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Scire Salutis

Out 2019 a Jan 2020 - v.10 - n.1 ISSN: 2236-9600

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www.sustenere.co

Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de


edema e técnica de drenagem linfática
O sistema linfático é um dos principais sistemas do corpo humano, responsável pela drenagem do excesso de fluidos intersticiais, age paralelamente ao sistema
cardiovascular e é constituído por uma rede de vasos e capilares linfáticos que transportam a linfa, ductos coletores e gânglios. Desequilíbrios nesse sistema
podem acarretar na formação de edema, acumulo de liquido entre as células. A drenagem linfática manual é uma técnica desenvolvida para auxiliar o sistema
linfático a realizar suas funções. A técnica desenvolvida por Vodder e Estrid, ganhou visibilidade mundial e consiste no estimulo dos linfonodos e no direcionamento
da linfa no seu sentido natural, apresentando bons resultados no tratamento de edema. Para a realização do presente trabalho foi utilizado o método de revisão
de literatura, utilizando as bases de dados SciELO, Google Acadêmico e Annals of Internal Medicine. Como critério de inclusão foram avaliados artigos da língua
portuguesa que retratavam especificamente a fisiologia do sistema linfático e a fisiopatologia do edema, de modo que, ao final da leitura, dos 65 artigos avaliados,
apenas 19 se enquadravam. Com a realização desta pesquisa, pode-se constatar que existem diversas técnicas de drenagem linfática, método utilizado para auxiliar
o sistema linfático na drenagem do excesso de liquido intersticial, e que independentemente do método utilizado, a técnica deve ser realizada por pessoa
qualificada e com movimentos suaves e lentos, respeitando sempre a anatomia e fisiologia do corpo humano.

Palavras-chave: Sistema Linfático; Linfa; Drenagem Linfática; Edema.

Anatomy and physiology of the lymphatic system: edema formation


process and lymphatic drainage technique
The lymphatic system is one of the main systems of the human body, responsible for the drainage of excess interstitial fluids, acts in parallel with the cardiovascular
system and consists of a network of lymphatic vessels and capillaries that carry the lymph, collecting ducts and ganglia. Imbalances in this system can lead to the
formation of edema, fluid accumulation between cells. Manual lymphatic drainage is a technique designed to help the lymphatic system perform its functions. The
technique developed by Vodder and Estrid has gained worldwide visibility and consists of stimulating lymph nodes and directing lymph in its natural sense,
presenting good results in the treatment of edema. For the accomplishment of this work the literature review method was used, using the databases SciELO,
Google Scholar and Annals of Internal Medicine. As inclusion criteria were evaluated articles of the Portuguese language that specifically portrayed the physiology
of the lymphatic system and the pathophysiology of edema, so that, at the end of reading, of the 65 articles evaluated, only 19 fit. With this research, it can be
seen that there are several techniques of lymphatic drainage, a method used to assist the lymphatic system in the drainage of excess interstitial fluid, and regardless
of the method used, the technique should be performed by qualified person and with smooth and slow movements, always respecting the anatomy and physiology
of the human body.

Keywords: Lymphatic System; Lymph; Lymphatic Drainage; Edema.

Topic: Fisiologia Received: 02/10/2019


Approved: 20/01/2020
Reviewed anonymously in the process of blind peer.

Tauge Marione Leal da Silva Marques


Instituto de Excelência em Educação e Saúde, Brasil
http://lattes.cnpq.br/7484500567322586
http://orcid.org/0000-0003-2563-3077
tauge.marione@gmail.com

Adriane Garcia Silva


Instituto de Excelência em Educação e Saúde, Brasil
http://lattes.cnpq.br/0675634316488245
http://orcid.org/0000-0002-0327-8951
drika_adriane0@hotmail.com

Referencing this:
MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G.. Anatomia e fisiologia do sistema
linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagem
linfática. Scire Salutis, v.10, n.1, p.1-9, 2020. DOI:
DOI: 10.6008/CBPC2236-9600.2020.001.0001 http://doi.org/10.6008/CBPC2236-9600.2020.001.0001

©2020
®Companhia Brasileira de Produção Científica. All rights reserved.
Anatomia e fisiologia do sistema linfático: processo de formação de edema e técnica de drenagem linfática
MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G.

INTRODUÇÃO

O corpo humano é formado por um conjunto de órgãos que agrupados, dão origem aos sistemas
responsáveis pelo funcionamento e equilíbrio do organismo. Dentre estes, o sistema linfático (Sl) é
responsável por remover fluidos em excesso dos tecidos, absorver ácidos graxos e transporte subsequente
da gordura para o sistema circulatório, agindo paralelamente ao sistema cardiovascular (SILVA, 2010). Silva
(2010) enfatiza que:
A água rica em elementos nutritivos, sais minerais e vitaminas, ao deixar a luz do capilar
arterial, desembocam no interstício, onde as células retiram os elementos necessários ao
seu metabolismo e eliminam produtos de degradação celular. Em seguida, o liquido
intersticial, através das pressões exercidas, retorna a rede de capilares venosos.
Devido à função de reabsorção de fluidos no espaço intersticial (espaço entre os capilares sanguíneos
e as células), o SL representa papel fundamental para o equilíbrio hídrico. Qualquer disfunção na atividade
desse sistema pode acarretar em um acumulo de liquido no tecido intersticial, resultando em edema, que,
de acordo a Santos et al. (2016), constitui um quadro de desordem vascular onde se observa um déficit no
equilíbrio das trocas de líquidos em nível de interstício.
[...] o aparecimento dos edemas depende de um desequilíbrio hidrostático, que facilitaria a
transudação de fluido, e a pressão osmótica do plasma, que se oporia a sua saída. A
permeabilidade capilar, pressão tecidual são outros fatores associados para o equilíbrio dos
compartimentos vascular e intersticial. (FRANCA et al., 2014)
Um questionamento frequente entre os profissionais da saúde é: Como proceder em casos de
edema?. Atualmente, um dos métodos de tratamento de edema é a Drenagem Linfática Manual (DLM),
técnica de massagem realizada com movimentos suaves e rítmicos que seguem a anatomia do SL, sendo
iniciada com o estimulo dos linfonodos, e posteriormente, movimentos para drenagem da linfa (CAMARGO,
2012).
Além de tratar o edema, a DL também aumenta a hidratação e nutrição celular, acelerando a
cicatrização de ferimentos, redução da retenção de liquido, aumento da imunidade, reabsorção de
hematomas e equimoses, combate a celulite e relaxamento corporal, motivo pelo qual está entre os métodos
mais procurados em clínicas e centros de estética especializados em tratamentos corporais (TACANI et al.,
2011).
Por se tratar de um método que age sobre um dos sistemas de maior complexidade do organismo,
faz-se necessário o desenvolvimento de conhecimentos específicos sobre o tema, o que justifica a elaboração
do presente artigo. Neste estudo, elaborado a partir de revisão bibliográfica, objetiva-se descrever de forma
sucinta a anatomia e fisiologia do sistema linfático, bem como o processo de formação de edema e a teoria
relacionada às principais técnicas de drenagem linfática.

METODOLOGIA

O artigo foi desenvolvido a partir da metodologia de pesquisa bibliográfica que consiste na avaliação
de documentos, textos e publicações que possam contribuir de forma cultural ou cientifica para elucidação
de alguma questão ou problema, sendo parte fundamental de qualquer estudo por tornar possível conhecer

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e comparar a visão de outros autores sobre determinado assunto (CERVO et al., 1983).
Utilizando os descritores, Sistema linfático, linfa, drenagem linfática e edema, foram localizados 65
artigos dos quais apenas 19 se enquadravam no critério de seleção, que se baseou em artigos da língua
portuguesa que retratavam especificamente da fisiologia do sistema linfático e a fisiopatologia do edema. As
bases de dados utilizadas para obtenção dos artigos científicos foram: Scientific Eletronic Library Online
(SciELO), Annals of Internal Medicine e Google Acadêmico.

DISCUSSÃO TEÓRICA

Sistema linfático

Para melhor compreender a ação da DLM no organismo, faz-se necessário ter um breve
conhecimento sobre a anatomia e fisiologia do SL, bem como o processo de formação de edema.
Embriologicamente, o SL tem origem no mesoderma, folheto germinativo do qual derivam diversos tecidos
como o muscular, conjuntivo e vascular. Constituído por uma ampla rede de vasos, funciona associadamente
ao sistema circulatório e tem como principal função a remoção de líquidos dos espaços intersticiais, sua
reciclagem através da retirada de proteínas e ácidos graxos e sua devolução a corrente sanguínea. Esse
processo pode ser observado na fig. 1 (COELHO, 2004).

Figura 1: relação entre os capilares linfáticos, células teciduais e capilares sanguíneos.

Após adentrar nos capilares linfáticos o liquido intersticial passa a ser chamado de Linfa. A linfa é um
liquido viscoso e transparente com composição semelhante à do plasma sanguíneo, diferindo apenas na
concentração de proteínas que é mais baixa. Existe ainda uma grande concentração de leucócitos,
principalmente linfócitos, uma vez que o SL participa de forma ativa na resposta imunológica do organismo
(BACELAR et al., 2017). Sabe-se que o fluxo da linfa é lento, uma vez que o SL não possui um sistema
bombeador próprio – como no caso do coração para o sistema cardiovascular – dependendo de fatores como
a pulsação de artérias, peristaltismo visceral e respiratório e contração muscular próximo aos vasos linfáticos
(OZOLINS et al., 2018).
Anatomicamente o SL subdivide-se em (SILVA, 2010): Capilares linfáticos: menores vasos condutores
do SL, constituídos de tubos de paredes finas formados por uma única camada de células endoteliais

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superpostas, coletam a linfa nos vários órgão e tecidos; Pré-coletores: intermediam capilares e vasos
linfáticos. Possuem paredes formadas por tecido endotelial, estando o seu endotélio interno coberto por
tecido conjuntivo e fibras elásticas e musculares (LEDUC et al., 2007); Sistema de vasos linfáticos: originadas
dos capilares linfáticos possuem paredes formadas por três camadas de células semelhantes à parede das
veias. Conduzem a linfa dos capilares linfáticos até a corrente sanguínea (sistema circulatório). Todos os vasos
linfáticos possuem válvulas que impedem o retorno da linfa em seu interior, fazendo com que flua em um
único sentido; Ductos linfáticos: Ducto linfático torácico: maior vaso linfático do corpo se origina no
abdômen e desemboca na veia suplacavia esquerda na sua junção com a veia jugular interna esquerda. Ducto
linfático direito: desemboca na veia subclávia direita em junção com a veia jugular interna direita;
Linfonodos ou gânglios linfáticos: pequenas estruturas ovais interpostas no trajeto dos vasos linfáticos que
tem como função criar uma barreira ou filtro contra a penetração de micro-organismos, toxinas ou
substancias estranhas e/ou nocivas ao organismo na corrente sanguínea.
Existem ainda três órgãos que são relacionados ao sistema linfático, devido à presença de tecido
linfoide, são eles: Baço (participa da resposta imune através da formação de linfócitos), tonsilas (funciona
como barreira contra MO da região oral e faríngea) e timo (atua no desenvolvimento do sistema imunológico,
instruindo os linfócitos T e tornando-os imunocompetentes) (SILVA, 2010).

Movimento da linfa e formação de edema

O filosofo britânico Ernest Starling foi o primeiro a descrever o movimento dos fluidos corporais. Com
a formulação de uma equação que posteriormente ficaria conhecida como equação de Starling, o autor
descreveu as forças fisiológicas que controlam o movimento de fluidos ao longo do leito capilar (LEDUC et
al., 2007).
Starling defendia que o movimento dos fluidos através das membranas capilares dependia de seis
variáveis (SILVA, 1998): Pressão hidrostática capilar (Pc) – própria pressão exercida pela passagem do sangue
no vaso; varia de 10 a 30 mm Hg – a depender do local de medição; Pressão hidrostática Intersticial (Pi); é
levemente negativa, devido a constante sucção de liquido pelos capilares linfáticos (- 3 mm hg); Pressão
oncótica capilar ou pressão coloidosmótica (πc) – gerada pelas proteínas plasmáticas presentes no sangue;
28 mm Hg; Pressão oncótica intersticial (πi) 8 mm H g; Coeficiente de reflexão (R) - mede o índice de eficácia
da parede capilar de impedir a passagem de proteínas, de modo que 1 (normal) equivale a totalmente
impermeável e menor que 1 (patológico), facilmente permeável; Coeficiente de filtração (Kf) –
permeabilidade da parede vascular para os líquidos depende da condutividade hidráulica e da área de
superfície do capilar.
Na equação desenvolvida por Starling, o fluxo de liquido do capilar ao interstício (Q) é medido em
milímetro por minuto (mm.min), as pressões são medidas em milímetro de mercúrio (mm Hg), e o coeficiente
de filtração é medido em milímetros por minuto em milímetro de mercúrio – ml.min-1.mm Hg-1, ficando
(SILVA, 1998):
Q = Kf ([Pc – Pi] – R [πc – πi])

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*A filtração (passagem de água do capilar para o interstício) ocorrera sempre que o movimento do liquido for positivo
(+) e a absorção (passagem de água do interstício para o capilar) ocorrerá sempre que o movimento for negativo (-).
Deste modo, nos indivíduos normais, a quantidade líquida filtrada será quase igual à quantidade
absorvida, de modo que a força efetiva para a filtração é de 0,3 mmHg. Essa quantidade de liquido filtrada
ira retornar a circulação através dos capilares linfáticos (CAMARGO, 2012). Ressalta-se ainda que, na
extremidade arterial do capilar ocorre a filtração, enquanto que na extremidade venosa, ocorre absorção.
Isto acontece devido a diferença na pressão hidrostática nas extremidades do capilar (arterial = 30
mmHg/venosa = 10 mmHg) fig. 2 (SILVA, 1998).

Figura 2: esquema de filtração a absorção da linfa no espaço intersticial.

Em suma, o fluxo dos fluidos a nível capilar dependera da permeabilidade da parede capilar e pela
diferença entre as variações das pressões hidrostática e oncótica ao longo do leito capilar, e, segundo o autor,
alterações nesse equilíbrio, resultariam em edema (OZOLINS et al., 2018).

Formação de Edema

Como supracitado, entende-se por edema o aumento no volume de liquido intersticial e/ou
cavidades corporais, resultante de um desequilíbrio das pressões hidrostáticas e oncótica que atuam para
mover o liquido para o capilar sanguíneo (SOUZA et al., 2015). As principais causas de edema podem ser
observadas no quadro 1.

Quadro 1: Principais causas de edema.


Aumento da Retorno deficiente do Diminuição da pressão Alterações intersticiais com aumento
permeabilidade vascular filtrado coloidosmótica intravascular da hidrofilia intercelular
(oncótica)

Macromoléculas migram Pressão hidrostática Atração do líquido durante a Mucopolissacarídeos no interstício;


para o interstício em nível da fase de reabsorção na
extremidade vênular do extremidade vênular do Pressão oncótica intersticial e da
Pressão oncótica capilar. capilar. hidrofilia por aumento na
intravascular complacência e diminuição da pressão
Tempo de filtração; intersticial.
Pressão oncótica
intersticial. Diminui o tempo de Causas: hipoproteinemias por
reabsorção. perda ou por deficiência de
Causas: inflamações, síntese. Causas: hipotrofias.
intoxicações, toxemias, Causas: obstáculo ao
alergias, hipóxia. fluxo venoso
(trombose, embolia,
cirrose etc.)
Fonte: Adaptado de Vasconcelos (2010).

Sabe-se que o Sl funciona como uma via de drenagem de líquidos intersticiais para as vias linfáticas,

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quando os fluidos dos tecidos não voltam aos vasos sanguíneos, evitando seu acúmulo. Quando ocorre algum
desequilíbrio nesse sistema de drenagem, o SI não consegue realizar a filtragem da linfa e devolve-la para o
sistema circulatório, gerando um acumulo entre os tecidos que ocasiona edema, como pode ser observado
na figura 4 (BACELAR et al., 2017).
Faz-se indispensável à compreensão dos mecanismos formadores do edema para que a terapêutica
aplicada suceda em bons resultados, deste modo entende-se que as principais alterações fisiológicas
envolvidas no processo de formação de edema são a integridade vascular e o desequilíbrio das forças de
starling (COELHO, 2004).

Figura 3: Formação de edema.

Drenagem linfática manual

Trata-se de uma técnica de massagem que visa estimular o correto funcionamento do SL,
aumentando a oxigenação tecidual e diminuído o edema causado por acumulo de liquido (SOUZA et al.,
2015). De acordo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2017),
A drenagem linfática tem como objetivo aumentar o volume da linfa a ser transportada
pelos vasos e ductos linfáticos, por meio de manobras que imitem o bombeamento
fisiológico. Ela tem influência direta no aumento da oxigenação dos tecidos favorecendo a
eliminação de toxinas e metabolitos, aumenta a absorção de nutrientes por meio do trato
digestório, aumenta a quantidade de líquidos a ser eliminada e melhora as condições de
absorção intestinal, dentre outras funções.
Historicamente, o primeiro relato de uso da DLM data 1892, pelo cirurgião austríaco Winiwarter.
Posteriormente, estudo aprofundados sobre a aplicação da drenagem em tratamento de disfunções e
patologias foram realizados, fazendo com que o a técnica se tornasse mundialmente conhecida. Os principais
nomes na drenagem linfática estão descritos no quadro 2 (CAMARGO et al., 2018).

Quadro 2: Principais nomes da drenagem linfática.


Técnica Manobra Pressão aplicada Acessório Sentido da drenagem
Círculos fixos; Corporal: Proximal para
De 30 a 40 mmHg. Suave e leve deve
VODDER Bombeamento; distal
ser decrescente, da palma das mãos Não utiliza.
(DINAMARCA) Mao em concha; Facial: Centro da face ao
para os dedos.
Giratório ou rotação. linfonodo correspondente
Bombeamento em
Corporal: Proximal para
bracelete;
FÖLDI De 30 a 40 mHg suave, lenta, Bandagem elástica de distal
Círculos estacionários;
(ALEMANHA) intermitente e relaxante. média compressão. Facial: Centro da face ao
Pinçamento com
linfonodo correspondente
mobilização tecidual;

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Mobilização articular;
Movimento combinado.
Circular com os dedos;
Corporal: Proximal para
Circular com os De 30 a 40 mmHg suave e leve deve Bandagens,
LEDUC distal
polegares; ser decrescente da palma das mãos pressoterapia ou
(BELGICA) Facial: Centro da face ao
Combinados para os dedos. exercícios.
linfonodo correspondente
Pressão em bracelete.
Bombeamento por Corporal: Proximal para
GODOY e De 30 a 40 mmHg suave e leve deve
ativação clavicular; Roletes e RA de Godoy distal
GODOY ser decrescente da palma das mãos
Mao em concha; e Godoy Facial: Centro da face ao
(BRASIL) para os dedos.
Giratório ou rotação. linfonodo correspondente
Fonte: Adaptado de Zanella et al. (2010) e Santos et al. (2016).

Apesar de terem sido descritas em estudo diferentes, Todas as técnicas consistem na associação de
três categorias de manobras: captação, reabsorção e evacuação da linfa. As manobras são realizadas com
pressões suaves, lentas, intermitentes e relaxantes (OZOLINS et al., 2018). Godoy et al. (2004) dividem a
drenagem linfática em duas leis:
1ª a drenagem linfática manual deve obedecer ao sentido do fluxo, pois se for realizada em
sentido contrário pode forçar a linfa Cintra as válvulas, podendo danifica-las e,
consequentemente, destruir um ‘coração linfático’.
2º os linfonodos constituem naturalmente barreiras limitantes e funcionam como filtros do
sistema; portanto são limitadores da velocidade de drenagem. Deste modo, devemos
obedecer a capacidade de filtração dos linfonodos, controlando a velocidade da drenagem
e a pressão exercida.
Os autores descrevem uma nova técnica de drenagem linfática que associa roletes ao mecanismo de
drenagem. O estimulo segue o sentido do fluxo linfático como no método de Vodder, mas sugere a
eliminação dos movimentos circulares ao estimulo do linfonodo, simplificando o método (GODOY et al.,
2004). É de suma importância que, para a aplicação adequada da DLM, seja respeitada a anatomia e a
fisiologia do sistema linfático, ressaltando a necessidade de ser realizada por pessoa capacitada. O sentido
da drenagem linfática manual pode ser observado na figura 4.

Figura 4: Sentido da drenagem linfática.

Estudos apontam que, a partir da aplicação da DL em paciente com edema, observa-se rapidamente
a diminuição do inchaço, hematoma com favorecimento da neoformação vascular e nervosa, prevenindo
ainda a formação de cicatrizes hipertróficas (CEOLIN, 2006). A técnica é indicada ainda no tratamento do

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linfedema, fibroedemageloide (celulite), cirurgia plástica, menopausa, gestação, tensão pré-menstrual


(SILVA, 2010). No entanto, é contraindicada em casos de insuficiência renal, hipertensão arterial, gestação
de alto risco, câncer, trombose, processos infecciosos (SILVA et al., 2017). Vale ressaltar que o corpo humano
realiza de forma natural o processo de drenagem de líquidos, porém, em casos de patologias esse processo
fica mais lento ou defeituoso. Deste modo, a DL é um mecanismo que ajuda o organismo a reestabelecer o
equilíbrio através do estímulo no fluxo da linfa.

CONCLUSÕES

Através do exposto, pode-se concluir que, o sistema linfático possui papel fundamental no equilíbrio
do corpo humano e que, apesar de o organismo realizar a drenagem linfática de forma natural,
eventualmente pode ocorrer um desequilíbrio no funcionamento, acarretando em edema. Visando a
importância de se conhecer a opinião de outros autores sobre o tema exposto, observou-se uma grande
variação sobre a técnica escolhida, de modo que, a principal semelhança entre as técnicas descritas neste
trabalho é a velocidade e o direcionamento das manobras.
A técnica de drenagem linfática não é algo novo, desde sua criação, diversos estudos foram realizados
visando o aprimoramento, sempre respeitando a anatomia e fisiologia do sistema linfático. Deste modo,
observa-se que, independentemente do método aplicado, os movimentos da drenagem sempre devem ser
suaves e lentos, seguindo o sentido do fluxo da linfa. Ressalta-se ainda que, quando realizada por profissional
capacitado e da maneira correta, a drenagem linfática manual proporciona resultados positivos na redução
de edemas, motivo pelo qual é tão difundida pelo mundo.

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