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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

AUTORIDADES
Governador do Estado do Rio de Janeiro
Exmº Sr Cláudio Bomfim de Castro e Silva

Secretário de Estado de Polícia Militar


Exmº Sr Coronel PM Luiz Henrique Pires

Subsecretário de Estado de Polícia Militar


Ilmº Sr Coronel Carlos Eduardo Sarmento da Costa

Diretor-Geral de Ensino e Instrução


Ilmº Sr Coronel PM Marco Aurelio C. Guarabyra Vollmer

Comandante do CFAP 31 de Voluntários


Ilmº Sr Coronel PM Marcelo Andre Teixeira da Silva

Comandante do Centro de Educação a Distância da Polícia Militar


Ilmº Sr Tenente-Coronel PM Alexandre Moreira Soares

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APRESENTAÇÃO

Estamos vivendo a era da tecnologia, na qual a informação está cada dia


mais latente e veloz em nossa rotina diária. Este curso tem por objetivo , formar
e especializar os Cabos da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Para tal,
o Curso ocorrerá na modalidade à Distância, pois as disciplinas no ambiente
virtual de aprendizagem, por intermédio da Escola Virtual, no Centro de
Educação a Distância Cel Carlos Magno Nazaré Cerqueira (CEADPM) e as
avaliações de forma presencial no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de
Praças ( CFAP 31 Vol.).
É fundamental o seu empenho no curso, pois você terá na parte EaD
autonomia de estudos e de horários, mas também é necessário disciplina e
dedicação para o êxito dessa jornada, pois alcançar o sucesso depende do
esforço coletivo e também individual, objetivando que nossos policiais sejam
cada vez mais qualificados, bem treinados e especializados, para cumprirmos
nossa missão, buscando cada vez mais a excelência de nossas ações.
O bom treinamento envolve aspectos físicos e cognitivos, na era da
informação e da tecnologia, precisamos nos aprimorar cada vez mais a fim de
garantir uma tropa consciente, respeitosa, pautada em valores morais e
institucionais, garantindo assim o cumprimento de suas funções com dignidade
e excelência.
Esperamos que você aproveite ao máximo os conhecimentos adquiridos
através deste curso e busque uma reflexão acerca de suas funções perante a
sociedade e seus companheiros de profissão. Que seja um momento de
repensar as práticas e fortalecer seu vínculo profissional, ampliando cada vez
mais seus conhecimentos para lidar com as particularidades de ser um Policial
Militar no Estado do Rio de Janeiro.
Desejamos a todos bons estudos!

Marco Aurelio Ciarlini Guarabyra Vollmer - Coronel PM


Diretor-Geral de Ensino e Instrução

Marcelo André Teixeira da Silva – Coronel PM


Comandante do CFAP

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Desenvolvedores
CFAP
Supervisão e Coordenação Pedagógica
CAP PM Ped. Patrícia Kalife
3º SGT PM Rodrigo Barroso Candido
CB PM Juliana Pereira de Carvalho
SD PM Eduarda Vasconcellos Dias de Oliveira

Conteudista
SUBTEN Lenilson Cardoso dos Santos

CEADPM

Supervisão Geral EAD


MAJ PM Rodrigo Fernandes Ferreira
Equipe Técnica
SUBTEN PM Willian Jardim de Souza
3º SGT PM Edson dos Santos Vasconcelos
SD PM Lucas Almeida de Oliveira
SD PM Diogo Ramalho Pereira

Diagramação
2º SGT PM Alan dos Santos Oliveira
2º SGT PM Wallace Reis Fernandes
CB PM Michele Pereira da Silva de Oliveira
CB PM Vanessa Souza Rino Bahia

Design Instrucional
1º SGT PM Eloisa Cláudia Clemente de Almeida
CB PM Michele Pereira da Silva de Oliveira

Filmagem e Edição de Vídeo


CB PM Renan Campos Barbosa
SD PM Alessandra Albuquerque da Silva

Designer Gráfico / Diagramação Interativa


2º SGT PM Wallace Reis Fernandes
SD PM Leonardo da Silva Ramos

Suporte ao Aluno
CB PM Vanessa Souza Rino Bahia

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SUMÁRIO

CARO ALUNO ...........................................................................6


INTRODUÇÃO ..........................................................................7
FILOSOFIA MORAL ..................................................................9
O CONTEXTO SÓCIO POLÍTICOCONTEMPORÂNEO..................15
DEONTOLOGIA POLICIAL MILITAR ........................................22
CONTRADIÇÕES MORAIS NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO
POLICIAL MILITAR ................................................................43
BASE ÉTICO/LEGAL E MECANISMOS DE CONTROLE DOS
DESVIOS DE CONDUTA DIPLOMAS ÉTICO/LEGAIS UTILIZADOS
PELA PMERJ ...........................................................................51
VALORES INSTITUCIONAIS / VIRTUDES MORAIS E ÉTICAS ..60
CONCLUSÃO...........................................................................62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................63

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CARO ALUNO

Seja bem-vindo à nossa disciplina de “Ética e Deontologia Policial


Militar”. Consideramos este conhecimento uma importante ferramenta
para orientação das ações policiais e escolhas cotidianas. Aproveite a
temática para desenvolver reflexões acerca da ética, em sua prática,
indispensável quer no serviço burocrático ou operacional.
Bons estudos!

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INTRODUÇÃO

Vamos falar de Ética?


Onde surgiu essa palavra?
Qual é seu significado?

Os antigos gregos tinham inicialmente uma consciência mítica,


cuja manifestação maior foi os poemas de Homero e Hesíodo. Quando
se deu a passagem do mundo mítico para a consciência racional,
apareceram os primeiros sábios, sophos, em grego. A Filosofia não é o
puro logos, pura razão: ela é a procura amorosa da verdade. Para Kant,
“não há Filosofia que se possa aprender, só se pode aprender a
filosofar”. A Filosofia é um conhecimento instituinte, no sentido de
questionar o saber instituído, eis aí um de seus grandes desafios. Para
Platão, a primeira virtude do filósofo é “admirar-se”.
Ramo da Filosofia, a Ética se destina, grosso modo, a investigar
a moral. É a ciência da moral (metamoral), ou, segundo Miguel Reale
Jr, “a Ética é o estudo da atitude do homem perante o homem e o
mundo”. Quando a Ética desce da sua generalidade, fala-se de uma
moral. Esta se prende mais a determinados períodos e lugares, sendo
conceituada como o conjunto de normas e regras adquiridas por
hábitos e costumes.
O termo Deontologia designa a ciência ou a teoria (logos) do que
é preciso fazer (em grego, deon). Essa palavra, criada por Jeremy
Benthan e que significava “moral geral”, veio a assumir uma acepção
muito particular: a de um conjunto de regras e de deveres
profissionais. Daí, surgem os códigos de conduta, os quais representam
as regras e os deveres inerentes ao exercício das profissões.

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A Deontologia Policial Militar deve basear-se na


ética autêntica, ou seja, na ética fundadora dos
princípios, uma Deontologia trabalhada à luz de
uma permanente retomada, comandada pela
reflexão, descartando-se a possibilidade de
torná-la uma ética profissional aplicada, segundo um
enganoso e oportunista moralismo.

E porque ter essa disciplina no CEFC?

No Curso Especial de Formação de


Cabos (CEFC), a disciplina Ética e Deontologia
Policial Militar busca tratar de um estudo
sistemático (crítico e reflexivo), que visa
proporcionar ao aluno do CEFC um
delineamento ético da profissão por ele
escolhida.
Acreditamos que cumpre à instituição Polícia Militar do Estado
do Rio de Janeiro (PMERJ), e a cada um de seus membros, a
observância, a promoção e zelo pela sua conduta, em prol do
desenvolvimento e do encorajamento do respeito aos direitos do
homem e das liberdades fundamentais para todos, sem qualquer
distinção, difundindo, em particular, os valores expressos nos
documentos fundamentais nacionais e internacionais.
Nesse sentido, a natureza das funções de aplicação da lei para
defesa da ordem pública, e a forma como essas funções são exercidas,
têm uma incidência direta sobre a qualidade de vida dos indivíduos e
da sociedade no seu conjunto.

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Agora que já vimos sobre a importância


destes conceitos na vida do profissional
de segurança pública, que tal
aprendermos um pouco mais sobre a
diferença entre ética e moral?

FILOSOFIA MORAL

Ética e Moral: Etimologia, características e diferenças

Etimologicamente,Ética origina-se da
palavra grega ethos, que significa modo
de ser ou caráter. Principalmente para
os que têm formação cristã, o primeiro
Código de Ética que se tem notícias
foram os Dez Mandamentos, da Lei de
Moisés.

Em outras palavras, o termo Ética se refere à disciplina que


lida com o que é bom e mau, e com o dever moral e obrigação;
um conjunto de princípios morais ou valores; os princípios de
conduta que governam um indivíduo ou grupo (profissional); o estudo
da natureza geral de moral e das escolhas morais especificas; as regras
ou padrões que governam a conduta de membros de uma profissão; a
qualidade moral de uma ação; propriedade.
Tentar estabelecer uma diferença entre ética e moral, com base
na etimologia, não poderia nos guiar em nada desta tarefa: ethos
(definido acima) e mores (em latim, hábitos) possuem significados

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próximos; os termos ética e moral remetem a conteúdos vizinhos, à


ideia de costumes, de hábitos, de modos de agir determinados pelo
uso.
Torna-se importante destacar que a ética
consiste no pensamento e reflexão, frente às
ações humanas e seus fundamentos. A moral é
um conjunto de regras de condutas consideradas
como válidas, quer de modo absoluto para
qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou
pessoa determinada. As principais diferenças
entre os termos conceituados é que na moral
apenas nos habituamos a agir de acordo com um
determinado valor e não questionamos sobre
eles, enquanto na ética temos consciência de
nossas ações (De Araújo, 2009).

Ética do grupo, ética particular e ética profissional

A ética pode ser compreendida em três níveis diferentes,


com consequências distintas:

Ética Particular

A ética particular refere-se à moral, a valores e a crenças do


indivíduo. Inicialmente, a ética pessoal do cidadão/policial decide o tipo
de ação a ser tomada, em uma dada situação.

Ética pessoal pode ser positiva ou


negativamente influenciada por experiências,
educação e treinamento.

A pressão do grupo é outro instrumento de moldagem para a


ética pessoal do cidadão/policial. É importante entender que não basta
esse indivíduo saber se sua ação deve ser legal e não arbitrária. A ética
pessoal (as crenças pessoais no bom e no mau, no certo e no errado),

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do cidadão/policial deve estar de acordo com os quesitos legais, para


a ação realizada estar correta.
O aconselhamento, acompanhamento e revisão de desempenho
são instrumentos importantes para esta finalidade.
A realidade do serviço policial militar significa trabalhar em
grupos, trabalhar com colega em situações às vezes difíceis e /ou
perigosas, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.
Destes fatores pode surgir
comportamento de grupo, padrões
subculturais (isto é, linguagem grupal,
rituais, nós contra eles, etc.), e a
consequente pressão sobre membros do
grupo (especialmente os novos), para que
se conforme a cultura do grupo.

Ética de Grupo

Atuando de acordo com sua ética pessoal,o indivíduo/policial


pode confrontar-se com uma ética de grupo estabelecida e
possivelmente conflitante, com a pressão da escolha entre aceitá-la ou
rejeitá-la. Deve ficar claro que a ética do grupo não é necessariamente
uma qualidade moral melhor ou pior, em relação a ética pessoal do
indivíduo ou vice-versa. Sendo assim, os gestores da PMERJ
inevitavelmente monitorarão as atitudes e comportamentos, em
termos de ética pessoal e ética de grupo.
Em diferentes países, a
história da aplicação da lei
fornece uma variedade de
exemplos, em que éticas de
grupo questionáveis levaram ao
descrédito das instituições
policiais.

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Escândalos de corrupção endêmica,


envolvimento em grande escala com o crime
organizado, racismo e discriminação estão
frequentemente abalando as fundações das
instituições policiais, ao redor do mundo.
Estes exemplos podem ser usados para
mostrar que estas organizações devem almejar níveis de ética entre
seus integrantes e, efetivamente, erradicar esse tipo de
comportamento indesejável.

Ética Profissional

Quando nos consultamos com um médico ou um advogado, por


razões pessoais, geralmente não passa por nossa cabeça que estamos
agindo com grande confiança. Acreditamos e esperamos no respeito à
nossa privacidade, e no trato confidencial do caso. Na verdade,
confiamos é na existência e no respeito de um código de ética
profissional, um conjunto de normas codificadas do comportamento
dos praticantes de uma determinada profissão. As profissões médicas
e legais, como se sabe, possuem tal código de ética profissional com
padrões relativamente parecidos, em todos os países do mundo. Não
se reconhece, ainda, a profissão policial como tendo alcançado uma
posição similar, em que exista um conjunto de normas, claramente
codificadas e universalmente aceitas para a conduta dos policiais. No
entanto, junto ao sistema das Nações Unidas,bem como a do Conselho
da Europa, desenvolveram-se instrumentos internacionais que tratam
das questões de conduta ética e legal no exercício da profissão policial.

Sendo uma disciplina prática, a Ética procura responder


questões do tipo:
- O que devo fazer?
- Como devo ser?

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- Como devo agir?

A ética é uma metamoral, você sabe o que significa isso?

O que designa a ética? Não um conjunto de regras próprias de


uma cultura, mas uma metamoral, uma doutrina que se situa além da
moral, uma teoria racionada sobre o bem e o mal, os valores e os juízos
morais.
Ao traçarmos uma análise de relação da ética com outras
doutrinas e ciência, devemos estabelecer
que doutrina é o conjunto de princípios
básicos, em que se fundamenta um
sistema religioso, filosófico ou político;
enquanto ciência é um conjunto
organizado de conhecimentos
comprovados.
Então, por ser uma metamoral, à Ética cabe algumas reflexões.
Veja:

 Os VALORES DA VIDA (intelectual, profissional, religiosa, afetiva e


social). Todas elas são importantes na vida do ser humano.
 AS VIRTUDES E OS VÍCIOS. Devemos evoluir diariamente, procurando
aumentar as virtudes e diminuir os vícios.
 OS DIREITOS E DEVERES. Antes de buscarmos os nossos direitos,
devemos refletir bem se estamos cumprindo com os deveres.
 O BEM E O MAL. Usufruímos do livre arbítrio. Saibamos escolher o
caminho do bem, para nunca decepcionarmos àqueles que sempre
confiaram em nós. Entre as alternativas (bem e mal; certos errado;
lícito e ilícito), você escolhe a opção! A atividade policial deve ser
estritamente ética, não suscitando dúvidas em relação à conduta ética.

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Moral: Regras, Costumes e tradições

Quando a ética desce de sua generalidade, fala-se de uma moral.


Esta se prende mais a determinados períodos e lugares, sendo
conceituada como o conjunto de normas e regras adquiridas por
hábitos e costumes. A moral do início do século passado era bem
diferente dos dias atuais.
A moral também pode ser conceituada como
um estado de espírito. É muito comum dizermos
que o moral de uma instituição está baixo, diante
de fatos que causem descrédito para elas.
Apesar deste paradoxo que a análise etimológica nos assinala,
há que operar uma distinção entre ética e moral. A primeira é mais
teórica, é reflexão, é estudo sobre os fundamentos da segunda. Assim,
a ética se esforça por desconstruir as regras de conduta que formam a
moral, os juízos de bem e do mal que se reúnem no seio desta última.

Agora que já sabemos a diferença entre e


ética e moral, que tal escrever em seu
caderno, com suas próprias palavras, o que
você entendeu sobre isso? Vamos lá?

Ética, Moral e Polícia Militar

Como ocorrem em todas as profissões exercidas por seres


humanos, os princípios ético/morais que lhes dão características
próprias e apontam a conduta desejada nem sempre são cultivados ou
internalizados, ocorrendo contradições morais e os desvios de conduta.
No exercício de suas atividades, o policial militar também há que
dispor de princípios que formem a sua consciência profissional e que
represente imperativos de sua conduta, sendo relevante destacar:

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proteção à sociedade e cumprimento de sua missão


constitucional.
Conforme vimos anteriormente, a profissão PM, por sua natureza
e implicações sociais, atua na estreita faixa que separa o bem do mal.
Por isso, é repleta de tentações e desafios permanentes.

CONTEXTO SÓCIO POLÍTICOCONTEMPORÂNEO

Os dilemas e os desafios da modernidade: valores éticos e


morais

"Ao refletimos sobre o atual cenário sócio-


político do país, percebemos uma crescente
degeneração moral, ou seja, uma sociedade
conturbada em que vivemos e de onde
saímos. E por profissão, somos também
responsáveis pela garantia da paz, da

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liberdade e dos direitos fundamentais da pessoa humana desta mesma


sociedade! Reflitam!
No contexto da modernidade, a orientação da conduta se inspira
nos princípios da ética, da democracia, da justiça, da legalidade, da
responsabilidade e da transparência, razão pela qual a constatação das
contradições morais existentes na profissão PM aponta para um desafio
que cabe a todos os integrantes da Corporação, no sentido de
operarmos juntos uma formação profissional, uma educação moral
continuada, uma fiscalização responsável e uma gestão/comando
marcados pela dignidade, pela competência e pelo exemplo edificante.
Excelência do serviço policial militar! Eis o nosso desafio!”

Segundo De Souza (2007), tem-se que:

Toda conduta social é instituída por valores morais


diferentes, mas a conduta correta é imposta a
todos sem distinção. Desde o nascimento nos é
ensinado o que é certo e errado e a partir daí
reproduzimos valores impostos pela sociedade.
Desta forma, somos “programados” para agir
conforme regras impostas, recompensados
quando seguimos as regras e punidos quando as
transgredimos (DE SOUZA, 2007).

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É de extrema importância a difusão de ideias e conceitos que definem


o que é ética, valores e princípios morais aos policiais militares, para o
exercício de suas funções. O policial militar deve lembrar que valores
éticos e morais fazem parte da sociedade, e os cidadãos de bem
clamam pela sedimentação destes valores.Ratifica De Souza (2004),
que:

Nos últimos anos, se tornou latente a


necessidade de resgatar valores éticos e
morais na nossa sociedade. Essa necessidade
se manifesta em todos os campos da vida em
sociedade (DE SOUZA, 2004).

Os princípios deontológicos descritos para o policial militar devem


promover a qualidade do serviço policial, reforçar o prestígio e a
dignidade das forças de segurança, bem como contribuir para a criação
das condições objetivas e subjetivas que, no âmbito da ação policial,
garantam o pleno exercício dos direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos.

Vamos agora ilustrar a importância da família na vida do Policial


Militar!!

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Policial Militar e família

O policial militar é produto de uma família.


Ela contribui com 90% da sua
personalidade. A família precisa do policial
militar, e o policial militar de sua família. O
lar do policial militar contribui para construir
seu conhecimento afetivo.O policial militar deve valorizar, cultivar e
construir sua família, pois quanto mais desenvolvida a parte afetiva
(emocional), menor será o estresse, em situações hostis ou de crises.
A família do policial militar é mais que a célula da sociedade, é a base
do equilíbrio emocional do policial militar.

O Eu: (Estresse: Rixa, violência, agressões verbais; Pressões


externas: econômica, profissionais, sociais, das relações
interpessoais, pressões internas: doenças psicossomáticas,
frustrações, melancolia)

Nossas ações e reações são


determinadas pelas nossas decisões em meio
às crises e tensões (interiores e exteriores):
desânimo, luxúria, intranquilidade, egoísmo,
ganância, orgulho, mágoas, rixas, violência, agressões verbais,
econômicas, profissionais, sociais e relações interpessoais.

O policial militar precisa conhecer suas limitações e fraquezas, e se


policiar, precisando se disciplinar em alguns pontos. Diante de
determinada situação, suas reações são determinadas pelo
conhecimento sobre si próprio, devendo em situações hostis dominar
suas emoções, despir-se de preconceitos, agir com naturalidade, reagir
com tranquilidade, não reagindo a impulsos imediatos, pensando rápido,
porém duas ou mais vezes, verificando se sua interpretação dos fatos é
correta.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Sociedade consumista: A teoria da “Vantagem”, o “jeitinho”, o


“ter acima do ser”, a exaltação do espetáculo, a valorização do
desvio, a banalização da violência, a corrupção e a pedagogia
do erro.

De acordo com Nalini (2001, p. 150), “a sociedade


é uma união moral estável de uma pluralidade de
pessoas compostas ao atendimento de finalidades
comuns, mediante utilização de meios próprios”.
Mas para que as pessoas possam saber como agir
para satisfazer suas necessidades e desejos, sem
com isso prejudicar o modo de viver das demais
pessoas que convivem numa mesma sociedade,
existem as leis. Sob esse prisma, a lei não deve ser
vista somente como um instrumento de punição do
indivíduo que comete uma infração perante as
regras socialmente estabelecidas, mas sim, como
um instrumento que oriente os indivíduos sobre as
ações que são socialmente aceitas, e as devidas
punições que serão impostas aos que infringirem
as regras vigentes, pois como bem ressalta
Beccaria (2002, p. 101)

É preferível prevenir os delitos a ter de


puni-los; e todo legislador sábio deve antes
procurar impedir o mal a repará-lo, pois uma boa legislação não é mais
que a arte de proporcionar aos homens a maior soma de bem-estar
possível, e livrá-los de todos ospesares que se lhes possam causar,
conforme o cálculo dos bens e dos males desta existência.

O sistema econômico

“O lema da nossa bandeira é ORDEM E PROGRESSO. Observa-se


claramente que só acontecerá o segundo se houver primeiro. Para que
ocorra desenvolvimento num país, é
primordial a manutenção da ordem pública,
advindo daí uma certa tranquilidade e paz
social, para que investimentos sejam feitos,
indústrias e empresas criadas, e empregos
gerados, contribuindo assim com o
progresso da Nação.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Indiretamente, a Polícia Militar atua no desemprego (se ela


diminuir, a violência urbana contribuirá com a instalação de indústrias
e empresas geradoras de postos de trabalho), e na má distribuição de
renda (ocasionada pelo desemprego).

Conduta do policial militar no contexto: desafios e reflexões


face à realidade sociocultural e a sua vocação

“Ao criar a Divisão Militar da Guarda Real


de Polícia da Corte, em 13 de maio de 1809, o
então Príncipe Regente D. João argumenta
sobre a absoluta necessidade de prover a
segurança e tranquilidade pública à cidade do
Rio de Janeiro, sendo que nenhuma outra
providência anterior havia conseguido impedir
os problemas havidos. Trata-se da nossa certidão de nascimento, onde
claramente se percebe a vocação histórica da Polícia Militar para servir
e proteger a sociedade.
Recai, pois, sobre a polícia, como instituição que zela pelo
cumprimento da lei, a obrigação de obedecer à lei – incluindo as leis
promulgadas para a promoção e a proteção dos Direitos Humanos.
Fazendo isto, os policiais estarão respeitando o princípio sobre o qual
se baseia a lei: o princípio do respeito à dignidade humana”.

"A vocação é a fonte de todas as virtudes


militares".

O policial militar deve valorizar-se. O valor da vida está na resposta


às perguntas:
1- Quem sou eu?
2- Para que existo?
3- Onde está o meu valor como pessoa?

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Estas perguntas são


respondidas pela definição de nossa
vocação. Um agente de Segurança
Pública, um instrumento da paz na
cidade,o policial militar deve
cultivar sua vocação, sabendo que
o valor do homem está naquilo que
ele é e faz, e não tanto pelo que tem. O seu trabalho vale mais do que
ele tem, e sua vida vale mais do quanto ele ganha monetariamente. A
profissão policial militar é uma das mais nobres do mundo.
Precisamos dar mais valor aquilo que tem mais valor. O que nos
dá mais paz, alegria, força e prazer constante, é a consciência da
vocação e o sentimento de realização no homem.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

DEONTOLOGIA POLICIAL MILITAR

Fundamentos, significado e interfaces

Você certamente já ouviu falar de Deontologia


Policial Militar, mas sabe o que significa?
Vamos aprender sobre isso?

A origem da palavra deontologia está relacionada ao conjunto de


deveres, princípios ou normas adaptadas por um determinado grupo
de profissionais. Este conjunto de regras e princípios é a ciência que
trata dos deveres a que são submetidos os integrantes de uma
profissão, sendo utilizada para designar ética profissional ou a moral
do exercício profissional, resultado da reflexão dos profissionais sobre
sua prática.

Descreve Cardoso (2008), que:

A etimologia da palavra deontologia é grega,


deon-ontos, significa dever. Um dever que
remete a si próprio, isto é, ao próprio homem
e logos equivale a discurso. Um dos primeiros
códigos de deontologia que se impôs às
profissões das armas foi o Código de
Cavalaria [...](CARDOSO, 2008).

A Deontologia Jurídica, como exemplo, é a ciência que cuida dos


deveres e dos direitos dos operadores do direito, são eles advogados,
magistrados e promotores de justiça, bem como de seus fundamentos
éticos e legais. Etimologicamente, deontologia significa ciência dos
deveres.
Na Justiça, a deontologia é um termo introduzido, em 1834, pelo
filósofo inglês Jeremy Bentham, para se referir ao ramo da ética cujo
objeto de estudo são os fundamentos do dever e as normas morais. É
conhecida também sob o nome de “Teoria do Dever”. É um dos dois
ramos principais da Ética Normativa, juntamente com a Axiologia. A

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

deontologia é própria do Código Deontológico, a qual procura


desvendar os pressupostos inseridos nas normas de conduta social dos
indivíduos.

A deontologia profissional ou deontologia


aplicada ocorre quando não se está diante de
uma ética normativa, mas sim descritiva e
inclusive prescritiva.

O conjunto de regras e de conduta, ou seja, os deveres também


se referem à deontologia, quando inerentes a uma determinada
profissão. Profissionais como os advogados, médicos e policiais estão
sujeitos a uma deontologia própria a regular o exercício de suas
respectivas atividades, com base no Código de Ética de sua
categoria. O código trata-se de um conjunto de obrigações impostas
aos profissionais de uma determinada categoria, visando à correção de
suas intenções e ações, em relação a direitos, deveres ou princípios,
nas relações entre a profissão e a sociedade.
Immanuel Kant ou Emanuel Kant, filósofo prussiano, considerado
como último grande filósofo dos princípios da era moderna,
indiscutivelmente um dos pensadores mais influentes, sustenta que
agir por dever é o modo de conferir à ação o valor moral, e que por
sua vez a perfeição moral só pode ser atingida por uma vontade livre.
Devido às regras e
princípios de Direito
Administrativo Disciplinar, no
exercício das atividades do
policial militar, é plausível que a
deontologia profissional adquira
caráter de obrigação jurídica para
os seus agentes.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Cultura Policial Militar: memória: construção de identidade da


PMERJ, relações de poder: hierarquia e disciplina, relações
humanas e profissionais

Segundo Grilo,

A Cultura Militar é um conjunto de valores,


tradições, costumes e postura filosófica que, ao
longo do tempo, criou elos institucionais comuns.
Desde sempre pode ser encontrada uma matriz
comum a todos os militares relacionada com
expectativas comuns relativas a padrões de
comportamento, disciplina, trabalho de equipa,
lealdade, dever e abnegação e, nos costumes que
apoiam esses valores.” (2003, p. 8).

A Cultura a que nos referimos tem


uma relação íntima com a
especificidade da profissão militar,
tendo característica no plano físico,
com o uso de uniformes e conjunto de
honras e deferências previstas em
regulamentos, mas também no âmbito
moral, através da disciplina, espírito de corpo e de sacrifício ou da
coragem (Grilo, 2003, p. 9). É assim primordial referirmo-nos às
características específicas da profissão militar, que segundo Samuel
Huntington, são a elevada especialização e a responsabilidade que todo
o militar partilha (Huntington, 1957 citado por Trainor, 2000, p. 3).
Segundo James Burk (1999, citado por Grilo, 2003, p. 10), e Don
Snider (1999, citado por Trainor, 2000, p. 10), a cultura militar
sustenta-se em quatro princípios básicos: a disciplina, os valores, a
cerimônia e etiqueta, e a coesão e o espírito de corpo. Os Valores na
Instituição Militar surgem de duas fontes: da sua história, e da
Constituição e Leis da República. Os relatos da história revelam que
muitos dos valores militares foram forjados em diversos campos de

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

batalha, dos quais deram resultados a valores que são hoje tidos como
primordiais para a formação de um militar, e que já atrás foram
citados, nomeadamente a lealdade ou a coragem. Aliás, uma das
especificidades da cultura militar é a valorização, o enaltecimento dos
fundadores e dos valores que estes perpetravam. A outra fonte de
valores é a Constituição e Leis da República, dos quais provêm entre
outras, a obediência à autoridade, submissão à sociedade civil e
lealdade e respeito para com os camaradas, a unidade e a nação (Grilo,
2003, p. 9).
A coesão e o espírito de corpo podem ser considerados como um
instrumento de medida da moral e bem-estar da instituição militar, em
que representa o nível de satisfação sentido pelos militares que a
integram. Se por um lado, a coesão se revela na identidade que liga os
militares aos seus camaradas de armas, por outro, o espírito de corpo
materializa o orgulho na sua Unidade. A coesão e o espírito de corpo
mostram assim a “capacidade” de unir os militares nas situações mais
adversas, como no caso dos conflitos armados (Grilo, 2003, p. 11).
Com a cultura militar, constitui-se assim uma organização
piramidal, cuja estrutura é fortemente hierarquizada.

Você tem orgulho da cultura militar?


Quais valores você percebe, em seu dia
a dia, que são importantes para
propagação dessa cultura, de forma
positiva?

Código de ética profissional para o policial militar do estado do


Rio De Janeiro
Vamos conhecer o nosso Código de Ética? Ele foi publicado na
Portaria PMERJ,nº 0597,de 07 de janeiro de 2015.

25
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Da tábua de valores policiais militares

Art. 2º. São manifestações essenciais da


tábua de valores policiais militares:
I – o respeito pela dignidade da pessoa
humana, e sua consequente defesa;
II – portar-se como agente garantidor
dos Direitos Humanos;
III – a defesa dos ideais democráticos e
constitucionais;
IV – o civismo e o culto das tradições históricas;
V – a crença na elevada missão constitucional da Polícia Militar;
VI – o espírito de corpo, orgulho do policial militar pela organização
onde serve;
VII – o amor à profissão policial-militar e o entusiasmo com que é
exercida;
VIII – o aprimoramento técnico-profissional;
IX – hierarquia e disciplina;
X – respeito ao interesse público, ao policial e ao cidadão; e,
XI – transparência.

Dos deveres e proibições

Art. 3º. Os deveres policiais militares


emanam de um conjunto de vínculos
com a sociedade, sejam de ordem
moral ou material, e nascem de
cláusulas gerais de boa conduta e
compreendem, essencialmente:

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

I – obediência ao princípio da dignidade da pessoa humana no


exercício profissional da atividade policial militar;
II – a dedicação integral ao serviço policial militar, salvo as exceções
previstas em Lei, a fidelidade à Pátria e à Instituição a que pertence,
não podendo se eximir do dever de enfrentar o perigo;
III – o culto aos símbolos nacionais;
III – a probidade e a boa-fé objetiva em todas as circunstâncias;
IV – a disciplina e o respeito à hierarquia;
V – o rigoroso cumprimento dos deveres e ordens legais;
VI–tratar a todos os militares, sejam superiores, pares e
subordinados, condignamente e com urbanidade; e,
VII – o fiel cumprimento das normas de trânsito, com o objetivo da
segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas.

Art. 4º. No desempenho de suas funções, e em


obediência à tábua de valores, é proibido ao policial
militar:

I – solicitar ou receber, a qualquer título vantagens, em serviço, fora


do serviço em razão do serviço, ou da condição de Policial Militar;
II – concorrer para a realização de ato contrário à disciplina, à
legislação;
III – envolver o nome da Corporação com atitudes, gestos e palavras
que são contrárias aos princípios da doutrina policial militar;
IV – exercer atividade ilícita ou ter o seu nome ligado a esta;
V – emitir referência, parecer ou palavras que possam envolver o nome
de superiores, iguais ou subordinados;
VI – publicar ou distribuir, em seu nome, trabalho técnico ou
certificado do qual não tenha participado;

27
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

VII – expender argumentos ou dar opiniões e convicções pessoais


sobre os direitos de quaisquer das partes envolvidas em ocorrência a
qual estiver atendendo; e,
VIII – emitir juízo de valor sem estar suficientemente informado e
munido de documentos.

Da gestão dos bens e serviços públicos pelos policiais militares

Art. 5º. Os bens e serviço públicos devem ser utilizados


exclusivamente em prol da segurança pública com propriedade,
responsabilidade e probidade. São proibidos os usos de quaisquer bens
e serviços públicos para fins particulares ou de terceiros.

Dos deveres entre policiais militares

Art. 6º. As condutas do Policial Militar


em relação aos companheiros devem
ser pautadas nos princípios da ética
(consideração, respeito, apreço e
solidariedade), em todos os níveis da
hierarquia, com os seguintes
comportamentos indicativos:
I – abster-se de fazer referências prejudiciais ou de qualquer modo
desabonadoras aos colegas de profissão;
II – evitar desentendimentos com os companheiros de profissão;
III – praticar a camaradagem e desenvolver, permanentemente, o
espírito de cooperação;
IV – ser justo e impessoal nos julgamentos dos atos e na apreciação
do mérito dos subordinados;
Parágrafo único. A solidariedade entre policiais militares sejam de
quaisquer graduações ou postos, não induz, nem justifica, a

28
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

participação ou convivência com o erro ou com os atos infringentes a


normas éticas e legais.
Do uso da tecnologia da informação

Art. 7º. A disciplina do uso da internet na


Polícia do Estado do Rio de Janeiro tem os
seguintes princípios:

I -Garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação de


pensamento, nos termos da Constituição Federal;

II -Proteção da privacidade;

III - proteção dos dados pessoais, na forma da lei;

IV -preservação E garantia da neutralidade de rede;

V -Preservação da estabilidade, segurança e funcionalidade da rede,


por meio de medidas técnicas compatíveis com os padrões
internacionais e pelo estímulo ao uso de boas práticas;

VI -Responsabilização dos agentes de acordo com suas atividades, nos


termos da lei;

VII - preservação da natureza participativa da rede; e,

VIII - liberdade dos modelos de negócios promovidos na internet,


desde que não conflitem com os demais princípios estabelecidos nesta
Lei.

Parágrafo único. Os princípios expressos neste Código não excluem


outros previstos no ordenamento jurídico pátrio relacionados à matéria

29
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

ou nos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil


seja parte.

Princípios consagrados de ética profissional para o policial


militar

Art. 8º. Princípios Consagrados:

I – Responsabilidade primordial no trabalho.

a) A principal responsabilidade do serviço policial militar é a proteção


e socorro à comunidade mediante a defesa de suas leis, a principal
entre estas é a Constituição Federal.
b) O policial militar representa sempre toda a comunidade e sua
vontade legalmente expressada e nunca
será instrumento de um partido político ou
um grupo determinado.

II – Limitação da autoridade.

a) O primeiro dever de um policial militar


como defensor da lei é conhecer os limites que esta determina para o
exercício de suas funções. Devido o que representa a vontade legal da
comunidade, o policial militar deve estar consciente das suas limitações
e proibições que lhe são impostas por meio das leis e regulamentos.
b) Deverá reconhecer o princípio democrático do sistema de governo
brasileiro, que não confere a nenhum homem, grupos ou instituições,
um poder absoluto deve assegurar-se de que, como defensor
primordial da Segurança Pública, não pode abusar de autoridade.

30
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

III – Responsabilidades inerentes a si mesmo e com os outros.

Parágrafo único. O Policial Militar deve dedicar-se assiduamente ao


estudo dos princípios das leis que jurou defender; assegurar-se de
quais sejam suas responsabilidades nos detalhes de sua aplicação,
podendo ajudar seus superiores em questão técnicas ou de princípios
e regulamentos; deverá esforçar-se, em especial por compreender,
com amplitude, seu relacionamento com os outros funcionários
públicos, com a comunidade e, sobretudo em matérias de policiamento
ostensivo de trânsito, para a manifestação da ordem pública.

IV – Utilização de meios adequados, e legais, para alcançar os


fins apropriados e de direito.

a) O Policial Militar deve ter sempre presente a responsabilidade de


prestar a atenção estrita na seleção dos meios que empenhar para
cumprir com os deveres de sua profissão. A violação às leis ou a
negligência para salvaguardar a seguridade e proteger os bens
públicos, por parte de um funcionário Policial Militar são
intrinsecamente malévolas, provocam uma disposição semelhante e de
repúdio na mentalidade do público e resultam na perda de qualidade
dos serviços prestados.
b) A utilização de meios ilegais, por mais valiosos que possam ser para
os fins perseguidos, ocasionam, por força ilegal e violência arbitrária,
uma falta de respeito às leis e às autoridades encarregadas de aplicá-
las.
c) Para que as leis sejam respeitadas, deve-se primeiro ter respeito
àqueles a quem ela é aplicada.

V –Cooperação com funcionários públicos em cumprimento aos


deveres autorizados.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

a) O Policial Militar deve colaborar plenamente com outros funcionários


públicos para o cumprimento de deveres, dentro do prazo razoável da
demanda.
b) Sem embargo, deve assegurar-se conscientemente de fazer o
correto conforme a lei e deve evitar que se utilize de seu cargo público,
seja consciente ou inconsciente, para qualquer ato incorreto ou ilegal.
Em qualquer situação sujeita a discussão, o Policial Militar deve solicitar
autorização de seus superiores e fazer um relatório completo do
serviço, do fato, de como ocorreram e suas considerações.

VI – Comportamento privado.

a) O Policial Militar deve ter em conta a identificação especial que o


público faz dele como representante da lei. A relação da conduta ou
modos em sua vida privada, a expressão de uma falta de respeito às
leis ou o intuito de obter privilégios especiais só o desprestigia.
b) A comunidade e os serviços requerem que os Policiais Militares
encarregados de prevenirem a ordem pública levem uma vida de
homens decentes e honestos.
c) O Policial Militar que reflete sobre esta tradição não desagradará,
pelo contrário, se comportará em sua vida privada de tal forma que o
público haverá de considerá-lo um exemplo de estabilidade, fidelidade
e moralidade.

VII - Comportamento em público.

a) O Policial Militar, ao ter em conta sua responsabilidade para com a


comunidade, deve tratar seus integrantes de maneira urbana, correta
e cidadã, para incutir-lhe respeito às leis e às instituições.

32
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

b) O Policial Militar prestará serviço onde


for necessário e exigirá respeito às leis.
Não fará isto por preferência ou prejuízo
pessoal, mas sim como representante da
lei devidamente designado, que cumpre
com o juramento.

VIII – Comportamento com detidos e o tratamento com


infratores da lei.

a) O Policial Militar deve exercer sua


autoridade para realizar uma detenção de
forma tal que seja em acordo estrito com a
lei e com o respeito que se deve ter com os
direitos humanos do suposto delinquente.
b) O Poder de Polícia não lhe confere o direito para ajuizar aos
violadores da lei uma apreciação clara de suas responsabilidades e
limitações relativas à detenção destes transgressores, e sua conduta
será tal, que se reduza ao mínimo a necessidade do uso da força. Para
este fim, deve o Policial Militar cultivar a dedicação ao serviço público
e defender equitativamente as leis, tanto aos culpados que as violam,
como ao tratar com aqueles que as defendem.

IX – Denotativos e favores.

Parágrafo único. O Policial Militar, como indivíduo que representa de


forma mais tangível a Lei, tem a grande responsabilidade de manter
um alto grau de probidade em sua conduta, a fim de honrar a imagem
e a integridade de toda a Instituição. Portanto, evitará colocar-se em
situações em que o público poderá ter motivos para suspeitar de sua
conduta profissional. Deverá, portanto, rechaçar firmemente as
regalias e favores, as recompensas grandes ou pequenas que, na

33
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

opinião pública, possam ser interpretadas como capazes de influir em


seu próprio juízo de valor na medida do desempenho de seus deveres.

X – Apresentação de meio das provas.

a) O Policial Militar deve preocupar-se tanto em perseguir os


delinquentes, como defender os inocentes. Deve dar conta dos fatos
que constituem as provas e apresentá-las de forma imparcial e sem
malícia. Passará por alto as distinções sociais, políticas e de outra
índole, que existam entre as pessoas envolvidas. Assim, poderá
fortalecer a tradição de confiança e a integridade da palavra de um
Policial Militar.
b) O Policial Militar deve fazer um esforço especial para aumentar sua
percepção e sua capacidade de observação e ter sempre em conta que
em muitas situações será o único testemunho imparcial de fatos
ocorridos em um caso.

XI – atitudes que fazem a profissão.

Parágrafo único. O Policial Militar deve considerar o cumprimento de


seus deveres como algo que lhe foi confiado pela comunidade e
reconhecer sua responsabilidade como servidor público. Por meio de
estudo diligente e dedicação, o Policial Militar deve esforçar-se em
aplicar a ciência, da melhor maneira possível na resolução de delitos e
campo das relações humanas, sobretudo em assuntos atinentes à
Ordem e à Segurança Pública. Deve apreciar a importância e a
responsabilidade de sua profissão e entender que o trabalho de polícia
ostensiva é uma profissão honrada, que presta valioso serviço à sua
comunidade e ao seu país.

XII – responsabilidade educacional, categorizada em:

34
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

a) bem estar biopsicossocial do aluno;


b) o aluno como sujeito e promotor da cidadania e dos direitos
humanos;
c) incolumidade física e moral dos alunos;
d) instrumentalidade da cadeia hierárquica;
e) adequação ao local da instrução;
f) assistência aos serviços de saúde; e,
g) acompanhamento por profissional habilitado para a instrução.
Da conduta dos policiais militares no exercício da aplicação da
lei

Art. 9º. Todos os policiais militares no exercício legal e funcional da


aplicação da lei devem cumprir, a todo o momento, o dever que a lei
lhes impõe, servindo a comunidade e protegendo todas as pessoas
contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de
responsabilidade que a sua profissão requer.
Art. 10. No cumprimento do seu dever, os policiais militares no
exercício legal e funcional da aplicação da lei devem respeitar e
proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos
fundamentais de todas as pessoas.

Art. 11. Os policiais militares no exercício


legal e funcional da aplicação da lei só podem
empregar a força quando tal se afigure
estritamente necessário e na medida exigida
para o cumprimento do seu dever.

Art. 12. As informações de natureza confidencial em poder dos


policiais militares no exercício legal e funcional da aplicação da lei
devem ser mantidas em segredo, a não ser que o cumprimento do
dever ou as necessidades da justiça estritamente exijam outro
comportamento.

35
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Art. 13. Nenhum policial militar no exercício legal e funcional da


aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar qualquer ato de tortura
ou qualquer outra pena ou tratamento cruel, desumano ou degradante,
nem invocar ordens superiores ou circunstanciais excepcionais, tais
como o estado de guerra ou uma ameaça à segurança nacional,
instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública
como justificação para torturas ou outras penas ou tratamentos cruéis,
desumanos ou degradantes.

Art. 14. Os policiais militares no exercício legal e funcional da aplicação


da lei devem assegurar a proteção da saúde das pessoas à sua guarda
e, em especial, devem tomar medidas imediatas para assegurar a
prestação de cuidados médicos sempre que tal seja necessário.

Art. 15. Os policiais militares no exercício legal e funcional da aplicação


da lei não devem cometer qualquer ato de corrupção. Devem,
igualmente, opor-se rigorosamente e combater todos os atos desta
índole.

Art. 16. Os policiais militares no exercício legal e funcional da aplicação


da lei devem respeitar a lei e devem também comunicar quaisquer
violações da lei aos seus superiores e, se necessário, a outras
autoridades com poderes de controle e correição.

Art. 17. Os policiais militares no exercício legal e funcional da aplicação


da lei devem dar ostensividade às suas identificações funcionais,
exceto nas atividades em que o sigilo seja previsto em norma.

Da conduta dos policiais militares no exercício do uso da força


e armas de fogo

Art. 18. Os policiais militares no exercício legal e funcional da aplicação


da lei devem, na medida do possível, recorrer a meios não violentos
antes de utilizarem a força ou armas de fogo. Só poderão recorrer à

36
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

força ou a armas de fogo se outros meios se mostrarem ineficazes ou


não permitirem alcançar o resultado desejado.

Art. 19. Sempre que o uso legítimo da força


ou de armas de fogo seja indispensável, os
policiais militares no exercício legal e funcional
devem:
a) Utilizá-las com moderação e a sua ação deve
ser proporcional à gravidade da infração e ao
objetivo legítimo a alcançar e sempre que o
fizer informar o fato por meio dos canais
institucionais a seu escalão superior e registrar por escrito a sua
ocorrência, conforme menciona a letra “e”, do Art. 29, do presente
Código de Conduta Ética Profissional;
b) esforçar-se por reduzirem ao mínimo os danos e lesões e
respeitarem e preservarem a vida humana;
c) assegurar a prestação de assistência e socorros médicos às pessoas
feridas ou afetadas, tão rapidamente quanto possível; e,
d) assegurar a comunicação da ocorrência à família ou pessoas
próximas da pessoa ferida ou afetada, tão rapidamente quanto
possível.

Art. 20. Sempre que da utilização da força ou


de armas de fogo pelos policiais militares no
exercício legal e funcional de suas atividades
resultem lesões ou a morte, os responsáveis
farão um relatório pormenorizado da ocorrência
aos seus superiores, além do competente
Registro de Ocorrência em foro de polícia
judiciária.

37
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Art. 21. Os policiais militares no exercício legal e funcional de suas


atividades na condição de responsáveis pela aplicação da lei não devem
fazer uso de armas de fogo contra pessoas, salvo em caso de legítima
defesa, defesa de terceiros contra perigo iminente de morte ou lesão
grave, para prevenir um crime particularmente grave que ameace
vidas humanas, para proceder à detenção de pessoa que represente
essa ameaça e que resista à autoridade, ou impedir a sua fuga, e
somente quando medidas menos extremas se mostrem insuficientes
para alcançarem aqueles objetivos. Em qualquer caso, só devem
recorrer intencionalmente à utilização letal de armas de fogo quando
isso seja estritamente indispensável para proteger vidas humanas.

Art. 22. Os policiais militares no exercício legal e funcional de suas


atividades, na condição especial de responsáveis pela aplicação da lei
devem identificar-se como tal e fazer uma advertência clara da sua
intenção de utilizarem armas de fogo, deixando um prazo suficiente
para que o aviso possa ser respeitado, exceto se esse modo de
proceder colocar indevidamente em risco a segurança daqueles
responsáveis, além de implicar um perigo de morte ou lesão grave para
outras pessoas ou se mostrar manifestamente inadequado ou inútil,
tendo em conta as circunstâncias do caso.

Art. 23. Os policiais militares no exercício legal e funcional de suas


atividades, na condição especial de responsáveis pela aplicação da lei
quando da utilização de armas de fogo deverão observar e cumprir
estritamente os protocolos e procedimentos operacionais padrões que:
a) especifiquem as circunstâncias nas quais os policiais militares no
exercício legal e funcional de suas atividades, na condição especial de
responsáveis pela aplicação da lei sejam autorizados a transportar
armas de fogo e prescrevam os tipos de armas de fogo e munições
autorizados;

38
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

b) garantam que as armas de fogo sejam utilizadas apenas nas


circunstâncias adequadas e de modo a reduzir ao mínimo o risco de
danos inúteis;
c) proíbam a utilização de armas de fogo e
de munições que provoquem lesões
desnecessárias ou representem um risco
injustificado;
d) regulamentem o controle,
armazenamento e distribuição de armas de
fogo e prevejam nomeadamente
procedimentos de acordo com os quais os policiais militares no
exercício legal e funcional de suas atividades, na condição especial de
responsáveis pela aplicação da lei devam prestar contas de todas as
armas e munições que lhes sejam distribuídas;
e) prevejam um sistema de relatórios de ocorrência, sempre que os
policiais militares no exercício legal e funcional de suas atividades, na
condição especial de responsáveis pela aplicação da lei, utilizem armas
de fogo no exercício das suas funções.

Art. 24. Os policiais militares no exercício legal e funcional de suas


atividades, na condição especial de responsáveis pela aplicação da lei,
dado que a todos é garantido o direito de participação em reuniões
lícitas e pacíficas, devem reconhecer que a força e as armas de fogo só
podem ser utilizadas de acordo com os princípios enunciados neste
Código de Conduta Ética Profissional.

39
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Art. 25. Os policiais militares no exercício legal


e funcional de suas atividades, na condição
especial de responsáveis pela aplicação da lei
devem esforçar-se por dispersar as reuniões
ilegais, porém não violentas sem recurso à
força e, quando isso não for possível, limitar a
utilização da força ao estritamente necessário.

Art. 26. Os policiais militares no exercício legal e funcional de suas


atividades, na condição especial de responsáveis pela aplicação da lei
só podem utilizar armas de fogo para dispersarem reuniões violentas
se não for possível recorrer a meios menos perigosos, e somente nos
limites do estritamente necessário. Os funcionários responsáveis pela
aplicação da lei não devem utilizar armas de fogo nesses casos, salvo
nas condições estipuladas neste Código de Conduta Ética Profissional.

Art. 27. Os policiais militares no exercício legal e funcional de suas


atividades, na condição especial de responsáveis pela aplicação da lei
não devem utilizar a força na relação com pessoas detidas ou presas,
exceto se isso for indispensável para a manutenção da segurança e da
ordem nos estabelecimentos penitenciários, ou quando a segurança
das pessoas esteja ameaçada, inclusive a segurança do indivíduo
custodiado ou preso.

Art. 28. Os policiais militares no exercício legal e funcional de suas


atividades, na condição especial de responsáveis pela aplicação da lei
não devem utilizar armas de fogo na relação com pessoas detidas ou
presas, exceto em caso de legítima defesa ou para defesa de terceiros
contra perigo iminente de morte ou lesão grave, ou quando essa
utilização for indispensável para impedir a evasão de pessoa detida ou
presa representando o risco referido neste Código de Conduta Ética
Profissional.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Art. 29. Os policiais militares no exercício legal e funcional de suas


atividades, na condição especial de responsáveis pela aplicação da lei
não poderão alegar nem tampouco invocar obediência a ordens
superiores como meio de defesa, especialmente se sabiam que a
ordem de utilização da força ou de armas de fogo de que resultaram a
morte ou lesões graves era manifestamente ilegal e se tinham uma
possibilidade razoável de recusar cumpri-la. Em qualquer caso,
também existe responsabilidade da parte do superior que proferiu a
ordem ilegal.

Art. 30. As condutas violadoras do presente serão avaliadas de acordo


com a gravidade da infração, na forma das leis específicas.

Conscientização de servidor público: significado, abrangência,


compromisso social, compromisso policial militar, atividade fim
e atividade meio policial militar.

Princípios deontológicos estão descritos nos regulamentos


disciplinares das Polícias Militares. A deontologia polícia militar é
constituída pelos valores e deveres éticos, traduzido em normas de
conduta, que se impõem para que o exercício da profissão policial
militar atinja plenamente os ideais de realização do bem comum,
mediante a preservação da ordem pública. Aplicada aos componentes
da Polícia Militar, independente de posto ou graduação, a deontologia
policial militar reúne valores úteis e lógicos a valores espirituais

41
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

superiores, destinados a elevar a profissão policial militar à condição


de missão. O militar do Estado prestará compromisso de honra em
caráter solene, afirmando a consciente aceitação dos valores e deveres
policiais militares, e a firme disposição em bem cumpri-los.
Os deveres éticos emanados dos valores policiais militares, que
conduzem a atividade profissional sob o signo da retidão moral, são os
seguintes:

A dedicação integral ao serviço policial militar, salvo as


exceções previstas em lei, a fidelidade à pátria e à instituição
a que pertence, mesmo com sacrifício da própria vida, o culto
aos símbolos nacionais, a probidade e a lealdade em todas as
circunstâncias, a disciplina e o respeito à hierarquia, o
rigoroso cumprimento das obrigações e ordens, e a obrigação
de tratar o subordinado dignamente e com urbanidade.

Reconhecimento e valoração de um comportamento policial


militar exemplar: distintivo lealdade e constância

Através da Portaria abaixo, nossa Corporação reconhece e


valoriza o Policial Militar que se portam com Lealdade Constância, no
cumprimento do dever:

Portaria PMERJ,n°. 0369, de 30 de Maio de 2011.

Altera dispositivo da Portaria, n°.0161, de23 defevereirode1994,


que criou os distintivos LEALDADE E CONSTÂNCIA, CORAGEM E
DESTEMOR e BRAVURA EM AÇÃO e dá outras providências.

42
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Art. 1° - Fica criado o distintivo LEALDADE


E CONSTÂNCIA, destinado a premiar os
policiais militares que se portarem por 10
(dez) anos consecutivos, com lealdade e
constância no cumprimento do dever, sem
sofrer qualquer punição disciplinar, bem
como estar sendo submetido a Processo
Administrativo Disciplinar (PAD).

CONTRADIÇÕES MORAIS NO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO


POLICIAL MILITAR

Quantas vezes nos deparamos com


questões e dilemas éticos que
nos absorvem em nossa
profissão?
Como agir dentro da ética, em
casos tão diversos?
E como não sofrer com os desvios de conduta?

43
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Desvios de conduta: tipos, causas e efeitos

Nesta unidade, abordamos a conduta cometida por policiais


militares, de forma contrária aos valores éticos sociais. Atitudes
delituosas existentes na corporação militar constituem mais um
problema que envolve a segurança pública, que dão legitimidade e
reforça a imagem de forma negativa, e gera incredulidade por parte da
população. Independente do grau e intensidade, as transgressões
afetam os princípios que norteiam os direitos humanos, os valores
éticos, disciplinares e morais que fundamentam o Código de Ética da
Polícia Militar(regulamento que rege as normas, os direitos, os deveres
e as responsabilidades dos agentes da Corporação), ferem, sobretudo,
os princípios legais da Constituição Brasileira. Como elemento
conclusivo, coloca-se em tela que, diante a realidade ora vivenciada,
marcada pela má conduta dos agentes militares, é de extrema
importância a busca de instrumentos efetivos de coerção disciplinar,
de responsabilização e de punição aos policiais transgressores, como
forma de reafirmação do domínio da autoridade militar, de prevalência
dos valores éticos e de resgate da confiabilidade e apreço da
população.

44
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Causas (para reflexão e análise)

 Falta de instrução, orientação e supervisão;


 A natureza do serviço (trabalho no limite entre legalidade /
ilegalidade; certo / errado);
 A imaturidade;
 A degeneração moral da sociedade (inversão de valores
ético/morais);
 A certeza da impunidade;
 Os apelos sensacionalistas e consumistas veiculados pela
mídia;
 As graves corrupções interna e externa;
 O sentimento de querer levar vantagem em tudo;
 Falhas no serviço de supervisão;
 Desequilíbrio familiar (policial militar com mais de uma
família);
 Ausência de uma religião;
 Exemplos negativos (supervisores, pares e subordinados);
 Associação com maus companheiros;
 Baixos vencimentos;
 Formação inadequada ou deficiente;
 Falta de orientação por parte dos policiais mais antigos; e,
 Desassistência ao policial militar e aos seus familiares.

45
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Efeitos (para reflexão e análise)

 Denigre o passado glorioso da PMERJ e sua função social, bem


como a figura do policial militar;
 Diminui a credibilidade da Instituição junto à população;
 Fortalece o crime organizado e este vitimará mais policiais e mais
cidadãos, além de potencializar a ousadia e a letalidade de tais
marginais da lei;
 Colabora para o aumento da violência urbana que ceifa dia a dia,
casa vez mais a vida de pessoas inocentes, gerando sensação de
insegurança, pânico social e desestabilização econômica /
produtiva; diminui o espírito de corpo dos policiais militares, ou
seja, o orgulho em pertencerem à instituição Polícia Militar (baixa
estima);
 Sobrecarga dos serviços de inteligência / reservados, os quais
passam, em conjunto com as Corregedorias, a mapear,
identificar e responsabilizar os policiais envolvidos em ações
profissionais ilegais/aéticas, prejudicando, desta forma, outras e
mais especificas ou importantes atividades dos serviços
reservados / inteligência.

46
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Com objetivo de reduzir o número de


policiais militares com desvio de conduta,
foi criado o Programa de prevenção ao
desvio de conduta, público no Boletim da
PMERJ, nº 98, de 08/06/10. Vamos
conhecer um pouco mais sobre o Programa...

Objetivos específicos:

1. Contribuir para que o policial militar possa exercer sua


função pautada na conduta ético profissional, necessária para
o bom desempenho da Corporação;

2. Elevar o nível de comprometimento e motivação de


Oficiais, para viabilizar a execução do projeto;

3. Promover junto ao público alvo reflexão sobre os prejuízos


do desvio de conduta (multifaceta da atividade profissional
policial militar), de forma a neutralizar e/ou inibir os desvios
de conduta, por parte do profissional de segurança pública,
junto à sociedade do estado do Rio de Janeiro;

4. Resgatar a imagem positiva do policial militar,junto à


sociedade, neutralizando as imagens míticas negativas;

5. Contribuir com o Programa de Valoração do Policial Militar


da PMERJ, no sentido de neutralizar ou diminuir fatores de
riscos que comprometam o bem estar psicossocial do policial
militar e de sua família, bem como de promover e estimular
fatores de proteção, viabilizando a eliminação, neutralização
ou diminuição dos fatores de risco;

47
ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

6. Preparar o policial militar para exercer o previsto no Código


de Conduta para os funcionários responsáveis pela aplicação
da lei, em especial o artigo 1º que diz: “Os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei devem sempre cumprir o
dever que a lei lhes impõe, servindo a comunidade e
protegendo todas as pessoas contra atos ilegais, em
conformidade com o elevado grau de responsabilidade que a
sua profissão requer. ” (Adotado pela Assembléia Geral das
Nações Unidas, no dia 17 de dezembro de 1979, através da
Resolução nº 34/169.);

7. Sensibilizar o policial militar, através de ações interativas


lúdicas, depoimentos e palestras com temas de prevenção ao
desvio de condutas, vídeos e visitas à Unidade Prisional da
PMERJ; e,

8. Implementar, no âmbito da Corporação, a valoração do


Policial Militar, enquanto profissional de Segurança Pública, de
forma a neutralizar o surgimento de fatores de riscos que
comprometam o bem-estar do policial e sua atividade
profissional.

Criada pela Resolução SESEG, nº 12, de 15 de janeiro de 2007,


a Coordenadoria de Assuntos Estratégicos (CAEs), é o órgão da Polícia
Militar subordinado diretamente ao Comandante Geral da PMERJ,
particularmente em assuntos especializados, planejamento estratégico
e elaboração de projetos, que escapam as atribuições normais
específicas dos órgãos de Direção Geral ou Superior, bem como pelo
fomento das mudanças organizacionais, na Corporação.
Desta forma, o Programa de Prevenção ao Desvio de
Conduta Policial Militar visa à ação de neutralizar/minimizar a
influência negativa comportamental, que afeta o público

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

interno da Corporação, por conta dos desvios de conduta de


alguns policiais militares. Em virtude destes desvios, muitos são
excluídos, no decorrer de suas vidas profissionais, após a instauração
do pertinente processo legal. A busca da veracidade do fato apurado,
e suas consequentes responsabilidades, revestem-se da adoção de
medidas legais cabíveis, culminando, inclusive, caso haja confirmação
de autoria, na aplicação da pena de exclusão, ao profissional que ali
figure como acusado.
Entretanto, alguns desses policiais militares, que foram excluídos
através de feitos investigatórios legalmente instaurados, retornam à
Corporação, após análises jurídicas mais apuradas.
Aquele mesmo policial militar que fora acusado da prática de
algum delito, e após passar por determinado período afastado da
Corporação, retorna por força de liminar concedida pela Justiça, sendo
reintegrado ao contingente empregado no serviço ativo, por vezes,
voltando a delinquir.
Há exemplos de policiais militares reintegrados que, mesmo ao
lado de companheiros de profissão de conduta profissional
irrepreensível, continuam com desvio de conduta, criando-se novos e
perigosos laços de cooperação, nos trabalhos desenvolvidos pelas
equipes trabalho. Instala-se, no seio da tropa, a pacífica harmonia
advinda do convívio diário entre os limites legais da atuação do probo
policial militar e os delitos praticados, impunemente, por alguns
“desviados colegas de profissão”. Com isso, o programa vislumbra que
os policiais militares (profissionais de Segurança Pública),
desenvolvam a autocrítica, com vistas ao seu comportamento
individual e possam antes cometer algum desvio de conduta, pensar
se realmente vale a pena pôr em risco a sua carreira e permanência
na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, e fazer com que sua
família vivencie um escândalo perante a sociedade, onde em
juramento, prometera defendê-la com o sacrifício da própria vida. E

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

com isso, criar um mecanismo motivador de inibição ao desvio de


conduta.
A fim de conter o aumento de policiais militares com desvio de
conduta, o programa cria fatores de proteção comportamental, dando
ênfase à valorização dos recursos humanos policiais militares,
trabalhando a auto-estima e outras necessidades críticas de interesse
policial militar. Para isso utiliza mecanismos, tais como:
1. Workshop: Coaching Empresarial “Instrumentação de Coaching
- Consultoria de Pessoas”, para os Subcomandantes e P/1 das
Unidades Operacionais;

2. Sensibilização da tropa, através de ações interativo-lúdicas


(teatro), instruções, palestras, vídeos com ênfase na importância
do comportamento policial militar e outros;

3. Planejar, implementar, monitorar e avaliar políticas que


tenham por objetivo a promoção da qualidade de vida dos
servidores públicos do campo da segurança pública;

4. Produzir, gerenciar e difundir conhecimentos relativos à


qualidade de vida destes servidores;

5. Estabelecer parcerias com organizações da sociedade civil,


organismos internacionais e governos estrangeiros, para a
implementação de políticas públicas atinentes ao programa;

6. Difundir ações meritórias


de policiais militares que
sirvam como exemplo a ser
seguido pelos demais
integrantes da Corporação,
dentre outras.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

BASE ÉTICO/LEGAL E MECANISMOS DE CONTROLE DOS


DESVIOS DE CONDUTA DIPLOMAS ÉTICO/LEGAIS UTILIZADOS
PELA PMERJ

Vamos aprender mais sobre os


documentos / regulamentos e sistemas
que estabelecem as normas de conduta
que regem a Polícia Militar do Estado do
Rio de Janeiro?

1. Estatuto dos Policiais Militares (Lei Estadual RJ, n°


443/81)

O Estatuto é a principal lei a reger os deveres, direitos e obrigações do


policial militar, acompanhando-o desde seu ingresso na Corporação,
até sua vida ao longo da inatividade.
Nele encontrar-se-á um capitulo especifico (Titulo II, Capítulo I, Seção
II, Art. 27), ao tratar da Ética Policial Militar.
Fica ali bem claro, ser dever do policial militar agir de forma ilibada,
nas vidas pública e privada, bem como a dedicação integral ao serviço
policial militar, a fidelidade à Pátria e à Instituição a que pertence,
mesmo com o sacrifício da própria vida”.

2. Regulamento Disciplinar da Polícia Militar – RDPM


(Decreto-Lei Estadual RJ, n° 6579/83)

“Trata das premiações e punições administrativas (disciplinares), a


serem aplicadas ao policial militar.
No tocante às punições disciplinares, pode-se verificar que nenhuma
fere os mais basilares princípios éticos, morais e da dignidade humana.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Antes de mais nada, a premiação e a punição devem ser vistas como


princípios educativos àquele a quem é aplicada, diretamente, e
indiretamente àquele que dela tomam conhecimento.
No RDPM, é nítida a valorização de um princípio que só ao ser humano
é facultado: o livre arbítrio. Só o homem, dentre todos os seres vivos
deste imenso planeta, pode decidir que caminho seguir: o do bem ou
do mal, arcando conscientemente com todas as suas consequências!
Reflita! ”

3. Código de Conduta para Funcionários Encarregados de


Fazer Cumprir a Lei (Resolução da ONU, de 17 dez. 79)

“Adotado por 185 (cento e oitenta e cinco) países membros, condena


veementemente quaisquer atos de corrupção, violência desnecessária
e tortura. Busca ainda pautar as ações de tais funcionários sob os
paradigmas da dignidade humana e o correto exercício da atividade
policial. ”

4. Normas Reguladoras do Comportamento Ético-


Profissional dos Policiais Militares (Bol da PM, n°06 de 09
jan.92)

Nelas estão contidas dezesseis medidas que


visam nortear uma conduta ilibada, por
parte de todos os integrantes da Instituição,
ficando claro que a responsabilidade pelo
seu fiel cumprimento é do Comandante,
Chefe ou Diretor de OPM; dos Comandantes, Chefes ou Diretores de
Subunidades (Cias) e Seções, em relação aos seus comandos e
dirigidos diretos; dos Oficiais de Dia e de Supervisão, dos Sargentos,
Sargenteantes e Supervisores Graduados.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

5. Mecanismos de Controle, Prevenção e Responsabilização

“Dada a necessidade de controle absoluto sobre todas as ações


de seus integrantes, que vão estar sempre atreladas ao aspecto ético,
diga-se de passagem, buscou a PMERJ desenvolver mecanismos
específicos para o controle e responsabilização daqueles que por
ventura pratiquem desvios de conduta no curso de sua vida profissional
na Instituição. A inibição a todo e qualquer ato praticado pelo policial
militar, que afete o sentimento de
dever, o pundonor e o decoro da
classe, exige ação imediata
daqueles que dele tomarem
conhecimento. ” Tais mecanismos
podem ser subdivididos em 02
(duas) categorias:

1. Específicos:
Conselho de Ética da Polícia Militar e Comissões de Ética das
Organizações Policiais Militares:Portaria PMERJ,nº 0598,de 07 de
janeiro de 2015.

2. Jurídicos/ Administrativos (Disciplinares):


Averiguação, Sindicância, Inquérito Policial Militar (IPM),
Conselho Escolar de Disciplina (CED), Comissão de Revisão Disciplinar
(CRD), Conselho de Disciplina (CD) e Conselho de Justificação (CJ).
Cabe ressaltar que os três últimos mecanismos, previstos no RDPM,
são formas de punição a que está sujeito o policial militar que cometa
transgressão disciplinar grave."

Código de Ética Profissional para o Policial Militar do Estado do


Rio de Janeiro (Portaria PMERJ,nº 0597,de 07 de janeiro de
2015)

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Normas de Conduta Ética da PMERJ (Bol da PM, n° 06, de 09 jan


92)

1. Fiscalização, identificação e punição dos policiais militares que


possuem arma de procedência ignorada, adotando as
providências subsequentes com relação as armas;
2. Controle do armamento particular dos policiais militares, de
acordo com as normas da Corporação e outras normas;
3. Controle de veículos particulares usados pelos policiais militares,
como meio de transporte a OPM;
4. Proibição de uso, pelos policiais militares, de veículos particulares
para deslocamento aos postos de serviço, exceto nos casos
prévia e formalmente autorizados pelos Comandantes;
5. Proibição de policiais militares, em serviço, fazerem refeição em
estabelecimentos comerciais, exceto nos casos prévia e
formalmente autorizados pelos Comandantes;
6. Fiscalização de todo o policiamento quanto à identificação nos
uniformes, através de tarjetas, plaquetas e insígnias;
7. Proibição de transporte nas viaturas operacionais de objetos,
utensílios, instrumentos e quaisquer materiais estranhos aos
equipamentos previstos, nas normas da Corporação;
8. Proibição de transporte, nas viaturas operacionais, de pessoas
estranhas ao serviço ou a qualquer ocorrência policial, em
andamento;
9. Acompanhamento de policiais
militares (Oficiais e Praças), que
ostentem bens materiais
desproporcional aos seus
vencimentos, sem comprovação
de fontes;
10. Verificação dos policiais
militares que de folga, em gozo de

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

férias e licenças, dão demonstração de esbanjamento de


dinheiro;
11. Acompanhamento restrito pela 1 EM/OPM, das escalas de
serviço, da concessão de dispensas e licenças médicas;
12. Acompanhamento das atividades dos policiais militares,
que tentam burlar o Sistema de Saúde da Corporação,
empenhando-se em atividades conflitantes com sua condição de
licenciados ou dispensados
13. Acompanhamento das atividades estranhas exercidas
pelos policiais militares, durante as folgas, sobretudo em locais
incompatíveis com sua condição;
14. Acompanhamento sistemático e contínuo, pelas
respectivas salas de operações, das ocorrências policiais que
envolvam presos, os quais deverão ser encaminhados, de
imediato a DP Circunscricional.
15. Ressalta-se que o não cumprimento das determinações
acima, será considerado falta disciplinar de natureza grave.

Do Conselho de Ética da PMERJ e das OPM

Até aqui verificamos regulamentos,


normatizações e estatutos que
estabelecem a conduta dos profissionais
de segurança e, por consequência, dos
policiais militares. Para além destes
documentos, ainda temos os Conselhos de
Ética, na promoção de integração entre a
Corporação e entidades governamentais
interessadas em segurança pública. Além disso, o Conselho coordena
a atuação das comissões que, por sua vez, possibilitam o acesso de
representantes civis para discussão dos processos que englobam a
segurança.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

PORTARIA PMERJ, Nº 0598, DE 07 DE JANEIRO DE 2015.

Institui o Conselho de Ética da Polícia Militar do Estado


do Rio de Janeiro, as Comissões de Éticas das Organizações
Policiais Militares (OPM). Autoriza a Articulação do Conselho e
das Comissões de Representantes da Sociedade Civil.

O COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO


RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais.

Art. 1º - Ficam instituídos o Conselho de Ética da Polícia Militar do


Estado do Rio de Janeiro e as Comissões de Ética das Organizações
Policiais Militares (OPM).

Art. 2º - O Conselho de Ética da Corporação terá por atribuições:


I – Coordenar a atuação das Comissões de Ética;
II – Promover a articulação da Corporação com entidades
governamentais interessadas na Segurança Pública e na melhoria do
desempenho dos Policiais Militares; e,
III – Incentivar a formação de Comissão de Representantes da
Sociedade Civil para funcionarem na condição de instância consultiva
articuladamente com o Conselho de Ética da Polícia Militar e com as
Comissões de Ética das OPM, respectivamente.

Art. 3º - O Conselho de Ética da PMERJ será assim constituído:


Presidência: Chefe do Estado-Maior
Geral.
Membros: Chefe de Gabinete do
Comandante Geral, Diretores Gerais e
Coordenadores Setoriais.
Secretário: Chefe da Seção de Pessoal do
EMG.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Art. 4º - O Conselho de Ética da PM reunir-se-á ordinariamente ou


extraordinariamente, a critério do Comandante-Geral, devendo tal
reunião ser pública em Boletim da PMERJ.

Art. 5º - As Comissões de Ética das Organizações Policiais Militares


(OPM) terão por finalidade:
I – Motivar o público interno para agir de acordo com os preceitos da
Ética Policial Militar, visando a neutralizar os desvios de conduta
emergentes, ainda não caracterizados como crime, contravenção ou
transgressão disciplinar;
II – Canalizar esforços dos Policiais Militares contra práticas policiais
desviantes, fazendo prevalecer os valores sadios no seio da família
policial militar;
III – Agir como organismo observador e orientador informal a partir de
fatos e comportamentos considerados como potencialmente nocivos ao
decoro da classe e a imagem da Corporação;
IV – Atuar nos casos concretos levantados e apresentados a Comissão
de Ética, quando formalmente convocada pelo Comandante da OPM;
V – Atuar no estreito contato com as organizações e entidades
governamentais e não governamentais existentes na área de atuação
da unidade operacional ou na cidade onde estiver situada a OPM, nas
questões relacionadas com a preservação dos valores éticos e de
direitos humanos; e,
VI – Disciplinar o uso incorreto e não profissional do bem público.

Art. 6º - As Comissões de Ética serão assim constituídas:


II – De Praças:
Coordenador: Subcomandante, Subchefe ou Subdiretor ou
Subcoordenador da OPM.
Membros: Quatro Subtenentes e Sargentos, quatro Cabos e Soldados,
os quais serão escolhidos e indicados anualmente pelos seus pares na
OPM, dentre aqueles que estiverem no excepcional comportamento e

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

tenham no mínimo cinco anos de serviço prestado na Corporação,


podendo ser subdividida por graduações.
Secretário Executivo: Chefe da Seção de Pessoal (P/1) ou Secretário
das OPM.

Art. 7º - As Comissões de Ética reunir-se-ão ordinariamente uma vez


por mês, ou por convocação do Comandante, Chefe ou Diretor da OPM,
a qualquer tempo, quando for necessário tratar de casos concretos.

Art. 8º - Representantes de entidades governamentais e não


governamentais serão convidados pelos Comandantes, Chefes e
Diretores de OPM para organizarem e constituírem comitês específicos
para que, articuladamente, desenvolvam estudos e ações de promoção
dos direitos humanos e do exercício da cidadania e ainda formularem
sugestões para melhoria dos serviços prestados, em estreita ligação
com as Comissões de Ética das OPM.

Art. 9º - Os contatos poderão ser feitos através dos correspondentes


Conselhos Comunitários de Segurança e também considerando as
entidades existentes na área de Policiamento das Unidades
Operacionais / Especializadas, nas cidades ou bairros onde se localizam
as OPM.

Art. 10 - Serão facultadas aos Comitês de Representantes as seguintes


iniciativas:
I – Proteger e assegurar os direitos dos cidadãos de uma maneira geral.
II – Levar ao conhecimento das Comissões de Ética os anseios da
comunidade quanto à atuação dos Policiais Militares.
III – Ajudar as OPM na difusão para o público externo das ações
positivas realizadas pelos Policiais Militares.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Art. 11 - Serão fundamentais para os trabalhos do Conselho e das


Comissões de Ética, dentre outros, os preceitos estabelecidos no
Estatuto dos Policias Militares, no código de conduta para funcionários
encarregados de fazer cumprir a Lei, da ONU e na declaração sobre
Polícia (Resolução nº 690/76. de 31º seção ordinária do Conselho da
Europa).

Art. 12 - A articulação do Conselho de Ética com as organizações e


entidades governamentais ou não governamentais será coordenada
pelo Gabinete do Comandante Geral da Polícia Militar.

Art. 13 - As Comissões de Ética programarão reuniões com comitês


de representantes para discussão de assuntos de interesse da
coletividade, em que a OPM passa colaborar. Estas reuniões poderão
realizar-se na OPM ou fora dela.

Marcas de qualidade da PMERJ

Toda instituição possui valores


intrínsecos ao seu funcionamento, razão pela
qual se estabelecem como pilares, em seu
cotidiano de ações.
Vamos conhecer estes valores na
PMERJ?

Portaria PMERJ, nº 600, de 07 de janeiro de 2015.


Aprova a Diretrizes Gerais do Comandante-Geral e
Marcas de Qualidade da PMERJ

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

VALORES INSTITUCIONAIS / VIRTUDESMORAIS E ÉTICAS

Valores institucionais configuram a identidade organizacional da


Corporação, e constituem o conjunto de disposições a serem cumpridas
pelos integrantes da Corporação, para a satisfação das necessidades
da sociedade e da segurança pública, em geral.
Nesse sentido, o Código de Conduta da Organização das
Nações Unidas para os Funcionários Encarregados de Fazer
Cumprir a Lei estabelece dentre outros que a lei é o limite da
autoridade; servir é proteger a comunidade com respeito à dignidade
e aos direitos humanos; a ação policial deve primar pelo emprego
seletivo e moderado do uso da força; intolerância total com atos de
tortura e intransigência com a corrupção; a observância destas e de
outras disposições garante proteção ao policial militar, que atua dentro
da lei, e assegura a legitimidade consolidada, no apoio da sociedade.
A observância estrita dos altos padrões de honra e de
integridade, associada ao alto sentimento do dever, ao pundonor
policial militar e ao decoro da classe, deverão impor a cada um de nós,
integrantes da PMERJ.

Conduta moral e profissional


irrepreensíveis, com observância
aos preceitos da ética policial
militar.

“Valor moral e ético são fontes de


respeito e credibilidade”.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

Os Capelães Militares, as atividades de Educação Moral e


Religião

Nossa Corporação é dotada de um serviço de assistência


religiosa, para os policiais militares, funcionários civis e familiares, e
tem como finalidade também atender a encargos relacionados com as
atividades de educação moral, realizada na Instituição.
O SAR/PMERJ (Serviço de Assistência Religiosa da PMERJ), é
constituído de Capelães Militares (padres e pastores), em que
contribuem para o bem-estar moral e disciplinar da tropa, coopera com
o Comandante na recuperação de militares que se tenham desviado do
cumprimento do dever e da disciplina, dentre outros.
A religião é de suma importância para a vida do policial militar,
principalmente para o seu equilíbrio psicológico, moral e familiar.

“Quando na Corporação, o policial é um ser religioso, ele


será um elemento fundante, pessoa que irá influenciar o
ambiente de trabalho com a sua pessoa e o seu agir moral.”

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

CONCLUSÃO

Prezado policial militar,


É fundamental que o Policial Militar em qualquer posto ou
graduação tenha sua conduta pautada na ética de sua profissão,
visando prestar a sociedade um atendimento digno resguardando o
bem-estar do outro e de si.

Toda profissão tem uma conduta ética e no caso do policial


militar essa conduta necessidade ser ainda mais cautelosa, pois a mídia
e a sociedade estão sempre atentas a conduta dos agentes de
Segurança Pública, os quais jamais podem esquecer que são
representantes do Estado e todas as suas ações refletem diretamente
na Imagem da Corporação.

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ÉTICA E DEONTOLOGIA - CEFC

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