Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Outubro de 2007
Versão 1.1.
Redes de Fluidos 2006/07
______________________________________________________________________
1. Introdução
Da experiência colhida nos últimos anos, pretende-se que estas folhas possam contribuir
para a melhoria do conhecimento dos alunos na disciplina de Redes de Fluidos. Esta
disciplina, com 7 ECTS, deverá dar aos alunos as bases que lhes permitam definir
sistemas mais elaborados.
Os alunos deverão considerar uma carga de trabalho externa às aulas de 110h, das quais
90h no período lectivo.
No final, os alunos deverão dominar os conhecimentos básicos de Redes de Fluidos,
saber aplicá-los aos casos de redes prediais e urbanas de gás e de água sabendo
inscrevê-las e dimensioná-las, conhecer os equipamentos básicos destas redes e analisar
redes em anel. Saberão ainda dimensionar redes elementares de água e de ar em
instalações de ar condicionado. Deverão demonstrar a capacidade de aplicar os
conhecimentos obtidos a redes com outros fluidos.
As matérias leccionadas deverão ser encaradas como aplicações dos conhecimentos de
base, não devendo ser confundido com manuais de projecto de redes gás, água ou de ar
condicionado.
Posteriormente e na vida activa deverão os alunos conhecer em pormenor os códigos de
boa prática, o tipo de aplicação determinado por cada distribuidora de gás ou de água,
ou conhecer as técnicas de aplicação a cada indústria.
Estas folhas pretendem ser um resumo da matéria e como tal um bom auxiliar. São
indicadas as principais demonstrações, mesmo que em alguns casos se faça uso de
comparação com outros métodos, os dados mais importantes para o dimensionamento
de redes e propostas de exercícios, de trabalhos e de reflexões sobre o tema. Como
primeira versão melhorada das folhas anteriores, será concerteza alvo de melhorias. Os
alunos devem encará-las como uma manual de aplicação geral não dispensando a
consulta de outros referidos na bibliografia.
2. Perdas de carga
2.1. Equação de Bernoulli
Bernoulli demonstrou que num escoamento de um qualquer líquido entre dois pontos
(“1”-montante e “2”-jusante) o líquido cede energia para vencer as resistências que se
oferecem ao seu escoamento. A equação da energia pode ser expressa por:
ρV ρV
2 2
Nas expressões que se seguem D será considerado o diâmetro de uma conduta circular.
Em casos de condutas com outras formas poder-se-á utilizar em sua substituição o
diâmetro hidráulico Dh dado pela relação de 4 vezes a secção da conduta sobre o
perímetro molhado. Para uma conduta circular Dh=D, como se verifica pela expressão
πD 2
4.
4.A 4 = D . Numa conduta de secção rectangular de dimensões a e b, o
Dh = =
P π.D
2(a.b)
diâmetro hidráulico será D h = .
(a + b )
_________________________________________________
Viscosity Calculator:
1 http://www.lmnoeng.com/Flow/GasViscosity.htm
Para a água e muitos outros líquidos, a viscosidade diminui com a temperatura. A tabela
seguinte exprime essa relação em centi Stokes, unidade igual a 10-6 m2/s.
Temperatura [ºC] 0 15 20 25 45 60 80
-6 2
Viscosidade [cStokes= 10 m /s] 1,79 1,14 1,01 0,90 0,61 0,49 0,37
Tabela 2.2 – Viscosidade cinemática da água
Este diagrama pode ser expresso por diversas equações de aproximação. Sitam-se a de
Colebrook necessitando de resolução iterativa, dado que f aparece em ambos os lados da
equação:
1 2ε 18.7
= 1,74 − 2 log10 + (2.5)
f D Re f
f = 8 + (2.8)
Re (A + B)1,5
16
16
1 37530
A = 2,457 ln e B=
0 , 9
Re
7 + 0,27 ε
Re
D
f=f(Re)=a.Reb (2.9)
sendo b próximo de –0,2 para a maioria dos fluidos, a eq.1.3 pode ser expressa na
forma:
Qn
∆P = K.L. , (2.10)
Dm
sendo n próximo de 1,8 e m próximo de 4,8.
Fórmulas diversas têm sido propostas nesta base, nomeadamente as de Fair-Hassio, para
tubos de ferro galvanizado até 4” :
j[m.c.a. m ] = 0,002021
[
Q1,88 m 3 s ] (2.11)
D 4,88 [m ]
1
4b v 7 [m s] 4
j[m.c.a. m] = ,que para tubos usados toma a seguinte forma
D[m] D[m ]
j[m.c.a. m] = 0,0014
[
Q1, 75 m 3 s ] (2.12)
D 4, 75 [m]
j[m.c.a. m] = 0,00086
[
Q1, 75 m 3 s ] (2.13)
D 4, 75 [m]
j[m.c.a. m ] = 0,0007
[
Q1, 75 m 3 s ] (2.14)
D 4,75 [m ]
RX GLYLGLQGR SRU 3 REWém-se as variações relativas da pressão com o comprimento,
caudal e diâmetro:
d∆P dL dQ dD
= +n −m (2.15)
∆P L Q D
E dado que o caudal mássico na conduta é igual ao dos locais de consumo 4 0Q0 ,
PXOWLSOLFDQGRHGLYLGLQGRSRU :
dP 8 1 ρ2Q 2
= − 2 ⋅ f ⋅ ⋅ 0 5 0 ou introduzindo 2.16,
dL π ρ D
dP 8ρ Q 2 TP
= − 20 ⋅ f ⋅ 05 ⋅ 0
dL π D T0 P
Considerando o escoamento isotérmico a expressão anterior pode ser reescrita como:
dP 8ρ Q2 P
= − 20 ⋅ f ⋅ 05 ⋅ 0
dL π D P
8ρ 0 P0 Q 02
P.dP = − ⋅ f ⋅ dL (2.18)
π2 D5
Integrando entre A e B e utilizando a densidade relativa ao ar (specific gravity, s)
obtém-se:
16 ⋅ ρ ar Q 02
PA2 − PB2 = − ⋅ s ⋅ P0 ⋅ f ⋅ ⋅L (2.19)
π2 D5
A muito conhecida expressão de Renouard para média pressão, considera uma relação
do factor de atrito com Re da forma f=f(Re-0.18), transformando 2.19. na expressão:
[ ]
PA2 − PB2 bar 2 = 43,9 ⋅ s ⋅ L[m ]⋅
[ ]
Q10,82 m 3 h
(2.20)
D 4,82 [mm]
Nas redes de gás em baixa pressão a pressão é de cerca de 20 mbar, valor utilizado nos
gasodomésticos mais comuns. A obtenção de uma expressão para a perda de carga pode
∆p[mbar] = 21950 ⋅ s ⋅
[ ]
Q10,82 m 3 h
(2.22)
D 4,82 [mm]
[
Q10,82 m 3 h
∆p[mbar] = 23200 ⋅ s ⋅ 4,82
] (2.23)
D [mm]
_________________________________________________
A pressão absoluta P na base de uma coluna de líquido é obtida da altura h dessa coluna
e da pressão atmosférica P0, como sendo:
P= P0 JK (2.24)
A pressão relativa do gás será então dada por: pg(h)= Pg(h)-Pa(h)=pg a- g).gh.
Assim sendo, se o gás for menos denso que o ar a pressão relativa aumenta com a altura
h, dizendo-se que existem ganhos de pressão relativa Sg. Dado que a densidade do ar é
de cerca de 1,2 kg/m3, a expressão pode tomar a forma em Pa:
∆P[bar ]
[ ]
Q m3 / h = K v
[
ρ kg / m 3 ] (2.27)
Depósito
Circuito
Hidráulico
_________________________________________________
3. Caudais
P[kW ].3600
[
Q m3 / h =] PCI[MJ / m 3 ].1000.η
(3.1)
É comum considerar que nem todos os aparelhos presentes numa instalação estão em
funcionamento simultâneo. A relação entre o caudal máximo probabilístico num troço e
o caudal máximo absoluto de abastecimento de todos os aparelhos a jusante, designa-se
Uma expressão mais geral era utilizada nas redes de gás de cidade, função da potência
dos aparelhos. Era usual usar-se como unidades a termia (1 termia=1000 kcal), ou a
kcal/min (1 kcal/h= 1,16 kW). A expressão seguinte foi adaptada dessas unidades.
Q[m3/h]=(5+(n1+n2+0,5.n3+1,5.n4+2.n5)0,736+0,267x10-3.Pt).a (3.3.)
Dado que o caudal máximo Qmax, para o mesmo quantil, será n.( RFRHILFLHQWHGH
simultaneidade Cs será dado por:
Q n.µ + λσ. n
Cs = = (3.5.)
Q max n.µ + λσ.n
GHVSUH]DQGR IDFHD Cs =
Q 1
= . Dado que é comum admitir a simultaneidade
Q max n
de 2 aparelhos como 1, a expressão usada é:
Q 1
Cs = = (3.6.)
Q max n −1
_________________________________________________
O caudal a considerar em cada troço poderá considerar o caudal dos aparelhos de maior
consumo a jusante Csm. Qm, ou, de forma mais conservadora, admitir os caudais de
todos os aparelhos Csm. Qi.
Por vezes os consumos médios dos aparelhos não são desprezáveis, podendo admitir-se
que o consumo máximo do aparelho i ocorre para Qi i i. Sendo a distribuição
centrada pode admitir-VH i=QiH i=Qi/4. Ou seja a introdução de cada novo aparelho
contribui em média com um acréscimo de caudal de Qi/2. Esta conclusão pode
igualmente ser obtida se obtivermos de 3.4. a média dos consumos:
Q n.µ + λσ. n Q 1 Q
Q= = = (1 + )→
n n 2 2 n 2
4. Critérios de Dimensionamento
Após o cálculo dos caudais em cada troço, pode efectuar-se o dimensionamento do
diâmetro das tubagens muitas vezes confundido com o dimensionamento da rede. Da
expressão (2.10), conclui que para um fluido e um determinado comprimento de um
troço o diâmetro depende do caudal. A maioria dos métodos de dimensionamento
tentam obter uma função entre o caudal e o diâmetro, D=D(Q). Para a determinação
desta função é comum considerar um determinado parâmetro fixo, tais como:
- Velocidade constante.
- Perda de pressão constante.
- Perda de energia constante.
- Recuperação de pressão estática, ou ainda
- Critérios económicos.
Em qualquer dos métodos é comum verificar os valores de velocidade e de perda de
carga.
Velocidade constante
A velocidade é imposta, normalmente limitada pelo ruído que provoca. O diâmetro será
obtido de:
1/ 2
4.Q
D= (4.1)
π.V
V [m/s]
Conduta Conduta
Locais para instalações centralizadas
Principal secundária
Residenciais ou hotéis 3-5 1-3
Espaços públicos e de serviços 5-7 1-3
Espaços industriais ou grandes espaços 5-10 2-5
comerciais
Tabela 4.1. Velocidade do ar em condutas
Nas redes prediais é comum que a velocidade da água seja inferior a 1m/s, embora em
algumas instalações se possa manter por valores superiores dentro da mesma ordem de
grandeza.
Em redes de gás a velocidade real do escoamento depende da pressão de
funcionamento. Para uma pressão média absoluta Pm e um caudal às condições
nominais Q, a velocidade é dada por:
Q[m 3 / h ]
V[m / s] = 354. (4.2)
D 2 [mm].Pm[bar ]
A velocidade não deverá ser superior a 15 m/s na coluna montante e a 10 m/s nas redes
interiores.
Este critério é utilizado no dimensionamento de condutas em instalações com
constrangimentos acústicos, ou como forma de pré dimensionamento de redes.
Geralmente é utilizado como critério de verificação após a aplicação de outros métodos,
nomeadamente o de perda de pressão constante por unidade de comprimento.
_________________________________________________
Perda de Pressão
k.Q n 1 / m
D=( ) (4.3.)
j
É comum e fortemente aconselhável, que a escolha dos diâmetros para a rede se faça
dos diâmetros comerciais, cujos diâmetros interiores sejam superiores aos calculados.
Algum sobredimensionamento da rede geralmente não acarreta sobrecustos de monta na
instalação, mas o reverso pode inviabilizar o seu funcionamento.
pr − h − pa
j= (4.4.)
Leq
A perda de pressão para a determinar a perda de carga linear deverá considerar a perda
de pressão disponível na rede SUHRVJDQKRVGHSUHVVão relativa conforme expressão
(2.25 SK 'DGR TXH R FRPSULPHQWR HTXLYDOHQWH é muitas vezes considerado 20%
superior ao comprimento da tubagem, j pode ser obtido de:
∆pr + ∆ph
j= (4.5.)
1,2.L
Perda de Energia
Este critério pode ser utilizado no dimensionamento directo de redes malhadas, podendo
ser utilizado para redes urbanas de gás ou de água. Ao contrário do critério de perda de
carga constante é possível criar uma rede malhada ajustando o caudal de modo que a
dissipação de energia seja constante e que a lei das malhas seja válida. No critério de
perda de pressão constante, já que a perda de carga total depende do comprimento da
tubagem, não é possível garantir que um dimensionamento origine a mesma perda de
carga por dois caminhos entre dois pontos.
A aplicação do método inicia-se com a definição da perda de pressão e caudal de um
troço inicial ou tipo, com a consequente definição de &RQKHFLGR DFDGDFDXGDOé
definida uma perda de carga j e consequentemente um diâmetro. Já que a FRQVWDQWH
quanto maior for o caudal menor será j, este método garante menores perdas de pressão
nos troços principais onde o caudal é maior, criando uma estrutura de rede compatível
como a possibilidade de expansão.
_________________________________________________
A B C
2∆p
VC = VB2 − (4.7)
ρ
Este método implica normalmente a utilização de velocidade do primeiro troço
ligeiramente maior, dado que a perda de pressão é compensada com a variação de
pressão dinâmica. As velocidades nos troços terminais são geralmente muito baixas. O
método inicia-se pela imposição de uma velocidade no primeiro troço, determinando-se
DSHUGDGHFDUJD SHFDOFXODQGR-se de seguida a velocidade usando (4.7.) O diâmetro
deste segundo troço é calculado usando (4.1.), seguindo-se novamente a perda de carga
desse novo troço.
Critério Económico
n i 5% 8% 10%
5 4.5 4.3 4.2
10 8.1 7.2 6.8
15 10.9 9.2 8.4
20 13.1 10.6 9.4
Tabela 4.3. Anualização A de investimento a n anos, com taxa i de investimento
5. Bombas
O funcionamento das bombas baseia-se no aumento da energia cinética do escoamento
realizado no rotor e sua transformação em energia potencial de pressão na voluta. Para
um determinado rotor, este aumento de energia cinética depende do fluxo de caudal e da
sua velocidade de rotação. A velocidade de saída das pás do rotor é uma composição
das duas velocidades.
A direcção da velocidade à saída da pá deve ser acompanhada pela forma da voluta, que
aumentando progressivamente de área proporcionará a transformação de energia
cinética em energia de pressão. Na ausência de atritos e perdas o funcionamento da
máquina é dado por uma característica rectilínea. O aumento do caudal implica um
aumento de perdas por atrito aproximadamente proporcional a Q2. De forma análoga
respondem as perdas volumétricas causadas por diferentes pressões nos bordos das pás.
Quando por variação do caudal, os triângulos de velocidade se alteram, aumentam os
choques na entrada das pás e na voluta, causando perdas suplementares. A característica
resultante é dada pela composição de todas estas contribuições conforme figura
seguinte:
_________________________________________________
Quando as bombas são associadas em paralelo, cada bomba opera à mesma pressão
contribuindo com uma parte do fluxo. Geralmente recomenda-se a utilização de bombas
de igual tamanho. Obtém-se a curva conjunta duplicando o fluxo para cada valor de
altura manométrica. O ponto de funcionamento do sistema depende da característica da
rede, pelo que o conjunto das duas bombas não irá fornecer o dobro do caudal de uma
só bomba.
Deve ser também analisada a condição de funcionamento de cada bomba, dado que a
altura manométrica vencida por cada uma será maior. A utilização de duas bombas
diferentes associadas em paralelo requer um especial cuidado. Em algumas situações
uma das bombas poderá trabalhar sem capacidade de bombear, podendo originar
sobreaquecimentos indesejados.
Figura 5.5 Ponto de funcionamento de uma rede numa associação de duas bombas iguais em série
_________________________________________________
As bombas e turbomáquinas podem ser descritas por leis de semelhança, que permitem
conhecido um ponto de funcionamento estimar o funcionamento da máquina em outras
condições. Pressupõem que a curva do sistema é conhecida e que a pressão varia como
o quadrado de fluxo. Podem ser expressas conforme tabela seguinte:
Variação na Variação no
velocidade de diâmetro do
rotação N rotor D
Caudal Q2/Q1=(N2/N1) Q2/Q1=(D2/D1)3
Pressão p2/p1=(N2/N1)2 p2/p1=(D2/D1)2
Potência Pt2/Pt1=(N2/N1)3 Pt2/Pt1=(D2/D1)5
Tabela 5.1. Leis de semelhança
As leis de semelhança também podem ser usadas para prever o ponto de melhor
eficiência quando se varia a velocidade da bomba. Esta situação tem especial aplicação
em sistemas com bombas de velocidade variável. É normal fazer variar a velocidade de
5.4. NPSH
Durante muito tempo especulou-se da razão pela qual era impossível bombear água,
sugando a uma altura superior a 5 ou 6 metros. Este fenómeno deve-se à possibilidade
de vaporização da água quando se atinge uma pressão muito baixa, a temperatura
constante, tendo-se designado por cavitação. Para todo fluido no estado líquido pode ser
estabelecida a relação entre a pressão e a temperatura a que ocorre a vaporização. Por
exemplo, à pressão atmosférica a temperatura de vaporização da água é de cerca de
100°C, contudo a uma pressão menor a temperatura de vaporização reduz-se.
Deve ser dada uma especial atenção à pressão e à temperatura da água à entrada da
bomba, especialmente em situações de utilização com águas quentes. Se a pressão à
entrada da bomba for baixa e a temperatura elevada pode-se atingir as condições de
vaporização do líquido criando-se pequenas bolhas de vapor nas zonas de menor
pressão do rotor. O colapso destas bolhas por posterior aumento de pressão é ruidoso e
pode levar à destruir a bomba. A pressão absoluta requerida à entrada da bomba para
impedir a vaporização no interior da bomba, designa-se por NPSH requerida ou NPSHR.
Esta é uma característica da bomba dada pelo fabricante, variando com velocidade e
fluxo na bomba, normalmente para água a 15ºC.
A “ aspiração” do líquido nas bombas deve ocorrer a uma pressão absoluta superior.
Conhecida a pressão num determinado ponto do circuito ‘o’, situado a uma cota põe
hipótese inferior ‘z’ relativamente à entrada da bomba, a pressão total absoluta à entrada
da bomba ‘b’ pode ser expressa como:
ρ.(Vb2 − Vo2 )
Pb = P0 − ρgz − ∆Po − z − (5.1)
2
A pressão à entrada da bomba deverá ser superior à pressão de vaporização do fluido às
condições de temperatura Ps(T) de entrada na bomba, pelo que o NPSH disponível será:
Uma bomba para operar sem os riscos de cavitação necessita que o líquido possua uma
energia residual mínima. Essa energia requerida pela bomba (NPSHR) ou simplesmente
o NPSH da bomba. A bomba deve ter o seu NPSH inferior ao NPSHD pela instalação,
para que opere em condições favoráveis de aspiração.
Caso não se disponha da curva de NPSH pode estimar-se o seu valor desde que se
estime o funcionamento num ponto. Thoma chegou à conclusão de que a relação entre o
NPSH da bomba e a altura manométrica é uma constante, a que chamou de “ número
adimensional de cavitação” , grandeza que ficou conhecida como “ factor de Thoma” :
NPSH
σ= (5.4)
H
_________________________________________________
4 bar
30 m
60 ºC
20 m
6.1. Cargas
As cargas térmicas do edifício deverão ser removidas pelo sistema de climatização.
Estas cargas podem ser de aquecimento ou de arrefecimento, sensível ou latente. O
calor sensível transferido do ambiente para o permutador é função da área de permuta
A, da diferença de temperatura média logarítmica ∆Tml entre a água e o ambiente e do
coeficiente global de transferência de calor U:
PTS = AU∆Tml (6.1)
∆TM − ∆Tm
Com ∆Tml =
∆T
ln( M )
∆Tm
Caso haja desumidificação o calor removido pode ser obtido do caudal de ar e diferença
de entalpia. (ver psicrometria)
Pt = m
.c.∆T (6.2)
Total Sensível
10
8
Potência [kW]
0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
Caudal água [l/s]
A válvula é pré-regulada para o caudal nominal, função da escolha da mola e seu ajuste
prévio, não sendo necessário recorrer a medições ou ajustes posteriores.
As válvulas de equilíbrio são utilizadas junto das não necessitando de equilíbrio nos
circuitos de distribuição nem no circuito principal. As válvulas respondem a qualquer
variação de cargas do sistema ou devido a ampliações, mantendo o caudal nas unidades.
t= n-1 (7.1)
Numa rede malhada, ou com cordas, a criação de uma corda implica a criação de uma
malha, não necessitando novos nós para o efeito:
t= n-1+m (7.2)
A solução de uma rede passa pela resolução conjunta das equações de Kirchoff, também
designadas por lei dos nós e das malhas. A lei dos nós estabelece a continuidade em
cada nó e lei das malhas o campo potencial de pressões. As expressões usadas são
análogas às conhecidas dos alunos para o estudo de circuitos eléctricos. Existe no
entanto uma diferença substancial entre as duas formulações já que as diferenças de
potencial de pressão dependem de uma potência próxima de dois do caudal, enquanto
ΣQ in = ΣQ out (7.3)
Σ∆P = 0 (7.4)
Analise-se a rede eléctrica conforme a figura 7.1, admitindo que existe uma diferença de
potencial V e uma corrente I=I1+I2 e pretendendo-se obter uma resistência R
equivalente às duas resistências em paralelo:
R1
R2
R 2 .R 1
e sendo V = R.I = R 2 I 2 = .I ,
R1 + R 2
pelo que comparando os dois lados da igualdade obtém-se a conhecida expressão das
R 2 .R 1
redes eléctricas: R = .
R1 + R 2
Numa rede de fluidos, a resistência ao transporte pode ser obtida da expressão (2.10)
K.L i
como: R i = , pelo que as equações de Kirchoff podem ser escritas como:
D im
R 1 .Q n 1 − R 2 .Q n 2 = 0
(7.5)
Q1 + Q 2 = Q
R2
R= (7.6)
R
(1 + ( 2 )1 / n ) n
R1
Expressão igual à dos circuitos eléctricos para n=1.
_________________________________________________
A definição topológica da rede pode ser feita através de matrizes que relacionem os
elementos da rede. Tem especial interesse a matriz de incidência malha troço (matriz
B), que permite obter as relações entre as malhas e os troços respectivos.
Considere-se a rede constante na figura seguinte, onde se representam 5 troços
interligados, que a partir de um nó de injecção abastecem 3 nós de consumo, formando
2 malhas:
4 5
3
1
2
A matriz B, conforme fig.7.1 tem valores nulos se uma malha não percorre um troço,
positivos se a malha percorre o troço no sentido definido para esse troço e negativo se
percorre no sentido contrário.
Troço
1 2 3 4 7
1 +1 -1 0 +1 0
Malha
2 0 +1 -1 0 -1
Tabela 7.1 – Matriz de incidência B para o exemplo da figura 7.2.
O produto BxBT define a relação entre as duas malhas, sendo negativo se o sentido de
circulação entre as malhas for oposto.
e
∆P1 − ∆P2 + ∆P4 = 0
(7.8)
∆P2 − ∆P3 − ∆P5 = 0
Cujo conjunto constitui o sistema de 5 equações não lineares a resolver.
Nesta secção será dado um conjunto de conceitos básico de obtenção da solução de uma
equação não linear, por método numérico, sendo depois generalizada para a resolução
de um sistema de equações.
Seja f(x) uma função com primeira derivada numa determinada região, e conheça-se
dessa função uma estimativa x0 do zero da função, conforme figura 7.3. Uma melhor
estimativa da raiz pode ser obtida fazendo passar uma recta tangente ao ponto (x0, f(x0))
e intersectando-a nas abcissas.
f(x)
x1 x0
x
f (x 0 )
x1 = x 0 − (7.9)
f ’( x 0 )
,designado por método de Newton para resolução de uma equação não linear. Desde que
x0 seja escolhido com razoável perícia x1 estará mais próximo da raiz, sendo o método
de novo aplicado as vezes que se julguem necessárias até atingir a precisão desejada.
Esta precisão depende directamente do módulo da função, |f(x)|, e indirectamente de |x1-
x0|.
x 1 = x 0 − J −1 ( x 0 ).f ( x 0 ) (7.10)
Onde J representa o Jacobiano de f. Para um sistema de 2 equações, f1 e f2, a duas
incógnitas, x1 e x2, o Jacobiano toma a forma:
∂f1 ∂f1
∂x ∂x 2
J=
1
(7.11)
∂f 2 ∂f 2
∂x 1 ∂x 2
J ( x 0 ).∆ x = −f ( x 0 ) (7.12)
Conhecida uma solução aproximada a equação (7.12) permite obter a variação ∆ x que
irá, em princípio, permitir uma solução mais aproximada. O método termina quando a
norma da função f e da variação ∆x forem pequenas. Podem ser assim resolvidas
_________________________________________________
(Q1 + q 1 )n (Q 2 − q 1 + q 2 )n (Q 4 + q 1 )n
k.L1 . − k.L 2 . + k .L 4 . =0
D1m D m2 D m4
(7.13)
k.L . (Q 2 − q 1 + q 2 ) − k.L . (Q 3 − q 2 ) − k.L . (Q 5 − q 2 ) = 0
n n n
2 D m2
3
D 3m
5
D 5m
Onde os caudais Qi são valores determinados dados pela aproximação que satisfaz (7.7).
A resolução numérica do sistema de duas equações não lineares para os caudais Qi
determinados numa iteração anterior, pode ser obtida pelo processo iterativo com base
na equação (7.12). Sendo q o caudal de acerto e Qi a solução inicial essa equação é
∂f 1 (Q + q )
= k.L1 .n. 1 m1
n −1
+ k.L 2 .n.
(Q 2 − q 1 + q 2 )n −1 + k.L (Q 4 − q 1 )n −1
4 .n.
∂q 1 D1 D m2 D m4
(7.16)
∂f 1 (Q − q 1 + q 2 )
= −k.L 2 .n. 2
n −1
∂q 2 D m2
∂f 1 (Q )
= k.L1 .n. 1 m
n −1
+ k.L 2 .n.
(Q2 )
n −1
+ k.L .n.
(Q4 )
n −1
4
∂q 1 D1 D m2 D m4
∂f 1 (Q )
= −k.L 2 .n. 2 m
n −1
∂q 2 D2
Ou seja:
∂f 1 ∆P ∆P ∆P
= n. 1 + n. 2 + n. 4
∂q 1 Q1 Q2 Q4
(7.17)
∂f 1 ∆P
= − n. 2
∂q 2 Q2
Sendo J a relação entre as variações das equações de perda de carga ao longo de cada
malha com todas as malhas, J pode ser expressa como:
J = B.D.B T (7.19)
∆Pi
sendo D a matriz diagonal com elementos D ii = . (7.20)
Qi
O método de Hardy Cross difere do de Newton Raphson por suprimir os elementos do
Jacobiano externos à diagonal principal, tomando o Jacobiano a forma:
Conhecidos os caudais de acerto q os novos caudais nos diversos troços Qn, podem ser
obtidos dos anteriores Q0 pela expressão seguinte, conforme facilmente se verifica:
Qn=Q0+BT.q (7.22)
função f forem considerados pequenos. Poderá ser utilizada uma qualquer norma,
Estes passos podem ser facilmente implementados num programa. Uma implementação
despretensiosa em Matlab é descrita no exercício 7.4. Descrevem-se de seguida a
relação dos principais tópicos descritos e o programa do exercício:
A
1.000 m
I1
300 m
1.500 m
I2
B
Utilizando a expressão de perda de carga, 3>PFD@
L[m] Q[m3/s]1,88 /D[m]4,88, determine os caudais nos três
troços utilizando o método de cálculo de Hardy-Cross com
duas iterações.
_________________________________________________
Bibliografia Principal: