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Capítulo 5: A dimensão pessoal e social da ética

Questões de escolha múltipla

Na resposta a cada um dos itens, selecione a única opção correta.


Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.

1. O relativista moral defende que:


A. não há ações imorais.

B. todas as opiniões morais são falsas.

C. há verdades morais absolutas.

D. não há verdades morais absolutas.

2. O relativismo moral enfrenta a objeção seguinte:


A. Se os relativistas tivessem razão, não teríamos legitimidade para condenar as
culturas que discriminam as mulheres.
B. Uma vez que existem muitas culturas, devemos tentar compreender as suas
diferenças e aprender a viver com elas.
C. Se existisse a possibilidade de encontrarmos normas morais universalmente
válidas, as diferenças culturais desapareceriam.
D. Uma vez que não há normas morais universalmente válidas, podemos condenar
tanto as outras culturas como a nossa.

3. Qual das seguintes frases NÃO exprime um juízo de valor?


A. A pena de morte devia ser abolida em todos os países.

B. Matar animais para os comer não tem nada de errado.

C. Gostar de arte é uma característica humana.

D. A mentira é pior do que a traição.

4. Segundo o relativismo cultural:


A. os hábitos e as tradições culturais não devem ser valorizados.

B. há verdades morais aceites por todos os povos e culturas.


C. os juízos morais dependem das convenções de cada sociedade.

D. a moralidade não é uma questão de convenção social.


5. De acordo com o relativismo cultural:
A. existe um padrão universal para avaliar os costumes.

B. os códigos morais são idênticos em todas as culturas.


C. os critérios valorativos não variam de cultura para cultura.

D. todas as práticas culturais devem ser toleradas.

6. Considere as afirmações seguintes.

1. Os valores dependem apenas da educação que se teve.


2. Os juízos de valor de pessoas diferentes não podem coincidir.
3. Os valores são uma questão de preferências pessoais.

Acerca dos valores, os subjetivistas consideram que:


A. 1 é verdadeira; 2 e 3 são falsas.
B. 1 e 2 são verdadeiras; 3 é falsa.

C. 1 é falsa; 2 e 3 são verdadeiras.

D. 1 e 2 são falsas; 3 é verdadeira.

7. Considere as seguintes afirmações.

1. Os juízos de valor são apenas uma questão de gosto pessoal.


2. Em matéria de valores, todas as opiniões são erradas.
3. Os juízos de valor dependem dos contextos sociais.

Acerca dos valores, os relativistas consideram que:


A. 1, 2 e 3 são verdadeiras.

B. 1 e 2 são verdadeiras; 3 é falsa.

C. 3 é verdadeira; 1 e 2 são falsas.

D. 1 e 3 são verdadeiras; 2 é falsa.

8. Considere as afirmações seguintes.

1. É errado não ajudar a resolver o problema da fome no mundo.


2. Muitas pessoas não ajudam a resolver o problema da fome no mundo.
3. Algumas pessoas abandonam estilos de vida confortáveis, chegando mesmo a pôr a sua vida em
risco, para ajudar a combater a fome no mundo.

A. 1 e 2 são juízos de facto e 3 é um juízo de valor.

B. 1 é um juízo de valor e 2 e 3 são juízos de facto.


C. 1 e 3 são juízos de valor e 2 é um juízo de facto.

D. 3 é um juízo de facto e 1 e 2 são juízos de valor.


9. Considere as afirmações seguintes.

1. Ocorrem acidentes de viação por excesso de velocidade.


2. É errado não reduzir os limites legais de velocidade.

É aceitável defender que:


A. em 1, é formulado um juízo de valor que pode justificar o juízo de facto
formulado em 2.
B. em 2, é formulado um juízo de valor que explica o juízo de facto formulado em
1.
C. em 2, é formulado um juízo de facto que explica o juízo de valor formulado em
1.
D. em 1, é formulado um juízo de facto que pode justificar o juízo de valor
formulado em 2.

10. Identifique o par de termos que permite completar adequadamente a


afirmação seguinte.

Os juízos de facto são essencialmente _______, distinguindo-se dos juízos de valor, que são
essencialmente _______.

A. descritivos … normativos

B. objetivos … subjetivos

C. verdadeiros … relativos

D. concretos … abstratos

11. Para um relativista, a liberdade de expressão será um valor:


A. se gozar de aprovação social.

B. se for uma preferência informada.

C. se tiver uma justificação objetiva.

D. se resultar de uma escolha imparcial.

12. O relativismo acerca dos valores pode ser criticado por:


A. ter em conta a diversidade cultural.

B. afirmar que os valores são universais.

C. não considerar o que é socialmente aprovado.

D. não explicar a possibilidade de progresso moral.

13. Os relativistas acerca dos valores defendem que:


A. a correção dos juízos de valor depende da cultura e, assim, o que é correto
numa cultura pode não o ser noutra.
B. todos os valores são relativos e, por isso, nenhum juízo de valor é correto ou
incorreto.
C. nenhuma cultura tem valores coincidentes com os valores de outra cultura.
D. a correção dos juízos de valor depende inteiramente do que é aprovado nas
sociedades mais evoluídas.

14. A liberdade religiosa é a liberdade de cada um praticar a religião que é do seu


agrado, ou de não praticar qualquer religião.
Se a liberdade religiosa for um valor objetivo, então:
A. todos defendem a liberdade religiosa.

B. a liberdade religiosa é um elemento central de muitas culturas.

C. deve haver liberdade religiosa.


D. a liberdade religiosa é mais importante do que os outros valores.

15. «Em alguns países, ter armas e usá-las para assegurar a defesa da família e
da propriedade são vistos como direitos dos cidadãos; mas, noutros países,
acredita-se que a posse e o uso de armas devem estar sujeitos a grandes
restrições.»
Perante a constatação anterior, um relativista acerca dos valores defenderia
que:
A. as sociedades que impõem grandes restrições à posse e ao uso de armas são
melhores do que aquelas que não o fazem.
B. poder defender a família e a propriedade é um valor que deve ser protegido em
qualquer sociedade.
C. ter armas e com elas se defender, dependendo dos contextos históricos e
sociais, podem ser vistos como direitos dos cidadãos.
D. a convicção de que a posse e o uso de armas são direitos dos cidadãos resulta
de preferências pessoais.

16. Atente nas afirmações seguintes.

1. Franklin Roosevelt é considerado pelos norte-americanos um dos três mais importantes presidentes
dos EUA.
2. Já adulto, Franklin Roosevelt contraiu poliomielite.
3. Franklin Roosevelt não gostava de ser fotografado em cadeira de rodas.
4. Franklin Roosevelt deveria ter decidido mais cedo a entrada dos EUA na II Guerra Mundial.

Selecione a opção correta.


A. Apenas a afirmação 4 exprime um juízo de valor.

B. As afirmações 1 e 4 exprimem juízos de valor.

C. As afirmações 2 e 3 exprimem juízos de valor.

D. Apenas a afirmação 3 exprime um juízo de valor.


17. Se houver juízos morais objetivos, então:
A. as sociedades que tiverem valores diferentes dos nossos devem corrigir tais
valores.
B. a correção, ou a incorreção, desses juízos não pode ser discutida.

C. esses juízos estão certos ou errados independentemente dos costumes.

D. as pessoas que tiverem valores diferentes dos nossos pensam e agem


erradamente.

18. Qual das frases seguintes exprime um juízo de valor moral acerca de uma
certa pessoa?
A. Aquela pessoa usa transportes públicos.

B. Aquela pessoa não age de modo responsável.


C. Aquela pessoa não consome produtos de origem animal.

D. Aquela pessoa convive com criminosos reincidentes.

19. Identifique a posição defendida pelos subjetivistas morais.


A. Os valores objetivos mais evidentes são pessoais.

B. Apenas as preferências pessoais têm valor, tenham ou não aprovação social.

C. As preferências pessoais limitam-se a reproduzir as convenções da sociedade.

D. Há valores universais independentes dos contextos.

20. Considerar que os valores são objetivos significa considerar que os valores
são:
A. objetos de preferência.

B. relativos ao sujeito que valora.

C. objetos estimáveis.

D. independentes do sujeito que valora.

21. Os valores éticos são:


A. critérios para a escolha da melhor ação.

B. formas determinadas de ação.

C. normas legais para regular a ação.

D. programas orientadores de ação.

22. Segundo o relativismo cultural:


A. os valores atuais são melhores do que os do passado.
B. os critérios para avaliar as ações são variáveis.

C. os critérios para avaliar as ações são absolutos.


D. os valores são espirituais e intemporais.

23. O diálogo entre culturas implica:


A. a valorização da cultura ocidental.

B. a desvalorização da racionalidade.

C. a possibilidade de acordo valorativo.


D. a indiferença relativa a costumes e a valores.

24. A Luísa viajou muito e notou diferenças significativas, por exemplo, no


estatuto das mulheres em diferentes sociedades. Alguns hábitos, como o de
as mulheres apenas poderem passear acompanhadas, chocaram a Luísa;
contudo, pareceu-lhe que muitas dessas mulheres aceitavam tais hábitos
sem reservas. Esta observação foi a razão para a Luísa concluir que aquilo
que é certo ou errado depende de cada cultura.
Perante o relato da Luísa, a Paula recordou que o estatuto das mulheres tinha
mudado muito em Portugal, nas últimas décadas, e afirmou que isso
representava um progresso, pois a sociedade portuguesa abandonara leis e
hábitos errados.
É razoável presumir que:
A. a Luísa é relativista e a Paula é objetivista.

B. ambas são subjetivistas.

C. ambas são relativistas.

D. a Luísa é objetivista e a Paula é subjetivista.

25. Identifique a questão que envolve o problema da natureza dos juízos morais.
A. Será que só os princípios morais importam?

B. O juízo de que é correto acolher refugiados exprime uma preferência pessoal?

C. Será a escravatura moralmente permissível?

D. O juízo de que uma certa pessoa é corajosa é um juízo de valor acerca dessa
pessoa?

Outras questões

1. É um facto que há diferenças culturais e que há pessoas com opiniões muito


diferentes em relação a valores.
Será que este facto mostra que não há valores objetivos?
Na sua resposta, deve:
‒ identificar inequivocamente a perspetiva que defende;
‒ argumentar a favor da perspetiva que defende.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Nota – Os aspetos constantes do cenário de resposta apresentado são apenas
ilustrativos, não esgotando o espectro de respostas possíveis.
Apresentação inequívoca da posição defendida.
Justificação da posição defendida:
No caso de o examinando defender que o facto referido mostra que não há
valores objetivos:
– (do facto de duas pessoas, ou dois grupos de pessoas, emitirem juízos de valor
diferentes (opostos) acerca da mesma questão é possível inferir a inexistência
de valores objetivos, e é possível inferir que a verdade (ou a falsidade) dos
juízos de valor depende de quem os exprime, ou da cultura de quem os
exprime;)
– as pessoas também discordam acerca de factos, e dessa discordância não se
infere que a verdade (ou a falsidade) dos juízos de facto depende de quem os
exprime, ou da cultura de quem os exprime; porém, as discordâncias e as
discussões acerca de valores são mais profundas;
– além disso, uma questão de facto pode ser esclarecida com a descoberta ou
com a apresentação de mais factos (por exemplo, saber se «o consumo de
carnes processadas provoca cancro» é uma questão controversa, mas podemos
imaginar o tipo de estudos e de resultados que poderão ser esclarecedores ou
conclusivos);
– ao contrário, uma controvérsia em torno de valores não é resolvida com mais
informação ou com mais factos (por exemplo, saber se «a obrigatoriedade do
uso da burca é errada» não depende de conhecermos a quantidade de mulheres
forçadas a usar burca, ou que detestam usar burca, ou que gostam de usar
burca);
– admitir que as diferenças de opinião e de cultura não implicam que os valores
sejam relativos é o mesmo que afirmar que há culturas corretas e culturas
incorretas;
– esse juízo sobre as outras pessoas e as outras culturas constitui uma forma de
paternalismo ou de etnocentrismo e pode servir de justificação para atitudes
arrogantes ou intolerantes.
No caso de o examinando defender que o facto referido não mostra que não
há valores objetivos:
– (do facto de duas pessoas, ou dois grupos de pessoas, emitirem juízos de valor
diferentes (opostos) acerca da mesma questão não é possível inferir a
inexistência de valores objetivos, nem é possível inferir que a verdade (ou a
falsidade) dos juízos de valor depende de quem os exprime, ou da cultura de
quem os exprime;)
– as pessoas também discordam acerca de factos, e dessa discordância não se
infere que a verdade (ou a falsidade) dos juízos de facto depende de quem os
exprime, ou da cultura de quem os exprime;
– além de a inferência (das diferenças culturais ou de opinião para a inexistência
de valores objetivos) ser inválida (pois a conclusão não deriva da premissa), é
falso que as pessoas, ou os grupos de pessoas, sejam diferentes em relação a
tudo (OU em relação a princípios fundamentais);
– há muitas diferenças de opinião entre pessoas, ou grupos de pessoas: as
pessoas, ou os grupos de pessoas, discordam frequentemente acerca daquilo
que preferem, que consideram mais agradável ou que lhes dá mais prazer (por
exemplo, fazer ou não fazer a sesta depois do almoço); ora, tais opiniões são
naturalmente subjetivas e não têm de ser reconciliadas;
– mas as pessoas também têm muitas opiniões semelhantes a respeito daquilo
que é mais importante (OU a respeito de princípios fundamentais, como, por
exemplo, a obrigação moral de educar e proteger os filhos, a proibição de
roubar, ou a proibição de matar pessoas inocentes);
– essas semelhanças de opinião sugerem que, tal como é um facto que uma bola
é redonda, também é um facto que, por exemplo, ser cruel com uma pessoa
indefesa é moralmente condenável (e que está enganado quem não reconhece
que isso é cruel).

2. Os austríacos gostam de valsa; já a maior parte dos brasileiros gosta de


samba. Em relação ao desporto, os canadianos, por exemplo, preferem o
hóquei no gelo, ao passo que muitos portugueses apreciam o hóquei em
patins. A verdade é que cada povo tem tendência a apreciar mais o que faz
parte da sua cultura.
Contudo, o hóquei em patins é mais bonito do que o hóquei no gelo.
No texto anterior é expresso, de forma inequívoca, um único juízo de valor.
Identifique-o e justifique a identificação feita.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Identificação do juízo de valor expresso no texto:
– «O hóquei em patins é mais bonito do que o hóquei no gelo».
Nota – Aceita-se que a identificação seja feita através da transcrição integral da
última frase do texto («Contudo, o hóquei em patins é mais bonito do que o hóquei
no gelo»), ou através de expressões que indiquem o reconhecimento do único
juízo de valor expresso no texto (por exemplo, «É a última frase do texto»).
Justificação da identificação feita:
– afirmar que o hóquei em patins é mais bonito do que o hóquei no gelo implica
recorrer a um critério normativo (de beleza), que indica como deveria ser um
desporto no que respeita a beleza;
– o juízo em causa é, portanto, uma apreciação normativa, e não um juízo
meramente descritivo, acerca do hóquei em patins (e do hóquei no gelo).

3. Quando argumentamos acerca de valores, a tolerância e o respeito pelas


diferenças merecem habitualmente uma atenção especial. Os subjetivistas
são sensíveis à tolerância em relação às preferências individuais; os
relativistas, por sua vez, preocupam-se antes com a tolerância em relação a
culturas diferentes; e os objetivistas defendem que a tolerância deve ter
sempre em conta direitos fundamentais e invioláveis de qualquer ser
humano, seja ele qual for.
Que perspetiva acerca dos valores nos oferece as melhores razões contra a
intolerância?
Na sua resposta, deve:
‒ clarificar o problema da natureza dos valores, subjacente à questão
apresentada;
‒ apresentar inequivocamente a posição que defende;
‒ argumentar a favor da posição que defende.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Clarificação do problema da natureza dos valores, subjacente à questão
apresentada:
– o problema consiste em saber se os valores são preferências pessoais, padrões
culturais ou critérios objetivos.
Apresentação inequívoca da posição defendida.
Argumentação a favor da posição defendida:
Caso o examinando defenda que o subjetivismo oferece as melhores razões
contra a intolerância:
− de um ponto de vista subjetivista, os valores nada mais são do que preferências
pessoais, ou seja, não existe uma conceção universal de bem;
− a intolerância consiste em opor-se a que alguém conduza a sua vida de acordo
com as suas preferências/a sua conceção de bem;
− um subjetivista contradir-se-ia se fosse intolerante, pois, ao opor-se a que outras
pessoas conduzissem as suas vidas de acordo com as suas preferências
pessoais, estaria a impor os seus valores/critérios como se fossem os únicos
(corretos);
− se os valores não fossem meras preferências pessoais, não teríamos boas
razões para nos opormos à intolerância, ao contrário do que acontece com a
perspetiva relativista (cultural), que permite a intolerância no seio de cada cultura
(e apenas rejeita a intolerância entre culturas), e com a perspetiva objetivista,
que defende a existência de valores/critérios universais inegociáveis.
Caso o examinando defenda que o relativismo (cultural) oferece as melhores
razões contra a intolerância:
− de um ponto de vista relativista (cultural), os valores são os padrões e costumes
geralmente aprovados em cada sociedade ou comunidade, ou seja, a conceção
de bem depende de cada cultura (não depende de preferências pessoais nem
de critérios objetivos);
− a intolerância decorre da convicção de superioridade cultural que algumas
sociedades ou comunidades têm acerca dos seus padrões e costumes,
verificando-se sempre que uma cultura procura impor os seus valores a outra
cultura (OU quando não se aceita a diversidade cultural);
− a oposição à intolerância requer que se tenha a perspetiva modesta, própria do
relativismo (cultural), de que não há valores melhores nem piores, mas apenas
valores aprovados pelas diferentes comunidades, e que se encarem as
divergências de valores entre comunidades como normais e inevitáveis;
− se as preferências que os indivíduos exprimem são as preferências dominantes
numa comunidade, então a proteção dos valores das comunidades, e não a
proteção de supostas preferências pessoais, como defendem os subjetivistas, é
a defesa adequada contra a intolerância.
Caso o examinando defenda que o objetivismo oferece as melhores razões
contra a intolerância:
− há valores objetivos e, quando os valores são objetivos, o que torna um juízo de
valor verdadeiro (ou falso) é independente de preferências individuais ou de
contextos culturais (o conhecimento dos valores, que se reflete em juízos de
valor verdadeiros e justificados, requer argumentação racional e reflexão
imparcial sobre todos os aspetos que sejam considerados relevantes);
− a ideia de que há valores objetivos não implica que saibamos inequivocamente
quais são esses valores (quais são os juízos de valor verdadeiros), dado que nós
podemos estar tão enganados como os outros;
− a intolerância ocorre quando, acreditando que não podemos estar enganados e
que os nossos juízos de valor são os verdadeiros, os tentamos impor aos outros;
− o objetivista opõe-se à intolerância, porque, aceitando modestamente que pode
estar enganado, sabe que só através do debate racional e imparcial entre
diferentes pessoas ou culturas se pode chegar a juízos de valor
satisfatoriamente justificados (o objetivista opõe-se a quaisquer tentativas de
condicionamento desse debate decorrentes de se privilegiarem certas
preferências pessoais ou certas tradições culturais).

4. A Luísa gosta de dançar tango.


A afirmação anterior exprime um juízo de valor? Porquê?
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Indicação de que a afirmação não exprime um juízo de valor / a afirmação exprime
um juízo de facto.
Justificação:
‒ na afirmação, apenas se dá conta do facto de a Luísa gostar de dançar tango
OU apenas se descreve o que a Luísa gosta de fazer;
‒ na afirmação, não se faz qualquer apreciação normativa do facto de a Luísa
gostar de dançar tango.

5. Leia o texto.

Enquanto ato de autoproteção (...), podemos fazer o que for necessário para nos defendermos, mesmo
que isso implique a morte do atacante (...). O efeito bom é a preservação da nossa vida, sendo o efeito
mau a perda da vida do atacante.
David S. Oderberg, Ética Aplicada, Lisboa, Principia, 2009, p. 233.

5.1. Relacione a noção de preferência valorativa com a situação descrita no texto.


Na resposta, abordam-se os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes
e adequados:
– na situação descrita no texto, há um conflito valorativo entre o valor da vida
própria e o valor da vida de outrem;
– na situação descrita no texto, o valor superior é o valor da vida, ocupando o
lugar superior na hierarquia e na preferência valorativa que orienta a escolha;
– em condições normais, o valor da vida (a própria e a dos outros) é respeitado; na
situação do texto, prevalece o valor de autoproteção.
5.2. Dê um exemplo de outra situação de conflito de valores.
Na resposta, apresenta-se um exemplo adequado de outra situação de conflito de
valores, integrando-se os seguintes aspetos, ou outros considerados relevantes:
– a escolha é inevitável;
– a tábua de valores habitual para a tomada de decisão é insuficiente;
– a escolha, numa situação dilemática, envolve um conflito.

6. Em 1948, foi assinada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que


enuncia um conjunto de direitos reconhecidos pelos países com
representação na Organização das Nações Unidas (ONU).
Algumas pessoas pensam que os direitos aí consagrados exprimem valores
objetivos. Concorda? Justifique a sua posição.
Na sua resposta, deve:
− esclarecer o problema da natureza dos juízos de valor moral;
− apresentar inequivocamente a sua posição relativamente à questão
formulada;
− argumentar a favor da sua posição.
A resposta integra os aspetos seguintes ou outros igualmente relevantes.
Clarificação do problema:
– os juízos de valor distinguem-se por serem essencialmente normativos, isto é,
por referirem, nem que seja implicitamente, o que deve ser;
– o problema da natureza dos juízos de valor é o problema da fonte da
normatividade desses juízos OU é o problema da justificação desses juízos;
– há quem defenda que essa normatividade decorre das características daquilo
que é julgado OU de processos argumentativos racionais (objetivismo), há quem
defenda que depende da cultura/dos contextos culturais (relativismo), e há quem
defenda que depende da sensibilidade/dos sentimentos dos indivíduos/das
pessoas (subjetivismo).
Apresentação inequívoca da posição defendida.
Justificação da posição defendida:
No caso de o aluno considerar que os direitos consagrados na Declaração
Universal dos Direitos Humanos exprimem valores objetivos:
− (os direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos
exprimem valores objetivos);
− existe um consenso dos diferentes povos em relação aos valores expressos na
Declaração Universal dos Direitos Humanos;
− um consenso tão alargado e duradouro apenas pode ser adequadamente
explicado se entendermos que esses valores correspondem a factos morais.
OU
− (os direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos
exprimem valores objetivos);
− os valores enunciados na Declaração resultam do debate racional entre os
representantes dos diferentes países, povos e culturas;
− esse debate permitiu clarificar os valores que mais contribuem para o bem-estar
dos indivíduos e das comunidades e que, por essa razão, são corretos.
No caso de o aluno considerar que os direitos consagrados na Declaração
Universal dos Direitos Humanos não exprimem valores objetivos:
− (os direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos
exprimem valores relativos/não exprimem valores objetivos);
− o contacto persistente, ao longo de muitos séculos, entre diferentes países,
povos e culturas (e a hegemonia dos padrões culturais de alguns desses países)
instituiu/conduziu à criação de uma cultura comum/transversal/universal.
− os valores enunciados na Declaração são os desta cultura
comum/transversal/universal;
OU
− (os direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos
exprimem valores relativos/não exprimem valores objetivos);
− a hegemonia política e económica de alguns países permite-lhes imporem a
outros países e povos a sua cultura e os seus valores;
− o texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos é o resultado desta
hegemonia, e não da existência de valores objetivos.
OU
− (os direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos
exprimem valores subjetivos/não exprimem valores objetivos);
− os valores enunciados na Declaração exprimem sensibilidade e sentimentos
humanos;
− tais valores são naturalmente partilhados pelos representantes dos diferentes
países, povos e culturas (favorecendo consensos que se expressam em
declarações, constituições ou cartas de princípios).

7. Leia o texto.

Na Europa, ao contrário de noutras partes do mundo, a grande maioria das pessoas julgaria o castigo
por apedrejamento como horrendo e profundamente errado. Para algumas pessoas isso mostra que
estas questões são relativas. (...)
A respeito do apedrejamento, os relativistas [morais] por vezes concluem enganadoramente que é
errado interferirmos nas práticas de outro país. Se essa conclusão é apresentada como uma afirmação
não relativa, nomeadamente a de que interferir é errado, (...) então contradiz a afirmação relativista de
que todos os juízos morais são relativos. Tais relativistas não podem manter consistentemente a sua
posição. Essa é uma razão clara para rejeitar o seu relativismo.
P. Cave, Duas Vidas Valem Mais Que Uma?, Alfragide, Academia do Livro, 2008, pp. 85-87 (adaptado).

7.1. O autor do texto apresenta um argumento contra o relativismo moral. Explique


esse argumento.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Explicação do argumento contra o relativismo moral apresentado no texto:
– os relativistas (morais) defendem que todos os juízos morais são relativos (ou
seja, defendem que os juízos morais são verdadeiros ou falsos em relação a
uma cultura / o valor de verdade dos juízos morais depende da cultura a que se
pertence);
– ao mesmo tempo, os relativistas (morais) defendem que é sempre errado
interferir nas práticas de outras culturas (por exemplo, condenando essas
práticas);
– se é verdade que todos os juízos morais são relativos, então também é relativo o
juízo de que é errado interferir nas práticas de outras culturas; por outro lado, se
é absolutamente verdadeiro o juízo de que é errado interferir nas práticas de
outras culturas, então nem todos os juízos morais são relativos;
– os relativistas (morais) contradizem-se quando afirmam que todos os juízos
morais são relativos e, ao mesmo tempo, apresentam como uma verdade não
relativa (absoluta) o juízo de que é errado interferir nas práticas de outras
culturas.
7.2. O relativismo moral é usado para defender a tolerância. Apresente razões dos
relativistas morais a favor da tolerância.
A resposta integra os aspetos seguintes, ou outros igualmente relevantes.
Apresentação de razões dadas pelos relativistas a favor da tolerância:
– temos uma tendência (errada) para pensar que as preferências e as práticas da
nossa sociedade são moralmente certas / se fundamentam em valores
absolutos;
– porém, muitas dessas preferências e práticas não passam de padrões culturais;
– os padrões culturais das outras sociedades são apenas diferentes e não são
moralmente piores (nem melhores) do que os padrões culturais da nossa
sociedade;
– é errado tentarmos impor as preferências e as práticas da nossa sociedade às
outras sociedades / é errado sermos intolerantes.

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