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Processo de Urbanização do planejamento urbano no Brasil.

Capítulo – 6
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Uma contribuição para a história do planejamento urbano do Brasil.

O planejamento urbano no Brasil, se consiste em um trabalho de estudos interdisciplinares


como:

• Arquitetos Urbanistas,

• Engenheiros,

• Geógrafos,

• Biólogos...

Este capítulo aborda o planejamento recente do Brasil para que deste se tome uma maior
compreensão.

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Querendo estimular a individualidade de cada cidade o Serfhau (financiava planos diretor para
cidades) falhou em estimular o planejamento urbano no Brasil. Grande parte dos seus planos
não saíram do papel se tornando ideias para planejamento urbano, já o Planasa e o BNH não
tinham esse conceito de “plano”.

Atuar no espaço urbano no simboliza planejamento urbano; não há uma lei próprio para o
espaço urbano, a única que nos ampara de alguma forma é a lei 6766/79, que é organização de
espaços, mas apenas de loteamentos e não para a cidade como um todo.

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Para o planejamento urbano no Brasil, discurso e prática devem ser inseparáveis, a integração
é planejamento.

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Devemos considerar a diferença da fala e ação do estado.

O conceito urbano e a prática/discurso do estado são questões próximas, tendo nelas os


seguintes componentes ou características, (abrangência de todo espaço urbano; continuidade
de execução e necessidade de revisões e atualizações; interferência da ação sobre os grandes
continentes populacionais; papel e importância das decisões políticas.)

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Como surgiu o urbanismo no Brasil (discurso)?

O que aconteceu para sua mudança?

Para sabermos essas perguntas, devemos estudar a história do presente para o passado, para
só depois estudar o passado para o presente, já que o discurso urbano que hoje existe não existiu
no passado.
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O planejamento urbano stricto sensu. (sentido de restrito)

No Brasil na década de 1950 criou se um discurso para planos urbanos, já que antes desta data
este conceito era chamado de sanitaríssimo, porém a maioria destes discursos não saíram do
papel, com exceção apenas ao zoneamento.

O que é planejamento urbano?

 Organização dos espaços de ordem integrada. (Que se idealiza através de profissionais


multidisciplinares com consenso de ideias destes com a população)

O zoneamento. (Legislação que fala onde se pode construir).

O início do zoneamento teve início no Rio de Janeiro e em São Paulo. O plano de José Pereira
Rego em 1866 era um plano de zoneamento, mas foi arquivado pela câmera do Rio de Janeiro,
mas em 1878 esta começou a não conceder licenças para construção de cortiços no centro do
Rio de Janeiro, deste modo no século passado nasceram leis que proibiam a construção de
cortiços e vilas operarias em algumas partes da cidade. O zoneamento não é considerado plano
diretor, mas o plano diretor sempre deve incluir o zoneamento.

Plano diretor:

Plano de zoneamento:

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O zoneamento (segregação social espacial, domínio do espaço) surge sem qualquer


planejamento ou elaboração teórica, correspondendo aos interesses e soluções para a elite
brasileira. O zoneamento se tornou a pratica o que se distingue do plano urbano que como já
vimos muitos não saíram do papel, porém o zoneamento serviu e serve para atender interesses
da população da classe alta.

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O urbanismo sanitarista.

Praticamente de extingue na década de 1930, mas tem grande importância por suas obras
realizadas. No livro A CULTURA DAS CIDADES (1961) há uma parte que se intitula Princípios de
planejamento das cidades medievais na onde fala principalmente dos traçados das ruas que
eram desordenados, este na qual cito não há relação com o planejamento que só nasce no
século XIX. O traçado ortogonal de Manhattan trata-se de uma ação planejado do estado, sobre
o espaço urbano.

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Não sendo considerado plano urbano sinônimo de teoria, e nem ação do estado no meio urbano
em um plano, (ações sem planos, ou só planos que nunca saíram do papel). O urbanismo pode
ter três sentidos:

1° city planning, urbanisme, urbanismo, técnicas referentes a ação do estado na cidade.

2° um estilo de vida (urbano e rural).


3° conjunto de ciências que estudam o urbano – só passou a ser usado no Brasil nas últimas
décadas.

O urbanismo não é um mero discurso, é um conjunto de ciências com políticas urbanas.


Referindo as ações reais do estado no meio urbano. As políticas públicas urbanas devem abordar
saneamento e meio ambiente, transportes e habitação, o urbanismo no discurso é ciências,
estilo de vida ou ideologia que são visíveis em planos diretores. Os planos diretores
correspondem as políticas públicas municipais.

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Como já vimos a história sempre parte do presente para o passado, então parte-se do estilo
contemporâneo que hoje nos encontramos procurando entender o processo de sua
constituição. O plano diretor e o planejamento urbano são como modelos que procuram chegar
aos planos de urbanismo como realidade concreta. O percurso foi constituído pela ideias de
(plano, global, geral, integral e conjunto), estas ideias foram consideradas irrelevantes no
discurso convencional, por este motivo foi nomeado o percurso da história em direção ao
passado. O estado sobre o espaço urbano caracteriza por sua visão geral ou conjunto.

Aos diversos tipos de planejamentos urbanos encontrados, tipos particulares de discurso ação
do estado ora indica produto, ora indica processo.

O que é ideologia
Marilena Chaiú

Ideologia- a consciência é a alienação, transformadores da natureza, e criadores da religião , não


nos reconhecemos como criadores de nossos atos. O homem não percebe que le mesmo cria a
sociedade que vive.

Este termo refere-se ao sistema ordenado de ideias onde as ideias e os pensamentos fossem de
esferas diferentes da pratica. Como se as ideias tivesse uma realidade própria.

Os homens podem ter interesses diferentes, mas quando se trata de “poder ou domínio” esse
interesses são iguais, até mesmo para o Estado. O Estado por sua vez na utilização deste poder,
privilegia com melhor infraestrutura a classe alta da sociedade.

Desiguais: ideologia burguesa. Desigual por natureza, talento ou meritocracia.

A lei foi feita pelos dominantes e o Estado é instrumento de dominação.

- ideias e práticas são diferentes, porque a pratica se desvincula da ideia.

Criamos o nosso próprio buraco, e depois perguntamos quem foi que criou.

A ideologia sempre vai ser separada da realidade.


Continuação do livro - Processo de Urbanização do planejamento urbano no Brasil.

Capítulo – 6

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1940 – 1950 a política pouco tem de compressão sobre assuntos de planejamento urbano,
sendo que a esfera política é indispensável para compreensão dos planos de desenvolvimento
da cidade (saneamento, zoneamento...). Em 1875 começa-se a se contar um pouco mais sobre
este tema, que é dividido em três subperíodos:
 1° - planos de melhoramento, e embelezamento, que exaltava a burguesia, começou
em 1875. (Passado)
 2° - já em 1930 se fala dobre planejamento sobre técnicas cientificas, para solucionar
os problemas urbanos. (Presente)
 3° - período em que estamos, que seria a reação do segundo subperíodo. (Futuro)

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Des de 1930 se tem que os grandes problemas urbanos, são causados pelo crescimento
caótico das cidades, e a solução deste seria um planejamento integrado e conjunto. Estas
ideias mascaram o verdade problema, em que uma parte da população é privilegiada pelo
Estado. Essas teorias são criadas pela classe dominante (ricos), estas nascem para fazer que
nas vida é decorrência a (natureza, deus, razão, ciência, estado).

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Devemos ter o conhecimento da realidade, para que essas teorias não seja a verdade
absoluta.

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Após identificar essas teorias ao longo do tempo cabe relatar que para o planejamento
urbano elas nos interessa ao ver suas características e a outra por sua determinação.

A ideologia sofre com transformações ao longo do tempo, mas essas são alteradas para
sobrevivendo da classe dominante. Essas transformações vem sido essenciais para o
crescimento do capitalismo, o iluminismo por sua vez como fruto do capitalismo foi o meio
para destruir a era medieval, à medida que o capitalismo foi crescendo houve uma grande
valorização dos atos científicos, e uma desvalorização dos meios não “científicos”. O
iluminismo dominou o modernismo como efeito disto também ajudou no seu planejamento
urbano.

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O iluminismo procurava desenvolver moralidade, leis universais, fazendo com que ideias
irracionais “ideias” pertence o lugar para a ciência. Para alguns essa ideologia era o
progresso moral e até a felicidade da humanidade. A ideologia da supremacia da supremacia
da razão (tecnocracia) planejamento urbano atual, o modernismo situa-se no grande
crescimento desordenado dos centros urbanos, industrialização e movimento urbanos a
base de política, a necessidade de enfrentar problemas floresceu o movimento moderno ele
era a “arte das cidades”, as cidades que haviam surgido possuíam ideologias dominantes.

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Para os socialistas utópicos, tecnocratas e para carta de Atenas baseava-se na crença da


ciência e no plano diretor, que acreditavam ser a chave para solucionar os problemas
urbanos.

Em 1840 o termo plano urbano apareceu no Brasil, mas foi esquecido durante os anos,
somente em 1980 que esse termo ressurgiu, porém no do seu conteúdo original houve
mudança, porem em 1990 seu conceito original foi absorvido pela sociedade que ainda hoje
sobrevive esse ideologia dentre áreas voltadas a arquitetura e engenharia.

Pontos de Partida
Esse conceito em 1960 e 1980 era definido como um processo multidisciplinar, para um
diagnóstico técnico que mostraria os problemas urbanos.

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Em 1960 até 1980 foi conhecido pela expressão de “planejamento local integrado”, se
tratava de um planejamento racional ou compreensivo, para o desenvolvimento e melhor
qualidade de vida. Os planos diretores no Brasil não são respeitados, para isso seria efeito
de uma má administração dos municípios de obras, políticos desqualificados.

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Essas colocações não são explicações, mas é exatamente aquilo que deve ser explicado.

Des de 1960 os planos diretores em sua grande maioria não atingiram os objetivo propostos.
Esses planos diretores na qual vinham sempre com um diagnóstico técnicos, pregavam
maravilhas a urbanização mais porque eram abandonados?

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O plano diretor foi associado a tecnocracia no período da ditadura esse período que
associava a técnica a ação do Estado, as obras (pontes, saneamento, metros) realizados
erram de interesses políticos. Já os planos urbanos não tinham tal realizações de seus
governantes.

Neste quadro podemos ver a controversa da inconsequência e inutilidade desses planos, e


a continuação de seu planejamento teórico em faculdades de arquitetura, órgãos de
planejamento urbano etc. Esses planos deveriam ser analisados no âmbito de política ou
ideologia? Sem a ação concreta do Estado, esses planos não passam de discurso.

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Esses planos não saem do papel, muito menos são aprovados e levados a órgãos que
colocariam isto em pratica. Em comparação com outros países, vemos a grande diferença
que temos, já que no exterior o Estado tem uma ação concreta no planejamento urbano, no
Brasil o planejamento urbano é apenas uma fachada ideológica, onde não há ação do
Estado. Dentre as transformações nas nomenclaturas, podemos citar a expressão plano de
melhoramentos e embelezamentos, que nesta entra a expressão urbanismo; após esta
expressão veio o planejamento urbano e plano diretor; depois plano urbanismo; plano local
e integrado e finalmente volta-se a ser plano diretor. Nestas mudanças de nomenclatura o
termo sofreu alterações.

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Os planos de melhoramento e embelezamento.

Em 1940 a expressão mais frequente na administração municipal era embelezamento


urbano, Essa expressão era usada apenas em discursos, ela também era ação concreta do
governo, embora nem sempre o objetivo parecia com o discurso.

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O termo embelezamento era imposição de novos valores estéticos para as camadas


privilegiadas, fazendo a criação de uma fisionomia arquitetônica na cidade, onde retirava os
pobres dos centros urbanos, pois aquela área deveria ser valorizada, para o desfrute da
classe rica.

No meio deste plano de embelezamento com o seu amparo, nasceu o planejamento urbano
(lato sensu) brasileiro, houve o primeiro documento de grande importância em 1875
associando o espaço urbano ideias na expressão plano geral.

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(...) organizar plano geral, para a melhora e embelezamento da cidade, ex: alargamento das
ruas...

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De 1875 a 1930 pode ser dividido em dois subperíodos:

1. 1875 a 1906 ascensão dos planos de melhoramento e embelezamento.


2. 1906 a 1930 declínio dos planos de melhoramento e embelezamento.

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Em 1912- 1913 as obras de infraestrutura começavam a ofuscar a importância das obras de


embelezamento de um lado monumentos e praças e do outro à disposição harmônica da
cidade a importância da eficiência começa superada da beleza.

Este discurso foi começado a ser utilizado por políticos que tentavam justificar obras que
estavam sendo executadas ou para tentar ocultá-las. A missão da classe dominante já não
era embelezar.

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Da cidade Bela para Cidade eficiente


Por que as obras de embelezamento e melhoramento não subsistirão com as obras da
cidade Eficiente?

Os projetos para embelezamento gastavam muito, e a da infraestrutura ajudava no


crescimento da cidade. Assim a cidade bela passa ser a cidade eficiente, a cidade do
consumo passa ser a cidade da produção, porém em ambas o interesse imobiliário sempre
esteve presente.

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Para um projeto analisava três necessidades.

1. Requisitos econômicos
2. Tendências nas mudanças nas demandas do espaço
3. O futuro destas tendências

Havia uma pesquisa econômica, e uma explicação cientifica para o uso dos solos. Mais tarde
copiando mal o que fazia o exterior, o planejamento urbano não era assunto somente de
arquitetos e engenheiros, passando a ser também de economistas, sociólogos, advogados...
Surgiram o urbanismo e o plano diretor percussores do planejamento integrado.

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A década de 1930 marca a crescente organização e consciência das classes populares urbanas e
a fragilidade das classes dominadoras. Nesta época o Brasil estava em uma situação em que
nenhuma das classes econômicas tinham o absoluto poder político.

Nas décadas seguintes a burguesia assumira cada vez mais o domínio da sociedade brasileira,
na esfera do urbanos eles procuraram legitimar-se por meio de políticas habitacionais, e do uso
ideológico do planejamento urbano.

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Em resumo a classe dominante não podia defender abertamente a ideia de ‘derrubar um bairro
inteiro e construir um mais bonito’

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Cada vez mais a atuação da classe dominadora passava a ser contestada, cada vez mais os planos
passaram a ser discursos, pois a classe dominante não tem propostas para resolver os problemas
que se agravam. Não há como anunciar obras de interesse popular pois elas não serão feitas,
não há como anunciar as obras que vão ser feitas, pois não são de interesse popular.

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A palavra planejamento ao urbano, é mais recente que o urbanismo.

O planejamento sempre foi associado a ordem, racionalidade e eficiência.

Já o urbanismo guardava resquícios de “embelezamento”, associado a arquitetura e arte urbana,


por isso o ensino de urbanismo nasceu no Brasil junto com o ensino de arquitetura. “Arte
urbana”, “arquitetura das cidades”, “embelezamento urbano”.

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Em 1930 foram divulgados planos para duas grandes cidades do Brasil, esses planos marcaram
uma nova etapa do planejamento urbano no Brasil.

A classe dominante que estava silenciosa, manifesta o apelo para o embelezamento está
presente,

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O centro das cidades continuava a ser o grande foco dos planos, mas no discurso falava a cidade
como um todo, mas só uma área era executada.

Em 1960 técnicos fora dos quadros municipais trazem da França, a ideia que os problemas da
cidade, pela ciência e pela técnica serão resolvidos. Com a passagem dos anos os planos eram
elaborados por funcionários municipais, constatados ali, aceitos aqui...

O plano do Agache desenvolve bastante estudo de abastecimento de água, coleta de esgotos,


combate a inundações e limpeza pública. No final apresenta detalhado conjunto de leis
urbanísticas, abordando temas como loteamentos, desapropriações, gabaritos, edificações e
estética urbana.

Há também um plano para habitação para a classe operaria, uma de política “destrutiva” anti-
higiênica, e uma “construtiva” que incluía considerações sobre empréstimos e taxas mínimas,
financiamento...
O plano de Agache foi o primeiro dos super planos de melhoramento e embelezamento, e o de
Prestes Maia o último.

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O de Prestes Maia, quis mostrar que seu plano era moderno, porem ele não acreditava nesse
tipo de plano, então queria corre riscos em um plano ambicioso que acabaria na gaveta, então
chamou apenas de “estudo de um plano de avenidas”, mas o plano era bem mais que isso, falava
sobre linhas férreas, habitação social, leis urbanísticas, embelezamento urbano, parques ...

No urbanismo embelezador suas propostas eram de origem barroca, embora a arquitetura era
art déco e futurista.

Em 1940 seguindo o exemplo das duas grandes cidades brasileiras também produziram seus
planos, como Porto Alegre e Salvador.

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O planejamento integrado e os super planos.

A essência como planos que vigorou na deca de 1930 fala que os problemas urbanos se
limitavam somente a arquitetura e engenharia, passa a pregar a ideologia dominante, um
organismo econômico e social.

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Gerenciado por um aparato político-institucional.

Os planos deveriam ser integrados, tanto no ponto de vista interdisciplinar, tanto no ponto de
vista espacial, integrando a cidade e sua região, os planos era falsos puramente ideológicos, dá
se a entender que houve vários desses planos e eles não obtiveram sucesso.

Esse deslocamento centrado de ideias de globalidade e interdisciplinaridade do planejamento,


tem seu apogeu com os “super Planos” que se manifesta por meio de:

Era um grande distanciamento entre os planos e a implementação, os planos não era mais feitos
nas prefeituras “fora das classes dominantes”, então os planos vinham como uma enxurrada
recomendações de cálculos, padrões técnicos. Esta ideia estava distante por não considerar
aspectos políticos.

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Conhecer a cidade

Até os anos de 1990 a ideologia iluminista positivista predominara no planejamento urbano


brasileiro, neste período era sustentado pelo conhecimento técnico e cientifico como guia de
ação.

Em 1930 entra o “positivismo por excelência”, saber para prever, prever para prover.

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A ideia do plano diretor enquanto ideologia


O conteúdo é reduzido a discurso, altera o conceito de plano e planejamento, No Brasil o
planejamento agora se identifica como atividade intelectual de criar planos, se desvincula das
políticas públicas e da ação concreta do Estado.

Com essa mudança afeta a própria atividade profissional, raramente chagava ao executivo seus
planos, os planejadores passam a ser encarados como encarregados de pensar.

Com exceção do zoneamento, este sempre esteve vivo e consequente. Já o planejamento


urbano é meramente discurso, que serve para ocultar interesses da classe dominante na
produção do espaço urbano.

É ilusório estudar a ação pública do estado no meio urbano, o planejamento no Brasil é apenas
um discurso convencional, não uma atividade orientadora ou guia de ação para o Estado.

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Desenvolveu a ideia que os problemas urbanos eram devidos a falta de planejamento urbano,
dezenas de planos foram elaboradas, eles podem ter conseguido tudo menos o melhorar os
problemas urbanos, esses planos “ideias” não tinham nenhum vínculo com a realidade, é
planejamento em quanto ideologia que dominava e ainda domina o planejamento urbano no
Brasil.

Cada vez que um plano fracassa, outro é inventado no lugar, a expressão urbanismo cai em
desgraça, e planejamento urbano passa a ser uma conotação moderna, assim surge nome como
planos integrados, plano programático, plano indicativo... Assim o planejamento está inserido
somente no discurso do estado, e não na ação.

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A reação popular está presente, porém é frágil.

1970 é marcada pelo fortalecimento da consciência popular urbana no Brasil, em 1980 com a
elaboração da nova constituição esse movimento cresce com organização, atuações e adesões.

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No final dos anos 1980 entidades nacionais e regionais enviaram uma ementa popular para a
constituição, que reivindicava as massa urbanas questões fundamentais, habitação, transporte,
gestão pública. Assim se consolidava o movimento nacional pela reforma urbana, planos para
os “problemas urbanos”.

Para essas ações a classe dominante responde com um plano diretor, ofuscando questões
centrais da reforma urbana.

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A constituição apresentou um avanço, esse avanço era a possibilidade que o plano diretor vai
ser o instrumento que define se a propriedade urbana está cumprindo sua função social, “os
proprietários não deram destinação social a suas propriedades”

Os anos de 1990

Seguindo a constituição, vários estados voltaram a criar planos diretores, alguns como São
Paulo, Belo Horizonte... Aproveitaram para rejeitar o antigo plano, e procuram politizar o plano
diretor, agora claramente transformado em um projeto de lei.
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Dispositivos que atendiam aos princípios de justiça social, no âmbito urbano, como o coeficiente
de aproveitamento único e igual para toda cidade, também tinham princípios inovadores como
urbanização das favelas, e zonas especiais de interesse social.

A proposta do plano diretor de São Paulo foi entregue no dia 5 de fevereiro de 1991, essa
proposta foi elaborada depois de uma ampla divulgação, encontrou oposição de diversos
empresariados, depois de inúmeras reuniões ficaram claras as diferenças fundamentais.

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Uma concepção de zoneamento baseada em capacidade de infraestrutura urbana, zonas


especiais de interesse social ... Seguiu se então uma série de debates desta vez na câmera, a
proposta jamais foi encaminhada ao plenário. Já no Rio de Janeiro foi aprovado em 4 de julho
de 1992, tem 232 artigos enquanto o de São Paulo tinha apenas 82.

O plano diretor acaba por se tornar, aquele plano que define a orientação que o plano deverá
seguir quando vier a ser feito.

A década de 1990 foi selecionada como o fim do período na história do planejamento urbano
no Brasil.

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Pois marca o início de processo de politização, fruto do avanço da consciência e organizações


populares.

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O plano direto de 1990 com objetivo fundamental, espaço urbano de produção, reprodução e
consumo, seus instrumentos fundamentais são natureza urbanística, tributaria e jurídica. Trata-
se de adequar o plano diretor nos limites do poder municipal.

Para movimentos populares especialmente ligadas a terra e a habitação, o plano se tornou um


instrumento desgastado, consequentemente, muitos dos planos de 1990 para grandes cidades
do Brasil não teve mobilização de movimentos populares urbanos.

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As camadas populares não tinham interesse de participar de debates de planos diretores, assim
e provável que se inicie um novo período de sem a fala das camadas populares, igual ao passado.

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O destino do planejamento urbano no Brasil e dos planos diretores, estão ligados aos avanços
da consciência de classe, da organização de poder político das classes populares, mas esse
processo é lento pois é “grande o poder do atraso”.

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