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Sebenta de PSICOLOGIA – conteúdos do Programa Mínimo INIDE

Ano lectivo 2021- 12ª classe-ANGOLA

• TEMA 1 – PSICOLOGIA SOCIAL


Influência do convívio social no indivíduo
O homem desde sempre viveu em sociedade, em grupo, e o facto de viver em grupo permitiu-lhe a
sua sobrevivência em meios hostis, onde sozinho não teria sobrevivido ou em que a sua hipótese de
sobrevivência seria pequena.
No ano passado vimos que o objecto de estudo da Psicologia é o estudo dos processos mentais e
comportamentos do indivíduo. Na Psicologia Social o objecto de estudo são as relações do indivíduo
com os outros.
É também enquanto ser social que o homem desenvolve as suas capacidades de comunicar e
aprender e consequentemente adaptar-se ao meio em que vive e podê-lo transformar.
Segundo o autor Herman Merivale, o indivíduo não pode viver de forma isolada, sendo que a sua vida
está ligada às vidas daqueles que o rodeiam, razão pela qual o desenvolvimento de relações com os
outros é de extrema importância para o comportamento do indivíduo, e também definirá a qualidade
das relações futuras.
Nos anos 60/70 foi feito um estudo sobre o caso das “crianças selvagens” (crianças que foram
privadas de conviver com outros seres humanos e que cresceram no meio de animais, e de como isso
afectou o seu desenvolvimento psico-socio-motor).
Desse estudo conclui-se que quando o indivíduo é privado de convívio social com outros seres
humanos nos primeiros anos da sua vida, acaba por não adquirir aprendizagem adequada
característica da sua espécie (espécie humana) e consequentemente não desenvolve as suas
competências tais como a fala, a marcha erecta, os comportamentos, o raciocínio e até a afectividade
(no caso, algumas crianças que foram estudadas demonstravam incapacidade de expressar emoções
básicas como a tristeza e a alegria, não choravam).

Rochom P’ngieng – Mdig – A criança selvagem do Camboja


Oxana Malaya - A criança selvagem russa

No caso das crianças selvagens, o estudo ainda concluiu que relativamente ao comportamento, estas
crianças adquiriram o comportamento social das suas famílias adoptivas (cães, lobos, primatas), não
usando roupa, alimentam-se como os animais, e procuravam a companhia de outros animais. Apesar
de poderem desenvolver ligações afectivas o seu comportamento era visivelmente selvagem.
Assim, para um desenvolvimento saudável e equilibrado de uma criança é imperativo que ela tenha
contacto com diferentes estímulos (sensoriais, afectivos, motores, sociais e cognitivos). Para tal as
experiências que vai acumulando e vivenciando com a família, amigos, escola, meios de comunicação,
vão ajudando a criança a ter a percepção do mundo que a rodeia, ajudando-a a aprender formas
adequadas de interacção com os outros. Se a criança for privada deste convívio social e cultural com
os seus pares poderá ficar não só limitada a nível afectivo (por não aprender a relacionar-se com as
pessoas) como também sofrer atrasos no seu desenvolvimento psico-socio-emocional que se irá
repercurtir num eventual atraso motor e cognitivo (ex: caso das crianças selvagens).

Socialização
Por esta razão podemos dizer que o processo de socialização é fundamental para a integração do
indivíduo na sociedade e consequentemente para a sua adequada aprendizagem.
O primeiro modelo social da criança é o seio da sua família, pois é através da observação dos que a
rodeiam que a criança irá copiar comportamentos, irá aprender hábitos alimentares, higiénicos, irá
aprender a falar, e a caminhar. Contudo, para além da família, existem outros agentes de socialização:
- creche e escola
- grupo de pares (amiguinhos na escola)
- meios de comunicação social (televisão, rádio, internet)

Atitudes
O que são e como se formam as atitudes?
É na base das relações que o indivíduo estabelece com os outros que se encontram as atitudes. A
atitude é a tendência para dar uma determinada resposta perante uma situação ou pessoa, e embora
todos tenhamos atitudes, elas não são observáveis. Em oposição, o comportamento é acção
manifesta, observável, é aquilo que podemos observar em nós e nos outros.
Efectivamente quando o indivíduo nasce é como se fosse um caderno ainda por escrever: ele traz
folhas, linhas, encadernação mas está em branco. É então no convívio e por aprendizagem do meio
social em que vai crescer e desenvolver-se (família e posteriormente escola e amigos) que ele irá
adquirir certas atitudes. Os pais são os primeiros responsáveis por moldar as atitudes do indivíduo
enquanto criança pois são a sua referência (modelagem).
Esta é chamada socialização primária: o indivíduo sofre influência da família, da escola, dos amigos
ou até dos meios de comunicação (ex: televisão) devido ao tempo que passam a ver televisão
(excessivo em muitos casos pois as crianças passam mais de 4 horas por dia a ver tv).

Que factores são determinantes na formação e desenvolvimento das atitudes?


- reforço positivo (mais uma vez pais, professores e amigos próximos) = elogios,
recompensas por um comportamento positivo ou adequado
- imitação = a criança observa o que o adulto faz e repete o seu comportamento
- identificação = mecanismo de defesa ou processo psicológico pelo qual o indivíduo assimila
um aspecto, propriedade ou atributo de outra pessoa e assim se transforma total ou
parcialmente no modelo que o outro fornece
- aprendizagem = processo pelo qual a criança adquira competências, habilidades,
conhecimentos, comportamento ou valores como resultado de estudo, experiência, formação,
raciocínio e observação de quem a educa (família e escola sobretudo)
Componentes das Atitudes
As 3 componentes das atitudes são componente cognitiva, componente afectiva e componente
comportamental.

Componentes Descrição Exemplo


das atitudes
Diz respeito à um conjunto de ideias, “A Maria não assiste a combates de
Componente informações e crenças do indivíduo boxe porque sabe que este desporto
Cognitiva sobre um dado objecto social (pessoa, provoca lesões cerebrais no indivíduo”.
grupo, situação, objecto).
Refere-se aos sentimentos ou reacções “Enquanto defensora de estilos de vida
Componente emocionais suscitados por saudável e de promoção de hábitos
afectiva/emocional determinado estímulo. Ou ainda, positivos, a Maria tem um sentimento
de aversão a este tipo de desporto de
refere-se à um conjunto de valores e
combate e tenta incentivar os que a
emoções, positivas ou negativas, rodeiam a não assistir, referindo o
relativamente ao objecto social. prejuízo a nível físico e mental que este
desporto pode causar.”

Faz menção à predisposição para agir “A Maria participa em campanhas de


Componente de forma favorável ou desfavorável ao luta contra o boxe.”
comportamental objecto da atitude.

Como as atitudes são diferentes dos comportamentos?


As atitudes diferem dos comportamentos pois as atitudes não são directamente observáveis, são a
tendência para agir de determinada maneira. Os comportamentos são aquilo que podemos observar
em nós e nos outros, logo o comportamento são as acções que praticamos.

Porque motivo elas se alteram? O que nos faz alterar a nossa atitude?
Na idade adulta há tendência para se estabilizarem as atitudes (cristalização de atitudes). Mas
claro que as atitudes se podem alterar.
As atitudes podem ser alteradas essencialmente devido a 3 aspectos:
• persuasão (somos levados a mudar de atitudes pelo marketing para comprar este ou aquele
produto ou serviço (lembrem-se de termos falado no ano passado, por ocasião da matéria sobre
as ciências que contribuíram para a Psicologia, a influência que é feita durante as campanhas
para as eleições presidenciais caso Biden-Trump),
• situações traumáticas (ex: se perdermos algum amigo ou familiar devido ao álcool poderemos
ficar tão abalados que nunca mais iremos querer chegar perto do álcool),
• consistência cognitiva - todo o indivíduo tem tendência a agir de acordo com uma consistência
cognitiva, e quando experimenta uma dissonância cognitiva (uma contradição entre a maneira
como o indivíduo se comporta e a maneira como ele pensa e que causa
desconforto/tensão/conflito ao indivíduo) este irá agir na tentativa de reparar a sensação de
desconforto que a dissonância lhe causou. A consistência cognitiva é assim a acção reparadora
e irá fazer com que o indivíduo mude a sua atitude para reparar a dissonância que sentiu, a fim
de reduzir ou eliminar o desconforto causado.
Exemplos de dissonância cognitiva:
1) estacionar na vaga de portadores de necessidades especiais, mesmo sabendo que é
proibido;
2) deitar lixo na rua, mesmo ciente de que tal ação traz consequências negativas para o
meio ambiente;
3) não praticar exercícios físicos, mesmo sabendo que eles são necessários para uma boa
saúde física e psíquica;
4) conduzir após consumir bebidas alcoólicas, mesmo conhecendo todas as
consequências negativas que isso pode causar.

Como podemos medir e para quê medir as atitudes?


A avaliação que se faz sobre as atitudes pode ser POSITIVA, NEUTRA ou NEGATIVA, variando de
intensidade: desde a tímida tomada de posição até às reacções mais violentas. As pessoas têm
atitudes sobre as outras pessoas, o seu melhor amigo, um colega de escola/trabalho, o presidente da
República…, sobre um objecto. As atitudes permitem-nos comunicar os nossos valores a quem nos
rodeia.
A medição das atitudes tem o objectivo de saber qual a tendência (se é positiva ou negativa, ou seja,
a favor ou contra) e saber qual a sua intensidade, para saber se é possível mudá-las ou prevê-las.
Para as medirmos precisamos de utilizar técnicas como os questionários. As escalas mais utilizadas
são a Escala de Likert e a Escala de Thurstone. Ambas medem o grau de intensidade das atitudes
(ou seja, qual o grau em que as pessoas concordam ou discordam de algo).
As Escalas de Lickert são a forma mais comum de medição das atitudes, pois têm baixo custo e
podem ser aplicadas a grupos de grande dimensão. Nela se reflectem atitudes positivas, neutras ou
negativas, sendo a mais utilizada a de 5 níveis, embora existam de 7 níveis também.
1 = concordo totalmente
2 = concordo parcialmente
3 = sou indiferente
4 = discordo parcialmente
5 = discordo totalmente

Os níveis podem ser de vários tipos, conforme se apresenta abaixo:

Todas as declarações na escala devem ser positivas ou negativas. Os entrevistados podem sentir-
se neutros sobre a afirmação, mas a afirmação em si não pode ser neutra.
Ex1: Escala de Likert de Concordância (5 níveis)

Ex2:Escala de Likert de Concordância (7 níveis)

Ex3: Escala de Likert de Frequência (5 níveis)


Em que medida foi afectado(a) pelos seguintes sintomas? Pontue de acordo com a escala seguinte:
1 = Nunca
2 = Poucas vezes
3 = Algumas vezes
4 = Muitas vezes
5 = Sempre
Nunca Poucas Algumas Muitas vezes Sempre
vezes vezes
1. Nervosismo ou tensão
interior
2. Desmaios ou tonturas
3. Dificuldade em lembrar-
se de coisas recentes
4. Aborrecer-se ou irritar-se
facilmente
5. Dores no peito ou
coração
Ex4: Escala de Likert de Probabilidade (5 níveis)
Para cada uma das frases, indique a probabilidade de você realizar cada actividade, considerando a
escala seguinte:
1 = Muito provável
2 = Provável
3 = Incerto
4 = Improvável
5 = Nada provável
Muito Provável Incerto Improvável Nada
provável provável
1. Comprar drogas ilegais
2. Agredir fisicamente
alguém
3. Conduzir bêbado(a)
4. Roubar pequenos objectos
(canetas, lápis, doces, etc.)
5. Desviar TV cabo ou energia
dos vizinhos
6. Matar alguém

O indivíduo atribuirá a cada frase o número correspondente ao que mais se aproxime da sua opinião
(de 1 a 5).
As Escalas de Thurstone são escalas mais precisas pois são de maior dimensão e têm mais
itens para pontuar, sendo a pontuação feita de forma diferente, mais específica.
São um conjunto de frases de concordância e um conjunto de frases de discordância, cada uma com
valores atribuídos (cada questão tem uma pontuação atribuída pelo avaliador). Deve escolher-se
todas as respostas com as quais se concorda.
As frases devem ser tanto mais específicas quanto possível sobre o que se vai medir.
Ex. de escala de Thurstone (atitudes face à igreja):
Estereótipo e Preconceito
Estereótipo = Generalização rígida sobre um grupo onde características idênticas são dadas a todos
os membros. Ignora as diferenças individuais. Pode servir para categorização de um grupo como uma
forma de classificação social (padronizar um determinado grupo), porém acaba sempre por ser
também uma forma de rotular alguém.
Ex: - todas as mulheres são emotivas
- todos os homens são mulherengos
- todos os muçulmanos são fundamentalistas
- para ser bela(o) tem de se ser magra(o)
- as meninas usam rosa, os meninos azul
- o lugar da mulher é na cozinha, do homem na rua
- crianças pequenas precisam de ser barulhentas
- pessoas mais velhas não gostam de barulho
- pessoas cristãs costumam ser altruístas
- as mulheres são boas cozinheiras

Preconceito = Crença ou avaliação negativa para com um indivíduo ou grupo social, sem motivo ou
reflexão racional, com o objectivo de promover a sua exclusão. Geralmente o preconceito resulta de
um julgamento prévio sobre alguém, sem fundamento racional ou científico, mas apenas baseado na
influência da educação que se teve.
Ex: - O homem é gay logo deve levar porrada para aprender a deixar de o ser
- todo o negro é gatuno logo deve ir preso
- toda a mulher latina é conflituosa logo não pode entrar em loja chique
- todos os muçulmanos são terroristas logo não podem entrar na loja do bairro
- toda a zungueira é pobre, pobre é mau, logo ela tem de ser submissa ao rico
• TEMA 2 – PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

Conceito de desenvolvimento
O conceito de Desenvolvimento implica sempre uma progressão ao longo do tempo, e um conjunto
de mudanças que o indivíduo vai sofrendo ao longo da vida, de forma progressiva.
Estas mudanças resultam da interacção do indivíduo com diferentes factores:
• Biológicos
• Psicológicos
• Cognitivos
• Sociais
• Culturais
A Psicologia do Desenvolvimento tem como objectivo estudar as diferentes etapas da vida humana,
tendo em conta os factores acima referidos. Assim, os psicólogos do desenvolvimento visam explicar
como o pensamento, o sentimento e os comportamentos mudam ao longo da vida.

Métodos de investigação em Psicologia do Desenvolvimento


As abordagens mais conhecidas são o:
- Método longitudinal
- Método transversal
- Método normativo
Destes, iremos estudar apenas os dois primeiros.
O Método longitudinal analisa o progresso da criança ao longo de diferentes idades,
recolhendo dados da mesma amostra repetidamente durante um período prolongado de
tempo, podendo durar alguns anos ou até décadas, dependendo do tipo de dados que se
pretende recolher. Visa analisar as variações nas caraterísticas do grupo da amostra.
Ex: Estudar qual a influência da actividade desportiva na saúde de crianças asmáticas entre
de idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos, por um período de 2 anos.

O Método transversal não permite observar a evolução ao longo do tempo, mas permite
seleccionar indivíduos representantes de casa faixa etária que se pretende estudar. A recolha
é feita num único momento.
Ex: Estudar um grupo heterogéneo de mulheres de 35, 45 e 55 anos para analisar qual a
prevalência do cancro da mama, estudo feito no mês de Junho de 2021
Cada um destes métodos tem as suas vantagens e desvantagens, mas os Psicólogos do
Desenvolvimento geralmente cruzam vários tipos de métodos para chegar às suas conclusões, pois
consideram que tanto maior serão as conclusões consistentes, quanto mais fontes convergentes
forem utilizadas.

A concepção de Jean Piaget sobre o Desenvolvimento


Para Piaget as crianças não se desenvolvem apenas de forma orgânica, mas sim através de uma
construção que depende do equilíbrio do indivíduo com o meio.
Os pilares da sua teoria são os conceitos de acomodação e assimilação, sendo que para ele a criança
começa a fazer a sua descoberta do mundo que a rodeia através dos seus sentidos, indo
progressivamente aumentando as suas capacidades.

Assimilação = é o processo em que o indivíduo integra as informações do meio ambiente sem


modificar o seu comportamento
Ex: quando o bebé usa a chupeta e o biberão, se lhe apresentarmos um copo, ela certamente irá
tentar chuchar no copo da mesma forma que o faz na chupeta e no biberão, seguindo o mesmo
esquema de acção (sugar) até conseguir beber a água de forma adequada

Acomodação = é o processo mental que faz com que os esquemas existentes (chuchar na chupeta
e biberão) se alterem em função das experiências do indivíduo com o meio (beber água ou leite pelo
copo). Aqui já há mudança no comportamento do indivíduo.
Ex: quando o bebé percebe que para beber água ou leite pelo copo tem de usar a mão para segurar
no copo e colocar a boca de forma diferente para beber o líquido

Equilibração = é do equilíbrio entre a assimilação e a acomodação que resulta uma adaptação


(comportamento adaptativo do indivíduo), ou seja, ocorre a aprendizagem.

Para explicar melhor a sua teoria, Piaget propôs uma organização do desenvolvimento infantil por
estágios, que segundo ele explicam como e em que idade ocorrem as mudanças da criança ao longo
do seu desenvolvimento.

Os 4 estágios de desenvolvimento de Piaget

Assim, os estágios são definidos como sendo esquemas de acção e pensamentos que marcam etapas
diferentes do desenvolvimento. Estes estágios não são separados uns dos outros, mas sim cada
estágio constrói-se sobre o anterior num processo de aprendizagem contínua e sucessiva:
1º estágio sensório-motor
2º estágio pré-operatório (ver tabela-esquema- anexo em PDF)
3º estágio operatório-concreto
4º estágio operatório formal
A concepção de Sigmund Freud sobre o Desenvolvimento
Segundo Freud, o desenvolvimento do indivíduo ocorre em fases psicossexuais e obedecem a 2
princípios:
- o princípio do prazer = satisfação de necessidades
- o princípio da realidade = respeitar as normas, ser aceite, adaptar-se

Vejamos as 5 fases psicossexuais que Freud propôs na sua teoria:

A zona de gratificação é a boca, pois o bebé obtém alimento,


1ªfase = FASE ORAL [0 – 2 anos]
conforto, afecto e segurança pela mama materna. Quando
aprende a gatinhar e posteriormente a caminhar irá “testar” o
mundo que a rodeia através da boca.

A zona de gratificação são os esfíncteres (ânus e zona


2ªfase = FASE ANAL [2 – 4 anos] genital), a criança sente ambivalência entre o prazer da
expulsão das necessidades (urina e fezes) pois sente alívio, e a
retenção das mesmas, pois mostra aos papás que já sabe
controlar o xixi e o cocó e fazer apenas no local adequado.

3ªfase = FASE FÁLICA [4 – 6 anos] Dá-se o Complexo de Édipo (nos meninos) e o Complexo de
(Fase mais importante segundo Freud) Elektra (nas meninas). A zona de gratificação é a zona genital.
A criança descobre o prazer de explorar os seus genitais, e
também percebe que o corpo do outro é diferente do seu. É no
final desta fase que se forma o SUPER-EGO, pois há a
necessidade de reprimir o impulso libidinal de tocar nos genitais
por forma a controlar o comportamento socialmente.

Complexo de Édipo
Complexo de Elektra
Identificação do menino com o pai e
Identificação da menina com a
deseja “casar” com a mãe. O menino
mãe para conquistar o pai. A
disputa com o pai para obter a atenção
menina rivaliza com a mãe, tendo
da mãe, mas quer tornar-se como o
ciúmes da atenção que o pai lhe
pai, pois percebe que este está dá.
próximo da mãe e vai querer quebrar
essa ligação.

Nesta fase, a criança (seja menino ou menina) irá tentar quebrar a ligação entre os
pais, querendo a sua total atenção. É a fase em que a criança procura sentar-se no
meio dos pais, quer dormir no quarto dos pais, quer tomar banho com os pais, e quer
toda a atenção do progenitor do sexo oposto.

É importante por isso que os pais sejam firmes e não cedam a este comportamento da criança por
achar engraçado, pois dessa forma estarão a “alimentar” a sua fantasia, acabando por permitir que
a criança os afaste ou tendo que mentir à criança quando querem estar juntos, o que é mau tanto
para si enquanto casal, como para a criança, impedindo-a de resolver de forma adequada o conflito
nesta fase!
4ªfase = FASE DE LATÊNCIA [6 – 11 anos] A criança investe na escolarização e na relação com os
coleguinhas de escola, há uma “amnésia sexual”
segundo Freud, ocasionada pela moralidade, que surge
nesta etapa.

Predomínio da sexualidade, regressa o interesse


5ªfase = FASE GENITAL[ > 12 anos puberdade] genital que na fase anterior estava “adormecido”. O
desejo sexual torna-se adulto, pois o jovem percebe
conscientemente as diferenças sexuais. O jovem irá
procurar identificar-se idealmente com os seus pares e
suprimir as figuras parentais.

Freud explicou através da sua teoria que em cada fase existe a sua zona específica de
gratificação/prazer/satisfação, e em cada uma delas existe igualmente um conflito resultante da
necessidade de satisfazer os seus impulsos (princípio do prazer) e a culpabilização imposta pelas
regras, agradar aos outros (princípio da realidade).
É da boa resolução destes conflitos que o indivíduo vai avançando emocionalmente entre as
diferentes fases. Se o conflito inerente a uma fase ficar mal resolvido, o indivíduo ficará
emocionalmente fixo na fase anterior – fixação, sendo que irá adoptar comportamentos
infantilizados.

A concepção de Erik Erikson sobre o Desenvolvimento


Este autor defende que o desenvolvimento do indivíduo é contínuo e dá-se desde o seu nascimento
até à morte, ocorrendo em fases psicossexuais a que chamou de 8 idades.
Ao longo das diferentes idades o indivíduo experimenta diferentes conflitos/crises que são
fundamentais para a formação da sua personalidade.
Se resolver de forma adequada dá-se um ajustamento social e o indivíduo avança para a idade/fase
seguinte.
Se resolver de forma inadequada dá-se um desajustamento e o indivíduo fica estagnado nessa
fase/idade.
As 8 idades indicam exactamente essa dualidade.
As 8 idades de Erikson:

1ª [0 – 18 meses] Confiança Vs Desconfiança A mãe ajuda a criança a ganhar confiança, dá alimento,


protecção, conforto e segurança.

Se houver crítica excessiva ou super-protecção dos pais, a


2ª [18 m – 3 anos] Autonomia Vs Dúvida criança sentirá vergonha, medo ou dúvida e terá medo de
avançar e explorar o mundo que a rodeia.

3ª [3 – 6 anos] Iniciativa Vs Culpa Prolongamento do conflito anterior; a criança tem curiosidade e os


pais devem incentivá-la, confiando nas suas capacidades (reforço
positivo).

4ª [6 – 12 anos] Diligência Vs Inferioridade Entrada no mundo escolar. A criança terá de aprender a


lidar com os sucessos e fracassos escolares e sociais, os
pais mais uma vez devem apoiar.

5ª [12 – 20 anos] Identidade Vs Confusão O jovem consolida as aprendizagens adquiridas e constrói a


sua identidade: quem é, o que quer ser, e os diferentes papéis
que desempenha (filho, amigo, aluno, etc.).

Moratória Psicossocial

É nesta fase que o jovem se demarca dos


modelos parentais procurando outras
experiências a fim de construir a sua
identidade, sendo este um período concedido
pela sociedade no qual o indivíduo ainda não
entrou no mundo dos adultos.

O jovem adulto busca criar laços afectivos/família, ou em


6ª [20 – 35 anos] Intimidade Vs Isolamento oposição afasta-se porque não se adapta com nada nem
com ninguém. Isola-se.

O adulto desenvolve preocupação activa com o bem-


7ª [35 – 65 anos] Generatividade Vs Estagnação estar dos outros, quer tornar o mundo melhor e
contribui para isso, ou torna-se individualista.

Se o indivíduo sente que viveu uma vida plena, digna,


com satisfação e boas relações sociais e afectivas tem
8ª [65 > final de vida] Integridade Vs Desespero
um sentimento de realização e integridade, deixa o
seu legado. Em oposição, sente-se infeliz, que
desperdiçou a sua vida e desenvolve sentimentos de
desespero.
Comparação entre Freud e Erikson
FREUD ERIKSON

Semelhanças

• Ambos consideram que o desenvolvimento do indivíduo ocorre em diferentes fases/idades


• Ambos postulam o conceito de conflito/crise em cada fase/idade
• O avanço para a fase seguinte ocorre quando há boa resolução dos conflitos/crises dessa mesma fase

Diferenças

• 5 Fases psicossexuais que obedecem a 2 • 8 Idades psicossociais nas quais o desenvolvimento


princípios (prazer / realidade); resulta da interacção do indivíduo com o meio;
• O indivíduo desenvolve-se tendo em conta • O indivíduo desenvolve-se não libidinalmente, mas
aspectos psicossexuais, pela líbido (prazer); em termos sociais;
• A infância é a fase mais marcante para o • A entrada na adolescência é a idade mais
indivíduo, sendo que a relação precoce com a importante para a vida do indivíduo pois é aqui que
mãe irá marcar positiva ou negativamente todo ele consolida a sua identidade, sendo a relação com
o seu desenvolvimento (fase fálica: COMPLEXO o grupo de pares fundamental (MORATÓRIA
DE ÉDIPO / COMPLEXO DE ELEKTRA) PSICOSSOCIAL)

Adolescência
A Adolescência (do latim “tornar-se adulto”) corresponde a uma fase de transição entre a infância
e a vida adulta. Caracteriza-se por alterações físicas, psicológicas, sociais e cognitivas, e representa
um corte com o comportamento infantil do indivíduo, bem como a perda de privilégios típicos da
infância, e prepara-o para a aquisição de características e competências que lhe permitirão assumir
vários papéis sociais da vida adulta. Apesar de ter início com a puberdade, é difícil definir os limites
etários da adolescência, pois irão variar com o sexo, condições socio-económicas, culturais e
geográficas.
Puberdade = período marcado por transformações biológicas e fisiológicas que ocorrem no indivíduo,
no qual há um amadurecimento dos órgãos e suas funções a fim de o preparar para a fase reprodutiva.
Nos meninos ocorre entre os 9 e os 14 anos, e nas meninas ocorre entre os 8 e os 13 anos.
Transformações fisiológicas na adolescência
No rapaz Na rapariga

• alargamento dos ombros • alargamento dos quadris


• engrossamento da voz • menstruação
• crescimento de pelos faciais, púbicos e nas • aumento dos seios
axilas • crescimento dos pelos púbicos e nas axilas
• crescem + - 20 cms • crescem + - 15 cms
• maturidade do aparelho reprodutor • maturidade do aparelho reprodutor

(início: + - 16 anos fim: + - 20 anos) (início: + - 15 anos fim: + - 17 anos)

Transformações psicológicas na adolescência


Nesta etapa é normal o adolescente sentir ambivalência, pois já saiu da fase da infância mas ainda
não é adulto, podendo revelar:

Aspectos negativos Aspectos positivos


• mais fragilidade • mais independência
• mais vulnerabilidade • mais liberdade
• mais incerteza • procura conhecer-se e conectar-se com
• voltar-se para o seu interior os outros (ex: escrever no diário, ou
• isolar-se desperta o interesse pelas artes)
• mais agressividade com os adultos • mais preocupação com a sua imagem
• mudanças repentinas de humor (ex: cuida mais de si, faz ginástica, etc.)
Transformações cognitivas (intelectuais) na adolescência
Nesta etapa verificam-se algumas conquistas também, tais como:
• aquisição do pensamento formal (ex: pensar mais para além do que meramente observa)
• aumento da capacidade de abstração e reflexão (ex: consegue distanciar-se de conflitos pois
reflecte mais sobre as consequências, interessam-se por questões filosóficas)
• aumento da capacidade de raciocínio hipotético e dedutivo (ex: estabelece metas e tenta
alcançá-las no futuro)
• egoncentrismo intelectual (ex: são mais exigentes e coerentes nos argumentos usados numa
discussão ou debate; defendem as suas ideias como as mais correctas e revelam alguma
intolerância para com ideias contrárias)
• alargamento das perspectivas temporais (ex: abrem-se a novas experiências)

Transformações sociais e morais na adolescência


• desenvolvimento de relações sociais (consolidam os grupos a que pertencem e abrem-se
também a novas relações noutros contextos, ex: praticam algum desporto ou entram em
algum clube)
• reciprocidade nas relações
• interesse em questões e problemas de ordem ética e moral (ex: defendem valores e
princípios)
• envolvem-se em actividades sociais (ex: alargam o seu horizonte social)

Segundo Erikson, a fase da adolescência vem constituir exactamente o período de crise vivido pelo
indivíduo no qual ele se distancia dos modelos parentais e procura novos modelos sociais.

• TEMA 3 – APRENDIZAGEM

https://www.youtube.com/watch?v=oPfBCyGKVa0
vídeo sobre medidas de atitudes

https://ifightdepression.com/pt/para-os-jovens/o-que-e-a-adolescencia
O que é a adolescência?

https://brasilescola.uol.com.br/sexualidade/puberdade.htm
Puberdade

Por Sandra Franco- Psicóloga Escolar em contexto de ensino privado- ANGOLA

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