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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT


FÍSICA EXPERIMENTAL 3 – FEX 3
Professor Abel André Cândido Recco

Andrey Kohls

Experimento 2
Permissividade Elétrica do ar

JOINVILLE
DEZEMBRO DE 2020
1. INTRODUÇÃO
Em muitos, se não todos, aparelhos eletrônicos atualmente contém um capacitor.
Capacitor é um componente que serve para armazenar energia potencial elétrica, por meio
de um campo elétrico gerado entre duas placas paralelas, cada uma com uma área A e uma
distância D entre elas. Ao se conectar uma fonte de tensão às placas de um capacitor, elas
são carregadas com uma quantidade de cargas Q, porém cada placa com essa quantidade de
cargas com sinais opostos, assim gerando um campo elétrico E constante em todos os pontos
entre as duas placas que vai no sentido de direção das cargas positivas às negativas, que
contém uma diferença de potencial V.
As relações entre todas essas variáveis podem ser checadas nas equações (1) e (2) a
seguir:

𝑄 = 𝐶. 𝑉 (1)
𝑄 = ℇₒ. 𝐸. 𝐴 (2)
Na experiência 1 feita anteriormente, foi possível determinar o potencial elétrico a partir
do campo elétrico, conforme a integral explicitada na equação (3) a seguir, e seu resultado
pode ser aplicado na equação (1) junto com a equação (2), resultando na equação (4) que
usaremos como base para o experimento seguinte:

𝑉 = ∫ 𝐸. 𝑑𝑠 = 𝐸 ∫ 𝑑𝑠 = 𝐸. 𝐷 (3)
𝑄 ℇₒ.𝐴
𝐶=𝑉= (4)
𝐷

Onde a capacitância é determinada pela área das placas paralelas(A), a distância entre as
placas(D) e a permissividade elétrica no meio material que está entre as placas( ℇₒ). Porém
nesse experimento iremos testar o efeito da mudança desse material, atribuindo uma constante de
proporcionalidade K à permissividade elétrica original:
ℇₒ.𝐴
𝐶 = 𝐾. (5)
𝐷

2. MATERIAIS

• Condensador de placas circulares paralelas;


• Multímetro digital modelo HONEYTEK HK56B;
• Cabos;
• Paquímetro Mitutoyo;
• Duas placas(A e B) de material polimérico.
3. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Figura 1 Figura 2
O procedimento experimental foi inicialmente montado conforme a figura 1 acima, ao
condensador de placas paralelas de diâmetro igual a 250,0mm foi conectado o multímetro
que indica o valor da capacitância relativo à distância D entre as placas, que é ajustada
inicialmente em 2mm. Após montado o aparato, são feitas as medidas da capacitância,
ajustando o fundo de escala do multímetro conforme necessário, para cada valor da distância
D entre a placas, que será aumentado de 1mm em 1mm com o uso do paquímetro até
alcançar uma distância máxima de 12mm, inicialmente com o ar sendo o meio material entre
as placas.
Após a coleta de dados ter sido feita três vezes, para poder determinar um valor médio
das medidas e assim aumentar a precisão, os dados foram colocados na tabela a seguir:

d(mm) Medida 1: C(pF) Medida 2: C(pF) Medida 3: C(pF) Fundo de escala


2 259 250 256 2nF
3 198 180 187 2nF
4 144,6 146 152,7 200pF
5 124,5 121,1 118,8 200pF
6 106 106 106,2 200pF
7 97,2 95,5 96,3 200pF
8 87,8 87,2 87,5 200pF
9 81,5 80,8 80,9 200pF
10 76,2 75,9 75,4 200pF
11 71,3 71,2 70,8 200pF
12 68,5 67,7 67,5 200pF
Figura 3

Foram coletados também dados referentes a capacitância com a mudança do material


entre as placas para uma mesma distância D igual as espessuras das placas poliméricas A e B,
e abaixo constam os dados das medidas:
d(mm) Dielétrico Medida 1: C(nF) Medida 2: C(nF) Medida 3: C(nF) Fundo de escala
PLACA POLIMÉRICA A
3,15 Placa A 0,48 0,449 0,497 2nF
3,15 Ar 0,178 0,176 0,183 2nF
PLACA POLIMÉRICA B
2,1 Placa B 0,504 0,544 0,522 2nF
2,1 Ar 0,214 0,221 0,218 2nF
Figura 4

4. Tratamento dos dados


Coletados todos os dados, analisaremos e trataremos primeiramente os dados das
medidas que relacionam a capacitância em relação a distância entre as placas no meio
material ar, para isso determinamos a média entre os valores medidos e o desvio das
medidas. Para determinar os valores dos desvios foi utilizado a equação (6) que pode ser
obtida no manual do equipamento para cada um dos fundos de escala, conforme a figura
retirada do manual abaixo:
𝛥𝐶 = ±(3,0% · 𝐶ₒ + 15𝑑) (6)

Figura 5

Os resultados das médias e desvios foi colocado em uma tabela que pode ser observada
logo abaixo, junto com a plotagem dos dados em um gráfico:

d(mm) Capacitância Média(pF) Desvio Padrão(pF) Fundo de escala


Gráfico da Capacitância em relação à
2 255 23 2nF
3 188 21 2nF
Distância(Ar)
4 147,8 5,9 200pF 300
Capacitância (pF)

5 121,5 5,1 200pF 250


200
6 106,1 4,7 200pF
150
7 96,3 4,3 200pF 100
8 87,5 4,1 200pF 50
9 81,1 3,9 200pF 0
10 75,8 3,8 200pF 0 2 4 6 8 10 12 14
11 71,1 3,6 200pF Distância (mm)
12 67,9 3,5 200pF

Figura 5 Figura 6
5. PERMISSIVIDADE ELÉTRICA DO VÁCUO
Com os dados anteriores podemos determinar a permissividade elétrica do vácuo(ℇₒ).
Para isso teremos que linearizar o gráfico da figura 6, a linearização desse gráfico pode ser feita
reformulando a equação (4) que descreve o fenômeno como sendo uma reta(y=ax+b), assim
teremos que:
𝑄 ℇₒ.𝐴
𝐶=𝑉= (4)
𝐷
1
𝑦=𝐶 𝑥= 𝑎 = ℇₒ. 𝐴 𝑏=0
𝐷
Assim podemos relacionar a capacitância com essa nova variável x (1/D) que é o
inverso da distância, teremos os valores na tabela a seguir juntamente com os dados plotados
em um gráfico:

Distância(1/m) Capacitância(pF)
500 255 Gráfico Linearizado y = 0,4566x + 30,73 (pF)
333 188 300
250 147,8 250
Capacitância (pF)

200 121,5 200


167 106,1 150
143 96,3 100
125 87,5
50
111 81,1
0
100,0 75,8 0 100 200 300 400 500 600
90,91 71,1 Inverso da Distância (1/D)
83,33 67,9

Figura 7 Figura 8

Para determinar a equação da reta podemos utilizar o software Excel para fazer a
regressão linear que determina com precisão a equação y com seus respectivos parâmetros
a e b mencionados anteriormente. O resultado foi colocado junto ao gráfico na canto superior
direito:
𝑦 = 4,56610−13 𝑥 + 30,73. 10−12 𝐹
Ou pode ser determinado da maneira tradicional utilizando dois ponto da reta para
determinar o parâmetro a, P1(300 (1/m) ; 168 (pF)) e P2(400 (1/m) ; 213 (pF)), e mais um
ponto P3(450 (1/m) ; 236 (pF)) para determinar o parâmetro b:
𝛥𝑦 213. 10−12 − 168. 10−12
𝑎= = = 4,5. 10−13 𝐹. 𝑚
𝛥𝑥 400 − 300
𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏 𝑏 = 𝑦 − 𝑎𝑥 = 236. 10−12 − (4,5. 10−13 . 450) = 33,5. 10−12 𝐹
Independente da maneira utilizada para determinar a função linearizada e seus
parâmetros, os valores deram bem próximos.
Agora com esses valores obtidos definiremos o valor da permissividade elétrica do
vácuo(ℇₒ) a partir da equação do parâmetro a definido anteriormente, dado A como sendo a área
de um círculo de diâmetro de 250,0mm teremos que:

𝑎 4,566. 10−13
𝑎 = ℇₒ. 𝐴 ; ℇₒ = = = 9,3. 10−12 𝐶2 /𝑁. 𝑚2
𝐴 −3 2
𝜋(125. 10 )
É importante notar que o valor foi determinado de maneira indireta, ou seja,
utilizando valores de outras variáveis, que contém um erro envolvido na medida de cada
uma delas, portanto é importante encontrar o erro propagado da medida, ele pode ser
determinado da seguinte maneira:
𝜕ℇₒ 𝜕ℇₒ 𝐶 𝐷
𝛥ℇₒ = 𝛥𝐷 + 𝛥𝐶 = 𝛥𝐷 + 𝛥𝐶
𝜕𝐷 𝜕𝐶 𝐴 𝐴
𝛥𝐷 = 5,00. 10−5
𝛥𝐶 = 2,14. 10−11
𝛥ℇₒ = 1,31. 10−12
Logo o valor final da permissividade elétrica do vácuo junto do seu erro é de
aproximadamente:
−12
ℇₒ = (9,3 ± 1,31). 10 𝐶2 /𝑁. 𝑚2

6. CONSTANTE ELÉTRICA DAS PLACAS POLIMÉRICAS


Pela equação (5) temos que ao mudar o meio material entre as placas do capacitor a
capacitância é multiplicada por uma constante de proporcionalidade K, que depende do
material que está inserido. Podemos determinar esse K a partir da equação a seguir:
𝐶
𝐾 = 𝐶ₒ (5)

Onde 𝐶ₒ é a capacitância inicial, ou seja, quando o meio material é o ar, e o C é a capacitância com
um diferente meio material, ambas com uma mesma distância D. E obtendo os valores médios teremos
a tabela com os dados tratados:

d(mm) Dielétrico Capacitância Média (nF) Fundo de escala


PLACA POLIMÉRICA A
3,15 Placa A 0,475 2nF
3,15 Ar 0,179 2nF
PLACA POLIMÉRICA B
2,1 Placa B 0,523 2nF
2,1 Ar 0,218 2nF
Figura 9
Em seguia utilizando a equação (5) podemos determinas os valores das constantes elétrica
das placas poliméricas:
−9
𝐶 0,475. 10
𝐾𝐴 = = = 2,65
𝐶ₒ 0,179. 10−9

𝐶 0,523. 10−9
𝐾𝐵 = = = 2,39
𝐶ₒ 0,218. 10−9

Com os valores para cada uma das placas, A e B, podemos consultar a tabela da figura 10
com os valores das constantes elétricas de vários materiais para poder determinar de qual
material são feitas as placas poliméricas, e pode-se concluir que são feitas de algum plástico
muito próximo dos Polietileno e Polipropileno:

Figura 10

7. CONCLUSÃO
Pelos dados resultantes do experimento, podemos concluir que eles concordam
com os dados teóricos, e os valores se aproximaram bastante dos valores reais. De
forma que as influências entre distância e capacitância são inversamente
proporcionais, e que a capacitância está diretamente relacionada ao meio material no
qual o campo elétrico é formado.
Portanto o experimento se mostrou muito útil para a compreensão do
funcionamento de capacitores e das características que influenciam seu
funcionamento.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Apostila de física Experimental – Setor de cópias CCT-UDESC.
RAMOS, Airton. Apostila de materiais elétricos. Udesc, Joinville, 2019.
RESNICK, Robert; HALLIDAY, David; WALKER, Jearl. Fundamentos de física. Grupo Patria
Cultural SA DE CV, 2001.

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