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Coordenadores:

Lucas Costa Guimarães


Nathieli de Lima Vieira

Nutrição:
da Gestação à Infância

2ª edição

Brasília/DF
2018
Guimarães, Lucas Costa; Vieira, Nathieli de Lima (coords.).

....Nutrição: : da gestação à infância / Lucas Costa Guimarães,


Nathieli de Lima Vieira (coords.). Editor e Supervisor do Projeto
a
Jonas Rodrigo Gonçalves. Diagramação Daniarly da Costa. 2
edição. Brasília: JRG, 2018.

....254 f.

ISBN: 978-85-54009-00-7

....1. Nutrição. 2. Saúde. 3. Gestação. 4. Infância. I. Título.


Autores e Autoras:

Adelaine Machado
Adriana M. de carvalho
Barbara Mayna Sousa Ribeiro
Brenda Ribeiro da Cruz
Brenda Naiara Souza de Andrade
Bruna Beatriz Sobrinho Rodrigues
Caroline Marques Castilho Castello Branco
Caroline Siqueira Petrillo
Claudio Alexander Bizerra Ribeiro
Cristiane Vieira de Sousa
Daiane Solino de Souza
Debora Siqueira do Nascimento
Débora Vieira da Silva
Deize Nascimento de Souza
Deyse Anne Lima Costa
Deyvid Henrique Costa Medeiros
Ellen Cristina de Oliveira Marinho
Fernanda da Silva Gonçalves
Fernanda Vinhal Nepomuceno
Flávia Rodrigues
Flávio Augusto de Oliveira Duarte
Gabriela Paes de Paula
Gabriela Soares Batista do Carmo
Helen Cristina Felix Fagundes
Hortência Virgínia de Amaral Carvalho
Ingrid de Sousa Bezerra
Ingrid Lorrane Nunes da Silva
Ione José Pereira Milhomem
Autores e Autoras:

Ivylla Jeovana B. S. Lopes


Jaqueline Ferreira
Joyce Rodrigues da Silva
Júlia Rodrigues Marques
Juliana Biasi Nascimento Almêda
Juliana Dias dos Santos
Karoline Monteiro Jeronymo
Kharina Dállete da Costa Pinto
Larissa Cristine
Lorena Barbosa da Cunha
Lorrane Silva Pereira
Lucas Lima de Almeida
Lucas Rodrigues Campos
Luciana Silva de Araújo
Ludimila Romualdo dos Santos
Luisa Mendes Rissi
Luiz Paulo Vieira de Souza
Márcia Ferreira
Marcus de Paula
Maria Arlete Neves Rodrigues
Maria Alice da Silva
Maria da Conceição Monteiro
Marielle Pereira Félix de Araujo
Marina Silva
Mayane Cristina Santos Costa
Mayara de Paiva Alves
Meire felix de Almeida Rodrigues
Monacyta da Silva Escobar
Myrelli Castro de Sousa Ferreira Tomaz
Naiara Barbosa Roda Figueiredo
Autores e Autoras:

Pedro Henrique Pereira Coelho


Poliana Lima de Moura
Pollyana Natividade
Samara Barbosa
Raissa Rodrigues do Nascimento
Raquel Cristina de Oliveira
Raquel Cristine dos Santos
Renata Rodrigues. de Araujo
Sara Silva Montalvão
Sávio Henrique dos Santos de Araújo
Suelene Amorim Soares
Tamara Rodrigues Alves
Thais Marques do Nascimento
Thaylla Ramos Almeida Santos
Uriel Ribeiro
Vanessa Ximenes Duarte
Vívian de Souza Galeno
Walter Lopes Santos Neto
Wilca Jessica de Araújo
Zuleide de Abreu Medeiros
Sumário

01. Alimentação de crianças vegetarianas.............08


02. Nutrição para a lactante e o lactente
introdução..............................................................26
03. Proteínas..........................................................33
04. Vitamina A .......................................................40
05. Ácido fólico.......................................................46
06. Vitamina B12 (Cobalamina).............................52
07. Vitamina C........................................................57
08. Vitamina D........................................................63
09. Cálcio...............................................................70
10. Ferro.................................................................76
11. Cólicas no lactente...........................................84
12. Interação fármaco e nutriente...........................89
13. Ômega 3 em gestantes e nutrizes....................93
14. Chupetas e mamadeiras e a nutrição no 1º ano
de vida..................................................................106
15. Principais patologias gestacionais..................130
16. Hiperêmese gravídica....................................145
17. Síndromes hipertensivas................................151
18. Anemia ferropriva...........................................166
19. Doenças infecciosas infecção........................174
20. Benefícios da amamentação a curto e longo
prazo....................................................................185
21. Obesidade infantil...........................................225
22. Obesidade gestacional...................................244
Nutrição: da gestação à Infância 8

01. ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS


VEGETARIANAS

Ellen Cristina de Oliveira Marinho


Luiz Paulo Vieira de Souza
Mayara de Paiva Alves
Deyvid Henrique Costa Medeiros
Suelene Amorim Soares

Vegetarianismo

Origens da alimentação vegetariana

Ao contrário do que muitos pensam, a


alimentação vegetariana ou a dieta vegetariana não
é uma prática da atualidade somente, a relatos que
os primeiros hábitos alimentares do ser-humano
tiveram como início as plantas. Em algumas
religiões, é recomendado um modo de vida
vegetariano, como por exemplo o budismo e o
hinduísmo. Há relatos que na Grécia Clássica, o
modo de se alimentar era basicamente formado por
orientações religiosas ou filosóficas ¹,².
Tendo como exemplo da antiguidade o
filosofo Pitágoras, criador do orfismo, na Grécia e
Itália, onde iniciou fundando comunidades de
matemáticos e filósofos, pois consideravam que os
animais também tinham o direito de viver assim
como a humanidade, apoiando assim a proibição de
comer os animais. ¹
Nutrição: da gestação à Infância 9

Os filósofos neoplatónicos, viam a


alimentação vegetariana como um modo de purificar
a alma, tornando este modo de se alimentar um ideal
de vida, ideal este que se prolongou até por volta do
início do século XIX. Tal como o “pitagorismo”, os
neoplatónicos acreditavam na ideia da
transmigração das almas ou na designada
metempsicose. Para que a alma evoluísse no seu
percurso, para além da morte, era necessário que se
encontrasse purificada ².
Embora a qualidade da ciência nutricional que
apoiava o vegetarianismo permanecia por muito
tempo carente com a quantidade de argumentos
científicos, no século XIX, com a criação do
movimento literário e estético do romantismo, ligado
a perspectiva humanista, o poeta Shelley adotou o
vegetarianismo como estilo de vida. O que
acrescentou um aspecto político ao movimento,
onde o mesmo mostra a insuficiência e a diversidade
já na produção e na distribuição da carne, como
fazendo parte de ser um dos motivos da carência de
alimentos entre os mais desprovidos da nossa
sociedade ³.
Em 1850, é criado a Sociedade Vegetariana
Norte Americana. Sendo os movimentos cristãos
mais radicais responsáveis por impulsionar o
movimento vegetariano, tanto em terras nos Estados
Unidos da América quanto inglesas ².
Nutrição: da gestação à Infância 10

Atualidade

Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira,


vegetarianismo é o estilo de vida onde se opta por
um modo alimentar que elimina todas as variedades
de carnes do cardápio, tendo como alguns alimentos
caracterizados como base desse estilo de vida, as
hortaliças, leguminosas, oleaginosas, sementes e
frutas 4. Sendo que existem vários tipos de
vegetarianos, alguns são mais radicais e restritivos e
outros nem tanto, alguns deles são:
Os Ovo lacto vegetariano, que desfrutam de
uma dieta baseada em leguminosas, hortaliças,
oleaginosas, sementes, frutas, ovos, leite e laticínios
(produtos derivados do leite), sendo considerado o
tipo mais frequente de vegetariano4,5.
Lacto vegetarianos, consomem os alimentos
base da dieta vegetariana, acrescido de leites e
laticínios 4,5.
Ovo vegetariano, também consomem os
mesmos alimentos base e ovos 4,5 .
Vegetariano estrito, são aqueles que optaram
por não consumir nenhum produto de origem animal
em sua alimentação, consomem somente os
alimentos base da dieta vegetariana, citados
anteriormente 2,4,5.
Veganismo, tem como princípios o
vegetarianismo estrito, mas vai além, pois não
utilizam nada que possa ter sido proveniente de uma
exploração e/ou crueldade contra animais, seja para
a alimentação, para o vestuário ou qualquer outra
finalidade6.
Nutrição: da gestação à Infância 11

Vantagens da alimentação vegetariana

A introdução alimentar quando bem elaborada


e executada pode contribuir para um longo ciclo de
vida saudável. O consumo de alimentos de origem
vegetal como: Leguminosas, frutas, hortaliças,
cereais integrais, castanhas, fibras, vitaminas,
minerais e gorduras boas (não saturadas).
Repercute de forma saudável ao longo do tempo 7.
A criança tem uma necessidade energética
diária e adequada para manter um bom desempenho
do crescimento e desenvolvimento (físico, cognitivo
e intelectual), fase em que há um gasto energético
muito amplo. As fontes alimentares vegetarianas
podem oferecer proteínas, vitaminas e minerais
suficiente para demandar o gasto energético e atingir
as necessidades adequada, desde que sejam
amplas e diversificadas. As leguminosas: feijão (rico
em ferro e importante na formação de hemoglobina),
lentilhas (rica em potássio, magnésio, ácido fólico,
B6 e fibras solúveis), os cereais: arroz integral, milho,
trigo, centeio, amaranto, aveia (alto teor de fibras
solúveis e insolúveis, cálcio, fosforo, magnésio,
potássio, vitaminas do complexo B e beta-glucana),
quinoa, linhaça (rica em ômega3 importante para
saúde cerebral e cardiovascular) 8,9.
Estudos apontam que o consumo de carne
tem sido associado ao crescimento do risco de
inúmeras doenças crônicas não transmissíveis como
doença do coração e câncer. Nesses estudos
também apontam que a dieta vegetariana associa-
Nutrição: da gestação à Infância 12

se a menor risco em relação a essas doenças e até


mesmo o aumento da expectativa de vida em alguns
casos12.
Segundo Melina, existem ainda, outros
motivos para a adesão ao vegetarianismo é a ética.
Para muitos o vegetarianismo é uma manifestação
contra o ato de maltratar animais e mostrar como é
errado matá-los. No Brasil, segundo a Sociedade
Vegetariana Brasileira, cerca de 50% das pessoas
se tornam vegetarianas pelo mesmo fato e pela
saúde sendo esta a principal vantagem 10.

Desvantagens da alimentação vegetariana

Segundo a Doutora Cristina M. G Monte, a


alimentação da criança desde o nascimento e nos
primeiros anos de vida tem repercussões ao longo
de toda vida do indivíduo. O leite materno,
isoladamente, é capaz de nutrir adequadamente a
criança nos primeiros 6 meses de vida, porém, a
partir desse período, deve ser complementado. A
Doutora Cristina também diz que a adequação
nutricional dos alimentos complementares é
fundamental na prevenção de morbimortalidade na
infância, incluindo desnutrição e sobrepeso 7.
Independente do plano alimentar é crucial
optar por uma alimentação saudável, é sabido que o
déficit ou o excesso de nutrientes pode ser
prejudicial à saúde. As necessidades alimentares
estão intimamente relacionadas com cada período
da vida, deferindo não lactante, infância e
Nutrição: da gestação à Infância 13

adolescência 13. Segundo a American Academy of


Pedriatrics e Academy of Nutrition and Dietetic,
através de um planejamento alimentar adequado,
conseguem-se atingir as recomendações
nutricionais mesmo usando um plano alimentar
vegetariano ou vegano, tornando essas dietas
adequadas 4,14.
Contudo, esta afirmação é refutada pela
German Nutrition Society que, devido ao elevado
risco de carências nutricionais, não recomenda a
adoção de um plano alimentar vegano ou
vegetariano para bebês, crianças adolescentes 15.
O Índice de Aminoácidos corrigido por
digestibilidade de proteína (PDCAAS) é um método
que avalia a propriedade de uma proteína alimentar
baseando-se na sua composição em aminoácidos e
respectiva digestibilidade. Utilizando este método
verifica-se que a maioria das proteínas que derivam
dos animais, incluindo ovo e leite, e outras de origem
vegetal, tais como a proteína de soja, quinoa e
amaranto, apresentam o valor de PDCAAS igual ou
próximo a 1. Nas outras proteínas de origem vegetal
o valor é bem mais baixo 16. Os aminoácidos
essenciais estão presentes em praticamente todas
as proteínas de origem vegetal, contudo, a porção de
um e/ou dois aminoácidos pode ser limitante. Por
exemplo, os cereais particularmente do trigo,
apresentam um teor reduzido de lisina e treonina e
as leguminosas um baixo conteúdo em metionina e
cisteína. Assim, é de extrema importância a ingestão
variada e cuidada de proteínas vegetais para
Nutrição: da gestação à Infância 14

suprimir, simultaneamente, as necessidades


proteicas 13,17.
A dieta vegetariana estrita é a mais restritiva,
existindo a inevitabilidade de prestar especial
atenção a nutrientes críticos, Proteínas,
vitaminaB12, Vitamina D, ferro, cálcio e ácidos
graxos ômega 3, de modo a minimizar o risco de
carência, especialmente em idade pediátrica 18. A
idade pediátrica é a fase de grande vulnerabilidade
a alterações do estado nutricional com respectivas
repercussões a saúde. É fundamental a existência
de um planejamento correto e adequado para atingir
um bom estado nutricional e de crescimento 19.
É comprovado por diversos estudos que um
plano alimentar vegetariano raramente provoca um
déficit se existir um planejamento alimentar
adequado, a título de exemplo, na Tailândia
comparou-se a ingestão alimentar das crianças entre
2 e 6 anos com um plano alimentar vegetariano
(n=21) e não vegetariano (n=28), observando-se que
a ingestão proteica no primeiro grupo era inferior à
das não vegetarianas (43,4±9,6g vs 54,4±9,7g,
respectivamente), mas superior ás recomendações
20
. Por outro lado, na Suécia, avaliou-se a ingestão
alimentar de adolescentes entre 16 e 20 anos com
alimentação vegetariana (n=15) e onívora (n=15) e
verificou-se que através de uma dieta vegetariana se
atingem e/ou superam as recomendações proteicas,
contudo, o consumo de proteínas é inferior quando
comparado a uma dieta não vegetariana 21.
Dentre suas fontes principais de proteína
vegetal estão as leguminosas, o feijão, as lentilhas,
Nutrição: da gestação à Infância 15

os chamados pseudo-cereais (quinoa, amaranto e


trigo sarraceno), as nozes e as sementes. Cada um
destes grupos apresenta uma composição em
aminoácidos e digestibilidade diferentes. Por
conseguinte, a distribuição dos alimentos por várias
refeições ao longo do dia fornece todos os
aminoácidos nutricionalmente essenciais
22
necessários a um aporte adequado .

Suplementação

Alimentação vegetariana bem planejada


comtempla todas as necessidades nutricionais junto
com aporte enérgico adequado conforme a idade
proporcionando um bom acompanhamento do
desenvolvimento da criança e do adolescente.
Devemos prestar muita atenção e ter muito cuidado
com déficit de alguns nutrientes como: vitamina B12,
vitamina D, ferro cálcio e ácidos graxos essenciais
na maioria dos casos e necessário a suplementação
19
.
A vitamina B12 (Cobalamina) e um nutriente
que este presente em carne bovina, suína, de aves,
de peixes, e nos ovos e uma pequena quantidade
em leite e derivados, os vegetais não apresentam
quantidade nenhuma de cobalamina sendo
necessário o uso de suplementação. Visto que a
vitamina b12 tem um papel essencial na formação
das hemácias, manutenção do sistema nervoso
central na formação da bainha de mielina, formação
de novas células. A deficiência da vitamina em
Nutrição: da gestação à Infância 16

crianças pode proporciona alteração neurológicas e


até uma anemia megaloblástica 23.
A vitamina D encontrada nos alimentos ou
produtos de origem animal e conhecida como D3
(colecalciferol) mais existem vegetais como os
cogumelos que possuem a vitamina D2
(ergocalciferol). A ausência da suplementação e
alguns minutos exposto ao sol gera uma carência da
vitamina visto que isso pode trazer alguns problemas
a saúde como aumento e doenças crônicas, câncer
e mama, próstata e colón além de doenças
autoimunes e problemas metabólicos e em crianças
levando ao raquitismo. Crianças vegetarianas estão
mais propicias a deficiência sendo necessário a
suplementação ficando exposto ao sol no tempo
adequado mesmo assim pesquisas demonstraram
que mesmo com a utilização de suplementos ocorre
normalmente o crescimento e desenvolvimento
mesmo não atingindo os valores recomendados de
consumo de vitamina D 24.
A ingestão de ferro por crianças veganas
chegam a valores superiores aos da recomendação
do consumo diário pelo simples fato da
suplementação dessa vitamina sendo que a grande
parte desse ferro é consumido nos alimentos
fortificados como a farinha o pão integral, cereais,
massas e legumes, são alimentos muito utilizado
dentre as crianças veganas. A sua deficiência gera
anemia, diminuição na imunidade, fraqueza e
cansaço 23.
O cálcio e primordial não apenas na formação
óssea mais também tem papeis importantes como
Nutrição: da gestação à Infância 17

contração muscular, coagulação sanguínea


transmissão de impulsos nervosos, atividade
enzimática e secreção hormonal. E necessário uma
ingestão adequada desse mineral para
principalmente nessa faixa etária pois está
diretamente ligado ao crescimento ósseo e a
prevenção de risco de fraturas e doenças futuras
como a osteoporose na idade. Os estudos
demostram que crianças vegetarianas tem a
ingestão do cálcio abaixo sendo que a
recomendação e cerca de 39% a 84%. Desta forma
e necessário a suplementação visto que devemos ter
o cuidado no uso entre as refeições para que não
ocorra a redução de outros minerais24.
A alimentação do vegetariano e muito rica em
ácido graxo como ômega 6 e deficiente em ômega 3
visto isso as pesquisam comprovam que deve ter um
consumo maior pela deficiência sendo necessário a
suplementação para o organismo faça a síntese de
EPA em DHA que são encontrados em alimentos de
origem animal. A deficiência pode acarretar
problemas cardiovasculares, na visão e
desenvolvimento neuronal 23.
O consumo regular de alimentos ricos em
fibras estão associados à redução de obesidade,
constipação, DCV e câncer. O Comitê de Nutrologia
da Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda
ingestão de 0,5g/kg/dia de fibra alimentar ou
segundo a fórmula: idade+5= quantidade de fibras
em gramas (máximo de 25g), conforme é mostrado
na tabela 1.
Nutrição: da gestação à Infância 18

Tabela 1. Ingestão diária recomendada (IDR)


vitaminas e minerais

Nutrientes IDR IDR IDR IDR IDR


0-6 7-12 1-3 4-8 9-13
meses meses anos anos anos
Vitamina A 1332 UI 1665 UI 999 1332 1998
UI UI UI
Vitamina C 40 mg 50 mg 15 25 45
mg mg mg
Vitamina D 200 UI 200 UI 200 200 200
UI UI UI
Ferro 0,27 mg 11 mg 7 mg 10 8 mg
mg
Zinco 2 mg 3 mg 3 mg 5 mg 8 mg
Cálcio 210mg 270 mg 500 800 1300
mg mg mg
Ácido 65 mcg 80 mcg 150 200 300
Fólico mcg mcg mcg

Intitute of Medicine. Food and Nutrition Board.


Dietary Reference Intakes, 2006
1 micrograma retinol = 1 micrograma de RE; 1
micrograma beta-caroteno = 0,16 micrograma RE;
1 micrograma de outros carotenoides provitamina A
= 0,084 micrograma RE; 1UI = 0,3 micrograma de
retinol equivalente;
1 micrograma de vitamina D = 40 UI.
Nutrição: da gestação à Infância 19

Cardápios

Opção de Cardápio 01

Plano alimentar Criança Vegetariana


Café da manhã
Batida de abacate com água de coco e banana
maçã
e pão folha
Almoço
Feijão preto com couve refogada, lentilha cozida,
jiló refogado, tomate com limão e gergelim
Suco de banana com laranja
Lanche da tarde
Sanduíche de pão Sírio com tofu mole e alface
Jantar
Arroz integral com brócolis e cenoura cozida,
quinoa e purê de abóbora
Ceia
Leite de soja com uvas passas e flocos de milho
Nutrição: da gestação à Infância 20

Opção de Cardápio 02

Plano Alimentar Criança Vegana


Café da manhã
Tapioca com geleia de morango e
suco de laranja com cenoura
Colação
Água de coco e goiaba
Almoço
Arroz integral com ervilha fresca, carne de soja
refogada,
Berinjela, abóbora e espinafre cozido
e tomate seco
Lanche da tarde
Salada de frutas com chia
Jantar
Quinôa, cenoura e brócolis refogado
e batata inglesa assada
Ceia
Mingau de aveia e morangos
Nutrição: da gestação à Infância 21

Opção de cardápio 03

Plano Alimentar Criança Vegana

Café da manhã

Tapioca com coco e suco de manga

Colação

Uva fresca e coco

Almoço
Arroz integral, grão de bico refogado,
hamburger de soja, beterraba
e couve flor cozida, alface
e suco de melancia
Lanche da tarde

Açaí com granola

Jantar

Sopa de lentilha

Ceia

Leite de soja com cookies vegano


Nutrição: da gestação à Infância 22

Referências

1 Leitzmann, C. Vegetarian nutrition: Past, present,


future. The American journal of clinical nutrition.
Junho de 2014
<https://www.researchgate.net/publication/2628840
91_Vegetarian_nutrition_Past_present_future>.
Acessado setembro 2017

2 Rola, C. Vegetarianismo e Comportamento


Alimentar: Comportamentos Alimentares
Disfuncionais e Hábitos Alimentares em Dietas
Vegetarianas. Lisboa 2015

3 Whorton, JC. Historical development of


vegetarianismo. American Society for Clinical
Nutrition. USA 1994

4 American Dietetic Association and Dieteticians of


Canada. Position of the American Dietetic
Association and Dietitians of Canada: Vegetarian
diets. American Dietetic Association. VL103 Nº6.
Journal of THE AMERICAN DIETETIC
ASSOCIATION. Canadá Junho 2003

5 SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira).


Vegetarianismo.
<https://www.svb.org.br/vegetarianismo1/o-que-e>
Acessado setembro 2017
Nutrição: da gestação à Infância 23

6 The Vegan Society. Definition veganism.


<https://www.vegansociety.com/go-vegan/definition-
veganism>. Acessado setembro 2017

7 MONTE, CMG. GIUGLIANI, ERJ. Recomendação


para alimentação complementar da criança em
aleitamento materno. Jornal de pediatria 2004.

8 VITOLO, MR. Nutrição da gestação ao


envelhecimento. Editora- Rubio, 2008, ISBN:978-85-
7771-009-6.

9 COZZOLINO, SMF. Biodisponibilidade de


nutrientes. 4ª Edição. Editora Manole. São Paulo
2012.

10 Melina, V. Davis B, Harrison V. A dieta saudável


dos vegetais: o guia completo
para uma nova alimentação. Rio de Janeiro:
Campus; 1998.

11 Sabaté, J. The contribution of vegetarian diets to


health and disease: a
paradigm shift? Am J Clin Nutr. 2003

12 Key, TJ. Fraser GE. Thorogood M, Appleby N,


Beral V, Reeves G, et al. Mortality
in vegetarians and nonvegetarians: detailed findings
from a collaborative
analysis of 5 prospective studies. Am J Clin Nutr.
1999
Nutrição: da gestação à Infância 24

13 Craig WJ., Mangels A. R. Position of the American


Dietetic Association: vegetarian diets. Journal of the
American Dietetic Association. 2009

14 SBP Sociedade Brasileira de Pediatria.


Vegetarianismo na infância e adolescência. Julho de
2017
15 Silva, M. D. C. C. Padrões Alimentares
Vegetarianos em Idade Pediátrica. Faculdade de
Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade
do Porto. Porto, 2017.

16 Marsh, KA., Munn, EA., Baines, SK. Protein and


vegetarian diets. The Medical Journal of Australia.
Austrália 2012.

17 Genova, TD. Infants and children consuming


atypical diets: Vegetarianism and macrobiotics.
Paediatr Child Health. 2007.

18 Pawlak, R., Lester SE., Babatunde T. The


prevalence of cobalamin deficiency among
vegetarians assessed by serum vitamin B12: a
review of literature. European. journal of clinical
nutrition. 2014.

19 Pinho, JP, Silva, SCG., Borges, C., Santos, CT.,


Santos, A., Guerra A., et al. ALIMENTAÇÃO
VEGETARIANA EM IDADE ESCOLAR. Direção-
Geral da Saúde. 2016.
Nutrição: da gestação à Infância 25

20 Chin-EnYen, Chi-HuaYen, Men-ChungHuang,


Chien-HsiangCheng, YiChiaHuang. Dietary intake
and nutritional status of vegetarian and omnivorous
preschool children and their parents in Taiwan.
Nutrition Research. Taiwan, 2008.

21 Larsson C. L., Johansson G. K. Dietary intake and


nutritional status of Young vegans and omnivores in
Sweden. The American journal of clinical nutrition.
2002

22 Society C. P., Committee C. P. Vegetarian diets


in children and adolescents. Paediatr Child Health.
2010

23 VELASCO, C. Estado nutricional e consumo


alimentar de crianças e adolescentes vegetarianos.
porto alegra, 2011.
Nutrição: da gestação à Infância 26

02. NUTRIÇÃO PARA A LACTANTE E O


LACTENTE INTRODUÇÃO

Raquel Cristine dos Santos

Fisiologicamente, a lactação está sob o


controle de hormônios, principalmente os de origem
hipofisária, cuja produção é influenciada por
estímulos externos e emoções maternas. Os
principais hormônios envolvidos na lactação são a
prolactina (atua na produção de leite) e a ocitocina
(atua na ejeção de leite). É importante salientar que
para a formação e secreção do leite se faz
necessário o estímulo da sucção pelo neonato ou
pela ordenha¹.

O aleitamento materno caracteriza-se quando


a criança recebe leite materno (direto da mama ou
ordenhado), independentemente de receber ou não
outros alimentos. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) classifica o aleitamento materno em²:
Nutrição: da gestação à Infância 27

• Aleitamento Materno Exclusivo - quando a


criança recebe somente leite materno, direto da
mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte,
sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de
gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de
reidratação oral, suplementos minerais ou
medicamentos.
• Aleitamento Materno Predominante -
quando a criança recebe, além do Aleitamento
materno predominante leite materno, água ou
bebidas à base de água (água adocicada, chás,
infusões), sucos de frutas e fluidos rituais*.
• Aleitamento Materno Complementado -
quando a criança recebe, além do leite materno,
qualquer alimento sólido ou semissólido com a
finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo.
Nessa categoria a criança pode receber, além do
leite materno, outro tipo de leite, mas este não é
considerado alimento complementar.
• Aleitamento Materno Misto ou Parcial -
quando a criança recebe leite materno e outros tipos
de leite.
* Embora a OMS não reconheça os fluidos rituais
(poções, líquidos ou misturas utilizadas em ritos
místicos ou religiosos) como exceção possível
inserida na definição de aleitamento materno
exclusivo, o Ministério da Saúde, considerando a
possibilidade do uso de fluidos rituais com finalidade
de cura dentro de um contexto intercultural e
valorizando as diversas práticas integrativas e
complementares, apoia a inclusão de fluidos rituais
na definição de aleitamento materno exclusivo,
Nutrição: da gestação à Infância 28

desde que utilizados em volumes reduzidos, de


forma a não concorrer com o leite materno.
O leite humano é adequado para o bebê e sua
composição é única para atender as necessidades
da nossa espécie. Basicamente, é composto por
proteínas, açúcares, minerais e vitaminas, com
gordura em suspensão³. Os benefícios da
amamentação são muitos, tanto para a mãe quanto
para o bebê, constitui-se desde a redução da
mortalidade infantil até a diminuição do risco de a
lactante desenvolver câncer de mama4. O
aleitamento materno exclusivo é recomendado pela
Organização Mundial da Saúde até 6 meses de
idade devido aos inúmeros benefícios à saúde do
bebê e da mãe3.
O volume de leite secretado é fator
dependente do consumo do lactente, em média são
liberados aproximadamente 700 a 900 ml/dia nos
primeiros 6 meses de vida da criança. Já no segundo
semestre da lactação, a liberação de leite diminui
para cerca de 600 mL/dia e 550 mL/dia³. Porém
fatores ambientais, sociais, psicológicos, nutricionais
e hormonais podem interferir na produção e ejeção
do leite materno.
O volume de leite produzido não é
influenciado pela perda de peso da nutriz. Durante o
período gestacional a mulher produz uma reserva
energética para o período da lactação. Essa reserva
será utilizada, compensando a demanda energética
durante a fase láctea. Se a mulher amamentar
exclusivamente direto da mama e dispuser de uma
distribuição calórica específica, poderá ter uma
Nutrição: da gestação à Infância 29

perda ponderal mensal, tendo potencial para restituir


ao peso pré-gestacional.

Avaliação da perda ponderal durante a lactação,


baseada no estado nutricional pré-gestacional
(IMC)³.

Perda de peso normal: 0,5 à 1 kg/mês (1 mês


após o parto)
Perda de peso nas nutrizes com sobrepeso:
aproximadamente 2 kg/mês.
Perda considerada rápida e indesejada:
>2 kg/mês (para nutrizes com peso pré-
gestacional normal – IMC 19,8 a 26,0)
>3 kg/mês [para nutrizes com sobrepeso (IMC
>26,0 a 29,0) ou obesidade pré-gestacional (IMC
> 29,0)]
Fonte: Accioly (1ª edição)

A necessidade energética da nutriz durante o


período de lactação é fator dependente do período
(semestre) da amamentação. No 1º semestre de
produção láctea, a demanda energética é maior,
bem como a perda ponderal. Já no 2º semestre,
devido a diminuição da produção de leite e da perda
ponderal à um decréscimo na necessidade
energética, contudo a demanda de energia irá
depender do consumo do lactente.
Todavia o acréscimo das calorias no primeiro
e segundo semestre de lactação pode variar com o
Nutrição: da gestação à Infância 30

tipo de aleitamento materno que está sendo ofertado


e com o IMC atual da nutriz.

NECESSIDADE ENERGÉTICA ESTIMADA³

EER (kcal/dia) = EER (pré gestacional) +


energia necessária para a produção de leite
– energia para perda de peso

DRI = Adolescentes de 14 à 18 anos


EER Nutriz = EER (pré-gestacional) = 135,3 – (30,8
x idade) + NAF x [(10,0 x peso) + (934 x altura)] + 25
Kcal
1º semestre pós-parto = EER (pré-gestacional) + 500
– 170
2º semestre pós-parto = EER (pré-gestacional) + 400
–0

DRI = Mulheres de 19 à 50 anos

EER (pré-gestacional) = 354 – (6,91 x idade) + NAF


x [(9,36 x peso) + (726 x altura)]
1º semestre pós-parto = EER (pré-gestacional) + 500
– 170
2º semestre pós-parto = EER (pré-gestacional) + 400
–0
NAF - Nível de Atividade Física
Sedentário 1,2
Pouco ativa 1,5
Ativa 1,8
Muito ativa 2,1
Nutrição: da gestação à Infância 31

A necessidade energética do lactente sofre


variações ao decorrer dos meses. Essas variações
podem ser observadas na tabela a seguir.
Idade (meses) Energia (Kcal/Kg)
0-3 116
3-6 99
6-9 95
9-12 101
Média no 1º ano de 103
vida
Fonte: Accioly (1ª edição)

A nutrição adequada é imprescindível para o


desenvolvimento apropriado das funções do
organismo humano. Essas funções variam de
acordo com cada estágio da vida, sendo necessário
assim, uma alimentação balanceada para cada uma
dessas fases. No período da lactação, a nutriz
carece de uma prescrição dietética específica,
visando suprir sua demanda energética e nutricional,
para que assim possa transferir os nutrientes
necessários para o desenvolvimento saudável do
lactente. Uma dieta balanceada com equilíbrio de
macronutrientes e micronutrientes resultará
beneficamente para a saúde da lactante e do
lactente.
Este capítulo irá abordar os principais
nutrientes que devem compor a dieta da nutriz, os
alimentos que provocam cólica na criança e a
interação fármaco - nutriente.
Nutrição: da gestação à Infância 32

Referências

1. VITOLO, M.R. Nutrição: da gestação ao


envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008.

2. Saúde da criança: nutrição infantil:


aleitamento materno e alimentação complementar /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Editora
do Ministério da Saúde, 2009. 112 p.: il.

3. ACCIOLY, Elizabeth. Nutrição em Obstetrícia


e Pediatria/Elizabeth Accioly, Cláudia Saunders,
Elisa Maria de Aquino Lacerda. - 2ª Ed. - Rio de
Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan,
2009.il.

4. Saúde da criança: aleitamento materno e


alimentação complementar / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2015. 184 p.: il.
Nutrição: da gestação à Infância 33

03. PROTEÍNAS

Júlia Rodrigues Marques

O leite materno humano tem grande


importância para o lactente tem cerca de (70%) de
proteína do soro que são perfeitamente adaptadas
ao metabolismo da criança apresentando efeitos
benéficos, como fatores anti-infecciosos,
imunoglobulinas, lisozimas e lactoferrina. A
importância dessas proteínas facilmente absorvidas
com uma grande qualidade nutricional para o
lactente, que vai atuar de várias maneiras.
Constituinte do leite materno proteínas

Constituintes representativos
• Alfa-lactalbumina
• Lactoferrina
• Lisozima
• Caseína
• Imunoglobulinas

A proteína alfa-lactalbumina atua com alto


valor biológico atuando como catalisador na síntese
da lactose. Segundo Dr. Kesinee Owasith afirmou
que as pesquisas mostram que os bebês que são
amentados exclusivamente por um período de seis
meses têm desenvolvimentos melhor em
comportamentos aprendizados, função cerebral e
emoções. Observa-se no leite humano que é um
Nutrição: da gestação à Infância 34

auxílio para a produção dos neurotransmissores que


permitem que o cérebro opere de maneira eficiente,
como Dr. Kesinee Owasith confirmou numa recente
palestra,
chamada “The Journey of the First 1,000 Days of Lif
e. 1
Lactoferrina aumenta a biodisponibilidade do
ferro, atua como ação antimicrobiana, antiviral.
Lisozima tem propriedades bacteriolítica e anti-
inflamatória, atividade imunomoduladora.
Caseína tem propriedade antimicrobianas, fornecem
peptídeos aminoácidos e nitrogênio que ajuda no
crescimento do lactente. Imunoglobulinas tem
proteção imune através de atividades anti-
infecciosa, orientada contra antígenos específicos. 2
A importância da proteína para a lactante,
reflete na saúde do seu filho. Uma boa nutrição
adequada após o parto oferece benefícios no
período da amamentação. Durante o período da
amamentação, a nutriz perde uma grande proporção
de proteína, a nutriz precisa de 40% de proteína,
segundo a RDA 1989, uma nutriz que no
período de amamentação de uma a duas semanas
tem que consumir cerca de 65g diárias
de proteína na primeira semana, já na segunda
semana cerca de 62g diárias, tornado se um dos
fatores mais importante para a nutriz, durante
o período da amamentação. A proteína que a nutriz
ingere pode ser chamada de construtora, pois
ela ajuda tecidos estruturais como a pele, quando
mulher amamenta pode ter fissuras nos mamilos
rachadura e sangramentos, a proteína ajuda na
Nutrição: da gestação à Infância 35

reparação dos mamilos e aréola. A proteína beta-


lactoglobulina que estar presente no leite de vaca foi
descoberta no leite materno, isso ocorre quando a
lactante ingere (leite de vaca), podendo gerar
quadros de alergia a criança.3
Necessidade e recomendação de proteínas
para lactante e lactente. A necessidade
proteica deve ser adequada de maneira quantitativa
e qualitativa.

Tabela 1- Proteína lactente

Estágio de vida Recomendação, diária de


proteína para lactente

0 a 6 meses 2,2 g/kg/dia


7 a 12 meses 1,6g/kg/dia
1 a 2 anos 1,2g/kg/dia
Fonte RDA 1989.
Nutrição: da gestação à Infância 36

Tabela 2- Ingestão recomendada de


macronutriente em diferentes fases da vida :
Nutriente AMDR
Idade RDA/AI
g/d

10-35
Proteína Gestante 71
18-50
10-35
Lactante 71
8-50
anos
Criança ND
0 a 6 9,1
meses

*AI = ingestão
adequada; RDA = ingestão dietética recomendada;
**AMDR = faixa de distribuição aceitável de
macronutrientes; ***ND = quantidade não
determinada pela falta de estudos que comprovem o
efeito. Fonte: IOM, 2005.
Nível seguro de ingestão de proteína adicionais na
lactação (lactante)
1º semestre 16g/dia (OMS)
2º semestre 11g/dia (OMS)
Após 1 ano 11g/dia (OMS)
DRI 1,1g/kg peso
Nutrição: da gestação à Infância 37

Tabela 3 - Tipos de leite materno

Componente Colostr Transiç Madur


o ão o
1- 7 7 -15 15
dias dias dias

Proteína (g/L) 11,5 0,9 0,8


Fonte
GALISA:ESPERANÇ
A;SÁ 2008
vitolo,2008

Tabela 4- Biodisponibilidade proteínas

Alimento peso (G) pTn

salmão 100 19,3


merluza (peixe) 100 16,6
carne bovina coxão mole 100 20,8
coxa de frango 100 17,6
bisteca porco 100 21,5
peito de frango 100 20,6
queijo de minas frescal 100 17,4
ricota 100 12,6
castanha de caju 100 18,5
leite vaca integral 100 3,6
amêndoas 100 18,6
feijão carioca 100 20,0
feijão preto 100 21,3
Ovo 100 12,0
Fonte: Tabela Brasileira de Composição de Alimentos
Nutrição: da gestação à Infância 38

No lactente a proteína em excesso apresenta


algumas doenças como sobrecarga renal o risco de
obesidade futura e possivelmente desenvolver
diabetes tipo II e distúrbios metabólicos.
Amamentação e exclusiva para bebê até os 6 meses
de vida segundo ministério da saúde e a OMS. Já a
falta de proteína pode apresentar uma piora no
quadro de lactentes, pois apresenta uma deficiência
no crescimento fazendo alteração imunológica
levando o quadro de infecção e edemas por causa
da retenção de líquidos, má aparência na pele unha
e cabelos. Em 1935, Cecily Williams descreveu, pela
primeira vez, uma síndrome na infância causada por
deficiência proteica, a qual denominou Kwashiorkor.
Ela era caracterizada por edema, diarreia,
irritabilidade e lesão na pele e se manifestava por
volta dos 18 meses. Causa foi associada ao
aleitamento materno prolongado e ao desmame
inadequado.4
Já na nutriz o excesso de proteína pode não
só prejudicar ela mas também como bebê, trazendo
doenças para o lactente podendo fazer sobrecarga
renal e aumentando o risco de desidratação e
lesão renal. A falta prejudica tanto a nutriz como
bebê, acarretando doenças para o lactente, no
entanto, a criança pode ser mais prejudicada, pois
como visto posteriormente ele precisa da proteína
principalmente para seu sistema imunológico.
Considerar as DRIs de proteína para lactante, pois
na amamentação se perde muita proteína. 5
Nutrição: da gestação à Infância 39

Referências

1- Euclydes, M. P. (2005). Nutrição da lactante:


base cientifica para alimentação saudadvel . Minas
Gerais : Viçosa: UFV. (4) (5) capitulo 3 p.140.
GUERRA, A. et al. Alimentação e nutrição do
lactente. Acta Pediatr Port, v. 43, n. 2, p. 18-40,
2012.

2-Calil, V. M. L. T., & Falcão, M. C. (2003).


Composição do leite humano : o alimento ideal
Human milk composition : the ideal nutrition for
infants. Rev Med, v. 82 (2), p. 2–10

3-GUINÉ, RAQUEL PF; GOMES, ANA LUÍSA.


(2015). A nutrição na lactação humana Nutrition for
new-born humans, v. 49, (3) p.142, 149-152

4-DE MELLO, DIRCEU RAPOSO; Para ,


regulamento técnico de características
microbiológicas resolução de diretoria colegiada C
Nº. 275, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005. 2005.

5-Nation Multi Media. (s.d.). Nutrients like the alpha-


lactalbumin in breast milk. Fonte: The Nation :
http://www.nationmultimedia.com/life/Nutrients-like-
the-alpha-lactalbumin-in-breast-mil-30227009.html
(1)
Nutrição: da gestação à Infância 40

04. VITAMINA A

Raquel Cristina de Oliveira

Também conhecida como retinol, é


necessária e importante para a evolução biológica
do corpo humano. Como o nosso organismo não
consegue produzir, ela deve estar presente nas
refeições do dia a dia através de uma dieta
equilibrada e variada. Ela é importante para as
vistas, para a reprodução, para a imunidade, para o
crescimento do bebê e classificação celular. Atua em
conjunto com algumas enzimas que estimulam
reações no organismo e diversas funções do corpo
e como antioxidante. É essencial para a construção
da pele, 90% dela é armazenada no fígado e o que
sobra é armazenado nos depósitos de gordura,
pulmões e rins.
Recomendações Nutricionais de vitamina
A¹.
Idade RDA/AI UL RDA/AI UL
e (ugRE/dia (ugRE/dia (ugRE/dia (ugRE/dia
Estági ) ) ) )
o de Masculino Feminino
vida.
0 a 6 400 600 400 600
meses
Nutriz
14 a 18 1.200 2.800
anos
19 a 30 1.300 3.000
anos
Fonte: Livro Accioly Nutrição em Obstetrícia e
Pediatria 2º Edição – Reimpressão Revisada e Atualizada.
Nutrição: da gestação à Infância 41

A vitamina A e os carotenoides estão


presentes em vários tipos de alimentos. A vitamina
de origem animal, é encontrada em alimentos como
fígado, gema de ovo, leite e seus derivados sendo
eles integrais ou mais reforçados. Enquanto os
carotenoides, estão presente em alta quantidade nos
alimentos verde-escuros e amarelo-alaranjados, tais
como espinafre, brócolis, cenoura, abóbora e
mamão. No leite humano o conteúdo varia de 40 a
70 urge/100ML3.

Conteúdo de Vitamina A nos Alimentos.

Alimento Peso Vitamina A (ER)


(g)
Bife de Fígado 100 11.116,30
Cozido
Gema de Ovo 100 552,30
Leite de Vaca 100 33,00
Pasteurizado
Cenoura Cozida 100 1320,00
Espinafre Cozido 100 1.170,00
Mamão Papaya 100 37,00
Abóbora Cozida 100 525,00
Brócolis Cozido 100 13,71
Fonte: Tabela para Avaliação de Consumo
Alimentar em Medidas Caseiras 4º Edição

Deve-se ter uma atenção nutricional com a


lactante antes mesmo da sua gestação, é importante
ter o acompanhamento da dieta durante a gravidez,
nas doenças anteriores e atuais e no seu estilo de
Nutrição: da gestação à Infância 42

vida. No entanto, a literatura indica que a nutrição


está ligada aos fatores que mais contribuem para a
morbidade e a mortalidade materno-fetal4.
No aleitamento sua insuficiência é
preocupante e traz graves riscos, prejudica o
colostro e o leite da mãe, esses alimentos são fontes
ricas de vitamina A de alta biodisponibilidade e a
concentração deste nutriente está associado a dieta
da mãe5. O consumo de retinol está intensamente
ligado ao desenvolvimento e formação natural do
feto, estoques do fígado e crescimento tecidual da
mãe. As ingestões tanto carentes quanto em altos
níveis podem afetar a reserva do fígado do bebê.
Durante os 6 meses de amamentação eles
necessitam de 400ug de retinol para o seu
desenvolvimento6.
A vitamina A encontrada no leite da mãe é
satisfatória para atender as necessidades do bebê,
em condições saudáveis é rico e é visto como o
alimento mais importante, ele é passado para o bebê
60 vezes com mais vitamina durante os 6 meses de
amamentação5.
O leite é destacado e recomendado pela
OMS como um dos indicadores mais importantes
para reconhecer grupos ou populações de risco e
para acompanhar as alterações da situação da
ingestão de vitamina A nas comunidades. Indica
também que em deficiência é vista como um
problema de saúde pública quando se tem menos de
10% desse nutriente no leite, moderado entre 10-
25% e grave acima de 25%7.
Nutrição: da gestação à Infância 43

O leite escasso desse nutriente está


relacionado a dieta da mãe ou pelo desmame
antecipado da criança, que faz com que o estoque
desse nutriente fique baixo, elevando assim as
chances de apresentar xeroftalmia, manchas de
Bitot e cegueira noturna. Portanto essa carência
inclui crianças em grupos de alto risco de DVA8.
Então dessa forma recomenda-se o consumo de
1.300ugRE na dieta para garantir um aporte de 60 a
70ugRE/dl de vitamina no leite9 e para bebês, a partir
de 10 dias de vida uma suplementação em doses de
1.500UI que protege contra a broncodisplasia
pulmonar10.

Interações Vitamina A, ferro e zinco

Existe uma ligação no metabolismo da


vitamina A, do ferro e do zinco, pois a falta de um
pode atrapalhar no aproveitamento dos outros no
corpo².
O zinco é solicitado para que haja a síntese
hepática, ele reduz os níveis da vitamina A sérica no
fígado, originando perdas mesmo quando os níveis
hepáticos desta vitamina estão apropriados.
Observaram então, que ao juntar o retinol com o
zinco, ficou mais eficaz a sua funcionalidade em
pessoas que possuem a deficiência da vitamina A,
principalmente em mulheres que acabaram de ter
filhos, com nutrição impropria e baixa absorção de
zinco².
A baixa quantidade de ferro prejudica os
níveis de vitamina A e essa quantidade em
Nutrição: da gestação à Infância 44

condições reduzidas pode afetar o bom


funcionamento da mucosa do intestino, atrapalhando
na sua atuação vinda das dietas, prejudicando assim
o seu percentual de aproveitamento no organismo.
Contudo há uma ligação entre a deficiência de
vitamina A e a diminuição dos glóbulos vermelhos do
sangue².
A suplementação da vitamina A aumenta a
concentração de ferro no fígado, promovendo o
processo de produção das hemácias. A vitamina A
junto com o ferro no período da gestação tem se
tornado recomendada para potencializar a atividade
dessa vitamina na dieta e restabelece a função da
mucosa do intestino que pode ter sofrido danos
causados pela anemia ferropriva².
Sendo assim, as ligações que acontecem
entre esses micronutrientes requerem atenção,
visando de forma rigorosa a precaução e o cuidado
nas carências, principalmente no grupo mãe-filho²l.

Referências

1-ACCIOLY, Elizabeth. Nutrição em Obstetrícia e


Pediatria/Elizabeth Accioly, Cláudia Saunders, Elisa
Maria de Aquino Lacerda. - 2ª Ed. - Rio de Janeiro:
Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2009.il. (1)
p.71, (3) p.57, (4) p.59-60, (5) p.61, (6) p.60, (7) p.64,
(8) p.62, (9) p.235, (10) p.338.

2-SILVA, Luciane de Souza Valente da et al .


Micronutrientes na gestação e lactação. Rev. Bras.
Nutrição: da gestação à Infância 45

Saude Mater. Infant., Recife , v. 7, n. 3, p. 237-


244, Sept. 2007 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&
pid=S1519-
38292007000300002&lng=en&nrm=iso>. access
on 18 Oct. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1519-
38292007000300002.
Nutrição: da gestação à Infância 46

05. ÁCIDO FÓLICO

Bruna Beatriz Sobrinho Rodrigues

Ácido fólico ou folato, como também é


chamada, é uma vitamina hidrossolúvel do
Complexo B, é uma versão sintética do folato,
Vitamina B9, encontrada em frutas e vegetais e
usado no enriquecimento de pães e cereais, é um
suplemento vitamínico bastante popular. É um
nutriente importante e indispensável na gestação.
Desempenha um papel importante na formação do
DNA, diminui o risco de malformação congênita na
gestação, ajuda na formação de glóbulos vermelhos,
ajuda na construção dos músculos, auxilia na
preservação do sistema nervoso, entre outros¹.
A quantidade de folato aumenta em todo o
período da lactação, até por volta dos 3 meses,
mesmo com a queda dos níveis séricos maternos,
isso mostra que a vitamina é destinada
objetivamente para os tecidos da glândula mamária
e secretada no leite. A ingestão materna, incluindo
suplementação, tem pouco efeito sobre o teor da
vitamina no leite. A biodisponibilidade do folato do
leite humano é elevada. "Apesar de o nível sérico de
folato no recém-nascido, ser três vezes maior que ao
materno, a armazenagem corporal é pequena (224
µg) e se esgota rapidamente, sobretudo nos
prematuras, cuja reserva é ainda menor (159 µg)" ².
"O IOM (1998) definiu a ingestão adequada
para o lactente de 0-6 meses, considerando o
volume médio de LH e a concentração de folato no
Nutrição: da gestação à Infância 47

leite (0,78L x 85 µg/L= 65 µg/dia). Na faixa de 7-12


meses, a ingestão de 80 ug/dia. A necessidade de
folato dos prematuros e RN é de baixo peso é maior.
Entretanto, o IOM (1998) não estabeleceu
recomendação específica para esses casos.
Segundo Herbert (1987), uma ingestão diária de
0,05 a 0,1 mg/dia pode ser necessária nesses casos.
Os lactentes alimentados com leite de cabra devem
receber suplementação " ³.

Quadro 1. Ingestão de referência de folato

Idade EAR RDA


(µg/dia) (µg/dia)
0-6 meses - 65 (Al)
7-12 meses - 80 (Al)
1-3 anos 120 150
Lactantes 450 500
Fonte: IOM.
Nutrição: da gestação à Infância 48

Quadro 2. Conteúdo de folato em alimentos

Alimento Peso Folato


(g) (µg)
Macarrão branco cozido 140 98
Beterraba Cozida 85 68
Abacate 100 62
Mamão papaia 140 53
Arroz branco cozido 79 48
Avelã 68 48
Feijão cozido 127 45
Banana 118 35
Salmão cozido 100 34
Laranja pequena 96 29
Kiwi 76 29
Pão branco 30 29
Couve Flor 62 28
Ovo cozido 48-50 20
Batata Doce 128 14
Leite 245 12
Cenoura Crua 72 10
Fonte: Hands, E.S.

O baixo consumo, ou a deficiência de ácido


fólico pode aumentar em várias etapas da vida do
ser humano, como em situações do aumento da
demanda durante o crescimento, gravidez e
lactação, má absorção e doenças malignas. Vários
outros fatores também estão associados com a
deficiência de ácido fólico, fatores como o etilismo,
tabagismo, uso de alguns medicamentos, além de
outras drogas. Todavia essa deficiência é comum
em vários locais, principalmente em populações
carentes ou até mesmo de povos desenvolvidos,
está estimativa pode chegar até 10% dessas
Nutrição: da gestação à Infância 49

populações desenvolvidas. Além disso, pode estar


associada a complicações no período de gravidez,
como aborto espontâneo, sangramentos e pré-
eclâmpsia. A deficiência de folato pode trazer várias
consequências dentre elas algumas doenças como
anemia megaloblástica, Alzheimer, depressão e
demência e para as gestantes que não fazem a
suplementação de ácido fólico no período da
gestação, pode trazer consequências para o bebê
como defeitos no tubo neural, pois o ácido fólico
diminui significativamente a prevalência de doenças
com defeitos no tubo neural, é recomendado que se
faça essa suplementação antes mesmo da
gestação, e realizar a suplementação durante a
gravidez, no mínimo os três primeiros meses com
doses de 600 μg por dia⁴.
"O ácido fólico não é tóxico, mas deve haver
certa preocupação pelo fato de que altas doses
podem mascarar a anemia perniciosa. Há alguma
evidência de que a suplementação com folato acima
de 350 μg/dia podem prejudicar a absorção de zinco,
e ingestão acima de 5 mg/dia tem sido associada
com o aumento da frequência de crises em
indivíduos epilépticos. Em níveis de ingestão
moderadamente altos os suplementos de folato
podem mascarar a anemia por deficiência em B12.
Portanto, suplementos ricos em folato não são
recomendados para vegetarianos estritos ou para
idosos que estão em risco de deficiência em B12.
Alta ingestão de folato pode prevenir o
desenvolvimento da anemia megaloblástica em
indivíduos idosos com deficiência em B12 devida à
Nutrição: da gestação à Infância 50

atrofia gástrica, entretanto não evita a degeneração


irreversível da medula espinhal. Como já
mencionado, o folato em altas doses também
poderia antagonizar a ação de anticonvulsivantes
utilizados no controle da epilepsia (condição que
afeta cerca de 2% da população), aumentando a
frequência das crises. O valor de UL recomendado
para o ácido fólico é 1.000 μg/dia para adultos" ⁵.
"No nosso organismo o ácido fólico é
altamente absorvido (85-95%), enquanto a absorção
do folato ocorre em menor grau (50%),
particularmente devido a influência de diversos
compostos como a cafeína, antiácidos, laxantes,
antibióticos, nicotina, álcool que interferem na
absorção desta vitamina" ⁶.

Referências

1-EUCLYDES, Marilene Pinheiro – NUTRIÇÃO DO


LACTENTE – Base científica para uma alimentação
saudável. São Paulo: Ufv - Universidade Federal de
Vicosa, 2000. Capitulo 3 p. 203

2-EUCLYDES, Marilene Pinheiro – NUTRIÇÃO DO


LACTENTE – Base científica para uma alimentação
saudável. São Paulo: Ufv - Universidade Federal de
Vicosa, 2000. Capitulo 3 p. 204

3-EUCLYDES, Marilene Pinheiro – NUTRIÇÃO DO


LACTENTE – Base científica para uma alimentação
saudável. São Paulo: Ufv - Universidade Federal de
Vicosa, 2000. Capitulo 3 p. 204
Nutrição: da gestação à Infância 51

4-EUCLYDES, Marilene Pinheiro – NUTRIÇÃO DO


LACTENTE – Base científica para uma alimentação
saudável. São Paulo: Ufv - Universidade Federal de
Vicosa, 2000. Capitulo 3 p. 205

5-COZOLINO, Silvia M. Franciscato –


BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES. Barueri:
Manole, 2009 Capitulo 18 p. 447

6-CANEVER, Lara. Ácido fólico materno como


fator protetor para o desenvolvimento de
esquizofrenia na prole adulta de ratas wistar.
2017. Dissertação (Tese apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Ciências da Saúde para a
obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde)
– Universidade do extremo Sul Catarinense,
Criciúma, 2017. [Orientadora: Profa. Dra. Alexandra
Ioppi Zugno].
Nutrição: da gestação à Infância 52

06. VITAMINA B12 (COBALAMINA)

Helen Cristina Felix Fagundes

A vitamina B12 é essencial para a síntese de


DNA e a formação das células vermelhas, além de
atuar como co-fator em diversas reações
enzimáticas no metabolismo celular1. Sua absorção
ocorre no intestino delgado e é dependente de um
fator intrínseco (glicoproteína) secretado pelas
células parietais do estômago1. As necessidades
diárias da cobalamina para lactante são maiores do
que para gestantes, visto que a ingestão da vitamina
B12 é de suma importância durante a lactação4.
Ao nascer, o nível de vitamina B12 no sangue
do cordão umbilical é duas vezes superior ao nível
sérico materno1. A armazenagem no recém-nascido
a termo bem-nutrido é estimada em 30-40 ug e
garante o suprimento de suas necessidades por
aproximadamente oito meses1. A vitamina B12 é
fundamental principalmente nos primeiros meses de
vida, desempenhando seu papel no sistema
nervoso, no desenvolvimento do cérebro, e na saúde
geral do bebê.
As recomendações dessa vitamina para
lactantes e lactentes podem ser observadas no
quadro a seguir:
Nutrição: da gestação à Infância 53

Idade RDA EAR


(ug/dia) (ug/dia)
0 – 6 meses 0,4 -
6 – 12 meses 0,5 -
1 – 3 anos 0,9 0,7
Lactantes 2,8 2,4
2
Fonte: IOM (2017)

Por meio da alimentação não só as


necessidades diárias da mãe devem ser
asseguradas mais também a do lactente. As mães
que consomem dieta estritamente vegetariana
possuem baixas concentrações plasmáticas de
vitamina B12, podendo ser reversível ao uso de
formas suplementares.

Fontes alimentares de vitamina B12


Alimento Peso (g) Vitamina B12
(mcg)
Bife de fígado cozido 100 112

Mariscos no vapor 100 99


Fígado de frango 100 19
cozido
Coração cozido 100 14
Salmão cozido 100 2,8
Carne bovina cozida 100 2,5
Atum cozido 100 1,8
Camarão cozido 100 1,5
Iogurte com pouca 245 1,4
gordura
Leite desnatado 245 0,93
Leite integral 245 0,87
Queijo cottage 28,4 0,80
Carne de porco cozida 100 0,60

Ovo cozido 50 0,49


3
Fonte: Livro Biodisponibilidade de nutrientes
Nutrição: da gestação à Infância 54

A lactante que é vegetariana e, além disso,


não faz uso da suplementação de vitamina B12, está
exposta a adquirir a deficiência, em razão de que as
fontes alimentares dessa vitamina são justamente de
alimentos de origem animal. Os principais fatores
que podem desencadear a deficiência dessa
vitamina são: a ausência de ácido e pepsina no
estômago, ausência de proteases pancreáticas,
diminuição da secreção gástrica do fator intrínseco e
a inexistência de receptores da cobalamina no íleo4.
Outra consequência da deficiência da vitamina B12
é a anemia megaloblástica causada pela falta de
fator intrínseco, que é necessário para absorção de
vitamina B12.
Os recém-nascidos têm reservas hepáticas
limitadas especialmente se ingestão de alimentos de
origem animal é inadequada e a absorção da
vitamina B12 é comprometida durante a gravidez,
podendo ocasionar em deficiência após o
nascimento7. Os sintomas da carência de vitamina
B12 incluem irritabilidade, queda na taxa de
crescimento, apatia, anorexia, recusa de alimentos
sólidos, anemia megaloblástica e regressão do
desenvolvimento7. Como a quantidade de vitamina
B12 vai suprir as necessidades do bebê até os 6
primeiros meses de idade, quando a mãe faz
ingestão adequada, a deficiência é menos
prevalente1. A carência vai ocorrer após os 6 meses
de vida, quando as reservas acabam sendo
frequente em filhos de mulheres vegetarianas1.
Portanto as causas de deficiência estão
associadas às condições maternas durante a
Nutrição: da gestação à Infância 55

gestação, resultando em degeneração neurológica


no lactente7. Durante o tempo em que a criança está
sendo amamentada exclusivamente, o leite é a única
fonte de vitamina B12, se é insuficiente para atender
às necessidades do bebê, a deficiência pode
ocorrer5.
A deficiência de vitamina B12, que acarreta o
desenvolvimento de anemia megaloblástica,
responde a terapia com folato, assim como a
carência de ácido fólico também é um fator que
predispõe a anemia6. Entretanto, sua eficiência é
incompleta e temporária. A principal interação do
folato com a cobalamina é atuar no desenvolvimento
neurológico da criança.

Referênciais

1-MARILENE PINHEIRO Euclydes. Nutrição do


lactente: base cientifica para uma alimentação
saudável. 3ª Edição – Viçosa-MG, Cap. 3 – p. 206 -
207,2005.

2-INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary Reference


Intakes Tables and Application: Health And Medicine
Division. Table: Recommended Dietary Allowance
and Adequate Intake Values, Vitamins and
Elements, Table: Estimated Average Requirement
Values 2017

3-SILVIA M. FRANCISCATO COZZOLINO.


Biodisponibilidade de nutrientes. 3ª Edição atual e
Nutrição: da gestação à Infância 56

ampliada – Barueri-SP: Manole. Cap. 19 - p.455,


2009

4-CLAUDIA P. GARCIA1, Ary L.Cardoso, Jorge


David, Ana Catarina Lunz. Deficiência de vitamina
B12 em lactente alimentado com leite materno - Rev
Bras Nutr Clin 2009; 25 (3): 264-6

5-NEUMANN, Charlotte G. et al. Low Vitamin B12


Intake during Pregnancy and Lactation and Low
Breastmilk Vitamin B12 Content in Rural Kenyan
Women Consuming Predominantly Maize
Diets. Food And Nutrition Bulletin, v. 34, p.151-159,
jun. 2013.

6-MAURICE E. SHILS. Nutrição Moderna na Saúde


e na Doença. 10ª Edição – Barueri-SP: Manole.
Cap.29 - p.529 – 528.

7-DAPHNA K. DROR, Lindsay H. Allen. Effect of


vitamin B12 deficiency on neurodevelopment in
infants: current knowledge and possible
mechanisms. Volume 66, Issue 5, 1 May 2008,
Pages 250–255, 2014
Nutrição: da gestação à Infância 57

07. VITAMINA C

Lucas Rodrigues Campos

A vitamina c é conhecida como ácido


ascórbico, ela é solúvel em água, e bastante
conhecida como antioxidante, pois pode ajudar a
neutralizar radicais livres do corpo e também pode
ajudar na prevenção de doenças como o escorbuto
⁴.
A absorção da vitamina C ocorre na parte
superior do intestino delgado ela não é sintetizada
pelo corpo humano, mas algumas espécies
conseguem sintetizá-las. As principais fontes são
frutas cítricas, morango, tomate, pimentão, leite
humano, leite de vaca (em baixas quantidades), e
etc².
A vitamina C é bastante importante para o
organismo, pois ela pode auxilia-lo na resistência as
infecções, também se acredita que ela pode ser
usada na prevenção e no tratamento de câncer, na
diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares,
no tratamento da hipertensão e na redução da
incidência de cataratas. É considerada importante
também pelo fato do ácido ascórbico atuar como co-
fatores em reações enzimáticas essenciais, uma
delas é a hidroxilação da prolina que é indispensável
para a formação de colágeno. O colágeno e bastante
importante para os lactentes pois fortalece e auxilia
o desenvolvimento ósseo e das articulações⁴.
É muito importante para auxiliar no bom
funcionamento do organismo dos lactentes, para que
Nutrição: da gestação à Infância 58

eles cresçam e se desenvolvam corretamente. Para


isso é importante que a lactante tenha uma
alimentação rica em vitamina C para passar ao
lactente pelo leite materno⁵.
A vitamina C é bastante conhecida por facilitar
a absorção de Ferro heme, o que pode tratar ou
prevenir a anemia ferropriva. Segundo estudos,
crianças que foram alimentadas com leite de vaca,
no período em que deveria ser alimentada com leite
materno, apresentaram baixa hemoglobina, ao
constatar isso foi feito a suplementação com leite
fortificado com ferro e vitamina C, fazendo com que
os níveis de Hemoglobina fossem aumentados ¹.
“A necessidade de vitamina C do lactente
ainda não é conhecida. Estima-se que 8 mg/dia
sejam suficientes para a prevenção do raquitismo. O
IOM (2000) definiu a ingestão adequada para a
criança de 0-6 meses com base na composição do
LH. Considerando uma ingestão de 0,78 L/dia e
concentração média de vitamina no leite (50 mg/L),
a AI foi fixada em 39 mg/dia. Para a determinação da
ingestão adequada para a faixa de 7-12 meses,
considerou-se a ingestão a partir do leite humano
(0,6 L x 45 mg/L) e da alimentação complementar (22
mg/dia), totalizando aproximadamente 50 mg/dia.”
(MARILENE PINHEIRO 3º parágrafo, Capítulo 3,
página 202).

DRI PARA LACTENTES DRI PARA LACTANTES


IDADE QUANTIDADE
0-6 meses 25 mg/d 70 mg/d
7-11 meses 30 mg/d
Nutrição: da gestação à Infância 59

Ingestão
adequada (AI)
de vitamina C
(IOM,2000)
Lactante 40mg/dia(227umol)
~6mg/kg
Lactente 0-6 Meses 7-12 Meses
40mg/dia(227umol) 50mg/dia
(256umol)

A vitamina C é facilmente encontrada em


grandes quantidades em frutas cítricas como limão,
caju, acerola, laranja, abacaxi, em hortaliças como
brócolis, couve-flor, agrião entre outros ². Também é
encontrada no leite humano e no leite de vaca,
porém no leite de vaca contém baixo teor que pode
ser reduzido ainda mais por processos de
pasteurização, fervura e oxidação que ocorre
durante o armazenamento. No leite materno a
concentração de vitamina C diminui no decorrer da
lactação ³.
Nutrição: da gestação à Infância 60

TABELA DE CONTEÚDO DE VITAMINA C NOS ALIMENTOS


VITAMINA C

ALIMENTOS PESO (g) VITAMINA C (mg)

suco de laranja fresco 248 124


mamão papaya 140 86
morango fresco 152 86
kiwi 76 74
suco de tomate 242 67
manga 207 57
laranja 96 51
vagem de ervilha cozida fresca 80 38
brócolis cozido fresco 92 37
couve-de-bruxelas cozida 78 35
couve-flor cozida 62 27
repolho crespo cozido 65 27
marisco no vapor 100 22
uva 160 17
tomate fresco cortado 90 17
batata assada com casca 122 16
molho de tomate 123 16
melancia 152 14
suco de limão fresco 30,5 14
suco de abacaxi 125 13
folhas de couve cozidas 90 12
abacaxi fresco 78 12
quiabo cozido 92 11
banana 118 11
espinafre cozido fresco 90 8,8
abacate 100 8
cenoura crua 72 6,7
purê de batata 105 6,4
ameixa 85 2,8
leite 245 2
Nutrição: da gestação à Infância 61

A falta de vitamina c pode gerar uma doença


chamada escorbuto, geralmente essa doença se
manifesta entre os 8-13 meses de idade, dificilmente
ocorre antes dos 7 meses de idade, ela causa
anorexia, irritabilidade, diarreia intermitente, ficam
mais suscetíveis a infecções, aparecem hemorragias
na pele nas membranas e no periósteo dos ossos.
Essa doença ocorre bastante em crianças que
tiveram o leite materno substituído pelo leite de vaca
que possui quantidades menores da vitamina, e
quanto mais processado ele é, menor é a taxa de
vitamina C².
A deficiência em vitamina C não
necessariamente causa a anemia ferropriva, porém
colabora, pois, a vitamina C é importante para a
absorção de ferro no organismo, a falta dele é a
principal causa da anemia ferropriva ¹. A deficiencia
causa também má cicatrização de feridas, perda de
dentes, e pode também influenciar futuramente na
vida escolar da criança dificultando o aprendizado,
concentração e a memória⁵.
A Vitamina C é antioxidante e pode regenerar
a vitamina E, elas agem na eliminação de radicais. A
alta ingestão de Vitamina C afetam a
biodisponibilidade da Vitamina B¹² podendo causar
deficiência desta vitamina no organismo³.
Nutrição: da gestação à Infância 62

Referências

1-TORRES, Marco A. A. et al. Efeito do uso de leite


fortificado com ferro e vitamina C sobre os níveis de
hemoglobina e condição nutricional de crianças
menores de 2 anos. Rev. Saúde Pública, São Paulo,
v. 29, n. 4, p. 301-307, ago. 1995.

2-EUCLYDES, MARILENE PINHEIRO, Nutrição do


Lactente: base científica para uma alimentação
saudável. Ed. 3. Viçosa, MG, 2005. 548p. Capítulo 3,
página 201-203.

3-COZZOLINO, SILVIA M. FRANCISCATO,


Biodisponibilidade de Nutrientes. Ed. 4. Barueri, SP,
2012. 905p. Capítulo 14, página 205-208.

4-BRICARELLO, LILIANA PAULA, GOULART, RITA


M. MONTEIRO, Pediatria moderna: O papel das
vitaminas em lactentes e crianças. Edição: Out 99 V
35 N 10, São Paulo – SP. Página 807.

5-https://agencia.fiocruz.br/a-necessidade-e-a-
import%C3%A2ncia-da-vitamina-c.
Nutrição: da gestação à Infância 63

08. VITAMINA D

Ione José Pereira Milhomem

A vitamina D é de suma importância durante


a gestação, pois está diretamente ligada ao
metabolismo ósseo, apesar de ser considerada uma
vitamina é um pró-hormônio (secosteroide) que
promove a absorção de cálcio, favorecendo a
adequada relação cálcio-fosforo, resultando assim
em uma mineralização óssea eficiente1.
É constituída sob duas formas, a vitamina D2
ou ergocalciferol que tem origem vegetalea D3 ou
colecalciferol que é sintetizada na pele pela ação da
radiação dos raios ultravioleta B (UVB) durante a
exposição solar2.
O colecalciferol e ergocalciferol são
transportados pela proteína ligadora (DBP) para o
fígado, sendo hidroxilados formando calcidiol (25-
OH-vitamina D2 e 25-OH-vitamina D3) forma de
depósito da vitamina D, o calcidiol é transportado
pela DBP para os rins e novamente hidroxilado,
agora pela enzima 1-alfa-hidroxilase, formando
calcitriol (1,25-OH-vitamina D), forma metabolica
ativa da vitamina D 3.
A gestante transfere vitamina D para feto por
via transplacentária nos últimos meses da gestação,
por meio de enzimas presentes na placenta que
ativam e elevam os níveis de vitamina D, o recém-
nascido ainda fica dependente desse estoque
durante as primeiras 6 a 8 semanasde vida, porém
essa reserva se esgota por volta da oitava semana,
Nutrição: da gestação à Infância 64

portanto a gestante deve ter níveis suficientes de


vitamina D, para que não ocorra hipovitaminose
neonatal4.

Recomendações de Ingestão Dietética (RDI) de


Vitamina D

TABELA 1. Ingestão Diária Recomendada para


Lactentes, Gestantes e Lactantes
VITAMINA D
Ingestã
Necessida Ingestão o
Grupo por faixa de média Dietética máxima
etária estimada Recomenda toleráv
(IU/dia) da (UI/dia) el
(UI/dia)
Bebês de 0 a 6
meses ** ** 1.000
Bebês de 6 a 12
meses ** ** 1.500
14 a 18 anos de
idade,
grávidas/amamentan
do 400 600 4.000
19 a 50 anos de
idade,
grávidas/amamentan
do 400 600 4.000
**Com relação a bebês, a Ingestão adequada é de 400
UI/dia para 0 a 6 meses de idade e 400 UI/ dia 6 a 12 meses
de idade.
5
Fonte: IOM (Institute of Medicine, EUA, 2011) .
Nutrição: da gestação à Infância 65

A suplementação de vitamina D é de
600UI/dia para a mãe e, 400UI/dia para criança, do
primeiro mês aos 12 meses de vida, por ser
considerado um grupo de risco para deficiência de
vitamina D.
É recomendado pela Sociedade Brasileira de
Pediatria que recém- nascidos, a partir da segunda
semana de vida, devem ser expostos diretamente à
luz solar por 30 minutos/semana vestindo apenas
com fraldas (6 a 8 minutos/dia, 3x por semana) com
exposição da face e das mãos6.
A principal fonte de vitamina Dé fornecidapela
exposição ao sol (D3) aproximadamente 90%,
menos de 10% das reservas do corpo são supridos
pela dieta, existem as vitaminas D1, D4 e D5, porém
são menos essenciais7.

TABELA 1. Quantidade de Vitamina D em


alimentos
Alimento Porção Vitamina D
(g) (UI)
Óleo de fígado de bacalhau 13,5 1.360
Óleo de salmão 13,5 544
Ostras cruas 100 320
Peixes 100 88
Leite fortificado 244 100
Ovo cozido 50 26
Carnes (frango, peru, porco) e 100 12
vísceras
Carne bovina 100 7
Manteiga 13 8
Iogurte 245 4
Queijo cheddar 28 3,6
8.
COZZOLINO, 2006 .
Nutrição: da gestação à Infância 66

A vitamina D é muito estável, não se deteriora


quando exposta ao calor ou armazenada por muito
tempo9. Sua biodisponibilidade pode sofrer
influência pela não exposição solar (estação do ano,
uso de filtro solar, latitude, pigmentação da pele,
período do dia), idade e doenças crônicas, o uso de
medicamentos, fibras, doenças do trato
gastrointestinal, fígado, rins, paratireodismo, tabaco
e álcool também podem diminuir sua
9
biodisponibilidade .
A vitamina D é relacionada á mais de 1.000
genes, portanto várias doenças materno-infantis
podem ser causadas por sua deficiência, os níveis
insuficientes durante a gestação, por ocasionar para
a mãe diabetes gestacional osteomalácia e pré-
eclâmpsia, e para o RN, baixa densidade mineral
óssea, hipoplasia do esmalte dos dentes, retardo do
crescimento fetal, eczema sendo a consequência
mais grave dessa deficiência é o raquitismo10.
Dada importância vitamina D para a saúde
materno-infantil, a avaliação e adequação dos
indicadores biológicos, assim como a investigação
de possíveis fatores associados às concentrações
séricas dessa vitamina, devem ser ações de rotina
no atendimento aos mesmos.
A prevenção e o controle da deficiência de
vitamina D devem ser feitos por meio de ações
alimentares e nutricionais com a modificação e a
diversificação dietética, a fortificação de alimentos e
a suplementação medicamentosa11.
A suplementação oral excessiva dessa
vitamina, pode ser a causa de inapetência, náuseas,
Nutrição: da gestação à Infância 67

cefaléia, fraqueza, dores abdominais, cãibras e


diarréia se em casos mais graves a hipercalcemia, a
exposição solar não causa intoxicação, pois seu
excesso é transformado em metabólitos inativos pelo
organismo por motivo de proteção9.
O leite consumido junto com fontes naturais
de vitamina Daumenta de 3 a 10 vezes sua absorção
por conta da lactoalbumina.9 O óleo de amendoim
(ácido graxos de cadeia longa), também facilita a
biodisponibilidade da vitamina D, o consumo de
cogumelos comestíveis (Cantharellustubaeformis)
eleva a concentração sérica significativamente após
3 semanas de uso, o ergocalciferol está presente
neste alimento e quando exposto ao sol é
transformado em colecalciferol9.

REFERÊNCIAIS

1-COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de
Nutrientes. 4 ed. São Paulo: Manole, 2009. p. 252..

2-Prado, Mara Rubia Maciel Cardoso do, 1974-


P896f 2015 Fatores associados aos níveis de
vitamina D do binômio mãe-filho ao nascimento e
aos seis meses de vida / Mara Rubia Maciel Cardoso
do Prado. – Viçosa, MG, 2015. p. 9.

3-Sociedade Brasileira de Pediatria - departamento


de endocrinologia.
Nutrição: da gestação à Infância 68

4-Hipovitaminose D em pediatria: recomendações


para o diagnóstico, tratamento e prevenção. São
Paulo: SBP; 2016. p. 2.

5-Prado, Mara Rubia Maciel Cardoso do, 1974-


P896f 2015 Fatores associados aos níveis de
vitamina D do binômio mãe-filho ao nascimento e
aos seis meses de vida / Mara Rubia Maciel Cardoso
do Prado. – Viçosa, MG, 2015. p. 12.

6-INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). DRIs: Dietary


Reference Intakes for calcium and vitamin D.
Washington,D.C.: National Academy Press, 2011.
Disponível em: http://www.nap.edu.

7-Sociedade Brasileira de Pediatria - departamento


de nutrologia. Manual de orientação alimentação do
lactente, alimentação do pré-escolar, alimentação do
escolar, alimentação do adolescente, alimentação
na escola. São Paulo: SBP; 2012. p 36.

8-Sociedade Brasileira de Pediatria - departamento


de endocrinologia. Hipovitaminose D em pediatria:
recomendações para o diagnóstico, tratamento e
prevenção. São Paulo: SBP; 2016. p. 2

9-COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de
Nutrientes. 4 ed. São Paulo: Manole, 2009. p. 258,

10-Sebadelle, Vittória Rodrigues Jacob. Relações


entre o consumo alimentar de vitamina D, estado
nutricional e estilo de vida em todas as faixas etárias
Nutrição: da gestação à Infância 69

de uma mesma população / Vittória Regina


Rodrigues Jacob Sebadelhe. – João Pessoa, 2015.
p. 17-20.

11-FAGEN, C. Nutrição durante a gravidez e a


lactação. In: MAHAN, L.K.; ESCOTT-STUMP, S.
Krause: alimentos nutrição e dietoterapia. 10. ed.
São Paulo: Roca, 2002. p. 180-186.

12-Martini, Lígia Araújo. Estado nutricional de


vitaminas A e D em crianças participantes de
programa de suplementação alimentar /
Departamento de Nutrição. Faculdade de Saúde
Pública. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2015.
p. 532
Nutrição: da gestação à Infância 70

09. CÁLCIO

Alice

O cálcio é um nutriente muito importante e


necessário na maioria das funções biológicas. Várias
pesquisas têm observado e demonstrado a relação
entre o baixo consumo de cálcio (< 400 mg/dia) e
doenças crônicas, são elas osteoporose, câncer de
colón, hipertensão arterial, obesidade, dentre
outros.¹ A pouca absorção de cálcio pode contribuir
para o desenvolvimento de raquitismo em bebes e
crianças, especialmente naquelas que tem uma
dieta muito restritivas por exemplo uma dieta
macrobiótica2. Não se tem dados exatos sobre a
ingestão necessária de cálcio para prevenir o
raquitismo ou a relação de etnia, atividade física e
dieta pobres em cálcio para o desenvolvimento do
raquitismo.
Na lactação a suplementação de cálcio é
recomendada na dieta para prevenir a hipertensão e
pré-eclâmpsia, controlar a absorção de Na+ (sal),
prevenindo assim edema e hipertensão, protegendo
também a mineralização óssea4. Na lactante o cálcio
é liberado dos ossos e excretado através do leite a
absorção se eleva durante a gravidez e as perdas
diminuem durante a amamentação, limitando a
deficiência que pode surgir. O aumento dos níveis
hormonais como o estrogênio, lacto gênio e
prolactina também aumentam a absorção de cálcio.
O consumo adequado de cálcio é importante para os
ossos e dentes, bem como as principais fontes desse
Nutrição: da gestação à Infância 71

nutriente na (TABELA 1) mostra alguns alimentos


que são fontes de cálcio.

TABELA 1. Quantidade aproximada de cálcio de


uma porção de alguns alimentos comuns*

Fonte: Disponível no site www.milkpoint.com.br

A principal fonte de cálcio nos alimentos é o


leite e seus derivados sendo que para os lactentes a
biodisponibilidade de cálcio está no leite materno
pelo fato que a quantidade de cálcio é maior do que
em fórmulas infantis ou leite de vaca. As verduras-
escuras como brócolis e couves também são fontes
de cálcio, porém a quantidade e biodisponibilidade
desse nutriente é bem menos que no leite e seus
derivados. Na tabela 2 contém as recomendações
de cálcio pela DRI´s para lactantes e lactentes.
Nutrição: da gestação à Infância 72

Tabela 2 -DRI´s -recomendações diárias

3
Fonte: IOM,2002

Interação cálcio/ferro

A Deficiência de cálcio pode levar ao


crescimento e desenvolvimento anormal dos ossos,
a deficiência de ferro tem efeitos sobre metabolismo
energético, imunidade e função cognitiva e
desempenho durante o trabalho5. A interação cálcio
e ferro, estão inversamente associados, pois,
competem entre si na absorção pelo organismo.
Nutrição: da gestação à Infância 73

Interação cálcio/vitamina D

A vitamina D contribui na absorção de cálcio


no intestino e ainda contribui para diminui a sua
eliminação pelos rins. As melhores fontes dessa
vitamina são: óleo de fígado e de peixe. Em seguida,
estão o fígado, a manteiga e a gema do ovo. No
entanto, uma forma de se obter a vitamina D
naturalmente, é pela exposição aos raios
ultravioletas do sol6.

Relação cálcio/fósforo

A relação desses minerais e a adequação de


fósforo contem papeis importantes na dieta. O
lactente tem uma ampla faixa de Cálcio e fosforo na
alimentação. A quantidade desses minerais na dieta
e sua relação garante a mineralização óssea e o
crescimento dos tecidos moles7. O baixo consumo
de fosforo pode levar a hipofosfatemia, que pode
resultar em hipercalcêmica e hipercalciúria
secundária, o que agrava a mineralização óssea.
Além de atuar na formação e manutenção dos
ossos e dentes, o cálcio tem outras funções
importantes como nas células e em outros tecidos.
As concentrações de cálcio são maiores nos
lactentes e diminuem no decorrer da vida. Sendo que
durante a gravidez, lactação e estados deficientes
em cálcio a necessidade é aumentada e intensificam
a absorção, portanto a suplementação de cálcio em
quantidades adequadas para lactantes e lactentes é
Nutrição: da gestação à Infância 74

muito importante para que não se tenha toxicidade


ou a necessidade desse nutriente.

Referências

1-PEREIRA, Gisele A. P.-Disponível no artigo:


Cálcio dietético: estratégias para otimizar o
consumo- Acessado no
https://scholar.google.com.br dia 08/10/2017

2-DAGNELIE - Disponível no artigo: Alta prevalência


de raquitismo em lactentes em dietas macrobióticas.
Acessado no https://scholar.google.com.br dia
08/10/2017

3-IOM, 2002-Disponivel no artigo: Biodisponibilidade


do Cálcio Dietético- Acessado no site
https://scholar.google.com.br dia 08/10/2017.

4-ACCIOLY E; BENZECRY E GOUVEIA, Nutrição


em Obstetrícia e Pediatria –Nutrição na lactação,
Cap.10;16, p.175;176, 2002

5-YBARRA, L. M - Disponível no artigo: Interação


cálcio e ferro: uma revisão. Acessado no
sban.cloudpainel.com.br dia 08/10/2017

6-KRAUSE: Alimentos, Nutrição e Dietoterápica.-


Micronutrientes: minerais cap.03, p.229 9ª edição.
Editora Roca. São Paulo, 1998.
Nutrição: da gestação à Infância 75

7. EUCLYDES, Marilene Pinheiro-Nutrição do


lactente: base científica para uma alimentação
saudável.- Cap. 03, 2005
Nutrição: da gestação à Infância 76

10. FERRO

Brenda Ribeiro da Cruz

A suplementação de ferro possui grande


importância e há uma necessidade prioritária em
atender as demandas do feto, correlacionado às da
mãe, para o desenvolvimento do embrião, cordão
umbilical e placenta. Neste período, será preciso
entre 800 e 1000 mg para suprir a necessidade de
ferro ferroso, ou seja, um terço do total no
organismo. 4
Nos casos em que as mães sejam anêmicas,
pode não haver alterações na concentração de ferro
no fígado do recém nascido. A quantidade de ferro
que o bebê recebe da mãe aumenta continuamente
durante a lactação, bem como seu peso corporal.³
Além disso, a diminuição ou ausência deste mineral
pode ocasionar a anemia por deficiência de ferro
(ADF).
Segundo a OMS, quando o índice de
hemoglobina for abaixo de 10g por 100ml, deve-se
considerar a existência de anemia na gravidez ³. A
suplementação com ferro como medida preventiva
tem grande chance de sucesso quando dirigida a
grupos vulneráveis como gestantes e lactantes,
lactentes e pré-escolares, prevenindo a ADF.
Para gestante e lactante deve ser inserida na
assistência primária à saúde e deve ocorrer
principalmente a partir da segunda fase da gravidez.
Em áreas de baixa predominância de anemia, a dose
preconizada pela OMS é de um comprimido de 60
Nutrição: da gestação à Infância 77

mg de ferro elementar por dia (200 mg de sulfato


ferroso) com 250 mg de ácido fólico; em áreas de
alta prevalência, dois comprimidos por dia (120 mg
de ferro elementar e 500 mg de ácido fólico).¹

Segue tabela abaixo.

INDIVÍDUO RECOMENDAÇÕES ÁREA DE


(OMS) ASSISTÊNCIA
PRIMÁRIA

LACTANTE 60mg de ferro Baixa


elementar/dia (200mg predominância
de sulfato ferroso) com de anemia
250mg de ácido fólico.

120 mg de ferro Alta prevalência


elementar/dia de anemia
com 500mg de ácido
fólico.

Para haver uma prevenção da ADF em


lactentes, deve-se promover o aleitamento materno
e incluir cuidados de saúde nos primeiros seis meses
de idade. A suplementação de ferro é realizada a
partir do sexto mês, entretanto, há recomendações
recentes de suplementação com ferro a partir do
quarto mês de idade para crianças em aleitamento
materno exclusivo¹.
Bebês que nascerem com peso inferior à 2,5
kg, tendem a apresentar um maior crescimento pós-
natal, então, a partir do segundo mês de idade
recomenda-se 2 mg de ferro elementar/kg de
peso/dia. Para aqueles que nascerem com peso
Nutrição: da gestação à Infância 78

abaixo de 1 kg, 4 mg/kg de peso/dia é o indicado, e


aos que nascerem com peso entre 1 e 1,5 kg,
durante todo o primeiro ano de vida, suplementar
com 3mg de ferro elementar/kg de peso/dia.¹

Conforme quadro abaixo.

INDIVÍDUO PESO IDADE RECOMENDAÇÕES


AO EM
NASCER MESES

LACTENTE < 2,5kg 2 2mg de ferro


elementar/kg de
peso/dia

< 1,0 kg 2 4 mg/kg de peso/dia

1,0 a até 12 3 mg/kg de peso/dia


1,5kg meses

A dosagem diária recomendada pela


Sociedade Brasileira de Pediatria mostrou-se mais
efetiva na prevenção da anemia em lactentes,
quando comparada à dosagem utilizada pelo
Ministério da Saúde. A dosagem semanal
recomendada pelo programa do governo brasileiro
precisa ser reavaliada para aumentar sua efetividade
na prevenção de anemia em crianças atendidas em
serviços públicos de saúde.
Quando a deficiência de ferro ocorre durante
os primeiros dois anos de vida, há evidências de
atraso no desenvolvimento psicomotor e alterações
de comportamento, estes efeitos parecem persistir
Nutrição: da gestação à Infância 79

após vários meses de tratamento com ferro. No


entanto, há extensa discussão acerca da
consistência e validade externa desses dados.¹
Entre os elementos que fazem o estímulo da
dieta estão as carnes (principalmente as vermelhas)
e os ácidos orgânicos, tais quais se destacam o
cítrico, lático e, em especial, o ácido ascórbico. A
carne como estimuladora afeta diretamente à
proteína muscular, através de uma possível ligação
com a liberação de peptídios e de cisteína com
cisteína em seu procedimento de digestão, formando
quelatos peptídeo-ferro de fácil absorção.
O ácido ascórbico transforma o ferro férrico
em ferroso, para o deixar solúvel em meio alcalino
no intestino delgado. Sua suplementação tem sido
aconselhada para melhorar a biodisponibilidade de
ferro da dieta e elevar os estoques orgânicos de ferro
de mulheres em idade reprodutiva.¹
Alguns outros alimentos contém valores
médios de ferro, mas com baixa disponibilidade,
como por exemplo, a gema de ovo, a lentilha, o
feijão, a soja e os vegetais verde escuros (brócolis,
almeirão, agrião, acelga, mostarda, couve, coentro),
neste caso, a absorção de ferro destes alimentos
pode ser otimizada se forem consumidos junto de
alguns alimentos como peixes, carnes, frutose e
ácido ascórbico que pode ser encontrado em frutas
como laranja, limão, melão, manga, maracujá,
mamão, banana, goiaba, tomate, pêssego, dentre
outros, priorizando a ingestão deles ainda frescos e
crus.² Segue em tabela alguns dos alimentos ricos
em ferro e suas respectivas quantidades:
Nutrição: da gestação à Infância 80

ALIMENTOS FONTE QUANT. 100g

Agrião cru 3,1 mg

Almeirão refogado 1,6 mg

Beterraba crua 2,5 mg

Carne, bovina, charque, cozida 3,5 mg

Carne,bovina, fígado, grelhado 5,8 mg

Coentro, folhas desidratadas 81,4 mg

Ervilha cozida 1,9 mg

Feijão branco 11,9 mg

Feijão preto 8,6 mg

Gema do ovo cozido de galinha 5,87 mg

Grão-de-bico cozido 1,4 mg

Lentilha cozida 2,44 mg

Mostarda crua 1,1 mg

Salsa crua 3,2 mg


5
Fonte: TACO, 4 edição ampliada e revisada.

A falta ou diminuição da ingestão leva o


paciente a um estado de deficiência de ferro, no qual
seu fornecimento é insuficiente para alcançar as
necessidades de diferentes tecidos, incluindo a
formação da hemoglobina (Hb) dos eritrócitos.¹ A
conseqüência mais evidente dessa deficiência é a
anemia. A diminuição da concentração de Hb
Nutrição: da gestação à Infância 81

sanguínea implica no transporte de oxigênio para os


tecidos, reduzindo o funcionamento físico e a
capacidade de trabalho em indivíduos anêmicos.¹
Há um aumento da morbidade e mortalidade
de gestantes e do feto, devido a deficiência de ferro
durante a gravidez e existe uma relação entre
anemia na gestante e risco de nascimento de
crianças prematuras da ADF.
Entre os inibidores da absorção estão os
fitatos, polifenóis, oxalatos e fosfatos. Os polifenóis
são metabólitos secundários de origem vegetal, que
formam complexos insolúveis com ferro. Polifenóis
de grande peso molecular são os potentes inibidores
de absorção do ferro, estando presentes no café e
no chá. Quando em pequenas quantidades, o cálcio
parece elevar a captação de ferro, mas quantidades
maiores inibe essa absorção. Os maiores
responsáveis pela baixa biodisponibilidade do ferro
no leite e em seus derivados, bem como nos ovos,
são fosfatos que formam complexos insolúveis com
ferro.
Os filatos, existentes em cereais, impedem a
absorção do ferro não heme da dieta por meio da
formação de fitato di e tetra-férrico que é complexo
insolúvel. O leite de vaca e o leite humano contém
aproximadamente de 0,5 a 1 mg de ferro/L, porém
com biodisponibilidades distintas. A baixa
concentração de ferro no leite humano é
compensado por sua alta absorção. De outro modo,
há uma absorção de apenas 10% do ferro do leite de
vaca. Presume-se que haja uma relação entre a alta
concentração de cálcio e fosfoproteínas, em
Nutrição: da gestação à Infância 82

companhia da baixa concentração de vitamina C


com a baixa biodisponibilidade do ferro do leite de
vaca.
Em relação às alterações da dieta, sugere-se
três formas elementares de se ampliar as reservas
orgânicas de ferro através da dieta: A primeira é o
aumento do consumo de ferro heme; a segunda é
acrescer o consumo de vitamina C e de outros
estimuladores da absorção de ferro e a terceira é a
diminuição, durante as refeições, da ingestão dos
inibidores da absorção de ferro.¹

Referências

1- CARDOSO, M.A. & PENTEADO, M.V.C


Intervenções Nutricionais na Anemia Ferropriva.
Cad. Saúde Públ.,1994
Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/csp/v10n2/v10n2a10

2- MONTE, C.M.G. & GIUGLIANI, E.R.J.


Recomendações para alimentação
complementar da criança em aleitamento
materno. Jornal de Pediatria., 2004
Disponivel em:
http://www.scielo.br/pdf/jped/v80n5s0/v80n5s0a04

3- ALMEIDA, P. A. M., CIARI, Jr. C., SANTOS, J. L.


F. & SIQUEIRA, A. A. F.
Curva de hemoglobina em um grupo de
gestantes normais. Rev. Saúde Públ.,1973
Nutrição: da gestação à Infância 83

Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/4694/622
4

4- SOUZA, A. I., FILHO, M. B. & FERREIRA, L. O. C.


Alterações hematológicas e gravidez.
Rev.bras.hematol.hemoter., 2002
Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbhh/v24n1/a06v24n1

5- TACO, Tabela Brasileira de Composição de


Alimentos.
4 Edição ampliada e revisada
Disponível em:
https://www.unicamp.br/nepa/taco/contar/taco_4_ed
icao_ampliada_e_revisada
Nutrição: da gestação à Infância 84

11. CÓLICAS NO LACTENTE

Cristiane Vieira de Sousa

As cólicas têm como definição contrações


espasmódicas do músculo liso, o que vem a causar
desconforto e dor. Acomete cerca de 10 a 40% dos
bebês, tendo como principal consequência o
excesso de choro e irritabilidade da criança.⁴
Tendem a aparecer nas primeiras semanas,
normalmente sendo mais acentuada entre a quarta
e sexta semana e regridem de forma gradativa até o
final do terceiro mês, podendo persistir por períodos
mais longos.² A definição de cólica mais aceita é
baseada nos fundamentos de Wessel e cols que
seriam: Choro constante por pelo menos 3 horas ao
dia, por volta de três dias na semana por pelo menos
três semanas, em crianças saudáveis e normais ao
exame físico.⁶
A origem das cólicas ainda é algo incerto⁵,
pode se dar por vários motivos, como fatores
relacionados ao temperamento do lactente, refluxo
gastresofágico, o consumo de alimentos pela
lactante que podem causar flatulências ⁴, o intestino
ainda imaturo do lactente, deglutição de ar durante
as mamadas, circunstâncias emocionais da mãe,
como estresse, ansiedade³, falta de experiência,
experiência ruim no parto⁶; distúrbios na motilidade
do intestino, que pode estar relacionada à Motilina,
lactose, Melatonina e à má absorção. Alguns autores
indicam também o nível baixo de educação das
lactantes como um fator causal. ¹
Nutrição: da gestação à Infância 85

Já é constatado que substâncias ingeridas


pela mãe são passadas para o leite e que alguns
alimentos podem ser facilitadores de cólicas nos
lactentes, tais como o café, chocolate, alimentos
com quantidade elevada de enxofre ¹, cebola,
refrigerantes, amendoim, frutas cítricas, frituras,
entre outros, porém as pesquisas relacionadas ao
tema são muito contraditórias.⁶
Um estudo realizado em 2005 por Hill e cols
teve como resultado que a redução de proteínas
alergênicas nas lactantes que faziam amamentação
exclusiva através da eliminação de alguns alimentos
no período de uma semana, como peixes,
oleaginosas, leites e seus respectivos derivados,
trigo e ovos, esteve relacionada à diminuição da
irritação dos lactentes que apresentavam cólica. ¹ A
lactoglobulina e lactoalbumina presentes do leite de
vaca, quando consumidas pela lactante poderá
desencadear um quadro de alergia acompanhada de
cólicas no bebê⁶
Porém essa retirada de alimentos da dieta da
lactante pode não ser tão viável, a dieta da nutriz
pode ficar muito empobrecida levando a maiores
riscos nutricionais, além disso, pode causar
preocupações à mãe e muitas vezes perante às
condições financeiras precárias não se torna
possível a substituição por outros alimentos de
mesmo valor nutricional. ²
Dessa forma os profissionais devem ter uma
visão ampla para que antes de excluir alimentos
sejam verificadas outras características que podem
vir a causar as cólicas, como o tempo entre as
Nutrição: da gestação à Infância 86

mamadas, se muito curto pode causar sobrecarga


da lactose o que pode vir a gerar gases, checar se o
método de amamentação está correto, entre outros
aspectos. ⁶ Caso seja necessária a exclusão de
algum alimento, deve ser feita por duas semanas e
logo após, uma reintrodução para confirmar quais se
associam como fator etiológico das cólicas e manter
apenas a exclusão dos alimentos confirmados.
Outro fator que pode ser desencadeante na
etiologia de cólicas é o cigarro durante e após o
parto. No período pré-natal pode causar um
desenvolvimento fetal inadequado e no pós-natal
atrasar a evolução do TGI e do SNC, além disso, a
nicotina presente no cigarro é causadora de cólicas,
pois promove um aumento do hormônio Motilina no
intestino, este é liberado ciclicamente a cada 90
minutos em média, em jejum. Em crianças a sua
produção é mais elevada em comparação aos
indivíduos adultos. Esse hormônio age nas células
do músculo liso (duodeno, cólon e estômago) e em
grandes concentrações pode provocar mau
funcionamento gastrointestinal propiciando cólica e
refluxo. ¹
Estudos discutem também acerca da
introdução precoce de alimentos ao lactente antes
dos seis meses de vida e sua relação com as cólicas
devido à má absorção dos carboidratos, assim como
alergia ao leite de vaca, pois são fatores que geram
gases, podendo causar cólicas. ¹
Um ato errôneo praticado pelas mães é a
oferta de chás e medicamentos com o intuito de
amenizar ou tratar as cólicas do lactente. O uso de
Nutrição: da gestação à Infância 87

chás pode causar comprometimento no estado


nutricional da criança, pois pode vir a substituir uma
refeição ou causar diarreia. ¹
Com tantos fatores desencadeantes e
envolvidos na ocorrência de cólicas em bebês, é de
extrema importância que os profissionais da nutrição
saibam atuar com uma visão ampla, dando
orientações coerentes para as lactantes, tirando
todas as dúvidas e mitos sobre o assunto, afim de
que as nutrizes sejam capazes de saber um pouco a
mais sobre o assunto, evitando assim atos errôneos.

Referências

1-ALCATRAZ, Amanda; D’ÁVILA, Gisele; MELO,


Karin; BARRETTA Claiza; BONA, Camila;
AZEVEDO, Luciane; CAMPANELLA, Enzo.
Tabagismo e dieta materna: Uma relação com a
cólica infantil. Arquivos Catarinenses de Medicina.
Santa Catarina, v. 36, n. 4, p. 56-62, jan. 2007.
Disponível em:
<http://www.acm.org.br/revista/pdf/artigos/519.pdf>.
Acesso em: 26 set. 2017.

2-GOUVEIA, Cristina; ÓRFÃO, Adelaide. Problemas


comuns da amamentação. Revista Portuguesa de
Medicina Geral e Familiar, [S.l.], v. 25, n. 3, p. 370-
5, maio 2009. ISSN 2182-5173. Disponível em:
<http://www.rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/vie
w/10634>. Acesso em: 10 out. 2017.
Nutrição: da gestação à Infância 88

3-KOSMINSKY, Sarfati; KIMURA, Amélia. Cólicas


em recém-nascido e lactente: revisão da literatura.
Revista Gaúcha de Enfermagem. Porto Alegre, v.
25, n. 2, p. 147-156, ago, 2004. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/2771699
63_Colica_em_recem-
nascido_e_lactente_revisao_da_literatura>. Acesso
em: 23 set. 2017

4- SAAVEDRA, Maria A.L. et al . Incidência de cólica


no lactente e fatores associados: um estudo de
coorte. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre , v. 79, n.
2, p. 115-122, Abr. 2003. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&
pid=S0021-75572003000200005>. Acesso em: 23
set. 2017.

5-TORGAL, Fernanda. Cólica do bebé. Revista


oficial da Sociedade Portuguesa de Pediatria.
Portugal, v 29, n. 3, p. 227-231, 1998. Disponível em:
<http://actapediatrica.spp.pt/article/view/5582/4346>
. Acesso em: 23 set. 2017

6-VITOLO, M. Nutrição da gestação ao


envelhecimento. 1. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2008.
p152-153.
Nutrição: da gestação à Infância 89

12. INTERAÇÃO FÁRMACO E NUTRIENTE

Lucas Lima de Almeida

O período de gravidez na vida de uma mulher


gera um complexo de alterações fisiológicas,
endócrinas e nutricionais, isso ocorre devido a
preparação natural do corpo da gestante que se
adapta para sustentar as demandas referentes aos
processos que irão promover o desenvolvimento do
bebê durante as semanas de gestação.1
Quando se trata de alterações fisiológicas é
possível destacar mudanças em diversos sistemas,
tais como: funções cardiovascular, pulmonar,
gastrointestinal, renal e mudanças no volume e
composição sanguíneos.2
Ao mesmo tempo, tem-se as modificações
quanto ao perfil hormonal dessa gestante, os
principais envolvidos na gestação são: o HCG –
Gonadotrofina coriônica humana, a progesterona, o
estrógeno, o HLP – Hormônio lactogênio placentário,
a insulina e os hormônios tireoidianos.3
Todos esses hormônios e sistemas estarão
intimamente ligados as alterações fisiometabólicas
da mãe e do feto. Assim, a alimentação e o consumo
de macro nutrientes e micronutrientes adequados é
imprescindível, o objetivo durante a gestação é
assegurar a saúde da mãe e do bebê a fim de evitar
intercorrências por carência nutricional ou por
patologias associadas.4
Entretanto, os hábitos de vida e condições
pré-gestacionais da mulher são determinantes para
Nutrição: da gestação à Infância 90

a formação do feto, por isso aspectos como doenças


crônicas não transmissíveis: diabetes, hipertensão e
dislipidemia, ou patologias hereditárias e
sedentarismo podem acarretar em intercorrências na
gestação. Desse modo, a gestante pode necessitar
o uso de medicamentos.5
Assim sendo, os nutrientes consumidos pela
alimentação e os medicamentos ingeridos interagem
entre si, o que pode interferir diretamente na eficácia
terapêutica do da substância, nas vias de absorção,
distribuição e metabolização. Portanto, a atenção
deve ser redobrada, pois as gestantes e os lactentes
são exemplos de grupos onde alterações no estado
nutricional podem acarretar em consequências
graves.6
A possibilidade de disfunções metabólicas
causadas pela interação fármaco e nutriente durante
a gestação podem produzir efeitos de má formações
congênitas, chamado também de teratogênese. São
efeitos da fetotoxicidade que pode acontecer em
qualquer momento da gestação, o que pode ser
evitado caso o medicamento seja administrado em
doses terapêuticas mínimas e com segurança
comprovada, que são orientações estabelecidas
pelo Ministério da Saúde.7
Os efeitos negativos costumam se manifestar
durante a formação fetal ou logo ao nascer, porém
há a possibilidade de efeitos adversos durante o
trabalho de parto e outros ciclos da vida, tais como:
infância, adolescência e vida adulta.
Portanto, caso necessário o uso de
medicamentos durante a gestação, deve-se avaliar
Nutrição: da gestação à Infância 91

os impactos e a relação risco-benefício quanto a


saúde da mãe e do bebê. O planejamento nesse
contexto e o trabalho interdisciplinar serão cruciais,
assim nutricionistas, médico, farmacêutico e
enfermeiras devem manter suas condutas alinhadas
e coesas, priorizando sempre a vida, a ética
profissional e a comunicação entre a equipe.

Referências:

1-FERREIRA, CAMILA DUARTE. Ciclos da vida.


Ed.2. Salvador: SANAR, cap. 1, p. 17, 2016.

2-FERREIRA, CAMILA DUARTE. Ciclos da vida.


Ed.2. Salvador: SANAR, cap. 1, p. 18-21, 2016.

3-FERREIRA, CAMILA DUARTE. Ciclos da vida.


Ed.2. Salvador: SANAR, cap. 1, p. 23-26, 2016.

4-REIS, NELZIR TRINDADE. Nutrição Clínica


Interações. Ed.1. Rio de Janeiro: EDITORA RUBIO,
cap. 3, 2004.

5-REIS, NELZIR TRINDADE. Nutrição Clínica


Interações. Ed.1. Rio de Janeiro: EDITORA RUBIO,
cap. 4, 2004.

6-NUNES, A.M.; BAYER, V.M.L.; FELISBINO, F.E.;


CASTRO. A.A.; GAZOLA, A.C.; MARTINS, P.L. A
utilização de medicamentos por gestantes
internadas em um hospital da região sul catarinense:
Caracterização e avaliação dos riscos envolvidos.
Nutrição: da gestação à Infância 92

Ciência & Cidadania, Santa Catarina, v. 1, n. 1, p. 57-


68 (2015).

7-BRASIL – Ministério da Saúde, Secretaria de


Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos,
Departamento de Assistência Farmacêutica e
Insumos Estratégicos. Formulário Terapêutico
Nacional: Rename 2010. 2. ed. Brasília: Ministério
Da Saúde, 2010.
Nutrição: da gestação à Infância 93

13. ÔMEGA 3 EM GESTANTES E NUTRIZES

Caroline Marques Branco


Flávia Rodrigues
Jaqueline Ferreira
Larissa Cristine
Marcus De Paula
Marielle Félix
Marina Silva
Pollyana Natividade
Samara Barbosa
Thaylla Ramos Almeida Santos
Uriel Ribeiro

Os ácidos graxos são essenciais para


diversas funções do organismo humano. Dentre
eles, o ômega 3 tem grande função no
desenvolvimento neonatal, pois traz benefícios como
um excelente agente anti-inflamatório, além de ser
um dos maiores componentes encontrados no
sistema nervoso central e periférico. (1,2)
O ômega-3 é vital tanto na formação, quanto
ao funcionamento adequado do sistema nervoso
central, pois atua na sinalização celular,
regularização enzimática, regulação da migração
neural, modulação de citocinas, atividades
neuromoduladoras e neurotransmissoras entre
outras.
A importância da ingestão adequada de
ômega-3 se deve mais especificamente aos seus
Nutrição: da gestação à Infância 94

dois derivados, EPA - Ácido eicosapentaenoico e


DHA - Ácido docosaexaenoico. O DHA compõe as
membranas celulares, especificamente nas
estruturas dos fosfolipídios e por conta do seu alto
grau de poli-insaturação, ele confere à membrana
uma grande fluidez, o tornando essencial para que
as proteínas desempenhem suas funções com
mobilidade, na formação do tecido cerebral e visual.
(3)
Apesar de o organismo humano possuir enzimas
dessaturase e elongase que participam do
metabolismo e produção de DHA, EPA e outros
derivados do ômega-3, elas não produzem na falta
de AGPI (ácidos graxos poli-insaturados),
principalmente do alfa linoleico, adquirido apenas
através da alimentação, pois este não é produzido
por nenhuma célula.
Por essa razão é importante a oferta
adequada de ácido graxo poli-insaturado de cadeia
longa às gestantes e nutrizes, pois estas além de
necessitarem para seu próprio metabolismo também
o necessitam como maior fonte de DHA e EPA no
período pré-natal e neonatal.

Na gestação

Na gestação, o consumo de ácidos graxos,


principalmente o ômega-3 é importante para
neuroproteção contra hipóxia – que leva a uma
vulnerabilidade da barreira hematoencefálica do
bebê (4).
Nutrição: da gestação à Infância 95

Um estudo feito com animais demonstrou que


a insuficiência de AG durante o desenvolvimento do
feto e do lactente, diminui o DHA nos tecidos neurais
e consequentemente eleva os níveis de ácido
docosapentaenóico (DPA), causando problemas
visuais, cognitivos e olfatórios (5).
O DHA juntamente com o ácido araquidônico
(AA) tem demonstrado componentes essenciais dos
ácidos graxos cerebrais (6,7), representando maior
necessidade e preferência da placenta no transporte
desses nutrientes durante o último trimestre de
gestação (7,8).
A forma biodisponível desses ácidos graxos
são melhores representados no leite materno
quando comparados com fórmulas lácteas (9). Para
ter uma melhor produção desses, é preciso ter uma
suplementação conjunta de AA com DHA e EPA.
Caso se suplementar isoladamente o AA, diminui as
concentrações de DHA e EPA. (10).
A realização de estudos sobre a função dos
ácidos graxos ômega-3, destacando o DHA, em
macacos e ratos, com a relação entre a restrição
desses compostos durante a gestação e a disfunção
da visão normal, perceberam a que podem
influenciar negativamente no processo de
aprendizagem dos lactentes (11).

Na lactação

O feto desde sua concepção até seu


nascimento não tem contato direto com nenhum tipo
de alimento, sendo dependente dos nutrientes
Nutrição: da gestação à Infância 96

circulantes na corrente sanguínea materna. Esses


nutrientes darão ao feto estrutura (proteínas),
energia para seu crescimento (carboidratos),
vitaminas e minerais que irão atuar como enzimas e
coenzimas no metabolismo em geral e os ácidos
graxos que dão proteção e formação das
membranas celulares.
O ômega- 6 e o ômega-3 é precursor do ácido
araquidônico (AA), além do DHA e do EPA, (12) que
por sua vez, tem como função nos primeiros meses
de vida de formar as estruturas celulares e também
são precursores de mediadores inflamatórios (13).
Depois que o bebê nasce, o leite materno
substitui a placenta como fonte de fornecimento
desse ácido graxo. Estes são fundamentais para
prematuros que possuem uma reserva lipídica baixa,
pois a partir dessa limitação calórica, os ácidos
graxos atenderão às suas necessidades lipídicas (3).
Pode resultar em transtornos, como: crescimento
inadequado, dermatites, aumento da
susceptibilidade de infecções, entre outras.
Esses nutrientes além de desempenhar
importante papel no desenvolvimento e no
funcionamento cerebral e visual durante a gestação
e na fase neonatal (7), estudos demonstraram que a
suplementação de EPA e DHA influenciou na
diminuição da pressão sistólica, nesse sentido os
benefícios também estão associados a função
cardioprotetora na segunda metade da infância. (14).
Pôde-se ressaltar, em uma pesquisa,
evidências de que prematuros tem uma dependência
Nutrição: da gestação à Infância 97

apreciável entre os testes de inteligência e os níveis


de DHA nos eritrócitos (15).

Fontes

As principais fontes de DHA e EPA são


pescados (jurel, atum, anchova, salmão, entre
outros), moluscos, algas e crustáceos. Outras fontes
de ômega 3 são o oleaginosos, sementes, vegetais,
gemas de ovo, carne de ruminantes e polvo. (3)

Metabolismo

A cadeia de 18 carbonos dos ácidos graxos


poli-insaturados sofrem hidrólise pela enzima
lipoproteína lipase no tecido adiposo e muscular. Os
ácidos graxos livres são transportados pelo sangue,
ligados à albumina, ou são capturados e
reesterificados a triglicerídeos nos tecidos adiposo e
muscular (16).
Dependem da carnitina para oxidação na
mitocôndria. São metabolizados principalmente no
fígado e no tecido adiposo, de onde são
transportados na forma de lipoproteínas de muito
baixa densidade (VLDL) (17).
Todos os ácidos graxos, incluindo o DHA são
transferidos através da placenta e vão diretamente
para a corrente sanguínea do feto. Os triglicerídeos
que contém DHA e que são armazenados no tecido
adiposo materno também podem ser convertidos em
ácidos graxos e liberados para o bebê através do
transporte placentário (17).
Nutrição: da gestação à Infância 98

Estudos tem mostrado que as enzimas


necessárias para síntese de AA e DHA tem sido
liberadas através do fígado e no cérebro, e que os
tecidos dos rins e do coração possuem uma menor
atividade de algumas dessaturases. Então, esses
tecidos dependem da captação de AA e DHA para
manter um nível correto nas membranas
fosfolipídicas (18).

Nas doenças

É importante ressaltar o papel dos ácidos


graxos ômega 3 e ômega 6 no controle de doenças
cardiovasculares; quando ingeridos em proporções
adequadas exercem importante função na
diminuição da agregação plaquetária e infarto do
miocárdio. Para se atingir essa recomendação seria
necessária a ingestão de 100 a 200g de produtos
marinhos por semana.
Também desempenham uma função muito
importante na prevenção e tratamento de
enfermidades, como no cólon, doenças
imunológicas entre outras. (3)

Mães veganas

O ácido docosaexaenoico é presente em


grandes quantidades nos pescados e é praticamente
ausente nos alimentos de origem vegetal, o que leva
as mães veganas a serem um grupo de risco para
deficiência de DHA no feto e lactente. Essas mães
por ingerir altos níveis de W-6 e fibras tendem a
Nutrição: da gestação à Infância 99

piorar a absorção de DHA (19), devendo ser


orientadas e suplementadas de maneira apropriada
a suprir as necessidades tanto de seus filhos como
de si mesmas, tendo sempre em mente a saúde dos
dois.

Na depressão pós parto

A depressão pós-parto ocorre logo após o


parto ou alguns dias depois do nascimento. Os
sintomas mais comuns incluem tristeza profunda,
desesperança, alteração de humor, crises de choro,
ansiedade e insônia. Pode variar na intensidade e
tempo de duração, a forma mais intensa pode chegar
a psicose pós-parto. A depressão pós-parto não
pode ser vista como fraqueza emocional, falta de
caráter, ou algo do tipo, acontece por alterações
hormonais após o parto e a mamãe deve ser
acompanhada e tratada.
Uma pesquisadora americana Michelle Price
Judge, da Escola de Enfermagem da Universidade
de Connecticut, apresentou durante um Congresso
de Biologia Experimental em 2011 em Washington
um estudo com consumo do DHA, em cinquenta e
duas mulheres grávidas que foram divididas em dois
grupos, ela quis saber qual efeito do ômega-3 na
depressão pós-parto. Metade tomou placebo
(terapia inerte, paciente acredita estar sendo tratado)
e a outra metade consumiu 300 miligramas de
ômega-3, cinco dias por semana entre a 24ª e 40ª
semanas de gestação, quantidade similar à de meia
porção de peixe salmão. Elas foram acompanhadas
Nutrição: da gestação à Infância 100

por profissionais medindo o nível de ansiedade e


percebeu-se que o grupo que consumiu o ômega-3
foram menos propensas à manifestar sintomas
relacionados a ansiedade. (20)
Pesquisadores tem percebido que regiões
com maior consumo de ômega-3, há menor
prevalência de depressão (21). Sobretudo a
gestante deve escolher um estilo de vida saudável,
faça exercícios, não beba, não fume, não se estresse
e que procure um profissional nutricionista para
elaborar um Plano Alimentar individual e exclusivo
voltado para a gestante, tendo em vista a
importância desse momento que é gestar um bebe.

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Nutrição: da gestação à Infância 106

14. CHUPETAS E MAMADEIRAS E A NUTRIÇÃO


NO 1º ANO DE VIDA.

Deize Nascimento de Souza


Fernanda da Silva Gonçalves
Juliana Dias dos Santos
Juliana Biasi Nascimento Almêda
Joyce Rodrigues da Silva
Kharina Dállete da Costa Pinto
Lorena Barbosa da Cunha
Lorrane Silva Pereira
Maria da Conceição Monteiro
Nayara Barbosa Roda Figueiredo
Tamara Rodrigues Alves

Metodologia
Pesquisa com levantamento bibliográfico em
artigos científicos referentes ao assunto.

Introdução

Com base em algumas pesquisas, tanto na-


cional quanto internacionais, uma boa parte das
crianças menores de um ano faz o uso de chupetas
e mamadeiras, tendo ainda uma projeção de au-
mento dos números para o futuro. ¹
Os dados dos estudos nos mostram que 80%
das mães ofertou a chupeta para os bebês já no
hospital, e cerca de 80% dessas crianças permane-
cem com o hábito no primeiro ano de vida e somen-
te 15% nunca usaram chupeta. ¹
Nutrição: da gestação à Infância 107

Com relação à mamadeira foi encontrado


que nos primeiros dias a pós o nascimento 21,3%
das crianças fazem o uso e aos 30 dias esse núme-
ro aumenta para 46,9%. A utilização da mamadeira
pelas mães foi relacionada principalmente com a
oferta de água e chás, mesmo não sendo necessá-
rio essa ingestão nos primeiros 6 meses de vida,
quando está sendo amamentada.( BUCCINI, G,
2012)
A história revela o uso desses utensílios
desde séculos atrás. A chupeta, por exemplo, trás
consigo o costume de acalmar o bebê, sendo de
inicio utilizados objetos açucarados e mel, evoluin-
do para mordedores de metal até chegar ao formato
que temos hoje. Já a mamadeira levanta uma ques-
tão cultural, onde a relação amorosa da mãe com o
bebê não tinha valor social e a amamentação não
tinha referencial nutritivo, sendo assim, considerada
uma tarefa indigna para essas senhoras, principal-
mente da “alta classe”. Somente séculos mais tarde
com a evolução da medicina que se foi resgatar a
importância da amamentação para sobrevida da
criança.
No mundo contemporâneo os valores sociais
mudaram, a medicina juntamente com a tecnologia
tem seus avanços significativamente aumentados e
em evolução, a formação de politicas públicas para
o incentivo do aleitamento materno também estão
em alta. Essas são todas questões que na prática
deveriam nos mostrar uma diminuição no uso des-
ses utensílios para manutenção da saúde das nos-
sas crianças, mas ainda assim, temos um número
Nutrição: da gestação à Infância 108

crescente dessa prática. Isso se pode explicar pela


mudança de rotina das mães, que estão cada vez
mais ingressando no mercado de trabalho, tendo
uma vida igualmente a do pai, agitada, precisando
ao máximo de produtos que facilitem sua vida no
momento de alimentar seu bebê.
Todas essas justificativas podem nos afirmar
que as funções da chupeta e mamadeira vem mu-
dando juntamente com os valores sociais, sendo
um gancho para a indústria e a tecnologia a fabri-
cação de cada vez mais produtos com formatos e
modelos diferentes que prometem maior conforto,
tranquilidade, segurança e comodidade.
É com todo este apanhado que no decorrer
deste capítulo será visado relatar as reais conse-
quências para a saúde de maneira geral, das crian-
ças que utilizam esses utensílios.

Mamadeira

Risco de infecção pela má higienização: Cárie


dentária

A cárie dentária é a doença infecciosa que


mais afeta as crianças ao redor de todo o mundo. É
multifatorial causada pelos microrganismos Strepto-
coccus Mutans e Streptococcus Sobrinus, que após
colonizarem a superfície do dente, através da fer-
mentação dos açúcares presentes, produzem áci-
dos que progressivamente causam danos até a ca-
vidade interior do dente. Apesar de sua alta preva-
Nutrição: da gestação à Infância 109

lência, está infecção pode ser prevenida e tratada.


², ³ .
A relação da mamadeira com a cárie aconte-
ce com uso frequente da mamadeira com alimentos
ricos em açúcares, durante a noite ou até a criança
dormir sem posteriormente haver uma higienização
dos dentes. Junto a isso o bico da mamadeira im-
pede que a saliva mantenha o contato necessário
com todos os dentes, bem como diminui o fluxo sa-
livar e consequentemente sua capacidade de neu-
tralização, à vista disto os dentes ficam expostos
aos alimentos que irão sofrer fermentação pelos
microrganismos e consequentemente haverá for-
mação da cárie. ²,³
A prevenção da cárie realizada em casa com
os cuidados básicos diários ou em conjunto com o
trabalho de um profissional consiste em: consultas
com o profissional Dentista entre os seis meses e o
primeiro ano de vida, evitar deitar tomando mama-
deira e após o seu uso realizar a higienização dos
dentes, higienização esta que deve ocorrer desde a
erupção do primeiro dente, bem como não partilhar
talheres, assoprar os alimentos e beijar a boca da
criança. Com evolução das lesões de cárie, a crian-
ça apresentará quadros de infecção e dor e até a
possível perda do dente, em razão disto, dificuldade
na mastigação, piora na alimentação e suas ativi-
dades do dia a dia como brincar e dormir serão afe-
tadas. ²,³.
Nutrição: da gestação à Infância 110

Risco de interrupção da amamentação associa-


da ao uso

O ato de alimentar o bebê com o leite mater-


no é chamado de amamentação. O conhecimento
científico, com base em vários os estudos realiza-
dos até os dias atuais evidenciam os benefícios da
prática, tanto para a lactante (mãe), quanto para o
lactente (bebê)6. As vantagens do alimento materno
vão além de benefícios nutricionais que o tornam
completo e indispensável para a saúde do bebê5.
A partir do contato mãe e filho que acontece
no ato da amamentação, um vínculo é formado6,
considerando-se mais um ponto positivo que favo-
rece o desenvolvimento emocional do bebê desde
os primeiros dias de vida. Além de garantir um bom
desenvolvimento da criança e prevenção de doen-
ças, aumentando a imunidade5, a amamentação
natural fornece o adequado desenvolvimento da
face6 que incluí o estimulo dos músculos envolvidos
e postura adequada para uma futura mastigação.
Infelizmente, com o passar dos anos tem-se
observado o aumento no desmame precoce4 e a
necessidade de adotar medidas que conscientizem
as mães dos perigos dessa atitude e da importância
de oferecer unicamente o leite materno, de forma
exclusiva através da amamentação6, fazendo-se
necessária no mínimo nos 6 primeiros meses de
vida, que é o preconizado pela OMS.
Muitos são os motivos pelos quais as mães
são levadas a optar por não amamentarem mais
seus filhos, dentre eles podemos citar as questões
Nutrição: da gestação à Infância 111

emocionais que influenciam na produção de leite,


nível de escolaridade da mãe, estética, questões
econômicas e culturais, mitos, a praticidade das
substituições industrializadas do leite materno, in-
fluência da família, entre outros5. Um outro ponto
que se deve levar em consideração dentre os fato-
res que acarretam o desmame precoce, é praticida-
de da amamentação não natural, que acontece a
partir do uso de mamadeiras. Para algumas lactan-
tes essa se torna uma opção viável devida a sua
facilidade, onde não se faz necessário o contato da
criança com os seios da mãe.
O que muitas mães não sabem, ou sabem e
ignoram é o fato de que a mamadeira traz grandes
malefícios para saúde do lactente7 podendo acos-
tuma-lo a mamar fora do peito, e levando posteri-
ormente à um quadro de desmame precoce. Apesar
de ser mais fácil para o beber sugar em determina-
dos tipos de mamadeiras do que nos seios da mãe,
esse ato pode desencadear uma alteração na mus-
culatura da face, funções de deglutição e sucção e
mais tarde no processo de mastigação, quando se
fizer necessário7, podendo também oferecer riscos
de contaminações ao bebê. Outro ponto negativo
no uso de mamadeira é a oferta de alimentos que
são sejam o leite materno, o que compromete mais
a saúde do bebê como citado anteriormente, princi-
palmente nos primeiros meses de vida, onde se faz
mais necessário devido os seus benefícios como
alimento.
Além de tudo, com a utilização da mamadei-
ra é excluída a relação mãe e filhos que se dá no
Nutrição: da gestação à Infância 112

momento da amamentação que inclui a liberação


dos hormônios responsáveis pela sensação de ale-
gria, amor e sentimentos que favorecem o desen-
volvimento emocional do bebê.

Desnutrição

A OMS, MS e a Sociedade Brasileira de Pe-


diatria recomendam a amamentação exclusiva até o
6ª mês de vida do bebê. A substituição ou suple-
mentação da alimentação do bebê deve ser super-
visionada por um pediatra. Ele é o profissional que
a partir de análises da criança (e da própria mãe se
for o caso) sabem identificar a necessidade do
complemento ou substituição do leite materno por
produtos de laboratório. Somente nos casos de hi-
pogalactia ou baixa produção de leite pela mãe é
que as fórmulas se fazem necessárias. 8,9
Existem alguns problemas que podem ser
desenvolvidos no bebê pelo uso das fórmulas, dai a
importância de um acompanhamento preciso junto
à mãe para evitar ao máximo a introdução destes
produtos. Os perigos podem ser: 10
ü Desenvolvimento de alergia a proteína do
leite de vaca
ü Constipação
ü Obesidade (O soro do leite de vaca presen-
te nas formulas poderá causar sobre peso já na
infância).
A baixa prevalência do aleitamento materno
exclusivo representa importante fator de risco para
a inadequação no consumo de ferro (o leite de vaca
Nutrição: da gestação à Infância 113

tem menor biodisponibilidade de ferro além de po-


der causar micro hemorragias intestinais). 11
No estudo de Caetano et.al encontra-se prá-
ticas alimentares inadequados como a curta dura-
ção do aleitamento, o uso do leite de vaca integral e
a introdução precoce de alimentos industrializados
ricos em lipídeos açúcares e sal entre crianças de 4
a 12 meses com baixa da Vit.A. ferro e zinco.12
As mamadeiras estão diretamente ligadas ao
risco de desmame precoce por conta da interferên-
cia da sucção correta do bebê na mama, que será
diferente na mamadeira, como já abordado anteri-
ormente, como pelo uso dessas fórmulas, quando
essas não são necessárias. Isso dá pela suposta
facilidade que mãe encontra no preparo, preferindo
oferecer a fórmula ao invés do leite materno, tra-
zendo como consequências prejuízos nutricionais e
distúrbios gastrointestinais e alergias que não com-
pensam a troca do aleitamento nos primeiros 6 me-
ses e a suplementação natural depois desse perío-
do, com legumes, frutas verduras e carne que são
as preparações caseiras e que tornarão a vida da
criança, seu crescimento e desenvolvimento ade-
quado e feliz.

Chupetas

Redução da atividade do músculo masseter

Hábitos infantis como o uso de chupetas,


chupar dedo, deglutir os alimentos de forma incorre-
ta podem conduzir um quadro de redução do arco
Nutrição: da gestação à Infância 114

dental maxilar, que se descreve por uma mordida


cruzada posterior unilateral (MCPU). Hábitos dano-
sos desenvolvem mais chances de originar a
MCPU. 13
A diferença significativa entre a maxila e a
mandíbula pode resultar em problemas neuromus-
culares, que por sua vez, acarretam em alterações
nas atividades de alguns músculos mastigatórios.
Normalmente crianças que possuem essas
modificações, tendem a ter um desvio da mandíbula
por consequência da mordida cruzada, isso exige
uma maior atividade de alguns músculos bucais,
neste caso o músculo temporal posterior, que se
localiza contrário à mordida, isso durante o descan-
so e ingestão. 13
Já o músculo masseter é afetado de forma
negativa, há uma diminuição da sua atividade du-
rante a mastigação frequente.
O uso de chupetas e o hábito de chupar de-
do, em crianças podem causar alterações mais gra-
ves, além dos problemas com os músculos da bo-
ca, que são chamadas de alterações eletromiográfi-
cas 13de músculos mastigatórios durante o período
de crescimento, diferentemente de crianças que
não utilizam esses objetos.

Dentição

A qualidade de vida relacionada à saúde oral


tem sido avaliada em diversos países. O uso de
chupetas em crianças caracteriza-se muitas das
vezes por algo cultural, relacionado a crenças e
Nutrição: da gestação à Infância 115

práticas criadas por gerações passadas. Seu uso


acarreta em diversos riscos à saúde da criança,
dentre eles a má oclusão, que consiste em altera-
ções em sua dentição. 14
Nos dias atuais, é notória que a má oclusão
se tornou um problema odontológico de Saúde Pú-
blica mundial, sendo no Brasil, a terceira maior cau-
sa de problemas dentários. A literatura revela que o
uso de chupetas é uma das principais causas das
más oclusões, por ser um habito não fisiológico.
Podendo afetar a mastigação, ocasionar o
desgaste dentário, alterações nos tecidos de supor-
te dos dentes e dores musculares, além de haver
modificações estéticas que podem afetar a qualida-
de de vida das crianças e por ser em fase precoce,
pode vir a agravar a dentição mista e permanente
também. Vale lembrar que a gravidade dos proble-
mas da sucção depende de sua frequência, predis-
posição genética, intensidade e duração. 16,14
Dessa forma, se torna primordial ter o co-
nhecimento acerca dos efeitos de tais hábitos orais
em crianças, assim se torna importante a divulga-
ção e o planejamento de medidas de prevenção e
tratamento que possam intervir de maneira eficiente
e rápida, sem lhes trazer danos à saúde. 15,17.

Desnutrição: Uso de chupeta e sua relação com


aleitamento materno

A sucção é um reflexo espontâneo que pode


ser notado desde a vida intrauterina. Através da
sucção o bebê irá se alimentar para satisfazer sua
Nutrição: da gestação à Infância 116

fome e suas necessidades afetivas, já que alguns


bebês mesmo após a amamentação sentem vonta-
de de sugar. Este hábito de sugar proporciona pra-
zer, segurança e tranquilidade ao bebê. 23
No aleitamento materno a necessidade de
sentir-se alimentado e de sucção parece ter uma
relação equilibrada. 21 Quando a mãe troca a ama-
mentação pelo aleitamento com a mamadeira a
oferta de volume de leite é suficiente para atingir a
sensação de plenitude alimentar, mas a necessida-
de de fazer sucção continua e a criança chora. 21
Para se satisfazer a criança começa a fazer a suc-
ção de dedo ou chupeta, conhecida como sucção
não nutritiva.18
A chupeta é utilizada pelas mães como re-
curso para acalmar a criança; uma forma de organi-
zar as mamadas ou quando as crianças mamam
frequentemente causando desconforto como a dor.
19
Porém o seu uso contribui para o encurtamento
do aleitamento materno, reduz a frequência na
amamentação, e como consequência a estimulação
do peito e a produção do leite materno ficam dimi-
nuídas levando ao desmame precoce. 20

Linguagem Oral:

A chupeta é um acessório usado há bastante


tempo com o objetivo de acalmar os bebês, porém,
foi mostrado em estudos que esse hábito cultural
brasileiro é algo que trás sérias consequências,
como por exemplo, efeitos deletérios no desenvol-
Nutrição: da gestação à Infância 117

vimento motor oral, que está relacionada com a lin-


guagem oral da criança. 25
Ao usar a chupeta, o bebê terá um desenvol-
vimento oral inadequado que afetará assim a sua
alimentação, linguagem e mastigação. Os malefí-
cios desse hábito estão relacionados à sua dura-
ção, frequência, intensidade, a forma com que é a
chupeta é sugada e por quantos anos teve esse
habito. 24 Quando o RN está sugando a chupeta, ele
esta fazendo uma força não intencional, 22que cau-
sará alguns problemas na dentição, como por
exemplo, a mordida aberta e mordida cruzada pos-
terior, que são problema que irão afetar diretamente
linguagem oral. 23
A mordida aberta e a mordida cruzada poste-
rior causam deformidades na arcada dentária. Seu
tratamento deve ser feito o mais precocemente
possível para que não haja mais complicações. 24

Mordida aberta Mordida cruzada


posterior
Nutrição: da gestação à Infância 118

Respiração Bucal:

A respiração é um processo natural do corpo,


essencial à vida. Porém, quando a passagem do ar
passa pela boca ao invés das narinas, de modo
crônico, ou seja, por muito tempo, a criança poderá
desenvolver patologias ao longo da vida, como por
exemplo, modificações na posição dos dentes, lín-
gua e mandíbula. 30,31 A respiração oral também
pode causar problemas como alterações funcionais,
posturais, patológicas, estruturais e de comporta-
mento. 30. Contudo, alguns autores afirmam que é
possível corrigir a má oclusão, desde que o hábito
oral seja removido até os três anos de vida se a
criança possuir um padrão de crescimento facial
favorável. 30
O uso de mamadeiras e chupetas está dire-
tamente relacionado ao desenvolvimento da respi-
ração oral. 27,32 O mecanismo utilizado pela criança
para fazer a sucção do bico da mamadeira e chupe-
ta não são fisiológicos e o músculo facial é utilizado
de forma errada, levando a uma maior chance da
criança começar a ser uma respiradora oral.29 Con-
tudo, a gravidade dos problemas causados pelo
hábito da sucção irá depender da duração, intensi-
dade e frequência com que se é usado.29
Estudos mostram que quanto maior for o pe-
ríodo de aleitamento materno, menor são as chan-
ces do desenvolvimento de respiração oral nas cri-
anças. 28 A amamentação auxilia a respiração na-
sal, pois há um uso adequado da sucção. 26 Entre-
tanto, a introdução de mamadeiras e chupetas favo-
Nutrição: da gestação à Infância 119

rece ao desinteresse pelo aleitamento materno, o


desmame precoce e consequentemente maior pro-
babilidade do desenvolvimento da respiração oral.
28

Segurança Imunológica, química e física.

A amamentação é considerada um direito


humano e exclusivo do lactente, sendo este um fa-
tor essencial para sua saúde e desenvolvimento,
além de estabelecer o contato físico entre mãe e
filho estimulando afeto e bem-estar. Segundo a
OMS (Organização Mundial da Saúde), crianças
devem fazer o uso do aleitamento materno por no
mínimo 6 (seis) meses, podendo ser continuada até
os 2 anos de idade.34,36 Porém, diversos estudos
evidenciaram o uso de chupetas e mamadeiras co-
mo fatores associados à menor duração do aleita-
mento e desmame precoce.35
De acordo com autores, são denominadas
como “confusão de bicos” as dificuldades na ama-
mentação que surgem com a introdução de bicos
artificiais, podendo levar a menor estimulação da
mama e menor produção de leite materno acele-
rando o desmame.33
As chupetas e bicos artificiais são objetos
que estão em constante contato com a flora oral da
criança sendo uma excelente condição para o de-
senvolvimento de microrganismos nos bicos. Estu-
dos identificaram as espécies Stafiloccocus e a
Candida como mais frequentes. Diante disso, é
Nutrição: da gestação à Infância 120

comprovado que estes objetos são potenciais re-


servatórios de infecção, na qual afeta o sistema
imunológico do bebê, levando a maior incidência de
doenças diarreicas e aumento da probabilidade de
hospitalização por sintomas respiratórios, otite, vô-
mitos, febre, aftas, diarreia, cólica e mortalidade
infantil. 33,37
Com relação à segurança física, geralmente
as chupetas possuem partes e acessórios que po-
dem se desprender facilmente, o que possibilita a
ocorrência de asfixia e estrangulamento. Além dis-
so, a criança pode correr o risco de sofrer uma lace-
ração da mucosa oral ou da base do nariz caso caia
com a chupeta na boca, tornando-se um fator de
risco ainda maior para essa criança. 33
No processamento das borrachas desses ob-
jetos, há adição de várias substâncias ao látex com
finalidade de conferir maior elasticidade. Porém,
segundo autores, a N-nitrosamina e seus precurso-
res químicos podem persistir na borracha, entrar
em contato com a saliva e volatizar, consequente-
mente podendo trazer riscos à saúde da criança.
33,34

Otite Média Aguda

A otite média aguda (OMA) é uma das infec-


ções bacterianas mais comuns na infância. Têm-se
registros de que há maior prevalência entre os 6 e
36 meses.39
O uso da chupeta é amplamente difundido e
estimulado pelos pais, entretanto tem-se que seus
Nutrição: da gestação à Infância 121

riscos devem ser amplamente debatidos. Há indí-


cios de que, apesar da sucção acalmar a criança, o
uso da chupeta pode levar a uma maior incidência
de episódios de otite media aguda e de outras in-
fecções. 38
Os sintomas da OMA são clássicos: otalgia,
febre, irritabilidade, cefaleia, letargia, anorexia, vô-
mitos e apatia. 39
Conclusão

Apesar de estarem presentes na história


desde muitos séculos atrás, as chupetas e mama-
deiras nunca tiveram qualquer associação com a
saúde e menos ainda com a nutrição da criança.
Foi visto que as justificativas para seu o uso
foram as facilidade que esses utensílios trazem no
momento de alimenta-las seja para acalmar ou
mesmo substituir de forma “segura” o leite materno.
Mesmo assim podemos afirmar que as con-
sequências negativas superam qualquer justificativa
para a prática do uso, sendo essas diretamente li-
gadas a uma má nutrição da criança nos seu pri-
meiro ano de vida.

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Nutrição: da gestação à infância 130

15. PRINCIPAIS PATOLOGIAS GESTACIONAIS

Caroline Siqueira Petrillo


Flávio Augusto de Oliveira Duarte
Hortência Virgínia de Amaral Carvalho
Ingrid de Sousa Bezerra
Luciana Silva de Araújo
Mayane Cristina Santos Costa
Monacyta da Silva Escobar
Pedro Henrique Pereira Coelho
Raissa Rodrigues do Nascimento
Walter Lopes Santos Neto
Wilca Jessica de Araújo
Zuleide de Abreu Medeiros

A gravidez para muitas mulheres é um momento


muito sonhado e esperado, esta é uma fase que requer
um cuidado muito importante. Neste capítulo será
abordado algumas das Principais Patologias
Gestacionais com o foco em suas definições, fatores
de riscos, diagnóstico, exames clínicos, tratamento e
prevenção. Doenças como Diabetes Mellitus
Gestacional, Hiperêmese Gravídica, Síndromes
Hipertensivas(Pré Eclâmpsia e Eclâmpsia), Anemia
Ferropriva e Doenças infecciosas(Infecção do Trato
Urinário-ITU, Toxoplasmose e Sífilis) são comuns na
gravidez.
Mulheres que desenvolveram diabetes Mellitus
Gestacional têm risco sete vezes maior de evoluir seu

quadro para diabetes tipo 2, a hiperêmese gravídica


aflige de 0,3 a 2% de todas as gestações e constitui a
indicação predominante para hospitalização no
começo da gravidez, no Brasil os casos de síndromes
Nutrição: da gestação à infância 131

hipertensivas gestacionais podem-se chegar a 10%, a


anemia ferropriva engloba vários grupos de riscos e o
mais afetado são as gestantes, a ITU acomete cerca
de 10 a 12% das gestantes, a toxoplasmose quando
ocorre em gestantes podem acometer o feto com
graves consequências, gestantes portadoras da sífilis
à transmissão será via transplancetária e pode ocorrer
em qualquer estágio da gestação.
O processo fisiológico evolutivo durante a
gestação consiste em uma atenção prioritária para
assegurar a saúde materna e fetal. Medidas de
promoção à saúde e políticas públicas também devem
ser adotadas a fim de diminuir a prevalência das
doenças e garantir um suporte nutricional efetivo.

Obesidade Gestacional

Obesidade é caracterizada pelo excesso de


gordura corporal no indivíduo. É uma doença crônica
que atinge grande parte da população mundial,
acometendo indivíduos de todas as faixas etárias,
níveis educacionais e socioeconômicos. Sua causa é
multifatorial, contudo, a associação entre sedentarismo
e maus hábitos alimentares desempenha um papel
importante na etiologia da doença.
Ademais, é um grande fator de risco para uma
série de doenças crônicas não transmissíveis, como
Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial, Dislipidemias,
Doenças Cardiovasculares, alterações endócrinas,
vários distúrbios psicológicos, entre outras.

Existem várias formas de diagnosticar esta


fisiopatologia, sendo o parâmetro mais utilizado o
Índice de Massa Corporal (IMC). E, nos termos das
classificações preconizadas pela Organização Mundial
Nutrição: da gestação à infância 132

de Saúde (OMS), o paciente deve estar com o IMC ¬≥


30,0 kg/m².
Estudos recentes preconizam que o ganho de
peso excessivo durante o período gestacional pode
contribuir para um resultado obstétrico desfavorável.
Neste sentido, temos como exemplo a nutrição
inadequada na vida intrauterina, que pode ser
associada com a inadequação do estado nutricional
materno, além de poder alterar a expressão genética,
a suscetibilidade individual às complicações perinatais
e aumentar o risco de síndrome metabólica e outras
doenças crônicas na vida adulta. ³
Neste sentido, mulheres obesas tem maior
predisposição à maiores complicações gestacionais,
tais como diabetes gestacional, síndromes
hipertensivas, abortos espontâneos, pré-eclâmpsia e
macrossomia fetal. 4

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gestantes com diabetes mellitus gestacional. Rev Bras
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Em estudo realizado no Rio Grande do Sul, em


2012, foram avaliadas mais de mil gestantes, com base
no peso inicial e final gestacional, de maneira a calcular
o índice de massa corporal, verificando-se que quanto
maior o IMC pré-gestacional, maior a chance do ganho
de peso excessivo durante a gestação. Demonstrando
assim, o aumento deste quadro na população e
tornando-se motivo de grande preocupação entre os
profissionais de saúde.
O Institute of Medicine dos Estados Unidos
(IOM), The Society of Obstetricians and
Gynaecologists of Canada (SOCG), a OMS e o
Ministério da Saúde recomendam que o ganho de peso
na gestação deve ser avaliado individualmente, de
acordo com o estado nutricional da gestante, medido

pelo IMC pré-gestacional. Assim, mulheres que


apresentem baixo peso ponderal devem ter um ganho
ponderal de 12,5 a 18,0 kg; gestantes de peso
adequado de 11,5 a 16,0 kg; mulheres com sobrepeso
Nutrição: da gestação à infância 134

de 7,0 a 11,0 kg; e, por fim, gestantes obesas devem


apresentar ganho menor ou igual a 7,0 kg.
De acordo com a Organização Mundial de
Saúde, o monitoramento do ganho de peso durante a
gestação, é um procedimento de baixo custo e de
grande importância para o estabelecimento de
intervenções nutricionais visando a redução dos riscos
maternos e fetais.

Diabetes Melitus Gestacional (DMG)

A Diabetes Melitus Gestacional é diagnosticada


no período gestacional. No início se apresenta com
níveis elevados de glicose no sangue, quando não há
produção suficiente de células beta-pancreáticas para
suprir a demanda de insulina.
Dentre seus fatores de risco, estão relacionados
o histórico familiar de diabetes, a idade da gestante
superior a 25 anos, antecedentes obstétricos como
macrossomia e ganho de peso excessivo. ,
Ao final da gestação, grande parte das
gestantes, voltam à tolerância normal de insulina, uma
vez que há a redução dos hormônios contrainsulínicos
no período pós-parto, retornando aos seus valores pré-
gestacionais.
Em um estudo de revisão bibliográfica sobre o
diabetes gestacional, realizado em Campinas-SP, foi
demostrado que essas mulheres acometidas pela
DMG podem vir a desenvolver Diabetes tipo 2
posteriormente ao parto, demonstrando-se assim, a

importância do acompanhamento pós-parto e na


preparação da próxima gestação. 7,
O controle da patologia consiste em oferecer à
gestante orientações nutricionais,
Nutrição: da gestação à infância 135

insulinoterapia associados a prática de atividades


físicas e uma reeducação alimentar, a fim de reduzir o
ganho de peso excessivo semanal e não gerar
complicações futuras.
A dieta deve ter equilíbrio entre os
macronutrientes, onde carboidratos devam perfazer
um total de 45-65% do Valor Energético Total (VET),
as proteínas 15-20% (com um adicional diário de 10g
ou 1,1g/Kg de peso pré-gestacional/dia, com a
ingestão total recomendada de 71g/dia) e os lipídeos
de 20-35%.
Segundo a Americam Dietetic Association
(ADA), os carboidratos não devem possuir um
quantitativo inferior a 130g/dia, visando a garantia do
melhor controle glicêmico, além de não trazer efeitos
deletérios à gestante.
Ademais, deve ser preconizada uma
alimentação diária com alimentos naturais,
carboidratos integrais de baixo índice glicêmico, frutas,
vegetais e proteínas de alto valor biológico. E, a dieta
deve ser fracionada, com geralmente cinco a seis
refeições por dia. 7
Diabetes mellitus gestacional

Definição

O diabetes mellitus gestacional (DMG) é definido como


a intolerância aos carboidratos, de qualquer medida de
intensidade, detectado pela primeira vez na gravidez,
desde que não atenda aos padrões de diagnósticos

para diabetes mellitus (DM) utilizados fora do período


gestacional, podendo persistir ou não após o parto.1

Epidemiologia
Nutrição: da gestação à infância 136

Nos Estados Unidos cerca de 7% de todas as


gestações coexistem com DMG, decorrendo em mais
de 200 mil casos por ano.1 No Brasil, a prevalência em
mulheres com mais de 20 anos, atendidas no Sistema
Único de Saúde, com diabetes mellitus gestacional é
de 7,6%, sendo 6% apresentando hiperglicemia no
nível de diabetes fora da gravidez e 94% dos casos
apresentando apenas tolerância diminuída à glicose.1
Com a prática de novas orientações de
diagnósticos pela International Association off the
Diabetes and Pregnancy Study Groups (IADPSG)
ocorreu um crescimento de casos identificados de
DMG, podendo alcançar de 15 a 20% das gestantes.1
Mulheres que desenvolveram Diabetes Mellitus
Gestacional têm risco sete vezes maior de evoluir seu
quadro para diabetes mellitus do tipo 2 (DM2) no
período puerperal. Deste modo, recomenda-se que
todas as pacientes com diagnóstico de DMG sejam
sujeitadas ao Teste de Tolerância à Glicose (TTG)
entre 6 e 8 semanas após o parto, para rastreio inicial
de intolerância à glicose.

Fatores de riscos

Existem vários fatores que estão diretamente


ligados ao surgimento de Diabetes Mellitus na
gestação, sendo classificados como fatores de risco ou
fatores de associação e segundo a literatura vem se
diferenciando com o passar dos anos.2

São eles:

● Índice de Massa Corporal (IMC > 25g/m2): Um


dos melhores critérios de identificação para Diabetes
Nutrição: da gestação à infância 137

Mellitus Gestacional é o IMC quando relacionado à


altura da gestante.

● Ganho de peso (sobrepeso e Obesidade): vários


estudos demonstram que sobrepeso e obesidade
antes da gravidez sugere evolução para DMG,
juntamente com ganho de peso na fase inicial da
gestação.

● Circunferência da cintura (CC): A Circunferência


da Cintura conhecido fator de risco para Síndrome
Metabólica antes da gravidez foi associada através de
novos estudos como um fator importante para o
desenvolvimento de Diabetes Mellitus Gestacional.
● Estatura: Mulheres com estatura menor que 160
cm tem chances maiores de desenvolver DMG.

● Idade (≤ 25 anos): A idade a partir 25 anos

é um fator de risco para Diabetes Gestacional,


porém para um limite de idade não há um consenso.

● Etnia de risco (hispânica, asiática, africana):


Mundialmente a etnia é um fator de risco não clássico
e tem associação com DMG, mas o último Consenso
Brasileiro afirma não considerar etnia fator de risco.

● Síndrome de Ovários Policísticos (SOP):


Mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos
doença endócrina que acomete 4 a 11% das mulheres,

sendo metade delas obesas com resistência insulínica,


tem um forte indicativo de risco para DMG.
Nutrição: da gestação à infância 138

● Tabagismo: Segundo a revisão de Dode e


Santos o tabagismo tem estudos inconclusivos para
associação com DMG, ainda assim é considerado fator
de risco.
● História Familiar (Parente de 1º grau): A história
familiar de parentes de 1º grau é um dos fatores a
serem considerados.

A American Diabetes Asssociation (ADA) sugere


que os fatores de risco para DMG sejam apurados na
primeira consulta de pré-natal, pois é parte primordial
da anamnese para uma verificação prévia.2

Diagnóstico

Atualmente não há uma concordância de


opinião sobre em qual momento deve-se fazer a
investigação e qual seria a melhor técnica para o
diagnóstico de Diabetes Mellitus Gestacional.3-4 A
maior parte das orientações provém de senso comum
entre equipes multidisciplinares e especialistas.4 A
assiduidade dessa variação na gestação está em
grande elevação, acometendo mais de 200.000 novos
casos nos Estados Unidos.1 Desde 2013 é
recomendado pela Sociedade brasileira de diabetes
seguir os protocolos de diagnóstico da OMS
(Organização Mundial de Saúde).4
Todas as gestantes mesmo que não tenham
sido diagnosticadas anteriormente com diabetes, será
submetida à investigação para Diabetes Mellitus
Gestacional, sendo realizado o Teste Oral de
Tolerância à glicose (TOTG) entre a 24ª e 28ª semana

sem imposição de limites de carboidrato na dieta ou


pelos menos se deve ingerir no mínimo 150 g de
carboidrato três dias antes do teste feito em jejum de 8
Nutrição: da gestação à infância 139

horas.4 Atualmente existem diferentes metodologias


para diagnostico de Diabetes Mellitus Gestacional.4

Exames Bioquímicos (Glicemia de jejum)

IADPSG (Association of the Diabetes and


Pregnancy Study Groups) no ano de 2010 estabeleceu
normas para diagnóstico de Diabetes Mellitus
Gestacional, baseado em um estudo científico com
25.505 gestantes realizado pela HAPO (Hyperglycemia
and Adverse Pregnancy Outcomes) com o objetivo de
encontrar um ponto de supressão relacionado à
hiperglicemia materna com intercorrências
desfavoráveis ao parto.1-4 Os pontos de cortes novos
estabelecidos para glicemia de jejum, 1h e 2 h foram
respectivamente: ≥ 92 mg/dL,
≥ 180 mg/dL e ≥ 153 mg/dL. Subtende-se com
essa nova avaliação que qualquer valor diferente
caracteriza diagnóstico de Diabetes Mellitus
Gestacional.4

O uso desses valores de referências foi


aprovado pela OMS em 2013 para o diagnóstico de
DMG, evidenciando que glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL
ou depois de uma carga excessiva acima de 200
mg/dL, seriam indicativos para diabetes mellitus franco
e não para Diabetes Mellitus Gestacional.4 Segundo a
Sociedade Brasileira de Diabetes o uso dos métodos
internacionais é recomendado, pois são os únicos
determinados por estudo que demonstram a relação
entre os valores da glicemia materna e complicações
no parto.

Há unanimidade mundial para utilização da


metodologia proposta pela International Association of
the Diabetes and Pregnancy Study Groups (ADPSG) e
Nutrição: da gestação à infância 140

OMS.4 Qualquer resultado alterado da curva é


considerado como diagnóstico de Diabetes Mellitus
Gestacional.1-4Resultados de glicemia de jejum entre
92 a 125mg/dL, 1 h ≥ 180 mg/dL e 2 h entre 153 e 199
mg/dL classificam as gestantes com Diabetes Mellitus
Gestacional. 4
1 – Diagnósticos para DMG com TOTG com
ingestão de 75 G de glicose – Critério proposto pela
IADPSG e aprovado pelo OMS 2013:
IADPSG
*
Glicemia OMS/2013 NIH/2012 ***/2010
(mg/dL) ** ADA/2011
SBD/2011
Jejum 92 a 95mg/dL 92mg/dL
125mg/dL
1h 180 mg/dL 180mg/dL 180mg/dL
2h 153 a 155mg/dL 153mg/dL
199mg/dL
4
Fonte: Diretrizes SBD 2015/2016
Nutrição: da gestação à infância 141

TOTG: teste de tolerância oral à glicose (melhor


sensibilidade e especificidade)
ADA: American Diabetes Association
NIH: National Institute of Health/EUA
OMS: Organização Mundial da Saúde
SBD: Sociedade Brasileira de Diabetes
TOTG: teste de tolerância oral à glicose
*Dois valores alterados confirmam o diagnóstico.
**Um valor alterado já confirma o diagnóstico.

*** International Association of the Diabetes and


Pregnancy Study Groups.4
Tratamento (Dieta e Insulinoterapia)
Inicialmente o tratamento é baseado na administração
dietética correta, cuja meta é promover ideal nutrição
para a mãe e feto com ganho de peso recomendável.
4,5
São também necessárias ações para o controle
de glicemia na gestação (para evitar danos tanto para
a mãe como para o Recém Nascido) e pós-gestação
para que a mãe não venha desenvolver futuramente
Diabetes tipo II.5 Importante o envolvimento de uma
equipe multidisciplinar com ginecologista obstetra,
nutricionista, enfermeira, pediatra neonatologista e
fisioterapeuta. 6
O tratamento para Diabetes Mellitus Gestacional
tem como princípio uma conduta alimentar com
orientação de um nutricionista que determine um
adequado ganho de peso, juntamente com atividade
física e realização de exames bioquímicos para
controle glicêmico, etc.4 No segundo trimestre da
gravidez será calculado o valor total da dieta através do
índice de massa corporal(IMC), da assiduidade e
proporção de atividade física e do parâmetro do
desenvolvimento do feto com objetivo de aumento ideal
Nutrição: da gestação à infância 142

de peso de aproximadamente 300 e 400 g semanais. A


prescrição do valor calórico total é: carboidratos de 40
a 45%, proteínas de 15 a 20% e lipídeos e 30 a 40%.
Adoçantes artificiais poderão ser usados com cautela,
como por exemplo: sacarina. aspartame, assesulfame-
K e sucralose. 4Quando não há contraindicações a
atividade física é sempre recomendada para o
tratamento de diabetes gestacional.4
O controle para as glicemias será realizado
entre 4 a 7 vezes ao dia, em jejum e após as principais
refeições, principalmente para as gestantes que
utilizam insulina. Duas semanas após introdução da
dieta estabelecida, caso a gestante continue com o
grau de glicemia elevado o tratamento com fármacos
será indicado (insulinoterapia e glicemiantes orais).4

Prevenção

Recentes atribui a diminuição do


desenvolvimento de intolerância à glicose para aquelas
mães que amamentam, ou seja, amamentar é uma
forma de prevenção contra a doença. 1,4
A DMG pode ser controlada com a diminuição
de riscos associados, tal controle contribui para o
nascimento de crianças com boa saúde. 4 O
diagnóstico feito durante a gestação tem grande
importância e o monitoramento pós-parto também,
assim haverá tratamento para possíveis agravamentos
de problemas de saúde da mãe.Para prevenção
algumas condutas se tornam importantes, são elas: Pré
natal adequado no início da gravidez, controle
glicêmico, bons hábitos alimentares, evitar sobrepeso
e praticar atividade física. 5 No período gestacional é
muito importante uma alimentação adequada, para
Nutrição: da gestação à infância 143

garantir da saúde da mamãe e um desenvolvimento


correto do feto.5

Referências

1-DIJIGOW, Fernanda Borges et al. Influência da


amamentação nos resultados do teste oral de
tolerância à glicose pós-parto de mulheres com
diabetes mellitusgestacional. Revista Brasileira de
Ginecologia e Obstetrícia, [s.l.], v. 37, n. 12, p.565-570,
dez. 2015.

2-Bolognani, Cláudia Vicari; Souza, Sulani Silva de;


Calderon, Iracema de Mattos Paranhos. Diabetes
mellitus gestacional: enfoque nos novos critérios
diagnósticos. Comunicação em Ciências da Saúde, v.
22, sup. 1, p. 31-42, 2011.

3-AYACH, Wilson et al. Associação glicemia de jejum


e fatores de risco como teste para rastreamento do
diabete gestacional. Revista Brasileira de Saúde
Materno Infantil, [s.l.], v. 5, n. 3, p.329-335, set. 2005.

4-SOCIEDADE Brasileira Diabetes. Diretrizes da


Sociedade Brasileira de Diabetes: 2015-2016.

5-PADILHA, Patricia de Carvalho et al. Terapia


nutricional no diabetes gestacional. Revista de
Nutrição, [s.l.], v. 23, n. 1, p.95-105, fev. 2010.

6-RUDGE, Marilza Vieira Cunha; CALDERON,


Iracema de Mattos Paranhos. A responsabilidade do
obstetra sobre o diagnóstico e o tratamento do diabete
melito gestacional. Revista Brasileira de Ginecologia e
Obstetrícia, [s.l.], v. 28, n. 10, p.571-574, out. 2006.
Nutrição: da gestação à infância 144

7-RUDGE, Marilza Vieira Cunha et al. Pesquisa


translacional em diabetes melito gestacional e
hiperglicemia gestacional leve: conhecimento atual e
nossa experiência. Arquivos Brasileiros de
Endocrinologia & Metabologia, [s.l.], v. 57, n. 7, p.497-
508, out. 2013.
Nutrição: da gestação à infância 145

16. HIPERÊMESE GRAVÍDICA

Definição

É uma dificuldade que manifesta-se ao


longo da gravidez, agravando as náuseas e vômitos e
podendo levar a gestante à perda de peso e
desidratação severa, instabilidade das taxas de
hidroeletrólitos, cetose e existência de corpos
cetônicos na urina.1,2
Usualmente manifesta-se a partir da quinta
semana de gravidez e perdura até a décima oitava
semana. Em cerca de 10% das ocorrências os
sintomas perduram por toda a gestação,
desaparecendo após o nascimento do bebê.2,3

Epidemiologia

A Hiperêmese Gravídica aflige de 0,3 a 2% de


todas as gestações, e constitui a indicação
predominante para hospitalização no começo da
gravidez.4 É uma patologia com grande impacto
socioeconómico, uma vez que acarreta em elevado
número de licenças trabalhistas. Gestação gemelar
tem sido apontada como causa do crescimento da
ocorrência de HG já a algum tempo. Todavia, mulheres
caucasianas em primeira gravidez, demonstram uma
maior ocorrência de HG se comparado às com múltipla
gravidez. Em gestantes de outras raças, tal índice não
se mostra tão significante.

Nutrição: da gestação à Infância 142


Nutrição: da gestação à infância 146

Fatores de Risco

Vários fatores de risco estão associados à HG:


a gravidez em mulheres mais jovens, a gestação
gemelar, a nuliparidade, peso excessivo, as doenças
trofoblásticas5, diabetes pré-gestacional, histórico de
doenças psiquiátricas e de HG.6 A probabilidade de
reincidência nas próximas gestações é de cerca de
16%, podendo diminuir se houver alteração na
paternidade, o que indica fator genético associado à
HG.

Apresentação

Os sintomas habitualmente não são específicos.


As náuseas e os vómitos podem relacionar-se a
desidratação, a acidose metabólica motivada por
deficiência alimentar, elevado pH do sangue
decorrente da perda de ácido clorídrico e a baixa
quantidade de potássio no sangue. As alterações
laboratoriais sujeitas a observação abrangem o
aumento da concentração sérica de ureia e de
creatinina, e a baixa do fosfato e do magnésio. Estas
disfunções solucionam-se com o término dos vómitos.
O envolvimento hepático acontece em pouco
mais da metade dos casos. A mudança mais habitual,
constitui-se no aumento das transaminases, sendo
maior o aumento da ALT em comparação com o da
AST. Pode ocorrer um leve aumento na concentração
de bilirrubina no sangue (inferior a 4 mg/dL)7, sendo
incomum a manifestação de icterícia.

Nutrição: da gestação à Infância 143


Nutrição: da gestação à infância 147

Avaliação/Investigação

A identificação de HG é basicamente clínica, daí


a importância da entrevista médica e do exame físico.
Os principais fatores que possibilitam confirmar o
diagnóstico são a confirmação de três ou mais casos
de vómitos por dia, emagrecimento superior a 5% ou 3
Kg e a presença de corpos cetônicos na urina. A
avaliação inicia-se pela comprovação da gravidez intra-
uterina. Na sequência, avaliam-se os eletrólitos
séricos, a função tiroideia, hepática e renal, além de
exame sumário da urina e hemograma completo para
concluir a investigação.

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico da HG é dado pela eliminação de


outras doenças que podem manifestar-se com
sintomas idênticos. Na maior parte das vezes é
confundido com distúrbios gastrointestinais como
hepatite, pancreatite, ulcera péptica, colecistite,
apendicite e intussuscepção intestinal.5,8 Nas
grávidas, os sintomas de irritação peritoneal podem
acontecer tarde e as dores abdominais usualmente

são vagas. Doenças endócrinas como a cetoacidose


diabética e o hipertireoidismo não transitório devem ser
afastadas, bem como as gastroenterites.

Nutrição: da gestação à Infância 144


Nutrição: da gestação à infância 148

Tratamento

O tratamento da hiperêmese gravídica decorrerá


da magnitude dos sintomas e, normalmente é de apoio.
As metas preponderantes são o controle das náuseas
e vômitos, a correção de oscilações hidroeletrolíticas e
a prevenção de outros problemas como perda de peso
e desidratação.
Quadros mais leves podem ser controlados com
orientação nutricional e mudanças no estilo de vida. As
refeições devem ser leves e frequentes, ricas em
hidratos de carbonos, como frutas e cereais e com
pouca gordura. Em casos mais sérios de desidratação,
deve ser implementada a fluidoterapia intravenosa.
A medicação antiemética compreende nos anti-
histamínicos, particularmente a prometazina e a
proclorperazina. Outros fármacos como a
metoclopramida, o ondansetron e os corticoides, são
alternativas viáveis3,5. A suplementação com folatos
e tiamina são consideradas nos casos de vómitos
com maior persistência.5,9,10 Em casos
extraordinários, pode ser preciso empregar a
alimentação parentérica total.4 O tratamento da HG
vem sendo realizado, também, através de técnicas
alternativas como a acupuntura e uso de gengibre, que
tem apresentado bons resultados.11

Nutrição: da gestação à Infância 145


Nutrição: da gestação à infância 149

Referências

1-Joshi D, James A, Quaglia A, Westbrook RH,


Heneghan MA. Liver disease in pregnancy. Lancet
2010; 375: 594-605.

2-Verberg MF, Gillott DJ, Fardan NA, Grudzinskas JG.


Hyperemesis gravidarum, a literature review. Hum
Reprod Update 2005; 11(5):527–539.

3-Lee NM, Brady CW. Liver disease in pregnancy.

World J Gastroenterol 2009; 15(8): 897-906.

4-Schutt VA, Minuk GY. Liver diseases unique to


pregnancy. Best Pract Res Clin Gastroenterol 2007;
21(5):771-792.

5-Hepburn IS. Pregnancy-associated liver disorders.

Dig Dis Sci 2008; 53:2334-2358.

6-Trogstad LI, Stoltenberg C, Magnus P, Skjærven R,


Irgens LM. Recurrence risk in hyperemesis gravidarum.
Br J Obstet Gynaecol 2005; 112:1641-1645.

7-Su, GL. Pregnancy and Liver Disease. Curr


Gastroenterol Rep 2008; 10:15-21.

8-Sonkusare, S. The clinical management of


hyperemesis gravidarum. Arch Gynecol Obstet 2011;
283(6): 1183-1192.

Nutrição: da gestação à Infância 146


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9-Bacq Y. Liver diseases unique to pregnancy: a 2010


update. Clin Res Hepatol Gastroenterol . Em
publicação 2011.

10-Shalchian S, Noordhout AM, Fumal A, Tebache M.


A rare complication of hyperemesis during pregnancy:
Wernicke’s encephalopathy. Acta Neurol Belg. 2010;
110:209-211.

11-MCPARLIN, Catherine et al. Treatments for


Hyperemesis Gravidarum and Nausea and Vomiting in
Pregnancy. Jama, [s.l.], v. 316, n. 13, p.1392-1401, 4
out. 2016. American Medical Association (AMA).

Nutrição: da gestação à Infância 147


Nutrição: da gestação à infância 151

17. SÍNDROMES HIPERTENSIVAS

Definição

Segundo Graciliano et al., gestação de alto risco


é aquela que apresenta maior probabilidade de
evolução desfavorável. Na maioria das vezes, a
gestação é um fenômeno fisiológico que na maioria dos
casos progride sem intercorrências, mas por vezes
existem casos que a gestação apresenta riscos tanto
para o feto quanto para a mulher.1
No Brasil, os casos de síndromes hipertensivas
gestacionais podem-se chegar a 10% dos casos
enquanto que nos países desenvolvidos essa
síndrome se desenvolve de duas a oito em cada 100
gestantes. Desse modo, essa doença é apontada
como uma importante causa de internação nas
unidades de terapia intensiva e muita das vezes são
colocadas como critério de morbidade materna grave.
Assim, a síndrome hipertensiva gestacional é
posta como destaque na saúde pública mundial pelo
fato de representar a terceira causa de mortalidade das
gestantes no mundo e ser classificada como primeira
no Brasil.2
Síndrome hipertensiva gestacional, existem
tipos diferentes de manifestações específicas
presentes sendo elas a pré-eclâmpsia e a hipertensão
gestacional, sendo diagnosticada clinicamente por
meio do aumento dos níveis da pressão arterial logo
após a 20ª semana de gestação podendo ser
associada à proteinúria. No início, a gestante não
possui sintomas da doença, mas senão tratada pode –
Nutrição: da gestação à infância 152

se evoluir para as formas mais graves como a


eclampsia e a síndrome HELLP.3
A pré-eclâmpsia é um dos tipos de hipertensão
que mais merece destaque, ela ocorre como forma
isolada ou associada à hipertensão arterial crônica, e a
hipertensão gestacional. Apesar de ser preocupante
para a saúde pública, a síndrome hipertensiva ainda
permanece desconhecida, é creditada a fatores
genéticos, imunológicos e ambientais a redução da
pressão de perfusão uteroplacentária, que desenvolve
isquemia/hipóxia da placenta no decorrer da
gestação.3
Todos os órgãos e sistemas da gestante são
afetados na pré-eclâmpsia, sendo de maior
impetuosidade os sistemas vascular, hepático, renal e
cerebral. A definição de eclampsia se deve pela
manifestação de uma ou mais crises convulsivas
tônico-clônicas generalizadas e/ou coma sendo em
gestantes com hipertensão gestacional ou pré-
eclâmpsia com a ausência de doenças neurológicas.

Eclampsia pode acontecer durante o período


gestacional, evoluindo no trabalho de parto e no
puerpério imediato.3
Em países em desenvolvimento, a eclampsia é
predominante, mas sua incidência é variável.
Nos países desenvolvidos, a eclampsia apresenta uma
taxa entre 0,2 e 3,2 casos para cada 1.000 partos,
enquanto que nos países em desenvolvimento essas
taxas são superiores, acontecendo entre 0,5 e 21,4
casos para cada 1.000 partos.3
A síndrome hipertensiva gestacional ocorre nas
mulheres em idade procriativa e a prevalência vai de
Nutrição: da gestação à infância 153

0,6 a 2,0%, na faixa etária de 18 a 29 anos, e de 4,6 a


22,3%, na faixa etária de 30 a 39 anos.
Diferente dos países desenvolvidos, a
hipertensão arterial na gestação permanece a primeira
causa de morte materna direta no Brasil (37%), sendo
a proporção maior nas regiões Norte e Nordeste em
relação ao Sudeste, Sul e Centro-Oeste4.
A taxa de mortalidade perinatal devido à
hipertensão gestacional é de 150 por 1.000 partos e
quando apontado a outros diagnósticos como, por
exemplo, prematuridade, sofrimento fetal, crescimento
fetal restrito, a hipertensão está indicada como a maior
causa dos óbitos fetais ou recém-nato.5 definições de
hipertensão arterial em gestantes é feita pela presença
da pressão arterial ≥ a 140/90 mmHg. No período
gestacional, é fundamental ter o controle da pressão
arterial devido os níveis tensionais pré-gravídicos
normalmente estarem baixos, cerca de 80/50 mmHg, e
no decorrer da gestação aumentar para 115/70 mmHg,
sendo que se continuar apresentando aumento de
30mmHg na pressão sistólica e/ou 15 mmHg na
pressão diastólica após a 20ª semana já deve ser
considerado que essa gestante possui a síndrome
hipertensiva gestacional.6
Síndromes hipertensivas na gestação podem se
manifestar de várias formas, mas existem sintomas que
são comuns em todas. O desenvolvimento de
hipertensão arterial acontece quando a pressão arterial
de 140mmHg e ou/90mmHg, avaliada com a gestante
sentada, como braço no mesmo nível do coração e
manguito de tamanho apropriado, considerando a
pressão sistólica como o 1º ruído (surgimento do som)
e a pressão diastólica o 5º ruído de Korotkoff
Nutrição: da gestação à infância 154

(desaparecimento do som). Em alguns tipos de


síndromes hipertensivas existe a presença de
proteinúria, ocorrendo quando há excreção de proteína
é superior a 300mg/D na urina, podendo ocasionar
edemas em órgãos e tecidos.6, 7
As síndromes hipertensivas apresentam 2
etiologias completamente diferentes, a Hipertensão
induzida pela gestação (pré-eclâmpsia) e a hipertensão
arterial crônica, saber diagnosticar de forma eficiente é
fundamental para o tratamento, segundo a Federação
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, podemos
classificar as síndromes hipertensivas das seguintes
formas.4
1) Hipertensão Crônica – É um termo descritivo
que subentende qualquer doença hipertensiva anterior
à gestação, podendo ser diagnosticada antes da 20ª
semana de gestação ou quando a Pressão Arterial não
é normalizada até a 12ª semana pós o parto.
Considera-se hipertensão na gravidez medidas de
Pressão Arterial (PA) maior ou igual a 140x90mmHg,
considerando a pressão sistólica o 1º ruído e a pressão
diastólica o 5º ruído de Korotkoff.
Em pacientes menores de 18 anos pode ocorrer
uma diminuição nos valores de referência. A
hipertensão crônica pode ser classificada em primaria,
representando a maioria dos casos como principal
causa da hipertensão crônica, ou secundaria, que
representa aproximadamente 10% dos casos,
sendo a doença mais comum ocorre parênquima renal,
podendo ocorrer também feocromocitoma e a
coarctação da aorta, apesar de terem baixa incidência,
são patologias preocupantes que podem estar
relacionados à taxa de mortalidade materna acima de
Nutrição: da gestação à infância 155

50%. A gravidade da HC é classificada como


complicada, quando a gestante apresenta perda da
função renal ou cardíaca, ou ainda quando desenvolve
a pré-eclâmpsia sobreposta ao longo da gestação.4
Caso a gestante tenha conhecimento em
relação a sua patologia é extremamente necessária
àrealização de exames complementares no período
pré-gestacional, dessa forma diminuído os riscos
associados à Hipertensão Crônica, os principais
exames que devem ser feitos são exames bioquímicos,
exames laboratoriais que avaliem os órgãos que
possam ser comprometidos com a hipertensão crônica,
ECG, ecocardiograma, exames específicos para a
investigação de feocromocitoma, hiperaldosteronismo
primário ou estenose da artéria renal. 4
2) Pré-eclâmpsia - A doença hipertensiva
específica da gestação (DHEG), também conhecida
como pré-eclâmpsia é uma das complicações mais
comuns e que levam a uma alta taxa de mortalidade no
mundo. Essa patologia é caracterizada pelo
desenvolvimento de Hipertensão Arterial, proteinúria,
podendo ser associado ou não com edemas. É uma
síndrome que se desenvolve após a 20ª semana de
gravidez, predominantemente uma doença primigesta.
A PE é classificada de acordo com a gravidade
e estada clínicas da gestante, podendo haver algumas
divergências entre os diversos protocolos existentes.
Classicamente a PE é considerada grave quando
há a presença de um ou mais sinais ou sintomas. 4,5,6

• PA ≥ 140/90 mmHg após 20ª semana gestacional ou;


• PA ≥ 160/110 mmHg, confirmada em pelo menos 2
medidas, realizadas com intervalo de 3 horas;
Nutrição: da gestação à infância 156

•Proteinúria de 5g ou mais em 24 horas;

• Oligúria ou perda da função renal (níveis séricos de


creatinina maiores que 1,2mg/Dl);

• Cianose;

• Edema pulmonar;

• Sinais ou sintomas com iminência a eclampsia


(cefaleia, transtornos visuais, dor epigástrica,
trombocitopenia, alterações das enzimas hepáticas; 4

O ministério da saúde considera sinais de gravidade


quando:

• PA diastólica ≥ 110 mmHg;

• Proteinúria de 24h ≥ 2 g ou ≥ 2+ em fita;

• Oligúria, com volume urinário < 500 ml/D;

• Níveis de creatinina sérica ≥ 1,2 mg/dl;

• Distúrbios visuais ou cerebrais (cefaleia, visão


borrada, cegueira, alteração do estado mental);
• Plaquetopenia (<100.000/mm³);

• Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito;

• Evidência de coagulopatia;

• Aumento de enzimas hepáticas e bilirrubina; 8


Nutrição: da gestação à infância 157

Em 1982, Weinstein identificou uma síndrome


como uma complicação da pré-eclâmpsia
grave/eclampsia, e usou um acrônimo de HELLP,
aonde H (hemólise), EL (aumento de enzimas
hepáticas) e LP (plaquetopenia). A síndrome de HELLP
é caracterizada por dor no hipocôndrio direito,
plaquetas abaixo de 100.000/mm³, anemia hemolítica
decorrente da elevação do DHL, elevação de enzimas
hepáticas, icterícia. Atualmente se observa que antes
da instalação da síndrome de HELLP, já existe algum
critério clássico que permite a classificação da doença
hipertensiva como grave, dessa forma a Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia considera como critérios de gravidade:
3,4,5

• PA ≥ 160/110 mmHg, em duas aferições em 4


horas;
• Proteinúria de 24h ≥ 2 g ou ≥ 3+ em fita;

• Oligúria, com volume urinário < 400 ml/24h;

• Níveis de creatinina sérica ≥ 1,2 mg/dl;

• Cianose e/ou edema pulmonar;

• Cefaleia, epigastralgia, alterações visuais;

• Dor no hipocôndrio direito;

• Insuficiência hepática (SGOT ou SGPT > 70


UI//L);
Nutrição: da gestação à infância 158

• Trombocitopenia grave (plaquetas <


100.000/µL);

• Anemia hemolítica microangiopática;

• Icterícia e/ou elevação das enzimas hepáticas;

• Restrição de crescimento fetal;

• Desidrogenase láctica aumentada;

• Hemorragias, papiledema e exsudatos. 3, 4

De acordo com essas condutas, alguns exames


bioquímicos são utilizados para o diagnóstico clínico da
Pre-Eclâmpsia.

• Hemoglobina/Hematócrito – A hemoconcentração
apoia o diagnóstico da PE, sendo um indicador de
gravidade. Esses valores podem estar diminuídos caso
a doença esteja acompanhada de hemólise.

• Contagem de plaquetas – Trombocitopenia


sugere a PE.

• Quantificação da excreção de Proteína na urina


– Hipertensão Arterial, associada à proteinúria é
considerada PE (pura ou sobreposta), até que haja
outro diagnóstico que prove o contrário.
• Nível sérico de creatinina – Elevação de
creatinina, ou níveis anormais, principalmente
associado com oligúria, sugerem PE grave.
Nutrição: da gestação à infância 159

• Nível sérico de ácido úrico – Sugere o


diagnóstico de PE e correlacionam-se com restrição do
crescimento intrauterino.

• Níveis séricos de transaminases – Em elevação


sugerem PE grave com envolvimento hepático.

• Nível sérico de albumina, desidrogenase láctica,


esfregaço sanguíneo e perfil de coagulação (TAP,
KPTT ou coagulograma) – Em gestantes com doença
grave, esses exames podem indicar a extensão da
lesão endotelial (hipoalbuminemia), a presença de
hemólise e possível coagulopatia, incluindo
trombocitopenia. 2,9

3) Eclâmpsia - É o aparecimento de convulsões em


pacientes com Pré-Eclâmpsia ou Hipertensão
Gestacional. Geralmente está associada com o
aumento da mortalidade materna, frequentemente
acompanhado de hemorragia cerebral. 4,6

4) Pré-eclâmpsia superposta à hipertensão


crônica.
A PE pode se sobrepor à hipertensão arterial
preexistente em 15 a 30% dos casos, se a gestante
apresentar algum tipo de prejuízo renal, esse risco é
ampliado. Devido à associação da PE à Hipertensão
Crônica após a 20ª semana gestacional.
Diagnóstico de PE sobreposta é definido quando
há um aumento nos níveis pressóricos associados à
proteinúria, também pode ocorrer um aumento da PA
acompanhado do aumento nos níveis de ácido úrico no
sangue (>6mg/Dl). Após o parto o diagnóstico
Nutrição: da gestação à infância 160

retrospectivo pode ser feito quando a biópsia renal


realizada no puerpério evidencia
glomeruloendoteliose.4

5) Hipertensão gestacional (HG) - Também


chamada de hipertensão transitória da gestação, tem
como característica o aumento dos níveis pressóricos
após a 20ª semana de gestação, porém há ausência
de proteinúria. Mas, a proteinúria poderá aparecer
tardiamente, dessa forma o diagnóstico deverá ser
retrospectivo, afastando-se ao máximo da PE. As
condutas clínicas e obstétricas devem seguir as
recomendações para a PE. Na HTG a pressão tende a
voltar ao normal 12 semanas após o parto (diagnóstico
retrospectivo), já na HC a elevação da PA se estende
após as 12 semanas após o parto.

6) prevenção da Pré-eclâmpsia e Eclampsia

Não se sabe ao certo a causa da pré-eclâmpsia,


sua causa ainda é indefinida, a pré-eclâmpsia faz parte
de uma síndrome, que é a síndrome da má adaptação
placentária, e o corpo da mulher acaba reagindo à
placenta como se fosse um corpo estranho,
ocasionando a contração e a distensão dos vasos
sanguíneos, provocando assim os picos de pressão
alta, se estabilizando com a retida da placenta, ou seja,
com o nascimento da criança.4
Da causa da pré-eclâmpsia ainda ser algo
indefinido, já existem estudos com recomendações
para a prevenção da pré-eclâmpsia nas gestantes.
Mulheres que têm baixa ingestão de cálcio recomenda-
se a suplementação de cálcio durante a gestação, em
Nutrição: da gestação à infância 161

especial para as gestantes que já apresentam maiores


chances de ocorrer a pré-eclâmpsia, devido a fatores
genéticos e hereditários.10
A dose diária de cálcio para as gestantes que
possuem baixa ingestão de cálcio na dieta é de (1,5 a
2g de cálcio elementar/dia). OMS, 2014.10 Gestantes
que apresentam uma maior probabilidade de
desenvolver a pré-eclâmpsia, recomenda-se uma dose
baixa de ácido acetilsalicílico, mas conhecida como,
aspirina, a fim de prevenir a gestante de ter uma pré-
eclâmpsia. Mulheres que já possuem hipertensão
grave recomenda-se o uso de fármacos anti-
hipertensivos para tratar a hipertensão durante e
depois da gestação.4,10
Orientações nutricionais, dieta especial,
medicamentos anti-hipertensivos, são terapias para
tentar controlar a pressão da gestante, para que o
quadro não se agrave e ganhe tempo durante a
gestação.2
Uma recomendação bastante evidente para a
prevenção da pré-eclâmpsia e eclampsia, é o uso de
sulfato de magnésio, para fazer com que a gestante
não tenha convulsões, na tentativa de prolongar a
idade gestacional para realizar o parto. Gestante com
pré-eclâmpsia grava e a termo, recomenda-se que seja
realizado o parto, pois com a retirada da placenta,
cessará a síndrome hipertensiva.6

Tratamento

Tratamento da pré-eclâmpsia e da eclampsia,


consiste em minimizar os riscos durante a gestação,
deve ser iniciado quando a gestante apresentar
Nutrição: da gestação à infância 162

aumento da pressão arterial, que pode acometer em


complicações para sua gestação.4

O principal objetivo do tratamento da pré-eclâmpsia e


da eclampsia é do manter a pressão arterial sistólica
entre 140-150 mmHg e a pressão arterial diastólica
entre 90-100 mmHg.4
Uma vez diagnosticada com eclampsia ou pré-
eclâmpsia, a mais eficiente forma de tratamento dessa
doença, é o parto, mas isso tudo depende da idade
gestacional, gravidade da doença e presença de
complicações. Todas as terapias utilizadas durante a
gestação para tratar a doença, é indicada para tentar
manter estável o quadro clínico da gestante. Em
gestantes que ainda não é possível realizar o parto
antes da hora, recomenda-se o tratamento com uso de
sulfato de magnésio, para prevenir e tratar as crises de
convulsão, ocasionadas na eclampsia. Em casos de
pré-eclâmpsia grave antes do quinto mês de gestação,
a gestante deve ser internada de imediato para
tratamento e acompanhamento hospitalar.2

Exames clínicos

Existem alguns exames indicados para diagnosticar a


pré-eclâmpsia: São os exames de sangue utilizados
para a contagem de plaquetas e os exames de urina,
com o intuito de identificar níveis elevados de
proteína.2,9

Um exame bastante utilizado nas gestações de alto


risco é a ultrassonografia com Doppler, exame utilizado
para se detectar a pré-eclâmpsia, antes que ela agrave
Nutrição: da gestação à infância 163

o quadro clinico da gestante, ele avalia a velocidade do


fluxo sanguíneo na artéria uterina.9

Existem também outros exames utilizados para


detectar a pré-eclâmpsia, que são: As transaminases,
creatinina, proteinúria de 24 horas, ureia, ácido úrico,
desidrogenase láctica, bilirrubinas, esfregaço periférico
e testes da coagulação.2

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da gravidez e diabetes mellitus gestacional em uma
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Obsteto. , Rio de Janeiro, v. 27, n. 10, p. 627-634,
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Lúcia. 17. Hipertensão arterial na gestação. Arq. Bras.
Cardiol. , São Paulo, v. 93, n. 6, supl. 1, p. 159-165,
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CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA DA DOENÇA
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6. GONÇALVES, Roselane; FERNANDES, Rosa


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7. JARDIM, V, B, C, P. GONDIM P, R, M.
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Acesso 07 de setembro, 2017.

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http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao
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do tratamento fisioterapêutico na pré-eclampsia.
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n. 4, p.663-672, dez. 2010.
http://dx.doi.org/10.1590/s0103-51502010000400016.

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tratamento da pré -eclâmpsia e da eclampsia. Suíça,
2014. OMS, 48pag.

Nutrição: da gestação à Infância 161


Nutrição: da gestação à infância 166

18. ANEMIA FERROPRIVA

Definição

Para identificarmos a anemia, inicialmente é


detectada laboratorialmente com exames de sangue
solicitados pelo médico, a anemia é definida como a
queda de dois ou mais desvios padrões abaixo dos
valores médios de concentração da hemoglobina ou
dos hematócritos.
O ferro é um nutriente essencial ao organismo,
associado à produção de glóbulos vermelhos e ao
transporte de oxigênio dos pulmões para todas as
células do corpo.3
Os principais casos de anemia detectados são
considerados pela carência e ou falta de ferro, em
maioria encontrados em regiões onde se encontram
populações mais pobres de baixa condição financeira.
As perdas diárias do ferro situam-se em torno de
1 mg em decorrência, principalmente, da descamação
celular. Além disso, pequenas quantidades são
também perdidas pela urina, suor e fezes. Outras
situações como menstruação, lactação e parasitoses,
podem determinar perdas adicionais de ferro.2
Considera-se a gestante vulnerável à anemia
ferropriva pelo aumento das necessidades desse
mineral devido não só ao crescimento fetal e
placentário, como também ao aumento da volemia
decorrente da gravidez.1
Considerada como uma das principais
deficiências nutricionais a anemia ferropriva engloba
vários grupos de risco, dentre eles o mais afetado são
as gestantes, justamente por ser uma fase em que o
Nutrição: da gestação à infância 167

corpo necessita de uma atenção especial devido a uma


maior carência e vulnerabilidade, pois durante a
gestação há um aumento significativo de suas
necessidades.
Além da gestante, o feto precisa de ferro para
formar hemoglobina e constituir uma reserva para os
primeiros três meses após o nascimento.4
A anemia ferropriva durante a gestação tem
grande prevalência, o que leva a crer que esse valor
está intimamente relacionado a uma má alimentação
tão quanto à insuficiência de ferro na mesma,
causando a necessidade de uma dosagem
suplementada de ferro, para suprir a necessidade das
gestantes.

Diagnóstico

A organização mundial de saúde (OMS)


estabelece o limite diário aceitável de 11,0 g/dL para
concentrações de hemoglobina, abaixo do qual se
define a anemia.5 A busca pelo diagnóstico de anemia
ferropriva deve ser praticado de forma geral durante a
gestação, com assistência pré natal. A análise clínica,
averiguação aprofundada e exames laboratoriais e
físicos é primordial para se estabelecer o grau de
gravidade da doença e assim determinar um plano
alimentar para a solução do

Quadro.5

As alterações fisiológica que ocorre na gestação


dificulta a qualificação do quadro da doença, podendo
ser facilmente confundida com apenas adaptações do
Nutrição: da gestação à infância 168

organismo materno.5 Há um aumento do volume


corpuscular médio(VCM) disfarçando a deficiência de
ferro e outros exames

como: hemoglobina, volume corpuscular médio(VCM),


hematócrito, protoporfirina eritrocitária, capacidade
total de fixação de ferro, saturação da transferrina e
receptor de transferrina também sofrem alterações
devido às mudanças no organismo durante a
gestação.5

A ferritina sérica é considerada o melhor teste


laboratorial para avaliar a quantidade de ferro
disponível, por está diretamente relacionada ao seu
depósitos orgânicos.5 A associação da anemia à
gestação, dependendo do seu grau, pode ocasionar
efeitos deletérios ao binômio materno-fetal.
Aproximadamente 40% das mortes maternas e
perinatais são ligadas à anemia.5

Tabela 2. Valores laboratoriais encontrados na anemia


ferropriva em gestantes

Exame Valor
Hemoglobina < 11g/dL
Ferritina sérica < 12 ng/mL
Capacidade total de ligação do ferro > 400 mcg/dL
Ferro plasmático < 50 mcg/dL
Índice de saturação da transferrina < 16%
Volume corpuscular médio (VCM) Diminuído
Hemoglobina corpuscular média (HCM) Diminuída

Fonte: Adaptado de Cançado, R.D., 2009


Nutrição: da gestação à infância 169

Prevenção e tratamento

A gestação é uma condição fisiológica


complexa, dinâmica e anabólica, que envolve a
interação de variedade de sistemas e órgãos
reguladores.9 A alteração do organismo pela
necessidade de adaptação para nutrir o feto leva o
motivo pelo qual a mulher precisa adequar a
alimentação antes da concepção, isso será decisivo no
aporte nutricional da placenta pelo útero.9 A gestante
agora necessita elevar seus nutrientes para garantir
uma formação saudável do feto e sua saúde materna.9
A importância da nutrição durante a gestação e
suas repercussões nesse período são amplamente
conhecidas.9 Mas contudo se dá a importância da
qualidade dos alimentos e estilo de vida, o que irá
favorecer benéficas consequências ao feto até a fase
adulta.9 O desequilíbrio entre a quantidade
biodisponível de ferro e as necessidades orgânicas
causa a deficiência nutricional mais prevalente em todo
o mundo - anemia ferropriva - que atinge cerca de 2
bilhões de indivíduos, particularmente nos países em
desenvolvimento.9 Na gestação o processo de
formação do feto é acelerada, a eritropoiese aumenta
e consequentemente há a necessidade de um aporte
de ferro para suprir a demanda.9
O ferro está presente nos alimentos como ferro heme
e não heme. A forma heme, a partir da digestão
proteolítica da hemoglobina e da mioglobina, é
absorvida em cerca de 40 %, enquanto a absorção do
ferro não heme é menos eficiente e fortemente
influenciada por outros componentes da alimentação.9
Nutrição: da gestação à infância 170

O cuidado nutricional pré-natal tem


demonstrado impacto positivo sobre os resultados
obstétricos.6

O papel do nutricionista é determinante neste


momento, uma vez que gestantes com as alterações
nutricionais tornam-se mais vulneráveis ao
desenvolvimento de infecções, parasitoses, anemias,
síndromes hipertensivas, insuficiência placentária,
obesidade, hemorragia durante o parto e infecção
puerperal.10 O acompanhamento em toda fase
gestacional é imprescindível para a prevenção ou
resolução do quadro clínico agravante, adequar um
plano alimentar as necessidades de acordo com os
trimestres equivalentes, orientar sobre os hábitos
alimentares saudáveis e a biodisponibilidades dos
alimentos.10
A forma que se providencia em todos os casos
é fornecer ferro suplementar a gestante como medida
preventiva logo, não podemos arriscar apenas na
alimentação.8 A suplementação diária oral de ferro e
ácido fólico é recomendada como parte da assistência
pré-natal para reduzir o risco de baixo peso no
nascimento, anemia materna e deficiência de ferro
(forte recomendação).7

O programa nacional de suplementação de ferro


recomenda a suplementação preventiva para
gestantes a partir da 20ª semana gestacional.9

A Tabela 3 apresenta uma sugestão de esquema para


suplementação diária de ferro e ácido fólico em
gestantes (OMS, 2013).
Nutrição: da gestação à infância 171

Tabela 3 - Esquema sugerido para suplementação


diária de ferro e ácido fólico em gestantes: gestantes:

Composição Do Ferro: 30-60 mg de ferro


Suplemento: elementar
Ácido Fólico: 400 µg (0,4
mg)
Frequência Um suplemento uma vez
por dia
Duração Durante toda a gestação.
A suplementação de ferro
e ácido fólico deve ser
iniciada o quanto antes
possível.
Grupo alvo Adolescentes e mulheres
adultas gestantes
Cenário Todos os cenários
* 30 mg de ferro elementar é igual a 150 mg de
heptahidrato de sulfato de ferro, 90 mg de fumarato de ferro
ou 250 mg de gluconato ferroso.
Nutrição: da gestação à infância 172

Referências

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Szarfarc SC, Lima FD. As determinações biológica e
social da doença: um estudo de anemia ferropriva. Rev
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CAGLIARI, M.P.P.; PAIVA, A.A.; QUEIROZ, M.S.R.;
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Universidade São Paulo; 1994.

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iron deficiency in pregnancy, labor and puerperium.
Rev. Bras. Hematol. Hemoter. [online]. 2010, vol.32,
suppl.2, pp.53-56. Epub June 07, 2010. dt do acesso:
05/09/2017

6. Revista de Nutrição .Rev. Nutr. vol.18 no.4


Campinas July/Aug. e 2005.dt do acesso: 11/09/2017
Nutrição: da gestação à infância 173

7. Biblioteca da OMS: Diretriz: Suplementação


diária de ferro e ácido fólico em gestantes.Genebra:
Organização Mundial da Saúde; 2013.dt do acesso:
14/09/2017

8. Caderno da Saúde Pública.Cad. Saúde Pública


vol.10 no.2 Rio de Janeiro Apr./June 1994.dt do
acesso: 14/09/2017

9. Bases Bioquímicas e Fisiológicas da


Nutrição:nas diferentes fases da vida e na doença/
silvia maria franciscato cozzolino, cristiane cominetti
barueri, sp :manole, 2013.pag, 718-739.dt da pesquisa:
16/09/2017

10. Educação Alimentar e Nutricional: da teoria à


prática/Monica santiago Galisa…[et.al.] ed.-
[reimpr.2016].- vila mariana =, sp: roca,2014. pag,175-
191.dt da pesquisa: 16/09/2017
Nutrição: da gestação à infância 174

19. DOENÇAS INFECCIOSAS INFECÇÃO

A infecção do trato urinário (ITU) é entendida


como a invasão de microrganismos, na maioria das
vezes bactérias, por todo o trato urinário causando
danos ao mesmo. Entre as mulheres, é uma
intercorrência que acorre com bastante frequência,
vulnerabilidade essa que pode ser explicada pelo
fato de a uretra feminina ser mais curta, se
comparado a uretra masculina, o vestíbulo vaginal e
a uretra serem mais próximos ao anus e início de
vida sexual ativa. 1,2
Durante o período gestacional a mulher sofre
alterações fisiológicas e anatômicas no trato urinário,
que incluem o aumento do tamanho uterino,
aumento da atividade hormonal (progesterona e
estrogênio). A progesterona exerce ação na
musculatura lisa do trato urinário, agindo como
relaxante, causando alterações no sistema coletor,
redução do tônus vesical e aumento da estase
urinária. Além dos fatores já citados, a redução da
capacidade dos rins de concentrar a urina, aumenta
a vulnerabilidade do trato urinário a infecções, pois,
devido a essa redução o pH da urina tende a ficar
mais alcalino, o potássio é excretado em quantidade
menor, glicose e aminoácidos são excretados em
quantidades maiores favorecendo a possibilidade de
crescimento bacteriano .1,2
Apesar de ser considerado um fator de
susceptibilidade, a gravidez, como fator isolado, não
deve ser considerada causa responsável pela alta
taxa de infecção urinária2. Deve-se considerar as
Nutrição: da gestação à infância 175

modificações do trato urinário ocorrente no período


gestacional, como fator predisponente a transformar
mulheres com bacteriúria assintomática em grávidas
com ITU sintomática. 1,2
A ITU acomete cerca de 10 a 12% das
gestantes, na grande maioria dos casos (80 – 90%)
é causada pela Escherichia coli, e o restante
por bactérias Gram-negativas Klebssiella
pneumoniae, Proteus mirabilis e Enterobacter. 1-3
Clinicamente apresenta-se de quatro formas,
dependendo do local do trato urinário é acometido:
bacteriúria assintomática, uretrite, cistite e
pielonefrite.
• Bacteriúria assintomática (BA) é caracterizada pela
presença de bactérias no tato urinário, porém não
apresenta sintomas clínicos, seu diagnóstico é feito
por meio de exames laboratoriais, através da coleta
de 2 amostras consecutivas, tendo a presença das
mesmas bactérias (10 colônias/L) em ambas as
amostras .1-3
• Uretrite é desencadeada quando há um
comprometimento uretral, caracteriza-se por disúria
e polaciúria, e tem como principal agente causador
as bactérias da própria cavidade vaginal. 1

• A cistite é caracterizada pela implicação da uretra


e bexiga com sintomas próprios do trato urinário
baixo (disúria, policiúria, nictúria, dor ao urinar e
necessidade imediata de urinar).1-3

• Pielonefrite é considerada a forma mais grave e sua


incidência entre as gestantes são de 2%.
Nutrição: da gestação à infância 176

Desenvolve-se quando há um
comprometimento do ureter, pelve e parênquima
renal. Apresenta sintomas clínicos como febre,
calafrios, náuseas e vômitos, urina turva,
taquicardia, anorexia. Quando o quadro já está
bastante avançado é comum sintomas como
insuficiência respiratória e sepse.1-3

Fatores de Riscos

Dentre os fatores de risco para o


desenvolvimento da ITU podemos citar anemia,
paridade, infecções genitais, malformações do trato
urinário, tabagismo, diabetes mellitus, hipertensão
arterial e hábitos comportamentais inadequados. É
recomendado fazer um acompanhamento mais
cuidadoso com as gestantes que apresentam tais
fatores, pois estão mais predispostas ao
desenvolvimento da infecção urinária.1,2

Diagnóstico

Como métodos de diagnóstico a urocultura é


omais eficiente, considerado padrão-ouro1, pois
além de diagnosticar, orienta como deve proceder ao
tratamento. Entretanto, dispõe de um custo alto,
necessita de profissionais qualificados e habilitados
para que possa ser realizado. Para exatidão dos
resultados é indicado que a coleta seja feita da
primeira urina da manhã. 1-3
Nutrição: da gestação à infância 177

O exame de urina simples também é uma


opção a ser utilizada para o diagnóstico de ITU,
podendo ser analisadas aspectos como a coloração,
odor, turvação, pH presença de glicose, proteína,
sangue, cetonas, bilirrubina, densidade, sedimentos
urinários, considerando como pontos de maior
importância para o diagnóstico de ITU a presença de
leucócitos, hemácias, glicose, cristais cilindros,
bactérias e nitritos. Se no exame indicar os valores
de leucócitos aumentados e presença de hemácias,
provavelmente há infecção instalada.3 Podem ser
utilizados exames de imagem como a ecografia de
rins para auxiliar no diagnóstico.1

Tratamento

Para o início do tratamento da infecção, deve-


se considerar a gravidade que se encontrar e a forma
de apresentação. Geralmente é indicado o uso de
antimicrobianos, sendo os mais comuns a
cefuroxima 250mg a cada 8/8horas, norfloxacin
400mg a cada 12 horas e nitrofurantoína 100mg a
cada 6 horas.1 No caso da pielonefrite, deve ser
observado a gravidade em que a paciente se
encontra, gestantes que apresentam esse quadro
devem ser internadas e monitoradas.1

Toxoplasmose

A toxoplasmose é uma zoonose, que tem


como hospedeiro principal o gato e seu protozoário,
Nutrição: da gestação à infância 178

ocorrendo naturalmente em animais herbívoros,


onívoros, incluindo todos os mamíferos.
A infecção por toxoplasma gondii se dá pelos
hábitos alimentares, do contato com animais
portadores da doença e das condições climáticas.
Pode ser assintomática, e quando sintomática,
apresenta originalmente um quadro semelhante a
um quadro gripal, como febre, fadiga, mialgia e
linfadenopatia.
Sua principal complicação é quando ela
ocorre em gestantes e das graves consequências
que podem acometer o feto. A taxa global de
transmissão materno fetal varia entre 30% a 40% e
existe uma relação inversa entre a idade gestacional
em que ocorre a infecção fetal e o agravamento da
doença.4
As consequências da infecção materno-fetal,
portanto congênita, dependerão do grau de
exposição do feto aos parasitos, da virulência da
cepa infectante e do período gestacional em que
ocorrer. Os sinais clássicos da toxoplasmose
congênita são hidrocefalia, retinocoroidite,
calcificação cerebral e retardo mental.6
Sua profilaxia se dá com medidas de cuidado
para amenizar o risco de infecção, tendo em mente
as três formas de Toxoplasma gondii: taquizoítas
que podem ser transmitidos congenitamente, por via
transplacentária, por transfusões de sangue,
transplantes de órgãos, acidentes em laboratórios e
ingestão de leite de cabra; cistos de T. gondii
presentes em carnes cruas ou mal cozidas; e os
cistos presentes no solo, nos vegetais, nos tanques
Nutrição: da gestação à infância 179

de areia, podendo ser disseminados pelo ambiente


por hospedeiros transportadores, como moscas,
baratas, minhocas e pelo de cães que se esfregam
em fezes de gato.5,6
Na gestante o tratamento é indicado quando
houver primo infecção ou reagudização durante a
gravidez, pois pode reduzir a incidência e a
gravidade da infecção fetal. A administração de
espiramicina (3g/dia) reduz a frequência de
transmissão materna para o feto em 60%, porém,
como a placenta permanece infectada por toda a
gravidez, o tratamento deverá ser administrado
durante toda a gestação.4,

SÍFILIS

Produzida pela bactéria Treponema pallidum,


a sífilis é uma doença infecciona com transmissão
predominantemente sexual. Não tratada, pode
evoluir e comprometer a pele e órgãos internos,
como o coração, fígado e sistema nervoso central.
A sífilis congênita é consequência da
disseminação dessa infecção não tratada
adequadamente. A transmissão via transplacentária
pode ocorrer em qualquer fase da gestação e em
qualquer estágio da doença, com probabilidade de
50% a 100% na sífilis primária e secundária, 40% na
sífilis latente precoce e 10% na sífilis tardia e há
também a possibilidade de transmissão da sífilis
congênita direta no canal do parto. Quando ocorre a
transmissão, cerca de 40% dos casos podem evoluir
para aborto espontâneo, natimorto, óbito perinatal,
Nutrição: da gestação à infância 180

ou, mais frequentemente, bebê aparentemente


saudável que desenvolve sinais clínicos
posteriormente.7
Na Sífilis Congênita Precoce, os sinais e
sintomas surgem até os 2 anos de vida: baixo peso;
coriza serossanguinolenta; obstrução nasal;
prematuridade; osteocondrite; choro ao manuseio;
pênfigo palmoplantar; fissura peribucal;
hepatoesplenomegalia; alterações
respiratórias/pneumonia; icterícia; anemia
geralmente severa; hidropsia; pseudoparalisia dos
membros; condiloma plano.8
Na Sífilis Congênita Tardia, os sinais e
sintomas surgem a partir dos 2 anos de vida, tíbia
em “lâmina de sabre”; fronte olímpica; nariz em sela;
dentes incisivos medianos superiores deformados
(dentes de Hutchinson); mandíbula curta; arco
palatino elevado; ceratite intersticial; surdez
neurológica; dificuldade no aprendizado.8
A prevenção da sífilis é: uso regular de
preservativos, redução do número de parceiros
sexuais, diagnóstico precoce em mulheres em idade
reprodutiva e seus parceiros, realização do teste
VDRL em mulheres com intenção de engravidar e
tratamento imediato dos casos diagnosticados em
mulheres e seus parceiros. O tratamento da sífilis
adquirida é: Sífilis primária (cancro duro): Penicilina
G Benzatina - 2.400.000 UI/IM.9
Sífilis secundária ou latente recente (menos
de 1 ano de evolução): Penicilina G Benzatina -
2.400.000 UI/IM, repetindo a mesma dose uma
semana depois. Dose total: 4.800.000 UI. Sífilis
Nutrição: da gestação à infância 181

terciária, sífilis com mais de 1 ano de evolução, ou


com duração ignorada: Penicilina G Benzatina
2.400.000 UI/IM, em 3 aplicações, com intervalo de1
semana entrecada aplicação. Dose total:
7.200.000 UI.9
O tratamento é imediato dos casos
diagnosticados em gestantes e seus parceiros
(evitando a reinfecção da gestante). Orientar para
que os pacientes evitem relação sexual até que o
seu tratamento (e o do parceiro com a doença) se
complete, a gestante realizará o controle de cura
mensal através do VDRL e tratar novamente em
caso de interrupção do tratamento.

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adquirida na gestação e congênita: vigilância em
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Universitário Pedro Ernesto, Local de publicação
(editar no plugin de tradução o arquivo da citação
ABNT), 13, jul. 2014.
Nutrição: da gestação à infância 183

8. SECRETARIA DE ESTADO DA SAUDE SES-


SP. Serviço de Vigilância Epidemiológica;
Coordenação do Programa Estadual DST/Aids-SP;
Coordenadoria de Controle de Doenças CCD.Sífilis
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[online]. 2008, vol.42, n.4, pp.768-772. ISSN 1518-

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9. AVELLEIRA, João Carlos Regazzi and BOTTINO,


Giuliana. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle.
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n.2, pp.111-126. ISSN 0365-0596.


http://dx.doi.org/10.1590/S0365-
05962006000200002.

10. GOUVEIA, Ana Isabel; BORGES-COSTA,


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Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, [S.l.],
v. 71, n. 4, p. 513-517, july 2014. ISSN 2182-2409

Macrossomia fetal

A macrossomia fetal somente é diagnosticada


quando há o nascimento do bebê, uma vez que é
caracterizada quando seu peso for superior a 4kg, é
Nutrição: da gestação à infância 184

independentemente da idade gestacional ou quando


possuir peso acima do percentil 90, em curvas
adequadas para sexo e população. Este peso
elevado, pode desenvolver aumento do risco de
lacerações perinatais, ocasionalmente fazendo-se
necessária a realização de cesárea.6, 9
Diagnosticar essa patologia antes do parto
tem se mostrado uma tarefa desafiadora, motivo
pelo qual é desempenhada pela associação dos
fatores de risco maternos, tais como: peso pré-
gestacional, ganho ponderal durante a gravidez,
diabetes melitus gestacional ou pré-gestacional e
obesidade. 17 O tratamento desta doença consiste
na prevenção dos fatores de risco maternos.
Nutrição: da gestação à Infância 185

20. BENEFÍCIOS DA AMAMENTAÇÃO A CURTO E


LONGO PRAZO

Adriana M. De carvalho
Barbara Mayna S. Ribeiro
Daiane Solino de Souza
Gabriela P. De Paula
Ingrid Lorrane. N Silva
Ivylla Jeovana B. S. Lopes
Karoline m. Jeronymo
Myrelli Castro de Sousa
Renata R. De Araujo
Poliana Lima de Moura
Vívian de Souza Galeno


O aleitamento materno é um processo natural,
que envolve interação entre mãe e filho, fortalecendo
o vínculo entre os dois. Amamentar é o primeiro ato
que o bebê deve receber na primeira hora de vida. O
leite materno é o primeiro alimento do ser humano.
Estudos correlacionam a amamentação com o
bom desenvolvimento da criança: o ganho de peso, o
desenvolvimento cognitivo, desenvolvimento motor,
resistência imunológica, crescimento adequado.
Alguns artigos até se arriscam a dizer que crianças
que são amamentadas apresentam um
desenvolvimento maior do QI, comparados aos que
fazem uso de fórmulas lácteas. O aleitamento
materno previne cerca de 6 milhões de mortes em
bebês menores de 12 meses, por ano. O leite materno
também apresenta efeito protetor contra mortes
súbitas, diabetes mellitus, insulino-dependente,
Nutrição: da gestação à Infância 186

doença de Crohn, linfoma, alergias e doenças


crônicas digestivas. ¹
O leite materno é capaz de suprir todas as
demandas do bebê em cada idade e situação,
apresentando benefícios nutricionais, imunológicos,
psicológico, social, econômico e ambiental. É
considerado um antibiótico natural, pois apresenta
funções protetoras ao organismo do recém-nascido
que por sua vez proporciona completa proteção contra
infecções bacterianas, virais, fúngicas e protozoárias¹.
O aleitamento materno envolve interação entre mãe e
filho, fortalecendo o vínculo entre os dois. O contato
pele a pele previne a ocorrência de hipotermia¹.
Atualmente, sabe-se que um vínculo afetivo sólido
facilita o desenvolvimento da criança e o seu
relacionamento com as outras pessoas. O ato de
mamar ao peito também melhora a formação da boca
e o alinhamento dos dentes. Amamentar também
é muito benéfico para a mãe, pois ajuda na diminuição
do peso pós-parto. Estudos mostram que a cada mês
a mais que a mãe amamenta ocorre redução de cerca
de 0, 44kg.²
Concluindo assim que o leite materno é o
melhor alimento a ser oferecido ao bebê
exclusivamente nos primeiros 6 meses de vida sem
haver necessidade de complemento (água, chás,
fórmulas lácteas). E até os 24 meses complementado
uma alimentação saudável e auxiliando assim nas
carências nutricionais acometidas pela falta de
aceitação a introdução dos novos alimentos.
Nutrição: da gestação à Infância 187

Benefícios para o bebê

O aleitamento é essencial para o


desenvolvimento da criança, onde ele tem o contato
próximo com a mãe, sentindo o seu cheiro, ouvindo
sua voz, olhando nos olhos da mãe, favorecendo
assim o vínculo afetivo. Está relacionado com a
personalidade e tipo de socialização que a criança vai
desenvolver nos próximos anos de vida, dado que as
primeiras experiências podem determinar o caráter do
indivíduo.7 É através do leite que o bebê vai ter o
primeiro contato com microrganismos que vão
colonizar sua microbiota, fazendo desenvolver de
forma adequada e segura a microbiota intestinal do
recém-nascido.
Infecções do trato gastrointestinal como um
todo, diarreia, gripe, pneumonia, bronquites, alergias
futuras são evitadas, pois existem componentes
presentes no colostro e no leite materno como
lactobacilos, lisozimas, IgA, IgM, IgG, IgD, IgE,
macrófagos, linfócitos, granulócitos, neutrófilos e
células epiteliais, que previnem e combatem essas
infecções, além do ferro com alta biodisponibilidade,
evitando a anemia.7 A amamentação correta está
sendo relacionada como proteção de hipertensão
arterial na infância, certo que há menos sódio do que
numa forma infantil, sendo associado também como
fator preventivo de obesidade infantil e diabetes
mellitus.4
Nutrição: da gestação à Infância 188

Benefícios para a mamãe

A amamentação está ligada não somente a


questões biológicas, mas também a cultura, tipo de
educação, história da sociedade do meio em que se
vive, podendo surgir pensamentos como o ato de
amamentar gerando prejuízo ao corpo da mãe, o fato
de existirem fórmulas lácteas também interferem, pois
elas facilitam a vida da lactante, que muitas vezes
trabalha fora e não tem tanto tempo disponível para
alimentar o bebê.7
Confundindo a mente das mamães que em
alguns casos não tem noção do benefício que trazem
para os filhos e para as mesmas, na prática de
amamentar. Uma revisão de estudos com cerca de 97
mil mulheres e outras 50 mil com câncer de mama,
realizados em 30 países, indica que a amamentação
pode ser responsável por 2/3 da redução do câncer
de mama, sugerindo que quanto mais tempo de
amamentação menor risco de adquirir a patologia,
independente da origem da mulher, a cada 12 meses
de amamentação, diminui as chances em 4,3%. ²
Em relação a perda de peso da lactante, sabe-
se que a necessidade calórica aumenta para a
produção do leite materno. Se a mesma não estiver
consumindo quantidade adequada de calorias, o
corpo vai retirar das reservas adiposas da mãe, para
poder produzir o leite, e se a amamentação for
exclusiva, maior será a necessidade de calórica.² O
que proporcionará a volta do peso pré-gestacional,
durante o período da amamentação até o desmame.
Nutrição: da gestação à Infância 189

Ainda segundo Aune et al, há evidências de que


mulheres que amamentaram por um período maior,
tiveram uma proteção maior contra diabetes tipo 2.³
Sendo de total importância e benefício para a mãe e o
seu filho.

Aspectos psicológicos da amamentação para


nutrizes e lactentes

A amamentação é uma experiência única que


somente mãe e filho compartilham. A mulher quando
amamenta senti um conforto da experiência única ao
ver a sua capacidade de gerar uma vida, e poder
mantê-la após o nascimento, através de um alimento
que vêm de seu corpo.8
Já dizia Cury “a decisão de uma mãe para
amamentar no peito pode ser uma indicação de seu
desejo de se doar ao seu bebê, que é uma das
características do apego”.9
A amamentação é mais que troca de leite de
um para o outro, além de garantir alimentação a um
ser tão frágil e outros benefícios, é também troca de
amor, entrosamento, carinho, cuidado e proteção
passado de mãe para filho. Esse momento vivenciado
somente por mãe e filho, faz com que o recém-nascido
viva as sensações da nova mamãe, receba o
alimento, sinta seu cheiro, calor, toque e todo amor
que só ela pode lhe oferecer.
Mas, será que a amamentação é sempre flores
e ternura?
Infelizmente não; apesar de todas as nutrizes
passarem por esse momento, suas experiências não
Nutrição: da gestação à Infância 190

são as mesmas; o que leva algumas a muitas


frustações pois não foram preparadas
adequadamente para fazer esse momento único ser
mais agradável. Mas, por mais difícil que seja esse
ato, nos primeiros momentos ele é a garantia que a
mãe está exercendo um “bom trabalho” nessa nova
etapa da sua vida, pois ela e toda a sociedade,
entendem por estar cumprindo o seu papel de
proteger o mais novo ser.
Vamos entender então, o que a amamentação
interfere no psicológico de mamães e bebês.

Aspectos psicológicos da nutriz

Quando nasce um bebê também nasce uma


mãe, que junto com este irá descobrir um mundo novo
e seus limites. Dias após o parto, a vida desta nutriz
está cheia de emoções, sejam elas boas pelo prazer
de estar com seu bebê, ou ruins pelo cansaço da nova
rotina ou até frustações ocorridas nesse mesmo
período. Então, nesse momento, o psicológico dessas
mamães, é uma junção de emoções, sentimentos e
pensamentos, que podem ser sentidos tanto pela mãe
como pelo bebê no pós-parto.
Nos primeiros dias depois do nascimento da
criança, as emoções se afloram, e são muito variadas
principalmente nesses primeiros dias. Nas primeiras
24 horas do pós-parto a mãe está em esplendida
fadiga, pois ele se recupera da exaustão do parto, e
senti um grande desconforto físico que se mistura com
a alegria e o prazer do nascimento do filho. É
necessário que neste momento a mulher tenha boas
Nutrição: da gestação à Infância 191

recomendações, para ajudá-la a amamentação,


encorajando a autoconfiança no Aleitamento,
mostrando que ela é capaz de amamentar seu bebê
com êxito. Logo, a confiança é importante para que a
mulher se veja capaz de amamentar, sendo
importante esse encorajamento antes do ato de
amamentação.
Fatores psicológicos que interferem a
amamentação Muitos fatores psicológicos dificultam a
amamentação. Eles podem ser:
• Ansiedade,
• Depressão,
• Culpa e baixa estima
• Crenças que desestimulam a amamentação

Pesquisas mostram que 27% das nutrizes com baixa


autoestima e confiança na amamentação, também no
pré-natal, pararam a amamentação na primeira
semana após o parto, além de terem mais risco de
interromperem de vez a amamentação antes dos 6
meses.10 Em meio a tantos, existem dois fatores bem
preocupantes para mexer com o psicológico da nutriz
e pode interferir na amamentação:

Ansiedade

Ansiedade é definida como um mal-estar físico


e psíquico e aparece através de um estado aflitivo,
acompanhado de impaciência e falta de
tranquilidade.11 Na maternidade, a ansiedade possui
diversas situações; e quando muito alta, atrapalha
fatores importantes no período gestacional como
Nutrição: da gestação à Infância 192

depois dele. No Puerpério (o famoso Pós-Parto), a


ansiedade atrapalha a relação mamãe-bebê, pois
diminui os níveis de sensibilidade da mãe.
Mais porquê? O que a ansiedade faz no psicológico
da nutriz?
Bem, a ansiedade tem uma alta relação a
vínculos negativos, que vai atrapalhar todo o processo
mental de atenção que a mãe deveria dar ao seu
bebê, além de interferi na capacidade dela de se
sensibilizar, impedindo-a de entender informações,
tornando assim mães ansiosa menos sensíveis Os
transtornos de ansiedade também são fatores de
preocupação, já que quando se associam ao que
represente um “apego inseguro” da mãe, podem
afetar a memória e mais uma vez a interação dessa
nutriz.12
Com a atenção e baixa capacidade de absorver
informações, muitas mamães não conseguem seguir
na amamentação, algumas pela ansiedade de fazê-lo
logo, e não conseguem pôr em prática as informações
obtidas no pré-natal, como informações para uma
pega correta da criança ao seio, deixando a mãe
culpada por não está garantindo seu “papel materno”
e desencorajando-a a continuar na tentativa do
aleitamento, levando a mesma a procurar outros
meios de alimentar o lactente.

Depressão pós-parto (DPP)

Entre os transtornos mentais que mais afetam


as mulheres, a depressão pós-parto ganha um
enorme destaque, onde vem tendo um grande
Nutrição: da gestação à Infância 193

aumento nas últimas décadas.13 A Depressão Pós-


Parto (DPP) é um transtorno que atinge cerca de 10 a
15% das gestantes, e suas manifestações interferem
no processo de saúde da mãe e do filho, sendo um
sério problema de saúde pública. O sintoma
tem início nas primeiras semanas ou meses
depois do parto, e 2/3 dos casos resolvem-se
ao longo do primeiro ano.
Mas, fazer o diagnóstico rápido dos sinais e
sintomas, bem como tratar a doença, são fatos
fundamentais para reduzir os riscos que essa doença
traz à saúde da mulher, além de diminuir as chances
de suicídios, sendo estas suas principais
complicações. No Brasil, um estudo realizado com 77
mulheres da cidade de São Paulo, com 3 e 6 meses
depois do parto, identificou que quase 33% de mães
apresentavam sintomas depressivos. Muitas vezes,
os casos de depressão não são identificados pelos
profissionais de saúde, o que aumenta a gravidade da
doença no país, além de que 25% dos casos de
depressão pós-parto (DPP) não tiveram o diagnóstico
e tratamento.
A depressão no aleitamento, está associada
traz algumas alterações no desenvolvimento
emocional da criança, com efeitos no
desenvolvimento podendo se prolongar até a
adolescência. Os quadros de depressão também
interferem em diversas áreas do funcionamento e
estado afetivo materno e, por isso, afetando a relação
entre a mãe e seu bebê.
No comportamento e da capacidade de
sensibilidade da nutriz, observa-se dificuldades em
Nutrição: da gestação à Infância 194

momentos de trocas de afeto, trazendo um apego


inseguro, incapacidade de sensibilização ao choro do
bebê, e mães depressivas não procuram cuidados de
saúde, tanto para ela como ao lactente. Além de
amamentarem com menor frequência seus filhos,
interrompem a amamentação mais cedo e são menos
confiantes na sua capacidade de amamentar.
Uma investigação com 1.745 mães na Austrália
mostrou que a DPP estava associada ao desmame
precoce, e quanto mais cedo ocorra a depressão,
menor o tempo de amamentação. Não podemos
confirmar que a depressão afeta o desenvolvimento
cognitivo da criança, pois nenhuma mãe que foi
identificada como deprimida mostrou alguma
intervenção nesse processo; entretanto, em um grupo
de crianças de 3 anos de idade, com histórico de mães
deprimidas que não tiveram tratamento, observou-se
pontos menores em testes de Inteligência.
Mães com sintomas depressivos, relatavam a
falta de apoio, isolamento, cansaço e problemas
físicos de saúde como alguns dos fatos de
contribuíram para o seu estado, justificando isso como
fator para o menor interesse nas manifestações de
carinho em relação à criança.

Como prevenir DPP e ansiedade?

É importante verificar a presença de ansiedade


no pré-natal, para se tomar medidas preventivas, para
que esse mal, não atrapalhe a mãe e o filho na
amamentação, e que se diagnosticado, essa mãe
Nutrição: da gestação à Infância 195

deve ser acompanhada, até que consiga sentir-se


seguro e capaz de realizar o ato totalmente.
No Puerpério, é importante que a mãe não
desista nas primeiras tentativas do aleitamento, e seja
encorajada a aproximar-se cada vez mais do filho,
perdendo o medo, e estando pronta para aproveitar a
nova fase de sua vida. Com isso, a ansiedade
diminuirá e ela poderá aproveitar esse momento
mágico e de transição de amor; e por mais difícil que
seja esses primeiros momentos, a mãe deve entender
que não nasceu sabendo, e é ela juntamente com seu
bebê, que aprenderam a se entrosar cada vez mais já
que ele precisa dela e ela dele neste momento. Cabe
ao seio familiar, também acompanhar essa mãe na
nova etapa, e sempre que surgir uma dúvida maior,
procurar profissionais preparados para orientá-los
nessa nova fase.
É necessária também, que haja uma maior
atenção à saúde mental das gestantes, no pré e pós-
parto, pois os sintomas depressivos e a associação
com um baixo tempo de aleitamento materno, traz um
grande risco à saúde da criança. A estrutura familiar é
também um fator importante nos sintomas
depressivos, o apoio e cuidado do seio familiar a
essas nutrizes, trazem um conforto e uma sensação
de cuidado maior.
Além de salientarmos a importância de estudos
populacionais para investigar os índices e a
prevalência de fatores associados à depressão, isso
ajudará obter dados que nos permita uma melhor
detecção e conhecimento sobre a doença. Cuidar da
saúde mental dessa nutriz, no período gestacional,
Nutrição: da gestação à Infância 196

ajudará bastante nesse momento pós-parto, fazendo


campanhas, palestras e tirando dúvidas, além de,
fazer um histórico de coisas que possam interferir no
mental desta, para ser tratado antes da
amamentação.
Cabe também, as futuras mamãe e novas
nutrizes, informar aos profissionais que as
acompanham, todas as dúvidas em relação a essa
doença, sendo necessário um acompanhamento
mental também sugerido a ser feito no
acompanhamento de pré-natal. Uma amamentação
eficiente que se desperta na mulher, um sentimento
de ligação mais profunda com o filho e de realização
como mulher e mãe. No entanto, qualquer nutriz pode
ter experiências boas e agradáveis, difíceis e
cansativas.
Mais cabe também lembrarmos, que para ser
uma boa mãe não é obrigatório o ato de
amamentação, até porque muitos possuem de outros
fatore para que isso não ocorra. Não existe algo que
impeça mulheres que não amamentem de dar
atenção e amor ao seu bebê. Além disso, nem sempre
uma boa experiência de amamentação resultará em
um bebê satisfeito, se esta amamentação não é
proveniente de uma riqueza de experiência e de
envolvimento entre mãe e bebê.

Aspectos psicológicos do lactente

Pesquisas comprovam os benefícios da


amamentação como: redução da mortalidade infantil
por infecções;14 proteção contra alergias, prevenção
Nutrição: da gestação à Infância 197

de DCNT, melhor desenvolvimento neurológico,


melhor desenvolvimento cognitivo em crianças que
nasceram com baixo peso;15 e estímulo ao
desenvolvimento do vínculo afetivo entre mãe e filho.
Do ponto de vista emocional, amamentar traz
inúmeras vantagens pois, a interação rica entre mãe
e filho proporciona uma mútua satisfação. A
ligação entre ambos, o contato íntimo da pele e o olhar
permitem que sintam um enorme prazer neste ato.
Este contato possibilita que o amor aumente a
cada mamada, construindo assim, um grande vinculo
para sempre mãe e filho.
As crianças privilegiadas por este ato após o
parto, são menos ansiosas e mais tranquilas, sofrendo
menos estresse causado pela separação do corpo
materno. Cada toque, olhar, ato de carinho é de
extrema importância para que esse vínculo seja
construído entre os dois, em qualquer fase de
desenvolvimento do bebê, esse vínculo afetivo que
começa na gestação, é fundamental para a mãe se
apegar mais ainda ao bebê e ela a ela, gerando amor
e cuidado de ambos antes mesmo do nascimento.
A falta dessa interação mãe-bebê, pode acabar
gerando uma desordem no relacionamento dos dois.
No nosso organismo (bem como do bebê) existe um
hormônio muito importante, a Ocitocina (o hormônio
do amor), que desenvolve no cérebro da criança, em
sintonia com o afeto gerado pela mãe, uma sensação
de amor e proteção, além de reforçar o equilíbrio
emocional e/ou gerar agressividade e outros
comportamentos sociais.
Nutrição: da gestação à Infância 198

O sistema gerador de sensibilidade da criança,


durante os primeiros anos de vida, depende do
vínculo afetivo que se estabelece entre a mãe, a
criança, o pai e a família como primeiro grupo social.
Ou seja, o ato de amor da mãe é o primeiro encontro
com a sensibilidade do bebê, mostrando então a
importância do apego e afeto entre mãe-bebê, sendo
reforçado mais tarde, pela convivência com o resto da
família.
O apego ao filho não nasce repentinamente,
este vínculo se estabelece de forma continua, os
bebês contribuem bastante para que ele ocorra desde
as primeiras horas após o parto. Esse elo de afeto
formado é de grande importância para o
desenvolvimento da criança e a sua falta pode
prejudicá-lo também. Um bebê que não foi
amamentado ao seio, não será necessariamente
infeliz, pois mãe e filho podem desfrutar de sensações
incríveis de amor e confiança de outra forma; mas,
esse primeiro momento de amor, cuidado e proteção
sentido pelo bebê na amamentação, principalmente
logo após o nascimento, o sensibiliza para uma
garantia de proteção, amor.
É de muito importante que a mãe tenha um
vínculo com o bebê, pois o ato da amamentação dá a
ilusão ao bebê, da continuidade intrauterina.
A atenção nos primeiros meses de vida, é onde
se terá toda a questão de apego do bebê a mãe, pois
é ao sentir o cheiro da mãe, a fala e o toque, que o
“hormônio do amor” seja liberado, crescendo no bebê
a sensação de cuidado e proteção gerados nesse
momento.
Nutrição: da gestação à Infância 199

“Os efeitos perniciosos da privação variam de


acordo com o grau da mesma. A privação traz consigo
a angústia, uma exagerada necessidade de amor,
forte sentimento de vingança e, em consequência,
culpa e depressão”.16 Percebe-se então, o quanto é
difícil e complicada essa nova fase da mulher, o medo
e a insegurança de não conseguir dá a criança o seu
amor, não percebendo a mãe que essa insegurança
também passa para o seu filho.
Então, o aleitamento, traz a criança segurança,
amor, cuidado e proteção, proveniente do colo e o ato
mais poderoso de amor que possa existir.
Mamães, saibam que seu filho verá na troca de
olhares e afeto, o melhor cuidado e proteção que só
você poderá dá a ele, pois será em você, e somete
você, que trará tranquilidade e conforto de todos os
males e desconfortos que essa nova fase trará a
ambos.

Como iniciar a introdução e oferta alimentar?


O leite humano oferece os nutrientes que a


criança necessita para iniciar uma vida saudável e
representa o alimento essencial para o lactente até o
sexto mês de vida, como alimento exclusivo; a partir
de então, deve ser complementado com outras fontes
nutricionais até pelo menos 2 anos de idade.18
Documentos anteriores da Organização
Mundial de Saúde (OMS) recomendavam o
aleitamento exclusivo por 4 a 6 meses de vida.19
Baseados em evidências científicas dos benefícios do
aleitamento exclusivo, muitos países, dentre eles o
Nutrição: da gestação à Infância 200

Brasil, assumiram oficialmente a recomendação de


alimentos complementares aos 6 meses de idade.20;21
Atualmente, a OMS e a política nacional
coincidem na recomendação da amamentação
exclusiva nos 6 primeiros meses de vida.17;21 Na
busca de um consenso sobre a duração ótima do
aleitamento materno exclusivo, a OMS realizou uma
revisão sistemática das pesquisas publicadas e
concluiu que nenhuma delas mostrou déficit no ganho
de peso e altura para as crianças alimentadas
exclusivamente com leite materno no primeiro
semestre de vida.17 O principal argumento contra a
introdução dos alimentos complementares antes do
sexto mês de vida foi o aumento do risco de episódios
de infecções gastrintestinais.17,20;22;23
Além do aumento da morbimortalidade infantil,
são inúmeras as desvantagens da introdução precoce
dos alimentos complementares, entre as quais
ressaltam-se a interferência na absorção de
nutrientes, como o ferro e o zinco,20 o aumento do
risco de alergia alimentar,22 e a maior ocorrência de
doenças crônico-degenerativas na idade adulta.24 As
demais, com a introdução dos alimentos
complementares antes dos 6 meses de idade, a
criança passa a ingerir menos leite humano, com a
consequente diminuição da produção de leite pela
mãe nutriz,20 redução na duração do aleitamento
materno, diminuição da eficácia da lactação como
meio contraceptivo17 e interferência no
24
comportamento alimentar do bebê .
Mesmo em crianças não-amamentadas, a
recomendação habitual para a introdução dos
Nutrição: da gestação à Infância 201

alimentos sólidos é após os 4 meses de vida.25


Entretanto, a nutrição de uma população não depende
só do acesso desta a uma alimentação adequada,
mas, sobretudo, da educação e cultura da população.
A educação alimentar inicia-se muito precocemente,
nos primeiros meses de vida, quando são construídos
os alicerces dos hábitos alimentares.24
Os pré-escolares de 2 a 6 anos de idade
constituem faixa populacional de grande importância,
devido ao processo de maturação biológica por que
passam, durante o qual a alimentação desempenha
papel decisivo, em especial pela formação dos hábitos
alimentares. Estudos mostram que a correta formação
dos hábitos alimentares na infância favorece a saúde
permitindo o crescimento e o desenvolvimento normal
e prevenindo uma série de doenças
Além de as crianças não estarem
fisiologicamente preparadas para digerir alimentos
sólidos antes do sexto mês de vida, existe também
uma imaturidade neurológica para deglutir alimentos
não-líquidos, evidenciada pela presença do reflexo de
protrusão da língua, através do qual a criança
empurra os objetos que são aproximados dos seus
lábios por isso, normalmente, rejeitam a alimentação
oferecida de colher.19;25 Ademais, os movimentos de
mastigação iniciam se efetivamente em torno de 6
meses, época na qual é recomendada a introdução de
alimentos mais espessos.19 São frequentes os
distúrbios gastrintestinais, particularmente a diarreia,
em lactentes que recebem precocemente alimentos
com amido.19
Nutrição: da gestação à Infância 202

Por sua vez, a introdução precoce de outros


alimentos, como os cereais e vegetais, na dieta de
crianças amamentadas pode comprometer a
absorção de ferro por mecanismos de quelação,23 e o
excesso de amido não digerido pode interferir na
absorção de outros nutrientes e resultar em falha de
crescimento.19 Alimentos preparados também têm
maior chance de contaminação, determinando
diarreias infecciosas.
A desnutrição pode estar relacionada a práticas
inadequadas de desmame, e a qualidade dos
alimentos consumidos pelas crianças pode refletir-se,
a curto e longo prazo, na saúde infantil, por uma
programação nutricional que explicaria doenças da
idade adulta relacionadas a práticas nutricionais
inadequadas no período neonatal 18;17 crônico
degenerativas na idade adulta.17
Muitos de nossos hábitos alimentares são
condicionados desde os primeiros anos de vida.
Dados de investigação sugerem que as crianças não
estão dotadas de uma capacidade inata para escolher
alimentos em função do seu valor nutricional, pelo
contrário, os seus hábitos são aprendidos a partir da
experiência, da observação e da educação. O papel
da família e da equipe da escola na alimentação e na
educação nutricional das crianças é, portanto,
inquestionável e assume particular importância uma
vez que pode oferecer uma aprendizagem formal a
respeito do conhecimento de alimentação saudável.
Nutrição: da gestação à Infância 203

Quando iniciar a introdução alimentar?


A introdução alimentar deve ser feita aos 6


meses de idade da criança e de forma gradativa e sem
presa. Antes disso não é recomendado pois a criança
ainda não tem o sistema digestório prontos e também
não tem um bom controle de mastigação, causado
assim um grande risco de engasgo. Outro ponto
importante é o bebe já conseguir sentar e segurar a
cabeça sozinho, essa habilidade acorre por volta de
5-7 meses.
A criança tende a rejeitar as primeiras ofertas
de alimentos pois tudo é novo. Ela(e) vai ingerir uma
quantidade pequena no início e logo a mãe deve
ofertar o peito após o alimento complementar, sempre
após cada refeição deve ser oferecido agua filtrada.
Os bebes já estão acostumados com o gosto
mais adocicado do leite materno, por isso recomenda-
se iniciar a alimentação com frutas. Devemos
começar com frutas mais doces como: banana, maça,
perâ. Ofereça duas frutas diferentes por dia; escolha
a fruta da época. Ofereça a fruta amassada por 3 dias
seguidos afim de observar alguma reação alérgica.
Logo podemos incluir em mais um horário do dia.
Respeitando sempre a criança e nunca força-la a
comer. A primeira introdução pode ser feira por 15
dias.
As papinhas salgadas devem ser preparadas
especialmente para o bebe. Os alimentos devem ser
bem cozidos. Nesse cozimento deve sobrar pouca
agua, ou seja, os alimentos devem ser cozidos em
Nutrição: da gestação à Infância 204

agua sufiente para amacia-los. Ao colocar o alimento


no prato ele deve ser amassado com garfo ao ponto
de ficar pastoso (papa/purê) nunca passado em
peneira ou batido em liquidificador. Desde cedo a
criança deve acostumar-se a comer alimentos
variados. Só uma alimentação variada evita a
monotonia da dieta e garante a quantidade de ferro e
vitaminas que a criança necessita, mantendo uma boa
saúde e crescimento adequado.
A formação dos hábitos alimentares é muito
importante e começa muito cedo. É comum a criança
aceitar novos alimentos apenas após algumas
tentativas, e não nas primeiras. O que pode parecer
rejeição aos novos alimentos é resultado do processo
natural da criança em conhecer novos sabores e
texturas, e da própria evolução da maturação dos
reflexos da criança. Os alimentos devem ser
oferecidos separadamente, para que a criança
aprenda a identificar as suas cores e sabores.
Colocar as porções de cada alimento no prato,
sem misturá-las. Inicie dando primeiro no almoço a
papinha e na segunda semana no jantar. Prepare as
papinhas usando temperos naturais como alho,
cebola, salsinha e azeite. Use colher de plástico ou
silicone. Com um ano de idade a criança já deve estar
comendo o mesmo alimento da família.
Nutrição: da gestação à Infância 205

Como lidar com a rejeição alimentar do bebê?

A rejeição alimentar é um quadro conflitante


onde o lactente passa a ser apresentado a outros
alimentos e a recusa. É conflituoso porque gera

momentos de tensão e angústia para mãe, bebê e


toda a família. Não é adequado partir apenas do
pressuposto de que a criança não gosta do alimento,
pois existem fatores adicionais para que haja essa
renúncia.
O ato de comer deve ser algo divertido, natural,
amoroso e envolvente, caracterizador do ambiente
familiar, ou seja, a dinâmica dos envolvidos afeta
diretamente a reação da criança em aderir ou não a
nova fase de alimentação.
É muito importante que ao se iniciar a oferta de
alimentos os pais estejam conscientes de que esse
processo gera consequências a curto e longo prazo
no que tange a qualidade e durabilidade de vida dos
Nutrição: da gestação à Infância 206

pequenos, pois gerará memória nutricional e hábitos


alimentares complexos. A potencialização de
desenvolvimento e crescimento dos bebês está
intimamente ligada à oferta de macro e
micronutrientes em quantidades e qualidades
adequadas nesta fase intensa de mudanças, onde o
organismo se torna mais exigente, o sistema
imunológico começa a ser mais responsivo e atos de
mastigação, deglutição, digestão e excreção estão
aptos para receber outros alimentos além do leite
materno.
O período preconizado pela OMS para
introdução alimentar é a partir dos seis meses de vida,
visando tanto o desmame precoce quanto um retardo
de crescimento e desenvolvimento por falta de aporte
energético-proteico, vitaminas e minerais pertinentes
à fase.
Os alimentos para a introdução alimentar
devem ser os da rotina familiar adaptados em textura
/sabor para o bebê, fator que reforça a necessidade
de boas escolhas por parte dos pais para que esse
processo se estenda a criança. Quanto mais
adequada for a alimentação dos pais, mais facilmente
a criança aderirá as ofertas alimentares. Crianças
amamentadas têm maiores chances de sucesso
porque a criança se familiariza com os sabores
através da dieta da mãe.
O ato de alimentar começa em um ambiente
calmo, sem ruídos, distrações, confortável,
aconchegante e limpo. A partir disso, inicia a oferta,
de modo progressivo e gradual, um alimento por vez,
a cada três a sete dias. Essa execução garante que o
Nutrição: da gestação à Infância 207

bebê conheça e reconheça os sabores e texturas.


Cada oferta deve ser repetida de sete a dez
vezes para ocorrer boa aceitação. A preparação
precisa ser exclusiva, feita de maneira muito higiênica,
com alimentos semissólidos/macios (forma de purê),
amassados e não peneirados e liquidificados, pois tal
textura é benéfica em termos de densidade calórica, e
conforme a criança cresce, aumenta-se a consistência
alimentar até chegar a textura alimentar da família.
Recomenda-se o uso de prato, colher e copo e
o não uso de mamadeiras, a mãe/cuidador podem
apostar em um prato colorido, que estimule e chame
atenção do bebê, os alimentos precisam estar/ ser
bem apresentáveis, ter temperatura adequada, com
gostos característicos. A oferta pode ser antes ou
depois da amamentação. De acordo com OMS,
recomenda-se para crianças menores de dois anos
uma alimentação pautada nos cuidados psicossociais,
ou seja, respeito ao mecanismo fisiológico de auto
regulação do apetite da criança, até que ela esteja
saciada, não há necessidade de forçar alimentação.
As trocas de afeto, olhares, toques, sorrisos devem
ser estimuladas nesse momento, cabe lembrar que
esse é um período de descobertas para o bebê,
portanto, os pais/cuidadores podem deixar ele tocar,
pegar na comida para melhorar a percepção e textura
do alimento.
Nas recusas, as práticas coercitivas são
totalmente desestimuladas e desestimuladoras.
Métodos de “aviãozinho”, “trenzinho” ou de mentiras e
recompensas não são interessantes por forçar a
criança a comer quando ela não quer. O respeito é
Nutrição: da gestação à Infância 208

primordial para uma alimentação satisfatória e plena


em prazer, já que comer é um ato permeado de
significados para além do fornecimento de nutrientes.
E isso começa na introdução alimentar.
De modo geral, os pais/cuidador podem buscar
auxílio de médicos, nutricionistas e basear suas
condutas de acordo com os exemplos a seguir:
• Respeitar o direito da criança de ter aversões e
preferências;
• Respeitar a saciedade, ofertando os alimentos
em pequenas quantidades;
• Não transformar o momento de comer como
algo pesado, cheio de regras, punições e silêncios;
• Procurar manter-se calmo na recusa alimentar;
• Ofertar pratos bonitos, saborosos, coloridos,
diversificados, com texturas adequadas;
• Permitir que, de acordo com a idade e
capacidade, a criança participe da preparação e
montagem dos pratos;
• Respeitar as oscilações alimentares comuns
em todos os indivíduos;
• Criar horários para as refeições, evitando nos
intervalos a oferta de alimentos com baixo valor
nutricional;
• Evitar alimentos ricos em açúcares simples e
gorduras saturadas;
• Evitar uso de mamadeiras e chupetas;
• Preparar o ambiente da refeição com a família
reunida, sem televisão ou outros estímulos que
distraiam a atenção da criança e dos outros
envolvidos;
Nutrição: da gestação à Infância 209

• Proporcionar a troca de afetos, toques, risos,


olhares durante as refeições.

Retorno ao trabalho e a amamentação

Após a licença maternidade é a hora tão dolorosa


para a mamãe e o seu bebê. Ambos sofrem quando
esse momento chega. Muitas se desesperam por não
saberem como lidar com este período de readaptação
e têm grande dificuldade para se organizarem nessa
volta ao trabalho.
O processo de desmame não é algo tão fácil
como muitas acreditam ser, para que isso ocorra de
maneira correta sem que possa prejudicar a saúde do
seu bebê, é necessário que tenham certos
conhecimentos a mais, como: saber fazer a ordenha
manual (a ordenha manual dará mais autonomia do
que a ordenha mecânica), como e onde guardar o leite
ordenhado, tempo de estocagem, como transportar o
leite, como utilizar o leite congelado em seu domicilio,
bem como também quais são os seus direitos
resguardados por lei na licença maternidade.
Segundo a OMS, o aleitamento materno deve
ser exclusivo até os 6 meses de idade, mas muitas
mamães não sabem a importância que esse simples
ato pode trazer de benefícios para o seu bebê, e
devido a isso recorrem a alimentação precoce sem
necessidade.
Nutrição: da gestação à Infância 210

Mas a grande dúvida é como manter a


amamentação de forma a continuar alimentando o seu
bebê com o seu leite de forma segura, quando chega
a hora de dizer: Adeus, licença maternidade?

Tudo o que você precisa saber sobre a ordenha do


leite

Como deve ser feita a ordenha

PASSO A PASSO

1- Prenda os cabelos e use uma touca de banho


ou pano amarrado.
2- Escolha um lugar limpo e tranquilo.
3- Esterilize uma vasilha, deixando ferver por 15
minutos (Exemplo: Pote de maionese).
4- Massageie o peito com a ponta de dois dedos,
iniciando na região mais próxima da aréola indo até a
mais distante do peito, apoiando-a com a outra mão.
5- Massageie por mais tempo as aureolas mais
doloridas.
Nutrição: da gestação à Infância 211

6- Apoie a ponta dos dedos (polegar e indicador)


acima e abaixo da aréola comprimindo o peito contra
o tórax.
7- Comprima o peito com movimentos rítmicos,
como se tentasse aproximar as pontas dos dedos,
sem deslizar da pele.
8- Despreze os primeiros jatos e guarde o
restante no recipiente.

Como e onde guardar o leite ordenhado? Qual o


tempo de estocagem do leite ordenhado?

O leite coletado deve ser guardado em vidros


tampados e esterilizados no freezer ou congelador.
Na o tempo de armazenamento na geladeira é
de até 12 horas e no congelador ou freezer de até 15
dias.

Dicas:

• Recomenda-se coletar, em cada vidro, apenas


o volume aproximado para cada refeição.
• Quando já houver leite congelado de outras
ordenhas: - Coletar em copo de vidro previamente
Nutrição: da gestação à Infância 212

fervido por 15 minutos ou esterilizado - Colocar o leite


recém-ordenhado sobre o que já estava congelado.
• Completar o volume no frasco até no máximo
dois dedos para encher

Como deve ser feito o trasnporte do leite


ordenhado? Como utilizar o leite ordenhado em
seu domicílio?

Deve-se utilizar uma sacola ou caixa térmica e
colocar gelo retirado do freezer ou congelador, o
frasco e fechar. Logo ao chegar em casa, o leite deve
ser armazenado no freezer ou congelador e o seu
descongelamento deve ser feito na geladeira.
O aquecimento deve ser feito em banho-maria
(água quente em fogo desligado), agitando o vidro
lentamente para misturar os seus componentes.
É importante lembrar, que o leite aquecido e não
consumido deve ser desprezado, por isso para que
não haja desperdício, deve ser amornada apenas a
quantidade que o bebê for consumir.

Dicas importantes da cartilha da mãe trabalhadora


que amamamenta

Ø O hormônio responsável pela produção de leite


(PROLACTINA) é liberado mais à noite. Então,
amamentar durante a noite ajuda a manter uma boa
produção de leite.
Nutrição: da gestação à Infância 213

Ø É importante dar o peito sempre que você


estiver com o bebê.

Ø A duração total da licença maternidade pode


ser usada para amamentar exclusivamente.

Ø Nos últimos 15 dias da licença, você pode


começar a retirar o seu leite e estocá-lo no freezer ou
congelador, para que haja um estoque pronto a ser
dado ao bebê quando você começar a trabalhar.

Ø Recomenda-se que a pessoa que vá cuidar do


seu bebê pratique dar o seu leite ao bebê com xícaras,
copinho ou colher durante alguns dias antes do final
da sua licença.

Direitos trabalhistas das mamães

De acordo com o Artigo 392 da Consolidação das


Leis do Trabalho (CLT) as mamães têm direito a:

• Estabilidade no trabalho. As gestantes têm


direito a permanecer no emprego desde o nascimento
do filho até cinco meses após o parto. Se por acaso
ela for demitida e ao tempo da demissão ainda
desconheça que está grávida, deverá utilizar o exame
médico para provar ao empregador que no momento
da dispensa já se estava grávida. Neste caso, a
funcionária pode ser readmitida ou o empregador
deve remunerar a empregada durante todo o período
Nutrição: da gestação à Infância 214

de estabilidade. Se a mulher estiver cumprindo


aviso prévio, seja ele indenizado ou trabalhado,
permanece o direito à estabilidade, pois o vínculo de
emprego só se encerra ao final deste período de
estabilidade, ou seja, cinco meses após o parto. Neste
caso, ela deve ser mantida no emprego.
• Liberação para consultas médicas no horário
de expediente. A CLT prevê o direito da mulher se
ausentar do ambiente de trabalho no mínimo 6 vezes
para exames e consultas no pré-natal. Ou seja,
mediante apresentação de atestado médico referente
ao atendimento, você está no seu direito de faltar para
se consultar e seu salário não pode ser prejudicado
por causa disso.
• Atividade prejudicial à gestação. A CLT
assegura à trabalhadora gestante a transferência de
função quando a atividade exercida for prejudicial à
gestação, como medida de segurança para preservar
a saúde durante este período. Quanto à redução de
jornada, também não há lei que obrigue o
empregador: ele pode ou não conceder. Porém, se a
gravidez for de risco ou os médicos orientarem
repouso, a gestante pode requerer auxílio doença
junto ao INSS, sabendo que será afastada de todas
as suas atividades, mas terá direito a receber o
benefício que substituirá o seu salário.
• Salário maternidade. Todas as mamães
empregadas que tenham realizado o parto a partir da
23ª semana têm direito ao recebimento do salário-
maternidade pelo período de 120 dias, ainda que a
criança não tenha nascido com vida, que seja
entregue para adoção ou para mães que tenham
Nutrição: da gestação à Infância 215

optado por adotar. Nos casos de adoção, os direitos


variam de acordo com a idade do filho: 120 dias, se a
criança tiver 1 ano de idade completo; 60 dias, se a
criança tiver de 1 a 4 anos de idade completos; e 30
dias, se a criança tiver de 4 a 8 anos de idade
completos. Se forem adotadas mais de uma criança,
o benefício é único e será referente à idade da criança
mais nova.
• Licença maternidade. A licença maternidade é
um benefício com duração de 120 dias, garantido a
todas as trabalhadoras regulares, inclusive
domésticas e contribuintes individuais. Sendo
concedido a partir do momento próximo ao parto em
que a trabalhadora é dispensada das suas atividades
profissionais, podendo começar no oitavo mês de
gestação. Enquanto a trabalhadora se mantém de
licença, seu salário é pago normalmente, sem
nenhuma alteração, pelo empregador, descontado
dos créditos que são mensalmente repassados à
Previdência Social.
• Descansos diários. As mamães que estão
amamentando podem ter dois descansos diários de
30 minutos para amamentação no seu horário de
expediente de trabalho, até que o seu bebê complete
seis de idade.
• Ampliação da licença-maternidade. A CLT
prevê de forma facultativa a ampliação da licença
maternidade por mais 60 dias, às mamães que não
são funcionárias públicas, porém a empresa deve
fazer parte do Programa Empresa Cidadã.
Nutrição: da gestação à Infância 216

Dicas finais para as mamães trabalhadoras

v Amamentar antes de sair, e logo que chegar


em sua casa;
v Tirar férias para aumentar a licença
maternidade;
v Aproveitar a pausa para ir amamentar, caso o
trabalho seja próximo a sua residência ou mesmo no
horário de almoço;
v Durma com o seu bebê;
v Ordenhar e estocar o leite antes
da volta ao trabalho;
v Usar outros alimentos em
copos, xícaras ou colher;
v Certifique-se a disponibilidade
da pessoa que irá ficar com o seu bebê
de levá-lo até o seu trabalho para que
possa amamenta-lo nos descansos diários.

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Nutrição: da gestação à infância 225

21. OBESIDADE INFANTIL

Brenda Naiara Sousa de Andrade


Claudio Alexander Bizerra Ribeiro
Débora Siqueira do Sascimento
Débora Vieira da Silva
Ludimila Romualdo dos Santos
Maria Arlete Neves Rodrigues
Sara Silva Montalvão
Savio Henrique dos Santos Araújo
Thais Marques do Nascimento
Vanessa Ximenes Duarte

Introdução

O presente estudo tem como objetivo


discorrer sobre a obesidade infantil que é um fator
que tem gerado por sua vez mais preocupação, pois
o mesmo afeta a saúde da criança e o bem-estar.
Sabendo que a obesidade é o peso em excesso, ou
seja, massa de tecido adiposo acima de 20% do
peso total da pessoa, mas no caso de criança é
acima de 15%, isto se torna ainda mais preocupante,
pois é na infância que somos considerados mais
ativos.
Outro intuito importante é discorrer sobre os
fatores que influenciam a obesidade infantil, sendo
eles:
- Hábitos alimentares;
Nutrição: da gestação à infância 226

- Falta de exercícios físicos, em muitos casos


as crianças não estimuladas a esta prática e
preferem "brincar" com jogos eletrônicos, entre
outras atividades que não envolvem atividade física;
- Fatores biológicos, comportamentais e
psicológicos.
Além dos fatores citados anteriormente a
obesidade infantil acarreta muitos riscos para a
criança como; obesidade mórbida; doenças
ortopédicas e respiratórias; hipertensão; diabetes;
colesterol e triglicerídeos elevados.
Portanto é primordial evitar a obesidade e em
casos de crianças que já sofrem essa influência é
recomendado uma dieta alimentar adequada e que
sejam influenciadas a praticarem atividades físicas
com frequência, mas para isso é preciso que haja
conscientização por parte dos pais que precisam
apoiá-las e reeduca-las corretamente.
Para a elaboração do estudo foi utilizada
como metodologia a pesquisa bibliográfica que
possibilitou a compreensão mais abrangente do
assunto. Buscamos aqui, portanto demonstrar que é
importante se atentar mais a saúde das crianças,
contudo as informações servem para alertar e
conscientizar sobre isso e se atentar aos hábitos
alimentares para busca da preservação e promoção
da saúde infantil.
Influência da gestante e lactante na obesidade
infantil

Durante a gestação, o corpo da mulher passa


por um período de reconhecimento biológico, e o
Nutrição: da gestação à infância 227

estado nutricional da gestante tem a grande


importância de revelar sinais clínicos, nutricionais e
epidemiológicos. E o feto se torna beneficiado dos
nutrientes provenientes de sua mãe, pois ele
depende exclusivamente do organismo dela para o
seu desenvolvimento e crescimento saudável.¹5 O
indevido estado nutricional materno juntamente a
uma insuficiência da ingestão dietética pode
atrapalhar o desenvolvimento do feto, tal como o
estado nutricional da criança ao seu nascimento e
durante os seus primeiros meses de vida.¹5
O excessivo ganho de peso na gestação é
um fator de risco fetal enorme. Alguns estudos
demonstram uma relação entre o ganho de peso
gestacional em excesso e macrossomia.¹5
A macrossomia fetal é definida como o peso
de nascimento superior ou igual ao percentil 90 para
a idade gestacional e sexo, e também, pode ser peso
ao nascer superior a 4000g independentemente da
idade gestacional. Em mulheres com o IMC entre 25
a 29,9 kg/m² observa-se que há o risco de que o
bebê nasça com macrossomia é de 61%. ¹5
O peso do bebê ao nascer pode ser
resultante de uma série de fatores, definidos pelas
condições sociais, biológicas e ambientais às quais
a mulher está sujeita durante a gestação. É
importante ressaltar que o tratamento pré-natal é de
extrema importância para a verificação de riscos e
promover saúde à mãe e à criança.¹5
Em relação a influência da lactante, a
alimentação da criança desde o seu nascimento e
seus primeiros anos de vida tem repercussões em
Nutrição: da gestação à infância 228

toda a vida do indivíduo. O leite materno é capaz de


nutrir adequadamente as crianças nos primeiros seis
meses de vida, porém a partir desse período deve
ser complementada e a adaptação nutricional desse
complemento é fundamental na prevenção de várias
doenças incluindo o sobrepeso.¹7
A exclusividade do aleitamento materno pode
ser fundamental pois pode proteger a criança para a
evolução tardia da obesidade, todavia a maioria dos
resultados são inconsistentes. Na infância, as
chances de adquirir o peso em excesso são duas
vezes maiores em crianças que receberam
aleitamento materno exclusivo por um mês,
comparadas com crianças que foram amamentadas
exclusivamente com leite materno por seis meses.¹8

Consequências da obesidade infantil

As mudanças que ocorrem nos sistemas


orgânicos quando se tem a obesidade podem ser
muito extensas e intensas. Podendo ser reversíveis
desde que se tenha a diminuição de peso e desde
que as partes orgânicas acometidas não tenham
sofrido lesões anatômicas irrecuperável. A
obesidade em longo prazo pode acarretar alguns
problemas, como:
• Crescimento - aumento da estatura,
menarca precoce, idade óssea avançada;
• Respiratórias – infecções, apnéia de
sono, Síndrome de Pickwick;
• Cardiovasculares - morte súbita,
hipertensão arterial, hipertrofia cardíaca;
Nutrição: da gestação à infância 229

• Ortopédicas – osteoartrite, epifisiólise


da cabeça femoral, joelho valgo, coxa vara;
• Dermatológicas - piodermites
particularmente em região de axilas e inguinal,
micoses, estrias, lesões de pele como dermatites;
• Metabólicas - doença dos ovários
policísticos (síndromes hiperandrogênicas), com
oligomenorréia ou amenorréia, resistência à insulina,
diabetes mellitus tipo 2, Hipertrigliceridemia,
hipercolesterolemia, gota úrica, esteatose hepática.

Os prejuízos que causam no aprendizado


e no convívio social e sobre os aspectos sociais
e psicológicos.

A predominância desse distúrbio na infância


está expandindo em todo o mundo. As "crianças
gordinhas" possuem maiores riscos de se tornarem
adolescentes e adultos futuramente obesos e isso
está como resultado associado a fatores que pode
causar complicações futuras como doenças crônicas
inserindo diabetes e hipertensão.
As crianças obesas sofrem duas vezes mais,
por serem mais frágeis e indefesos ao receberem
apelidos cruéis e o isolamento nos esportes e no
convívio social, podendo evoluir para uma cilada
biológica. Isso se deve a vários procedimentos
biológicos que pode sabotar contra os esforços da
criança obesa para avançar a um peso razoável.
A criança diante desse transtorno começa a
confrontar um constrangimento atingindo sistema
emocional desde cedo. Essa ameaça está
Nutrição: da gestação à infância 230

relacionada a muitos fatores, dentre eles a forma


física. Juntos com transtornos psicológicos que são
associados à baixa estima que a criança possa
apresentar. Confronta a ansiedade, a solidão, o
nervosismo e a tristeza, em diversos casos se
tornam violentas, se afasta do convívio social,
evitando contado com outras crianças, criando um
bloqueio para se afastar do mundo social e com isso
as crianças ver uma forma de enfrentar essa
situação na comida.
Para LIBERMAN² "Na adolescência, pode
aparecer um medo mórbido de engordar. A criança
ou o adolescente "aprende" que seu corpo é feio e
desagradável e vai se tornando "inimiga" dele".
Com o percorrer do tempo o isolamento e
intenso, que surge alguns comportamentos, por
exemplo, evitando se expor na praia em piscinas em
áreas públicas em geral, que façam que mostrem
seu corpo em públicos, e com isso eles procuram se
esconder seu corpo em roupas largas. O ideal é
orientar que o contato social dessas crianças seja
num ambiente que seja gratificante, pois futuramente
poupara um adulto com dificuldades e cheios de
problemas.

Diagnóstico da obesidade infantil

A avaliação do estado nutricional tem


apresentado grande importância para compor a
análise de situações de risco no diagnóstico
nutricional, na programação de meios de prevenção
Nutrição: da gestação à infância 231

e melhoria da saúde. Seu destaque é reconhecido


tanto na atenção primária para conduzir o
desenvolvimento e a saúde da criança, também para
identificar mudanças no estado nutricional.
Uma pesquisa realizada nos anos de (2008-
2009) identificou que no Brasil houve um aumento na
quantidade de crianças obesas, especialmente nas
faixas etárias de 5 e 9 anos de idade, dentre as
avaliações foi analisado maior variação do
percentual de obesidade em meninas.
Para avaliar a variação da gordura corporal
através de medidas de dobras cutâneas é pouco
utilizada e sua utilidade na prática clínica apresenta
limitações. Outras avaliações para a avaliação de
quantidade de gordura corporal, como
bioimpedância, ultrassom, tomografia ressonância
magnética e densitometria também não são usados
regularmente para avaliação de crianças.
O acompanhamento do crescimento é
analisado através de gráficos estabelecidos pela
OMS e apresentam percentis diferentes de acordo
com sexo e idade. Sua utilização é evidenciada em
crianças menores de 5 anos, com maior eficácia em
menores de 2 anos, nessa etapa o peso sobressai a
estatura no fator deficiência nutricional.
Segundo a SISVAN, utiliza-se um padrão que
é encontrado no cartão da criança, distribuído pelo
serviço de saúde pública após o nascimento, e é
efetuado o acompanhamento da criança durante
toda a fase da infância. É formado de 3 curvas que
possuem o percentil e escore, onde é analisado a
Nutrição: da gestação à infância 232

situação que a criança se enquadra de forma


exclusiva para cada medida avaliada.
Após a análise, utilizando os dados
antropométricos é disponível avaliar a evolução
ponderal e reconhecer se a criança apresenta riscos
de alteração nutricional, assim podendo reverter o
caso precocemente, de acordo com as referências
das curvas de crescimento, é possível verificar se há
perda ou ganho ponderal, a fim de evitar o
agravamento do quadro, toda a avaliação nutricional
busca a prevenção ou tratamento para as alterações
no estado nutricional infantil, como a obesidade, os
aspectos de qualidade de vida tem grande influência
e o habito de uma alimentação saudável influi
grandemente no desenvolvimento da obesidade
infantil.

Prevenção da obesidade infantil

A prevenção da obesidade na infância é a


forma mais segura de controle da doença em sua
forma crônica grave, que pode se iniciar desde a vida
intrauterina até a adolescência. A importância da
prevenção na infância origina-se da associação da
obesidade com doenças crônicas do adulto, que
pode manifestar já na infância. A fase intrauterina é
um estágio crítico para o progresso da obesidade,
assim como o primeiro ano de vida e a adolescência.
Inicia-se durante o período pré-natal a
avaliação dos fatores de risco no histórico familiar,
como a ocorrência de doenças cardiovasculares,
hipertensão, diabetes mellitus, dislipidemias, entre
Nutrição: da gestação à infância 233

outros fatores, é avaliado o estado nutricional da


gestante e monitorado durante toda a gestação,
orientando-a sobre o consumo de alimentos
saudáveis e a pratica de atividades físicas, a fim de
evitar o nascimento de recém-nascidos prematuros,
baixo peso ou macrossômicos.
O acompanhamento durante a puericultura é
fundamental, é realizado avaliações de peso, altura,
IMC, monitoramento das curvas existentes, a fim de
reconhecer sinais de obesidade e intervir da maneira
correta. Estimular o aleitamento materno, orientar os
pais a respeito da introdução alimentar, estimular o
consumo adequado de frutas, legumes, verduras, e
limitar o consumo de gorduras. A família tem um
papel extremamente importante nos hábitos
alimentares da criança, monitorar a influencia no
comportamento da criança, modificar o estilo de vida
de todos.
A escola é essencial no processo de
prevenção da doença, no âmbito da merenda
escolar, dos alimentos servidos na cantina, e os
lanches enviados pelos pais para a escola, sempre
se atentando em manter alimentos saudável, com
menor teor de colesterol, gorduras, açúcar e sódio.
A inserção de educação nutricional é de extrema
importância para contribuir na promoção a saúde,
promover a prática de atividades físicas.
A família e a escola são de importante
influência na alimentação da criança, a participação
da sociedade como um todo influi diretamente nos
hábitos dos pequenos, a divulgação de documentos
científicos que mostram melhorias em seguir uma
Nutrição: da gestação à infância 234

alimentação saudável e atividade física, estimulam o


conhecimento de todos, a mídia deve apresentar em
sua programação os malefícios ocasionados pela
má alimentação e estimular o estilo de vida saudável,
a indústria alimentar deve viabilizar produtos
alimentares com menor concentração de sal,
gorduras saturadas e açúcar, melhorar as
informações da rotulagem a fim de esclarecer melhor
os ingredientes para o consumidor.
O poder público deve buscar melhorias para a
qualidade de vida da sociedade, otimizando parques
e centros de recreação que impulsionem a pratica de
atividades físicas.
A prevenção da obesidade apresenta custo
menor para a saúde do país e maior eficácia do que
tratar suas morbidades, buscando a promoção a
saúde, estilo de vida saudável, prevenção do ganho
excessivo de peso, estimulação do gasto energético
e pratica de atividade física, buscando todos esses
fatores a obesidade infantil cairá e nossas crianças
cresceram saudáveis e felizes.

Tratamento da obesidade infantil

As medidas fundamentais para o tratamento


da obesidade infantil são as mesmas entre os
especialistas. Incluem modificações no plano
alimentar, no comportamento e na atividade física.7
Segundo Vertelo9, é muito importante a atuação de
Nutrição: da gestação à infância 235

uma equipe multidisciplinar, além da atuação dos


profissionais no ambiente escolar, contribuindo com
uma reeducação alimentar.
O tratamento de crianças com obesidade
deve ser acompanhando por uma equipe
multidisciplinar, pois as possibilidades de
permanência na vida adulta estão relacionadas com
o tempo de duração da doença e a sua gravidade,
somado ao risco de doenças.6
Existem inúmeras abordagens terapêuticas
para os problemas da obesidade infantil, como o
atendimento ambulatorial individualizado,
programas de educação em grupo, medicamentos e
abordagens cirúrgicas. Portanto, alguns princípios
são importantes no tratamento da obesidade, entre
eles: estabelecer objetivos e intervenções de
tratamento individuais baseados na idade da
criança, grau de obesidade e na presença de
comorbidades; oferecer assistência e
monitoramento frequentes; considerar os fatores
comportamentais, psicológicos e sociais envolvidos
no ganho de peso; fornecer recomendações para
mudanças na dieta e aumento na atividade física,
que podem ser implementadas dentro do ambiente
familiar e que promovam a saúde, crescimento e
desenvolvimento adequado.4
É essencial que os pais estejam presentes no
tratamento. Quando os mesmos participam, a
ansiedade da criança é reduzida e a mesma enfrenta
menos risco de sofrer pressão familiar. O tratamento
da obesidade na infância é mais trabalhoso, pois a
criança não compreende os danos causados pela
Nutrição: da gestação à infância 236

síndrome, além de estar relacionado a mudanças de


hábitos e disponibilidade de tempo dos pais.8

Sugestão de cardápios saudáveis para crianças

Para dar finalidade ao capitulo será


demonstrado sugestões de cardápios para crianças
de 0 a 12 anos, para que possam manter uma
alimentação saudável e equilibrada de acordo com
sua idade.
CRIANÇA DE 0 A 2 ANOS

É de suma importância que se faça a


introdução alimentar primeiro com legumes e
cereais, para só depois introduzir as proteínas e as
frutas, visto que, isso faz com que a criança não
tenha preferência por alimentos adocicados.
Nutrição: da gestação à infância 237

CRIANÇA DE 3 A 6 ANOS
Nutrição: da gestação à infância 238

CRIANÇA DE 7 A 10 ANOS

Refeição Quantidade Medidas Alimento


Café da 1 Copo 250 ml Leite integral com
manhã 1 Unidade café
1 Fatia media Pão integral
1 Unidade Queijo branco
Banana
Lanche da 1 Unidade Iogurte natural com
manhã frutas vermelhas
Almoço 3 Colher de sopa Arroz branco
2 Colher de sopa Feijão carioca
1 Unidade Filé de frango
3 pequena grelhado
2 Colher de sopa Chuchu cozido
1 Colher de sopa Cenoura cozida
1 Colher de sopa Salada (alface +
Copo 250 ml tomate + pepino +
palmito)
Suco de morango
Lanche da 2 Fatias Torrada integral
tarde 1 Colher de com cereais
1 sobremesa Requeijão
1 Copo 250 ml Suco de laranja
Unidade natural
Maçã
Jantar 3 Colher de Arroz branco
2 Sopa Feijão carioca
1 Colher de sopa Carne cozida
2 Unidade media Beterraba cozida
2 Colher de sopa Brócolis
1 Ramos Salada (alface +
Colher de tomate + cereja +
arroz milho verde)

Ceia 1 Unidade Laranja


Nutrição: da gestação à infância 239

CRIANÇA DE 11 A 12 ANOS

Refeição Quantidade Medidas Alimento

Café da manhã 1 Copo 250 ml Leite integral


1 Unidade com café
1 Fatia media Pão integral
1 Unidade Queijo branco
Banana maça

Lanche da 1 Unidade Iogurte natural


manhã com mel e
granola
Almoço 4 Colher de sopa Arroz branco
3 Colher de sopa Feijão carioca
1 Unidade media Filé de frango
3 Colher de sopa grelhado
2 Colher de sopa Vagem cozida
2 Colher de sopa Cenoura cozida
1 Copo 250 ml Salada (alface +
tomate +
pepino)
Suco de caju
Lanche da 2 Fatias Torrada integral
tarde 1 Colher de com cereais
1 sobremesa Requeijão
1 Copo 250 ml Suco de laranja
Unidade natural
Maçã
Jantar 3 Colher de Sopa Arroz branco
2 Colher de sopa Feijão carioca
2 Unidade media Carne cozida
2 Colher de sopa Beterraba
5 Ramos cozida
1 Colher de arroz Brócolis
Salada (alface +
tomate + milho
verde)

Ceia 1 Unidade Pêssego


Nutrição: da gestação à infância 240

REFERÊNCIA

1. MEDEIROS, Geraldo. O gordo absolvido, São


Paulo, editora arx, 2002.

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Paulo, editora junguiana 1994

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obesidade na infância e na adolescência, São Paulo,
editora manole, 2004.

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P. R. T. Tratamento da obesidade na infância e
adolescência: uma revisão da literatura. Rev. med.
minas gerais 2008;18(4supl1):s131-s138. Disponível
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do centro universitário Isabela Hendrix; 2011.
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https://www.mastereditora.com.br/periodico/201404
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Nutrição: da gestação à infância 241

7. SOARES, D. L.; PETROSKI, l. E. Prevalência,


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Disponível em:
https://www.researchgate.net/profile/edio_petroski2/
publication/242257103_prevalencia_fatores_etiologi
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7b030cf267bdb902c021/prevalencia-fatores-
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8. TORRES, l. A. A.; FURUMOTO, v. A. R.;


ALVES, d. E. Avaliação e tratamento da obesidade
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http://crn1.org.br/images/teses/avaliacao.doc.

9. VERTELO, M. M. Estudos e estratégias para


prevenção e tratamento da obesidade infantil no
âmbito escolar. Trabalho de conclusão de curso,
aprovado em junho de 2011. Disponível:
http://bdm.unb.br/bitstream/10483/1749/1/2011_mar
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10. HERNANDES, F.; VALENTINI, M. P.


Obesidade: causas e consequências em crianças e
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Educação Física da UNICAMP. Campinas. v. 8; n.
3; p. 47-63, set/dez, 2010.

11. MELLO, E. D.; LUFT, V. C.; MEYER F.;


Obesidade Infantil: como podemos ser
eficazes? Jornal de Pediatria. v.80, n.1, p. 173-182,
2004.
Nutrição: da gestação à infância 242

12. OBESIDADE NA INFÂNCIA E


ADOLESCÊNCIA – manual de orientação /
sociedade brasileira de pediatria. Departamento
científico de nutrologia. 2ª. Ed. – São Paulo: sbp.
2012. p.142

13. Incorporação das curvas de crescimento da


organização mundial da saúde de 2006 e 2007.
Sisvan, 2007.

14. DIAGNÓSTICO DA OBESIDADE INFANTIL -


Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e
da Síndrome Metabólica – ABESO. Disponível em:
http://www.abeso.org.br/uploads/downloads/25/552f
e98518b8a.pdf

15. A INFLUÊNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL


DA GESTANTE NA SAÚDE DO RECÉM-NASCIDO,
Revista Brasileira de Ciências da Saúde - Volume 13
Número 1 Páginas 31-40 2009

16. INFLUÊNCIA DA OBESIDADE MATERNA


DURANTE A GRAVIDEZ, - Saúde & Amb. Rev.,
Duque de Caxias, v.5, n.1, p.26-32, jan-jun 2010.

17. O ALEITAMENTO MATERNO NA


PREVENÇÃO DA OBESIDADE INFANTIL, Revista
Brasileira de obesidade, nutrição e emagrecimento –
São Paulo, volume 1, n 5, pg 08-14, set/out 2007
Nutrição: da gestação à infância 243

18. MASQUIO, Deborah C. L. et al. Influência do


aleitamento materno na obesidade e fatores
cardiovascular. REAS, Revista Eletrônica Acervo
Saúde, v.6, n. 2, p. 598-616, 2014
Nutrição: da gestação à infância 244

22. OBESIDADE GESTACIONAL

Adelaine Lacerda de Sousa Machado


Deyse Anne Lima Costa
Fernanda Vinhal Nepomuceno
Gabriela Soares Batista do Carmo
Luiza Mendes Rissi
Márcia Ferreira de Oliveira

Obesidade é caracterizada pelo excesso de


gordura corporal no indivíduo. É uma doença crônica
que atinge grande parte da população mundial,
acometendo indivíduos de todas as faixas etárias,
níveis educacionais e socioeconômicos. Sua causa
é multifatorial, contudo, a associação entre
sedentarismo e maus hábitos alimentares
desempenha um papel importante na etiologia da
doença.
Ademais, é um grande fator de risco para uma
série de doenças crônicas não transmissíveis, como
Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial,
Dislipidemias, Doenças Cardiovasculares,
alterações endócrinas, vários distúrbios
psicológicos, entre outras.
Existem várias formas de diagnosticar esta
fisiopatologia, sendo o parâmetro mais utilizado o
Índice de Massa Corporal (IMC). E, nos termos das
classificações preconizadas pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), o paciente deve estar com
o IMC ¬≥ 30,0 kg/m².
Nutrição: da gestação à infância 245

Obesidade Gestacional

Estudos recentes preconizam que o ganho de


peso excessivo durante o período gestacional pode
contribuir para um resultado obstétrico desfavorável.
Neste sentido, temos como exemplo a nutrição
inadequada na vida intrauterina, que pode ser
associada com a inadequação do estado nutricional
materno, além de poder alterar a expressão
genética, a suscetibilidade individual às
complicações perinatais e aumentar o risco de
síndrome metabólica e outras doenças crônicas na
vida adulta. ³
Neste sentido, mulheres obesas tem maior
predisposição à maiores complicações gestacionais,
tais como diabetes gestacional, síndromes
hipertensivas, abortos espontâneos, pré-eclâmpsia e
macrossomia fetal. 4
Em estudo realizado no Rio Grande do Sul,
em 2012, foram avaliadas mais de mil gestantes,
com base no peso inicial e final gestacional, de
maneira a calcular o índice de massa corporal,
verificando-se que quanto maior o IMC pré-
gestacional, maior a chance do ganho de peso
excessivo durante a gestação. Demonstrando assim,
o aumento deste quadro na população e tornando-
se motivo de grande preocupação entre os
profissionais de saúde.
O Institute of Medicine dos Estados Unidos
(IOM), The Society of Obstetricians and
Gynaecologists of Canada (SOCG), a OMS e o
Ministério da Saúde recomendam que o ganho de
Nutrição: da gestação à infância 246

peso na gestação deve ser avaliado individualmente,


de acordo com o estado nutricional da gestante,
medido pelo IMC pré-gestacional. Assim, mulheres
que apresentem baixo peso ponderal devem ter um
ganho ponderal de 12,5 a 18,0 kg; gestantes de peso
adequado de 11,5 a 16,0 kg; mulheres com
sobrepeso de 7,0 a 11,0 kg; e, por fim, gestantes
obesas devem apresentar ganho menor ou igual a
7,0 kg.
De acordo com a Organização Mundial de
Saúde, o monitoramento do ganho de peso durante
a gestação, é um procedimento de baixo custo e de
grande importância para o estabelecimento de
intervenções nutricionais visando a redução dos
riscos maternos e fetais.

Diabetes Melitus Gestacional (DMG)

A Diabetes Melitus Gestacional é


diagnosticada no período gestacional. No início se
apresenta com níveis elevados de glicose no
sangue, quando não há produção suficiente de
células beta-pancreáticas para suprir a demanda de
insulina.
Dentre seus fatores de risco, estão
relacionados o histórico familiar de diabetes, a idade
da gestante superior a 25 anos, antecedentes
obstétricos como macrossomia e ganho de peso
excessivo. ,
Ao final da gestação, grande parte das gestantes,
voltam à tolerância normal de insulina, uma vez que
há a redução dos hormônios contrainsulínicos no
Nutrição: da gestação à infância 247

período pós-parto, retornando aos seus valores pré-


gestacionais.
Em um estudo de revisão bibliográfica sobre
o diabetes gestacional, realizado em Campinas-SP,
foi demostrado que essas mulheres acometidas pela
DMG podem vir a desenvolver Diabetes tipo 2
posteriormente ao parto, demonstrando-se assim, a
importância do acompanhamento pós-parto e na
preparação da próxima gestação. 7,
O controle da patologia consiste em oferecer
à gestante orientações nutricionais, insulinoterapia
associados a prática de atividades físicas e uma
reeducação alimentar, a fim de reduzir o ganho de
peso excessivo semanal e não gerar complicações
futuras.
A dieta deve ter equilíbrio entre os
macronutrientes, onde carboidratos devam perfazer
um total de 45-65% do Valor Energético Total (VET),
as proteínas 15-20% (com um adicional diário de 10g
ou 1,1g/Kg de peso pré-gestacional/dia, com a
ingestão total recomendada de 71g/dia) e os lipídeos
de 20-35%.
Segundo a Americam Dietetic Association
(ADA), os carboidratos não devem possuir um
quantitativo inferior a 130g/dia, visando a garantia do
melhor controle glicêmico, além de não trazer efeitos
deletérios à gestante.
Ademais, deve ser preconizada uma
alimentação diária com alimentos naturais,
carboidratos integrais de baixo índice glicêmico,
frutas, vegetais e proteínas de alto valor biológico. E,
Nutrição: da gestação à infância 248

a dieta deve ser fracionada, com geralmente cinco a


seis refeições por dia. 7,

Pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia é uma doença exclusiva do


período gestacional, de causa desconhecida,
caracterizada por uma invasão trofloblástica
deficiente, que leva a uma lesão endotelial, com
espasticidade difusa, associada a
hipercoagulabilidade, inflamação, hiperlipidemia, e
resistência insulínica (Roberts, JM.)
O aumento da pressão sanguínea gera efeitos
danosos ao sistema vascular, hepático, renal e
cerebral, podendo causar morbimortalidade materna
e fetal
Geralmente, esta doença é diagnosticada
após a 20ª semana gestacional, com a aferição da
pressão arterial igual ou maior que 140/90 mmHg,
aferida duas vezes, separadas por períodos de 4 a 6
horas, além da presença de proteinúria ≥ 0,3 g/24h,
seguido ou não de algumas alterações como
hemoconcentração, hipoalbuminemia, alteração de
provas de função hepática ou das provas de
coagulação e aumento dos níveis do ácido úrico.
O índice de massa corporal e a resistência à
insulina são fatores de risco significativos para o
desenvolvimento da pré-eclâmpsia, além de
histórico familiar, fatores genéticos e tabagismo. 12
O tratamento da pré-eclâmpsia é
medicamentoso, com prescrição de corticosteroides,
que possuem a finalidade de facilitar a maturação do
Nutrição: da gestação à infância 249

pulmão fetal em gestações prematuras, além da


manipulação de sulfato de magnésio, que
apresentou efetividade na redução de risco de óbito
materno, associada à dieta hipossódica.

Síndromes Hipertensivas Específicas da


Gestação (SHEG)

As Síndromes Hipertensivas Específicas da


Gestação se distinguem pela leve alteração dos
níveis de pressão, até hipertensão arterial grave,
colaborando consideravelmente para a
morbimortalidade materna e fetal. Apesar de sua
causa ser desconhecida, existem diversos fatores de
risco que aumentam sua propensão, como diabetes,
doença renal crônica, obesidade, pré-eclâmpsia,
e/ou hipertensão arterial crônica.
O tratamento mais efetivo consiste na
prevenção pré-gestacional da obesidade e
hipertensão arterial, controlados por meio de dietas
equilibradas, adequadas e saudáveis, já que o
método convencional como o tratamento anti-
hipertensivo não apresenta o resultado esperado.

Macrossomia fetal

A macrossomia fetal somente é diagnosticada


quando há o nascimento do bebê, uma vez que é
caracterizada quando seu peso for superior a 4kg, é
independentemente da idade gestacional ou quando
possuir peso acima do percentil 90, em curvas
adequadas para sexo e população. Este peso
Nutrição: da gestação à infância 250

elevado, pode desenvolver aumento do risco de


lacerações perinatais, ocasionalmente fazendo-se
necessária a realização de cesárea.6, 9
Diagnosticar essa patologia antes do parto
tem se mostrado uma tarefa desafiadora, motivo
pelo qual é desempenhada pela associação dos
fatores de risco maternos, tais como: peso pré-
gestacional, ganho ponderal durante a gravidez,
diabetes melitus gestacional ou pré-gestacional e
obesidade. 17
O tratamento desta doença consiste na
prevenção dos fatores de risco maternos.

Conclusão

Diante de todo o exposto, é possível verificar,


que os hábitos alimentares estão envolvidos em todo
o contexto de saúde e prevenção de doenças. E a
dieta adequada, saudável e individual pode reduzir
em larga escala a taxa de obesidade mundial,
contribuindo assim para a diminuição do
aparecimento de doenças da gestação como
diabetes gestacional, síndromes hipertensivas, pré-
eclâmpsia, entre outras, além de propiciar um
desenvolvimento saudável do bebê e qualidade de
vida de ambos.
Portando, fica evidente a importância do
acompanhamento nutricional adequado no período
pré-natal, afim de promover a orientação sobre
hábitos alimentares, assim como o controle ponderal
de peso com uma alimentação balanceada.
Nutrição: da gestação à infância 251

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Nutrição: da gestação à infância 254

Ficha Técnica
Livro Nutrição: da Gestação à Infância
Coordenadores: Lucas Costa Guimarães, Nathieli
De Lima Vieira
Diagramação: Daniarly da Costa
Supervisor do projeto: Jonas Rodrigo Gonçalves
Editor: Jonas Rodrigo Gonçalves
Revisão linguística e metodológica feita pelos
autores de cada capítulo
Edição: 2ª edição.

Local da publicação: Brasília-DF.
Editora: JRG.
Ano de publicação: 2018.
ISBN:

Editora JRG

Supervisor dos projetos da editora: Jonas Rodrigo
Gonçalves.

Contato: +55 (61) 99204-5557.

Endereço eletrônico: www.editorajrg.com


A editora JRG, bem como os coordenadores desta


obra, não se responsabilizam pelas questões de
diretos autorais, que são de inteira responsabilidade
dos autores de cada capítulo.

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