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ABSORÇÃO DE GASES

1. Aspectos introdutórios
√ Objetivo:
Remover um ou mais componentes selecionados (solúveis) de uma mistura de gases ou
vapores por absorção para dentro de um líquido adequado e relativamente não-volátil
√ Remoção está baseada na T. M. na interface, controlada principalmente pelas taxas de difusão
√ Fisicamente:
Absorção se baseia na diferença de solubilidade dos diversos componentes gasosos na fase
líquida
√ Forma do equipamento é similar ao da destilação
√ Método de operação da absorção e da destilação não é o mesmo
- Diferença essencial é que na destilação o vapor é produzido em cada estágio por
vaporização parcial do líquido que se encontra em seu ponto de ebulição (bolha) e, na
absorção, o líquido está bem abaixo do seu ponto de ebulição, enquanto o gás está bem
acima do seu ponto de condensação (orvalho)
- Na destilação há difusão das moléculas em ambas as direções, o que não se verifica na
absorção, onde as moléculas de gás difundem para o líquido, sendo o movimento na direção
contrária negligenciado
√ Em geral, a razão entre as taxas de líquido e gás é, consideravelmente, maior na absorção que na
destilação
√ Esquema operacional da coluna de absorção de gases
Líquido Gás/Vapor

Recheio ou
bandejas

Gás/Vapor + Líquido +
Gás soluto Gás Soluto
√ Formas de configuração para colunas:
- Colunas de Pratos ou Bandejas
- Coluna de Leito Empacotado ou de Recheio

√ Classificação dos processos de absorção:


- Absorção física
- Absorção química
√ Exemplos de absorção:
- Carbonatação de bebidas refrigerantes
- Formação do ácido clorídrico a partir a cloreto de hidrogênio e água
- Remoção de CO2 na fabricação de amônia
- Recuperação de solutos (SO2, acetona, HCl e outros) em diversos processos
√ Absorção é a segunda maior operação da Engenharia Química

2. Condições de equilíbrio
√ Quando duas fases são colocadas em contato físico direto, elas eventualmente buscam pela
condição de equilíbrio, que é fixada pela Curva de Solubilidade
√ Em qualquer mistura de gases, o grau na qual cada componente do gás é absorvido é determinado
por sua pressão parcial
Existem três tipos de gases que podem ser considerados neste aspecto:
- Gás muito solúvel
- Gás moderadamente solúvel
- Gás pouco solúvel
√ A máxima concentração que pode ser obtida é aquela na qual a pressão de vapor do soluto é igual
a sua pressão parcial na fase gás
[ ]
√ Se a pressão total do sistema é superior a 0,5 MN m 2 , a solubilidade de um gás não é afetada
significativamente pela variável pressão. No entanto, ela é sempre afetada pela variável
temperatura, ou seja, um aumento nesta variável causa uma redução na solubilidade
√ Para concentrações diluídas de muitos gases, e sobre um amplo espectro de alguns gases, a
relação de equilíbrio é dada pela Lei de Henry
   . 
Gás H [mol/(litro.atm)]
O2 0,0013
NO2 0,01
CO2 0,034
SO2 1,24
NH3 62
H2CO 6300
HNO3 210000

3. Cálculo do número de estágios de equilíbrio


√ Colunas de pratos são particularmente usuais quando a taxa de escoamento de líquido é suficiente
para inundar todos os pratos
√ Um arranjo básico

Nomenclatura conveniente:

Lm é fluxo molar de líquido inerte (livre de soluto)


Gm é fluxo molar de gás inerte (livre de soluto)
x é razão molar do componente absorvido no líquido
y é razão molar do componente absorvido no gás
n é refere-se ao número do prato em questão
s é número total de pratos na coluna

√ Balanço de material
Aplicado ao componente absorvido (soluto) na secção compreendida da base até o prato n
Assumindo cada prato como um estágio ideal
G m × y n + Lm × x1 = Gm × y 0 + Lm × xn +1
Reescrevendo-a, obtém-se a Linha de Operação:
Lm L
yn =× x n+1 + y 0 − m × x1
Gm Gm
Inclinação desta equação de linha reta:  ⁄ 
Concentrações terminais:  ;   e  ;  
Graficamente:
Pontos de equilíbrio: curva pqr
Pontos comuns terminais: A e B

Observações. O gás saindo do prato da base está em equilíbrio com um líquido de


concentração x1 , mostrado pelo ponto 3 sobre a linha de operação. Então, o ponto 4
indica a concentração do líquido no segundo prato a partir da base. Este
procedimento é seguido até o ponto B, que fornece as concentrações de gás saindo e
de líquido entrando no topo da absorvedora
√ Análise de Grau de Liberdade
F = C − P + 2 = 3−2+ 2 = 3
Variáveis intensivas: Temperatura; Pressão; 1 (uma) concentração;
(T e P são de ajustes operacionais mais fáceis)

3.1 Fator de absorção


√ Permite calcular o número de pratos ideais na coluna
√ Considere que a curva de equilíbrio pode ser representada pela relação
  . 
- Número de pratos requeridos para um dado grau de absorção pode, convenientemente, ser
relacionado pelo Método de KREMSER (1930) e SOUDERS e BROWN (1932)
- Mesmo tratamento é aplicável para soluções concentradas, contanto que as concentrações
sejam expressas por frações molares e que a curva de solubilidade possa ser representada
aproximadamente por:
Yeq = m × X eq
√ Balanço de material no estágio n fornece
Lm × ( x n − xn +.1 ) = G m × ( y n −1 − y n )
Se estágio ideal obedece à relação: y n = m × xn
Lm
Então: × ( y n − y n +1 ) = y n−1 − y n
m × Gm

Denomina-se Fator de Absorção :  
.
y n−1 + A × y n+1
Finalmente: y n =
1+ A
√ Aplicando a relação anterior
no prato da base (  1): y1 = o
y + A × y2
1+ A
...
y − ys A s +1 − A
no prato do topo ( n = s ): o = s +1
y o − y s +1 A −1
√ Análise
- Mudança na composição do gás:   
- Máxima mudança possível na composição do gás:    
yo − y s A s +1 − A
Neste caso: = s +1
yo − m × xs +1 A −1
√ A relação anterior é, convenientemente, representada na figura a seguir (Souders & Brown, 1932)

- Provavelmente, o valor mais econômico para absorção é Lm (m × Gm ) = A = 1,3


- Se A < 1 , um número de pratos muito grande é requerido para alcançar uma elevada
recuperação, e até mesmo um número infinito não fornece a recuperação completa
√ Se a operação é de dessorção (“stripping”), pode-se escrever:
s +1
x s +1 − x1
=
(1 A) − (1 A)
x s +1 − y0 m (1 A)s +1 − 1
Fator de Stripping ():   1⁄
√ Localização das Linhas de Operação
Absorção Dessorção

3.2 Razão limite


√ É uma variável de operação
√ Valores limites da razão entre os fluxos  (com composição ) e  (com composição )
- Conduz à separação desejada
- Conduz a um número infinito de estágios
√ Razões limites na absorção
- Razão Limite de Mínimo

- Razão Limite de Máximo

- Leitura das concentrações de equilíbrio e das correntes passantes


√ Razões limites na dessorção
- Razão Limite de Máximo

- Razão Limite de Mínimo

4. Projeto de coluna de recheio


√ Mecanismos de absorção:
- Teoria de Dois Filmes
- Outras teorias: Teoria da Penetração; Teoria Filme-Penetração
√ Equação geral de transferência de massa de um soluto 
 !  " . !  !   " . !  ! 
 ! é Taxa de Absorção, #$% ⁄ á'() * +(,$-
" é coeficiente de T. M. baseado na interface do filme . , "  #+(,$⁄/$,'.(+$-
"  #/$,'.(+$⁄+(,$-
!  !  é força motriz na fase gás
!  !  é força motriz na fase líquida
√ Reescrevendo-a:
" !  ! 

" !  ! 
Graficamente:

√ Um esquema básico de torre empacotada

Nomenclatura conveniente:

 é fluxo molar de gás inerte


 é fluxo molar de líquido inerte
Y é razão molar do componente absorvido no gás
X é razão molar do componente absorvido no líquido

√ Balanço de material é dado pela T. M. entre as fases:


 ! . ). . 01  " . ). !  ! . . 01 [mol de soluto/tempo]
ou
 ! . ). . 01  " . ). !  ! . . 01 [mol de soluto/tempo]
Onde: A é área da secção transversal da coluna
dZ é altura da secção de empacotamento
a é área de superfície da interface por unidade de volume da coluna
). . 01 é área de interface S para a transferência,   ). 02  ). . 01
√ Capacidade de torres empacotadas
- Avaliação da capacidade envolve:
Área de superfície da interface, )
Porosidade
- Molhabilidade da superfície da interface deve ser tão elevada quanto possível
- Tx. de molhabilidade mínima implica na tx. de líquido mínima p/ performance satisfatória

4.1 Altura de coluna baseada nas condições no filme de gás


√ Balanço molar do soluto dentro do volume . 01
.  . 03  .  . 04 [mol soluto/tempo]
 .
Como: .  . 03  " . ). !  ! . 01
5
!  5 . 
Após manipulações:
59 1
7
 8 3. 1 8 3 
6 01  1  .6 . 03
 " . ).  5: 3  3
Para misturas diluídas, obtém-se (assumindo " constante ao longo da coluna):
 59
03
1 .6
" . ).  5: 3  3

4.2 Altura de coluna baseada nas condições no filme de líquido


√ Balanço molar do soluto dentro do volume . 01
Como: .  . 04  " . ). !  ! . . 01
;
!  ; . <=>?@ (<=>?@ é moles de soluto+líquido por unidade de volume)
Após manipulações:
;9 1
7
 8 4 . 1 8 4
6 01  1  .6 . 04
 " . ). <=>?@ ;: 4  4 
Para concentrações diluídas, obtém-se (assumindo " e <=>?@ constantes na coluna):
 ;9
04
1 .6
" . ). <=>?@ ;: 4  4 

4.3 Altura de coluna baseada no coeficiente global


√ Coeficiente global baseado na fase gasosa:
- Força motriz baseada na concentração de gás: 3  3
- Coeficiente global de transferência de gás: A
- Para misturas diluídas:
 59
03
1 .6
A . ).  5: 3  3
- Em misturas diluídas, a fração molar é aproximadamente igual à razão molar. Então:
 B9
0
1 .6
A . ).  B:   
√ Coeficiente global baseado na fase líquida:
- Força motriz baseada na conc. de líquido: 4  4
- Coeficiente global de transferência de líquido: A
- Para misturas diluídas:
 ;9
04
1 .6
A . ). <=>?@ ;: 4  4 
- Em misturas diluídas, a fração molar é aproximadamente igual à razão molar. Então:
 C9
0
1 .6
A . ). <=>?@ C:   

4.4 Linha de operação e integração gráfica para a altura de coluna empacotada


√ Balanço molar de soluto entre base da coluna e qualquer plano com as razões molares Y e X
 . 3  3   . 4  4
Rearranjando-a:

3  3  . 4  4

Essa é uma equação de linha reta (Linha de Operação)
Inclinação:  ⁄ 
Passa pelo ponto: 4 , 3 
Também passa por 4E , 3E , se integrar em toda coluna

√ Força motriz no processo pode ser controlada pelo filme de líquido ou pelo filme de gás
- Se o filme de gás está controlando o processo, então 3  3 e a coordenada é F 4, 3 
Força motriz causando a transferência é dada pela distância DF
59
03
6
5: 3  3
Selecionando valores de Y, ler valores de 3 e calcular 1⁄ 3  3
- Se o filme de líquido está controlando, então 4  4 e a coordenada é R 4 , 3
Força motriz causando a transferência é dada pela distância DR
;9
04
6
;: 4  4 
Selecionando valores de X, ler valores de 4 e calcular 1⁄ 4  4 
√ Caso especial – curva de equilíbrio é uma linha reta   . 8 /
- Mostrou-se que:   . A . ). . 01   . 0
B GB
- Para concentrações diluídas, pode-se mostrar que:   F: F9
C GC : 9

- Balanço material na parte inferior da coluna:   

.   
- Após manipular estas três equações:
A . ).    E
.1 
    @
Onde:    @ é média logarítmica de   
- Em termos de razões molares:
A . ).  3  3E
. 1.   .
 3  3 @
- Para soluções concentradas (introduz-se o fator H):
A . ).  3  3E
. 1. . H  .
 3  3 @

Onde: H 
5
- Quando " ⁄" é constante (inclinação DE constante), tem-se DQ⁄DF constante

4.5 Número de Unidades de Transferência e Altura de Unidade de transferência


√ Número de unidades de transferência total da fase gás:
PB
NM N O B GB [adimensional]
F
- Então:

NM  A . ). .1

- Reescrevendo:
1
NM 
HM
Onde: HM é a altura de unidade de transferência total da fase gás
- Então:

HM 
. A . )
- Se a força motriz é considerada apenas no filme de gás:

H 
. " . )
Onde: H é a altura de unidade de transferência do filme de gás
- Pode-se mostrar que:
. 
NM  . NM

√ Similarmente
- Altura de unidade de transferência total da fase líquida

HM 
<=>?@ . A . )
Onde: <=>?@ é a concentração molar média do líquido
- Se a força motriz é considerada apenas no filme de líquido:

H 
<=>?@ . " . )
Onde: H é a altura de unidade de transferência do filme de líquido
- Pode-se mostrar que:
. 
HM  H 8 . H


HM  H 8 .H
.  
√ Correlações empíricas para calcular altura de unidade de transferência do filme
,T . U,EV . U,TV . W ,X
H  R. S ]
 ,TV . Y,VZ . Y,X . [,VZ . 0\,X
U,^^ . W ,X
H  R. S ]
 ,X . Y,__ . [,X . 0\,XX
Onde: R é constante (para anéis de Raschig, R  30; para selas Berl, R  21)
 e são taxas de fluxo de massa por unidade de área
0\ é tamanho de empacotamento da partícula
Os limites de validade e as unidades para os termos destas duas equações são:

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