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Educação Literária
Ficha 1 · Padre António Vieira, “Sermão de Santo António” (p. 96)

1. Ao nível da estrutura externa, o excerto integra-se no capítulo V do “Sermão de Santo António”, no


momento em que o Padre António Vieira critica especificamente alguns peixes. No caso, as
repreensões dirigem-se ao Polvo. Em termos de estrutura interna, o texto faz parte da Confirmação do
sermão.
2. A primeira parte corresponde ao momento em que o orador identifica o peixe de que vai falar: o Polvo
(ll. 1-2, primeira frase do excerto). A segunda parte é dedicada à descrição do Polvo, com a
apresentação das críticas motivadas pelo seu comportamento (ll. 3-14). A terceira e última parte
corresponde à comparação do Polvo com Judas, de modo a intensificar a negatividade da sua
propensão para a traição (ll. 14-20).
3. O Polvo é apresentado por meio de comparações (ll. 3-5) que aproximam a sua aparência física de
elementos marcados pela santidade, luminosidade e mansidão, intensificando a diferença entre a sua
aparência (o que parece) e a sua essência (o que efetivamente é). Com a mesma intenção, o orador
serve-se também do paradoxo (“hipocrisia tão santa”, l. 5). O paralelismo sintático (ll. 10-12) salienta a
capacidade metamórfica do Polvo, de que se serve para concretizar a “emboscada” (l. 13) a outro
peixe, e as interrogações retóricas chamam a atenção do auditório para a gravidade do comportamento
do Polvo, inclusivamente quando comparado com o de outras figuras (Proteu ou Judas).
4. O Polvo tem em comum com o Camaleão a capacidade de poder alterar a sua coloração em função do
ambiente em que se encontra. Contudo, este fá-lo por “gala” (l. 9), como ornamento, ao passo que o
visado pelo orador o faz por “malícia” (l. 9). Com Judas, o Polvo partilha a traição mas, em relação
àquele, pratica-a de forma mais condenável, por se disfarçar e dissimular a sua presença. A
aproximação ao Camaleão e a Judas visa, no contexto do excerto, intensificar negativamente as
características do Polvo merecedoras das repreensões do pregador.
5. O Polvo simboliza o homem traidor, que não olha a meios para atingir os seus fins. Para evidenciar esta
característica, o pregador faz referência ao comportamento do Polvo, que, dotado de mimetismo
(capacidade de mudar de cor, de acordo com os locais em que se encontra), se oculta para,
inesperadamente, atacar as suas presas.

OEXP11 © Porto Editora

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