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ÉTICA E CIDADANIA:
Aplicada à polícia militar
Natal/RN
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ÉTICA E CIDADANIA:
Aplicada à polícia militar
Natal/RN
2020
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Mestrando em artes cênicas (UFRN, 2020 -); graduação em Segurança Pública pela Academia de Polícia
Militar Cel. Milton Freire de Andrade (Bacharel, PMRN, 2012); Especialização em Corpo e Cultura de
Movimento (Especialista, UFRN, 2006); Graduação em História pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (Bacharel/Licenciado, UFRN, 2005). Curso de Técnicas de Ensino Policial
(PMRN/2016). Tem experiência na área de Defesa, com ênfase em Segurança Pública, atuando
principalmente nos seguintes temas: Educação e Segurança Pública, com trabalhos publicados e
defendidos em nível internacional, nacional e estadual. Atualmente é Oficial da Polícia Militar (1ºTen.
PM) servindo na Academia de Polícia Militar Cel. Milton Freire de Andrade como Subchefe da Divisão
de Ensino e Pesquisa.
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REFLEXÕES!
A vida nos obriga a fazer escolhas terríveis, mas parece que agora
decidimos que "tudo é bonito se dissermos que é bonito". Como nos
contos de fadas. Mentira: nossas escolhas são pautadas pelo útil,
nossos atos são calculados, nossos afetos são estratégicos. E a
moderna ciência do egoísmo encontra as fórmulas para fazer isso
tudo bonito. E o contrário disso não é a felicidade, mas a
maturidade. Adultos infantis não gostam disso. Preferem ser
avatares de si mesmos num mundo sempre florido.
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Disponível em: https://docero.com.br/doc/58cx88. Acessado em: 10 jan. 2019
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Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2009201018.htm Acessado em: 22 jan.
2020
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Disponível em: https://www.fcm.unicamp.br/fcm/en/relacoes-publicas/saladeimprensa/palestra-com-
leandro-karnal-sobre-etica-lota-auditorio-da-fcm Acessado em 27 fev. 2020
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APRESENTAÇÃO
Matriz Curricular Nacional (MCN2014) para ações formativas dos profissionais da área
de segurança pública. Uma singela contribuição para auxiliar a cada profissional da
segurança pública no diálogo com conteúdos que lhe forem propostos.
Partiremos dos conceitos básicos que subsidiarão as reflexões a respeito do tema
utilizado para a sensibilização inicial; Conceitos: moral, valores, costumes e cultura
(geral e específica da função) contextualizados no tempo e no espaço; A profissão do
profissional da área de segurança pública fundamentada na ética; A situação ética dos
profissionais da área de segurança pública em relação às exigências legais e às
expectativas dos cidadãos: despersonalização (indivíduo versus profissional/
estereótipos) e atitudes profissionais éticas; A conduta ética e legal na atividade do
profissional da área de segurança pública; A função do profissional da área de
segurança pública e suas responsabilidades – a necessidade de um código de ética
profissional - a relação com o arcabouço jurídico para o desempenho da atividade do
profissional da área de segurança pública – código de conduta para funcionários
encarregados de fazer cumprir a lei (ONU) e, por fim, permeando os demais conteúdos,
um diálogo sobre cidadania aplicada à atividade policial.
Que tenhamos boas vivências!
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SUMÁRIO
1 Mapa da Disciplina 7
Introdução 10
2 Ética 11
3 Moral 13
4 Diferenças entre ética e moral 15
5 Tipos de Ética 17
6 Princípios da Ética 18
7 Conduta ética no Serviço Público 22
8 Dos crimes praticados contra a administração pública pelo funcionário público 26
9 A situação ética dos profissionais da área de Segurança Pública 28
10 Cidadania 34
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1 MAPA DA DISCIPLINA5
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PASSOS, A. S. [et al.]. Matriz curricular nacional para ações formativas do profissionais da área de
segurança pública. Brasília: Secretaria Nacional de Segurança Pública, 2014
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INTRODUÇÃO
Todo grupo social tem um conjunto de valores morais, hábitos e costumes que
regulam o convívio coletivo e é fruto da cultura desse grupo. O Policial Militar, ao
tempo que faz cumprir as normas de convivência coletivamente aceitas pela sociedade,
também deve ser cumpridor dessas normas. Por este motivo, conhecer a origem dos
valores morais e dos costumes de nossa sociedade é de fundamental importância para
que o Policial Militar, ao defrontar-se com as situações de dualidade, possa agir como
protagonista do bem-estar coletivo tanto na formação inicial quanto na formação
continuada.
Faz-se necessário ao policial Militar, portanto, compreender a importância do
comportamento sócio-profissional por parte o Policial Militar; analisar os principais
conceitos que definem a ética na sociedade contemporânea; entender como se dá o
processo ético do fazer profissional; estabelecer a relação da ética nas principais
atividades cotidianas do Policial Militar e os novos desafios quanto operadores de
Segurança Pública; fomentar o comportamento ético do profissional policial militar; e
conhecer a conduta ética sobre vistas à legislação vigente PM/RN.
Para uma melhor compreensão, os conteúdos podem ser trabalhados
observando-se os:
a) Aspectos conceituais, com suas bases filosófica e epistemológica, valores
organizacionais, sociais e pessoais, o papel do profissional da segurança pública
na construção do Estado Democrático de Direito, código de conduta para os
encarregados da aplicação da lei (ONU), códigos de ética e/ou regimentos
disciplinares, e Art. 5° da Constituição Federal;
b) Aspectos procedimentais, com observância e reflexão sobre Art 5° da
Constituição Federal, mecanismo de servir e proteger de acordo com as condutas
éticas descritas nas normas internacionais;
c) Aspectos atitudinais, com uma postura protagonista do bem estar social,
reconhecimento de que os nossos atos são políticos indo além das suas
dimensões técnico-científicas e corporativas, responsabilidade social assumindo
seus atos, reconhecendo-se como autor com capacidade de agir por si mesmo,
com autodeterminação, autonomia, independência, com noção de
interdependência.
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O intuito inicial é fazer com que se percebam as diferenças entre o que é ético e
moral, para que seja capaz de observar e analisar os fatos da vida cotidiana, tanto na
esfera privada quanto no ambiente de trabalho. Mas, antes disso, respondamos as
seguintes perguntas: Por que estudar Ética?
a) É um assunto recorrente e que sempre foi de interesse do homem. As questões
éticas perpassam por todos os aspectos da vida (familiar, profissional,
acadêmico, social), ao passo que desde a antiguidade o homem nutre interesse
pelo assunto;
b) Por conta do aumento da competitividade e individualismo. O modelo
econômico vigente, o sistema capitalista, estimula os imperativos “cada um por
si” e “os fins justificam os meios”, o que gera várias distorções no convívio
social;
c) Por conta da crise de valores. A corrupção está impregnada no cenário
político, econômico e social do nosso país que acaba por possibilitar perdas de
referências éticas. As pequenas corrupções e o “jeitinho brasileiro” estão
entranhados na cultura brasileira, ao passo que pessoas que se comportam
eticamente às vezes são tachadas de “bobas”, enquanto que os que burlam as
leis, por exemplo, são tidas como “espertas”, gerando uma confusão entre o que
é o certo e o errado, ocasionando assim a crise de valores.
d) Para fortalecer ações éticas no setor público. Exatamente por conta da crise de
valores, que se faz mister fomentar as discussões sobre a ética a fim de fortalecer
as ações éticas no setor público, além de possibilitar que as reflexões sejam
conduzidas pelo(a) servidor(a) para os mais diversos âmbitos de sua vida.
2 ÉTICA
O dilema do “Ser ou não ser? Eis a questão!” é imbricada na vida como pauta
recorrente. Entretanto, quando partimos para a práxis em segurança pública, por
exemplo, se estabelecemos o dilema, cria-se um problema. Pois é condição primaz a
condução ética do ofício.
Deve-se ou não apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular, de quem tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito
próprio ou alheio? Deve-se ou não exigir, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, mas em razão dela,
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vantagem indevida? Deve-se ou não solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem? Deve-se ou não retardar ou
deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou pratica-lo contra disposição expressa
em lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal?
Se acaso cogitou “sim” para alguma coisa acima, informamos que trata-se de
conduta criminosa tipificada como, Peculato, Concussão, Corrupção passiva e
Prevaricação, respectivamente. Condutas reprováveis e típicas de funcionário público,
incluindo àqueles que trabalham com a Segurança Pública. Entretanto, vem disfarçada
de “uma ajuda”, um “faz-me rir”, uma “parceria público-privada”, um “amigo(a) da
polícia”... E tanta outras formas que se criem para amortizar ou, por vezes, justificar o
cometimento da conduta.
Depara-se diariamente com vários dilemas que envolvem a ética. Umas questões
são mais simples e outras nem tanto assim. Mas de um modo geral, elas permeiam,
atravessam a vida. Através da ética decide-se acerca de várias questões como a escolha
dos nossos governantes, dos nossos cônjuges, das nossas amizades... Enfim, através da
ética decidiremos qual o caminho iremos trilhar. Mas, afinal, o que é Ética?
A palavra ética deriva do termo grego, “ethos” e significa modo ser, caráter,
comportamento. É um ramo da filosofia que lida com a compreensão das noções e dos
princípios que sustentam as bases da moralidade social e da vida individual. Trata-se de
uma reflexão sobre o valor das ações sociais consideradas tanto no âmbito coletivo
como no individual. Em outras palavras, é um conjunto de conhecimentos extraídos da
investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma
racional, fundamentada, científica e teórica. A Ética teoriza sobre as concepções que
dão suporte à moral. Em suma, é uma reflexão sobre a moral.
O exercício de um pensamento crítico e reflexivo quanto aos valores e costumes
vigentes tem início ainda, na cultura ocidental, na Antiguidade Clássica com os
primeiros grandes filósofos, a exemplo de Sócrates, Platão e Aristóteles. Questionadores
que eram, propunham uma espécie de “estudo” sobre o que de fato poderia ser
compreendido como valores universais a todos os homens, buscando dessa forma ser
correto, virtuoso, ético. O pano de fundo ou o contexto histórico no qual estavam
inseridos tais filósofos era o de uma Grécia voltada para a preocupação com a pólis,
com a política.
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Nesse contexto, a ética seria uma reflexão acerca da influência que o código
moral estabelecido exerce sobre a nossa subjetividade, e acerca de como lidamos com
essas prescrições de conduta, se aceitamos de forma integral ou não esses valores
normativos e até que ponto nós damos o efetivo valor a tais valores.
Segundo alguns filósofos, nossas vontades e nossos desejos poderiam ser vistos
como um barco à deriva, o qual flutuaria perdido no mar, o que sugere um caráter de
inconstância. Essa mesma inconstância tornaria a vida social impossível se nós não
tivéssemos alguns valores que permitissem nossa vida em comum, pois teríamos um
verdadeiro caos. Logo, é necessário educar nossa vontade, recebendo uma educação
(formação) racional, para que dessa forma possamos escolher de forma acertada entre o
justo e o injusto, entre o certo e o errado.
Assim, a priori, podemos dizer que a ética se dá pela educação da vontade.
Segundo Marilena Chauí em seu livro Convite à Filosofia (2008), a disciplina
denominada ética nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que
valem os costumes. Nasce quando também se busca compreender o caráter de cada
pessoa. Isto é, quando se busca compreender, refletir sobre o senso moral e a
consciência moral individual.
3 MORAL
A palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo
aos costumes”. A moral é o conjunto de regras que regulam as relações entre as pessoas
de uma sociedade, na busca pelo bem comum, felicidade e justiça. Estas regras são
adquiridas pela educação, tradição e cotidiano, e orientam cada indivíduo nas suas ações
e julgamentos sobre o que é certo ou errado, bom ou mau, moral ou imoral.
Moral é um conjunto de normas, regras e valores que uma sociedade define para
si mesma. Desse modo, podemos entender que a moral não é inata, inerente ao homem,
na verdade ela é fruto da consciência coletiva, das experiências individuais e culturais
que foram se construindo durante a história da humanidade. A partir do que foi
adquirido, distingue-se o bom do mau, o permitido e o proibido. A moral surgiu da
necessidade de respostas às necessidades da vida em grupo, sendo possível somente
quando o homem se tornou um ser social e este ser social só existe se tiver regras.
3.1 Moral da integridade e moral do oportunismo
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ÉTICA MORAL
Princípio Conduta Específica
Permanente Temporal
Universal Cultural
Regra Conduta da Regra
Teoria Prática
Reflexão Ação
Bem/Mal Certo/Errado
Aético: ausência Amoral: ausência
Antiético: contrário Imoral: contrário
5 TIPOS DE ÉTICA
Senso é o ato de raciocinar, de apreciar e julgar. Ter senso é ter um juízo claro,
um entendimento, é ter prudência, discernimento. É um substantivo masculino, do latim
sensu, que significa siso, tino, atenção. Sensato é um adjetivo que caracteriza aquele que
tem bom senso, que faz uso da razão, que age ponderadamente. Embora pouco usado,
senso significa também sentido, direção, rumo.
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O intuito é fazer com que se fortaleça ainda mais a conduta ética no ambiente de
trabalho, por meio de ações respaldadas na legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência, vigiando-se em relação ao “jeitinho brasileiro” e às pequenas
corrupções que permeiam o nosso dia a dia.
Ter ética profissional nada mais é do que o indivíduo cumprir com todas as
atividades de sua profissão, seguindo os princípios determinados pela lei, pela sociedade
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Como pode ser visto, o servidor público deve respeitar os valores éticos e
morais, deve respeitar as leis, pois estes contribuem sobremaneira com a qualidade do
atendimento no âmbito do poder público, além de conjugar o respeito ao usuário.
Podemos elencar algumas dicas para a conduta ética do servidor público:
todos os acontecimentos dessa forma. Partindo desse ponto de vista, Cézar Roberto
Bitencourt (2012) ressalta que a corrupção não representa um problema novo, nem é
característica de determinado regime ou forma de governo, porquanto sempre
acompanhou as civilizações humanas ao longo dos tempos. Certamente, não se espera
que os noticiários transmitam aulas de Direito Penal, contudo é necessário estabelecer
que cada um desses crimes apresenta suas próprias características e distinções,
merecendo destaque o peculato, a concussão, a corrupção passiva e a prevaricação. Não
será abordada a corrupção ativa, uma vez que não é crime praticado por funcionário
público, mas por particular contra a Administração em geral, nos termos do art. 333, do
CP (oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício).
O Capítulo I, do Título XI da Parte Especial do Diploma Repressivo trata dos
crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral. Esta, de
acordo com Guilherme de Souza Nucci (2015) abrange toda a atividade funcional do
Estado e dos demais entes públicos, trazendo o Título XI do Código Penal uma gama de
delitos voltados à proteção da atividade funcional do Estado e seus entes.
É considerado funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública,
estando tal definição descrita no art. 327 do Código Penal. Nesse diapasão, o § 1º do
mesmo artigo, com redação dada pela Lei n.º 9.983/2000 equipara ao funcionário
público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada, para a execução
de atividade típica da Administração Pública. Feito tal esclarecimento, passemos á
análise de cada um dos tipos penais em estudo, iniciando pelo peculato.
muito, está na verdade fortalecendo um dos maiores males do nosso país. Agir de forma
leviana é uma prática corriqueira em todo o território brasileiro, mesmo que algumas
pessoas achem que corrupção só existe em Brasília. A corrupção está na verdade,
infelizmente, impregnada em boa parte da população.
No terreno da ética o apodrecimento dos valores éticos positivos se inicia por
meio de pequenos delitos, infrações e aceitações. Quando, por exemplo, é noticiado que
os marginais soltaram rojões para sinalizar a entrada da polícia na favela, o cidadão
comum costuma reprovar tal ação. Entretanto, esse mesmo cidadão não ver nada de mal
em piscar o farol na estrada para alertar que a viatura policial rodoviária está na outra
direção. Isso se caracteriza como um relativismo ético, que acaba por corroer toda a
nossa estrutura de dignidade.
Importante ter em mente que os políticos não veem de Marte. Eles partem dessa
mesma sociedade que busca se favorecer de algum modo, “desenrolando”, mesmo
correndo o risco de prejudicar alguém. Então, até que ponto estamos contribuindo com a
corrupção em nosso país? Eis uma questão que vale a pena refletir.
Acreditamos que a ação mais importante consiste nos adultos darem exemplo as
crianças. Elas aprendem por meio do exemplo, e se queremos que no futuro os políticos
e os cidadãos sejam honestos, precisamos ser hoje aquilo que queremos ser no amanhã.
O ideal é que possamos repensar nossas ações no ambiente de trabalho e na vida,
buscando minimizar as pequenas corrupções nossas de cada dia.
configurando-se como uma perspectiva de prática a ser seguida, pois foi pactuada por
amplos setores como desejável.
da ação da proteção, mas este não é onipresente e nem mesmo suas forças o são, precisa
da interação social, da participação comunitária e do compartilhamento de ações.
Não é aceitável submeter o beneficiário (cidadão) à espera de maior vontade
política e de melhor aparelhamento material por parte do Estado. Ainda que esta deva
ser uma meta inegociável da sociedade, alcançável a médio ou longo prazos, é preciso
intensificar a urgência de nossa atenção sobre os recursos mais disponíveis e
imediatamente definidores, em termos globais, da qualidade do atendimento dos
cidadãos em questão: os recursos humanos, os operadores Trata-se de um realismo
estratégico que deve acompanhar não somente a intervenção das ONGs parceiras mas
também a ação dos segmentos de vanguarda do próprio Estado, desejosos de fazer
acontecer qualquer mudança significativa sem depender da vontade e do beneplácito do
“grande aparelho".
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Panóptico é um termo utilizado para designar uma penitenciária ideal, concebida pelo filósofo e jurista
inglês Jeremy Bentham em 1785, que permite a um único vigilante observar todos os prisioneiros, sem
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que estes possam saber se estão ou não sendo observados. O medo e o receio de não saberem se estão
a ser observados leva-os a adotar o comportamento desejado pelo vigilante.
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por exemplo, dizer a verdade é uma virtude do agente, inseparável de sua fala
verdadeira e de sua finalidade, que é proferir uma verdade. Na práxis ética, somos
aquilo que fazemos (CATÂNEO, 2008, p. 109). Portanto, cabe refletir sobre uma
conduta ética:
9.4 Atitudes Profissionais Éticas: grupos que merecem atenção especial, improbidade
administrativa e assédios
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É um conceito que designa qualquer Estado que se aplica a garantir o respeito das liberdades civis, ou
seja, o respeito pelos direitos humanos e pelas garantias fundamentais, através do estabelecimento de
uma proteção jurídica.
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É todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
função pública.
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10 CIDADANIA
A origem da palavra cidadania vem do latim “civitas”, que quer dizer cidade. A
palavra cidadania foi usada na Roma Antiga para indicar a situação política de uma
pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer.
A plenitude da Cidadania implica numa situação na qual cada pessoa possa viver
com decência e dignidade, através de direitos e deveres estabelecidos pelas necessidades
e responsabilidades do Estado e das pessoas.
O conceito de cidadania teve origem na Grécia Antiga e foi utilizado para
designar os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vivia na cidade e ali
participava ativamente dos negócios e das decisões políticas. Cidadania pressupunha,
portanto, todas as implicações decorrentes de uma vida em sociedade. Ao longo da
história, o conceito de cidadania foi ampliado, passando a englobar um conjunto de
valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão.
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Portanto, Cidadania são os direitos e deveres do cidadão e ela pode ou não ser
exercida.
Para a ética, não basta que exista um elenco de princípios fundamentais e
direitos definidos nas Constituições. O desafio ético para uma nação é o de universalizar
os direitos reais, permitindo a todos cidadania plena, cotidiana e ativa. Desse modo, será
possível a síntese entre ética e cidadania, na qual possa prevalecer muito mais uma ética
de princípios do que uma ética do dever.
Neste mesmo contexto, a segurança pública foi estabelecida como direito, como
dever e também como responsabilidade de todos. Sua importância se confunde com a
própria razão de existir do Estado, sendo sua função primordial a proteção dos direitos
do cidadão. Por outro lado, enquanto atividade exercida por órgãos específicos e
visando a preservação da ordem pública, a segurança passou a demandar também a
participação ativa da sociedade – ou seja, o exercício da cidadania.
É visível, desta forma, que cidadania e segurança pública são conceitos
indissociáveis: a cidadania somente pode ser exercida em plenitude quando presentes as
condições de paz e tranquilidade advindas com o exercício da segurança pública. E esta,
para ser efetiva, deve contar com a participação e engajamento dos cidadãos, de forma
organizada, na formulação de projetos e políticas públicas.
A conexão entre os dois conceitos trouxe também alguns outros reflexos de
ordem prática para a doutrina de polícia:
Todo esse processo passa, sem dúvidas, por uma incorporação dos valores
ligados à cidadania, à democracia e aos direitos humanos tanto por parte da sociedade
como também pelas instituições policiais. Desta forma, o presente artigo não pretende
esgotar o assunto, pois os reflexos desta temática para a doutrina de polícia são bastante
amplos e fazem derivar outras consequências práticas para a atividade policial, sendo
um desafio permanente para os pesquisadores da área.