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Contabilidade Básica

Coordenação do Programa Formare Beth Callia

Coordenação Pedagógica Zita Porto Pimentel

Coordenação da Área Técnica – UTFPR Alfredo Vrubel

Elaboração e edição VERIS Educacional S.A.


Rua Vergueiro, 1759 2º andar
04101 000 São Paulo SP
www.veris.com.br

Coordenação Geral Marcia Aparecida Juremeira Conrado


Rosiane Aparecida Marinho Botelho

Coordenação Técnica deste caderno Joaquim Roberto Neves Campos

Revisão Pedagógica Maria Aparecida dos Santos

Autoria deste caderno Reinaldo Monteiro

Produção Gráfica Amadeu dos Santos


Eliza Okubo
Aldine Fernandes Rosa

Apoio MEC – Ministério da Educação


FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
PROEP – Programa de Expansão da Educação Profissional

M776c Monteiro, Reinaldo

Contabilidade Básica: Projeto Formare / Reinaldo Monteiro –


São Paulo: Veris Educacional, 2007.
182p. :il. Color.:30cm. (Fundação Iochpe / Cadernos Formare)

Inclui exercícios e glossário


Bibliografia

ISBN 978-85-60890-11-8

1. Ensino Profissional 2. Conceitos gerais 3. Balanço


patrimonial 4. Formação e natureza de contas 5. Conceitos sobre
tributos 6. Preenchimento de Documentos I. Projeto Formare
II. Título III. Série

CDD-371.426

Iniciativa Realização

Fundação IOCHPE
Al. Tietê, 618 casa 3, Cep 01417-020, São Paulo, SP
www.formare.org.br
Formare: uma escola para a vida

Ensinar a aprender não podem dar-se fora da procura,


fora da boniteza e da alegria.
A alegria não chega apenas com o encontro do achado,
mas faz parte do processo de busca.

Paulo Freire

Hoje a educação é concebida em uma perspectiva ampla de


desenvolvimento humano e não apenas como uma das condições básicas
para o crescimento econômico.
O propósito de uma escola é muito mais o desenvolvimento de
competências pessoais para o planejamento e realização de um projeto de
vida do que apenas o ensino de conteúdos disciplinares.
Os conteúdos devem ser considerados na perspectiva de meios e
instrumentos para conquistas individuais e coletivas nas áreas profissional,
social e cultural.
A formação de jovens não pode ser pensada apenas como uma atividade
intelectual. É um processo global e complexo, onde conhecer, refletir, agir
e intervir na realidade encontram-se associados.
Ensina-se pelos desafios lançados, pelas experiências proporcionadas,
pelos problemas sugeridos, pela ação desencadeada, pela aposta na
capacidade de aprendizagem de cada um, sem deixar de lado os
interesses dos jovens, suas concepções, sua cultura e seu desejo de
aprender.
Aprende-se a partir de uma busca individual, mas também pela
participação em ações coletivas, vivenciando sentimentos, manifestando
opiniões diante dos fatos, escolhendo procedimentos, definindo metas.
O que se propõe, então, não é apenas um arranho de conteúdos em um
elenco de disciplinas, mas a construção de uma prática pedagógica
centrada na formação.
Nesta mudança de perspectiva, os conteúdos deixam de ser um fim em si
mesmos e passam a ser instrumentos de formação.
Essas considerações dão à atividade de aprender um sentido novo, onde
as necessidades de aprendizagem despertam o interesse de resolver
questões desafiadoras. Por isso uma prática pedagógica deve gerar
situações de aprendizagem ao mesmo tempo reais, diversificadas
provocativas. Deve possibilitar, portanto, que os jovens, ao dar opiniões,
participar de debates e tomar decisões, construam sua individualidade e se
assumam como sujeitos que absorvem e produzem cultura.
Segundo Jarbas Barato, a história tem mostrado que a atividade humana
produz um saber “das coisas do mundo”, que garantiu a sobrevivência do

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ser humano sobre a face da Terra e, portanto, deve ser reconhecido e
valorizado como a “sabedoria do fazer”.
O conhecimento proveniente de uma atividade como o trabalho, por
exemplo, nem sempre pode ser traduzido em palavras. Em geral, peritos
têm dificuldade em descrever com clareza e precisão sua técnica. É
preciso vê-los trabalhar para “aprender com eles”.
O pensar e o fazer são dois lados de uma mesma moeda, dois pólos de
uma mesma esfera. Possuem características próprias, sem pré-requisitos
ou escala de valores que os coloquem em patamares diferentes.
Teoria e prática são modos de classificar os saberes insuficientes para
explicar a natureza de todo o conhecimento humano. O saber proveniente
do fazer possui uma construção diferente de outras formas que se valem
de conceitos, princípios e teorias, nem sempre está atrelado a um
arcabouço teórico.
Quando se reconhece a técnica como conhecimento, considera-se
também a atividade produtiva como geradora de um saber específico e
valoriza-se a experiência do trabalhador como base para a construção do
conhecimento naquela área. Técnicas são conhecimentos processuais,
uma dimensão de saber cuja natureza se define como seqüência de
operações orientadas para uma finalidade.
O saber é inerente ao fazer, não uma decorrência dele.
Tradicionalmente, os cursos de educação profissional eram rigidamente
organizados em momentos prévios de “teoria” seguidos de momentos de
“prática”. O padrão rígido “explicação (teoria) antes da execução (prática)”
era mantido como algo natural e inquestionável. Profissões que exigem
muito uso das mãos eram vistas como atividades mecânicas, desprovidas
de análise e planejamento.
Autores estão mostrando que o aprender fazendo gera trabalhadores
competentes e a troca de experiências integra comunidades de prática nas
quais o saber “distribuído por todos” eleva o padrão da execução. Por isso,
o esforço para o registro, organização e criação de uma rede de apoio,
uma teia comunicativa de “relato de práticas” é fundamental.
Dessa forma, o uso do paradigma da aprendizagem corporativa faz sentido
e é muito mais produtivo. A idéia da formação profissional no interior do
espaço de trabalho é, portanto, uma proposição muito mais adequada,
inovadora e ousada do que a seqüência que propõe primeiro a teoria na
sala de aula, depois a prática.
Atualmente, as empresas têm investido na educação continuada de seus
funcionários na expectativa de que esse esforço contribua para melhorar
os negócios. A formação de quadros passou a ser, nesses últimos anos,
atividade central nas organizações que buscam o conhecimento para
impulsionar seu desenvolvimento. No entanto, raramente se percebe que
um dos conhecimentos mais importantes é aquele que está sendo
construído pelos seus funcionários no exercício cotidiano de suas funções,
é aquele que está concentrado na própria empresa.

4 Contabilidade Básica
A empresa contrata especialistas, adquire tecnologias, desenvolve práticas
de gestão, inaugura centros de informação, organiza banco de dados,
incentiva inovações. Vai acumulando, aos poucos, conhecimento e
experiências que, se forem apoiadas com recursos pedagógicos, darão
à empresa a condição de excelência como “espaço de ensino e
aprendizagem”.
Criando condições para identificar, registrar, organizar e difundir esse
conhecimento, a organização poderá contribuir para o aprimoramento da
formação profissional.
Convenciona-se que a escola é o lugar onde se ensina e a empresa é
onde se produz bens, produtos e serviços. Deste ponto de vista, o
conhecimento seria construído na escola, e caberia à empresa o
aprimoramento de competências destinadas à produção. Esta é uma visão
acanhada e restritiva de formação profissional que não reconhece e não
explora o potencial educativo de uma organização.
Neste cenário, a Fundação IOCHPE, em parceria com a UTFPR –
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, desenvolve a proposta
pedagógica Formare, que apresenta uma estrutura curricular composta de
conteúdos integrados: um conjunto de disciplinas de formação geral
(Higiene, Saúde e Segurança; Comunicação e Relacionamento;
Fundamentação Numérica; Organização Industrial e Comercial; Informática
e Atividades de Integração) e um conjunto de disciplinas de formação
específica.
O curso Formare pretende ser uma escola que ofereça aos jovens uma
preparação para a vida. Propõe-se desenvolver não só competências
técnicas, mas também habilidades que lhes possibilitem estabelecer
relações harmoniosas e produtivas com todas as pessoas, que os tornem
capazes de construir seus sonhos e metas, além de buscar as condições
para realizá-los no âmbito profissional, social e familiar.
A proposta curricular tem a intenção de fortalecer, além das competências
técnicas, outras habilidades:

1. Comunicabilidade – Capacidade de expressão (oral e escrita)


de conceitos, idéias e emoções de forma clara, coerente e adequada
ao contexto;

2. Trabalho em equipe – Capacidade de levar o seu grupo a atingir


os objetivos propostos;

3. Solução de problemas – Capacidade de analisar situações,


relacionar informações e resolver problemas;

4. Visão de futura – Capacidade de planejar, prever possibilidades


e alternativas;

5. Cidadania – Capacidade de defender direitos de interesse


coletivo.
Cada competência é composta por um conjunto de habilidades que serão
desenvolvidas durante o ano letivo, por meio de todas as disciplinas do
curso.

Contabilidade Básica 5
Para finalizar, ao integrar o ser, o pensar e o fazer, os cursos Formare
ajudam os jovens a desenvolver competências para um bom desempenho
profissional e, acima de tudo, a dar sentido à sua própria vida. Dessa
forma, esperam contribuir para que eles tenham melhores condições para
assumir uma postura ética, colaborativa e empreendedora em ambientes
instáveis como os de hoje, sujeitos a constantes transformações.

Equipe FORMARE

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Sobre o caderno

Você, educador voluntário, sabe que boa parte da performance dos jovens
no mundo do trabalho dependerá das aprendizagens adquiridas no espaço
de formação do Curso em desenvolvimento em sua empresa no âmbito do
Projeto Formare.
Por isso, os conhecimentos a serem construídos foram organizados em
etapas, investindo na transformação dos jovens estudantes em futuros
trabalhadores qualificados para o desempenho profissional.
Antes de esse material estar em suas mãos, houve a definição de uma
proposta pedagógica, que traçou um perfil de trabalhador a formar, depois
o delineamento de um plano de curso, que construiu uma grade curricular,
destacou conteúdos e competências que precisam ser desenvolvidos para
viabilizar o alcance dos objetivos estabelecidos e então foram desenhados
planos de ensino, com vistas a assegurar a eficácia da formação desejada.
À medida que começar a trabalhar com o Caderno, perceberá que todos
os encontros contêm a pressuposição de que você domina o conteúdo e
que está recebendo sugestões quanto ao modo de fazer para tornar suas
aulas atraentes e produtoras de aprendizagens significativas. O Caderno
pretende valorizar seu trabalho voluntário, mas não ignora que o
conhecimento será construído a partir das condições do grupo de jovens e
de sua disposição para ensinar. Embora cada aula apresente um roteiro e
simplifique a sua tarefa, é impossível prescindir de algum planejamento
prévio. É importante que as sugestões não sejam vistas como uma camisa
de força, mas como possibilidade, entre inúmeras outras que você e os
jovens do curso poderão descobrir, de favorecer a prática pedagógica.
O Caderno tem a finalidade de oferecer uma direção em sua caminhada de
orientador da construção dos conhecimentos dos jovens, prevendo
objetivos, conteúdos e procedimentos das aulas que compõem cada
capítulo de estudo. Ele trata também de assuntos aparentemente miúdos,
como a apresentação das tarefas, a duração de cada atividade, os
materiais que você deverá ter à mão ao adotar a atividade sugerida, as
imagens e os textos de apoio que poderá utilizar.
No seu conjunto, propõe um jeito de fazer, mas também poderá apresentar
outras possibilidades e caminhos para dar conta das mesmas questões,
com vistas a encorajá-lo a buscar alternativas melhor adequadas à
natureza da turma.
Como foi pensado a partir do planejamento dos cursos (os objetivos gerais
de formação profissional, as competências a serem desenvolvidas) e dos
planos de ensino disciplinares (a definição do que vai ser ensinado, em
que seqüência e intensidade e os modos de avaliação), o Caderno
pretende auxiliá-lo a realizar um plano de aula coerente com a concepção
do Curso, preocupado em investir na formação de futuros trabalhadores
habilitados ao exercício profissional.

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O Caderno considera a divisão em capítulo apresentada no Plano de
Ensino e o tempo de duração da disciplina, bem como a etapa do Curso
em que ela está inserida. Com esta idéia do todo, sugere uma
possibilidade de divisão do tempo, considerando uma aula de 50 minutos.
Também, há avaliações previstas, reunindo capítulos em blocos de
conhecimentos e oferecendo oportunidade de síntese do aprendido. É
preciso não esquecer, no entanto, que a aprendizagem é avaliada durante
o processo, através da observação e do diálogo em sala de aula. A
avaliação formal, prevista nos cadernos, permite a descrição quantitativa
do desempenho dos jovens e também do educador na medida em que o
“erro”, muitas vezes, é indício de falhas anteriores que não podem ser
ignoradas no processo de ensinar e aprender.
Recomendamos que, ao final de cada aula ministrada, você faça um breve
registro reflexivo, anotando o que funcionou e o que precisou ser
reformulado, se todos os conteúdos foram desenvolvidos satisfatoriamente
ou se foi necessário retomar algum, bem como outras sugestões que
possam levar à melhoria da prática de formação profissional e assegurar o
desenvolvimento do trabalho com aprendizagens significativas para os
jovens. Esta também poderá ser uma oportunidade de você rever sua
prática como educador voluntário e, simultaneamente, colaborar para a
permanente qualificação dos Cadernos. É um desafio-convite que lhe
dirigimos, ao mesmo tempo em que o convidamos a ser co-autor da prática
que aí vai sugerida.

Características do Caderno

Cada capítulo ou unidade possui algumas partes fundamentais, assim


distribuídas:

Página de apresentação do capítulo: Apresenta uma síntese do


assunto e os objetivos a atingir, destacando o que os jovens devem saber
e o que se espera que saibam fazer depois das aulas. Em síntese, focaliza
a relevância do assunto dentro da área de conhecimento tratada e
apresenta a relação dos saberes, das competências e habilidades que os
jovens desenvolverão com o estudo da unidade.
A seguir, as aulas são apresentadas através de um breve resumo dos
conhecimentos a serem desenvolvidos em cada aula. Sua intenção é
indicar aos educadores o âmbito de aprofundamento da questão,
sinalizando conhecimentos prévios e a contextualização necessária para o
tratamento das questões da aula. No interior de cada aula aparece a
seqüência de atividades, marcadas pela utilização dos ícones que seguem:

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_____________________________________________

Indica quais serão os objetivos do tópico a ser abordado, bem como


o objetivo de cada aula.
_____________________________________________

Exploração de links na internet – Remete a pesquisas em sites


onde educador e aluno poderão buscar textos e/ou atividades como
reforço extraclasse ou não.
_____________________________________________

Apresenta artigos relacionados à temática do curso, podendo-se


incluir sugestões de livros, revistas ou jornais, subsidiando, dessa
maneira o desenvolvimento das atividades propostas. Permite ao
educador explorar novas possibilidades de conteúdo. Se achar
necessário, o educador poderá fornecer esse texto para o aluno
reforçando, assim, o seu aprendizado.
_____________________________________________

Traz sugestão de exercício ou atividade para fechar uma aula para


que o aluno possa exercitar a aplicação do conteúdo.

_____________________________________________

Traz sugestão de avaliação extraclasse podendo ser utilizada para


fixação e integração de todos os conteúdos desenvolvidos.

_____________________________________________

Traz sugestão de avaliação, podendo ser apresentada ao final de


um conjunto de aulas ou tópicos; valerão nota e terão prazo para
serem entregues.
_____________________________________________

Indica, passo a passo, as atividades propostas para o educador.


Apresenta as informações básicas, sugerindo uma forma de
desenvolvê-las. Esta seção apresenta conceitos relativos ao tema
tratado, imagens que têm a finalidade de se constituir em suporte
para as explicações do educador (por esse motivo todas elas
aparecem anexas num CD, para facilitar a impressão em lâmina ou a
sua reprodução por recurso multimídia), exemplos das aplicações
dos conteúdos, textos de apoio que podem ser multiplicados e
entregues aos jovens, sugestões de desenvolvimento do conteúdo e
atividades práticas, criadas para o estabelecimento de relações entre
os saberes. No passo a passo, aparecem oportunidades de análise
de dados, observação e descrição de objetos, classificação,
formulação de hipóteses, registro de experiências, produção de
relatórios e outras práticas que compõem a atitude científica perante
o conhecimento.
_____________________________________________

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______________________________________________
Indica a duração prevista para a realização do estudo e das tarefas
de cada passo. É importante que fique claro que esta é uma
sugestão ideal, que abstrai quem é o sujeito ministrante da aula e
quem são os sujeitos que aprendem, a rigor os que mais interessam
nesse processo.
Quando foi definida, só levou em consideração o que era possível no
momento: o conteúdo a ser desenvolvido, tendo em vista o número
de aulas e o plano de ensino da disciplina. No entanto você
juntamente com os jovens que compõem a sua turma têm liberdade
para alterar o que foi sugerido, adaptar as sugestões para o seu
contexto, com as necessidades, interesses, conhecimentos prévios e
talentos especiais do seu grupo.
______________________________________________

O glossário contém informações e esclarecimentos de conceitos e


termos técnicos. Tem a finalidade de simplificar o trabalho de busca
do educador e, ao mesmo tempo, incentivá-lo a orientar os jovens
para a utilização de vocabulário apropriado referente aos diferentes
aspectos da matéria estudada. Aparece ao lado na página em que é
utilizado e é retomado ao final do Caderno, em ordem alfabética.
______________________________________________

Remete para exercícios que objetivam a fixação dos conteúdos


desenvolvidos. Não estão computados no tempo das aulas, e
poderão servir como atividade de reforço extraclasse, como revisão
de conteúdos ou mesmo como objeto de avaliação de
conhecimentos.
______________________________________________

Notas que apresentam informações suplementares relativas ao


assunto que está sendo apresentado.
______________________________________________

Idéias que objetivam motivar e sensibilizar o educador para outras


possibilidades de explorar os conteúdos da unidade. Têm a
preocupação de sinalizar que, de acordo com o grupo de jovens,
outros modos de fazer podem ser alternativas consideradas para o
desenvolvimento de um conteúdo.
______________________________________________

Traz as idéias-síntese da unidade, que auxiliam na compreensão


dos conceitos tratados, bem como informações novas relacionadas
ao que se está estudando
______________________________________________

Apresenta materiais em condições de serem produzidos e entregues


aos jovens, tratados, no interior do caderno, como texto de apoio.

______________________________________________

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Em síntese, você educador voluntário precisa considerar que há algumas
competências que precisam ser construídas durante o processo de ensino
aprendizagem, tais como:

„ conhecimento de conceitos e sua utilização;


„ análise e interpretação de textos, gráficos, figuras e diagramas;
„ transferência e aplicação de conhecimentos;
„ articulação estrutura-função;
„ interpretação de uma atividade experimental.

Em vista disso, o conteúdo dos Cadernos pretende favorecer:

„ conhecimento de propriedade e de relações entre conceitos;


„ aplicação do conhecimento dos conceitos e das relações entre eles;
„ produção e demonstração de raciocínios demonstrativos;
„ análise de gráficos;
„ resolução de gráficos;
„ identificação de dados e de evidências relativas a uma atividade
experimental;
„ conhecimento de propriedades e relações entre conceitos em uma
situação nova.

Como você deve ter concluído, o Caderno é uma espécie de obra aberta,
pois está sempre em condições de absorver sugestões, outros modos de
fazer, articulando os educadores voluntários do Projeto Formare em uma
rede que consolida a tecnologia educativa que o Projeto constitui.
Desejamos que você possa utilizá-lo da melhor forma possível e que tenha
a oportunidade de refletir criticamente sobre ele, registrando sua
colaboração e interagindo com os jovens de seu grupo a fim de
investirmos todos em uma educação mais efetiva e na formação de
profissionais mais competentes e atualizados para os desafios do mundo
contemporâneo.

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Introdução

A visão do administrador não permite simplicidade, ao contrário, com um mundo


empresarial a cada dia mais competitivo, faz-se necessário o próprio dono do negócio
conhecer de forma aprofundada o seu próprio negócio, portanto, é essencial definir a
importância de seus colaboradores.
Uma das principais ferramentas para essa visão, sem dúvida, é a contabilidade por
seus diversos aspectos: conhecer os passos do fluxo de documentos, o arquivamento
destes, as exigências fiscais, a avaliação de seus custos, a formação do preço de
venda dos seus produtos ou serviços, entre outros.
Esta será a tônica deste material: elucidar os aspectos práticos da contabilidade, por
definição teórica; aplicação, por exigência legal, e uma abordagem prática no dia–a-
dia de qualquer empresa.

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Sumário

1 Conceitos gerais
Primeira Aula
Conceitos gerais................................................................................................... 21
Usuários da contabilidade .................................................................................... 21
Diferença entre as áreas – Contabilidades Financeira, Gerencial e Fiscal.......... 23
Segunda Aula
Técnicas contábeis............................................................................................... 24
Terceira Aula
Técnicas contábeis............................................................................................... 27
Escrituração contábil ............................................................................................ 29
Balancete de verificação ...................................................................................... 29
Balanço Patrimonial.............................................................................................. 31
Quarta Aula
Fluxograma........................................................................................................... 31
Operações de compra e venda de mercadorias .................................................. 33
Apuração do Resultado do Exercício – ARE........................................................ 34
Princípios fundamentais da contabilidade ............................................................ 37
Métodos de valoração do estoque ....................................................................... 38
Quinta Aula
Impostos sobre a receita ...................................................................................... 41
Sexta Aula
Aula prática - Razonetes ...................................................................................... 45

2 Balanço Patrimonial
Primeira Aula
Classificação das contas no Balanço Patrimonial ................................................ 49
Análise financeira de empresas – Finalidade....................................................... 50
Métodos contábeis como base para análise de Demonstrações Financeiras ..... 51
Modelo de Balanço Patrimonial............................................................................ 54
Segunda Aula
Interpretação dos componentes das demonstrações de resultados .................... 58
A função financeira nas organizações (estruturação das informações)............... 59
Terceira Aula
Introdução ao processo de análise financeira ...................................................... 61
Análise financeira ................................................................................................. 65

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Análise vertical e análise horizontal ..................................................................... 69
Quarta Aula
Avaliação Prática.................................................................................................. 79

3 Formação e Natureza de Contas


Primeira Aula
Formação e natureza das contas ......................................................................... 83
Segunda Aula
Atividade obrigatória............................................................................................. 84
Terceira Aula
Desenvolvimento prático de registros das contas em um período mensal –
Balancete de Simples Verificação ........................................................................ 85
Quarta Aula
Aula prática – Balancete: Orientação ................................................................... 88
Quinta Aula
Aula prática – Balancete: Desenvolvimento ......................................................... 88
Sexta Aula
Aula prática - Apresentação do painel.................................................................. 89

4 Conceitos sobre Tributos


Primeira Aula
Planejamento tributário......................................................................................... 93
Atividade financeira do Estado ............................................................................. 93
Direito Tributário ................................................................................................... 94
Segunda Aula
Sistema Tributário Nacional ................................................................................. 95
Competência x Capacidade ................................................................................. 96
Fiscalidade, parafiscalidade e extrafiscalidade .................................................... 97
Terceira Aula
Legislação tributária ............................................................................................. 98
Quarta Aula
Princípios Constitucionais Tributários ............................................................... 100
Quinta Aula
Significado da tributação ................................................................................... 103
Tributos – Conceito, classificação e espécies................................................... 104
Sexta Aula
Diferenças entre os tributos............................................................................... 105
Imposto.............................................................................................................. 106
Taxa................................................................................................................... 106

16 Contabilidade Básica
Contribuição de melhoria................................................................................... 108
Empréstimo compulsório ................................................................................... 108
Contribuições parafiscais .................................................................................. 108
Sétima Aula
Quadro resumo dos tributos .............................................................................. 109
Oitava Aula
Competência dos tributos.................................................................................. 110
Nona Aula
Noções básicas dos principais tributos no Brasil .............................................. 114

5 Preenchimentos de Documentos
Primeira Aula
Preenchimento de uma nota fiscal fatura .......................................................... 119
Nota Fiscal Modelo............................................................................................ 121
Segunda Aula
Atividade obrigatória.......................................................................................... 125

Gabarito................................................................................................................. 127
Glossário ............................................................................................................... 131
Referências .......................................................................................................... 133
Anexos ................................................................................................................... 135

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18 Contabilidade Básica
1 Conceitos gerais

Este capítulo foi desenvolvido com o intuito de explicar a natureza da ciência contábil
àqueles que não são e não serão contadores, porém deverão ter a devida noção da
importância das informações geradas nos processos contábeis, suas origens e
destinos, bem como o seu significado nas avaliações e tomada de decisões.

Objetivos

„ Proporcionar aos jovens participantes o entendimento da importância da conta-


bilidade na dinâmica empresarial. Desde a simples recepção de um documento
fiscal ou emissão de uma nota fiscal, percorrendo os setores que serão
alimentados por essas informações e gerando a estrutura de um balancete de
simples verificação (conciliação de entradas e saídas) até a definição de uma
estrutura contábil plena (balanço patrimonial), sua interpretação, e finalizando com
os princípios básicos inerentes a esse processo para a tomada de decisões.
„ Pode parecer uma tarefa fácil, mas não se pode esquecer que muitos desses
jovens sequer conhecem um documento fiscal. Talvez tenham tido acesso a uma
nota fiscal, mas jamais se deram conta da importância dela para uma empresa.
Este será o nosso desafio principal, então mãos à obra.

Contabilidade Básica 19
20 Contabilidade Básica
Primeira Aula
Nessa aula o educador deve explicar aos jovens quais
são os grupos de pessoas interessadas nas infor-
mações geradas pela contabilidade.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Conceitos gerais

Segundo diversos autores, a Contabilidade é o estudo e o


controle do patrimônio das organizações (empresas).
Nela registram-se todos os fatos relacionados com a
formação, movimentação e variações do patrimônio,
fornecendo informações para os administradores,
proprietários e terceiros sobre como a organização está
desenvolvendo as suas atividades econômicas para
alcançar os seus fins (obter lucro).

Veja mais no link: www.sebrae.com.br/br/npublish/glossario_creditoc.asp

Inicialmente é necessário, por definição, determinar a


quem a contabilidade interessa dentro de uma empresa.
Por esse prisma, ficará fácil demonstrar a sua relevância
no processo de tomada de decisão.

Educador, caberá a você, de acordo com sua


experiência profissional, aprofundar-se mais em
determinados exemplos.
Esses exemplos devem fazer com que os jovens
viajem, em pensamento, pela sua fala.

Como sugestão dê exemplos de que forma a carga de tributos é gerada por um negócio recém-iniciado; como esse
tributo será cobrado pelo governo e como ele retornará em prol da sociedade.
É uma idéia para que você possa gerar um amplo debate e verificar o quanto eles entenderam sobre o assunto.

Usuários da contabilidade

Pode-se observar que existem diversos grupos de


pessoas interessadas no sucesso da empresa. Come-
çando pelos sócios ou acionistas (aqueles que colocaram

Contabilidade Básica 21
dinheiro e iniciaram o negócio), passando pelo Governo
(municipal, estadual ou federal), todos cobrarão tributos
das formas mais amplas possíveis sobre o resultado
(lucro) que a empresa produzir.
Não se pode esquecer que eventualmente a empresa
precisará de dinheiro para o seu giro (fluxo financeiro) e
recorrerá a bancos, por exemplo. Estes por sua vez
querem ter a certeza de que não correrão riscos de não
receber aquilo que emprestaram. Portanto, também têm
interesse no sucesso da empresa. Finalmente, os
fornecedores ou como se denomina no meio contábil o
chamado capital de terceiros, isto é, pessoas que
fornecerão material, (matéria-prima, por exemplo, para
que a empresa o transforme em produto final e venda-o
para produzir riqueza). Porém não se pode esquecer que
o material ora entregue para quem vendeu (neste caso o
fornecedor) é dinheiro a receber, portanto, o vendedor
também tem interesse que a empresa obtenha sucesso
em suas operações.
Observar a tabela a seguir.

Grupo de pessoas Interesses

Sócios/Acionistas Definir a eles qual a lucratividade e o grau de retorno em seus


investimentos no negócio

Gestores Avaliar em tempo real o fluxo das informações do negócio, para a


correta tomada de decisão financeira ou econômica da empresa

Governo Tributar e cobrar os impostos, taxas e contribuições correlatas ao


negócio da empresa

Financiadores Determinar o retorno sobre o dinheiro emprestado no tempo e a


margem de segurança do investimento feito

Fornecedores Determinar quais margens de segurança são relacionadas ao


fornecimento a empresa, bem como calcular o risco de não receber
Tabela 1 – Quadro comparativo.

Áreas de atuação da contabilidade

Uma vez definido o grupo de interesses nos dados


contábeis, é necessário dividir a contabilidade por área
de atuação. Existe uma série de áreas afins que são
alimentadas por dados fornecidos pela contabilidade.
Dessa forma, tem-se de determinar as suas áreas de
atuação.

22 Contabilidade Básica
Diferença entre as áreas – Contabilidades
Financeira, Gerencial e Fiscal

De um modo geral as informações destinadas ao público


em geral (bancos, credores, governo e outros) são
apuradas de conformidade com os Princípios Funda-
mentais de Contabilidade, que refletem, em grau consi-
derável, as exigências desses interessados e constituem
o que se convencionou denominar Contabilidade
Financeira.
Já no que tange às pessoas responsáveis pela gestão
empresarial, elas também precisam de informações
econômico-financeiras para tomar decisões periodi-
camente e de forma eficaz. Essa abordagem no
tratamento das informações para uso interno constitui o
que se denomina Contabilidade Gerencial.
Por último, e talvez o mais relevante – pois trata de
atender ao principal usuário externo – o fisco (governos
em geral), representado principalmente pelo Imposto de
Renda. Como o peso e a influência do Fisco são muito
grandes e suas necessidades e imposições devem ser
seguidas, as empresas se viram forçadas a direcionar
sua contabilidade para atender quase que exclusi-
vamente esse usuário. Assim surgiu a necessidade da
Contabilidade Fiscal cuja preocupação maior é a
apuração de um resultado dentro dos escopos da
legislação do Imposto de Renda.
A partir desse momento, e por uma abordagem mais
abrangente, deve ser ilustrado aos jovens como a conta-
bilidade é responsável por fornecer dados (informações
em tempo real) para as áreas fiscal, financeira e
gerencial, conforme tabela a seguir:

Contabilidade Características Usuários

Financeira ou Societária Contabilidade gerada pelos Em geral


lançamentos normais

Gerencial Contabilidade Financeira Internos


ajustada por critérios internos

Fiscal Contabilidade Financeira O governo (fisco)


ajustada por exigências fiscais
Tabela 2 – Quadro comparativo.

Educador, utilize dentro de suas possibilidades físicas


em aula a Internet como instrumento de aprimora-
mento na vivência dos jovens em uma era de plug.
Eles adoram pesquisar na Internet, assim, tenha
certeza, a aula ficará mais descontraída. A seguir links
que poderão auxiliar nessa tarefa.

Contabilidade Básica 23
http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=contabilbasica
Especializações da contabilidade: http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=especializa

Segunda Aula
Agora que já foram determinadas as pessoas ou seus
grupos de interesses com relação à contabilidade
propriamente dita, deve-se abordar nessa aula a
estrutura que ela determina para suas áreas afins.

Passo 1 / Aula teórica

30 min

Técnicas contábeis

Tomando-se como base as operações de compra e


venda de uma empresa qualquer, observa-se como as
informações vão interagir com todas as áreas da
empresa, sua representatividade e materialidade
(relevância).
Inicialmente será conceituada a forma de apresentação
da contabilidade. Sua estrutura está pautada em normas
a serem seguidas e avaliadas. No Brasil, a NBC (Normas
Brasileiras de Contabilidade) segue um escopo repre-
sentativo, de forma a atender os seus diversos usuários,
informando-lhes as movimentações que ocorrem com o
dinheiro da empresa. Deve-se lembrar que quando uma
empresa inicia com o dinheiro de pessoas físicas, estas
dispõem perante o fisco de um CPF (Cadastro de
Pessoas Físicas), mas ao abrirem uma empresa, perante
o mesmo fisco, serão representadas por uma pessoa
jurídica por meio de um CNPJ (Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas).
Dada a relevância, é importante observar que tais regras
seguem um padrão universal, o qual, portanto, as
empresas e seus especialistas na área contábil devem
seguir. A estrutura a seguir é aquela convencional, ou
seja, a que demonstra as alterações do dinheiro da
empresa no tempo, informando ainda a quem esse
dinheiro é representativo, seja por receber ou por pagar.

24 Contabilidade Básica
Estrutura patrimonial

Ativo Passivo Exigível


(Bens e Direitos) (Deveres e obrigações)
Capital de terceiros

Patrimônio Líquido
(Capital próprio)
Tabela 3

A estrutura patrimonial é formada por uma equação


lógica, onde os lados, neste caso a soma de todos ativos,
deve ser igual à soma de todos os passivos e do
patrimônio líquido.

Vide anexo 1.

Ver maiores detalhes por meio do link:


http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=padron2

Passo 2 / Atividade sugerida

20 min

Educador, para ilustrar os conceitos até aqui abordados, proponha um exemplo prático, passo a passo, aos
jovens participantes do programa. A proposta é a de ilustrar como ocorrem as mutações patrimoniais na
medida em que o dinheiro é transferido de uma conta para outra. Faça os lançamentos em um quadro e
ilustre a importância de cada lançamento.

Uma determinada empresa iniciou-se com a soma de


recursos de dois amigos, André e Renato.
Os dois juntos somaram R$ 10.000,00 e resolveram abrir
um negócio; a esse negócio deram o nome de empresa
“P.Formare”.
Assim, ao constituírem o capital dessa empresa por meio
de um contrato social (onde assinaram um termo de
compromisso entre si, a chamada sociedade), fizeram a
primeira movimentação contábil da nova empresa.
Sem perceber isso, eles, para iniciar a empresa,
compraram alguns móveis para o escritório. Foram a uma
loja e adquiriram mesas e cadeiras no valor total de R$
4.000,00.

Contabilidade Básica 25
Aqui já se têm alguns dados para esclarecer que foi
movimentada toda a estrutura contábil. Neste caso essa
movimentação seria demonstrada da seguinte forma:

Ativo Passivo

Caixa R$ 10.000,00 Fornecedor R$ 4.000,00

Móveis R$ 4.000,00 Patrimônio Líquido

Capital Social R$ 10.000,00

Total do Ativo R$ 14.000,00 Total do Passivo+PL R$ 14.000,00


Tabela 4

Proponha aos jovens observarem que aparentemente a


empresa aumentou o valor de entrada e de saída. Neste
caso, por um único entendimento; faltou apurar em si a
essência de cada conta, ou seja, se sua origem é de
receita, despesa ou custo, e principalmente a de resul-
tados, que é aquela que determina se a empresa obteve
lucro ou prejuízo.
Para tanto, toda empresa ao iniciar suas atividades deve,
por intermédio do profissional contábil, determinar a sua
essência de atividade (ramo de atividade da empresa, se
comércio, serviço, indústria, entre outros) e, dessa forma,
criar (sob um padrão) um plano contábil, pois será por
meio deste que poderá ser descrita a movimentação do
dinheiro na empresa em determinado momento.
Ainda em tempo, deve-se lembrar de que no Brasil o ano
fiscal segue o ano de calendário, ou seja, ele se inicia em
1º de janeiro e termina em 31 de dezembro de cada ano.
Para que essa equação seja absolutamente correta, é
necessário conceituar agora o que se denomina método
das partidas dobradas, que permite um conceito de
rastreabilidade dos documentos e lançamentos auferidos
na contabilidade em si.

Terceira Aula
Nessa aula serão abordadas as técnicas contábeis.

26 Contabilidade Básica
Passo 1 / Aula prática

10 min

Técnicas contábeis

Por diversas vezes fala-se nos termos “Débito” e


“Crédito”, o que não se percebe é que o sentido que se
dá a essas palavras, no aspecto financeiro, é de que
crédito é um dinheiro por receber e débito por pagar.
Bem, na contabilidade, que é mais antiga que o aspecto
financeiro citado anteriormente, a lógica dessas palavras
é exatamente o contrário, ou seja, tais palavras têm
origem no latim, e de lá vem também o principio da
contabilidade. Assim, Débito vem do latim Debes, que
significa devido a mim (pertence a mim), assim sendo, o
termo significa uma entrada de dinheiro, um dinheiro que
se tem em haver. Já a palavra Crédito, vem do latim,
Credo, que significa confiança, crença, ou seja, alguém
acredita que o outro poderá fazer. Neste caso um
fornecedor, por exemplo, acredita que alguém irá pagá-lo,
portanto, resumindo, significa uma saída de dinheiro, uma
obrigação.
Dessa forma, pode-se entender que as contas têm suas
naturezas bem definidas e, portanto, interpretações
adequadas ao plano de contas de uma empresa.

Grupo de contas Natureza Débito Crédito

Ativo Devedora Aumenta Diminui

Passivo e PL Credora Diminui Aumenta

Despesas e Custo Devedora Aumenta Diminui

Receita Credora Diminui Aumenta


Tabela 5

Portanto, deve-se observar que as contas internamente


sofrem mutações ou variações de acordo com a movi-
mentação do dinheiro no tempo, o que se denomina fato
gerador da conta.
Por exemplo, tomando-se por base a movimentação de
André e Renato, cujo dinheiro que constituiu o capital
social foi parar no caixa da empresa, essa movimentação
pelo método das partidas dobradas ficaria assim:
Inicialmente, abre-se uma conta (oriunda do plano de
contas da empresa) que será denominada Capital
Social. A conta, por sua vez, tem natureza Credora (vide
quadro acima), pois está no Patrimônio Líquido, e será
transferida para uma nova conta denominada Caixa, que
tem natureza Devedora, ou seja, está inserida no Ativo.

Contabilidade Básica 27
De uma forma mais simples, essa movimentação se dará
por meio de pequenos “Ts” que se denominam
“Razonetes”. Esse esquema permite ao contador desen-
volver aquele conceito já determinado anteriormente de
rastreabilidade, onde se pode checar em tempo real qual
foi a movimentação, de onde o dinheiro veio e para onde
ele foi, bem como apurar em tempo real a situação da
conta no balanço patrimonial da empresa.

Ver mais sobre plano de contas por meio do link:


http://www.cosif.com.br/busca.asp?modo=todaspalavras&doc=plano+de+contas+&submit.x=10&submit.y=14

Exemplo de apuração por razonete:

Caixa Capital Social Móveis Fornecedor


R$ R$ R$ R$
10.000,00 10.000,00 4.000,00 4.000,00
Débito Crédito Débito Crédito

Exemplo de registros contábeis

A empresa “Exemplo” iniciou suas atividades e durante o


ano X1 aconteceram os fatos abaixo:
1 Integralização do capital em dinheiro no valor de R$
150.000,00.
2 Depósito de 80% do saldo de caixa em conta
bancária.
3 Transferência de 50% do saldo de banco para
aplicação financeira.
4 Compra de mercadorias por R$ 30.000,00, sendo 1/3
a vista e o restante a prazo.
5 Obtenção de um empréstimo bancário no valor de R$
30.000.
6 Aumento de capital com um veículo no valor de R$
50.000,00.
7 Venda a prazo de mercadorias por R$ 40.000,00 que
custaram R$15.000,00.
8 Despesas com salário no valor de R$ 5.000,00, que
serão pagas no mês seguinte.

28 Contabilidade Básica
Escrituração contábil

Na contabilidade das empresas todos os registros de


débito e crédito, ou seja, todos os lançamentos contábeis
ficam registrados em dois livros:
z Livro diário – Onde os lançamentos ficam
registrados por ordem cronológica.
z Livro ou Ficha razão – Onde os lançamentos ficam
registrados por conta.
Portanto, para saber o que aconteceu na contabilidade da
empresa, basta verificar esses dois livros. Eles são,
também, de grande utilidade para o trabalho dos
auditores externos e dos fiscais.

Vide anexo 2.
Educador, neste anexo há modelos que podem ser reproduzidos aos jovens.

Balancete de verificação

Todas as empresas têm dezenas de transações mensal-


mente registradas na contabilidade pelo método das
partidas dobradas, dessa forma o valor total dos débitos
será sempre igual ao valor total dos créditos em cada
lançamento. Conseqüentemente, a qualquer momento, a
soma dos saldos devedores da contabilidade deve ser
exatamente igual à soma dos saldos credores. Ao fazer
uma verificação desse fato, a empresa prepara um
balancete, por isso chamado de balancete de verificação.
Outra razão para a preparação de balancetes é que
ficaria muito difícil para os usuários da contabilidade de
uma empresa analisar a situação em que ela se encontra
sem que fosse preparada, periodicamente, uma relação
contendo todas as contas utilizadas para registrar as
transações e os respectivos saldos em uma determinada
data.
Preparar um balancete consiste, portanto, em relacionar
todas as contas da contabilidade de uma empresa que
tenham saldos diferentes de zero, colocando em colunas
apropriadas o valor do saldo de cada uma.
O formato dos balancetes varia de uma empresa para
outra de acordo com as necessidades de informações de
cada uma. O saldo que aparece em cada conta deverá
ser o mesmo constante da ficha de razão corres-
pondente.
Os balancetes de verificação podem ser extraídos a
qualquer intervalo de tempo. Entretanto, o procedimento

Contabilidade Básica 29
mais usual é preparar balancetes mensais, para conhe-
cimento e informação dos usuários acerca da posição
econômico-financeira da empresa. Algumas empresas
preferem preparar trimestralmente, e outras, apenas
semestralmente. Em resumo: levantar um balancete é
uma decisão que depende apenas da administração de
uma empresa.

Modelo de Balancete de Verificação – Empresa


“Exemplo”

Contas Devedores Credores

Caixa 20.000
Banco c/ movimento 90.000
Aplicação financeira 60.000
Clientes 40.000
Estoque 15.000
Veículo 50.000
Fornecedores 20.000
Empréstimos 30.000
Salários a pagar 5.000
Capital social 200.000
Receitas de vendas 40.000
Custo da mercadoria vendida 15.000
Despesas c/ salários 5.000
TOTAL 295.000 295.000
Tabela 6

Diferença entre balanço e balancete

O balancete, além de apresentar as contas patrimoniais


(ativo, passivo e patrimônio líquido), apresenta também
as contas de receitas, custos e despesas. No balanço
patrimonial as contas de resultado (receitas, custos e
despesas) não estão explícitas, pois foram confrontadas
na apuração do resultado do exercício – ARE e estão
incluídas no balanço pelo saldo, na conta Lucros ou
Prejuízos acumulados.

30 Contabilidade Básica
Balanço Patrimonial

Ativo Passivo

Caixa 20.000 Exigibilidade 55.000


Banco c/movimento 90.000 Fornecedores 20.000
Aplicação Financeira 60.000 Empréstimo 30.000
Clientes 40.000 Salários a Pagar 5.000
Estoque 15.000 Patrimônio Líquido 220.000
Veículo 50.000 Capital Social 200.000
Lucros Acumulados 20.000

Total R$ 275.000,00 Total R$ 275.000,00


Tabela 7 – Empresa “Exemplo” – Set 2006

Nota-se que enquanto o somatório do balancete é de R$


295.000, 00, o do balanço é de R$ 275.000,00. A
diferença se dá em função das contas de resultado, pois
no balancete essas contas estão discriminadas uma a
uma, enquanto no balanço estão lançadas pelo resultado
(lucro ou prejuízo).
Portanto, entre a elaboração do balancete e a do balanço
existe um passo intermediário: é necessário que seja feita
a Apuração do Resultado do Exercício – ARE para se
chegar ao valor do lucro ou prejuízo.

Quarta Aula
O objetivo dessa aula é apresentar aos jovens parti-
cipantes como se dá o fluxo de informações por meio
da contabilidade.

Passo 1 / Aula teórica

10 min

Educador, desenvolva um quadro com cada passagem do enunciado. Será interessante que cada jovem
tenha o enunciado em mãos, portanto providencie cópia para eles. Em seguida, faça cada razonete
explicando cada mudança ocorrida com o dinheiro na estrutura patrimonial.

Fluxograma

É um tipo de diagrama (representação visual estruturada


e simplificada de um determinado conceito, idéia, entre
outros), e pode ser entendido como uma representação

Contabilidade Básica 31
esquemática de um processo, muitas vezes feita por
meio de gráficos que ilustram de forma descomplicada a
transição de informações entre os elementos que os
compõem. Pode-se entendê-lo, na prática, como a docu-
mentação de passos necessários para a execução de um
processo qualquer.

O Fluxograma Contábil

Os registros contábeis – débito e crédito – são realizados


em programas que normalmente funcionam com o
ambiente Windows, ou seja, abre-se uma janela onde as
transações são efetuadas, conforme a seguir:

Data ___/___/___
Conta Debitada: ________________ Valor:
Conta Creditada: ________________ Valor:
Histórico:
Com os registros das transações todos os livros e
relatórios contábeis são gerados. A figura a seguir
apresenta de forma sistematizada o Fluxograma Contábil.

Fig. 1

32 Contabilidade Básica
Operações de compra e venda de
mercadorias

Compra de mercadorias

É uma operação bem simples de ser contabilizada.


Quando se compram mercadorias, normalmente, estas
ficam estocadas até que sejam vendidas, por isso a
compra de mercadorias é um bem da empresa, portanto
é um ativo. Por ficarem estocadas, a conta é chamada
de Estoque de Mercadorias, ou simplesmente Estoque.

Exemplo
1 Compra a vista de mercadorias no valor de R$
10.000,00
D - Estoque
C - Caixa R$ 10.000,00

2 Compra a prazo de mercadorias no valor de R$


5.000,00
D - Estoque
C - Fornecedores R$ 5.000,00

3 Compra de mercadorias no valor de R$ 8.000, sendo


40% a vista e o restante a prazo.
D - Estoque R$ 8.000,00
C - Caixa R$ 3.200,00
C - Fornecedores R$ 4.800,00

Venda de mercadorias

A venda de mercadorias gera uma Receita de Vendas e é


contabilizada na conta de resultados. Caso seja uma
venda a prazo, sua contrapartida será de Contas a
Receber ou Clientes que é o mais usual; como gera um
direito a receber, essa conta é do ativo.

Exemplos
1 Venda a vista de mercadorias no valor de R$
12.000,00
D - Caixa
C - Receita de Vendas R$ 12.000,00

2 Venda a prazo de mercadorias no valor de R$


7.000,00

Contabilidade Básica 33
D - Clientes
C - Receita de Vendas R$ 7.000,00

3 Venda de mercadorias no valor de R$ 10.000, sendo


40% a vista e o restante a prazo.
D – Caixa R$ 4.000,00
D – Clientes R$ 6.000,00
C - Receita de Vendas R$10.000,00

Quando as mercadorias são vendidas, é necessário dar


baixa no estoque, pois já não existe mais a quantidade
que foi vendida. Nesse momento é contabilizado,
também, o custo da mercadoria vendida.
Portanto, no ato da compra de mercadorias elas devem
ser lançadas em Estoque e somente no ato da venda é
que são contabilizadas como custo.
A venda de mercadorias gera, então, dois lançamentos:
z Um da receita e outro do custo:
{ Venda de mercadorias a vista no valor de
R$10.000,00, que custaram R$ 6.000,00.

(A)
D – Caixa
C – Receita de Vendas R$ 10.000,00

(B)
D - Custo da Mercadoria Vendida (CMV)
C – Estoque R$ 6.000,00

Apuração do Resultado do Exercício – ARE

Toda empresa é obrigada legalmente a fazer apuração


de resultados pelo menos uma vez por ano. O lucro ou
prejuízo de um exercício está na dependência do
confronto das contas de receitas e despesas, e esse
resultado líquido é apurado na conta denominada ARE –
Apuração de Resultado do Exercício.
Contas de receitas e despesas são periódicas, por isso
são chamadas de contas transitórias, isto é, somente
deverão conter registros para um ano, ou período menor,
conforme a duração do período contábil, o que significa
que todas as contas de receita e despesa devem possuir
saldo zero no início dos períodos. Por esta razão é feito o
encerramento das contas de resultado.

34 Contabilidade Básica
Procedimentos para Apuração de Resultado do
Exercício

z Apurar o saldo das contas de resultado.


z Abrir a conta ARE – Apuração de Resultados do
Exercício.
z Debitar o saldo das contas de receitas, em
contrapartida creditar a conta ARE.
z Creditar o saldo das contas de despesas, em
contrapartida debitar a conta ARE.
z Apurar o saldo da conta ARE. Caso seja credor, o
resultado será lucro do exercício, se devedor, será
prejuízo do exercício.
z Transferir o saldo da conta ARE para a conta
Lucros/Prejuízos acumulados; essa conta é do
Patrimônio Líquido.

Passo 2 / Atividade sugerida

20 min

Durante o mês de janeiro a Cia. “Y” realizou as seguintes


operações:
1 Constituição da empresa com capital inicial inte-
gralizado em dinheiro no valor de R$10.000,00.
2 Compra a prazo de mercadorias no valor de R$
5.000,00
3 Contratação de um empréstimo no valor de R$
3.000,00. O dinheiro entrou no caixa da empresa.
4 Venda de 50% do seu estoque de mercadorias pelo
valor de R$ 6.000,00 sendo que 40% foram vendidos
a prazo e o restante a vista.
5 Pagamento de R$ 500,00 de juros referentes ao
empréstimo contraído no item 3.
6 Houve uma despesa de salários no valor de R$
2.000,00 que serão pagos em fevereiro.

Caixa Capital Integralizado


(1) 10.000
(3) 3.000 (5) 500 10.000,00 (1)
(4) 3.600
# 16.000,00 # 10.000,00

Contabilidade Básica 35
Estoques Fornecedores

5.000,00 (2) 2.500,00 (4) 5.000,00 (2)

# 2.500,00 # 5.000,00

Empréstimos a pagar Receitas de Vendas

3.000,00 (3) (7) 6.000,00 (4) 6.000,00

3.000,00 # 0

Clientes CVM

(1) 2.400,00 (4) 2.500,00 2.500,00 (8)

# 2.400,00 0

Despesas Financeiras CVM

(5) 500,00 (9) 500,00 (6) 2.000,00 2.000,00 (10)

0 0

Salário a pagar ARE


(8) 2.500,00
2.000,00 (6) (9) 500,00 (7) 6.000,00
(10) 2.500,00
2.000,00 # (11) 1.000,00 1.000,00 #

Lucros Acumulados

(11) 1.000,00

# 1.000,00

36 Contabilidade Básica
Passo 3 / Aula teórica

20 min

Princípios fundamentais da contabilidade

Representam um conjunto de conceitos, princípios e pro-


cedimentos desenvolvidos pela teoria contábil e utilizados
como elementos disciplinadores na escrituração de
eventos e transações e na elaboração de demonstrações
financeiras.
Tendo em vista a natural evolução da Ciência Contábil
nos últimos anos, o Conselho Federal de Contabilidade
aprovou em 29.12.93 a Resolução nº. 750/93, que deu
novo enfoque e redação aos Princípios Fundamentais de
Contabilidade.
É importante observar o que diz os parágrafos 1º e 2º do
artigo 1º.

Artigo 1º
1º A observância dos Princípios Fundamentais de
Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e
constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras
de Contabilidade (NBC).
2º Na aplicação dos PFC às situações concretas, as
essências das transações devem prevalecer sobre seus
aspectos formais.

São Princípios Fundamentais de Contabilidade:


1 da ENTIDADE
2 da CONTINUIDADE
3 da OPORTUNIDADE
4 do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL
5 da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA
6 da COMPETÊNCIA
7 da PRUDÊNCIA

Maiores detalhes por meio do link: http://www.cosif.com.br

Contabilidade Básica 37
Métodos de valoração do estoque

Em virtude de poder existir em estoque o mesmo material


com valor unitário de aquisição diferente no momento da
requisição do material ao almoxarifado para aplicação na
produção, foram criados diversos métodos para valorar o
material e poder apropriar o seu custo à produção.
No Brasil, a Lei das Sociedades por Ações determina que
o estoque avaliado pelo valor de aquisição ou de pro-
dução deve ser comparado com o valor de mercado e
valorado pelo que tiver menor valor. Dentre os métodos
existentes destacam-se os seguintes.

PEPS – O Primeiro a Entrar é o Primeiro a Sair

Esse método, de origem estrangeira, é amplamente


conhecido como FIFO, que é a abreviatura de First In -
First Out.
Significa que o primeiro valor a entrar é o primeiro valor a
sair. Por exemplo, supondo que uma empresa tenha tido
a seguinte movimentação em seu estoque:

Dia 10: Comprou cinco unidades por R$ 1.000,00 cada =


R$ 5.000,00
Dia 15: Comprou duas unidades por R$ 2.000,00 cada =
R$ 4.000,00
Dia 20: Comprou três unidades por R$ 3.000,00 cada =
R$ 9.000,00
Total: 10 unidades = R$ 18.000,00

Dia 30 foram vendidas oito unidades por R$ 30.000,00.


Dessa forma o custo da mercadoria vendida foi:
{ cinco unidades x R$ 1.000,00 = R$ 5.000,00
{ duas unidades x R$ 2.000,00 = R$ 4.000,00
{ uma unidade x R$ 3.000,00 = R$ 3.000,00
Total: R$ 12.000,00

Resultado:
Receita R$ 30.000,00
Custo (R$ 12.000,00)
Lucro R$ 18.000,00

No estoque permaneceram duas unidades a R$ 3.000,00


cada, perfazendo um total de R$ 6.000,00.

38 Contabilidade Básica
UEPS - O Último a Entrar é o Primeiro a Sair

Da mesma origem do anterior, é amplamente conhecido


como LIFO, que é a abreviatura de Last In - First Out.
Significa que o último valor a entrar é o primeiro valor a
sair; utilizando o exemplo acima tem-se:
z três unidades x R$ 3.000,00 = R$ 9.000,00
z duas unidades x R$ 2.000,00 = R$ 4.000,00
z três unidades x R$ 1.000,00 = R$ 3.000,00
Total: R$ 16.000,00

Resultado:
Receita R$ 30.000,00
Custo (R$ 16.000,00)
Lucro R$ 14.000,00

No estoque permaneceram duas unidades a R$ 1.000,00


cada perfazendo um total de R$ 2.000,00.

Custo médio ponderado

Consiste em valorar o custo e o estoque pelo custo


médio. Esse método é o mais utilizado, tanto pelo co-
mércio como pela indústria, pois possibilita alocar a cada
produto o custo médio da matéria-prima empregada.
Atualmente, com os sistemas informatizados, esse me-
todo torna-se muito simples. No comércio, por exemplo,
no ato da venda, à medida que o caixa registra o produto
pelo seu código de barras, automaticamente acontece a
baixa do estoque e a apropriação do custo pelo valor
médio ponderado naquele momento.

Custo Médio: R$ 18.000,00 dividido por dez unidades. =


R$ 1.800,00 por unidade.
Então, neste exemplo, o custo da mercadoria vendida
será de: R$ 1.800,00 x oito unidades. = R$ 14.400,00
Resultado:
Receita R$ 30.000,00
Custo (R$ 14.400,00)
Lucro R$ 15.600,00

No estoque permaneceram duas unidades a R$ 1.800,00


cada perfazendo um total de R$ 3.600,00.

Contabilidade Básica 39
Comparação dos resultados

PEPS UEPS MÉDIO

Receita R$ 30.000,00 R$ 30.000,00 R$ 30.000,00


Custo (R$ 12.000,00) (R$ 16.000,00) (R$ 14.400,00)
Lucro R$ 18.000,00 R$ 14.000,00 R$ 15.600,00

Importante
Numa economia inflacionária o UEPS tem uma tendência
a apresentar maior custo e conseqüentemente menor
lucro, resultando em menor imposto a pagar. Em função
disso, a legislação brasileira do Imposto de Renda proíbe
a adoção desse método. No entanto, ele pode ser
utilizado para fins societários, e a diferença de custo
ajustada no LALUR.
Como o PEPS tem uma tendência de apresentar menor
custo e conseqüentemente maior lucro, resultando em
maior imposto a pagar, a grande maioria das empresas
adota o MÉDIO, até mesmo por ser o método mais
simples de ser controlado.

Controle periódico dos estoques

Nesse método a apropriação do custo é feita apenas no


final de cada exercício, é obtida pela contagem física de
cada tipo de mercadoria. Essa operação é denominada
Inventário de Estoque.
Esse método normalmente é utilizado pelo comércio e
indústrias de pequeno porte que normalmente produzem
apenas um tipo de produto. Seu custo se dá pela
equação:

Custo = Estoque Inicial + Compras - Estoque Final.


Abreviando temos: EI + C - EF
Supondo que uma empresa tenha tido a seguinte
movimentação em seu estoque:
Estoque inicial: duas unidades a R$ 90,00 cada
Dia 10: Comprou duas unidades por R$ $ 100,00 cada
Dia 15: Comprou três unidades por R$ 110,00 cada
Dia 20: Comprou quatro unidades por R$ 120,00 cada
Dia 30: Verificou-se que havia apenas cinco unidades no
estoque

Aplicando a equação EI + C – EF, tem-se:


Estoque inicial: duas unidades

40 Contabilidade Básica
Compras (2 + 3 + 4 )= + nove unidades
Estoque final: - cinco unidades
Quantidade vendida: seis unidades

Depois de conhecida as quantidades vendidas tem-se de


calcular o custo médio ponderado:

Quantidade valor unitário total


02 R$ 90,00 R$ 180,00
02 R$ 100,00 R$ 200,00
03 R$ 110,00 R$ 330,00
04 R$ 120,00 R$ 480,00
11 R$ 1.190,00

Custo médio unitário: R$ 1.190,00 dividido por 11


unidades = R$ 108,18
Então, multiplicando-se as seis unidades vendidas por
R$ 108,18 tem-se o custo total de R$ 649,08.

O estoque na contabilidade gerencial

Para fins gerenciais utiliza-se normalmente do Método do


Valor de Reposição, que consiste basicamente em
valorar o estoque e conseqüentemente o custo ao valor
de mercado. Vale ressaltar que esse método não é aceito
pela legislação, portanto, deve ser utilizado única e
exclusivamente para fins gerenciais.

Quinta Aula
O objetivo dessa aula é apresentar como serão
lançados os impostos mais comuns nas operações
comerciais. Dê ênfase na questão de se apurar a
carga tributária, se a pagar ou a ficar com crédito para
o mês seguinte.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Impostos sobre a receita

Existem alguns tributos que incidem sobre a receita não


importando se a empresa teve lucro ou prejuízo, pois seu

Contabilidade Básica 41
fato gerador é a receita e não o lucro; os mais comuns
são: ICMS, ISS, PIS, COFINS e o IPI.

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias


e Serviços

O ICMS incide sobre as operações de venda de


mercadorias e prestação de serviço de transporte e
comunicação.
As empresas industriais e comerciais devem excluir do
valor a ser lançado no estoque a quantia que se referir ao
ICMS. Esse imposto não é acumulativo, ou seja, deve ser
compensado a cada operação de compra e venda, por
isso não constitui custo para a empresa.

Alíquotas

As alíquotas (porcentuais) do ICMS variam de região


para região, conforme segue:
z 18% – Operações dentro do Estado
z 12% – Para destinatários contribuintes do ICMS,
localizados nos Estados da Região Sul e Sudeste,
exceto o Estado do Espírito Santo.
z 7% – Para destinatários contribuintes do ICMS,
localizados nos Estados da Região Norte, Nordeste,
Centro-Oeste e o Estado do Espírito Santo.

Essas alíquotas são padrões. No entanto, podem ter dife-


renciações em função da essencialidade dos produtos,
por exemplo, gêneros alimentícios têm a alíquota re-
duzida, podendo chegar até a zero, enquanto cigarros e
bebidas alcoólicas podem chegar a 30%.
Quando se compra uma mercadoria dentro de Minas
Gerais por R$ 100.000,00, na realidade pagou-se R$
82.000,00 pela mercadoria e R$ 18.000,00 de ICMS.
Esse valor de R$ 18.000,00 será compensado com o
ICMS sobre as vendas do período.

Exemplo
Compra de mercadorias a prazo por R$ 100.000,00 com
ICMS de 18%.

Débito Crédito
1- D - Estoque R$ 82.000,00
D - Impostos a Recuperar R$ 18.000,00
C - Fornecedores R$ 100.000,00

42 Contabilidade Básica
Venda de todo estoque de mercadorias por
R$ 150.000,00 a vista com ICMS de 18%.

Débito Crédito
2- D - Caixa R$ 150.000,00
C - Receita de Vendas R$ 150.000,00
3- D- Impostos sobre Vendas – ICMS R$ 27.000,00
C - Impostos a Pagar R$ 27.000,00
4- D - Custo da Mercadoria
Vendida (CMV) R$ 82.000,00
C - Estoque R$ 82.000,00

Na data de pagamento do ICMS haverá o desembolso de


apenas R$ 9.000,00, pois há um Imposto a Pagar de
R$ 27.000,00 contra o Imposto a Recuperar de
R$ 18.000,00.

Débito Crédito
5- D - Impostos a Pagar R$ 27.000,00
C - Impostos a Recuperar R$ 18.000,00
C - Caixa R$ 9.000,00
Lançamentos em Razonetes (contas T)

Estoques Fornecedores

(1) 82.000,00 (4) 82.000,00 (1)100.000,00

0 # 100.000,00

Impostos a Recuperar Receita de Vendas

(1) 18.000,00 (5) 18.000,00 (2)150.000,00

0 # 150.000,00

Imposto sobre Vendas -


Caixa
ICMS

(2) 15.000,00 (5) 9.000,00 (3) 27.000,00

# 141.000,00 # 27.000,00

Contabilidade Básica 43
CVM Impostos a Pagar

(4) 82.000,00 (5) 27.000,00 (3) 27.000,00

# 82.000,00 0

Apresentação do ICMS na DRE

A DRE fica apresentada corretamente da seguinte forma:

Receitas brutas de vendas R$ 150.000,00

ICMS (R$ 27.000,00)

Receita líquida de vendas R$ 123.000,00

C.M.V (R$ 82.000,00)

Lucro R$ 41.000,00

Tabela 8

Esse lucro de R$ 41.000,00 pode ser entendido como:

Valor de Venda 150.000,00

Valor de Compra (100.000,00)

Diferença 50.000,00

ICMS sobre a diferença (9.000,00) (diferença de 50.000 x 18%)

Lucro 41.000,00

Tabela 9

Observação

Essa não é uma forma correta de apresentação da DRE,


aqui foi demonstrado apenas para explicar o lucro de R$
41.000,00.
Nota-se, portanto, que o ICMS é devido apenas sobre o
valor agregado (diferença entre o valor da venda e da
compra), por isso é considerado um imposto não acu-
mulativo. Na maioria dos países o ICMS é chamado de
IVA – Imposto sobre Valor Agregado. Na opinião deste
autor esse nome (IVA) reflete melhor a característica do
imposto.

Vide anexo 3.
Educador, neste anexo há textos orientativos de outros impostos e provisões incidentes em operações comerciais.

44 Contabilidade Básica
Sexta Aula
O objetivo nesta aula é desenvolver de forma prática
com os jovens participantes os lançamentos de uma
situação hipotética.

Passo 1 / Aula prática

50 min

Desenvolva os razonetes e a estrutura patrimonial,


considerando a seguinte hipótese:
Você e um determinado amigo iniciaram um negócio.
Para tanto cada um colocou do próprio bolso R$
10.000,00 (dez mil reais); assinaram o contrato social da
empresa (a ser determinada pelos jovens), em seguida
abriram uma conta corrente em nome da empresa e
adquiriram um automóvel para a empresa em uma
concessionária (mas somente irão pagar no mês que vem
ao concessionário) no valor de R$ 8.000,00 (oito mil
reais), que serão pagos com base no plano de contas.

Gabarito disponível no final do caderno.

Educador, como sugestão e a título de revisão dos


conceitos abordados até aqui, desenvolva a situação
hipotética a seguir e discuta com os jovens quanto às
suas dificuldades no decorrer dela. A proposta deve
ser a mais prática e dinâmica possível, para tanto é
interessante que eles busquem demonstrações na
empresa ou em outros locais, utilizem essa aula para
discussão com o educador, e depois de um tempo
apresentem suas conclusões. Caso os jovens não
consigam ter acesso a outras empresas, providencie
material, mesmo que hipotético, para que eles possam
trabalhar.

Cabe ao educador nesse momento propor a formação de grupos de estudo onde os jovens deverão buscar, junto ao
departamento contábil das empresas, modelos de escrituração contábil e desenvolver por meio de painéis a
exposição aos demais colegas do projeto.

Contabilidade Básica 45
46 Contabilidade Básica
2 Balanço Patrimonial

Uma vez que já foi interpretada a constituição das técnicas contábeis, agora serão
conceituados o “como” e o “para quem” a estrutura patrimonial interessa.

Contabilidade Básica 47
48 Contabilidade Básica
Primeira Aula
Agora que já foram determinadas as pessoas ou seus
grupos de interesses no que tange à contabilidade
propriamente dita, será abordada nessa aula a es-
trutura que ela determina para suas áreas afins.

Educador, no anexo 4 você encontrará textos complementares aos assuntos que serão abordados nessa aula.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Como já dito anteriormente, balanço patrimonial tem o


objetivo de demonstrar de forma padronizada e ordenada
a posição dos bens e direitos (ativo), obrigações
(passivo) e patrimônio líquido de uma entidade, num
determinado momento. “O balanço patrimonial representa
uma “fotografia” da empresa em determinada data,
expressa em valores monetários.” Nelson Gouveia (1993)

Classificação das contas no Balanço


Patrimonial

Conforme o artigo 178 da Lei 6.404/76 (Lei das S.A.), “as


contas serão classificadas segundo os elementos do
patrimônio que registram, e agrupadas de modo a facilitar
o conhecimento e análise da situação financeira da
companhia”.
Com o objetivo de permitir aos analistas de balanço uma
adequada análise e interpretação da situação patrimonial
e financeira de uma empresa, a referida lei, por meio dos
seus artigos 178 e 179, definiu que a ordem das contas
do ativo deve obedecer a um critério decrescente de
liquidez e que as contas do passivo seguirão ordem
decrescente de exigibilidade.
Portanto, no ativo serão apresentadas em primeiro lugar
as contas mais rapidamente conversíveis em dinheiro:
Caixa, Bancos, Duplicatas a Receber, Estoques, etc. E
no passivo serão classificadas primeiramente as contas
com exigibilidade mais imediata: Fornecedores, Emprés-
timos Bancários, Impostos, etc.

Contabilidade Básica 49
Análise financeira de empresas –
Finalidade

O objetivo principal, partindo das informações quali-


tativas, será o de interpretar os relatórios contábeis e, em
relação às condições endógenas (estrutura organiza-
cional, nível tecnológico) e exógenas (fatores políticos,
econômicos, sazonalidades), processar esses dados para
gerar um diagnóstico conciso e com foco nas neces-
sidades da organização. Assim pode-se afirmar que basi-
camente a análise financeira de uma empresa envolve as
seguintes atividades:

Fig. 1 – Procedimentos

Relatórios contábeis obrigatórios X não


obrigatórios

Pode-se afirmar que os relatórios contábeis nada mais


são do que a exposição resumida e ordenada de dados
colhidos pela contabilidade em determinado período.
Assim vale relembrar que entre os relatórios contábeis os
mais importantes são as demonstrações financeiras,
conforme segue:
z Balanço Patrimonial, também conhecido como BP.
z Demonstração do Resultado do Exercício, também
conhecido como DRE.
z Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados,
também conhecido como DLPAc.
z Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos,
também conhecido como DOAR.
Não obstante, ainda existem as notas explicativas
dispostas no rodapé das demonstrações financeiras.
Assim quanto à sua obrigatoriedade, podem-se apre-
sentar os relatórios contábeis em dois grandes grupos:

50 Contabilidade Básica
Obrigatórios Sociedade Anônima BP
(exigidos pela Lei das (deverão ser publicados) DRE
Sociedades Por Ações)
DLPAc
DOAR
Ltda. (Não precisam ser publicados) BP
DRE
Relatórios DLPAc
Contábeis

Não Obrigatórios Demonstração do Fluxo de Caixa


DFC
(Não exigidos por Lei)
Demonstração do Valor Adicionado DVA
Orçamentos
Tabela 1 – Obrigatoriedade dos relatórios contábeis

Legislação fiscal e societária brasileira

Todo o processo analítico está pautado diretamente na


legislação vigente, ou seja, não basta apenas proceder a
análise quantitativa, mas conheceras leis e normas que
regulamentam os balanços e balancetes. Dessa forma,
uma breve reflexão torna-se importante:
z O que dizem as normas sobre escrituração?
z O que devem esclarecer os documentos?
z O que deve fazer a fiscalização dos órgãos
competentes?
z Como verificar se todos os procedimentos foram
observados?

O levantamento dos balanços e balancetes baseia-se


primordialmente na contabilidade.

Métodos contábeis como base para


análise de Demonstrações Financeiras

Aspectos contábeis X financeiros

Neste tópico será feita uma breve reflexão quanto ao


entendimento dos componentes regulares das de-
monstrações contábeis e uma importante observação
referente aos seus reflexos financeiros na organização.
Pelo conceito contábil pode-se afirmar que a definição:
Bens + Direitos + Obrigações = Patrimônio é correta,
pois os bens e direitos representam a parte positiva do
patrimônio que é denominado Ativo. Na contrapartida, as
obrigações são denominadas como a parte negativa do

Contabilidade Básica 51
patrimônio ou simplesmente Passivo. Dessa forma será
encontrada a situação líquida da empresa ou sim-
plesmente o Patrimônio Líquido, mediante a equação:
Patrimônio Líquido = Bens + Direitos – Obrigações.
Assim, pode-se afirmar que as demonstrações contábeis
isoladamente não proporcionam uma avaliação financeira
da empresa, para tanto é necessária uma série de indi-
cadores que serão tratados mais adiante, e permitem a
elaboração de dados quantitativos que, seguindo normas
e padronizações de mercado, possibilitam elaborar uma
avaliação quanto ao seu grau de risco ou liquidez.

Aspectos financeiros X econômicos

Conforme entendimento dos aspectos do item anterior,


pode-se determinar uma série de informações contidas
nas demonstrações contábeis que representam aspectos
financeiros. Estes por sua vez possuem uma conotação
econômica, pois estão diretamente ligados a fatores
externos já citados anteriormente, que podem causar
mutações de forma direta ou indireta à natureza das
atividades da empresa.
Exemplo:
a) Conceito de fontes de lucro
z Definição de lucro:
1 Variação do valor de propriedade
2 Lucro contábil (receita – despesa)
3 Lucro econômico

b) Principais fontes de lucro


z Imperfeição de mercado:
1 Falta de conhecimento para as oportu-
nidades de mercado
2 Nível tecnológico, capacidade, custos de
produção, margem de lucro não conhecida
3 Quantidade e qualidade dos fatores de pro-
dução (atividade deve ser estabelecida onde
haja abundância de mão-de-obra e de
matéria-prima)
4 Proteção gerada por patentes e governa-
mental (por meio de lei)

c) Inovação:
1 Desenvolvimento de novos produtos ou
serviços, novas técnicas

52 Contabilidade Básica
d) Variação de expectativas:
1 Inesperadas mutações comerciais, novos
hábitos, decisões governamentais

Dessa forma será ratificado que o meio, neste caso


representando por aspectos econômicos, altera substan-
cialmente os planos financeiros, e estes automaticamente
revalidam as demonstrações contábeis (tomando-se
como base a previsão de vendas de uma empresa).

1. Interpretações da estrutura legal dos balanços


patrimoniais

1.1. Interpretação e entendimento dos componentes


legais das estruturas contábeis

Neste tópico será possível interpretar e entender os


motivos pelos quais a legislação influencia e determina
normas e rotinas na confecção de relatórios contábeis,
assim como a necessidade ou não de sua publicação.

Estrutura
Conforme exposto no item Balanço Patrimonial, ainda
que não obrigatória a publicação para empresas limi-
tadas, é obrigatória a sua confecção e apuração, cons-
tituindo assim a principal fonte de informações gerada
para o mercado e para as pessoas que nele tenham
interesse.
Dessa forma, cabe ao analista saber interpretá-lo, ou
seja, conhecer a sua essência e finalidade, principal-
mente quanto aos valores lançados, quais os grupos e
subgrupos de contas, suas origens e natureza. Apenas
para revisar, esta é a estrutura legal de um balanço
patrimonial:

Contabilidade Básica 53
ATIVO (bens e direitos) Passivo (obrigações)
Ativo Circulante Passivo Circulante
- Caixa e Bancos - Salários e encargos sociais
- Duplicatas a receber - Impostos e taxas
- Estoques - Fornecedores
Realizável a longo prazo Exigível a longo prazo
- Contas a receber com mais de 360 dias - Contas a pagar em geral com mais
- Direitos realizáveis após o termino do de 360 dias
exercício subseqüente - Financiamentos
- Impostos a recuperar - Debêntures
- Impostos parcelados
Ativo Permanente Patrimônio Líquido
Investimentos - É o total do (ativo) – (passivo) ou
- Aplicações em outras sociedades saldo (lucro ou prejuízo), que serão
distribuídos aos acionistas.
- Outras participações
Capital
Imobilizado
- Capital subscrito
- Máquinas e equipamentos
Reservas de Capital
- Imóveis e terrenos
- Ágio na emissão de ações
- Instalações
- Doações e subvenções
- Veículos
- Correção monetária do capital
- Marcas e patentes
Reservas de lucros
Diferido
- Reserva legal
- Gastos pré-operacionais
- Reservas de lucro a realizar
Total do Ativo Total do Passivo
Tabela 2

Modelo de Balanço Patrimonial

Conceitualmente é possível verificar que um ativo deve


evidenciar quatro características simultaneamente:
z Bens ou direitos
z Propriedade (essa característica tende a cair)
z Mensurável em dinheiro
z Benefícios presentes ou futuros
Pode-se observar que uma marca, apesar de ser um
bem (embora intangível) que é propriedade da empresa
(só a empresa pode trabalhar com sua marca) e que
proporciona benefícios presentes e futuros para a ela,
não será evidenciada no ativo, pois não atende à terceira
característica “mensurável monetariamente” (não se pode
medir, avaliar de forma objetiva em dinheiro). Exemplos:
Quanto valem as marcas como Coca-Cola, Microsoft,
IBM, GE, Ford, Nestlé, Nokia, Gillette, entre outras?

54 Contabilidade Básica
Estes são exemplos de ativos não tangíveis que superam
os ativos tangíveis dessas empresas.
Já de uma forma mais didática, o passivo é tratado como
o lado direito do balanço patrimonial e que representa as
dívidas ou obrigações. Assim, deve-se perguntar: Mas e
o patrimônio líquido, é uma divida? De forma indireta
“sim”. Pois se sabe que uma ou várias pessoas físicas
alocaram seus recursos para início das atividades de
uma pessoa jurídica, e que esta sempre será devedora a
eles, ou seja, será uma obrigação que se somará à do
passivo.
Esse conceito está diretamente ligado à Lei das
Sociedades Anônimas, que prevê que todo o lado direito
de um balanço patrimonial é passivo, porém este
enfoque não é muito bem-vindo nos meios contábeis,
uma vez que o termo “passivo” tem uma conotação de
“conjunto de dívidas, encargos e obrigações com
terceiros”, ainda que quase todas as empresas publiquem
os seus balanços utilizando apenas o termo passivo.

Conceitos relacionados à empresa e os seus


respectivos fatores de produção

“Uma organização representa um importante papel


econômico e social no mundo moderno, tendo a função
de coordenar os chamados fatores de produção para
obtenção de bens e serviços destinados à satisfação das
necessidades humanas”. – José Pereira da Silva (2004)
Os fatores de produção são os recursos disponíveis e
abrangem:
z recursos naturais, como solo, florestas, mares e rios,
por exemplo;
z trabalho, que é a mão-de-obra, podendo ser
especializada ou não;
z capital, que compreende máquinas, equipamentos e
instrumentos utilizados na produção dos bens ou
serviços.

Já, segundo Maslow1, na sua teoria das necessidades


humanas, estas atingem escalas diferentes, pois as
pessoas são motivadas de acordo com suas neces-
sidades, fato que gerou uma escala de prioridades:

...................................................................................................................................
1 Fonte – Abraham Harold Maslow (1908 -1970) – Motivation and Personality

Contabilidade Básica 55
z Necessidades fisiológicas: ar, alimentos, roupas,
moradia e saúde.
z Necessidades de segurança: proteção contra o perigo.
z Necessidades sociais: amizade e participação em
grupos sociais.
z Necessidades de estima: reputação, reconhecimento,
auto-respeito e amor.
z Necessidades de auto-realização: realização do
potencial, utilização do talento individual.

Fig. 2 – Níveis qualitativos da organização - Escala de Maslow – Visão organizacional

Deve-se observar a formação empírica estruturada pelas


necessidades da empresas e das pessoas.

56 Contabilidade Básica
Todos esses conceitos levam a uma única interpretação:
que a informação é essencial e que ela vem da base das
atividades da empresa, ou seja, uma terminologia técnica
gera um sistema e este é abastecido por respostas ou
feedback. Exemplo do ciclo de um sistema:

Fig. 3 – Movimento cíclico

Assim, uma empresa trabalha com alguns objetivos e


estes atendem os seus usuários e principalmente os
analistas. Abaixo, alguns deles:
z Administração da empresa – Tem como principal
objetivo avaliar os resultados de sua gestão por meio
dos conceitos básicos da Administração, ou seja,
quanto a suas funções:
{ Planejamento
{ Organização
{ Controle
{ Coordenação
{ Direção ou tomada de decisão

z Acionistas ou Proprietários – Em geral quanto ao


retorno sobre o investimento realizado e o grau de
risco da empresa. Neste caso serão observados mais
adiante alguns indicadores para esses tópicos, tais
como, Método DuPont, EVA (Economic Value Added),
entre outros.
z Investidores e Analistas – Principalmente na
captação de novos recursos (capital de terceiros) por
meio de órgãos reguladores tais como a Comissão de
Valores Mobiliários (CVM).
z Bancos e as Instituições Financeiras – Principais
fornecedores de empréstimos e financiamento de
bens são os principais usuários da análise financeira,
também regida pela Resolução nº. 2682/99 do Banco
Central do Brasil (BACEN) que classifica o crédito,

Contabilidade Básica 57
mais conhecido como rating, em uma escala
porcentual para o provisionamento de devedores
duvidosos, a saber:

Classes de Risco AA A B C D E F G H

Provisionamento 0,0% 0,5% 1,0% 3,0% 10% 30% 50% 70% 100%
Tabela 3 – Classificação de risco

Já as agências nacionais e internacionais de rating são


empresas contratadas para emissão de um rating
(classificação de risco). As três maiores empresas são a
Standard & Poor, a Moody e a Fitch IBCA, sendo que a
Moody e a Standard & Poor são norte-americanas,
enquanto a Fitch IBCA resultou da fusão da IBCA, do
Reino Unido, com a Fitch Investors Service, de New York.
z Outros que necessitam de uma avaliação quanto ao
risco de crédito são os fornecedores, afinal estes vão
alocar na empresa mercadorias, serviços, matérias-
primas ou componentes.
z Uma outra parte muito interessada na solidez ou não
da empresa é o governo e seus arrecadadores,
principalmente quanto à sua tributação.

Segunda Aula
O objetivo dessa aula é abordar a interpretação
correta da Demonstração de Resultados do Exercício
(DRE) e seus efeitos.

Educador, no anexo 5 você encontrará textos complementares aos assuntos que serão abordados nessa aula.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Interpretação dos componentes das


demonstrações de resultados

Compreensão da Demonstração do Resultado e seus


componentes, e as principais demonstrações contábeis.
Para determinar a importância da demonstração do
resultado ao analista deve-se ponderar o tempo, pois
diferentemente do Balanço Patrimonial, que apresenta a

58 Contabilidade Básica
posição de ativos e passivos em um determinado mo-
mento, a Demonstração do Resultado, por sua vez,
apresenta valores relativos a um período.

Estrutura da Demonstração do Resultado do


Exercício

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

(-) Vendas canceladas

(-) Abatimentos sobre vendas

(-) Impostos sobre vendas

RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

(-) Custo dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos

LUCRO BRUTO

(-) Despesas com vendas

(-) Despesas administrativas

(-) Despesas financeiras (líquidas das receitas)

(-) Outras receitas e despesas operacionais

(+ ou -) Resultado de equivalência patrimonial

LUCRO OPERACIONAL

(+) Receitas não operacionais

(-) Despesas não operacionais

LUCRO ANTES DOS IMPOSTOS, CONTRIBUIÇÕES E


PARTICIPAÇÕES

(-) Provisão para Imposto de Renda

(-) Provisão para Contribuição Social sobre o Lucro

(-) Participações

LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

LUCRO LÍQUIDO POR AÇÃO


Tabela 4 – Padronização das demonstrações do resultado

A função financeira nas organizações


(estruturação das informações)

Fluxos de fundos e coleta de dados

Determinar que o fluxo no caso de fundos pode significar


a compreensão dos elementos envolvidos na adminis-

Contabilidade Básica 59
tração financeira, o que facilitará bastante, por meio de
sua descrição, as eventuais tomadas de decisões.
Tomar como exemplo uma indústria que requer investi-
mentos em bens que constituem os meios de produção
pelos quais irá gerar os produtos a serem comer-
cializados. Dessa forma, recai-se na estrutura já obser-
vada no Balanço Patrimonial, onde os produtos se
transformam em estoque, passam para passivo, enfim
não é necessário ser redundante. O principal é entender
por que para a administração financeira esses dados são
na realidade um “fluxo de fundos” que passam pelo
levantamento e alocação de recursos, o que geralmente
produz internamente um “conflito de interesses” entre as
áreas produtiva e comercial (compras X vendas),
cabendo ao gestor financeiro ser o “advogado do diabo”,
pois tem como dever atender a todos, com base nos
relatórios que traduzem a liquidez e a rentabilidade
desejadas pela empresa ou simplesmente pelas metas
fixadas.

Fixação de metas

Quando um investidor retira o seu dinheiro de uma


poupança, está procurando um investimento que lhe dê
uma rentabilidade maior e em menor tempo. Dessa
forma, e, além de assumir o risco da operação, ele fixou
uma meta pessoal, ou seja, o aumento de seu patrimônio
ou riqueza pessoal.
As empresas não procedem de modo diferente, apenas
traçam essas metas em variáveis que não atendam
apenas ao interesse de um gestor isoladamente e sim a
um conjunto de fatores, devendo avaliar os interesses de
cada departamento, cada setor e principalmente o
interesse dos sócios e dos acionistas. Esta máxima, por
mais simples que possa parecer, é um processo
burocrático amparado em respaldos legais e em uma
série de conjunturas macro e microeconômicas.
Não se poderá simplesmente fixar uma meta de aumento
de vendas na ordem de 20%, por exemplo, se não houver
capacidade ociosa na produção, ou se não houver
recursos disponíveis para novos investimentos, aumento
de mão-de-obra, etc., pois, se assim for, a meta poderá
estar comprometida antes mesmo de sair do papel.
Cabe ao analista traçar de forma assertiva qual é a meta
ponderada mais adequada, avaliando uma série de
fatores, tais como perspectivas a longo prazo, valor do
dinheiro no tempo, retorno do capital próprio, riscos,
dividendos, entre outros.
Nas empresas de pequeno e médio portes, as funções
ligadas à área financeira geralmente ficam sob responsa-

60 Contabilidade Básica
bilidade de um dos sócios. Nas grandes organizações
geralmente essa tarefa é desempenhada por três
executivos de alto nível, o Vice-Presidente ou Diretor
Financeiro, o Tesoureiro ou Gerente Financeiro e o
Controller, todos com uma única meta fixa: o aumento da
liquidez e da rentabilidade da empresa.

Terceira Aula
O objetivo dessa aula é iniciar o processo de análise
propriamente dita, para que os jovens percebam a sua
relevância, os efeitos e a prática dessa análise.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Introdução ao processo de análise


financeira

Estrutura de procedimentos para análise


financeira

Comparando os vários tópicos até aqui elencados, pode-


se observar que há todo um aparato legal e conceitual
que orienta os profissionais da área contábil na
elaboração das demonstrações contábeis, bem como
legislações pertinentes às áreas comerciais, tributária, à
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao Conselho
Federal de Contabilidade (CFC), entre outros, além dos
que estão na esfera internacional e que levaram o G-10
(grupo dos dez países mais ricos do mundo) ao chamado
“Acordo de Basiléia”, em 1988, produzindo regras a
serem observadas pelos bancos centrais de diversos
países nos registros contábeis das instituições financeiras.
Assim, a padronização nesse setor, como em quase tudo
no atual cenário de globalização, permite ao analista
desenvolver um propósito para a referida análise, que
atenda às políticas internas da empresa, as quais
decorrem de diversos fatores, entre os quais:
z O objetivo da análise: crédito, investimento, fusões,
incorporações e análise de concorrência, entre outros
usos.
z No caso de análise para crédito: análise para
pequenos, médios ou grandes negócios, para curto,
médio ou longo prazos.

Contabilidade Básica 61
z No caso de análise de investimentos: análise para
grandes ou pequenos investimentos. Para investi-
mentos especulativos ou aplicações permanentes
efetivamente.

Dessa forma, quanto mais cuidadoso (e competente,


evidentemente) for o analista, maior segurança poderá ter
no produto de seu trabalho.

Etapas básicas do processo de análise


financeira

À análise financeira precede uma série de exigências,


desde uma preparação preliminar das peças contábeis, a
chamada padronização, até a obediência à seguinte
seqüência:
z Coleta da documentação para análise.
z Conferência da documentação recebida.
z Preparação: leitura e padronização das demons-
trações contábeis.
z Processamento: cálculos dos indicadores e obtenção
de relatórios.
z Análise dos indicadores e relatórios.
z Conclusão: elaboração do parecer.

Educador, no anexo 6 você encontrará textos complementares aos assuntos que serão abordados nessa aula.

62 Contabilidade Básica
20X1 20X2 20X3
Ativo
Valores $ AV % * Valores $ AV % Valores $ AV %
Disponibilidades
Aplicações financeiras
Duplicatas a receber
(-) Prov. devedores duvidosos
Duplicatas a receber líquidas
Estoques
Outros valores a receber
Despesas antecipadas
Ativo Circulante
Partes relacionadas
Outros
Realizável a longo prazo
Investimentos
Imobilizado
Intangível
Diferido
Ativo Permanente
Ativo não circulante
TOTAL DO ATIVO
Tabela 5 – Planilha para padronização de balanço

20X1 20X2 20X3


Passivo
Valores $ AV % Valores $ AV % Valores $ AV %
Duplicatas descontadas
Instituições financeiras
Outros não cíclicos
Fornecedores
Salários e encargos sociais
Impostos e taxas
Outros cíclicos
Passivo Circulante
Financiamentos e debêntures
Outros exigíveis a longo prazo
Exigível a longo prazo
Resultados exercícios futuros
Passivo não circulante
Capital social integralizado
Reservas
Lucros/prejuízos acumulados
Patrimônio Líquido
TOTAL DO PASSIVO + PL
Tabela 6 – Modelo para padronização de análise de balanço
Nota: * A coluna AV refere-se à análise vertical.

Contabilidade Básica 63
Ao se comparar os dois quadros, observa-se que:
z foram criados alguns grupos para facilitar o processo
de análise, são eles: o ativo não circulante, que
compreende o realizável a longo prazo mais o ativo
permanente, este, por sua vez, compreende
investimentos, imobilizado, intangível e diferido; e o
passivo não circulante, que agrupa as dívidas e
obrigações não circulantes.
z outras contas são desmembradas, como o imo-
bilizado, que é desdobrado em duas parcelas, ou
seja, o imobilizado propriamente dito e o intangível.
z outras contas são remanejadas, como no caso de
duplicatas descontadas, que são dispostas no
balanço da empresa como redutoras de duplicatas a
receber no ativo circulante e transferidas para o
passivo circulante.
Já para a demonstração do resultado, foi montado a
tabela que segue, e atende às exigências legais.

20X1 20X2 20X3


Valores $ AV % Valores $ AV % AH % Valores $ AV % AH %
Receita Operacional Bruta
( - ) Devoluções e abatimentos
( - ) Impostos sobre vendas
Receita Operacional Líquida
(-) CPV ( - depreciações), CMV,CSP
( - ) Depreciações
Lucro Bruto
( - ) Despesas Comerciais
( - ) Despesas Administrativas
( - ) Despesas Depreciações (nota 1)
( - ) Provisão para devedores
duvidosos
(+/ -) Outras despesas e receitas
operacionais
Lucro Operacional I
(+ ) Receitas financeiras
( - ) Despesas financeiras
(+/-) Variações monetárias líquidas
Lucro Operacional II
(+/-) Equivalência patrimonial
Lucro Operacional III
(+/-) Resultado não operacional
Lucro Líquido antes do IR
( - ) Provisão IR e CS
( - ) Participações
Lucro Líquido

Tabela 7 – Tabela para padronização da demonstração do resultado


Nota 1 – ” O item “despesas de depreciações” inclui amortizações e exaustões.
*A coluna AH refere-se à analise horizontal.

64 Contabilidade Básica
Quando se comparam as tabelas que retratam a
demonstração do resultado, nota-se o desdobramento do
custo dos produtos vendidos em duas parcelas, visando à
identificação da parcela relativa às depreciações
incluídas nos custos. Sabe-se que as depreciações são
despesas que não representam saída de dinheiro da
empresa.
Assim, para fins de fluxo de caixa é necessário que o
analista conheça o valor relativo das depreciações.
Quanto ao lucro operacional constante do balanço patri-
monial, a tabela de reclassificação define três estágios:
z Lucro operacional I – É o lucro das operações da
empresa, antes de computar o impacto da estrutura
de capitais, ou seja, o custo do capital de terceiros ou
lucro decorrente de aplicações financeiras. Também
pode ser chamado de Lajir (Lucro operacional antes
dos juros e impostos) ou Ebit (Earnings before interest
and taxes). No próximo capítulo será possível
observar que o Lucro operacional I mais a depre-
ciação é igual ao Ebitda (Earnings before interest,
taxes, depreciation and amortization).
z Lucro operacional II – É o lucro operacional I mais o
impacto das dívidas e das aplicações financeiras.
z Lucro operacional III – É o lucro operacional II mais
o impacto da equivalência patrimonial, ou seja, a
participação porcentual nos lucros ou nos prejuízos
das empresas que sejam avaliadas pelo critério da
equivalência patrimonial.

Análise financeira

Aspecto operacional

Dentro dos tópicos anteriores, a abordagem temática foi a


de ilustrar a importância do conjunto de informações que
serão disponibilizadas ao analista financeiro, entre outras
o Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado,
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido,
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos,
sem contar as normas legais.
Em linha geral, apesar de os dados contábeis serem tra-
tados matematicamente, as técnicas de análise sempre
fornecem respostas completas ou inquestionáveis. Sabe-
se que dois analistas atuando sobre as mesmas demons-
trações de uma empresa poderão chegar a conclusões
diferentes.
Se ambos forem bons profissionais, tais conclusões
deveriam ser semelhantes, mas não necessariamente
iguais. Isso ocorre porque cada empresa constitui um

Contabilidade Básica 65
organismo vivo e suas forças e fraquezas poderão
invalidar diagnósticos tecnicamente bem elaborados.
Desta feita, ratifica-se o preceito que determina a análise
financeira como uma “arte”, que reúne conhecimentos
teóricos, experiência prática, sensibilidade, argúcia, em-
penho e, sobretudo, bom senso.
A partir deste momento, inicia-se a análise propriamente dita,
partindo de conceitos relacionados ao Ativo Operacional.
Em primeiro lugar, além de conhecer a empresa e o seu
segmento, necessário se faz avaliar alguns aspectos
técnicos que auxiliarão na avaliação. São eles:
z Capacidade de pagamento da empresa mediante a
geração de caixa.
z Capacidade da empresa em remunerar os seus
investidores, gerando lucro em níveis compatíveis
com suas expectativas.
z Nível de endividamento, motivo e qualidade do
endividamento.
z Políticas operacionais e seus impactos na neces-
sidade de capital de giro da empresa.
z Impacto das decisões estratégicas relacionadas a
investimentos e financiamentos.
A amplitude e a profundidade da análise estão direta-
mente relacionadas com o uso do seu produto final, ou
seja, deve gerar um relatório que contenha um parecer
ou então ao menos recomendações.

Cia. “X” – Balanço Patrimonial (mil R$)

ATIVO 20X2 20X3


Disponibilidades 5.916 6.093
Aplicações financeiras 51.699 14.992
Duplicatas a receber 120.992 110.102
(-) Provisão para devedores duvidosos (6.651) (8.180)
Duplicatas a receber líquidas 114.519 101.921
Estoques 71.875 78.343
Outros valores a receber 21.171 38.107
Despesas antecipadas 1.980 4.217
Ativo Circulante 381.501 345.595
Partes relacionadas 7.631 1.220
Outros realizáveis a longo prazo 106.828 129.261
Realizável a longo prazo 114.459 130.481
Investimentos 152.940 180.184
Imobilizado 169.040 186.077
Diferido 6 1.688
Ativo Permanente 321.986 367.949
Ativo não circulante 436.445 498.430
Tabela 8 TOTAL DO ATIVO 817.946 844.025

66 Contabilidade Básica
PASSIVO 20X2 20X3
Duplicatas descontadas 38.443 17.724
Instituições financeiras 69.525 65.833
Outros não cíclicos 25.356 32.072
Fornecedores 56.438 65.833
Salários e encargos sociais 44.750 39.669
Impostos e taxas 32.717 41.357
Passivo Circulante 267.229 262.488
Outros exigíveis a longo prazo 128.180 156.988
Exigível a longo prazo 128.180 156.988
Passivo não circulante 128.180 156.988
Capital social integralizado 386.785 386.785
Reservas 13.668 20.256
Lucros ou prejuízos acumulados 22.084 17.508
Patrimônio Líquido 422.537 424.549
TOTAL DO PASSIVO + PL 817.946 844.025 Tabela 9

Em face ao balanço ora reproduzido pode-se finalmente


partir para a análise propriamente dita, iniciando-se com
uma pergunta objetiva e simples. Todos os ativos
constantes nas tabelas acima são ativos operacionais? A
resposta é não.
Quando se observa a contribuição de cada um dos ativos
apara a operacionalização da atividade-fim da empresa,
pode-se determinar a necessidade de uma reclassifi-
cação que permita compreender os ativos operacionais
e os ativos não operacionais.
Os ativos operacionais são aqueles que compreendam a
aplicação de recursos na consecução de suas atividades
operacionais, ou seja, produção instalada (máquinas,
equipamentos, outros) e no capital de giro. Essa
reclassificação é de extrema importância ao analista na
sua visão externa e no aspecto interno quando da gestão
da própria empresa.
Neste caso, há a necessidade da determinação do
Investimento Operacional em Giro (IOG) bem como do
resultado de um caixa mínimo. O IOG trata das aplica-
ções líquidas de recursos, decorrentes do montante de
ativos circulantes cíclicos reduzidos do passivo circulante
cíclico e que serão determinados na tabela a seguir:

Contabilidade Básica 67
Ativo Circulante Cíclico (ACC) 20X2 20X3
Duplicatas a receber líquidas 114.519 101.921
Estoques 71.875 78.343
Outros valores a receber 23.151 42.324
Ativo Circulante Cíclico 209.545 222.588
Passivo Circulante Cíclico (PCC) 20X2 20X3
Fornecedores 56.438 65.833
Salários e encargos sociais 44.750 39.669
Impostos e taxas 32.717 41.357
Passivo Circulante Cíclico 133.905 146.859
Investimento Operacional em Giro 75.640 75.729
Caixa Operacional 5.916 6.093
Tabela 10 – Investimento Operacional
em Giro (IOG) IOG + Caixa Operacional 81.556 81.822

Pode-se observar, tomando por base o exercício 20X3,


que, apesar de o ativo total contábil da empresa “X” ser
de R$ 844.025,00, o seu ativo operacional é da ordem de
R$ 269.587,00, valor compreendido por um ativo imobi-
lizado na ordem de R$ 186.077,00, um diferido de R$
1.688,00, um IOG de R$ 75.729,00 e um caixa mínimo
(disponibilidades) de R$ 6.093,00. Esta ilustração
representa, portanto, o montante que não é utilizado
diretamente na atividade operacional da empresa.
Observa-se também que a empresa aplica em ativos
circulantes cíclicos R$ 222.588,00 que são decorrentes
de suas vendas a prazo, estocagem de matéria-prima,
produtos em processo e produtos acabados, além de
outros créditos.
Porém a empresa obtém fontes de recursos espon-
tâneas, as quais também são de natureza operacional da
ordem de R$ 146.859,00 (passivo circulante cíclico),
decorrentes de fornecedores, impostos e taxas e outros
valores a pagar.
Após esta explanação ficará mais fácil o entendimento da
operacionalidade das receitas, custos e despesas, por
meio de metodologias próprias.

68 Contabilidade Básica
DRE Mil $
Receita Operacional Bruta 1.072.621
( - ) Impostos sobre vendas (253.826)
Receita Operacional Líquida 818.795
(-) CPV ( - depreciações), CMV,CSP (538.767)
( - ) Depreciações (33.570)
Lucro Bruto 246.458
( - ) Despesas Comerciais (92.523)
( - ) Despesas Administrativas (48.308)
( - ) Provisão para devedores duvidosos (4.637)
Lucro Operacional I 103.990
( - ) Despesas financeiras (4.093)
Lucro Operacional II 99.897
(+/-) Equivalência patrimonial 30.295
Lucro Operacional III 130.192
(+/-) Resultado não operacional (307)
Lucro Líquido antes do IR 129.885
( - ) Provisão IR e CS (18.013)
Lucro Líquido 111.872
Tabela 11 – Demonstração do resultado de 20X3 – Cia. “X”

Pela tabela acima, pode-se observar que a empresa


obteve um lucro líquido de R$ 111.872,00, mas também
se faz necessária a separação dos itens operacionais
para uma melhor compreensão da empresa em gerar
lucro e caixa em suas operações. Instituíram-se três está-
gios para a interpretação do lucro operacional (I II e III).
Nota-se que até o Lucro Operacional I não houve
interferência de itens que não fossem efetivamente
operacionais, já no Lucro Operacional II ocorrem
interferências das despesas financeiras (entender como
dívidas) e finalmente no Lucro Operacional III ocorrem
interferências da equivalência patrimonial, que é oriunda
da participação da empresa em outras que estão sujeitas
à avaliação pelo método da equivalência patrimonial, ou
seja, é o reconhecimento da participação da empresa
investidora no lucro ou prejuízo da investida.

Análise vertical e análise horizontal

Os métodos de análise vertical e horizontal representam


uma importante ferramenta na interpretação da estrutura
e tendências dos números de uma empresa. Auxiliam
ainda na análise dos índices financeiros e em outros
métodos de análise.
Os conceitos de análise vertical (vertical analysis ou
common-size analysis) e análise horizontal (horizontal
analysis ou percent change analysis) completam-se ou

Contabilidade Básica 69
até se sobrepõem. Os diversos métodos de análise
devem ser vistos como uma forma de se analisar uma
empresa para que sejam dimensionados o seu risco e o
seu potencial de retorno, entre outros objetivos.
Deve-se entender que esses métodos são mais um
ferramental à disposição do analista e não um instru-
mental único. Após sua aplicação, cabe ao analista, apro-
fundar-se na busca dos porquês que possam justificar
determinadas alterações, ou seja, o feedback, que
permitirá ao analista levantar as questões e considerar as
respostas de forma coerente e objetiva, no foco de seu
trabalho e do relatório a ser desenvolvido.

Análise vertical

Este método, análise vertical (AV), é o de demonstrar a


participação relativa de cada item de uma demonstração
contábil em relação a determinado referencial. No caso
dos balanços patrimoniais, por exemplo, é comum que se
determine quanto por cento representa cada rubrica (e
grupo de rubricas) em relação ao ativo total.
Pode-se observar, pelo balanço analisado abaixo, que
para que sejam calculados os porcentuais da coluna da
análise vertical (AV), é preciso dividir o valor da rubrica
que se deseja calcular pelo valor base e multiplicar o
resultado obtido por cem. No caso do balanço patri-
monial, o valor base é o ativo total e na demonstração do
resultado é a receita líquida de vendas.

70 Contabilidade Básica
Cia. “X” – Balanço Patrimonial (mil R$)

20X1 20X2 20X3


Ativo
Valores $ AV % Valores $ AV % Valores $ AV %
Disponibilidades 5.330 0,7 5.916 0,7 6.093 0,7
Aplicações financeiras 191.478 24 51.699 6,3 14.992 1,8
Duplicatas a receber 112.030 14 120.992 14,8 110.102 13
(-) Prov. devedores duvidosos (5992) (0,8) (6.651) (0,8) (8.180) (1)
Duplicatas a receber líquidas 106.037 13,3 114.519 14 101.921 12,1
Estoques 61.432 7,7 71.875 8,8 78.343 9,3
Outros valores a receber 3.644 0,5 21.171 2,6 38.107 4,5
Despesas antecipadas 1.320 0,2 1.980 0,2 4.217 0,5
Ativo Circulante 475.279 59,6 381.501 46,6 345.595 40,9
Partes relacionadas 7.631 0,9 1.220 0,2
Outros 90.533 11,4 106.828 13,1 129.261 15,3
Realizável a longo prazo 90.533 11,4 114.459 14 130.481 15,5
Investimentos 60.935 7,6 152.940 18,7 180.184 21,4
Imobilizado 170.748 21,4 169.040 20,7 186.077 22
Intangível
Diferido 6 0,0 1.688 0,2
Ativo Permanente 231.683 29 321.986 39,4 367.949 43,6
Ativo não circulante 322.216 40,4 436.445 53,4 498.430 59,1
TOTAL DO ATIVO 797.495 100 817.946 100 844.025 100
Tabela 12

20X1 20X2 20X3


Passivo
Valores $ AV % Valores $ AV % Valores $ AV %
Duplicatas descontadas 36.684 4,6 38.443 4,7 17.724 2,1
Instituições financeiras 129.194 16,2 69.525 8,5 65.833 7,8
Outros não cíclicos 20.734 2,6 25.356 3,1 32.072 3,8
Fornecedores 39.077 4,9 56.438 6,9 65.833 7,8
Salários e encargos sociais 39.874 5,0 44.750 5,5 39.669 4,7
Impostos e taxas 18.342 2,3 32.717 4,0 41.357 4,9
Outros cíclicos
Passivo Circulante 283.905 35,6 267.229 32,6 262.488 31,1
Financiamentos e debêntures
Outros exigíveis a longo prazo 98.091 12,3 128.180 15,7 156.988 18,6
Exigível a longo prazo 98.091 12,3 128.180 15,7 156.988 18,6
Resultados exercícios futuros
Passivo não circulante 98.091 12,3 128.180 15,7 156.988 18,6
Capital social integralizado 386.785 48,5 386.785 47,3 386.785 45,8
Reservas 8.772 1,1 13.668 1,7 20.256 2,4
Lucros/prejuízos acumulados 19.942 2,5 22.084 2,7 17.508 2,1
Patrimônio Líquido 415.499 52,1 422.537 51,7 424.549 50,3
TOTAL DO PASSIVO + PL 797.495 100 817.946 100 844.025 100
Tabela 13

Contabilidade Básica 71
Considera-se a análise vertical em 20X3, em que a Cia.
“X” demonstra um ativo total na ordem de R$ 844.025,00,
que representa a totalidade dos recursos aplicados na
empresa, ou seja, 100%. As aplicações financeiras no
valor de R$ 14.992,00 correspondem a 1,8% do ativo
total, já no ativo circulante a empresa comprometeu R$
345.595,00, que correspondem a 40,9% do total de
recursos. Dessa forma e por meio de raciocínio análogo
(se há aumento em um conjunto do ativo ou passivo,
haverá redução em outro, se, por exemplo, aumentou o
ativo circulante, deverá demonstrar-se onde reduziu o
ativo permanente) deve-se adotar para as demais contas
do ativo.
Em contrapartida, o passivo mais o patrimônio líquido
representam a origem dos recursos utilizados pela
empresa. Assim, a totalidade das aplicações (ativos) é
igual à totalidade das fontes representadas pelo passivo
(circulante e não circulante) e patrimônio líquido. Na
análise vertical das fontes de recursos verifica-se quanto
cada fonte ou grupo de fontes de recursos representa em
relação ao ativo total.
Deve-se observar que na demonstração do resultado
toma-se como base de cálculo a receita operacional
líquida (representando 100%), conforme ilustrado na
tabela a seguir:

20X1 20X2 20X3


Valores $ AV % Valores $ AV % Valores $ AV %
Receita Operacional Bruta 957.455 134 1.063.948 131,5 1.072.621 131
( - ) Devoluções e abatimentos
( - ) Impostos sobre vendas (243.345) 34 (254.862) 31,5 (253.826) 31
Receita Operacional Líquida 714.110 100 809.086 100 818.795 100
(-) CPV ( - depreciações), CMV,CSP (516.956) (72,4) (559.887) (69,2) (538.767) (65,8)
( - ) Depreciações (38.082) (5,3) (35.599) (4,4) (33.570) (4,1)
Lucro Bruto 159.072 22,3 213.600 26,4 246.458 30,1
( - ) Despesas Comerciais (64.706) (9,1) (83.335) (10,3) (92.523) (11,3)
( - ) Despesas Administrativas (42.515) (6) (50.972) (6,3) (48.308) (5,9)
( - ) Despesas Depreciações (nota 1)
( - ) Provisão para devedores duvidosos (1.147) (0,2) (481) (0,1) (1.637) (0,2)
(+/ -) Outras despesas e receitas operacionais
Lucro Operacional I 50.704 7,1 78.812 9,7 103.990 12,7
(+ ) Receitas financeiras 31.791 4,5 10.518 1,3
( - ) Despesas financeiras (4.093) (0,5)
(+/-) Variações monetárias líquidas
Lucro Operacional II 82.495 11,6 89.330 11 99.897 12,2
(+/-) Equivalência patrimonial 2.587 0,4 19.418 2,4 30.295 3,7
Lucro Operacional III 85.082 11,9 108.748 13,4 130.192 15,9
(+/-) Resultado não operacional (1.058) (0,1) 338 0,1 (307) (0,0)
Lucro Líquido antes do IR 84.024 11,8 109.086 13,5 129.885 15,9
( - ) Provisão IR e CS (11.495) (1,6) (20.227) (2,5) (18.013) (2,2)
( - ) Participações
Lucro Líquido 72.529 10,2 88.859 11 111.872 13,7
Tabela 14 – Cia. “X” – Análise vertical da demonstração do resultado

72 Contabilidade Básica
Pode-se utilizar a análise vertical na demonstração do
resultado de três formas:
z Pela representatividade de um item em relação à
receita líquida de vendas do respectivo período. No
exemplo da tabela anterior, o custo dos produtos
vendidos (antes de computar a depreciação) em 20X3
representou 65,8% da receita líquida de vendas.
z Quando se observa o comportamento histórico, ou
seja, ao longo de mais de um exercício, nota-se que o
custo dos produtos vendidos correspondeu a 77,7%
(72,4% + 5,3%), 73,6% (69,2% + 4,4%) e 69,9%
(65,8% + 4,1%) das receitas líquidas de vendas,
respectivamente para 20X1, 20X2 e 20X3. Sem a
análise vertical, isto é, somente com os números
absolutos, seria difícil visualizar a contribuição do
impacto de cada item no resultado da empresa.
z Uma terceira forma de utilização da análise vertical
seria comparar os porcentuais apresentados pela
empresa com dados de outra empresa que seja de
atividade e porte semelhantes, preferencialmente da
mesma região geográfica.

Muitas vezes para a situação oposta, ou seja, quando


ocorrem quedas nos índices, ou na margem bruta da
empresa, existem diversos fatores que podem ser
levados em consideração, tais como:
a) Redução no volume de produção e conseqüente
impacto dos custos fixos. Quanto menor o volume de
produção, maior será o custo de cada unidade
produzida.
b) Crescimento dos custos maior que o crescimento do
preço de vendas, por escassez de matéria-prima ou
por outra razão.
c) Situações de controle de preço exercido pelo governo
ou órgãos ou agências que tenham funções
semelhantes.
d) Pressão da concorrência, com produtos mais baratos,
quer sejam nacionais quer sejam importados.
e) Aumentos extraordinários nos preços dos salários ou
das matérias-primas.
f) Perda de eficiência na produção, bem como aumentos
que interfiram nos preços de venda ou nos custos.
g) Mudanças nos critérios contábeis da empresa, que
passou a computar como custo de produção itens
que antes considerava despesas operacionais.

Contabilidade Básica 73
Análise horizontal

Este método, análise horizontal (AH), tem como proposta


permitir o exame da evolução histórica de cada uma das
contas que compõem as demonstrações contábeis. O
exemplo está demonstrado na tabela a seguir:

20X1 20X2 20X3


Valores $ AH% Valores $ AH % Valores $ AH %
Receita Operacional Bruta 957.455 1.063.948 1.072.621
( - ) Devoluções e abatimentos
( - ) Impostos sobre vendas (243.345) (254.862) (253.826)
Receita Operacional Líquida 714.110 100 809.086 113,3 818.795 114,6
(-) CPV (-depreciações), CMV, (516.956) 100 (559.887) 108,3 (538.767) 104,2
CSP
( - ) Depreciações (38.082) 100 (35.599) 93,5 (33.570) 88,2
Lucro Bruto 159.072 100 213.600 134,3 246.458 154,9
( - ) Despesas Comerciais (64.706) 100 (83.335) 128,8 (92.523) 143
( - ) Despesas Administrativas (42.515) 100 (50.972) 119,9 (48.308) 113,6
( - ) Despesas Depreciações
(nota 1)
( - ) Provisão para devedores (1.147) 100 (481) 41,9 (1.637) 142,7
duvidosos
(+/ -) Outras despesas e
receitas operacionais
Lucro Operacional I 50.704 100 78.812 155 103.990 205,1
(+ ) Receitas financeiras 31.791 100 10.518 33,1
( - ) Despesas financeiras (4.093)
(+/-) Variações monetárias
líquidas
Lucro Operacional II 82.495 100 89.330 108,3 99.897 121,1
(+/-) Equivalência patrimonial 2.587 100 19.418 750,6 30.295 1.171
Lucro Operacional III 85.082 100 108.748 127,8 130.192 153
(+/-) Resultado não (1.058) 100 338 (307) 29
operacional
Lucro Líquido antes do IR 84.024 100 109.086 129,8 129.885 154,6
( - ) Provisão IR e CS (11.495) 100 (20.227) 176 (18.013) 156,7
( - ) Participações
Lucro Líquido 72.529 100 88.859 122,5 111.872 154
Tabela 15 – Cia. “X” – Análise horizontal da demonstração do resultado

De uma forma mais simples, tradicionalmente na análise


horizontal toma-se o primeiro exercício como base 100 e
se estabelece a evolução dos demais exercícios compa-
rativamente a essa base inicial.
Como exemplo, está determinado a seguir o índice relativo
à receita operacional líquida em 20X2, como segue:

74 Contabilidade Básica
Receita operacional líquida 20X2 X 100 =
809.086 X 100 = 113,3
Receita operacional líquida 20X1 714.110

Para obter-se o índice relativo a 20X3, tem-se:

Receita operacional líquida 20X3 X 100 =


818.795 X 100 = 114,6
Receita operacional líquida 20X1 714.110

Nota-se, portanto, que tanto os exercícios de 20X2


quanto de 20X3 estão sendo comparados sempre com a
base inicial 20X1, para permitir a visualização histórica da
receita operacional líquida ao longo dos três anos.
Procedimento análogo será adotado para cada uma das
demais rubricas.

Comparação – Análise vertical e análise


horizontal

Os métodos de análise vertical e horizontal se completam


e até mesmo se sobrepõem. Sintomaticamente a análise
vertical mostra em cada ano a relevância de cada item
em relação à base adotada, em que se utiliza a receita
líquida, já à análise horizontal deverá indicar as variações
históricas de determinada rubrica contábil.
Em uma análise de balanço, podem-se utilizar ambos os
métodos, conforme se observa a seguir:

Contabilidade Básica 75
20X1 20X2 20X3
Valores $ AV % Valores $ AV % AH % Valores $ AV % AH %
Receita Operacional Bruta 957.455 134 1.063.948 131,5 1.072.621 131
( - ) Devoluções e
abatimentos
( - ) Impostos sobre vendas (243.345) 34 (254.862) 31,5 (253.826) 31
Receita Operacional Líquida 714.110 100 809.086 100 113,3 818.795 100 114,6
(-) CPV ( - depreciações), (516.956) (72,4) (559.887) (69,2) 108,3 (538.767) (65,8) 104,2
CMV,CSP
( - ) Depreciações (38.082) (5,3) (35.599) (4,4) 93,5 (33.570) (4,1) 88,2
Lucro Bruto 159.072 22,3 213.600 26,4 134,3 246.458 30,1 154,9
( - ) Despesas Comerciais (64.706) (9,1) (83.335) (10,3) 128,8 (92.523) (11,3) 143
( - ) Despesas Administrativas (42.515) (6) (50.972) (6,3) 119,9 (48.308) (5,9) 113,6
( - ) Despesas Depreciações
(nota 1)
( - ) Provisão para devedores (1.147) (0,2) (481) (0,1) 41,9 (1.637) (0,2) 142,7
duvidosos
(+/ -) Outras despesas e
receitas operacionais
Lucro Operacional I 50.704 7,1 78.812 9,7 155 103.990 12,7 205,1
(+ ) Receitas financeiras 31.791 4,5 10.518 1,3 33,1
( - ) Despesas financeiras (4.093) (0,5)
(+/-) Variações monetárias
líquidas
Lucro Operacional II 82.495 11,6 89.330 11 108,3 99.897 12,2 121,1
(+/-) Equivalência patrimonial 2.587 0,4 19.418 2,4 750,6 30.295 3,7 1.171
Lucro Operacional III 85.082 11,9 108.748 13,4 127,8 130.192 15,9 153
(+/-) Resultado (1.058) (0,1) 338 0,1 (307) (0,0) 29
não operacional
Lucro Líquido antes do IR 84.024 11,8 109.086 13,5 129,8 129.885 15,9 154,6
( - ) Provisão IR e CS (11.495) (1,6) (20.227) (2,5) 176 (18.013) (2,2) 156,7
( - ) Participações
Lucro Líquido 72.529 10,2 88.859 11 122,5 111.872 13,7 154
Tabela 16 – Cia. “X” – Análise vertical e horizontal da demonstração do resultado

Pode-se observar a utilização de ambos os índices e


métodos simultaneamente e na mesma estrutura contábil,
o que permite ao mesmo tempo conhecer a estrutura dos
recursos aplicados no ativo (bens e direitos), bem como
as fontes de recursos (passivo e patrimônio líquido).
Dessa forma, na análise horizontal o analista poderá
verificar a evolução histórica e de antemão se houve
inflação no período. De posse desse índice de inflação do
período, identificar se houve crescimento nominal
apresentado em cada rubrica, ou seja, se houve aumento
real no período (maior que a inflação) ou perda real no
período (menor que a inflação). Já na análise vertical,
cabe ao analista fazer as considerações quanto ao
impacto desse índice sobre a receita operacional líquida.
Deve-se destacar que o lucro líquido tende a ser uma

76 Contabilidade Básica
pequena parcela em relação à receita líquida. A rele-
vância de determinada rubrica será quanto ao impacto
que ela possa ter causado no resultado da empresa em
termos de lucro ou prejuízo.
No exemplo utilizado na demonstração do resultado,
observa-se também que cabem a análise vertical e hori-
zontal; esta última trará uma contribuição importante na
comparação do crescimento (principalmente das vendas)
apresentado pela empresa em face:
z do crescimento do segmento econômico em que a
empresa atua;
z do crescimento dos principais concorrentes;
z da inflação ou da variação da cotação de uma moeda
estrangeira comercialmente mais forte (exemplo: dólar).

Quarta Aula
Nesse momento, como forma de fechamento dos
conteúdos abordados, e preparando os jovens para a
avaliação final, solicite que desenvolvam a análise
horizontal e vertical da empresa simulação a seguir e
tragam-na pronta no próximo encontro.

Educador, providencie cópia do balanço e da DRE e


entregue-os individualmente aos jovens.

Contabilidade Básica 77
78 Contabilidade Básica
PROJETO ESCOLA FORMARE
CURSO: .........................................................................................................................
ÁREA DO CONHECIMENTO: Contabilidade Básica

Nome: ................................................................................................ Data ...../...../.....

Avaliação Prática

Desenvolver a análise horizontal e vertical da empresa simulação.

Empresa Simulado S/A. – Balanço Patrimonial (mil R$)

20X4 20X5 20X6


Ativo
Valores $ AV Valores $ AV Valores $ AV
Disponibilidades 7.440 10.330 11.030
Aplicações financeiras 207.650 96.612 43.603
Duplicatas a receber 133.620 145.340 134.102
(-) Prov. devedores duvidosos (8.210) (10.102) (11.305)
Duplicatas a receber líquidas 122.704 131.817 127.300
Estoques 74.340 78.804 84.608
Outros valores a receber 4.212 12.640 19.715
Despesas antecipadas 1.680 1.817 3.517
Ativo Circulante 543.436 467.258 412.970
Partes relacionadas 8.340 3.304
Outros 116.380 124.301 138.306
Realizável a longo prazo 116.380 132.641 141.610
Investimentos 81.210 144.608 193.303
Imobilizado 201.630 189.404 212.633
Intangível
Diferido 8 1.254
Ativo Permanente 282.840 334.020 407.190
Ativo não circulante 399.220 466.661 548.800
TOTAL DO ATIVO 942.656 100 933.919 100 961.770 100

Contabilidade Básica 79
20X4 20X5 20X6
Passivo
Valores $ AV Valores $ AV Valores $ AV
Duplicatas descontadas 43.312 47.602 28.615
Instituições financeiras 136.208 78.310 74.384
Outros não cíclicos 26.701 33.817 39.144
Fornecedores 49.618 64.800 73.280
Salários e encargos sociais 50.380 48.720 46.340
Impostos e taxas 21.304 38.650 47.344
Outros cíclicos
Passivo Circulante 327.523 311.899 309.107
Financiamentos e debêntures
Outros exigíveis a longo prazo 128.889 117.868 149.103
Exigível a longo prazo 128.889 117.868 149.103
Resultados
exercícios futuros
Passivo não circulante 128.889 117.868 149.103
Capital social integralizado 447.700 447.700 447.700
Reservas 12.340 24.640 32.720
Lucros/prejuízos acumulados 26.204 31.812 23.140
Patrimônio Líquido 486.244 504.152 503.560
TOTAL DO PASSIVO + PL 942.656 100 933.919 100 961.770 100

Demonstração do Resultado 20X4 20X5 20X6


do(s) Exercício(s) Valores $ AV Valores $ AV AH Valores $ AV AH
Receita Operacional Bruta 1.228.870 1.364.050 1.383.102
( - ) Devoluções e abatimentos
( - ) Impostos sobre vendas (311.650) (346.602) (334.592)
Receita Operacional Líquida 916.620 (100) 1.017.448 100 1.048.510 100
(-) CPV ( - depreciações), CMV,CSP (659.966) (712.213) (692.017)
( - ) Depreciações (36.664) (45.785) (52.430)
Lucro Bruto 219.990 259.450 304.063
( - ) Despesas Comerciais (82.495) (103.779) (105.830)
( - ) Despesas Administrativas (45.831) (66.134) (59.950)
( - ) Despesas Depreciações (nota 1)
( - ) Provisão para devedores (2.750) (1.217) (2.868)
duvidosos
(+/ -) Outras despesas e receitas
operacionais
Lucro Operacional I 88.914 88.320 135.415
(+ ) Receitas financeiras 45.831 13.226
( - ) Despesas financeiras (6.088)
(+/-) Variações monetárias líquidas
Lucro Operacional II 134.745 101.546 129.327
(+/-) Equivalência patrimonial 5.390 25.436 32.108
Lucro Operacional III 140.135 126.982 161.435
(+/-) Resultado não operacional (1.490) 706 (687)
Lucro Líquido antes do IR 138.645 127.688 160.748
( - ) Provisão IR e CS (15.582) (25.430) (23.067)
( - ) Participações
Lucro Líquido 123.063 102.258 137.681

80 Contabilidade Básica
3 Formação e Natureza de Contas

A partir de agora será iniciado o mecanismo da prática em si. A proposta passa a ser
mais dinâmica.

Objetivos

„ Desenvolver conjuntamente à teoria, exercícios que permitam aos jovens elucidar as


eventuais dúvidas que ainda permaneçam referentes à dinâmica da contabilidade.
„ Interpretar como é desenvolvido um plano de contas, de onde vêm as nomen-
claturas utilizadas nos conjuntos de Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido e Receitas.

Contabilidade Básica 81
82 Contabilidade Básica
Primeira Aula
Os jovens devem interpretar o desenvolvimento de um
plano de contas para que se familiarizem com o dia-a-
dia da contabilidade.

Educador, no anexo 7 você encontrará textos complementares aos assuntos que serão abordados nessa aula.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Formação e natureza das contas

Foi desenvolvido um plano de contas padrão e básico,


conforme pode ser observado a seguir, porém a
expectativa que deverá ser criada nos jovens partici-
pantes do programa, nesse momento, é a da descoberta,
da necessidade de partilhar conhecimento, ou seja, sair
da área de conforto e buscar soluções para as adver-
sidades que encontrarão no mundo real e competitivo.
Para tanto existe uma carga horária bastante flexível para
que o educador possa desenvolver (como sugestão, um
painel onde grupos possam apresentar problemas e
soluções encontrados) apresentação de painéis.
O mundo dos negócios exige a compreensão dos
objetivos, das atividades e dos resultados das empresas
para que se possa interpretar os Planos de Contas.
Afinal o que é um plano de contas? É o elenco de todas
as contas utilizadas pela contabilidade das empresas. No
Balanço Patrimonial as contas deverão estar destacadas
da seguinte forma:
z As contas do Ativo – Serão apresentadas de acordo
com a sua rapidez de conversão em dinheiro, ou seja,
de acordo com o seu grau de liquidez (capacidade de
se transformar em dinheiro mais rapidamente).
z As contas do Passivo – Serão apresentadas de
acordo com o seu vencimento, isto é, serão
destacadas prioritariamente as contas que deverão
ser pagas mais rapidamente, embora, muitas vezes,
há dificuldades em se estabelecer o que será pago
primeiro.
Importante – Um plano de contas bem elaborado permite
que os dados registrados se transformem em infor-

Contabilidade Básica 83
mações. Essas informações podem estar tanto nos
demonstrativos contábeis, principalmente no Balanço
Patrimonial e na Demonstração de Resultado do
Exercício – DRE, como em relatórios específicos para a
administração.
A seguir será apresentado um modelo simplificado de
Plano de Contas do Balanço Patrimonial.
Cada empresa, em função da complexidade de suas
operações, deverá adequar o Plano de Contas de acordo
com as suas necessidades, podendo abrir quantos
subgrupos necessitar. No entanto, deverá ser de simples
aplicação.

Segunda Aula
O objetivo dessa aula é desenvolver um processo de
discussão entre os jovens quanto ao entendimento da
importância do plano de contas para a contabilidade.

Passo 1 / Atividade obrigatória

50 min

Educador, nesse momento proponha a formação de grupos de estudo, que deverão buscar junto ao departamento
contábil das empresas modelos de planos de contas. Como complemento a esta atividade e de acordo com sua
experiência e vivência profissional crie situações problemas que encorajem os jovens a pesquisar mais sobre a
relevância do tema, ou ainda desenvolver uma monografia contábil (exercício prático), se conveniente for e havendo
tempo hábil para tanto.

Atividades

Interpretar os planos e desenvolver por meio de painéis


as necessidades deles na elaboração e confecção de um
Balanço Patrimonial.

84 Contabilidade Básica
Terceira Aula
Neste módulo, a preocupação agora é desenvolver
exemplos práticos da relação entre a contabilidade e
finanças, no que se refere ao dia-a-dia de um auxiliar
administrativo que tenha conhecimentos das áreas
contábil e financeira. É necessário desenvolver um
exemplo simples, porém extremamente prático, neste
caso será proposto o desenvolvimento de um controle
financeiro (contas a pagar e a receber) de um
condomínio.
Deve-se também desenvolver as conciliações contábil
e financeira dele, pois se sabe que os moradores
(condôminos) querem ter certeza de que não estão
pagando a mais ou sendo logrados pelo síndico ou
pela administradora do condomínio.
Dessa forma será desenvolvido um “balancete de
simples verificação”, por meio do qual os moradores
poderão ter a certeza de que estão pagando o justo
pelas despesas do referido condomínio.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Desenvolvimento prático de registros


das contas em um período mensal –
Balancete de Simples Verificação

Exemplo

O condomínio edifício “Gran Ville”, composto por 12


unidades (apartamentos), está apurando o resultado do
mês de maio/2006.
Cada unidade paga mensalmente R$ 100,00 a título de
condomínio e R$ 10,00 a título de fundo de reserva,
sendo que este último é transferido para uma conta
poupança.
O saldo em conta corrente no último dia de abril/2006 era
de R$ 630,00 e na conta poupança de R$ 350,00.
Desenvolver o fluxo partindo da idéia de que ocorreram
diversas saídas (despesas) ao longo do mês. cujos
respectivos valores estão lançados hipoteticamente.
O mais importante será o desenvolvimento de uma
conciliação entre os valores recebidos e o extrato da
conta corrente no último dia de maio/2006, que, neste

Contabilidade Básica 85
caso, é de R$ 627,50, bem como o saldo na poupança,
que no último dia de maio/2006 era de R$ 470,00.
É necessário lembrar que neste caso o conceito de débito
e crédito são abordados na visão financeira, ou seja, um
débito representa uma saída, enquanto um crédito
representa uma entrada de dinheiro.

Histórico – Entradas – Condomínio

Data Histórico Débito Crédito Saldo


05/05 Receb. Aptos. 11/12/13/22 400,00 400,00
06/05 Receb. Aptos. 21/23/31/32/33/41/42/43 800,00 1.200,00
Tabela 1

Histórico – Entradas – Fundo de reserva

Data Histórico Débito Crédito Saldo


05/05 Receb. Aptos. 11/12/13/22 40,00 40,00
06/05 Receb. Aptos. 21/23/31/32/33/41/42/43 80,00 120,00
Tabela 2

Histórico – Saídas

Data Histórico Débito Crédito Saldo


02/05 Pagamento lâmpadas garagem 85,00 85,00
06/05 Pagamento faxineira 250,00 335,00
10/05 Compra de material de limpeza 130,00 465,00
12/05 Pagamento de água (Sabesp) 530,00 995,00
15/05 Pagamento de Luz (Eletropaulo) 105,30 1.100,30
18/05 Pgtº. Da administradora 85,00 1.185,30
25/05 Despesas bancárias 17,20 1.202,50
30/05 Pagamento conservação elevador 150,00 1.352,50
Tabela 3

À primeira vista, pode-se perguntar: Bom, mas se a saída


foi maior que a entrada, logo o condomínio ficou
devendo, ou seja, com a conta negativa? Não, de fato as
entradas foram menores que a saída, mas não se pode
esquecer que havia um saldo anterior em conta corrente.
Hipoteticamente também pode-se imaginar que o paga-
mento da “conservação do elevador” tenha sido efetuado
em cheque; como este demorará para compensar (dois
dias pelo sistema bancário) só será debitado da conta
corrente no mês de junho, por isso o saldo da conta
corrente nesse momento não coincidirá com o total de
receitas e despesas, portanto passa a ser necessário o
desenvolvimento de um “Balancete de Simples Verifi-
cação”, para que se possa demonstrar que não há saldos

86 Contabilidade Básica
incorretos, apenas prazos por serem cumpridos para que
eles se ajustem de forma natural com o saldo
demonstrado no extrato bancário.

Balancete de Simples Verificação – Maio/2006


Condomínio Edifício “Gran Ville”

Créditos Débitos
Saldo anterior em conta corrente R$ 630,00
Saldo anterior em poupança R$ 350,00
Receita de condomínios no mês R$1.200,00
Receita de fundo de reserva no mês R$ 120,00
Despesas no período (maio/06) R$ 1.352,50
Saldo em c/c (abril/06) R$ 627,50
Saldo em poupança R$ 470,00
Cheques compensados R$ 0,00
Cheques a compensar R$ 150,00

Saldo total R$ 2.450,00 R$ 2.450,00


Fig. 1

Portanto, no momento em que são demonstrados os


valores pelo seu valor histórico (período a período),
passa-se aos interessados, neste caso os condôminos,
uma visão real de que não há dinheiro a mais, ao
contrário, neste mês (de maio/06) o administrador usou
parte dos recursos que já estavam à disposição no mês
anterior (abril/06), evitando assim cobrar um valor maior
no mês atual (o rateio fixou-se em R$ 100,00) por não
haver necessidade de cobrar, por exemplo, um valor de
R$ 112,70 (este seria o valor de fato se a base de rateio
fosse simplesmente dividir as despesas – neste caso R$
1.352,50 pelo número de apartamentos, ou seja, dividir
por 12 – número de unidades).

Quarta Aula
O objetivo dessa aula será o de desenvolver uma
atividade prática para fechar o conceito abordado na
aula anterior.

Contabilidade Básica 87
Passo 1 / Aula prática

50 min

Cabe ao educador nesse momento propor a formação de


grupos de estudo. Eles deverão desenvolver um simulado
de um Balancete de Simples Verificação, obtendo para
tanto cópias (xérox) de notas, cheques, contas (água, luz,
etc.) a fim de desenvolver por meio de painéis suas pres-
tações de contas, com apresentação aos outros jovens
(como se estes fossem os condôminos) para aprovação
da mesma prestação de contas. Para tanto, sugere-se,
para que os painéis transcorram de forma harmônica e
sem problemas de tempo para a apresentação de cada
um, determinar diretrizes para as apresentações, tais
como:
a) histórico da empresa ou condomínio a ser apre-
sentado (uma breve descrição);
b) de que forma o grupo executou a tarefa proposta;
c) expor como se deu o desenvolvimento do plano de
contas;
d) Outros.

Educador
z Para o desenvolvimento do balancete de simples
verificação serão necessários dois encontros;
z Para a apresentação dos painéis serão neces-
sários seis encontros (estimativa para seis grupos
no máximo).

Quinta Aula
O objetivo dessa aula é auxiliar os jovens no
desenvolvimento da atividade prática sugerida na aula
anterior e pontuar as dificuldades e entendimentos
sobre o exposto pelos grupos.

Passo 1 / Aula prática

50 min

Educador, desenvolvimento do balancete.

88 Contabilidade Básica
Sexta Aula
O objetivo desta aula é a apresentação dos painéis
desenvolvido pelos grupos. Abra para discussão entre
os participantes.

Passo 1 / Apresentação do painel

50 min

Educador, considere tempo para debate entre os


presentes a fim de dirimir dúvidas sobre os conceitos
até aqui abordados.

Contabilidade Básica 89
90 Contabilidade Básica
4 Conceitos sobre Tributos

Serão apresentados conceitos de: planejamento tributário, legislação tributária e o


significado da tributação

Objetivos

„ Formar conceitos sobre os tributos e seus efeitos nas empresas.

Contabilidade Básica 91
92 Contabilidade Básica
Primeira Aula
O objetivo dessa aula é formar conceitos sobre os
tributos e seus efeitos nas empresas.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Planejamento tributário

O objetivo do planejamento tributário é, em última análise,


a economia tributária. Cotejando as várias opções legais, o
administrador obviamente procura orientar os seus passos
de forma a evitar, sempre que possível, o procedimento
mais oneroso do ponto de vista fiscal.
Eis por que o caráter preventivo do planejamento
tributário é essencial à definição da matéria, não só no
sentido técnico, como do ponto de vista legal.
Como a definição de qualquer disciplina deve ser feita por
meio do seu objeto, é necessário conceituar de forma
sucinta que o planejamento tributário é a atividade
preventiva que estuda, prepara e orienta a atividade
empresarial de modo a obter, dentro dos parâmetros
legais, maior economia tributária e fiscal.
É oportuna a observação de que o planejamento
tributário é necessário antes mesmo de a empresa estar
legalmente constituída. Isto porque, já no contrato de
constituição ou nos estatutos da sociedade, o aspecto
tributário deve ser considerado, pois, como se verifica, a
escolha da data de encerramento do exercício social tem
efeitos tributários e financeiros relevantes.

Atividade financeira do Estado

Entretanto, para a realização desse objetivo, como


qualquer ente público ou particular, são necessários
recursos financeiros. A arrecadação, administração e
aplicação desses recursos são realizadas por intermédio
da atividade financeira do Estado.
Essa atividade se desenvolve fundamentalmente em três
campos: a receita, isto é, a obtenção de recursos patri-
moniais; a gestão, que é a administração e conservação
do patrimônio público e, finalmente, a despesa, ou seja, o
emprego de recursos patrimoniais para a realização dos
fins visados pelo Estado.

Contabilidade Básica 93
Na atividade privada ou no direito privado pode-se dizer
que “aquilo que não é proibido é permitido”. Diferen-
temente, na atividade pública ou nas relações reguladas
pelo direito público, o limite de ação é determinado pela
própria lei, ou seja, a lei é que determina o que fazer,
onde e de que maneira.
O governo está nas mãos de alguns que dirigem a
Nação, os Estados e os Municípios. Mas tal governo,
eleito ou nomeado, não é dono da coisa pública, que
pertence à sociedade por ele representada. Sua
atribuição é cuidar da coisa pública, é administrar,
visando realizar os fins do Estado, do Poder Público, para
os quais foi criado; entre tais fins está, inegavelmente, o
bem comum.
O elenco de serviços públicos é enorme. Podem-se citar
os serviços de segurança, prestados pelas Forças
Armadas; a distribuição da justiça, do Ministério e
Secretarias de Justiça; os da educação, os de ensino, os
de saúde pública, os de assistência social e outros
tantos, pelas vias próprias. Tais serviços, de acordo com
os recursos disponíveis do poder público, podem ser
melhorados.
Os serviços públicos quer em quantidade quer em
qualidade são feitos na medida do potencial econômico-
financeiro da União, dos Estados e dos Municípios. É
óbvio que quanto maior esse potencial (vale dizer, sua
arrecadação tributária e não tributária), maior será a
capacidade de alocação de recursos e, conseqüen-
temente, maior será a gama de serviços que tais entes
políticos podem prestar em benefício da coletividade.

Direito Tributário

O Direito Tributário é parte do Direito Financeiro, que é


parte do Direito Administrativo, que é ramo do Direito
Público. Ao Direito Financeiro interessa o ordenamento
jurídico das finanças do Estado, que abrange as receitas
e as despesas públicas, assim como as normas de
gestão patrimonial.
Podemos dizer, portanto, que o Direito Tributário é o
ramo especializado do Direito Financeiro que tem por
objeto o funcionamento dos institutos jurídicos relativos à
receita pública. Mas interessaria ao Direito Tributário toda
e qualquer receita pública? A resposta a essa questão
pressupõe uma definição da expressão receita pública.
A maioria dos tratadistas divide a receita pública em duas
espécies:
z Receitas originárias
z Receitas derivadas

94 Contabilidade Básica
São conceituadas como originárias as receitas prove-
nientes da exploração econômica do patrimônio do
Estado. Esta espécie compreende, pois, as rendas
provenientes dos bens e empresas comerciais e
industriais pertencentes ao Estado, rendas essas que se
conceituam como preço. Decorrem de atividades de
natureza tipicamente privada e caracterizam uma
intervenção do Estado no setor econômico.
As denominadas receitas derivadas são as obtidas pelo
Estado mediante o exercício de sua soberania. O direito
de imposição tributária do Estado decorre do seu poder
de império pelo qual pode fazer “derivar” para seus cofres
uma parcela do patrimônio das pessoas sujeitas à sua
jurisdição e que são chamadas “receitas derivadas” ou
tributos, divididos em impostos, taxas e contribuições.
Em nosso direito positivo as receitas derivadas estão
representadas pelos tributos e pelas penalidades
pecuniárias decorrentes de atos ilícitos. Ao Direito
Tributário, porém, só interessa as receitas derivadas que
correspondam ao conceito de tributo.
Diante disso, pode-se aproximar um pouco mais o
conceito de Direito Tributário:
Direito Tributário é a parte do Direito Financeiro que
estuda as relações jurídicas entre o Estado (fisco) e
os particulares (contribuintes), no que concerne à
instituição, arrecadação, fiscalização e extinção do
tributo.

Segunda Aula
O objetivo dessa aula é expor aos jovens como se dá
o Direito Tributário, quem e como se determinam a
formação dos tributos.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

O Direito Tributário, também denominado Direito


Fiscal, se fundamenta no artigo 145 a 162 da Cons-
tituição Federal, e a outros a eles conexos. Tais
dispositivos compõem o “Sistema Tributário Nacional”.

Sistema Tributário Nacional

Em um sistema global tem-se o sistema jurídico brasileiro,


que é um todo harmônico, entretanto, para fins didáticos

Contabilidade Básica 95
ou de estudo, pode-se separá-lo, segundo um critério
coerente, em sistema constitucional, sistema constitucional
do trabalho e sistema constitucional tributário.
Para elaboração de uma sistematização, que será
chamada de “sistema constitucional tributário”, toma-se
como referencial o “tributo”, ou seja, destaca-se para
estudo o conjunto de normas constitucionais que tenham
pertinência direta com o tributo e, logicamente, com o
Direito Tributário.
Fala-se em sistema tributário, mas vale dizer sistema
constitucional tributário, porque se não existisse a
Constituição inexistiria até mesmo o mais simples sis-
tema tributário. O Sistema Tributário Nacional é o
conjunto dos tributos existentes no Brasil, tendo em vista
não só as relações e harmonia entre eles, mas também
os efeitos que globalmente possam produzir sobre a vida
econômica e social.
Na idéia de sistema está a de estrutura e organicidade.
Sobre o conceito de sistema, entende-se como “um
conjunto de elementos que passam a adquirir indivi-
dualidade por estarem agrupados em torno de princípios
comuns”.
Conclusão: Sistema tributário é o conjunto de normas
jurídicas que disciplinam o exercício de impor,
fiscalizar e arrecadar todos os tributos do país, pelos
entes políticos e órgãos públicos aos quais a
Constituição atribui competência tributária.
Consiste num sistema rígido, em vista de a Constituição
tratar da matéria tributária de modo exaustivo, por meio
de diversos princípios e mandamentos, não dando
liberdade ao legislador ordinário, que deverá limitar-se a
criar os tributos que lhe competem e obedecer aos
princípios constitucionais e normas gerais comple-
mentares. Idêntico sistema não se encontra nas
Constituições da Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra,
Itália em que à matéria tributária são dispensados apenas
alguns mandamentos, deixando margem ao legislador
ordinário para regulá-la de modo amplo.

Competência x Capacidade

Competência é poder. É ter o direito de exercer certos


poderes. Competência tributária é o poder (dever) que a
Constituição Federal outorga a cada um dos entes
políticos, para instituir, fiscalizar e arrecadar tributo.
Esses entes políticos são a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios. A competência é indelegável,
pois o que é prescrito pela constituição é, por assim dizer,
intransferível, de modo que um dos mencionados entes
políticos não pode delegar a competência de impor seus

96 Contabilidade Básica
tributos a outro ente qualquer. Caso não exerça a
competência, ninguém a poderá exercer.
A Capacidade tributária bifurca-se em ativa e passiva. A
ativa é aquela atribuída a determinado ente político ou
qualquer entidade, ainda que não política, para exercer
as funções de arrecadar o tributo e, às vezes, também de
fiscalizar, mas nunca de instituir o tributo. Assim temos a
capacidade delegável, isto é, a capacidade pode ser
delegada. É o caso do imposto territorial rural, de compe-
tência da União, mas a capacidade de arrecadá-lo está
outorgada aos municípios. Outros exemplos podem ser
citados, mesmo com entidades privadas encarregadas de
arrecadar tributos, como os bancos, etc. Não se pode
confundir, porém, com competência, que é indelegável. A
capacidade é delegável.
Capacidade passiva refere-se ao contribuinte. A capa-
cidade passiva tributária independe da capacidade civil
das pessoas naturais, bem como de achar-se a pessoa
natural sujeita a medidas que importem privação ou
limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou
profissionais, ou de administração de seus bens ou
negócios ou ainda de estar a pessoa jurídica regular-
mente constituída, bastando que configure uma unidade
econômica ou profissional.

Fiscalidade, parafiscalidade e
extrafiscalidade

Essas classificações têm como base única o imposto,


cuja definição está destacada no artigo 16 do CTN. O
imposto que distingue uma das outras é a destinação do
produto da arrecadação de cada um. Assim, o imposto de
natureza fiscal é aquele cuja arrecadação se destina a
fazer face aos serviços públicos em geral, a cargo da
administração central, para o que está incumbido o poder
executivo do governo, isto é, o Presidente da República
com seus ministros, departamentos, secretarias, etc.; o
Estado com o governador, secretários, etc. É a mani-
festação direta do Poder Público voltada para a satis-
fação das necessidades coletivas, quer por seus órgãos
próprios quer por empresa ou entidades concessionárias
de serviços públicos, mas sempre sob o comando e a
supervisão da administração centralizada.
Já o produto parafiscal tem a sua arrecadação destinada
a fazer face aos serviços públicos específicos pertinentes
à entidade arrecadadora, cuja administração é descen-
tralizada. São as contribuições parafiscais das entidades
paraestatais, como INSS, Sunab, Senac, DNER, e outras
tantas autarquias. Incluem-se também nas contribuições
parafiscais as contribuições profissionais, anuidades

Contabilidade Básica 97
pagas à OAB, CREA, CRC, etc., FGTS, Funrural, contri-
buição sindical, salário-família, etc.
Por fim, há o imposto de caráter extrafiscal, que tem a
finalidade não de auferir receita para os cofres públicos,
mas de disciplinar comportamento, tendo em vista
alcançar objetivos econômicos ou sociais. São, em outros
termos, incentivos fiscais cujo escopo precípuo é
exatamente desbravar e desenvolver certas regiões
carentes. As entidades encarregadas disso são: Sudene,
Sudam, Sudepe. Não se deve confundir incentivo fiscal
com isenção ou imunidade. Estes são apenas meios de
se conceder incentivo. Importante lembrar também que o
incentivo manifesta-se sob a forma de diminuição ou
supressão da carga tributária (exemplo isenção: IPI sobre
as vendas de óculos/imunidade; ICMS nas exportações
de produtos industrializados) ou sob a forma de exacer-
bação de alíquotas que, neste caso, funciona como um
desestímulo fiscal para induzir o contribuinte a não
assumir condutas tidas como impróprias sob os aspectos
político, econômico ou social (exemplo Imposto de
Importação elevado sobre produtos supérfluos).

Terceira Aula
O objetivo dessa aula será o de determinar como se
dá a legislação tributária e seus efeitos nas organi-
zações (empresas).

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Legislação tributária

Lei, cientificamente, é a relação necessária que deriva da


natureza das coisas. Juridicamente, porém, a lei não
deriva da natureza das coisas, mas da vontade do
homem. A lei jurídica é feita pelo homem, é artificial. É
feita à medida da necessidade em razão dos usos e
costumes dos povos em certo tempo e em determinado
lugar. Constitui-se num imperativo atributivo emanado do
poder competente do Governo, para disciplinar ou
normatizar certo assunto ou determinada matéria de
interesse geral, e é dotada de sanção.
Legislação é o conjunto de normas jurídicas emanadas
do Poder Público, tais quais as leis, desde a Constituição,
que é a Lei Maior, às leis complementares, leis ordi-
nárias, leis delegadas, decretos-lei, decretos, etc. Isto no

98 Contabilidade Básica
Direito em geral. Acrescentando-se o adjetivo “tributária”,
tem-se que a legislação tributária é esse mesmo conjunto
de normas quando elas tratam, no todo ou parte, dos
tributos, bem como das relações jurídicas entre fisco e
contribuintes.
Diz o artigo 96 do CTN: “A expressão ‘legislação
tributária’ compreende as leis, os tratados e as
convenções internacionais, os direitos e as normas
complementares que versem, no todo ou em parte,
sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”.

“Legislação Tributária – Importância e


relevância”

Ao conjunto de normas que compõem e regem o Direito


Tributário a doutrina dá a qualificação de “fontes” do
Direito Tributário. Essas fontes podem ser divididas em:
z Fontes Principais: inovam a ordem jurídica.
z Fontes Secundárias: não inovam a ordem jurídica,
apenas explicam como ela deve ser executada, ou
seja, versam sobre a aplicação dos dispositivos.

Fontes Principais

I - Leis
z Constituição
z Emenda Constitucional
z Lei Complementar
z Resoluções
z Lei Ordinária
z Lei Delegada
z Medidas Provisórias
z Decreto Legislativo
z Tratados e Convenções Internacionais

Fontes Secundárias
z Decreto Executivo
É um ato ou manifestação solene da vontade do Poder
Executivo. O Decreto é inteiramente subordinado à Lei,
não podendo contrariá-la, excedê-la ou restringi-la.
Existem três categorias de decretos:
a) Decreto de Execução
b) Decreto Autônomo ou Independente
c) Decreto de Organização

Contabilidade Básica 99
Atos administrativos normativos

Conforme a finalidade ou posição hierárquica da autori-


dade de onde emanam, os atos administrativos recebem
denominações diferentes.
Portanto, ato normativo administrativo é gênero do qual
constituem espécies as seguintes:
a) Portaria
b) Circular
c) Aviso
d) Ordem de Serviço
e) Instrução
f) Instrução Normativa

Outros atos administrativos também constituem instru-


mentos normativos, embora menos utilizados. Desta-
camos a Mensagem e a Proclamação (vontade do Poder
Executivo em caráter decisório); o Comunicado e a
Comunicação de Serviço; a Resolução (declaração de
vontade emanada de órgão colegiado) e a Deliberação.

Educador, no anexo 8 você encontrará textos complementares aos assuntos que serão abordados nessa aula.

Quarta Aula
O objetivo dessa aula é definir os principais
“princípios” da Legislação Tributária.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Princípios Constitucionais Tributários

Apesar de muita controvérsia sobre ser ou não ser o


Direito Tributário disciplina autônoma, atualmente ele
prima pela sua autonomia, embora seja sub-ramo do
Direito Financeiro que, também, sub-ramo do Direito
Administrativo, desponta igualdade como ramo autônomo.
Uma disciplina jurídica pode ser considerada autônoma à
medida que possui métodos, princípios e institutos
próprios, peculiares, assim como organização que regule,
coordene objeto próprio, específico. Isso ocorre com o

100 Contabilidade Básica


Direito Tributário, que possui todos esses requisitos,
despontando como matéria autônoma, mercê, princi-
palmente, dos seus princípios, como, o da legalidade,
anualidade, etc., e dos seus institutos, tais quais fato
gerador, lançamento, etc.

Princípio da legalidade

O primeiro e o mais importante, traduz-se pela legiti-


midade da imposição tributária acessória ou principal,
dependente da estipulação anterior da lei. A legalidade,
especificamente em matéria tributária, está consagrada
no artigo 150, I:
“Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem que a lei o
estabeleça”.

Daí pode-se afirmar, sem possibilidade de equívoco: a


causa da tributação é sempre uma lei e sem lei não há
tributo. Constituem exceção a esta regra o II, IE, IPI e
IOC (CF artigo 153 § 1°) cujas alíquotas podem ser
alteradas pelo Chefe do Executivo dentro dos limites e
condições estabelecidos em lei.

Princípio da anterioridade

Visa evitar que o contribuinte seja surpreendido em meio


a um exercício financeiro. Ressalvadas as exceções
constitucionais, nenhuma lei criadora ou inovadora de
incidências tributárias poderá vigorar antes de iniciado o
exercício financeiro seguinte àquele em que a lei foi
publicada.
A Constituição de 1988, no artigo 150, item III, letra “b”
diz o seguinte:
“Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos:
b) “no mesmo exercício financeiro em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou”.

Pelo exposto, no direito positivo brasileiro, a aplicação do


princípio da anterioridade da lei tributária é regra, ou seja,
os tributos sujeitos à anterioridade da lei só poderão ser
cobrados a partir do exercício seguinte ao da instituição
ou da alteração.

Contabilidade Básica 101


Constituem exceção a esta regra o II, IE, IPI e IOC (CF
artigo 150 § 1°) cujas alíquotas podem ser alteradas pelo
Chefe do Executivo no mesmo exercício financeiro.

Princípio da igualdade

Consagra o artigo 5, I, que “todos são iguais perante a


lei, sem distinção de qualquer natureza...”
Essa igualdade não quer significar a igualdade de fato,
mas a igualdade jurídica. Assim, é vedado estabelecer
distinção tributária entre pessoas em razão de sexo, raça,
trabalho, credo religioso, convicções políticas, etc.
Este princípio, conquanto não seja, na verdade, exclusivo
do Direito Tributário, dada sua generalidade, presta-se a
ele também.
Tal qual o procedimento de todo cidadão, regido por essa
norma da Constituição, também o é o das relações
jurídico-tributárias entre Fisco e contribuinte. Ambos são
iguais perante a lei dentro das regras fiscais que
estabelecem para ambas as partes, direitos e obrigações.
Daí a pertinência do princípio ao Direito Tributário.
Dele trata a constituição nos seguintes termos:
Artigo 150: ... É vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
...
II – instituir tratamento desigual entre contribuintes
que se encontrem em situação equivalente, proibida
qualquer distinção em razão de ocupação profis-
sional ou função por eles exercida, independen-
temente da denominação jurídica dos rendimentos,
títulos ou direitos.

Princípio da uniformidade da tributação

A pluralidade dos poderes tributários e de interesses


econômicos regionalistas ou locais, em face da
organização política do Brasil, exige que a Constituição
erija certos princípios que visam evitar pressões ou
privilégios de ordem tributária outorgados pela União,
pelas unidades federadas e pelos municípios. Assim, a
União não pode instituir tributo que não seja uniforme em
todo o território nacional, ou que implique distinção ou
preferência em relação a qualquer Estado ou Município
em prejuízo de outro, e não pode tributar a renda das
obrigações da dívida pública estadual ou municipal.
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não
podem estabelecer diferença tributária entre os bens de

102 Contabilidade Básica


qualquer natureza, em razão da sua procedência ou
destino.
A uniformidade da tributação é princípio amparado pela
nossa Constituição Federal no artigo 151, incisos I, II e
III.

Princípio da liberdade de trânsito

Os tributos não podem ser utilizados com a finalidade de


estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou merca-
dorias, quando se revistam da característica de
imposição interestadual ou intermunicipal.
Eis o que a Constituição estabelece a respeito:
Artigo 150: É vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas e
bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio
pela utilização de vias conservadas pelo Poder
Público.

Quinta Aula
O objetivo dessa aula é definir o significado da
tributação em si.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Significado da tributação

A relação jurídico-tributária é aquela que, por força de


norma imperativo-atributiva própria, vincula dois sujeitos,
sendo, de um lado, sujeito ativo, e do outro, o passivo da
obrigação tributária. Em todo direito positivo figura a
relação jurídica, pois, sendo o direito bilateral, a norma
jurídica estabelece um vínculo entre duas partes, sempre
naquele princípio de que a cada obrigação existe um
direito que lhe corresponde, sendo válida a recíproca.
Assim como, por exemplo, na contabilidade, também no
direito tem sempre de um lado o devedor e de outro o
credor. No campo tributário o credor é chamado de
sujeito ativo e o devedor de sujeito passivo. A norma
jurídica, portanto, quando versa sobre matéria tributária,
vinculando esses dois sujeitos, cria uma relação jurídico-

Contabilidade Básica 103


tributária, com a simples ocorrência do fato gerador, inde-
pendentemente da vontade, mas por imposição da lei.

Tributos – Conceito, classificação e


espécies

Conceitos de tributos

Em sentido amplo, entende-se por tributo toda a cota de


sacrifício ou cooperação prestada com determinado fim.
É algo que se desmembra do patrimônio de alguém em
favor de alguma finalidade. Em sentido estrito técnico-
fiscal, porém, existe outro elemento: a obrigatoriedade.
Toda prestação que uma pessoa natural ou jurídica
efetue para o Governo com característica de tributo é
impositiva, coercitiva, já que a manifestação do jus imperii
da autoridade do Governo se manifesta com sanção.
Por essa razão muitos confundem imposto com tributo,
conquanto não o seja, pois não é só imposto que é
tributo.
Muitas são as definições que podem ser citadas, mas
fatalmente se cairia na definição legal do Código
Tributário Nacional, que encerra todos os elementos da
definição correta e obsta o risco de se cair em definições
incompletas.
Dispõe o artigo 3º do CTN:
“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plena-
mente vinculada”.

Sexta Aula
O objetivo dessa aula é apresentar aos jovens partici-
pantes as diferenças entre os diversos tipos de tributos
existentes.

104 Contabilidade Básica


Passo 1 / Aula teórica

50 min

Diferenças entre os tributos

O conceito de tributo abrange alguns elementos cuja


análise, ainda que breve, deve-se fazer:
z Prestação pecuniária – O conceito legal exclui
qualquer prestação que não seja representada por
dinheiro ou que nele possa ser expresso. É o caso do
cheque, do vale postal, das Obrigações do Tesouro
Nacional, etc. e, nos casos previstos em lei, da
estampilha, do papel selado, do processo mecânico
ou, com a devida permissão legal, da ação em
pagamento, conversão de depósitos em renda,
créditos tributários, etc. Não podem ser cobrados,
portanto, tributos que consistam em prestação de
natureza pessoal, tal como a prestação de serviços.
z Compulsória – É da essência do tributo a sua
obrigatoriedade. O tributo não decorre de negócio
jurídico realizado mediante manifestação de vontade
das partes. Decorre de uma relação de soberania do
Estado, que lhe permite exigir de todos que tiverem
capacidade contributiva, nos termos objetivamente
previstos em lei, uma prestação obrigatória.
z Que não constitua sanção de ato ilícito – A lei
exclui do conceito de tributo as multas de categoria do
tributo. Assim, em nosso direito positivo, esse tipo de
sanção constitui receita derivada com características
próprias, não contidas no conceito de tributo.
z Instituída em lei – É uma obrigação ex-lege, ou
melhor, uma obrigação sempre decorrente de lei.
z Cobrada mediante atividade administrativa vinculada
– Não pode o Estado cobrar tributo sem que ele seja
lançado. O lançamento é essa atividade adminis-
trativa vinculada. Ele é que torna líquida e certa a
quantia do crédito tributário exigida.

Classificação de tributos

Os tributos possuem diversas classificações, segundo a


ótica de sua apreciação. Assim, tem-se:
z Segundo a autoridade de que promanam: federais,
estaduais e municipais.
O tributo deve emanar de algum poder político segundo o
instituído na Constituição Federal. Assim, se provier da
União, será Federal, seja imposto, taxa ou contribuição

Contabilidade Básica 105


de melhoria. Se o Estado é quem os impõe, são tributos
estaduais, caso seja o Município, serão tributos muni-
cipais. As leis federais, estaduais ou municipais, que
versem sobre tributos das respectivas competências,
devem estar em plena consonância com as leis comple-
mentares e com a Constituição Federal, sob pena de
ilegais ou inconstitucionais, visto existir um Sistema
Tributário Nacional vigente que deve ser rigorosamente
obedecido e cumprido por todas as pessoas políticas
competentes para impor tributos. Nessa matéria a auto-
nomia dos Estados e dos Municípios não é absoluta, mas
relativa.

z Conforme o tipo de imposição: impostos, taxas,


contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e
contribuições parafiscais.

Imposto

Assim define o CTN no artigo16: “imposto é o tributo cuja


obrigação tem por fato gerador uma situação indepen-
dente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte”.
Por essa definição, percebe-se que se trata de tributo que
o contribuinte paga ao Estado sem receber deste
contraprestação específica, direta. O imposto, quanto à
base econômica, pode incidir sobre o patrimônio, a renda,
a circulação ou o serviço.
Além disso, chama-se de direto o imposto cujo sujeito
passivo reúne as obrigações de direito e de fato perante
o sujeito ativo. O sujeito passivo é o devedor de direito e
também de fato (arca com o ônus). Deve, portanto,
desembolsar o numerário. Exemplo: Imposto predial.
Imposto indireto é aquele cujo sujeito passivo de direito
é um e o fato é outro, isto é, este é que desembolsa o
dinheiro (arca com o ônus de pagar o imposto), mas
aquele é que é o verdadeiro contribuinte jurídico que vai
carrear o numerário ao tesouro público. Exemplo: IPI,
ICMS.

Taxa

Definição legal CTN artigo77: “as taxas cobradas pela


União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições,
têm como fato gerador o exercício regular do poder de
polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou
posto à sua disposição”.

106 Contabilidade Básica


Poder de polícia é a atividade da administração pública
que limita e disciplina direito, interesse ou liberdade em
razão do interesse público, concernente à segurança, à
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da pro-
dução, do mercado, à tranqüilidade pública ou ao respeito
à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos
(artigo78 CTN).
A taxa tem como característica, na materialidade do seu
fato gerador, “a atuação estatal diretamente referida ao
contribuinte”, em forma de contraprestação de serviço.
Assim, o Estado presta um serviço público, específico e
divisível, diretamente referido ao contribuinte e este fica
com a obrigação de pagar, por exemplo, taxa de registro,
taxa de publicidade, taxa de coleta de lixo, taxa de
licença, etc.
Por fim, preços públicos e taxas não se confundem.
Taxa é o tributo exigido para custear os serviços públicos
compulsórios, ou seja, aqueles que devem ser prestados
direta e exclusivamente pelo Poder Público, por
determinação constitucional.
Preço público não é tributo. É a remuneração exigida
para custear os serviços públicos não compulsórios, ou
seja, aqueles que podem ser prestados diretamente pelo
Poder Público ou, indiretamente, sob regime de
concessão.
Tarifa é um conceito genérico. É comumente disposta no
sentido de preço público (tarifa postal = preço pago pela
utilização dos serviços dos Correios).

Taxa Preço público

Tem-se as taxas: Serviços públicos tidos como não essenciais que


admitem a concessão, remuneram-se por preços
„ pelo exercício do poder de polícia;
públicos, também denominados “tarifas”.
„ pela utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público.
Remunera serviços públicos (são serviços públicos
aqueles inerentes ao Estado, denominados essen-
ciais, além daqueles cuja atividade econômica não
compete originariamente à iniciativa privada)
Exemplos: Exemplos:
„ Taxas judiciárias „ Preço público cobrado pelo Registro do Comércio
„ Taxas de vistoria „ Preço público cobrado pelos combustíveis
„ Taxas de licença „ Tarifa cobrada no fornecimento de serviços de
água, correios e telégrafos, luz e telefone
„ Taxas de fiscalização
Tabela 1

Contabilidade Básica 107


Contribuição de melhoria

Previsão constitucional: artigo 145 inciso III.

Por definição CTN artigo 81, “a contribuição de melhoria


cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal
ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo
como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado”.
Com efeito, pela análise de materialidade do fato gerador,
não pode haver confusão entre a taxa e a contribuição de
melhoria. Quando a atuação do Estado for em forma de
“serviço público” (diretamente referida ao contribuinte)
será fato gerador da taxa, e se a atuação do Estado for
em forma de “obras públicas” será pressuposto de
cobrança da contribuição de melhoria. Serviço público
beneficia exclusivamente o contribuinte, enquanto a obra
pública beneficia não só o contribuinte da eventual
contribuição de melhoria, mas toda ou boa parte da
coletividade.

Empréstimo compulsório

Previsão constitucional: artigo 148

A União poderá instituir empréstimos compulsórios nos


seguintes casos excepcionais, CTN artigo15:
z Guerra externa.
z Calamidade pública que exija auxílio federal im-
possível de atender com os recursos orçamentários
disponíveis.
z Conjuntura que exija a absorção temporária do poder
aquisitivo.

A lei instituidora deverá fixar, obrigatoriamente, o prazo


do empréstimo e as condições de seu resgate, além de
observar as determinações constitucionais relativas aos
tributos e às normas gerais de direito tributário.

Contribuições parafiscais

Previsão constitucional: artigo 149

A União pode instituir contribuições tendo em vista a


intervenção no domínio econômico e o interesse da previ-
dência social ou de categorias profissionais. A lei
instituidora de tais contribuições poderá facultar ao poder

108 Contabilidade Básica


executivo, dentro de limites que ela estabeleça, a
alteração de alíquotas ou das bases de cálculo do tributo.
Conforme preceitua o artigo 217 do CTN tem-se, inte-
grando esses tipos de contribuições, por exemplo: Contri-
buição Sindical, Contribuição para a Previdência Social,
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, Funeral, etc.

Sétima Aula
O objetivo dessa aula é apresentar um quadro
comparativo aos jovens participantes, a fim de fazer o
fechamento do assunto tributo.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Quadro resumo dos tributos

Tributo Características Destino da arrecadação


É o tributo exigível independentemente de qualquer atividade Geral (145, I, 153 e 156)
Imposto
estatal específica relativa ao contribuinte. (145, II)
É o tributo exigível em razão do exercício do poder de polícia ou Destina-se a custear o serviço público e os atos de
pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos polícia
Taxa
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua
disposição (145,II)
É o tributo exigível em decorrência de obra pública (145, III) Destina-se a custear a obra pública realizada que
Contribuição de melhoria
valorizou o imóvel do contribuinte
Contribuição parafiscal
Instrumentais – É o tributo exigível: I. dos empregadores – Destina-se a financiar a Seguridade Social; e
incidente sobre a folha de salários, faturamento e lucro; II - dos exigível por meio de lei ordinária (interpretação
trabalhadores; III – sobre a receita de recursos de prognósticos contrário sensu do artigo 195, § 4º)
(195, I- II- III); e das pessoas jurídicas:PIS (239)
Outras fontes – É o tributo exigível sobre outras fontes, por meio Destina-se a garantir a manutenção ou expansão da
de lei complementar, desde que não tenham fato gerador ou base seguridade social
a) social de cálculo dos impostos discriminados na CF (195, § 4º)
Educacional – É o tributo exigível das empresas, recolhido na Como fonte adicional de financiamento do salário-
forma da lei (212, § 5º) educação
Serviço social – É o tributo exigível dos empregadores sobre a Contribuição compulsória destinada às entidades
folha de salários, nos moldes anteriores à Constituição de 1988 privadas de serviço social e de formação profis-
(240) sional vinculadas ao sistema sindical
É o tributo exigível exclusivamente pela União, como instrumento Destina-se ao orçamento fiscal da União e a custear
b) de intervenção de sua atuação de intervenção no domínio econômico (149, a atuação (149, caput, e 165, § 5º)
caput)
É o tributo exigível exclusivamente pela União, como instrumento Destina-se às categorias profissionais ou
c) de categorias de sua atuação no interesse das categorias profissionais ou econômicas.
econômicas (149, caput)
É o tributo exigível pela União, mediante lei complementar: Vincula-se ao atendimento de tais despesas (148,
„ Para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de parágrafo único).
Empréstimos calamidade pública, de guerra externa ou sua eminência
compulsórios (148, I).
„ No caso de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional (148, II)
Tabela 2

Contabilidade Básica 109


Educador, como forma de dinamizar a aula, proponha aos jovens que tragam carnês de IPTU, contas de Luz,
telefonia, entre outros, e demonstre a eles onde estão inseridos os tributos nessas contas.

Oitava Aula
O objetivo dessa aula é definir a competência dos
tributos: a quem cabe cobrar, e a quem cabe pagar.

Passo 1 / Aula teórica

50 min

Competência dos tributos

Conforme preceitua o artigo 217 do CTN tem-se,


integrando esses tipos de contribuições, pela:

União (Seção III – Artigo 153)

Impostos
z Importação de produtos estrangeiros (II)
z Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou
nacionalizados (IE)
z Renda e proventos de qualquer natureza (IRPJ)
z Produtos Industrializados (IPI)
z Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a
títulos ou valores mobiliários (IOC)
z Propriedade Territorial Rural (ITR)
z Grandes fortunas, nos termos de lei complementar
z Extraordinário no caso de Guerra Externa
z Outros impostos pelo exercício da competência residual

Outros tributos
z Taxas
z Contribuições de melhoria
z Transações financeiras (CPMF)
z Empréstimos compulsórios
z Contribuições sociais, de intervenção no domínio eco-
nômico e de interesse das categorias profissionais ou
econômicas, tais como: Contribuição do FGTS, Con-
tribuição Previdenciária, Contribuição Sindical, etc.

110 Contabilidade Básica


Estados e Distrito Federal (Seção IV – Artigo
155)

Impostos
z Transmissão Causa Mortis e doação, de quaisquer
bens ou direitos
z ICMS, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior
z Propriedade de veículos automotores (IPVA)

Outros tributos
z Taxas
z Contribuições de melhoria
z Contribuições Sociais (artigo149, § único da CF)

Municípios (Seção V – Artigo 156)

Impostos
z Propriedade predial e territorial urbana (IPTU)
z Transmissão Inter Vivos, a qualquer título, por ato
oneroso, de bens imóveis
z Serviços de qualquer natureza, não compreendidos
no artigo155 – II (ISS)

Outros tributos
z Taxas
z Contribuições de melhoria
z Contribuições Sociais (artigo149, § único da CF)

Obrigação tributária

Obrigação tributária é a relação de direito público em


virtude da qual o Fisco (sujeito ativo) pode exigir do
contribuinte (sujeito passivo) uma prestação (objeto), na
conformidade dos pressupostos descritos pela lei
tributária.
A lei é, portanto, a fonte da obrigação. Para que a
obrigação se materialize, concretamente, é preciso que
haja lei anterior definindo as hipóteses de incidência, em
abstrato. Ocorrendo na prática o fato gerador, previsto
em lei, automaticamente surge, naquele caso concreto, a
obrigação. Esta é individualizada pelo ato declaratório
denominado lançamento.
O Código Tributário Nacional divide a obrigação tributária
em: principal e acessória.

Contabilidade Básica 111


A obrigação principal tem como objetivo o pagamento do
tributo ou de penalidade pecuniária; surge com a
ocorrência do fato gerador e extingue-se juntamente com
o crédito dela decorrente.
A obrigação acessória tem por objeto as prestações,
positivas ou negativas, previstas na legislação tributária
no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos. Exemplo: emitir notas fiscais, escriturar livros
fiscais, registro do CNPJ, inscrição no Estado, manter e
conservar livros e documentos, prestar declarações em
formulários próprios, etc.
A obrigação acessória converte-se em principal, relati-
vamente à penalidade pecuniária, pelo simples fato de
sua inobservância.

Fato gerador

Denomina-se fato gerador a hipótese de incidência


tributária prevista em abstrato na lei, que quando concre-
tizada faz nascer à obrigação tributária, por exemplo:
receber renda – IR, fazer circular mercadorias – ICMS,
prestar serviços – ISS, etc.
Esta é a definição do nosso direito positivo, contida no
artigo 114 do CTN:
O fato gerador é, portanto, a situação descrita em lei que,
uma vez ocorrendo concretamente, localizada no tempo e
no espaço, faz nascer a obrigação tributária, isto é,
determina a transferência jurídica, em favor do Governo,
da titularidade de certa quantia. Nesse mesmo momento,
o sujeito que praticou o ato previsto em lei, ou encontrou-
se na situação de fato, deixa de ser titular dessa mesma
quantia.
É, portanto, fato gerador, a situação ou o acontecimento,
tal como previsto na lei, que tem a virtude de gerar, isto é,
fazer nascer a obrigação tributária.
A lei prevê em hipótese determinado fato, certa
ocorrência concreta, tal acontecimento. Se isso se der,
realizar, acontecer, exatamente como previsto na lei, a
obrigação nasce. Os fatos não previstos na lei jamais
gerarão obrigação alguma; é preciso e necessário que
exista legalmente sua previsão para ser fato gerador.

Sujeito ativo

O sujeito ativo da obrigação tributária é a pessoa jurídica


de direito público ou privado legalmente incumbido da
arrecadação de tributos.

112 Contabilidade Básica


Sujeito passivo

O sujeito passivo da obrigação principal é toda pessoa


física ou jurídica, obrigada ao pagamento do tributo ou à
penalidade pecuniária, pessoa esta que reveste a
condição de contribuinte ou de responsável.

Contribuinte

Dá-se o nome de contribuinte ou sujeito passivo direto à


pessoa que realizou o fato gerador. Podem-se apresentar
como contribuintes tanto a pessoa física como a pessoa
jurídica. Pode-se lembrar o proprietário de bem imóvel na
zona urbana do município, em relação ao IPTU, assim
como as empresas que vendem mercadorias, em relação
ao IPI ou ICMS.

Responsável

É uma terceira pessoa que, embora não tendo realizado


o fato gerador, está legalmente incumbida do pagamento
do tributo. O responsável não arca com o ônus tributário,
que é suportado pelo contribuinte. É o caso do sucessor
que responde pelos débitos tributários do sucedido, nos
limites da herança, bem como o caso da empresa que
recolhe Imposto de Renda do empregado na fonte.

Educador, no anexo 9 você encontrará textos complementares aos assuntos que serão abordados nessa aula.

Nona Aula
Nessa aula os jovens conhecerão quais são os prin-
cipais tributos no Brasil hoje, pois serão apresentados
as siglas e o tipo de cobrança pertinente a eles.

Contabilidade Básica 113


Passo 1 / Aula teórica

50 min

Noções básicas dos principais tributos


no Brasil

IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica)

Fato gerador

É a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da


renda ou do produto.
Aquisição da disponibilidade econômica é o efetivo
recebimento da renda. (Exemplo: venda a vista, aluguel).
Chamado regime de caixa.
Aquisição da disponibilidade jurídica é a constituição do
direito de receber renda. (Exemplo: venda a prazo).
Chamado regime de competência.

Formas de apuração

z Lucro real
A partir do ano-calendário de 2002, estão obrigadas à
apuração de lucros reais as pessoas jurídicas (Lei
10.637, de 30.12.2002, artigo 46):
{ cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja
superior ao limite de R$ 48.000.000,00 (até
31/12/2002 o limite era de R$ 24.000.000,00);
{ cujas atividades sejam de instituições financeiras
(bancos comerciais, de investimento);
{ que tiveram lucros, rendimentos ou ganhos de
capital oriundos do exterior;
{ que usufruam benefícios fiscais relativos à
isenção ou redução do imposto;
{ que, no decorrer do ano-calendário, tenham
efetuado o pagamento do imposto mensal pelo
regime de estimativa;
{ que se dediquem à atividade de factoring.

z Lucro presumido
Se a pessoa jurídica não se enquadrar em nenhuma das
situações relacionadas no item anterior poderá optar pela
tributação com base no lucro presumido, devendo esta
opção ser exercida com o pagamento da primeira quota
ou quota única do imposto devido no primeiro trimestre
do ano-calendário. A partir de 1999, esta opção passa a

114 Contabilidade Básica


ser definitiva em relação a todo o ano-calendário, ou seja,
não há mais possibilidade de mudança para o regime de
lucro real no ano em que a empresa iniciar o pagamento
do imposto com base no lucro presumido.

z Lucro arbitrado
O fisco arbitra o lucro basicamente quando o contribuinte
não mantém escrituração nas formas das leis comerciais
e fiscais, quando houver indícios de fraude ou quando o
contribuinte optar indevidamente pela tributação com
base no lucro presumido.

Períodos de apuração

Apuração trimestral do IRPJ e da CSLL

A partir do ano-calendário de 1997 (Lei 9.430, de


27/12/1996), as pessoas jurídicas determinarão a
base do cálculo do IRPJ e da CSLL por períodos de
apuração trimestral, qualquer que sejam as formas
de apuração a que estejam submetidas. Portanto,
seja a apuração com base no lucro real, presumido
ou arbitrado, o IRPJ e a CSLL serão determinados
considerando:

Pagamento: último dia útil de:

Trimestre Período-Base Cota única 3 quotas iguais

Primeiro 01/01 a 31/03 Abril Abr/Mai/Jun


Segundo 01/04 a 30/06 Julho Jul/Ago/Set
Terceiro 01/07 a 30/09 Outubro Out/Nov/Dez
Quarto 01/10 a 31/12 Janeiro Jan/Fev/Mar
Tabela 3

Lucro real – Como regra geral, as pessoas jurídicas


obrigas à tributação com base no lucro real que não
optarem pelo lucro presumido deverão levantar balanços
ou balancetes trimestrais a fim de determinar o lucro real
e a base de cálculo da CSLL.

Opção pelo lucro real anual – A Lei 9.430/96 admite,


como opção à trimestralidade, a apuração anual do lucro
real para as empresas que pagarem mensalmente o
imposto e a contribuição social sob a forma de estimativa,
na forma da legislação vigente.

Pagamento por estimativa – O regime de estimativa


previsto na legislação que começou a vigorar em janeiro
de 1995, consiste no pagamento mensal do Imposto de
Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido até

Contabilidade Básica 115


o último dia útil do mês subseqüente, com base na
receita bruta e acréscimos e/ou em balanços ou
balancetes de suspensão ou redução. Nesse caso o IRPJ
e a CSLL pagos durante o ano serão deduzidos dos
valores efetivamente devidos, apurados no encerramento
do ano-calendário.

Escolha da forma de pagamento – A opção de


pagamento pelo Lucro Real Trimestral ou Estimativa
mensal deverá ser manifestada com o pagamento do
imposto correspondente ao mês de janeiro e será
irretratável para o todo o ano-calendário.

Lucro presumido e arbitrado – A partir de 1997, a


apuração do lucro presumido e do lucro arbitrado passa,
obrigatoriamente, de mensal para trimestral.

Educador, no anexo 10 você encontrará textos complementares aos assuntos que serão abordados nessa aula.

116 Contabilidade Básica


5 Preenchimentos de Documentos

Educador, como este será o último capítulo, será proposta uma discussão quanto à
importância do preenchimento dos documentos fiscais, bem como quanto à respon-
sabilidade deles no que diz respeito à sua guarda física.

Objetivos

„ Desenvolver o preenchimento prático de uma nota fiscal, observando os critérios


exigidos.
„ Discutir um pouco mais a importância do planejamento tributário de uma empresa,
observando a importância dos tributos para o governo, porém o quanto eles
significam de “peso” no processo produtivo, onerando as empresas no processo da
economia nacional.

Contabilidade Básica 117


118 Contabilidade Básica
Primeira Aula
Após o conhecimento das informações tributárias que
foram passadas nas aulas anteriores, o objetivo dessa
aula será desenvolver, de forma prática, o preen-
chimento de uma nota fiscal fatura, que terá aspectos
fiscais, tributários, financeiros e, conseqüentemente,
contábeis.

Passo 1 / Atividade sugerida

50 min

Preenchimento de uma nota fiscal fatura

Proponha o preenchimento da nota fiscal. Ao final deste


módulo, o jovem deve ficar com essa nota de modelo.

Educador, esta atividade tem o objetivo de definir se


os jovens de fato entenderam a importância dos
documentos fiscais e financeiros para a contabilidade
em si.

Contabilidade Básica 119


120 Contabilidade Básica
Nota Fiscal Modelo

Contabilidade Básica 121


Campos de preenchimento da nota fiscal

Legendas

Nota fiscal de fatura


z Significa que além de ser o componente legal da operação (Fiscal), servirá para
eventual parcelamento da dívida (faturamento).

2. Saída e Entrada
z Saída – Por evento da venda em si.
z Entrada – Quando há repasse de um setor a outro ou há devolução da mercadoria.

3. CNPJ
z CNPJ – Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica. Representa o número de cadastro
da junto aos órgãos (federal, estadual e municipal) que é único por empresa.

4. Logotipo
z Espaço para o logotipo, razão social (denominação da empresa), endereço, e-mail,
telefone, etc.

5. Natureza da Operação
z Código numérico ou denominação descritiva da natureza do ato. Exemplos: venda
de mercadoria, prestação de serviços entre outros.

6. CFOP
z Representa a classificação fiscal da operação, seqüência numérica.

7. Inscrição Estadual do substituto tributário


z Número seqüencial para o Estado quando há tributação exclusiva.

8. Inscrição Estadual
z Como o CNPJ, este é o número que identifica a empresa junto ao Estado de
origem (SP / RJ / BA etc.)

9. Nome/Razão Social
z Deve-se inserir neste campo, no ato da transação, o Nome ou Razão Social, pois o
“comprador” pode ser pessoa jurídica (empresa) ou pessoa física (cidadão
comum).

10. CNPJ/CPF
z Inserir o número seqüencial do CNPJ, caso seja empresa, ou CPF (CIC) caso seja
pessoa física.

11. Endereço
z Inserir os dados cadastrais para a validação da nota fiscal (NF) e posterior
cobrança, caso seja operação comercial.

12. Inscrição Estadual


z Idem ao item 8º, neste caso o número do comprador.

122 Contabilidade Básica


13. Data da Emissão
z Neste campo deve constar a data da emissão da negociação, com o referido
horário, para justificar caso seja frete. Observa-se neste caso que essa data é o
que regulamenta o início do prazo para posterior começo a correr dessa data em
diante.

14. Duplicata nº. desdobrada em:


z Neste caso suponha uma venda no valor de R$ 104,40 em duas vezes iguais e
sucessivas, sendo 50% no ato e 50% para 30 dias após, os campos (a) e (b) são
preenchidos da seguinte forma:
{ Nº. pode ser seqüencial, neste caso 50%, com o valor de R$ 52,20 e no
campo do vencimento escrever “A Vista” ou “Ato”.
{ Nº. seqüencial, 50% valor de R$ 52,20 e no vencimento contar 30 dias
após a data do campo 13º letra “a”.

15. Código do Produto


z Código do produto, número seqüencial, que pode ser numérico ou alfanumérico, e
que de acordo com o plano de contas da contabilidade possa identificar o
produto/serviço a que se refere à venda .

16. Descrição do Produto


z Forma resumida de descrição do produto/serviço vendido.

17. Classificação Fiscal/Sistema Tributário


z A classificação fiscal e o sistema tributário serão determinados pela contabilidade,
quanto ao tipo de tributo que incidirá sobre o produto ou serviço.

18. Unidade
z Unidade se refere como está sendo vendido o produto, se por quilo, caixa, peças,
saca ou outros.

19. Quantidade
z Neste campo será inserida a quantidade do que está sendo vendido, em números.

20. Valor Unitário


z Neste campo será inserido o valor unitário da compra, por exemplo, R$ 10,00.

21. Valor Total


z Neste campo o valor total será inserido, ou seja, a multiplicação do campo 20 X
campo 19, que dará o valor total do produto adquirido.

22. Alíquotas
z De acordo com a região e Legislação Tributaria, neste campo deve ser inserida a
alíquota (peso porcentual) do tributo que será cobrado do comprador junto ao valor
da mercadoria. Por exemplo, a alíquota (SP) do ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadoria) é 18%, assim deve-se inserir a porcentagem 18%.

23. Valor do IPI


z De acordo com a Legislação Tributária, neste campo deve-se informar o valor já
calculado do Imposto sobre Produto Industrializado (ou seja, aquele produto que já
sofreu transformação na cadeia primária e que provavelmente será matéria-prima
para outro produto). Por exemplo, a alíquota do IPI, que é de 10%, é cobrada em
Contabilidade Básica 123
um produto que tenha preço de R$ 100,00, assim pela multiplicação, base = R$
100,00 X (vezes) a alíquota (10%) deve-se informar neste campo o valor de R$
10,00.

24. Base de Cálculo do ICMS


z Neste campo lançar o valor da mercadoria.

25. Valor do ICMS


z Inserir o quanto o imposto vai custar, ou seja, 18% do valor da mercadoria será o
valor neste campo.

26. Base de Cálculo ICMS Substituto


z A e B – Se houver, qual a alíquota que será descontada.

27. Valor do Frete


z Neste caso, se para entregar o produto tem-se de contratar uma transportadora,
será lançado o valor pago para esse serviço.

28. Valor do Seguro


z Se houver o pagamento de seguro para eventual extravio ou perda da mercadoria,
deve ser lançado o valor neste campo.

29. Outras Despesas/Acessórios


z Se houver outras despesas incidentes.

30. Valor Total do IPI


z Como no caso do campo 24, o quanto se deve incidir, referente ao IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados).

31. Valor total da Nota Fiscal


z Inserir o valor da soma dos campos 23 a 30, ou seja, o cálculo total do produto.

32. Nome/Razão Social


z Dados cadastrais da empresa e do veículo que procederá a entrega (frete),

33. Dados Adicionais


z Se houver dados relativos a:
{ número do pedido diferente ao número da nota fiscal;
{ nome do vendedor;
{ nome do comprador;
{ endereço de entrega, se diferente ao da cobrança;
{ neste caso será o endereço da própria empresa compradora, ou o
endereço onde está sendo feita a entrega, ou ainda um endereço do
setor financeiro;
{ carimbo (hoje em dia o meio eletrônico) da validação da nota fiscal.

34. Canhoto da Nota Fiscal


z O canhoto da nota que representa o recebimento da mercadoria, isto indica o dia,
mês e ano e quem recebeu a mercadoria e aceitou a forma de pagamento da
mesma.

124 Contabilidade Básica


Segunda Aula
Dentro do possível e da realidade da empresa, o
objetivo dessa aula é promover o preenchimento de
documentos variados do processo de contas a pagar e
a receber. Essa aula deve servir para elucidar alguns
procedimentos do dia-a-dia, dos documentos e da
relevância da guarda física deles pela contabilidade.

Passo 1 / Atividade obrigatória

50 min

Possibilite, dentro das opções disponíveis, que os jovens


preencham cheques, notas promissórias, dupli-catas,
borderôs bancários, entre outros.
Deixe uma cópia com cada jovem a fim de formarem um
conteúdo rico e relevante (a título de experiência prática)
de toda a teoria elucidada neste módulo.

Contabilidade Básica 125


126 Contabilidade Básica
Gabarito

Cap. 1 – Conceitos gerais

Sexta aula

Banco Capital Social


10.000 10.000
Débito Crédito

Veículo Fornecedor
8.000 8.000
Débito Crédito

Ativo Passivo
Banco R$ 10.000,00 Fornecedor R$ 8.000,00

Veículos R$ 8.000,00 Patrimônio Líquido


Capital Social R$ 10.000,00
Total do Ativo R$ 18.000,00 Total do Passivo+PL R$ 18.000,00

Gabarito da Avaliação Prática

Empresa Simulado S/A. – Balanço Patrimonial (mil R$)

Contabilidade Básica 127


20X4 20X5 20X6
Ativo
Valores $ AV Valores $ AV Valores $ AV
Disponibilidades 7.440 0,8 10.330 1,1 11.030 1,2
Aplicações financeiras 207.650 22 96.612 10,3 43.603 4,5
Duplicatas a receber 133.620 14,2 145.340 15,6 134.102 14
(-) Prov. devedores duvidosos (8.210) (0,9) (10.102) (1,1) (11.305) (1,2)
Duplicatas a receber líquidas 122.704 13 131.817 14 127.300 13,2
Estoques 74.340 7,9 78.804 8,4 84.608 8,8
Outros valores a receber 4.212 0,5 12.640 1,5 19.715 2,0
Despesas antecipadas 1.680 0,2 1.817 0,2 3.517 0,4
Ativo Circulante 543.436 57,7 467.258 50 412.970 42,9
Partes relacionadas 8.340 0,9 3.304 0,3
Outros 116.380 12,3 124.301 13,3 138.306 14,4
Realizável a longo prazo 116.380 12,3 132.641 14,2 141.610 14,7
Investimentos 81.210 8,6 144.608 15,5 193.303 20,1
Imobilizado 201.630 21,4 189.404 20,3 212.633 22,1
Intangível
Diferido 8 0,0 1.254 0,1
Ativo Permanente 282.840 30 334.020 35,8 407.190 42,3
Ativo não circulante 399.220 42,3 466.661 50 548.800 57,1
TOTAL DO ATIVO 942.656 100 933.919 100 961.770 100

20X4 20X5 20X6


Passivo
Valores $ AV Valores $ AV Valores $ AV
Duplicatas descontadas 43.312 4,6 47.602 5,1 28.615 3
Instituições financeiras 136.208 14,4 78.310 8,4 74.384 7,7
Outros não cíclicos 26.701 2,8 33.817 3,6 39.144 4,1
Fornecedores 49.618 5,3 64.800 6,9 73.280 7,6
Salários e encargos sociais 50.380 5,3 48.720 5,2 46.340 4,8
Impostos e taxas 21.304 2,3 38.650 4,2 47.344 4,9
Outros cíclicos
Passivo Circulante 327.523 34,7 311.899 33,4 309.107 32,1
Financiamentos e debêntures
Outros exigíveis a longo prazo 128.889 13,7 117.868 12,6 149.103 15,5
Exigível a longo prazo 128.889 13,7 117.868 12,6 149.103 15,5
Resultados
exercícios futuros
Passivo não circulante 128.889 13,7 117.868 12,6 149.103 15,5
Capital social integralizado 447.700 47,5 447.700 4,8 447.700 46,6
Reservas 12.340 1,3 24.640 2,6 32.720 3,4
Lucros/prejuízos acumulados 26.204 2,8 31.812 3,4 23.140 2,4
Patrimônio Líquido 486.244 51,6 504.152 54 503.560 52,4
TOTAL DO PASSIVO + PL 942.656 100 933.919 100 961.770 100

128 Contabilidade Básica


Demonstração do Resultado 20X4 20X5 20X6
do(s) Exercício(s) Valores $ AV Valores $ AV AH Valores $ AV AH
Receita Operacional Bruta 1.228.870 134 1.364.050 134 1.383.102 132
( - ) Devoluções e abatimentos
( - ) Impostos sobre vendas (311.650) (34) (346.602) (34) (334.592) (32)
Receita Operacional Líquida 916.620 (100) 1.017.448 100 111 1.048.510 100 103
(-) CPV ( - depreciações), CMV,CSP (659.966) (72) (712.213) (70) 107,9 (692.017) (66) 97,2
( - ) Depreciações (36.664) (4) (45.785) (4,5) 124,9 (52.430) (5) 114,5
Lucro Bruto 219.990 24 259.450 25,5 117,9 304.063 29 117,2
( - ) Despesas Comerciais (82.495) (9) (103.779) (10,2) 125,8 (105.830) (10,1) 102
( - ) Despesas Administrativas (45.831) (5) (66.134) (6,5) 144,3 (59.950) (5,7) 90,6
( - ) Despesas Depreciações (nota 1)
( - ) Provisão para devedores duvidosos (2.750) (0,3) (1.217) (0,1) 44,3 (2.868) (0,2) 235,6
(+/ -) Outras despesas e receitas
operacionais
Lucro Operacional I 88.914 9,7 88.320 8,7 99,3 135.415 13 153,3
(+ ) Receitas financeiras 45.831 5 13.226 1,3 28,9
( - ) Despesas financeiras (6.088) (0,6)
(+/-) Variações monetárias líquidas
Lucro Operacional II 134.745 14,7 101.546 10 75,4 129.327 12,4 127,4
(+/-) Equivalência patrimonial 5.390 0,6 25.436 2,5 472 32.108 3,0 126
Lucro Operacional III 140.135 15,3 126.982 12,5 90,6 161.435 15,4 127
(+/-) Resultado não operacional (1.490) (0,2) 706 0,0 (687) 0,0
Lucro Líquido antes do IR 138.645 15,1 127.688 12,5 92,1 160.748 15,4 125,9
( - ) Provisão IR e CS (15.582) (1,7) (25.430) (2,5) 163 (23.067) (2,2) 90,7
( - ) Participações
Lucro Líquido 123.063 13,4 102.258 100 83,1 137.681 13,2 134,7

Contabilidade Básica 129


130 Contabilidade Básica
Glossário

Contribuições correlatas
Trata-se do efeito de contribuições que, por definição, é um tributo cobrado que possa
agregar valor ao patrimônio das pessoas ou das empresas, por exemplo, uma
cobrança da prefeitura sobre o valor imobiliário de um imóvel, ou em caso de um novo
calçamento, a pessoa ou empresa pagará um determinado valor, porém em
contrapartida terá o seu imóvel valorizado, estes são exemplos de contribuição, ou
seja, há uma correlação ao bem, neste caso o imóvel que é parte do ativo permanente
do balanço patrimonial.

Cotejando
Confrontando.

Escopo
Alvo, mira, propósito.

Monopólio
Em economia, monopólio (do grego monos, um + polein, vender) é como se denomina
a situação em que uma empresa detêm o mercado de determinado(s) produto(s) e/ou
serviços, impondo preços aos que comercializam. Uma forma evoluída de monopólio
são os chamados oligopólios.

Oligopólio
Na economia, oligópólio (do grego oligos, poucos + polens, vender) é uma forma
evoluida de monopólio, no qual um grupo de empresas promove o domínio de
determinada oferta de produtos e/ou serviços como " Empresas de Mineração ,
Aluminio, Aço, Montadoras de Veículos, Cimentos, Laboratórios Farmacêuticos,
Aviações, Comunicações e Bancos.

Promanam
Procedem, derivam.

Rastreabilidade
Conceito de rastrear, ou seja, ter acesso a qualquer momento, neste caso, a um
documento que tenha sido lançado na contabilidade, uma nota fiscal, por exemplo,
qual valor, oriundo de quem ou para quem, data, valor, outros.

Sazonalidades
Produtos ou serviços que têm maior demanda em determinada época, por exemplo,
sorvete no verão, ovos de páscoa na Páscoa, panettones no Natal, etc.

Contabilidade Básica 131


132 Contabilidade Básica
Referências

Demonstrações Contábeis – Estruturação e Normas – Autor e Publicação: Conselho


Federal de Contabilidade
MARION, José Carlos e LUDÍCIUS, Sergio de. Contabilidade para não contadores. Ed.
Atlas.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. Ed. Atlas.
SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração Financeira da Pequena e Média Empresa.
Ed. Atlas.
SILVA. José Pereira da. Análise Financeira das Empresas. Ed. Atlas

Sites para consulta

www.cosif.com.br
www.cfc.org.br
www.receita.fazenda.gov.br
www.fazenda.gov.br
www.sebrae.com.br

Contabilidade Básica 133


134 Contabilidade Básica
Anexo 1

Ativo
Neste será lançado o conjunto de bens e direitos, tangíveis (o que é palpável) e/ou
intangíveis (aqueles que não são palpáveis) de uma empresa, expressos em moeda
corrente do país (ou não se este for o caso de empresas que recebem e remetem
dinheiro ao exterior, neste caso substitui-se o modelo da NBC, pelo FASB ou IASB –
modelos internacionais e que são expressos em outras moedas – por exemplo dólar
americano).
Exemplo de Ativo: dinheiro em caixa ou no banco, contas a receber, mercadorias,
terrenos, máquinas, veículos, prédios e outros.

Passivo
Neste será lançado o conjunto dos deveres e das obrigações de uma empresa,
também expressos em moeda. Portanto, o passivo representa as dívidas, são valores
devidos aos credores. Os credores podem ser terceiros ou proprietários.
Exemplo de passivo: fornecedores, contas a pagar, títulos a pagar, salários e impostos
a pagar e outros.

Patrimônio
Neste, por sua vez, será lançado o conjunto de bens, direitos, deveres e obrigações da
empresa, ou seja, tudo aquilo que uma empresa tem (ativo) e tudo aquilo que deve
(passivo).

Patrimônio Líquido
Por conseqüência do entendimento de patrimônio, podemos resumir que este
representa a diferença entre o valor do ativo e das obrigações com terceiros (passivo
exigível) de uma empresa em determinado momento, ou seja, representa o valor que
os proprietários/acionistas de uma empresa têm aplicado no negócio, é formado pelo
capital social, reservas e lucros/prejuízos acumulados, a saber:

Conceitos de Capital:

Capital nominal – É o investimento inicial feito pelos proprietários (lembre-se da


história acima do CPF para o CNPJ) e registrado pela contabilidade numa conta
denominada "Capital". O capital nominal só será alterado quando os proprietários
realizarem investimentos adicionais (aumento de capital) ou redução deste (diminuição
do capital).

Capital próprio – Corresponde ao conceito de patrimônio líquido e abrange o capital


inicial e suas variações.

Capital de terceiros – Corresponde aos investimentos feitos na empresa com


recursos provenientes de terceiros (Um exemplo simples: o dinheiro que entra para a
empresa através de venda de ações nas bolsas de valores).

Contabilidade Básica 135


Capital total à disposição da empresa – Corresponde ao conjunto do dinheiro
disponível pela empresa em dado momento (Capital próprio + Capital de terceiros).

136 Contabilidade Básica


Anexo 2

Livro Diário Geral

O diário é um registro oficial das transações contábeis; deve ser lançado em ordem
cronológica; apresentam o nome das contas a serem debitadas ou creditadas, as
importâncias dos débitos e créditos, e qualquer informação suplementar útil acerca da
transação. O atraso máximo para escrituração é de 180 dias.
O Diário registra os seguintes dados:
z Data da operação.
z Conta a ser debitada
z Conta a ser creditada (representado pela letra “a.”)
z Histórico da operação, com menção das características principais dos documentos
comprobatórios da operação.
z Valor da operação em moeda.

Modelo do Diário Geral

Data Conta debitada / creditada e histórico Débito Crédito


01.01 Caixa a. Capital 150.000
Integralização do capital em dinheiro 150.000
02.01 Banco c/movimento a. Caixa 120.000
Depósito no Banco X 120.000
03.01 Aplicação Financeira a . Banco c/movimento 60.000
Aplicação Financeira em CDB 60.000
04.01 Estoque a . Caixa a . Fornecedores 30.000
Aquisição de mercadorias conforme 10.000
N.Fiscal nº. ___ do Fornecedor _____ 20.000

05.01 Banco c/movimento a . Empréstimos a pagar 30.000


Empréstimo Bancário concedido pelo Banco X pelo prazo 30.000
de...........meses
06.01 Veículo a . Capital Social 50.000
Aumento de Capital com um veículo xxxxxx 50.000
07.01 Clientes a . Receita de Vendas 40.000
40.000
C.M.V a . Estoque / Venda de mercadorias conf. NF ______ 15.000
15.000
08.01 Despesa c/ Salários a Salários a Pagar Despesa com folha 5.000
de pagamento de Janeiro 5.000

Contabilidade Básica 137


Razão

Não é um livro encadernado, pode consistir num jogo de folhas soltas ou num jogo de
fichas perfurado.
O Razão conterá, pelo menos, tantas contas quantas existentes no Balanço e na
Demonstração do Resultado. Geralmente há muito mais contas do que este número
mínimo, dada a necessidade de informações aos dirigentes.
Comumente aparece no Balanço o item singular Duplicatas a Receber ou Clientes,
porém, há óbvias vantagens em manter no Razão uma conta separada para cada
cliente.
Este livro se tornou obrigatório a partir de 1991, através da Lei 8.218 Art. 14 de
29.08.91, e alterada pelo Art. 62 da Lei 8.383/91.

Modelo de Ficha de Razão

Empresa Exemplo Folha: 01/01


Conta: Caixa
Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C

1/set Integralização do capital em dinheiro 15.000 150.000 D

5/set Depósito no Banco X 120.000 30.000 D

7/set Aquisição de mercadorias conforme 10.000 20.000 D

Nº.Fiscal nº.do Fornecedor

Empresa Exemplo Folha: 01/01


Conta: Capital Social
Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C

1/set Integralização do Capital em Dinheiro 150.000 150.000 C

8/set Aumento de Capital com um Veículo X 50.000 30.000 C

138 Contabilidade Básica


Anexo 3

PIS/COFINS

Tributos de competência federal incidentes sobre a Receita, tanto de Vendas como de


Prestação de Serviços, portanto independe do ramo de atividade e abrange todas as
empresas. As alíquotas são:
z Lucro Real Lucro Presumido
z Pis 1,65 % 0,65 %
z Confins 7,6 % 3,0 %
No caso das empresas optantes pelo pagamento do imposto de renda pelo Lucro Real
as alíquotas são maiores, mas há um sistema de compensação sobre algumas
despesas pagas a pessoas jurídicas, como: aluguel, matéria-prima e materiais de
consumo. Os lançamentos contábeis são semelhantes ao do ICMS.

IPI – Imposto sobre Produto Industrializado

Imposto de competência Federal incidente sobre a receita, válido somente para as


indústrias. As alíquotas variam de produto para produto de acordo com sua essen-
cialidade. Existe uma tabela divulgada pelo governo chamada TIPI – Tabela do IPI
onde constam as alíquotas. Essa tabela pode ser consultada no site da receita federal
www.receita.fazenda.gov.br
Os lançamentos contábeis são semelhantes ao do ICMS.

ISS – Imposto Sobre Serviços

Imposto de competência municipal incidente sobre a receita proveniente de Prestação


de Serviços. As alíquotas variam de acordo com cada município, sendo que o máximo
permitido é de 5%. É muito comum os municípios reduzirem essa alíquota para
serviços de educação e saúde, nesses casos, costuma girar em torno de 2 ou 3%.
Nesse imposto não há o regime de compensação.

Contas Retificadoras

Nas operações realizadas pelas empresas ocorrem algumas situações em que as


contas contábeis necessitam ser ajustadas para melhor refletir a posição patrimonial
da empresa.
Dessa forma, são utilizadas as chamadas contas retificadoras ou redutoras, que
buscam a adequação da real situação econômico-financeira das empresas, obede-
cendo aos Princípios Fundamentais de Contabilidade.

Natureza das Contas

Contas Retificadoras do Ativo: terão saldo credor, mesmo sendo classificadas no


ativo.

Contabilidade Básica 139


Contas Retificadoras do Passivo: terão saldo devedor, mesmo sendo classificadas
no passivo.
Nas demonstrações financeiras, as contas retificadoras geralmente são posicionadas
imediatamente após cada conta que está sendo retificada, fica demonstrada entre
parênteses para indicar que está reduzindo o saldo da conta original.
Exemplo:
Veículos 10.000
(-) Depreciação Acumulada Veículos (2.000)
As contas retificadoras normalmente utilizadas são:
z Provisão para Devedores Duvidosos (PDD)
z Duplicatas Descontadas
z Provisão para perdas prováveis com investimento
z Depreciação, exaustão, amortização de ativo imobilizado e amortização do
diferido.
z Capital a integralizar

Provisão para Devedores Duvidosos (PDD)

Nenhuma empresa efetua vendas a prazo sabendo antecipadamente que não irá
receber. No entanto, ao conceder crédito a terceiros, a empresa sempre se arrisca a
arcar com alguma perda em função da inadimplência de seus clientes.
Em função disso, as empresas devem verificar qual a proporção de perdas com não
recebíveis nos últimos anos em relação aos valores a receber. O porcentual
encontrado deve ser aplicado sobre o valor da conta Clientes e o valor encontrado
será lançado na DRE como “Provisão para Perda com não Recebíveis” e no Balanço
como retificadora da conta Clientes com o nome de “Provisão para Devedores
Duvidosos – PDD”.
Exemplo: supondo que nos últimos dois anos a empresa teve uma perda com não
recebíveis em torno de 3% com relação aos valores a receber. Dessa forma, se no
ano atual a empresa tiver registrado em sua conta Clientes $ 100.000 irá aplicar 3%
sobre este valor, obtendo o montante de $ 3.000. Este valor será lançado na DRE
como “Provisão para Perda com não Recebíveis” e no Balanço ficará apresentado da
seguinte forma:
Clientes: 100.000
(-) PDD: (3.000) conta retificadora
A partir de 1996 a legislação fiscal (Art.46 da IN SRF 390 de 30/01/2004) proibiu a
constituição da PDD e, em substituição, as empresas estão autorizadas a baixar da
conta Clientes e registrar diretamente em Despesa os valores efetivamente não
recebidos, obedecendo aos seguintes critérios:

Duplicatas Vencidas Valor


Há mais de 6 meses Até 5.000,00
Há mais de 1 ano De 5.000,01 a 30.000,00
Há mais de 1 ano e iniciada cobrança judicial Acima de 30.000,00

140 Contabilidade Básica


Se no futuro houver o recebimento de um valor já baixado, este deverá ser
considerado como uma receita operacional.
Para fins societários e gerenciais as empresas devem constituir a PDD e efetuar os
acertos necessários, para atender ao fisco, no LALUR.

Duplicatas descontadas

A operação de desconto de duplicatas ocorre quando a empresa necessita de


recursos financeiros e recorre a uma instituição financeira. Em troca do financiamento
a empresa entrega suas duplicatas a receber ao banco, que evidentemente cobrará
uma taxa de juros para realização da operação.
Exemplo:
Supondo que a empresa tenha R$ 20.000,00 em sua conta Clientes e recorre ao
banco para fazer uma operação de desconto de duplicatas no valor de R$ 12.000,00
cujas duplicatas vencerão uma no valor de R$ 5.000,00 em 30 dias e outra no valor de
R$ 7.000,00 em 15 dias. O banco lhe cobra uma taxa financeira de 5 % ao mês.
Cálculo:
5.000 x 5 % = 250
7.000 x 2,5 % = 175
425

Lançamento:
D - Banco c/movimento
C - Duplicata Descontada 12.000
D - Despesa Financeira
C - Banco c/movimento 425
ou
D - Banco c/movimento 11.575
D - Despesa Financeira 425
C - Duplicata Descontada 12.000
Histórico: Desconto de duplicatas no valor de R$ 12.000,00 sendo cobrado juros de R$
425,00, conforme borderô do Banco do Brasil n.º001/97.
Demonstração no Balanço:
Clientes 20.000
(-) Dup. Descontada (12.000)

Quando o cliente liquidar o título no Banco:


D - Duplicata Descontada
C - Clientes
Histórico: Baixa de duplicata descontada liquidada conforme aviso bancário.

Contabilidade Básica 141


Se o cliente não pagar, o banco devolverá a duplicata e lhe cobrará o valor
correspondente:
D - Duplicata Descontada
C - Banco c/movimento
Histórico: Valor pago ao banco pela devolução da duplicata descontada n.º do cliente.

Provisão para perdas prováveis com investimento

Quando a empresa aplica recursos em investimentos pode vir a arcar com uma
possível perda, caso o valor de realização desses investimentos sejam inferiores ao
valor da aquisição. Neste caso a empresa pode constituir a Provisão.
Supondo que uma empresa adquiriu 1.000 ações da Cia. X pelo preço de $ 10 cada,
mas, na ocasião do encerramento do balanço, verificou que as ações valiam apenas $
7 cada, portanto deverá constituir a provisão de perda de R$ 3,00 por ação.
Lançamento:
D - Perdas em Investimento (DRE - Resultado Não Operacional)
C - Provisão para perdas em investimento (Ativo - Investimento Permanente) 3.000
Histórico: Constituição de provisão para perda em investimento, referente ao lote de
1.000 ações da Cia X.
Demonstração no Balanço:
Investimento em outras companhias 10.000
(-) Provisão para perdas em investimento (3.000)

Depreciação, Exaustão e Amortização do Ativo Imobilizado e do


Diferido

Os bens registrados no ativo imobilizado perdem valor econômico com o passar do


tempo, seja pelo desgaste em função do uso ou pela obsolescência. A esta perda de
valor dá-se o nome de "Depreciação".
Alguns estudiosos, principalmente da Ciência Econômica, tratam a depreciação como
um fundo para repor o bem ao final da sua vida útil, outros entendem que esta
definição é muito subjetiva, uma vez que o valor correspondente à depreciação não
fica reservado para este investimento futuro e as empresas utilizam o dinheiro no dia–
a-dia.
A melhor fundamentação para a depreciação é a obediência ao Princípio da
Competência, ou seja, o desgaste dos bens deve ser confrontado com as gerações de
receitas com as quais contribuíram. Portanto, a depreciação é o reconhecimento do
desgaste do bem em função do seu uso.
Quando se tratar de recursos minerais e florestais eles se vão exaurindo em função da
exploração desses recursos, daí o nome "exaustão".
A exaustão e a amortização são conceitos análogos ao da depreciação, portanto, para
fins ilustrativos e didáticos, será exemplificada a depreciação que é a mais usual.

142 Contabilidade Básica


Taxa de depreciação aceita pelo fisco

Bens Vida útil em ano Taxa anual


Prédios e Edificações 25 4%
Máquinas e Equipamentos 10 10%
Móveis e utensílios 10 10%
Veículos 5 20%
Bens de informática 5 20%

Esses porcentuais são aplicados sobre o valor de aquisição do bem e lançado na DRE
como despesa ou custo com depreciação, de acordo com o setor/departamento onde
o bem está sendo utilizado. No balanço é registrado como Conta Retificadora dentro
do Ativo Imobilizado, conforme a seguir:

Lançamento:
D - Despesa ou custo com depreciação - DRE
C - Depreciação acumulada - Ativo Imobilizado
Histórico: Constituição de depreciação acumulada à taxa de 20 %.

Demonstração no Balanço:

Veículos 10.000

(-) Depreciação Acumulada (2.000)


Importante: essas taxas são utilizadas para fins fiscais, as empresas devem verificar o
prazo real de vida útil de seus bens e depreciar de acordo com este prazo. Pode ser
ainda em função de algum outro critério que não o tempo, como por exemplo: horas
trabalhadas para as máquinas; km rodado para os veículos, dentre outros. Se o valor
encontrado por estes critérios for superior ao encontrado pela aplicação das taxas
fiscais, a diferença deverá ser ajustada no LALUR.

Demonstrações contábeis

Anualmente, na data de encerramento do exercício social, as empresas preparam


(para efeitos legais e para apresentação aos usuários interessados) um conjunto de
demonstrações chamado de demonstrações financeiras ou contábeis.
As demonstrações contábeis de publicação obrigatória são as seguintes:
z Balanço Patrimonial
z Demonstração de Resultado do Exercício – (DRE)
z Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido – (DMPL)
z Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – (DOAR)
z Relatório da Diretoria ou da Administração
z Notas Explicativas às Demonstrações Contábeis
z Parecer de Auditoria

Contabilidade Básica 143


Assim como os balancetes de verificação, essas demonstrações contábeis se baseiam
nos registros contábeis das empresas. Representam um conjunto de demonstrações
destinado a apresentar a posição econômico-financeira da empresa em determinada
data.
Embora as informações contidas nessas demonstrações sejam fundamentais para a
análise da situação da empresa naquela data, isoladamente, sem informações
adicionais que possam servir de comparação, torna-se difícil para qualquer analista ou
interessado estabelecer uma tendência da empresa, bem como, verificar se, em
relação a uma data anterior, a posição econômico-financeira da empresa melhorou ou
piorou. Dessa forma, para uma melhor apresentação, as demonstrações financeiras
normalmente devem indicar as cifras correspondentes às mesmas demonstrações do
exercício ou período contábil anterior, ou seja, as demonstrações financeiras devem
ser comparativas.

144 Contabilidade Básica


Anexo 4

Balanço Patrimonial – Interpretação e composição

A partir desse bloco devemos demonstrar aos jovens participantes que o mundo dos
negócios remete-nos à necessidade de compreensão dos objetivos, das atividades e
dos resultados das empresas, assim interpretar os fatores internos e externos e suas
influências nas atividades desenvolvidas pela organização são fundamentais para a
prática da análise das demonstrações desta, bem como a forma assertiva de compa-
rativos macroeconômicos (por exemplo, concorrentes).
Assim, a comunicação de dados entre os quais as demonstrações contábeis permite
gerar as bases históricas da organização, pela qual será possível diagnosticar o de-
sempenho da mesma e reduzir o grau de incerteza. A análise financeira necessita de
um enfoque holístico, que permita conhecer a estratégia da empresa, suas decisões
de investimento e de financiamento e principalmente a natureza de suas operações.

Análise Financeira de Empresas

Outro aspecto importante é a compreensão da performance da empresa, para, se


necessário for, redefinir seus objetivos. Este processo é o resultado do aprimoramento
de diversos índices desenvolvidos ao longo dos tempos com o intuito de analisar a
solidez financeira das empresas. São técnicas desenvolvidas para as respectivas
comparações nos segmentos de atuações, modelos de previsões de insolvências ou
risco (métodos quantitativos), e metodológicos como a identificação do fluxo de caixa e
a determinação da necessidade ou não de Capital de Giro, entre outros.
Todas essas informações já citadas anteriormente estão intimamente ligadas a outras
disciplinas, que neste caso será denominada de áreas afins, a saber:
z Contabilidade – Contribui com suas demonstrações para uma importante base de
informações na atividade de coleta de dados, principalmente os históricos, o que
ratifica a importância de um bom conhecimento dos mecanismos da contabilidade
para uma boa análise, porém não é o suficiente.
z Administração Financeira – Está ligada diretamente ao tamanho da empresa,
mas basicamente responde pela alimentação de dados relativos a itens do ativo
circulante, tais como Duplicatas a receber (prazos concedidos, volume de
vendas), Estoques (volume de investimento, lote econômico, aplicação do Just in
Time), bem como as decisões estratégicas de investimento ou financiamento.
Na maioria das bibliografias, pode-se observar que a administração financeira é a
maximização da riqueza do acionista, mas este conceito está também relacionado
a alguns aspectos, entre os quais timing (época do retorno), fluxos de caixa para o
acionista, risco dos projetos, potencial de retorno e suas perspectivas.
z Economia – Dois aspectos nesse campo, a visão e interpretação da
macroeconomia e microeconomia, pois o comportamento da economia interna e
externa de um país reflete diretamente no ambiente na qual a empresa está
inserida.
z Direito – As empresas sofrem forte processo de normatização por meio de
legislações, principalmente nas áreas comercial, tributária e societária, entre

Contabilidade Básica 145


outras, dessa forma o analista financeiro necessita de um bom entendimento das
normas legais, para desenvolver uma boa análise.
z Estatística – Diversos modelos de avaliação de riscos ou de retorno são oriundos
de fundamentos da estatística, conceitos entre os quais desvio-padrão, variância,
correlação, entre outros, bem como alguns modelos específicos (CAPM – Capital
asset pricing model) na administração financeira, ou de análise financeira, tais
como (rating) na classificação de risco, bem como atuando ainda na logística,
marketing, produção, entre outros.

Legislação Fiscal

Onde buscar apoio sobre as normas de escrituração?


Uma das maiores referências é oriunda da NBC (Normas Brasileiras de Contabilidade)
através dos seguintes tópicos:
z Lei das Sociedades por Ações (Artigos 175 a 188), a Lei nº. 6.404/76, no que se
refere à escrituração contábil, serviu de base para alguns ajustes efetuados nas
NBC (Normas Brasileiras de Contabilidade) e também para elaboração do Decreto-
Lei 1.598/77, que adaptou as normas tributárias à Lei das Sociedades por Ações.
z Código Civil Brasileiro em seu novo volume veio instituir responsabilidades
para os profissionais de contabilidade.
z Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99) o qual incorporou o Decreto-Lei nº.
1.598/77 no qual estabelece que as demonstrações contábeis devem ser
levantadas de conformidade com o previsto na Lei nº. 6.404/76. Porém, algumas
leis tributárias editadas a partir de 1994 alteraram alguns conceitos para apuração
dos resultados tributáveis.
z A Correção Monetária foi extinta a partir de 01/01/1996, pela Lei nº. 9.249/95, e
as Provisões também passaram a ser não dedutíveis.

O que devem esclarecer os demonstrativos contábeis?


Ao constituírem uma organização, os sócios através de orientação técnica definem o
tipo de sociedade, o volume de capital a ser investido e os objetivos sociais. Assim, à
medida que a empresa desenvolve suas atividades, comprando matéria-prima,
agregando mão-de-obra e outros custos indiretos, obtém o seu produto final.
Dessa forma todas as movimentações realizadas pela organização geram o que
denominamos relatórios contábeis, respeitando a legislação em vigor quanto aos seus
fundamentos e obrigações, de forma clara e concisa, de modo que permite a qualquer
interessado, desde seus sócios, acionistas ou simplesmente um fornecedor, checar a
real situação dessa empresa.
Observem a seguir quais são os principais demonstrativos contábeis e suas
exigências:
a) As notas explicativas
z Segundo as NBC (Normas Brasileiras de Contabilidade),
z Segundo o Banco Central do Brasil,
z Segundo a Lei das Sociedades por Ações.

146 Contabilidade Básica


b) O parecer e o relatório dos Auditores Independentes
z Segundo as NBC – (Normas Brasileiras de Contabilidade),
z Segundo o Banco Central do Brasil,
z Segundo a Comissão de Valores Mobiliários.

c) O que deve fazer a fiscalização dos órgãos competentes?


z Segundo o Banco Central do Brasil:
{ Lei nº. 4595/64 – Lei do Sistema Financeiro Nacional;
{ MINI (Manual de Normas e Instruções) – Ação Fiscalizadora do Banco
Central.
z Manual de Supervisão das Instituições do SFN.
z Segundo a Comissão de Valores Mobiliários:
{ Lei nº. 4728/65 – Lei do Mercado de Capitais;
{ Lei nº. 6385/76 – Lei de Criação da CVM.
z Segundo o Regulamento do Imposto de Renda – Administração do Imposto.

Em uma breve observação, pode-se dizer que é praticamente impossível saber se


todos os procedimentos previstos nas normas foram adotados, assim o analista terá
de confiar no que escreveram os auditores independentes, quando as demonstrações
contábeis passarem por processo de auditoria. Quando não passarem por este
processo deveremos confiar no que dizem os signatários das peças contábeis, já que
trabalharemos por amostragem.

Contabilidade Básica 147


148 Contabilidade Básica
Anexo 5

Faremos uma breve revisão e interpretação de cada uma das contas que compõem as
Demonstrações do Resultado:

Receita Operacional

São aquelas decorrentes das operações normais e habituais da empresa.

Receita Operacional Bruta

Muitas vezes também denominada de Vendas Brutas, representam o faturamento


bruto da empresa. As vendas de uma empresa podem ocorrer durante ao longo do
ano todo, porém o seu preço unitário pode sofrer alterações ao longo deste período,
em detrimento de uma série de fatores, tais como:
z a inflação do período;
z escassez do produto no mercado (queda de safra, por exemplo);
z maior ou menor oferta ou procura do produto no mercado;
z surgimento de produtos substitutos, nacionais ou importados;
z quantidade adquirida pelo cliente;
z presença de monopólios ou oligopólios.

Vendas Canceladas

São aquelas decorrentes de devoluções em função do não atendimento das


especificações do cliente ou por apresentarem defeitos, ou por qualquer outra razão.

Abatimento sobre Vendas

São decorrentes de descontos especiais concedidos a clientes em razão de defeitos


apresentados, por exemplo.

Impostos Incidentes sobre Vendas

Valores transferidos pela empresa para os governos federal (IPI), estadual (ICMS) ou
municipal (ISS), por exemplo.

Receita Operacional Líquida

Corresponde à parte da receita que ficará livre para a empresa cobrir seus custos e
despesas para a geração de lucro.

Contabilidade Básica 149


Custo dos Produtos, Mercadorias ou Serviços Vendidos

z O custo dos produtos vendidos (CPV) ocorre mais nas indústrias e pode ser
representado pelo esquema a seguir:

Esquema fluxo para apuração do CPV.

z O custo das mercadorias vendidas (CMV) ocorre mais nas empresas comerciais e
pode ser representado pelo esquema a seguir:

Esquema fluxo para apuração do CMV.

z O custo dos serviços prestados (CSP) compreende todos os gastos necessários à


obtenção dos serviços.

Lucro Bruto

Representa a diferença entre a receita operacional líquida e o CMV, CPV ou CSP,


também chamada de margem bruta é a relação porcentual entre o lucro bruto e a
receita líquida. Normalmente, o analista verifica como essa relação vem se com-
portando historicamente.

Despesas Operacionais

Segundo a legislação fiscal, são operacionais as despesas não computadas nos


custos necessários à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte
produtora, ou seja, as despesas necessárias às atividades da empresa.

Despesas com Vendas

São aquelas relacionadas com comissões sobre vendas, salários e encargos do


pessoal da área de vendas, aluguéis relativos aos escritórios de vendas, comunicação,
propaganda e promoção. Também é considerada a provisão para devedores duvi-
dosos, porém não dedutível para fins de apuração do lucro tributável.

Despesas Administrativas

Compreendem gastos incorridos com as atribuições da administração geral, tais como


salários e encargos do pessoal administrativo, aluguéis, despesas legais e judiciais,
entre outros.

150 Contabilidade Básica


Despesas Financeiras (Líquidas das Receitas)

São aquelas decorrentes fundamentalmente das aplicações financeiras feitas pela


empresa no período, sendo também contabilizados os eventuais descontos financeiros
obtidos por antecipações de pagamento a fornecedores.

Outras Receitas e Despesas Operacionais

São aquelas que não podem ser abrigadas como despesas operacionais,
administrativas ou com vendas.

Resultado de Equivalência Patrimonial

Conforme o art. 248 da Lei nº. 6.404/76, é obrigatório o uso do método de equivalência
patrimonial para avaliação dos investimentos relevantes em sociedades coligadas ou
cuja administração tenha influência ou participe com 20% ou mais do capital social e
em sociedades controladas. Assim é importante que o analista conheça como foram
gerados os lucros nas coligadas e controladas, que deram origem à equivalência na
investidora.

Lucro Operacional

É representado através do lucro operacional e corresponde ao lucro bruto menos as


despesas operacionais, mais o efeito (ganho ou perda) de equivalência patrimonial.

Receitas Não Operacionais

São os valores relativos às receitas decorrentes de transações eventuais, como por


exemplo, o lucro obtido na venda de um bem integrante do ativo imobilizado, ou o
ganho na alienação de um investimento.

Despesas Não Operacionais

Estes por sua vez são aqueles valores atinentes às perdas em transações eventuais,
prejuízos na venda de bens do imobilizado ou na alienação de investimentos.

Lucro Antes dos Impostos, Contribuições e Participações

Representa o lucro do período antes de deduzir o Imposto de Renda, a Contribuição


Social e as Participações Estatutárias no lucro. É o mesmo que lucro operacional,
menos o saldo de correção monetária, mais as receitas não operacionais, menos as
despesas não operacionais.

Provisão para o Imposto de Renda

É representado por uma porcentagem do lucro tributável, chamado pela Receita


Federal de lucro real, este difere do lucro contábil que aparece na demonstração do
resultado. Segundo a Legislação Fiscal, o lucro real (tributável) é o lucro líquido do
exercício, mais as despesas dedutíveis (consideradas na apuração do lucro líquido),

Contabilidade Básica 151


menos os valores autorizados pela legislação tributária, que não tenham sido
computados na apuração do lucro líquido, menos as receitas não tributáveis. Consi-
derando que a legislação fiscal é muito dinâmica no Brasil, apresentando mudanças
com relativa freqüência, é recomendável que o analista procure sempre acompanhá-la
com atenção para conhecer possíveis mudanças.

Provisão para a Contribuição Social

É outra parcela que é calculada com base no lucro da empresa, sendo recolhida ao
governo federal, conforme prevê a Constituição.

Participações

Compreendem as participações estatutárias, que representam parcelas dos lucros


destinadas a empregados, diretores, debêntures ou a portadores de partes bene-
ficiárias, por exemplo.

Lucro Líquido do Exercício

Indicam o resultado do exercício após a totalidade das receitas de vendas, a dedução


dos custos, das despesas operacionais, das receitas e despesas financeiras, da
equivalência patrimonial, das receitas e despesas eventuais, do Imposto de Renda, da
Contribuição Social e as participações. Portanto é o resultado do período que sobra
para os sócios ou acionistas, o qual terá sua destinação orientada pelos estatutos ou
contrato social da empresa, ou segundo a assembléia de acionistas ou decisões dos
sócios. Finalmente segundo a Lei nº 6.404/76 no art. 193 o qual determina 5% do lucro
líquido do exercício para constituir a reserva legal, que não pode exceder 20% do
capital social.

Demonstrações Financeiras

Itens monetários e não monetários do Balanço Patrimonial

Objetivo
Avaliar os efeitos da variação do poder aquisitivo da moeda sobre os números das
demonstrações financeiras, bem como conceitos relativos a ativos monetários, ativos
não monetários e passivos monetários.

Ativos Monetários
Os ativos monetários são aqueles que estão expostos aos efeitos corrosivos da
inflação, sobre os quais a empresa tem uma perda. Exemplo:

152 Contabilidade Básica


Ativo Monetário

Pelo gráfico acima, pode-se observar que um ativo monetário mantém o seu valor
nominal constante ao longo do tempo, enquanto o seu valor real, isto é, seu poder
aquisitivo decresce com o tempo e em decorrência da inflação. Assim, nossa
interpretação é de que um bem que era adquirido por R$ 100,00 no final de setembro,
no início de dezembro custará R$ 103,00. Houve uma perda de poder aquisitivo de
quase 3%, portanto com os mesmos R$ 100,00 em (1-12-2006) pode-se comprar
97,09% do que comprávamos em (31-9-2006).

Ativos Não Monetários

Os ativos não monetários são aqueles que estão protegidos contra os efeitos
corrosivos da inflação. Um exemplo prático que se pode citar, é o caso de um imóvel,
imagine que este custou $ 100.000,00 que é o preço ao fornecedor deste. Se
considerarmos uma inflação de 3% para os três meses seguintes, o valor de mercado
do imóvel será de $ 103.000,00, que é diferente do valor nominal de $ 100.000,00.
Desse modo o ativo está protegido contra os efeitos corrosivos da inflação. Exemplo:

Pelo gráfico acima, podemos observar que um ativo não monetário mantém o seu
valor nominal e vai perdendo sua representatividade ao longo do tempo. Assim, nossa
interpretação é de que um bem que era adquirido por $ 100,00 no final de setembro,
no início de dezembro valerá $ 103, 00. Portanto, houve uma correção monetária ao

Contabilidade Básica 153


valor do bem, ou seja, um ativo novo semelhante vale $ 103,00. Em caso de inflação
podemos citar que quanto maior esta for, pior será a qualidade da informação em
casos de perdas monetárias, se tais valores não forem atualizados. A chamada
contabilidade em nível geral de preços (price level account) é uma ferramenta
adequada para tratar as informações contábeis.

Passivos Monetários

Os passivos monetários são aqueles que estão expostos aos efeitos corrosivos da
inflação, sobre os quais a empresa tem um ganho. Enquanto os ativos podem e
devem ser mutáveis neste caso, no de inflação, o passivo não deve ser alterado no
seu valor nominal. Assim, por exemplo, no caso de uma perda no ativo devido à
inflação, conforme ilustração de ativos monetários, em uma conta, por exemplo, de
fornecedores, o seu valor no balanço será igual ao valor nominal no tempo. Assim
sendo, quando ocorre, por exemplo, uma perda de 3% no ativo monetário, será obtido
um ganho no passivo monetário, pois o valor agregado a fornecedores aumentou, pois
o seu poder aquisitivo no tempo será maior. Exemplo:

Valor do dinheiro no tempo (Correção monetária, inflação, outros)

Enquanto na contabilidade, foi visto que o balanço patrimonial representa a situação


da empresa em determinado momento, neste tópico será verificado que os itens do
balanço patrimonial podem estar avaliados de três formas diferentes:
z Valor presente, como no caso das disponibilidades.
z Valor futuro, como no caso de contas a receber de clientes.
z Valor passado, como no caso dos estoques.
Já na matemática financeira, esta lida com os juros, que refletem o valor do dinheiro
no tempo e estão associados a um sacrifício de consumo no presente, ao impedi-
mento temporário de realizar outros negócios lucrativos com a quantia cedida e à
possibilidade de o devedor não liquidar seu compromisso no vencimento, ou seja, por
três variáveis diferentes:
z Moeda – Corresponde aos pagamentos e/ou recebimento de uma transação.
z Tempo – Referente ao prazo compreendido entre a data da operação e as épocas
em que os pagamentos ou recebimentos deverão ocorrer.
z Juros – Relativos à remuneração devida pelo uso do dinheiro durante o prazo da
operação.

154 Contabilidade Básica


Anexo 6

1 Coleta da documentação para análise

Há uma variação bastante grande neste sentido, uma vez que as empresas de capital
aberto, por exemplo, divulgam suas demonstrações contábeis e muitas até as
disponibilizam pela Internet, outras apenas divulgam para cumprir uma exigência legal.
Não há, infelizmente, uma conscientização da importância desta divulgação, não
apenas para os seus maiores interessados, os acionistas, mas para o mercado como
um todo.
Na maioria dos casos, os pedidos são atendidos de acordo com a necessidade, o que
nos leva a entender que partirá do analista e, de acordo com o tipo de aprofundamento
de sua análise, da exigência da documentação pertinente. Como um exemplo prático,
pode-se citar que os bancos são classificados por agências que determinam os seus
riscos (já citado em momento anterior), sendo que aqueles que atuam no varejo
dispõem normalmente de uma ficha padronizada já com os dados de sua análise,
enquanto os bancos que atuam em grandes negócios tendem a desenvolver análise
com nível de aprofundamento maior.

2 Conferência da documentação

A primeira idéia que temos é de que a contabilidade é organizada. O que leva a crer
que a documentação que chega é clara o bastante, porém é freqüente nos
depararmos com algumas irregularidades:
a) Falta de identificação da empresa nas demonstrações, ou seja, constantes
números, mas não há identificação da empresa.
b) Falta de assinatura do contador nas demonstrações contábeis, ou número do
CRC.
c) Falta de assinatura do responsável pela empresa (da diretoria ou dos sócios-
gerentes) nas demonstrações contábeis.
d) Demonstrações incompletas, faltas do ativo ou passivo, ou mesmo da
demonstração do resultado.
e) Balanços excessivamente sintéticos sem possibilitar o conhecimento das
principais contas.
f) Recebimento de balancetes sem apuração dos estoques e do custo da mercadoria
ou do produto vendido.
g) Total do ativo diferente do total do passivo mais o patrimônio liquido.
h) Mesmo no caso de sociedade anônima. Há casos em que as empresas de capital
aberto (ou fechado) mas com características de S/A, em que estas apresentam as
diferenças dos conjuntos de ativo e passivo. Estas estão obrigadas a fazer este
tipo de demonstração, ao contrário das Ltda.
i) Recebimento de duas versões diferentes das demonstrações contábeis de um
mesmo exercício. Existem empresas que elaboram demonstrações contábeis
diferentes para atender a usuários diferentes e provavelmente, por

Contabilidade Básica 155


desorganização, algumas vezes terminam distribuindo versões diferentes para um
mesmo usuário.

Esses, portanto, são alguns exemplos de dificuldades para as quais os analistas


devem estar atentos.

3 Preparação – Leitura e padronização das demonstrações contábeis

Como já citamos anteriormente, a reclassificação ou padronização das demonstrações


contábeis tem como objetivo trazê-las a um padrão de procedimentos e ordenamento
na distribuição das contas, visando diminuir as diferenças nos critérios utilizados pelas
empresas na apresentação de tais demonstrações contábeis.
Mesmo havendo uma estrutura legal para apresentação do balanço patrimonial,
conforme a tabela 5 (Modelo para padronização de análise de balanço), quanto a sua
estrutura, demonstramos um modelo para uma síntese ou reclassificação (o que não
quer dizer que este modelo vale para todos os tipos de análises) da demonstração
contábil.

156 Contabilidade Básica


Anexo 7

Plano de Contas (Básico)

1. Ativo
1.1. Ativo Circulante
1.1.1. Disponível
1.1.1.1. Caixa
1.1.1.2. Bancos - Conta Movimento
1.1.1.2.1. Banco A
1.1.1.2.2. Banco B
1.1.2. Aplicações Financeiras
1.1.2.1. Fundos de Investimento
1.1.2.2. CDB
1.1.3. Clientes
1.1.3.1. Duplicatas a Receber de Clientes (ou apenas Clientes)
1.1.3.1.1. Cliente A
1.1.3.1.2. Cliente B
1.1.3.2. (-) Duplicatas Descontadas
1.1.3.3. (-) Provisão para Devedores Duvidosos
1.1.4. Outros - Contas a Receber
1.1.4.1. Empréstimos a Receber
1.1.4.2. Adiantamento a Funcionários
1.1.4.3. Impostos a Recuperar
1.1.5. Estoques
1.1.5.1. Produtos Acabados ou Mercadorias
1.1.5.2. Produtos em Elaboração
1.1.5.3. Matérias-Primas
1.1.5.4. Material de Consumo
1.1.5.5. Material de Escritório
1.1.5.6. (-) Provisão para Perda no Estoque
1.1.6. Despesas Antecipadas
1.1.6.1. Prêmios de Seguro a Apropriar
1.1.6.2. Aluguéis
1.1.6.3. IPVA
1.1.6.4. Assinatura de Jornais e Revistas
1.2. Ativo Realizável a Longo Prazo
1.2.1. Clientes
1.2.2. Contas a Receber
1.2.3. Despesas Antecipadas
1.2.4. Depósitos Judiciais
1.2.5. Empréstimo a Sócio-Acionistas
1.2.6. Empréstimos a Empresas Controladas/Coligadas
1.3. Ativo Permanente
1.3.1. Investimentos
1.3.1.1. Participações em Controladas/Coligadas
1.3.1.2. Participações em Outras Empresas
1.3.1.3. Outros Investimentos
1.3.1.4. (-) Provisão para Perda em Investimento

Contabilidade Básica 157


1.3.2. Imobilizado
1.3.2.1. Terrenos
1.3.2.2. Imóveis
1.3.2.3. Instalações
1.3.2.4. Máquinas e Equipamentos
1.3.2.5. Móveis e Utensílios
1.3.2.6. Veículos
1.3.2.7. Marcas e Patentes
1.3.2.8. (-) Depreciações Acumuladas
1.3.2.8.1. Imóveis
1.3.2.8.2. Instalações
1.3.2.8.3. Máquinas e Equipamentos
1.3.2.8.4. Móveis e Utensílios
1.3.2.8.5. Veículos
1.3.3. Diferido
1.3.3.1. Gastos Pré-Operacionais
1.3.3.2. Pesquisas e Desenvolvimento de Produtos
1.3.3.3. Gastos de Organização e Reorganização
1.3.3.4. (-) Amortização Acumulada
2. Passivo
2.1. Passivo Circulante
2.1.1. Fornecedores
2.1.1.1. Fornecedor A
2.1.1.2. Fornecedor B
2.1.2. Contas a Pagar
2.1.2.1. Água
2.1.2.2. Luz
2.1.2.3. Telefone
2.1.2.4. Aluguel
2.1.3. Empréstimos e Financiamentos
2.1.4. Salários a Pagar
2.1.5. Impostos a Pagar
2.1.6. Provisões
2.1.6.1. Provisão para Férias
2.1.6.2. Provisão para 13º Salário
2.1.7. Dividendos a Pagar
2.2. Exigível a Longo Prazo
2.2.1. Fornecedores
2.2.2. Contas a Pagar
2.2.3. Empréstimos e Financiamentos
2.2.4. Obrigações Fiscais
2.2.5. Empréstimos de Empresas Controladas/Coligadas
2.3. Resultado de Exercícios Futuros
2.3.1. Receitas Antecipadas
2.3.2. Custos e Despesas Correspondentes
3. Patrimônio Líquido
3.1. Capital Social
3.1.1. Capital Subscrito
3.1.2. (-) Capital a Integralizar
3.2. Reservas
3.2.1. De Capital
3.2.2. De Reavaliação

158 Contabilidade Básica


3.2.3. Legal
3.2.4. Estatutária
3.2.5. Para Contingências
3.3. Lucros (Prejuízos) Acumulados
3.3.1. Lucros (Prejuízos) Exercícios Anteriores
3.3.2. Lucros (Prejuízos) Exercício Corrente
4. Contas de Resultado
4.1. Receita Bruta de Vendas e Serviços
4.1.1. Receita Filial MG
4.1.2. Receita Filial SP
4.1.3. Receita Filial RJ
4.2. Vendas Canceladas
4.2.1. Filial MG
4.2.2. Filial SP
4.2.3. Filial RJ
4.3. Impostos Sobre Vendas e Serviços
4.3.1. Filial MG
4.3.2. Filial SP
4.3.3. Filial RJ
4.4. Custo da Mercadoria/Produto e Serviços Prestados
4.4.1. Custo Filial MG
4.4.2. Custo Filial SP
4.4.3. Custo Filial RJ
4.5. Despesas Operacionais
4.5.1. Despesas Operacionais - MG
4.5.1.1. Despesas com Vendas
4.5.1.2. Despesas Gerais e Administrativas
4.5.1.3. Encargos Financeiros Líquidos
4.5.1.4. Outras Receitas e Despesas Operacionais
4.5.2. Despesas Operacionais - SP
4.5.2.1. Despesas com Vendas
4.5.2.2. Despesas Gerais e Administrativas
4.5.2.3. Encargos Financeiros Líquidos
4.5.2.4. Outras Receitas e Despesas Operacionais
4.5.3. Despesas Operacionais - RJ
4.5.3.1. Despesas com Vendas
4.5.3.2. Despesas Gerais e Administrativas
4.5.3.3. Encargos Financeiros Líquidos
4.5.3.4. Outras Receitas e Despesas Operacionais
4.5.4. Despesas Operacionais - Sede
4.5.4.1. Despesas com Vendas
4.5.4.2. Despesas Gerais e Administrativas
4.5.4.3. Encargos Financeiros Líquidos
4.5.4.4. Outras Receitas e Despesas Operacionais
4.5.4.5. Resultado de Equivalência Patrimonial
4.5.4.5.1. Resultado da Investida A
4.5.4.5.2. Resultado da Investida B
4.6. Resultado Não Operacional
4.6.1. Filial MG
4.6.1.1. Receita de Vendas de Bens Imobilizados
4.6.1.2. Baixa de Bens Imobilizados
4.6.2. Filial SP

Contabilidade Básica 159


4.6.2.1. Receita de Vendas de Bens Imobilizados
4.6.2.2. Baixa de Bens Imobilizados
4.6.3. Filial RJ
4.6.3.1. Receita de Vendas de Bens Imobilizados
4.6.3.2. Baixa de Bens Imobilizados
4.6.4. Sede
4.6.4.1. Receita de Vendas de Bens Imobilizados
4.6.4.2. Baixa de Bens Imobilizados
4.6.4.3. Perda em Investimento
4.7. Provisão para Imposto de Renda e CSLL.

160 Contabilidade Básica


Anexo 8

Fontes Principais

II - Leis
z Constituição – Toda a base do direito tributário se encontra no direito
constitucional. No Brasil a Constituição e suas emendas estabelecem o arcabouço
do ramo das ciências jurídicas. Atualmente a Carta Magna contém um capítulo
dedicado ao sistema tributário, ao qual se subordinam, obrigatoriamente, a legis-
lação tributária e suas normas complementares.
z Emenda Constitucional – A Constituição permite emenda ao texto. Uma vez
aprovada, a emenda é incorporada à Constituição, integrando-a, ficando com o
mesmo valor hierárquico da magna lei que passa a integrar.
z Lei Complementar – Trata-se de uma lei, conforme o seu nome indica,
complementar à Constituição, que completa esse texto. O objetivo é regular os
preceitos constitucionais que não são auto-explicáveis, que não valem concre-
tamente de per si se não forem complementados. A lei complementar destina-se a
regular apenas as normas constitucionais, conforme previsão expressa (requerida
expressamente pela Magna Carta).
z Resoluções – Significa, no sentido comum do termo, qualquer deliberação ou ato
de autoridade. As Resoluções, no plano mais elevado, destinam-se a regular
matéria do Congresso Nacional tanto de caráter político como administrativo.
Importantíssimas as Resoluções do Senado Federal na parte tributária, como por
exemplo a fixação de alíquotas aplicáveis às operações e prestações interes-
taduais (ICMS) e de exportação. Por resolução do Senado Federal e execução de
lei ou decreto declarado inconstitucionais pelo STF, fica suspensa.
z Lei Ordinária – É a que emana dos órgãos que a Constituição investiu da função
legislativa. O adjetivo ordinário é empregado para distinguir as leis comuns das
demais (Lei Complementar, Lei Delegada). Na prática, costuma-se denominar a
Lei Ordinária simplesmente de lei, sem adjetivação alguma.
z Lei Delegada – Temos a Lei Delegada quando o Congresso Nacional transmite ao
Presidente da República poderes para elaborar leis nos domínios não vedados,
pela Constituição. O ato que habilita o Poder Executivo a baixar Lei Delegada é a
Resolução do Congresso Nacional.
z Medidas Provisórias – É uma inovação, no Brasil, decorrente do art. 62 da CF de
88, dá ao Presidente da República o poder de adotá-las, com força da Lei, em
casos de relevância e urgência, devendo submetê-las ao Congresso Nacional. As
Medidas Provisórias perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas
em lei no prazo de trinta dias, a partir de sua publicação, devendo o Congresso
Nacional disciplinar as relações jurídicas delas decorrentes.
z Decreto Legislativo – É o ato resultante da competência exclusiva do Poder
Legislativo. Não estando sujeito à sanção do Poder Executivo, é uma lei não san-
cionável. Na área tributária pouco interesse há no Decreto Legislativo. Este não
regula e nem regulamenta matéria tributária, exceção feita quando esteja ligado a
tratados internacionais de tributação.

Contabilidade Básica 161


Tratados e Convenções Internacionais

As palavras: tratado e convenção são sinônimas. Ambas representam acordo bilateral


ou multilateral de vontades para produzir um efeito jurídico. Tornam-se fontes do
direito em maior extensão do que a própria lei, visto suas normas obrigarem interna-
mente e, ainda, externamente. Todavia a obrigação específica dos Estados contra-
tantes, em esfera internacional, ao firmarem o tratado ou convênio, não é sua
submissão às regras pactuadas, mas a adoção das mesmas em seu território.

Fontes Secundárias

z Decreto Executivo
É um ato ou manifestação solene da vontade do Poder Executivo. O Decreto é
inteiramente subordinado à Lei, não podendo contrariá-la, excedê-la ou restringi-la.
Existem três categorias de decretos:
a) Decreto de Execução – Tem por objetivo a exata aplicação das normas
constantes da Lei.
b) Decreto Autônomo ou Independente – Quando disciplinam o uso das
faculdades e atribuições conferidas aos órgãos do Poder Executivo.
c) Decreto de Organização – Quando objetivam a organização e o funcionamento
dos órgãos administrativos públicos.

Atos Administrativos Normativos

Conforme a finalidade ou posição hierárquica da autoridade de onde emanam, os atos


administrativos recebem denominações diferentes.
Portanto, ato normativo administrativo é gênero do qual constituem espécies as
seguintes:
a) Portaria – É o ato escrito, pelo qual o Ministro de Estado, o Secretário de
Governo, o Chefe do Executivo, do Legislativo ou Judiciário determinam provi-
dências de caráter administrativo, dão instruções sobre a execução de uma lei, ou
serviço, concedem benefícios e aplicam penas a servidores. A Portaria deve ser
publicada, tendo alcance de circulação externa e interna. Através de Portaria
costuma-se nomear servidores públicos.
b) Circular – É uma instrução escrita, de caráter geral e uniforme dirigida por
superiores hierárquicos aos seus subordinados imediatos, relativamente a objeto
de serviço ou para esclarecer o sentido de uma mesma unidade administrativa. A
autoridade competente para a expedição de Circular é a autoridade administrativa
máxima; não necessita ser publicada; e tem alcance de circulação interna,
vinculada a Administração.
c) Aviso – É ato escrito, de competência do Ministro de Estado, a respeito de
assuntos ligados ao seu Ministério, dirigido às demais autoridades ou para
divulgação de notícias de interesse público. Tal expediente era muito utilizado nos
tempos do Brasil Império. A autoridade competente para a expedição de Aviso é o
Ministro de Estado ou o Secretário de governo. O Aviso necessita ser publicado e
tem alcance de circulação externa e interna.
d) Ordem de Serviço – É ato escrito destinado a determinar e orientar matéria
prevista em atos de supervisores hierárquicos, dirigida a órgãos e servidores

162 Contabilidade Básica


subordinados. Diversas são as autoridades competentes para a expedição de
Ordem de Serviço, a qual não necessita ser publicada e tem alcance interno. A
ordem de serviço é também denominada “ordem interna”.
e) Instrução – É ordem escrita, genérica e interna, a respeito do modo e forma de
exercício de determinado serviço público, expedida por superior hierárquico para a
orientação de subalternos. Dirige-se aos inferiores hierárquicos, aos agentes
internos da administração pública. Embora, atos de Ministro, são diversas as
autoridades competentes para a expedição da Instrução, que se destinam à
execução das leis, decretos e regulamentos. A instrução não necessita ser
publicada e tem alcance limitado (não ultrapassa os limites das repartições), não
vinculando os particulares.
f) Instrução Normativa – É ato escrito, de competência da maior autoridade
tributária, Secretário de Governo, destinado a complementar e interpretar a
legislação tributária. A instrução deve ser publicada e tem alcance interno e
externo.

Outros atos administrativos também constituem instrumentos normativos, embora


menos utilizados. Destacamos a Mensagem e a Proclamação (vontade do Poder
Executivo em caráter decisório); o Comunicado e a Comunicação de Serviço; a
Resolução (declaração de vontade emanada de órgão colegiado) e a Deliberação.

Jurisprudência Administrativa

São decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a quem


a lei atribua eficácia normativa.
Em São Paulo, a Lei Estadual n° 3.688 de 31 de dezembro de l956, estabeleceu que
as decisões do Tribunal de Impostos e Taxas, proferidas em Câmaras reunidas,
firmam precedentes cuja observância é obrigatória por parte de todos os funcionários
da Fazenda e das repartições subordinadas.

Convênio Interno

Estabelece o Código Tributário Nacional que os convênios que entre si celebrem a


União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, constituem normas comple-
mentares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos
(art.100, inciso VI, CTN).
Convênio é o acordo entre duas ou mais pessoas para criar, transferir, modificar ou
extinguir obrigações; os acordos com pessoa jurídica de direito público constitucional
são denominados convênios internos, estes tratam em geral sobre matéria de
administração tributária (fiscalização, lançamento, arrecadação de tributos), não
podendo criar ou alterar tributos e obrigações fiscais para os contribuintes.

Jurisprudência dos Tribunais

É o conjunto de sentenças ou decisões proferidas pelo poder judiciário às questões de


direito, todavia o CTN não inclui a jurisprudência dos tribunais como fonte normativa
do direito tributário.
NOTA: Os dispositivos descritos no item – Fontes Principais – alteram a ordem
jurídica existente, enquanto que os descritos no item – Fontes Secundárias – não
modificam as leis, apenas explicam como elas devem ser executadas.

Contabilidade Básica 163


164 Contabilidade Básica
Anexo 9

Base de cálculo

É o critério legal que conjugado à alíquota permite apurar a quantidade (em espécie)
do tributo a pagar. A base de cálculo deve ser definida em lei complementar e sua
alteração está sujeita aos princípios da legalidade e da anterioridade.
Exemplo: Cofins – Receita Bruta, ICMS – Valor da mercadoria declarado na nota
fiscal.

Alíquota

É o porcentual definido em lei que aplicado sobre a base de cálculo determina o


montante do tributo a ser pago. Sua alteração está sujeita aos princípios da
anterioridade, com exceção dos casos previstos na própria Constituição.
Exemplo: Cofins – alíquota 3%, ICMS – alíquota 18% (operações dentro do Estado de
SP).

Crédito tributário

Sendo a obrigação tributária ex-lege, isto é, decorrente de lei, esta é a causa da


existência do tributo. Assim, a lei cria o tributo e descreve o fato gerador; com a
ocorrência do fato gerador nasce a obrigação tributária; ocorrido o fato gerador e
nascida a obrigação tributária, o sujeito ativo deverá constituir o crédito tributário, o
que se dará por meio do lançamento.

Conceito

Dessa forma, o crédito tributário consiste no direito que a Fazenda Pública tem de
exigir do contribuinte ou responsável (sujeito passivo) o pagamento do montante do
tributo devido, penalidades e acréscimos. O CTN, art.139, dispõe: “O crédito tributário
decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta”. Em outras palavras, o
crédito tributário representa a formalização do direito creditício do sujeito ativo e da
condição de devedor do sujeito passivo, numa relação jurídico-tributária.

Lançamento tributário

Trata-se de instituto formalizador do crédito tributário, pois nenhum tributo é pago


antes do respectivo lançamento, ainda que provisório ou por antecipação. Diz-nos o
art. 142 do CTN que lançamento é o procedimento administrativo que tende a verificar
a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária correspondente, determinar a
matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e,
se for o caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
São três as espécies de lançamentos:
z Lançamento de ofício, unilateral ou direto;
z Lançamento por declaração;

Contabilidade Básica 165


z Lançamento por homologação ou autolançamento.

O lançamento direto é aquele feito pela autoridade administrativa, quando a mesma já


dispõe de todos os elementos bastantes, necessários e suficiente para lançar,
independentemente de qualquer manifestação por parte do sujeito passivo. Ex.: IPTU,
ITR, cujos cadastros já se encontram feitos na repartição, no caso, a Prefeitura, titular
da competência quanto ao primeiro e da capacidade (fiscalização e arrecadação) em
relação ao segundo, cuja competência constitucional é da União.
O lançamento por declaração é o lançamento feito com base na declaração do sujeito
passivo, ou mesmo declaração ou informações de terceiros. Exemplo: Imposto de
Renda e proventos de qualquer natureza. A legislação desse imposto impõe ao sujeito
passivo a obrigação de fazer sua declaração de rendimentos, bem como informar
pagamento a terceiros. Com base nesses elementos a respectiva administração
tributária procede ao lançamento.
O lançamento por homologação é aquele feito pelo próprio sujeito passivo, o qual
inclusive se antecipa no pagamento do tributo, ficando sujeito à fiscalização dentro de
cinco anos para homologar ou retificar algo, ficando homologado tacitamente, caso o
Fisco não proceda à re-ratificação dentro de cinco anos. Exemplo: ICMS, IPI.

Suspensão do Crédito Tributário

Constituído o crédito tributário pelo lançamento, nasce o direito de a Fazenda Pública


exigir do sujeito passivo seu pagamento. Entretanto, esse direito pode ser obstado
temporariamente por diversas causas previstas no CTN. A suspensão, portanto, vem a
ser um impedimento, ou proibição, de a Fazenda Pública exercitar o direito de exigir o
pagamento por parte do sujeito passivo. Fica, assim, suspensa a exigibilidade do
pagamento, desde que ocorra alguma das causas que adiante veremos. Tal qual
qualquer ato jurídico, também o crédito tributário pode exercer efeitos diversos de
outros atos ou fatos.
São quatro as causas de suspensão, a saber:
z A moratória;
z O depósito do seu montante integral;
z As reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo
tributário administrativo;
z A concessão de medida liminar em mandado de segurança.

Extinção do Crédito Tributário

São várias as formas de extinção da relação jurídico-tributária e, com ela,


conseqüentemente, do crédito tributário respectivo. Seja qual for a forma de extinção,
o processo chega ao seu final, indo definitivamente para o arquivo.
O art.156, I a X, do CTN, estabelece dez modalidades de extinção:
z Pagamento;
z Compensação;
z Transação (acordo judicial);
z Remissão (perdão da multa);

166 Contabilidade Básica


z Prescrição e decadência;
z Conversão do depósito em renda;
z Pagamento antecipado e a homologação;
z Consignação em pagamento;
z Decisão administrativa irreformável;
z Decisão passada em julgado.

Exclusão do Crédito Tributário

O art. 175, e seus incisos I e II do CTN, dispõem sobre as duas causas de exclusão do
crédito tributário, a saber: a Isenção e a Anistia.
O poder de isentar decorre do poder de tributar. A isenção nada mais é do que a
dispensa do pagamento do tributo. A isenção preexiste ao fato gerador da obrigação
tributária principal. O tributo nasce, na verdade, com o fato gerador, mas, incontinenti,
é excluído, conquanto perdurem todas as obrigações acessórias pertinentes.
Conhecida como anistia fiscal, não dispensa o pagamento do tributo, mas tão-somente
das multas, penalidades pecuniárias. A anistia, segundo o art. 180 do CTN, abrange
exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede,
não se aplicando aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos
atos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados em lei como crimes ou
contravenções e aos atos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com
dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiros em beneficio daquele e,
salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais
pessoas naturais ou jurídicas.

Outras figuras do Crédito Tributário

z INCIDÊNCIA – Podemos dizer que quando não falta elemento algum para que se
configure o fato gerador, há incidência. Assim, temos que a incidência é a reunião
de todos os elementos do fato gerador da obrigação tributária. Concretizado o
pressuposto jurídico ou a hipótese legal, surge a relação jurídico-tributária.
Exemplo: circulação de mercadorias (ICMS), prestação de serviço (ISS).
z ISENÇÃO – A isenção nada mais é do que a dispensa do pagamento do tributo.
Ela decorre de Lei e dirige-se pela autoridade administrativa competente. É causa
excludente do tributo porque proíbe que o crédito tributário se constitua. A isenção
não se confunde com a não-incidência, porque ela situa-se dentro do campo da
incidência. Existe o fato gerador e nasce a obrigação tributária, mas, por motivos
de ordem pública, de interesse social, etc, justifica a dispensa do pagamento do
tributo, conquanto perdurem todas as obrigações acessórias pertinentes. Exemplo:
prédios de embaixada e consulados quanto ao IPTU.
z NÃO INCIDÊCIA – Não há incidência porque o acontecimento material não possui
elementos que conjuguem com qualquer dos fatos geradores estipulados na
legislação tributária. A não incidência se coloca pelo lado de fora da área
abrangente de fatos, situações e acontecimentos formadores do fato gerador. Ora,
se para ocorrer o fato gerador impõe-se necessariamente o pressuposto jurídico,
ou seja, a hipótese de incidência abstrata na Lei, conclui-se que sem isso jamais o
fato gerador ocorrerá. Exemplo: circulação de ativo fixo (ICMS).

Contabilidade Básica 167


z IMUNIDADE – Diz-se que a imunidade representa “um caso constitucional de não
incidência”, porque decorre da própria Constituição Federal. Consiste em uma
proibição ou vedação de tributar. Em princípio, determinados acontecimentos ou
situações seriam fatos geradores, mas, por razões várias, de interesse geral, a
Carta Maior impede que se faça a tributação. Na imunidade, assim como na não
incidência, o fato gerador não chega a ocorrer. Logo, não nasce a obrigação
tributária. Exemplo: CF art.150-VI: templos, livros, jornais, periódicos e o papel
destinado a sua impressão.
z DECADÊNCIA – A decadência é a extinção do direito pela inércia do seu titular,
quando sua eficácia foi, de origem, subordinada à condição de seu exercício
dentro de um prazo prefixado e este se esgotou sem que esse exercício se tivesse
verificado. A hipótese de decadência mais importante, no direito tributário, é aquela
que se refere ao direito de a fazenda pública constituir o crédito tributário.
z PRESCRIÇÃO – É o desaparecimento da ação que possa ser imposta em juízo
para assegurar o direito, sempre que não seja proposta no prazo da lei, muito
embora o próprio direito continue a existir.

168 Contabilidade Básica


Anexo 10

Base de Cálculo

z LUCRO REAL
(=) Resultado Líquido do período-base – antes do IR
(+) Adições ao Lucro Líquido
a) Alguns encargos de depreciação, CSLL quando apuração mensal,
provisões (exceto para 13º, férias e reserva técnica), multas de infrações
fiscais, algumas doações, despesas com brindes, algumas perdas, entre
outros.
(-) Exclusões do Lucro Líquido
b) Depreciação acelerada incentivada, alguns saldos devedores de correção
monetária, alguns encargos financeiros, entre outros.
(=) Resultado Ajustado
(+) Ganhos de capital e/ou outras receitas
c) Alienação de bens do ativo permanente, rendimentos das operações de
mútuo, ganhos com ouro, receita de aluguel de bens, juros de
impostos/contribuições a serem restituídos e variações monetárias ativas.
(-) Compensação de prejuízos fiscais de exercícios anteriores (até 30% do lucro)
(=) Lucro Real
(x) Alíquota geral
(x) Alíquota adicional (se for o caso)
(=) Imposto de Renda Devido
(-) Incentivos Fiscais
- PAT= Programa de Alimentação do Trabalhador
Cálculo do incentivo: 15% s/ o total das despesas com PAT, ou R$ 0,30
x nº. de refeições do período, dos dois o menor.
Limite de dedução: 4% do imposto devido
- Doações e patrocínios culturais
Limite de dedução: 4% do imposto devido
- Atividades audiovisuais:
Limite de dedução: 3% do imposto devido
- Doações aos Fundos do Direito da Criança e do Adolescente
Limite de dedução: 1% do imposto devido
(-) IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte
(=) IMPOSTO DE RENDA A PAGAR

z LUCRO REAL – opção pagamento mensal – Estimativa


(=) RECEITA BRUTA
(-) Vendas canceladas ou mercadorias devolvidas

Contabilidade Básica 169


(-) Descontos incondicionais concedidos nas Notas Fiscais
(-) IPI cobrado (e o ICMS quando regime de substituição tributária)
(-) Doações/patrocínios projetos culturais (Lei Rouanet – nº 8313/91)

(=) RECEITA BRUTA AJUSTADA

(x) Alíquotas de Presunção do Lucro


Venda de combustíveis---------------------------------------------------------------------= 1,6%
Venda mercadorias/transporte cargas/serviços hospitalares/
Atividade rural---------------------------------------------------------------------------------=8,0%
Transporte (exceto cargas)/outros serviços(exceto hospitalares,
transporte e profissões regulamentadas) até R$ 120.000,00/ano -----------=16,0%
Serviços em geral/intermediação negócios/administração de bens
móveis e imóveis/serviços de mão-de-obra de construção civil----------------= 32,0%

(=) LUCRO ESTIMADO


(+) Ganhos de capital e/ou outras receitas
a) Rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, ganhos em
operações com renda variável, juros remuneratórios do capital próprio e
juros de impostos/contribuições a serem restituídos, rendimentos de
operações de mútuo, lucro na alienação ativo permanente, receita de
multas e aluguéis.

(=) LUCRO LÍQUIDO AJUSTADO – Antes do IR

(x) Alíquota geral


(x) Alíquota adicional (se for o caso)

(=) IR DEVIDO

(-) Incentivos Fiscais


a) PAT= Programa de Alimentação do Trabalhador
Cálculo do incentivo: 15% s/ o total das despesas com PAT, ou R$
0,30 x nº de refeições do período, dos dois o menor.
Limite de dedução: 4% do imposto devido.
b) Doações e patrocínios culturais: Limite de dedução = 4% do imposto
devido.
c) Atividades audiovisuais: Limite de dedução = 3% do imposto devido.
d) Doações, Fundos Direitos da Criança e Adolescente: Limite dedução = 1%
do imposto devido.

(-) IRRF (Imposto de Renda retido na Fonte)

(=) IR A PAGAR

170 Contabilidade Básica


z Lucro Presumido (trimestral)
(=) RECEITA BRUTA
(-) Vendas canceladas ou mercadorias devolvidas
(-) Descontos incondicionais concedidos nas Notas Fiscais
(-) IPI cobrado (e o ICMS quando regime de substituição tributária)

(=) RECEITA BRUTA AJUSTADA


(x) Alíquotas de Presunção do Lucro
Vendas de combustíveis ------------------------------------------------------------= 1,6%
Venda mercadorias/transporte cargas/serviços hospitalares/
Atividade rural --------------------------------------------------------------------------= 8,0%
Transporte (exceto cargas)/outros serviços (exceto hospitalares, transporte e
profissões regulamentadas) até R$ 120.000,00/ano------------------------= 16,0%
Serviços em geral/intermediação negócios/administração bens
móveis e imóveis/serviços de mão-de-obra de construção civil----------= 32,0%

(=) LUCRO ESTIMADO

(+) Ganhos de capital e/ou outras receitas


e) Rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, ganhos em
operações com renda variável, juros remuneratórios do capital próprio e
juros de impostos/contribuições a serem restituídos, rendimentos de
operações de mútuo, lucro na alienação de ativo permanente, receita de
multas e aluguéis).

(=) LUCRO LÍQUIDO AJUSTADO – Antes do IR


(x) Alíquota geral
(x) Alíquota adicional (se for o caso)

(=) IR DEVIDO
(-) IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte)
(=) IR A PAGAR

z Lucro Arbitrado (trimestral)

a) Quando a receita bruta é conhecida:

(=) Lucro Presumido + 20%


(+) Ganhos de capital e/ou outras receitas

b) Quando a receita bruta não é conhecida:


Através de procedimento de ofício, mediante a utilização de uma das seguintes
alternativas de cálculo:
a) 1,50 do último lucro real apurado

Contabilidade Básica 171


b) 0,04 da soma dos valores do ativo circulante
c) 0,07 do valor do capital
d) 0,05 do valor do patrimônio líquido
e) 0,40 do valor da compra de mercadorias
f) 0,40 do valor da folha de pagamento + compra mat. Primas + prod.
Intermediários e mat. embalagem
g) 0,80 dos valores devidos aos empregados
h) 0,80 do valor do aluguel devido

ALÍQUOTAS DO IRPJ
Geral ..........................15% sobre a totalidade da base de cálculo apurada.
Adicional.....................10% sobre parcela lucro que ultrapassar o limite R$
240.000,00/ano ou R$ 60.000,00/trimestre ou
ainda R$ 20.000,00/mês.

EXEMPLO 1: IMPOSTO DE RENDA – Estimativa mensal

A empresa LUCROCERTO, optante pelo pagamento mensal do IR por estimativa em


1999, no mês de julho/99 teve a seguinte situação:
a) Auferiu receita com venda de mercadorias no valor total de R$ 1.000.000,00;
b) Obteve receitas com serviços em geral de R$ 200.000,00;
c) Contabilizou R$ 50.000,00 com mercadorias devolvidas;
d) Obteve rendimentos de aplicações financeiras no valor de R$ 15.000,00;
e) Auferiu lucro na venda de veículo de R$ 5.000,00;
f) Realizou despesas com alimentação do trabalhador no total de R$ 15.000,00
(6.000 refeições);
g) Teve imposto de renda retido na fonte no valor de R$ 2.040,00.

Qual o IR a pagar no período?

Vejamos: R$ -----------------------
(=) RECEITA BRUTA............................................................................. 1.200.000,00
(mercadorias = 1.000.000,00 + serviços = 200.000,00)
(-) mercadorias devolvidas.......................................................................... 50.000,00

(=) RECEITA BRUTA AJUSTADA........................................................ 1.150.000,00


(x) Alíquotas de presunção do lucro
Venda de mercadoria (8%)
950.000,00 (1.000.000,00- 50.000,00) x 8% ---------=76.000,00
Serviços em geral (32%)

172 Contabilidade Básica


200.000,00x 32% ---------------------------------------------=64.000,00

(=) LUCRO ESTIMADO........................................................................ 140.000,00


(+) Ganhos de capital e/ou outras receitas........................................... 20.000,00
(aplicações financeiras = 15.000,00 + lucro venda veículo = 5.000,00)

(=) LUCRO LÍQUIDO AJUSTADO – Antes do IR.................................. 160.000,00


(x) Alíquota geral (15%) = 160.000,00 x 15% = 24.000,00
(x) Adicional IR (160.000,00 – 20.000,00) x 10% = 14.000,00

(=) IR DEVIDO........................................................................................ 38.000,00


(-) Incentivos Fiscais
PAT – Cálculo incentivo: 15% s/ 15.000,00 = 2.250,00
0,30 x 6.000 refeições = 1.800,00
* Limite de dedução: 4% s/ 24.000,0 = 960,00
(-) IRRF (Imposto de renda retido na Fonte) = 2.040,00
(=) IR A PAGAR..................................................................................... 35.000,00

(38.000,00 – 3.000,00 [960,00 + 2.040,00])

* O excedente de incentivo referente ao PAT, no valor de R$ 840,00 (1.800,00 –


960,00), poderá ser aproveitado nos períodos seguintes (até 2 anos-calendários
subseqüentes), respeitando sempre o limite admitido.

EXEMPLO 2: IMPOSTO DE RENDA – Lucro Presumido

Como ficaria o cálculo imposto de renda a pagar da empresa LUCROCERTO se ela


tivesse optado pelo regime de lucro presumido no ano de 1999?
Devemos lembrar que, para ter optado neste ano de 1999 pelo lucro presumido, a
empresa não poderia ter auferido receita bruta total no ano-calendário anterior superior
a R$ 24.000.000,00.

Vamos supor que a operação tenha sido idêntica nos três meses, então teríamos:
a) Auferiu receita com venda de mercadorias no valor total de R$ 3.000.000,00.
b) Obteve receita com serviços em geral de R$ 600.000,00.
c) Contabilizou R$ 150.000,00 com mercadorias devolvidas.
d) Obteve rendimentos de aplicações financeiras no valor de R$ 45.000,00.
e) Auferiu lucro na venda de veículos de R$ 15.000,00.
f) Realizou despesas com alimentação do trabalhador no total de R$ 45.000,00
(18.000 refeições).
g) Teve imposto de renda retido na fonte no valor de R$ 6.120,00.

Contabilidade Básica 173


Qual o IR a pagar no período?

Vejamos: R$ ------------------------
(=) RECEITA BRUTA........................................................................... 3.600.000,00
(mercadorias = 3.000.000,00 + serviços = 600.000,00)
(-) mercadorias devolvidas.................................................................... 150.000,00

(=) RECEITA BRUTA AJUSTADA...................................................... 3.450.000,00

(x) Alíquotas de presunção do lucro


Venda de mercadoria (8%)
2.850.000,00 (3.000.000,00 –150.000,00) x 8% = 228.000,00
Serviços em geral (32%)
600.000,00 x 32%.............................................. = 192.000,00

(=) LUCRO ESTIMAD0....................................................................... 420.000,00


(+) Ganhos de capital e/ou outras receitas......................................... 60.000,00
(aplicações financeiras =45.000,00 + lucro venda veículo = 15.000,00)

(=) LUCRO LÍQUIDO AJUSTADO – Antes do IR............................... 480.000,00


(x) Alíquota geral (15%) = 480.000,00 x 15% = 72.000,00
(x) Adicional IR (480.000,00 – 60.000,00) x 10% = 42.000,00

(=) IR DEVIDO.................................................................................... 114.000,00


(-) IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) = 6.120,00
(=) IR A PAGAR.................................................................................. 107.880,00

(114.000,00 – 6.120,00)

CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido)

A Contribuição Social sobre o Lucro das pessoas jurídicas foi instituída com a Lei
7.689, de 15 de dezembro de 1988, destinada ao financiamento da seguridade social.

ALÍQUOTAS DA CSLL
Apuração:
z 8% sobre a base de cálculo, para fatos geradores ocorridos de 01.01.1999 a
30.04.1999.
z 12% sobre a base de cálculo, para fatos geradores ocorridos de 01.05.1999 a
31.01.2000.
z 9% sobre a base de cálculo, para fatos geradores ocorridos a partir de 01.02.2000.

A atual alíquota de 9% foi ratificada através da Lei 10.637, de 30.12.2002, art.37.

174 Contabilidade Básica


BASE DE CÁLCULO: Lucro líquido do exercício, ajustado, antes da provisão para IR.

z CSLL – Pagamento trimestral – Lucro Real


(=) LUCRO REAL
(x) Alíquota de apuração
(=) CSLL DEVIDA
(-) saldo CSLL pago a maior em períodos anteriores
(=) CSLL A PAGAR

z CSLL – Pagamento mensal – Estimativa / Pagamento trimestral – Presumido


(=) RECEITA BRUTA
(-) Vendas canceladas ou mercadorias devolvidas
(-) Descontos incondicionais concedidos nas Notas Fiscais
(-) IPI cobrado (e o ICMS quando regime de substituição tributária)
* (-) Doações/patrocínios projetos culturais (Lei Rouanet – n.º 8313/91)
(=) RECEITA BRUTA AJUSTADA
(x) Alíquota de Presunção da Base de cálculo
(=) LUCRO ESTIMADO/PRESUMIDO
(+) Ganhos de capital e/ou outras receitas
(=) BASE DE CÁLCULO (Lucro Líquido Ajustado – antes do IR)
(x) alíquota de Apuração
(=) CSLL DEVIDA
(-) Saldo CSLL pago a maior em períodos anteriores
(=) CSLL A PAGAR

Pagamento: Nos mesmos prazos do Imposto de Renda trimestral e mensal.

* não pode ser deduzido quando for feita opção pelo regime de lucro presumido.

Utilizando os dados anteriores da empresa LUCROCERTO, e levando em conta que


até a “Receita Bruta Ajustada” o cálculo é idêntico ao do IR, vamos considerar adicio-
nalmente as informações abaixo e apurar a CSLL a pagar no mês de julho/01:

n) Saldo CSLL pago a maior em períodos anteriores no valor de R$ 3.310,00;

(=) RECEITA BRUTA AJUSTADA 1.150.000,00


(x) LUCRO ESTIMADO 138.000,00
(+) Ganhos de capital e/ou outras receitas 20.000,00
(=) BASE DE CÁLCULO (Lucro Líquido Ajustado – antes IR) 158.000,00
(x) Alíquota de apuração (9%) 18.960,00
(-) saldo CSLL pago a maior em períodos anteriores 3.310,00
(=) CSLL A PAGAR 15.650,00

Contabilidade Básica 175


Imposto sobre Importação

Trata-se de imposto federal, portanto de competência da União. É adotado na política


cambiária do País. Sua finalidade é mais econômica do que propriamente financeira.
Visa proteger o produto nacional, em vista da competição no mercado internacional,
incentivando a produção interna para a criação de divisas o maior possível. Sua
arrecadação é feita pelas repartições denominadas alfândegas ou aduanas.
O imposto incide sobre as mercadorias oriundas do estrangeiro que ingressam no
País, incorporando-se às riquezas internas, quer para consumo quer para trans-
formação ou beneficiamentos, ainda que tenham de retornar ao estrangeiro através de
outra operação: a exportação.
Cumpre alertar que nem todo produto que ingressa no País está sujeito ao imposto,
pois há produtos que não ingressam com a finalidade de aqui permanecer, ou seja, os
produtos em trânsito para outros países e que gozam do benefício da franquia
alfandegária.

ISS (Imposto Sobre Serviços)

Compete aos municípios instituir Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, não
compreendidos no art. 155, inciso I, alínea b, da CF, definidos em Lei Complementar.
Devido ao imenso número de municípios existentes no Brasil, para garantir um mínimo
de uniformização e coibir a cobrança de alíquotas excessivas, a Constituição Federal
de 1988 dispôs:
§ 4º - Cabe a Lei Complementar:
“ I – Fixar as alíquotas máximas dos impostos previstos nos incisos III e IV;
“ II – Excluir da incidência do imposto previsto no inciso IV exportações de
serviços para o exterior”.

A lista de serviços sujeito ao ISS foi elaborada pela Lei Complementar 56/87.
Entretanto, essa lista é genérica e indicativa, admitindo subclassificações, desde que
sejam espécies do mesmo gênero.
Fato Gerador – É a prestação dos serviços elencados na lista de serviços da Lei
Complementar 56/87.
Base de Cálculo – A base de cálculo do imposto é o preço do serviço, sobre o qual
incidirão as alíquotas fixadas pela legislação municipal tributária.

IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 153, inciso IV, descreve:


“Compete à União instituir imposto sobre: IV – Produtos Industrializados”.

O IPI é, na realidade, também um imposto sobre a circulação econômica gravando a


sua etapa inicial, quando os bens são produzidos, ou seja, industrializados. O IPI é o
antigo imposto de consumo, com outra denominação, tendo como contribuinte,
conforme art. 51 do CTN: o importador / o industrial / o comerciante / o arrematante

176 Contabilidade Básica


Princípio de Legalidade – O IPI está sujeito ao princípio da legalidade ( art. 150, I –
CF ), mas não ao princípio da anterioridade ( art. 153, § 1º - CF ), no que se refere a
alterações de alíquota.
Princípio de Seletividade – Está obrigatoriamente sujeito ao princípio da seletividade,
em função da essencialidade do produto e da não-cumulatividade.
Para a observância desse princípio, tornou-se necessária a classificação dos produtos
em diversas categorias, divididas em posição, subposição, item e subitem e, em
alíquotas variáveis, em razão da sua essencialidade. Esta classificação está expressa
na Tabela de Incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados (TIPI), aprovada
pelo Decreto nº 97.410/88. Por determinação constitucional o IPI não incidirá sobre
produtos industrializados destinados ao exterior ( art. 153, § 3º, item III ).
O fato gerador do IPI é, em regra, a saída do produto industrializado de
estabelecimento de contribuinte, quando se tratar de produto nacional. Tratando-se de
produto industrializado de procedência estrangeira, o fato gerador verifica-se com o
desembaraço aduaneiro. A terceira alternativa para o fato gerador, agora referível a
produto de qualquer procedência, é a arrematação dele quando apreendido ou
abandonado e levado a leilão.
É um imposto incidente sobre o valor agregado (não-cumulativo), porque o contribuinte
de direito, ao adquirir materiais de fabricação que integram o produto fabricado,
credita-se pelo imposto pago nesta ocasião. Depois, quando providencia a saída do
produto pronto e acabado, certamente por valor superior àquele que despendeu na
aquisição de matéria-prima, produtos secundários e materiais de embalagem, calcula
o imposto desta última operação, verifica seu crédito com a Fazenda pelas operações
anteriores e, embora cobrando todo o imposto de quem adquire o produto pronto e
acabado, recolherá aos cofres públicos apenas o saldo acaso verificado em favor da
Fazenda, nas duas operações sucessivas.

Base de Cálculo:
o) Na saída do produto de estabelecimentos: o valor da operação
(Preço+frete+acessórias+embalagem).
p) No desembaraço aduaneiro: preço + II + taxas + encargos cambiais.
q) No caso de arrematação: o preço da arrematação.
Nota: Não podem ser deduzidos os descontos, diferenças ou abatimentos,
concedidos a qualquer título.

Alíquota:
Como explicado anteriormente, as alíquotas do IPI são ad valorem, estabelecidas em
tabelas oficiais instituídas por lei (TIPI) e são seletivas em função da essencialidade do
produto.

Apuração:
Nos termos do art.182 do RIPI/98, o IPI deve ser apurado a cada decêndio e recolher
até o 3º dia útil do decêndio subseqüente ao de ocorrência dos fatos geradores.
Exceção feita às microempresas e as empresas de pequeno porte, as quais devem
apurar mensalmente e recolher o tributo até o último dia útil do mês subseqüente ao
de ocorrência dos fatos geradores.

Contabilidade Básica 177


Faturamento até 700.000 Ufir/ano = apuração mensal
Exemplo de cálculo do IPI: Nota fiscal: valor da mercadoria R$ 200,00 – alíquota 5%
Preço da mercadoria.................................R$ 200,00
IPI 5%........................................................R$ 10,00
Valor total da Nota Fiscal..........................R$ 210,00

ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)

A Constituição Federal ao distribuir a competência tributária entre os entes da


Federação, dispõe em seu art. 155:
“Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir:
I – Imposto sobre: Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação. Ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior”.

O ICMS é tributo proporcional com alíquota única para todas as mercadorias, podendo
variar apenas e tão-somente em função do tipo de operação de circulação realizada
(interna ou interestadual); é não-cumulativo, abatendo-se do verificado nas operações
posteriores o tributo que foi nas anteriores, realizadas com a mesma mercadoria; é
indireto, repercutindo seus efeitos contra o terceiro adquirente da mercadoria e é
tributo real por excelência, pois em suas incidências não estabelece distinção calcada
nas condições pessoais do contribuinte.
A diferença entre o ICMS e o IPI reside no fato de que este adota alíquota seletiva e
aquele se estabelece através de alíquota uniforme.

Fato Gerador:
O Decreto-Lei 406/68 (art. 1º) estabelece como fato gerador:
“O imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias tem como
fato gerador:
I – a saída de mercadorias de estabelecimento comercial, industrial ou produtor;
II – a entrada em estabelecimento comercial, industrial ou produtor de
mercadoria importada do exterior pelo titular do estabelecimento;
III – o fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias em
restaurantes, bares e cafés e estabelecimentos similares.”

A partir da Constituição Federal de 1988 foi ampliada a hipótese de incidência do


antigo ICM (que era só sobre circulação de mercadorias) passando a abranger,
também, a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se incidam no exterior (art.
155, I, b – CF/88).

Base de Cálculo:
Art.2º - Decreto-Lei 406/68
I – Na saída do produto de estabelecimentos: o valor da operação
(preço+frete+acessórios+embalagem);

178 Contabilidade Básica


II – no desembaraço aduaneiro: preço + II + IPI + taxas + encargos cambiais;
Nota: não podem ser deduzidos os descontos condicionais (duplicata), porém, os
descontos incondicionais, isto é, aqueles que figuram na própria nota fiscal, não
integram a base de cálculo do tributo estadual.
As regiões, para fins do ICMS, são compostas pelas seguintes Unidades da
Federação:
r) Norte – Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins;
s) Nordeste – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe;
t) Centro-Oeste – Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e DF;
u) Sudeste – Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo;
v) Sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

As alíquotas básicas são as seguintes:


I – nas operações ou prestações internas:
w) 18% Lei 11.311, de 18/12/2002 – prorrogado pela Lei 11.813, de
16/12/2004;
x) 7% nas operações com arroz, feijão, pão, sal, lingüiça, salsicha, ovo,
preservativos, etc;
y) 12% energia elétrica residencial até 200Kwh, farinha de trigo, implementos
agrícolas, etc;
z) 25% bebida alcoólica, fumo, perfume, energia elétrica residencial acima de
200Kwh, etc.

II – nas operações ou prestações interestaduais:


aa) 12% nas operações ou prestações interestaduais que destinarem
mercadorias ou serviços a contribuintes localizados nos estados das
regiões Sul e Sudeste;
bb) 7% nas operações que destinarem mercadorias ou serviços a contribuintes
localizados nos estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e no
Estado do Espírito Santo.

Exemplo cálculo ICMS (desconsiderando a inclusão de PIS/COFINS no preço)

Premissas: Custo = R$ 1.000,00


ICMS = 18%
Lucro = 30% Σ = 48%

1 – Cálculo “POR FORA”


1.000,00 X 1,48 = R$ 1.480,00
Onde 1,48 = [1 + (48 / 100)] X

2 – Cálculo “POR DENTRO”


1.000,00 / 0,52 = R$ 1.923,08
Onde 0,52 = [(100 – 48) / 100] a

Contabilidade Básica 179


Comprovação do Resultado

POR FORA POR DENTRO


Preço de Venda 1.480,00 1.923,08
ICMS (18%) 266,40 346,15
Preço Venda Líquido 1.213,60 1.576,93
Custo 1.000,00 1.000,00
Lucro 213,60 576,93
% s/ preço de venda (lucro / PV) 14% 30%

PIS (Programa de Integração Social)

A partir da Lei 10.637/2002, foi definida a não cumulatividade do PIS e Cofins. Houve
alterações e ratificações da mesma, através das leis 10.833/2003, 10.865/2004,
10.925/2004 e 11.051/2004.
Para determinação do valor da contribuição aplicar-se-á a alíquota de 1,65% e
poderão ser descontados os créditos calculados em relação a:
cc) bens adquiridos para revenda;
dd) bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos
destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis e
lubrificantes;
ee) aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a PJ de origem
nacional;
ff) despesas financeiras incorridas no mês decorrentes de empréstimos e
financiamentos de PJ, exceto de optante pelo SIMPLES;
gg) máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de
produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorpados ao
ativos imobilizado (base de cálculo será a amortização e depreciação
mensal);
hh) edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo,
inclusive de mão-de-obra, tenham sido suportadas pelo locatário (base de
cálculo serão a amortização e depreciação mensal);
ii) bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado
faturamento do mês ou de mês anterior, e tributados conforme o disposto
nesta Lei.

Adicionalmente, a IN 468/2004 define as receitas que mantêm as alíquotas antigas.


Permanecem sujeitas às normas anteriormente vigentes:
jj) PJ sujeitas ao IR com base no lucro presumido ou arbitrado, optantes pelo
SIMPLES, órgãos públicos;
kk) Receitas decorrentes de prestação de serviços de telecomunicações.

Prazo de recolhimento: Até o último dia útil da quinzena do mês subseqüente aos
fatos geradores.

180 Contabilidade Básica


Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social)

A Contribuição Social sobre o faturamento foi instituída para financiamento da


Seguridade Social, destinando-se exclusivamente às despesas com atividades das
áreas de saúde, previdência e assistência social.

Base de Cálculo: Receita bruta


Alíquota: 7,6%.
Prazo de recolhimento: Até o último dia útil da quinzena do mês subseqüente aos
fatos geradores.

Notas para PIS e COFINS

Faturamento: Para fins de cálculo, considera-se faturamento a receita bruta das


vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e dos serviços
de qualquer natureza.
Receita Bruta: Para fins de cálculo, considera-se receita bruta como sendo a
totalidade das receitas auferidas pala pessoa jurídica sendo
irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação
contábil adotada para as receitas.

Não integram a base de cálculo:

a) As vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o IPI e o ICMS,


este último apenas relativamente à parcela que o vendedor cobrar do comprador
na condição de substituto tributário;
b) As reversões de provisões operacionais e recuperações de créditos baixados
como perda, que não representem entrada de novas receitas;
c) Os lucros ou dividendos originados de investimentos avaliados pelo custo de
aquisição e o valor de equivalência patrimonial, que tenham sido computados
como receita;
d) Os valores que computados como receitas tenham sido transferidas para outra
pessoa jurídica, observadas, nesta hipótese, as normas complementares
expedidas pelo Poder Executivo; e
e) A receita decorrente da venda de bens do ativo permanente;
f) A receita decorrente da exportação de mercadorias e serviços.

Contabilidade Básica 181


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