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E.E.

Juvenal Ramos Barbosa

Língua Portuguesa

DOUGLAS NASCIMENTO, EMERSON DE SOUZA, EMILLY


CAMILLE, GUSTAVO GUEDES, JULIA ROBERTA E MILENA DA
SILVA

DOENÇAS MENTAIS

SÍNDROMES, SINTOMAS, CAUSAS E TRATAMENTOS

GUARULHOS

2021
E.E. Juvenal Ramos Barbosa
Língua Portuguesa

DOUGLAS NASCIMENTO, EMERSON DE SOUZA, EMILLY


CAMILLE, GUSTAVO GUEDES, JULIA ROBERTA E MILENA DA
SILVA

DOENÇAS MENTAIS:
SÍNDROMES, SINTOMAS, CAUSAS E TRATAMENTOS

Esse trabalho de conclusão de


curso foi feito para apresentar
algumas doenças mentais,
seus sintomas e tratamentos.
PROFESSOR DIVINO MOURA

GUARULHOS – SÃO PAULO


2021
DOUGLAS NASCIMENTO, EMERSON DE SOUZA, EMILLY
CAMILLE, GUSTAVO GUEDES, JULIA ROBERTA E MILENA DA
SILVA

DOENÇAS MENTAIS:
SÍNDROMES, SINTOMAS, CAUSAS E TRATAMENTOS

Relatório final, apresentado a


instituição E.E. Juvenal Ramos
Barbosa, como parte das
exigências para a obtenção do
título de Formação do Ensino
Médio.
Guarulhos, __ de _____ de ____.

___________________________________________
PROFESSOR DIVINO MOURA
Dedicatória

“Gostaria de agradecer aos meus pais e meus


colegas de classe durante a produção desse
trabalho.”
- Douglas Nascimento

“Eu agradeço a todos os meus colegas de turma pela


conclusão deste ano.”
- Emerson de Souza

"Queria agradecer por poder trabalhar com meus


amigos nesse trabalho incrível e aprender junto com
eles."
- Emilly Camille

“Dedico esse trabalho aos meus colegas que me


proporcionaram boas experiências no
desenvolvimento desse monógrafo.”
- Gustavo Guedes

“Eu gostaria de agradecer meus colegas e


professores por essa dádiva que foi realizar esse
aprendizado.”
- Julia Roberta

"Gostaria de agradecer a todos os envolvidos, foi uma


experiência gratificante fazer este trabalho."
- Milena da Silva
O QUE É DOENÇA/SÍNDROME MENTAL?

É um mal silencioso, que pode estar presente em qualquer fase da vida de uma
pessoa. Seus reflexos acontecem no âmbito psicológico e podem ter reflexos físicos
dependendo do estágio da doença.

A importância que as discussões sobre esse tema vêm ganhando é positiva para
quebrar tabus e preconceitos. Se antigamente pacientes com transtorno
mental eram facilmente excluídos do convívio social, hoje eles têm mais chances de
serem acolhidos. Além disso, também há mais opções de tratamento disponíveis.

Ainda não há maneira comprovada de prevenir o transtorno mental. Sabemos,


porém, que investir no bem-estar individual e das pessoas em volta ajuda a melhorar
a qualidade de vida.

As doenças mentais são condições de saúde que envolvem mudanças na emoção,


pensamento ou comportamento (ou uma combinação delas). As doenças mentais
estão associadas à angústia e / ou problemas de funcionamento em atividades
sociais, de trabalho ou familiares, que pode afetar o humor, o comportamento, o
raciocínio, a forma de aprendizado e maneira de se comunicar de um indivíduo.

Os transtornos mentais assumem muitas formas. Algumas são leves e interferem de


maneira limitada com a vida cotidiana, como certas fobias (medos anormais). Outras
condições de saúde mental são tão graves que uma pessoa pode precisar de
cuidados em um hospital.
O diagnóstico de um transtorno mental é feito por profissionais especializados em
saúde mental: psicólogos, psiquiatras ou psicanalistas. Dependendo da gravidade
do caso, é necessário encaminhar o paciente para médicos especialistas em
determinados tipos de transtorno, ou mesmo recorrer à internação.

No entanto, o transtorno mental ainda não foi completamente compreendido pela


medicina. Justamente por tratar-se de algo que não se manifesta de forma física,
tem apenas reflexos no dia a dia de uma pessoa, é mais difícil analisar seus
sintomas.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Aqui retratamos uma garota com transtorno alimentar que, ao se ver no espelho ela se
enxerga com peso que não possui......................................................................................................... 9

FIGURA 2 - Aqui claramente é retratado uma pessoa com transtorno alimentar, presa ao
pensamento de não se alimentar com medo de obter peso................................................................. 10

FIGURA 3 - Imagem de Fernanda antes do transtorno alimentar.................................................... 12


FIGURA 4 - Imagem de Fernanda depois do transtorno alimentar.................................................. 12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DDT Dicloro-Difenil-Tricloroetano
PCBs Bifenilas Policloradas
AVC Acidente Vascular Cerebral
CAPS Centro de Atenção Psicossocial
DFT Demência Frontotemporal
AWS Síndrome de Alice no País das Maravilhas
TDAH Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade
TOC Transtorno Obsessivo Compulsivo
TCC Terapia Cognitivo-Comportamental
STEPPS Sistemas de treinamento para previsibilidade emocional e de
resolução de problemas
ISRS Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina
PiD Demência de Pick
IPq-HC Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 7
2. ANOREXIA ......................................................................................... 8
2.1 Sintomas, Causas e Prevenção......................................................... 9
2.2 Anorexia Infantil e Tratamento......................................................... 10
2.3 Relatos de Fernanda Fahel............................................................. 11
3. AUTISMO ......................................................................................... 13
3.1 Principais Sinais e Sintomas........................................................... 13
3.2 Diagnósticos e Causas.................................................................... 14
3.3 Tratamento...................................................................................... 15
4. DEMÊNCIA ...................................................................................... 17
4.1 Tipos de Demência......................................................................... 17
4.2 Sintomas......................................................................................... 19
4.3 Tratamento...................................................................................... 20
4.4 O Primeiro Caso de Demência....................................................... 21
5. DEPRESSÃO .................................................................................. 22
5.1 Sintomas......................................................................................... 22
5.2 Diagnóstico e Tratamento.............................................................. 23
5.3 Recomendações para quem tem Depressão e Familiares............ 24
6. ESQUIZOFRENIA ........................................................................... 25
6.1 Sintomas......................................................................................... 25
6.2 Causa, Diagnóstico e Tratamento.................................................. 26
6.3 A Psicologia e os Ajustes no Estilo de Vida................................... 28
7. PSICOPATIA .................................................................................. 29
7.1 Sintomas........................................................................................ 29
7.2 Tratamento..................................................................................... 30
8. SÍNDROME DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS................... 31
8.1 Sintomas......................................................................................... 31
8.2 Causas e Tratamentos..................................................................... 32
9. TDAH ................................................................................................ 33
9.1 Sintomas.......................................................................................... 33
9.2 Causas............................................................................................. 34
9.3 Tratamento....................................................................................... 36
10. TRANSTORNO BIPOLAR ..............................................................
37
10.1 Tipos de Transtorno Bipolar........................................................... 37
10.2 Sinais de Sintomas e Outras Doenças Semelhantes.................... 38
10.3 Tratamentos e Terarias.................................................................. 39
11. TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO ...................
40
11.1 Sintomas........................................................................................ 40
11.2 Causas e Diagnóstico.................................................................... 41
11.3 Tratamentos................................................................................... 42
12. TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO ............................... 43
12.1 Sintomas........................................................................................ 43
12.2 Causas........................................................................................... 46
12.3 Tratamento..................................................................................... 46
12.4 Terapia........................................................................................... 47
13. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE ................ 48
13.1 Etiologia........................................................................................ 48
13.2 Sinais e Sintomas.......................................................................... 49
13.3 Tratamento.................................................................................... 51
13.4 Psicoterapia................................................................................... 51
13.5 Terapia Focada em Esquema....................................................... 52
13.6 Fármacos...................................................................................... 53
14. CONCLUSÃO................................................................................. 55
Introdução

A saúde, como produção social de determinação múltipla e complexa, exige a


participação ativa de todos os sujeitos envolvidos em sua produção – usuários,
movimentos sociais, trabalhadores da saúde, gestores do setor sanitário e de outros
setores – na análise e na formulação de ações que visem à melhoria da qualidade
de vida. Neste contexto, o fazer saúde envolve fundamentalmente o estabelecimento
de uma rede de compromissos e corresponsabilidades em favor da vida e da
formulação das estratégias necessárias para que essa rede se efetive. Conforme a
Constituição Federal de 1988, a garantia da saúde implica assegurar o acesso
universal e igualitário dos cidadãos aos serviços de saúde, como também a
execução de políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos de
adoecer. No campo da atenção à saúde mental, observa-se, hoje, no Brasil,
importantes transformações conceituais e operacionais, reorientando-se o modelo
historicamente centrado na referência hospitalar para um novo modelo de atenção
descentralizado e de base comunitária.
A saúde mental é um importante fator que possibilita o ajuste necessário para lidar
com as emoções positivas e negativas. Investir em estratégias que possibilitem o
equilíbrio das funções mentais é essencial para um convívio social mais saudável.
Este trabalho tem o propósito de informar sobre diversos transtornos psicológicos e
dizer suas causas e tratamentos, e a importância da saúde mental e de como
devemos nos preocupar com ela o quanto antes.
Assim como a física, a saúde mental é uma parte integrante e complementar à
manutenção das funções orgânicas. Nesse contexto, a promoção da saúde mental é
essencial para que o indivíduo tenha a capacidade necessária de executar suas
habilidades pessoais e profissionais.

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ANOREXIA
Anorexia Nervosa
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar que afeta tanto homens como
mulheres, porém afeta com maior frequência o sexo feminino. O paciente que sofre
com esse distúrbio, apresenta uma acentuada perda de peso associada com
comportamentos extremos em relação a nutrição, além disso, também inclui o medo
excessivo e exagerado de engordar, e uma visão distorcida do próprio corpo.
Quando um paciente possui anorexia, para de comer e não consegue ver que seu
corpo, aos poucos, está definhando com a falta de nutrição adequada. O indivíduo
anoréxico pode até mesmo deixar de sentir fome por completo. As costelas e os
ossos das costas começam a ficar aparentes e a pessoa passa a desenvolver
doenças e condições complementares, como a alopecia, que é a queda de cabelo,
causadas pela falta de nutrientes no corpo.
Mesmo com uma aparência clara de magreza excessiva, esse transtorno alimentar
é capaz de fazer com que o indivíduo se veja com sobrepeso e continue na busca
pela magreza ideal. Muitos médicos indicam que a anorexia é, acima de tudo, um
distúrbio de imagem corporal. Além de não comer, a pessoa que tem anorexia pode
acabar exagerando nos exercícios físicos e no uso de medicamentos laxantes e
diuréticos, sempre com a intenção de perder peso.
Essa condição não é a única relacionada à autoimagem, sendo que a anorexia e a
bulimia são duas doenças do tipo. Na bulimia, o paciente se alimenta e sente fome.
Às vezes, ele come até mesmo mais do que o normalmente comeria, para depois
vomitar constantemente, até que o estômago esteja vazio. Apesar de similares, a
anorexia e bulimia possuem evoluções diferentes e uma pessoa com anorexia
também pode ter a bulimia.
Na anorexia nervosa, o indivíduo possui várias práticas de alimentação
inadequadas a fim de garantir a perda de peso.

Tipos de anorexia nervosa


Tipo restritivo: O paciente apresenta, principalmente, comportamentos exagerados
com relação ao controle da alimentação e à prática de exercícios a fim de obter o
emagrecimento. No que diz respeito à alimentação, o indivíduo realiza, por exemplo,
dietas muito restritivas, alimenta-se poucas vezes ao dia e permanece longos
períodos sem se alimentar.
Tipo compulsão periódica ou purgativa: O indivíduo apresenta comportamentos não
apenas relacionados com a redução da alimentação e prática constante de
exercícios, mas também realiza uso abusivo de laxantes e de inibidores de apetite
além de induzir vômito.

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SINTOMAS
Entre os principais sintomas de anorexia, podemos destacar:
Perda excessiva do peso;
Emagrecimento que acontece abruptamente;
Ansiedade em relação às calorias presentes nos alimentos;
Quantidade de atividade física exagerada;
Comentários depreciativos sobre o próprio corpo;
Depressão;
Pele e lábios constantemente secos;
Lanugo (pelos finos e alongados que crescem em certas partes do corpo);
Cansaço e fadiga.

CAUSAS

Diversos fatores favorecem o aparecimento dessas doenças: predisposição


genética, o conceito atual de moda que determina a magreza absoluta como símbolo
de beleza e elegância, a pressão da família e do grupo social e a existência de
alterações neuroquímicas cerebrais, especialmente nas concentrações de
serotonina e noradrenalina.
PREVENÇÃO

Estudos mostram que o incentivo à alimentação saudável e à prática de atividades


físicas desde a infância são medidas que reduzem a incidência de transtornos
alimentares. Buscar orientar as crianças na escolha de seus alimentos e na
valorização de seus atributos corporais é importante para formação de adultos com
saúde e qualidade de vida.
Figura 1 - Aqui retratamos uma garota com transtorno alimentar que, ao se ver no espelho ela se
enxerga com peso que não possui.
Fonte: https://www.espacorafah.com.br/wp-content/uploads/2015/10/Anorexia_paint_5_by_Luaxan.jpg 9

Figura 2 - Aqui claramente é retratado uma pessoa com transtorno alimentar, presa ao pensamento
de não se alimentar com medo de obter peso.
Fonte: https://atxtraumatherapycenter.com/wp-content/uploads/2021/01/Eating-Disorder-photo-
300x169.jpg

ALÉM DA ANOREXIA NERVOSA, EXISTE TAMBÉM A ANOREXIA INFANTIL

A anorexia infantil propriamente dita, em que a criança já está preocupada com não
ganhar peso já desde muito cedo, está muito relacionada ao comportamento e
exemplo dos pais, amigos e televisão em relação à comida, principalmente quando
já há pessoas com anorexia na família, já que é com eles que a criança pode
aprender ou ouvir comentários negativos de que a comida engorda ou que faz mal.
Além disso, a anorexia infantil também pode estar relacionada a maus tratos verbais
e agressividade com a criança, ou outras situações em que ela passa a ter uma
preocupação precoce com o corpo.

COMO É FEITO O TRATAMENTO

Para tratar a anorexia infantil é importante que a criança seja acompanhada por um
psicoterapeuta, pediatra e nutricionista, pois é necessário identificar a causa da
anorexia além de promover mudança nos hábitos alimentares da criança. Além
disso, como é um processo lento e que pode ter bastante uso de remédios, como
antidepressivos, pode ser necessário quando a criança tem uma depressão ou
ansiedade graves serem orientados pelo psiquiatra infantil. A internação pode ser
necessária quando a falta de comida causa comprometimento da saúde física da
criança, como anemia ou dificuldade para andar, por exemplo.

O tratamento deve ser feito o mais rápido possível, assim que a doença for
identificada, pois, apesar de ser passageira na maioria das vezes, a anorexia pode
piorar e causar outros transtornos psicológicos mais graves, como transtorno
obsessivo compulsivo e depressão grave para a criança. É fundamental que tenha
apoio e suporte da família.

Entretanto, existem outras causas de perda do apetite que são comuns, e podem
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estar associadas a problemas, como:

Crescimento dos dentes;

Doenças;

Irritabilidade;

Ansiedade;

Depressão;

Ingestão de medicamentos;

Má digestão;

Medo de provar algo novo.

RELATOS DE FERNANDA FAHEL

Por quase dez anos, Fernanda Fahel, de 26 anos, sofreu com transtornos
alimentares. Os problemas começaram ainda na adolescência, quando a paulista
iniciou a carreira de modelo e era constantemente cobrada para diminuir suas
medidas e ter o "corpo ideal". "Na época tinha 98 cm de quadril e pediram que eu
perdesse cerca de 10 cm. Era uma pressão horrível, chegava a ser desumano",
afirma. "Vi que tudo aquilo era estranho. As modelos faziam coisas absurdas para
emagrecer e o psicológico ficava bem abalado. Também tentei quase de tudo para
ter a aparência 'ideal' para a passarela e aguentar a pressão, só não usei droga,
mas, de resto, fiz muitas coisas que colocaram minha saúde em risco." O problema
foi disparado não só pela pressão social que ela sofreu no mundo da moda, como
também no dia a dia. "Minhas referências eram sempre as mulheres com barriga
chapada nas capas de revista, e ainda ouvia das pessoas que eu era cheinha." Além
do corpo, sua relação com a comida era bastante equivocada.

"Eu via uma montanha no prato, sendo que a quantidade de alimentos nem era tão
grande assim. Me sabotava, deixava de comer e fazia coisas absurdas para driblar a
fome e me dar saciedade. Se minha mãe descobrisse um método, eu ia lá e
inventava outro.” A ex-modelo embora tivesse acompanhamento psicólogo, ela
sentia uma angústia muito grande e, muitas vezes, não achava resposta para o seu
problema. Ela começou a ter sintomas depressivos e tentou cometer suicídio três
vezes ao longo de uma década.

Após descobrir a anorexia, Fernanda começou a se tratar com diversos médicos,


fez terapia e teve acompanhamento com um nutricionista. Ao achar que estava bem,
ela interrompeu o acompanhamento profissional por conta própria e começou a
desenvolver bulimia. "Comia e corria para o banheiro. Minhas refeições sempre
vinham acompanhadas do sentimento de culpa", quando não conseguia vomitar, ela

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recorria aos laxantes. "Tomava escondido. Minha mãe teve que tirar as fechaduras
das portas para saber o que eu estava fazendo." Na mesma época, ela desenvolveu
compulsão alimentar, um dos sintomas da bulimia, e não conseguia controlar a
quantidade que comia nas refeições. "Queria agradar minha mãe, fazê-la feliz e
compensar o tempo que fiquei sem comer. Não percebia que me alimentava de
forma desenfreada e que estava doente novamente". Como o problema não estava
sendo tratado, Fernanda engordou e chegou a pesar 100 kg.

Depois do período crítico da doença, Fernanda voltou a procurar ajuda e se tratar.


O acompanhamento foi feito com nutricionista, terapeuta e psiquiatras novamente.
Passados quase dez meses desde a última tentativa de suicídio, Fernanda conta
que hoje se considera curada.

Figura 3 - Imagem de Fernanda antes do transtorno alimentar.


Fonte: https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/f9/2019/10/23/fernanda-modelo-
1571857221813_v2_450x450.jpg.webp

Figura 4 - Imagem de Fernanda depois do transtorno alimentar.


Fonte: https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/46/2019/10/23/fernanda-1-
1571856992370_v2_450x450.jpg.webp

12
AUTISMO

O autismo, cientificamente conhecido como Transtorno do Espectro Autista, é um


transtorno no desenvolvimento neurológico da criança que gera alterações na
comunicação, dificuldade ou ausência de interação social e mudanças no
comportamento, sendo geralmente identificado entre os 12 e 24 meses de idade.

Pessoas com autismo podem apresentar algumas características específicas, como


manter pouco contato visual, ter dificuldade para falar ou expressar ideias e
sentimentos, e ficar desconfortável em meio a outras pessoas, além de poder
apresentar comportamentos repetitivos, como ficar muito tempo sentado balançando
o corpo para frente e para trás, por exemplo.

É importante ressaltar que o autismo não é uma doença, mas sim um modo
diferente de se expressar e reagir, que, apesar de não ter cura, não se agrava com o
avanço da idade. No entanto, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e iniciado
o tratamento, melhores serão a qualidade de vida e a autonomia da pessoa.

Principais sinais e sintomas

Alguns dos principais sinais e sintomas que caracterizam o autismo incluem:

Dificuldade na interação social, mantendo pouco contato visual, expressão facial ou


gestos, ter dificuldade em fazer amigos, e em expressar ideias e emoções;

Prejuízo na comunicação, como ter dificuldade em iniciar ou manter uma conversa,


compreender o ponto de vista de outras pessoas, entender figuras de linguagem,
humor ou sarcasmo, manter um tom de voz monótona (parecendo um robô), ou
deixar de responder ou demorar a responder quando chamado;

Alterações comportamentais, como não saber brincar de faz de conta, ficar


aborrecido com pequenas mudanças nos hábitos ou ter muito interesse por algo
muito específico, como a asa de um avião ou números;

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Comportamentos repetitivos, como ficar muito tempo sentado balançando o corpo
para frente e para trás e repetir várias vezes algumas palavras ou frases.

Além disso, pessoas com autismo também podem ter dificuldade para dormir e
apresentar nervosismo ou agitação frequentes. Estes sinais podem ser tão leves que
algumas vezes acabam passando despercebidos, mas também podem ser
moderados à graves, interferindo no comportamento e na comunicação.

Apesar dos desafios, as pessoas com autismo também podem apresentar muitas
qualidades, como conseguir se lembrar por muito tempo de detalhes e
acontecimentos, ter facilidade para aprender a ler e ter boas habilidades com
músicas, números e arte, por exemplo.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico de autismo em crianças e adolescentes deve ser feito por uma equipe
multidisciplinar, que pode incluir pediatra, psicólogo, psiquiatra, fonoaudiólogo e
neuropsicólogo, e geralmente é feito através da observação da criança, de
informações sobre a idade dos pais, gestação e parto, e da realização de alguns
testes de diagnóstico, como exame de sangue e testes auditivos.

Já em adultos, o diagnóstico pode ser um pouco mais difícil, pois os sintomas do


autismo são similares a outros transtornos, como ansiedade ou transtorno de déficit
de atenção. Por isso, ao perceber sinais e sintomas, como dificuldade de interação
social e comunicação ou comportamentos repetitivos, é aconselhado passar por
uma consulta com um neuropsicólogo ou psiquiatra, para que seja feita uma
avaliação adequada.

O autismo muitas vezes pode ser leve e confundido com timidez, falta de atenção
ou “esquisitice”. Por isso, em caso de dúvidas, é recomendado realizar uma consulta
com um médico para fazer uma avaliação e indicar o tratamento mais adequado.

O que causa o autismo

As causas do autismo ainda não são totalmente conhecidas, no entanto estudos


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mais atuais sugerem que os fatores genéticos, hereditários e ambientais, são os
principais relacionados com o desenvolvimento do transtorno.

Algumas das possíveis causas do autismo incluem:

Causa hereditária: pessoas com irmãos com a síndrome, apresentam um maior


risco de desenvolver autismo;

Doenças genéticas: ter algumas doenças genéticas, como síndrome de Down,


síndrome do X frágil, síndrome de Rett e esclerose tuberosa, podem aumentar as
chances de desenvolver o autismo;

Fatores ambientais, como gravidez de alto risco, pais com idade avançada, parto
induzido, consumo de bebidas alcoólicas, tabaco, medicamentos ou outras drogas
durante a gestação, ou baixo peso ao nascer.

Outros fatores ambientais que podem estar relacionados com o desenvolvimento do


autismo incluem a exposição, durante a gestação, a compostos tóxicos, como
inseticidas com DDT, Bifenilospoliclorados (PCBs), chumbo e mercúrio inorgânico,
por exemplo.

Como é feito o tratamento

Apesar do autismo não ter cura, o tratamento, quando realizado corretamente, pode
ajudar a melhorar a qualidade de vida, a capacidade de comunicação e a autonomia
da pessoa.

O tratamento do autismo deve ser feito somente com acompanhamento de um


médico e varia de acordo com as necessidades individuais, podendo incluir:

Uso de medicamentos e suplementos, como risperidona, aripiprazol, melatonina,


probióticos e ômega 3;

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Sessões de fonoaudiologia, para melhorar a fala e a comunicação;

Terapia comportamental, para facilitar as atividades diárias;

Terapia de grupo, para melhorar a socialização.

Além disso, também é aconselhado manter uma dieta balanceada, que pode ajudar
a melhorar o sono, diminuir a irritabilidade e melhorar o apetite.

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DEMÊNCIA

Demência, também chamada de transtorno neurocognitivo maior, é um conjunto de


doenças que diminuem lentamente e progressivamente a função cerebral. Pode
afetar várias funções do cérebro, tais como a memória, o pensamento, a língua, o
planeamento, o comportamento e o julgamento. As demências são geralmente
progressivas e se agravam com o tempo, além de serem irreversíveis.

Tipos de demência

Demência Vascular: A demência vascular ocorre a partir de AVCS, ou a partir de


lesões na vasculatura do cérebro. Essas ocorrências fazem com que o cérebro
morra aos poucos, causando uma demência gradativa. A doença é mais comum em
pessoas que sofrem com pressão alta, diabetes, apneia do sono, tabagismo e entre
outros. A demência vascular é a segunda demência mais frequente, ficando atrás
apenas do Alzheimer.

Demência mista: Demência decorrente da mistura do Alzheimer com o a Demência


vascular.

Demência dos corpos de Lewy: Diferente do Alzheimer, a pessoa que sofre de


Demência dos corpos de Lewy não esquece tantas informações quanto quem sofre
de Alzheimer. Além de também apresentar mais comportamentos que podem ser
entendidos como estranhos ou esquisitos. A pessoa que sofre com essa demência
pode apresentar sintomas associados ao Parkinson.

Alzheimer: O tipo mais comum de demência, caracterizada pela degeneração


progressiva dos neurônios e comprometimento das funções cognitivas. O Alzheimer
é decorrente de fatores como a genética, o envelhecimento, sedentarismo,
traumatismo craniano e tabagismo.

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Demência por Parkinson: A demência por Parkinson ocorre conforme a piora da
doença de Parkinson, sendo uma consequência das alterações que ocorrem a nível
cerebral. É mais comum acontecer em pessoas a partir dos 50 anos e sua causa
não é muito bem estabelecida.

Demência senil: A demência senil ocorre com mais frequência em pessoas a partir
dos 65 anos e é caracterizada pela perda progressiva e irreversível das funções
intelectuais, como memória, raciocínio e linguagem, sendo, portanto, uma das
principais causas de incapacidade em idosos. Pode ser resultado do uso frequente
de alguns medicamentos, como soníferos, antidepressivos e relaxantes musculares,
por exemplo. Pode ser consequência também de doenças neurodegenerativas,
como o Alzheimer ou o Parkinson.

Demência frontotemporal: A demência frontotemporal ou DFT é caracterizada pela


atrofia e perda de células nervosas de um ou ambos os lobos frontais e temporais do
cérebro. Os lobos frontais são responsáveis pela regulação do humor e
comportamento do humor e comportamento, enquanto que os lobos temporais estão
relacionados com a visão e a fala. Assim, dependendo do local em que há
degeneração cerebral, os sintomas podem variar.

Demência de Pick: A demência ou doença de Pick, também conhecida como PiD, é


um tipo de demência frontotemporal caracterizada pelo excesso de proteínas Tau
nos neurônios denominados copos de Pick, O excesso de proteínas normalmente
acontece nos lobos frontais ou temporais e é uma das principais causas de perda de
memória precoce, podendo ter início a partir dos 40 anos

Demência por álcool: A associação entre consumo excessivo de bebidas alcoólicas


e maior predisposição à demência precoce ainda está em estudo, no entanto, já é
comprovado que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas interfere na memória,
capacidade cognitiva e comportamental. Isso porque o álcool pode ter efeito nocivo
para as células nervosas, alterando o seu funcionamento e resultando nos sintomas
de demência, por exemplo.
18
SINTOMAS

Demência vascular: A demência vascular causa um grande comprometimento


cognitivo, sendo de extrema dificuldade para quem sofre realizar atividades simples
do dia a dia, resultando em dependência. Além disso, com a progressão da doença,
a pessoa pode ficar desnutrida, ser mais suscetível a infecções e ter dificuldade para
engolir.

Demência dos corpos de Lewy: As pessoas diagnosticadas com esse tipo de


demência apresentam como principais sintomas a perda das capacidades mentais,
confusão mental, desorientação, alucinações, tremores e rigidez muscular.
Normalmente as alterações mentais surgem primeiro e à medida que há maior
comprometimento cerebral, surgem as alterações de movimento e os quadros de
confusão mental ficam graves.

Alzheimer: Os sintomas do Alzheimer desenvolvem-se em fases, sendo iniciais


relacionados à dificuldade em encontrar as palavras e de tomar decisões, falta de
atenção e comprometimento da memória, concentração, atenção e raciocínio

Demência por Parkinson: Além dos sintomas característicos do Parkinson, como


tremores e rigidez muscular, ocorre a perda progressiva da memória e alteração dos
reflexos devido ao desgaste de regiões do cérebro responsável pela produção de
neurotransmissores.

Demência senil: Os principais sintomas relacionados à demência senil são


desorientação, perda de memória, dificuldade em tomar decisões, esquecimento de
coisas simples, perda de peso, incontinência urinária, dificuldade para dirigir ou fazer
atividades sozinho, como fazer compras, cozinhar ou tomar banho.

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Demência frontotemporal: Os sintomas relacionados à DFT são alterações na
linguagem, apresentando um discurso limitado. Além disso, a pessoa pode repetir
frases faladas por outras pessoas várias vezes e não lembrar de nomes e objetos,
conseguindo apenas descrevê-los.

Demência de Pick: A demência de Pick tem como principais sintomas a diminuição


da capacidade de raciocínio, dificuldade para falar, confusão mental, instabilidade
emocional e alterações na personalidade.

Demência por álcool: A demência por álcool tem como sintomas a dificuldade de
aprendizagem, alterações da personalidade, diminuição das competências sociais,
dificuldade no pensamento lógico e alteração da memória a curto-prazo.

TRATAMENTO

O tratamento das demências inclui administração de medicamentos que atuam


aumentando alguns neurotransmissores no cérebro, como a acetilcolina, serotonina
e noradrenalina. Também há benefícios relacionados a sintomas neuropsiquiátricos
da doença, como ansiedade, depressão e insônia.

No entanto, este uso varia conforme o tipo de demência, pois algumas delas podem
ter seus defeitos agravados pelo uso dessas substâncias, como é o caso da Doença
de Parkinson e da demência dos corpos de Lewy. O uso de antipsicóticos nessas
duas doenças podem agravar o quadro cognitivo e os sintomas parkinsonianos.

Um ponto fundamental do tratamento para demências é realizado por invenções


não farmacológicas que ajudam na reabilitação dos pacientes. Elas são realizadas
por meio de estratégias de compensação, isto é, estímulo das regiões não afetadas,
exercícios de aprendizagem e conscientização.

Esse tipo de tratamento quando realizado com frequência e iniciado no começo da


doença, costuma apresentar bons resultados. Isto proporciona mais autonomia ao
paciente e melhora significativamente sua qualidade de vida.

20
O primeiro caso de Demência

O primeiro caso de Demência registrado foi em 25 de novembro de 1901, em


Frankfurt. Uma mulher chamada Auguste Deter (Kassel, 16/05/1850 – Frankfurt,
08/04/1906) foi internada na Instituição para Doentes Mentais e Epiléticos, em
Frankfurt. Deter começou a mostrar os primeiros sintomas em 1890, com perda de
memória, delírios e acabava em estados vegetativos temporários. A mulher
começou a ter problemas para dormir, arrastava lençóis e gritava pela casa por
horas no meio da noite.

Seu marido, Karl Deter, incapaz de fornecer cuidados adequados, a colocou no


popularmente conhecido Castelo dos Insanos. Lá, ela foi examinada por Alois
Alzheimer.

Alzheimer fez várias perguntas à mulher e perguntou novamente tempo depois para
ver o que ela lembrava. Ele disse para escrever seu nome. Ela tentou, mas esquecia
seu nome no meio e repetia: “Eu me perdi”. Após muitos anos, deter sucumbiu
completamente à demência, sempre murmurando para si mesma. A mulher acabou
por falecer em 08 de abril de 1906.

21
DEPRESSÃO

Considerada a “doença do século”, a Depressão é uma doença mental crônica e


recorrente que produz alterações no humor, caracterizada por uma tristeza profunda,
associada a sentimentos de dor, amargura, desesperança, baixa autoestima e culpa,
assim como a distúrbios do sono e do apetite.

Diante das adversidades, as pessoas sem a doença ficam tristes, mas encontram
uma forma de superá-las. Nos quadros de depressão, a tristeza não há fim, mesmo
que não haja uma causa aparente. O humor permanece deprimido praticamente o
tempo todo, por dias e até meses. Desaparece então o interesse pelas atividades
que antes davam satisfação e prazer e a pessoa não tem perspectiva de que algo
possa ser feito para que seu quadro melhore.

Os quadros da doença variam de intensidade e duração e podem ser classificados


em três diferentes graus: leves, moderados e graves. Além disso, a depressão pode
também atingir crianças e principalmente adolescentes.

As causas da Depressão podem ser genéticas, podendo ser provocada por uma
disfunção bioquímica do cérebro. Entretanto, nem todas as pessoas com
predisposição genética reagem do mesmo modo em situações que serviriam de
gatilho para os quadros, como estresse físico e psicológico, algumas doenças
sistêmicas, como o hipotireoidismo, por exemplo, consumo de drogas lícitas e ilícitas
e certos tipos de medicamentos. Segundo doutor Dráuzio Varella (2012. Site
drauziovarella.uol.com.br): “As mulheres parecem ser mais vulneráveis aos estados
depressivos em virtude da oscilação hormonal a que estão expostas principalmente
no período fértil.”

SINTOMAS

Além do estado deprimido, e da anedonia, uma pessoa diagnosticada com


depressão pode apresentar: Alteração de peso, ganhando ou perdendo peso não
intencionalmente; Distúrbios no sono, sendo ela insônia ou sonolência excessiva
praticamente diárias; Apatia ou agitação psicomotoras excessivas quase todos os

22
dias; Fadiga ou perda de energia constante; Culpa e sentimento de inutilidade
excessivos; Dificuldade de concentração; Ideias ou pensamentos recorrentes a
suicídio ou morte; Baixa autoestima; Alteração da libido.

Muitas vezes, no início, os sinais da doença podem não ser reconhecidos. No


entanto, nunca devem ser desconsideradas possíveis referências a ideias suicidas
ou de autodestruição.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da depressão é clínico e toma como base os sintomas descritos e a


história de vida do paciente. Além de espírito deprimido e da perda de interesse e
prazer para realizar a maioria das atividades durante pelo menos duas semanas, a
pessoa deve apresentar também de quatro a cinco sintomas.

Como o estado depressivo pode ser um sintoma secundário a várias doenças,


sempre é importante estabelecer o diagnóstico diferencial.

TRATAMENTO

A Depressão é uma doença que exige acompanhamento médico sistemático.


Quadros leves costumam responder bem ao tratamento psicoterápico. Nos casos
mais graves e com reflexos negativos sobre a vida afetiva, familiar e profissional e
em sociedade, a indicação é o uso de antidepressivos com o objetivo de tirar a
pessoa da crise. Existem vários grupos desses medicamentos que não causam
dependência. Apesar do tempo que levam para produzir efeito, sendo por volta de
duas a quatro semanas, e das desvantagens de alguns efeitos colaterais que podem
ocorrer, a prescrição deve ser mantida, às vezes, por toda a vida, para evitar
recaídas. Há casos de depressão que exigem a associação de outras classes de
medicamentos, como os ansiolíticos e os antipsicóticos, por exemplo, para obter o
efeito necessário.

Há evidências de que a atividade física associada aos tratamentos farmacológicos e


psicoterápicos representa um recurso importante para reverter o quadro de
depressão.

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RECOMENDAÇÕES PARA QUEM TEM DEPRESSÃO E FAMILIARES

Depressão é uma doença como qualquer outra. Não é sinal de loucura, nem de
preguiça ou irresponsabilidade. Se alguém anda desanimado, tristonho e acha que a
vida perdeu a graça, é recomendado oferecer assistência médica. O diagnóstico
precoce é o melhor caminho para colocar a vida nos eixos;

Depressão pode ocorrer em qualquer fase da vida: na infância, adolescência,


maturidade e velhice. Os sintomas podem variar conforme o caso. Nas crianças,
muitas vezes são erroneamente atribuídos a características da personalidade e nos
idosos, ao desgaste próprio dos anos vividos;

A família dos portadores de depressão precisa manter-se informada sobre a


doença, suas características, sintomas e riscos. É importante que ela ofereça um
ponto de referência para certos padrões, como a importância da alimentação
equilibrada, da higiene pessoal e da necessidade e importância de interagir com
outras pessoas. Afinal, trancafiar-se num quarto às escuras, sem fazer nada nem
falar com ninguém, está longe de ser um bom caminho para superar a crise
depressiva.

24
O QUE É ESQUIZOFRENIA: SINTOMAS DIAGNÓSTICO E
TRATAMENTO

Os cientistas do final do século 19 foram buscar inspiração na língua grega arcaica


para caracterizar um transtorno psiquiátrico que, até então, ficava jogado no limbo
da loucura. Por meio da junção dos termos “esquizo”, “dividir” no idioma dos filósofos
clássicos, e “frenia”, algo próximo de “mente”, eles deram um nome perfeito para a
doença. A esquizofrenia, ou distúrbio da mente dividida, é marcada por surtos em
que o mundo real acaba substituído por delírios e alucinações. O transtorno afeta 2
milhões de brasileiros, mas a falta de conhecimento sobre ele só reforça estigma.

OS SINTOMAS

Geralmente a esquizofrenia se inicia com uma simples apatia no final


da adolescência e no começo da vida adulta, na faixa dos 18 aos 30 anos. Aos
poucos, o indivíduo abandona as atividades rotineiras e se isola. Suas reações ficam
estranhas e desajustadas – ele não esboça os sentimentos esperados diante de
fatos tristes ou felizes.

De repente, surge uma sensação de que algo está errado e alguém prejudica a sua
vida. O passo seguinte é a transformação dessa inquietação nas fantasias
sensoriais e nas teorias da conspiração. São alucinações e delírios.

Deve-se atentar a estes sinais:

Dificuldades no aprendizado desde a infância;

Apatia;

Pouca vontade de trabalhar, estudar ou interagir com os outros;

Não reagir diante de situações felizes ou tristes;

Vozes que surgem na cabeça e outras alterações nos órgãos dos sentidos;

Mania de perseguição inexplicável.

25
O QUE CAUSA ESQUIZOFRENIA E COMO DIAGNOSTICAR?

A Esquizofrenia é investigada há décadas, mas segue cheia de mistérios. Ainda não


se sabe, por exemplo, o que acontece no cérebro dos indivíduos. “Estudos apontam
que ocorre algum defeito na produção ou na ação de um neurotransmissor chamado
dopamina”, conta o psiquiatra Ary Gadelha de Alencar, da Universidade Federal de
São Paulo. O especialista participou de uma conferência sobre o tema no último
Congresso Cérebro, Comportamento e Emoções (Brain 2018), realizado em junho
na cidade gaúcha de Gramado.

Na busca por explicações mais certeiras para a doença, algumas pesquisas foram
vasculhar o DNA dos pacientes à procura de mutações genéticas, porém, não
acharam nada que fosse significativo. Levantamentos até mostraram uma relação
entre infecções ao longo da gestação ou traumas no parto a um maior risco de
desenvolver a esquizofrenia. Mas nenhum desses achados é considerado decisivo
na gênese do problema.

Tamanha falta de informação é um dos fatores que contribuem para um terrível


atraso no diagnóstico. “Há uma demora de sete anos entre os primeiros sinais e a
detecção do transtorno”, calcula o psiquiatra Wagner Gattaz, do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq-HC).

Um diagnóstico precoce leva a um tratamento mais efetivo e com um prognóstico


favorável no longo prazo. Mas, infelizmente, essa não é a realidade na grande
maioria dos casos. Ficar atento a algumas características, como uma repentina
perda de vontade ou uma exagerada mania de perseguição, especialmente em
jovens, é a melhor atitude para ir atrás da ajuda profissional, se necessário.

O TRATAMENTO

Os remédios que silenciam a paranoia existem desde os anos 1970 e evoluíram


enormemente de lá para cá. Os antipsicóticos do passado causavam muitos efeitos
colaterais. “Como mexem com a dopamina, esses fármacos estão relacionados a
manifestações típicas do Parkinson, como tremor involuntário e rigidez muscular”,

26
esclarece a geriatra Maira Tonidandel Barbosa, da Universidade Federal de Minas
Gerais.

As medicações mais recentes, conhecidas genericamente como segunda geração,


provocam menos eventos adversos graves – isso porque interferem em outras
substâncias da química cerebral, como a serotonina, o que traria uma proteção
neuronal extra. Por essa razão, o ideal é dar preferência a essas opções mais novas
durante os primeiros tratamentos terapêuticos.

Caso a tentativa inicial não seja suficiente, o médico terá de utilizar as drogas de
primeira geração. Se nem mesmo essas funcionarem, a terceira alternativa é a
Clozapina, a primeira medicação no campo da esquizofrenia. Como ela pode afetar
os glóbulos brancos, o protocolo de uso exige fazer um exame de sangue todas as
semanas para ver se está tudo ok.

Uma novidade na luta contra a esquizofrenia foi a chegada das injeções de longa
ação. Elas utilizam os mesmos princípios ativos dos comprimidos, que foram por
muito tempo a única alternativa disponível na farmácia. Uma simples picada fornece
uma dose que dura duas semanas ou até um mês, dependendo do tipo e do
fabricante.

No exterior, já existe uma versão aprovada desses produtos que atua por 90 dias.
Além delas, uma opção, que está na última fase de testes antes da liberação, fica no
organismo ao longo de um semestre inteiro. Por mais que a ideia de tomar
agulhadas periódicas não seja muito agradável para alguns, a certeza de que o
paciente recebeu o remédio e está devidamente medicado por um período mais
prolongado é uma garantia contra a desistência do tratamento e futuras recaídas.

Inclusive, uma pesquisa assinada por especialistas do Instituto Karolinska, na


Suécia, com apoio do laboratório Janssen, reuniu dados de 29 mil esquizofrênicos e
concluiu que os fármacos injetáveis reduzem a mortalidade em 33% na comparação
aos comprimidos tomados diariamente. “Seguir a terapia à risca ajuda a estabilizar o
quadro e permite cuidar melhor de outros parâmetros de saúde, prevenindo a
obesidade e as doenças cardiovasculares“, afirma Gattaz.

Quando pílulas ou injeções não foram capazes de equilibrar o cérebro, resta ainda a
eletroconvulsoterapia, que envolve a aplicação de correntes elétricas em

27
determinadas regiões da cabeça. O método mudou demais e não é mais como no
passado. Hoje em dia ela é segura, fica restrita a algumas áreas do crânio e produz
muito menos traumas.

Outra ideia estudada em algumas universidades é o emprego da estimulação


transcraniana, um aparelho emissor de ondas magnéticas que traria um efeito
parecido. Mas ainda faltam evidências para comprovar que a proposta é realmente
boa. Deve demorar mais alguns anos para que ela vire uma realidade.

A psicologia e os ajustes no estilo de vida

O contato com o psicólogo é outro pilar fundamental no controle e na recuperação


da esquizofrenia. As sessões de terapia cognitivo-comportamental são indicadas
para entender as emoções, ponderar os pensamentos e, principalmente, identificar
os gatilhos que podem desencadear os surtos.

“O estresse e o uso de drogas como o álcool e a maconha são dois dos principais
disparadores dos novos episódios de paranoia”, aponta o psiquiatra Helio Elkis,
coordenador do Programa de Esquizofrenia do IPq-HC.

Nesse contexto, não se deve esquecer do raciocínio desses indivíduos. Eles


apresentam perda de memória e baixa concentração, o que dificulta a realização de
tarefas ou o aprendizado de novas informações.

A psicóloga inglesa Til Wykes, do King’s College de Londres, criou um programa de


computador que mira justamente essas funções prejudicadas. Ela veio ao Brain
2018 para compartilhar os resultados inéditos de seu experimento. “Vimos melhoras
não só nas habilidades cognitivas, mas nos próprios sintomas”, relata. Além dos
treinamentos mentais regulares, a atividade física também é indicada por estimular a
liberação de neurotransmissores benéficos.

Porém, de nada adiantará essas várias estratégias se a sociedade, não se despir


de preconceitos e passar a acolher e respeitar quem tem esquizofrenia. Por outro
lado, se o distúrbio está bem controlado, é possível ter uma vida praticamente
normal. O suporte da comunidade é essencial para o tratamento. É assim que a
mente, antes dividida, volta a ser uma só.

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PSICOPATIA
A psicopatia é um transtorno de personalidade muito difícil de diagnosticar e
detectar, afinal, um psicopata parece um indivíduo como qualquer outro, podendo
ser, inclusive, sedutor, inteligente e carismático.
Para a Psicologia, normalmente, a psicopatia é um conjunto de traços específicos
de personalidade e, além disso, apresenta padrões comportamentais peculiares.
Dessa forma, na psicopatia, há três características de personalidade:

Desinibição: a pessoa tem dificuldade de controle de impulso, não tem paciência e


não visualiza as consequências de suas ações.

Intrepidez: o indivíduo tem incapacidade de lidar com a situação que envolva


estresse ou perigo, além de possuir uma autoconfiança excessiva e uma facilidade
de manipulação e convencimento dos outros.

Insensibilidade: está ligada com uma deficiência da capacidade de sentir empatia,


sentimento e emoções reais por outros indivíduos. Envolve, também, uma busca
constante pelo prazer pessoal, mesmo que isso acarrete danos a terceiros. E, por
fim, essa pessoa apresenta dificuldade de criação de relacionamentos e
envolvimento emocional.

Alguns sintomas de psicopatia:

Falta de empatia: O psicopata sabe compreender o estado emocional e conhecer a


perspectiva de outra pessoa em determinada situação, o que é uma vantagem, já
que o ajuda a identificar as pessoas emocionalmente vulneráveis. No entanto, são
incapazes de vivenciar o que a outra pessoa está sentindo.

Comportamento impulsivo: Os psicopatas tendem a tomar atitudes impulsivas sem


ter consideração por outras pessoas e sem pensar nos prós e contras de
determinadas ações e, por isso, podem cometer atos ilegais e que proporcionem
reação imediata.

Falta de controle da raiva: Em algumas ocasiões, a pessoa com características


psicopatas podem ter ataques repentinos e intensos de raiva quando estão sendo
criticados ou quando algo não sai conforme planejado. A falta de controle da raiva
pode fazer com que o psicopata apresente comportamento de intimidação e controle
sobre outras pessoas.

Egocentrismo: As pessoas com traço de psicopatia costumam achar que são o


centro das atenções, já que se consideram superiores, podendo esse
comportamento ser descrito como narcisismo. Além disso, possuem uma percepção
irreal de que as demais pessoas o admiram e podem até diminuir o esforço e êxito
de outras pessoas.

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Falta de remorso: A repetição de ações que ameaçam outras pessoas, apesar de
demonstrarem que estão arrependidos, é uma das características que podem ser
encontradas em uma pessoa com tendência à psicopatia.
Além dessas características, a psicopatia apresenta outras características como
estilo de vida dependente de outras pessoas, manipulação, relações sociais de curta
duração e realização de atitudes ilegais de forma repetida, no entanto esta não é
uma regra para todos os psicopatas.

TRATAMENTO

Não existe um tratamento para a psicopatia. Afinal, não se trata de uma doença
pontual e, sim, de um transtorno de personalidade. A psiquiatra Gwen Adshead fez
um artigo sobre a viabilidade e o alcance de um tratamento para transtornos de
personalidade. Adshead propõe um modelo com sete fatores para checar a
viabilidade do tratamento.
Estes fatores são:
A natureza e a gravidade da patologia;
O grau de invasão do transtorno em outras esferas psicológicas e sociais;
A saúde prévia do paciente e a existência de comorbidade e fatores de risco;
O momento da intervenção diagnóstica e terapêutica;
A experiência e a disponibilidade da equipe terapêutica;
Disponibilidade de unidades especializadas no atendimento de condições especiais;
Conhecimento científico sobre esse transtorno.
Os pacientes com o transtorno de personalidade antissocial, geralmente,
demandam uma grande atenção do psicólogo. Além disso, suas características,
como egocentrismo e desprezo, dificultam as possibilidades de tratamento.

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SÍNDROME DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

A Síndrome de Alice no País das Maravilhas (AWS) é uma condição rara e com
poucos estudos desenvolvidos. É caracterizada por causar episódios temporários de
distorção e desorientação da percepção.
A pessoa com essa síndrome pode se sentir maior ou menor do que realmente é, o
indivíduo pode achar que objetos ao seu redor estão se deslocando e parecem mais
distantes ou mais próximos do que realmente estão.
Vale ressaltar que esses episódios da síndrome não são resultados de algum
problema oftalmológico ou de algum efeito alucinógeno.
A mudança na maneira como o cérebro percebe o ambiente e a sua correlação com
o tamanho real do corpo são a causa da síndrome de Alice no país das maravilhas.
Além disso, o quadro afeta vários sentidos, como visão, tato e audição. E, ainda, há
casos que a noção de tempo é perdida, ou seja, o tempo pode parecer mais rápido
ou mais lento do que realmente é.
A AWS ocorre, principalmente, na primeira infância, mas pode ser causada por
casos de enxaqueca.
Em geral, na maioria dos casos, com o desenvolvimento humano, as percepções
desordenadas desaparecem. No entanto, pode aparecer na fase adulta.
A síndrome é conhecida, também, como síndrome de Todd. Isso porque foi
descoberta pelo psiquiatra Dr. John Todd, em 1955.
Através da observação dos sintomas, o psiquiatra percebeu que havia uma
semelhança com as situações que a personagem Alice passou no romance de Lewis
Carroll “Alice’s Adventures in Wonderland”. Em virtude disso, o psiquiatra denominou
a síndrome em homenagem à personagem do livro.

Sintomas

Os sintomas da síndrome de AWS são diferentes para cada pessoa e pode ocorrer
uma variação de sintomas em cada episódio do quadro.
Normalmente, um episódio dura alguns minutos, mas há casos que podem durar,
até mesmo, meia hora. Os principais sintomas são:

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As partes do corpo ou objetos ao redor podem parecer maiores, menores, mais
próximos ou mais distantes do que realmente são;
As linhas retas podem se parecer onduladas;
Os objetos tridimensionais podem parecer planos;
As coisas podem mudar de cor, podem parecer mais opacas ou podem parecer
mais brilhantes;
Os rostos podem parecer distorcidos e as pessoas podem parecer mais “esticadas”.

Causas

As causas sobre o surgimento do quadro não são concretas. No entanto, o quadro,


normalmente, começa durante o desenvolvimento infantil.
A síndrome envolve alterações cerebrais, que lidam com as informações sensoriais.
Dessa forma, essas mudanças modificam a percepção do indivíduo.
Há profissionais da saúde que acreditam que a síndrome pode ser uma aura da
enxaqueca. Auras são problemas visuais e sensoriais que ocorrem antes, durante
ou depois da enxaqueca.

Tratamento

A síndrome de Alice no país das maravilhas pode ser tratada, de forma eficaz,
quando a causa do quadro é a enxaqueca. Porém, quadros crônicos são,
normalmente, pouco tratáveis.
Por conseguinte, os sintomas e suas manifestações não oferecem risco à saúde. E,
assim, o descanso é o mais indicado para a suspensão dos sintomas.
No desenvolvimento infantil, é mais comum a manifestação da síndrome, mas, na
maioria dos casos, os sintomas tendem a desaparecer com o tempo.
Por fim, a ajuda de um psicólogo pode ajudar com o tratamento da síndrome.

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O QUE É TDAH?

O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um transtorno


neurobiológico crônico, de causas genéticas, que aparece na infância e
frequentemente acompanha a pessoa por toda a vida, ele se caracteriza por
sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Esse é o transtorno mais
comum em crianças, ocorrendo de 3 a 5% da população infantil por todo o mundo.

Sintomas

Desatenção, hiperatividade e comportamento impulsivo são sintomas do TDAH no


convívio social e familiar, assim como no desempenho escolar ou profissional dos
portadores do transtorno. Esses sintomas podem manifestar-se em diferentes graus
de intensidade. Em todas as faixas etárias, os indivíduos estão sujeitos a
desenvolver comorbidades, e até mesmo desenvolver simultaneamente esses
sintomas.

Desatenção:

Os pacientes apresentam dificuldade maior de concentração, de organizar


atividades, de seguir instruções, e podem saltar de uma tarefa inacabada para outra,
sem nunca terminar aquilo que começaram. São pessoas que se distraem com
facilidade e frequentemente esquecem o que tinham para fazer ou onde colocaram
seus pertences. Não conseguem também prestar atenção em detalhes, demoram
para iniciar as tarefas e cometem erros por absoluto descuido e distração, o que
pode prejudicar o processo de aprendizagem e a atuação profissional.

Hiperatividade:

A hiperatividade pode se apresentar de forma diferente em cada paciente. Sendo


assim, observar bem os comportamentos e hábitos é uma forma importante para
diagnosticar a hiperatividade. A hiperatividade também pode ser motora, ou seja,
mais ligada aos movimentos do corpo ou pode ser uma hiperatividade mental,

33
quando o paciente sente que não consegue “desligar” os pensamentos e suas ideias
e raciocínios são atropelados de forma seguida e desorganizada, causando uma
grande dificuldade de concentração.

Impulsividade:

A característica predominante do comportamento impulsivo, é a incapacidade


resistir às tentações e aos impulsos. A pessoa com esse tipo de comportamento
costuma realizar ações sem planejamento, além de ações que podem colocar a si
mesmas e outras pessoas em risco. Podendo haver descontroles emocionais,
pessoas com comportamento impulsivo possuem humor instável e imprevisível,
tendência a acessos de raiva, temperamento conflituoso, imediatismo e dificuldades
nos relacionamentos afetivos, falam sem pensar e tomam decisões precipitadas
constantemente.

Causas

Ainda não se tem uma resposta exata para essa pergunta e acredita-se que é a
combinação de alguns fatores ambientais, genéticos e biológicos. Como o transtorno
aparece em diferentes regiões do mundo, acredita-se que o transtorno não é
secundário a fatores culturais ou conflitos psicológicos. Alguns genes parecem estar
relacionados a uma predisposição para o TDAH, muito mais do que a criação dos
pais, que parece não influenciar muito. Estudos também apontam que consumir
álcool e nicotina durante a gravidez pode causar alterações no cérebro do bebê, que
levam ao desenvolvimento do transtorno, assim como o sofrimento fetal na hora do
parto, mas nada muito conclusivo.

Hereditariedade:

Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma
predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a
partir de observações de que nas famílias de portadores de TDAH a presença de
parentes também afetados com TDAH era mais frequente do que nas famílias que
não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das
crianças afetadas são cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral.

Substâncias ingeridas na gravidez:

Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez


podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê. Pesquisas
indicam que mães alcóolatras tem mais chance de terem filhos com problemas de
hiperatividade e desatenção.

Sofrimento fetal:

Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que
acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDAH.
Talvez mães com TDAH sejam mais descuidadas e assim possam estar mais
predispostas a ter mais problemas na gravidez e no parto.

Diagnóstico

Ele é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes, e são encaminhados


para tratamentos especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias
regiões diferentes do mundo. Em mais da metade dos casos o transtorno
acompanha o indivíduo na vida adulta. O diagnóstico do transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade é bastante complexo, sendo predominantemente clínico,
baseado na observação e relato dos sintomas pelo paciente e pelos seus
responsáveis. Para começar a validar a hipótese do transtorno, é necessário que se
faça presente, no mínimo, 6 sintomas de desatenção ou hiperatividade-
impulsividade em crianças e 5 em adultos. Mas completamente normal que pessoas
saudáveis apresentem alguns sintomas do TDAH, mas quando eles são muitos e
apresentam prejuízos funcionais, então assim deve-se considerar procurar ajuda de
um profissional.

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Tratamentos

O TDAH possui tratamento e ele é feito através de uma equipe multidisciplinar com
psiquiatra, psicólogo, pedagogo, fonoaudiólogo e os responsáveis pela criança. As
intervenções psicoterápicas que mais apresentaram eficácia foram as cognitivo-
comportamentais e muitas vezes é necessário também o tratamento
psicofarmacológico, através de medicamentos receitados pelo psiquiatra.

É muito importante que haja a educação da família por parte dos profissionais de
saúde, com informações claras para lidar da melhor maneira possível com os
sintomas do paciente. Além disso, é importante que haja intervenções no meio
escolar para garantir o melhor desempenho possível da criança. Também pode ser
necessário tratamento educativo psicomotor para melhorar o controle da cognição.

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TRANSTORNO BIPOLAR

O transtorno bipolar, também conhecido como doença maníaco-depressiva, é um


transtorno cerebral que causa mudanças incomuns no humor, na energia, nos níveis
de atividade e na capacidade de realizar as tarefas do dia a dia.

O transtorno bipolar atinge cerca de 4% das pessoas em idade adulta. O número de


pessoas diagnosticadas com este quadro pode chegar a 6 milhões de pessoas no
Brasil.

Existem quatro tipos básicos de transtorno bipolar. Esses estados de humor variam
de períodos de comportamento extremamente “ascendentes”, exaltados e
energizados (conhecido como episódios maníacos) a períodos muito tristes, “baixos”
ou sem esperança (conhecidos como episódios depressivos). Os períodos maníacos
menos severos são conhecidos como episódios hipomaníacos.

Tipos de Transtorno Bipolar

Transtorno Bipolar I – Definido por episódios maníacos que duram pelo menos 7
dias, ou por sintomas maníacos que são tão graves que a pessoa precisa de
cuidados hospitalares imediatos. Geralmente, episódios depressivos ocorrem
também, tipicamente durando pelo menos 2 semanas. Episódios de depressão com
características mistas (com depressão e sintomas maníacos ao mesmo tempo)
também são possíveis.

Transtorno Bipolar II – Definido por um padrão de episódios depressivos e episódios


hipomaníacos, mas não os episódios maníacos desenvolvidos acima.

Desordem ciclotímica (também chamada ciclotimia) – Definida por numerosos


períodos de sintomas hipomaníacos, bem como inúmeros períodos de sintomas
depressivos de pelo menos 2 anos (1 ano em crianças e adolescentes). No entanto,
os sintomas não atendem aos requisitos diagnósticos para um episódio hipomaníaco
e um episódio depressivo.

Outros Transtornos Bipolares e Relacionados Especificados e Não Especificados –


Definidos por sintomas de transtorno bipolar que não correspondem às três
categorias listadas acima.
37
Sinais de Sintomas

As pessoas com transtorno bipolar experimentam períodos de intensidade não


usuais, mudanças nos padrões de sono e níveis de atividade e comportamentos
incomuns. Esses períodos distintos são chamados de “episódios de humor”. Os
episódios de humor são drasticamente diferentes dos modos e comportamentos
típicos da pessoa. As mudanças extremas na energia, na atividade, e no sono vão
junto com os episódios do modo.

Às vezes, um episódio de humor inclui uma junção de sintomas maníacos e


depressivos. Isso é chamado de episódio com características misturadas. Pessoas
experimentando um episódio com características combinadas podem se sentir muito
tristes, vazias ou sem esperança, ao mesmo tempo em que se sentem
extremamente energizadas.

A bipolaridade pode estar atual mesmo quando as oscilações de humor são menos
extremas. Por exemplo, algumas pessoas com transtorno bipolar experimentam
hipomania, uma forma menos grave de mania. Durante um episódio hipomaníaco,
um indivíduo pode se sentir muito bem, ser altamente produtivo e funcionar bem. A
pessoa pode não sentir que algo está errado, mas a família e os amigos podem
reconhecer as mudanças de humor e/ou mudanças nos níveis de atividade como
possível transtorno bipolar. Sem tratamento adequado, as pessoas com hipomania
podem desenvolver mania severa ou depressão.

Transtorno Bipolar e Outras Doenças

Alguns sintomas da bipolaridade são semelhantes a outras doenças, o que pode


tornar difícil para um médico realizar um diagnóstico. Além disso, muitas pessoas
têm transtorno bipolar juntamente com outra doença, como transtorno de ansiedade,
abuso de substâncias, ou um transtorno alimentar. Pessoas bipolares também estão
em maior risco de doença da tireoide, dores de cabeça de enxaqueca, doenças
cardíacas, diabetes, obesidade e outras doenças físicas.

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TRATAMENTOS E TERAPIAS

O tratamento adequado pode ajudar muitas pessoas – mesmo aquelas com as


formas mais graves de bipolaridade – a obter um melhor controle de suas mudanças
de humor e outros sintomas bipolares. Um plano de tratamento eficaz geralmente
inclui uma combinação de medicação e psicoterapia. O transtorno bipolar é uma
doença vitalícia. Episódios de mania e depressão costumam voltar ao longo do
tempo. Entre os episódios, muitas pessoas com transtorno bipolar podem se ver
livres de mudanças de humor, mas algumas pessoas podem ter sintomas
persistentes. A longo prazo, o tratamento contínuo ajuda a controlar estes sintomas.

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TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

O transtorno de estresse pós-traumático (TSPT ou TEPT) é um tipo de transtorno


de ansiedade que pode se desenvolver em pessoas que vivenciaram um evento
traumático. Essa condição causa sofrimento intenso e prejuízos a vários aspectos da
vida, como trabalho e relacionamentos. O transtorno do estresse pós-traumático
(TEPT) é um distúrbio da ansiedade caracterizado por um conjunto de sinais e
sintomas físicos, psíquicos e emocionais em decorrência de o portador ter sido
vítima ou testemunha de atos violentos ou de situações traumáticas que, em geral,
representaram ameaça à sua vida ou à vida de terceiros.
Quando se recorda do fato, ele revive o episódio, como se estivesse ocorrendo
naquele momento e com a mesma sensação de dor e sofrimento que o agente
estressor provocou. Aproximadamente entre 15% e 20% das pessoas que, de
alguma forma, estiveram envolvidas em casos de violência urbana, agressão física,
abuso sexual, terrorismo, tortura, assalto, sequestro, acidentes, guerra, catástrofes
naturais ou provocadas, desenvolvem esse tipo de transtorno.

Sintomas

Para algumas pessoas, no entanto, os sentimentos e pensamentos perturbadores


associados ao episódio persistem por meses ou mesmo anos, o que pode indicar
um quadro de estresse pós-traumático. A pessoa pode apresentar sintomas como:

Lembranças persistentes - Reviver involuntariamente o trauma através de memórias


angustiantes e repetitivas, pesadelos ou sensação de que o evento traumático está
acontecendo ou está prestes a acontecer (“flashbacks”).

Reações físicas - Circunstâncias que remetem à lembrança do trauma podem


desencadear sintomas fisiológicos, incluindo sudorese, náusea e tremores.

Comportamento de esquiva - Evitar lugares, pessoas e atividades que trazem


recordações dolorosas. A pessoa também pode ser incapaz de lembrar ou falar
sobre o ocorrido.

Excitação exagerada - Inclui ficar em estado de alerta constante, explosões de


raiva, dificuldade para dormir e para se concentrar.
40
Crenças e emoções negativas - Dificuldade de confiar nos outros e manter
relacionamentos próximos; perda de interesse em atividades; sentimento de culpa e
vergonha.

Causas

Vários tipos de experiências aterrorizantes ou ameaçadoras podem levar ao


surgimento do estresse pós-traumático, tais como: violência física ou sexual, assalto,
sequestro, acidente de carro, desastres naturais, diagnóstico de doença que ameace
a vida, testemunhar uma cena de violência.

Vale destacar que mesmo quem não foi vítima direta de tais situações pode receber
o diagnóstico. Testemunhar uma agressão ou ser informado que um familiar ou
conhecido sofreu um acidente grave, por exemplo, também são possíveis fatores
desencadeantes. Embora qualquer pessoa exposta a algum tipo de trauma
psicológico possa desenvolver o distúrbio, mulheres são duas vezes mais atingidas
do que homens.

Diagnóstico

O primeiro requisito para obter um diagnóstico é identificar o evento traumático


(agente causador do transtorno), que tenha representado ameaça à vida do portador
do distúrbio ou de uma pessoa querida, perante o qual se sentiu impotente para
esboçar qualquer reação. Consistindo em:
Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência
sexual; Presença de um (ou mais) dos sintomas intrusivos associados ao evento
traumático, começando depois de sua ocorrência; Evitação persistente de estímulos
associados ao evento traumático; Alterações negativas em cognições e no humor
associadas ao evento traumático começando ou piorando depois da ocorrência de
tal evento; Alterações marcantes na excitação e na reatividade associadas ao
evento traumático, começando ou piorando após o evento; Persistência das
alterações por mais de 1 mês; A perturbação causa sofrimento clinicamente
significativo e prejuízo social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
41
indivíduo; A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo
social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

TRATAMENTOS

O tratamento do estresse pós-traumático sempre deve ser orientado e avaliado por


um psicólogo ou psiquiatra, pois precisa ser adaptado a cada pessoa. Na maior
parte dos casos, o tratamento é iniciado com sessões de psicoterapia, através do
método de terapia cognitivo-comportamental, de exposição e de dessensibilização,
que deve começar o mais rápido possível e ser curta, para ajudar esses indivíduos a
ganhar o controle do medo e da angústia e a lidar com outros sintomas, durando em
média 12 sessões. O psiquiatra também pode recomendar o uso de medicamentos
como os inibidores seletivos da recaptura de serotonina, como a sertralina (Zoloft) e
a paroxetina (Pondera), os quais ajudam a aliviar os sintomas do transtorno do sono
e ataques de pânico, além de betabloqueadores, como o propranolol para aliviar os
sintomas de ansiedade.

42
O QUE É TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO?

Obsessões e compulsões são os principais sintomas. O primeiro se refere a


pensamentos, impulsos ou imagens persistentes e intrusivas consideradas
indesejadas pelos indivíduos. O último é caracterizado por comportamentos ou atos
mentais repetitivos, os quais são igualmente indesejados.

Sintomas de transtorno obsessivo compulsivo

Os sintomas do TOC se manifestam de formas diferentes, podendo dominar


completamente a forma como as pessoas com esse transtorno agem, sentem e
pensam. Existem três sintomas principais, conforme visto abaixo.

Obsessões: pensamentos obsessivos que envolvem limpeza, contaminação por


germes ou vírus, dúvidas, preocupação com objetos desalinhados e medo de
possíveis tragédias acontecerem consigo ou com pessoas amadas. Esses
devaneios ilógicos causam muita ansiedade.

Compulsões: para aliviar a tensão e apreensão, o indivíduo engaja em


determinados comportamentos repetitivos. Eles envolvem limpar cômodos, objetos e
o próprio corpo, repetição, contagem, organização, entre outros;

Rituais: ambos os sintomas mencionados são anteriormente acomodados em


rituais. Eles podem ser diários, semanais ou espontâneos. Eles são realizados a
partir de regras rígidas criadas pelo próprio indivíduo.

Tipos de TOC

Essa classificação, não-oficial, também é feita para melhor compreender como os


sintomas variam de indivíduo para indivíduo.
Nem todas as pessoas com TOC possuem as mesmas obsessões e compulsões.
Em algumas, os sintomas relacionados à limpeza são mais fortes enquanto, em
outras, os sintomas de checagem se manifestam com maior frequência. 43
TOC de limpeza

Trata-se da vontade irresistível de lavar as mãos repetidamente, fazer faxina em


determinados cômodos ou na casa toda, limpar móveis específicos, entre outros. A
lavagem das mãos pode ser intensa a ponto de feri-las.

A pessoa também tem aversão a locais sujos e objetos possivelmente


contaminados, fazendo de tudo para evitá-los.

Roupas sujas também causam uma sensação desagradável. Quando seus trajes
são manchados enquanto está na rua, a pessoa pode voltar para casa para se
limpar, lavar a sujeira em um banheiro ou, em casos extremos, descartar a peça de
roupa.

TOC de checagem

Verificar fechaduras de portas e janelas múltiplas vezes, bem como se o fogão está
ligado e o gás não está vazando, são comportamentos comuns do TOC de
checagem. A pessoa não consegue sair de casa até que faça a sua rotina de
verificação.

TOC de organização

Pessoas com TOC costumam organizar roupas, sapatos, utensílios de cozinha,


livros e outros objetos de acordo com o tamanho, cor, ordem alfabética ou outras
categorias.
Elas determinam uma série de regras para que a organização corresponda às suas
vontades, como objetos com textura, tamanho e aspecto semelhante. Essa
obsessão pode levá-las a comprar objetos equivalentes para que eles não causem
uma perturbação visual.
44

TOC de pensamentos proibidos


Pensamentos considerados “tabus”, como blasfêmia, atos de violência, atos sexuais
específicos e qualquer coisa considerada imprópria pela pessoa, causam grande
angústia para quem tem TOC. Eles se alojam na mente dessas pessoas contra a
sua vontade, fazendo com que elas descarreguem o estresse, medo e preocupação
por tê-los através de condutas compulsivas.

TOC de simetria

Semelhante ao TOC de organização, esse sintoma consiste em organizar objetos


de maneira simétrica. Quaisquer vislumbres de assimetria, sejam em elementos que
podem ser “consertados” ou não, causam aflição.

TOC de acumulação

Acumular objetos sem utilidade e em grande quantidade é um tipo de compulsão.


Se não fizer isso, a pessoa fica agoniada, como se estivesse fazendo algo errado.
Com o tempo, os objetos acumulados podem se espalhar pela casa e obstruir
cômodos, caminhos e móveis. Quando atinge essas proporções, o diagnóstico pode
ser transtorno de acumulação no lugar de TOC.

TOC de pensamentos intrusivos

Esses tipos de pensamentos envolvem cenários trágicos, de morte ou acidentes,


com familiares, amigos e a pessoa com TOC.
Ela acredita que para evitar uma situação catastrófica, precisa engajar em algum
comportamento compulsivo. Por exemplo, ela pode ligar e desligar as luzes 50
vezes para “salvar” a vida de alguém querido. Se não fizer isso, se sente culpada.

Pensamentos intrusivos, como o próprio termo indica, são difíceis de combater e


resultam em muito estresse e ansiedade no dia a dia. Eles podem surgir a qualquer 45
momento e roubar o sossego da pessoa com transtorno obsessivo compulsivo.

TOC de contagem
Necessidade de contar objetos, movimentos corporais e palavras ditas durante uma
conversa. A pessoa pode, por exemplo, contar quantos toques dá no joelho
esquerdo ou montar padrões rítmicos e intercalados com uma quantidade específica
de toques em várias partes do corpo. Ela também pode contar quantos vasos
decorativos existem em um cômodo ou quantas pétalas possuem as flores rosas de
um jardim.

CAUSAS DO TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO

Ainda não foi especificada uma causa única para o TOC, porém o DSM-V aponta
alguns fatores como contribuidores para seu surgimento. Traumas, negligência dos
pais, abuso físico ou sexual, experiências negativas e inibição constante na infância
podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno.
Da mesma forma, crianças que contraíram doenças infecciosas podem se tornar
adultos extremamente preocupados com saúde e higiene pessoal.
Pessoas cujos parentes de primeiro grau têm ou já tiveram o transtorno têm mais
propensão a desenvolvê-lo. As chances são ainda maiores quando os parentes
experienciaram os primeiros sintomas na infância ou adolescência.
Há, ainda, estudos que fazem a associação da causa do transtorno obsessivo
compulsivo a déficits na comunicação entre regiões do cérebro que utilizam
serotonina. Alguns pacientes também apresentam diferenças no córtex frontal e
estruturas subcorticais do cérebro, segundo pesquisas.
Quando uma pessoa com suspeita de TOC visita um médico ou psicólogo, ela é
questionada sobre seu histórico familiar, histórico de saúde e experiências de vida.
Dessa maneira, os profissionais da saúde conseguem associar alguns elementos ao
surgimento do transtorno, mas não especificar uma causa.

TRATAMENTO PARA TOC

O tratamento para o transtorno obsessivo compulsivo tipicamente é feito com


medicamentos psiquiátricos, psicoterapia ou uma combinação de ambos. O modelo 46
mais adequado de tratamento é recomendado pelo médico ou psicólogo.
É comum que pessoas com essa condição também tenham ansiedade ou
depressão devido ao medo, vergonha e estresse causado por ela. Assim, o
tratamento para cada transtorno é feito separadamente.

Terapia para TOC

A terapia é um tratamento eficiente tanto para crianças e adolescentes quanto para


adultos com TOC. A terapia cognitivo-comportamental (TCC), em particular,
demonstra bons resultados com esses pacientes.
O foco dessa abordagem psicológica é substituir padrões de comportamento e
pensamentos disfuncionais por padrões saudáveis. Deste modo, o paciente é
capacitado a cuidar da qualidade de seus pensamentos e emoções de modo que
impactem positivamente suas condutas e decisões.
Essa abordagem também descontrói crenças extremas e desconectadas com a
realidade nutridas pelas pessoas com TOC. O psicólogo gradativamente expõe o
paciente ao conteúdo das suas preocupações e ansiedade, como pensamentos
catastróficos ou tabus, para que ele deixe de temê-los.

47
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

Pacientes com transtorno de personalidade borderline não toleram estar sozinhos;


fazem esforços frenéticos para evitar o abandono e geram crises, como tentativas
suicidas, de tal forma que levam os outros a resgatá-los e cuidar deles.

A prevalência descrita dos transtornos de personalidade limítrofe nos EUA varia.


Estima-se que prevalência média seja de 1,6%, mas pode chegar a 5,9%. Nos
pacientes tratados durante uma internação psiquiátrica por transtornos mentais, a
prevalência é cerca de 20%. Cerca de 75% dos pacientes diagnosticados com esse
transtorno são mulheres, mas na população norte-americana em geral, a proporção
entre homens e mulheres é de 1:1.

As comorbidades são complexas. Os pacientes, com frequência, têm alguns outros


transtornos, especialmente depressão, transtornos de ansiedade (por exemplo,
síndrome do pânico), transtornos de humor, transtorno de estresse pós-traumático,
transtornos de personalidade, bem como transtornos alimentares e transtornos de
uso de fármacos.

Etiologia

Estresses durante a primeira infância podem contribuir para o desenvolvimento do


transtorno de personalidade borderline. História infantil de abuso físico e sexual,
negligência, separação dos cuidadores e/ou perda de um pai é comum entre
pacientes com transtorno de personalidade borderline.

Certas pessoas podem apresentar tendência genética de ter respostas patológicas


ao estresse do meio-ambiente e o transtorno de personalidade borderline parece
claramente ter um componente hereditário. Parentes de primeiro grau de pacientes
com transtorno de personalidade borderline são 5 vezes mais propensos a ter a
doença do que a população em geral.

48
Distúrbios nas funções reguladoras dos sistemas cerebrais e de neuropeptídeos
também podem contribuir, mas não estão presentes em todos os pacientes com
transtorno de personalidade borderline.

Sinais e sintomas

Quando os pacientes com transtorno de personalidade borderline acham que estão


sendo abandonados ou negligenciados, eles sentem medo intenso ou raiva. Por
exemplo, eles podem ficar em pânico ou furiosos quando alguém importante para
eles estão alguns minutos atrasado ou cancela um compromisso. Eles pensam que
esse abandono significa que eles são ruins. Eles temem o abandono em parte
porque não querem estar sozinhos.

Esses pacientes tendem a mudar o ponto de vista que têm de outras pessoas de
forma abrupta e dramática. Eles podem idealizar um potencial cuidador ou amante
no início do relacionamento, exigir que passem muito tempo juntos e compartilhem
tudo. De repente, eles podem achar que a pessoa não se importa o suficiente, e
ficam desiludidos; então eles podem desprezar ou ficar irritados com a pessoa. Essa
mudança da idealização para desvalorização reflete o pensamento maniqueísta
(divisão e polarização do bem e do mal).

Pacientes com transtorno de personalidade borderline podem sentir empatia e


cuidar de uma pessoa, mas somente se eles acharem que essa outra pessoa estará
disponível para eles sempre que necessário.

Pacientes com esse transtorno têm dificuldade de controlar sua raiva e muitas
vezes se tornam inadequados e intensamente irritados. Eles podem expressar sua
raiva com sarcasmo cortante, amargura ou falação irritada, muitas vezes direcionada
ao cuidador ou amante por negligência ou abandono. Após a explosão, eles muitas
vezes sentem vergonha e culpa, reforçando seus sentimentos de que são maus.

Pacientes com transtorno de personalidade borderline também podem mudar


abrupta e radicalmente sua autoimagem, mostrada pela mudança súbita dos seus
objetivos, valores, opiniões, carreiras ou amigos. Eles podem ser carentes em um
minuto e se sentirem justificadamente com raiva sobre serem maltratados em
49
seguida. Embora geralmente se vejam como maus, eles às vezes sentem que
absolutamente não existem, por exemplo, quando não têm alguém que se preocupe
com eles. Eles muitas vezes se sentem vazios por dentro.

As alterações de humor (por exemplo, disforia intensa, irritabilidade, ansiedade)


costumam durar apenas algumas horas e raramente duram mais do que alguns dias;
elas podem refletir a extrema sensibilidade às tensões interpessoais em pacientes
com transtorno de personalidade borderline.

Pacientes com transtorno de personalidade borderline muitas vezes sabotam a si


mesmos quando estão prestes a alcançar um objetivo. Por exemplo, eles podem
abandonar a escola pouco antes de graduação, ou podem arruinar um
relacionamento promissor.

Impulsividade que leva à automutilação é comum. Esses pacientes podem apostar


em jogos de azar, praticar sexo inseguro, ter compulsão alimentar, dirigir de forma
imprudente, abusar de droga ou gastar demais. Comportamentos suicidas, gestos e
ameaças e automutilação (por exemplo, se cortar, queimar) são muito comuns.
Embora muitos desses atos autodestrutivos não visem acabar com a vida, o risco de
suicídio nesses pacientes é 40 vezes maior do que na população em geral; cerca de
8 a 10% desses pacientes cometem suicídio. Esses atos autodestrutivos são
geralmente desencadeados pela rejeição por possível abandono ou decepção com
um cuidador ou amante. Os pacientes podem se automutilar para compensar por
serem maus ou para reafirmar sua capacidade de sentir durante um episódio
dissociativo. Episódios dissociativos, pensamentos paranoicos e, às vezes, sintomas
do tipo psicótico (por exemplo, alucinações, ideias de referência) podem ser
desencadeados por estresse extremo, normalmente o medo de abandono, seja real
ou imaginado. Esses sintomas são temporários e não costumam ser graves o
suficiente para que sejam considerados um transtorno separado.

Os sintomas diminuem na maioria dos pacientes; a recidiva é baixa. Mas o estado


funcional não costuma melhorar dramaticamente.

50
TRATAMENTO

O tratamento geral do transtorno de personalidade borderline é o mesmo que para


todos os transtornos de personalidade.

Identificar e tratar os transtornos coexistentes é importante para o tratamento eficaz


do transtorno de personalidade borderline.

Psicoterapia

O principal tratamento para o transtorno de personalidade borderline é psicoterapia.


Muitas intervenções psicoterapêuticas são eficazes para reduzir comportamentos
suicidas, melhorar a depressão e a função em pacientes com esse transtorno. A
terapia cognitivo-comportamental focaliza a desregulação emocional e a falta de
habilidades sociais. Isso engloba:

A terapia comportamental dialética (uma combinação de sessões individuais e em


grupo com os terapeutas agindo como conselheiros comportamentais disponíveis
sob demanda dia e noite)

Sistemas de treinamento para previsibilidade emocional e resolução de problemas


(STEPPS)

O STEPPS é feito em sessões semanais em grupo durante 20 semanas. Os


pacientes adquirem habilidades para gerenciar suas emoções, questionar suas
expectativas negativas e cuidar melhor de si mesmos. Aprendem a estabelecer
metas, evitar substâncias ilícitas e melhorar seus hábitos alimentares, de sono e de
exercícios. Os pacientes são convidados a construir uma rede de apoio de amigos,
familiares e profissionais de saúde que estejam dispostos a ajudar em caso de crise.
Outras intervenções focalizam em distúrbios na maneira como os pacientes
experimentam emocionalmente a si mesmos e aos outros. Essas intervenções
incluem: Tratamento baseado em mentalização, Psicoterapia focada na
51
transferência e Terapia focada em esquema.

Mentalização refere-se à capacidade das pessoas de refletir e compreender seus


próprios estados de espírito e o estado de espírito dos outros. Considera-se que a
mentalização seja aprendida por meio de uma vinculação segura com o cuidador.
Tratamento baseado em mentalização ajuda os pacientes a fazer o seguinte:

Regular eficazmente suas emoções (por exemplo, acalmar-se quando chateado),


Entender como elas contribuem para seus problemas e dificuldades com os outros,
refletir e compreender as mentes dos outros. Assim, ela ajuda-os a se relacionar
com os outros com empatia e compaixão.

Psicoterapia focada em transferência concentra-se na interação entre paciente e


terapeuta. O terapeuta faz perguntas e ajuda os pacientes a pensar sobre suas
reações de tal modo que possam examinar suas imagens distorcidas, exageradas e
irrealistas do seu eu durante a sessão. O momento atual (por exemplo, como os
pacientes se relacionam com o terapeuta) é enfatizado em vez do passado. Por
exemplo, quando um paciente tímido, silencioso de repente se torna hostil e
argumentativo, o terapeuta pode perguntar se o paciente percebeu uma mudança
nos sentimentos e depois pede que o paciente pense sobre como ele experimentou
o terapeuta e o seu eu quando as coisas mudaram. O objetivo é: Permitir que os
pacientes desenvolvam um senso mais estável e realista de si mesmos e dos outros;
relacionar-se com os outros de uma maneira saudável por meio da transferência
com o terapeuta.

Terapia focada em esquema

É uma terapia integrativa que combina a terapia cognitivo-comportamental, teoria do


apego, conceitos psicodinâmicos e terapias focalizadas em emoções. Ela foca em
padrões mal-adaptativos ao longo da vida de pensar, sentir, comportar-se e de
enfrentamento (chamados esquemas), técnicas de mudança afetiva e na relação
terapêutica, com repaternagem limitada. Repaternagem limitada representa o
estabelecimento de um vínculo seguro entre o paciente e o terapeuta (dentro dos

52
limites profissionais), permitindo que o terapeuta ajude o paciente a vivenciar o que
ele perdeu durante a infância e que o levou a um comportamento mal-adaptativo.

O objetivo da terapia com foco neste esquema é ajudar os pacientes a modificar os


seus padrões. A terapia tem 3 estágios:

Avaliação: identificação dos esquemas.

Conscientização: reconhecer os esquemas quando eles operam na vida diária.

Mudança comportamental: substituir pensamentos, sentimentos e comportamentos


negativos por aqueles mais saudáveis.

Algumas dessas intervenções são especializadas e requerem treinamento e


supervisão especializada, porém algumas não; uma dessas intervenções, que é
projetada para o clínico geral, é:

Manejo psiquiátrico geral (ou bom)

O bom tratamento psiquiátrico compreende a terapia individual 1 vez por semana, a


psicoeducação sobre o transtorno de personalidade limítrofe, o estabelecimento de
metas e expectativas do tratamento, e algumas vezes fármacos. Focaliza as reações
do paciente aos estressores interpessoais na vida cotidiana.

Psicoterapia de suporte também é útil. O objetivo é estabelecer um relacionamento


emocional, encorajador e solidário com o paciente e, assim, ajudá-lo a desenvolver
mecanismos de defesa saudáveis, especialmente nos relacionamentos
interpessoais.

Fármacos

Fármacos funcionam melhor quando usados com moderação e sistematicamente


para sintomas específicos.

Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) geralmente são bem


tolerados; a probabilidade de uma overdose letal é mínima. Mas ISRSs só são

53
marginalmente eficazes para depressão e ansiedade em pacientes com transtorno
de personalidade borderline.

Os estabilizadores de humor como a lamotrigina para depressão, ansiedade,


labilidade de humor e impulsividade, antipsicóticos atípicos, de 2ª geração, para
ansiedade, raiva e sintomas cognitivos, incluindo distorções cognitivas transitórias
relacionadas a estresse podem ser eficazes para atenuar os sintomas do transtorno
de personalidade borderline. Benzodiazepínicos e estimulantes não são
recomendados por causa dos riscos de dependência, overdose, desinibição e uso
inadequado.

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CONCLUSÃO

Nesta pesquisa destacamos a preocupação que devemos ter com os transtornos


mentais e como afetam nossas vidas, tanto pessoal quanto profissional.
Os transtornos mentais surgem pela influência de múltiplos fatores sociais,
genéticos, psicológicos e ambientais. As pressões socioeconômicas influenciam
continuamente os riscos para a saúde mental individual e coletiva, sobretudo sobre
as camadas mais populares.

Uma saúde mental debilitada também colabora para significativas alterações sociais
e condições de trabalho precárias. Também acentua a exclusão social e expõe o
indivíduo ao risco de violência em virtude da incapacidade mental de autodefesa.

Questões psicológicas e de personalidade também tornam as pessoas mais


susceptíveis aos desequilíbrios mentais. Além disso, as causas biológicas também
contribuem para a desordem química das células cerebrais e aumentam a
ocorrência da doença.

Nesse sentido, os familiares precisam buscar ajuda e encaminhar a pessoa para o


tratamento mais adequado. De igual modo, as instituições também são responsáveis
pela promoção da saúde mental de seus funcionários. A legislação atual está
pautada na concessão de valores para que os pacientes psiquiátricos recebam
tratamento em uma ala específica dos hospitais gerais. No entanto, a verba
destinada aos hospitais não garante a assistência necessária ao doente.

Assim, é urgente a necessidade de reformulação de políticas públicas que viabilizem


condições e critérios para a promoção da saúde mental. É preciso estabelecer ações
com viabilidade prática para transformar a atual conjuntura que envolve a realidade
dos tratamentos de problemas mentais no país.

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