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CURSO LIVRE DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

BRUNA BUENO AFONSO

O FUTURO DE UMA ILUSÃO

Resenha apresentada à Sociedade


Paulista de Psicanálise, como parte
das exigências para o Curso Livre de
Formação em Psicanálise.

São Paulo

2021
OBRA

- O FUTURO DE ILUSÃO

FREUD, Sigmund. Obras completas (1926-1929). Companhia das letras. Paginas


187-243.

APRESENTAÇÃO

Baseando-se em estudos antropológicos e historia, O futuro de uma ilusão é


um dos trabalhos que marcaram a carreira de Freud, abordando a moralidade e
religião na cultura. Fazendo um paralelo com a neurose infantil e a religião.

DESCRIÇÃO

O livro é dividido em dez ensaios, onde Freud aplica a teoria psicanalítica na


narrativa de suas pesquisas e descobertas, Freud também introduz comentários da
sua obra pelo amigo Oskar Pfister que é critico a seu trabalho ao qual Freud
reponde suas criticas.

CONTEÚDO

Em “O futuro de uma ilusão”, o texto faz uma analise da inserção da religião


na cultura, em sua investigação, Freud observa três aspectos existentes na cultura.
A cultura abrange todas as habilidades e conhecimentos que os homens adquiriram
durante séculos para o controle das forças da natureza. E para isso conta também
com as instituições, essas servem para remediar as relações humanas, entre elas, a
distribuições de bens obteníveis. Freud destaca a influencia das relações dos
indivíduos e os bens existentes, já que os bens possibilitam uma satisfação instintual
através dos objetos, e que o próprio individuo pode torna-se um objeto de satisfação
instintual, como por exemplo, utilizando sua força física para o trabalho ou se
tornando objeto sexual. Outro aspecto observado é que a espécie humana apesar
da inabilidade de viverem isolados, os sacrifícios instintuais necessários para pode
viver em comunhão faz com que os seres humanos sejam contraria a cultura, para
isso é necessária às instituições, não apenas para a administração e distribuição dos
bens, mas para efetivar todos seus regulamentos e decretos, a fim de defender a
cultura dos impulsos destrutivos e hostis do individuo. Assim Freud supõe que a
cultura foi imposta por uma minoria que soube se apropriar do poder a uma maioria
(uma massa), e que a cultura se baseia na coação e na renuncia da satisfação
instintual dos indivíduos (A internalização de preceitos culturais do individuo, os
ideais e as criações artísticas, por exemplo, são fontes de satisfação na cultura).

Com a frustação do desejo não satisfeito que foi proibido pela “privação” das
instituições culturais, é citado no texto, três desejos que estão desde o inicio da
cultura e como esses desejos foram evoluindo conforme a evolução da psique
humana, são elas, o canibalismo, o incesto e o desejo de matar, os três são desejos
desprezíveis para sociedade, e um deles aparenta já estar superado na cultura, que
é o horror ao canibalismo. Há também restrições dos desejos instintuais que são
apenas para algumas classes da sociedade, beneficiando apenas alguns grupos.

Após essa introdução Freud pergunta qual o valor das ideias religiosas na
cultura? O individuo é hostil à cultura por ter que renunciar seus desejos, mas se
não a houvesse estaríamos regidos pela lei natural. A cultura é o meio do individuo
se proteger da natureza. Porém, ela não esta completamente dominada, o
desamparo do individuo frente às leis e forças naturais, como o cruel destino da
morte, faz com que surjam concepções para se tornar mais suportável à existência
humana. As ideias religiosas são ensinamentos fundamentados sobre fatos da
realidade externa ou da realidade interna, que a pessoa não o sabe, não o
descobriu, então é necessária a crença. Esses fundamentos consistem em tradição,
que foi passada de ancestrais até os dias de hoje, como por exemplo, através de
documentos milenares junto com a reprovação de questionar essas tradições.

A concepção da religião vem de uma longa evolução, e foram adotadas por


diversas culturas até chegar ao modelo atual, cristã e branca. A assim como na
neurose infantil, o complexo do pai, o desamparo, faz com que no individuo apareça
o sentimento de impotência do ser humano e a religião surge como um remédio para
suas dores.
CRÍTICA

Em o futuro de uma ilusão, Freud discute o aparecimento da religião na


cultura e como ela é fundamentada, e afirma que ela é uma ilusão. Freud chama a
religião de uma ilusão, a qual ilusão não é bem uma verdade, nem uma mentira,
mas sim um desejo, como por exemplo, a morte, em que a religião transforma o
destino da morte em não mais a forma de aniquilação da existência humana, mas
sim, um caminho para um desenvolvimento superior, o desejo de ser eterno.

A comparação e relação entre a religião e a neurose infantil (desde o primeiro


objeto de amor escolhido pela criança – a mãe - até o aparecimento da figura patena
fazendo a criança adquirir sentimentos ambivalentes com o pai que ama e admira,
mas ao mesmo tempo é um impedimento para o seu objeto de amor) Freud atribui “o
complexo do pai” no surgimento da figura de Deus em sua forma humana. A
projeção de um pai que o protege, que ele o ama e admira, mas também, que
castiga e que o impede a satisfação de seus desejos instintuais.

Em “totem e o tabu”, há o mito da horda primeva, em que o pai da horda,


como um tirano possuía toda a satisfação instintual, fazendo com que os filhos se
voltassem contra ele, e o matasse por ser um impedimento para as escolhas
objetais dos filhos, e assim, depois de sucessivas vezes e muitas repetições desse
parricídio, se tornaria um traço filogenético, o mito que nosso psiquismo e nossa
civilização se constituirão e o surgimento do complexo de Édipo. O mito da horda
primeva, pode ser observado nos psiquismo ao longo das civilizações, como a
civilização grega e seus mitos, como a historia de Urano e Cronos, e o próprio mito
de Édipo.

Na cultura a repressão dos nossos desejos instintuais é a garantia de nos


afastar da lei natural, de nos afastar do mito da horda primeva, para obter um
convívio social, para isso é necessário um órgão e um sistema regulador, que são as
instituições. As instituições devem ser livres de paixões, afirma Freud.

O controle das instituições sobre os indivíduos, nos da abertura para analisar


os indivíduos que as comandam, essa minoria que trabalha para as instituições
podem corrompê-las, pervertê-las, para o uso de sua própria satisfação instintual,
ajudando nas formações de governos autoritários e fascistas.
A religião também faz uso do seu poder exercendo-o através das instituições,
durante milênios e diversas vezes na historia ela exerceu os impulsos mais atrozes e
destrutivos do ser o humano e os satisfez, propagando guerras religiosas (israelitas
e mulçumanos) fez o ser humano viver tempos sombrios com a inquisição
(catolicismo) ou proibindo os desejos e satisfação e oprimindo determinados grupos
sociais, como as mulheres e homossexuais, negros.

Para Freud, assim como uma neurose infantil que da a partir do complexo do
pai e o surgimento do complexo de Édipo, deve ser superada, a religião também
devera ser superada.

APÊNDICES

O livro do qual foi feita a leitura e pesquisa do artigo é da editora companhia


das letras e tradução do alemão para o português feito por Paulo César de Souza. A
tradução do alemão “trieb” para o português nessa obra foi a escolha da palavra
instinto, com isso, no texto é colocado o termo “Satisfação instintual”, mas se
entende por pulsões.

RECOMENDAÇÕES

Essa obra é a principio proposta a ser um trabalho psicanalítico em cima do


pensamento sócio cultural dos povos e da religião, que pode ser refletido ate os dias
de hoje. É recomendada para psicanalistas, psicólogos, antropólogos, filósofos, que
queiram se aprofundar a temática.

AUTOR

Sigmund Freud (1856-1939), nasceu em Freiberg (atual Pribor) foi um


neurocientista e ‘descobriu’ a psicanálise e reinventou oque se sabia da psique
humana. Dentre as suas principais obras estão Totem e o Tabu, e o Mal estar na
civilização que abordam sobre tais temas como a vida inconsciente e seus efeitos
sobre nosso cotidiano

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Livro; FREUD, Sigmund. Totem e tabu. Penguin & companhia das letras. 1912-1913.
169 páginas.

Livro; FREUD, Sigmund. Obras completas (1926-1929). Companhia das letras.


Paginas 187-243.

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