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PSICOLOGIA DA

EDUCAÇÃO

Daiane Duarte Lopes


Teorias da aprendizagem
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer os principais pesquisadores da psicologia da educação.


„„ Identificar as diferentes correntes teóricas da aprendizagem.
„„ Relacionar as teorias da aprendizagem com os processos de ensino
e aprendizagem.

Introdução
As teorias da aprendizagem compreendem um amplo espectro de abor-
dagens e conceitos, elaborados a partir da visão de diversos teóricos e com
influência do contexto social e histórico nos quais se inserem. Conforme
as pesquisas de muitos desses teóricos, a aprendizagem pode ser flexível
em sua multiplicidade de possibilidades, que atravessam o tempo e as
transformações sociais.
Neste capítulo, você conhecerá os principais autores que contribuíram
para a psicologia da educação, identificará as diferentes correntes teóricas
da aprendizagem e, para concluir, estudará sobre a relação entre as teorias
da aprendizagem com os processos de ensino e aprendizagem.

Psicologia da educação: principais


pesquisadores
Em meio à lógica racionalista do século XIX, a psicologia tomou seus primeiros
contornos enquanto ciência, inicialmente, desenvolvendo seus estudos com
base em observações sistemáticas e com a criação de métodos experimentais,
ambos com isenção de pressupostos, por meio do distanciamento de conhe-
cimentos do senso comum, e objetivando a verificação de manifestações
puramente externas.
Até o final do século XIX, a psicologia se relacionou com a educação
através da filosofia, sendo esta relação geradora de conceitos psicológicos
2 Teorias da aprendizagem

sobre o desenvolvimento dos processos educativos viáveis para a formação


da base da psicologia da educação. A filosofia influenciou diretamente os
modos de elaboração de intervenções da psicologia em ambiente educativo,
particularmente em ambiente escolar.
Essas concepções iniciais foram ponto de partida para muitos teóricos
despertarem seus interesses e desenvolverem de maneira mais aprofundada
suas teorias. Dentre esses teóricos se destacam Sigmund Freud, Jean Piaget,
Henri Wallon e Levy Vygotsky, autores cujos estudos contribuíram diretamente
para a área da educação.

Sigmund Freud (1856-1938)


Reconhecido como pai da teoria psicanalítica, inovou o campo teórico da
ciência psicológica ao aderir o corpo biológico ao funcionamento da mente. Ou
seja, a partir de sua visão enquanto fisiologista, Freud buscou conexões entre
os pensamentos neurológicos e pensamentos filosóficos. Em suas pesquisas,
Freud referiu sobre o funcionamento da sexualidade humana, entendendo-a
como influenciadora dos processos mentais e criando, dessa maneira, as
teorias psicossexuais.
As teorias psicossexuais de Freud foram pioneiras em atribuir o conceito
de sexualidade ainda nas primeiras fases do desenvolvimento humano e co-
laboraram de maneira significativa para a educação, ao entender o funciona-
mento psíquico em três setores: o inconsciente ou id, relacionado aos desejos,
motivações e impulsos primitivos, inerente a todos os seres e estruturante
dos demais setores; o pré-consciente ou superego, relacionado à constituição
de valores morais e culturais, atuando como uma censura; o consciente ou
ego, relacionado ao modo de interagir com a realidade do contexto, buscando
equilíbrio entre a realização dos desejos mais primitivos com sua adequada
expressão ao ambiente (FREUD, 1997).

Jean Piaget (1896-1980)


Também desenvolveu sua visão sobre a educação baseada em estágios do
desenvolvimento, indo do que chamou de período sensório motor – entre o
nascimento até os dois anos de idade – ao período operatório abstrato – dos
doze anos de idade em diante. Piaget referiu especial importância à intera-
ção da criança com seus pares, com seu professor e com a escola, ambiente
responsável por proporcionar uma ampliação dos processos de assimilação,
mediante a promoção de atividades que estimulem e desafiem, motivando a
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aprendizagem por meio de desequilíbrios e reequilíbrios de maneira ininter-


rupta. Dessa forma, o sujeito, na visão de Piaget, é um elemento ativo que busca
compreender o contexto em que está inserido, construindo problematizações
constantes sobre sua noção singular de mundo e buscando perceber, também,
sua influência nesse contexto.
Piaget propõe uma ideia de sujeito intelectualmente ativo, que observa,
questiona, compara, classifica, ordena, constrói e reconstrói hipóteses. Assim,
na visão piagetiana, a educação deve promover uma composição de sujeitos
inventivos, criativos e criadores em busca de autonomia e desenvolvimento
contínuo e constante. Dessa forma, a escola é um ambiente que pode ofertar,
para além dos conteúdos, uma possibilidade de conceber novas maneiras de
aprender (Figura 1).

Figura 1. O ambiente escolar pode propiciar o aprendizado além dos conteúdos.


Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com

Henri Wallon (1879-1962)


Militante em essência, coordenou um projeto, o Langevin-Wallon, que propunha
uma educação com garantias de direitos e reconhecimento da afetividade no
processo de aprendizado. Wallon fez referências ao copo orgânico, afetivo e
social, com forte respeito às emoções na aprendizagem, estruturando suas
teorias em quatro bases: o movimento, referindo-se à liberdade de expressão
corporal como conector para a assimilação do conhecimento; a afetividade,
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com seu conteúdo emocional, por meio da percepção e da elaboração das


emoções; a inteligência, como processo a ser estimulado em consonância ao
modo de ser e estar no mundo; e a formação do “Eu”, como ser constituído e
constituinte no contexto no qual está inserido e no mundo.
Na visão de Wallon, as emoções são elementos essenciais para o desen-
volvimento do sujeito, pois são sinalizadoras de desejo, contentamento e
disponibilidade do ser em busca de ampliação de conhecimentos acerca do
mundo e de si. Por isso, ao processo de aprendizagem não poderia estar ade-
rido à reprovação escolar, pois a reprovação representava exclusão, negação
e expulsão.
As teorias wallonianas, ou teorias socioafetivas, referem-se a um sincre-
tismo dialético, no qual concepções diferentes podem se agregar, promovendo
conflitos; são justamente esses conflitos fundamentais para o desenvolvimento
da aprendizagem e do intelecto. Aspectos como esses atribuíram uma noção
de humanização da educação às teorias de Wallon.

Lev Vygotsky (1896-1934)


Apesar de não ter realizado formação em psicologia e embora tenha tido uma
vida breve, foi um dos maiores colaboradores para a psicologia do século XX,
sendo o inspirador dos primeiros estudos da psicologia cultural-histórica.
Chegou a produzir cerca de duzentas obras, nas quais seu objeto de maior
interesse foi o desenvolvimento mental dos sujeitos e, por isso, concedia
especial importância ao conteúdo das propostas pedagógicas.
Na teoria de Vygotsky, os signos e a linguagem simbólica são instrumentos
de mediação entre o universo interno do sujeito e a realidade. Para Vygotsky, a
aprendizagem se desenvolve desde o nascimento, pois, em seu entendimento,
os sujeitos só despertam seu desenvolvimento conforme aprendem. A partir
dessa teoria, o modo como cada sujeito aprende tem relação, também, com
a disponibilidade do apoio educacional. Assim, em suas obras, Vygotsky
relaciona os conceitos e as tarefas que a criança consegue assimilar sozinha
como zona de desenvolvimento real, e os que a criança não realiza sozinha,
mas desempenha quando instruída e ensinada, como zona de desenvolvimento
proximal, defendendo que a prática educativa deve atuar como mediadora e
facilitadora desses desenvolvimentos.
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Para Vygotsky (1988), a linguagem é uma construção social, viável para promover
mudanças tanto nas funções psicológicas, como na formação do pensamento, da
memória e da atenção, quanto na aptidão para ater-se aos estímulos do contexto e
promover transformações nas escolhas.

Teorias da aprendizagem: correntes teóricas


A aprendizagem, como movimento integral e incessante de contínuo desen-
volvimento, inerente a todos os seres ao logo de sua trajetória de vida, eclode
globalmente com amplo espectro de influência individual ou coletiva. Aprender
é reflexo de relações criadas com o contexto, conforme seus aspectos afetivos e
possibilidades de criação com o social. Dessa maneira, cada sujeito tem, em si,
um processo único para o desenvolvimento da aprendizagem (ALLPORT, 1973).
A aprendizagem se desenrola conforme a subjetividade do viver de cada
sujeito e se manifesta em um tempo determinado por ocorrências especificas de
cada existir. Os conhecimentos produzidos pelo processo de aprendizagem, bem
como os modos de assimilação e fixação desses conhecimentos, e ainda qual
é a posição do sujeito diante desse processo, são alguns dos questionamentos
que alguns teóricos utilizaram para desenvolver as teorias de aprendizagem.
As teorias de aprendizagem são provenientes de duas teorias base da ciência
psicológica: o inatismo, que designa o objeto como fonte do conhecimento,
estabelecendo para a aquisição e apreensão da aprendizagem os níveis de
pensamento, ou seja, todas as características básicas para o desenvolvimento
da aprendizagem estão presentes no sujeito antes mesmo de seu nascimento,
por meio de uma transferência hereditária; e o empirismo, que tem como base
o aprendizado promovido pela experiência com o ambiente, potencializando
o modo como o sujeito percebe esses estímulos ambientais, dos mais simples
aos mais complexos.
As teorias de aprendizagem são modelos que organizam padrões para
viabilizar a explicação acerca do modo como os sujeitos aprendem e não ne-
cessariamente como a mente funciona, mas compreendendo um entendimento
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sobre seu desenvolvimento biopsicossocial. Dentre as principais sustentações


teóricas em teorias da aprendizagem, é possível destacar, a partir das bases
da ciência psicológica, o racionalismo e o ambientalismo.
O ambientalismo, também conhecido como empirismo ou associacionismo,
teve sua sustentação nas teorias de John Locke (1632-1704), filósofo inglês
reconhecido como criador do liberalismo. Constituiu o conceito de “tábula
rasa”, no qual refere que todos os sujeitos nascem com sua capacidade de sentir
e perceber, imprimindo as experiências sensório-motoras a partir dessa base
fundamental. Outro teórico que é referência para o ambientalismo é David
Hume (1711-1776), que discute a construção do conhecimento por meio da
interação do sujeito com o ambiente, percebido através dos cinco sentidos,
de modo que, a partir disso, nenhum conhecimento se construiria sem passar
pelos sentidos.
Esses conceitos iniciais do ambientalismo deram origem ao behaviorismo
ou comportamentalismo, do russo Ivan Pavlov (1848-1958) e do americano
John Watson (1878-1958), trazendo o conceito de que estímulos do ambiente
geram respostas. O behaviorismo entrou na educação por Burrhus Skinner
(1904-1989), que, a partir de seus experimentos, propôs que a aprendizagem
está relacionada aos estímulos que gerarão respostas, que podem ser determi-
nadas ou encaminhadas por reforço positivo ou reforço negativo, promovendo
o processo de condicionamento e, por consequência, o comportamento com-
plexo, com a combinação de uma série de condutas simples. Por exemplo, ao
caminhar, inicialmente o bebê aprende a firmar o abdômen e as costas, em
seguida, aprende a sentar, para, então, arrastar-se ou tentar erguer-se e, por
fim, caminhar; ou seja, ações simples condicionadas pela repetição e pelo
reforço positivo do ambiente, como o incentivo dos pais ou cuidador, que ao
insistirem em produzir mais comportamentos simples, levam ao caminhar,
que se constitui como um comportamento complexo.
Para o behaviorismo, o papel do educador é o de estimulador, como um
treinador que se disponibiliza de modo a oferecer estímulos que gerem situ-
ações que promovam assimilação da aprendizagem. As aulas são sucessões
de estímulos que objetivam transformar uma resposta zero, sem reação, in-
condicionada, ou seja, com reação que não necessita de aprendizagem ou
resposta instintiva, em resposta condicionada, que é uma reação produzida
após percepção de estímulos que levam a uma aprendizagem. A avaliação,
para o behaviorismo, desenvolve-se em função da resposta certa condicionada
para o estímulo correspondente.
Outro ponto de destaque para o behaviorismo é com relação ao conceito
de livre arbítrio. Para o behaviorismo, livre arbítrio é um mito, uma ilusão,
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é inexistente, pois todas as respostas são geradas a partir de um estímulo do


ambiente, assim como o modo de ser individual de cada pessoa; portanto, os
sujeitos são modelados inteiramente pelo ambiente exterior.
Dessa maneira, para o behaviorismo, com a alteração do ambiente
as emoções, os pensamentos e comportamentos são alterados, de modo
que o ambiente determina a natureza humana. Não é a natureza, mas o
ambiente que influi sobre o modo de ser dos sujeitos. Da mesma maneira,
conceitos como bom e ruim, bonito e feito são determinados pelo ambiente;
por exemplo, em uma região onde a pimenta é o tempero principal das
refeições, os sujeitos se acostumam com refeições bastante apimentadas,
mas, em regiões não acostumadas com este tempero, a pimenta pode ser
insuportável para o paladar.
O racionalismo, ancorado nas ideias do inatismo e do teórico René Descar-
tes (1596-1650), com seu discurso do método, não potencializa a importância
dos sentidos para o desenvolvimento do conhecimento, que só se enfatiza a
partir de evidências. Assim, as influências do ambiente pouco têm a ver com
o modo de aprender.
O racionalismo é uma corrente filosófica que teve seu início marcado
pela definição de raciocínio e da aprendizagem, não meramente como uma
operação sensorial, mas sim como uma operação mental, discursiva e lógica
que utiliza uma ou mais proposições para extrair conclusões, ou seja, forma
conjunturas sobre se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável.
Do racionalismo, emergiu o nativismo ou apriorismo, teoria que refere o
conhecimento como fruto da herança genética do sujeito. A partir dessa teoria,
surgiu o interacionismo ou construtivismo, teoria do conhecimento que vi-
sualiza o sujeito histórico e cultural em constante interação. O interacionismo,
sob a ótica dos estudos aprofundados a partir de Jean Piaget, foi reconhecido
como interacionismo cognitivista. O interacionismo sociointeracionista teve
sua conceituação com base nos estudos de Vygotsky, ambos com entendimento
sobre o sujeito implicado pela busca de sentido e significados no mundo.
É possível pensar em uma dicotomia entre racionalismo e ambientalismo
quando observamos que as teorias racionalistas desenvolvem seu foco
no pensar e o ambientalismo tem foco no sentir. No entanto, percebemos
também similaridades: tanto para os ambientalistas quanto para os racio-
nalistas, são as experiências com o ambiente que geraram aquisição de
conhecimento, ou seja, as condições do meio influenciam o desenvolvi-
mento. No entanto, a diferença está no modo de compreender a devolução
do sujeito para o ambiente. Dessa forma, a Figura 2 a seguir mostra uma
ilustração dessas teorias.
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Figura 2. Esquema ilustrado das teorias racionalismo e ambientalismo.

Processo de ensino e aprendizagem


A aprendizagem é compreendida como processo que tende a oportunizar o
desenvolvimento intelectual e a ampliação da consciência. Assim, a aprendi-
zagem não está vinculada somente à condição física, como idade cronológica,
experiência ou atributos intelectuais, mas se conecta diretamente com a formu-
lação de estratégias mentais que viabilizem a estruturação e o planejamento
para aquisição de conhecimento.
A partir dessa perspectiva, as teorias de aprendizagem auxiliam os educado-
res a compreender como o processo de ensino se relaciona com a aprendizagem.
Isto é, as teorias de aprendizagem promovem sustentação ao método de ensino
utilizado, permitindo a visualização do aprendizado a partir da aplicação de
estratégias educacionais.
O processo de ensino se ampara nas teorias de aprendizagem para perceber
como o sujeito aprende, considerando sua singularidade referente a tempo,
forma e ritmo. Ainda, o processo de ensino busca perceber aspectos emocionais,
como motivação e identificação com a aprendizagem.
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No artigo A relação entre professor-aluno no centro do pro-


cesso educativo, de 2017, Gérald Boutin (2017) buscou situar
a relação professor-aluno no contexto escolar atual e defi-
nir a noção de professor-aluno, colocando em evidência
sua dimensão pedagógica e sua dimensão socioafetiva,
entre outras explanações. Acesse o link a seguir e entenda
melhor sobre essa relação.
https://goo.gl/hp3Nhf

Dentre os modelos teóricos sustentados nas teorias da aprendizagem que


produzem mais significação sobre o processo de ensino e aprendizagem,
podemos destacar: o comportamentalismo ou behaviorismo; o construtivismo;
e o socioconstrutivismo.
O comportamentalismo ou behaviorismo se sustenta no ambientalismo e
produziu seus estudos para a aprendizagem com base nas pesquisas do psicó-
logo americano Skinner. Seus pressupostos se baseiam no condicionamento dos
comportamentos, com o objetivo de promover uma modelagem nos sujeitos.
Dessa maneira, o processo de ensino e aprendizagem para esta abordagem
teórica se estrutura com a proposta de estímulos e recompensas, mediados
pela resposta a esses estímulos, para o alcance de um resultado almejado.
O conceito âncora para essa abordagem teórica é o estímulo-resposta.
Assim, o ensino se constitui em meio aos conteúdos transmitidos e mediados
pelo educador. Os educadores, assim como o conteúdo didático, têm papel
fundamental, pois são os detentores do conhecimento ofertado. Nesse sentido,
para essa abordagem, o papel do aluno se restringe a absorver o conhecimento,
por meio da memorização pela repetição.
O construtivismo foi constituído a partir das ideias de Piaget, com suas
teorias sobre os estágios do desenvolvimento e da aprendizagem. Piaget
não desenvolveu um método de aprendizagem em seus escritos, mas suas
teorias geraram sustentação para outros teóricos, dentre os quais está Emilia
Ferreiro, com pesquisas sobre a aquisição da escrita e da leitura em crianças
(ZOIA, 2009).
Essa concepção teórica entende que o sujeito aprende quando em interação
com o ambiente, sendo essa aprendizagem mediada por sua capacidade de
absorver e processar as percepções geradas em si mesmo. Ou seja, o ensino
se transmite em meio aos processamentos sensoriais e cognitivos, indo além
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da disposição dos conteúdos, provocando uma ampliação de ideias em meio


à estimulação para a exploração do mundo em busca por respostas.
O educador é um observador que busca explorar como os conhecimentos
são absorvidos para, em seguida, disponibilizar elementos que provoquem
o aluno. Assim, o aluno tem parte essencial em seu aprendizado, pois, de
maneira ativa, constrói seu saber; a aprendizagem se desenvolve a partir das
vivências e experiências.
O socioconstrutivismo é uma abordagem teórica desenvolvida a partir dos
estudos de Vygotsky. A aprendizagem, para esse modelo, acontece em meio
a uma relação dialética entre o sujeito e o contexto social. Dessa maneira, o
ambiente modifica o sujeito tanto quanto é modificado por ele. Assim, todo
aprendizado é mediado pela interação entre sujeito, educador e contexto social
(VYGOTSKY, 2000).
O educador tem o papel de captar o desenvolvimento das estruturas mentais
e buscar meios de promover qualidade mediante a assimilação da aprendizagem.
O ensino deve preceder ao que os sujeitos ainda não conseguem desenvolver
sozinhos ou não percebem como fazer. O foco dessa abordagem está na me-
diação, na interação, na relação.
O educador atua como facilitador entre o aluno, os conhecimentos prévios
desse aluno e a aprendizagem que necessita ser desenvolvida. O aluno aprende
ao observar o meio, assimilando seus conhecimentos e gerenciando novas
aprendizagens na interação com outros.

Para desenvolver o método socioconstrutivista, o educador disponibiliza problemáticas


em que os alunos possam encontrar respostas a partir de conhecimentos prévios;
quando confrontados por si mesmos sobre a restrição desses saberes, os alunos
buscarão novas formas de ampliar seus conhecimentos. O educador pode auxiliar
indicando caminhos para a exploração, por exemplo, com pesquisas físicas ou virtuais,
entrevistas ou experimentos. A aprendizagem se desenvolve de maneira colaborativa,
na qual os erros são percebidos como constituintes do processo de aprendizado.
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ALLPORT, G.W. Personalidade: padrões e desenvolvimento. São Paulo: EPU, 1973.


BOUTIN, G. A relação entre professor-aluno no centro do processo educativo. Currículo
sem Fronteiras, Porto, v. 17, n. 2, p. 343-358, maio/ago. 2017. Disponível em: <http://www.
curriculosemfronteiras.org/vol17iss2articles/boutin.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2017.
FREUD, S. A História do Movimento Psicanalítico. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
VYGOTSKY, L. S. A Construção do Pensamento e da Linguagem. São Paulo: Martins
Fontes, 2000.
VYGOTSKY, L. S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone/EDUSP,
1988.
ZOIA, E. T. Alfabetização: um estudo sob a ótica do construtivismo e da Teoria Histórico-
-Cultural. Monografia (Especialização em Teoria Histórico-Cultural) - Universidade
Estadual de Maringá, Maringá, 2009.

Leituras recomendadas
GRANGEAT, M. A metacognição, um apoio ao trabalho dos alunos. Porto: Porto.1999.
LOBO, G. A informação torna-se conhecimento através das conexões. Edu-
care.pt, Porto, 2010. Disponível em: <https://www.educare.pt/noticias/noticia/
ver/?id=15196&langid=1>. Acesso em: 05 nov. 2017.
SIEMENS, G. Conectivismo: Uma teoria de Aprendizagem para a idade digital. UPF, 2004.
Disponível em: <http://usuarios.upf.br/~teixeira/livros/conectivismo%5Bsiemens%5D.
pdf >. Acesso em: 05 nov. 2017.
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