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ÉTICA E DEONTOLOGIA

Moral e Moralidade (costume ou convenção)


Refere-se :
•Âmbito dos valores pessoais e regras de comportamento;
•Às regras de conduta convencionais que regulam as interacções sociais;
•Aos costumes culturais específicos, baseados de acordo com as crenças religiosas e ideológicas.

A moral diz respeito aos deveres profissionais, incluídos normalmente num Código Deontológico.
• A ética em saúde caracteriza-se essencialmente pela qualidade dos cuidados prestados no dia a dia, com o sentido de
ajuda e de cuidado.
• A ética e os princípios éticos terão de estar presentes em todos os cuidados prestados, com um objetivo: respeitar a
integridade (holística) de cada ser humano. Isto torna-se ainda mais relevante porque o contato pessoa a pessoa é
inevitável.
• A Moral procura seguir a Ética, mas não é sinônimo de Ética, por impor as suas próprias noções e também por sofrer
influências que o pensamento, na sua trajetória, determina.
• A moral deve entender-se como o caminho a seguir dentro dos hábitos tradicionais.

Ética
Refere-se:
• Ao sistema coletivo de crenças e valores de qualquer comunidade moral ou grupo socioprofissional;
• Estuda a forma como determinamos aquilo que é bom para o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade;
• Ao processo como as pessoas são ajudadas a desenvolver as competências necessárias para agirem de forma moral
responsável.

- A Ética é um conselho que pode ou não ser seguido;


- Acompanha a evolução da humanidade e as transformações que a sociedade vai sofrendo;
- A Ética corresponde a uma dúvida permanente sobre o que é certo e o que é errado;
- É a ciência da moral e a arte de dirigir a conduta.

Deontologia
- A deontologia é uma norma que impõe as decisões a tomar, muito particularmente aos grupos profissionais;
- Assenta numa ciência dos deveres, do que é justo e conveniente que os homens façam, do valor a que visa e do
dever ou normas que dirigem o comportamento Humano.

Existe uma estreita ligação entre a MORAL, a ÉTICA e a DEONTOLOGIA sendo conceitos dependentes uns dos outros e
que se fundamentam em valores.
• O objeto da Ética é o ato Humano, não somente na sua descrição mas essencialmente na explicação da sua valorização
e comportamento.
“A ética procura (…) a fundamentação do agir, ao passo que a moral mostra como as leis morais se formam, se
hierarquizam, se aplicam aos casos concretos mediante a decisão e o recurso aos valores.”
«(…) Direito (…) estabelece limites para a atuação dos cidadãos assinando-lhes um ponto em que as condutas começam
a ser socialmente inaceitáveis.”
«(…) os Códigos Deontológicos promovem o que é correto ou incorreto, bom ou mau, enquanto a Ética se preocupa,
essencialmente, em otimizar a solução de conflitos de valores e propor os melhores cursos de ação possíveis»

AMORAL- não é reconhecida a capacidade de decisão.

DEONTOLOGIA KANTIANA :
Princípio do respeito pelas pessoas

Cada pessoa tem uma dignidade intrínseca e nessa base merece respeito

Nunca usar as pessoas como meios para alcançar fins

Lei da Universalidade
DEVER, REGRA, LEI
Valores
“Os Valores são um conjunto de crenças pessoais e atitudes sobre a verdade, a beleza, a importância de qualquer coisa,
objecto ou conduta. Estão orientados para ação e dão orientação e significado à própria vida”.
Toda e qualquer interação em Saúde, é influenciada pelos valores daquele que Cuida e pelos valores daqueles que são
cuidados. A falta de reflexão sobre o nosso próprio sistema de valores, torna-nos menos atentos ao sistema de valores
daqueles que cuidamos, o que dificulta o conhecimento do outro como Pessoa única que é.
HIERARQUIA DOS VALORES:
- Durabilidade
- Indivisibilidade
- Dependência entre si
- Profundeza da satisfação

Princípio (latim: principium= fonte ou começo)


● Trata-se de uma verdade fundamental ou doutrina ou direção para uma ação moral.
PRINCÍPIOS ÉTICOS
- Beneficiência
- Não- Maleficiência
- Respeito pela autonomia
- Justiça
PRINCÍPIOS BÁSICOS (regras)
- Confidencialidade
- Fidelidade
- Veracidade, qualidade do que é verdadeiro
- Privacidade

Regra (latim: regulare= regular ou governar)


● Uma declaração pública daquilo que pode ou deve ser feito.
● Uma prescrição que orienta aquilo que fazemos ou define os nossos deveres.

Os princípios éticos são:


- Respeito pela autonomia;
● Refere-se à ausência de limitações e incapacidades pessoais que impedem ou diminuem a liberdade de decisão.
O p.s. deve promover sempre comportamentos autónomos.
Prescreve o respeito pela legítima autonomia das pessoas, pelas suas escolhas e decisões que sejam
verdadeiramente autónomas e livres.
- Beneficência;
● Tem implícita a obrigatoriedade de promover positivamente o bem, evitar e remover o mal.
Não tem em conta a autonomia dos doentes, privilegiando a ação beneficente por parte dos profissionais, o “fazer o
bem” ao doente, o “cuidar” ainda que contrariando a vontade do mesmo.
Tem como fundamento a noção de paternalismo, em que o p.s. deve tratar o doente como um filho.
- Não-Maleficência;
● Defende que o p.s. não deve provocar danos ao doente de forma intencional ou negligente.

- Justiça;
● O p.s. tem o dever de tratar todos os doentes com o mesmo tipo de recursos sem discriminação de posições
na sociedade, investindo nos doentes.
Ajudar quem precisa de ser ajudado (mais fracos/pobres).
Cuidar do doente como um todo e um ser único.
- Vulnerabilidade;
● Surge tendo em conta a fragilidade de algumas pessoas- deficientes mentais, doentes em coma, crianças –
que estão muito fragilizadas, ao ponto da sua integridade física estar ameaçada.
O doente encontra-se com autonomia reduzida ou total.

Diferença entre o princípio da beneficência e paternalismo?


Princípio da Beneficência:
- O p.s. assume o papel de protetor natural do doente, por meio de ações positivas a favor da vida e da saúde do
doente.
Promove positivamente o bem, evita e remove o mal.
O doente encontra-se aqui com autonomia reduzida ou total.
Paternalismo:
- Consiste na interferência com a liberdade de um indivíduo eticamente capacitado para decidir.
Não tem em conta a autonomia do doente.
Corresponde à decisão do profissional de saúde perante uma pessoa autónoma, à luz dos seus próprios valores
e não do doente.
O p.s. decide pela pessoa autónoma seguindo as suas convicções do “bem” contra a vontade do doente, sem lhe
pedir o seu consentimento ou até mesmo lhe esconder pontos determinantes da sua saúde ou progressão da doença.

O que é o sigilo profissional?


Esta situação constitui frequentemente um dilema ético, exigindo a consideração dos aspetos
técnico-científicos pelos profissionais de saúde.
Ex: Portador de sida que recusa comunicar à sua parceira de relacionamento sexual afetivo a sua situação clínica.
O enfermeiro deverá ainda fazer uma reflexão pessoal centrada nos valores ético-morais e nesta perspetiva, na
experiência de vida, pessoal e profissional, no quadro de referência para a ética pessoal (nossa consciência).
Existem outros aspetos a ter em conta e que dizem respeito ao próprio segredo, nomeadamente:
Esfera do Segredo – abrange o chamado círculo de reserva do sujeito, onde se incluem as coisas naturalmente secretas,
tais como, a história médica, os diários íntimos, códigos ou chaves secretas (de cofres, por ex.): coisas que são
secretas apenas por determinação da pessoa (confidências).

Existem 3 tipos de segredos, consoante a forma de obrigação de o guardar:


Segredo natural – é a própria natureza do facto, que determina a obrigação de o calar.
Segredo prometido – é o que nos obriga a calar um compromisso, uma promessa dada de forma livre e voluntária.
Segredo confiado, negociado ou autorizado: quando existe uma condição prévia, de o guardar para ambas as partes,
mediante um acordo tácito ou um pacto. Se está no âmbito do exercício de uma profissão, chama-se segredo
profissional.

Ou segredo profissional: tem como objeto tudo o que chega ao conhecimento, pelas diversas formas, do enfermeiro no
exercício da sua atividade.

Os elementos do segredo profissional são:

- A própria natureza da doença (doenças congénitas, mentais, hereditárias, etc.);

- As circunstâncias relacionadas com a doença e que ao serem conhecidas podem lesar o doente e os seus familiares ou
pessoas próximas;

O enfermeiro pode ver-se obrigado a revelar o segredo profissional:

- Quando se trata de pessoas que foram vítimas de um delito. Sendo neste caso obrigatório a denúncia a uma
autoridade competente.
- No caso de doenças de declaração obrigatória (sida, hepatite B ou C, Febre tifóide, Brucelose, tuberculose)
- No caso de ser requerido como testemunho jurídico/judicial.

O que é o consentimento informado e quais os elementos do mesmo?


É reconhecer ao doente, liberdade na esfera da decisão, devendo ser considerado como um ser autónomo e
independente, com crenças e valores que deverão ser respeitados.
A decisão terapêutica deixa de ser da exclusiva responsabilidade do profissional de saúde, passando a ser partilhada pelo
doente. Em última instância a decisão é do doente, que exprimiu a sua vontade, aceitando ou não a estratégia
terapêutica proposta.
Para que o consentimento informado seja considerado válido:
– O doente deverá ser considerado competente.
– Em situação normal a partir dos 18 anos (Portugal), podendo em algumas situações ser pedido consentimento a
menores.
– Adulto: deverá estar consciente; mentalmente competente e não ser sujeito a qualquer tipo de coerção que influencie
a sua decisão.

Os seus elementos são:


COMPETÊNCIA
- Ser considerado capaz de tomar uma decisão autonomamente;
- A competência individual varia no tempo: somos incompetentes durante o sono, a anestesia ou sob o efeito de uma
dor intensa.
VOLUNTARIEDADE
- Liberdade de decisão sem qualquer pressão de terceiros ou manipulação;
COMUNICAÇÃO
- Ter toda a informação acerca da intervenção dada de forma facilitada e completa de modo a que o doente compreenda
tudo o que lhe é explicado sem omissões;
COMPREENSÃO
- Ter a certeza que o doente compreendeu toda a informação dada;
CONSENTIMENTO
- Aceitar e consentir a intervenção assinando o documento de consentimento informado.
Eutanásia/Distanásia/Ortotanásia
EUTANÁSIA- ato de abreviar a vida de uma pessoa, a pedido da própria, no quadro de uma doença incurável
associada a uma situação de sofrimento físico e psicológico. Em todos os países que permitem a eutanásia, este é
um ato que compete exclusivamente aos médicos.

ORTOTANÁSIA- Suspensão ou minimização de tratamentos que prolongam a vida de um doente em estado


terminal, sem que se traduzam numa melhoria do estado de saúde. Ou seja, trata-se de não fazer procedimentos
invasivos para prolongar artificialmente a vida.

DISTANÁSIA- É o oposto da ortotanásia. É um sinónimo de obstinação terapêutica, determinando o prolongamento


da vida de um doente em fase terminal, com recurso a tratamentos desproporcionais. É considerada uma má
prática médica. É, aliás, vedada pelo Código Deontológico dos médicos.

SUÍCIDIO ASSISTIDO- O doente é que põe termo à vida. Pode haver colaboração de um terceiro.

TESTAMENTO VITAL- Documento onde se pode inscrever os cuidados de saúde que cada cidadão pretende, no caso
de se ver impossibilitado de decidir. Através do testamento vital pode-se pedir, por exemplo, para não ser sujeito
a "meios invasivos de suporte artificial de funções vitais". Tem uma validade de cinco anos.

CUIDADOS PALIATIVOS- Os cuidados paliativos são frequentemente invocados quando se fala de eutanásia ou
suicídio assistido. Os cuidados paliativos visam a melhoria da qualidade de vida de pacientes que sofrem doenças
que ameaçam a vida, através da prevenção e do alívio do sofrimento e do controle da dor.

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