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Você pode ter lido em algum lugar que a Cabalá é um fenômeno místico
que emergiu do período medieval da História, uma criação do Século XIII.
Esta é apenas parte da história.
Os textos acadêmicos nos dão conta de que Moses de Lyon foi quem
publicou o texto principal da Cabalá, conhecido como o Zohar (a Luz
Interior), na época medieval.
No entanto, Rabi Shimon bar Yochai já havia manuscrito este trabalho, mil
anos antes, na antiga Israel.
E mais, ele o escreveu com base na tradição oral, a qual remonta a outros
setecentos anos.
A Cabalá da Torá (o compêndio da lei e instrução que compõe a estrutura
da sociedade judaica e as disciplinas espirituais pessoais para seus
membros) é incrivelmente antiga e pode ser atribuída a Abraão, a quem se
atribui a composição de trabalhos Cabalísticos.
Porém, mesmo muito antes, sabemos que Noé e Adão estavam bem
familiarizados com os seus ensinamentos.
A Cabalá está envolta em mistério.
Os acadêmicos ainda hoje discutem, tentando saber como foi que ela
evoluiu e como foi que o seu espírito atravessou os séculos.
Eu não me dispus a escrever um estudo de história ou de análise de textos
teológicos.
Porém, é necessário apresentar um breve retrospecto para que o leitor
possa melhor entender as origens e raízes da Cabalá.
A interpretação que segue foi colhida a partir de textos místicos.
Alguns doutos acadêmicos poderão discordar deste enfoque, porém os
meus professores me asseguraram de que o seguinte está consoante com
as verdades Cósmicas contidas nos textos sagrados.
Os Primeiros Cabalimas
Abraão era proficiente naquilo que, muito mais tarde, viria a ser conhecido
como Cabalá.
Freqüentemente ele invocava seus poderes místicos e sua sabedoria
prática.
O pastor-rei estudara no grande centro de ensinamento espiritual,
conhecido como a Academia de Shem e Eiver, criado pelo filho de Noé,
Shem (o pai dos Shemitas, ou povos Semitas), e o neto do próprio Shem,
Eiver, de quem descendia Abraão.
A Academia de Shem e Eiver não era um centro público de ensino.
O seus portais eram restritos aos recém-iniciados — aqueles encarregados
de levar os ensinamentos espirituais de uma futura Torá em seus primeiros
caminhos pelo deserto.
Os patriarcas hebreus, Abraão, Isaac e Jacob, foram instruídos nesta
academia.
Supõe-se que Jacob estudou estas disciplinas espirituais durante quarenta
anos.
Os arquitetos da nação judaica adquiriram, assim, uma disciplina espiritual
que se tornaria a marca patente do Povo do Livro.
O filho de Jacob, Judá, reabriu a academia exatamente no coração do antigo
Egito, onde continuou funcionando em segredo durante os quatrocentos
anos de exílio e escravidão no Egito, até mesmo na presença do próprio
faraó Ramsés II.
Ainda assim, Abraão não foi o primeiro Cabalista.
As forças espirituais que constituem o Cosmos e que mantêm a sua
integridade física e espiritual, já eram conhecidas pelo primeiro Homem —
Adão.
E aqui temos alguns fascinantes ensinamentos.
Assim, deixemos Abraão, o primeiro hebreu, e visitemos a aurora do
primeiro milênio, na pessoa de Adão, também conhecido como Harishon ("o
Primeiro").
As Letras da Criação
Quem foi aquele bípede humanóide que se sobressaía a todas as demais
criaturas?
Era ele/ela humano?
A Cabalá nos diz que Adão, a primeira Pessoa, foi, inicialmente, uma
mistura de homem e mulher — um ser andrógino.
Foi somente mais tarde que Adão foi separado em dois: o componente
predominante masculino em Adão, e o feminino em Eva.
Ainda hoje, o homem possui uma feminilidade latente, e a mulher, uma
masculinidade latente.
A dualidade masculino-feminina abrange toda a criação.
Mesmo as letras hebraicas, sobre as quais estaremos meditando,
contribuem para a essência dos componentes masculino e feminino da
linguagem.
Principalmente, estas letras se relacionam às forças espirituais, masculinas
e femininas.
Na tradição mística da Cabalá, o componente feminino de um indivíduo é
mais profético, previdente e dotado nos talentos espirituais.
Eis porque as esposas dos patriarcas, Sara, Rebeca, Raquel e Lea, eram
espiritualmente dotadas.
Mesmo a Presença Divina que envolve o profeta tem uma denominação
feminina, Shechiná (morada Divina interior).
Ainda assim, os conceitos de masculinidade e de feminilidade não são
absolutos.
Tanto o homem como a mulher podem exibir expressões tanto masculinas
como femininas.
Esta dualidade se manifesta em toda a natureza.
A terra é feminina e aceita a atividade masculina das pessoas ambos,
homens e mulheres — de semear o solo e alimentar a semente, dando a luz
à prole — a colheita.
As energias espirituais que definem a Mente e a Emoção possuem
propriedades masculinas e femininas, e, em toda a Cabalá, é possível
encontrar imagens do gênero.
Isto será apresentado com mais detalhes na segunda parte deste estudo.
Na verdade, Adão não era, realmente, um humano como você e eu.
A sua relação com a natureza da criação estava, literalmente, "fora deste
mundo".
Ele conhecia Intuitivamente as vinte e duas forças criativas que formam o
universo, e entendia os diferentes caminhos que elas tomavam ao adentrar
o reino do "aqui e agora".
Com esta compreensão, ele transpôs os caminhos místicos, e podia ver em
vinte e duas formas distintas.
Cada uma delas se transformou numa letra do alfabeto hebraico.
Adão pôde, também, entender as energias associadas com cada uma destas
letras.
Ele replicou as energias individuais delas através da respiração, quando ela
saía de seus pulmões, através de sua laringe — e, assim, formando aquele
sopro em sons, articulados através das cinco características de sua boca: os
lábios, a língua, os dentes, o palato e a garganta.
Isto resultou em vinte e dois tipos de som — os vários sons do alfabeto
hebraico.
Adão utilizou a articulação dos sons para expressar a profundidade e a
beleza da vida.
Cada letra da linguagem Hebraica é uma janela que se abre para uma
realidade superior.
As letras constituem uma linguagem conhecida como Lashon HaCodesh —
"a Língua Sagrada" –, o hebraico.
É por isso que a Cabalá enfatiza, sobremaneira, a análise das letras e das
palavras, a sua equivalência e valor numérico, formas, e as letras finais das
palavras.
Cada nuance abre um panorama de significado espiritual, muito mais
complexo do que qualquer estrutura gramatical possa vir a sugerir.
Vejamos um exercício bastante simples.
Continua