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Modelo Econômico de Lanchonetes da UFSC

Arthur Felisbino Serafin

Gabrielle Bonatto Linhares

Maria Eduarda Silveira Ferrari

Raphael Nicolas Corradini Alves

Vitória Rangel Giordano

Resumo
Neste artigo será apresentado uma análise de um modelo
econômico baseado em uma pesquisa de campo aplicada com
alunos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sobre
seus respectivos hábitos relacionados a compra de salgados
assados nas lanchonetes do campus universitário, a fim de
comprovar e analisar as teorias da demanda, da otimização
econômica e do equilíbrio de mercado dos postulados
neoclássicos. Com base na pesquisa é possível inferir sobre os
preços de reserva, a frequência de consumo, os locais mais
frequentados, além dos critérios mais importantes na escolha do
estabelecimento procurado pelo indivíduo. Iremos nos debruçar,
partindo do mercado de salgados, nos conceitos microeconômicos
centrais como o arranjo em que se encontra esse mercado, as
firmas e os indivíduos, a demanda e a oferta, de modo a
compreender em profundidade o estabelecimento da teoria
neoclássica em um dado arranjo econômico.
1. Introdução

O objetivo desse projeto é desenvolver um modelo econômico para o mercado


de salgados do tipo calzone nas lanchonetes da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) com base na teoria microeconômica neoclássica, que permite o
desenvolvimento de uma análise momentânea e específica de um mercado,
desconsiderando fatores como o tempo e influências externas, e direcionando nosso
enfoque para a relação entre a oferta e a demanda do mercado em questão. Esta
relação será feita a partir dos princípios da teoria de demanda, que deriva da hipótese
sobre a escolha do consumidor entre diversos bens que seu orçamento permite
adquirir. (TAVARES, 2012).

Além disso a análise será pautada nos princípios de otimização e equilíbrio, que
estabelecem padrões para o comportamento do consumidor e do mercado que, apesar
de nem sempre condizer com situações reais quando são levados em conta os fatores
externos e desestabilizações, facilitam uma análise mais coerente e concisa do
modelo.

A fim de determinar a demanda, foi aplicado um questionário entre estudantes


do curso de Relações Internacionais da UFSC. Através das respostas coletadas foi
possível definir as preferências e o preço de reserva de cada um dos alunos e estudar
as características dos estabelecimentos que relataram frequentar. A oferta de salgados
não pôde ser definida, uma vez que a análise de demanda foi restrita a um público,
enquanto a oferta dos estabelecimentos atende toda a UFSC, o que geraria então uma
discordância de valores caso ela fosse levada em conta.

Além dessa introdução, o projeto será dividido em duas partes, o


desenvolvimento, no qual serão relacionados os dados coletados aos conceitos acima
citados e a conclusão, na qual será feito um paralelo entre as considerações finais e o
objetivo inicial do projeto, de modo a observar se foi atingido o propósito definido
anteriormente.
1. Desenvolvimento

Um modelo econômico pode ser definido como a representação simplificada das


relações econômicas num mercado para fins de seu estudo e entendimento, omitindo
detalhes irrelevantes para análise. (VARIAN, 1957, p.1).

Esta análise é feita a curto prazo, ou seja, num período em que não há
alterações nos fatores de produção, o que garante que os dados permaneçam os
mesmos por toda a análise.

O mercado em questão trata-se de um mercado competitivo, no qual há um


número considerável de empresas que oferecem produtos com a mesma finalidade,
mas que podem variar qualitativamente. Naturalmente, os preços também são
variáveis.

As empresas, que são neste caso as lanchonetes da UFSC, têm como principal
objetivo a maximização dos lucros. Para isso, elas procuram utilizar de todos os
artifícios para minimizar os custos de produção e vender o máximo possível, mas
possuem restrições, tais como: de demanda, tecnológicas, legais, etc.

São elas que definem a oferta do mercado, ou seja, a quantidade de produtos


disponíveis para compra e o seu preço. Considerando que o modelo econômico é feito
a curto prazo, a oferta é a mesma em todos os momentos.

Em contrapartida, a demanda é a quantidade de produtos que os consumidores


estão dispostos a comprar. Ela é constituída por uma série de fatores, sendo estes: as
preferências do indivíduo (A), o preço do bem (P1), a renda do indivíduo (M) e o preço
dos outros bens (P2), de forma que: Qd1 = f (P1,M,A,P2).

A fim de definir a demanda deste modelo, o primeiro enfoque da análise será


nas preferências dos consumidores. Os indivíduos que consomem as mercadorias são
caracterizados na economia como seres racionais que possuem necessidades. O fato
de serem racionais faz com que sejam capazes de reconhecer e ordenar suas
preferências, buscando o maior grau de satisfação possível em todas as relações
econômicas em que tomam partido, mesmo limitados por seu orçamento.

Essas características constituem o princípio de otimização, que, segundo Varian


(1957, p.3), define que as pessoas tentam escolher o melhor padrão de consumo ao
seu alcance.

Os indivíduos analisados no modelo serão estudantes de Relações


Internacionais da UFSC, enquanto o “melhor padrão de consumo” será definido pelas
preferências expressas no questionário aplicado, no qual os participantes atribuíram
notas de 1 a 5 para diferentes critérios de consumo, possibilitando, através do cálculo
de média aritmética, a atribuição de uma nota final para cada critério.

Critério Nota final

Qualidade 4,442

Localização 3,651

Variedade 3,512

Opções vegetarianas/veganas 2,233

Opções sem glúten/lactose 1,581

Tomando como base os dois parâmetros com maior nota atribuída, observa-se
que sempre que possível, os indivíduos darão preferência a lanchonetes que sejam
próximas ao seu centro de estudos (Centro Sócio-Econômico) e ofereçam produtos de
qualidade.

Essa hipótese é confirmada ao comparar aspectos das lanchonetes que os


estudantes de Relações Internacionais mais relataram frequentar no questionário e as
preferências acima descritas.

A distância das lanchonetes pode ser consultada através de mapas virtuais em


dispositivos móveis, mas como qualidade é um parâmetro subjetivo, foi tomada como
base a opinião comum expressa pelos estudantes de que a única lanchonete com uma
qualidade diferenciada é a do Espaço Físico Integrado (EFI), conhecida por sua
“coxinha”. Com isso, é possível observar uma relação direta entre a distância e
qualidade das lanchonetes e a quantidade de alunos que nela consomem, como
também concluir que a lanchonete do CSE representa o maior padrão de consumo no
modelo estudado.

Centro da Alunos que Distância do Qualidade


lanchonete frequentam CSE atribuída

CSE 22 100m Normal

EFI 12 330m Diferenciada

CCE 8 270m Normal

Centro de eventos 3 450m Normal

Em seguida, resta entender como a P1, P2 e M influenciam a demanda de


salgados na UFSC. Tanto a renda do consumidor, quanto o preço de outros bens
delimitam quanto dinheiro o indivíduo tem a sua disposição e, consequentemente, o
preço máximo que ele está disposto a gastar em algo, o que é denominado preço de
reserva.

A demanda de um bem corresponde à quantidade de pessoas cujo preço de


reserva é maior ou igual ao seu preço (P1). Para ilustrar isso, é possível construir uma
curva de demanda que representa a relação entre os preços possíveis de um bem e a
quantidade de pessoas dispostas a adquiri-lo a esse preço. A fim de construir tal curva,
o questionário levantou os preços de demanda de 43 estudantes de RI para um
salgado, o que pode ser observado a seguir:
Preço de reserva Quantidade de alunos

R$2,00 2
R$3,00 3
R$4,00 7
R$4,50 3
R$5,00 11
R$5,50 2
R$6,00 11
R$7,00 1
R$7,50 2
R$10,00 1

Segundo o princípio de equilíbrio da teoria neoclássica, a curva de demanda de


um bem tem uma relação direta com sua oferta e o preço no qual ele se estabiliza no
mercado, ou seja, o preço de equilíbrio. Uma vez que o objetivo da empresa são os
lucros máximos, ela anseia para que todos os bens sejam vendidos, ou seja, que a
demanda de seu produto seja a mesma que sua oferta. Para tanto, ela não pode
estabelecer preços maiores do que os preços de reserva do número mínimo de
indivíduos necessários para que toda a oferta seja consumida. Ao mesmo tempo, não é
favorável a ela estabelecer preços mais baixos do que esse preço de reserva mínimo,
uma vez que ela estaria deixando de aproveitar um lucro em potencial.

Essa relação é melhor entendida em um gráfico que sobrepõe a curva de


demanda com a curva de oferta (que, como previamente explicado, é constante em
todos os preços). O preço de equilíbrio será então o ponto no gráfico no qual a
demanda cruza a oferta. Nesse caso não houve elaboração do gráfico de equilíbrio
pois não foi possível determinar a oferta relativa ao público entrevistado.

Contudo, como o princípio de equilíbrio postula que os preços se regulam


naturalmente, pode-se considerar que caso um preço esteja estável por certo tempo
sem prejuízo para a empresa e com uma demanda considerável, ele tenha atingido o
preço de equilíbrio. Com base na tabela na a seguir pode-se verificar uma certa
uniformidade nos preços ofertados. A partir dessa homogeneidade é possível presumir
que o preço de equilíbrio está em torno de quatro reais, mesmo sem a elaboração da
curva de equilíbrio.

Lanchonete Preço do Salgado

CSE R$4,00

EFI R$4,00

CCE R$4,00

Centro de eventos R$4,50

3. Conclusão

Com base na análise das informações coletadas observou-se a confirmação dos


princípios de equilíbrio e de otimização no modelo das lanchonetes da UFSC.

A distância e qualidade das lanchonetes esteve diretamente relacionada direta


com a quantidade de frequentadores de cada uma delas. Já os preços de cada
empresa apresentaram-se semelhantes uns aos outros, assim como iguais ou menores
aos preços de reserva de 88,4% dos entrevistados, o que confirma uma demanda
grande o suficiente para se presuma o equilíbrio com a oferta.

Como dito inicialmente, o modelo econômico desconsidera uma série de fatores


que complexificam sua análise (como impostos, frequência de consumo, entre outros),
mas conforme as informações consideradas, conclui-se que o mercado em questão
obedece aos princípios básicos da microeconomia neoclássica e pode ser considerado
eficiente.

4. Referências

TAVARES, Sergio Manoel. Teoria da Demanda e Equilíbrio de Mercado. Sorocaba,


São Paulo. 2012.

VARIAN, Hal. Microeconomia, Princípios Básicos. 1957.

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