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GINZBURG, Carlo. Enrico Castelnuovo. Carlo Poni. Carlo Ginzbur (Org). A Micri-História e outros ensaios.

Antonio Narino [trad] Coleção: Memória e sociedade. Rio de janeiro. Editora Bertrand Brasil, S.A.

Carlo Ginzburg tem um percurso de pesquisa dos mais originais e criativos, que extravasa o quadro da
historiografia italiana e mesmo da historiografia europeia. A sua obra, com efeito , introduziu diversas
rupturas nas maneiras de pensar em História, mobilizou metodologias e instrumentos de conhecimento
oriundo de outras áreas do saber, estabeleceu uma zona de dialogo com as restantes ciências sociais e
humanas, nomeadamente com a antropologia e a filosofia. Neste caso não se trata apenas de uma
utilização passiva do capital de problemas, teorias e métodos gerados noutras áreas; trata-se de uma
intervenção activa, que procura inverter as relações tradicionais da História no que dis respeito á produção
de meios de conhecimento.

O cenário onde se movimenta Carlo Ginzbur nos seus principais estudos – heresias e configurações
culturais alternativas do final da Idade Média e do final do inicio da Idade Moderna – corresponde a um
campo de pesquisas com tradição em Itália desde o século XIX(lembremos as obras de Cesare Cantú, Luigi
Amabile ou Vito La Mantia), que sofreu uma profunda renovação com os estudos de Delio Cantimori
publicados a partir dos anos de 19301. Esta tradição, centrada em uma forte preparação filosófica, sempre
se caracterizou pela atenção ao detalhe, ao estudo de caso, à análise de processo significativo. Nela se
insere a prática de edições criticas, como as dos textos de Lelio Sozzini po Antonio Rorondò ou do
processo do cardeal Morone por Massimo Firpo, o estudo das micro articulações de poderes no campo
religioso, como a que é proposta por Albano Biondi no caso de Modena, a análise cuiodada dos desvios à
ortodoxia, como a que é apresentada por Silvana Seidel Menchi sobre a recepção das doutrina de Erasmo
em Itália2.

1
Cesari Cantù, Gli eretici d’Itália. Discorsi storici, 3 vol, Turim, Unione Tipografico-Editrice, 1885-1886; Luigi Amabile, II Santo
Officio dela Inquisizione in Napoli (1.ª ed. 1892), reimp., Soveria, Rubbettino Editore, 1987; Vito la mantia, Origine e vicende del
a inquisizione in Sicilia 1.ª ed. 1886-1904), reim., storiche, Florença, Sanseni. 1939.
2
Lelio Sozzini, Opere (edição de Antonio Rotondo), Florença, Leo S. Olschki. 1986; Massimo Firpo, II processo del cardial
Giovanni Morone (edição crítica), 3 vol., Roma, Istittuto Storico Italiano per I’Età Moderna e Comtemporanea, 1981-84; Albano
Biondi, Lunga durata e microarticolazione nel território di um Ufficio dell’Inquisizione: il “Sacro Tribunale” a Moderna (1292-
1785), Annali dell’Istituto Storico Italiano-Germanico in Trento, VIII, 1982, pp. 73-90; Silvana Seidel Menchi, Erasmo in Italia,
1520-1580, Tutim, Bolllati Boringhieri, 1987.

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