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Como escolher

sua especialidade
médica?
Uma série com artigos sobre cada
especialidade médica para que
você não tenha dúvidas na hora de
escolher a residência ideal
Coloproctologia ............................................................................................................................ 4

ÍNDICE Pediatria ....................................................................................................................................... 7


Dermatologia .............................................................................................................................. 14
Geriatria ...................................................................................................................................... 17
Oftalmologia ............................................................................................................................... 20
Genética Médica ......................................................................................................................... 24
Cirurgia Geral .............................................................................................................................. 29
Neurologia .................................................................................................................................. 32
Cardiologia .................................................................................................................................. 37
Clínica Médica ............................................................................................................................ 41
Psiquiatria ................................................................................................................................... 46
Otorrinolaringologia ..................................................................................................................... 50
Medicina Intensiva ...................................................................................................................... 53
Cirurgia Plástica .......................................................................................................................... 56
Anestesiologia ............................................................................................................................ 60
Radiologia e Diagnóstico por Imagem ......................................................................................... 63
Alergia e Imunologia .................................................................................................................... 66
Endocrinologia e Metabologia ..................................................................................................... 69
Urologia ...................................................................................................................................... 72
Oncologia ................................................................................................................................... 75
Medicina do Exercício e Esporte ................................................................................................. 78
Ortopedia ................................................................................................................................... 81
Ginecologia e Obstetrícia ............................................................................................................ 84
Neurocirurgia .............................................................................................................................. 87
Reumatologia .............................................................................................................................. 90
Cirurgia de Cabeça e Pescoço .................................................................................................... 92
Pneumologia ............................................................................................................................... 95
Infectologia ................................................................................................................................. 98
Homeopatia .............................................................................................................................. 101
Medicina de Família e Comunidade .......................................................................................... 104
Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva ................................................................................ 108
Medicina Nuclear ...................................................................................................................... 111
Radioterapia ............................................................................................................................. 114
Hematologia e Hemoterapia ..................................................................................................... 118
Patologia Clínica / Medicina Laboratorial ................................................................................... 121
Nutrologia e Nutrição Parenteral e Enteral ................................................................................. 124
Medicina do Trabalho ................................................................................................................ 128
Cirurgia de Mão ........................................................................................................................ 132
Mastologia ................................................................................................................................ 135
Nefrologia ................................................................................................................................. 138
Medicina Física e Reabilitação ................................................................................................... 141
Medicina do Trafego ................................................................................................................. 144
Acupuntura ............................................................................................................................... 147
Algumas especialidades da Medicina são verda-
deiras incógnitas até mesmo para os estudantes.
INTRODUÇÃO
Para ajudar você a escolher a residência que está
mais alinhada com suas qualidades e seus objeti-
vos, preparamos este ebook sobre cada especiali-
dade médica.

Em cada tópico, você poderá ter a visão de um


especialista sobre sua respectiva área, as oportu-
nidades disponíveis, principais desafios e muito
mais!
Coloproctologia: nem
tudo que sangra é culpa
das hemorroidas

Yara Mendonça
Proctologista no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla
Membro das sociedades americana e brasileira de Coloproctologia
Graduação em Medicina pela UFRJ

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1) O que é? avaliação global do paciente.

Mas.. o que é a proctologia? Parece uma per- 3) Oportunidades de trabalho:


gunta fácil, mas muitos pacientes (e pasmem;
muitos médicos) erram sobre o que fazemos e O mercado de trabalho é estável e o proctolo-
quais são as nossas áreas de atuação. gista vai encontrar oportunidades de atuação
nos setores público e privado da saúde. A
O nome completo da especialidade é coloproc- maior parte dos especialistas trabalha na região
tologia, ou seja, tratamos alterações orgânicas Sudeste do país (50,1%), seguido pela Sul
ou funcionais do íleo terminal, passando pelo (19%), Nordeste (18,4%), Centro-Oeste (10,2%)
intestino grosso, reto e ânus. e Norte (2,3%).

A formação do proctologista exige 6 anos de 4) Número de especialistas:


medicina, residência de cirurgia geral (no
mínimo 3 anos, de acordo com a nova regra de No momento, temos aproximadamente 1.600
residência médica) e de proctologia (também coloproctologistas registrados pela Sociedade
pelo menos mais 2 anos). Após esses 2 anos Brasileira de Coloproctologia.
de residência, o profissional já pode ser consi-
derado um especialista. Alguns optam por mais 5) Curiosidade(s):
1 ano de complementação, de acordo com a
área de interesse: videocirurgia, colonoscopia, – Hemorroidas são estruturas que todos temos.
fisiologia anorretal, entre outros. A diferença é se elas ficam doentes ou não.

2) Como é o dia a dia? – O cirurgião inglês John Arderne (1307 – 1392)


é considerado o pai da Proctologia. É sua a
Nosso dia a dia no consultório é bem variado, autoria da primeira publicação sobre a área.
porém as principais queixas são os sangramen-
tos e dores anais, diarreia crônica, constipação 6) Especialidades correlacionadas:
intestinal e incontinência fecal. Um mesmo
sintoma pode ocorrer em várias doenças, As especialidades que estão muito próximas da
sendo assim, o exame físico é fundamental para nossa e também podem ajudar muito no diag-
o diagnóstico correto e tratamento efetivo. Além nóstico correto das doenças são a gastroente-
disso, avaliação em conjunto com outros espe- rologia, urologia e ginecologia.
cialistas, como urologista, ginecologista e gas-
troenterologista pode ser necessária para uma

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7) Área de atuação:
Nossa área de atuação é muito extensa, desde
atendimentos e procedimentos em consultório,
passando por cirurgia abdominal e orificial e
exames complementares, como a colonosco-
pia, manometria anorretal, ultrassom endoanal,
testes para intolerâncias alimentares, etc.
Apesar de ter um nome semelhante, não trata-
mos a próstata. Ela fica sob responsabilidade
do urologista.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Fica o recado para os médicos que desejam se


especializar nessa área: nem tudo que sangra é
culpa das pobres hemorroidas!

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Pediatria: muita
dedicação e amor pelo
que se faz

Ana Carolina Pomodoro


Pediatra e Mestre em Pediatria pela UFF
Pedagoga pela UERJ
Graduação em Medicina pela UFRJ

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1) O que é? o que realmente tem presenciado em casa.
Acho interessante montar esse quebra-cabeça
A Pediatria é a área da Medicina que trata ao longo da consulta.
desde o concepto até o adolescente. Na verda-
de, cada vez mais o pediatra se vê envolvido É muito importante o profissional estar atento
com as famílias mesmo antes da concepção: para a prevenção, pois é um grande diferencial
no aconselhamento genético. na Pediatria. Trabalhamos para orientar os pais
em relação ao crescimento e ao desenvolvi-
Assim como a Clínica Médica, é uma das áreas mento adequados para cada idade, buscando
bases da Medicina, com a Pediatria Geral e a detectar desde os pequenos desvios nas
Pediatria voltadas para as diversas subespeciali- curvas utilizadas para que a criança volte ou se
dades. Por englobar tantas faixas etárias e mantenha dentro da normalidade. Aliás, curvas
apresentar, aparentemente, diversos tipos de não faltam na Pediatria!!! E isso nos mostra a
dificuldades para o profissional, é que muitos grande variabilidade do público com o qual
alunos acabam por ter receio de escolher essa trabalhamos.
especialidade para seguir.
É uma das áreas da Medicina que mais costu- Essa parte da Pediatria mais preventiva, que
ma exigir conhecimento técnico do profissional, avalia as curvas, além da história gestacional /
uma vez que a maioria dos pacientes não sabe neonatal, história vacinal, história fisiológica,
expressar o que sente, havendo grande depen- história familiar, história social, história alimentar,
dência do médico em relação aos responsáveis e crescimento e desenvolvimento propriamente
pela criança, que vão relatar aquilo que conse- dito, é a Puericultura. O atendimento pode ser
guem perceber (o que nem sempre condiz com dividido pelo neonatologista, pediatra geral e
a realidade ou nem sempre é a informação que hebiatra, sendo que qualquer um desses pode
necessitamos para fechar corretamente um realizar as consultas em todas as faixas etárias
diagnóstico). pela capacitação que receberam ao ser torna-
rem pediatras gerais.
Assim, costumo dizer que essa é a parte que
mais me estimula, uma vez que dar o diagnósti- Quando pensamos na Pediatria como integrante
co correto para traçar uma boa conduta depen- da formação do médico, vemos que a mesma
de basicamente de mim: é preciso conhecer está presente no ciclo profissional (quando
bem o exame físico, as doenças mais comuns aprendemos os pontos chaves da disciplina,
para cada faixa etária, além de ter que estabele- geralmente distribuída em dois períodos acadê-
cer com o responsável um vínculo de confiança micos), no internato rotatório, no internato eletivo
para que este possa relatar de forma verdadeira (para as universidades que possuem essa

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modalidade, permitindo ao aluno ter um maior mento da criança, auxiliando os responsáveis a
convívio com o dia a dia da especialidade antes formar um adulto saudável, autônomo e seguro.
de tomar sua decisão final quanto à escolha Esse processo geralmente é possível no con-
para a especialização) e na Residência Médica / sultório.
Curso de Especialização.
E tem uma coisa que parece ser o terror de
A Residência Médica, que antes era concluída quem pensa na possibilidade de fazer Pediatria
em 2 anos, passou para 3 anos, mas os servi- em consultório: “As mães vão me ligar sem
ços ainda estão se adequando à mudança de parar, de noite, madrugada, fim de semana…”
currículo. Aqui no Rio de Janeiro, basicamente o
Hospital dos Servidores do Estado (o primeiro a Realmente é necessário ter um canal de contato
ter Residência Médica em Pediatria), se mostra das famílias com o pediatra, não para que haja
mais uma vez pioneiro, garantido já o novo consultas virtuais, mas para que sejam orienta-
currículo para seus residentes. das nos casos de emergência.

2) Como é o dia a dia? É verdade que alguns responsáveis acabam


abusando desse canal e acham que podem
Muitos pediatras ainda optam por trabalhar em contactar o pediatra em qualquer momento,
esquema de plantão nos serviços de emergên- mas faz parte da consulta orientar os pais que
cia, centro de terapia intensiva ou enfermaria há tal canal de comunicação e que o mesmo só
dos hospitais, enquanto alguns preferem atuar deve ser usado se estritamente necessário, já
como rotina de algum desses serviços. que as consultas de rotina devem ser presen-
ciais.
Geralmente a escolha por esses locais de
trabalho ocorre no início da carreira, quando Eu costumo orientar meus pacientes a anotar as
ainda não têm consultório próprio ou a clientela dúvidas para que sejam esclarecidas na consul-
que possuem ainda não é suficiente para dar a ta seguinte além de descrever a história natural
remuneração desejada. Isso porque os plantões da doença, quando há alguma intercorrência.
costumam remunerar melhor, apesar de conferi- O fato do profissional conhecer bem os desfe-
rem pior qualidade de vida quando se avalia o chos do provável diagnóstico faz com que ele
trabalho como um todo. consiga se antecipar aos acontecimentos.
Quando os pais veem que está ocorrendo
Um ponto que desperta o interesse de qualquer exatamente como foi descrito, tendem a sentir
pediatra é poder fazer um atendimento longitudi- segurança também em relação ao tratamento,
nal, acompanhando crescimento e desenvolvi- mesmo quando esse é expectante. Pais segu-

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ros e bem orientados não ligam de madrugada! sempre dando atenção devida a cada família.
Temos também o whatsapp, que tem se mos- Importante lembrar que dúvidas sanadas evitam
trado uma útil ferramenta, pois os pais podem muitos reais problemas.
mandar uma mensagem no momento em que
estão mais aflitos, além de ser possível trocar Os planos de saúde pagam pouco, mas geram
fotos e vídeos, e o profissional vê e responde um maior volume de atendimento para o consul-
quando puder. tório, o que é interessante no início, enquanto o
profissional ainda não se estabeleceu no mer-
O ideal, no consultório, é que as consultas cado. Também há colegas que optam por fazer
sejam marcadas a cada hora, pois é necessário consultório com consulta a preço popular, visto
ouvir cada familiar envolvido, sanando todas as que vão receber praticamente o mesmo valor
dúvidas, dentro do possível, e orientando a que receberiam pelo plano mas sem a burocra-
respeito de como devem se conduzir até a cia do credenciamento, com os riscos de glosa,
consulta seguinte, destacando os prováveis além de ter o pagamento da consulta no ato.
marcos do desenvolvimento que a criança
alcançará, incentivando que os responsáveis a Vale lembrar que cada dia que passa damos
estimulem adequadamente. mais valor para a consulta com o pediatra
durante o pré natal, para que a família conheça
Sendo assim, os pediatras têm buscado ofere- o profissional, tire eventuais dúvidas e comece
cer mais atendimento particular, já que os a fazer um vínculo de confiança, em vez de só o
planos de saúde pagam pouco por consulta, o conhecer na hora do parto em si.
que faz com que o profissional necessite aten-
der mais clientes com período menor nas con- 3) Oportunidades de trabalho:
sultas. Também há glosas feitas pelos planos e
o médico acaba trabalhando sem receber o O pediatra pode atuar em serviços de emergên-
valor correspondente. Sem falar na disponibili- cia, centro de terapia intensiva ou enfermaria
dade em atender algum responsável fora do dos hospitais como plantonista ou como rotina
horário comercial, buscando evitar idas desne- desses serviços, além ter espaço em materni-
cessárias aos serviços de emergência, o que dades (sala de parto, alojamento conjunto, UTI
não é remunerado pelo plano de saúde. neonatal), ambulatórios, postos de saúde /
clínica da família, transporte em ambulância,
Já nos ambulatórios de posto de saúde / clínica núcleos internos de regulação, centrais de
da família, não há todo esse tempo disponível, o regulação de vagas, coordenação de áreas
que exige maior habilidade do profissional para programáticas, coordenação de programas de
desempenhar seu papel de forma eficiente, saúde no nível central (prefeitura / estado),

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programas de saúde pública em geral, ou seguir A Pediatria se relaciona bem com suas subes-
carreira militar. A maioria que faz consultório pecialidades, que são desempenhadas por
também exerce a profissão em algum dos pediatras que optaram por fazer mais uma
ambientes citados, pelo menos no início da especialização, sendo elas cardiologia, nefrolo-
carreira profissional. gia, neurologia, endocrinologia, gastroenterolo-
gia, reumatologia, infectologia, pneumologia,
4) Número de especialistas: onco e hematologia, nutrologia, imunologia.

No momento, temos aproximadamente 35 mil Também se relaciona com especialidades


pediatras registrados pela Sociedade Brasileira exercidas por profissionais não pediatras mas
de Pediatria. com subespecialização voltada para a Pediatria,
como cirurgia pediátrica, radiologia, fisiatria,
5) Curiosidade(s): ortopedia, dermatologia, ginecologia e obstetrí-
cia (da infância e adolescência), psiquiatria.
– O Brasil era o único grande país a ter a Resi-
dência Médica em Pediatria realizada em A Genética é uma área muitas vezes desempe-
apenas 2 anos. Com isso, quando nossos nhada por pediatras que se subespecializaram,
residentes faziam algum período de sua capaci- sendo capazes de fazer aconselhamento gené-
tação num serviço fora do Brasil, isso não con- tico além de conduzir o acompanhamento dos
tava como tempo oficial da Residência, uma vez pacientes que apresentam síndromes genéti-
que os serviços de fora não reconheciam nosso cas.
currículo. Em 2011, no primeiro congresso de
residentes de Pediatria do Brasil, foi discutida 7) Área de atuação:
essa questão, sendo aprovada pela maioria a
passagem do curso para 3 anos. No entanto, O pediatra pode atuar em maternidades, servi-
apenas em 24/07/2013 a proposta foi aprova- ços de emergência, CTI, enfermaria, ambulató-
da em unanimidade pela plenária da Comissão rios, postos de saúde / clínica da família, trans-
Nacional de Residência Médica (CNRM), em porte em ambulância, núcleos internos de
Brasília. O projeto inicial foi apresentado à regulação, centrais de regulação de vagas,
Comissão em 2006 e a alteração começou a coordenação de áreas programáticas, coorde-
ser implantada em 2014 em alguns serviços do nação de programas de saúde no nível central
país. (prefeitura / estado), programas de saúde públi-
ca em geral, ou seguir carreira militar.
6) Especialidades correlacionadas:
8) Mensagem para quem quer seguir essa

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especialidade: até foram, mas não com a devida atenção que
gostariam). Isso faz com que procurem outro
A Medicina, independente da área de atuação, profissional que ouça suas dúvidas e anseios…
é uma carreira para ser seguida com muita Muitas vezes, uma boa conversa desfaz ou
dedicação e amor pelo que se faz. Não é previne muitos problemas.
porque acabamos de nos formar e escolhemos
uma especialidade a seguir que necessitamos Tenha a família como sua aliada nessa emprei-
permanecer na mesma durante toda nossa vida tada que é formar um adulto saudável. Muitas
profissional. Logo, se permita escolher e acertar intervenções serão na família e não no paciente
(ou errar). em si. E a gente só consegue isso mostrando
O sucesso não está apenas na remuneração respeito e empatia pelo próximo. Mesmo que
financeira, mas é composto por diversos itens: faça uma subespecialidade, um pediatra nunca
qualidade de vida, satisfação em relação ao que deixa de atuar como pediatra. Com isso, seja
faz, tempo disponível para projetos pessoais e capaz de conhecer bem a Pediatria a fim de
familiares, se há estímulo para continuar traba- evitar encaminhamentos desnecessários, o que
lhando e se aperfeiçoando, se há tranquilidade lota os serviços de especialidades e diminui o
e alegria ao pensar em ir trabalhar no dia acesso de quem realmente precisa dos
seguinte, entre outros. mesmos.

Se realmente escolher seguir a Pediatria, lem- Evite solicitar exames desnecessários, principal-
bre-se que para melhor desempenho nessa mente por ceder às pressões impostas pelos
área é preciso estabelecer bom vínculo com os familiares. Você é o profissional que estudou
responsáveis, inclusive com as avós! Com o para conduzir o caso e deve estar seguro
tempo a gente percebe quem realmente lidera quanto à sua análise do conjunto anamnese +
cada família e, se não conseguirmos conquistar exame físico, já que os outros exames são
esse “líder”, não haverá boa adesão ao trata- complementares nesse processo. Assim,
mento, já que não temos real influência sobre o sempre explique ao responsável sua hipótese
dia a dia da criança. diagnóstica, o que motiva sua conduta terapêu-
tica e os benefícios e malefícios de eventuais
Todas as queixas trazidas para a consulta exames extras.
devem ser respondidas com atenção, mesmo
que você perceba que aquilo não é o ponto Ao lidar com a criança diretamente, lembre-se
mais importante, na visão médica. A maioria das de que a mesma possui diversos estágios
famílias não retorna na consulta de revisão psicológicos que fazem parte de sua formação.
porque não foram ouvidas em suas queixas (ou Assim, a parte lúdica é muito importante. Da

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mesma forma, seja sempre sincero e cuidado-
so, para que tenha a confiança de seu pacien-
te.

Com o passar do tempo, você verá que estuda


muito, se especializa e acha que será o respon-
sável pelo tratamento na maioria dos casos,
mas se depara com a maravilhosa resposta que
só a Pediatria traz: um sorriso sincero, um
abraço apertado, um elogio carinhoso vindos de
uma criança bem acolhida que mudam o seu
dia!! Ah, e como as crianças são especialistas
em curar muitas dores e tornar nossos dias
bem melhores…

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Dermatologia: por que
escolher essa
especialidade médica?

Jaqueline Barbeito
Médica Dermatologista pela UERJ
Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
Médica do Hospital Universitário Pedro Ernesto

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1) O que é? da pela Comissão Nacional de Residência
Médica (CNRM) ou através da realização da
É a área da medicina que cuida e trata das prova de título de especialista (TED) pela SBD.
doenças da pele, tecido subcutâneo, cabelos e
unhas. Abrange toda área da Dermatologia O dermatologista pode abrir seu próprio consul-
clínica e cirúrgica, assim como a Cosmiatria tório para atendimento (comprar, alugar ou
(área da Dermatologia que trata da beleza e sublocar uma sala) ou trabalhar em clínicas de
alterações estéticas da pele). terceiros (prática muito comum no Brasil): o
profissional realiza os atendimentos e procedi-
É especialidade médica de acesso direto, ou mentos e recebe o valor proporcional de seus
seja, basta conclusão da graduação em medici- atendimentos ao final do mês.
na para estar a apto a cursar residência médica
ou pós-graduação equivalente em Dermatologia Vale lembrar também das oportunidades de
(são 3 anos de especialização). concursos públicos municipais e estaduais
(postos de saúde e hospitais públicos) e,
2) Como é o dia a dia? também, de seguir carreira militar. Em geral, são
poucas vagas em comparação com as outras
A maior parte do dia a dia é ambulatorial. Aten- especialidades médicas.
dimentos clínicos, pequenos procedimentos
cirúrgicos e tratamentos estéticos podem ser 4) Número de especialistas:
realizados em consultório.
No momento, temos aproximadamente 7 mil
Cirurgias maiores podem necessitar de centro dermatologistas registrados pela Sociedade
cirúrgico, assim como algumas doenças exten- Brasileira de Dermatologia.
sas podem requerer tratamento intra-hospitalar.
5) Curiosidade(s):
3) Oportunidades de trabalho:
– 05 de fevereiro é comemorado o dia do Der-
O dermatologista recém formado por serviços matologista
credenciados pela Sociedade Brasileira de – Dezembro é o mês destinado à campanha de
Dermatologia (SBD) deve dar entrada no Con- prevenção e diagnóstico precoce ao câncer de
selho Federal de Medicina para receber o seu pele e ficou conhecido como: DEZEMBRO
Registro de Qualificação de Especialista (RQE). LARANJA
O RQE pode ser obtido após a conclusão de
residência médica em Dermatologia reconheci-

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6) Especialidades correlacionadas: 8) Mensagem para quem quer seguir essa
especialidade:
Alergia e Imunologia: dermatoses alérgicas,
urticárias, testes alérgicos de contato. A Dermatologia é uma especialidade fascinante.
É preciso muito estudo e dedicação, desde a
Cirurgia Plástica: exérese de tumores da pele, busca pela vaga em uma especialização reco-
cirurgias de pele com retalhos e enxertos. nhecida pela SBD, durante o período de espe-
cializando e, também, após a formação, man-
7) Área de atuação: tendo-se atualizado e buscando o melhor para
o paciente sempre.
Dermatologia clínica: diagnóstico, tratamento e
acompanhamento de doenças cutâneas.
Dermatologia cirúrgica: abrange os cirurgias
básicas, avançadas e até cirurgias cosméticas.
Dermatologia cosmiátrica: tratamentos e proce-
dimentos estéticos, dentre eles aplicação de
toxina botulínica, preenchimento cutâneo,
lasers, entre outros.

Além disso, para quem defende o termo “sub-


-especialidade”, existem áreas na Dermatologia
específicas, tais como:

Hansenologia: tratamento e acompanhamento


da doença e complicações da hanseníase.

Dermatopatologia: área destinada ao estudo


histopatológico das doenças dermatológicas.

Dermato-oncologia: destinada ao diagnóstico,


tratamento dos cânceres cutâneos.

Dermatopediatria: estudo das dermatoses


infantis.

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Geriatria: qual perfil devo
ter para seguir essa
especialidade?

Rodrigo Buksman
Membro da Câmara Técnica de Geriatria do CREMERJ
Coordenador de Geriatria do Beepsaúde
Mestre em Ciências
Especialista em Geriatria pela SBBG/AMB
Residência em Geriatria pelo HUPE/UERJ

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1) O que é? 3) Oportunidades de trabalho:

Muitos confundem o termo Geriatria com No Brasil, apesar da carência em profissionais


Gerontologia, que é o estudo do envelhecimen- especialistas em idosos, são poucos os cargos
to nos aspectos biológicos, psicológicos, oferecidos através de concursos públicos para
sociais e outros. Os profissionais da Gerontolo- geriatras. Assim como em outras áreas, pode-
gia têm formação diversificada, interagem entre -se optar pela carreira acadêmica, visando
si e com os geriatras. O geriatra é o médico que ensino e pesquisa geralmente em ambiente
se especializou no cuidado de pessoas idosas, universitário ou pela carreira assistencial, existin-
tornando-se especialista após ter feito residên- do tanto o ambiente público como o privado.
cia médica credenciada pela Comissão Nacio-
nal de Residência Médica e/ou ter sido aprova- Em ambos, o geriatra pode se dedicar a atendi-
do no concurso para obtenção do Título de mentos hospitalares ou ambulatoriais. Já espe-
Especialista em Geriatria da SBGG/AMB. cificamente no setor privado é frequente a rotina
de atendimentos domiciliares ou em casas
2) Como é o dia a dia? geriátricas.

O geriatra utiliza uma abordagem ampla para a 4) Número de especialistas:


avaliação clínica, incluindo aspectos psicosso-
ciais, escalas e testes; por isso, a consulta No momento, contamos com aproximadamente
geriátrica é, em geral, mais demorada. 1.500 geriatras registrados pela Sociedade
Além de lidar com doenças comuns a outras Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
especialidades como as demências, a hiperten-
são arterial, o diabetes e a osteoporose, o 5) Curiosidade(s):
geriatra também trata de problemas com múlti-
plas causas, como tonturas, incontinência – Apesar dos censos demográficos mostrarem
urinária e tendência a quedas, frequentemente a previsão de aumento significativo da popula-
atuando em conjunto com equipe multidiscipli- ção idosa, o número de médicos especialistas
nar. Ele também fornece cuidados paliativos aos em geriatria é pequeno. Uma das teorias para
idosos portadores de doenças sem possibilida- justificar a falta de interesse de estudantes de
de de cura. medicina pela área é o longo tempo necessário
A Medicina Geriátrica é uma ciência que avança para a realização de uma consulta de qualidade.
a cada dia, propiciando longevidade com Num cenário onde as seguradoras de saúde
melhor qualidade de vida para a população avançam e o médico sente-se pressionado a
idosa. realizar dezenas de atendimentos em busca de

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remuneração digna, muitos estudantes ao conceitos abrangidos pela Geriatria. A demanda
considerarem esse aspecto optam por outras por geriatras é enorme, mas o trabalho para
especialidades. tornar-se especialista e atuar no dia-a-dia é
árduo. O médico que opta por seguir esse
6) Especialidades correlacionadas: caminho deve ter algumas características
imprescindíveis como paciência, compaixão e
A clínica médica tem grandes e frequentes muito respeito pelos idosos. Se esse é o seu
interseções com a geriatria. Inclusive um dos perfil, abrace a geriatria!
caminhos para tornar-se geriatra é através de
residência médica e, nesse caso, a conclusão
em programa de residência em clínica é pré-re-
quisito obrigatório.
A área de cuidados paliativos, cada vez mais
encarada como especialidade independente,
faz parte da rotina do geriatra. Ao longo da
formação em geriatria o tema paliação é exten-
sivamente trabalhado.

7) Área de atuação:

Ensino
Pesquisa
Promoção de saúde
Controle e tratamento de doenças
Visitas hospitalares
Visitas domiciliares
Visitas a casas geriátricas
Consultório / Ambulatório

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Se você pretende se tornar geriatra, primeira-


mente busque uma formação clínica sólida. A
Clínica Médica é a base para a construção dos

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Oftalmologia:
especialidade que é
maior do que a própria
medicina

João Paulo Lomelino


Graduado em medicina pela Unirio
Residência médica em Oftalmologia na UFF
Subespecializacao em Retina e Vitreo na UFF
Retinólogo do Américas Medical City
Oftalmologista do Beep Saúde - Health Care On Demand

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1) O que é? aparelho chamado “lâmpada de fenda
– Tonometria: medida da pressão intraocular,
O oftalmologista é o médico especialista cuja realizada com o tonômetro, normalmente aco-
função é preservar a saúde ocular e estabelecer plado à lâmpada de fenda
a melhor visão possível aos pacientes, diagnos- – Fundoscopia: exame do fundo de olho, que
ticando e tratando patologias nos olhos e seus pode ser com ou sem dilatação da pupila, de
anexos (clinicamente ou cirurgicamente), pro- três maneiras:
movendo a prevenção de patologias oculares e
prescrevendo lentes corretivas para otimizar a com uma lente de 70 ou 90 dioptrias na lâmpa-
visão para longe e perto. da de fenda (biomicroscopia de fundo)
com o oftalmoscópio direto ou
2) Como é o dia a dia? com o oftalmolscópio indireto (este último, com
dilatação da pupila, também conhecido como
A rotina dos oftalmologistas é muito variada. Por mapeamento de retina por possibilitar o exame
ser uma especialidade tanto clínica quanto de toda a retina)
cirúrgica, o oftalmologista pode estabelecer seu
dia a dia de acordo com a sua preferência, Outros exames básicos como avaliação dos
sendo que, mesmo para os cirurgiões, a rotina reflexos pupilares e senso cromático podem ou
de consultório/ambulatório é fundamental. As não ser realizados de acordo com a indicação
consultas tem etapas bem definidas, e reque- de cada paciente. A duração de uma consulta
rem constante movimentação do médico de um varia muito, tanto pelos quadros (que podem
aparelho ao outro. Uma consulta básica consta ser simples ou complexos) quanto pela própria
de: condição física do paciente e sua tolerância aos
exames.
– Acuidade visual: medida objetiva da visão do
paciente. 3) Oportunidades de trabalho:
– Refração: medida do “grau” do paciente,
podendo ser realizada de forma automatizada O oftalmologista tem um leque amplo de
com autorrefrator, ou manual com retinoscópio opções de trabalho, visto que pode desempe-
ou esquiascópio, e depois confirmada de forma nhar somente a parte clínica, se quiser, ou
subjetiva no refrator de Greens (aquela hora também realizar exames complementares e
onde perguntamos se é melhor uma lente ou cirurgias. Pode-se trabalhar para outros colegas
outra). ganhando um percentual da produção ou com
– Biomicroscopia: que é a observação das salário fixo por período, ou ter seu próprio negó-
estruturas oculares com maior aumento em um cio. Quanto a emprego em hospitais, pode-se

21
prestar serviços de parecer e emergência para próprio paciente de um prognóstico reservado
hospitais privados ou ser contratado de hospital em relação à visão é uma tarefa árdua. Quando
na rede pública, normalmente por concursos ou converso com os residentes, por vezes, com-
contratos temporários. paro (em menor proporção, claro) com o difícil
papel de comunicar o óbito, mas a diferença é
4) Número de especialistas: que comunicamos ao próprio paciente. Esse é
o nosso “pior momento” e ele não termina, visto
Um censo realizado pelo CBO (Conselho Brasi- que é muito comum o paciente continuar procu-
leiro de Oftalmologia) em 2014 revelou que no rando por alternativas a quadros por vezes sem
Brasil atuam 16.395 especialistas, mas como solução possível pelas nossas mãos.
aproximadamente 6% atendem em mais de
uma cidade, para efeitos de distribuição pode- 6) Especialidades correlacionadas:
-se ajustar o número para aproximadamente
17.500 oftalmologistas em todo o território Reumatologia, com as diversas manifestações
nacional. oculares em doenças reumatológicas;
Endocrinologia, com alterações decorrentes de
5) Curiosidade(s): diabetes e doenças da tireoide;
Geriatria, com a crescente incidência de doen-
– O investimento médio em aparelhos para ças oculares relacionadas à idade, como a
montar um consultório básico é de aproximada- Degeneração Macular e a própria catarata;
mente R$60.000,00 (somente em aparelhos). Cardiologia com manifestações oculares da
Mas o gasto pode ser muito maior. Como hipertensão arterial sistêmica
exemplo, alguns aparelhos mais recentes na
subespecialidade que eu escolhi, retina, podem 7) Área de atuação:
chegar a perto de R$ 1.000.000,00, e apare-
lhos cirúrgicos de última geração em cirurgia Existem dentro da Oftalmologia diversas sub
refrativa, até algumas vezes essa cifra. especialidades, como: córnea, refrativa, plástica
ocular, retina, glaucoma, catarata, segmento
– Uma curiosidade não tão boa é que, diferente anterior, doenças externas, lente de contato,
do que os outros especialistas pensam, a rotina estrabismo e uveite. Sem contar ainda com as
é bem trabalhosa. É verdade que é muito possíveis ramificações dentro de cada uma
comum não fazer nem depender de plantões na delas. Como diria um grande amigo de residên-
especialidade, mas lidar com um sentido tão cia, Dr Jean Fogaça, com sua perspicácia e
importante como a visão é algo por vezes bem senso de humor: “A oftalmologia é maior que a
intenso psicologicamente. Dar a notícia ao própria medicina”.

22
8) Mensagem para quem quer seguir essa
especialidade:

Minha mensagem para o estudante que quer


seguir a oftalmologia é suspeita: siga! Mas é
importante saber que ela é suspeita pois sou
apaixonado pela minha área. Então corrijo minha
mensagem: siga, se for apaixonado pela área.
Vejo muitos colegas entrando na especialidade
com a falsa impressão de que vão trabalhar
pouco e ganhar muito. Já vi muitos desistirem,
ou pior, continuarem fazendo, mas sempre
insatisfeitos e reclamando. Eu amo muito o que
eu faço. Por isso sou um contínuo entusiasta
para os que desejam seguir.

Mas venham pelo motivo certo. Venham pela


paixão. Não venham pelo desenho que outros
fazem para você da tal “qualidade de vida” na
oftalmologia. No meu humilde ponto de vista,
não tem nenhuma área médica que você,
recém formado, não terá sucesso se realmente
gostar do trabalho.

23
Genética Médica: a
Clínica Médica das
doenças raras

Laila Gallo
Graduação em Medicina pela UFF
Residente de Genética Médica do IFF/FIOCRUZ
Médica Reguladora da SMS/RJ

24
1) O que é? ços dividam seus ambulatórios desta maneira;
não há um padrão) e como especialidade que
É a especialidade que lida com doenças, como dá suporte a outros setores do hospital, em
o nome diz, de origem genética (porém nem especial a Neonatologia, que costuma pedir o
sempre hereditárias), raras e que em sua maio- parecer do geneticista em caso de bebês que
ria são congênitas e incuráveis no estágio atual nascem com alguma malformação ou em casos
da medicina. Não se trata de uma especialidade que se suspeita de alguma síndrome a esclare-
laboratorial, como muitos costumam pensar; na cer.
realidade, funciona como a Clínica Médica das
Doenças Raras (considera-se doença rara É muito comum, portanto, que maternidades
aquela que afeta até 65 pessoas em cada solicitem pareceres ao médico geneticista, que
100.000 indivíduos, ou seja, 1,3 pessoas para não necessariamente mantém vínculo emprega-
cada 2.000 indivíduos, pela Portaria Nº tício com estas unidades, podendo ser pago
199/2014 do MS), tendo muitos aspectos em por produção.
comum com a clínica geral: investigação, diag-
nóstico, tratamento (quando disponível), acom- O médico geneticista não dá plantão, pois, via
panhamento de comorbidades e atenção inte- de regra, não existem emergências em Genéti-
gral à saúde do indivíduo. ca Médica – a não ser quando há um paciente
com suspeita de doença genética em risco
É uma especialidade de acesso direto, ou seja, iminente de óbito ou com genitália ambígua,
exige apenas graduação em Medicina para que necessita de investigação mais urgente
iniciar a residência. No entanto, muitos geneti- devido à definição do sexo para liberação do
cistas já entram na residência com uma espe- registro civil.
cialidade prévia, sendo a mais comum Pediatria.
Em alguns serviços públicos, há escala de
2) Como é o dia a dia? sobreaviso para geneticistas com o objetivo de
avaliar estes casos. Intercorrências clínicas em
O dia a dia do geneticista é dinâmico, pois pacientes com diagnóstico de doenças genéti-
abrange tanto o ambiente hospitalar quanto o cas podem e devem ser tratadas pelo pediatra
de consultório. No hospital que conta com ou clínico geral, dependendo da faixa etária.
serviço de Genética Médica, atua-se em ambu-
latório (que pode ter suas subdivisões – Genéti- O geneticista tem ainda a possibilidade de
ca Geral, Aconselhamento Genético, Oncoge- trabalhar em consultório particular, onde na
nética, Neurogenética, Erros Inatos do Metabo- maioria dos casos os pacientes serão encami-
lismo, Pré-Natal – embora nem todos os servi- nhados por outro especialista (embora também

25
possa ocorrer demanda espontânea). A referên- geneticistas registrados pela Sociedade Brasilei-
cia e contra-referência são muito comuns na ra de Genética Médica.
Genética Médica – visto que as doenças com
que lidamos não têm cura, devemos nos atentar 5) Curiosidade(s):
a tratar e amenizar as comorbidades, e com
isso contamos com o apoio de diversas outras – É a especialidade médica com menos profis-
especialidades (sendo as principais Endocrino- sionais no Brasil e sua enorme maioria está
logia, Neurologia, Neurocirurgia, Ortopedia). concentrada nas regiões sul e sudeste; somos
tão poucos que quase todos nos conhecemos
3) Oportunidades de trabalho: pelo nome e estamos concentrados em um só
grupo de Whatsapp!
O médico geneticista pode atuar no SUS, em
hospitais que contem com serviço de Genética – Não existem plantões médicos em Genética;
Médica (exemplos no RJ: IFF, HUGG, IPPMG,
HFB, IEC, entre outros), em hospitais/maternida- – São raras as doenças genéticas com trata-
des privados como parecerista, em consultórios mento específico e, quando disponíveis, o
particulares; pode trabalhar ainda em laborató- preço é altíssimo (exemplo: apenas o primeiro
rios que realizam exames moleculares como ciclo para o tratamento da Atrofia Muscular
responsável pela interpretação de variantes Espinhal tipo 1, aprovado há 4 meses pelo FDA,
genéticas e confecção dos laudos. custa 3 milhões de reais – e deve ser mantido
durante toda a vida!)
Há ainda a possibilidade de atuar em centros
de Oncologia e de Reprodução Humana Assis- – Todos os detalhes do exame físico são impor-
tida. Em alguns estados, o geneticista ainda tantes, inclusive o exame dos dermatóglifos
atua em centros como a APAE e em programas (impressões digitais), que acredite se quiser, em
de triagem neonatal (não é comum no RJ). muitos casos ajuda a fechar o diagnóstico!
Não é uma regra, mas muitos geneticistas
também trabalham na área de pesquisa científi- – Lidamos com epônimos – muitos, o tempo
ca, além da assistência. Porém, para ser pes- inteiro! É comum que o mesmo médico tenha
quisador na área de genética, não é necessário colaborado na descrição de mais de uma
ser médico. síndrome, ou seja, muitas têm nomes repetidos,
o que pode confundir um pouco…
4) Número de especialistas:
– Em 2014, o Ministério da Saúde instituiu a
No momento, temos aproximadamente 250 Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas

26
com Doenças Raras e, no final de 2016, foram 8) Mensagem para quem quer seguir essa
homologados como Centros de Referência à especialidade:
Atenção em Doenças Raras 10 hospitais em
território nacional, sendo o IFF o único no A Genética Médica é uma especialidade “nova”,
estado do RJ. ganhando maior evidência à medida que a
Medicina avança, aumenta-se a possibilidade
6) Especialidades correlacionadas: de investigação e, em alguns casos, tratamento
para doenças que antes eram negligenciadas. É
Especialidades médicas – quase todas depen- uma especialidade essencialmente clínica. Tem
dendo do caso, mas principalmente: sua anamnese mais detalhada em alguns
Pediatria pontos (com a elaboração do heredograma, por
Clínica Médica exemplo – a “árvore genealógica”) e o exame
Endocrinologia físico é extremamente detalhista – pequenas
Neurologia dismorfias que passariam despercebidas por
Neurocirurgia outros especialistas são de essencial importân-
Medicina Fetal e Reprodutiva cia ao diagnóstico sindrômico de um médico
geneticista.
Especialidades não médicas:
Fisioterapia O especialista em Genética deve ser, por defini-
Fonoaudiologia ção, um curioso – a maioria dos casos encami-
Terapia Ocupacional nhados a nós são complicados, já passaram
Psicologia por diversas especialidades anteriormente e
Citogenética seguiram sem diagnóstico. A investigação,
Biologia Molecular portanto, é nossa principal atuação.
No entanto, existem pontos negativos – em
7) Área de atuação: muitos casos, não é possível estabelecer um
diagnóstico etiológico (seja por recursos escas-
Como dito anteriormente, o geneticista atua sos no SUS ou simplesmente pois a medicina
principalmente em ambulatório/consultório, ainda não evoluiu o suficiente) e o paciente, que
público ou privado; dá suporte a hospitais e buscava um “nome” para sua condição, segue
maternidades; pode atuar em laboratórios de frustrado. A frustração também é frequente no
exames moleculares ou centros especializados. que tange a busca por tratamentos – as doen-
É comum atuar também na área de pesquisa ças genéticas não têm cura e tratamentos
científica. específicos são raríssimos.

27
O médico que busca resolutividade como uma
característica essencial em sua especialidade
poderá não se sentir satisfeito na Genética
Médica. No entanto, o médico que abraça
desafios e que se alegra a cada pequena evolu-
ção em um paciente que antes ficaria “perdido”
no sistema de saúde, encontrará um campo
fértil de atuação!

28
Cirurgia Geral:
resistência física,
controle emocional e
segurança na tomada
de decisão

Bernardo Schwartz
Cirurgia Geral e Medicina Intensiva
bernardomello87@gmail.com

29
1) O que é?
O dia a dia do cirurgião se resume em realizar
A Cirurgia Geral é uma especialidade que tem cirurgias marcadas previamente (eletivas), cirur-
como pré-requisito o diploma em Medicina, tem gias de urgência quando de plantão ou por
duração de aproximadamente dois anos e a complicações de cirurgias já realizadas, visita e
forma de acesso é por meio de Concurso de evolução dos pacientes de pós-operatório e,
Residência Médica ou por Pós-Graduação. tão importante quanto, o estudo e reciclagem
teórico-prático por meio de material atualizado
A primeira geralmente é a mais desejada e, de ou através de congressos e palestras.
certa forma, mais concorrida. Além de receber
uma bolsa-auxílio, o programa de residência 3) Oportunidades de trabalho:
pode ser cursado em hospitais municipais,
estaduais, federais e das Forças Armadas. Ao Como cirurgião geral, o médico pode atuar
final do curso é garantido um Certificado de como autônomo sendo o cirurgião principal de
aptidão para exercer a especialidade com sua equipe (compostos por outros cirurgiões,
credenciamento pelo Ministério da Educação anestesista e instrumentador), auxiliando cirurgi-
(MEC). ões mais experientes, realizar plantões ou atuar
como parecerista em hospitais de emergência/-
Na Pós-Graduação há um convênio com trauma e ser docente em alguma instituição de
alguma instituição de ensino, podendo ser ou ensino. O cirurgião pode realizar cirurgias ditas
não credenciada pelo Colégio Brasileiro de “abertas” (clássica), cirurgias videolaparoscópi-
Cirurgiões. Geralmente não disponibilizam cas (introduzindo câmeras por pequenos orifí-
bolsa-auxílio, algumas tem um custo mensal e cios abertos no paciente ou por orifícios natu-
podem não ser aceitas como pré-requisito para rais) e, mais atualmente, a cirurgia com assis-
uma subespecialidade cirúrgica (cirurgia vascu- tência robótica.
lar, urologia, cirurgia plástica etc.).
4) Número de especialistas:
O perfil do cirurgião geral pode variar, mas é
inerente à especialidade a necessidade de No momento, temos aproximadamente 30 mil
resistência física, controle do fator emocional e cirurgiões registrados pelo Colégio Brasileiro de
segurança na tomada de decisão. Ter um bom Cirurgiões.
conhecimento de clínica cirúrgica é um grande
diferencial do cirurgião. 5) Curiosidade(s):

2) Como é o dia a dia? – Um dos maiores desafios do cirurgião é a

30
necessidade de estar disponível a qualquer gue contornar. O mais importante é procurar
momento. Não há como prever se um paciente algo que realmente dê prazer, pois provavel-
operado, por mais simples que tenha sido a mente fará isso por anos, será seu “ganha-pão”
cirurgia, apresentará uma evolução inesperada e a superação das dificuldades será mais fácil.
e necessitará de uma reintervenção de urgên- Todos os pontos negativos da especialidade
cia. cirúrgica podem ser contornados com organiza-
ção, preparo e prática cirúrgica de qualidade.
Além disso, há o esgotamento físico que
muitas horas de cirurgia podem gerar. Por outro
lado, o ato cirúrgico é o momento em que o
cirurgião se sente fazendo uma coisa que real-
mente gosta. Ter o poder de curar uma enfermi-
dade através de suas mãos é grandioso.

6) Especialidades correlacionadas:

Algumas especialidades podem ter grande


importância para a prática da Cirurgia Geral,
como a Radiologia, a Endoscopia, Anestesiolo-
gia, a Clínica Médica, etc.

7) Área de atuação:

Como mencionado anteriormente, o médico


pode atuar como autônomo, auxiliando cirurgi-
ões mais experientes, realizar plantões, atuar
como parecerista em hospitais de emergência/-
trauma ou ser docente em alguma instituição de
ensino.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Toda área da medicina têm seus prós e contras.


Resta saber quais se identifica e quais conse-

31
Neurologia: o poder e a
singularidade da
semiologia

Henrique Cal
Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia
Doutorando em Neurologia pela UFF
Neurologista dos hospitais Pró-Cardíaco e Copa D'or
Coordenador do ambulatório de Neuroimunologia da UFF
Neurologista do Beep Saúde - Health Care On Demand
henriquecal@gmail.com

32
1) O que é? caso é sempre bem diferente do outro em suas
nuances clínicas, sociais e emocionais, o que
A Neurologia trata das condições clínicas que demanda estudo frequente, com revisões perió-
envolvem o sistema nervoso central e periférico: dicas e atualizações constantes. Uma caracte-
cefaleias, doenças cerebrovasculares, distúr- rística cada vez mais valorizada é que os neuro-
bios do movimento (Parkinson, tremores, etc), logistas consigam oferecer uma assistência
demências e outras alterações cognitivas, marcada pela resolutividade e pela clareza.
doenças desmielinizantes (como a Esclerose Condições potencialmente graves: muitas
Múltipla), afecções neuromusculares e epilep- doenças afetam diretamente as atividades de
sias em geral, além de lidar muitas vezes com vida diária do paciente e demandam que o
infecções do SNC. Mais recentemente, a Medi- médico aceite lidar com evoluções dramáticas.
cina do Sono é outra área que contempla a
Neurologia. Comprometimento: pelo caráter crônico de
muitas doenças, geralmente o neurologista
Após a graduação, um médico pode se tornar acaba se envolvendo muito com o paciente e
neurologista se cursar um programa de Resi- sua família, o que pede um aprimoramento na
dência Médica ou, em alguns casos, uma relação médico-paciente, consultas com tempo
Pós-Graduação com estrutura equivalente à estendido e fazer-se acessível quando surgem
Residência e reconhecida oficialmente como tal; dúvidas e intercorrências.
após esta formação é recomendado que se
proceda à Prova de Título da Academia Brasilei- Casos gratificantes: um bom neurologista faz a
ra de Neurologia. diferença, quando por exemplo: traz esclareci-
mentos que desfazem as apreensões acerca de
2) Como é o dia a dia? uma hipótese de doença grave; desvenda um
diagnóstico difícil, o que redireciona todo o
A rotina varia um bocado de acordo com o tipo encaminhamento de um paciente; conclui
de atuação e o local de trabalho; por exemplo, tratar-se de situação potencialmente reversível,
alguns lidam mais com pareceres pontuais e descortinando, assim, um novo horizonte de
outros acompanham pacientes crônicos. qualidade de vida.

De modo geral, alguns aspectos de destaque Aos que se dedicam a áreas mais dinâmicas,
desta especialidade são: como tipicamente são as atuações em hospital,
é frequente se lidar com a tensão de condições
Desafios: é comum haver situações complexas ameaçadoras da vida e de decisões críticas
do ponto de vista diagnóstico e terapêutico; um para a evolução do caso, que tornam a presen-

33
ça do neurologista fundamental no apoio aos Ainda, algumas indústrias farmacêuticas que
outros médicos e no esclarecimento da família. atuam com medicações desta área têm contra-
tado neurologistas como consultores científicos
3) Oportunidades de trabalho: (“MSL” – Medical Science Liaison).

Classicamente, o neurologista tem algum tipo Por último, aos “outsiders” que topam caminhos
de atuação ambulatorial (em hospitais públi- mais alternativos, o crescente avanço na Tecno-
cos/universitários ou no consultório particular), logia da Informação e as tão grandes demandas
mas uma tendência é que cada vez mais ele por inovação em áreas clínicas e na gestão de
esteja presente também no hospital, com pare- recursos são mais uma frente no leque de
ceres internados, plantões (em Unidades Neu- oportunidades para o neurologista que quiser
rointensivas e emergências neurológicas) ou participar de projetos inovadores.
sobreavisos para situações de trombólise em
AVC agudo, por exemplo. Aos que aceitam se 4) Número de especialistas:
colocar à disposição para maior comodidade
dos pacientes, as visitas domiciliares também Existem 4.362 médicos com título de especia-
são muito pertinentes no cenário de pessoas lista pela ABN, sendo 59% homens.
com problemas de locomoção ou nos muito
idosos que apresentam alguma intercorrência 5) Curiosidade(s):
neurológica.
– A Neurologia é a 19ª especialidade médica
Na assistência, há demanda por neurologistas mais praticada no país.
tanto no meio público quanto no privado. – A média de idade dos neurologistas era de
Também ocorre o fenômeno de eles se concen- cerca de 47 anos em 2015.
trarem em grandes centros; mas há alguns – O estado que menos tem neurologistas é o
lugares no interior já bem equipados (com Amapá (03) e o que mais tem é São Paulo
Ressonância, por exemplo) para oferecer condi- (1.290).
ções de trabalho razoáveis. – Anestesiologia é a especialidade que mais
médicos possuem também o Título de Neurolo-
Outra oportunidade bem comum é o meio gia.
acadêmico, com a possibilidade da docência
(aulas para graduação), de fazer mestrado/dou- 6) Especialidades correlacionadas:
torado e também a participação em pesquisa, já
que a Neurologia é uma das áreas médicas que Psiquiatria e Neurocirurgia são especialidades
domina o número de trabalhos científicos. que têm muito a ver com algumas áreas da

34
Neurologia Clínica e frequentemente doenças nente a atuação do neurointervencionista. No
de uma dessas especialidades precisam Brasil, ainda é pouco comum que neurologistas
também ser abordadas pelo neurologista de clínicos sigam esta área (geralmente, esta
algum modo. função é ocupada por radiologistas ou neuroci-
Além disso, outras especialidades muito relacio- rurgiões), mas é bem provável que esta deman-
nadas são: Cardiologia, Reumatologia, Clínica da cresça.
Médica, Geriatria, Oftalmo e Otorrino. Lida-se
muito também com outros profissionais de É forte a tendência à subespecialização mesmo
saúde, como fisioterapeutas, fono e psicólogos. considerando apenas a atuação puramente
clínica do neurologista, devido ao ritmo galopan-
7) Área de atuação: te do conhecimento teórico e à heterogeneida-
de das afecções neurológicas – por exemplo,
Algumas subespecialidades e áreas de atua- são bem distintas questões cognitivas de neu-
ção: ropatias periféricas, e condições agudas como
Clínica da Dor e Medicina do Sono são duas neurotrauma de situações mais indolentes
áreas de atuação cada vez presentes nos como as doenças neuroimunológicas.
cenários médicos, as quais no entanto preci-
sam de uma formação específica (ainda não tão Entendo que o neurologista devem se aproximar
bem consolidada na maioria dos estados) e não cada vez mais de áreas como Medicina Paliati-
são exclusivas do neurologista. va, Reabilitação (motora e cognitiva) e de
Neurohospitalismo, com questões neurovascu- Gestão do sistema de saúde, uma vez que as
lares, epilepsias, neurointensivismo e emergên- condições próprias desta especialidade envolve
cias neurológicas. nuances muito particulares que impactam os
custos e a logística do cuidado. Também será
Neuropediatria: é preciso cursas uma nova cada vez mais necessário o envolvimento do
residência nesta área, à parte. neurologista em questões éticas, principalmente
porque o envelhecimento da população e
Exames complementares: pode-se subespecia- avanço de tecnologia vão trazer questionamos
lizar em áreas como Eletroneuromiografia, acerca do grau de utilização de recursos diag-
Doppler transcraniano, Eletroencefalograma, nósticos e terapêuticos.
biópsias musculares e de nervo periférico.
Neuroradiologia intervencionista: com as evidên- 8) Mensagem para quem quer seguir essa
cias recentes de benefício inquestionável da especialidade:
trombectomia mecânica no AVC agudo em
casos selecionados, será cada vez mais perti- Praticar a Neurologia é apaixonante porque

35
cada caso é desafiador e, como há ainda muito
o que se avançar na compreensão de alguns
processos patológico e no manejo clínico de
alguns tipos de pacientes, o profissional então
torna-se protagonista na condução de muitos
casos. Isso lhe traz a oportunidade de travar
uma relação de confiança com o paciente e
com os outros colegas médicos de outras
especialidades que ele pode apoiar em diversas
circunstâncias complexas.

A relevância do papel do neurologista tem a ver


também com o poder e a singularidade da
semiologia neurológica, que confere a essa
especialidade um caráter ÚNICO, num CON-
TEXTO em que cada vez mais exames comple-
mentares são solicitados indiscriminadamente.
No entanto, essa arte médica que tanto atrai
precisa cada vez mais se combinar com esta-
belecimento de protocolos e escalas de avalia-
ção que tornem alguns aspectos mais objetivos,
permitindo assim métricas que possibilitem
alocar os esforços mais adequados ao cuidado
destes pacientes. Por último, como ninguém
trabalha sozinho, uma dica é que se escolha
trabalhar em locais com recursos aceitáveis e
uma rede multiprofissional qualificada, para
otimizar ainda mais o acompanhamento das
pessoas que sofrem de problemas neurológi-
cos.

36
Cardiologia: o clássico
da semiologia com
o contemporâneo das
novas descobertas

Gabriel Quintino Lopes


Médico do Hospital Casa Prontocor e São Lucas
Residência em Cardiologia no IECAC
Graduação em Medicina pela Unigranrio

37
1) O que é? de dispositivos cardíacos.

A residência em Cardiologia visa preparar o Além disso atua, em nível ambulatorial na pre-
médico para atuar em Cardiologia Clínica Geral, venção de doenças cardíacas, controle de
abrangendo de maneira mais superficial as pacientes crônicos, acompanhamento de
subespecialidades cardiológicas e dando enfo- pacientes em risco de morte súbita, etc.
que no paciente cardiopata crítico e pós-opera-
tório de cirurgia cardíaca. Ela dura 2 anos e é No tocante à terapia intensiva, o residentes atua
necessário cursar mais 2 anos de residência em unidades coronarianas, de cuidado intensivo
em clínica médica para prestar concurso para a pacientes que apresentam síndromes corona-
cardiologista. rianas agudas, além da unidade de pós-opera-
tório cardíaco, que visa os cuidados intensivos
O profissional cardiologista é bem versátil, em pacientes recém operados do coração.
podendo atuar tanto a nível ambulatorial,
pacientes internados em enfermaria e pacientes O residente em cardiologia ainda tem a oportu-
criticamente enfermos em unidades de terapia nidade de acompanhar os serviços de subes-
intensiva. A residência aborda as principais pecialidade em Cardiologia durante a residên-
doenças cardiovasculares, valvares, arritmicas, cia, são eles:
entre outras.
ecocardiografia, arritmologia, ergometria e reabi-
A Cardiologia é a especialidade com mais litação cardíaca, cardiologia pediátrica, hemodi-
estudos médicos publicados e de avanços nâmica, exames de imagem cardiológicos
fantásticos nos últimos tempos, nossas diretri- (cintilografia, ressonância magnética e tomogra-
zes estão em constante atualização, tornando o fia de coronárias) e emergências cardiológicas.
cardiologista um profissional que mistura o
clássico da semiologia com o contemporâneo 3) Oportunidades de trabalho:
das novas descobertas.
O cardiologista clínico ao terminar sua formação
2) Como é o dia a dia? pode atuar em ambulatórios de cardiologia
geral, ou específicos, pode atuar em unidades
O residente atua nas enfermarias cardiológicas, de terapia intensiva e cardiointensiva, pode
tratando pacientes que descompensam de ainda se subespecializar nas especialidades
patologias crônicas, pacientes que desenvol- supracitadas ou trabalhar com medicina esporti-
vem novas patologias cardíacas e pacientes em va ou reabilitação cardíaca. O mercado de
pré-operatório de cirurgia cardíaca e colocação trabalho varia de acordo com a região, porém

38
tendo em mente a capacidade de atuação e o médico já conta com um arsenal para tratar
abrangente do profissional e a incidência de lesões em coronárias, corrigir defeitos de septo
doenças vasculares o cardiologista é sempre atrial, excluir auriculeta cardíaca, reduzir a regur-
um profissional necessário. gitação da insuficiência mitral e até trocar a
válvula aórtica por uma prótese. Tudo isso por
4) Número de especialistas: via percutânea. Stents farmacológicos, ultras-
som intracoronariano e outras tecnologias
No momento, temos aproximadamente 13.500 vieram para agregar mais confiabilidade aos
cardiologistas registrados pela Sociedade Brasi- métodos e melhorar os resultados. Essa resi-
leira de Cardiologia. dência dura dois anos e os principais aprendiza-
dos são a realização da cineangiocoronariogra-
5) Curiosidade(s): fia e angioplastias coronarianas.

As doenças cardiovasculares são as de maior Ecocardiografia: aqui o cardiologista aprende


incidência e prevalência, além de serem respon- um método de imagem por ultrassom, o eco-
sáveis pela maioria das mortes em países cardiograma, tão útil na vida dos cardiologistas
desenvolvidos e subdesenvolvidos, talvez por clínicos, é um exame de suma importância e
isso as vagas para essa especialidade sejam também conta com novas tecnologias como:
tão abundantes. O Instituto Dante Pazzanese de ecocardiografia 3D, speckle tracking, doppler
Cardiologia em São Paulo, por exemplo, oferece tecidual entre outros. O ecocardiograma é
cerca de 64 vagas para residentes em Cardiolo- capaz de evidenciar lesões estruturais cardía-
gia. O Instituto Nacional de Cardiologia em cas, diagnosticar e classificar lesões valvares,
Laranjeiras, no Rio de Janeiro, oferece cerca de avaliar as funções sistólica e diastólica do ventrí-
24 vagas para a residência. A Cardiologia abre culo esquerdo, estimar a pressão da artéria
também um vasto campo para pesquisa pulmonar entre outros. A residência dura um
médica. Novas medicações e dispositivos ano (dois anos em alguns serviços) e o residen-
médicos são inseridos, pesquisados e testados te aprende a fazer o ecocardiograma transtorá-
com frequência no mundo da cardiologia, um cico, transesofágico, ecocardiograma de estres-
prato cheio para quem busca conhecimento. se, Doppler de carótidas e vertebrais e em
alguns serviços dopplers vasculares e ecocar-
6) Especialidades correlacionadas: diograma intraoperatório.

Hemodinâmica: o simples cateterismo já não é Arritmologia: nessa especialidade dois cami-


mais a única rotina de hemodinamicistas. A nhos são possíveis, arritmologia clínica e inter-
tecnologia avançou muito nessa especialidade vencionista, na segunda o arritmoligista está

39
apto a implantar marca-passos, cardiodesfibrila- Emergência clínica: profissional capacitado para
dores e ressincronizadores, além de realizar atua em emergências clínicas e cardiológicas
estudos eletrofisiológicos para diagnóstico de
arritmias e ablação por radiofrequência para 8) Mensagem para quem quer seguir essa
tratamento. A especialidade se dedica ao especialidade:
estudo das braqui e taquiarritmias. A residência
pode durar 1 ou 2 anos. O cardiologista é um profissional versátil e dinâ-
mico, quem opta por esta especialização tem
Ergometria: o teste ergométrico é de extrema vários perfis, desde os mais intervencionistas
importância para a prática clínica cardiológica, até o mais conservadores. Ter em mente o que
ele é sensível para detectar isquemia miocárdi- você pretende após se especializar (trabalhar
ca, além de nos dar informações sobre arritmias em ambulatório, consultório, trabalhar em tera-
que acontecem no esforço, nos tirar dúvidas pia intensiva e cardiointensiva ou mesmo traba-
sobre os reais sintomas do paciente, indicando lhar realizando apenas procedimentos) é funda-
assim cirurgia ou não. O teste cardiopulmonar mental para a escolha do local que fará a resi-
ainda nos permite avaliar indicações para trans- dência. Um olhar para pacientes mais idosos
plante, além de apresentar várias variáveis também é importante já que sua clientela em
prognosticas de mortalidade cardiológica. O sua maioria encontra-se nessa faixa etária. E,
teste ergométrico é de fundamental importância por fim, tenha sempre em mente que estudar é
na avaliação do atleta, avaliando sua capacida- muito importante, mas a experiência sem
de funcional e outras variáveis. sombra de dúvidas conta muito na vida de um
cardiologista.
7) Área de atuação:

Ambulatório: prevenindo e controlado doenças

Unidade cardiointensiva: manejando pacientes


cardiológicos críticos e pós operatório de cirur-
gia cardíaca

CTI geral: com uma boa noção de manejo do


paciente grave, o cardiologista se torna uma
especialidade muito cobiçada em terapia inten-
siva

40
Clínica Médica: a
especialidade com o
maior campo de trabalho

Ronaldo Gismondi
Graduado em Medicina pela UFF
Residência Médica em Clínica Médica UFRJ
Mestrado em Medicina pela UFRJ
Doutorado em Medicina UERJ

41
1) O que é? aprofundou a experiência e o conhecimento,
em geral acompanhando um serviço especiali-
A Clínica Médica é considerada uma das áreas zado ou por mestrado e doutorado. Como
bases da medicina, uma vez que engloba exemplo, temos clínicos com maior atuação em
conteúdo das diversas especialidades clínicas. hepatologia, hipertensão, colagenoses, entre
E esse é justamente um dos principais pontos outras.
de quem escolhe esta especialidade: você
acaba sempre lendo e sabendo um pouco de Em relação à formação, a clínica médica está
tudo. O ponto forte são os desafios diagnósti- presente como conteúdo do ciclo profissional
cos: os pacientes se apresentam com um da graduação e é um dos rodízios obrigatórios
conjunto de sinais e sintomas e é o clínico o no internato, com duração mínima de três
grande responsável pela investigação. É como meses. Todo médico que escolher uma espe-
o House, do famoso seriado. cialidade clínica, com exceção de dermato e
neuro, deverá realizar a residência de clínica
Contudo, um erro comum, principalmente médica (2 anos) antes do ingresso na especiali-
daqueles afastados dos grandes hospitais e dade.
universidades, é se dedicar apenas a doenças
de baixa complexidade e se tornar um grande 2) Como é o dia a dia?
encaminhador – hipertensão vai para o cardiolo-
gista, aumento de creatinina na nefro, tonteira A rotina mais comum de um clínico é trabalhar
no otorrino e assim por diante. É importante vinculado a um hospital pela manhã, fazer o
frisar que a Clínica Médica, como especialida- consultório à tarde e dar algum plantão à noite.
de, engloba a atenção primária/atenção básica, Na enfermaria, é responsável em média por 6 a
concentrada no nível ambulatorial, mas também 8 pacientes, aos quais irá “passar visita” –
a medicina interna, responsável pela visita dos anamnese + exame físico, realizar a prescrição
pacientes internados. Do mesmo modo, a maior e solicitar os exames pertinentes. No ambulató-
parte dos emergencistas são hoje clínicos. rio ou consultório, tradicionalmente tem consul-
tas mais demoradas que as outras especialida-
Outra área importante de atuação são as ações des, pois acaba tendo que avaliar a saúde
preventivas individuais, orientando medidas como um todo. Por isso, muitos clínicos “fogem
saudáveis e realizando exames preventivos dos convênios” (onde o foco é atender muita
(check up). Uma mudança recente na formação gente em pouco tempo) e se dedicam à medici-
do clínico é que, apesar do conhecimento na privada, com consultas longas, sobre todos
global da especialidade, a maioria dos clínicos os aspectos de saúde da pessoa e sua família.
novos tem procurado ter uma área na qual ele O plantão do clínico pode ser na emergência,

42
“no andar” ou na terapia intensiva. Visitas a nios, consultório com consulta a preço popular
pacientes em casa é bem comum na medicina e ambulatório ligado a uma instituição pública.
privada – e gerou até o famoso “uber de
médico”, no qual o paciente se cadastra no Essas áreas de atuação que explicamos acima
aplicativo e solicita o médico online que esteja seriam as “atividades fim” da profissão”. Por
mais prático. Por incrível que pareça, há quem outro lado, o clínico também tem oportunidades
goste! como membro de uma equipe cuja função-fim
seja outra área. Como exemplo, temos os
3) Oportunidades de trabalho: serviços periciais nas instituições públicas, o
médico em escolas e aqueles em empresas
O clínico é hoje o profissional com maior campo para pronto-atendimento – seja na área pública
de trabalho. Como é habilitado a atender grande ou privada, entre outras. Para quem quiser ser
diversidade de doenças – praticamente tudo de servidor público, é a especialidade com mais
um adulto que não seja cirúrgico, há oportuni- vagas em concursos, já que suas ações podem
dades na área pública e privada e nas mais ser em vários setores dos serviços de saúde.
diferentes instituições. Durante a residência, o Além do serviço civil, os clínicos são parte do
plantão de hospital é “a porta de entrada” no corpo de saúde de bombeiros, polícia militar e
mercado de trabalho e as opções usuais são: forças armadas.
emergência (pública e privada), andar (quase
que exclusivamente em hospitais privados) e 4) Número de especialistas e locais de
terapia intensiva. Há, ainda, a opção da ambu- referência:
lância; aqui muitos “torcem o nariz”, pois há
grande cansaço em passar o dia andando de No momento, temos aproximadamente 35 mil
carro, indo a vários locais diferentes, e encon- clínicos registrados pela Sociedade Brasileira de
trando situações por vezes inesperada. Outros, Clínica Médica.
por sua vez, adoram a emoção de ser socorris-
ta! Locais de referência: a Clínica Médica tem sua
própria sociedade, a Sociedade Brasileira de
O emprego como “rotina”, isto é, o diarista que Clínica Médica, e suas regionais. Como é parte
passa visita nos pacientes internados (“medicina obrigatória na formação médica e uma das área
interna”), é mais comum em hospitais privados – base da medicina, todo hospital geral tem um
no serviço público o acesso para essa função serviço de clínica médica.
costuma ser por concurso. O ambulatório se
concentra em 4 áreas principais: consultório Os grandes centros de referência são as univer-
privado sem convênio, consultório com convê- sidades públicas, que concentram os grandes

43
professores e catedráticos da especialidade. médico. Com ele nasceu a observação clínica,
compreendendo a história da doença que leva
5) Curiosidade(s): o doente a procurar o médico, e o exame físico
do paciente em seus menores detalhes, em
– Nos Estados Unidos, a diferença entre medi- busca de dados para a elaboração do diagnós-
cina interna, medicina de família e emergencista tico e do prognóstico.
sempre foi clara, sendo inclusive especialidades
diferentes. No Brasil, toda essa vivência fazia – House costuma ser a série médica favorita!
parte do conteúdo da residência de clínica Foram 8 temporadas e 177 episódios! ER e
médica. Apenas nos últimos 20 anos que cres- Grey’s Anatomy também fazem muito sucesso.
ceu o movimento do médico de família e, nos
últimos 5 anos, do emergencista. – E ainda sobre House, esta é uma série inspi-
rada na coluna “O Diagnóstico”, publicada no
– É muito comum as pessoas acharem que jornal New York Times. A coluna mostrava
todo médico que se forma é clínico. Mas na casos médicos raros. Teoricamente, todas as
verdade clínica médica é uma especialidade doenças dos episódios são reais, isto é, passí-
com formação específica por residência ou veis de ocorrerem de verdade.
pós-graduação. O tempo mínimo são 2 anos,
sendo o terceiro ano opcional. Quem sabe o 6) Especialidades correlacionadas:
nome de medicina interna não acabaria com
essa confusão? A Clínica Médica se relaciona com as demais
especialidades no compartilhamento das doen-
– Em 2002, a residência em Clínica Médica se ças clínicas e também com o cirurgião geral,
tornou obrigatória como pré-requisito para tanto no preparo do paciente para a cirurgia
realização de residência em outras especialida- (incluindo o risco cirúrgico), como no acompa-
des médicas. nhamento de complicações clínicas pós-opera-
tórias. Isso é tão importante que duas universi-
– A palavra Clínica vem do grego klíne, leito, dades federais no Rio de Janeiro, a UFF e a
cama. Médico se dizia Iatrós e Klinikós era o UFRJ, possuem serviços vinculados à Clínica
médico que atendia os doentes acamados. Médica cujo objetivo é o acompanhamento pré
e pós-operatório.
– A Clínica Médica, tal como a conceituamos
hoje, nasceu na Ilha de Kós, na Grécia, com 7) Área de atuação:
Hipócrates, há 2.500 anos. Foi ele o introdutor
da anamnese como etapa inicial do exame Como explicado anteriormente, o clínico é o

44
responsável principal pelo atendimento de todas área do conhecimento na qual você tenha mais
as doenças não cirúrgicas em adulto e pode intimidade. Mestrado e doutorado podem ser
participar como adjuvante no acompanhamento caminhos para esse objetivo.
pré e pós operatório. Suas principais áreas de
atuação são o ambulatório/consultório, os
plantões e a medicina interna, tanto no serviço
público como no privado.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

O clínico tem três grandes áreas do conheci-


mento: prevenção, diagnóstico e tratamento. Na
prevenção, desenvolva suas habilidades para
avaliar o custo x risco x benefícios dos exames
de “check up”. O que de fato vale a pena? Não
caia na tentação de pedir todos os exames,
pois isso te levará ao perigoso caminho dos
falso-positivos.

Em diagnóstico, mude seu raciocínio. Passe a


estudar como “problem based learning” – abor-
dagem ao paciente com dispneia, investigação
de síndrome consumptiva, entre outros. Exercite
a lista de problemas diagnósticos sindrômicos
diagnóstico etiológico.

Em tratamento, não caia na tentação de ser um


encaminhador. Desenvolva habilidade e experi-
ência, ou seja, estudo e prática, para tratar as
doenças mais comuns, tanto no atendimento
ambulatorial como na medicina interna. Não há
porque encaminhar hipertensão para cardiolo-
gista, diabetes não-insulino-dependente para
endócrino, etc… Se possível, desenvolva uma

45
Psiquiatria: atenção,
sensibilidade e
capacidade de
compreender o diferente

Marcos Fidry Muniz


Médico Psiquiatra do LABPR-UFRJ
Residência em Psiquiatria no IPUB-UFRJ
Graduação em Medicina pela UFF

46
1) O que é? lidar com doenças crônicas, com baixas taxas
de sucesso em remissão de sintomas. Deve ter
A Psiquiatria é uma das primeiras especialida- vasto conhecimento em Psicofarmacologia e
des médicas a surgir. Deriva do termo grego Clínica Médica, para conseguir realizar diagnós-
Psychē, que significa alma, mente. Trata das ticos diferenciais. É importante que tenha capa-
patologias que alteram o comportamento cidade de compreender o diferente, para traba-
humano, que causam sofrimento ou prejuízo lhar com o psicossocial do paciente. É mister
funcional. É prática complementar da Saúde conseguir trabalhar em grupo, com profissionais
Mental, área multidisciplinar que engloba Psico- de formações diversas a sua. Por fim, deve
logia, Assistência Social, Terapia Ocupacional, estar sempre atento à atualidade e ao mundo
Enfermagem, Fonoaudiologia, dentre outras. que o cerca.

As patologias mais frequentemente acompanha- 2) Como é o dia a dia?


das são os transtornos de humor (depressão
maior, transtorno de humor bipolar), transtornos A atuação do psiquiatra é basicamente ambula-
de ansiedade, os transtornos alimentares, os torial. Por vezes pode também ser em escala de
transtornos de personalidade, os transtornos de plantão (emergências e enfermarias psiquiátri-
abuso e dependência de substâncias. cas), em interconsultas hospitalares (sobreaviso)
ou em atividade pericial.
Para se especializar em Psiquiatria, o médico
tem três opções atualmente. A primeira é a As consultas psiquiatras tendem a ser mais
Residência Médica em Psiquiatria, com duração demoradas que consultas de outras especiali-
de 3 anos, com a possibilidade de um ano dades clínicas. Não é raro que uma primeira
complementar em subespecialidade (Psiquiatria consulta psiquiátrica ultrapasse os 90 minutos.
Infantil, Psiquiatria Geriátrica, Psicoterapia, São muito poucos procedimentos médicos
Psiquiatria Forense, Álcool e Drogas). As outras realizados pelo psiquiatra (eletroconvulsoterapia,
opções são o curso de especialização e experi- estimulação magnética transcraniana, por exem-
ência profissional de 6 anos, com presença de plo). Isto faz com que o principal meio de traba-
psiquiatra no serviço, em conjunto com a prova lho do profissional seja o consultório médico
de Título de Especialista de Psiquiatria aplicada particular, geralmente sem aderir a planos de
pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). saúde.

O profissional que deseja se formar psiquiatra O psiquiatra em início de carreira acaba traba-
deve ser paciente, com habilidade em prover lhando mais em plantões, enquanto que assim
escuta ao paciente. Deve ser acostumado a que consegue se estabelecer, trabalha em

47
horário comercial, sendo poucos aqueles que taxados de “loucos”. Muito desse medo é resul-
ficam dependentes de vínculos em emergên- tado das más práticas principalmente nos anos
cias ou enfermarias, geralmente por opção 60 e 70, antes da reforma psiquiátrica, quando
própria. a internação era utilizada como prisão política e
com pouco critério, sem uma estrutura terapêu-
3) Oportunidades de trabalho: tica adequada.

Principalmente são o consultório particular ou – Todas as especialidades médicas acabam


clínicas particulares, ambulatórios do SUS, utilizando de terapias consideradas off-label. A
CAPS (centros de atenção psicossocial), emer- Psiquiatria é uma especialidade cheia dessas
gências psiquiátricas, enfermarias, hospitais condutas, muitas vezes o que é baseado em
clínicos (interconsulta), clínicas de saúde da evidências é quase que ignorado por alguns
família (matriciamento), além da área pericial e a profissionais. O residente em psiquiatria deve
acadêmica. ser muito atento ao que ele é ensinado tem
base na literatura.
4) Número de especialistas:
6) Especialidades correlacionadas:
No momento, temos aproximadamente 9 mil
psiquiatras registrados pela Associação Brasilei- Neurologia
ra de Psiquiatria. Neurocirurgia
Endocrinologia
5) Curiosidade(s): Clínica médica
Clínica da Dor
– São muitas as peculiaridades da Psiquiatria. Medicina do Sono
Por ser uma especialidade de troca muito íntima Reumatologia
com o paciente, é comum vínculos intensos
serem criados, tanto de maneira positiva quanto 7) Área de atuação:
negativa. É comum em um mesmo dia receber
elogios rasgados de um e ser ameaçado por Ambulatório: principal área de atuação, onde o
outro. psiquiatra irá lidar com um grande número de
pacientes, em consultas mensais ou bimensais,
– Leigos têm uma imaginação muito fértil quanto formulando hipóteses diagnósticas, avaliando
aos métodos utilizados pelo psiquiatra. Muitas psicofarmacologia, agindo com equipe multidis-
vezes têm medo de contar o que vêm passan- ciplinar para elaborar um plano terapêutico
do por medo de ser internados ou de serem singular. Seja ambulatório do SUS ou consultó-

48
rio particular, todo psiquiatra acaba atuando um avalia um paciente, seu diagnóstico, se faz
período da vida nessa área. tratamento de acordo com seu problema e sua
capacidade de exercer vida civil, atividade
Enfermarias: atuação acompanhando internação laborativa ou mesmo se pode ser considerado
de pacientes, com evolução e prescrição diária, inimputável em processos criminais.
avaliando quadro clínico e critérios de alta.
Interação com equipe multidisciplinar, visando 8) Mensagem para quem quer seguir essa
melhores estratégias terapêuticas. especialidade:

Emergências: geralmente em esquemas de A Psiquiatria é uma especialidade complexa, por


plantão, as emergências são públicas ou priva- vezes muito distante da prática obtida na gradu-
das, onde serão feitas as internações, acolhi- ação e internatos. Muitas vezes para conhecer
mentos emergenciais e o ambulatório de crise melhor o dia a dia, é necessário estagiar em
(consultas breves, em lata frequência, às vezes ambulatórios ou hospitais fora da própria facul-
até diárias, com o objetivo de socorrer o pacien- dade. O convívio com o paciente é muito mais
te sem o uso da internação). Normalmente têm próximo que em outras áreas da medicina,
fluxo muito intenso, porém menor que às clíni- sendo comum residentes não se adaptarem
cas e cirúrgicas. inicialmente. Conhecimento clínico é essencial,
muitas vezes somos os únicos médicos desses
Interconsultas hospitalares: em esquema de pacientes.
sobreaviso, o psiquiatra é convidado para avaliar
pacientes internados em hospitais clínicos, com O principal recurso médico do psiquiatra é sua
comorbidades psiquiátricas prévias ou apresen- habilidade de conduzir uma anamnese, sua
tando alterações comportamentais agudas. capacidade de escuta e habilidade de comuni-
cação com o paciente. Estar atento a pequenos
Matriciamento: exclusivo da saúde da família, o detalhes, ter sensibilidade de entender o que
psiquiatra capacita e auxilia equipes de várias não é explícito, entender visões de mundo
unidades com cuidados de saúde mental. diferente das nossas são essenciais. É bom se
Trabalha em conjunto com os médicos e enfer- enriquecer o máximo possível com cultura geral,
meiros de família, visitando os pacientes em para conseguir entender anseios por vezes
seus domicílios ou na própria unidade. muito diferentes dos próprios.

Perícias: convidado por um juiz, ou atuando


para órgão de securidade social, o psiquiatra
(geralmente, mas não exclusivamente forense)

49
Otorrinolaringologia:
atividade clínica
ambulatorial e educação
cirúrgica

Luciane de Figueiredo Mello


Médica responsável pelo Ambulatório de Ronco e Apneia
e pelo serviço de Polissonografia do HFL
Especialista em Otorrinolaringologia pelo ABORL-CCF
Especialista em Medicina do Sono pela ABS
Médica do Beep Saúde - Health Care On Demand
www.dralucianemello.com.br

50
1) O que é? faringe, laringe).

A Otorrinolaringologia é uma especialidade 3) Oportunidades de trabalho:


médica clínico-cirúrgica. O especialista avalia
doenças do nariz e seios paranasais, ouvido, O especialista poderá atuar em consultório
faringe e laringe. Isto envolve as afecções de particular, hospitais (em plantões em alguns
vias aéreas superiores, principalmente, além do hospitais que demandam a presença de espe-
aparelho auditivo, fonatório, vestibular (tontura) e cialistas), clínicas especializadas em que exis-
distúrbios do sono. A residência dura 03 (três) tem outros especialistas otorrinolaringologistas e
anos, e nela, tanto a atividade clínica ambulato- fonoaudiólogos que realizam, muitas vezes, os
rial, quanto a cirúrgica, é desenvolvida desde o exames audiológicos, além de poder atuar
primeiro ano. A sub-especialização posterior à como preceptores em programas de Residência
época da residência (“fellowship”) é uma prática Médica.
relativamente comum, de acordo com a identifi-
cação individual em determinada área específi- 4) Número de especialistas:
ca.
No momento, temos aproximadamente 5.700
2) Como é o dia a dia? otorrinolaringologistas registrados pela Associa-
ção Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia
Em nosso consultório, realizamos diversos Cérvico-Facial.
procedimentos como exames de videonasoen-
doscopia (com telescópio rígido e flexível), 5) Curiosidade(s):
videolaringoscopia, videolaringoestroboscopia,
que avalia melhor as pregas vocais, além de – Na Idade Média, algumas sociedades acredi-
procedimentos menores como a lavagem dos tavam que o ouvido era um órgão feminino para
ouvidos, dentre outros. A avaliação audiométri- concepção. Acredita-se que essa crença venha
ca e otoneurológica adequada também podem de uma passagem da Bíblia sobre a concepção
ser um grande diferencial da clínica. Por conta da Virgem Maria, que teve origem a partir de
da demanda de aparelhos, o custo inicial torna- “um sopro sagrado em seu ouvido”.
-se elevado.
6) Especialidades correlacionadas:
Além disso, a parte cirúrgica é bastante
frequente e também demanda um investimento Em muitos serviços, a Otorrinolaringologia atua
inicial para a compra de aparelhos específicos juntamente com a Cirurgia de Cabeça e Pesco-
para cada grupo de cirurgia (ouvido, nariz, ço, uma vez que as duas especialidades apre-

51
sentam afecções congruentes. O conhecimento
do Otorrinolaringologia sobre a cirurgia de
cabeça e pescoço é fundamental para a identifi-
cação e, muitas vezes, da condução inicial de
determinados casos. A Otorrinolaringologia
também atua na Cirurgia Plástica da Face com
a Rinosseptoplastia como carro-chefe. O
acesso às cirurgias de base de crânio após o
advento da cirurgia endoscópica nasossinusal
foi um importante progresso para a especialida-
de.

7) Área de atuação:

A Medicina do Sono entrou recentemente como


área de atuação da Otorrinolaringologia, com
avaliação e a possibilidade de conduta clínica-
-cirúrgica em determinados casos de distúrbios
respiratórios do sono.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

A Otorrinolaringologia apresenta-se, portanto,


como uma especialidade bastante abrangente
que possibilita o residente estudar diversos
assuntos e, caso se interesse mais por algum
específico, pode permanecer estudando e
sub-especializando. A educação cirúrgica
também fornece uma gama grande de oportuni-
dades em diferentes áreas. Entretanto, a maioria
das cirurgias é realizada de maneira eletiva, ou
seja, sem a necessidade de intervenções de
urgência, o que torna a qualidade de vida do
especialista menos afetada.

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Medicina Intensiva: a
demanda por
profissionais é maior
que a oferta

Eric Perecmanis
Coordenador médico do CTI do Hospital Caxias D'or
Médico plantonista do CTI HUPE
Médico rotina do CTI do HUCFF
Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB

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1) O que é? fazendo com que os recém titulados sejam
rapidamente absorvidos pelo mercado de traba-
A Terapia Intensiva é uma especialidade jovem, lho, tornando-se médicos rotineiros e com
reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina grande chance de ascensão para cargos de
desde 1992. Sua origem está intimamente supervisão e gerência de acordo com suas
relacionada ao tratamento especializado ofereci- competências.
do a feridos de guerra pela enfermeira Florence
Nightingale em torno de 1850, sendo hoje 4) Número de especialistas:
reconhecida como a precursora dos cuidados
intensivos. No momento, temos aproximadamente 5 mil
intensivistas registrados pela Associação de
Estão aptos a realizar residência em Terapia Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).
Intensiva, médicos que possuem residência
completa em Clínica Médica, Cirurgia, Aneste- 5) Curiosidade(s):
siologia, Cirurgia geral e Infectologia. O curso se
completa em 2 anos, quando há possibilidade – O Hospital Sírio Libanês, em São Paulo,
de prestar prova para o título de especialista. implementou a primeira UTI do país, com
apenas dez leitos (1971).
2) Como é o dia a dia?
6) Especialidades correlacionadas:
O intensivista pode trabalhar como rotineiro/dia-
rista em UTIs gerais ou especializadas, como A terapia intensiva talvez seja o ambiente onde o
plantonista ou exercendo também a especiali- espírito multidisciplinar se torna mais necessário.
dade na área em que fez residência anterior- A interação harmônica entre as equipes (enfer-
mente. magem, fisioterapia, nutrição, higiene, hotelaria
…) é fundamental para obtenção de bons
3) Oportunidades de trabalho: resultados assistenciais e bom ambiente de
trabalho. Frequentemente existe a necessidade
O mercado de trabalho para o intensivista é de pareceres e atuações de outras especialida-
vasto. Atualmente todo hospital terciário é obri- des, fazendo com que o médico intensivista
gado a ter no mínimo 6% de seus leitos volta- seja um “maestro” responsável pela organização
dos a terapia intensiva. Hospitais privados cos- e liderança do grupo.
tumam ter de 20 a 40% de seus leitos voltados
aos pacientes críticos. A demanda por especia- 7) Área de atuação:
listas atualmente é bem maior que a oferta,

54
Como falado anteriormente, o intensivista pode
atuar em UTIs gerais ou especializadas.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Jovens médicos que gostam de ambiente


hospitalar, inovações tecnológicas, procedimen-
tos invasivos e tem bom relacionamento com
seus pares, devem fortemente considerar a
possibilidade de ingressar nesta especialidade.
Eu recomendo!

55
Cirurgia Plástica:
especialidade
dinâmica e em
constante evolução

Danielle Rocha
Médica assistente do Hospital Copa D'or
Especialização em Cirurgia Plástica pela UERJ
Residência em Cirurgia Geral pelo Hospital Federal de Ipanema
Graduação em Medicina pela UFRJ

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1) O que é? (pré-requisito: Residência Médica em Cirurgia
Plástica).
Certamente você tem uma ideia do que um – Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial: 1 ano de Resi-
cirurgião plástico faz, podemos facilmente dência Médica. (pré-requisito: Residência
encontrar informações sobre saúde, beleza e Médica em Cirurgia Plástica, Otorrinolaringologia
estética associadas à Cirurgia Plástica. Contu- ou Cirurgia de Cabeça e Pescoço).
do, a cirurgia plástica moderna é uma especiali- – Cirurgia de Mão: 2 anos de Residência. (pré-
dade dinâmica e em constante evolução, não -requisito: Residência Médica em Cirurgia Plásti-
está restrita pela anatomia ou sistemas orgâni- ca ou Ortopedia).
cos.
2) Como é o dia a dia?
Incorpora várias áreas de atuação, tais como:
cirurgia da mão, cirurgia crânio-maxilo-facial, O dia a dia das especialidades cirúrgicas é bem
tumores cutâneos e oncologia, cuidados às semelhante e consiste nas avaliações e preparo
queimaduras e feridas complexas, cirurgias dos pacientes para o procedimento cirúrgico
estéticas, cosmiatria, cirurgia plástica órbito-pal- proposto, nas execuções das cirurgias propria-
pebral, reconstrução mamária, microcirurgia e mente ditas e nos cuidados pós-operatórios,
cirurgia de intersexo. além dos cuidados e curativos de feridas
Embora esse largo espectro de atividades seja agudas e crônicas.
uma característica da Cirurgia Plástica, ele
também contribui para a dificuldade em se Na rede pública de saúde são executados
definir claramente sua área de atuação. A procedimentos estéticos tais como: colocação
formação do médico cirurgião plástico no Brasil de próteses de mama, glúteos, panturrilhas,
compreende as seguintes etapas: mento, blefaroplastias, ritidoplastias, otoplastias,
redução mamária, abdominoplastias entre
Etapa 1: 6 anos de graduação em Medicina. outras; e reparadores como: correção de úlce-
Etapa 2: 2 anos de Residência Médica em ras de pressão, remoção de neoplasias com
Cirurgia Geral (a partir de 2018 – 3 anos). reconstrução imediata, colocação de expanso-
Etapa 3: 3 anos de Residência Médica em res cutâneos para correção grandes defeitos
Cirurgia Plástica. em áreas com pouco tecido doador, enxertias
cutâneas e etc.
Existem mais 3 grandes áreas de especializa-
ção do Cirurgião Plástico, são elas: Na medicina privada é possível a realização de
outros procedimentos não cirúrgicos em consul-
– Microcirurgia: 1 ano de Residência Médica tório tais como: aplicação de toxina botulínica,

57
volumização facial com ácido hialurônico, pee- 1597, por Gasparo Tagliacozzi (1546-1599),
lings químicos e físicos, lasers entre outros. que soltava três lados de um pedaço de pele
do braço, prendia o braço sobre o nariz e,
3) Oportunidades de trabalho: quando o enxerto pegava, soltava o braço,
cortando a parte da pele ainda presa a ele. Há
Cirurgiões plásticos atuam, em sua maioria, em um século amadores faziam isso na Sicília.
seus consultórios particulares. É possível a Branca de Catânia era o “homem de grandes
aquisição de planos de saúde, contudo, os habilidades, que aprendera a arte de restaurar
mesmo não tem cobertura para procedimentos um nariz usando a pele do braço do paciente
estéticos, o que restringe a atuação do cirurgião ou pregando sobre o orifício o nariz de um
a procedimentos cirúrgicos em pacientes pós escravo”.”
bariátricos, ressecção de tumores cutâneos e
outros procedimentos reparadores. Na rede (trecho extraído do livro ‘A assustadora história
pública, encontramos serviços de cirurgia plásti- da Medicina de Richard Gordon’; pag. 232-
ca nos hospitais universitários e em instituições -234).
vinculadas ao ensino. Não são frequentes
concursos públicos para cirurgia plástica. O curioso em relação a esse texto é que ainda
hoje uma das áreas utilizadas para reconstrução
4) Número de especialistas: nasal é a fronte. Grandes defeitos nasais e
mesmo pequenos defeitos de ponta nasal são
No momento, temos aproximadamente 5.600 reconstruídos utilizando-se um Retalho Parame-
cirurgiões plásticos registrados pela Sociedade diano Frontal, que nada mais é que tirar um
Brasileira de Cirurgia Plástica. pedaço da testa e colocar no nariz!

5) Curiosidade(s): 6) Especialidades correlacionadas:

– “O adultério foi a origem da cirurgia plástica, Como a Cirurgia Plástica não está restrita a
há 2.000 anos, na Índia. Essa infração era órgãos e sistemas, muitas especialidades tem
levada muito a sério pelos hindus, que cortavam atividades sobrepostas ou atuam em conjunto
o nariz do culpado. A deformidade social e na resolução de alguns casos. Por exemplo:
facial era reparada com a pele da face ou da alguns otorrinolaringologistas realizam rinoplas-
testa, cortada como se corta uma folha e costu- tias e otoplastias. Ginecologistas/Mastologistas
rada sobre o orifício. trabalham juntos com plásticos nas reconstru-
ções mamárias.
A operação foi aperfeiçoada em Bolonha, em

58
Plásticos crânio-maxilo-faciais executam Cirurgião Crânio-Maxilo-Facial:
reconstruções de face e crânio com cirurgiões Já o cirurgião plástico com especialização em
buco-maxilo, cirurgiões de cabeça e pescoço e Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial, executa correções
neurocirurgiões. Reconstruções de membros em face e crânio de pacientes com anomalias
são realizadas com apoio de ortopedistas e congênitas, tais como: fissuras de palato e
cirurgiões vasculares. Algumas reconstruções lábio, fissuras faciais, craniossinostoses e etc.
óculo-palpebrais e ressecções tumorais neces- Além de atuarem em reconstruções de crânio e
sitam de acompanhamento de oftalmologistas face após grandes traumas ou ressecções
no pré e pós-operatório para que o procedi- neoplásicas, junto com cirurgiões de cabeça e
mento seja bem sucedido. Enfim, inúmeras são pescoço e cirurgiões Buco-Maxilo (Cirurgiões
as situações em que a cirurgia plástica se Dentistas).
correlaciona com outras especialidades médi-
cas. Cirurgião de Mão:
A mão é uma parte do corpo extremamente
7) Área de atuação: especializada e complexa. Por isso, existe uma
especialidade para tratar exclusivamente das
A cirurgia plástica possui três áreas de atuação questões cirúrgicas relacionadas às suas estru-
mais específicas, são elas: Microcirurgia, Cirur- turas.
gia de Mão e Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial.
8) Mensagem para quem quer seguir essa
Mas o que faz um cirurgião plástico com forma- especialidade:
ção em Microcirurgia?
Os traumas e as neoplasias são os responsá- Como toda especialidade médica, se especiali-
veis pelas grandes lesões em diversas partes zar em Cirurgia Plástica requer muito estudo e
do corpo. Frequentemente, não é possível dedicação, afinal são pelo menos mais 6 anos
reconstruir as áreas lesionadas com retalhos após a conclusão da faculdade. Habilidade
locais (utilizando tecidos próximos às lesões) e manual e criatividade são características bem
portanto, temos como alternativa confeccionar vindas para execução das atividades. Se esse é
retalhos de áreas distantes para cobrir ferimen- o seu desejo arregace as mangas, seja perse-
tos e reconstruir a área lesada. Como esse verante e siga em frente. No demais, te desejo
tecido vem de outro lugar, ele precisa ser revas- boa sorte!
cularizado no seu novo local, essa revasculari-
zação e reconstrução é realizada pelo Microci-
rurgião.

59
Anestesiologia: no limite
entre a vida e a morte

Alan Medeiros
Anestesiologista SBA

60
1) O que é? nosso paciente e vamos até sua evolução no
pós operatório, gerenciando todas as possíveis
A Anestesiologia é uma especialidade médica intercorrências pós-anestésicas. Muitas vezes,
recente que cresce e muda a cada dia. Assu- interagindo de forma muito íntima, com nossos
mindo uma importância cada vez maior entre as colegas das unidades de tratamento intensivo
especialidades, ampliando sua função, período com os quais estamos intimamente ligados.
e áreas de atuação. São necessários 3 anos de Lembrando, não há especialidade mais intensi-
residência médica para obter o título de aneste- va do que a Anestesiologia; haverá sempre, no
siologista. mínimo, um médico para cada paciente.

O perfil do médico anestesiologista exige um 2) Como é o dia a dia?


gosto apurado por procedimentos invasivos, um
apreço inestimado pelo uso de novas tecnolo- Quanto a nossa rotina de trabalho, o dia do
gias e uma vontade constante de estudar. anestesiologista começa bem cedo. Os melho-
Nossa especialidade está intimamente relacio- res serviços possuem um round para discus-
nada com a tecnologia de ponta e, embora são, entre toda a equipe, dos casos mais inte-
nada substitua nosso olhar, o exame físico e ressantes do mapa cirúrgico. Checadas as
atenção dada ao nosso paciente, a cada dia cirurgias verificamos se todos os pré-requisitos
temos novos monitores, máquinas e dispositi- como disponibilidade de hemoderivados, vagas
vos que podem facilitar muito nossa missão de em unidade fechada. São checados e recheca-
oferecer SEMPRE, o que há de melhor a quem dos nossos equipamentos e drogas. No primei-
está sob nossos cuidados. ro contato do dia com o paciente, rechecamos
as informações da visita pré-anestésica e
Nos últimos anos, a Anestesiologia teve sua exames laboratoriais. Tudo isso deve ser feito
área de atuação muito ampliada. Não somos de forma que, mais tardar as 8:00 AM, seu
mais médicos restritos ao centro cirúrgico e ao paciente esteja na sala sendo anestesiado. O
período intra operatório. A Medicina peri-opera- dia termina quando passamos a visita pós-
tória é uma realidade. Atuamos pré, per e pós -anestésica em nosso ultimo paciente operado
operatóriamente. Estamos envolvidos com pela rotina. Daí a máxima que diz: “O anestesis-
nossos pacientes desde sua avaliação pré ta é o primeiro a chegar e o último a sair.”
operatória, com exame físico, solicitação de
exames e orientações necessárias. 3) Oportunidades de trabalho:

Passamos pela escolha e aplicação da aneste- A “polivalência” do anestesista o torna um pro-


sia com o monitoramento das funções vitais do fissional bastante desejado no mercado, sendo

61
o interior do país um grande uma área com 8) Mensagem para quem quer seguir essa
grande demanda de profissionais, o que se especialidade:
reflete em boas ofertas de trabalho e salário
atrativo. Nos grandes centros, a disputa por Aos estudantes e médicos indecisos, aconse-
uma vaga se torna mais acirrada. Contudo, lho seguirem suas reais paixões. Essa é a única
dificilmente observamos um colega sem uma garantia de sucesso profissional. A Anestesiolo-
colocação em anestesia. A Medicina Intensiva, gia é uma especialidade maravilhosa, mas exige
é uma especialidade irmã com grande deman- maestria em momentos de crise, muita disposi-
da. ção para acordar no meio da madrugada, muito
bom humor para lidar com nossa enorme carga
4) Número de especialistas: de estresse e serenidade para resistir a falta de
estrutura que ainda encontramos em nosso
No momento, temos aproximadamente 21 mil país.
anestesistas registrados pela Sociedade Brasi-
leira de Anestesiologia. Parece brincadeira falar dessa maneira, mas
muitas vezes, trabalhamos no limite entre a vida
5) Curiosidade(s): e a morte. Se isso te desagrada, pode ser que
uma outra especialidade seja mais interessante.
– Em 1846 foi realizada a primeira cirurgia com
anestesia. A substância usada na época foi o Caso tenham duvidas ou queiram mais informa-
éter. ções, a nossa sociedade é forte e muito pre-
sente em nosso dia a dia. Visitem o website da
6) Especialidades correlacionadas: Sociedade Brasileira de Anestesiologia: www.s-
bahq.org.
Medicina Intensiva

7) Área de atuação:

Nossa área de atuação é extensa e também


envolve uma série de atividades, tanto ambula-
toriais como atuação em áreas correlacionadas.
Para exemplificar, podemos destacar a clínica
da dor, anestesia para transplantes, a Medicina
Intensiva, os cuidados paliativos, o atendimento
emergencial e a gestão hospitalar.

62
Radiologia e Diagnóstico
por Imagem: a
especialidade do
presente e do futuro

Bernardo Carvalho Muniz


Médico radiologista CRM: 52.95702-0
Residência em Radiologia e Diagnóstico por Imagem no HFB
R4 em Ressonância Magnética - CDPI
R4 em Neurorradiologia - IEC

63
1) O que é? 4) Número de especialistas:

A Radiologia é a especialidade médica que se No momento, temos aproximadamente 9.500


dedica ao estudo e emprego dos raios-X e radiologistas registrados pelo Colégio Brasileiro
outros métodos não ionizantes (ultrassonografia de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.
e ressonância magnética) com fins diagnósticos
e, por vezes, terapêuticos. São necessários, no 5) Curiosidade(s):
mínimo, três anos de Residência Médica/aper-
feiçoamento para a especialização. – Dizem que o radiologista tem uma imaginação
bem fértil, haja vista os clássicos sinais radioló-
2) Como é o dia a dia? gicos como por exemplo: sinal da vela de barco
(timo em crianças); crânio em sal e pimenta
Muitos acreditam que o radiologista tem por (mieloma múltiplo); sinal do anel de sinete (bron-
rotina uma boa cadeira, um computador bem quiectasias); entre vários outros.
potente e o ar condicionado em temperaturas
amenas, entretanto o dia a dia, por vezes, é 6) Especialidades correlacionadas:
mais agitado. Determinar quais são os melhores
exames a serem realizados, o protocolo a ser A Radiologia convive com grande parte das
utilizado, executar o exame, conversar e acal- especialidades clínicas e cirúrgicas no seu dia a
mar o paciente, realizar relatórios e pareceres, dia. Uma relação interessante é com o médico
cumprir metas de laudos, gerir diversas máqui- nuclear na realização e confecção de relatórios
nas, pode ser um pouco estressante, mas de PET-CT.
extremamente gratificante.
7) Área de atuação:
3) Oportunidades de trabalho:
A Radiologia possui duas grandes áreas de
O radiologista pode trabalhar em diversos am- atuação, a primeira é o diagnóstico por imagem
bientes e com diversos métodos de imagem, e suas diversas subespecialidades como neu-
seja no meio privado ou público. As oportunida- rorradiologia, radiologia músculo-esquelética,
des variam desde trabalho em regime de plan- radiologia torácica, medicina interna, entre
tão, ou “períodos” de laudos (períodos de 6 outras. A segunda grande área de atuação é a
horas, com uma cota mínima de laudos que radiologia intervencionista, também com as
varia conforme o serviço, geralmente uma suas subdivisões como vascular, neurovascular,
manhã ou uma tarde de trabalho), ou até de oncológica.
casa por Telemedicina. Cabe ressaltar que muitas áreas de atuação da

64
Radiologia englobam tanto a parte intervencio-
nista como por diagnóstico por imagem. Exem-
plificando, um radiologista mamário, pode reali-
zar e laudar mamografias, ultrassonografias
mamárias, ressonâncias magnéticas e ainda
realizar biópsias e pequenos procedimentos
mamários.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

A Radiologia é a especialidade médica que


mais evoluiu nas últimas décadas. Novos méto-
dos de imagem surgem com uma certa frequ-
ência, exigindo um aperfeiçoamento constante
dos médicos radiologistas. Não é exagero dizer
que a radiologia é a especialidade do futuro,
mas é importante também dizer que é a espe-
cialidade do presente. Nos dias atuais dificil-
mente se opera um paciente sem pelo menos
um exame de imagem.

A maioria das emergências possui um tomógra-


fo e um aparelho de ultrassonografia. O que
seriam dos pacientes oncológicos sem a possi-
bilidade de um estadiamento por método de
imagem. Os incidentalomas existem, por defini-
ção, graças aos exames de imagem.

Caro colega, futuro radiologista, bem-vindo ao


mundo branco, preto, cinza e cada vez mais
colorido da radiologia.

65
Alergia e Imunologia:
para quem procura
área clínica com
procedimentos

Andre Aguiar Gauderer - CRM: 52-779792


Otorrinolaringologista
Alergista e Imunologista
Tel: (21) 2543-1939
Serviço de Alergia e Imunologia da Policlínica de Botafogo:
Av Pasteur, 72

66
1) O que é? profissionais registrados pela Associação Brasi-
leira de Alergia e Imunologia.
Nesse especialidade você irá tratar de doenças
alérgicas e deficiências imunológicas. Para fazer 5) Curiosidade(s):
o título de especialista é preciso de 2 anos de
treinamento teórico-prático na Residência – O médico alergista deve ter um amplo conhe-
Médica ou pós-graduação. É uma especialida- cimento de Dermatologia, Pneumologia e Pedia-
de clínica, porém com procedimentos como tria. Também é preciso um conhecimento razoá-
testes alérgico, testes de provocação com vel de Rinologia, Oftalmologia e Farmacologia.
medicamentos e aplicação de imunoterapia. Muitas vezes o paciente não tem uma doença
alérgica, porém procura o especialista por estar
2) Como é o dia a dia? com nariz entupido, olho ardendo, resfriados,
etc, e é obrigação do mesmo fazer o diagnósti-
A maioria dos pacientes são pediátricos devido co diferencial e tratar ou encaminhar para o
à maior prevalência das doenças alérgicas colega de outra especialidade.
nessa faixa etária, então você tem que gostar
de lidar com crianças. Rinites, sinusite, asma, 6) Especialidades correlacionadas:
dermatites e urticária são as doenças do dia a
dia. Mas esteja preparado para diagnosticar É uma especialidade muito relacionada a Pedia-
escabiose, micose, DPOC, viroses. tria, sendo com frequência a escolha de subes-
pecialidade do pediatra. Também relacionada
3) Oportunidades de trabalho: com Clínica Médica, Pneumologia, Otorrinolarin-
gologia ou Dermatologia.
É uma especialidade clínica, sendo que na
maioria das vezes o médico trabalha em consul- 7) Área de atuação:
tório. Alguns se especializam em imunodeficiên-
cias e, nesse caso, o acompanhamento de O médico alergista atua principalmente em
pacientes graves em internações é necessário. consultório, postos de saúde e, ocasionalmen-
Você terá oportunidade de trabalhar com lacten- te, em hospitais terciários tratando imunodefici-
tes ao paciente idoso, porém mais frequente- ências.
mente com crianças.
8) Mensagem para quem quer seguir essa
4) Número de especialistas: especialidade:

No momento, temos aproximadamente 1.500 É uma boa especialidade para os colegas que

67
procuram uma área clínica com procedimentos
e querem ter uma visão geral do paciente,
tratando todas as faixas etárias e inúmeras
doenças, alérgicas ou não. Muitas vezes você
acaba sendo o médico da família, uma vez que
não é incomum que muitos da família sejam
alérgicos e você acaba sendo a referência para
eles, que passam então a te procurar por qual-
quer problema de saúde, mesmo que não seja
de sua especialidade.

68
Endocrinologia e
Metabologia: o que você
precisa saber sobre essa
especialidade

Mirella Hansen de Almeida


Residência em Endocrinologia e Metabologia pela UFRJ
Mestrado em Nutrologia/Diabetes pela UFRJ
Professora da Faculdade IPEMED
Preceptora da Residência de Endocrinologia do HCA

69
1) O que é? meu consultório, completa o meu cotidiano.

A Endocrinologia é a especialidade médica que 3) Oportunidades de trabalho:


se dedica ao estudo e à análise das glândulas
endócrinas, suas doenças e suas funções. As oportunidades de trabalho são variadas:
Como pré-requisito para a especialidade, são
necessários 2 anos de residência de Clínica - Atendimento em ambulatório/consultório
Médica e, então, mais 2 anos de residência em - Médico responsável pelo setor de provas
Endocrinologia. funcionais em laboratórios de análises clínicas
- Aulas para graduação e pós graduação em
Essa é uma especialidade eminentemente endocrinologia
ambulatorial, com poucas urgências e eventuais - Parecerista em hospital gera
internações para acompanhamento dos pacien-
tes que evoluem com alguma descompensação 4) Número de especialistas:
clínica.
No momento, temos aproximadamente 4.300
2) Como é o dia a dia? endocrinologistas registrados pela Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
O dia a dia do endocrinologista pode, às vezes,
ser solitário, pois por ser uma especialidade 5) Curiosidade(s):
ambulatorial, a maior parte do tempo o endócri-
no está no consultório frente a frente com o – A descoberta da tireoide é atribuída a Thomas
paciente. Warton, em 1656, enquanto realizava uma
pesquisa sobre glândulas. Na época, acredita-
Na minha prática, escolhi estar vinculada a um va-se que a função da tireoide era apenas
hospital geral, onde faço parte da equipe de estética. Somente no século XIX, foi possível
Endocrinologia e atendo uma gama variada de confirmar sua importância.
patologias, já que várias outras especialidades
interagem entre si. 6) Especialidades correlacionadas:

Além disso, a atividade acadêmica ajuda a A Endocrinologia interage com diversas outras
enriquecer meu cotidiano. Temos um serviço especialidades, destacando-se principalmente a
com Residência Médica e a preceptoria dos Dermatologia, Ginecologia e Obstetrícia, além
residentes com certeza ajuda a nos manter da Gastroenterologia, Neurologia, Reumatologia
sempre atualizados. E é claro, o atendimento no e Cardiologia.

70
7) Área de atuação:

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrino-


logia e Metabologia, as principais áreas de
atuação do endocrinologista são as seguintes:

Andropausa
Colesterol e Triglicerídeos
Crescimento
Diabetes
Distúrbios da Menstruação
Distúrbios da Puberdade
Doenças da Glândula Supra-Renal
Doenças da Hipófise
Excesso de Pelos
Obesidade
Osteoporose
Reposição Hormonal da Menopausa
Tireoide

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Para os estudantes interessados em seguir por


esta jornada, estejam preparados para estudar
bastante fisiologia e Clínica Médica, pois assim
vocês estarão construindo uma a base sólida
para um futuro brilhante como endocrinologis-
tas.

71
Urologia: a
subespecialidade médica
com a área de atuação
mais ampla

Werner Teixeira
Graduação em Medicina pela UFF
Cirurgião Geral formado pelo HUAP
Residente de Urologia do HFSE/RJ

72
1) O que é?
As oportunidades de trabalho são inúmeras.
A Urologia é uma subespecialidade cirúrgica, na Dentro da Urologia, o profissional pode atuar em
qual o médico está apto a tratar as doenças diversos segmentos como:
clínicas ou cirúrgicas de todo o trato urinário.
Além disso, também faz parte do tratamento do - Andrologia: com questões de disfunções
urologista toda a parte de Andrologia (saúde do eréteis, colocações de próteses, etc;
homem), disfunções eréteis, síndrome de falên- - Uroginecologia: relacionado às incontinências
cia hormonal, etc. urinárias na mulher, os prolapsos, distopias
uterinas, etc;
Essa é uma especialidade bastante eclética e o -Urologia pediátrica
profissional tem diversos caminhos para esco- - Endourologia
lher. Por exemplo, se o médico não tem interes-
se na área cirúrgica, ele pode atuar apenas em Como vocês podem ver, a atuação é bastante
consultório. Já como cirurgião, o profissional ampla, mas todas vão focar mesmo em consul-
deve ser bastante treinado, perseverante, deta- tório, e dentro do consultório, o profissional
lhista e com bastante foco. Paciência também é pode trabalhar com o que acha melhor e mais
muito importante na Urologia. pertinente para ele.

2) Como é o dia a dia? 4) Número de especialistas:

O dia a dia do urologista é muito corrido, a No momento, temos aproximadamente 4.800


começar pela Residência, que tem uma rotina urologistas registrados pela Sociedade Brasileira
bastante puxada com plantões, ambulatório, de Urologia.
urodinâmica, afazeres na enfermaria, emergên-
cias, etc. 5) Curiosidade(s):
O dia a dia do profissional normalmente é o
consultório, onde ele consegue seus pacientes – Inicialmente, a vasectomia não tinha nada a
cirúrgicos. Eventualmente, o urologista também ver com esterilização. O objetivo da cirurgia era
pode dar plantões, seja presencial (normalmen- aliviar os sintomas urinários de pacientes com
te em hospitais públicos onde as equipes são hiperplasia prostática.
completas) ou de sobreaviso (normalmente na
rede particular). 6) Especialidades correlacionadas:

3) Oportunidades de trabalho: São inúmeras as especialidades correlaciona-

73
das, mas temos principalmente a Ginecologia,
Endocrinologia, Psicologia (principalmente para
quem trabalha com Andrologia) e a Proctologia.

7) Área de atuação:

Como mencionado anteriormente, a área de


atuação do urologista é muito ampla e inclui
Andrologia, Uroginecologia, Urologia Pediátrica e
Endourologia.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

O estudante que deseja seguir essa especiali-


dade vai gostar muito, pois a Urologia é uma
área bastante diversificada. Você tem cirurgias
de todos os tipos como cirurgias abertas, lapa-
roscópicas, robóticas (que está cada vez mais
difundida). Então, para quem tem interesse em
uma especialidade cirúrgica, terá muitas opções
para aproveitar durante a sua caminhada.

E para quem se interessa mais pela parte de


consultório, a Urologia também é uma boa
opção. Essa é uma especialidade bastante
completa, que supre todas as demandas de
quem a está cursando. Normalmente, o urolo-
gista consegue se encaixar em uma área que
ele goste mais. Vale a pena fazer!

74
Oncologia:
área com grande
carga emocional
envolvida

Naiara Balderramas
Médica Residente Oncologia
Hospital Universitário de Brasília (HUB)

75
1) O que é? 3) Oportunidades de trabalho:

É a especialidade que trata dos cânceres, mais Com o aumento da expectativa de vida há o
especificamente dos tumores sólidos. Até crescimento dos casos de câncer, o que torna
algum tempo atrás tratava todas as neoplasias, a demanda de mercado bem grande, principal-
incluindo as hematológicas e linfoproliferativas, mente em cidades de médio porte, onde há o
porém devido a grandeza da área foi subdividi- surgimento de clínicas e hospitais. A Oncologia
da e hoje existe o profissional especifico dessas Clínica não é uma especialidade que atue em
doenças, o hematologista. Para ser oncologista locais de pequeno porte, pois necessita de uma
clínico é necessário fazer dois anos de residên- retaguarda especializada, com equipes multi-
cia em Clínica Médica e depois mais três anos profissionais, e acesso fácil a outros tratamen-
de Oncologia propriamente dita. Caso a escolha tos como radioterapia, cirurgias, hospital para
seja por Oncologia Pediátrica, o caminho são internação e infusão de quimioterápicos. Logo,
dois anos de Pediatria seguidos de dois anos o mais comum é o trabalho se desenvolver em
de Oncologia Pediátrica. equipes, que estão vinculadas a clínicas, hospi-
tais-dia ou hospitais tradicionais com unidades
2) Como é o dia a dia? de oncologia dentro. Além do trabalho clínico,
há também muito campo de pesquisa, e outra
O oncologista dentro do SUS já recebe o opção é manter-se como pesquisador ou
paciente com o diagnóstico fechado após a mesmo docente.
biópsia, de modo que conduz o tratamento
clínico, indica os procedimentos cirúrgicos e lida 4) Número de especialistas:
também com casos em que não há mais indi-
cação de tratamento curativo, os chamados No momento, temos aproximadamente 3.500
paliativos exclusivos. Os cuidados paliativos são oncologistas registrados pela Sociedade Brasi-
muito frequentes dentro da Oncologia, e é uma leira de Cancerologia.
área em franco crescimento, que não se restrin-
ge apenas à Oncologia e sim a toda medicina. 5) Curiosidade(s):
Nos planos de saúde é comum o especialista
receber o paciente ainda com suspeita de – Há um livro chamado “O imperador de todos
câncer e guiar tanto o diagnóstico quanto o os males” do indiano Siddhartha Mukherjee (Ed.
estadiamento (classificação universal em graus Companhia das letras), que se autointitula como
de gravidade), bem como o tratamento e segui- uma biografia do câncer. Trata-se de um relato
mento. belíssimo sobre o câncer ao longo da história,
desde registros ainda no antigo Egito, e como

76
se desenvolveu o crescimento dos investimen- te e seus familiares levam ao oncologista toda a
tos em tratamentos na área. Com esse livro, o sua esperança na Medicina, querem tratamen-
autor ganhou o maior prêmio mundial em Jorna- tos eficazes e empatia, por isso demandam
lismo, o prêmio Pulitzer, em 2011. Vale a pena atualização constante frente as novas terapias e
ler! tecnologias, porém sem perder a empatia. O
câncer ainda representa um estigma muito
6) Especialidades correlacionadas: grande na sociedade, quase um sinônimo de
morte, porém cabe ao profissional da Oncologia
A Oncologia se correlaciona com todas as ser a ajuda necessária nesse momento tão
áreas médicas, pois ainda que façam o diag- difícil. Um livro que descreve bem os percalços
nóstico, todos encaminharão os pacientes com emocionais da especialidade é “Por um fio”do
neoplasias malignas ao oncologista para tratar. Dr. Drauzio Varella. São várias pequenas histó-
Porém, há relacionamento mais frequente com rias sobre como o câncer pode ser o final da
as especialidades cirúrgicas, como a própria vida, mas também pode ser o começo de uma
Cancerologia Cirúrgica ou Cirurgia Oncológica, nova vida para aqueles que sobrevivem.
além de Urologia, Cirurgia Torácica, Cirurgia
Geral, Coloproctologia, Ginecologia, Mastologia,
devido a grande necessidade de procedimen-
tos cirúrgicos, como novas biópsias, drenagem
torácica, colocação de cateter duplo J, etc.

7) Área de atuação:

Basicamente o oncologista clínico atua em


consultório, em clínicas, hospitais-dia, hospitais,
e também com cuidados paliativos e pesquisa/-
docência.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

A oncologia clínica é uma área com grande


carga emocional envolvida e que precisa de
uma boa equipe multiprofissional para o melhor
desempenho de suas competências. O pacien-

77
Medicina do Exercício e
Esporte: especialidade
em franco crescimento,
mas ainda pouco
conhecida

Marco Aurélio Moraes de Souza Gomes


Especialista em Medicina do Exercício e Esporte pela SBMEE
Especialista em Cardiologia pela SBC
Cardiologista do HSE-RJ
Coordenador de Reabilitação Cardíaca do Hospital Pró-Cardíaco

78
1) O que é? 3) Oportunidades de trabalho:

A Medicina do Exercício e Esporte é uma espe- A especialidade pode ser feita através de resi-
cialidade que, apesar de estar em franco cresci- dências médicas ou pós-graduações, e a ativi-
mento, ainda é pouco conhecida pelos médi- dade profissional pode ser desempenhada em
cos em geral, tal como por estudantes, pois associações ou clubes esportivos, serviços de
não faz parte da grade curricular obrigatória nos reabilitação ou consultório.
cursos de Medicina, sendo estudada como
matéria opcional em algumas faculdades. 4) Número de especialistas:
Apesar disto, a Sociedade de Medicina do
Exercício e do Esporte existe há muito tempo. No momento, temos aproximadamente 800
especialistas registrados pela Sociedade Brasi-
O objetivo da especialidade é trabalhar com leira de Medicina do Exercício e Esporte.
indivíduos que queiram manter, melhorar ou
recuperar sua saúde, através da prática de 5) Curiosidade(s):
exercício como ferramenta adicional na redução
de risco de patologias diversas, além de atuar – A Sociedade Brasileira de Medicina do Exercí-
na prevenção e/ou tratamento de atletas de cio e do Esporte (SBMEE) foi criada em 1962,
competição amadores e/ou profissionais. filiada à Associação Médica Brasileira (AMB). Já
a criação da residência só aconteceu em 2005.
2) Como é o dia a dia?
6) Especialidades correlacionadas:
Apesar de estar intrinsecamente associado a
cardiopatias (Reabilitação Cardíaca supervisio- As especialidades mais comumente relaciona-
nada) e alterações ortopédicas, o exercício tem das são Cardiologia e Ortopedia, mas como
uma ação decididamente importante em outras dito antes, o exercício já está referendado ou
especialidades médicas, ajudando no controle sendo muito estudado nas mais diversas espe-
e redução de mortalidade, com melhora prog- cialidades.
nóstica e de qualidade de vida em pacientes
com DPOC, DRC, doenças reumáticas/au- 7) Área de atuação:
toimunes, neuropatias, entre outras. Além disto,
o médico especialista pode ser uma excelente Como mencionado anteriormente, o especialista
opção na avaliação pré-participação de indiví- pode atuar com indivíduos que queiram manter,
duos que queiram iniciar, retornar ou modificar melhorar ou recuperar sua saúde, além da
suas atividades físicas habituais ou desportivas. prevenção e/ou tratamento de atletas de com-

79
petição amadores e/ou profissionais.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Aos estudantes, a mensagem que eu deixo é


que hoje o sedentarismo é um dos principais
fatores de risco cardiovascular, além de estar
intimamente associado a alguns tipos de
câncer. Assim, a prática de atividade física
regular, padronizada de maneira a caracterizar o
exercício, deve cada vez mais ser prescrita, e o
especialista em Medicina do Exercício e Esporte
estará apto a prescrevê-lo da forma mais ade-
quada.

80
Ortopedia: amplo leque
de atuação e diversidade
na rotina

Ricardo Farias junior


Médico Especialista em Ortopedia na MEC/SBOT

81
1) O que é? 4) Número de especialistas:

É uma especialidade com foco na prevenção, No momento, temos aproximadamente 13 mil


diagnóstico, tratamento e reabilitação das doen- ortopedistas registrados pela Sociedade Brasi-
ças do sistema musculoesquelético, incluindo leira de Ortopedia e Traumatologia.
ossos, articulações, ligamentos, tendões, mús-
culos e nervos. 5) Curiosidade(s):

No princípio voltada ao cuidado de crianças – A graduação em Medicina não contempla o


com deformidades na coluna vertebral e/ou mínimo de formação sobre as afecções ortopé-
membros, agora a Ortopedia cuida de pacien- dicas. Ao ingressar na Residência Médica, o
tes de todas as idades, desde recém-natos futuro ortopedista encontra um mundo novo de
com pés tortos, passando por atletas necessi- ângulos normais e patológicos, mecanismos de
tando de cirurgias artroscópicas, até idosos trauma, de desvios aceitáveis… e muitos epôni-
com processos degenerativos articulares. Além mos!
das fraturas em qualquer idade.
Sim, qualquer acidente ósseo, técnica cirúrgica,
2) Como é o dia a dia? via de acesso, exame físico, fraturas, e por ai
vai… tem o nome de quem descobriu ou des-
Em geral, por ser uma especialidade cirúrgica, creveu! Portanto, trate de aprender técnicas de
os ortopedistas tendem a mesclar o seu dia a memorização.
dia entre rotinas de cirurgias com atendimento
ambulatorial. No início da carreira, é comum 6) Especialidades correlacionadas:
estarmos alocados nos centros de trauma,
atuando nas emergências. Reumatologia (em conjunto nas afecções articu-
lares), Neurologia (déficit motores, afecções
3) Oportunidades de trabalho: placa motor, etc), Neurocirurgia (afecções na
coluna vertebral) e Fisiatria (nos processos de
Devido ao amplo leque de atuação, sobre todas reabilitação).
as faixas etárias, ambos os sexos, com foco
ambulatorial e/ou cirúrgico, o ortopedista pode 7) Área de atuação:
diversificar sua rotina diária. Podendo trabalhar
desde os mais específicos centros de especiali- A área de atuação é enorme. Além dos seg-
dades até num pequeno município com o mentos de subespecialidades (coluna vertebral,
mínimo de recursos diagnósticos. ombro e cotovelo, mão, quadril, joelho, tornoze-

82
lo e pé, pediátrico, trauma, onco-ortopedia,
osteo-metabólica) temos a possibilidade de
atender crianças, adolescentes, jovens, adultos
e idosos, de ambos os sexos.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Venha preparado. Esse é o melhor conselho. As


especialidades cirúrgicas necessitam de uma
verdadeira imersão hospitalar. Ninguém aprende
a operar apenas com livros. Saiba que você terá
que conciliar uma forte base teórica (afinal, é um
mundo novo) com muitas horas de atividades
práticas. Serão muitos plantões, rotinas cirúrgi-
cas, visitas nos fins de semana para começar a
entender como é a história natural das patolo-
gias ortopédicas. E, ao fim da residência, você
estará apto e habilitado na arte da reconstrução
humana.

83
Ginecologia e
Obstetrícia: ajudando
mulheres a viver com
mais segurança e
confiança

Thalia Maia
Pós-Graduanda em Sexualidade Humana pela USP
Formação em Endoscopia Ginecológica pela Fértile e EIES
Residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo HUB-UNB
Graduação em Medicina pela UFRJ

84
1) O que é? da, atendendo desde o perfil de médico voltado
mais para parte clínica até o que prefere a
Como definição padrão e superficial, Ginecolo- cirúrgica.
gia é a especialidade que cuida das doenças
do sistema reprodutor feminino, e Obstetrícia a 2) Como é o dia a dia?
especialidade que acompanha a mulher durante
o ciclo gravídico-puerperal, ou seja, gestação, O dia a dia do ginecologista envolve acompa-
parto e pós-parto. Quando falamos de uma nhamento em consultório de mulheres da infân-
medicina humana e voltada para o cuidado cia à velhice, onde também podemos realizar
integral, essa especialidade tem a responsabili- pequenos procedimento como inserção de DIU
dade do cuidado da saúde da mulher incluindo e implantes contraceptivos, biopsias. Para os
infância, puberdade, vida adulta e terceira idade. que realizam cirurgia ginecológica, o centro
Isso vai muito além de útero, vagina e mamas. cirúrgico permite cirurgias abertas convencio-
Somos os profissionais que a maioria das mu- nais, endoscópicas (laparoscopia e histerosco-
lheres tem contato com maior periodicidade pia), incluindo ainda uroginecologia com corre-
durante grande parte da vida e é nossa respon- ções de prolapsos incontinência e a parte
sabilidade ter atenção nas suas relações com a estética, bastante procurada atualmente.
família, trabalho, lazer, incluindo a vivência da Para o obstetra o dia a dia é menos previsível,
sexualidade. com emergências e possibilidade de parto
vaginal a qualquer momento e a maioria dos
Para ser ginecologista e obstetra e necessário 3 médicos dessa especialidade passam a vida
anos de Residência Médica após os 6 anos de em plantões.
graduação em Medicina (total 9 anos). Alguns
decidem trabalhar só com Obstetrícia e outros 3) Oportunidades de trabalho:
só como ginecologistas.
Consultório voltado para saúde da mulher e
Especialidade ampla onde podemos desenvol- pré-natal, clínicas de imagem com ultrassono-
ver atividades públicas e privadas, que vão de grafia ginecológica e obstétrica, clínicas de
consultas de rotina para prevenção a diagnósti- reprodução humana, hospitais públicos e priva-
co e tratamento de doenças, realização de dos, centro cirúrgico para procedimentos gine-
exames como ultrassonografia e colposcopia, cológicos, parto vaginal e cesariana de pacien-
abordagem cirúrgica de todo aparelho reprodu- tes particulares e plantão obstétrico no público
tor via abdominal e via vaginal, além da reprodu- e no privado.
ção humana em casos de infertilidade e oncogi-
necologia. A área de atuação é bastante varia- 4) Número de especialistas:

85
desenvolver atividades públicas e privadas, que
No momento, temos aproximadamente 28 mil vão de consultas de rotina para prevenção a
especialistas registrados pela Federação Brasi- diagnóstico e tratamento de doenças, realiza-
leira das Associações de Ginecologia e Obste- ção de exames, abordagem cirúrgica, além da
trícia. reprodução humana.

5) Curiosidade(s): 8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:
– Algumas mulheres imaginam que se encon-
trarmos com ela fora do consultório imediata- Dedicação para entender o universo feminino e
mente vamos lembrar e julgar o formato da toda sua complexidade vai além do diagnóstico
vulva/vagina dela, o que não acontece. e tratamento de doenças do aparelho reprodu-
tor. A maioria das suas pacientes não terão
– Por ser o ginecologista o profissional que a doença física e nos procuram para uma simples
mulher tem contato frequente gerando intimida- rotina ginecológica.
de, é bastante comum queixas relacionadas a
vida cotidiana dos relacionamentos e sexualida- Está aí a chance de escolher entre ser mais um
de. É um desafio, pois nossa formação continua especialista em coleta de papanicolau ou ajudar
muito precária nesse aspecto. É importante a cada mulher a viver com mais segurança e
perceber que a consulta não é um bate-papo confiança. Sou apaixonada pela minha profissão
de bar onde damos nossa opinião baseado no e também pela minha família.
que vivemos. Precisamos estudar a fundo os
assuntos que pretendemos trabalhar. Ter na As escolhas de onde atuar e qual caminho
equipe um psicólogo e outros profissionais da seguir, onde e como trabalhar é muito importan-
área de saúde ajuda bastante. te independente da especialidade que escolhe-
mos. Só assim é possível não endurecer e
6) Especialidades correlacionadas: continuar acordando de madrugada ou mesmo
de manhã feliz para trabalhar.
Urologia
Proctologia

7) Área de atuação:

Como mencionado anteriormente, área de


atuação é bastante variada. O especialista pode

86
Neurocirurgia: conheça a
rotina e os desafios
dessa especialidade

Euler Nicolau Sauaia Filho


Pós-Graduanda em Sexualidade Humana pela USP
Formação em Endoscopia Ginecológica pela Fértile e EIES
Residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo HUB-UNB
Graduação em Medicina pela UFRJ

87
1) O que é? tecnologia e recursos humanos. A carreira no
sistema público de saúde e nos serviços suple-
A Neurocirurgia é uma especialidade médica mentar são opções viáveis.
que se ocupa do tratamento de adultos e crian-
ças portadores de doenças do sistema nervoso 4) Número de especialistas:
central e periférico No Brasil, após o término
regular do curso de Medicina de seis anos, é No momento, temos aproximadamente 2.800
necessário fazer uma residência que compreen- neurocirurgiões registrados pela Sociedade
de mais 5 anos de estudos com prática clínica Brasileira de Neurocirurgia.
e cirúrgica, para que se possa ser neurocirur-
gião. O programa oficial de Residência Médica 5) Curiosidade(s):
é definido pelo Ministério da Educação (MEC)
em parceria com a Associação Médica Brasilei- – A tecnologia está presente na neurocirurgia, e
ra e Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. O pra quem gosta, está na especialidade certa.
programa é de acesso direito e após o término Um exemplo é a interface cérebro-máquina,
pode ainda haver 1 ou mais anos opcionais onde computadores podem desempenhar
dentro do programa da residência, caracterizan- funções, antes perdidas, como mover um braço
do as subespecialidades da neurocirurgia. mecânico ou mesmo a utilização de implantes
eletrônicos cerebrais com a capacidade de
2) Como é o dia a dia? estimular ou inibir funções cerebrais auxiliando
no tratamento de doenças.
As atividades dividem-se em consultório, visitas
em enfermaria e leitos de unidade intensiva e os 6) Especialidades correlacionadas:
procedimentos cirúrgicos, que são o grande
diferencial da especialidade. Devido à complexidade das patologias e a
necessidade de uma abordagem integral, outras
3) Oportunidades de trabalho: especialidades médicas são necessárias no
acompanhamento do paciente. Clínica médica
Para ingressar no mercado de trabalho, várias e Medicina Intensiva na condução dos pacien-
decisões devem ser tomadas, tanto no curto tes que demandam cuidados intensivos. A
quanto no longo prazo, levando-se em conside- Ortopedia associada na condução das patolo-
ração a realização profissional, o ganho financei- gias relacionadas à coluna. Profissionais espe-
ro e a satisfação pessoal. Levar em considera- cializados em dor auxiliam na condução de
ção que seguir uma carreira plena na Neuroci- paciente com patologias e sintomas crônicos. A
rurgia é necessário ter infraestrutura mínima de Radiologia é imprescindível no auxílio diagnosti-

88
co. Oncologia contribui na abordagem integral rias para o neurocirurgião, assim como tomar
do paciente oncológico. A Cirurgia de Cabeça e decisões em conjunto com uma equipe multi-
Pescoço e Otorrinolaringologia na abordagem profissional. A Neurocirurgia é uma especialida-
de patologias na transição crânio-cervical. A de que possibilita realização profissional e pes-
Neurocirurgia conta com diversos profissionais soal, mas que demanda compromisso e qualifi-
que, juntos, são capazes de prestar um atendi- cação.
mento diferenciado ao paciente.

7) Área de atuação:

A Neurocirurgia pode ser dividida em diversas


subespecialidades e o profissional com forma-
ção adequada está apto a atuar em todas as
áreas assim que termina seu treinamento. No
entanto, por aptidão ou interesse, o neurocirur-
gião trilha seu próprio caminho, adquirindo
experiência em uma ou outra área: coluna, base
de crânio, vascular, neurointesivismo, neuroci-
rurgia pediátrica, nervos periféricos, base de
crânio, funcional.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

É errôneo imaginar que o médico neurocirur-


gião, pela própria denominação do nome “cirur-
gião”, não tem contato próximo ou não cria
vínculos como o paciente. A relação médico-
-paciente não inicia-se nem termina no procedi-
mento cirúrgico. Lidar com um paciente neuro-
cirúrgico possibilita ao médico o contato com o
que há de mais humano, a vida, as dificuldades
do diagnóstico de patologias graves e a relação
com os familiares. Saber conversar, explicar e
escutar seu paciente são habilidades necessá-

89
Reumatologia: bom
embasamento clínico
é fundamental para
atuação

Gustavo Baldi
Graduação em Medicina pela UFRJ
Residência em Clínica Médica pela UFRJ
Residência em Reumatologia pela UERJ
Médico de Clínica Médica e Reumatologia do HU-UF-JF

90
1) O que é? ximadamente 2 mil reumatologistas no Brasil, o
que representa menos de 1% dos médicos
A Reumatologia é uma especialidade clínica que formados atuando no país.
cuida basicamente de dois grupos de doença:
as doenças musculoesqueléticas, que são as 5) Especialidades correlacionadas:
que envolvem cuidados com as articulações,
ossos e músculos; e as doenças autoimunes, Como as doenças reumatológicas geralmente
como lúpus eritematoso sistêmico, esclerose têm acometimento sistêmico, principalmente as
sistêmica e miopatias inflamatórias. autoimunes, o especialista tem interface com
várias outras especialidades como Oftalmologia,
2) Como é o dia a dia? Dermatologia, Otorrinolaringologia, Nefrologia e
Pneumologia.
A Reumatologia é uma especialidade iminente-
mente ambulatorial, a maior parte das nossas 6) Área de atuação:
atividades é feita em consultório ou ambulatório.
Quando o paciente complica, o especialista A maior parte das nossas atividades é no con-
acaba tendo algum contato com o ambiente sultório, mas existem outras possibilidades de
hospitalar, mas essa relação difere de outras atuação, seja com ultrassonografia, que tem
especialidades nas quais o foco é primariamen- crescido cada vez mais na especialidade como
te hospitalar, como as especialidades cirúrgicas, uma ferramenta de auxílio no diagnóstico e
cardiologia intervencionista e outras especialida- manejo clínico do paciente; ou com procedi-
des clínicas com foco no hospital. mentos, como infiltrações articulares, biópsias
musculares, ósseas, labiais, etc. Todas essas
3) Oportunidades de trabalho: fazem parte da formação do reumatologista.

Como mencionado anteriormente, o reumatolo- 7) Mensagem para quem quer seguir essa
gista pode atuar tanto em consultórios quanto especialidade:
em ambulatórios.
Por ser uma especialidade com muitas doenças
4) Curiosidade(s): sistêmicas, de acometimento de diferentes
órgãos, é importante fazer uma boa Residência
– Apesar de ser uma especialidade muito pre- de Clínica Médica para ter um bom embasa-
valente, existem poucos reumatologistas que mento clínico, para que ele possa atuar de
exercem Reumatologia no Brasil. Nos dados maneira mais eficaz frente ao paciente.
demográficos médicos de 2015, existiam apro-

91
Cirurgia de Cabeça e
Pescoço: para quem
quer exercer técnicas
cirúrgicas complexas

Bruno Albuquerque
Membro Efetivo da SBCC e Membro Adjunto do CBC-RJ
Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço pela SBCC e
Associação Médica Brasileira
Professor assistente de Pós-graduação da PUC-RJ

92
1) O que é? e pescoço, diversos serviços têm tido interesse
na contratação de especialistas. Dentre os
O cirurgião de cabeça e pescoço é o médico principais serviços destacamos: serviços de
responsável pelo diagnóstico, seguimento e oncologia público ou privado, clínicas de cirurgia
tratamento dos pacientes (adultos e pediátricos) endócrina, hospitais universitários, centro de
portadores de tumores benignos e malignos na pesquisas clínicas, além do consultório privado
região da cabeça e pescoço. Trata-se de uma que tem aumento crescente da demanda
especialidade médica que requer como pré-re- devido a escassez de especialistas no merca-
quisito a formação em Cirurgia Geral. O tempo do. O cirurgião de cabeça e pescoço pode
de especialização em Cirurgia de Cabeça e atuar tanto no diagnóstico (realizando exames
Pescoço pode variar de 2 a 3 anos de Residên- especializados e biópsias), quanto no tratamen-
cia Médica, a depender do serviço selecionado. to cirúrgico curativo ou paliativo.
Se identifica com o perfil da especialidade o
profissional que pretende exercer técnicas 4) Número de especialistas:
cirúrgicas complexas e elaboradas, principal-
mente em pacientes oncológicos. No momento, temos aproximadamente 900
cirurgiões de cabeça e pescoço registrados
2) Como é o dia a dia? pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça
e Pescoço.
No Brasil, a prevalência de câncer de cabeça e
pescoço, principalmente câncer de boca em 5) Curiosidade(s):
homens e de tireoide em mulheres, tem aumen-
tado. Fato este que coloca o cirurgião de – As inovações tecnológicas fazem com que
cabeça e pescoço em importante posição tanto cada vez mais as cirurgias sejam mais seguras
no diagnóstico precoce quanto no tratamento e agreguem menos morbidade. Atualmente já é
especializado. A diversidade nos diagnósticos e possível realizar procedimentos cirúrgicos na
tratamentos da especialidade fazem com que o região da cabeça e pescoço através de cirur-
médico especialista se depare diariamente com gias trans-orais robóticas e com laser de alta
casos desafiadores, exigindo assim permanente precisão, além de cirurgias por videoendosco-
estudo e atualização. pia. Dessa forma, os pacientes têm recupera-
ção mais precoce e com menos sequelas.
3) Oportunidades de trabalho:
6) Especialidades correlacionadas:
Devido à crescente prevalência de câncer na
sociedade, em particular do câncer de cabeça Diversas especialidades médicas e multidiscipli-

93
nares estão relacionadas devido à complexida- tanto em crianças como em adultos. O prazer
de anatômica da região da cabeça e pescoço. de poder realizar técnicas cirúrgicas complexas,
A necessidade de reconstruções cutâneo-fa- tanto de dissecções como de reconstruções,
ciais complexas com objetivo de restaurar a faz com que o cirurgião de cabeça e pescoço
função e estética facial fazem com que o cirur- tenha um formação completa e se sinta realiza-
gião plástico tenha participação importante do profissionalmente. Além disso uma demanda
nessas cirurgias. Além de cirurgias em conjunto de mercado cada vez maior faz com que a
com neurocirurgiões para abordagem de tumo- sociedade necessite cada vez mais desses
res da base do crânio. Fonoaudiólogos, fisiote- especialistas.
rapeutas e nutricionistas são outras especialida-
des multidisciplinares que possuem fundamen-
tal participação na preparação e reabilitação dos
pacientes portadores de doenças na região da
cabeça e pescoço.

7) Área de atuação:

O especialista, além de atuar na aérea oncológi-


ca prioritariamente, pode exercer as atividades
profissionais em outras subespecialidades
correlatas tais como: cirurgia crânio-maxilo-facial
(atuando em transtornos congênitos orofaciais
ou trauma); cirurgia endócrina (tratando distúr-
bios da glândula tireoide); microcirurgia plástica
(realizando reconstruções complexas cérvico-fa-
ciais) e cirurgias endoscópicas nasais (abordan-
do principalmente tumores da base do crânio).

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Atuar na especialidade de Cirurgia de Cabeça e


Pescoço exige dedicação, atualização constan-
te e principalmente humanização, uma vez que
cada vez mais abordamos casos oncológicos

94
Pneumologia:
oportunidades
de emprego
estão em ampliação

Luiz Lazzarini
Professor de Pneumologia da UFRJ
Pneumologista do Hospital Pró-Cardíaco - RJ
Doutor em Pneumologia pela EFRJ/Cornell University

95
1) O que é?
A Pneumologia não é uma especialidade com
A especialidade tem por objetivo aprofundar o grande número de membros. Desta forma, é
conhecimento em temas relacionados ao apare- muito atraente pois as oportunidades de empre-
lho respiratório, do nariz até os alvéolos. Como go estão em ampliação, visto que diversos
grande parte das patologias fora do sistema métodos diagnósticos são feitos somente pelo
respiratório o atingem secundariamente, o especialista.
pneumologista é um especialista que tem que
ter forte conhecimento de Clínica Médica em 4) Número de especialistas:
geral.
No momento, temos aproximadamente 3.200
As doenças do aparelho respiratório são extre- pneumologistas registrados pela Sociedade
mamente frequentes na prática médica. Como Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
exemplos citamos a asma brônquica, DPOC,
tuberculose, pneumonias, câncer de pulmão, 5) Especialidades correlacionadas:
apneia do sono, entre tantas outras.
Medicina do sono, Oncologia, Cardiologia e
Atualmente a residência em Pneumologia tem Cirurgia Torácica são atividades com muita
como pré-requisito a realização prévia de resi- interação com a Pneumologia, mas temos
dência em Clínica Médica na maioria das insti- interação com praticamente todos as especiali-
tuições. Tem duração de 2 anos podendo em dades clínicas e cirúrgicas.
alguns serviços ter um terceiro ano adicional em
métodos diagnósticos. 6) Área de atuação:

2) Como é o dia a dia? Como mencionado anteriormente, o pneumolo-


gista pode atuar tanto no ambulatório quanto no
A Pneumologia tem atuação tanto ambulatorial hospital.
quanto hospitalar. Nesta última é dividida em
atendimento clínico às doenças respiratórias ou 7) Mensagem para quem quer seguir essa
realização de métodos diagnósticos tais como especialidade:
broncoscopia, provas de função pulmonar,
polissonografia, toracocentese, ergoespirome- É uma especialidade muito prazerosa. Mantém
tria, biópsia e drenagem pleural. o especialista atualizado de todas as especiali-
dades médicas, é extremamente atuante pela
3) Oportunidades de trabalho: alta frequência de doenças respiratórias, novas

96
terapias em diversas patologias têm sido desen-
volvidas e que adicionalmente permite a realiza-
ção de diversos métodos diagnósticos. Mesmo
a atuação destes está se expandindo. Como
exemplo, a broncoscopia hoje pode ser utilizada
não somente para o diagnóstico, mas também
para terapia.

97
Infectologia: saiba tudo
sobre o dia a dia dessa
especialidade

Eduardo S. Pimenta
Médico do Serviço de Doenças Infecto Contagiosas da UFRJ
Mestrando pela Pós-graduação de DIP da UFRJ
Médico Infectologista SMS/RJ

98
1) O que é? profissionais e na DIP não é diferente. Atuando
em pareceres e acompanhamento clínico,
Para fazer residência médica em Infectologia ou ambulatorial ou enfermaria ou políticas e ativida-
DIP (Doenças Infecto-Parasitárias) não é neces- des de prevenção, palestras/educação e ainda
sário cursar outra especialidade como pré-re- no controle do uso de antibióticos, desde a
quisito como a Clínica Médica, tendo seu atenção primária, secundária, terciária e até
acesso direto através de prova de concurso quaternária, na área assistencial, pesquisa e
para diversos hospitais. O especialista irá traba- vigilância epidemiológica. Caso o médico assim
lhar com diversos tipos de doenças relaciona- deseje, a residência em DIP é pré-requisito de
das a infecção por vírus, bactérias, fungos, uma nova residência como por exemplo Infecto-
micobactérias como a tuberculose e seu logia Hospitalar, Hepatologia e Terapia Intensiva.
respectivo manejo, prevenção e acompanha-
mento. 4) Número de especialistas:

2) Como é o dia a dia? No momento, temos aproximadamente 3.200


infectologistas registrados pela Sociedade
O perfil e a rotina dos profissionais desta espe- Brasileira de Infectologia.
cialidade tratam de forma geral de doenças
negligenciadas relacionadas muitas vezes aos 5) Curiosidade(s):
problemas sociais da população ou com doen-
ças com pouca pesquisa. Trabalhar com – A relação entre os médicos e os pacientes da
pacientes da Infectologia pode ser em boa parte infectologia pode ser uma relação muito próxi-
das vezes trabalhar com população de origem ma, pois lidamos com situações pessoais tais
mais humilde e com histórico de pouco ou como de cunho sexual, emocional, social e até
nenhum cuidado ou orientação médica, tendo a psiquiátrico. Alguns pacientes vemos pouco
equipe de saúde grande responsabilidade com tempo com altas da enfermaria ou ambulatório
o doente que pode ser acompanhado pelo enquanto outros pelo resto da vida e a relação
resto de sua vida. de confiança pode gerar histórias e situações
talvez únicas se comparados a outras clínicas e
3) Oportunidades de trabalho: especialidades.

Embora se tenha impressão que ao fazer uma 6) Especialidades correlacionadas:


especialidade o futuro residente restringe seu
dia a dia em muitas áreas médicas, a especiali- Especialidades das áreas clínicas, cirúrgicas e
dade amplia mais ainda suas possibilidades gineco-obstétricas.

99
7) Área de atuação: Infectologia no geral são receptivos com todos
independente de sexo, orientação sexual,
As áreas de atuação podem ser pacientes religião, bem como opinião política e sua forma
adultos ou gestantes com HIV/AIDS e manejo de se vestir, bolsa ou camisa da moda. Não
das doenças oportunistas, DST’s como sífilis esperem pouco trabalho nem uma super
por exemplo, tuberculose, medicina tropical, recompensa material, a não ser uma verdadeira
manejo de toxoplasmose, arboviroses, herpes e e valorosa gratidão, confiança e melhora da
outros vírus, imunização, prevenção, controle e saúde e da autoestima dos pacientes, os quais
orientação do uso de antibióticos e infecção em não tem preço nenhum que possa ser pago.
hospitais, infecções em imunossuprimidos, Bem-vindos!
transplantados e onco-hematológicos, bem
como manejo sobre infecções em terapia inten-
siva. As hepatites A,B,C,D e E também podem
ser tratadas e conduzidas pelo infectologista.
Uma área pouco conhecida pela comunidade
médica é a Medicina de Viagem, na qual serão
avaliadas as vacinas e profilaxias de acordo
com o destino do viajante.

A residência de DIP oferece oportunidade de


rodar fora do RJ ou do Brasil em alguma área
de interesse como colegas que já rodaram em
SP, Nordeste, Norte do país e até na África, por
exemplo. Todas essas experiências citadas
ainda permitem um acompanhamento conjunto
do infectologista com pacientes de diversas
áreas clínicas, cirúrgicas e gineco-obstétricas.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Aos jovens médicos que tem uma curiosidade


com a área vale a pena uma visita ou estágio
em um ambulatório e enfermaria. Médicos da

100
Homeopatia:
autoconhecimento é o
primeiro passo para o
sucesso

Michel Wasserstein
Título de Homeopatia

101
1) O que é? Medicamento Único”. Enfim, quem escolhe a
Homeopatia como formação, acaba tendo a
A Homeopatia é uma especialidade médica oportunidade de estudar história da Medicina,
reconhecida pelo CFM. No Brasil, farmacêuticos Filosofia e Psicologia.
também são habilitados para a especialização.
Existe um debate sobre a regulamentação na 2) Como é o dia a dia?
Odontologia que eu não acompanho, mas
existem excelentes cursos de pós-graduação O dia a dia da residência é dividido pelos ambu-
no Rio de Janeiro e Niterói nas três áreas cita- latórios, onde acompanhamos os atendimentos
das. A Residência Médica em Homeopatia no professores/staffs pela manhã. Os ambulatórios
HUGG dura dois anos e foi consolidada ao fixos dos residentes são distribuídos ao longo
longo da última década, sendo o primeiro pro- da semana. Aqui temos mais autonomia e a
grama do Brasil. Não exige pré-requisito e possibilidade de discutir os casos e dúvidas. A
possibilita um ano opcional (R3). Eu fiz apenas procura é muito grande por parte dos pacientes.
os dois anos e aprendi muito com os meus A agenda costuma ser muito cheia. Atuamos
professores e pacientes. também na enfermaria de Clinica Médica,
A Homeopatia foi desenvolvida no século XVIII, dependendo do número de residentes. Temos
antes do advento da microbiologia e da farma- contato com residentes de outras especialida-
cologia moderna, por Samuel Hahnemann. des. A carga teórica é composta pelas aulas
Esse contexto histórico é importante para refor- ministradas pelos professores para a graduação
çar que a Homeopatia passou por inúmeras e por discussões de temas específicos ou
transformações e recebeu contribuições de artigos. Os residentes também ministram aulas
outras especialidades. Isso favoreceu o desen- para os alunos da graduação. No HUGG, os
volvimento de diferentes linhas de atuação ou pacientes atendidos nos ambulatórios são em
escolas homeopáticas. Hahnemann, grande sua maioria idosos com patologias crônicas,
médico alemão, resgatou na lei hipocrática pacientes oncológicos e psiquiátricos. Existe
“Similia similibus curantur” a base de sua filoso- um ambulatório de Neurologia e Homeopatia.
fia, afirmando que: “os remédios só podem Atendemos também muitos alunos da gradua-
curar doenças semelhantes àquelas que eles ção que estão na transição do ciclo básico/in-
próprios podem produzir”. Através de anos de ternato. A carga horária e emocional não é tão
observação e experimentação, desenvolveu pesada quando comparada a outras especiali-
quatro princípios básicos que norteiam a tera- dades.
pêutica homeopática: “Lei da Semelhança”, “A
Experimentação no Homem São”, “O Uso de 3) Oportunidades de trabalho:
Doses Mínimas ou Infinitesimais” e o “Uso do

102
Existem poucos concursos públicos para a to pode ser o primeiro passo para uma cami-
especialidade; a maioria dos homeopatas atua nhada profissional de sucesso. O que é suces-
na clínica privada (consultório). Poucos atuam so para você?
dentro do ambiente hospitalar. Muitos homeo-
patas possuem outras formações como em 6) Especialidades correlacionadas:
Geriatria, Pediatria e Saúde Mental. Existem
locais e institutos que oferecem consultas Clínica Médica
populares e que abrem oportunidades para Neurologia
quem está começando na homeopatia. Nin- Geriatria
guém deve escolher a Homeopatia pensando Pediatria
na remuneração/retorno financeiro.
7) Área de atuação:
4) Número de especialistas:
A possibilidade de atuação da Homeopatia é
No momento, temos aproximadamente 2.500 imensa: doenças crônicas e agudas, atenuação
homeopatas registrados pela Associação dos efeitos colaterais de quimioterapia e radiote-
Médica Homeopática Brasileira. rapia, doenças psicossomáticas e transtornos
de humor, dentre outros. Às vezes como ferra-
5) Curiosidade(s): menta complementar à alopatia, e muitas vezes
como terapêutica isolada.
– Uma curiosidade sobre a especialidade é que
a anamnese homeopática difere um pouco da 8) Mensagem para quem quer seguir essa
anamnese tradicional. Os pacientes costumam especialidade:
perguntar se somos psicólogos. Afinal, a con-
sulta pode durar até uma hora e meia/duas A Homeopatia deveria ser sempre aplicada com
horas (algo cada vez mais raro nas especialida- bom senso, assim como qualquer terapêutica
des clínicas). Como homeopatas, temos a médica. Ainda existe, infelizmente, muito pre-
preocupação de oferecer o melhor tratamento conceito e desconhecimento por parte dos
para o paciente e isso inclui uma abordagem profissionais e estudantes de medicina. Esse
dos aspectos clínicos, psicológicos e sociais. quadro está mudando lentamente, felizmente.
Assim como está aumentando a procura por
– Outra curiosidade é que o estudo e a prática outras práticas integrativas e complementares
da Homeopatia permitem que o médico homeo- como Acupuntura, Medicina Ayurveda e Fitote-
pata passe por transformações conceituais e rapia.
existenciais. Nesse sentido, o autoconhecimen-

103
Medicina de Família e
Comunidade: a
continuação e a
atualização do ‘médico
de antigamente’

Texto produzido pela Associação de Medicina de Família


e Comunidade do RJ (AMFAC-RJ)
https://www.amfacrj.org
https://www.facebook.com/amfacrj

104
1) O que é? pendente do contexto específico, em geral os
dias de trabalho são bastante intensos e diversi-
A Medicina de Família e Comunidade (MFC) é ficados. A maior parte dos MFC no Brasil traba-
uma especialidade médica caracterizada por lha em equipes de unidades de Atenção Primá-
atender as pessoas ao longo de suas vidas, ria com um cotidiano que inclui atendimentos
independentemente de gênero, idade ou possí- em consultório (para problemas agudos ou
vel doença, reunindo ações de promoção e crônicos, além de situações de saúde específi-
recuperação da saúde em situações agudas ou cas como gestação e puericultura), realização
crônicas – assim, observa-se que é capaz de de variados procedimentos ambulatoriais (tais
resolve em torno de 85% dos problemas de como inserção de DIU, infiltração articular,
saúde apresentados por essas pessoas. excisão de lipomas e cistos epidérmicos, canto-
Para isso se vale de alguns conceitos importan- plastia e outros procedimentos dermatológicos),
tes, como: uma visão holística que considera consultas domiciliares (para pessoas em cuida-
sempre os contextos biológico, psicológico e dos do fim da vida, por exemplo), discussões
social e suas interações; a continuidade da com outros profissionais, atividades comunitá-
atenção mesmo quando a pessoa precisa ser rias e outros.
vista por outros profissionais, idealmente man-
tendo contato e coordenando as atividades dos 3) Oportunidades de trabalho:
mesmos para a obtenção de melhores resulta-
dos; um atendimento centrado na pessoa O Médico de Família e Comunidade está pre-
atendida, reconhecendo-a como sujeito do sente em centros urbanos, tanto no asfalto
processo e, por isso, centrando-se em estabe- quanto nas favelas, em áreas rurais, indígenas,
lecer com ela uma boa comunicação; uma quilombolas ou ribeirinhas. Em cada região e
abordagem familiar e comunitária, reconhecen- cultura do país existe uma diversidade de
do que as interações com outros são parte campos de trabalho. As principais oportunida-
fundamental dos processos de saúde e doença des no Brasil são a assistência ou preceptoria
individuais; entre outros. de residentes e graduandos em unidades de
Atenção Primária à Saúde (APS) que existem
2) Como é o dia a dia? em todos os municípios do país, atividade
docente em universidades públicas e privadas,
O dia a dia do MFC pode assumir diversas desenvolvimento de pesquisas locais e em
características de acordo com o local onde ele colaborações internacionais, tutoria e supervi-
trabalha, visto que a especialidade se adapta às são presencial e à distância de outros profissio-
necessidades das pessoas que atende em nais na APS, assistência em unidades hospita-
cada país, região ou comunidade. Mas, inde- lares de baixa e alta complexidade, além de

105
consultório e alguns planos de saúde privados. denominações diferentes, de acordo com a
Atualmente muitos MFC têm se destacado no história e desenvolvimento local da especialida-
campo da gestão e nos processos regulatórios de e do sistema de saúde, o que pode dar a
da rede de atenção à saúde por sua visão alguns a impressão de se tratarem de especiali-
abrangente e integrada da rede e proficiência dades diferentes. No Reino Unido, França,
em coordenação do cuidado. Grécia, Rússia utilizam variações de Médico
Generalista, General Practitioner (GP) e Médecin
4) Número de especialistas: Généraliste. Na Holanda e Bélgica como os
Médicos do Lar, Huisarts ou Home Doctor.
No momento, temos aproximadamente 4 mil EUA, Canadá utilizam o terno Médico de Família
especialistas registrados pela Associação Brasi- ou Family Physician. Portugal, Médico Geral e
leira de Medicina do Trabalho. Familiar. Na Espanha, apesar de ser comumen-
te o termo “médico de cabeceira”, se utiliza,
5) Curiosidades: assim como no Brasil, Médico de Família e
Comunidade.
– A MFC é uma especialidade que cresce a
cada ano no Brasil e ainda é relativamente 7) Área de atuação:
pouco conhecida. No entanto, ela já é bem
estabelecida no restante do mundo, principal- O Médico de Família e Comunidade está pre-
mente na Europa (com destaque para Inglaterra, sente na assistência nos centros urbanos, tanto
Espanha, França e Alemanha), Austrália e no asfalto quanto nas favelas, nas áreas rurais,
Canadá. Nesses países, o sistema de saúde é áreas indígenas, quilombolas ou ribeirinhas.
estruturado com forte presença dos Médicos de Atua também na gestão, pesquisa e docência
Família e Comunidade, que gerenciam o cuida- de maneira ampla e articuladora dos diversos
do e o acesso aos exames complementares, pontos da rede de cuidado.
rede de assistência e reabilitação e demais
especialidades médicas. 8) Mensagem para quem quer seguir essa
especialidade:
6) Especialidades correlacionadas:
Seja qual for a nomenclatura utilizada e em que
De alguma maneira, a MFC se relaciona com canto do mundo for, a Medicina de Família e
todas as demais especialidades, visto que se Comunidade é a continuação e a atualização do
comunicará com elas visando a otimização do “médico de antigamente”, de um ideal do que
cuidado de seus pacientes. No contexto inter- significa ser médico que muitas vezes perde-
nacional, vale notar que o MFC apresenta várias mos ao longo da graduação. Próximo, sensível,

106
empático, acessível. Especialista nas pessoas e
não em patologias, procedimentos ou sistemas
fisiológicos. Mas diferente de seu antecessor
histórico, o MFC hoje se capacita em progra-
mas de residência complexos e não somente
nas experiências profissionais e da própria vida.
Para manter seu alto nível de prática e sua
resolutividade, desenvolve uma formação espe-
cífica, renovada e fortalecida pela medicina
baseada em evidências, pela articulação com
os saberes amplos da educação, psicologia,
sociologia, antropologia, comunicação social.
Formação que busca proximidade com as
necessidades das pessoas, de suas famílias e
das comunidades que constituem. A MFC é
uma carreira apaixonante, de grande potencial
de realização profissional e altamente enrique-
cedora para quem a prática.

107
Gastroenterologia e
Endoscopia Digestiva:
especialidades amplas e
desafiadoras

Lilian Machado
Residência em Gastroenterologia pelo HUPE/UERJ
Mestrando em Gastroenterologia pela UERJ
Membro titular da FBG e da SOBED
Coordenadora dos Serviços de Endoscopia Digestiva dos Hospitais
Copa D’Or e HCA

108
1) O que é? dentro da especialidade com as oportunidades
do mercado. Há uma tendência à formação de
A Gastroenterologia é uma especialidade ampla, centros médicos integrados, nos quais a Gas-
que envolve a parte clínica, de Gastroenterolo- troenterologia/Endoscopia compõe uma equipe
gia Geral e Hepatologia, além de uma série de multidisciplinar e que envolve especialidades
exames complementares, como manometria, afins como Clínica Médica, Cirurgia Geral (ou do
pHmetria e os exames endoscópicos. A Endos- Aparelho Digestivo) e Oncologia.
copia Digestiva, em especial, é hoje reconheci-
da como uma especialidade independente, 4) Número de especialistas:
com Residência Médica própria, na qual o
residente tem contato com métodos endoscópi- No momento, temos aproximadamente 4.300
cos diagnósticos e terapêuticos como endos- gastroenterologistas e 2.600 endoscopistas
copia digestiva alta e baixa, ecoendoscopia e registrados pela Federação Brasileira de Gastro-
colangiopancreatografia endoscópica retrógra- enterologia e pela Sociedade Brasileira de
da. Endoscopia Digestiva.

2) Como é o dia a dia? 5) Curiosidade(s):

O dia a dia do gastroenterologista pode ser bem – Os primeiros relatos de endoscopias indicam
variado dependendo da área da especialidade o desenvolvimento de sondas com o objetivo
que for escolhida para atuar. Portanto, há a de empurrar o corpo estranho para o estômago.
possibilidade de uma rotina com atendimento No século XVI, cirurgiões utilizaram velas de
ambulatorial exclusivamente, alternância entre cera, tubos feitos de couro, varetas de salgueiro
consultório e procedimentos ou uma dedicação revestidas com intestino e até penas de cisne.
exclusiva a procedimentos invasivos e comple-
xos, como os de endoscopia digestiva terapêu- 6) Especialidades correlacionadas:
tica avançada.
Clínica Médica
3) Oportunidades de trabalho: Cirurgia Geral (ou do Aparelho Digestivo)
Oncologia
Justamente por haver uma ampla possibilidade
de atuação, o mercado de trabalho tem mais 7) Área de atuação:
oportunidades. De qualquer forma, é interes-
sante ao residente conhecer a realidade da sua Como falado anteriormente, há a possibilidade
cidade/estado para conciliar sua preferência de atuar com atendimento ambulatorial exclusi-

109
vamente, alternância entre consultório e proce-
dimentos ou exclusivamente com procedimen-
tos invasivos e complexos.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

A Gastroenterologia é uma especialidade desa-


fiadora justamente por ser ampla. O bom profis-
sional deve, independente da sua área de
atuação, saber conduzir qualquer caso de
patologia digestiva, traçar adequadamente as
condutas e direcionar o paciente frente às
opções terapêuticas. Como em qualquer outra
especialidade médica, há diferentes maneiras
de se aprender, o básico que seja, da Gastro-
enterologia. E infelizmente o aprendizado global
e de qualidade é cada vez mais raro.
Portanto é fundamental o esforço do médico
para qualificar-se em boas escolas e ter a orien-
tação adequada das principais Sociedades que
regem a especialidade, a Federação Brasileira
de Gastroenterologia (FBG), a Sociedade Brasi-
leira de Endoscopia Digestiva (SOBED) e a
Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH).

110
Medicina Nuclear: prazer
em lidar com a
tecnologia

Francisco Coelho
Residente de Medicina Nuclear na UFRJ

111
1) O que é? cializados.

Na Medicina Nuclear o profissional se utiliza de 4) Número de especialistas:


uma grande gama de radionuclídeos, compos-
tos instáveis que degeneram produzindo radia- No momento, temos aproximadamente 800
ção ionizante, com fins diagnósticos e terapêuti- médicos nucleares registrados pela Sociedade
cos. São exemplos de atuações da especialida- Brasileira de Medicina Nuclear.
de a realização de cintilografias e imagens PET
dos mais diversos órgãos e sistemas do corpo 5) Curiosidade(s):
humano, com o uso de diversos compostos
ligados aos emissores radioativos, os radiofár- – A Medicina Nuclear é uma especialidade
márcos, bem como o tratamentos, se baseando relativamente jovem, com seus primeiros
na capacidade que a radiação proveniente dos passos no pós-segunda guerra, após o desen-
emissores administrados ao paciente tem de volvimento da tecnologia de cíclotrons e produ-
causar dano celular. ção de radionuclídeos em quantidade suficiente
para uso médico, datando da década de 50 o
2) Como é o dia a dia? início do uso de 131I para tratamento de doen-
ças da tireoide.
O médico nuclear tem uma rotina de consultas
(pré-exame ou pré-tratamento), supervisionar Apenas em 1971 a American Medical Associa-
administração de doses e aquisição de ima- tion reconheceu a Medicina Nuclear como
gens, além de processamento dos exames e especialidade, que vem se firmando cada vez
emissão de laudos. Essa rotina normalmente se mais na prática clínica, principalmente em
dá durante o expediente diurno e em dias úteis, países do primeiro mundo.
apenas poucos locais especializados com
funcionamento em expediente noturno de emer- 6) Especialidades correlacionadas:
gência ou fins de semana.
A Radiologia com certeza é a especialidade
3) Oportunidades de trabalho: mais intimamente ligada à medicina nuclear, as
duas sendo representantes da grande área de
A grande maioria dos profissionais da área diagnóstico por imagem. Essa relação se tornou
trabalha em grandes centros, onde se concen- ainda mais próxima com o advento dos méto-
tra a estrutura necessária para sua atuação. É dos tomográficos híbridos nas últimas décadas
uma área em expansão para centros de médio (SPECT/CT e PET/CT).
porte e ainda com poucos profissionais espe-

112
7) Área de atuação:

Por haver uma grande gama de exames diag-


nósticos e tratamentos, a Medicina Nuclear atua
em colaboração à quase todas as especialida-
des, sendo a Oncologia Clínica e Cirúrgica,
Endocrinologia e a Cardiologia as principais,
mas não únicas, áreas de grande interesse da
Medicina Nuclear.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Poeticamente, o médico nuclear está para a


fisiologia e patologia como o radiologista está
para a anatomia. Atualmente, residente na área
será treinado para realizar diagnósticos e trata-
mentos utilizando diversos radiofármacos já
existentes, mas também é preparado para lidar
com inovações que ainda estão por vir. É uma
especialidade em constante evolução, em que
novas tecnologias e fármacos são desenvolvi-
dos a todo momento, logo, o especialista na
área deve ser uma pessoa que tenha prazer em
lidar com a tecnologia.

113
Radioterapia:
especialidade que
envolve muito contato
com pacientes

Patricia Izatti
Médica Radio-Oncologista
PhD em Genética e Biologia Molecular

114
1) O que é? 2) Como é o dia a dia?

Radioterapia é uma modalidade terapêutica que O rádio-oncologista passa boa parte do seu
utiliza a radiação ionizante para o tratamento de tempo atendendo pacientes, na maioria oncoló-
diferentes patologias, especialmente o câncer. gicos, ambulatorialmente ou em internação
Mais recentemente, a especialidade tem recebi- hospitalar (nesse caso, principalmente em
do preferencialmente a denominação de Rádio- avaliações e tratamentos de urgência). Quando
-Oncologia, por estar cada vez mais voltada não está atendendo pacientes, o médico rádio-
para o estudo e para a geração e disseminação -oncologista encontra-se planejando os trata-
de conhecimento sobre as causas, formas de mentos radioterápicos dos seus pacientes em
prevenção e tratamento do câncer, envolvendo sistemas de planejamento específicos, checan-
conhecimentos específicos para a aplicação do imagens de indivíduos em tratamento ou
terapêutica da radiação ionizante. Algumas acompanhando a aplicação da radioterapia.
patologias benignas também podem ser trata-
das com radioterapia, como tumores benignos, Para muitos, o planejamento conformacional é a
malformações vasculares, quelóides, gineco- parte mais encantadora da especialidade nos
mastia, entre outros. dias de hoje. Nele, utiliza-se a tomografia com-
putadorizada, associada ou não a outros
Não há necessidade de curso pré-requisito para exames de imagem como ressonância magnéti-
o ingresso na residência de Rádio-Oncologia, ca e PET-CT, para a definição das áreas a
sendo a mesma de acesso direto ao término da serem tratadas e também das áreas que devem
graduação. ser protegidas. Dessa forma, define-se a dose
Em relação ao perfil para a especialidade, é que deve ser entregue sobre o tumor, áreas de
importante desfazer o mito de que em Radiote- drenagem linfática e regiões em risco de conter
rapia tem-se pouco contato com paciente. O células tumorais.
dia a dia do médico rádio-oncologista envolve
muito contato com pacientes, especialmente 3) Oportunidades de trabalho:
porque a maioria deles tem câncer, o que gera
muitas dúvidas, angústias, toxicidades e quei- Infelizmente, por necessitar de uma estrutura
xas relacionadas ao tratamento. O especialista extremamente complexa para realizar o trata-
deve acompanhar semanalmente todo paciente mento radioterápico, o médico rádio-oncologista
que se encontra em tratamento radioterápico, o é muito dependente de clínicas e hospitais que
que resulta em muitos atendimentos diários, tenham ou que criem um serviço de radiotera-
além das demandas relacionadas ao tratamen- pia, com equipe de físicos e técnicos em radio-
to. terapia, além do aparelho de tratamento, o qual

115
tem custo elevado de aquisição e manutenção. 1920 que médicos e físicos começaram a
Por conta disso, o mercado de trabalho em desenvolver as primeiras teorias de radioprote-
radioterapia acaba sendo extremamente volátil, ção e a estabelecer doses seguras para o
pois há momentos de expansão (em que muitas tratamento com radiação ionizante.
vagas de trabalho são disponibilizadas) e retra-
ção (especialmente em momentos de crise – Marie Curie, uma das mais exímias cientistas
econômica). da história da medicina, também conhecida
como a primeira dama da Ciência, foi responsá-
4) Número de especialistas: vel pelos primeiros estudos sobre a radioativida-
de e sobre os efeitos terapêuticos de diferentes
No momento, temos aproximadamente 600 substâncias radioativas. Foi, ainda, a primeira
rádio-oncologista registrados pela Sociedade mulher a ser laureada com um Prêmio Nobel e a
Brasileira de Radioterapia. primeira pessoa a ganhar o prêmio duas vezes.

5) Curiosidade(s): – No início do século XX, patologias de trata-


mento relativamente simples eram tratadas com
– Apesar de ser uma especialidade em cons- o uso de radiação ionizante: 1) hipertricose; 2)
tante renovação e inovação, a Rádio-Oncologia pediculose e 3) eczema cutâneo e acne. Ainda
é uma disciplina médica relativamente antiga, no início da década de 1990 muitos pacientes
embora não reconhecida como especialidade eram encaminhados para tratar hiperidrose com
desde os primórdios dos tratamentos com radioterapia.
radiação. Os primeiros tratamentos datam do
ano de 1896, logo após a descoberta dos – Recentemente, descobriu-se que a radiotera-
raios-x, em 1895. Em 1898, com a descoberta pia pode apresentar efeitos distantes da área
do rádio pelo casal Pierre e Marie Curie, os irradiada, e não só locais como se acreditava.
tratamentos com radiação foram potencializa- Esse fenômeno é denominado de “Efeito Abs-
dos. Howard Atwood Kelly, um dos médicos copal” e pode resultar na remissão completa de
fundadores do Hospital da Universidade Johns tumores distantes da área irradiada, especial-
Hopkins, foi um dos pioneiros na disseminação mente quando associada a tratamentos com
do tratamento oncológico com radioterapia. imunomodulares. O primeiro relato de caso
Infelizmente, muitos pacientes tiveram consequ- clínico desse fenômeno no âmbito da imunote-
ências graves com a administração de radiação rapia foi publicado por um grupo do Memorial
nessa fase inicial, uma vez que não se conhecia Sloan-Kettering Cancer Center em 2012.
bem os efeitos tardios e potentes do tratamento
com energia radioativa. Somente na década de 6) Especialidades correlacionadas:

116
Residência Médica, pois existe uma chance real
As especialidades mais relacionadas ao dia a de dificuldade de ingresso no mercado de
dia do médico rádio-oncologista são a Oncolo- trabalho em períodos de pouca expansão. Mas,
gia Clínica e a Cirurgia Oncológica, seguidos da se você se apaixonou pela ideia da especialida-
Neurocirurgia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, de, siga em frente! O retorno pessoal compen-
Mastologia, Cirurgia Torácica e Hematologia. sa qualquer dificuldade inicial que possa apare-
Radiologia, Medicina Nuclear e Patologia cer.
também são especialidades muito importantes.

7) Área de atuação:

As áreas de atuação envolvem o atendimento


ambulatorial e, em menor proporção, hospitalar,
podendo-se realizar tratamentos que vão desde
tratamentos de baixa tecnologia, como trata-
mentos que utilizam basicamente o planejamen-
to baseado em radiografias (denominado trata-
mento 2D), até tratamentos de alta tecnologia,
como a radiocirurgia e radioterapia estereotática
corporal (SBRT). Outra área de atuação impor-
tante é a braquiterapia, um tipo de radioterapia
em que é realizada a inserção de aplicadores
em cavidades próximas ao tumor, ou mesmo
intratumorais, que conduzirão a radiação direta-
mente à região a ser tratada, com menor expo-
sição dos órgãos sadios adjacentes.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Se você estiver em dúvida entre seguir a espe-


cialidade de radioterapia ou alguma outra espe-
cialidade, é importante levar em consideração a
previsão de expansão do mercado em Radiote-
rapia no Brasil para os anos seguintes à sua

117
Hematologia e
Hemoterapia: ótima
escolha para quem gosta
de variar no trabalho

Kallic Fonseca
Título de Especialista em Clínica Médica
Residente de Hematologia e Hemoterapia do HUPE

118
1) O que é? visto a seguir – as oportunidades de trabalho
são maiores e envolvem desde o contato direto
A Hematologia e Hemoterapia é a especialidade com o paciente até atividades em laboratórios
responsável por investigar, diagnosticar e tratar e/ou burocráticas.
os distúrbios do sangue, sejam eles benignos
ou malignos do ponto de vista patológico, e por 4) Número de especialistas:
todos os procedimentos relacionados à transfu-
são de sangue. No momento, temos aproximadamente 2.300
hematologistas registrados pela Associação
A formação necessária para formar o hematolo- Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Tera-
gista envolve dois anos de Residência Médica pia Celular.
em pré-requisito de Clínica Médica e mais dois
anos em Hematologia e Hemoterapia, com um 5) Curiosidade(s):
terceiro ano opcional em transplante de medula
óssea. – A especialidade é uma das que mais avança
em novos tratamentos e técnicas diagnosticas
2) Como é o dia a dia? graças a genética. Além disso, também apre-
senta uma variada gama de oportunidades de
A rotina do hematologista envolve a assistência trabalho e atendimento a adultos e crianças.
a pacientes já diagnosticados ou em investiga- Essa heterogeneidade de cargos – que vão
ção, seja em consultório ou em hospitais, além desde médico hospitalista até coordenador de
de atendimento como parecerista para outras banco de sangue – fazem da especialidade
especialidades. No caso de neoplasias hemato- uma ótima escolha para quem gosta de variar
lógicas, a prescrição da quimioterapia faz parte no ambiente de trabalho.
do escopo. Para auxiliar no diagnostico e trata-
mento, o profissional pode lançar mão de 6) Especialidades correlacionadas:
exames complementares como aspirado de
medula óssea, punção lombar e hematoscopia. A especialidade se relaciona com praticamente
todas as outras áreas clinicas, com destaque
3) Oportunidades de trabalho: para a Reumatologia e Oncologia.

A Hematologia é uma especialidade com procu- 7) Área de atuação:


ra menor do que a maioria das outras especiali-
dades clínicas, com isso – e aliado ao fato de O hematologista poderá atuar na assistência
as áreas de atuação serem diversas como será direta aos pacientes, seja em consultórios,

119
hospitais e centros de transplante de medula
óssea, assim como pode trabalhar na supervi-
são de laboratórios de analises clínicas e
bancos de sangue. A área de pesquisa também
vem crescendo com diversas linhas de pesqui-
sa para diferentes doenças do sangue.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Como toda especialidade clínica, o olhar atento


e cuidadoso para o paciente deve ser o norte
do medico hematologista. A forma de ouvir e
entender seus desejos e medos se faz imperati-
va ainda mais quando se trata de doenças
malignas que necessitam de tratamento quimio-
terápico. O conhecimento das bases da genéti-
ca também é ferramenta importante para o
melhor entendimento da área, merecendo
atenção especial para os interessados em
seguir carreira. Boa sorte para os que escolhe-
rem essa especialidade, que é motivo de orgu-
lho para todos que optam por segui-la.

120
Patologia Clínica /
Medicina Laboratorial:
como o médico dessa
especialidade atua

Luíz Fernando Bruzzi Porto


Médico Patologista Clínico
Médico do Laboratório Lâmina (DASA) - RJ

121
1) O que é? 3) Oportunidades de trabalho:

Estima-se que a Patologia Clínica ou Medicina O modelo de atuação do tipo “profissional


Laboratorial colabora com a elucidação de liberal” é cada vez mais limitado no mercado de
cerca de 80% dos diagnósticos, trata-se de Saúde, entretanto existem oportunidades de
especialidade médica que se propõe a produzir inserção tanto na esfera pública quanto na
laudos, e não apenas resultados. Laudos iniciativa privada em laboratórios, clínicas e
exigem cultura especializada e dependem do hospitais. Existem também outros campos
especialista. Essa contribuição se dá através do relacionados a atividades de pesquisa clínica,
estudo das secreções e dos fluídos biológicos área básica bem como perspectivas de carreira
– principalmente o sangue, e, se distingue da docente.
Anatomia Patológica, cuja contribuição ao diag-
nóstico se baseia no estudo, sobretudo dos 4) Número de especialistas:
tecidos sólidos.
Para graduados em Medicina, a especialização No momento, temos aproximadamente 3.100
e.g. ocorre através de Residência Médica com especialistas registrados pela Sociedade Brasi-
área básica em Clínica Médica e área de con- leira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial.
centração em Patologia Clínica/Medicina Labo-
ratorial, cursos de Pós-Graduação na área, 5) Curiosidade(s):
Mestrado e Doutorado.
A especialidade cresce em termos de perspec-
2) Como é o dia a dia? tivas futuras com a Medicina de Precisão com a
possibilidade de diagnósticos mais acurados e
O dia a dia depende do campo de atuação. individualizados, com estratégias orientadas
Dentro da organização de um laboratório, os baseadas em utilização e análise de grandes
médicos patologistas clínicos durante o expe- volumes de dados, tecnologias moleculares
diente interagem com pacientes, profissionais integrando diagnóstico à terapia.
de laboratório e médicos requisitantes, partici-
pando de atividades como realização de 6) Especialidades correlacionadas:
exames e procedimentos específicos, orienta-
ção e coordenação de equipes de trabalho, A equipe técnica de um laboratório médico é de
produção de laudos e apoio no estabelecimen- caráter multidisciplinar, com interface no que se
to de correlação clínico laboratorial aos médicos refere à área médica de especialidades como
requisitantes. Onco-hematologia, Hemostasia, Endocrinologia,
Microbiologia, Infectologia, Genética, Imunolo-

122
gia, Reumatologia, Biologia Molecular, dentre
outros profissionais de nível superior como
bioquímicos, biólogos, biomédicos, químicos,
engenheiros, etc.

7) Área de atuação:

A atuação pode ocorrer na área assistencial na


inciativa privada laboratórios, clínicas e hospi-
tais. Na esfera pública além das mencionadas
existem outras possibilidades de inserção em
atividades de pesquisa bem como docência.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Apesar de a especialidade ser oficialmente


reconhecida há algumas décadas no país, a
maioria das faculdades de Medicina não tem a
disciplina no curso de graduação, o que pode
dificulta um melhor entendimento em termos de
atuação. Dessa forma, antes de fazer qualquer
escolha, deve haver estudo profundo da
mesma bem como das chances de evolução
profissional e pessoal para a melhor tomada de
decisão.

123
Nutrologia e Nutrição
Parenteral e Enteral:
o fertilizante das terapias
e intervenções

Haroldo Falcão
Presidente do Capítulo RJ da SBNPE/BRASPEN
Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB
Especialista em Nutrologia pela ABRAN
Especialista em Terapia Nutricional Parenteral e Enteral pela SBNPE

124
1) O que é? nutrológico de pacientes oncológicos. O acom-
panhamento hospitalar desenvolve-se nas alas,
As especialidades médicas podem ser classifi- enfermarias e unidades fechadas dos hospitais,
cadas pela perspectiva que tomam de cada sobretudo sob a vertente da Terapia Nutricional
tipo de paciente. Ao tomá-lo pelas diferentes Parenteral e Enteral. É importante mencionar o
fases da vida temos as especialidades da campo em expansão que é o atendimento
Pediatria, da Medicina Interna, da Geriatria; domiciliar de pacientes dependentes de nutri-
quando o toma pelos acometimentos de órgãos ção enteral ou parenteral.
ou sistemas temos a Reumatologia, a Cardiolo-
gia, a Pneumologia; e demais especialidades 3) Oportunidades de trabalho?
“órgão-centradas”; quando o toma segundo a
gravidade da doença desdobramos em Terapia 1. A gama de oportunidades é grande, pois a
Intensiva (doença grave), nas especialidades Nutrologia é uma grande especialidade e uma
ambulatoriais ou nas atividades de prevenção excelente “segunda especialidade”, que pode
da doença. Quando a Medicina toma um articular-se muito bem a diversas outras áreas,
paciente pela ação de um agente externo temos complementando-as. Minha opinião é que
a Infectologia (quando esse agente é biológico), somos ainda incipientes da visão empreende-
a Traumatologia (quando é um trauma); e se dora que podemos desenvolver para além da
esse agente externo é o nutriente – qualitativa assistência direta à beira do leito, isto é, como a
ou quantitativamente considerado – temos a Medicina se articula com outras áreas de
Nutrologia. Quando a intervenção a partir dos conhecimento e outros serviços. No caso da
nutrientes é feita através de técnicas “armadas” Nutrologia, os campos de atividades possíveis
ou de alta complexidade, estamos diante de são enormes e envolvem a assistência nutroló-
uma sub-especialização que é a Nutrição gica na forma de consultoria para operadoras
Parenteral e Enteral. de saúde, organizações de terceiro setor,
mídias sociais, etc.
2) Como é o dia a dia?
4) Número de especialistas:
A atividade assistencial do nutrólogo pode ser
dividida grosseiramente em dois tipos: ambula- No momento, temos cerca de 1.535 nutrologis-
torial e hospitalar. O aspecto ambulatorial volta- tas registrados pela Associação Brasileira de
-se para os casos de obesidade, medicina e Nutrologia.
nutrologia esportiva, atendimento aos egressos
de internações hospitalares, aos idosos e/ou 5) Curiosidades:
pacientes sarcopênicos e o acompanhamento

125
1. A maioria das Faculdades de Medicina não Uso de hormônios com finalidade estética
tem uma carga horária suficiente para fornecer Ozonioterapia
uma formação mínima na área de Nutrologia. A Biorressonância
maioria dos médicos atualmente se forma sem Medicina “quântica”
saber quantas calorias correspondem a cada Homeopatia
grama de macronutrientes. Medicina germânica
Medicina biológica
2. Não há conflito entre Nutrólogo e Nutricionis- Medicina funcional
ta: bons nutrólogos dependem do nutricionista, Só existe UMA nutrologia, que é a nutrologia
pois este profissional tem a formação adequada baseada em evidências científicas.
para dar a expressão prática (na forma de
alimentos) da estratégia traçada na forma de 6) Especialidades correlacionadas:
nutrientes pelo médico. A nutrição parenteral é,
indisputavelmente, ato privativo do médico. Absolutamente todas as especialidades podem se
relacionar à nutrologia. Nas palavras da Prof. Mette
3. A Terapia Nutricional Parenteral e Enteral é Berger, importante pesquisadora e clínica da Terapia
uma atividade NECESSÁRIA, posto que é pre- Nutricional em Pacientes Graves, a “Nutrição é o
vista por lei em hospitais de alta complexidade e fertilizante das demais terapias e intervenções”.
um CRITÉRIO DE QUALIDADE em hospitais
sérios e que buscam a certificação. Para cada 7) Área de atuação:
dólar investido em nutrição, economiza-se em
torno de 4 dólares. Reconhecida pelo MEC, a Nutrologia tem na Terapia
Nutricional Parenteral e Enteral Adulto e Pediátrico
4. A importância da mudança de hábitos e a sua área de atuação formalmente constituída, com
abordagem das doenças em sua fase pré-clíni- prova inclusive. Entretanto, outras áreas consagra-
ca é uma tendência irrevogável. Isso faz com das de atuação do nutrólogo existem como a Obe-
que a Nutrologia seja uma das especialidades sidade, Nutrologia Esportiva, Nutrologia no Idoso,
de maior impacto na saúde pública. etc.

5.Parafraseando o Nutrólogo Frederico Lobo, 8) Mensagem para quem quer seguir essa
pontuo que a Nutrologia não inclui em seu especialidade:
arsenal terapêutico:
Para seguir a especialidade, recomendo que o aluno
Prática Ortomolecular ou Biomolecular complemente sua formação já durante a Faculdade
Modulação hormonal de Medicina, participando das atividades das ligas

126
acadêmicas em Nutrologia, ainda pouco difun-
dida. Em seguida, que faça uma boa residência
ou capacitação – não adianta querer prescrever
nutrição parenteral, por exemplo, sem conhecer
a dinâmica saúde-doença. Recomendo a leitura
dos dois links que vão a seguir, escritos por
dois nutrólogos de primeira plana e que apro-
fundam as opiniões apresentadas aqui: um
estudo e uma publicação.

127
Medicina do Trabalho:
estabilidade e campo
de atuação amplo

Elaine Dias Soutinho


Graduação em Medicina na UFRJ
Pós-graduação em Medicina do Trabalho na UNIG
Pós-graduação em Medicina da Família e Comunidade
na Souza Marques

128
1) O que é? ação anual para os médicos do trabalho que
fizeram apenas pós-graduação. Com essas
A medicina do trabalho, também conhecida novas regras, claramente haverá uma elevação
como medicina ocupacional, pode ser definida no conhecimento e na exigência daqueles que
como a especialidade médica que lida com as quiserem seguir essa carreira médica, inclusive
relações entre saúde dos trabalhadores e seu um estímulo a mais para realizar a residência
trabalho, visando não apenas a prevenção das médica.
doenças e dos acidentes de trabalho, mas a
promoção de sua saúde e qualidade de vida. 2) Como é o dia a dia?
Mas o que isso significa? Muitos não têm a
mínima noção da importância da medicina do É uma especialidade muito rica e com sub
trabalho para a vida de cada trabalhador e para divisões que torna difícil descrever uma rotina
a sociedade. Alguns tem a falsa ideia de que o única. Por exemplo, o médico do trabalho que
médico do trabalho é um “médico examinador” ingressa em uma empresa de grande porte, tem
com registro da classe. Infelizmente a importân- a oportunidade de desenvolver um rico trabalho,
cia da medicina do trabalho não é conhecida, não apenas voltado em prevenção de acidentes
pois a maioria das graduações médicas é pre- de trabalho ou exames periódicos, mas também
cária no ensino da medicina do trabalho e a tem o sonho realizado de desenvolver progra-
maior parte dos cursos de medicina não possui mas de qualidade de vida e prevenção de
esta matéria na grade curricular obrigatória. doenças através de atividades que promovem
também saúde física e mental aos trabalhadores
Em 2018, a nova ¨Norma Regulamentadora do local. Tendo sucesso, pessoas ficarão
4¨colocará a Medicina do Trabalho sob respon- menos doentes, ficarão mais felizes e os níveis
sabilidade integral do Conselho Federal de de absenteísmo caem. Nossa, é maravilhoso
Medicina (CFM) e suas regulamentações, e ela ser um médico capaz de proporcionar felicidade
receberá o mesmo tratamento dado as outras e bem estar a um grande número de pessoas
especialidades médicas. Logo, só os médicos de uma só vez!
que possuírem título de especialista em Medici-
na do Trabalho ou residência médica em Medi- Outro lado positivo da especialidade é que se
cina do Trabalho que poderão se autoanunciar você trabalha em uma clínica que executa
como especialistas em Medicina do Trabalho. exames médicos obrigatórios que são admis-
Anteriormente, podia se realizar qualquer pós- sional, periódico, retorno ao trabalho, mudança
-graduação, mesmo as não reconhecidas pela de função e demissional, posso afirmar que nos
ANAMT (Associação Nacional de Medicina do quatro primeiros a grande maioria dos pacientes
Trabalho), além de não haver critérios de pontu- faz tudo para afirmar que está saudável e não o

129
contrário. de Segurança e Medicina do Trabalho); presta-
ção de serviços técnicos de forma terceirizada,
No último tipo de exame que é o demissional, geralmente em clínicas de medicina do trabalho;
algumas vezes podemos ter uma valorização de em consultoria na normalização e fiscalização
algum sintoma, mas é um dia a dia de trabalho das condições de saúde e segurança no traba-
mais leve que da grande maioria das outras lho; como assessor sindical em saúde do traba-
especialidades médicas. A atuação como perito lhador; em perícia médico; na docência e insti-
judicial também é atraente e traz retorno finan- tuições de pesquisa; etc. Uma área que se
ceiro após solidificar o nome junto a alguns amplia atualmente é a de consultoria privada no
juízes que se identificarem com sua forma de campo da saúde e segurança do trabalho.
trabalho. Creio que a face mais difícil para
nossos colegas é quando atuam como peritos 4) Número de especialistas:
médicos da previdência social, cargo que não
exige a especialização em medicina do trabalho, No momento, temos cerca de 13.343 médicos
mas tem seu conteúdo muito cobrado no con- do trabalho registrados no Brasil.
curso e no dia a dia de sua atuação.
5) Curiosidades:
Esse tipo de profissional, na imensa maioria das
vezes, é encarado como vilão por aplicar as A medicina do trabalho enquanto especialidade
estatísticas e analisar os problemas de saúde médica surgiu na Inglaterra na primeira metade
do trabalhador de forma imparcial e baseado do século XIX com a Revolução Industrial. Isso
em evidências da maioria da população. Claro porque um proprietário de fábrica têxtil, chama-
que quem está do outro lado só enxerga o do Robert Dernham, se preupou com seus
médico mal que lhe tira o sustento ao negar seu empregados que não possuíam qualquer cuida-
benefício previdenciário. Como vantagem temos do médico e procurou o Dr. Robert Baker para
a estabilidade no emprego, trabalho com horário auxiliar tal situação. Baker sugeriu que fosse
de entrada e nunca se preocupar com chama- colocado um médico no interior de sua fábrica.
das de emergência no meio da noite. Ele ficaria responsável de intermediar relações
entre empregador e empregados, identificar os
3) Oportunidades de trabalho: efeitos do trabalho sobre os trabalhadores,
prevenir as causas de doenças e responder por
Existem diversas oportunidades em áreas dife- qualquer alteração da saúde que esses traba-
renciadas: em empresas; em conjunto com lhadores sofressem. Em 1830, o Sr. Dernham
engenheiros de segurança na composição das contratou o Dr. Baker para sua fábrica e fundou
SESMTs (Serviço Especializado em Engenharia o primeiro serviço de medicina do trabalho.

130
6) Especialidades correlacionadas: Médico de Saúde Ocupacional). Ainda temos a
chance de atuarmos em consultoria na normali-
Como é uma especialidade muito singular e zação e fiscalização das condições de saúde e
ampla, podemos dizer que desde a clínica segurança no trabalho pelo MT (Ministério do
médica até a medicina aeroespacial, pneumolo- Trabalho). Pode ainda atuar como assessor
gia, etc. tem correlação, principalmente nas sindical em saúde do trabalhador, como perito
doenças com origem ou correlacionadas ao médico da previdência social, junto ao sistema
trabalho. Observamos que, por ter essa ampli- judiciário como perito judicial em processos
tude de atuação como já descrita, temos quase trabalhistas, ações cíveis, etc. Na docência e
que subespecialidades dentro da medicina do instituições de pesquisa.
trabalho, como perícia médica e judicial. Dentro
das ações preventivas temos especializações, 8) Mensagem para quem quer seguir essa
como medicina de reabilitação e fisiatria; e a especialidade:
ergonomia, que visa eficiência e segurança
entre homem e máquina. A Medicina do Trabalho é uma linda especialida-
de que nos dá a chance de ter vários caminhos
7) Área de atuação: para seguir. Ela, além da capacitação técnica
específica necessária para ser exercida com
É uma especialidade com campo de atuação sucesso, precisa que o profissional tenha uma
amplo e extrapola o âmbito da prática médica boa formação em Clínica Médica e domine com
tradicional. Dependendo de onde se atua, pode destreza Saúde Pública. Deve ser um profissio-
ter um caráter mais tranquilo que outras espe- nal sempre atualizado nas mudanças e desen-
cialidades. Nossa atuação pode se dar em volvimentos das relações de trabalho no contex-
empresas na análise de espaços do trabalho e to social, político, tecnológico, etc. Nosso prin-
de produção, atuando em conjunto com enge- cipal objetivo deve ser preservar, em primeiro
nheiros de segurança na composição das lugar, a saúde do trabalhador.
SESMTs (Serviço Especializado em Engenharia
de Segurança e Medicina do Trabalho), que terá
a função principal de proteger a integridade
física dos trabalhadores.

Também podemos atuar como prestadores de


serviços técnicos de forma terceirizada, geral-
mente em clínicas de medicina do trabalho, e
elaboração do PCMSO (Programa de Controle

131
Cirurgia de Mão: grandes
desafios e carência
de especialistas

Daniel Jácome
Residência Médica em Traumatologia e Ortopedia e em Cirurgia da Mão
no INTO-RJ
Fellowship AO no Massascgusetts General Hospital - Boston
Staff do Grupo de Cirurgia da Mão do INTO
Integrante da equipe de Cirurgia da Mão dos Hospitais Copa Dor, Barra
Dor e Americas City

132
1) O que é? específicas (osso, tendão, nervo, vasos, cober-
tura cutânea especializada, entre outros) faz
O cirurgião de mão é o médico responsável por com que esse profissional tenha que dominar
reparar e reconstruir lesões ósseas, tendinosas, uma gama de habilidades distintas que serão
ligamentares, nervosas, musculares e de cober- aplicadas no dia a dia, incluindo a fixação de
tura cutânea nas mãos, punhos e cotovelos. fraturas (com fios de metal, placas e parafusos,
Também atua no tratamento de doenças dege- âncoras e etc), reparos tendinosos, microneu-
nerativas e deformidades congênitas de mãos e rorrafias (suturas de nervos periféricos que
punhos. Além disso, esse profissional possui envolvem o uso de microscópios), micro e
treinamento em microcirurgia o que o habilita a macroanastomoses de vasos, entre outros
realizar reimplantes de segmentos amputados, procedimentos.
transferência de tecidos à distância (retalhos
microcirúrgicos), bem como realizar reparo de Isso deixa o Cirurgião de Mão constantemente
lesões de nervos periféricos não só nas mãos, em contato com casos diferentes e desafiado-
mas em todo o corpo (membros superiores, res, exigindo que esse profissional esteja
membros inferiores e plexo braquial). sempre estudando e se atualizando.
O tempo de especialização em Cirurgia da Mão
é de 2 anos de Residência Médica e requer 3) Oportunidades de trabalho:
como pré-requisito formação em Ortopedia e
Traumatologia ou Cirurgia Plástica. Para seguir Existem vários locais onde este profissional é
essa especialidade, o profissional deve gostar essencial e encontrará oportunidades de traba-
de técnicas cirúrgicas complexas e delicadas lho. Dentre os principais serviços, podemos
numa área de atuação exclusiva e estar habitua- destacar: hospitais públicos e particulares de
do a fazer procedimentos reconstrutivos não só médio e grande porte que façam atendimento
na mão, mas em qualquer lugar do corpo. de emergência, devido a infinidade de lesões
Definitivamente, rotina não é algo frequente na traumáticas que ocorrem nas mãos e outros
especialidade. segmentos do corpo que envolvem lesões de
nervos periféricos e defeitos de partes moles;
2) Como é o dia a dia? hospitais universitários; clínicas ambulatoriais;
hospitais pediátricos para tratar das deformida-
As patologias que afetam as mãos, punhos e des congênitas; centros de pesquisas clínicas;
cotovelos são de diferentes origens (traumáti- além de consultório particular. O cirurgião de
cas, tumorais, degenerativas e congênitas) o mão poderá atuar tanto no diagnóstico (realizan-
que torna o dia a dia do cirurgião de mão do exames especializados e biópsias), quanto
sempre desafiador. A infinidade de estruturas no tratamento conservador (com imobilizações,

133
órteses e infiltrações) e tratamento cirúrgico das no membro superior (é o segundo local mais
patologias do membro superior. frequente de anomalias congênitas).
Importante também citar o trabalho multiprofis-
4) Número de especialistas: sional com os fisioterapeutas e terapeutas de
mão, que são fundamentais na reabilitação dos
Atualmente temos 663 profissionais registrados pacientes.
na Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão
(2016). 7) Área de atuação:

5) Curiosidades: O especialista em cirurgia da mão irá atuar nas


lesões traumáticas, degenerativas, tumorais e
A especialidade em Cirurgia da Mão vêm evo- congênitas da mão, punho e cotovelo. Além
luindo constantemente. Com os avanços tecno- disso, pelo seu treinamento em microcirurgia,
lógicos, farmacológicos e de técnicas cirúrgi- estará apto a atuar no reimplate de segmentos
cas, já vem sendo realizado há algum tempo amputados e retalhos microcirúrgicos (para
procedimentos extremamente complexos, cobertura de grandes defeitos de partes moles,
como, por exemplo, o transplante completo de sejam eles traumáticos, tumorais ou por outras
mão de cadáver para pacientes que sofreram causas, em qualquer parte do corpo). Também
amputação traumática. poderá atuar na reconstrução do plexo braquial
e de nervos periféricos em membros superiores
6) Especialidades correlacionadas: e inferiores. Trata-se de uma especialidade
médica com campos de atuação tanto nas
Diversas outras especialidades estão correlacio- emergências (muito comuns), quanto nas diver-
nadas com a cirurgia da mão. Em especial sas patologias de tratamento eletivo.
podemos citar a Ortopedia e Traumatologia e as
diversas lesões traumáticas e degenerativas do 8) Mensagem para quem quer seguir essa
aparelho osteomuscular, especialmente no especialidade:
membro superior, que fazem esses profissionais
estarem sempre atuando em parceria. Além Sem dúvida é uma especialidade completa,
disso, a Cirurgia Plástica e a Microcirurgia com grandes desafios e que exige dedicação e
também abrangem o campo de cirurgia da mão longa curva de aprendizado. O mercado ofere-
nos diversos procedimentos reconstrutivos que ce diversas oportunidades de trabalho e ainda
ocorrem não só na mão, mas em todo o corpo. existem muitas regiões do país com carência
Outra grande parceria se dá com os Pediatras total em especialistas de Cirurgia da Mão.
devido às infinidades de anomalias congênitas

134
Mastologia: a união do
consultório com o
centro cirúrgico

Bianca Kurtz Fontoura


Graduação em Medicina pela Unirio
Residência de GO pelo Instituto Fernandes Figueira
Titulo de especialista em Ginecologia e Obstetrícia
Residente de Mastologia no HFL

135
1) O que é? O mastologista possui atuação ambulatorial e
cirúrgica em Hospitais Universitários e/ou públi-
Mastologia é a especialidade responsável por cos ou no consultório particular como autôno-
estudar as glândulas mamárias, cuja função é mo sendo cirurgião principal de sua equipe ou
de prevenir, diagnosticar e tratar doenças benig- auxiliando outras equipes. Em hospitais públi-
nas e malignas da mama. Para se tornar masto- cos, pode ser contratado para realizar acompa-
logista você pode seguir dois caminhos: após a nhamento ambulatorial e cirúrgico a serviço do
graduação, realizar especialização em Ginecolo- hospital ou se dedicar à docência.
gia e Obstetrícia ou Cirurgia Geral (programa de
Residência ou Pós graduação com estrutura 4) Número de especialistas:
equivalente à Residência), para depois realizar a
especialização em Mastologia. Após o término Atualmente temos 1.800 mastologistas registra-
realizar a prova de título de especialista, não dos na Sociedade Brasileira de Mastologia.
obrigatória.
5) Curiosidades:
2) Como é o dia a dia?
– A padroeira da Mastologia e protetora das
Mastologia é uma especialidade clínica e cirúrgi- enfermidades nas mamas é Santa Ágatha, seu
ca. A abordagem clínica e acompanhamento dia de comemoração é no dia 05 de fevereiro. A
ambulatorial dos pacientes são muito importan- mesma teve sua mama retirada em tortura.
tes e preenchem boa parte do seu cotidiano, – Em janeiro de 1978 o conselho científico da
lidando com doenças benignas e malignas. Associação Médica Brasileira aceitou o pedido
Além do conhecimento técnico das glândulas de reconhecimento da especialidade.
mamárias também é necessário conhecimentos
oncológicos de quimioterapia, hormonioterapia, 6) Especialidades correlacionadas:
radioterapia, entre outras opções de tratamento
para câncer de mama e conhecimentos de A Mastologia abrange uma vasta área de espe-
biologia molecular relacionados às doenças cialidades devido o tratamento de doenças
mamárias. Normalmente, o ginecologista a partir sistêmicas como o câncer de mama. São elas:
dos exames de rotina, seja de imagem ou no Oncologia
próprio exame físico, ao encontrar alterações Radioterapia
mamárias, encaminha o paciente ao mastologis- Radiologia
ta. Ginecologia
Cirurgia Geral
3) Oportunidades de trabalho: Cirurgia Plástica

136
Geneticista
Fisioterapia
Endocrinologia

7) Área de atuação:

Além da atuação em Hospitais Universitá-


rios/Públicos e no consultório como autônomo,
existe a possibilidade de se especializar em
Radiologia Mamária.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

Essa especialidade possui uma vasta gama de


opções e permite unir o consultório com centro
cirúrgico, para aqueles que não desejam ficar
apenas em centro cirúrgico. Está em constante
atualização por ter muito investimento com
pesquisas científicas, sempre buscando o
melhor para o paciente.

137
Nefrologia: vasta
vivencia em assuntos
clínicos ambulatoriais,
pacientes graves e
procedimentos invasivos

Caroline Caires Thomé


Residência em Clinica Médica no HCE
Residência em Nefrologia no HUPE/UERJ
Nefrologista do Hospital Central da Aeronáutica
Nefrologista na empresa RIEN

138
1) O que é? 3) Oportunidades de trabalho:

Nefrologia é uma especialidade médica que se As oportunidades de trabalho são boas tendo
dedica ao diagnóstico e ao tratamento das em vista que existem poucos nefrologistas no
doenças do rim. Dentro das principais ativida- mercado. Para ser especialista é necessário
des do médico nefrologista estão: a prevenção cursar 2 anos de residência em Clínica Médica
e complicações da insuficiência renal crônica; e mais 2 anos de residência em Nefrologia. Os
diagnóstico e tratamento das doenças sistêmi- cargos oferecidos surgem nas clínicas de
cas que atingem os rins, como diabetes melli- hemodiálises, nos grupos de diálises “externas”
tus, hipertensão arterial sistêmica, lúpus erite- que prestam serviços para vários hospitais e no
matoso sistêmico e vasculites; diagnóstico e consultório médico. Fazer parte de um serviço
tratamento das glomerulonefrites primárias, das de Nefrologia em uma rede pública também se
infecções urinarias e nefrolitíases; hemodiálise; torna bem interessante do ponto de vista de
diálise peritoneal e transplante renal. vivência de casos clínicos pouco frequentes,
discussão dos casos em equipe e a possibilida-
2) Como é o dia a dia? de da atuação em transplante renal.

Como é uma especialidade clínica bem abran- 4) Número de especialistas:


gente, o dia a dia do nefrologista se baseia
desde atividades clínicas ambulatoriais até a Atualmente temos 3.800 nefrologistas registra-
avaliação e acompanhamento de pacientes dos pela Sociedade Brasileira de Nefrologia.
graves em unidades de terapia intensiva, e a
prática de procedimentos invasivos como 5) Curiosidades:
implante de cateter venoso de curta e longa
duração para hemodiálise, biópsia renal e até – Em 1949, o Dr. Tito Ribeiro de Almeida, no
implante de cateter de diálise peritoneal. Hospital das Clínicas de São Paulo, utilizou pela
primeira vez no Brasil um rim artificial para tratar
Outra atividade bem frequente que faz parte do uma paciente de 27 anos de idade portadora
dia a dia do nefrologista é a atuação em clínicas de insuficiência renal aguda. Ele desenvolveu
de hemodiálise/diálise peritoneal com acompa- um modelo semelhante a técnica do Dr. Murray,
nhamento dos pacientes portadores de insufici- do Canadá, no qual um cilindro contendo tubos
ência renal crônica terminal. E também fazer de celofane era estacionário e colocado em
parte de grupos/empresas que prestam servi- posição vertical, enquanto a solução de troca
ços de terapia renal substitutiva em vários hos- era agitada. De 1949 a 1954 foram tratados
pitais. cerca de cem pacientes. O rim artificial produzi-

139
do no Brasil foi utilizado até 1954, quando um interessante. Recomendaria a todos que se
rim artificial modelo Koff-Brigham foi importado enquadram neste perfil e, se pudesse voltar no
pelo Hospital das Clínicas da FMUSP em 1957. tempo, com certeza a escolheria novamente.

6) Especialidades correlacionadas:

A Nefrologia se correlaciona com todas as


especialidades clínicas. Mas, especificamente
Endocrinologia, Cardiologia e Reumatologia são
as especialidades de maior ponto em comum.
Já as cirúrgicas que mais de se correlacionam
são a Urologia (nos pacientes com nefrolitíase
com indicação cirúrgica e nos quadro de insufi-
ciência renal obstrutiva) e a Cirurgia Vascular (no
contexto de confecção de acesso definitivos
para hemodiálise e avaliação de pacientes com
falência de acesso vascular).

7) Área de atuação:

Como mencionado anteriormente, o nefrologista


pode atuar em clínicas de hemodiálise/diálise
peritoneal, na prestação de serviços de terapia
renal substitutiva, na prática de procedimentos
invasivos e atividades clínicas ambulatoriais.

8) Mensagem para quem quer seguir essa


especialidade:

A Nefrologia é uma excelente opção para quem


pretende fazer uma especialidade clínica. Pro-
porciona uma vasta vivencia em vários assuntos
clínicos ambulatoriais, além de experiência em
pacientes graves e procedimentos invasivos. É
uma especialidade dinâmica, abrangente e

140
Medicina Física
e Reabilitação:
a Medicina da
qualidade de vida

Fernanda Martins
Residência em Fisiatria da USP
Presidente da Sociedade Paulista de Fisiatria
Médica do Centro de Reabilitação do Hospital Sírio Libanês
Médica do Instituto de Fisiatria da USP

141
1) O que é? Fisiatras são médicos que tratam de uma varie-
dade de problemas médicos que afetam o
Fisiatria é a especialidade que estuda a reabilita- cérebro, medula espinhal, nervos, ossos, articu-
ção e a melhora de funções em pessoas com lações, ligamentos, músculos e tendões. O
deficiências ou doenças incapacitantes. O foco da especialidade é na restauração da
termo deriva das palavras gregas physikos/fi- função das pessoas, atuando na prevenção,
sio/fúsis (físicas, função) e Iatreia/íotrós (arte de diagnóstico e tratamento não-cirúrgico de
curar, médico). distúrbios associados à deficiência física.

O fisiatra é um médico que criativamente em- O fisiatra:


prega agentes físicos, bem como outras tera-
pias médicas para ajudar na cura e reabilitação trata de pacientes de todas as idades
de um paciente. Portanto, fisiatra é o médico da foca o tratamento na funcionalidade da pessoa
função. Parece simples, mas para nós médicos em um espectro de expertise médica que
que estudamos órgãos e funções de sistemas permite tratar de condições incapacitantes ao
corporais e compartimentamos as especialida- longo da vida da pessoa
des por áreas de doenças, o campo da fisiatria diagnostica e trata dor resultante de uma lesão,
pode parecer um pouco abstrato à primeira doença ou deficiência
vista, pois função é a execução de uma ativida- determina e lidera um plano de tratamento/pre-
de ou tarefa da atuação humana, o que é pode venção
ser bem mais complexo do que estudar um lidera uma equipe de profissionais que inclui
órgão e suas doenças. fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e
outros terapeutas e médicos para otimizar o
Ou seja, o tratamento médico em fisiatria envol- cuidado ao paciente
ve a pessoa toda e aborda as necessidades trabalha com outros médicos que assistem ao
físicas, emocionais e sociais que devem ser paciente
satisfeitas para restabelecer a qualidade de vida
do paciente ao seu potencial máximo, para que Os fisiatras tratam de condições como por
consiga retomar da melhor forma possível suas exemplo: dor aguda e crônica e distúrbios
rotinas familiar e de trabalho após a instalação osteomusculares, pessoas com lesões na
de uma deficiência, com olhar voltado não medula espinhal, lesões cerebrais, derrames,
apenas para a doença e suas causas, mas amputações, câncer e esclerose múltipla.
também para o acolhimento e para o entendi- Todos exigem um processo de reabilitação em
mento das necessidades de cada paciente. longo prazo. A fisiatra pode tratar pacientes
diretamente, liderar uma equipe interdisciplinar

142
ou agir como um consultor.

Fisiatras oferecem um amplo espectro de servi-


ços médicos, podendo prescrever medicamen-
tos ou dispositivos auxiliares, como uma cinta
ou membro artificial. Eles também prescrevem
terapias diversas, tais como calor e frio, eletrote-
rapias, massagem, biofeedback, tração e exer-
cícios terapêuticos. Fisiatras tratam o indivíduo
como um todo transpassando a esfera biológica
e mecânica do corpo – tratam doenças, distúr-
bios, deficiências, incapacidades e limitações
sociais. São tratadas todas as funções possí-
veis a um ser humano.

E o que é reabilitação? Reabilitação é definida


como o desenvolvimento de uma pessoa ao
máximo potencial físico, psicológico, social,
profissional, vocacional e educacional compatí-
vel com suas limitações por deficiências anatô-
micas ou fisiológicas e questões ambientais. A
equipe trabalha para obter a função ideal,
mesmo com deficiência residual, mesmo que o
prejuízo causado por um processo patológico
não possa ser revertido. Os resultados previstos
dos pacientes de um programa de reabilitação
global e integrado devem incluir uma maior
independência e uma melhor qualidade de vida.

143
Medicina do Tráfego:
muito além do que
renovar habilitação

Pedro Murilo Moreira Pantoja


Especialista em Medicina do tráfego
Pós-graduado em medicina da família e comunidade

144
1) O que é? 2) Como é o dia a dia?

Segundo a Associação Brasileira de Medicina A rotina do médico do tráfego é tranquila, com-


do Tráfego (ABRAMET), essa especialidade é o parada com outras especialidades. Realizamos
ramo da ciência médica que trata da manuten- o exame de aptidão física e mental dos candi-
ção do bem estar físico, psíquico e social do datos, identificando pressão arterial, acuidade
ser humano que se desloca, qualquer que seja auditiva, acuidade visual, campo visual, apare-
o meio que propicie a sua mobilidade, cuidando lho músculo-esquelético. Caso haja necessida-
também das interações deste deslocamento e de, pode-se solicitar parecer de outros profis-
dos mecanismos que o propiciam com o sionais para poder elucidar quaisquer dúvidas
homem, visando ao equilíbrio ecológico. sobre determinado caso. Há as juntas médicas
de trânsito, para aqueles candidatos que neces-
A Medicina de Tráfego, reconhecida especiali- sitem de carros adaptados, sendo realizada por
dade pela Associação Médica Brasileira, pelo três médicos especialistas em Medicina do
Conselho Federal de Medicina e pela Comissão Trânsito, sempre verificando a segurança no
Nacional de Residência Médica, se propõe, tráfego, tanto para o condutor quanto para
portanto, a estudar as causas do acidente de terceiros.
tráfego a fim de preveni-lo ou mitigar suas con-
sequências, além de contribuir com subsídios 3) Oportunidades de trabalho:
técnicos para a elaboração do ordenamento
legal e a modificação do comportamento do Há bastante oferta de empregos, justamente
usuário do sistema de circulação viária. por ser uma especialidade pouco conhecida e
que há poucos especialistas no Brasil. Atua-se
Suas principais áreas de atuação são: Medicina nas clínicas conveniadas ao DETRAN.
de Tráfego Preventiva, Curativa, Legal, Ocupa-
cional e Medicina de Viagem. Essa especialida- 4) Número de especialistas:
de é obtida através de Pós-graduação reconhe-
cida pela ABRAMET ou Residência Médica, No momento, temos aproximadamente 3.600
sendo necessário posteriormente realizar prova médicos do tráfego registrados pelo Associação
de título de especialista pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego.
Médica Brasileira (AMB) para poder exercer a
atividade. Há poucos médicos especialistas em 5) Curiosidade(s):
Medicina do Tráfego, o que faz ser uma área
carente de profissionais. – Há quem diga que Medicina do Tráfego é
apenas ver pressão e visão, mas quando nos

145
debruçamos para ter conhecimento do que é e A Medicina do Tráfego Preventiva identifica os
como atua, verificamos a real importância dessa fatores etiológicos dos acidentes, grupos de
especialidade. Com os estudos realizados risco e, caracteriza índices de morbimortalidade
nessa área foi possível verificar a queda de e incapacidades produzidas pelos acidentes de
acidentes fatais, maior rigor na fiscalização com trânsito; a Curativa cuida do atendimento no
a implementação da lei seca, por exemplo. local do acidente (atendimento pré-hospitalar); a
Legal realiza perícias, avaliações e colabora
6) Especialidades correlacionadas: com elaboração dos dispositivos legais do
sistema de trânsito; a Ocupacional cuida da
Clínica Médica prevenção das doenças dos motoristas profis-
Medicina de Família e Comunidade sionais; a Medicina do Viajante ascende em
Pediatria função da intensificação dos deslocamentos
Oftalmologia humanos, estuda o planejamento da viagem,
Otorrinolaringologia imunização nas viagens, entre outros aspectos;
Cardiologia a Medicina Aeroespacial especializa médicos
Cirurgia Geral para atuarem no transporte aéreo de doentes; e
Anestesiologia a Securitária alivia os danos causados pelos
Medicina Física e Reabilitação acidentes de tráfego para efeito de recebimento
Medicina Intensiva e Neurocirurgia Pneumologia de seguros pessoais.
Neurologia
Ortopedia 8) Mensagem para quem quer seguir essa
Psiquiatria especialidade:
Geriatria
Medicina Legal e Perícia Médica A Medicina do Tráfego é uma área, como pode-
Medicina do Trabalho mos ver, que vai muito além do que renovar
Infectologia habilitação ou habilitar o candidato pela primeira
Dermatologia vez, há uma gama de áreas de atuação para
colaborarmos com a segurança do trânsito e,
7) Área de atuação: dessa forma, proporcionar uma melhor qualida-
de de vida para as pessoas.
As áreas de atuação são: Medicina de Tráfego
preventiva; Curativa; Legal; Ocupacional,; Secu-
ritária; Medicina do Viajante; Medicina de Tráfe-
go Aeroespacial, Aquático, Ferroviário e Rodovi-
ário.

146
Acupuntura:
a terapia complementar
aos tratamentos
convencionais

Lourdes de Fátima dos Santos Donato


Médica formada pela UERJ
Especialização em Acupuntura Médica no IARJ
Especialista em Acupuntura pela AMB e pelo CMBA
Prática clínica em Acupuntura em consultório desde 2003

147
1) O que é? alguns).

Originária da China, a Acupuntura é um método Os únicos profissionais de saúde do país que,


terapêutico que se caracteriza pela inserção de por lei, detêm o direito de diagnosticar doenças,
agulhas na superfície corporal para tratar doen- prescrever medicamentos e realizar procedi-
ças e promover a saúde. Ela é reconhecida mentos invasivos, são os médicos, os cirurgi-
como especialidade médica desde 1995 pelo ões-dentistas e os médicos veterinários. O
Conselho Federal de Medicina. Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura
(CMBA) defende que a prática da Acupuntura,
Graças às pesquisas científicas realizadas nos no Brasil, seja realizada por estes profissionais,
últimos 50 anos, tanto na China como no Oci- nos seus respectivos campos de atuação.
dente, os efeitos da Acupuntura vêm sendo
desvendados. Seu mecanismo de ação tem Muito mais que medicina alternativa, a Acupun-
sido demonstrado à luz da ciência atual com a tura ocupa um lugar de terapia complementar
descrição de bases fisiológicas. aos tratamentos convencionais, de modo que a
razão legal para a recomendação do CMBA é
A inserção da agulha de Acupuntura estimula simples e objetiva: a Acupuntura constitui-se em
terminações nervosas existentes na pele e nos uma especialidade terapêutica que executa
tecidos subjacentes, principalmente nos mús- manejo clínico de pacientes. É necessário que
culos. A “mensagem” gerada por esses estímu- o profissional esteja técnico e cientificamente
los segue pelos nervos periféricos até o sistema preparado, e legalmente autorizado a:
nervoso central (medula e cérebro), liberando
neurotransmissores e desencadeando efeitos Realizar anamnese e exame físico do paciente e
analgésicos, anti-inflamatórios e relaxante mus- solicitar exames complementares de natureza
cular, além de ter uma ação moduladora sobre diversa com a finalidade de, sabendo analisar e
as emoções, sobre os sistemas endócrino e interpretar adequadamente as informações
imunológico e sobre várias outras funções originárias destes três, elaborar diagnóstico
orgânicas. nosológico;
A partir do diagnóstico nosológico, estabelecer
A Organização Mundial de Saúde redigiu um o prognóstico para as diversas abordagens
relatório que recomenda o uso de Acupuntura terapêuticas aventáveis para determinada situa-
para mais de 200 doenças e sintomas (lombal- ção patológica;
gia, cefaleias, enxaquecas, náuseas e vômitos, A partir do prognóstico, prescrever os tratamen-
rinite alérgica, depressão e ansiedade, efeitos tos mais apropriados e efetivos, sejam de natu-
colaterais da quimioterapia, apenas para citar reza farmacológica ou cirúrgico-invasiva, esta-

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belecendo quais seriam o tratamento principal, antigas tradições médicas da China, do Japão,
ou mesmo único, e os tratamentos complemen- da Coreia e de outros países. Além de descre-
tares; ver a estrutura e a função do órgão em si, a
Executar tratamento invasivo. denominação de cada meridiano também reflete
No Brasil, a Acupuntura é uma especialidade uma função energética mais ampla na Medicina
médica regulamentada pelo Conselho Federal Tradicional Chinesa.
de Medicina, na qual médicos especializados
na área cumprem um extenso programa de 2) Como é o dia a dia?
Educação Médica em Acupuntura e são sub-
metidos a uma validação de Título de Especia- Os profissionais treinados em medicina oriental
lista em Acupuntura (TEAC), pela Associação realizam anamnese, observação e exame físico
Médica Brasileira (AMB) e pelo CMBA. abrangentes e multi sistêmicos durante a con-
sulta inicial. O exame consiste fundamentalmen-
A formação do médico acupunturista é feita em te de inspeção da língua para avaliar cor, forma-
período de dois ou três anos, como pós-gradu- to e revestimento; e verificação da pulsação ao
ação ou residência, e envolve o conhecimento longo do punho, em três locais, nos dois
de princípios básicos da filosofia chinesa, da braços, para avaliar sua qualidade, ritmo e
medicina tradicional, o estudo da localização força.
dos pontos de acupuntura e o reconhecimento
das várias síndromes clínicas com etiologia, Na acupuntura clássica, cada paciente é enca-
fisiopatologia e tratamento, tudo baseado na rado como tendo uma constelação singular de
medicina tradicional chinesa: a teoria da medici- sinais e sintomas. Os profissionais também
na oriental descreve uma energia vital denomi- realizarão um exame convencional ocidental e
nada chi (pronuncia-se “qui”), que circula no incluirão componentes variáveis da abordagem
corpo por 12 rotas, chamadas de meridianos. A de medicina oriental, dependendo da profundi-
enfermidade ocorre quando o fluxo de chi no dade do treinamento do indivíduo. Uma vez que
corpo é perturbado ou não está em equilíbrio. cada paciente recebe um diagnostico baseado
na Medicina Tradicional Chinesa, para tratar um
A Acupuntura, uma modalidade usada no siste- mesmo sintoma clínico os pacientes podem
ma maior de Medicina Tradicional Chinesa, receber uma combinação diferente de pontos.
utiliza agulhas para estimular pontos anatômicos
ao longo dos meridianos para promover o fluxo Após a anamnese e o exame físico, o acupun-
adequado de chi e, assim, tratar doenças e turista prescreve a combinação de pontos e
promover saúde. Existem muitos estilos e são inicia a aplicação das agulhas. Utiliza agulhas
praticados como parte dos milhares de anos de estéreis de aço inoxidável e a orientação do

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CMBA é de que sejam todas de uso único,
descartáveis. O tempo de permanência das – Os primeiros registros sobre a técnica são do
agulhas varia para cada caso e, em geral, o livro chinês Nei Jing, mas não se sabe ao certo
tempo total de tratamento não ultrapassa 45 quando ele foi publicado; acredita-se que tenha
minutos. Pode-se utilizar outras técnicas além sido por volta de 200 a.C.
da agulha, como ventosas e moxabustão. É – A acupuntura é utilizada na China há mais de
comum que um tratamento consista em visitas 2500 anos. O estímulo nos pontos de Acupun-
semanais ou duas vezes por semana durante 4 tura não era originalmente feito com agulhas de
a 10 semanas, seguidas por visitas menos aço inoxidável, mas sim com instrumentos de
frequentes à medida que o paciente melhora. pedra, bambu ou ossos.
– A espessura de uma agulha de Acupuntura é
3) Oportunidades de trabalho: de 2 fios de cabelo humano.
– O tratamento com Acupuntura pode ajudar a
Uma vez reconhecida como especialidade minimizar bastante a necessidade de medica-
médica, a Acupuntura é praticada em consultó- mentos de uso contínuo em diversas patolo-
rios e clínicas privadas e é obrigatoriamente gias, como dores crônicas e depressão,
oferecida aos beneficiários de planos de saúde. ajudando a diminuir o risco dos seus efeitos
colaterais, que podem ser bastante prejudiciais.
Apesar de a prática já ser reconhecida pelo – Conta-se como fato verdadeiro o episódio
Sistema Único de Saúde (SUS) há 27 anos, o vivido por certo general chinês que, numa
maior acesso ao tratamento só veio com a batalha contra os invasores mongóis, foi ferido
implementação da Política Nacional de Práticas no calcanhar por uma flecha inimiga. A flechada
Integrativas e Complementares, em 2006. No não o matou e, mais tarde, ele verificou haver
Rio de Janeiro, algumas unidades da SMS diminuído ou desaparecido a lombalgia da qual
oferecem o tratamento gratuitamente, apesar de sofria. Segundo a lenda, a acupuntura chinesa
o atendimento ainda ser muito limitado em teria nascido a partir dessa flechada.
comparação com a demanda. – A Acupuntura ganhou fama mundial após o
presidente americano Richard Nixon visitar a
4) Número de especialistas: China em 1972, quando um repórter que
acompanhava a comitiva teve diagnóstico de
No momento, temos aproximadamente 3.200 apendicite e foi anestesiado por acupunturistas
acupunturista registrados pelo Colégio Médico chineses e operado. Ele relatou também o
Brasileiro de Acupuntura. positivo efeito nas suas dores pós-operatórias.
A cirurgia, filmada, provocou verdadeiro espanto
5) Curiosidade(s): não só entre os membros da comitiva, como

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nos Estados Unidos em geral. especialidade:
– A teoria por trás da prática da Acupuntura
divide o corpo em pontos (os acupontos), que O ensino da Acupuntura como especialidade
estão dispostos ao longo de meridianos que se não é feito dentro da grade curricular das facul-
estendem pelo corpo. Os pontos representam dades de medicina. É importante para o estu-
áreas onde existe intensa atividade nervosa. Os dante ter uma boa formação clínica visto que o
meridianos, por sua vez, representam as redes acupunturista recebe pacientes com as mais
interligadas que cobrem o corpo com seus diversas queixas e nem sempre com diagnósti-
acupontos. Ao todo, são cerca de 361 pontos co ocidental definido. É preciso sempre ter em
e 14 meridianos principais. mente que a Acupuntura é uma terapia comple-
mentar e não substitui um bom diagnóstico
6) Especialidades correlacionadas: clínico e um bom esquema terapêutico. Bom
senso acima de tudo vai orientar o acupunturis-
A Acupuntura tem indicações precisas como ta a avaliar cada paciente para atingir sucesso
método preferencial ou complementar nas no tratamento.
disfunções relacionadas à maioria das especiali-
dades médicas. Veja os exemplos citados:

Ginecologia: tensão pré-menstrual, dor mens-


trual, cefaleia menstrual, infertilidade, hemorragia
uterina disfuncional.
Neurologia: cefaleia, neuralgia o trigêmeo, parali-
sia facial, sequelas de acidente vascular cere-
bral (AVC), dor neuropática.
Psiquiatria: depressão, ansiedade generalizada,
pânico.
Gastroenterologia: síndrome do intestino irritável,
gastrite, úlcera péptica, constipação.
Reumatologia: fibromialgia, artrite reumatoide,
Lúpus Eritematoso Sistêmico.
Pneumologia: asma brônquica.
Otorrinolaringologia: rinite, sinusite.
Fisiatria: síndrome dolorosa miofascial.

7) Mensagem para quem quer seguir essa

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