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Resumo - Filosofia 10º Ano
Resumo - Filosofia 10º Ano
falso e vice-versa.
Exemplos:
Ninguém provou que os fantasmas não existem. Logo existem.
Como os médicos não conseguem explicar como ele saiu do coma ao fim de seis meses, foi um
milagre.
Ataque falacioso à pessoa: ocorre quando, em vez de atacar o ponto de vista que a pessoa
defende, se ataca indevidamente a própria pessoa.
Exemplos:
Como podes ter uma opinião inteligente sobre o aborto? Não és mulher, logo nunca terás de
tomar essa decisão.
Não me interessam os seus argumentos sobre a moralidade. Como é católico, é fanaticamente
contra.
Exemplo:
Se o presidente enviar mais tropas para a guerra, vai aumentar o nº de soldados mortos.
Se aumentar o nº de soldados mortos, vai aumentar o nº das manifestações contra a guerra.
Se aumentar o nº das manifestações contra a guerra, vai criar-se um estado de anarquia.
Logo, se o presidente enviar mais tropas para a guerra, vai criar-se um estado de anarquia.
Exemplo:
A Bíblia é verdadeira e diz que Deus existe.
Logo, Deus existe.
Falso dilema: ocorre quando num argumento uma das premissas apresenta dois estados
alternativos, supondo que são as únicas alternativas possíveis, ou que são incompatíveis,
ignorando o facto de poderem existir mais alternativas.
Exemplo:
Ou continuo a fumar ou engordo. Não quero engordar.
Logo, não posso deixar de fumar.
Exemplo:
O João diz que, para se protegerem certas espécies, os jardins zoológicos são importantes.
Então mais vale prenderem todos os animais.
Uma ação tem de ser um acontecimento (evento espaço-temporalmente enquadrado) cujo
autor seja um agente que o causa voluntaria e intencionalmente. Designamos “ação” as coisas
que realizamos conscientemente.
Nem todos os acontecimentos são ações, por exemplo um furacão é um acontecimento, mas
não é uma ação, é algo que simplesmente acontece, pois não foi causado por nenhum agente
voluntária e conscientemente. Um acontecimento, para ser uma ação, tem de envolver um
agente, no entanto este tem de estar consciente e ser responsável pela ação.
As ações involuntárias podem ser ações forçadas (ações cuja origem não está no agente) ou
ações devidas a ignorância das circunstâncias da ação. As ações voluntárias são ações não
constrangidas que têm a sua origem em quem as realiza.
rede concetual da ação: conjunto de conceitos que nos permitem compreender e explicar as
ações.
Intenção: propósito ou objetivo da ação. Se não há intenção, não há ação. Explicar uma
ação é indicar a sua causa. As intenções são estados mentais frequentemente associados a
outros estados psicológicos que são as crenças e os desejos do agente.
Motivo: justificação, o porquê ou a razão de ser da ação. Saber qual o motivo da ação,
clarifica a sua intenção. O motivo é a justificação da intenção. Ações intencionais são
determinadas por um motivo ou razão que as justifique: uma ação é realizada
intencionalmente quando é realizada por algum motivo.
Deliberação: processo refletivo que antecede a decisão e consiste em ponderar diferentes
possibilidades da ação. Orientados por determinadas razões, pondera-se qual a melhor
opção a tomar entre as várias alternativas possíveis.
Decisão: ato que resulta da deliberação. É o momento em que se escolhe uma das
alternativas ou possibilidades de ação, preferindo uma delas. A decisão incide no que é
possível ao agente, que está ao seu alcance e é realizável.
Consequências de uma ação: modo como o resultado da ação afeta quem realiza a ação e
quem esteja direta ou indiretamente envolvido.
determinantes da ação: são fatores que atuam sobre nós e determinam as nossas ações, ou
seja, impedem que a nossa vontade encontre cursos alternativos de ação. A nossa vontade,
por causa de certos fatores, não controla a ação.
Condicionantes da ação: são fatores que influenciam a ação, mas não as determinam
casualmente. A nossa vontade, apesar de certos fatores, controla a ação.
Uma ação determinada é uma ação que não pudemos evitar e que não depende da opção do
agente.
Determinismo indeterminismo
Tudo o que acontece é determinado As ações humanas não são
por leis causais e tudo resulta determinadas por leis causais e
necessariamente de acontecimentos acontecimentos anteriores, mas pelo
anteriores – não há ações livre. acaso – não há ações livre.
Não há ações livres, pois todas as ações são determinadas, ou seja, são o resultado necessário
de algo que aconteceu antes. Todos e qualquer acontecimento é o desfecho necessário de
acontecimentos anteriores. Se existissem ações livres, seriam acontecimentos indeterminados,
isto é, sem causa. Fazemos o que o nosso passado determina e não aquilo que queremos.
O determinismo e a liberdade não são compatíveis, pois todas as nossas ações derivam
necessariamente de algo que aconteceu antes e pelas leis da natureza, pelo que são
inevitáveis. Não somos responsáveis pelo fazemos, já que as nossas ações não derivam das
nossas decisões, não somos os seus autores.
Alguns deterministas pensam que não é possível construir a vida social sem ideia de
responsabilidade moral. Os nossos juízos morais perdem qualquer fundamento, pois se o
determinismo implica a negação da liberdade e da responsabilidade, se é verdade afirmar que
as nossas ações são resultado de causas que não podemos controlar, então que diferença
moral há entre um criminoso e um cidadão normal?
O determinismo e a liberdade são compatíveis, já que uma ação livre não é uma ação
indeterminada. Uma ação determinada não é necessariamente o oposto de uma ação livre. Só
se considera não livre uma ação determinada por fatores externos ao agente – ação
constrangida.
As ações livres são ações determinadas pela personalidade ou por fatores ou causas internas –
crenças, desejos e motivos – do agente. As ações não livres são causadas por forças físicas ou
condições físicas existentes fora do agente.
Somos livres e responsáveis pelo que fazemos, pois somos responsáveis pelas ações cuja causa
são estados internos do agente.
O determinismo moderado não distingue claramente ações livres de ações não livres. Se
somos deterministas não temos controlo sobre o passado, ou seja, somos o resultado
necessário da educação que tivemos. O determinismo moderado não salvaguarda a nossa
ideia comum de liberdade e, por isso, tem problemas em explicar como podemos
responsabilizar alguém pelas suas ações.
As ações livres são ações em que a nossa vontade inicia uma nova sequência causal, não sendo
determinada por acontecimentos passados. As nossas ações só são livres se desencadearem
uma nova cadeia causal de acontecimentos. O passado não tem peso nas nossas ações.
As ações livres tratam de ações em que as deliberações da nossa vontade interrompem uma
dada série de causas e efeitos e iniciam uma nova sequência causal. Assim, há ações que não
são o desfecho necessário de acontecimentos passados.
O determinismo tal como o indeterminismo são falsos. O determinismo e a liberdade não são
compatíveis, pois uma ação ou é livre ou é determinada. Uma ação livre é a negação de uma
ação determinada. Esta vem na sequência de outras, ao passo que a ação livre não é
consequentemente necessária de outras ações.
Somos responsáveis pelo que fazemos, pois devemos responder pelas ações que resultam das
deliberações da nossa vontade. As ações de uma pessoa só são livres se não tiverem nenhuma
causa, nem mesmo as suas próprias crenças e desejos. Deste modo, o libertismo transforma-se
no indeterminismo, algo que os libertistas rejeitam.
Valores: padrões ou referências em função das quais julgamos objetos pessoas e atos,
exprimem aquilo que julgamos de importante e significativo na nossa vida. Os valores são
hierarquizados, os principais são os religiosos, estéticos, éticos, políticos, teóricos, sensíveis e
económicos. Os valores são ideias que influenciam as nossas decisões e ações, as nossas
escolhas e preferências. Quando justificamos as nossas ações e decisões estamos sempre a
referir nos aos valores.
juízos de facto: juízos sobre o modo como as coisas são. Descrevem um estado de uma
situação, podendo essa descrição corresponder ou não à realidade. São juízos descritivos que
tem valor de verdade e dependem de como a realidade é e não da opinião ou ponto de vista
de cada pessoa: são objetivos.
Exemplo: o gato é um mamífero que mia.
juízos de valor: juízos sobre se as coisas são boas ou más, agradáveis ou desagradáveis, belas
ou feias e sobre como devemos agir. Atribuem um valor a um certo estado de coisas.
Exemplo:
valor positivo – este quadro é belo.
valor negativo – este quadro é horrível.
O absolutismo moral afirma que há valores morais que nunca podem ser violados, não
admitindo exceções, seja quais forem as consequências.
Critérios valorativos: justificações em que nos apoiamos para determinar que coisas têm valor
ou importância.
Subjetivismo moral: rejeita a subordinação do individuo ao modo de pensar da maioria da
sociedade. Cada um deve ter a liberdade e autonomia para decidir o que é moralmente
correto ou incorreto. Opõem-se ao absolutismo e ao objetivismo moral.
Há verdades morais, mas essas verdades são puramente subjetivas, ou seja, dependem
exclusivamente do modo como cada pessoa vê ou sente as coisas.
Não há verdades morais objetivas e universais, pois no que respeita aos valores e práticas
morais, ninguém está objetivamente certo ou errado. Como os nossos juízos de valor se
baseiam nos nossos sentimentos e estes são subjetivos, nenhum juízo de valor é
objetivamente certo ou errado.
Objetivismo moral:
Há verdades morais, pois estas valem por si, ou seja, o seu valor de verdade não depende de
pontos de vista, de sentimentos ou de gostos.
Há verdades morais objetivas e universais, pois as verdades morais valem por si e são
independentes do que cada cultura pensa e do que cada individuo sente. No que respeita aos
valores e práticas morais, é errado pensar que alguém está objetivamente certo ou
objetivamente errado.
Exemplo:
“A eutanásia é moralmente errada” e “A eutanásia é moralmente certa”. Segundo os
objetivistas, um dos juízos é falso, se estes defenderem que a eutanásia é errada, não é errada
só para o objetivista, mas sim para todos.
Relativismo cultural: a verdade de cada juízo depende do que cada sociedade ou cultura
acredita ser correto ou errado.
Há verdades morais, pois o relativismo cultural defende que cada cultura considera
verdadeiros certos juízos de valor morais, ou seja, há uma diversidade de verdades morais.
Não há verdades morais objetivas e universais, pois, por exemplo, a proposição “matar é
errado” é verdadeira para certas sociedades e culturas e falsa para outras. Em si mesma
nenhuma proposição moral é falsa ou verdadeira. Moralmente verdadeiro ou correto é igual a
socialmente aprovado ou valorizado. As convicções da maioria dos membros de uma
sociedade são a autoridade suprema em questões morais.
Nenhuma sociedade é proprietária da verdade em assuntos morais, pois nenhuma sociedade
ou cultura tem legitimidade para dar lições de moral a outra. Cada uma define o que é certo ou
errado de forma completamente autônoma e soberana.
Há uma diferença significativa entre o que uma sociedade acredita ser moralmente correto
e algo ser moralmente correto.
O relativismo cultural reduz a verdade ao que a maioria julga ser verdade.
O relativismo cultural parece convidar-nos ao conformismo moral.
O relativismo cultural torna incompreensível o progresso moral.
Direito: reivindicação legítima ou justificada que deve ser reconhecida e aceite pelos outros.
Os direitos implicam deveres, por exemplo, ter direito à vida implica que os outros têm o
dever de não me matar e que eu tenho a obrigação de não matar.
Se num dado lugar houver uma prática moralmente aceite que viole direitos reconhecidos
como de todos os seres humanos, o relativista dirá que temos de aceitar que nessa cultura é
correto fazer tal coisa e que a Declaração se limita a exprimir uma convicção diferente. O
relativismo cultural é incompatível com a ideia de direitos humanos universais porque para o
relativismo cultural não há princípios éticos universais. Este promove a intolerância.
Os direitos humanos são uma forma de negar que os valores e normas de uma determinada
cultura sejam absolutos e intocáveis, de salientar que não temos somente os direitos que as
nossas sociedades e culturas nos concedem e que a culturaé um fator humanizador.
As normas morais não são impostas por uma força ou autoridade externa como as normas
jurídicas. As regras morais são mais abrangentes do que as normas jurídicas. Há aspetos da
vida moral que não são abrangidos pela lei. Nem tudo o que é legal é moral.
A sociedade com o seu código moral dá-nos uma “receita” para aplicarmos a diversas
situações e resolver os problemas que elas nos colocam, mas muitas vezes para agir bem não
basta cumprir o que uma norma moral prescreve.
Teoria de Mill – utilitarismo: teoria ética consequencialista, porque defende que o valor moral
de uma ação depende das suas consequências ou resultados, ou seja, se as consequências são
boas, a ação é boa; se as consequências são más, a ação é moralmente errada.
Ética deontológica de Kant: a tese de que há deveres absolutos que não podem em
circunstância alguma ser violados – cumprir o dever pelo dever. Só agindo com a intenção de
cumprir absolutamente o dever é que agimos bem.
Kant defendia que o valor moral das ações depende unicamente da intenção com que são
praticadas, porque, sem conhecermos as intenções dos agentes, não podemos determinar o
valor moral das ações. Uma ação pode não ter valor moral, apesar de ter boas consequências.
Quando o propósito do agente é cumprir o dever pelo dever, a intenção tem valor moral.
Ações contrárias ao dever: ações que violam o dever. Exemplos: matar, roubar, mentir.
Ações em conformidade com o dever: ações que cumprem o dever, não porque é o correto
a se fazer, mas sim porque daí resulta um benefício ou a satisfação de um interesse.
Exemplo: não matar por receio de ser castigado.
Ações feitas por dever: ações que cumprem o dever porque é o correto fazê-lo. O
comprimento do dever é o único motivo em que a ação se baseia. A intenção de cumprir o
dever não está associado a outras intenções, é a única intenção. Exemplo: não roubar
porque esse ato é errado.
lei Moral: lei ou regra que nos diz que devemos, em qualquer circunstância, cumprir o dever
pelo dever. Ouvir a voz da lei moral é ficar a saber como cumprir, de forma moralmente
correta, o dever. O cumprimento do dever é uma ordem incondicional, não depende de
condições ou de interesses.
A lei moral ordena que uma ação boa seja realizada pelo seu valor intrínseco, que seja
efetuada por ser boa em si e não por causa dos seus efeitos ou consequências. Se não
houvesse obrigações absolutas não haveria obrigações morais, pelo que a lei moral tem a
forma de um imperativo categórico.
imperativo categórico: obrigação absoluta ou incondicional que existe sempre, sejam quais
forem os interesses e objetivos dos indivíduos. Além de que vale para todos os indivíduos,
mesmo que o seu cumprimento não seja do interesse destes.
Exemplo: a obrigação de um cirurgião operar uma pessoa que sofreu uma grave fratura é
absoluta e não hipotética. Não depende dos sentimentos ou de projetos pessoais do cirurgião.