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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 4
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7.1 Transtorno do Espectro do Autismo-TEA e suas especificidades
que dificultam a aprendizagem. .................................................................... 37
3
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro –
quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida
sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta
para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma
coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
4
2 ORIGENS DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA; DÉCADAS
DE 40 E 50
Fonte: eltonfernandes.com.br
5
De modo geral, o enfraquecimento de comportamentos problemáticos
emitidos por pacientes diagnosticados com esquizofrenia foi o foco da
intervenção, com a utilização de princípios de extinção e reforçamento
de comportamento incompatível (AYLLON & MICHAEL, 1959, apud
ODA, 2018, p, 88).
7
a criação de um código de ética profissional e do processo de
acreditação profissional do analista do comportamento (BAILEY &
BURCH, 2016, apud ODA, 2018, p, 90).
8
primeira edição do livro-texto Learning (Catania, 1979) foi publicada nesse
período. Atualmente em sua quinta edição (2013), o livro é a obra mais
referenciada por programas de formação de analistas do comportamento nos
EUA no âmbito das disciplinas voltadas para conceitos e princípios da análise do
comportamento (Pastrana et al., 2016). O livro Learning é considerado uma
referência na área, o qual trata a aprendizagem como processo abrangente e
estabelece de maneira fluida uma conexão entre as literaturas de aprendizado
em animais e em humanos (Mace et al., 1998).
9
3 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (APPLIED BEHAVIOR
ANALYSIS - ABA)
Fonte: tiempojudicial.com
10
redução de comportamentos inadequados e aumento de comportamentos de
comunicação, de aprendizagem e social.
De acordo com Lear (2004), Lovaas foi o primeiro psicólogo a usar a
Análise do Comportamento Aplicada (ABA) para tratamento de crianças
diagnosticadas como autistas. Em 1987, Lovaas publicou os resultados de um
estudo de longo prazo sobre o tratamento de modificação comportamental em
crianças pequenas com esse diagnóstico. Os resultados do seguimento dessas
crianças mostraram que:
11
precisam de apoio e aconselhamento. A psicoterapia individual
orientada para o insight provou ser ineficaz. Métodos educativos e
comportamentais são considerados, atualmente, o tratamento de
escolha. Treinamento estruturado em sala de aula em combinação com
métodos comportamentais é o método de tratamento mais eficaz para
muitas crianças autistas, sendo superior a outros tipos de abordagem.
Estudos controlados indicam a obtenção de progressos nas áreas de
linguagem e cognição, bem como uma redução do comportamento mal
adaptativo, com uso deste método. O treinamento e a instrução
individual dos pais nos conceitos e capacidades de modificação do
comportamento e a resolução dos seus problemas e preocupações
dentro de um esquema específico podem produzir consideráveis
ganhos na linguagem e nas áreas do comportamento cognitivo e social
da criança. Entretanto, os programas de treinamento são rigorosos e
exigem uma grande parcela de tempo dos pais. A criança autista
requer a maior estrutura e um programa diário com o máximo de horas
possíveis. (GREBB, 1997, apud BORDIN, 2015, p. 43).
12
Foxx (2008) afirma que para atingir tais objetivos vários métodos
comportamentais são empregados. Esses métodos fortalecem as habilidades
atuais da criança a construir novas. Múltiplas e repetidas oportunidades são
criadas para que cada criança aprenda novas habilidades e o reforço positivo é
utilizado para garantir que a criança seja motivada. É importante que os objetivos
sejam definidos juntamente com a família, com base nas habilidades iniciais da
criança, após a avaliação. O envolvimento dos pais e de todas as pessoas que
participam da vida da criança é fundamental durante todo processo.
Para atingir os objetivos individuais estabelecidos alguns procedimentos
são incluídos, tais como, reforçamento positivo, em que o comportamento
apropriado é seguido por um evento agradável: elogio, abraço, realização de
uma atividade favorita; modelagem, reforçando a criança por emitir
comportamentos cada vez mais próximos do comportamento alvo;
esvanecimento (fading out), reduzindo a dependência da criança de ajuda do
terapeuta; fornecimento de estímulo (fading), para que a criança tente
experimentar comportamentos novos e utilização de estratégias de manutenção
e generalização, garantindo que um comportamento recentemente aprendido
dure e que seja emitido em outros ambientes.
Para realizar esses procedimentos o analista do comportamento
seleciona os comportamentos alvo da intervenção, visto que ela é pautada na
instalação e manutenção de comportamentos adequados socialmente e na
extinção de comportamentos socialmente irrelevantes. Assim, o repertório
comportamental a ser trabalhado é escolhido através da elaboração de uma
análise funcional, feita anteriormente à intervenção com a criança. A análise
funcional é o ponto crucial para entender qual é a função do comportamento
problema que o indivíduo está apresentando e, com isso, estruturar a
intervenção para modificá-lo.
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É tarefa do analista comportamental identificar contingências que estão
operando e inferir quais as que possivelmente operaram no passado ao ouvir a
respeito ou observar diretamente comportamentos. A análise funcional pode
propor a criação ou estabelecimento de relações de contingência para
desenvolver ou instalar comportamentos, alterar padrões, como taxa, o ritmo, ou
espaçamento, assim como, reduzir, enfraquecer ou eliminar comportamentos de
um repertório individual. (MEYER, 1997).
Para que a intervenção em Análise do Comportamento Aplicada (ABA)
seja efetiva é preciso que se realize uma análise funcional de forma a informar
porque a criança se engaja em determinado comportamento, ou seja, investigar
qual a função do comportamento problema, para planejar como extingui-lo ou
modelá-lo. Alguns dos objetivos dessa análise referem-se ao entendimento
sobre o repertório de comunicação da criança, presença ou não de linguagem
funcional, contato visual, atendimento de ordens, entre outros; saber como ela
se relaciona em seu ambiente, quais seus brinquedos preferidos, se apresenta
birras frequentes e como reage às pessoas; analisar qual a função de seus
comportamentos, em que circunstâncias certos problemas ocorrem ou deixam
de ocorrer com maior frequência ou intensidade e quais as consequências
fornecidas a esses comportamentos problema. (RIBEIRO, 2010).
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Dessa forma, à medida que a criança avança, as habilidades ensinadas
aumentam de complexidade, ou seja, o ensino é realizado de maneira gradual.
Essa característica da intervenção é bastante importante, pois cada tarefa
sempre será ensinada em pequenos passos e o reforçamento será liberado por
aproximações sucessivas. Assim, cada vez que o indivíduo emitir um
comportamento próximo do desejado ou emitir um comportamento alvo da
modificação, o comportamento receberá o reforço, dessa forma, o
comportamento do indivíduo será modelado. O objetivo desse procedimento é
fornecer um tipo de intervenção sistemática que garantirá a cada criança a
obtenção de seu maior potencial e nível de independência. Outro ponto que
auxilia na obtenção do objetivo proposto é que o ensino de qualquer habilidade
é repetido até que a criança obtenha seu domínio. Devem ser realizados
registros exatos de cada resposta comportamental para que o progresso da
criança seja avaliado e que as alterações necessárias sejam realizadas. O
programa de ensino é feito exclusivamente para cada criança. Ele se inicia com
interação um por um, criança e terapeuta; as instruções são curtas e claras e há
uso de reforço imediato para as respostas corretas. Depois disso, as
intervenções podem ser realizadas em pequenos grupos e em seguida em
grupos maiores. Essas intervenções, de acordo com Lear (2004), seguem uma
agenda de ensino em período integral, algo entre 30 a 40 horas semanais, ou
seja, é um tratamento intensivo.
A autora assegura que a efetividade do tratamento deve ser medida com
os avanços da criança, ou seja, tendo ela mesma como referência de evolução,
excluindo padrões gerais de condutas esperadas. Uma boa intervenção
consegue reduzir comportamentos inadequados e minimizar os prejuízos nas
áreas do desenvolvimento. As intervenções visam tornar os indivíduos mais
independentes em todas as áreas de atuação, favorecendo uma melhoria na
qualidade de vida das pessoas com autismo e suas famílias.
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de objetos, nomeação, reconhecimento de números, atividades da vida
diária, como escovar os dentes ou lavar as mãos e habilidades mais
avançadas, como gramática, conceitos matemáticos, emoções.
(BRAGA-KENYON, KENYON E MIGUEL, 2005, apud BORDIN, 2015,
p. 47).
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Lear (2004), alerta que, se planejar para diferentes necessidades e
situações que podem surgir quando estiver ensinando uma criança, é
simplesmente impossível. Ocasionalmente será necessário resolver problemas
durante as sessões, e talvez seja preciso elaborar novos programas e/ou
modificar os já existentes, o que exigirá o domínio dos fundamentos teóricos e
da estrutura da intervenção utilizada. Assim, antes de qualquer habilidade
terapêutica o profissional deve ter conhecimento sobre os princípios da Análise
do Comportamento. Para Foxx (2008, p. 827):
17
gasto trabalhando com a criança no seu programa, também chamada sessão;
domínio são os critérios que determinam quando a criança aprendeu a habilidade
e está pronta para seguir em frente; dados são registros de como a criança age
em cada tentativa.
Para ensinar novas habilidades e para manter habilidades já existentes
no repertório comportamental das crianças diagnosticadas com autismo utiliza-
se, respectivamente, de esquemas de reforçamento contínuo e intermitente. O
reforçamento contínuo é utilizado para aquisição de comportamento, ou seja,
quando o profissional for ensinar uma nova habilidade a uma criança com
autismo deve reforçar continuamente e contingentemente cada comportamento
em direção ao comportamento esperado. Por outro lado, o reforçamento
intermitente é utilizado para manter o comportamento adquirido, isto é, depois
que o comportamento já tiver sido instalado. Tal esquema garante que não haja
saciação do reforço e, também, que o processo seja próximo do natural, posto
que, em contexto natural, o reforço não é obtido continuamente. Para a utilização
dos reforçadores, Lear (2004) afirma que é preciso que o profissional se associe
ao reforçamento positivo, no sentido de estabelecer uma relação saudável com
a criança, ou seja, é necessário fazer um rapport e estabelecer uma relação de
empatia com a criança com autismo; tornar o ambiente de trabalho reforçador;
fixar um esquema inicial ao ensinar e passar prontamente para um de razão
variável.
Para a autora é necessário variar o modo de aplicar o reforço. O
reforçamento diferencial é uma técnica que visa mudar a maneira de reforçar
com base nas circunstâncias, e é útil quando a tentativa é de eliminar
comportamentos indesejáveis, como auto estimulatórios, agressão, birras, ou
falar fora de hora. Inicialmente é preciso identificar o comportamento que deve
ser eliminado, depois, escolher o tipo de reforçamento diferencial que for mais
efetivo para o programa.
Sobre o esquema de reforçamento diferencial existem: o reforçamento
diferencial de outro comportamento quando é identificado um comportamento
indesejável, e então o comportamento da criança é reforçado quando esse
comportamento não ocorre durante certo período; o reforçamento diferencial de
comportamento incompatível, quando o profissional dá para a criança algo a
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fazer que é incompatível com o comportamento indesejável e o reforçamento
diferencial de comportamento alternativo, quando um comportamento alternativo
à aquele que se deseja eliminar, é reforçado.
Para trabalhar com a intervenção em ABA é preciso saber também que
todo processo de extinção gera um aumento imediato na frequência do
comportamento a ser extinto. Quando um comportamento anteriormente
reforçado deixa de receber o reforço que o mantinha há um aumento, muitas
vezes, na sua frequência, duração ou intensidade por um período de tempo.
Além de procedimentos como reforçamento e extinção, a intervenção em
ABA utiliza algumas dicas, estímulos suplementares, para ajudar no processo de
aprendizagem. Para Lear (2004),
4 MÉTODO ABA
Fonte: tdahcampinas.com.br
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dos estímulos ou das situações experimentadas, ademais o comportamento
pode ser condicionado/controlado, através do uso de estratégias denominadas
de reforço positivo, fazendo assim com que o comportamento desejado venha a
se repetir outras vezes, como nos explica Skinner:
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Em relação as demais características do método se encontram: sessões
individuais, currículo personalizado de acordo com a necessidade do indivíduo,
e como fora supracitado o trabalho com base em reforço positivo, para se
alcançar o comportamento desejado, é dessa forma, que entenderemos cada
vez melhor o aluno com TEA, partindo da problemática de compreendê-lo como
um ser único com suas particularidades singulares, para assim intervir de forma
sábia e eficaz no auxílio de seu pleno desenvolvimento.
De acordo com Marinho e Merkle (2009) a análise do comportamento, é
um tratamento comportamental indutivo, tem como objetivo ensinar a criança
habilidades por etapas. Cada habilidade é ensinada, em geral, em plano
individual e com uma indicação ou instrução, fazendo com que a criança autista
trabalhe de forma positiva. Segundo Ribeiro (2010)
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5 BREVE INTRODUÇÃO À TERAPIA ABA
Fonte: espacoreligare.com.br
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CAPACIDADE de relacionar dois objetos. – Aprendendo esta CAPACIDADE, ela
conseguirá parear quaisquer dois objetos iguais.
A Terapia ABA é especialmente funcional porque envolve todas as
pessoas que convivem com a criança e ocorre em todos os ambientes
frequentados por ela. Promove uma mudança abrangente e intensiva. Faggiane
(2018). Ela é a forma de tratamento que possui mais investigações científicas e
relatos de sucesso dentre as terapias que lidam com indivíduos diagnosticados
com autismo.
O terapeuta ABA não acredita que uma pessoa é incapaz de aprender.
Ao invés disso, ele se pergunta “como eu posso ensinar essa pessoa
efetivamente? ” Portanto, quando um aluno não aprende, o terapeuta ABA
pergunta “o que EU fiz de errado? ”. Isso leva a uma prática cada vez melhor. O
aprendizado ocorre no ritmo do estudante, sempre respeitando seus limites.
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Aprender refere-se ao que acontece com o aluno em decorrência da ação
do professor de ensinar. A mudança de comportamento do aluno (alteração de
suas relações com o meio) é o que, fundamentalmente, evidencia aprendizagem.
Aprendizagem diz respeito à aquisição ou o processo pelo qual se adquire certo
comportamento; trata-se de uma mudança relativamente permanente naquilo
que a pessoa é capaz de fazer ou como é capaz de fazer (CATANIA, 1999).
Assim, quando o aluno enfrenta uma situação-problema que não é capaz de
resolver e o procedimento de ensino do professor faz com que ele passe a ser
capaz de solucioná-la, isso é o que evidencia a ocorrência de aprendizagem. Se
o aluno persiste não conseguindo solucionar um problema é porque o ensino
não ocorreu, já que ensinar envolve a ação do professor e a aprendizagem do
aluno.
Dessa definição deduz-se que ensinar e aprender são dois processos
interdependentes. Dessa perspectiva, o aluno não é passivo. É esperado que
ele se disponha a realizar as atividades propostas pelo professor e que, ao
estabelecer contato com materiais e procedimentos de ensino, se comporte em
relação a eles. São as mudanças (ou não) no comportamento do aluno em
relação aos procedimentos de ensino que deverão indicar ao professor se seus
métodos estão sendo efetivos ou não. Se o aluno recusar-se a participar do
processo de ensino, ficará muito difícil para o professor conseguir manejar esta
situação em sala de aula, exceto se o problema estiver exclusivamente na
relação professor-aluno ou no uso de algum tipo de material. Nas demais
situações, a colaboração dos pais, coordenadores pedagógicos e do psicólogo
escolar será essencial para levar o aluno a participar das aulas, de modo que o
professor possa, a partir disso, começar seu trabalho.
Uma decorrência lógica do que foi exposto é que o professor deve ter
noção clara do que pretende ensinar. Sem isso, não há como verificar se houve
aprendizagem e, portanto, não há como dizer que algo foi ensinado.
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termos comportamentais, significa especificar os comportamentos que
o aluno deve ser capaz de apresentar ao final do ensino e os critérios
que serão utilizados para atestar que o aluno de fato aprendeu.
(HENKLAIN, 2013, p. 10).
Para falar sobre esses objetivos, um conceito que pode ser empregado é
o de comportamento-objetivo (Kubo; Botomé, 2001). Esse conceito indica que o
ensino deve ser planejado com base na definição de comportamentos que
constituirão os objetivos a serem alcançados por meio do ensino. Com base
nesta definição é que conteúdos específicos (o que será ensinado) e recursos
(por que meios será realizado o ensino) poderão ser identificados.
Fundamentado nesta decisão inicial, é possível identificar quais os
comportamentos básicos ou pré-requisitos para o alcance do comportamento
final que se pretende ensinar. Essa análise dará origem à delimitação de
diversos comportamentos mais básicos, que deverão ser ordenados numa
sequência do mais simples ao mais complexo. Esse caminhar indica que o
processo de ensino pode ser mais efetivo se ocorrer de forma gradual. A
hierarquia de ensino é importante para garantir a adesão do aluno ao longo do
processo de ensino-aprendizagem porque comportamentos mais simples são
mais fáceis de aprender e, inclusive, podem até já fazer parte do repertório do
aluno. Começar ensinando algo muito difícil pode ser um grave equívoco, pois,
em lugar de desafiar o aluno e motivá-lo, fará com que evite a disciplina.
De posse dessas definições, o próximo passo é conhecer o máximo
possível sobre o aluno: (a) qual seu repertório acadêmico e de interação social
(ou seja, o que ele já sabe fazer), sobretudo, em relação ao que se pretende
ensinar, (b) do que ele gosta e que pode ser usado como reforçador, (c) qual o
contexto social em que está inserido e quais as situações- -problema que se
espera que consiga resolver etc. Adicionalmente, não basta conhecer o aluno no
início do período letivo. É preciso registrar e monitorar seu desenvolvimento ao
longo de todo o processo de ensino. Todas essas informações ajudarão no
planejamento do material de ensino e das contingências de reforçamento. É
importante notar que, na perspectiva comportamental, o trabalho do professor é
focado e direcionado pelas necessidades do aluno e não pelas necessidades
médias da maioria dos alunos de uma determinada faixa etária. Em resumo, de
acordo com Hübner (1987) e Luna (2000),
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[...] é preciso conhecer de forma clara (a) quem deve ser ensinado, (b)
o que deve ser ensinado, (c) com que finalidade isso deve ser
ensinado, (d) quanto deve ser ensinado (qual o nível de competência
que se espera que o estudante possua) e (e) como deve ser ensinado.(
HÜBNER, 1987, apud HENKLAIN, 2013, p. 11).
27
De acordo com Henklain (2013), reforçar é essencial, mas o professor
precisa tomar cuidado com o tipo de reforço que utiliza e com os
comportamentos que são reforçados. No processo de ensino, o reforço deve ser
condicionado à apresentação, pelo aluno, de comportamentos que se
aproximem dos comportamentos-objetivo estabelecidos pelo professor, ou que
efetivamente sejam demonstrações desses comportamentos-objetivo. Podemos
dizer, então, que o professor precisa ter critérios claros de reforçamento, de
modo a fortalecer apenas demonstrações reais de evolução e/ou de
aprendizado. O critério é claro quando conhecemos os resultados que o aluno
deve alcançar numa determinada circunstância. No que diz respeito ao tipo de
reforçador, é necessário ressaltar que reforço não é só nota, prêmio ou estrelinha
colada no caderno. Essas são consequências artificiais/arbitrárias, pois são
extrínsecas à situação de aprendizagem. Podem ser utilizadas no início da
aprendizagem, mas não devem ser empregadas de tal forma que o aluno só
estude para obter prêmios ou evitar reprovação.
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6.3 Planejamento das situações de avaliação e os cuidados necessários
com erros e outros tipos de estimulação potencialmente aversiva
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mantidas no ambiente escolar objetivando disciplinar e ensinar. Alguns
exemplos: a ridicularização, as críticas, os sarcasmos, as perdas de privilégios,
o ostracismo, entre outros. Com efeito, tais práticas apenas favoreceram o
desenvolvimento de alunos que estudam apenas para não sofrer castigos e de
especialistas em escapar das aulas por meio de atrasos, falta de atenção e “má
vontade”. Essas questões devem ser consideradas com especial atenção pelos
professores. Basicamente, segundo Luna (2000), é preciso considerar quatro
argumentos contra o uso da punição:
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personalizado de instrução – PSI –; Engelmann e Carnine (1982) – direct
instruction [instrução direta]; Saville, Lambert e Robertson (2011) – interteaching
[interinstrução].
A despeito de suas diferenças, todas essas propostas têm em comum:
1. o emprego de reforço positivo para produzir os comportamentos
esperados em substituição ao uso de controle aversivo;
2. focalizam no domínio completo do material pelos estudantes como
critérios para avançar para o próximo módulo ou unidade de
ensino;
3. o desempenho do aluno é avaliado frequentemente; e
4. a apresentação do material vai do simples para o complexo.
Becker e Engelmann (1978) apresentam com detalhes um conjunto de
princípios para orientar o trabalho de planejar, selecionar e sequenciar tarefas
para instrução básica. O objetivo do formato de programas instrucionais proposto
por esses autores é ensinar habilidades que possam ocorrer em muitas
situações apropriadas e não apenas naquelas explicitamente utilizadas no
processo de instrução. Basicamente, este é um dos objetivos centrais da
educação, isto é, que os comportamentos aprendidos nos contextos de sala de
aula e nas tarefas propostas possam se generalizar para contextos fora da sala
de aula e para outras tarefas. Portanto, o que se espera é ensinar “casos gerais”:
conjuntos de situações com propriedades comuns entre si (e dessemelhantes
em relação a outros conjuntos) diante das quais certos tipos de responder são
apropriados e/ou conjuntos de respostas com funções comuns, ou seja, que
podem igualmente produzir certos tipos de consequência.
Outro exemplo é o trabalho de Keller (1972 [1968]) no desenvolvimento
do seu PSI, que tem como principais características:
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5. Ritmo individualizado, permitindo ao aluno prosseguir com
velocidade adequada à sua habilidade e à sua disponibilidade de
tempo.
6. Feedback imediato em relação à produção do aluno e às suas
avaliações/testes.
7. Uso de palestras e demonstrações como veículo de motivação, ao
invés de fonte primordial de informação.
8. Ênfase dada à palavra escrita nas comunicações entre professores
e alunos.
9. Uso de monitores, permitindo repetição de testes, avaliação
imediata, tutela inevitável, e acentuada ênfase no aspecto social do
processo educacional. (KELLER, 1972, apud HENKLAIN, 2013, p. 15).
32
1. estudo de cada tópico antes da aula com ajuda de um guia de
atividades;
2. realização de conferências de esclarecimento pelo professor ao
início de cada aula (com 30 minutos de duração);
3. discussão dos guias de atividades em duplas com supervisão do
professor;
4. testes, pelo menos, cinco vezes por semestre.
Por ser um método novo, mais pesquisas são necessárias para atestar
sua eficiência e mais tempo para que se possa julgar se será capaz de conquistar
o interesse dos professores.
Fonte: pedagogiaaopedaletra.com
33
Skinner fez um estudo amplo sobre a relação entre ambiente e
comportamento no processo de aprendizagem e para isso propôs o modelo de
seleção por consequências.
34
É importante sinalizar que o ambiente, para Skinner, “inclui todos os
conjuntos de condições e circunstâncias que afetam o comportamento, não
importando se tais condições estão dentro ou fora da pele”. (Rodrigues, 2012,
p.39). Com isso Skinner também realizou estudos com os comportamentos que
não são diretamente observáveis, mas que também são influenciados pelo
ambiente
35
interagindo com o mundo, o modificam e são modificados pelas
consequências que produzem.
3. A história cultural e das práticas culturais, constituídas pela sociedade
ao longo de milhares de anos.
36
7.1 Transtorno do Espectro do Autismo-TEA e suas especificidades que
dificultam a aprendizagem.
Fonte: grupoconduzir.com.br
37
Fonte: MATOS, 2018, p. 8.
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comunicação, falta de reciprocidade afetiva. Apresentam limitação na
comunicação não verbal, apresentam expressões gestuais inexistentes, utiliza a
mão de um adulto para pegar um objeto, não aponta e nem faz gesto que
expressem pedido. Tem dificuldade para responder a sinais visuais e tem
dificuldade de se expressar por meio de mímicas.
Dourado (2011) aponta que a habilidade de atenção compartilhada é pré-
requisito para o desenvolvimento da linguagem e das habilidades sociais. A
criança autista, normalmente, não desenvolve adequadamente a atenção
conjunta dificultando que algumas nem consigam desenvolver a linguagem oral.
Pessoas com autismo podem apresentar alguns comportamentos típicos:
movimentos serpentiformes e balanços das mãos, o andar nas pontas dos pés,
rejeitam determinados sons, dificuldade de manter contato visual, rejeição ao ser
tocado, preferência restrita por alimentos, estereotipias vocais, apego às rotinas,
não brinca de forma funcional com determinados brinquedos, por exemplo; com
um carrinho de brinquedo eles preferem ficar fazendo as rodas do carrinho girar,
comportamentos agressivos, falta de interesse por jogos e brincadeiras,
isolamento social, entre outros.
Gómes e Terán (2014) sinalizam para as áreas onde as pessoas com
autismo têm uma habilidade normal ou mesmo extraordinárias: habilidade para
desenhar, aritmética, memória, habilidade musical, cálculos de datas e
calendários e entonação musical perfeita.
Para a Associação Dar Resposta (2014), muitas crianças têm
competências cognitivas normais, no entanto, apresentam dificuldades nas
competências sociais e de linguagem. A maioria das pessoas com autismo
desenvolve a fala e aprende a se comunicar.
Martins (2011), também aponta alguns sintomas comportamentais: os
sintomas sociais e comunicativos podem ser observados durante o primeiro ano
em comportamentos como o contacto visual, a orientação pelo nome ou a
reciprocidade social e emocional. As crianças autistas não desenvolvem
interação social com os pais. Apresenta ausência de sorriso social, ausência de
reação às carícias e ausência de uma postura antecipatória para serem
seguradas quando um adulto se aproxima para pegá-las no colo. Esses são os
primeiros sintomas notados. Segundo a autora a surdez é um dos principais
39
diagnósticos diferenciais a ser investigados uma vez que estas crianças
demonstram muitas vezes uma indiferença aos sons que as rodeiam ou ausência
de reação/resposta à voz humana.
Fonte: portal.metodista.br
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necessidades e problemas específicos, como no caso, o autismo. Estes autores
sinalizam que a ABA surgiu algumas décadas após Skinner iniciar seus estudos
em psicologia comportamental na década de 1930. Inicialmente Skinner baseava
suas pesquisas através da análise experimental de comportamento com sujeitos
infra-humanos. Duas décadas depois as pesquisas passaram ser feitas com
sujeitos humanos. Entre 1950 e 1960 a análise do comportamento passou a ser
aplicada em pacientes institucionalizados (em manicômios, prisões e hospitais).
41
pessoas que trabalham com a mudança comportamental possam utilizá-los de
maneira fidedigna.
A análise do comportamento aplicada ao autismo requer uma intervenção
buscando o aprendizado principalmente nos grupos de sintomas característicos
da síndrome: comunicação social e comportamentos restritos e repetitivos, além
de outros comportamentos como birra, agressão, auto lesão, etc. Guihardi,
Romano e Bagaiolo (2011), apontam que
42
2- comportamentos que precisam ser elevados ao máximo (contato
visual, atenção compartilhada, brincar, pré-acadêmicos, acadêmicos,
sociais, verbais e aqueles observados em atividades de vida diária).
43
A instrução varia de acordo com o comportamento que está sendo ensinado em
cada programa: pode ser um movimento que a criança tem que imitar, ou um
pedido (por exemplo: “por favor, pegue a bola”). Este procedimento é chamado
de unidade de ensino ou, na literatura conceitual analítico-comportamental,
contingência de três termos em que o terapeuta arranja os estímulos e faz um
pedido (Sd), o estudante responde com ou sem ajuda (R) e é reforçado por seu
sucesso (Sr). Geralmente, a tentativa discreta é realizada em contexto
planejado. (Cardoso, 2014).
O analista do comportamento planeja a realização das sessões de
atendimento em mais de um local (por exemplo: no consultório, em um parque)
de forma que comportamentos ensinados em um contexto possam também
ocorrer em outros contextos. O analista do comportamento também planeja com
os familiares e outras pessoas, situações cotidianas nas quais a criança deve
ser encorajada a emitir as respostas ensinadas durante as sessões de
intervenção comportamental. Se a criança aprendeu a imitar o comportamento
do aplicador de bater palmas, ela deverá ser encorajada a imitar esse
comportamento emitido por outras pessoas em momentos de “cantar parabéns”
de festas de aniversário, em outras situações de comemoração, durante a
música tocada na escola etc.
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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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