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Anhllse Psicológica (%'E), II.

1:llC124

Algumas notas sobre


as teorias da aquisição da linguagem:
Piaget, Chomsky, Skinner
FRANÇOISE PAROT *

Este artigo tem por objectivo expor o modo de um tal trabalho é suscitar um debate. Porém,
como o problema teórico da aquisição da lin- no âmbito deste artigo, não poderemos deixar
guagem é posto pelas três principais correntes de ser breves, esquemáticos e simplificar ao
que orientam a investigação em psicolinguística: máximo as posições em presença. No entanto,
Chomsky, Piaget e Skinner. A razão que nos tentaremos não retirar o essencial.
leva a abordar este problema é por nos parecer Outra nota preliminar: Esta exposição tem um
que isso permite aprofundar as polémicas epis- carácter critico. Está perfeitamente excluído que,
ternológicas que actualmente caracterizam a psi- individualmente e no actual estádio do nosso
cologia dita «científica>>.Por isso sublinhamos trabalho, possamos emitir opiniões sobre o que
que a nossa abordagem não se limitará apenas deveria ser a psicologia da linguagem. Procura-
ao problema da aquisição da linguagem, mas, remos mais tarde compreender o que ela é.
por razões que julgamos evidentes, muitas vezes Antes de examinarmos as três posições em
alargaremos o âmbito da nossa exposição. questão é necessário que fique assente uma dife-
Para nós, a aquisição da linguagem não cons- rença importante na abordagem dos três autores:
titui senão um tema de aplicação de uma pro- -Chomsky define-se primeiramente pelas
blemática mais geral que poderemos resumir da suas posições em linguística, mas define-se tam-
seguinte maneira: Há verdadeiramente opções bém pelas suas posições políticas. Ambas são
irredutíveis em d'sicologia cieniífica» ou tratas bem conhecidas. A partir das suas posições em
-se ÍM realidade de versões diferentes de uma linguística e em política Chomsky elaborou uma
mesma opção fundamental? «psicologia»no sentido geral. Isto é, se seguir-
Definido o objecto do nosso trabalho, este mos Chomsky nas suas posiçóes em linguística
será em parte constituído por opiniões ou julga- e em política tal implica uma certa concepção
mentos, de qualquer forma tomadas de posição da psicologia. I3 necessário sublinhar que para
num domínio problemático. Estas tomadas de Chomsky, e por razões que voltaremos a referir,
posição não poderemos defendê-las em nome as fronteiras entre psicologia e linguística são
da sua verdade mas pelo que julgamos ser a sua difíceis de determinar. As concepções de criati-
justeza. Nós consideramos que o interesse maior vidade, de competência por exemplo, funcionam
na linguística chomskiana, mas no decorrer desta
* Investigador no Laboratoire de Psychologie ex- exposição nós considerá-las-emos como uma
perimentale et comparé (associado ao CNRS,Univer-
sité René-Descartes (Sorbonne) e EPHE, 3ème Section. parte da psicologia chomskiana, definindo a sua

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linguística como um conjunto de regas que lhe a linguagem permite comunicar socialmente os
parecem descrever a estrutura das linguagens. conteúdos: é uma actividade social de troca. A
-Piaget e Skinner, pelo contrário, definem- linguagem humana diferencia-se da das abe-
-se pelas suas posições em psicologia, ainda que lhas, por exeniplo, o que não assegura que sai-
o primeiro se tenha dedicado no princípio A bo- bamos alguma função de representação mas
tânica e o segundo ci literatura. É a partir de sim uma simples função de comunicação. A
concepções psicológicas que eles desenvolvem maior parte das espécies animais dispõe de inc-
uma certa posição quanto a linguagem. Aliás, canismos de representação da realidade: os
podemos acentuar que a sua psicologia contém chimpanzés, por exemplo, nas situações de des-
igualmente posições ideológicas, posições que vio mostram que dispõem daquilo a que Piaget
estabelecem eventualmente laços estreitos com chamou a permanência do objecto; mas estas
certas práticas do aparelho escolar. capacidades de representação não são uíilizadas
Esta diferença entre Chomsky, por um lado, nas suas trocas comunicativas.
e Piaget e Skinner, por outro, permite, em parte, Escolhemos apresentar estas três correntes de
compreender que para o primeiro a linguagem acordo com um plano que parece talvez acadé.
constitui um domínio de estudo específico e mico mas que nos pareceu mais apto a permitir
uma característica distintiva do homem, en- um debate. Começaremos por Chomsky, passa-
quanto para Piaget e principalmente Skinner, a remos a Piaget e terminaremos com Skinner,
linguagem não é senão um comportamento segundo uma escolha que não é arbitrária. Para
c o m os outros. cada um deles, resumiremos rapidamente a sua
Esta exposição será articulada volta da in- concepção de aquisição da linguagem, as suas
vestigação daquilo que constitui, para cada um concepçijes teóricas e epistemológicas funda-
dos autores, o mofor da aquisição da linguagem, mentais e tentaremos enfim situar a «sua» psi-
o que cada um deles define como o princípio cologia relacionando-a com certas disciplinas
que está na origem do desenvolvimento, assim conexas, em particular a biologia e o estudo
como o conjunto de factores que determinam R dos fenóinenos sociais, pois q u e em epistemolo-
conduta do indivíduo. gia o pólo orgânico e o pólo social constituem
Procuraremos mostrar que em Ultima análise pontos de referência indispensáveis. E relacio-
estamos em presença de uma altermiiva incon- nando-a ainda com o estudo do comporta-
tornúvel. quer seja o meio (ou ambiente), quer mento animal, pois para alguns a linguagem
seja o organismo com as suas diversas caracte- constitui a característica diferenciadora da es-
rísticas, que constitua esse motor. pécie humana. Finalmente relacionando-a com
Esta alternativa remete-nos para um debate a elaboração de uma teoria do conhecimento em
filosófico e cada um destes três autores tomou geral pois a evolução cognitiva da criança asse-
claramente posição nesse debate. É necessário melha-se a evolução histórica do conhecimento.
acentuar que esse debate não se sobrepõe ao de- Passamos a expor seguidamente alguns ele-
bate inato/adquirido, que retomaremos em prin- mentos conclusivos sobre as diferenças e seme-
cípio e que de qualquer forma se nos coloca, lhanças entre estes pontos de vista.
quer tomemos o meio ou o organismo como
motor da ontogénese. I -NOAM CHOMSKY
Finalmente, tomaremos sempre em conta as
funções representativa e comunicativa da lin- Seria muito longo analisar aqui detalhada-
guagem. Esquematicamente, podemos conside- mente as razões do grande acolhimento encon-
rar que a linguagem permite representar a rea- trado pelas teses chomskianas ou demorarmo-
lidade através de uma relação entre um objecto -nos no impacto que tiveram todas as tomadas
e uma palavra, por exemplo; a este nível ela de posição de Chomsky tanto em linguística co-
permite representar a realidade. Por outro lado mo em política. Mas a inserção de Chomsky
na corrente científica, parece contudo um fenó- aquilo a que chamámos linguística chomskiana.
meno interessante porque explica em parte a Esta é quase exclusivamente estrutural e tem
posição de Chomsky em psicologia: o seu ina- como objectivo construir uma gramática uni-
tismo; em oposição aos tecnocratas americanos versai que seja a formalização da competência
cuja teoria mais «notável» parece ser o behavio- de todo o sujeito, mas a linguagem não é aqui
rismo, em nome do humanismo mas sobretudo estudada senão como modo de representação
do racionalismo, Chomsky combate as posições da realidade. Jamais nos seus aspectos comuni-
empiristas dos psicólogos. Contra a tábua rasa cativos como a transmissão de conteúdos de
ele postula que a criança vem ao mundo com indivíduo para indivíduo.
capacidades - verbais em particular - já pro- Nenhuma arnbiguidade resta quanto a ausên-
gramadas (Skinner e seguidores ironizaram esta cia de papel que Chomsky determina para o
questão perguntando quem transforma o homem meio social e mesmo físico na aquisição da lin-
em máquina). Por estas razões, não há qualquer guagem. Para ele é inegável que o facto da
ambiguidade em Chomsky quanto ao que cons- criança aprender a falar é um fenómeno bioZó-
titui o motor do desenvolvimento da criança: gico. Para os que permaneceram incrédulos e
são as suas estruturas inatas e é por isso que, tal não acreditaram que Chomsky tivesse expri-
como escreveu em 1970, a linguística é uma mido claramente esta posição, leram com utili-
parte da psicologia. Com efeito, as característi- dade o seu último Livro Réflexions sur la Lan-
cas estruturais das linguagens dependem das ca- guge. Para ultrapassar uma convicção condicio-
racterísticas do cérebro humano, e por este mo- nal na obra de Chomsky que alguns -nos
tivo existem pontos comuns e universais em quais me incluo- puderam tomar como a me-
todas as linguagens. Assim, a sequência dos ti- lhor arma contra o behaviorismo, a leitura desta
pos de discursos que a criança é capaz de emi- obra é higiénica; lemos aí, por exemplo, que «os
tir em diferentes idades (discursos caracterizados princípios que governam a estrutura e o em-
de maneira estrutural pela sua sintaxe e pelo prego da linguagem são universais, de acordo
tipo de operação que permite passar da sua es- com uma necessidade biológica e não histórica»
tnitura profunda & sua estrutura de superfície) ou ainda que: acertas reaiizaçíjes intelectuais
não é senão a manifestação dos processos de como a aprendizagem da linguagem revelam es-
actualização das estruturas inatas. Mais preci- tritamente uma capacidade biológica determi-
samente, para Chomsky, no caso de uma criança nada»; ou ainda para o inatismo das regras
de ano e meio, todas as potencialidades gra- específicas de linguagem: ao pensamento da
maticais estão já presentes, mas se a criança não criança contém a seguinte instruçáo: construir
as utiliza é porque é necessário esperar a «colo- tal regra».
cação certa» dos diversos utensílios de realiza- Chomsky toma uma posição firmemente ra-
ção, dos filtros psicológicos, como as operações cionalista em filosofia e a expressão extrema
mnemónicas, perceptivas, fonatórias, etc. que deste racionalismo evidencia-se quando ele diz
realizaram essas potenciaiiáades. A rapidez com que «O processo que explica o conhecimento
que a criança vem a utilizar uma estrutura pelas estruturas do espírito é mais frutuoso que
muito complexa, como é a linguagem, não pode aquele que assenta nas estruturas do mundo».
explicar-se pelos mecanismos da imitação ou da Que poderemos dizer da «Psicologia Choins-
aprendizagem descritos pelos psicólogos; tanto kiana», das suas relações com outras disciplinas?
mais que acontece frequentemente a criança
produzir discursos totalmente novos que jamais 1. Com a Biologia: Porque o motor do com-
ouviu e que foram criados gracps a capacidade portamento é o organismo e as suas estruturas
inata a que Chomsky chama competência. características, a psicologia chomskiana estabe-
Nota: Estas concepções de Qomsky em lece relações privilegiadas com a biologia. Se-
Psicologia estabelecem uma estreita relação com gundo Chomsky ela vai mesmo mais longe, pois,

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tal como afirma em Réflexions sur lu h g a g e , tivo. Mas muito recentemente este diferendo
a psicologia é uma parte da biologia (logo, igual- parece ter sido sanado e Chomsky interessa-se
mente, a linguísitca). Por consequência podemos agora pela capacidade cognitiva humana que ele
tomar da teoria linguística a competência e a considera totalmente programada. Podemos ci-
aquisição da linguagem em termos biológicos. tar a propósito uma das suas notas esclarece-
doras: «O espírito humano é um sistema biolo-
2. Com o estudo dos jeiiómenos sociais: gicamente determinado, tendo certas potencia-
Também neste caso a posição chomskiana 6 lidades e certos limites... ele tem uma adapta-
clara: para Chomsky as estruturas sociais, as ção natural para imaginar as teorias correctas
ideologias, são como a linguagem manifesta- de um tipo determinado,.
ções das estruturas do nosso espírito. Ele afirma
que, por exemplo, «OS sistemas de confiança
são os que o espírito, tal como a estrutura bio- rI - JEAN PIAGET
lógica, destinou a conhecer». Consequentemente
G no âmbito muito complexo da construção
a psicologia chomskiana pode explicar os fenó-
de uma teoria do conhecimento que se situam
menos sociais em termos biológicos; ele afirma as concepções de Piaget sobre a aquisição da
assim que «a hipótese inatista inclui iguaimente linguagem. Piaget afirmou várias vezes que a
os princípios sobre o lugar e o papel dos indiví- sua teoria se diferencia por um lado do inatismo
duos na sociedade, na natureza e nas condições e por outro do empirismo, quer dizer de
de trabalho,. Chomsky e de Skinner, e nos seus escritos sobre
3. Com o estudo d o animal: Como recordá- psicologia ele pretendeu demarcar-se tanto de
mos, a linguagem é para Chomsky um compor- um como do outro. Mais precisamente, pode-
tamento específico, não como os outros, que mos observar que é sobretudo contra o empi-
é próprio do homem que é o único animal do- rismo que ele se levantou. Como afirma em
tado de razão. Se o homem fala é porque na Le Structuralisme Piaget considera, mais tarde,
história filogenética se produziu um fenómeno que a posição de Chomsky é incompleta. A afi-
biológico de emergência, qualquer coisa como nidade entre Piaget e Chomsky revela-se em
uma mutação que produziu uma modificação particular pela orientação dos trabalhos dos psi-
qualitativa decisiva. Deste modo os macacos colinguístas de Genebra que se reclamam do
não falam; podemos apenas condicioná-los a primeiro e do segundo. O que distingue, prin-
comunicar por um sistema de sinais, o que não cipalmente, Piaget dos chomskianos é que para
tem muito interesse. ele o aparecimento e a evolução da linguagem
Logo, a este nível a psicologia chomskiana dependem da evolução cognitiva da criança. A
parece contornar o estudo do animal. Mas, por- linguagem é para ele uma das manifestações da
que a linguagem é para Chomsky um fenó- função semiótica e os trabalhos da Escola Psi-
meno biológico, é interessante estudar no ani- colinguística de Genebra têm como objectivo
mal os mecanismos de actualização das capaci- pôr em evidência que a linguagem da criança
dades programadas. Porque «OS sistemas lin- (ainda encarada segundo as suas características
guísticos se desenvolvem, naturalmente, como formais) se desenvolve seguindo a evolução
uma variante do instinto animal» o estudo do cognitiva; por exemplo, a estrutura passiva, que
instinto interessa bastante ao psicólogo. implica uma inversão na ordem das palavras
do activo, não seria adquirida senão no mo-
4. Com a elaboração de uma teoria do co- mento em que a criança atingisse o estado de
nhecimento: Os escritos de Chomsky são pouco reversibilidade.
explícitos porque ele sempre afirmou, ao con- Para Piaget é a evolução cognitiva que deter-
trário de Piaget, que o desenvolvimento da lin- mina a evolução da linguagem. Como Chomsky,
guagem não depende do desenvolvimento cogni- Piaget não toma em conta o aspecto represen-

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tativo da linguagem e muito raramente a sua princípio motor: o equilíbrio, que é um pro-
função de comunicação. Para saber qual é o cesso biológico. A fonte da evolução das con-
motor da evolução da linguagem na criança, é dutas, a raiz desta evolução parece ser também,
necessário ver como Piaget explica a evolução para Piaget, o sujeito e as suas características
cognitiva. Ele considera que quatro factores in- orgânicas. Mas contrariamente a Chomsky, Pia-
tervêm no seu desenvolvimento: a experiência get não defende um inatismo de estruturas
do mundo, a maturação, o meio social e o -cognitivo ou verbal- mas um inatismo de
equilíbrio que ele define como uma função bio- funções que regulam toda a vida biolbgica.
lógica característica de todos os organismos Correlativamente, compreendese que em
vivos e que tem por objectivo responder, por Piaget o meio tem simplesmente um papel deco-
processos de regulamentação e de compensa- rativo, quadro no qual se actualizam estas fun-
ção, ... aos desequilíbrios provocados pelo meio. ções e a ordem universai do desenvolvimento da
Com efeito Piaget descreve o modo como por evolução cognitiva testemunha este papel deter-
mecanismos de assimilação e de acomodação o minante das funções biológicas. Esta universa-
sujeito atinge fases ou estádios de equilíbrio lidade levou Piaget a fazer LQ Fsychoíogie du
privilegiado entre o seu conhecimento, consti- Sujet Épistémique.
tuído por esquemas, e os dados do meio que Nota: Ao nível das experiências de inspira-
ele toma em consideração. Quando este equilí- ção piagetiana, e apesar do uso teórico da con-
brio se rompe a tendência fundamental para o cepção de interacção, o meio é sempre um meio
equilíbrio restabelece-se. passivo, inerte, sempre caracterizado ao nível
(Ao nível do desenvolvimento da linguagem, físico, nunca social. O papel que ele atribui ao
Piaget mostra em Naisswce de I'lntelligence ou meio está claramente descrito em Adaptation
na Formdion âo Symbole que são os processos Vitale... «para explicar a evolução das espécies
biológicos de acomodação que permitem o e para explicar os comportamentos ou conheci-
acesso A imitação diferida, depois & função se- mentos, o factor primordial não está em pro-
miótica.) curar nas acções positivas ou negativas do meio,
Deste modo, que dizer do princípio motor mas sim nas acções que o organismo ou o su-
da evolução ontogenética em Piaget? Encontra- jeito exerce sobre o meio, e isto por via das
mos elementos de resposta a esta questão em iniciativas essencialmente endógenasn.
Equilibration des Structures Cognitives. onde Como situar então a Icpsicologia piagetianan
Piaget diz que «a tendência ao equiiíbrio é uma relativamente às outras disciplinas?
função explicativa central no problema do de-
senvolvimento da função cognitivaa. Entre os 1. Com. a Biologia: Pode dizer-se que Piaget
quatro factores que intervêm de perto no desen- encarna ele próprio a relação da Psicologia com
volvimento apenas o equilibrio parece ter uma a Biologia. Em todo o caso, é bem claro que
função determinante. O que aliás se confirma para ele a missão da Psicologia é, por um lado,
se analisarmos os escritos mais recentes de descrever as estruturas do comportamento que
Piaget, como Biologie et Conm'ssmce, Adapta- se manifestam no decurso da ontogénese e por
tion Vitale et Psychologie de I'InielligerÉce... ou outro lado determinar os mecanismos que pro-
Le Comportement, Moteur de I'Évolution; nes- vocam a sequência. Mas estes mecanismos são
tas obras ele tenta demonstrar que as estruturas para Piaget de ordem bi016gica e porque ele
cognitivas são como as características fenotí- considera que o futuro da psicologia está na
picas (a forma das limneias, por exemplo) dos sua fusão com as ciências biológicas: com efeito
modos de adaptação biológica. Em Génèse et ele afirma em L'Ini;roducriora & I'Épistémologie
Structure ele escreve: «A evolução da inteligên- Génétique: «Um dia a psicologia e a neurologia
cia não é de outra natureza que a da evolução assimilar-se-ão reciprocamente e constituirão
biológica». Estas duas evoluções têm o mesmo uma ciência comum,.

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2. Com o esfudo dos ferrómcno:: sociais: ques, o seguinte: «As relações sociais de coopc-
Piaget é aqui menos categórico que Chonisky r a g o constituem grupos de operações, exacta-
e de facto menos reducionista, todavia ele con- mente como todas as acções exercidas pelo indi-
sidera que a história social pode ser explicada víduo sobre o mundo exterior e as leis de agru-
tal como a ontogénese e a filogénese, pelo pro- pamento definirão a forma de equilíbrio ideal».
cesso do equilíbrio. Em Génèse et Structiire Para Piaget, a afectividade não modifica em
refere que: «Mesmo quando se trata de lutas nada as estruturas cognitivas, o que não é senão
e confiitos entre ideologias, eu creio que a no- a energia a definir por parâmetros biológicos.
ção de equilíbrio se aplica também neste do-
mínio.. . Poderemos supor que atamos ainda 3. Com o estudo do cvtimal: Para Piaget há
no domínio social, numa fase pré-operatória uma continuidade do animal ao homem, coníi-
análoga àquela que precede na psicologia da nuidade funcional, já que os princípios que
inteligência a formação de estruturas equilibra- determinam o comportamento humano são co-
das? Se se acredita em algum sistema social muns a todo o organismo vivo. Por isso existe
melhor que o nosso, como vós e eu, penso que uma psicologia animal piagetiana onde se es-
podemos ambicionar um estado mais equilibra- tuda, por exemplo, a representação em dife-
do e de uma estabilização progressiva. Não rentes espkcies animais.
vejo porque não se poderá aplicar a noção de Ao nível do estudo da linguagem Piaget con-
equilíbrio Zt sociologia*. sidera, enquanto biólogo, que a ontogénese
A História para Piaget parca reduzir-se a reproduz a filogénese, e afirma que as condi-
uma génese com uni estado de equilíbrio ideal çijes do aparecimento da linguagem na criança
a atingir. Talvez a diferença entre História c são as mesmas que as do seu aparecimento na
génese seja aqui central. filogénese, a saber, a permanência do objecto.
A um nível diferente, o da relação social Ora, como ele próprio explica em La Formation
com o semelhante podemos recordar a fórmula du Symbole, os chimpanzés dispõem da pernia-
célebre de Piaget segundo a qual a afectividade nência do objecto. Para Piaget isso demonstra
constituiria a energia que alimenta o motor que que a função semiótica exprime-se de modo
é o cognitivo nos seus mecanismos. Piaget não diferente do que a linguagem, pois os chim-
ignora certamente a importância da relação com panzés dispõem dela mas não falam. Isto parece
o semelhante na génese cognitiva, mas podemos demonstrar que as capacidades de representa-
interrogar-nos sobre a sua concepção da análise ção não são suficientes para o aparecimento
que é necessário efectuar desta relação. Admira- da linguagem. Piaget, na mesma passagem,
mo-nos mesmo de encontrar em Entretiens avec afirma sem rodeios que <<todoo recurso ao
Bringuier que «sobre a afectividade apenas a conceito de vida social é inadmissível em Psico-
endocrinologia terá qualquer coisa a dizer-nos». logia». Por que não falam então os chimpanzés?
O que motiva em Piaget uma afirmação tão Devemos voItar aqui ao inatismo funcional
surpreendente, é que para ele os afectos, os sen- defendido por Piaget: para ele as funções que
timentos, não são estruturados em si mesmos, são comuns a todas as espécies conduzem il
antes se organizam estruturalmente, intelectua- função semiótica que, no caso do homem, se
íizando-se (cf. Btudes Sociologiques). Isto é, a realiza através da linguagem (o que não acon-
energia que constitui a afectividade, desde que tece nas outras espécies): é indispensável para
penetre no motor cognitivo, intelectualiza-se. Piaget explicar esta diferença por estruturas ner-
Esta a razão por que Piaget, em Le Jewemertt vosas particulares, inatas. Encontramos a este
Moral chez I’Enfant,tenta mostrar que o desen- respeito alguma coisa na intervenção de H. Sin-
volvimento afectivo segue o desenvolvimento clair no Colóquio do CNRS de 1971: <<Emcerto
cognitivo e dele depende. Sobre a noção de sentido, qualquer coisa como um esquema de
cooperação podemos ler, em Études Sm‘ologi- base da linguagem humana existe efectivamente,

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do mesmo modo que existem hipóteses de base I11 -BURRHUS FREDERIC SKINNER
que permitem il criança aproximar-se do mo-
delo de linguagem que ihe fora apresentado. Como a posição piagetiana, a psicologia de
Este esquema tal como as hipóteses derivam de Skinner é muito difícil de resumir e de com-
propriedades fundamentais do' espírito humano, preender. Nós esquematizá-ia-emos, tentando
e num certo sentido de coordenações neurológi- conservar o essencial. Tal como Piaget, é como
cas». O inatismo funcional de Piaget aproxima- psicblogo que Skinner aborda o comportamento
-se então do inatismo estrutural de Chomsky. verbal ao qual aplica as suas concepções gerais
sobre o comportamento pois trata-se de um
4. Com a teoria do ccrnhecimenfo: A elabo- comportamento como os outros.
ração de uma tal teoria é o objectivo primordial Mas para compreender o método de Skinner
do trabalho de Piaget. Para ele a ontogénese é importante, tal Como para Chomsky, situá-lo
cognitiva deve servir para compreender a his- no quadro das suas posições filosóficas. Skinner
tória do conhecimento, pois o que é importante insiste longamente que, para ele, o behaviorismo
não é o quadro no qual se elabora o conheci- constitui uma filosofia da ciência do comporta-
mento (que é bem diferente ao nível da criança mento. E na filosofia, Skinner escolheu clara-
e ao nível dos grupos sociais), mas sim os me- mente o seu campo: ele luta contra o espiritua-
canismos internos que governam esta elabora- lismo em geral como o faziam já os primeiros
ção. Encontramos vários textos de Piaget onde behavioristas, e contra o mentalismo, em parti-
ele põe em paralelo, por exemplo, a evolução cular, na psicologia. Para ele é muito impor-
da noção de número, depois os caracteres e a tante deixar de recorrer ao conceito de espírito
sua evolução na criança. Isto levanta problemas e muito especialmente às vontades, as necessi-
bastante delicados: podemos perguntar, em par- dades, às motivações, aos interesses, aos sen-
ticular, se neste caso a anterioridade cronoló- timentos... para explicar o comportamento. pois
gica não corresponde a uma inferioridade lóc estes conceitos por si mesmos não explicam
gica. Encontramos algures M Psychdogie et nada e é até necessário explicá-los. E uma
Épistémdogie: «É bastante possível que em das razões da originalidade de Skinner na cor-
muitas sociedades o pensamento adulto não ul- rente behaviorista. Ele define-se como behavio-
trapasse o nível das operações concretas e não rista radical e mais ou menos todos os outros
atinja mais do que o nível das operações pro- têm, segundo ele, pactos com o diabo, com o
posicionistas que se elaboram entre os 12 e os mentaiismo; todos os aconciliadoresn (média-
15 anos nos nossos meiosB. tionistes), por exemplo.
Como iiustração desta posição Piaget cita os Logo o objectivo de Skinner é combater todo
trabalhos de Gablik (Progression in Art) sobre o recurso a uma causalidade interna na expli-
as grandes etapas da pintura, onde o autor tenta cação dos comportamentos onde o meio, na sua
mostrar que a pintura primitiva corresponde ao concepção, tem um papel central.
nível pré-operatório, a pintura clássica às ope- Ao nível da aquisição da linguagem é neces-
rações concretas e a pintura moderna ao estado sário para Skinner considerar dois elementos,
hipotético-dedutivo. como aliás para todos os comportamentos: a
Ao nível da linguagem esta proposição le- história dos reforçamentos que o sujeito expe-
vanta uma questão importante: o nível da lin- rimentou e a situação na qual o comportamento
guagem atingido pela criança em cada idade é é realizado. Para conhecer a primeira, é nem-
a manifestação do seu nível cognitivo e se a his- sário ter em conta as práticas da comunidade
tória do conhecimento se assemelha à ontogé- verbal, na qual vive a criança. Com efeito, Skin-
nese, podemos dizer que as línguas primitivas ner recorre, por exemplo, i~universalidade das
ou as línguas mortas são menos elaboradas que práticas destas comunidades para explicar a
as línguas modernas? existência de universalidades nas iííguas (posi-

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ção retomada por F. François). É a universa- ninguém terá a paciência de conduzir este gé-
lidade das práticas sociais que explica a univer nero de trabalho para o conjunto das unidades
salidade de certos comportamentos. gramaticais». Se o próprio Richelle não tem
No que respeita ao mecanismo da aquisição paciência para ser skinneriano em Psicologia,
da linguagem Skinner considera que, como para quem o será?
todo o comportamento, é o condicionamento Resta ao psicólogo estudar um mecanismo
operante que pode ter um papel importante: em geral de aquisição e de evolução dos comporta-
presença de um certo estímulo (referência- mentos: o condicionamento operante. Mas de
-objecto), o indivíduo emite uma certa resposta que natureza é este mecanismo para Skinner:
(uma palavra) que o ambiente reforça ou não em About Behaviorism encontramos: «O con-
(incompreensão das outras pessoas, correcção dicionamento operante é um processo bioló-
pela mãe, obtenção do objecto...). O ambiente gico». Quer dizer que, como o equilíbrio da
que condiciona uma tal aprendizagem inclui, teoria piagetiana, o condicionamento operante
evidentemente, todos os discursos entendidos é um modo de relação de um organismo com o
pela criança, as realizações da sua língua ma- meio que, segundo Skinner, caracteriza a maior
terna e é a sua relação com o ambiente que ex- parte das espécies animais. O que varia de uma
plica a sua aquisição. Notamos que, contraria- espécie para outra são as sensibilidades aos re-
mente a Chomsky e Piaget, Skinner não encara forçamentos: cada espécie é sensível a reforça-
senão a f u q i í o comunicativa da linguagem. A mentos particulares, estas sensibilidades resul-
representação não é para ele senão uma noção tam da sua história filogenética e estão inscritas
mentalista, para além do que significa ou repre- no potencial genético de cada indivíduo. Como
senta. Não restam senão os «significantes» que ele diz claramente em About Behaviorism, «a
conservam com a realidade um laço estabele- espécie humana é e permanece um sistema bio-
cido no «USO»e que nada têm de arbitrário. lógico».
Poderíamos evitar recordar que este empirismo Podemos então perguntar qual é na verdade
militante não trouxe senão impasses ao nível o papel do meio na psicologia skinneriana. Tal-
da explicação em psicolinguística. Na realidade vez o possamos resumir como tendo um papel
não existe nenhuma investigação experimental de selecção, reforçando ou não certos compor-
skinneriana no sentido estrito deste domínio. tamentos, o meio selecciona-os orientando assim
E isso compreende-se: se na verdade a his- o desenvolvimento. O papel que Skinner atribui
tória das relações de cada indivíduo com o seu ao meio é o mesmo que lhe é atribuído na teo-
ambiente é determinante, é claro que não se ria da evolução de Danvin e tem ainda o mes-
pode ter o conhecimento desta história parti- mo papel para Skinner ao nível da evolução das
cular, individual e que nunca poderemos obser- culturas. Tal como Monod pensava que se po-
var na totalidade. De facto o trabalho de Skin- dia elaborar uma história natural das ideias,
ner é, como ele diz, um trabalho de filosofia: Skinner afirma que se pode construir uma his-
fia-se sempre pelo enunciar de princípios. Uma tória natural das culturas: cada nova prática
nota destaca este impasse e da parte de alguém social é, para ele, associada a urna mutação
que não pode ser suspeito de anti-behaviorismo: (variação brusca, endógena e aleatória); e a cul-
M. Richelle, que na A d y s e Formelle et Ana- tura dominante é, evidentemente, a melhor
lyse Functionelle du Langage (Bull. Psychol., adaptada.
1972) refere que <<poderemosimaginar a varia- Podemos então perguntamos se o papel de
ção das propriedades de um objecto e observar selecção que o meio desempenha (nesta concep-
as modificações, na probabilidade de apareci- ção) é assimilável em relação a um papel motor
mento, de tal ou tal resposta verbal. As ques- e ainda se para Skinner o motor real não será o
tões deste tipo são em princípio passíveis de organismo; em Le Comportement, Moteur de
análise experimental mesmo se admitirmos que I'EvoZution, Piaget afirma que «não é necessário

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raciocinar como se a seleqão tivesse originado quanto sistema biológico, é a de fornecer um
a propriedade útil porque de facto ela demar- conjunto largo e coerente de relafies causais
cou-se favorecendo a escolha e a conservação». descritas com o máximo de precisão».
Quais as relações da Psicologia Skinneriana
com as outras disciplinas? 2. Com a Sociologia: Para determinar a po-
sição da psicologia skinneriana em relação aos
1. Com a Biologia: Aqui Skinner dá razão fenómenos sociais é suficiente recordar a frase
a Chomsky; o que se depreende da seguinte de Par-dela lu Liberté et la Dignité (1972), onde
passagem de About Behaviorisrn: uA Psicolo- Skinner descreve longamente as razões que con-
gia é um ramo da Biologim. Para Skinner a duzem it necessidade da Psicologia Experimen-
última explicação dos comportamentos só po- tal nesta sociedade: a0 comportamento do tra-
derá ser dada pelas ciências biológicas: uUm balhador é de toda a importância para o em-
dia, contudo, concluir-se-á que é possível fazer pregador, pois este último tira o seu lucro com
a análise do que se passa no Sistema Nervoso tanto zelo e cuidado quanto o trabalhador efec-
Central no próprio momento em que o indivíduo tua o seu trabalho. Como surpreendê-lo para o
manifesta um comportamento. Poder-se-á então despedir?,.
substituir a história comportamental do sujeito Recordemos ainda as aplicações tecnolbgicas
pelo estado actual do seu SNC» (1971). Esta da psicologia skinneriana: modificação do com-
ideia, segundo a qual os psicólogos devem tra- portamento e ensinamento programado.
balhar para abrir caminho aS investigações dos Skinner enuncia claramente que uma cultura
biólogos é retomada por Richelle na sua última se assemelha ao meio experimental da análise
obra: «A contribuição mais frutuosa que a psi- do comportamento que se pode planificar como
cologia pode dar it biologia ...é uma descrição uma experiência e cujo fim a atingir através
coerente da relação entre fenómenos no domínio destas manipulações e destes controlos é o s e
comportamentab. Skinner exprime também esta guinte: adeverá ser possível construir um mun-
opinião em Cumulative record: u 0 desenvolvi- do no qual todo o comportamento passível de
mento genético do organismo e as ligações com- ser punido só aparecerá muito raramente ou
plexas entre o organismo e o meio constituem nunca».
matérias de diferentes disciplinas. Um dia, sa- 3. Com o estudo do animal: $ conhecida a
beremos o que se passa logo que um estímulo inclinação de Skinner pelos ratos brancos. Essa
actua sobre uma superfície do organismo e o preferência tem o seu fundamento na ideia de
que se passa em seguida no interior deste orga- que sendo o condicionamento operante um me-
nismo, numa série de etapas em que a úitima canismo biológico pode ser estudado para cada
corresponde ao momento a partir do qual o or- espécie. Skinner não pensa que se possam ge-
ganismo age sobre o ambiente e eventualmente neralizar completamente os resultados obtidos
o modifica... Mas em todos estes aconteci- nos ratos brancos ti espécie humana, mas os
mentos internos será tido em conta o auxílio mecanismos fundamentais são os mesmos: u 0
das técnicas de observação e medida, próprias comportamento humano distingue-se dos outros
da fisiologia das diversas partes do organismo pela sua complexidade, pela sua diversidade e
e nos termos apropriados para uma situação pelas suas maiores realizações. mas os proces-
particular. O objecto da Psicologia é encontrar sos fundamentais não são necessariamente dife-
as relações causais entre input e output que rentes dos dos animais» (Science crnd Human
constituem a preocupação específica de uma Behaviour, 1953).
ciência do comportamento... A melhor contri.
buiçáo, que nós especialistas do comportamento 4. Com a teoria do conhecimento: Para
podemos dar 2 investigação colectiva que visa Skinner o conhecimento é um repertório de
descobrir de modo completo o organismo en- comportamentos e, como nos outros comporta-

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mentos, as ideias científicas são seleccionadas m'lieic est déterminant duns le développement
em função da sua adaptação ao meio. en général qu'on croit 2 la possibilité d'interve-
(Tradução de Otília Pacheco) nir sur ce milieu pour «améliorern ce développe-
ment. Reste d déterminer ce que signifie cette
arnélioration, même si Skinner, lui, n'a aucrin
SUMÁRIO doute I3 ce sujet.
Concluindo e como elemento para um debate Mais d un niveau plus global, i1 semble que
sobre estas três concepções, pensamos que são &une certaine façon, la théorie de chacune de
mais evidentes as suas semelhanças do que as ces psychoiogies soít en dernier ressort lu bio-
suas diferenças. Há nestas teorias uma concep- logie. Chacun de ces auteurs recourt 6 une théo-
ção comum do que deve ser a Psicologia. Po- rie de l'évolution biologique et i'utilise dans
rém, no plano epistemológico, é importante dis- son explication du développemní de i'enfant.
tinguir a posição de Skinner devido ao papel Aucun deux ne recourt dans cette explicclrion
importante que o meio al desempenha, revelado d ce qui fait Ia spécificité de i ' f w m e : son rap-
no seu estudo sobre os aspectos exclusivamente port social d i'autre, ti Ia société. L'homme y
comunicativos da linguagem. E ainda por causa esi t0ujmr.r considkrt! comme une espèce bio-
da prática social que deriva da sua concepção. logique, jamais sociale.
Apenas se acreditarmos que o meio é determi- Ce qui a bien siir des implications directes
nante no desertvolvimeiúo em geral poderemos sur le travail qui est ainsi dévolu aux psycholo-
acreditar na possibilidade de intervenção sobre gues, même si ceiin-ci, duns leur étude du lan-
o meio com vista a <<melhorar» esse desenvolvi- gage en tout cas, ne SOM j m k vraiment
mento. Resta determinar o que significa esse chomskiens, vraiment piagétiens, vraiment skin-
melhoramento, ainda que Skinner não mostre nériens.
ter qualquer dúvida sobre o assunto. REFERÊNCIAS
Mas, a um nível mais global, e de certo mo- CHOMSKY, N. (1970)-Le Lmigage et la Pensée,
do, a teoria de cada um destes três psicólogos Payot, Paris.
vai buscar a sua base I3 biologia. Cada um dos CHOMSKY, N. (1977) -Réflexions sur le Langage,
autores recorre a uma teoria de evolução bioló- Maspèro, Paris.
gica e utiliza-a na sua explicapio do desenvol- PIAGET, I. (1932) - Le Jugement Moral chez I'&-
fant, Alcan, Paris.
vimento da criança. Nesta explica& nenhum PIAGENT, J. (1936)-Lu Naissance de l'lntelligence
deles evidencia o que cotztribui para a especifi- chez I'Enfant, Delachaux et Niestlé, Neuchâtel.
c i d d e do homem: a sua relação social com o PIAGET, J. (1946) - La Formatiora du Symbole chez
semelhante, com a sociedade. O homem é sem- L'Enfanr, Delachaux et Niestlé, Neuchâtel.
PIAGET, J. (1965) - Etudes Sociologiques, Droz, Gé-
pre considerado como uma espécie biológica, nève.
nunca: social. PIAGET, J. ( 1 965) -«Génèse et StructureB, in Entre-
O que certamente tem implicações directas tiens de Cerizy-Lu Salle, Juillet-Aoiit 1959, Mou-
m trabalho que é transferido para os psicólo- ton, Paris.
PIAGET, J. (1967) - Biologie et Connaissunce, Galli-
gos,mesmo se eles, ao estudar a linguagem, não mard, Paris.
são verdadeiramente chomskianos, piagetianos PIAGET, J. (1968) - Le Structuralisme, P.U.F.,Paris.
ou skinnerianos. PIAGET, J. (1970) - Psychologie et Epistémologie,
DenoSl-Gonthier, Parsi.
PIAGET, J. (I 970) -L'EpistérnoJogie Génètique,
RÉSUMÉ P.U.F., Paris.
PIAGET, J. (1974)- Adaptation Vifale ef Psycholo-
En conclusion et comme éiément d'un dè- gie de I'lntelligence. Sélection Organique er Phé-
baí sur ces trois conceptions, i1 semble que ce nocopie de I'Intelligence, Hermann, Paris.
qui est frappant, c'est plus leurs similitudes que PIAGET, I. (1975) - L'Equilibration des Structures
Cognitives, P.U.F., Paris.
leurs différences. 11 y a I3 la base um conception PIAGET, J. (1976) - Le Comportement, Moteur de
commune de ce que doit être la psychologie. I'Évolution, Gallimard, Paris.
I1 est vrai cependant que sur le plan épisté- PIAGET, J. ( 1 977) -Entretiens avec 1. A . Bringuier,
mdogique, i1 est importanf de distinguer I'ap- Gonthier, Paris.
SKINNER, B. F. (1953)-Science and Human Beha-
proche skinnérienne des deux autres en raison vior, The MacMillan Company, New York.
du rôle important joué par le milieu chez Skin- SKINNER, B. F. (1961) - Cumulative Record, Apple-
ner, révélé dans son étude des mpects exclusive- ton-Century Crofts, New York.
meni communicatifs du langage. En raison aussi SKINNER, B. F. (1972)-Pm-delà la Liberté er lu
Dignité, Laffont, Paris.
de Ia prdique sociale qui découle de sa con- SKINNER, B. F. (1974) - Aboui Behaviorism, Knopf,
ception. Cest seulement si i'on croit que le New York.

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