Você está na página 1de 2

PRINCÍPIO NON BIS IN IDEM

Lexionário
PALAVRAS-CHAVE:
Duplo julgamento; direito subjetivo; direitos absolutos; dupla penalização; exceção a
direito absoluto; princípio;
TEXTO:
O princípio non bis in idem ou ne bis in idem significa que ninguém pode ser julgado
mais do que uma vez pela prática do mesmo crime.

Trata-se de um princípio de Direito Constitucional Penal que configura um direito


subjetivo fundamental, enunciado no n.º 5 do art.º 29.º da Constituição da República
Portuguesa (CRP).

Consta, igualmente, do art.º 47º-7. do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos


de 1966 e do artigo 4.º do protocolo n.° 7 da Convenção Europeia dos Direitos do
Homem, de 22 de novembro de 1984, que conheceu a sua redação definitiva com o
Protocolo n.° 11, a partir de 1 de novembro de 1998.

Daqui resulta que um cidadão vê garantido o seu direito a não ser julgado mais de uma
vez pela prática do mesmo facto punível, defendendo-se contenciosamente contra atos
públicos violadores desse direito. Resulta, igualmente, que o legislador deve impedir a
possibilidade de as mesmas pessoas serem submetidas a mais do que um julgamento
pelo mesmo facto.

O direito comporta alguma indeterminação no seu enunciado, cabendo à lei concretizar


o que entende pela prática do mesmo crime.

Importa referir que este princípio não inibe que um arguido possa ser sujeito a uma
dupla sanção pela prática do mesmo crime, já que uma conduta ilícita pode envolver
quer a aplicação de uma pena principal e outra acessória, quer a cominação simultânea
de uma pena e de uma sanção administrativa, por exemplo, de ordem disciplinar ou
contraordenacional.
3. O princípio ne bis in idem não configura um direito absoluto. Ao nível do efeito
negativo do caso julgado existem exceções a esse suposto caráter absoluto. É o caso do
nº 2 do art.º 79.º do Código Penal, nos termos do qual: “se, depois de uma condenação
transitada em julgado, for conhecida uma conduta mais grave que integre a continuação,
a pena que lhe for aplicada substitui a anterior”. Não seria compreensível que situações
incluídas na continuação da conduta punível (crimes continuados) ficassem sem pena
pela mera e eventual circunstância de não serem conhecidos ao tempo da formulação da
acusação.

Você também pode gostar