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Gestão de Pessoas

Francielli Martins Borges Ladeira


Gestão de Pessoas

Francielli Martins Borges Ladeira


Diretor Geral: Daniel Porto Campello

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Pró-Diretoria de Educação à Distância: Thiago Silveira Coelho

Coordenação de Curso: Eliabe Afonso de Sousa

Capa e Editoração: Andresa Guilhen Zam; André Morais; Diego R. Pinaffo;


Renata Sguissardi; Welder Henrique O. Carvalho

Revisão Textual e Normas: Rosângela Maria de Carvalho

FICHA CATALOGRÁFICA - SERVIÇO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - FACULDADE

TRÊS MARIAS

L154g Ladeira, Francielli Martins Borges.

Gestão de Pessoas./ Francielli Martins Borges Ladeira. –

João Pessoa: FUNEPI, 2016.

117f.

ISBN:

1. Gestão- pessoas. 2. Administração- pessoal. I. Título.

FUNEPI CDD: 658.3

Ficha catalográfica realizada pela bibliotecária


Este livro é publicado pelo Programa de Publicações Digitais da FACULDADE TRÊS MARIAS
SOBRE A FACULDADE

A Faculdade FUNEPI, atualmente, Três Marias é uma


instituição de ensino superior pluricurricular, credenciada pela
Portaria do Ministério da Educação nº 663 de 1º julho de
2015, que tem como objetivo ministrar cursos presenciais
e a distância nas diversas áreas de conhecimentos; atender
a demanda do setor produtivo, industrial, comercial e de
prestação de serviços; desenvolver pesquisa nas áreas de
saúde, educação, ciência e tecnologia, bem como atuar na
extensão universitária. Para atendimento aos estudantes,
contará com as organizações empresariais como parcerias
que terão papel de auxílio na integração da faculdade com a
comunidade, além dos programas institucionais de apoio aos
discentes.

MISSÃO

Formar profissionais diferenciados, que atuem de forma


autônoma, capazes de atender a demanda do mercado, com
ética e espírito empreendedor.

VISÃO

Ser reconhecida como instituição de ensino superior por


meio da oferta qualificada de cursos de graduação e de pós-
graduação de alto nível.

VALORES

Gestão consciente, ética, respeito mútuo, qualidade de ensino, e


compromisso social.
APRESENTAÇÃO
Gestão de
Pessoas
Francielli Martins Borges Ladeira

Olá acadêmico do ensino à distância! Sou a Profª Francielli


Martins Borges Ladeira, graduada em Administração e mestre
em Administração pela Universidade Estadual de Maringá na
linha de Empreendedorismo, Inovação e Mercado. Atualmente
sou professora da Educação a Distância no curso de Tecnologia
de Recursos Humanos.

Foto:Marcos Santos/USP Imagens


Primeiramente gostaria de parabenizá-lo por estar em
busca do enriquecimento intelectual e pessoal que um curso
de graduação proporciona. A Educação à Distância (EaD) dá
a oportunidade de milhares de pessoas buscarem o sonho de
cursar uma graduação mesmo diante das dificuldades que a
maioria de nós enfrentamos. Realizar uma graduação a distância
requer muita disciplina e compromisso consigo mesmo. Para
ser bem sucedido na educação a Distância precisamos assumir
um compromisso de dedicação, disciplina e persistência. Você
hoje tem a facilidade de estudar em sua casa, trabalho ou até
APRESENTAÇÃO

mesmo ir para um ambiente de estudo como os Polos de apoio


e tem a autonomia de definir os melhores horários de estudo
e resolução de exercícios. No entanto, é preciso ficar claro que
a educação à distância requer, como na educação presencial,
um tempo de dedicação aos estudos. A flexibilidade que o EaD
proporciona, exige também muita disciplina e compromisso da
parte do aluno. Como professora me sinto no dever de dar
algumas dicas para otimizar seu momento de estudo: aproveite
todas as ferramentas disponíveis - Vídeos-aula, livros, links,
artigos, textos, grupos de estudos, enfim, considere todas
as ferramentas que forem disponibilizadas a você. Leia
atentamente os materiais antes das aulas, anote suas dúvidas,
procure suas respostas nos livros ou sites indicados e caso não
consiga saná-las, disponha do seu tutor para esclarecê-las.
Nossa sociedade passou por diversos momentos, desde
a economia de subsistência através da caça e da pesca, e
também da economia agrícola, onde se obtinha alimento
APRESENTAÇÃO
e itens básicos de sobrevivência e manutenção por meio
do plantio, cultivo e criação. A sociedade revolucionou-se
durante o período de Revolução Industrial, que teve início na
Inglaterra, e apontou-se aí um dos primeiros estudos sobre
o trabalho e o homem, buscando-se a maior produtividade e
consequentemente, maior lucro para as indústrias. Ocorreram
nessa época os primeiros treinamentos, para chegar a “melhor
maneira de realizar uma tarefa”, e com a evolução das teorias
de administração, chegamos à cultura do conhecimento, e o
conhecimento tornou-se o principal diferencial das empresas
hoje. No entanto, para termos conhecimento, precisamos de
pessoas, estas que fazem a diferença não apenas replicando
ou apreendendo informações, mas principalmente, pessoas
com visão crítica e aplicada do conhecimento adquirido. A
Gestão de Pessoas ganhou importância e posto de evidência
nas organizações. Neste livro, aprenderemos que para atingir a
excelência na produção, nas vendas, no marketing, e em todas
as atividades organizacionais, precisamos cuidar das pessoas.
Envolvê-las com o trabalho de forma motivada e criativa é papel
do gestor de recursos humanos de hoje.
O livro está disposto em três partes: Unidades I, II e III. A
Unidade I realiza a introdução ao estudo de Gestão de Pessoas,
mostrando como está formatado a gestão hoje e como se
realizou a evolução dessa área de estudo. Versa ainda sobre a
influência das Escolas de Administração no estudo das relações
entre organização e pessoal. Nesta unidade também veremos o
conceito da Gestão de Pessoas, seus processos e estratégias e
o papel do gerente participativo.
A Unidade II constitui-se de um capítulo sobre recrutamento
e seleção de pessoas, entendo desde as análises de trabalho
que levam a estabelecer parâmetros para os candidatos e
as principais funções de cada cargo. Esta unidade aborda
o recrutamento e sua conceituação, técnicas de seleção
de pessoas, retenção de talentos e avaliação do trabalho.
E finalmente, a Unidade II discorre sobre as legislações
trabalhistas.
A Unidade III deste material é formada pelo conteúdo que
APRESENTAÇÃO

se refere a cargos e salários, com seções sore remuneração,


salários e programas de incentivo e benefícios sociais.
Espero que o livro possa transmitir com clareza os principais
conceitos e visões que um gestor de pessoas deve saber para
desempenhar sua função com excelência dentro do mercado
atual.
UNIDADE 1: A GESTÃO DE PESSOAS E OS PRINCIPAIS
CONCEITOS 13

INTRODUÇÃO......................................................................................15

GESTÃO DE PESSOAS NA ATUALIDADE...........................................17

CONCEITO DE GESTÃO DE PESSOAS...............................................20

EVOLUÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS E AS ESCOLAS DE


ADMINISTRAÇÃO................................................................................28

O QUE É TAYLORISMO?......................................................................31

O QUE É FORDISMO?.........................................................................32

PRINCIPAIS TEORIAS DA GESTÃO DE PESSOAS.............................38


Teoria Behaviorista..................................................................................... 38

Teorias X e Y............................................................................................... 41

SUMÁRIO
Teoria de Likert........................................................................................... 43

Teoria de Argyris......................................................................................... 45

PROCESSOS DA GESTÃO DE PESSOAS...........................................46

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA GESTÃO DE PESSOAS...........48

UNIDADE 2: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS 51

INTRODUÇÃO......................................................................................53

ANÁLISE DO TRABALHO.....................................................................55
O que é análise do trabalho?...................................................................... 55

RECRUTAMENTO................................................................................58

TIPOS DE RECRUTAMENTO...............................................................66
Seleção de pessoas................................................................................... 66

RETENÇÃO DE TALENTOS..................................................................75
SEGURANÇA NO TRABALHO.............................................................81

SUMÁRIO
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA ..............................................................91

UNIDADE 3: CARGOS E SALÁRIOS 97

INTRODUÇÃO......................................................................................99

REMUNERAÇÃO..................................................................................100

ADMINISTRAÇÃO DE SALÁRIOS........................................................102

CARGOS..............................................................................................104

REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS............................................105

BENEFÍCIOS SOCIAIS.........................................................................109

CONCLUSÃO 112

REFERÊNCIAS 114
UNIDADE 1

A gestão de pessoas e os
principais conceitos
Francielli Martins Borges Ladeira
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer a Gestão de Pessoas na atualidade
• Entender a evolução da Gestão de Pessoas
• Relacionar a Gestão de Pessoas com as Escolas de Administração
• Conceituar a Gestão de Pessoas e suas principais características
• Assimilar os processos da Gestão de Pessoas
• Entender a função a administração estratégica dentro da Gestão de
Pessoas
• Compreender quais são as papéis da área de Gestão de Pessoas
• Conhecer o papel do gerente e a importância de grupos de trabalho.

PLANO DE ESTUDO

Serão abordados os seguintes tópicos:

• Introdução à Gestão de Pessoas


• Evolução da Gestão de Pessoas
• A Gestão de Pessoas e as Escolas de Administração
• Conceito de Gestão de Pessoas
• Processos da Gestão de Pessoas
• Planejamento estratégico da Gestão de Pessoas
• Gestão de Pessoas e seus papéis
• O papel do gerente e Grupos de Trabalho
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

INTRODUÇÃO
Vivemos um momento em que os maquinários, os recursos materiais,

as tecnologias e as informações estão cada vez mais ao alcance da

maioria das organizações. A globalização possibilitou esse alcance de

forma cada vez mais agilizada e facilitada. Matérias-primas viajam o

mundo todo e chegam rapidamente nas mãos dos seus beneficiado-

res, novas tecnologias são lançadas diariamente e, assim como as

informações, viajam milhares de quilômetros em segundos através

das redes de comunicações, além disso iniciativas governamentais de

apoio ao desenvolvimento de empreendedores, indústrias e comércio

beneficiam cada vez mais empresas de diversos portes com investi-

mentos em infraestrutura, maquinários, tecnologias, entre outros.

15
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Fonte: http://msugradwellness.files.wordpress.com/2012/08/technology.jpg.
Data de acesso 13 de julho de 2013.

Dessa forma, as empresas precisam buscar seu diferencial para que

possam não apenas se manter, mas também buscar crescimento den-

tro do mercado.

Dentro dessa conjuntura, fica cada vez mais claro que esse diferen-

cial encontra-se, na maioria dos casos, nas pessoas que formam a

organização. Dentre tantos recursos, são as pessoas que dão corpo

ao rol de bens intangíveis de uma organização: conhecimento, idéias,

inovações, cultura organizacional... São alguns exemplos de bens in-

tangíveis que precisam simplesmente de PESSOAS. Pessoas e suas

vivências, suas culturas, personalidades e histórias de vida diferen-

tes, habilidades, conhecimentos e aptidões diversos. Como já disse

Chiavenato (2010), no fundo, organizações são conjuntos de pessoas:

“São pessoas que produzem, vendem, servem ao cliente, tomam

decisões, lideram, motivam, comunicam, supervisionam, gerenciam

e dirigem os negócios das empresas. Inclusive dirigem outras pesso-


as, pois não pode haver organização sem pessoas”. (CHIAVENATO,

2010, prefácio)

16
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Diante da constatação de seu bem maior, e de que o diferencial de

cada empresa depende muito mais das pessoas que a compõem do

que de seus bens materiais e tecnológicos, a Gestão de Pessoas tem

ganhado força e campo de atuação, tanto dentro das organizações

como dentro da academia, levantando e gerando estudos sobre o

tema.

Nesta unidade vamos iniciar com a abordagem de uma visão ampla e

geral da Gestão de Pessoas, voltando aos primeiros estudos da admi-

nistração científica para entender como chegamos na importância das

pessoas dentro das organizações e como se deu o processo evoluti-

vo da área, como cada uma das Escolas de Administração puderam

gerar uma contribuição para que a Gestão de Pessoas chegasse ao

que conhecemos hoje, falaremos também sobre a conceituação atual

de Gestão de Pessoas utilizando-se da referência de diversos autores

e como a administração estratégica pode atuar quando lidamos com

pessoas. E por fim, esta unidade aborda a questão dos papéis na

Gestão de Pessoas, a importância do gerente quando tratamos de

lidar com pessoas dentro das organizações e como o gerente partici-

pativo pode atuar com os grupos de trabalho.

17
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

GESTÃO DE PESSOAS NA ATUALIDADE


A Gestão de Pessoas existe hoje porque temos de um lado, as or-

ganizações, com toda a sua necessidade de gestão, de recursos, de

insumos, e do outro lado, temos pessoas, com necessidades bási-

cas de sobrevivência, de realização pessoal e de interação com ou-

tras pessoas e com organizações. Essa relação de interdependência

ocorre do fato de que organizações são feitas de pessoas e depen-

dem delas para alcançarem seus objetivos, enquanto as organizações

constituem o meio através do qual as pessoas podem alcançar seus

objetivos pessoais (CHIAVENATO, 2010) e alcançar meios de satisfa-

zer suas necessidades.

LEIA MAIS:
As competências gerenciais no século 21

Falamos de um tempo de mudanças complexas e multidimensionais

afetando a vida das pessoas e das empresas. Isso não deveria cau-

sar tanto espanto, afinal, o homem sempre vivenciou transformações

18
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

sociais, políticas e econômicas como etapa do seu processo evolutivo

e da sociedade. Talvez o impacto se deva às inovações tecnológicas

antes inimagináveis fazendo com que o mundo, agora com o conceito

de aldeia global, ao aproximar pessoas e culturas reconfigure a forma

de viver e de se relacionar.

No mundo dos negócios, as relações deixaram de serem transações

comerciais para se tornarem relacionamentos comerciais. Isto seria

apenas um jogo de palavras se a base desse novo tempo não esti-

vesse sustentada na importação ou na exportação de conhecimentos

que exige, antes de tudo, forte capacidade de comunicação e geren-

ciamento da informação. Ao reconhecer um mundo sem fronteiras,

a rapidez nos processos e na tomada de decisões são requisitos

fundamentais.

Dessa forma, as empresas ao identificarem a necessidade da constru-

ção de novos paradigmas de gestão e de processos precisam contar

com profissionais conectados com as mudanças e preparados para

trabalhar com seus impactos.

19
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

O gerente de ontem, é o gestor de hoje. Porém, com outras compe-

tências profissionais seu papel destaca-se pela capacidade conceitual

analítica que é a habilidade mental para interpretar informações e to-

mada de decisões.

No elenco das habilidades mais requeridas, são destacados: espírito

empreendedor, visão e ação estratégica, conhecimento multidiscipli-

nar, capacidade de negociação e de gerenciamento de pessoas, inte-

gração com a cultura organizacional. Planejamento, foco e disciplina

também compõe o corpo de requisitos.

O sucesso das empresas está diretamente atrelado à sua capacidade

de respostas às transformações do ambiente e para isso os gesto-

res precisam permanentemente buscar por ferramentas que auxiliem

nas respostas não como gurus ou seres milagrosos, mas indivíduos

conscientes de que somente por meio do comprometimento, compor-

tamento ético e trabalho árduo os resultados serão alcançados e seu

papel reconhecido.

Fonte: http://www.rh.com.br/Portal/Lideranca/Artigo/8516/as-competencias-

-gerenciais-no-seculo-21.html . Data de acesso: 13 de julho de 2013.

20
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

CONCEITO DE GESTÃO DE PESSOAS


Ao falarmos de Gestão de Pessoas é importante entendermos alguns

dos conceitos atribuídos a Gestão de RH ou Gestão de Pessoas. De

acordo com Dutra (2006) as pessoas eram encaradas pelas organiza-

ções como um insumo a ser administrado, o que enfatizava a ideia de

que as práticas gerenciais exerciam controle sobre as pessoas. No en-

tanto, com o passar do tempo e com as pressões do contexto externo

algumas mudanças foram necessárias, solicitando assim uma revisão

na forma de gerir pessoas. De um lado, as empresas passaram a ado-

tar estruturas e formas de trabalho flexíveis e adaptáveis às contingên-

cias impostas pelo ambiente, os processos decisórios demandaram

mais agilidade e foco para suprir as exigências do mercado, assim

como uma maior velocidade para entrar e sair de mercados locais e

globais no que se refere a produtos sempre atualizados e revitalizados,

e ainda lidar com o alto grau de competitividade em um padrão global,

necessitando assim de pessoas articuladas e que saibam formam um

time em contínuo processo de melhoria e aperfeiçoamento. De outro

lado, as pessoas estão cada vez mais conscientes de si mesmas, mais

21
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

mobilizadas pela autonomia e liberdade, mais atentas a si mesmas em

termos de sua integridade física, psíquica e social, com expectativa de

vida maiores, ampliando assim seu tempo de vida profissional ativa e

ainda demandam oportunidades e desafios profissionais e pessoais,

além de uma contínua atualização para se manterem em um quadro

de alta competitividade profissional. Diante desta conjuntura, Dutra

(2006) assumiu como premissas para a caracterização da Gestão de

Pessoas o desenvolvimento da organização, que está diretamente li-

gado a sua capacidade de desenvolver pessoas e ser desenvolvida

por elas, a Gestão de Pessoas que deve ser integrada, atendendo ao

mesmo tempo os interesses e expectativas tanto da empresa como

das pessoas, oferecendo uma visão clara sobre o nível de contribui-

ção de todas as pessoas e o que a organização pode oferecer em

retribuição e por fim, abranger através das praticas de gestão, não

apenas as pessoas com vínculo formal de emprego, mas sim todas

aquelas que mantêm algum tipo de relação com a organização. Esse

conjunto de premissas o levou a seguinte definição para Gestão de

Pessoas:

22
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

“Um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de

expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas pos-

sam realizá-las ao longo do tempo”. (DUTRA, 2006, p. 17)

LEIA MAIS
Administração de RH ou Gestão com Pessoas?

Temos encontrado a utilização dessas duas expressões para identifi-

car a atividade organizacional que “cuida de gente”.

Qual das duas está correta? É somente uma questão de nomenclatura

ou envolve diferentes conceituações? Bem, vamos tentar esclarecer

essas dúvidas.

Trata-se de uma evolução conceitual que aconteceu com diversos ele-

mentos do mundo do trabalho.

Por exemplo: nos anos 1950 a 1980, o trabalhador era identificado como

“subordinado”, pois prestava obediência ao seu “superior” ou “chefe”.

Com o passar do tempo – a partir do final dos anos 80 – o primeiro virou

“empregado”, depois “colaborador” e, hoje, encontramos a designação

23
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

até como “associado”. Da mesma forma, o “chefe” ou “superior” virou

“gerente”, depois “gestor” e hoje é preparado para ser “coach”.

Houve apenas uma alteração de nomes ou os conceitos mudaram?

Claro que os conceitos mudaram!

O que antes era uma relação oriunda de uma estrutura militar, auto-

crática, com o foco no comando e na obediência, evoluiu para uma

relação mais participativa, democrática, fazendo com que o trabalha-

dor contribua mais, oferecendo sugestões, envolvendo-se e compro-

metendo-se e, em alguns casos, tornando-se sócio da organização já

que existem empresas que utilizam a distribuição de suas ações (“sto-

ck options”) como uma forma de remuneração variável. O empregado,

assim, vira “dono” da empresa que trabalha.

Da mesma forma, o antigo “chefe” se transformou hoje em “coach”,

O estilo de liderança se transformou de autoritário-coercitivo em uma

liderança servidora com uma radical mudança de foco e de aborda-

gem. A humildade, a disponibilidade, a orientação e o aconselhamen-

to de carreira passaram a ser algumas características e atribuições

básicas do líder de hoje.

24
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Da mesma forma, a atividade organizacional que cuida de gente tam-

bém passou por mudanças significativas.

Após a revolução industrial e até meados de 1950, os antigos de-

partamentos de pessoal e departamentos de relações industriais

cuidavam basicamente das obrigações legais da relação de tra-

balho, faziam as admissões, anotações em carteiras de trabalho,

apuravam freqüência, aplicavam advertências, elaboravam a folha

de pagamento, os cálculos de rescisão de contrato, etc. A base do

trabalho era operacional e burocrática sob o conceito de “mão-de-

-obra”. Nessa época, utilizava-se a palavra “adestramento” para

identificar o processo que hoje conhecemos como treinamento.

Hoje, condenaríamos a utilização desse termo.

No meio acadêmico, as disciplinas que tratavam do assunto eram de-

nominadas Administração de Pessoal juntamente com os títulos da

bibliografia de apoio.

Entre as décadas de 50 e 90, surgiu uma nova visão do assunto

criando-se os departamentos de recursos humanos, tratando as

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UNIDADE I - Gestão de Pessoas

pessoas como uma extensão dos demais recursos organizacionais,

ou seja, igualando-as em importância aos recursos financeiros,

recursos materiais, recursos físicos, etc. A partir daí, surgem as

especializações da atividade de RH como recrutamento, seleção,

treinamento, cargos e salários, etc. O antigo departamento pessoal

transforma-se em gerência de RH com subdivisões na sua estrutu-

ra, com a especialização do conhecimento dos assuntos e continu-

ando com a centralização do processo decisório sobre as pessoas.

Os cursos universitários que tratavam do assunto mudaram o conteú-

do de suas disciplinas que passaram a ter o título de Administração de

RH e a bibliografia específica acompanhou essa alteração.

A partir do início da década de 90, com a espantosa evolução da tec-

nologia da informação, o mundo tornou-se uma aldeia planetária com

informações mais integradas, rápidas, a economia ficou globalizada...

Mudanças profundas e radicais impactam profundamente toda a hu-

manidade em uma velocidade antes nunca vista.

Surge uma nova época: a Era da Informação ou do Era do Capital

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UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Intelectual. Da “mão-de-obra” passa-se ao “cérebro-de-obra”.

É claro que uma revolução dessa magnitude iria ter um forte impacto

nas pessoas e nas organizações. Nesse novo contexto, o detentor do

capital mais valioso para as organizações – a pessoa – passa a ser

mais valorizado. A criatividade e inovação passam a ser requeridas.

Surge a necessidade de tratar a pessoa não mais como um “recurso”

humano equiparado aos demais recursos empresariais, mas como um

elemento diferenciado para o sucesso organizacional. O “talento” a

ser descoberto e desenvolvido. O conceito “gestão de pessoas” surge

nesse momento. Uma nova forma de tratar as pessoas se estabelece

a partir daí.

As organizações buscam mais do que a satisfação, mas a felicidade

dos seus parceiros internos admitindo que, dessa forma, conseguirão

atrair e reter os melhores talentos que serão os elementos-chave para

o seu sucesso.

A responsabilidade sobre atividade de gestão das pessoas deixa de ser

centralizada em um órgão de RH e passa a ser descentralizada para cada

27
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

gestor de negócios, independentemente de sua área de atuação; este

passa a ser “gestor de (sua) gente” contando com o assessoramento de

um consultor de pessoas interno ou terceirizado.

Com isso, a carreira do profissional que lida com pessoas também

se altera já que sua atuação não se restringe mais ao órgão de RH

interno. Ele agora pode atuar como especialista, analista, consultor ou

gestor, dentro ou fora da organização prestando serviço às empresas.

Novas nomenclaturas organizacionais tentam representar de manei-

ra simples essa importância: Gerência de Talentos, Departamento

de Gente, Superintendência de Pessoas, Consultoria Interna de

Negócios, etc. Da mesma forma, os cursos de formação universitária e

de pós-graduação têm suas disciplinas e suas designações alteradas:

de Administração de RH passam a ser Gestão de Pessoas.

Com a velocidade da mudança, hoje o conceito “gestão de pessoas”

já sofreu uma significativa transformação conceitual. Com a geração

Y entrando no mercado de trabalho, há que se dar espaço para uma

contribuição cada vez mais efetiva do conhecimento desse nativo

digital, jovem, ansioso e com ambições legítimas de uma carreira

28
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

rápida. Vai ser muito difícil e desafiador fazer a gestão dessas (ou

sobre essas) pessoas.

A forma inteligente de comprometê-las é ter uma gestão com elas.

Uma maior intensidade nas interações relativas ao processo decisó-

rio de modo que as pessoas se sintam parte do processo de gestão,

participando da definição das políticas, das estratégias, da concepção

dos projetos e processos e não só executando-os; fornecendo um

espaço significativo para o exercício da criatividade e inovação.

Esse é o principio mais democrático da gestão com pessoas, um

conceito contemporâneo, atualizado, para a antiga função de admi-

nistração de RH ou de gestão de pessoas.

Voltando a questão inicial para respondê-la: Administração de RH ou

Gestão com Pessoas? Ambos os conceitos podem ser aplicados, de-

pendendo do estágio de evolução da organização, conforme explica-

do anteriormente.

29
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Como qualquer processo evolutivo, ele se dá de forma gradativa.

Assim, ainda encontramos organizações tentando trabalhar com

os conceitos tradicionais da década de 1950 ou 1980 com Depto.

Pessoal, chefe e subordinado ou ainda tratando as pessoas como “re-

cursos humanos”. Será muito difícil funcionar assim. Por quê? Como

as pessoas estão bem informadas, elas sabem que existem organi-

zações que são admiradas pelos seus componentes e os tratam de

forma diferenciada. Assim, tendo oportunidade, os “recursos huma-

nos” sairão daquela empresa, candidatando-se às empresas que vão

considerá-los como “parceiros”.

Qualquer organização que deseja se perpetuar deve estar alinhada

com os conceitos contemporâneos que lhe possibilitem uma atuação

mais efetiva. Os resultados positivos das organizações que praticam a

gestão com suas pessoas, utilizando o melhor de suas capacidades,

indicam que o comprometimento de todos com o processo empresa-

rial fazem com os lucros sejam não só financeiros, mas equilibrados

com a satisfação com o trabalho e a felicidade pessoal.

José Carlos de Freitas, Consultor, Professor e Diretor da ABRH-RJ

30
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Fonte:< http://www.abrhrj.org.br/typo/index.php?id=545> . Data de

acesso: 13 de julho de 2013.

EVOLUÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS E AS


ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO
A Gestão de Pessoas existe desde a antiguidade, no entanto, foi a

partir do século passado que ganhou a relevância necessária para me-

recer uma sistematização dos conhecimentos acumulados até então

(DUTRA, 2006).

Fonte:< http://1.bp.blogspot.com/-rH3iNUXa5Ws/TvFGRirrgQI/
AAAAAAAAExo/wu_HVns-oIY/s1600/evolucao.jpg> . Data de acesso: 14 de
julho de 2013.

31
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

De acordo com Carvalho e Serafim (1995), a Escola Clássica ou

Movimento de Administração Científica enfatizou o papel do gerente

nas organizações, como a pessoa que deve planejar cuidadosamente

suas atividades, organizar e controlar a atividades de seus subordina-

dos, saber comandar e coordenar tarefas. Essa Escola é formada por

duas correntes principais: Taylorismo e Fayolismo.

Fonte: <http://www.fcnoticias.com.br/wp-content/uploads/taylorismo.gif> .
Data de acesso: 14 de julho de 2013.

32
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

A Gestão de Pessoas foi inicialmente compreendida por Fayol (1916)

como uma função organizacional, criando-se uma analogia da admi-

nistração de empresas com a anatomia, onde a administração era

subdividida em “funções essenciais existentes em qualquer empre-

sa” (FAYOL, 1981, p. 23). Fayol dividiu as principais funções admi-

nistrativas em: Planejamento, Organização, Coordenação, Comando e

Controle. Como salienta Carvalho e Serafim (1995) todo gerente deve

saber prever, organizar, dirigir, coordenar e controlar suas tarefas, in-

dependente do seu nível hierárquico. A Revolução Industrial trouxe

consigo muitas mudanças nas formas de produção e levou-se a ne-

cessidade de revisão sobre a forma de gestão.

No século XX, a Administração Científica chegou para mudar os pa-

drões de produção e, consequentemente, a administração dos recur-

sos da época, o que demandou uma nova estrutura de gestão dos re-

cursos humanos, com foco em especialização e treinamento. A Escola

de Administração Científica fomentou alguns conceitos como a racio-

nalização do trabalho e sua consequente especialização, a mecaniza-

ção por meio de equipamentos, produção em série e em larga escala

33
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

e salários de acordo com a produtividade. Fundamentada por Taylor e

Ford a Administração Científica ganhou forma e formou um modelo de

trabalho difundido e copiado em todas as organizações.

O QUE É TAYLORISMO?
Frederick Taylor desenvolveu estudos a respeito de técnicas de ra-

cionalização do trabalho operário (Piece Rating System, 1895 e Shop

Management, 1903). Suas ideias preconizavam a prática da divisão

do trabalho, defendida anteriormente por Smith e Babbage e já ado-

tada na época. Em 1911 Taylor publicou um estudo mais elaborado

(PrinciplesofScientific Management), a partir de sua experiência em

fábrica, generalizando-a como um modelo para a prática da adminis-

tração. A característica mais marcante do estudo de Taylor é a busca

de uma organização científica do trabalho, enfatizando tempos e méto-

dos e por isso é visto como um precursor da Teoria da Administração

Cientifica. Taylor via a necessidade premente de aplicar métodos cien-

tíficos à administração, para garantir a consecução de seus objetivos

de máxima produção a custo mínimo. (FERREIRA, REIS E PEREIRA,

1997, p.14)

34
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Fonte: <http://www.escuelapedia.com/wp-content/uploads/2011/05/
Fordismo-y-Taylorismo.jpg> . Data de acesso 16 de julho de 2013.

O QUE É FORDISMO?
Henry Ford é visto como um dos responsáveis pelo grande salto qua-

litativo no desenvolvimento da atual organização empresarial. Ciente

da importância do consumo de massa, lançou alguns princípios que

buscavam agilizar a produção, diminuindo seus custos e tempo de

fabricação como: Integração vertical e horizontal, padronização e eco-

nomicidade. (FERREIRA, REIS E PEREIRA, 1997, p. 20)

35
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

INDICAÇÃO DE VÍDEO
TEMPOS MODERNOS

No início do Século XX, nos EUA, Frederick Taylor iniciou uma ideologia,

que daria partida aos princípios da Administração Científica. Podemos

chamar essa ideologia de Movimento da racionalização industrial. Que

consistia em: separar o “pensar” e o “fazer”, a produtividade depende

diretamente da remuneração e que o homem era um mero instrumento

de trabalho. Podemos analisar de imediato que Taylor estava preocu-

pado em Aumentar a produção para satisfazer a necessidade das de-

mandas. E para que isso fosse possível ele teria que aproveitar mais sua

mão de obra, capacitando cada operário para um certo setor da fábrica,

formando assim a divisão de trabalho e logo agilizando o processo de

produção com o mínimo de custo possível.

36
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Esse foi um breve resumo da teoria elaborada por Taylor, agora com-

parando-a com o filme Tempos Modernos que também se passava no

início do Século XX na Inglaterra. Podemos reparar o horário em que

as pessoas saíam para trabalhar e o horário que elas voltavam, que

começava por volta das 6 horas da manhã e terminava no tardar do

dia, colocando em prática o máximo aproveitamento da mão de obra.

Charles Chaplin, protagonista do filme representava um Operário, onde

37
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

ele era instruído a fazer um único trabalho de apertar parafusos durante

todo dia numa linha de montagem. Após muito estresse no trabalho ele

acaba tendo reações que causaram problemas durante o trabalho, cai

em confusões no seu setor, e vai parar nas engrenagens da máquina

da fábrica, fazendo uma grande crítica à comparação do homem sendo

tratado como uma máquina pela forma de administração de Taylor.

Texto retirado em: <http://www.administradores.com.br/artigos/adminis-

tracao-e-negocios/filme-tempos-modernos-e-taylor/28778/ > . Data de

acesso 16 de julho de 2013.

Assista através do link:

<http://www.youtube.com/watch?v=D_kpovzYBT8 > . Data de acesso 16 de

julho de 2013.

Em oposição a Escola Clássica e seu modelo de “homo economi-

cus”, o Movimento de Relações Humanas propôs um novo modelo

de “homo social”, interessando-se principalmente pelo estudo da

38
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

empresa como um sistema de controle baseado no reconhecimento

das motivações individuais do empregado (CARVALHO e SERAFIM,

1995, p. 56). Assim, formata-se a Escola de Relações Humanas, onde

a organização passa a ser vista como um organismo vivo, mutável,

dinâmico e onde os indivíduos que interagem com a organização rea-

gem e respondem a estímulos que não podem ser identificados com

precisão.

De acordo com Carvalho e Serafim (1995) a precursora dessa Escola

foi Mary Parker Follet, e segundo esta pesquisadora, os conflitos em-

presariais podem ser resolvidos por três métodos: Força, Barganha e

Integração. O Método da Força era o mais recomendado para a Escola

Clássica, no entanto, Follet recomendava que o Método de Integração

era que melhor atendia aos interesses da organização e das pesso-

as. Outro autor de especial contribuição a essa escola foi George

Elton Mayo, psicólogo industrial que, através dos Experimentos de

Hawthorne consolidou decisivamente o Movimento de Relações

Humanas.

39
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

FIQUE POR DENTRO


ESTUDOS HAWTHORNE
Os Estudos Hawthorne tiveram início com base numa pes-
quisa que se realizou ente 1924 e 1927 na Western Eletric Co.
Localizada em Hawthorne (Chicago) em colaboração com o
Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos. A fina-
lidade da pesquisa era determinar a relação existente entre a
intensidade de iluminação dos locais de trabalho e a eficiência
dos trabalhadores, medida pela produção obtida. Uma das ex-
periências consistia no seguinte: dois grupos de operários que
faziam o mesmo trabalho em condições idênticas foram esco-
lhidos para observação, sendo devidamente anotada a produ-
ção de cada grupo. Um grupo trabalhou sob iluminação variável
enquanto o outro sob iluminação constante.
Colocando em evidência o fator iluminação os pesquisadores
esperavam conhecer seus efeitos sobre o rendimento dos tra-
balhadores. Mas os resultados desse primeiro experimento fo-
ram de certa forma frustrantes. Não porque não existisse uma
relação entre intensidade de iluminação e produção de cada
grupo, mas porque era impossível isolar esse fator de outros
que interferiam no processo, especialmente os psicológicos.
Por exemplo, quando a intensidade da iluminação aumentava,
os trabalhadores se sentiam na obrigação de produzir mais,

40
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

acontecendo o contrário quando ela diminuía. Quando no en-


tanto os pesquisadores trocaram as lâmpadas das salas onde
se realizava o experimento, levando os operários a acreditar que
a intensidade da iluminação havia aumentado (quando na reali-
dade isso não havia acontecido), a resposta foi um aumento da
produção.
Outras experiências desse tipo foram feitas, e todas indicaram
a preponderância do fator psicológico sobre o fisiológico. No
entanto os pesquisadores consideraram a influência dos fato-
res psicológicos como algo negativo, isto é, que de certa for-
ma interferia nos fatores que eles desejavam inicialmente medir.
Elaboraram então uma nova pesquisa que não se limitaria ao
estudo da iluminação mas incluiria também as questões relacio-
nadas com a fadiga dos trabalhadores e os efeitos da mudança
de horário ou da introdução de intervalos para descanso.
Foi nessa etapa, isto é, em 1927, que os pesquisadores de
Harvard – Elton Mayo e Fritz Roethlisberger – iniciaram sua par-
ticipação nos estudos, que se estenderam até 1932.Os expe-
rimentos começaram com um grupo de jovens operárias que
montavam relés de telefones. Os resultados de mais de um ano
e meio de pesquisas foram surpreendentes. Durante esse perí-
odo as condições de trabalho dessas operárias foram modifica-
das para melhor.
Veja mais em:

41
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

<http://www5.fgv.br/ctae/publicacoes/Ning/Publicacoes/00-
Artigos/JogoDeEmpresas/Karoshi/glossario/ESTUDOS.html>.
Data de acesso 17 de julho de 2013.

Os experimentos de Mayo valorizaram a comunicação formal e infor-

mal entre organização e empregado, a importância da pessoa como

parte integrante do sistema de produção e possibilitou uma certa li-

berdade para o funcionário em termos de comunicação possibilitan-

do-o ser contribuinte dos métodos e técnicas aplicados no trabalho.

INDICAÇÃO DE LEITURA
Taylorismo: após 100 anos, nada superou

esse modelo de gestão? Organizador: Paulo

Moreira da Costa.

42
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

PRINCIPAIS TEORIAS DA GESTÃO DE


PESSOAS
Teoria Behaviorista
A corrente comportamental surgiu a partir da simbiose entre os mo-

vimentos gerados pela Escola Clássica de Administração Cientifica

e a Escola de Relações Humanas, no entanto, o behaviorismo não

sustenta a principal concepção da Escola de RH que é o enfoque na

satisfação do trabalhador como grande responsável pela eficiência no

trabalho.

Esta corrente foi liderada por Herbert Alexander Simon. As ideias cen-

trais de Simon repousam na importância do processo de tomada de

decisões dentro das rotinas administrativas. Para Simon, a maioria

das forças modeladoras e orientadoras no desenvolvimento das quali-

dades e hábitos pessoais é gerada dentro do ambiente organizacional.

E principalmente, Simon relaciona o poder do gerente e da influência

que ele exerce sobre as pessoas com o cargo por ele ocupado, ou

seja, é a posição ocupada dentro da empresa que proporciona ao ge-

rente o exercício da sua autoridade e influência.

43
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Outro autor de destaque no Movimento Comportamentalista foi

Chester I. Barnard. Assim como Simon, Barnard enfoca na questão

do processo decisório como o uma função central da administração e

sua abordagem é baseada na comunicação entre gerente e liderado.

Conforme Carvalho e Serafim (1995) a comunicação enfatizada por

Barnard entre empregado e superior, deve atender, simultaneamente,

às seguintes condições:

A. O receptor deve entender a comunicação;

B. No momento da tomada de decisão, o receptor deve acredi-

tar na compatibilidade da comunicação com os propósitos da

organização;

C. Ainda no momento de tomada de decisão, o receptor deve

acreditar na compatibilidade da comunicação com seus inte-

resses pessoais como um todo; e

D. O receptor deve se encontrar apto, mental e fisicamente, para

concordar com a comunicação.

44
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

INDICAÇÃO DE LEITURA
A CONTRIBUIÇÃO BEHAVIORISTA PARA A ADMINISTRAÇÃO

Autor: José Carlos de Souza Colares

A disciplina da administração passa pela fase fundamental de con-

solidação. Desde o início do século XX os estudiosos impingem

à Administração uma nova roupagem, com o fito de aumentar a

produção de forma eficiente e eficaz. A abordagem clássica, com

Taylor e Fayol, enfatizou as tarefas e estrutura respectivamente. A

Teoria Humanista inaugurou a era da humanização das organiza-

ções. Weber tentou apaziguar o conflito das duas abordagens, mas

a Teoria da Burocracia apresentou muitas disfunções, pelo que foi

taxada de “Teoria da Máquina”. A Abordagem estruturalista inaugu-

rou o modelo de sistema aberto, inserindo a importância do ambien-

te para as organizações,tendo conseguido aproveitar o que tinha de

bom as Abordagens Clássica e Burocrática. Mas foi o behavioris-

mo que introduziu o conceito de entendimento das necessidades

humanas para compreensão da motivação que leva a maior pro-

dutividade. Este artigo reflete sobre as contribuições que a Teoria

45
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Comportamental, também conhecida como “Teoria Behaviorista”,

presta a administração.

Leia em:< http://revista.saolucas.edu.br/index.php/resc/article/

view/19/ED22> . Data de acesso 18 de julho de 2013.

Teorias X e Y
Um dos principais estudiosos desta corrente de Recursos Humanos

é Douglas McGregor. Para este autor, a liderança deve-se mais à con-

vergência entre líder (ou gerente participativo) e a situação, do que

somente às características pessoais que um gerente deva ter. Além

das características do gerente, as atitudes, necessidades e outros

aspectos individuais do empregado também devem ser levados em

consideração, as características da empresa e das tarefas a serem

executadas e ainda o meio social, político e econômico ao qual a em-

presa encontra-se inserida.

McGregor ainda relacionou em duas teorias, X e Y, dois diferentes en-

foques do trabalho e do indivíduo, como conta no Quadro 1 a seguir.

46
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Quadro 1: Comparação dos pontos principais das teorias “X” e “Y”, de Douglas

McGregor.

TEORIA “X” TEORIA “Y”

1. O trabalho é desagradável para a maioria 1. Se as condições forem favoráveis, o trabalho


das pessoas. é tão natural quanto um jogo.

2. A maioria das pessoas não é ambiciosa, 2. Autocontrole é, na maioria das vezes,


tem pouco desejo de responsabilidade e indispensável para alcançar as metas
prefere ser dirigida. organizacionais.

3. A maioria das pessoas tem pouca capa- 3. A capacidade criativa na solução de


cidade criativa para solucionar problemas problemas organizacionais está amplamente
organizacionais. presente nas pessoas.

4. Motivação ocorre tanto nos níveis de afilia-


4. Motivação ocorre apenas nos níveis fisiológi-
ção, estima e auto-realização, quanto fisiológi-
cos e de segurança.
cos e de segurança.

5. A maioria das pessoas deve ser cerradamen-


5. Se adequadamente motivadas, as pessoas
te controlada e comumente coagida, para que
podem se autodirigir e ser criativas no trabalho.
sejam alcançados os objetivos organizacionais.

Fonte: Carvalho e Serafim (1995)

McGregor distingue a figura do empregado em dois perfis distintos e

antagônicos. De um lado, a teoria “X” formula um individuo com pouca

capacidade criativa e relacional, com atitude passivas em relação ao

47
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

trabalho e um forte teor negativo quando se refere ao comportamento

profissional. Por outro lado, a teoria “Y” lança mão de um indivíduo

motivado e criativo, com capacidade de dirigir e liderar seu próprio

trabalho. Nesta teoria, o trabalho é visto pelo funcionário como fonte

de auto-realização auto-estima e pertencimento a um grupo social.

INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR


A Teoria X e a Teoria Y, de Douglas McGregor

A contribuição de Douglas McGregor é certamente uma das mais re-

levantes em toda a história do estudo da administração como ciência,

técnica e arte. Mas, paradoxalmente, é também uma das mais mal

compreendidas. O texto busca prestar alguns esclarecimentos em al-

gumas dessas distorções cognitivas.

Acesse em: <http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/a-

-teoria-x-e-a-teoria-y-de-douglas-mcgregor/51506/> . Data de aces-

so 18 de julho de 2013.

48
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Teoria de Likert
Fundamentado pelo estudo de Rensis Likert desenvolvido em cente-

nas de empresas de diversos tipos e tamanhos, essa teoria propõe um

modelo de organização baseado em quatro tipos de sistemas:

Sistema nº 1 – Explorador e autoritário.

Sistema nº 2 – Benevolente e autoritário.

Sistema nº 3 – Consultivo.

Sistema nº 4 – Participativo e grupal.

Conforme salienta Carvalho e Serafim (1995) a maior contribuição

de Likert, refere-se ao desenvolvimento do Sistema nº 4, que conta

com os seguintes princípios fundamentais:

• Relacionamento gerente/auxiliar com mútuo apoio;

• Desenvolvimento de métodos de supervisão grupal;

• Envolvimento de gerente e colaboradores nas decisões relativas

às tarefas e delegações de responsabilidades.

49
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Com base no Sistema nº 4 e na Teoria “Y”, Rensis Likert adota a figura

do gerente participativo, o qual deve se apoiar nas características e

comportamentos descritos por essas duas vertentes.

INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR


O perfil organizacional de Likert: análise metodológica e teste da teoria

do sistema 4 no Brasil. Autores: D. Anthony Butterfield e George F.

Fabris.

Acesse em:

< h t t p : / / b i b l i o t e c a d i g i t a l . f g v. b r / o j s / i n d e x . p h p / r a p / a r t i c l e /

view/5912/4593> . Data de acesso 19 de julho de 2013.

Teoria de Argyris
O estilo de liderança organizacional proposto por Chris Argyris é

fundamentada pela sua tese que envolve quatro estágios, conforme

Quadro 2 a seguir:

50
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Quadro 2: 4 Estágios do Estilo de Liderança de Argyris. Baseado em: Carvalho e

Serafim (1995)

1. Liderança Centralizada na Realidade: Os padrões de liderança devem ser elaborados de acordo


com a realidade empresarial. A comunicação deve ser constante para informar aos auxiliares como
se comportar nas diversas situações de liderança.

2. Controle das Decisões: Os padrões de liderança adequados a cada condição de trabalho é


elaborado pelo gerente participativo com a participação dos colaboradores

3. Administração Comum de Recompensas e Punições: Nesta etapa, tanto as recompensas (salá-


rios, benefícios, promoções e gratificações) como as punições (advertência) devem contar com o
consentimento de todos os envolvidos no trabalho, gerente ou auxiliares

4. Controle sobre Grupo de Trabalho: Proporciona tanto ao gerente como aos funcionários o con-
trole sobre admissão e constituição do grupo de trabalho

O foco da teoria de Argyris sobre gerência participativa consiste na

integração entre indivíduo e empresa, onde deve existir maior colabo-

ração e troca entre as partes para que haja maior produtividade.

PROCESSOS DA GESTÃO DE PESSOAS


Para falar dos processos da Gestão de Pessoas, Dutra (2006) discute

anteriormente o modelo de Gestão de Pessoas que é formado pela

51
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

interação entre a empresa e as pessoas que a compõem, os proces-

sos de gestão de pessoas, suas bases estruturais e os processos de

apoio.

De acordo com Dutra (2006) são os processos de gestão os responsá-

veis por manter o equilíbrio entre as pessoas e as empresas, no entanto

esse equilíbrio requer um conjunto de políticas e práticas organizacio-

nais que sirvam de base estrutural para o modelo funcionar adequada-

mente. O papel das pessoas dentro desse modelo é de gerir seu auto-

desenvolvimento e buscar o êxito na competitividade profissional. Para

Dutra (2006), foi a partir da década de 90 que as pessoas passaram

a valorizar mais as oportunidades concretas de desenvolvimento. Já

o papel das empresas é o de estimular o desenvolvimento, oferecer

suporte e condições para uma relação de alavancagem mútua das ex-

pectativas e necessidades (DUTRA, 2006, p. 48), e para que isso acon-

teça, faz-se necessário (1) uma contínua interação da empresa com as

pessoas e ainda (2) o comprometimento da empresa com as pessoas.

A ideia de processo nos remete a interação entre elementos diferen-

tes associados à ideia de movimento, mudança e fluxo, que podem

52
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

se repetir dentro de padrões. Sendo assim, Dutra (2006) conceitua

processos de gestão como interações entre partes com um objetivo

e dentro de parâmetros previamente conhecidos: movimentação, de-

senvolvimento e valorização:

• Movimentação: fornece suporte às relações entre empresa e

pessoa, independente de vínculo empregatício.

• Desenvolvimento: estimula e cria condições para o desenvolvi-

mento das pessoas e da organização.

• Valorização: estabelece parâmetros e procedimentos para dis-

tinção e valorização das pessoas que estabelecem alguma rela-

ção com a empresa.

Ao conjunto de compromissos mútuos estabelecidos entre a empresa

e as pessoas, ou seja, o conjunto de políticas e práticas que orientam

o comportamento, Dutra (2006) denomina de bases estruturais.

E além da interação entre empresas e pessoas (equilíbrio entre essas par-

tes), os processos de gestão de pessoas e as bases estruturais, Dutra

(2006) salienta a importância das interações que apesar de não estarem

diretamente ligadas a gestão de pessoas, são fundamentais para que a

53
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

gestão ocorra de forma efetiva. Essas interações são denominadaspro-

cessos de apoio e estão geralmente ligadas ao fluxo de informações,

processos de comunicação, as relações sindicais e as relações com a

comunidade.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA GESTÃO DE


PESSOAS
Segundo Chiavenato, fala-se muito da estratégia de recursos huma-

nos quando há a referência do uso de pessoas para ajudar a ganhar ou

a manter alguma vantagem na organização, afinal são as pessoas que

criam o diferencial de cada empresa frente a um mercado globalizado,

instável, mutável e fortemente concorrencial.

O conceito de planejamento estratégico teve origem na publicação dp

livro Corporate Strategy do Prof. H. Igor Ansoff, do Carnegie Institute

of Technology. O modelo de Ansoff para tomada de decisões estra-

tégicas contemplava o processo de tomada de decisões como um

esquema onde a definição de objetivos e a escolha de metas levam à

avaliação interna da empresa paralelamente à avaliação empresarial

(CARVALHO e SERAFIM, 1995).

54
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

O Planejamento estratégico é caracterizado por Vasconcellos Filho

como uma

“metodologia de pensamento participativo, utilizada para definir a di-

reção que a empresa deve seguir, por meio da descoberta de objetivos

válidos não subjetivos. O produto final desta metodologia é um docu-

mento escrito chamado Plano Estratégico”. (VASCONCELLOS FILHO,

1978, p. 10)

O Planejamento estratégico também pode ser utilizado no âmbito

da administração de recursos humanos, neste caso, conforme sa-

lienta Carvalho e Serafim (1995) a finalidade central do Planejamento

Estratégico de Recursos Humanos é integrar os vários procedimentos,

políticas e objetivos de recursos humanos à programação estratégica

geral da empresa, conforme Figura 1, a seguir:

55
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

Figura 1 - Fluxo do conceito dinâmico de Planejamento Estratégico de


Recursos Humanos (CARVALHO e SERAFIM, 1995, p. 42).

Carvalho e Serafim (1995) ainda salientam que o Planejamento Estratégico

de Recursos Humanos funciona como uma espécie de catalisador e im-

pulsionador dos recursos humanos, sem que se perca o cumprimento do

planejamento global da empresa.

56
UNIDADE I - Gestão de Pessoas

ATIVIDADES
1) Como você explica o estilo de liderança organizacional proposto por

Chris Argyris?

2) Qual a importância do Planejamento estratégico para a gestão de

pessoas?

3) O que propõe a Teoria Behaviorista?

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espero que ao final desta unidade você tenha conseguido entender

um pouco mais da importância da Gestão de pessoas e dos Recursos

Humanos na atualidade e os principais modelos de gestão que circu-

lam desde séculos atrás e se modificaram até chegarmos aos dias de

hoje.

Atenha-se as dicas de leitura, aos reflitas e atividades propostas

nesta unidade para seu melhor entendimento e ampliação dos seus

conhecimentos.

Até nossa próxima unidade!

57
UNIDADE 2

Recrutamento e seleção
de pessoas
Francielli Martins Borges Ladeira

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender como é feita a análise do trabalho, as abordagens
utilizadas e seu objetivo
• Aprender o conceito de recrutamento, como realizar essa etapa
dentro das organizações e avaliação do processo de recrutamento.
• Conhecer os tipos de recrutamento.
• Entender as técnicas de seleção mais utilizadas
• Como realizar entrevistas
• Utilizar a avaliação do Trabalho para estabelecer níveis salariais
• Esclarecer a importância da higiene e segurança do trabalhador
• Como administrar uma organização dentro das leis trabalhistas.
PLANO DE ESTUDO

Serão abordados os seguintes tópicos:

• Análise do Trabalho
• Recrutamento
• Tipos de Recrutamento
• Seleção de Pessoas
• Retenção de Talentos
• Avaliação do Trabalho
• Segurança no Trabalho
• Relações Trabalhistas
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

INTRODUÇÃO
O processo de recrutamento e seleção de pessoas têm sido um dos

principais desafios do atual de gestor de pessoas. Reconhecer nos

candidatos o seu potencial colaborativo no ambiente de trabalho é

tão difícil quanto estabelecer critérios e identificar o perfil necessário

para cada tipo de trabalho. O gestor precisa estar atento tanto às ca-

racterísticas pessoais demandadas por uma determinada vaga, quan-

to para o perfil dos candidatos para identificar essas características.

Alocar com sucesso pessoas nas vagas de trabalho é como montar

um quebra-cabeças com um agravante: as peças estão em constante

modificação e desenvolvimento. Uma pessoa pode ter de forma clara

todas as características necessárias para determinada tarefa, pare-

cendo ser o candidato ideal para determinada vaga e após, seleção

e treinamento, demonstrar descontentamento com a função ou ainda

não se ajustar a mesma, levando a empresa a obter prejuízos tanto

com tempo de recrutamento, seleção e treinamento como com o des-

ligamento prematuro do funcionário. Por outro lado, um bom gestor

deve ser capaz de identificar características no candidato que, apesar

60
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

de não serem as ideais no momento da seleção, podem ser desenvol-

vidas adequadamente durante o treinamento, adquiridas com o tempo

e desenvolvidas de acordo com a cultura organizacional. Em outras

palavras, um bom gestor deve estar em busca, não apenas de precio-

sidades no quesito de funcionários, mas principalmente estar atento a

pedras brutas que com a lapidação adequada se tornam peças essen-

ciais dentro da organização.

De acordo com Dutra (2006) o processo de recrutamento e seleção

pode ser denominado como captação de pessoas, que deve ser com-

preendida como toda e qualquer atividade da empresa para encontrar e

estabelecer uma relação de trabalho com pessoas capazes de atender

as suas necessidades presentes e futuras. No entanto, essa denomina-

ção acaba por restringir a participação ativa do potencial trabalhador

nesse processo, uma vez que encara o processo no sentido da empresa

para as pessoas e não que o contrário também possa acontecer. Por

isso, neste livro, abordaremos o tema em questão como um processo

de recrutamento e seleção, dando ao potencial trabalhador a participa-

ção merecida como agente modificador e ativo no processo de con-

tratação, que pode ser o trabalhador como um indivíduo que busca o

auto-desenvolvimento de seus conhecimentos, habilidades e aptidões

61
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

para buscar no mercado de trabalho a competitividade de um profissio-

nal qualificado.

O gestor hoje precisa estar apto a trabalhar com a mais sortida varie-

dade de perfis de indivíduos, assim como com o misto de gerações.

Temos no mercado hoje, desde profissionais conservadores, advindo

do baby-boom, com maior comprometimento com o trabalho e a or-

ganização, porém com mais dificuldades de encararem mudanças e

processos de trabalhos modernos até a nova geração Z, esta interco-

nectada e autodidata, com um alto poder de questionamento e que

com isso, não se “prende” à organização. É uma difícil mas proveitosa

tarefa saber alocar essas diferentes personalidades em um ambiente de

trabalho e fazê-las trabalhar em sintonia entre os diferentes grupos e em

consonância com os objetivos organizacionais.

ANÁLISE DO TRABALHO
A análise do trabalho é responsável por fornecer uma imagem precisa

do trabalho realizado diariamente para cada função. Assim, o trabalho

de um operador de máquinas já foi estudado anteriormente de modo

62
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

a determinar minuciosamente todos os métodos e normas que essa

função exige. Assim a empresa se prepara tanto para selecionar o

perfil adequado para a vaga como pra fornecer todo o aporte técnico

e preparatório para treinar o funcionária que irá executar tal função.

O que é análise do trabalho?


Análise do Trabalho é um método utilizado para descrever tanto os

diferentes tipos de trabalhos quanto as características humanas ne-

cessárias para o desenvolvimento das atividades. Não há apenas

uma única maneira de realizá-la. Muitos métodos fornecem diferen-

tes tipos de informações sobre as atividades e os requisitos para

desenvolvê-las.

Fonte: Spector (2006, p. 58)

A análise do trabalho ocorre em duas direções: orientada a pessoa ou

orientada ao trabalho. De acordo com Spector (2006) a análise orien-

tada ao trabalho enfoca as tarefas específicas feitas naquela atividade,

enquanto a orientada à pessoa preocupa-se com as características

pessoais necessárias para um determinado trabalho.

63
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

Quadro 3: Abordagens utilizadas na Análise do Trabalho.

ABORDAGEM ORIENTADA AO
ABORDAGEM ORIENTADA À PESSOA
TRABALHO

Fornece informações sobre a natureza


das tarefas realizadas no trabalho. As
tarefas podem ser classificadas em
escala hierárquica e subdivididas em:
Fornece uma descrição dos atributos,
das características ou dos CHAOs
Função
necessários para que uma pessoa
desenvolva, com sucesso, um determi-
Tarefa
nado trabalho.

Atividade

Ações (ou elementos.

Fornece a imagem do que as pessoas Fornece um perfil adequado de pessoa


fazem em um determinado trabalho. para realizar determinado trabalho.

Fonte: Spector (2006)

A análise do trabalho pode ser feita levando em consideração a abor-

dagem orientada à pessoa, a abordagem orientada ao trabalho, ou

ainda considerar os dois tipos de abordagens.

64
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

O QUE É CHAOs?
CHAOs refere-se aos conhecimentos, às habilidades, às aptidões e

outras características pessoais necessárias para a realização de um

trabalho. As três primeiras características enfocam, principalmente,

o desempenho no trabalho, enquanto as “outras” estão relacionadas

não apenas com o desempenho, mas também com a adequação e a

satisfação no trabalho.

O conhecimento é o que uma pessoa precisa saber para desempe-

nhar um determinado trabalho. Um carpinteiro, por exemplo, deve

conhecer as normas locais de construção e como manusear as ferra-

mentas com segurança.

A habilidade é aquilo que a pessoa é capaz de realizar no trabalho.

Um carpinteiro deve ser capaz de entender uma planta e de manusear

ferramentas específicas.

A aptidão é o talento ou a capacidade de uma pessoa para desempe-

nhar tarefas ou aprendê-las, é o potencial para desenvolver habilida-

des. A maioria das habilidades exige uma ou mais aptidões, como a

65
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

de manusear ferramentas, que exige, inclusive, a coordenação motora

e visual. Para construir o telhado de uma casa, um carpinteiro deve ter

um bom equilíbrio e ser capaz de trabalhar com rapidez.

Fonte: Spector (2006, p. 60)

O conjunto de CHAOs deve ser observado e considerado no momento

de seleção. No entanto, faz parte dos deveres do gestor de pessoas,

reconhecer e identificar características que, apesar de não estarem

evidentes, ou ainda não estarem desenvolvidas no indivíduo, mas que

podem ser apreendidas, desenvolvidas ou aperfeiçoadas por meio de

treinamentos e pela própria inserção no trabalho.

RECRUTAMENTO
Como já vimos, as organizações são feitas por pessoas e necessi-

tam delas para que alcancem seus objetivos. Para formar seu corpo

de pessoal as empregas realizam o recrutamento, que trata-se do

início de um processo. As empresas verificam as atividades que ne-

cessitam de mão de obra, realizam a análise do trabalho para verificar

66
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

as atividades que são realizadas e o perfil ideal para ocupar aque-

le posto, e divulgam as oportunidades de trabalho. De acordo com

Chiavenato (2010), este é o papel do recrutamento: divulgar no mer-

cado as oportunidades que a organização pretende oferecer para as

pessoas que possuam determinadas características desejadas.

Chiavenato (2010) reuniu vários conceitos de recrutamento conforme

podemos ver no Quadro 4 a seguir:

Quadro 4: Conceitos de Recrutamento


Conceitos de Recrutamento Fonte

Recrutamento é um conjunto de ativida- John R. Schermerhorn, Jr.


des desenhadas para atrair candidatos Management. Nova York, Johm
qualificados para uma organização. Wiley & Sons, 1996, p. 290.

Recrutamento é um conjunto de técni-


cas e procedimentos que visa a atrair
candidatos potencialmente qualificados
e capazes de ocupar cargos dentro da Idalberto Chiavenato. Recursos
organização. É basicamente um sistema Humanos. Edição compacta, São
de informação, por meio do quala orga- Paulo, Atlas, 1997, p. 205-206.
nização divulga e oferece ao mercado de
recursos humanos as oportunidades de
emprego que pretende preencher.

67
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

Recrutamento é o processo de atrair um


conjunto de candidatos para um particu-
lar cargo. Ele deve anunciar a disponi- Luis R. Gómez-Mejía, David
bilidade do cargo no mercado e atrair B. Balkin & Robert L. Candy.
candidatos qualificados para disputa-lo. Managing Human Resources.
O mercado do qual a organização tenta Englewood Cliffs, NJ, Prentice Hall,
buscar os candidatos pode ser interno, 1995, 1995, p.193.
externo ou uma combinação de ambos
os contextos.

Recrutamento é o conjunto de políticas


e ações destinadas a atrair e a agregar Idalberto Chiavenato. Gestão de
talentos à organização para dotá-las Pessoas. São Paulo, Atlas, 2010,
das competências necessárias ao seu p. 115.
sucesso.

Ao ambiente onde essas relações acontecem, dá-se o nome de

Mercado de Trabalho. Mercado é o nome que se dá ao espaço onde

acontecem a oferta e a procura, por isso, ao passo que organizações

procuram pessoas ou ofertam vagas e as pessoas procuram trabalho

ou oferecem sua mão de obra, essa troca identifica o que chamamos

de mercado de trabalho.

68
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

QUADRO 5 - IMPACTO DO MERCADO DE TRABALHO SOBRE AS


PRÁTICAS DE GESTÃO DE PESSOAS. EXTRAÍDO DE: CHIAVENATO
(2010, P. 105)

Mercado de Trabalho em oferta Mercado de Trabalho em procura

Investimentos em recrutamento para Baixos investimentos em recrutamento


atrair candidatos devido à oferta de candidatos

Critérios de seleção mais rígidos e rigo-


Critérios de seleção mais flexíveis e
rosos para aproveitar a abundância de
menos rigorosos
candidatos

Investimentos em treinamento para com- Poucos investimentos em treinamento para


pensar a inadequação dos candidatos aproveitar candidatos já treinados

Investimentos em treinamento para com- Ofertas salariais mais baixas para aprovei-
pensar a inadequação dos candidatos tar a competição entre candidatos

Poucos investimentos em benefícios so-


Investimentos em benefícios sociais para
ciais pois não há necessidade de mecanis-
atrair candidatos e reter funcionários
mo de fixação de pessoal

Ênfase no recrutamento externo como meio


Ênfase no recrutamento interno, como meio
de melhorar o potencial humano substituin-
de fixar os funcionários atuais e dinamizar
do funcionários por candidatos de melhor
os planos de carreira
qualificação.

Assim como ocorre em um mercado de compra e venda de bens e ser-

viços, onde a oferta e a procura modificam todo o cenário de mercado,

influenciando diretamente nos preços, prazos, formas de pagamento,

69
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

qualidade do atendimento, entre outros fatores, no mercado de tra-

balho a oferta e a procura de trabalho também causam impacto em

diversos fatores como investimentos em recrutamento, treinamento e

benefícios sociais, flexibilidade nos critérios de seleção, ofertas sala-

riais, como podemos observar no Quadro 5.

INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR


Administração de Recursos Humanos

Administrar a área de Recursos Humanos depende de uma série de

fatores como: o ambiente em que as empresas atuam; a tecnologia

empregada por elas; as políticas e as diretrizes vigentes na organiza-

ção. Além disso, gerir a área de RH também dependerá da filosofia

administrativa aplicada, da quantidade e da qualidade dos recursos

humanos disponíveis.

E, na medida em que mudam esses elementos, também muda a forma

de administrar os talentos nas organizações. As funções básicas da

Administração de Recursos Humanos são:

70
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

A. Provisão - Quem irá trabalhar na organização? Para tanto, a

empresa precisará providenciar uma pesquisa de mercado para

obter maiores informações sobre as atividades inerentes ao car-

go, o salário médio pago ao ocupante desse cargo e as habi-

lidades que serão requeridas. Além disso, a empresa terá que

providenciar o recrutamento e a seleção para esse cargo.

B. Aplicação - O que as pessoas farão na organização? Para isso,

a organização precisará implementar um Desenho de Cargos

(descrevendo detalhadamente o cargo) e um rigoroso programa

de Avaliação de Desempenho.

C. Manutenção - Como manter as pessoas trabalhando na or-

ganização? Para mantê-las, a empresa precisará oferecer uma

remuneração compatível com o cargo, benefícios sociais e se-

gurança no trabalho.

D. Desenvolvimento - Como desenvolver as pessoas na empresa?

Para tanto, precisará providenciar treinamento e desenvolvimen-

to aos seus colaboradores.

71
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

E. Controle - Quem são e o que fazem as pessoas na organiza-

ção? Para isso, precisará implementar um eficaz sistema de in-

formação, controles e uma auditoria de pessoal.

Recrutamento

É um conjunto de técnicas que visa buscar funcionários qualificados a

ocupar cargos dentro das empresas. É o processo de atrair ao empre-

go candidatos com as características e as habilidades adequadas para

preencher as vagas abertas - ou a serem abertas - na organização.

A partir de determinado diagnóstico - de que a empresa está precisan-

do de mão de obra, o próximo passo é descobrir fontes de recursos

humanos que detenham as qualidades necessárias para ocuparem os

cargos vagos (ou a serem criados). Uma vez analisadas as necessida-

des de mão de obra, deve-se partir para o processo de recrutamento

(interno e/ou externo), onde os candidatos externos deverão ser atraí-

dos através das fontes adequadas e os candidatos internos (dentro da

própria organização), entre aqueles que apresentem perfil adequado à

vaga em aberto.

72
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

As principais fontes de pesquisa para a captação de candidatos ex-

ternos são as escolas (ensino superior e/ou técnico), a Internet (sites

de bancos de currículos gratuitos e pagos), consultorias de Recursos

Humanos, anúncios em classificados de jornais e bancos próprios de

currículos.

Uma vez encerrada a etapa de Recrutamento (onde se espera ter re-

cebido inúmeros candidatos recrutados) passa-se à segunda fase -

seleção de pessoal - que tem como objetivo básico escolher entre os

candidatos recrutados aqueles que tenham melhores chances de se

adequar ao cargo.

O processo de seleção de pessoal

Alguns autores definem seleção de pessoal como sendo “a escolha

do homem certo para o cargo certo”. Mas, pode-se afirmar que esse

processo visa selecionar candidatos, não somente com experiência

técnica como também com características e habilidades pessoais

necessárias ao desempenho das funções requeridas. Os objetivos

73
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

principais são selecionar candidatos de boa qualidade, os quais sejam

adequados às necessidades (e sempre em quantidades suficientes), a

fim de atender às vagas existentes (ou a serem criadas).

O selecionador deve, sempre que possível, recrutar número suficiente

de candidatos, de forma a possibilitar a escolha do mais habilitado.

Além disso, também deve tentar reduzir o custo do recrutamento, utili-

zando-se de fontes menos onerosas, tais como: cadastro de candida-

tos, indicações, contatos com outras empresas etc.

Recrutar (identificar, encontrar talentos) e Selecionar (diferenciar os

melhores dentre os identificados) são atividades muito complexas, as

quais deveriam estar incluídas entre as muitas atividades de cunho es-

tratégico de toda e qualquer organização. Portanto, essas atividades

devem ser tratadas com profissionalismo através da contratação de

profissionais habilitados para tais tarefas.

Técnicas de Seleção:

• Entrevistas.

74
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

• Provas de conhecimentos (ou de capacidade).

• Testes psicotécnicos.

• Testes de personalidade.

• Dinâmicas de grupo.

Entrevista Preliminar (ou de triagem)

No primeiro contato com o candidato o selecionador transmitirá in-

formações básicas, tais como as atividades referentes ao cargo, suas

responsabilidades, o salário, os benefícios, a quem o novo colabora-

dor ficará subordinado e o horário de trabalho. O selecionador tam-

bém deverá falar um pouco a respeito da organização, oferecendo-lhe

condições de avaliar se quer realmente continuar com o processo ou

não. Nessa entrevista preliminar, o selecionador deverá verificar se o

candidato atende aos requisitos mínimos para a exigência do cargo.

Caso contrário, deverá ser dispensado logo a seguir.

Por Julio Cesar S. Santos

75
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

Extraído de:<http://www.rh.com.br/Portal/Carreira/Artigo/7936/admi-

nistracao-de-recursos-humanos.html> . Data de acesso: 14 de julho

de 2013.

TIPOS DE RECRUTAMENTO
Seleção de pessoas
Após identificados os CHAOs necessários para a ocupação de deter-

minado posto ou cargo, inicia-se o processo de seleção. Se realizado

anteriormente uma Análise do Trabalho orientada à Pessoa, o gestor

já dispõe das características necessárias para a ocupação da vaga,

e através de métodos de seleção como entrevistas e testes psico-

lógicos, escolhe os candidatos aptos ao posto de trabalho. Como

já vimos, algumas características podem não estar evidentes nesse

momento de avalição, no entanto, podem ser desenvolvidas com trei-

namentos e com a própria experiência de trabalho.

De acordo com Chiavenato (2010) a seleção de pessoas funcio-

na como um filtro que permite selecionar pessoas que tenham as

76
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

características desejadas pela organização. Diante de muitos can-

didatos recrutados, é através do processo de seleção que o gestor

tem acesso aos CHAOs de cada candidato com maior profundidade,

permitindo uma escolha que mantenha ou aumente a eficiência e a

produtividade da organização.

Entrevistas de seleção
Poucas pessoas conseguem um emprego sem pelo menos realizar uma

entrevista de seleção ou, na maioria das vezes, uma série de entrevis-

tas. De todos os instrumentos utilizados a entrevista de seleção é con-

siderada a mais importante, mas a melhor pessoa que você entrevista

não é necessariamente a melhor pessoa para o emprego.

É importante conhecer os tipos de entrevistas de seleção: estruturada,

não-estruturada ou entrevista sob pressão.

A entrevista estruturada é exatamente um processo conduzido de

acordo com uma ordem predeterminada. É cuidadosamente planejada

para extrair o máximo de informações do candidato com um mínimo

77
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

de perguntas do entrevistador. Em geral, a estrutura seguirá a ordem

exemplificada a seguir:

• Cumprimento / bate-papo;

• Introdução;

• Experiência de trabalho;

• Formação escolar;

• Atividades e interesses;

• Descrição de pontos fortes e fracos;

• Descrição do cargo, perguntas do candidato;

• Encerramento.

O entrevistador ao conduzir a entrevista estruturada, fará o seguinte:

• Perguntas gerais, concentrando-se no passado;

78
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

• Encorajará o candidato a falar 70%-80% do tempo;

• Dará poucas informações sobre o cargo, até certificar-se das

qualificações do candidato;

• Manterá contato visual;

• Ficará à vontade com silêncios e esperará o candidato falar;

• Não fará perguntas pessoais ou comprometedoras.

A entrevista não-estruturada é uma entrevista não-dirigida. É informal

e dá maior abertura ao candidato. O entrevistador fará um esboço dos

tópicos que serão abordados. Demonstrará interesse e empatia pelo

candidato e iniciará a entrevista com perguntas gerais, não comprome-

tedoras, tais como: Conte-me sobre seu último trabalho.

O entrevistador continuará sondando com perguntas do tipo: Como as

mudanças gerenciais afetaram o seu departamento?

Finalmente fará perguntas mais específicas, para obter informações

definidas:

79
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

• Quer dizer que você e o seu novo chefe tinham estilos muito

diferentes e decidiram que uma mudança seria melhor?

A entrevista sob pressão (felizmente pouco empregada) pode ser

uma experiência assustadora para o candidato inexperiente. O en-

trevistador deliberadamente cria uma atmosfera carregada, ame-

açadora. Contradiz ou discute com o candidato, muda o rumo re-

pentinamente e usa outras técnicas para deixar o candidato tenso.

Ele fará uma ou mais perguntas hipotéticas, como por exemplo: O

que você faria se .....?

Perguntas hipotéticas são feitas para avaliar a reação do candidato ao

inesperado e sua capacidade para desenvolver rapidamente um plano

de ação.

Mesmo que a intenção não seja causar tensão, conheça algumas per-

guntas básicas para os candidatos:

• Conte alguma coisa sobre você.

• O que você pode fazer por nossa empresa que outro candidato

80
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

não pode?

• Quais são seus pontos fortes?

• Quais são seus pontos fracos?

• Quanto você foi bem sucedido até aqui?

• Quais são suas limitações?

• Quanto você vale?

• Quais são suas ambições para o futuro?

• O que você sabe sobre nossa empresa?

• Por que você está procurando um cargo em nossa empresa?

• Que qualificações você tem que o fariam ser bem sucedido

aqui?

• O que é mais importante para você no trabalho?

• Como você descreveria sua personalidade?

81
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

• Quanto tempo levaria para você fazer uma contribuição sig-

nificativa à nossa empresa?

• Quanto tempo você pretende ficar conosco?

• Você não acha que suas qualificações ou experiência estejam

muito acima da posição que temos a oferecer?

• Qual é o seu estilo gerencial?

• Descreva uma situação na qual você teve um problema difícil e

como o resolveu.

• Como gerente, o que você procura ao contratar funcionários?

• Você já precisou demitir alguém? Como você abordou a

situação?

• Qual a tarefa mais difícil como gerente ou coordenador?

• Descreva algumas tarefas em que você já trabalhou sob pressão.

• Descreva alguma situação de trabalho que o tenha irritado.

82
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

• Fale de algum objetivo que você não conseguiu atingir em seu

último emprego.

• Você poderia descrever alguma situação em que seu trabalho

foi criticado?

• O que você aprendeu nos seus erros?

• Que tendências importantes você antecipa na nossa área?

• Por que você está deixando a empresa atual?

• Descreva o seu ambiente ideal de trabalho.

• Olhando para trás, como você vê sua ex-empresa?

• Como você acha que seus subordinados o vêem?

• O que você acha do seu ex-chefe?

• Com que tipo de pessoas você tem dificuldade para trabalhar?

• Em seu último trabalho, quais foram às realizações mais

importantes?

83
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

• Por que você ainda não encontrou um novo trabalho, após tan-

tos meses?

• Se eu falasse com seu ex-chefe, o que ele diria sobre seus prin-

cipais pontos positivos e negativos?

• Quanto você acha que deveria receber para esse cargo?

• Se você pudesse começar tudo de novo o que você faria diferente

em sua carreira?

• Que tipo de leitura você aprecia?

• O que mais o motiva?

• Dê dois exemplo de sua criatividade.

• Quais são suas metas a longo prazo?

• Quais as suas atividades de lazer?

Hoje, o mercado está exigindo, cada vez mais competências interpes-

soais, tais como: liderança, iniciativa e facilidade de relacionamento

84
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

com os pares.

As organizações precisam de pessoas que, além de conhecimento

técnico, tenham como competências essenciais a curiosidade pelo

aprendizado, a flexibilidade, a capacidade de adaptação às mudan-

ças, a facilidade no trato interpessoal e o sentido de urgência que o

mundo atual nos imprime.

O sucesso e a saúde da organização dependem das pessoas que são

selecionadas para nela trabalharem e é importante ressaltar que não

existe candidato bom ou candidato ruim. O que existe é o candidato

com perfil mais adequado ao cargo e a cultura da organização.

Extraído de:< http://www.guiarh.com.br/z68.htm> . Data de acesso: 20 de

julho de 2013.

Como funcionam os Testes psicológicos?


O teste psicológico é formado por uma série padronizada de proble-

mas ou questões que avaliam uma característica individual ou especí-

fica. Os testes são normalmente utilizados para avaliar muitos CHAOs,

85
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

incluindo conhecimentos, habilidades, atitudes, interesses e persona-

lidade. Os testes contém vários itens que são indicadores das carac-

terísticas de interesse. Cada item pode ser completado de forma re-

lativamente rápida, o que permite inluir muitos itens para avaliar cada

característica e também diversas características de uma só vez.

Extraído de: SPECTOR (2006, p. 114)

Existe hoje uma grande variedade de testes psicológicos que podem

ser utilizados para seleção de pessoas no trabalho. Cada teste tem

suas particularidades e tem diferentes enfoques, e cabe ao gestor

analisar e escolher o que pode avaliar o candidato com maior fideli-

dade e maior aproximação das características pretendidas. Os testes

são avaliados pelo Conselho de Psicologia e podem ser adquiridos

pelas empresas através do Centro Editor de Testes e Pesquisa em

Psicologia(CETEPP).

86
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

RETENÇÃO DE TALENTOS
A dificuldade de captar e reter talentos

Como identificar um talento que se enquadre a um determinado car-

go e que atenda às expectativas da organização? E mais ainda: uma

vez contratado, o que fazer para reter esse funcionário e não perdê-lo

para a concorrência? Essas são perguntas feitas constantemente por

inúmeros profissionais de Recursos Humanos e gestores fazem diaria-

mente. E cada vez que essas indagações surgem no ar outras ques-

tões aparecem, formando-se um ciclo permanente em virtude das

constantes mudanças que ocorrem no mercado e das tendências que

precisam ser acompanhadas a cada dia. Para conversar sobre a capta-

ção e a retenção de talentos, o RH.com.br entrevistou Mário Custódio,

especialista em recrutamento da divisão de Recursos Humanos da

Robert Half. Formado em economia com pós-graduação em adminis-

tração de negócios, ele atua na Robert Half desde 2007. Em sua tra-

jetória profissional, Custódio traz consigo a experiência de ter atuado

em organizações como pela ICI Paints, Siemens e Reckitt Benckiser.

Segundo Mário Custódio, uma das razões que mais atrapalha a

87
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

captação de talentos é o desnivelamento de expectativas entre a em-

presa e o novo colaborador. “Em curto prazo, os atrativos financeiros

são mais rápidos e eficazes. Entretanto, em longo prazo, o desen-

volvimento e a evolução de carreira passam a ser mais importantes,

pois as variáveis financeiras tornam-se consequência”, afirma, ao ser

questionado sobre os atrativos que são mais eficazes para encantar

os profissionais e, consequentemente, retê-los. Confira a entrevista na

íntegra e aproveite a leitura!

RH.com.br - O mercado depara-se com uma permanen-

te disputa para a captação de talentos. O que ocorre é a au-

sência de profissionais qualificados ou as empresas, graças ao

imediatismo generalizado, culminam por não saberem como

e onde localizar esses profissionais que trazem o diferencial?

Mário Custódio - A disputa das empresas para captar talentos pode

ser explicada, basicamente, por dois grandes elementos. Primeiro - a

escassez de mão de obra qualificada no mercado: decorrente de um

sistema educacional ruim, profissionais com ausência de conhecimen-

to de outros idiomas, desinteresse do profissional por adquirir novos

88
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

conhecimentos ou ambição excessiva - crescimento profissional e a

qualquer custo. Segundo: muitas empresas não têm programas cla-

ros de desenvolvimento, carreira e sucessão para seus profissionais,

principalmente para os melhores talentos. Isso pode fazer com que as

empresas percam profissionais por não terem clareza de suas possi-

bilidades futuras e, em segunda instância, dificulta - e torna mais lenta

- a reposição do profissional.

RH - O que mais atrapalha a captação de talentos quando as empre-

sas buscam um novo colaborador?

Mário Custódio - Um dos principais problemas é o desnivelamento de

expectativas entre a empresa e o novo colaborador. Normalmente, o

novo colaborador tem exigências que não podem ser cumpridas pela

empresa em relação à vaga que está sendo pleiteada. Por exemplo: o

novo colaborador exige salário e benefícios que não condizem com a

sua experiência profissional ou, então, quer crescimento profissional

acelerado, onde a empresa não tem como garantir que isso aconteça,

independentemente do desempenho do colaborador.

89
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

RH - Em sua opinião, o turnover dos profissionais mais “desejados”

pelo mercado é significativo? Ou seja, as organizações estão conse-

guindo seduzir os talentos que atuam na concorrência?

Mário Custódio - Sim, o turnover desses profissionais é significativo.

As empresas conseguem seduzir esses talentos por meio de maiores

salários, promoções e promessas de melhores perspectivas futuras.

Muitas vezes esse profissional promovido não tem o preparo necessá-

rio para assumir tal função, mas esse mecanismo de atração é sedutor.

RH - Qual tem sido o grande vilão que entra em cena, quando a em-

presa tenta reter esse profissional tão valioso para o negócio?

Mário Custódio - Como mencionei anteriormente, isso irá gerar uma

inflação salarial se a empresa tomar uma medida imediatista para re-

ter o profissional. Em maiores proporções, essa postura poderá gerar

grande desmotivação no grupo.

RH - Atualmente, quais são os principais recursos utilizados pelo mer-

cado para captar os profissionais mais destacados?

Mário Custódio - Podemos destacar o pacote de remuneração mais

90
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

atrativo que inclui salário mais benefícios, promoção, perspectivas e

desafios que possam ampliar o conhecimento e o desenvolvimento

do profissional.

RH - No Brasil, a procura por talentos tem sido maior do que a oferta?

Mário Custódio - Depende do nível do profissional. Para os níveis

hierárquicos mais altos, por exemplo, a dificuldade é um pouco menor

até porque há menos vagas disponíveis no mercado. No caso dos

níveis baixos e médios da hierarquia de uma empresa, a dificuldade é

muito grande. As empresas têm grandes exigências, mas o mercado

não oferece um volume tão elevado de profissionais talentosos. Por

essa razão as empresas acabam pagando mais caro por aquilo que

procuram.

RH - Para os profissionais que fazem o diferencial, no momento que

recebem uma nova proposta, o que mais influencia na hora de tomar

a decisão final?

Mário Custódio - Basicamente são os mesmos pontos men-

cionados anteriormente, ou seja, o profissional quer ter grandes

91
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

responsabilidades, visibilidade, desenvolvimento, perspectivas e pa-

cote de remuneração atrativo.

RH - Já foram citados os recursos mais usados para captar os talen-

tos. E quais os mais usados para reter esses profissionais?

Mário Custódio - Os recursos mais utilizados para reter são os inves-

timentos que a empresa realiza em treinamento e desenvolvimento do

profissional a exemplo dos cursos, dos MBAs, de intercâmbio com

profissionais de outros países - quando é uma multinacional, benefí-

cios como um bom plano de saúde, previdência privada, verba para

combustível ou veículo -, programas de qualidade de vida, ações da

empresa, bônus de retenção, entre outros. Além disso, é importante

que o profissional tenha clareza de suas possibilidades de carreira na

empresa.

RH - Na sua visão, qual a contribuição do papel da área de Recursos

Humanos para a captação e a retenção de talentos?

Mário Custódio - A área de Recursos Humanos é fundamental no

processo de captação e retenção de talentos. É importante que o RH

92
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

esteja próximo a todas as áreas da empresa, pois, desta forma, po-

derá realizar um melhor diagnóstico das principais demandas, proble-

mas, necessidades e oportunidades.

RH - Então, podemos considerar que ter um RH dinâmico e estratégico

pode ser considerado um fator de grande relevância para a captação e

a retenção dos talentos?

Mário Custódio - Sem dúvida alguma. Quando a empresa possui um

RH diretamente ligado ao negócio da empresa, pode-se fazer um pla-

nejamento para trabalhos muito mais preventivos do que contencio-

sos. O problema é que, em muitos casos, as ações da área de RH

são de médio ou longo prazo e, quando há uma pressão excessiva

por resultados de curtíssimo prazo, a direção da empresa congela as

ações de RH. Enquanto a área de Recursos Humanos tiver a caracte-

rística apenas de “tirar pedidos” ou “apagar incêndios”, a dificuldade

em atrair e reter profissionais será cada vez maior.

Patrícia Bispo

93
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

Extraído de: <http://www.rh.com.br/Portal/Recrutamento_Selecao/

Entrevista/7966/a-dificuldade-de-captar-e-reter-talentos.html> . Data

de acesso: 21 de julho de 2013.

SEGURANÇA NO TRABALHO

Segurança no trabalho envolve um conjunto de medidas que são

adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças

94
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de

trabalho do trabalhador e envolve três principais áreas de atuação:

prevenção de acidentes, prevenção de incêndios e prevenção de rou-

bos. Como podemos observara principal preocupação da segurança

do trabalho é a de evitar acidentes, ou seja, adotar medidas profiláti-

cas para que não ocorra acidentes ou para que sejam minimizados,

e caso ocorram que possam ser resolvidos com maior segurança e

rapidez.

Todo acidente de trabalho deve ser comunicado ao Ministério do

Trabalho pela empresa ao INSS, podendo sofrer multa caso não seja

feita essa comunicação de acordo com a Lei nº 8.213/91 artigo 22. A

Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT foi prevista inicialmente

na Lei nº 5.316/67, com todas as alterações ocorridas posteriormente

até a Lei nº 9.032/95, regulamentada pelo Decreto nº 2.172/97.

O QUE É ACIDENTE DE TRABALHO?

Conforme dispõe o art. 19 da Lei nº 8.213/91, “acidente de trabalho

95
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou

pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art.

11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que

cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da

capacidade para o trabalho”.

Ao lado da conceituação acima, de acidente de trabalho típico, por

expressa determinação legal, as doenças profissionais e/ou ocupacio-

nais equiparam-se a acidentes de trabalho. Os incisos do art. 20 da Lei

nº 8.213/91 as conceitua:

• doença profissional, assim entendida a produzida ou desenca-

deada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada ativida-

de e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério

do Trabalho e da Previdência Social;

• doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desenca-

deada em função de condições especiais em que o trabalho

é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da

relação mencionada no inciso I.

Como se revela inviável listar todas as hipóteses dessas doenças, o §

96
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

2º do mencionado artigo da Lei nº 8.213/91 estabelece que, “em caso

excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação

prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais

em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a

Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho”.

O art. 21 da Lei nº 8.213/91 equipara ainda a acidente de trabalho:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa

única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para

redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido

lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho,

em consequência de:

A. ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por tercei-

ro ou companheiro de trabalho;

B. ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de

disputa relacionada ao trabalho;

97
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

C. ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro

ou de companheiro de trabalho;

D. ato de pessoa privada do uso da razão;

E. desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou

decorrentes de força maior;

III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado

no exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário

de trabalho:

A. na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autori-

dade da empresa;

B. na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para

lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

C. em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quan-

do financiada por esta dentro de seus planos para melhor

98
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

capacitação da mão de obra, independentemente do meio

de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do

segurado;

D. no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para

aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veí-

culo de propriedade do segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião

da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho

ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

Esses acidentes não causam repercussões apenas de ordem jurídi-

ca. Nos acidentes menos graves, em que o empregado tenha que se

ausentar por período inferior a quinze dias, o empregador deixa de

contar com a mão de obra temporariamente afastada em decorrência

do acidente e tem que arcar com os custos econômicos da relação de

empregado. O acidente repercutirá ao empregador também no cálculo

do Fator Acidentário de Prevenção - FAP da empresa, nos termos do

art. 10 da Lei nº 10.666/2003.

99
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

Os acidentes de trabalho geram custos também para o Estado. Incumbe

ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS administrar a prestação

de benefícios, tais como auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente,

habilitação e reabilitação profissional e pessoal, aposentadoria por inva-

lidez e pensão por morte. Estima-se que a Previdência Social gastou, só

em 2010, cerca de 17 bilhões de reais com esses benefícios.

Fonte: http://www.tst.jus.br/web/trabalhoseguro/resolucao

De acordo com Chiavenato (2010, p. 477), os acidentes do trabalho

podem ser classificados em:

1. Acidente sem afastamento: Após o acidente a pessoa continua

trabalhando e sem qualquer sequela ou prejuízo considerável.

Este tipo de acidente não provoca o afastamento do trabalho e

nem é considerado nos cálculos do coeficientes de frequência

(CF) e de gravidade (CG), embora deva ser investigado e anota-

do e relatório além de exposto nas estatísticas mensais.

2. Acidente com afastamento: É o acidente que provoca o

100
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

afastamento da pessoa do trabalho. Pode ser classificado em:

A. Incapacidade temporária: provoca a perda temporária da capa-

cidade para o trabalho e cujas sequelas se prolongam por um

período menor do que um ano. No retorno ao trabalho, a pessoa

assume sua função sem qualquer redução da sua capacidade

de trabalho.

B. Incapacidade parcial permanente: Provoca a redução parcial e

permanente para o trabalho e cujas sequelas se prolongam por

um período maior do que um ano. É geralmente motivado por:

• Perda de qualquer membro ou parte do mesmo.

• Redução da função de qualquer membro ou de parte do mesmo.

• Perda da visão ou redução funcional de um olho.

• Perda de audição ou redução funcional de um ouvido.

• Quaisquer outras lesões orgânicas, perturbações funcionais ou

psíquicas que resultem, na opinião do médico, em redução de

101
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

menos de três quartos da capacidade do trabalho.

C. Incapacidade permanente total: Provoca a perda total em cará-

ter permanente da capacidade de trabalho. É geralmente moti-

vada por:

• Perda da visão de ambos os olhos.

• Perda da visão de um olho com redução em mais da metade da

visão do outro.

• Perda anatômica ou impotência funcional de mais de um mem-

bro de suas partes essenciais (mão ou pé).

• Perda da visão de um olho simultânea a perda anatômica ou

impotência funcional de uma das mãos ou de um pé.

• Perda da audição de ambos os ouvidos ou, ainda, redução em

mais da metade da sua função.

• Quaisquer outras lesões orgânicas, perturbações funcionais ou

psíquicas permanecem que ocasionem, sob opinião médica, a

102
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

perda de três quartos ou mais da capacidade de trabalho.

D. Morte: O acidente provoca a morte da pessoa.

Estudo de Caso

BATERIAS MÁXIMA

Gabriela Passos herdou de seu pai a Baterias Máxima, uma fabrican-

te de baterias para carros e pilhas de pequeno porte. Promovida a

presidente da organização, Gabriela procurou conhecer mais profun-

damente os negócios e os esquemas de produção da empresa. Seus

contatos com gerentes e funcionários a deixaram preocupada com as

condições internas de trabalho extremamente perigosas e insalubres.

O trabalho direto com elementos químicos – como ácido e chumbo –

não somente impunham riscos de acidentes gravíssimos, como doen-

ças profissionais irrecuperáveis. O passivo trabalhista da empresa ali-

nhava a reclamações trabalhistas por periculosidade, insalubridade e

ações cíveis e criminais por doenças e acidentes graves. O custo das

103
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

indenizações judiciais era extremamente alto e implicava em pesadas

perdas para organização. Mas, por outro lado, eram vidas humanas

que estavam em jogo naqueles processos judiciais. Gabriela pediu

ajuda ao Gerente de RH. Como você procederia? (CHIAVENATO,

2010, p. 479).

REFLITA
CARNE E OSSO

104
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

Documentário alia imagens impactantes a depoimentos que ca-


racterizam o duro cotidiano do trabalho nos frigoríficos brasilei-
ros de abate de aves, bovinos e suínos
Quem trabalha em um frigorífico se depara diariamente com
uma série de riscos que a maior parte das pessoas sequer ima-
gina. Exposição constante a facas, serras e outros instrumen-
tos cortantes; realização de movimentos repetitivos que podem
gerar graves lesões e doenças; pressão psicológica para dar
conta do alucinado ritmo de produção; jornadas exaustivas até
mesmo aos sábados; ambiente asfixiante e, obviamente, frio –
muito frio.
Esse é o duro cotidiano de trabalho nos frigoríficos brasilei-
ros de abate de aves, bovinos e suínos que o documentário
Carne, Osso traz à tona. Ao longo de dois anos, a equipe da
ONG Repórter Brasil percorreu diversos pontos nas regiões Sul
e Centro-Oeste à procura de histórias de vida que pudessem
ilustrar esses problemas.
O filme alia imagens impactantes a depoimentos que caracteri-
zam uma triste realidade que deve ser encarada com a devida
seriedade pela iniciativa privada, pela sociedade civil e pelo po-
der público.

Assista em:
<http://www.youtube.com/watch?v=_X8ALDZH_Dk > . Data de
acesso: 14 de julho de 2013.

105
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
O Direito do Trabalho é definido por Martins (2011) como “o conjunto

de princípios, regras e instituições atinentes à relação de trabalho su-

bordinado e situações análogas, visando assegurar melhores condi-

ções de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas

de proteção que lhe são destinadas”. Como conjunto entendemos que

o Direito do Trabalho é formado por várias partes, que, organizadas,

formam a base desse ramo legislativo.

O Direito do trabalho tem por finalidade assegurar que o trabalhador

possa exercer suas atividades em boas condições de trabalho que

envolve principalmente um ambiente salubre e um salário digno. Para

isso, existe uma legislação específica com objetivo de garantir os di-

reitos e deveres do trabalhador.

106
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

Fonte: <http://fsindical-rs.org.br/noticias/capa/aviso-previo-demissao.jpg>.
Data de acesso: 22 de julho de 2013.

A Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-lei 5.452, de 1º de

maio de 1943) reúne as normas que versam sobre a legislação do

trabalho. Trata-se de uma consolidação de uma legislação esparsa

sobre o tema existente no período anterior de 1943 e suas posteriores

modificações.

No entanto, não é apenas na CLT que encontramos regras de Direito

do Trabalho. Outras leis como a Lei 605, de 5 de janeiro de 1949,

sobre repouso semanal remunerado e remuneração dos feriados; Lei

4.090, de 13 de julho de 1962, que institui a gratificação de Natal, e

a Lei 5.859, de 11 de dezembro de 1972, dispondo sobre o emprego

doméstico; Lei 5.889, de 8 de junho de 1973, estatuindo normas sobre

o trabalho rural; Lei 6.019, de 3 de janeiro de 1974, sobre o trabalho

temporário; Lei 7.783, de 28 de junho de 1989, sobre o direito de gre-

ve; Lei 8.036, de 11 de maio de 1990, sobre o Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço são alguns exemplos de legislação esparsa dentro

do ramo de Direito Trabalhista.

107
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

A legislação trabalhista em vigor foi aprovada em 1988 e trata-se di-

reitos individuais e tutelares do trabalho, bem como do sindicato e

suas relações, especifica regras sobre greve, participação dos traba-

lhadores em colegiados e garante a representação dos empregados

nas empresas com mais de 200 funcionários. Mas para chegar nesse

formato ela sofreu diversas modificações desde as primeiras políti-

cas trabalhistas que surgiram em 1930 na era Getúlio Vargas, após a

Revolução industrial na Europa.

INDICAÇÃO DE LEITURA
Fundamentos de Direito do Trabalho - 13ª

Ed. Autor: Sergio Pinto Martins; Editora:

ATLAS; Ano de Edição: 2012

108
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

FIQUE POR DENTRO


Saber direito – Contrato de trabalho (1/5)
O programa Saber Direito, exibido pela TV Justiça, discute nesta
edição o tema “Contrato de Trabalho”. No curso, o procurador
geral municipal e professor Rafael Tonassi define o conceito de
empregado e faz uma abordagem dos principais aspectos da
extinção do contrato, em especial na rescisão por justa causa,
esclarecendo as consequências jurídicas no caso de suspensão
ou interrupção do contrato de trabalho. Ele também discute os
princípios aplicáveis ao Direito Laboral e as hipóteses de garan-
tia de emprego ainda existentes atualmente.
Assista em:
<http://www.youtube.com/watch?v=7p1yAQJJu7A&featu-
re=relmfu>. Data de acesso: 22 de julho de 2013.

ATIVIDADES
1) Quais os principais tipos de recrutamento e quais papeis apresen-

tados por eles na sociedade?

2) Qual a importância da Legislação trabalhista para os cidadãos?

3) Qual a importância da análise de trabalho dentro de uma indústria/

empresa?

4) Em caso de acidente de trabalho, quais os procedimentos que

devem ser adotados pela empresa e pelo trabalhador acidentado?

109
UNIDADE II - Gestão de Pessoas

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espero que você tenha entendido um pouco mais acerca de como

deve ser estruturada uma empresa / indústria de forma que se garanta

e fiquem explícitos os direitos e deveres dos cidadãos e de todas as

pessoas que trabalham na gestão.

Esta unidade também foi importante pois você pode também conhe-

cer como se estruturam as leis trabalhistas esclarecendo os direitos

que devem ser assegurados para os trabalhadores desde que esse

cumpra corretamente seus deveres.

Atenha-se sempre as atividades sugeridas, artigos e vídeos, pois es-

tes ajudarão na ampliação do seu conhecimento.

Bons estudos e até nossa próxima unidade!

110
UNIDADE 3

Cargos e salários

Francielli Martins Borges Ladeira

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conceituar Remuneração, conhecer sua composição e como é
utilizado como recompensa
• Aprender o significado de salários, seus diversos tipos e
composição.
• Avaliar e classificar cargos através do método tradicional, do método
por escalonamento simples e de categorias predeterminadas.
• Realizar Pesquisa Salarial e entender como funciona a Política
Salarial.
• Entender qual é o foco dos incentivos salariais e como funciona a
remuneração flexível
• Definir Benefícios Sociais, suas origens, tipos e objetivos.

PLANO DE ESTUDO

Serão abordados os seguintes tópicos:

• Remuneração
• Administração de Salários
• Cargos
• Remuneração por Competências
• Pesquisa Salarial e Política Salarial
• Programas de Incentivo
• Benefícios Sociais
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

INTRODUÇÃO
Por um lado temos uma maior exigência por parte do usuário ou do

consumidor de bens e serviços, que tem maior conhecimento sobre

seus direitos enquanto consumidor e usuário. Digo consumidor/usu-

ário pois há uma demanda de bom atendimento tanto nas relações

empresas privadas x consumidores, quanto nas relações de usuários

de serviços públicos.

Não basta receber o bem ou o serviço, hoje, o consumidor exige qua-

lidade também, e algumas vezes, principalmente no atendimento. E

quando insatisfeito, esse cliente faz questão de tornar pública sua in-

satisfação, seja por comentários com colegas próximos, com reclama-

ções em redes sociais, em perfis empresariais, com vídeos na Internet,

e como falamos do serviço público, não podemos esquecer dos últi-

mos manifestos ocorridos no Brasil nos últimos meses onde, usuários,

de transporte público, do sistema de saúde, das escolas públicas, fo-

ram as ruas reivindicando melhorias desses serviços. De fato, para sa-

tisfazer mais do que essas necessidades, mas também as exigências

do consumidor, precisamos de profissionais mais qualificados e mais

motivados tanto no setor público quanto no setor privado.

A empresa, por outro lado, reconhecendo esse nova conjuntura, preci-


113
sa de uma força-tarefa que reúna o recrutamento e seleção de pessoas
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

com vontade de fazer a diferença e com CHAOs que atendam às ne-

cessidades do posto a ser ocupado, precisam investir em treinamen-

to, dar condições de um ambiente de trabalho agradável e confortá-

vel, e reforçar uma cultura de cooperativismo e animosidade ajudam

a fornecer elementos para a motivação dos trabalhadores. Mas, mais

do que contratar e treinar talentos, também é preciso saber retê-los na

empresa com motivação e comprometimento. Um dos recursos mais

lembrados nesse caso é a remuneração. O fator financeiro ainda é um

do fatores mais relevantes para a manutenção de um emprego.

Nesta Unidade III, vamos nos aprofundar nos conceitos referentes a

cargos e salários e correlatos, como Remuneração por Competências,

Pesquisa Salarial e Política Salarial, Programas de Incentivo e

Benefícios Sociais.

REMUNERAÇÃO
Como vimos na Unidade I, organizações são formadas dentre muitos

tipos de recursos, principalmente por pessoas, pois são elas a fonte

do principal diferencial que uma empresa pode ter. E nessa relação

114
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

entre organização × pessoas trabalha-se uma troca. A empresa pre-

cisa das pessoas para alcançar seus objetivos organizacionais, en-

quanto as pessoas precisam das organizações para satisfazer seus

objetivos pessoas e atender suas necessidades. A moeda dessa troca

ocorre em forma de remuneração.

FIQUE POR DENTRO


O QUE É REMUNERAÇÃO?
Ninguém trabalha de graça. Como parceiro da organização,
cada funcionário está interessado em investir com trabalho, de-
dicação e esforço pessoal, com seus conhecimentos e habili-
dades desde que receba uma retribuição adequada. As orga-
nizações estão interessadas em investir em recompensas para
as pessoas, desde que elas possam receber contribuições ao
alcance dos seus objetivos. Daí decorre o conceito de remune-
ração total. A remuneração total de um funcionário é constituí-
da de três componentes principais, como mostra a Figura 2, a
seguir.

115
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

Figura 2- Os três componentes da remuneração total. Extraído de: Chiavenato


(2010, p. 279)

ADMINISTRAÇÃO DE SALÁRIOS
Conforme Chiavenato (2010) a administração de salários é o con-

junto de normas e procedimentos utilizados para estabelecer e/ou

manter estruturas de salários equitativas e justas na organização.

A organização possui em sua estrutura uma hierarquia de cargos e

diferentes setores de atividades, cada qual com remunerações que

116
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

precisam ser coerentes com a hierarquia e as capacidades neces-

sárias para cada cargo.

Para Chiavenato (2010, p. 287) uma estrutura salarial é um conjunto

de faixa salariais relacionado com os diferentes cargos existentes na

organização e para que essa estrutura se mantenha equitativa e justa é

necessário o estabelecimento de formas de equilíbrio que podem ser:

1. Equilíbrio interno: refere-se a consistência interna da estrutu-

ra salarial adotada pela organização que deve ser justa e bem

dosada.

2. Equilíbrio externo: refere-se a consistência da estrutura salarial

de uma empresa em relação as outras organizações. Quando há

equilíbrio externo podemos dizer que a empresa adota uma es-

trutura salarial compatível com o mercado.

A administração de salários é desenhada pela organização de modo

que ela consiga atingir alguns objetivos. Chiavenato (2010) cita alguns

objetivos da administração de salários:

117
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

1. Atrair e reter talentos na organização.

2. Motivação, obtenção de engajamento e motivação do pessoal.

3. Aumento da produtividade e da qualidade do trabalho.

4. Controle de custos laborais.

5. Tratamento justo e equitativo às pessoas. Cumprimento da le-

gislação trabalhista.

6. Ajudar no alcance dos objetivos organizacionais.

7. Proporcionar um ambiente amigável e impulsionador de

trabalho.

No entanto é preciso saber que cada organização prioriza alguns ob-

jetivos em detrimentos de outros de acordo com suas necessidades.

118
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

CARGOS
O início da utilização dos cargos como elemento base da gestão de

pessoas dá-se juntamente com o início da era industrial, atrelado aos

modelos de gestão Taylorista e Fordista (DUTRA, 1999), cuja caracte-

rística mais marcante é o emprego da produção em linha, que possibi-

litou o rápido crescimento da indústria na época.

O equilíbrio interno dos salários de uma organização acontece

após extensa análise da estrutura de cargos dentro da organização.

Conforme Chiavenato (2010) a classificação de cargos é o processo

de comparar o valor relativo dos cargos, a fim de coloca-los em uma

hierarquia de classes que podem ser utilizadas como base para a es-

trutura de salários.

REFLITA
Responsabilidade acima de definição de cargos
As empresas costumam a gastar muito tempo e dinheiro para
preparar uma definição detalhada de funções em seus planos

119
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

de cargos e salários, mas esquecem de ensinar aos colabo-


radores e principalmente as gerencências a importância da
responsabilidade.
Acesse em: <http://www.youtube.com/watch?v=jCR-
0B2PYa2c>. Data de acesso: 22 de julho de 2013.

REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS


No caso da administração por competências, a administração do sa-

lários muda seu enfoque do cargo e suas atribuições para a figura do

trabalhador, e avalia-o de acordo com suas competências individuais.

De acordo com Chiavenato (2010) a remuneração por competências

ocorre em quatro passos: o primeiro passo da remuneração por com-

petências é alinhar as competências individuais do trabalhador com

as competências funcionais e organizacionais. O segundo passo defi-

ne uma hierarquia de competências. As competências organizacionais

precisam ser ajustadas às competências funcionais de cada área de

atuação. Terceiro, as competências essenciais necessárias devem ser

praticadas pelo Gestor de Pessoas. E por fim, tratar das competências

individuais como um fator de avaliação para o cargo.

120
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

FIQUE POR DENTRO


Motivação X Remuneração por Competências
A partir da década de 90, as organizações sentiram-se obriga-
das a mudar seu sistema de remuneração - uma época em que
a progressão da carreira levava em consideração o tempo de
casa ou a função para aumentar os salários fixos. Isso fez com
que as organizações passassem por constantes processos de
transformações e se adequarem aos novos modelos de remu-
neração, entre eles a Remuneração por Competências.
A Remuneração por Competências veio com o objetivo de im-
plementar a quebra de paradigmas do modelo tradicional de
remuneração, buscando alinhar a política da organização aos
aspectos inovadores de Gestão de Pessoas com o resultado
no negócio. Com características próprias ela é voltada para di-
ferenciar os salários dos colaboradores, através de comporta-
mento mensuráveis, e se faz justa, realizando a diferenciação
das competências dos colaboradores.
O novo sistema tende a proporcionar fatores que desenvolvam
e sustentem as competências existentes em cada colaborador,
gerando novas competências e eliminando as obsoletas, objeti-
vando sempre a aquisição, a retenção e o desenvolvimento dos
colaboradores, exigindo também um novo papel para área de
Gestão de Pessoas.

121
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

As ações de Gestão de Pessoas passaram, então, a ser vincu-


ladas ao desenvolvimento de competências individuais neces-
sárias para o fortalecimento das competências essenciais da
empresa e motivação dos colaboradores. Mas, o que motivação
tem a ver com Remuneração por Competências? Tudo. O novo
sistema tem também a finalidade de motivar os colaboradores
a uma melhor capacitação, de acordo com as necessidades da
organização e esse, por sua vez, passa a ser remunerado pelas
suas competências que se aplicam no dia-a-dia do seu traba-
lho. Nesse caso, a Remuneração por Competências estimula o
autodesenvolvimento profissional, pois, na medida em que os
colaboradores ficarem interessados em desenvolver suas com-
petências, as organizações só tendem a ganhar. Claro que, para
isso, a organização tem que ser totalmente transparente, ética e
detalhar como funciona o novo sistema a ser implantado, fazen-
do boa gestão do mesmo. Nesse contexto, é preciso envolver
os líderes para desempenhar seus papéis na manutenção junto
com a Gestão de Pessoas, além de serem altamente estratégi-
cos na implantação do processo.
O colaborador satisfeito com sua remuneração ou com a pos-
sibilidade em sempre melhorar, começa a ter motivo para agir.
Claro que há muitas pesquisas de clima em várias organizações
que mostram nos resultados que qualidade de vida, desafios
ou oportunidade de crescimento satisfazem mais do que o item

122
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

‘salário’. Talvez. Quer desafio maior, qualidade de vida e opor-


tunidades do que assumir o cargo de um presidente de uma
organização? Ele tem motorista, horário flexível, responsabili-
dade, secretária, lanche a todo instante etc., mas será que um
candidato à vaga de presidente aceitaria mesmo com todos os
itens citados o salário do seu assessor?
Exemplo real como Sistema de Remuneração motiva: quando esta-
mos avaliando um candidato, fazemos os trâmites normais de en-
trevistá-lo, explicar suas futuras atribuições, seus deveres etc., mas
quando chega à parte para falar sobre a remuneração... O candida-
to rapidamente arruma a postura na cadeira e escuta atentamente
curioso, e quando falamos que existem inúmeros benefícios como
PLR e Remuneração por Competências (às vezes, o candidato ele
nem sabe o que é isso, mas imagina que deve ser ótimo), surge um
brilho transcendente dos olhos do candidato que chega a encantar.
O profissional sente até o suor frio, imaginado que essa oportunida-
de vai quitar suas dívidas, pagar o curso de especialização e claro
fazer o sonho da casa própria ou carro zero.
Colaboradores motivados atraídos por um sistema de
Remuneração de Competências transparente, trazem junto com
a motivação a descoberta por novas oportunidades, desafios,
qualidade de vida e inovação, valores fortes que os fazem tam-
bém se sentirem felizes realizando tarefas rotineiras, porque es-
tão conscientes que são remunerados pela suas competências

123
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

individuais desenvolvidas e/ou a serem desenvolvidas.


Um dos benefícios que a Remuneração por Competência traz,
ainda para a empresa, é a melhor distribuição de custos na folha
de pagamento, não gerando custos inesperados e realizando
uma estratégica de remuneração alinhando ao orçamento, além
de trazer imagens positivas como transparência, desempenho
eficaz e individual e fortes ações de feedback.
Devemos destacar que as ferramentas devem ser utilizadas para
o acompanhamento de despesas na folha de pagamento e o
retorno positivo do investimento da empresa, contando que o
investimento da empresa é mensal, ou seja, a qualidade dos va-
lores pagos e os investidos com o retorno esperado.
Motivação X Remuneração por Competências é um desafio que
o mundo corporativo não pode fazer dele ‘um faz de conta’, a co-
meçar pelo processo de levantamento de competências dos indi-
víduos que nele existem e não deixar que na avaliação a auto-es-
tima de um candidato/colaborador seja mais valiosa do que suas
competências. Não vamos nos encantar por aquele candidato/co-
laborador que saiba fazer seu marketing-pessoal e sim aqueles por
aqueles que buscam o desenvolvimento de suas competências a
todo instante.
“As competências essenciais estão associadas à estratégia em-
presarial e a um processo sistemático de aprendizagem que en-
volve descobrimento, inovação, motivação e capacidade de ser

124
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

humano”. (Fleury & Fleury)

Por Fernanda Costa Oliveira


Extraído de: <http://www.rh.com.br/Portal/Salario_Beneficio/
Artigo/4799/motivacao-x-remuneracao-por-competencias.
html>. Data de acesso: 22 de julho de 2013.

BENEFÍCIOS SOCIAIS
Os benefícios estão muitas vezes relacionados com a motivação dos

indivíduos dentro das organizações. Para Decenzo e Robbins (2001, p.

65) o processo motivacional ocorre da seguinte forma:

Figura 3 - Processo de Motivação para um Ambiente de Trabalho


Fonte: Decenzo; Robbins (2001, p. 65)

125
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

De acordo com a Figura 3 acima, o processo de motivação é dire-

tamente ligado à satisfação das necessidades. Para as empresas,

propiciar recursos com os quais o empregado possa suprir suas ne-

cessidades, desde as necessidades básicas até as necessidades de

realização pessoal e reconhecimento, configura uma das formas mais

eficazes que motivação.

A remuneração pode tornar a vida do funcionário mais fácil e agradá-

vel, no entanto, não pode ser considerada a única responsável pela

motivação do mesmo, uma vez que o processo de motivação acon-

tece de dentro pra fora. Ou seja, a motivação é um fator intrínseco do

ser humano.

Além do salário, os benefícios sociais configuram uma forma de remu-

neração e variam desde assistência médica, seguro de vida, alimen-

tação, transporte e planos de pensão e aposentadoria, até mesmo

fornecimento de automóvel, casa, escola para os filhos, etc.

126
UNIDADE III - Gestão de Pessoas

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final desta última unidade , espero que você tenha compreendido

a importância dos benefícios a qual o trabalhador tem direito e para

que estes servem, a importância da remuneração por competências e

como funciona a Administração de salários.

Trabalhamos também o que é , como funciona e qual é a importância

da remuneração dentro dos Recursos Humanos para o bom desen-

volvimento da empresa e satisfação dos trabalhadores juntamente ao

seu trabalho.

Até uma próxima oportunidade!

ATIVIDADES
1) Quais são os principais benefícios sociais que o trabalhador tem

direito?

2) O que é e como funciona a remuneração por competências?

3) O que é e para que serve a Administração de salários?

127
CONCLUSÃO
Este material foi redigido especialmente para o aluno do ensino à dis-

tância e teve por objetivo fornecer um aporte teórico e prático sobre

as práticas mais comuns da Gestão de Pessoas.

Como vimos neste livro, a Gestão de Pessoas, vai muito além da ges-

tão de algum recurso da empresa, trata-se principalmente da gestão

do recurso mais valioso e ímpar que as organizações possuem. Gerir

pessoas com eficiência e forma motivada, solicita do gestor que supra

uma variedadede questões como higiene e segurança no trabalho, um

ambiente saudável e seguro que seja capaz de promover a melhoria

da qualidade de vida dos trabalhadores, e ainda evitar ou ao menos

minimizar os casos de acidentes de trabalho.

Na Unidade I vimos sobre os principais conceitos e atuações da

Gestão de Pessoas, as teorias existentes na área e a visão da Gestão

de Pessoas como um processo estratégico dentro das organizações.

A Unidade II dissertou sobre a captação e desenvolvimento de

128
pessoas dentro das organizações, os processos de análise de traba-

lho, recrutamento, seleção de pessoas, segurança no trabalho e leis

trabalhistas.

Por fim, a Unidade III, esclarece remuneração, cargos e administração

de salários, como funciona a remuneração por competências e como

os benefícios sociais atuam na motivação dos indivíduos.

Espero que este material seja de grande valia no seu processo de

aperfeiçoamento pessoal! Bons Estudos!

129
REFERÊNCIAS
1. BOHLANDER, George W.; SNELL, Scott; SHERMAN, Arthur.
Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2003.

2. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2008.

3. CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier,


2010.

4. CHIAVENATO, I. Remuneração, Benefícios e Relações de


trabalho – Como reter talento na organização. São Paulo: Atlas,
2003.

5. DECENZO, David A.; ROBBINS, Stephen P. Administração de


Recursos Humanos. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC. 2001

6. CARVALHO, A. V.; SERAFIM, O. C. G. Administração de


Recursos Humanos. Vol. 2. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 1995.

7. DUTRA, J. S. Gestão da Carreira por Competência. In: CURSO


ABERTO EM GESTÃO POR COMPETÊNCIAS, 1º, 1999, Anais.
São Paulo: PROGEP FIA/FEA-USP, 1999.

8. DUTRA, J. S. Gestão de Pessoas. Modelo, Processos,


Tendências e Perspectivas. São Paulo: Editora Atlas, 2006.

9. FAYOL, H. Administração industrial e geral. São Paulo: Atlas,


REFERÊNCIAS
1981.

10. FERREIRA, A. A.; REIS, A. C. F.; PEREIRA, M. I. Gestão


Empresarial: de Taylor aos nossos dias: evolução e tendências
da moderna administração de empresas. São Paulo: Thomson
Learning, 2002.

11. VASCONCELLOS FILHO, P. Afinal, o que é Planejamento


Estratégico?, in Revista de Administração de Empresas,
Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro: abr./jun. de 1978, p. 10

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