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Autores:
Arq. Cláudia Barroso-Krause, D.Sc.
Arq. Maria Júlia de O. Santos, M.Sc.
Arq. Maria Lygia Niemeyer, M.Sc.
Arq. Maria Maia Porto, D.Sc.
Anna Manuela Rodriguez Carneiro Gomes
Kamila Cobbe Teixeira
José Cláudio Peixoto Gomes
Proarq - DTC
FAU- UFRJ
Março de 2005
Algumas palavras...
Esta apostila propõe, para o aluno de graduação, em linguagem simples, as informações básicas
para o início da abordagem bioclimática do projeto sujeito à climatização mista e à opção pela não
climatização; um glossário simples, que explica os principais conceitos (sublinhados no texto)
utilizados; anexos com instrumentos úteis para o acompanhar o desenvolvimento da concepção do
projeto e um guia de utilização destes instrumentos no processo do projeto.
Ela não pretende resolver os problemas ligados ao bioclimatismo e a conservação de energia em
edificações residenciais ou de climatização mista em clima tropical brasileiro, nem apresentar em
detalhes todo o resumo do conhecimento disponível sobre o assunto, mas apresentar noções
básicas que possam ser incorporadas ao processo de início de concepção arquitetônica permitindo
a otimização do projeto face a seu entorno climático e às necessidades de seus futuros ocupantes.
A pesquisa em qualidade das construções em clima tropical úmido vai muito mais longe e tem sido
objeto de pesquisa intensa. Nossos centros universitários - de Norte a Sul do país - e institutos de
pesquisas tecnológicas vêm procurando integrar e adequar os princípios físicos da transmissão de
calor e as necessidades de caráter ambiental dos diversos tipos de usuários à nossas diversidades
climáticas, culturais e às nossas leis de uso do solo. Muitas das informações aqui transmitidas vêm
dessa massa multidisciplinar de pesquisadores. Outras, de uma geração anterior, a quem o
pioneirismo deve ser reconhecido.
Especificamente a pesquisa em conforto ambiental nas edificações tem procurado tomar uma nova
atitude frente a arquitetura. Ela procura definir uma abordagem do projeto da construção desde
seu início em ligação “íntima” com o lugar, seu entorno, o clima e os hábitos construtivos locais. Ela
procura preservar a liberdade de escolha, mas associando-a à sua responsabilidade ambiental.
Viemos nos dar conta que fomos um pouco longe demais, ao ter confiança cega no uso de
equipamentos para resolver a posteriori aspectos do conforto ambiental no interior das edificações.
A arquitetura do século XX se caracterizará talvez (ao menos do ponto de vista histórico) por ter
dado exagerada importância à tecnologia, a exclusão de qualquer outro valor. De lá esta
dependência atual em relação ao controle mecânico do ambiente interior, em detrimento da
exploração dos fenômenos climáticos naturais para satisfação de nossas exigências de conforto.
Embora tenha havido um grande acúmulo de conhecimento, o acesso à essa informação já
disponível constitui hoje um dos grandes problemas em todas as áreas, inclusive a da construção.
A medida que os fenômenos envolvidos tornam-se mais complexos e que a gama de materiais e
técnicas possíveis se aperfeiçoam, nos defrontamos na prática, à dificuldade de acesso a esse
saber.
Assim, em geral, arquitetos, construtores e sobretudo auto-construtores, deixam de lado estas
informações, mesmo disponíveis, por se apresentarem sob forma técnica, complexa e fastidiosa.
Donde os erros, ou no mínimo as “prises” de riscos consideráveis na concepção do projeto
arquitetônico. Com isso, a qualidade do ambiente resultante acaba sempre diferente - e em geral
bem inferior - do esperado.
Para o profissional já “em campo” permanece uma certa dificuldade na matéria. Quando sem
tempo para reciclar, com hábitos já enraizados, acaba com dificuldades para incluir, desde os
primórdios do projeto os conceitos necessários à uma boa inserção de sua arquitetura no meio.
Este é talvez o momento mais importante da concepção onde há mais liberdade de escolha
(implantação, partidos, materiais, etc.), escolha essa que “engessará” para sempre (ou até uma
reforma) a edificação.
Assim, hoje, o tema de conforto ambiental faz parte do novo currículo universitário brasileiro do
curso de Arquitetura. A partir da constatação de que as construções deixaram de responder às
necessidades mínimas de conforto dos indivíduos e às novas necessidades de conservação de
energia do país, surgiu esta disciplina, ministrada na UFRJ em um período letivo. É disciplina
P.S. Softwares, freeware e outras dicas para apoio ao projeto podem ser encontrados na página
da FAU ( www.fau.ufrj.br ), no link “alunos”.
Introdução_____________________________________________________________________________6
Glossário____________________________________________________________________________48
.1. Higrotermia________________________________________________________________48
2. Iluminação_________________________________________________________________51
3. Acústica___________________________________________________________________52
Anexos______________________________________________________________________56
1. Higrotermia ________________________________________________________________56
2. Iluminação _________________________________________________________________67
3. Acústica___________________________________________________________________77
Bibliografia ___________________________________________________________________________82
Introdução
Por uma questão de hábito, chamaremos este estudo de conforto ambiental. Dividiremos neste
curso a noção de conforto ambiental basicamente em três: conforto térmico, lumínico e acústico;
embora como vimos sejam apenas algumas das facetas 1 de um único conceito que envolve o
Homem e suas necessidades ambientais. Conhecendo as bases conceituais destes "confortos”,
capacitamo-nos ao projeto arquitetônico responsável com o usuário e o seu entorno.
1 Aliás, como arquitetos, outros confortos igualmente importantes nos são cobrados, como o respiratório, ergonômico, táctil, visual,
etc..que devem interagir no momento das decisões projetuais.
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Conforto Ambiental 1° semestre 2005
As trocas ilustradas anteriormente ocorrem todo o tempo e podem mudar de sentido - de perda
para ganho de calor - segundo haja mudança de local, de momento (dia/noite), de atividade
(metabolismo) e de vestuário 2. O fundamental, para que estejamos em sensação de conforto
higrotérmico é que o somatório dessas trocas seja nulo. Ou seja, todo calor que estejamos
produzindo em excesso possa ser eliminado e que não percamos calor necessário à manutenção
do equilíbrio interno 3.
Ou seja, o rendimento de qualquer atividade, possui um vínculo estreito com as condições
higrotérmicas do seu entorno. Para conhecer estes valores, várias pesquisas foram feitas com
inúmeras pessoas em várias situações. Os resultados foram transformados em gráficos de ajuda
ao diagnóstico de conforto higrotérmico chamados diagramas bioclimáticos. Eles interpretam os
valores instantâneos de umidade e temperatura do ar em função de parâmetros de conforto. O
mais utilizado é o realizado pela equipe do Prof. Givoni 4 (Fig. T2).
2 na realidade, de forma mais completa, podemos afirmar que o bom aproveitamento da atividade humana - no lazer ou no trabalho - é
função (com pesos distintos e variáveis) do perfil de cada indivíduo. Chamaremos aqui de perfil sua descrição em termos de compleição
física (devido à idade, tamanho, sexo, saúde, raça, etc. ..), vestimenta, atividade, e, de mais difícil mensuração, de seus fatores
econômicos, sociais e psicológicos.
3 ou seja, para garantir as condições de saúde do organismo, necessitamos que a equação M ±R ± C ± Cv - E = 0 se mantenha ao
longo do tempo.
4
Fonte GIVONI
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Conforto Ambiental 1° semestre 2005
suor
condensação aparente
nas partes frias
frio
desidratação
mucosas
N, N' - zona de conforto e zona de conforto ainda AC - resfriamento através de métodos ativos
aceitável. (condicionamento de ar).
EC, EC' - resfriamento através da evaporação. W - necessidade de umidificação suplementar.
D - desumidificação necessária. H,H' - limite do aquecimento por métodos passivos.
V,V' - resfriamento através de ventilação. M,M' - uso de materiais do envoltório construtivo.
O que é importante entender é que a escolha das estratégias deve ser feita em função do tipo e do
período de ocupação (meses e horas do dia). Em homenagem ao belo trabalho de apoio
desenvolvido pelos Labcon e LabEee (UFSC), ilustremos com as estratégias adequadas para um
projeto de casa de férias usada prioritariamente no inverno ou no verão em Florianópolis.(Fig. T4)
30 3
30 30
25 2
25 25
5 20 2
2
5
W[ 2
TBU[°C] 20 10 g/ TBU[°C] 2 0 10
4 15 Kg 4 1
ent o ent o
15 ] 15
10 1
10 1 11 10 1 11
5 12 5 12
0 5 0 5
9 8 7 9 8 7
3 3
6 6
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Fig. T4 - Diagramas bioclimáticos aplicados a Florianópolis para período de 24h no inverno (15/06
a 15/08) e no verão (15/11 a 15/02). Fonte : Programa Analysis 2.0 - LabEEE UFSC
Além do tipo de clima, para todo estudo arquitetônico, é necessário o conhecimento do microclima
envolvido, ou seja, o clima do entorno próximo. Os valores que encontramos nas estações
meteorológicas, são medidos em circunstâncias muito especiais e em geral distintas daquelas do
nosso dia a dia. É necessário um estudo, sobre planta de relevo, para verificar as mudanças
ocasionadas por topografia, cobertura vegetal, densidade urbana, etc. Da mesma forma que as
montanhas, construções vizinhas podem esconder a radiação solar direta, refletir os raios de Sol,
obstruir e modificar o sentido ou a velocidade dos ventos dominantes.
Na realidade, no estudo do microclima existe um limite além do qual, o assunto torna-se estudo de
urbanismo, escapando às possibilidades de intervenção do arquiteto. Desta forma, é preciso
avaliar apenas o impacto do entorno próximo à edificação - entorno natural, construído ou legislado
- sobre a performance da construção. O que queremos é conseguir identificar os elementos
específicos deste entorno capazes de modificar os dados climáticos padrão das estações
meteorológicas.
Para uma primeira definição das estratégias bioclimáticas de projeto, não sendo possível conseguir
os dados das estações climatológicas, uma pesquisa no terreno pode ajudar-nos a determinar qual
o tipo de clima em jogo. Medem-se os valores médios (média das médias) da temperatura do ar e
da umidade dos meses extremos - que são os piores - e aplica-se na tabela a seguir (Fig. T5):
diferentes, podem nos dar uma idéia, pela simples observação dos fenômenos ocorrentes, da
velocidade e direção dos ventos e do tipo de abertura e esquadria necessária ao pleno
aproveitamento deste recurso natural (exemplo de aplicação no anexo T7).
Escala
Velocidade dos
de Fenômenos comumente observados
ventos
Beaufort
0 0 a 0,2 m/s a fumaça (churrasqueira, chaminé, cigarro, etc.) sobe de forma vertical.
1 0,3 a 1,5 m/s o vento faz a fumaça se inclinar, mas ainda não consegue girar um cata-vento.
o ser humano percebe o vento no rosto, as folhas das árvores e do cata-vento
2 1,6 a 3,3 m/s
começam a se mexer.
as folhas e os pequenos ramos das árvores se mexem de forma contínua e o
3 3,4 a 5,4 m/s
vento faz as bandeiras se mexerem.
4 5,5 a 7,9 m/s o vento tira a poeira do chão e levanta folhas de papel.
as pequenas árvores começam a balançar e começa a fazer espumas nas
5 8,0 a 10,7 m/s
ondinhas dos lagos.
6 10,8 a 13,8 m/s fios elétricos começam a se mexer e fica muito difícil usar guarda-chuva.
as árvores ficam completamente agitadas e fica muito difícil de se andar de
7 13,9 a 17,1 m/s
frente para o vento.
os pequenos ramos das árvores se quebram e não se pode andar
8 17,2 a 20,7 m/s
normalmente sem um esforço terrível, de frente para o vento.
as telhas dos telhados começam a ser arrancadas, ocorrem pequenas
9 20,8 a 24,4 m/s
catástrofes com relação à casa.
normalmente só ocorre no mar. Quando ocorre na terra, pode arrancar
10 24,5 a 28,4 m/s
árvores com a raiz.
Legenda:
1- Conforto 2- Ventilação 3-Resfriamento evaporativo
4-Massa térmica para resfr. 5- Ar-condicionado 6-Umidificação
7- Massa térmica/ Aquec. solar 8- Aquec. Solar passivo 9-Aquec.Artificial
Fig. T7 - Diagrama de conforto para Rio de Janeiro. Fonte: Efic.Energ.Arq. (CD) Lamberts et all
Ora, não nos cabe - como arquitetos - interferir em estratégias que impliquem em uma mudança
metabólica (mudança de vestuário ou de atividade, por exemplo).
Desta forma só nos resta assegurar, via criação do envelope construtivo, uma relação favorável
entre as necessidades humanas e o clima. Assim, retomando a figura das trocas higrotérmicas
(Fig. T1), podemos inserir os elementos construtivos mais comuns e analisá-los (Fig. T8):
Fig. T8
Cv
R
R
C
Cv
Fig. T9
O que acontece? O fogo da lareira irradia tanto para o próprio corpo da lareira quanto para o
espaço à frente da 'boca'. Ao entrar em contato com corpos sólidos, as ondas eletromagnéticas
absorvidas provocam efeitos térmicos (esquentam). Lembramos neste exemplo que a radiação não
esquenta o ar como um todo. Este se aquece indiretamente pela convecção provocada pelo
aumento de temperatura das superfícies atingidas pela radiação, (ver exemplo de convecção no
glossário). Se por acaso a lareira for mal feita, a parede da lareira deixará passar, por
condução, o fluxo de calor provocado pelo excesso de temperatura da superfície interna da lareira.
Outro exemplo de aplicação da radiação em arquitetura ilustrado na figura T9 é o conceito de teto
radiante, usado em locais frios. O forro possui um sistema ativo de aquecimento (uma resistência
elétrica ou tubulação de água quente embutida no teto). O teto aquecido esquenta por radiação o
ambiente abaixo, sendo conseguida até uma diferença de 6 a 7°C acima da temperatura do ar.
Como idéia de sua eficácia, para uma temperatura do ar de 17°C, é possível obter-se uma
temperatura resultante de 23° a 24°C, em uma diferença da sensação que vai do frio ao conforto.
A variação da radiação solar recebida ao longo de um dia, para cada m2 de uma superfície, pode
ser simulada através de programas de computador. Verifica-se maior ou menor ganho de calor de
acordo com a orientação ou inclinação destas superfícies, que podem ser fachadas ou águas do
telhado de uma construção.
Um dos programas simuladores aos quais temos acesso chama-se CASAMO. Veja exemplo de
simulação no anexo T3.
É importante notarmos ainda que a emissão ou a absorção das ondas eletromagnéticas é função
da geometria da troca, da temperatura dos corpos e das características do material de
revestimento das superfícies. O que nos dá instrumentos para manipular essas trocas,
aumentando-as ou reduzindo-as. O anexo T4 mostra as características de alguns materiais quanto
à capacidade de absorção à radiação solar e de emissão e absorção em relação a outros corpos,
para trocas de calor (na faixa do infravermelho).
Assim em climas quentes, lajes planas recebem uma carga térmica muito maior que telhados
inclinados e prioriza-se o uso de cores claras nos revestimentos, pois oferecem fatores de
absorção solar baixos, em torno de 0,20 a 0,30, impedindo a absorção de 80 a 70% da radiação
solar incidente respectivamente.
Telhados em lajes com revestimento asfáltico (betume) aparente (α = 0,90), por exemplo, deixam
entrar 70 % mais de radiação solar que a mesma laje revestida com pintura a óleo branca (α =
0,20).
No Rio de Janeiro, no verão, isto significa que estamos trabalhando potencialmente com valores
bastante diferentes segundo nossa decisão de projeto:
- laje plana com asfalto: 7846 Wh/m2 x 0,90 =7061,4 Wh/m2
- mesma laje com pintura clara: 7846 Wh/m2x0,30 =2353,8Wh/m2, ("ganho" evitado de 4700Wh/m2)
- telhado de uma água (25°) à Sul c/ o revestimento anterior (pintura clara): 7007 Wh/m2 x 0,30 =
2102,1 Wh/m2,
teremos um "ganho" evitado de 5744 Wh/m2 ao longo de um só dia em relação à laje tradicional e
250 Wh/m2 em relação à laje plana - um excelente método de resfriamento passivo, não?
Embora, lembrando sempre que como arquitetos, devemos pensar nos demais fatores
determinantes de projeto, tais como a manutenção de um revestimento, antes de escolhermos um
material exposto às intempéries. (Por que?)
Vimos através da figura T9, que as trocas térmicas por condução são as responsáveis pela
"chegada" e "partida" do calor nos ambientes. Isto porque é ela quem propicia a propagação do
calor através de um corpo homogêneo ou entre camadas distintas de um corpo em temperaturas
diferentes.
O fluxo de calor variará em função da densidade do material (o ar enclausurado é melhor isolante
que a matéria), de sua natureza química (medida através da condutividade) - onde materiais
amorfos são menos sujeitos à condução que os cristalinos, e de sua taxa de umidade (já que a
água é melhor condutora de temperatura que o ar). Veja as características térmicas médias de
alguns materiais de construção no anexo T5.
Em projeto, o importante é que a condução constitui o mais poderoso instrumento, junto à radiação
para controle das condições higrotérmicas internas das edificações, instrumentos extremamente
necessários para obtermos conforto por meios passivos ou o mais baixo consumo de energia
elétrica nos casos onde necessitemos utilizar resfriamento ativo 8 ( ar condicionado).
Vamos dar um exemplo:
Uma sala onde necessitemos condicionar artificialmente o ar (sala de computadores por exemplo),
e mantê-lo a 18°C para que a temperatura resultante fique em torno dos 20-21°C. Se as
temperaturas das paredes desta sala forem muito superiores a 18°C, ocorrerão trocas por
convecção e o ar da sala não ficará naquele patamar exigido pelo projeto de 18°C. Imaginemos
que estamos em um instante que o Sol aparece e o exterior está a 37°C (Fig. T10):
8
Lembramos que o princípio da climatização ativa é o de obter o conforto ao uso mínimo de energia. Não se trata de sacrificar as
condições de conforto higrotérmico, mas assegurá-las racionalmente.
Fig. T10
No instante seguinte o que acontece:
- a parede externa, em função do material que escolhemos sofre um incremento de temperatura, e
chega, digamos a 40°C. Tendo de um lado 40°C e de outro 18°C, inicia-se um fluxo de calor de
fora para dentro que só irá parar quando as duas superfícies limites da parede estiverem em uma
temperatura de equilíbrio.
Imaginando, por absurdo, que os raios solares deixem de chegar (Fig. T11), que não haja mais
trocas da parede externa com o exterior e que não haja mais nenhuma outra fonte interna de troca,
este valor será: (40° + 18°) /2, ou 29°C.
Fig. T11
A nova temperatura resultante de equilíbrio será: (18° + 29°)/2 =23,5 °C; obrigando o sistema de
condicionamento de ar a ser projetado para uma temperatura de entrada mais fria, o que gerará:
- um consumo maior de energia;
- um desconforto no usuário provocado pelo insuflamento de um ar a uma temperatura muito mais
baixa que a circundante.
As trocas por convecção constituem o recurso mais próximo ao ser humano, pois intervém
diretamente na capacidade do ser humano de evacuar o calor pela evaporação nos poros. Ela
serve também, para dissipar o calor acumulado nas superfícies internas da edificação - paredes,
pisos e teto.
Além disto é ela quem garante a manutenção da qualidade do ar que respiramos. Se a taxa de
renovação de ar de um ambiente é insuficiente para o tipo de atividade que ali se desenvolve, o
usuário será prejudicado, a respiração torna-se menos ativa e há o aparecimento de uma fadiga
À medida que o ar se aquece, ele fica mais leve (ou menos denso) e sobe, cedendo espaço
para outra massa de ar mais frio (e mais denso). O ar quente que sobe cria uma área que
chamamos de depressão (sucção) e o ar frio que desce gera uma força de pressão sobre a
terra (Fig. T12).
+
pressão
-
depressão
Fig. T12
Fig. T13
O vento possui movimento preponderantemente horizontal (Fig. T14) com duas características
essenciais: turbulência e velocidade: a turbulência se caracteriza por um movimento
9
Diversos parâmetros agem sobre a qualidade do ar e o homem é extremamente sensível às menores variações de sua composição.
Por exemplo a proporção de CO2 no ar fresco é em torno de 0,03% em volume. Logo que esta proporção atinge 0,15%, o ar já é
considerado viciado, a partir de 0,4%, acontecem as dores de cabeça e os problemas de concentração.
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- Com as maiores diferenças de velocidade e direção se dando até 100m do solo, a criação de
edifícios de grande altura merece um estudo mais aprofundado dos ventos locais, do entorno
construído e a construir (Fig. T15). A turbulência piora com a altura pelo aumento do
movimento aleatório provocado pelo encontro com a subida do ar por convecção (pela
diferença de temperatura entre a área da empena junto ao térreo e ao teto); uma solução seria
a adoção do uso de pilotis, que direcionam o fluxo a nível do solo, afastando a zona de
turbulência da fachada posterior do edifício.
+
-
Linha de separação
- + -
- -
+ -
Zona de
- + turbulência
+
-
+ -
Ponto de - -
atração
Fig. T15
- De uma forma geral o ar externo passa pelas construções seguindo a direção dos ventos ou
por uma diferença de temperatura gerando zonas de pressão e de depressão (Fig. T16) e
passará por seu interior entrando pelas zonas de pressão (+) e saindo pelas de depressão (-).
Assim é fundamental que nos asseguremos de que exista efetivamente uma superfície de
entrada e outra de saída para este ar em cada ambiente (permeabilidade da construção), a fim
de garantir que a renovação de ar ocorra satisfatoriamente.
4 De uma maneira geral, em climas quentes, o uso de forros ventilados é sempre uma boa
estratégia a qualquer hora. Isto porque, como vemos no glossário, a intensidade do fluxo
térmico se expressa por: q= hc ΔT (W/m2) onde hc (W/mºC ) é um coeficiente de trocas
térmicas que varia segundo a posição da troca - horizontal ou vertical - e a sua velocidade de
passagem. E ΔT é a diferença de temperatura das duas superfícies onde ocorre a troca por
radiação, no nosso caso, a superfície interna do telhado e a superior do forro.
Fig. T17
Agora se observarmos a figura anterior, poderíamos afirmar que, ao menos durante o dia, a
temperatura do telhado será sempre mais elevada que a temperatura externa (pois soma-se à
temperatura externa em contato com o telhado a parcela oriunda da absorção solar). Assim,
ventilando bastante o ático, promovemos trocas entre a superfície interna do telhado e o ar exterior
que passa, diminuindo sua temperatura. A temperatura de superfície sendo mais baixa, ocorrerá
menos troca por radiação entre a parte inferior do telhado e o forro; donde menor temperatura de
forro e menos fluxo de calor atingindo o ambiente.
É, aliás, o que torna tão atraente a telha de barro colonial sem verniz ou pintura:
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Conforto Ambiental 1° semestre 2005
Essas e várias outras estratégias são utilizadas para climatizar naturalmente ambientes, com e
sem uso de umidificação. Em climas muito secos, como Brasília, o recurso de piscinas na direção
do vento e próximas às casas, constitui um desses recursos. O vento ao soprar por sobre a
superfície de água, se umidifica (em valores absolutos), o que faz refrescar o ar (ver anexo
T1/Diagrama Bioclimático de Givoni) e assegura uma umidade relativa menos baixa e mais
confortável.
Finalmente, o vento pode trazer sensação de frescor (por quê?), mas também de desconforto,
à medida que se torna mais forte do que nossa necessidade de eliminação de suor. Embora
varie em função da vestimenta, da atividade de condições metabólicas e da temperatura
circundante, podemos admitir as seguintes velocidades do ar como as máximas confortáveis
para evitar a sensação de arrepio, que é uma reação do organismo à perda de calor acima da
desejada (Fig. T19):
O mais importante nesta fase de interação com os conceitos do bioclimatismo talvez seja que
absorvamos a noção de que o aproveitamento da ventilação natural é uma estratégia muito
importante para o conforto e a economia de energia em edifícios residenciais 10. Somente a sua
otimização deve ser pensada na fase de projeto e em função do entorno para uma correta
adequação do sistema de aberturas e esquadrias em relação aos ventos disponíveis.
E que ao invés do pensamento tradicional de concepção do projeto "em planta" para posterior
elevação, em bioclimatismo é necessário e útil que o projeto seja elaborado simultaneamente em
elevação...
1.2.4. Muros e esquadrias
Os muros e as esquadrias são os "elementos" que administram a ventilação disponível no entorno
construído.
Altura = h
Distância à casa = 2m
10 E públicos, comerciais, industriais..., dependendo das opções de projeto de climatização feitas e do entorno climático.
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A correta escolha de seu tipo e de sua posição no ambiente projetado é que determinará o melhor
aproveitamento dos ventos incidentes e garantirão a permeabilidade da edificação. É muito
importante que não se confunda aberturas destinadas à renovação de ar e destinadas à
iluminação.
Os desenhos a seguir (Fig. T21) ilustram bem esta diferença. As aberturas para ventilação dos
ambientes serão sempre no máximo de mesma superfície que aquelas projetadas para iluminação
do ambiente.
Em clima tropical úmido torna-se muito importante que se tenha o pleno aproveitamento das
aberturas para a ventilação – mesmo em situação de chuvas – para garantir o melhor
aproveitamento possível, já que a ventilação cruzada não é matéria fácil de se obter em
empreendimentos multifamiliares.
O Sol possui uma trajetória aparente que varia ao longo do dia, ao longo do ano. Entretanto, para
cada latitude, essa trajetória teoricamente se repete a cada ano. Assim, para cada local, segundo a
hora do dia, a estação do ano e a orientação escolhida, temos sempre uma única posição espacial
e um único valor de radiação 11.
Para efeitos de projeto, o que queremos saber é, a cada hora desejada, aonde está o Sol, para
conhecermos a direção de seus raios e a potência desta radiação. Desta forma poderemos
11 Na realidade, as condições de nebulosidade e poluição também influenciam, atenuando seu valor.
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conhecer as fachadas mais expostas à radiação, para dimensioná-las e calcular a forma de suas
proteções (beirais e brises). Para isso, o primeiro passo é a compreensão da posição solar.
Fig. T22
A posição espacial do Sol pode ser reproduzida no projeto se soubermos qual a sua altura solar α-
e o seu azimute - a . Se, sobre um ponto do globo, marcarmos a direção dos pontos cardeais e
fizermos uma projeção sobre o solo do Sol em determinado instante, chamamos de azimute ao
ângulo plano que esta projeção fará com o Norte 12. E sobre este novo eixo, de α, ao ângulo relativo
à altura solar.
Estes pontos estão marcados em cartas solares disponíveis para as principais altitudes. Veja no
anexo T2 alguns exemplos. Mas como lê-las? Bastante simples:
a 10° N 10° a
20° 20°
30° 30°
22/06 22/06
13 10
22/09 O 16 8 L21/03
17 80° 7
18 70° 6
22/12 22/12
50° α
30°
10°
S
Fig. T23
Vemos na figura T23 acima uma grande círculo, representando uma projeção do horizonte visto de
cima. Nele, estão marcados os pontos cardeais e as trajetórias solares, sob forma de linhas que
vão do Leste ao Oeste. linhas que se encontram em posição quase paralela, e que têm à sua
direita e esquerda o número do dia ao qual se referem. Cortando-as, existe outro grupo de linhas
que identificam os pontos de passagem do Sol em determinadas horas 13 do dia. Finalmente, na
parte inferior do eixo Norte-Sul, encontram-se marcações com valores da altura solar, de 0°
representado pelo círculo externo do horizonte, até 90°, no zênite (representado nas carta solares
pelo ponto de interseção dos 2 eixos).
12 Consideramos que para as latitudes Sul do Equador o Sol está ao Norte. No hemisfério Norte a situação se inverte (literalmente
questão de ponto de vista), e o Sol passa a se posicionar a Sul. Para os seus habitantes, o azimute é então calculado em relação ao
Sul. Como consideramos para efeito de projeto a Terra cilíndrica e repartida ao meio no Equador, isto não faz nenhuma diferença.
13 Horas solares, e não horas legais. Ver glossário. Entre outros cuidado, é necessário descontar os horários de verão, quando
estivermos trabalhando com este valores.
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Assim, para conhecermos um ponto na trajetória solar, traçamos um segmento de reta até o círculo
externo. O valor do ângulo formado pela reta com o Norte nos dará o valor do azimute solar neste
instante. A altura solar correspondente se consegue com ajuda de um transferidor solar (Anexo 2).
E como aplicá-la para construção das proteções? Em princípio, para conhecer o efeito dos raios
solares em uma determinada hora e dia sobre as plantas baixas, usamos seu valor do azimute, e
para conhecer a projeção vertical do ângulo espacial, traçamos o valor da altura solar sobre os
cortes.
55
58º
Fig. T25 - Aplicação para 10h dos dias 21/3 ou 24/9 e projeção sobre desenho de Olgyay.
Depois é só geometria e desejo para achar a cobertura que melhor se adeqüe ao projeto (Fig.
T26):
Fig. T26 - Projeções diversas de mesma eficiência ( sobre desenho original de Olgyay)
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Conforto Ambiental 1° semestre 2005
Esta é talvez a parte mais importante da cartilha e é preciso confessar talvez a menos atraente em
uma primeira abordagem. No entanto após a segunda inserção dos ângulos transferidos sobre
cartas solares no projeto, desenvolve-se um automatismo e a tarefa flui sem problemas.
Para aqueles que sempre projetam em uma mesma cidade, é possível a obtenção de um diagrama
específico para os pontos cardeais e os secundários, de forma a obtermos um traçado de sombra
em horas exatas, o que nos permite ganhar algum tempo.
Fig. L1 – Abrangência do campo visual : A parte central corresponde à área vista pelos dois olhos
juntos, as partes laterais correspondem à visão de cada um dos olhos separadamente, e as partes
pretas correspondem às partes bloqueadas pelo nariz e pelas sobrancelhas.
Evidentemente, a capacidade do sistema visual de bem realizar estes processos varia em função
da saúde dos órgãos envolvidos – incluídas aí, as doenças congênitas e as de desgaste devido à
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idade (fig. L2) e ao mau uso – mas também da boa iluminação. Cada tarefa visual, em função do
nível de detalhes envolvidos, merece ser iluminada adequadamente. O mesmo se diz sobre o
entorno, já que o sistema visual se concentra tanto em seus planos de trabalho – objeto de seu
interesse, como também se apercebe da área circundante.
De toda forma, embora variando de um indivíduo a outro, podemos dizer que a ausência de uma
situação mínima de conforto traz fadiga e desgaste dos órgãos visuais, reduz a acuidade visual
trazendo o mau desempenho das tarefas propostas (mesmo aquelas prazerosas, como ler, admirar
quadros , etc.).
Na realidade, o desempenho visual de uma tarefa é determinado pelo tipo de atividade
envolvido ( tamanho da tarefa visual, sua distância até o olho ,etc) e pelo grau de saúde do
indivíduo. O grau de desempenho visual para a percepção de um certo objeto cresce até um certo
nível, em função do aumento do contraste, da iluminância, ou do grau de luminância e pode se
estabilizar ou decrescer diante de um brilho intenso (fig. L3).
O ofuscamento é sentido sempre que há claridade demais no campo visual. Pode ser causado
por uma fonte de luz de grande luminosidade, como lâmpadas, janelas, ou pela reflexão dessa
fonte de luz no campo visual do observador (figura L4), como superfícies refletoras "em ação", etc.
Assim podemos resumir dizendo que o desempenho visual fundamentalmente depende de dois
parâmetros ambientais:
do nível de iluminamento e/ ou da luminância na superfície de trabalho;
do nível de contraste entre o objeto observado e seu suporte (ou seu entorno).
De uma forma geral, para se obter um ambiente visual não-cansativo, deve-se respeitar, as
seguintes relações de luminância entre á área foco de nossas atividades e o entorno (fig. L5):
Para cada tipo e atividade existe uma tabela de necessidades lumínicas - expressa em termos de
iluminância dada em lux e de luminâncias (ver anexos L1 e L2, respectivamente). Esta lista está
longe de ser exaustiva, e menciona na realidade valores para campos de trabalho e não
forçosamente a iluminância necessária a todo o ambiente envolvido. Assim vemos que são
necessários 540 lux para uma boa atividade de barbear ou maquiagem, enquanto que a boa
qualidade na leitura de jornais é assegurada com apenas 320 lux em um ambiente que pode estar
a 110 lux.
Cabe ao arquiteto conhecendo as atividades previstas para cada ambiente projetado, assegurar
uma iluminância mínima adequada, evitar o ofuscamento e a mudança brusca de graus de
iluminância entre ambientes vizinhos.
Uma vez determinadas as necessidades lumínicas dos indivíduos, o passo seguinte seria
determinar onde e como fornecer a luz que propiciará esta iluminância.
E a que chamamos luz? Luz é a manifestação visual de energia radiante, ou seja, radiação visível.
De uma forma geral, a faixa de radiação que conseguimos enxergar (faixa visível) é bastante
estreita em relação a todo o espectro solar (fig. L6).
Essa luz, vem naturalmente do Sol - em uma faixa estreita do espectro da radiação solar,
acompanhada de seu efeito térmico, ou pode ser reproduzida artificialmente. No primeiro caso,
varia em qualidade (cor e direcionalidade) e em intensidade segundo o período do dia e ano.
Iluminação gratuita, deve ser bem aproveitada pelo projeto. No segundo, o arquiteto determina os
parâmetros necessários ao sistema de iluminação, sem restrições de clima ou hora do dia 1.
Um conceito associado a luz é o de cor. A visão das cores depende de três elementos: da fonte
luminosa, das superfícies iluminadas e dos olhos que as vêem.
Chamamos de luz branca, àquela resultante da combinação de todos os raios luminosos de
diferentes comprimentos de ondas provenientes do espectro visível da radiação solar. Já a cor de
um material é na realidade função da reflexão seletiva do fluxo luminoso incidente, reflexão esta
variável segundo as características físicas de sua superfície. Um material que absorva todo fluxo
luminoso nos parece negro fosco, uma porta vermelha, na realidade, absorve todos os
comprimentos de onda do espectro luminoso, exceto o de 700nm (nanômetros), correspondente ao
vermelho.
O Sol é a fonte de luz natural fundamental. É a luz do sol que, difundida na atmosfera torna-se luz
do céu ou da abóbada celeste sendo fonte primária na iluminação natural de interiores. Em dias
claros e sem nuvens, a luz do céu claro pode ser a principal fonte de luz em um ambiente, podendo
ainda haver uma iluminação suplementar considerável através da luz do Sol refletida pelo solo,
pelas empenas vizinhas à construção, envidraçadas ou não.
Assim, devido à sua grande intensidade e dinamismo (muda permanentemente de posição),
embora o Sol seja a fonte primária da iluminação natural, pode não ser considerado como tal no
projeto e cálculos. Usamos, na maioria das situações, o seu efeito sobre a abóbada, o que nos dá
valores mais constantes, intensos o suficiente para tarefas visuais e menos ofuscantes (a luz do
céu sobre um plano não costuma ofuscar, quem ofusca é o trecho de céu visto.).
Assim padronizamos três tipos de abóbadas, segundo as condições de nebulosidade
apresentadas: céu claro, onde a nuvem é ocasional, parcialmente encoberto (1/3 a 2/3 do total), e
o céu encoberto. A intensidade da luz difusa disponível é menor na primeira situação e maior na
última.
O entorno, natural e construído, comporta-se como uma outra fonte secundária de luz, em função
da cor, tamanho e distância ao ponto de estudo. Em climas tropicais ensolarados, a luz refletida
pelas superfícies externas representa, no mínimo 10 a 15% do total de luz diurna recebida pelas
aberturas nas edificações. Este entorno pode chegar a contribuir com 30% da iluminação recebida
por um edifício em cidades densamente urbanizadas.
A luz natural, dado a seu espectro, nos fornece toda a gama de cores do espectro visível. Ela é
considerada psicologicamente mais atraente, quebrando, ao longo do dia a monotonia, devido às
suas mudanças sutis.
1 o parâmetro térmico de toda iluminação não pode ser esquecido, já que, como podemos observar, a sensação luminosa é sempre
acompanhada de um efeito térmico, dada sua condição eletromagnética.
As primeiras fornecem luz pelo aquecimento elétrico de um filamento a uma temperatura que
produza uma radiação na parte visível do espectro (ver fig. L7). São as conhecidas lâmpadas de
vidro transparente ou translúcidas, espelhadas, halógenas, etc.
Já a luz em uma lâmpada de descarga é produzida pela passagem da corrente elétrica em um gás
ou vapor ionizado. São as lâmpadas fluorescentes, de vapor de mercúrio, etc.
Fig. L9
Se a iluminância natural depende das condições da abóbada celeste, a artificial também tem suas
restrições. Como essa luz é resultado da aplicação de uma tensão elétrica oriunda da rede pública,
observamos sérios efeitos segundo a relação tensão da rede/ tensão da lâmpada encontrada (fig.
L10).
Dissemos antes que o parâmetro térmico de toda iluminação não pode ser esquecido, já que a
sensação luminosa é sempre acompanhada de um efeito térmico No caso da fonte de luz artificial,
existe um efeito a mais, o do gasto energético.
Todo efeito térmico não desejável da fonte luminosa é um duplo desperdício, pois foi gerado às
nossas custas e, em caso de climatização artificial , será retirado com outro gasto. Para administrar
estes fatores, criou-se uma grandeza, chamada Eficiência Luminosa (de uma fonte), que exprime a
eficiência luminosa de uma lâmpada, em relação ao seu consumo. E para conhecer o percentual
da energia consumida pela lâmpada que é convertida no ambiente em luz e calor, basta dar uma
olhada nesta tabela geral da ABILUX (fig. L11).
Como vimos, não somente da fonte luminosa, o usuário recebe o fluxo luminoso. Ele também o
recebe através da reflexão da luz sobre paredes e demais superfícies e via transmissão por
elementos translúcidos ou transparentes à sua propagação (fig. L12).
Esta recepção de fluxo luminoso pode ocorrer sem que haja modificação da freqüência dos
componentes cromáticos. Na realidade grande parte da luz que vemos, nos chega através de
múltiplas reflexões, transmissões e difusões, desde sua emissão pelas fontes primárias.
Estas propriedades dos materiais circundantes (ver anexos L3 e L4) constituem excelente recurso
para incrementar ou reduzir a intensidade luminosa de um determinado ambiente ou zona de
atenção. Consideramos de uma forma geral dois tipos de reflexão e de transmissão: a especular,
que permite a reflexão ou a transmissão do raio luminoso sem difusão, como em um espelho, e a
difusa, na qual não acontece uma reflexão regular.
O que se deveria fazer cada vez mais seria trabalhar a iluminação no projeto, desde os primeiros
esboços, ou seja, junto com a concepção da forma da construção, virem se instalando as primeiras
noções básicas de iluminação dos ambientes, integradas às demais restrições.
E como se poderia pensar nisso? Existem etapas que devem ser seguidas na elaboração de um
projeto de iluminação.
O primeiro passo é analisar o programa. As necessidades visuais são diferentes em cada
ambiente. Pode-se privilegiar a iluminação de uma tarefa localizada, a percepção do ambiente
como um todo, e/ ou ressaltar elementos deste com o uso da luz. As pessoas e a Arquitetura, em
sua expressão se beneficiam da boa iluminação.
A segunda ponderação diz respeito ao fato de que luz e calor são indissociáveis (em maior ou
menor escala, quer a fonte seja natural ou artificial). Assim pensarmos se queremos ou não, e
quando, este acréscimo de carga térmica no ambiente, em função do clima e das atividades ali
desenvolvidas, já nos dá um rumo a seguir.
Então devemos confrontar níveis especificamente requeridos nas tarefas com valores de
luminosidade disponível no local e procurar orientar e dimensionar os vãos pensando em ganho de
luz natural e de calor. Do mesmo modo devemos nos preocupar quanto aos efeitos qualitativos que
podem ser explorados.
O terceiro passo é a complementação da luz natural pela artificial. Esta ponderação deve levar em
conta dois parâmetros: eficiência e custo. Ou o nosso velho custo-benefício.
Em princípio, como a iluminação natural é de melhor qualidade, gratuita, e portanto sem custos ou
desperdícios, tudo nos leva a optar por utilizá-la como iluminação básica, complementando-a com
a artificial, sempre que as necessidades de conforto lumínico a solicitarem. Destacamos as
situações de tarefas pontuais num largo ambiente (fig. L13).
Fig. L13 – Complementação da luz natural com uma fonte pontual artificial.
A partir das decisões tomadas nesta fase podemos abordar a questão lumínica do projeto de várias
maneiras, como por exemplo:
- verificando o alcance da iluminação natural nos ambientes, programando a distribuição de
sua utilização e estudando sua complementação artificial;
- ou fazendo o caminho inverso ou seja, verificando qual (quais) dos ambientes necessita
de um nível de iluminância mais elevado e posicionando próximo às aberturas;
Como cada projeto e cada arquiteto deve seguir seu próprio caminho, apenas explicaremos aqui as
técnicas relativas à utilização da luz natural nos ambientes, e da complementação com a luz
artificial.
Observamos que traçando curvas isolux, formadas por pontos de mesmo nível de iluminamento, é
possível verificar distribuição da luz no ambiente, modificando-a segundo seu projeto de aberturas.
De uma forma geral, o óbvio prevalece, ou seja, quanto maior a área iluminante, maior a
iluminância do ambiente. Entretanto é preciso ficar atento aos problemas ocasionados por zonas
de contraste elevado e de ofuscamento, que ocorrem geralmente quando há incidência solar direta,
superfícies excessivamente refletoras ou visão do céu. A questão térmica associada à esta
penetração de radiação solar direta também deve ser ponderada.
2 e sofisticada aqui não tem nenhuma conotação pejorativa, mas simplesmente refere-se à maior ou menor necessidade de exatidão
dos cálculos, em função do nível de desenvolvimento do projeto. Na realidade, são os cálculos de Waldram que se tornarão a
ferramenta mor do projeto de iluminação natural, fora do objeto desta cartilha e bem descrita no livro energia na edificação de Lúcia
Mascaró, editora Projeto ( objeto do II prêmio Light de energia na Edificação)
Uma última recomendação: a função de uma janela como elemento de integração exterior–interior
não pode ser esquecida, e na verdade é esta mistura de parâmetros que pode tornar fascinante o
projeto das aberturas. Assim podemos usar nosso conhecimento de orientação, reflexão externa
(em pisos do entorno imediato) e interna (tetos) para gerar um sistema de abertura que reuna
todos estes requisitos, como mostra esquematicamente o desenho da figura L16.
Fig. L16 – Exemplo de combinação de elementos arquitetônicos controlando a luz solar direta e a
luminância da abóbada celeste (Fonte: Mascaró in ABILUX).
A iluminação do ambiente via sistema zenital oferece uma melhor distribuição dos níveis de
iluminamento sobre os chamados planos de trabalho. Entretanto, uma olhada na figura L17, nos
mostra que o plano horizontal, posição dos domos e clarabóias, recebem uma radiação de grande
intensidade, e durante muito tempo, que não é para ser negligenciada, e sim reduzida (em regiões
quentes) através do dimensionamento correto dos vãos ou do uso de elementos de
sombreamento.
Opções existem, como os "sheds”, que podem não captar a luz do sol, uma vez que possuem uma
única superfície vertical envidraçada. Entretanto eles apresentam em geral apenas 30% do
rendimento lumínico de um domo, captor horizontal.
Finalmente além das aberturas que captam a luz solar e de seus elementos redirecionadores e
sombreadores da luz, características do ambiente interno tal como pé-direito, forma do teto e cores
das superfícies interferem no resultado obtido.
No projeto de detalhamento do uso de iluminação natural, estes conceitos devem ser melhor
detalhados, uma série de instrumentos e programas informáticos sendo disponíveis, nos ajudando
a manipular estes dados para obter uma janela que atenda a todos os requisitos.
menor valor segundo menor valor anual
Estação (Estado) Latitude Longitude Altitude anual -EH1 -EH2
(m) (lux) (lux)
Macapá (AP) 0°10'N 51°03'W 9 15.600 16.500
Uaupés (AM) 0°08'S 67°05'W 90 26.700 27.700
Petrópolis (RJ) 22°31'S 43°11'W 895 18.100 19.700
Rio de Janeiro (RJ) 22°54'S 43°10'W 31 17.900 20.000
Cabo Frio (RJ) 22°59'S 42°02'W 7 18.400 19.900
Porto Alegre (RS) 30°01'S 51°13W 47 9.500 11.600
Rio Grande (RS) 32°01'S 52°05'W 2 9.300 10.700
Fig. L17 - Dados de iluminamento médio em plano horizontal para algumas cidades brasileiras
(Fonte: IPT - Recomendações para adequação climática e acústica, 1986). Dados calculados em
função dos valores de radiação média global no plano horizontal, considerando um fator de
eficiência luminosa para radiação igual a 100 lm/ w, distribuição típica de céu encoberto. Valores
para 8 e 16horas..
Nesse módulo discutiremos a relação do som com o homem e o meio que o circunda.
Para que um projeto tenha condições plenas de conforto é preciso que o tripé formado por conforto
térmico, lumínico e acústico esteja bem resolvido na concepção da proposta. Quando nos
preocupamos com as condições acústicas externas e internas do edifício projetado é porque
sabemos que dependendo do uso que será dado à edificação ela poderá ser fonte de ruído para o
entorno ou ficar fragilizada por sua interferência.
Se propomos, por exemplo, uma escola para uma determinada área, é preciso que saibamos que
ela será fonte de ruído na vizinhança e que a qualidade acústica das salas de aula poderá ser
comprometida se as áreas próximas (internas ou externas) forem ruidosas.
As fontes podem ser classificadas como ruído aéreo (propagado pelo ar) ou de impacto
(propagado pelo corpo sólido – vibração) e para cada uma delas haverá um tratamento acústico
específico.
O estudo cuidadoso da área onde o projeto será inserido, identificando os tipos de fontes e o grau
de incômodo provocado por seu nível de ruído, é imprescindível para que a implantação do projeto
seja feita adequadamente. Barateamos o custo do tratamento acústico (quando este se faz
necessário) quando adotamos uma implantação correta. Podemos reduzir a entrada de ruídos na
edificação utilizando maiores afastamentos, adotando-se um partido que bloqueie o ruído,
explorando desníveis que existam no terreno ou criando barreiras.
A setorização das atividades devem ser propostas a partir da hierarquização dos espaços,
entendendo sempre que se é preciso maior privacidade ou pouquíssima interferência de ruídos,
então precisamos dos ambientes que atuam como fontes sonoras.
Adotando como exemplo um projeto de creche, entendemos que os berçários deverão ficar
afastados das áreas de recreação e serviço, pois estas áreas são geradoras de ruído.
Além do isolamento, em um estudo de acústica nos projetos precisamos estudar com maior rigor a
forma das superfícies, pois estas definirão o direcionamento da onda sonora refletida. Superfícies
convexas são excelentes refletoras de som contribuindo para melhor difusão do mesmo.
Superfícies côncavas são concentradoras de som, devem ser evitadas ou substituídas por
superfícies poli-prismáticas. A adoção de superfícies paralelas também concentra o som, por isso
buscamos outras soluções em teatros, auditórios e estúdios de gravação.
Os itens que se seguem foram dispostos com objetivo de entendermos, nas fases de projeto, como
a acústica deve ser pensada.
Inicialmente ficamos atentos aos ruídos existentes e as soluções para atenuação do mesmo. É a
fase de esboço do projeto em croqui. Em seguida, já definidos volumetria, partido, setorização e
implantação é hora de definirmos a especificação dos materiais construtivos e de revestimento
combinados com a forma interna das superfícies. Para isso é imprescindível conhecermos o
desempenho dos materiais quanto à absorção e reflexão do som.
O condicionamento acústico da sala, que envolve o estudo de reverberação, é nessa seqüência, a
última etapa de estudo e completa a tríade no estudo de acústica: estudo de isolamento, forma e
reverberação.
Vivemos “mergulhados” num campo sonoro. Um som é, muitas vezes, a única informação possível
para o que ocorre fora do nosso campo visual. No entanto, enquanto podemos desviar o olhar,
para evitar uma visão desagradável, é impossível selecionar – de forma precisa – o que nos
interessa ouvir. A audição complementa a visão na identificação dos elementos externos do
entorno.
Existe som, segundo a Física, sempre que um corpo vibra, produzindo a perturbação nas
moléculas do meio que o envolve. Esse movimento é transmitido às moléculas vizinhas produzindo
ondas sonoras, que alteram a pressão atmosférica, quando o meio de propagação é o ar. Um tom
puro pode ser graficamente representado como uma onda sonora senoidal. Na pratica, dificilmente
se encontra um tom puro, mas, sons complexos podem ser decompostos em uma série de tons
puros.
Para o ouvido humano, a faixa audível (fig. A1) está situada entre as freqüências de 20 e 20 x 103
Hz, sendo maior a sensibilidade entre 1 e 4 x 103 Hz. As freqüências situadas acima desta faixa
são chamadas de ultra-sons e as situadas abaixo de infra-sons.
Um som pode ser caracterizado por 3 grandezas físicas: Pressão (P), Intensidade (I) e Potência
(W) Sonoras. Mas, como o ouvido humano é sensível a uma faixa muito extensa de pressões
sonoras (de 2 x 10 –5 a 20 Pa) e como esta sensibilidade varia (é maior para sons mais fracos e
menor para sons mais fortes 1) foi adotada uma escala logarítmica 2, cuja unidade é o decibel (dB).
Os valores desta escala vão de 0 dB (limiar de audibilidade) e 130 dB (limiar de dor). Valores
superiores a 130 dB podem causar rompimento do tímpano (fig. A2).
1
Segundo a lei de Weber e Fechner a sensação sonora é proporcional ao logaritmo da excitação provocada pelo som.
2
Lembrando que a função logarítmica e a exponencial estão intimamente relacionadas, e trabalham com movimentos quantitativos
rápidos, ou seja a adição e subtração de sons não se faz de forma linear como ocorre com os fenômenos ligados à radiação (térmica ou
luminosa), por exemplo...
Fig. A2
Como a sensibilidade do ouvido humano também não é uniforme em relação às diversas faixas
freqüências (é mais sensível aos sons agudos) deve ser feita uma correção (curvas de
ponderação) nos níveis de pressão medidos: o dB(A) é o decibel ponderado de acordo com a
curva (A), que simula as reações do ouvido humano.
Já ruído pode ser definido com a “mistura de tons cujas freqüências diferem entre si por valor
inferior à discriminação (em freqüência) do ouvido humano” [TB-143/ABNT]. Pode ser aéreo
quando propagado pelo ar (por exemplo, a voz) ou de impacto quando o meio de propagação é
sólido (por exemplo, o ruído de passos sobre uma laje). Na prática, é chamado de ruído todo som
incômodo ou indesejável. A classificação é subjetiva; em geral nos incomoda o som produzido
pelos outros: o ruído do tráfego, o barulho do ar condicionado, a música e a conversa no
apartamento vizinho,
O ruído incomoda quando:
A noção de ruído "admissível" varia de um indivíduo para outro, em função dos hábitos, e
circunstâncias. Mas concorda-se que para todos, nos períodos de descanso ele é particularmente
desconfortável. Os doentes, os bebês e os idosos são os grupos populacionais mais sensíveis.
Mas o silêncio também pode incomodar: quando o ruído de fundo é muito fraco a presença de um
som inesperado pode assustar. É comum, em locais excessivamente silenciosos, o uso de fontes
sonoras (rádio ou TV) que aumentem ligeiramente o ruído de fundo. Qualidade de vida, do ponto
de vista acústico, é a possibilidade de conviver com os ruídos significantes e desejados.
A exposição ao ruído pode ocasionar uma série de patologias. Em ordem crescente:
A perda de capacidade auditiva, que ocorre naturalmente com o envelhecimento, pode ser
acelerada pela exposição a ruídos muito elevados, por longos períodos de tempo. As fontes
sonoras consideradas mais desagradáveis são os caminhões e as motocicletas. Mas concertos de
rock, a prática de certos esportes motores, o uso freqüente de head-fones podem provocar perdas
auditivas temporárias. No entanto, uma das causas mais comuns de lesão auditiva é a “surdez
profissional”, causada pela exposição ao ruído no ambiente de trabalho (indústrias pesadas,
aeroportos). A legislação brasileira atual (NR-15/MT) classifica como insalubres os ambientes cujos
níveis sonoros sejam superiores a 85 dB.
Qualquer situação acústica envolve, necessariamente, três elementos: fonte sonora, meio de
propagação e receptor (fig. A3).
propagação propagação
O nível sonoro percebido pelo receptor depende da quantidade de energia sonora emitida pela
fonte e das características do meio de propagação – o chamado campo sonoro.
O Campo Sonoro Direto, ou Campo Livre, ocorre quando entre a fonte sonora e o receptor não
existe nenhum tipo de obstáculo que modifique o trajeto das ondas sonoras (fig. A4). Neste caso o
nível de ruído está diretamente relacionado à distância entre a fonte e o receptor: quanto mais
longe da fonte, menor é o ruído percebido. Como, em situações reais, sempre existe um plano
refletor representado pelo piso, é importante conhecer também o coeficiente de absorção do solo.
Fig. A4
Campo Sonoro Reverberante, ou Campo Difuso, ocorre quando a onda sonora encontra
obstáculos, é refletida e permanece por algum tempo no ar (fig. A5). Neste caso – como em um
quarto ou uma rua com seção vertical em "U" – o nível sonoro não depende mais apenas da
distância fonte/ receptor, mas da geometria do local, que induz a direção da reflexão e dos
coeficientes de absorção dos materiais de revestimento das superfícies refletoras (fachadas e solo,
externamente ou pisos, paredes e teto, no interior).
Fig. A5
Fig. A6
3.2.2. Propagação
A construção e seus elementos – muros, fachadas, esquadrias, pisos, paredes e tetos – são
obstáculos que alteram o caminho de propagação das ondas sonoras, modificando em quantidade
(nível sonoro) e qualidade (espectro sonoro) o ruído emitido pelas fontes e percebido pelos
usuários.
N dB
(N-3)dB
(N-6)dB
xx
2x
4x
Fig. A7
3.2.2.2. Reflexão x Absorção
Assim como a luz, ao encontrar uma superfície plana e rígida, a onda sonora é refletiva segundo
um ângulo de reflexão igual ao ângulo de incidência, o que permite estabelecer a direção das
ondas refletidas. No entanto, no caso do som, este comportamento só é verdadeiro se a menor
dimensão do obstáculo for, no mínimo, quatro vezes maior que o comprimento da onda incidente.
Para sons graves (grande comprimento de onda) a relação entre o tamanho do obstáculo e o
comprimento de onda deve ser sempre verificada.
β
L L > 4λ
L > 4λ
4λ L
β’
Fig. A8
3.2.2.3. Transmissão
Um ruído pode “atravessar” uma parede ainda que ela não apresente nenhuma abertura. O que
ocorre é que ao ser atingida por uma onda sonora a parede vibra e passa a funcionar como uma
nova fonte. Neste caso podemos dizer que o som foi transmitido pela parede.
E incidente E transmitida
Fig. A9
Para obter um bom isolamento sonoro é conveniente verificar o índice de redução sonora (R)
proporcionado pelo material (fig. A10). No caso de paredes simples, quanto mais “pesado” (ou
denso) for o obstáculo, menor será a quantidade de energia sonora transmitida.
nova
fonte
Fig. A11
3.2.2.5. Difusão
igual ao comprimento da onda sonora e a profundidade das irregularidades de sua superfície igual
à sétima parte desse comprimento.
Locais dB (A) NC
Hospitais
Apartamentos, Enfermarias, Berçários, Centros Cirúrgicos 35 - 45 30 -40
Laboratórios, Áreas para Uso do Público 40 - 50 35 - 45
Serviços 45 - 55 40 - 50
Escolas
Bibliotecas, Salas de Música, Salas de Desenho 35 - 45 30 - 40
Salas de Aula, Laboratórios 40 - 50 35 - 45
Circulação 45 - 55 40 - 50
Hotéis
Apartamentos 35 - 45 30 - 40
Restaurantes, Salas de Estar 40 - 50 35 - 45
Portaria, Recepção, Circulações 45 - 55 40 - 50
Residências
Dormitórios 35 - 45 30 - 40
Salas de Estar 40 - 50 35 - 45
Auditórios
Salas de Concerto, Teatros 30 - 40 25 - 30
Salas de Conferência, Cinemas, Salas de Uso Múltiplo 35 - 45 30 - 35
Restaurantes 40 - 50 35 - 45
Escritórios
Salas de Reunião 30 - 40 25 - 35
Salas de Gerência, Salas de Projetos e de Administração 35 - 45 30 - 40
Salas de Computadores 45 - 65 40 - 60
Salas de Mecanografia 50 - 60 45 - 55
Igrejas e Templos (Cultos Meditativos) 40 - 50 35 - 45
Locais para Esporte
Pavilhões Fechados para Espetáculos e Atividades Esportivas 45 - 60 40 - 55
Fig. A12
Mesmo entre arquitetos e engenheiros não é rara uma certa confusão no uso dos termos
isolamento e absorção sonora, dois fenômenos diretamente relacionados às propriedades dos
materiais de construção. Na realidade as diferenças entre materiais isolantes e absorventes são
bastante significativas, e de modo geral, materiais absorventes são maus isolantes e vice-versa.
Entretanto, após a compreensão dos dois fenômenos e um correto diagnóstico, é possível, caso os
dois efeitos sejam necessários simultaneamente uma montagem de materiais. Por exemplo, a
efeito “mola”
painéis rígidos
material absorvente
Fig. A13
A absorção sonora consiste em reduzir ao máximo a reflexão da energia sonora que incide sobre
uma superfície. A energia absorvida é parcialmente dissipada (como energia térmica) e
parcialmente transmitida.
Eref
Edis Einc – energia incidente
Fig. A14
Na realidade, nenhum material é totalmente absorvente (ou reflexivo), parte da energia sonora
sendo sempre refletida pelo material (fig. A14). A capacidade de absorção de um material (medida
em sabine 3) é indicada pelo seu coeficiente de absorção sonora (α), e varia de 0 a 1 (tabela da
página.......).
3
Homenagem a Wallace Sabine
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É, por definição: “o tempo necessário, para que o nível de pressão sonora diminua de 60 dB,
depois que a fonte cessar”. O Tempo de Reverberação Ideal (anexo A2) varia em função do
volume da sala e do tipo de atividade a que ela se destina.
É do TR que depende fundamentalmente a qualidade acústica de uma sala: uma sala “morta” que
absorva todas as reflexões não é boa, por exemplo, para ouvir música. Muitas vezes é necessário
o prolongamento do som de um instrumento para atingir o fundo de um auditório ou, simplesmente,
para “esticar” um acorde. Por outro lado, o excesso de reflexões pode prejudicar a inteligibilidade
“embaralhando” as palavras ou as notas musicais.
O TR pode ser ajustado através da relação entre superfícies reflexivas e absorventes (via
revestimentos de pisos, paredes e tetos). Foi Wallace Sabine que, a partir de um problema real 5,
definiu empiricamente a primeira fórmula para determinar o Tempo de Reverberação:
4 Sabine, no final do século passado, resolveu o problema da falta de inteligibilidade de um auditório em Harvard colocando almofadas
macias e absorventes nas cadeiras do local. Posteriormente, duas outras fórmulas foram desenvolvidas: a de Norris-Eyring e a de
Millington-Sette
PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 43
Conforto Ambiental 1° semestre 2005
rua
Fig. A15
Os espaços interiores podem, também, ser hierarquizados em função do ruído como no exemplo
da figura abaixo. Na fachada voltada para a via de tráfego podem ser localizados os espaços
menos sensíveis (acessos, circulações, escadas) reservando a fachada protegida para os
ambientes sensíveis ao ruído (quartos, escritórios). Áreas de serviço e cozinhas devem, de
preferência, ser afastadas dos quartos de dormir, caso isto não seja possível, evitar a passagem de
tubulações de água e esgoto pela parede divisória e isolar contra ruídos aéreos.
Fig. A16
PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 44
Conforto Ambiental 1° semestre 2005
Esquadrias são um dos pontos fracos da fachada: por serem, usualmente, fabricadas em
materiais leves (lei da massa), quase sempre possuírem elementos vazados (venezianas, grelhas)
e pela dificuldade de “selar” as frestas entre a alvenaria e o caixilho e entre este e as folhas
móveis. Janelas duplas, com folhas paralelas desconectadas entre si podem apresentar um
desempenho bem superior ao de uma janela simples com o dobro da massa superficial (princípio
da parede composta. A tabela abaixo apresenta valores médios de desempenho de janelas.
Esquadria Janela Janela comum Janela comum fechada Janela com Janela
Aberta fechada e calafetada vidro duplo dupla
R dB(A) 7 22 27 27 a 35 35 a 45
Compartimentos vazados (varandas, sacadas) podem funcionar como espaços de transição para a
propagação sonora, protegendo o interior do edifício do ruído da rua (fig. A17) principalmente se
algumas de suas superfícies forem tratadas com materiais absorventes. esta é uma alternativa
interessante por não interferir na ventilação, importante em clima tropical-úmido.
Fig. A17
10 m de vegetação = - 1 dB(A)
Fig. A18
Glossário
Pequeno glossário informal. Menos que uma definição científica precisa, que englobe todo o
espectro necessário a plena compreensão dos preceitos envolvidos, este glossário busca,
respeitando a veracidade das informações, uma re-apresentação dos conceitos científicos básicos
ao estudo arquitetônico de conforto ambiental, em linguagem leiga, favorecendo sua compreensão.
Quando necessário, no trato diário, poderão – e deverão – ser consultados os livros mencionados
na bibliografia.
1. Higrotermia
Calor - calor é a energia transferida entre corpos de diferentes temperaturas. Ocorre até que os
dois atinjam uma mesma e nova temperatura, situada entre as anteriores. É medido em unidade de
energia, que no sistema internacional é representada pelo Joule (J). Entretanto quando nos
referimos ao ser humano, por vezes utilizamos outra unidade, a caloria (cal), que representa a
quantidade de calor necessária para que 1 grama de água aumente em um grau Celsius (ou
Kelvin). A equivalência se faz segundo a fórmula: 1J=0,24 cal. Ou 1cal. = 4,18J.
Clima - é o conjunto de fenômenos meteorológicos que caracterizam, durante um período longo, o
estado médio da atmosfera e sua evolução em determinado lugar. Nos interessamos, ao projetar a
duas situações climáticas : o que acontece ao longo do ano, sobretudo para as edificações de uso
permanente, e as estações críticas, ou seja em geral verão e inverno.
Condução - consiste na troca de calor entre dois corpos em contato, ou dois pontos de um mesmo
corpo, que estejam a temperaturas diferentes:
1
existe ainda uma correção, expressa pela Equação do tempo devido à alternância do eixo da Terra, mas o observatório oficial já faz
esta conta quando escutamos : "Em Brasília...:
produzir de 130 a 160 W; chegando até a produzir 1.100W, durante pouco tempo, executando
tarefas pesadas.(Fonte Koenigsberger)
Microclima - clima específico de uma área geográfica muito reduzida que se diferencia, por
circunstância de relevo ou urbanização, do clima da região que a cerca.
Potência - no contexto térmico, seria a capacidade máxima de produzir / consumir energia de um
corpo, seja uma lâmpada ou uma hidroelétrica. É medida em Watt . Outras expressões também
traduzem potência como: J/s,kcal/h, BTU/h ou HP. As conversões se fazem assim: 1W = J/s, ou a
0,862kcal/h, ou a 3,41BTU/h ou a 0,001HP. Assim Itaipu pode produzir 12.600MW, uma lâmpada
incandescente pode consumir 60W e uma lâmpada fluorescente compacta pode consumir 11W
para fornecer o mesmo nível de iluminação da incandescente anterior.
Radiação - troca de calor entre dois corpos sem contato entre si, que estejam a temperaturas
diferentes. A troca é feita através de suas capacidades de emitir e absorver energia térmica. Esta
troca variará segundo os aspectos geométricos e físicos das superfícies envolvidas. Os principais
coeficientes envolvidos serão os coeficientes de absorção (α) e de emissividade (ε). No caso das
construções, trabalhamos muito com o coeficiente de absorção da energia solar, e de absorção e
emissividade na faixa do infravermelho.
Solstício - Época do ano em que a trajetória aparente do Sol que corresponde ao percurso
extremo solar. Existem dois solstícios: o de verão, onde ocorre o dia mais longo do ano, e o de
inverno, que nos oferece o dia mais curto do que a noite Outro nome sempre associado é o de
Equinócio, momento do ano em que o percurso solar caracteriza-se por oferecer, em toda a Terra,
a mesma duração do dia e da noite.
No hemisfério Sul, o solstício de verão acontece no dia 22 de dezembro às 12:00h (hora solar),
momento em que no Hemisfério Norte estará, por oposição, acontecendo o solstício de inverno.
Nosso solstício de inverno acontece no dia 21 de junho, quando o Hemisfério Norte se regozija
com seu dia mais longo. Nas latitudes mais altas, de climas muito frios e pouca radiação solar,
esse dia é comemorado com muita música, muita alegria (para se dar uma idéia da importância da
data, é por exemplo quando os parisienses, normalmente muito sisudos e rigorosos quanto ao
barulho, comemoram seu dia da Música, onde qualquer um pode tocar, com ou sem maestria,
instrumentos diversos nas ruas, bares, becos de Paris até o raiar do dia seguinte)
Temperatura - é a grandeza física que permite medir quanto um corpo está frio ou quente, em
relação a determinados padrões fixos na natureza. O padrão mais conhecido é o da escala Celsius
(ou centígrado) (°C), que divide dois destes pontos, o da fusão do gelo e o da evaporação da água
em 100 partes, chamadas graus. Esta mesma parte, mas aplicada a um outro valor, do teórico zero
absoluto, forma a escala Kelvin (K). Antigamente os anglo-saxões (e hoje alguns americanos)
utilizavam o padrão de outra mistura, mais fria que o da fusão do gelo, a mistura de água e álcool,
que gerou o padrão Fahrenheit (°F), mais frio que o zero grau Celsius. As equivalência entre as
o
F − 32 oC
escalas se fazem segundo as fórmulas: = e K = oC + 273
9 5
Temperatura resultante - temperatura resultante das principais influências térmicas em
determinado ambiente, simplificadamente resumida como a média aritmética da temperatura do ar
e das paredes circunvizinhas. Em climas onde a umidade relativa fique entre 40 e 70%, podemos
dizer que se equivale à temperatura do conforto sentido.
Umidade do ar - umidade atmosférica é o resultado da evaporação contínua das águas, do solo
úmido e da transpiração dos animais e vegetais.
Umidade absoluta (ou específica) do ar - quantidade de água retida no ar. É expressa em
gramas de água por cada Kg de ar seco ou em gramas de água por m3 de ar seco.
Umidade relativa - é a relação entre a quantidade de água contida no ar na temperatura ambiente
e aquela máxima que ele poderia conter à mesma temperatura. Assim um ar a 0% é certamente
um ar seco, e ele saturará a 100%. Exemplo abaixo, onde vemos os valores de umidade absoluta,
0, 60, 84 e 120 gramas de água por cada kg de ar; e as relativas, 0, 50, 70 e 100%.
água
+ + +
0%UR 50%UR 70 %UR 100%UR
chuva
Ar seco = 0 g Ar qq = 60 g de Ar qq =84 g de Ar do orvalho = 120
de água/kg de água/kg de ar água/kg de ar g de água/kg de ar
ar
2. Iluminação
Acomodação - ajuste focal do olho, geralmente espontâneo, com a finalidade de olhar para um
objeto situado a certa distância, objeto de seu interesse.
Acuidade visual - é a clareza de visão de detalhes. Pode ser qualitativa (ou seja traduzindo a
capacidade de ver os objetos próximos de maneira distinta), e quantitativa, um pouco mais
complicada de explicar, mas que significa a reciprocidade do ângulo de separação entre dois
objetos vizinhos ( a nível de pontos ou linhas) que o olho pode ver separados.
Campo visual (do olho, ou dos olhos) - extensão angular do espaço no qual um objeto pode ser
percebido, quando os olhos observam um objeto diretamente na frente. O campo pode ser
monocular (relativo a um só olho) ou biocular.
Condição de céu: relação entre a quantidade de nuvens observada e a superfície total da
abóbada celeste divide-se usualmente em:
claro nuvens em menos de 1/3 da superfície total da abóbada celeste
parcialmente 1/3 a 2/3 da superfície total da abóbada celeste coberta de nuvens
nublado
nublado mais de 2/3 da superfície total da abóbada celeste coberta de nuvens
encoberto abóbada celeste totalmente coberta de nuvens, em que o Sol não é visível
Contraste - avaliação subjetiva da diferença de aparência de duas partes de um campo de visão,
vistas ao mesmo tempo ou sucessivamente.
Desempenho visual - termo usado para descrever tanto a velocidade com que os olhos
funcionam, como a precisão com que uma tarefa visual pode ser executada.
Eficiência Luminosa (de uma fonte) - quociente do fluxo luminoso emitido por uma fonte e a sua
potência de consumo Unidade: lumen/W.
Fluxo luminoso - é a quantidade visível do fluxo radiante emitido por uma fonte. Ou, mais
precisamente, a quantidade derivada do fluxo radiante emitida pela radiação, de acordo com sua
ação sobre um receptor seletivo cuja sensibilidade espectral é definida pelas eficiências espectrais
padrão. Unidade: lumen, lm.
Iluminância, iluminamento - é o nível de iluminamento ( ou de luz),ou seja a parte do fluxo
luminoso que incide sobre cada ponto de uma superfície, por unidade de área. Símbolo: Ev, E
.Unidade: lux, lx ( equivale a lumen/m2). Não confundir com Luminância.
3. Acústica
Amplitude- é o deslocamento máximo atingido por uma molécula em relação à sua posição de
equilíbrio, medida em metro (m). Veja representação gráfica em onda sonora senoidal
Barreira Acústica – é o elemento que, colocado entre a fonte e o receptor, visa provocar a
difração das ondas sonoras. A atenuação provocada por uma barreira depende de sua altura e
posição em relação à fonte e ao receptor.
A B
a b
F R
O cálculo exato da atenuação provocada por uma barreira é relativamente complexo, entretanto
existem algumas fórmulas simplificadas. Uma barreira simples pode ser calculada pela fórmula:
PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 51
Conforto Ambiental 1° semestre 2005
Eco - é o som secundário, gerado por reflexão, que chega ao ouvido do receptor com um atraso de
1/15 segundos em relação ao som direto. Considerando uma temperatura de 220 C, este percurso
corresponde a, aproximadamente, 22 metros. Os ecos podem ser evitados pelo uso de materiais
absorventes ou pela colocação de anteparos intermediários quando a distância entre fonte a
superfície refletora for superior a 11 metros.
Espectro sonoro - Assim como a luz, que pode ser decomposta em cores (espectro luminoso), um
ruído ou som complexo possui sua energia distribuída em várias faixas de freqüência (o espectro
sonoro). O que propicia a determinação da quantidade de energia sonora contida em cada faixa de
freqüência. Como o ouvido humano não é sensível a pequenas variações de freqüência, o espectro
sonoro foi dividido em faixas de freqüência maiores, as bandas de oitava.
Uma oitava é definida por um intervalo em que a freqüência máxima da faixa é igual ao dobro da
mínima. As oitavas normalizadas, dentro da faixa audível, são as seguintes:
Focos - é fenômeno que ocorre quando, devido a uma superfície convexa, dois ou mais raios
refletidos convergem para um mesmo ponto.
superfície
convexa
Fonte Foco
1
Unidade que era utilizada para medir perdas em linhas telefônicas, assim denominada em homenagem a Alexander Graham Bell
PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 52
Conforto Ambiental 1° semestre 2005
onde:
Tr é o tempo de reverberação, em segundos
0,161V
Tr = V é o volume da sala, em m3
Slogn(1− α ) S é a área interna da sala, em m2
α é o coeficiente médio de absorção da sala
onde:
Tr é o tempo de reverberação, em segundos
0,161V V é o volume da sala, em m3
Tr =
∑ [−Silogn(1 − αi)] Si é a área dos diferentes revestimentos internos, em m2
αi é o coeficiente de absorção de cada revestimento
Intensidade Sonora - É a quantidade de energia transportada por uma onda sonora, em um ponto
e direção determinados, por unidade de superfície normal à direção da onda. Unidade: W/m2.
Mascaramento - É a elevação subjetiva do limiar de audibilidade: na presença de um ruído de
fundo muito elevado, o som de interesse precisa ter mais energia para ser percebido. Assim, é
muito mais “fácil” conversar em um apartamento silencioso que numa rua de tráfego pesado (ou
em uma boate).
Potência Sonora - É a energia liberada por uma fonte, por unidade de tempo. Unidade: Watt (W).
Pressão Sonora - É a diferença entre a pressão do ar, em um determinado instante, e a pressão
atmosférica normal (ou pressão estática). Unidade: Newton por metro quadrado (N/m2) ou Pascal
(Pa).
pressão pressão
T λ
A A
distância.na
0 tempo 0 direção de
propagação do
som....
ciclo completo
Período (T) tempo necessário para que uma onda sonora execute um ciclo completo, em segundo (s)
número de vezes que um ciclo completo se repete em um determinado período de tempo, em
Freqüência (f) ciclos por segundo (cps) ou Hertz (Hz). Quanto maior o número de ciclos, mais alta a
freqüência. Matematicamente seria o inverso do período ( f =1/T ):
deslocamento máximo atingido por uma molécula em relação à sua posição de equilíbrio,
Amplitude (A)
medida em metro (m).
Comprimento distância percorrida pela onda senoidal em um ciclo completo, em metro. É função da
de onda (λ) velocidade do som em um meio e da freqüência. ( λ = c/f )
Ruído de fundo – É todo e qualquer ruído percebido em um determinado local que não seja o som
de interesse (ou ruído útil). Por exemplo: o ruído do tráfego, do ar condicionado, dos vizinhos,...
Som - é “toda e qualquer vibração mecânica em um meio elástico na faixa de áudio freqüência”
(TB-143/ABNT). Ao vibrar um corpo produz a perturbação do meio que o envolve de tal forma que
as moléculas do meio não se deslocam, mas oscilam em torno de uma posição de equilíbrio,
provocando zonas de compressão (alta pressão) e rarefação (baixa pressão). Pode ser classificado
como:
puro quando composto de uma única freqüência (único comprimento de onda). Por exemplo: o som de
um diapasão. Pode ser representado como uma onda senoidal.
complexo Mais comum, é o som composto por várias freqüências. Pode ser representado como a soma de
diversas ondas senoidais (uma para cada faixa de freqüência).
Velocidade da onda sonora (c), é a rapidez de deslocamento da onda sonora, em metro por
segundo (m/s). Varia em função da temperatura, densidade e homogeneidade do meio de
propagação. Quanto mais denso o meio, mais rápida a propagação.
Fórmula de cálculo: t , t - temperatura em °C
c = 332 + 1 +
273
Ao ar livre a alteração da velocidade do som na atmosfera, por variações de temperatura, podem
provocar a refração das ondas sonoras, ocasionando um ligeiro desvio na trajetória original.
Velocidade do som (c) em alguns materiais de construção ( em m/s)
Ar a
Material borracha cortiça água madeira tijolo concreto aço/ vidro
20°C
Velocidade 340 40 a 150 450 a 500 1460 1.000 a 2.000 2.500 3.500 5.000 a 6.000
Anexos
1. Higrotermia
Anexo T1 – Diagrama Bioclimático de Givoni
O diagrama de Givoni pode ser mais bem explorado – considerando a plotagem de diversos tipos
de horas ocupadas – no programa Analysis Bio 2.0 (disponível no Laboratório de Informática ou em
download junto ao Labeee da UFSC). Entretanto,para uma primeira avaliação, a simples plotagem
de valores nesta planilha pode ajudar a definir as estratégias e suas representações arquitetônicas.
30
30
5 25
25
10
20
2 4 W[
TBU[°C] 20 g/
15 Kg
15 ]
10
10 1 11
5
0 12
5
8 7
9
3
6
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
TBS[°C]
Fonte Programa Analysis 2 .0 Bio - UFSC - ECV - Lab EEE - N
Legenda:
zona Estratégias mais eficientes
1 Conforto higrotérmico
2 Ventilação
3 Resfriamento evaporativo
4 Massa térmica para resfriamento
5 Ar condicionado
6 Umidificação
7 Massa térmica e aquecimento solar
8 Aquecimento solar passivo
9 Aquecimento artificial
10 Ventilação + massa térmica para resfriamento
11 Ventilação + massa térmica para resfriamento. + Resfriamento evaporativo
12 Massa térmica para resfriamento. + Resfriamento evaporativo
Fonte: Givoni in LAMBERTS, DUTRA e PEREIRA
1
Do material vidro quando aquecido, não confundir com sua capacidade de transmissão na faixa do infravermelho,
Escala
Velocidade dos
de Fenômenos comumente observados
ventos
Beaufort
0 0 a 0,2 m/s a fumaça (churrasqueira, chaminé, cigarro,etc.) sobe de forma vertical.
o vento faz a fumaça se inclinar, mas ainda não consegue girar um
1 0,3 a 1,5 m/s
cata-vento.
o ser humano percebe o vento no rosto, as folhas das árvores e do
2 1,6 a 3,3 m/s
cata-vento começam a se mexer.
as folhas e os pequenos ramos das árvores das árvores se mexem de
3 3,4 a 5,4 m/s
forma contínua e o vento faz as bandeiras se mexerem.
4 5,5 a 7,9 m/s o vento tira a poeira do chão e levanta folhas de papel.
as pequenas árvores começam a balançar e começa a fazer espumas
5 8,0 a 10,7 m/s
nas ondinhas dos lagos.
fios elétricos começam a se mexer e fica muito difícil usar guarda-
6 10,8 a 13,8 m/s
chuva.
as árvores ficam completamente agitadas e fica muito difícil de se andar
7 13,9 a 17,1 m/s
de frente para o vento.
os pequenos ramos das árvores se quebram e não se pode andar
8 17,2 a 20,7 m/s
normalmente sem um esforço terrível, de frente para o vento.
as telhas dos telhados começam a ser arrancadas, ocorrem pequenas
9 20,8 a 24,4 m/s
catástrofes com relação à casa.
normalmente só ocorre no mar. Quando ocorre na terra, pode arrancar
10 24,5 a 28,4 m/s
árvores com a raiz.
1) Cálculo inicial:
Onde:
S- área mínima entre entrada e saída de ar do ambiente;
V - valor da velocidade do vento em campo livre (obtido junto às estações metereológicas);
C1- coef. de redução segundo a obstrução no entorno da edificação;
C2- coef. de redução segundo o ângulo entre a direção do vento e a normal à fachada considerada
C3- coef. de redução segundo o tipo de esquadria
Com essas tabelas faz-se o cálculo estimativo da renovação de ar provável em um ambiente por
diferença de pressão ( uso para compensar ganhos internos de ocupantes e iluminação):
Quadro 4 : Valores de referência: alguns indicadores de projeto para cálculo de necessidades mínimas de
renovação de ar, segundo Fernandez,P:
2) Incremento, em caso de áreas úteis das aberturas desiguais (entre entrada e saída) no
resultado obtido anteriormente:
PROARQ e DTC – FAU - UFRJ 61
Conforto Ambiental 1° semestre 2005
%
40
PORCENTAGEM DE AUMENTO
30
20
10
1 2 3 4 5 6
RELAÇÃO SAÍDA/ENTRADA OU VICE-VERSA
Exemplo de aplicação: Casa em uma região muito construída, vento considerado a 3,5m/s
Cálculo:
Relação de áreas = 6/2 = 3
S=2m² c1 -0,33
S=6m 30o c2 -0,97
c3 -0,26
Planta
R parcial= S * v* c1 *c2 * c3* 3600s/h
Corte o R parcial = 2*3,5*0,33*0,97*0,26*3600
45
R parcial=2097,3 m³/h
Incremento= 30%
R total = 2726,1 m³/h
Coeficiente global de transmissão de calor para alguns tipos de envidraçamento, dado em W/m2 ºC
(quanto menor o coeficiente, maior a capacidade de isolamento térmico)
2. Iluminação
Anexo L1 – Níveis de iluminância para atividades diversas (Fonte: IES)
POTÊNCIA VIDA
TIPO CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS APLICAÇÕES
(Watts) MÉDIA
9W
10.000 horas
11W
As lâmpadas BIAX e Podem ser aplicadas
DOUBLE BIAX em salas de estar,
necessitam de reator corredores,
convencional garagens,hotéis e
BIAX
apropriado, trazendo condomínios, pois
starter interno à têm uma durabilidade
lâmpada. Possuem 10 vezes maior que
diversas tonalidades de as lâmpadas
cor. comuns.
13W
18W 10.000 horas
25W
DOUBLE BIAX
15W
As lâmpadas TRIPLE 20W 10.000 horas
BIAX e 23W
PERFORMANCE foram Lugares onde a luz
desenvolvidas para permaneça acesa
substituir as por mais de 3 horas,
incandescentes comuns tais como: salas de
TRIPLE BIAX
sem necessidade de estar, quartos,
qualquer adaptação, restaurantes e
pois já vêm com rosca e instalações prediais
reator eletrônico. Elas individuais ou de
reduzem o consumo de grande porte.
enrgia elétrica em até
75%. 28W 10.000 horas
PERFORMANCE
POTÊNCIA VIDA
TIPO CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS APLICAÇÕES
(Watts) MÉDIA
Reduzem o consumo de
energia em 20% Devido ao baixo
comparando com as consumo e eficiência
fluorescentes luminosa, esta
17W
tradicionais. Utilizam 20.000 horas lâmpada é muito
32W
retores específicos de versátil, podendo ser
partida rápida, não usada na cozinha,
usando os reatores das garagem e adega.
FLUORESCENTE fluorescentes comuns.
TRIMLINE
POTÊNCIA VIDA
TIPO CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS APLICAÇÕES
(Watts) MÉDIA
Lâmpadas halógenas
compactas que
Estas lâmpadas são
permitem melhorar os
perfeitas para o
sistemas com refletoras
projeto de
comuns, simplesmente
iluminação de
trocando as lâmpadas
50W 2.000 horas embutir ou destacar
existentes pelas PAR-20
elementos na
e PAR-30, obtendo
decoração, onde são
aumento na intensidade
atraentes devido à
de luz sem o custo
sua estética.
adicional de novas
luminárias.
PAR-20 e PAR-30
Sua iluminação
dirigida foi feita para
O KIT PAR-38 é
destacar as formas e
composto por uma
120W texturas de árvores,
lâmpada PAR-38 ou
150W 2.000 horas flores e arbustos. Em
uma PAR-38 DICHRO
locais externos, a
COLORIDO, mais uma
luminária tipo
luminária tipo “espeto”.
“espeto” facilita sua
aplicação.
KIT PAR-38
São ideais em
aplicações externas
São lâmpadas
para destaque dos
projetores fabricadas
elementos
com vidro resistente a
arquitetônicos e das
choques térmicos,
plantas dos jardins.
podendo ser expostas 120W 2.000 horas
Além disto, sua
ao tempo,
iluminação é um
proporcionando um
importante elemento
preciso e intenso facho
de segurança
de luz.
externa de sua
residência.
PAR-38
Lâmpadas de reduzido
tamanho e com diversos
acabamentos coloridos Podem ser aplicadas
com potência de 15W em lustres, abajures,
15W
(amarelo, azul, laranja, espelhos e cordões
25W 1.000 horas
verde e vermelho), para coloridos para
40W
iluminação decorativa decoração interna e
ou branco nas potências externa.
de 15W, 25W e 40W
BOLINHA e para iluminação suave.
BOLINHA COLORIDA
Estas lâmpadas são
ideais para uso
interno ou externo na
Fabricadas com pintura
sua casa, sítio,
especial que não 60W
1.000 horas acampamento e em
transmite as radiações 100W
todo lugar onde os
que atacam os insetos.
insetos são atraídos
pelas lâmpadas
BUGLITE e
comuns.
WEEKEND
São recomendadas
para uso interno,
como um
Emite quantidades
complemento da luz
balanceadas de
solar para aquelas
radiações de luz
plantas que estão
vermelha e azul,
60W 2.000 horas em locais de
tornando-se um
pequena iluminação.
importante complemento
Além de auxiliar no
no desenvolvimento
desenvolvimento,
sadio das plantas.
também será uma
fonte de destaque de
sua planta.
PLANTILUX
POTÊNCIA VIDA
TIPO CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS APLICAÇÕES
(Watts) MÉDIA
As lâmpadas Geladeira/Fogão
foram desenvolvidas para uso
em eletrodomésticos, porém,
São projetadas para
graças à sua base E-27,
suportar as condições
possuem a versatilidade de
adversas de 15W
1.000 horas também serem utilizadas em
temperatura e espaço 40W
lustres e arandelas. A
encontradas nas
lâmpada Pygmy possui base
geladeiras e fogões.
E-14, própria para uso nos
GELADEIRA/FOGÃO modernos refrigeradores e
e PYGMY freezers.
Lâmpadas decorativas
que graças aos seus
formatos e acabamentos 25W Estas lâmpadas possuem
claro e leitoso, se 40W 1.000 horas grande efeito decorativo em
tornam um requintado 60W lustres, platons e abajures.
complemento de
decoração.
VELA CLARA e
VELA LEITOSA
EXEMPLO 1 - INVERNO
70000
6,0 0 0
60000
7,0 13721 1185
8,0 36130 3953 50000
EXEMPLO 2 - VERÃO
800
Hora I Céu CLARO I Céu ENCOBERTO
700
6,0 47 22
600
7,0 94 49
500
8,0 137 77
400
9,0 175 103
10,0 200 123 300
Dados de iluminamento médio em plano horizontal para algumas cidades brasileiras (Fonte: IPT -
Recomendações para adequação climática e acústica, 1986). Dados calculados em função dos
valores de radiação média global no plano horizontal, considerando um fator de eficiência luminosa
para radiação igual a 100 lm/ w, distribuição típica de céu encoberto. Valores para 8 e 16horas.
* - Os dados de São Paulo estão colocados como referência, pois estes dez últimos anos se
caracterizaram na cidade por um forte aumento da poluição do ar, o que deve modificar -
atenuando- bastante os valores fixados.
Para garantir um iluminamento mínimo de 150 lux às 8 horas e 16 horas entre 80 e 90% dos dias
do ano. Em função das características da abóboda celeste da região, da altura das edificações e
da dimensão das aberturas.
J/A (%)
Acústica
NPS Pressão
Nível subjetivo Descrição
(dB) (Pascal)
Perigo de ruptura do tímpano 140 200
estrondoso • Fogo de artilharia
• Avião a jato a 1 m
Limiar da dor 130 63
• Avião a jato a 5 m
• Tambor de graves a 1 m
Limiar do desconforto auditivo 120 20
• Avião a pistão a 3 m
• Broca pneumática
• Metrô 110 6,3
Muito barulhento
• Próximo a um rebitador
• Indústria barulhenta 100 2
• Dentro de um avião
• Banda ou orquestra sinfônica 90 0,63
Barulhento
• Rua barulhenta
• Dentro de um automóvel em alta velocidade 80 0,2
• Escritório barulhento
• Aspirador de pó
• Rua de barulho médio 70 0,06
Moderado
• Pessoa falando a 1 m
• Escritório de barulho médio 60 0,02
• Rádio com volume médio
• Restaurante tranqüilo 50 0,006
Tranqüilo
• Escritório paisagem (c/ tratamento acústico)
• Sala de aula (ideal) 40 0,002
• Escritório privado (ideal)
• Teatro vazio 30 0,0006
Silêncio
• Quarto de dormir
• Movimento de folhagem 20 0,0002
• Estúdio de rádio e TV
• Deserto ou região polar (sem vento) 10 0,00006
Muito silêncio
• Respiração normal
Limiar de audibilidade 0 0,00002
• Laboratório de acústica (câmara anecóica)
Vidro duplo
Vidro simples
(Dois vidros simples de 2,5mm de espessura)
Espessura do vidro Isolamento acústico Separados por espaço de Isolamento acústico
(mm) (dB) (em mm) (dB)
2,8 25 3 33
4 27 6 35
6 29 12 38
10 31 25 42
12 33 50 46
20 36 125 49
200 53
Locais DB(A) NC
Hospitais
Apartamentos, Enfermarias, Berçários, Centros cirúrgicos 35 – 45 30 – 40
Laboratórios, Áreas para uso do público 40 – 50 35 – 45
Serviços 45 – 55 40 –50
Escolas
Bibliotecas, Salas de música, Salas de desenho 35 – 45 30 – 40
Salas de aula, Laboratórios 40 –50 35 – 45
Circulação 45 – 55 40 – 50
Hotéis
Apartamentos 35 – 45 30 – 40
Restaurantes, Salas de estar 40 – 50 35 – 45
Portaria, Recepção, Circulações 45 – 55 40 – 50
Residências
Dormitórios 35 – 45 30 – 40
Salas de estar 40 – 50 35 – 45
Auditórios
Salas de concerto, Teatros 30 – 40 25 – 30
Salas de conferência, Cinemas, Salas de uso múltiplo 35 – 45 30 – 35
Restaurantes 40 – 50 35 – 45
Escritórios
Salas de reunião 30 – 40 25 – 35
Salas de gerência, Salas de projetos e de Administração 35 – 45 30 – 40
Salas de computadores 45 – 65 40 –60
Salas de mecanografia 50 – 60 45 – 55
Igrejas e Templos (cultos meditativos) 40 – 50 35 – 45
Locais para esporte
Pavilhões fechados para espetáculos e atividades esportivas 45 – 60 40 – 50
Bibliografia
Esta cartilha procura apresentar de forma a interagir-se com o processo do projeto de arquitetura a
questão do bioclimatismo. Após a assimilação dos conhecimentos aqui descritos, muita lacuna –
espera-se – deverá ser descoberta e coberta. E para isto relacionamos aqui não só a bibliografia
utilizada para embasar os fundamentos e os Anexos como a necessária ao prosseguimento deste
caminhar.
Como dissemos, a pesquisa em qualidade ambiental das construções em clima tropical tem sido
objeto de pesquisa intensa. A tarefa não é fácil. Se em clima frio existe uma certa coincidência de
objetivos que facilita a simplificação, em clima tropical muita vezes a exigência de uma área é a
interdição de outra. Receber luz sem receber calor, permitir a ventilação sem poluição sonora... Na
busca de uma melhor interação com o processo de concepção arquitetônica, muitos
pesquisadores, brasileiros e de diferentes especialidades – arquitetos, físicos, meteorologistas,
médicos, engenheiros, sociólogos - tem-se unido. Nossos centros universitários - de Norte a Sul do
país - e institutos de pesquisa tecnológica vêm procurando integrar e adequar os princípios físicos
da transmissão de calor e as necessidades de caráter ambiental dos diversos tipos de usuário -
higrotérmicas, visuais, acústicas e da qualidade do ar interno - à nossas diversidades climáticas,
culturais, à nossa prática de projeto e às nossas leis de uso do solo.
Muitas das informações aqui transmitidas vêm dessa massa de pesquisadores e encontram-se na
bibliografia. Outras foram transmitidas ao longo dos cursos de mestrado e doutorado realizados,
expostas em congressos e seminários temáticos, enfim, no convívio diário – sobretudo após o
advento da Internet no ciclo universitário. Àqueles mestres cuja gratuidade na informação impedem
uma referência bibliográfica mais precisa, resta-nos o recurso de colocar seus centros de pesquisa
como referência. Assim estão listadas nesta bibliografia as publicações de referência para o texto e
também sites, onde pesquisadores continuam a trocar informações sobre o tema.