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Pedro Scarpa

REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO SUS BASEADO NO


FILME “SICKO”

N2P2 – Prof.ª Ruth Gelehrter da Costa Lopes

A partir do contato com o filme Sicko (2007) de Michael Moore, é


possível colocar em pauta as problemáticas derivadas de não ter um Sistema
Único de Saúde no território norte-americano, e relacionar com
atravessamentos econômicos de mercantilização da vida e burocracias
exorbitantes para realizar procedimentos em relação aos planos de saúde e
afins.

No presente documentário há uma cena em que é entrevistado um


trabalhador que perdeu dois dedos para uma serra de tábuas de madeira, e em
seu relato intenso é dito que ao chegar ao pronto socorro do hospital local,
antes que qualquer medida de emergência fosse tomada para tratar de seu
caso, lhe foi perguntado se ele queria colocar o anelar e o dedo médio, com um
valor de U$ 60,000 e U$ 18,000 respectivamente para cada dedo. Essa cena,
considerada completamente absurda por nós permeados pela realidade do
SUS fornecendo atendimento gratuito e universal, destaca o que é a
mercantilização de um sistema de saúde, onde há tabelado os preços de cada
dedo da mão para que sejam reimplantados, destacando um ambiente onde a
especulação do capital pode, tranquilamente, colocar um valor sobre a vida e a
saúde de outras pessoas, privatizando nesse sentido o direito a cura e ao
tratamento, e consequentemente o direito à vida.

Adicionalmente, o documentário faz um trajeto a diversos países da


América e Europa, como Canadá, França e Inglaterra, mostrando como as
realidades referentes a políticas públicas de saúde funcionam nestes territórios
e como a população vê ou mesmo utiliza destes serviços proporcionados pelo
governo. Nesse sentido, a realidade destes países é de um sistema de saúde
gratuito e público, com serviços de qualidade e amplitude de acesso,
oferecendo diversos recursos, tais como licença maternidade remunerada de 1
ano, com direito a uma assistente do governo que vem a sua casa duas vezes
por semana para ajudar com tarefas domésticas, dispensas médicas
Pedro Scarpa

estendidas para casos mais graves de lesão, etc. O que mais chama a atenção
nestas viagens são os entrevistados, que quando perguntados que um sistema
de saúde não seria uma coisa de “comunista” ou fora da realidade, diziam que
essa ideia era um absurdo, e que esse direito a saúde era insubstituível. Nesse
sentido, talvez mais a título de curiosidade, a maioria dos entrevistados
também se identificava como direita conservadora, o que levanta questões
sobre o que significa o desmonte do SUS em território nacional e o que
significa a mercantilização da vida em território estadunidense.

Por fim, o documentário chega a pessoas tidas como heróis nacionais


dos EUA: Voluntários que ajudaram nas escavações dos destroços do World
Trade Center em 2002. Por conta da precarização dos equipamentos na época
e por sua condição de voluntários ante ao desastre, tendo de lidar com aquelas
condições adversas de fumaça e entulhos, diversos deles contraíram
condições crônicas de condições respiratórias ou traumáticas, como enfisemas
pulmonares e bruxismo. É digno de nota que durante o período dos ataques
estes voluntários foram tratados como heróis nacionais pela mídia, mas ante as
suas condições de saúde derivadas da exposição, as empresas de planos de
saúde que mercantilizaram a saúde impuseram um longo processo burocrático
e de batalha judicial para que fossem realizados os procedimentos de
tratamento destas pessoas.

Nesse sentido, Michael Moore encaminha estes voluntários para uma


viagem até Cuba, nação demonizada pela mídia norte americana como um
país socialista e miserável. Ao chegar em Cuba estes voluntários são tratados
sem burocracia de documentos ou monetárias, falsos tratamentos ou remédios
desnecessários para que gastem mais, mas sim de forma atenciosa,
meticulosa e principalmente: Gratuita, humanizada e transparente.

Com este filme pode-se vislumbrar o que seguir os passos norte-


americanos ante a mercantilização da saúde pode acarretar, portanto o zelo e
a proteção pelo nosso Sistema Único de Saúde (SUS) é absolutamente crucial.
É de extrema importância que os interesses do capital não cataloguem e
precifiquem a existência de outras pessoas que não disponham de valor
Pedro Scarpa

monetário para arcar com seus custos. A saúde deve ser um direito universal, e
de todos, sem distinção econômica, social ou racial.

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