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Nome: Rafaela Moretão N° USP: 12504992

Relatório: CUNHA, E. P.; FERRAZ, D. L. Crítica Marxista da Administração.

A razão, dentro das instituições produtivas, sempre foi alvo de estudo de


pesquisadores, como Guerreiro Ramos. Ele defendeu em sua teoria a ideia de que a
racionalidade substantiva é uma característica natural do ser humano e sua psique, suas ações
são premeditadas por ela em busca de suas autorrealizações, já a racionalidade instrumental,
quando predominante nas organizações, é geradora de patologias psicológicas. Sua
abordagem substantiva da organização teve grande aptidão em território brasileiro, porém,
não demonstra avanços em práticas administrativas, em tal território. Tal objeção resulta na
deficiência dos teóricos em ilustrar seus argumentos que são baseados na abordagem de
Ramos.
Para a resolução de tal impasse foi necessário aos pesquisadores um detalhado
trabalho de campo nas empresas selecionadas. Este estudo de natureza qualitativa foi
caracterizado como “autorreferencial” e possui o objetivo de revelar a lógica interna das
empresas e qual é a racionalidade predominante nas ações das pessoas que a compõem. Para
isso, a criação e operacionalização de um quadro de análise se fez necessária, além da
integração da teoria de Ramos com a “Teoria da Ação Comunicativa”, de Habermas.
Inicialmente, para melhor análise, fez-se necessário a definição dos dois tipos de
racionalidade e o agrupamento de seus elementos com suas respectivas naturezas processuais
organizacionais no quadro de análise e, assim, as seguintes etapas operacionais do quadro
foram criadas: I-Detecção dos indicadores, II-Mapeamento dos indicadores predominantes e
III-Identificação da intensidade de racionalidade substantiva. Desta forma, a visualização de
cada configuração única formada por tais indicadores são possibilitadas, o que indica o grau
de racionalidade substantiva presente em cada instituição produtiva analisada. Tal analise é
espelhada em “continuum”, que são indicadores visuais do grau de racionalidade de cada
empresa.
Constatou-se que, em organizações de caráter substantivo, valores de autonomia e
perseverança eram de presença notória e guiam a empresa à criação de ambientes
participativos, reflexivos e que promovem o avanço intelectual do grupo. Na divisão de
trabalho, tal autonomia teve notoriedade por permitir ao individuo qual atividade realizar. Ou
seja, ao dar enfase na liberdade individual do individuo que constitui uma organização
produtiva, os níveis de autorrealização crescem além de a empresa alcançar suas metas mais
facilmente. Para o avanço nos estudos de Ramos é necessária a colocação deles em prática,
superando os impasses já ressaltados, alinhando a integração da racionalidade subjetiva com a
instrumental, com o intuito de emancipar a esfera social do trabalho.

Relatório: SERVA, M. A racionalidade substantiva demonstrada na


prática administrativa. RAE, 1997

Guerreiro Ramos observou as motivações racionais que levavam os indivíduos a


tomarem decisões dentro das instituições organizacionais. Seus estudos tiveram influências
weberianas e trouxeram a visão da necessidade de reformulação de diversos temas da Teoria
das Organizações, principalmente daqueles que tratavam das ações dos gestores. Além disso,
o autor evidencia que ligação entre a eficiência a produtividade possui maiores complexidades
do que as retratadas na teoria tradicional, e que deve haver equilíbrio entre a organização e as
individualidades do grupo operacional.
Logo, Ramos afirma a necessidade da compreensão das duas racionalidades, para a
melhor execução da ação gestacional. Tal evento se dá a partir de conceitos de Max Weber,
tal como a burocracia e a ação social, que foram de grande ajuda na compreensão da
racionalidade capitalista. Assim, Ramos estabelece que a razão deve ser detentora do papel de
uma categoria ética, por definir como os indivíduos devem conduzir suas vidas pessoais e
sociais e que há na modernidade uma inferiorização do individuo ao papel de uma
engrenagem que calcula apenas as consequências que seus atos irão causar dentro do
mercado. Ou seja, Ramos critica a forma que a razão moderna influencia a Teoria da
Organização.
Para Weber aquele que premedita suas ações visando no que elas resultarão é detentor
da racionalidade, no caso a instrumental. Ramos enxerga isso, na sociedade capitalista, como
um modo das organizações agirem de maneira conveniente ao mercado, tudo gira em torno
dele. Logo, do ponto de vista de Ramos a burocracia é instrumental. Quando tais ações são
tomadas considerando a relação de valores, Ramos defende que são baseadas na racionalidade
substantiva. Ambas, a instrumental e a substantivas, devem ser congruentes no âmbito
organizacional, para isso é necessário redefinir a ação administrativa.
Logo, Ramos conclui que para qualquer ação a ser tomada, ela deve implicar em uma
questão ética. No âmbito administrativo, isto ocorre devido à necessidade de atender aos
imperativos sociais das organizações e, simultaneamente, suprir as necessidades individuais.
Assim, as duas racionalidades entram em constante choque, pois, ocorre diferenciações entre
a organização e o individuo. Uma defende e age de forma a beneficiar o mercado e suas
formas dominantes de poder e outra, a substantiva, recusa reger as vidas pessoais dos
indivíduos de forma a beneficiar o mercado e sim age de forma favorável às suas liberdades e
individualidades. Ou seja, não existirá ambientes organizacionais livres de conflitos, por
haver, em qualquer que seja seus níveis de desenvolvimento, o mínimo de relações entre os
sindivíduos.

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