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CENTRO DE ESTUDOS DA PESCA ARTESANAL DE LAGUNA

Tubarão
2017
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apresentação

VICTOR GOULART

CENTRO DE ESTUDOS DA PESCA ARTESANAL DE LAGUNA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em


Arquitetura e Urbanismo, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como
requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Orientadora: Prof. Ana Paula Cittadin, Msc.

Tubarão
2017
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apresentação

DADOS CADASTRAIS

ACADÊMICO: Victor Goulart

ENDEREÇO: Avenida Marcolino Martins Cabral, 4320. Tubarão – SC

CONTATO: (48) 999629527

MATRÍCULA: 479323

ORIENTADORA: Arq. Ana Paula Cittadin, Msc.

TÍTULO DO TRABALHO: Centro de estudos da pesca artesanal em Laguna

TUBARÃO, NOVEMBRO 2017


Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apresentação

DADOS CADASTRAIS ASSINATURAS

Este Trabalho de Conclusão de Curso de Arquitetura


e Urbanismo, elaborado por Victor Goulart, foi apresentado
e aprovado pela banca avaliadora.

________________________________________________
ACADÊMICO: Victor Goulart Prof.ª. Ana Paula Cittadin
Orientadora
ENDEREÇO: Avenida Marcolino Martins Cabral, 4320. Tubarão – SC

CONTATO: (48) 999629527


________________________________________________
MATRÍCULA: 479323 Avaliador 1

ORIENTADORA: Arq. Ana Paula Cittadin, Msc.

TÍTULO DO TRABALHO: Centro de estudos da pesca artesanal em Laguna


________________________________________________
Avaliador 2

TUBARÃO, NOVEMBRO 2017


Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apresentação

RESUMO ABSTRACT

A pesca artesanal é uma das principais atividades The artisanal fishing is one of the main economic
econômicas do município de Laguna, Santa Catarina, com activities of the municipality of Laguna, Santa Catarina, with
algumas técnicas exclusivas como a pesca com o boto e a some exclusive techniques such as fishing with the dolphin
construção de sarilhos. and the construction of trouble.
Este Trabalho de Conclusão de Curso I tem como This Course Completion Work I has as objective the
objetivo o desenvolvimento de um projeto de requalificação development of a project of architectural requalification of a
arquitetônica de uma edificação em estado de building in state of ruin and of an empty land next to, in the
arruinamento e de um terreno vazio ao lado, no Centro Historical Center of Laguna.
Histórico de Laguna. Through theoretical and projective studies about the
Através de estudos de referenciais teóricos e theme, analyzes of the city and the intervention area, the
projetuais acerca do tema, análises da cidade e da área de architectural party will be proposed to be developed in the
intervenção, será proposto o partido arquitetônico para ser second part of the work, in the Conclusion Work of Course
desenvolvido na segunda parte do trabalho, no Trabalho de II.
Conclusão de Curso II.

Palavras chave: Pesca artesanal; Requalificação; Centro Keywords: Artisanal fishing; Requalification; Historic Center
Histórico de Laguna. of Laguna.
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apresentação

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus por me abençoar e possibilitar a


conclusão de mais uma etapa em minha vida.
Aos meus pais por não medirem esforços para que eu pudesse
levar meus estudos adiante, por confiarem em mim e estarem do meu
lado em todos os momentos da vida.
À orientadora e professora Ana Paula Cittadin, por toda sua
atenção, dedicação e esforço para que eu pudesse ter confiança e
segurança na realização deste trabalho.
À minha esposa Isadora Mendes pela paciência, compreensão e
incentivo durante todo o período da minha formação acadêmica.
Aos amigos, companheiros dе trabalhos е irmãos nа amizade
qυе fizeram parte dа minha formação е qυе vão continuar presentes еm
minha vida.
E ao meu avô José Thomas Goulart, e ao meu tio Ernani
Waldemar Geraldino Boa Hora, que são pescadores artesanais, e além
de serem exemplos na minha vida, serviram de fonte de inspiração para
este trabalho.

MENSAGENS

“A vida pode mudar a arquitetura. No dia em que o mundo for mais


justo, ela será mais simples.”
Oscar Niemeyer

“O passado não volta. Importantes são a continuidade


e o perfeito conhecimento de sua história.”
Lina Bo Bardi
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apresentação

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 8 5. DIAGNÓSTICO 41
1.1. Problemática/Justificativa 9 5.1. Aspectos funcionais 42
1.2. Objetivo geral_______________ _______12 5.2. Aspectos arquitetônicos e urbanísticos ______48
1.3. Objetivos específicos_____________________12
1.4. Metodologia____________________________12 6. PARTIDO 52
6.1. Conceito da proposta ____________________53
2. REFERENCIAIS TEÓRICOS 13 6.2. Usos e funções _________________________53
2.1. Intervenções em Centros Históricos 6.3. Programa de necessidades ________________54
Preservados________________________________14 6.4. Organograma___________________________54
2.2. Laguna e a Pesca Artesanal ________________16 6.5. Fluxograma ____________________________54
2.3. Patrimônio Imaterial e Cultura Local_________17 6.6. Estratégias projetuais ____________________55
2.4. Oficinas Profissionalizantes________________18 6.7. Implantação ____________________________56
2.5. O uso da Tecnologia em Espaços de 6.8. Plantas baixas___________________________57
exposições_________________________________19 6.9. Volumetria _____________________________58
6.10. Sistemas construtivos e materiais adotados __60
3. REFERENCIAIS PROJETUAIS 20
3.1. Centro Cultural Cais do Sertão______________21 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 62
3.2. Cais das Artes___________________________26
3.3. Museu Marítimo do Brasil_________________30 8. BIBLIOGRAFIA 63
3.4. La Fábrica______________________________34
9. APÊNDICE 64
4. A CIDADE 36
4.1. Localização da cidade_____________________37
4.2. Dados gerais__________________________ _ 37
4.3. Desenvolvimento urbano-espacial e
econômico_________________________________38
4.4. A orla da Lagoa Santo Antônio dos Anjos _____40
1. INTRODUÇÃO
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Introdução
1 INTRODUÇÃO

O processo histórico de formação de uma cidade acontece a partir de sua arquitetura,


fatores socioculturais e econômicos que estão diretamente interligados. O desenvolvimento
econômico, a urbanização acelerada e a ansiedade por cidades com caráter de modernidade, são
ameaças que fazem com que algumas delas percam traços que lhes conferem identidade.
Com a valorização da arquitetura contemporânea, edificações de caráter histórico
acabam abandonadas ou substituídas por novos prédios. O mesmo é observado em relação ao
patrimônio imaterial, muitas vezes por falta de incentivo e valorização da cultura local, os
saberes e fazeres não são perpetuados de geração em geração e acabam se extinguindo.
Em Laguna - SC, cidade escolhida para o estudo, o processo de formação da vila iniciou no
ano de 1676, ainda hoje, a mesma apresenta características arquitetônicas e urbanas do inicio da
ocupação e de demais períodos históricos. Segundo Lucena (2009), desde a sua fundação, a
cidade se destacou política e economicamente, foi cenário de acontecimentos importantes não
só para história de Laguna, como também para o desenvolvimento da história do Brasil.
Devido sua importância histórica, por manter preservado parte do seu traçado urbano
inicial, por sua relevância arquitetônica e paisagística, em 1985 delimitou-se uma poligonal de
tombamento federal em uma parte da área central da cidade. Este polígono protegido pelo
IPHAN e denominado como Centro Histórico de Laguna, permitiu que as edificações e a
paisagem ali inseridas se mantivessem preservadas, limitando o processo de “renovação
urbana”, que acontecia na maioria das cidades.
No entanto, mesmo com a aplicação do tombamento, pode-se observar que existem
locais e edificações no Centro Histórico de Laguna em estado de abandono que necessitam de
intervenção arquitetônica e urbana. Pois, entende-se que através da requalificação é possível
potencializar espaços que possuem valores agregados, transformando essas áreas degradadas
em locais com atrativos socioculturais. Com isso, integrando-os à cidade e criando um elo entre o
passado e o presente.
É nesse contexto que se insere a proposta do anteprojeto para o Centro de Estudos da
Pesca Artesanal, na cidade de Laguna, utilizando uma área com grande potencial localizada as
margens da lagoa Santo Antônio dos Anjos no Centro Histórico de Laguna. Com isso, propõem
requalificar a edificação em estado de arruinamento existente no terreno e a área externa
integrando-as com a lagoa. O local propiciará a seus usuários uma experiência acolhedora, de
caráter único, lazer, contemplação, ao mesmo tempo intelectual, valorizando a cultura local. 9
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Problemática/ Justificativa
1.1. PROBLEMÁTICA/JUSTIFICATIVA

Laguna é uma cidade peninsular banhada pelo oceano Atlântico e pelas lagoas
Santo Antônio dos Anjos, Mirim e Imaruí, constituindo o Complexo Lagunar com uma
área de 300 quilômetros quadrados. Este complexo também é formado pela foz do rio
Tubarão que desemboca na lagoa de Santo Antônio e o canal da barra, com extensão
de 200 metros, ligando esse ecossistema de lagoas e rios ao mar.
A pesca artesanal na cidade iniciou desde o tempo em que os indígenas Carijós
ocupavam o território em que hoje está localizada a cidade (CASTELLS, 2015). A pesca
é uma das primeiras atividades extrativistas realizadas pelo homem, e não seria
diferente em um lugar onde a natureza foi generosa, como é o caso de Laguna.
No Século XVII com a chegada dos açorianos no estado de Santa Catarina, a
pesca se intensificou por conta dos novos hábitos alimentares dos imigrantes. Muitos
açorianos, que chegaram como lavradores, passaram a trabalhar também com a pesca
e substituíram na alimentação o consumo da farinha de trigo pela de mandioca e da
carne vermelha pelo peixe (CASTELLS, 2015).
Desde então, a pesca artesanal tornou-se um dos pilares da economia local e,
consequentemente, consolidou-se também no aspecto cultural. Durante o século XX
muitas famílias dependiam economicamente dessa prática, que era passada de
geração a geração. Concomitantemente a atividade pesqueira, outras atividades
culturais foram se desenvolvendo, tais como: confecção de artefatos para pesca,
construção de canoas e sarilhos, artesanato produzido por mulheres de pescadores,
culinária entre outras. A pesca artesanal com auxílio do boto, por exemplo, é uma
pratica cultural que acontece nas lagoas do município e não é observada em nenhum
outro local do mundo. Trata-se da pesca cooperativada da tainha com o golfinho da
espécie Tursiops truncatus e o pescador. Por esta especificidade, no ano 2016 foi
sancionada a Lei 13.818/2016 que deu o título de Capital Nacional dos Botos
Pescadores a cidade de Laguna e em 2017 foi instituído pela Lei 17.084, da Assembleia
Legislativa do Estado de Santa Catarina, o Dia Estadual da Preservação do Boto
Pescador, comemorado em 25 de maio. Por ser considerada uma pratica cultural
excepcional, também tramita na Fundação Catarinense de Cultura e no IPHAN um
processo de registro da pesca artesanal com auxílio do boto em Laguna como
patrimônio imaterial estadual e nacional. 10
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Problemática/ Justificativa
Porém, observa-se que atualmente, muitos filhos de pescadores não estão
praticando esta atividade, assim como, alguns pescadores mais jovens estão
migrando para outras áreas econômicas, enfraquecendo ainda mais a pesca
artesanal na cidade. Um dos fatores que contribui para que isso ocorra é a falta de
controle e cuidado com as lagoas que compõem o Complexo Lagunar. Esgotos e
dejetos são lançados ao corpo d’água sem nenhum tratamento e a pesca
predatória, acabam diminuindo a quantidade de peixes e espécies disponíveis.
As atividades relacionadas à pesca também são desenvolvidas na Lagoa de
Santo Antonio na área central da cidade, tombada a nível federal. É comum
observar botos e pescadores interagindo as margens da lagoa, no local proposto
para estudo neste trabalho. Por estes fatores aqui expressados, neste trabalho
considera-se que o Patrimônio Cultural não segrega os bens materiais, imateriais e
naturais uns dos outros, segundo Schwerz (2009), estes bens quando atrelados
enfatizam as relações sociais e simbólicas, explicitando o pensamento de que o
patrimônio material só é provido de significado quando possui relação com o
patrimônio imaterial. Portanto, o Centro Histórico de Laguna, incluindo a área
proposta para a intervenção arquitetônica, é considerado patrimônio material
(tangível), já a pesca artesanal e as práticas culturais ligadas a ela que acontecem
neste local são consideradas patrimônio imaterial (intangível).
Por isso, neste trabalho propõe-se elaborar diretrizes projetuais para
reabilitação da edificação e da área as margens da Lagoa de Santo Antônio,
localizada no Centro Histórico Tombado de Laguna, implantando no local um
Centro de Estudos da Pesca Artesanal. Com isso será possível valorizar o
patrimônio material e imaterial da cidade.
Pois, como afirma Lemos (1987) a cidade deve ser encarada como um
artefato que está em constante transformação, expandindo em novos tecidos
recriados para atender a outras necessidades sucessivas de programas em
permanente renovação. Os Centros Históricos também passam por constantes
transformações, em Laguna, este, é um espaço de centralidade social, política e
cultural, porém, observa-se a existência de edificações em estado de abandono e
terrenos subutilizados. Portanto, este trabalho propõe ações que incentivem a
circulação e a permanência de pessoas no Centro Histórico da cidade.
11
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Objetivos

1.2. OBJETIVO GERAL 1.4. METODOLOGIA

Elaborar o partido arquitetônico para requalificação da A metodologia baseia-se na organização dos


edificação (antigo Moinho Arroz Zilmar) e do terreno ao lado, procedimentos a serem elaborados desde a etapa de pesquisa
localizado às margens da lagoa de Santo Antônio no Centro e levantamento de dados à produção e formalização do partido
Histórico, visando a implantação do Centro de Estudos da Pesca arquitetônico.
Artesanal, em Laguna, SC.
• Pesquisa bibliográfica e embasamento teórico: estruturar a
1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS pesquisa através de livros, dissertações, teses, artigos e
dados coletados junto ao IPHAN e a Prefeitura Municipal de
• Entender os fatores históricos, culturais e socioeconômico da Laguna.
cidade, com o intuito de compreender a relação do espaço • Estudo de projetos referenciais: análise dos projetos e
escolhido com o restante da cidade. edificações, a fim de entender como estão inseridos e
• Estudar a pesca artesanal e as praticas culturais relacionadas a localizados nas cidades, as conexões com o entorno, quais
pesca, compreendendo os conceitos de patrimônio imaterial. os usos propostos em seus espaços e sua funcionalidade.
• Analisar projetos referenciais que apresentem problemas e • Diagnostico da área: Análises do local, com o levantamento
programas semelhantes a este trabalho. de dados referentes ao contexto de inserção da área
• Definir um programa de necessidades, dimensionando proposta para o trabalho através de levantamento
ambientes para desenvolver atividades de cunho cultural e fotográfico, elaboração e análises de mapas urbanos como
educacional. uso do solo, construído e não construído e do sistema
• Utilizar a estrutura existente da edificação em estado de viário; análise climática, baseada na Carta Solar de Laguna e
abandono, propondo uma intervenção contemporânea. ventos predominantes; e síntese da legislação pertinente à
temática e à área de estudo.
• Síntese Critica e Estudos preliminares: elaboração do
programa de necessidades e pré-dimensionamento, estudos
de zoneamento e fluxos, lançamento da proposta por meio
de croquis, plantas e cortes esquemáticos, estudos de
volumetrias que servirão de base a produção do TFG II.

12
2. REFERENCIAIS TEÓRICOS
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Intervenções em Centros Históricos Preservados
2.1. INTERVENÇÕES EM CENTROS HISTÓRICOS PRESERVADOS Na década de 1980, os bens culturais deixaram de se restringir às
grandes obras de arte e voltaram as obras modestas que possuíam um
Os centros das cidades são considerados locais significado cultural, uma memória e por consequência um determinado
privilegiados no tempo, são espaços de memória e história, valor histórico (KUKL, 2006). Assim, conjuntos urbanos como Laguna e
transformam-se em referencial simbólico das cidades, pois São Francisco do Sul em Santa Catarina passam a ser preservados, a partir
concentram as atividades religiosas, institucionais, comerciais, daí, deixou-se de preservar apenas monumentos, e passou-se a preservar
local dinâmico com intensa circulação de pessoas. Lucena também conjuntos urbanos que retratam diversos períodos históricos. A
(1998) afirma que o Centro Histórico de Laguna (figura 2.1) é o área tombada de Laguna é composta por aproximadamente 600
local da gênese da cidade. É o espaço em que um primeiro edificações, de tipologias e linguagens arquitetônicas variadas, com um
grupo, moldando-se às condições físicas encontradas, acervo de exemplares luso-brasileiros, ecléticos, art decô, modernos e
organizou-se econômica, política e ideologicamente. contemporâneos que juntamente com o traçado urbano, a Lagoa de Santo
Lucena (1998) ainda afirma que o bairro Centro foi Antônio e a vegetação das encostas do Morro da Glória configuram a
vítima da renovação urbana, processo que se estendeu a paisagem urbana do local. Como ressalta o arquiteto Luiz Fernando
diversas localidades. Para evitar que este processo atingisse o Franco (1985) no parecer de tombamento do Centro Histórico de Laguna.
patrimônio edificado e o traçado urbano deste bairro, aplicou-
Recomenda-se, assim, o tombamento do centro histórico de Laguna
se nesta área em 1985 a Lei de Tombamento Federal, através do
em seu acervo paisagístico constituído pelo sistema natural que o
Decreto Lei 25/1937. O tombamento a nível federal significa o envolve, pelo conjunto de logradouros em seu traçado e dimensão,
reconhecimento do valor e da importância do conjunto de bens pelo cais junto à lagoa de Santo Antônio e pelo conjunto de edificações
culturais para a nação brasileira. Através da proteção, busca-se a em sua volumetria, em sua ocupação do solo e em suas características
valorização e melhoria da qualidade de vida nestas áreas arquitetônicas, que expressam a continuidade da evolução histórica do
núcleo urbano original, acervo delimitado pelo perímetro apresentado.
urbanas.
(p.16)
Figura 2.1: Centro Histórico de Laguna.
Nesta mesma época o conceito de patrimônio urbano evoluiu com
a ampliação do olhar sobre o patrimônio edificado. Segundo Lyra (2016)
este olhar ultrapassou os limites físicos do edifício revelando outros
desdobramentos da relação entre o patrimônio arquitetônico e o meio
ambiente. Na leitura do conjunto histórico passou-se a observar “sua
integração com o território, sua relação com a paisagem natural, a
convivência entre o antigo e o moderno, a conformação do traçado
urbano, as formas de apropriação do espaço ao longo da história, os laços
Fonte: Ronaldo Amboni, 2014 de vizinhança e o sentimento de pertencimento ao local da população
residente.” (LYRA, 2016 pág.43).
14
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Intervenções em Centros Históricos Preservados
Portanto, reabilitar um imóvel não significa apenas recuperar as princípios fundamentais citados por Kuhl (2006): a distinguibilidade,
fachadas mas sim requalificar parte do tecido social da cidade para que o observador não tenha dúvidas ao diferenciar o antigo do
promovendo uma melhoria na qualidade de vida dos habitantes. novo; a ruptura entre o antigo e o contemporâneo; e o respeito
Adaptando novos usos ao edifício que possam despertar o interesse das pela matéria original.
pessoas para o Centro Histórico da cidade, como pode ser observado na Em relação ao estudo para inserção de novas intervenções
definição de reabilitação por Aguiar. na paisagem do Centro Histórico preservado, atualmente no campo
da conservação existem teorias distintas sobre qual melhor maneira
“Reabilitação é a modernização das atividades mais ou menos de intervir. As teorias hoje conhecidas foram formuladas e
centrais, procurando atrair para a cidade histórica determinado tipo
de contentores de atividades, de âmbito comercial, cultural,
estudados por longo período até se estabelecerem. Por isso, foram
educativo, revitalizando funções de perda, restituindo funções criados documentos e cartas patrimoniais que definem os
econômicas de animação e de convivialidade, tão características dos princípios de intervenção reconhecidos nacional e
núcleos históricos enquanto lugares de atividades plurais.” internacionalmente. Para este trabalho considera-se a
(AGUIAR,2002. OP cit. pag91) AGUIAR, José. Cor e cidade histórica: recomendação da Carta Internacional para a Salvaguarda das
estudos cromáticos e conservação do patrimônio. Porto: Faup, 2002.
Cidades Históricas organizada pelo Conselho Internacional de
A proposta deste trabalho é intervir, a fim de requalificar uma Monumentos e Sítios em 1986 sobre os critérios adotados para
área, inserida no Centro Histórico de Laguna, que inclui uma edificação novas inserções em Centros Históricos preservados.
em estado de arruinamento construída na década de 1940 e o terreno
No caso de ser necessário efetuar transformações dos imóveis
vazio ao lado. Está área é localizada às margens da lagoa de Santo
ou construir novos, estes deverão respeitar a organização
Antônio e emoldurada pela vegetação do Morro da Glória. O intuito é espacial existente, especialmente seu parcelamento, volume e
dar um novo uso ao edifício diferente daquele ao qual foi construído escala, nos termos em que impõem a qualidade e o valor do
originalmente. De acordo com Braga (2003), para que seja possível conjunto de construções existentes. A introdução de elementos
abrigar atividades nos moldes atuais dentro de edificações de valor de caráter contemporâneo, desde que não perturbe a
harmonia do conjunto, pode contribuir para o seu
histórico cultural é necessária à intervenção. Porém, neste caso, pode-
enriquecimento (Carta de Washington, 1986, p.4)
se considerar os critérios de intervenções utilizados para ruinas, já que
a edificação estudada apresenta caraterísticas semelhantes de uma Ressalta-se que as novas inserções não devem interferir
ruína. negativamente e comprometer a leitura do bem protegido, neste
Do latim ruina, significa ruir, cair. Na arquitetura, designa o caso, o Centro Histórico de Laguna. Tais conceitos estabelecem-se
resto, o destroço ou o vestígio de uma estrutura; na forma figurativa como premissa para a elaboração da proposta de requalificação da
remete à decadência, à degradação. BRANDI (2004) defende que a área em estudo, como uma tentativa de manter viva a memória do
ruina deve ser pensada não só pela sua historicidade, mas também local. Com isso, propõem-se manter vivo o passado, mas não como
considerada para conservação, já que nesse estado é que deve ser cenário ou como local intocável, e sim o adaptando ao presente
entregue a posterioridade. As ações devem ainda seguir alguns dos para que possa fazer parte da história da cidade no futuro. 15
Centro de Estudos da Pesca Artesanal A pesca artesanal
2.2. LAGUNA E A PESCA ARTESANAL

Segundo Eugênio Lacerda (2003), a migração açoriana que A prática da pesca na qual o boto auxilia o pescador
ocorreu entre os anos 1748 e 1756, e foram enviados casais artesanal se realiza em diversos pontos da Lagoa de Santo Antônio
açorianos para o sul do Brasil. A cidade desde então concebe uma dos Anjos, que permeia grande parte da cidade. Essa pesca é, na
ascendência açoriana muito ligada ao peixe e a pesca artesanal. Após sua maioria, uma prática diurna e masculina. Os pescadores em
a chegada dos açorianos, a pesca se intensificou por conta dos novos alguns pontos posicionam-se em botes e, em outros, em pé com
hábitos alimentares dos imigrantes. Muitos açorianos, que chegaram água pela cintura, esperando um sinal do boto.
como lavradores, passaram a trabalhar também com a pesca e
substituíram na alimentação o consumo da farinha de trigo pela de O mamífero marinho direciona o cardume até
encurralá-lo em frente aos pescadores, quando isso
mandioca e da carne vermelha pela de peixe (Castells, 2015). acontece o boto salta. Tal movimento é interpretado
Nesse sentido, o contato dos imigrantes recém-chegados pelo humano como o momento certo de jogar a
com os primeiros povoadores, que teriam aprendido com os Carijós tarrafa e a direção adequada também é apontada
as técnicas de pesca artesanal, favoreceu e deu bases culturais para a durante o salto. Obviamente, é necessário um
sobrevivência dos açorianos e para a formação das primeiras conhecimento prévio e específico dos pescadores,
pois os botos fazem inúmeros movimentos e cabe ao
comunidades pesqueiras da cidade. Gradualmente a pesca artesanal pescador a tarefa de decidir quando o cetáceo está
foi sendo absorvida e adaptada pelos açorianos que povoaram a auxiliando a pesca e quando não está (Castells, 2015).
cidade de Laguna na lógica de subsistência. O pouco excedente era
destinado para comercialização fora do estado (Castells, 2015). Segundo Ramires, Guerra Molina, e Hanazaki (2007),
Mais um fator definidor para a pesca se tornar a principal acessar ao conhecimento dos pescadores artesanais sobre diversos
atividade econômica da cidade foi a transformação do Porto de temas, como comportamento, hábitos alimentares, reprodução,
Laguna em um porto pesqueiro, o primeiro do estado catarinense, representam dados valiosos quando se pensa no desenvolvimento
favorecendo a pesca em grande escala. A cidade também se de plano de manejo sustentável. Os autores concluem que a pesca
destaca pela produção das artes de pesca como tarrafa, redes e artesanal para as populações caiçaras já não é a única atividade
pequenas embarcações (Castells, 2015). econômica. Para Hanazaki (2001) tanto a pesca quanto a
O Complexo Lagunar, por conta das Barras de Laguna e do agricultura ocupam lugares secundários em relação as atividades
Camacho, configura um ambiente propício para a pesca de crustáceo. do turismo para complementação da renda familiar. Porém,
Inicialmente destacou-se pela produção de siri e do camarão Laguna, destaca que se as atividades ligadas ao turismo são
reconhecido como um dos melhores crustáceos do Brasil (Castells, predominantes, a pesca artesanal ainda tem importância total no
2015). orçamento Familiar.

16
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Patrimônio imaterial e cultura local
2.3. PATRIMÔNIO IMATERIAL E CULTURA LOCAL

Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas


O patrimônio material relacionado a vida do pescador
práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, artesanal segundo Castells (2012) “nos permite pensar a cidade
ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão informal, no que diz respeito a suas construções”. São edificações e
cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como equipamentos de pesca construídos pelos próprios pescadores:
mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais trapiches e ranchos de pesca de madeira, sarilhos que são toscas
coletivas). (IPHAN, 2017)
engrenagens utilizadas para içar a embarcação, canoas e remos
(figura 2.2). Além das tarrafas, redes de pesca, das rendas
A Constituição Federal de 1988 reconhecer a existência de
confeccionadas pelas mulheres de pescadores e a culinária. Estas
bens culturais de natureza imaterial. O patrimônio imaterial é
construções e objetos dizem respeito as práticas e domínios da vida
transmitido de geração a geração, constantemente recriado pelas
social destes grupos e expressam identidade.
comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação
Contudo neste trabalho a materialidade dessas práticas, os
com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de
saberes e fazeres que as envolvem, as vivências dos grupos sociais,
identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à
serão valorizadas e estudados através de oficinas educativas e
diversidade cultural e à criatividade humana.
expositivas, propostas em espaços elaborados a partir de um
Em Laguna, além do patrimônio material que é visto e
anteprojeto arquitetônico que será implantado no Centro Histórico
reconhecido nacionalmente pela presença de seus casarios históricos
de Laguna, as margens da lagoa de Santo Antônio.
que evocam a formação política, social e econômica da cidade,
existem outros atores que estabeleceram vínculos materiais e Figura 2.2: Ranchos de pesca com sarilhos na Lagoa Santo Antônio.
imateriais com o mesmo território, porém não receberam o mesmo
destaque.
Castells e Lino (2015) afirmam que os pescadores artesanais
de Laguna fazem e fizeram sua história, que dão sentido à cidade,
mas não ocupam precisamente um lugar de destaque no campo do
patrimônio cultural.
Ainda segundo as autoras é possível pensar a cidade sob essas
duas faces do campo patrimonial: material e imaterial. Do lado
imaterial estão relacionadas as práticas e as vivências desses grupos
sociais. Para elas “quando se pensa nos pescadores artesanais em
termos do lugar em que eles ocupam no campo patrimonial, é
Fonte: Ronaldo Amboni, 2014
necessário um consenso que garanta a continuidade ou a
sobrevivência de suas práticas” (CASTELLS E IINO, 2015 p.104).
17
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Oficinas profissionalizantes
2.4. OFICINAS PROFISSIONALIZANTES
O conceito arquitetônico da Nave revela na sua
Quando se fala em inclusão social, é comum pensar que o papel estética tecnológica e poética o conteúdo de seu programa e
da Arquitetura se resume a promover urbanização de áreas de risco e de seu objetivo político-educacional. Além da solução
garantir que todos tenham habitação. Os profissionais da área, no funcional, foi criado um objeto que pudesse envolver
entanto, devem se atentar com variadas questões relacionadas às emocionalmente as pessoas, de várias faixas etárias, e
comunidades como um todo. estimular positivamente o ambiente social degradado do seu
entorno. A nave simboliza, assim, a possibilidade de passagem
“Para produzir uma inclusão social de verdade, é preciso que a da exclusão para a inclusão, do presente ao futuro da
arquitetura esteja de acordo com as funções do prédio. Se o
sociedade.
equipamento emocionar as pessoas, ele vai despertar primeiro o Figura 2.3: Nave do Conhecimento.
desejo de conhecer aquele espaço, e uma vez lá dentro, elas vão se
interessar pelos cursos e atividades que acontecem ali” (STARKE,
2015).

Hoje para promover a inclusão, é preciso se preocupar com o


desenvolvimento da comunidade como um todo, incluindo os empregos
e serviços. Além das deficiências que as próprias habitações e espaços
públicos muitas vezes apresentam, as comunidades em si carecem de
atividades de cultura, lazer e esporte. Atualmente com a apoio de
programas do governo e de instituições não governamentais, é possível
Fonte: www.caurj.gov.br/dietmar-starke-as-naves-do-conhecimento
colocar em prática grandes iniciativas de arquitetura, inclusão social e
digital, levando o conhecimento aos usuários e formação profissional.
Um grande exemplo disso é o projeto Nave do Conhecimento, do Figura 2.4: Interior da Nave do Conhecimento.
arquiteto Dietmar Starke desenvolvido em parceria com a Prefeitura do
Rio de Janeiro, onde equipamentos de alta tecnologia ficam à disposição
dos usuários. Nas naves, são feitas ações voltadas para jovens das
comunidades locais como concursos, mostras de cinema e oficinas, e
oferecidos cursos nas áreas de tecnologia da informação, produção
gráfica, web design, computação gráfica, produção de vídeo e fotografia e
robótica. A proposta é de proporcionar inclusão digital. Starke afirma que
“a nave é um ícone arquitetônico que sinaliza o futuro de um país com Fonte: www.caurj.gov.br/dietmar-starke-as-naves-do-conhecimento
menos desigualdade social pela inclusão digital” (STARKE, 2015).
18
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Tecnologia em exposições
2.5. O USO DA TECNOLOGIA EM ESPAÇOS DE EXPOSIÇÕES
Figura 2.5: Museu da Língua Portuguesa, São Paulo.
Segundo o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), o museu é o
lugar em que sensações, ideias e imagens de pronto irradiadas por objetos
e referenciais ali reunidos iluminam valores essenciais para o ser humano.
Espaço fascinante onde se descobre e se aprende, nele se amplia o
conhecimento e se aprofunda a consciência da identidade, da
solidariedade e da partilha.
Segundo Wagensberg (2013), o museu é hoje um valiosíssimo
instrumento de troca social que se mede por como ele muda a vida das
pessoas. Um visitante tem que sair do museu com “fome”, ou seja, com
mais perguntas do que tinha ao entrar.
Museu interativo é a denominação empregada pelos meios de
comunicação que caracteriza uma tendência atual de museus que utilizam
aparatos tecnológicos para transmitir conhecimento, proporcionar
experiências e assim atrair o público.
A inovação nos museus pode ser utilizada através de diferentes Fonte: www.frm.org.br/acoes/museu-da-lingua-portuguesa
recursos, como: a internet, através de bibliotecas on-line e banco de dados
Figura 2.6: Exposição multimídia no Museu da Língua Portuguesa.
e informações; multimídia, através de imagens, fotografias, animações,
vídeos, sons, projeções; e realidade virtual, que permite interação do
usuário com o acervo do museu através de simulações, tornando mais
envolvente o processo de acesso ao conhecimento.
Um grande exemplo disso é o Museu da Língua Portuguesa.
Inaugurado em 2006, em São Paulo, projeto assinado por Paulo Mendes
da Rocha e o Museu do Amanhã inaugurado em 2016 no Rio de Janeiro e
projetado por Santiago Calatrava. Os dois museus apresentam o conceito
de “museu vivo”, com temas vinculados a arte, design, tecnologia e
processos interativos. A tecnologia é apresentada através de funções multi
e hipermídia. A exposição dos dois equipamentos são transformadas em
narrativas visuais e sonoras, permitindo uma associação entre museu e
espetáculo.
Fonte: www.frm.org.br/acoes/museu-da-lingua-portuguesa
Este conceito de museu será utilizado para os espaços de
exposições propostos neste trabalho. 19
3. REFERENCIAIS PROJETUAIS
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cais do Sertão
Figura 3.1: Localização do Cais do Sertão em Recife.

3.1. CENTRO CULTURAL CAIS DO SERTÃO

O projeto do Cais do Sertão Luiz Gonzaga funde


arquitetura e museografia de uma maneira instigante e
surpreendente. Durante sua elaboração, arquitetos e
curadores trabalharam em conjunto. É um
empreendimento de economia criativa e está localizado no
antigo Armazém 10 do Porto do Recife, vizinho ao Centro
de Artesanato e ao Marco Zero do Recife.
Projetado pelo escritório Brasil Arquitetura, o Cais
do Sertão comporta uma exposição permanente e
interativa sobre a cultura sertaneja e promove uma grande
celebração da vida e obra do cantor e compositor Luiz
Gonzaga, o Rei do Baião. Fonte: Google Earth, 2017
Figura 3.2: Centro Cultural Cais do Sertão.

3.1.1. Intenções projetuais

“O sertão não está relacionado só com Pernambuco


ou com o Nordeste: ele se estende por grande parte do
país. O sertão é Guimarães Rosa, por exemplo” (Marcelo
Ferraz).
Um museu com tecnologia de ponta e abordagens
contemporâneas que tem se tornado um espaço de
transformação da rotina cultural da capital pernambucana.
Local de troca, convivência, interação, um espaço que
convida o público a parar, estar, estudar, criar, experimentar
e vivenciar o rico universo de histórias, personalidades,
memórias e linguagens artísticas (Brasil Arquitetura).

Fonte: Brasil arquitetura, 2012


21
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cais do Sertão
3.1.2. Acessos e circulação Figura 3.4: Planta baixa 2° pavimento.

O acesso se faz pela praça do Juazeiro, um espaço


sob uma marquise de concreto com destaque para a árvore
típica do sertão. A abertura na laje de concreto permitirá
que o juazeiro cresça, destacando a árvore típica do sertão
(figura 3.3). “Quando o sol bater ali, o piso da praça de Fonte: Brasil Arquitetura, 2012
acesso ficará marcado com a galhada”, antevê Ferraz.
Desta forma, esse acesso cria uma interação entre Figura 3.5: Planta baixa 2° pavimento.
rua e canal e facilita a relação entre a edificação e o
terminal de passageiros do porto de Recife. Na entrada da
primeira edificação encontra-se a recepção, onde o
visitante é direcionado para os demais ambientes.
A circulação principal é linear, de acordo com o
desenho prédio. A circulação vertical acontece através de Fonte: Brasil Arquitetura, 2012
escadas e elevadores localizados na edificação. Figura 3.6: Planta baixa 2° pavimento.
Figura 3.3: Praça de acesso ao Cais do Sertão e marquise.

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Figura 3.7: Planta baixa 3° pavimento.

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Uso social Uso serviços Uso educativo Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

22
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cais do Sertão
3.1.3. Elementos arquitetônicos e construtivos Figura 3.9: Interior do primeiro bloco.

A volumetria do Cais do Sertão objetiva a unidade entre os


galpões da orla de Recife. Com o formato retangular, a
horizontalidade é marcante no projeto. Um grande vão foi criado
ao centro da edificação, valorizando a relação entre canal e a Torre
Malakoff, importante prédio tombando que fica bem a frente. A
marquise vazada e o Juazeiro também são elementos marcantes
na edificação.
O destaque maior se dá aos cobogós criados pelos
arquitetos para esta edificação (figura 3.8). Os mesmos foram
inspirados no solo árido do sertão, onde o desenho presente neles
ao receberam luz, projetam um desenho simulando as rachaduras
da terra seca (figura 3.9). Outro ponto interessante é criação de
um córrego dentro do primeiro bloco, representando o rio São Fonte: Brasil Arquitetura, 2012
Francisco.
A articulação entre os espaços propõe que os usuários 3.1.4. Estrutura e bioclimática
possam circular em toda a edificação, descobrindo todas as áreas
do conjunto. O sistema construtivo adotado foi a alvenaria em concreto
Figura 3.8: Vão livre e cobogós.
armado, com os pilares modulados no apoio da estrutura. O grande
destaque estrutural é o vão de 55m e a marquise de concreto da
praça de acesso. Para conseguir um vão livre maior, foi usada a laje
nervurada. O uso de cobogós de concreto 1x1m foi utilizado a fim de
criar um jogo de luzes e sombras, de certo modo, referenciando o
modernismo brasileiro.
A presença do concreto aparente é evidente na edificação,
tanto no exterior quanto no interior. Na cobertura foi projetado um
restaurante com vista panorâmica junto a um jardim (figura 3.13).
No bloco existente, foi mantida a tipologia dos galpões
utilizando tesouras e treliças metálicas na cobertura.
Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

23
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cais do Sertão
Em relação a bioclimática, a edificação foi projetada para Figura 3.14: Corte esquemático representando a ventilação.
aproveitar a iluminação natural indireta pelo de fato de haver áreas
de exposição, sendo necessário o controle de luminosidade. Por
isso, justifica-se o uso dos elementos vazados nas fachadas, que
permitem a passagem de luz mas criam um sombreamento (figura
Fonte: Brasil Arquitetura, 2012
3.11).
O conjunto foi projetado para que ocorresse uma 3.1.5. Relação com o entorno
circulação cruzada, através do pé direito duplo (figura 3.10). A
linearidade da edificação permite que o ar adentre a o conjunto e O Cais do Sertão foi inserido em uma zona portuária, no centro
percorra todos os blocos até achar uma saída (figura 3.14). O fato histórico e às margens do canal em Recife, próximo ao Marco Zero¹, a
de estar as margens do canal ajuda a amenizar a temperatura no Torre Malakoff² e o terminal de passageiros do porto, ambos são
conjunto (figura 3.12). importantes pontos turísticos da cidade (figura 3.15). A linearidade do
centro cultural o torna convidativo, tornando-se uma conexão entre
Figura 3.10: Ventilação cruzada no galpão. Figura 3.11: Sombra dos cobogós. esses locais.
O vão livre embaixo do segundo bloco permite que a visão para
o mar de quem está na Torre Malakoff seja mantida (figura 3.16). A
marquise da praça de acesso também se conecta com um dos galpões
existentes do porto, fortalecendo a relação entre o centro cultural e as
edificações existentes. O fato de o primeiro bloco ter a tipologia
arquitetônica mantida igual aos existentes, foi outro fator que facilitou
a relação com o entorno (figura 3.17).
Fonte: Brasil Arquitetura, 2012 Fonte: Brasil Arquitetura, 2012 Figura 3.15: Relação do Cais do Sertão com o entorno.
Figura 3.12: Sacadas e a ventilação natural. Figura 3.13: Restaurante panorâmico.

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012 Fonte: Brasil Arquitetura, 2012 Fonte: Brasil Arquitetura, 2012
24
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cais do Sertão
Figura 3.16: Vão livre relacionando-se com a Torre Malakoff. 3.1.6. Justificativa do referencial

A opção por este projeto se deu por diversos temas


abordados que nortearão na elaboração do partido projetual.
O fato de ser implantado nas margens do mar, de estar
próximos a pontos turísticos e bens tombados pelo IPHAN, são itens
que coincidem com a minha área escolhida.
O uso da edificação também é outro fator que foi levado em
conta, com áreas de exposição, culturais e comerciais. O modo de
como a arquitetura contemporânea foi inserida em uma área com
prédios históricos e fabris também são importantes.
Figura 3.18: Interior do Museu com exposição permanente.

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012


Figura 3.17: Cais do Sertão, Terminal de passageiros de Recife e Torre Malakoff.

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

Fonte: Brasil Arquitetura, 2012

25
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cais das Artes
3.2. CAIS DAS ARTES 3.2.1. Intenções projetuais

O projeto do Cais do Artes é constituído por um Museu e Os arquitetos decidiram configurar o espaço em questão como
um Teatro equipados para receber eventos artísticos de grande uma praça aberta ao lazer da cidade, criando um passeio público junto
porte, o conjunto arquitetônico projetado para o Cais das Artes, ao mar.
em Vitória, tem como característica central a valorização do Assim, decidiram suspender os edifícios do solo de modo a
entorno paisagístico e histórico da cidade. permitir visuais livres e desimpedidas desde a praça para a paisagem
Localizado na Enseada do Suá, numa extensa esplanada ao redor, possibilitando a visualização tanto dos movimentados
aterrada em frente ao canal que conforma a ilha de Vitória (figura trabalhos no mar, ligados ao porto, quanto para o patrimônio natural e
3.19), o projeto faz um elogio desse território construído pelo arquitetônico da cidade, no qual se destacam as montanhas de Vila
monumental confronto entre natureza e construção, numa cidade Velha e o Convento da Penha, localizado do outro lado do canal, em
cotidianamente animada pela presença do porto, no constante e frente ao conjunto projetado (figura 3.20).
enérgico trabalho das docas (Paulo Mendes da Rocha + METRO
arquitetos). Figura 3.20: Cais das Artes e a paisagem da cidade.

Figura 3.19: Localização da área do projeto.

Fonte: Google Earth, 2017 Fonte: METROO Arquitetos, 2011

26
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cais das Artes
3.2.2. Acessos e circulação 3.2.3. Elementos arquitetônicos e construtivos

O acesso ao conjunto se faz pela praça seca, um espaço A volumetria do Cais das Artes evidencia os formatos
aberto para circulação de grande público. Ao centro do projeto geométricos. Com dois cubos e um volume retangular vazado, as
está o volume retangular suspenso, de maior destaque, onde linhas retas marcam o projeto (figura 3.22).
ficam os espaços de exposições, onde acessa-se por elevadores e O uso do concreto aparente é marcante em todo o projeto,
escada. assim como janelas em fita, o uso de pilotis, lembrando traços do
Ao lado está o prédio anexo, que conta com salas para modernismo brasileiro (figura 3.24).
oficinas variadas. Este prédio comunica-se com o prédio de No prédio do museu, os salões comunicam-se visualmente
exposições e museu através de pequenas pontes. entre si e com a Praça, através de caixilhos inclinados, que permitem a
Do outro lado do terreno, encontra-se o teatro, um prédio entrada de luz indireta refletida do piso e nunca insolação direta
independente, sem ligações diretas com os outros prédios. (figura 3.23).
A circulação principal é linear, de acordo com o desenho Figura 3.22: Conjunto do Cais das Artes evidenciando o uso de concreto aparente.
da implantação. A circulação vertical acontece através de escadas
e elevadores localizados nas edificações, mais marcantes nos
prédios de oficinas e teatro.

Figura 3.21: Planta baixa com os acessos, em vermelho o acesso ao museu e


exposições, em verde o acesso ao prédio anexo e em azul o acesso ao teatro.

Fonte: METROO Arquitetos, 2011


Figura 3.23: Caixilhos inclinados Figura 3.24: Elementos modernistas:
com vidro no Museu. pilotis e janelas em fita.

Fonte: METRO Arquitetos, 2011

Fonte: METROO Arquitetos, 2011 Fonte: METROO Arquitetos, 2011

27
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cais das Artes
3.2.4. Elementos estruturais 3.2.5. Relação com o entorno

O Edifício do Museu é configurado por duas grandes vigas O conjunto arquitetônico integra uma área de expansão urbana
em concreto armado protendido paralelas elevadas do solo 3m, que tem recebido investimentos significativos, tanto públicos quanto
com apenas três apoios cada e a 20m uma da outra (figura 3.26). privados, passando a abrigar equipamentos novos de grande porte, tais
Entre elas sucedem-se salões com a largura constante de 20 m e como edifícios administrativos, tribunais, shopping centers e
diversos comprimentos distribuídos em três níveis principais, em condomínios residenciais. Trata-se de uma área estratégica para o
estrutura metálica. desenvolvimento econômico e cultural da cidade (figuras 3.27).
O restante do programa concentra-se em uma torre Segundo o escritório, o projeto procura disciplinar a ocupação
anexa, de concreto armado, que vai ao chão, conectada ao corpo urbana em frente ao mar lançando luz sobre o seu próprio processo de
principal através de pequenas pontes, e o prédio do teatro, constituição material: a técnica de construção do aterro, as muralhas
também em concreto armado. de cais, a existência do canal, a presença do porto etc. Ao mesmo
tempo, do ponto de vista volumétrico, o partido adotado busca uma
Figura 3.26: Vigas de concreto armado protendido com apoios. leveza capaz não apenas de preservar a integridade visual da paisagem
circundante, mas, sobretudo, de valorizá-la de modo eloquente.

Figuras 3.27: Conjunto do Cais das Artes e a cidade de Vitória.

Fonte: METRO Arquitetos, 2011 Fonte: METRO Arquitetos, 2011

28
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cais das Artes
3.2.6. Justificativa do referencial

A opção pelo local de implantação do projeto, que fica as margens da baía de Vitória. Como foi tratada a volumetria do projeto em
relação à paisagem existente, um excelente auxílio para o desenvolvimento do partido projetual.
Os seus usos também são interessantes e assemelham-se com a proposta do TFG I. Os matérias usados e técnicas construtivas
auxiliarão no desenvolvimento do partido arquitetônico.
Figura 3.28: Cais das Artes visto da baía de Vitória.

Fonte: METRO Arquitetos, 2011 29


Centro de Estudos da Pesca Artesanal Museu Marítimo do Brasil
3.3. MUSEU MARÍTIMO DO BRASIL 3.3.1. Intenções projetuais

O projeto do Museu Marítimo do Brasil ira ocupar o local O programa foi dividido em dois edifícios (figura 3.29) que se
onde encontra-se o Espaço Cultural da Marinha, no Rio de elevam sutilmente do piso como uma rampa, resultando em uma
Janeiro, que será inteiramente revitalizado para se adequar aos arquitetura topográfica que permite o acesso dos visitantes à
novos usos. O novo Museu fica nas margens da baía de cobertura e sua plena utilização. Buscamos desta forma estabelecer
Guanabara, onde se integrará ao patrimônio histórico, natural e uma relação harmônica com todos os elementos do entorno e ainda
urbano de seu entorno, onde estão a Ilha Fiscal, a Igreja da possibilitar o atracadouro do navio-museu Rebocador Laurindo Pitta e
Candelária, a Casa França-Brasil, o CCBB, o Museu Naval, o Museu das outras embarcações da Diretoria de Patrimônio Histórico da
Histórico Nacional, o Museu de Arte do Rio e o Museu do Marinha (Jacobsen Arquitetura).
Amanhã. A visitação será feita através de rampas com inclinação para
O Museu Marítimo do Brasil irá agregar-se à acessibilidade, e será dinâmica, promovendo distintas vistas tanto para
reurbanização da zona portuária do Rio de Janeiro, que está a paisagem natural da cidade como para os edifícios históricos (figura
devolvendo à cidade sua vocação de estar voltada para o mar, elo 3.30). Esta dinâmica é reforçada através do pé-direito alto, de vãos no
de ligação com o resto do país e com o mundo. piso e da interação dos edifícios com o exterior. O percurso será
inesperado, como uma aventura ou descobrimento, com salas de
Figura 3.29: Localização do Museu Marítimo do Brasil. dimensões variadas, na intenção de fazer o visitante perder a noção da
estreita e longa forma do píer (Jacobsen Arquitetura).
Figura 3.30: Museu Marítimo do Brasil.

Fonte: Google Earth, 2017 Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017

30
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Museu Marítimo do Brasil
3.3.2. Acessos e circulação
A circulação dentro do Museu tem caráter horizontal devido à
O Museu se divide em dois edifícios. O primeiro é onde forma do edifício. Inicia-se com uma sala introdutória, no mesmo
fica o hall principal com área de acolhimento, bilheteria, loja, a nível temos as salas de exposições temporárias que ao final se abrem
administração, restaurante e auditório. O segundo edifício é onde como um mezanino para a grande sala de exposições de longa
fica o corpo do Museu em si, com espaços para exposição e duração no pavimento inferior, cujo acesso se dá também pela sala
também recebimento e preparação do material expositivo. O introdutória, através de uma rampa.
acesso para ambos os prédios é controlado a partir de duas Chegando ao nível térreo, encontra-se uma sala de grande
guaritas ligadas ao passeio público (figura 3.31). dimensão com pé́-direito de 12 metros e uma abertura igualmente
O acesso ao museu se faz pela rampa que também faz generosa, onde ficarão exposições de longa duração. A circulação
acesso à cobertura do edifício, criando uma integração do edifício pelas demais salas de exposições com dimensões e alturas variadas,
com a natureza e com a cidade ao mesmo tempo. O acesso para sendo dinâmica e imprevisível. Ao final da visitação encontra-se uma
as exposições e para o café localizam-se no meio dessa rampa sala para atividades educativas e marcam o fim da visita em frente ao
(figura 3.32). navio-museu Bauru.
Figura 3.31: Acessos ao conjunto do Museu Marítimo do Brasil. Figura 3.33: Diagrama funcional do Museu Marítimo do Brasil.

1
2
Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017 adaptado pelo autor
Figura 3.32: Acesso ao edifício do museu.
1

Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017 adaptado pelo autor Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017
31
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Museu Marítimo do Brasil
3.3.3. Estrutura e bioclimática
Figura 3.35: Parte interna do museu.
O projeto usa exposição à luz natural para reduzir o
consumo de energia elétrica. As aberturas foram pensadas de
modo a contribuir com o conforto térmico e ambiental interno do
Museu. Todo o projeto conta com acessibilidade a todas as áreas
do Museu e com a ausência de elevadores e escadas rolantes,
contribuindo para o caráter sustentável do projeto.
Materiais metálicos de refugo da indústria naval foram
utilizados como elementos da estrutura e como vedação da
construção (figura 3.34). Assim, o projeto não utiliza sistemas
construtivos ou acabamentos de alto custo, proporcionando
pouca manutenção a longo prazo e custo reduzido. A utilização
de sistema estrutural metálico leve, com perfis de mercado,
reduz o peso das edificações nas fundações do píer.
Ainda nesse conceito, foi reduzida a utilização de Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017
alvenarias de tijolos cerâmicos e de elementos em concreto
armado, trabalhando com chapas de aço corten nas fachadas e Figura 3.36: Grandes planos de vidro e bandeja metálica em torno do píer.
placas de gesso para as paredes internas (figura 3.35).
Para a melhor manutenção do edifício, foi lançada ainda
uma bandeja metálica engastada em torno de todo o píer. Tal
estrutura também trará segurança para a aproximação de
embarcações (figura 3.36).
Figura 3.34: Chapas de aço corten na fachada e aberturas verticais.

Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017 Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017


32
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Museu Marítimo do Brasil
3.3.5. Relação com o entorno Figura 3.42: Entorno do Museu Marítimo do Brasil.

O novo Museu fica nas margens da baía de Guanabara, onde


se integrará ao patrimônio histórico, natural e urbano de seu
entorno, onde estão a Ilha Fiscal, a Igreja da Candelária, a Casa
França-Brasil, o CCBB, o Museu Naval, o Museu Histórico Nacional, o
Museu de Arte do Rio e o Museu do Amanhã (figura 3.42).
O Museu Marítimo do Brasil irá agregar-se à reurbanização da
zona portuária do Rio de Janeiro, que está devolvendo à cidade sua
vocação de estar voltada para o mar, elo de ligação com o resto do
país e com o mundo.
Figura 3.40: Cobertura cumprindo o seu papel de equipamento urbano e a
contemplação da vista.

Fonte: Google Earth, 2017 adaptado pelo autor


Igreja da Candelária Museu Naval Museu Marítimo do Brasil
Ilha fiscal Museu Histórico Nacional
Casa França-Brasil Museu de Arte do Rio
CCBB Museu do Amanhã

Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017 3.3.6. Justificativa do referencial

Figura 3.41: Edificações do museu e o submarino Riachuelo. A opção por este projeto se deu por diversos temas
abordados que nortearão na elaboração do partido projetual.
O fato de ser implantado nas margens do mar, de estar
próximos a pontos turísticos e bens tombados pelo IPHAN, são
itens que coincidem com a minha área escolhida.
O uso da edificação também é outro fator que foi levado
em conta, com áreas de exposição, culturais e comerciais. O modo
de como a arquitetura contemporânea foi inserida em uma área
Fonte: Jacobsen Arquitetura, 2017 com prédios históricos e fabris também são importantes.
33
Centro de Estudos da Pesca Artesanal La Fábrica
3.4. LA FÁBRICA 3.4.1. Intenções projetuais

Em 1973, o arquiteto espanhol Ricardo Bofill encontrou O processo de transformação começou com a demolição de
uma fábrica de cimento abandonada em Barcelona, um parte da estrutura, alguns silos permaneceram tornando-se escritórios,
complexo industrial composto de silos, galerias subterrâneas e um laboratório de modelos, arquivos, uma biblioteca, uma sala de
salas de máquinas enormes, e decidiu transformá-lo na sede de projeções e um espaço utilizado para exposições. O complexo está no
um escritório de arquitetura (figura 3.43). A fábrica, meio de jardins com vasta vegetação. Este projeto é a prova de que um
abandonada e em estado de arruinamento, era um conjunto de arquiteto imaginativo pode adaptar qualquer espaço para uma nova
elementos surrealistas: escadas que subiam para lugar nenhum, função, não importa o quão diferente ele pode ser a partir do original.
estruturas de concreto armado que nada sustentavam, pedaços
Figura 3.44: Imagem externa da La Fábrica. Figura 3.45: Jardim e La Fábrica.
de ferro suspensos no ar e enormes espaços vazios.
Figura 3.43: La Fábrica, em Barcelona.

Fonte: Ricardo Boffil, 2015 Fonte: Ricardo Boffil, 2015


Figura 3.46: Jardim do conjunto La Fábrica. Figura 3.47: Imagens das ruínas e jardins.

Fonte: Ricardo Boffil, 2015 Fonte: Ricardo Boffil, 2015 Fonte: Ricardo Boffil, 2015
34
Centro de Estudos da Pesca Artesanal La Fábrica
Figura 3.48: Imagem interna do conjunto La Fábrica, com escritório de arquitetura. Figura 3.51 e 3.52: Elementos estruturais mantidos.

Fonte: Ricardo Boffil, 2015


Figura 3.49: Imagem interna do conjunto La Fábrica, com escritório de arquitetura.

Fonte: Ricardo Boffil, 2015

3.4.2. Justificativa do referencial

O projeto foi escolhido por ser uma intervenção em um


prédio em estado de arruinamento, coincidindo com o local
selecionado para o TFG I. O modo como o arquiteto tratou essa
Fonte: Ricardo Boffil, 2015 intervenção, serve como base e inspiração para o lançamento do
Figura 3.50: Elementos estruturais mantidos pelo arquiteto em La Fábrica. partido projetual.

Fonte: Ricardo Boffil, 2015

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4. CIDADE DE LAGUNA
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cidade de Laguna
4.1. LOCALIZAÇÃO DA CIDADE
Figura 4.2: Localização da área de estudo no município de Laguna.
NORTE
O município de Laguna fica localizado no BR 101 FLORIANÓPOLIS
SUL IMBITUBA
litoral da região sul de Santa Catarina, onde pertence PORTO ALEGRE GAROPABA
à Associação dos Municípios da Região de Laguna TUBARÃO
CRICIÚMA
(AMUREL, 2009). Está distante 110 km da capital
Florianópolis, é cortado pela rodovia BR 101 e possui
três acessos.
Banhada pelo oceano Atlântico, Laguna
possui belezas naturais em abundância, como quinze
praias, oito lagoas, morros e dunas. Pertence a APA
(Área de Proteção Ambiental) da Baleia Franca e
possui uma área com a Poligonal de Tombamento do
IPHAN.
Figura 4.1: Mapa da AMUREL. Fonte: Google Earth, 2017 adaptado pelo autor
Centro Histórico Acesso principal de Laguna
Área da proposta Acesso norte de Laguna

4.2. DADOS GERAIS

Laguna possui uma área de 441,56 km², população de 44.316 habitantes,


onde a maioria reside em área urbana. Apresenta latitude de 280 28' 54'' ao Sul e
longitude 480 46'56‘’ à Oeste de Greenwich e altitude média de 4 metros.
O município faz divisa ao norte com os municípios de Imbituba e Imaruí, ao
sul com Jaguaruna, ao oeste com Capivari de Baixo, Tubarão e Pescaria Brava e ao
leste com o Oceano Atlântico.
A economia do município baseia-se principalmente na pesca, com alta
produção de camarão e siri em suas lagoas e de pescados na costa do Atlântico Sul.
A pecuária e a agricultura são desenvolvidas principalmente no interior. O turismo
e o comércio são outros fatores econômicos.
Fonte: AMUREL, 2015
37
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cidade de Laguna
4.3. DESENVOLVIMENTO URBANO-ESPACIAL E ECONÔMICO Com o passar dos tempos, o desenvolvimento chegou a
Laguna com a instalação do porto que escoava cargas vindas de
Esse capítulo visa melhor compreensão da história do várias locais do sul do Brasil, onde houve o crescimento e a evolução
município de Laguna, mostrando a evolução da cidade desde sua da póvoa para vila causando um forte crescimento econômico
colonização até os dias atuais. (LUCENA, 1998).
A história de Laguna iniciou quando os colonizadores A abertura dos portos para a chegada de produtos vindos de
portugueses rumaram atrás de novos atrativos econômicos, em outros países acabou acarretando varias revoluções como forma de
busca de novas terras no sul do país. Em 1676, Domingos de Brito protesto. A revolução ocorrida na região sul foi a Farroupilha (1835 –
Peixoto chega a uma localidade que apresentava uma proteção 1845) que teve inicio no Rio Grande do Sul e em 1839, Laguna é
física por parte de seu relevo acidentado, caracterizando um bom tomada pelos farroupilhas sendo instituída a república Juliana ou
local de proteção rodeado pelas águas de uma lagoa. Funda-se a república Catarinense onde surge a heroína dos dois mundos: Anita
póvoa de Santo Antônio dos Anjos de Laguna, o terceiro povoado Garibaldi. Junto de Giuseppe Garibaldi, liderou as tropas farroupilhas
da província de Santa Catarina (LUCENA, 1998). durante a revolução.
Figura 4.3: Mapa os povoados da província de Santa Catarina. Figura 4.4: Navio dos farrapos sendo puxado por bois.

Fonte: PIAZZA, Wagner, 1983


Fonte: www.estudopratico.com.br, acessado em 2017
38
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cidade de Laguna
Passado alguns anos, a economia portuária que estava em Figura 4.6. Porto e Laguna no centro no início do século XX.
alta evoluiu mais ainda com a chegada do trilho do trem ao centro
da cidade, trazendo carvão de Criciúma até o porto para o seu
escoamento, ajudando mais ainda no desenvolvimento econômico
do município. Anos depois, o porto de Laguna sofreria algumas
modificações devido a uma grande dificuldade em ancorar navios
de grande calado por causa do assoreamento do porto. Assim, foi
necessária a retirada do porto da área central da cidade,
transferindo-a para o bairro Magalhães, fato que não solucionou o
problema e acabou fazendo com que Laguna perdesse a maioria
das cargas para o município vizinho de Imbituba (LUCENA, 1998).
Nos dias atuais, Laguna conta com o comércio como um dos
pilares de sua economia, assim como a pesca artesanal e
industrial, com a transformação do porto em porto pesqueiro, a
agricultura e pecuária. Por ser uma cidade rica em belezas naturais Fonte: Acervo Diário do Sul
e com grande importância histórica nacional, o turismo também se
Figura 4.7: Porto de laguna no bairro Magalhães em 1920.
destaca na economia local. Em 2007 foi implantada na cidade uma
unidade da Universidade do Estado de Santa Catarina, fato que
mudou e pode impulsionar o crescimento da cidade tornando-a em
polo educacional. Inclusive, um dos cursos ofertados pela
instituição é a graduação em Engenharia da Pesca, que vem de
encontro ao tema do trabalho.
Figura 4.5: Campus da UDESC em Laguna.

Fonte: UDESC, 2011 Fonte: Acervo Diário do Sul


39
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Cidade de Laguna
4.4. A ORLA DA LAGOA SANTO ANTÔNIO DOS ANJOS Figura 4.8: Mapa da evolução urbana de Laguna em 1880.

A partir de 1880 a cidade de Laguna começou (Fig. 4.8) a receber intervenções


urbanas, e uma delas foi o aterramento da orla da lagoa para receber a estrada de ferro.
Essa intervenção iniciou-se pelo bairro Campo de Fora estendendo-se até o cais do
porto, onde foi construída também uma estação de trem.
Com isso a economia foi desenvolvendo-se e a Rua da Praia (Rua Gustavo
Richard) tornou-se a principal via da cidade, onde acontecia o comercio de produtos
como peixes, hortaliças, tecidos e ferragens.
Por volta de 1939 o porto carvoeiro foi transferido do Centro para o bairro
Magalhães, onde mais uma parte da orla foi aterrada e uma nova via foi aberta ligando
as localidades. No Centro continuou funcionando o porto de cargas gerais e de
passageiros, com um intenso movimento. Junto com a criação dessa nova área, foram
realizadas obras de infraestrutura como instalação de energia elétrica, água encanada, e Fonte: LUCENA, 1998
construção da rodoviária e do Cine Mussi. Figura 4.9: Mapa da Figura 4.10: Mapa da
Nos anos 50 a área da orla foi começando a ser ocupada e privatizada, que evolução urbana de evolução urbana de
poderia ter sido planejada para ser espaço público com atividades de lazer. Após a Laguna em 1920. Laguna em 1997.
década de 60 não houve mais nenhuma alteração na malha urbana, somente de
mudanças de nível arquitetônico e seus respectivos usos, encerrando o ciclo de
transformações físicas do Centro.
Com a abertura da Av. Eng. Colombo Salles, o comércio e prestação de serviços
foram atraídos ao longo dessa via, fazendo com que o Centro perdesse um pouco do seu
prestígio social. Nesse período foram instalados na orla os galpões das indústrias
pesqueira e de arroz.
Em 1985 as transformações urbanas desta área, além de serem aprovadas pelo
Poder Público Municipal, também precisaram ser aprovadas pelo IPHAN devido ao
tombamento federal.
Atualmente a orla encontra-se quase toda ocupada por diversos usos, como
estacionamento, o Mercado Público, o cais, a Marinha do Brasil, comércio, residências e
instalações industriais em estado de arruinamento. É neste local que encontra-se a
edificação e o terreno analisados neste trabalho.
Fonte: LUCENA, 1998 Fonte: LUCENA, 1998
40
5. DIAGNÓSTICO
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Diagnóstico
5.1. ASPECTOS FUNCIONAIS
Figura 5.1. Localização de Laguna e da área de intervenção.

As análises dos aspectos


funcionais tem o objetivo de
compreender a relação da área da
proposta com o entorno imediato e à sua
relação com a cidade. Serão analisadas as
potencialidades, condicionantes,
infraestrutura, uso do solo, entre outros.
Esses aspectos possibilitam
agregar informações para nortear o
desenvolvimento do partido projetual e a
sua interação com o entorno urbano
existente.

5.1.1. Área de intervenção no contexto


urbano municipal

As análises da área foram feitas


em três escalas: municipal, onde os
acessos, fluxos e entorno são
evidenciados, entorno imediato, que
relaciona a área com a cidade, acessos e
fluxos locais do bairro em que a área está
inserida, e a área de estudo, cuja análise
mais completa é realizada, como uso do
solo, espaços públicos e construídos,
gabaritos, entre outros.

Fonte: CARDOSO, 2016

42
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Diagnóstico
5.1.2. Sistema viário Figura 5.5: Mapa do sistema viário.

A área em estudo é abrangida por uma via arterial, com sentido duplo separados por um canteiro central e pavimentada. O fluxo é
composto: veículos de passeio, de carga, transporte público, pedestres e ciclistas.
Paralelamente à área de estudo, essa via arterial chamada Avenida Colombo Machado Salles possui tráfego intenso, ligando o
Centro Histórico de Laguna com o bairro Magalhães e com o bairro Campo de Fora.
As demais vias que estão nas proximidades da área são locais, com tráfego menos intenso, com pavimentação de paralelepípedos
com passeio público não padronizado.

Figura 5.2: Av. Colombo M. Salles. Figura 5.3: Rua Gustavo Richard. Figura 5.4: Rua Osvaldo Aranha.

Via local
Via arterial

Área de intervenção

Poligonal de tombamento
Fonte: Google Earth,2017 Fonte: Google Earth,2017 Fonte: Google Earth,2017

5.1.3. Fluxos e conflitos Fonte: IPHAN, adaptado pelo autor


Figura 5.7: Mapa de fluxos.
A via com maior fluxo na área de estudo é a Avenida Colombo Machado Salles, que faz conexão entre bairros e é por onde passa o
transporte público. As demais vias possuem fluxo médio: Rua Osvaldo Aranha e Rua Osvaldo Cabral, e baixo fluxo: Rua Calheiros da Graça,
Rua Voluntário Benevides e Travessa Comandante Moreira.
Em relação a conflitos viários, foi identificado um na rótula da Avenida Colombo Machado Salles (figura 5.7) onde faz ligação com a
Rua Gustavo Richard, Rua Conselheiro Jerônimo Coelho e Rua Osvaldo Cabral. O conflito ocorre pelo fluxo alto de veículos e pela intensa
movimentação de pedestres.
Figura 5.6: Conflito viário.

x
Fluxo baixo
Fluxo médio
Fluxo alto
Área da proposta
Fonte: IPHAN, adaptado pelo autor
Fonte: Google Earth, 2017 adaptado pelo autor
43
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Diagnóstico
5.1.4. Pavimentação e acessibilidade
Figura 5.9: Pavimentação Av. Colombo M. Salles.
As vias no entorno da área de estudo são todas pavimentadas e compostas
por dois tipos de pavimentação: paver (Avenida Colombo Machado Salles) e
paralelepípedo (demais vias). No geral, as vias apresentam bom estado de
conservação, porém em alguns pontos apresentam problemas de drenagem.
Em relação à acessibilidade, os passeios públicos no geral são precários,
exceto na Avenida Colombo Machado Salles, que possui bom dimensionamento e
acessibilidade, mas não possui piso tátil. Nas outras vias o passeio público não é
padronizado e não possui acessibilidade e em determinados pontos dificulta até
mesmo a circulação de pedestres. Não existem também ciclovias ou ciclofaixas. Fonte: Google Earth, 2017

Figura 5.10: Pavimentação Rua Osvaldo Aranha.


5.1.5. Transporte público

A área de estudo possui boa cobertura de transporte público municipal, com


uma parada e passando em frente a área de intervenção. A alguns metros da área
está localizado também uma área de embarque e desembarque de passageiros
vindos de várias áreas da cidade.
Figura 5.8: Cobertura do transporte público.

Fonte: Google Earth, 2017

Figura 5.11: Pavimentação Rua Gustavo Richard.


Linha de transporte público
Área da proposta
Ponto de ônibus
Embarque e desembarque

Fonte: Google Earth, 2017


Fonte: Google Earth, 2017 adaptado pelo autor
44
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Diagnóstico
5.1.6. Uso e ocupação do solo Figura 5.15: Mapa do uso do solo.

O Centro Histórico tem por maioria o uso misto (figura5.15), com o uso comercial bem forte também, por se tratar da área
central da cidade, principalmente na Rua Gustavo Richard que é uma das principais ruas de comércio de Laguna. Existem também
equipamentos de uso institucional, como o Cine Mussi, Prefeitura Municipal e Marinha do Brasil.
Em relação ao lazer, a área possui a praça da Igreja Matriz, e áreas de contemplação e pesca as margens da lagoa Santo
Antônio dos Anjos.
A requalificação da área do trabalho irá agregar ainda mais valor ao Centro Histórico, tornando-se mais um local de lazer e
cultura para a população, trazendo mais desenvolvimento para o entorno.

Figura 5.12: Cine Mussi. Figura 5.13: Polícia Militar Ambiental. Figura 5.14: Comércio local.

Área da proposta

Residencial

Misto

Institucional

Fonte: SESC, 2017 Fonte: Google Earth, 2017 Fonte: Google Earth, 2017 Comercial

Fonte: IPHAN, adaptado pelo autor


5.1.7. Construído e não construído
Figura 5.16: Mapa de cheios e vazios.

No mapa (figura 5.16) é possível observar uma grande densidade encontrada por toda a extensão do Centro Histórico
de Laguna. Tal densidade ocorre por ser área central do município, onde iniciou o processo de ocupação da cidade de Laguna.
A área menos densa está localizada na parte sul do mapa, onde encontra-se o Morro da Glória, que é área de
preservação permanente. Outras áreas menos densas estão localizadas as margens da Lagoa Santo Antônio dos Anjos inseridas
à poligonal de tombamento.

5.1.8. Infraestrutura urbana

A área em análise possui cobertura básica de infraestrutura, com abastecimento de água, fornecimento de energia
elétrica, coleta de lixo, transporte público, telefonia e internet, entre outros. Atualmente o IPHAN e a Prefeitura Municipal
estão realizando um trabalho de cabeamento subterrâneo nas vias do Centro Histórico. O fornecimento dos serviços são
prestados pelas seguintes empresas: Área da proposta

• Água: Casan Poligonal de tombamento


• Energia: Celesc
• Esgoto: Casan
• Coleta de lixo: Louber (sem coleta seletiva) Cheio
• Telefonia: Oi
• Transporte público: Lagunatur Vazio

Fonte: IPHAN, adaptado pelo autor


45
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Diagnóstico
5.1.9. Equipamentos culturais Figura 5.20: Mapa de equipamentos culturais de Laguna.
10
A grande maioria dos equipamento culturais de Laguna 8
9 11
encontram-se no Centro Histórico, com variados usos vão desde
museus até biblioteca pública, uns são públicos e outros são privados.

Figura 5.17: Museu Anita Garibaldi. Figura 5.18: Casa de Anita Garibaldi. 7

12 5

3 4 6

Fonte: Wikipédia, 2017 Fonte: COUTINHO, Luli. 2011 2


1

Figura 5.19: Biblioteca pública de Laguna. 1 Cine Mussi 1


2 Casa Candemil
3 Clube Congresso
4 Clube Blondin
5 Centro Cultural
6 Casa de Anita
7 Clube União dos Artistas
8 Biblioteca Municipal
9 Museu Anita Garibaldi
10 Memorial Tordesilhas
Fonte: Wikipédia, 2017 11 Casa Pinto D’Ulyssea
10 IPHAN

Fonte: Google Earth,2017 adaptado pelo autor


46
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Diagnóstico
5.1.10. Legislação e plano diretor
Figura 5.21: Mapa de caracterização dos
O plano diretor menciona que a área de intervenção está na ZCH setores da poligonal de tombamento.
(Zona do Centro Histórico) e SESC 2 (Setor de Serviço e Comércio 2),
conforme anexo A.
O lote vazio, pertencente a ZCH, encontra-se também dentro da
poligonal de tombamento e o galpão do Arroz Zilmar, pertencente a SESC 2,
é utilizado como delimitador dessa poligonal. Essa área, segundo as
normativas de preservação do Centro Histórico de Laguna, está localizada no
setor 5 (figura 5.21), que é não edificável por ser área proteção ambiental,
ficando disposto que as leis regentes sobre esse lote são as leis ambientais
que serão apresentadas a seguir (ver anexo B).
Pelo fato de haver uma edificação no local e por este trabalho se
tratar de uma requalificação com o intuito de utilizá-lo para o interesse
público, a resolução do CONAMA 237/97 (BRASIL,2012), diz que é possível a
intervenção no local, desde que respeite os seguintes artigos:

Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos


competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber,
o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto
ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por
instrumentos legal ou convênio.
Art. 20º - Os entes federados, para exercerem suas competências
licenciatórias, deverão ter implementados os Conselhos de Meio
Ambiente, com caráter deliberativo e participação social e, ainda, possuir
em seus quadros ou a sua disposição profissionais legalmente habilitados.

Referente a esses artigos, poderá ser edificado em áreas de APP,


desde que o projeto seja submetido a estudos de impacto de vizinhança,
bem como a estudos de impacto ambiental, sempre respeitando o
alinhamento do projeto com a natureza, devendo ser aprovado por órgãos
ambientais e pela Prefeitura de Laguna, como menciona o Plano Diretor e Fonte: IPHAN, 2017
sua zona pertencente. (FURTADO, 2012)

47
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Diagnóstico
5.2. ASPECTOS ARQUITETÔNCOS E URBANÍSTICOS Figura 5.23: Mapa de gabaritos.

As análises dos aspectos arquitetônicos e urbanísticos tem o objetivo de compreender a relação da área construída com os espaços
urbanos e o seu relacionamento com a cidade.
Diante dessas análises são apresentadas condicionantes possibilitam entendimento avançado na da implantação, acesso, fluxo,
entre outros.

5.2.1. Gabaritos

O gabarito do entorno imediato da área de intervenção (figura 5.23) é constituído por edificações de um a dois pavimentos, e
galpões de um pavimento com pé direito duplo. No entorno imediato não existem espaços vazios, somente na área de intervenção.
Figura 5.22: Skyline da área.
MARINHA
GALPÃO ÁREA DA PROPOSTA 1 pavimento
DO BRASIL
COMERCIAL
2 pavimentos A
3 pavimentos

A 4 pavimentos

5 pavimentos
POLÍCIA MILITAR RESIDÊNCIAS
AMBIENTAL
6 pavimentos
Fonte: Elaborado pelo autor
Fonte: IPHAN, adaptado pelo autor
Figura 5.26: Mapa de tipologias.

5.2.2. Linguagens arquitetônicas

No Centro Histórico as edificações apresentam as seguintes linguagens arquitetônicas (figura 5.26): eclético, art-déco, modernista,
luso-brasileiro, californiano e contemporâneo. São edificações tombadas pelo IPHAN como patrimônio histórico nacional e algumas pelo
município. Todas as edificações são de alvenaria (IPHAN, 2017).
O traçado urbano é orgânico, com algumas quadras de formatos retilíneos e outras não. Pelo fato de a maioria das edificações
serem históricas e sem recuo da calçada, o bairro tem aspecto de densidade alta.
No entorno imediato existem edificações de tipologia industrial, assim como existe na área de intervenção.
Art-Déco
Figura 5.24: Fachadas das edificações no Centro Histórico de Laguna. Figura 5.25: Fachadas das edificações no Centro Histórico de Laguna.
Eclético

Contemporâneo

Californiano

Acréscimos
Luso Brasileiro
descaracterizado
Fonte: Google Earth, 2017 Fonte: Google Earth, 2017 Modernista

Luso Brasileiro
Fonte: IPHAN, adaptado pelo autor
48
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Diagnóstico
5.2.3. Terreno da proposta 5.2.4. Vistas do terreno

O terreno da proposta (figura 5.27) possui formato irregular


por estar situado nas margens da lagoa Santo Antônio dos Anjos. O Figura 5.28: Vista 1.
mesmo apresenta área total de 5316 m².
Nesse terreno existe um galpão industrial em estado de
arruinamento, que será utilizada a sua estrutura para o projeto.
O clima de Laguna é subtropical, com variação média de 16° a
24° de temperatura (INMET, 2017). A proximidade com o oceano
Atlântico torna o clima mais agradável, pelo fato a amplitude térmica
ser menor. Os ventos predominantes são os nordeste (no verão) e sul
Fonte: Acervo do autor.
(no inverno).
Laguna possui um relevo fortemente ondulado a montanhoso Figura 5.29: Vista 2.
na região noroestes, alguns morrotes na área leste e uma extensa
área plana no restante do município, correspondente à planície
litorânea (Prefeitura de Laguna, 2017), onde está localizado o terreno.
A vegetação de Laguna é diversificada, caraterizada pela Mata
Atlântica e com áreas de restingas e mangues (Prefeitura de Laguna,
2017). No área do terreno predomina a vegetação rasteira de
forração.
Figura 5.27: Mapa da área da proposta.

Fonte: Acervo do autor.

Figura 5.30: Vista 3.


2

Fonte: Acervo do autor.

Fonte: Mapa cadastral de Laguna. 49


Centro de Estudos da Pesca Artesanal Diagnóstico
5.2.5. O Galpão do Arroz Zilmar (edificação atualmente em estado de arruinamento) Figura 5.31: Vista aérea de 1952
com as instalações industriais. Figura 5.32: Arroz Zilmar em 1980.
Em 1930, foi necessário aterrar uma parte do Centro Histórico de Laguna para comportar a instalação dos
trilhos de trem até o porto. Tal mudança afetou alterou a paisagem da cidade, criando uma nova área para que novas
obras fossem feitas (LUCENA, 1998).
Neste aterro foram construídos galpões que serviram como armazém de cargas que eram transportadas pelo
porto naquela época. Logo, com a queda da atividade portuária de Laguna causada pela dificuldade de acesso de navios
Fonte: DOZOL, 2008
com grande calado e a perda gradativa de cargas para o porto de Imbituba (DOZOL, 2008).
Com a retirada do porto do Centro Histórico, está área deveria então ter sido revertida para o uso público, mas
no final da década de 1940, algumas industrias ocuparam os galpões. A primeira foi a indústria de pescados Santa Marta
(figura 5.33), e mais tarde, em uma área ao lado, a beneficiadora de Arroz Zilmar (figura 5.32). Assim, o que deveria ter o
uso a favor da comunidade, acabou sendo privatizado (LUCENA, 1998).
A Beneficiadora de Arroz Zilmar, manteve-se em funcionamento até 1998, quando acabou indo a falência e a
edificação, até hoje, encontra-se em estado de abandono. O prédio está em posse do proprietário do Costão do Santinho Figura 5.33: Santa Marta
Pescados em 1971.
Eco resort em Florianópolis. O lote vazio ao lado nunca foi ocupado por edificações, hoje serve de estacionamento e
como local de instalação de parques de diversão temporários (DOZOL, 2008).

5.2.6. Análise, levantamento arquitetônica e elementos construtivos do galpão


Fonte: LUCENA, 1998. Fonte: DOZOL, 2008
Essa análise busca compreender o espaço edificado encontrado no área da proposta, buscando suas Adaptado por Lurian Furtado.
características, acessos, compartimentação interna e seu valor arquitetônico. Com esses estudos será possível propor
diretrizes para requalificação da edificação.
A edificação do Arroz Zilmar possui uma área de 1.299,75 m², com uma planta com poucas divisões (figura Figura 5.36: Planta baixa do galpão.
5.36), devido a sua função de receber a carga vinda de trem ou barcos, beneficiando, embalando e fazendo sua
estocagem e venda (FURTADO,2012).
No local existe um funil de concreto (figura 5.35) utilizado para a estocagem do arroz, e que se mantém em
bom estado e em destaque, enquanto o resto da estrutura está em processo de arruinamento.
O prédio não apresenta cobertura. O pé-direito possui cerca de 7 metros, com o pé-direito duplo por não haver
indícios de um segundo andar, com o volume em formato retangular.
A estrutura é de tijolos autoportantes revestidos com reboco de cimento. O funil é de concreto sustentado por
pilares do mesmo material (FURTADO,2012).
O levantamento arquitetônico do edifício está inserido no apêndice deste trabalho.
Figura 5.34: Plano de massas. Figura 5.35: Plano de massas.

Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Fonte: DOZOL,2008.
50
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Diagnóstico
5.2.7. Relação com o entorno

Figura 5.37: Fachada principal. O galpão é uma edificação apresenta um aspecto negativo para
área a qual está inserida, pelo fato de ser uma volume fechado,
densamente construído e que não permite interação entre pedestres e
lagoa. Esse fator se agrava ainda mais por existirem nas suas
proximidades outras edificações similares, bloqueando o visual e o
contato com a lagoa. O que ameniza é a presença do terreno vazio ao
lado da edificação (figura 5.39).
Em relação a escala, edificação não se diferencia em relação
ao gabarito das demais, pois a maioria das edificações no entorno são
de dois pavimentos e de um pavimento com pé direito duplo (figura
5.40).
A principal diferença em relação as outras edificações está
relacionada a linguagem arquitetônica, que é industrial, e por ser um
volume denso impenetrável pelo fato de suas aberturas estarem
Fonte: Acervo do autor.
fechadas, não existindo relação entre interior e exterior.
Figura 5.39: Edifício e o terreno vazio ao lado.
Figura 5.38: Fachada lateral e passeio público.

Figura 5.37: Fachada principal. Fonte: Google Earth,2017

Fonte: Acervo do autor.


Figura 5.40: Relação entre a altura do edifício com o entorno.

Fonte: Acervo do autor. Fonte: Acervo do autor. 51


6. PARTIDO ARQUITETÔNICO
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Partido
6.1. CONCEITO DA PROPOSTA 6.2. USOS E FUNÇÕES

A principal proposta do partido para o Trabalho Final de A área localizada no Centro Histórico de Laguna, onde
Graduação I é a requalificação arquitetônica do galpão que encontra- localizam-se um galpão em estado de arruinamento e um lote
se em estado de arruinamento e de um terreno vazio no Centro público sem uso, será requalificada de acordo com os interesses
Histórico de Laguna. Por se tratar de uma área tombada e atuais.
densamente ocupada, o Centro Histórico carece de espaços para Será utilizada a área construída do galpão para a
lazer, e para conseguir tal feito é necessário intervir em edificações implantação de um novo edifício de uso público, com funções de
existentes. É nesse contexto que insere-se o projeto do Centro de exposição, ensino e cultura. No edifício irá conter também uma loja
estudos da pesca artesanal de Laguna. com produtos confeccionados no Centro de estudos e uma
Este equipamento irá preservar a história e a cultura da pesca cafeteria.
artesanal do município, que logo será patrimônio imaterial nacional. No lote ao lado será implantado uma praça pública com
áreas de lazer e de contemplação da Lagoa Santo Antônio dos
Figura 6.1: Conceito do TFG I. Anjos.
Figura 6.2: Mosaico de usos do TFG I.

ENSINO LAZER

EXPOSIÇÃO

CULTURA

Fonte: elaborado pelo autor Fonte: elaborado pelo autor

53
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Partido
6.3. PROGRAMA DE NECESSIDADES 6.4. ORGANOGRAMA

Café Loja Hall Informação


O programa de necessidades é a listagem dos usos
previstos que farão parte do partido arquitetônico, e por
meio dele obtém-se as dimensões dos ambientes que serão Vestiários Banheiros Exp. permanente Exp. temporária Biblioteca
propostos.
Salas de estudos Salas de oficinas Secretaria

SETOR PÚBLICO SETOR TÉCNICO Almoxarifado Sala T.I. Sala da segurança Direção Financeiro Copa Reuniões
Informação.......................15m² Sala da segurança.............20m²
Hall....................................30m² Climatização......................12m²
Reservatório Climatização Depósito
Vestiários .........................40m² Depósito...........................20m²
Exposição permanente...200m² Sala T.I. .............................15m²
Exposição temporária ....100m² Almoxarifado....................20m²
Banheiros..........................90m² Reservatório.....................30m²
Biblioteca..........................30m² 6.5. FLUXOGRAMA
Salas de estudos...............25m² SETOR ADMINISTRATIVO Café Loja Hall Informação
Salas de oficinas...............25m² Sala diretor........................30m²
Loja...................................30m² Sala financeiro..................30m²
Vestiários Banheiros Exp. permanente Exp. temporária Biblioteca
Café...................................50m² Secretaria..........................30m²
Copa..................................10m²
SETOR EXTERNO Sala de reuniões...............25m² Salas de estudos Salas de oficinas Secretaria

Praça.............................3000m²
Deck................................300m² ESTACIONAMENTO Almoxarifado Sala T.I. Sala da segurança Direção Financeiro Copa Reuniões
Anfiteatro.......................150m² Automóveis.................52 vagas
Bicicletas......................26 vagas
Reservatório Climatização Depósito
TOTAL DE ÁREA CONSTRUÍDA: 997m² Privado
Público

54
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Partido
Figura 6.4: Diagrama da intervenção no edifício.
6.6. ESTRATÉGIAS PROJETUAIS

A proposta de revitalização arquitetônica do galpão e do


terreno ao lado tem a intenção de valorizar a margem da lagoa Santo
Antônio dos Anjos, preservar a cultura da pesca local e criar um
espaço de lazer no Centro Histórico de Laguna.
Por se tratar de uma área de preservação permanente e de Volume fechado
estar inserida na poligonal de tombamento do IPHAN, alguns detalhes Bloqueio da vista
ornamentais serão mantidos e o funil de concreto também. Edifício original
O fato de a edificação ter sido construída para ser um
armazém de cargas fez com que não exista muitas repartições
internas, criando um grande espaço livre que será usado para o espaço
de exposições.
Grande abertura
Ainda no térreo ficará a exposição tecnológica, maquetaria, Vista para a lagoa
loja e café. O pátio que existia foi aberto conectando-se ao terreno ao
lado, com uma árvore marcando o acesso principal e terá uma grande
marquise de madeira que contorna o edifício. No primeiro pavimento Acesso principal

estarão as salas do setor administrativo, sala de aula, laboratório,


biblioteca e auditório. E no segundo pavimento ficará o espaço para
exposições temporárias e o terraço, onde pode ser usado para as Grande abertura
com brises
exposições e contemplação da vista da lagoa.
Já no terreno vazio ao lado ficará a praça das palmeiras, o
anfiteatro com bancos modulares, deck e estacionamento, explorando Acesso serviço e
o potencial natural da área e valorizando o visual formado pela lagoa. funcionários
A cobertura da edificação foi retomado o tipo quatro águas,
e acrescentado um lanternim para otimização de iluminação e Pergolado
ventilação natural. Também será usada laje jardim em uma parte do
edifício.

Figura 6.3: Corte esquemático iluminação e ventilação natural . Passarela

Terraço

Lanternim

Fonte: Elaborado pelo autor


Fonte: Elaborado pelo autor
55
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Partido
6.7. IMPLANTAÇÃO DA PROPOSTA

A implantação foi proposta com a intenção de valorizar a requalificação do edifício existente em estado de arruinamento e o dar vida ao terreno ao lado, ambos abertos à lagoa e
priorizando o pedestre.
A área total que compreende o projeto foi dividida em três partes e setorizada. Ao norte ficou o setor de estacionamentos, deixando o restante do terreno livre para os pedestres. A
parte central do terreno ficou o setor de lazer, onde fica o deck para contemplação e prática da pesca, um anfiteatro com bancos modulares que se adaptam de acordo com o evento realizado, e
espaço gramado para piqueniques e contemplação da vista da lagoa. E por fim, ao sul do terreno, fica o setor cultural onde existe o edifício que será requalificado.
Os acessos ao edifício também foram setorizados: acesso principal (público), acesso de funcionários e acesso comercial. Em relação ao terreno, o acesso se dá através do
estacionamento (veículos) e pela continuação do passeio público (pedestres).
Além do passeio público existente que conecta-se com a vizinhança, foram criados novos passeios públicos com dimensões generosas e com mobiliário urbano. Ligado a esse passeio
foi instalado um grande deck para pesca, contemplação da pesca artesanal com os botos e da própria paisagem da lagoa.
Pelo fato de se tratar de uma área de preservação permanente e não ser permitido novas construções, o intuito da implantação é requalificar essa área tão nobre no Centro Histórico
de Laguna sem causar grande impacto na área. O equipamento projetado é um atrativo cultural e natural que visa a manutenção da cultura local e a criação de um grande espaço de lazer.
Figura 6.5: Implantação do projeto.

ESTACIONAMENTO LAZER CULTURAL

Estacionamento afastado para não Gramado para piqueniques Deck adentrando à lagoa. Anfiteatro. Jardim com palmeiras.
concorrer com o edifício. e outras atividades. Prática da pesca Possibilidade de diversas apresentações. Espaço para diversas atividades de lazer. Trapiche para barcos atracarem
Proximidade com o passeio público e Possibilidade de uso para o
deck. anfiteatro.
Fonte: Elaborado pelo autor

56
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Partido
6.8. PLANTAS BAIXAS
Figura 6.7: Primeiro pavimento.
O edifício do Centro de Estudos da Pesca Artesanal de
Laguna foi dividido em três pavimentos. O térreo é onde localizam-
se os acessos, o setor comercial, setor de exposições e de serviços.
No primeiro pavimento estão os setores administrativo e 12
educacional. Por fim, no segundo pavimento ficam o setor de
exposições temporárias e o terraço. 13
11
1. Hall de entrada 9. Laboratório
2. Exposição tecnológica 10. Sala de aula
3. Cafeteria 11. Biblioteca 10
4. Loja 12. Auditório
5. Exposição permanente 13. Administração 6 9
6. Banheiros 14. Exposição temporária
7. Funcionário 15. Terraço
8. Maquetaria Fonte: Elaborado pelo autor
Figura 6.6: Térreo.
Figura 6.8: Segundo pavimento.

4 15/14
3
8 14

2
5
7

1
6

Acesso principal Fonte: Elaborado pelo autor


Acesso serviço e funcionários
Fonte: Elaborado pelo autor 57
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Partido
6.9. VOLUMETRIA

As imagens abaixo são correspondentes ao estudo da volumetria do partido arquitetônico, com volume, estrutura e esquadrias
representadas de forma esquemática, sujeitas a alterações no Trabalho Final de Graduação II.
Figura 6.9: Acesso principal. Figura 6.12: Fachada principal.

Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor


Figura 6.10: Acesso e fachada principal. Figura 6.13: Fachada posterior.

Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor


Figura 6.11: Estacionamento. Figura 6.14: Deck e passeio público.

Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor 58


Centro de Estudos da Pesca Artesanal Partido
Figura 6.15: Vista da área do projeto. Figura 6.18: Terraço.

Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor


Figura 6.16: Anfiteatro. Figura 6.19: Trapiche e fachada posterior.

Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor

Figura 6.17: Deck para pesca. Figura 6.20: Deck cafeteria.

Fonte: Elaborado pelo autor Fonte: Elaborado pelo autor


59
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Partido
6.10. SISTEMA CONSTRUTIVO E MATERIAIS ADOTADOS

Os sistemas construtivos e materiais apresentados a seguir serão utilizados no TFG I. Os mesmos poderão serem alterados se
houverem alterações no projeto.

6.10.1. Laje nervurada 6.10.3. Fachada ventilada

É constituída por um conjunto de nervuras que formam Sistema de painéis retangulares podendo ser lisos ou
uma zona de tração. Apresenta menor peso e melhor perfurados. É considerada uma solução construtiva sustentável que
aproveitamento de concreto e aço, maior velocidade de alia inovação e eficiência energética, melhor conforto térmico. Os
execução e permite grandes vãos. painéis são fixados a uma armação de aço inoxidável que se ancora na
Figura 6.21: Laje nervurada. estrutura da edificação, mantendo a fachada afastada da alvenaria de
vedação. O sistema de juntas abertas permite que o espaço entre as
placas não recebam vedação completa possibilitando a criação
da lâmina de ar na cavidade entre as duas paredes.
Figura 6.23: Fachada ventilada. Figura 6.24: Laje jardim.

Fonte: Archdaily, 2017


6.10.2. Estrutura metálica

Imprimem maior produtividade e velocidade construtiva aos


projetos. Menor tempo de execução da obra, mais limpeza,
Fonte: Hunter Douglas, 2017 Fonte: Archdaily, 2017
resistente a esforços e liberdade de forma.
Figura 6.22: Estrutura metálica. 6.10.4. Laje jardim

Consiste num sistema de construção de coberturas sobre as


quais são aplicados diversos tipos de materiais, nomeadamente
vegetação, como módulos de plástico, membrana de absorção,
substrato, argila expandida e membrana anti raízes. Diminui a poluição
do ar, melhorando a qualidade e umidade do ar, ótimo para
Fonte: Archdaily, 2017
isolamento acústico e térmico.
60
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Partido
6.10.5. Brise de madeira 6.10.7. Deck de madeira

Quebra-sol composto de peças de madeira instalado Palavra inglesa que designa o convés dos navios. Plataformas
vertical ou horizontalmente diante de fachadas para impedir a feitas com tábuas para circundar áreas molhadas. São muito
ação do sol sem perder a ventilação. Normalmente utilizados em áreas externas, sobretudo por serem feitos de um
caracterizam-se como uma série de lâminas, móveis ou não, material que tem o poder de trazer vida e beleza.
localizadas em frente às aberturas dos edifícios. Figura 6.27: Deck de madeira.
Figura 6.25: Brise de madeira.

Fonte: Archdaily, 2017 Fonte: Lattoog, 2017


6.10.6. Pergolado de madeira 6.10.8. Braston Megadreno

Estrutura de madeira laminada colada formando uma São placas cimentícias permeáveis com centenas de
grande trama, apoiada em pilares metálicos, cumprindo o papel pequenas aberturas que permitem a passagem de água pelo piso,
de marquise, protegendo do sol e grande valor estético. alcançando o solo.
Figura 6.26: Pergolado de madeira. Figura 6.28: Braston mega dreno.

Figura 3.2: Estrutura metálica.

Fonte: Archdaily, 2017 Fonte: Abravidro, 2017


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Centro de Estudos da Pesca Artesanal Considerações Finais

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O edifício do galpão industrial marca uma importante


época da história de Laguna. A pesca artesanal é uma das
principais atividades econômicas e um grande expoente da
cultura local.
A proposta deste TFG I visa unir esses dois pontos para a
manutenção dessa cultura local agregando valor a essa
edificação, criando um novo espaço cultural e de lazer para a
cidade de Laguna.
Esse espaço irá possibilitar interação entre as pessoas,
com atrativos para todas a faixas etárias e criar uma relação
ainda maior dessas pessoas com a pesca e com a lagoa Santo
Antônio dos Anjos.

62
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Bibliografia
8. BIBLIOGRAFIA

CASTELLS, Alicia Norma Gonzalez de. Educar, documentar e valorizar para preservar : pesca artesanal com auxílio dos botos em Laguna.
Ed. do autor, 2015.

VARGAS, Heliana Comin; CASTILHO, Ana Luisa Howard (Orgs.). Intervenções em centros urbanos. Objetivos, estratégias e resultados. 2ª
edição, Barueri, Manole, 2009.

FANUCCI, Francisco; FERRAZ, Marcelo. Brasil Arquitetura. São Paulo: Cosac Naify,2006.

LYRA, Cyro Correa. Preservação do patrimônio edificado: a questão do uso. Brasília-DF: IPHAN, 2016.

8.1. ARTIGOS

LUCENA, Liliane Monfardini Fernandes de. Laguna: de ontem a hoje espaços públicos e vida urbana. 1998. 176f. Dissertação (Mestrado) -
Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas.

ANSELMO, Lurian Furtado. Vila cultural: um novo uso para o patrimônio industrial de Laguna-SC. Trabalho de conclusão de curso I
(Arquitetura e Urbanismo) - Universidade do Estado de Santa Catarina, 2012.

DOZOL, Fernanda de Oliveira. Espaço público de lazer e cultura: Revitalização de trecho da orla Lagoa Santo Antônio – Laguna, SC. Trabalho
de conclusão de curso I (Arquitetura e Urbanismo) – Universidade do Sul de Santa Catarina, 2008.

8.2. SITES

ALVIM, Fernando. Dietmar Starke, as Naves do Conhecimento e a cidade 2.0. CAU RJ, 2015. Disponível em:
<http://www.caurj.gov.br/dietmar-starke-as-naves-do-conhecimento-e-a-cidade-2-0/>. Acesso em: 11 setembro de 2017.

CAIS DO SERTÃO. Disponível em: <http://www.caisdosertao.org.br/>. Acesso em: 15 setembro de 2017.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN. Patrimônio cultural e patrimônio imaterial. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/234>. Acesso em: 04 outubro de 2017.
63
9. APÊNDICE
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apêndice

LINHA DO TEMPO DA CIDADE DE LAGUNA

Domingos de Brito Peixoto Guerra dos Farrapos Comércio, turismo, pesca


funda Laguna República Juliana Laguna nos dias atuais
1676 1835 2017

1800 1900
Porto inicia o Carvão se torna o principal produto
desenvolvimento de Laguna transportado pelo porto
Troca de local e declínio
econômico

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apêndice

PLANTA BAIXA TERRENO


ÁREA TOTAL: 5620 m²

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apêndice
PLANTA BAIXA
ÁREA TOTAL: 1330 m²

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apêndice

VISTA A

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apêndice
VISTA B

VISTA D

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal Apêndice

VISTA C

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal Anexo

67
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Anexo

68
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Anexo

69
Centro de Estudos da Pesca Artesanal Anexo

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Centro de Estudos da Pesca Artesanal Anexo
CROQUIS DE ESTUDOS

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