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30/05/2021 Freud explica Bolsonaro na pandemia com conceito de pulsão de morte - 20/03/2021 - Ilustríssima - Folha

OPINIÃO CHRISTIAN DUNKER

Freud explica Bolsonaro na pandemia com


conceito de pulsão de morte
No bolsonarismo, menções a tamanho do pênis e homossexualidade têm relação
com gosto por armas

20.mar.2021 às 23h15

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2021/03/21/)

Christian Dunker
Psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da USP, é autor, entre outros livros,
de "Uma Biografia da Depressão" (Planeta) e "Mal-estar, Sofrimento e Sintoma: uma
Psicopatologia do Brasil entre Muros" (Boitempo)

[RESUMO] Psicanalista (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2021/03/como-a-depressao-virou-a-


rainha-dos-transtornos-mentais-segundo-christian-dunker.shtml) propõe uma leitura do quadro

político brasileiro a partir do conceito introduzido por Freud um século


atrás. Reação do governo Bolsonaro à pandemia traz a marca de um
irracionalismo destrutivo composto de negacionismo delirante, indiferença à
dor, retórica paranoica e bravatas de virilidade.

De todos os conceitos propostos por Freud, a pulsão de morte


(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1009200007.htm) é certamente o mais controverso.

Escolas inteiras de psicanálise simplesmente o recusam, pelos mais variados


argumentos: paradoxo biológico, contradição antropológica ou expressão
biográfica mal-analisada.

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A introdução da hipótese da pulsão de morte, no final da obra freudiana,


colocou em pé de igualdade sexualidade e hostilidade. Agora, o conflito não é
mais entre desejo e autoconservação, mas entre Eros (amor, libido e união) e
Tânatos (destruição, agressividade e desunião).

A hipótese freudiana mais especulativa consistiu em dizer que a vida é um


parêntesis entre dois estados inorgânicos. Haveria uma tendência de retorno
ao estado anterior, que explicaria o aparentemente gosto irracional do
humano pela repetição, mesmo quando isso implica dor, desprazer e morte.

Ilustração - Alexandre Teles

Passados cem anos da proposição de Freud, notamos certas semelhanças


salientes entre os motivos para introduzir essa hipótese e os descaminhos do
governo Bolsonaro (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2020/10/forca-da-narrativa-de-bolsonaro-sobre-
covid-19-indica-que-tormento-nao-vai-passar-tao-cedo.shtml), que aparece, para muitos

observadores, como errático e contrário a princípios elementares da razão e


da ciência, mas também autocontraditório e destrutivo diante de objetivos
políticos elementares concernentes à autoconservação do poder.

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A pulsão de morte foi introduzida em 1920, em “Além do Princípio do


Prazer”, quando a Europa fazia o balanço da Primeira Guerra Mundial
(https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/07/1487539-ha-um-seculo-estourava-a-primeira-guerra-conflito-ate-hoje-

nebuloso.shtml),
reconhecendo nela uma nova forma de matar. Mais impessoal e
industrial, a tecnologia da morte é inflexão negativa e resultado dos próprios
progressos da razão.

No plano clínico, a pulsão de morte seria justificada por certos efeitos


repetitivos de experiências traumáticas, nos quais, em vez de esquecer o que
se passou, o paciente não consegue parar de lembrar e reexperimentar
vividamente os sinais de angústia, reencenando assim o pior. Observando
que somos todos em alguma medida traumatizados, isso representaria uma
força permanente para não abandonar nossos sintomas.

Descendo ainda mais ao nível do desenvolvimento da criança, a pulsão de


morte explicaria por que uma parte substancial de nossa cultura, de nosso
brincar e de nossos laços sociais dependem de uma certa administração da
agressividade e, portanto, da contenção, mas também da participação de
nosso gosto por destruir.

A epidemia de gripe espanhola de 1918 (https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2020/06/o-que-


aprendemos-e-o-que-nao-com-a-gripe-espanhola-de-1918.shtml),
que levou uma das filhas de Freud, e
o seu diagnóstico de câncer na mandíbula às vezes são usados para criticar a
hipótese de pulsão de morte, reduzindo-a ao pessimismo pessoal de seu
criador.

Ainda que os termos sejam aproximativos, a emergência do bolsonarismo e,


particularmente, sua reação à pandemia de Covid-19
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/03/relembre-o-que-bolsonaro-ja-disse-sobre-a-pandemia-de-gripezinha-e-pais-

de-maricas-a-frescura-e-mimimi.shtml),
sempre esteve ligada ao trauma —seja o trauma da
ditadura militar, com o qual há uma identificação transparente, seja o
trauma representado pelo governo Lula, seja o retorno do perigo comunista,
estamos sempre na lógica da repetição sem elaboração.

Uma aplicação inovadora da hipótese da pulsão de morte é a análise de


grupos e massas em que surgem identificações regressivas, psíquica e
cognitivamente, originando uma cultura da pulsão de morte. Orientando a

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agressividade para o outro, instilando fantasias paranoicas, o funcionamento


em massa faz os indivíduos demitirem-se de seus próprios interesses e
desejos em troca de acolhimento contra o desamparo, que é um estado
psíquico decisivo para convocar a pulsão de morte ou para defleti-la.

As duas massas artificiais em que Freud exemplifica esse funcionamento são


a igreja e o Exército. Nestes casos, o manejo da relação entre o eu e o eu
ideal, a fraternidade constituída em relação ao líder, substituto do pai,
tomado como objeto simultaneamente libidinal e agressivo, exigem a criação
e a recriação de inimigos externos e internos.

Chegamos assim a uma curiosa proximidade com duas instâncias


mobilizadas pela prática de governo bolsonarista, militar e religiosa, em
retórica paranoica de campanha, depois transformada em método de
administração, baseado na produção de inimigos e milícias da alma.

Outra função teórica da pulsão de morte é explicar por que muitas pessoas
sentem angústia, sem que nada justifique esse estado psíquico. Práticas de
autopunição exploram o fato de que, na pulsão de morte, o delito satisfaz a
culpa, ele não a cria. Essa foi a estratégia daqueles que, pressentindo a
indeterminação no início do governo Dilma, fizeram emergir a retórica da
culpa, condensando traumas e lutos nacionais malreconhecidos e
elaborados: escravidão (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/05/nao-ha-motivo-para-celebrar-os-
130-anos-da-lei-aurea-diz-antropologa.shtml), corrupção
(https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2020/11/pesquisadores-apontam-desvios-da-lava-jato-no-combate-a-

corrupcao.shtml), desigualdade (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/06/livro-sobre-desigualdade-e-o-


melhor-em-anos-diz-celso-rocha-de-barros.shtml) e privilégio.

Contudo, o que poderia ser objeto e alavanca de transformação, do ponto de


vista da pulsão de vida e da simbolização, pode se reverter em repetição sem
recordação nem elaboração: tortura, violência, menosprezo e retomada de
privilégios ameaçados.

A pulsão de morte não é sinônimo de maldade ou crueldade. Ela se torna


perigosa apenas quando é separada, demasiadamente, das pulsões de vida,
em uma desfusão que mobiliza processos como idealização, cisão, projeção e
narcisismo das pequenas diferenças. Quando idealizamos alguém, como um

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mito dotado de poderes excepcionais, isso incita a divisão —que predica


bons e maus— entre nós e eles.

Uma segunda volta da pulsão de morte ocorre quando depositamos no outro


aquilo que não conseguimos admitir em nós mesmos. A projeção do mal no
outro, sua punição ou cancelamento, traz um agradável sentimento de
purificação. Essa desmistura gera afetos de ódio e crueldade, vividos como
ressentimento (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/03/1867371-ressentimento-e-medo-levam-aos-
extremos-nas-escolhas-politicas.shtml), ou seja, referidos a afetos passados.

Finalmente, quando substituímos as grandes diferenças, trazidas pela


realidade e pelo real, pelas pequenas diferenças, de nosso grupo narcísico,
eventualmente digital, fecha-se o ciclo que une a pulsão de morte com o
negacionismo delirante (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/03/ha-um-ano-participacao-de-
bolsonaro-em-ato-lancou-bases-do-negacionismo.shtml).
Neste sentido, o vírus não pode ser real,
letal e natural, pois isso afeta a função paranoica
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/04/psicanalistas-veem-bolsonaro-com-atitude-paranoica-e-onipotente-diante-

da-pandemia.shtml),
o lugar do mito protetor. O fechamento desse ciclo leva à
redução do tamanho do mundo à extensão de nosso espelhamento.

Isso nos ajuda a entender por que a política externa do bolsonarismo parece
basear-se em uma identificação pessoal com Trump
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/10/eleicao-de-biden-colocaria-em-xeque-carga-ideologica-da-politica-externa-

de-bolsonaro.shtml),
na redução de nossas pretensões estratégicas e na fetichização
de nossa imagem como baluarte imaginário de resistência contra potências
comunistas como... a Argentina.

Neste ponto, é preciso registrar um detalhe importante: para que a morte


não se torne um temor e para que a vida valha pouco, é preciso a
sexualização permanente do discurso em torno das relações de dominação e
obediência. Para Wilhelm Reich (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs230318.htm), em
“Psicologia de Massas do Fascismo” (1933), isso explicaria por que os regimes
totalitários precisam perseguir minorias e práticas sexuais. Elas são eleitas
símbolos do “excesso de prazer”, que lhes teria sido roubado pelo grupo
inimigo.

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Brincadeiras em torno da homossexualidade, “golden shower”


(https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/06/de-golden-shower-a-piada-com-japoneses-obsessao-falica-marca-

bolsonaro.shtml),
palavrões, bravatas de virilidade, ilações sobre o tamanho do
pênis alheio não são apenas traços da loucura do personagem, mas condição
estrutural para que aceitemos a trivialização do acesso a armas. Aquilo que
deveria ser percebido como um perigo para a própria pessoa é lido como falo
potente, signo de narcisismo exibicionista e virilidade imaginariamente
protetiva.

A pulsão de morte coliga forças antissociais como egoísmo dos interesses,


moral da sobrevivência, destrato com a palavra, indiferença ao luto e
brutalização contra os “fracos”.

Chegamos assim ao enfrentamento da pandemia de Covid-19 pelo


bolsonarismo (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/03/pressionado-por-covid-bolsonaro-tenta-se-equilibrar-
entre-vacina-e-discurso-radical-para-base-ideologica.shtml) como outra grande aplicação do

conceito de pulsão de morte, ou seja, como uma ferramenta para entender


por que o aumento do sofrimento não incita em nós um movimento de
transformação. Isso ocorre porque, no fundo de todo sintoma, há uma
paradoxal forma de satisfação.

Aqui, o circuito da pulsão de morte acopla o sadismo do supereu com o


masoquismo do eu. Quando isso ocorre, a vulnerabilidade do outro não gera
em nós solidariedade e empatia, mas ódio e desprezo —como se aquele
estado de miséria e dependência do outro incitasse um reconhecimento
traumático, do qual queremos imediatamente fugir, ou como se cada um que
não soube se salvar fosse um fraco pedindo por seu próprio fim.

A separação entre economia e saúde (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/03/por-que-


salvar-vidas-ou-a-economia-na-crise-do-coronavirus-e-um-falso-dilema.shtml), com a qual o bolsonarismo

enfrentou a crise sanitária, surge como um ótimo exemplo da dissociação


invertida entre pulsão de morte e pulsão de vida, com o agravante cruel de
que a vida está do lado da economia, não do corpo real das pessoas.

Temos então a necropolítica tornada oposta à biopolítica


(https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2020/06/vidas-de-negros-e-pobres-se-tornam-descartaveis-na-pandemia-

afirma-professor.shtml). Nada poderia exemplificar melhor os perigos da dissociação

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entre pulsão de morte e pulsão de vida. A indiferença diante da perda de


vidas é mitigada por números, curvas e interesses.

Assim, passamos do nível tácito, pelo qual um grupo se organiza para


eliminar outro, para o nível explícito em que “deixar morrer” gera uma
satisfação sádica nos sobreviventes —sobreviventes que, a cada vez,
confirmam ser especiais, protegidos por uma força excepcional e
delirantemente organizada.

A pulsão de morte desperta a tentação política de começar tudo do zero,


negar ao passado qualquer reparação ou dignidade, com exceção do passado
que foi ele mesmo negação e destruição. A pulsão está além do princípio do
prazer, porque está além da regra utilitarista de otimizar a relação entre
meios e fins. Por isso, aparecerá como irracional e despropositada.

Uma verdadeira política pública, seja ela de Estado ou de governo, depende


de um compromisso entre Eros e Tânatos, isto é, uma renúncia de satisfação
imediata em troca de resultados futuros na realidade, combinada com a
força coercitiva do superego.

Quando não conseguimos firmar planos de ação, como em torno da compra


de vacinas (https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/02/governo-bolsonaro-so-gastou-9-da-verba-
emergencial-liberada-para-vacinas-contra-a-covid-19.shtml) ou de campanhas sanitárias, porque

isso é sentido como limitação de liberdade, ou quando encarnamos o


supereu como universalização obscena de nossa própria moralidade, o
sacrifício deixa de ser um meio para um fim e passa a ser objeto de sadismo
ou masoquismo.

A pulsão de morte, como sucedâneo do conceito lacaniano de gozo, incide no


ponto em que o uso se transforma em abuso. Consequentemente, é o abuso
de poder e a impotência da autoridade que caracterizam o discurso do
bolsonarismo.

Aqueles que se acostumaram com um certo cinismo na distribuição de


funções entre moral e economia estão agora surpresos porque a ala
ideológico-militar realmente governa. Não há compromisso com reformas,
nem com a economia, nem com promessas de campanha, nem com o

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próprio ministro da Economia, porque o compromisso é uma figura de


composição. Ela envolve negociação, troca e mediação. Isso caracterizaria a
política como mistura entre exigências da pulsão de morte e pulsão de vida.

Freud descrevia a tarefa do ego como o condutor de um cavalo, dotado de


forças muito superiores às suas (o id), tendo que se conduzir entre os
percalços e os caminhos da realidade e, ao mesmo tempo, livrar-se de
abelhas que representam sua consciência punitiva (o supereu).

O governo Bolsonaro assemelha-se à perda da unidade desse conjunto e à


ação dissociada entre Eros e Tânatos: as abelhas picam todos os que se
aproximam, os cavalos andam cada qual para o lado que bem entendem, o
ego passa o tempo a adular-se diante do espelho de suas multidões ignaras.
Enquanto isso, a realidade da Covid-19 pisa em cima de todos nós.

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