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Universidade Federal Fluminense

Aluno: Vítor Bon Fernandes Vilaça Moraes


Matéria: Direito Falimentar - P1

ATIVIDADE AVALIATIVA CONTINUADA - 1


DIREITO FALIMENTAR

Questão 1 (2 pontos): Considerando o conceito de Função Social da Empresa e os


entendimentos doutrinários e jurisprudenciais a respeito do Princípio da Preservação da
Empresa, disserte sobre os impactos do processo falimentar na coletividade (âmbitosocial),
e o seu papel, sobretudo, em tempos de crises globais.

Inicialmente, vale resgatar o conceito de processo falimentar trazido por Spinelli1 “Na ótica
jurídica, trata-se de um processo de execução coletiva do devedor em face da pluralidade de
credores com interesse sobre seu patrimônio (...) na busca da satisfação dos credores”. Sob esse
norte, é possível observar o interesse público por trás do processo falimentar, que tem como
finalidade sanear o mercado e garantir o tratamento dos credores de forma isonômica.
O princípio da preservação da empresa é um dos princípios informadores desse sistema
falimentar, pois tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira
do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e
dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o
estímulo à atividade econômica (art. 47 LREF).
A Falência visa, portanto, preservar a atividade empresarial, ainda que esta passe a ser
exercida sobre responsabilidade de outro empresário. Nas palavras do ilustre Ricardo Negrão2: “O
princípio da preservação da empresa cumpre preceito da norma maior (...) de modo que refoge à
noção de razoabilidade a possibilidade de valores inexpressivos, provocarem a quebra da
sociedade comercial, em detrimento da satisfação de dívida que não ostenta valor compatível com
a repercussão socioeconômica da decretação da quebra”.
Em tempos de crises globais, como a acarretada pela pandemia do COVID-19, as
consequências do interrompimento de algumas atividades empresariais tornam-se nítidas. Para
além das grandes empresas, estabelecimentos tradiconais se veem obrigados a “fecharem as
portas”. Em meio a todo esse contexto, oportuno frisar a relevância do instituto da Falência com
vistas à preservação da atividade empresarial.

1
SCALZILLI, João Pedro; SPINELLI, Luis Felipe; TELLECHEA, Rodrigo. Recuperação de empresas e
falência: teoria e prática na Lei 11.101/2005.
2 NOGUEIRA, Ricardo José Negrão. A eficiência do processo judicial na recuperação de empresa. 2007.
Questão 2 (1 ponto): Determinada sociedade empresária teve a sua falência requerida por
um dos seus credores, iniciando, assim, o processo falimentar. Realizada a citação, o juiz
competente determinou a intimação do Ministério Público para apresentação de parecer.
Nesse contexto, questiona-se: há razão para a intervenção do Ministério Público nesta fase
do processo? Justifique sua resposta.

No que diz respeito à atuação do Mintério Público não há interpretação pacífica na


jurisprudência, vez que o art. 4º da LREF que previa a plena intervenção do MP foi vetado.
O primeiro entendimento, sustentado pelo STJ, é o de que a intervenção deve ocorre apenas
quando houver expressa determinação legal, como nos casos em que há indícios de
responsabilidade penal do devedor (art. 22, §4º LREF). Já o MPRJ entende pela intervenção plena
do Parquet, por conta do interesse público no processo de insolvência.
Em resposta há questão, não se justificavam a intimação do MP para apresentar parecer
nessa fase processual. No entanto, deve-se atentar à função do Ministério Público como fiscal da
ordem jurídica e considerar sua legitimidade para impugnar crédito e para recorrer e nas ações
penais e revocatórias, conexas ao processo falimentar.

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