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Críticas ao principialismo em bioética:


perspectivas desde o norte e desde o sul
Criticisms of principlism in bioethics: perspective
from the north and from the south

Volnei Garrafa Resumo


Universidade de Brasília. Programa de Pós-graduação em Bioética.
A corrente de pensamento denominada principia-
Brasília, DF, Brasil.
E-mail: garrafavolnei@gmail.com lismo teve caráter hegemônico no desenvolvimento
da bioética desde a publicação do livro Principles
Leandro Brambilla Martorell
of biomedical ethics em 1979. Essa hegemonia se
Universidade Federal de Goiás. Faculdade de Odontologia. Goiás,
GO, Brasil. fragilizou com os primeiros estudos críticos reali-
E-mail: lbmartorell@gmail.com zados por autores norte-americanos e europeus no
Wanderson Flor do Nascimento
início dos anos 1990. Logo após, bioeticistas latino-
Universidade de Brasília. Programa de Pós-graduação em Bioética. -americanos também produziram críticas ao caráter
Brasília, DF, Brasil. hegemônico e pretensamente universal dessa teoria
E-mail: wandersonflor@hotmail.com principialista. Inspirada nos referenciais da colo-
nialidade descritos por Aníbal Quijano, o presente
estudo procura sistematizar essas críticas em dois
grupos: aquelas vindas de autores do Hemisfério
Norte e aquelas provenientes de autores do Hemis-
fério Sul. As críticas vindas do Norte analisaram
conceitualmente o principialismo, explorando seus
aspectos filosóficos e sua validade como teoria.
Aquelas vindas do Sul, por sua vez, focalizaram a crí-
tica na aplicação dos princípios à realidade concreta
de desigualdade existente entre países centrais e
periféricos, mostrando como esse discurso preten-
samente universal contribui para a manutenção das
assimetrias verificadas entre países ricos e pobres.
Os estudos sobre a colonialidade contribuem para a
análise desse contexto na medida em que desvelam
o interesse dos países centrais em monopolizar as
formas de controle da subjetividade, da cultura e
da produção de conhecimento do mundo ocidental.
Palavras-chave: Bioética; Conceitos; Princípios;
Desigualdade Social.

Correspondência
Volnei Garrafa
Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília
Caixa Postal 04367, Universidade de Brasília. Brasília, DF, Brasil.
CEP 70919-970.

442 Saúde Soc. São Paulo, v.25, n.2, p.442-451, 2016 DOI 10.1590/S0104-12902016150801
Abstract Introdução
The principlism had a hegemonic character in the O neologismo “bioética” tornou-se conhecido no
development of the bioethics since the publica- início de 1971 a partir da publicação da obra Bioe-
tion of the book Principles of biomedical ethics, of thics: bridge to the future (Potter, 1971), de autoria
Beauchamp and Childress, in 1979. This hegemony do cancerologista norte americano Van Ressenlaer
began to weaken with the first critical studies by Potter, da Universidade de Wisconsin. Poucos
authors from the United States and Europe in the meses depois a mesma palavra passou também a
1990s. Immediately, however, bioethicists of Latin ser utilizada pelo ginecólogo-obstetra holandês
America also began to criticize the hegemonic and Andre Hellegers, do Instituto Kennedy de Ética da
allegedly universal principlism. This article aims to Universidade de Baltimore/Georgetown, mas com
systematize the criticisms of principlism and draw- conotação diferente. Segundo Abel (2007), Helle-
ing on references of coloniality, described by Aníbal gers não teve conhecimento prévio do neologismo
Quijano, present two distinct groups of critics: those proposto por Potter ou, se teve, não o utilizou de
who make their criticisms from the North and those forma consciente. A verdade é que ambos o usaram
who make them from the South. The northern group na mesma época, mas com significados variados:
conceptually analyzes the principialism exploring enquanto Potter deu-lhe um sentido mais amplo
the philosophical aspects and checking its validity relacionando-o como uma nova ciência da sobre-
as a moral theory. The southern group emphasizes vivência humana e ambiental, Hellegers o utilizou
that the application of principialism in poor coun- direcionado exclusivamente ao campo biomédico
tries intensifies inequality since this theory ignores (Patrão-Neves, 1996).
the ethical nature of social problems. The prospect Entretanto, outros estudiosos da história da
of coloniality is useful when shows how Northern bioética têm atribuído a origem do termo ao alemão
countries monopolize the forms of control of sub- Fritz Jahr, que em 1927 já havia escrito um artigo
jectivity, culture and knowledge production in the sobre o relacionamento ético entre o homem, os
Western world. animais e as plantas, valendo-se do termo bio-ethik
Keywords: Bioethics; Concepts; Principles; Social (Pessini; Hossne, 2008; Muzur; Rinčić, 2011).
Inequalities. Independentemente da origem do termo, é a par-
tir da década de 1970 que a bioética passa a crescer
como um campo da ética aplicada e a garantir seu
espaço no contexto da ciência, academia e socieda-
de. Possivelmente algumas demandas específicas,
como as criadas por Beecher (1966) ao denunciar
problemas éticos em pesquisas com seres humanos
e a resposta do governo norte-americano com a
criação da National Commission for the Protection
of Human Subjects of Biomedical and Behavioral
Research, que teve como produto a publicação de um
documento intitulado Belmont Report, inclinaram
a bioética preferencialmente para uma discussão
na área da pesquisa biomédica propondo três prin-
cípios fundamentais: respeito à autonomia, benefi-
cência e justiça (Garrafa; Prado, 2001).
Provavelmente por uma percepção da necessida-
de de discussões éticas também na prática clínica
e assistencial, Beauchamp e Childress valeram-se

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desse contexto e publicaram, em 1979, o livro Prin- diferenças significativas entre os pontos de crítica
ciples of biomedical ethics (2013) utilizando os três apresentados, também se propõe a separar essas
princípios acima elencados pelo Relatório Belmont críticas em dois grupos: críticas vindas desde o
e adicionando um quarto, que chamaram princípio Hemisfério Norte (ou críticas norteadas) e críticas
da não maleficência. Estaria, assim, inaugurado desde o Hemisfério Sul (ou críticas suleadas).
o chamado principialismo bioético (Pessini; Bar-
chifontaine, 1998) ou a bioética principialista ou o Críticas desde o Norte
principialismo em bioética.
Assim, recomendava-se aos profissionais de saú- As principais críticas desde o Norte apresenta-
de ou pesquisadores que durante as suas práticas das à bioética principialista e que foram aqui con-
respeitassem a liberdade particular de cada indi- sideradas são aquelas realizadas a partir dos textos
víduo decidir sobre os aspectos de sua condição de produzidos por Clouser e Gert (1990), Holm (1995)
vida (autonomia); que não fosse realizado qualquer e Gert, Culver e Clouser (1997). Para sistematizar e
tipo de intervenção que prejudicasse os indivíduos, apresentar estas críticas, opta-se por dividi-las em
abstendo-se das práticas nocivas (não maleficência); cinco diferentes categorias: o sequestro semântico;
que procurassem sempre agir no sentido de fazer a questão do protocolo; regras morais versus ideais
o bem (beneficência); que desenvolvessem suas morais; de cada princípio; a situação de fronteira.
práticas sem discriminação, agindo de modo justo
(justiça). O sequestro semântico
A bioética principialista é amplamente utiliza-
da desde então e possui grande influência sobre Nesta categoria pode-se identificar que a crítica
os pensadores em saúde. Por exemplo, no Brasil apresentada à bioética principialista está relacio-
a resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nada à utilização equivocada do termo “princípio”.
nº 196/96 (Brasil, 1996), que aprovou na época as Para os críticos, um princípio deve incorporar a
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas teoria que o originou, deve ser um enunciado signi-
envolvendo seres humanos no país, em seu preâm- ficativo para uma ação diretiva. Seu impulso deve
bulo, trata sobre os quatro princípios apresentados ser claro e seu objetivo (ou intenção) não pode ser
como quatro referenciais básicos da bioética. A ambíguo. Assim, a bioética principialista não traz
força desse referencial principialista, construída uma teoria clara que apresente os princípios. Aos
historicamente, também é percebida quando, não críticos, parece que houve um esforço para se jun-
raramente, declarações são proferidas no sentido tar quatro importantes e diferentes teorias éticas,
de garantir a esses princípios o potencial de esgotar a saber: autonomia, de Kant; beneficência, de Mill;
as discussões bioéticas, como se essa fosse a única justiça, de Rawls; e não maleficência, de Gert.
bioética existente ou possível. Criticam ainda que esses princípios são confli-
Por outro lado, diversos autores já lançaram tantes entre si e que para uma teoria possuir tal
críticas contra essa corrente de pensamento da bio- carga semântica deveria deixar clara a maneira que
ética (Clouser; Gert, 1990; Holm, 1995; Gert; Culver; os “princípios” se relacionam, e não deixar à escolha
Clouser, 1997; Schramm; Kottow, 2001; Garrafa; do operador da teoria a combinação a ser feita. Essa
Porto, 2003; Garrafa, 2005; Tealdi, 2006; Garrafa; inexistência de sistematização compromete a possi-
Azambuja, 2007; Tealdi, 2008) utilizando como bilidade de existência de uma teoria e de princípios
objeto críticas de diferentes aspectos e origens. A apropriadamente fundamentados.
própria expressão “principialismo” nasce no con-
texto crítico a essa perspectiva bioética (Clouser; A questão do protocolo
Gert, 1990). O presente artigo visa, justamente,
sistematizar as principais críticas relacionadas à Os críticos queixam-se de uma ausência de
bioética principialista e, por entender que existem protocolo que possa guiar os profissionais em situ-

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ações concretas. Para eles, Beauchamp e Childress como alguém seria capaz de fazê-lo a todo tempo e
desenvolvem descrições de várias maneiras de se a todos? Quando alguém não aplica esse princípio o
entender cada “princípio”, mas não estabelecem tempo todo ou a todos, esse agente deve ser punido?
uma ação diretiva específica e, assim sendo, não há Para os críticos, neste caso, a beneficência obrigato-
possibilidade de aplicá-los. riamente perde a característica de imparcialidade
O texto se aproximaria de uma situação de do dever moral – proposta pela bioética principialis-
orientação. Seria como se Beauchamp e Childress ta – e ganha a parcialidade do ideal moral.
recomendassem aos leitores que pensassem sobre
o princípio da beneficência e descrevessem várias De cada princípio
páginas sobre distinções e deliberações sobre a
beneficência (Clouser; Gert, 1990). Assim, como não Os críticos ainda estabelecem observações espe-
há uma teoria moral que amarre os princípios, não cíficas a cada um dos quatro princípios da bioética
há um guia de ação que seja coerente, claro, compre- principialista. Em relação à autonomia, entendida
ensivo e que especifique ações e nem justificativas como centro do principialismo, citam como exemplo
para essas regras. Quando muito, operam como um o dever de promover situações que favoreçam a de-
checklist inicial nomeando problemas morais em cisão autônoma. Além do fato de entenderem como
um contexto biomédico. Muito embora seus autores um ideal e não um dever moral, os críticos ainda
tenham adotado o caráter prima facie como defesa questionam a quem caberia o papel de promover a
dos princípios, a falta de diretivas impede posiciona- ação pedagógica de fortalecimento da autonomia.
mentos organizados sobre que princípios priorizar, Afinal, haveria uma possibilidade de influência
o que resulta na primazia do respeito à autonomia imoral para inclinar a decisão do outro, podendo se
em detrimento dos demais. aproximar de uma abordagem paternalista ou auto-
ritária. Ainda sobre a autonomia, evidenciam a falta
Regras morais versus ideais morais de clareza de aplicação do princípio, o que poderia
trazer possibilidades de posições flexíveis diante
Aqui se identifica o realce dos críticos na não da capacidade de exercer autonomia. Por exemplo,
distinção dos autores entre regras morais – princí- no caso de um pedido para se realizar um suicídio
pios que devem ser seguidos a todo o tempo sob o assistido, poder-se-ia decidir em fazê-lo por enten-
risco de punição – e ideais morais –princípios que der que o paciente possui capacidade de decisão
estimulam a prevenção e o alívio do mal, mas não autônoma ou não fazê-lo por entender o contrário.
requerem obrigação de segui-los. Em relação à beneficência, reforçam a crítica de
Entendem que, de modo geral, os quatro princí- ser tratada como um dever moral e não como um
pios são apresentados como deveres, porém, esses ideal moral.
princípios ora são tratados como regras, ora como Sobre o princípio da justiça, insistem que não se
ideais. Por exemplo, ao tratarem do princípio do res- parece com nenhuma regra moral, e, para os críticos,
peito à autonomia, Beauchamp e Childress trazem a os autores nem mesmo teriam procurado fingir a
dimensão do dever em respeitar a decisão autônoma tentativa em construir algo do tipo. Para os críti-
do outro, mas também do ideal moral em promover cos aqui trabalhados, a justiça é um capítulo com
situações que favoreçam a decisão autônoma. discussões sofisticadas de várias teorias de justiça
Em determinadas orientações, os críticos tam- conjuntamente. Para eles, o leitor pode ficar mais
bém apontam que entender todos os princípios como informado e sensível para diferenciar teorias da
regras morais cria um problema prático: é impossí- justiça, mas não para aplicar o princípio da justiça
vel que alguém os execute a todo tempo ou que seja em uma ação concreta.
executado por todos. Para ilustrarem o argumento, O princípio da não maleficência é o único que não
trazem questionamentos em relação ao princípio da faz a confusão entre dever e ideal moral: a expressão
beneficência em sua proposta de promover o bem: “não faça o mal” deve ser aplicada a todos em todos

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os momentos, sendo um ponto de acordo entre os está ancorada na ideia de que, desde a conquista
críticos e os autores do principialismo. da chamada América, o mundo histórico modificou
seu modo de se relacionar com o trabalho, com a
A situação de fronteira autoridade coletiva, com os modos de produção de
conhecimento e com a vida, inaugurando um novo
As quatro categorias de crítica anteriormente padrão de poder mundial baseado em uma raciona-
descritas possuem em comum o fato de criticarem a lidade eurocêntrica. Com uso de uma construção
teoria principialista em seu interior, ou seja, fazem mental que expressa as relações de dominação do
críticas em um nível filosófico e formal. Um dos crí- período colonial – principalmente a ideia de raça,
ticos aqui estudados, entretanto, possui um ponto forjada sob a égide do racismo –, essa ferramenta
de crítica que se desloca um pouco desta tendência se perpetua pelo tempo legitimando a ideia de su-
de observação. Holm (1995) identifica que a bioética perioridade do Norte sobre o Sul.
principialista, ao declarar princípios universais, Em outras palavras, a colonialidade do poder seria
erra por deixar de reconhecer que há dificuldade em
transferir os princípios de uma cultura para outra e esse regime de poder que, fundado em uma ideia
que para que sejam válidos, devem ser flexibilizados de desenvolvimento, impõe padrões econômi-
e adaptados a diferentes culturas. Ao se falar em cos, políticos, morais e epistemológicos sobre
autonomia, deve-se questionar a que tipo de auto- outros povos não apenas para estabelecer um
nomia se está referindo: se àquela empregada nos mecanismo de expansão dos Estados-Nação
Estados Unidos ou na Dinamarca, país de origem do desenvolvidos, mas para a própria criação da
crítico, por exemplo. identidade europeia (e estadunidense) (Nasci-
A presente categoria é entendida como uma mento; Garrafa, 2011, p. 291).
situação de fronteira porque as críticas apresenta-
das se esforçam para perceber o principialismo de A colonialidade do poder, assim, favoreceu a
modo mais contextualizado; entretanto, se limitam Europa – e suas projeções nos chamados “países
a entender como a bioética principialista deve reali- desenvolvidos” ou, geopoliticamente, os “países do
zar “correções” para ser aplicada a contextos além Norte”, como é o caso dos Estados Unidos – no sen-
daqueles nos quais foi criada. tido de monopolizar as formas de controle da subje-
Outra crítica sobre a universalidade da bioética tividade, da cultura e da produção de conhecimento
principialista foi apresentada por Patrão-Neves do mundo ocidental (Quijano, 2005). O que sustenta
(1996) ao afirmar que o principialismo não seria e legitima epistemicamente a colonialidade do poder
representativo da bioética continental europeia, que é este modo característico de produzir conhecimen-
se baseia em outros elementos fundamentais, como to, uma epistemologia que está relacionada a um
“a pessoa” e “dignidade” humanas, elementos pouco modo específico de utilizar os conhecimentos como
articulados na bioética principialista. um exercício de poder – a colonialidade do saber
Deste modo, a pretensa universalidade estaria (Nascimento; Garrafa, 2011). Há, na colonialidade
comprometida e a disciplina deveria incorporar do saber, a afirmação da perspectiva epistêmica eu-
outros parâmetros de avaliação, pois os apresen- rocêntrica, legitimada como a mais adequada para
tados por Beauchamp e Childress abririam espaço ler a realidade do mundo, sendo, ainda, vinculada às
para algum tipo de relativismo (Patrão-Neves, 1996). manutenções do padrão de poder moderno fundado
na lógica colonial.
Colonialidade e a bioética Em termos práticos, o que se observa é que a
principialista produção de conhecimento realizada nos países
do Norte possui maior legitimidade em ser reco-
A colonialidade do poder é uma categoria ela- nhecida como uma produção racional e moderna
borada pelo sociólogo peruano Quijano (2005) e justamente porque a modernidade e a racionalida-

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de foram pensadas como experiências e produtos Por isso é imperativo que o conhecimento pro-
exclusivamente europeus. Assim, essas relações duzido nos países desenvolvidos não seja avaliado
intersubjetivas e culturais entre os países do Norte e criticamente apenas a partir do olhar naturalizado
o restante do mundo inauguraram categorias “natu- dos críticos do Norte. Assim, outros pensadores,
ralmente” hierárquicas como: primitivo-civilizado, com destaque àqueles que pensam a partir da Amé-
mítico-científico, irracional-racional e tradicional- rica Latina, realizam leitura sobre este tema de
-moderno (Quijano, 2005). uma perspectiva que reconhece a desigualdade na
Assim, nesta discussão, a bioética principialista distribuição de poder entre os países centrais e peri-
é tratada como uma produção racional orientada féricos, realizando uma crítica “desde o Sul”. É essa
pelo pensamento eurocêntrico. Criada pelo Norte, perspectiva da crítica que será discutida a seguir.
para o Norte, a partir do Norte. Utilizando-se dessa
lente de observação da realidade, é notório que os Críticas desde o Sul
primeiros textos que apontaram críticas ao princi-
pialismo o fizeram também na perspectiva “desde As críticas aqui descritas são aquelas apresenta-
o Norte” sem um ponto de crítica histórico e polí- das principalmente por bioeticistas da América La-
tico localizado. A visão dessas críticas, portanto, tina (Schramm; Kottow, 2001; Garrafa; Porto, 2003;
é “interna”. Garrafa, 2005; Tealdi, 2006; Garrafa; Azambuja,
Deste modo, para os críticos que pensam des- 2007; Tealdi, 2008) que incorporaram a percepção
de o Norte, a bioética principialista é passível de histórica na discussão sobre o principialismo. Essas
críticas apenas enquanto uma pretensa teoria, isto críticas se aproximam da ideia de que “pensar desde
é, centram a discussão nos aspectos formais neces- o Sul implica em dialogar com os conceitos produ-
sários às teorias morais, evidenciando aqueles que zidos pelo Norte, atentos ao risco de subordinação
não estão presentes na produção de Beauchamp a eles” (Nascimento; Garrafa, 2011, p. 291).
e Childress, como a ausência de um guia de ação Portanto, as críticas apresentadas por esses
objetivo para o uso dos princípios bem como a falta textos, em geral, partem da compreensão de que a
de critério para definir o que são deveres e ideais produção racional apresentada pela bioética prin-
morais. Ou seja, apontam as falhas da estruturação cipialista possui um sentido político na medida em
da argumentação do ponto de vista teórico, fazendo que defende uma subjetividade específica e, assim,
uso de algumas situações individuais hipotéticas possui um discurso de poder que legitima determi-
para demonstrar os vícios de aplicação da teoria. nados padrões de pensamento em detrimento de
Entretanto, questões importantes como as limi- outros. Com isso, aceitar essa produção de conheci-
tações da teoria em relação à sua aplicabilidade a mento de maneira acrítica seria também um modo
contextos plurais ou até mesmo os prejuízos sociais de manter a subordinação.
frente à hegemonia desse pensamento não integram Para sistematizar e apresentar essas críticas,
o corpo da crítica. opta-se por dividi-las em quatro diferentes catego-
A ausência dessas preocupações reflete de certa rias: a) crítica em perspectiva histórica; b) princípios
maneira a colonialidade do saber, isto é, quando desproporcionais – a “super” autonomia; c) universa-
se está convencido que a produção intelectual dos lismo; d) a retomada conceitual e política – pilotem
países desenvolvidos é naturalmente superior; para suas próprias cabeças.
que se verifiquem “novas teorias”, tal qual poderia
ser considerada a bioética principialista, bastaria Crítica em perspectiva histórica
apenas um sistema de validação teórica também
produzida por esses países. Neste sentido, qualquer Para se apresentar os pontos de crítica “sulea-
possibilidade de verificação ou crítica da teoria que dos”, faz-se necessária uma avaliação histórica do
seja externa a esse sistema, sendo inferior, é irrele- processo de evolução da bioética. O primeiro aspecto
vante, ou pior, é invisível. a ser mencionado é o da percepção da apropriação

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e redução do termo bioética. Na década de 1970, “capaz de anular qualquer visão inversa, coletiva
inicialmente pensada por Potter (1971) como uma e indispensável ao enfrentamento das tremendas
ciência capaz de discutir as questões relativas à injustiças relacionadas com a exclusão social”
sobrevivência da humanidade, aproximando os (Garrafa, 2005, p. 128).
conhecimentos biológicos dos valores humanos, Além disso, ao se evidenciar a excessiva visibili-
o termo teria sofrido apropriações reducionistas dade e aplicação da autonomia em nível individual,
que limitaram a discussão de questões da bioética o princípio de justiça – coletivo e que deveria sig-
à pesquisa científica e à assistência em saúde. As- nificar um referencial de amplo apelo social – era
sim, a proposta de uma bioética interdisciplinar, pouco estudado ou praticado, e os princípios de
preocupada com amplas questões ambientais e de beneficência e não maleficência discutidos em di-
consumo, por exemplo, teria sido substituída por mensões exclusivamente deontológicas (Garrafa;
uma bioética médica ou uma ética biomédica. Porto, 2003; Garrafa, 2005; Garrafa; Azambuja,
Do ponto de vista histórico, Schramm e Kot- 2007). Preocupação também apresentada por Tealdi
tow (2001) evidenciam que, tendo nascido de um (2006, p. 59), que entendia haver uma “exaltação
contexto de aplicação à relação de pesquisadores da moral individualista com uma minimização da
e pesquisados e da relação profissional-paciente, ideia de justiça”.
ficaria clara a aplicação da ética a contextos in- Por fim, as críticas à autonomia se relacionam
dividuais. Por esse motivo é inusitado perceber também ao fato de a mesma ter contribuído para
que após a popularização dos quatro princípios criar uma indústria do Termo de Consentimento
da bioética principialista a influência dessa Informado (TCI), legalista e deontológica, instru-
corrente de pensamento era tão presente que fre- mentalizando na prática o pretenso exercício da
quentemente pensadores buscavam adaptar esses autonomia. Ou seja, por ser tratada como um “su-
princípios mesmo quando a discussão bioética perprincípio” e ter sua maturação em solo e cultura
se relacionava a contextos coletivos (Schramm; norte-americanos, o que se notou foi uma extensa
Kottow, 2001). preocupação dos atores que lidam com saúde e
pesquisa em se munirem de documentos – leia-se,
Princípios desproporcionais – a “super” autonomia contratos – que pudessem isentá-los de qualquer
culpa caso algo saísse errado no desenvolvimento de
A aplicação prática dos princípios em contextos suas práticas. O TCI deixaria de ter uma preocupa-
da América do Norte, apesar de basear-se em prin- ção genuína e comprometida em informar, interagir
cípios prima facie – isto é, princípios “provisórios”, e decidir com o outro e passaria a servir como uma
que devem ser respeitados até que seja mais impor- prova de isenção de culpa dos profissionais em rela-
tante o respeito a um segundo princípio – produzi- ção à decisão individual do sujeito (Garrafa, 2005).
ram uma teoria que superestimou o princípio da Ou seja, inversamente aos propósitos originais da
autonomia (Garrafa, 2005). Embora, segundo defesa bioética historicamente proposta por Potter, em vez
dos criadores do principialismo, Beauchamp e Chil- de garantir ou pelo menos representar os interesses
dress (2013), a autonomia não estaria sendo tratada das pessoas e comunidades verdadeiramente vulne-
por eles como uma espécie de super princípio, na ráveis, apenas reforça o lado mais forte da equação
prática concreta foi isso que aconteceu desde seus social, vulnerabilizando a banda mais frágil (os
primórdios no início dos anos 1980. pacientes) ainda mais.
A supervalorização da autonomia despertou
outros pontos de crítica, pois se percebia o risco de, Universalismo
em um discurso sobre o respeito à individualidade
dos sujeitos humanos, exageros na utilização do Outro problema apresentado pela perspectiva
termo em direção a um individualismo exacerba- crítica dos países do Sul é o da pretensão de univer-
do que poderia chegar até mesmo a um egoísmo salidade da bioética principialista, discutida de for-

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ma explícita no primeiro capítulo da sétima edição globais e coletivos. Assim, com a realização do
da obra de Beauchamp e Childress (2013), que faz Quarto Congresso Mundial de Bioética, realizado
referência à teoria da “moralidade comum” (tomada no Japão, em 1998 (tema central: bioética global) é
como fundamentação conceitual do principialismo que se conseguiu reinserir temas sobre a qualidade
a partir da quarta edição do livro, de 1994) como de vida, biodiversidade, recursos naturais, racismo e
“moralidade universal”. Afinal, como se pode falar acesso a sistemas públicos de saúde e medicamentos
em uso de ferramentas bioéticas universais se, por nas pautas de discussão da área. Já em 2002, com
exemplo, existem comunidades que nem chegam a o Sexto Congresso Mundial tendo acontecido no
construir socialmente um entendimento de autono- Brasil (tema central: bioética, poder e injustiça),
mia dos indivíduos, como no caso de comunidades grupos de estudo de pesquisa e pós-graduação foram
indígenas? (Garrafa; Porto, 2003; Garrafa, 2005; se fortalecendo pela América Latina e cobrando cada
Garrafa; Azambuja, 2007). Assim, os críticos desde vez mais o papel de uma bioética mais politizada e
o Sul também apresentam a percepção de que a au- comprometida com a resolução dos problemas de
tonomia deve ser entendida de acordo com a cultura; desigualdade no mundo (Garrafa; Pessini, 2003).
em vez de um esforço para adaptá-la e formatá-la em Em 2005, com a aprovação da Declaração Univer-
uma aproximação com o principialismo, deve ser sal sobre Bioética e Direitos Humanos da UNESCO1
vista como um esforço para a busca de compreensão (DUBDH), fica definitivamente confirmado o caráter
conjunta dos valores de determinado grupo diverso, pluralista da bioética. Essa declaração representa
podendo, inclusive, nem mesmo existir como um um divisor de águas na agenda bioética internacio-
princípio a ser considerado. nal por ampliá-la para além da temática biomédica/
biotecnológica, para os campos social, sanitário e
A retomada conceitual e política – pilotem suas ambiental (Garrafa, 2005).
próprias cabeças É nesse contexto que surgem alternativas à bio-
ética principialista, como a bioética de intervenção,
O grande problema apresentado pelos críticos que defende como moralmente justificável a
do Sul é que foi justamente essa bioética de signi-
ficado reduzido (que embandeira quatro princípios […] priorização de políticas e tomadas de decisão
pretensamente universais, tendo como carro-chefe a que privilegiem o maior número de pessoas, pelo
autonomia) que ficou conhecida internacionalmen- maior espaço de tempo e que resultem nas melho-
te como “a” bioética. Assim, com o reconhecimento res consequências […] com a busca de soluções
de que o principialismo seria insuficiente e/ou im- viáveis e práticas para conflitos identificados
potente para analisar problemas de saúde pública com o próprio contexto onde acontecem” (Gar-
(Schramm; Kottow, 2001), os macroproblemas éticos rafa, 2005, p. 130-131).
persistentes (ou cotidianos) verificados na realida-
de concreta (Garrafa; Porto, 2003; Garrafa, 2005; Dar atenção específica aos problemas persis-
Garrafa; Azambuja, 2007) é que se lutou por uma tentes no Sul implica ter uma percepção crítica do
retomada conceitual e política do papel da bioética cenário político, econômico e social do Sul na busca
na história da humanidade. de elementos suficientes à avaliação dos conflitos
Para obter resultados satisfatórios, essa retoma- éticos que envolvam a vida dos diversos grupos po-
da deveria acontecer em proporções globais, inclu- pulacionais em seus mais variados aspectos. Nesse
sive incluindo a ampliação da agenda da discussão cenário, as críticas à bioética principialista, advin-
da bioética em eventos científicos internacionais, das do Sul, não apenas se atentam aos contextos
uma ampliação que ultrapassasse os conflitos bio- nos quais as situações persistentes ocorrem, mas
médicos e individuais e alcançasse os problemas também devem observar com cuidado as ferramen-

1 Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_univ_bioetica_dir_hum.pdf>. Acesso em: 14 maio 2013.

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tas teóricas que se utilizam para avaliar e buscar a égide do desenvolvimento, do progresso e, por
soluções para as questões, situando-as frente às que não, em nome de um suposto benefício para as
geopolíticas do conhecimento que organizam as sociedades menos favorecidas (vale lembrar que as
teorias e as distribuem pelo mundo (Nascimento; missões catequizadoras, por exemplo, se aproxima-
Garrafa, 2011). ram dos povos indígenas brasileiros para salvá-los,
As críticas apresentadas neste tópico também reaproximá-los do único caminho de salvação que
podem ser entendidas como um chamamento aos eles julgavam existente)” (Nascimento; Garrafa,
bioeticistas dos países do Sul para que reflitam so- 2011, p. 291).
bre a incorporação acrítica de teorias eurocêntricas Vale ressaltar que estas críticas, apesar de divi-
da bioética. Ainda que essas teorias desenvolvam didas em críticas vindas desde o Norte e desde o Sul,
um papel importante, não podem ser coroadas como não necessariamente representam o pensamento
as únicas referências desse campo, principalmente de todo o grupo de bioeticistas desses países. É
por não contribuírem para a discussão e resolução certo, por exemplo, que podem ser encontrados
dos graves problemas sociais enfrentados pelos bioeticistas latino-americanos com pensamentos
países do Sul. Assim, estas críticas também são desde o Norte e norte-americanos ou europeus com
convocação aos países do Sul: pilotem suas próprias pensamentos desde o Sul.
cabeças.
Referências
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pasando por V. R. Potter. Bioética & Debat,
A bioética principialista recebeu críticas de Barcelona, v. 13, n. 50, p. 1-5, 2007.
diversos autores em diferentes momentos e por
distintas razões. Neste artigo se buscou evidenciar BEAUCHAMP, T. L.; CHILDRESS, J. F. Principles
algumas dessas críticas e realizar uma separação of biomedical ethics. 7nd. ed. New York: Oxford
entre os principais grupos de críticos, fundamenta- University Press, 2013.
da na perspectiva da colonialidade, tomando como BEECHER, H. K. Ethics and clinical research. New
referencial de diferenciação justamente os pontos England Journal of Medicine, New England, v. 274,
centrais de argumentação apresentados pelos di- n. 24, p. 1354-1360, 1966.
ferentes críticos. As críticas dos autores que ana-
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional
lisaram o principialismo em sua forma conceitual,
de Saúde. Resolução nº 196/1996. Normas e
explorando seus aspectos filosóficos e sua validade
diretrizes regulamentadoras de pesquisas
como teoria, ou seja, um aspecto de avaliação inter-
envolvendo seres humanos. Brasília, DF, 1996.
na da teoria principialista, denominou-se aqui como
Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/
sendo críticas desde o Norte.
web_comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23_
Convencionou-se aqui chamar de críticas desde o
out_versao_final_196_ENCEP2012.pdf>. Acesso em:
Sul aquelas sobre a aplicação dos princípios a uma
16 mar. 2016.
realidade concreta de desigualdade entre países
centrais e periféricos e que evidenciavam também CLOUSER, D.; GERT, B. A critique of priciplism.
mostrar como esse discurso pretensamente univer- Journal of Medicine and Philosophy, Chicago, v.
sal contribui para a manutenção das assimetrias 15, n. 2, p. 219-236, 1990.
entre os países ricos e pobres. GARRAFA, V. Da bioética de princípios a uma
Para Nascimento e Garrafa (2011), quando se tra- bioética interventiva. Bioética, Brasília, DF, v. 13,
ta das produções racionais do eixo eurocêntrico-es- n. 1, p. 125-134, 2005.
tadunidense “devemos estar atentos às armadilhas
que essas teorias podem trazer, ainda mais quando GARRAFA, V.; AZAMBUJA, L. E. O. Epistemología
são feitas na égide da colonialidade que domina sob de la bioética: enfoque latino-americano. Revista

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Contribuição dos autores


Os três autores participaram conjuntamente na concepção, desen-
volvimento e redação final do trabalho.

Recebido: 11/06/2015
Reapresentado: 12/02/2016
Aprovado: 25/02/2016

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