Você está na página 1de 4

CENTRO PAULA SOUZA

ETEC DARCY PEREIRA DE MORAES

ENSINO TÉCNICO INTEGRADO AO MÉDIO EM ADMINISTRAÇÃO

FABRIZIO DE MEIRA NOLASCO MOMBERG

TRABALHO REFERENTE AO SIGNIFICADO DA

EXPRESSÃO ‘DURA LEX, SED LEX’

GUAREÍ – SP

2021
Você já ouviu falar em “Dura Lex, Sed Lex”? É bem provável que não, a não ser que
você seja um profissional jurídico ou algo do gênero. Mas você com certeza já ouviu dizer que
‘a lei deve ser cumprida, independente de qualquer coisa, tanto ricos quanto pobres’, não é
mesmo? É exatamente sobre isso que essa pesquisa se refere.

O termo ‘Dura Lex, Sed Lex’ vem do latim, que significa: “A Lei é dura, mas é a Lei...”
O termo foi usado durante o Império Romano, quando as leis não eram tabeliadas, ou seja, não
eram escritas. Dessa forma, muitas das leis eram reformuladas segundo os padrões dos juízes,
conforme o caso, tradições e interpretações pessoais. Atualmente podemos empregar o termo à
algumas coisas, que, por mais erradas, duras e sujas que sejam, é a lei. Exemplo disso são as
leis de impunidade, regalias políticas, cobrança absurda de impostos, e outras coisas que,
convenhamos, estamos acostumados – ou será que estamos apenas acovardados?

De maneira semelhante ao que aconteceu com o rei Sabius Justus, observo que algumas
vezes esse princípio é mudado para benefício da elite brasileira ou em detrimento de agregados
(filhos, parentes e amigos) de políticos. Ou, nas palavras de Fernando Sabino, “para os pobres,
dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é a lei. Para os ricos, dura lex, sed látex. A lei é dura, mas
estica.” E infelizmente isso tem se tornado tão comum, que a população está apenas acatando.
Ora, é só analisarmos os polos da política brasileira. Uma massa defende o atual presidente, Jair
Bolsonaro, e sua família, com unhas e dentes, como se fossem deuses incorruptíveis, entrando
em conflito com todos que discordam dele, e até mesmo passando a mão na cabeça por atos
irresponsáveis e juridicamente errados. Mas ao analisarmos o outro lado, vemos pessoas que
defendem o ex-presidente Lula, dizendo que “ele roubou, mas fez” e digladiando com os
defensores do bolsonarismo. Há que ponto chegamos? No passado, lutamos para pôr fim à
escravidão, para um Brasil independente de Portugal, em prol do fim da monarquia, para o
término da ditadura e regime militar. Todo esse esforço para que hoje, a idiossincrasia da
população brasileira fosse a de defender políticos inadimplentes.

Entretanto, abordo um outro extremo do assunto, isto é, o povo. Ah! o povo! Tem apreço
por criticar seus governantes, por colocar defeitos, por exigir trabalho, mas quando chega no
tempo das eleições, elegem os mesmos que criticavam. Parece irônico. Se assemelha à mulher
que apanha do marido, que tem os filhos oprimidos pelo cônjuge, mas que ao chegar na
delegacia, não representa boletim de ocorrência contra o mesmo. Temos ainda o caso do que
critica o político, mas faz igual a ele, e às vezes até pior. Quantas pessoas não protestaram
contra as queimadas ilegais da Amazônia – e com razão –, mas que, na primeira oportunidade
jogam o lixo no chão? Ou os que criticam os corruptos, mas que na primeira oportunidade de
sair ganhando em alguma transação ou negócio, não hesitam em o fazer? Temos a melhor
Constituição de Leis em toda a história do país, mas isso no papel. Temos as melhores leis, mas
as piores penalidades. Temos as melhores leis e em contrapartida, temos a hipocrisia.

Já pensou se a antiga lei babilônica “Lex Talionis”, do latim, que significa “Lei do
Talião”, ou “Lei do tal-qual”, ou mais conhecida como “Lei do dente por dente e olho por olho”,
estivesse em regime até os dias de hoje? Quantas pessoas por aí estariam andando – se
detivessem ainda as pernas, ou, se estivessem ainda vivas –, sem braços, olhos, dentes e línguas.
Sem dinheiro, roupas, propriedades, carros, dignidade e tantas coisas impensáveis. Acredito
que para o povo brasileiro falta-nos compreender que a lei deve ser seguida por todos, que
ninguém (nem mesmo os políticos) estão acima dela, que devemos eleger com responsabilidade
nossos representantes (uma vez que somos cúmplices de suas atitudes), e estarmos em constante
consideração com seus atos, estarmos também, de olho em nosso interior e verificar se muitas
vezes não estamos fazendo exatamente o que criticamos. Enquanto não respeitarmos a
Constituição Federal por completo, não caminharemos rumo à Ordem e Progresso, inscritos em
nosso sagrado pendão de esperança, a bandeira. O leitor pode até questionar, “de que adianta o
povo seguir tudo à risca, se os políticos não?”, mas devo deixar a reflexão: não são os políticos
um reflexo do povo? Ora, eles chegam ao poder, porque uma maioria que se identificou com
eles, os pôs lá.

A liberdade implica luta. Nas palavras do filósofo Friedrich Nietzsche, “o homem livre
é guerreiro”. Somente quando denotarmos atenção às maneiras que agimos e dedicarmos
esforço e estudo para escolhermos nossos representantes, caminharemos cantando e seguindo
a canção. Somente quando entendermos que somos todos iguais, braços dados ou não, poremos
fim, talvez, às desigualdades sociais e raciais. E somente quando aspirarmos que quem sabe faz
a hora e não espera acontecer, como diria o cantor Geraldo Vandré, chegaremos ao pináculo de
uma nação forte, unida e corajosa.

Referências:

• BASTOS, Ronaldo. Dura Lex, Sed Lex, Publicado em 07 de março de 2.016.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XwXmYvXCvqY. Acesso em:
16/03/2021.
• JUSTIÇA, Jornal da. Dura Lex, Sed Lex – Jurídiquês, Publicado em 06 de outubro de
2.010. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cODuBL_Ded4. Acesso
em: 16/03/2021.
• FERREIRA, Gilberto. Dura Lex, Sed Lex: Um rei governava seu povo com leis ao pé
da letra. Até que um dia se arrependeu, mas já era tarde. Publicado em 03 de agosto de
2.012. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/160902/dura-lex-sed-lex.
Acesso em: 16/03/2021.
• WIKIPEDIA. Dura Lex, Sed Lex. Publicado em 09 de junho de 2.019. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dura_lex,_sed_lex. Acesso em: 16/03/2021.
• WIKIPEDIA. Lei do Talião, Publicado em 28 de agosto de 2.020. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_tali%C3%A3o. Acesso em: 16/03/2021.
• SOLLA, Walter. Mesopotâmia #2. Publicado em 2.018. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=4PRtjLg1ssA. Acesso em: 16/03/2021.
• NIETZSCHE, Friedrich W. O Crepúsculo dos ídolos, ed. única, São Paulo: Lafonte,
2020. p. 78.
• RUSSO, Renato. Que país é este? Publicado em 1987. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=kFpkyT_KPpc. Acesso em: 16/03/2021.
• VANDRÉ, Geraldo. Pra não dizer que não falei das flores, Publicado em 1968.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KdvsXn8oVPY. Acesso em:
16/03/2021.

Você também pode gostar