Você está na página 1de 63

U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

LEGISLAÇÃO, NORMAS, PROJETOS E


PLANOS DE ENGENHARIA EM SCI

Impressão
e
Editoração

0800 283 8380


www.ucamprominas.com.br
2

SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3


UNIDADE 2 – LEGISLAÇÃO, NORMAS E INSTRUÇÕES ........................................ 5
UNIDADE 3 – RESPONSABILIDADES CIVIL E CRIMINAL .................................... 22
UNIDADE 4 – PROJETO DE ENGENHARIA EM SCI .............................................. 24
UNIDADE 5 – PLANOS DE SEGURANÇA .............................................................. 39
UNIDADE 6 – PLANO DE INTERVENÇÃO DE INCÊNDIO – INSTRUÇÃO
TÉCNICA DO CORPO DE BOMBEIROS ................................................................. 42
UNIDADE 7 – IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DE INCÊNDIOS .......... 45
UNIDADE 8 – BRIGADAS DE INCÊNDIO................................................................ 52
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 58
3

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

Elaborar projetos e planos (sejam eles de segurança, de emergência, de


intervenção) requer conhecer a legislação vigente, possuir dados que entrarão num
sistema, serão processados e teremos na saída, grupos de soluções para atender
um determinado objetivo.

Em se tratando da área de estudo, o cerne da engenharia de segurança


contra incêndio trata do estabelecimento de objetivos claros a ser alcançados para a
segurança dos ocupantes da edificação, da criação de uma estratégia de segurança
contra incêndio (considerando-se todos os possíveis cenários de incêndio) e,
finalmente, implementar essa estratégia condensada. Engenharia de segurança
contra incêndio considera incêndios “reais”, em edificações “reais”, ocupadas por
pessoas “reais” (PANNONI; SILVA, 2008).

Enfim, a engenharia de segurança contra incêndio considera a existência de


um conjunto de medidas de segurança contra incêndio (um “pacote global”),
fornecendo uma solução mais abrangente, científica e, até mesmo mais econômica.

Partindo da premissa de que todo risco necessita ser avaliado segundo a


probabilidade de ocorrência e gravidade das consequências, então, nosso caminho
neste módulo, passará pela legislação, normas, responsabilidades dos profissionais,
projetos, planos de segurança e intervenção, os impactos ambientais decorrentes
desses sinistros e o papel da Brigada de Incêndio, ressaltando que:

1) Os objetivos do projeto de segurança contra incêndio devem ser


claramente definidos nos primeiros estágios do projeto. A proteção à vida sempre
será o primeiro objetivo a ser alcançado, mas o impacto financeiro de um incêndio
sobre o negócio, como resultado direto das perdas da propriedade e da produção,
também são importantes considerações (PANNONI; SILVA, 2008).

2) O Plano de Intervenção de Incêndio consiste num planejamento prévio


para a provável ocorrência de uma emergência e visa a facilitar o reconhecimento da
edificação por parte das equipes de emergência. Por meio dele busca-se garantir:

a) a segurança da população do edifício;

b) a segurança da população das edificações vizinhas;


4

c) a segurança dos profissionais responsáveis pelo socorro, no caso de


haver um incêndio;

d) o controle da propagação de incêndios;

e) a proteção do meio ambiente (IT nº 16/2004/CBMSP).

Como se observa, ambos projeto e plano convergem para os mesmos


objetivos: segurança!

Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como


premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.

Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se


outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos
estudos.
5

UNIDADE 2 – LEGISLAÇÃO, NORMAS E INSTRUÇÕES

Embora nosso interesse paire sobre as normas voltadas para segurança


contra incêndios e pânico, precisamos dar uma brevíssima revisada na hierarquia
das leis, para termos um mínimo de embasamento sobre legislação.

A hierarquia das fontes formais no nosso sistema de direito é a seguinte:

 1° - constituição e leis constitucionais (emendas constitucionais);

 2° - leis complementares;

 3° - leis ordinárias e tratados internacionais incorporados ao direito interno.


Dentre as leis, as federais predominam sobre as estaduais e estas sobre as
municipais, enquanto a complementar prevalece sobre a lei ordinária;

 4° - costume;

 5° - contratos coletivos de trabalho, que, desde que não transgridam norma


de ordem pública, têm valor de lei ordinária;

 6° - regulamentos. Princípios gerais do direito, quando inexistir norma a ser


aplicada ao caso concreto, isto é, no caso de lacuna;

 essa hierarquia das fontes formais, ou seja, das normas do direito positivo,
significa que o juiz, ao ter de decidir um caso, só deve aplicar uma fonte
quando não existir outra imediatamente superior (GUSMÃO, 2011).

Em resumo:

 legislação – conjunto de leis acerca de determinada matéria;

 lei – regra de direito ditada pela autoridade estatal e tornada obrigatória para
manter, numa comunidade, a ordem e o desenvolvimento;

 regulamento – conjunto de regras e normas.

Quanto à legislação nacional de proteção contra incêndios, esta surgiu na


década de 70, após algumas grandes catástrofes no país, nas quais acarretaram
danos irremediáveis tanto à vida humana quanto à patrimonial.
6

Falamos surgiu, mas na verdade e concordando com Seito (2009) que fala
com muita propriedade sobre o assunto, essa legislação praticamente inexiste. O
que temos de mais concreto, e mesmo assim requer muita crítica, são as normas
reguladoras que no geral exige um local de trabalho seguro ao trabalhador.

Para Seito (2009), essas normas precisam ser aperfeiçoadas com a


participação de vários setores da sociedade.

A primeira Norma Reguladora – voltada enfaticamente para incêndios é a


NR 23 – Proteção Contra Incêndios, Portaria GM nº 3.214, de 08 de junho de 1978,
que regulamenta a Lei Trabalhista de acordo com a Lei 6.514, de 22 de dezembro
de 1977, estabeleceu os requisitos básicos referentes à proteção básica contra
incêndios em edificações que são as saídas de emergência, equipamentos
necessários, sendo eles fixos ou móveis, e treinamento adequado aos ocupantes.

Fritsch (2011) nos lembra que cada Estado brasileiro, além do cumprimento
da NR 23, possui a sua legislação específica, portanto para a elaboração do Projeto
de Prevenção Contra Incêndios (PPCI), devemos consultar as mesmas.

Temos também, para áreas específicas, as convenções e recomendações


de organismos internacionais como, por exemplo, a Organização Internacional do
Trabalho (OIT), outras normas regulamentadoras (NR) fornecidas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que regulamentam e fornecem orientações
sobre procedimentos obrigatórios relacionados à segurança e medicina do trabalho
no Brasil, a título de exemplo, a NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na
Indústria da Construção (PCMAT).

Os regulamentos e normas técnicas existentes fornecem diretrizes para a


segurança contra o incêndio acidental, isto é, sinistro causado por acidentes naturais
(decorrentes de terremotos, tempestades, erupções vulcânicas) ou descuido sem
intenção de causar o sinistro (curtos circuitos, superaquecimento de equipamentos,
desconhecimento da combustibilidade do material e da existência de inflamável em
local impróprio, entre outros).

Mas por que se usam normas técnicas? Grosso modo, porque elas
estabelecem as condições técnicas mínimas de qualidade e segurança, uma vez
que todas as atividades estão relacionadas à melhoria da qualidade dos produtos e
7

serviços prestados, buscando o aprimoramento das condições de segurança dos


edifícios e demais locais e, consequentemente, de seus ocupantes.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) também apresenta


vários objetivos para a normalização, nos interessando a segurança, ou seja, a
proteção da vida humana e da saúde que são considerados dois dos principais
objetivos da normalização.

As normas técnicas registradas da ABNT, mais conhecidas pela sigla NBR,


são válidas em todo o território nacional. Elas apresentam os requisitos mínimos de
qualidade e de desempenho que equipamentos, sistemas e elementos construtivos
devem ter para garantir a segurança contra incêndio em determinadas condições.

Entretanto, as normas da ABNT não são leis e não possuem a


obrigatoriedade de cumprimento por si mesmas, mas servem de parâmetros
mínimos requeridos em leis federais, estaduais e municipais. As leis podem regular o
uso das NBR’s e até estabelecer níveis de exigências maiores. Ou seja: não tem
força de lei, mas, torna-se lei quando for incluída numa legislação.

Nesse sentido, Brentano (2007) salienta que seria importante que não
existissem as leis municipais ou estaduais de proteção contra incêndio, e sim uma lei
federal, fortemente apoiada nas normas brasileiras (NBR – ABNT), pois assim iria
facilitar o trabalho de profissionais e também dos órgãos públicos responsáveis por
todo o processo que envolve este sistema, por que as regras seriam universais e de
conhecimento de todos.

Ainda sobre as NR’s que tratam da prevenção de incêndio e proteção contra


incêndio nos locais de trabalho, vejamos uma breve análise pela ótica de Seito
(2009), frisando que elas não usam a terminologia “segurança contra incêndio” (sic)
e no geral, é preciso fazer atualizações e reformulações para se tornarem mais
claras, objetivas e eficazes as normas.

 NR4 – Serviços especializados em engenharia de segurança e em


medicina do trabalho. A NR 4 precisa especificar melhor a competência do
engenheiro de segurança do trabalho, que é um profissional com curso de
pós-graduação lato sensu, com várias disciplinas, inclusive a de proteção
contra incêndio. Outro ponto a se considerar é o risco à saúde que está
associado com o ambiente, que é resolvido pela arquitetura quando for falta
8

de ventilação e iluminação, enquanto o risco de incêndio deve ser minimizado


com gestão, equipamentos de combate a incêndio, saídas de emergência e
outras medidas.

 NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Esta não


tem, em geral, um coordenador permanente e a cada novo coordenador pode
haver mudanças na condução da segurança contra incêndio da empresa.

 NR 8 – Edificações. A NR 8 trata da segurança contra incêndio da


edificação, mas falta tipificar as edificações quanto às dimensões e
ocupações, pois esses fatores mudam o risco de incêndio do local.

 NR 10 – Instalações e serviços em eletricidade. As principais causas de


incêndios são de origem elétrica, portanto, a NR10 deve ser mais exigente.
Em geral, o engenheiro de segurança do trabalho não é especialista em
instalações elétricas e o engenheiro eletricista não o é em segurança contra
incêndio.

 NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de


Materiais. São três questões distintas na segurança contra incêndio:
transporte, armazenagem e manuseio e devem ser tratadas separadamente.

 NR 12 – Máquinas e Equipamentos. As máquinas e equipamentos elétricos


devem ter orientações quanto ao risco de incêndio e meio de evitá-lo.

 NR 13 – Caldeiras e vasos de pressão. Essa exigência de prédio separado,


construído de material resistente ao fogo com duas saídas amplas e
permanentemente desobstruídas, porém sem as portas corta-fogo, é uma
exigência ineficaz para a proteção contra incêndio da edificação.

 NR 14 – Fornos. São necessários os procedimentos operacionais e de


equipamentos de combate a incêndio. Uma lista de atividades e operações
perigosas irá auxiliar no entendimento desta NR.

 NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da


Construção. As placas de proibição associadas aos extintores portáteis e
pessoas treinadas para usá-los deveriam ser exigidos nesta NR.
9

 NR 19 – Explosivos. O sistema adequado para combater incêndio não irá


evitar a ignição dos materiais explosivos. É preciso implantar medidas de
prevenção de incêndio e, consequentemente, da explosão.

 NR 20 - Líquidos combustíveis e inflamáveis. Os líquidos combustíveis e


inflamáveis possuem maiores riscos de incêndio dentre os materiais
combustíveis. O risco de incêndio aumenta quando ocorre vazamento
acidental ou durante a transferência entre vasilhas, portanto, mais orientações
operacionais são necessárias na NR 20.

 NR 23 - Proteção contra incêndios. O risco de incêndio em locais de


trabalho de alguns setores é grande e necessita solução técnica com base em
normas técnicas e regulamentações específicas. A terminologia precisa ser
atualizada.

 NR 25 – Resíduos industriais. Esta NR pode solucionar, aparentemente, a


saúde dos trabalhadores da empresa que produziu o resíduo, porém, pode
colocar em risco a saúde e a segurança da população vizinha à área que o
resíduo for depositado.

 NR 26 – Sinalização de segurança. Incluir as sinalizações utilizadas na


segurança contra incêndio.

Temos ainda as Instruções Técnicas (IT’s) dos Corpos de Bombeiros que


regulamentam as medidas de segurança contra incêndio nas edificações e áreas de
risco instituídas por lei estadual, normalmente decreto estadual. No Estado de São
Paulo, por exemplo, foi o Dec. 47.076/2001 que instituiu 38 IT´s.

As IT´s apresentam o “como fazer” para os projetistas e proprietários


elaborarem o PT (Projeto Técnico) de segurança contra incêndio das edificações,
tão necessário para obter o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).

Atualmente, os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa


Catarina e Rio Grande do Sul possuem decretos que instituem as NPT (Normas de
Procedimento Técnico), NT (Normas Técnicas) ou IN (Instruções Normativas),
semelhantes as IT´s do CBPMESP (Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado
de São Paulo).
10

Costa (2011) lembra que a maioria das prefeituras exige o Auto de Vistoria
do Corpo de Bombeiros (AVCB) para conceder o “Habite-se” e liberar o uso da área
construída. Daí as soluções de última hora, tais como: instalação de certos tipos de
proteção em excesso para compensar a falta de segurança contra incêndio
estabelecida por um layout arquitetônico não funcional para as situações de
emergência ou, até mesmo, mudanças grosseiras na arquitetura interna e externa.
Seito (2009) acrescenta que a segurança imposta dessa forma, “como vai ficar mal
feita, haverá sempre a questão da falha”.

Seito (2009) explica que há locais que não há atividade humana, mas há alta
concentração de material inflamável. Outros possuem baixa carga de incêndio, mas
elevada concentração de pessoas. E outros ainda, possuem ocupação mista. Daí a
existência de diferentes “filosofias” de segurança.

Enfim, as diferenças entre leis e normas sobre o mesmo assunto devem-se


ao conceito de segurança adotado. Os regulamentos e as normas técnicas baseiam-
se em algum modelo ou padrão. Independente do conceito ou modelo, “os
regulamentos sempre têm o objetivo a proteção à vida e a proteção à edificação”
(SEITO, 2009).

Os modelos básicos de regulamentos são dois: prescritivo ou compulsório e


desempenho. Os demais são combinações de ambos.

Segundo Pannoni e Silva (2008), as medidas de segurança contra incêndio


costumeiramente utilizadas em edificações, têm sido historicamente especificadas,
em todo o mundo, utilizando-se códigos prescritivos. Para muitos tipos de
edificações, o emprego de tais códigos fornece, aos seus projetistas, uma solução
simples, segura e, o mais importante, conhecida. No Brasil, como em grande parte
do mundo, a ocupação e a altura da edificação são as variáveis empregadas na
determinação de um Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF), a ser
obedecido por cada um dos componentes estruturais individuais da edificação
(pilares, vigas, entre outros). A aplicação, sobre a estrutura, de produtos de proteção
térmica, testados em um ensaio normatizado de resistência ao fogo (o “incêndio-
padrão”), encerra o processo.

Esses códigos são bastante gerais e atendem a uma grande variedade de


edificações. Justamente pela sua generalidade, eles nem sempre oferecem uma
11

solução ótima em termos de segurança da pessoa, da propriedade e do meio


ambiente. Além disso, os custos da proteção contra fogo também não são
otimizados.

Em trabalho bem anterior, Tavares, Silva e Duarte (2002) já haviam feito um


contraponto entre os Códigos Prescritivos e os Códigos de Segurança contra
Incêndio Baseado no Desempenho que surgem como uma possível alternativa em
garantir a segurança contra incêndios. Por serem códigos dinâmicos, eles ditam o
que deve ser alcançado quanto à segurança contra incêndios, ficando a critério do
profissional responsável pela elaboração do projeto, bem como da autoridade que
aprovará o projeto, como obter a segurança da edificação, considerando o
desempenho de todos os agentes envolvidos no processo: o fenômeno fogo, a
edificação em si, os materiais contidos na edificação e os ocupantes.

Os autores acima ainda ponderaram sobre as dificuldades encontradas para


a implementação deste tipo de código no Brasil, sobretudo devido aos fatores de
ordens cultural e legislativa.

Os códigos prescritivos dizem como alcançar a segurança contra incêndios


sem deixar claro quais são as intenções destas recomendações sugeridas. Como
consequência do uso desses códigos, o que se observa é que os custos dos
projetos tendem a ser maiores devido à redundância e/ou excesso das medidas de
segurança sugeridas pelo código. Soma-se a isto o fato de que muitas vezes, tais
recomendações não garantem a segurança dos usuários e propriedade no evento
de um incêndio.

Diferentemente dos Códigos Prescritivos, os Códigos baseados no


Desempenho são códigos dinâmicos, pois se baseiam no desempenho de todos os
agentes envolvidos no sistema, a saber: dinâmica do incêndio, a edificação e o
comportamento das pessoas. Assim, os objetivos desejados são apresentados
sendo deixados a critério dos projetistas a liberdade para escolher a solução que irá
satisfazer os objetivos especificados, propiciando uma maior flexibilidade no projeto,
contanto que a segurança possa ser alcançada (BUCHANAN, s.d. apud TAVARES;
SILVA; DUARTE, 2002).

O quadro abaixo apresenta vantagens e desvantagens dos códigos


Prescritivo e Baseados no desempenho.
12

CÓDIGO PRESCRITIVO
Vantagens Desvantagens
Análise direta, i.e., interpretação direta Recomendações específicas sem que a intenção
com o estabelecido nas normas e das mesmas seja declarada.
códigos.
A estrutura dos códigos existentes é complexa.
Não são necessários engenheiros com
Não é possível promover projetos mais seguros e a
uma qualificação mais específica
um custo menor.
Pouco flexíveis quanto à inovação.
É assumida uma única maneira de assegurar a
segurança contra incêndios.
CÓDIGO BASEADO NO DESEMPENHO
Vantagens Desvantagens
Estabelecimento de objetivos de Dificuldade em definir critérios quantitativos, i.e.,
segurança claramente definidos, critérios de desempenho.
ficando a critério dos engenheiros a
Necessidade de treinamento, especialmente
metodologia para atingi-los.
durante os primeiros estágios de implementação.
Flexibilidade para a introdução de
Dificuldade para análise e avaliação.
soluções inovadoras, as quais venham
a atender aos critérios de desempenho. Dificuldades na validação das metodologias usadas
na quantificação.
Harmonização com normas e códigos
internacionais.
Possibilidade de projetos mais seguros
e com custo menor.
Introdução de novas tecnologias no
mercado.

2.1 Instituições de pesquisa pelo mundo

Segundo Del Carlo (2008), existe ao redor no mundo, aqui especificamente


falaremos da França e no Reino Unido, laboratórios que possuem instalações para
testes de resistência e reação ao fogo de materiais, componentes e sistemas
construtivos o que permite o desenvolvimento e certificação de novos produtos,
dando apoio ao desenvolvimento, gerando emprego e competitividade para os
países.

Em se tratando do nosso continente, a PUC – Pontifícia Universidade


Católica do Chile – possui o laboratório de resistência ao fogo mais completo da
América do Sul.
13

Na França, o Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) tem seu


desenvolvimento ligado à reconstrução da França, após a segunda guerra mundial.
As construções feitas para a reconstrução com técnicas tradicionais mostraram-se
inadequadas à nova realidade tecnológica e às exigências da sociedade.

Assim, o CSTB na década de sessenta, dirigido por Gérard Blachère, propõe


uma estrutura laboratorial de desempenho com quatorze itens onde a segurança
contra incêndio aparece como segundo item após estabilidade das construções.

Esse modelo de desempenho aplicado na França torna-se a recomendação


ISO 6241 – Desempenho das construções.

Atualmente exerce a liderança da CE – Comunidade Europeia na pesquisa


de desempenho e, portanto, de SCI nas construções.

O CTBS tem por finalidade, a melhora do bem-estar e da segurança dentro


das construções e no seu entorno, exercendo quatro áreas complementares:
pesquisa, engenharia inovadora, avaliação da qualidade e difusão do conhecimento.
Associada a estes domínios das especialidades permite um enfoque global das
edificações, ampliada para seu meio urbano, aos serviços e as novas tecnologias de
informação e comunicação.

O Laboratório de SCI desse Centro faz parte da divisão de Estruturas e


Segurança ao fogo e está dividido em três seções conforme o quadro a seguir:

Ensaio de fogo Engenharia de segurança contra Estudos para mudanças


incêndio na regulamentação
Reação ao fogo dos Modelagem física do Pesquisa e estudos das
materiais. desenvolvimento do fogo e da regulamentações.
fumaça.
Resistência ao fogo dos Ensaios alternativos para
elementos de construção e Comportamento das estruturas e reação ao fogo.
equipamentos elementos de construção em caso
Comportamento das partes
eletromecânicos. de incêndio.
combustíveis da
Aptidão do emprego de Estudos específicos e construção.
sistemas de segurança a especializados/relatórios de campo.
incêndio.
Análises avançadas de SCI.

Fonte: Adaptado de Del Carlo (2008).


14

No Reino Unido, temos o BRE - Building Research Establishment /FRS - Fire


Research Station.

O BRE se define como uma organização líder mundial em pesquisa,


consultoria, treinamento, testes e organização de certificação, levando
sustentabilidade e inovação ao ambiente construído, entre outros.

A sua missão é construir um mundo melhor, esperando que seus clientes


criem melhores edificações e comunidades, e resolvam os problemas com
confiança.

Os serviços do BRE, além de consultoria incluem: testes de produtos,


certificação, pesquisas comissionadas, publicações, treinamentos e educação.

Na área de SCI, encontram-se vários laboratórios na Grã-Bretanha. Entre


eles, o FRS contém instalações para teste de cabos, química do fogo, testes de
extintores, resistência ao fogo, testes para a indústria naval, avaliação de toxicidade,
reação ao fogo, painéis-sanduiche, testes de sistemas estruturais e proteção passiva
ao fogo.

Del Carlo (2008) cita também o NIST – National Institute of Standards and
Technology/ BFRL – Building Fire Research Laboratory, fundados em 1901, que têm
por missão promover a inovação e competitividade industrial americana por meio de
medidas científicas avançadas, normas e tecnologia de maneira a ressaltar a
segurança econômica e melhorar nossa qualidade de vida.

A divisão de pesquisa de incêndio desenvolve, verifica e utiliza medidas e


métodos preditivos para quantificar o comportamento ao fogo e os meios para
reduzir o impacto do fogo nas pessoas, propriedade e meio ambiente. Este trabalho
envolve integração dos laboratórios de medidas, métodos aprovados de predição e
experimentos de fogo em grande escala para demonstrar o uso e o valor dos
produtos de pesquisa.

2.2 A normalização em Segurança de combate a incêndio – associações


internacionais

Parece que vimos sendo redundantes ao longo do curso, mas é importante


frisar que a normalização em SCI visa basicamente salvar vidas e evitar perdas
patrimoniais em virtude da ocorrência de incêndios. Indiretamente, a normalização
15

mostra o estágio de desenvolvimento científico e tecnológico de uma área do


conhecimento.

Normalizar e certificar são ações importantes para garantir a qualidade e o


desempenho dos materiais, componentes e sistemas construtivos, fornecendo um
instrumento eficaz no controle da SCI das edificações.

Para Del Carlo (2008), o envolvimento dos três segmentos da sociedade:


poder público, consumidores e produtores têm sido pequeno, precisando ser
ampliado. O número de normas precisa ser rapidamente ampliado, mas o esforço de
poucos tem sobrecarregado sua atuação, resultando em menor velocidade tanto na
revisão de normas existentes como de normas novas. O baixo crescimento
econômico nacional, das últimas décadas, também dificulta a ampliação dos grupos
de trabalho.

Em se tratando das normas internacionais, estas são inúmeras, as quais


ocupariam no mínimo uma dúzia de páginas, portanto, em anexo, indicamos sítios
da internet nos quais podem consultar todas elas e caso queiram, no Livro “A
segurança contra incêndio no Brasil”, da página 431 à 446 encontrarão a lista
completa.

São associações internacionais:

a) IAFSS - The International Association for Fire Safety Science

O objetivo principal da associação é encorajar a pesquisa sobre prevenção e


minimização dos efeitos adversos dos incêndios. Ela procura cooperação com outras
organizações com aplicações ou envolvidas com a ciência que é fundamental para
seus interesses em incêndio. Procura promover altos padrões e normas para
encorajar e estimular cientistas a dedicar-se aos problemas de fogo, para dar
fundamentos científicos e para facilitar as aplicações desejadas, a fim de reduzir as
perdas humanas e materiais.

A associação possui mais de quatrocentos membros, de mais de vinte e oito


países, incluindo o Brasil e já realizou oito simpósios em diversos países. Os anais
desses simpósios podem ser encontrados no site da associação.
16

b) NFPA - National Fire Protection Association

A missão dessa associação é reduzir as perdas devido a incêndios e a


outros riscos para a qualidade de vida, fornecendo e defendendo por consenso:
código, padrões, normas, pesquisa, treinamento e educação. Atualmente, a
associação conta com mais de oitenta e um mil membros individuais em todo
mundo, e mais de oitenta companhias americanas e organizações profissionais.

Conta com os seguintes manuais: Código de segurança a vida e Código


nacional de instalações elétricas NFPA 70.

Mais de duzentas normas em SCI foram produzidas pela NFPA, que é uma
referência internacional.

c) SFPE – Society of Fire Protection Engineers

A associação dos engenheiros de proteção contra incêndios, conta com


aproximadamente quatro mil e quinhentos membros e cinquenta e sete sedes
regionais. Tem como objetivo o desenvolvimento da ciência e a prática na
engenharia de segurança contra incêndio e nos campos do conhecimento próximos,
para manter altos padrões éticos entre seus membros e para alavancar a educação
em engenharia de proteção a incêndios.

É importante entre suas publicações o “Manual de Engenharia de Proteção a


Incêndios”, uma obra de referência com sessenta e oito áreas de conhecimento
organizadas em cinco capítulos.

d) FPA - Fire Protection Association

A associação de proteção contra incêndios, com sede no Reino Unido, é


financiada principalmente pelas firmas de seguro, por meio da associação dos
seguradores ingleses e dos lordes. Seus objetivos são:

 proteção das pessoas, propriedade e meio ambiente por meio de técnicas


avançadas de proteção a incêndio;
 colaborar com os membros, seguradores, governo local e central, corpos de
bombeiros e outros;
17

 ajudar a focar a atenção tanto nacional como internacionalmente nessas


questões;
 influenciar nas decisões feitas por consumidores e negociantes;
 coletar, analisar e publicar estatísticas, identificar tendências e promover
pesquisa;
 publicar guias, recomendações e códigos de treinamento;
 disseminar aconselhamentos.

Entre as publicações, é de particular importância o programa desenvolvido


para computador de “Life saver Fire Software”, que pode ser acessado pela internet
para teste e compra. Esse programa permite treinar os funcionários em segurança
contra incêndio, por meio de processo interativo, repetitivo e contínuo, que permite a
segurança contra incêndios nos postos de trabalho sem muito esforço e com bom
custo-benefício. Existe um grande número de associações relacionadas à segurança
contra incêndios (DEL CARLO, 2008).

2.3 As normas brasileiras

Além das Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e emprego,


a SCI no Brasil possui um total de 74 normas técnicas da ABNT e o Comitê
Brasileiro de Segurança Contra Incêndio – CB-24-ABNT.

As normas técnicas são elaboradas pela ABNT – Associação Brasileira de


Normas Técnicas –, que é o fórum nacional de normalização, reconhecida de
Utilidade Pública pela Lei Federal nº 4.150 de 21/11/62.

A ABNT é composta por Comitês Brasileiros.

As NBR – Normas Brasileiras Registradas sobre segurança contra incêndio


são discutidas e preparadas pelas CE – Comissões de Estudo do CB 24 – Comitê
Brasileiro de Segurança contra incêndio.

O texto preparado é disponibilizado para consulta nacional antes de se


tornar uma NBR.

As normas técnicas brasileiras podem ser classificadas quanto ao tipo em:

1) Especificação: fixa as condições exigíveis para aceitação e/ou


recebimento de matérias-primas, produtos semiacabados, produtos acabados.
18

2) Procedimento: fixa condições para:

a) execução de cálculos, projetos, obras, serviços, instalações;

b) empregos de materiais e produtos industriais;

c) certos aspectos das transações comerciais (exemplo: reajustamento de


preços);

d) a elaboração de documentos em geral, inclusive desenhos;

e) segurança na execução ou na utilização de uma obra, equipamento,


instalação, de acordo com o respectivo projeto.

3) Padronização: restringe a variedade, pelo estabelecimento de um


conjunto metódico e preciso de condições a serem satisfeitas com o objetivo de
uniformizar características geométricas, físicas ou outras, de elementos de
construção, materiais, aparelhos, produtos industriais, desenhos e projetos.

4) Método de ensaio: prescreve a maneira de verificar ou determinar


características, condições ou requisitos exigidos:

a) de um material ou produto, de acordo com a respectiva especificação;

b) de uma obra, instalação, de acordo com o respectivo projeto.

5) Classificação: ordena, designa, distribui e/ou subdivide conceitos,


materiais ou objetos, segundo uma determinada sistemática.

6) Simbologia: estabelece convenções gráficas e/ou literais para conceitos,


grandezas, sistemas ou partes de sistemas.

7) Terminologia: define, relaciona e/ou dá a equivalência em diversas


línguas de termos técnicos empregados em um determinado setor de atividade,
visando o estabelecimento de uma linguagem uniforme (SEITO, 2009).

Destaque-se na tabela a seguir, que contempla todas estas normas, as


normas NBR 12779, NBR 12962 e NBR 13485 que tratam de forma específica a
manutenção e a norma de brigada de incêndio que estabelece a responsabilidade
das equipes pela inspeção dos equipamentos de SCI.
19

Vale destacar também as normas brasileiras: NBR 15219 (Plano de


emergência contra incêndio), a NBR 14276 (Brigada de Emergências) e a NBR
14608 (Bombeiro Profissional Civil) como textos referência para o melhor
dimensionamento de recursos e preparação para resposta a incêndios.
20

continuação...
21

continuação...

Fonte: ABNT (apud LINZMEYER; SILVA; ATIK, 2008).


22

UNIDADE 3 – RESPONSABILIDADES CIVIL E CRIMINAL

O profissional técnico e o proprietário do imóvel incendiado têm a


responsabilidade de ressarcir os danos materiais causados pelo sinistro,
independente da existência da culpa (COSTA, 2011).

De acordo o Código Civil:

Art. 927 - Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,


nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem (Lei
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, […] Parágrafo único).

A isenção de culpa e o ressarcimento dos custos pelo reparo dos danos


devem ser requeridos em juízo, apresentando-se meios comprobatórios.

No Código de Defesa do Consumidor (CDC), também encontramos que se o


desempenho dos meios de proteção contra incêndio do edifício não correspondem
ao especificado pelos regulamentos para aquele tipo de edifício, o comprador do
imóvel é protegido pelo CDC (BRASIL, 1990).

Trata-se de uma defesa do cidadão “comum” – pessoa física – que


desconhece os critérios de qualidade e segurança contra incêndio de projetos,
contra os profissionais que vendem ‘gato por lebre’ no mercado da Construção Civil
(COSTA, 2011).

Vejamos:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o


importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto,
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos (BRASIL, 1990).

Quanto às responsabilidades penais, de acordo com o artigo 250 do Código


Penal, o incêndio é um crime de perigo comum, com pena de reclusão, de três a seis
23

anos, e multa. A lei é aplicável a incêndios intencionais (ou dolosos) e acidentais (ou
culposos).

A pena poderá ser aumentada em um terço se o crime for cometido com


intuito de obter vantagens, e se o incêndio for em casa habitada ou destinada a
habitação; em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência
social ou de cultura; em estação ferroviária ou aeródromo; em estaleiro, fábrica ou
oficina; em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; entre outros.

Pires (2010) explica que o incêndio culposo previsto no segundo parágrafo


do artigo 250, se dá por negligência, imprudência ou imperícia do agente e, para que
seja caracterizado, reclama, da mesma maneira que o crime doloso, que haja
evidente perigo concreto para pessoas ou patrimônio alheio.

§ 2º – Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois


anos (Art. 250, § 2º, Código Penal. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940).

Ignorar aos regulamentos e normas técnicas existentes constitui imprudência


ou negligência que pode caracterizar o crime, conforme o artigo dezoito do capítulo II
do Código Penal.

Não se pode desculpar o responsável técnico pelo projeto do imóvel,


alegando-se a ignorância (ou o não-saber) de leis que regulamentam a segurança
contra incêndio. Mesmo sendo acidental, o incêndio culposo possui as mesmas
premissas do crime doloso, porque “o tipo penal visa proteger a coletividade como
um todo, abrangendo, inclusive, a proteção aos bens relativos à vida, à integridade
corporal e à saúde de todas as pessoas” (PIRES, 2010).
24

UNIDADE 4 – PROJETO DE ENGENHARIA EM SCI

4.1 Noções básicas do projeto em SCI

A engenharia de segurança contra incêndio considera a existência de um


conjunto de medidas de segurança contra incêndio (um “pacote global”), fornecendo
uma solução mais abrangente, científica e, como dito anteriormente, muitas vezes,
mais econômica do que aquela proporcionada pelo enfoque prescritivo (PANNONI;
SILVA, 2008).

Segundo a BS 7974, o enfoque deve ser aplicado utilizando-se três estágios,


representados na figura abaixo, estágios estes que veremos a seguir:

O processo básico de engenharia de segurança contra incêndio

Basicamente, teremos:
25

 revisão qualitativa do projeto (RQP): o escopo e objetivos a serem alcançados


são claramente definidos, os critérios de desempenho são estabelecidos e
uma ou mais soluções potenciais de projeto são propostas;

 análise quantitativa (AQ) – métodos de ciência e engenharia são utilizados


para avaliar as soluções potenciais identificadas na RQP. A análise
quantitativa pode ser uma análise temporal, utilizando-se subsistemas
apropriados, de modo a refletir o impacto do incêndio sobre as pessoas e
propriedade em diferentes estágios de seu desenvolvimento;

 atendimento aos critérios previamente estabelecidos: a análise quantitativa é


comparada aos critérios de aceitação identificados no RQP, para testar a
aceitabilidade das propostas. Caso os critérios sejam atendidos, o projeto
será considerado concluído.

4.2 Revisão qualitativa do projeto (RQP)

A revisão qualitativa do projeto (RQP) é um processo desenvolvido a partir


da experiência e conhecimento de uma equipe multidisciplinar.

O escopo e os objetivos a serem alcançados no projeto de engenharia de


segurança contra incêndio são definidos por uma equipe que inclui os seguintes
profissionais:

1. Engenheiro de segurança contra incêndio (coordenador).

2. Arquiteto.

3. Engenheiro de utilidades.

4. Engenheiro estrutural.

5. Gerenciador do empreendimento.

6. Representante do órgão aprovador (corpo de bombeiros).

7. Representante da seguradora.

Projetos pequenos, ou nos quais a engenharia de segurança contra incêndio


é aplicada de forma limitada e bem definida no projeto, a RQP pode ser
desenvolvida por um grupo menor de profissionais que, em muitos casos, envolve
26

somente o engenheiro de segurança contra incêndio e o arquiteto. O procedimento


descrito na figura anterior deve, ainda assim, ser completamente realizado.

A RQP é uma técnica que permite ao grupo refletir sobre como o incêndio
pode ser iniciado e estabelecer certas estratégias para manter o risco em um nível
aceitável. A RQP pode, então, ser avaliada quantitativamente, comparando-se com
os objetivos e critérios estabelecidos pela equipe.

De forma ideal, a RQP deve ser levada a cabo já nos estágios iniciais de
projeto, de modo que qualquer alteração substancial possa ser incorporada no
projeto da edificação antes que o projeto executivo seja desenvolvido.

Entretanto, na prática, o processo da RQP acaba envolvendo algumas


interações, conforme o projeto passa de um grande conceito “abstrato” para um
grande nível de detalhamento (PANNONI; SILVA, 2008).

Os principais estágios da RQP são:

a) Revisão do projeto arquitetônico e características dos ocupantes:

De forma ideal, o projeto arquitetônico deve ser revisto nos primeiros


estágios do desenvolvimento conceitual, de modo a garantir que as medidas de
segurança contra incêndio e o projeto arquitetônico sejam desenvolvidos de forma
harmônica.

Toda a informação relevante sobre a edificação, seus ocupantes e usos,


deve ser fornecida à equipe de RQP:

1. Estrutura da edificação e layout.


2. Usos e conteúdos da edificação.
3. Acesso dos profissionais de combate ao incêndio na edificação.
4. Ocupantes (incluindo qualquer exigência particular para pessoas com
restrições).
5. Sistemas de ventilação.
6. Necessidades do proprietário (incluindo futuras opções).
7. Pessoas que poderão fornecer futuras informações, quando necessário.
A tabela abaixo fornece uma lista dos itens que poderão ser considerados na
revisão do projeto arquitetônico. Embora não esteja completa, ela serve como um
guia dos fatores que necessitam de avaliação (PANNONI; SILVA, 2008).
27

Itens típicos a serem considerados durante a revisão do projeto arquitetônico

Área de revisão Itens a serem considerados

Número de andares (acima e abaixo do nível de descarga).


Projeto da edificação
Dimensões gerais.
Natureza da construção.
Geometria e interconexão de espaços.
Subdivisão interna da edificação.
Rotas normais de circulação.
Saídas de emergência.
Planos para dispersão de pessoas nas proximidades da edificação.
Tempo de resposta da brigada de incêndio.
Acesso aos equipamentos de combate ao incêndio.
Acesso do corpo de bombeiros à edificação.
Localização da edificação relativa às outras edificações.
Número e distribuição.
Ocupantes
Uso (simples ou múltiplo).
Mobilidade.
Estado de atenção.
Familiaridade com a edificação.
Agrupamento social.
Responsabilidades de pessoas-chave.
Compromisso com uma atividade.
Condições incomuns (por exemplo, líquidos inflamáveis guardados em
Compartimento
um escritório).
Fontes potenciais de ignição.
Carga específica de incêndio.
Revestimentos internos de paredes e pisos.
Nível de ruído ambiental.
Sistemas de ventilação.
Rotas possíveis para o espalhamento do fogo e fumaça.
Contatos para o fornecimento de outras informações.
Outros fatores
Qualidade e extensão do controle do gerenciamento continuado.
Futuras alterações de layout que podem ser antecipados.
Sistemas de proteção especificados pelo cliente (por exemplo, chuveiros
para a prevenção de perdas).

b) Objetivos da segurança contra incêndio:

Os objetivos do projeto de segurança contra incêndio devem ser claramente


definidos nos primeiros estágios do projeto. Sempre lembramos que a proteção à
vida sempre será o primeiro objetivo a ser alcançado, mas o impacto financeiro de
um incêndio sobre o negócio, como resultado direto das perdas da propriedade e da
produção, também são importantes considerações. Alguns tipos de negócios, como,
por exemplo, uma cadeia internacional de hotéis, podem sofrer perdas indiretas,
como a de sua imagem perante a sociedade.
28

Os objetivos da segurança contra incêndio que tipicamente fazem parte de


um estudo de engenharia de segurança contra incêndio são: 1) segurança da vida.
2) controle das perdas. 3) impacto ambiental.

c) Danos causados pelo incêndio:

Uma revisão sistemática do projeto deve ser conduzida, de modo a


estabelecer os danos relacionados ao incêndio dentro da edificação e suas
consequências potenciais. A revisão deve levar em consideração fatores tais como:

1. Fontes de ignição.
2. Conteúdo combustível.
3. Materiais de construção.
4. Natureza das atividades na edificação.
5. Fatores não usuais porventura existentes.
A próxima tabela resume alguns dos principais itens a serem considerados
na avaliação do perigo potencial.

Itens típicos a serem avaliados durante a avaliação do perigo potencial

Fontes de ignição Materiais combustíveis

Materiais de fumantes. Produtos líquidos inflamáveis (tintas,


adesivos, solventes, entre outros).
Chamas expostas.
Produtos químicos inflamáveis.
Aquecedores elétricos, a gás ou óleo.
Madeira.
Processos a quente.
Produtos de papel.
Cocção de alimentos.
Plásticos, borrachas e espumas.
Motores ou caldeiras.
Gases inflamáveis.
Máquinas ou equipamentos de
escritório. Móveis.
Equipamentos de iluminação. Produtos têxteis.
Fricção de correias. Materiais de empacotamento e transporte
Pós-reativos. MDF, compensados, acabamentos, entre
outros.
Eletricidade estática.
Impacto de metais.
Incêndios criminosos.

Fonte: PANNONI; SILVA (2008, p. 416).


29

As considerações relativas ao potencial de periculosidade não devem ser


restritas à ignição e espalhamento do incêndio, mas devem incluir os danos que
podem impedir a desocupação (por exemplo, um evento particularmente perigoso
que pode acontecer na saída de emergência, ou um layout que não favorece a
orientação).

Cabe ainda falarmos dos “Projetos tentativos de SCI” ou grupo de medidas


que, no contexto dos parâmetros da edificação, poderá atender os objetivos da
segurança contra incêndio.

Segundo Pannoni e Silva (2008), para que uma solução ótima possa ser
identificada, a equipe de RQP deve estabelecer um ou mais projetos “tentativos” de
segurança contra incêndio. De modo geral, vários dos projetos poderão fornecer
uma solução aceitável. A equipe de RQP deve utilizar seu conhecimento e
experiência, de modo a fazer um julgamento balizado das várias alternativas. Em
muitos casos, o primeiro projeto “tentativo” trata da aplicação do modelo prescritivo
tradicional. Isso servirá como comparativo para os demais tratamentos.

No desenvolvimento do RQP, a equipe não deve somente considerar a


adição de sistemas de proteção adicionais, mas também deve revisar o projeto, no
sentido de eliminar ou reduzir alguns dos perigos potenciais.

Quando prático, a redução do potencial de danos por meio da alteração do


projeto arquitetônico é sempre preferível à adição de qualquer medida adicional de
proteção contra incêndio.

A tabela abaixo fornece uma lista de itens que podem ser considerados
quando do desenvolvimento dos projetos “tentativos”.

Objetivo Alvo do projeto Critério de desempenho

Os ocupantes podem deixar a Manter as rotas de fuga em Garantir que camada de fumaça
edificação em condições de condições fique situada a > 2,5m acima do
razoável segurança. de proteção satisfatórias, até a nível do piso, com temperatura <
completa desocupação da 200ºC, até o término da
edificação. desocupação.

Manter pelo menos uma edificação Garantir que todo o calor gerado Garantir que a radiação incidente
em operação. por radiação não danifique de sobre o telhado ou paredes da
modo significativo a edificação edificação adjacente seja <
2
adjacente. 10kW/m .

Garantir que o material externo de


proteção seja resistente à ignição
piloto em níveis de radiação ≤
2
10kW/m .
30

Neste exemplo, o critério de desempenho foi ajustado em termos


determinísticos, mas as normas que tratam de engenharia de segurança contra
incêndio permitem que a adequação de um projeto possa ser demonstrado
utilizando um dos três enfoques:

1. Comparativo (demonstra equivalência com códigos prescritivos


estabelecidos, utilizando métodos determinísticos ou probabilísticos).

2. Determinístico (mostra que um conjunto definido de condições não


ocorrerá no pior cenário).

3. Probabilístico (estabelece que a frequência de um evento não desejado


seja aceitavelmente pequena).

O tipo de critério de aceitação adotado está intimamente ligado ao método


de análise, e o engenheiro de segurança contra incêndio deve identificar o método
de análise mais apropriado.

Como parte do processo, deve-se considerar eventos do tipo “e se”. O


objetivo é o de identificar possíveis falhas nos sistemas ou eventos não previstos,
que podem influenciar de modo significativo o estudo.

Alguns exemplos de “e se”:

1. Portas corta-fogo mantidas abertas.

2. Novos materiais combustíveis introduzidos em locais específicos.

3. Paredes de compartimentação que permitem a passagem de fogo ou


fumaças.

4. Materiais de inflamabilidade acima do especificado.

5. A energia elétrica necessária ao acionamento de ventiladores ou à criação


de aberturas pode falhar.

6. Chuveiros automáticos que não funcionam devido à falta de manutenção.

7. Sistemas de detecção afetados adversamente pelo movimento do ar


ventilado.

8. Incêndio localizado na saída, bloqueando-a.


31

9. O gerenciamento falha na implementação de medidas de segurança


contra incêndio.

4.3 Análise quantitativa (AQ)

Seguida à análise qualitativa, uma análise quantitativa pode ser feita para
verificar a aderência dos projetos “tentativos” desenvolvidos pelo RQP. É
conveniente separar os procedimentos de análise em certo número de segmentos
(ou subsistemas), cada um cobrindo um aspecto específico do projeto de segurança
contra incêndio.

Vejamos:

Subsistema 1: Iniciação e desenvolvimento do incêndio dentro do


compartimento de origem

Esse subsistema fornece informação sobre os fatores que afetam a ignição e


o desenvolvimento do incêndio no compartimento de origem e dá as razões para a
escolha de um projeto de incêndio particular.

O subsistema fornece uma direção de como as seguintes informações


podem ser avaliadas como função do tempo:

 velocidade de liberação de calor;

 velocidade de produção (mássica) de fumaça;

 velocidade de produção (mássica) de efluentes, como o monóxido de


carbono;

 dimensão e temperatura da chama;

 temperatura dentro do compartimento;

 tempo para atingir a inflamação generalizada;

 área de implicação do fogo.

No subsistema 1, assume-se que o incêndio cresce sem o impedimento das


atividades de combate às chamas, como, por exemplo, a intervenção da brigada de
incêndio ou dos chuveiros automáticos.
32

Subsistema 2: Iniciação e desenvolvimento do incêndio dentro do


compartimento de origem

Utilizando-se os dados obtidos no subsistema 1, este subsistema fornece um


caminho para a avaliação e controle da movimentação dos efluentes do incêndio
para fora da região sob influência direta das chamas. As principais áreas a serem
analisadas são:

 espalhamento da fumaça e de outros efluentes dentro e fora do


compartimento de origem;

 as características da fumaça em locais definidos:

- massa;

- volume;

- temperatura;

- velocidade;

- densidade óptica;

- concentração de particulados e gases efluentes.

 métodos de controle da fumaça:

- diluição;

- sistemas de exaustão;

- sistemas de pressão diferencial.

 técnicas de modelamento.

Subsistema 3: Iniciação e desenvolvimento do incêndio dentro do


compartimento de origem

Ainda utilizando os dados gerados do subsistema 1, esse subsistema trata


do espalhamento do incêndio para fora do compartimento de origem e da resposta
estrutural da edificação (ou de seus elementos individuais) ao fogo.

Deve-se considerar:

 mecanismos de espalhamento do incêndio:


33

- radiação;

- movimentação dos gases quentes;

- espalhamento de chama através de superfícies combustíveis;

- queima de objetos ou gotículas combustíveis;

- penetração e colapso de barreiras (paredes, pisos, portas, entre outros).

 condições de exposição ao incêndio (severidade):

- condições do ensaio do incêndio-padrão;

- projetos de incêndio;

- resposta estrutural;

- resposta de materiais;

- elementos simples;

- dois ou mais elementos sob interação.

Subsistema 4: Detecção do incêndio e ativação dos sistemas de proteção

Esse subsistema utiliza primariamente os dados gerados do subsistema 2,


fornecendo um caminho para a avaliação da resposta de detectores de incêndio,
chuveiros automáticos, sistema de exaustão automatizados, entre outros, para o
calor, fumaça e outros efluentes do incêndio. Ele também fornece um meio de se
conhecer o impacto dos sistemas de extinção sobre o desenvolvimento do incêndio.

A informação que pode ser obtida dos subsistemas 4 como função do tempo
e/ou dimensões do incêndio inclui:

 detecção do incêndio.

 ativação dos equipamentos de controle de incêndio:

- chuveiros;

- sistemas de exaustão;

- sistema magnético de fechamento de portas;

- barreiras sob rodas.


34

 notificação aos bombeiros;

 modificação dos parâmetros do incêndio:

- chuveiros;

- sistemas de extinção gasosa.

Subsistema 5: Intervenção dos serviços de combate ao fogo

O subsistema 5 fornece os meios de se estimar a provável resposta e


efetividade do serviço de combate ao incêndio, e pode ser utilizado na obtenção dos
seguintes parâmetros:

 tempo de chegada;

 tempo de intervenção;

 capacidade de extinção;

 reforço da capacidade de combate ao fogo;

 tempo para controle do incêndio.

Subsistema 6: Desocupação

Esse subsistema trata do comportamento das pessoas em resposta ao


incêndio (ou a um alarme de incêndio) e aos efeitos físicos do calor, fumaça e gases
tóxicos. A informação, que pode ser obtida neste subsistema, inclui:

 parâmetros físicos de desocupação:

- tempo para atingir uma saída de emergência;

- tempo requerido para passar através de uma saída de emergência.

 parâmetros fisiológicos de desocupação:

- tempo pré-movimento;

- efeito do tipo de sistema de alarme.

 tempo de desocupação;

 limites humanos atingíveis:

- visibilidade;
35

- produtos de combustão tóxicos e irritantes;

- calor radiante;

- temperatura do ar.

Subsistema 7: Análise de risco

O subsistema 7 trata de como quantificar o risco de um incêndio associado à


edificação e seus ocupantes, considerando os sistemas de proteção instalados. A
informação que pode ser obtida nesse subsistema inclui:

 a frequência com que incêndios ocorrem;

 probabilidade de falha dos sistemas de proteção a incêndio;

 o nível do risco de incêndio associado à edificação, seu conteúdo e ocupantes


(PANNONI; SILVA, 2008).

4.4 Erros de projeto mais frequentes

Um projeto de proteção contra incêndio deve iniciar-se juntamente com o


projeto de arquitetura e perfeitamente integrado com o projeto de estrutura, projeto
hidráulico, projeto elétrico, entre outros. (FEB/UNESP).

Um bom projeto deve contar com proteção passiva (contenção da


propagação vertical e horizontal), ativa (equipamentos de combate), sistemas de
alarme, pessoal treinado e, principalmente, saídas de emergência com iluminação
de segurança adequada. É muito importante a limitação da carga de materiais
combustíveis no interior da edificação.

Vejamos alguns erros mais frequentes em relação às NBR’s:

a) Sistema de iluminação de emergência - NBR 10898:

 dificuldade de diferenciação entre aclaramento e balizamento. A primeira é a


luminosidade mínima para observação de objetos e obstruções à passagem;
a segunda é a indicação clara e precisa das saídas e do sentido de fuga até
local seguro;

 não previsão de pontos de luz nas mudanças de direção, patamares


intermediários de escadas e acima das saídas;
36

 quando adotado gerador, deve manter condições idênticas aos sistemas


alimentados por baterias (tempo de autonomia, localização dos pontos de luz,
altura, potência, funcionamento automatizado aceitando-se partida até 15
segundos - no conjunto por baterias admite-se até 5 segundos).

b) Sistema de alarme - NBR 9441:

 localização do painel central em locais como depósitos, sob escadas onde


não há pessoas frequentemente ou isolados, de forma que não possam notar
o aviso desencadeado dos acionadores destacados e tomar as providências
necessárias imediatamente; ideal seria que houvesse até telefone com linha
externa nas proximidades para acionamento imediato do Corpo de
Bombeiros;

 falta de acionadores manuais onde há detecção automática (uma pessoa


pode observar o surgimento de um foco de incêndio e não pode ficar
esperando o sistema automático entrar em funcionamento, mas acionar o
ponto manual imediatamente).

c) Sistema de hidrantes:

 localização de registro de recalque dentro do pátio interno de empresas,


sendo que deveria estar no passeio público próximo à portaria;

 falta de tubulação de retorno de 6 mm de diâmetro da expedição da bomba à


sua introdução, para evitar superaquecimento quando funcionar sem vazão –
é exigida somente para vazões superiores a 600 l/min;

 falta de botoeira liga-desliga alternativa quando for projetado sistema


automatizado de acionamento das bombas;

 o acionamento nesse caso é automático, mas a parada da bomba principal


dever ser exclusivamente manual – tal procedimento visa evitar que uma
pessoa que possa estar combatendo um incêndio seja prejudicada pelo
desligamento acidental;

 não consideração de cotas altimétricas no dimensionamento da bomba de


incêndio;
37

 não localização de hidrantes próximo às portas, sendo que em alguns casos


teria uma pessoa que passar pelo incêndio para chegar até um hidrante que
supôs-se utilizar para combater o mesmo.

d) Saídas de emergência - NBR 9077/93:

 inexistência de captação de ar externo para o duto de entrada de ar –


erroneamente sai diretamente do térreo, na laje e em local fechado. Deve
haver prolongamento na mesma área ou maior até o exterior do prédio de
forma a aspirar ar puro que possa subir até os locais desejados;

 falta de corrimãos em ambos os lados das escadas;

 arco de abertura da porta corta-fogo secando a curvatura da escada, sendo


que no máximo pode tangenciar a mesma;

 a descarga de todos os pavimentos no pavimento térreo deve ser isolada da


descida até os pavimentos mais baixos, a fim de evitar a descida até eles e
permitir que mais rapidamente se alcance local seguro;

 todas as portas de acesso às escadas de segurança devem ser do tipo corta-


fogo, que devem abrir no sentido da saída dos ocupantes;

 projeto de passagem de instalações elétricas, hidráulicas, dutos de lixo, gás


combustível nas paredes da escada ou até mesmo dentro delas; as únicas
permitidas são as instalações elétricas da própria escada;

 falta de barras antipânico nas portas de emergência de locais de reunião


como cinemas, teatros, casas de espetáculos, salões de baile, danceterias,
“karaoke”, entre outros;

 falta de dimensionamento da largura e caminhamento para as portas de saída


de acordo com o cálculo da população máxima possível do local.

e) Extintores portáteis e sobrerrodas (NBR 12692, 12693):

 não previsão para riscos especiais como caldeiras, cabinas elétricas, casas
de máquinas de elevadores, depósitos de gás combustível que deverão
possuir aparelhos adequados e exclusivos para eles;

 não previsão de tipos diferentes em um mesmo piso, de forma a atender


princípios de incêndio em materiais diversos;
38

 normalmente, quando é exigido o extintor sobrerrodas (carretas) instala-se


apenas um; sendo que deverão ser projetados atendendo à classe de
material que vai queimar, caminhamento, área de cobertura e atendimento
exclusivamente no piso em que se encontram (FERNANDES, s.d.).
39

UNIDADE 5 – PLANOS DE SEGURANÇA

5.1 Plano de Segurança contra incêndio e Pânico (PSCIP)

Um Plano de Segurança contra Incêndio e Pânico (PSCIP), por dedução, é


um conjunto de medidas de segurança contra incêndio e pânico que deve ser
apresentadas ao Corpo de Bombeiros, procurando identificar todos os riscos da
edificação. Estes planos encampam o PSCIP para instalações de ocupação
temporária (IOT) e para instalações de ocupação permanente (OTEP).

Segundo o Corpo de Bombeiros do Estado do Paraná, o PSCIP deve ser


utilizado para apresentação das medidas de Segurança Contra Incêndio e Pânico
das seguintes edificações e áreas de risco:

 edificações novas com área maior ou igual 100m² (exceto residências


unifamiliares);

 edificações antigas ou existentes de risco leve cuja área seja maior ou igual a
1.500m² ou com mais de 4 pavimentos;

 edificação antiga – edificação construída anteriormente ao ano de 1976;

 edificação existente – edificação construída ou possua alvará de construção


emitido e aprovado anteriormente à vigência deste Código;

 edificações antigas ou existentes de Risco Moderado ou Elevado, área maior


ou igual a 1.000 m² ou que possua mais de 3 pavimentos;

 edificações que forem submetidas a mudança de ocupação, reforma


estrutural ou ampliação de área construída (desde que implique em novas
medidas de segurança);

 edificações e áreas de risco cuja ocupação pertencem aos Grupos “L” e “M”
(Tabela 1 dos anexos do código);

 edificações e áreas de risco cuja ocupação pertencem aos Grupos “E”, “F” e
“H”, independentemente da área e/ou número de pavimentos;

 edificações e áreas de risco que necessitem de proteção por sistemas fixos,


tais como: hidrantes, chuveiros automáticos, alarme e detecção de incêndio,
40

dentre outros, independentemente da área e/ou número de pavimentos


(CBMPR, 2012).

5.2 PSCIP para Instalações de ocupação temporária (PSCIP-IOT)

Consideram-se instalações temporárias os circos, parques de diversão,


feiras de exposições, feiras agropecuárias, rodeios, shows artísticos, entre outros,
que devem ser desmontadas e transferidas para outros locais após o prazo máximo
de 6 (seis) meses, e após este prazo, a edificação e áreas de risco passam a ser
regidas do PSCIP (CBMPR, 2012).

No Estado do Mato Grosso, recebe o nome de Processo Técnico de


Instalação e Ocupação Temporária (PTIOT), acrescentando-se eventos que são
realizados em áreas abertas, sem a utilização de edificações, instalações e locais de
riscos com estruturas permanentes.

A pasta documental é composta por:

a) Etiqueta de identificação.

b) Pasta vermelha.

c) Requerimento de serviços técnicos.

d) Procuração do proprietário, quando este transferir seu poder de


signatário.

e) Folha resumo para Processo Técnico de Instalação e Ocupação


Temporária.

f) Memorial descritivo das medidas de segurança contra incêndio e pânico.

g) Anotação de responsabilidade técnica (ART) do responsável técnico pela


elaboração do PTIOT, que deve ser juntada na via que permanece nos Órgãos de
Serviços Técnicos do CBMMT.

h) Anotação de responsabilidade técnica (ART) do responsável técnico pela


execução, conforme NTCB nº 06 – Eventos Temporários, que deve ser juntada na
via que permanece nos Órgãos de Serviços Técnicos do CBMMT.

i) Planta de instalação e ocupação temporária, com escala, que apresente as


medidas de segurança contra incêndio e pânico.
41

5.3 PSCIP para Instalações de ocupação permanente (PSCIP-OTEP)

O PSCIP-OTEP, que no Estado do Mato Grosso é denominado Processo


Técnico de Ocupação Temporária em Edificação Permanente (PTOTEP), deve ser
adotado para evento temporário realizado no interior da edificação, instalação e local
de risco permanente e deve atender às seguintes exigências:

a) O evento temporário deve possuir o prazo máximo de 6 (seis) meses de


duração.

b) A edificação, instalação e local de risco permanente deve atender às


medidas de segurança contra incêndio e pânico previstas na Lei nº 8.399/05 e
Decreto Estadual n° 857/84, juntamente com as exigências para a atividade
temporária que se pretende nela desenvolver.

c) A edificação, instalação e local de risco permanente deve estar


devidamente regularizada junto ao CBMMT.

d) Se for acrescida uma instalação temporária em área externa junto da


edificação, instalação e local de risco permanente, devem ser atendidos os
requisitos constantes no PTIOT (falado anteriormente).

e) Se no interior da edificação, instalação e local de risco permanente for


acrescida estruturas provisórias, tais como box, estande, entre outros, prevalece à
proteção da edificação, instalação e local de risco permanente desde que atenda
aos requisitos para a atividade em questão e desde que não prejudiquem a
eficiência das medidas de segurança contra incêndio e pânico.

Não será necessária a apresentação de PTOTEP para os eventos realizados


em locais que possuam PSCIP aprovado e APCIP vigente, desde que as estruturas
provisórias instaladas para o evento não prejudiquem a eficiência das medidas de
segurança contra incêndio e pânico ali existentes.

O prazo para protocolar o PTOTEP junto aos OST deverá ser de, no mínimo,
3 (três) dias úteis antes da realização do evento (CBMMT, 2009).

No Estado de Minas Gerais, vale a pena consultar a IT nº 01, disponível em:


http://www.bombeiros.mg.gov.br/component/content/article/488-regularizacao-de-
eventos-temporarios-eventos-publicos.html
42

UNIDADE 6 – PLANO DE INTERVENÇÃO DE INCÊNDIO –


INSTRUÇÃO TÉCNICA DO CORPO DE BOMBEIROS

A Instrução Técnica nº 11 do CBMMG (2006) e IT nº 16, CBMSP (2004) –


Plano de Intervenção de Incêndio – traz em seu escopo os objetivos, a aplicação, as
referências normativas e bibliográficas, além das definições e conceitos e
procedimentos para tal situação.

Esta IT estabelece princípios gerais para:

a) O levantamento de riscos de incêndios.

b) A elaboração de Planos de Intervenção Incêndio.

c) Padronização das formas de intervenção operacional nos locais de risco.

Aplica-se às edificações e áreas de risco onde, de acordo com as tabelas de


exigências do Regulamento de Segurança Contra Incêndio e Pânico nas edificações
e áreas de risco no Estado de Minas Gerais, é necessária a elaboração de um Plano
de Intervenção de Incêndio.

O Plano de Intervenção de Incêndio consiste num planejamento prévio para


a provável ocorrência de uma emergência e visa facilitar o reconhecimento da
edificação por parte da população e das equipes de emergência, proporcionando
sua utilização em simulados e treinamentos.

Por meio do plano de intervenção de incêndio, busca-se garantir:

a) A segurança da população fixa e flutuante do edifício.

b) A segurança da população das edificações vizinhas.

c) A segurança dos profissionais responsáveis pelo socorro, no caso de


ocorrer um incêndio/sinistro.

d) O controle da propagação de incêndios.

e) A proteção do meio ambiente.

f) Facilidade de encontrar os meios e rotas para retirada da população.


43

O Plano de intervenção de incêndio de uma edificação contém os seguintes


dados:

a) Planilha de Levantamento de Dados, ou seja, a análise preliminar de


riscos que é o estudo prévio sobre a existência de riscos, elaborado durante a
concepção e o desenvolvimento de um projeto ou sistema.

b) Descrição das possíveis causas de incêndio.

c) As ações a serem tomadas pelos responsáveis pelo uso e funcionários.

d) A orientação aos usuários temporários.

e) Os itinerários mais indicados para as viaturas do Corpo de Bombeiros.

f) Outros dados julgados necessários, a critério do Corpo de Bombeiros.

O Plano deverá ser confeccionado pelo Responsável Técnico habilitado com


Assessoria do Corpo de Bombeiros e será avaliado por um Oficial do Serviço de
Segurança Contra Incêndio e Pânico das Unidades e Frações de Bombeiros,
responsável pela área da edificação.

Uma vez elaborado e ratificado pelo Corpo de Bombeiros, o plano é


arquivado em três vias:

a) Uma via anexa ao Processo de Segurança Contra Incêndio e Pânico


(Pscip).

b) Uma via no acesso principal da edificação.

c) Uma via em arquivo digitalizado em CD não regravável.

Ainda vale observar que:

 o Plano de Intervenção de Incêndio deverá ser de conhecimento da


população permanente da edificação;

 o responsável pelo uso da edificação deverá entregar ao Corpo de Bombeiros


responsável pela área da edificação o Plano de Intervenção para análise e
aprovação;

 o plano de intervenção deverá ser apresentado ao CBMMG, no segundo ano


consecutivo, na primeira renovação do AVCB da edificação ou área de risco;
44

 durante o período de validade do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros,


recomenda-se que se realize, no mínimo, um simulado com a participação
integrada da brigada de emergências da edificação e do Corpo de Bombeiros.
Este Plano de Intervenção de Incêndio deve ser objeto de uso frequentes em
treinamentos e simulados;

 as edificações e projetos já aprovados e liberados pelas leis municipais


deverão adequar-se no contido desta Instrução Técnica (CBMMG, 2006).

Abaixo temos um fluxograma do Plano de Intervenção de Incêndio

Preencher a planilha de levantamento de dados a partir da


primeira renovação do AVCB

Análise dos riscos e elaboração da planta de risco

Elaboração do plano de intervenção de incêndio

Avaliação do Plano de Intervenção pelo proprietário ou


responsável pela elaboração em conjunto com o Comandante da
Fração de Bombeiros mais próxima.

Exercícios simulados envolvendo os Órgãos Públicos de


emergência e Planos de auxílio mútuo
45

UNIDADE 7 – IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES


DE INCÊNDIOS

Nas últimas décadas, a proteção ambiental começou a ser considerada nos


âmbitos da segurança contra o incêndio das edificações, em países desenvolvidos,
tais como a Austrália, a Nova Zelândia (BARNETT, 1994 apud COSTA; SILVA,
2006) e o Reino Unido (BAILEY, 2004 apud COSTA; SILVA, 2006).

Os danos ao meio ambiente decorrentes do incêndio em edificações são


iminentes, uma vez que a emissão atmosférica dos produtos e subprodutos da
combustão pode poluir o ar e a deposição das águas residuárias das ações de
combate ao incêndio, o solo e os mananciais.

No Brasil, a consideração do desempenho estrutural nos âmbitos da


segurança contra o incêndio das edificações é recente: as pesquisas e normas
técnicas relacionadas ao projeto de estruturas em situação de incêndio são
incipientes, comparadas àquelas em desenvolvimento em países como o Japão, o
Reino Unido, a Suécia e os EUA (COSTA; SILVA, 2006).

Na maior parte dos países desenvolvidos, os custos das perdas devido a


incêndios têm reduzido gradativamente. O progresso é mais evidente nos países
que tiveram os maiores índices de vítimas fatais na década de 80 e naturalmente,
investiram na segurança contra incêndio das edificações (WILMOT, 2003 apud
COSTA; SILVA, 2006).

Os mesmos autores afirmam que as maiores dificuldades para lidar com o


incêndio têm sido observadas em diversos países em desenvolvimento, em face das
elevadas taxas de morte registradas, acima da média da maioria dos outros países
no mesmo período. Mas voltemos à questão dos impactos ambientais!

Impacto ambiental é definido pela Resolução CONAMA nº 1/86 como [...]


qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que direta ou indiretamente, afetam:

I – A saúde, a segurança e o bem-estar da população.

II – As atividades sociais e econômicas.


46

III – A biota.

IV – As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente.

V – A qualidade dos recursos ambientais.

Na identificação dos impactos causados ao meio ambiente, é relevante


considerar os principais aspectos ambientais que interagem com os meios físicos,
biótico e social, permitindo assim, propor as intervenções capazes de evitar conflitos,
muitas vezes irreversíveis, que se interpõe na convivência da obra implantada e os
atores direta ou indiretamente influenciados (SILVA; BRITO, 2014).

A Norma ISO 14001 (2004) também fala sobre os aspectos ambientais como
sendo todos os elementos das atividades, produtos e serviços de uma organização
que possuam relação com o meio ambiente, como, por exemplo, o consumo de
água, energia, embalagens, combustíveis, geração de resíduos, descartes de
efluentes, entre outros. Por conseguinte, os impactos ambientais são as mudanças
que os aspectos podem provocar no meio ambiente. Dependendo da atividade da
organização, os impactos ambientais podem ser benéficos ou adversos.

Nos interessa discorrer sobre as aspectos negativos dos produtos de um


incêndio, seja sobre uma pessoa ou o meio ambiente, justificando que as emissões
(não só de gases tóxicos, mas também de partículas liberadas) dos incêndios
provocam sérios impactos sobre o meio ambiente. Esses impactos ocorrem não
apenas pelos gases tóxicos da combustão no local do incêndio, mas devido a
grandes quantidades de partículas também liberadas pelo incêndio no meio
ambiente. As emissões de partículas em um incêndio são normalmente de duas a
quarenta vezes maiores do que quando materiais combustíveis são queimados em
condições controladas (ROCKWOOL, 2011 apud BARRADAS, 2011). Isso ocorre
porque as partículas são compostas, entre outros, de fuligem, de alcatrão, dos
materiais não queimados e dos detritos inorgânicos.

Especialistas do SP Technical Research Institute of Sweden estimam que as


emissões de hidrocarbonetos não queimados, de incêndios, devem ser da mesma
magnitude que a poluição anual do tráfego de veículos pesados.

Quanto aos poluentes, estes apresentam características intrínsecas


(específicas) determinantes para os impactos ambientais que provocarão, tal como a
sua toxicidade a curto (intoxicação aguda) e a longo (intoxicação crônica) prazos, a
47

sua persistência no meio (atmosfera, litosfera e hidrosfera), a sua facilidade de


dispersão no meio, os produtos de sua decomposição química ou bioquímica, o seu
potencial de acumulação na cadeia alimentar e a complexidade no seu controle e na
sua biorremediação (BARRADAS, 2011).

Os poluentes provocam danos ambientais com a sua estrutura original


quando atingem o meio e também quando são modificados por processos físico-
químicos naturais, frequentemente, provocando maiores danos ambientais do que
quando em suas formas originais (ex.: chuvas ácidas, formando ácido nítrico - HNO3
e ácido sulfúrico - H2SO4).

Sabemos que é difícil prever onde e como um incêndio irá acontecer,


portanto, será igualmente difícil medi-lo e controlá-lo, assim, a única forma de se
evitar ou ao menos de se mitigar os seus efeitos sobre o meio ambiente é fazendo o
controle dos materiais especificados (utilizados) durante a fase de projeto, de
construção e, principalmente, de ocupação (uso) das edificações. Atualmente, esta
ação preventiva pode ser exercida através da análise da “reação dos materiais,
atualmente utilizados nas edificações, em situação de incêndio” como veremos a
diante.

Nos incêndios, devido à queima dos materiais orgânicos, à base de celulose


ou de hidrocarbonetos, é comum a ocorrência de substâncias à base de COx (CO e
CO2), NOx (NO e NO2), SOx (SO e SO2) e COVs (compostos orgânicos voláteis -
hidrocarbonetos), além de outras substâncias como os materiais particulados. Aos
poluentes citados, o dióxido de carbono (CO2), causa maior impacto global por ser o
principal gás de efeito estufa na nossa atmosfera (MATOS, 2010).

As fumaças são constituídas por materiais particulados com diâmetros


inferiores a 10 µm. Esses podem permanecer na atmosfera de 10 a 30 dias,
podendo ser transportados por milhares de quilômetros, dependendo das condições
de vento (MATOS, 2010).

A presença de material particulado no ar, gerando a fumaça, pode trazer


transtornos diversos ao ambiente, principalmente à visibilidade, além de alterações
na qualidade do ar, podendo causar enfermidades e desconforto ao homem e à
fauna local. A ocorrência de intensa fumaça pode levar a um maior risco de
acidentes, principalmente quando associada ao transporte de cargas e de
48

passageiros, além de prejudicar a observação visual das regiões próximas aos


incêndios (MATOS, 2010).

Os impactos ambientais provocados pela ação de poluentes gerados em


incêndios podem ser:

 locais (ex.: poluição do ar);

 regionais (ex.: chuva ácida e danos a flora e a fauna); ou,

 globais (ex.: efeito estufa), além dos problemas de saúde para a população
exposta a esses poluentes.

A ocorrência de incêndios provoca a formação de poluentes, que são


transferidos ao meio ambiente através das emissões gasosas (gases e vapores),
dos efluentes líquidos e dos resíduos sólidos.

Um grupo muito importante de poluentes orgânicos são os Hidrocarbonetos


Aromáticos Polinucleares (HAPs), que são subprodutos de uma combustão, de uma
pirólise ou de uma pirossíntese de materiais orgânicos. Os HAPs são substâncias
lipofílicas (solúveis em gordura), podendo causar efeitos mutagênicos e
carcinogênicos nos seres vivos. Plantas também podem ser contaminadas por esses
compostos quando ocorre a sua deposição atmosférica (MATOS, 2010).

Para minimizar a poluição pela queima de materiais em incêndios, deve-se


agir de forma preventiva, substituindo-se os materiais combustíveis, como madeiras
e plásticos, por incombustíveis, como alumínio, aço e cerâmica, ou por materiais
combustíveis de baixa combustibilidade, identificando-se os seus prováveis produtos
de combustão. Um bom exemplo de uma atitude preventiva é a substituição de pisos
plásticos por pisos cerâmicos (BARRADAS, 2011).

Observem no quadro a seguir as substâncias indesejáveis e os impactos


decorrentes de sua liberação no ar:
49

Fonte: Mariano (2005 apud BARRADAS, 2011, p. 31).

Dentre os danos/consequências ao meio ambiente provocados pela


liberação de gases/partículas podemos citar:

 a exposição de plantas vegetais ao gás sulfídrico (H2S) provoca o


chamuscamento das folhas, e ao combinar-se com as águas de chuvas dá
origem ao ácido sulfúrico (H2SO4), provocando necrose nas partes superiores
das folhas (MARIANO, 2005);
50

 os materiais particulados, oriundos de fumaças, por exemplo, podem causar


danos tanto diretos quanto indiretos à vegetação. Uma variedade de efeitos já
foi observada, e entre eles: redução das colheitas, aumento na incidência de
doenças, danos severos às células das folhas, supressão da fotossíntese e
morte de árvores. Os danos podem resultar da formação de uma crosta
espessa sobre as folhas, que suprime a fotossíntese e/ou permite uma
intoxicação alcalina/ácida quando se produzem tais soluções com as águas
das chuvas;

 esse último fator provoca alterações no pH do solo, muitas vezes danosos


para as plantas. Várias espécies de vegetação e variedades dentro das
espécies diferem na sua suscetibilidade aos produtos particulados. De um
modo geral, como os outros poluentes do ar, a poluição por material
particulado prejudica a agricultura, através da diminuição do valor do produto
(a quantidade e/ou a qualidade podem ser afetadas e a época de venda pode
ser adiantada ou atrasada) ou do aumento do custo de produção
(necessidade do uso de fertilizantes, irrigação, entre outros) (MARIANO,
2005);

 os poluentes atmosféricos gasosos e particulados também impactam sobre os


materiais, com ênfase para a corrosão em pedras-mármore, pinturas, tecidos,
borracha, couro e papel. Os materiais podem ser afetados através de
mecanismos físicos e químicos. Os danos físicos podem resultar do efeito
abrasivo dos materiais particulados, levados pelo ar sobre as superfícies.
Reações químicas podem ocorrer quando os poluentes e os materiais entram
em contato direto. Gases absorvidos podem agir diretamente sobre o
material, ou podem primeiro ser convertidos em novas substâncias que serão
as responsáveis pelos efeitos observados. A ação de substâncias químicas
usualmente resulta em mudanças irreversíveis. Consequentemente, o dano
químico nos materiais é um problema mais sério do que as mudanças físicas
ocasionadas pelos materiais particulados (MARIANO, 2005);

 igualmente, o lançamento de gases na atmosfera pela queima de materiais


orgânicos em grandes incêndios, principalmente de óxidos de enxofre e de
nitrogênio, contribui para o aumento da acidez das águas, formando as
chuvas ácidas. Esses compostos, na atmosfera, transformam-se em sulfatos
51

e nitratos e, ao se combinarem com o vapor d’água, formam ácido sulfúrico


(H2SO4) e ácido nítrico (HNO3) e provocam as chuvas ácidas, cujo pH é
inferior a 5,6. A chuva ácida é um dos impactos ambientais mais relevantes,
associada à polução atmosférica, causando corrosão ácida e deterioração. As
modificações das características dos solos devidas à lavagem dos mesmos
pelas chuvas ácidas podem ter consequências ecológicas irreversíveis
(MOTA, 1997; MARIANO, 2005).

Os principais efeitos das chuvas ácidas são: a diminuição do pH das águas


superficiais e subterrâneas, com consequentes prejuízos para o abastecimento
humano e outros usos; declínio da população de peixes e de outros organismos
aquáticos, com reflexos nas atividades recreativas (pesca), econômicas e turísticas.

A redução do pH também aumenta a solubilidade do alumínio e dos metais


pesados, como o cádmio, zinco e mercúrio, sendo muitos deles extremamente
tóxicos. Deste modo, podem ocorrer danos na saúde das pessoas que se alimentam
de peixes contendo elevadas concentrações de metais em sua carne. Também
promoverão danos às tubulações de chumbo e de cobre; redução de certos grupos
de zooplânctons, algas e plantas aquáticas, provocando sérios desequilíbrios
ecológicos (BARRADAS, 2011).
52

UNIDADE 8 – BRIGADAS DE INCÊNDIO

O fato de somente cerca de 15% dos municípios brasileiros (SENASP, 2014)


possuírem bombeiros militares, deixa evidente a necessidade e de imediato a
recomendação de se investir em treinamento qualificado para que os próprios
colaboradores de uma organização possam lidar com ocorrências de incêndio, ou
seja, investir em Brigadas de Incêndio.

A Brigada de Incêndio é um grupo organizado de pessoas voluntárias ou


não, adequadamente treinadas e capacitadas para atuar de forma eficaz com o
suporte dos recursos necessários, na prevenção, abandono e combate a um
“princípio” de incêndio e, se necessário, prestar os primeiros socorros, dentro de
uma área limitada preestabelecida.

Se tomarmos como exemplo o que diz a Agência Nacional de Vigilância


Sanitária (ANVISA, 2014), em seu Manual de Segurança contra incêndios em
Estabelecimentos de Saúde, a organização da Brigada de Incêndio deve considerar:

a) Subdivisão em áreas de atuação.

b) Selecionar os integrantes da Brigada e atribuir-lhes uma área de atuação.

c) Definir o organograma das equipes integrantes da Brigada.

d) Definir equipes de intervenção, de abandono e de suporte básico à vida.

e) Definir membros efetivos x suplentes das equipes.

f) Definir formalmente atribuições e responsabilidades.

g) Prover meios e/ou recursos necessários às eventuais intervenções.

h) Planejar treinamentos, simulados (semestrais) e reciclagens (anuais).

i) Manutenção das Equipes de Respostas, dos Recursos e Meios.

j) Calendário de reuniões bimestrais (documentadas).

Recomenda-se a divisão da Brigada de Incêndio nas seguintes equipes de


atuação:

 Equipe de Intervenção – tem por objetivo o atendimento a eventuais


ocorrências, através da realização de procedimentos de combate a focos de
53

incêndio e isolamento de área, salvando vidas e minimizando danos ao


patrimônio e ao meio ambiente;

 Equipe de Abandono – tem por objetivo proporcionar segurança para o


abandono organizado do estabelecimento, ajudando a saída de pessoas com
mobilidade reduzida e orientando a saída disciplinada dos demais, evitando
pânico;

 Equipe de Suporte Básico à Vida – tem por objetivo prover uma rápida e
eficiente intervenção no primeiro atendimento de vítimas de acidentes ou mal
súbito até a chegada do resgate especializado, salvando vidas.

Divisão da Brigada de Incêndio

Recomenda-se também que sejam estabelecidos critérios formais para


seleção dos integrantes da Brigada de Incêndio do estabelecimento (ANVISA, 2014).

Assim, propõe-se a adoção dos seguintes parâmetros básicos, ou seja, o


candidato a brigadista deve:

a) Permanecer o maior tempo possível na edificação.

b) Possuir experiência anterior como brigadista (preferível).

c) Possuir (boas) condições físicas e psicológicas (passando por revisões


periódicas de saúde).
54

d) Não apresentar limitações de visão e/ou audição que limitem o


desempenho em emergência.

e) Gozar de boa saúde.

f) Ser maior de 18 anos.

g) Ser alfabetizado.

Verifica-se que a carga horária mínima para treinamento dos brigadistas de


incêndio é de 16 (dezesseis) horas totais e 8 (oito) horas práticas, separadas
conforme o disposto no Anexo A da ABNT NBR 14.276, para tanto, devem ser
realizadas aulas teórica e práticas tanto de primeiros socorros (avaliação primária e
suporte básico à vida), como também quanto à operação de equipamentos de
combate a incêndio disponíveis na edificação. Sugere-se que as aulas práticas
sejam realizadas em “pistas” aprovadas para tal, simulando condições similares às
verificadas em princípios de incêndio em edificações dessa natureza.

Deve ser estabelecido um organograma da Brigada de Incêndio


estabelecendo uma estrutura hierárquica de comando em situações de emergência,
sendo caracterizado pela existência de um líder, um sub-líder, chefes de equipes e
brigadistas de incêndio subdivididos em equipes de ação específica (ANVISA, 2014).

Em situação normal, os brigadistas terão responsabilidades por ações


prevencionistas, bem como pela manutenção das suas equipes, informando o líder
da Brigada sobre quaisquer alterações nas respectivas equipes. Já em situação de
emergência, os brigadistas serão efetivamente responsáveis pelas intervenções
necessárias, conforme Plano de Emergência definido para o estabelecimento,
provendo uma rápida resposta, adequadamente coordenada com os demais
recursos e meios disponíveis.

As atribuições e responsabilidades dos diversos integrantes de cada uma


das 3 (três) equipes de resposta da Brigada de Incêndio do Estabelecimento
Assistencial de Saúde variam fundamentalmente entre ações preventivas realizadas
em situação de normalidade e as ações de emergência realizadas em situação de
sinistro.
55

De forma objetiva, em situação de normalidade, podemos sintetizar as


responsabilidades da Brigada de Incêndio como um todo, na efetivação das
seguintes tarefas:

a) Avaliação dos riscos existentes.

b) Inspeção dos equipamentos de combate a incêndio.

c) Inspeção geral de acessos e rotas de fuga.

d) Apontar irregularidades encontradas.

e) Providenciar solução das irregularidades.

f) Orientação da população fixa e flutuante.

g) Treinamentos e simulados.

De maneira análoga, em situação de emergência, cabe à Brigada de


Incêndio agir pronta e eficazmente na efetivação das seguintes tarefas, conforme as
atribuições de cada uma das três equipes:

a) Detecção.

b) Alerta da Equipe de Resposta.

c) Análise da Situação.

d) Acionamento do Corpo de Bombeiros.

e) Procedimentos:

- isolamento;

- abandono;

- corte de energia (não fundamental);

- combate a “princípio” de incêndio;

- suporte básico à vida.

O curso de treinamento e formação dos brigadistas do estabelecimento deve


ser ministrado por profissionais comprovadamente habilitados para tal, em
conformidade com a atribuição de função em razão da alocação em uma das três
equipes de resposta apresentadas anteriormente.
56

Todos os brigadistas do estabelecimento devem ser submetidos a um curso


básico, composto de duas partes – teórica e prática, conforme conteúdo
programático mínimo apresentado na citada ABNT NBR 14.276. Propõe-se que a
Equipe de Abandono, normalmente formada pelo maior contingente de brigadistas
do estabelecimento, participe somente desse primeiro treinamento.

Já a Equipe de Intervenção deve ser submetida a treinamento prático


avançado em “pistas de treinamento” devidamente aprovadas para tal, simulando
condições similares às verificadas em princípios de incêndio em edificações dessa
natureza. Recomenda-se que esse curso seja revalidado no máximo a cada um ano,
realizando no mínimo:

 lançamento e acoplagem de mangueiras à rede de hidrantes;

 combate com uma e duas linhas de mangueiras (prática em trincheira e


maracanã);

 utilização das diversas classes de extintores portáteis em áreas fechadas;

 “casa da fumaça”.

Por sua vez, os integrantes da Equipe de Primeiro Atendimento devem


receber treinamento em suporte básico à vida (SBV), incluindo práticas avançadas
de avaliação secundária, reanimação cardiopulmonar e uso de desfibrilador externo
automático (DEA). Recomenda-se que esse curso seja revalidado no máximo a cada
dois anos (ANVISA, 2014).

Ressalta-se que os simulados realizados devem contar com todos os


ocupantes do estabelecimento, inclusive, se possível, com a participação de
deficientes locomotores para que sejam verificadas as reais dificuldades nas
operações programadas de abandono e, assim, providenciados os ajustes
necessários no Plano de Abandono.

Cabe lembrar que, para o desempenho de qualquer atividade profissional,


deve o empregador fornecer, sem ônus a seus empregados, os Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs) necessários e o treinamento para o correto emprego
desses. Assim, sugere-se ainda que sejam disponibilizados kits específicos para
cada uma das equipes com os materiais necessários para atuação em caso de
emergência, bem como para todos os membros da brigada:
57

 colete refletivo;

 lanterna recarregável;

 pochete com máscara RCP descartável + Óculos de segurança e Par de


luvas.

A maioria das pessoas que sobrevivem às situações de emergência não é a


mais jovial e forte, mas a que está mais consciente e preparada em como agir
nessas situações (ARAÚJO, 2008).
58

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, G.H.S.; et al. Orientação Básica para Planejamento de Ações Preventivas


em Sistemas de Gestão. Rio de Janeiro: CTEM/MCT, 2007.

ARAÚJO, José Moacyr Freitas de. Comportamento humano em incêndios. In:


SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo:
Projeto Editora, 2008.

ARAÚJO, Sérgio Baptista de. Comportamento humano nos incêndios, 1999.

BARRADAS, Robson Santos. Análise da reação ao fogo em edifícios comerciais do


centro da cidade do Rio de Janeiro: um estudo da evolução dos materiais
combustíveis. Rio de Janeiro: UFRJ, 2011.

BRASIL, Ministério do trabalho e emprego. Norma Regulamentadora nº 23 –


Proteção contra incêndios. Disponível em:
<http://mte.gov.br/legislação/normas_regulamentadoras/nr_23.pdf>. Acesso em: 15
de abril de 2011.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança contra Incêndios em


Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Brasília: Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, 2014.

BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de


1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 12 set. 1990. Seção 1. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm

BRASIL. Código Penal. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Institui o


código penal. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 31 dez. 1940.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
lei/Del2848compilado.htm

BRASIL. Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as Normas


Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do
Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Disponível em:
http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/63/mte/1978/3214.htm

BRASIL. Resolução CONAMA n.1/86. Disponível em:


http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html

BRENTANO, Telmo. A proteção contra incêndio ao projeto de edificações. Porto


Alegre: T Edições, 2007.

CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DO MATO GROSSO. Boletim 2419/2009.


Disponível em: www.bombeiros.mt.gov.br/anexos2/1381.doc

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. NORMA TÉCNICA N.


16/2012 – Plano de intervenção de incêndio – CBMGO – GOIÂNIA/GO
59

http://www.bombeiros.go.gov.br/wp-content/uploads/2012/09/NT-16_2012_Plano-de-
Interven%C3%A7%C3%A3o-de-Inc%C3%AAndio.pdf

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Instrução


técnica n. 11/2006.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Instrução


técnica n. 16/2004 – Plano de Intervenção de Incêndio. Disponível em:
http://www.bombeiros.com.br/br/utpub/instrucoes_tecnicas/IT%2016.pdf

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ. Plano de


Segurança (2012). Disponível em: www.bombeiroscascavel.com.br/.../mod2-
Plano%20de%20Seguranca.pd

COSTA, Carla Neves; SILVA, Valdir Pignatta e. Recomendações para o


dimensionamento de elementos de concreto à flexão simples em situação de
incêndio. Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto Abril / 2006.

COSTA, Carla Neves. Projeto de segurança contra incêndios: aspectos legais


(2011). Disponível em: https://divulgacaotecnologica.wordpress.com/palestras/dc/

DEL CARLO, Ualfrido. A segurança contra incêndio no mundo. In: SEITO, Alexandre
Itiu et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008.

DINIZ, Flávio et al. Modelos de Avaliação de Consequência de Acidentes


(vazamentos, incêndios, explosões, contaminação ambiental). 2006. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/_7.pdf

DUARTE, Dayse et al. Códigos prescritivos x códigos baseados no desempenho:


qual é a melhor opção para o contexto do Brasil? XXII Encontro Nacional de
Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002. Disponível em:
http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2002_TR47_0273.pdf

DUARTE, Dayse; et al. Gerenciamento dos riscos de incêndio. In: ENEGEP, 1998,

FERNANDES, João Cândido. Leis e Normas brasileiras sobre prevenção de


incêndios. S.D. Disponível em:
http://wwwp.feb.unesp.br/jcandido/higiene/artigos/prevencao_inc.htm

FRITSCH, Fabiane. Gestão de projetos no âmbito da prevenção contra incêndio. Ijuí


(RS): Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 2011.

GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito. 44 ed. Rio de


Janeiro: Forense, 2011.

JCS. Equipamentos contra incêndios. Prevenção contra incêndios (2011). Disponível


em: http://jcsequipamentos.com.br/imaster/prevencao-contra-incendio

LINZMAYER, Eduardo; SILVA, Silvio Bento da; ATIK, Vítor Eduardo Guarnieri.
Manutenção aplicada em sistemas e equipamentos de segurança contra incêndio.
In: SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo:
Projeto Editora, 2008.
60

MARIANO, J.B. Impactos Ambientais do refino de petróleo, Rio de Janeiro:


Interciência, 2005.

MARIN, Maristhela. Análise de Riscos e Avaliação de Impacto Ambiental em uma


instalação de processamento químico. Campinas: Universidade Estadual de
Campinas, 2004. Tese.

MATOS, A.T. de. Poluição Ambiental: impactos no meio físico. Viçosa: Editora UFV,
2010.

MOTA, S. Introdução a Engenharia Ambiental. Rio de Janeiro: ABES, 1997.

Norma ISO 14001. Sistemas de gestão ambiental. Disponível em:


http://www.labogef.iesa.ufg.br/labogef/arquivos/downloads/nbr-iso-14001-
2004_70357.pdf

PANNONI, Fábio Domingos; SILVA, Valdir Pignatta e. Engenharia de segurança


contra incêndio. In: SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra incêndio no
Brasil. São Paulo: Projeto Editora, 2008.

PIRES, A. R. O crime de incêndio. Bueno e Costanze Advogados: Direito Penal.


Artigos. Guarulhos, 15 mar. 2010. Disponível em:
http://buenoecostanze.adv.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1484
9&catid=15&Itemid=543

SEITO, A. I. Reação ao fogo dos materiais de construção. In: Seminário “Segurança


contra incêndio nos projetos de Engenharia Civil e Arquitetura”, São Paulo:
UNINOVE, 2009.

SEITO, Alexandre Itiu. Legislação, regulamentação e normas técnicas.


PUBLICAÇÃO DO GSI/NUTAU/USP 2009. Disponível em:
www.lmc.ep.usp.br/grupos/gsi/wp.../regulamentacao_normas.pdf

SENASP. Pesquisa perfil das instituições de segurança pública 2013 (ano-base


2012). Coordenação geral: Isabel Seixas de Figueiredo, Gustavo Camilo Baptista.
Brasília: Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), 2014.

SENNE Jr., Marcos. Abordagem sistemática para a avaliação de riscos de acidentes


em instalações de processamento químico e nuclear. Campinas: Universidade
Estadual de Campinas, 2003.

SILVA, Maria do Socorro Teixeira da; BRITO, Sâmia de Oliveira. Encontro de ciência
e tecnologia impactos ambientais associados à construção de empreendimentos
elétricos no setor de distribuição de energia (2014). Disponível em:
www.faro.edu.br/revista/index.php/FAROCIENCIA/article/.../pdf_16

VALENTIN, Marcos Vargas; ONO, Rosaria. Saídas de emergência e comportamento


humano: uma abordagem histórica e o estado atual da arte no BRASIL (2006).
Disponível em: http://www.lmc.ep.usp.br/grupos/gsi/wp-content/nutau/valentin.pdf

VASCONCELOS, V. Aplicação da metodologia da árvore de falhas na análise de


riscos em sistemas complexos. Belo Horizonte: UFMG, 1984.
61

ZAGUINI, Thiago de Assis. Avaliação das Metodologias de Gerenciamento de


Riscos Ambientais e de Segurança de Incêndio em uma fábrica de pneus no Rio de
Janeiro - RJ. Rio de Janeiro: UFRJ, 2012.

ANEXOS

Sites de associações – Institutos de pesquisa


www.abnt.org.br NFPA, “ Life Safety Code Handbook”, NFPA, 2006.
www.iso.org NFPA, “National Electrical Code Handbook” (NFPA 70),
www.nfpa.org 2008.
62

www.fpaa.com.au/ NFPA, “Todas as normas”.


www.astm.org SFPE “Handbook of Fire Protection Engineering” 3rd edition
www.afnor.org NFPA 2002.
www.standardsuk.com http://www.cstb.fr/
www.din.de http://www.bre.co.uk/
www.jsa.or.jp http://www.nist.gov/
www.iram.com.ar/ http://www.iafss.org
www.inn.cl http://www.thefpa.co.uk/
www.accustandard.com http://www.communities.gov.uk/pub/25/FireStatisticsUnitedK
ingdom2005_id1509025.pdf
http://www.plt.org/
http://www.puc.cl/noticias/anteriores/prensaUC/pub251.html
http://www.educationworld.com/

NR-23 – Proteção contra incêndios

A redação dada pela Portaria SIT nº 221, de 06 de maio de 2011, relata que:

23.1 Todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de


incêndios, em conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas
aplicáveis.
63

23.1.1 O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores


informações sobre:

a) utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;

b) procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança;

c) dispositivos de alarme existentes.

23.2 Os locais de trabalho deverão dispor de saídas, em número suficiente e


dispostas de modo que aqueles que se encontrem nesses locais possam abandoná-
los com rapidez e segurança, em caso de emergência.

23.3 As aberturas, saídas e vias de passagem devem ser claramente


assinaladas por meio de placas ou sinais luminosos, indicando a direção da saída.

23.4 Nenhuma saída de emergência deverá ser fechada à chave ou presa


durante a jornada de trabalho.

23.5 As saídas de emergência podem ser equipadas com dispositivos de


travamento que permitam fácil abertura do interior do estabelecimento.

Você também pode gostar