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O que a teoria de Piaget defende é que o conhecimento é uma construção, não
diferindo entre cultura e formas metodológicas de ensinar, a criança só aprende baseada nas
suas capacidades cognitivas esperadas para sua idade, já que seu cérebro e o pensamento tem
um desenvolvimento temporal e construtivo-biológico durante a vida.
Dessa forma, de acordo com Piaget (1964) todas as pessoas possuem características
que nos permitem construir conhecimento, desde os aprendizados mais básicos até os níveis
mais avançados. O conceito de sujeito epistêmico foi desenvolvido por Piaget ao estudar
como as crianças constroem conhecimento em matemática e física. Ele é reconhecido como o
pioneiro da epistemologia genética.
As ideias de Immanuel Kant tiveram uma grande influência na obra de Piaget. Kant
foi um dos primeiros a sugerir que o conhecimento surge da interação entre o sujeito e o meio
ambiente. Piaget concordou com essa ideia, mas foi além, afirmando que o desenvolvimento
das estruturas mentais começa desde o nascimento, quando o indivíduo inicia sua interação
com o universo ao seu redor. A Epistemologia é uma das principais contribuições para a
compreensão do desenvolvimento humano. Ela se baseia na inteligência e na construção do
conhecimento, visando não apenas entender como os indivíduos, sozinhos ou em conjunto,
constroem conhecimento, mas também quais processos e etapas são envolvidos nesse
processo e por que eles ocorrem.
O que Piaget quer dizer com isso é que, o sujeito aprende baseado nas suas próprias
capacidades, e assim é justificável, que conhecimento que indivíduo tenha mais afinidade
será o melhor assimilado e equilibrado.
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sujeito epistêmico que, mesmo não correspondendo a ninguém em particular,
sintetiza as possibilidades de cada indivíduo e de todos ao mesmo tempo. Na
perspectiva piagetiana, o outro pólo desta relação, ou seja, o objeto do
conhecimento refere-se ao meio genérico que engloba tanto os aspectos físicos
como os sociais (PALANGANA, 2001. p.71).
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A crítica de Duarte e dos adeptos à pedagogia histórico-crítica diz que os
construtivistas escolanovistas defendem que a criança tem que ser deixada ao bel prazer, não
seja corrigida ou chamada atenção, ignorando os possuidores do conhecimento e apreensão
da realidade a mais tempo. Onde o conhecimento e metodologias de outros não são
importantes e não devem ser considerados.
Porém, isso não é totalmente correto de se afirmar. Piaget não desvaloriza o papel
histórico e cultural na construção do conhecimento, nem o papel dos cuidadores e
professores, mas sim que os mesmos saibam adaptar o conhecimento ao fato de que ele está
implicado nas etapas do desenvolvimento mental do indivíduo, em suas capacidades e no
interesse mais latente daquele momento do seu processo de maturação.
Com isso, Piaget nos deixa algumas reflexões sobre o que realmente remete o lema
“aprender a aprender” que se popularizou a partir de suas teorias; o aluno é um indivíduo
epistêmico participante, onde o mesmo deve aprender sua maneira de produzir e assimilar
conhecimento, baseado nas suas capacidades e possibilidades implicadas a cada etapa do seu
desenvolvimento.
Deixar as crianças jogarem é então uma higiene mental, tão proveitosa e fácil como
deixá-las respirar ar puro é uma higiene física. Se elas sofrem uma tristeza, ou uma
decepção uma afeição mal correspondida ou uma desconfiança delas mesmas, elas
inventam as situações lúdicas mais próprias para superá-las, melhor do que poderia
fazer um adulto inábil (PIAGET, 1943/2003, p.19).
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Dessa forma, a noção de "aprender a aprender" parece se resumir a um conceito em
que o indivíduo adquire conhecimento e lida com as situações do ambiente por conta própria.
Nessa perspectiva, o papel do professor seria o de facilitador entre o conhecimento e o
desenvolvimento do aluno, permitindo que ele descubra sua própria maneira de lidar e
assimilar as informações.
Além disso, podemos levantar a hipótese de que Duarte não tenha apresentado ou não
esteja familiarizado profundamente com as teorias de aprendizagem de Piaget e Vygotsky,
limitando-se a criticar as ideologias pedagógicas e as práticas que se desenvolveram a partir
desses teóricos. Dessa forma, ao desvalorizar uma teoria em detrimento da outra, o autor não
demonstra competência em analisar adequadamente os fundamentos de cada uma delas ao
expor sua posição. É ambicioso criticar diretamente a teoria de um tão importante teórico,
reconhecido amplamente pela Psicologia e pela a Pedagogia desde o século XX.
Isso leva o leitor a não compreender por que uma crítica tão severa é feita logo no
primeiro capítulo do livro, sem qualquer preparação prévia e aprofundamento para tal
refutação.
Figura 1: Jean Piaget em 1965. Figura 2: Capa da primeira edição, em 1923, do livro “A
linguagem e o pensamento na criança”. Fonte: https://archivespiaget.ch/
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Referências Bibliográficas
PIAGET, J. Para onde vai a educação? Tradução: Ivette Braga. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1972. 80p
PIAGET, J. Psicologia e pedagogia. 9.ed. Tradução: Dirceu Lindoso e Rosa Silva. Rio de
Janeiro: Forense, 1988. 184p.