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Portugues 8ano Teste1 Saga 4
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Escola
o o
Matriz do teste n. 1 – Português 8. ano
VERSÃO A
©Edições ASA – Projeto A Par e Passo | 2021-2022 – Carla Marques | Ana Paula Neves Página 1
PORTUGUÊS 8º ANO – NOVEMBRO
COMPREENSÃO DO ORAL
Para responderes aos itens que se seguem, vais ouvir um episódio da crónica Sinais, de
Fernando Alves, dedicado a uma exposição fotográfica de Fábio Fonseca.
“Sê em céu azul, Porto”
https://www.tsf.pt/programa/sinais/emissao/se-em-ceu-azul-porto-5673344.html
1. Para cada item, seleciona a opção que completa a frase, de acordo com o sentido do
texto.
1.1. A exposição fotográfica que está patente nas Galerias Lumière tem como tema
(A) a nave do mosteiro de Vila Boa.
(B) animais estranhos na arquitetura.
(C) o voo das aves em pleno céu.
1.3. O título da exposição – “Sê em céu azul, Porto” – está relacionado com
(A) a leitura de poemas de Eugénio de Andrade.
(B) o facto de as fotografias serem sobre o voo de aves.
(C) o desejo de que o Porto seja uma cidade de cor azul.
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PORTUGUÊS 8º ANO – NOVEMBRO
LEITURA
- Entrevista a Germano Silva, jornalista (foi chefe de redação do Jornal de Notícias) e historiador,
- autor de livros como Porto – nos recantos do passado e Porto desconhecido & insólito.
- É o historiador mais popular do Porto e das coisas do Porto, onde tem vivido toda a vida
5 apesar de ter nascido em Penafiel, já lá vão 88 anos. Mas hoje o tema é Lisboa. Lembra-se da
- primeira vez que lá foi?
- Foi nos anos 1950, eu fazia parte da Juventude Operária Católica. Fiquei alojado perto do
- Campo dos Mártires da Pátria. Estava muito excitado porque não conhecia Lisboa e tive
- oportunidade para dar umas voltas a pé e fiquei com uma bela impressão. Lisboa, nessa altura,
10 suponho que era primavera, era muito luminosa, prédios com cores garridas, que contrastavam
- muito com o granito e o cinzento aqui do Porto.
- Sendo o Porto uma grande cidade, Lisboa impressionou-o mesmo assim também pelo
- tamanho?
- Sem dúvida. O Porto era e é uma cidade de trabalho, com gente de caráter ‒ não gosto da
15 palavra bairrista ‒, com gente que não verga e que bateu sempre o pé sobretudo após o
- liberalismo, depois de terminada a monarquia absoluta. Há histórias até de que o rei chamava
- ao palácio Fontes Pereira de Melo para lhe dizer “olha que lá em cima, na Praça Nova, andam a
- mexer. Tu faz cair o Governo”. O Porto batia o pé, Lisboa acatava. Mas, sim, é uma capital
- grande. E há uma diferença grande entre as duas cidades. Nós não temos grandes palácios
20 como Lisboa. O Porto era uma terra de mercadores, de homens que iam fazer os seus negócios
- para o Norte da Europa e conseguiram dos reis o privilégio de que os fidalgos ‒ os ociosos, os
- homens do dinheiro ‒ não vivessem cá. Eles podiam vir ao Porto se tivessem rendas a cobrar, se
- tivessem de tratar da saúde, mas não podiam ficar mais de três dias, pois seriam expulsos. Ora,
- isso fez que os fidalgos, que eram quem tinha o dinheiro, não construíssem aqui os seus
25 grandes palácios.
- Lisboa e o Porto são muito marcadas pelos rios. Quando olha para os dois rios, o que sente
- como diferença?
- O Tejo dá-me a sensação de que divide uma parte da outra, enquanto o Douro une. D. Afonso III
- mandou fazer umas inquirições ao Porto para saber o que é que rendia o tráfego marítimo
30 fluvial. O rio Douro foi sempre um entreposto de negócios aqui na cidade e foi através do Douro
- que a cidade prosperou. Escoava para os mares da Europa, porque o rio era navegável quase
- até ao Pinhão e traziam de lá fruta, mel, couros e vinhos que exportavam. Quando olho para o
- Tejo, vejo o mar. Vejo o Bugio. E aqui não. A prova de que aqui há esta união é que no São João
- a festa é feita em conjunto entre Gaia e o Porto.
Entrevista de Leonídio Paulo Ferreira, DN, 13 de junho de 2020 (https://www.dn.pt/edicao-do-dia/13-jun-2020/nos-nao-temos-
grandes-palacios-como-lisboa-o-porto-era-uma-terra-de-mercadores-12302363.html) [texto com supressões]
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PORTUGUÊS 8º ANO – NOVEMBRO
2. Para cada item, escolhe a opção que completa corretamente as afirmações que se seguem,
de acordo com o texto.
2.1. Na sua primeira visita a Lisboa, Germano Silva ficou com a sensação de que esta era
uma cidade
(A) mais perigosa do que o Porto.
(B) com mais gente do que o Porto.
(C) com mais cor do que o Porto.
(D) mais moderna do que o Porto.
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PORTUGUÊS 8º ANO – NOVEMBRO
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
- Hans amou desde o primeiro momento a respiração rouca da cidade, o colorido intenso e
- sombrio, o arvoredo murmurante e espesso, o verde espelhado do rio. Na estrada que corria junto
- às margens, viam-se bois enfeitados e vermelhos, puxando carros de madeira, que chiavam sob o
- peso de pipas, pedra e areias.
5 O navio demorou-se vários dias no cais, carregando e descarregando. Na véspera da partida
- entre Hans e o capitão levantou-se uma furiosa querela1.
- Hans estava de pé, no cais, vestido com uma pele de urso branco, que encontrara no porão. No
- centro de um círculo, de marinheiros, que batiam palmas para marcar o ritmo, dançava e ria,
- sacudindo uma pandeireta. Juntava-se gente. Como se se tratasse de um circo ambulante, um
10 grumete2 tirara o barrete e estendia-o aos espetadores, que começavam a lançar moedas. A tarde
- corria sobre o rio.
- Foi esta cena que o capitão viu, quando, de súbito, irrompeu no convés. A sua barba vermelha
- brilhava de fúria. Hans, sozinho, no meio do círculo vazio, suportou com um sorriso calmo o rosto
- irado que o fitava. Houve um pesado silêncio.
15 ‒ Despe isso ‒ gritou o capitão. ‒ Aqui não é um circo.
- Hans, devagar, com um sorriso petulante3, despiu a pele do urso e estendeu-a a outro grumete,
- dizendo:
- ‒ Toma, meu pagem, leva o meu manto.
- E a pele, sem que nenhum braço se estendesse para a receber, caiu mole no chão.
20 ‒ Aqui não é um teatro ‒ disse o capitão, olhando Hans na cara.
- Hans sustentou o olhar e o seu sorriso tornou-se duro e teimoso.
- ‒ Apanha a pele ‒ ordenou o capitão. ‒ E vai para bordo, tu e os outros, todos para bordo.
- No porão, o capitão chicoteou Hans, em frente dos homens calados.
- No fim disse-lhe:
25 ‒ Agora aprendeste a ter juízo.
- Mas nessa madrugada, em segredo, Hans abandonou o navio.
-
- Caminhou ao acaso4, na cidade desconhecida, perdido no som das palavras estrangeiras, perdido
- na diferença dos sons, da luz, dos rostos e dos cheiros, carregando o seu pequeno saco, procurando
nas ruas o lado da sombra. Através de grades de ferro pintadas de verde, espreitou o interior
30 sussurrante de insondáveis5 jardins, onde, sob enormes arvoredos se abriam trémulos junquilhos6.
- Parou em frente dos ourives para olhar as montras, à porta das adegas respirou a frescura sombria e
- o cheiro do vinho entornado. Caminhou ao longo do rio, na margem onde as mulheres, descalças,
- carregavam cestos de areia, enquanto outras discutiam, aos magotes7, cortando com grandes
- brados8 e largos gestos o ar liso da manhã. Penetrou nas igrejas de azulejo e talha, que não eram
35 claras e frias como as igrejas do seu país, mas doiradas e sombrias, numa penumbra trémula de
- velas onde negrumes e brilhos animavam o rosto das imagens, que, num incerto sorriso pareciam
- reconhecê-lo. Dormiu nos degraus de uma escada, sob os arcos da praça, nos bancos do jardim
- público, e as noites pareceram-lhe mornas e transparentes.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Saga, Porto, Porto Editora, 2020, pp. 17-19.
VOCABULÁRIO:
1 5
querela: discussão, disputa insondáveis: misteriosos.
2 6
grumete: posição, num navio, inferior à de um marinheiro. junquilhos: flor.
3 7
petulante: descarado, insolente. magotes: grupo numeroso de pessoas.
4 8
ao acaso: sem rumo, sem destino. brados: gritos.
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PORTUGUÊS 8º ANO – NOVEMBRO
1. Tendo em conta o primeiro parágrafo (ll. 1-4), faz a caracterização da cidade que encantou
Hans.
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4. Compara a reação dos colegas à brincadeira de Hans à reação do capitão. Justifica a tua
resposta.
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PORTUGUÊS 8º ANO – NOVEMBRO
GRAMÁTICA
3. Seleciona, com um X, a opção que completa corretamente cada frase (3.1 e 3.2).
3.1. A única frase que inclui uma locução adverbial com valor de negação é
(A) Não havia ninguém à espera de Hans.
(B) De modo nenhum Hans permaneceria no navio.
(C) Nenhum marinheiro o apoiou.
(D) Ninguém defendeu Hans.
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PORTUGUÊS 8º ANO – NOVEMBRO
ESCRITA
Imagina que és o Hans e que estás a escrever as tuas memórias. Escreve um texto, com um
mínimo de 100 e um máximo de 160 palavras, onde relates este acontecimento a bordo do
navio Angus.
O teu texto deve incluir:
‒ uma introdução: refere a reflexão ou o pensamento que te levou a recordar este momento;
‒ um desenvolvimento: apresenta o episódio, situando-o no tempo e no espaço; refere as
pessoas envolvidas e as impressões vividas (sentimentos, pensamentos);
‒ uma breve conclusão: faz uma pequena reflexão sobre o que aconteceu.
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FIM
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COTAÇÃO DO TESTE
Item
Grupo
Cotação (em pontos) Total
Compreensão do
1.1. 1.2. 1.3. 1.4
Oral
3 3 3 3 12
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Grupo II – Leitura
1. 2 – 3 – 1 – 4 – 5
2.1. (C)
2.2. (A)
2.3. (D)
Grupo IV – Gramática
1. a. veem/fazem; b. tem viajado; c. tivesse previsto/seria
2. A – 6; B – 5; C – 1; D – 3; E – 2; F – 4
3.1 (B)
3.2 (A)
4. arvoredo – derivação por sufixação; amanhecer – parassíntese; incerto – derivação por prefixação.
Grupo V – Escrita
Proposta:
Hoje, ao assistir à peça de teatro dos meus netos, lembrei-me de uma outra atuação, na qual fui o único ator.
Nesse dia, estávamos atracados no cais há vários dias e partiríamos no dia seguinte. Resolvi animar essa última
noite. Vesti a pele de urso que encontrei no porão. No convés do navio, dancei, ri e toquei pandeireta muito
animado com a reação dos meus colegas. Todos os meus companheiros assistiam e aplaudiam o meu espetáculo.
No entanto, o meu capitão não gostou do que viu. Gritou uma ordem para que todos se afastassem e chicoteou-me
para me dar uma lição, à frente de todos. Nunca me tinha sentido tão humilhado e triste.
Agora, passado tanto tempo, sinto que o que fiz me trouxe a este lugar. Se não tivesse sido assim, não teria
abandonado o navio e, talvez, não estivesse nesta cidade que me encantou desde o início e não tivesse esta família.
(154 palavras)
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