
II – aprimoramento de sua cultura geral e específica, (dois) pontos até o limite de 06 (seis) pontos;
através de cursos na instituição policial ou fora dela: d) de chefia de seção, de setor ou secretariado: 1,5 (um e
a) cultura geral: meio) ponto até o limite de 4.5 (quatro e meio) pontos;
- 02 (dois pontos por curso superior completo, sem li- e) de substituição imediata ou eventual do titular de
mite, desde que não exigível para o ingresso na série delegacia; 2,5 (dois e meio) ponto até o limite de 4,5
de classe; (quatro e meio) pontos;
- 01 (um) ponto por curso, com duração mínima de f) de substituição imediata ou eventual de chefe de ser-
40 (quarenta) horas, até o limite de 05 (cinco) pontos. viço: 1,5 (um e meio) ponto até o limite de 4,5 (quatro
b) cultura específica: e meio) pontos;

94
g) de substituição imediata ou eventual de chefe de se- prazo de dez dias, onde consignará todas as provas
ção e de setor; 01 (um) ponto até o limite de 03 (três) colhidas e oferecerá relatório conclusivo e imediata
pontos. remessa à Comissão de Promoção, por intermédio de
III – pelo exercício do magistério policial, com mensura- sua Secretaria Executiva.
do máxima de 01 (um) ponto por ano:
a) em bancas de concurso de provas seletivas: 0,5 Capítulo VI
(meio) ponto por banca ou prova seletiva, até o limite DA PROMOÇÃO “POST-MORTEM”
de 03 (três) pontos;
b) como professor: 0,5 (meio) ponto por grupo de três Art. 219 – A promoção “post-mortem” é efetivada
turmas, até o limite de 03 (três) pontos. quando o policial civil, independentemente de sua si-
§ 1º - Para efeito dos incisos I e II, quando o cargo ou tuação na lista de antiguidade, vier a falecer em uma
função é exercido em Delegacia Policial, considera-se das seguintes situações:
como de um ano, o período de tempo igual ou superior I – em ação de manutenção da ordem pública; 
a cento e oitenta dias. II – em consequência de ferimento recebido na manu-
§ 2º - exercendo o policial, no período de um ano, con- tenção da ordem pública, doença, moléstia, ou enfer-
tinuadamente, mais de um cargo ou função enumera- midade contraídas nesta situação, ou que nelas tenha
dos no inciso II deste artigo, considera-se para efeito de sua causa eficiente.
contagem de pontos o cargo ou função mais elevado, III – por acidente de serviço;
desde que o exerça por período mínimo de cento e oi- IV – por ato de bravura.
tenta dias. Art. 220 – A promoção por bravura, inclusive “post-
§ 3º - O disposto neste artigo aplica-se aos cargos ou -mortem”, far-se-á automática e independentemente
funções gratificadas exercidas nos antigos Estados da devassa, considerando-se excedentes os cargos desta
Guanabara e do Rio de Janeiro. forma providos, enquanto não ocorrer promoção re-
gular dos beneficiários.
Art. 213 – Em caso de haver movimentação do policial civil, Art. 221 – O policial será, também, promovido se, ao
que importe em outra subordinação, o superior imediato falecer, integrava o quadro de promoção, independen-
ao qual estava anteriormente subordinado poderá ser cha- temente de sua posição no mesmo, consideradas as
mado a prestar esclarecimentos para formação do conceito. vagas existentes na data do falecimento.
Art. 214 – O grau de merecimento do policial civil será Art. 222 – Para efeito de aplicação do artigo anterior,
representado pela soma algébrica dos pontos positivos será considerado, quando for o caso, o último quadro de
e dos pontos negativos. promoção em que o policial falecido tenha sido incluído.
Art. 215 – Apurado o merecimento, o conceito final dos
candidatos à promoção deverá ser divulgado na im- Título VII
prensa oficial. DA ASCENSÃO
Parágrafo único – Em igualdade de condições de me-
recimento, proceder-se-á ao desempate por tempo de Art. 223 – Ascensão é a passagem da última classe de
serviço na classe e persistindo a igualdade, observar- uma categoria funcional para a classe inicial de outra
-se-á o disposto no art. 191. categoria funcional, na linha hierárquica definida na
Art. 216 – Para a escolha dos proventos integrantes carreira policial, de conformidade com o que se dispu-
do Q.P.M., a Comissão de Promoção, além dos pon- ser em ordenamento próprio.
tos obtidos através dos critérios objetivos, levará em § 1º - A ascensão far-se-á mediante prova de seleção
consideração os mais antigos na classe concorrente e e habilitação em curso específico, ministrado na Aca-
os que já estiverem relacionados em QPM anteriores. demia de Polícia, atendido o requisito de habilitação
profissional comprovado através da apresentação de
Capítulo V diploma respectivo, devidamente registrado, e observa-
DA PROMOÇÃO POR BRAVURA do o interstício na última classe à época da inscrição na
prova de seleção.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 217 – A promoção por bravura é aquela conferida § 2º - Somente será matriculado no Curso Específico o
ao policial civil pela conduta que resultar da prática de policial civil que obtiver o grau mínimo de 50 (cinquen-
ato ou atos não-comuns de coragem e audácia e que, ta) pontos na Prova de Seleção.
ultrapassando os limites normais do cumprimento do § 3º - Entende-se por série de classe auxiliar aquela da
dever, representem feitos úteis às atividades policiais na qual for facultada ascensão à outra, de atividade cor-
manutenção de segurança e ordem públicas, pelos re- relata, tarefas mais complexas, maior grau de respon-
sultados alcançados ou pelo exemplo altamente positivo sabilidade e vencimento superior, entendendo-se esta
deles emanados, concretizando-se, independentemente como série de classes principal.
do preenchimento de quaisquer outras condições. § 4º - Metade das vagas da classe inicial das séries de
Parágrafo único – A bravura, caracterizada nos ter- classes principais, nas linhas de ascensão, serão reser-
mos deste artigo, determinará a promoção do poli- vadas para essa forma de provimento, observadas as
cial, mesmo que do ato praticado tenha resultado sua exceções estabelecidas em lei.
morte ou invalidez. § 5º - Não poderá ser inscrito em prova de seleção,
Art. 218 – A autoridade policial civil, para os fins do matriculado em curso específico da ACADEPOL, nem
artigo anterior, fará registro minucioso do fato, apu- ascendido, o policial implicado nas situações descritas
rando-o por meio de sindicância sumária, ultimada no pelos incisos II, III e IV do artigo 185.

95
Art. 224 – Será de setecentos e trinta dias de efetivo Art. 235 – Os policiais que satisfaçam as condições
exercício na classe o interstício para o policial concorrer previstas no presente Regulamento serão inscritos “ex-
à ascensão. -ofício” na Academia de Polícia, para efeito de prova de
Art. 225 – O policial provido por ascensão passará a seleção e curso específico, publicando-se a lista nominal
integrar a nova classe, independentemente de posse. do “Diário Oficial” do Estado e “Boletim de Serviço”, por
Parágrafo único – O policial provido por ascensão terá três dias consecutivos, para ciência dos interessados.
reiniciada a contagem de seu tempo de serviço na nova Art. 236 – Dessa publicação contar-se-á o prazo de
classe, para efeito de promoção. quinze dias para interposição de recursos, que serão
Art. 226 – Só poderá concorrer à ascensão o policial que decididos em igual prazo, findos os quais serão os po-
possuir o diploma registrado ou certificado de habili- liciais submetidos a provas de seleção na Academia
tação em curso exigido pela legislação vigente, para o de Polícia.
exercício das atividades inerentes ao cargo para o qual Art. 237 – A ascensão será feita através de Decreto
coletivo, elaborado pela Secretaria Executiva da Co-
terá ascensão.
missão de Promoções, a ser submetido pelo Secretário
Art. 227 – As ascensões no Quarto Permanente da Po-
de Estado da Polícia Civil ao Governador do Estado.
lícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, serão realizadas
uma vez por ano, no dia 29 de setembro, observada a
Título VIII
existência de cargos vagos e na forma das linhas de DA TRANSFERÊNCIA E DA REMOÇÃO
progressão dispostas no anexo IV da Lei nº 699, de 14
de dezembro de 1983. Art. 238 – Transferência é o ato de simples investidura
§ 1º - As vagas que não forem preenchidas pelo institu- do policial em cargo de denominação diversa de ou-
to da ascensão poderão ser aproveitadas para concurso tra classe, de igual nível de vencimento, na carreira
público. policial.
§ 2º - A ascensão que não se verificar na data referida Art. 239 – A transferência se fará à vista de compro-
no caput deste artigo terá seus efeitos retroagidos. vação de habilitação dos interessados para o exercício
Art. 228 – O provimento por ascensão, quando o nú- do novo cargo, realizada na Academia de Polícia.
mero de vagas for inferior ao número de candidatos Art. 240 – Quando se tratar de cargo de classe inicial
que satisfaçam às condições estabelecidas, obedecerá de série de classes, a transferência não poderá ser feita
à ordem de classificação na lista respectiva, organizada para cargo vago, destinado a provimento por concur-
de acordo com o grau de habilitação obtido pelo po- so, já aberto, ou ascensão programada.
licial, nas provas do curso específico ministrado pela Art. 241 – A transferência será feita a pedido, aten-
Academia de Polícia. didos o interesse e a conveniência do serviço policial.
Art. 229 – Somente poderá ser provido por ascensão o Art. 242 – No caso de transferência para cargo corres-
policial que obtiver, pelo menos, grau final cinquenta pondente à atividade profissional, em que se exija ha-
em cada disciplina, nos cursos específicos, que terão a bilitação específica, esta será condicionada à compro-
seguinte apuração:  vação de que o interessado satisfaz àquela exigência.
I – nível superior – quatrocentas horas/aulas; Art. 243 – Remoção é o ato mediante o qual o poli-
II – nível técnico – trezentas e vinte horas/aulas; cial passa a ter exercício em outro órgão, preenchendo
III – nível 1º grau – sem exigência de curso técnico – claro de lotação, sem que se modifique sua situação
duzentas e quarenta horas/aulas; funcional.
IV – nível 1º grau – cento e sessenta horas/aula.
Art. 244 – Dar-se-á remoção:
Art. 230 – Não poderá haver provimento por ascensão
I – a pedido;
na classe em que houver cargo excedente.
II – “ex-ofício”.
Art. 231 – Em benefício do policial a quem de direito
§ 1º - A remoção tanto a pedido como “ex-ofício” de-
cabia a ascensão, será declarado sem efeito o ato que
penderá, em princípio, de claro na lotação.
houver decretado o provimento de forma indevida.
§ 2º - O policial removido, quando de férias, não se
§ 1º  - O policial provido indevidamente não ficará
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

interromperá.
obrigado a restituir o que a mais houver recebido.
§ 2º - O policial a quem cabia o provimento por as- § 3º - Não poderá haver remoção de policial que se
censão será indenizado de uma só vez, da diferença de encontre em licença de qualquer espécie ou frequen-
vencimentos e vantagens a que tiver direito. tando curso na Academia de Polícia.
Art. 232 – A formalização dos atos relativos à ascen- § 4º - Revogado pelo Decreto nº 14.832, de 23-05-90.
são será processada pela Secretaria Executiva da Co- Art. 245 – No processamento da remoção “ex-ofício”
missão de Promoções, ressalvada a competência da serão observados, em princípio, a iniciativa do dirigen-
Academia de Polícia. te ou do chefe da unidade administrativa e a existên-
Art. 233 – Aplicam-se à ascensão, no que couber, os cia de claro na lotação do órgão para onde se preten-
dispositivos referentes à promoção, por merecimento der a remoção.
e por antiguidade, inclusive “post-mortem”. Art. 246 – remoção por permuta será processada a
Art. 234 – O órgão setorial de pessoal da Secretaria de pedido, por escrito, de ambas as chefias interessadas.
Estado de Polícia Civil, com os elementos que dispuser Art. 247 – quando a remoção for a pedido, serão ob-
e os fornecidos pelos dirigentes chefes das unidades servados o interesse do serviço e a anuência do servi-
administrativas, manterá conhecimento mensalmente dor indicado para permuta.
à Secretaria Executiva da Comissão de Promoções.

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Parágrafo único – Somente decorridos doze meses da Art. 254 – A transferência, a promoção, a ascensão e
lotação do policial, poderá ocorrer sua remoção a pe- a nomeação em novo cargo da carreira policial não
dido. interromperão o exercício para efeito de contagem de
Art. 248 – No processamento das remoções serão tempo de serviço.
atendidas a qualificação profissional do policial e a Art. 255 – O policial removido para outra unidade,
necessidade do serviço investigatório da unidade onde dentro de um mesmo Município, terá prazo de dois
virá ter exercício. dias, contados da data da publicação do referido ato,
Art. 249 – O policial terá exercício no órgão para o para reiniciar suas atividades.
qual for designado. § 1º - Quando em férias, licenciado ou afastado legal-
Art. 250 – Até o dia 20 de janeiro de cada ano, aten- mente de seu cargo, esse prazo será contado a partir
didas as diretrizes da Secretaria e as necessidades de do término do impedimento.
segurança pública, serão fixados, por ato resolutivo, § 2º - O prazo a que se refere este artigo será conside-
os quantitativos de pessoal que constituirão a lotação rado como período de trânsito, computável como de
de policiais civis em todos os Órgãos da Secretaria de efetivo exercício para todos os efeitos.
Estado da Polícia Civil, até o nível de Divisão ou De- § 3º - O prazo referido no “caput” deste artigo pode-
legacia. rá ser prorrogado, no máximo, por igual período, por
§ 1º - Entende-se por lotação o número de policiais solicitação do interessado, a juízo da autoridade com-
civis de cada categoria funcional ou cargo isolado, in- petente para dar-lhe exercício.
clusive os ocupantes de cargo ou função de confiança
que, segundo as necessidades, devam ter exercício em Capítulo II
cada Órgão. DA APURAÇÃO
§ 2º - O policial civil nomeado integrará lotação na
qual houver claro. Art. 256 – A apuração do tempo de serviço será fei-
ta em dias, não considerado, para qualquer efeito, o
§ 3º - As autoridades policiais e seus agentes, providos exercício de função gratuita.
nas classes iniciais das respectivas categorias profis- Parágrafo único – O número de dias será convertido
sionais serão preferencialmente lotados nas unidades em anos, considerado o ano como de trezentos e ses-
de Polícia Administrativa e Judiciária, durante os dois senta e cinco dias.
primeiros anos de efetivo exercício. Art. 257 – Os dias de efetivo exercício serão computa-
§ 4º - revogado. dos à vista de documentação própria que comprove a
Art. 251 – O policial será afastado do exercício de seu frequência.
cargo: Art. 258 – Admitir-se-á como documentação própria
I – enquanto durar o mandato legislativo ou executivo, comprobatória do tempo de serviço público:
federal ou estadual; I – certidão de tempo de serviço, extraída de folha de
II – enquanto durar o mandato de vereador, se não pagamento;
existir compatibilidade de horário entre o seu exercício II – certidão de frequência, extraída do cartão de ponto;
e o da função pública; III – justificação judicial.
III – enquanto durar o mandato de vereador, se não § 1º - Os elementos provantes indicados nos incisos aci-
existir compatibilidade de horário entre o seu exercício ma são exigíveis na ordem direta de sua enumeração,
e o da função pública; somente sendo admitido o posterior, quando acompa-
IV – durante o lapso de tempo que mediar entre o nhado de certidão negativa fornecida pelo órgão com-
registro da candidatura eleitora e o dia seguinte ao petente para a expedição do elemento a que se refere o
da eleição. anterior.
§ 2º - Sobre tempo de serviço comprovado mediante
Título IX justificação judicial, será prévia e obrigatoriamente ou-
DO TEMPO DE SERVIÇO
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vida a Procuradoria Geral do Estado.


Capítulo I Art. 259 – Será considerado como de efetivo exercício o
DISPOSIÇÕES GERAIS afastamento por motivo de:
I – férias;
Art. 252 – O início, a interrupção e o reinício do exer- II – casamento e luto, até oito dias;
cício serão registrados no assentamento individual do III – exercício de outro cargo ou função de governo ou
policial. de direção, de provimento em comissão ou em substi-
§ 1º - Ao entrar em exercício, o policial apresentará ao tuição, no serviço público do Estado do Rio de Janeiro,
órgão competente os elementos necessários à abertu- inclusive respectivas autarquias, empresas públicas e
ra de seu assentamento individual.
sociedades de economia mista e fundações instituídas
§ 2º - O início do exercício e as alterações que nele
pelo Poder Público, ou serviço prestados à Presidência
ocorrerem serão comunicados ao órgão setorial de
da Repúblicas, em virtude de requisição oficial;
pessoa, pelo titular da unidade policial ou administra-
IV – exercício de outro cargo ou função de governo ou
tiva em que estiver servindo o policial.
de direção, de provimento em comissão ou em substi-
Art. 253 – O policial entrará em exercício no prazo de
tuição, no serviço público da união, de outros Estados e
trinta dias contados da data:
dos Municípios, inclusive respectivas autarquias, empre-

97
sas públicas e sociedades de economia mista e funções IX – o período em que o policial frequentou curso de
instituídas pelo Poder Público, quando o afastamento formação profissional em estabelecimento oficial de
houver sido autorizado pelo Governo, sem prejuízo do ensino, integrante de estrutura da Secretaria de Es-
vencimento do policial; tado da Polícia Civil, na condição de aluno, em regi-
V – estágio experimental; me diverso do disciplinado no presente Regulamento,
VI – licença-prêmio; como fora inicial para provimento no cargo.
VII – licença para repouso à gestante; Art. 261 – Ao policial será assegurado a contagem
VIII – licença para tratamento de saúde; qualquer que tenha sido o regime da relação empre-
IX – licença por motivo de doença em pessoa da família, gatícia, como de serviço público estadual, do tempo
desde que não exceda o prazo de doze meses; prestado anteriormente à administração direta ou in-
X – acidente em serviço  direta do Estado a Fundações instituídas pelo Poder
XI – doença de notificação compulsória; Público.
XII – missão oficial; Parágrafo único – O disposto neste artigo não se apli-
XIII – estudo no exterior ou em qualquer parte do terri- ca para efeitos de concessão de licença-prêmio.
tório nacional, desde que de interesse para a adminis- Art. 262 – É vedada a cumulação de tempo de serviço
tração e não ultrapasse o prazo de doze meses; prestado, concorrentemente ou simultaneamente, em
XIV – prestação de prova ou de exame em regular ou dois ou mais cargos, funções ou empregos em qual-
em concurso público; quer das hipóteses previstas no artigo 260.
XV – recolhimento à prisão, se absolvido a final;
XVI – suspensão preventiva, se absolvido a final; Título X
XVII – convocação para serviço militar ou encargo de DA APOSENTADORIA
segurança nacional, júri e outros serviços obrigatórios
por lei; Art. 263 – O policial será aposentado:
XVIII – trânsito para ter exercício em nova sede; I – compulsoriamente;
II – voluntariamente
XIX – faltas por motivo de doença, comprovada, inclusi- III – por invalidez;
ve em pessoa da família, até o máximo de três, durante § 1º - O policial será aposentado com limites de idade
o mês, e outros casos de força maior; e tempo de serviço fixados em lei.
XX - candidatura a cargo eletivo, conforme o disposto § 2º - A aposentadoria por invalidez será sempre pre-
no inciso IV do art. 251; cedida de licença por um período contínuo, não in-
XXI – mandato legislativo ou executivo, federal ou es- ferior a vinte e quatro meses, salvo quando o laudo
tadual; médico concluir, anteriormente aquele prazo, pela in-
XXII – mandato de prefeito ou vice-prefeito; capacidade definitiva do policial para o serviço.
XXIII – mandato de vereador quando não existir in- I – no caso do inciso II do artigo anterior;
compatibilidade de horário entre o seu exercício e de II – quando a invalidez for consequência de acidente
sua função pública. no exercício de suas atribuições ou em virtude de do-
Afastamento para o Exterior – art. 79, parágrafo único ença profissional;
REFP. III – quando acometido de tuberculose ativa, alienação
Art. 260 – Para efeito de aposentadoria ou disponibili- mental, neoplasia grave, estados adiantados de Paget
dade será computado: (osteíte deformante), com base nas conclusões de me-
dicina especializada;
I – tempo de serviço público federal, estadual e municipal;
IV – na inatividade, se acometido de qualquer das do-
II – o período de serviço ativo nas Forças Armadas,
enças especificadas no inciso anterior e decorrente de
computado pelo dobro o tempo de operações em
acidente no exercício de suas atribuições quando na
guerra, inclusive quando prestado nas forças auxilia-
atividade.
res e na Marinha Mercante;
Art. 265 – A aposentadoria voluntária; mantém o po-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III – o tempo de serviço prestado com extranumerário


licial em exercício até a publicação do respectivo ato,
ou sob qualquer outra forma de admissão, desde que
salvo quando já afastado do cargo.
remunerado pelos cofres públicos; Art. 266 – O policial que foi ou venha a ser aposenta-
IV – o tempo de serviço prestado em autarquia, em- do por incapacidade definitiva e considerado inválido,
presa pública ou sociedade de economia mista; impossibilitado total ou permanentemente para qual-
V – o período de trabalho prestado a instituição de quer trabalho, não podendo provar os meios de sua
caráter privado que tiver sido transformada em esta- subsistência, fará jus a auxílio-invalidez no valor de
belecimento de serviço público; 25% calculado sobre o vencimento do cargo efetivo
VI – o tempo em que o policial esteve em disponibili- e demais vantagens, incorporadas ou não, desde que
dade ou aposentado; satisfaça uma das condições abaixo especificadas, de-
VII – em dobro, o tempo de licença-prêmio não go- vidamente declarada por funda médica;
zada;. I – necessitar de internação em instituição hospitalar
VIII – em dobro, os períodos de férias não gozadas, a apropriada, pública ou particular, de tratamento es-
partir do exercício de 1977, limitadas a sessenta dias, pecializado;
ressalvado o direito à contagem de períodos anteriores II – necessitar de assistência médica ou de cuidados
para os amparados por legislação vigente até a edição permanentes de enfermagem.
do Decreto-Lei no 363, de 4 de outubro de 1977;

98
§ 1º  - Quando por deficiência hospitalar ou prescri- Título XII
ção médica comprovada por junta médica, o policial DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
nas condições acima, receber tratamento médico na
própria residência, também fará jus ao auxílio-invali- Art. 272 – A requisição do policial, para ter exercí-
dez, o policial ficará sujeito a apresentar anualmente cio em órgão da administração direta ou indireta da
declaração de que não exerce nenhuma atividade re- União, Estado, Município, Distrito Federal ou territó-
munerada, pública ou privada, e a critério da admi- rio e empresas estatais, respeitados os casos previstos
nistração submeter-se-á, periodicamente, à inspeção em lei, somente será permitida quando houver com-
de saúde de controle, sendo que no caso de policial patibilidade e correlação entre as atribuições típicas
mentalmente enfermo aquela declaração deverá ser do cargo e aquelas que irá desempenhar na entidade
firmada por dois policiais em atividade. requisitante, sempre com expressa autorização do Go-
§ 2º - Para a continuidade do direito ao recebimento vernador, sujeitando-se o policial à perda das vanta-
do auxílio invalidez, o policial ficará sujeito a apresen- gens decorrentes estritamente da função policial.
tar anualmente declaração de que não exerce nenhu- Art. 273 – Os cargos de direção, chefia, assessoramen-
ma atividade remunerada, pública ou privada, e a cri- to e assistência de órgãos da Polícia Civil serão exer-
tério da administração submeter-se-á, periodicamente cidos, em princípio, por policiais civis em exercício ou
a inspeção de saúde de controle, sendo que no caso de aposentados.
policial mentalmente enfermo aquela declaração de- Art. 274 – Na primeira promoção e ascensão a serem
verá ser firmada por dois policiais em atividade. realizadas em decorrência da aplicação deste Decreto,
§ 3º - O auxílio-invalidez será suspenso, automati- não se exigirá a publicação do Almanaque previsto no
camente, se for verificado que o policial beneficiado parágrafo único do artigo 174, bem como serão redu-
exerce ou tenha exercido, após recebimento do auxílio, zidos à metade os prazos neles estabelecidos, excetua-
qualquer atividade remunerada, sem prejuízo de ou-
dos os de interstício e de estágio probatório.
tras sanções cabíveis, bem como se, em inspeção de
Art. 275 – Aplicam-se subsidiariamente aos policiais
saúde, for constatado não se encontrar nas condições
as disposições do Estatuto dos funcionários Públicos
previstas neste artigo.
Civis do Estado do Rio de Janeiro aprovado pelo De-
creto-Lei nº 220, de 18 de julho de 1975, seu Regula-
Título XI
mento e demais normas de pessoal, naquilo que não
DAS RECOMPENSAS
colidir com o Decreto-Lei nº 218, de 18 de julho de
1975, e este Regulamento.
Art. 267 – Recompensa é o reconhecimento dos bons
serviços prestados pelo policial.
Art. 268 – São recompensas:
I – agraciamento com medalhas de “Mérito Policial”, EXERCÍCIOS COMENTADOS
na forma instituída em lei;
II – elogios individuais e coletivos; 1. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO -
III – dispensa total do serviço até dez dias; FCC/2013) Na atuação da Administração Pública Fede-
IV – cancelamento de pena disciplinar. ral, a segurança jurídica é princípio que;
Art. 269 – São competentes para conceder dispensa
total de serviço: a) justifica a mantença de atos administrativos inválidos,
I – até dez dias: O Secretário de Estado da Polícia Civil; desde que ampliativos de direitos, independentemen-
II – até cinco dias: os dirigentes de órgãos subordi- te da boa-fé dos beneficiários.
nados diretamente ao Secretário de Estado da Polícia b) não impede a anulação a qualquer tempo dos atos
Civil; administrativos inválidos, visto que não há prazos
III – até dois dias: os demais dirigentes de órgãos, até o prescricionais ou decadenciais para o exercício de au-
nível de divisão, inclusive titulares de delegacias. totutela em caso de ilegalidade.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 270 – Na apreciação do pedido de cancelamento c) justifica o usucapião de imóveis públicos urbanos de
da pena disciplinar, prevista no artigo 35, poderão ser até duzentos e cinquenta metros quadrados, em favor
levados em conta os relevantes serviços prestados à daquele que, não sendo proprietário de outro imóvel
segurança pública pelo policial, por decisão do Secre- urbano ou rural, exerça a posse sobre tal imóvel por
tário de Estado da Polícia Civil. cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utili-
Art. 271 – Aquele que comprovadamente, apurado zando-o para sua moradia ou de sua família.
através de inquérito administrativo ou perícia médica, d) impede que haja aplicação retroativa de nova inter-
se revelar inapto para o exercício da função readapta- pretação jurídica, em desfavor dos administrados.
do em outra função mais compatível com a sua capa- e) impede que a Administração anule ou revogue atos
cidade, sem que essa readaptação lhe traga qualquer que geraram situações favoráveis para o particular,
prejuízo financeiro. pois tal desfazimento afetaria direitos adquiridos.

Resposta: “D”. Para Dirley da Cunha Júnior, “o valor


segurança jurídica é consagrado por vários outros
princípios: direito adquirido, ato jurídico perfeito, coisa
julgada, irretroatividade da lei entre outros. Este prin-

99
cípio enaltece a ideia de proteger o passado (relações resse público e indisponibilidade do interesse público
jurídicas já consolidadas) e tornar o futuro previsível, não são expressos.
de modo a não infringir   surpresas desagradáveis ao Letra “D”: incorreta. O princípio da indisponibilidade
administrado. Visa à proteção da confiança e a garan- do interesse público não é um princípio expresso. Não
tia de certeza e estabilidade das relações e situações há hierarquia entre os princípios expressos em relação
jurídicas”. aos implícitos.
Letra “E”: incorreta. Os princípios da impessoalidade e
2. (SMA-RJ – CONTADOR - FJG-RIO/2013) Segundo eficiência são princípios expressos.
exposição doutrinária, o princípio da impessoalidade não OBS: Cuidado porque algumas bancas consideram
raramente é chamado de princípio da: princípios expressos apenas o que estão previstos
na Constituição Federal e outras consideram que os
a) igualdade legal princípios administrativos que estiverem escritos em
b) razoabilidade dos meios lei são explícitos. Proporcionalidade, razoabilidade,
c) finalidade administrativa finalidade, motivação, ampla defesa, contraditório, se-
d) subjetividade coletiva gurança jurídica e interesse público constam expressa-
mente no artigo 2º da Lei nº 9784/99.
Resposta: Letra C. Para Hely Lopes Meirelles, o prin-
cípio da impessoal idade “nada mais é do que o 4. (SESACRE – FISIOTERAPEUTA - FUNCAB/2013) O
clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao princípio administrativo que impõe o controle de resulta-
administrador público que só pratique o ato para seu dos da Administração Pública, a redução do desperdício
fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a e a execução do serviço público com rendimento funcio-
norma de Direito indica expressa ou virtualmente nal é denominado princípio da:
como objetivo do ato, de forma impessoal”.
a) legalidade.
3. (TRT - 15ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA b) impessoalidade.
ADMINISTRATIVA - FCC/2013) c) eficiência.
Os princípios que regem a Administração pública podem d) publicidade.
ser expressos ou implícitos. A propósito deles é possível e) moralidade.
afirmar que:
Resposta: “C”. Segundo Alexandre Mazza: “Economi-
a) moralidade, legalidade, publicidade e impessoalidade cidade, redução de desperdícios, qualidade, rapidez,
são princípios expressos, assim como a eficiência, hie- produtividade e rendimento funcional são valores en-
rarquicamente superior aos demais. carecidos pelo princípio da eficiência”.
b) supremacia do interesse público não consta como 5. (PC-RJ - OFICIAL DE CARTÓRIO - IBFC/2013) A
princípio expresso, mas informa a atuação da Admi- Constituição Federal e o ordenamento jurídico em geral
nistração pública assim como os demais princípios, consagram explicitamente alguns princípios orientadores
tais como eficiência, legalidade e moralidade. de toda a atividade da Administração Pública. Assinale a
c) os princípios da moralidade, legalidade, supremacia alternativa em que os dois princípios citados decorrem
do interesse público e indisponibilidade do interesse implicitamente do ordenamento jurídico:
público são expressos e, como tal, hierarquicamente
superiores aos implícitos. a) Proporcionalidade e razoabilidade.
d) eficiência, moralidade, legalidade, impessoalidade e b) Finalidade e motivação.
indisponibilidade do interesse público são princípios c) Ampla defesa e contraditório.
expressos e, como tal, hierarquicamente superiores d) Segurança jurídica e interesse público.
aos implícitos. e) Autotutela e continuidade dos serviços públicos.
e) impessoalidade, eficiência, indisponibilidade do inte-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

resse público e supremacia do interesse público são


Resposta: Letra E. Tudo indica que a questão foi re-
princípios implícitos, mas de igual hierarquia aos prin-
tirada da Lei nº 9784/99. Repare o que diz a Lei nº
cípios expressos.
9784/99, no seu art. 2º: “A Administração Pública obe-
decerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
Resposta: Letra B. Os princípios da Supremacia do
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalida-
Interesse Público e da Indisponibilidade do Interesse
de, moralidade, ampla defesa, contraditório, seguran-
Público, apesar de implícitos no ordenamento jurídico,
ça jurídica, interesse público e eficiência”. Observe que
são tidos como pilares do regime jurídico-administra-
as letras “A”, “B”, “C” e “D” estão expressas nesta lei e
tivo. Isto se deve ao fato de que todos os demais prin-
os que não estão expressos são autotutela e conti-
cípios da administração pública são desdobramentos
nuidade dos serviços públicos.
desses dois princípios em questão, cuja relevância é
tanta que são conhecidos como supraprincípios da
administração pública.
Letra “A”: incorreta. Não há hierarquia entre os princí-
pios, eles se resolvem por ponderação.
Letra “C”: incorreta. O princípio da supremacia do inte-

100
§ 6º - O candidato não aprovado no estágio experi-
ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLI- mental será considerado inabilitado no concurso e
COS CIVIS DO PODER EXECUTIVO DO voltará automaticamente ao cargo ou emprego de
ESTADO DO RIO DE JANEIRO (DECRETO que se tenha afastado, na hipótese do parágrafo an-
terior.
LEI Nº 220/1975);
§ 7º - O candidato aprovado permanecerá na situa-
ção de estagiário até a data da publicação do ato de
nomeação, considerada a mesma data, para, todos os
DECRETO-LEI Nº 220 DE 18 DE JULHO DE 1975. efeitos, início do exercício do cargo ressalvado o dis-
posto no parágrafo terceiro antecedente e no artigo
Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Ci- seguinte.
vis do Poder Executivo do Estado do Riode Janeiro. § 8º - As atribuições inerentes ao cargo servirão de
base para o estabelecimento dos requisitos a serem
O Governador do Estado do Rio de Janeiro, no uso exigidos para inscrição no concurso, inclusive a limita-
da atribuição que lhe confere o § 1º do art. 3º da Lei ção da idade, que não poderá ser inferior a 18 (dezoi-
Complementar nº 20, de 1º de julho de 1974, to) nem superior a 45 (quarenta e cinco) anos.
§ 9º - Não ficará sujeito ao limite máximo de idade o
DECRETA servidor de órgão da administração pública, direta ou
indireta.
Art. 1º - Este Decreto-lei institui o regime jurídico dos § 10 - Além dos requisitos de que trata o § 8º deste ar-
funcionários públicos civis do Poder Executivo do Esta- tigo, são exigíveis para inscrição em concurso público:
do do Rio de Janeiro. 1) nacionalidade brasileira;
Parágrafo único - Para os efeitos deste Decreto-lei 2) pleno gozo dos direitos políticos;
funcionário é a pessoa legalmente investida em cargo 3) quitação das obrigações militares.
público estadual do Quadro I (Permanente). * § 11 A norma contida no item 3 do § 1º deste artigo
não se aplica ao candidato habilitado nas provas para
Título I o preenchimento de cargo de professor ou de cargos
DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO E DA VACÂNCIA destinados ao pessoal de apoio ao magistério.
(Art. 2º a 17) * Nova redação dada pela Lei nº 2289/1994.
Art. 3º - O funcionário nomeado na forma do artigo
Art. 2º - A nomeação para cargo de provimento efe- anterior adquirirá estabilidade após 2 (dois) anos de
tivo depende de prévia habilitação em concurso pú- efetivo exercício, computando-se, para esse efeito, o
blico. período de estágio experimental em que tenha sido
§ 1º - O concurso objetivará avaliar: aprovado.
1) conhecimento e qualificação profissionais, median- Parágrafo único - O funcionário que se desvincular de
te provas ou provas e títulos; um cargo público do Estado do Rio de Janeiro ou de
2) condições de sanidade físico-mental; e suas autarquias para investir-se em outro conservará
* 3) desempenho das atividades do cargo, inclusive a estabilidade já adquirida.
condições psicológicas, mediante estágio experimen- Art. 4º - O funcionário estável poderá ser transferi-
tal, ressalvado o disposto no § 11 deste artigo. do da administração direta para a autárquica e reci-
* Nova redação dada pela Lei nº 1820/1991 procamente, ou de um para outro Quadro de mesma
§ 3º - A designação prevista no parágrafo anterior entidade, desde que para cargo de retribuição equiva-
observará a ordem de classificação nas provas e o li- lente, atendida a habilitação profissional; ou removido
mite das vagas a serem preenchidas, percebendo o de uma Unidade Administrativa para outra do mesmo
estagiário retribuição correspondente a 80% (oitenta órgão ou entidade, desde que haja claro na lotação.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

por cento) do vencimento do cargo, assegurada a di- Art. 5º - Invalidada a demissão do funcionário, será
ferença, se nomeado afinal. ele reintegrado e ressarcido.
§ 4º - O prazo de validade das provas será fixado nas § 1º - Far-se-á a reintegração no cargo anteriormente
instruções reguladoras do concurso, aprovadas pelo ocupado; se alterado, no resultante da alteração; se
Órgão Central do Sistema de Pessoal Civil do Estado extinto, noutro de vencimento equivalente, atendida a
e poderá ser prorrogado, uma vez, por período não habilitação profissional.
excedente a 12 (doze) meses. § 2º - Não ocorrendo qualquer das hipóteses previstas
§ 5º - O candidato que, ao ser designado para o está- no parágrafo anterior, restabelecer-se-á o cargo ante-
gio experimental, for ocupante, em caráter efetivo, de riormente exercido, que ficará como excedente, e nele
cargo ou emprego em órgão da Administração Esta-
se fará a reintegração.
dual direta ou autárquica ficará dele afastado com a
§ 3º - A reintegração ocorrerá, sempre, no sistema de
perda do vencimento ou salário e vantagens, observa-
classificação a que pertencia o funcionário.
do o disposto no inciso IV do art. 20 e ressalvado o sa-
§ 4º - Reintegrado o funcionário, aquele que não ocu-
lário-família, continuando filiado à mesma instituição
paria cargo de igual classe se não tivesse ocorrido o
de previdência, sem alteração da base de contribuição
ato de demissão objeto da medida será exonerado ou
.
reconduzido ao cargo anterior, sem direito a qualquer

101
ressarcimento, se não estável; caso contrário, será ele IV - o estágio experimental;
provido em vaga existente ou permanecerá como ex- V - licença-prêmio, licença à gestante, acidente em
cedente até a ocorrência da vaga. serviço ou doença profissional;
Art. 6º - O funcionário em disponibilidade poderá ser VI - licença para tratamento de saúde;
aproveitado em cargo de natureza e vencimento com- VII - doença de notificação compulsória;
patíveis com os do anteriormente ocupado. VIII - missão oficial;
Art. 7º - O funcionário estável fisicamente incapacita- IX - estudo no exterior ou em qualquer parte do terri-
do para o pleno exercício do cargo poderá ser ajusta- tório nacional desde que de interesse para a Adminis-
do em outro de vencimento equivalente e compatível tração e não ultrapasse o prazo de 12 (doze) meses;
com suas aptidões e qualificações profissionais. * X - prestação de prova ou exame em concurso pú-
Art. 8º - A investidura em cargo de provimento efetivo blico.
ocorrerá com o exercício, que, nos casos de nomeação, * Nova redação dada pela Lei Complementar nº
reintegração, transferência e aproveitamento, se ini- 110/2005.
ciará no prazo de 30 (trinta) dias, contado da publica- XI - recolhimento à prisão, se absolvido afinal;
ção do ato de provimento. XII - suspensão preventiva, se inocentado afinal;
§ 1º - São requisitos essenciais para essa investidura, XIII - convocação para serviço militar, júri e outros ser-
verificada a subsistência dos previstos no § 10 do art. viços obrigatórios por lei; e
2º, os seguintes: XIV - trânsito para ter exercício em nova sede.
1) habilitação em exame de sanidade e capacidade * § 1º - As faltas do servidor por motivo de doença,
física realizada exclusivamente por órgão oficial do inclusive em pessoa da família, até o máximo de 03
Estado; (três) dias durante o mês, serão abonadas mediante a
2) declaração de bens; apresentação de atestado ou laudo médico expedido
3) habilitação em concurso público; pelo órgão médico oficial competente do Estado ou
4) bons antecedentes; por outros aos quais ele transferir ou delegar atribui-
5) prestação de fiança, quando a natureza da função ções. (AC)
o exigir; * Acrescido pela Lei Complementar nº 110/2005.
6) declaração sobre se detém outro cargo, função ou * § 2º - Admitir-se-á, na hipótese de inexistência de
emprego, ou se percebe proventos de inatividade; e órgão médico oficial do Estado na localidade, atestado
expedido por órgão médico de outra entidade pública,
7) inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF).
dentre estes os Hospitais do IASERJ, da Polícia Militar
§ 2º - A prova dos requisitos a que se referem os itens
e do Corpo de Bombeiros. (AC)
1 e 3 do § 10 do art.2º e 3 e 4 do parágrafo anterior
* Acrescido pela Lei Complementar nº 110/2005.
não será exigida nos casos de reintegração e aprovei-
Art. 12 - O afastamento para o exterior, exceto em
tamento.
gozo de férias ou licença, dependerá, salvo delegação
§ 3º - A critério da administração, ocorrendo motivo
de competência, de prévia autorização do Governador
relevante, o prazo para o exercício poderá ser prorro-
do Estado.
gado. Art. 13 - O afastamento do funcionário de sua unida-
§ 4º - Será tornada sem efeito a nomeação se o exer- de administrativa dar-se-á somente para desempenho
cício não se verificar no prazo estabelecido. de cargo ou função de confiança e com ônus para a
unidade requisitante.
Art. 9º - O funcionário que deva entrar em exercício * Art. 14 - O cargo ou função de confiança poderá ser
em nova sede terá, para esse efeito, prazo de 5 (cinco) exercido, eventualmente, em substituição. hipótese em
dias, contados da data da publicação do ato que o que a investidura independerá da posse.
determinar. § 1º - Ressalvada a hipótese prevista em regulamento,
Art. 10 - A investidura em cargo em comissão ocor- a substituição será gratuita, salvo quando o afasta-
rerá com a posse, da qual se lavrará termo incluindo mento exceder de 30 (trinta) dias.
o compromisso de fiel cumprimento dos deveres da § 2º - A substituição não poderá recair em possa estra-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

função pública. nha ao serviço público.


§ 1º - O termo de posse consignará a apresentação de
declaração de bens. * Nova Redação alterada pela Lei nº 214/1978
§ 2º - A competência para dar posse será a indicada * Art. 15 - Dar-se-á a vacância do cargo ou função na
em legislação específica. data do fato ou da publicação do ato que implique
§ 3º - Quando a investidura de que trata este artigo desinvestidura.
recair em pessoas estranhas ao serviço público, será Parágrafo único - Na vacância do cargo ou função,
exigida a comprovação dos requisitos a que se referem e até o seu provimento, poderá ser designado, pela
os itens 1 a 3 do § 10 do art. 2º e 1, 2, 4, 6 e 7 do § 1º autoridade imediatamente superior, responsável pelo
do art. 8º. expediente, aplicando-se à hipótese o disposto no art.
Art. 11 - Considerar-se-á em efetivo exercício o funcio- 14.
nário afastado por motivo de: * Nova Redação alterada pela Lei nº 214/1978.
I - férias;
II - casamento e luto, até 8 (oito) dias; Art. 16 - A exoneração ou dispensa, ocorrerá:
III - desempenho de cargo ou função de confiança na I - a pedido; e
administração pública federal, estadual ou municipal; II - ex-officio.

102
Parágrafo único - Aplicar-se-á a exoneração ou dis- * VIII - sem vencimentos, para trato de interesses par-
pensa ex-officio: ticulares.
1) no caso de exercício de cargo ou função de con- * Acrescentado pela Lei nº 490/1981.
fiança; IX Sem vencimento, pelo prazo de cinco anos, prorro-
2) no caso de abandono de cargo, quando extinta a gável uma única vez, ao servidor da área da saúde,
punibilidade por prescrição e o funcionário não hou- que for contratado por empresa ou aderir a cooperati-
ver requerido a exoneração; e va que administre hospitais públicos terceirizados, nos
3) na hipótese prevista no art. 5º, § 4º. termos fixados em Lei, sendo-lhe garantida a conta-
Art. 17 - Declarar-se-á a perda do cargo: gem de tempo de serviço para fins de aposentadoria,
I - nas hipóteses previstas na legislação penal; e se obedecido o que prevê o § 5º deste artigo.
II - nos demais casos especificados em lei. § 1º - No caso de inciso V, existindo, na localidade,
unidade administrativa onde haja claro na lotação ou
Título II vaga, processar-se-á a movimentação cabível.
DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS (Art. 18 a 32) § 2º - Suspender-se-á, até o limite de 90 (noventa)
dias, em cada caso, a contagem de tempo de serviço
Art. 18 - O funcionário gozará, por ano de exercício, para efeito de Licença-Prêmio, durante as licenças:
30 (trinta) dias consecutivos de férias, que somente 1) para tratamento de saúde;
poderão ser acumuladas até o máximo de 2 (dois) pe- 2) por motivo de doença em pessoa da família; e
ríodos, em face de imperiosa necessidade do serviço. 3) por motivo de afastamento do cônjuge.
Nota: O Decreto-Lei Nº 363, de 04 de outubro de § 4º - expirado o prazo da licença a que se refere o
1977, uniformiza a concessão de férias nos quadros I e inciso IX deste artigo, o servidor deverá retornar ime-
III e dá outras providências. diatamente ao serviço público.
§ 1º - É vedado levar à conta de férias qualquer falta § 5º - Durante o período de licença a que se refere
ao serviço. o inciso IX deste artigo o servidor deverá continuar
Nota: O Decreto-Lei Nº 363, de 04 de outubro de contribuindo para o Instituto de Previdência do Estado
1977, uniformiza a concessão de férias nos quadros I e do Rio de Janeiro IPERJ, com base no valor da última
III e dá outras providências. remuneração recebida dos cofres públicos, corrigida
* Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008. no tempo em função e pelos mesmos percentuais dos
Art. 19 - Conceder-se-á licença: reajustes gerais e da categoria.
I - para tratamento de saúde, com vencimento e van- § 6º - A extinção, por qualquer motivo, do contrato
tagens, pelo prazo máximo de 24 (vinte e quatro) me- de trabalho do servidor licenciado na forma do inciso
ses; IX deste artigo com a sociedade prestadora de servi-
II - por motivo de doença em pessoa da família, com ços hospitalares terceirizados, ou seu desligamento
vencimento e vantagens integrais nos primeiros 12 da cooperativa a esse fim direcionada, importará em
(doze) meses; e, com dois terços, por outros 12 (doze) imediata suspensão da licença sem vencimento, obri-
meses, no máximo; gando o servidor a retornar ao serviço público ou a
* III – à gestante, com vencimentos e vantagens, pelo converter sua licença para uma das outras modalida-
prazo de seis meses, prorrogável, no caso de aleita- des previstas neste Decreto-Lei.
mento materno, por no mínimo trinta e no máximo § 7º - Na hipótese do parágrafo anterior, as coopera-
noventa dias, mediante a apresentação de laudo médi- tivas e as empresas de serviços hospitalares terceiri-
co circunstanciado emitido pelo serviço de perícia mé- zados deverão comunicar à Secretaria de Estado de
dica oficial do Estado, podendo retroagir sua prorroga- Saúde, no dia útil imediatamente posterior, a extinção
ção até 15 (quinze) dias, a partir da data do referido do contrato de trabalho ou o desligamento do coope-
laudo. (NR) rado que se encontrar licenciado do serviço público.
* Nova redação dada pela Lei COMPLEMENTAR Nº * § 8º - No caso do inciso III, a licença à gestante de
128, DE 26 DE JUNHO DE 2009. recém-nascidos pré-termo será acrescida do número
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - para serviço militar, na forma da legislação espe- de semanas equivalente à diferença entre o nascimen-
cífica; to a termo – 37 semanas de idade gestacional – e a
V - sem vencimento, para acompanhar o cônjuge elei- idade gestacional do recém-nascido, devidamente
to para o Congresso Nacional ou mandado servir em comprovada.
outras localidades se militar, servidor público ou com * Acrescentado pela Lei nº 3862, de 17/06/2002
vínculo empregatício em empresa estadual ou parti- * §9º A servidora pública em gozo da licença ma-
cular; ternidade e ou aleitamento materno será concedida,
* Nova redação dada pela Lei nº 800/1984. imediatamente após o término das mesmas, licença
VI - a título de prêmio, pelo prazo de 3 (três) meses; prêmio a que tiver direito, mediante requerimento da
com vencimento e vantagens do cargo efetivo, depois servidora.
de cada quinquênio ininterrupto de efetivo exercício no * Acrescentado pela Lei COMPLEMENTAR Nº 128, DE
serviço público estadual ou autárquico do Estado do 26 DE JUNHO DE 2009.
Rio de Janeiro; Art. 20 - O funcionário deixará de receber vencimen-
VII - sem vencimento, para desempenho de mandato tos e vantagens, exceto gratificação adicional por tem-
eletivo. po de serviço, quando se afastar do exercício do cargo:

103
I - para prestar serviço à União, a outro Estado, a Mu- * Art. 29. Para efeito de aposentadoria, observado o
nicípio, à Sociedade de Economia Mista, à Empresa limite temporal estabelecido no art. 4º da Emenda
Pública, à Fundação ou à Organização Internacional, Constitucional n.º 20, de 15 de dezembro de 1998, e
salvo quando, a juizo do Governador, reconhecido o de disponibilidade, será computado:(NR)
afastamento como de interesse do Estado; * Nova redação dada pela Lei Complementar nº
II - em decorrência de prisão administrativa, salvo se 121/2008.
inocentado afinal; I - o tempo de serviço público civil federal, estadual, ou
III - para exercer cargo ou função de confiança, res- municipal, na administração direta ou indireta;
salvado o direito de opção legal; e II - o tempo de serviço militar; e
IV - para estágio experimental. III - o tempo de disponibilidade.
Art. 21 - O funcionário deixará de receber: * IV - em dobro, inclusive para os efeitos do art. 224 do
* I – um terço do vencimento e vantagens, durante o Decreto nº 2479, de 8 de março de 1979, os períodos
recolhimento à prisão por ordem judicial não decor- de férias e de licença prêmio não gozadas e, para os
rente de condenação definitiva, ressalvado o direito à servidores que apurem, nos termos do art. 76 § § 1º
diferença se absolvido afinal. e 2º do mencionado Decreto nº 2479/79, tempo de
* Nova redação dada pela Lei Complementar nº serviço não inferior a 20 (vinte) anos, o de exercício
96/2001. de cargo em comissão na Administração Direta do Es-
II - dois terços do vencimento e vantagens, durante o tado.*
cumprimento, sem perda do cargo, de pena privativa * Inciso acrescentado pela Lei nº 1713/1990, e supri-
de liberdade; e mido pelo art. 10 da Lei nº 1820/1991.)
III - o vencimento e vantagens do dia em que não *  AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
comparecer ao serviço, salvo por motivo de força Nr.404 - Em 01/04/2004 - JULGAMENTO DO PLENO
maior devidamente comprovado. DO STF - PROCEDENTE - Decisão: O Tribunal, por
* Parágrafo único – Na hipótese do artigo 59 o rece- unanimidade, julgou procedente o pedido e declarou
bimento do vencimento e vantagens será proporcio- a inconstitucionalidade de parte do artigo 3º - “e, para
nal ao tempo de serviço, ressalvado o direito à dife- os servidores que apurem, nos termos do art. 76 § § 1º
rença em caso de arquivamento do inquérito. e 2º do mencionado Decreto nº 2479/79, tempo de
* Incluído pela Lei Complementar nº 96/2001. serviço não inferior a 20 (vinte) anos, o de exercício de
Art. 22 - As reposições e indenizações à Fazenda Pú- cargo em comissão na Administração Direta do Esta-
blica far-se-ão em parcelas mensais não excedentes do.” - e da totalidade do artigo 4º da Lei nº 1713/1990.
à décima parte do vencimento, exceto na ocorrência STF - Aposentadoria: Fixação de Tempo Ficto
de má fé, hipótese em que não se admitirá parcela- Iniciado o julgamento do mérito do pedido formulado
mento. em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo
Parágrafo único - Será dispensada a reposição nos Partido Democrático Trabalhista – PDT contra a parte
casos em que a percepção indevida tiver ocorrido de final do art. 3º e o art. 4º da Lei 1.713/90, do Estado
entendimento expressamente aprovado pelo Órgão do Rio de Janeiro, que prevêem a contagem em dobro
Central do Sistema de Pessoal Civil ou pela Procura- do tempo de exercício em cargos de comissão na Ad-
doria Geral do Estado. ministração direta do mencionado Estado, para fins de
Art. 23 - O vencimento e as vantagens pecuniárias aposentadoria. O Min. Carlos Velloso, relator, enten-
do funcionário não serão objeto de penhora, salvo dendo que os dispositivos impugnados, ao reduzirem
quando se tratar: indiretamente o tempo fixado na Constituição para a
I - de prestação de alimentos; e aposentadoria, estabelecendo tempo ficto, ofenderiam
II - de dívida para com a Fazenda Pública. o disposto no art. 40, §§ 4º e 10 da CF, proferiu voto
Art. 24 - O Poder Executivo disciplinará a conces- no sentido de julgar procedente o pedido para decla-
são de: rar a inconstitucionalidade da parte final do art. 3º,
I - ajuda de custo e transporte ao funcionário manda- e da totalidade do art. 4º da Lei 1.713/90, no que foi
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do servir em nova sede; acompanhado pelo Min. Joaquim Barbosa. Após,o jul-
II - diárias ao funcionário que, em objeto de serviço, se gamento foi adiado em virtude do pedido de vista do
deslocar eventualmente da sede; Min. Carlos Britto.
III - indenização de representação de gabinete; ADI 404-RJ, rel. Min. Carlos Velloso, 9.10.2003. (ADI-404)
IV - prêmio por sugestões que visem ao aumento de § 1º - O tempo de serviço a que se referem os incisos
produtividade e à redução de custos operacionais da I e II deste artigo será, também, computado para con-
Administração; cessão de adicional por tempo de serviço.
V - gratificação pela participação em órgão de delibe- § 2º - O tempo de serviço computar-se-á somente
ração coletiva; uma vez para cada efeito, vedada a acumulação da-
VI - gratificação pelo encargo de auxiliar ou membro quele prestado concomitantemente.
de banca ou de comissão examinadora de concurso, § 3º - A prestação de serviço gratuito será excepcional
ou pela atividade temporária de auxiliar ou professor e somente surtirá efeito honorífico.
de curso oficialmente instituído; e * Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008.
VII - adicional por tempo de serviço. Art. 31 - É assegurado aos funcionários o direito de
* VIII - gratificação de encargos especiais. requerer ou representar.
* Inciso acrescentado pelo art. 34 da Lei nº 720/1981.

104
Parágrafo único - O recurso não tem efeito suspensi- § 3º - Não se compreende na proibição de acumular,
vo; seu provimento retroagirá à data do ato impug- nem está sujeita a quaisquer limites, a percepção:
nado. 1) conjunta, de pensões civis ou militares;
Art. 32 - O direito de requerer prescreverá: 2) de pensões com vencimento, remuneração ou sa-
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão, lário;
de cassação de aposentadoria ou de disponibilidade 3) de pensões com proventos de disponibilidade, apo-
e quanto às questões que envolvam direitos patrimo- sentadoria, jubilação ou reforma;
niais; 4) de proventos resultantes de cargos legalmente acu-
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, muláveis; e
ressalvados os previstos em leis especiais. 5) de proventos com vencimento ou remuneração, nos
§ 1º - O prazo de prescrição contar-se-á da data da casos de acumulação legal.
ciência do interessado, a qual se presumirá da publi- * Art. 35 - o funcionário não poderá participar de mais
cação do ato. de um órgão de deliberação coletiva, com direito a
§ 2º - Não correrá a prescrição enquanto o processo remuneração, nem exercer mais de uma função gra-
estiver em estudo. tificada.»
§ 3º - O recurso interrompe a prescrição até duas * Nova redação dada pela Lei nº 252/1979
vezes. Art. 36 - Poderá o aposentado, sem prejuízo dos pro-
ventos, desempenhar mandato eletivo, exercer cargo
Título III ou função de confiança ou ser contratado para prestar
DA PREVIDÊNCIA E DA ASSISTÊNCIA (Art. 33) serviços técnicos ou especializados, bem como partici-
par de órgão de deliberação coletiva.
Art. 33 - O Poder Executivo disciplinará a previdência
Art. 37 - Considerada ilegítima, pelo órgão compe-
e a assistência ao funcionário e à sua família, com-
tente, acumulação informada, oportunamente, pelo
preendendo:
funcionário, será este obrigado a optar por um dos
I - salário-família;
II - auxílio-doença; cargos.
III - assistência médica, farmacêutica, dentária e hos- Parágrafo único - O funcionário que não houver in-
pitalar; formado, oportunamente, acumulação considerada
IV - financiamento imobiliário; ilegítima quando conhecida pela Administração, su-
V - auxílio-moradia; jeitar- se-á a inquérito administrativo, após o qual, se
VI - auxílio para a educação dos dependentes; apurada má fé, perderá os cargos envolvidos na situa-
VII - tratamento por acidente em serviço, doença pro- ção cumulativa ou sofrerá a cassação da aposentado-
fissional ou internação compulsória para tratamento ria ou disponibilidade, obrigando-se, ainda, a restituir
psiquiátrico; o que tiver percebido indevidamente.
VIII - auxílio-funeral, com base no vencimento, remu-
neração ou provento; Capítulo I
IX - pensão em caso de morte por acidente em serviço INFRAÇÃO DISCIPLINAR (ART. 38)
ou doença profissional;
X - plano de seguro compulsório para complementa- Art. 38 - Constitui infração disciplinar toda ação ou
ção de proventos e pensões. omissão do funcionário capaz de comprometer a dig-
Parágrafo único - A família do funcionário constitui-se nidade e o decoro da função pública, ferir a disciplina
dos dependentes que, necessária e comprovadamente, e a hierarquia, prejudicar a eficiência do serviço ou
vivam a suas expensas. causar dano à Administração Pública.

Título IV Capítulo II
DA ACUMULAÇÃO (Art. 34 a 37) DOS DEVERES (ART. 39)
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 34 - É vedada a acumulação remunerada de car- Art. 39 - São deveres do funcionário:
gos e funções públicos, exceto o de: I - assiduidade;
I - um cargo de juiz com outro de professor; II - pontualidade;
II - dois cargos de professor; III - urbanidade;
III - um cargo de professor com outro técnico ou cien- IV - discrição;
tífico; ou V - boa conduta;
IV - dois cargos privativos de médico. VI - lealdade e respeito às instituições constitucionais
§ 1º - Em qualquer dos casos, a acumulação somente e administrativas a que servir;
será permitida quando houver correlação de matérias VII - observância das normas legais e regulamentares;
e compatibilidade de horários. VIII - obediência às ordens superiores, exceto quando
§ 2º - O regime de acumulação abrange cargos fun- manifestamente ilegais;
ções e empregos da União, dos Territórios, dos Esta- IX - levar ao conhecimento de autoridade superior ir-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como regularidades de que tiver ciência em razão do cargo
das Autarquias, das Sociedades de Economia Mista e ou função;
das Empresas Públicas.

105
X - zelar pela economia e conservação do material XI - dedicar-se, nos locais e horas de trabalho, a pales-
que lhe for confiado; tras, leituras ou quaisquer outras atividades estranhas
XI - providenciar para que esteja sempre em ordem, no ao serviço, inclusive ao trato de interesses de natureza
assentamento individual, sua declaração de família; particular;
XII - atender prontamente às requisições para defesa XII - deixar de comparecer ao trabalho sem causa jus-
da Fazenda Pública e à expedição de certidões para tificada;
defesa de direito; XIII - empregar material ou quaisquer bens do Estado
XIII - guardar sigilo sobre a documentação e os assun- em serviço particular;
tos de natureza reservada de que tenha conhecimento XIV - retirar objetos de órgãos estaduais, salvo quando
em razão do cargo ou função; autorizado por escrito pela autoridade competente;
XIV - submeter-se à inspeção médica determinada por XV - fazer cobranças ou despesas em desacordo com o
autoridade competente, salvo justa causa. estabelecido na legislação fiscal e financeira;
XVI - deixar de prestar declaração em inquérito admi-
Capítulo III nistrativo, quando regularmente intimado;
DAS PROIBIÇÕES (ART.40) XVII - exercer cargo ou função pública antes de aten-
dido os requisitos legais, ou continuar a exercê-los
Art. 40 - Ao funcionário é proibido: sabendo-o indevidamente.
I - referir-se de modo depreciativo, em informação,
parecer ou despacho, às autoridades e atos da Admi- Capítulo IV
nistração Pública, ou censurá-los, pela imprensa ou DA RESPONSABILIDADE (ART. 41 a 45)
qualquer outro órgão de divulgação pública, podendo,
porém, em trabalho assinado, criticá-los, do ponto de Art. 41 - Pelo exercício irregular de suas atribuições,
vista doutrinário ou da organização do serviço; o funcionário responde civil, penal e administrativa-
II - retirar, modificar ou substituir livro ou documento mente.
de órgão estadual, com o fim de criar direito ou obri- Art. 42 - A responsabilidade civil decorre de procedi-
gação, ou de alterar a verdade dos fatos, bem como mento doloso ou culposo que importe em prejuízo da
apresentar documento falso com a mesma finalidade; Fazenda Estadual ou de terceiros.
III - valer-se do cargo ou função para lograr proveito § 1º - Ressalvado o disposto no art. 22, o prejuízo cau-
pessoal em detrimento da dignidade da função pú- sado à Fazenda Estadual no que exceder os limites da
blica; fiança, poderá ser ressarcido mediante desconto em
IV - coagir ou aliciar subordinados com objetivo de prestações mensais não excedentes da décima parte
natureza partidária; do vencimento ou remuneração à falta de outros bens
V - participar de diretoria, gerência, administração, que respondam pela indenização.
conselho técnico ou administrativo, de empresa ou § 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, res-
sociedade: ponderá o funcionário perante a Fazenda Estadual
1) contratante, permissionária ou concessionária de em ação regressiva proposta depois de transitar em
serviço público; julgado a decisão de última instância que houver con-
denado a Fazenda a indenizar o terceiro prejudicado.
2) fornecedora de equipamento ou material de qual-
Art. 43 - A responsabilidade penal abrange os crimes
quer natureza ou espécie, a qualquer órgão estadual;
e contravenções imputados ao funcionário nessa qua-
3) de consultoria técnica que execute projetos e estu-
lidade.
dos, inclusive de viabilidade, para órgãos públicos.
Art. 44 - A responsabilidade administrativa resulta de
VI - praticar a usura, em qualquer de suas formas, no
atos praticados ou omissões ocorridas no desempenho
âmbito do serviço público;
do cargo ou função, ou fora dele, quando comprome-
tedores da dignidade e do decoro da função pública.
VII - pleitear, como procurador ou intermediário, jun-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

to aos órgãos estaduais, salvo quando se tratar de Art. 45 - As cominações civis, penais e disciplinares
percepção de vencimento, remuneração, provento ou poderão cumular-se, sendo umas e outras indepen-
vantagem de parente, consanguíneo ou afim, até o se- dentes entre si, bem assim as instâncias civil, penal e
gundo grau civil; administrativa.
VIII - exigir, solicitar ou receber propinas, comissões,
presentes ou vantagens de qualquer espécie em ra- Capítulo V
zão do cargo ou função, ou aceitar promessa de tais DAS PENALIDADES (ART. 46 a 57)
vantagens;
IX - revelar fato ou informação de natureza sigilosa, Art. 46 - São penas disciplinares:
de que tenha ciência em razão do cargo ou função, I - advertência;
salvo quando se tratar de depoimento em processo ju- II - repreensão;
dicial, policial ou administrativo; III - suspensão;
X - cometer a pessoa estranha ao serviço do Estado, IV - multa;
salvo nos casos previstos em lei, o desempenho de en- V - destituição de função;
cargo que lhe competir ou a seus subordinados; VI - demissão;

106
VII - cassação de aposentadoria, jubilação ou dispo- Art. 53 - O ato de demissão mencionará sempre a
nibilidade. causa da penalidade.
Art. 47 - Na aplicação das penas disciplinares serão Art. 54 - Conforme a gravidade da falta, a demissão
consideradas a natureza e a gravidade da infração, os poderá ser aplicada com a nota a bem do serviço pú-
danos que dela provierem para o serviço público e os blico.
antecedentes funcionais do servidor. Art. 55 - A pena de cassação de aposentadoria ou de
Parágrafo único - As penas impostas ao funcionário disponibilidade será aplicada se ficar provado, em in-
serão registradas em seus assentamentos. quérito administrativo, que o aposentado ou disponí-
Art. 48 - A pena de advertência será aplicada verbal- vel:
mente em casos de negligência e comunicada ao ór- I - praticou, quando ainda no exercício do cargo, falta
gão de pessoal. suscetível de determinar demissão;
Art. 49 - A pena de repreensão será aplicada por escri- II - aceitou, ilegalmente, cargo ou função pública, pro-
to em casos de desobediência ou falta de cumprimen- vada a má fé;
to dos deveres, bem como de reincidência específica III - perdeu a nacionalidade brasileira.
em transgressão punível com pena de advertência.
Parágrafo único - Será cassada a disponibilidade ao
Art. 50 - A pena de suspensão será aplicada em
funcionário que não assumir, no prazo legal, o exercí-
casos de:
cio do cargo ou função em que for aproveitado.
I - falta grave;
Art. 56 - São competentes para aplicação de penas
II - desrespeito a proibições que, pela sua natureza,
disciplinares:
não ensejarem pena de demissão;
III - reincidência em falta já punida com repreensão. I - o Governador, em qualquer caso e, privativamente,
§ 1º - A pena de suspensão não poderá exceder a 180 nos casos de demissão, cassação de aposentadoria ou
(cento e oitenta) dias. disponibilidade;
§ 2º - O funcionário suspenso perderá todas as vanta- II - os Secretários de Estado e demais titulares de ór-
gens e direitos decorrentes do exercício do cargo. gãos diretamente subordinados ao Governador em
§ 3º - Quando houver conveniência para o serviço, a todos os casos, exceto nos de competência privativa
pena de suspensão, por inciativa do chefe imediato do do Governador;
funcionário, poderá ser convertida em multa, na base III - os dirigentes de unidades administrativas em ge-
de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ral, nos casos de penas de advertência, repreensão,
ou remuneração, obrigado, nesse caso, o funcionário suspensão até 30 (trinta) dias e multa correspondente.
a permanecer no serviço durante o número de horas § 1º - A aplicação da pena de destituição de função
de trabalho normal. caberá à autoridade que houver feito a designação do
Art. 51 - A destituição de função dar-se-á quando veri- funcionário.
ficada falta de exação no cumprimento do dever. § 2º - Nos casos dos incisos II e III, sempre que a pena
Art. 52 - A pena de demissão será aplicada nos casos de: decorrer de inquérito administrativo, a competência
I - falta relacionada no art. 40, quando de natureza para decidir e para aplicá-la é do Secretário de Estado
grave, a juízo da autoridade competente, e se com- de Administração.
provada má fé; Art. 57 - Prescreverá:
II - incontinência pública e escandalosa; prática de I - em 2 (dois) anos, a falta sujeita às penas de adver-
jogos proibidos; tência, repreensão, multa ou suspensão;
III - embriaguez habitual ou em serviço; II - em 5 (cinco) anos, a falta sujeita:
IV - ofensa física em serviço, contra funcionário ou 1) à pena de demissão ou destituição de função;
particular, salvo em legítima defesa; 2) à cassação da aposentadoria ou disponibilidade.
V - abandono de cargo;
§ 1º - A falta também prevista como crime na lei penal
* VI - ausência ao serviço, sem causa justificada, por
prescreverá juntamente com este.
(vinte) dias, interpoladamente, durante o período de
§ 2º - O curso da prescrição começa a fluir da data do
12 (doze) meses;
evento punível disciplinarmente e interrompe-se pela
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

* Nova redação dada pela Lei Complementar nº


85/1996 abertura de inquérito administrativo.
VII - insubordinação grave em serviço; * Art. 58 e §§ - revogados pela Lei Complementar nº
VIII -  ineficiência comprovada, com caráter de habi- 96/2001.
tualidade, no desempenho dos encargos de sua com- Art. 59 - A suspensão preventiva até 30 (trinta) dias
petência; será ordenada pelas autoridades mencionadas no art.
IX - desídia no cumprimento dos deveres. 56, desde que o afastamento do funcionário seja ne-
* § 1º -  Para fins exclusivamente disciplinares, con- cessário para que este não venha a influir na apuração
sidera-se como abandono de cargo a que se refere o da falta.
inciso V deste artigo, a ausência ao serviço, sem justa * § 1º - A suspensão de que trata este artigo poderá ser
causa, por 10 (dez) dias consecutivos. ordenada, a qualquer tempo, no curso inquérito admi-
* Nova redação dada pela Lei Complementar nº nistrativo pela autoridade competente para instaurá-
85/1996 -lo e estendida até 90 (noventa) dias.
§ 2º - Entender-se-á por ausência ao serviço com justa * Nova redação dada pela Lei Complementar nº
causa a que assim for considerada após a devida com- 96/2001.
provação em inquérito administrativo, caso em que as
faltas serão justificadas apenas para fins disciplinares.

107
* § 3º - O funcionário que responder por malversação, tado de administração será sempre competente para
alcance de dinheiro público ou infração de que possa determinar, de imediato, a instauração de inquérito,
resultar a pena de demissão, poderá permanecer sus- inclusive em relação a servidores autárquicos, quan-
penso preventivamente, a critério da autoridade que do chega a seu conhecimento, independentemente de
determinar a abertura do respectivo inquérito, até de- qualquer comunicação, a ocorrência de irregularida-
cisão final do processo administrativo. de, inobservância de deveres ou infrações de proibi-
* Nova redação dada pela Lei Complementar nº ções funcionais, em quaisquer área do Poder Executivo
96/2001. Estadual.
* § 4º - Os policiais civis, suspensos preventivamen- * Parágrafo único, acrescentado pela Lei nº 386/1980
te, terão a arma, o distintivo, a carteira funcional ou Art. 66 - Promoverá o inquérito uma das Comissões
qualquer outro bem patrimonial, que mantenham Permanentes de Inquérito Administrativo da Secreta-
mediante cautela, devidamente recolhidos, caso tal ria de Estado de Administração.
providência ainda não tenha sido tomada.” Art. 67 - Se, de imediato ou no curso do inquérito ad-
ministrativo, ficar evidenciado que a irregularidade
* Acrescido pela Lei Complementar nº 96/2001.
envolve crime, a autoridade instauradora ou o Presi-
* Art. 60 – A suspensão preventiva é medida acautela-
dente da Comissão a comunicará ao Ministério Pú-
tória e não constitui pena.
blico.
* Nova redação dada pela Lei Complementar nº
Parágrafo único - Quando a autoridade policial tiver
96/2001.
conhecimento de crime praticado por funcionário pú-
blico com violação de dever inerente ao cargo, ou com
Capítulo VII abuso de poder, fará comunicação do fato à autorida-
DA APURAÇÃO SUMÁRIA DA IRREGULARIDADE de administrativa competente para a instauração do
(ART.61 a 63) inquérito cabível.
Art. 68 - O inquérito deverá estar concluído no prazo
* Art. 61 - A autoridade que tiver ciência de qualquer de 90 (noventa) dias, contados a partir do dia em que
irregularidade no serviço público é obrigada a promo- os autos chegarem à Comissão, prorrogáveis, sucessi-
ver , imediatamente, a apuração sumária, por meio de vamente, por períodos de 30 (trinta) dias, em caso de
sindicância. força maior a juízo do Secretário de Estado de Admi-
Parágrafo único - A autoridade promoverá a apuração nistração, até o máximo de 180 (cento e oitenta) dias.
da irregularidade diretamente por meio de inquérito § 1º - A não observância desses prazos não acarreta-
administrativo, sem a necessidade de sindicância su- rá nulidade do processo, importando, porém, quando
mária, quando: não se tratar de sobrestamento, em responsabilidade
1 - Já existir denúncia do Ministério Público: administrativa dos membros da Comissão.
2 - Tiver ocorrido prisão em flagrante; e § 2º - O sobrestamento de inquérito administrativo
3 - For apurar abandono de cargo ou função. só ocorrerá em caso de absoluta impossibilidade de
* Nova redação dada pela Lei nº 2945, de 15/05/1998 prosseguimento, a juízo do Secretário de Estado de
Art. 62 - A apuração sumária, por meio de sindicância Administração.
não ficará adstrita ao rito determinado para o inqué- * § 3º - Em se tratando de abandono de cargo o inqué-
rito administrativo, constituindo simples averiguação, rito deverá estar concluído no prazo de 60 dias, con-
que poderá ser realizada por um único funcionário. tados a partir da chegada dos autos à Comissão, pror-
Art. 63 - Se no curso da apuração sumária ficar evi- rogáveis por 2 (dois) períodos de 30 (trinta) dias cada
denciada falta punível com pena superior à adver- um, a juízo do Secretário de Estado de Administração.
tência, repreensão, suspensão até 30 (trinta) dias ou * Parágrafo acrescentado pela Lei nº 1497/89.
multa correspondente, o responsável pela apuração Art. 69 - Os órgãos estaduais, sob pena de responsa-
comunicará o fato ao superior imediato, que solicitará, bilidade de seus titulares, atenderão com a máxima
pelos canais competentes, a instauração do inquérito presteza às solicitações da Comissão, inclusive requi-
administrativo. sição de técnicos e peritos, devendo comunicar pron-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tamente a impossibilidade de atendimento, em caso


Capítulo VIII de força maior.
DO INQUÉRITO ADMINISTRATIVO (ART. 64 a 76) * Art. 70 - Ultimada a instrução será feita no prazo de
3 (três) dias a citação do indiciado para apresentação
Art. 64 - O inquérito administrativo precederá sempre de defesa no prazo de 10 (dez) dias, que será comum
à aplicação das penas de suspensão por mais de 30 sendo mais de um indiciado, com vista dos autos na
(trinta) dias, destituição de função, demissão e cassa- sede da Comissão.
ção de aposentadoria ou disponibilidade. § 1º - Estando o indiciado em lugar incerto, será citado
Art. 65 - A determinação de instauração de inquérito por edital, no órgão oficial de divulgação do Estado
é da competência do Secretário de Estado de Adminis- por 3 (três) dias consecutivos.
tração, inclusive em relação a servidores autárquicos. § 2º - O prazo de defesa será contado a partir da últi-
* Parágrafo único - Mesmo que seja outra a autoria ma publicação do edital de citação.
§ 3º - As diligências e oitivas de testemunhas requeri-
de seu órgão competente para a apuração, por meios
das pela defesa ficarão a cargo do interessado e deve-
sumários, sindicância ou mediante inquérito adminis-
rão ser concluídas no prazo de 10 (dez) dias, sob pena
trativo, de grave irregularidade de que tenha ciência
de perda de prova.
no Serviço Público (artigo 40 e 52) e secretário de Es-

108
* Artigo 70, § 1º, § 2º e § 3º - Nova redação dada pela Art. 82 - Julgada procedente a revisão, será tornada
Lei nº 1497/1989. sem efeito a pena imposta, restabelecendo-se todos os
Art. 71 - Nenhum acusado será julgado sem defesa direitos por ela atingidos.
que poderá ser produzida em causa própria.
Parágrafo único - Será permitido o acompanhamento Título
do inquérito pelo funcionário acusado ou por seu de- DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS (Art. 83 a 88)
fensor.
Art. 72 - Em caso de revelia, o Presidente da Comissão Art. 83 - As disposições de natureza estatutária que se
designará, de ofício, um funcionário efetivo, bacharel contiverem no Plano de Classificação de Cargos previsto
em Direito, para defender o indiciado. no art. 18 da Lei Complementar n.º 20, de 1º de julho de
* Art. 73 - Concluída a defesa a Comissão opinará so- 1974, bem como no Plano de Retribuição, e que vier a lhe
bre a inocência ou a responsabilidade do indiciado em corresponder, integrar-se-ão para todos os efeitos, neste
relatório circunstanciado que deverá ser concluído no diploma legal.
prazo de 60 (sessenta) dias, contados do encerramento Art. 84 - As normas legais e regulamentares referentes à
da defesa. promoção e acesso, bem como as vantagens pessoais de
* Nova redação dada pela Lei nº 1497/1989. funcionários dos Quadros II e III (Suplementares) continu-
Art. 74 - Recebido o processo, o Secretário de Esta- am em vigor no que não colidirem com as disposições des-
do de Administração proferirá a decisão no prazo de te Decreto-Lei e até posterior disciplinamento da matéria,
20 (vinte) dias, ou o submeterá, no prazo de 8 (oito) enquanto não forem incluídos no Quadro I (Permanente),
dias, ao Governador do Estado, para que julgue nos nos termos do que vier a dispor o Plano de Classificação de
20 (vinte) dias seguintes ao seu recebimento. Cargos do Estado do Rio de Janeiro.
§ 1º - A autoridade julgadora decidirá à vista dos Art. 85 - Contar-se-ão por dias corridos os prazos previs-
fatos apurados pela Comissão, não ficando, todavia, tos neste Decreto-Lei.
§ 1º - Na contagem dos prazos, exclui-se o dia do come-
vinculada às conclusões do relatório.
ço e inclui-se o do vencimento.
§ 2º - Se a autoridade julgadora entender que os fatos
§ 2º - Prorroga-se para o primeiro dia útil seguinte o
não foram apurados devidamente, determinará o re-
prazo vincendo em dia em que não haja expediente.
exame do inquérito pelo órgão competente.
Art. 86 - É vedada a subordinação imediata do funcio-
Art. 75 - Em caso de abandono de cargo ou função,
nário ao cônjuge ou parente até segundo grau, salvo
a Comissão iniciará seu trabalho, fazendo publicar,
em funções de confiança, limitadas a duas.
por 3 (três) vezes, edital de chamada do acusado, no
Art. 87 - O dia 28 de outubro é consagrado ao serviço
prazo máximo de 20 (vinte) dias.
público estadual.
Art. 76 - O funcionário só poderá ser exonerado a pedi-
Art. 88 - Este Decreto-lei entrará em vigor na data de
do após a conclusão do inquérito administrativo a que
sua publicação, revogadas as disposições em contrá-
responder e do qual não resultar pena de demissão.
rio.
Rio de Janeiro, 18 de julho de 1975.
Capítulo IX
DA REVISÃO (ART. 77 a 82)
REGULAMENTO DO ESTATUTO DOS
Art. 77 - Poderá ser requerida a revisão do inquérito FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ES-
administrativo de que haja resultado pena disciplinar, TADO DO RIO DE JANEIRO (APROVADO
quando forem aduzidos fatos ainda não conhecidos, DECRETO Nº 2479/79
comprobatórios da inocência do funcionário punido.
Parágrafo único - Tratando-se de funcionário faleci-
do, desaparecido ou incapacitado de requerer, a revi-
são poderá ser solicitada por qualquer pessoa. DECRETO Nº 2479 DE 08 DE MARÇO DE 1979
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 78 - A revisão processar-se-á em apenso ao pro-


cesso originário. Aprova O Regulamento Do Estatuto Dos Funcionários Pú-
Art. 79 - Não constitui fundamento para a revisão a blicos Civis Do Poder Executivo Do Estado Do Rio De Janeiro
simples alegação de injustiça da penalidade.
Art. 80 - O requerimento, devidamente instruído, será O Governador do Estado do Rio de Janeiro, no uso
encaminhado ao Governador, que decidirá sobre o da atribuição que lhe confere o art. 70, inciso III, da
pedido. Constituição Estadual, decreta:
Art. 81 - Autorizada a revisão, o processo será enca- Art. 1º - Fica aprovado o Regulamento do Estatuto dos
minhado à Comissão Revisora, que concluirá o encar- Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do Es-
go no prazo de 90 (noventa) dias, prorrogável pelo tado do Rio de Janeiro, baixado pelo Decreto-Lei nº
período de 30 (trinta) dias, a juízo do Secretário de 220, de 18 de julho de 1975, que acompanha o pre-
Estado de Administração. sente decreto.
Parágrafo único - O julgamento caberá ao Governador, Art. 2º - Este decreto entrará em vigor na data de sua
no prazo de 30 (trinta) dias, podendo, antes, o Secretá- publicação, revogadas as disposições em contrário.
rio de Estado de Administração determinar diligências,
concluídas as quais se renovará o prazo. Rio de Janeiro, 08 de março de 1979.

109
FLORIANO FARIA LIMA, Ilmar Penna Marinho Júnior, SEÇÃO I
José Resende Peres, Myrthes De Luca Wenzel, Luiz Rogério Do Concurso
Mitraud de Castro Leite, Carlos Balthazar da Silveira, Mar-
cel Dezon Costa Hasslocher, Laudo de Almeida Camargo, Art. 6º - O concurso de provas ou de provas e títulos
Hugo de Mattos Santos, Ronaldo Costa Couto, Woodrow para provimento de cargos por nomeação será sempre
Pimentel Pantoja, Hélio Freire, Antônio Carlos de Almeida público, dele se dando prévia e ampla publicidade da
Pizarro. abertura de inscrições, requisitos exigidos, programas,
realização, critérios de julgamento e tudo quanto dis-
REGULAMENTO DO ESTATUTO DOS FUNCIONÁ- ser respeito ao interesse dos possíveis candidatos.
RIOS PÚBLICOS CIVIS DO PODER EXECUTIVO DO Art. 7º - O concurso objetivará avaliar:
ESTADO DO RIO DE JANEIRO I – o conhecimento e a qualificação profissionais, me-
diante provas ou provas e títulos;
TÍTULO I II – as condições de sanidade físico-mental;
Disposições Preliminares III – o desempenho das atividades do cargo, inclusive
CAPÍTULO ÚNICO as condições psicológicas do candidato, mediante es-
tágio experimental.
Art. 1º - O regime jurídico dos funcionários públicos Art. 8º - Das instruções para o concurso constarão:
civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro, I – o limite de idade dos candidatos, que poderá va-
instituído pelo Decreto-Lei nº 220, de 18 de julho de riar de 18 (dezoito) anos completos até 45 (quarenta e
1975, fica disciplinado na forma deste Regulamento. cinco) incompletos, dependendo da natureza do car-
go a ser provido;
§ 1º - Para os efeitos deste Regulamento, funcionário é II – o grau de instrução exigível, a ser comprovado
a pessoa legalmente investida em cargo público esta- mediante apresentação de documento hábil;
dual do Quadro I (Permanente), de provimento efetivo III – o número de vagas a ser preenchido, distribuído
ou em comissão, previsto no Plano de Cargos e Venci- por especialização, quando for o caso;
mentos do Estado do Rio de Janeiro. IV – o prazo de validade das provas, de 2 (dois) anos
no máximo, só prorrogável uma vez, por período não
§ 2º - Aos servidores contratados no exercício de fun- excedente a 12 (doze) meses, havendo motivos rele-
ção gratificada, com suspensão dos respectivos con- vantes, a juízo do Secretário de Estado de Adminis-
tratos de trabalho, e aos estagiários, somente serão tração, contados da publicação da classificação geral;
reconhecidos e concedidos os direitos e vantagens que V – o prazo de duração do estágio experimental, que
expressamente lhes estejam assegurados por este Re- não será inferior a 6 (seis) nem superior a 12 (doze)
gulamento. meses.
§ 1º - As instruções reguladoras do concurso serão
TÍTULO II aprovadas pelo Órgão Central do Sistema de Pessoal
Do Provimento, do Exercício e da Vacância Civil do Estado.
CAPÍTULO I § 2º - Independe de limite de idade a inscrição em
Disposições Gerais concurso de servidores da Administração Direta ou
Indireta, ressalvados os casos em que, pela tipicidade
Art. 2º - Os cargos públicos são providos por: das tarefas ou atribuições de cada cargo, deva ser fi-
I – nomeação; xado limite próprio pelas instruções especiais de cada
II – reintegração; concurso.
III – transferência; § 3º - Além dos requisitos de que trata este artigo, são
IV – aproveitamento; exigíveis para inscrição em concurso público:
V – readaptação; 1) nacionalidade brasileira ou portuguesa, desde que
VI – outras formas determinadas em lei. reconhecida, na forma da legislação federal pertinen-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 3º - O funcionário não poderá, sem prejuízo de te, a igualdade de direitos e obrigações civis;
seu cargo, ser provido em outro cargo efetivo ou admi- 2) pleno gozo dos direitos políticos;
tido como contratado, salvo nos casos de acumulação 3) quitação das obrigações militares.
legal. § 4º - Encerradas as inscrições, regularmente pro-
Art. 4º - O ato de provimento deverá indicar necessa- cessadas, para concurso destinado ao provimento de
riamente a existência de vaga, com todos os elemen- qualquer cargo, não se abrirão novas inscrições para
tos capazes de identificá-la. a mesma categoria funcional antes da publicação da
Art. 5º - A nomeação para cargo de provimento efeti- homologação do concurso.
vo depende de prévia habilitação em concurso público § 5º - Para as vagas que ocorrerem após a publicação
de provas ou de provas e títulos. das instruções reguladoras do concurso, a critério da
Administração poderão ser designados para estágio
candidatos habilitados, desde que dentro do prazo de
validade das provas.
Art. 9º - O candidato habilitado nas provas e no exa-
me de sanidade físico-mental será submetido a es-
tágio experimental, mediante ato de designação do

110
Secretário de Estado, titular de órgão integrante da de retribuição a que se refere o artigo 10 e para aqui-
Governadoria ou dirigente de autarquia. sição de estabilidade, quando se computará o período
Parágrafo único – O ato de designação indicará ex- do estágio experimental.
pressamente o prazo do estágio, conforme o fixado
pelas respectivas instruções reguladoras do concurso. SEÇÃO II
Art. 10 – A designação prevista no artigo anterior Da Investidura
observará a ordem de classificação nas provas e o
limite de vagas a serem preenchidas, percebendo o Art. 14 – A investidura em cargo em comissão, inte-
estagiário retribuição correspondente a 80% (oitenta grante do Grupo I – Direção e Assessoramento Supe-
por cento) do vencimento do cargo, assegurada a di- riores – DAS, ocorrerá com a posse; em cargo de provi-
ferença se nomeado afinal. mento efetivo, do Grupo III – Cargos Profissionais, com
§ 1º - O candidato que, ao ser designado para estágio o exercício. Em ambos os casos, iniciar-se-á dentro do
experimental, for ocupante, em caráter efetivo, de car- prazo de 30 (trinta) dias, contados da publicação do
go ou emprego em órgão da Administração Estadual ato de provimento.
Direta ou Autárquica, ficará dele afastado com a perda § 1º - Mediante requerimento do interessado e ocor-
do vencimento ou salário, das vantagens e do auxílio- rendo motivo relevante, o prazo para investidura po-
-moradia, ressalvado o adicional por tempo de serviço. derá ser prorrogado ou revalidado, a critério da Ad-
§ 2º - Este afastamento não alterará a filiação ao sis- ministração, em até 60 (sessenta) dias, contados do
tema previdenciário do estagiário, nem a base de con- término do prazo de que trata este artigo.
tribuição. § 2º - Será tornado sem efeito o ato de provimento,
§ 3º - Não se exigirá o afastamento referido no § 1º, se a posse ou o exercício não se verificar nos prazos
se o cargo efetivo for acumulável com o do objeto do estabelecidos.
concurso. Art. 15 – São requisitos para a posse, além dos enume-
rados nos itens 1 a 3, do § 3º, do artigo 8º:
Art. 11 – O candidato não aprovado no estágio expe-
I – habilitação em exame de sanidade físico-mental
rimental será considerado inabilitado no concurso e
realizado exclusivamente por órgão oficial do Estado;
retornará automaticamente ao cargo ou emprego de II – declaração de bens;
que se tenha afastado, se for o caso. III – bom procedimento, comprovado por atestado de
Art. 12 – Expirado o prazo de duração do estágio expe- antecedentes expedido por órgão de identificação do
rimental, a autoridade que tiver designado o estagiário Estado do domicílio do candidato à investidura ou me-
comunicará ao órgão promotor do concurso o resulta- diante informação, em processo, ratificada pelo Secre-
do do desempenho das atividades exercidas no cargo, tário de Estado de Segurança Pública;
inclusive suas condições psicológicas, idoneidade mo- IV – declaração sobre se detém outro cargo, função
ral, assiduidade, disciplina e eficiência, concluindo pela ou emprego, na Administração Direta ou Indireta de
aprovação ou não do candidato. qualquer esfera de Poder Público, ou se percebe pro-
§ 1º - O chefe imediato do estagiário encaminhará à ventos de inatividade;
autoridade referida neste artigo, nos 15 (quinze) dias V – atendimento às condições especiais previstas em
anteriores ao término do estágio, relatório circunstan- lei ou regulamento para determinados cargos.
ciado sobre o desempenho das atividades do interessa- § 1º - Quando o funcionário efetivo for provido em
do, se motivo relevante não justificar encaminhamento cargo em comissão, não se exigirá a comprovação dos
antes deste prazo. requisitos de que trata este artigo, exceto os indicados
§ 2º - Quando a autoridade competente para a ava- nos incisos II e VI.
§ 2º - Quando o provimento recair em inativo, este
liação concluir desfavoravelmente ao estagiário, fará
atenderá às exigências do artigo, além do requisito
publicar sua imediata dispensa.
estabelecido no item 2, do § 3º, do artigo 8º.
§ 3º - Recebidos pelo órgão promotor do concurso os
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 16 – Da posse se lavrará termo do qual consta-


resultados da avaliação de todos os estagiários, será rá compromisso de fiel cumprimento dos deveres da
publicada no órgão oficial a classificação final do con- função pública, e se consignará a apresentação de de-
curso, que se homologará por ato do Secretário de Es- claração de bens do empossado, incluídos os do seu
tado de Administração. cônjuge, se for o caso.
§ 4º - O prazo de validade do concurso é de 90 (noven- Parágrafo único – Os termos de posse, acompanhados
ta) dias, contados de sua homologação, dentro do qual das respectivas declarações de bens, deverão ser en-
serão nomeados, por proposta do Secretário de Estado caminhados, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, à
de Administração, os candidatos habilitados, observa- Secretaria de Estado de Administração, ressalvados os
da rigorosamente a classificação obtida. relativos às autarquias.
§ 5º - Enquanto não publicado o ato de nomeação a Art. 17 – São competentes para dar posse:
que se refere o parágrafo anterior, o candidato perma- I – O Governador, aos Secretários de Estado e demais
necerá na condição de estagiário. autoridades que lhe sejam diretamente subordinadas;
Art. 13 – A data da publicação do ato de nomeação II – os Secretários de Estados, aos ocupantes de cargo
será considerada, para todos os efeitos, o início do em comissão no âmbito das respectivas Secretarias,
exercício do cargo, salvo para a percepção da diferença inclusive aos dirigentes de autarquias a estas vincu-
ladas;

111
III – o Chefe do Gabinete Militar, o Procurador-Geral seu cargo efetivo acrescida de uma gratificação cor-
do Estado e o Procurador-Geral da Justiça, aos ocu- respondente a 70% (setenta por cento) do valor fixado
pantes de cargo em comissão no âmbito dos respec- para o cargo em comissão.
tivos órgãos; Parágrafo único – A opção pelo vencimento do cargo
IV – os dirigentes de autarquias, aos ocupantes de car- em comissão não prejudicará o adicional por tempo
go em comissão das respectivas entidades. de serviço devido ao funcionário, que será calculado
Art. 18 – São requisitos para o exercício os mesmos sobre o valor do cargo que ocupa em caráter efetivo.
estabelecidos para a posse, bem como a prestação de Art. 24 – O servidor contratado, que aceitar nomeação
fiança, quando a natureza da função o exigir. para cargo em comissão da estrutura da Administra-
Parágrafo único – A comprovação dos requisitos a que ção Direta ou das autarquias, terá suspenso seu con-
se referem os itens 1 e 3, do § 3º, do artigo 8º, e o trato de trabalho, enquanto durar o exercício do cargo
inciso III, do artigo 15, não será exigida nos casos de em comissão.
reintegração e aproveitamento. § 1º - Exonerado do cargo em comissão, o servidor
Art. 19 – É competente para dar exercício o Secretário reverterá imediatamente ao exercício do contrato.
de Estado de Administração, quando se tratar de in- § 2º - O afastamento em virtude da condição tempo-
vestidura em cargos de provimento efetivo. rária do exercício do cargo em comissão e o retorno
Art. 20 – A competência para dar posse e exercício à situação primitiva serão obrigatoriamente anotados
poderá ser objeto de delegação. na carteira profissional, bem como nos registros rela-
tivos ao servidor.
SEÇÃO III § 3º - A retribuição pelo exercício de cargo em comissão
Da Fiança será o valor do respectivo símbolo, não podendo o ser-
vidor contratado exercer a opção prevista no artigo 23.
Art. 21 – Quando o provimento em cargo ou função § 4º - O regime previdenciário dos servidores no exercí-
depender de prestação de fiança, não se dará investi- cio de cargo em comissão é o dos funcionários efetivos
dura sem a prévia satisfação dessa exigência. da Administração Direta.
§ 1º - A fiança poderá ser prestada em: Art. 25 – Somente após ter sido colocado à disposição
1) dinheiro; do Poder Executivo do Estado, para o fim determinado,
2) títulos de dívida pública da União ou do Estado; poderá o ato de nomeação recair em funcionário de
3) apólices de seguro de fidelidade funcional, emitidas outro Poder ou de outra esfera de Governo.
por instituição oficial ou legalmente autorizada para Parágrafo único – Na hipótese do artigo, desde que
esse fim. o funcionário tenha sido colocado à disposição do
§ 2º - Não poderá ser autorizado o levantamento da Governo Estadual sem ônus para a esfera do poder a
fiança, antes de tomadas as contas do funcionário. que pertence, receberá, pelo exercício do cargo em co-
§ 3º - O responsável por alcance ou desvio de mate- missão, o vencimento para este fixado; caso contrário,
rial não ficará isento do procedimento administrativo observará o procedimento estabelecido no artigo 23.
e criminal que couber, ainda que o valor da fiança seja Art. 26 – O inativo provido em cargo em comissão per-
superior ao prejuízo verificado. ceberá integralmente o vencimento para este fixado,
cumulativamente com o respectivo provento.
CAPÍTULO II Art. 27 – A posse em cargo em comissão determinará
Das Funções de Confiança o concomitante afastamento do funcionário do cargo
SEÇÃO I efetivo de que for titular, ressalvados os casos de acu-
Dos Cargos em Comissão mulação legal.

Art. 22 – O cargo em comissão se destina a atender a SEÇÃO II


encargos de direção e de chefia, consulta ou assesso- Das Funções Gratificadas
ramento superiores, e é provido mediante livre escolha
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do Governador, podendo esta recair em funcionário, Art. 28 – Função gratificada de preenchimento em con-
em servidor regido pela legislação trabalhista ou em fiança, integrante do Grupo II – Chefia e Assistência In-
pessoa estranha ao serviço público, desde que reúna termediárias – CAI, é a criada pelo Poder Executivo, com
os requisitos necessários e a habilitação profissional símbolo próprio, para atender a encargos de chefia, se-
para a respectiva investidura. cretariado, assessoramento e outros, em níveis interme-
§ 1º - A competência e as atribuições dos cargos em diário e inferior.
comissão e de seus titulares serão definidas nos regi- Art. 29 – O Poder Executivo, ao criar as funções gratifi-
mentos dos respectivos órgãos. cadas, observará os recursos orçamentários existentes
§ 2º - Não poderão ocupar cargo em comissão os para esse fim, bem como os símbolos e respectivas gra-
maiores de 70 (setenta) anos e os que tenham sido tificações prefixadas em lei.
aposentados por invalidez para o Serviço Público, des- Art. 30  – O exercício da função gratificada, não consti-
de que subsistentes os motivos que determinaram a tuindo emprego, guardará correspondência de atribuições
inatividade. com as do cargo efetivo exercido pelo funcionário desig-
Art. 23 – Recaindo a nomeação em funcionário do Es- nado, e a gratificação respectiva tem o caráter de vanta-
tado, este optará pelo vencimento do cargo em comis- gem acessória ao seu vencimento, de acordo com o ANE-
XO II do Decreto-Lei nº 408, de 02 de fevereiro de 1979.
são ou pela percepção do vencimento e vantagens do

112
Art. 31 – Com exceção dos aposentados e dos ocupan- Parágrafo único – Aplicam-se ao responsável pelo ex-
tes de empregos cujos contratos tenham sido suspen- pediente as disposições desta Seção.
sos, nos termos do Decreto-Lei nº 147, de 26 de junho
de 1975, somente poderá ser designado para prover CAPÍTULO III
função gratificada funcionário efetivo do Estado. Das Formas de Provimento
§ 1º - A retribuição pelo exercício de função gratificada SEÇÃO I
corresponderá ao valor do respectivo símbolo, a que se Da Nomeação
acrescentará, como gratificação suplementar tempo-
rária, o valor correspondente ao que o servidor vinha Art. 38 – A nomeação será feita:
percebendo no exercício do contrato suspenso. I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de
§ 2º - Aplicam-se à função gratificada as regras do § classe singular ou de cargo de classe inicial de série de
2º, do artigo 22 e do artigo 24 e seus § § 1º, 2º e 4º. classes;
Art. 32 – São competentes para designar e dispensar II – em comissão, quando se tratar de cargo que, em
ocupantes de funções gratificadas, no âmbito das res- virtude de lei, assim deva ser provido.
pectivas unidades administrativas, e dentre os servido- Art. 39 – A nomeação em caráter efetivo obedecerá à
res que lhes são mediata ou imediatamente subordi- ordem rigorosa de classificação dos candidatos habili-
nados, as autoridades referidas nos incisos II, III e IV, tados em concurso.
do artigo 17.
Parágrafo único – Quando a designação deva recair SEÇÃO II
em servidor lotado em órgão diferente, é indispensável Da Reintegração
a prévia concordância do dirigente desse órgão.
Art. 33 – Independe de exame de sanidade físico-men-
Art. 40 – A reintegração, que decorrerá de decisão ad-
tal a investidura em função gratificada, salvo quando
ministrativa ou judicial, é o reingresso do funcionário
a designação recair em inativo ou em servidor regido
pela legislação trabalhista. exonerado  ex officio ou demitido do serviço público
Art. 34 – Compete à autoridade a que ficar subordina- estadual, com ressarcimento do vencimento e vanta-
do o servidor designado para função gratificada dar- gens e reconhecimento dos direitos ligados ao cargo.
-lhe exercício no prazo de 30 (trinta) dias, independen- Parágrafo único – A decisão administrativa que deter-
temente de posse. minar a reintegração será sempre proferida em pedido
Parágrafo único – Aplica-se à função gratificada o dis- de reconsideração, recurso hierárquico ou revisão de
posto nos § § 1º e 2º, do artigo 14. processo.
Art. 41 – A reintegração será feita no cargo anterior-
SEÇÃO III mente ocupado; se alterado, no resultante da alte-
Da Substituição ração; se extinto, noutro de vencimento equivalente,
observada a habilitação profissional.
Art. 35 – Os cargos em comissão ou funções gratificadas Parágrafo único – Não ocorrendo qualquer das hipó-
poderão ser exercidos, eventualmente, em substituição, teses previstas nesse artigo, o funcionário será reinte-
nos casos de impedimento legal e afastamento de seus grado no cargo extinto, que será restabelecido, como
titulares. excedente.
§ 1º - A substituição, que será automática ou depende-
rá de ato de designação, independe de posse. Art. 42 – A reintegração ocorrerá sempre no sistema
§ 2º - A substituição automática é a estabelecida em de classificação a que pertencia o funcionário.
lei, regulamento ou regimento, e processar-se-á inde- Art. 43 – Reintegrado o funcionário, quem lhe hou-
pendentemente de ato. ver ocupado o lugar, se não estável, será exonerado de
§ 3º - Quando depender de ato e se a substituição for plano; ou, se exercia outro cargo e este estiver vago, a
indispensável, o substituto será designado pela autori- ele ou a outro vago da mesma classe será reconduzido,
dade imediatamente superior àquela substituída. em qualquer das hipóteses sem direito à indenização.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4º - Pelo tempo de substituição o substituto percebe- Parágrafo único – Se estável, o funcionário que houver
rá o vencimento e vantagens atribuídas ao cargo em ocupado o lugar do reintegrado será obrigatoriamen-
comissão ou função gratificada, ressalvado o caso de te provido em igual cargo, ainda que necessária a sua
opção pelo vencimento e vantagens do seu cargo efe- criação, como excedente ou não.
tivo. Art. 44 – O funcionário reintegrado será submetido à
§ 5º - Quando se tratar de detentor de cargo em comis- inspeção médica e aposentado se julgado incapaz.
são ou função gratificada, o substituto fará jus somen-
te à diferença de remunerações. SEÇÃO III
Art. 36 – A substituição não poderá recair em servidor Da Transferência
contratado ou em pessoa estranha ao serviço público
estadual, salvo na hipótese do § 5º do artigo anterior. Art. 45 – Transferência, quando não se tratar da defi-
Art. 37 – Na vacância de cargo em comissão ou de nida no inciso IV, alínea “c”, do artigo 14 do Decreto-
funções gratificadas, e até o seu provimento, poderão -Lei nº 408, de 02 de fevereiro de 1979, é o ato de
ser designados funcionários do Estado para responder provimento do funcionário em outro cargo de deno-
pelo seu expediente. minação diversa e de retribuição equivalente.

113
Art. 46 – A transferência se fará à vista de comprova- II – provimento em outro cargo.
ção competitiva de habilitação dos interessados para o § 1º - A readaptação dependerá sempre de prévia ins-
exercício do novo cargo, realizada perante a Fundação peção realizada por junta médica do órgão oficial com-
Escola de Serviço Público do Estado do Rio de Janeiro. petente.
Art. 47 – A transferência poderá ser feita de cargo de § 2º - A readaptação referida no inciso II deste artigo
Administração Direta para outro da autárquica, ou re- não acarretará descenso nem elevação de vencimento.
ciprocamente; e de um para outro cargo de quadros Art. 59 – A readaptação será processada:
diferentes da mesma entidade. I – quando provisória, mediante ato do Secretário de
Art. 48 – Quando se tratar de cargo de classe inicial de série Estado de Administração, pela redução ou atribuição de
de classes, a transferência não poderá ser feita para cargo novos encargos ao funcionário, na mesma ou em outra
vago destinado a provimento por concurso já aberto. unidade administrativa, consideradas a hierarquia e as
Art. 49 – A transferência será feita a pedido do fun- funções do seu cargo;
cionário, atendidos o interesse e a conveniência da II – quando definitiva, por ato do Governador, para car-
Administração. go vago, mediante transferência, observados os requi-
Art. 50 – A transferência não interromperá o exercício sitos de habilitação fixados para a classe respectiva.
para efeito de adicional por tempo de serviço.
Art. 51 – No caso de transferência para cargo corres- CAPÍTULO IV
pondente à atividade profissional regulamentada, a Da Vacância
habilitação será condicionada à prévia comprovação de
que o interessado satisfaz às exigências para o exercício Art. 60 – Dar-se-á vacância do cargo ou da função na
da profissão. data do fato ou da publicação do ato que implique
Art. 52 – Não poderá ser transferido o funcionário que desinvestidura.
não tenha adquirido estabilidade. Art. 61 – A vacância decorrerá de:
I – exoneração;
SEÇÃO IV II – demissão;
Do Aproveitamento III – transferência;
IV – aposentadoria;
Art. 53 – Aproveitamento é o retorno ao serviço pú-
V – falecimento;
blico estadual do funcionário colocado em disponibi-
VI – perda do cargo;
lidade.
VII – determinação em lei;
Art. 54 – O funcionário em disponibilidade poderá ser
VIII – dispensa;
aproveitado em cargo de natureza e vencimento com-
IX – destituição de função.
patível com os do anteriormente ocupado.
§ 1º  - Restabelecido o cargo, ainda que modificada Art. 62 – Dar-se-á exoneração ou dispensa:
sua denominação, poderá nele ser aproveitado o fun- I – a pedido;
cionário posto em disponibilidade quando da sua ex- II – ex-officio.
tinção. Parágrafo único – A exoneração ou dispensa ex offi-
§ 2º - O aproveitamento dependerá de prova de sa- cio ocorrerá nas seguintes hipóteses:
nidade físico-mental verificada mediante inspeção 1) de exercício de cargo em comissão ou função gra-
médica. tificada, salvo se a pedido, aceito pela Administração;
Art. 55 – Havendo mais de um concorrente à mesma 2) de abandono de cargo, quando, extinta a punibili-
vaga, terá preferência o de maior tempo de disponi- dade administrativa por prescrição, o funcionário não
bilidade e, no caso de empate, o de maior tempo de houver requerido exoneração;
serviço público estadual. 3) na prevista no artigo 43, primeira parte.
Art. 56 – Será tornado sem efeito o aproveitamento Art. 63 – O funcionário perderá o cargo:
e cassada a disponibilidade, se o funcionário não en- I – em virtude de sentença judicial ou mediante pro-
trar em exercício no prazo legal, salvo caso de doença cesso administrativo disciplinar em que se lhe tenha
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

comprovada em inspeção médica. assegurado ampla defesa;


Parágrafo único  – Provada a incapacidade definitiva II – quando, por ser desnecessário, for extinto, ficando
em inspeção médica, será decretada a aposentadoria. o seu ocupante, se estável, em disponibilidade;
III – nos demais casos especificados em lei.
SEÇÃO V
Da Readaptação TÍTULO III
Da Remoção
Art. 57 – O funcionário estável poderá ser readapta- CAPÍTULO ÚNICO
do ex officio ou a pedido em função mais compatível,
por motivo de saúde ou incapacidade física. Art. 64 – A remoção, a pedido ou ex officio, é o des-
Art. 58 – A readaptação de que trata o artigo anterior locamento do funcionário de sua lotação para a de
se fará por: outra Secretaria de Estado ou órgão diretamente su-
I – redução ou cometimento de encargos diversos da- bordinado ao Governador.
queles que o funcionário estiver exercendo, respeitadas § 1º - A remoção só poderá dar-se para lotação em
as atribuições da série de classes a que pertencer, ou do que houver claro.
cargo de classe singular de que for ocupante;

114
§ 2º - O funcionário removido, quando em férias, não que, segundo as necessidades, devam ter exercício em
as interromperá. cada órgão de Governo referido neste artigo.
Art. 65 – A remoção por permuta será processada a § 2º - O funcionário nomeado integrará lotação na
pedido escrito de ambos os interessados. qual houver claro, observando-se igual critério quan-
Art. 66 – Cabe ao Secretário de Estado de Administra- to às demais formas de provimento.
ção expedir os atos de remoção, após audiência dos Art. 73 – O afastamento do funcionário de sua unida-
titulares dos órgãos interessados. de administrativa, quando para desempenho de fun-
Parágrafo único – Quando se tratar de provimento de ção de confiança no Estado, dar-se-á somente com
cargo em comissão, a remoção decorrerá da publica- ônus para a unidade requisitante.
ção do respectivo ato de nomeação. Art. 74 – O funcionário será afastado do exercício de
seu cargo:
TÍTULO IV I – enquanto durar o mandato legislativo ou executivo,
Do Tempo de Serviço federal ou estadual;
CAPÍTULO I II – enquanto durar o mandato de Prefeito ou Vice-
Disposições Gerais -Prefeito;
III – enquanto durar o mandato de Vereador, se não
Art. 67 – O início, a interrupção e o reinício do exer- existir compatibilidade de horário entre o seu exercício e
cício serão registrados no assentamento individual do o da função pública;
funcionário. IV – durante o lapso de tempo que mediar entre o re-
§ 1º - Ao entrar em exercício o funcionário apresen- gistro da candidatura eleitoral e o dia seguinte ao da
tará ao órgão competente os elementos necessários à eleição.
abertura de seu assentamento individual. Art. 75 – Preso preventivamente, pronunciado, denun-
§ 2º - O início do exercício e as alterações que nele ciado por crise funcional ou condenado por crime ina-
ocorrerem serão comunicados ao órgão setorial de fiançável em processo no qual não haja pronúncia, o
pessoal, pelo titular da unidade administrativa em funcionário será afastado do exercício do cargo, até de-
que estiver servindo o funcionário. cisão transitada em julgado.
Art. 68 – O funcionário entrará em exercício no prazo § 1º - Será, ainda, afastado o funcionário condenado por
de 30 (trinta) dias contados da data: sentença definitiva à pena que não determine demissão.
I – da publicação do ato de nomeação em cargo efe- § 2º - O funcionário suspenso disciplinar ou preventiva-
tivo; mente, ou preso administrativamente, será afastado do
II – da publicação do ato de reintegração, de transfe- exercício do cargo.
rência ou de aproveitamento;
III – da publicação do ato de provimento em função CAPÍTULO II
gratificada. Da Apuração
Art. 69 – A transferência, a promoção e a readapta-
ção por motivo de saúde não interrompem o exercí- Art. 76 – A apuração do tempo de serviço será feita em
cio, que é contado na nova classe a partir da validade dias, não considerado, para qualquer efeito, o exercí-
do ato. cio de função gratuita.

Art. 70 – O funcionário removido para outra unidade § 1º - O número de dias será convertido em anos, consi-
administrativa terá prazo de 5 (cinco) dias, contados derado o ano como de 365 (trezentos e sessenta e cinco)
da data da publicação do respectivo ato, para reini- dias.
ciar suas atividades. § 2º - Feita a conversão, os dias restantes até 182 (cento
§ 1º - Quando em férias, licenciado ou afastado legal- e oitenta e dois) não serão computados, arredondando-
mente de seu cargo, esse prazo será contado a partir -se para um ano quando exceder esse número, nos ca-
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do término do impedimento. sos de cálculo para aposentadoria.


§ 2º - O prazo a que se refere este artigo será conside- Art. 77 – Os dias de efetivo exercício serão computados
rado como período de trânsito, computável como de à vista de documentação própria que comprove a fre-
efetivo exercício para todos os efeitos. quência.
§ 3º - O prazo referido no caput deste artigo poderá Art. 78 – Admitir-se-á como documentação própria
ser prorrogado, no máximo por igual período, por so- comprobatória do tempo de serviço público:
licitação do interessado, a juízo da autoridade com- I – certidão de tempo de serviço, extraída de folha de
petente para dar-lhe exercício. pagamento;
Art. 71 – O funcionário terá exercício na unidade ad- II – certidão de frequência, extraída de folha de paga-
ministrativa para a qual for designado. mento;
Art. 72 – Haverá lotação única de funcionários em III – justificação judicial.
cada Secretaria de Estado ou órgão diretamente su- § 1º - Os elementos probantes indicados nos incisos aci-
bordinado ao chefe do Poder Executivo. ma são exigíveis na ordem direta de sua enumeração,
somente sendo admitido o posterior quando acompa-
§ 1º - Entende-se por lotação o número de funcio-
nhado de certidão negativa, fornecida pelo órgão com-
nários de cada série de classes ou de classes singula-
petente para a expedição do elemento a que se refere o
res, inclusive de ocupantes de funções de confiança,
anterior.

115
§ 2º - Sobre tempo de serviço comprovado mediante * Nova redação dada pela Lei Complementar nº
justificação judicial, será prévia e obrigatoriamente ou- 121/2008.
vida a Procuradoria-Geral do Estado. I – o tempo de serviço público federal, estadual e mu-
Art. 79 – Será considerado como de efetivo exercício o nicipal;
afastamento por motivo de: II – o período de serviço ativo nas Forças Armadas,
I – férias; computado pelo dobro o tempo em operações de guer-
II – casamento e luto, até 8 (oito) dias; ra, inclusive quando prestado nas Forças Auxiliares e
III – exercício de outro cargo ou função de governo ou na Marinha Mercante;
de direção, de provimento em comissão ou em substi- III – o tempo de serviço prestado como extranumerário
tuição, no serviço público do Estado do Rio de Janeiro, ou sob qualquer outra forma de admissão, desde que
inclusive respectivas autarquias, empresas públicas e remunerado pelos cofres públicos;
sociedades de economia mista, ou serviço prestado IV – o tempo de serviço prestado em autarquia, em-
à Presidência da República em virtude de requisição presa pública ou sociedade de economia mista;
oficial; V – o período de trabalho prestado à instituição de
IV – exercício de outro cargo ou função de governo ou caráter privado que tiver sido transformada em esta-
de direção, de provimento em comissão ou em subs- belecimento de serviço público;
tituição, no serviço público da União, de outros Esta- VI – o tempo em que o funcionário esteve em disponi-
dos e dos Municípios, inclusive respectivas autarquias, bilidade ou aposentado;
empresas públicas e sociedades de economia mista, VII – em dobro, o tempo de licença-prêmio não gozada;
quando o afastamento houver sido autorizado pelo VIII – em dobro, os períodos de férias não gozadas a
Governador, sem prejuízo do vencimento do funcio- partir do exercício de 1977, limitadas a 60 (sessenta)
nário; dias, ressalvado o direito à contagem de períodos an-
V – estágio experimental; teriores para os amparados por legislação vigente até
VI – licença-prêmio; a edição do Decreto-Lei nº 363, de 04 de outubro de
VII – licença para repouso à gestante; 1977.
VIII – licença para tratamento de saúde; Art. 81 – Ao funcionário será assegurada a contagem,
IX – licença por motivo de doença em pessoa da famí- qualquer que tenha sido o regime da relação empre-
lia, desde que não exceda o prazo de 12 (doze) meses; gatícia, como de serviço público estadual, do tempo
X – acidente em serviço ou doença profissional; prestado anteriormente à Administração Direta ou
XI – doença de notificação compulsória; Indireta do Estado.
XII – missão oficial; Parágrafo único – O disposto neste artigo não se apli-
XIII – estudo no exterior ou em qualquer parte do ter- ca para os efeitos de concessão de licença-prêmio.
ritório nacional, desde que de interesse para a Admi- Art. 82 – É vedada a acumulação de tempo de serviço
nistração e não ultrapasse o prazo de 12 (doze) meses; prestado, concorrente ou simultaneamente, em dois
XIV – prestação de prova ou de exame em curso regu- ou mais cargos, funções ou empregos em qualquer
lar ou em concurso público; das hipóteses previstas no art. 80.
XV – recolhimento à prisão, se absolvido afinal;
XVI – suspensão preventiva, se inocentado afinal; CAPÍTULO III
Da Frequência e do Horário
XVII – convocação para serviço militar ou encargo da se-
gurança nacional, júri e outros serviços obrigatórios por Art. 83 – A frequência será apurada por meio de ponto.
lei; § 1º - Ponto é o registro pelo qual se verificarão, dia-
XVIII – trânsito para ter exercício em nova sede; riamente, as entradas e saídas do funcionário.
XIX – faltas por motivo de doença comprovada, inclu- § 2º - Nos registros do ponto deverão ser lançados
sive em pessoas da família, até o máximo de 3 (três) todos os elementos necessários à apuração da frequ-
durante o mês, e outros casos de força maior; ência.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XX – candidatura a cargo eletivo, conforme o disposto Art. 84 – É vedado dispensar o funcionário do registro
nos incisos IV e V, do artigo 74; do ponto, bem como abonar faltas ao serviço, salvo
XXI – mandato legislativo ou executivo, federal ou es- nos casos expressamente previstos em lei ou regula-
tadual; mento.
XXII – mandato de Prefeito ou Vice-Prefeito; § 1º - A falta abonada é considerada, para todos os
XXIII – mandato de Vereador, nos termos do disposto efeitos, presença ao serviço.
no inciso III, do artigo 74; § 2º - Excepcionalmente e apenas para elidir efeitos
XXI – mandato legislativo ou executivo, federal ou es- disciplinares, poderá ser justificada falta ao serviço.
tadual; § 3º - O abono e a justificação de faltas ao serviço se-
XXII – mandato de Prefeito ou Vice-Prefeito; rão da competência do chefe imediato do funcionário.
XXIII – mandato de Vereador, nos termos do disposto Art. 85 – O Governador, mediante expediente sub-
no inciso III, do artigo 74. metido a sua apreciação pelo Secretário de Estado de
Parágrafo único – O afastamento para o exterior, exce-
Administração, e quando assim considerar de inte-
to em gozo de férias ou licenças, dependerá de prévia
resse público, poderá dispensar do registro de ponto
autorização do Governador.
funcionários que, comprovadamente, participarem de

116
Congressos, Seminários, Jornadas ou quaisquer outras férias, ainda que o regime de seu cargo efetivo estabe-
formas de reunião de profissionais, técnicos, especia- leça período diverso.
listas, religiosos ou desportistas. § 6º - O funcionário aposentado que exerça cargo em
Art. 86 – O Governador determinará, quando não dis- comissão fará jus ao gozo das férias previstas neste
criminado em lei ou regulamento, o número de horas artigo, inclusive as relativas ao ano da publicação do
diárias de trabalho dos órgãos e unidades administra- ato de aposentadoria, caso não utilizado o respectivo
tivas do Estado e das várias categorias profissionais. período.
§ 1º - O funcionário deverá permanecer em serviço § 7º - Quando o ocupante de cargo efetivo participar,
durante as horas de trabalho ordinário e as do extra- como membro, de órgão de deliberação coletiva, as
ordinário, quando convocado. respectivas férias serão gozadas, obrigatória e simul-
§ 2º - Nos dias úteis, somente por determinação do Go- taneamente, nas duas situações funcionais.
vernador, poderão deixar de funcionar os serviços pú- Art. 91 – É proibida a acumulação de férias, salvo im-
blicos ou ser suspensos os seus trabalhos, no todo ou periosa necessidade de serviço, não podendo a acu-
em parte. mulação, nesse caso, abranger mais de dois períodos.
Parágrafo único – O impedimento decorrente de ne-
TÍTULO V cessidade de serviço, para o gozo de férias pelo funcio-
Dos Direitos e das Vantagens nário, não será presumido, devendo o seu chefe ime-
CAPÍTULO I diato fazer comunicação expressa do fato ao órgão
Da Estabilidade competente de pessoal, sob pena de perda do direito à
acumulação excepcional de dois períodos.
Art. 87 – Estabilidade é o direito que adquire o funcio- Art. 92 – No absoluto interesse do serviço, as férias
nário de não ser demitido senão em virtude de senten- poderão ser interrompidas ou admitido o seu gozo
ça judicial ou processo administrativo disciplinar em parcelado.
que se lhe tenha assegurado ampla defesa. § 1º - As férias parceladas poderão ser gozadas:
Parágrafo único – O disposto neste artigo não se apli- 1) em períodos de 10 (dez) dias;
ca aos ocupantes dos cargos em comissão. 2) em períodos de 15 (quinze) dias.
Art. 88 – A estabilidade será adquirida pelo funcio- § 2º - Na hipótese de interrupção de férias, se o perío-
nário, quando nomeado em caráter efetivo, depois de do restante não se ajustar ao estabelecido nos itens do
aprovado no estágio experimental. parágrafo anterior, o prazo será contado para efeito
§ 1º - É de 2 (dois) anos de efetivo exercício o prazo da acumulação de que trata o artigo precedente.
aquisitivo da estabilidade, computando-se, para esse Art. 93 – Por motivo de provimento em outro cargo,
efeito, o período e estágio experimental. o funcionário em gozo de férias não será obrigado a
§ 2º - As disposições deste Capítulo não se aplicam ao interrompê-las; a investidura decorrente, quando for o
contratado ocupante de função gratificada, que con- caso, terá como termo inicial do seu prazo a data em
tinuará subordinado, necessariamente, ao regime de que o funcionário voltar ao serviço.
tempo de serviço a que estava vinculado, nos termos
da legislação trabalhista.
Art. 89 – A estabilidade já adquirida será conservada Art. 94 – Todos os servidores, que operem diretamente
se, sem interrupção do exercício, o funcionário desvin- com Raios X ou substâncias radioativas, gozarão obri-
cular-se de seu cargo estadual, inclusive autárquico, gatoriamente férias remuneradas de 20 (vinte) dias
para investir-se em outro. consecutivos por semestre de atividade, não parcelá-
veis nem acumuláveis.
CAPÍTULO II Parágrafo único – O Secretário de Estado de Adminis-
Das Férias tração, em ato próprio, poderá estender o disposto no
presente artigo aos servidores que lidem diretamente
com outras substâncias consideradas altamente tó-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 90 – O funcionário gozará, obrigatoriamente, 30


(trinta) dias consecutivos de férias remuneradas por xicas ou insalubres, ou estejam em contato direto e
ano civil, de acordo com escala respectiva. permanente com portadores de doenças infecto-con-
§ 1º - A escala de férias poderá ser alterada, de acor- tagiosas.
do com as necessidades do serviço, por iniciativa do Art. 95 – O funcionário, ao entrar em férias, comuni-
chefe interessado, comunicada a alteração ao órgão cará ao chefe imediato o seu endereço eventual.
competente. Art. 96 – As disposições deste Capítulo são extensivas
§ 2º - Somente depois do primeiro ano de efetivo exer- aos contratados em exercício de função gratificada, e
cício adquirirá o funcionário direito a férias, as quais aos estagiários, na hipótese do § 5º do artigo 12.
corresponderão ao ano em que se completar esse pe-
ríodo. CAPÍTULO III
§ 3º - É vedado levar à conta de férias qualquer falta Das Licenças
ao trabalho. SEÇÃO I
§ 4º - Não serão concedidas férias com início em um Disposições Gerais
exercício e término no seguinte.
§ 5º - Os ocupantes de cargo em comissão ou função Art. 97- Conceder-se-á licença:
gratificada farão jus a 30 (trinta) dias ininterruptos de I – para tratamento de saúde;

117
II – por motivo de doença em pessoa da família; Art. 101  – A licença poderá ser prorrogada  ex offi-
III – para repouso à gestante; cio ou a pedido.
IV – para serviço militar, na forma da legislação es- § 1º - O pedido de prorrogação deverá ser apresentado
pecífica; antes de findo o prazo da licença; se indeferido, contar-
V – para acompanhar o cônjuge; -se-á como de licença o período compreendido entre a
VI – a título de prêmio; data do término e a da publicação oficial do despacho.
VII – para desempenho de mandato legislativo ou exe- § 2º - A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias
cutivo. contados do término da anterior será, a critério médi-
Art. 98 – Salvo os casos previstos nos incisos IV, V e co, considerada como sua prorrogação.
VII, do artigo anterior, o funcionário não poderá per- Art. 102 – Ressalvada a hipótese referida na primeira
manecer em licença por prazo superior a 24 (vinte e parte do inciso XIX, do artigo 79, que será tida como
quatro) meses. de abono de faltas, o tempo necessário à inspeção mé-
§ 1º - Excetua-se do prazo estabelecido neste artigo dica será considerado como de licença.
a licença para tratamento de saúde, quando o fun- § 1º - Considerado apto, o funcionário reassumirá o
cionário for considerado recuperável, a juízo da junta exercício, sob pena de serem computados como faltas
médica. os dias de ausência ao serviço.
§ 2º - Nas licenças dependentes de inspeção médica, § 2º  - Se da inspeção ficar constatada simulação do
expirado o prazo deste artigo e ressalvada a hipótese funcionário, as ausências serão havidas como faltas ao
referida no parágrafo anterior, o funcionário será sub- serviço, e o fato será comunicado ao órgão de pessoal
metido a nova inspeção, que concluirá pela sua volta para as providências disciplinares cabíveis.
ao serviço, pela readaptação, ou pela aposentadoria, Art. 103 – Ao funcionário provido em comissão, ou de-
se for julgado definitivamente inválido para o serviço signado para função gratificada, não se concederão,
público em geral. nesta qualidade, as licenças referidas nos incisos IV, V,
Art. 99 – As licenças nos incisos I, II e III, do art. 97, se- VI e VII, do artigo 97.
rão concedidas pelo órgão médico oficial competente ou § 1º - Aos contratados, quando no exercício de função
por outros aos quais aquele transferir ou delegar atri- gratificada, conceder-se-ão apenas as licenças de que
buições, e pelo prazo indicado nos respectivos laudos. tratam os incisos I a III, do artigo 97.
§ 1º - Estando o funcionário, ou pessoa de sua família, § 2º - As disposições do parágrafo precedente apli-
absolutamente impossibilitado de locomover-se e não cam-se ao ocupante de cargo em comissão não deten-
havendo na localidade qualquer dos órgãos referidos tor de cargo efetivo estadual.
neste artigo, poderá ser admitido laudo expedido por § 3º - Aos providos em substituição não se concederão,
órgão médico de outra entidade pública e, na falta, nesta qualidade, as licenças referidas no artigo 97.
atestado passado por médico particular, com firma Art. 104 – A concessão de licença ao funcionário, ex-
reconhecida. ceto a decorrente de acidente em serviço ou de do-
§ 2º - Nas hipóteses referidas no parágrafo anterior, ença profissional, não impedirá a sua exoneração ou
o laudo ou atestado deverá ser encaminhado ao ór- dispensa, quando esta se der em virtude do caráter
gão médico competente, no prazo máximo de 3 (três) precário ou temporário de seu provimento.
dias contados da primeira falta ao serviço; a licença Art. 105 – A licença superior a 90 (noventa) dias, com
respectiva somente será considerada concedida com a fundamento nos incisos I e II, do artigo 97, dependerá
homologação do laudo ou atestado, a qual será sem- de inspeção por junta médica.
pre publicada. Art. 106 – No processamento das licenças dependen-
§ 3º - Será facultado ao órgão competente, em caso de tes de inspeção médica, será observado o devido sigilo
dúvida razoável, exigir nova inspeção por outro médi- sobre os respectivos laudos ou atestados.
co ou junta oficial. Art. 107 – No curso das licenças a que se referem os
§ 4º - No caso do laudo ou atestado não ser homo- incisos I e II, do artigo 97, o funcionário abster-se-á
logado, o funcionário será obrigado a reassumir o de qualquer atividade remunerada, sob pena de in-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

exercício do cargo dentro de 3 (três) dias contados da terrupção da licença, com perda total do vencimento
publicação do despacho denegatório, sendo conside- e demais vantagens, até que reassuma o exercício do
rados como de efetivo exercício os dias em que deixou cargo.
de comparecer ao serviço, por esse motivo. Parágrafo único – Os dias correspondentes à perda de
§ 5º - Se, na hipótese do parágrafo anterior, a não ho- vencimento, de que trata este artigo, serão considera-
mologação decorrer de falsa afirmativa por parte do dos como faltas ao serviço.
médico atestante, os dias de ausência do funcionário Art. 108 – O funcionário licenciado comunicará ao
serão tidos como faltas ao serviço, sujeitos, um e outro, chefe imediato o local onde poderá ser encontrado.
a processo administrativo disciplinar, que apurará e Art. 109 – Os estagiários não gozarão, nesta condição,
definirá responsabilidades; caso o médico atestante das licenças referidas no artigo 97; a ocorrência de
não esteja vinculado ao Estado para fins disciplina- qualquer fato ou circunstância tipificadora daquelas
res, este comunicará o fato ao Ministério Público e ao licenças importará no seu imediato afastamento do
Conselho Regional de Medicina, em que seja inscrito. estágio e eliminação do respectivo concurso.
Art. 100 – Terminada a licença, o funcionário reassu- § 1º - Na hipótese do estagiário sofrer acidente em ser-
mirá imediatamente o exercício, ressalvados os casos viço, contrair doença profissional ou sofrer internação
de prorrogação e o previsto no artigo 111. compulsória para tratamento psiquiátrico, a elimina-

118
ção do concurso não prejudicará a percepção de sua § 4º  - Entende-se por doença profissional a que se
retribuição, que se fará até que o órgão médico oficial deve atribuir, como relação de efeito e causa, às con-
competente declare seu pleno restabelecimento. dições inerentes ao serviço ou fatos nele ocorridos.
§ 2º - Aplica-se aos estagiários o disposto no artigo § 5º - A prova pericial da relação de causa e efeito a
246, excetuada a regra estabelecida em seu § 1º. que se refere o parágrafo anterior será produzida por
junta médica oficial.
SEÇÃO II Art. 116 – A licença para tratamento de saúde será
Da Licença para Tratamento de Saúde concedida sempre com vencimento e vantagens inte-
grais.
Art. 110 – A licença para tratamento de saúde será
concedida, ou prorrogada, ex officio ou a pedido do SEÇÃO III
funcionário ou de seu representante, quando não pos- Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
sa ele fazê-lo. Família
§ 1º - Em qualquer dos casos é indispensável a inspe-
ção médica, que será realizada, sempre que necessá- Art. 117 – O funcionário poderá obter licença por mo-
rio, no local onde se encontrar o funcionário. tivo de doença na pessoa de ascendente, descendente,
§ 2º - Incumbe à chefia imediata promover a apresen- colateral consanguíneo ou afim, até o 2º grau civil,
tação do funcionário à inspeção médica, sempre que cônjuge do qual não esteja legalmente separado, ou
este a solicitar. pessoa que vive a suas expensas e conste do respectivo
Art. 111 – O funcionário não reassumirá o exercício assentamento individual, desde que prove ser indis-
do cargo sem nova inspeção médica, quando a licença pensável sua assistência pessoal e esta não possa ser
concedida assim o tiver exigido; realizada essa nova prestada simultaneamente com o exercício do cargo.
inspeção, o respectivo atestado ou laudo médico con- Art. 118 – A licença referida no artigo anterior será
cluirá pela volta ao serviço, pela prorrogação da li- concedida, ou prorrogada, a pedido do funcionário.
cença, pela readaptação do funcionário ou pela sua Art. 119 – A licença de que trata esta Seção será con-
aposentadoria. cedida com vencimento e vantagens integrais nos pri-
Art. 112 – Em caso de doença grave, contagiosa ou meiros 12 (doze) meses, e com 2/3 (dois terços) por
não, que imponha cuidados permanentes, poderá a outros 12 (doze) meses, no máximo.
junta médica, se considerar o doente irrecuperável,
determinar, como resultado da inspeção, sua imediata SEÇÃO IV
aposentadoria. Da Licença para Repouso à Gestante
Parágrafo único – A inspeção, para os efeitos deste
artigo, será realizada obrigatoriamente por uma junta Art. 120 – À funcionária gestante será concedida licen-
composta de pelo menos 3 (três) médicos. ça, pelo prazo de 4 (quatro) meses.
Art. 113 – O funcionário que se recusar à inspeção Parágrafo único – Salvo prescrição médica em contrá-
médica ficará impedido do exercício do seu cargo, até rio, a licença será concedida a partir do oitavo mês de
que se verifique a inspeção. gestação.
Parágrafo único – Os dias em que o funcionário, por Art. 121 – À funcionária gestante, quando em serviço
força do disposto neste artigo, ficar impedido do exer- incompatível com seu estado, se aplicará, a partir do
cício do cargo, serão tidos como faltas ao serviço. quinto mês da gestação e até o início da licença de
Art. 114 – No curso da licença poderá o funcionário que trata o artigo anterior, o disposto no inciso I, do
requerer inspeção médica, caso se julgue em condi- artigo 58.
ções de reassumir o exercício ou de ser aposentado. Art. 122 – A licença de que trata esta Seção será con-
Art. 115 – Quando a licença para tratamento de saúde cedida com vencimento e vantagens integrais.
for concedida em decorrência de acidente em serviço
ou de doença profissional, esta circunstância se fará
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

SEÇÃO V
expressamente consignada. Da Licença para Serviço Militar
§ 1º - Considera-se acidente em serviço todo aque-
le que se verifique pelo exercício das atribuições do Art. 123 – Ao funcionário que for convocado para ser-
cargo, provocando, direta ou indiretamente, lesão viço militar ou outro encargo da segurança nacional,
corporal, perturbação funcional ou doença que deter- será concedida licença pelo prazo que durar a sua in-
mine a morte; a perda total ou parcial, permanente corporação ou convocação.
ou temporária, da capacidade física ou mental para § 1º - A licença será concedida à vista do documento
o trabalho. oficial que prove a incorporação ou convocação.
§ 2º - Equipara-se ao acidente em serviço o ocorrido § 2º - Do vencimento descontar-se-á a importância
no deslocamento entre a residência e o local do tra- que o funcionário percebe na qualidade de incorpora-
balho, bem como o dano resultante da agressão não do, salvo se optar pelas vantagens do serviço militar.
provocada, sofrida pelo funcionário no desempenho § 3º - Ao funcionário desincorporado ou desconvocado
do cargo ou em razão dele. conceder-se-á prazo não excedente de 30 (trinta) dias
§ 3º - A prova do acidente será feita em processo es- para que reassuma o exercício, sem perda do venci-
pecial, no prazo de 8 (oito) dias, prorrogável por igual mento.
período, quando as circunstâncias o exigirem.

119
Art. 124 – Ao funcionário oficial da reserva das Forças § 4º - Para apuração do quinquênio computar-se-á,
Armadas será também concedida a licença referida no também, o tempo de serviço prestado anteriormente
artigo anterior durante os estágios previstos pelos re- em outro cargo estadual, desde que entre um e outro
gulamentos militares. não haja interrupção de exercício.
Parágrafo único – Quando o estágio for remunerado, Art. 130 – O direito à licença-prêmio não tem prazo
assegurar-se-lhe-á o direito de opção. para ser exercitado.
Art. 131 – A competência para a concessão de licença-
SEÇÃO VI -prêmio é do Diretor da Divisão de Pessoal do Departa-
Da Licença para Acompanhar o Cônjuge mento de Administração de cada Secretaria de Estado
ou de órgão diretamente subordinado ao Governador.
Art. 125 – O funcionário casado terá direito à licença Art. 132 – O funcionário investido em cargo de provi-
sem vencimento quando se cônjuge for exercer man- mento em comissão ou função gratificada será licen-
dato eletivo ou, sendo militar ou servidor da Adminis- ciado com o vencimento e vantagens do cargo de que
tração Direta, de autarquia, de empresa pública, de seja ocupante efetivo.
sociedade de economia mista ou de fundação institu- Art. 133 – Quando o funcionário ocupar cargo em co-
ída pelo Poder Público, for mandado servir, ex officio, missão ou função gratificada por mais de 5 (cinco) anos,
em outro ponto do território estadual, nacional ou no apurados na forma do artigo 129, assegurar-se-lhe-á,
exterior. no gozo da licença, importância igual à que venha per-
Parágrafo único – Existindo no novo local de residên- cebendo pelo exercício do cargo em comissão ou da fun-
cia órgão estadual, o funcionário nele será lotado, ha- ção gratificada.
vendo claro, ou não havendo, poderá ser-lhe concedi- Parágrafo único – Adquirido o direito à licença-prêmio
da, em caso de interesse da Administração, permissão de acordo com o estabelecido neste artigo, a ulterior
de exercício, enquanto ali durar sua permanência. exoneração do cargo em comissão ou dispensa da
Art. 126 – A licença dependerá de pedido devidamente função gratificada não prejudicará a forma de remu-
instruído, que deverá ser renovado de 2 (dois) em 2 neração nele adotada, quando do efetivo gozo da li-
(dois) anos; finda a sua causa, o funcionário deverá re- cença pelo funcionário.
Art. 134 – Em caso de acumulação de cargos, a licen-
assumir o exercício dentro de 30 (trinta) dias, a partir
ça-prêmio será concedida em relação a cada um de-
dos quais a sua ausência será computada como falta
les, simultânea ou separadamente.
ao trabalho.
Parágrafo único – Será independente o cômputo do
Art. 127 – Independentemente do regresso do cônjuge,
quinquênio em relação a cada um dos cargos acumu-
o funcionário poderá reassumir o exercício a qualquer
láveis.
tempo, não podendo, neste caso, renovar o pedido de
Art. 135 – A licença-prêmio poderá ser gozada inte-
licença senão depois de 2 (dois) anos da data da reas-
gralmente, ou em períodos de 1 (um) a 2 (dois) meses.
sunção, salvo se o cônjuge for transferido novamente.
Parágrafo único – Se a licença for gozada em períodos
Art. 128 – As normas desta Seção aplicam-se aos fun-
parcelados, deve ser observado intervalo obrigatório
cionários que vivem maritalmente, desde que haja im-
de 1 (um) ano entre o término de um período e o início
pedimento legal ao casamento e convivência por mais
de outro.
de 5 (cinco) anos.
Art. 136 – O funcionário poderá, a qualquer tempo, re-
SEÇÃO VII assumir o exercício do seu cargo, condicionado o gozo
Da Licença-Prêmio dos dias restantes da licença à regra contida no artigo
anterior.
Art. 129 – Após cada quinquênio de efetivo exercício
Parágrafo único – Se na interrupção da licença se veri-
prestado ao Estado, ou a suas autarquias, ao funcioná-
ficar que o funcionário gozou período não conforme o
rio que a requerer, conceder-se-á licença-prêmio de 3
disposto no artigo 135, o prazo restante da licença re-
(três) meses, com todos os direitos e vantagens de seu
ferente ao mesmo quinquênio, qualquer que seja ele,
cargo efetivo.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ficará insuscetível de gozo, sendo computável apenas


§ 1º - Não será concedida a licença-prêmio se houver o
para efeito de aposentadoria, nos termos do artigo 80,
funcionário, no quinquênio correspondente:
1) sofrido pena de suspensão ou de multa; inciso VII.
2) faltado ao serviço, salvo se abonada a falta; Art. 137 – É vedado transformar em licença-prêmio
3) gozado as licenças para tratamento de saúde, por faltas ao serviço ou qualquer outra licença concedida
motivo de doença em pessoa da família e por motivo de ao funcionário.
afastamento do cônjuge, por prazo superior a 90 (no-
venta) dias, em cada caso. SEÇÃO VIII
§ 2º - Suspender-se-á, até o limite de 90 (noventa) dias, Da Licença para Desempenho de Mandato Legisla-
em cada uma das licenças referidas no item 3, do pa- tivo ou Executivo
rágrafo anterior, a contagem de tempo de serviço para
efeito de licença-prêmio. Art. 138 – O funcionário será licenciado sem venci-
§ 3º - O gozo da licença prevista no inciso III, do art. 97, mento ou vantagens de seu cargo efetivo, para desem-
não prejudicará a contagem do tempo de serviço para penho de mandato eletivo, federal ou estadual.
efeito de licença-prêmio. Parágrafo único – A licença a que se refere este artigo
será concedida a partir da diplomação do eleito, pela
Justiça Eleitoral, e perdurará pelo prazo do mandato.

120
Art. 139 – O funcionário investido no mandato eleti- III – vencimento e vantagens do dia em que não com-
vo de Prefeito ou Vice-Prefeito ficará licenciado desde parecer ao serviço, salvo o disposto no inciso XIX, do
a diplomação pela Justiça Eleitoral, até o término do artigo 79;
mandato, sendo-lhe facultado optar pela percepção IV – vencimento e vantagens do dia, se comparecer ao
do vencimento e vantagens do seu cargo efetivo. serviço após os 60 (sessenta) minutos seguintes à hora
Art. 140 – Quando o funcionário exercer, por nomea- inicial do expediente, ou se sem autorização por mais
ção, mandato executivo federal ou municipal, ficará, de 60 (sessenta) minutos;
desde a posse, licenciado sem vencimento e vantagens V – 1/3 (um terço) do vencimento e vantagens do dia,
do seu cargo efetivo, ressalvado, para o âmbito muni- se comparecer ao serviço dentro dos 60 (sessenta) mi-
cipal, o direito de opção pela remuneração do cargo nutos seguintes à hora inicial do expediente ou retirar-
efetivo. -se sem autorização, dentro dos 60 (sessenta) minutos
Art. 141 – Investido o funcionário no mandato de Ve- finais, ou, ainda, ausentar-se sem autorização por pe-
reador e havendo compatibilidade de horários, perce- ríodo inferior a 60 (sessenta) minutos.
berá o vencimento e as vantagens do seu cargo sem § 1º - No caso de faltas sucessivas serão computados,
prejuízo dos subsídios a que faz jus; inexistindo com- para efeito de descontos, os sábados, domingos, feria-
patibilidade, ficará afastado do exercício do seu cargo dos e pontos facultativos intercalados.
sem percepção do vencimento e vantagens. § 2º - Na hipótese do inciso V, os descontos acumuláveis
havidos em um mesmo mês não serão convertidos em
CAPÍTULO IV faltas para efeito de contagens de tempo de serviço.
O Vencimento Art. 146 – Nenhum funcionário poderá perceber menos
do que o salário-mínimo vigente na capital do Estado.
Art. 142 – Vencimento é a retribuição pelo efetivo exer- Art. 147 – O vencimento, o provento, ou qualquer van-
cício do cargo, correspondente à referência ou símbolo tagem pecuniária não sofrerá descontos além dos pre-
fixado em lei. vistos em lei, nem será objeto de penhora, salvo quando
Art. 143 – Perderá o vencimento e vantagens do cargo se tratar de:
efetivo o funcionário que se afastar: I – prestação de alimentos determinada judicialmente;
I – para prestar serviço à União, a outro Estado, a Mu- II – dívida para com a Fazenda Pública.
nicípio, a sociedade de economia mista, a empresa pú- Art. 148 – As reposições e indenizações devidas à Fa-
blica, a fundação instituída pelo Poder Público ou a zenda Estadual serão descontadas, em parcelas men-
Organização Internacional, salvo quando, a juízo do sais consecutivas, não excedentes da décima parte do
Governador, reconhecido o afastamento como de inte- vencimento ou provento, exceto na ocorrência de má
resse do Estado; fé, hipótese em que não se admitirá parcelamento.
II – em decorrência de prisão administrativa, salvo se § 1º - Será dispensada a reposição nos casos em que
inocentado afinal; a percepção indevida tiver decorrido de entendimento
III – para exercer cargo em comissão, ressalvado o di- expressamente aprovado pelo Órgão Central do Sis-
reito de opção e o de acumulação legal; tema de Pessoal Civil ou pela Procuradoria-Geral do
IV – para estágio experimental. Estado.
§ 2º - Quando o funcionário for exonerado, demitido
Parágrafo único – Os afastamentos de que tratam os ou vier a falecer, a quantia devida será inscrita como
incisos deste artigo não implicam suspensão de paga- dívida ativa e cobrada judicialmente.
mento adicional por tempo de serviço, em cujo gozo se
encontre o funcionário. CAPÍTULO V
Art. 144 – O funcionário perderá, ainda, o vencimento Das Vantagens
e vantagens do seu cargo: SEÇÃO I
I – enquanto durar o mandato eletivo, federal ou es- Disposições Gerais
tadual;
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II – enquanto durar o mandato executivo municipal, Art. 149 – Além do vencimento, poderá o funcionário
eletivo ou por nomeação, salvo o direito de opção pre- perceber as seguintes vantagens pecuniárias:
visto nos artigos 139 e 140; I – adicional por tempo de serviço;
III – quando estiver no efetivo exercício de seu manda- II – gratificações;
to, se eleito Vereador, e se, havendo incompatibilida- III – ajuda de custo e transporte ao funcionário man-
de de horários com o exercício de seu cargo, dele ficar dado servir em nova sede;
afastado. IV – diárias, àquele que, em objeto de serviço, se des-
Art. 145 – O funcionário deixará de receber:
locar eventualmente da sede.
I – 1/3 (um terço) do vencimento e vantagens, durante
o afastamento por motivo de suspensão preventiva ou
SEÇÃO II
recolhimento à prisão por ordem judicial não decor-
Do Adicional por Tempo de Serviço
rente de condenação definitiva, ressalvado o direito à
diferença se absolvido afinal, ou se o afastamento ex-
Art. 150 – O adicional por tempo de serviço será ob-
ceder o prazo de condenação definitiva;
jeto de disciplina própria a ser baixada, observado o
II – 2/3 (dois terços) do vencimento e vantagens, du-
disposto no artigo 19, do Decreto-Lei nº 408, de 02 de
rante o cumprimento, sem perda do cargo, de pena
fevereiro de 1979, e no § 6º do artigo 7º do Decreto-
privativa de liberdade;
-Lei nº 415, de 20 de fevereiro de 1979.

121
SEÇÃO III SUBSEÇÃO IV
Das Gratificações Da Gratificação pela Prestação de
SUBSEÇÃO I Serviço Extraordinário
Disposições Gerais
Art. 158  – A gratificação pela prestação de serviço
Art. 151 – Conceder-se-á gratificação: extraordinário se destina a remunerar as atividades
I – de função; executadas fora do período normal de trabalho a que
II – pelo exercício de cargo em comissão; estiver sujeito o funcionário, no desempenho de seu
III – pela prestação de serviço extraordinário; cargo efetivo.
IV – de representação de Gabinete; Parágrafo único – A prestação de serviço extraordiná-
V – de representação de Gabinete; rio poderá dar-se em outro órgão que não o de lotação
VI – pela participação em órgão de deliberação coletiva; do funcionário, desde que se manifestem favoravel-
VII – pelo exercício:
mente os respectivos dirigentes.
a) de encargos de auxiliar ou membro de banca ou
Art. 159 – A duração normal do trabalho dos funcio-
comissão examinadora de concurso;
nários da Administração Direta poderá, excepcional-
b) de atividade temporária de auxiliar ou professor de
curso oficialmente instituído. mente, ser acrescida de horas extraordinárias, respei-
tado o limite de duas horas diárias, não se admitindo
SUBSEÇÃO II recusa por parte do funcionário em prestá-las.
Da Gratificação de Função Parágrafo único – Os limites a que se refere o artigo
poderão ser ampliados, havendo concordância expres-
Art. 152 – Gratificação de função é a que corresponde sa do funcionário designado para a realização do ser-
ao exercício de função gratificada instituída e remu- viço extraordinário, observado, porém, o disposto no
nerada na forma do que dispõe a Seção II, Capítulo artigo 161.
II, Título II. Art. 160 – O acréscimo de horas extraordinárias, pro-
Art. 153 – A gratificação de função será mantida nos posto pelo chefe da unidade administrativa interessa-
casos de afastamento previstos nos incisos I, II, VII, VIII, da e ouvida a Inspetoria Setorial de Finanças sobre
X, XI, XII, XIII, XIV, XVII, exceto convocação para serviço a existência de saldo na dotação orçamentária, será
militar, e XIX, do artigo 79. submetido às autoridades diretamente subordinadas
Parágrafo único – Na hipótese do afastamento refe- ao Governador, para autorização, que será publicada
rido no inciso VI do artigo 79, obedecer-se-á, quando no órgão oficial.
for o caso, ao disposto no artigo 133. Parágrafo único – A proposta deverá caracterizar a na-
Art. 154 – O exercício de função gratificada impede o tureza da medida e justificar a necessidade da presta-
recebimento da gratificação pela prestação de serviço ção do serviço em horário extraordinário.
extraordinário. Art. 161 – A gratificação pela prestação de serviço ex-
traordinário será paga por hora de trabalho prorroga-
Art. 155 – Além do exercício de função gratificada re-
do ou antecipado, ressalvados os casos previstos neste
gularmente instituída, poderá ser atribuída, na forma
regulamento.
de regulamentação específica, gratificação de função
§ 1º - O valor da hora extraordinária será obtido di-
a funcionários que desempenhem atividades especiais
vidindo-se o valor da referência correspondente ao
ou excedentes às atribuições de seu cargo, vedado o
vencimento mensal, que regulou a duração normal
seu recebimento cumulativo com as gratificações es-
do trabalho, por 30 (trinta) vezes o número de horas
pecíficas das funções de confiança.
da jornada normal, aumentado de 25% (vinte e cinco
por cento) o resultado, salvo em se tratando de ser-
SUBSEÇÃO III viço extraordinário noturno, como tal considerado o
Da Gratificação pelo Exercício de que for prestado entre as 22 (vinte e duas) horas de
Cargo em Comissão um dia e as 5 (cinco) horas do dia imediato, hipótese
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

em que o aumento será de 50% (cinquenta por cen-


Art. 156  – A gratificação pelo exercício de cargo em to).
comissão equivale a 70% do valor fixado para o sím- § 2º - A gratificação pela prestação de serviço extra-
bolo a ele correspondente, e a ela faz jus o funcionário ordinário não poderá exceder, em cada mês, a 50%
que, no exercício desse cargo, haja optado pelo venci- (cinquenta por cento) do valor da referência correspon-
mento do seu cargo efetivo, conforme o estabelecido dente ao vencimento.
no artigo 23, segunda parte. Art. 162 – Ao funcionário não se concederá gratifica-
Art. 157 – À gratificação de que trata o artigo anterior, ção por serviço extraordinário quando:
aplica-se o disposto nos artigos 153 e 154. I – no exercício de cargo em comissão ou função gra-
tificada;
II – a prestação do serviço extraordinário decorrer de
execução de atividade a ser retribuída pela gratifica-
ção:
a) de representação de Gabinete;
b) de encargo de auxiliar ou membro de banca ou co-
missão examinadora de concurso;

122
c) de atividade temporária de auxiliar ou professor de V – licenças para tratamento de saúde e repouso à
curso oficialmente instituído; gestante;
III – em regime de acumulação de cargos, empregos VI – faltas até o máximo de 3 (três) durante o mês, por
ou funções. motivo de doença comprovada pelo órgão competen-
Art. 163 – Considerar-se-ão automaticamente auto- te, inclusive quando em pessoa da família.
rizadas as horas extraordinárias ocorridas em virtude
de acidente com o equipamento de trabalho, incêndio, SUBSEÇÃO VI
inundação e outros motivos de casos fortuitos ou de Da Gratificação pela Participação em Órgão de De-
força maior. liberação Coletiva
Parágrafo único – As horas extraordinárias a que se
refere este artigo poderão ser compensadas posterior- Art. 169 – A gratificação pela participação em órgão
mente por folga em período equivalente. de deliberação coletiva destina-se a remunerar a pre-
Art. 164 – Não será submetido ao regime de serviço sença dos componentes dos órgãos colegiados regu-
extraordinário: larmente instituídos.
I – o funcionário em gozo de férias ou licenciado; § 1º - A gratificação de que trata este artigo será fi-
II – o ocupante de cargo beneficiado por horário espe- xada por decreto em base percentual calculada sobre
cial em virtude do exercício de atividades com risco de o valor de símbolo de cargo em comissão ou função
vida ou saúde. gratificada, e paga por dia de presença às sessões do
Art. 165 – A gratificação por serviço extraordinário tem órgão colegiado.
caráter transitório, não gerando a sua percepção qual- § 2º - Compete ao Governador arbitrar a ajuda de cus-
quer direito de incorporação ao vencimento ou proven- to a ser paga ao funcionário designado para missão
to de aposentadoria, sobre ela não incidindo o cálculo no exterior.
de qualquer vantagem. Art. 170 – É vedada a participação do funcionário em
Parágrafo único – O desempenho de atividades em ho- mais de um órgão de deliberação coletiva, salvo quan-
ras extraordinárias não será computado como tempo do na condição de membro nato.
de serviço público para qualquer efeito. Parágrafo único – Quando o funcionário for membro
nato de mais de um órgão de deliberação coletiva,
SUBSEÇÃO V poderá optar pela gratificação de valor mais elevado.
Da Gratificação de Representação de Gabinete Art. 171 – A gratificação pela participação em órgão
de deliberação coletiva é acumulável com quaisquer
Art. 166 – A gratificação de representação de Gabinete outras vantagens pecuniárias atribuídas ao funcioná-
é a que tem por fundamento a compensação de des- rio.
pesas de apresentação inerentes ao local do exercício Parágrafo único – Durante os afastamentos legais
ou a remuneração de encargos especiais. do titular, apenas o suplente perceberá a gratificação
Parágrafo único – A representação dos funcionários pela participação em órgão de deliberação coletiva.
ocupantes de cargo em comissão ou função gratifica-
da é a fixada em lei. SUBSEÇÃO VII
Art. 167 – A gratificação poderá ser concedida: Da Gratificação pela Participação em Banca Exami-
I – aos funcionários em exercício nos Gabinetes dos nadora
Secretários de Estado, nos Gabinetes da Governadoria De Concurso ou em Curso Oficialmente Instituído
e nos da Procuradoria Geral do Estado e Procuradoria
Geral da Justiça; Art. 172 – Pelo exercício de encargo de auxiliar ou
II – Aos funcionários que, a critério dos titulares dos membro de banca ou comissão examinadora de con-
órgãos referidos no inciso anterior, assim devam ser curso ou de atividade temporária de auxiliar ou pro-
remunerados. fessor de curso oficialmente instituído, ao funcionário
§ 1º - O valor global da gratificação de representação será atribuída gratificação conforme o estabelecido
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de Gabinete, por Secretaria, será aprovado pelo Go- nesta Subseção.


vernador, ouvida a Secretaria de Planejamento e Co- Art. 173 – Entende-se como encargo de membro de
ordenação Geral quanto aos aspectos orçamentários banca ou comissão examinadora de concurso a tarefa
e financeiros. desempenhada, por designação especial de autorida-
§ 2º  - O valor individual da gratificação será fixado de competente, no planejamento, organização e apli-
em tabela aprovada pelos titulares dos órgãos referi- cação de provas, correção e apuração dos resultados,
dos no inciso II deste artigo, observado o disposto no revisão e decisão dos recursos interpostos, até a clas-
parágrafo anterior, não podendo exceder a 50% (cin- sificação definitiva, nos concursos, provas de seleção
quenta por cento) do vencimento do cargo efetivo do ou de habilitação, quando eventualmente realizados
funcionário. pelos órgãos da Administração Direta do Estado para
Art. 168 – A gratificação de representação de Gabinete provimento de cargos, preenchimento de empregos ou
não será suspensa nos afastamentos seguintes: admissão a cursos oficialmente instituídos.
I – férias; Art. 174 – Professor de curso oficialmente instituído é
II – casamento; o designado pela autoridade competente, para exercer
III – luto; atividade temporária de magistérios nas áreas de trei-
IV – júri e outros serviços obrigatórios por lei; namento e aperfeiçoamento de pessoal.

123
Art. 175 – Somente funcionário do Estado poderá ser Art. 183 – O funcionário restituirá a ajuda de custo:
designado para exercer as atividades de auxiliar de I – quando se transportar para a nova sede ou local
banca ou comissão examinadora de concurso, ou para da missão, nos prazos determinados;
a atividade temporária de auxiliar de curso oficial- II – quando, antes de decorridos 3 (três) meses do des-
mente instituído. locamento ou do término da incumbência, regressar,
Art. 176  – A gratificação pelo exercício de atividade pedir exoneração ou abandonar o serviço.
temporária de auxiliar de professor de curso oficial- § 1º - A restituição é de exclusiva responsabilidade do
mente instituído somente será atribuída ao funcio- funcionário e não poderá ser feita parceladamente.
nário se o trabalho for realizado além das horas de § 2º - O funcionário que houver percebido ajuda de
expediente a que está sujeito. custo não entrará em gozo de licença-prêmio antes de
Art. 177 – As gratificações de que trata esta Subseção decorridos 90 (noventa) dias de exercício na nova sede,
serão arbitradas, em cada caso, pelo Governador, me- ou de finda a missão.
diante proposta fundamentada do órgão promotor do § 3º - Não haverá obrigação de restituir:
curso ou do concurso. 1) quando o regresso do funcionário for determina-
Art. 178 – A concessão das gratificações de que cuida do ex officio ou decorrer de doença comprovada ou de
esta Subseção não prejudicará a percepção cumula- motivo de força maior;
tiva de outras vantagens pecuniárias atribuídas ao 2) quando o pedido de exoneração for apresentado
funcionário. após 90 (noventa) dias de exercício na nova sede ou
local da missão.
SEÇÃO IV
Da Ajuda de Custo e da Indenização de Transporte SUBSEÇÃO II
Ao Funcionário Mandado Servir em Nova Sede Da Indenização de Transporte
SUBSEÇÃO I Ao Funcionário Mandado Servir em Nova Sede
Da Ajuda de Custo
Art. 184 – Independentemente da ajuda de custo con-
Art. 179 – Será concedida ajuda de custo, a título de
cedida ao funcionário, a este será assegurado trans-
compensação das despesas de viagem, mudança e
porte para a nova sede, inclusive para seus depen-
instalação, ao funcionário que, em razão de exercício
em nova sede com caráter de permanência, efetiva- dentes.
mente deslocar sua residência. § 1º - O funcionário que utilizar condução própria
Art. 180 – A ajuda de custo será arbitrada pelos Secre- no deslocamento para nova sede fará jus, para in-
tários de Estado ou dirigentes de órgãos diretamen- denização da despesa de transporte, à percepção da
te subordinados ao Governador e não será inferior a importância integral correspondente ao valor da ta-
uma nem superior a três vezes a importância corres- rifa rodoviária no mesmo percurso, acrescida de 50%
pondente ao vencimento do funcionário, salvo quan- (cinquenta por cento) do referido valor por dependente
do se tratar de missão no exterior. que o acompanhe, até o máximo de 3 (três).

§ 1º - No arbitramento da ajuda de custo serão leva- § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, a Adminis-
dos em conta o vencimento do cargo do funcionário tração fornecerá passagens para o transporte rodovi-
designado para nova sede ou missão no exterior, as ário dos dependentes que comprovadamente não via-
despesas a serem por ele realizadas, bem como as jem em companhia do funcionário.
condições de vida no local do novo exercício ou no Art. 185 – Nos deslocamentos a que se refere o artigo
desempenho da missão. 179, serão custeados pela Administração o transpor-
§ 2º - Compete ao Governador arbitrar a ajuda de te do mobiliário e bagagens do funcionário e de seus
custo a ser paga ao funcionário designado para mis- dependentes, observado o limite máximo de 12,00m³
(doze metros cúbicos) ou 4.500kg (quatro mil e qui-
são no exterior.
nhentos quilogramas) por passagem inteira, até o nú-
Art. 181 – Sem prejuízo das diárias que lhe couberem,
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mero de duas, acrescida de 3,00m³ (três metros cúbi-


o funcionário obrigado a permanecer fora da sede de
cos) ou 900kg (novecentos quilogramas) por passagem
sua unidade administrativa, em objeto de serviço, por adicional, até o máximo de 3 (três).
mais de 30 (trinta) dias, perceberá ajuda de custo cor- Art. 186 – São considerados dependentes do funcioná-
respondente a um mês do vencimento de seu cargo. rio, para efeitos desta Subseção:
Parágrafo único – A ajuda de custo será calculada I – o cônjuge ou a companheira legalmente equipa-
sobre o valor atribuído ao símbolo do cargo em co- rada;
missão, quando o seu ocupante não for também de II – o filho de qualquer condição ou enteado, bem as-
cargo efetivo. sim o menor que, mediante autorização judicial, viva
Art. 182 – Não se concederá ajuda de custo: sob a guarda e o sustento do funcionário;
I – ao funcionário que, em virtude de mandato legis- III – os pais, sem economia própria, que vivam a expen-
lativo ou executivo, deixar ou reassumir o exercício sas do funcionário;
do cargo; IV – 1 (um) empregado doméstico, desde que compro-
II – ao funcionário posto a serviço de qualquer outra vada essa condição.
entidade de direito público; § 1º - Atingida a maioridade, os referidos no inciso II
III – quando a designação para a nova sede se der a deste artigo perdem a condição de dependente, exceto
pedido. a filha que se conservar solteira e sem economia pró-

124
pria, o filho inválido e, até completar 24 (vinte e qua- I – de alimentação e pousada, nos deslocamentos supe-
tro) anos, quem for estudante, sem exercer qualquer riores a 100km (cem quilômetros) de distância da sede,
atividade lucrativa. desde que o pernoite se realize por exigência do serviço;
§ 2º - Para efeito do disposto neste artigo, sem econo- II – de alimentação, nos deslocamentos inferiores a
mia própria significa não perceber rendimento em im- 100km (cem quilômetros) e superiores a 50km (cin-
portância igual ou superior ao valor do salário-mínimo quenta quilômetros) de distância da sede;
vigente na região em que resida. III – em qualquer caso:
Art. 187 – Em face da peculiaridade do serviço, poderá a) de alimentação e pousada, quando o afastamento
ser concedido o pagamento da indenização de despesa da sede exceder de 18 (dezoito) horas;
de transporte aos funcionários que tenham assegu- b) de alimentação, quando o afastamento for inferior
rado o direito ao uso individual de viaturas oficiais e a 18 (dezoito) e superior a 8 (oito) horas.
que utilizarem veículo próprio no desempenho de suas Art. 195 – O valor da diária resultará da incidência de
funções, conforme faixas de remuneração a serem de-
percentuais sobre o valor básico da UFERJ, atendida
finidas em Resolução do Secretário de Estado de Ad-
a tabela que for expedida por ato do Governador, ob-
ministração.
servados, em sua elaboração, a natureza, o local, as
§ 1º - Na Resolução a que se refere este artigo serão
reservadas faixas próprias de indenização de despesa condições do serviço e o vencimento do funcionário.
de transporte a serem atribuídas aos funcionários que, Art. 196 – Não se concederá diária:
para o desempenho de seus cargos, tenham de se des- I – durante o período de trânsito;
locar habitualmente pelo interior do Estado. II – quando o deslocamento se constituir em exigência
§ 2º - Os valores da indenização serão fixados de acor- permanente do exercício do cargo ou da função;
do com os índices apurados pela Superintendência de III – quando o município para o qual se deslocar o fun-
Transportes Oficiais e aprovados pelo Governador. cionário seja contíguo ao da sua sede, constituindo-se,
Art. 188 – A autorização para a utilização da viatura em relação a este, em unidade urbana e apresentando
de propriedade do funcionário a serviço do Estado será facilidade de transporte, ressalvadas as hipóteses do
da competência do Secretário de Estado de Adminis- inciso III do artigo 194;
tração, por intermédio da Superintendência de Trans- IV – quando as despesas do deslocamento correrem
portes Oficiais, ouvido o órgão interessado. por conta de outras entidades subordinadas ou vincu-
Art. 189 – Concedida a autorização, o Estado não se ladas à Administração Pública.
responsabilizará por danos causados a terceiros, ou ao Art. 197 – Ao regressar à sede, o funcionário restituirá,
veículo, ainda que a ocorrência se verifique em serviço. dentro do prazo de 48 (quarenta e oito) horas, as im-
Parágrafo único – Todas as despesas decorrentes do portâncias recebidas em excesso.
uso do veículo correrão por conta do usuário. Parágrafo único – O descumprimento do disposto
Art. 190 – Quando convier, o Estado cancelará, em neste artigo ocasionará o desconto em folha das im-
qualquer época, a atribuição da indenização de des- portâncias recebidas em excesso pelo funcionário, sem
pesas de transporte, cuja concessão não gerará qual- prejuízo das sanções disciplinares aplicáveis à espécie.
quer direito à continuidade da respectiva percepção. Art. 198 – A concessão indevida de diárias sujeitará a
Art. 191 – É vedado o uso de viatura oficial por quem autoridade que as conceder à reposição de importân-
já seja portador de autorização para utilização de ve- cia correspondente, aplicando-se-lhe, e ao funcionário
ículo particular a serviço do Estado. que as receber, as cominações estatutárias pertinentes.
Parágrafo único – A infração do disposto neste artigo
sujeita o funcionário às penalidades cabíveis, cance- CAPÍTULO VI
lando-se, ainda, a autorização concedida em seu favor. Do Direito de Petição
Art. 192 – Ao receber a autorização para utilização de
viatura própria em serviço, o usuário assinará, na Su- Art. 199 – É assegurado ao funcionário o direito de
perintendência de Transportes Oficiais, o competente petição em toda a sua amplitude, assim como o de
“Termo de Compromisso”, submetendo-se aos precei- representar.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tos regulamentares da matéria. Art. 200 – O requerimento será dirigido à autoridade


competente para decidi-lo e encaminhado por inter-
SEÇÃO V médio daquela a quem estiver imediatamente subor-
Das Diárias dinado o requerente.
§ 1º - O erro na indicação da autoridade não preju-
Art. 193 – Ao funcionário que se deslocar, tempora- dicará a parte, devendo o processo ser encaminhado,
riamente, em objeto de serviço, da localidade onde por quem o detiver, à autoridade competente.
estiver sediada sua unidade administrativa, conceder- § 2º - Do requerimento constará:
-se-á, além de transporte, diária, a título de compen- 1) o nome, cargo, matrícula, unidade administrativa
sação das despesas de alimentação e pousada ou so- em que é lotado o funcionário, e sua residência;
mente de alimentação. 2) os fundamentos, de fato e de direito, da pretenção;
Parágrafo único – A vantagem de que trata este artigo 3) o pedido, formulado com clareza.
poderá também ser concedida ao servidor contratado, § 3º - Não será recebido, e se o for, não será despa-
no exercício de função gratificada, bem como ao es- chado, sem a prévia satisfação da exigência, o reque-
tagiário. rimento que não contiver as indicações do item 1, do
Art. 194 – Será concedida diária: parágrafo anterior.

125
§ 4º - O requerimento será instruído com os documen- § 4º - A prescrição interrompida recomeça a correr,
tos necessários, facultando-se ao funcionário, median- pela metade do prazo, da data do ato que a interrom-
te petição fundamentada, a respectiva anexação no peu, ou do último ato do processo para a interromper.
curso do processo. § 5º - Não correrá a prescrição enquanto o processo
§ 5º - Os documentos poderão ser apresentados por estiver em estudo.
cópia, fotocópia, xerocópia ou reprodução permanen- Art. 205 – Após despacho decisório, ao funcionário in-
te por processo análogo, autenticada em cartório ou teressado ou a seu representante legal é assegurado o
conferida na apresentação pelo servidor que a receber. direito de vista do processo administrativo, no recinto
§ 6º - Excetuam-se da disposição de que trata o pa- do órgão competente e durante seu horário de expe-
rágrafo precedente as certidões de tempo de serviço, diente.
que serão apresentadas sempre em seus originais, e Art. 206 – É assegurada a expedição de certidões de
outros documentos que assim sejam exigidos pela Ad- atos ou peças de processos administrativos, requeridas
ministração. para defesa de direito do funcionário ou para esclare-
§ 7º - Nenhum documento será devolvido sem que cimento de situações.
dele fique, no processo, cópia ou reprodução autenti- Art. 207 – A certidão deverá ser requerida com indica-
cada pela repartição. ção de finalidade específica a que se destina, a fim de
Art. 201 – Da decisão que for prolatada caberá, sem- que se possa verificar o legítimo interesse do reque-
pre, pedido de reconsideração. rente na sua obtenção.
§ 1º - O pedido de reconsideração será diretamente § 1º - Quando a finalidade da certidão for instruir pro-
encaminhado à autoridade que houver expedido o ato cesso judicial, deverão ser mencionados o direito em
ou proferido a decisão, não podendo ser renovado. questão, o tipo de ação, o nome das partes e o respec-
§ 2º - O requerimento e o pedido de reconsideração tivo juízo, se a ação já tiver sido proposta.
terão prazo de 8 (oito) dias para sua instrução e enca- § 2º - Se o requerimento for assinado por procurador,
minhamento, e serão decididos no prazo máximo de deverá ser juntado o competente instrumento de man-
30 (trinta) dias, salvo em caso que obrigue a realiza- dato.
ção de diligência ou de estudo especial. Art. 208 – A competência para decidir sobre o pedido
§ 3º - A autoridade que receber o pedido de reconsi- de certidão é do Secretário de Estado, das autorida-
deração poderá processá-lo como recurso hierárquico, des do mesmo nível e dos presidentes das autarquias a
encaminhando-o à autoridade superior. quem estiver subordinada a autoridade incumbida de
Art. 202 – Caberá recurso hierárquico: expedi-la, podendo ser delegada.
I – do indeferimento do pedido de reconsideração; Art. 209 – O pedido de certidão será indeferido quan-
II – das decisões sobre os recursos sucessivamente in- do:
terpostos.
§ 1º - Ressalvado o disposto no Decreto-Lei nº 114, I – o requerente não tiver interesse legítimo no pro-
de 22 de maio de 1975, o recurso será decidido pela cesso;
autoridade imediatamente superior àquela que tiver II – a matéria a certificar se referir a:
expedido o ato ou proferido a decisão, sucessivamente, a) assunto cuja divulgação afete a segurança pública;
em escala ascendente, pelas demais autoridades. b) pareceres ou informações, salvo se a decisão profe-
§ 2º - No processamento do recurso observar-se-á o rida aos mesmos se reporte;
disposto no § 2º do artigo 201. c) processo sem decisão final da Administração.
Art. 203 – O pedido de reconsideração e o recurso Art. 210 – Caberá o pronunciamento da Procuradoria
hierárquico não têm efeito suspensivo, mas o que for Geral do Estado:
provido retroagirá, em seus efeitos, à data do ato im- I – nos pedidos de certidões formulados pelo Poder
pugnado. Judiciário;
Art. 204 – O direito de pleitear na esfera administrativa II – no caso de certidões para prova em juízo, se o
prescreverá: Estado for parte na ação em curso ou a ser proposta;
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

I – em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão, III – se a autoridade competente para autorizar a cer-
cassação de aposentadoria ou disponibilidade e quan- tidão tiver dúvidas sobre o requerimento, os documen-
to às questões que envolvam direitos patrimoniais; tos que o instruem ou sobre a maneira de atendê-lo.
II – em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, res- Parágrafo único – Nas hipóteses previstas nos incisos
salvados os previstos em leis especiais. I e III, em que o aludido pronunciamento é obrigató-
§ 1º - Se consumada a prescrição administrativa, pode- rio, a autoridade, ao encaminhar o processo, deverá
rá a Administração relevá-la caso seja ilegal o ato im- instruí-lo previamente com a minuta da certidão a ser
pugnado e não estiver exaurido o acesso à via judicial. expedida.
§ 2º - Os prazos de prescrição estabelecidos neste ar- Art. 211 – As certidões sobre matéria de pessoal só
tigo contar-se-ão da data da ciência do interessado, a serão fornecidas pelo Órgão Central do Sistema de
qual se presumirá da publicação do ato impugnado, Pessoal Civil, à vista de dados e elementos constantes
ou quando este for de natureza reservada, da data da dos seus registros.
ciência do interessado, que deverá constar sempre do
processo respectivo.
§ 3º - O pedido de reconsideração e o recurso hierár-
quico, quando cabíveis, interrompem a prescrição até
duas vezes.

126
CAPÍTULO VII TÍTULO VI
Da Inatividade Das Concessões
SEÇÃO I CAPÍTULO I
Da Disponibilidade Disposições Gerais

Art. 212 – Extinto o cargo, ou declarada sua desneces- Art. 225 - Sem prejuízo do vencimento, direitos e van-
sidade, por ato do Poder Executivo, será o funcionário, tagens, o funcionário poderá faltar ao serviço até (oito)
se estável, colocado em disponibilidade. dias consecutivos por motivo de:
§ 1º - O funcionário em disponibilidade perceberá I - casamento;
provento proporcional ao tempo de serviço e poderá II - falecimento do cônjuge, companheiro ou compa-
ser aproveitado em cargo de natureza e vencimento nheira, pais, filhos ou irmãos.
compatíveis com os do anteriormente ocupado. § 1º- Computar-se-ão, para os efeitos deste artigo, os sá-
§ 2º  - Restabelecido o cargo, ainda que modificada bados, domingos e feriados compreendidos no período.
a sua denominação, poderá nele ser aproveitado o § 2º - A qualidade de companheiro ou companheira,
funcionário posto em disponibilidade, quando de sua exclusivamente para esse efeito, será demonstrada
extinção ou da declaração de sua desnecessidade, res- pela coabitação por prazo mínimo de 02 (dois) anos,
salvado o direito de optar por outro cargo em que já desnecessária em havendo filho comum.
tenha sido aproveitado. Art. 226 - Ao licenciado para tratamento de saúde em
Art. 213 – O funcionário em disponibilidade poderá virtude de acidente em serviço ou doença profissional,
ser aposentado. que deva ser deslocado de sua sede para qualquer
ponto do território nacional, por exigência do laudo
SEÇÃO II médico, será concedido transporte à conta dos cofres
Da Aposentadoria estaduais, inclusive para um acompanhante.
§ 1º - Será, ainda, concedido transporte à família do
Art. 217 – Será aposentado o funcionário que for con- funcionário falecido no desempenho do serviço, fora
siderado inválido para o serviço e não puder ser rea- da sede de seus trabalhos, inclusive quando no exterior.
daptado, conforme o previsto no artigo 57. § 2º - Correrão, também, por conta do Estado, as des-
Art. 218 – A aposentadoria por invalidez será sempre pesas com a remoção e com o sepultamento do funcio-
nário falecido no desempenho do serviço.
precedida de licença por período não inferior a 24
Art. 227 - Ao funcionário estudante matriculado em
(vinte e quatro) meses, salvo quando ocorrer a hipóte-
estabelecimento de ensino de qualquer grau, oficial
se prevista no artigo 112.
ou reconhecido, será permitido faltar ao serviço, sem
Art. 221 – O funcionário que completar condições
prejuízo do seu vencimento ou de quaisquer direitos e
para aposentadoria voluntária fará jus à inclusão, no
vantagens, nos dias de provas ou de exames, median-
cálculo do provento, das vantagens do mais elevado
te apresentação de atestado fornecido pelo respectivo
cargo em comissão de Direção e Assessoramento Su-
estabelecimento. 
periores – DAS ou da função gratificada de Chefia e Art. 228 - Ao estudante que necessitar mudar de do-
Assistência Intermediárias – CAI, que tiver exercido na micílio para passar a exercer cargo ou função pública,
Administração Direta ou Autárquica no mínimo por será assegurada transferência do estabelecimento de
um ano, desde que: ensino que estiver cursando, para outro da nova re-
I – sem interrupção, nos últimos 5 (cinco) anos ime-
sidência, onde será matriculado em qualquer época,
diatamente anteriores à passagem para a inatividade,
independentemente de vaga, se integrante do sistema
o exercício de cargos em comissão ou funções gratifi-
estadual de ensino.
cadas;
Art. 229 - Os atos que deslocarem ex-offício os funcio-
II – com interrupção, mas por 10 (dez) anos, o referido
nários estudantes de uma para outra cidade ficarão
exercício.
suspensos, se, na nova sede ou em localidade próxima,
§ 1º - Em se tratando de cargo em comissão, a incorpo-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

não existir estabelecimento congênere, oficial, reconhe-


ração da vantagem se fará no valor correspondente a
70% (setenta por cento) do fixado no respectivo símbolo; cido ou equiparado àquele em que o interessado esteja
tratando-se de função gratificada, a vantagem será inte- matriculado.
gralmente incorporada. § 1º - Efetivar-se-á deslocamento se o funcionário
§ 2º - Para os efeitos deste artigo considerar-se-ão, concluir o curso, for reprovado, ou deixar de renovar
igualmente, quaisquer gratificações deferidas ao fun- sua matrícula.
cionário na qualidade de ocupante de função de con- § 2º - Anualmente o interessado deverá fazer prova,
fiança, as quais se incorporarão ao respectivo provento perante o órgão setorial de pessoal a que esteja subor-
pelo valor efetivamente percebido. dinado, de que está matriculado.
Art. 230 - O funcionário estudante matriculado em
estabelecimento de ensino que não possua curso no-
turno, poderá, sempre que possível, ser aproveitado
em serviços cujo horário não colida com o relativo ao
período das aulas.
Parágrafo único - Sendo impossível o aproveitamento
a que se refere o presente artigo, poderá o estudante,
com assentimento do respectivo chefe, iniciar o serviço

127
uma hora depois do expediente ou dele se retirar uma Art. 237 – A cota de salário-família por dependente
hora antes do seu término, conforme o caso, desde que inválido corresponderá ao triplo da cota normal.
a compense, prorrogando ou antecipando o expedien- Parágrafo único – A invalidez que caracteriza a de-
te normal. pendência é a comprovada incapacidade total e per-
Art. 231 - O funcionário terá preferência, para sua manente para o trabalho; ou presumida, em caso de
moradia, na locação de imóvel pertencente ao Estado. ancianidade.
Parágrafo único - A locação se fará pelo aluguel que Art. 238 – O salário-família será pago independen-
for fixado e mediante concorrência, que versará sobre temente de frequência do funcionário e não poderá
as qualificações preferenciais dos candidatos, relativas sofrer qualquer desconto, nem ser objeto de transação
ao número de dependentes, remuneração e tempo de ou consignação em folha de pagamento.
serviço público. Parágrafo único – O salário-família não está, tam-
Art. 232 - As concessões estabelecidas neste Título bém, sujeito a qualquer imposto ou taxa, nem servirá
aplicam-se: de base para qualquer contribuição, ainda que de fi-
I - aos servidores contratados no exercício de função nalidades previdenciária e assistencial.
gratificada, as constantes dos artigos 225, 226 e 227 e Art. 239 – O salário-família será pago mesmo nos ca-
as dos Capítulos II, III, IV, VI e VII, do Título VI; sos em que o funcionário ou inativo deixar de receber
II - aos estagiários, as dos artigos 225 e 226 e as dos o respectivo vencimento ou provento.
Capítulos IV, VI e VII, do Título VI. Art. 240 – Nos casos de acumulação legal de cargos,
o salário-família será pago somente em relação a um
CAPÍTULO II deles.
Do Salário-Família Art. 241 – Em caso de falecimento do funcionário ou
inativo, o salário-família continuará a ser pago aos
Art. 233 – Salário-família é o auxílio pecuniário espe- seus beneficiários.
cial concedido pelo Estado ao funcionário ou inativo, Parágrafo único – Se o funcionário ou inativo fale-
como contribuição ao custeio das despesas de manu- cido não se houver habilitado ao salário-família, a
tenção de sua família. Administração, mediante requerimento de seus bene-
Parágrafo único – A cada dependente relacionado no ficiários, providenciará o seu pagamento, desde que
artigo seguinte corresponderá uma cota de salário- atendidos os requisitos necessários à concessão desse
-família. benefício.
Art. 234 – Conceder-se-á salário-família: Art. 242 – O cancelamento do salário-família será fei-
I – por filho menor de 21 (vinte e um) anos, que não to de ofício nos casos de implemento da idade pelo
exerça atividade remunerada; dependente, salvo se o funcionário ou inativo, no caso
II – por filho inválido; de filho estudante que não exerça atividade remune-
III – por filha solteira, separada judicialmente ou di- rada, apresentar comprovação de frequência de curso
vorciada sem economia própria; secundário ou superior até 30 (trinta) dias antes de
IV – por filho estudante que frequente curso médio ou completar 21 (vinte e um) anos, e anualmente, por
superior e que não exerça atividade lucrativa, até a ocasião da matrícula escolar, até que atinja 24 (vinte
idade de 24 (vinte e quatro) anos; e quatro) anos.
V – pelo ascendente, sem rendimento próprio, que viva Parágrafo único – O cancelamento será feito, a re-
a expensas do funcionário; querimento do interessado, nos casos de exercício de
VI – pela esposa que não exerça atividade remune- atividade remunerada, falecimento, abandono de lar,
rada; casamento, separação judicial ou divórcio do depen-
VII – pelo esposo que não exerça atividade remunera- dente, respondendo o funcionário ou inativo, civil,
da, por motivo de invalidez permanente; penal e administrativamente pela omissão ou inexa-
VIII – pela companheira, assim conceituada na lei civil. tidão de suas declarações.
Parágrafo único – Compreendem-se neste artigo o fi- Art. 243 – O salário-família, relativo a cada depen-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lho de qualquer condição, o enteado, o adotivo e o dente, será devido a partir do mês em que tiver ocor-
menor que comprovadamente viva sob a guarda e o rido o fato ou ato que lhe deu origem, embora verifi-
sustento do funcionário. cado no último dia do mês.
Art. 235 – Quando pai e mãe forem funcionários ou Art. 244 – Deixará de ser devido o salário-família, re-
inativos de qualquer órgão público federal, estadual lativo a cada dependente, no mês seguinte ao em que
ou municipal, e viverem em comum, o salário-família se tenha verificado o ato ou fato que haja determina-
será concedido exclusivamente ao pai. do a sua supressão, embora ocorrido no primeiro dia
Parágrafo único – Se não viverem em comum, será do mês.
concedido ao que tiver os dependentes sob sua guar-
da; se ambos os tiverem, de acordo com a distribuição CAPÍTULO III
dos dependentes. Do Auxílio-Doença
Art. 236 – Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto e
a madrasta e, na falta deste, os representantes legais Art. 245 – Após cada período de 12 (doze) meses con-
dos incapazes ou os que, mediante autorização judi- secutivos de licença para tratamento de saúde, o fun-
cial, tenham sob sua guarda e sustento os dependen- cionário terá direito a um mês de vencimento, a título
tes a que se refere o artigo 234. de auxílio-doença.

128
§ 1º - Quando ocorrer o falecimento do funcionário, o Art. 252 – O auxílio-moradia corresponderá a 20%
auxílio-doença a que tiver feito jus será pago de acor- (vinte por cento) do vencimento-base do funcionário.
do com as normas que regulam o pagamento de ven- Art. 253 – O pagamento do auxílio-moradia é devido
cimento não recebido. a partir da data em que o funcionário passar a ter
§ 2º - O auxílio-doença não sofrerá descontos de qual- exercício na nova sede e cessará:
quer espécie, ainda que para fins de previdência e as- I – quando completar 1 (um) ano de serviço na nova sede;
sistência. II – quando passar a residir em imóvel pertencente ao
Art. 246 – O tratamento do funcionário acidentado em Poder Público.
serviço, acometido de doença profissional ou interna- Art. 254 – O auxílio-moradia, pago mensalmente jun-
do compulsoriamente para tratamento psiquiátrico, to com vencimento do funcionário, será suspenso nas
correrá integralmente por conta dos cofres do Estado, hipóteses previstas nos incisos III, IV, V, XVIII e XX do
e será realizado, sempre que possível, em estabeleci- artigo 79.
mento estadual de assistência médica. Parágrafo único – Será ainda suspenso o pagamento
§ 1º - Ainda que o funcionário venha a ser aposenta- do auxílio quando o funcionário:
do em decorrência de acidente em serviço, de doença 1) exercer mandato legislativo ou executivo, federal ou
profissional ou de internação compulsória para trata- estadual;
mento psiquiátrico, as despesas previstas neste artigo 2) exercer mandato municipal e este importar no afas-
continuarão a correr pelos cofres do Estado. tamento do funcionário do exercício de seu cargo;
§ 2º - Nas hipóteses deste artigo não será devido ao 3) for convocado para prestação de serviço militar.
funcionário o pagamento do auxílio-doença. Art. 255 – O período de 1 (um) ano a que se refere o
Art. 247 – O titular do órgão competente para a con- inciso I do artigo 253 começa a ser contado a partir da
cessão de licenças médicas aos funcionários do Estado data em que o funcionário iniciar o exercício na nova
decidirá sobre os pedidos de pagamento do auxílio- sede, recomeçando a contagem do prazo a cada nova
-doença e do tratamento a que se refere o artigo an- designação.
terior.
Art. 248 – Nos casos de acumulação legal de cargos, o CAPÍTULO VI
auxílio-doença devido será pago somente em relação Da Pensão Especial em Caso de Morte por Acidente
a um deles, e calculado sobre o de maior vencimento, em Serviço ou Doença Profissional
se ambos forem estaduais.
Art. 256  – Aos beneficiários do funcionário falecido
CAPÍTULO IV em consequência de acidente ocorrido em serviço ou
Do Auxílio-Funeral doença nele adquirida, é assegurada pensão mensal
equivalente ao vencimento mais as vantagens perce-
Art. 249 – À família do funcionário ou inativo falecido bidas em caráter permanente, por ocasião do óbito.
será concedido auxílio-funeral. Art. 257 – A prova das circunstâncias do falecimento
§ 1º - o auxílio será pago: será feita por junta médica oficial, que se valerá, se
1) no valor correspondente a 10 (dez) UFERJs, quando necessário, de laudo médico-legal, além da compro-
o do vencimento e vantagens ou proventos do falecido vação a que se refere o § 3º do artigo 115, quando
for igual ou inferior a esse quantitativo; for o caso.
2) no valor correspondente a 20 (vinte) UFERJs, nos
demais casos. Art. 258 – Do valor da pensão concedida serão aba-
§ 2º - A despesa com auxílio-funeral correrá à conta tidas as importâncias correspondentes à pensão rece-
de dotação orçamentária própria. bida do IPERJ.
Art. 250 – Aplica-se ao auxílio-funeral a norma esta- Parágrafo único – Em nenhuma hipótese, a soma das
belecida no artigo 248. pensões será inferior ao valor do salário-mínimo vi-
§ 1º - Se as despesas do funeral não forem ocorridas gente na capital do Estado.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

por pessoa da família do funcionário ou inativo, o res- Art. 259 – O disposto neste Capítulo aplica-se, tam-
pectivo auxílio será pago a quem as tiver comprova- bém, aos beneficiários do inativo, quando o evento
damente realizado. morte for consequência direta de acidente em serviço
§ 2º - O pagamento do auxílio-funeral obedecerá a ou doença profissional.
processo sumaríssimo, concluído no prazo de 48 (qua-
renta e oito) horas da apresentação da certidão de CAPÍTULO VII
óbito e documentos que comprovem a satisfação da Do Prêmio por Sugestões de Interesse da Adminis-
despesa pelo requerente, incorrendo em pena de sus- tração
pensão o responsável pelo retardamento.
Art. 260 – A Administração estimulará a apresentação,
CAPÍTULO V por parte de funcionários, de sugestões e trabalhos
Do Auxílio-Moradia que visem ao aumento da produtividade e à redução
de custos operacionais do serviço público.
Art. 251 – Será concedido auxílio-moradia ao funcio- Art. 261 – Será estabelecido um prêmio anual, em im-
nário que for designado ex officio para ter exercício portância a ser fixada pelo Governador, destinado ao
definitivo em nova sede e nesta não vier a residir em trabalho que melhor se ajustar às finalidades de sua
imóvel pertencente ao Poder Público.

129
instituição, nos termos de regulamentação própria a Parágrafo único – Os equipamentos de que trata este
ser baixada pelo Secretário de Estado de Administra- artigo serão de uso obrigatório pelos servidores do Es-
ção. tado, sob pena de suspensão.
Art. 262 – Caberá a uma Comissão, composta de 5 Art. 270 – Aos servidores contratados no exercício de
(cinco) membros, de reconhecida competência em téc- função gratificada, e aos estagiários, aplicam-se as dis-
nicas de administração, avaliar e julgar os trabalhos posições dos incisos IV, VII e VIII, do artigo 266, e as do
recebidos. artigo 269.
§ 1º - Anualmente será designada a Comissão por ato Parágrafo único – Aplica-se, ainda, aos servidores
do Secretário de Estado de Administração, que indica- contratados quando no exercício de função gratifica-
rá seu Presidente. da, e aos estagiários a que se refere o § 1º, do artigo
§ 2º - Integração a Comissão, indicados pelos respec- 10, o estabelecido nos incisos I e VI, do artigo 266.
tivos titulares, além do seu Presidente, representantes
das Secretarias de Governo, de Planejamento e Coor- TÍTULO VIII
denação Geral e de Fazenda e da Fundação Escola de Do Regime Disciplinar
Serviço Público do Estado do Rio de Janeiro. CAPÍTULO I
§ 3º - O julgamento da Comissão será irrecorrível. Da Acumulação
Art. 263 – Ao autor do trabalho premiado se reconhe-
cerá a relevância do serviço e o respectivo prêmio será Art. 271 – É vedada a acumulação remunerada de car-
entregue em ato solene, no dia 28 de outubro. gos e funções públicas, exceto a de:
Art. 264 – Não será distribuído o prêmio no ano em I – um cargo de juiz com outro de magistério superior;
que os trabalhos apresentados forem julgados insatis- II – dois cargos de professor; 
fatórios pela Comissão. III – um cargo de professor com outro técnico ou cien-
tífico
TÍTULO VII IV – dois cargos privativos de médico.
Da Previdência e da Assistência § 1º - A acumulação, em qualquer dos casos, só é per-
CAPÍTULO ÚNICO mitida quando haja correlação de matérias e compa-
tibilidade de horários.
Art. 265 – O Estado prestará assistência ao funcioná-
§ 2º - A proibição de acumular se estende a cargos,
rio, ao inativo, e a suas famílias.
funções de qualquer modalidade ou empregos no
Art. 266 – Entre as formas de assistência incluem-se:
Poder Público Federal, Estadual ou Municipal, da Ad-
I – assistência médica, farmacêutica, dentária e hos-
ministração Centralizada ou Autárquica, inclusive em
pitalar, além de outras julgadas necessárias, inclusive
sociedade de economia mista e empresas públicas.
em sanatórios e creches;
§ 3º - A supressão do pagamento relativo a um dos
II – a manutenção obrigatória dos sistemas previden-
cargos, funções ou empregos referidos no parágrafo
ciários e de seguro social, em favor de todos os funcio-
anterior, não descaracteriza a proibição de acumular,
nários e inativos;
salvo nas hipóteses previstas no § 1º do artigo 10, nos
III – plano de seguro compulsório para complementa-
artigos 23 e 24, e no § 4º, do artigo 35.
ção de proventos e pensões;
Art. 272 – O funcionário não poderá participar de
IV – assistência judiciária;
mais de um órgão de deliberação coletiva, com direito
V – financiamento para aquisição de imóvel destinado
à remuneração, seja qual for a natureza desta, nem
à residência;
exercer mais de uma função gratificada.
VI – auxílio para a educação dos dependentes;
Art. 273 – Fica excluído da proibição de acumular
VII – cursos e centros de treinamento, aperfeiçoamen-
provento o aposentado quanto ao exercício de man-
to e especialização profissional;
dato eletivo, cargo em comissão, função gratificada,
VIII – centros de aperfeiçoamento moral e cultural dos
ou ao contrato para prestação de serviços técnicos ou
funcionários e suas famílias, fora das horas de traba-
especializados, bem quanto à participação em órgão
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lho.
de deliberação coletiva.
Art. 267 – A assistência, sob qualquer das formas, será
Parágrafo único – Exceto quanto ao exercício de man-
prestada diretamente pelo Estado ou através de ins-
dato eletivo, o disposto neste artigo não se aplica ao
tituições próprias, criadas por lei, às quais poderá o
aposentado compulsoriamente, nem ao aposentado
funcionário ou inativo ser obrigatoriamente filiado.
por invalidez, se não cessadas as causas determinan-
Parágrafo único – Para execução do disposto neste ar-
tes de sua aposentadoria.
tigo poderão ser celebrados convênios com entidades
Art. 274 – Não se compreende na proibição de acu-
públicas ou privadas.
mular, nem está sujeita a quaisquer limites, a per-
Art. 268 – Legislação especial estabelecerá os planos,
cepção:
bem como as condições de organização e funciona-
I – conjunta, de pensões civis ou militares;
mento dos serviços assistenciais referidos neste Título.
II – de pensões, com vencimento ou salário;
Art. 269 – Nos trabalhos insalubres executados pelos
III – de pensões, com provento de disponibilidade,
servidores do Estado, este é obrigado a fornecer-lhes,
aposentadoria, jubilação ou reforma;
gratuitamente, os equipamentos próprios exigidos pe-
IV – de proventos resultantes de cargos legalmente
las disposições específicas relativas à higiene e segu-
acumuláveis;
rança do trabalho.

130
V – de provento, com vencimento nos casos de acu- § 2º - O tempo de serviço, bem como quaisquer di-
mulação legal. reitos ou vantagens adquiridos em função de deter-
Art. 275 – Cargo técnico ou científico é aquele para minada situação jurídica, são insuscetíveis de serem
cujo exercício seja indispensável e predominante a computados ou usufruídos em outras, salvo se extinto
aplicação de conhecimento científico ou artístico de seu fato gerador.
nível superior de ensino. § 3º - Se computados na hipótese do parágrafo ante-
Parágrafo único – Considera-se, também, como téc- rior, in fine, em determinada situação, a ela ficarão in-
nico ou científico: dissoluvelmente ligados, ressalvado o caso de ocorrer
1) o cargo para cujo exercício seja exigida habilita- também sua extinção.
ção em curso legalmente classificado como técnico, Art. 282 – Verificada, em processo administrativo dis-
de segundo grau ou de nível superior de ensino; ciplinar, a acumulação proibida, e provada a boa fé, o
2) o cargo de direção, privativo de ocupante de cargo funcionário optará por um dos cargos, sem obrigação
técnico ou científico. de restituir.
Art. 276 – Cargo de Professor é o que tem como atri- § 1º - Provada a má fé, além de perder ambos os car-
buição principal e permanente lecionar em qualquer gos, restituirá o que tiver percebido indevidamente
grau ou ramo de ensino legalmente previsto. pelo exercício do cargo que gerou a acumulação.
Parágrafo único – Inclui-se, também, para efeito de § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, se o cargo
acumulação, o cargo de direção privativo de profes- gerador da acumulação proibida for de outra esfera
sor. de Poder Público, o funcionário restituirá o que houver
Art. 277 – A simples denominação de “técnico” ou percebido desde a acumulação ilegal.
“científico” não caracteriza como tal o cargo que não § 3º - Apurada a má fé do inativo, este sofrerá a cas-
satisfizer às condições dos artigos 275 e 276. sação de sua aposentadoria ou disponibilidade, obri-
Parágrafo único – As atribuições do cargo, para gado, ainda, a restituir o que tiver recebido indevida-
efeito de reconhecimento de seu caráter técnico ou mente.
científico, serão consideradas na forma do parágrafo Art. 283 – A inexatidão das declarações feitas pelo
único do artigo 278. funcionário no cumprimento da exigência constante
Art. 278 – A correlação de matéria pressupõe a exis- do inciso IV, do artigo 15, constituirá presunção de má
tência de relação íntima e recíproca entre os conhe- fé, ensejando, de logo, a suspensão do pagamento do
cimentos específicos, cujo ensino ou aplicação cons- respectivo vencimento e vantagens, ou provento.
titua atribuição principal dos cargos acumuláveis, de Art. 284 – As acumulações serão objeto de estudo e
sorte que o exercício simultâneo favoreça o melhor parecer individuais por parte do órgão estadual para
desempenho de ambos os cargos. esse fim criado, que fará a apreciação de sua legali-
Parágrafo único – Tal relação não se haverá por pre- dade, ainda que um dos cargos integre os quadros de
sumida, mas terá de ficar provada mediante consulta outra esfera de poder.
a dados objetivos, tais como os programas de ensino,
no caso de professor, e as atribuições legais, regula- CAPÍTULO II
mentares ou regimentais do cargo, no caso de cargo Dos Deveres
técnico ou científico.
Art. 279 – Para os efeitos deste Capítulo, a expressão Art. 285 – São deveres do funcionário:
“cargo” compreende os cargos, funções ou empregos I – assiduidade;
referidos no § 2º do artigo 271. II – pontualidade;
Art. 280 – A compatibilidade de horários será reco- III – urbanidade;
nhecida quando houver possibilidade do exercício IV – discrição;
dos dois cargos, em horários diversos, sem prejuízo do V – boa conduta;
número regulamentar de horas de trabalhos determi- VI – lealdade e respeito às instituições constitucionais
nado para cada um. e administrativas a que servir;
§ 1º  - A verificação dessa compatibilidade far-se-á
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VII – observância das normas legais e regulamentares;


tendo em vista o horário do servidor na unidade ad- VIII – observância às ordens superiores, exceto quando
ministrativa em que estiver lotado, ainda que ocorra a manifestamente ilegais;
hipótese de estar dela legalmente afastado. IX – levar ao conhecimento de autoridade superior ir-
§ 2º - No caso de cargos a serem exercidos no mesmo regularidades de que tiver ciência em razão do cargo
local ou em municípios diferentes, levar-se-á em conta ou função;
a necessidade de tempo para a locomoção entre um X – zelar pela economia e conservação do material
e outro. que lhe for confiado;
Art. 281 – O funcionário que ocupe dois cargos em XI – providenciar para que esteja sempre em ordem,
regime de acumulação legal poderá ser investido em no assentamento individual, sua declaração de famí-
cargo em comissão, desde que, com relação a um de- lia;
les, continue no exercício de suas atribuições, observa- XII – atender prontamente às requisições para defesa
do sempre o disposto no artigo anterior. da Fazenda Pública e à expedição de certidões para
§ 1º - Ocorrendo a hipótese, o ato de provimento do defesa de direito;
funcionário mencionará em qual das duas condições XIII – guardar sigilo sobre a documentação e os assun-
funcionais está sendo nomeado para que, em relação tos de natureza reservada de que tenha conhecimento
ao outro cargo, seja observado o disposto neste artigo. em razão do cargo ou função;

131
XIV – submeter-se à inspeção médica determinada por XVII – exercer cargo ou função pública antes de aten-
autoridade competente, salvo justa causa. didos os requisitos legais, ou continuar a exercê-lo,
sabendo-o indevidamente.
CAPÍTULO III
Das Proibições CAPÍTULO IV
Da Responsabilidade
Art. 286 – Ao funcionário é proibido:
I – referir-se de modo depreciativo, em informação, Art. 287 – Pelo exercício irregular de suas atribuições,
parecer ou despacho, às autoridades e atos da Admi- o funcionário responde civil, penal e administrativa-
nistração Pública, ou censurá-los, pela imprensa ou mente.
qualquer outro órgão de divulgação pública, podendo, Art. 288 – A responsabilidade civil decorre de procedi-
porém, em trabalho assinado, criticá-los, do ponto de mento doloso ou culposo que importe em prejuízo da
vista doutrinário ou da organização do serviço; Fazenda Estadual ou de terceiros.
II – retirar, modificar ou substituir livro ou documento § 1º - Ressalvado o disposto no artigo 148, in fine, o
de órgão estadual, com o fim de criar direito ou obri- prejuízo causado à Fazenda estadual, no que exceder
gação, ou de alterar a verdade dos fatos, bem como os limites da fiança, poderá ser ressarcido mediante
apresentar documento falso com a mesma finalidade; desconto em prestações mensais não excedentes da
III – valer-se do cargo ou função para lograr proveito décima parte do vencimento ou remuneração, à falta
pessoal em detrimento da dignidade da função pública; de outros bens que respondam pela indenização.
IV – coagir ou aliciar subordinados com objetivo de § 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, res-
natureza partidária; ponderá o funcionário perante a Fazenda Estadual
V – participar de diretoria, gerência, administração, em ação regressiva proposta depois de transitar em
conselho técnico ou administrativo, de empresa ou julgado a decisão que houver condenado a Fazenda a
sociedade: indenizar o terceiro prejudicado.
1) contratante, permissionária ou concessionária de
Art. 289 – A responsabilidade penal abrange os cri-
serviço público;
mes e contravenções imputados ao funcionário nessa
2) fornecedora de equipamento ou material de qual-
qualidade.
quer natureza ou espécie, a qualquer órgão estadual;
Art. 290 – A responsabilidade administrativa resulta de
3) de consultoria técnica que execute projetos e estu-
atos praticados ou omissões ocorridas no desempenho
dos, inclusive de viabilidade, para órgãos públicos.
do cargo ou função, ou fora dele, quando comprome-
VI – praticar a usura, em qualquer de suas formas, no
tedores da dignidade e do decoro da função pública.
âmbito do serviço público;
VII – pleitear, como procurador ou intermediário, jun- Art. 291 – As cominações civis, penais e disciplinares
to aos órgãos estaduais, salvo quando se tratar de poderão cumular-se, sendo umas e outras indepen-
percepção de vencimento, remuneração, provento ou dentes entre si, bem assim as instâncias civil, penal e
vantagem de parente, consanguíneo ou afim, até o se- administrativa.
gundo grau civil; Parágrafo único – Só é admissível, porém, a ação dis-
VIII – exigir, solicitar ou receber propinas, comissões, ciplinar ulterior à absolvição no juízo penal, quando,
presentes ou vantagens de qualquer espécie em ra- embora afastada a qualificação do fato com crime,
zão do cargo ou função, ou aceitar promessa de tais persista, residualmente, falta disciplinar.
vantagens;
IX – revelar fato ou informação de natureza sigilosa, CAPÍTULO V
de que tenha ciência em razão do cargo ou função, Das Penalidades
salvo quando se tratar de depoimento em processo ju-
dicial, policial ou administrativo; Art. 292 – São penas disciplinares:
X – cometer à pessoa estranha ao serviço do Estado, I – advertência;
salvo nos casos previstos em lei, o desempenho de en-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II – repreensão;
cargo que lhe competir ou a seus subordinados;
III – suspensão;
XI – dedicar-se, nos locais e horas de trabalho, a pales-
VI – multa;
tras, leituras ou quaisquer outras atividades estranhas
V – destituição de função;
ao serviço, inclusive ao trato de interesses de natureza
VI – demissão;
particular;
VII – cassação de aposentadoria, jubilação e disponibilida-
XII – deixar de comparecer ao trabalho sem causa jus-
de.
tificada;
Art. 293 – Na aplicação das penas disciplinares serão
XIII – empregar material ou quaisquer bens do Estado
consideradas a natureza e a gravidade da infração, os
em serviço particular;
danos que dela provierem para o serviço público e os
XIV – retirar objetos de órgãos estaduais, salvo quan-
antecedentes funcionais do servidor.
do autorizado por escrito pela autoridade competente;
Parágrafo único – As penas impostas ao funcionário se-
XV – fazer cobranças ou despesas em desacordo com o
rão registradas em seus assentamentos.
estabelecido na legislação fiscal e financeira;
Art. 294 – A pena de advertência será aplicada verbal-
XVI – deixar de prestar declaração em processo admi-
mente em casos de negligência e comunicada ao órgão
nistrativo disciplinar, quando regularmente intimado
de pessoal.
;

132
Art. 295 – A pena de repreensão será aplicada por escrito Art. 299 – O ato de demissão mencionará sempre a
em casos de desobediência ou falta de cumprimento dos causa da penalidade.
deveres, bem como de reincidência específica em trans- Art. 300 – Conforme a gravidade da falta, a demissão
gressão punível com pena de advertência. poderá ser aplicada com a nota “a bem do serviço
Parágrafo único – Havendo dolo ou má fé, a falta de cum- público”.
primento dos deveres será punida com pena de suspensão. Art. 301 – A pena de cassação de aposentadoria, ju-
Art. 296 – A pena de suspensão será aplicada nos casos de: bilação ou de disponibilidade será aplicada se ficar
I – falta grave; provado, em processo administrativo disciplinar, que
II – desrespeito a proibições que, pela sua natureza, não o aposentado ou disponível:
ensejarem pena de demissão; I – praticou, quando ainda no exercício do cargo, fal-
III – reincidência em falta já punida com repreensão. ta suscetível de determinar demissão;
§ 1º - A pena de suspensão não poderá exceder a 180 II – aceitou, ilegalmente, cargo ou função pública,
(cento e oitenta) dias. provada a má fé;
§ 2º - O funcionário suspenso perderá todas as vanta- III – perdeu a nacionalidade brasileira, ou, se portu-
gens e direitos decorrentes do exercício do cargo. guês, for de declarada extinta a igualdade de direitos
§ 3º - Quando houver conveniência para o serviço, a e obrigações civis e do gozo de direitos políticos.
pena de suspensão, por iniciativa do chefe imediato do Parágrafo único – Será cassada a disponibilidade do
funcionário, poderá ser convertida em multa, na base funcionário que não assumir, no prazo legal, o exer-
de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento cício do cargo ou função em que for aproveitado.
ou remuneração, obrigado, nesse caso, o funcionário a Art. 302 – São competentes para aplicação de penas
permanecer no serviço durante o número de horas de disciplinares:
trabalho normal. I – O Governador, em qualquer caso e, privativamen-
Art. 297 – A destituição de função dar-se-á quando veri- te, nos casos de demissão, cassação de aposentado-
ficada falta de exação no cumprimento do dever. ria, jubilação ou disponibilidade;
Parágrafo único – O disposto neste artigo não impede a II – os Secretários de Estado e demais titulares de ór-
aplicação da pena disciplinar cabível quando o destituí- gãos diretamente subordinados ao Governador em
do for, também, ocupante de cargo efetivo. todos os casos, exceto nos de competência privativa
Art. 298 – A pena de demissão será aplicada nos casos de: do Governador;
III – os dirigentes de unidades administrativas em ge-
I – falta relacionada no art. 286, quando de natureza
ral, nos casos de penas de advertência, repreensão,
grave, a juízo da autoridade competente, e se compro-
suspensão até 30 (trinta) dias e multa corresponden-
vada má fé;
te.
II – incontinência pública e escandalosa ou prática de
§ 1º - A aplicação da pena de destituição de função
jogos proibidos;
caberá à autoridade que houver feito a designação
III – embriaguez, habitual ou em serviço;
do funcionário.
IV – ofensa física, em serviço, contra funcionário ou par-
§ 2º - Nos casos dos incisos II e III, sempre que a
ticular, salvo em legítima defesa; pena decorrer de processo administrativo disciplinar,
V – abandono de cargo; a competência para decidir e para aplicá-la é do Se-
VI – ausência ao serviço, sem causa justificada, por 60 cretário de Estado de Administração.
(sessenta) dias, interpoladamente, durante o período Art. 303 – Prescreverá:
de 12 (doze) meses; I – em 2 (dois) anos, a falta sujeita às penas de adver-
VII – insubordinação grave em serviço; tência, repreensão, multa ou suspensão;
VIII – ineficiência comprovada, com caráter de habi-
II – em 5 (cinco) anos, a falta sujeita:
tualidade, no desempenho dos encargos de sua com-
1) à pena de demissão ou destituição de função;
petência;
IX – desídia no cumprimento dos deveres. 2) à cassação da aposentadoria, jubilação ou dispo-
§ 1º - Considera-se abandono de cargo a ausência nibilidade.
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ao serviço, sem justa causa, por 30 (trinta) dias con- § 1º - A falta também prevista como crime na lei penal
secutivos. prescreverá juntamente com este.
§ 2º - Entender-se-á por ausência ao serviço, com § 2º  - O curso da prescrição começa a fluir da data
justa causa, a que assim for considerada após a devi- do evento punível disciplinarmente, ou do seu conhe-
da comprovação em processo administrativo discipli- cimento, e interrompe-se pela abertura de processo
nar, caso em que as faltas serão justificadas apenas administrativo disciplinar.
para fins disciplinares 
§ 3º - A demissão aplicada nas hipóteses previstas TÍTULO IX
nos incisos I a IX, quando estas tiverem uma confi- Do Processo Administrativo Disciplinar e da sua
guração penal típica, será cancelada e o funcionário Revisão
reintegrado administrativamente, se e quando o pro- CAPÍTULO I
nunciamento da Justiça for favorável ao indiciado, Disposições Gerais
sem prejuízo, porém, da ação disciplinar que couber,
na forma do parágrafo único do artigo 291. Art. 304 – Poder disciplinar é a faculdade conferida ao
§ 4º - Será, ainda, demitido o funcionário que, nos Administrador Público com o objetivo de possibilitar a
termos da lei penal, incorrer na pena acessória de prevenção e repressão de infrações funcionais de seus
perda da função pública. subordinados, no âmbito interno da Administração.

133
Art. 305 – Constitui infração disciplinar toda ação ou II – à contagem do tempo de serviço relativo à suspen-
omissão do funcionário capaz de comprometer a dig- são preventiva, se do processo resultar pena disciplinar
nidade e o decoro da função pública, ferir a disciplina de advertência ou repreensão;
e a hierarquia, prejudicar a eficiência do serviço ou III – à contagem do período de afastamento que exce-
causar dano à Administração Pública. der do prazo da suspensão disciplinar aplicada.
Art. 306 – A autoridade que tiver ciência de qualquer § 1º - O cômputo do tempo de serviço nos termos des-
irregularidade no serviço público é obrigada a promo- te artigo implica o direito à percepção do vencimento
ver-lhe a apuração imediata, por meios sumários ou e vantagens no período correspondente.
mediante processo administrativo disciplinar. § 2º - Será computado na duração da pena ou sus-
pensão disciplinar imposta o período de afastamento
CAPÍTULO II decorrente de medida acautelatória.
Da Prisão Administrativa e da § 3º - Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, o
Suspensão Preventiva funcionário restituirá, na proporção do que houver re-
cebido, o vencimento e vantagens percebidos na for-
Art. 307 – Cabe aos Secretários de Estado e demais ma do disposto no inciso I, do artigo 145.
dirigentes de órgãos diretamente subordinados ao Go-
vernador ordenar, fundamentalmente e por escrito, a CAPÍTULO III
prisão administrativa do funcionário responsável pelo Da Apuração Sumária de Irregularidade
alcance, desvio ou omissão em efetuar as entradas,
nos devidos prazos, de dinheiro ou valores perten- Art. 311 – A apuração sumária por meio de sindicân-
centes à Fazenda Estadual ou que se acharem sob a cia não ficará adstrita ao rito determinado para o pro-
guarda desta. cesso administrativo disciplinar, constituindo-se em
§ 1º - A autoridade que ordenar a prisão comunicará simples averiguação.
imediatamente o fato à autoridade judiciária compe- Parágrafo único – A critério da autoridade que a ins-
tente e providenciará no sentido de ser realizado, com taurar, e segundo a importância maior ou menor do
urgência, o processo de tomada de contas. evento, a sindicância poderá ser realizada por um úni-
§ 2º - A prisão administrativa, que será cumprida em co funcionário ou por uma Comissão de 3 (três) servi-
estabelecimento especial e não excederá de 90 (no- dores, preferivelmente efetivos.
venta) dias, será relaxada tão logo seja efetuada a re- Art. 312 – A instauração de sindicância não impede a
posição do quantum relativo ao alcance ou desfalque. adoção imediata, através de comunicação à autorida-
§ 3º - Não se ordenará a prisão administrativa quando de competente, das medidas acautelatórias previstas
o valor da fiança seja suficiente para garantir o ressar- no Capítulo II, deste Título.
cimento de prejuízo causado à Fazenda Estadual, ou Art. 313 – Se, no curso da apuração sumária, ficar evi-
quando o responsável pela malversação, alcance ou denciada falta punível com pena superior à de sus-
desfalque haja oferecido as necessárias garantias de pensão por mais de 30 (trinta) dias, ou multa corres-
indenização. pondente, o responsável pela apuração comunicará o
Art. 308 – A suspensão preventiva até 30 (trinta) dias fato ao superior imediato que solicitará, pelos canais
será ordenada pelas autoridades mencionadas no ar- competentes, a instauração de processo administra-
tigo 308, desde que o afastamento do funcionário seja tivo disciplinar.
necessário para que este não venha a influir na apu- Art. 314 – São competentes para determinar a apu-
ração da falta. ração sumária de irregularidades, ocorridas no serviço
§ 1º - A suspensão de que trata este artigo poderá, público do Estado, os dirigentes de unidades adminis-
ainda, ser ordenada pelo Secretário de Estado de Ad- trativas até o nível de Chefe de Seção.
ministração, no ato de instauração de processo admi- § 1º - Se o fato envolver a pessoa do chefe da unidade
nistrativo disciplinar, e estendida até 90 (noventa) dias, administrativa, a abertura de sindicância caberá ao
superior hierárquico imediato.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

findos os quais cessarão automaticamente os efeitos


da mesma, ainda que o processo não esteja concluído. § 2º - Em qualquer caso, a designação será feita por
§ 2º - O funcionário suspenso preventivamente poderá escrito.
ser administrativamente preso. Art. 315 – O sindicante deverá colher todas as infor-
§ 3º - Não estando preso administrativamente, o fun- mações necessárias, ouvindo o denunciante, à autori-
cionário que responder por malversação ou alcance dade que ordenou a sindicância, quando convenien-
de dinheiro ou valores públicos será sempre suspenso te; o suspeito, se houver; os servidores e os estranhos
preventivamente, e seu afastamento se prolongará até eventualmente relacionados com o fato, bem como
a decisão final do processo administrativo disciplinar. procedendo à juntada do expediente de instauração
Art. 309 – A prisão administrativa e a suspensão preven- da sindicância e de quaisquer documentos capazes de
tiva são medidas acautelatórias e não constituem pena. bem esclarecer o ocorrido.
Art. 310 – O funcionário, afastado em decorrência das Art. 316 – Por se tratar de apuração sumária, as decla-
medidas acautelatórias referidas no artigo anterior, rações do servidor suspeito serão recebidas também
terá direito: como defesa, dispensada a citação para tal fim, asse-
I – à contagem de tempo de serviço relativo ao afas- gurada, porém, a juntada pelo mesmo, no prazo de 5
tamento, desde que reconhecida sua inocência afinal (cinco) dias, de quaisquer documentos que considere
; úteis.

134
Art. 317 – A sindicância não poderá exceder o prazo de Art. 325 – Os órgãos estaduais, sob pena de respon-
30 (trinta) dias, prorrogável uma única vez até 8 (oito) sabilidade de seus titulares, atenderão com a máxima
dias em caso de força maior, mediante justificativa à presteza às solicitações da Comissão, inclusive requi-
autoridade que houver determinado a sindicância. sição de técnicos e peritos, devendo comunicar pron-
Art. 318 – Comprovada a existência ou inexistência tamente a impossibilidade de atendimento em caso
de irregularidades deverá ser, de imediato, apresen- de força maior.
tado relatório de caráter expositivo, contendo, exclu- Art. 326 – A Comissão assegurará, no processo admi-
sivamente, de modo claro e ordenado, os elementos nistrativo disciplinar, o sigilo necessário à elucidação
fáticos colhidos ao curso da sindicância, abstendo-se do fato ou o exigido pelo interesse da Administração.
o relator de quaisquer observações ou conclusões de Art. 327 – Quando a infração deixar vestígio, será in-
cunho jurídico, deixando à autoridade competente a dispensável o exame pericial, direto ou indireto, não
capitulação das eventuais transgressões disciplinares podendo supri-lo a confissão do acusado.
verificadas. Parágrafo único – A autoridade julgadora não ficará
Art. 319 – Recebido o relatório, caso tenha sido confi- adstrita ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no
gurada irregularidade e identificado o seu autor, a au- todo ou em parte.
toridade que houver promovido a sindicância aplicará,
Art. 328 – A acareação será admitida entre acusados,
de imediato, a pena disciplinar cabível, ressalvada a
entre acusados e testemunhas e entre testemunhas,
hipótese prevista no artigo 313.
sempre que divergirem em suas declarações sobre fa-
CAPÍTULO IV tos ou circunstâncias relevantes.
Do Processo Administrativo Disciplinar Parágrafo único – Os acareados serão reperguntados,
para que expliquem os pontos de divergência, redu-
Art. 320 – O processo administrativo disciplinar prece- zindo-se a termo o ato de acareação.
derá sempre a aplicação das penas de suspensão por Art. 329 – Ultimada a instrução, será feita, no prazo de
mais de 30 (trinta) dias, destituição de função, demis- 3 (três) dias, a citação do indiciado para apresentação
são, cassação de aposentadoria, jubilação ou disponi- de defesa no prazo de 10 (dez) dias, sendo-lhe facul-
bilidade. tada vista do processo, durante todo esse período, na
Art. 321 – A determinação de instauração do processo sede da Comissão.
administrativo disciplinar é da competência do Secre- § 1º - Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será
tário de Estado de Administração, inclusive em relação comum e de 20 (vinte) dias.
a servidores autárquicos. § 2º - Estando o indiciado em lugar incerto, será cita-
Art. 322 – Promoverá o processo uma das Comissões do por edital, publicado 3 (três) vezes no órgão oficial
Permanentes de Inquérito Administrativo da Secreta- de imprensa durante 15 (quinze) dias, contando-se o
ria de Estado de Administração. prazo de 10 (dez) dias para a defesa da última publi-
Parágrafo único – Não se aplica a regra estabelecida cação.
neste artigo aos casos previstos no parágrafo único do § 3º - O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo
artigo anterior. dobro, para diligências consideradas imprescindíveis.
Art. 323 – Se, de imediato ou no curso do processo ad- Art. 330 – Nenhum acusado será julgado sem defesa,
ministrativo disciplinar, ficar evidenciado que a irregu- que poderá ser produzida em causa própria.
laridade envolve crime, a autoridade instauradora ou Parágrafo único – A constituição de defensor indepen-
o Presidente da Comissão a comunicará ao Ministério derá de instrumento de mandato, se o acusado o indi-
Público. car por ocasião do interrogatório.
Parágrafo único – Quando a autoridade policial tiver Art. 331 – Sempre que o acusado requeira, será de-
conhecimento de crime praticado por funcionário pú- signado pelo Presidente da Comissão um funcionário
blico com violação de dever inerente ao cargo, ou com estável, bacharel em Direito, para promover-lhe a de-
abuso de poder, fará comunicação do fato à autorida- fesa, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nome-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de administrativa competente para a instauração do ar outro de sua confiança ou a si mesmo, na hipótese


processo disciplinar cabível. da parte final do caput do artigo anterior.
Art. 324 – O processo administrativo disciplinar de- Art. 332 – Em caso de revelia, o Presidente da Comis-
verá estar concluído no prazo de 90 (noventa) dias, são designará, de ofício, um funcionário efetivo, ba-
contados da data em que os autos chegarem à Co- charel em Direito, para defender o indiciado.
missão prorrogáveis sucessivamente por períodos de § 1º - O defensor do acusado, quando designado
30 (trinta) dias, até o máximo de 3 (três), em caso de pelo Presidente da Comissão, não poderá abandonar
força maior e a juízo do Secretário de Estado de Ad- o processo senão por motivo imperioso, sob pena de
ministração. responsabilidade.
§ 1º - A não observância desses prazos não acarreta- § 2º - A falta de comparecimento do defensor, ainda
rá nulidade do processo, importando, porém, quando que motivada, não determinará o adiantamento de
não se tratar de sobrestamento, em responsabilidade ato algum do processo, devendo o Presidente da Co-
administrativa dos membros da Comissão. missão designar substituto, ainda que provisoriamen-
§ 2º - O sobrestamento do processo administrativo te ou para só o efeito do ato.
disciplinar só ocorrerá em caso de absoluta impossi-
bilidade de prosseguimento, a juízo do Secretário de
Estado de Administração.

135
Art. 333 – Para assistir pessoalmente aos atos proces- mento do processo ou a expedição do ato de demissão,
suais, fazendo-se acompanhar de defensor, se assim o conforme o caso.
quiser, o acusado será sempre intimado, e poderá, nas Art. 341 – O processo administrativo disciplinar de
inquirições, levantar contradita, formular perguntas e abandono de cargo observará, no que couber, as dis-
reinquirir testemunhas; nas perícias apresentar assis- posições deste Capítulo.
tente e formular quesitos cujas respostas integrarão Art. 342 – O funcionário só poderá ser exonerado a
o laudo; e fazer juntada de documentos em qualquer pedido após a conclusão do processo administrativo
fase do processo. disciplinar a que responder e do qual não resultar
Parágrafo único – Se, nas perícias, o assistente divergir pena de demissão.
dos resultados, poderá oferecer observações escritas
que serão examinadas no relatório final e na decisão. CAPÍTULO V
Art. 334 – No interrogatório do acusado, seu defensor Da Revisão
não poderá intervir de qualquer modo nas perguntas
e nas respostas. Art. 343 – Poderá ser requerida a revisão do processo
Art. 335 – Antes de indiciado, o funcionário intima- administrativo de que haja resultado pena disciplinar,
do a prestar declarações à Comissão poderá fazer-se quando forem aduzidos fatos ainda não conhecidos,
acompanhar de advogado, que, entretanto, observará comprobatórios da inocência do funcionário punido.
o disposto no artigo anterior. Parágrafo único – Tratando-se de funcionário falecido,
Parágrafo único – Não se deferirá, nessa fase, qual- desaparecido ou incapacitado de requerer, a revisão
quer diligência requerida. poderá ser solicitada por qualquer pessoa.
Art. 336 – Concluída a defesa, a Comissão remeterá o Art. 344 – A revisão processar-se-á em apenso ao pro-
processo à autoridade competente, com relatório onde cesso originário.
será exposta a matéria de fato e de direito, concluin- Art. 345 – Não constitui fundamento para a revisão a
do pela inocência ou responsabilidade do indiciado, simples alegação de injustiça da penalidade.
indicando, no último caso, as disposições legais que Art. 346 – O requerimento devidamente instruído será
entender transgredidas e a pena que julgar cabível. encaminhado ao Governador que decidirá sobre o pe-
Art. 337 – Recebido o processo, o Secretário de Estado dido.
de Administração proferirá a decisão no prazo de 20 Art. 347 – Autorizada a revisão, o processo será en-
(vinte) dias, ou o submeterá, no prazo de 8 (oito) dias, caminhado à Comissão Revisora, que concluirá o en-
ao Governador, para que julgue nos 20 (vinte) dias se- cargo no prazo de 90 (noventa) dias, prorrogável pelo
guintes ao seu recebimento. período de 30 (trinta) dias, a juízo do Secretário de
Parágrafo único – A autoridade julgadora decidirá à Estado de Administração.
vista dos fatos apurados pela Comissão, não ficando, Parágrafo único – No desenvolvimento de seus traba-
todavia, vinculada às conclusões do relatório. lhos a Comissão Revisora observará as disposições do
Art. 338 – Quando a autoridade julgadora entender Capítulo anterior, no que couber, e não colidir com as
que os fatos não foram apurados devidamente, deter- deste.
minará o reexame do processo.
§ 1º - Na hipótese do artigo, os autos retornarão à Art. 348 – O julgamento caberá ao Governador, no
Comissão para cumprimento das diligências expres- prazo de 30 (trinta) dias, podendo, antes, o Secretá-
samente determinadas e consideradas indispensáveis rio de Estado de Administração determinar diligências,
à decisão da autoridade julgadora. concluídas as quais se renovará o prazo.
§ 2º - As diligências determinadas na forma do pará- Art. 349 – Julgada procedente a revisão, será tornada
grafo anterior serão cumpridas no prazo máximo de sem efeito a pena imposta, restabelecendo-se todos os
30 (trinta) dias. direitos por ela atingidos.
§ 3º - Verificado o caso tratado neste artigo, o prazo
de julgamento será contado da data do novo recebi-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

TÍTULO X
mento do processo.
Disposições Gerais e Transitórias
Art. 339 – Em caso de abandono de cargo ou função, a
Comissão iniciará seu trabalho fazendo publicar, por 3 Art. 350 – O Secretário de Estado de Administração
(três) vezes, edital de chamada do acusado, no prazo expedirá os atos complementares de natureza proce-
máximo de 20 (vinte) dias. dimental necessários à plena execução das disposições
§ 1º - O prazo para apresentação da defesa pelo acu- do presente Regulamento.
sado começará a correr da última publicação do edital Art. 351 – O dia 28 de outubro será consagrado ao
no órgão oficial. Servidor Público do Estado.
§ 2º - Findo o prazo do parágrafo anterior e não ha- Art. 352 – Quando, para efeitos específicos, não estiver
vendo manifestação do faltoso, ser-lhe-á designado definido de forma diversa, consideram-se pertencen-
pelo Presidente da Comissão defensor, que se desin- tes à família do funcionário, além do cônjuge e filhos,
cumbirá do encargo no prazo de 15 (quinze) dias, con- quaisquer pessoas que, necessária e comprovadamen-
tados da data de sua designação. te, vivam a suas expensas e constem do seu assenta-
Art. 340 – A Comissão, recebendo a defesa, fará a sua mento individual.
apreciação sobre as alegações e encaminhará relató- Art. 353 – Os prazos previstos neste Regulamento se-
rio à autoridade instauradora, propondo o arquiva- rão contados por dias corridos.

136
Parágrafo único – Na contagem dos prazos observar- Art. 363 – Este Regulamento é extensivo, no que lhes
-se-á ainda: for aplicável, aos funcionários das autarquias estadu-
1) Os prazos dependentes de publicação serão dilata- ais.
dos de tantos dias quantos forem os relativos ao atraso Art. 364 – As disposições regulamentares de natureza
na circulação do órgão oficial; estatutária que decorrerem do Plano de Cargos, la-
2) Excluir-se-á o dia do começo e incluir-se-á o do ven- vrado para cumprimento ao artigo 18 da Lei Comple-
cimento, prorrogando-se este para o primeiro dia útil mentar nº 20, de 1º de julho de 1974, bem como do
seguinte, quando incidir em Sábado, Domingo, feria- Plano de Vencimentos que lhe corresponde, integrar-
do ou ponto facultativo, ou por qualquer motivo não -se-ão, para todos os efeitos, neste Regulamento.
houver ou for suspenso o expediente nas repartições
públicas.
Art. 354 – É vedado ao funcionário e ao contratado
servir sob a direção imediata do cônjuge ou parente
até o segundo grau, salvo em funções de confiança ou
livre escolha, não podendo, neste caso, exceder de 2
(dois) o seu número.
Art. 355  – A função de jornalista profissional é com-
patível com a de servidor público, desde que este não
exerça aquela atividade no órgão onde trabalha e não
incida em acumulação ilegal.
Art. 356 – Aos servidores do Estado regidos por legis-
lação especial não se reconhecerão direitos nem se
deferirão vantagens pecuniárias previstos neste regu-
lamento, quando, por força do regime especial a que se
achem sujeitos, fizerem jus a direitos e vantagens com
a mesma finalidade, ressalvado o caso de acumulação
legal.
Art. 357 – Por motivo de convicção filosófica, religio-
sa ou política, nenhum servidor poderá ser privado de
qualquer de seus direitos, nem sofrer alteração em sua
atividade funcional.
Art. 358 – Com a finalidade de elevar a produtivida-
de dos servidores e ajustá-los às suas tarefas e ao seu
meio de trabalho, o Estado promoverá o treinamento
necessário, na forma de regulamentação própria.

Art. 359 – Mediante seleção e concurso adequados,


poderão ser admitidos servidores de capacidade física
reduzida, inclusive os portadores de cegueira parcial
ou total, para cargos ou empregos especificados em
lei.
Parágrafo único – Aos servidores admitidos na forma
deste artigo, não se concederão quaisquer benefícios,
direitos ou vantagens em razão da deficiência física já
existente ao tempo de sua admissão.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 360 – O funcionário que, sem justa causa, dei-


xar de atender a qualquer exigência para cujo cum-
primento seja assinado prazo certo, terá suspenso o
pagamento do vencimento e vantagens, até que satis-
faça essa exigência, sem prejuízo das sanções discipli-
nares cabíveis.
Art. 361 – Ao funcionário será fornecida, gratuita e
obrigatoriamente, carteira de identificação funcional.
Parágrafo único – A carteira a que se refere este artigo
será padronizada para todos os funcionários do Esta-
do, segundo modelo a ser aprovado pelo Secretário de
Estado de Administração, salvo quando, pela natureza
da atividade exercida, deva obedecer o modelo pró-
prio.
Art. 362 – É vedada a prestação de serviços gratui-
tos, salvo os excepcionalmente prestados, que surtirão
apenas efeito honorífico.

137
4. (SESACRE – FISIOTERAPEUTA - FUNCAB/2013) O
princípio administrativo que impõe o controle de resulta-
HORA DE PRATICAR! dos da Administração Pública, a redução do desperdício
e a execução do serviço público com rendimento funcio-
1. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO - nal é denominado princípio da:
FCC/2013) Na atuação da Administração Pública Fede-
ral, a segurança jurídica é princípio que; a) legalidade.
b) impessoalidade.
c) eficiência.
a) justifica a mantença de atos administrativos inválidos,
d) publicidade.
desde que ampliativos de direitos, independentemen-
e) moralidade.
te da boa-fé dos beneficiários.
b) não impede a anulação a qualquer tempo dos atos
5. (PC-RJ - OFICIAL DE CARTÓRIO - IBFC/2013) A
administrativos inválidos, visto que não há prazos
Constituição Federal e o ordenamento jurídico em geral
prescricionais ou decadenciais para o exercício de au-
consagram explicitamente alguns princípios orientadores
totutela em caso de ilegalidade.
de toda a atividade da Administração Pública. Assinale a
c) justifica o usucapião de imóveis públicos urbanos de
alternativa em que os dois princípios citados decorrem
até duzentos e cinquenta metros quadrados, em favor
implicitamente do ordenamento jurídico:
daquele que, não sendo proprietário de outro imóvel
urbano ou rural, exerça a posse sobre tal imóvel por
a) Proporcionalidade e razoabilidade.
cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utili-
b) Finalidade e motivação.
zando-o para sua moradia ou de sua família.
c) Ampla defesa e contraditório.
d) impede que haja aplicação retroativa de nova inter-
d) Segurança jurídica e interesse público.
pretação jurídica, em desfavor dos administrados.
e) Autotutela e continuidade dos serviços públicos.
e) impede que a Administração anule ou revogue atos
que geraram situações favoráveis para o particular,
6. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) “O interesse
pois tal desfazimento afetaria direitos adquiridos.
público, sendo qualificado como próprio da coletivida-
de, não se encontra à livre disposição de quem quer que
2. (SMA-RJ – CONTADOR - FJG-RIO/2013) Segundo
seja, por inapropriáveis. Ao próprio órgão administrativo
exposição doutrinária, o princípio da impessoalidade não
que o representa incumbe apenas guardá-lo e realizá-
raramente é chamado de princípio da:
-lo”. O texto refere-se ao:
a) igualdade legal
a) Princípio da Legalidade.
b) razoabilidade dos meios
b) Princípio da Eficiência.
c) finalidade administrativa
c) Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público.
d) subjetividade coletiva
d) Princípio da Impessoalidade.
3. (TRT - 15ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA
7. (MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA II -
ADMINISTRATIVA - FCC/2013)
IBFC/2013) O princípio da especialidade decorre dos
Os princípios que regem a Administração pública podem
princípios da:
ser expressos ou implícitos. A propósito deles é possível
afirmar que:
a) Legalidade e da impessoalidade.
b) Publicidade e da eficiência.
a) moralidade, legalidade, publicidade e impessoalidade
c) Moralidade e da publicidade.
são princípios expressos, assim como a eficiência, hie-
d) Isonomia e da impessoalidade.
rarquicamente superior aos demais.
e) Legalidade e da indisponibilidade do interesse público.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

b) supremacia do interesse público não consta como


princípio expresso, mas informa a atuação da Admi-
8. (TRT - 5ª REGIÃO (BA) - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
nistração pública assim como os demais princípios,
ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) O artigo 37 da
tais como eficiência, legalidade e moralidade.
Constituição Federal dispõe que a Administração pública
c) os princípios da moralidade, legalidade, supremacia
deve obediência a uma série de princípios básicos, den-
do interesse público e indisponibilidade do interesse
tre eles o da legalidade. É correto afirmar que a legali-
público são expressos e, como tal, hierarquicamente
dade, como princípio de administração, significa que o
superiores aos implícitos.
administrador público, em sua atividade funcional,
d) eficiência, moralidade, legalidade, impessoalidade e in-
disponibilidade do interesse público são princípios ex-
a) pode fazer tudo que a lei não proíba, porque a Consti-
pressos e, como tal, hierarquicamente superiores aos
tuição Federal garante que “ninguém será obrigado a
implícitos.
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
e) impessoalidade, eficiência, indisponibilidade do interesse
de lei”.
público e supremacia do interesse público são princípios b) está vinculado à lei, não aos princípios administrativos.
implícitos, mas de igual hierarquia aos princípios expres- c) deve atuar conforme a lei e o direito, observando, in-
sos. clusive, os princípios administrativos.

138
d) está adstrito à lei, mas dela poderá afastar-se desde 13. (OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII - PRI-
que autorizado a assim agir por norma regulamentar. MEIRA FASE - FGV/2013) O Estado ABCD, com vistas à
e) está adstrito à lei, mas poderá preteri-la desde que o interiorização e ao incremento das atividades econômi-
faça autorizado por acordo de vontades, porque na cas, constituiu empresa pública para implantar distritos
Administração pública vige o princípio da autonomia industriais, elaborar planos de ocupação e auxiliar em-
da vontade. presas interessadas na aquisição dessas áreas. Conside-
rando que esse objeto significa a exploração de atividade
9. (TJ-SP – JUIZ - VUNESP/2013) O princípio da autotu- econômica pelo Estado, assinale a afirmativa correta.
tela administrativa, consagrado no Enunciado nº 473 das
Súmulas do STF (“473 – a Administração pode anular seus a) Não é possível a exploração de atividade econômica por
próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ile- pessoa jurídica integrante da Administração direta ou in-
gais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, direta.
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados b) As pessoas jurídicas integrantes da Administração in-
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a direta não podem explorar atividade econômica.
apreciação judicial”), fundamento invocado pela Adminis- c) Dentre as figuras da Administração Pública indireta,
tração para desfazer ato administrativo que afete interesse apenas a autarquia pode desempenhar atividade eco-
do administrado, desfavorecendo sua posição jurídica, nômica, na qualidade de agência reguladora.
d) A constituição de empresa pública para exercer ati-
a) confunde-se com a chamada tutela administrativa. vidade econômica é permitida quando necessária ao
b) prescinde da instauração de prévio procedimento ad- atendimento de relevante interesse coletivo.
ministrativo, pois tem como objetivo a restauração da
ordem jurídica, em respeito ao princípio da legalidade 14. (TRT - 15ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -
que rege a Administração Pública. ÁREA JUDICIÁRIA - FCC/2013) Determinado ente inte-
c) exige prévia instauração de processo administrativo, grante da Administração indireta federal teve sua criação
para assegurar o devido processo legal. autorizada por lei, presta serviço público regularmente,
d) pode ser invocado apenas em relação aos atos admi- embora não tenha participado de licitação para outor-
nistrativos ilegais. ga de concessão, sujeita-se ao regime jurídico de direito
privado, embora com derrogações do regime jurídico de
10. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO - direito público. A descrição proposta é compatível com
FCC/2013) No tocante ao regime jurídico aplicável às uma
sociedades de economia mista, que explorem atividade
econômica em sentido estrito, é correto afirmar que; a) autarquia.
b) fundação.
a) dependem de autorização legislativa para alienação de c) empresa pública reguladora.
bens de seu patrimônio d) sociedade de economia mista.
b) gozam de privilégios processuais como o prazo em e) agência executiva.
quádruplo para contestar e em dobro para recorrer.
c) não estão sujeitas à fiscalização pela Comissão de Va- 15. (SEAP-DF - PROFESSOR – SOCIOLOGIA -
lores Mobiliários. IBFC/2013) Segundo a Constituição da República, as
d) necessitam de autorização legislativa específica para áreas de atuação de uma fundação serão definidas atra-
criação de cada subsidiária. vés _____________. Assinale a alternativa que completa cor-
e) são obrigadas a ter em sua estrutura um Conselho de retamente a lacuna.
Administração, assegurada participação aos acionistas
minoritários. a) Do seu estatuto social.
b) De decreto do Poder Executivo
11. (SMA-RJ – CONTADOR – FJG-RIO/2013) A pessoa c) De lei complementar
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

jurídica de direito privado, criada por autorização legal, d) Do seu regimento interno
sob qualquer forma jurídica, para que o Governo exerça
atividades gerais de caráter econômico, corresponde à: 16. (SEAP-DF - PROFESSOR - MATEMÁTICA-
IBFC/2013) Segundo a Constituição da República, as
a) sociedade de economia mista áreas de atuação de uma fundação serão definidas atra-
b) agência reguladora vés _____________. Assinale a alternativa que completa cor-
c) autarquia retamente a lacuna.
d) empresa pública
a) Do seu estatuto social.
12. (SMA-RJ – CONTADOR – FJG-RIO/2013) Constitui b) De decreto do Poder Executivo.
pessoa jurídica de Direito Público Interno: c) De lei complementar.
d) Do seu regimento interno.
a) o Estado Federal
b) a União
c) a Presidência da República
d) o Governo Federal

139
17. (AL-MT – PROCURADOR - FGV/2013) Acerca das 20. (TRT - 5ª REGIÃO (BA) - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
entidades paraestatais, com base no Direito Administra- ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) No que pertine à
tivo brasileiro, analise as afirmativas a seguir. natureza dos entes que integram a Administração públi-
ca e o regime jurídico a eles aplicável, é correto afirmar
I. A expressão abrange todos os entes da Administração que:
Indireta, além das pessoas jurídicas de direito privado
autorizadas a realizar atividades de interesse coletivo ou a) As autarquias compõem a Administração pública di-
público. reta, porque se constituem em pessoas jurídicas de
II. Os serviços sociais autônomos, por arrecadarem con- direito público sujeitas aos princípios informadores da
tribuições parafiscais, estão sujeitos à jurisdição da Jus- Administração pública.
tiça Federal. b) As sociedades de economia mista não integram a Ad-
III. O Termo de Parceria é o instrumento passível de ser ministração pública descentralizada, porque se consti-
firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas tuem em pessoas jurídicas de direito privado, enquan-
como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público to às empresas públicas se aplicam as normas que
destinado à formação de vínculo de cooperação entre as compõem o regime jurídico de direito público.
partes. c) As empresas públicas e as sociedades de economia
mista integram a Administração pública indireta e se
Assinale: sujeitam ao regime típico das empresas privadas; as
autarquias e fundações compõem a Administração
a) se somente a afirmativa II estiver correta. pública direta.
b) se somente a afirmativa III estiver correta. d) As autarquias, empresas públicas e sociedades de
c) se as afirmativas I e II estiverem corretas. economia mista integram a Administração pública
d) se as afirmativas I e III estiverem corretas. indireta ou descentralizada, porque referidas pessoas
e) se as afirmativas II e III estiverem corretas. jurídicas têm personalidade de direito privado, sendo
instituídos pelas formas previstas na legislação civil.
18. (TRE-RO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICI- e) As autarquias, empresas públicas e sociedades de eco-
ÁRIA - FCC/2013) Os Órgãos Públicos, quanto à esfera nomia mista integram a Administração pública indire-
de ação, classificam-se em centrais e em locais. Consti- ta ou descentralizada do Estado, sujeitas a princípios
tuem exemplos de órgãos públicos locais: informadores da Administração, tal como o que exige
a realização de concurso público para a investidura de
a) Secretarias de Estado. servidores em cargo ou emprego público.
b) Ministérios.
c) Delegacias de Polícia. 21. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO -
d) Secretarias de Município. FCC/2013) O exercício do poder de polícia administrati-
e) Casas Legislativas. vo, no âmbito da Administração Pública Federal,

19. (TRT - 5ª REGIÃO (BA) - ANALISTA JUDICIÁRIO - a) no que tange à aplicação de punições, está sujeito a
ÁREA JUDICIÁRIA - FCC/2013) A Administração pública prazo prescricional de 5 anos, exceto se a conduta a
organiza-se também de forma descentralizada, do que é ser sancionada constituir crime, aplicando-se nesse
exemplo a caso a prescrição da legislação penal.
b) independe de previsão legal, haja vista a existência do
a) instituição, por lei, de autarquias, pessoas jurídicas de poder regulamentar autônomo da Administração nes-
direito público às quais pode ser transferida a titulari- ta matéria.
dade de serviços públicos para execução em substitui- c) pode ser delegado a entidade privada sem fins lucra-
ção ao ente federado que as criou. tivos instituída por particulares, desde que seja cele-
b) instituição, por decreto regulamentar autônomo, de brado instrumento convenial, após prévia autorização
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

autarquias e fundações públicas, que se submetem legislativa.


integralmente ao regime jurídico de direito público. d) é atributo exclusivo de órgãos do Poder Executivo.
c) autorização, por lei, para a criação de empresas públi- e) é sempre dotado dos atributos de imperatividade, dis-
cas e sociedades de economia mista, que se submetem cricionariedade e autoexecutoriedade.
ao regime jurídico de direito público, com exceção da
norma constitucional que exige a realização de con- 22. (TRT - 15ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA
curso público. ADMINISTRATIVA - FCC/2013) Caracteriza-se o poder
d) criação, por lei, de empresas públicas e sociedades de polícia administrativa, de forma não exaustiva, pela
de economia mista, esta última que, embora admita a prática de atos.
participação privada, exige que o controle do capital
votante seja de titularidade de ente público. a) concretos e específicos, que envolvem fiscalização e
e) criação, por lei, de fundações de direito privado, as repressão, tal como a apreensão de mercadorias far-
quais, não obstante a natureza jurídica, submetem-se macêuticas armazenadas irregularmente.
integralmente ao regime jurídico de direito público. b) impositivos de obrigações de não fazer, jamais impon-
do obrigações positivas.

140
c) preventivos, no sentido de conformar a conduta dos 27. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) Com relação
administrados à lei, ficando os atos repressivos na es- aos Poderes da Administração Pública, analise as asser-
fera da polícia judiciária. tivas abaixo.
d) normativos gerais inovados, cuja finalidade é sempre
estabelecer as condutas esperadas dos administrados I. Poder Hierárquico tem por objetivo ordenar, coorde-
e aquelas passíveis de reprimenda. nar, controlar e corrigir as atividades administrativas, no
e) repressivos, mediante provocação de administrados âmbito interno da Administração Pública.
diante de danos verificados, não havendo espaço para II. Poder Disciplinar é aquele de que dispõe a Administra-
a prática de atos de fiscalização preventiva. ção Pública para controlar o desempenho das funções e
das condutas internas de seus servidores, responsabili-
23. (TRT - 15ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA zando-os pelas infrações que cometer.
ADMINISTRATIVA - FCC/2013) A possibilidade de au- III. Poder Regulamentar é a faculdade que permite ao Che-
toridade superior de órgão da Administração direta re- fe do Executivo de aclarar a lei para sua correta execução.
vogar ou anular atos praticados por seus subordinados, IV. Poder de Polícia é a faculdade de que dispõe a Ad-
nos termos da lei, é exteriorização do poder. ministração Pública para condicionar e restringir o uso e
gozo de bens, atividades e direitos individuais, em bene-
a) de Tutela. fício da coletividade ou do próprio Estado.
b) Hierárquico.
c) Disciplinar. Está correto o que se afirma em:
d) Regulamentar.
e) Normativo. a) I, II, III e IV
b) I, II e IV, apenas
24. (RIOPREVIDÊNCIA - ESPECIALISTA EM PREVIDÊN- c) II e III, apenas.
CIA SOCIAL - CIÊNCIAS CONTÁBÉIS - CEPERJ/2013) d) I, III e IV, apenas
O Governo do Estado, apoiando o programa de criação
28. (MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA II -
das Unidades de Polícia Pacificadora, realiza várias outras
IBFC/2013) O desvio de finalidade caracteriza-se por
intervenções. Em relação aos pequenos comerciantes lo-
intermédio das seguintes condutas, EXCETO:
cais, atua na sua regularização para efeito de futuro re-
colhimento de impostos, bem como da regularidade dos
a) Irracionalidade do procedimento, acompanhada da
alimentos comercializados. Nesse caso, os agentes esta-
edição do ato.
duais atuam em decorrência do seguinte tipo de poder:
b) Motivação contraditória.
c) Incerteza em relação aos destinatários.
a) político d) Camuflagem dos atos.
b) executivo e) Inadequação entre os motivos e os efeitos.
c) alimentar
d) de polícia 29. (ANS - ATIVIDADE TÉC. DE SUPORTE – DIREITO
e) interventivo - FUNCAB/2013) Um superior hierárquico aplica uma
pena de suspensão ao servidor público que cometeu
25. (PC-RJ - OFICIAL DE CARTÓRIO - IBFC/2013) Con- uma infração. Isso é a expressão do poder:
forme tradicional classificação doutrinária, consideram-
-se atributos do poder de polícia: a) vinculado
b) de polícia.
a) Legalidade, moralidade e impessoalidade. c) discricionário.
b) Presunção da legitimidade, autoexecutoriedade e im- d) regulamentar.
peratividade. e) disciplinar.
c) Discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) Necessidade, proporcionalidade e adequação. 30. (ANS - ATIVIDADE TÉC. DE SUPORTE – DIREITO


e) Presunção de legitimidade, discricionariedade e impe- - FUNCAB/2013) No que tange ao poder de polícia, as-
ratividade. sinale a alternativa correta.

26. (AL-MT – PROCURADOR - FGV/2013) Decreto ex- a) O poder de polícia é exercido com exclusividade pelos
pedido pelo Chefe do Poder Executivo, regulamentando órgãos de segurança pública elencados na Constitui-
e estabelecendo limites à emissão de ruídos por casas ção Federal.
noturnas, consubstancia manifestação de b) O consentimento de polícia é uma das fases do poder
de polícia.
a) Poder Disciplinar. c) O fechamento de estabelecimentos pelo Poder Público
b) Poder de Polícia. não é manifestação do poder de polícia, ao contrário
c) Autotutela. da fiscalização que é eminentemente uma manifesta-
d) Ato Administrativo Complexo. ção desse poder.
e) Poder Hierárquico. d) Atualmente, a delegação do poder de polícia pode ser
livremente realizada, ao contrário do que dispunha a
doutrina clássica.

141
e) A medida de salvaguarda contra o poder de polícia é c) presunção de validade, que se consubstancia na con-
o habeas libertatis sideração de que os atos administrativos, enquanto
existentes, são válidos e gozam de autoexecutoriedade.
31. (MPE-SE - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - FCC/2013) d) exigibilidade, que garante a execução material dos
O ato de delegação fruto do poder hierárquico, poderá atos administrativos, independentemente de inter-
transferir atribuições venção judicial.
e) imperatividade, que atribui aos atos administrativos a
a) relacionadas à edição de atos de competência exclusi- capacidade de imposição a terceiros, com ou sem sua
va atribuída ao delegante. concordância.
b) específicas, mediante prazo determinado e publicação
do ato de delegação por meio oficial. 35. (TRT - 15ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA
c) correspondentes à totalidade das competências atri- ADMINISTRATIVA - FCC/2013)
buídas ao delegante pela lei. A discricionariedade pode ser qualificada como atributo
d) cometidas a qualquer órgão singular, uma vez que não dos atos administrativos em geral. Quando se fala que
são passíveis de delegação as competências imputa- determinado ato tem essa característica significa que:
das a órgãos colegiados.
e) específicas e, mesmo quando praticadas pelo agente a) é manifestação de vontade legítima do administrador,
delegado, considerar-se-ão editadas pelo delegante. prevista ou não em lei, cuja edição configura direito
subjetivo do interessado.
32. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO - b) foi editado levando em conta fatores externos e internos
FCC/2013) Empresa privada obtém autorização de im- do processo, sendo assim considerado ainda que fosse a
portação de material bélico. Posteriormente, alegando única decisão passível de ser tomada, nos termos da lei.
relevante interesse nacional, no tocante ao desenvolvi- c) é o resultado de opção do administrador, dentre algu-
mento da indústria bélica nacional, o órgão competente mas alternativas, que a legislação lhe confere, proferi-
da Administração Pública Federal revoga referida auto- da no âmbito do exercício de seu juízo de oportunida-
rização.
de e conveniência.
O ato revocatório em questão deve ser qualificado como:
d) foi proferido como manifestação do juízo de oportu-
nidade e conveniência, inovando a ordem jurídica e
a) concreto; composto; autoexecutório; emanado no
possibilitando a autoexecutoriedade de seu conteúdo.
exercício de poder hierárquico.
e) foi proferido em estrito cumprimento de disposição
b) individual; constitutivo; restritivo; emanado no exercí-
legal, exteriorizando direito subjetivo do interessado.
cio de poder discricionário.
c) coercitivo; vinculado; declaratório; emanado no exercí-
cio do poder de autotutela. 36. (SEAP-DF - PROFESSOR – SOCIOLOGIA -
d) ato de gestão; complexo; vinculado; emanado no exer- IBFC/2013) Visando a execução de determinado decre-
cício de poder de polícia. to, o Ministro de Estado, no âmbito das suas competên-
e) ato de império; enunciativo; abstrato; emanado no cias, poderá editar o seguinte ato:
exercício de poder disciplinar.
a) Circular
33. (OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII - PRI- b) Portaria.
MEIRA FASE - FGV/2013) O Estado X concedeu a Fulano c) Resolução.
autorização para a prática de determinada atividade. Pos- d) Instrução.
teriormente, é editada lei vedando a realização daquela
atividade. Diante do exposto, e considerando as formas 37. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) “É o atributo
de extinção dos atos administrativos, assinale a afirmativa do ato administrativo que autoriza sua imediata execu-
correta. ção, ainda que arguido de vícios ou defeitos que possam
levar a sua invalidade.” O texto refere-se ao atributo da:
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Deve ser declarada a nulidade do ato em questão.


b) Deve ser declarada a caducidade do ato em questão. a) Autoexecutoriedade.
c) O ato em questão deve ser cassado. b) Imperatividade.
d) O ato em questão deve ser revogado. c) Eficiência.
d) Presunção de legitimidade.
34. (TRT - 15ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA
ADMINISTRATIVA - FCC/2013) Os atos administrativos 38. (CAU-BR – ADVOGADO - IADES/2013) Assinale a
gozam de atributos específicos, dos quais não dispõem alternativa correta quanto aos requisitos dos atos admi-
os atos praticados sob a égide do regime jurídico de di- nistrativos que podem estar no âmbito do poder discri-
reito privado. Dentre eles, a: cionário da Administração Pública.
a) presunção de exigibilidade, que possibilita a coação ma-
terial dos atos administrativos mediante autorização su- a) Competência e Objeto.
perior. b) Motivo e Objeto.
b) presunção de validade entre as partes, somente po- c) Finalidade e Competência.
dendo haver descumprimento mediante desconstitui- d) Forma e Motivo.
ção do ato no âmbito judicial. e) Objeto e Finalidade.

142
39. (TRE-RO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- 43. (SEPLAG-MG - GESTOR GOVERNAMENTAL – CON-
TRATIVA - FCC/2013Considere as seguintes assertivas: TADOR - IESES/2013) Referente à classificação dos atos
administrativos, quanto ao objeto, quando o Poder Pú-
I. A Administração pública ao revogar um ato administra- blico atua com supremacia sobre o administrado, coer-
tivo assim o faz com efeitos ex tunc. citivamente e unilateralmente, temos descrito o ato de:
II. Mesmo anulado um ato administrativo, o princípio da
boa-fé e a teoria da aparência resguardam os efeitos já a) Gestão.
produzidos em relação aos terceiros de boa-fé. b) Expediente.
III. A Administração pública ao convalidar um ato admi- c) Vinculação.
nistrativo assim o faz com efeitos ex nunc. d) Império.

Está correto o que consta em 44. (SEPLAG-MG - GESTOR GOVERNAMENTAL – CON-


TADOR - IESES/2013) Qual das alternativas abaixo NÃO
a) II, apenas. se trata de um ato negocial?
b) I e II, apenas.
c) I, apenas. a) Atestado.
d) I, II e III. b) Licença.
e) III, apenas. c) Admissão.
d) Dispensa.
40. (TRE-RO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI-
NISTRATIVA - FCC/2013) A imperatividade dos atos 45. (TRE-RO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDI-
administrativos CIÁRIA - FCC/2013) Sebastião, servidor público, prati-
ca ato administrativo discricionário. No entanto, após a
a) é característica pela qual os atos administrativos impõem- prática do ato, que, ressalte-se, é válido e em total con-
-se a terceiros independentemente de sua concordância. sonância com o ordenamento jurídico, decide revogá-lo
b) é característica presente também nos atos de direito por razões de conveniência e oportunidade. Está correto
privado afirmar que
c) significa o poder de executar os atos administrativos
de forma autônoma pela Administração pública, isto é, a) Sebastião deveria ter anulado o ato e não se utilizado
sem necessidade de intervenção do Judiciário. do instituto da revogação.
d) não é considerada atributo de tais atos. b) A revogação não se dá por razões de conveniência e
e) existe em todos os atos administrativos. oportunidade, mas sim, por vício contido no ato.
c) Inexiste ato administrativo discricionário, sob pena de
41. (TCE-BA - AGENTE PÚBLICO - FGV/2013) Tendo uma atuação arbitrária da Administração pública.
em vista as hipóteses de extinção do ato administrativo, d) O ato administrativo discricionário comporta tanto re-
assinale a alternativa que apresenta apenas hipóteses de vogação quanto anulação, esta última desde que haja
extinção volitiva dos atos administrativos. ilegalidade no mesmo.
e) O ato administrativo discricionário não admite ser reti-
a) Invalidação e extinção subjetiva. rado do mundo jurídico, isto é, não comporta revoga-
b) Revogação e cassação. ção, nem anulação.
c) Extinção subjetiva e objetiva.
d) Anulação e execução material 46. (TRT - 5ª REGIÃO (BA) - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
e) Extinção objetiva e execução material. ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) A presunção de
legitimidade ou de veracidade é um dos atributos do ato
42. (TCE-BA - AGENTE PÚBLICO - FGV/2013) No que administrativo. Desta presunção decorrem alguns efei-
concerne à classificação dos atos administrativos, a res- tos, dentre eles a
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

peito do ato modificativo assinale a afirmativa correta.


a) impossibilidade do Judiciário decretar a nulidade do
a) Altera situações jurídicas preexistentes podendo extin- ato administrativo.
guir essa situação jurídica. b) capacidade de imposição do ato administrativo a ter-
b) Reconhece apenas a existência de um fato ou de uma ceiros, independentemente de sua concordância.
situação jurídica anterior a ele. c) capacidade da Administração criar obrigações para o
c) Tem o condão de criar uma nova situação jurídica particular sem a necessidade de intervenção judicial.
d) Altera situações jurídicas preexistentes, mas nunca d) capacidade da Administração empregar meios dire-
provoca sua extinção. tos de coerção, compelindo materialmente o adminis-
e) Reconhece situação jurídica futura. trado a fazer alguma coisa, utilizando-se inclusive da
força.
e) capacidade de produção de efeitos do ato adminis-
trativo enquanto não decretada a sua invalidade pela
própria Administração ou pelo Judiciário.

143
47. (TJ-AM - ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRA- d) Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
ÇÃO - FGV/2013) Ato administrativo é a declaração do aos brasileiros que preencham os requisitos estabele-
Estado ou de quem o represente, que produz efeitos ju- cidos no edital do concurso, assim como aos estran-
rídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime geiros, na forma da lei complementar.
jurídico de direito público e sujeito ao controle pelo Po- e) Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
der Público. aos brasileiros natos que preencham os requisitos es-
Assinale a alternativa que relaciona os elementos ou re- tabelecidos na Constituição Federal, assim como aos
quisitos do ato administrativo. brasileiros naturalizados e estrangeiros, na forma da
lei.
a) Legalidade, finalidade, forma, motivo e objeto ou con-
teúdo. 51. (SUDECO - AGENTE ADMINISTRATIVO - FUN-
b) Competência, impessoalidade, forma, motivo e objeto CAB/2013) As obras, serviços, inclusive de publicidade,
ou conteúdo. compras, alienações, concessões, permissões e locações
c) Finalidade, competência, moralidade, motivo e eficiência. da Administração Pública, quando contratadas com ter-
d) Competência, finalidade, forma, motivo, objeto ou ceiros, serão, via de regra, precedidas de:
conteúdo.
e) Forma, competência, finalidade, motivo e eficiência. a) aprovação pelo Poder Legislativo
b) parecer favorável do Ministério Público.
48. (TJ-AM - ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRA- c) licitação.
ÇÃO - FGV/2013) O atributo do ato administrativo, con- d) aprovação do Tribunal de Contas da União.
siderado uma garantia para o particular porque impede a e) análise do Poder Judiciário
Administração de agir de forma discricionária, é denominado
52. (TJ-PR - ASSESSOR JURÍDICO - TJ-PR/2013) Com
a) Presunção de legitimidade e veracidade.
relação às licitações públicas, identifique como verdadei-
b) Autoexecutoriedade.
ras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
c) Discricionariedade.
d) Imperatividade.
( ) A celebração de convênio não exige prévia realização
e) Tipicidade.
de procedimento licitatório.
( ) Segundo a Lei Federal 8.666/93, é permitida a contra-
49. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - PROVA
tação direta por inexigibilidade de licitação quando se
ANULADA - CETRO/2013) No que se refere ao Ato Ad-
ministrativo, leia o trecho abaixo e assinale a alternativa tratar de serviços de publicidade e divulgação.
que preenche correta e respectivamente as lacunas. ( ) É dispensável licitação para aquisição de obra de arte
Segundo o Professor Hely Lopes Meyrelles: destinada a decorar gabinete de autoridade administrati-
“O ___________ administrativo é toda manifestação unila- va de alto escalão, desde que certificada a autenticidade
teral de vontade da Administração _________ que, agindo da obra de arte.
nessa qualidade, tenha por fim _________ adquirir, res- ( ) A licitação é deserta quando todos os licitantes pre-
guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direi- sentes no certame são inabilitados ou desclassificados.
tos, ou impor obrigações aos seus administrados ou a si
própria.” Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta,
de cima para baixo.
a) ato/ pública/ imediato
b) ato ou fato/ direta/ imediato a) V – F – F – F.
c) ato ou fato/ direta/ mediato b) F – V – V – F.
d) ato ou fato/ pública/ mediato c) F – V – F – V.
e) ato/ pública/ mediato d) V – F – V – V.
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

50. (MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA II - 53. (OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII - PRI-
IBFC/2013) Indique a alternativa CORRETA, de acordo MEIRA FASE – FGV/2013) A Administração Pública esta-
com o texto expresso da Constituição da República: dual pretende realizar uma licitação em modalidade não
prevista na legislação federal.
a) Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis Nesse caso, é correto afirmar que
aos brasileiros que preencham os requisitos estabele-
cidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma a) a intenção é viável, pois o Estado tem ampla compe-
da lei. tência para legislar sobre licitações.
b) Os cargos, empregos e funções públicas são acessí- b) a intenção somente é viável caso seja realizada a com-
veis aos brasileiros e estrangeiros que preencham os binação de modalidades de licitação já previstas na Lei
requisitos estabelecidos em ato regulamentar, assim nº 8.666/93.
como aos estrangeiros, na forma da lei complementar. c) a intenção não é viável por expressa vedação da Lei n.
c) Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis 8.666/93.
somente aos brasileiros natos que preencham os requi- d) a intenção é viável por expressa autorização da Lei n.
sitos estabelecidos em lei, sendo inacessíveis aos estran- 8.666/93.
geiros.

144
54. (SESACRE – FISIOTERAPEUTA - FUNCAB/2013) c) A realização de licitação é obrigatória, devendo ser uti-
São modalidades licitatórias: lizada a modalidade de tomada de preços.
d) A realização de licitação é obrigatória, devendo ser uti-
lizada a modalidade de convite.
a) convite e sondagem.
b) concurso e promoção. 58. (AL-MT – PROCURADOR - FGV/2013) Com relação
c) leilão e permissão. à disciplina legal das licitações, é correto afirmar que
d) consulta e concessão.
e) pregão e concorrência.
a) não se admite, no julgamento da licitação, qualquer
preferência a empresas brasileiras.
55. (PC-RJ - OFICIAL DE CARTÓRIO - IBFC/2013)
b) a contratação de serviços de publicidade deve ser pre-
Analise as assertivas abaixo com base na Lei Federal n°
cedida de licitação.
8.666/93, que disciplina o procedimento licitatório:
c) a alienação de bens da Administração Pública será
sempre precedida de avaliação e licitação.
I. A licitação é dispensável quando não acudirem inte-
d) as obras, serviços, compras e alienações realizados pe-
ressados à licitação anterior e esta, justificadamente, não
los órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário não são
puder ser repetida sem prejuízo para a Administração,
mantidas, neste caso, todas as condições preestabeleci- atingidos pela exigência de licitação.
das. e) a modalidade de licitação entre interessados previa-
II. Quando a União tiver que intervir no domínio econô- mente cadastrados, convidados em número mínimo
mico para regular preços ou normalizar o abastecimento, de 3 (três) pela unidade administrativa, é denominada
a licitação é dispensável. convite.
III. É dispensável a licitação para aquisição de materiais,
equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos 59. (TCE-ES - TODOS OS CARGOS - CONHECIMENTOS
por produtor, empresa ou representante comercial ex- BÁSICOS - CESPE/2013) Na hipótese de determinado
clusivo, vedada a preferência de marca. órgão da administração pública estadual contratar dire-
IV. Haverá dispensabilidade de licitação para a contrata- tamente um profissional de notória especialização para
ção de serviços de natureza singular, com profissionais realizar um serviço técnico especializado, de natureza
ou empresas de notória especialização. singular, essa contratação estará de acordo com a Lei de
V. Para contratação de profissional de qualquer setor ar- Licitações caso se refira
tístico, diretamente ou através de empresário exclusivo,
a) à apresentação de espetáculos artísticos
desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
b) a serviços médicos.
opinião pública, será dispensável a licitação.
c) a consultoria em saúde pública.
d) a serviço de meteorologia.
Estão corretos apenas os itens:
e) à elaboração de perícias.
a) I e II.
60. (TCE-BA - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO -
b) I e III.
FGV/2013) No que se refere ao tema das licitações e
c) II e V.
contratos administrativos, assinale a afirmativa incorreta.
d) III e IV.
e) IV e V.
a) Na hipótese legal de dispensa de licitação, a Adminis-
tração Pública pode realizar o certame.
56. (IPSEMG - ANALISTA - TECNOLOGIA DA INFOR-
b) Na hipótese de inexigibilidade de licitação, a Admi-
MAÇÃO - FUNDEP/2013) No procedimento licitatório
nistração Pública pode realizar o certame desde que
regido pela Lei nº 8.666/93, faculta-se ao licitante desistir
exista prévia autorização legislativa.
da proposta, sem necessidade de justificação e sem que
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) O pregão é uma modalidade de licitação não prevista


o ato possa resultar em responsabilização até a fase da
originalmente na Lei de Licitações e Contratos Admi-
nistrativos.
a) adjudicação.
d) A emergência fabricada não autoriza a dispensa de
b) classificação.
licitação.
c) habilitação.
e) Encerrado o procedimento, com a escolha da proposta
d) homologação.
mais vantajosa para a Administração Pública, a licita-
ção pode ser revogada por razões de interesse públi-
57. (IPSEMG - TÉCNICO – ENFERMAGEM - FUN-
co.
DEP/2013) Determinada autarquia do Estado de Minas
Gerais pretende adquirir equipamentos cujo valor esti-
mado é de R$ 12.000,00 (doze mil reais).
Consoante o que dispõe a Lei nº 8.666/93, é CORRETO
afirmar que, no caso:

a) Configura-se hipótese de dispensa de licitação.


b) Configura-se hipótese de licitação dispensada.

145
61. (IBGE - ANALISTA – AUDITORIA - CESGRAN- 65. (MPE-GO - PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPE-
RIO/2013) A empresa Y Ltda. pretende participar de -GO/2013) As leis gerais de licitação trazem, como mo-
pregões eletrônicos no âmbito da administração federal. dalidades Licitatórias, a concorrência, a tomada de pre-
Como um dos requisitos exigidos pelo Decreto no ços, o convite, o concurso, o leilão e o pregão, embora
5.450/2005, deve a empresa cadastrar-se no alguns autores afirmem a existência da modalidade con-
sulta, prevista apenas para as agências reguladoras. No
a) Sistema de Serviços Gerais - SISG que pertine às modalidades licitatórias, aponte o item
b) Sistema de Regulação de Empresas - SRE incorreto:
c) Sistema Único de Cadastro Federal - SUCF
d) Sistema Nacional de Compras Unificadas - SNCU a) a Lei n° 8.666/93 veda o fracionamento de despesas,
e) Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores como forma de escapar de modalidade licitatória mais
- SICAF rigorosa, embora excepcione as parcelas de natureza
especifica que possam ser executadas por pessoas ou
62. (MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA I - empresas de especialidade diversa daquela do execu-
IBFC/2013) Segundo as disposições da Lei de Licitações tor da obra ou serviço.
e Contratos (Lei n° 8.666/1993), a “modalidade de licita- b) da mesma forma que o fracionamento de despesas, a
ção entre interessados devidamente cadastrados ou que Lei n° 8.666/93 veda o parcelamento do objeto da lici-
atenderem a todas as condições exigidas para cadastra- tação.
mento até o terceiro dia anterior à data do recebimento c) se o gestor, ao assumir a Administração, pretender lo-
das propostas, observada a necessária qualificação”, é car 05 (cinco) caminhões para atender às necessida-
denominada: des do município, poderá lançar mão de uma licitação
para cada um dos veículos, embora tenha o dever de
a) Leilão. observar a modalidade licitatória decorrente da soma
b) Convite. de todos eles.
c) Concurso. d) é possível substituir uma modalidade licitatória por outra,
d) Concorrência. desde que a substituição importe naquela mais rigorosa.
e) Tomada de preços.
66. (CAU-BR – ADVOGADO - IADES/2013) O critério
63. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) Nos termos da adotado para o julgamento e a classificação das propostas
Lei de Licitações e Contratos (Lei Federal n° 8.666/1993), na modalidade de pregão, previsto pela Lei nº 10520/2002
é inexigível a licitação: éo

a) Quando a União tiver que intervir no domínio econô- a) da melhor técnica


mico para regular preços. b) de tomada de preço
b) Nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem. c) de menor preço.
c) Quando houver inviabilidade de competição, para con- d) de melhor técnica e preço.
tratação de profissional de qualquer setor artístico, di- e) de melhor técnica ou maior lance.
retamente ou através de empresário exclusivo, desde
que consagrado pela crítica especializada ou pela opi- 67. (TRE-RO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
nião pública. TRATIVA - FCC/2013) Considere as seguintes assertivas:
d) Para a aquisição ou restauração de obras de arte e ob-
jetos históricos, de autenticidade certificada, desde que I. Alienação de bens imóveis da Administração pública,
compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou en- cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais.
tidade. II. Venda de bens móveis inservíveis para a Administração
pública.
64. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) O dever de III. Alienação de bens imóveis da Administração pública,
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

licitar imposto aos entes governamentais visa a alcançar cuja aquisição haja derivado de dação em pagamento.
alguns objetivos, EXCETO: IV. Venda de produtos legalmente apreendidos ou pe-
nhorados.
a) Proporcionar aos entes governamentais a realização
do negócio mais vantajoso. Nos termos da Lei nº 8.666/1993, desde que preenchidos
b) Proporcionar a competição entre os licitantes. os demais requisitos legais, é cabível licitação na modali-
c) Proporcionar aos particulares a participação na gestão dade leilão no que consta em
da coisa pública e nas decisões governamentais.
d) Efetivar os princípios da isonomia e impessoalidade. a) I, II e III, apenas.
b) I, II, III e IV.
c) I e II, apenas.
d) I e IV, apenas.
e) III e IV, apenas.

146
68. (TRE-RO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- 71. (SEPLAG-MG - GESTOR GOVERNAMENTAL – CON-
TRATIVA - FCC/2013) Nos termos da Lei nº 8.666/1993, TADOR - IESES/2013) Segundo a Lei nº 10.520/2002
para a contratação de instituição ou organização, pública quais das condições abaixo NÃO estão na fase prepara-
ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a presta- tória do pregão:
ção de serviços de assistência técnica e extensão rural
no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técni- I. A autoridade competente justificará a necessidade de
ca e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma contratação e definirá o objeto do certame, as exigências
Agrária, instituído por lei federal, é de habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as
sanções por inadimplemento e as cláusulas do contrato,
a) inexigível a licitação inclusive com fixação dos prazos para fornecimento.
b) obrigatória a licitação na modalidade concorrência. II. A convocação dos interessados será efetuada por meio
c) obrigatória a licitação na modalidade convite. de publicação de aviso em diário oficial do respectivo
d) dispensável a licitação. ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação
e) obrigatória a licitação na modalidade concurso. local, e facultativamente, por meios eletrônicos e confor-
me o vulto da licitação, em jornal de grande circulação,
69. (TCE-BA - AGENTE PÚBLICO - FGV/2013) A respei- nos termos do regulamento de que trata o art. 2º.
to do tema licitação, analise as afirmativas a seguir. III. Examinada a proposta classificada em primeiro lugar,
quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir
I. A inexigibilidade de licitação pressupõe inviabilidade motivadamente a respeito da sua aceitabilidade.
de competição. IV. A definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e
II. Na licitação dispensada, o legislador excepciona dire- clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrele-
tamente a obrigatoriedade de licitação. vantes ou desnecessárias, limitem a competição.
III. Na licitação dispensável, o legislador permite ao ad-
ministrador realizar a contratação direta sem licitação. a) As condições I e III.
b) As condições I e IV.
Assinale: c) As condições II e III.
d) As condições II e IV.
a) se apenas a afirmativa I estiver correta.
b) se apenas a afirmativa II estiver correta. 72. (TRE-RO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDI-
c) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. CIÁRIA - FCC/2013) O Estado de Rondônia realizará
d) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. procedimento licitatório na modalidade concorrência
e) se todas as afirmativas estiverem corretas para a construção de grandiosa obra pública. Cumpre
salientar que o valor estimado para a licitação é de R$
70. (SEPLAG-MG - GESTOR GOVERNAMENTAL – CON- 160.000.000,00 (cento e sessenta milhões de reais). No
TADOR - IESES/2013) De acordo com a Lei nº 8.666/93 caso narrado e de acordo com a Lei nº 8.666/1993, o pro-
é dispensável a licitação: cesso licitatório em questão

I. Nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem. a) prescinde de audiência pública, haja vista que apenas
II. Quando a União tiver que intervir no domínio econô- as licitações cujo valor supera quinhentos milhões de
mico para regular preços ou normalizar o abastecimento. reais é que necessitam de tal formalidade.
III. Para contratação de profissional de qualquer setor ar- b) prescinde de audiência pública, haja vista que apenas
tístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, as licitações cujo valor supera duzentos milhões de re-
desde que consagrado pela crítica especializada ou pela ais é que necessitam de tal formalidade.
opinião pública. c) será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência
IV. Para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêne-
pública concedida pela autoridade responsável com
ros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

antecedência mínima de trinta dias úteis da data pre-


ou representante comercial exclusivo, vedada a prefe-
vista para a publicação do edital.
rência de marca, devendo a comprovação de exclusivi-
dade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão d) será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência
de registro do comércio do local em que se realizaria a pública concedida pela autoridade responsável com
licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federa- antecedência mínima de quinze dias úteis da data pre-
ção ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades vista para a publicação do edital.
e) será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência
equivalentes.
pública concedida pela autoridade responsável com
a) Somente as alternativas I e II estão corretas. antecedência mínima de quarenta e cinco dias úteis
b) Somente a alternativa I está correta. da data prevista para a publicação do edital.
c) Todas as alternativas estão corretas.
d) Somente as alternativas I e IV estão corretas.

147
73. (SPTrans - Advogado Pleno - Administrativo - VU- 76. (MPE-SP - Promotor de Justiça - MPE-SP/2012)
NESP/2012) “Os atos de improbidade praticados por Atos de improbidade administrativa são aqueles que
qualquer agente público, servidor ou não, contra a admi- devidamente tipificados em lei federal, ferem direta ou
nistração direta, ____________ ou fundacional de qualquer indiretamente os princípios constitucionais e legais da
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, Administração pública, possuindo natureza
dos Municípios, de Território, de _________ incorporada
ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação a) civil, independentemente de importarem enriquecimento
ou custeio o haja concorrido ou concorra com mais de ilícito ou de causarem prejuízo material ao erário público.
____________ por cento do patrimônio ou da receita anu- b) penal, independentemente de importarem enriquecimento
al, serão punidos na forma desta lei.” (Art. 1.º da Lei nº ilícito ou de causarem prejuízo material ao erário público.
8.429/92). Assinale a alternativa que contempla os vo- c) civil, desde que importem enriquecimento ilícito ou
cábulos que preenchem, correta e respectivamente, as causem prejuízo material ao erário público.
lacunas do referido dispositivo legal. d) penal, desde que importem enriquecimento ilícito e
causem prejuízo material ao erário público.
a) autárquica, pessoa, Estado, sessenta e) civil, desde que importem enriquecimento ilícito e cau-
b) indireta, pessoa, tesouro, cinquenta sem prejuízo material ao erário público.
c) autárquica, empresa, erário, sessenta
d) autárquica, empresa, tesouro, cinquenta 77. (DPE-AC - Defensor Público - CESPE/2012) A respeito
e) indireta, empresa, erário, cinquenta da improbidade administrativa, assinale a opção correta.

74. (TRT - 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - FCC/2013) a) A responsabilidade civil decorrente do ato de improbi-
Paulo, servidor público federal, deixou de praticar, deli- dade administrativa é objetiva, ou seja, não se analisa
beradamente, ato de ofício que era de sua competência.
dolo ou culpa, porque o prejuízo sempre será do poder
A referida conduta
público.
b) Ação contrária aos princípios da administração públi-
a) poderá caracterizar ato de improbidade administrati-
va, desde que comprovado que o servidor auferiu van- ca não gera improbidade administrativa quando não
tagem indevida para a sua prática. causa prejuízo ao erário.
b) configura ato de improbidade administrativa que c) Ato de improbidade é definido como o ato lesivo ao
atenta contra os Princípios da Administração pública, ordenamento jurídico praticado exclusivamente por
passível da aplicação da pena de perda da função pú- servidor público, no exercício de sua função, contra a
blica. administração direta, indireta ou fundacional de qual-
c) não configura ato de improbidade administrativa, sen- quer dos poderes da União, dos estados, do DF e dos
do passível, contudo, punição disciplinar. municípios.
d) não configura ato de improbidade administrativa, sal- d) A probidade administrativa configura norma difusa,
vo se comprovado, cumulativamente, enriquecimento visto que os bens pertencentes ao Estado constituem
ilícito e dano ao erário. res publica, devendo ser coibido qualquer desvio de
e) configura ato de improbidade administrativa, passível destinação desses bens.
de aplicação de pena de multa, exclusivamente. e) As sanções legalmente previstas para atos de improbi-
dade administrativa não incluem a proibição de con-
75. (Receita Federal - Analista Tributário da Receita tratar com o poder público.
Federal - ESAF/2012) Segundo a Lei nº 8.429, de 2 de
junho de 1992, que trata dos atos de improbidade admi- 78. (FCC - 2012 - TRT - 6ª Região (PE) - Analista Judi-
nistrativa, é correto afirmar que: ciário - Arquivologia) De acordo com a Lei nº 12.527,
de 18 de novembro de 2011, a qualidade da informação
a) somente servidor público pode ser sujeito ativo de ato coletada na fonte, com o máximo de detalhamento pos-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de improbidade administrativa. sível, sem modificações, é identificada como


b) o integral ressarcimento do dano causado ao patrimô-
nio público somente se dá se o agente tiver agido com a) objetividade.
dolo. b) autenticidade.
c) no caso de enriquecimento ilícito, o agente público be- c) integridade.
neficiário somente perderá os bens adquiridos até o li- d) primariedade.
mite do valor do dano causado ao patrimônio público. e) disponibilidade.
d) o sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às
cominações da referida Lei até o limite do valor da
herança.
e) a referida Lei apresenta rol taxativo de condutas que im-
portam o cometimento de atos de improbidade adminis-
trativa.

148
79. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Ar- 82. (FAURGS - 2012 - TJ-RS - Historiógrafo) A Lei n.º
quivologia) Assinale a opção em que são apresentadas 12.527, sancionada pela Presidenta da República em 18
informações que não se submetem à Lei de Acesso à In- de novembro de 2011, tem o propósito de regulamentar
formação brasileira. o direito constitucional de acesso dos cidadãos às infor-
mações públicas, sendo que seus dispositivos são aplicá-
a) Informação sobre projetos de pesquisa relacionados veis aos três Poderes da União, dos Estados, do Distrito
ao desenvolvimento científico ou tecnológico, assim Federal e dos Municípios.
como a sistemas, bens, instalações ou áreas de inte- No que se refere a essa lei, considere as afirmações abai-
resse estratégico nacional. xo.
b) Informação resultante de inspeções, auditorias, pres-
tações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos I - Sua regulamentação torna essencial o princípio de que
de controle interno e externo, incluindo prestações de o acesso é a regra, e o sigilo é a exceção.
contas relativas a exercícios anteriores. II - Sua regulamentação consolida e define o marco regu-
c) Informação contida em registros ou documentos, pro- latório em relação ao acesso à informação pública sob a
duzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, guarda do Estado e à informação privada em arquivos pes-
recolhidos ou não a arquivos públicos. soais.
d) Informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e III - Sua regulamentação estabelece os procedimentos
entidades, inclusive as relativas a sua política, organi- para que a Administração responda a pedidos de infor-
zação e serviços. mação do cidadão.
e) Informação referente à implementação, ao acompa-
nhamento e aos resultados dos programas, projetos e Quais estão corretas?
ações dos órgãos e entidades públicas, bem como às
metas e aos indicadores propostos. a) Apenas I.
b) Apenas II.
80. (CONSULPLAN - 2012 - TSE - Analista Judiciário c) Apenas III.
- Arquivologia) Considerando a autonomia entre os Po- d) Apenas I e III.
deres da República em seus diferentes níveis de atuação, e) I, II e III.
pode-se afirmar sobre a Lei nº 12.527 promulgada pela
Presidente Dilma Russeff, em 18 de novembro de 2011, 83. (CESPE - 2013 - ANP - Analista Administrativo -
que regula o acesso aos documentos de arquivo e revo- Área 1 / CESPE - 2013 - INPI - Analista de Planeja-
ga, não apenas a Lei nº 11.111/2005, mas também alguns mento - Arquivologia - ADAPTAÇÃO - originalmente
dispositivos da Lei nº 8.159/1991, que questões de verdadeiro ou falso) Analise as afirmativas
sobre a Lei nº 12.527 (lei de acesso à informação):
a) não se aplica ao Tribunal Superior Eleitoral.
b) não se aplica ao Poder Judiciário. I - Cabe à comissão mista de reavaliação de informações
c) é exclusiva ao Poder Executivo Federal. rever, de ofício ou mediante provocação de pessoa inte-
d) se aplica aos três poderes da República. ressada, a classificação de informações ultrassecretas ou
secretas.
81. (FAURGS - 2012 - TJ-RS - Analista Judiciário) Para II - Na divulgação de informações de interesse coletivo
os efeitos da Lei n.º 12.527/2011 (Lei de Acesso às Infor- ou geral, produzidas ou custodiadas por órgãos e por
mações Públicas), entidades públicas, deve constar, no mínimo, o registro
das receitas dessas instituições.
a) não há tratamento específico para as informações sigi- III - O núcleo de segurança e credenciamento deverá re-
losas e para as informações pessoais. quisitar da autoridade que classificar a informação como
b) há identidade de tratamento quanto às informações ultrassecreta ou secreta esclarecimento ou conteúdo
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pessoais e sigilosas. parcial ou integral da informação.


c) as informações sigilosas são aquelas submetidas tem- IV - Segundo a lei de acesso à informação, a autenticida-
porariamente à restrição de acesso público. de é a qualidade da informação coletada na fonte, com
d) as informações pessoais são, necessariamente, sigilo- o máximo de detalhamento possível, sem modificações.
sas, muito embora as informações sigilosas não neces- V - No âmbito da administração pública federal, a reava-
sariamente sejam pessoais. liação das informações classificadas como ultrassecretas
e) as informações pessoais são assim definidas por cada e secretas poderá ser revista a qualquer tempo.
servidor público, a partir da análise de sua situação
particular de proteção da privacidade. Estão corretas:

a) I e II;
b) I, II e III;
c) I e V;
d) II, III e V;
e) IV e V.

149
84. (IPREV - ADVOGADO – AUTÁRQUICO - FEPE- pacidade para seu desempenho, por sua conta e risco,
SE/2013) Assinale a alternativa correta em matéria de ou por conta do poder público, e por prazo determi-
Direito Administrativo. nado.
d) A delegação, mediante licitação, levada a efeito sem-
a) Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a pre na modalidade concorrência, da prestação de ser-
sua interrupção, quando fundamentada a decisão em viços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa
oportunidade e conveniência do poder concedente. física ou jurídica que demonstre capacidade para seu
b) Serviço adequado é o que satisfaz as condições de desempenho, por sua conta e risco e por prazo deter-
regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atu- minado.
e) A delegação, a título precário, mediante licitação, da
alidade, generalidade, cortesia na sua prestação e mo-
prestação de serviços públicos, feita pelo poder con-
dicidade das tarifas.
cedente exclusivamente à pessoa jurídica ou consór-
c) A precariedade da delegação do serviço público por cio de empresas que demonstre capacidade para seu
meio de permissão afasta a necessidade da utilização desempenho, por sua conta e risco.
do procedimento licitatório para a escolha do permis-
sionário. 87. (TCE-ES - ANALISTA ADMINISTRATIVO – DIREITO
d) Apenas a concessão precedida da execução de obra - CESPE/2013) Assinale a opção correta acerca dos ser-
pública será formalizada por meio de contrato. viços públicos.
e) Na concessão de serviço público ocorre a delegação de
sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante a) Os denominados serviços públicos uti universi não po-
licitação, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas dem ser objeto nem de concessão nem de remunera-
que demonstre capacidade para seu desempenho, por ção mediante a cobrança de taxa.
sua conta e risco e por prazo indeterminado. b) Na concessão de serviço público, o serviço é atribuído
à pessoa física ou jurídica, que o executará por sua
85. (TJ-PR - ASSESSOR JURÍDICO - TJ-PR/2013) Assi- conta e risco.
nale a alternativa que NÃO apresenta uma característica c) As concessões de serviço público demandam a obe-
da parceria público-privada. diência irrestrita ao princípio da obrigatoriedade de
licitação, razão pela qual a legislação de regência veda
a) Prévia licitação, na modalidade concorrência, poden- a incidência das hipóteses de dispensa e de inexigibi-
do o edital definir que as propostas econômicas serão lidade de licitação sobre as licitações para a concessão
apresentadas por escrito, seguidas de lances em viva de serviço público.
voz, caso em que a apresentação dos referidos lances d) Quando o serviço público é prestado por empresa pú-
poderá ser restringida aos licitantes cuja proposta es- blica ou por sociedade de economia mista, tais entida-
crita for no máximo 20% (vinte por cento) maior que o des, integrantes da administração indireta, passam a
valor da melhor proposta. ser detentoras da titularidade do serviço público.
b) Prazo mínimo igual ou superior a 5 (cinco) anos. e) Uma das formas de prestação de serviços públicos é a de-
c) Repartição objetiva de riscos entre as partes, inclusive nominada prestação direta, por meio da qual o próprio Es-
os referentes a caso fortuito, força maior, fato do prín- tado presta o serviço público, hipótese em que é vedada
cipe e álea econômica extraordinária. a cobrança de contrapartida remuneratória pela prestação
d) Contraprestação da administração pública ao parceiro
do serviço.
privado, mediante cessão de crédito tributário, obri-
gatoriamente precedida da disponibilização do servi-
ço objeto do contrato de parceria público-privada.
88. (MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA I -
BFC/2013) Na concessão de serviços públicos, o poder
86. (PC-RJ - OFICIAL DE CARTÓRIO - IBFC/2013) No
concedente, que corresponde aos vários entes estatais
que diz respeito ao regime de delegação de prestação
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

(União, Estados, Distrito Federal e Municípios), transfere


de serviços públicos, podemos conceituar corretamente
à pessoa jurídica ou consórcio de empresas:
a permissão de serviços como sendo:
a) A utilização privativa de bem público.
a) A delegação, a título precário, mediante licitação, na
b) A titularidade e a execução de serviços públicos.
modalidade concorrência, da prestação de serviços
c) Os bens necessários à prestação de serviços públicos.
públicos, feita pelo poder concedente exclusivamente
d) Apenas a titularidade dos serviços públicos, mas não
à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que de-
a sua execução.
monstre capacidade para seu desempenho, por sua
e) Apenas a execução de serviços públicos e continua
conta e risco.
com a titularidade.
b) A delegação, a título precário, mediante licitação, da
prestação de serviços públicos, feita pelo poder con-
cedente à pessoa física ou jurídica que demonstre ca-
pacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.
c) A delegação, mediante licitação, da prestação de ser-
viços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre ca-

150
89. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) Do Princípio 93. (MPE-SE - ANALISTA – DIREITO - FCC/2013) O Mu-
da Continuidade do Serviço Público, decorrem algumas nicípio de Aracajú pretende delegar à iniciativa privada a
consequências, EXCETO: prestação do serviço municipal de transporte coletivo de
passageiros. Após estudos técnicos e econômico-finan-
a) Proibição absoluta do direito de greve aos servidores ceiros, resolveu fazê-lo por meio de concessão comum
públicos. de serviço público, disciplinada pela Lei nº 8.987/1995.
b) Faculdade da Administração Pública utilizar os equipa- Para tanto, é necessário, entre outras providências,
mentos da empresa com quem contratou.
c) Faculdade da Administração Pública utilizar os insti- a) realizar procedimento licitatório, em qualquer modalida-
tutos da delegação e da substituição para preencher de, havendo, no entanto, necessidade de justificar a es-
funções temporariamente vagas colha.
d) Faculdade da Administração Pública assumir o serviço b) realizar procedimento licitatório, na modalidade con-
que concedeu ao particular. corrência, com participação restrita a pessoas jurídicas.
c) realizar procedimento licitatório, na modalidade con-
90. (CAU-BR – ADVOGADO - IADES/2013) Os serviços corrência, do qual poderão participar pessoas físicas e
públicos são as atividades exercidas pelo poder público, pessoas jurídicas.
direta ou indiretamente, para a realização de seus obje- d) firmar contrato escrito, por prazo determinado, não
tivos e finalidades para atender ao bem comum de to- sendo obrigatória a realização de licitação, por se tra-
dos. Eles podem ser delegados para entidades públicas tar de concessão, não de permissão de serviços pú-
ou privadas na forma de concessão de serviços públicos. blicos.
Acerca desse tema, assinale a alternativa correta. e) firmar contrato escrito, por prazo determinado, sendo
obrigatória a realização de procedimento licitatório,
a) A concessão não precisa ser formalizada por contrato
na modalidade leilão.
administrativo.
b) A concessão poderá ser realizada com pessoas físicas.
c) A concessão de serviços exige autorização legislativa. 94. (SMA-RJ – CONTADOR - FJG-RIO/2013) A altera-
mada de preço. ção unilateral nos contratos de reforma de equipamento
e) A licitação para a concessão poderá ser realizada por obriga que o contratado se submeta às modificações im-
qualquer modalidade. postas pela Administração, com a condição de que seja
observado o seguinte limite máximo em relação ao ob-
91. (TJ-BA - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE jeto contratado:
REGISTROS – REMOÇÃO - CESPE/2013) A respeito das
concessões e permissões de serviços públicos, assinale a a) 50%
opção correta. b) 40%
c) 30%
a) As concessões são firmadas apenas com consórcios de d) 25%
empresas e as permissões, apenas com pessoas jurí-
dicas. 95. (TJ-PR - ASSESSOR JURÍDICO - TJ-PR/2013) Acer-
b) O regime de concessão tem natureza onerosa; a permis- ca dos mecanismos de preservação ou restabelecimento
são, por sua vez, pode ser realizada a título oneroso ou do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos admi-
gratuito. nistrativos, considere as seguintes afirmativas:
c) No regime de concessão, o prazo é determinado, já a 1. A atualização financeira aplica-se a hipóteses de atra-
permissão não comporta determinação de prazo de sos nos pagamentos devidos pela administração e incide
vigência. desde a data final do período de adimplemento de cada
d) O regime de concessão exige processo licitatório, ao parcela até a data do efetivo pagamento.
passo que, para as permissões, a licitação é facultativa. 2. A repactuação destina-se a proteger os valores contra-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e) As concessões objetivam apenas matérias de cunho tados da defasagem provocada pelo fenômeno inflacio-
econômico e as permissões, matérias de âmbito admi- nário, sendo implementada pela demonstração analítica
nistrativo e financeiro. da variação dos componentes dos custos do contrato.
3. O reajuste é cláusula necessária dos contratos adminis-
92. (DPE-SP - DEFENSOR PÚBLICO - FCC/2013) Sobre trativos, depende do decurso da periodicidade mínima
as formas de contratação na Administração Pública, é de 12 (doze) meses, contados da assinatura do contrato,
correto afirmar que: e tem por objetivo preservar o valor contratual em virtu-
de da inflação.
a) a concessão é extinta se houver necessidade de inter- 4. A revisão depende de previsão contratual e tem por
venção do poder concedente. escopo restaurar o equilíbrio econômico-financeiro do
b) a União deve ser parte em consórcio. contrato em caso de fatos imprevisíveis ou previsíveis,
c) o protocolo de intenções pode ser assinado após a porém de consequências incalculáveis.
formalização do consórcio.
d) a parceria público-privada na modalidade patrocinada Assinale a alternativa correta.
envolve tarifa a ser cobrada dos usuários.
e) é admitida a parceria público-privada para o forneci-
mento de mão de obra.

151
a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. c) é possível o acréscimo, na obra, até o limite de 25 %
b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do
c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras. contrato, bem como a prorrogação do contrato.
d) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. d) a alteração unilateral do contrato é permitida, mas não
por razão de alteração no projeto contratado.
96. (TRT - 15ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - e) desde que haja expressa concordância do contratado,
ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) A mutabilidade é possível o acréscimo na obra, qualquer que seja o
é característica inerente ao contrato administrativo, po- valor, bem como a prorrogação do contrato.
dendo ser evidenciada pela:
99. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) Nos termos da
a) possibilidade de substituição do objeto contratual, Lei de Licitações e Contratos (Lei Federal n° 8.666/1993),
diante de alteração das necessidades da Administra- os contratos administrativos são regulados:
ção pública e desde que mantido o equilíbrio econô-
mico-financeiro do contrato. a) Pelas cláusulas contratuais e pelos princípios da teoria
b) possibilidade de rescisão unilateral do contrato por geral dos contratos e disposições de direito privado,
parte da Administração pública, descabida, no entan- aplicando-se-lhes, supletivamente, os preceitos de di-
to, modificação quantitativa e qualitativa. reito público.
c) presença das cláusulas exorbitantes, por meio das b) Pelas cláusulas contratuais e pelos preceitos de direi-
quais se confere às partes a possibilidade de alteração to público, vedada a aplicação de preceitos de direito
unilateral do contrato, inclusive para rescindi-lo. privado.
d) presença das cláusulas exorbitantes, que compatibili- c) Pelas suas cláusulas, apenas.
zam a possibilidade de adequação da relação contra- d) Pelas cláusulas contratuais e pelos preceitos de direito
tual à dinâmica do interesse público, que pode variar público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princí-
ao longo da relação contratual. pios da teoria geral dos contratos e as disposições de
e) necessidade de manutenção do equilíbrio econômico- direito privado.
-financeiro do contrato, mesmo diante de alterações
unilaterais levadas a efeito pelas partes. 100. (CAU-BR – ADVOGADO - IADES/2013) As cláusu-
las sobre modificação e rescisão unilateral do contrato
97. (IPSEMG - TÉCNICO – ENFERMAGEM - FUN- administrativo e aplicação de sanções, em casos de atra-
DEP/2013) Segundo o que dispõe o Estatuto Nacional sos ou inexecução, constituem, entre outras, diferenças
de Licitações e Contratos Administrativos, sobre a forma- marcantes do contrato administrativo em relação aos
lização do contrato administrativo, é CORRETO afirmar contratos privados, caracterizando a supremacia de po-
der da Administração na relação jurídica bilateral. Essas
a) que é vedada, em qualquer caso, a celebração de con- cláusulas são denominadas
trato verbal pela Administração Pública.
b) que a publicação resumida do contrato e de seus adi- a) bilaterais.
tamentos na Imprensa Oficial é condição indispensá- b) exorbitantes.
vel para sua eficácia. c) intuitu personae.
c) que o instrumento de contrato é obrigatório para os d) aditivas
contratos decorrentes de concorrência, tomada de e) exceptio non adimpleti contractus.
preço e convite.
d) que, contratos celebrados mediante configuração de ine-
xigibilidade de licitação não dependem de formalização.

98. (AL-MT – PROCURADOR - FGV/2013) A União cele-


GABARITO
brou contrato de obra pública com a empresa X, vence-
CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dora de concorrência, para a construção de uma rodovia 1 D


de 140 (cento e quarenta) km de extensão. O contrato foi
celebrado pelo prazo de 24 (vinte e quatro) meses. No 2 C
decorrer da obra, entretanto, a Administração verificou a 3 B
necessidade de alteração no projeto contratado, com o
4 C
acréscimo de serviços e a prorrogação do prazo contra-
tual por mais 12 meses. 5 E
Diante do exposto, é correto afirmar que 6 C

a) não é possível a alteração do objeto contratado, em- 7 E


bora a prorrogação do prazo, em tese, seja possível. 8 C
b) é possível o acréscimo, na obra, até o limite de 25 % 9 C
(vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do
contrato, mas, por se tratar de contrato com prazo 10 E
superior a 12 (doze) meses, é impossível a sua pror- 11 D
rogação.

152
12 B 57 D
13 D 58 B
14 D 59 E
15 C 60 B
16 C 61 E
17 B 62 E
18 C 63 C
19 A 64 B
20 E 65 B
21 A 66 C
22 A 67 B
23 B 68 D
24 D 69 E
25 C 70 A
26 B 71 C
27 A 72 D
28 C 73 E
29 E 74 B
30 B 75 D
31 B 76 A
32 B 77 D
33 B 78 D
34 E 79 A
35 C 80 D
36 D 81 C
37 D 82 D
38 B 83 C
39 A 84 B
40 A 85 D
41 B 86 B
42 D 87 A
43 D 88 E
44 A 89 A CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

45 D 90 C
46 E 91 B
47 D 92 D
48 E 93 B
49 A 94 A
50 A 95 B
51 C 96 D
52 A 97 B
53 C 98 C
54 E 99 D
55 A 100 B
56 C

153
ANOTAÇÕES

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_______________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________

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CONHECIMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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154
ÍNDICE

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Princípios Constitucionais do Direito Pena;...................................................................................................................................................................01
A Lei Penal no tempo.............................................................................................................................................................................................................04
A Lei Penal no espaço............................................................................................................................................................................................................05
Interpretação da Lei Penal....................................................................................................................................................................................................07
Infração penal: elementos, espécies.................................................................................................................................................................................08
Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal........................................................................................................................................................09
Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade........................................................................................................................................................10
Excludentes de ilicitude e de culpabilidade..................................................................................................................................................................11
Erro de tipo e erro de proibição........................................................................................................................................................................................12
Imputabilidade penal.............................................................................................................................................................................................................13
Concurso de Pessoas..............................................................................................................................................................................................................14
Penas: espécies, circunstâncias agravantes e atenuantes e concurso de crimes............................................................................................15
Dos crimes contra a pessoa.................................................................................................................................................................................................24
Dos crimes contra o patrimônio........................................................................................................................................................................................25
Dos crimes contra a propriedade imaterial...................................................................................................................................................................35
Dos crimes contra a organização do trabalho.............................................................................................................................................................35
Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos.....................................................................................................37
Dos crimes contra os costumes.........................................................................................................................................................................................37
Dos crimes contra a família.................................................................................................................................................................................................37
Dos crimes contra a incolumidade pública...................................................................................................................................................................39
Dos crimes contra a paz pública........................................................................................................................................................................................40
Dos crimes contra a fé pública...........................................................................................................................................................................................40
Dos crimes contra a Administração Pública..................................................................................................................................................................43
Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003)......................................................................................................................................................50
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/1990)...........................................................................................................................................................................55
Crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor (Lei nº 7.716/1989).....................................................................................................58
Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898/1965).....................................................................................................................................................................59
Crimes de Tortura (Lei nº 9.455/1997).............................................................................................................................................................................60
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990).....................................................................................................................................61
Crimes no Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003).....................................................................................................................................................62
Crime Organizado (Lei nº 9.034/1995)............................................................................................................................................................................73
Interceptação Telefônica (Lei nº 9.296/1996)...............................................................................................................................................................77
Corrupção de Menores (Lei nº 12.015/2009)...............................................................................................................................................................78
Crimes Eleitorais (Lei nº 4.737/1965)...............................................................................................................................................................................80
Crimes de Trânsito (Código de Trânsito Brasileiro - Lei nº 9.503/1997).............................................................................................................84
Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95 – Capítulo III)..................................................................................................................................85
Juizados Especiais Federais (Lei nº 10.259/2001)........................................................................................................................................................90
Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica e Contra as Relações de Consumo (Lei nº 8.137/1990)..............................................92
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher “Lei Maria da Penha” (Lei nº 11.340/2006)....................................................................94
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Lei nº 11.343/2006).................................................................................................. 103
Crimes contra as Relações de Consumo (Título II da Lei nº 8.078/1990)....................................................................................................... 106
Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/1941)................................................................................................................................ 108
Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente (Lei nº 9.605/1998)............................................................................................................................. 116
Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DI- deve ser suficientemente clara e precisa na formulação do
REITO PENAL conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção para
que exista real segurança jurídica. Tal assertiva constitui pos-
tulado indeclinável do Estado de direito material - democrá-
O Direito Penal está interligado a todos os ramos do Di- tico e social.
reito, especialmente Direito Constitucional. O princípio da reserva legal implica a máxima determi-
A Constituição Federal, é a Carta Magna brasileira, esta- nação e taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Poder
tuto máximo de uma sociedade que viva de forma politica- Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipo penais
mente organizada. Todos os ramos do direito positivo só ad- com a máxima precisão de seus elementos, bem como ao
quiri a plena eficácia quando compatível com os Princípios Judiciário que as interprete restritivamente, de modo a pre-
e Normas descritos na Constituição Federal abstraindo-a servar a efetividade do princípio.
como um todo.
Os princípios são o alicerce de todo sistema normativo, Princípio da culpabilidade
fundamentam todo o sistema de direito e estabelecem os
direitos fundamentais do homem. São eles que determinam O princípio da culpabilidade possui três sentidos funda-
a unicidade do texto constitucional, definindo as diretrizes mentais:
básicas do estado de forma harmoniosa com a garantia dos • Culpabilidade como elemento integrante da teo-
direitos fundamentais. O Direito Penal, como todo e qual- ria analítica do crime – a culpabilidade é a terceira
quer outro ramo do direito, submete-se diretamente às nor- característica ou elemento integrante do conceito
mas e princípios constitucionais. analítico de crime, sendo estudada, sendo Welzel,
após a análise do fato típico e da ilicitude, ou seja,
Princípios após concluir que o agente praticou um injusto pe-
nal;
O Direito Penal moderno se assenta em determinados • Culpabilidade como princípio medidor da pena
princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito de- – uma vez concluído que o fato praticado pelo
mocrático, entre os quais sobreleva o da legalidade dos de- agente é típico, ilícito e culpável, podemos afirmar
litos e das penas, da reserva legal ou da intervenção lega- a existência da infração penal. Deverá o julgador,
lizada, que tem base constitucional expressa. A sua dicção após condenar o agente, encontrar a pena corres-
legal tem sentido amplo: não há crime (infração penal), nem pondente à infração praticada, tendo sua atenção
pena ou medida de segurança (sanção penal) sem prévia lei voltada para a culpabilidade do agente como cri-
(stricto sensu). tério regulador;
Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções fun- • Culpabilidade como princípio impedidor da res-
damentais: ponsabilidade penal objetiva, ou seja, da responsa-
a) Proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen bilidade penal sem culpa – o princípio da culpabi-
nulla poena sine lege praevia); lidade impõe a subjetividade da responsabilidade
b) Proibir a criação de crimes e penas pelo costume penal. Isso significa que a imputação subjetiva de
(nullum crimen nulla poena sine lege scripta); um resultado sempre depende de dolo, ou quan-
c) Proibir o emprego da analogia para criar crimes, do previsto, de culpa, evitando a responsabilização
fundamentar ou agravar penas (nullum crimen por caso fortuito ou força maior.
nulla poena sine lege stricta);

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


d) Proibir incriminações vagas e indeterminadas Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos
(nullum crimen nulla poena sine lege certa);
O pensamento jurídico moderno reconhece que o esco-
Irretroatividade da lei penal po imediato e primordial do Direito Penal reside na proteção
de bens jurídicos - essenciais ao individuo e à comunidade
Consagra-se aqui o princípio da irretroatividade da lei -, dentro do quadro axiológico constitucional ou decorren-
penal, ressalvada a retroatividade favorável ao acusado. te da concepção de Estado de Direito democrático (teoria
Fundamentam-se a regra geral nos princípios da reserva le- constitucional eclética).
gal, da taxatividade e da segurança jurídica - princípio do
favor libertatis -, e a hipótese excepcional em razões de po- Princípio da intervenção mínima (ou da subsidia-
lítica criminal (justiça). Trata-se de restringir o arbítrio legis- riedade)
lativo e judicial na elaboração e aplicação de lei retroativa
prejudicial. Estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defe-
A regra constitucional (art. 5°, XL) é no sentido da irre- sa dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica
troatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade, desde das pessoas e que não podem ser eficazmente protegidos
que seja para beneficiar o réu. Com essa vertente do prin- de forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só deverá
cípio da legalidade tem-se a certeza de que ninguém será intervir quando for absolutamente necessário para a sobre-
punido por um fato que, ao tempo da ação ou omissão, era vivência da comunidade, como ultima ratio.
tido como um indiferente penal, haja vista a inexistência de O princípio da intervenção mínima é o responsável não
qualquer lei penal incriminando-o. só pelos bens de maior relevo que merecem a especial pro-
teção do Direito Penal, mas se presta, também, a fazer com

1
que ocorra a chamada descriminalização. Se é com base b) Aplicação – tendo o julgador chegado à conclusão
neste princípio que os bens são selecionados para permane- de que o fato praticado é típico, ilícito e culpável,
cer sob a tutela do Direito Penal, porque considerados como dirá qual a infração praticada e começará, agora,
de maior importância, também será com fundamento nele a individualizar a pena a ele correspondente, ob-
que o legislador, atento às mutações da sociedade, que com servando as determinações contidas no art. 59 do
sua evolução deixa de dar importância a bens que, no pas- Código Penal (método trifásico).c) Execução penal
sado, eram da maior relevância, fará retirar do ordenamento – a execução não pode igual para todos os presos,
jurídico-penal certos tipos incriminadores. justamente porque as pessoas não são iguais, mas
sumamente diferentes, e tampouco a execução
Fragmentariedade pode ser homogênea durante todo período de seu
cumprimento. Individualizar a pena, na execução
A função maior de proteção dos bens jurídicos atri- consiste em dar a cada preso as oportunidades
buída à lei penal não é absoluta. O que faz com que só para lograr a sua reinserção social, posto que é
devem eles ser defendidos penalmente frente a certas pessoa, ser distinto.
formas de agressão, consideradas socialmente intolerá-
veis. Isto quer dizer que apenas as ações ou omissões Proporcionalidade da pena
mais graves endereçadas contra bens valiosos podem ser
objeto de criminalização. Deve existir sempre uma medida de justo equilíbrio
O caráter fragmentário do Direito Penal aparece sob entre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta.
uma tríplice forma nas atuais legislações penais: a) de- A pena deve ser proporcionada ou adequada à magni-
fendendo o bem jurídico somente contra ataques de tude da lesão ao bem jurídico representada pelo delito
especial gravidade, exigindo determinadas intenções e e a medida de segurança à periculosidade criminal do
tendências, excluindo a punibilidade da ação culposa em agente.
alguns casos etc; b) tipificando somente uma parte do O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto,
que nos demais ramos do ordenamento jurídico se es- o estabelecimento de cominações legais (proporciona-
tima como antijurídico; c) deixando, em princípio, sem lidade em abstrato) e a imposição de penas (proporcio-
castigo, as ações meramente imorais, como a homosse- nalidade em concreto) que careçam de relação valorativa
com o fato cometido considerado em seu significado
xualidade e a mentira.
global. Tem assim duplo destinatário: o poder legislativo
(que tem de estabelecer penas proporcionadas, em abs-
Princípio da pessoalidade da pena (da responsabi-
trato,à gravidade do delito) e o juiz (as penas que os jui-
lidade pessoal ou da intranscendência da pena)
zes impõem ao autor do delito tem de ser proporcionais
à sua concreta gravidade).
Impede-se a punição por fato alheio, vale dizer, só
o autor da infração penal pode ser apenado (CF, art. 5°,
Princípio da humanidade (ou da limitação das pe-
XLV). Havendo falecimento do condenado, a pena que
nas)
lhe fora infligida, mesmo que seja de natureza pecuniá-
ria, não poderá ser estendida a ninguém, tendo em vista Em um Estado de Direito democrático veda-se a cria-
seu caráter personalíssimo, quer dizer, somente o autor ção, a aplicação ou a execução de pena, bem como de
do delito é que pode submeter-se às sanções penais a qualquer outra medida que atentar contra a dignidade
ele aplicadas. humana. Apresenta-se como uma diretriz garantidora de
Todavia, se estivermos diante de uma responsabilida-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

ordem material e restritiva da lei penal, verdadeira salva-


de não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada guarda da dignidade pessoal, relaciona-se de forma es-
impede que, no caso de morte do condenado e tendo treita com os princípios da culpabilidade e da igualdade.
havido bens para transmitir aos seus sucessores, estes Está previsto no art. 5°, XLVII, que proíbe as seguintes
respondem até as forças da herança. A pena de multa, penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada; b)
apesar de ser considerada agora dívida de valor, não dei- de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de bani-
xou de ter caráter penal e, por isso, continua obedecendo mento; e) cruéis. “Um Estado que mata, que tortura, que
a este princípio. humilha o cidadão não só perde qualquer legitimidade,
senão que contradiz sua razão de ser, colocando-se ao
Individualização da pena nível dos mesmos delinqüentes” (Ferrajoli).

A individualização da pena ocorre em três momentos: Princípio da adequação social


a) Cominação – a primeira fase de individualização da
pena se inicia com a seleção feita pelo legislador, Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal
quando escolhe para fazer parte do pequeno âm- não será tida como típica se for socialmente adequada
bito de abrangência do Direito Penal aquelas con- ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo da ordem so-
dutas, positivas ou negativas, que atacam nossos cial da vida historicamente condicionada. Outro aspecto
bens mais importantes. Uma vez feita essa seleção, é o de conformidade ao Direito, que prevê uma concor-
o legislador valora as condutas, cominando-lhe dância com determinações jurídicas de comportamentos
penas de acordo com a importância do bem a ser já estabelecidos.
tutelado.

2
O princípio da adequação social possui dupla função. Princípio da extra-atividade da lei penal
Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangência do
tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele excluin- A lei penal, mesmo depois de revogada, pode conti-
do as condutas consideradas socialmente adequadas e nuar a regular fatos ocorridos durante a vigência ou re-
aceitas pela sociedade. A segunda função é dirigida ao troagir para alcançar aqueles que aconteceram anterior-
legislador em duas vertentes. A primeira delas o orienta mente à sua entrada em vigor. Essa possibilidade que é
quando da seleção das condutas que deseja proibir ou dada á lei penal de se movimentar no tempo é chamada
impor, com a finalidade de proteger os bens conside- de extra-atividade. A regra geral é a da irretroatividade in
rados mais importantes. Se a conduta que está na mira pejus; a exceção é a retroatividade in melius.
do legislador for considerada socialmente adequada, não
poderá ele reprimi-la valendo-se do Direito Penal. A se- Princípio da territorialidade
gunda vertente destina-se a fazer com que o legislador
repense os tipos penais e retire do ordenamento jurídico O CP determina a aplicação da lei brasileira, sem pre-
a proteção sobre aqueles bens cujas condutas já se adap- juízo de convenções, tratados e regras de direito interna-
taram perfeitamente à evolução da sociedade. cional, ao crime cometido no território nacional. O Brasil
não adotou uma teoria absoluta da territorialidade, mas
Princípio da insignificância (ou da bagatela) sim uma teoria conhecida como temperada, haja vista
que o Estado, mesmo sendo soberano, em determinadas
Relacionado o axioma minima non cura praeter, en- situações, pode abrir mão da aplicação de sua legislação,
quanto manifestação contrária ao uso excessivo da san- em virtude de convenções, tratados e regras de direito
ção penal, postula que devem ser tidas como atípicas as internacional.
ações ou omissões que afetam muito infimamente a um
bem jurídico-penal. A irrelevante lesão do bem jurídico Princípio da extraterritorialidade
protegido não justifica a imposição de uma pena, deven-
do-se excluir a tipicidade em caso de danos de pouca Ao contrário do princípio da territorialidade, cuja re-
importância. gra geral é a aplicação da lei brasileira àqueles que pra-
“A insignificância da afetação [do bem jurídico] ex- ticarem infrações dentro do território nacional, incluídos
clui a tipicidade, mas só pode ser estabelecida através aqui os casos considerados fictamente como sua exten-
da consideração conglobada da norma: toda ordem nor- são, o princípio da extraterritorialidade se preocupa com
mativa persegue uma finalidade, tem um sentido, que é a aplicação da lei brasileira além de nossas fronteiras, em
a garantia jurídica para possibilitar uma coexistência que países estrangeiros.
evite a guerra civil (a guerra de todos contra todos). A
insignificância só pode surgir à luz da finalidade geral Princípios que solucionam o conflito aparente
que dá sentido à ordem normativa, e, portanto, à norma de normas
em particular, e que nos indica que essas hipóteses estão
excluídas de seu âmbito de proibição, o que não pode Especialidade
ser estabelecido à luz de sua consideração isolada”. (Za-
ffaroni e Pierangeli) Especial é a norma que possui todos os elementos da
geral e mais alguns, denominados especializantes, que
Princípio da lesividade trazem um minus ou um plus de severidade. A lei espe-
cial prevalece sobre a geral. Afasta-se, dessa forma, o bis

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Os princípios da intervenção mínima e da lesividade in idem, pois o comportamento do sujeito só é enqua-
são como duas faces da mesma moeda. Se, de um lado, drado na norma incriminadora especial, embora também
a intervenção mínima somente permite a interferência estivesse descrito na geral.
do Direito Penal quando estivermos diante de ataques a
bens jurídicos importantes, o princípio da lesividade nos Subsidiariedade
esclarecerá, limitando ainda mais o poder do legislador,
quais são as condutas que deverão ser incriminadas pela Subsidiária é aquela norma que descreve um graus
lei penal. Na verdade, nos esclarecerá sobre quais são as menor de violação do mesmo bem jurídico, isto é, um
condutas que não poderão sofrer os rigores da lei penal. fato menos amplo e menos grave, o qual, embora defi-
O mencionado princípio proíbe a incriminação de: a) nido como delito autônomo, encontra-se também com-
uma atitude interna (pensamentos ou sentimentos pes- preendido em outro tipo como fase normal de execução
soais); b) uma conduta que não exceda o âmbito do pró- do crime mais grave. Define, portanto, como delito in-
prio autor (condutas não lesivas a bens de terceiros); c) dependente, conduta que funciona como parte de um
simples estados ou condições existenciais (aquilo que se crime maior.
é, não o que se fez); d) condutas desviadas (reprovadas
moralmente pela sociedade) que não afetem qualquer Consunção
bem jurídico.
É o princípio segundo o qual um fato mais grave e
mais amplo consome, isto é, absorve, outros fatos me-
nos amplos e graves, que funcionam como fase normal
de preparação ou execução ou como mero exaurimento.

3
Hipóteses em que se verifica a consunção: crime pro- Princípio da lesividade ou da ofensividade do
gressivo (ocorre quando o agente, objetivando desde o evento
início, produzir o resultado mais grave, pratica, por meio
de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico); Nulla necessitas sine injuria. A lei penal tem o dever
crime complexo (resulta da fusão de dois ou mais delitos de prevenir os mais altos custos individuais representa-
autônomos, que passam a funcionar como elementares dos pelos efeitos lesivos das ações reprováveis e somente
ou circunstâncias no tipo complexo). eles podem justificar o custo das penas e das proibições.
O princípio axiológico da separação entre direito e moral
Alternatividade veta, por sua vez, a proibição de condutas meramente
imorais ou de estados de ânimo pervertidos, hostis, ou,
Ocorre quando a norma descreve várias formas de inclusive, perigosos.
realização da figura típica, em que a realização de uma
ou de todas configura um único crime. São os chama- Princípio da materialidade ou da exterioridade da
dos tipos mistos alternativos, os quais descrevem crimes ação
de ação múltipla ou de conteúdo variado. Não há pro-
priamente conflito entre normas, mas conflito interno na Nulla injuria sine actione. Nenhum dano, por mais
própria norma. grave que seja, pode-se estimar penalmente relevante,
senão como efeito de uma ação. Em conseqüência, os
Princípio da mera legalidade ou da lata legalidade delitos, como pressupostos da pena não podem consistir
em atitudes ou estados de ânimo interiores, nem sequer,
Exige a lei como condição necessária da pena e do genericamente, em fatos, senão que devem se concre-
delito. A lei é condicionante. A simples legalidade da for- tizar em ações humanas – materiais, físicas ou externas,
ma e da fonte é condição da vigência ou da existência quer dizer, empiricamente observáveis – passíveis de se-
das normas que prevêem penas e delitos, qualquer que rem descritas, enquanto tais, pelas leis penais.
seja seu conteúdo. O princípio convencionalista da mera
legalidade é norma dirigida aos juízes, aos quais prescre- Princípio da culpabilidade ou da responsabilidade
ve que considera delito qualquer fenômeno livremente pessoal
qualificado como tal na lei.
Nulla actio sine culpa.
Princípio da legalidade estrita
Princípio de utilidade
Exige todas as demais garantias como condições ne-
cessárias da legalidade penal. A lei é condicionada. A le- As proibições não devem só ser dirigidas à tutela de
galidade estrita ou taxatividade dos conteúdos resulta de bens jurídicos como, também, devem ser idôneas. Obriga
sua conformidade com as demais garantias e, por hipó- a considerar injustificada toda proibição da qual, previ-
tese de hierarquia constitucional, é condição de validade sivelmente, não derive a desejada eficácia intimidatória,
ou legitimidade das leis vigentes. em razão dos profundos motivos – individuais, econômi-
O pressuposto necessário da verificabilidade ou da cos e sociais – de sua violação; e isso à margem do que se
falseabilidade jurídica é que as definições legais que es- pense sobre a moralidade e, inclusive, sobre a lesividade
tabeleçam as conotações das figuras abstratas de delito da ação proibida.
e, mais em geral, dos conceitos penais sejam suficiente-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

mente precisas para permitir, no âmbito de aplicação da Princípio axiológico de separação entre direito
lei, a denotação jurídica (ou qualificação, classificação ou e moral
subsunção judicial) de fatos empíricos exatamente de-
terminados. A valorização da interiorização da moral e da autono-
mia da consciência é traço distintivo da ética laica mo-
Princípio da necessidade ou da economia do Direi- derna, a reivindicação da absoluta licitude jurídica dos
to Penal atos internos e, mais ainda, de um direito natural à imo-
ralidade é o princípio mais autenticamente revolucioná-
Nulla lex (poenalis) sine necessitate. Justamente por- rio do liberalismo moderno.
que a intervenção punitiva é a técnica de controle social
mais gravosamente lesiva da dignidade e da dignidade
dos cidadãos , o princípio da necessidade exige que se A LEI PENAL NO TEMPO
recorra a ela apenas como remédio extremo. Se o Direito
Penal responde somente ao objetivo de tutelar os cida-
dãos e minimizar a violência, as únicas proibições penais A lei penal não pode retroagir, o que é denominado
justificadas por sua “absoluta necessidade” são, por sua como irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à nor-
vez, as proibições mínimas necessárias. ma, a Lei poderá retroagir quando trouxer benefício ao réu.

Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos du-


rante sua vigência, porém, por vezes, verificamos a “ex-
tratividade” da lei penal.

4
A extratividade da lei penal se manifesta de duas ma- b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consis-
neiras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da te no momento do resultado advindo da conduta
lei. criminosa;
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime
é o seu poder de regular situações fora de seu período consiste no momento tanto da conduta como do
de vigência, podendo ocorrer seja em relação a situações resultado que adveio da conduta criminosa.
passadas, seja em relação a situações futuras.
Quando a lei regula situações passadas, fatos anterio- O Artigo 4º do Código Penal dispõe que:
res a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade. Artigo 4º: Considera-se praticado o crime no momen-
Já, se sua aplicação se der para fatos após a cessação de to da ação ou omissão, ainda que outro seja o momen-
sua vigência, será chamada ultratividade. to do resultado (Tempus regit actum). Assim, aplica-se a
Em se tratando de extra-atividade da lei penal, obser- teoria da atividade, nos termos do sistema jurídico insti-
va-se a ocorrência das seguintes situações: tuído pelo Código Penal.
a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da figura O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código
criminosa; Penal português em que também é adotada a Teoria da
b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei Atividade para o tempo do crime. Em decorrência disso,
penal mais benigna; aquele que praticou o crime no momento da vigência da
Tanto a “abolitio criminis” como a “novatio legis in lei anterior terá direito a aplicação da lei mais benéfica.
melius”, aplica-se o principio da retroatividade da Lei pe- O menor de 18 anos, por exemplo, não será considerado
nal mais benéfica. imputável mesmo que a consumação ocorrer quando ti-
ver completado idade equivalente a maioridade penal. E,
A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descrimina- também, o deficiente mental será imputável, se na época
lizou os artigos 217 e 240, do Código Penal, respectiva- da ação era consciente, tendo sofrido moléstia mental
mente, os crimes de “sedução” e “adultério”, de modo tão somente na época do resultado.
que o sujeito que praticou uma destas condutas em fe- Novamente, observa-se a respeito dos crimes perma-
vereiro de 2006, por exemplo, não será responsabilizado nentes, tal como o sequestro, nos quais a ação se prolon-
na esfera penal. ga no tempo, de modo que em se tratando de “novatio
Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 11.106 legis in pejus”, nos termos da Súmula 711 do STF, a lei
de 28 de março de 2006, não descriminalizou o crime de mais grave será aplicada.
rapto, previsto anteriormente no artigo 219 e seguintes
do Código Penal, mas somente deslocou sua tipicidade Lei Excepcional ou Temporária
para o artigo 148 e seguintes (“sequestro” e “cárcere pri-
vado”), houve, assim, uma continuidade normativa atí- (art. 3º do Código Penal)
pica.
A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épo-
todos os efeitos penais da sentença. cas es¬peciais, como guerra, calamidade etc. É aprovada
A Lei 9.099/99 trouxe novas formas de substituição para vigorar enquanto perdurar o período excepcional.
de penas e, por consequência, considerando que se trata
de “novatio legis in melius” ocorreu retroatividade de sua Lei temporária é aquela feita para vigorar por deter-
vigência a fatos anteriores a sua publicação. minado tempo, estabelecido previamente na própria lei.
Assim, a lei traz em seu texto a data de cessação de sua

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


c) “Novatio legis in pejus” – é a lei posterior que agra- vigência.
va a situação;
d) “Novatio legis incriminadora” – é a lei posterior que Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Pe-
cria um tipo incriminador, tornando típica a condu- nal que, embora cessadas as circunstâncias que a deter-
ta antes considerada irrelevante pela lei penal. minaram (lei excepcional) ou decorrido o período de sua
A lei posterior não retroage para atingir os fatos pra- duração (lei temporária), aplicam-se elas aos fatos prati-
ticados na vigência da lei mais benéfica (“Irretroatividade cados durante sua vigência. São, portanto, leis ultra-ati-
da lei penal”). Contudo, haverá extratividade da lei mais vas, pois regulam atos praticados durante sua vigência,
benéfica, pois será válida mesmo após a cessação da vi- mesmo após sua revogação.
gência (Ultratividade da Lei Penal).
Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e
continuados, aplica-se a lei nova ainda que mais grave, A LEI PENAL NO ESPAÇO
nos termos da Súmula 711 do STF.

Do Tempo Do Crime Anterioridade da Lei

Artigo 4º, do Código Penal Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal.
A respeito do tempo do crime, existem três teorias:
a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste
no momento em que ocorre a conduta criminosa;

5
Lei penal no tempo c) contra a administração pública, por quem está a
seu serviço;
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
posterior deixa de considerar crime, cessando em vir- domiciliado no Brasil;
tude dela a execução e os efeitos penais da sentença II - os crimes:
condenatória. a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer a reprimir;
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anterio- b) praticados por brasileiro;
res, ainda que decididos por sentença condenatória c) praticados em aeronaves ou embarcações brasilei-
transitada em julgado. ras, mercantes ou de propriedade privada, quando em
território estrangeiro e aí não sejam julgados.
Lei excepcional ou temporária § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segun-
do a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora no estrangeiro.
decorrido o período de sua duração ou cessadas as § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei bra-
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato sileira depende do concurso das seguintes condições:
praticado durante sua vigência. a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi pra-
Tempo do crime ticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento lei brasileira autoriza a extradição;
da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
do resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
Territorialidade por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, se-
gundo a lei mais favorável.
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime co-
convenções, tratados e regras de direito internacional,
metido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil,
ao crime cometido no território nacional. (Redação
se, reunidas as condições previstas no parágrafo an-
dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
terior:
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como ex-
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
tensão do território nacional as embarcações e aero-
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
naves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mer- Pena cumprida no estrangeiro
cantes ou de propriedade privada, que se achem, res-
pectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a
alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando di-
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes versas, ou nela é computada, quando idênticas.
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações es-
trangeiras de propriedade privada, achando-se aque- Eficácia de sentença estrangeira
las em pouso no território nacional ou em vôo no es-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

paço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação
territorial do Brasil. da lei brasileira produz na espécie as mesmas conse-
quências, pode ser homologada no Brasil para:
Lugar do crime I - obrigar o condenado à reparação do dano, a resti-
tuições e a outros efeitos civis;
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em II - sujeitá-lo a medida de segurança.
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, Parágrafo único - A homologação depende: a) para
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte in-
resultado. teressada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de
Extraterritorialidade extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requi-
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora come- sição do Ministro da Justiça.
tidos no estrangeiro:
I - os crimes: Contagem de prazo
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Re-
pública; Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo ca-
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, lendário comum.
de empresa pública, sociedade de economia mista, au-
tarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;

6
Frações não computáveis da pena Interpretação sui generis

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liber- A interpretação sui generis pode ser exofórica ou en-
dade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, dofórica. Veja-se:
na pena de multa, as frações de cruzeiro. - exofórica- o significado da norma interpretativa não
está no ordenamento normativo (exemplo: erro de
Legislação especial tipo);
- endofórica- o texto normativo interpretado empres-
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos ta o sentido de outros textos do próprio ordena-
fatos incriminados por lei especial, se esta não dispu- mento jurídico (muito usada nas normas penais em
ser de modo diverso. branco).

Interpretação conforme a Constituição


INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
A Constituição Federal informa e conforma as normas
hierarquicamente inferiores. Esta é uma importante for-
A interpretação é medida necessária para que com- ma de interpretação no Estado Democrático de Direito.
preendamos o verdadeiro sentido da norma e seu alcan-
ce. Distinção entre interpretação extensiva e interpreta-
Na interpretação, há lei para regular o caso em con- ção analógica
creto, assim, apenas deverá ser extraído do conteúdo
normativo sua vontade e seu alcance para que possa re- Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance
gular o fato jurídico. das palavras, a analógica fornece exemplos encerrados
de forma genérica, permitindo ao juiz encontrar outras
1. Interpretação quanto ao sujeito hipóteses, funcionando como uma analogia in malan
partem admitida pela lei.
Autêntica ou legislativa- aquela fornecida pela pró-
pria lei (exemplo: o art. 327 do CP define quem pode ser Rogério Greco fala em interpretação extensiva em
considerado funcionário público para fins penais); sentido amplo, a qual abrange a interpretação extensiva
doutrinária ou científica- aquela aduzida pelo jurista em sentido estrito e interpretação analógica.
por meio de sua doutrina;
Jurisprudencial- é o significado da lei dado pelos Analogia
Tribunais (exemplo: súmulas) Ressalte-se que a Exposição
dos Motivos do Código Penal configura uma interpre- Analogia não é forma de interpretação, mas de in-
tação doutrinária, pois foi elaborada pelos doutos que tegração de lacuna, ou seja, sendo omissa a lei acerca
criaram o Código, ao passo que a Exposição de Motivos do tema, ou ainda em caso da Lei não tratar do tema
do Código de Processo Penal é autêntica ou legislativa, em específico o magistrado irá recorrer ao instituto. São
pois foi criada por lei.2. Interpretação quanto ao modo pressupostos da analogia: certeza de que sua aplicação
- gramatical, filológica ou literal- considera o senti- será favorável ao réu; existência de uma efetiva lacuna a
do literal das palavras; ser preenchida (omissão involuntária do legislador).
- teleológica- se refere à intenção objetivada pela lei

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


(exemplo: proibir a entrada de acessórios de celu- Irretroatividade da Lei Penal
lar, mesmo que a lei se refira apenas ao aparelho);
- histórica- indaga a origem da lei; Dita o Código Penal em seu artigo 2º:
- sistemática- interpretação em conjunto com a le- Art. 2.“Ninguém pode ser punido por fato que lei pos-
gislação em vigor e com os princípios gerais do terior deixa de considerar crime, cessando em virtude
direito; dela a execução e os efeitos penais da sentença con-
- progressiva ou evolutiva- busca o significado le- denatória”.
gal de acordo com o progresso da ciência.
O parágrafo único do artigo trata da exceção a regra
Interpretação quanto ao resultado da irretroatividade da Lei, ou seja, nos casos de benefício
ao réu, ainda que os fatos já tenham sidos decididos por
- declarativa ou declaratória- é aquela em que a le- sentença condenatória transitada em julgado.
tra da lei corresponde exatamente àquilo que a ela Outrossim, o Código dispõe que a Lei Penal só retroa-
quis dizer, sem restringir ou estender seu sentido; girá em benefício do réu.
- restritiva- a interpretação reduz o alcance das pa- Frise-se todavia que tal regra restringe-se somente às
lavras da lei para corresponder à intenção do le- normas penais.
gislador;
- extensiva- amplia o alcance das palavras da lei para Do Princípio da Legalidade
corresponder à sua vontade.
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal.

7
Princípio: Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei
Constituição Federal, art. 5º, XXXIX. comina pena de reclusão ou de detenção, quer isola-
Princípio da legalidade: a maioria dos nossos autores damente, quer alternativa ou cumulativamente com a
considera o princípio da legalidade sinônimo de reserva pena de multa; contravenção, a infração penal a que a
legal. lei comina, isoladamente, penas de prisão simples ou
de multa, ou ambas. Alternativa ou cumulativamente.
A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de
não haver diferença conceitual entre legalidade e reserva Em razão dos crimes serem condutas mais graves,
legal. Dissentindo desse entendimento o professor Fer- então eles são repelidos através da imposição de penas
nando Capez diz que o princípio da legalidade é gênero mais graves (reclusão ou detenção e/ou multa).
que compreende duas espécies: reserva legal e anterio- As contravenções, todavia, por serem condutas me-
ridade da lei penal. Com efeito, o princípio da legalida- nos graves, são sancionadas com penas menos graves
de corresponde aos enunciados dos arts. 5º, XXXIX, da (prisão simples e/ou multa).
Constituição Federal e 1º do Código Penal (“não há crime A escolha se determinada infração penal será crime/
sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia comi- delito ou contravenção é puramente política, da mesma
nação legal”) e contém, nele embutidos, dois princípios forma que o critério de escolha dos bens que devem ser
diferentes: o da reserva legal, reservando para o estrito protegidos pelo Direito Penal. Além disso, o que hoje é
campo da lei a existência do crime e sua correspondente considerado crime pode vir, no futuro, a ser considerada
pena (não há crime sem lei que o defina, nem pena sem infração e vice-versa. O exemplo disso aconteceu com a
prévia cominação legal), e o da anterioridade, exigindo conduta de portar uma arma ilegalmente. Até 1997, tal
que a lei esteja em vigor no momento da prática da infra- conduta caracterizava uma mera contravenção, porém,
ção penal (lei anterior e prévia cominação). Assim, a re- com o advento da Lei 9.437/97, esta infração passou a ser
gra do art. 1º, denominada princípio da legalidade, com- considerada crime/delito.
preende os princípios da reserva legal e da anterioridade.
Diferenças práticas entre crimes e contravenções:
a) Tentativa: no crime/delito a tentativa é punível, en-
quanto que na contravenção, por força do Art. 4º
INFRAÇÃO PENAL: ELEMENTOS, ESPÉCIES do Decreto-Lei 3.688/41, a tentativa não é punível.
b) Extraterritorialidade: no crime/delito, nas situações
do Art. 7º do Código Penal, a extraterritorialidade
INFRAÇÃO PENAL é aplicada, enquanto que nas contravenções a ex-
traterritorialidade não é aplicada.
Elementos da Infração Penal c) Tempo máximo de pena: no crime/delito, o tempo
máximo de cumprimento de pena é de 30 anos,
A infração penal ocorre quando uma pessoa pratica enquanto que nas contravenções, por serem me-
qualquer conduta descrita na lei e, através dessa condu- nos graves, o tempo máximo de cumprimento de
ta, ofende um bem jurídico de uma terceira pessoa. pena é de 5 anos.
Ou seja, as infrações penais constituem determina- d) Reincidência: de acordo com o Art. 7º do Decreto-
dos comportamentos humanos proibidos por lei, sob a -Lei 3.688/41, é possível a reincidência nas contra-
ameaça de uma pena. venções. A reincidência ocorrerá após a prática de
crime ou contravenção no Brasil e após a prática
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

Espécies de Infração Penal de crime no estrangeiro. Não há reincidência após


a prática de contravenção no estrangeiro.
A legislação brasileira, apresenta um sistema bipar-
tido sobre as espécies de infração penal, uma vez que “Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente
existem apenas duas espécies (crime = delito ≠ contra- pratica uma contravenção depois de passar em jul-
venção). Situação diferente ocorre com alguns países tais gado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou
como a França e a Espanha que adotaram o sistema tri- no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por
partido (crime ≠ delito ≠ contravenção). motivo de contravenção.”
As duas espécies de infração penal são: o crime, con-
siderado o mesmo que delito, e a contravenção. Ilustre- Semelhança no estudo dos crimes e contravenções:
-se, porém que, apesar de existirem duas espécies, os
conceitos são bem parecidos, diferenciando-se apenas Vimos que em termos práticos existem algumas dife-
na gravidade da conduta e no tipo (natureza) da sanção renças entre crime e contravenção, porém, não podemos
ou pena. falar o mesmo sobre a essência dessas infrações. Tanto a
No que diz respeito à gravidade da conduta, os cri- contravenção como o crime, substancialmente, são fatos
mes e delitos se distinguem por serem infrações mais típicos, ilícitos e, para alguns, culpáveis.
graves, enquanto que a contravenção refere-se às infra- Ou seja, possuem a mesma estrutura.
ções menos graves.
Em relação ao tipo da sanção, a diferença tem origem
no Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decre-
to-Lei 3.914/41).

8
Crimes Hediondos 8. Epidemia com resultado morte
(art. 267, § 1o);
Diferente do que costuma se pensar no senso comum, 9. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
juridicamente, crime hediondo não é o crime praticado produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais
com extrema violência e com requintes de crueldade e (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o B, redação dada
sem nenhum senso de compaixão ou misericórdia por pela Lei no 9.677/98);
parte de seus autores, mas sim um dos crimes expressa- 10. Genocídio
mente previstos na Lei nº 8.072/90. Portanto, são crimes (art.(s). 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889/56, tentado ou
que o legislador entendeu merecerem maior reprovação consumado).
por parte do Estado.
Os crimes hediondos, do ponto de vista criminoló- Existem crimes que não são hediondos, todavia equi-
gico, são os crimes que estão no topo da pirâmide de parados a esses e submetidos, portanto, ao mesmo tra-
desvaloração criminal, devendo, portanto, ser entendi- tamento penal mais severo reservado a esta espécie de
dos como crimes mais graves ou revoltantes, que causam delito:
maior aversão à coletividade.
Do ponto de vista semântico, o termo hediondo sig- 1. Terrorismo;
nifica ato profundamente repugnante, imundo, horren- 2. Tortura e;
do, sórdido, ou seja, um ato indiscutivelmente nojento, 3. Tráfico ilícito de entorpecentes
segundo os padrões da moral vigente.
O crime hediondo é o crime que causa profunda e Crimes de Menor Potencial Ofensivo – segundo Da-
consensual repugnância por ofender, de forma acentua- másio (1)
damente grave, valores morais de indiscutível legitimi- Vejamos a posição de Damásio de Jesus acerca dos
dade, como o sentimento comum de piedade, de frater- crimes de menor potencial ofensivo:
nidade, de solidariedade e de respeito à dignidade da De acordo com a Lei dos Juizados Especiais Crimi-
pessoa humana. nais (Lei n. 9.099/95), consideram-se infrações de menor
O conceito de crime hediondo repousa na ideia de potencial ofensivo, sujeitando-os à sua competência, os
que existem condutas que se revelam como a antítese crimes aos quais a lei comine pena máxima não superior
extrema dos padrões éticos de comportamento social, a um ano (art. 61).
de que seus autores são portadores de extremo grau de A Lei dita que :” Consideram-se infrações de menor po-
perversidade, periculosidade e em razão disso, merecem tencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a que a
sempre o grau máximo de reprovação ética por parte da lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa”.
sociedade e do próprio sistema de controle. Assim, sejam da competência da Justiça Comum ou
Destarte, foi aprovada por unanimidade na Câmara Federal, devem ser considerados delitos de menor po-
dos Deputados um projeto de lei que restringe o benefí- tencial ofensivo aqueles aos quais a lei comine, no máxi-
cio da progressão de regime para os presos condenados mo, pena detentiva não superior a dois anos, ou multa;
por crimes hediondos. A lei 11.464/07 mudou a progres- de maneira que os Juizados Especiais Criminais da Justiça
são de regime, no caso dos condenados aos crimes he- Comum passam a ter competência sobre todos os delitos
diondos e equiparados, dar-se-á após o cumprimento de a que a norma de sanção imponha, no máximo, pena de-
2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e tentiva não superior a dois anos (até dois anos) ou multa.
de 3/5 (três quintos), se reincidente. Ao não se adotar essa orientação, absurdos poderão
ocorrer na prática, em prejuízo de princípios constitucio-

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


São considerados crimes hediondos: nais, como da igualdade e da proporcionalidade.
De modo que o delito mais grave, por atingir um bem
1. Homicídio simples, quando em atividade típica de jurídico coletivo, seria absurdamente considerado de
grupo de extermínio menor potencial ofensivo; enquanto o outro, de menor
(art. 121); lesividade objetiva, por afetar bem jurídico individual, te-
2. Homicídio qualificado ria a qualificação de crime de maior potencial ofensivo.
(art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V);
3. Latrocínio
(art. 157, § 3o); SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA
4. Extorsão qualificada pela morte INFRAÇÃO PENAL
(art. 158, § 2o);
5. Extorsão mediante seqüestro simples e na forma
qualificada SUJEITO ATIVO
(art. 159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o);
6. Estupro Sujeito Ativo ou agente: é aquele que ofende o bem
(art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e jurídico protegido por lei. Em regra só o ser humano
parágrafo único); maior de 18 anos pode ser sujeito ativo de uma in-
7. Atentado violento ao pudor fração penal. A exceção acontece nos crimes contra o
(art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e meio ambiente onde existe a possibilidade da pessoa
parágrafo único); jurídica ser sujeito ativo, conforme preconiza o Art.
225, § 3º da Constituição Federal.

9
Art. 225 [...]. Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típi-
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas fí- co, até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a
sicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, um tipo penal, é antijurídico.
independentemente da obrigação de reparar os danos A Culpabilidade, é um elemento integrante do
causados. conceito definidor de uma infração penal. A motivação
e objetivos subjetivos do agente praticante da conduta
SUJEITO PASSIVO ilegal. A culpabilidade aufere, a princípio, se o agente da
conduta ilícita é penalmente culpável, isto é, se ele agiu
O Sujeito Passivo pode ser de dois tipos. O sujeito com dolo (intenção), ou pelo menos com imprudência,
passivo formal é sempre o Estado, pois tanto ele como negligência ou imperícia, nos casos em que a lei prever
a sociedade são prejudicados quando as leis são deso- como puníveis tais modalidades.
bedecidas. O sujeito passivo material é o titular do bem
jurídico ofendido e pode ser tanto pessoa física como O excesso Punível
pessoa jurídica. Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou
*É possível que o Estado seja ao mesmo tempo sujei- em vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agente
to passivo formal e sujeito passivo material. Como exem- pode encontrar-se em três situações diferentes:
plo, podemos citar o furto de um computador de uma - usa de um meio moderado e dentro do necessário
repartição pública. para repelir à agressão;
* Princípio da Lesividade: uma pessoa não pode ser, Haverá necessariamente o reconhecimento da legíti-
ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de uma ma defesa.
infração penal. - de maneira consciente emprega um meio desneces-
O princípio da lesividade diz que, para haver uma in- sário ou usa imoderadamente o meio necessário;
fração penal, a lesão deve ocorrer a um bem jurídico de A legítima defesa fica afastada por excluído um dos
alguém diferente do seu causador, ou seja, a ofensa deva
seus requisitos essenciais.
extrapolar o âmbito da pessoa que a causou.
- após a reação justa (meio e moderação) por impre-
Dessa forma, se uma pessoa dá vários socos em seu
vidência ou conscientemente continua desneces-
próprio rosto (autolesão), não há crime de lesão corporal
sariamente na ação.
(Art. 129 do CP), pois não foi ofendido o bem jurídico de
No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifi-
uma terceira pessoa.
ca demasiada e desnecessariamente a reação inicialmen-
Entretanto, a autolesão pode caracterizar o crime de
te justificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O
fraude para recebimento de seguro (Art. 171, § 2o, V do
CP) ou criação de incapacidade para se furtar ao serviço agente responderá pela conduta constitutiva do excesso.
militar (Art. 184 do CPM).
A punibilidade é uma das condições para o exercício
da ação penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a
TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE, possibilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal
PUNIBILIDADE (pena ou medida de segurança) ao autor do ilícito.
A Punibilidade, portanto, é consequência do crime.
Assim, é punível a conduta que pode receber pena.
Tipicidade, ao lado da conduta, do nexo causal e do A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um
resultado constitui elemento necessário ao fato típico de indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segun-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

qualquer infração penal. do prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos,


Deve ser analisada em dois planos: formal e material. também, definir a imputabilidade como a capacidade do
Entende-se por tipicidade a relação de subsunção en- agente entender o caráter ilícito do fato por ele perpe-
tre um fato concreto e um tipo penal (tipicidade formal) e trado ou, de determinar-se de acordo com esse enten-
a lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado dimento.
(tipicidade material). É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo
Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadra- entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza-
mento. É o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, ção de um determinado ato.
conforme ele se enquadre ou não na lei penal. Quando existe algum agravo à saúde mental, os in-
A tipicidade se refere ao aspecto externo da ação e à divíduos podem ser considerados inimputáveis – se não
subsunção desta à letra da lei. A antijuricidade, por sua tiverem discernimento sobre os seus atos ou não possuí-
vez, realiza uma valoração negativa da ação, identifican- rem autocontrole, são isentos de pena.
do se a conduta é realmente típica ou se há alguma cau- Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o dis-
sa de justificação ou excludente de culpabilidade. Já a cernimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos
culpabilidade é concebida como uma relação psicológica ou prejudicados por doença ou transtorno mental.
entre a ação e o autor, sendo que a intensidade desse
vínculo irá determinar a forma de culpabilidade, como Causas que excluem a imputabilidade
dolosa ou culposa.
Ilicitude, Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o Doença Mental,
descumprimento de um dever jurídico imposto por nor- Desenvolvimento mental incompleto,
mas de direito público, sujeitando o agente a uma pena. Desenvolvimento mental retardado e

10
Embriaguez completa proveniente de caso fortuito b) Legítima Defesa
ou força maior. O conceito de legítima defesa, esta que é a excluden-
te mais antiga de todas, está baseado no fato de
que o Estado não pode estar presente em todos
EXCLUDENTES DE ILICITUDE E DE CUL- os lugares protegendo os direitos dos indivíduos,
PABILIDADE ou seja, permite que o agente possa, em situações
restritas, defender direito seu ou de terceiro.
Assim sendo, a legítima defesa nada mais é do que
EXCLUDENTES DE ILICITUDE a ação praticada pelo agente para repelir injusta
agressão a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios
Para que haja ilicitude em uma conduta típica, inde- necessários com moderação.
pendentemente do seu elemento subjetivo, é necessário
que inexistam causas justificantes. Isto porque estas cau- A formação da legítima defesa depende de alguns re-
sas tornam lícita a conduta do agente.
quisitos objetivos. São eles:
As causas justificantes têm o condão de tornar líci-
a) Agressão injusta, atual ou iminente;
ta uma conduta típica praticada por um sujeito. Assim,
b) Direito próprio ou alheio;
aquele que pratica fato típico acolhido por uma exclu-
c) Utilização de meios necessários com moderação.
dente, não comete ato ilícito, constituindo uma exceção
à regra que todo fato típico será sempre ilícito.
As excludentes de ilicitude estão previstas no artigo O elemento subjetivo existente na legítima defesa é a
23 do Código Penal brasileiro. São elas: o estado de ne- vontade de se defender ou defender direito alheio. Além
cessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do de preencher os requisitos objetivos, o agente precisa ter
dever legal e o exercício regular de direito. o animus defendendi no momento da ação. Se o agente
desconhecia a agressão que estava por vir e age com
a) Estado de necessidade intuito de causar mal ao agressor, não haverá exclusão
Trata-se de uma excludente de ilicitude que constitui da ilicitude da conduta, pois haverá mero caso de coin-
no sacrifício de um bem jurídico penalmente pro- cidência.
tegido, visando salvar de perigo atual e inevitável Ponto bastante discutido entre os doutrinadores é o
direito próprio do agente ou de terceiro - desde que trata de ofendículos. Para alguns autores, constituem
que no momento da ação não for exigido do agen- legítima defesa preordenada e para outros, exercício re-
te uma conduta menos lesiva. Nesta causa justifi- gular de direito, embora ambos enquadrem-se na exclu-
cante, no mínimo dois bens jurídicos estarão pos- são da antijuricidade da conduta. Ofendículos são apara-
tos em perigo, sendo que para um ser protegido, o tos que visam proteger o patrimônio ou qualquer outro
outro será prejudicado. bem sujeito a invasões, como por exemplo, as cercas elé-
Para que se caracterize a excludente de estado de tricas em cima de um muro de uma casa. A jurisprudência
necessidade é necessário dois requisitos: existên- entende que todos os aparatos dispostos para defender
cia de perigo atual e inevitável e a não provoca- o patrimônio devem ser visíveis e inacessíveis a terceiros
ção voluntária do perigo pelo agente. Quanto ao inocentes, somente afetando aquele que visa invadir ou
primeiro, importante destacar que se trata do que atacar o bem tutelado alheio. Preenchendo estes requi-
está acontecendo, ou seja, o perigo não é remoto ou sitos, o agente não responderá pelos danos causados ao
incerto e além disso, o agente não pode ter opção de agressor, pois configurará caso de legítima defesa preor-
tomar outra atitude, pois caso contrário, não se jus-
denada. Só serão conceituados como exercício regular

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


tifica a ação. Enquanto o segundo requisito significa
de direito quando levados em consideração o momento
que o agente não pode ter provocado o perigo inten-
de sua instalação.
cionalmente. A doutrina majoritária entende que se
Por fim, faz-se necessário analisar quando o agente
o agente cria a situação de perigo de forma culposa,
ainda assim poderá se utilizar da excludente. deverá responder por excesso, em caso de legítima de-
Vale observar o tema abordado por Rogério Greco fesa. São três as situações: a primeira refere-se à forma
quanto ao estado de necessidade relacionado a dolosa, a segunda culposa e a última é aquela que se
necessidades econômicas. Trata-se de casos em origina de erro.
que devido a grandes dificuldades financeiras, o A primeira o agente tem ciência de que a agressão
agente comete crimes em virtude de tal situação. cessou, mas mesmo assim, continua com sua conduta,
Conforme o doutrinador, não é qualquer dificuldade lesando o bem jurídico do agressor inicial. Neste caso,
econômica que autoriza o agente a agir em estado o agente que inicialmente se encontra em estado de
de necessidade, somente se permitindo quando a legítima defesa e excede conscientemente seus limi-
situação afete sua própria sobrevivência. Como é tes, responderá pelos resultados do excesso a título de
o caso, por exemplo, do pai que vendo seus fami- dolo. A segunda se configura quando o agente que age
liares com fome e não sem condições de prover reagindo contra a agressão, excede os limites da causa
sustento, furta alimentos num mercado. É razoável justificante por negligência, imprudência ou imperícia. O
que prevaleça o direito À vida do pai e de sua famí- resultado lesivo causado deve estar previsto em lei como
lia ante ao patrimônio do mercado. [4] crime culposo, para que o agente possa responder. E a
última, que é proveniente do erro, se configura no caso
de legítima defesa subjetiva. Aqui, o agente incide em

11
erro sobre a situação que ocorreu, supondo que a agres- garantido, pois do contrário, subsistiria a ilicitude
são ainda existe. Responderá por culpa, caso haja previ- da ação. Fernando Capez traz o exemplo do pai
são e se for evitável. que pratica vias de fato ou lesão corporal leve con-
tra seu filho, mas sem o intuito de correção, tendo
c) Estrito cumprimento do dever legal. dentro de si a intenção de lhe ofender a integrida-
O agente que cumpre o seu dever proveniente da lei, de física. [6]
não responderá pelos atos praticados, ainda que Algumas situações são relevantes merecem ser men-
constituam um ilícito penal.. Isto porque o estrito cionadas quanto ao alcance do exercício regular
cumprimento de dever legal constitui outra espé- do direito. Uma delas é a intervenção médica e ci-
cie de excludente de ilicitude, ou causa justificante. rúrgica. Seria incompreensível considerar atos de
O primeiro requisito para formação desta excludente médicos que salvam vidas como ilícitos. Porém,
de ilicitude é a existência prévia de um dever legal. para que haja exercício regular do direito, é neces-
Este requisito engloba toda e qualquer obrigação sário que exista a anuência do paciente, pois, do
direta ou indireta que seja proveniente de norma contrário, haveria estado de necessidade praticado
jurídica. Dessa forma, pode advir de qualquer ato em favor de terceiro, podendo restar responsabili-
administrativo infralegal, desde que tenham sua dade no âmbito civil.
base na lei. Também pode ter sua origem em de-
cisões judiciais, já que são proferidas pelo Poder CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE
Judiciário no cumprimento de ordens legais.
Outro requisito é o cumprimento estrito da ordem. O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi-
Para que se configure esta causa justificante, é ne- lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando
cessário que o agente se atenha aos limites presen- o sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um
tes em seu dever, não podendo se exceder no seu fato típico e antijurídico.
cumprimento. Aquele que ultrapassa os limites da
ordem legal poderá responder por crime de abuso a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o ca-
de autoridade ou algum outro específico no códi- ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
go Penal. Por fim, o último requisito é a execução com esse entendimento.
do ato por agente público, e excepcionalmente, - doença mental, desenvolvimento mental incomple-
por particular. Para que se caracterize a causa jus- to ou retardado (art. 26);
tificante, o agente precisa ter consciência de que - desenvolvimento mental incompleto por presunção
pratica o ato em cumprimento de dever legal a ele legal, do menor de 18 anos (art. 27);
incumbido, pois, do contrário, o seu ato configura- - embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
ria um ilícito. Trata-se do elemento subjetivo desta ou força maior (art. 28, § 1º).
excludente, que é a ação do agente praticada no
intuito de cumprir ordem legal. b) inexistência da possibilidade de conhecimento da
Ao tratar de co-autores e partícipes, Fernando Capez ilicitude:
suscita uma questão interessante. Para ele, am- - erro de proibição (art. 21).
bos não poderiam ser responsabilizados, pois não
como falar em ato lícito para, e para o outro ilícito. c) inexigibilidade de conduta diversa:
Porém, se um deles desconhecer a situação justifi- - coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte);
cante que enseja o uso a excludente de ilicitude, e - obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte).
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

age com propósito de lesar direito alheio, respon-


dera pelo delito praticado, mesmo isoladamente.
[5]
ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO
d) Exercício regular do direito
Aquele que exerce um direito garantido por lei não
comete ato ilícito. Uma vez que o ordenamento Erro de Tipo
jurídico permite determinada conduta, se dá a ex-
cludente do exercício regular do direito. Erro de tipo é aquele que recai sobre circunstância
O primeiro requisito exigido por esta causa justifi- elementar da descrição típica. É a falsa percepção da rea-
cante é a existência de um direito, podendo ser de lidade sobre um elemento constitutivo de crime (BITEN-
qualquer natureza, desde que previsto no ordena- COURT, 2010, p. 325).
mento jurídico. O segundo requisito é a regulari- Divide-se em duas espécies, sendo: a) erro de tipo
dade da conduta, isto é, o agente deve agir nos essencial, o qual sempre exclui o dolo (para fatos ine-
limites que o próprio ordenamento jurídico impõe vitáveis), porém podendo-se punir pela culpa caso seja
aos direitos. Do contrário haveria abuso de direito, evitável; b) erro de tipo inevitável (ou acidental), o qual
configurando excesso doloso ou culposo. exclui a tipicidade por algo subjetivo do crime.
Também se faz necessário que o agente tenha conhe-
cimento da situação em que se encontra para po-
der se valer desta excludente de ilicitude. É preciso
saber que está agindo conforme um direito a ele

12
1. Tipos de erro essencial Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o dis-
cernimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos
a) Erro de tipo incriminador: Aquele que faz o sujeito ou prejudicados por doença ou transtorno mental.
supor a ausência de elemento ou circunstância da
figura típica incriminadora ou a presença de req- Causas que excluem a imputabilidade
uisitos permissivos (JESUS, 2014, p. 118). Doença Mental,
b) Erro de tipo permissivo: Caso o sujeito, por erro Desenvolvimento mental incompleto,
plenamente justificado pelas circunstâncias do Desenvolvimento mental retardado e
fato, suponha estar em face de alguma causa de Embriaguez completa proveniente de caso fortuito
exclusão de ilicitude, como legítima defesa, estrito ou força maior.
cumprimento do dever legal, exercício regular de
direito ou estado de necessidade, este fica isento 1. Doença mental
de pena. Pode-se punir por culpa (JESUS, 2014, p.
118).
É a perturbação mental ou psíquica de qualquer or-
c) Erro de proibição: Se o sujeito não tem a possibi-
dem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de en-
lidade de saber que o fato é proibido, a culpabili-
tender o caráter criminoso do fato ou a de comandar a
dade fica afastada. Ressalta-se que somente ocorre
a isenção de pena em caso de desconhecimento vontade de acordo com esse entendimento. Importante
inevitável da proibição, já que se for evitável cabe esclarecer que a dependência patológica, como drogas
apenas diminuição da pena de um sexto a um ter- configura doença mental quando retirar a capacidade de
ço. entender ou querer.

2. Tipos de erro acidental 2. Desenvolvimento mental incompleto

a) Erro sobre a pessoa: Ocorre quando o sujeito at- É o desenvolvimento que não se concluiu, devido à
inge uma pessoa supondo se tratar da pessoa que recente idade cronológica do agente ou a sua falta de
deveria atingir. É um erro entre pessoas, ou seja, convivência na sociedade, ocasionando imaturidade
o autor desejava acertar uma, mas acertou outra mental e emocional.
acreditando ser a pessoa certa. As condições ou
qualidades da vítima real são desconsideradas, Os menores de 18 anos, em razão de não sofrerem
considerando somente as qualidades da pessoa sanção penal pela pratica de ilícito penal, em decorrência
contra quem o agente queria praticar o crime. da ausência de culpabilidade, estão sujeitos ao procedi-
b) Aberratio Ictus (Erro na execução): É a aberração ao mento medidas sócio educativos prevista no ECA.
ataque ou desvio do golpe. Ocorre quando o sujei-
to, pretendendo atingir uma pessoa, vem a ofender 3. Desenvolvimento mental retardado
outra. Aplica-se somente aos crimes dolosos. Exem-
plo: Erro de pontaria, quando o projétil devia-se da É o incompatível com o estágio de vida em que se
trajetória acertando outra pessoa no disparo (JESUS, encontra a pessoa, estando, portanto, abaixo do desen-
2014, p. 326). volvimento normal para aquela idade cronológica. Sua
c) Aberratio criminis (Resultado diverso do preten- capacidade não corresponde às experiências para aquele
dido): É o desvio do crime. Enquanto na aberratio momento de vida, o que significa que a plena potenciali-
ictus existe erro de execução quanto à pessoa (erra dade jamais será atingida. Os inimputáveis aqui tratados

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


a pessoa, a vítima), na aberratio criminis erra-se um não possuem condições de entender o crime que come-
bem jurídico. teram.
Critérios de aferição da inimputabilidade – pessoas
inimputáveis
IMPUTABILIDADE PENAL
a. Sistema Biológico: (Usado pela doutrina: Código
Penal sobre menoridade penal) neste interessa saber se
A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um o agente é portador de alguma doença mental ou desen-
indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segun- volvimento mental incompleto ou retardo, caso positivo
do prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos, é considerado inimputável.
também, definir a imputabilidade como a capacidade do
agente entender o caráter ilícito do fato por ele perpe- b. Sistema psicológico: neste o que interessa é o so-
trado ou, de determinar-se de acordo com esse enten- mente o momento da ação ou omissão delituosa, se ele
dimento. tinha ou não condições de avaliar o caráter criminoso do
É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo fato e de orientar-se de acordo com esse entendimen-
entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza- to, ou seja, o momento da pratica do crime. A emoção
ção de um determinado ato. não excluir a imputabilidade. E pessoa que comete crime,
Quando existe algum agravo à saúde mental, os in- com integral alternação de seu estado físico-psíquico
divíduos podem ser considerados inimputáveis – se não responde pelos seus atos.
tiverem discernimento sobre os seus atos ou não possuí-
rem autocontrole, são isentos de pena.

13
c. Sistema biopsicológico: exige-se que a causa ge- Menores de dezoito anos
radora esteja prevista em lei e que, além disso, atue efe- Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
tivamente no momento da ação delituosa, retirando do mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas esta-
agente a capacidade de entendimento e vontade. Desta belecidas na legislação especial.
forma, será inimputável aquele que, em razão de uma
causa prevista em lei (doença mental, incompleto ou re- Emoção e paixão
tardado), atue no momento da pratica da infração penal Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
sem capacidade de entender o caráter criminoso do fato. I - a emoção ou a paixão;
Requisitos da inimputabilidade segundo o sistema
biopsicológico Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
(a) Causal: existencial de doença mental ou de desen- ou substância de efeitos análogos.
volvimento incompleto ou retardado, causas pre- § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
vista em lei. completa, proveniente de caso fortuito ou força maior,
(b) Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omis- era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
são delituosa. incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de de-
(c) Consequencial: perda total da capacidade de en- terminar-se de acordo com esse entendimento.
tender ou da capacidade de querer. § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortui-
Somente há inimputabilidade se os três requisitos es- to ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou
tiverem presentes, sendo exceção aos menos de 18 anos, da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
regidos pelo sistema biológico. ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Questões processuais sobre inimputabilidade
A inimputabilidade do acusado é fornecida pelo exa-
me pericial, através do médico legal, exame denomina-
do incidente de insanidade mental, onde suspende-se o CONCURSOS DE PESSOAS
processo ate o resulto final. Há prazo de 10 dias para
provar a existência da causa excludente da culpabilidade
(Lei nº 11.719, de junho de 2008). O concurso de pessoas é o cometimento da infração
penal por mais de um pessoa. Tal cooperação da prática
Embriaguez da conduta delitiva pode se dar por meio da coautoria,
participação, concurso de delinquentes ou de agentes,
A embriaguez seria a causa capaz de levar à exclusão entre outras formas. Existem ainda três teorias sobre o
da capacidade de entendimento e vontade do agente, concurso de pessoas, vejamos:
em virtude de uma intoxicação aguda e transitória causa-
da por álcool ou qual substancia de efeitos psicotrópicos a) teoria unitária: quando mais de um agente concor-
como morfina, ópio, cocaína entre outros. re para a prática da infração penal, mas cada um
Dispõe o Código Penal: praticando conduta diversa do outro, obtendo, po-
rém, um só resultado. Neste caso, haverá somente
(...) um delito. Assim, todos os agentes incorrem no
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

TÍTULO III mesmo tipo penal. Tal teoria é adotada pelo Có-
DA IMPUTABILIDADE PENAL digo Penal.
b) teoria pluralista: quando houver mais de um agen-
Inimputáveis te, praticando cada um conduta diversa dos de-
mais, ainda que obtendo apenas um resultado,
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doen- cada qual responderá por um delito. Esta teoria
ça mental ou desenvolvimento mental incompleto foi adotada pelo Código Penal ao tratar do aborto,
ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, pois quando praticado pela gestante, esta incor-
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do rerá na pena do art. 124, se praticado por outrem,
fato ou de determinar-se de acordo com esse enten- aplicar-se-á a pena do art. 126. O mesmo procedi-
dimento. mento ocorre na corrupção ativa e passiva.
Redução de pena c) teoria dualista: segundo tal teoria, quando houver
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a mais de um agente, com diversidades de condu-
dois terços, se o agente, em virtude de perturbação ta, provocando-se um resultado, deve-se separar
de saúde mental ou por desenvolvimento mental in- os coautores e partícipes, sendo que cada “grupo”
completo ou retardado não era inteiramente capaz de responderá por um delito.
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento. Autoria e participação

Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora


ambos dentro da teoria objetiva:

14
a) teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor Em caso de inexistência de reincidência, a pena con-
é o agente que pratica a figura típica descrita no creta deve ser maior que oito anos para aplicação do re-
tipo penal, e partícipe é aquele que comete ações gime fechado como regime inicial de cumprimento de
não contidas no tipo, respondendo apenas pelo pena.
auxílio que prestou (entendimento majoritário). Por sua vez, a pena cumprida em regime semiaberto
Exemplo: o agente que furta os bens de uma pes- ocorre quando a pena concreta é maior de quatro anos e
soa, incorre nas penas do art. 155 do CP, enquanto menor de oito anos, devendo-se lembrar que não pode
aquele que o aguarda com o carro para ajudá-lo a haver reincidência.
fugir, responderá apenas pela colaboração. Por fim, aplicar-se-á o regime aberto para penas con-
b) teoria normativa: aqui o autor é o agente que, cretas menores que quatro anos.
além de praticar a figura típica, comanda a ação
dos demais (“autor executor” e “autor intelectual”).
Já o partícipe é aquele colabora para a prática da #FicaDica
conduta delitiva, mas sem realizar a figura típica
Conforme a súmula 269 do STJ, em penas
descrita, e sem ter controle das ações dos demais.
menores de quatro anos, poderá o reinci-
Assim, aquele que planeja o delito e aquele que o
dente ter regime inicial semiaberto.
executa são coautores.

Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária -


teoria formal, o executor de reserva é apenas partícipe, b) Penas restritivas de direito: São as penas aplicadas
ou seja, se João atira em Pedro e o mata, e logo após Ma- em substituição as penas privativas de liberdade.
rio também desfere tiros em Pedro, Mario (executor de Consiste em algumas proibições aplicadas pelo
reserva) responderá apenas pela participação, pois não juiz.
praticou a conduta matar, já que atirou em um cadáver. Não se pode cumular a pena restritiva de direitos com
Ressalta-se, porém, que o juiz poderá aplicar penas iguais a pena privativa de liberdade. A pena restritiva de direitos
para autor e partícipe, e até mesmo pena mais gravosa a é autônoma.
este último, quando, por exemplo, for o mentor do crime. São requisitos para sua aplicação:
Sobre o assunto, preceitua o art. 29 do CP que, B1) Em crimes culposos, sempre será convertida (em
“quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide regra), crimes de trânsito (art. 302 e 303 do Código
nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabili- de Trânsito Brasileiro);
dade”, dessa forma deve-se analisar cada caso concreto B2) Em crimes dolosos, só cabe quando não houver
de modo a verificar a proporção da colaboração. Além violência ou grave ameaça, devendo-se a pena
disso, se a participação for de menor importância, a pena concreta ser de até 4 (quatro) anos.
pode ser diminuída de um sexto a um terço, segundo Consta esclarecer também que é proibida a conver-
disposição do § 1º do artigo supramencionado, e se al- são da pena privativa de liberdade em pena restritiva de
gum dos concorrentes quis participar de crime menos direitos em caso de reincidência específica.
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível c) Pena de multa: É a prestação pecuniária destina-
o resultado mais grave (art. 29, § 2º, do CP). da ao Estado. Pode ser prevista pena de multa no
Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se próprio tipo penal (ex: artigo 155 prevê pena +
não houver antijuridicidade, não há o que se falar em multa). O tipo penal também pode prever a pena

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


punição ao partícipe - teoria da acessoriedade limitada. de multa como alternativa a outras penas. Por fim,
pode-se converter a pena privativa de liberdade de
até um ano em multa.
PENAS: ESPECÍES, CIRCUNSTÂNCIAS d) Medida de segurança: Pode ser com internação em
AGRAVANTES E ATENUANTES E CON- hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou
CURSOS DE CRIMES tratamento ambulatorial. A medida imposta não
pode ultrapassar o limite máximo de pena previsto
no crime praticado, conforme súmula 527 do STJ.
TEORIA GERAL DA PENA Caso ocorra extinção de punibilidade, a medida de
segurança também será extinta.
Cominação de penas
e) Prisão Domiciliar: O regime aberto pode ser cum-
a) Penas privativas de liberdade: São penas com im- prido em prisão-albergue, prisão em estabeleci-
posição abstrata, tendo seus limites (máximo e mento adequado e prisão domiciliar (BITENCOURT,
mínimo) estabelecidos no preceito secundário de 2010, p. 623).
cada tipo penal incriminador. Pode ser regime ab-
erto, semiaberto ou fechado.
A pena em regime inicial fechado ocorre, em tese,
para reincidentes, independente da quantidade de pena
(exceção quando tiver pena de detenção).

15
As qualificadoras aumentam o patamar da pena abs-
#FicaDica trata (ou seja, antes da pena concreta, aplicada pelo juiz).
Deste modo, caso haja mais de duas qualificadoras, a
A pena de reclusão tem de ser cumprida em segunda poderá ser contada como circunstância agra-
regime fechado, semiaberto ou aberto, en- vante, na 2ª fase da dosimetria (como veremos a seguir).
quanto a pena de detenção pode ser cum- Ressalta-se que é vedado qualificar e agravar a pena com
prida em regime semiaberto ou fechado. a mesma qualificadora (bis in idem – proibição de repeti-
(Artigo 33 do Código Penal). ção de uma sanção sobre mesmo fato).
Ressalta-se que a pena de detenção pode Caso inexistam circunstâncias judiciais, deve-se fixar a
ser cumprida em regime fechado nos casos pena no mínimo legal.
em que houver a regressão durante a execu-
ção da pena. 2ª Fase: Dever-se-á analisar as circunstâncias legais,
ou seja, as agravantes e atenuantes.
O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de
Elementares e circunstâncias Justiça fixaram o valor de um sexto para cada circuns-
tância, tanto no “agravamento”, quanto na “atenuação”
As elementares são componentes do tipo penal pro- da pena.
priamente dito, enquanto as circunstâncias são modu- A pena deverá ainda respeitar o mínimo e o máximo
ladoras da aplicação da pena, são acidentais, ou seja, legal, previsto no tipo penal incriminador. Por fim, ressal-
podem ou não existir na configuração da conduta típica. ta-se que há circunstâncias preponderantes.
São Circunstâncias do crime:
a) Circunstâncias judiciais: Culpabilidade, anteced- 3ª Fase: Analisar-se-á as causas de aumento e de di-
entes, conduta social, personalidade do agente, minuição de pena, que estão previstas tanto na parte ge-
motivos, circunstâncias e consequências do crime ral, quanto na parte especial e leis especiais. (Exemplo:
e o comportamento da vítima (artigo 59 do Código tentativa, arrependimento posterior, homicídio privile-
Penal). giado).
b) Circunstâncias legais: Atenuantes e agravantes Neste momento, as penas podem ficar acima ou abai-
genéricas, as quais estão previstas nos artigos 61 xo do patamar fixada no tipo penal.
e 62 (agravantes); 65 e 66 (atenuantes) do Código
Penal.
A circunstância agravante “aumenta”, agrava a #FicaDica
pena, enquanto as circunstâncias atenuantes “di- Sempre irão trazer fração (1/2, 1/3, 2/3) ou
minuem”, atenuam a pena. multiplicação (dobro, triplo). A norma penal
c) Causas de aumento e de diminuição de pena: Difer- também falará, na maioria das vezes, as pa-
entemente das circunstâncias agravantes e atenu- lavras: a) aumenta-se a pena em...; b) dimi-
antes, que estão contidas na parte geral do Có- nui-se a pena em...
digo Penal, as causas de aumento ou diminuição
de pena se encontram tanto na parte geral, quanto
na parte especial do próprio tipo penal incrimina-
dor e nas leis especiais, sendo sempre estabelecida
a quantia de aumento ou redução de pena por #FicaDica
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

quantidades fixas (como metade, dobro, triplo, um Crime + Crime = reincidência


terço); ou variáveis (como de um a dois terços). Contravenção+Contravenção = reincidência
Crime + contravenção = reincidência
Ressalta-se que as qualificadoras são circunstâncias Contravenção + Crime = não gera reincidên-
que alteram o patamar da pena em abstrato, ou seja, an- cia (artigo 7º, da Lei 3.688/41).
tes da dosimetria (calculo da pena a ser aplicada que é
realizado pelo juiz)

Aplicação da pena Fins da pena

A pena é aplicada por meio da dosimetria (calculo A pena, pelo Código Penal, tem a finalidade mista, ou
para apuração da pena a ser imposta – critério trifásico). seja, preventiva e retributiva ao mesmo tempo. De modo
Divide-se a dosimetria em três fases: contrário, a Lei de Execução Penal observou a prevenção
especial negativa, a qual a pena atua como fator de res-
1ª Fase: Dever-se-á estipular a pena base, de acordo com socialização do apenado.
a pena prevista no tipo penal incriminador. A pena base Livramento condicional e suspensão condicional
deve ficar entre o mínimo e o máximo, levando-se em con- da pena
sideração as circunstâncias do artigo 59 do Código Penal.
O juiz deve procurar respeitar o ponto médio, sem A suspensão condicional da pena é um benefício que
exagerar nas circunstâncias. (pena mínima + pena máxi- suspende o início do cumprimento da pena privativa de
ma / 2 = ponto médio). liberdade imposta. Ela é aplicada à execução da pena pri-

16
vativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poden- § 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode,
do a pena ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova
desde que o condenado não seja reincidente em crime até o máximo, se este não foi o fixado.
doloso, observando-se a culpabilidade, antecedentes,
conduta social, personalidade do agente, bem como os Cumprimento das condições
motivos e as circunstâncias autorizadoras da concessão Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido
do benefício. revogação, considera-se extinta a pena privativa de
Caso seja possível e indicada a substituição por penas liberdade.
restritivas de direitos, deve-se aplicar estas (art. 77, III do CP).
A condenação anterior a pena de multa não impede a Por sua vez, diferentemente da suspensão condicio-
concessão deste benefício. Ademais, a execução da pena nal da pena (que suspende o início do cumprimento de
privativa de liberdade, não superior a 4 (quatro) anos, pena), o livramento condicional é possibilitado somente
poderá ser suspensa, por 4 (quatro) a 6 (seis) anos, desde após o início do cumprimento da pena privativa de li-
que o condenado seja maior de 70 (setenta) anos de ida- berdade, ou seja, o benefício ocorre posteriormente ao
de, ou por razões de saúde que justifiquem a suspensão início da pena de prisão.
da pena. Requisitos objetivos: O livramento condicional é pos-
 Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sibilitado para os apenados que cumprirem um sexto da
sujeito à observação e ao cumprimento das condições pena, quando primário, independente de bons ou maus
estabelecidas pelo juiz. antecedentes. (Entendimento do Supremo Tribunal Fe-
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o conde- deral); para os que cumprirem metade da pena, quando
nado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou sub- reincidentes; para os que cumprirem dois terços, quando
meter-se à limitação de fim de semana (art. 48). condenados por crimes hediondos.
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo Ademais, observar-se-á também a qualidade da pena,
impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. quantidade da pena e a reparação de dano, quando pos-
59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o
sível.
juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior
pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente:
Requisitos subjetivos: Dever-se-á observar o com-
a) proibição de frequentar determinados lugares;
portamento satisfatório do apenado durante a execução
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside,
da pena, o bom desempenho no trabalho atribuído, a
sem autorização do juiz;
aptidão para prover à própria subsistência em trabalho
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
honesto, deve estar cessada a periculosidade nos crimes
mensalmente, para informar e justificar suas ativi-
dades. praticados mediante violência ou grave ameaça à pessoa
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras con- e não pode ser reincidente específico em crimes hedion-
dições a que fica subordinada a suspensão, desde dos.
que adequadas ao fato e à situação pessoal do con- São condições para o livramento condicional (art. 132
denado. da LEP):
Art. 80 - A suspensão não se estende às penas restri-
tivas de direitos nem à multa. Obrigatórias – O juiz deve aplicar: art. 132, § 1º, da
LEP:
Revogação obrigatória a) proibição de se ausentar da comarca sem comuni-
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do cação ao juiz;

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


prazo, o beneficiário: b) comparecimento periódico a fim de justificar ati-
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime vidade;
doloso; c) obter ocupação lícita dentro de prazo razoável.
II - frustra, embora solvente, a execução de pena
de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a Facultativas – O juiz pode ou não aplicar: art. 132,
reparação do dano; § 2º, da LEP:
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste a) não mudar de residência sem comunicação ao juiz
Código e à autoridade incumbida de fiscalizar;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
Revogação facultativa c) não frequentar determinados lugares.
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o conde- Judiciais: nada impede que o juiz fixe outras a seu
nado descumpre qualquer outra condição imposta critério (art. 85 do CP).
ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo
ou por contravenção, a pena privativa de liberdade Em caso de descumprimento das obrigações impos-
ou restritiva de direitos. tas, o apena terá o benefício do livramento condicional
revogado.
Prorrogação do período de prova
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por Concurso de crimes e crime continuado
outro crime ou contravenção, considera-se prorro-
gado o prazo da suspensão até o julgamento defini- Concursos de crimes: Pode ser material (art. 69 do Có-
tivo. digo Penal) e formal (art. 70 do Código Penal).

17
a) Concurso Material: Ocorre quando o sujeito, me- A teoria do Tipo criou a tipicidade, apresentada como
diante mais de uma ação ou omissão, pratica dois característica do delito, com fundamento na teoria causal
ou mais crimes, podendo ser homogêneo (mesmo da ação, concebida por Franz Von Liszt. Com a evolução,
crime) ou heterogêneo (crimes diferentes). criou-se uma metodologia para distinguir as caracterís-
ticas do tipo, dividindo-se em tipicidade, antijuricidade e
Várias condutas (ação ou omissão) Vários Crimes culpabilidade (BITENCOURT, 2010, p. 303).
Soma as penas
1. Crime doloso e crime culposo

#FicaDica O crime doloso é aquele que acontece quando o


agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-
Em caso de crimes diferentes, executar-se-á -lo, ou seja, ocorreu pela vontade de concretizar o crime.
primeiro o crime com pena de reclusão, pos-
teriormente o de detenção. O crime culposo, por sua vez, ocorre quando o agente
deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia, ou seja, por falta de cuidado no agir.
#FicaDica
1.1. Modalidades de dolo:
É possível o concurso material entre crime e
contravenção. a) Dolo direto: quando o sujeito visa certo e determi-
nado resultado (ex: esfaquear para matar alguém).
b) Dolo indireto: não tem certo e determinado resul-
b) Concurso Formal: Ocorre quando o sujeito, medi- tado, variando-se em dolo alternativo (aquele que tem a
ante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais intenção de um ou outro resultado, como ferir ou matar
crimes, podendo também ser crimes homogêneos alguém); e dolo eventual (quando o sujeito admite o ris-
(iguais) ou heterogêneos (diferentes) co do resultado).
b1) Concurso Formal Perfeito: Quando houver so-
mente um dolo ou culpa (designo único), aumen- 1.2. Modalidades de culpa:
ta-se a pena em 1/6 à 1/2 .
b2) Concurso Formal Imperfeito: Quando houver vári- a) Culpa inconsciente: ocorre quando o sujeito atua
os dolos (desígnios autônomos), devem-se somar sem consciência do resultado que poderia ocorrer;
as penas. b) Culpa consciente: o sujeito prevê o resultado,
porém não acredita que irá acontecer, confiando
Uma ação ou omissão Vários crimes Pode somar (vá- nas suas habilidades. (Exemplo: corridas ilegais de
rios dolos) ou aumentar (quando há um dolo ou culpa) carro, embriaguez ao dirigir).

#FicaDica #FicaDica
Concurso Material Benéfico: Ocorre quando A culpa consciente é diferente do dolo
a soma das penas é melhor que o aumen- eventual, no primeiro o sujeito não quer o
to dela, geralmente se vê quando há crimes resultado, confiando que não irá acontecer,
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

com muita pena e pouca pena – Exemplo: enquanto no segundo o sujeito assume o
homicídio + lesão corporal leve. risco, sendo indiferente se acontecer o re-
sultado.

Crime Continuado
#FicaDica
Ocorre quando há várias condutas, com crimes iguais,
nas mesmas condições de tempo, lugar e modo de exe- Ausência de dolo pode ser FATO ATÍPICO.
cução, aumentando-se a pena de 1/6 a 1/2.

Várias condutas (ação ou omissão) Crimes da mesma a) Imprudência: É a prática de um fato perigoso
espécie continuação desnecessário (Exemplo: dirigir em alta veloci-
dade).
b) Negligência: É a falta de atenção, preocupação (Ex-
TEORIA DO TIPO emplo: Deixar arma de fogo perto de uma criança.
c) Imperícia: É a falta de habilidade técnica para algo
Tipo pode ser considerado o conjunto dos elementos (Exemplo: Médico que não sabe fazer cirurgia, mas
do fato punível descrito na Lei penal, o qual exerce fun- a faz).
ção limitadora e individualizadora das condutas huma-
nas penalmente relevantes.

18
#FicaDica
O Direito Penal brasileiro aceita somente a culpa exclusiva da vítima, ou seja, não existe a figura da culpa
concorrente (entre a vítima e o acusado).

1,3, Crime preterdoloso

Ocorre quando há o dolo na ação/omissão antecedente, mas a culpa no consequente, ou seja, acontece quando o
delinquente produz resultado mais grave que pretendia.
Exemplo: Sujeito deseja roubar uma pessoa, porém mata sem querer a vítima durante o roubo.

1,4, Crime preterdoloso e crime qualificado pelo resultado

Atente-se que não são sinônimos, já que o crime qualificado pelo resultado, ao contrário do preterdoloso, o resulta-
do ulterior, mais grave, derivado involuntariamente da conduta criminosa, lesa um bem jurídico que, por sua natureza,
não contém o bem jurídico precedentemente lesado (BITENCOURT, 2010, p. 343).
Exemplo: Lesão corporal seguida de morte é preterdoloso, enquanto o aborto seguido de morte da gestante é qua-
lificado pelo resultado, ou seja, nunca se conseguirá matar uma pessoa sem ofender sua saúde ou integridade corporal
(como a lesão corporal seguida de morte), enquanto para matar alguém não se terá necessariamente de fazê-lo abortar
(aborto com ou sem consentimento da gestante, qualifica-se pelo resultado) (BITENCOURT, 2010, p. 343).

1.5. Erro de Tipo

Erro de tipo é aquele que recai sobre circunstância elementar da descrição típica. É a falsa percepção da realidade
sobre um elemento constitutivo de crime (BITENCOURT, 2010, p. 325).
Divide-se em duas espécies, sendo: a) erro de tipo essencial, o qual sempre exclui o dolo (para fatos inevitáveis),
porém podendo-se punir pela culpa caso seja evitável; b) erro de tipo inevitável (ou acidental), o qual exclui a tipicidade
por algo subjetivo do crime.

1.5.1. Tipos de erro essencial:

a) Erro de tipo incriminador: Aquele que faz o sujeito supor a ausência de elemento ou circunstância da figura típica
incriminadora ou a presença de requisitos permissivos (JESUS, 2014, p. 118).
b) Erro de tipo permissivo: Caso o sujeito, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias do fato, suponha estar
em face de alguma causa de exclusão de ilicitude, como legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exer-
cício regular de direito ou estado de necessidade, este fica isento de pena. Pode-se punir por culpa (JESUS, 2014,
p. 118).
c) Erro de proibição: Se o sujeito não tem a possibilidade de saber que o fato é proibido, a culpabilidade fica afasta-
da. Ressalta-se que somente ocorre a isenção de pena em caso de desconhecimento inevitável da proibição, já

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


que se for evitável cabe apenas diminuição da pena de um sexto a um terço.

1.5.2. Tipos de erro acidental:

a) Erro sobre a pessoa: Ocorre quando o sujeito atinge uma pessoa supondo se tratar da pessoa que deveria atingir.
É um erro entre pessoas, ou seja, o autor desejava acertar uma, mas acertou outra acreditando ser a pessoa certa.
As condições ou qualidades da vítima real são desconsideradas, considerando somente as qualidades da pessoa
contra quem o agente queria praticar o crime.
b) Aberratio Ictus (Erro na execução): É a aberração ao ataque ou desvio do golpe. Ocorre quando o sujeito, pre-
tendendo atingir uma pessoa, vem a ofender outra. Aplica-se somente aos crimes dolosos. Exemplo: Erro de
pontaria, quando o projétil devia-se da trajetória acertando outra pessoa no disparo (JESUS, 2014, p. 326).
c) Aberratio criminis (Resultado diverso do pretendido): É o desvio do crime. Enquanto na aberratio ictus existe erro
de execução quanto à pessoa (erra a pessoa, a vítima), na aberratio criminis erra-se um bem jurídico.

Erros Essenciais
Erro de tipo incriminador (art. 20 do CP) Fato Típico
Erro de tipo permissivo (art. 20, § 1º do CP) Excludente de ilicitude
Erro de proibição (art. 21 do CP) Culpabilidade

19
Erros acidentais
Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º do CP) Relação com a vítima
Aberratio Ictus (art. 73 do CP) Relação com a vítima
Aberratio Criminis (art. 74 do CP) Relação com bem jurídico

1.6. Classificação Jurídica dos crimes

Crime material: Aquele que existe um resultado previsto em lei, sendo exigida sua consumação, ou seja, deve-se ter
um dano efetivo. Exemplo: Homicídio (art. 121 do CP).
Crime Formal: Aquele que existe um resultado previsto em lei, mas não é exigida sua consumação, ou seja, não é
necessário um dano efetivo, bastando-se a vontade de concretizá-lo. Exemplo: Extorsão (art. 158 do CP).
Crime de Mera Conduta: Aquele em que a conduta já consuma o crime. O tipo penal não descreve um resultado
(naturalístico), apenas uma conduta, ou seja, basta fazer a conduta. Exemplo: Omissão de Socorro (art. 135 do CP).
Crime Complexo: Aquele que é necessária uma fusão de dois ou mais crimes. Exemplo: Crime de Roubo (art. 157 do
CP), nada mais é que o crime de furto (art. 155 do CP) com grave ameaça (art. 147 do CP).
Crime Comum: Aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa.
Crime Próprio: Há agentes próprios, somente pode ser praticado por determinadas pessoas, como os crimes prati-
cados por funcionário público.
Crime de Mão Própria: Aquele que somente o autor pode praticar, não tendo a possibilidade de pedir para outra
pessoa fazer. Exemplo: Falso testemunho (art. 342 do CP).
Crime consumado: Aquele concretizado, com todos os elementos do tipo penal.
Crime tentado: Ocorre quando o crime não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do sujeito.
Crime falho: É a tentativa perfeita.
Crime de ação única: Ocorre quando o agente pratica o tipo penal que descreve somente um verbo, uma conduta.
Exemplo: Homicídio, bastando-se matar alguém.
Crime de ação múltipla (conteúdo variado ou tipo misto): O tipo penal tem mais de uma conduta, um verbo. Exem-
plo: O artigo 122 diz induzir, instigar ou auxiliar alguém a suicidar-se, ou seja, três verbos.
Crime Unissubjetivo (unilateral, monossubjetivo ou concurso eventual): Quando o tipo penal possibilita a pratica do
crime por uma pessoa. Ressalta-se que pode ser praticado por mais pessoas também. (Exemplo: Homicídio – art. 121
do CP).
Crime Plurissubjetivo (concurso necessário): Quando o tipo penal somente possibilita a pratica delitiva por várias
pessoas. (Exemplo: Formação de quadrilha – art. 288; Rixa – art. 137).
Crime Unissubsistente: Crime praticado por apenas um ato, não havendo a possibilidade de fracionar em atos.
(Exemplo: Injúria –art. 140 do CP).
Crime Plurissubsistente: Aquele que pode ser praticado por mais de um ato. (Exemplo: Homicídio – Art. 121 do CP).
Crime de Forma Livre: Quando não há um modo a ser seguido, um jeito certo a ser praticado. (Exemplo: Homicídio-
Art. 121 do CP).
Crime de Forma Vinculada: Quando há uma forma a ser seguida. (Exemplo: Estupro – Art. 213 do CP – Deve-se ter
a conjunção carnal).
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

1,7, Crimes comissivos e omissivos

a) Comissivo: Aquele crime que é necessária uma ação positiva visando o resultado criminoso. Exemplo: Homicídio,
onde matar alguém é uma ação.
b) Omissivo: Pode ser próprio, quando o agente fica em omissão diante de algo, ou seja, uma inatividade que con-
stitui crime. (Exemplo: Omissão de socorro, ou seja, o agente deveria salvar, mas ficou inativo sem justificativa);
ou impróprio, quando a omissão é o meio pelo qual se alcançará o resultado, a pretensão do autor, a vontade
delitiva. (Exemplo: Salva-vidas que deveria salvar uma pessoa, mas deixou de salvar por ser um desafeto pessoal
– responde por Homicídio Doloso consumado). Nestes crimes, o agente responde não pela simples omissão, mas
pelo resultado decorrente desta, já que estava, juridicamente, obrigado a impedir.

1,8, Crimes de dano ou perigo

a) Crime de Dano: Aquele que se consuma com a efetividade de um dano. (Exemplo: Lesão Corporal – Art. 129 do
CP).
b) Crime de Perigo: Aquele que não exige um dano, apenas o perigo de dano. (Exemplo: Periclitação a vida ou saúde
de outrem - Art. 132 do CP).

20
Não há tentativa em crimes culposos, preterdolosos,
#FicaDica contravenções, omissivos próprios (ex: omissão de so-
corro), unissubsistentes (ex: injúria-ato único), crimes de
Crimes de perigo concreto: Quando deve ser atentado.
comprovado o perigo do crime, a situação de Concluí-se que o iter criminis pode ser interrompido
risco corrida pelo bem juridicamente protegido. de duas maneiras:
Crimes de perigo abstrato: É presumido, não
precisando ser provado o perigo concreto a) pela vontade do agente: resultando em desistência
do ato, a lei já entende como perigoso inde- voluntária ou arrependimento eficaz.
pendente de prova. b) por interferência de terceiros ou fato alheio a von-
tade do agente: configurando-se a tentativa.

1.8. Causas de extinção de punibilidade 1.11. Desistência voluntária e arrependimento eficaz

 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: A desistência voluntária esta prevista no artigo 15 do


I - pela morte do agente; Código Penal, devendo-se ocorrer no começo da execu-
II - pela anistia, graça ou indulto; ção, ou seja, o agente desiste de continuar a execução
III - pela retroatividade de lei que não mais considera do crime que ainda esta iniciando. Não há crime nesta
o fato como criminoso; hipótese, sendo o fato atípico.
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; Por sua vez, o arrependimento eficaz, também previs-
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão to no artigo 15 do Código Penal, ocorre quando o agen-
aceito, nos crimes de ação privada; te inicia a execução, completando os atos executórios,
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a porém impedindo por vontade própria a produção do
lei a admite; resultado e a consumação. Neste caso, o agente só res-
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) ponderá pelos atos já praticados. (Furto, mas impede o
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) resultado por vontade própria, restando somente à inva-
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. são de domicílio).

1.9. Iter Criminis


#FicaDica
As fases do delito podem ser compreendidas em:
No arrependimento eficaz o agente não pro-
a) cogitação;
duz o resultado, não consuma o crime por
b) atos preparatórios;
vontade própria, caso contrário seria tenta-
c) execução;
tiva.
d) consumação.

a) Cogitação: Não constitui fato punível quando não


se projeta no mundo exterior, não ingressa na ex-
#FicaDica
ecução do crime. A Lei de antiterrorismo prevê a punição para
b) Atos preparatórios: Em regra não tem tentativa, atos preparatórios.
sendo fato atípico. Exceção: Associação criminosa,

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


já que pode punir o crime com apenas atos pre-
paratórios; crime de petrechos para falsificação de
moeda; terrorismo pela Lei de Antiterrorismo. 1.12. Arrependimento posterior
c) Execução: Momento que esta acontecendo a prat-
ica delitiva. Exemplo: escalando o prédio para fur- Previsto no artigo 16 do Código Penal, ocorre quan-
tar. do o agente se arrepende posteriormente a consumação
d) Consumação: conformidade entre o fato e a norma do delito. Somente pode ser reconhecido caso o agente
penal, momento em que se atinge o resultado pre- restitua a coisa até o oferecimento da denúncia em pro-
tendido. cesso criminal.
O Supremo Tribunal de Federal entende que a resti-
1.10. Consumação e tentativa tuição da coisa pode ser considerada desde que seja 50
% do valor ou da coisa, ou seja, é admitida a reparação
Crime consumado: Aquele concretizado, com todos parcial no arrependimento posterior.
os elementos do tipo penal. Há requisitos para o reconhecimento do arrependi-
Crime tentado: Ocorre quando o crime não se consu- mento posterior, devendo-se ser: a) crime sem violência
ma por circunstâncias alheias a vontade do sujeito. ou grave ameaça; b) a reparação deve ser até o recebi-
A tentativa diminui a pena de um terço a dois terços, mento da denúncia (podendo ser de apenas 50% confor-
levando-se em consideração o momento da execução, me entendimento de STF).
ou seja, quanto mais perto da consumação, menos dimi- O arrependimento posterior pode diminuir a pena de
nuição terá. um terço a dois terços. O quantum da diminuição se dará
na velocidade da restituição da coisa.

21
ILICITUDE – Excludentes de ilicitude.
#FicaDica
O fato para ser punível deve ser típico (previsto em
Nos casos de crimes tributários (Lei 8.137/90; lei), ilícito (antijurídico) e culpável (culpabilidade). Há
artigo 334 e 168 –A do CP), se restituído o determinadas hipóteses que não configuram fato ilícito.
valor total do prejuízo a qualquer momento, São elas:
extingue a punibilidade.
1. Estado de necessidade

1.13. Crime impossível Ocorre quando o sujeito pratica o fato para salvar pe-
rigo atual que não praticou ou nem pode evitar. Neste
Previsto no artigo 17 do Código Penal, o crime impos- caso, exclui-se a ilicitude do fato.
sível é aquele que seria impossível de ser concretizado, Em caso de sacrifício não razoável, pode-se diminuir a
ou seja, após a prática do fato vê-se que era impossível pena de um terço a dois terços.
sua consumação, pela ineficácia absoluta do meio ou im-
propriedade do objeto material, tornando-se o fato atí- 1.2. Legítima Defesa
pico por força do artigo 387, III do Código de Processo
Penal. Usar moderadamente meios para repelir injusta
Exemplos: agressão atual ou eminente sua ou de outrem. Neste
I- O agente aperta o gatinho com uma arma descar- caso, exclui-se a ilicitude do fato.
regada (ineficácia do meio de execução) Ressalta-se que a vingança afasta a legítima defesa.
II- Mulher achando estar grávida tenta abortar (im- Há a legítima defesa putativa, a qual o agente supõe a
propriedade do objeto material). existência de uma agressão injusta, mas esta não existe na
III- Loja vazia no momento do furto (impropriedade realidade, no mundo real. Pode, neste caso, diminuir a pena.
do objeto material).
#FicaDica
#FicaDica O Policial que dispara sua arma contra de-
linquente armado que esta apontando uma
Os crimes devem ser susequentes, pelas con- arma para o mesmo age em legítima de-
dições de tempo, lugar e modo de execução, fesa.
ou seja, como continuação do primeiro cri-
me.
#FicaDica
A palavra-chave para legítima defesa é
#FicaDica AGRESSÃO.
Quando há várias condutas gerando vários
crimes = Concurso Material ou Crime Con-
tinuado. 1.3.Estrito cumprimento do dever legal

Quando há uma conduta gerando vários Exclui-se a ilicitude com base no dever imposto pela
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

crimes = Concurso Formal (perfeito ou im- Lei, como exemplo o policial que age com mandado de
perfeito). prisão.

#FicaDica

EXERCÍCIO COMENTADO Funcionário público é a palavra-chave.

1. POLÍCIA FEDERAL – Delegado de Polícia – CESPE-


2013: 1.4. Exercício regular de direito
No que se refere às causas de exclusão da ilicitude e à
prescrição, julgue os seguintes itens. Ocorre legítima de- Ocorre quando o agente age dentro dos limites em
fesa sucessiva, na hipótese de legítima defesa real contra que a Lei autoriza, quando é um direito deste exercer
legítima defesa putativa. algo que para outros seria uma conduta criminosa. Exem-
plo: Lutador de MMA que pratica lesão corporal contra
( ) CERTO ( ) ERRADO adversário durante a luta.

Resposta: Errado. A legítima defesa sucessiva ocorre


quando há uma repulsa ao excesso injusto, ou seja, a
legítima defesa sucessiva ocorre contra o excesso de
legítima defesa.

22
b) Por ausência de potencial conhecimento da ilicitude
#FicaDica É o erro de proibição inevitável, ocorrendo quando
o agente imagina ser proibido o permitido, bem como
Ofendículas (cerca elétrica, vidro no muro, aquele que pensa ser permitida a conduta proibida.
arame) é considerado legitima defesa pela Caso o erro seja evitável, deve-se reduzir a pena pelo
doutrina predominante. artigo 21 do Código Penal, de um sexto a um terço. Em
se tratando de erro inevitável, exclui-se a culpabilidade.

c) Por ausência de exigibilidade de conduta diversa


EXERCÍCIO COMENTADO
Divide-se em duas modalidades:
1. POLÍCIA FEDERAL – Delegado de Polícia – CESPE- I – Coação Moral Irresistível: Afasta-se a culpabilidade
2013: do fato, punindo-se o coautor pelo ato do coagido.
Considere que João, maior e capaz, após ser agredido fi- II- Obediência hierárquica: Deve-se punir somente o
sicamente por um desconhecido, também maior e capaz, autor da ordem, o superior hierarquicamente, excluin-
comece a bater, moderadamente, na cabeça do agressor do-se a culpabilidade do agente.
com um guarda - chuva e continue desferindo nele vários
golpes, mesmo estando o desconhecido desacordado.
Nessa situação hipotética, João incorre em excesso inten-
sivo. EXERCÍCIOS COMENTADOS
( ) CERTO ( ) ERRADO
1. POLÍCIA FEDERAL – Delegado de Polícia – CESPE –
2013:
Resposta: Errado. O excesso intensivo ocorre quando
Considerando a distinção doutrinária entre a culpabili-
o agente age sem moderação enquanto a agressão
dade de ato e culpabilidade de autor, julgue o seguinte
está em curso, enquanto o excesso extensivo ocorre
item:
quando o agente reage excedendo em sua reação
Tratando-se de culpabilidade pelo fato individual, o juízo
após o agressor ter acabado sua agressão. Deste
de culpabilidade se amplia à total personalidade do au-
modo, a questão se trata de um excesso extensivo.
tor e a seu desenvolvimento.

( ) CERTO ( ) ERRADO
TEORIA GERAL DA CULPABILIDADE
Resposta: Errado. Neste caso a culpabilidade seria
A culpabilidade é a reprova daquele que deveria agir
pela conduta de vida do autor, já que o juízo de cul-
de acordo com os mandamos da Lei.
pabilidade pela personalidade do autor se trata de di-
Exclui-se a culpabilidade por:
reito penal do autor. Relembra-se que o direito penal
do fato é adotado pelo Brasil e a culpabilidade não
a) Ausência de imputabilidade
analisa o autor (direito penal do autor), mas sim o fato
Ocorre para menores de idade, embriaguez completa
(direito penal do fato).
acidental (por fora maior) e patológica.
Consta esclarecer as modalidades de embriaguez:

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


2. POLÍCIA FEDERAL – Escrivão da Polícia Federal –
CESPE – 2014:
I- Embriaguez preordenada: Ocorre quando o agente
Considere a seguinte situação hipotética.
se embriaga para praticar o crime. É uma causa agra-
Hiran, tendo ingerido voluntariamente grande quanti-
vante de pena.
dade de bebida, desentendeu-se com Caetano, seu ami-
II- Embriaguez voluntária ou culposa: Ocorre quando
go, vindo a agredi-lo e a causar-lhe lesões corporais.
o agente se embriaga por negligência ou por vonta-
Nessa situação, considerando que, em razão da em-
de própria. Neste caso, o agente responde pelo delito
briaguez completa, Hiran era, ao tempo da ação, inteira-
como se estivesse sóbrio.
mente incapaz de entender a ilicitude de sua conduta
III- Embriaguez acidental ou involuntária: Ocorre
e de determinar-se de acordo com este entendimento,
quando o agente se embriaga por caso fortuito ou
pode-se reconhecer a sua inimputabilidade. 
força maior (ex: desconhecendo ou não sabendo que
estava ingerindo droga).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Em crime com embriaguez acidental completa, afas-
Resposta: Errado. Nessa situação Hiran pode ser pu-
ta-se a imputabilidade, excluindo-se a culpabilidade;
nido, já que a embriaguez foi voluntária.
sendo embriaguez acidental incompleta, diminui-se de
um terço a dois terços a pena.
IV- Embriaguez patológica: É considerada doença
mental. Afasta-se a imputabilidade, excluindo-se a
culpabilidade por inimputabilidade.

23
Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA mãe contra o filho, sob condições especiais (em estado
puerperal, isto é, logo pós o parto).
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher inter-
HOMICÍDIO rompe a gravidez de forma a trazer destruição do pro-
duto da concepção. No auto-aborto ou no aborto com
De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da consentimento da gestante, esta sempre será o sujeito
vida de um homem por outro homem. De forma objetiva, ativo do ato, e o feto, o sujeito passivo. No aborto sem o
é o ato cometido ou omitido que resulta na eliminação consentimento da gestante, os sujeitos passivos serão o
da vida do ser humano. feto e a gestante.
Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta Aborto provocado por terceiro – É o aborto provoca-
típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homi- do sem o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de
cídio não possui características de qualificação, privilégio três a dez anos.
ou atenuação. É o simples ato da prática descrita na in- Aborto provocado com o consentimento da gestan-
terpretação da lei, ou seja, o ato de trazer a morte a uma te – Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser
pessoa. aumentada para reclusão de três a dez anos, se a gestan-
Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo pri- te for menor de quatorze anos, se for alienada ou débil
meiro – É a conduta típica do homicídio que recebe o mental, ou ainda se o consentimento for obtido median-
benefício do privilégio, sempre que o agente comete o te fraude, grave ameaça ou violência.
crime impelido por motivo de relevante valor social ou Forma qualificada - As penas são aumentadas de um
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo após terço se, em conseqüência do aborto ou dos meios em-
a injusta provocação da vítima, podendo o juiz reduzir a pregados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão cor-
pena de um sexto a um terço. poral de natureza grave. São duplicadas se, por qualquer
Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo se- dessas causas, lhe sobrevém a morte.
gundo – É a conduta típica do homicídio onde se au- Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado
menta a pena pela prática do crime, pela sua ocorrência por médico: se não há outro meio de salvar a vida da
nas seguintes condições: mediante paga ou promessa de gestante; e se a gravidez resulta de estupro e o aborto
recompensa, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil, é precedido de consentimento da gestante ou, quando
com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura incapaz, de seu representante legal.
ou outro meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar
perigo comum; por traição, emboscada, ou mediante dissi- Lesões corporais
mulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível
a defesa do ofendido; e para assegurar a execução, a ocul- Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a
tação, a impunidade ou a vantagem de outro crime. saúde de outra pessoa.
Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro
– É a conduta típica do homicídio que se dá pela impru- Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - pa-
dência, negligência ou imperícia do agente, o qual pro- rágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocu-
duz um resultado não pretendido, mas previsível, estan- pações habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida;
do claro que o resultado poderia ter sido evitado. debilidade permanente de membro, sentido ou função;
No homicídio culposo a pena é aumentada de um ou aceleração de parto.
terço, se o crime resulta de inobservância de regra téc-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

nica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129
prestar imediato socorro à vítima. O mesmo ocorre se - parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade perma-
não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou nente para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou
foge para evitar prisão em flagrante. Sendo o homicídio inutilização do membro, sentido ou função; deformidade
doloso, a pena é aumentada de um terço se o crime é permanente; ou aborto.
praticado contra pessoa menor de quatorze ou maior de
sessenta anos. Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte
Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o
juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homi-
da infração atingirem o próprio agente de forma tão gra- cídio preterintencional).
ve que torne desnecessária a sanção penal.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo Diminuição de pena - Se o agente comete o crime
122 do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga al- impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
guém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça. ou ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de
Reclusão de dois a seis anos, se o suicídio se consumar, injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
ou reclusão de um a três anos, se da tentativa de suicídio de um sexto a um terço.
resultar lesão corporal de natureza grave.
A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o
egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por resultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal re-
qualquer causa, a capacidade de resistência. Neste crime sultado era previsível.
não se pune a tentativa.

24
Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companhei- subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
ro, ou com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
coabitação ou de hospitalidade. Pena: detenção, de três § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
meses a três anos. I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO III - se a vítima está em serviço de transporte de va-
lores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que ve-
TÍTULO II nha a ser transportado para outro Estado ou para o
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
CAPÍTULO I V - se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
DO FURTO tringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426,
de 1996)
Furto § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da
alheia móvel: multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor Extorsão
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclu- Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência
são pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços,
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou
ou aplicar somente a pena de multa.
para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
qualquer outra que tenha valor econômico.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Furto qualificado
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pesso-
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e mul-
as, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de
ta, se o crime é cometido:
um terço até metade.
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub-
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante vio-
tração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, es- lência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei
calada ou destreza; nº 8.072, de 25.7.90
III - com emprego de chave falsa; § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. liberdade da vítima, e essa condição é necessária para
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a a obtenção da vantagem econômica, a pena é de re-
subtração for de veículo automotor que venha a ser clusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa;
transportado para outro Estado ou para o exterior. (In- se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se
cluído pela Lei nº 9.426, de 1996) as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectiva-
mente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Furto de coisa comum
Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, Extorsão mediante sequestro
para si ou para outrem, a quem legitimamente a de- Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para
tém, a coisa comum: si ou para outrem, qualquer vantagem, como condi-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. ção ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 1º - Somente se procede mediante representação. (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun- Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação
gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
o agente. § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou
CAPÍTULO II maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
DO ROUBO E DA EXTORSÃO por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
Roubo § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pes- Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
soa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzi- § 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
do à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Re-
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. dação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

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§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o con- III - contra o patrimônio da União, Estado, Município,
corrente que o denunciar à autoridade, facilitando a empresa concessionária de serviços públicos ou socie-
libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de dade de economia mista; (Redação dada pela Lei nº
um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 5.346, de 3.11.1967)
1996) IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
para a vítima:
Extorsão indireta Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
além da pena correspondente à violência.
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívi- Introdução ou abandono de animais em propriedade
da, abusando da situação de alguém, documento que alheia
pode dar causa a procedimento criminal contra a víti- Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em proprie-
ma ou contra terceiro: dade alheia, sem consentimento de quem de direito,
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. desde que o fato resulte prejuízo:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
CAPÍTULO III Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou his-
DA USURPAÇÃO tórico
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tom-
Alteração de limites bada pela autoridade competente em virtude de valor
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou artístico, arqueológico ou histórico:
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel
alheia: Alteração de local especialmente protegido
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade com-
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: petente, o aspecto de local especialmente protegido
por lei:
Usurpação de águas Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de ou-
trem, águas alheias; Ação penal
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu
Esbulho possessório parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante
II - invade, com violência a pessoa ou grave amea- queixa.
ça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas,
terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho pos- CAPÍTULO V
sessório. DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também
na pena a esta cominada. Apropriação indébita
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego
de violência, somente se procede mediante queixa. Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
tem a posse ou a detenção:
Supressão ou alteração de marca em animais Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em Aumento de pena
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o
propriedade: agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. II -na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
CAPÍTULO IV III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
DO DANO Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)
Dano Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social
as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Dano qualificado (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (In-
Parágrafo único - Se o crime é cometido: cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
II - com emprego de substância inflamável ou explosi- portância destinada à previdência social que tenha
va, se o fato não constitui crime mais grave sido descontada de pagamento efetuado a segurados,
a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)

26
II – recolher contribuições devidas à previdência social § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
que tenham integrado despesas contábeis ou custos
relativos à venda de produtos ou à prestação de servi- Disposição de coisa alheia como própria
ços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
III - pagar benefício devido a segurado, quando as em garantia coisa alheia como própria;
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembol- Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
sados à empresa pela previdência social. (Incluído pela II - vende, permuta, dá em pagamento ou em ga-
Lei nº 9.983, de 2000) rantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontane- litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro,
amente, declara, confessa e efetua o pagamento das mediante pagamento em prestações, silenciando so-
contribuições, importâncias ou valores e presta as in- bre qualquer dessas circunstâncias;
formações devidas à previdência social, na forma de-
finida em lei ou regulamento, antes do início da ação Defraudação de penhor
fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) III - defrauda, mediante alienação não consentida
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratí-
aplicar somente a de multa se o agente for primário e cia, quando tem a posse do objeto empenhado;
de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº Fraude na entrega de coisa
9.983, de 2000) IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e coisa que deve entregar a alguém;
antes de oferecida a denúncia, o pagamento da con- Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
tribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró-
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces- consequências da lesão ou doença, com o intuito de
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela haver indenização ou valor de seguro;
previdência social, administrativamente, como sendo
Fraude no pagamento por meio de cheque
o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fis-
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos
cais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou
cometido em detrimento de entidade de direito públi-
força da natureza
co ou de instituto de economia popular, assistência
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda
social ou beneficência.
ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natu-
reza: Estelionato contra idoso
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometi-
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: do contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, Duplicata simulada
no todo ou em parte, da quota a que tem direito o Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda
proprietário do prédio; que não corresponda à mercadoria vendida, em quan-
tidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação
Apropriação de coisa achada dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul-
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ta. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade
competente, dentro no prazo de quinze dias. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele
que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Re-
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica- gistro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)
-se o disposto no art. 155, § 2º.
Abuso de incapazes
CAPÍTULO VI Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da
alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
Estelionato qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo al- Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
guém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento: Induzimento à especulação
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui- Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
nhentos mil réis a dez contos de réis. inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou
o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o dis- aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias,
posto no art. 155, § 2º. sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:

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Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a apro-
Fraude no comércio vação de conta ou parecer;
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comer- VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
cial, o adquirente ou consumidor: IX - o representante da sociedade anônima estrangei-
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercado- ra, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos
ria falsificada ou deteriorada; mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao
II - entregando uma mercadoria por outra: Governo.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qua- a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter
lidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas
caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de me- deliberações de assembleia geral.
nor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender,
como precioso, metal de ou outra qualidade: Emissão irregular de conhecimento de depósito ou
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. “warrant”
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou war-
rant, em desacordo com disposição legal:
Outras fraudes Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se
em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dis- Fraude à execução
por de recursos para efetuar o pagamento: Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando,
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou mul- destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
ta. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante re- Parágrafo único - Somente se procede mediante quei-
presentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, xa.
deixar de aplicar a pena.
CAPÍTULO VII
Fraudes e abusos na fundação ou administração de DA RECEPTAÇÃO
sociedade por ações
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por Receptação
ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao
público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a cons- Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
tituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
fato a ela relativo: ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
fato não constitui crime contra a economia popular. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não cons-
titui crime contra a economia popular: (Vide Lei nº Receptação qualificada
1.521, de 1951) § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balan- expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em pro-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

ço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz veito próprio ou alheio, no exercício de atividade co-
afirmação falsa sobre as condições econômicas da so- mercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto
ciedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em de crime:
parte, fato a elas relativo; Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efei-
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de ou- to do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio
tros títulos da sociedade; irregular ou clandestino, inclusive o exercício em re-
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sidência.
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza
dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
da assembleia geral; condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por meio criminoso:
por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
quando a lei o permite; ambas as penas.
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de cré- § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido
dito social, aceita em penhor ou em caução ações da ou isento de pena o autor do crime de que proveio a
própria sociedade; coisa.
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário,
em desacordo com este, ou mediante balanço falso, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
distribui lucros ou dividendos fictícios; deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-
-se o disposto no § 2º do art. 155.

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§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimô- FURTO
nio da União, Estado, Município, empresa concessio-
nária de serviços públicos ou sociedade de economia O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155
mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se do Código Penal Brasileiro, em sua forma básica: “sub-
em dobro. trair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: pena –
reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa”.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES GERAIS O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes
palavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos si ou para outrem sem a pratica de violência ou de grave
crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº ameaça ou de qualquer espécie de constrangimento fí-
10.741, de 2003) sico ou moral à pessoa. Significa pois o assenhoramento
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; da coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo defi-
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco nitivo.
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso
ressaltar uma divergência na doutrina: entende-se que
Art. 182 - Somente se procede mediante represen- é protegida diretamente a posse e indiretamente a pro-
tação, se o crime previsto neste título é cometido em priedade ou, em sentido contrário, que a incriminação no
prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) caso de furto, visa essencial ou principalmente a tutela da
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; propriedade e não da posse. É inegável que o dispositivo
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; protege não só a propriedade como a posse, seja ela di-
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. reta ou indireta além da própria detenção1.
Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos é afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale
anteriores: dizer que a vítima de furto não é necessariamente o pro-
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, prietário da coisa subtraída, podendo recair a sujeição
quando haja emprego de grave ameaça ou violência passiva sobre o mero detentor ou possuidor da coisa.
à pessoa; Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não
II - ao estranho que participa do crime. exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pes-
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade soal específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. do crime, sendo ela física ou jurídica, titular da posse,
detenção ou da propriedade.
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar,
abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor
O Título II da parte especial do Código Penal Brasilei- ou proprietário.
ro, faz referências aos Crimes Contra o Patrimônio. O crime de furto pode ser praticado também através
de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será
Considera-se patrimônio de uma pessoa , os bens, o de apossamento indireto, devido ao emprego de ani-
poderio econômico, a universalidade de direitos que te- mais, caso contrário é de apossamento direto.
nham expressão econômica para a pessoa. Considera-se Reina uma única controvérsia, tendo em vista o de-
em geral, o patrimônio como universalidade de direitos. senvolvimento da tecnologia, quanto a subtração prati-

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Vale dizer como uma unidade abstrata, distinta, diferente cada com o auxílio da informática, se ela resultaria de
dos elementos que a compõem isoladamente conside- furto ou crime de estelionato. Tenho para mim, que não
rados. podemos “aprioristicamente” ter o uso da informática
Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito como meio de cometimento de furto ou mesmo este-
privado, há uma noção econômica de patrimônio e, se- lionato, pois é preciso analisar, a cada conduta, não ape-
gundo a qual, ele consiste num complexo de bens, atra- nas a intenção do agente, mas o modo de operação do
vés dos quais o homem satisfaz suas necessidades. agente através da informática.
Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direi- O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coi-
to civil, ao direito econômico, ele é autônomo e consti- sa em direito penal representa qualquer substância cor-
tutivo, e por isso mesmo quando tutela bens e interesses pórea, seja ela material ou materializável, ainda que não
jurídicos já tutelados por outros ramos do direito, ele o tangível, suscetível de apreciação e transporte, incluindo
faz com autonomia e de um modo peculiar. aqui os corpos gasosos, os instrumentos , os títulos, etc.2.
A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Código O homem não pode ser objeto material de furto, con-
Penal Brasileiro, é sem duvida extensamente realizada, forme o fato, o agente pode responder por sequestro ou
mas não se pode perder jamais em conta, a necessidade cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal
de que no conceito de patrimônio esteja envolvida uma Brasileiro, ou subtração de incapazes artigo 249.
noção econômica, um noção de valor material econômi- Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto
co do bem. de furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja,
valor de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afe-
tivo (o que eu acho que não tem validade jurídica penal).
Já a jurisprudência invoca o princípio da insignificância,

29
considerando que se a coisa furtada tem valor monetário Os tribunais tem subordinado o reconhecimento do
irrisório, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e, furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirman-
portanto, não ficará caracterizado o crime. do que há furto comum se a coisa é abandonada em lo-
Furto é crime material, não existindo sem que haja cal distante ou diverso ou se não é recolocada na esfera
desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não de vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos que
pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa exigem que a devolução da coisa, além de ser feita no
razão não comete furto e sim o crime contido no artigo mesmo lugar da subtração seja feita em condições de
346 (Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de restituição da coisa em sua integridade e aparência inter-
Terceiro) do Código Penal Brasileiro, o proprietário que na e externa, assim como era no momento da subtração.
subtrai coisa sua que está em poder legitimo de outro3.
O crime de furto é cometido através do dolo que é a Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo
vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do ele- e por tudo em sua aparência interna e externa à coisa
mento subjetivo do injusto também chamado de “dolo subtraída.
específico”, que no crime de furto está representado pela
ideia de finalidade do agente, contida da expressão “para FURTO NOTURNO
si ou para outrem”. Independe todavia de intuito, obje-
tivo de lucro por parte do agente, que pode atuar por O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155:
vingança, capricho, liberalidade. “apena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
O consentimento da vítima na subtração elide o cri- durante o repouso noturno”7.
me, já que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele
ocorre depois da consumação, é evidente que sobrevivi É furto agravado ou qualificado o praticado durante
o ilícito penal. o repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º , a
O delito de furto também pode ser praticado entre: razão da majorante está ligada ao maior perigo que está
cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos, submetido o bem jurídico diante da precariedade de vi-
entre irmãos.
gilância por parte de seu titular.
O direito romano não admitia, nesses casos, a ação
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima,
penal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento
que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança
penal, mas isenta de pena, como elemento de preserva-
e a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada,
ção da vida familiar.
para que se configure a agravante do repouso noturno.
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repou-
Para se definir o momento da consumação, existem
sa, é variável, dependendo do local e dos costumes.
duas posições:
É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca
1) atinge a consumação no momento em que o ob- da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar
jeto material é retirado de posse e disponibilidade a agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é
do sujeito passivo, ingressando na livre disponibi- no sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado
lidade do autor, ainda que não obtenha a posse em lugar desabitado, pois evidente se praticado desta
tranqüila4; forma não haveria, mesmo durante a época o momento
2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por do não repouso, a possibilidade de vigilância que con-
breve tempo. tinuaria a ser tão precária quanto este momento de re-
pouso.
Temos a seguinte classificação para o crime de furto: Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comis- nós, existe a agravante quando o furto se dá durante o
sivo de dano, material e instantâneo. tempo em que a cidade ou local repousa, o que não im-
A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hi- porta necessariamente seja a casa habitada ou estejam
póteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é seus moradores dormido. Podem até estar ausente, ou
condicionada à representação. desabitado o lugar do furto”.
O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto A exposição de motivos como a do mestre Noronha,
simples, furto noturno, furto privilegiado e furto qualifi- é a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como
cado agravante especial do furto a circunstância de ser o crime
praticado durante o período do sossego noturno8, seja
FURTO DE USO ou não habitada a casa, estejam ou não seus moradores
dormindo, cabe a majoração se o delito ocorreu naquele
Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usu- período.
fruí-la momentaneamente, está prevista no art. 155 do
Código Penal Brasileiro, para que seja reconhecível o fur- Furto em garagem de residência, também há duas
to de uso e não o furto comum, é necessário que a coisa posições, uma em que incide a qualificadora, da qual o
seja restituída, devolvida, ao possuidor, proprietário ou Professor Damásio é partidário, e outra na qual não inci-
detentor de que foi subtraída, isto é, que seja reposta no de a qualificadora.
lugar, para que o proprietário exerça o poder de disposi-
ção sobre a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “ani-
mus furandi” dependerá de prova plena a ser oferecida
pelo agente.

30
FURTO PRIVILEGIADO ou mínimo Há abuso de confiança quando o agente se prevalece
de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pra-
O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo tica do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente
155: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a se serve de algum artifício para fazer a subtração12.
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou apli- a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na
car somente a pena de multa”. subtração do objeto material. O furto mediante fraude
Vale dizer que é uma forma de causa especial de di- distingue-se do estelionato, naquele a fraude é empre-
minuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa gada para iludir a atenção e vigilância do ofendido, que
causa especial: nem percebe que a coisa lhe está sendo subtraída; no es-
- O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é telionato, ao contrário, a fraude antecede o apossamento
ser o agente primário, ou seja, que não tenha sofri- da coisa e é a causa de sua entrega ao agente pela vítima;
do em razão de outro crime condenação anterior esta entrega a coisa iludida, pois a fraude motivou seu
transitada em julgado. consentimento. É ainda qualificadora a penetração no
- O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa local do furto por via que normalmente não se usa para
subtraída. o acesso, sendo necessário o emprego de meio artificial,
é no caso de escalada, que não se relaciona necessaria-
A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses mente com a ação de galgar ou subir. Também deve ser
dois requisitos já citados, que o agente não revele perso- comprovada por meio de perícia, assim como o rompi-
nalidade ou antecedentes comprometedores, indicativos mento de obstáculo.
da existência de probabilidade, de voltar a delinquir. Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em fla-
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de de- grante indica delito tentado nos casos de furto, por não
tenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somen- chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraí-
te a multa. da, que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima.
Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo:
O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre um batedor de carteira segue uma pessoa durante vários
energia elétrica, ou qualquer outra que tenha valor eco- dias. Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó
nômico à coisa móvel, também a caracterizando como da vítima, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o
crime10. envelope, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à
Delegacia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois,
A jurisprudência considera essa modalidade de furto naquele dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O
como crime permanente, pois o agente pratica uma só agente será responsabilizado pelo crime nesse exemplo?
ação, que se prolonga no tempo. Não, pois a ausência do objeto material do delito faz do
evento um crime impossível.
FURTO QUALIFICADO O último é a qualificadora da destreza, que se dá
quando a subtração se dá dissimuladamente com espe-
Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º cial habilidade por parte do agente, onde a ação, sem
do art. 155, para configurar furto qualificado, ao qual é emprego de violência, em situação em que a vítima, em-
cominada pena autônoma sensivelmente mais grave: bora consciente e alerta, não percebe que está tendo os
“reclusão de 2 à 8 anos seguida de multa”. bens furtados. O arrebatamento violento ou inopinado
não a configura.

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


São as seguintes as hipóteses de furto qualificado:
- se o crime é cometido com destruição ou rompi- A terceira hipótese é o emprego de chave falsa.
mento de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese Constitui chave falsa qualquer instrumento ou en-
trata da destruição, isto é, fazer desaparecer em sua indi- genho de que se sirva o agente para abrir fechadura e
vidualidade ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstá- que tenha ou não o formato de uma chave, podendo ser
culo móvel ou imóvel a apreensão e subtração da coisa. grampo, pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O exame
pericial da chave ou desse instrumento é indispensável
A destruição ou rompimento deve dar-se em qual- para a caracterização da qualificadora
quer momento da execução do crime e não apenas para A Quarta e última hipótese é quando ocorre median-
apreensão da coisa. Porém é imprescindível que seja te concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado
comprovada pericialmente, nem mesmo a confissão do nestas circunstâncias, pois isto revela uma maior peri-
acusado supre a falta da perícia11 . culosidade dos agentes, que unem seus esforços para o
Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no crime.
caso de concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo No caso de furto cometido por quadrilha, responde
haja ingressado na esfera do conhecimento dos partici- por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro
pantes. seguido de furto simples, ficando excluída a qualificado-
A segunda hipótese é quando o crime é cometido ra13,
com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em
ou destreza. duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo ser-
vir a outra como agravante comum.

31
FURTO DE COISA COMUM coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça,
a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção
Este crime está definido no art. 156 do Código Penal da coisa para si ou para terceiro”. Nesse caso a violência
Brasileiro, que diz: “Subtrair o condômino, coerdeiro, ou ou a grave ameaça ocorre após a consumação da subtra-
sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a ção, visando o agente assegurar a posse da coisa subtraí-
detém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) me- da ou a impunidade do crime.
ses à 2 (dois) anos, ou multa”. A violência posterior ou roubo para assegurar a sua
A razão da incriminação é de que o agente subtraia impunidade, deve ser imediato para caracterização do
coisa que pertença também a outrem. Este crime cons- roubo impróprio.
titui caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas A consumação do roubo impróprio ocorre com a vio-
as relações existentes entre o agente e o lesado ou os lência ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtra-
lesados. ção, não se consumando esta, tem se entendido que o
Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, copro- agente deverá ser responsabilizado por tentativa de furto
prietário, coerdeiro ou o sócio. Esta condição é indispen- em concurso com o crime de lesões corporais. Consuma-
sável e chega a ser uma elementar do crime e por tanto -se no momento em que o agente retira o objeto mate-
é transmitido ao partícipe estranho nos termos do artigo rial da esfera de disponibilidade da vítima, mesmo que
29 do Código Penal Brasileiro. não haja a posse tranquila.
Sujeito passivo será sempre o condomínio, copro- Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida,
prietário, coerdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar
terceiro possuidor legítimo da coisa. a violência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos
A vontade de subtrair configura o momento subjeti- alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração.
vo, fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos
“para si ou para outrem”. duas correntes:
A pena culminada para furto de coisa comum é alter- Sua classificação doutrinária é de crime comum quan-
nativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou to ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material
multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da e instantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada.
pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto.
ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE
ROUBO
Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Bra-
A ação penal é pública, porém depende de represen- sileira primeira parte, é qualificado roubo quando: “da
tação da parte violência resulta lesão corporal de natureza grave, fi-
Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasi- xando-se a pena num patamar superior ao fixado ante-
leiro: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, riormente, aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois além da multa”.
de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibili- É indispensável que a lesão seja causada pela vio-
dade de resistência: pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 lência, não estando o agente, sujeito às penas previstas
(dez) anos, e multa”. pelo dispositivo em estudo, se o evento decorra de grave
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atin- ameaça, como enfarte, choque ou do emprego de nar-
gido também a integridade física ou psíquica da vítima. cóticos. Haverá no caso roubo simples seguido de lesões
É um crime complexo, onde o objeto jurídico imedia- corporais de natureza grave em concurso formal.
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

to do crime é o patrimônio, e tutela-se também a inte- A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou
gridade corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de em um terceiro.
latrocínio a vida do sujeito passivo. Se o agente fere gravemente a vítima mas não conse-
O Roubo também é um delito comum, podendo ser gue subtrair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º
cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com 1ª parte (TACrim SP, julgados 72:214).
o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois su-
jeitos passivos: um que sofre a violência e o titular do ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO
direito de propriedade.
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa mó- Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se re-
vel alheia, mas faça-se necessário que o agente se utili- sulta a morte, as mesmas considerações referentes aos
ze de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como crimes qualificados pelo resultado, podem ser aqui apli-
grave ameaça ou de qualquer outro meio que produza a cadas.
possibilidade de resistência do sujeito passivo.14 O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
A vontade de subtrair com emprego de violência, gra- em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição
ve ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito Federal Brasileira, considera crime de latrocínio Hedion-
de roubo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo, do.
o chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si Nos termos legais o Latrocínio não exige que o even-
ou para outrem, é que se dá a subtração. to morte seja desejado pelo agente, basta que ele em-
Há uma figura denominada roubo impróprio que vem pregue violência para roubar e que dela resulte a morte
definido no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na para que se tenha caracterizado o delito.
mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a

32
É indiferente porém, que a violência tenha sido exer- Tipo subjetivo
cida para o fim da subtração ou para garantir, depois O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro cons-
desta, a impunidade do crime ou a detenção da coisa tituído pela vontade livre e consciente de constranger
subtraída18 . alguém mediante violência ou grave ameaça, dolo gené-
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa rico; o segundo exige o elemento subjetivo do tipo espe-
diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa. cífico na expressão “com intuito de”.
Haverá no entanto um só crime com dois sujeitos pas-
sivos. Consumação
A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é for-
subtração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja mal ou material. Para os que o consideram formal, a con-
morte da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sumação ocorre independentemente do resultado. Basta
sendo Juiz singular e não do Tribunal do Júri, essa é a ser idôneo ao constrangimento imposto à vítima, sendo
posição válida, irrelevante a enfeitava obtenção da vantagem econômica
Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo indevida.
da multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. O comportamento da vítima nesse caso é fundamen-
8072/90. Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agrava- tal para a consumação do delito. É a indispensabilidade
da de metade quando a vítima se encontra nas condições da conduta do sujeito passivo para a consumação do cri-
do artigo 224 do Código Penal Brasileiro: “presunção de me, se o constrangimento for sério, idôneo o suficiente
violência”. para ensejar a ação ou omissão da vítima em detrimento
do seu patrimônio, perfaz-se o tipo penal do art. 168 do
EXTORSÃO CP.
Da outra parte, se entendido como crime material, a
O crime de extorsão é formal e consuma-se no mo- consumação se dará com obtenção de indevida vanta-
mento e no local em que ocorre o constrangimento para gem econômica. Seguimos esse entendimento, para nós
que se faça ou se deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº o crime de extorsão é material consumando-se com a
96 do Superior Tribunal de Justiça. efetiva obtenção indevida vantagem econômica.

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou Tentativa


grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para Admite-se quer considerando o crime formal ou ma-
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar terial. Surge quando a vítima mesmo constrangida, me-
que se faça ou deixar fazer alguma coisa: diante violência ou grave ameaça, não realiza a condita
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. por circunstâncias alheias à vontade do agente. A vítima,
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, então não se intimida, vence o medo e denuncia o fato
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um a polícia.
terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violên- EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159)
cia o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para extorsão do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma
a obtenção da vantagem econômica, a pena é de re- (inclusive econômica). Trata-se de crime hediondo em to-
clusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se das as suas modalidades, havendo privação da liberdade

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as da vítima para se obter a vantagem. É crime complexo,
penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamen- resultante da extorsão + sequestro ou cárcere privado (é
te. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) o que diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a
extorsão exige finalidade de obter vantagem econômica
É um crime comum, formal ou material, de forma li- indevida).
vre, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comis- Se o sequestro for para obtenção de qualquer van-
sivo, doloso, de dano, complexo e admite tentativa. tagem devida, haverá o crime de exercício arbitrário das
A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, próprias razões em concurso material com o sequestro
coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão ou cárcere privado.
corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”,
explicita ou explicita que incute medo no ofendido) com não haverá o crime se a vantagem não tiver algum valor
o objetivo de obter para si ou para outrem indevida (in- econômico. Isso se depreende da interpretação sistêmica
justa, ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem do tipo, que está inserido no Título II, relativo aos crimes
seja de coisa móvel ou imóvel). contra o patrimônio.
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for Não influi na caracterização do crime o fato de a ví-
econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a tima ser transportada para algum lugar ou ser retida em
vantagem for devida. sua própria casa. Ademais, o sequestro deve se dar como
condição ou preço do resgate.

33
Sujeito passivo EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA
Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica,
que pode ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para Entendemos que os institutos possuem objetividades
que seja efetuado o pagamento. Determina-se o sujeito jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são median-
passivo de acordo com a pessoa que terá o patrimônio te sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir
lesado. e vir e a vida. Na tortura atinge-se a dignidade huma-
Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for dife- na, consubstanciada na integridade física e mental. Cm
rente daquela que terá seu patrimônio diminuído, haverá efeito, a nosso, juízo, nada impede o reconhecimento do
apenas um crime, não obstante existirem duas vítimas. concurso material de infrações.

Consumação e tentativa DELAÇÃO PREMIADA


Ocorre a consumação quando o agente pratica a
conduta prevista no núcleo do tipo, quando realiza o O benefício somente se aplica quando o crime for co-
sequestro privando a vítima da liberdade por tempo ju- metido em concurso de pessoas, devendo o acusado for-
ridicamente relevante, ainda que não aufira a vantagem necer às autoridades elementos capazes de facilitar a reso-
qualquer e ainda que nem tenha sido pedido o resgate. lução do crime. Causa obrigatória de diminuição de pena
Logo, o crime é formal. se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo parágrafo
“A extorsão mediante sequestro, como crime formal 4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade (juiz, dele-
ou de consumação antecipada, opera-se com a simples gado ou promotor) feita por um dos concorrentes, e esta
privação da liberdade de locomoção da vítima, por tem- facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar que,
po juridicamente relevante. Ainda que o sequestrado não se não houver a libertação do sequestrado, mesmo haven-
tenha sido conduzido ao local de destino, o crime está do delação do coautor, não haverá diminuição de pena.
consumado” (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal In-
terpretado. 6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476). Não se confunde com a confissão espontânea, pois
Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução nesta o agente garante confessa sua participação no cri-
do crime requer um iter criminis desdobrado em vários me, sem incriminar outrem.
atos. Porém, difícil de se configurar. Hipótese seria aque-
la em que os agentes são flagrados logo após colocarem EXTORSÃO INDIRETA
a vítima no carro, pois aí não teriam privado sua liberda-
de por tempo juridicamente relevante. Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida,
abusando da situação de alguém, documento que
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA pode dar causa a procedimento criminal contra a víti-
ma ou contra terceiro:
Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é co-
metido por bando ou quadrilha a pena será de reclusão Classificação doutrinária
de 12 a 20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e ma-
estiver em poder do criminoso, maior será o dano à saú- terial (receber), instantâneo, comissivo, de forma vincula-
de e integridade física. da, unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsis-
tente (receber) e admite tentativa.
Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, A conduta recai sobre o documento que pode dar
entende-se como a reunião permanente de mais de três causa a um procedimento criminal contra o devedor,
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para como a confissão de um crime, a falsificação de um título
cometer o sequestro de crédito, uma duplicata fria etc.
A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar)
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa
CORPORAL GRAVE. a procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É
abusar da situação daquele que necessita urgentemente
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a de auxílio financeiro. Necessário para a configuração do
pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte delito que o documento exigido ou recebido pelo agen-
a pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de te, que pode ser público ou particular, se preste a ins-
imediato a diferença deste delito com o de roubo quali- tauração de inquérito policial contra o ofendido. Não se
ficado pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: “se da exige a instauração do procedimento criminal, basta que
violência resultar lesão grave ou morte”; logo, num roubo o documento em poder do credor seja potencialmente
em que vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a fa- apto a iniciar o processo.
lecer, haverá roubo em concurso material com homicídio
e não latrocínio. O tipo exige o emprego da violência. Na Consumação
extorsão mediante sequestro a lei menciona: “se dos ato Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre
resultar lesão grave ou morte”, pouco importando para com a simples exigência do documento pelo extorsioná-
qualificar o delito que a lesão grave seja culposa ou dolo- rio. A iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber,
sa.. Evidentemente, se a lesão grave ou morte resultar de crime material, a consumação ocorre com o efetivo rece-
caso fortuito ou força maior, o resultado agravados não bimento do documento. Nesse caso a iniciativas provém
poderá ser imputado ao agente. da vítima.

34
Tentativa § 3° Se a violação consistir no oferecimento ao público,
Na modalidade exigir, entendemos não ser possível mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer
sua configuração, embora uma parcela da doutrina a outro sistema que permita ao usuário realizar a se-
admita com o sovado exemplo, também oferecido nos leção da obra ou produção para recebê-la em um
crimes contra a honra, de a exigência ser reduzida por tempo e lugar previamente determinados por quem
escrito, mas não chegar ao conhecimento do ofendido. formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou in-
Na de receber, no entanto, é perfeitamente possível, po- direto, sem autorização expressa, conforme o caso, do
dendo o iter criminis ser interrompido por circunstâncias autor, do artista intérprete ou executante, do produtor
alheias à vontade do agente. de fonograma, ou de quem os represente: (Redação
dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE § 4° O disposto nos §§ 1°, 2° e 3° não se aplica quando
IMATERIAL se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor
ou os que lhe são conexos, em conformidade com o
previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998,
São regulados no Título III da Parte Especial do Código nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em
Penal. A propriedade imaterial consiste na relação jurídica um só exemplar, para uso privado do copista, sem in-
entre o autor e sua obra, em função da criação (direitos tuito de lucro direto ou indireto. (Incluído pela Lei nº
morais), ou da respectiva inserção em circulação (direitos 10.695, de 1º.7.2003)
patrimoniais), e perante todos (Estado, coletividade, ex-
plorador econômico, usuário, adquirente de exemplar). A Usurpação de nome ou pseudônimo alheio
violação de direito autoral é crime contra a propriedade Art. 185 - (Revogado pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
intelectual que encontra-se tipificado no Capítulo I do Tí-
tulo III, no artigo 184 do Código Penal, cuja objetividade Art. 186. Procede-se mediante: (Redação dada pela Lei
jurídica é a propriedade imaterial. Os Capítulos II a IV do nº 10.695, de 1º.7.2003)
Título III, que definiam os crimes contra o privilégio de I – queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184;
invenção, contra as marcas de indústria e comércio e os (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
crimes de concorrência desleal, foram revogados. II – ação penal pública incondicionada, nos crimes
previstos nos §§ 1° e 2° do art. 184; (Incluído pela Lei
TÍTULO III nº 10.695, de 1º.7.2003)
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL III – ação penal pública incondicionada, nos crimes
CAPÍTULO I cometidos em desfavor de entidades de direito públi-
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELEC- co, autarquia, empresa pública, sociedade de econo-
TUAL mia mista ou fundação instituída pelo Poder Público;
(Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
Violação de direito autoral IV – ação penal pública condicionada à representação,
nos crimes previstos no § 3° do art. 184. (Incluído pela
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conex- Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
os: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) (...)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


multa. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)
§ 1° Se a violação consistir em reprodução total ou DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO
parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por DO TRABALHO
qualquer meio ou processo, de obra intelectual, inter-
pretação, execução ou fonograma, sem autorização
expressa do autor, do artista intérprete ou executante, TÍTULO IV
do produtor, conforme o caso, ou de quem os repre- DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRA-
sente: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) BALHO
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003) “Para a caracterização do crime contra a organização
§ 2° Na mesma pena do § 1° incorre quem, com o do trabalho, o delito deve atingir a liberdade individual
intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, ex- dos trabalhadores, como também a Organização do Tra-
põe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, balho e a Previdência, a ferir a própria dignidade da pes-
tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual soa humana e colocar em risco a manutenção da Previ-
ou fonograma reproduzido com violação do direito de dência Social e as Instituições Trabalhistas, evidenciando
autor, do direito de artista intérprete ou executante ou a ocorrência de prejuízo a bens, serviços ou interesses da
do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga União, conforme as hipóteses previstas no art. 109 da CF
original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, (...)” (Ministro OG Fernandes, AGRAVO REGIMENTAL NO
sem a expressa autorização dos titulares dos direitos CONFLITO DE COMPETÊNCIA 2006/0077849-5)
ou de quem os represente. (Redação dada pela Lei nº
10.695, de 1º.7.2003)

35
Atentado contra a liberdade de trabalho § 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela Lei
Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou nº 9.777, de 1998)
grave ameaça: I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de de-
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou terminado estabelecimento, para impossibilitar o des-
indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante ligamento do serviço em virtude de dívida; (Incluído
certo período ou em determinados dias: pela Lei nº 9.777, de 1998)
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além II - impede alguém de se desligar de serviços de
da pena correspondente à violência; qualquer natureza, mediante coação ou por meio da
II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de tra- retenção de seus documentos pessoais ou contratuais.
balho, ou a participar de parede ou paralisação de (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
atividade econômica: § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante,
além da pena correspondente à violência. indígena ou portadora de deficiência física ou mental.
(Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
Atentado contra a liberdade de contrato de
trabalho e boicotagem violenta Frustração de lei sobre a nacionalização do
Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência trabalho
ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência,
a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho:
matéria-prima ou produto industrial ou agrícola: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
da pena correspondente à violência.
Exercício de atividade com infração de decisão
Atentado contra a liberdade de associação administrativa
Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por
grave ameaça, a participar ou deixar de participar de decisão administrativa:
determinado sindicato ou associação profissional: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além
da pena correspondente à violência. Aliciamento para o fim de emigração
Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude,
Paralisação de trabalho, seguida de violência ou
com o fim de levá-los para território estrangeiro.
perturbação da ordem
(Redação dada pela Lei nº 8.683, de 1993)
Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono co- Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
letivo de trabalho, praticando violência contra pessoa (Redação dada pela Lei nº 8.683, de 1993)
ou contra coisa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além Aliciamento de trabalhadores de um local para
da pena correspondente à violência. outro do território nacional
Parágrafo único - Para que se considere coletivo o Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los
abandono de trabalho é indispensável o concurso de, de uma para outra localidade do território nacional:
pelo menos, três empregados. Pena - detenção de um a três anos, e multa. (Redação
Paralisação de trabalho de interesse coletivo dada pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabal-


Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono co-
hadores fora da localidade de execução do trabalho,
letivo de trabalho, provocando a interrupção de obra
dentro do território nacional, mediante fraude ou co-
pública ou serviço de interesse coletivo:
brança de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
não assegurar condições do seu retorno ao local de
Invasão de estabelecimento industrial, comercial origem. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
ou agrícola. Sabotagem § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço
se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante,
Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial,
indígena ou portadora de deficiência física ou mental.
comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou em-
(Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
baraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo
fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele ex-
istentes ou delas dispor:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Frustração de direito assegurado por lei


trabalhista
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, di-
reito assegurado pela legislação do trabalho:
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além
da pena correspondente à violência. (Redação dada
pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)

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Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena
RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspon-
MORTOS dente à violência.

A tutela do sentimento religioso e do respeito aos


mortos, abrange-se, de modo geral, a proteção aos va- DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES
lores ético-social de uma sociedade, ao qual a liberdade
é sua força-motriz, pois que esta abrange a liberdade de
crença, de culto e de organização religiosa, em que nossa A nomenclatura crimes contra o costume foi origina-
Constituição Federal, coube tratar, ao passo que o Códi- da no projeto original do Código Penal de 1940, a qual
go Penal, ainda que anterior a Carta Maior, os tutelou em compôs o Título VI da Parte Especial da Lei nº 2.848/40.
caso de violabilidade, tipificando-os como crime. Assim,
numa visão Constitucional, trata-se da dignidade da pes- Após debates acerca do sentido gramatical da no-
soa humana e seus valores perante a sociedade em ter menclatura, a Lei nº 12.015, de 07 de agosto de 2009
sua liberdade protegida, deixando a livre escolha de o alterou-a, passando o Título VI do Código Penal a vigorar
cidadão optar em seu prospecto filosófico-religioso. como Crimes contra a Dignidade Sexual.
A liberdade de crença trata-se da simples liberdade Nesse sentido:
de consciência, ou seja, do cidadão optar e manifestar-se
de sua religião, como prevê o estatuto Constitucional “é “A mudança do título foi uma resposta às inúmeras
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo reivindicações dos doutrinadores ao sustentarem que os
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e ga- crimes elencados no Título VI não atentavam contra a
rantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e moralidade pública ou coletiva, mas sim contra a digni-
as suas liturgias” assim como “ninguém será privado de
dade e a liberdade sexual das vítimas. A dignidade sexual
direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
encerra o conceito de intimidade e revela-se em harmo-
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
nia com o princípio da dignidade da pessoa humana –
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
fundamento basilar da Constituição de 1988 (Art. 1°, III)”.
prestação alternativa, fixada em lei”; (art.5°, VI e VIII).
(MERLO, 2009)
A liberdade de culto exterioriza-se com a prática do
Observada a alteração legislativa acerca da nomen-
corpo doutrinário e de seus ritos, com suas cerimônias,
manifestações, hábitos, tradições, na forma que indicada clatura, vejamos como se encontra, atualmente, os cri-
para a religião escolhida. (art. 5°, VI, CF). mes contra a dignidade sexual (antigo crimes contra os
A liberdade de organização religiosa tem dois prima- costumes).
dos, um refere-se a organização da igreja em seu espaço
físico como também a profanação de sua crença, sepa-
rando aos ditames ideológicos com o Estado, devido seu DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
laicismo declarado (art.19, CF).

Por fim, pujante as breves considerações gerais acima TÍTULO VII

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


colocadas quanto aos delineios endo-constitucionais a DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
temática, cumpre-se promover o Capitulo I do Código CAPÍTULO I
Penal DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO

(...) Bigamia
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo
casamento:
TÍTULO V Pena - reclusão, de dois a seis anos.
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamen-
RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS to com pessoa casada, conhecendo essa circunstância,
é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
CAPÍTULO I § 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia,
considera-se inexistente o crime.
Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato
a ele relativo Induzimento a erro essencial e ocultação de
impedimento
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro es-
motivo de crença ou função religiosa; impedir ou per- sencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedi-
turbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipen- mento que não seja casamento anterior:
diar publicamente ato ou objeto de culto religioso: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

37
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do CAPÍTULO III
contraente enganado e não pode ser intentada senão DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR
depois de transitar em julgado a sentença que, por
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. Abandono material
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistên-
Conhecimento prévio de impedimento cia do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existên- ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido
cia de impedimento que lhe cause a nulidade abso- ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcio-
luta: nando os recursos necessários ou faltando ao paga-
Pena - detenção, de três meses a um ano. mento de pensão alimentícia judicialmente acordada,
fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socor-
Simulação de autoridade para celebração de rer descendente ou ascendente, gravemente enfermo:
casamento
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa,
Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para cel- de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente
ebração de casamento: no País.
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem,
constitui crime mais grave. sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo,
inclusive por abandono injustificado de emprego ou
Simulação de casamento
função, o pagamento de pensão alimentícia judicial-
Art. 239 - Simular casamento mediante engano de mente acordada, fixada ou majorada.
outra pessoa:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não Entrega de filho menor a pessoa inidônea
constitui elemento de crime mais grave. Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a
Adultério pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o
menor fica moral ou materialmente em perigo:
Art. 240 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de re-
CAPÍTULO II clusão, se o agente pratica delito para obter lucro, ou
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO se o menor é enviado para o exterior.
§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo ante-
Registro de nascimento inexistente
rior quem, embora excluído o perigo moral ou mate-
Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de
rial, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de
nascimento inexistente:
menor para o exterior, com o fito de obter lucro.
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
Abandono intelectual
Parto suposto. Supressão ou alteração de direito Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à in-
inerente ao estado civil de recém-nascido strução primária de filho em idade escolar:
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito
substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda
ou vigilância:
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

ao estado civil: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de


1981) I - frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou con-
Pena - reclusão, de dois a seis anos. (Redação dada viva com pessoa viciosa ou de má vida;
pela Lei nº 6.898, de 1981) II - frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de
Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de
de reconhecida nobreza: (Redação dada pela Lei nº igual natureza;
6.898, de 1981) III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a co-
deixar de aplicar a pena. (Redação dada pela Lei nº miseração pública:
6.898, de 1981) Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Sonegação de estado de filiação CAPÍTULO IV
Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra insti- DOS CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER, TUTELA
tuição de assistência filho próprio ou alheio, ocultan- CURATELA
do-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de
prejudicar direito inerente ao estado civil: Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonega-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. ção de incapazes
Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito,
a fugir do lugar em que se acha por determinação de
quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou
de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai,

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do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos d) em estação ferroviária ou aeródromo;
ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
a quem legitimamente o reclame: f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamá-
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. vel;
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
Subtração de incapazes h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito Incêndio culposo
ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de
lei ou de ordem judicial: seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato
não constitui elemento de outro crime. Explosão
§ 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou
ou curador do interdito não o exime de pena, se des- o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremes-
tituído ou temporariamente privado do pátrio poder, so ou simples colocação de engenho de dinamite ou
tutela, curatela ou guarda. de substância de efeitos análogos:
§ 2º - No caso de restituição do menor ou do inter- Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
dito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou ex-
juiz pode deixar de aplicar pena. plosivo de efeitos análogos:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo
PÚBLICA anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
Modalidade culposa
É a condição de estar livre de perigo ou dano, ile- § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite
so, incólume. É o estado de preservação ou segurança ou substância de efeitos análogos, a pena é de deten-
de pessoas ou de coisas em relação a possíveis eventos ção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de
lesivos. O legislador ao empregar a expressão “incolumi- detenção, de três meses a um ano.
dade pública”, incriminou condutas atentatórias à vida,
ao patrimônio e à segurança de pessoas indeterminadas. Uso de gás tóxico ou asfixiante
Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física
Alguns resultados previstos no art. 258 do Código Pe- ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou
nal podem majorar as penas. Isso ocorrerá quando tais asfixiante:
resultados não forem a finalidade da ação do agente, Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
mas ocorrerem a título de culpa. Modalidade Culposa
Esse agravo de pena pode acontecer tanto nas modali- Parágrafo único - Se o crime é culposo:
dades dolosas dos crimes, quanto em suas versões culposas. Pena - detenção, de três meses a um ano.

Dispõe o Código Penal: Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte


de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


(...) Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou trans-
portar, sem licença da autoridade, substância ou en-
TÍTULO VIII genho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA destinado à sua fabricação:
CAPÍTULO I Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
Inundação
Incêndio Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida,
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a a integridade física ou o patrimônio de outrem:
integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso
Aumento de pena de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no
§ 1º - As penas aumentam-se de um terço: caso de culpa.
I - se o crime é cometido com intuito de obter vanta-
gem pecuniária em proveito próprio ou alheio; Perigo de inundação
II - se o incêndio é: Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio
a) em casa habitada ou destinada a habitação; próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integri-
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a dade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo na-
obra de assistência social ou de cultura; tural ou obra destinada a impedir inundação:
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
transporte coletivo;

39
Desabamento ou desmoronamento Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação
Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
expondo a perigo a vida, a integridade física ou o pa- Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se
trimônio de outrem: a associação é armada ou se houver a participação de
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº
Modalidade culposa 12.850, de 2013) (Vigência)
Parágrafo único - Se o crime é culposo: Constituição de milícia privada (Incluído dada
Pena - detenção, de seis meses a um ano. pela Lei nº 12.720, de 2012)
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter
Subtração, ocultação ou inutilização de material de ou custear organização parami-litar, milícia particu-
salvamento lar, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar
Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião qualquer dos crimes previstos neste Código: (In-
de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre cluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (In-
destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro cluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal
natureza:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Formas qualificadas de crime de perigo comum


Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta O capítulo X da parte especial do Código Penal é divi-
lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de dido em 5 capítulos, sendo eles do crime de:
liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é I- Moeda Falsa,
aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resul- II- Falsidade de títulos e outros papéis públicos,
ta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se re- III- Falsidade Documental,
sulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio IV- Outras falsidades,
culposo, aumentada de um terço. V- Fraudes em certames de interesse público.

Difusão de doença ou praga TÍTULO X


Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa cau- DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
sar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade CAPÍTULO I
econômica: DA MOEDA FALSA
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Modalidade culposa Moeda Falsa
Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de deten- Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, mo-
ção, de um a seis meses, ou multa. eda metálica ou papel-moeda de curso legal no país
ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende,
troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circula-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

ção moeda falsa.


Os crimes contra a paz pública estão previstos nos ar- § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verda-
tigos 286 à 288-A. O Título IX do Código Penal não con- deira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação,
tém capítulos e seções. depois de conhecer a falsidade, é punido com deten-
ção, de seis meses a dois anos, e multa.
TÍTULO IX § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos,
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou
fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou auto-
Incitação ao crime riza a fabri-cação ou emissão:
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: I - de moeda com título ou peso inferior ao determi-
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. nado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à auto-
Apologia de crime ou criminoso rizada.
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato crimi- § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
noso ou de autor de crime: circular moeda, cuja circulação não estava ainda au-
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. torizada.

Associação Criminosa Crimes assimilados ao de moeda falsa


Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete represen-
o fim específico de cometer crimes: (Redação dada tativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas
pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou

40
bilhete recolhi-dos, para o fim de restituí-los à circu- III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
lação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à mantém em depósito, guar-da, troca, cede, empres-
circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em
ou já recolhidos para o fim de inutilização: proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. comercial ou industrial, produto ou merca-doria: (In-
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado cluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
a doze anos e multa, se o crime é cometido por fun- a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a
cionário que trabalha na repartição onde o dinheiro controle tributário, falsifica-do; (Incluído pela Lei nº
se achava recolhi-do, ou nela tem fácil ingresso, em 11.035, de 2004)
razão do cargo.(Vide Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tri-
butária determina a obrigatorie-dade de sua aplica-
Petrechos para falsificação de moeda ção. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando le-
ou gratuito, possuir ou guar-dar maquinismo, apare- gítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis,
lho, instrumento ou qualquer objeto especialmente carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
destinado à falsificação de moeda: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o pará-
Emissão de título ao portador sem permissão legal grafo anterior.
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora reci-
ficha, vale ou título que conte-nha promessa de paga- bo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alte-
mento em dinheiro ao portador ou a que falte indica- rados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois
ção do nome da pessoa a quem deva ser pago: de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como di- § 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do
nheiro qualquer dos documentos referidos neste arti- inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular
go incorre na pena de detenção, de quinze dias a três ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou
meses, ou multa. outros logradouros públicos e em residências. (Incluí-
do pela Lei nº 11.035, de 2004)
CAPÍTULO II
A FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚ- Petrechos de falsificação
BLICOS Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guar-
dar objeto especialmente destinado à falsificação de
Falsificação de papéis públicos qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
I – selo destinado a controle tributário, papel selado Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete
ou qualquer papel de emissão legal destinado à arre- o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
cadação de tributo; (Redação dada pela Lei nº 11.035, de sexta parte.
de 2004)
II - papel de crédito público que não seja moeda de CAPÍTULO III
curso legal; DA FALSIDADE DOCUMENTAL

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


III - vale postal;
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa Falsificação do selo ou sinal público
econômica ou de outro estabelecimento mantido por Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
entidade de direito público; I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro do- União, de Estado ou de Município;
cumento relativo a arrecadação de rendas públicas II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito
ou a depósito ou caução por que o poder público seja público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
responsável; Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de § 1º - Incorre nas mesmas penas:
transporte administrada pela União, por Estado ou por I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
Município: II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verda-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. deiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada ou alheio.
pela Lei nº 11.035, de 2004) III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de mar-
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis cas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos uti-
falsificados a que se refere este artigo; (Incluído pela lizados ou identificadores de órgãos ou entidades da
Lei nº 11.035, de 2004) Ad-ministração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, em- 2000)
presta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o
falsificado destinado a controle tributário; (Incluído crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
pela Lei nº 11.035, de 2004) de sexta parte.

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Falsificação de documento público Falso reconhecimento de firma ou letra
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício
público, ou alterar documen-to público verdadeiro: de função pública, firma ou letra que o não seja:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o documento é público; e de um a três anos, e multa, se
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena o documento é particular.
de sexta parte.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a docu- Certidão ou atestado ideologicamente falso
mento público o emanado de entidade paraestatal, Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão
o título ao portador ou transmissível por endosso, as de função pública, fato ou circunstância que habilite
ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
testamento particular. serviço de caráter público, ou qualquer outra vanta-
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz gem:
inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de dois meses a um ano.
I – na folha de pagamento ou em documento de in- Falsidade material de atestado ou certidão
formações que seja destinado a fazer prova perante a § 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
previdência social, pessoa que não possua a qualidade certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado
de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que
2000) habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do ou de serviço de caráter público, ou qual-quer outra
empregado ou em documento que deva produzir efei- vantagem:
to perante a previdência social, declaração falsa ou Pena - detenção, de três meses a dois anos.
diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela § 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-
Lei nº 9.983, de 2000) -se, além da pena privativa de liberdade, a de multa.
III – em documento contábil ou em qualquer outro do-
cumento relacionado com as obrigações da empresa Falsidade de atestado médico
perante a previdência social, declaração falsa ou di- Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão,
versa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei atestado falso:
nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de um mês a um ano.
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos do- Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de
cumentos mencionados no § 3o, nome do segurado lucro, aplica-se também multa.
e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(In- Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) que tenha valor para coleção, salvo quando a repro-
dução ou a alteração está visivelmente anotada na
Falsificação de documento particular (Redação dada face ou no verso do selo ou peça:
pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para
particular ou alterar docu-mento particular verdadei- fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
ro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Uso de documento falso
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

Falsificação de cartão(Incluído pela Lei nº 12.737, de Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsifica-
2012) Vigência dos ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equi- Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
para-se a documento parti-cular o cartão de crédito
ou débito. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Supressão de documento
Vigência Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, docu-
Falsidade ideológica mento público ou particular verdadeiro, de que não
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, podia dispor:
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o do-
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia cumento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e
ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obri- multa, se o documento é particular.
gação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante: CAPÍTULO IV
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o DE OUTRAS FALSIDADES
documento é público, e reclusão de um a três anos, e
multa, se o documento é particular. Falsificação do sinal empregado no contraste de me-
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e tal precioso ou na fiscaliza-ção alfandegária, ou para
comete o crime prevalecen-do-se do cargo, ou se a fal- outros fins
sificação ou alteração é de assentamento de registro Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o,
civil, aumenta-se a pena de sexta parte. marca ou sinal empregado pelo poder público no con-

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traste de metal precioso ou na fiscalização alfandegá- CAPÍTULO V
ria, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚ-
por outrem: BLICO
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é
o que usa a autoridade pública para o fim de fisca- Fraudes em certames de interesse público (Incluído
lização sanitária, ou para autenticar ou encerrar de- pela Lei 12.550. de 2011)
terminados objetos, ou comprovar o cumprimento de Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o
formalidade legal: fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e mul- a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (In-
ta. cluído pela Lei 12.550. de 2011)
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de
Falsa identidade 2011)
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa iden- II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei
tidade para obter vantagem, em proveito próprio ou 12.550. de 2011)
alheio, ou para causar dano a outrem: III - processo seletivo para ingresso no ensino superior;
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
se o fato não constitui elemento de crime mais grave. IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (In-
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de cluído pela Lei 12.550. de 2011)
eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documen- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
to de identidade alheia ou ceder a outrem, para que (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou § 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou
de terceiro: facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, autorizadas às informações mencionadas no caput.
se o fato não constitui ele-mento de crime mais grave. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Fraude de lei sobre estrangeiro § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à adminis-
Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permane- tração pública: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
cer no território nacional, nome que não é o seu: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualida- § 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é
de para promover-lhe a entrada em território nacio- cometido por funcionário público. (Incluído pela Lei
nal: (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 12.550. de 2011)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Inclu-
ído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
possuidor de ação, título ou valor pertencente a es- PÚBLICA
trangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a
propriedade ou a posse de tais bens: (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996) São aqueles praticados contra os órgãos da adminis-
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. tração pública, sendo subdivi-dido em 5 capítulos.
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Adulteração de sinal identificador de veículo automo- TÍTULO XI
tor (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLI-
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou CA
qualquer sinal identificador de veículo automotor, de CAPÍTULO I
seu componente ou equipamento:(Redação dada pela DOS CRIMES PRATICADOS
Lei nº 9.426, de 1996)) POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da fun- Peculato
ção pública ou em razão dela, a pena é aumentada de Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di-
um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
que contribui para o licenci-amento ou registro do ve- desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
ículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevida- Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
mente material ou informação oficial. (Incluído pela § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú-
Lei nº 9.426, de 1996) blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilida-
de que lhe proporciona a qualidade de funcioná-rio.

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Peculato culposo Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
crime de outrem: § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
Pena - detenção, de três meses a um ano. de outrem, o que recebeu indevidamente para reco-
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação lher aos cofres públicos:
do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a
pena imposta. Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
Peculato mediante erro de outrem direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utili- antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in-
dade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de devida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em con-
Inserção de dados falsos em sistema de informações seqüência da vantagem ou pro-messa, o funcionário
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, o pratica infringindo dever funcional.
a inserção de dados fal-sos, alterar ou excluir indevida- § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
mente dados corretos nos sistemas informatizados ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
bancos de dados da Administração Pública com o fim cedendo a pedido ou influência de outrem:
de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000))
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Facilitação de contrabando ou descaminho
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Modificação ou alteração não autorizada de sistema
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, siste-
ma de informações ou progra-ma de informática sem
Prevaricação
autorização ou solicitação de autoridade competente:
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevida-
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um pessoal:
terço até a metade se da modifi-cação ou alteração Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
resulta dano para a Administração Pública ou para Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou
o administra-do.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) agente público, de cumprir seu dever de vedar ao pre-
so o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar,
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento que permita a comunicação com outros presos ou com
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documen- o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de
to, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo 2007).
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.


Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
constitui crime mais grave. Condescendência criminosa
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas responsabilizar subordinado que cometeu infração no
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação exercício do cargo ou, quando lhe falte competência,
diversa da estabelecida em lei: não levar o fato ao conhecimento da autoridade com-
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. petente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou in- Advocacia administrativa
diretamente, ainda que fora da função ou antes de Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interes-
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: se privado perante a adminis-tração pública, valendo-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. -se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Excesso de exação Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando multa.
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gra-
voso, que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei
nº 8.137, de 27.12.1990)

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Violência arbitrária § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
a pretexto de exercê-la: ocupantes de cargos em comissão ou de função de di-
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da reção ou assessoramento de órgão da administração
pena correspondente à violên-cia. direta, sociedade de economia mista, empresa pública
ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído
Abandono de função pela Lei nº 6.799, de 1980)
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
permitidos em lei: CAPÍTULO II
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CON-
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: TRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa Usurpação de função pública
de fronteira: Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolon- Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
gado
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes Resistência
de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exer- Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante
cê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente violência ou ameaça a funcio-nário competente para
que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se exe-
Violação de sigilo funcional cuta:
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do Pena - reclusão, de um a três anos.
cargo e que deva permane-cer em segredo, ou facili- § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuí-
tar-lhe a revelação: zo das correspondentes à violência.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
se o fato não constitui crime mais grave. Desobediência
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) público:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, forneci- Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
mento e empréstimo de senha ou qualquer outra for-
ma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas Desacato
de informações ou banco de dados da Administração Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício
Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) da função ou em razão dela:
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Inclu- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
ído pela Lei nº 9.983, de 2000) Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127,
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Admi- de 1995)
nistração Pública ou a ou-trem: (Incluído pela Lei nº Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


9.983, de 2000) para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. pretexto de influir em ato praticado por funcionário
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) público no exercício da função: (Redação dada pela Lei
nº 9.127, de 1995)
Violação do sigilo de proposta de concorrência Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concor- (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
rência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se
devassá-lo: o agente alega ou insinua que a vantagem é também
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº
9.127, de 1995)
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os Corrupção ativa
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pú- a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
blica. omitir ou retardar ato de ofício:
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
e quem trabalha para empresa prestadora de serviço Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço,
contratada ou conveniada para a execução de ativida- se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
de típica da Administração Pública. (Incluído pela retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
Lei nº 9.983, de 2000) dever funcional.

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Descaminho pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo,
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou qualquer forma de comércio irregular ou clandestino
pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em
nº 13.008, de 26.6.2014) residências. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contra-
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) bando é praticado em trans-porte aéreo, marítimo ou
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
de 26.6.2014) pública ou venda em hasta pública, promovida pela
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descami- administração federal, estadual ou municipal, ou
nho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
alheio, no exercício de atividade comercial ou indus- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
trial, merca-doria de procedência estrangeira que in- além da pena corresponden-te à violência.
troduziu clandestinamente no País ou importou frau- Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém
dulentamente ou que sabe ser produto de introdução de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
clandestina no território nacio-nal ou de importação
fraudulenta por parte de outrem; (Redação dada pela Inutilização de edital ou de sinal
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
alheio, no exercício de ati-vidade comercial ou indus- público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado,
trial, mercadoria de procedência estrangeira, desa-
por de-terminação legal ou por ordem de funcionário
companhada de documentação legal ou acompanha-
público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
da de documentos que sabe serem fal-sos. (Redação
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os
Subtração ou inutilização de livro ou documento
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio ir-
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente,
regular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,
livro oficial, processo ou documento confiado à custó-
inclusive o exercido em residências. (Redação dada
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) dia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de des- em serviço público:
caminho é praticado em trans-porte aéreo, maríti- Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
mo ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de constitui crime mais grave.
26.6.2014)
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído
Contrabando pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) previdenciária e qualquer acessório, mediante as se-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído guintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei documento de informações previsto pela legislação
nº 13.008, de 26.6.2014) previdenciária segurados empregado, empresário, tra-
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contra- balhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
bando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria nº 9.983, de 2000)
que dependa de registro, análise ou autorização de ór- II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios
gão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, da contabilidade da empre-sa as quantias desconta-
de 26.6.2014) das dos segurados ou as devidas pelo empregador ou
III - reinsere no território nacional mercadoria brasi- pelo toma-dor de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983,
leira destinada à exporta-ção; (Incluído pela Lei nº de 2000)
13.008, de 26.6.2014) III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de auferidos, remunerações pa-gas ou creditadas e de-
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, mais fatos geradores de contribuições sociais previ-
no exercício de atividade comercial ou industrial, mer- denciá-rias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
ca-doria proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
nº 13.008, de 26.6.2014) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontane-
alheio, no exercício de ati-vidade comercial ou indus- amente, declara e confessa as contribuições, impor-
trial, mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído tâncias ou valores e presta as informações devidas à

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previdência social, na forma definida em lei ou regu- prego ou função pública em entidades estatais ou em
lamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela representações diplomáticas de país estrangei-ro. (In-
Lei nº 9.983, de 2000) cluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público es-
aplicar somente a de multa se o agente for primário e trangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em
de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº empresas controladas, diretamente ou indiretamente,
9.983, de 2000) pelo Poder Público de país estrangeiro ou em orga-
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) nizações públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº
II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces- 10467, de 11.6.2002)
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
previdência social, administrativamente, como sendo CAPÍTULO III
o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fis- DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA
cais.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) JUSTIÇA
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua fo-
lha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 Reingresso de estrangeiro expulso
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir Art. 338 - Reingressar no território nacional o estran-
a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a geiro que dele foi expulso:
de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será nova expulsão após o cum-primento da pena.
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices
do reajuste dos benefícios da previdência social. (In- Denunciação caluniosa
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 339. Dar causa à instauração de investigação po-
licial, de processo judicial, instauração de investigação
CAPÍTULO II-A administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CON- ad-ministrativa contra alguém, imputando-lhe crime
TRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Corrupção ativa em transação comercial internacional
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indi-
se serve de anonimato ou de nome suposto.
retamente, vantagem indevi-da a funcionário público
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação
estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a
é de prática de contraven-ção.
praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à
transação comercial internacio-nal: (Incluído pela Lei
Comunicação falsa de crime ou de contravenção
nº 10467, de 11.6.2002)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunican-
(Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) do-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um ter- sabe não se ter verificado:
ço), se, em razão da vanta-gem ou promessa, o fun- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
cionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de Auto-acusação falsa
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. (Inclu- Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime
ído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) inexistente ou praticado por outrem:

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Tráfico de influência em transação comercial interna- Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
cional (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou Falso testemunho ou falsa perícia
para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
promessa de vantagem a pretexto de influir em ato verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
pratica-do por funcionário público estrangeiro no ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
exercício de suas funções, relacionado a tran-sação inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada
comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
de 11.6.2002) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
(Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um ter-
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se ço, se o crime é praticado medi-ante suborno ou se
o agente alega ou insinua que a vantagem é também cometido com o fim de obter prova destinada a pro-
destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei duzir efeito em processo penal, ou em processo civil
nº 10467, de 11.6.2002) em que for parte entidade da administração pública
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268,
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº de 28.8.2001)
10467, de 11.6.2002) § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estran- no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se re-
geiro, para os efeitos penais, quem, ainda que tran- trata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº
sitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, em- 10.268, de 28.8.2001)

47
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qual- Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar
quer outra vantagem a teste-munha, perito, contador, ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comu-
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, ne- nicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização
gar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálcu- legal, em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei
los, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 12.012, de 2009).
nº 10.268, de 28.8.2001) Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Inclu-
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Reda- ído pela Lei nº 12.012, de 2009).
ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto Exercício arbitrário ou abuso de poder
a um terço, se o crime é co-metido com o fim de obter Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de
prova destinada a produzir efeito em processo penal liberdade individual, sem as formalidades legais ou
ou em processo civil em que for parte entidade da ad- com abuso de poder:
ministração pública direta ou indire-ta. (Redação dada Pena - detenção, de um mês a um ano.
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcio-
Coação no curso do processo nário que:
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra estabelecimento destinado a execução de pena priva-
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que fun- tiva de liberdade ou de medida de segurança;
ciona ou é chamada a intervir em processo judicial, II - prolonga a execução de pena ou de medida de
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: segurança, deixando de expe-dir em tempo oportuno
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além ou de executar imediatamente a ordem de liberdade;
da pena correspondente à vio-lência. III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custó-
dia a vexame ou a constran-gimento não autorizado
Exercício arbitrário das próprias razões em lei;
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para sa- IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
tisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a
lei o permite: Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de se-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, gurança
além da pena correspondente à violência. Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa le-
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so- galmente presa ou submetida a medida de segurança
mente se procede mediante queixa. detentiva:
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
própria, que se acha em po-der de terceiro por deter- § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por
minação judicial ou convenção: mais de uma pessoa, ou medi-ante arrombamento, a
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. pena é de reclusão, de dois a seis anos.
Fraude processual § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, apli-
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de ca-se também a pena corres-pondente à violência.
processo civil ou administra-tivo, o estado de lugar, de § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz o crime é praticado por pes-soa sob cuja custódia ou
ou o perito: guarda está o preso ou o internado.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da


efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de
penas aplicam-se em dobro. três meses a um ano, ou multa.

Favorecimento pessoal Evasão mediante violência contra a pessoa


Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o in-
pública autor de crime a que é cominada pena de re- divíduo submetido a me-dida de segurança detentiva,
clusão: usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: pena correspondente à violên-cia.
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. Arrebatamento de preso
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descen- Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
dente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
pena. Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
correspondente à violência.
Favorecimento real
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co- Motim de presos
-autoria ou de receptação, au-xílio destinado a tornar Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a or-
seguro o proveito do crime: dem ou disciplina da prisão:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
pena correspondente à vio-lência.

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Patrocínio infiel Inscrição de despesas não empenhadas em restos a
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou pro- pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
curador, o dever profissional, prejudicando interesse, Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos
cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: a pagar, de despesa que não tenha sido previamente
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei:
Patrocínio simultâneo ou tergiversação (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o ad- Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
vogado ou procurador judicial que defende na mesma (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrá-
rias. Assunção de obrigação no último ano do mandato ou
legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obri-
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar gação, nos dois últimos qua-drimestres do último ano
de restituir autos, documen-to ou objeto de valor pro- do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa
batório, que recebeu na qualidade de advogado ou ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso res-
procurador: te parcela a ser paga no exercício seguinte, que não
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de
caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Exploração de prestígio Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer pela Lei nº 10.028, de 2000)
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, pe- Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela
rito, tradu-tor, intérprete ou testemunha: Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um ter- (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
ço, se o agente alega ou insi-nua que o dinheiro ou Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
utilidade também se destina a qualquer das pessoas pela Lei nº 10.028, de 2000)
referidas neste artigo.
Violência ou fraude em arrematação judicial Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação 10.028, de 2000)
judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou li- Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito
citante, por meio de violência, grave ameaça, fraude sem que tenha sido constituí-da contragarantia em
ou ofereci-mento de vantagem: valor igual ou superior ao valor da garantia prestada,
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
além da pena correspondente à violência. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (In-
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou sus- cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
pensão de direito Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autori- nº 10.028, de 2000)
dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de pro-
decisão judicial: mover o cancelamento do montante de restos a pagar
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. inscrito em valor superior ao permitido em lei: (Incluí-

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


CAPÍTULO IV do pela Lei nº 10.028, de 2000)
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Aumento de despesa total com pessoal no último
Contratação de operação de crédito ano do mandato ou legisla-tura (Incluído pela Lei nº
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de 10.028, de 2000)
crédito, interno ou exter-no, sem prévia autorização Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que
legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou
pela Lei nº 10.028, de 2000) da legisla-tura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000))
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou ex- pela Lei nº 10.028, de 2000)
terno: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (In-
I – com inobservância de limite, condição ou montante cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
estabelecido em lei ou em resolução do Senado Fede- Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta
ral; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) pública ou a colocação no mercado financeiro de títu-
II – quando o montante da dívida consolidada ultra- los da dívida pública sem que tenham sido criados por
passa o limite máximo autori-zado por lei. (Incluído lei ou sem que estejam registrados em sistema centra-
pela Lei nº 10.028, de 2000) lizado de liquidação e de custó-dia: (Incluído pela Lei
nº 10.028, de 2000)

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Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído CAPÍTULO II
pela Lei nº 10.028, de 2000). DO REGISTRO

Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no


órgão competente.
ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI Nº Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito
10.826/2003) serão registradas no Comando do Exército, na forma
do regulamento desta Lei.
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
O Estatuto do desarmamento dispõe sobre registro, interessado deverá, além de declarar a efetiva necessi-
posse e comercialização de armas de fogo e munição, dade, atender aos seguintes requisitos:
além de prever o Sistema Nacional de Armas (Sinarm). I - comprovação de idoneidade, com a apresentação
Não obstante, há, nesta lei, a definição de crimes. Ve- de certidões negativas de antecedentes criminais for-
jamos: necidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleito-
ral e de não estar respondendo a inquérito policial ou
CAPÍTULO I a processo criminal, que poderão ser fornecidas por
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS meios eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706,
de 2008)
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, in- II – apresentação de documento comprobatório de
stituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia ocupação lícita e de residência certa;
Federal, tem circunscrição em todo o território na- III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão
cional. psicológica para o manuseio de arma de fogo, atesta-
Art. 2o Ao Sinarm compete: das na forma disposta no regulamento desta Lei.
I – identificar as características e a propriedade de ar- § 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de
mas de fogo, mediante cadastro; arma de fogo após atendidos os requisitos anterior-
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importa- mente estabelecidos, em nome do requerente e para a
das e vendidas no País; arma indicada, sendo intransferível esta autorização.
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de § 2o  A aquisição de munição somente poderá ser
fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal; feita no calibre correspondente à arma registrada e
IV – cadastrar as transferências de propriedade, ex- na quantidade estabelecida no regulamento desta
travio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de § 3o A empresa que comercializar arma de fogo em
fechamento de empresas de segurança privada e de território nacional é obrigada a comunicar a venda
transporte de valores; à autoridade competente, como também a manter
V – identificar as modificações que alterem as caracte- banco de dados com todas as características da arma
rísticas ou o funcionamento de arma de fogo; e cópia dos documentos previstos neste artigo.
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já ex- § 4o A empresa que comercializa armas de fogo,
istentes; acessórios e munições responde legalmente por essas
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclu-
mercadorias, ficando registradas como de sua proprie-
sive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
dade enquanto não forem vendidas.
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem
§ 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios e
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

como conceder licença para exercer a atividade;


munições entre pessoas físicas somente será efetivada
mediante autorização do Sinarm.
IX – cadastrar mediante registro os produtores, ata-
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o §
cadistas, varejistas, exportadores e importadores au-
1o será concedida, ou recusada com a devida funda-
torizados de armas de fogo, acessórios e munições;
mentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as car-
da data do requerimento do interessado.
acterísticas das impressões de raiamento e de micro-
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde
estriamento de projétil disparado, conforme marcação
do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III
e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante;
deste artigo.
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública
§ 8o  Estará dispensado das exigências constantes do
dos Estados e do Distrito Federal os registros e autori-
inciso III do caput deste artigo, na forma do regula-
zações de porte de armas de fogo nos respectivos ter-
mento, o interessado em adquirir arma de fogo de
ritórios, bem como manter o cadastro atualizado para
uso permitido que comprove estar autorizado a por-
consulta.
tar arma com as mesmas características daquela a ser
Parágrafo único. As disposições deste artigo não al-
adquirida. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
cançam as armas de fogo das Forças Armadas e Aux-
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com
iliares, bem como as demais que constem dos seus
validade em todo o território nacional, autoriza o seu
registros próprios.
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente
no interior de sua residência ou domicílio, ou depend-
ência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde

50
que seja ele o titular ou o responsável legal pelo es- VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos
tabelecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
10.884, de 2004) VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes
§ 1o  O certificado de registro de arma de fogo será e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de
expedido pela Polícia Federal e será precedido de au- presos e as guardas portuárias;
torização do Sinarm. VIII – as empresas de segurança privada e de trans-
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do porte de valores constituídas, nos termos desta Lei;
art. 4o deverão ser comprovados periodicamente, em IX – para os integrantes das entidades de desporto
período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
do estabelecido no regulamento desta Lei, para a ren- demandem o uso de armas de fogo, na forma do reg-
ovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo. ulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a
§ 3o  O proprietário de arma de fogo com certificados legislação ambiental.
de registro de propriedade expedido por órgão estad- X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
ual ou do Distrito Federal até a data da publicação Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, car-
desta Lei que não optar pela entrega espontânea pre- gos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação
vista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo mediante o dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art.
de 2008, ante a apresentação de documento de iden- 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos
tificação pessoal e comprovante de residência fixa, da União e dos Estados, para uso exclusivo de servi-
ficando dispensado do pagamento de taxas e do cum- dores de seus quadros pessoais que efetivamente este-
primento das demais exigências constantes dos incisos jam no exercício de funções de segurança, na forma de
I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de
Lei nº 11.706, de 2008)  (Prorrogação de prazo) Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério
§ 4o  Para fins do cumprimento do disposto no § Público - CNMP.  (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
3o deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá § 1o  As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI
obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado do caput deste artigo terão direito de portar arma
de registro provisório, expedido na rede mundial de
de fogo de propriedade particular ou fornecida pela
computadores - internet, na forma do regulamento e
respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de
obedecidos os procedimentos a seguir: (Redação dada
serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com
pela Lei nº 11.706, de 2008)
validade em âmbito nacional para aquelas con-
I - emissão de certificado de registro provisório pela
stantes dos incisos I, II, V e VI. (Redação dada pela Lei
internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias;
nº 11.706, de 2008)
e (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes
II - revalidação pela unidade do Departamento de
Polícia Federal do certificado de registro provisório e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
pelo prazo que estimar como necessário para a emis- propriedade particular ou fornecida pela respectiva
são definitiva do certificado de registro de proprie- corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, des-
dade. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) de que estejam:   (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;   (In-
CAPÍTULO III cluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
DO PORTE II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regu-
lamento; e   (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de
território nacional, salvo para os casos previstos em controle interno.   (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
legislação própria e para: § 1º-C. (VETADO).   (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014)
I – os integrantes das Forças Armadas; § 2o  A autorização para o porte de arma de fogo
II - os integrantes de órgãos referidos nos inci- aos integrantes das instituições descritas nos incisos
sos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Constitu- V, VI, VII e X do caput deste artigo está condicionada
ição Federal e os da Força Nacional de Segurança à comprovação do requisito a que se refere o inciso III
Pública (FNSP);   (Redação dada pela Lei nº 13.500, do caput do art. 4o desta Lei nas condições estabeleci-
de 2017) das no regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei
III – os integrantes das guardas municipais das capi- nº 11.706, de 2008)
tais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 § 3o A autorização para o porte de arma de fogo das
(quinhentos mil) habitantes, nas condições estabeleci- guardas municipais está condicionada à formação
das no regulamento desta Lei; funcional de seus integrantes em estabelecimentos de
IV - os integrantes das guardas municipais dos Mu- ensino de atividade policial, à existência de mecan-
nicípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos ismos de fiscalização e de controle interno, nas con-
de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em dições estabelecidas no regulamento desta Lei, obser-
serviço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004) vada a supervisão do Ministério da Justiça. (Redação
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
Inteligência e os agentes do Departamento de Se- § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias
gurança do Gabinete de Segurança Institucional da federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como
Presidência da República; os militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exer-

51
cerem o direito descrito no art. 4o, ficam dispensados das quando em serviço, devendo estas observar as
do cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do condições de uso e de armazenagem estabelecidas
mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei. pelo órgão competente, sendo o certificado de reg-
§ 5o  Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 istro e a autorização de porte expedidos pela Polícia
(vinte e cinco) anos que comprovem depender do em- Federal em nome da instituição.  (Incluído pela Lei nº
prego de arma de fogo para prover sua subsistência 12.694, de 2012)
alimentar familiar será concedido pela Polícia Federal § 1o  A autorização para o porte de arma de fogo de
o porte de arma de fogo, na categoria caçador para que trata este artigo independe do pagamento de
subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro taxa.  (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
simples, com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e § 2o  O presidente do tribunal ou o chefe do Ministé-
de calibre igual ou inferior a 16 (dezesseis), desde que rio Público designará os servidores de seus quadros
o interessado comprove a efetiva necessidade em req- pessoais no exercício de funções de segurança que
poderão portar arma de fogo, respeitado o limite
uerimento ao qual deverão ser anexados os seguintes
máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de
documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
servidores que exerçam funções de segurança.  (Incluí-
2008)
do pela Lei nº 12.694, de 2012)
I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela
§ 3o  O porte de arma pelos servidores das instituições
Lei nº 11.706, de 2008) de que trata este artigo fica condicionado à apresen-
II - comprovante de residência em área rural; e (In- tação de documentação comprobatória do preenchi-
cluído pela Lei nº 11.706, de 2008) mento dos requisitos constantes do art. 4o desta Lei,
III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei bem como à formação funcional em estabelecimen-
nº 11.706, de 2008) tos de ensino de atividade policial e à existência de
§ 6o  O caçador para subsistência que der outro uso mecanismos de fiscalização e de controle interno,
à sua arma de fogo, independentemente de outras nas condições estabelecidas no regulamento desta
tipificações penais, responderá, conforme o caso, por Lei.  (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso § 4o  A listagem dos servidores das instituições de que
permitido. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente
§ 7o  Aos integrantes das guardas municipais dos no Sinarm.  (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
Municípios que integram regiões metropolitanas § 5o  As instituições de que trata este artigo são obriga-
será autorizado porte de arma de fogo, quando em das a registrar ocorrência policial e a comunicar à
serviço. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados formas de extravio de armas de fogo, acessórios e mu-
das empresas de segurança privada e de transporte nições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
de valores, constituídas na forma da lei, serão de pro- (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.  (In-
priedade, responsabilidade e guarda das respectivas cluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
empresas, somente podendo ser utilizadas quando em Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades de-
serviço, devendo essas observar as condições de uso sportivas legalmente constituídas devem obedecer às
e de armazenagem estabelecidas pelo órgão compe- condições de uso e de armazenagem estabelecidas
tente, sendo o certificado de registro e a autorização pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o
de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma
empresa. do regulamento desta Lei.
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

de segurança privada e de transporte de valores re- do porte de arma para os responsáveis pela seguran-
sponderá pelo crime previsto no parágrafo único do ça de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no
art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções ad- Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regu-
ministrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência lamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de
policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e
roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo, caçadores e de representantes estrangeiros em competição
acessórios e munições que estejam sob sua guarda, internacional oficial de tiro realizada no território nacional.
nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois de ocor- Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de
rido o fato. uso permitido, em todo o território nacional, é de com-
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de va- petência da Polícia Federal e somente será concedida
lores deverá apresentar documentação comprobatória após autorização do Sinarm.
do preenchimento dos requisitos constantes do art. § 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser
4o desta Lei quanto aos empregados que portarão concedida com eficácia temporária e territorial limi-
arma de fogo. tada, nos termos de atos regulamentares, e dependerá
§ 3o A listagem dos empregados das empresas referi- de o requerente:
das neste artigo deverá ser atualizada semestralmente I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício
junto ao Sinarm. de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua
Art. 7o-A.  As armas de fogo utilizadas pelos servidores integridade física;
das instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
de propriedade, responsabilidade e guarda das re-
spectivas instituições, somente podendo ser utiliza-

52
III – apresentar documentação de propriedade de Omissão de cautela
arma de fogo, bem como o seu devido registro no Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias
órgão competente. para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pes-
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista soa portadora de deficiência mental se apodere de
neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de
caso o portador dela seja detido ou abordado em sua propriedade:
estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
químicas ou alucinógenas. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o pro-
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos va- prietário ou diretor responsável de empresa de segu-
lores constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de rança e transporte de valores que deixarem de reg-
serviços relativos: istrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
I – ao registro de arma de fogo; Federal perda, furto, roubo ou outras formas de ex-
II – à renovação de registro de arma de fogo; travio de arma de fogo, acessório ou munição que es-
III – à expedição de segunda via de registro de arma tejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro)
de fogo; horas depois de ocorrido o fato.
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
V – à renovação de porte de arma de fogo; Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
VI – à expedição de segunda via de porte federal de  Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em
arma de fogo. depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou
à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso
Federal e do Comando do Exército, no âmbito de suas permitido, sem autorização e em desacordo com de-
respectivas responsabilidades. terminação legal ou regulamentar:
§ 2o  São isentas do pagamento das taxas previstas  Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
neste artigo as pessoas e as instituições a que se ref-
 Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é ina-
erem os incisos I a VII e X e o § 5o  do art. 6o desta
fiançável, salvo quando a arma de fogo estiver regis-
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
trada em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
Art. 11-A.  O Ministério da Justiça disciplinará a forma
e as condições do credenciamento de profissionais
Disparo de arma de fogo
pela Polícia Federal para comprovação da aptidão
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição
psicológica e da capacidade técnica para o manuseio
em lugar habitado ou em suas adjacências, em via
de arma de fogo. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
pública ou em direção a ela, desde que essa conduta
§ 1o  Na comprovação da aptidão psicológica, o valor
não tenha como finalidade a prática de outro crime:
cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
médio dos honorários profissionais para realização de
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafi-
avaliação psicológica constante do item 1.16 da tab-
ançável. (Vide Adin 3.112-1)
ela do Conselho Federal de Psicologia. (Incluído pela
Lei nº 11.706, de 2008)
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso res-
§ 2o  Na comprovação da capacidade técnica, o valor
trito
cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, re-
exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da
ceber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
munição. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
§ 3o  A cobrança de valores superiores aos previstos
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
nos §§ 1o e 2o deste artigo implicará o descredencia-
munição de uso proibido ou restrito, sem autorização
mento do profissional pela Polícia Federal.  (Incluído
e em desacordo com determinação legal ou regula-
pela Lei nº 11.706, de 2008)
mentar:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
DOS CRIMES E DAS PENAS
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de
II – modificar as características de arma de fogo, de for-
fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
ma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibi-
desacordo com determinação legal ou regulamentar,
do ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer
no interior de sua residência ou dependência desta,
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato ex-
titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
plosivo ou incendiário, sem autorização ou em desa-
empresa:
cordo com determinação legal ou regulamentar;
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou
adulterado;

53
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita- § 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um)
mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo ano da data de publicação desta Lei conterão disposi-
a criança ou adolescente; e tivo intrínseco de segurança e de identificação, gra-
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização vado no corpo da arma, definido pelo regulamento
legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou ex- desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no art. 6o.
plosivo. § 4o  As instituições de  ensino policial e as guardas
municipais referidas nos incisos III e IV do caput do
Comércio ilegal de arma de fogo art. 6o desta Lei e no seu § 7o poderão adquirir insu-
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, mos e máquinas de recarga de munição para o fim
ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remon- exclusivo de suprimento de suas atividades, mediante
tar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer autorização concedida nos termos definidos em regu-
forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no ex- lamento. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
ercício de atividade comercial ou industrial, arma de Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o
fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em art. 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército
desacordo com determinação legal ou regulamentar: autorizar e fiscalizar a produção, exportação, impor-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. tação, desembaraço alfandegário e o comércio de ar-
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou mas de fogo e demais produtos controlados, inclusive
industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregu- colecionadores, atiradores e caçadores.
lar ou clandestino, inclusive o exercido em residência. Art. 25.  As armas de fogo apreendidas, após a elab-
oração do laudo pericial e sua juntada aos autos,
Tráfico internacional de arma de fogo quando não mais interessarem à persecução penal
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou serão encaminhadas pelo juiz competente ao Coman-
saída do território nacional, a qualquer título, de arma do do Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e
de fogo, acessório ou munição, sem autorização da oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de
autoridade competente: segurança pública ou às Forças Armadas, na forma
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. do regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena 11.706, de 2008)
é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório § 1o  As armas de fogo encaminhadas ao Comando
ou munição forem de uso proibido ou restrito. do Exército que receberem parecer favorável à doação,
obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Ar-
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 mada ou órgão de segurança pública, atendidos os
e 18, a pena é aumentada da metade se forem prati- critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério da
cados por integrante dos órgãos e empresas referidas Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arrola-
nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei. das em relatório reservado trimestral a ser encamin-
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são hado àquelas instituições, abrindo-se-lhes prazo para
insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112- manifestação de interesse. (Incluído pela Lei nº 11.706,
1) de 2008)
§ 2o  O Comando do Exército encaminhará a relação
CAPÍTULO V das armas a serem doadas ao juiz competente, que
DISPOSIÇÕES GERAIS determinará o seu perdimento em favor da instituição
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

beneficiada. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)


Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar con- § 3o  O transporte das  armas de fogo doadas será
vênios com os Estados e o Distrito Federal para o cum- de responsabilidade da instituição beneficiada, que
primento do disposto nesta Lei.
procederá ao seu cadastramento no Sinarm ou no
Art. 23.A classificação legal, técnica e geral bem como
Sigma. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
a definição das armas de fogo e demais produtos con-
§ 4o  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
trolados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou
obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas em
§ 5o  O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o
ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante
encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme
proposta do Comando do Exército. (Redação dada
se trate de arma de uso permitido ou de uso restrito,
pela Lei nº 11.706, de 2008)
semestralmente, da relação de armas acauteladas em
§ 1o Todas as munições comercializadas no País de-
juízo, mencionando suas características e o local onde
verão estar acondicionadas em embalagens com sis-
se encontram. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
tema de código de barras, gravado na caixa, visando
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comer-
possibilitar a identificação do fabricante e do ad-
cialização e a importação de brinquedos, réplicas e
quirente, entre outras informações definidas pelo reg-
simulacros de armas de fogo, que com estas se possam
ulamento desta Lei.
confundir.
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas
expedidas autorizações de compra de munição com
e os simulacros destinados à instrução, ao adestra-
identificação do lote e do adquirente no culote dos
mento, ou à coleção de usuário autorizado, nas con-
projéteis, na forma do regulamento desta Lei.
dições fixadas pelo Comando do Exército.

54
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, ex- Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados,
cepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas,
restrito. adotarão, sob pena de responsabilidade, as providên-
 Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica cias necessárias para evitar o ingresso de pessoas ar-
às aquisições dos Comandos Militares. madas, ressalvados os eventos garantidos pelo inciso
Art. 28.  É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos VI do art. 5o da Constituição Federal.
adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das   Parágrafo único. As empresas responsáveis pela pre-
entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X stação dos serviços de transporte internacional e in-
do caput do art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei terestadual de passageiros adotarão as providências
nº 11.706, de 2008) necessárias para evitar o embarque de passageiros
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo armados.
já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a
publicação desta Lei. (Vide Lei nº 10.884, de 2004) CAPÍTULO VI
  Parágrafo único. O detentor de autorização com DISPOSIÇÕES FINAIS
prazo de validade superior a 90 (noventa) dias poderá
renová-la, perante a Polícia Federal, nas condições dos Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo
arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias e munição em todo o território nacional, salvo para as
após sua publicação, sem ônus para o requerente. entidades previstas no art. 6o desta Lei.
Art. 30.  Os possuidores e proprietários de arma de § 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá
fogo de uso permitido ainda não registrada deverão de aprovação mediante referendo popular, a ser reali-
solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de zado em outubro de 2005.
2008, mediante apresentação de documento de iden- § 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o
tificação pessoal e comprovante de residência fixa, disposto neste artigo entrará em vigor na data de pub-
acompanhados de nota fiscal de compra ou com- licação de seu resultado pelo Tribunal Superior Elei-
provação da origem lícita da posse, pelos meios de
toral.
prova admitidos em direito, ou declaração firmada
Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro
na qual constem as características da arma e a sua
de 1997.
condição de proprietário, ficando este dispensado do
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
pagamento de taxas e do cumprimento das demais
cação.
exigências constantes dos incisos I a III do caput do
art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de
2008)   (Prorrogação de prazo)
Parágrafo único.  Para fins do cumprimento do dis- #FicaDica
posto no caput deste artigo, o proprietário de arma
Foi cancelada a súmula 174 do STJ, a qual
de fogo poderá obter, no Departamento de Polícia
Federal, certificado de registro provisório, expedido na previa que no crime de roubo, a intimidação
forma do § 4o do art. 5o desta Lei. (Incluído pela Lei nº feita com arma de brinquedo autoriza o au-
11.706, de 2008) mento de pena. Ou seja, não se aumenta a
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de pena com arma de brinquedo.
fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer
tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo
e indenização, nos termos do regulamento desta Lei.

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Art. 32.  Os possuidores e proprietários de arma de CRIMES HEDIONDOS (LEI Nº 8.072/1990)
fogo poderão entregá-la, espontaneamente, medi-
ante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indeni-
zados, na forma do regulamento, ficando extinta a LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990
punibilidade de eventual posse irregular da referida
arma. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art.
5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem providências.
mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), con-
forme especificar o regulamento desta Lei: Hediondo é o crime bárbaro, asqueroso, repugnante.
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, fer- Não é subjetivo o critério de definir quais são os crimes
roviário, marítimo, fluvial ou lacustre que deliber- hediondos, pois a lei cumpre este papel. O artigo 1o des-
adamente, por qualquer meio, faça, promova, facilite ta lei traz o rol de crimes hediondos. Estes crimes são
ou permita o transporte de arma ou munição sem a inafiançáveis e insuscetíveis de graça, anistia ou indulto
devida autorização ou com inobservância das normas (artigo 5o, XLIII, CF). O mesmo artigo 5o, XLIII, CF estabe-
de segurança; lece que se equiparam aos hediondos o tráfico (apenas
II – à empresa de produção ou comércio de armamen- no que tange aos crimes descritos nos artigos 33 a 36 da
tos que realize publicidade para venda, estimulando o Lei de Drogas – Lei no 11.343/2006), o terrorismo (Lei no
uso indiscriminado de armas de fogo, exceto nas pub- 13.260/2016) e a tortura (Lei no 9.455/1997).
licações especializadas.

55
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de Não é qualquer lesão gravíssima ou seguida de morte,
7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados mas apenas praticado contra autoridade ou agente
ou tentados: do sistema de segurança pública, no exercício ou em
I – homicídio (art. 121), quando praticado em ativi- razão da função, ou então seu parente até 3o grau/
dade típica de grupo de extermínio, ainda que cônjuge/companheiro, em razão da função.
cometido por um só agente, e homicídio qualificado II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine);
(art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); Art. 157, § 3º [...] se resulta morte, a reclusão é de vinte
Art. 121. Matar alguém: a trinta anos, sem prejuízo da multa.
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Trata-se do roubo seguido de morte.
Não é qualquer homicídio simples, mas apenas III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o);
aquele praticado em atividade de grupo de exter- Art. 157, § 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante
mínio (por um agente ou mais). violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
Art. 121, § 2°, Se o homicídio é cometido: Trata-se de extorsão da qual resultou morte, aplican-
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por do-se pena de reclusão de 20 a 30 anos, tal como a
outro motivo torpe; do latrocínio.
II - por motivo fútil; IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualifi-
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, cada (art. 159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o);
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si
possa resultar perigo comum; ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu- preço do resgate:
lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos- Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
sível a defesa do ofendido; § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) ho-
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impuni- ras, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior
dade ou vantagem de outro crime; de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo bando ou quadrilha.
feminino: Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do siste- grave:
ma prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
no exercício da função ou em decorrência dela, ou con- § 3º - Se resulta a morte:
tra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguí- Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
neo até terceiro grau, em razão dessa condição: Abrangem-se todas as modalidades de extorsão me-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. diante sequestro.
No caso dos homicídios qualificados, todos eles são V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
abrangidos. Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou
Obs.: No caso de homicídio privilegiado (art. 121, grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
§1o, CP), mesmo que cometido com instrumentos permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
materiais típicos de homicídio qualificado, tem-se Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
o que a doutrina chama de homicídio qualificado- § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
privilegiado. Quanto a este, a doutrina diz não se grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior
caracterizar crime hediondo. de 14 (catorze) anos:
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
(art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte § 2o Se da conduta resulta morte:
(art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constitu-
ição Federal, integrantes do sistema prisional e da VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o,
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício 2o, 3o e 4o);
da função ou em decorrência dela, ou contra seu Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
terceiro grau, em razão dessa condição; Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações de-
Art. 129, § 2° Se resulta: scritas no caput com alguém que, por enfermidade ou
I - Incapacidade permanente para o trabalho; deficiência mental, não tem o necessário discernimen-
II - enfermidade incurável; to para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou fun- causa, não pode oferecer resistência.
ção; § 2o (VETADO).
IV - deformidade permanente; § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
V - aborto: grave:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
Art. 129, § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evi- § 4o Se da conduta resulta morte:
denciam que o agente não quis o resultado, nem as- Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
sumiu o risco de produzi-lo: VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o);

56
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse
germes patogênicos: ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, pre-
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. visto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em de 2003, todos tentados ou consumados.
dobro.
VII-A - (VETADO);
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração EXERCÍCIOS COMENTADOS
de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais
(art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação
1. (VUNESP/2015 - MPE-SP - ANALISTA DE PRO-
dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998);
MOTORIA) A Lei n° 8.072/90 (crimes hediondos)
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: a) define no seu artigo 1° os crimes considerados he-
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. diondos, todos previstos no Código Penal, sem pre-
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, juízo, contudo, de outros delitos considerados hedi-
vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ondos pela Legislação Penal Especial.
ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo b) não permite a interposição de apelação antes do
o produto falsificado, corrompido, adulterado ou al- recolhimento do condenado à prisão, em razão do
terado. disposto no seu artigo 2°, § 1° (a pena será cumprida
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere em regime inicial fechado).
este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os c) prevê progressão de regime para os condenados pela
insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e prática de crime hediondo após o cumprimento de 1/6
os de uso em diagnóstico. da pena se o apenado for primário e 2/5 se for reinci-
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica dente.
as ações previstas no § 1º em relação a produtos em d) traz no rol do seu art. 1° o crime de roubo impróprio
qualquer das seguintes condições: (art. 157, § 1°, CP), o roubo circunstanciado (art. 157, §
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilân- 2°, I, II, III, IV e V, CP) e o roubo qualificado pelo resul-
cia sanitária competente; tado (art. 157, § 3o, CP).
e) estabelece o prazo de 30 (trinta) dias (podendo ser
II - em desacordo com a fórmula constante do registro
prorrogado por mais 30 dias) da prisão temporária
previsto no inciso anterior; decretada nas investigações pela prática de crime he-
III - sem as características de identidade e qualidade diondo.
admitidas para a sua comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua Resposta: E. O prazo de 30 dias de prisão temporária
atividade; é fixado no artigo 2o, §4o. O rol da lei é taxativo. Para
V - de procedência ignorada; o STF, o regime inicial de cumprimento de pena não
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da au- necessariamente deve ser fechado. O regime de pro-
toridade sanitária competente. gressão é de 2/5 para apenado primário e de 3/5 para
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma apenado reincidente. Roubo não é hediondo, salvo se
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de resultar em morte (latrocínio).
vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
2. (INSTITUTO AOCP/2017 - SEJUS - AGENTE PENI-
TENCIÁRIO) Constitui crime hediondo, previsto na Lei

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição 8.072/1990,
ou outra forma de exploração sexual alguém menor de
18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiên- a) o favorecimento da prostituição ou de outra forma de
cia mental, não tem o necessário discernimento para exploração sexual de criança ou adolescente ou de vul-
a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a nerável.
abandone: b) constranger alguém, mediante violência ou grave
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. ameaça e com o intuito de obter para si ou para ou-
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vanta- trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
gem econômica, aplica-se também multa. que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.
§ 2o Incorre nas mesmas penas: c) lesão corporal leve quando cometida contra agente
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidi- do sistema prisional.
noso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de d) homicídio simples praticado por qualquer cidadão.
14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste
artigo; Resposta: A. Trata-se de tipo descrito no art. 1o, VIII da
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo lo- lei de crimes hediondos.
cal em que se verifiquem as práticas referidas no caput
deste artigo.
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o
crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da

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Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou in-
CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO gresso de aluno em estabelecimento de ensino público
DE RAÇA OU DE COR (LEI Nº 7.716/1989) ou privado de qualquer grau.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra me-
A Lei nº 7.716 de 1989 define os crimes resultantes nor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um
de preconceito de raça ou de cor. Cabe ressaltar que o terço).
Código Penal prevê o tipo incriminador de injúria racial, Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em
no bojo do artigo 140, parágrafo 3º, que é a ofensa a hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimen-
honra de alguém se valendo de elementos referentes à to similar.
raça, cor, etnia, religião ou origem. Pena: reclusão de três a cinco anos.
Diferentemente, o racismo atinge uma coletividade Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
indeterminada de indivíduos, discriminando toda a inte- restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhan-
gralidade da raça. O crime de racismo é inafiançável e tes abertos ao público.
imprescritível. Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes
clubes sociais abertos ao público.
resultantes de discriminação ou preconceito de raça,
Pena: reclusão de um a três anos.
cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de
Art. 2º (Vetado).
massagem ou estabelecimento com as mesmas fina-
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devida- lidades.
mente habilitado, a qualquer cargo da Administração Pena: reclusão de um a três anos.
Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifí-
serviços públicos. cios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de
Pena: reclusão de dois a cinco anos. acesso aos mesmos:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por Pena: reclusão de um a três anos.
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públi-
ou procedência nacional, obstar a promoção funcio- cos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens,
nal. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência) metrô ou qualquer outro meio de transporte conce-
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.  dido.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Pena: reclusão de um a três anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de dis- Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao ser-
criminação de raça ou de cor ou práticas resultantes viço em qualquer ramo das Forças Armadas.
do preconceito de descendência ou origem nacional ou Pena: reclusão de dois a quatro anos.
étnica: (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência) Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou for-
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao ma, o casamento ou convivência familiar e social.
empregado em igualdade de condições com os demais Pena: reclusão de dois a quatro anos.
trabalhadores; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 15. (Vetado).
(Vigência) Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou cargo ou função pública, para o servidor público, e a
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

obstar outra forma de benefício profissional; (Incluído suspensão do funcionamento do estabelecimento par-
pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência) ticular por prazo não superior a três meses.
III - proporcionar ao empregado tratamento diferen- Art. 17. (Vetado).
ciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto
ao salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vi- Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta
gência) Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação declarados na sentença.
de serviços à comunidade, incluindo atividades de Art. 19. (Vetado).
promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou  Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação
qualquer outra forma de recrutamento de trabalhado- ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou proce-
res, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou dência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de
etnia para emprego cujas atividades não justifiquem 15/05/97)
essas exigências. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Pena: reclusão de um a três anos e multa.(Redação
(Vigência) dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular sím-
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimen- bolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propa-
to comercial, negando-se a servir, atender ou receber ganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para
cliente ou comprador. fins de divulgação do nazismo. (Redação dada pela Lei
Pena: reclusão de um a três anos. nº 9.459, de 15/05/97)

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Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído • ao direito de reunião.
pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) • à incolumidade física do indivíduo.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é co- • aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
metido por intermédio dos meios de comunicação cício profissional.
social ou publicação de qualquer natureza: (Redação
dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Constitui também abuso de autoridade:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído • ordenar ou executar medida privativa da liberdade
pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) individual, sem as formalidades legais ou com abu-
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá so de poder.
determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido • submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a ve-
deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de xame ou a constrangimento não autorizado em lei.
desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de • deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz com-
15/05/97)  petente a prisão ou detenção de qualquer pessoa.
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão • deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou
dos exemplares do material respectivo;(Incluído pela detenção ilegal que lhe seja comunicada.
Lei nº 9.459, de 15/05/97) • levar à prisão e nela deter quem quer que se propo-
II - a cessação das respectivas transmissões radiofôni- nha a prestar fiança, permitida em lei.
cas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qual- • cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial
quer meio; (Redação dada pela Lei nº 12.735, de 2012) carceragem, custas, emolumentos ou qualquer ou-
(Vigência) tra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio
III - a interdição das respectivas mensagens ou pági- em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu
nas de informação na rede mundial de computado- valor.
res. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência) • recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da conde- recibo de importância recebida a título de carcera-
nação, após o trânsito em julgado da decisão, a des- gem, custas, emolumentos ou de qualquer outra
truição do material apreendido. (Incluído pela Lei nº despesa.
9.459, de 15/05/97) • o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou
cação. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) desvio de poder ou sem competência legal.
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Re- • prolongar a execução de prisão temporária, de pena
numerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) ou de medida de segurança, deixando de expedir
em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente
ordem de liberdade.
ABUSO DE AUTORIDADE (LEI Nº
Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei,
4.898/1965) quem exerce cargo, emprego ou função pública, de na-
tureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
remuneração.
O direito de representação e o processo de responsa- O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção
bilidade administrativa civil e penal, contra as autorida- administrativa civil e penal.
des que, no exercício de suas funções, cometerem abu- A sanção administrativa será aplicada de acordo com a
sos, são regulados pela Lei nº 4.898/1965. gravidade do abuso cometido e consistirá em:
O direito de representação será exercido por meio

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


• advertência.
de petição dirigida à autoridade superior que tiver com- • repreensão.
petência legal para aplicar, à autoridade civil ou militar • suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
culpada, a respectiva sanção. Ou dirigida ao órgão do cinco a cento e oitenta dias, com perda de venci-
Ministério Público que tiver competência para iniciar mentos e vantagens.
processo-crime contra a autoridade culpada. • destituição de função.
• demissão.
A representação acima citada será feita em duas vias e • demissão, a bem do serviço público.
conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autori-
dade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acu- A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do
sado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as houver. dano, consistirá no pagamento de uma indenização.
A sanção penal será aplicada de acordo com as regras
Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: do CP e consistirá em:
• à liberdade de locomoção. • multa.
• à inviolabilidade do domicílio. • detenção por dez dias a seis meses
• ao sigilo da correspondência. • perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
qualquer outra função pública por prazo até três
• à liberdade de consciência e de crença.
anos.
• ao livre exercício do culto religioso.
• à liberdade de associação.
As penas previstas poderão ser aplicadas autônoma ou
• aos direitos e garantias legais assegurados ao exer- cumulativamente.
cício do voto.

59
Quando o abuso for cometido por agente de autorida- Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz
de policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou
ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não po- ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advo-
der o acusado exercer funções de natureza policial ou mi- gado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos
litar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos. para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério
Recebida a representação em que for solicitada a apli- do Juiz.
cação de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente
competente determinará a instauração de inquérito para apu- a sentença.
rar o fato.
A ação penal será iniciada, independentemente de in-
quérito policial ou justificação por denúncia do Ministé-
rio Público, instruída com a representação da vítima do EXERCÍCIO COMENTADO
abuso.
Apresentada ao Ministério Público a representação
1. (PC-RJ – DELEGADO DE POLÍCIA – FUNCAB –
da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, de-
2012 – QUESTÃO ADAPTADA) O Diretor de determi-
nunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso
nado presídio é informado, por bilhete anônimo, de que
de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, bem
um preso estaria trocando informações por correspon-
assim, a designação de audiência de instrução e julga-
dência com membros do seu bando, a fim de viabilizar a
mento.
entrada de substância entorpecente no estabelecimen-
Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autorida-
to prisional, visando ao tráfico de drogas. Diante disso,
de houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado
o Diretor intercepta uma carta fechada e destinada ao
poderá promover a comprovação da existência de tais
vestígios, por meio de duas testemunhas qualificadas. Ou detento, e, após abri-la, lê o seu conteúdo, descobrindo
requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da au- quando e como se daria o ingresso da droga. No caso em
diência de instrução e julgamento, a designação de um tela, pode-se afirmar que o Diretor praticou crime.
perito para fazer as verificações necessárias.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre-
sentar a denúncia requerer o arquivamento da repre-
sentação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes Resposta: Errado. O Diretor não praticou crime con-
as razões invocadas, fará remessa da representação ao forme art. 41, parágrafo único, da Lei nº 7.210/1984,
Procurador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou desig- Lei de Execução Penal, por proceder a interceptação da
nará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la correspondência remetida pelos sentenciados, eis que
ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar
Juiz atender. não pode constituir instrumento de salvaguarda de pra-
Se o órgão do Ministério Público não oferecer a ticas ilícitas.
denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação
privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém,
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitu-
CRIMES DE TORTURA (LEI Nº
tiva e intervir em todos os termos do processo, interpor
recursos e, a todo tempo, no caso de negligência do que- 9.455/1997)
relante, retomar a ação como parte principal.
Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de qua-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

renta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou re- A presente Lei define os crimes de tortura, dando ou-
jeitando a denúncia. tras providências.
No despacho em que receber a denúncia, o Juiz de-
signará, desde logo, dia e hora para a audiência de ins- Art. 1º Constitui crime de tortura:
trução e julgamento, que deverá ser realizada, improrro- I - constranger alguém com emprego de violência
gavelmente, dentro de cinco dias. ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
A citação do réu para se ver processar, até julgamento mental:
final e para comparecer à audiência de instrução e julga-
mento, será feita por mandado sucinto que, será acom- a) com o fim de obter informação, declaração ou con-
panhado da segunda via da representação e da denúncia. fissão da vítima ou de terceira pessoa;
As testemunhas de acusação e defesa poderão ser b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
apresentada em juízo, independentemente de intimação. nosa;
A audiência de instrução e julgamento será pública, c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autor-
dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do idade, com emprego de violência ou grave ameaça, a
Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar. intenso sofrimento físico ou mental, como forma de
Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o inter- aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preven-
rogatório do réu, se estiver presente. tivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

60
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa Deixar a autoridade policial responsável pela apreen-
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento são de criança ou adolescente de fazer imediata comu-
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não nicação à autoridade judiciária competente e à família
previsto em lei ou não resultante de medida legal. do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, Submeter criança ou adolescente sob sua autorida-
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, in- de, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento.
corre na pena de detenção de um a quatro anos. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente,
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreen-
se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. são..
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciá-
I - se o crime é cometido por agente público; ria, membro do Conselho Tutelar ou representante do
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por- Ministério Público no exercício de função.
tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (ses-
Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o
senta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial,
III - se o crime é cometido mediante seqüestro.
com o fim de colocação em lar substituto.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, fun-
Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a
ção ou emprego público e a interdição para seu exer-
cício pelo dobro do prazo da pena aplicada. terceiro, mediante paga ou recompensa.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao
graça ou anistia. envio de criança ou adolescente para o exterior com inob-
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a servância das formalidades legais ou com o fito de obter
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em lucro.
regime fechado. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou re-
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o gistrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
crime não tenha sido cometido em território nacional, pornográfica, envolvendo criança ou adolescente.
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro
em local sob jurisdição brasileira. registro que contenha cena de sexo explícito ou porno-
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- gráfica envolvendo criança ou adolescente.
cação.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir,
julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por
meio de sistema de informática ou telemático, fotogra-
fia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adoles-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLES- cente.
CENTE (LEI Nº 8.069/1990) Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,
fotografia, vídeo ou outra forma de registro que conte-
nha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
Estudaremos os crimes praticados contra a criança criança ou adolescente.
e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do Simular a participação de criança ou adolescente em

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


disposto na legislação penal. cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adul-
Os crimes aqui definidos são de ação pública incon- teração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo
dicionada. E os crimes são: ou qualquer outra forma de representação visual.
Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de meio de comunicação, criança, com o fim de com ela pra-
manter registro das atividades desenvolvidas, bem como ticar ato libidinoso.
de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por oca- Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre-
sião da alta médica, declaração de nascimento, onde gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma,
constem as intercorrências do parto e do desenvolvimen- munição ou explosivo.
to do neonato. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda
Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabe- que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a
lecimento de atenção à saúde de gestante de identificar adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do produtos cujos componentes possam causar dependên-
parto, bem como deixar de proceder determinados exa- cia física ou psíquica.
mes. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre-
Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo
ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autorida- seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar
de judiciária competente. qualquer dano físico em caso de utilização indevida.

61
Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 Em janeiro de 2010, o Comitê Consultivo do Conselho
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou in- de Direitos Humanos das Nações Unidas publicou estu-
duzindo-o a praticá-la. do apontando a necessidade de uma convenção interna-
cional específica, o que indica que futuramente é possível
que tal documento seja elaborado e ratificado pelos paí-
EXERCÍCIO COMENTADO ses-membros da ONU.
Vale colacionar alguns trechos dos Princípios das Na-
1. (DPF – DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL – CESPE ções Unidas para as Pessoas Idosas, de ordem mais ge-
– 2004) Um agente de polícia federal verificou que o nérica, identificando as pretendidas políticas da ONU em
adolescente Juliano havia acabado de adquirir 30 g de favor deste grupo vulnerável ao dividir em categorias as
maconha para seu consumo pessoal e que ele trazia con- esferas de proteção específica a ser conferida:
sigo a droga. Nessa situação, seria ilícito que o referido a) Independência (princípios 1 a 6): acesso à ali-
agente apreendesse Juliano em flagrante, porque ado- mentação, água, alojamento, vestuário e cuidados
lescentes somente podem ser apreendidos em flagrante de saúde adequados, recebendo recursos para tan-
pela prática de atos infracionais que envolvam violência to (apoio do Estado, da comunidade e da família);
ou ameaça a terceiros. direito ao trabalho ou a outro rendimento; direito
de decidir junto com a sociedade quando é o mo-
mento de deixar de ter uma vida ativa de partici-
( ) CERTO ( ) ERRADO
pação social e política, dedicando-se ao repouso
com dignidade; acesso a programas de educação
Resposta: Errado - O art. 106 da Lei nº 8069/90 per-
e formação; convivência em ambientes seguros e
mite a apreensão de menor que esteja na flagrância adaptáveis às suas necessidades e preferências;
de ato infracional, ou seja, nenhum adolescente será residência em seu próprio domicílio tanto quanto
privado de sua liberdade senão em flagrante de ato possível;
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da b) Participação (princípios 7 a 9): permanência na
autoridade judiciária competente, de modo descrito na integração em sociedade, participando na formu-
questão. lação e execução de políticas que o afetem dire-
tamente, compartilhando suas experiências, con-
hecimentos e aptidões; possibilidade de prestar
CRIMES NO ESTATUTO DO IDOSO (LEI Nº serviços à comunidade, inclusive voluntariamente,
10.741/2003) no que for de seu interesse e capacidade; con-
strução de movimentos e associações de idosos;
c) Assistência (princípios 10 a 14): aproveitar os
benefícios dos cuidados e da proteção da família
O tratamento do idoso no campo dos direitos hu- e da comunidade, conforme os valores culturais de
manos cada sociedade; acesso a cuidados de saúde que
o garantam bem-estar físico, mental e emocional,
Os idosos costumam ser afastados do convívio social inclusive preventivos; utilização de meios adequa-
à medida em que adquirem mais dificuldades de saú- dos de assistência em âmbito institucional em prol
de, naturais ao processo de envelhecimento. A lógica da de proteção, reabilitação e estimulação social e
“descartabilidade” do ser humano e da produtividade em mental num ambiente humano e seguro; acesso
massa que teima em persistir na sociedade leva à intensi-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

a serviços jurídicos; gozo dos direitos humanos


ficação deste movimento de rejeição, cabendo ao Direito e liberdades fundamentais onde quer que se en-
assumir uma postura de promoção da igualdade material contrem (lar próprio ou instituições de assistência),
dos idosos, por medidas judiciais, legislativas e executi- com pleno respeito de sua dignidade e do seu di-
vas pertinentes. reito de decidir seu próprio destino;
No plano da proteção internacional dos direitos hu- d) Realização pessoal (princípios 15 e 16): possi-
manos deste grupo de pessoas, já ocorreu algum avanço, bilidade de procurar oportunidades com vista ao
mas este é ainda distante se comparado ao sistema de pleno desenvolvimento do seu potencial; acesso
proteção de outros grupos vulneráveis específicos, como aos recursos educativos, culturais, espirituais e rec-
mulheres e pessoas portadoras de deficiência. reativos da sociedade;
Em relação à ONU, ainda não há Convenção específi- e) Dignidade (princípios 17 e 18): possibilidade de
ca de proteção, mas apenas normativas principiológicas viver com dignidade e segurança, sem serem ex-
não diretamente coativas, que podem ser combinadas plorados ou maltratados física ou mentalmente;
com normas genéricas como as dos Pactos Internacio- tratamento de forma justa, independentemente
nais de 1966. Neste sentido, de forma mais relevante, da sua idade, gênero, origem racial ou étnica, de-
em 1991 sobrevieram os Princípios das Nações Unidas ficiência ou outra condição, e sendo devidamente
para as Pessoas Idosas; e em 2002, na II Conferência In- valorizados.
ternacional de Madri sobre o Envelhecimento, surgiram
a Declaração Política e o Plano de Ação Internacional de Por sua vez, no âmbito regional, destaca-se a men-
Madri sobre Envelhecimento (MIPAA), estes de ordem ção do Protocolo à Convenção Americana sobre Direitos
um pouco mais pragmática.
Humanos: “Artigo 18 - Proteção de pessoas idosas,

62
PCADH. Toda pessoa tem direito à proteção especial ou degradantes (artigo 10); direito a manifestar consen-
na velhice. Nesse sentido, os Estados Partes comprome- timento livre e informado no âmbito da saúde (artigo
temse a adotar de maneira progressiva as medidas ne- 11); direitos do idoso que recebe serviços de cuidado de
cessárias a fim de pôr em prática este direito e, especial- longo prazo (artigo 12); direito à liberdade pessoal (arti-
mente, a: a) Proporcionar instalações adequadas, bem go 13); direito à liberdade de expressão e opinião e ao
como alimentação e assistência médica especializada, acesso à informação (artigo 14); direito à nacionalidade e
às pessoas de idade avançada que careçam delas e não à liberdade de circulação (artigo 15); direito à intimidade
estejam em condições de provê-las por seus próprios e à privacidade (art. 16); direito à seguridade social (art.
meios; b) Executar programas trabalhistas específicos 17); direito ao trabalho (artigo 18); direito à saúde (artigo
destinados a dar a pessoas idosas a possibilidade de rea- 19); direito à educação (artigo 20); direito à cultura (arti-
lizar atividade produtiva adequada às suas capacidades, go 21); direito à recreação, ao esporte e ao lazer (artigo
respeitando sua vocação ou desejos; c) Promover a for- 22); direito à propriedade (artigo 23); direito à moradia
mação de organizações sociais destinadas a melhorar a (artigo 24); direito a um meio ambiente saudável (artigo
qualidade de vida das pessoas idosas”. 25); direito à acessibilidade e à mobilidade pessoal (ar-
Ainda, a OEA aprovou em 15 de junho de 2015 a Con- tigo 26); direitos políticos (artigo 27); direito de reunião
venção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos e de associação (artigo 28); situações de risco e emer-
Humanos das Pessoas Idosas, ainda não incorporada ao gências humanitárias (artigo 29); igual reconhecimento
ordenamento interno brasileiro. Logo, a proteção espe- como pessoa perante a lei (artigo 30); e acesso à justiça
cífica destes direitos avançou substancialmente no ano (artigo 31).
de 2015 dentro do sistema interamericano, primeiro sis- Não se pode deixar de reconhecer, veja-se, que os
tema a criar um tratado internacional específico para o avanços das indústrias médica e farmacológica, a prática
resguarde das pessoas idosas. Conforme o disposto no de bons hábitos alimentares e esportivos/recreativos, a
primeiro artigo do documento: “O objetivo da Conven- gradativa melhoria das condições de saneamento básico
ção é promover, proteger e assegurar o reconhecimento e as políticas voltadas à previdência social têm promo-
vido um processo geral de envelhecimento das popula-
e o pleno gozo e exercício, em condições de igualdade,
ções de alguns países (o que se soma, geralmente, à que-
de todos os direitos humanos e liberdades fundamen-
da nos índices de natalidade). O direito internacional dos
tais do idoso, a fim de contribuir para sua plena inclusão,
direitos humanos, portanto, não pode deixar desampa-
integração e participação na sociedade”. Frisa-se, ade-
rada esta nova realidade em rápido processo evolutivo.
mais, no mesmo dispositivo, que o disposto em tal Con-
venção Interamericana não deve ser interpretado como
O tratamento do idoso no direito constitucional
uma limitação a direitos ou benefícios mais amplos ou
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 230,
adicionais reconhecidos pelo direito internacional ou pe-
inserido no título VII (Ordem Social), capítulo VII sobre a
las legislações internas dos Estados-partes em favor dos
proteção da Família, da Criança, do Adolescente, do Jo-
idosos.
vem e do Idoso:
Também, no artigo 3º da Convenção são trazidos prin-
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o
cípios gerais que lhe são inerentes, a saber, a promoção e
dever de amparar as pessoas idosas, assegurando
defesa dos direitos humanos e liberdades fundamentais
sua participação na comunidade, defendendo sua
do idoso; a valorização do idoso, seu papel na socieda-
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito
de e sua contribuição ao desenvolvimento; a dignidade,
à vida.
independência, protagonismo e autonomia do idoso; a
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão ex-
igualdade e não discriminação; a participação, integração

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


ecutados preferencialmente em seus lares.
e inclusão plena e efetiva na sociedade; o bem-estar e
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é gar-
cuidado; a segurança física, econômica e social; a autor-
antida a gratuidade dos transportes coletivos ur-
realização; a equidade e igualdade de gênero e enfoque
banos.
do curso de vida; a solidariedade e o fortalecimento da
proteção familiar e comunitária; o bom tratamento e a
Ainda, a segunda parte do artigo 229, CF preconiza
atuação preferencial; o enfoque diferencial para o gozo
que “[...] os filhos maiores têm o dever de ajudar e ampa-
efetivo dos direitos do idoso; o respeito e a valorização
rar os pais na velhice, carência ou enfermidade”. Conso-
da diversidade cultural; a proteção judicial efetiva; bem
lida o dever de solidariedade familiar, compensando os
como a responsabilidade do Estado e a participação da
pais que criaram seus filhos quando tinham condições e
família e da comunidade na integração ativa, plena e pro-
que hoje se encontram na posição de necessitados. Con-
dutiva do idoso dentro da sociedade, bem como em seu
tudo, este dever de amparo não é exclusivo da família,
cuidado e atenção, de acordo com a legislação interna.
conforme se extrai do artigo 230, CF.
Por fim, são elencados na Convenção alguns direitos
O fato de uma pessoa ter se tornado idosa não a
protegidos: igualdade e não discriminação por razões de
transforma numa parte dispensável da sociedade, que
idade (artigo 5º); direito à vida e à dignidade na velhice
(artigo 6º); direito à independência e à autonomia (artigo merece isolamento. Pelo contrário, suas experiências de-
7º); direito à participação e integração comunitária (ar- vem ser valorizadas e incorporadas nas práticas sociais,
tigo 8º); direito à segurança e a uma vida sem nenhum tornando-as mais adequadas. Assim, Estado, família e
tipo de violência (artigo 9º); direito a não ser submetido sociedade possuem o dever compartilhado de conferir
à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos assistência aos idosos.

63
O amparo aos idosos inclui múltiplas facetas: parti- A Lei nº 10.741/03 define como idoso a pessoa com
cipação na comunidade, dignidade, bem-estar e vida. idade maior ou igual que 60 anos, valendo-se assim
Além disso, os programas de assistência, que prestam do critério cronológico para estabelecer os que estão
este amparo, devem ser executados de preferência em sob o efeito da presente lei.
seus lares. Existem outras nomenclaturas utilizadas para se
O artigo 230, CF também assegura de forma expres- atribuir à pessoa idosa, por exemplo, pessoa na ter-
sa a gratuidade dos transportes coletivos urbanos aos ceira idade, pessoa na melhor idade, velhos, pessoas
maiores de 65 anos. em idade avançada, entre outros termos.
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamen-
1. Histórico do estatuto do idoso tais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-
A Lei nº 10.741, de 01 de outubro de 2003, que ins- se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportu-
nidades e facilidades, para preservação de sua saúde
titui o Estatuto do Idoso, dispõe sobre papel da família,
física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelec-
da comunidade, da sociedade e do Poder Público de as-
tual, espiritual e social, em condições de liberdade e
segurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação
dignidade.
do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à
Os idosos possuem todos os direitos fundamentais
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à assegurados a todas as outras pessoas, sendo-lhes ga-
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência fami- rantido gozar destes direitos face aos direitos de todos.
liar e comunitária. Neste sentido, o título II do Estatuto aprofunda direitos
O panorama demográfico mundial tem apresentado fundamentais de forma específica em relação à condição
mudanças nos últimos anos devido ao declínio das taxas do idoso.
de fertilidade e mortalidade e como decorrência a lon- Art. 3o  É obrigação da família, da comunidade, da
gevidade tem-se apresentado como um fenômeno real. sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com
O Brasil tem sido surpreendido por uma significativa absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à
mudança demográfica. Atualmente apresenta cerca de saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao es-
15 milhões de idosos e, segundo projeção do IBGE, no porte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade,
ano de 2025, será o sexto país mais idoso do mundo, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e co-
apenas perdendo para a Suíça, França, Estados Unidos, munitária.
Uruguai, Argentina, China, com um contingente de 34 § 1o A garantia de prioridade compreende:
milhões de idosos, cerca de 15% da população. I – atendimento preferencial imediato e individuali-
Diante dessa realidade, diferentes segmentos como zado junto aos órgãos públicos e privados prestado-
a saúde, transporte, habitação, previdência social e edu- res de serviços à população;
cação precisam ser redimensionados para atender esse II – preferência na formulação e na execução de
novo perfil populacional. políticas sociais públicas específicas;
A sociedade política também assumiu sua responsa- III – destinação privilegiada de recursos públicos nas
bilidade diante desse novo panorama demográfico bra- áreas relacionadas com a proteção ao idoso;
sileiro, elaborou a Política Nacional do Idoso e o Estatuto IV – viabilização de formas alternativas de partici-
do Idoso. São leis elaboradas para preservar os direitos pação, ocupação e convívio do idoso com as demais
do idoso e evitar que essa faixa etária sofra discrimina- gerações;
ções e seja marginalizado na sociedade brasileira. V – priorização do atendimento do idoso por sua
É flagrante na sociedade brasileira um discurso favo- própria família, em detrimento do atendimento
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

rável ao idoso, porém inserido em uma realidade prática asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de
incompatível, ora reforçado pelo paternalismo, ora pelo condições de manutenção da própria sobrevivência;
assistencialismo, ora potencializando essa faixa etária, VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos
mas sem oferecer um real espaço social. nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação
Por isso, o Estatuto do Idoso surge como instrumen- de serviços aos idosos;
to essencial ao resgate da dignidade inerente a todos VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam
idosos, mediante inclusão social e reforço de direitos a divulgação de informações de caráter educativo
fundamentais. O fato é que a população brasileira está sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento;
envelhecendo e necessário se faz garantir que este en- VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde
velhecimento ocorra dentro dos princípios norteadores e de assistência social locais.
do atual texto constitucional. A intervenção legislativa IX – prioridade no recebimento da restituição do Im-
representada neste estatuto busca efetividade em res- posto de Renda. 
posta às necessidades emergentes desse segmento da § 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial
população. aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas ne-
cessidades sempre preferencialmente em relação aos
TÍTULO I demais idosos.
Disposições Preliminares A garantia de prioridade compreende atendimento
preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos
Art. 1o  É instituído o Estatuto do Idoso, destinado públicos e privados prestadores de serviços à população.
a regular os direitos assegurados às pessoas com Isso significa que todos os segmentos sociais descritos
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. na Constituição devem primeiramente proteger e de-

64
fender as pessoas idosas na busca da concretização dos Genericamente, os elementos da responsabilidade
seus direitos. Os idosos devem figurar como destinatá- civil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele
rios de cuidados especiais e preferenciais na elaboração que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou im-
de políticas públicas pelos administradores públicos. prudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
Cabe na análise da prioridade destinada aos idosos que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o
em relação às demais pessoas e até mesmos às crianças, artigo central do instituto da responsabilidade civil, que
além do bom senso, que é sempre esperado, o princípio tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir
da proporcionalidade na busca da justiça em cada caso como não se deve ou deixar de agir como se deve), cul-
concreto que este conflito aparecer pela harmonia dos
pa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
interesses em conflito.
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
A preferência na formulação e na execução de po-
causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
líticas sociais públicas específicas também tem base na
prioridade estabelecida no art. 230 da CF que vislumbra o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo
o idoso como prioritário, devendo-se assegurar-lhe uma agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou
velhice com dignidade. No mesmo norte está a destina- material, econômico e não econômico).
ção privilegiada de recursos públicos nas áreas relacio- A prática de atos ilícitos contra pessoas idosas gera
nadas com a proteção ao idoso, que deve ser conferido responsabilização civil, em algumas situações, criminal,
com absoluta prioridade à criança e ao adolescente, bem e se a prática partir de servidor público ou equiparado,
como ao idoso. Tais prioridades devem ser conjugadas pode gerar responsabilidade administrativa, havendo
a fim de que um menor sofra detrimento ao que for es- independência entre elas.
tabelecido ao idoso e vice-versa. O Poder Público, ao Art. 6o  Todo cidadão tem o dever de comunicar à
elaborar programas de saúde, educação e ação social autoridade competente qualquer forma de vio-
deve igualmente atender prioritariamente a criança e ao lação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que
adolescente como também ao idoso, pautando-se nos tenha conhecimento.
princípios da proporcionalidade e razoabilidade.
No mais, qualquer violação a direitos dos idosos que
Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de venha um cidadão a ter conhecimento deve imediata-
negligência, discriminação, violência, crueldade mente comunicar a autoridade competente, sob pena
ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por de ser responsabilizado nos termos do que está dispos-
ação ou omissão, será punido na forma da lei.
to no mencionado artigo 5º supra.
§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação
Art. 7o  Os Conselhos Nacional, Estaduais, do
aos direitos do idoso.
Distrito Federal e Municipais do Idoso, previstos
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem
na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão
da prevenção outras decorrentes dos princípios por
ela adotados. pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos
Alguns tipos específicos de negligências, violências e nesta Lei.
opressões são previstos no título VI do Estatuto como
crimes contra os idosos. Entretanto, não é suficiente re- TÍTULO II
primir práticas criminosas contra idosos, mas também é Dos Direitos Fundamentais
importante preveni-las. CAPÍTULO I
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção im- Do Direito à Vida
portará em responsabilidade à pessoa física ou ju-

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


rídica nos termos da lei. Art. 8o O envelhecimento é um direito personalís-
O instituto da responsabilidade civil é parte inte- simo e a sua proteção um direito social, nos ter-
grante do direito obrigacional, uma vez que a principal mos desta Lei e da legislação vigente.
consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação O envelhecimento é colocado como um direito per-
que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o sonalíssimo. A ideia é de que envelhecer é um processo
pagamento de indenização que se refere às perdas e da- natural que não deve ser combatido, evitado ou negado
nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão a todo custo. É, ainda, direito social, ou seja, direito hu-
que gere dano deve suportar as consequências jurídicas mano de segunda dimensão.
decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.1 Art. 9o  É obrigação do Estado, garantir à pessoa
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efeti-
podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até vação de políticas sociais públicas que permitam
os limites da herança, embora existam reflexos na ação um envelhecimento saudável e em condições de
que apure a responsabilidade civil conforme o resultado dignidade.
na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega-
tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao Cabe ao Estado desenvolver políticas públicas que
passo que uma absolvição por falta de provas não o faz). garantam o direito à vida e à saúde das pessoas idosas.
Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e
atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou
indiretamente, com a participação de entes públicos ou
1 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São
privados, que visam assegurar determinado direito de
Paulo: Saraiva, 2005.

65
cidadania, de forma difusa ou para determinado segui- - Por meio do Sistema Único de Saúde – SUS: é o
mento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas sistema público de saúde brasileiro, um dos maiores
públicas específicas em relação ao idoso fazem parte da do mundo, mas a sua presença não exclui a possibili-
Política Nacional do Idoso. dade de atuação privada no setor (até mesmo devido
à previsão sobre atenção integral);
CAPÍTULO II - Assegurado o acesso universal e igualitário: o aces-
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade so ao sistema público de saúde deve ser garantido
a todas pessoas e em condições de igualdade ma-
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, asse- terial, ou seja, considerando as específicas necessi-
gurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dig- dades das pessoas (por isso, é devido o tratamento
nidade, como pessoa humana e sujeito de direitos diferenciado ao idoso e ao idoso com deficiência ou
civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na limitação);
Constituição e nas leis. - Conjunto articulado e contínuo: as práticas de pre-
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, venção, promoção, proteção e recuperação devem
os seguintes aspectos: ser adotadas de forma constante e planejada e, para
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públi- tanto, interligada;
cos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições - Atenção especial às doenças que afetam a popu-
legais; lação idosa: liga-se ao aspecto da igualdade material
II – opinião e expressão; e ao da atenção especial.
III – crença e culto religioso; § 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso
IV – prática de esportes e de diversões; serão efetivadas por meio de:
V – participação na vida familiar e comunitária; I – cadastramento da população idosa em base territorial;
VI – participação na vida política, na forma da lei; II – atendimento geriátrico e gerontológico em am-
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orien- bulatórios;
tação. III – unidades geriátricas de referência, com pes-
soal especializado nas áreas de geriatria e geronto-
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade logia social;
da integridade física, psíquica e moral, abrangen- IV – atendimento domiciliar, incluindo a inter-
do a preservação da imagem, da identidade, da auto- nação, para a população que dele necessitar e es-
nomia, de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos teja impossibilitada de se locomover, inclusive para
objetos pessoais. idosos abrigados e acolhidos por instituições públi-
§ 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, cas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventual-
colocando-o a salvo de qualquer tratamento desuma- mente conveniadas com o Poder Público, nos meios
no, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. urbano e rural;
O Estado e a sociedade devem assegurar à pessoa V – reabilitação orientada pela geriatria e geron-
idosa a liberdade, o respeito e a dignidade. O §1º es- tologia, para redução das sequelas decorrentes do
pecifica o direito à liberdade, que compreende o direito agravo da saúde.
de ir e vir, opinião e expressão, crença e culto religioso, O §1º fixa as formas especiais de tratamento da pop-
esportes e diversões, vida familiar e comunitária, vida ulação idosa, percebendo-se que a atuação se dá na
política, refúgio, auxílio e orientação. O §2º especifica o vertente de controle da população para viabilizar um
direito ao respeito como inviolabilidade de qualquer tipo melhor tratamento, o qual deve ser especializado e
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

de integridade física, psíquica e moral. O §3º especifica o se dar tanto em ambientes especializados quanto de
direito à dignidade como o direito de não ser posto em forma domiciliar.
qualquer tipo de tratamento desumano, violento, aterro- Obs.: geriatria é a especialidade médica que estuda e
rizante, vexatório ou constrangedor. trata das doenças ligadas ao envelhecimento; e ger-
ontologia é o estudo dos fenômenos fisiológicos,
CAPÍTULO IV psicológicos e sociais relacionados ao envelhecimento
Do Direito à Saúde do ser humano.
§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos,
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do gratuitamente, medicamentos, especialmente os de
idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde uso continuado, assim como próteses, órteses e out-
– SUS, garantindo-lhe o acesso universal e iguali- ros recursos relativos ao tratamento, habilitação
tário, em conjunto articulado e contínuo das ações ou reabilitação.
e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e O idoso tem direito a tratamento gratuito da saúde,
recuperação da saúde, incluindo a atenção especial inclusive recebendo medicamentos, próteses, órte-
às doenças que afetam preferencialmente os idosos. ses e outros recursos.
De forma semelhante à Constituição Federal quanto § 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos
ao direito à saúde em geral, o Estatuto do Idoso fixa: de saúde pela cobrança de valores diferenciados em
- Direito à atenção integral: é a atenção plena, em razão da idade.
todas dimensões, tanto paliativa quanto preventiva
– os objetivos, afinal, são prevenção, promoção, pro-
teção e recuperação da saúde;

66
A questão da discriminação do idoso nos planos de Parágrafo único. Não estando o idoso em condições
saúde é complexa, porque não inviabiliza, segundo a ju- de proceder à opção, esta será feita:
risprudência pátria, de forma plena o reajuste por faixa I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
etária. O STJ disse que é possível reajustar por faixa etá- II – pelos familiares, quando o idoso não tiver cura-
ria se houver previsão contratual, se não forem aplicados dor ou este não puder ser contatado em tempo há-
percentuais desarrazoados, se preenchidos os requisitos bil;
da Lei nº 9.656/1998 (dispõe sobre os planos e seguros III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de
privados de assistência à saúde), observância da boa-fé vida e não houver tempo hábil para consulta a
objetiva que impede reajustes absurdos e desproporcio- curador ou familiar;
nais (REsp 866.840/SP, j. 07/06/2011). IV – pelo próprio médico, quando não houver cura-
§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com dor ou familiar conhecido, caso em que deverá comu-
limitação incapacitante terão atendimento espe- nicar o fato ao Ministério Público.
cializado, nos termos da lei. O idoso não perde sua autonomia para a tomada de
As pessoas idosas com condições peculiares devem decisões, de modo que caberá a ele decidir sobre sua
receber tratamento diferenciado, especializado. própria saúde sempre que estiver em suas plenas facul-
§ 5º É vedado exigir o comparecimento do idoso en- dades. Havendo incapacidade, permanente ou transitó-
fermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual ria, a ordem de tomada de decisões é a seguinte:
será admitido o seguinte procedimento: - Situações não emergenciais – se houver curador, ele
I - quando de interesse do poder público, o agente tem prioridade, se não houver a decisão cabe ao familiar,
promoverá o contato necessário com o idoso em sua mas se não houver nenhum dos dois caberá ao médico,
residência; ou que informará ao Ministério Público.
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará - Situações de urgência – risco de vida + ausência de
representar por procurador legalmente constituído. tempo hábil – cabe ao médico decidir.
§ 6º É assegurado ao idoso enfermo o atendimento Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos
domiciliar pela perícia médica do Instituto Na- critérios mínimos para o atendimento às necessi-
cional do Seguro Social - INSS, pelo serviço públi- dades do idoso, promovendo o treinamento e a ca-
co de saúde ou pelo serviço privado de saúde, con- pacitação dos profissionais, assim como orientação
tratado ou conveniado, que integre o Sistema Único a cuidadores familiares e grupos de autoajuda.
de Saúde - SUS, para expedição do laudo de saúde
necessário ao exercício de seus direitos sociais e de Caberá às instituições de saúde atender a critérios
isenção tributária. mínimos que viabilizem o atendimento especializado,
Os §§ 5º e 6º foram incluídos pela Lei nº 12.896/2013 devendo treinar e capacitar outras entidades que atuem
e trata do comparecimento do idoso enfermo em órgãos paralelamente a elas.
públicos, inclusive para realização de perícias: Art. 19.  Os casos de suspeita ou confirmação de
- Interesse do poder público – agente público deve ir violência praticada contra idosos serão objeto de
até a residência; notificação compulsória pelos serviços de saúde
- Interesse pessoal – representação por procurador. públicos e privados à autoridade sanitária, bem
* As perícias do INSS devem se realizar em domicílio. como serão obrigatoriamente comunicados por eles a
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de oi- quaisquer dos seguintes órgãos: 
tenta anos terão preferência especial sobre os demais I – autoridade policial;
idosos, exceto em caso de emergência. II – Ministério Público;

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III – Conselho Municipal do Idoso;
Trata-se de prioridade especial no atendimento de saú- IV – Conselho Estadual do Idoso;
de. V – Conselho Nacional do Idoso.
Art. 16.  Ao idoso internado ou em observação é § 1o  Para os efeitos desta Lei, considera-se violência
assegurado o direito a acompanhante, devendo o contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada
órgão de saúde proporcionar as condições adequadas em local público ou privado que lhe cause morte,
para a sua permanência em tempo integral, segun- dano ou sofrimento físico ou psicológico. 
do o critério médico. § 2o  Aplica-se, no que couber, à notificação com-
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde pulsória prevista no caput deste artigo, o disposto
responsável pelo tratamento conceder autorização na Lei no 6.259, de 30 de outubro de 1975 (dispõe
para o acompanhamento do idoso ou, no caso de sobre a organização das ações de Vigilância Epi-
impossibilidade, justificá-la por escrito.
demiológica, sobre o Programa Nacional de Imu-
nizações, estabelece normas relativas à notificação
Embora o direito a acompanhante no tratamento de
compulsória de doenças, e dá outras providências). 
saúde seja assegurado, caberá ao profissional de saúde
O artigo 19 foi alterado e teve dispositivos incluídos
responsável decidir quanto ele é possível, justificando
pela Lei nº 12.461/2011.
por escrito eventual impossibilidade.
Sua redação é um pouco confusa e inadequada. Tra-
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas facul-
balha com notificações que devem ser comunicadas a
dades mentais é assegurado o direito de optar pelo
órgãos competentes tanto práticas de violência (por
tratamento de saúde que lhe for reputado mais fa-
vorável. qualquer ação ou omissão praticada em local público ou

67
privado, sendo violência todo caso de morte, dano ou § 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é fac-
sofrimento físico ou psicológico) quanto de doenças epi- ultada a cobrança de participação do idoso no custeio da
demiológicas (com risco de transmissão em larga escala). entidade.
Cabe a comunicação aos órgãos descritos nos incisos do § 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho
caput – autoridade policial, Ministério Público, Conselhos Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma
Municipal, Estadual e Federal; além dos órgãos de vigi- de participação prevista no § 1o, que não poderá ex-
lância sanitária e outros fixados na Lei nº 6.259/1975. ceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício
previdenciário ou de assistência social percebido pelo
CAPÍTULO V idoso.
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer § 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu rep-
resentante legal firmar o contrato a que se refere
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, o caput deste artigo.
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco
esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos
social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a
e serviços que respeitem sua peculiar condição de
dependência econômica, para os efeitos legais.
idade.
Art. 21.  O Poder Público criará oportunidades de
Já a assistência tem caráter não-contributivo visando
acesso do idoso à educação, adequando currículos, ao amparo das pessoas necessitadas, conforme a pre-
metodologias e material didático aos programas edu- visão do art. 230 da CRFB/88, que a assistência social
cacionais a ele destinados. será prestada a quem dela necessitar independente de
§ 1o Os cursos especiais para idosos incluirão con- contribuição.A assistência tem caráter não-contributivo
teúdo relativo às técnicas de comunicação, com- visando ao amparo das pessoas necessitadas, conforme
putação e demais avanços tecnológicos, para sua in- a previsão do art. 230 da CRFB/88, que a assistência so-
tegração à vida moderna. cial será prestada a quem dela necessitar independente
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de de contribuição.
caráter cívico ou cultural, para transmissão de
conhecimentos e vivências às demais gerações, no CAPÍTULO IX
sentido da preservação da memória e da identidade Da Habitação
culturais.
Art. 22.  Nos currículos mínimos dos diversos níveis Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio
de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados da família natural ou substituta, ou desacompan-
ao processo de envelhecimento, ao respeito e à hado de seus familiares, quando assim o desejar, ou,
valorização do idoso, de forma a eliminar o precon- ainda, em instituição pública ou privada.
ceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria. § 1o A assistência integral na modalidade de enti-
Art. 23. A participação dos idosos em atividades cul- dade de longa permanência será prestada quando
turais e de lazer será proporcionada mediante des- verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar,
contos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) abandono ou carência de recursos financeiros
nos ingressos para eventos artísticos, culturais, espor- próprios ou da família.
tivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos § 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao
respectivos locais. idoso fica obrigada a manter identificação externa
visível, sob pena de interdição, além de atender
CAPÍTULO VIII toda a legislação pertinente.
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Da Assistência Social § 3o As instituições que abrigarem idosos são obriga-


das a manter padrões de habitação compatíveis
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, com as necessidades deles, bem como provê-los
de forma articulada, conforme os princípios e dire- com alimentação regular e higiene indispensáveis
trizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as
na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de penas da lei.
Saúde e demais normas pertinentes. Art. 38.  Nos programas habitacionais, públicos ou
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cin- subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de
co) anos, que não possuam meios para prover sua prioridade na aquisição de imóvel para moradia
subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é própria, observado o seguinte:
assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário- I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das uni-
mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência dades habitacionais residenciais para atendimento
Social – Loas.  aos idosos; (Redação dada pela Lei nº 12.418, de 2011)
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer
II – implantação de equipamentos urbanos comuni-
membro da família nos termos do caput não será
tários voltados ao idoso;
computado para os fins do cálculo da renda famil-
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanís-
iar per capita a que se refere a Loas.
ticas, para garantia de acessibilidade ao idoso;
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-
IV – critérios de financiamento compatíveis com os
lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços
rendimentos de aposentadoria e pensão.
com a pessoa idosa abrigada. 

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Parágrafo único.  As unidades residenciais reservadas de dos transportes coletivos públicos urbanos e semiur-
para atendimento a idosos devem situar-se, preferen- banos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando
cialmente, no pavimento térreo. (Incluído pela Lei nº prestados paralelamente aos serviços regulares.
12.419, de 2011) Assim, essa gratuidade compreende o transporte ur-
bano coletivo, aquele transporte público oferecido a to-
As ações do Estado visando conferir a pessoa idosa das as pessoas a fim de que se desloquem diariamente
moradia digna devem alcançar os programas habita- na realização de suas atividades diversas e o transporte
cionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, semiurbano que tem as características do transporte co-
sendo que nestes programas o idoso deve ter priorida- letivo, mas é prestado em áreas que ultrapassa os limites
de na aquisição de imóvel para moradia própria. Alguns de municípios, em grandes centros metropolitanos. Essa
requisitos devem ser observados nestes programas vi- benesse não alcança os serviços de transportes seletivos
sando minimizar a situação do idoso e a conferir-lhe destinado a determinadas categorias de pessoas, como
moradia digna, como a reserva de pelo menos 3% (três servidores de determinado órgão ou empresa pública,
por cento) das unidades habitacionais residenciais para estudantes etc., como também não alcança o serviço de
atendimento aos idosos. transporte especial, como os ônibus executivos que ofe-
recem serviço e atendimento diferenciado ao usuário.
CAPÍTULO X
Do Transporte CAPÍTULO II
Dos Crimes em Espécie
Art. 39.  Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos
fica assegurada a gratuidade dos transportes cole- Direito penal promocional – função promocional da
tivos públicos urbanos e semiurbanos, exceto nos intervenção punitiva – busca-se transformar as con-
serviços seletivos e especiais, quando prestados pa- dições de vida e a consciência do povo para dar uma
ralelamente aos serviços regulares. direção a determinada finalidade.
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pe-
§ 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso
nal pública incondicionada, não se lhes aplicando
apresente qualquer documento pessoal que faça
os arts. 181 e 182 do Código Penal.
prova de sua idade.
Não se aplicam 181 e 182 – escusa absolutória e es-
§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata
cusa relativa – qualquer delito contra o idoso, seja
este artigo, serão reservados 10% (dez por cento)
patrimonial ou não, com ou sem violência ou grave
dos assentos para os idosos, devidamente identi-
ameaça, a ação sempre será pública incondicionada.
ficados com a placa de reservado preferencialmente
Cabe ação penal privada subsidiária da pública caso
para idosos.
o MP seja omisso.
Os crimes previstos nos artigos 96 a 108 do Estatuto
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa
buscam proteger a pessoa idosa da discriminação,
etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco)
do descuido, do abandono, da falta de acolhida, do
anos, ficará a critério da legislação local dispor sobre
desprezo, da exposição ao perigo, da negativa de
as condições para exercício da gratuidade nos meios
oportunidades de realização pessoal e profissional,
de transporte previstos no caput deste artigo.
da obstrução do acesso à justiça, da exploração fi-
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestad-
ual observar-se-á, nos termos da legislação específica:  nanceira, do assédio econômico e da manipulação.
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veícu- Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou
dificultando seu acesso a operações bancárias, aos

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lo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois)
salários-mínimos; meios de transporte, ao direito de contratar ou por
II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no qualquer outro meio ou instrumento necessário
mínimo, no valor das passagens, para os idosos ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
inferior a 2 (dois) salários-mínimos. § 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, hu-
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes milhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa,
definir os mecanismos e os critérios para o exercício por qualquer motivo.
dos direitos previstos nos incisos I e II. § 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabi-
termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das va- lidade do agente.
gas nos estacionamentos públicos e privados, as Trata-se do crime de discriminação contra a pes-
quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a soa idosa.
melhor comodidade ao idoso. Objeto jurídico: dignidade da pessoa idosa, proteção
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança contra o tratamento desigual.
do idoso nos procedimentos de embarque e desem- Sujeito ativo: qualquer pessoa.
barque nos veículos do sistema de transporte coletivo. Sujeito passivo: idoso.
(Redação dada pela Lei nº 12.899, de 2013) Tipo objetivo: no caput se traz um crime material,
pois é preciso uma conduta que coloque em perigo
Está presente no Estatuto o direito fundamental do real o exercício da cidadania pela pessoa idosa, de
idoso ao transporte. Estabelece-se que os idosos maiores modo que não realizado o resultado naturalístico de
de 65 (sessenta e cinco) anos tem assegurado a gratuida- se colocar em perigo a cidadania do idoso o crime

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será tentado. Já no §1º o crime é de mera conduta, Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e
pois os motivos que levaram à prática criminosa não multa.
precisam ser investigados, por consequência não se § 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza
aceita tentativa. grave:
Tipo subjetivo: Dolo. Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Pena: reclusão, de 6 meses a 1 ano + multa. § 2o Se resulta a morte:
Causa de aumento de pena: aumento de 1/3 em Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
caso de vítima sob cuidado ou responsabilidade do Trata-se do crime de exposição do idoso ao perigo.
agente. Objeto jurídico: saúde física ou psíquica e dignidade.
Sujeito ativo: qualquer pessoa para as condutas
Art. 97.  Deixar de prestar assistência ao idoso, que envolvem submissão a condições desumanas,
quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em privação de cuidados ou degradantes e sujeição a
situação de iminente perigo, ou recusar, retardar trabalho excessivo ou inadequado (crime comum);
ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa apenas os responsáveis por alimentos no caso de
causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de au- conduta de privação destes (crime próprio).
toridade pública: Sujeito passivo: idoso.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e Tipo objetivo: condutas objetivas comissivas (sub-
multa. missão a condições degradantes ou desumanas, su-
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se jeição a trabalho excessivo ou inadequado), que ad-
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, mitem tentativa, e omissivas (privação de alimentos
e triplicada, se resulta a morte. e cuidados), que não a admitem.
Trata-se no artigo 97 o crime de omissão de so- Tipo subjetivo: dolo.
corro. Pena: detenção, 2 meses a 1 ano + multa.
Objeto jurídico: vida e saúde do idoso. Qualificadoras: se resulta em lesão grave, pena de
Sujeito ativo: qualquer pessoa. reclusão de 1 a 4 anos; se resulta em morte, pena de
Sujeito passivo: idoso. reclusão de 4 a 12 anos.
Tipo objetivo: delito omissivo. Consuma-se no mo- Art. 100.  Constitui crime punível com reclusão de 6
mento da omissão e não aceita a tentativa. (seis) meses a 1 (um) ano e multa:
Tipo subjetivo: dolo. I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo
Pena: detenção, 6 meses a 1 ano + multa. público por motivo de idade;
Causa de aumento de pena: aumento de 1/2 se re- É o crime de impedimento de acesso a cargo
sulta em lesão corporal grave; triplicada em caso de público em razão da idade. O objeto jurídico é a
morte. dignidade; o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa;
sujeito passivo é a pessoa idosa; tipo subjetivo é o
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de dolo; admite tentativa porque é possível não con-
saúde, entidades de longa permanência, ou con- seguir impedir o acesso ao cargo.
gêneres, ou não prover suas necessidades básicas, II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego
quando obrigado por lei ou mandado: ou trabalho;
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e É o crime de recusa de emprego ou trabalho em
multa. razão de idade. O objeto jurídico é a dignidade; o
Disciplina o crime de abandono de idoso. sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; sujeito pas-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

Objeto jurídico: saúde e dignidade do idoso. sivo é a pessoa idosa; tipo subjetivo é o dolo; não
Sujeito ativo: qualquer pessoa, no caso da primeira admite tentativa porque a negação é ato unissub-
parte (crime comum); apenas o responsável por at- sistente.
ender às necessidades básicas do idoso, no caso da III – recusar, retardar ou dificultar atendimento
segunda parte (crime próprio). ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa
Sujeito passivo: idoso. causa, a pessoa idosa;
Tipo objetivo: em ambas condutas, se deixa o idoso É o crime de prestação deficitária de atendimento
à própria sorte; na conduta de abandono se trata de à saúde de idoso. O objeto jurídico é a saúde; o su-
conduta comissiva, admitindo tentativa; na conduta jeito ativo pode ser qualquer pessoa; sujeito passivo
de não prover necessidades se tem conduta omis- é a pessoa idosa; tipo subjetivo é o dolo; não admite
siva, que não admite tentativa. a tentativa porque a recusa/retardo/dificuldade são
Tipo subjetivo: dolo. atos unissubsistentes.
Pena: detenção, 6 meses a 3 anos + multa. IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem
justo motivo, a execução de ordem judicial expe-
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, físi- dida na ação civil a que alude esta Lei;
ca ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições É o crime de desobediência a ordem judicial em
desumanas ou degradantes ou privando-o de ali- ação civil específica. O objeto jurídico é a admin-
mentos e cuidados indispensáveis, quando obriga- istração da justiça; o sujeito ativo pode ser qualquer
do a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo pessoa; sujeito passivo é o Estado e os idosos; tipo
ou inadequado: subjetivo é o dolo; admite tentativa nas condutas de
frustrar e retardar e não na de deixar de cumprir (é

70
possível que não consiga frustrar ou retardar e a or- Tipo objetivo: o crime se caracteriza com a negativa
dem seja cumprida de toda forma), mas não quando de atendimento, que no caso não admite tentativa,
a deixar de cumprir ou retardar, que são condutas ou com a negação de permanência, que admite ten-
omissivas. tativa, pois a pessoa pode conseguir permanecer na
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos in- instituição.
dispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Pena: detenção, 6 meses a 1 ano + multa.
Lei, quando requisitados pelo Ministério Público. Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária
É o crime de obstrução à atuação do MP para in- relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso,
struir ação civil específica. O objeto jurídico é o bem como qualquer outro documento com objetivo
poder do MP de requisitar informações; o sujeito de assegurar recebimento ou ressarcimento de
ativo pode ser qualquer pessoa; sujeito passivo é o dívida:
MP e os idosos; tipo subjetivo é o dolo; não admite Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e
tentativa porque são condutas omissivas/negativas. multa.
Pena: reclusão, 6 meses a 1 ano + multa. É o crime de retenção de cartão bancário ou docu-
Art. 101.  Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, mento do idoso.
sem justo motivo, a execução de ordem judicial ex- Objeto jurídico: patrimônio.
pedida nas ações em que for parte ou interveniente Sujeito ativo: qualquer pessoa.
o idoso: Sujeito passivo: idoso.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e Tipo subjetivo: dolo.
multa. Tipo objetivo: se consuma com a retenção, não ad-
Descreve o crime de desobediência a ordem judi- mitindo tentativa. Caso resulte em apropriação de
cial em ações de interesse do idoso. rendimentos, enquadra-se no artigo 102.
Objeto jurídico: administração da justiça. Pena: detenção, 6 meses a 2 anos + multa.
Sujeito ativo: qualquer pessoa. Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de co-
Sujeito passivo: Estado e idoso. municação, informações ou imagens depreciativas
Tipo subjetivo: dolo. ou injuriosas à pessoa do idoso:
Tipo objetivo: não se refere a descumprir uma or- Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
dem em ação civil pública, baseada nos artigos 78 a Trata-se do crime de publicidade depreciativa ou
92 do Estatuto (artigo 100, IV, EI), mas em qualquer injuriosa à pessoa idosa.
ação em que o idoso seja parte ou interveniente, ad- Objeto jurídico: dignidade, honra e imagem.
mitindo tentativa nas condutas de frustrar e retardar Sujeito ativo: qualquer pessoa.
e não na de deixar de cumprir. Sujeito passivo: idoso.
Pena: detenção, 6 meses a 1 ano + multa. Tipo subjetivo: dolo.
Art. 102.  Apropriar-se de ou desviar bens, proven- Tipo objetivo: se consuma com a exibição ou veicu-
tos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, lação, que por serem condutas comissivas admitem
dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade: tentativa.
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. Pena: detenção, 1 a 3 anos + multa.

É o crime de apropriação ou desvio de bens ou Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de
rendimentos do idoso. seus atos a outorgar procuração para fins de admin-
Objeto jurídico: patrimônio. istração de bens ou deles dispor livremente:

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Sujeito ativo: qualquer pessoa. Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Sujeito passivo: idoso. Trata-se do crime de indução de pessoa idosa sem
Tipo subjetivo: dolo. discernimento a dispor de seus bens.
Tipo objetivo: o crime se caracteriza com a apropri- Objeto jurídico: patrimônio.
ação ou o desvio, assim se consumando, aceitando Sujeito ativo: qualquer pessoa.
tentativa caso se frustre a apropriação ou o desvio. Sujeito passivo: idoso sem lucidez (não importa se
Pena: reclusão, 1 a 4 anos + multa. não foi interditado).
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência Tipo subjetivo: dolo.
do idoso, como abrigado, por recusa deste em outor- Tipo objetivo: se consuma com o ato de outorga, ca-
gar procuração à entidade de atendimento: bendo tentativa em tese.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e Pena: reclusão, 2 a 4 anos.
multa. Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar,
É o crime de negativa de abrigo por entidade de contratar, testar ou outorgar procuração:
atendimento ao idoso. Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Objeto jurídico: saúde e patrimônio. Trata-se de crime de coação de pessoa idosa à dilapi-
Sujeito ativo: responsável por entidade de atendi- dação de seu patrimônio.
mento ou outra pessoa com poderes de recusar Objeto jurídico: liberdade e patrimônio.
abrigo (crime próprio). Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: idoso. Sujeito passivo: idoso.
Tipo subjetivo: dolo. Tipo subjetivo: dolo.

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Tipo objetivo: se consuma com a coação, cabendo em “Art. 141. [...] IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta)
tese tentativa se a coação não gerar o resultado esper- anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de
ado. injúria. [...]”
Pena: reclusão, 2 a 5 anos. “Art. 148. [...] § 1o [...] I – se a vítima é ascendente,
Art. 108.  Lavrar ato notarial que envolva pessoa descendente, cônjuge do agente ou maior de 60 (ses-
idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida senta) anos. [...]”
representação legal: “Art. 159. [...] § 1o Se o sequestro dura mais de 24
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18
Lavratura de ato notarial sem representação legal do (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime
idoso incapaz é cometido por bando ou quadrilha. [...]”
Objeto jurídico: patrimônio. “Art. 183. [...] III – se o crime é praticado contra pessoa
Sujeito ativo: tabelião ou escrivão público, ou escre- com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.” (NR)
vente de cartório de registros públicos (crime próp- “Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a sub-
rio). sistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (de-
Sujeito passivo: idoso sem lucidez (não importa se zoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascend-
não foi interditado). ente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes
Tipo subjetivo: dolo. proporcionando os recursos necessários ou faltando
Tipo objetivo: se consuma com o ato de lavratura, ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente
cabendo tentativa. acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa,
Pena: reclusão, 2 a 4 anos. de socorrer descendente ou ascendente, gravemente
enfermo: [...]”
TÍTULO VII Art. 111. O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de ou-
Disposições Finais e Transitórias tubro de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa
a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
Art. 109.  Impedir ou embaraçar ato do represent- “Art. 21. [...] Parágrafo único. Aumenta-se a pena de
ante do Ministério Público ou de qualquer outro 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60
agente fiscalizador: (sessenta) anos.” (NR)
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455,
Descreve o crime de impedimento ou embaraço de de 7 de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte
ato de representante do Ministério Público ou de redação:
qualquer outro agente fiscalizador. “Art. 1o [...] §4º [...] II – se o crime é cometido contra
Objeto jurídico: fiscalização de entidades de idoso. criança, gestante, portador de deficiência, adoles-
Sujeito ativo: qualquer pessoa. cente ou maior de 60 (sessenta) anos; [...]».
Sujeito passivo: Ministério Público ou agente fiscali- Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21
zador. de outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinte
Tipo subjetivo: dolo. redação:
Tipo objetivo: impedir ou embaraçar representante “Art. 18. [...] III – se qualquer deles decorrer de asso-
do MP ou outro agente, não admitindo tentativa. ciação ou visar a menores de 21 (vinte e um) anos ou
Pena: reclusão, 6 meses a 1 ano + multa. a pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de anos ou a
1940, Código Penal, passa a vigorar com as seguintes quem tenha, por qualquer causa, diminuída ou
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alterações: suprimida a capacidade de discernimento ou de auto-


“Art. 61. [...] II [...] h) contra criança, maior de 60 (ses- determinação: [...]”.
senta) anos, enfermo ou mulher grávida; [...]” Art. 114. O art. 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro
“Art. 121. [...] § 4o No homicídio culposo, a pena é de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de “Art. 1o  As pessoas portadoras de deficiência, os
inobservância de regra técnica de profissão, arte idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas acom-
socorro à vítima, não procura diminuir as conse- panhadas por crianças de colo terão atendimento
quências do seu ato, ou foge para evitar prisão em prioritário, nos termos desta Lei.»
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é au- Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará
mentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado ao Fundo Nacional de Assistência Social, até que
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de o Fundo Nacional do Idoso seja criado, os recursos
60 (sessenta) anos.» necessários, em cada exercício financeiro, para apli-
“Art. 133. [...] § 3o [...] III - se a vítima é maior de 60 cação em programas e ações relativos ao idoso.
(sessenta) anos.” (NR) Art. 116.  Serão incluídos nos censos demográficos
dados relativos à população idosa do País.
“Art. 140. [...] § 3o Se a injúria consiste na utilização
de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congres-
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora so Nacional projeto de lei revendo os critérios de
de deficiência: [...]» concessão do Benefício de Prestação Continuada
previsto na Lei Orgânica da Assistência Social, de for-

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ma a garantir que o acesso ao direito seja condizente Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:
com o estágio de desenvolvimento socioeconômico al- Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
cançado pelo País. Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Art. 118.  Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (no- Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
venta) dias da sua publicação, ressalvado o disposto Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencio-
no caput do art. 36, que vigorará a partir de 1o de ja- nadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título, valor ou
neiro de 2004. qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou
Brasília, 1o de outubro de 2003; 182o da Independên- desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
cia e 115o da República. Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer
das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que ne-
gociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou
CRIME ORGANIZADO (LEI Nº 9.034/1995) imóvel de que tem a posse, sem autorização de quem
de direito.
Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou
A Lei nº 9.034 de 1995 previa sobre a utilização repartição pública competente, relativamente a ope-
de meios operacionais para a prevenção e repressão ração ou situação financeira, sonegando-lhe informa-
de ações praticadas por organizações criminosas. Em ção ou prestando-a falsamente:
2013, a mesma foi revogada expressamente pela Lei nº Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
12.850/13, que passou a definir assuntos sobre organiza- Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo,
ção criminosa e investigação criminal. títulos ou valores mobiliários:
I - falsos ou falsificados;
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIO- II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade
NAL competente, em condições divergentes das constantes
do registro ou irregularmente registrados;
LEI Nº 7.492/1986 III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da
legislação;
A Lei nº 7.492/1986 prevê crimes contra o sistema fi- IV - sem autorização prévia da autoridade competen-
nanceiro nacional e outras providências. Vejamos: te, quando legalmente exigida:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação (Veta-
desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou priva- do), juro, comissão ou qualquer tipo de remuneração
do, que tenha como atividade principal ou acessória, sobre operação de crédito ou de seguro, administração
cumulativamente ou não, a captação, intermediação de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio, serviço de
ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de ter- corretagem ou distribuição de títulos ou valores mo-
ceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custó- biliários:
dia, emissão, distribuição, negociação, intermediação Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
ou administração de valores mobiliários. ta.
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira: Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserin-
I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, do ou fazendo inserir, em documento comprobatório
câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de de investimento em títulos ou valores mobiliários, de-
poupança, ou recursos de terceiros; claração falsa ou diversa da que dele deveria constar:

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II - a pessoa natural que exerça quaisquer das ati- Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
vidades referidas neste artigo, ainda que de forma Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemen-
eventual. to exigido pela legislação, em demonstrativos contá-
beis de instituição financeira, seguradora ou institui-
DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO ção integrante do sistema de distribuição de títulos de
NACIONAL valores mobiliários:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, Art. 11. Manter ou movimentar recurso ou valor para-
fabricar ou pôr em circulação, sem autorização escrita lelamente à contabilidade exigida pela legislação:
da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
documento representativo de título ou valor mobili- Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição fi-
ário: nanceira, de apresentar, ao interventor, liquidante, ou
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem im- informações, declarações ou documentos de sua res-
prime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir pros- ponsabilidade:
pecto ou material de propaganda relativo aos papéis Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
referidos neste artigo. ta.
Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente
incompleta sobre instituição financeira: Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indis-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. ponibilidade legal resultante de intervenção, liquida-
ção extrajudicial ou falência de instituição financeira.

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Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a
Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interven- qualquer título, promove, sem autorização legal, a sa-
tor, o liquidante ou o síndico que se apropriar de bem ída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele man-
abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá-lo em tiver depósitos não declarados à repartição federal
proveito próprio ou alheio. competente.
Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário
em falência de instituição financeira, declaração de
público, contra disposição expressa de lei, ato de ofí-
crédito ou reclamação falsa, ou juntar a elas título
cio necessário ao regular funcionamento do sistema
falso ou simulado:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. financeiro nacional, bem como a preservação dos in-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-admi- teresses e valores da ordem econômico-financeira:
nistrador ou falido que reconhecer, como verdadeiro, Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
crédito que não o seja. Art. 24. (VETADO).
Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o li-
quidante ou o síndico, (Vetado) à respeito de assunto DA APLICAÇÃO E DO PROCEDIMENTO CRIMINAL
relativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou fa-
lência de instituição financeira: Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. desta lei, o controlador e os administradores de ins-
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou tituição financeira, assim considerados os diretores,
com autorização obtida mediante declaração (Vetado) gerentes (Vetado).
falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição § 1º Equiparam-se aos administradores de instituição
de valores mobiliários ou de câmbio: financeira (Vetado) o interventor, o liquidante ou o
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. síndico.
Art. 17. Tomar ou receber crédito, na qualidade de § 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em
qualquer das pessoas mencionadas no art. 25, ou de- quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que
ferir operações de crédito vedadas, observado o dis- através de confissão espontânea revelar à autoridade
posto no art. 34 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua
de 1964: (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017) pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. nº 9.080, de 19.7.1995)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei,
I - em nome próprio, como controlador ou na con-
será promovida pelo Ministério Público Federal, pe-
dição de administrador da sociedade, conceder ou
rante a Justiça Federal.
receber adiantamento de honorários, remuneração,
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268
salário ou qualquer outro pagamento, nas condições
do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-
referidas neste artigo;
-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admiti-
II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou
da a assistência da Comissão de Valores Mobiliários
receber lucros de instituição financeira.
- CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito
Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço presta-
do por instituição financeira ou integrante do sistema de atividade sujeita à disciplina e à fiscalização dessa
de distribuição de títulos mobiliários de que tenha co- Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora
nhecimento, em razão de ofício: daquela hipótese, houver sido cometido na órbita de
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização.
Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no
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Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em


instituição financeira: prazo legal, o ofendido poderá representar ao Pro-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. curador-Geral da República, para que este a ofereça,
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um designe outro órgão do Ministério Público para ofe-
terço) se o crime é cometido em detrimento de insti- recê-la ou determine o arquivamento das peças de
tuição financeira oficial ou por ela credenciada para o informação recebidas.
repasse de financiamento. Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições
Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em legais, o Banco Central do Brasil ou a Comissão de
lei ou contrato, recursos provenientes de financiamen- Valores Mobiliários - CVM, verificar a ocorrência de
to concedido por instituição financeira oficial ou por crime previsto nesta lei, disso deverá informar ao Mi-
instituição credenciada para repassá-lo: nistério Público Federal, enviando-lhe os documentos
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. necessários à comprovação do fato.
Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identi- Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo
dade, para realização de operação de câmbio: será observada pelo interventor, liquidante ou síndico
Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. que, no curso de intervenção, liquidação extrajudicial
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para ou falência, verificar a ocorrência de crime de que tra-
o mesmo fim, sonega informação que devia prestar ou ta esta lei.
presta informação falsa. Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, que julgar necessário, poderá requisitar, a qualquer
com o fim de promover evasão de divisas do País: autoridade, informação, documento ou diligência, re-
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. lativa à prova dos crimes previstos nesta lei.

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Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações fi- V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório,
nanceiras não pode ser invocado como óbice ao aten- nota fiscal ou documento equivalente, relativa a ven-
dimento da requisição prevista no caput deste artigo. da de mercadoria ou prestação de serviço, efetiva-
Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Có- mente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a
digo de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº legislação.
3.689, de 3 de outubro de 1941, a prisão preventiva do Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
acusado da prática de crime previsto nesta lei poderá Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência
ser decretada em razão da magnitude da lesão cau- da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá
sada (Vetado). ser convertido em horas em razão da maior ou menor
Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
pena de reclusão, o réu não poderá prestar fiança, atendimento da exigência, caracteriza a infração pre-
nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que vista no inciso V.
primário e de bons antecedentes, se estiver configura- Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei
da situação que autoriza a prisão preventiva. nº 9.964, de 10.4.2000)
Art. 32. (VETADO). I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre
§ 1º (VETADO). rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para
§ 2º (VETADO). eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tri-
§ 3º (VETADO). buto;
Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos cri- II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo
mes previstos nesta lei, o limite a que se refere o § 1º ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na
do art. 49 do Código Penal, aprovado pelo Decreto- qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deve-
ria recolher aos cofres públicos;
-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de.1940, pode ser es-
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o con-
tendido até o décuplo, se verificada a situação nele
tribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a
cogitada. parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de con-
Art. 34. Esta lei entra em vigor na data de sua publi- tribuição como incentivo fiscal;
cação. IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o
Art. 35. Revogam-se as disposições em contrário. estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto libe-
radas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
CRIMES CONTRA A ORDEM ECONÔMICA E TRIBU- V - utilizar ou divulgar programa de processamento
TÁRIA E RELAÇÕES DE CONSUMO. de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação
tributária possuir informação contábil diversa daquela
LEI Nº 8.137/1990 que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
A referida Lei define alguns crimes contra a ordem multa.
tributária, econômica e contra as relações de consumo,
além de prever outras providências. Seção II
Dos crimes praticados por funcionários públicos
Conforme pautado por Ricardo Andreucci (2015, p.
541), muito embora não haja consenso sobre o assun- Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tri-
to, entende-se que a Lei nº 8.137/90 derrogou a Lei nº butária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848,
4.729/65, a qual previa sobre os crimes de sonegação de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI,
fiscal. Capítulo I):

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A Referida Lei é dividida em 4 capítulos, que prevêem: I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer
documento, de que tenha a guarda em razão da fun-
CAPÍTULO I
ção; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente,
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA
Seção I acarretando pagamento indevido ou inexato de tribu-
Dos crimes praticados por particulares to ou contribuição social;
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem,
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária supri- direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
mir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qual- antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, van-
quer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide tagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem,
Lei nº 9.964, de 10.4.2000) para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribui-
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às ção social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão,
autoridades fazendárias; de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elemen- III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
tos inexatos, ou omitindo operação de qualquer na- vado perante a administração fazendária, valendo-se
tureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão,
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
nota de venda, ou qualquer outro documento relativo
à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar do-
cumento que saiba ou deva saber falso ou inexato;

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CAPÍTULO II b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente
DOS CRIMES CONTRA A ECONOMIA E AS RELA- oferecido à venda em conjunto;
ÇÕES DE CONSUMO c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à
venda em separado;
d) aviso de inclusão de insumo não empregado na
Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica:
produção do bem ou na prestação dos serviços;
I - abusar do poder econômico, dominando o mercado
V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens
ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência
ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de
mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de em-
taxa de juros ilegais;
presas; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de
2011). -los a quem pretenda comprá-los nas condições pu-
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de blicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de espe-
2011). culação;
c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via
2011). de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a
d) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se
2011). de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulga-
e) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de
ção publicitária;
2011).
f) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou
2011). mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre proveito próprio ou de terceiros;
ofertantes, visando: (Redação dada pela Lei nº 12.529, IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à
de 2011). venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendi- ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo;
das ou produzidas; (Redação dada pela Lei nº 12.529, Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
de 2011). Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX
b) ao controle regionalizado do mercado por empre- pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e
sa ou grupo de empresas; (Redação dada pela Lei nº a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta
12.529, de 2011). parte.
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede
de distribuição ou de fornecedores. (Redação dada
pela Lei nº 12.529, de 2011). CAPÍTULO III
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa. DAS MULTAS
(Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei,
2011). a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e 360 (tre-
IV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de zentos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessá-
2011). rio e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em
2011). valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200
VI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de (duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN.
2011). Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser
convertida em multa de valor equivalente a:
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

VII - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.529,


de 2011). I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco mi-
Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo: lhões) de BTN, nos crimes definidos no art. 4°;
I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN,
ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao con- nos crimes definidos nos arts. 5° e 6°;
sumo por intermédio de distribuidores ou revendedo- III - 50.000 (cinquenta mil) até 1.000.000 (um milhão
res; de BTN), nos crimes definidos no art. 7°.
II - vender ou expor à venda mercadoria cuja emba- Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a
lagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja situação econômica do réu, verifique a insuficiência ou
em desacordo com as prescrições legais, ou que não excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas
corresponda à respectiva classificação oficial; nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte ou
III - misturar gêneros e mercadorias de espécies di- elevá-las ao décuplo.
ferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como
CAPÍTULO IV
puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por pre-
ço estabelecido para os demais mais alto custo;
Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio
IV - fraudar preços por meio de:
a) alteração, sem modificação essencial ou de qualida- de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos
de, de elementos tais como denominação, sinal externo, nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na me-
marca, embalagem, especificação técnica, descrição, vo- dida de sua culpabilidade.
lume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço;

76
Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário e, em
efetuada por sistema de entrega ao consumo ou por especial, o art. 279 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de
intermédio de outro em que o preço ao consumidor é dezembro de 1940 - Código Penal.
estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou conceden-
te, o ato por este praticado não alcança o distribuidor
ou revendedor. INTERCEPÇÃO TELEFÔNICA (LEI Nº
Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 9.296//1996)
(um terço) até a metade as penas previstas nos arts.
1°, 2° e 4° a 7°:
I - ocasionar grave dano à coletividade; LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996.
II - ser o crime cometido por servidor público no exer-
cício de suas funções; O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
III - ser o crime praticado em relação à prestação de Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou
à saúde. Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas,
Art. 13. (Vetado). de qualquer natureza, para prova em investigação
Art. 14. (Revogado) criminal e em instrução processual penal, observará o
Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz com-
pública, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100 do petente da ação principal, sob segredo de justiça.
Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Có- Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à in-
digo Penal. terceptação do fluxo de comunicações em sistemas de
Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa informática e telemática.
do Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, Art. 2° Não será admitida a interceptação de comu-
fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e nicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os seguintes hipóteses:
elementos de convicção. I - não houver indícios razoáveis da autoria ou partici-
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, come- pação em infração penal;
tidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou par- II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
tícipe que através de confissão espontânea revelar à III - o fato investigado constituir infração penal pu-
autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa nida, no máximo, com pena de detenção.
terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Pará- Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser de-
grafo incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995) scrita com clareza a situação objeto da investigação,
Art. 17. Compete ao Departamento Nacional de Abas- inclusive com a indicação e qualificação dos investi-
tecimento e Preços, quando e se necessário, providen- gados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente
ciar a desapropriação de estoques, a fim de evitar crise justificada.
no mercado ou colapso no abastecimento. Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas
Art. 18. (Revogado) poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a req-
Art. 19. O caput do art. 172 do Decreto-Lei n° 2.848, uerimento:
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, passa a ter I - da autoridade policial, na investigação criminal;
a seguinte redação: II - do representante do Ministério Público, na investi-
“Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda gação criminal e na instrução processual penal.

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


que não corresponda à mercadoria vendida, em quan- Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação tel-
tidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. efônica conterá a demonstração de que a sua reali-
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul- zação é necessária à apuração de infração penal, com
ta”. indicação dos meios a serem empregados.
Art. 20. O § 1° do art. 316 do Decreto-Lei n° 2 848, § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o
de 7 de dezembro de 1940 Código Penal, passa a ter pedido seja formulado verbalmente, desde que este-
a seguinte redação: jam presentes os pressupostos que autorizem a inter-
“Art. 316. ............................................................ ceptação, caso em que a concessão será condicionada
§ 1° Se o funcionário exige tributo ou contribuição so- à sua redução a termo.
cial que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas,
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gra- decidirá sobre o pedido.
voso, que a lei não autoriza; Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa”. nulidade, indicando também a forma de execução da
Art. 21. O art. 318 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze
dezembro de 1940 Código Penal, quanto à fixação da dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada
pena, passa a ter a seguinte redação: a indispensabilidade do meio de prova.
“Art. 318. ............................................................ Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial con-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa”. duzirá os procedimentos de interceptação, dando
Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua publi- ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar
cação. a sua realização.

77
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação A nova redação ainda diz que se da conduta resulta
da comunicação interceptada, será determinada a sua lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor
transcrição. de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos, a pena
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial en- prevista será de reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
caminhará o resultado da interceptação ao juiz, acom- E se da conduta resulta morte, a previsão é de pena
panhado de auto circunstanciado, que deverá conter o de reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
resumo das operações realizadas. Há o crime de violação sexual mediante fraude, que
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a o CP define este crime por meio da conduta de o agente
providência do art. 8° , ciente o Ministério Público. ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou
trata esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
serviços e técnicos especializados às concessionárias Pena de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
de serviço público. Se o crime de violação sexual mediante fraude é
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, cometido com o fim de obter vantagem econômica,
de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, aplica-se também a pena de multa, além, óbvio da pena
apensados aos autos do inquérito policial ou do pro- privativa de liberdade.
cesso criminal, preservando-se o sigilo das diligências, O crime de assédio sexual  passa a ter a pena é au-
gravações e transcrições respectivas. mentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (de-
Parágrafo único. A apensação somente poderá ser re- zoito) anos.
alizada imediatamente antes do relatório da autori- Temos os crimes sexuais contra vulnerável, sendo tipi-
dade, quando se tratar de inquérito policial (Código ficado a conduta de induzir alguém menor de 14 (cator-
de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na conclusão do ze) anos a satisfazer a lascívia de outrem, pena de reclu-
processo ao juiz para o despacho decorrente do dis- são, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
posto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo
Penal.
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será FIQUE ATENTO!
inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a Para esses crimes, procede-se mediante
instrução processual ou após esta, em virtude de req- ação penal pública condicionada à repre-
uerimento do Ministério Público ou da parte interes- sentação. Procede-se, entretanto, median-
sada. te ação penal pública incondicionada se
Parágrafo único. O incidente de inutilização será as- a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou
sistido pelo Ministério Público, sendo facultada a pre- pessoa vulnerável.
sença do acusado ou de seu representante legal.
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de co-
municações telefônicas, de informática ou telemática, Esta lei trata também do lenocídio e do tráfico de
ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judi- pessoas para fim de prostituição ou de outra forma de
cial ou com objetivos não autorizados em lei. exploração sexual.
Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. O favorecimento da prostituição ou outra forma de
Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- exploração sexual é definido como induzir ou atrair al-
cação. guém à prostituição ou outra forma de exploração sexual,
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone,
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

pena de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 


Brasília, 24 de julho de 1996; 175º da Independência e Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão,
108º da República. enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, pre-
ceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei
ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigi-
CORRUPÇÃO DE MENORES (LEI Nº lância, a pena prevista é de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito)
12.015/2009) anos.
Manter, por conta própria ou de terceiro, estabele-
cimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não,
LEI Nº 12.015, DE 7 DE AGOSTO DE 2009 intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou
gerente, também é crime.
A Lei nº 12.015/2009, altera alguns dispositivos do O crime de rufianismo passa a ter um parágrafo que
Código Penal e também da Lei dos Crimes Hediondos. trata da circunstância de a vítima ser menor de 18 (dezoi-
Com esta alteração, o Título VI do Código Penal passa to) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometi-
a tratar dos Crimes contra a Dignidade Sexual. do por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado,
Assim, o crime de estupro passa a ter a seguinte de- cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou
finição: empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou
Constranger alguém, mediante violência ou grave outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilân-
ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir cia, com pena prevista de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis)
que com ele se pratique outro ato libidinoso, com pena anos, e multa. 
de reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

78
Mas, se o crime de rufianismo é cometido mediante Se da conduta resulta lesão corporal de natureza gra-
violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ve, a pena prevista é de reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte)
ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima, a anos. 
pena cominada é de reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, Se da conduta resulta morte, pena cominada de re-
sem prejuízo da pena correspondente à violência. clusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
O tráfico internacional de pessoa para fim de explo- Crime de satisfação de lascívia mediante presença de
ração sexual é a conduta em que o agente promove ou criança ou adolescente, praticar, na presença de alguém
facilita a entrada, no território nacional, de alguém que menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar,
nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satis-
exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la fazer lascívia própria ou de outrem, pena de reclusão, de
no estrangeiro, pena de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.  2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Incorre na mesma pena acima citada aquele que Vamos estudar o favorecimento da prostituição ou
agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim outra forma de exploração sexual de vulnerável. Este cri-
como, tendo conhecimento dessa condição, transportá- me é definido pelo fato de o agente submeter, induzir ou
-la, transferi-la ou alojá-la.  atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual
Porém, a pena é aumentada da metade se:  alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfer-
• a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;  midade ou deficiência mental, não tem o necessário dis-
• a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, cernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou
não tem o necessário discernimento para a prática dificultar que a abandone. Pena de reclusão, de 4 (qua-
do ato;  tro) a 10 (dez) anos. 
• se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, Se esse crime é praticado com o fim de obter vanta-
irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou gem econômica, aplica-se também multa. 
curador, preceptor ou empregador da vítima, ou Incorre nas mesmas penas acima citadas: 
se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de • quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidi-
cuidado, proteção ou vigilância; ou  noso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior
• há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.  de 14 (catorze) anos; 
• o proprietário, o gerente ou o responsável pelo
Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem local em que se verifiquem as práticas acima re-
econômica, aplica-se também multa. feridas (ou seja, induzir ou atrair à prostituição ou
Trata ainda do crime de tráfico interno de pessoa para outra forma de exploração sexual alguém menor
fim de exploração sexual, ato de promover ou facilitar o de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou
deslocamento de alguém dentro do território nacional deficiência mental, não tem o necessário discerni-
para o exercício da prostituição ou outra forma de explo- mento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou
ração sexual, pena de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, dificultar que a abandone). 
vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, ten-
do conhecimento dessa condição, transportá-la, transfe- Nesta última hipótese, constitui efeito obrigatório da
ri-la ou alojá-la.  condenação a cassação da licença de localização e de
A pena é aumentada da metade se:  funcionamento do estabelecimento. 
• a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;  Esses crimes podem ter a pena aumentada de meta-
• a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, de, se do crime resultar gravidez, ou de um sexto até a
metade, se o agente transmite à vítima doença sexual-

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


não tem o necessário discernimento para a prática
do ato;  mente transmissível de que sabe ou deveria saber ser
• se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, portador.
irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou Os processos em que se apuram esses crimes corre-
curador, preceptor ou empregador da vítima, ou rão em segredo de justiça.
se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de O art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, Lei de
cuidado, proteção ou vigilância; ou  Crimes Hediondos, passa a vigorar com a nova redação,
• há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.  ou seja, inclui:
• o estupro: Constranger alguém, mediante violência
Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a pra-
econômica, aplica-se também multa. ticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
Inclui no Código Penal alguns crime. libidinoso, com pena de reclusão, de 6 (seis) a 10
Estupro de vulnerável, a condute de ter conjunção (dez) anos. Se da conduta resulta lesão corporal de
carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (de-
(catorze) anos, com pena prevista de reclusão, de 8 (oito) zoito) ou maior de 14 (catorze) anos, a pena previs-
a 15 (quinze) anos.  ta será de reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. E
Incorre na mesma pena quem pratica as ações acima se da conduta resulta morte, a previsão é de pena
descritas com alguém que, por enfermidade ou deficiên- de reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
cia mental, não tem o necessário discernimento para a • estupro de vulnerável: Estupro de vulnerável, a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não condute de ter conjunção carnal ou praticar ou-
pode oferecer resistência.  tro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos,

79
com pena prevista de reclusão, de 8 (oito) a 15
CRIMES ELEITORAIS (LEI Nº 4.373/1965)
(quinze) anos. Incorre na mesma pena quem pra-
tica as ações acima descritas com alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o ne- Código Eleitoral
cessário discernimento para a prática do ato, ou
que, por qualquer outra causa, não pode oferecer CAPÍTULO II
resistência. Se da conduta resulta lesão corporal de DOS CRIMES ELEITORAIS
natureza grave, a pena prevista é de reclusão, de
10 (dez) a 20 (vinte) anos. Se da conduta resulta Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor:
morte, pena cominada de reclusão, de 12 (doze) a Pena - Reclusão até cinco anos e pagamento de cinco
a 15 dias-multa.
30 (trinta) anos. 
Art. 290 Induzir alguém a se inscrever eleitor com in-
A Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar
fração de qualquer dispositivo deste Código.
acrescida do seguinte artigo: 
Pena - Reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30
dias-multa.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de me-
Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição
nor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração
de alistando.
penal ou induzindo-o a praticá-la: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
Pena - Reclusão até 5 anos e pagamento de cinco a
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
quinze dias-multa.
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-
Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária,
-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de
sem fundamento legal, a inscrição requerida:
bate-papo da internet. 
Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa.
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são au- Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o
mentadas de um terço no caso de a infração cometida alistamento:
ou induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no Pena - Detenção de 15 dias a seis meses ou paga-
8.072, de 25 de julho de 1990. mento de 30 a 60 dias-multa.
Art. 294. (Revogado pela Lei nº 8.868, de 14.4.1994)
Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor:
EXERCÍCIO COMENTADO Pena - Detenção até dois meses ou pagamento de 30
a 60 dias-multa.
Art. 296. Promover desordem que prejudique os tra-
1. (PC-RJ – Delegado – FUNCAB – 2012) Uma jovem, ao balhos eleitorais;
sair da faculdade à noite, é rendida por um homem que Pena - Detenção até dois meses e pagamento de 60 a
a estupra brutalmente, proferindo-lhe várias ameaças. 90 dias-multa.
Aproveitando-se de uma distração do bandido e Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:
temendo por sua vida, a vítima empreende fuga correndo Pena - Detenção até seis meses e pagamento de 60 a
desesperadamente e, ao atravessar a rua, é atropelada 100 dias-multa.
por um veículo que passava pelo local,morrendo imedia- Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro de mesa re-
tamente. Na qualidade de Delegado de Polícia, assinale ceptora, fiscal, delegado de partido ou candidato, com
a alternativa que contempla a correta tipificação da con- violação do disposto no Art. 236:
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

duta daquele que atacou a jovem. Pena - Reclusão até quatro anos.
Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber,
a) Estupro. para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer
b) Estupro qualificado pelo resultado morte. outra vantagem, para obter ou dar voto e para con-
c) Homicídio e estupro em concurso formal. seguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não
d) Homicídio e estupro em concurso material. seja aceita:
e) Homicídio. Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco
a quinze dias-multa.
Resposta: Letra A. Na nova redação do crime de es- Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade
tupro, foi substituída a palavra fato por conduta. Com para coagir alguém a votar ou não votar em determi-
isso, na hipótese da questão, o autor responde apenas nado candidato ou partido:
pelo crime de estupro. Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a
100 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário
da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se
do cargo a pena é agravada.
Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para co-
agir alguém a votar, ou não votar, em determinado
candidato ou partido, ainda que os fins visados não
sejam conseguidos:

80
Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco qüente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada
a quinze dias-multa. a expedição pelos fiscais, delegados ou candidatos
Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de presentes:
impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto a Pena - pagamento de 90 a 120 dias-multa.
concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclu- Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a con-
sive o fornecimento gratuito de alimento e transporte tagem fôr procedida pela mesa receptora incorrerão
coletivo: na mesma pena o presidente e os mesários que não
Pena - reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e paga- expedirem imediatamente o respectivo boletim.
mento de 200 a 300 dias-multa.
Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de recol-
necessários à realização de eleições, tais como trans- her as cédulas apuradas na respectiva urna, fechá-la
porte e alimentação de eleitores, impressão, publici- e lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada
dade e divulgação de matéria eleitoral. seção e antes de passar à subsequente, sob qualquer
Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa. pretexto e ainda que dispensada a providencia pelos
Art. 304. Ocultar, sonegar açambarcar ou recusar no fiscais, delegados ou candidatos presentes:
dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90
de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou a 120 dias-multa.
conceder exclusividade dos mesmos a determinado Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a con-
partido ou candidato: tagem dos votos fôr procedida pela mesa receptora
incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários
Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa. que não fecharem e lacrarem a urna após a contagem.
Art. 305. Intervir autoridade estranha à mesa recep- Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de
tora, salvo o juiz eleitoral, no seu funcionamento sob apuração a votação obtida por qualquer candidato
qualquer pretexto: ou lançar nesses documentos votação que não cor-
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a responda às cédulas apuradas:
90 dias-multa. Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
dias-multa.
Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores
devem ser chamados a votar: Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da
Pena - pagamento de 15 a 30 dias-multa. eleição ou da apuração os protestos devidamente for-
Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinala- mulados ou deixar de remetê-los à instância superior:
da ou por qualquer forma marcada: Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.
dias-multa. Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos
invólucros.
Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra Pena - reclusão de três a cinco anos.
oportunidade que não a de entrega da mesma ao elei- Art. 318. Efetuar a mesa receptora a contagem dos vo-
tor. tos da urna quando qualquer eleitor houver votado
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a sob impugnação (art. 190):
90 dias-multa. Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a
60 dias-multa.

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de
em lugar de outrem: registro de um ou mais partidos:
Pena - reclusão até três anos. Pena - detenção até 1 mês ou pagamento de 10 a 30
Art. 310. Praticar, ou permitir membro da mesa recep- dias-multa.
tora que seja praticada, qualquer irregularidade que Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em
determine a anulação de votação, salvo no caso do dois ou mais partidos:
Art. 311: Pena - pagamento de 10 a 20 dias-multa.
Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 Art. 321. Colher a assinatura do eleitor em mais de
a 120 dias-multa. uma ficha de registro de partido:
Art. 311. Votar em seção eleitoral em que não está Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 20
inscrito, salvo nos casos expressamente previstos, e a 40 dias-multa.
permitir, o presidente da mesa receptora, que o voto Art. 322. (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997)
seja admitido: Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe in-
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15 veridicos, em relação a partidos ou candidatos e ca-
dias-multa para o eleitor e de 20 a 30 dias-multa para pazes de exercerem influência perante o eleitorado:
o presidente da mesa. Pena - detenção de dois meses a um ano, ou paga-
Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto: mento de 120 a 150 dias-multa.
Pena - detenção até dois anos. Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é
Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de ex- cometido pela imprensa, rádio ou televisão.
pedir o boletim de apuração imediatamente após a
apuração de cada urna e antes de passar à subse-

81
Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90
ou visando fins de propaganda, imputando-lhe falsa- a 120 dias-multa.
mente fato definido como crime:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e paga- Art. 332. Impedir o exercício de propaganda:
mento de 10 a 40 dias-multa. Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a
§ 1° Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a 60 dias-multa.
imputação, a propala ou divulga. Art. 333.  (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997)
§ 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas,
crime, mas não é admitida: distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação pri- propaganda ou aliciamento de eleitores:
vada, o ofendido, não foi condenado por sentença ir- Pena - detenção de seis meses a um ano e cassação do
recorrível; registro se o responsável fôr candidato.
II - se o fato é imputado ao Presidente da República ou
chefe de governo estrangeiro; Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o forma, em língua estrangeira:
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Pena - detenção de três a seis meses e pagamento de
30 a 60 dias-multa.
Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral,
ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração
ofensivo à sua reputação: ao presente artigo importa na apreensão e perda do
Pena - detenção de três meses a um ano, e pagamento material utilizado na propaganda.
de 5 a 30 dias-multa.
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela in-
admite se ofendido é funcionário público e a ofensa é fração de qualquer dos artigos. 322, 323, 324, 325,
relativa ao exercício de suas funções. 326,328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz
verificar, de acordo com o seu livre convencionamen-
Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou to, se diretório local do partido, por qualquer dos seus
visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a digni- membros, concorreu para a prática de delito, ou dela
dade ou o decoro: se beneficiou conscientemente.
Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório
a 60 dias-multa. responsável pena de suspensão de sua atividade elei-
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: toral por prazo de 6 a 12 meses, agravada até o dobro
I - se o ofendido, de forma reprovável, provocou dire- nas reincidências.
tamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em Art. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que
outra injúria. não estiver no gozo dos seus direitos políticos, de ativi-
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de dades partidárias inclusive comícios e atos de propa-
fato, que, por sua natureza ou meio empregado, se ganda em recintos fechados ou abertos:
considerem aviltantes: Pena - detenção até seis meses e pagamento de 90 a
Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento 120 dias-multa.
de 5 a 20 dias-multa, além das penas correspondentes Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o respon-
à violência prevista no Código Penal. sável pelas emissoras de rádio ou televisão que au-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

torizar transmissões de que participem os menciona-


Art. 327. As penas cominadas nos artigos. 324, 325 dos neste artigo, bem como o diretor de jornal que
e 326, aumentam-se de um terço, se qualquer dos lhes divulgar os pronunciamentos.
crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República ou chefe de gov- Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a priori-
erno estrangeiro; dade prevista no Art. 239:
II - contra funcionário público, em razão de suas fun- Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa.
ções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que Art. 339 - Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo
facilite a divulgação da ofensa. votos, ou documentos relativos à eleição:
Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 5
Art. 328. (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997) a 15 dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário
Art. 329. (Revogado pela Lei nº 9.504, de 30.9.1997) da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se
do cargo, a pena é agravada.
Art. 330. Nos casos dos artigos. 328 e 329 se o agente
Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer,
repara o dano antes da sentença final, o juiz pode re-
ainda que gratuitamente, subtrair ou guardar urnas,
duzir a pena.
objetos, mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da
Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de prop-
Justiça Eleitoral:
aganda devidamente empregado:

82
Pena - reclusão até três anos e pagamento de 3 a 15 Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a 10
dias-multa. dias-multa.
Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário
da Justiça Eleitoral e comete o crime prevalecendo-se Art. 350. Omitir, em documento público ou particular,
do cargo, a pena é agravada. declaração que dêle devia constar, ou nele inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia
Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o di- ser escrita, para fins eleitorais:
retor ou qualquer outro funcionário de órgão oficial Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a
federal, estadual, ou municipal, as decisões, citações 15 dias-multa, se o documento é público, e reclusão
ou intimações da Justiça Eleitoral: até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a documento é particular.
60 dias-multa. Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental
é funcionário público e comete o crime prevalecendo-
Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Públi- se do cargo ou se a falsificação ou alteração é de as-
co, no prazo legal, denúncia ou deixar de promover a sentamentos de registro civil, a pena é agravada.
execução de sentença condenatória: Art. 351. Equipara-se a documento (348,349 e 350)
para os efeitos penais, a fotografia, o filme cine-
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 matográfico, o disco fonográfico ou fita de ditafone a
a 90 dias-multa. que se incorpore declaração ou imagem destinada à
prova de fato juridicamente relevante.
Art. 343. Não cumprir o juiz o disposto no § 3º do Art.
357: Ar. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício da
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 função pública, firma ou letra que o não seja, para fins
a 90 dias-multa. eleitorais:
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a
Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem 15 dias-multa se o documento é público, e reclusão
justa causa: até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 documento é particular.
a 120 dias-multa.
Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos falsi-
qualquer funcionário dos órgãos da Justiça Eleitoral, ficados ou alterados, a que se referem os artigos. 348
nos prazos legais, os deveres impostos por êste Código, a 352:
se a infração não estiver sujeita a outra penalidade: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Pena - pagamento de trinta a noventa dias-multa.
        Art. 354. Obter, para uso próprio ou de outrem, docu-
Art. 346. Violar o disposto no Art. 377: mento público ou particular, material ou ideologica-
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a mente falso para fins eleitorais:
60 dias-multa. Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autori-
dade responsável, os servidores que prestarem serviços Lei Complementar 64/90
e os candidatos, membros ou diretores de partido que
derem causa à infração.
Art. 25. Constitui crime eleitoral a arguição de inel-

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


egibilidade, ou a impugnação de registro de candidato
Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência
feito por interferência do poder econômico, desvio ou
a diligências, ordens ou instruções da Justiça Eleitoral
abuso do poder de autoridade, deduzida de forma te-
ou opor embaraços à sua execução:
merária ou de manifesta má-fé:
Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento
Pena: detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
de 10 a 20 dias-multa.
multa de 20 (vinte) a 50 (cinquenta) vezes o valor do
Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento Bônus do Tesouro Nacional (BTN) e, no caso de sua
público, ou alterar documento público verdadeiro, extinção, de título público que o substitua.
para fins eleitorais:
Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15 Lei 9.504/97
a 30 dias-multa.
§ 1º Se o agente é funcionário público e comete o Art. 39 § 5º Constituem crimes, no dia da eleição,
crime prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada. puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com
§ 2º Para os efeitos penais, equipara-se a documento a alternativa de prestação de serviços à comunidade
público o emanado de entidade paraestatal inclusive pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a
Fundação do Estado. quinze mil UFIR:
I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a
Ar. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento promoção de comício ou carreata;
particular ou alterar documento particular verdadeiro, II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de
para fins eleitorais: boca de urna;

83
III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda
de partidos políticos ou de seus candidatos. CRIMES DE TRÂNSITO (CÓDIGO DE TRANSI-
TO BRASILEIRO - LEI Nº 9.503/1997)
Art. 33 § 4º A divulgação de pesquisa fraudulenta
constitui crime, punível com detenção de seis meses
Lei nº 9.503/1997 – aspectos penais e processuais
a um ano e multa no valor de cinquenta mil a cem
(Crimes de Trânsito)
mil UFIR.
Aos crimes cometidos na direção de veículos automo-
Art. 34 § 2º O não cumprimento do disposto neste
tores, previstos neste Código, aplicam-se as normas ge-
artigo ou qualquer ato que vise a retardar, impedir ou
rais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se
dificultar a ação fiscalizadora dos partidos constitui
este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como
crime, punível com detenção, de seis meses a um
a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que cou-
ano, com a alternativa de prestação de serviços à
ber. Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal
comunidade pelo mesmo prazo, e multa no valor de
culposa o disposto na Lei do Juizado Especial, exceto se:
dez mil a vinte mil UFIR.
• sob a influência de álcool ou qualquer outra subs-
§ 3º A comprovação de irregularidade nos dados pub-
tância psicoativa que determine dependência.
licados sujeita os responsáveis às penas mencionadas
• participando, em via pública, de corrida, disputa
no parágrafo anterior, sem prejuízo da obrigatorie-
ou competição automobilística, de exibição ou
dade da veiculação dos dados corretos no mesmo
demonstração de perícia em manobra de veículo
espaço, local, horário, página, caracteres e outros el-
automotor, não autorizada pela autoridade com-
ementos de destaque, de acordo com o veículo usado.
petente.
• transitando em velocidade superior à máxima
Art. 40. O uso, na propaganda eleitoral, de símbolos,
permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilô-
frases ou imagens, associadas ou semelhantes às em-
metros por hora).
pregadas por órgão de governo, empresa pública ou
sociedade de economia mista constitui crime, punível
O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes pre-
com detenção, de seis meses a um ano, com a alter-
vistas no Código Penal, dando especial atenção à culpa-
nativa de prestação de serviços à comunidade pelo
bilidade do agente e às circunstâncias e consequências
mesmo período, e multa no valor de dez mil a vinte
do crime.
mil UFIR.
A suspensão ou a proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser
Art. 68. O boletim de urna, segundo modelo aprovado
imposta isolada ou cumulativamente com outras pena-
pelo Tribunal Superior Eleitoral, conterá os nomes e os
lidades.
números dos candidatos nela votados.
A penalidade de suspensão ou de proibição de se
§ 1º O Presidente da Mesa Receptora é obrigado a
obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo
entregar cópia do boletim de urna aos partidos e coli-
automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
gações concorrentes ao pleito cujos representantes o
Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu
requeiram até uma hora após a expedição.
será intimado a entregar à autoridade judiciária, em qua-
§ 2º O descumprimento do disposto no parágrafo an-
renta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira
terior constitui crime, punível com detenção, de um a
de Habilitação.
três meses, com a alternativa de prestação de serviço
A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor


a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
de um mil a cinco mil UFIR.
não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de conde-
nação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional.
Art. 72. Constituem crimes, puníveis com reclusão, de
Em qualquer fase da investigação ou da ação penal,
cinco a dez anos:
havendo necessidade para a garantia da ordem públi-
ca, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a
I - obter acesso a sistema de tratamento automático
requerimento do Ministério Público ou ainda mediante
de dados usado pelo serviço eleitoral, a fim de alterar
representação da autoridade policial, decretar, em decisão
a apuração ou a contagem de votos;
motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para
II - desenvolver ou introduzir comando, instrução, ou
dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
programa de computador capaz de destruir, apagar,
Da decisão que decretar a suspensão ou a medida
eliminar, alterar, gravar ou transmitir dado, instrução
cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministé-
ou programa ou provocar qualquer outro resultado
rio Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito
diverso do esperado em sistema de tratamento au-
suspensivo.
tomático de dados usados pelo serviço eleitoral;
A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proi-
III - causar, propositadamente, dano físico ao equipa-
bição de se obter a permissão ou a habilitação será sem-
mento usado na votação ou na totalização de votos
pre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho
ou a suas partes.
Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito
do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou
residente.

84
Se o réu for reincidente na prática de crime previsto
neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI
da permissão ou habilitação para dirigir veículo automo- Nº9.099/95 - CAPITULO III)
tor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
A penalidade de multa reparatória consiste no paga-
mento, mediante depósito judicial em favor da vítima, Capítulo III
ou seus sucessores, de quantia calculada com base no Dos Juizados Especiais Criminais
disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que Disposições Gerais
houver prejuízo material resultante do crime. 
São circunstâncias que sempre agravam as penalida- Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes
des dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo co- togados ou togados e leigos, tem competência para a
metido a infração: conciliação, o julgamento e a execução das infrações
• com dano potencial para duas ou mais pessoas penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as re-
ou com grande risco de grave dano patrimonial a gras de conexão e continência.
terceiros Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o
• utilizando o veículo sem placas, com placas falsas juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da apli-
ou adulteradas. cação das regras de conexão e continência, observar-
• sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de -se-ão os institutos da transação penal e da composi-
Habilitação. ção dos danos civis.
• com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habili-
tação de categoria diferente da do veículo. Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor po-
• quando a sua profissão ou atividade exigir cuida- tencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contra-
dos especiais com o transporte de passageiros ou venções penais e os crimes a que a lei comine pena
de carga. máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou
• utilizando veículo em que tenham sido adultera- não com multa.
dos equipamentos ou características que afetem a
sua segurança ou o seu funcionamento de acordo Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orien-
com os limites de velocidade prescritos nas espe- tar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, in-
cificações do fabricante. formalidade, economia processual e celeridade, obje-
• sobre faixa de trânsito temporária ou permanen- tivando, sempre que possível, a reparação dos danos
temente destinada a pedestres. sofridos pela vítima e a aplicação de pena não priva-
tiva de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.603,
Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de de 2018)
trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em
flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e inte-
gral socorro àquela. Comentários aos artigos 60, 61 e 62: Fica a cargo da
A Lei nº 13.805, de 10 de janeiro de 2019, que dispõe Lei de Organização Judiciária de cada Estado fazer a op-
sobre medidas de prevenção e repressão ao contraban- ção pela inclusão de leigos no âmbito dos Juizados. Esses
do, ao descaminho, ao furto, ao roubo e à receptação. juízes leigos jamais terão competência para o julgamen-
Além disso, altera as Leis nos 9.503, de 23 de setembro to, limitam- se à conciliação. A homologação de eventual
de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), e 6.437, de 20 de acordo deve ser feita exclusivamente pelo juiz togado.
agosto de 1977. - Ainda que a competência dos JECrim para o proces-

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Isso significa que o condutor que se utilize de veícu- so e julgamento de infrações de menor potencial
lo para a prática do crime de receptação, descaminho, ofensivo derive do art. 98, I, da CF/88, ela admite
contrabando, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A, do modificações, sendo, portanto, COMPETÊNCIARE-
CP, condenado por um desses crimes em decisão judicial LATIVA
transitada em julgado, terá cassado seu documento de
habilitação ou será proibido de obter a habilitação para
Seção I
dirigir veículo automotor pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Da Competência e dos Atos Processuais
O condutor condenado poderá requerer sua reabili-
tação, submetendo-se a todos os exames necessários à
Art. 63. A competência do Juizado será determinada
habilitação, na forma disciplinada do Código de Trânsito
pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
Brasileiro.
No caso do condutor preso em flagrante na prática
dos crimes de receptação, descaminho, contrabando, Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão
poderá o juiz, em qualquer fase da investigação ou da realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da
ação penal, se houver necessidade para a garantia da semana, conforme dispuserem as normas de organi-
ordem pública, como medida cautelar, de ofício, ou a zação judiciária.
requerimento do Ministério Público ou ainda mediante
representação da autoridade policial, decretar, em deci- Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que
são motivada, a suspensão da permissão ou da habilita- preencherem as finalidades para as quais foram reali-
ção para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua zados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta
obtenção. Lei.

85
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não
tenha havido prejuízo. sendo possível a realização imediata da audiência pre-
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas liminar, será designada data próxima, da qual ambos
poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comu- sairão cientes.
nicação.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente Comentário: Pode ocorrer de uma das partes, ou até
os atos havidos por essenciais. Os atos realizados em ambas as partes não comparecerem à audiência por al-
audiência de instrução e julgamento poderão ser gra- gum motivo, sendo ele particular ou por força maior, e
vados em fita magnética ou equivalente. acontecer desta audiência ser designada para um outro
dia. Quando isso acontece, as partes têm que ser devi-
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio damente intimadas para a próxima audiência que se fará
Juizado, sempre que possível, ou por mandado. realizar.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser
citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos
comum para adoção do procedimento previsto em lei. envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação
e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com
arts. 67 e 68 desta Lei.
aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pes-
soa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o represen-
encarregado da recepção, que será obrigatoriamente
tante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima
identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça,
e, se possível, o responsável civil, acompanhados por
independentemente de mandado ou carta precatória,
seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilida-
ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência de da composição dos danos e da aceitação da pro-
considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os inte- posta de aplicação imediata de pena não privativa de
ressados e defensores. liberdade.

Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por
mandado de citação do acusado, constará a necessi- conciliador sob sua orientação.
dade de seu comparecimento acompanhado de advo- Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da
gado, com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe- Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferente-
-á designado defensor público. mente entre bacharéis em Direito, excluídos os que
exerçam funções na administração da Justiça Crimi-
Comentário art. 67 e 68: As intimações ou notifica- nal.
ções são permitidas por qualquer meio válido (princípio
da informalidade). Assim, a intimação pode ser feita por Comentário: A conciliação entre as partes será rea-
correspondência com A. R., por oficial de justiça, fax, te- lizada por um juiz titular do Juizado, ou ainda por um
lefone, e-mail etc. Conciliador. O conciliador é uma pessoa nomeada pe-
rante o juiz, que tenha um conhecimento breve perante
as normas, mas não obrigatoriamente precisa ter o cur-
Seção II so superior em bacharel em Direito. Este Conciliador é
Da Fase Preliminar considerado, dentro da classificação dos entes atuantes
no judiciário, como auxiliares da Justiça, assim como os
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento Oficiais de Justiça e Comissários de Menor.
da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o enca-
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida
minhará imediatamente ao Juizado, com o autor do
a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença
fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no
exames periciais necessários.
juízo civil competente.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavra-
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de inicia-
tura do termo, for imediatamente encaminhado ao tiva privada ou de ação penal pública condicionada à
juizado ou assumir o compromisso de a ele compare- representação, o acordo homologado acarreta a re-
cer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá núncia ao direito de queixa ou representação.
fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá
determinar, como medida de cautela, seu afastamento
do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. Comentário: Na composição civil dos danos, o foco
são os interesses patrimoniais e, portanto, de natureza
Comentário: Termo circunstanciado: a autoridade individual disponível. Não há necessidade de intervenção
policial lavrará o termo e encaminhará ao Juizado o au- do MP, a não ser que se trate de causa em que haja inte-
tor do fato e a vítima, requisitando os exames periciais resse de incapazes.
necessários. Direito Público Subjetivo (art. 69, parágrafo Ocorrendo a composição de danos civis, o acordo
único). É vedada a prisão em flagrante ou exigência de será reduzido a escrito e homologado pelo juiz mediante
fiança se o autor do fato comprometer-se a comparecer sentença irrecorrível, que terá eficácia de título a ser exe-
ao Juizado. cutado no juízo cível competente.

86
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será ofensivo, ainda que haja lastro probatório suficiente para
dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de o oferecimento de denúncia, desde que o autor do fato
exercer o direito de representação verbal, que será re- preencha os requisitos objetivos e subjetivos do art. 76,
duzida a termo. ao invés do MP oferecer denúncia, deve propor a transa-
Parágrafo único. O não oferecimento da representa- ção penal, com a aplicação imediata de penas restritivas
ção na audiência preliminar não implica decadência de direito ou multa.
do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto
em lei. Seção III
Do Procedimento Sumaríssimo
Comentário: Caso não haja composição civil a vítima
pode exercer a representação/queixa oral Na audiência, Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando
que será reduzida a termo. não houver aplicação de pena, pela ausência do autor
Importante ilustrar que a representação pode ser do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista
oferecida perante a autoridade policial, o MP ou o juízo no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao
(art. 39 do CPP), não necessariamente após a composição Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver neces-
civil não obtida. sidade de diligências imprescindíveis.
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será ela-
A representação não exige formalismo, bastando que borada com base no termo de ocorrência referido no
fique evidenciado o interesse da vítima na persecução pe- art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial,
nal. prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando
a materialidade do crime estiver aferida por boletim
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de cri- médico ou prova equivalente.
me de ação penal pública incondicionada, não sendo § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não
caso de arquivamento, o Ministério Público poderá permitirem a formulação da denúncia, o Ministério
propor a aplicação imediata de pena restritiva de di- Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento
reitos ou multas, a ser especificada na proposta. das peças existentes, na forma do parágrafo único do
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única art. 66 desta Lei.
aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática complexidade e as circunstâncias do caso determinam
de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença a adoção das providências previstas no parágrafo úni-
definitiva; co do art. 66 desta Lei.
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no
prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida
ou multa, nos termos deste artigo; a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social ficará citado e imediatamente cientificado da designa-
e a personalidade do agente, bem como os motivos e ção de dia e hora para a audiência de instrução e jul-
as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção gamento, da qual também tomarão ciência o Ministério
da medida. Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu § 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na
defensor, será submetida à apreciação do Juiz. forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita audiência de instrução e julgamento, devendo a ela tra-

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pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva zer suas testemunhas ou apresentar requerimento para
de direitos ou multa, que não importará em reincidên- intimação, no mínimo cinco dias antes de sua realização.
cia, sendo registrada apenas para impedir novamente § 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável
o mesmo benefício no prazo de cinco anos. civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei
para comparecerem à audiência de instrução e julga-
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior cabe- mento.
rá a apelação referida no art. 82 desta Lei. § 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na for-
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste ma prevista no art. 67 desta Lei.
artigo não constará de certidão de antecedentes cri-
minais, salvo para os fins previstos no mesmo disposi- Art. 79. No dia e hora designados para a audiência
tivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados de instrução e julgamento, se na fase preliminar não
propor ação cabível no juízo cível. tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação
e de oferecimento de proposta pelo Ministério Públi-
Comentário: Havendo representação ou tratan- co, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75
do-se de crime de ação penal pública incondicionada, desta Lei.
poderá ocorrer a transação penal, a qual é acordo ce-
lebrado entre o MP (ou querelante, nos crimes de ação Comentários aos artigos 77, 78 e 79: O rito suma-
privada) e o autor do fato delituoso, por meio da qual é ríssimo é adotado para julgamento das infrações penais
proposta a aplicação imediata de pena restritiva de direi- de menor potencial ofensivo, quais sejam, as contraven-
tos ou multa, evitando-se, assim, a instauração do pro- ções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima
cesso. Quando se trata de infração de menor potencial não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa.

87
Caso o autor dos fatos não compareça à audiência § 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta
preliminar ou não ocorra as hipóteses previstas no arti- escrita no prazo de dez dias.
go 76 da Lei, o Ministério Público oferecerá, oralmente, § 3º As partes poderão requerer a transcrição da gra-
denúncia, se não houver a necessidade da realização de vação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65
diligência imprescindível. desta Lei.
O MP em caso de complexidade, poderá requerer o § 4º As partes serão intimadas da data da sessão de
encaminhamento das peças existentes, pois sua denun- julgamento pela imprensa.
cia se baseará nos relatos do Termo Circunstanciado ela- § 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fun-
borado pela Autoridade Policial. damentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.
Em caso de ação penal de inciativa privada, a queixa
também poderá ser oral, sendo que a denuncia ou queixa Comentários aos artigos 81 e 82: Caso a denúncia
oral serão reduzidas a escrito e uma cópia será entregue ou queixa sejam rejeitadas, caberá apelação da decisão
ao autor dos fatos ficando citado e imediatamente cien- no prazo de 10 dias, contados da ciência da sentença
tificado da data da audiência de instrução e julgamento, pelo MP, réu e defensor. Ainda, caberá apelação da sen-
devendo apresentar suas testemunhas. O ofendido será tença em que absolver ou condenar o acusado.
intimado da data e hora da referida audiência. O recurso de apelação deverá ser apresentado por
Sendo a denúncia recebida, ouvir-se-á a vítima, as petição escrita, constando dessa as razões e os pedidos
testemunhas de acusação, as testemunhas de defesa, do recorrente. Frise- se que o recorrido terá 10 dias para
o acusado será interrogado, passando-se aos debates apresentar suas contrarrazões.
orais. A apelação poderá ser julgada por turma composta
por 3 juízes em exercício 1º grau de jurisdição, reunidos
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o na sede do Juizado.
Juiz, quando imprescindível, a condução coercitiva de
quem deva comparecer. Art. 83. Caberão embargos de declaração quando, em
sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradi-
Comentário: Como a autodefesa é renunciável, ção, omissão ou dúvida. (Vide Lei nº 13.105, de 2015)
tendo o acusado o direito de permanecer em silêncio, § 1º Os embargos de declaração serão opostos por es-
prevalece que não é possível que o juiz determine sua crito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados
condução coercitiva, salvo se necessária para eventual da ciência da decisão.
reconhecimento de pessoas, meio de prova que não está § 2º Quando opostos contra sentença, os embargos de
protegido pelo princípio que veda a autoincriminação. declaração suspenderão o prazo para o recurso. (Vide
A Lei 9.099 confere à defesa a oportunidade de se Lei nº 13.105, de 2015)
manifestar oralmente antes de haver o recebimento da § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
peça acusatória (defesa preliminar oral).
Comentário: os embargos de declaração serão opos-
tos no prazo de 5 dias, contados da ciência da decisão.
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao
Este caberá quando houver obscuridade, contradição,
defensor para responder à acusação, após o que o Juiz
omissão ou dúvida acerca da sentença. Deverão ser
receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo re-
opostos por escrito ou oralmente.
cebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas
Os Embargos de Declaração contra sentença SUS-
de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acu-
PENDEM o prazo para interpor outro recurso. Já os Em-
sado, se presente, passando-se imediatamente aos de-
bargos de Declaração contra Acórdão da Turma Recursal,
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bates orais e à prolação da sentença.


INTERROMPEM o prazo para interpor out
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência
de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou Seção IV
excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou Da Execução
protelatórias.
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado ter- Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu
mo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve cumprimento far-se-á mediante pagamento na Secre-
resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e taria do Juizado.
a sentença. Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz decla-
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os rará extinta a punibilidade, determinando que a con-
elementos de convicção do Juiz. denação não fique constando dos registros criminais,
exceto para fins de requisição judicial.
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa
e da sentença caberá apelação, que poderá ser jul- Comentário: O presente artigo dispõe que, sendo a
gada por turma composta de três Juízes em exercício pena de multa aplicada exclusivamente sem cumprimen-
no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do to se dará mediante o seu pagamento, quando o Juiz
Juizado. declarará extinta a punibilidade do autor.
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, No caso da suspensão do processo, expirado o prazo,
contados da ciência da sentença pelo Ministério Públi- o Juiz declarará extinta a punibilidade. Caso a multa não
co, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual seja paga, a procuradoria fiscal deverá proceder à execu-
constarão as razões e o pedido do recorrente. ção da pena de multa.

88
Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista nes-
feita a conversão em pena privativa da liberdade, ou te artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores
restritiva de direitos, nos termos previstos em lei. termos.

Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos
e restritivas de direitos, ou de multa cumulada com processos penais cuja instrução já estiver iniciada.
estas, será processada perante o órgão competente, (Vide ADIN nº 1.719-9)
nos termos da lei.
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no
Seção V âmbito da Justiça Militar.
Das Despesas Processuais
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir re-
Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e presentação para a propositura da ação penal pública,
aplicação de pena restritiva de direitos ou multa (arts. o ofendido ou seu representante legal será intimado
74 e 76, § 4º), as despesas processuais serão reduzidas, para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de
conforme dispuser lei estadual. decadência.

Seção VI Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições


Disposições Finais dos Códigos Penal e de Processo Penal, no que não
forem incompatíveis com esta Lei.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da le-
gislação especial, dependerá de representação a ação Capítulo IV
penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e Disposições Finais Comuns
lesões culposas.
Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Jui-
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima comina- zados Especiais Cíveis e Criminais, sua organização,
da for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não composição e competência.
por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a de-
núncia, poderá propor a suspensão do processo, por Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados,
dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja e as audiências realizadas fora da sede da Comarca,
sendo processado ou não tenha sido condenado por em bairros ou cidades a ela pertencentes, ocupando
outro crime, presentes os demais requisitos que auto- instalações de prédios públicos, de acordo com audi-
rizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do ências previamente anunciadas.
Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios cria-
presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá rão e instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis
suspender o processo, submetendo o acusado a perío- meses, a contar da vigência desta Lei.
do de prova, sob as seguintes condições: Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, conta-
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê- do da publicação desta Lei, serão criados e instalados os
-lo; Juizados Especiais Itinerantes, que deverão dirimir, priori-
II - proibição de frequentar determinados lugares; tariamente, os conflitos existentes nas áreas rurais ou nos

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locais de menor concentração populacional.
m autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, Art. 96. Esta Lei entra em vigor no prazo de sessenta
mensalmente, para informar e justificar suas ativida- dias após a sua publicação.
des. Art. 97. Ficam revogadas a Lei nº 4.611, de 2 de abril
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que de 1965 e a Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 1984.
fica subordinada a suspensão, desde que adequadas
ao fato e à situação pessoal do acusado. Brasília, 26 de setembro de 1995; 174º da Indepen-
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, dência e 107º da República.
o beneficiário vier a ser processado por outro crime FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação Nelson A. Jobim
do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado
vier a ser processado, no curso do prazo, por contra-
venção, ou descumprir qualquer outra condição im-
posta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará
extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de sus-
pensão do processo.

89
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empre-
JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS (LEI Nº sas públicas federais.
10.259/2001) Art. 7o As citações e intimações da União serão feitas
na forma prevista nos arts. 35 a 38 da Lei Comple-
mentar no 73, de 10 de fevereiro de 1993.
Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cí-
Parágrafo único. A citação das autarquias, fundações
veis e Criminais no âmbito da Justiça Federal.
e empresas públicas será feita na pessoa do represen-
tante máximo da entidade, no local onde proposta a
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
causa, quando ali instalado seu escritório ou represen-
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
tação; se não, na sede da entidade.
Art. 8o As partes serão intimadas da sentença, quando
Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e
não proferida esta na audiência em que estiver pre-
Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica,
sente seu representante, por ARMP (aviso de recebi-
no que não conflitar com esta Lei, o disposto na  Lei
mento em mão própria).
no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
§ 1o As demais intimações das partes serão feitas na
Art. 2o  Compete ao Juizado Especial Federal Criminal
pessoa dos advogados ou dos Procuradores que ofi-
processar e julgar os feitos de competência da Justi-
ciem nos respectivos autos, pessoalmente ou por via
ça Federal relativos às infrações de menor potencial
postal.
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continên-
§ 2o Os tribunais poderão organizar serviço de intima-
cia. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
ção das partes e de recepção de petições por meio ele-
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o
trônico.
juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente da apli-
Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática
cação das regras de conexão e continência, observar-
de qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de
-se-ão os institutos da transação penal e da composi-
direito público, inclusive a interposição de recursos,
ção dos danos civis. (Redação dada pela Lei nº 11.313,
devendo a citação para audiência de conciliação ser
de 2006)
efetuada com antecedência mínima de trinta dias.
Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível pro-
Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, repre-
cessar, conciliar e julgar causas de competência da
sentantes para a causa, advogado ou não.
Justiça Federal até o valor de sessenta salários míni-
Parágrafo único. Os representantes judiciais da União,
mos, bem como executar as suas sentenças.
autarquias, fundações e empresas públicas federais,
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Espe-
bem como os indicados na forma do caput, ficam au-
cial Cível as causas:
torizados a conciliar, transigir ou desistir, nos proces-
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Consti-
sos da competência dos Juizados Especiais Federais.
tuição Federal, as ações de mandado de segurança, de
Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao Jui-
desapropriação, de divisão e demarcação, populares,
zado a documentação de que disponha para o escla-
execuções fiscais e por improbidade administrativa e
recimento da causa, apresentando-a até a instalação
as demandas sobre direitos ou interesses difusos, cole-
da audiência de conciliação.
tivos ou individuais homogêneos;
Parágrafo único. Para a audiência de composição dos
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e funda-
danos resultantes de ilícito criminal (arts. 71, 72 e 74
ções públicas federais;
da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995), o re-
III - para a anulação ou cancelamento de ato adminis-
presentante da entidade que comparecer terá poderes
trativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o
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para acordar, desistir ou transigir, na forma do art. 10.


de lançamento fiscal;
Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena
conciliação ou ao julgamento da causa, o Juiz nome-
de demissão imposta a servidores públicos civis ou de
ará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até
sanções disciplinares aplicadas a militares.
cinco dias antes da audiência, independentemente de
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vin-
intimação das partes.
cendas, para fins de competência do Juizado Especial,
§ 1o Os honorários do técnico serão antecipados à
a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor
conta de verba orçamentária do respectivo Tribunal
referido no art. 3o, caput.
e, quando vencida na causa a entidade pública, seu
§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado
valor será incluído na ordem de pagamento a ser feita
Especial, a sua competência é absoluta.
em favor do Tribunal.
Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das
§ 2o Nas ações previdenciárias e relativas à assistência
partes, deferir medidas cautelares no curso do proces-
social, havendo designação de exame, serão as partes
so, para evitar dano de difícil reparação.
intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e in-
Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admi-
dicar assistentes.
tido recurso de sentença definitiva.
Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá
Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal
reexame necessário.
Cível:
Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpre-
I – como autores, as pessoas físicas e as microem-
tação de lei federal quando houver divergência entre
presas e empresas de pequeno porte, assim definidas
decisões sobre questões de direito material proferidas
na Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996;
por Turmas Recursais na interpretação da lei.

90
§ 1o O pedido fundado em divergência entre Turmas Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia
da mesma Região será julgado em reunião conjunta certa, após o trânsito em julgado da decisão, o pa-
das Turmas em conflito, sob a presidência do Juiz Co- gamento será efetuado no prazo de sessenta dias,
ordenador. contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz,
§ 2o O pedido fundado em divergência entre decisões à autoridade citada para a causa, na agência mais
de turmas de diferentes regiões ou da proferida em próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do
contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante Brasil, independentemente de precatório.
do STJ será julgado por Turma de Uniformização, inte- § 1o Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição
grada por juízes de Turmas Recursais, sob a presidên- Federal, as obrigações ali definidas como de pequeno
cia do Coordenador da Justiça Federal. valor, a serem pagas independentemente de precató-
§ 3o A reunião de juízes domiciliados em cidades diver- rio, terão como limite o mesmo valor estabelecido nes-
sas será feita pela via eletrônica. ta Lei para a competência do Juizado Especial Federal
§ 4o Quando a orientação acolhida pela Turma de Uni- Cível (art. 3o, caput).
formização, em questões de direito material, contra- § 2o Desatendida a requisição judicial, o Juiz determi-
riar súmula ou jurisprudência dominante no Superior nará o seqüestro do numerário suficiente ao cumpri-
Tribunal de Justiça -STJ, a parte interessada poderá mento da decisão.
provocar a manifestação deste, que dirimirá a diver- § 3o São vedados o fracionamento, repartição ou que-
gência. bra do valor da execução, de modo que o pagamento
§ 5o No caso do § 4o, presente a plausibilidade do di- se faça, em parte, na forma estabelecida no § 1o deste
reito invocado e havendo fundado receio de dano de artigo, e, em parte, mediante expedição do precatório,
difícil reparação, poderá o relator conceder, de ofício e a expedição de precatório complementar ou suple-
ou a requerimento do interessado, medida liminar mentar do valor pago.
determinando a suspensão dos processos nos quais a § 4o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido
controvérsia esteja estabelecida. no § 1o, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do
§ 6o Eventuais pedidos de uniformização idênticos, precatório, sendo facultado à parte exeqüente a re-
núncia ao crédito do valor excedente, para que possa
recebidos subseqüentemente em quaisquer Turmas
optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da
Recursais, ficarão retidos nos autos, aguardando-se
forma lá prevista.
pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça.
Art. 18. Os Juizados Especiais serão instalados por de-
§ 7o Se necessário, o relator pedirá informações ao
cisão do Tribunal Regional Federal. O Juiz presidente
Presidente da Turma Recursal ou Coordenador da Tur-
do Juizado designará os conciliadores pelo período de
ma de Uniformização e ouvirá o Ministério Público, no
dois anos, admitida a recondução. O exercício dessas
prazo de cinco dias. Eventuais interessados, ainda que
funções será gratuito, assegurados os direitos e prerro-
não sejam partes no processo, poderão se manifestar, gativas do jurado (art. 437 do Código de Processo Penal).
no prazo de trinta dias. Parágrafo único. Serão instalados Juizados Especiais
§ 8o Decorridos os prazos referidos no § 7o, o relator Adjuntos nas localidades cujo movimento forense não
incluirá o pedido em pauta na Seção, com preferência justifique a existência de Juizado Especial, cabendo ao
sobre todos os demais feitos, ressalvados os processos Tribunal designar a Vara onde funcionará.
com réus presos, os habeas corpus e os mandados de Art. 19. No prazo de seis meses, a contar da publica-
segurança. ção desta Lei, deverão ser instalados os Juizados Es-
§ 9o Publicado o acórdão respectivo, os pedidos reti- peciais nas capitais dos Estados e no Distrito Federal.
dos referidos no § 6o serão apreciados pelas Turmas Parágrafo único. Na capital dos Estados, no Distrito

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Recursais, que poderão exercer juízo de retratação ou Federal e em outras cidades onde for necessário, neste
declará-los prejudicados, se veicularem tese não aco- último caso, por decisão do Tribunal Regional Federal,
lhida pelo Superior Tribunal de Justiça. serão instalados Juizados com competência exclusiva
para ações previdenciárias.
§ 10. Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa pode-
Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de rá ser proposta no Juizado Especial Federal mais pró-
suas competências, expedirão normas regulamentan- ximo do foro definido no art. 4o da Lei no 9.099, de 26
do a composição dos órgãos e os procedimentos a se- de setembro de 1995, vedada a aplicação desta Lei no
rem adotados para o processamento e o julgamento juízo estadual.
do pedido de uniformização e do recurso extraordi- Art. 21. As Turmas Recursais serão instituídas por de-
nário. cisão do Tribunal Regional Federal, que definirá sua
Art. 15. O recurso extraordinário, para os efeitos desta composição e área de competência, podendo abran-
Lei, será processado e julgado segundo o estabelecido ger mais de uma seção.
nos §§ 4o a 9o do art. 14, além da observância das nor- Art. 22. Os Juizados Especiais serão coordenados por
mas do Regimento. Juiz do respectivo Tribunal Regional, escolhido por
Art. 16. O cumprimento do acordo ou da sentença, seus pares, com mandato de dois anos.
com trânsito em julgado, que imponham obrigação de Parágrafo único. O Juiz Federal, quando o exigirem as
fazer, não fazer ou entrega de coisa certa, será efetua- circunstâncias, poderá determinar o funcionamento
do mediante ofício do Juiz à autoridade citada para a do Juizado Especial em caráter itinerante, mediante
causa, com cópia da sentença ou do acordo. autorização prévia do Tribunal Regional Federal, com
antecedência de dez dias.

91
Art. 23. O Conselho da Justiça Federal poderá limi- Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência
tar, por até três anos, contados a partir da publicação da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá
desta Lei, a competência dos Juizados Especiais Cíveis, ser convertido em horas em razão da maior ou menor
atendendo à necessidade da organização dos serviços complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
judiciários ou administrativos. atendimento da exigência, caracteriza a infração pre-
Art. 24. O Centro de Estudos Judiciários do Conselho vista no inciso V.
da Justiça Federal e as Escolas de Magistratura dos Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei
Tribunais Regionais Federais criarão programas de in- nº 9.964, de 10.4.2000)
formática necessários para subsidiar a instrução das I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre
causas submetidas aos Juizados e promoverão cursos rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para
de aperfeiçoamento destinados aos seus magistrados eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de
e servidores. tributo;
Art. 25. Não serão remetidas aos Juizados Especiais as II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo
demandas ajuizadas até a data de sua instalação. ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na
Art. 26. Competirá aos Tribunais Regionais Federais qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deve-
prestar o suporte administrativo necessário ao funcio- ria recolher aos cofres públicos;
namento dos Juizados Especiais. III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o con-
Art. 27. Esta Lei entra em vigor seis meses após a data tribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a
de sua publicação. parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de con-
Brasília, 12 de julho de 2001; 180o da Independência e tribuição como incentivo fiscal;
113o da República. IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o
estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto lib-
eradas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁ- V - utilizar ou divulgar programa de processamento
RIA, ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação
tributária possuir informação contábil diversa daquela
DE CONSUMO (LEI Nº 8.137/1990)
que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
LEI Nº 8.137, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990.
Seção II
Dos crimes praticados por funcionários públicos
Define crimes contra a ordem tributária, econômica e
contra as relações de consumo, e dá outras providências. Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tribu-
tária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capí-
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: tulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer
CAPÍTULO I documento, de que tenha a guarda em razão da fun-
Dos Crimes Contra a Ordem Tributária ção; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente,
Seção I acarretando pagamento indevido ou inexato de tribu-
Dos crimes praticados por particulares to ou contribuição social;
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem,


Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, van-
qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: tagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem,
(Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de
autoridades fazendárias; 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elemen- III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
tos inexatos, ou omitindo operação de qualquer na- vado perante a administração fazendária, valendo-se
tureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão,
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
nota de venda, ou qualquer outro documento relativo
à operação tributável;
CAPÍTULO II
Dos crimes Contra a Economia e as Relações de
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar doc-
Consumo
umento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório,
Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica:
nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda I - abusar do poder econômico, dominando o mercado
de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente re- ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência
alizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de em-
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. presas; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).

92
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens
2011). ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de taxa de juros ilegais;
2011). VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-
c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de los a quem pretenda comprá-los nas condições publi-
2011). camente ofertadas, ou retê-los para o fim de especu-
d) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de lação;
2011). VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de
e) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a na-
2011). tureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de
f) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação
2011). publicitária;
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou
ofertantes, visando: (Redação dada pela Lei nº 12.529, mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em
de 2011). proveito próprio ou de terceiros;
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendi- IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à
das ou produzidas; (Redação dada pela Lei nº 12.529, venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima
de 2011). ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo;
Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
b) ao controle regionalizado do mercado por empre- Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX
sa ou grupo de empresas; (Redação dada pela Lei nº pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e
12.529, de 2011). a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede parte.
de distribuição ou de fornecedores. (Redação dada
pela Lei nº 12.529, de 2011). CAPÍTULO III
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa. Das Multas
(Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).
III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta
2011). lei, a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e 360
IV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de (trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja
2011). necessário e suficiente para reprovação e prevenção
V - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de do crime.
2011). Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em
VI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 12.529, de valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200
2011). (duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN.
VII - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser
Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo: convertida em multa de valor equivalente a:
I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco mil-
ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao hões) de BTN, nos crimes definidos no art. 4°;
consumo por intermédio de distribuidores ou revende- II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN,
dores; nos crimes definidos nos arts. 5° e 6°;
III - 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um milhão

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embal-
agem, tipo, especificação, peso ou composição esteja de BTN), nos crimes definidos no art. 7°.
em desacordo com as prescrições legais, ou que não Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a
corresponda à respectiva classificação oficial; situação econômica do réu, verifique a insuficiência ou
III - misturar gêneros e mercadorias de espécies difer- excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas
entes, para vendê-los ou expô-los à venda como nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte ou
puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades elevá-las ao décuplo.
desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por
preço estabelecido para os demais mais alto custo; CAPÍTULO IV
IV - fraudar preços por meio de: Das Disposições Gerais
a) alteração, sem modificação essencial ou de quali-
dade, de elementos tais como denominação, sinal ex- Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio
de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos
terno, marca, embalagem, especificação técnica, de-
nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na me-
scrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem
dida de sua culpabilidade.
ou serviço;
Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for
b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente
efetuada por sistema de entrega ao consumo ou por
oferecido à venda em conjunto;
intermédio de outro em que o preço ao consumidor é
c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à
estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou conceden-
venda em separado;
te, o ato por este praticado não alcança o distribuidor
d) aviso de inclusão de insumo não empregado na ou revendedor.
produção do bem ou na prestação dos serviços;

93
Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3
(um terço) até a metade as penas previstas nos arts. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CON-
1°, 2° e 4° a 7°: TRA A MULHER “LEI MARIA DA PENHA”
I - ocasionar grave dano à coletividade; (LEI Nº 11.340/2006)
II - ser o crime cometido por servidor público no exer-
cício de suas funções;
III - ser o crime praticado em relação à prestação de Na abertura deste material, apresentamos um resu-
serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou mo das considerações da doutrinadora Maria Berenice
à saúde. Dias2 sobre a Lei Maria da Penha. Seu trabalho contribui
Art. 13. (Vetado). por levantar a discussão sobre a efetividade do referido
Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal diploma, demonstrando-a por meio de uma explicação
pública, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100 do detalhada sobre o procedimento que deve ser seguido
Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 nas ações penais que envolvem a violência doméstica.
Neste ponto é esclarecedor, a partir do momento no qual
- Código Penal. explica de maneira suficiente e breve os papeis da auto-
Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa ridade policial, do Ministério Público, do magistrado, dos
do Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, advogados, da vítima e do agressor em se tratando de
fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e crimes no âmbito da relação familiar.
a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os Contribui ao destacar a importância da figura do
elementos de convicção. tratamento psicológico e hospitalar do agressor, o que
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, pode contribuir para o aumento de denúncias e para a
cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou diminuição da violência doméstica. De fato, muitas vezes
partícipe que através de confissão espontânea revelar a vítima deixa de fazer a denúncia porque o agressor é o
à autoridade policial ou judicial toda a trama delit- responsável pelo sustento do lar.
uosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. Por outro lado, é de se considerar que o artigo traz
(Parágrafo incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995) apenas a posição da autora no tocante à espécie de ação
Art. 17. Compete ao Departamento Nacional de penal aplicável no caso de lesões corporais leves ou cul-
Abastecimento e Preços, quando e se necessário, posas cometidas no âmbito da relação familiar. Para Dias,
providenciar a desapropriação de estoques, a fim de a ação penal em tais casos será sempre incondicionada,
evitar crise no mercado ou colapso no abastecimento. diante do afastamento da Lei n. 9.099/95. Referido en-
Art. 19. O caput do art. 172 do Decreto-Lei n° 2.848, tendimento tem sido abarcado nas principais cortes bra-
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, passa a ter sileiras, inclusive resultando em súmula do STJ:
a seguinte redação:
Súmula 542, STJ. A ação penal relativa ao crime de
“Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda
lesão corporal resultante de violência doméstica contra a
que não corresponda à mercadoria vendida, em
mulher é pública incondicionada.
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul- Em que pesem as controvérsias, a Lei Maria da Penha
ta”. foi fundamental para uma mudança no modo pelo qual
Art. 20. O § 1° do art. 316 do Decreto-Lei n° 2 848, de a sociedade encarava a violência doméstica contra a mu-
7 de dezembro de 1940 Código Penal, passa a ter a lher, que muitas vezes era vista com indiferença. Ante-
seguinte redação: riormente, a denúncia da violência poucas vezes gerava a
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

“Art. 316. ............................................................ punição efetiva do agressor, o que levava aos constantes
§ 1° Se o funcionário exige tributo ou contribuição casos de reincidência.
social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando A Lei Maria da Penha trouxe instrumentos impor-
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gra- tantes para uma postura proativa do Estado perante o
voso, que a lei não autoriza; problema da violência doméstica contra a mulher, dan-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa”. do-lhe instrumentos de atuação mais eficientes para a
Art. 21. O art. 318 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de realização da justiça em seu significado mais profundo,
dezembro de 1940 Código Penal, quanto à fixação da não apenas como a aplicação fria e cega de regras, mas
pena, passa a ter a seguinte redação: como instrumentos de mudança social em prol da eman-
“Art. 318. ............................................................ cipação do ser humano.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa”.
1) Uma justificativa
Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua pub-
licação. A Lei Maria da Penha foi recebida pelos juristas com
Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário e, em desconfiança, constituindo objeto de várias críticas, que
especial, o art. 279 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de em geral buscam desqualificá-la, suscitando dúvidas,
dezembro de 1940 - Código Penal. apontando erros, identificando imprecisões e até mesmo
proclamando inconstitucionalidades, tudo isto servindo
Brasília, 27 de dezembro de 1990; 169° da Independ- de motivo para impedir sua efetividade.
ência e 102° da República. 2 DIAS, Maria Berenice. A efetividade da lei Maria da Penha. Revista
Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, n. 64, ano 14, p. 297-
312, jan./fev. 2007.

94
No entanto, todas estas críticas apenas demonstram Lei n. 9.099/95, a definição de competência deixou de
uma injustificável resistência às mudanças na postura pertencer exclusivamente à esfera do Judiciário.
de enfrentamento da violência doméstica, que sempre O STF julgou nas ADI 4424 e ADC 19:
foi alvo de absoluto descaso por parte do ordenamento - o artigo 1º da Lei é constitucional, logo ela não fere
jurídico, principalmente a partir do momento no qual a os princípios constitucionais da igualdade e pro-
lesão corporal leve passou a ser considerada como crime porcionalidade (não é desproporcional ou ilegíti-
de pequeno potencial ofensivo (podendo os conflitos ser mo o uso do sexo como critério de diferenciação,
solucionados de forma consensual). Além disso, tornou-se visto que a mulher é eminentemente vulnerável no
popular a punição com o pagamento de cestas básicas, tocante a constrangimentos físicos, morais e psico-
o que banalizou ainda mais a violência doméstica e a in- lógicos sofridos em âmbito privado);
tegridade física da vítima. A Lei Maria da Penha veio para - o artigo 33 da Lei da mesma forma é constitucional,
mudar esta perspectiva. portanto, enquanto não forem organizados os Jui-
zados de Violência Doméstica e Familiar, compete
às varas criminais o julgamento destas causas;
2) Os avanços
- também é constitucional o artigo 44 da Lei, assim, aos
A Lei Maria da Penha trouxe benefícios significativos e crimes praticados com violência doméstica e familiar
de efeito imediato. O maior avanço foi a criação dos Jui- contra a mulher, não se aplica a Lei 9.099/95 (Pre-
zados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher cedente STF, HC 106.212/MS, Plenário, 24/03/2011);
(JVDFM), com competência cível e criminal (artigo 14). - os artigos 12, I; 16 e 41 da Lei Maria da Penha foram
O ideal seria que os JVDFM fossem instalados em interpretados conforme a Constituição para assen-
todas as comarcas imediatamente, com especialistas tar a natureza incondicionada da ação penal em
(juízes, promotores e defensores) no atendimento das caso de crime de lesão corporal, praticado median-
demandas, equipes de atendimento multidisciplinar in- te violência doméstica e familiar contra a mulher.
tegrada por profissionais das áreas psicossocial, jurídica
e de saúde (artigo 29) e serviço de assistência judiciária 4) Competência
(artigo 34). No entanto, até que isto ocorra foi atribuída A violência doméstica está fora do âmbito dos Juiza-
às Varas Criminais competência cível e criminal (artigos dos Especiais Criminais, e estes não poderão mais apre-
11 e 33), o que se justifica diante do afastamento da apli- ciar tal matéria. A instalação dos JDFM é imprescindível e
cação da Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis e Crimi- deve ser feita logo que possível.
nais) (artigo 41). Destaca-se que cada denúncia de violência doméstica
Outro avanço se encontra no artigo 27, que garante à pode gerar duas demandas, porque tanto o expediente
vítima o acesso aos serviços da Defensoria Pública e à as- para a adoção de medidas protetivas de urgência quanto
sistência judiciária tanto na fase policial como na judicial. o inquérito policial são enviados pela autoridade policial
A Lei Maria da Penha criou ainda nova hipótese de ao juiz e ao Ministério Público.
prisão preventiva, visando garantir a execução das medi-
das de urgência (artigo 42). Com isso, a prisão preventiva 5) Fase policial
deixou de ser restrita aos crimes apenados com reclusão. Anteriormente, o único meio de afastar o agressor do
Ela pode ser decretada de ofício pelo juiz, a requerimen- lar era a ação cautelar de separação de corpos.
to do Ministério Público ou mediante representação da Com a Lei Maria da Penha, passaram a ser necessárias
autoridade policial (artigo 20). diversas providências quando comunicada a violência
doméstica: registra-se a ocorrência, com oitiva da víti-
ma (artigo 12, I), oportunidade na qual esta é informada

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


3) Sua constitucionalidade
Há quem sustente a inconstitucionalidade da lei, sob dos direitos e serviços disponíveis existentes (artigo 11,
dois argumentos principais: V), inclusive medidas protetivas disponíveis (artigo. 12,
a) afronta ao princípio da igualdade porque o homem §1°); a vítima é encaminhada ao hospital com transporte
não pode ser sujeito passivo; seguro e acompanhamento para retirar seus pertences
b) definição de competências, transbordando os lim- do lar (artigo 11); instaura-se o inquérito policial (artigo
ites da lei, porque tal definição deve ser feita pelo 12, VII); a polícia toma por termo o pedido de medidas
Poder Judiciário. urgentes (artigo 12, §1°), formalizando-se a representa-
ção na mesma ocasião (artigo 12, I); a autoridade policial
O primeiro argumento não se justifica porque, sob pode solicitar a prisão do agressor (artigo 20).
um aspecto histórico, a mulher sempre foi colocada em Para a busca de medidas protetivas faz-se necessária
posição menos favorável que o homem, o que levou ao somente a ouvida da ofendida, anexadas apenas as pro-
contexto de inferioridade e submissão que leva à vio- vas que estiverem disponíveis e em sua posse (artigo 12,
lência doméstica, sendo, portanto, necessárias ações §2°). Logo, não é preciso tomar depoimento do agressor
afirmativas para promover a efetividade do princípio da ou de testemunhas e nem realizar exame de corpo de
igualdade. delito, providências que devem instruir exclusivamente o
Já o segundo deve ser afastado porque não é a pri- inquérito policial.
meira vez que o legislador cria competências específicas No inquérito policial é determinada a realização do
(no caso, estabeleceu a criação dos JVDFM e a compe- exame de corpo de delito e outros que se fizerem neces-
tência cível e criminal das Varas Criminais até que esta sários (artigo 12, IV) e são colhidos os depoimentos do
ocorra) e, como houve o afastamento da aplicação da agressor e das testemunhas (artigo 12, VI).

95
6) Procedimento judicial Quando a vítima manifestar o interesse em desistir da
O pedido de medidas de urgência é encaminhado à ação, o Ministério Público deverá estar presente (artigo 16).
justiça em até 48 horas, quando é autuado e distribuído
às Varas Criminais, enquanto não existir juízo especializa- 8) A polêmica sobre o delito de lesão corporal
do na comarca. A Lei n. 9.099/95 estabeleceu que a lesão corporal
O juiz pode deferir medidas cautelares em sede de leve a lesão culposa são delitos de menor potencial ofen-
liminar (tenham ela sido requeridas pela ofendida ou sivo (artigo 88), restando condicionadas à representação.
pelo Ministério Público ou não, conforme os artigos 12, Entretanto, não houve modificação no Código Penal.
III; 18; 19 e 19, §3°), designar audiência de justificação Já a Lei n. 11.340 (Lei Maria da Penha), em seu arti-
ou indeferi-las de plano. Assim, o juiz pode determinar go 41, afastou a aplicação da Lei n. 9.099/95 aos crimes
de ofício as medidas que entender de direito (artigos 20, praticados com violência doméstica e familiar contra a
22, §4°, 23 e 24), por exemplo, afastamento do agressor mulher, independente da pena prevista.
do lar, impedimento de que este se aproxime da casa, Desta forma, não é possível falar em ação penal pú-
vedação de comunicação com a família, suspensão de blica condicionada à representação nas lesões corporais
visitas, encaminhamento da mulher e dos filhos a lugar leves cometidas no âmbito das relações familiares, diante
seguro, fixação de alimentos provisórios ou provisionais, do afastamento por lei posterior da lei que prevê nestes
restituição de bens da ofendida, suspensão de procura- termos.
ção por esta outorgada ao agressor, proibição temporá- Além disso, o aumento da pena do delito de lesão
ria da venda de bens comuns etc. corporal para 3 anos (artigo 44) afasta a possibilidade
Para garantir a efetividade destas medidas, o juiz de aplicação de medidas de despenalização e suspensão
pode, a qualquer momento, utilizar força policial (artigo 22, condicional do processo, somente cabíveis em delitos
§3°) ou decretar a prisão preventiva do agressor (artigo 20). que tenham por pena mínima cominada igual ou inferior
O magistrado pode, ainda, determinar a inclusão a 1 ano.
da vítima em programas assistenciais (artigo 9°, §1°). À O entendimento foi consolidado na súmula 542 do
ofendida é assegurado o acesso prioritário à remoção, Superior Tribunal da Justiça: “A ação penal relativa ao cri-
me de lesão corporal resultante de violência doméstica
se ela for funcionária pública, e, se trabalhar na iniciativa
contra a mulher é pública incondicionada”.
privada, a manutenção do vínculo empregatício por até
seis meses de for necessário o afastamento do local de
9) Necessidade de representação e possibilidade
trabalho (artigo 9°, §2°).
de renúncia
Deferida ou não a medida protetiva, é recomendá-
Pela Lei Maria da Penha, nos crimes de ação penal pú-
vel a designação de audiência para se ouvir o agressor
blica condicionada, a vítima pode renunciar à represen-
e para tentar resolver consensualmente os temas como
tação (artigo 16). Esta representação é tomada por termo
guarda dos filhos, regulamentação de visitas, definição pela autoridade policial quando ela registra a ocorrência
dos alimentos. Realizado o acordo, prossegue o inqué- (artigo 12, I). No entanto, só há esta possibilidade nos
rito policial, pois o acordo não significa a renúncia à re- delitos que o Código Penal classifica como de ação pú-
presentação. Na audiência estarão o Ministério Público blica condicionada à representação, por exemplo, nos
(artigo 25) e as partes com seus advogados (artigo 27). crimes contra a liberdade sexual e no de ameaça.
Após, esgota-se a atividade do JVDFM ou da Vara Cri- A vontade de desistir deve ser comunicada pela ofen-
minal no tocante às medidas de urgência. Controvérsias dida ao cartório da Vara na qual foi distribuída a medida
quanto ao adimplemento do acordo no toante a matéria protetiva de urgência, comunicando-se ao juiz que rea-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

cível ou de Direito de Família devem ser discutidas nas lizará audiência, o mais rápido possível, na qual deverá
varas Cíveis ou de Família. estar presente o Ministério Público. Após a renúncia, de-
O inquérito policial continua independente do defe- verá haver comunicação à autoridade policial para que
rimento de medida protetiva ou de acordo realizado em arquive o inquérito policial. Se o inquérito já tiver sido
juízo, devendo ser remetido à justiça quando encerrado remetido ao juízo, a extinção somente pode ocorrer até
e distribuído ao mesmo juízo que apreciou a medida o recebimento da denúncia.
cautelar, que será a este apensada. Em seguida, os autos
serão remetidos ao Ministério Público para oferecimento 10) Dos delitos e das penas
de denúncia. A Lei Maria da Penha não fez alterações relevantes no
Código Penal, limitando-se a aumentar a pena máxima e
7) Ministério Público diminuir a pena mínima do delito de lesão corporal: de
A participação do Ministério Público é indispensável e seis meses a um ano para de três meses a três anos. Além
ele tem legitimidade para agir como parte, intervindo nas disso, estabeleceu uma majorante (artigo 129, §9°, CP) e
ações cíveis e criminais (artigo 25). Pode, ainda, exercer uma agravante (artigo 61, II, CP).
a defesa dos interesses e direitos transindividuais (artigo
37). Não deve ser considerado como de ação penal pú-
blica condicionada à representação os crimes de lesões
Devem ser comunicadas ao promotor as medidas corporais leves ou culposas, diante do afastamento da
adotadas (artigo 22, §1°), podendo ele requerer outras Lei n. 9.099/95. Assim, são crimes de ação penal pública
providências ou a substituição das medidas (artigo 19), incondicionada, motivo pelo qual não é possível a renún-
bem como a prisão do agressor (artigo 20). cia ou a desistência.

96
Não incidindo a Lei n. 9.099/95 também não há possibi- § 1o O poder público desenvolverá políticas que visem
lidade de suspensão condicional do processo, composição garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito
de danos ou aplicação imediata de pena não-privativa de das relações domésticas e familiares no sentido de
liberdade. Neste sentido, reforça o artigo 17 da Lei Maria resguardá-las de toda forma de negligência, discrimi-
da Penha. nação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Igualmente, por conta do afastamento da Lei dos Jui- § 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público
zados Especiais, não pode o Ministério Público propor criar as condições necessárias para o efetivo exercício
transação penal ou aplicar imediatamente a pena restriti- dos direitos enunciados no caput.
va de direito ou multa.
Entretanto, é possível a suspensão condicional da Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados
pena (artigo 77, CP) e a sua substituição por medida res- os fins sociais a que ela se destina e, especialmente,
tritiva de direitos (artigo 43, CP), isto porque tais bene- as condições peculiares das mulheres em situação de
fícios estão previstos no Código Penal, aplicável na Lei violência doméstica e familiar.
Maria da Penha.
TÍTULO II
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. A MULHER
CAPÍTULO I
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica DISPOSIÇÕES GERAIS
e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art.
226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eli- Art. 5o  Para os efeitos desta Lei, configura violência
minação de Todas as Formas de Discriminação contra as doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar moral ou patrimonial: 
contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Có- I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
digo Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras provi- como o espaço de convívio permanente de pessoas,
dências. com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadica-
mente agregadas;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
II - no âmbito da família, compreendida como a co-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
munidade formada por indivíduos que são ou se con-
sideram aparentados, unidos por laços naturais, por
TÍTULO I afinidade ou por vontade expressa;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
Art. 1o  Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir
independentemente de coabitação.
a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
Parágrafo único.  As relações pessoais enunciadas
termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal,
neste artigo independem de orientação sexual.
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mul-
de Violência contra a Mulher, da Convenção Interameri-
her constitui uma das formas de violação dos direitos
cana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
humanos.
a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a cri-
CAPÍTULO II
ação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMI-
contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e
LIAR CONTRA A MULHER
proteção às mulheres em situação de violência domés-
tica e familiar.
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar
contra a mulher, entre outras:
Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe,
I - a violência física, entendida como qualquer con-
raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível
duta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
educacional, idade e religião, goza dos direitos funda-
II - a violência psicológica, entendida como qualquer
mentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asse-
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição
guradas as oportunidades e facilidades para viver sem
da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o
violência, preservar sua saúde física e mental e seu
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou con-
aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
trolar suas ações, comportamentos, crenças e de-
cisões, mediante ameaça, constrangimento, humil-
Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições
hação, manipulação, isolamento, vigilância constante,
para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segu-
perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridiculari-
rança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura,
zação, exploração e limitação do direito de ir e vir ou
à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer,
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
psicológica e à autodeterminação;
respeito e à convivência familiar e comunitária.

97
III - a violência sexual, entendida como qualquer con- VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e
duta que a constranja a presenciar, a manter ou a Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros
participar de relação sexual não desejada, mediante e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a enunciados no inciso I quanto às questões de gênero
induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, e de raça ou etnia;
a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer VIII - a promoção de programas educacionais que dis-
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, seminem valores éticos de irrestrito respeito à digni-
à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante dade da pessoa humana com a perspectiva de gênero
coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que e de raça ou etnia;
limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os
reprodutivos; níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos di-
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer reitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou
conduta que configure retenção, subtração, destruição etnia e ao problema da violência doméstica e familiar
parcial ou total de seus objetos, instrumentos de tra- contra a mulher.
balho, documentos pessoais, bens, valores e direitos
ou recursos econômicos, incluindo os destinados a sat- CAPÍTULO II
isfazer suas necessidades; DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
V - a violência moral, entendida como qualquer con- VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
duta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violên-
TÍTULO III cia doméstica e familiar será prestada de forma artic-
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE ulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Úni-
CAPÍTULO I co de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública,
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO entre outras normas e políticas públicas de proteção, e
emergencialmente quando for o caso.
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência do-
§ 1o  O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da
méstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio
mulher em situação de violência doméstica e familiar
de um conjunto articulado de ações da União, dos Es-
no cadastro de programas assistenciais do governo
tados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações
federal, estadual e municipal.
não-governamentais, tendo por diretrizes:
§ 2o  O juiz assegurará à mulher em situação de vi-
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do
olência doméstica e familiar, para preservar sua inte-
Ministério Público e da Defensoria Pública com as
áreas de segurança pública, assistência social, saúde, gridade física e psicológica:
educação, trabalho e habitação; I - acesso prioritário à remoção quando servidora
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e pública, integrante da administração direta ou indi-
outras informações relevantes, com a perspectiva de reta;
gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às II - manutenção do vínculo trabalhista, quando
consequências e à frequência da violência doméstica e necessário o afastamento do local de trabalho, por até
familiar contra a mulher, para a sistematização de da- seis meses.
dos, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação § 3o  A assistência à mulher em situação de violên-
periódica dos resultados das medidas adotadas; cia doméstica e familiar compreenderá o acesso aos
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de for- e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção
ma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente
exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiên-
com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV cia Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos
do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.
Federal;
IV - a implementação de atendimento policial espe- CAPÍTULO III
cializado para as mulheres, em particular nas Delega- DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
cias de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educa- Art. 10.  Na hipótese da iminência ou da prática de vi-
tivas de prevenção da violência doméstica e familiar olência doméstica e familiar contra a mulher, a autori-
contra a mulher, voltadas ao público escolar e à socie- dade policial que tomar conhecimento da ocorrência
dade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumen- adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.
tos de proteção aos direitos humanos das mulheres; Parágrafo único.  Aplica-se o disposto no caput deste
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, ter- artigo ao descumprimento de medida protetiva de
mos ou outros instrumentos de promoção de parceria urgência deferida.
entre órgãos governamentais ou entre estes e enti-
dades não-governamentais, tendo por objetivo a im- Art. 11.  No atendimento à mulher em situação de
plementação de programas de erradicação da violên- violência doméstica e familiar, a autoridade policial
cia doméstica e familiar contra a mulher; deverá, entre outras providências:

98
I - garantir proteção policial, quando necessário, co- Art. 14.  Os Juizados de Violência Doméstica e Famil-
municando de imediato ao Ministério Público e ao iar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com
Poder Judiciário; competência cível e criminal, poderão ser criados pela
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Es-
saúde e ao Instituto Médico Legal; tados, para o processo, o julgamento e a execução das
III - fornecer transporte para a ofendida e seus de- causas decorrentes da prática de violência doméstica
pendentes para abrigo ou local seguro, quando hou- e familiar contra a mulher.
ver risco de vida; Parágrafo único.  Os atos processuais poderão re-
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para as- alizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as
segurar a retirada de seus pertences do local da ocor- normas de organização judiciária.
rência ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos Art. 15.  É competente, por opção da ofendida, para os
nesta Lei e os serviços disponíveis. processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
I - do seu domicílio ou de sua residência;
Art. 12.  Em todos os casos de violência doméstica e II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, III - do domicílio do agressor.
deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os
seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles pre- Art. 16.  Nas ações penais públicas condicionadas à
vistos no Código de Processo Penal: representação da ofendida de que trata esta Lei, só
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e será admitida a renúncia à representação perante o
tomar a representação a termo, se apresentada; juiz, em audiência especialmente designada com tal
II - colher todas as provas que servirem para o esclare- finalidade, antes do recebimento da denúncia e ou-
cimento do fato e de suas circunstâncias; vido o Ministério Público.
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, Art. 17.  É vedada a aplicação, nos casos de violên-
para a concessão de medidas protetivas de urgência; cia doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem
delito da ofendida e requisitar outros exames periciais como a substituição de pena que implique o paga-
necessários; mento isolado de multa.
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar
aos autos sua folha de antecedentes criminais, indi-
CAPÍTULO II
cando a existência de mandado de prisão ou registro
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
de outras ocorrências policiais contra ele;
SEÇÃO I
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito
DISPOSIÇÕES GERAIS
policial ao juiz e ao Ministério Público.
§ 1o  O pedido da ofendida será tomado a termo pela Art. 18.  Recebido o expediente com o pedido da ofendida,
autoridade policial e deverá conter: caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:
I - qualificação da ofendida e do agressor; I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre
II - nome e idade dos dependentes; as medidas protetivas de urgência;
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas II - determinar o encaminhamento da ofendida ao
solicitadas pela ofendida. órgão de assistência judiciária, quando for o caso;

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


§ 2o  A autoridade policial deverá anexar ao documen- III - comunicar ao Ministério Público para que adote
to referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de as providências cabíveis.
todos os documentos disponíveis em posse da ofend-
ida. Art. 19.  As medidas protetivas de urgência poderão
§ 3o  Serão admitidos como meios de prova os laudos ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério
ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e pos- Público ou a pedido da ofendida.
tos de saúde. § 1o  As medidas protetivas de urgência poderão
ser concedidas de imediato, independentemente de
audiência das partes e de manifestação do Ministério
TÍTULO IV
Público, devendo este ser prontamente comunicado.
DOS PROCEDIMENTOS
§ 2o  As medidas protetivas de urgência serão apli-
CAPÍTULO I
cadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser
DISPOSIÇÕES GERAIS
substituídas a qualquer tempo por outras de maior
eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
Art. 13.  Ao processo, ao julgamento e à execução das forem ameaçados ou violados.
causas cíveis e criminais decorrentes da prática de vi- § 3o  Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Públi-
olência doméstica e familiar contra a mulher aplicar- co ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas
se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Pro- protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas,
cesso Civil e da legislação específica relativa à criança, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus
ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério
estabelecido nesta Lei. Público.

99
Art. 20.  Em qualquer fase do inquérito policial ou § 3o  Para garantir a efetividade das medidas proteti-
da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do vas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer
agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento momento, auxílio da força policial.
do Ministério Público ou mediante representação da § 4o  Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no
autoridade policial. que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art.
Parágrafo único.  O juiz poderá revogar a prisão pre- 461 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código
ventiva se, no curso do processo, verificar a falta de de Processo Civil).
motivo para que subsista, bem como de novo decretá-
la, se sobrevierem razões que a justifiquem. SEÇÃO III
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA À
Art. 21.  A ofendida deverá ser notificada dos atos pro- OFENDIDA
cessuais relativos ao agressor, especialmente dos per-
tinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo Art. 23.  Poderá o juiz, quando necessário, sem pre-
da intimação do advogado constituído ou do defensor juízo de outras medidas:
público. I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a pro-
Parágrafo único.  A ofendida não poderá entregar in- grama oficial ou comunitário de proteção ou de at-
timação ou notificação ao agressor. endimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamen-
SEÇÃO II to do agressor;
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA QUE III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem
OBRIGAM O AGRESSOR prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos
e alimentos;
Art. 22.  Constatada a prática de violência doméstica
IV - determinar a separação de corpos.
e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto
Art. 24.  Para a proteção patrimonial dos bens da so-
ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de
ciedade conjugal ou daqueles de propriedade particu-
urgência, entre outras:
lar da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente,
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas,
as seguintes medidas, entre outras:
com comunicação ao órgão competente, nos termos
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo
da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
agressor à ofendida;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivên-
II - proibição temporária para a celebração de atos e
cia com a ofendida;
contratos de compra, venda e locação de propriedade
III - proibição de determinadas condutas, entre as
em comum, salvo expressa autorização judicial;
quais:
III - suspensão das procurações conferidas pela ofen-
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
dida ao agressor;
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância en-
IV - prestação de caução provisória, mediante depósi-
tre estes e o agressor;
to judicial, por perdas e danos materiais decorrentes
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemu-
da prática de violência doméstica e familiar contra a
nhas por qualquer meio de comunicação;
ofendida.
c) frequentação de determinados lugares a fim de
Parágrafo único.  Deverá o juiz oficiar ao cartório com-
preservar a integridade física e psicológica da ofen-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

petente para os fins previstos nos incisos II e III deste


dida;
artigo.
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
menores, ouvida a equipe de atendimento multidisci-
SEÇÃO IV
plinar ou serviço similar;
DO CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
PROTETIVAS DE URGÊNCIA DESCUMPRIMENTO
§ 1o  As medidas referidas neste artigo não impedem
DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
a aplicação de outras previstas na legislação em vigor,
sempre que a segurança da ofendida ou as circunstân-
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere me-
cias o exigirem, devendo a providência ser comuni-
didas protetivas de urgência previstas nesta Lei:
cada ao Ministério Público.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 2o  Na hipótese de aplicação do inciso I, encontran-
§ 1o A configuração do crime independe da competên-
do-se o agressor nas condições mencionadas no caput
cia civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas.
e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezem-
§ 2o Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a au-
bro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão,
toridade judicial poderá conceder fiança.
corporação ou instituição as medidas protetivas de
§ 3o O disposto neste artigo não exclui a aplicação de
urgência concedidas e determinará a restrição do por-
outras sanções cabíveis.
te de armas, ficando o superior imediato do agressor
responsável pelo cumprimento da determinação judi-
cial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação
ou de desobediência, conforme o caso.

100
CAPÍTULO III TÍTULO VI
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art. 25.  O Ministério Público intervirá, quando não Art. 33.  Enquanto não estruturados os Juizados de
for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as
violência doméstica e familiar contra a mulher. varas criminais acumularão as competências cível e
criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes
Art. 26.  Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de da prática de violência doméstica e familiar contra a
outras atribuições, nos casos de violência doméstica e mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei,
familiar contra a mulher, quando necessário: subsidiada pela legislação processual pertinente.
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de Parágrafo único.  Será garantido o direito de preferên-
educação, de assistência social e de segurança, entre outros; cia, nas varas criminais, para o processo e o julgamen-
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particu- to das causas referidas no caput.
lares de atendimento à mulher em situação de violên-
cia doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as me- TÍTULO VII
didas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante DISPOSIÇÕES FINAIS
a quaisquer irregularidades constatadas;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e famil- Art. 34.  A instituição dos Juizados de Violência Domé-
iar contra a mulher. stica e Familiar contra a Mulher poderá ser acompan-
hada pela implantação das curadorias necessárias e
CAPÍTULO IV do serviço de assistência judiciária.
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA Art. 35.  A União, o Distrito Federal, os Estados e os
Municípios poderão criar e promover, no limite das re-
Art. 27.  Em todos os atos processuais, cíveis e crimi- spectivas competências:
nais, a mulher em situação de violência doméstica e
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar
familiar deverá estar acompanhada de advogado, res-
para mulheres e respectivos dependentes em situação
salvado o previsto no art. 19 desta Lei.
de violência doméstica e familiar;
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos depend-
Art. 28.  É garantido a toda mulher em situação de
entes menores em situação de violência doméstica e
violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de
familiar;
Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gra-
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços
tuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, me-
diante atendimento específico e humanizado. de saúde e centros de perícia médico-legal especiali-
zados no atendimento à mulher em situação de vi-
TÍTULO V olência doméstica e familiar;
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR IV - programas e campanhas de enfrentamento da vi-
olência doméstica e familiar;
Art. 29.  Os Juizados de Violência Doméstica e Famil- V - centros de educação e de reabilitação para os
iar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão agressores.
contar com uma equipe de atendimento multidiscipli- Art. 36.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os
nar, a ser integrada por profissionais especializados Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e
nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde. de seus programas às diretrizes e aos princípios desta

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Art. 30.  Compete à equipe de atendimento multidisci- Lei.
plinar, entre outras atribuições que lhe forem reserva-
das pela legislação local, fornecer subsídios por escrito Art. 37.  A defesa dos interesses e direitos transindivid-
ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, uais previstos nesta Lei poderá ser exercida, concor-
mediante laudos ou verbalmente em audiência, e de- rentemente, pelo Ministério Público e por associação
senvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, de atuação na área, regularmente constituída há pelo
prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, menos um ano, nos termos da legislação civil.
o agressor e os familiares, com especial atenção às cri- Parágrafo único.  O requisito da pré-constituição
anças e aos adolescentes. poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que
não há outra entidade com representatividade ade-
Art. 31.  Quando a complexidade do caso exigir aval- quada para o ajuizamento da demanda coletiva.
iação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a
manifestação de profissional especializado, mediante Art. 38.  As estatísticas sobre a violência doméstica
a indicação da equipe de atendimento multidiscipli- e familiar contra a mulher serão incluídas nas bases
nar. de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e
Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de
Art. 32.  O Poder Judiciário, na elaboração de sua dados e informações relativo às mulheres.
proposta orçamentária, poderá prever recursos para Parágrafo único.  As Secretarias de Segurança Pública dos
a criação e manutenção da equipe de atendimento Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas infor-
multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Or- mações criminais para a base de dados do Ministério da
çamentárias. Justiça.

101
Art. 39.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Parágrafo único.  Nos casos de violência doméstica
Municípios, no limite de suas competências e nos ter- contra a mulher, o juiz poderá determinar o compare-
mos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, cimento obrigatório do agressor a programas de recu-
poderão estabelecer dotações orçamentárias específi- peração e reeducação.” (NR)
cas, em cada exercício financeiro, para a implemen-
tação das medidas estabelecidas nesta Lei. Art. 46.  Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco)
dias após sua publicação.
Art. 40.  As obrigações previstas nesta Lei não excluem
outras decorrentes dos princípios por ela adotados. Brasília,  7  de  agosto  de 2006; 185o da Independên-
cia e 118o da República.
Art. 41.  Aos crimes praticados com violência domé-
stica e familiar contra a mulher, independentemente
da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de
setembro de 1995. EXERCÍCIO COMENTADO

Art. 42.  O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de 1. (FMP/2017 - MPE-RO - Promotor de Justiça Sub-
outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a stituto) Em relação à Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da
vigorar acrescido do seguinte inciso IV: Penha), assinale a alternativa CORRETA.

“Art. 313.  ................................................. a) Os crimes de ameaça e de lesões corporais leves prati-


................................................................ cados no contexto de violência doméstica e familiar
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar são de ação penal pública incondicionada.
contra a mulher, nos termos da lei específica, para ga- b) A mulher pode ser sujeito ativo de crime praticado no
rantir a execução das medidas protetivas de urgência.” contexto de violência doméstica e familiar.
(NR) c) A ação penal no crime de lesões corporais leves é
pública condicionada, segundo a jurisprudência do
Art. 43.  A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei Supremo Tribunal Federal.
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), d) Admite-se a aplicação da suspensão condicional do
passa a vigorar com a seguinte redação: processo aos autores de crimes praticados no contex-
“Art. 61.  .................................................. to de violência doméstica e familiar.
................................................................. e) As medidas protetivas de urgência vigem durante o prazo
II - ............................................................ decadencial da representação da vítima, ou seja, 6 (seis) meses.
.................................................................
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de Resposta: Letra B. A violência deve ser dirigida con-
relações domésticas, de coabitação ou de hospitali- tra mulher, mas não necessariamente deve partir de
dade, ou com violência contra a mulher na forma da homem, pois o determinante é o contexto da prática
lei específica; de violência – âmbito doméstico, familiar ou afetivo
– e não quem a perpetrou. A alternativa “a” está er-
rada porque apenas o crime de lesões é de ação in-
........................................................... ” (NR) condicionada (estando “c” errada). Não cabe suspen-
são condicional do processo e nem transação penal
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

Art. 44.  O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de (súmula 536, STJ). Não se fixa na lei prazo mínimo e
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar máximo de duração das medidas punitivas.
com as seguintes alterações:
“Art. 129.  .................................................. 2. (VUNESP/2017 - TJ-SP - Psicólogo Judiciário) A Lei
.................................................................. n° 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, em
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, de- casos de prática de violência doméstica contra a mulher,
scendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, preva- a) determina que seja delegada à mulher a responsabili-
lecendo-se o agente das relações domésticas, de co- dade pela entrega de intimações e notificações judici-
abitação ou de hospitalidade: ais ao agressor.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. b) prevê a aplicação de penas ao agressor como multas e
.................................................................. distribuição de determinado número de cestas básicas.
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au- c) limita-se à violência na relação homem-mulher, igno-
mentada de um terço se o crime for cometido contra rando os novos arranjos conjugais e familiares da con-
pessoa portadora de deficiência.” (NR) temporaneidade.
d) prevê a restrição de visitas do agressor aos depend-
Art. 45.  O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de entes menores, ouvida a equipe de atendimento mul-
1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a tidisciplinar ou serviço similar.
seguinte redação: e) ignora a violência patrimonial, por não implicar risco
“Art. 152.  ................................................... iminente à integridade física, moral ou psicológica da
mulher.

102
Resposta: Letra D. Trata-se de previsão do art. 22, IV CAPÍTULO III
da Lei Maria da Penha. DOS CRIMES E DAS PENAS

3. (FUNDATEC/2017 - FHGV - Assistente Adminis- Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser
trativo) Na interpretação da Lei nº 11.340/2006, serão aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
considerados os fins sociais a que ela se destina e, es- substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério
pecialmente, as condições peculiares das mulheres em Público e o defensor.
situação de: Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
a) Vulnerabilidade. drogas sem autorização ou em desacordo com de-
b) Incapacidade. terminação legal ou regulamentar será submetido às
c) Violência doméstica e familiar. seguintes penas:
d) Abandono. I - advertência sobre os efeitos das drogas;
e) Risco e perigo. II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a progra-
Resposta: Letra C. Preconiza o art. 4o da Lei Maria da ma ou curso educativo.
Penha: “Na interpretação desta Lei, serão considerados § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
condições peculiares das mulheres em situação de vi- destinadas à preparação de pequena quantidade de
olência doméstica e familiar”. substância ou produto capaz de causar dependência
física ou psíquica.
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consu-
SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLI- mo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade
CAS SOBRE DROGAS (LEI Nº 11.343/2006) da substância apreendida, ao local e às condições em
que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do
TRÁFICO ILÍCITO E USO INDEVIDO DE SUBSTÂNCIAS agente.
ENTORPECENTES § 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco)
(LEI 11.343/2006) meses.
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos
A Lei 11.343/2006 dispõe medidas para prevenção do incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas
uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
dependentes de drogas, estabelecendo normas para re- § 5o A prestação de serviços à comunidade será cum-
pressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de prida em programas comunitários, entidades educa-
drogas (ANDREUCCI, 2015, p. 214). cionais ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos
congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos,
A Lei é dividida em seis títulos, sendo eles: que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do
Titulo I – Disposições preliminares; consumo ou da recuperação de usuários e depend-
Título II- Do sistema nacional de políticas públicas entes de drogas.
de drogas; § 6o Para garantia do cumprimento das medidas edu-

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


Título III- Das atividades de prevenção ao uso indevi- cativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a
do, atenção e reinserção social de usuários e depen- que injustificadamente se recuse o agente, poderá o
dentes de drogas; juiz submetê-lo, sucessivamente a:
Título IV – Da repressão à produção não autorizada e I - admoestação verbal;
ao tráfico ilícito de drogas; II - multa.
Título V – Da cooperação internacional; § 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à
Título VI- Das disposições finais e transitórias. disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento
de saúde, preferencialmente ambulatorial, para trata-
Importante salientar que a referida Lei instituiu um mento especializado.
novo órgão denominado Sistema Nacional de Políticas Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se
Públicas sobre Drogas (SISNAD), o qual tem finalidade de refere o inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à
articular, integrar, organizar e coordenar as atividades re- reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-
lacionadas com a prevenção do uso indevido, a atenção multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta)
e reinserção social de usuários e dependentes de drogas, nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada
além da repressão da produção não autorizada e do trá- um, segundo a capacidade econômica do agente, o
fico ilícito de drogas. (ANDREUCCI, 2015, p. 214). valor de um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do
Os crimes previstos na Lei de Drogas (terminologia maior salário mínimo.
adotada pelo legislador) e outras disposições penais se Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição
encontram nos artigos de 28 a 47. Vejamos: da multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão credi-
tados à conta do Fundo Nacional Antidrogas.

103
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização
execução das penas, observado, no tocante à interrup- ou em desacordo com determinação legal ou regula-
ção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do mentar, de plantas que se constituam em matéria-pri-
Código Penal. ma para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
TÍTULO IV tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ain-
E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS da que gratuitamente, sem autorização ou em desa-
CAPÍTULO I cordo com determinação legal ou regulamentar, para
DISPOSIÇÕES GERAIS o tráfico ilícito de drogas.
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevi-
Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade do de droga: (Vide ADI nº 4.274)
competente para produzir, extrair, fabricar, transfor- Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de
mar, preparar, possuir, manter em depósito, importar, 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, ofe- § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de
recer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à consumirem:
sua preparação, observadas as demais exigências le- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pa-
gais. gamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhen-
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente tos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no
destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. art. 28.
50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste ar-
pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das tigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
condições encontradas, com a delimitação do local, dois terços, vedada a conversão em penas restritivas
asseguradas as medidas necessárias para a preserva- de direitos, desde que o agente seja primário, de bons
ção da prova. (Redação dada pela Lei nº 12.961, de antecedentes, não se dedique às atividades criminosas
2014) nem integre organização criminosa. (Vide Resolução
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de nº 5, de 2012)
2014)
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer,
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de
vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir,
2014)
guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maqui-
§ 3o Em caso de ser utilizada a queimada para destruir
nário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto desti-
a plantação, observar-se-á, além das cautelas neces-
nado à fabricação, preparação, produção ou transfor-
sárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no De-
mação de drogas, sem autorização ou em desacordo
creto no 2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber,
com determinação legal ou regulamentar:
dispensada a autorização prévia do órgão próprio do
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga-
Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
§ 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão mento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil)
expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Cons- dias-multa.
tituição Federal, de acordo com a legislação em vigor. Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o
fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

CAPÍTULO II
DOS CRIMES Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga-
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produ- mento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos)
zir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, dias-multa.
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer artigo incorre quem se associa para a prática reiterada
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou do crime definido no art. 36 desta Lei.
em desacordo com determinação legal ou regulamen- Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos
tar: crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e paga- Lei:
mento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pa-
dias-multa. gamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: mil) dias-multa.
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, or-
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em de- ganização ou associação destinados à prática de qual-
pósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que quer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 34 desta Lei:
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e paga-
insumo ou produto químico destinado à preparação mento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-mul-
de drogas; ta.

104
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, dro- Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts.
gas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o
doses excessivas ou em desacordo com determinação art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa,
legal ou regulamentar: atribuindo a cada um, segundo as condições econômi-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pa- cas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos
gamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa. nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-míni-
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao mo.
Conselho Federal da categoria profissional a que per- Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso
tença o agente. de crimes serão impostas sempre cumulativamente,
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o podem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude
consumo de drogas, expondo a dano potencial a in- da situação econômica do acusado, considerá-las o
columidade de outrem: juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o,
além da apreensão do veículo, cassação da habili- e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis
tação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mes- de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
mo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e vedada a conversão de suas penas em restritivas de
pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) direitos.
dias-multa. Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, apli- artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cum-
cadas cumulativamente com as demais, serão de 4 primento de dois terços da pena, vedada sua conces-
(quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 são ao reincidente específico.
(seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da
deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso for-
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei tuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação
são aumentadas de um sexto a dois terços, se: ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração
I - a natureza, a procedência da substância ou do pro- penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
duto apreendido e as circunstâncias do fato eviden- caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
ciarem a transnacionalidade do delito; com esse entendimento.
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de fun- Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhe-
ção pública ou no desempenho de missão de educa- cendo, por força pericial, que este apresentava, à épo-
ção, poder familiar, guarda ou vigilância; ca do fato previsto neste artigo, as condições referidas
III - a infração tiver sido cometida nas dependências no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na
ou imediações de estabelecimentos prisionais, de en- sentença, o seu encaminhamento para tratamento
sino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, médico adequado.
sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou benefi- Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a
centes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde dois terços se, por força das circunstâncias previstas no
se realizem espetáculos ou diversões de qualquer na- art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da
tureza, de serviços de tratamento de dependentes de ação ou da omissão, a plena capacidade de entender
drogas ou de reinserção social, de unidades militares o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
ou policiais ou em transportes públicos; com esse entendimento.
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer pro- em avaliação que ateste a necessidade de encami-
cesso de intimidação difusa ou coletiva; nhamento do agente para tratamento, realizada por
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação profissional de saúde com competência específica na
ou entre estes e o Distrito Federal; forma da lei, determinará que a tal se proceda, obser-
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou vado o disposto no art. 26 desta Lei.
adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo,
diminuída ou suprimida a capacidade de entendi-
mento e determinação; #FicaDica
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
O tráfico privilegiado (disposto no § 4º do ar-
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar volun-
tigo 33 da Lei de Drogas) dispõe os requisitos
tariamente com a investigação policial e o processo
para sua aplicação, sendo eles: ser primário,
criminal na identificação dos demais co-autores ou
possuir bons antecedentes, não se dedicar às
partícipes do crime e na recuperação total ou par-
atividades criminosas e não integrar organi-
cial do produto do crime, no caso de condenação, terá
zação criminosa. Caso seja aplicado, a pena
pena reduzida de um terço a dois terços.
privativa de liberdade poderá ser convertida
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará,
em pena restritiva de direitos (resolução n. 5,
com preponderância sobre o previsto no art. 59 do
de 2012, do Senado Federal).
Código Penal, a natureza e a quantidade da subs-
tância ou do produto, a personalidade e a conduta
social do agente.

105
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas
CRIMES CONTRA A RELAÇÕES DE CONSU- e Varas Especializadas para a solução de litígios de
MO (TÍTULO II DA LEI Nº 8.078/1990) consumo;
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimen-
to das Associações de Defesa do Consumidor.
CAPÍTULO II
Da Política Nacional de Relações de Consumo Em suma, são objetivos da política nacional: 1º) Pre-
servação dos interesses dos consumidores; 2º) Harmo-
Art. 4° A Política Nacional das Relações de Consumo nização do mercado – os interesses dos consumidores
tem por objetivo o atendimento das necessidades dos devem ser preservados, assim como os do mercado; 3º)
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e se- Sustentabilidade do mercado de consumo – mercado
gurança, a proteção de seus interesses econômicos, a sustentável é o que permite um crescimento adequado,
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a trans- atendendo aos interesses sociais e, inclusive, aos interes-
parência e harmonia das relações de consumo, aten- ses ambientais do mercado de consumo.
didos os seguintes princípios: Após, enumeram-se os princípios, que funcionam
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor como normas de otimização do sistema.
no mercado de consumo; Cabe fazer um resumo dos princípios previstos na le-
II - ação governamental no sentido de proteger efeti- gislação consumerista:
vamente o consumidor: 1º) Vulnerabilidade – trata-se do reconhecimento
a) por iniciativa direta; jurídico da fragilidade do consumidor, premissa
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de asso- que guiará todas regras materiais e processuais
ciações representativas; do direito do consumidor (estudada em detalhes
c) pela presença do Estado no mercado de consumo; adiante).
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões 2º) Harmonização de interesses – busca-se equilíbrio
adequados de qualidade, segurança, durabilidade e de- e compatibilidade de interesses. Tem por instru-
sempenho. mento o dirigismo contratual por parte do Esta-
III - harmonização dos interesses dos participantes das do. É mais uma norma geral de conduta que um
relações de consumo e compatibilização da proteção princípio.
do consumidor com a necessidade de desenvolvimen-
to econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os Aprofundando, “a proteção do consumidor é um de-
princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. safio da nossa era e representa, em todo o mundo, um
170, da Constituição Federal), sempre com base na dos temas mais atuais do Direito. Não é difícil explicar
boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e tão grande dimensão para um fenômeno jurídico total-
fornecedores; mente desconhecido no século passado e em boa parte
IV - educação e informação de fornecedores e consu- deste. O homem do século XX vive em função de um mo-
midores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas delo novo de associativismo: a sociedade de consumo
à melhoria do mercado de consumo; (mass consumption society ou Konsumgesellschaft), carac-
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios terizada por um número crescente de produtos e servi-
eficientes de controle de qualidade e segurança de ços, pelo domínio do crédito e do marketing, assim como
produtos e serviços, assim como de mecanismos alter- pelas dificuldades de acesso à justiça. São esses aspectos
nativos de solução de conflitos de consumo; que marcaram o nascimento e desenvolvimento do Di-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos reito do Consumidor como disciplina jurídica autônoma.
praticados no mercado de consumo, inclusive a con- A sociedade de consumo, ao contrário do que se ima-
corrência desleal e utilização indevida de inventos e gina, não trouxe apenas benefícios para os seus atores.
criações industriais das marcas e nomes comerciais Muito ao revés, em certos cacos, a posição do consumi-
e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos dor, dentre desse modelo, piorou em vez de melhorar”3.
consumidores; Os princípios gerais de direito do consumidor podem
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; ser extraídos principalmente do artigo 4º do Código em
VIII - estudo constante das modificações do mercado estudo, embora recebam o nome de princípios da Políti-
de consumo. ca Nacional de Relações de Consumo. Tais princípios são
descritos por Giancoli4 nos seguintes termos:
Art. 5º. Para a execução da Política Nacional das Re- a) Princípio da vulnerabilidade: a vulnerabilidade é o
lações de Consumo, contará o poder público com os reconhecimento jurídico da fragilidade do consu-
seguintes instrumentos, entre outros: midor no mercado de consumo. Trata-se de uma
I - manutenção de assistência jurídica, integral e gra- qualidade intrínseca e indissociável de todos os
tuita para o consumidor carente; consumidores (presunção absoluta). A vulnerabili-
dade é uma qualidade única, porém, ela se mani-
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do
festa de diferentes formas, com maior ou menor
Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
III - criação de delegacias de polícia especializadas no 3 GRINOVER, Ada Pelegrini; et. al. Código Brasileiro de Defesa do
atendimento de consumidores vítimas de infrações Consumidor comentado pelos autores do Anteprojeto. 7. ed. Rio
de Janeiro: Forense Universitária, 2001.
penais de consumo;
4 GIANCOLI, Bruno. Direito do consumidor. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2009. (Coleção Elementos do Direito)

106
intensidade, especificadamente: vulnerabilidade VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patri-
técnica, que se traduz na falta de conhecimentos moniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
específicos que o consumidor tem sobre os produ- VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos
tos e serviços que está adquirindo; vulnerabilida- com vistas à prevenção ou reparação de danos patri-
de jurídica, que resulta na falta de informação do moniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, as-
consumidor a respeito dos seus direitos, inclusive segurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica
no que diz respeito a quem recorrer ou reclamar; e aos necessitados;
vulnerabilidade fática ou socioeconômica, referen- VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
te à exposição dos consumidores às mais variadas
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no pro-
técnicas de marketing, as quais interferem e mani-
cesso civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
pulam o poder de decidibilidade do consumidor.
b) Princípio da harmonização de interesses: busca-se alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo
equilíbrio e compatibilidade de interesses, isto é, as regras ordinárias de experiências;
a sustentabilidade das relações de consumo. Para IX - (Vetado);
tanto, o Estado adota uma postura dirigista. X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públi-
c) Princípio da segurança: garante aos seus consumi- cos em geral.
dores que os bens de consumo não causem lesões Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III
à vida, à saúde e à integridade física. Vide artigos do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com
8º a 11 abaixo colacionados, aos quais correspon- deficiência, observado o disposto em regulamento.
dem os tópicos 1.3 e 1.4 deste estudo. O mercado
seguro é aquele que não causa riscos à pessoa do Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem
consumidor, atuando de forma preventiva (órgãos outros decorrentes de tratados ou convenções interna-
reguladores, como agências reguladoras, a exem- cionais de que o Brasil seja signatário, da legislação
plo da ANTT) e repressiva (punição cível, penal e interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
administrativa). autoridades administrativas competentes, bem como
dos que derivem dos princípios gerais do direito, ana-
d) Princípio da informação: está atrelado ao princípio
logia, costumes e equidade.
da educação. Trata-se de derivação do princípio da
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa,
boa-fé objetiva. Tanto a boa-fé quanto a informa-
todos responderão solidariamente pela reparação dos
ção relacionam-se à confiança, à submissão a um
danos previstos nas normas de consumo.
padrão ético de conduta. A informação é uma base
valorativa pois interfere na decidibilidade do con-
É importante estudar os direitos básicos do consu-
sumidor para a aquisição de produtos e serviços.
midor, que são, na verdade, expressões de princípios da
e) Princípio da repressão de práticas abusivas e desle-
política nacional, como a segurança, a informação, a ade-
ais no mercado de consumo: base do art. 39, CDC,
quação e a vulnerabilidade. A condição de consumidor
que trata das práticas abusivas. Relaciona-se ao di-
garante à pessoa uma vasta gama de direitos, além da
rigismo contratual pelo Estado. É importante para
garantia de facilitação da defesa em juízo. Podem ser nu-
práticas sociais inseridas no mercado e que ainda
merados como os principais direitos dos consumidores,
não foram regulamentadas pelo Código de Defesa
segundo Mazzilli5: “
do Consumidor.
a) direito ao consumo (acesso a bens e serviços bá-
sicos);
CAPÍTULO III
b) direito à segurança (garantia contra produtos ou
Dos Direitos Básicos do Consumidor

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


serviços que possam ser nocivos à vida ou à saú-
de);
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
c) direito à escolha (opção entre vários produtos e
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os
serviços com qualidade satisfatória e preços com-
riscos provocados por práticas no fornecimento de
petitivos);
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
d) direito à informação (conhecimento dos dados in-
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequa-
dispensáveis sobre produtos ou serviços para uma
do dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de
decisão consciente);
escolha e a igualdade nas contratações;
e) direito a serem ouvidos (os interesses dos consu-
III - a informação adequada e clara sobre os diferen-
midores devem ser levados em conta no planeja-
tes produtos e serviços, com especificação correta de
mento e execução de políticas econômicas);
quantidade, características, composição, qualidade e
f) direito à indenização (reparação financeira por da-
preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
nos causados por produtos ou serviços);
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abu-
g) direito à educação para o consumo (meios para os
siva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem
cidadãos exercitarem conscientemente sua função
como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas
no mercado);
no fornecimento de produtos e serviços;
h) direito a um meio ambiente saudável (a defesa do
V - a modificação das cláusulas contratuais que esta-
equilíbrio ecológico para melhorar a qualidade de
beleçam prestações desproporcionais ou sua revisão
vida presente e preservá-la para o futuro)”.
em razão de fatos supervenientes que as tornem ex-
cessivamente onerosas; 5 MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juí-
zo. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

107
Vulnerabilidade do consumidor tem apenas o encargo de alegar, mas também de provar.
Faz-se uma distribuição porque não seria justo que ape-
A vulnerabilidade é um princípio norteador do Direito nas uma das partes tivesse o ônus.
do Consumidor pelo qual se compreende que o consu- Então, os critérios que permitem ao juiz decidir a con-
midor é uma parte frágil no mercado de consumo. Trata- trovérsia enquanto não resulte provada a existência dos
-se de uma qualidade intrínseca e indissociável de todos fatos principais se encontram na disciplina do ônus da
os consumidores (presunção absoluta). prova.
A vulnerabilidade é uma característica única, mas que A necessidade de regulação pelo sistema processual
pode se manifestar de diferentes maneiras: do ônus da prova minuciosamente decorre do princípio
1º) Vulnerabilidade técnica – se traduz na falta de co- segundo o qual o juiz não pode se eximir de julgar, mes-
nhecimentos específicos que o consumidor tem mo em caso de dúvida invencível. Por isso, a lei deverá
sobre os produtos e serviços que está adquirindo. prescrever qual das partes sofrerá as consequências da
O consumidor não tem como avaliar a qualidade insuficiência probatória.
do produto. Todo consumidor, em maior ou menos Considerado o ônus sob o aspecto objetivo, o juiz
intensidade, tem vulnerabilidade. não pode deixar de julgar porque não se convenceu. Se
2º) Vulnerabilidade jurídica – resulta da falta de infor- não tiver outras provas para determinar (princípio inqui-
mação do consumidor a respeito de seus direitos, sitório) e ainda não estiver plenamente convencido, deve
inclusive no que diz respeito a quem recorrer ou valer-se do ônus da prova, ou seja, se houver dúvida in-
reclamar. Ex.: Seguro cobre roubo, mas não furto. vencível.
3º) Vulnerabilidade fática ou socioeconômica – trata- Em geral, ônus é de quem alega, de quem tem inte-
-se da exposição do consumidor às mais variadas resse na comprovação, regra que se altera na inversão.
técnicas de marketing, as quais interferem e mani-
pulam o poder de decidibilidade do consumidor.

Existem categorias de consumidores cuja vulnerabi- LEIS DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS


lidade está acentuada, caracterizando a hipervulnerabi- (DECRETO LEI Nº 3.688/1941)
lidade, notadamente, crianças, idosos, portadores de ne-
cessidades especiais e consumidores virtuais.
Nota-se que a vulnerabilidade possui viés material, A infração penal esta engloba tanto o crime (ou de-
não processual. Todo consumidor é vulnerável, mesmo lito), como a contravenção penal. Portanto, o crime e a
os mais poderosos. No entanto, processualmente, não se contravenção penal são espécies do gênero infração pe-
adota a vulnerabilidade, mas a hipossuficiência. nal.
- Crime: caracteriza-se por ter pena sempre de re-
Hipossuficiência do consumidor clusão ou detenção, cumulada ou não com multa.
Tem caráter repressivo, situando o Direito somente
A hipossuficiência é adotada sob a perspectiva pro- após a ocorrência do dano a alguém.
cessual, permitindo a inversão do ônus da prova proces- - Contravenção: caracteriza-se pela prisão simples
sual civil, mas há uma zona cinzenta entre ela e a vulne- e multa ou só multa. Caráter preventivo, visando
rabilidade, até porque são conceitos correlatos. a Lei das Contravenções Penais a coibir condutas
A definição de hipossuficiência não é pacífica nem na conscientes que possam trazer prejuízo a alguém.
doutrina, nem na jurisprudência. Via de regra, são desta-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

cados 2 aspectos do consumidor que autorizam a carac- DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941.
terização, a saber:
1º) Vulnerabilidade técnico-processual (falta de co- Lei das Contravenções Penais
nhecimentos técnicos e dificuldade probatória na-
tural) O Presidente da República, usando das atribuições
2º) Fragilidade financeira (consumidor carente) que lhe confere o artigo 180 da Constituição,

Inversão do ônus DECRETA:

Quando uma questão de fato se apresenta como ir- LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS
redutivelmente incerta no processo, o juiz poderá, teo- PARTE GERAL
ricamente, deixar de resolvê-la ou então insistir em re-
solvê-la. Adotada a segunda postura, será possível: que Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais
o problema seja adiado por uma decisão provisória, que do Código Penal, sempre que a presente lei não dispo-
seja utilizado um meio mecânico de prova (como o due- nha de modo diverso.
lo ou o juramento) ou então, o que parece mais ade-
quado, empregar as regras de distribuição do ônus da Comentário: As Contravenções penais, ou seja, infra-
prova. Trata-se do único critério equânime e racional. A ção penal punida apenas com prisão simples e/ou multa,
premissa do ônus da prova é a de que a parte que deseje são aplicadas as regras gerais do Código Penal, caso esta
obter sucesso numa demanda judicial irá buscar de todas Lei não trate do tema de modo diferente.
as formas convencer o magistrado. Assim, as partes não

108
Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreen-
praticada no território nacional. são da lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de
Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ser aplicada.
ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em
conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um Comentário: Antigamente falava-se de erro de direi-
ou de outra, qualquer efeito jurídico. to e erro de fato, hoje se falaerro de tipo (art. 20 do CP)
e erro de proibição (art. 21 do CP),sendo que eles não
Comentário: Para a configuração da contravenção, é guardam estreita correlação de igualdade. Noentanto o
necessário a ação ou omissão, porém é necessário para que erro de direito pode ser tratado como um erro de proibi-
produza efeito jurídico, analisar se a Lei traz a dependência ção(art. 21, do CP), que, no artigo em estudo, gera o per-
do dolo ou da culpa para a caraterização da contravenção. dão judicial,considerando a expressão utilizada “a pena
Na contravenção basta a voluntariedade omissiva ou pode deixar de ser aplicada”.
comissiva, ou seja, a voluntariedade prevista leva o inter- Para alguns doutrinadores o art. 21 do Código Penal
prete a uma análise intuitiva das condutas previstas como teria revogadoo art. 8º da LCP, pois lá o erro de proibição,
contravenções penais, já que determinados casos será pos- quando escusável(invencível) exclui a culpabilidade que é
sível detectar que se trata de uma conduta negligente. mais benéfico do queaplicação do perdão judicial. No en-
tanto outros autores afirma que oart. 8º deve prevalecer,
Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção. por se tratar de uma lei especial, em relação ao Código
Penal
Comentário: Atenção, não cabe tentativa nas contra- Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de
venções penais. acordo com o que dispõe o Código Penal sobre a con-
versão de multa em detenção.
Art. 5º As penas principais são: Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada,
I – prisão simples. a conversão em prisão simples se faz entre os limites
II – multa. de quinze dias e três meses.
Não existem penas de reclusão ou detenção para o
condenado por contravenção penal Comentário: O art. 9º dispõe que a multa conver-
te-se em prisão simples, de acordo com o que dispõe o
Comentário: O Código Penal dispõe em seu artigo Código Penal sobre a conversão de multa em detenção.
49 do Código Penal (10 a 360 dias multa e o dia multa A doutrina entende que essa norma foi revogado pelo
valorado entre 1/30 a 5 vezes o maior salário mínimo). art. 51 do CP, o qual postula que a pena de multa será
O Código Penal em seu artigo 59, disporá acerca da considerada dívida de valor, de modo que, se inadimpli-
fiação da Pena, cujo regime será semiaberto e aberto. da, deve ser executada na vara de fazenda pública, não
Os Juizados Especiais Criminais serão competentes gerando prisão.
para julgar as contravenções penais.
Art. 10. A duração da pena de prisão simples não
pode, em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a
Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida,
importância das multas ultrapassar cinquenta contos.
sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial
Comentário: O presente artigo limita a pena de
ou seção especial de prisão comum, em regime semia-
prisão simples, que não poderá ser superior a 5 anos. A
berto ou aberto.
multa do mesmo modo não poderá
§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica sem-

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


pre separado dos condenados a pena de reclusão ou Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz
de detenção. pode suspender por tempo não inferior a um ano nem
§ 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não superior a três, a execução da pena de prisão simples,
excede a quinze dias. bem como conceder livramento condicional.

Comentário: Na Lei de Execuções Penais (7.210/84) Comentário: A lei em comento não elenca os requisi-
o trabalho do condenado é obrigatório, enquanto que tos para a concessão do sursis e livramento condicional,
o trabalho para o preso provisório e o condenado por remetendo o art. 11 às condições legais do CP e LEP. As
crime político é facultativo (art. 31 e 200 da LEP) condições do sursis para contravenções são as mesmas
do art. 77 e 78 do CP. A diferença entre o sursis da LCP
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pra- e a do CP está no prazo de duração. Ao livramento con-
tica uma contravenção depois de passar em julgado dicional das contravenções, aplicam-se as regras do art.
a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no 83 do CP.
estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por mo-
tivo de contravenção. Art. 12. As penas acessórias são a publicação da sen-
tença e as seguintes interdições de direitos:
Comentário: Base legal: art. 7º da LCP e Art. 63 CP, I – a incapacidade temporária para profissão ou ativi-
que prevê: Verifica-se a reincidência quando o agente dade, cujo exercício dependa de habilitação especial,
comete novo crime, depois detransitar em julgado a sen- licença ou autorização do poder público;
tença que, no País ou no estrangeiro, otenha condenado lI – a suspensão dos direitos políticos.
por crime anterior.

109
Parágrafo único. Incorrem: Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
a) na interdição sob nº I, por um mês a dois anos, o multa, de duzentos mil réis a três contos de réis, ou
condenado por motivo de contravenção cometida com ambas cumulativamente.
abuso de profissão ou atividade ou com infração de § 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se o
dever a ela inerente; agente já foi condenado, em sentença irrecorrível, por
b) na interdição sob nº II, o condenado a pena privati- violência contra pessoa.
va de liberdade, enquanto dure a execução do pena ou § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias
a aplicação da medida de segurança detentiva. a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a um con-
Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, as to de réis, quem, possuindo arma ou munição:
medidas de segurança estabelecidas no Código Penal, a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autorida-
à exceção do exílio local. de, quando a lei o determina;
b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa
Comentário: A medida de segurança para as con- inexperiente no manejo de arma a tenha consigo;
travenções penais seguem as mesmas regras do Código c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela
Penal (art. 96 e seguintes). se apodere facilmente alienado, menor de 18 anos ou
pessoa inexperiente em manejá-la.
Art. 14. Presumem-se perigosos, além dos indivíduos a
Comentário: O presente artigo trata da aplicação às
que se referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal:
armas brancas (estiletes, canivetes, facas, adagas, nava-
I – o condenado por motivo de contravenção cometido,
lha, espadas, punhal, soco-inglês).
em estado de embriaguez pelo álcool ou substância de
O Bem jurídico tutelado é tentar garantir o combate à
efeitos análogos, quando habitual a embriaguez;
criminalidade contra a pessoa.
II – o condenado por vadiagem ou mendicância;
III e IV – (Revogados)
Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto desti-
nado a provocar aborto:
Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em ins-
Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez mil cruzeiros.
tituto de trabalho, de reeducação ou de ensino profis-
sional, pelo prazo mínimo de um ano:
Comentário: Anúncio de meio abortivo – o crime de
I – o condenado por vadiagem (art. 59);
aborto é um crime doloso contra a vida de tal maneira
II – o condenado por mendicância (art. 60 e seu pa-
que não é possível admitir qq conduta que admita, pres-
rágrafo);
tigia essa conduta.
III – (Revogado)
Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:
manicômio judiciário ou em casa de custódia e trata-
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
mento é de seis meses.
multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não
Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de
constitui crime.
decretar a internação, submeter o indivíduo a liberda-
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um ter-
de vigiada.
ço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta)
Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade
anos.
proceder de ofício.
Comentário: Vias de fato - qualquer contato físico,
Comentário: Competência: Justiça comum estadual
bruto (violento) que não provoca ferimentos e no qual
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

(art. 109, IV, CF). Juizados Especiais Criminais.


o agente não tenha animus ledendi, vulnerandi, de ferir,
Dispõe a Súmula 38 do STJ que compete a justiça es-
ex., tapa na cara, chutar, empurrar, chacoalhar, etc. não
tadual comum, na vigência da constituição de 1988, o
obstante, haverá a tentativa de lesão corporal.
processo por contravenção penal, ainda que praticada
em detrimento de bens, serviços ou interesse da união
Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e
ou de suas entidades.
nele internar, sem as formalidades legais, pessoa apre-
sentada como doente mental:
PARTE ESPECIAL
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de
CAPÍTULO I
réis.
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA
§ 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comu-
nicar a autoridade competente, no prazo legal, inter-
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito
nação que tenha admitido, por motivo de urgência,
ou vender, sem permissão da autoridade, arma ou
sem as formalidades legais.
munição:
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou
a três meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco
multa, de um a cinco contos de réis, ou ambas cumu-
contos de réis, aquele que, sem observar as prescrições
lativamente, se o fato não constitui crime contra a or-
legais, deixa retirar-se ou despede de estabelecimento
dem política ou social.
psiquiátrico pessoa nele, internada.
Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de depen-
dência desta, sem licença da autoridade:

110
Comentário: O sujeito ativo no presente artigo é Comentário: violação de lugar ou objeto - crime
qualquer pessoa. próprio – só pode ser cometido por serralheiro, chaveiro.
O estabelecimento psiquiátrico poderá ser qualquer
um, incluindo casa de saúde, casa de repouso, asilos, vilas
e outros de assistência social. Art. 27. (Revogado)
O elemento subjetivo é Dolo, exigindo-se o conheci-
mento de que a internação está sendo realizada sem as CAPÍTULO III
formalidades legais. DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMI-
DADE PÚBLICA
Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora
do caso previsto no artigo anterior, sem autorização Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou
de quem de direito: em suas adjacências, em via pública ou em direção a
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou ela:
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa,
de trezentos mil réis a três contos de réis.
Comentário: A Objetividade jurídica desse artigo é a Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de
proteção da pessoa contra a custódia indevida quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil
O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa, e o sujei- réis a dois contos de réis, quem, em lugar habitado ou
to passivo será o doente mental. em suas adjacências, em via pública ou em direção a
Caso a pessoa seja mentalmente são, e ao agente co- ela, sem licença da autoridade, causa deflagração pe-
nhecer tal situação, o crime será de Sequestro ou cárcere rigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso.
privado constante no Código Penal. Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou,
por erro no projeto ou na execução, dar-lhe causa:
CAPÍTULO II Pena – multa, de um a dez contos de réis, se o fato não
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO constitui crime contra a incolumidade pública.

Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instru- Comentário: No presente artigo o sujeito ativo po-
mento empregado usualmente na prática de crime de derá ser qualquer pessoa na conduta de provocar, já na
furto: conduta de dar causa, o sujeito será o responsável do
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e projeto ou da execução da obra. Já o sujeito passivo por
multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. sua vez será a coletividade. A Objetividade jurídica é a
incolumidade pública.
Comentário: Primeiramente é preciso esclarecer que
“gazua”, é o pé-de-cabra, serra, chave de fenda, etc. O su- Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo
jeito ativo é a coletividade e o sujeito passivo poderá ser Estado ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja
qualquer pessoa. A objetividade jurídica é incolumidade conservação lhe incumbe:
do patrimônio alheio. O elemento é o dolo, a intenção. Pena – multa, de um a cinco contos de réis.
Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pes-
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condena- soa inexperiente, ou não guardar com a devida caute-
do, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito la animal perigoso:
à liberdade vigiada ou quando conhecido como va- Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou
multa, de cem mil réis a um conto de réis.

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


dio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas
ou instrumentos empregados usualmente na prática Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
de crime de furto, desde que não prove destinação le- a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou
gítima: corrida, ou o confia à pessoa inexperiente;
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e mul- b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segu-
ta de duzentos mil réis a dois contos de réis. rança alheia;
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a
Comentário: posse não justificada de instrumento de segurança alheia.
emprego usual na prática de furto. O sujeito ativo neste
artigo são aqueles que preenchem os requisitos legais e Comentários aos artigos 28, 30 e 31: omissão de
o sujeito passivo é a coletividade. A objetividade jurídica cautela na guarda de animal – contravenção penal cul-
é incolumidade do patrimônio alheio. posa.

Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na
serralheiro ou oficio análogo, a pedido ou por incum- via pública, ou embarcação a motor em aguas públi-
bência de pessoa de cuja legitimidade não se tenha cas:
certificado previamente, fechadura ou qualquer outro Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
aparelho destinado à defesa de lugar nu objeto:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou Comentário: para dirigir é necessário a habilitação
multa, de duzentos mil réis a um conto de réis. tanto no que concerne a veículos terrestres quanto a
embarcações.

111
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licen- Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa,
ciado: de trezentos mil réis a três contos de réis.
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, e § 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou ocu-
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. pante de prédio que o cede, no todo ou em parte, para
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarca- reunião de associação que saiba ser de caráter secreto.
ções em águas públicas, pondo em perigo a segurança § 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias, deixar
alheia: de aplicar a pena, quando lícito o objeto da associação.
Pena – prisão simples, de quinze das a três meses, ou
multa, de trezentos mil réis a dois contos de réis. Comentário: Participar de associação de mais de
cinco pessoas, que se reúna periodicamente, sob com-
Comentário: para dirigir além da habilitação é neces- promisso de ocultar à autoridade a existência, objetivo,
sário a devida cautela, prudência a fim de que a seguran- organização ou administração da associação, pena de
ça de terceiros não seja colocada em risco. prisão simples, de um a seis meses ou multa.
Grupo composto por + de 5 pessoas que intencio-
Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acroba- nalmente e regularmente se reúne e busca ocultar a sua
cias ou a voos baixos, fora da zona em que a lei o existência e/ou finalidade. É necessário que haja a regu-
permite, ou fazer descer a aeronave fora dos lugares larização para a sua caracterização.
destinados a esse fim: Quadrilha ou bando do art. 288, CP – grupo compos-
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou to por 4 ou + pessoas para cometer crimes (no plural).
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
Art. 36. Deixar do colocar na via pública, sinal ou obs- Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo in-
táculo, determinado em lei ou pela autoridade e desti- conveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato
nado a evitar perigo a transeuntes: oficial, em assembleia ou espetáculo público, se o fato
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou não constitui infração penal mais grave;
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de
outra natureza ou obstáculo destinado a evitar perigo Comentário: Comete contravenção a pessoa que
a transeuntes; portar-se de modo inconveniente ou desrespeitoso, em
b) remove qualquer outro sinal de serviço público. solenidade ou ato oficial, em assembleia ou espetáculo
Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou público, se o fato não for caso de infração penal mais
em lugar de uso comum, ou do uso alheio, coisa que grave.
possa ofender, sujar ou molestar alguém:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou
réis. perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, produzir pânico ou tumulto:
sem as devidas cautelas, coloca ou deixa suspensa Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
coisa que, caindo em via pública ou em lugar de uso multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
comum ou de uso alheio, possa ofender, sujar ou mo-
lestar alguém. Comentário: Provocar alarma, noticiando desastre
Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, ou perigo inexistente, ou realizar qualquer ato que cause
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguém: tumulto, caracteriza contravenção penal.
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
réis. Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego
alheios:
Comentários artigos 37 e 38: Os artigos dispõe I – com gritaria ou algazarra;
acerca da sujeira e fumaça em via pública. Na pena de II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em de-
multa acerca do artigo 37, também incorre quem, sem sacordo com as prescrições legais;
as devidas cautelas, coloca ou deixa suspensa coisa que, III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acús-
caindo em via pública ou em lugar de uso comum ou de ticos;
uso alheio, possa ofender, sujar ou molestar alguém. IV – provocando ou não procurando impedir barulho
Frise-se que esta é uma contravenção com a qual in- produzido por animal de que tem a guarda:
felizmente convivemos diariamente em todas as cidades Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
do Brasil. multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

CAPÍTULO IV Comentário: Perturbar trabalho ou o sossego alheios


DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLICA com gritaria ou algazarra, exercendo profissão incômo-
da ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais,
Art. 39. Participar de associação de mais de cinco pes- abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos e
soas, que se reúnam periodicamente, sob compromis- ou provocando ou não procurando impedir barulho pro-
so de ocultar à autoridade a existência, objetivo, orga- duzido por animal de que tem a guarda, pena de prisão
nização ou administração da associação: simples, de quinze dias a três meses, ou multa

112
CAPÍTULO V CAPÍTULO VI
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZA-
ÇÃO DO TRABALHO
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de
curso legal no país: Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de anunciar que a exerce, sem preencher as condições a
réis. que por lei está subordinado o seu exercício:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
Comentário: Recusar-se a receber, pelo seu valor, multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
moeda de curso legal no país, pena de multa. Notas ve-
lhas, moedas miúdas, não podem ser recusadas. Comentário: O presente artigo trata por exemplo do
Importa esclarecer que cheque não é dinheiro, por- taxista, pessoa que está desempregada e usa o seu carro
tanto pode ser recusado. A moeda estrangeira, por sua particular para ser taxista.
vez pode ser recusada. Moeda com suspeita de falsidade Um indivíduo que se passa por médico estaria crime
pode ser recusada. O objetivo é a validade do curso da previsto no art. 282 do CP.
moeda.
Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições le-
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou obje- gais, comércio de antiguidades, de obras de arte, ou
to que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir de manuscritos e livros antigos ou raros:
com moeda: Pena – prisão simples de um a seis meses, ou multa, de
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de um a dez contos de réis.
réis.
Comentário: O objetivo é o controle do comércio le-
Comentário: A objetividade jurídica é a validade e gítimo de obras de arte, objetos antigos, coisas raras e
circulação da moeda. O presente artigo trata da mera preciosas, que interessam ao Estado. Para o cometimento
imitação, haja vista que, sendo falsificação, configura o da contravenção é necessária a habitualidade. O sujeito
crime do artigo 289 do CP. ativo poderá ser qualquer pessoa, o sujeito passivo será
O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa e o sujeito o Estado.
passivo será o Estado.
O impresso simulando dinheiro deve contar com des- Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrí-
taque expressões do tipo “sem valor comercial”, “sem cula ou à escrituração de indústria, de comércio, ou de
validade”, “nota simulada” etc, desse modo não caracte- outra atividade:
rizará contravenção. Pena – multa, de duzentos mil réis a cinco contos de
réis.
Art. 45. Fingir-se funcionário público:
Pena – prisão simples, de um a três meses, ou multa, Comentário: O sujeito ativo é o responsável pela ma-
de quinhentos mil réis a três contos de réis. tricula ou escrituração de firma e o sujeito passivo é o
Estado.
Comentário: É uma conduta estritamente subsidiária. O Elemento subjetivo é dolo. A contravenção se con-
Se tiver como finalidade obter alguma vantagem ou suma coma prática de qualquer ato caracterizador da in-
causar algum prejuízo, induzindo alguém em erro, carac- fração à determinação legal.

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


teriza o de falsa identidade.
Se tiver a finalidade de obter alguma vantagem pa- CAPÍTULO VII
trimonial caracteriza o crime de estelionato e não seria DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE
mais uma contravenção. COSTUMES
Se efetivamente essa pessoa executa a função pública
aí teremos o crime de usurpação da função pública. Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar
público ou acessível ao público, mediante o pagamen-
Art. 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo to de entrada ou sem ele:
de função pública que não exerce; usar, indevidamen- Pena – prisão simples, de três meses a um ano, e mul-
te, de sinal, distintivo ou denominação cujo emprego ta, de dois a quinze contos de réis, estendendo-se os
seja regulado por lei. efeitos da condenação à perda dos moveis e objetos de
Pena – multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o decoração do local.
fato não constitui infração penal mais grave. § 1º A pena é aumentada de um terço, se existe entre
os empregados ou participa do jogo pessoa menor de
Comentário: O presente artigo trata da contraven- dezoito anos.
ção de uso ilegítimo de uniforme ou distintivo. O Sujeito § 2º Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 (dois
ativo poderá ser qualquer pessoa, já o sujeito passivo é mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), quem
a coletividade. A objetividade jurídica do artigo é a fé é encontrado a participar do jogo, ainda que pela in-
pública e somente ocorrerá se não ocorrer crime mais ternet ou por qualquer outro meio de comunicação,
grave. como ponteiro ou apostador. (Redação dada pela Lei
nº 13.155, de 2015)

113
a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclu- Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio,
siva ou principalmente da sorte; bilhete de loteria, rifa ou tômbola estrangeiras:
b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódro- Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e
mo ou de local onde sejam autorizadas; multa, de um a cinco contos de réis.
c) as apostas sobre qualquer outra competição esportiva. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende,
§ 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar expõe à venda, tem sob sua guarda. para o fim de ven-
acessível ao público: da, introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete
a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, de loteria estrangeira.
quando deles habitualmente participam pessoas que
não sejam da família de quem a ocupa; Comentário: Introdução, no país, para o fim de co-
b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hós- mércio, de bilhete de loteria, rifa ou tômbola estrangei-
pedes e moradores se proporciona jogo de azar; ras, pena de prisão simples, de quatro meses a um ano,
c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, e multa. O artigo traz que sofrerá a mesma pena quem
em que se realiza jogo de azar; vende, expõe à venda, tem sob sua guarda para o fim de
d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo venda, introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete
de azar, ainda que se dissimule esse destino. de loteria estrangeira.

Comentário: Jogos de azar – ocorre quando o ganho Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de
ou a perda dependem exclusiva ou principalmente da loteria estadual em território onde não possa legal-
sorte. mente circular:
Máquinas de caça-níqueis – toda a vez que uma con- Pena – prisão simples, de dois a seis meses, e multa, de
duta deixa vestígios é necessário o exame de corpo de um a três contos de réis.
delito. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende,
Então, se a máquina é periciada ocorrer 50/50 de chan- expõe à venda, tem sob sua guarda, para o fim de
venda, introduz ou tonta introduzir na circulação, bi-
ces de ganho temos a contravenção de jogos de azar.
lhete de loteria estadual, em território onde não possa
Se a máquina foi adulterada e a sua chance de ganho
legalmente circular.
é de 49% estar-se diante de crime de estelionato, pois a
chance não superou a casa dos 50%.
Comentário: Introduzir, para o fim de comércio, bi-
E aquele jogo das bolinhas? Caracteriza crime de es-
lhete de loteria estadual em território onde não possa
telionato.
legalmente circular, pena de prisão simples, de dois a seis
meses, e multa.
Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem autori-
zação legal: Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e loteria estrangeira:
multa, de cinco a dez contos de réis, estendendo-se os Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de
efeitos da condenação à perda dos moveis existentes duzentos mil réis a um conto de réis.
no local. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe ou
§ 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou tem sob sua guarda lista de sorteio de loteria estadual,
expõe à venda, tem sob sua guarda para o fim de ven- em território onde esta não possa legalmente circular.
da, introduz ou tenta introduzir na circulação bilhete
de loteria não autorizada. Comentário: o artigo traz que comete contravenção
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

§ 2º Considera-se loteria toda operação que, mediante quem exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de
a distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais, loteria estadual, em território onde esta não possa legal-
símbolos ou meios análogos, faz depender de sorteio mente circular, pena de prisão simples, de um a três me-
a obtenção de prêmio em dinheiro ou bens de outra ses, e multa, de até R$ 56.000,00.
natureza.
§ 3º Não se compreendem na definição do parágrafo Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de fei-
anterior os sorteios autorizados na legislação especial. tura de bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes
relativos a loteria, em lugar onde ela não possa legal-
Comentário: O presente artigo dispõe que, promo- mente circular:
ver ou fazer extrair loteria, sem autorização legal, pena Pena – prisão simples, de um a seis meses, e multa, de
de prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa, duzentos mil réis a dois contos de réis.
estendendo-se os efeitos da condenação à perda dos Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de
moveis existentes no local. sorteio ou avisos de loteria, onde ela não possa legal-
Sofrerá a mesma pena quem guarda, vende ou expõe mente circular:
à venda, tem sob sua guarda para o fim de venda, intro- Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de
duz ou tenta introduzir na circulação bilhete de loteria cem a quinhentos mil réis.
não autorizada. Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impres-
Considera-se loteria toda operação que, mediante a so, de rádio, cinema, ou qualquer outra forma, ainda
distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais, símbo- que disfarçadamente, anúncio, aviso ou resultado de
los ou meios análogos, faz depender de sorteio a obten- extração de loteria, onde a circulação dos seus bilhetes
ção de prêmio em dinheiro ou bens de outra natureza. não seria legal:

114
Pena – multa, de um a dez contos de réis. Atentado violento ao pudor – crime hediondo previs-
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo to no art. 214, CP – há o emprego de violência ou grave
do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua reali- ameaça a pessoa com a finalidade de praticar ato libidi-
zação ou exploração: noso diverso da conjunção carnal.
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de em-
multa, de dois a vinte contos de réis. briaguez, de modo que cause escândalo ou ponha em
Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzen- perigo a segurança própria ou alheia:
tos mil réis a dois contos de réis, aquele que participa Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
da loteria, visando a obtenção de prêmio, para si ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
para terceiro. Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contra-
ventor é internado em casa de custódia e tratamento.
Comentário: é uma contravenção penal.
A tentativa de contravenção não é punível, assim, se Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:
vc está preste a fazer o jogo, não responde pelo crime, I – (Revogado pela Lei nº 13.106, de 2015);
mas o banqueiro, a pessoa que distribui os boletos, etc. II – a quem se acha em estado de embriaguez;
Lembre-se: costume jamais revoga lei. o jogo do bi- III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades
cho nunca foi descaracterizado como infração penal. mentais;
Dec-lei n.º 6.259/44 – toda a matéria referente a jogos IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente
de azar foi tacitamente revogada, com exceção do art. 50. proibida de frequentar lugares onde se consome bebi-
Tentativa – a tentativa em contravenção penal não é da de tal natureza:
punível. Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou
O banqueiro tem pena diferenciada daquele que apos- multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
ta.
Comentário: a doutrina entende que, por questão
Súmula 51 do STJ – para punição do intermediário de redação, se a bebida for alcoólica não configuraria o
não é necessário a identificação do banqueiro. crime do art. 243, ECA e, sim, contravenção penal do art.
62, I, LCP.
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosi- Obs.: o álcool não se confunde com substância proi-
dade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que bida e causa dependência, assim, o ECA estaria mais
lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou pro- acertada.
ver à própria subsistência mediante ocupação ilícita:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses. Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, trabalho excessivo:
que assegure ao condenado meios bastantes de sub- Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa,
sistência, extingue a pena. de cem a quinhentos mil réis.
§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para
Comentário: pessoa se entrega de forma habitual à fins didáticos ou científicos, realiza em lugar público
ociosidade. Mediante a seguinte peculiaridade: sendo ou exposto ao público, experiência dolorosa ou cruel
válida para o trabalho. Manutenção da ociosidade pela em animal vivo.
prática de atividade ilícita. Ex: o flanelinha. § 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o
A prostituta é vadia? Não, pois apesar da sua atividade animal é submetido a trabalho excessivo ou tratado

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


imoral, ela não é ilegal. Não caracteriza atividade ilícita. com crueldade, em exibição ou espetáculo público.
Aspecto que tem sido de incontestável Inconstitucio- Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquili-
nalidade – há uma quebra da isonomia em relação àque- dade, por acinte ou por motivo reprovável:
les que são ricos e não faz nada (não são considerados Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou
vadios), pois aqueles que são pobres e ociosos serão multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
considerados vadios.
Comentário: perturbação da tranquilidade – local
Art. 60. (Revogado pela Lei nº 11.983, de 2009) privado, pessoa certa – vizinho que perturba fazendo ba-
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou aces- rulho.molestar alguém por ato reprovável. Exemplo: trote
sível ao público, de modo ofensivo ao pudor: pelo telefone.
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
réis. CAPÍTULO VIII
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À ADMINIS-
Comentário: Importunar alguém, em lugar público TRAÇÃO PÚBLICA
ou acessível ao público. São as famosas apalpadelas.
Não confundir: Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competen-
Crime de importunação ofensiva ao pudor – temos te:
uma vítima certa, determinada; I – crime de ação pública, de que teve conhecimento
Ofensa ao pudor público – número indeterminado de no exercício de função pública, desde que a ação penal
pessoas (mixar em público). Exibir as suas vergonhas em não dependa de representação;
público. (ato obsceno, sinal obsceno)

115
II – crime de ação pública, de que teve conhecimento no
exercício da medicina ou de outra profissão sanitária, LEI DOS CRIMES CONTRA O MEIO AM-
desde que a ação penal não dependa de representação BIENTE (LEI Nº 9.605/1998)
e a comunicação não exponha o cliente a procedimento
criminal:
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de
LEI Nº 9.605/1998 E SUAS ALTERAÇÕES (CRIMES
réis.
CONTRA O MEIO AMBIENTE)

Nos crimes ambientais, para imposição e gradação da


Comentário: O artigo trata da omissão de comuni-
penalidade, a autoridade competente observará:
cação de crime.
- a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da
Conivência – quando uma pessoa toma conhecimen-
infração e suas consequências para a saúde pública
to de um crime, que já aconteceu, está acontecendo ou
e para o meio ambiente.
vai acontecer, e não tem nenhuma obrigação de comu-
- os antecedentes do infrator quanto ao cumprimen-
nicar a polícia. Chama-se também de participação nega-
to da legislação de interesse ambiental.a situação
tiva. Não acarreta nenhuma responsabilidade criminal.
econômica do infrator, no caso de multa.
Ex.: Pessoas que estão no bar tomando café e ocorre um
crime.
As penas restritivas de direitos são autônomas e
Existem duas situações no do art. 66 em que têm re-
substituem as privativas de liberdade quando:
levância no caso de conivência: quando o funcionário pú-
- tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena
blico, no exercício de suas funções e profissional da área
privativa de liberdade inferior a quatro anos.
de higiene sanitária, deixam de comunicar o crime.
- a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social
e a personalidade do condenado, bem como os
Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das
motivos e as circunstâncias do crime indicarem
disposições legais:
que a substituição seja suficiente para efeitos de
Pena – prisão simples, de um mês a um ano, ou multa,
reprovação e prevenção do crime.
de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justi-
As penas restritivas de direitos terão a mesma dura-
ficadamente solicitados ou exigidos, dados ou indica-
ção da pena privativa de liberdade substituída.
ções concernentes à própria identidade, estado, profis-
As penas restritivas de direito são:
são, domicílio e residência:
- prestação de serviços à comunidade.
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
- interdição temporária de direitos.
réis.
- suspensão parcial ou total de atividades.
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples,
- prestação pecuniária.
de um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a
- recolhimento domiciliar.
dois contos de réis, se o fato não constitui infração pe-
nal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, faz
A prestação de serviços à comunidade consiste na
declarações inverídicas a respeito de sua identidade
atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a par-
pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.
ques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no
caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na
Comentário: recusa de fornecer dados a autoridade
restauração desta, se possível.
quando solicitado. Somente será caracterizada se não
As penas de interdição temporária de direito são a
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

houver um crime mais grave. Por exemplo, a pessoa no


proibição de o condenado contratar com o Poder Públi-
momento de ser preso em flagrante dar o nome falso,
co, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros be-
para não ser reconhecida como reincidente, etc, - falsa
nefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo
identidade.
de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos,
no de crimes culposos.
Art. 69.- (Revogado pela Lei nº 6.815, de 19.8.1980)
A suspensão de atividades será aplicada quando estas
Pena – prisão simples, de três meses a um ano.
não estiverem obedecendo às prescrições legais.
Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do
A prestação pecuniária consiste no pagamento em
monopólio postal da União:
dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou
fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a
multa, de três a dez contos de réis, ou ambas cumu-
um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta sa-
lativamente.
lários mínimos. O valor pago será deduzido do montante
de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
DISPOSIÇÕES FINAIS
O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina
e senso de responsabilidade do condenado, que deve-
Art. 71. Ressalvada a legislação especial sobre flores-
rá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer
tas, caça e pesca, revogam-se as disposições em con-
atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias
trário.
e horários. de folga em residência ou em qualquer local
Art. 72. Esta lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro
destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido
de 1942.
na sentença condenatória.

116
São circunstâncias que atenuam a pena: Verificada a infração, serão apreendidos seus produ-
- baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; tos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.
- arrependimento do infrator, manifestado pela es- Os instrumentos utilizados na prática da infração
pontânea reparação do dano, ou limitação signifi- serão vendidos, garantida a sua descaracterização por
cativa da degradação ambiental causada; meio da reciclagem.
- comunicação prévia pelo agente do perigo iminente Nas infrações penais previstas na Lei nº 9.605/1998, a
de degradação ambiental; ação penal é pública incondicionada.
- colaboração com os agentes encarregados da vig- Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo,
ilância e do controle ambiental. a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de
São circunstâncias que agravam a pena, quando não direitos ou multa, somente poderá ser formulada desde
constituem ou qualificam o crime: que tenha havido a prévia composição do dano ambien-
- reincidência nos crimes de natureza ambiental; tal, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
- ter o agente cometido a infração:

a) para obter vantagem pecuniária;


b) coagindo outrem para a execução material da in-
fração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a
saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou
áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime
especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assenta-
mentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente
protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate
ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão
ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou
parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada
por incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatóri-
os oficiais das autoridades competentes;

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


r) facilitada por funcionário público no exercício de
suas funções.

FIQUE ATENTO!
Nos crimes previstos nesta lei, a suspensão
condicional da pena pode ser aplicada nos
casos de condenação a pena privativa de
liberdade não superior a três anos

A multa será calculada segundo os critérios do Códi-


go Penal. Se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no va-
lor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo
em vista o valor da vantagem econômica auferida.
A sentença penal condenatória, sempre que possível,
fixará o valor mínimo para reparação dos danos causa-
dos pela infração, considerando os prejuízos sofridos
pelo ofendido ou pelo meio ambiente.

117
5. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE
POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) A autoridade poli-
HORA DE PRATICAR! cial que, na fase de investigação criminal, desconfiar da
integridade mental do acusado, poderá, sem suspender
1. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE POLÍ- o andamento do inquérito policial, determinar, de ofício,
CIA FEDERAL – CESPE – 2013) É apresentada uma situ- que o acusado se submeta a exame de sanidade mental,
ação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada a ser realizado por peritos oficiais.
em relação ao inquérito policial e suas peculiaridades, às
atribuições da Polícia Federal e ao sistema probatório no ( ) CERTO ( ) ERRADO
processo penal brasileiro.
Uma quadrilha efetuou ilegalmente diversas transações 6. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
bancárias na modalidade de saques e transferências CIA FEDERAL – CESPE – 2014) No que se refere ao
eletrônicas em contas de inúmeros clientes de determi- exame de corpo de delito, julgue o item seguinte.
nada agência do Banco do Brasil. A instituição financeira A autoridade providenciará que, em dia e hora previa-
ressarciu todos os clientes lesados e arcou integralmente mente marcados, seja realizada a diligência de exumação
com os prejuízos resultantes das fraudes perpetradas para exame cadavérico, devendo-se lavrar auto circun-
pelo grupo. Nessa situação hipotética, cabe à Polícia stanciado da sua realização.
Federal a instauração do inquérito policial, porquanto a
ela compete, com exclusividade, a apuração de crimes ( ) CERTO ( ) ERRADO
praticados contra bens e serviços da União.
7. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
( ) CERTO ( ) ERRADO CIA FEDERAL – CESPE – 2014) No que se refere ao
exame de corpo de delito, julgue o item seguinte.
2. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE A confissão do acusado suprirá o exame de corpo de del-
POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) No curso de inqué- ito, quando a infração deixar vestígios, mas não for pos-
rito policial presidido por delegado federal, foi deferida sível fazê-lo de modo direto.
a interceptação telefônica dos indiciados, tendo sido a
transcrição dos dados em laudo pericial juntada em ap- ( ) CERTO ( ) ERRADO
enso aos autos do inquérito, sob segredo de justiça. En-
caminhado o procedimento policial ao Poder Judiciário, 8. (CESPE – FEDERAL – ESCRIVÃO – CESPE – 2013)
o juiz permitiu o acesso da imprensa ao conteúdo dos A respeito da prova no processo penal, julgue o item
dados da interceptação e a sua divulgação, sob o funda- subsequente.
mento de interesse público à informação. Nessa situação A confissão extrajudicial do réu e outros elementos in-
hipotética, independentemente da autorização judicial diciários de participação no crime nos autos do processo
de acesso da imprensa aos dados da interceptação tel- são subsídios suficientes para autorizar-se a prolação de
efônica, a divulgação desse conteúdo é ilegal e invalida a sentença condenatória.
prova colhida, uma vez que o procedimento em questão,
tanto na fase inquisitorial quanto na judicial, é sigiloso, ( ) CERTO ( ) ERRADO
por expressa regra constitucional.
9. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
( ) CERTO ( ) ERRADO CIA FEDERAL – CESPE – 2012) De acordo com o siste-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

ma processual penal brasileiro, qualquer pessoa poderá


3. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE ser testemunha e a ninguém que tenha conhecimento
POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) De acordo com dos fatos será dado o direito de se eximir da obrigação
o CPP, entre os procedimentos a serem adotados pela de depor, com exceção das pessoas proibidas de depor
autoridade policial incluem-se a oitiva do ofendido e a porque, em razão de função, ministério, ofício ou profis-
comunicação a ele dos atos da investigação policial, em são, devam guardar segredo, salvo se desobrigadas pela
especial, os relativos ao ingresso ou à saída do acusado parte interessada, e dos doentes e deficientes mentais e
da prisão, à designação de data para interrogatório e, no menores de quatorze anos de idade.
caso de indiciamento do acusado, à remessa dos autos
à justiça. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 10. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-


CIA FEDERAL – CESPE – 2009) Não se admite a acar-
4. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE eação entre o acusado e a pessoa ofendida, consideran-
POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) Os delegados de do-se que o acusado tem o direito constitucional ao
polícia não podem recusar-se a cumprir requisição de silêncio, e o ofendido não será compromissado.
autoridade judiciária ou de membro do MP para instau-
ração de inquérito policial. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO

118
5. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO- 1. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO – CESPE
LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) A autoridade policial – 2013) Considere que, no curso de investigação policial
que, na fase de investigação criminal, desconfiar da in- para apurar a prática de crime de extorsão mediante se-
tegridade mental do acusado, poderá, sem suspender o questro contra um gerente do Banco X, agentes da Polí-
andamento do inquérito policial, determinar, de ofício, cia Federal tenham perseguido os suspeitos, que fugiram
que o acusado se submeta a exame de sanidade mental, com a vítima, por dois dias consecutivos. Nessa situação,
a ser realizado por peritos oficiais. enquanto mantiverem a privação da liberdade da vítima,
os suspeitos poderão ser presos em flagrante, por se tra-
( ) CERTO ( ) ERRADO tar de infração permanente.

6. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ- ( ) CERTO ( ) ERRADO


CIA FEDERAL – CESPE – 2014) No que se refere ao
exame de corpo de delito, julgue o item seguinte. 12. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO – CESPE
A autoridade providenciará que, em dia e hora previa- – 2004) Considerando a situação hipotética apresentada
mente marcados, seja realizada a diligência de exumação acima, julgue o item que se seguem.
para exame cadavérico, devendo-se lavrar auto circuns- Após a referida apreensão, era dever dos policiais infor-
tanciado da sua realização. mar os rapazes sobre seus direitos, bem como imediata-
mente comunicar a realização da apreensão tanto a Júlio
( ) CERTO ( ) ERRADO quanto à autoridade judiciária competente.

7. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ- ( ) CERTO ( ) ERRADO


CIA FEDERAL – CESPE – 2014) No que se refere ao
exame de corpo de delito, julgue o item seguinte. 13. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE
A confissão do acusado suprirá o exame de corpo de POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2004) Em crime de ação
delito, quando a infração deixar vestígios, mas não for penal pública condicionada à representação, o delegado
possível fazê-lo de modo direto. de polícia não poderá prender o autor do crime em fla-
grante sem a referida representação.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
8. (CESPE – FEDERAL – ESCRIVÃO – CESPE – 2013)
A respeito da prova no processo penal, julgue o item 14. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO-
subsequente. LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2004) Considere a seguinte
A confissão extrajudicial do réu e outros elementos indi- situação. Em crime de extorsão mediante sequestro, a
ciários de participação no crime nos autos do processo vítima foi abordada pelos sequestradores e consequen-
são subsídios suficientes para autorizar-se a prolação de temente privada de sua liberdade no dia 2/2/2004, ten-
sentença condenatória. do o crime perdurado até 30/8/2004, quando a vítima
foi posta em liberdade após o pagamento do preço do
( ) CERTO ( ) ERRADO resgate. Nessa situação, de acordo com o Código de Pro-
cesso Penal, a prisão em flagrante só poderia ser feita
9. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ- até o dia 12/2/2004, após o que seria necessária ordem
CIA FEDERAL – CESPE – 2012) De acordo com o siste- judicial para se efetuar a prisão

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


ma processual penal brasileiro, qualquer pessoa poderá
ser testemunha e a ninguém que tenha conhecimento ( ) CERTO ( ) ERRADO
dos fatos será dado o direito de se eximir da obrigação
de depor, com exceção das pessoas proibidas de depor 15. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE
porque, em razão de função, ministério, ofício ou profis- POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) Suponha que um
são, devam guardar segredo, salvo se desobrigadas pela agente penalmente capaz pratique um roubo e, perse-
parte interessada, e dos doentes e deficientes mentais e guido ininterruptamente pela polícia, seja preso em cir-
menores de quatorze anos de idade. cunscrição diversa da do cometimento do delito. Nessa
situação, a autoridade policial competente para a lavra-
( ) CERTO ( ) ERRADO tura do auto de prisão em flagrante é a do local de exe-
cução do delito, sob pena de nulidade do ato adminis-
10. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ- trativo.
CIA FEDERAL – CESPE – 2009) Não se admite a aca-
reação entre o acusado e a pessoa ofendida, conside- ( ) CERTO ( ) ERRADO
rando-se que o acusado tem o direito constitucional ao
silêncio, e o ofendido não será compromissado.

( ) CERTO ( ) ERRADO

119
16. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DA PO- 21. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE
LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) Julgue os itens sub- POLÍCIA – CESPE – 2013) Em relação ao concurso de
sequentes, relativos à aplicação da lei penal e seus prin- agentes, à desistência voluntária e ao arrependimento
cípios. eficaz, bem como à cominação das penas, ao erro do tipo
Suponha que, no curso de determinado inquérito poli- e, ainda, à teoria geral da culpabilidade, julgue os itens
cial, tenha sido editada nova lei que, então, deixou de subsecutivos.
tipificar o fato, objeto da investigação, como criminoso. De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, o
Nesse caso, o inquérito policial deve ser imediatamente erro sobre os pressupostos fáticos das causas descrimi-
encerrado, porquanto se opera a extinção da punibilida- nantes consiste em erro de tipo permissivo.
de do autor.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
22. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DE PO-
17. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO- LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) No que concerne a
LÍCIA – CESPE – 2013) Suponha que determinada sen- infração penal, fato típico e seus elementos, formas con-
tença condenatória, com pena de dez anos de reclusão, sumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e
imposta ao réu, tenha sido recebida em termo próprio, imputabilidade penal, julgue o item que se segue.
em cartório, pelo escrivão, em 13/8/2011 e publicada Considere que Bartolomeu, penalmente capaz e men-
no órgão oficial em 17/8/2011, e que tenha sido o réu talmente são, tenha praticado ato típico e antijurídico,
intimado, pessoalmente, em 20/8/2011, e a defensoria em estado de absoluta inconsciência, em razão de estar
pública e o MP intimados, pessoalmente, em 19/8/2011. voluntariamente sob a influência de álcool. Nessa situa-
Nessa situação hipotética, a interrupção do curso da ção, Bartolomeu será apenado normalmente, por força
prescrição ocorreu em 17/8/2011. da teoria da actio libera in causa.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

18. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO- 23. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO-
LÍCIA – CESPE – 2013) Considere que Jorge, Carlos e LÍCIA – CESPE – 2004) O sujeito ativo que pratica crime
Antônio sejam condenados, definitivamente, a uma mes- em face de embriaguez voluntária ou culposa respon-
ma pena, por terem praticado, em coautoria, o crime de de pelo crime praticado. Adota-se, no caso, a teoria da
roubo. Nessa situação, incidindo a interrupção da pres- conditio sine qua non para se imputar ao sujeito ativo a
crição da pretensão executória da referida pena em re- responsabilidade penal.
lação a Jorge, essa interrupção não produzirá efeitos em
relação aos demais coautores. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 24. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-


CIA – CESPE – 2004) Acerca do direito penal brasileiro,
19. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO- julgue o item subsequente.
LÍCIA – CESPE – 2013) A detração é considerada para A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
efeito da prescrição da pretensão punitiva, não se esten- substância de efeitos análogos, é causa de exclusão da
dendo aos cálculos relativos à prescrição da pretensão imputabilidade penal.
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

executória.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
25. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
CIA – CESPE – 2004) Segundo o Código Penal, a emo-
20. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DA PO- ção e a paixão não são causas excludentes da imputabi-
LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) Julgue o item sub- lidade penal.
sequente , relativo à aplicação da lei penal e seus prin-
cípios. ( ) CERTO ( ) ERRADO
A contagem do prazo para efeito da decadência, causa
extintiva da punibilidade, obedece aos critérios proces- 26. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
suais penais, computando-se o dia do começo. Todavia, CIA FEDERAL – CESPE – 2014) Com relação a crimes
se este recair em domingos ou feriados, o início do prazo contra a pessoa, contra o patrimônio e contra a adminis-
será o dia útil imediatamente subsequente. tração pública, julgue o item que segue.
No crime de homicídio, admite-se a incidência concomi-
( ) CERTO ( ) ERRADO tante de circunstância qualificadora de caráter objetivo
referente aos meios e modos de execução com o reco-
nhecimento do privilégio, desde que este seja de natu-
reza subjetiva.

( ) CERTO ( ) ERRADO

120
27. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ- 31. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO-
CIA FEDERAL – CESPE – 2004) Em cada um do item se- LÍCIA – CESPE – 2004) Túlio constrangeu Wagner, me-
guinte , é apresentada uma situação hipotética, seguida diante emprego de arma de fogo, a assinar e lhe entregar
de uma assertiva a ser julgada. dois cheques seus, um no valor de R$ 1.000,00 e outro no
Ao sair de sua casa, dando marcha a ré no seu carro, Mar- valor de R$ 2.500,00. Nessa situação, Túlio praticou crime
celo não viu seu filho, que engatinhava próximo a um dos de roubo qualificado pelo emprego de arma de fogo.
pneus traseiros do carro, e o atropelou. A criança faleceu
em decorrência das lesões sofridas. Nessa situação, Mar- ( ) CERTO ( ) ERRADO
celo praticou homicídio culposo, podendo o juiz deixar
de aplicar a pena, pois as consequências da infração atin- 32. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
gem Marcelo de forma tão grave que a sanção penal é CIA FEDERAL – CESPE – 2014) Com relação a crimes
desnecessária. contra a pessoa, contra o patrimônio e contra a adminis-
tração pública, julgue o item que segue.
( ) CERTO ( ) ERRADO Considere a seguinte situação hipotética.
Carlos praticou o crime de sonegação previdenciária,
28. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ- mas, antes do início da ação fiscal, confessou o crime e
CIA FEDERAL – CESPE – 2000) Julgue o seguinte item. declarou espontaneamente os corretos valores devidos,
Considere a seguinte situação hipotética. bem como prestou as devidas informações à previdência
Alfa, aproveitando que Gama encontrava-se dormindo, social.
com o intuito e escopo de poupá-lo de intenso sofrimen- Nessa situação, a atitude de Carlos ensejará a extinção
to e acentuada agonia decorrentes de doença de desate da punibilidade, independentemente do pagamento dos
letal, ceifou a sua vida. débitos previdenciários.
Nesse caso, Alfa responderia por homicídio privilegiado-
-qualificado, eis que, impelido por motivo de relevante ( ) CERTO ( ) ERRADO
valor moral, utilizou recurso que dificultou ou impossibi-
litou a defesa do ofendido. 33. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE
POLÍCIA – CESPE – 2004) Mário, delegado de polícia,
( ) CERTO ( ) ERRADO com o intuito de proteger um amigo, recusa-se a instau-
rar inquérito policial requisitado por promotor de justiça
29. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ- contra o referido amigo. Nessa hipótese, Mário praticou
CIA FEDERAL – CESPE – 2014) Com relação a crimes crime de desobediência.
contra a pessoa, contra o patrimônio e contra a adminis-
tração pública, julgue o item que segue. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Para a configuração do delito de apropriação indébita
previdenciária não é necessário que haja o dolo especí-
fico de ter para si coisa alheia; é bastante para tal a von-
tade livre e consciente de não recolher as importâncias
descontadas dos salários dos empregados da empresa
pela qual responde o agente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS


30. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE
POLÍCIA – CESPE – 2013) Três criminosos interceptaram
um carro forte e dominaram os seguranças, reduzindo-
-lhes por completo qualquer possibilidade de resistên-
cia, mediante grave ameaça e emprego de armamento
de elevado calibre. O grupo, entretanto, encontrou vazio
o cofre do veículo, pois, por erro de estratégia, efetua-
ra a abordagem depois que os valores e documentos já
haviam sido deixados na agência bancária. Por fim, os
criminosos acabaram fugindo sem nada subtrair. Nessa
situação, ante a inexistência de valores no veículo e ante
a ausência de subtração de bens, elementos constitutivos
dos delitos patrimoniais, ficou descaracterizado o delito
de roubo, subsistindo apenas o crime de constrangimen-
to ilegal qualificado pelo concurso de pessoas e empre-
go de armas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

121
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 Certo ________________________________________________
2 Errado _________________________________________________
3 Errado _________________________________________________
4 Certo
_________________________________________________
5 Errado
6 Certo _________________________________________________

7 Errado _________________________________________________
8 Errado _________________________________________________
9 Errado
_________________________________________________
10 Certo
_________________________________________________
11 Certo
12 Errado _________________________________________________
13 Errado _________________________________________________
14 Errado
_________________________________________________
15 Errado
_________________________________________________
16 Certo
17 Errado _________________________________________________
18 Certo _________________________________________________
19 Errado _________________________________________________
20 Errado
_________________________________________________
21 Errado
22 Certo _________________________________________________

23 Errado _________________________________________________
24 Errado _________________________________________________
25 Certo
_________________________________________________
26 Certo
_________________________________________________
27 Certo
CONHECIMENTOS DE DIREITO PENAL E LEIS PENAIS ESPECIAIS

28 Certo _________________________________________________
29 Certo _________________________________________________
30 Errado
_________________________________________________
31 Errado
_________________________________________________
32 Certo
33 Errado _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

122
ÍNDICE

CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Sistemas processuais................................................................................................................................................................................................ 01
Da Investigação Criminal........................................................................................................................................................................................ 01
Do inquérito policial................................................................................................................................................................................................. 01
Da ação penal: espécies.......................................................................................................................................................................................... 04
Da jurisdição e competência................................................................................................................................................................................. 06
Da prova........................................................................................................................................................................................................................ 09
Do Juiz, do Ministério Público, do acusado e seu defensor, dos assistentes e auxiliares da justiça......................................... 16
Da prisão e da liberdade provisória.................................................................................................................................................................... 18
Da prisão temporária (Lei nº 7.960/1989)........................................................................................................................................................ 22
Das citações e intimações....................................................................................................................................................................................... 23
Das nulidades.............................................................................................................................................................................................................. 24
Do processo e julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos............................................................... 25
Procedimentos dos Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95)....................................................................................................... 26
SISTEMAS PROCESSUAIS DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL DO INQUÉ-
RITO POLICIAL

Sistemas de processo penal INQUÉRITO POLICIAL


O processo penal brasileiro é regulamentado por A polícia judiciária é exercida pelas autoridades po-
meio do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, e liciais, delegados de polícia civil e delegados de polícia
recepcionado pela Constituição Federal, e por isso, quan- federal, no território de suas respectivas circunscrições
do falamos de princípios do processo penal, devemos e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
observar os que estão contidos na Carta Magna. autoria. Esta competência não exclui a de autoridades
O Estado possui duas funções do processo penal: administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma
• Jus puniendi: a competência de impor sanção. O jus função.
puniendi abstrato nasce com a norma penal incriminado- Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
ra e o jus puniendi concreto, com a prática da conduta; iniciado de ofício, ou mediante requisição da autoridade
• Jus persequend: a legitimidade de estar em juízo, re- judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do
conhecer o direito de punir. Em regra é dever do Estado, ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
e por exceção pode ser do ofendido. O requerimento a que se refere do ofendido ou de
quem tiver qualidade para representar a vítima, deve
O processo penal está relacionado diretamente com conter, sempre que possível, a narração do fato, com
a infração penal, cabendo ao Estado solucionar o conflito todas as circunstâncias, além da individualização do in-
puniendi versus libertatis. diciado ou seus sinais característicos e as razões de con-
Sobre o sistema processual penal há três espécies: vicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou
• Inquisitivo, inquisitório ou judicialiforme: é o siste- os motivos de impossibilidade de fazê-lo. E também, se
ma em que cabe a um só órgão acusar e julgar. O juiz dá possível, a nomeação das testemunhas, com indicação
início à ação penal e, ao final, ele mesmo profere a sen- de sua profissão e residência.
tença. É criticado por não garantir a imparcialidade do Delatio criminis é quando qualquer pessoa do povo
julgador. Era admitido em nossa legislação em relação à que tiver conhecimento da existência de infração penal
apuração de todas as contravenções penais e dos crimes em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por
de homicídio e lesões corporais culposos. Esse sistema escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verifi-
foi banido de nossa legislação pelo art. 129, I, da CF, que cada a procedência das informações, mandará instaurar
conferiu ao Ministério Público a iniciativa exclusiva da inquérito.
ação pública. Observe que nesse sistema processual, o Nos crimes em que a ação pública depender de re-
direito de defesa dos acusados nem sempre era observa- presentação, o inquérito policial não poderá ser iniciado
do em sua plenitude em razão de os seus requerimentos sem a representação.
serem julgados pelo próprio órgão acusador. Já nos crimes de ação privada, a autoridade policial
• Acusatório ou contraditório: há separação entre os somente poderá proceder a inquérito a requerimento de
órgãos incumbidos de realizar a acusação e o julgamen- quem tenha qualidade para intentá-la.
to, o que garante a imparcialidade do julgador e, por
conseguinte, assegura a plenitude de defesa e o trata- FIQUE ATENTO!
mento igualitário das partes. Considerando que a iniciati-
Cabe Agravo de Instrumento contra despa-
va é do órgão acusador, o defensor tem sempre o direito
cho que indeferir o requerimento de aber-
de se manifestar por último. A produção das provas é
tura de inquérito.
incumbência das partes.
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

• Misto ou acusatório formal: há uma fase investigató-


ria e persecutória preliminar conduzida por um juiz e não
por autoridade policial, seguida de uma fase acusatória
em que são assegurados todos os direitos do acusado e A autoridade policial deverá, logo que tiver conheci-
a independência entre acusação, defesa e juiz. Atualmen- mento da prática da infração penal:
te é adotado em diversos países europeus e sua caracte- • dirigir-se ao local, providenciando para que não se
alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada
rística marcante é a existência do Juizado de Instrução,
dos peritos criminais.
fase preliminar instrutória presidida por juiz.
• apreender os objetos que tiverem relação com o
fato, após liberados pelos peritos criminais.
No Brasil, o sistema adotado é acusatório, pois há cla-
• colher todas as provas que servirem para o esclare-
ra separação entre a função acusatória e a julgadora. É
cimento do fato e suas circunstâncias
preciso, entretanto, salientar que não se trata do sistema
• ouvir o ofendido.
acusatório puro, uma vez que, apesar de a regra ser a de • ouvir o indiciado, com observância, no que for apli-
que as partes devam produzir suas provas, admitem­-se cável, do disposto sobre o interrogatório do acusado,
exceções em que o próprio juiz pode determinar, de ofí- devendo o respectivo termo ser assinado por duas teste-
cio, sua produção de forma suplementar. munhas que lhe tenham ouvido a leitura.

1
• proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a por ele indicada. Em até 24 (vinte e quatro) horas após
acareações. a realização da prisão, será encaminhado ao juiz compe-
• determinar, se for caso, que se proceda a exame de tente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado
corpo de delito e a quaisquer outras perícias. não informe o nome de seu advogado, cópia integral
• ordenar a identificação do indiciado pelo processo para a Defensoria Pública.
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante re-
folha de antecedentes deve ter ressalvas. O art. 5º, LVIII, cibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o mo-
da CF, passou a estabelecer que o civilmente identifi- tivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
cado não será submetido a identificação criminal, salvo Quando o fato for praticado em presença da au-
nas hipóteses previstas em lei. Esta norma, pretendeu toridade, ou contra esta, no exercício de suas funções,
resguardar o indivíduo civilmente identificado, preso em constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão,
flagrante, indiciado ou mesmo denunciado, do constran- as declarações que fizer o preso e os depoimentos das
gimento de se submeter às formalidades de identificação testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo
criminal - fotográfica e datiloscópica - consideradas por preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao
muitas vexatórias, principalmente quando documenta- juiz a quem couber tomar conhecimento do fato deli-
das pelos órgãos da imprensa. tuoso, se não o for a autoridade que houver presidido
• averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto o auto.
de vista individual, familiar e social, sua condição econô- Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberda-
mica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do de, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que con- Todas as peças do inquérito policial serão, num só
tribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter processado, reduzidas a escrito e rubricadas pela auto-
• colher informações sobre a existência de filhos, ridade.
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
nome e o contato de eventual responsável pelos cuida-
dos dos filhos, indicado pela pessoa presa. FIQUE ATENTO!
O inquérito deverá terminar no prazo de
O art. 7º, do CPP, trata de reprodução simulada dos 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
fatos, que para verificar a possibilidade de haver a infra- flagrante, ou estiver preso preventivamente,
ção sido praticada de determinado modo, a autoridade contado o prazo, nesta hipótese, a partir do
policial poderá usar esse recurso, desde que esta não dia em que se executar a ordem de prisão.
contrarie a moralidade ou a ordem pública. O inquérito deverá terminar no prazo de 30
Havendo prisão em flagrante, deverá observar que, dias, quando estiver solto, mediante fiança
apresentado o preso à autoridade competente, esta ou- ou sem ela.
virá o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, en-
tregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas Com a conclusão do inquérito, a autoridade fará mi-
que o acompanharem e ao interrogatório do acusado nucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará au-
sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada tos ao juiz competente. Neste relatório autoridade pode
oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autorida- indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
de, afinal, o auto. mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
Resultando das respostas, fundada a suspeita con- Quando o fato for de difícil elucidação, e o indicia-
tra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à pri- do estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz
são, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que
e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. Há hipó-
isso for competente. E se não o for competente, enviará os teses em que, para dar início à ação penal, o Ministério
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

autos à autoridade que o seja. A falta de testemunhas da Público pode requer diligências, por meio da autoridade
infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, judiciária, para a autoridade policial em prazo por aquele
nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos fixando.
duas pessoas que tenham testemunhado a apresentação Os instrumentos do crime, bem como os objetos que
do preso à autoridade. interessarem à prova, acompanharão os autos do inqué-
Observe que quando o acusado se recusar a assinar, rito.
não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em O inquérito policial acompanhará a denúncia ou quei-
flagrante será assinado por duas testemunhas, que te- xa, sempre que servir de base a uma ou outra.
nham ouvido sua leitura na presença deste. Incumbirá ainda à autoridade policial:
Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá • fornecer às autoridades judiciárias as informações
constar a informação sobre a existência de filhos, respec- necessárias à instrução e julgamento dos processos.
tivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome • realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo
e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos Ministério Público.
filhos, indicado pela pessoa presa. • cumprir os mandados de prisão expedidos pelas au-
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon- toridades judiciárias.
tre serão comunicados imediatamente ao juiz competen- • representar acerca da prisão preventiva.
te, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa

2
Nos crimes previstos nos arts. 148, sequestro e cár- O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
cere privado, 149, redução a condição análoga de escra- poderão requerer qualquer diligência, que será realizada,
vo, 149-A, tráfico de pessoas, no § 3º do art. 158, extor- ou não, a juízo da autoridade policial.
são mediante a restrição da liberdade da vítima, sendo Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
esta condição necessária para a obtensão da vantagem pela autoridade policial.
econômica, e no art. 159, extorsão mediante sequestro, O Ministério Público não poderá requerer a devolu-
tudo do CP, e ainda no art. 239, da Lei nº 8.069, de 13 ção do inquérito à autoridade policial, senão para novas
de julho de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescen- diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denún-
te, promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado cia.
ao envio de criança ou adolescente para o exterior com A autoridade policial não poderá mandar arquivar au-
inobservância das formalidades legais ou com o objeti- tos de inquérito.
vo de obter lucro, o membro do Ministério Público ou Depois de ordenado o arquivamento do inquérito
o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer pela autoridade judiciária, por falta de base para a de-
órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa núncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
suspeitos.
Esta requisição será atendida no prazo de 24 (vinte e
quatro) horas e conterá: FIQUE ATENTO!
• o nome da autoridade requisitante. Súmula n. 524 do Supremo Tribunal Federal:
• o número do inquérito policial. “arquivado o inquérito policial, por despa-
• a identificação da unidade de polícia judiciária res- cho do juiz, a requerimento do promotor de
ponsável pela investigação. justiça, não pode a ação penal ser iniciada
sem novas provas”.
Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes
relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Minis-
tério Público ou o delegado de polícia poderão requisi- Nos crimes em que não couber ação pública, os autos
tar, mediante autorização judicial, às empresas presta- do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde
doras de serviço de telecomunicações e/ou telemática aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante
que disponibilizem imediatamente os meios técnicos legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante
adequados, como sinais, informações e outros, que per- traslado.
mitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário
em curso. à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Sobre a prevenção e a repressão dos crimes relacio- Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a
nados ao tráfico de pessoas, não havendo manifestação autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anota-
judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade com- ções referentes a instauração de inquérito contra os reque-
petente requisitará às empresas prestadoras de serviço rentes.
de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem A incomunicabilidade do indiciado dependerá sem-
imediatamente os meios técnicos adequados, como si- pre de despacho nos autos e somente será permitida
nais, informações e outros, que permitam a localização da quando o interesse da sociedade ou a conveniência da
vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata investigação o exigir. Esse dispositivo contido no art. 21,
comunicação ao juiz. e seu parágrafo único, do CPP, apesar de não ter sido
Para os efeitos acima expostos, sinal significa posi- revogado expressamente, torna-se inaplicável em razão
cionamento da estação de cobertura, setorização e in- do disposto no art. 136, § 3º, IV, da CF, que veda a inco-
tensidade de radiofrequência. Ainda nesta hipótese, o municabilidade, até mesmo quando decretado o estado
sinal: de defesa.
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

• não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação No Distrito Federal e nas comarcas em que houver
de qualquer natureza, que dependerá de autorização ju- mais de uma circunscrição policial, a autoridade com
dicial, conforme disposto em lei exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que
• deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição
móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, de outra, independentemente de precatórias ou requisi-
renovável por uma única vez, por igual período ções, e bem assim providenciará, até que compareça a
• para períodos superiores a 30 (trinta) dias, será ne- autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra
cessária a apresentação de ordem judicial. em sua presença, noutra circunscrição.
Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz com-
FIQUE ATENTO! petente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Iden-
Ainda nesta hipótese, prevenção e repres- tificação e Estatística, ou repartição congênere, mencio-
são dos crimes relacionados ao tráfico de nando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados
pessoas o inquérito policial deverá ser ins- relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.
taurado no prazo máximo de 72 (setenta
e duas) horas, contado do registro da res-
pectiva ocorrência policial.

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LEI Nº 10.446, DE 8 DE MAIO DE 2002.
DA AÇÃO PENAL: ESPÉCIES
Conversão da MPv nº 27, de 2002
Dispõe sobre infrações penais de repercussão interesta-
dual ou internacional que exigem repressão uniforme, para
os fins do disposto no inciso I do § 1o do art. 144 da Cons-
AÇÃO PENAL
tituição.
Nos crimes de ação pública, esta será promovida por
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de
representação do ofendido ou de quem tiver qualidade
Art. 1o Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Consti-
para representar a vítima.
tuição, quando houver repercussão interestadual ou interna-
No caso de morte do ofendido ou quando declarado
cional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento
ausente por decisão judicial, o direito de representação
de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados
no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias
Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre
outras, das seguintes infrações penais: FIQUE ATENTO!
I – sequestro, cárcere privado e extorsão mediante se- Seja qual for o crime, quando praticado em
questro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente foi detrimento do patrimônio ou interesse da
impelido por motivação política ou quando praticado em União, Estado e Município, a ação penal será
razão da função pública exercida pela vítima; pública.
II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da
Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990); e
III – relativas à violação a direitos humanos, que a Re-
A representação será irretratável, depois de oferecida
pública Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em
a denúncia.
decorrência de tratados internacionais de que seja parte; e
Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciati-
IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens
va do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação
e valores, transportadas em operação interestadual ou inter-
pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre
nacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha
o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os ele-
ou bando em mais de um Estado da Federação.
mentos de convicção. Sendo ação pública incondiciona-
V - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de
da o interesse é coletivo. E se ação pública condicionada,
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e venda,
somente o ofendido ou seu representante legal pode
inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto
provocar a ação.
falsificado, corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do
Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre-
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
sentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito
Penal). (Incluído pela Lei nº 12.894, de 2013)
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no
VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, in-
caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
cluindo agências bancárias ou caixas eletrônicos, quando houver
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao
indícios da atuação de associação criminosa em mais de um Es-
procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designa-
tado da Federação. (Incluído pela Lei nº 13.124, de 2015)
rá outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou
VII – quaisquer crimes praticados por meio da rede mun-
insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então
dial de computadores que difundam conteúdo misógino, de-
estará o juiz obrigado a atender.
finidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às
Será admitida ação privada nos crimes de ação pú-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

mulheres. (Incluído pela Lei nº 13.642, de 2018)


blica, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo
Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e ofere-
Departamento de Polícia Federal procederá à apuração de
cer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso
determinada pelo Ministro de Estado da Justiça.
e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
retomar a ação como parte principal, trata-se de ação
penal privada subsidiária da pública.
Brasília, 8 de maio de 2002; 181o da Independência e
114o da República.

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Verifica-se, ainda, a decadência do direito de queixa
FIQUE ATENTO! ou representação, dentro do mesmo prazo acima citado,
Ação penal privada subsidiária da pública no caso de morte do ofendido ou quando declarado au-
é autorização constitucional fornecida pelo sente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa
art. 5.º, LIX, da CF, possibilitando que a ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente,
vítima ou seu representante legal ingresse, descendente ou irmão.
diretamente, com ação penal, através do O direito de representação poderá ser exercido, pes-
oferecimento de queixa, quando o Ministério soalmente ou por procurador com poderes especiais,
Público, nos casos de ações públicas, deixe mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao ór-
de fazê-lo no prazo legal. Esta hipótese é gão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
rara no cotidiano forense, não pelo fato Observe que a representação feita oralmente ou
de o Ministério Público nunca atrasar no por escrito, sem assinatura devidamente autenticada
oferecimento de denúncia, mas porque a do ofendido, de seu representante legal ou procurador,
vítima, dificilmente, acompanha o desenrolar será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade po-
do inquérito, através de seu advogado. licial, presente o órgão do Ministério Público, quando a
este houver sido dirigida. A representação conterá todas
as informações que possam servir à apuração do fato e
da autoria.
Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para repre- A representação, quando feita ao juiz ou perante
sentá-lo caberá intentar a ação privada. Porém, no caso este reduzida a termo, será remetida à autoridade poli-
de morte do ofendido ou quando declarado ausente por cial para que esta proceda a inquérito. A representação
decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir oferecida ou reduzida a termo apresentada a autoridade
na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou policial, esta procederá a inquérito, ou, não sendo com-
irmão. petente, deverá remeter à autoridade que o for.
Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento O órgão do Ministério Público dispensará o inquéri-
da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advo- to, se com a representação forem oferecidos elementos
que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso,
gado para promover a ação penal. Considera-se pobre
oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
a pessoa que não puder prover às despesas do proces-
so, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio
sustento ou da família. Será prova suficiente de pobreza FIQUE ATENTO!
o atestado da autoridade policial em cuja circunscrição
Quando, em autos ou papéis de que
residir o ofendido.
conhecerem, os juízes ou tribunais
Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente
verificarem a existência de crime de ação
enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante
pública, remeterão ao Ministério Público
legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o
as cópias e os documentos necessários ao
direito de queixa poderá ser exercido por curador espe-
oferecimento da denúncia.
cial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério
Público, pelo juiz competente para o processo penal.
Há regra específica para o caso de o ofendido ser me- A denúncia ou queixa conterá:
nor de 21 e maior de 18 anos, o direito de queixa poderá • a exposição do fato criminoso, com todas as suas
ser exercido por ele ou por seu representante legal. Esta circunstâncias.
norma não tem razão de existir pelo fato de o Código • a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos
Civil estabelecer que aos 18 anos a pessoa é plenamente quais se possa identificá-lo.
capaz. • a classificação do crime.
Se comparecer mais de uma pessoa com direito de • quando necessário, o rol das testemunhas.
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o pa-


rente mais próximo na ordem de enumeração, ou seja, Pelo princípio da obrigatoriedade, o Ministério Públi-
ascendente, descendente ou irmão, podendo, entretan- co não poderá desistir da ação penal. A queixa poderá
to, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante ser dada por procurador com poderes especiais, deven-
desista da instância ou a abandone. do constar do instrumento do mandato o nome do que-
As fundações, associações ou sociedades legalmen- relante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais
te constituídas poderão exercer a ação penal, devendo esclarecimentos dependerem de diligências que devem
ser representadas por quem os respectivos contratos ou ser previamente requeridas no juízo criminal.
estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do
diretores ou sócios-gerentes. ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a
Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu quem caberá intervir em todos os termos subsequentes
representante legal, decairá no direito de queixa ou de do processo.
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis O prazo para oferecimento da denúncia:
meses, contado do dia em que vier a saber quem é o • estando o réu preso, será de 5 dias, contado da
autor do crime, ou, no caso de ação penal privada subsi- data em que o órgão do Ministério Público receber os
diária da pública, do dia em que se esgotar o prazo para autos do inquérito policial
o oferecimento da denúncia. • de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado.

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A aceitação do perdão fora do processo constará de
FIQUE ATENTO! declaração assinada pelo querelado, por seu represen-
No caso de o réu estar solto ou afiançado, tante legal ou procurador com poderes especiais.
Nos casos em que somente se procede mediante
se houver devolução do inquérito à
queixa, será considerada perempta a ação penal:
autoridade policial, prazo será contado da • quando, iniciada esta, o querelante deixar de pro-
data em que o órgão do Ministério Público mover o andamento do processo durante 30 dias segui-
receber novamente os autos. dos.
Quando o Ministério Público dispensar • quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua
o inquérito policial, o prazo para o incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir
oferecimento da denúncia será contado no processo, dentro do prazo de 60 dias, qualquer das
da data em que tiver recebido as peças de pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o caso de
informações ou a representação. comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa,
terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais
próximo na ordem de enumeração, ou seja, ascendente,
descendente ou irmão, podendo, entretanto, qualquer
O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da
contado da data em que o órgão do Ministério Público instância ou a abandone
receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do • quando o querelante deixar de comparecer, sem
tríduo, será entendido que não tem o que aditar, prosse- motivo justificado, a qualquer ato do processo a que
guindo-se nos demais termos do processo. deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de
Se o Ministério Público julgar necessários maiores es- condenação nas alegações finais.
clarecimentos e documentos complementares ou novos • quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se
elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamen- extinguir sem deixar sucessor.
te, de quaisquer autoridades ou funcionários que devam
ou possam fornecê-los. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer
extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
E, no caso de requerimento do Ministério Público, do
querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apar-
FIQUE ATENTO! tado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente,
A queixa contra qualquer dos autores concederá o prazo de cinco dias para a prova, proferin-
do crime obrigará ao processo de todos, do a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para
e o Ministério Público velará pela sua apreciar a matéria na sentença final.
No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista
indivisibilidade.
da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério
A renúncia ao exercício do direito de queixa,
Público, declarará extinta a punibilidade.
em relação a um dos autores do crime, a
todos se estenderá.
DA JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
A renúncia expressa constará de declaração assinada
pelo ofendido, por seu representante legal ou procura-
dor com poderes especiais. Observe que a renúncia do
representante legal do menor que houver completado A competência jurisdicional é determinada por:
18 anos não privará este do direito de queixa, nem a re- • lugar da infração.
núncia do último excluirá o direito do primeiro. • domicílio ou residência do réu.
• natureza da infração.
O perdão concedido a um dos querelados aproveita-
• distribuição.
rá a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

• conexão ou continência.
ao que o recusar. • prevenção.
Se o querelado for mentalmente enfermo ou retarda- • prerrogativa de função.
do mental e não tiver representante legal, ou colidirem
os interesses deste com os do querelado, a aceitação do COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
perdão caberá ao curador que o juiz lhe nomear. A competência será, de regra, determinada pelo lugar
O perdão poderá ser aceito por procurador com po- em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa,
deres especiais. pelo lugar em que for praticado o último ato de execu-
O perdão extraprocessual constará de declaração ção.
assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou Quando se tratar de extraterritorialidade, deve-se
procurador com poderes especiais. obster que se iniciada a execução no território nacional,
A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os a infração se consumar fora dele, a competência será
meios de prova. determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no
Concedido o perdão, mediante declaração expres- Brasil, o último ato de execução. E quando o último ato
sa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de execução for praticado fora do território nacional, será
de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser competente o juiz do lugar em que o crime, embora par-
cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. cialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resul-
Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. tado.

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Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ser a infração
consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência será firmada pela prevenção, ou seja,
será prevento o juiz que adiantar-se aos demais na prática de algum ato ou medida a este relativa, ainda que anterior
ao oferecimento da denúncia ou da queixa.
Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a compe-
tência também será por prevenção.

COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU


Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência será regulada pelo domicílio ou residência do réu. Se o
réu tiver mais de uma residência, a competência será firmada também pela prevenção, aquele juiz que se adianta aos
demais na prática de algum ato ou medida.
Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar
conhecimento do fato.

FIQUE ATENTO!
Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu,
ainda quando conhecido o lugar da infração.

COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO


A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência
privativa do Tribunal do Júri.
Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes dolosos contra a vida previstos nos arts. 121, §§ 1º e § 2º, 122,
parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127, do CP, consumados ou tentados. Se o juiz da pronúncia desclassificar a infra-
ção para outra atribuída à competência de juiz singular, deverá observar que o juiz tem que determinar a inquirição das
testemunhas e a realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias, como prescreve
o art. 410, do CPP. Contudo, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir
a sentença nos termos do art. 492, § 2º, do CPP.

FIQUE ATENTO!
Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração de competência de outro, a
este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá
sua competência prorrogada.

COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO


A precedência da distribuição fixa a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um
juiz igualmente competente. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão
preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa irá prevenir a da ação penal.

COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA

Conexão Continência
Se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao Duas ou mais pessoas forem acusadas pela
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em mesma infração. crime único cometido por
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, duas ou mais pessoas em coautoria ou
umas contra as outras. participação.
Se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou Ocorre em todos os casos de concurso
ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em formal, bem como nas hipóteses de erro
relação a qualquer delas. na execução (aberratio ictus) ou resultado
Quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias diverso do pretendido (aberratio criminis)
elementares influir na prova de outra infração. com duplo resultado.

Na determinação da competência por conexão ou continência, deve-se observar que no concurso entre a compe-
tência do Júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do Júri.
E se a competência por conexão ou continência for em concurso de jurisdições da mesma categoria deverá:
• preponderar a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave.
• prevalecer a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de
igual gravidade.
• firmar-se a competência pela prevenção, nos outros casos.

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E não são somente essas hipóteses.
Ocorrendo a determinação da competência ou continência, também deve observar que no concurso de jurisdições
de diversas categorias, irá predominar a de maior graduação, e que no concurso entre a jurisdição comum e a especial,
prevalecerá esta, a especial.
A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento.
A unidade de processo e julgamento tem exceção:
• no concurso entre a jurisdição comum e a militar, Justiça Militar não julga crime comum conexo, quer cometido
pelo militar, quer por terceiro. O crime militar é julgado na Justiça Especial e o comum na Justiça Comum.
• no concurso entre a jurisdição comum e a Vara da Infância e da Juventude, na hipótese de um adulto e um adoles-
cente cometem infração penal em conjunto. O maior é julgado na Justiça Comum e o menor na Vara da Infância e da
Juventude, aplicando­-se a este a medida socioeducativa, ou seja, advertência, liberdade assistida, internação.

FIQUE ATENTO!
Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum corréu possui doença
mental que foi verificada que esta sobreveio à infração o processo ficará suspenso até que o acusado
se restabeleça. Neste caso o juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando
suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas
pelo adiamento.

A unidade do processo não poderá importar a do julgamento, se houver corréu foragido que não possa ser julga-
do à revelia, ou houver o caso de o julgamento não ser adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma
das partes tiver requerido a sua intimação por mandado, declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua
localização.
Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo
ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória,
ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria
venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua
na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos.

FIQUE ATENTO!
Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar
a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá
o processo ao juízo competente.

Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição pre-
valente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva.
Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas.

COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO


Verificar-se a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes
ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida
a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa.
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO


A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tri-
bunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam
responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade.
Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdi-
ção do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta
e admitida a exceção da verdade.
• Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e julgar:
• os seus ministros, nos crimes comuns.
• os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da República.
• o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de
Contas e os embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade.

Compete, originariamente, aos Tribunais de Justiça o julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou
Territórios, e governador do Distrito Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de instância inferior
e órgãos do Ministério Público.

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No processo por crimes praticados fora do território EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM
brasileiro, será competente o juízo da Capital do Esta- GERAL
do onde houver por último residido o acusado. Se este
nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Quando a infração deixar vestígios, será indispensá-
Capital da República. vel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não
Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas podendo supri-lo a confissão do acusado, não admite a
águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fron- ideia de que a confissão é a rainha das provas.
teiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, O exame de corpo de delito e outras perícias serão
em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça realizados por perito oficial, portador de diploma de cur-
do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, so superior.
após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do últi-
mo em que houver tocado. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por
Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, 2 pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso su-
dentro do espaço aéreo correspondente ao território perior preferencialmente na área específica, dentre as
brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave es- que tiverem habilitação técnica relacionada com a natu-
trangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao reza do exame. Os peritos não oficiais prestarão o com-
território nacional, serão processados e julgados pela promisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.
justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso São facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
após o crime, ou pela da comarca de onde houver parti- acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a for-
do a aeronave. mulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
Quando incerta e não se determinar de acordo com
situações acima descritas, a competência será pela pre- Sobre o assistente técnico, este atuará a partir de sua
venção. admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e ela-
boração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
intimadas desta decisão.

DA PROVA Durante o curso do processo judicial, é permitido às


partes, quanto à perícia:
• requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
Sobre as provas no processo penal, devemos com- prova ou para responderem a quesitos, desde que o
preender, de início, que o juiz formará sua convicção pela mandado de intimação e os quesitos ou questões a se-
livre apreciação da prova produzida em contraditório rem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusi- mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respos-
vamente nos elementos informativos colhidos na inves- tas em laudo complementar.
tigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis • indicar assistentes técnicos que poderão apresentar
e antecipadas. Somente quanto ao estado das pessoas pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiri-
serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. dos em audiência.
A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo,
porém, facultado ao juiz de ofício: Havendo requerimento das partes, o material proba-
tório que serviu de base à perícia será disponibilizado
• ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
produção antecipada de provas consideradas urgentes e guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos
relevantes, observando a necessidade, adequação e pro- assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
porcionalidade da medida.
• determinar, no curso da instrução, ou antes de pro- Tratando-se de perícia complexa que abranja mais
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ferir sentença, a realização de diligências para dirimir dú- de uma área de conhecimento especializado, pode ser
vida sobre ponto relevante. designado mais de um perito oficial, e a parte poderá
São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do indicar mais de um assistente técnico.
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obti- Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descre-
das em violação a normas constitucionais ou legais. São verão minuciosamente o que examinarem, e responde-
também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, rão aos quesitos formulados. O laudo pericial será elabo-
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade rado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo
entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento
ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. dos peritos.
Considera-se fonte independente aquela que por si só,
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da in- O exame de corpo de delito poderá ser feito em qual-
vestigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir quer dia e a qualquer hora.
ao fato objeto da prova.
A autópsia será feita pelo menos seis horas depois
Preclusa a decisão de desentranhamento da prova do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de
declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo,
judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. o que declararão no auto. E nos casos de morte violen-

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ta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão
não houver infração penal que apurar, ou quando as le- material suficiente para a eventualidade de nova perí-
sões externas permitirem precisar a causa da morte e não cia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados
houver necessidade de exame interno para a verificação com provas fotográficas, ou microfotográficas, dese-
de alguma circunstância relevante. nhos ou esquemas.
Nos crimes cometidos com destruição ou rompimen-
Em caso de exumação para exame cadavérico, a au-
to de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de
toridade providenciará para que, em dia e hora previa-
escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, in-
mente marcados, se realize a diligência, da qual se la-
dicarão com que instrumentos, por que meios e em que
vrará auto circunstanciado. O administrador de cemitério
época presumem ter sido o fato praticado.
público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob
pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de Procede-se, quando necessário, à avaliação de coisas
quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadá- destruídas, deterioradas ou que constituam produto do
ver em lugar não destinado a inumações, a autoridade crime. Se impossível a avaliação direta, os peritos proce-
procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará derão à avaliação por meio dos elementos existentes nos
do auto. autos e dos que resultarem de diligências.
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o
em que forem encontrados, bem como, na medida do lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver
possível, todas as lesões externas e vestígios deixados resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a ex-
no local do crime. tensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias
que interessarem à elucidação do fato.
Para representar as lesões encontradas no cadáver,
os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exa- No exame para o reconhecimento de escritos, por
me provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devida- comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
mente rubricados.
• a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o
Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exu- escrito será intimada para o ato, se for encontrada.
mado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto • para a comparação, poderão servir quaisquer docu-
de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou mentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido
pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de re- judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou so-
conhecimento e de identidade, no qual se descreverá o bre cuja autenticidade não houver dúvida.
cadáver, com todos os sinais e indicações. Em qualquer • a autoridade, quando necessário, requisitará, para o
caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos exame, os documentos que existirem em arquivos ou es-
encontrados, que possam ser úteis para a identificação tabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência,
do cadáver. se daí não puderem ser retirados.
• quando não houver escritos para a comparação ou
Não sendo possível o exame de corpo de delito, por
forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal
que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se estiver au-
poderá suprir-lhe a falta.
sente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência
Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as
pericial tiver sido incompleto, será procedido a exame palavras que a pessoa será intimada a escrever.
complementar por determinação da autoridade policial
ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados
Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a na-
No exame complementar, os peritos terão presente o tureza e a eficiência.
auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

A autoridade e as partes poderão formular quesitos


ou retificá-lo.
até o ato da diligência.
Para cada delito poderá haver uma perícia específica
para esclarecer a conduta.
Veja que se o exame tiver por fim precisar a classifica-
ção do delito de lesão corporal que incapacidade para as FIQUE ATENTO!
ocupações habituais, por mais de trinta dias, deverá ser Interessante que no exame por precatória,
feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da a nomeação dos peritos será feita no ju-
data do crime. A falta de exame complementar poderá ízo deprecado. Havendo, porém, no caso
ser suprida pela prova testemunhal. de ação privada, acordo das partes, essa
Para o efeito de exame do local onde houver sido nomeação poderá ser feita pelo juiz de-
praticada a infração, a autoridade providenciará imedia- precante. Os quesitos do juiz e das partes
tamente para que não se altere o estado das coisas até serão transcritos na precatória.
a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos
com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Os
peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado Se houver divergência entre os peritos, serão con-
das coisas e discutirão, no relatório, as consequências signadas no auto do exame as declarações e respostas
dessas alterações na dinâmica dos fatos. de um e de outro, ou cada um redige separadamente o

10
seu laudo, e a autoridade nomeia um terceiro. Contudo, rantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada
se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar com o seu defensor. No caso de ser realizado por video-
proceder a novo exame por outros peritos. conferência, fica também garantido o acesso a canais te-
No caso de inobservância de formalidades, ou no caso lefônicos reservados para comunicação entre o defensor
de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade que esteja no presídio e o advogado presente na sala de
jurídica mandará suprir a formalidade, complementar ou audiência do Fórum, e entre este e o preso.
esclarecer o laudo. A autoridade poderá também orde- A sala reservada no estabelecimento prisional para a
nar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se realização de atos processuais por sistema de videocon-
julgar conveniente. ferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de
O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo cada causa, como também pelo Ministério Público e pela
ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. Ordem dos Advogados do Brasil.
Nos crimes em que não couber ação pública, os autos Do interrogatório deverá constar a informação sobre
do exame serão remetidos ao juízo competente, onde a existência de filhos, respectivas idades e se possuem
aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu represen- alguma deficiência e o nome e o contato de eventual res-
tante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, ponsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa
mediante traslado. presa.
Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou Depois de devidamente qualificado e cientificado do
a autoridade policial negará a perícia requerida pelas inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo
partes, quando não for necessária ao esclarecimento da juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de
verdade. permanecer calado e de não responder perguntas que
lhe forem formuladas. O silêncio, que não importará em
INTERROGATÓRIO DO ACUSADO confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da
O acusado que comparecer perante a autoridade ju- defesa.
diciária, no curso do processo penal, será qualificado e O interrogatório será constituído de duas partes, uma
interrogado na presença de seu defensor, constituído ou sobre a pessoa do acusado e a outra sobre os fatos.
nomeado. O interrogatório do réu preso será realizado, Sobre a pessoa do acusado, o interrogando será per-
em sala própria, no estabelecimento em que estiver reco- guntado sobre a residência, meios de vida ou profissão,
lhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade,
do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado
como a presença do defensor e a publicidade do ato. alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do proces-
Mas, excepcionalmente, o juiz, por decisão funda- so, se houve suspensão condicional ou condenação, qual
mentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares
realizar o interrogatório do réu preso por sistema de vi- e sociais.
deoconferência ou outro recurso tecnológico de trans- Sobre os fatos, será perguntado sobre:
missão de sons e imagens em tempo real, desde que a • ser verdadeira a acusação que lhe é feita.
medida seja necessária para atender a uma das seguintes • não sendo verdadeira a acusação, se tem algum mo-
finalidades: tivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou
• prevenir risco à segurança pública, quando exista pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime,
fundada suspeita de que o preso integre organização cri- e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da
minosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante infração ou depois dela.
o deslocamento. • onde estava ao tempo em que foi cometida a infra-
• viabilizar a participação do réu no referido ato pro- ção e se teve notícia desta.
cessual, quando haja relevante dificuldade para seu com- • as provas já apuradas.
parecimento em juízo, por enfermidade ou outra circuns- • se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas
tância pessoal. ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

• impedir a influência do réu no ânimo de testemu- contra elas.


nha ou da vítima, desde que não seja possível colher o • se conhece o instrumento com que foi praticada a
depoimento destas por videoconferência, na hipótese de infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e
o juiz verificar que a presença do réu poderá causar hu- tenha sido apreendido.
milhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha • todos os demais fatos e pormenores que condu-
ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do zam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da
depoimento, fará a inquirição por videoconferência. infração.
• responder à gravíssima questão de ordem pública. • se tem algo mais a alegar em sua defesa.
Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das
Da decisão que determinar a realização de interro- partes se restou algum fato para ser esclarecido, formu-
gatório por videoconferência, as partes serão intimadas lando as perguntas correspondentes se o entender per-
com 10 dias de antecedência. tinente e relevante.
Antes do interrogatório por videoconferência, o pre- Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em
so poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológi- parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas.
co, a realização de todos os atos da audiência única de Se confessar a autoria, será perguntado sobre os mo-
instrução e julgamento. tivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concor-
Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz ga- reram para a infração, e quais sejam.

11
Havendo mais de um acusado, serão interrogados se- segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e
paradamente. outras informações constantes dos autos a seu respeito
O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mu- para evitar sua exposição aos meios de comunicação.
do será feito pela forma seguinte:
• ao surdo serão apresentadas por escrito as pergun- TESTEMUNHAS
tas, que ele responderá oralmente. Toda pessoa poderá ser testemunha que fará, sob
• ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, res- palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do
pondendo-as por escrito. que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu
• ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profis-
escrito e do mesmo modo dará as respostas. são, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em
que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações
Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando
no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa ha- sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pe-
bilitada a entendê-lo. Quando o interrogando não falar a las quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
língua nacional, o interrogatório será feito por meio de in- O depoimento será prestado oralmente, não sen-
térprete. Se o interrogado não souber escrever, não puder do permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Não
ou não quiser assinar, tal fato será consignado no termo. será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a
A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interroga- apontamentos. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da
tório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das testemunha, o juiz deverá proceder à verificação pelos
partes. meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o
depoimento desde logo.
CONFISSÃO A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de
O valor da confissão será aferida pelos critérios adota- depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascen-
dos para os outros elementos de prova, e para a sua apre- dente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge,
o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,
ciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do
salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se
processo, verificando se entre ela e estas existe compatibi-
ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.
lidade ou concordância.
São proibidas de depor as pessoas que, em razão de
O silêncio do acusado não importará confissão, mas
função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar
poderá constituir elemento para a formação do conven-
segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
cimento do juiz.
quiserem dar o seu testemunho.
A confissão, quando feita fora do interrogatório, será
Não se deferirá o compromisso sob palavra de honra,
tomada por termo nos autos, observado que, no caso de o
a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for
interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser perguntado, os doentes e deficientes mentais e aos me-
assinar, tal fato será consignado no termo. nores de 14 anos, nem os ascendentes ou descendentes,
A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que, o irmão e o
livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado.
em conjunto. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras
testemunhas, além das indicadas pelas partes. Se ao juiz
QUALIFICAÇÃO E OITIVA DO OFENDIDO parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as
Sempre que possível, o ofendido será qualificado e testemunhas se referirem. Não será computada como tes-
perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja temunha a pessoa que nada souber que interesse à deci-
ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, são da causa.
tomando-se por termo as suas declarações. Observe que As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si,
se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem mo- de modo que umas não saibam nem ouçam os depoi-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

tivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da mentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas
autoridade. cominadas ao falso testemunho. Antes do início da au-
O ofendido será comunicado dos atos processuais re- diência e durante a sua realização, serão reservados es-
lativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à desig- paços separados para a garantia da incomunicabilidade
nação de data para audiência e à sentença e respectivos das testemunhas.
acórdãos que a mantenham ou modifiquem. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer
As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou ne-
endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do gou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autori-
ofendido, o uso de meio eletrônico. dade policial para a instauração de inquérito.
Antes do início da audiência e durante a sua realização, Tendo o depoimento sido prestado em plenário de
será reservado espaço separado para o ofendido. Se o juiz julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiên-
entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para cia, o tribunal, ou o conselho de sentença, após a votação
atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psi- dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a
cossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do testemunha à autoridade policial.
ofensor ou do Estado. O juiz tomará as providências ne- As perguntas serão formuladas pelas partes direta-
cessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra mente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que
e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a

12
causa ou importarem na repetição de outra já respon- A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz,
dida. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, ex-
complementar a inquirição. O juiz não permitirá que a pedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo
testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo razoável, intimadas as partes. A expedição da precatória
quando inseparáveis da narrativa do fato. não suspenderá a instrução criminal.
Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão Ao finalizar o prazo marcado da precatória, poderá
contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou de- ser realizado o julgamento, mas, a todo tempo, a pre-
feitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna catória, uma vez devolvida, será junta aos autos. Obser-
de fé. O juiz fará consignar a contradita ou arguição e a
va-se que no caso da precatória há a possibilidade de a
resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha
oitiva de testemunha ser realizada por meio de video-
ou não lhe deferirá compromisso nos casos das teste-
munhas proibidas de depor, em razão de função, minis- conferência ou outro recurso tecnológico de transmissão
tério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo de sons e imagens em tempo real, permitida a presença
se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a
seu testemunho, e as que não se deferirá o compromis- realização da audiência de instrução e julgamento.
so, os doentes e os deficientes mentais e aos menores As cartas rogatórias, para inquirir a testemunha em
de 14 anos. outro país, só serão expedidas se demonstrada previa-
Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, mente a sua imprescindibilidade, arcando a parte reque-
tanto quanto possível, às expressões usadas pelas teste- rente com os custos de envio.
munhas, reproduzindo fielmente as suas frases. Aplicam-se às cartas rogatórias as mesmas regras da
O depoimento da testemunha será reduzido a ter- carta precatória.
mo, assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a teste- Quando a testemunha não conhecer a língua nacio-
munha não souber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá nal, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas
a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença e respostas.
de ambos. Tratando-se de mudo as perguntas serão feitas oral-
Se o juiz verificar que a presença do réu poderá cau- mente, respondendo-as por escrito. Para o surdo serão
sar humilhação, temor, ou sério constrangimento à tes- apresentadas por escrito as perguntas, que ele respon-
temunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a
derá oralmente. E no caso de surdo-mudo as perguntas
verdade do depoimento, fará a inquirição por videocon-
serão formuladas por escrito e do mesmo modo ele res-
ferência e, somente na impossibilidade dessa forma, de-
terminará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, ponderá.
com a presença do seu defensor. A adoção de qualquer As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um
das medidas previstas aqui citadas deverá constar do ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se,
termo, assim como os motivos que a determinaram. pela simples omissão, às penas do não comparecimento.
Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou,
comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requi- por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao
sitar à autoridade policial a sua apresentação ou deter- tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá,
minar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, to-
solicitar o auxílio da força pública. mar-lhe antecipadamente o depoimento.
As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou
por velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
onde estiverem. Quando houver necessidade de fazer-se o reconheci-
O Presidente e o Vice-Presidente da República, os mento de pessoa, deverá ser da seguinte forma:
Senadores e Deputados Federais, os Ministros de Es- • a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será
tado, os Governadores de Estado e Territórios, os Se- convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhe-
cretários de Estado, Governador do Distrito Federal e cida.
Prefeitos dos Municípios, os Deputados às Assembleias
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
• a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será
Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário,
colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tive-
os Ministros e Juízes dos Tribunais de Contas da União,
dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribu- rem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de
nal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora prè- fazer o reconhecimento a apontá-la.
viamente ajustados entre eles e o Juiz. • se houver razão para recear que a pessoa chamada
O Presidente e o Vice-Presidente da República, os para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou ou-
Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputa- tra influência, não diga a verdade em face da pessoa que
dos e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para
prestação de depoimento por escrito, caso em que as que esta não veja aquela, e detalhe, não terá aplicação na
perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, fase da instrução criminal ou em plenário de julgamento.
lhes serão transmitidas por ofício. • do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto porme-
Os militares deverão ser requisitados à autoridade norizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chama-
superior. da para proceder ao reconhecimento e por duas teste-
Aos funcionários públicos será aplicada a expedição munhas presenciais.
do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da
repartição em que servirem, com indicação do dia e da
hora marcados.

13
No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.
Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em
separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas.

ACAREAÇÃO
A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou
testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações, sobre
fatos ou circunstâncias relevantes. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências,
reduzindo-se a termo o ato de acareação.
Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a co-
nhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância, será
expedida precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações desta e
as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se com-
plete a diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta
diligência só se realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.

DOCUMENTOS DE PROVA
Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo. Conside-
ram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. À fotografia do documento,
devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original.
Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providencia-
rá, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível.
A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame pericial, quando contestada a sua autenti-
cidade.
Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por
tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade.
As públicas-formas, ou seja, as cópias autenticadas, só terão valor quando conferidas com o original, em presença
da autoridade.
Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista motivo relevante que justifique a sua conser-
vação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os produ-
ziu, ficando traslado nos autos.

INDÍCIOS
Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução,
concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.

BUSCA E DA APREENSÃO
A busca será domiciliar ou pessoal.

Busca domiciliar Busca pessoal


prender criminosos prender criminosos
apreender coisas achadas ou obtidas por meios
apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos
criminosos
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

apreender instrumentos de falsificação ou de apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação


contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos e objetos falsificados ou contrafeitos
apreender armas e munições, instrumentos utilizados apreender armas e munições, instrumentos utilizados na
na prática de crime ou destinados a fim delituoso prática de crime ou destinados a fim delituoso
descobrir objetos necessários à prova de infração ou à descobrir objetos necessários à prova de infração ou à
defesa do réu defesa do réu
apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado
acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de ou em seu poder, quando haja suspeita de que o
que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação
elucidação do fato do fato

apreender pessoas vítimas de crimes


colher qualquer elemento de convicção
colher qualquer elemento de convicção

14
vendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência
FIQUE ATENTO! qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
Quando a própria autoridade policial ou ju- Também deverá observas as supracitadas regras
diciária não a realizar pessoalmente, a busca quando se tiver de proceder a busca em compartimento
domiciliar deverá ser precedida da expedi- habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva
ção de mandado. ou em compartimento não aberto ao público, onde al-
guém exercer profissão ou atividade.
Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada,
A busca poderá ser determinada de ofício ou a reque- os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver
rimento de qualquer das partes. sofrido a busca, se o requerer.
Em casa habitada, a busca será feita de modo que não
O mandado de busca deverá:
moleste os moradores mais do que o indispensável para
• indicar, o mais precisamente possível, a casa em que o êxito da diligência.
será realizada a diligência e o nome do respecti- A busca em mulher será feita por outra mulher, se não
vo proprietário ou morador; ou, no caso de busca importar retardamento ou prejuízo da diligência.
pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou
os sinais que a identifiquem.
• mencionar o motivo e os fins da diligência. FIQUE ATENTO!
• ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autorida- A autoridade ou seus agentes poderão en-
de que o fizer expedir. trar no território de jurisdição alheia, ainda
que de outro Estado, quando, para o fim
Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto de apreensão, forem no seguimento de
do mandado de busca. pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à
Não será permitida a apreensão de documento em competente autoridade local, antes da dili-
poder do defensor do acusado, salvo quando constituir gência ou após, conforme a urgência desta.
elemento do corpo de delito.
Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão
FIQUE ATENTO! em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
• tendo conhecimento direto de sua remoção ou
A busca pessoal será independente de man-
transporte, a seguirem sem interrupção, embora depois
dado, no caso de prisão ou quando houver
a percam de vista;
fundada suspeita de que a pessoa esteja na
• ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por
posse de arma proibida ou de objetos ou
informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que
papéis que constituam corpo de delito, ou
está sendo removida ou transportada em determinada
quando a medida for determinada no curso
direção, forem ao seu encalço.
de busca domiciliar.
Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para
As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas
se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legali-
de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão dade dos mandados que apresentarem, poderão exigir
o mandado ao morador, ou a quem o represente, inti- as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se
mando-o, em seguida, a abrir a porta. frustre a quanto ocorrer no processo de reconhecimento.
Devem ser anotadas as reações do reconhecedor e todas
Se a própria autoridade der a busca, declarará previa- as suas manifestações, de modo a se poder analisar qual
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
mente sua qualidade e o objeto da diligência. o processo mental utilizado para chegar à conclusão de
Em caso de desobediência, será arrombada a porta que o reconhecendo é, ou não, a pessoa procurada. Há
e forçada a entrada. Recalcitrando o morador, será per- necessidade de duas testemunhas presenciais do reco-
mitido o emprego de força contra coisas existentes no nhecimento, além da autoridade policial e do reconhe-
interior da casa, para o descobrimento do que se procu- cedor.
ra. Quando ausentes os moradores, devendo, neste caso,
ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se
houver e estiver presente.
Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai pro-
curar, o morador será intimado a mostrá-la. Descoberta
a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente
apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de
seus agentes.
Finda a diligência, os executores lavrarão auto cir-
cunstanciado, assinando-o com duas testemunhas pre-
senciais, lembrando que ausentes os moradores, de-

15
Existindo o consentimento do marido para a entrada dos
EXERCÍCIO COMENTADO policiais no imóvel, com oposição expressa e peremptó-
ria da esposa, o mandado não poderá ser cumprido no
período noturno, haja vista a necessidade de consenti-
1. (Polícia Federal – Escrivão – CESPE– 2013) mento de ambos os cônjuges e moradores.
A respeito da prova no processo penal, julgue o item sub-
sequente: ( ) CERTO ( ) ERRADO
O exame caligráfico ou grafotécnico visa certificar, por
meio de comparação, que a letra inserida em determi- Resposta: Certo. A autoridade policial requereu e foi
nado escrito pertence à pessoa investigada. Esse exame expedido o mandado de busca domiciliar. O mandado
pode ser utilizado como parâmetro para as perícias de deve ser cumprido com a aquiescência dos moradores,
escritos envolvendo datilografia ou impressão por com- marido e esposa. Um deles negado acesso, a autori-
putador. dade policial poderá entrar no domicílio com o uso da
força somente durante o dia.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Dentre as provas admitidas, trata DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO


aqui da prova pericial. Compara-se um documento ACUSADO E SEU DEFENSOR, DOS ASSIS-
com a letra da pessoa e outro documento datilogra- TENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA
fado. Comparam-se dois documentos datilografados,
para saber se eles foram impressos ou datilografados
na mesma máquina. Analisa por meio da comparação JUIZ
com o mesmo procedimento realizado por compara-
ção entre a grafia de uma pessoa. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e
manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo,
2. (Polícia Federal – Escrivão – CESPE– 2013) para tal fim, requisitar a força pública.
A respeito da prova no processo penal, julgue o item sub- O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
sequente: • tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consan-
A consequência processual da declaração de ilegalidade guíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o 3º
de determinada prova obtida com violação às normas grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão
constitucionais ou legais é a nulidade do processo com a do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar
absolvição do réu. da justiça ou perito.
• ele próprio houver desempenhado qualquer dessas
( ) CERTO ( ) ERRADO funções ou servido como testemunha.
• tiver funcionado como juiz de outra instância, pro-
Resposta: Certo. São inadmissíveis e declarada ilegal nunciando-se, de fato ou de direito, sobre a ques-
a prova obtida com violação às normas constitucionais tão.
ou legais, assim, como também são inadmissíveis as pro- • ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguí-
vas derivadas das ilícitas. Sendo assim, o processo é nulo neo ou afim em linha reta ou colateral até o 3º grau,
e resulta na absolvição do réu. inclusive, for parte ou diretamente interessado no
feito.
• Nos juízos coletivos, não poderão servir no mes-
3. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – CES- mo processo os juízes que forem entre si parentes,
PE– 2014) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral
No curso de uma investigação federal de grande porte, o até o 3º grau, inclusive.
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

juízo federal autorizou medida de busca e apreensão de • O juiz será suspeito, e, se não declarar, poderá ser
bens e documentos, conforme descrito em mandado ju- recusado por qualquer das partes:
dicial, atendendo a representação da autoridade policial. • se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer de-
Na realização da operação, houve dificuldade de identi- les.
ficação e de acesso ao imóvel apresentado na diligência, • se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente,
por estar situado em zona rural. Nesse mesmo dia, no estiver respondendo a processo por fato análogo,
entanto, durante a realização de outras diligências em- sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia.
preendidas no curso de operação policial de grande por- • se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou
te, os agentes chegaram ao sobredito imóvel no período afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar de-
noturno. Apresentaram-se, então, ao casal de moradores manda ou responder a processo que tenha de ser
e proprietários do bem, realizando a leitura do manda- julgado por qualquer das partes.
do, com a exibição do mesmo, obedecendo às demais • se tiver aconselhado qualquer das partes.
formalidades legais para o cumprimento da ordem judi- • se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qual-
cial. Desse modo, solicitaram autorização dos moradores quer das partes.
para o ingresso no imóvel e realização da diligência. Con- • se for sócio, acionista ou administrador de socie-
siderando a situação hipotética acima, julgue os próxi- dade interessada no processo.
mos itens, com base nos elementos de direito processual.

16
O impedimento ou suspeição decorrente de paren- A audiência poderá ser adiada se, por motivo justi-
tesco por afinidade cessará pela dissolução do casa- ficado, o defensor não puder comparecer. Incumbe ao
mento que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo des- defensor provar o impedimento até a abertura da au-
cendentes. Contudo, ainda que dissolvido o casamento diência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adia-
sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o mento de ato algum do processo, devendo nomear de-
padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for fensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para
parte no processo. o efeito do ato.
A suspeição não poderá ser declarada nem reconhe- A constituição de defensor independerá de instru-
cida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der mento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião
motivo para criá-la. do interrogatório. Não funcionarão como defensores os
parentes do juiz.
MINISTÉRIO PÚBLICO
ASSISTENTES
Ao Ministério Público cabe:
• promover, privativamente, a ação penal pública, na Em todos os termos da ação pública, poderá intervir,
forma estabelecida neste Código. como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu
• fiscalizar a execução da lei. representante legal, e no caso de morte do ofendido ou
quando declarado ausente por decisão judicial, o direi-
Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos to de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao
processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha O assistente será admitido enquanto não passar em
reta ou colateral, até o 3º grau, inclusive, e a eles se es- julgado a sentença e receberá a causa no estado em que
tendem, no que lhes for aplicável, as prescrições relativas se achar.
à suspeição e aos impedimentos dos juízes. O corréu no mesmo processo não poderá intervir
como assistente do Ministério Público.
ACUSADO E SEU DEFENSOR Ao assistente será permitido propor meios de prova,
requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os
A impossibilidade de identificação do acusado com articulados, participar do debate oral e arrazoar os recur-
o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não re- sos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele pró-
tardará a ação penal, quando certa a identidade física. prio. O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca
A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamen- da realização das provas propostas pelo assistente. O
to ou da execução da sentença, se for descoberta a sua processo prosseguirá independentemente de nova inti-
qualificação, será feita a retificação, por termo, nos autos, mação do assistente, quando este, intimado, deixar de
sem prejuízo da validade dos atos precedentes. comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do jul-
Se o acusado não atender à intimação para o interro- gamento, sem motivo de força maior devidamente com-
gatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem provado.
ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar O Ministério Público será ouvido previamente sobre a
conduzi-lo à sua presença. O mandado conterá, além da admissão do assistente.
ordem de condução, indicará: Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não
• o nome do juiz. caberá recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o
• o nome do querelante nas ações iniciadas por pedido e a decisão.
queixa.
• o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
sinais característicos.
• a residência do réu, se for conhecida. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-
• o fim para que é feita a citação. -se aos serventuários e funcionários da justiça, no que
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

• o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu de- lhes for aplicável.
verá comparecer.
• a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. PERITOS E INTÉRPRETES

Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à
será processado ou julgado sem defensor. A defesa téc- disciplina judiciária. As partes não intervirão na nomea-
nica, quando realizada por defensor público ou dativo, ção do perito. O perito nomeado pela autoridade será
será sempre exercida através de manifestação funda- obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa, salvo
mentada. Ao acusado menor dar-se-á curador. escusa atendível. Incorrerá na mesma multa o perito que,
Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defen- sem justa causa, provada imediatamente:
sor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo,
nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender- • deixar de acudir à intimação ou ao chamado da
-se, caso tenha habilitação. autoridade
O defensor não poderá abandonar o processo senão • não comparecer no dia e local designados para o
por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, exame.
sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários míni- • não der o laudo, ou concorrer para que a perícia
mos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. não seja feita, nos prazos estabelecidos.

17
• No caso de não comparecimento do perito, sem 3. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – CES-
justa causa, a autoridade poderá determinar a sua PE– 2014)
condução. Não poderão ser peritos: No curso de uma investigação federal de grande porte, o
• os que estiverem sujeitos à interdição de direito. juízo federal autorizou medida de busca e apreensão de
• os que tiverem prestado depoimento no processo bens e documentos, conforme descrito em mandado ju-
ou opinado anteriormente sobre o objeto da pe- dicial, atendendo a representação da autoridade policial.
rícia. Na realização da operação, houve dificuldade de identi-
• os analfabetos e os menores de 21 anos. ficação e de acesso ao imóvel apresentado na diligência,
por estar situado em zona rural. Nesse mesmo dia, no
entanto, durante a realização de outras diligências em-
FIQUE ATENTO! preendidas no curso de operação policial de grande por-
te, os agentes chegaram ao sobredito imóvel no período
É extensivo aos peritos, no que lhes for apli-
noturno. Apresentaram-se, então, ao casal de moradores
cável, o disposto sobre suspeição dos juí-
e proprietários do bem, realizando a leitura do manda-
zes. Os intérpretes são, para todos os efei-
do, com a exibição do mesmo, obedecendo às demais
tos, equiparados aos peritos.
formalidades legais para o cumprimento da ordem judi-
cial. Desse modo, solicitaram autorização dos moradores
para o ingresso no imóvel e realização da diligência. Con-
siderando a situação hipotética acima, julgue os próxi-
mos itens, com base nos elementos de direito processual.
EXERCÍCIO COMENTADO Existindo o consentimento do marido para a entrada dos
policiais no imóvel, com oposição expressa e peremptória
1. (Polícia Federal – Escrivão – CESPE– 2013) da esposa, o mandado não poderá ser cumprido no perí-
A respeito da prova no processo penal, julgue o item sub- odo noturno, haja vista a necessidade de consentimento
sequente: de ambos os cônjuges e moradores.
O exame caligráfico ou grafotécnico visa certificar, por
meio de comparação, que a letra inserida em determi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
nado escrito pertence à pessoa investigada. Esse exame
pode ser utilizado como parâmetro para as perícias de Resposta: Certo. A autoridade policial requereu e foi
escritos envolvendo datilografia ou impressão por com- expedido o mandado de busca domiciliar. O mandado
putador. deve ser cumprido com a aquiescência dos morado-
res, marido e esposa. Um deles negado acesso, a au-
( ) CERTO ( ) ERRADO toridade policial poderá entrar no domicílio com o uso
da força somente durante o dia.
Resposta: Certo. Dentre as provas admitidas, trata
aqui da prova pericial. Compara-se um documento com a
letra da pessoa e outro documento datilografado. Com-
param-se dois documentos datilografados, para saber se
DA PRISÃO E DA LIBERDADE PROVISÓRIA
eles foram impressos ou datilografados na mesma má-
quina. Analisa por meio da comparação com o mesmo
procedimento realizado por comparação entre a grafia
de uma pessoa. As medidas cautelares deverão ser aplicadas obser-
vando-se a:
2. (Polícia Federal – Escrivão – CESPE– 2013) • necessidade para aplicação da lei penal, para
A respeito da prova no processo penal, julgue o item sub- a investigação ou a instrução criminal e, nos casos ex-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

sequente: pressamente previstos, para evitar a prática de infrações


A consequência processual da declaração de ilegalidade penais.
de determinada prova obtida com violação às normas • adequação da medida à gravidade do crime, circuns-
constitucionais ou legais é a nulidade do processo com a tâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.
absolvição do réu.
As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada
( ) CERTO ( ) ERRADO ou cumulativamente. Elas serão decretadas pelo juiz, de
ofício ou a requerimento das partes ou, quando no cur-
Resposta: Certo. São inadmissíveis e declarada ilegal so da investigação criminal, por representação da auto-
a prova obtida com violação às normas constitucionais ridade policial ou mediante requerimento do Ministério
ou legais, assim, como também são inadmissíveis as Público.
provas derivadas das ilícitas. Sendo assim, o processo Observe que ressalvados os casos de urgência ou de
é nulo e resulta na absolvição do réu. perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pe-
dido de medida cautelar, deverá determinar a intimação
da parte contrária, acompanhada de cópia do requeri-
mento e das peças necessárias, permanecendo os autos
em juízo. E, no caso de descumprimento de qualquer das

18
obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante re- Quando o acusado estiver no território nacional, fora
querimento do Ministério Público, de seu assistente ou da jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua
do querelante, poderá substituir a medida, impor outra prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do
em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão pre- mandado.
ventiva. Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão
O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí- por qualquer meio de comunicação, do qual deverá
-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança
bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que se arbitrada.
a justifiquem. A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as
A prisão preventiva será determinada quando não for precauções necessárias para averiguar a autenticidade
cabível a sua substituição por outra medida cautelar. da comunicação.
É importante destacar que ninguém poderá ser preso O juiz processante deverá providenciar a remoção do
senão em flagrante delito ou por ordem escrita e funda- preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da
mentada da autoridade judiciária competente, em decor- efetivação da medida.
rência de sentença condenatória transitada em julgado O juiz competente providenciará o imediato registro
ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo
de prisão temporária ou prisão preventiva. Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. Qual-
As medidas cautelares não se aplicam à infração a quer agente policial poderá efetuar a prisão determinada
que não for isolada, cumulativa ou alternativamente co- no mandado de prisão registrado no Conselho Nacional
minada pena privativa de liberdade. de Justiça, ainda que fora da competência territorial do
A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a juiz que o expediu. E, ainda que sem registro no Conselho
qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à invio- Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias
labilidade do domicílio. Como isso, o art. 5º, XI, da CF, ga- para averiguar a autenticidade do mandado e comuni-
rante que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém cando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar,
em seguida, o registro do mandado.
nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
local de cumprimento da medida o qual providenciará a
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação ju-
certidão extraída do registro do Conselho Nacional de
dicial.
Justiça e informará ao juízo que a decretou.
Não será permitido o emprego de força, salvo a indis-
O preso será informado de seus direitos, constantes
pensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga
no ar. 5º, LXIII, da CF, entre os quais o de permanecer ca-
do preso.
lado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o res-
advogado, caso o autuado não informe o nome de seu
pectivo mandado. O mandado de prisão: advogado, será comunicado à Defensoria Pública.
• será lavrado pelo escrivão e assinado pela autori- Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a le-
dade. gitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade
• designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu do preso, com fundadas razões, poderão pôr em custó-
nome, alcunha ou sinais característicos. dia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.
• mencionará a infração penal que motivar a prisão. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro
• declarará o valor da fiança arbitrada, quando afian- município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão
çável a infração. no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à
• será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto
execução. de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
Entender-se-á que o executor vai em perseguição do
O mandado será passado em duplicata, e o executor réu, quando:
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exem- • tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrup-
plares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. ção, embora depois o tenha perdido de vista
Da entrega deverá o preso passar recibo no outro exem- • sabendo, por indícios ou informações fidedignas,
plar; se recusar, não souber ou não puder escrever, o fato que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal
será mencionado em declaração, assinada por duas tes- ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for
temunhas. no seu encalço.
Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do man-
dado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será imedia- Quando as autoridades locais tiverem fundadas ra-
tamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado. zões para duvidar da legitimidade da pessoa do executor
Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exi- ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão
bido o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, a pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.
quem será entregue cópia assinada pelo executor ou A prisão em virtude de mandado será feita desde que
apresentada a guia expedida pela autoridade competen- o executor, fazendo-se conhecer do réu, lhe apresente o
te, devendo ser passado recibo da entrega do preso, com mandado e o intime a acompanhá-lo.
declaração de dia e hora. O recibo poderá ser passado no Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistên-
próprio exemplar do mandado, se este for o documento cia à prisão em flagrante ou à determinada por autorida-
exibido. de competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem

19
poderão usar dos meios necessários para defender-se ou juntamente com o preso comum. Os demais direitos e
para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto deveres do preso especial serão os mesmos do preso co-
subscrito também por duas testemunhas. mum.
Para o cumprimento de mandado expedido pela au-
toridade judiciária, a autoridade policial poderá expedir
FIQUE ATENTO! tantos outros quantos necessários às diligências, deven-
É vedado o uso de algemas em mulheres do neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado
grávidas durante os atos médico-hospitala- original.
res preparatórios para a realização do parto A captura poderá ser requisitada, à vista de manda-
e durante o trabalho de parto, bem como do judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas
em mulheres durante o período de puerpé- pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as precau-
rio imediato. ções necessárias para averiguar a autenticidade desta.
As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas
das que já estiverem definitivamente condenadas, nos
Se o executor do mandado verificar, com segurança, termos da lei de execução penal.
que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o mora- O militar preso em flagrante delito, após a lavratura
dor será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da ins-
Se não for obedecido imediatamente, o executor convoca- tituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição
rá duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, das autoridades competentes.
arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor,
depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará PRISÃO EM FLAGRANTE
guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e,
logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais
O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua e seus agentes deverão prender quem quer que seja en-
casa será levado à presença da autoridade, para que se pro- contrado em flagrante delito.
ceda contra ele como for de direito. No mesmo sentido, este Considera-se em flagrante delito quem:
procedimento é adotado em casas de prisão em flagrante • está cometendo a infração penal.
Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à • acaba de cometê-la.
disposição da autoridade competente, quando sujeitos a • é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
prisão antes de condenação definitiva: ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
• os ministros de Estado. faça presumir ser autor da infração.
• os governadores ou interventores de Estados e Ter- • é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar-
ritórios, o Prefeito do Distrito Federal, seus respec- mas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
tivos secretários, os prefeitos municipais, os verea- autor da infração.
dores e chefes de Polícia.
• os membros do Parlamento Nacional, do Conselho Nas infrações permanentes, entende-se o agente em
de Economia Nacional e das Assembleias Legislati- flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
vas dos Estados. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvi-
• os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”. rá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura,
• os oficiais das Forças Armadas e os militares dos entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que
• os magistrados. o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a
• os diplomados por qualquer das faculdades supe- imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas
riores da República. respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o
• os ministros de confissão religiosa. auto.
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

• os ministros do Tribunal de Contas. Resultando das respostas fundada a suspeita contra


• os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão,
função de jurado, salvo quando excluídos da lista por exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
motivo de incapacidade para o exercício daquela fun- prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para
ção. isso for competente; se não o for, enviará os autos à au-
• os delegados de polícia e os guardas-civis dos Esta- toridade que o seja.
dos e Territórios, ativos ou inativos. A falta de testemunhas da infração não impedirá o
auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o con-
A prisão especial consiste exclusivamente no recolhi- dutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que
mento em local distinto da prisão comum. hajam testemunhado a apresentação do preso à autori-
Não havendo estabelecimento específico para o preso dade.
especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo Quando o acusado se recusar a assinar, não souber
estabelecimento. A cela especial poderá consistir em alo- ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será
jamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua
do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, leitura na presença deste.
insolação e condicionamento térmico adequado à exis- Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
tência humana. O preso especial não será transportado constar a informação sobre a existência de filhos, respec-

20
tivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome
e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos FIQUE ATENTO!
filhos, indicado pela pessoa presa. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em
Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer flagrante, que o agente praticou o fato nas
pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois condições de estado de necessidade, legí-
de prestado o compromisso legal. tima defesa, estrito cumprimento de dever
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon- legal ou no exercício regular de direito,
tre serão comunicados imediatamente ao juiz competen- poderá, fundamentadamente, conceder
te, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa ao acusado liberdade provisória, mediante
por ele indicada. termo de comparecimento a todos os atos
processuais, sob pena de revogação.
FIQUE ATENTO!
Em até 24 (vinte e quatro) horas após a rea-
lização da prisão, será encaminhado ao juiz PRISÃO PREVENTIVA
competente o auto de prisão em flagrante
e, caso o autuado não informe o nome de Em qualquer fase da investigação policial ou do pro-
seu advogado, cópia integral para a Defen- cesso penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo
soria Pública. juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requeri-
mento do Ministério Público, do querelante ou do assis-
tente, ou por representação da autoridade policial.
No prazo de 24 (vinte e quatro) horas será entregue A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia
ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condu- instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal,
tor e os das testemunhas. quando houver prova da existência do crime e indício suficien-
Quando o fato for praticado em presença da au- te de autoria. A prisão preventiva também poderá ser decreta-
toridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, da em caso de descumprimento de qualquer das obrigações
constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, impostas por força de outras medidas cautelares
as declarações que fizer o preso e os depoimentos das Será admitida a decretação da prisão preventiva:
testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo • nos crimes dolosos punidos com pena privativa de
preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos.
juiz a quem couber tomar conhecimento do fato deli- • se tiver sido condenado por outro crime doloso,
tuoso, se não o for a autoridade que houver presidido em sentença transitada em julgado, ressalvada a
o auto. circunstância atenuante de pena de ser o agen-
Não havendo autoridade no lugar em que se tiver te menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou
efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença.
lugar mais próximo. • se o crime envolver violência doméstica e familiar
Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfer-
depois de lavrado o auto de prisão em flagrante. mo ou pessoa com deficiência, para garantir a exe-
Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deve- cução das medidas protetivas de urgência.
rá fundamentadamente:
• relaxar a prisão ilegal; ou Também será admitida a prisão preventiva quando
• converter a prisão em flagrante em preventiva, houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
quando for por garantia da ordem pública, da or- quando esta não fornecer elementos suficientes para es-
dem econômica, por conveniência da instrução clarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

criminal, ou para assegurar a aplicação da lei pe- em liberdade após a identificação, salvo se outra hipóte-
nal, quando houver prova da existência do crime se recomendar a manutenção da medida.
e indício suficiente de autoria, e se revelarem ina- A prisão preventiva em nenhum caso será decretada
dequadas ou insuficientes as medidas cautelares se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o
diversas da prisão; ou agente praticado na condição de estado de necessidade,
• conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou
no exercício regular de direito. A decisão que decretar,
substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre
motivada.

O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no cor-


rer do processo verificar a falta de motivo para que sub-
sista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem ra-
zões que a justifiquem.

21
Liberdade provisória
DA PRISÃO TEMPORÁRIA LEI Nº 7.960/1989
Em caso de ilegalidade da prisão em flagrante, de-
ve-se relaxar a mesma. Caso essa seja legal, poder-se-á
convertê-la em prisão preventiva, se presente os requisi-
tos, ou poder-se-á aplicar medidas cautelares. PRISÃO TEMPORÁRIA
Não sendo necessária a prisão preventiva ou medidas
cautelares, o juiz poderá conceder liberdade provisória A prisão temporária é regida pela Lei nº 7.960, de 21
ao acusado. de dezembro de 1989. Cabe, portanto, prisão temporá-
Liberdade provisória é o direito de permanecer em ria:
liberdade após a prisão em flagrante legal. • quando imprescindível para as investigações do
inquérito policial.
Modalidades: • quando o indicado não tiver residência fixa ou não
fornecer elementos necessários ao esclarecimento
de sua identidade.
I) Liberdade provisória sem fiança: a) Ocorre quando
• quando houver fundadas razões, de acordo com
o agente praticou “aparentemente” o crime em causas
qualquer prova admitida na legislação penal, de
de excludente de ilicitude (art. 5º, LXVI da CF e art. 310, autoria ou participação do indiciado nos seguintes
parágrafo único do CPP); b) quando não se enquadrar crimes:
os requisitos para aplicação da prisão preventiva (art. 5º,
LXVI da CF e 321 do CPP); c) em crimes graves inafiançá- a) homicídio doloso;
veis (O STF já decidiu que para os crimes inafiançáveis é b) sequestro ou cárcere privado;
possível a liberdade provisória sem fiança). c) roubo;
d) extorsão;
e) extorsão mediante sequestro;
#FicaDica f) estupro;
g) epidemia com resultado de morte;
Senadores, deputados, magistrados ou re-
h) envenenamento de água potável ou substância ali-
presentantes do Ministério Público só serão
mentícia ou medicinal qualificado pela morte;
autuados em flagrante em casos de crimes
i) quadrilha ou bando, hoje, associação para o crime,
inafiançáveis. do Código Penal;
j) genocídio, em qualquer de sua formas típicas;
II) Liberdade provisória com fiança: Dever-se-á ob- k) tráfico de drogas;
servar os requisitos dos artigos 327, 328, 341 do CPP e l) crimes contra o sistema financeiro.
o pagamento da fiança. m) crimes previstos na Lei de Terrorismo.

Importante ressaltar que não cabe liberdade provi- A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face
sória com fiança nos crimes hediondos ou assemelha- da representação da autoridade policial ou de requeri-
dos. Porém, conforme entendimento do STF, cabe liber- mento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco)
dade provisória sem fiança. dias, prorrogável por igual período em caso de extrema
e comprovada necessidade.
E, na hipótese de representação da autoridade poli-
cial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
#FicaDica O despacho que decretar a prisão temporária deverá
ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24
O delegado pode arbitrar fiança em crimes
(vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento
com pena máxima de 4 anos de prisão. O da representação ou do requerimento.
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

juiz, por sua vez, poderá arbitrar fiança em O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Minis-
todos os casos, desde que permitido por lei. tério Público e do Advogado, determinar que o preso lhe
seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos
da autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo
de delito.
Decretada a prisão temporária, expedir-se-á manda-
do de prisão, em duas vias, uma das quais será entre-
gue ao indiciado e servirá como nota de culpa. A prisão
somente poderá ser executada depois da expedição de
mandado judicial.

Efetuada a prisão, a autoridade policial informará


o preso dos direitos previstos na Constituição Federal,
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe as-
segurada a assistência da família e de advogado, caso
o autuado não informe o nome de seu advogado, será
comunicado à Defensoria Pública.

22
Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso Resposta: Errado. No prazo de 24 (vinte e quatro) ho-
deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já ras será entregue ao preso, mediante recibo, a nota
tiver sido decretada sua prisão preventiva. de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da
Os presos temporários deverão permanecer, obriga- prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
toriamente, separados dos demais detentos. Todavia, imediatamente a prisão, deve comunicar ao
Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um juízo competente, ao Ministério Público, à família do
plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder preso ou à pessoa por ele indicada e, ainda, à defen-
Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos soria pública, se não indicar advogado no ato prisão.
pedidos de prisão temporária.

DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES


EXERCÍCIO COMENTADO

1. (Polícia Federal – Escrivão – CESPE– 2004) No caso A citação inicial será realizada por mandado, quando
de flagrante delito, se não houver testemunhas da infra- o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que
ção, não se poderá lavrar o auto de prisão em flagrante. a houver ordenado.
O mandado de citação indicará:
( ) CERTO ( ) ERRADO • o nome do juiz.
• o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa.
Resposta: Errado. O CPP quando diz que haverá no • o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus
mínimo duas testemunhas que presenciem a entrega sinais característicos.
do preso, não se refere a testemunhas da infração, há • a residência do réu, se for conhecida.
delitos que podem ocorrer sem a presença de teste- • o fim para que é feita a citação.
munha e o agente ser preso em flagrante, por exem- • o juízo
plo, quando é encontrado com objetos que presume • e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá com-
parecer.
ser ele o autor.
• a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
2. (Polícia Federal – Escrivão – CESPE– 2004) Conside-
Quando o réu estiver fora do território da jurisdição
re a seguinte situação hipotética:
do juiz processante, será citado mediante precatória.
Enzo subtraiu da residência de Lúcia, mediante violência,
Verificado que o réu se encontra em território sujeito
uma caixa contendo jóias e dinheiro. Assim que ele dei-
à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz depre-
xou a residência, Lúcia acionou a polícia, que, em busca cado os autos para efetivação da diligência, desde que
realizada nas proximidades do local, encontrou-o por- haja tempo para fazer-se a citação.
tando os bens subtraídos. A precatória indicará:
Nessa situação, é correto afirmar que houve a consu- • o juiz deprecado e o juiz deprecante.
mação do roubo, e que o agente foi preso em flagrante • a sede da jurisdição de um e de outro.
delito. • o fim para que é feita a citação, com todas as espe-
cificações.
( ) CERTO ( ) ERRADO • o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá
comparecer.
Resposta: Certo. Este caso hipotético ilustra o caso
de flagrante ficto, em que o agente é encontra do os A precatória será devolvida ao juiz deprecante, inde-
objetos que faz presumir ser o agente do delito. O fato pendentemente de traslado, depois de lançado o “cum-
de o agente subtrair bens móveis mediante violência pra-se” e de feita a citação por mandado do juiz depre-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

se traduz no crime de roubo, que foi consumido quan- cado.


do o agente saiu da residência da vítima. Há ainda a possibilidade de o oficial de justiça certifi-
car que o réu se oculta para não ser citado e, neste caso,
3. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – CES- a precatória será imediatamente devolvida, para proceder
PE– 2014) No que tange à prisão em flagrante, à prisão à citação com hora certa.
preventiva e à prisão temporária, julgue o  item  que se Se houver urgência, a precatória, que conterá em re-
segue, à luz do Código de Processo Penal (CPP). sumo os requisitos já acima citados, poderá ser expedi-
O CPP dispõe expressamente que na ocorrência de pri- da por via telegráfica, hoje, meios eletrônicos, depois de
são em flagrante tem a autoridade policial o dever de reconhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora
comunicar o fato, em até vinte e quatro horas, ao juízo mencionará.
competente, ao Ministério Público, à família do preso ou Para realizar a citação por mandado deverá seguir os
à pessoa por ele indicada e, ainda, à defensoria pública, seguintes requisitos:
se o aprisionado não indicar advogado no ato da autu- • leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega
ação. da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da
citação.
( ) CERTO ( ) ERRADO • declaração do oficial, na certidão, da entrega da con-
trafé, e sua aceitação ou recusa.

23
Nas intimações dos acusados, das testemunhas e de-
FIQUE ATENTO! mais pessoa que devam tomar conhecimento de qual-
A citação do militar será realizada por inter- quer ato será observado, no que for aplicável, o dispos-
médio do chefe do respectivo serviço. to à citação. A intimação do defensor constituído, do
O dia designado para funcionário público advogado do querelante e do assistente será feita por
comparecer em juízo, como acusado, será publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos
notificado assim a ele como ao chefe de sua judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o
repartição. nome do acusado.
Se o réu estiver preso, será pessoalmente Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais
citado. na comarca, a intimação será realizada diretamente pelo
Se o réu não for encontrado, será citado escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante
por edital, com o prazo de quinze dias. de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo.
A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensa a
publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos
judiciais da comarca.
Verificando que o réu se oculta para não ser citado, A intimação do Ministério Público e do defensor no-
o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá meado será pessoal.
à citação com hora certa. A citação com hora certa será Será admissível a intimação por despacho na petição
efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho em que for requerida, observado a leitura do mandado
que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embo- ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se
ra presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar mencionarão dia e hora da citação. E também a declara-
a receber o mandado. Feita a citação com hora certa, o ção do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua
escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, no prazo aceitação ou recusa.
de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o
aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrôni- juiz marcará desde logo, na presença das partes e teste-
ca, dando-lhe de tudo ciência. Completada a citação com munhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se
hora certa, se o acusado não comparecer, será nomeado lavrará termo nos autos.
defensor dativo. Não resta dúvida que a interdição de direitos e a me-
O processo estará completo na sua formação quando dida de segurança são sanções penais e sua aplicação, a
realizada a citação do acusado. Não sendo encontrado o título de punição, antes do trânsito em julgado da sen-
acusado, será procedida a citação por edital. tença penal condenatória é flagrantemente inconstitu-
Sendo assim, o edital de citação indicará: cional. Diante deste cenário, é fácil concluir que o título
• o nome do juiz que a determinar. XI do Código de Processo Penal, que versa sobre inter-
• o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus dição de direito, não foi recepcionado pela Constituição
sinais característicos, bem como sua residência e Federal.
profissão, se constarem do processo.
• o fim para que é feita a citação.
• o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá
comparecer.
DAS NULIDADES
• o prazo, que será contado do dia da publicação do
edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação.
TÍTULO I
O edital será afixado à porta do edifício onde funcio- DAS NULIDADES
nar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver,
devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nu-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou lidade não resultar prejuízo para a acusação ou para
certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal a defesa.
com a data da publicação. Mas, se o acusado, citado por Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, II - por ilegitimidade de parte;
podendo o juiz determinar a produção antecipada das III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos
prisão preventiva. processos de contravenções penais, a portaria ou o
O processo seguirá sem a presença do acusado que, auto de prisão em flagrante;
citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, dei- b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam
xar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de vestígios, ressalvado o disposto no art. 167;
mudança de residência, não comunicar o novo endereço c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não
ao juízo. tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos;
Contudo, estando o acusado no estrangeiro, em lugar d) a intervenção do Ministério Público em todos os
sabido, será citado mediante carta rogatória, suspenden- termos da ação por ele intentada e nos da intenta-
do-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumpri- da pela parte ofendida, quando se tratar de crime de
mento. ação pública;

24
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu inter- III - as do processo sumário, no prazo a que se refere
rogatório, quando presente, e os prazos concedidos à o art. 537, ou, se verificadas depois desse prazo, logo
acusação e à defesa; depois de aberta a audiência e apregoadas as partes;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da res- IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título
pectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos II do Livro II, logo depois de aberta a audiência;
perante o Tribunal do Júri; V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo de-
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pois de anunciado o julgamento e apregoadas as par-
pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o jul- tes (art. 447);
gamento à revelia; VI - as de instrução criminal dos processos de compe-
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo tência do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de
e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei; Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500;
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a consti- VII - se verificadas após a decisão da primeira instân-
tuição do júri; cia, nas razões de recurso ou logo depois de anunciado
o julgamento do recurso e apregoadas as partes;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em
VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou
número legal e sua incomunicabilidade;
em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.
k) os quesitos e as respectivas respostas; Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e,
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento; segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas:
m) a sentença; I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha acordo com o disposto no artigo anterior;
estabelecido; II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, o seu fim;
para ciência de sentenças e despachos de que caiba III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os
recurso; seus efeitos.
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada,
Apelação, o quorum legal para o julgamento; na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou
IV - por omissão de formalidade que constitua ele- retificados.
mento essencial do ato. § 1º A nulidade de um ato, uma vez declarada, cau-
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por defi- sará a dos atos que dele diretamente dependam ou
ciência dos quesitos ou das suas respostas, e contradi- sejam conseqüência.
ção entre estas. (Parágrafo único acrescido pela Lei nº § 2º O juiz que pronunciar a nulidade declarará os
263, de 23/2/1948) atos a que ela se estende.
Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade
a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido,
ou referente a formalidade cuja observância só à parte DO PROCESSO E JULGAMENTO DOS CRI-
contrária interesse. MES DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIO-
Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato proces-
NÁRIOS PÚBLICOS
sual que não houver influído na apuração da verdade
substancial ou na decisão da causa.
Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os
atos decisórios, devendo o processo, quando for decla-
CAPÍTULO II
rada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES
Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representan-
DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚ-
te da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante BLICOS
ratificação dos atos processuais.
Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da Art. 513. Nos crimes de responsabilidade dos funcio-
representação, ou, nos processos das contravenções
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
nários públicos, cujo processo e julgamento competi-
penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, rão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia será
poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sen- instruída com documentos ou justificação que façam
tença final. presumir a existência do delito ou com declaração
Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação fundamentada da impossibilidade de apresentação de
ou notificação estará sanada, desde que o interessado qualquer dessas provas.
compareça, antes de o ato consumar-se, embora de- Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia
clare que o faz para o único fim de argüi-la. O juiz ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la
ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, e ordenará a notificação do acusado, para responder
quando reconhecer que a irregularidade poderá preju- por escrito, dentro do prazo de quinze dias.
dicar direito da parte. Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do
Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas: acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz,
I - as da instrução criminal dos processos da compe- ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresen-
tência do júri, nos prazos a que se refere o art. 406; tar a resposta preliminar.
II - as da instrução criminal dos processos de compe- Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante
tência do juiz singular e dos processos especiais, salvo o prazo concedido para a resposta, os autos perma-
os dos Capítulos V e VII do Título II do Livro II, nos necerão em cartório, onde poderão ser examinados
prazos a que se refere o art. 500; pelo acusado ou por seu defensor.

25
Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com Serão objeto de registro escrito exclusivamente os
documentos e justificações. atos havidos por essenciais. Os atos realizados em au-
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em diência de instrução e julgamento poderão ser gravados
despacho fundamentado, se convencido, pela resposta em fita magnética ou equivalente.
do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime A citação será pessoal e será realizada no próprio Jui-
ou da improcedência da ação. zado, sempre que possível, ou por mandado.
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acu-
sado citado, na forma estabelecida no Capítulo I do Títu-
lo X do Livro I. FIQUE ATENTO!
Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos Não encontrado o acusado para ser citado, o
do processo, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo
III, Título I, deste Livro. comum para adoção do procedimento pre-
visto em lei.

A intimação será feita por correspondência, com aviso


PROCEDIMENTOS DOS JUIZADOS ESPE-
de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurí-
CIAIS CRIMINAIS LEI Nº 9.099/95 dica ou firma individual, mediante entrega ao encarrega-
do da recepção, que será obrigatoriamente identificado,
ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independen-
temente de mandado ou carta precatória, ou ainda por
O Juizado Especial Criminal, provido por juízes toga- qualquer meio idôneo de comunicação.
dos ou togados e leigos, tem competência para a conci- Dos atos praticados em audiência serão considerados
liação, o julgamento e a execução das infrações penais desde logo cientes as partes, os interessados e defenso-
de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de res.
conexão e continência. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado
Na reunião de processos, perante o juízo comum ou de citação do acusado, deve conter a necessidade de seu
o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de comparecimento acompanhado de advogado, com a ad-
conexão e continência, serão observados os institutos da vertência de que, na sua falta, será designado defensor
transação penal e da composição dos danos civis. público.
Consideram-se infrações penais de menor potencial A autoridade policial que tomar conhecimento da
ofensivo, para os efeitos da Lei nº 9.099/1995, as con- ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminha-
travenções penais e os crimes a que a lei comine pena rá imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não vítima, providenciando-se as requisições dos exames pe-
com multa. riciais necessários.
Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o
FIQUE ATENTO! compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão
O processo perante o Juizado Especial será em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violên-
orientado pelos critérios da oralidade, sim- cia doméstica, o juiz poderá determinar, como medida
plicidade, informalidade, economia proces- de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
sual e celeridade, objetivando, sempre que convivência com a vítima.
possível, a reparação dos danos sofridos pela Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sen-
vítima e a aplicação de pena não privativa de do possível a realização imediata da audiência prelimi-
liberdade. nar, será designada data próxima, da qual ambos sairão
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

cientes.
Na falta do comparecimento de qualquer dos envol-
A competência do Juizado será determinada pelo lu- vidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o
gar em que foi praticada a infração penal. caso, a do responsável civil.
Os atos processuais serão públicos e poderão reali- Na audiência preliminar, presente o representante do
zar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possí-
conforme dispuserem as normas de organização judiciá- vel, o responsável civil, acompanhados por seus advoga-
ria. dos, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da compo-
Os atos processuais serão válidos sempre que preen- sição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação
cherem as finalidades para as quais foram realizados, imediata de pena não privativa de liberdade.
atendidos os critérios de que o processo perante o Jui- A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conci-
zado Especial. liador sob sua orientação.
Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados,
havido prejuízo. na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis
A prática de atos processuais em outras comarcas em Direito, excluídos os que exerçam funções na admi-
poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comu- nistração da Justiça Criminal.
nicação.

26
Na ação penal de iniciativa pública, quando não hou-
FIQUE ATENTO! ver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato,
A composição dos danos civis será reduzida ou pela não ocorrência da representação, o Ministério
a escrito e, homologada pelo Juiz mediante Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
ser executado no juízo civil competente. Para o oferecimento da denúncia, que será elabo-
rada com base no termo de ocorrência, ou seja, termo
Não obtida a composição dos danos civis, circunstanciado, com dispensa do inquérito policial, será
será dada imediatamente ao ofendido a prescindido do exame de corpo de delito quando a ma-
oportunidade de exercer o direito de repre- terialidade do crime estiver aferida por boletim médico
sentação verbal, que será reduzida a termo.
ou prova equivalente.
Tratando-se de ação penal de iniciativa pri- Se a complexidade ou circunstâncias do caso não
vada ou de ação penal pública condiciona- permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Públi-
da à representação, o acordo homologado co poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças
acarreta a renúncia ao direito de queixa ou existentes.
representação. Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser
oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a com-
plexidade e as circunstâncias do caso determinam a ado-
O não oferecimento da representação na audiência ção das providências necessárias para citação.
preliminar não implica decadência do direito, que poderá Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a ter-
ser exercido no prazo previsto de 6 meses. mo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará
Havendo representação ou tratando-se de crime de citado e imediatamente cientificado da designação de
ação penal pública incondicionada, não sendo caso de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento,
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a apli-
da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o
cação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a
ofendido, o responsável civil e seus advogados.
ser especificada na proposta.
Se o acusado não estiver presente, será citado por
Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicá-
mandato e cientificado da data da audiência de instrução
vel, o juiz poderá reduzi-la até a metade.
e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou
Não se admitirá a proposta de transação penal se fi-
apresentar requerimento para intimação, no mínimo cin-
car comprovado:
co dias antes de sua realização.
• ter sido o autor da infração condenado, pela
prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sen- Não estando presentes o ofendido e o responsável ci-
tença definitiva. vil, serão intimados por correspondência para compare-
• ter sido o agente beneficiado anteriormente, no cerem à audiência de instrução e julgamento. Da mesma
prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou forma, serão intimadas as testemunhas.
multa, nos termos deste artigo. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quan-
• não indicarem os antecedentes, a conduta social do imprescindível, a condução coercitiva de quem deva
e a personalidade do agente, bem como os motivos e comparecer.
as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor
medida. para responder à acusação, após o que o juiz recebe-
Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defen- rá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento,
sor, será submetida à apreciação do Juiz. serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e
Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente,
pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva passando-se imediatamente aos debates orais e à prola-
de direitos ou multa, que não importará em reincidên- ção da sentença. CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

cia, sendo registrada apenas para impedir novamente o Todas as provas serão produzidas na audiência de
mesmo benefício no prazo de cinco anos. Desta decisão instrução e julgamento, podendo o juiz limitar ou excluir
caberá recurso de apelação. as que considerar excessivas, impertinentes ou protela-
tórias.
De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo,
FIQUE ATENTO! assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo
A imposição da sanção de pena restritiva de dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença.
direitos ou multa não constará de certidão A sentença, dispensado o relatório, mencionará os
de antecedentes criminais, salvo para os fins elementos de convicção do Juiz.
previstos no mesmo dispositivo, e não terá Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da
efeitos civis, cabendo aos interessados pro- sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por
por ação cabível no juízo cível. turma composta de três Juízes em exercício no primeiro
grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
A apelação será interposta no prazo de dez dias,
contados da ciência da sentença pelo Ministério Públi-
co, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual
constarão as razões e o pedido do recorrente.

27
O recorrido será intimado para oferecer resposta es-
crita no prazo de dez dias. FIQUE ATENTO!
As partes poderão requerer a transcrição da gravação Suspensão do processo:
da fita magnética ou equivalente.
As partes serão intimadas da data da sessão de julga-
mento pela imprensa. A suspensão será A suspensão pode-
Se a sentença for confirmada pelos próprios funda- revogada se: rá ser revogada se:
mentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.
o acusado vier a
FIQUE ATENTO! o beneficiário vier a
ser processado, no
Cabem embargos de declaração quando, em ser processado por
curso do prazo, por
sentença ou acórdão, houver obscuridade, outro crime.
contravenção.
contradição ou omissão.
Os embargos de declaração serão opostos
por escrito ou oralmente, no prazo de cinco não efetuar,sem descumprir qual-
dias, contados da ciência da decisão. motivo justificado,a quer outra condi-
reparaçãodo dano. ção imposta.
Os embargos de declaração interrompem o prazo
para a interposição de recurso. Não correrá a prescrição durante o prazo de
Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
suspensão do processo.
E, aplicada exclusivamente pena de multa, seu cum-
primento será feito mediante pagamento na Secretaria
do Juizado. Efetuado o pagamento, o Juiz declarará ex-
tinta a punibilidade, determinando que a condenação Se o acusado não aceitar a proposta para suspensão
não fique constando dos registros criminais, exceto para do processo, este prosseguirá em seus ulteriores termos.
fins de requisição judicial. As disposições da Lei nº 9.099/1995 não se aplicam
Não efetuado o pagamento de multa, será feita a aos processos penais cuja instrução já estiver iniciada,
conversão em pena privativa da liberdade, ou restritiva assim como não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.
de direitos, nos termos previstos em lei. A execução das Nos casos em que a Lei nº 9.099/1995 passa a exigir
penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, ou representação para a propositura da ação penal pública,
de multa cumulada com estas, será processada perante o o ofendido ou seu representante legal será intimado para
órgão competente, nos termos da lei.
oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de decadên-
cia.
FIQUE ATENTO! Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Có-
Além das hipóteses do Código Penal e da digos Penal e de Processo Penal, no que não forem in-
legislação especial, dependerá de represen- compatíveis com esta Lei nº 9.099/1995.
tação a ação penal relativa aos crimes de le- Cabe a Lei Estadual dispor sobre o Sistema de Juiza-
sões corporais leves e lesões culposas. dos Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, com-
posição e competência.

Nos crimes em que a pena mínima cominada for


igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não pela Lei
nº 9.099/1995, o Ministério Público, ao oferecer a denún- EXERCÍCIO COMENTADO
cia, poderá propor a suspensão do processo, por dois
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo


processado ou não tenha sido condenado por outro cri- 1. (PC-TO – Delegado de Polícia – CESPE – 2008) A
me, presentes os demais requisitos que autorizariam a transação penal prevista na lei que dispõe acerca dos
suspensão condicional da pena. juizados especiais criminais implica suspensão do curso
Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na processual até o prazo final do acordo transacional, não
presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá resultando em reincidência, sendo vedado o registro do
suspender o processo, submetendo o acusado a período feito em certidão de antecedentes criminais.
de prova, sob as seguintes condições:
• reparação do dano, salvo impossibilidade de fa- ( ) CERTO ( ) ERRADO
zê-lo.
• proibição de frequentar determinados lugares. Resposta: Certo - Observa- se que a homologa-
• proibição de ausentar-se da comarca onde resi- ção da transação penal prevista no art. 76, da Lei nº
de, sem autorização do Juiz. 9.099/1995, não faz coisa julgada material. Com isso,
• comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação an-
mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
terior, possibilitando-se ao Ministério Público a conti-
O Juiz poderá especificar outras condições a que fica
nuidade da persecução penal mediante oferecimento
subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato
de denúncia ou requisição de inquérito policial.
e à situação pessoal do acusado.

28
5. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO-
HORA DE PRATICAR! LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) A autoridade policial
que, na fase de investigação criminal, desconfiar da in-
tegridade mental do acusado, poderá, sem suspender o
1. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO- andamento do inquérito policial, determinar, de ofício,
LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) É apresentada uma que o acusado se submeta a exame de sanidade mental,
situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julga- a ser realizado por peritos oficiais.
da em relação ao inquérito policial e suas peculiaridades,
às atribuições da Polícia Federal e ao sistema probatório ( ) CERTO ( ) ERRADO
no processo penal brasileiro.
Uma quadrilha efetuou ilegalmente diversas transações 6. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
bancárias na modalidade de saques e transferências ele- CIA FEDERAL – CESPE – 2014) No que se refere ao
trônicas em contas de inúmeros clientes de determinada exame de corpo de delito, julgue o item seguinte.
agência do Banco do Brasil. A instituição financeira res- A autoridade providenciará que, em dia e hora previa-
sarciu todos os clientes lesados e arcou integralmente mente marcados, seja realizada a diligência de exumação
com os prejuízos resultantes das fraudes perpetradas para exame cadavérico, devendo-se lavrar auto circuns-
pelo grupo. Nessa situação hipotética, cabe à Polícia Fe- tanciado da sua realização.
deral a instauração do inquérito policial, porquanto a ela
compete, com exclusividade, a apuração de crimes prati- ( ) CERTO ( ) ERRADO
cados contra bens e serviços da União.
7. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
( ) CERTO ( ) ERRADO CIA FEDERAL – CESPE – 2014) No que se refere ao
exame de corpo de delito, julgue o item seguinte.
A confissão do acusado suprirá o exame de corpo de
2. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO- delito, quando a infração deixar vestígios, mas não for
LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) No curso de inquérito possível fazê-lo de modo direto.
policial presidido por delegado federal, foi deferida a in-
terceptação telefônica dos indiciados, tendo sido a trans- ( ) CERTO ( ) ERRADO
crição dos dados em laudo pericial juntada em apenso
aos autos do inquérito, sob segredo de justiça. Encami- 8. (CESPE – FEDERAL – ESCRIVÃO – CESPE – 2013)
nhado o procedimento policial ao Poder Judiciário, o juiz A respeito da prova no processo penal, julgue o item
permitiu o acesso da imprensa ao conteúdo dos dados subsequente.
da interceptação e a sua divulgação, sob o fundamen- A confissão extrajudicial do réu e outros elementos indi-
to de interesse público à informação. Nessa situação hi- ciários de participação no crime nos autos do processo
potética, independentemente da autorização judicial de são subsídios suficientes para autorizar-se a prolação de
acesso da imprensa aos dados da interceptação telefô- sentença condenatória.
nica, a divulgação desse conteúdo é ilegal e invalida a
prova colhida, uma vez que o procedimento em questão, ( ) CERTO ( ) ERRADO
tanto na fase inquisitorial quanto na judicial, é sigiloso,
por expressa regra constitucional. 9. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
CIA FEDERAL – CESPE – 2012) De acordo com o siste-
( ) CERTO ( ) ERRADO ma processual penal brasileiro, qualquer pessoa poderá
ser testemunha e a ninguém que tenha conhecimento
3. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO- dos fatos será dado o direito de se eximir da obrigação
LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) De acordo com o CPP, de depor, com exceção das pessoas proibidas de depor
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

entre os procedimentos a serem adotados pela autorida- porque, em razão de função, ministério, ofício ou profis-
de policial incluem-se a oitiva do ofendido e a comuni- são, devam guardar segredo, salvo se desobrigadas pela
cação a ele dos atos da investigação policial, em especial, parte interessada, e dos doentes e deficientes mentais e
os relativos ao ingresso ou à saída do acusado da prisão, menores de quatorze anos de idade.
à designação de data para interrogatório e, no caso de
indiciamento do acusado, à remessa dos autos à justiça. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 10. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-


CIA FEDERAL – CESPE – 2009) Não se admite a aca-
4. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO- reação entre o acusado e a pessoa ofendida, conside-
LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) Os delegados de po- rando-se que o acusado tem o direito constitucional ao
lícia não podem recusar-se a cumprir requisição de auto- silêncio, e o ofendido não será compromissado.
ridade judiciária ou de membro do MP para instauração
de inquérito policial. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO

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11. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO – CESPE 16. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DA PO-
– 2013) Considere que, no curso de investigação poli- LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) Julgue os itens sub-
cial para apurar a prática de crime de extorsão mediante sequentes, relativos à aplicação da lei penal e seus prin-
sequestro contra um gerente do Banco X, agentes da cípios.
Polícia Federal tenham perseguido os suspeitos, que fu- Suponha que, no curso de determinado inquérito poli-
giram com a vítima, por dois dias consecutivos. Nessa cial, tenha sido editada nova lei que, então, deixou de
situação, enquanto mantiverem a privação da liberdade tipificar o fato, objeto da investigação, como criminoso.
da vítima, os suspeitos poderão ser presos em flagrante, Nesse caso, o inquérito policial deve ser imediatamente
por se tratar de infração permanente. encerrado, porquanto se opera a extinção da punibilida-
de do autor.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
12. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO – CESPE
– 2004) Considerando a situação hipotética apresentada 17. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO-
acima, julgue o item que se seguem. LÍCIA – CESPE – 2013) Suponha que determinada sen-
Após a referida apreensão, era dever dos policiais infor- tença condenatória, com pena de dez anos de reclusão,
mar os rapazes sobre seus direitos, bem como imediata- imposta ao réu, tenha sido recebida em termo próprio,
mente comunicar a realização da apreensão tanto a Júlio em cartório, pelo escrivão, em 13/8/2011 e publicada
quanto à autoridade judiciária competente. no órgão oficial em 17/8/2011, e que tenha sido o réu
intimado, pessoalmente, em 20/8/2011, e a defensoria
( ) CERTO ( ) ERRADO pública e o MP intimados, pessoalmente, em 19/8/2011.
Nessa situação hipotética, a interrupção do curso da
13. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE prescrição ocorreu em 17/8/2011.
POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2004) Em crime de ação
penal pública condicionada à representação, o delegado ( ) CERTO ( ) ERRADO
de polícia não poderá prender o autor do crime em fla-
grante sem a referida representação. 18. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO-
LÍCIA – CESPE – 2013) Considere que Jorge, Carlos e
( ) CERTO ( ) ERRADO Antônio sejam condenados, definitivamente, a uma mes-
ma pena, por terem praticado, em coautoria, o crime de
14. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE roubo. Nessa situação, incidindo a interrupção da pres-
POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2004) Considere a se- crição da pretensão executória da referida pena em re-
guinte situação. Em crime de extorsão mediante seques- lação a Jorge, essa interrupção não produzirá efeitos em
tro, a vítima foi abordada pelos sequestradores e conse- relação aos demais coautores.
quentemente privada de sua liberdade no dia 2/2/2004,
tendo o crime perdurado até 30/8/2004, quando a víti- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ma foi posta em liberdade após o pagamento do preço
do resgate. Nessa situação, de acordo com o Código de 19. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO-
Processo Penal, a prisão em flagrante só poderia ser feita LÍCIA – CESPE – 2013) A detração é considerada para
até o dia 12/2/2004, após o que seria necessária ordem efeito da prescrição da pretensão punitiva, não se esten-
judicial para se efetuar a prisão dendo aos cálculos relativos à prescrição da pretensão
executória.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
15. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) Suponha que um


agente penalmente capaz pratique um roubo e, perse- 20. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DA PO-
guido ininterruptamente pela polícia, seja preso em cir- LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) Julgue o item sub-
cunscrição diversa da do cometimento do delito. Nessa sequente , relativo à aplicação da lei penal e seus prin-
situação, a autoridade policial competente para a la- cípios.
vratura do auto de prisão em flagrante é a do local de A contagem do prazo para efeito da decadência, causa
execução do delito, sob pena de nulidade do ato admi- extintiva da punibilidade, obedece aos critérios proces-
nistrativo. suais penais, computando-se o dia do começo. Todavia,
se este recair em domingos ou feriados, o início do prazo
( ) CERTO ( ) ERRADO será o dia útil imediatamente subsequente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

30
21. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE 27. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
POLÍCIA – CESPE – 2013) Em relação ao concurso de CIA FEDERAL – CESPE – 2004) Em cada um do item se-
agentes, à desistência voluntária e ao arrependimento guinte , é apresentada uma situação hipotética, seguida
eficaz, bem como à cominação das penas, ao erro do tipo de uma assertiva a ser julgada.
e, ainda, à teoria geral da culpabilidade, julgue os itens Ao sair de sua casa, dando marcha a ré no seu carro, Mar-
subsecutivos. celo não viu seu filho, que engatinhava próximo a um dos
De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, o pneus traseiros do carro, e o atropelou. A criança faleceu
erro sobre os pressupostos fáticos das causas descrimi- em decorrência das lesões sofridas. Nessa situação, Mar-
nantes consiste em erro de tipo permissivo. celo praticou homicídio culposo, podendo o juiz deixar
de aplicar a pena, pois as consequências da infração atin-
( ) CERTO ( ) ERRADO gem Marcelo de forma tão grave que a sanção penal é
desnecessária.
22. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DE PO-
LÍCIA FEDERAL – CESPE – 2013) No que concerne a
( ) CERTO ( ) ERRADO
infração penal, fato típico e seus elementos, formas con-
sumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e
imputabilidade penal, julgue o item que se segue. 28. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
Considere que Bartolomeu, penalmente capaz e mental- CIA FEDERAL – CESPE – 2000) Julgue o seguinte item.
mente são, tenha praticado ato típico e antijurídico, em Considere a seguinte situação hipotética.
estado de absoluta inconsciência, em razão de estar vo- Alfa, aproveitando que Gama encontrava-se dormindo,
luntariamente sob a influência de álcool. Nessa situação, com o intuito e escopo de poupá-lo de intenso sofrimen-
Bartolomeu será apenado normalmente, por força da te- to e acentuada agonia decorrentes de doença de desate
oria da actio libera in causa. letal, ceifou a sua vida.
Nesse caso, Alfa responderia por homicídio privilegiado-
( ) CERTO ( ) ERRADO -qualificado, eis que, impelido por motivo de relevante
valor moral, utilizou recurso que dificultou ou impossibi-
23. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE PO- litou a defesa do ofendido.
LÍCIA – CESPE – 2004) O sujeito ativo que pratica crime
em face de embriaguez voluntária ou culposa respon- ( ) CERTO ( ) ERRADO
de pelo crime praticado. Adota-se, no caso, a teoria da
conditio sine qua non para se imputar ao sujeito ativo a 29. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ-
responsabilidade penal. CIA FEDERAL – CESPE – 2014) Com relação a crimes
contra a pessoa, contra o patrimônio e contra a adminis-
( ) CERTO ( ) ERRADO tração pública, julgue o item que segue.
Para a configuração do delito de apropriação indébita
24. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ- previdenciária não é necessário que haja o dolo especí-
CIA – CESPE – 2004) Acerca do direito penal brasileiro, fico de ter para si coisa alheia; é bastante para tal a von-
julgue o item subsequente. tade livre e consciente de não recolher as importâncias
A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou descontadas dos salários dos empregados da empresa
substância de efeitos análogos, é causa de exclusão da pela qual responde o agente.
imputabilidade penal.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
30. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE
POLÍCIA – CESPE – 2013) Três criminosos interceptaram
25. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ- um carro forte e dominaram os seguranças, reduzindo-
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
CIA – CESPE – 2004) Segundo o Código Penal, a emo- -lhes por completo qualquer possibilidade de resistên-
ção e a paixão não são causas excludentes da imputabi- cia, mediante grave ameaça e emprego de armamento
lidade penal. de elevado calibre. O grupo, entretanto, encontrou vazio
o cofre do veículo, pois, por erro de estratégia, efetua-
( ) CERTO ( ) ERRADO ra a abordagem depois que os valores e documentos já
haviam sido deixados na agência bancária. Por fim, os
26. (CESPE – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍ- criminosos acabaram fugindo sem nada subtrair. Nessa
CIA FEDERAL – CESPE – 2014) Com relação a crimes situação, ante a inexistência de valores no veículo e ante
contra a pessoa, contra o patrimônio e contra a adminis-
a ausência de subtração de bens, elementos constitutivos
tração pública, julgue o item que segue.
dos delitos patrimoniais, ficou descaracterizado o delito
No crime de homicídio, admite-se a incidência concomi-
de roubo, subsistindo apenas o crime de constrangimen-
tante de circunstância qualificadora de caráter objetivo
to ilegal qualificado pelo concurso de pessoas e empre-
referente aos meios e modos de execução com o reco-
go de armas.
nhecimento do privilégio, desde que este seja de natu-
reza subjetiva.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO

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ANOTAÇÕES
GABARITO

1 Certo ___________________________________________________

2 Errado ___________________________________________________
3 Errado ___________________________________________________
4 Certo
___________________________________________________
5 Errado
___________________________________________________
6 Certo
7 Errado ___________________________________________________
8 Errado ___________________________________________________
9 Errado
___________________________________________________
10 Certo
___________________________________________________
11 Certo
12 Errado ___________________________________________________
13 Errado ___________________________________________________
14 Errado ___________________________________________________
15 Errado
___________________________________________________
16 Certo
17 Errado ___________________________________________________
18 Certo ___________________________________________________
19 Errado ___________________________________________________
20 Errado
___________________________________________________
21 Errado
22 Certo ___________________________________________________

23 Errado ___________________________________________________
24 Errado ___________________________________________________
25 Certo
___________________________________________________
26 Certo
___________________________________________________
27 Certo
28 Certo ___________________________________________________
29 Certo ___________________________________________________
CONHECIMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

30 Errado
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