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SIMBOLISMO

QUESTÃO 01-

AEIOU

Neste poema, o eu lírico comenta os diversos estágios da vida.

Manhã de primavera. Quem não pensa


Em doce amor, e quem não amará?
Começa a vida. A luz do céu é imensa...
A adolescência é toda sonhos. A.

O luar erra nas almas. Continua


O mesmo sonho de oiro, a mesma fé.
Olhos que vemos sob a luz da lua...
A mocidade é toda lírios. E.

Descamba o sol nas púrpuras do ocaso.


As rosas morrem. Como é triste aqui!
O fado incerto, os vendavais do acaso...
Marulha o pranto pelas faces. I.

A noite tomba. O outono chega. As flores


Penderam murchas. Tudo, tudo é pó.
Não mais beijos de amor, não mais amores...
Ó sons de sinos a finados! O.

Abre-se a cova. Lutulenta e lenta,


A morte vem. Consoladora és tu!
Sudários rotos na mansão poeirenta...
Crânios e tíbias de defuntos. U.

GUIMARAENS, Alphonsus de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2001.

1. No poema, cada vogal se relaciona a diferentes momentos ou estágios da vida.


Quais são eles?

2. Além das vogais, a que outros elementos algumas das fases da vida estão
associadas? Justifique sua resposta com trechos do texto.

3. Releia as duas primeiras estrofes do poema e explique a que sentimentos ou


sensações estão relacionadas as letras A e E. Transcreva do texto palavras ou expressões
que comprovem sua resposta.

4. Que palavras ou expressões são utilizadas pelo eu lírico para simbolizar essa
mudança?
QUESTÃO 02-

O livro de poemas em prosa Evocações, de 1898, ano de sua morte, revela em muitas de
suas páginas a angústia existencial que tomava conta do escritor. Observe-a no trecho a
seguir.

Emparedado

Artista?! Loucura! Loucura! Pode lá isso ser se tu vens dessa longínqua região desolada,
lá do fundo exótico dessa África sugestiva, gemente, Criação dolorosa e sanguinolenta
de Satãs rebelados, dessa flagelada África, grotesca e triste, melancólica, gênese
assombrosa de gemidos tetricamente fulminada pelo banzo mortal; dessa África dos
Suplícios, sobre cuja cabeça nirvanizada pelo desprezo do mundo Deus arrojou toda a
peste letal e tenebrosa das maldições eternas!

[...]

Não! Não! Não! Não transporás os pórticos milenários da vasta edificação do Mundo,
porque atrás de ti e adiante de ti não sei quantas gerações foram acumulando,
acumulando pedra sobre pedra, pedra sobre pedra, que para aí estás agora o verdadeiro
emparedado de uma raça.

Se caminhares para a direita baterás e esbarrarás ansioso, aflito, numa parede


horrendamente incomensurável de Egoísmos e Preconceitos! Se caminhares para a
esquerda, outra parede, de Ciências e Críticas, mais alta do que a primeira, te
mergulhará profundamente no espanto! Se caminhares para a frente, ainda nova parede,
feita de Despeitos e Impotências, tremenda, de granito, broncamente se elevará ao alto!
Se caminhares, enfim, para trás, ah! ainda, uma derradeira parede, fechando tudo,
fechando tudo — horrível! — parede de Imbecilidade e Ignorância, te deixará num frio
espasmo de terror absoluto...

CRUZ E SOUSA. In: MURICY, Andrade (Org.). Obra completa. Rio de Janeiro: José
Aguilar, 1961. p. 663-664. (Fragmento).

Leitura do texto
1. No texto, é possível perceber alguns indícios de que talvez o autor estivesse
pensando em sua própria vida, ao escrevê-lo. Quais são esses indícios?

2. A despeito desses possíveis traços autobiográficos, a temática do texto vai além


da situação individual do autor. Qual é essa temática?
Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme – este operário das ruínas –


Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,


E há de deixar-me apenas os cabelos,
na frialdade inorgânica da terra!

ANJOS, Augusto dos. Toda a poesia; com um estudo crítico de Ferreira Gullar. 2. ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. p. 71.

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