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Lexionário
PALAVRAS-CHAVE:
Duplo julgamento; direito subjetivo; direitos absolutos; dupla penalização; exceção a
direito absoluto; princípio;
TEXTO:
O princípio non bis in idem ou ne bis in idem significa que ninguém pode ser julgado
mais do que uma vez pela prática do mesmo crime.
Daqui resulta que um cidadão vê garantido o seu direito a não ser julgado mais de uma
vez pela prática do mesmo facto punível, defendendo-se contenciosamente contra atos
públicos violadores desse direito. Resulta, igualmente, que o legislador deve impedir a
possibilidade de as mesmas pessoas serem submetidas a mais do que um julgamento
pelo mesmo facto.
Importa referir que este princípio não inibe que um arguido possa ser sujeito a uma
dupla sanção pela prática do mesmo crime, já que uma conduta ilícita pode envolver
quer a aplicação de uma pena principal e outra acessória, quer a cominação simultânea
de uma pena e de uma sanção administrativa, por exemplo, de ordem disciplinar ou
contraordenacional.
3. O princípio ne bis in idem não configura um direito absoluto. Ao nível do efeito
negativo do caso julgado existem exceções a esse suposto caráter absoluto. É o caso do
nº 2 do art.º 79.º do Código Penal, nos termos do qual: “se, depois de uma condenação
transitada em julgado, for conhecida uma conduta mais grave que integre a continuação,
a pena que lhe for aplicada substitui a anterior”. Não seria compreensível que situações
incluídas na continuação da conduta punível (crimes continuados) ficassem sem pena
pela mera e eventual circunstância de não serem conhecidos ao tempo da formulação da
acusação.