Você está na página 1de 29

EDIÇÃO 01 | NOVEMBRO 2020

Grupo Plenitude Educação


Deni s e d e Ca r v al h o
Coordenação:
É com muita alegria e satisfação que apresento a você a 1ª Edição da Revista
Brasileira de Nutrição e Saúde Intestinal (RBNSI), e lhe convido a imergir conosco
neste fascinante cosmo relacionado a Saúde Intestinal.

A #RBNSI trará sempre atualidades relacionadas a temática da Gastroenterologia, e


na nossa Edição de estréia, em tempo de Corona vírus, nossa matéria de capa

revistadigital.plenitudeeducacao.com.br escrita pela Nutricionista Mt. Ayane de Sá a conexão intestino-pulmão (um dos
principais órgão afetados pelo coronavirus), nesta matéria Ayane explica de que
forma nossos hábitos alimentares podem estar relacionados com a gravidade das
infecções respiratórias e como esta conexão intestino-pulmão ocorre.

Você já ouviu falar sobre Kombucha? A bebida fermentado bastante consumida


Preceptora pelos orientais. A Nutricionista Mt. Karine Vicenzi traz uma matéria super

Denise de Carvalho completa explicando os porquês o consumo desta bebida pode ter importantes
aplicações clínicas e qual a possível aplicação do consumo de Kombucha como
coadjuvante no tratamento da Depressão.
Editora Chefe
Geovana Leite Imergindo no mundo da microbiota intestinal, o assunto desta primeira edição
será um pouco diferente do que normalmente vimos, aos invés de falamos sobre
bactérias patogênicas, a ilustre matéria escrita pela Nutricionista e nossa
Diretor de Edição Professora, Dra. Ana Carolina Moraes falará sobre Akkermansia Muciniphila, umas
das bactérias promotoras de saúde e que vem estudado para que em breve a
João Pinheiro
tenhamos no mercado como elemento probiótico, nesta matérias Ana Carolina
detalhas os porquês desta relação e nos conta o que a ciência já sabe sobre

Imagens Akkermansia e sua relação o desenvolvimento de doenças.

Canva
E é claro que na edição de estreia da RBNSI não poderíamos deixar de falar sobre os
tão discutidos probióticos, a matéria escrita pelo Nutricionista Especialista em

Conteúdos Nutrição Esportiva, André Palma aborda qual a aplicação dos probióticos na
Obesidade e Emagrecimento.
Alunos e Professores da
Pós Graduação em A revista está imperdível! Espero que você aproveite este jeito fácil, divertido e
Gastroenterologia gratuito de se atualizar com os conteúdos gerados pelos Alunos, Professores e
Funcional e Parceiros da Pós Graduação em Gastroenterologia Funcional e Nutrigenômica – A
Nutrigenômica Plenitude Educação.

Venha fazer parte deste time! Descubra uma nova forma de olhar para o
funcionamento do organismo humano, venha estudar conosco!

Aproveite e Boa Leitura!

plenitudeeducacao.com.br

@aplenitude
Mt. Geovana Leite
Coordenadora Revista Brasileira de Nutrição e Saúde Intestinal
@geleite.usp
MICROBIOTA INTESTINAL EM TEMPOS DE PANDEMIA:
06
IMPORTÂNCIA DO EIXO INTESTINO-PULMÃO

MICROBIOTA INTESTINAL E DOENÇAS CARDIOMETABÓLICAS:


11
O CASO DA AKKERMANSIA MUCINIPHILA

SUPLEMENTAÇÃO DE PROBIÓTICOS NO MANEJO DA


19
OBESIDADE

KOMBUCHA: UMA BEBIDA FERMENTADA E SEUS BENEFÍCIOS


24
NO EIXO INTESTINO-CÉREBRO.
ARTIGO

RBNSI | 1ª edição 06
ARTIGO

O sistema gastrointestinal (SGI) compreende


órgãos que, de forma integrada, são responsáveis
A COVID-19, por exemplo, doença infecciosa
causada pelo vírus SARS-Cov-2 (do inglês ‘Severe
por captar energia do meio ambiente, através dos Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2’), além
alimentos, e incorporá-la ao meio intracelular para de provocar desordens respiratórias, também é
ser utilizada nos diversos processos metabólicos do capaz de afetar o SGI e a MI, como vem sendo
corpo humano. Esta responsabilidade do SGI o registrado em estudos com humanos infectados ao
torna crucial para a sobrevivência do organismo, redor do mundo. Sendo assim, permeia a teoria
uma vez que todas as células precisam de energia, sobre o eixo intestino-pulmão que reforça a
nutrientes e água para desempenhar suas funções importância da MI sobre o estado de saúde do
básicas. Por outro lado, o SGI também pode ser hospedeiro (AHLAWAT et al., 2020; CARDINALE et
porta de entrada para qualquer substância, al., 2020; SHARMA & RIVA, 2020).
antígeno e agente invasor que possa ser
A COVID-19, por exemplo, doença infecciosa
potencialmente prejudicial ao organismo humano
causada pelo vírus SARS-Cov-2 (do inglês ‘Severe
(SHILS et al., 2002).
Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2’), além
Desde o nascimento, a grande maioria dos de provocar desordens respiratórias, também é
microrganismos que adentram pela cavidade oral capaz de afetar o SGI e a MI, como vem sendo
ou nasal são comensais, ou seja com baixo potencial registrado em estudos com humanos infectados ao
tóxico, os quais contribuirão na formação da redor do mundo. Sendo assim, permeia a teoria
Microbiota Intestinal (MI). Esta, por sua vez, é sobre o eixo intestino-pulmão que reforça a
componente importante da barreira intestinal e um importância da MI sobre o estado de saúde do
dos principais estímulos para o desenvolvimento hospedeiro (AHLAWAT et al., 2020; CARDINALE et
das células imunológicas que se localizam no al., 2020; SHARMA & RIVA, 2020).
Tecido Linfoide Associado ao Intestino (TLAI) A MI, quantitativamente, representa o maior
(WELLS et al., 2017). Esta combinação entre a MI, a conjunto de microrganismos do corpo humano,
barreira intestinal e o TLAI é fundamental para entre eles bactérias, arqueobactérias, vírus, fagos,
manter o equilíbrio entre os órgãos do corpo fungos e protozoários, os quais se localizam dentro
humano e impedir o avanço de microrganismos do lúmen intestinal, espaço onde ocorre os
patogênicos que podem provocar doenças processos de digestão e absorção (SOMMER &
infecciosas. BACKHED, 2013).

RBNSI | 1ª edição 07
ARTIGO

Os avanços tecnológicos dos métodos de análise A partir deste reconhecimento, as células


científica destes microrganismos nos permitiu intestinais ajustam suas funções para fortalecer a
melhor compreensão acerca das bactérias barreira intestinal e as células imunológicas
intestinais, as quais estão presentes na MI em uma produzem células de memória e anticorpos, como
proporção de 1,3:1 de bactérias para células a imunoglobulina A (IgA) (WELLS et al., 2017). Este
humanas, sendo tão abundantes quanto as células contínuo contato entre a MI e o TLAI, ao longo dos
do corpo humano (SENDER et al., 2016). A presença anos, favorece o desenvolvimento da Tolerância
destas bactérias intestinais comensais oferece Imunológica, a qual é fundamental sobre o controle
resistência contra a entrada de microrganismos das respostas imunológicas. Ou seja, as células
patogênicos, uma vez que existe competição por imunológicas devem responder adequadamente a
espaço e nutrientes e, assim, l imita o crescimento cada agente invasor a fim de evitar um excesso de
de microrganismos patogênicos. O butirato inflamação que possa danificar as próprias células
produzido por bactérias intestinais comensais humanas (SOMMER & BACKHED, 2013). O TLAI se
também é capaz de fortalecer a barreira intestinal a estende em toda a mucosa gastrointestinal,
partir da produção de proteínas de oclusão, como a apresentando maior concentração de células ao
zonulina, que mantém as células intestinais unidas longo do intestino delgado.
e firmes. Além disso, a presença destas bactérias
O EIXO INTESTINO-PULMÃO E COVID-19
intestinais na MI estimula a produção de fatores
Junto com o Tecido Linfoide Associado aos
antimicrobianos, entre eles, defensinas, peptídeos
Brônquios (TLAB) constituem o Tecido Linfoide
antimicrobianos e muco, os quais corroboram para
Associado às Mucosas e, assim, formam a maior
a proteção da mucosa intestinal (CANI, 2018;
linha de defesa do organismo humano. Além disso,
SOMMER & BACKHED, 2013).
pode haver migração de células imunológicas do
Ao longo da mucosa intestinal, logo abaixo da TLAI para o TLAB através da circulação sanguínea.
camada de células que compõe o epitélio intestinal, É a partir dessa conexão e importância na
encontram-se as células imunológicas que formam manutenção da homeostase do organismo humano
o TLAI. Desde o nascimento, as células intestinais e que se discute o eixo intestino-pulmão (AHLAWAT
imunológicas são capazes de identificar padrões et al., 2020).
moleculares associados a patógenos (PMAPs), os
quais se localizam na membrana de qualquer
microrganismo, seja ele comensal ou patogênico.

RBNSI | 1ª edição 08
ARTIGO

Nesse sentido, mesmo a COVID-19 sendo uma No entanto, episódios diarreicos mais frequentes e
doença infecciosa com maiores complicações severos podem provocar desidratação e alterações
respiratórias e hematológicas, as diarreias são na MI que favorecem a Disbiose Intestinal. Em
sintomas intestinais comuns entre indivíduos que paralelo, as respostas inflamatórias desencadeadas
foram acometidos pela COVID-19, independente da pelo vírus podem aumentar a permeabilidade
gravidade da doença. Em torno de 5 a 50% dos intestinal. Ademais, o RNA do vírus SARS-Cov-2
pacientes podem experienciar episódios de pode ser detectado nas fezes e pode permanecer
diarreias, por vezes até antes do surgimento dos sendo detectado mesmo após os resultados dos
sintomas respiratórios (AHLAWAT et al., 2020;HAN testes de PCR (do inglês ‘ Polymerase Chain
et al., 2020; PARASA et al., 2020). Estes sintomas, em Reaction’) na cavidade respiratória apresentarem-
partes, podem ser justificados pelo fato de o vírus se negativos, demonstrando assim a capacidade de
conseguir infectar células intestinais. Além do eixo infecção através do SGI e sua possível influência
intestino-pulmão compartilhado pelos tecidos sobre a MI (LI et al., 2019; PARASA et al., 2020).
linfoides, ambos os sistemas respiratório e
intestinal também apresentam na superfície das Por hora não temos um consenso de como ocorre

suas células a enzima conversora de angiotensina-2 a influência desta infecção viral sobre a MI e o SGI.

(ECA-2) e a proteína transmembranar serina 2 No entanto, o avanço das pesquisas científicas tem

(TMPRSS2), ambas utilizadas pelo vírus para demonstrado importante participação desta MI em

infectar as células. A partir desta invasão, processos eventos intra e extra-intestinais e, em especial, na

inflamatórios são iniciados no órgão infectado presente pandemia da COVID-19 (AHLAWAT et al.,

(CARDINALE et al., 2020). No SGI, a presença do 2020). A depender do estado em que se apresenta

vírus pode provocar aumento dos fatores esta MI e SGI antes da infecção, ou seja, se o

antimicrobianos, assim como pode estimular os indivíduo apresenta um aumento de

mecanismos osmóticos do intestino a reduzir a permeabilidade intestinal ou Disbiose Intestinal

reabsorção de água, favorecendo a expulsão do previamente, associada ou não a alguma doença

vírus através da diarreia. crônica, a diarreia, as respostas inflamatórias e as


desordens respiratórias podem se agravar em
comparação a indivíduos previamente saudáveis.

RBNSI | 1ª edição 09
ARTIGO

Vale ressaltar que, além das bactérias intestinais, os PARASA, S.; et al. Prevalence of Gastrointestinal Symptoms and Fecal Viral
Shedding i n Patients With Coronavirus Disease 2019: A Systematic Review and
vírus que fazem parte da MI também são capazes Meta-analysis. JAMA Network Open, vol. 3, n. 6, p. e2011335, 2020.
de exercer propriedades biológicas que, j unto com
SENDER, R.; FUCHS, S.; MILO, R. Revised estimates for the number of human and
todo o ecossistema microbiano intestinal, bacteria cells i n the body. P LoS Biology , vol. 14, n. 8, p. e10025339, 2016.

compartilham informações com o sistema SHARMA, L.; RIVA, A. Intestinal Barrier Function i n Health and Disease - Any role
of SARS-CoV-2? M icroorganisms, vol. 8, n. 11, p. E1744, 2020.
imunológico de formacooperativa. E assim, ao
longo de milhares de anos, o SGI tem co-evoluído SHILS, M. E. (et al). Tratado de nutrição moderna na saúde e na doença. 9ª ed.
São
juntamente com a MI resultando em benefícios Paulo: Manole. 2002. SOMMER, F.; BÄCKHED, F. The gut microbiota--masters of

mútuos entre si, em direção a otimizar os host development and physiology. N ature Reviews Microbiology, vol. 11, n. 4, p.
227-238, 2013.
processos de digestão e absorção, bem como, na
WELLS, J. M. et al. Homeostasis of the gut barrier and potential biomarkers. The
defesa contra agentes potencialmente prejudiciais
American Journal of Physiology-Gastrointestinal and Liver Physiology, vol. 312, p.
ao organismo (LI et al., 2019). Portanto, considerar G171–G193, 2017.

estratégias nutricionais que promovam o equilíbrio


e resiliência desta MI pode contribuir na prevenção,
assim como no tratamento de doenças,
especialmente infecciosas como a COVID-19.

REFERÊNCIAS:
AHLAWAT, S.; ASHA; SHARMA, K.K. Immunological co-ordination between gut
and l ungs in SARS-CoV-2 i nfection. V irus Research, vol. 286, p. 198103, 2020.

CARDINALE, V.; CAPURSO, G.; IANIRO, G.; GASBARRINI, A.; ARCIDIACONO, P. G.;
ALVARO, D. Intestinal permeability changes with bacterial translocation as key
events modulating systemic host i mmune response to SARS-CoV-2: A working
hypothesis. Digestive and Liver Disease , vol. S1590-8658, n. 20, p. 30469-30472,
2020.

HAN, C.; et al. Digestive Symptoms i n COVID-19 Patients With Mild Disease
Severity: Clinical Presentation, Stool Viral RNA Testing, and Outcomes. The
American Journal of Gastroenterology , vol. 115, n. 6, p. 916-923, 2020.

LI, N.; MA, W-T.; PANG, M.; FAN, Q-L.; HUA, J-L. The Commensal Microbiota and
Viral Infection: A Comprehensive Review. Frontiers in Immunology , vol. 10, n.
1551, p. 1-16, 2019.

RBNSI | 1ª edição 10
ARTIGO

RBNSI | 1ª edição 11
ARTIGO

N os últimos anos, a importância da microbiota


intestinal na promoção da saúde e prevenção de
Isto posto, a disbiose intestinal caracterizada por
redução da diversidade bacteriana e aumento da
doenças tem sido amplamente discutida, inclusive população de bactérias potencialmente
no tocante às doenças cardiometabólicas. Este patogênicas (6) é normalmente identificada nos
grupo de doenças – que abrange hipertensão indivíduos com doenças cardiometabólicas, sendo
arterial, diabetes tipo 2, dislipidemia e excesso de o aumento de bactérias do filo Proteobacteria e
peso – aumenta o risco para doenças diminuição de A. muciniphila uma das
cardiovasculares (1) e compartilha de fatores características mais comuns (3,7,8).
ambientais na sua etiopatogenia, bem como
Apesar do avanço nas pesquisas acerca das
mecanismos fisiopatológicos, dentre estes a
associações entre microbiota e doenças, ainda há
inflamação sistêmica de baixo grau e a resistência à
lacunas no conhecimento sobre as inter-relações e
insulina. Neste contexto, diversos estudos têm
implicações deste ecossistema para o controle da
confirmado a relevância da atuação da microbiota
obesidade, especialmente quanto a relação causa
tanto em modelos animais quanto em humanos
efeito. Embora os mecanismos envolvidos ainda
(2,3).
não estejam totalmente elucidados, destacam-se o
aumento da inflamação sistêmica de baixo grau
A microbiota intestinal engloba trilhões de
induzida pela elevação de lipopolissacarídeo (LPS)
microrganismos (bactérias, fungos, archaea e vírus)
circulante – chamada de endotoxemia metabólica
que residem principalmente no cólon do trato
(9,10) – e a ação dos ácidos graxos de cadeia curta
gastrointestinal (TGI) humano (2,4). A exata
(AGCC) produzidos a partir da fermentação de
composição deste ecossistema permanece
fibras na regulação central do apetite, saciedade e
desconhecida, porém há consenso de que na
glicemia via ativação dos receptores acoplados à
maioria dos indivíduos cerca de 90% das bactérias
proteína G (GPR41 e GPR43) que induzem a
pertencem aos filos Bacteroidetes e Firmicutes e de
produção de peptídeo YY (PYY) e de glucagon-like
que a abundância de Akkermansia muciniphila (A.
peptide (GLP-1) (11,12). Vale destacar que em
muciniphila) varia de 1 a 5% (5).
indivíduos com disbiose intestinal, é possível que
haja uma maior capacidade de extração de energia
a partir dos AGCC, favorecendo assim, o aumento
de peso (13).

RBNSI | 1ª edição 12
ARTIGO

São inúmeras as evidências de que bactérias Resultados do nosso Grupo apontaram para uma
comensais, assim como Lactobacillus e tríade fisiopatológica entre A. muciniphila ,
Bifidobacterium possam ser consideradas interferon gama (IFN-γ) e o metabolismo da glicose.
protetoras no contexto das doenças Isso porque, foi identificado que em camundongos
cardiometabólicas. Recentemente, as vantagens da deficientes em IFN-γ houve maior abundância de A.
Akkermansia muciniphila passaram a ser muciniphila e adequada homeostase da glicose. Ao
examinadas. Esta é uma bactéria gram-negativa, se restabelecer as concentrações desta citocina
única representante do filo Verrucomicrobia , tida notou-se redução de A. muciniphila com
como simbiótica por promover interações concomitante piora do metabolismo glicídico. A
benéficas entre microbiota e hospedeiro, abundância desta bactéria também foi avaliada em
especialmente pela estimulação da produção de indivíduos estratificados segundo o grau de
mucina – que compõe a camada mucoide – tolerância à glicose e observou-se uma correlação
reduzindo a permeabilidade intestinal (14). inversa entre A. muciniphila e metabolismo da
Apresenta abundância diminuída nos indivíduos glicose, especialmente com glicemia de jejum e
com doenças cardiometabólicas (8,15,16), hemoglobina glicosilada (HbA1c). Indivíduos com
provavelmente devido a sua ação sobre o pré-diabetes ou diabetes tipo 2 apresentaram
metabolismo da glicose, o metabolismo lipídico e a menor população desta bactéria comparados
inflamação sistêmica (17,18). àqueles com tolerância à glicose normal. A única
correlação direta observada foi com as
AÇÕES NA REGULAÇÃO DO METABOLISMO DO concentrações de HDL-colesterol, o que reforça
HOSPEDEIRO ainda mais o potencial benéfico desta bactéria. Mais
Inúmeros estudos sugerem os potenciais interessante ainda foi a observação de que parece
mecanismos que associam a abundância de existir uma correlação do tipo “dose-resposta”
Akkermansia com alterações no metabolismo do entre a população desta bactéria e parâmetros
hospedeiro, indicando que esta bactéria pode clínicos, sugerindo que quanto maior a abundância
representar um importante biomarcador de saúde de A. muciniphila menor é o risco cardiometabólico
(19). Sendo assim, passou a ser considerada uma (8). Ademais, vale destacar que nos últimos anos foi
candidata promissora a probiótico de próxima identificado que o uso de metformina –
geração (19). antidiabético oral mais utilizado no mundo – pode
afetar diretamente a composição da microbiota
intestinal por estimular o aumento expressivo de A.
muciniphila e de células de Goblet (20–22) .

RBNSI | 1ª edição 13
ARTIGO

Buscando verificar os efeitos, viabilidade e MODULAÇÃO DE AKKERMANSIA


tolerância desta bactéria para uso em humanos,
Nos últimos anos várias intervenções nutricionais,
recentemente foi publicado um estudo que avaliou
principalmente em modelos animais, têm se
a suplementação de A. muciniphila em indivíduos
mostrado capazes de afetar a abundância de
com síndrome metabólica. Os autores concluíram
Akkermansia (27). Há fortes evidências que
que ela é segura e eficaz para o tratamento de
apontam para a dieta como principal responsável
doenças cardiometabólicas pois após três meses de
pela variação da composição da microbiota (4).
suplementação diária com 10 10 de unidades
Sugerindo, que a alimentação tem efeito direto
formadoras de colônias (UFC) houve melhora da
sobre este ecossistema (28,29). Nesse sentido, a
sensibilidade à insulina, redução do colesterol total
exposição crônica à gordura saturada se associa ao
e do LPS sérico em comparação ao grupo placebo
aumento de bactérias gram-negativas
(23). Notavelmente, um dos potenciais
potencialmente patogênicas no lúmen intestinal,
mecanismos-chave pelos quais a A. muciniphila age
além de alterar a permeabilidade da mucosa e
é por meio de compostos específicos como a
ativar o sistema imune, favorecendo inflamação
proteína Amuc_1100 (2). Em modelo animal, a
sistêmica de baixo grau e ocorrência de doenças
administração de A. muciniphila pasteurizada ou de
cardiometabólicas (30,31). Por outro lado, uma dieta
Amuc_1100 foi capaz de ativar o receptor Toll-like 2
rica em fibras contribui para a atenuação da
(TLR2) e aumentar a expressão das proteínas de
inflamação por estimular a proliferação de bactérias
junção apertada ( tight junctions ), que por sua vez
produtoras de AGCC, especialmente o butirato.
reverteram a obesidade induzida por dieta rica em
Diversos estudos indicam que a abundância de A.
gordura saturada e reduziram a resistência à
muciniphila reduz na presença de gordura
insulina (24). Inclusive, esta proteína é forte
saturada (32,33) e aumenta frente às fibras
candidata ao desenvolvimento de medicamentos
alimentares. Ademais, compostos como polifenóis,
voltados para anormalidades metabólicas (25).
prebióticos e até mesmo alguns probióticos podem
Contudo, apesar da patente para utilização desta
aumentar a população de Akkermansia (27).
bactéria ou qualquer parte relacionada a ela já ter
sido aplicada nos Estados Unidos da América com o
intuito de tratar distúrbios metabólicos e obesidade
(26), ainda não temos suplementos ou
medicamentos disponíveis no mercado com estas
características.

RBNSI | 1ª edição 14
ARTIGO

Prebióticos são substratos seletivamente utilizados Recentemente, nosso Grupo buscou pela
por micro-organismos do hospedeiro que trazem identificação de agrupamentos comuns de
efeitos favoráveis à saúde (34) e que além de agirem bactérias, chamados enterótipos, em uma amostra
sobre as doenças cardiometabólicas, podem de 268 brasileiros com hábitos alimentares
induzir a proliferação de bactérias benéficas, como distintos (onívoros, ovo-lacto-vegetarianos e
Bifidobacterium, Lactobacillus (35) e Akkermansia vegetarianos estritos) e encontrou que indivíduos
(2). Anteriormente acreditava-se que prebióticos com maior abundância do gênero Prevotella
seriam apenas polissacarídeos não-digeríveis, mas (enterótipo 2) apresentam abundâncias bacterianas
atualmente reconhece-se que outras substâncias significantes correlacionadas a um melhor perfil
como polifenóis e ácidos graxos poli-insaturados cardiometabólico, incluindo uma correlação
podem se encaixar na sua definição (35). A ação dos inversa com A. muciniphila e concentração de
prebióticos sobre as doenças metabólicas glicose plasmática. Assim como esperado, havia um
associadas à obesidade, se dá especialmente pela número maior de vegetarianos estritos neste
indução da diminuição da massa gorda, da enterótipo sugerindo, portanto, que a dieta rica em
resistência à insulina, da esteatose hepática e da fibras poderia ter desencadeado os benefícios
permeabilidade intestinal (2) aliadas ao aumento da intestinais e sistêmicos encontrados (16).
saciedade (36,37). É importante salientar que
A composição dos ácidos graxos per se parece
diversos extratos polifenólicos são capazes de inibir
contribuir com a modulação da população de A.
concomitantemente patógenos oportunistas e
muciniphila. Camundongos alimentados com
estimular a A. muciniphila em camundongos
banha de porco (gordura saturada) apresentaram
alimentados com uma dieta obesogênica (29,38,39).
diminuição acentuada desta bactéria acompanhada
Logo, os efeitos prebióticos tanto das fibras quanto
da redução da sensibilidade à insulina e maior
dos polifenóis podem afetar positivamente a
ativação de receptores do tipo Toll (TLRs)
composição e função da microbiota intestinal (40).
enquanto, a dieta rica em óleo de peixe (ômega 3)
aumentou a abundância de A. muciniphila e
diminuiu a inflamação sistêmica de baixo grau (41).

RBNSI | 1ª edição 15
ARTIGO

Estudos experimentais com a A. muciniphila têm Outro estudo sugere que indivíduos com excesso
revelado que na presença de uma dieta rica em de peso podem se beneficiar do tratamento com
gordura saturada a suplementação com esta probiótico isolado de Bifidobacterium animalis
bactéria é capaz de melhorar o perfil subsp. lactis 420™ (B420) ou combinado com
cardiometabólico, uma vez que diminui o ganho de polidextrose. Após seis meses de intervenção
peso, restaura a espessura da camada mucoide, houve o aumento de Akkermansia e melhora do
minimiza a endotoxemia metabólica e reduz a perfil de risco cardiometabólico em ambos os
resistência à insulina (32). Uma dieta baseada em grupos (44) .
vegetais é geralmente baixa em gordura saturada e
A relação entre dieta e modulação da microbiota
favorece, portanto, o aumento de bactérias
intestinal ainda apresenta inúmeras incertezas,
benéficas na microbiota intestinal humana. A
principalmente quanto aos mecanismos envolvidos
gordura proveniente da dieta vegetariana,
e temporalidade. Todavia, há indícios de que
predominantemente mono e poli-insaturadas, se
alterações benéficas na alimentação e uma
associa ao aumento de Bifidobacterium ,
suplementação terapêutica adequada, podem
Lactobacillus e Akkermansia muciniphila (42). Dados
promover uma composição microbiana mais
não publicados de nosso Grupo confirmam que
saudável, de modo a prevenir e até mesmo tratar
indivíduos vegetarianos estritos apresentam maior
distúrbios metabólicos relacionados à obesidade.
população de A. muciniphila quando comparados a
Considerando a especialização em degradação da
ovo-lacto-vegetarianos e onívoros.
mucina da A. muciniphila e os benefícios
associados, reconhece-se que ela pode ser
A suplementação com um mix de probióticos (
considerada um organismo-chave na interação
Lactobacillus rhamnosus LMG S-28148 e
microbiota-hospedeiro.
Bifidobacterium animalis subsp. lactis LMG P-28149)
mostrou-se capaz de restaurar a abundância de A.
muciniphila em camundongos com dieta rica em
gordura saturada. As análises de correlação
mostraram que a abundância desta bactéria foi
inversamente associada com ganho de peso
corporal (43).

RBNSI | 1ª edição 16
ARTIGO

REFERÊNCIAS
1. Tang WHW, Hazen SL. Microbiome, trimethylamine N-Oxide (TMAO), and 16. de Moraes ACF, Fernandes GR, da Silva IT, et al. Enterotype may drive the
cardiometabolic disease. Transl Res . 2017;179:108–15. dietary-associated cardiometabolic risk factors. Front Cell Infect Microbiol .2017;
7:47.
2. Cani PD: Human gut microbiome: hopes, threats and promises. Gut . 2018;
67(9):1716–25. 17. Naito Y, Uchiyama K, Takagi T. A next-generation beneficial microbe:
Akkermansia muciniphila . J Clin Biochem Nutr . 2018; 63(1):33–5.
3. Lazar V, Ditu LM, Pircalabioru GG, et al. Gut microbiota, host organism, and
diet trialogue in diabetes and obesity. Front Nutr . 2019; 6:21. 18. Zhang T, Li Q, Cheng L, et al. Akkermansia muciniphila is a promising
probiotic. Microb Biotechnol . 2019; 12(6):1109–25.
4. Sheflin AM, Melby CL, Carbonero F, Weir TL. Linking dietary patterns with gut
microbial composition and function. Gut Microbes . 2017; 8(2):113–29. 19. Cheng D, Xie M. A review of a potential and promising probiotic candidate -
Akkermansia muciniphila . J Appl Microbiol . 2020:1–10. doi: 10.1111/jam.14911
5. Belzer C, De Vos WM. Microbes inside from diversity to function: The case of
Akkermansia. ISME J . 2012; 6(8):1449–58. 20. Shin N-R, Lee J-C, Lee H-Y, et al. An increase in the Akkermansia spp
.population induced by metformin treatment improves glucose homeostasis in
6. Wilkins LJ, Monga M, Miller AW. Defining dysbiosis for a cluster of chronic diet-induced obese mice. Gut . 2014; 63(5):727–35.
diseases. Sci Rep . 2019; 9(1):12918.
21. Forslund K, Hildebrand F, Nielsen T, et al. Disentangling type 2 diabetes and
7. Xu Y, Wang N, Tan HY, et al. Function of Akkermansia muciniphila in obesity: metformin treatment signatures in the human gut microbiota. Nature . 2015;
interactions with lipid metabolism, immune response and gut systems. Front 528(7581):262–66.
Microbiol . 2020; 11:219.
22. McCreight LJ, Bailey CJ, Pearson ER: Metformin and the gastrointestinal tract.
8. Greer RL, Dong X, Moraes ACF, et al. Akkermansia muciniphila mediates Diabetologia . 2016; 59(3):426–35.
negative effects of IFNγ on glucose metabolism. Nat Commun . 2016; 7:13329.
23. Depommier C, Everard A, Druart C, et al. Supplementation with Akkermansia
9. Cani PD, Bibiloni R, Knauf C, et al. Changes in gut microbiota control metabolic muciniphila in overweight and obese human volunteers: a proof-of-concept
diet–induced obesity and diabetes in mice. Diabetes . 2008; 57(6):1470–81. exploratory study. Nat Med . 2019; 25(7):1096–103.

10. Tseng C, Wu C. The gut microbiome in obesity. J Formos Med Assoc . 2018; 24. Shih CT, Yeh YT, Lin CC, et al. Akkermansia muciniphila is
118(Suppl 1):S3-S9. negativelycorrelated with hemoglobin a1c in refractory diabetes. Microorganisms
. 2020; 8(9):1360.
11. Rastelli M, Knauf C, Cani PD. Gut microbes and health: a focus on the
mechanisms linking microbes, obesity, and related disorders. Obesity . 2018; 25. Cani PD, de Vos WM: Next-generation beneficial microbes: The case of
26(5):792–800. Akkermansia muciniphila . Front Microbiol . 2017; 8:1765.

12. Velasquez MT. Altered gut microbiota: A link between diet and themetabolic 26. Cani PD, Everard A, Belzer C, et al. Use of Akkermansia for treating metabolic
syndrome. Metab Syndr Relat Disord . 2018; 16(7):321–28. disorders. 2020:16/723,723.

13. Cani PD, Van Hul M, Lefort C, et al. Microbial regulation of organismal energy 27. Derrien M, Belzer C, de Vos WM. Akkermansia muciniphila and its role in
homeostasis. Nat Metab . 2019; 1(1):34–46. regulating host functions. Microb Pathog . 2017; 106:171–81.

14. Cani PD, Geurts L, Matamoros S, et al. Glucose metabolism: Focus on gut 28. De Filippo C, Di Paola M, Ramazzotti M, et al. Diet, environments, and gut
microbiota, the endocannabinoid system and beyond. Diabetes Metab . 2014; microbiota. A preliminary investigation in children living in rural and Urban
40(4):246–57. Burkina Faso and Italy. Front Microbiol . 2017; 8:1979.

15. Dao MC, Everard A, Aron-Wisnewsky J, et al. Akkermansia muciniphila and 29. Rodríguez-Daza MC, Roquim M, Dudonné S, et al. Berry polyphenols and
improved metabolic health during a dietary intervention in obesity: relationship fibers modulate distinct microbial metabolic functions and gut microbiota
with gut microbiome richness and ecology. Gut . 2016; 65(3):426–36. enterotype-like clustering in obese mice. Front Microbiol . 2020; 11:2032.

RBNSI | 1ª edição 17
ARTIGO

30. Franco-De-Moraes AC, De Almeida-Pititto B, Fernandes GR, et al. Worse 42. Singh RK, Chang H-W, Yan D, et al. Influence of diet on the gut microbiome
inflammatory profile in omnivores than in vegetarians associates with the gut and implications for human health. J Transl Med . 2017; 15(1):73.
microbiota composition. Diabetol Metab Syndr . 2017; 9:62.
43. Alard J, Lehrter V, Rhimi M, et al. Beneficial metabolic effects of selected
31. Lee CY: The effect of high-fat diet-induced pathophysiological changes in the probiotics on diet-induced obesity and insulin resistance in mice are associated
gut on obesity: what should be the ideal treatment? Clin Transl Gastroenterol . with improvement of dysbiotic gut microbiota. Environ Microbiol . 2016
2013; 4(7):e39. 18(5):1484–97.

32. Everard A, Belzer C, Geurts L, et al. Cross-talk between Akkermansia 44. Hibberd AA, Yde CC, Ziegler ML, et al. Probiotic or synbiotic alters the gut
muciniphila and intestinal epithelium controls diet-induced obesity. PNAS . 2013; microbiota and metabolism in a randomised controlled trial of weight
110(22):9066–71. management in overweight adults. Benef Microbes . 2019; 10(2):121–35.

33. Schneeberger M, Everard A, Gómez-Valadés AG, et al. A kkermansia


muciniphila inversely correlates with the onset of inflammation, altered adipose
tissue metabolism and metabolic disorders during obesity in mice. Sci Rep . 2015;
5:16643.

34. Sanders ME, Merenstein DJ, Reid G, et al. Probiotics and prebiotics in
intestinal health and disease: from biology to the clinic. Nat Rev Gastroenterol
Hepatol . 2019; 16(10):605–16.

35. Gibson GR, Hutkins R, Sanders ME, et al. Expert consensus document: The
International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics (ISAPP)
consensus statement on the definition and scope of prebiotics. Nat Rev
Gastroenterol Hepatol. 2017; 14(8):491–502.

36. Cani PD, Lecourt E, Dewulf EM, et al. Gut microbiota fermentation of
prebiotics increases satietogenic and incretin gut peptide production with
consequences for appetite sensation and glucose response after a meal. Am J
Clin Nutr . 2009; 90(5):1236–43.

37. Davani-Davari D, Negahdaripour M, Karimzadeh I, et al. Prebiotics: definition,


types, sources, mechanisms, and clinical applications. Foods . 2019; 8(3):92. 38.
Roopchand DE, Carmody RN, Kuhn P, et al. Dietary polyphenols promote growth
of the gut bacterium Akkermansia muciniphila and attenuate high-fat diet-
induced metabolic syndrome. Diabetes . 2015; 64(8):2847–58.

39. Zhou K. Strategies to promote abundance of Akkermansia muciniphila , an


emerging probiotics in the gut, evidence from dietary intervention studies. J
Funct Foods . 2017; 33:194–201.

40. Verhoog S, Taneri PE, Díaz ZMR, et al. Dietary factors and modulation of
bacteria strains of Akkermansia muciniphila and Faecalibacterium prausnitzii: A
systematic review. Nutrients . 2019; 11(7):1565.

41. Caesar R, Tremaroli V, Kovatcheva-Datchary P, et al. Crosstalk between gut


microbiota and dietary lipids aggravates WAT inflammation through TLR
signaling. Cell Metab . 2015; 22(4):658–68.

RBNSI | 1ª edição 18
ARTIGO

RBNSI | 1ª edição 19
ARTIGO

A obesidade, condição caracterizada pelo excesso


de adiposidade visceral em conjunto com o
O aumento na permeabilidade intestinal também é
um fator muito importante, favorecendo a entrada
aumento de processos inflamatórios, é fortemente de lipoporissacarídeos, (presentes nas membranas
associada à resistência à insulina, diabetes mellitus das bactérias gram negativas) na circulação,
do tipo 2 (DM2), aterosclerose e dislipidemias consequentemente gerando respostas
(Hipercolesterolemia e Hipertrigliceridemia). imunológicas (interação com TLR4) e aumento de
Porém tal condição tem se mostrado cada vez mais processos inflamatórios, por ativação também da
complexa, e estudos apontam também que a via NFKb, conhecido como inflamação crônica de
composição da microbiota e saúde intestinal pode baixo grau, fator que também pode auxiliar no
ter um papel muito relevante nesse processo. aumento de peso progressivo e piora em
sinalizações metabólicas, podendo ser o início das
Mas qual o papel do intestino e microbiota na
diversas Doenças Crônicas Não Transmissíveis
obesidade e suas comorbidades?
(DCNT) citadas acima (Sanmiguel et al., 2015).
E não para por aí; a obesidade também é
caracterizada por diversas modificações na E pela extensa ligação da microbiota com o

composição da microbiota como diminuição da metabolismo do hospedeiro de maneira geral, a

diversidade da, aumento da razão suplementação de probióticos vem sendo estudada

firmicutes/bacteroidetes, razão essa vinculada ao em várias óticas.

aumento de extração energética dos alimentos Potenciais aplicações terapêuticas dos probióticos
pelas bactérias, fermentando carboidratos não na obesidade
digeríveis e aumentando a produção No manejo das principais comorbidades
principalmente de acetato e propionato, os quais relacionadas à obesidade, evidencias sugerem um
em excesso podem induzir à lipogênese; sendo potencial auxílio:
também tal disbiose responsável pela inibição do
FIAF (fasting induced adipose fator) fator inibitório
da enzima LPL, favorecendo assim um aumento de
sua atividade e maior deposição de ácidos graxos
no tecido adiposo (van de Wouw et al., 2017) (Khan
et al., 2016)

RBNSI | 1ª edição 20
ARTIGO

Diminuição de CT e LDL: A presença das Melhora da Permeabilidade Intestinal: A


hidrolases em algumas famílias de cepas como diminuição da resposta inflamatória possivelmente
Lactobacillus e Biffidobacterium tem o potencial de também é efeito da melhora na permeabilidade
desconjugar o ácido biliar presente no intestino, intestinal. Algumas cepas como L. plantarum e
dificultando assim sua reabsorção e forçando o Bifidobacterium Longum podem reforçar o epitélio
fígado a mobilizar mais colesterol para produção de intestinal pelo aumento da expressão de mRNA
mais ácidos biliares (Begley et al., 2016). Outro MUC3 e consequentemente produção de
possível mecanismo de ação é a inibição da enzima glicoproteínas chamadas mucinas, além de
HMG-Coa redutase, etapa limitante na síntese de também aumento na expressão de claudina-1 e
colesterol, pela via de ativação da AMPK ocludina, fatores que atuam nas junções do epitélio
intestinal, diminuindo assim a entrada de LPS na
Diabetes melitus 2: O auxílio na manutenção da
circulação e consequentemente menor ativação da
glicose parece estar ligada aos Ácidos Graxos de
via NFKb (Kim et al., 2018) (Mack et al., 2003).
Cadeia Curta, principalmente o butirato com os
receptores FFAR2 e FFAR3 (G-protein–coupled free Existem evidências sobre a suplementação de
fatty acid receptor) presentes nas células L dos probióticos no Emagrecimento ?
enterócitos, aumentando então a excreção de
Sim, algumas revisões sistemáticas como as de
GLP1, o qual exerce o papel de incretina, auxiliando
John et al., 2018 e Borgeraas et al., 2018 corroboram
na liberação de insulina (Yadav et al., 2013) (Tolhurst
com os resultados em diversos estudos clínicos de
et al., 2012).
que a suplementação de cepas pode auxiliar na
Efeito anti inflamatório: A diminuição da perda de peso, porém tal perda de peso parece não
inflamação também auxilia na melhora dos ter grande expressividade.
marcadores acima de maneira geral. Nesse
Algumas das teorias para tal melhora poderiam ser
contexto, o butirato vem sendo cada vez mais
pela desconjugação do ácido biliar, impedindo
evidenciado por suas funções imunomodulatórias.
assim a absorção dos AGLs (Chung et al., 2016).
Tal mecanismo de ação é proposto pela importante
diminuição na expressão de importantes
mediadores inflamatórios como TNFa, IL- 1β, IL-6 e
IL-17, via inibição da via NFKb, além de estimular a
atividade regulatória (Produção de IL-10 pelas
células células Treg) (Park et al., 2016; Asarat et al.,
2016).
RBNSI | 1ª edição 21
ARTIGO

Como já citado assim, a capacidade de Essa área é muito vasta e ainda há muitos estudos a
reconstituição a barreira intestinal e aumento da serem feitos, porém pelo que os estudo trazem ate
produção de mucinas ocludinas e claudinas podem o momento a utilização do probióticos na
ser um potencial fator contribuinte para a obesidade/ emagrecimento parece promissor por
diminuição da endotoxemia e consequentemente 1-) Auxiliar diretamente na saúde (diminuição da
melhora de inflamação e perda de peso, além de inflamação, melhora da permeabilidade, conversão
prevenir a adesão de outros patógernos no de colesterol), 2-) Atuar indiretamente na perda de
intestino. peso (relação com a produção de incretinas).

Outra teoria interessante seria a da indução do Alguns fatores limitantes nos estudos seria o tempo
aumento da expressão de FIAF, ou ANGPTL4 e intervenção e a extensa variedade de cepas e
consequentemente uma maior inibição da enzima posologias (cápsulas, alimentos fermentáveis, pó).
LPL, como visto Aronsson et al., 2010 pela Talvez por isso alguns resultados ainda sejam um
suplementação de cepas de Lactobacillus paracasei pouco contraditórios, porém muito animadores,
em ratos. Uma possível rota para tal ativação seria visto a capacidade do intestino de se comunicar
pelos PPARs. com o metabolismo de forma geral por diferentes
eixos. Abaixo colocamos uma tabela de alguns dos
Uma potencial ótica a ser estudada nesse quesito
estudos (probióticos e obesidade) que tiveram
porém não muito explorada ainda seria pelo
resultados positivos com a utilização destas
aumento da sinalização de saciedade pelos
combinações em especifico.
subprodutos dos probióticos ( AGCCs e ácidos
biliares desconjugados) e sua interação com os
receptores GPCRs, localizados nas células L dos
enterócitos, secretando importantes reguladores
de saciedade GLP1 e PYY (Ullmer et al.,2013). Porém
tal efeito ainda parece controverso em estudos
com humanos.

RBNSI | 1ª edição 22
ARTIGO

REFERÊNCIAS:
Aronsson L, Huang Y, Parini P, Korach-André M, Håkansson J, Gustafsson JÅ, Yadav H, Lee JH, Lloyd J, Walter P, Rane SG. Beneficial metabolic effects of a
Pettersson S, Arulampalam V, Rafter J. Decreased fat storage by Lactobacillus probiotic via butyrate-induced GLP-1 hormone secretion. J Biol Chem. 2013 Aug
paracasei is associated with increased levels of angiopoietin-like 4 protein 30;288(35):25088-97. doi: 10.1074/jbc.M113.452516. Epub 2013 Jul 8. PMID:
(ANGPTL4). PLoS One. 2010 Sep 30;5(9):e13087. doi: 10.1371/journal.pone.0013087. 23836895;

Asarat M, Apostolopoulos V, Vasiljevic T, Donkor O. Short-Chain Fatty Acids Madjd A, Taylor MA, Mousavi N et al. Comparison of the effect of daily
Regulate Cytokines and Th17/Treg Cells in Human Peripheral Blood consumption of probiotic compared with low-fat conventional yogurt on weight
Mononuclear Cells in vitro. Immunol Invest. 2016;45(3):205-22. doi: loss in healthy obese women following an energy-restricted diet: a randomized
10.3109/08820139.2015.1122613. controlled trial Am J Clin Nutr 2016; 103(2): 323–329.

Begley M, Hill C, Gahan CG. Bile salt hydrolase activity in probiotics. Appl Environ Michael DR, Jack AA, Masetti G, et al. A randomised controlled study shows
Microbiol. 2006;72(3):1729-1738. doi:10.1128/AEM.72.3.1729-1738.2006 supplementation of overweight and obese adults with lactobacilli and
bifidobacteria reduces bodyweight and improves well-being. Sci Rep.
Blundell, J.E., Caudwell, P., Gibbons, C., Hopkins, M., Na€slund, E., King, N.A., and 2020;10(1):4183. Published 2020 Mar 6. doi:10.1038/s41598-020-60991-7.
Finlayson, G. (2012). Body composition and appetite: fat-free mass (but not fat
mass or BMI) is positively associated with self-determined meal size and daily M.Zarrati,E.Salehi,K.Nourijelyani et al.,“Effects of probiotic yogurt on fat
energy intake in humans. Br. J. Nutr. 107, 445–449. distribution and gene expression of proinflammatory factors in peripheral blood
mononuclear cells in overweight and obese people with or without weight-loss
Khan MJ, Gerasimidis K, Edwards CA, Shaikh MG. Role of Gut Microbiota in the diet,” Journal of the AmericanCollege of Nutrition, vol. 33,no. 6, pp. 417–425,2014
Aetiology of Obesity: Proposed Mechanisms and Review of the Literature. J Obes.
2016;2016:7353642. doi: 10.1155/2016/7353642. Szulińska M, Łoniewski I, van Hemert S, Sobieska M, Bogdański P. Dose-
Dependent Effects of Multispecies Probiotic Supplementation on the
Kim WG , Kim HI , Kwon EK , Han MJ , Kim DH . Lactobacillus plantarum LC27 Lipopolysaccharide (LPS) Level and Cardiometabolic Profile in Obese
and Bifidobacterium longum LC67 mitigate alcoholic steatosis in mice by Postmenopausal Women: A 12-Week Randomized Clinical Trial. Nutrients. 2018
inhibiting LPS-mediated NF-κB activation through restoration of the disturbed Jun 15;10(6):773. doi: 10.3390/nu10060773. PMID: 29914095; PMCID:
gut microbiota. Food Funct. 2018 Aug 15;9(8):4255-4265. doi: 10.1039/c8fo00252e. PMC6024794.
PMID: 30010169.

Maldonado Galdeano C, Cazorla SI, Lemme Dumit JM, Vélez E, Perdigón G.


Beneficial Effects of Probiotic Consumption on the Immune System. Ann Nutr
Metab. 2019;74(2):115-124. doi:10.1159/000496426

Park JS, Lee EJ, Lee JC, Kim WK, Kim HS. Anti-inflammatory effects of short chain
fatty acids in IFN-gamma-stimulated RAW 264.7 murine macrophage cells:
involvement of NF-kappaB and ERK signaling pathways. Int Immunopharmacol.
2007 Jan;7(1):70-7. doi: 10.1016/j.intimp.2006.08.015.

Sanchez M, Darimont C, Panahi S, Drapeau V, Marette A, Taylor VH, Doré J,


Tremblay A. Effects of a Diet-Based Weight-Reducing Program with Probiotic
Supplementation on Satiety Efficiency, Eating Behaviour Traits, and Psychosocial
Behaviours in Obese Individuals. Nutrients. 2017 Mar 15;9(3):284. doi:
10.3390/nu9030284.

Tolhurst G, Heffron H, Lam YS, Parker HE, Habib AM, Diakogiannaki E, Cameron
J, Grosse J, Reimann F, Gribble FM. Short-chain fatty acids stimulate glucagon-
like peptide-1 secretion via the G-protein-coupled receptor FFAR2. Diabetes.
2012 Feb;61(2):364-71. doi: 10.2337/db11-1019
RBNSI | 1ª edição 23
ARTIGO

KOMBUCHA
KOMBUCHA:
RBNSI | 1ª edição 24
ARTIGO

O s alimentos fermentados fazem parte do


consumo alimentar habitual de muita gente, e seu
As bactérias dominantes da cultura do chá de
Kombucha são as do ácido acético, que são
potencial efeito benéfico à saúde por ser um bactérias aeróbias. Essas bactérias, ao contrário das
potencial agente terapêutico tem aumentado o leveduras, requerem grandes quantidades de
interesse de pesquisadores pelo assunto. De acordo oxigênio para seu crescimento e atividade, por esse
com estudos, a ingestão de alimentos fermentados motivo a produção de Kombucha necessita de
pode exercer influência sobre o epitélio intestinal, oxigenação para sua fermentação (2).
células do sistema imunológico e enteroendócrinas
Os componentes mais importantes identificados na
de maneira semelhante às cepas probióticas (1).
bebida fermentada incluem: ácidos orgânicos,
Dentro desses alimentos fermentados, temos o chá principalmente ácido acético, ácido lático, ácido
fermentado conhecido como Kombucha. Esse chá glucônico, ácido glicurônico. Além disso, o
já era consumido na China à 5.000 anos atrás, Kombucha contém vitaminas do complexo B (B1,
sendo considerado o mais antigo medicamento B2, B3, B6, B12 ácido fólico), vitamina C, minerais
conhecido por seus efeitos terapêuticos (2). (íons de zinco, cobre, ferro e manganês), etanol,

A Kombucha é uma bebida fermentada que passa glicerol, dióxido de carbono, enzimas,

por um bioprocesso a partir de um consórcio gluconolactona, catequinas de chá e cafeína, e os

gelatinoso de leveduras e bactérias (SCOBY) obtido polifenóis envolvidos são flavonóides e ácidos

da infusão de folhas de chá verde ou preto fenólicos (7,8).

(Camellia sinensis) adoçado com sacarose, após a O gênero Gluconacetobacter e Komagataeibacter


fermentação, o kombucha se torna um coquetel de são bactérias que participam da produção de ácido
componentes químicos (3,4). glucônico e glucurônico por uma reação de

O SCOBY da kombucha é composto por uma oxidação pela ação da enzima glicose

combinação de bactérias do ácido acético (por desidrogenase. As leveduras têm funções

exemplo, Komagataeibacter, Gluconobacter e importantes devido às suas altas capacidades

espécies de Acetobacter), bactérias de ácido láctico fermentativas, liberando grandes quantidades de

(Lactobacillus, Lactococcus), e leveduras polissacarídeos (5).

(Schizosaccharomyces pombe, Saccharomycodes


ludwigii, Kloeckera apiculata, Saccharomyces
cerevisiae, Zygosaccharomyces bailii, Torulaspora
delbrueckii, Brettanomyces bruxellensis) (2,4).
RBNSI | 1ª edição 25
ARTIGO

A comunidade microbiana pode variar entre Os trabalhos relacionados à tematica eixo


diferentes fermentações de Kombucha intestino-cérebro, sugerem que a hiperativiadde do
dependendo da fonte do inóculo usado, da eixo HPA é um fenômeno característico de doenças
concentração de açúcar e chá, o tempo de intestinais quadros de estresse crônico e depressão
fermentação e a temperatura usada. Qualquer (18).
mudança nas condições de fermentação pode
Além desta importante comunicação com a
afetar o produto final (2,6)
atividade do sistema imunológico, algumas
Kombuchá é a bebida funcional o qual seu espécies especificas da microbiota intestinal
consumo vem se tornando bastante popular, ele é e produzem precursores e neurotransmissores na
um dos fermentados de baixo teor alcoólico mais região intestinal. Entre eles, Bifidobacterium
populares no mundo (4). A fama do Kombucha infantis, Candida, Streptococcus, Escherichia e
como alimento funcional é impulsionada por seus Enterococcus spp elevam os níveis plasmáticos de
benefícios à saúde, que incluem atividade triptofano, e, assim, influenciam a produção de
antimicrobiana, antioxidante, anti-carcinogênico serotonina central (5-HT).
(7,9), antidiabético (10,11), tratamento para úlceras
A Kombucha mostrou em diversos estudos seus
gástricas (12), colesterol alto (13), demonstrou ter
benefícios na atividade intestinal (4,16,20) afetando
impacto na resposta imune (14), desintoxicação do
positivamente os marcadores neurológicos (18),
fígado (15), atividade antiinflamatória (2) e melhora
afirmando uma relação direta entre o consumo de
das funções gastrointestinais (16).
Kombucha e o eixo intestino cérebro, podendo ser
A literatura mostra uma inegável relação entre a este alimento fermentado um potente aliado para o
atividade intestinal e alterações de marcadores tratamento da depressão.
neurológicas com o consumo de kombucha (17).
Embora o Kombucha seja cada vez mais conhecido,
Atualmente, já se sabe que existe uma grande
ainda temos muito a descobrir, possivelmente
interação entre a atividade do sistema imunológico
daqui a alguns anos teremos muito pais evidência
e os microrganismos que habitam o intestino.
cientifica de qualidade apontando com mais
Citocinas produzidas na região intestinal podem
precisão os metabólitos produzidos pelo chá
atingir a corrente sanguínea e chegar até o SNC
fermentado e suas rotas metabólicas em estudos
(cérebro), causando alterações na atividade do eixo
clínicos.
hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA).

RBNSI | 1ª edição 26
ARTIGO

Em relação ao consumo diário para se obter os 1. Marco ML, Heeney D, Binda S, Cifelli CJ, Cotter PD, Foligne B, et al. Health
benefits of fermented foods: microbiota and beyond. Curr Opin Biotechnol.
benefícios para as diversas condutas terapêuticas, é 2017;44:94–102.

importante ressaltarmos a dificuldade de se


2. Villarreal-soto SA, Beaufort S, Bouajila J, Souchard J, Taillandier P.
estimar tais valores, pois ainda não temos estudos Understanding Kombucha Tea Fermentation: A Review. J Food Sci. 2018;83.

clínicos realizados na temática, porém estudos que


3. Jayabalan R, Malba ˇ R V, Lon ˇ ES, Vitas JS, Sathishkumar M. A Review on
estão sendo realizados no momento sugerem que Kombucha Tea — Microbiology , Composition , Fermentation , Beneficial Effects ,
Toxicity , and Tea Fungus. 2014;13.
possivelmente a quantidade de consumo diário
deva ser igual ou acima de 100 ml/ dia. 4. Kapp JM, Sumner W. Kombucha: a systematic review of the empirical evidence
of human health benefit. Ann Epidemiol. 2019;30:66–70.

REFERÊNCIAS: 5. Villarreal-soto SA, Bouajila J, Pace M, Leech J, Cotter PD, Souchard J, et al.
1. Marco ML, Heeney D, Binda S, Cifelli CJ, Cotter PD, Foligne B, et al. Health International Journal of Food Microbiology Metabolome-microbiome signatures
benefits of fermented foods: microbiota and beyond. Curr Opin Biotechnol. in the fermented beverage , Kombucha. Int J Food Microbiol [Internet].
2017;44:94–102. 2020;333(July):108778.

2. Villarreal-soto SA, Beaufort S, Bouajila J, Souchard J, Taillandier P. 6. Gedela BM, Potu KC. A Case of Hepatotoxicity Related to Kombucha Tea
Understanding Kombucha Tea Fermentation: A Review. J Food Sci. 2018;83. Consumption. SD Med. 2016;69(January).

3. Jayabalan R, Malba ˇ R V, Lon ˇ ES, Vitas JS, Sathishkumar M. A Review on 7. Vázquez-Cabral BD, Larrosa-Pérez M, Gallegos-Infante JA, Moreno-Jiménez
Kombucha Tea — Microbiology , Composition , Fermentation , Beneficial Effects , MR, González-Laredo RF, Rutiaga-Quiñones JG, et al. Oak kombucha protects
Toxicity , and Tea Fungus. 2014;13. against oxidative stress and inflammatory

4. Kapp JM, Sumner W. Kombucha: a systematic review of the empirical evidence 8. Kaczmarczyk D, Lochyński S. Products of biotransformation of tea infusion -
of human health benefit. Ann Epidemiol. 2019;30:66–70. Properties and application. POLISH J Nat Sci. 2014;29(4).

5. Villarreal-soto SA, Bouajila J, Pace M, Leech J, Cotter PD, Souchard J, et al. 9. Jayabalan R, Chen P, Hsieh Y, Prabhakaran K, Pitchai P. Effect of solvent
International Journal of Food Microbiology Metabolome-microbiome signatures fractions of kombucha tea on viability and invasiveness of cancer cells—
in the fermented beverage , Kombucha. Int J Food Microbiol [Internet]. Characterization of dimethyl 2-(2-hydroxy-2-methoxypropylidine) malonate and
2020;333(July):108778. vitexin. Indian J Biotechnol. 2011;10(May 2015).

6. Gedela BM, Potu KC. A Case of Hepatotoxicity Related to Kombucha Tea 10. Aloulou A, Hamden K, Elloumi D, Ali MB, Hargafi K, Jaouadi B, et al.
Consumption. SD Med. 2016;69(January). Hypoglycemic and antilipidemic properties of kombucha tea in alloxan-induced
diabetic rats. BMC Complement Altern Med. 2012;12.
7. Vázquez-Cabral BD, Larrosa-Pérez M, Gallegos-Infante JA, Moreno-Jiménez
MR, González-Laredo RF, Rutiaga-Quiñones JG, et al. Oak kombucha protects 11. Bhattacharya S, Gachhui R, Sil PC. Effect of Kombucha , a fermented black tea
against oxidative stress and inflammatory in attenuating oxidative stress mediated tissue damage in alloxan induced
diabetic rats. Food Chem Toxicol. 2013;60:328–40.
8. Kaczmarczyk D, Lochyński S. Products of biotransformation of tea infusion -
Properties and application. POLISH J Nat Sci. 2014;29(4). 12. Banerjee D, Hassarajani SA, Maity B, Narayan G, Bandyopadhyay K.
Comparative healing property of kombucha tea and black tea against
9. Jayabalan R, Chen P, Hsieh Y, Prabhakaran K, Pitchai P. Effect of solvent indomethacin-induced gastric ulceration in mice: possible mechanism of action.
fractions of kombucha tea on viability and invasiveness of cancer cells— Food Funct. 2010;1:284–93.
Characterization of dimethyl 2-(2-hydroxy-2-methoxypropylidine) malonate and
vitexin. Indian J Biotechnol. 2011;10(May 2015). 13. Yang Z, Ji B, Zhou F, Li B, Luo Y, Yang L. Hypocholesterolaemic and antioxidant
effects of kombucha tea in high-cholesterol fed mice. J Sci Food Agric.
2009;89(August 2008):150–6.

RBNSI | 1ª edição 27
ARTIGO

4. Ram MS, Anju B, Pauline T, Prasad D, Kain AK, Mongia SS, et al. Effect of
Kombucha tea on chromate ( VI ) -induced oxidative stress in albino rats. J
Ethnopharmacol. 2000;71:235–40.

15. Loncar ES, Petrovic SE, Malbasa RV, Verac R. Biosynthesis of glucuronic acid
by means of tea fungus. Food Nahrung. 2000;44.

16. Leal JM, Suárez LV, Jayabalan R, Oros H, Escalante-aburto A. A review on


health benefits of kombucha nutritional compounds and metabolites. CyTA - J
Food [Internet]. 2018;16(1):390–9.

17. Werner F-M, Coveñas R. Classical Neurotransmitters and Neuropeptides


Involved in Major Depression: a Review. Int J of Neuroscience.

18. Dinan TG, Cryan JF. The Microbiome - Gut - Brain Axis in Health and Disease.
Gastroenterol Clin N Am [Internet]. 2017;46(1):77–89.

19. Moritz B, Manosso LM. Nutrição Clínica Funcional: Neurologia. VP Editora.


São Paulo; 2013. 240 p.

20. Villarreal-soto SA, Beaufort S, Bouajila J, Souchard J, Taillandier P.


Understanding Kombucha Tea Fermentation: A Review. J Food Sci. 2018;83(3).

RBNSI | 1ª edição 28
CONF

ERE E
O

NC
S T I N
E

I N T
1º CONGRESSO BRASILEIRO DE
GASTROENTEROLOGIA FUNCIONAL E
NUTRIGENOMICA

SAVE THE DATE


13-14.03.2020

Você também pode gostar