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Universidade Federal do Paraná

Curso: Engenharia Química

Disciplina: Operações Unitárias III

Professora: Agnes de Paula Scheer

Processos de Separação
Absorção

Curitiba
2016
Profª Agnes Absorção Operações Unitárias III

SUMÁRIO

Colunas de Recheio ........................................................................................... 3


Critérios de Projeto ........................................................................................... 15
“Hold-up” do líquido .......................................................................................... 20
Diâmetro da Coluna ......................................................................................... 21
Perda de Carga ................................................................................................ 22
Adendo para o cálculo de altura de coluna de absorção recheada .................... 5
Coeficientes Globais de transferência de massa ............................................... 9
Seleção do solvente ........................................................................................... 3
Capítulo –Interno de torres – Pratos e Recheios
Capítulo – Absorção Gasosa
Tabelas e Apêndices

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Seleção do solvente
A seleção do solvente é muito importante. Frequentemente é utilizado a água, por ser barata e
ter características como:

 Solubilidade dos gases: A solubilidade dos gases deve ser alta para que a taxa de
absorção seja grande e o equipamento e a vazão de solvente sejam menores.
Geralmente o solvente tem características semelhantes das substâncias a serem
absorvidas. Assim, óleos hidrocarbonetos são utilizados para absorver benzeno de
uma corrente gasosa e não água. Nos casos onde as soluções formadas são ideais, a
solubilidade do gás é a mesma em termos de frações molares para todos os solventes.
Para os solventes de baixa massa molecular devem ser utilizadas as frações mássicas
para obter maior precisão nos cálculos. Um solvente que reaja com o gás a ser
absorvido aumenta muito a solubilidade, mas tem que ser recuperado (a reação deve
ser reversível). Um exemplo, o H2S é facilmente absorvido com etanolamina em baixas
temperaturas e facilmente dessorvido em altas temperaturas. A soda cáustica pode
absorver o H2S mas como a reação é irreversível não pode ser regenerado.
 Volatilidade: o solvente deve ter baixa pressão de vapor pois os gases que deixam a
coluna absorvedora em geral estão saturados com o vapor do solvente. Se necessário,
um segundo solvente menos volátil deve ser utilizado para recuperar os vapores do
primeiro solvente antes que os gases sejam liberados. Por exemplo, no caso de
colunas absorvedoras de hidrocarbonetos é utilizado um óleo para recuperar os
voláteis e os vapores do solvente são recuperados com outro óleo não volátil. O H2S
pode ser absorvido com um fenolato de sódio mas os gases devem ser lavados com
água para remover o fenol residual.
 Corrosividade: Os materiais de construção a serem utilizados no equipamento não
devem ser especiais para reduzir custos iniciais. Assim, aceita-se no máximo um
tratamento anti-corrosivo para a solução.
 Custo: O solvente deve ser barato para que as perdas não signifiquem custos
excessivos e deve ser facilmente adquirido.
 Viscosidade: Os solventes com baixa viscosidade são os preferidos porque permitem
altas taxas de absorção, melhor capacidade de molhar o recheio, baixas perdas de
carga, melhores características para troca de calor, melhores coeficientes de
transferência de massa.
 Estabilidade Química: O solvente deve ser quimicamente estável e, se possível, não
inflamável.
 Toxicidade: Como é possível que vapores do solvente deixem a coluna de absorção,
não faz sentido eliminar um produto gasoso indesejável gerando outro.
 Baixo ponto de congelamento: em regiões onde podem ocorrer baixas temperaturas
um congelamento de líquido dentro da coluna pode gerar danos irreversíveis.

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 Alto ponto de ebulição: Solventes que serão submetidos a processo de “stripping”


podem operar em temperaturas “altas” e com isso a quantidade de vapor que sai do
processo pode ser considerável.

Exercício 1
O componente A está sendo separado em uma mistura gasosa de A+B em uma torre
de paredes molhadas. Em determinado ponto da coluna, a concentração no seio do
gás 𝑦𝐴 = 0,70 e no líquido 𝑥𝐴 = 0,10. A torre está operando a temperatura de 30 °C e
1,0 atm. Nestas condições os dados de equilíbrio são os seguintes:

𝑥𝐴 0,0 0,1 0,2 0,25 0,3 0,34

𝑦𝐴 0,0 0,155 0,340 0,465 0,650 0,905

Os coeficientes de transferência de massa para A são 𝐾𝑥 = 1,55 lbmol/h.ft2 e 𝐾𝑦 = 1,03


lbmol/h.ft2. Calcule a composição da interface 𝑦𝑎𝑖 e 𝑥𝑎𝑖 e o fluxo de A.

1,00
0,95
0,90
0,85
0,80
0,75
0,70
0,65
0,60
0,55
0,50
0,45
YAG 0,40
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
XAL

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Exercício 2

Em um processo de absorção efetuado em coluna recheada, o componente solúvel do


gás está presente em pequenas quantidade. A relação de equilíbrio pode ser
representada por 𝑦 = 𝐻′𝑥 , onde x e y são as frações molares nas respectivas
correntes líquida e gasosa. As vazões molares são G e L e o solvente que entra não
contém o componente solúvel.

a) Mostre que para fração de recuperação, f, do componente solúvel:


1 1 − 𝜙𝑓 𝐻′ 𝐻′𝐺
𝑁𝑇𝑈 𝑂𝐺 = 𝑙𝑛 𝑜𝑛𝑑𝑒𝜙 = = = 𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙𝑑𝑒𝑇𝑀
1−𝜙 1−𝑓 𝐿 𝐿
𝐺
b) Qual o valor de (NTU)OG quando f = 0,99; L/G = 1,4(L/G)mín, onde (L/G)mín é a
razão mínima necessária para a recuperação especificada.

Adendo para o cálculo de altura de coluna de absorção recheada

Algumas vezes é útil ser capaz de converter um tipo de HTU em outro, sendo
facilmente deduzidas as relações:
𝐾𝑦 = 𝐾𝐺 𝑃

𝜌
𝐾𝑋 = 𝐾𝐿
𝑀
Por idêntico argumento:

𝐾𝑂𝑦 = 𝐾𝑂𝐺 𝑃

𝜌
𝐾𝑂𝑋 = 𝐾𝑂𝐿
𝑀
Logo:

𝐺 𝐺
𝐻𝑇𝑈 𝐺 = =
𝐾𝑦 𝑎 𝐾𝐺 𝑃𝑎

1 𝑎𝑃(𝐻𝑇𝑈)𝐺
=
𝐾𝐺 𝐺

Também:

𝐺 𝐺
𝐻𝑇𝑈 𝑂𝐺 = =
𝐾𝑂𝑦 𝑎 𝐾𝑂𝐺 𝑃𝑎

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1 𝑎𝑃(𝐻𝑇𝑈)𝑂𝐺
=
𝐾𝑂𝐺 𝐺

Mas:

1 1 𝐻"
= +
𝐾𝑂𝐺 𝐾𝐺 𝐾𝐿

𝑎𝑃(𝐻𝑇𝑈)𝑂𝐺 𝑎𝑃(𝐻𝑇𝑈)𝐺 𝐻"


= +
𝐺 𝐺 𝐾𝐿

𝐻"𝐺
(𝐻𝑇𝑈)𝑂𝐺 = (𝐻𝑇𝑈)𝐺 +
𝐾𝐿 𝑎𝑃

Mas:

𝐿 𝐿
𝐻𝑇𝑈 𝐿 = 𝜌 =
𝐾𝐿 𝑀 𝑎 𝐾𝑋 𝑎

𝜌
𝐻"𝐺 𝐿 𝑀
(𝐻𝑇𝑈)𝑂𝐺 = (𝐻𝑇𝑈)𝐺 +
𝐾𝐿 𝑎𝑃 𝐿 𝜌
𝑀

𝜌
𝐺𝑝𝑎 𝑀
(𝐻𝑇𝑈)𝑂𝐺 = (𝐻𝑇𝑈)𝐺 + 𝐻𝑇𝑈 𝐿
𝐿𝑐𝑎 𝑃

𝐺𝑦𝑎
(𝐻𝑇𝑈)𝑂𝐺 = (𝐻𝑇𝑈)𝐺 + 𝐻𝑇𝑈 𝐿
𝐿𝑥𝑎

𝐻′𝐺
(𝐻𝑇𝑈)𝑂𝐺 = (𝐻𝑇𝑈)𝐺 + 𝐻𝑇𝑈 𝐿
𝐿

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Balanço de massa Forma de 𝒉 Unidade do coef. De


transf. de massa
(base molar)
Coeficientes locais de transferência de massa
𝑦𝐵
𝐺 𝑑𝑦
𝐺. 𝑑𝑦 = 𝑘𝑦 𝑦 − 𝑦 𝑖 𝑎. 𝑑𝑕 𝑕= 𝑘𝑦 𝑘𝑚𝑜𝑙/(𝑚2 𝑠
Quando a fase gasosa engloba a maior

𝑘𝑦 𝑎 𝑦 − 𝑦𝑖
parte da resistência à transferência de

𝑦𝑇

𝑑𝑝
Veja que 𝐺. 𝑑𝑦 = 𝐺 , logo,
𝑃
𝑝𝐵
𝐺 𝑑𝑝 𝑘𝐺 𝑠/𝑚
𝐺. 𝑑𝑦 = 𝑘𝐺 𝑝 − 𝑝′ 𝑎. 𝑑𝑕 𝑕=
𝑘𝐺 𝑎𝑃 𝑝𝑇 𝑝 − 𝑝𝑖
Coeficientes globais de transferência de massa
𝑦𝐵
𝐺 𝑑𝑦 𝑘𝑦 𝑘𝑚𝑜𝑙/(𝑚2 𝑠
𝐺. 𝑑𝑦 = 𝑘𝑂𝑦 𝑦 − 𝑦 ∗ 𝑎. 𝑑𝑕 𝑕=
𝑘𝑂𝑦 𝑎 𝑦𝑇 𝑦 − 𝑦∗
𝑑𝑝
Da mesma forma, 𝐺. 𝑑𝑦 = 𝐺 , por isso,
massa...

𝑃
𝑝𝐵
𝐺 𝑑𝑝 𝑘𝐺 𝑠/𝑚
𝐺. 𝑑𝑦 = 𝑘𝑂𝐺 𝑝 − 𝑝∗ 𝑎. 𝑑𝑕 𝑕=
𝑘𝑂𝐺 𝑎𝑃 𝑝𝑇 𝑝 − 𝑝∗

Balanço de massa Forma de 𝒉 Unidade do coef. De


(base molar) transf. de massa
Coeficientes locais de transferência de massa
𝑥𝐵
𝐿 𝑑𝑥
𝐿. 𝑑𝑥 = 𝑘𝑥 𝑥 𝑖 − 𝑥 𝑎. 𝑑𝑕 𝑕= 𝑘𝑥 𝑘𝑚𝑜𝑙/(𝑚2 𝑠
𝑘𝑥 𝑎 𝑥𝑇 𝑥𝑖 −𝑥
Quando a fase líquida engloba a maior
parte da resistência à transferência de

𝑀
Veja que 𝐿. 𝑑𝑥 = 𝐿 𝜌 . 𝑑𝐶 logo,
𝐶𝐵
𝜌 𝑖 𝐿 𝑑𝐶
𝐿. 𝑑𝑥 = 𝑘𝐿 𝐶 − 𝐶 𝑎. 𝑑𝑕 𝑕= 𝜌𝑎 𝑘𝐿 𝑠/𝑚
𝑀 𝐾𝐿 𝐶𝑇 𝐶𝑖 −𝐶
𝑀

Coeficientes globais de transferência de massa


𝑥𝐵
𝐿 𝑑𝑥

𝐿. 𝑑𝑥 = 𝑘𝑜𝑥 𝑥 − 𝑥 𝑎. 𝑑𝑕 𝑕= 𝑘𝑥 𝑘𝑚𝑜𝑙/(𝑚2 𝑠
𝑘𝑜𝑥 𝑎 𝑥𝑇 𝑥∗ −𝑥
𝑀
Da mesma forma, 𝐿. 𝑑𝑥 = 𝐿 . 𝑑𝐶, logo,
𝜌
massa...

𝐶𝐵
𝜌 ∗ 𝐿 𝑑𝐶
𝐿. 𝑑𝑥 = 𝑘𝑂𝐿 𝐶 − 𝐶 𝑎. 𝑑𝑕 𝑕= 𝜌𝑎 𝑘𝐿 𝑠/𝑚
𝑀 𝑘𝑂𝐿 𝐶𝑇 𝐶∗−𝐶
𝑀

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Figura 5 – Coluna absorvedora de pratos

Figura 6 – Relação gás-líquido mínima na absorção

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Figura 7 – Linhas de operação e de equilíbrio. Caso geral. Efeito de eficiência de absorção

Coeficientes Globais de transferência de massa

Considerando a curva de equilíbrio para o sistema, a determinada T e P. As


ordenadas são as frações molares de A nas duas fases, portanto, pode-se escrever
para a fase gasosa:

𝑁𝐴= 𝐾𝑜𝑦 (𝑌𝐴𝐺 − 𝑌𝐴∗ )

Figura 8 – Overall concentration differences

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Do gráfico:

(𝑌𝐴𝐺 − 𝑌𝐴∗ )
𝑌𝐴𝑖 − 𝑌𝐴∗
𝑚′ =
XAi − XAL
𝑌𝐴𝐺 − 𝑌𝐴∗ = 𝑌𝐴𝐺 − 𝑌𝐴𝑖 + 𝑚 ′ (𝑋𝐴𝑖 − 𝑋𝐴𝐿 )

Substituindo as diferenças de concentrações pelos seus equivalentes


fluxos/coeficientes, tem-se:

1 1 𝑚′
= +
𝑘0𝑦 𝑘𝑦 𝑘𝑥

K0y= coeficiente global de TM baseado na fase gasosa

De maneira análoga para a fase líquida:

𝑁𝐴 = 𝐾𝑜𝑥 (𝑋𝐴∗ − 𝑋𝐴𝐿 )

1 1 1
= ′ ′
+
𝑘𝑜𝑥 𝑘𝑦 𝑚 𝑘𝑥

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Colunas de Recheio

São dispositivos utilizados em operações de destilação e absorção, onde o contato


entre as fases se dá de modo continuo e em contra-corrente.

As suas principais características são:

 A perda de carga através de uma coluna de recheio atinge níveis mais


baixos que para colunas de pratos, pois o vapor não precisa borbulhar no
líquido. Além disso, consegue-se um adequado contato líquido-vapor quando
bem projetada. Desta forma, são adequadas nas operações a vácuo.
 Sistemas com tendência à formação de espumas são manuseadas
satisfatoriamente numa coluna de enchimento, devido ao grau relativamente
baixo de agitação do líquido.
 A retenção de líquido é baixa, reduzindo bastante a quantidade de
energia a ser fornecida ao sistema para manter as temperaturas desejadas.
 Sua construção é geralmente mais barata e mais simples.
 São sensíveis a baixas vazões de liquido porque há formação de
caminhos preferenciais que diminuem a área molhada, e por consequência, o
contato líquido-vapor.
 Maior eficiência de contato entre as fases, fazendo com que as colunas
sejam menores.
 Usual até diâmetros de 3 ft devido a problemas de distribuição de
líquido, se bem que existem colunas recheadas tão grandes quanto as de
pratos.
 Não são adequadas quando há material sólido presente no líquido pois
a manutenção da coluna é muito difícil.
 São indicadas para serem utilizados com sistemas corrosivos pois o
enchimento pode ser feito de porcelana ou outro material inerte.
 Não são adequadas quando existe problema de calor de solução ou
calor de reação. A troca térmica não é das melhores, o que gera problemas de
pontos quentes na coluna e problemas de dilatação diferencial.
 Não são adequadas para processos onde existem paradas frequentes
e/ou a diferença de temperatura com o ambiente é muito grande, novamente
por problemas de dilatação diferencial que comprometem o leito.

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 Não são adequadas quando é necessário agitar o líquido para melhorar


os coeficientes de transporte de massa.
 O cálculo é impreciso.

Os recheios podem ser classificados em dois tipos:

a. Recheio aleatório: são os mais comuns. O leito é constituído de peças


discretas com um formato especifico que são dispostos aleatoriamente para
formar o leito. Alguns exemplos são anéis de Raschig, selas de Berl, selas
Intaiox, anéis Pall, entre outros.
b. Recheio estruturado: são recheios especiais, patenteados, e projetados
para maximizar o contato líquido-vapor, as vazões internas e minimizar a perda
de carga. Alguns fabricantes são Sulzer, Glitsch-Grid e outros.

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Figura 9 - Coluna de recheio aleatório (anéis de Raschig)

A Figura 9 mostra os detalhes internos de uma coluna recheada com anéis de


Raschig. Pode-se observar que após certa altura, faz-se necessário redistribuir o
líquido para o centro da coluna. Os anéis de Raschig são os mais simples de serem
utilizados e considerados da primeira geração. De uma geração para outra houve
aumento da capacidade e/ou eficiência. As correlações generalizadas de perda de
carga, que serão estudadas mais adiante, atendem bem a maioria dos recheios

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randômicos de primeira geração, os quais possuem baixa capacidade e fator de


empacotamento (Fp) > 60.

Em princípio, qualquer material que permita ser molhado pelo líquido e que não
ofereça muita resistência à passagem do vapor pode ser utilizado como recheio de
uma coluna. Entretanto, algumas características limitam o número de dispositivos que
pode ser utilizado no interior da coluna, tais como:

 Deve possuir uma alta área superficial por unidade de volume.


 Deve possuir uma alta fração de vazios para permitir a passagem de
grandes quantidades de líquido e de vapor sem causar sérios problemas de
perda de carga.
 Deve ter uma boa capacidade de redistribuição de líquido. O líquido
tente a escorrer pelas paredes da coluna e deve ser redirecionado para o
centro a fim de manter o contato entre as fases.
 Devem ser quimicamente inertes aos fluidos a serem processados.
 Devem ter resistência estrutural para permitir facilidade de manuseio e
instalação.
 Devem ser de baixa densidade e baixo custo.

As Figuras 10 e 11 apresentam outros de tipos de recheios aleatórios e


estruturados. Cada tipo tem uma forma característica de ser carregado no leito, a fim
de conseguir o maior empacotamento possível, para evitar movimentações futuras dos
componentes de enchimento que podem formar caminhos preferenciais indesejáveis.

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Figura 10 – Recheios aleatórios.

Figura 11 – Recheios estruturados tradicionais e anéis particionados arrumados (fonte


Koch-Glitsch) - Ver anexo I mais figuras

Critérios de Projeto

a) Projetar para operar na região de carregamento razoável/perto do limite


máximo (40 a 80% da inundação);
b) Dimensão do recheio não deve ser maior que 1/10 ou 1/15 do diâmetro da
torre;
c) Altura de cada seção recheada é limitada a aproximadamente, por exemplo:
3D – para anéis de Raschigs; 5D – para anéis Pall.

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∆P no ponto de carga: 20 a 60
mmH2O/m

G - 65 a 80 % da vazão de
inundação

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Figura 12 – Generalized pressure drop correlation for packed beds.

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“Hold-up” do líquido

O “hold-up” específico do líquido, isto é, = (o volume do “hold-up”/volume do


leito recheado) na região de pré-carregamento foi encontrado a partir de extensivos
experimentos de Billet e Schultes (1995) para uma série de sistemas gás-líquido
usando uma variedade de recheios randômicos e estruturados.

O “hold-up” específico depende das características do recheio, da viscosidade,


da densidade e da velocidade superficial do líquido, de acordo com a expressão
adimensional 1.0, a seguir:

1 2
𝐹𝑟𝐿 3 𝑎𝑕 3 (1,0)
𝑕𝐿 = 12
𝑅𝑒𝐿 𝑎

Onde:
𝑕𝐿 = hold-up específico do líquido, m3 hold-up/m3 leito recheado
𝑣𝐿 𝜌 𝐿
𝑅𝑒𝐿 = número de Reynolds: ReL = 𝑎𝜇𝐿
(1.1)

𝑣𝐿 = velocidade superficial do líquido, m/s


𝑎 = área específica do recheio, m2/m3
𝑣𝐿 2 𝑎
𝐹𝑟𝐿 = número de Froude para o líquido: FrL= 𝑔
, (1.2)

𝑔 = 9,8 m/s2 (aceleração da gravidade)


𝑎𝑕 = área hidráulica ou efetiva, área específica do recheio

A razão das áreas específicas é dada pelas equações (1.3) e (1.4):


𝑎𝑕
𝑎
= 𝐶𝑕 𝑅𝑒𝐿 0,5 𝐹𝑟𝐿 0,1 𝑝/ 𝑅𝑒𝐿 < 5 (1.3)
𝑎𝑕
𝑎
= 0,85𝐶𝑕 𝑅𝑒𝐿 0,25 𝐹𝑟𝐿 0,1 𝑝/ 𝑅𝑒𝐿 ≥ 5 (1.4)

Para garantir o molhamento completo do recheio, distribuidores adequados e


redistribuidores devem ser usados. A velocidade superficial do líquido deve exceder os
os valores da tabela a seguir, (Seader e Henley, 1998).

Tipo do Material de Recheio vL mínima (mm/s)


Cerâmico 0,15
Metal Oxidado 0,03
Metal Polido 0,09
Polimérico 1,20

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Exercício 3

Uma coluna de absorção foi projetada usando um óleo com viscosidade


cinemática de 3,0x10-6 m2/s como solvente. A velocidade superficial do líquido que
será utilizada é de 0,01 m/s, a qual está bem acima do valor mínimo requerido para
boa molhabilidade. A velocidade superficial do gás será tal que a operação estará na
região de pré-carregamento. Dois recheios randômicos devem ser considerados.

a) anell Pall de metal (50 mm)


b) anel Hiflow de metal (50 mm)
Estime o “hold-up” específico, para cada um desses recheios, e analise a redução
da fração de vazios para o fluxo do gás causada pelo fluxo do líquido.

Diâmetro da Coluna

O diâmetro da coluna é determinado para evitar a inundação e operar na região


de pré-carregamento, com uma queda de pressão abaixo de 1,2 kPa/m de altura de
recheio (equivalente a 1,5 in H2O/ft de altura de recheio).

As curvas de inundação das figuras das páginas 18 e 19 (CGPC ou GPDC)


podem ser descritas pela regressão polinomial (eq 1.5) e pode-se obter a primeira
estimativa do diâmetro da coluna com as equações (1.6), (1.7) e (1.8). Foi constatado
que a perda de carga na inundação é extremamente dependente do fator do recheio
tanto para recheios randômicos quanto para estruturados. Kister e Gill (1991)
desenvolveram a expressão empírica da equação (1.9) que relaciona a perda da carga
para inundação e o fator de empacotamento do recheio.

𝑙𝑛 𝑌𝑓𝑙𝑜𝑜𝑑 = − 3.5021+1.028 ln 𝑋+0.11093 (𝑙𝑛𝑋 )2 (1.5)

𝑌 = 𝐹𝑝 𝐶𝑠2 µ0.1
𝐿 (1.6)

𝜌𝑔 1/2
𝐶𝑠 = 𝑣𝑔 (1.7)
𝜌𝐿 − 𝜌𝑔

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4𝑄𝐺 0,5
𝐷= (1.8)
𝑓𝑣𝐺𝐹 𝜋

∆𝑃𝑓𝑙𝑜𝑜𝑑 = 93.9𝐹𝑝0.7 (1.9)

Perda de Carga

Modelos teóricos podem ser usados para predizer a queda de pressão em


leitos recheados com fluxo de gás e líquido em contracorrente. Estes modelos
estendem as equações, bem estudadas, para queda de pressão em leito seco, ao
considerar o efeito do “hold-up” do líquido. Baseado em estudos experimentais com 54
diferentes materiais, Billet e Shultes (1991) desenvolveram a correlação para a queda
de pressão do gás no leito seco, ΔP 0, equação (1.10).

Onde:

Z=altura do recheio

𝑘𝑤 =fator da parede

∆𝑃0 𝑎 𝜌𝑔 𝑣𝐺2 1 (1.10)


= 𝛹0 3
𝑍 𝜀 2 𝑘𝑤

1 2 1 𝑑𝑝
= 1+ (1.11)
𝑘𝑤 3 1−𝜀 𝐷

1−𝜀 (1.12)
𝑑𝑝 = 6
𝑎

64 1.8 (1.13)
𝛹0 = 𝐶𝑝 + 0.08
𝑅𝑒𝐺 𝑅𝑒𝐺

𝑣𝐺 𝑑𝑝 𝜌𝐺 𝑘𝑤 (1.14)
𝑅𝑒𝐺 =
1 − 𝜀 𝜇𝐺

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∆𝑃 𝜀 1.5 𝑅𝑒𝐿
= 𝑒𝑥𝑝 (1.15)
∆𝑃0 𝜀 − 𝑕𝐿 200
0.5
𝐷𝐿 𝑎𝑣𝐿
𝑘𝐿 = 0.757𝐶𝐿 (1.16)
𝜀𝑕𝐿
3/4
𝐷𝐺 𝑃 𝑎 𝑅𝑒𝐺 2/3
𝑘𝑦 = 0.1304𝐶𝑣 0.5
𝑆𝑐𝐺
𝑅𝑇 𝜀(𝜀 − 𝑕𝐿 𝑘𝑤 (1.17)

O fator de parede é importante para colunas com uma razão inadequada de


diâmetro efetivo do recheio pelo diâmetro da coluna. Equações ( 1.11) e (1.12).

O coeficiente de resistência para recheio seco (Ψ0), fator de fricção modificado,


é dado pela expressão empírica (1.13).

Onde: Cp=constante do recheio (a partir de dados experimentais encontrados


na tabela 4.1)

Quando o leito recheado é irrigado, o “hold-up” do líquido causa um aumento


na queda de pressão. Os dados experimentais são razoavelmente correlacionados
pela equação (1.15).

Exercício 4

Ar contendo 5% em mol de NH3, fluxo total de 20 kmol/h, entra em uma coluna


recheada que opera a 293 K e 1 atm. Um fluxo contracorrente de 1500 kg/h de água
líquida pura deve absorver 90% da amônia. Estimar a velocidade superficial do gás e a
queda de pressão da inundação. Calcule o diâmetro interno e a perda de carga para
operação a 70% da inundação para os dois recheios:

a) anéis de Raschig (25 mm)

b) anéis Hiflow metálico (25 mm)

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Coeficientes de TM

Billet e Schultes, após extensiva investigação, mediram e correlacionaram os


coeficientes de TM para 31 sistemas (binários e ternários) com 67 tipos e tamanhos
diferentes de recheios em colunas com diâmetro variando de 6 cm a 1,4 m. Os
sistemas incluíram alguns em que a resistência à TM residia principalmente na fase
líquida e outros para os quais a resistência na fase gás predominava.

Para a resistência na fase líquida, a correlação proposta foi a (eq. 1.16), onde
CL é uma constante empírica característica do recheio, tabela 4.2.

Para a resistência na fase gás, a correlação proposta foi a (eq. 1.17), onde CV
é uma constante empírica da tabela 4.2. ReG como definido na equação (1.14) e

Sc  número de Schmidt 
D AB

A sequência para o cálculo das difusividades em soluções aquosas (D L) e em


mistura de gases (DG) será mostrada no exercício a seguir.

Exercício 5 – Projeto de Coluna Recheada para Absorver Álcool Etílico

Quando o melaço de cana é fermentado para produzir o “vinho de caldo de


cana”, o vapor rico em CO2 contém uma pequena quantidade de etanol. O álcool será
recuperado pela absorção contracorrente com água em coluna recheada.

O gás entrará na torre a uma vazão de 180 kmol/h, a 303 K (29,84°C) e 110
kPa. A composição em mol do gás é 98% CO 2 e 2% etanol. A recuperação do álcool
deve ser de 97%. Água pura a 303 K entrará na coluna a uma vazão de 151,5 kmol/h,
a qual é 50% acima da taxa requerida para a recuperação especificada. A torre será
empacotada com anéis Hiflow metálicos (50 mm) e projetada para uma perda de carga
de 300 Pa/m de altura de recheio.

a) Determine o diâmetro da coluna para as condições de projeto;

b) Estime a % usada das condições de inundação;

c) Estime os coeficientes de TM volumétrico para o gás e o líquido (kyah e kLah)

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c.1) Estimativas das difusividades do etanol em soluções aquosas diluídas a 303 K


(DL) e em uma mistura gasosa com CO2 a 303 K e 110 kPa (DG).

c.1) Cálculo do 𝐷𝐿

VC  167,1 cm 3 / mol
Etanol:   4,53 A (diâmetro de colisão , parâmetro de Lennard  Jones )

 362,3 K ( Lennard  Jones )
k

Na ausência de dados experimentais, os valores dos parâmetros dos


componentes puros podem ser estimados pelas relações:


 1,15.Tb   1,18.Vb1 3
k

Vb (cm 3 / gmol)  0,285.VC


1, 048
(volume molar da substância como líquido no seu ponto

de ebulição normal)

Para solutos em soluções aquosas:

0,19 
D AB  1,25x108 (Vb  0,292)T 1,52 B

9,58
  1,12
Vb
Em que: D AB  Difusividade de A em soluções aquosas muito diluídas (cm 2 / s )
T K
 B  vis cos idade da água (cP )

c.2) Cálculo do DG

  0,98  3 3 2
3,03    x10 T
1 2 
  AB 
M
D AB 
PM AB  AB  D
12 2

Onde:

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DAB=coeficiente de difusão (cm2/s)


MA, MB=massas molares de A e B
T=K , P=bar

MAB =2[1/MA +1/MB]-1

 AB =(  A +  B )/2

σAB=diâmetro de colisão, parâmetro de Lennard-Jones, Ă


ΩD=integral de colisão na difusão, adimensional, f(T):
a c e g
D  * b
  
(T ) exp( d .T ) exp( f .T ) exp( h.T * )
* *

Onde:

KT  AB A  B
T*   .
 AB K K K

K=constante de Boltzmann=1,38x10 -16 erg/K

a=1,06036
b=0,15610
c=0,193
d=0,47635
e=1,03587
f=1,52996
g=1,76474
h=3,89411

Exercício 5

Uma corrente de 18.000 Nm3/h (60 °F, 1 atm) de uma gás contendo 42 % de CO 2, 40
% de metano, 10 % de etano e 8 % de propano deverá ser tratada em uma torre
recheada, com 400.000 kg/h de DEA a 25 %. Selecione o recheio e especifique o
diâmetro da torre, que operará a 3 kgf/cm 2 e 35 °C e que deverá absorver 95 % do
CO2. (Admita que o diâmetro seja para as condições de topo.)

Propriedades físicas a 35 °c
Grandeza Valor Unidade
Densidade da solução de DEA 1,02 g/cm3
Viscosidade da solução de DEA 1,2 cP

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Oscillatory Variation of Void fraction Near the Walls of Packed Beds

It is well known that the wall in a packed bed affects the packing density resulting in
void fraction variations in the radial direction. Mueller (1992) developed the following
equation to predict the radial void fraction distribution in a cylindrical tower packed with
equal-sized spheres:

𝜀 = 𝜀𝑏 + 1 − 𝜀𝑏 𝑗0 𝛼𝑟 ∗ exp⁡(−𝛽𝑟 ∗ )

Where

3.15 𝐷
𝛼 = 7.45 − 𝑓𝑜𝑟 2.02 ≤ ≤ 13.0
𝐷/𝑑𝑝 𝑑𝑝

11.25 𝐷
𝛼 = 7.45 − 𝑓𝑜𝑟 ≥ 13.0
𝐷/𝑑𝑝 𝑑𝑝

0.725 0.220
𝛽 = 0.315 − 𝜀𝑏 = 0.365 +
𝐷/𝑑𝑝 𝐷/𝑑𝑝

𝑟
𝑟∗ = 0 ≤ 𝑟 ∗ ≤ 𝐷/2𝑑𝑝
𝑑𝑝

𝐽0 = 𝐵𝑒𝑠𝑠𝑒𝑙 𝑓𝑢𝑛𝑐𝑡𝑖𝑜𝑛 𝑜𝑓 𝑡𝑕𝑒 𝑓𝑖𝑟𝑠𝑡 𝑘𝑖𝑛𝑑 𝑜𝑓 𝑜𝑟𝑑𝑒𝑟 𝑧𝑒𝑟𝑜

𝑟 = 𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑖𝑠𝑡𝑎𝑛𝑐𝑒 𝑚𝑒𝑎𝑠𝑢𝑟𝑒𝑑 𝑓𝑟𝑜𝑚 𝑡𝑕𝑒 𝑤𝑎𝑙𝑙

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Figura 11 – Oscillatory variation of void fraction near the walls of a packed bed.

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